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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PRÓ REITORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO FACULDADE DE MEDICINA CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE PÚBLICA TÃNIA DE ARAUJO BARBOZA IDOSOS CENTENÁRIOS A arte de envelhecer FORTALEZA- CEARÁ 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PRÓ – REITORIA DE PESQUISA E PÓS – GRADUAÇÃO

FACULDADE DE MEDICINA

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM SAÚDE PÚBLICA

TÃNIA DE ARAUJO BARBOZA

IDOSOS CENTENÁRIOS A arte de envelhecer

FORTALEZA- CEARÁ

2011

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TÃNIA DE ARAUJO BARBOZA

IDOSOS CENTENÁRIOS

A arte de envelhecer

Dissertação apresentada à Coordenação do Curso

de Mestrado Acadêmico de Saúde Pública da

Faculdade de Medicina da Universidade Federal

do Ceará, como exigência para obtenção do Título

de mestre.

Orientador: Prof. Dr. João Macedo Coelho Filho

Coorientadora: Prof.ª Dr.ª Marlene Lopes Cidrack

Linha de Pesquisa: Epidemiologia das doenças transmissíveis e não transmissíveis

Eixo temático: Epidemiologia do Envelhecimento

FORTALEZA

2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências da Saúde

B214i Barboza, Tãnia de Araujo.

Idosos centenários: a arte de envelhecer / Tãnia de Araujo Barboza. – 2011.

84 f. enc. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Programa de

Pós-Graduação em Saúde Pública, Fortaleza, 2011.

Área de Concentração: Epidemiologia do Envelhecimento.

Orientação: Prof. Dr. João Macedo Coelho Filho.

Coorientação: Profa. Dra. Marlene Lopes Cidrack.

1. Idoso de 80 Anos ou mais. 2. Estilo de Vida. 3. Envelhecimento I. Título.

CDD 305.26

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Dedico este trabalho aos velhos que transitam e

transitaram em minha vida na pessoa de familiares,

amigos, pacientes e depoentes sempre me mostrando que

a vida vale a pena, e que para vivê-la plenamente é

preciso envelhecer cronologicamente, sem, entretanto,

deixar que aquela criança que nos faz rir pereça. São eles

que me estimulam com seu exemplo de vida a seguir

sempre em frente nessa jornada em busca da plenitude.

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Para que a velhice não seja uma irrisória paródia de

nossa existência anterior, só há uma solução – é continuar

a perseguir fins que dêem um sentido à nossa vida:

dedicação a indivíduos, a coletividade, a causas, trabalho

social ou político, intelectual, criador. Contratariamente

ao que aconselham os moralistas, é preciso desejar

conservar na última idade paixões fortes o bastante para

evitar que façamos um retorno sobre nós mesmos. A vida

conserva um valor enquanto atribuímos valor à vida dos

outros, através do amor, da amizade, da indignação, da

compaixão.

Simone de Beauvoir

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AGRADECIMENTOS

Ao Ser Supremo que tudo permeia e que diariamente me embala com seu

amor e coragem me fazendo sentir parte deste imenso Universo.

A minha família biológica e de coração, presente e distante, mas sempre

parte de minha vida.

Aos meus grandes e poucos amigos, que compreenderam minha ausência

sem cobranças, mas com muito apoio.

Ao professor doutor João Macêdo Coelho Filho meu orientador, que com

sua amabilidade e educação contribuiu firmemente com reflexões e experiências nesta

jornada de novas descobertas.

A minha coorientadora e amiga, Prof.a Dr.

a Marlene Cidrack, pilar firme

nesta conquista, com seu ânimo, sua alegria e sua sempre presente sabedoria.

Aos gestores, professores, funcionários e colegas do Curso de Mestrado

Acadêmico em Saúde Pública da UFC, peregrinos no saber.

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RESUMO

INTRODUÇÃO. Considerando que a população de idosos está aumentando e que os

centenários representam um modelo ideal de longevidade, aliando quantidade com qualidade

de vida, o estudo desse grupo etário torna-se fundamental para o desenvolvimento de políticas

e programas de promoção do envelhecimento bem-sucedido. OBJETIVOS. Compreender os

fatores que podem estar associados à condição de vida e saúde de idosos centenários (com

idade igual ou superior a 98 anos) do Município de Fortaleza e procurar identificar se as redes

de apoio social e familiar, a alimentação ao longo da vida, os traços da personalidade e

espiritualidade podem contribuir para a longevidade extrema. MÉTODOS. É um estudo

exploratório e descritivo com abordagem qualitativa, tendo como locus a cidade de Fortaleza-

Ceará-Brasil, e como sujeitos seis idosos com idade acima de 98 anos em condições de

responder à entrevista realizada em seu domicilio. Os instrumentos utilizados para a coleta de

dados foram entrevistas estruturadas e em profundidade, gravadas e transcritas literalmente,

após os participantes assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O método

utilizado para a análise de dados foi o preconizado por Bardin – Análise de Conteúdo. O

projeto obedeceu aos preceitos éticos do Conselho Nacional de Saúde, sendo o anonimato dos

entrevistados preservado por sua cognominação com nomes de pássaros. RESULTADOS. As

falas mais freqüentes dos entrevistados foram observadas e transformadas em cinco categorias

de análise: Categoria 1 – Foi muito boa a minha vida!; Categoria 2 – Gosto quando tenho

com quem conversar; Categoria 3 – A amizade da família eu prezo muito; Categoria 4 – A

família manda no meu dinheiro e Categoria 5 – Sempre fui caridoso. CONCLUSÃO: as

características da personalidade do entrevistado, a saber, extroversão, baixos níveis de

neuroticismo, amabilidade e consciensiosidade; a presença do suporte familiar e a sensação

subjetiva de autonomia parecem ter contribuído positivamente para sua qualidade de vida e

saúde. Observou-se também que os entrevistados escaparam das doenças relacionadas ao

envelhecimento, tendo sua autonomia mantida até idades bem avançadas. Novos estudos são

necessários, visando a compreender a longevidade extrema e também fomentar a criação de

políticas públicas voltadas para uma melhor qualidade de vida e apoio à esta faixa etária.

Palavras chaves: Idosos acima de 80 anos. Estilo de vida. Envelhecimento.

