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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS FELIPE COUTINHO RAMOS DA SILVA NATAÇÃO E LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: O que circula nos periódicos científicos da área? VITÓRIA 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

FELIPE COUTINHO RAMOS DA SILVA

NATAÇÃO E LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: O que circula

nos periódicos científicos da área?

VITÓRIA

2017

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FELIPE COUTINHO RAMOS DA SILVA

NATAÇÃO E LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: O que circula

nos periódicos científicos da área?

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do Espirito Santo – UFES Centro de Educação Física e Desportos – CEFD, como exigência parcial para obtenção do título de licenciatura em Educação Física.

Orientador: Prof.Dr. André da Silva Mello

VITÓRIA / ES

2017

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FELIPE COUTINHO RAMOS DA SILVA

NATAÇÃO E LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: O que circula nos

periódicos científicos da área?

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do Espirito Santo – UFES Centro de Educação Física e Desportos – CEFD, como exigência parcial para obtenção do título de licenciatura em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. André da Silva Mello

Aprovado em: ____ / _____ / _______

COMISSÃO EXAMINADORA

_________________________________

Prof. Dr. André da Silva Mello

Universidade Federal do Espirito Santo

Orientador

_________________________________

Prof. Ms. Rodrigo Lema Del Rio Martins

Coorientador

Universidade Federal do Espirito Santo

_________________________________

Prof. Dr. Wagner dos Santos

Universidade Federal do Espirito Santo

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RESUMO

O trabalho tem como objetivo produzir um Estado do Conhecimento (FERREIRA,

2002) acerca da natação, analisando a produção acadêmico-científica nos principais

periódicos da Educação Física, em especial, os artigos que dialogam com a área da

licenciatura. O critério de inclusão de revistas científicas para compor o corpus da

pesquisa levou em consideração a classificação como A2, B1 e B2 das mesmas no

Web-Qualis da Capes. Foram selecionadas as seguintes revistas: Motrivivência,

Movimento, Motriz, Pensar a Prática, Revista Brasileira de Ciências do Esporte,

Revista Brasileira de Educação Física e Esporte e Revista de Educação Física da

UEM. As análises mostram que não há uma linearidade na produção acadêmico-

científica sobre natação, bem como os artigos originais e o “tema livre” dominam a

cena das publicações nos periódicos analisados (74%). De 216 artigos encontrados

sobre o tema, apenas oito (3,7%) focalizam os possíveis usos, potencialidades e

desafios e fragilidades da natação como conteúdo/conhecimento escolar. Os dados

mostraram a pouca incidência de publicações voltadas para o debate acadêmico da

natação para a área da licenciatura.

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ABSTRACT

The work aims to produce a State of Knowledge (FERREIRA, 2002) about

swimming, analyzing the academic-scientific production in the main periodicals of

Physical Education, especially the articles that dialogue with the area of the degree.

The criterion of inclusion of scientific journals to compose the corpus of the research

took into account the classification as A2, B1 and B2 of the same in Web-Qualis of

Capes. The following journals were selected: Motrivivência, Movimento, Motivo,

Pensar a Prática, Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Revista Brasileira de

Educação Física e Esporte and Revista de Educação Física de UEM. The analyzes

show that there is no linearity in the academic-scientific production on swimming, as

the original articles and the "free theme" dominate the scene of the publications in the

analyzed periodicals (74%). Of 216 (Two hundred and sixteen) articles found on the

subject, only eight (3.7%) focus on the possible uses, potentialities and challenges

and weaknesses of swimming as content / school knowledge. The data showed the

low incidence of publications focused on the academic debate of swimming for the

area of the degree.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Quantidade de artigos publicados em cada periódico ............................ 11

Gráfico 2 – Categorização dos artigos ...................................................................... 12

Gráfico 3 – Fluxo temporal das publicações ............................................................. 14

Gráfico 4 – Formato dos trabalhos publicados nos periódicos .................................. 15

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Trabalhos sobre natação que dialogam com a Licenciatura em Educação

Física ......................................................................................................................... 17

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 8

2 METODOLOGIA ................................................................................................. 10

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS DADOS ................................................. 11

3.1 ANÁLISE DOS TRABALHOS QUE DIALOGAM COM A LICENCIATURA: ........ 16

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 21

5 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 23

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NATAÇÃO E LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA: o que circula nos

periódicos científicos da área?

1 INTRODUÇÃO

A história da natação inicia-se na Grécia antiga. A natação se tornou popular para

todos os povos, mas demorou muito para se tornar uma competição organizada e de

tamanha importância, como nos dias atuais, e teve seus estilos desenvolvidos de

diferentes formas ao longo dos tempos. Um dos primeiros registros sobre a natação

é atribuída ao Francês M. Thevenal, por volta de 1696, que descreveu de maneira

simples um nadar, parecido com o estilo peito praticado atualmente, que consistia

em movimentos simultâneos de pernas e braços (KRUG; PATRÍCIA, 2012).

A natação entrou para os jogos olímpicos em 1896 nos jogos de Atenas, na Grécia.

Essa edição é considerada a primeira Olimpíada da Era Moderna. Foram realizadas

três provas na ocasião: 100 Metros, 500 Metros e 1.200 Metros, todos no estilo livre

e realizadas no mar, fato que colocava em risco a vida dos atletas (KRUG;

PATRÍCIA, 2012).

No Brasil, a natação foi oficialmente instituída em 31 de julho de 1987, com os

clubes Botafogo, Gragoatá, Icaraí e Flamengo fundando a União de regatas

Fluminense, na cidade do Rio de Janeiro, posteriormente sendo renomeada de

Conselho Superior de Regatas (MASSAUD; CORRÊA, 2001).

A natação hoje não é utilizada apenas como pratica esportiva, mas também utilizada

como lazer, como prática de reabilitação física, controle de doenças (entre elas a

asma) e para a promoção da saúde. A ênfase na saúde leva em consideração que a

natação envolve todos os grupamentos musculares, com um sistemático trabalho

pulmonar, produzindo aumento de tonicidade, ampliação da capacidade

cardiorrespiratória e redução de gordura corporal (GRECO, 2011).

Segundo Oliveira e Serrano (1984) e Greco (2011), a natação, se praticada

regularmente, pode reduzir em até 50% a mortalidade em relação às pessoas

fisicamente ativas e as de estilo de vida sedentária. Por ter baixo impacto,

ocasionado pela flutuação do corpo em meio líquido, os praticantes tendem a não se

queixar de dores e incômodos referentes a prática de exercícios, comuns em

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praticantes de outras modalidades. A natação é ideal para pessoas com problemas

de limitações física, sobrepeso, músculos rígidos e articulações doloridas, pois os

exercícios feitos na piscina fortalecem os músculos e tem grande influência no treino

aeróbico.

A prática dos exercícios na piscina é uma excelente opção para as pessoas que

querem aumentar a força e o tônus muscular, se comparadas aos demais exercícios

aeróbicos, pois a água conta com a densidade 12% maior que a referente ao ar. Ao

contrário das máquinas de academias, que executam uma parte dos músculos por

vez, a natação trabalha com todo o corpo simultaneamente, por meio de inúmeros

exercícios e dos estilos de nado, que ajudam as articulações e ligamentos a se

tornarem mais fortes e flexíveis (GRECO, 2011). Também auxilia na melhora do

condicionamento cardiorrespiratório, fortalecendo o coração na sua função de

bombeamento sanguíneo; auxilia no controle do peso, por meio da queima calórica;

auxilia no controle dos sintomas da asma, pois promovem o aumento do volume do

pulmão por meio da aprendizagem de técnicas de respiração adequadas (GRECO,

2011).

A constituição histórica da natação como prática corporal esportivizada e da sua

relação com a saúde acabam por “atraí-la” para o âmbito da Educação Física como

área de conhecimento e de intervenção. A “familiaridade” da EF com as temáticas

da saúde e do esporte fortalecem essa relação e colocam diversas questões que

podem ser debatidas e problematizadas em nosso campo. Uma delas se relaciona

ao âmbito da escola, campo de atuação profissional da licenciatura em EF.