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ABSTRACT

INTRODUCTION. Since the elderly population is increasing and centenarian elderly

represents an ideal model of longevity, combining quantity with quality of life, the study of

this age group is essential for the development of public policies aimed at promoting

successful aging. OBJECTIVES. To understand the factor that may be associated with living

conditions and health of elderly centenarians (aged over 98 years) of the city of Fortaleza,

seeking whether social support networks and family, nutrition throughout life, personality

traits and spirituality may contribute to extreme longevity. METHODS. It is an explorative,

descriptive study with a qualitative approach, placed in Fortaleza-Ceará, Brazil, with six

elderly subjects with ages over 98, in a position to respond to the interview in their homes.

The instruments used for gathering the data were structured, in-depth interviews, recorded and

transcribed literally, after the subject had signed the Consent Term authorizing the free use of

the material for the means of this project. The method used for the analysis of data was

recommended by Bardin – Content Analysis. The project obeyed the guidelines determined

by the National Health Council (Conselho Nacional de Saúde), with the anonymity of the

interviewees being maintained through the adoption of nicknames (each subject was renamed

after a bird). RESULTS: the most frequent collocations of the interviewees were observed and

classified in five analytical categories: Category 1 – My life was a very good one!; Category

2 - I like it when I have someone to talk with; Category 3 – The family´s friendship I deeply

esteem; Category 4-The family tells me what to do with my money; Category 5 – I have

always been charitable. CONCLUSIONS. Personality traits such as extroversion, kindness

and conscientiousness and low levels of neuroticism and the existence of a family support

network seem to have contributed positively to their quality of life and health. It was also

observed that those interviewed escaped from the diseases related to old age, maintaining

autonomy in their advanced ages. Further studies are needed to better understand extreme

longevity and also foster the creation of public policies to enhance quality of life and support

of this age group.

Key words: Aged 80 years and over. Life style. Aging.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 11

2. IDOSOS CENTENÁRIOS: novo segmento populacional 15

2.1 Os centenários no mundo 15

2.2 O Brasil no rumo de se tornar um país de idosos 17

2.3 Envelhecimento no Ceará e em Fortaleza 18

2.4 Situação de vida dos idosos no Brasil e no mundo 19

2.5 Como se explica este envelhecimento extremo? 21

2.6 Envelhecimento bem-sucedido: a realidade dos idosos 25

2.7 A espiritualidade e a longevidade 31

2.8 O suporte familiar e social: com quem contar? 34

3. PERCURSO TEÓRICO - METODOLÓGICO 37

3.1 Por que a escolha dos idosos longevos? 37

3.2 A escolha do enfoque qualitativo 39

3.3 Cenário do estudo 39

3.4 Sujeitos da pesquisa 43

3.5 Coleta de dados 44

3.6 Análise dos dados 45

3.7 Ética e pesquisa 47

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 48

4.1 Contextualização dos entrevistados 49

4.2 Categoria 1 - Foi muito boa a minha vida! 51

4.3 Categoria 2 - Gosto quando tenho com quem conversar 53

4.4 Categoria 3 - A amizade da família eu prezo muito 55

4.5 Categoria 4 - A família manda no meu dinheiro 56

4.6 Categoria 5 - Sempre fui caridoso. 58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 61

REFERÊNCIAS 68

BIBLIOGRAFIA 75

APÊNDICES 80

A – Entrevista estruturada 81

B – Tópicos guia para a entrevista em profundidade 82

C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 83

D – Declaração da correção gramatical e estilística 84

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LISTA DE QUADRO

Quadro 1 - Descrição das categorias e seus significados 51

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1. INTRODUÇÃO

Não é o número de anos que viveste que te faz

envelhecer. Tu te tornas velho quando para de

progredir.

Mirra Alfassa

Um rápido aumento do número de idosos no Brasil é observado desde o início da

década de 1960. Com origem nos anos 1970, as Pesquisas Nacionais por Amostra de

Domicilio (PNAD’s) passaram a demonstrar que este fenômeno se estendia paulatinamente a

todas as regiões do País, tanto nas áreas urbanas quanto rurais, e a todas as classes sociais, já

sendo percebido em áreas com indicadores socioeconômicos mais desfavoráveis, cujas

estruturas etárias apresentam caracteristicamente maior proporção de jovens. Segundo o

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, a queda da taxa de fecundidade, que foi

de 5,8 para 2,7 filhos por mulher entre 1970 e 1991, sendo estimada em 1,9 para período

2005-2010 e 1,5 para o período 2045-2050, é um dos principais responsáveis pelo aumento da

população idosa. Soma-se a isso a redução da mortalidade (IBGE, 2006).

Segundo Wong e Carvalho (2006), a migração interna é também fator importante

na definição das estruturas etárias regionais. Fluxos internos intensos nas idades

economicamente ativas, o que significa seletividade por idade, contribuem para exacerbar o

processo de envelhecimento nas áreas de origem. É assim que Estados onde o início da

transição da fecundidade começou mais tarde podem apresentar, hoje, estruturas etárias mais

envelhecidas.

Na análise do envelhecimento populacional, observa-se que a faixa etária

composta por pessoas acima dos 80 anos, chamados idosos muito velhos, é a que mais cresce

no mundo (WILLCOX et al, 2006). Nos EUA, idosos acima de 85 anos tiveram um

crescimento de 3,7%, enquanto as demais faixas etárias cresceram apenas 0,37% (PERL,

2009). No Brasil, o Censo de 2010 computou 11,3% da população compostos de idosos acima

de 60 anos e que 1,5% deste total se encontra na faixa acima dos 80 anos.

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Com o crescimento desta faixa etária, estamos tendo a oportunidade de presenciar

um aumento crescente também, do número de idosos que atingem a marca dos cem anos de

idade, que nos EUA já correspondem a 0,01% de pessoas. Os idosos centenários, ao contrário

do que se pensava, demonstram ser um exemplo positivo de longevidade, pois, em sua

maioria, se mantêm cognitivamente bem e muitos ainda com independência funcional.

(PERLS, 2006)

Estudos atuais sugerem que os centenários parecem escapar das doenças

relacionadas ao envelhecimento, apresentando um atraso marcante no declínio funcional,

sendo este declínio comprimido para o fim de suas longas vidas, e em muitos casos, também,

revelam um atraso no surgimento de doenças relacionadas à idade, ou seja, são pessoas que

vivem mais e experimentam apenas um pequeno período de doenças no fim de suas vidas

(HITT et al, 1999; PERLS; TERRY, 2003; PERLS, 2009; SCHOENHOFEN et al, 2006;

TERRY et al, 2008).