A EF escolar tem como objeto de ensino a cultura corporal de movimento e um dos

conteúdos possíveis de serem abordados nas aulas é, justamente, a natação,

entendida, nesse caso, como uma prática corporal que permeia o nosso cotidiano.

Ora, se a natação se constitui como uma prática corporal que compõe o universo

cultural cabe perguntar como é que esse esporte/prática corporal tem sido abordado

nos veículos especializados que divulgam os conhecimentos produzidos pela

Educação Física, as revistas científicas (também conhecidos como periódicos

científicos). Assim sendo, de que modo à natação tem sido debatida nas revistas

científicas no tocante as suas possibilidades de

articulação/intervenção/desenvolvimento na esfera escolar?

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Para tentar responder a essa indagação, o objetivo deste artigo é o de produzir um

Estado do Conhecimento (FERREIRA, 2002) sobre a produção acadêmico-científica

acerca da natação nos principais periódicos da Educação Física, em especial, os

artigos que dialogam com a área da licenciatura.

2 METODOLOGIA

Este artigo se caracteriza como uma pesquisa bibliográfica que, segundo Lima e

Mioto (2007), permite ao pesquisador alcançar um amplo espectro de informações

sobre um determinado tema de investigação, possibilitando ainda, a utilização de

dados dispersos em diferentes publicações no sentido de compreender melhor o

“quadro conceitual” que envolve o objeto de estudo escolhido. Assim, essa

estratégia metodológica se apresenta como um “[...] recurso capaz de propiciar

maior familiarização com as temáticas propostas, nos auxiliando na construção de

uma visão geral sobre elas” (MARTINS, 2015, p. 51).

O estado do conhecimento traz discussões sobre a produção acadêmica em

diferentes áreas do conhecimento e responde quais aspectos e dimensões vêm

sendo destacados e privilegiados de acordo com as fontes e épocas analisadas. A

análise da produção acadêmica sobre as temáticas em questão revela elementos

importantes para acompanhar a constituição de um determinado campo do saber,

mapeando o que está sendo feito ou o que já foi produzido até o momento, nesse

campo (FERREIRA, 2002; MARTINS, 2015).

O corpus documental que compõe este trabalho é formado por 216 artigos

científicos publicados nas sete principais revistas da área da Educação Física, são

elas: Motriz, Motrivivência, Movimento, Pensar a Prática, Revista Brasileira de

Ciências do Esporte (RBCE), Revista Brasileira de Educação Física e Esporte

(RBEFE) e Revista da Educação Física da Universidade Estadual de Maringá-PR

(UEM). Estas foram definidas em função da sua classificação como A2, B1 e B2 no

Web-Qualis1 da Capes2.

1 O Qualis é um conjunto de procedimentos elaborados pela Capes para estratificação da qualidade da produção

intelectual dos programas de pós-graduação. A classificação dos periódicos é realizada pelas áreas de avaliação

e passa por processo anual de atualização. 2 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, responsável pela regulamentação e

funcionamento dos programas de Pós-graduação no Brasil.

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Concordando com Martins (2015), a opção por estudar as publicações de periódicos

dos estratos superiores se deve a presunção de que, devido aos rigorosos critérios

de avaliação da Capes, nessas revistas científicas circulam o que há de mais

avançado no campo da Educação Física brasileira.

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISES DOS DADOS

Os dados referentes à busca nas revistas citadas serão apresentados em gráficos e

tabela que tratarão de apresentar, panoramicamente, a quantidade de artigos em

cada periódico, a distribuição temporal dessas publicações ao longo dos anos, a

categorização temática e a natureza (modalidade) em que foram publicados, além

de descrever, sinteticamente, “o que diz” cada trabalho que mantém alguma relação

com as questões pertinentes ao campo da Licenciatura em Educação Física.

Num primeiro momento serão expostos os dados relativos à caracterização mais

geral e numérica do que fora encontrado nos periódicos, para, na sequência,

destacar em quais publicações contém discussões inerentes ao campo de atuação

profissional da licenciatura em Educação Física.

Os 216 artigos encontrados em nossa busca estão distribuídos nos principais

periódicos da área da seguinte maneira:

Gráfico 1 – Quantidade de artigos publicados em cada periódico

Fonte: O autor.