Em face dessas características, apresentam-se de interesse para estudos visando a

elucidar os mecanismos e fatores associados ao envelhecimento bem-sucedido. Assim sendo,

surgem questões fundamentais: como os centenários conseguem viver tanto e quais os fatores

sociológicos, biológicos e psicológicos que contribuem para essa longevidade? Perls (2006)

sugere que esta habilidade de se viver até idades extremas pode ser o resultado de uma

combinação complexa de fatores genéticos, ambientais, estilos de vida e sorte.

Além de uma predisposição genética, os hábitos de vida e também os traços da

personalidade parecem estar diretamente envolvidos com a longevidade. Não fumar, manter

uma atividade física regular e manter o peso corpóreo reduzem os anos de vida com

morbidades, além de que baixos níveis de neurose e a extroversão também parecem contribuir

para tal fato. (HITT et al, 1999; PERLS; TERRY, 2003; SCHOENHOFEN et al, 2006;

TERRY; SEBASTIANE et al, 2008; GIVENS et al, 2009; PERLS, 2009).

Embora seja comum a compreensão de que a sobrevivência até os cem anos

decorra do retardo ou da não presença de morbidades relacionadas ao envelhecimento, Terry

et al (2008) constataram que aproximadamente um terço dos centenários apresenta essas

morbidades e convivem com elas por período igual ou superior a 15 anos, sugerindo que a

compressão da morbidade e a compressão das desabilidades podem ser fenômenos diferentes.

Existem assim, consoante seu pensamento, três vias mutuamente exclusivas possíveis para as

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doenças crônicas: a sobrevivência às patologias até 80 anos; o retardo destas com seu

surgimento entre os 80 e 98 anos ou sua não existência ou surgimento apenas no fim da vida,

com um curto período de doença antes da morte (EVERT et al, 2003).

Além das vias apresentadas, na atualidade há uma discussão bastante pertinente

sobre envelhecimento bem-sucedido, ativo ou saudável. Idosos longevos podem envelhecer

sendo portadores de múltiplas doenças crônicas e até mesmo com perda de habilidades

funcionais, mas, mesmo assim, podem apresentar uma vivência positiva do envelhecimento.

Como preconizado por Lima et al (2008), apesar da existência de múltiplos fatores

envolvidos, como fatores psicológicos, disposição para solicitar ajuda, a autopercepção de

menos idade, a religiosidade, e também fatores psicossociais, como a rede de amigos, apoio e

inclusão social e a habilidade de se adaptar a mudanças podem favorecer a capacidade de

controlar a própria vida e, assim, a manutenção da autonomia e bem-estar.

Já é amplamente aceito o fato de que, enquanto se envelhece, as experiências

adquiridas relativas à adaptação ao ambiente, aos insumos econômicos e sociais, assim como

os relacionamentos pessoais e apoio social, podem ter impacto na qualidade de vida e

longevidade.

A identificação de estratégias para que pessoas acima de 60 anos permaneçam

saudáveis e livres de desabilidades deve estar entre as prioridades tanto médicas quanto das

políticas públicas (WILLCOX et al, 2006), com o intuito de permitir que eles continuem a

trabalhar de acordo com suas capacidades e preferências à medida que envelhecem, com a

finalidade de prevenir e retardar incapacidades e doenças crônicas, tornando o

envelhecimento um processo em que o idoso se ache útil e estimulado a melhorar sua

autonomia e qualidade de vida (WHO, 2005).

Tais estudos também podem trazer esclarecimento sobre as reais necessidades

desta população, para que o sistema social e de saúde possam fazer frente na contribuição

com a melhoria da qualidade de vida por meio de um melhor suporte social e de saúde para

estes longevos.

Após pesquisa bibliográfica nas fontes nacionais realizadas pelo Scielo, não

encontramos referencias sobre estudos com a população centenária no Brasil. Assim sendo,

mostram-se imperativas pesquisas que abordem este tema em nosso meio, com vistas a se

compreender os centenários brasileiros, quais os traços que apresentam em comum que

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possam ter contribuído para sua longevidade extrema, como estão vivendo e quais suas

necessidades para percorrer suas vidas com autonomia e qualidade.

No Capítulo 2, será abordado o panorama dos centenários no mundo e quais as

condições de vida dos idosos no Brasil e no Ceará. Exporemos a situação destes idosos e qual

o rumo das atuais pesquisas em relação à longevidade extrema, aduzindo explicações para

esta realidade.

O Capítulo 3 traz o percurso teórico metodológico, com explicitação do motivo da

escolha do tema e do enfoque qualitativo. Abordará o cenário do estudo, descrição dos

sujeitos da pesquisa e como ocorreram a coleta e a análise de dados. Nele estarão contidos

também os fundamentos éticos aplicados a este trabalho.

O Capítulo 4 contextualiza os depoentes e discute as categorias temáticas

encontradas com suas respectivas significâncias.

E, finalmente no capítulo 5 serão traçadas as considerações finais e as conclusões

advindas dos achados.

As perguntas de partida, que originaram os objetivos abaixo especificados foram:

quais os fatores que podem estar relacionados à longevidade extrema? Haverá traços comuns

em sua personalidade e/ou hábitos e estilos de vida que possam tê-los ajudado a atingir esta

idade extrema? Qual a importância das relações familiares e sociais para sua longevidade?

Tem a espiritualidade relevância na sua vida no que se refere à aceitação de suas perdas e do

seu envelhecimento?

Este estudo teve por objetivo geral compreender os fatores que podem estar

associados à condição de vida e saúde de idosos centenários (com idade igual ou superior a 98

anos) do Município de Fortaleza.

E por objetivos específicos: verificar e discutir a presença das relações familiares e

comunitárias em sua vida e longevidade; averiguar seus hábitos de vida e a interferência em

seu estado de saúde; buscar traços de sua personalidade que possam colaborar para este

envelhecimento extremo e pesquisar o papel da espiritualidade na aceitação do seu

envelhecimento e superação de suas perdas ao longo de sua vida.

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2. IDOSOS CENTENÁRIOS: novo segmento populacional

Ó Mocidade, adeus! Já vai chegar a hora!

Adeus, adeus... Oh! Essa longa despedida...

E sem notar que há muito ela se foi embora,

Ficamos a acenar-lhe toda a vida...

Mario Quintana

2.1 Os centenários no mundo

Vários estudos populacionais se avolumam no mundo em busca dos segredos da

longevidade, tentando responder como os idosos conseguem chegar e ultrapassar a marca dos

cem anos e quais os fatores biológicos, psicológicos e sociais que contribuem para este

envelhecimento extremo. Muitos países realizam o próprio estudo, como Estados Unidos,

Japão, Itália, Hungria, França, Suíça, Finlândia, Dinamarca e outros.

O Georgia Centenarian Study esnaio de base populacional realizado no Estado de

Geórgia (EUA) entre 2002 e 2005, incluiu 244 idosos com idade igual ou superior a 98 anos e

80 octogenários utilizados como controles, sendo 207 (78,5%) mulheres e 37 (21,5%) homens

acima de 98 anos, 192 (85%) não negros e 52 negros (15%). (ARNOLD et al, 2010)

Nesta amostragem, foram encontrados 57% de centenários, avaliados pela Escala

de Deterioração Global, o diagnóstico de demência em contraste com a maioria dos

octogenários (14%), que não apresentavam alterações compatíveis com tal quadro.

O declínio da capacidade cognitiva pode ser atribuído a diversos fatores, incluindo

a predisposição genética, a educação e a falta de estímulo para a preservação da memória

(MARTIN et al, 2009). Parece que a falta de estimulo para habilidades cognitivas exacerba o

declínio cognitivo nas idades avançadas como sugeriu o estudo citado, demonstrando que

traços da personalidade - como extroversão e estabilidade emocional - aliados a atividades

desenvolvidas pelo idoso em fases precoces da vida, como viagens, engajamento em

atividades voluntárias e outros, eram mais frequentes entre idosos com bom nível cognitivo.

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Em relação às doenças crônico-degenerativas e à possibilidade de se caminhar por

três vias (escapar delas ou apresentá-las no fim da vida ou conviver com elas), 17%

escaparam das doenças cardiovasculares até próximo do fim de suas vidas, 36% tiveram seu

aparecimento entre a idade de 80 e 90 anos e 43% conviviam com sua doença desde antes de

80 anos (ARNOLD et al, 2010).

Esse estudo mostrou que os centenários parecem ter escapado das doenças

neoplásicas.

O New England Centenarian Study, experimento de base populacional, seccional

com 739 idosos acima de 97 anos (523 mulheres e 216 homens) residentes nos Estados

Unidos e Canadá, mostrou que a maior proporção de homens (67%) apresentou funções

cognitivas normais ou alterações leves, comparados a 42% de mulheres com níveis

semelhantes, apesar de elas viverem mais do que os homens. A tentativa de explicar tal fato

está na ideia de que os homens necessitam ter uma saúde excelente e independência funcional

para atingir tal idade, entretanto, a mulher pode se adaptar mais facilmente, física e

socialmente, e conseguir viver, mesmo apresentando piores condições de saúde (TERRY et al,

2008).

Quanto às doenças crônicas, 32% (234) sobreviveram a patologias adquiridas

antes dos 85 anos e 68% (505) retardaram seu aparecimento para depois desta idade (TERRY

et al, 2008). Comparado ao estudo de Geórgia, não há diferença estatisticamente significantes

entre os achados, que também são similares ao estudo da Dinamarca (ARNOLD et al, 2010).

Desse estudo, foi selecionada uma amostra de 34 participantes com idade entre

100 e 107 anos, para determinar a prevalência de demência por meio de testes

neuropsicológicos, sendo encontrado este diagnóstico em 79% dos idosos avaliados (SILVER

et al, 2001).

De um estudo de Oknawa, de base populacional com idosos com 100 anos ou

mais, iniciado em 1976, no Japão fez-se a avaliação de um percentual de participantes

tomados aleatoriamente em relação a sua independência funcional. A amostra consistia de 20

mulheres e dois homens cuja idade média foi de 102 anos. Destes, constatou-se que em torno

dos 92 anos, 82% eram funcionalmente independentes e, aos 97 anos, 64% ainda

conservavam autonomia. (WILLCOX et al, 2007b).

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2.2 O Brasil no rumo de se tornar um país de idosos

No Brasil espera-se uma duplicação da população idosa nos próximos 30 anos,

levando a uma mudança do perfil de saúde. O índice de envelhecimento da população (relação

entre o número de idosos e a população jovem, expresso em número de residentes com 65 ou

mais anos por 100 residentes de menos de 15 anos), que era igual a 6,4 em 1960, alcançou

13,9 em 1991 com incremento superior a 100% em apenas três décadas (CHAIMOWICZ,

1997). A partir de 1980 e nas três décadas subsequentes, entretanto, seu aumento foi pequeno,

motivo pelo qual não se prestou muita atenção ao envelhecimento populacional no País. Para

os próximos 40 anos, porem, se espera aumento exponencial de 146 pontos, o que exige uma

revisão das políticas públicas (GRAGNOLATI et al, 2011).

Comparações feitas por Moreira, apud Wong e Carvalho (2006) apontam o Brasil

entre os países com o ritmo mais acentuado de crescimento do Índice de Envelhecimento no

futuro próximo. Em 2025, este índice será, provavelmente, três vezes maior do que aquele

observado em 2000, quando se espera que exista um total de aproximadamente 33.4 milhões

de pessoas de mais de 60 anos no País (WHO, 2005). Haverá, então, mais de 50 adultos com

sessenta e 65 ou mais, por cada conjunto de cem jovens menores de quinze anos. Em 2045, os

autores acima mencionados acreditam que o número de pessoas idosas ultrapassaria o de

crianças.

Por volta de 2080, espera-se que as populações de jovens e idosos se estabilizem,

com respectivamente 20% e 15% do total. A partir de então, novos incrementos na proporção

de idosos dependerão da redução da mortalidade após os 64 anos, como já ocorre em países

como Suécia, Inglaterra e Estados Unidos. (CHAIMOWICZ, 1997, COLLERTON, 2009)

No censo Demográfico de 2010 realizado pelo IBGE, o numero de idosos acima

de 60 anos no Brasil atingiu um valor absoluto de 23.526.184 pessoas, correspondendo os

idosos acima de 95 anos a 0,52% deste total (122.571 idosos). Em relação ao sexo, temos que

os homens correspondem a 31,64% (38.776) e as mulheres a 68,36% (83.795).