013263952657891

104117130

7

53

123

1712

31

Produção por Revista

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As revistas RBEFE, Motriz, UEM e RBCE são as que concentram a maior parte dos

artigos sobre Natação. Juntas, reúnem 95% das publicações. Apoiados nas

contribuições de Lazarotti Filho et al. (2012) e Martins (2015), a explicação para

essa concentração está no fato de as revistas RBEFE, Motriz e UEM serem

identificadas pelos referidos autores como pertencentes a subárea da biodinâmica,

ou seja, por terem seu escopo voltado para a divulgação de trabalhos acadêmico-

científicos de natureza empírico-analítica que privilegiam conhecimentos da

fisiologia, da biomecânica, da aprendizagem motora e afins. A RBCE, segundo

esses mesmos autores, assume como política editorial a publicação de 50% de

trabalhos da biodinâmica e 50% das subáreas sociocultural e pedagógica.

Uma outra explicação possível para essa concentração correlaciona-se as

“categorias temáticas” presentes nesses trabalhos. Conforme mostra o Gráfico 2, há

uma predominância de trabalhos que focalizam o treinamento e a performance.

Vejamos:

Gráfico 2 – Categorização dos artigos

Fonte: O autor.

-10

10

30

50

70

90

110

130

150146

17 13 12 9 6 112

Categorias Temáticas

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A categoria “Treinamento e Performance” reúne os trabalhos que tratam de assuntos

relativos aos processos de condicionamento e rendimento físico dos praticantes de

natação. A categoria “Ensino/Aprendizagem” está relacionada às publicações que,

de algum modo, enfatizam os processos didáticos e metodológicos da natação. Em

relação a “Inclusão”, foram aglutinados os artigos que focalizam a participação de

pessoas com necessidades especiais, seja elas com deficiências de cunho físico,

motor, intelectual ou sensorial. Os “Estudos Históricos”, por sua vez, evidenciam

aqueles dedicados a retratar a evolução da natação ao longo dos anos ou de

demarcar a constituição dessa prática corporal em períodos históricos específicos. A

“Natação Infantil”, como o próprio nome sugere, concentra trabalhos preocupados

com a prática da iniciação à natação para crianças, sejam elas provenientes de

projetos sociais e de extensão, escolares, ou de “escolinhas” esportivas privadas. A

“Organização e Estrutura” estão relacionada a estruturas dos locais de treino, os

investimentos nos atletas e nas instituições de ensino da natação para o alto

rendimento, sejam elas públicas ou privadas. A “Abordagem sociocultural” esta

relacionada ao acesso dos praticantes, a inclusão social da comunidade, a

socialização dos atletas e a prática esportiva. Por fim, destacamos que, a categoria

”Patologia”, reúne trabalhos que focalizam lesões ocasionadas pela prática da

natação, pelos exercícios constantes e pelas repetições exaustivas nos treinos de

nado.

Voltando a correlação entre os Gráficos 1 e 2, o debate acadêmico-científico sobre o

treinamento físico e a performance esportiva se constitui como área de interesse da

biodinâmica. Provavelmente por essa razão, é que a Revista Motriz se destaca

como a que mais dedicou atenção ao tema da natação, quando comparada com as

demais.

Depreendemos nesse gráfico que poucos estudos direcionam o seu “olhar” para

questões pedagógicas. A natação como um dos conteúdos que podem compor a

Educação Física escolar parece pouco privilegiada nas principais revistas científicas

da área. Nesse caso, há uma lacuna entre o conhecimento produzido e a prática

pedagógica dos professores.

Todos os artigos levantados neste trabalho compreende um período de tempo que

vai desde 1979, ano de publicação do primeiro exemplar da Revista Brasileira de

Ciências do Esporte (a mais antiga entre elas), até o ano de 2016. Assim sendo, é

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possível compreender, por meio do Gráfico 3, como estão distribuídas as

publicações nesse interstício:

Gráfico 3 – Fluxo temporal das publicações

Fonte: O autor.