Assim sendo, no Brasil não se espera ver uma transição demográfica a exemplo

dos países centrais, onde houve um enriquecimento antes do envelhecimento populacional,

mas sim uma superposição entre as etapas em que observará a prevalência de doenças

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transmissíveis e crônico degenerativas simultaneamente e aonde o envelhecimento chegará

antes da obtenção de um aumento significativo na riqueza do País. Em 2050, espera-se que

haja mais de dez milhões de pessoas acima dos 60 anos, incluindo cinco países com mais de

50 milhões de idosos, a saber: China (437 milhões), Índia (324 milhões), Estados Unidos (107

milhões), Indonésia (70 milhões) estando o Brasil em quinto lugar com 58 milhões de idosos.

(U.N.P, 2001)

Como anotam Coelho Filho e Ramos (1999), é premente a necessidade do

delineamento de políticas específicas para idosos, sendo imprescindível o conhecimento das

necessidades e condições de vida desse segmento etário, pois em 2050 o Brasil defrontar-se-á

com a difícil situação de atender uma sociedade mais envelhecida do que a da Europa atual,

onde uma transição etária muito mais lenta, concomitante com o desenvolvimento social e

econômico, não foi capaz, ainda, de convertê-la numa sociedade justa para todas as idades.

A questão é saber se, num curto período, o Brasil – que tem uma distribuição,

tanto de renda como de serviços sociais, notavelmente injusta – será capaz de enfrentar, com

êxito, este desafio (WONG; CARVALHO, 2006), pois será necessária uma reestruturação do

sistema de saúde para que seja contemplada a promoção da saúde da pessoa idosa, com a

finalidade de preservação de sua autonomia até fases avançadas da vida; assim como deverá

haver uma reestruturação do cuidado domiciliar, pois o idoso velho tem maior dificuldade de

acesso ao sistema de saúde, e sabe-se que as famílias muitas vezes não têm uma estrutura

capaz de apoiar dignamente o seu idoso (GRAGNOLATI et al, 2011).

2.3 Envelhecimento no Ceará e em Fortaleza

Segundo o Censo de 2010, em relação às regiões brasileiras, o Nordeste figura na

segunda posição em número de idosos acima dos 80 anos, perdendo apenas para o Sudeste, e,

dentro do Nordeste, o Ceará é o segundo estado em número de idosos nesta faixa etária,

seguindo a Bahia.

O cenário cearense mostra uma população de 1.117.594 idosos acima de 60 anos e

comporta, no Estado, 48.938 idosos acima dos 80 anos.

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Em relação à renda per capita, 19,3% recebem até meio salário mínimo, 47,3%

recebem de meio a um salário mínimo, 21,2% de um a dois salários e apenas 9,8% recebem

mais que dois salários mínimos (IBGE, 2010). A moradia de nossos idosos em 84,5% casos é

própria e já paga e apenas 15,5% dos idosos vivem em domicílios alugados ou cedidos. E

quanto ao número de residentes por domicílio, a maioria dos idosos reside com duas a cinco

pessoas (MENEZES et al, 2007).

Segundo o grau de instrução, idosos sem instrução ou contando menos de um ano

de estudo somam 50,3%, de um a três anos, 17,9%, de quatro a oito anos, 19,6% e contando

mais de nove anos de estudo corresponde ao percentual de 9,2%, mostrando que era precário

o acesso à educação na época de sua juventude.

Observa-se que a maioria destes idosos está situada no estrato social baixo, ou

seja, recebem em torno de um salário mínimo e encontram-se na faixa do analfabetismo, o

que os torna mais vulneráveis pelo menor acesso à informação e ao cuidado de si próprio.

Do total de idosos residentes no Ceará, 7.140 estão acima dos 95 anos,

correspondendo a 6,07% do total de idosos, sendo 63,74% do sexo feminino, similar ao

restante do País.

Em Fortaleza, o mesmo censo constatou a existência de uma população de

idosos de 274.755 pessoas, sendo esta constituída por 1676 centenários (437 homens e 1.239

mulheres).

2.4 Situação de vida dos idosos no Brasil e no mundo

Observa-se uma feminização da velhice . O quantitativo de mulheres de mais de

84 anos é maior do que o dos homens, chegando a uma proporção superior a três para um

quando atingem os 90 anos e quatro para um, aos 100 anos. Parece, entretanto, que os homens

sobreviventes apresentam menor carga de morbidades e desabilidades (WILLCOX et al,

2006). Este fato está relacionado a uma maior vulnerabilidade do sexo masculino à morte

prematura por causas cardiovasculares em consequência de maus hábitos de vida.

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Laurenti et al (2005) mostram claramente a maior mortalidade masculina que

ocorre praticamente em todas as idades e para a maioria das causas, e também a menor

esperança de vida ao nascer entre os homens. Aponta as causas externas como responsáveis

pelos óbitos na idade entre dez e 39 anos, estando aí incluídas as mortes por violência e

acidentes de trânsito e do trabalho, as doenças mentais e comportamentais muito relacionadas

ao consumo de álcool e outras substancias psicoativas. Sabe-se, entretanto, que os homens

buscam menos os serviços de saúde e muitas vezes o fazem quando seu problema já está

agravado, diferentemente das mulheres que procuram mais precocemente tal serviço.

Na Dinamarca, estudo longitudinal realizado com duas coortes, a primeira de

nascidos em 1895 e a segunda de nascidos em 1905, totalizando 207 centenários, demonstrou

uma prevalência do sexo feminino em ambas. Houve maior independência das mulheres para

tomar banho, vestir-se, irem ao banheiro e se alimentarem, apresentando maior grau de

autonomia. As mulheres da coorte de 1905 exibiam maior independência do que as de 1895

(ENGBERG et al, 2008).

Em estudo realizado na Geórgia (EUA), foram avaliados 111 centenários e 71

octogenários com bom nível cognitivo em relação a fatores em sua história que poderiam

contribuir com sua situação atual e que poderiam prever um desfecho crítico. O número de

filhos foi uma variável positiva em relação à manutenção da autonomia assim como na

prevenção da solidão, o que também foi minimizado com aumento das redes de amizades. Ser

casado também se relacionou com a melhor saúde física e cognitiva masculina, pois 24% dos

homens eram casados em comparação a 2% das mulheres (MACDONALD et al, 2010).

O temperamento neurótico foi associado a maior solidão (HENSLEY et al , 2010).

O mesmo estudo (Geórgia) analisado em Randall et al (2008), em relação ao suporte social,

mostrou que os centenários apresentavam suporte social mais fraco do que os octogenários, e

entre os centenários, aqueles que viviam em asilos referiram pior suporte do que os que ainda

viviam com familiares ou eram acompanhados por cuidadores.

Em respeito ao estado emocional, no estudo da Geórgia, não houve diferença

entre os centenários e octogenários em relação ao diagnóstico de depressão, ansiedade ou

psicoses (ARNOLD et al, 2010). Não foi encontrado estudo avaliando centenários no Brasil,

mas em relação aos idosos a contar de 60 anos, o estudo SABE - Saúde, Bem-Estar e

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Envelhecimento (SP) mostrou uma prevalência de depressão em 18,1%, sendo mais evidente

em mulheres (LEBRÃO; LAURENTI, 2005)

No Brasil, pesquisas destacam o fato de que pessoas de baixa renda apresentam

piores condições de saúde, pior função física e menor uso do sistema de saúde em todas as

faixas etárias (LIMA-COSTA et al, 2006), sendo também desigual o acesso ao serviço de

saúde e a medicamentos, entre os idosos brasileiros, na dependência de seu estrato social

(UCHOA, 2003). O estudo SABE mostrou que os níveis de saúde estão diretamente

relacionados a uma baixa qualidade de vida, influenciadas por gênero, escolaridade, condição

econômica e presença de incapacidade (LEBRÃO; LAURENTI, 2005). Observou-se no Ceará

que a maior parte dos idosos vive na linha da pobreza e é analfabeta, o que nos leva a inferir

que suas condições de saúde e seu acesso ao sistema de saúde são precários.

Os estudos realizados no Brasil ainda não se dedicaram à quarta idade (acima de

80 anos) e centenários. Não podemos extrapolar os dados dos diversos estudos para nossa

realidade, visto tratar-se de um país continental, onde há uma grande diversidade étnica,

social e cultural, além das diferenças regionais relacionadas a estilos e hábitos de vida. Urge

em nosso meio um melhor conhecimento destes idosos, que se avolumam com as quais nossa

sociedade, além de não acostumada, se encontra despreparada para conviver.

2.5 Como se explica este envelhecimento extremo?

Os olhos se voltam para a busca da razão deste envelhecimento extremo e bem-

sucedido. Este é um exemplo de envelhecimento almejado por todos e, talvez, passível de ser

conseguido. Parece que os centenários são menos propensos a exposição genética e ambiental

que levam a morte em idades mais jovens, fenômeno chamado de seleção demográfica

(PERLS; TERRY, 2003).

De fato, os idosos que chegam à velhice mais avançada sem doenças típicas da

velhice e sem o agravamento de condições crônicas que se iniciaram na vida adulta

devem ser vistos como sobreviventes. Seriam fruto de um processo seletivo

presidido por antecedentes genético-biológicos muito favoráveis e por condições

ambientais e comportamentais igualmente favoráveis. Entretanto, para a grande

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maioria dos bem idosos aumenta expressivamente a probabilidade de ocorrência de

doenças. (DIOGO, 2006, p.17).

Estudos realizados em descendentes de centenários mostraram que sua chance de

sobrevida até os 91 anos é quatro vezes maior do que a dos descendentes de não centenários,

evidenciando, assim, a importância dos fatores genéticos (PERLS et al, 1998).

Tais fatores genéticos já estão sendo avidamente investigados, com resultados

apontando para alguns genes responsáveis como a APOE, MTP, APOG3 e outros. Esta busca

por tais genes vai ajudar a compreensão dos mecanismos moleculares envolvidos no processo

de envelhecimento humano (WHEELER; KIM, 2011). Enquanto se aguardam novas

pesquisas relacionadas a este campo, procuram-se cada vez mais fatores passíveis de

modificação entre estes idosos extremos.

Já são feitas associações negativas entre tabagismo, etilismo, excesso de peso na

idade madura e a sobrevida a idades extremas em homens (WILLCOX et al, 2006, TERRY et

al, 2008). O hábito tabágico de médio a pesado e a obesidade estão associados a um maior

risco de óbitos, entretanto, os tabagistas leves não apresentaram risco muito superior aos que

nunca fumaram. O sobrepeso também não demonstrou risco muito diferente em relaçao ao do

peso normal (TERRACCIANO et al, 2008).

O tabagismo correlaciona-se a várias entidades mórbidas relacionadas ao

envelhecimento, como hipertensão arterial e perda da massa óssea, por exemplo, e é também

fator de risco para alterações da função pulmonar, morbimortalidade cardiovascular e câncer.

Tabagistas aparemtam uma idade biológica superior aos não tabagistas (KARASIK et al,

2005).

Na Dinamarca, estudo longitudinal com 1376 participantes na faixa de 24 a 81

anos associou a ingestão de bebida alcoólica a sintomas depressivos, demonstrando que cada

copo de bebida alcoólica consumido por dia estava associado a um aumento de 17% no risco

de um humor depressivo. Esse estudo também foi evidenciado que a prática física por meia

hora diária reduzia em 48% o risco de depressão. Esta prática também está relacionada a um

efeito protetor para doenças cardiovasculares e obesidade (VAN GOOL et al, 2006).

O estudo da questão alimentar também contribui nesse campo. A ingestão

excessiva de alimentos pode levar à obesidade e a doenças a ela relacionadas, o que conduz ao

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encurtamento do tempo de vida. Estudos feitos comparando a população centenária de

Oknawa com a dos Estados Unidos mostraram que a população nascida antes da II Grande

Guerra e que, por tal razão, sofreu uma ingesta de baixas calorias ao longo de sua vida,

apresentou menor percentual de doenças crônicas, o que pode ter contribuído para sua

longevidade excepcional (WILLCOX et al, 2007a). Além da restrição calórica, a extrema

longevidade pode também ser responsabilizada pelos micronutrientes que compunham a sua

dieta, como a diferença na ingesta protéica, composição de aminoácidos, baixos níveis de

açúcares e o alto consumo de flavonóides (WILLCOX et al, 2007b).