O fluxo temporal mostra que não há uma linearidade na produção acadêmico-

científica sobre natação. A produção não se comporta de maneira crescente,

tampouco decrescente. Por outro lado, trata-se de uma temática recorrente, pois

praticamente em todos os anos temos pelo menos um artigo publicado. A exceção

se faz aos anos de 1982, 1983, 1984,1986, 1988, 1990 e 1998. A partir de 1999, a

produção se aparece de forma ininterrupta.

Os anos de 2003, 2005 e 2015 indicam um “pico” na produção, no qual foram

publicados 20 (v. 9 n. 1, 2003, RBCE), 31 (v. 11, v. 1, 2005, RBCE) e 19 (v.21, n. 2,

2015, RBCE) artigos, respectivamente.

Essa elevação do número de artigos encontrados se justifica pela publicação dos

Anais do Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana e

4

1

5

3

1 1

7

21 1 1

11

2

6

3 32

1

21

5

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2

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9

5

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7 7

4

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2

4

6

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13

20

14

20

15

20

16

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Simpósio Paulista de Educação Física realizado na cidade de Rio Claro/SP, numa

edição especial da Revista Motriz.

Em relação ao formato que esses artigos foram veiculados nas citadas revistas, no

intervalo de tempo mencionado, identificamos variadas nomenclaturas para agrupá-

las. Todas elas podem ser conferidas no Gráfico 4, a seguir, juntamente com os

percentuais correspondentes a cada uma delas.

Gráfico 4 – Formato dos trabalhos publicados nos periódicos

Fonte: O autor.

Os artigos originais são aqueles que apresentam dados relacionados à pesquisa que

contemplem aspectos da realidade concreta, experimentáveis ou observacionais.

Portanto, incluem análises descritivas e/ou inferenciais dos próprios dados

(MARTINS, 2015). O formato de “Painéis” é utilizado para a apresentação dos

resultados de trabalhos realizados em torno de um determinado tema específico. Os

GTTs (Grupos de Trabalhos Temáticos) são pesquisadores com interesses comuns

de estudos e pesquisas, para fomentar e organizar a reflexão, a produção e a

difusão de conhecimento. Resumo de dissertações/tese trata de sínteses sobre os

trabalhos acadêmicos desenvolvidos no âmbito dos programas de pós-graduação e

44,91%

29,17%

6,48%

1,85%

1,85% 2,31%7,41%

6,02%

Temas Livres

Artigos Originais

Paineis

GTTS

Resumo de Dissertações e Tese

Resumo de Conferencias e MesasRedondas

Resumo Simples

Outros

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foram veiculados, exclusivamente, na Revista Brasileira de Ciência do Esporte.

Resumo de conferencias e mesas redondas tratam da publicação de sínteses das

exposições orais em que seus conteúdos tenham relevância para a área e foram

proferidas em encontros acadêmico-científicos por pesquisadores convidados como

palestrantes. Todos os trabalhos encontrados sob essa nomenclatura foram

publicados pela revista Motriz – UNESP.

A natureza denominada como “outros” está relacionada a todos os trabalhos que

não apresentaram quantidade igual ou superior a quatro publicações, tronando-se

pouco expressivos no universo analisado. São elas: Relato de experiência,

Comunicações Orais, Seção temática, Relato de Experiência e Ensaios (Revista

Brasileira de Ciência do Esporte), Resumo Expandido, Resumo de dissertação de

Especialização (Motriz), Espaço Aberto e Em foco (Movimento).

Os artigos originais e o “tema livre” dominam a cena das publicações nos periódicos

analisados (74%). Com relação aos artigos originais, Martins (2015) identificou que

há uma predileção por parte dos autores de artigos científicos em publicar seus

trabalhos nessa “modalidade”, assim como, o número de leitores desses periódicos

também é maior em se tratando de artigos originais. Baseado em estudos anteriores

de Job, Mattos e Ferreira (2013) e de Tani (2014), Martins (2015, p. 81-82) diz que,

[...] ao mesmo tempo em que as regras do jogo acadêmico forçam os pesquisadores a publicar artigos dessa natureza, aqueles que buscam nos periódicos ler o que circula no debate acadêmico-científico do campo, a fim de buscar fundamentação teórica para suas próprias produções intelectuais, preferem os artigos originais.