Os traços da personalidade parecem situar-se entre os preditores mais potentes

do bem-estar psicológico, e estes parecem acompanhar o indivíduo desde fases precoces de

sua vida (LUPIEN; WAN, 2004), já estando associados à longevidade por meio de maior

adaptabilidade ao envelhecimento e tendo influências sobre a saúde.

Estudo de coorte da Clínica Mayo sobre personalidade e envelhecimento, com

7216 participantes, relacionou as personalidades pessimista, ansiosa e depressiva a uma

mortalidade aumentada. Estes três itens fazem parte do chamado neuroticismo, no Modelo das

Cinco Dimensões. Os autores especulam a relação causa efeito, ou seja, se esta associação é

não causal e pode estar relacionada a variações genéticas ou a eventos na vida pregressa ou,

ainda, a uma combinação de ambas. Neste caso, intervenções visando à prevenção seriam

inconsistentes. Sugerem os autores, na segunda hipótese, que estes traços poderiam

influenciar vias neurológicas, endocrinológicas ou imunológicas, desencadeando danos ou

lesões tissulares ou orgânicas, levando a doenças ou ao seu agravamento, culminando com o

óbito. Por outro lado, tais pessoas também se cuidariam menos, ou seja, teriam hábitos

alimentares pouco saudáveis, práticas físicas menos intensas ou inexistentes, viveriam em

condições mais precárias e isso poderia levar a doenças. Nestas ultimas hipóteses, haveria

uma forma de atuação preventiva com a finalidade de se prolongar a sobrevida

(GROSSARDT et al, 2009).

O Modelo das Cinco Dimensões descreve a personalidade em cinco dimensões

amplas: neuroticismo, extroversão, abertura a experiências, amabilidade e

“conscienciosidade”. Estes fatores foram descobertos após análise de descritores da

personalidade encontrados na linguagem natural, possibilitando a elaboração de uma

taxonomia que permite a classificação de todos os traços de personalidade reconhecidos tanto

por psicólogos quanto por leigos. Além disso, são facilmente replicáveis (SILVA et al, 2007).

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Um pouco de cada dimensão

A extroversão se relaciona à capacidade social do indivíduo, estando nela incluídos

a atividade, a disposição, o otimismo e a afetuosidade. Diferente, acontece com o indivíduo

introvertido, que tende a se isolar e ser inibido.

A instabilidade emocional diz respeito ao neuroticismo, referindo-se a emoções

negativas, como ansiedade, sensação de desamparo, irritabilidade e pessimismo. Geralmente

são pessoas irritadas, melancólicas, ansiosas que tendem a mudanças de humor, a depressão e

a transtornos psicossomáticos.

A pessoa aberta a experiências normalmente apresenta interesse intrínseco por

diversas áreas. Tem pensamento flexível, imaginação, interesses culturais, versatilidade e

curiosidade.

A amabilidade refere-se à tendência a um bom relacionamento social, sendo tais

pessoas agradáveis, calorosas, dóceis, leais e preocupadas com o interesse de sua coletividade.

Ao contrário, são as pessoas mais egocêntricas e desconfiadas.

A “conscienciosidade” está muito relacionada à responsabilidade. Geralmente são

pessoas zelosas e disciplinadas que apresentam características como honestidade,

engenhosidade, cautela, organização e persistência.

Do Estudo Longitudinal sobre Envelhecimento de Baltimore, foram avaliados

2359 participantes entre a faixa etária de 17 a 98 anos em relação aos fatores preditores da

longevidade. Associaram-se positivamente: altos índices de atividade geral, estabilidade

emocional (neuroticismo baixo), relações pessoais e “conscienciosidade”. Em relação à

mortalidade por doenças cardiovasculares, a instabilidade emocional foi um dos principais

traços relacionados a tais patologias. Em mulheres, a ascendência, componente da

extroversão, associou-se a baixos riscos de óbitos (TERRACCIANO et al, 2008).

Já Martin et al (2009), utilizando os participantes do segundo Estudo sobre

Centenários de Geórgia, buscaram avaliar a relação entre uma vida ativa e o estado mental na

idade avançada. Foram objeto deste estudo 285 idosos com idade média de 100,33 anos,

sendo 82,1% mulheres. Apontaram com conclusões o engajamento em várias atividades ao

longo da vida, como viajar, executar trabalho voluntário, falar em público, fiscalizar dados

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financeiros e outros. Restou demonstrado o fato de ser marcador de proteção do estado mental

nos idosos velhos e que os traços da personalidade moderaram o efeito do engajamento nas

atividades na avaliação do estado mental, ou seja, estabilidade emocional, extroversão,

abertura a experiências e “conscienciosidade” aliadas a um alto grau de atividades, estiveram

associadas a altos escores do estado mental.

Estudos abordando descendentes de centenários já estão disponíveis. Do estudo de

New England, foram avaliados 352 mulheres e 208 homens descendentes destes longevos em

relação aos traços da personalidade, demonstrando que estes eram extrovertidos e com baixos

níveis de neuroticismo, e entre as mulheres também foi alto o nível de amabilidade (GIVENS

et al, 2009).

Sob a óptica dos longevos, estudo qualitativo realizado em Botucatu, SP, com 30

ex-ferroviários cuja idade foi superior a 74,8 anos, observou que os idosos atribuíam sua

longevidade a cinco fatores principais: manter atividade física e mental e cultivar

pensamentos positivos; sono regrado; ausência de vícios e extravagâncias; bons hábitos

alimentares; bom relacionamento social e familiar (PATRÍCIO et al, 2008).

2.6 Envelhecimento bem-sucedido: a realidade dos idosos

Desde 1944 busca-se o significado de envelhecimento bem-sucedido e como

mensurá-lo. Muitos autores procuram defini-lo como aquele em que não há doenças nem

desabilidades, há manutenção das funções físicas e cognitivas e o engajamento em atividades

sociais e produtivas. Ainda não há consenso, porém, sobre uma definição universal a respeito,

sendo vários fatores usados para definir este sucesso, como saúde física, saúde psicológica,

habilidades cognitivas, competência social, satisfação pessoal, bem-estar, autocontrole,

engajamento com as atividades rotineiras e produtividade, entre outros (WILLCOX et al,

2007a). Existem também vários descritores para se referir ao mesmo conceito, incluindo bem-

sucedido, ativo, produtivo, saudável e robusto (TEIXEIRA; NERI, 2008).