3.1 ANÁLISE DOS TRABALHOS QUE DIALOGAM COM A LICENCIATURA:

Do universo de 216 trabalhos que tematizam a natação nas revistas científicas da

área, localizamos apenas oito que guardam alguma relação com a Educação Física

escolar, ou seja, com o campo de atuação profissional dos licenciados. Esse número

representa 3,7% do total. Eles estão concentrados nas seguintes revistas, categorias

temáticas, anos e modalidades de publicação, conforme Tabela 1, a seguir:

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Tabela 1 – Trabalhos sobre natação que dialogam com a Licenciatura em

Educação Física

Título Revista Categoria

Temática Ano

Modalidad

e Autores

Plano de ensino

para a natação

na escola:

construção

através do

planejamento

coletivo do

trabalho

pedagógico

Motrivivência

Ano XI,

n. 12

Ensino-

aprendizagem 1999

Artigo

Original

Cássia Alves

PAIVA,

Luciane

Soares de

SOUZA; Nara

Regane Cruz

de OLIVEIRA

Atividades

lúdicas no meio

aquático:

possibilidades

para a inclusão

Movimento

v. 19, n. 2 Inclusão 2013

Artigo

Original

José

Francisco

CHICON;

Maria das

Graças

Carvalho

Silva de SÁ;

Alaynne Silva

FONTES

A disciplina

natação em

cursos de

licenciatura em

Educação

Física: ação

educativa ou

prática

mecanicista

RBCE

v. 13, n. 1,

p. 85

Organização e

Estrutura 1991

Comunicaç

ões Orais

Bráulio

ARAÚJO

JUNIOR

Pedagogia da

natação: um

RBEFE

V. 20, Nº 1,

Ensino-

aprendizagem 2006

Artigo

Original

Josiane

Regina Pejon

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18

mergulho para

além dos quatro

estilos

Pg. 5 FERNANDES

; Paula

Hentschel

Lobo DA

COSTA

O papel social e

a relação teoria

e prática

no processo de

formação inicial

do professor de

Educação

Física: uma

experiência

com a disciplina

de natação

Motriz

v. 9, v. 1

S 206-207

Ensino /

Aprendizagem 2003

Temas

Livres

Daniel

MARCON;

Andréia

Miriam

WILLIG;

Diogo

Romani de

OLIVEIRA;

Felipe

LANFREDI

A percepção de

acadêmicos de

educação física

acerca do

processo de

aprendizagem

da natação

entre crianças

ribeirinhas

Motriz

v. 19, n. 3

Suplemento

S 278

Ensino-

Aprendizagem 2013 Outros

Flávio

Augusto

Pinto CUNHA

Ensinando

natação através

da recreação

RBCE

v. 11, n. 1

p. 92

Ensino-

Aprendizagem 1989

Temas

Livres

Denise

Bocorny

MESSIAS

A natação na

história do

homem

RBCE

v. 17, n. 1

p. 91

Estudos

Históricos 1995 Tema Livre

Ana Carolina

Lima COSTA

Fonte: O autor.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO DE … · sobre o tema, apenas oito (3,7%) focalizam os possíveis usos, potencialidades e desafios e fragilidades da natação como

19

O trabalho de Paiva, Souza e Oliveira (1999) apresenta a construção de um “Plano

de Ensino”, pensando a prática da natação na escola. Os autores identificam que,

geralmente, a natação é reduzida a dimensão de um esporte competitivo e

individualista. Sendo assim, a sua preocupação reside em ampliar a visão sobre

essa prática corporal, no sentido de oferecer uma alternativa de como trabalhar com

base na pedagogia crítica de Educação e Educação Física.

A pesquisa de Chicon, Sá e Fontes (2013) objetivou compreender e analisar a ação

mediadora do professor de Educação Física no desenvolvimento de atividades

lúdicas no meio aquático e a interação de uma criança autista com os colegas não

deficientes nas aulas. Os sujeitos foram 14 crianças da Educação Infantil de uma

instituição escolar mantida pela Universidade Federal do Espírito Santo. Concluíram

que as atividades lúdicas no meio aquático foram benéficas para a criança autista,

tanto no sentido da ampliação de seus movimentos e vivências de brincar, como

também em suas relações com os professores e colegas.

O trabalho de Araújo Júnior (1991) que se dedicou a analisar a disciplina de natação

ministrada nos cursos de licenciatura em educação física e a atuação de seus

formandos nas escolas de 1º e 2º graus do município de Campinas/SP. O foco da

análise se deu acerca da “quantidade” e da “qualidade” de informações recebidas

durante o curso e a não aplicação dessas informações nas escolas. Os fatores que

se configuram como obstáculo para essa chamada “aplicação” são: falta de local e

expectativa da população estudantil. Articularam duas vertentes, uma relacionada ao

modo como os programas das disciplinas de natação estavam configuradas e outra

referente as condições físicas e materiais da rede de ensino do município de

Campinas/SP. Para o autor, há uma incompatibilidade entre essas duas dimensões

o que torna o conteúdo da natação nas aulas de Educação Física impraticável.

Como alternativa, apontam a possibilidade de se trabalhar esse “conteúdo” servindo-

se de piscinas públicas e de clubes sociais. Para tanto, seria necessário o

estabelecimento de políticas públicas voltadas para essa finalidade.

O trabalho “Pedagogia da natação: um mergulho para além dos quatro estilos” de

Fernandes e Da Costa (2006) se constitui como um ensaio que tem o objetivo de

discutir uma possibilidade para o ensino da natação a partir de uma perspectiva que

supere o denominado “aprendizado do saber fazer”. São levantados alguns aspectos

da pesquisa em Educação Física que poderiam subsidiar propostas pedagógicas

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alternativas ao modelo desportivo para o ensino da natação. Destaque é dado à

necessidade de produção de conhecimento pedagógico em Educação Física, a fim

de que este subsidie a “ciência do ensinar” em natação. O ponto de partida é uma

avaliação dos métodos encontrados na literatura e dos pressupostos pedagógicos

que têm orientado as diferentes escolas. Em seguida, apresenta-se uma proposta

baseada na interação dinâmica entre “organismo”, “ambiente” e “tarefa” como

possibilidade pedagógica para a sistematização de um ensino em natação que

valorize os quatro estilos de nado como conteúdos e não como metas do processo,

sugerindo uma alternativa ao modelo desportivo. A proposta apresentada indica que

o ensino da natação possa ser pautado por uma pedagogia que enfatize a

diversidade na relação do homem com o meio líquido, ao invés do domínio técnico

dos quatro estilos de nado.

A formação do professor de educação física nos cursos superiores de Educação

Física, focalizada por Marcon, Willig, Oliveira e Lanfredi (2003) é pensada a partir da

experiência da disciplina de Natação II da Universidade de Caxias do Sul. A referida

disciplina promoveu clínicas de natação para a comunidade da cidade de Caxias do

Sul/RS, abrindo espaço para que escolares carentes participassem de aulas

gratuitamente. Foram atendidas aproximadamente 50 crianças no semestre, em

aulas semanais de 45 minutos, realizadas dentro do período de aula da própria

disciplina. Além desse período, os licenciandos tinham duas horas reservadas para

estudos e debates entre os acadêmicos sobre as dificuldades encontradas e as

possíveis soluções referentes ao ensino-aprendizagem da natação. Os autores

ressaltam o fato de que, com essas clínicas, as “pessoas desfavorecidas” que

aderiram ao projeto raramente teriam acesso a aulas de natação, beneficiando-se

pela realização de uma atividade gratuita e saudável, ao mesmo tempo em que os

acadêmicos se defrontam com a realidade, otimizando a sua formação.

Cunha (2013) apresenta um estudo que visa compreender a percepção de

acadêmicos do curso de Educação Física da Universidade Federal do Pará (UFPA),

campus Belém, acerca do processo de ensino-aprendizagem da natação,

desenvolvido entre crianças ribeirinhas. Os licenciandos foram convidados a

responder um questionário semi-estruturado com cinco questões objetivas sobre o

tema. Entre as respostas, verificou-se que os voluntários desse estudo revelaram ter

consciência da importância do meio em que o indivíduo está inserido para o

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desenvolvimento dessas habilidades. Todavia, esse mecanismo realizado pelos

ribeirinhos pode servir de referência para novas didáticas do ensino da natação.

Já o estudo de Messias (1989), toma como objetivo apresentar os resultados que

obtiveram com um trabalho desenvolvido com crianças de 2 a 10 anos, em Brasília.

O foco estava em ensinar as técnicas da natação por meio de atividades recreativas.

A autora assume como justificativa para o desenvolvimento desse trabalho que as

técnicas da natação devem representar um momento de prazer e liberdade,

afastando-se de abordagens mecanicistas e pouco estimulantes que priorizam a

técnica em si. Destaca como ponto positivo o aumento crescente da motivação por

parte das crianças, percebida a partir da participação das mesmas nas aulas.

O propósito do estudo de Costa (1995) foi o de apresentar uma concepção de

natação, suas formas de manifestações e sua relação com a história do homem. A

autora realizou um levantamento bibliográfico em livros especializados na área da

Educação Física, esporte e educação nas bibliotecas públicas setoriais de Educação

Física da Universidade Federal de Pernambuco e da Universidade Estadual de

Pernambuco. Os resultados obtidos mostram que a natação faz parte,

historicamente, do rol de conteúdos da Educação Física escolar que trata, segundo

a autora, pedagogicamente, os temas da cultura corporal.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desse trabalho foi mostrar o que mais circula nos periódicos voltados para

a Educação Física, destacando aqueles dedicados a área de atuação profissional da

licenciatura. Assim, mostrar o quão importante é a prática da natação nas aulas de

educação física, não somente para a aprendizagem do esporte, promoção da saúde,

a coordenação motora e a reabilitação física, mas também para enfatizar as

discussões pedagógicas circunscritas aos saberes e fazeres da natação em âmbito

escolar.

Os dados mostraram a pouca incidência de publicações voltadas para o debate

acadêmico da natação para a área da licenciatura. De 216 artigos encontrados

sobre o tema, apenas oito focalizam os possíveis usos, potencialidades e desafios e

fragilidades da natação como conteúdo/conhecimento escolar.

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Das sete revistas analisadas neste trabalho, constatou-se a ênfase das publicações

em relação aos aspectos esportivos e competitivos da natação, bem como os seus

benefícios para a promoção e manutenção da saúde humana. Questões relativas a

técnicas e estilos dos quatro nados voltadas para o público infantil, juvenil e adulto

também permeiam com grande força nos artigos veiculados pelas revistas.

A análise dos periódicos mostra também um incomodo de alguns professores na

inserção dos alunos com algum tipo de dificuldade em locomoção subaquática

sendo ela física, motora ou psicológica, buscando assim métodos de inserção

desses alunos ao meio liquido sendo não apenas para auxiliar na coordenação

motora e na interação do indivíduo com o grupo, mas também dependendo do grau

da deficiência para a competição de auto rendimento (paraolimpíada).

A nosso modo de ver, o desafio atual é buscar cada vez mais a implantação das

aulas de natação nas escolas, tornando acessível ao público da Educação Básica

como um todo, pois grande parte dos praticantes são aqueles que possuem

condições financeiras de frequentar clubes e escolinhas. Por esse ângulo, o ensino

da natação torna-se direcionado para a competição e para o lazer, sem maiores

preocupações pedagógicas.

Estudos futuros podem tanto problematizar outras questões que tenha nos escapado

neste Trabalho de Conclusão de Curso, quanto ampliar a busca para outros

periódicos, classificados em estratos inferiores no Web-Qualis da Capes, como

também procurar verificar se em outros veículos de divulgação científica (teses,

dissertações e anais de congressos) há uma discussão mais sólida da natação

voltada para a área da licenciatura.

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5 REFERÊNCIAS

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TANI, G. Editoração de periódicos em Educação Física/Ciências do Esporte: dificuldades e desafios. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 36, n. 4, p. 715-722, out./dez. 2014.