A OMS, no final dos anos 1990 adotou a expressão envelhecimento ativo,

referindo-se à participação contínua do idoso nas questões sociais, econômicas, culturais,

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espirituais e civis, e não somente a capacidade de contribuir para a força de trabalho. Em

2005, divulgou o Projeto “Envelhecimento Ativo: Uma Política de Saúde”, tendo como

objetivo o embasamento de discussões para a formulação de planos de ação buscando o

envelhecimento saudável e ativo. Neste documento, há melhor concito da dicção, colocando-a

como uma percepção do que envelhece em relação ao seu potencial para o bem-estar físico,

social e mental ao longo da vida do geronto e sua possibilidade de participar ativamente da

sociedade de acordo com suas necessidades, desejos e capacidades. Infere que a autonomia e

a independência da pessoa durante o envelhecimento são metas fundamentais para gestores e

governantes em relação às políticas públicas (WHO, 2005).

O Brasil, com a Constituição de 1988, a Lei Orgânica da Assistência Social

(LOAS), Lei 8.742/93 (BRASIL, 1993), e a Política Nacional do Idoso, Lei 8.842/94

(BRASIL, 1993), teve como objetivo assegurar os direitos sociais do idoso, criando condições

para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade. O Estatuto do

Idoso, instituído pela Lei nº 10.741 de 1º de outubro de 2003 (BRASIL, 2003), consolidou

diferentes conquistas, como o direito à vida; à liberdade, ao respeito e à dignidade; ao

alimento; à saúde; à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer; à profissionalização e ao

trabalho; à previdência social; à assistência social; à habitação e ao transporte; medidas de

proteção; política de atendimento ao idoso, acesso à justiça, entre outros. Em relação à saúde,

o Estatuto assegura a atenção integral à pessoa idosa pelo Sistema Único de Saúde – SUS,

com atendimento preferencial, e também a distribuição gratuita de medicamentos,

principalmente para aqueles portadores de doenças crônico degenerativas. No nível privado, o

documento impede a discriminação do idoso em planos de saúde.

Mesmo com o estatuto aprovado, os idosos ainda não gozam amplamente de tais

direitos.

Rowe e Kahn, citados por Willcox et al (2007a), propuseram um modelo para a

definição de envelhecimento bem-sucedido, no qual estão inclusos a baixa probabilidade do

desenvolvimento de doenças e desabilidades relacionadas a estas, capacidade física e

cognitiva preservada e um bom engajamento com a vida.

Pelo modelo desses autores, foi realizado um estudo objetivando averiguar o

envelhecimento bem-sucedido de adultos de mais de 65 anos, utilizando os participantes do

estudo Aposentadoria e Saúde, trabalho longitudinal realizado nos Estados Unidos com

pessoas acima dos 51 anos, entrevistados em períodos de dois anos (1998, 2000, 2002 e

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2004). Esse estudo demonstrou que, pelo modelo proposto, apenas 11,9% dos respondentes

em 1998, 11,9% em 2000, 11,0% em 2002 e 10,9% em 2004 apresentavam critérios de um

envelhecimento bem-sucedido. Mais de 80% dos idosos apresentaram critérios para

desabilidades. Ante tais resultados, os autores sugerem melhor adequação de tal modelo

(MCLAUGHLIN et al, 2009).

Atualmente, segundo Schneider e Irigaray (2008), já se pode fazer distinção entre

idade cronológica, aquela que mede a passagem do tempo desde o nascimento; biológica, que

corresponde às modificações corporais e mentais ao longo do processo, e envelhecimento

social, referindo-se aos papéis sociais desenvolvidos por pessoas de sua idade; e, por fim,

idade psicológica, definida pelas habilidades adaptativas com fim de adaptação ao meio.

A idade cronológica, conforme inferido por Karasik et al (2005), pode falhar

como indicador do processo de envelhecimento, diferentemente da idade biológica.

O envelhecimento biológico estima o estado funcional da pessoa, ou seja, como

está funcionalmente em relação aos seus pares da mesma idade cronológica. Os marcadores

mais óbvios deste envelhecimento são os cabelos brancos, a presbiopia e a perda da

elasticidade cutânea. Na atualidade, a pressão sistólica, a força de prensão, o volume

expiratório forçado, os níveis plasmáticos de glicose e colesterol e o estado cognitivo e

neuropsicológico estão sendo os marcadores mensuráveis mais usados. (KARASIK et al,

2005). É determinada em parte por fatores genéticos, mas não somente por eles, pois está

claro que um percentual consideravel de variação nos fenótipos relacionados ao

envelhecimento não decorre de influências hereditárias (JESTE et al, 2010).

Para o adulto maduro, a atividade física é considerada fator importante na

prevenção de doenças crônico-degenerativas em razão do seu efeito sobre o controle do peso

corpóreo pela diminuição da adiposidade, controle dos níveis tensionais, redução da

resistência periférica a insulina e prevenção da osteoporose, atuando preventivamente nas

doenças crônicas relacionadas ao envelhecimento, além de sua associação à saúde psicológica

(OKUMA, 2004). Em idosos, sabe-se que também é fator importante para manutenção da

massa magra, concorre no tratamento da osteoporose sendo seu objetivo principal a

manutenção da autonomia (SAFONI et al, 2011). Okuma (2004), porém, infere a importância

da atividade física em relação ao bem-estar psicológico, traduzido como uma sensação de

maior competência, maior satisfação com a vida e melhor estado de ânimo, assim como um

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aumento da noção de autoeficácia, ou seja, a percepção do idoso em sua capacidade de

adaptação e de realizar tarefas.

Na população de idosos velhos, a fisioterapia e a terapia ocupacional demonstram

ser de grande ajuda na manutenção da independência funcional por meio do melhor

ajustamento às perdas advindas do envelhecimento, conforme relatos de Montenegro e Silva

(2007). Estudo realizado em Fortaleza com 44 idosas institucionalizadas, com idade variando

de 64 a 91 anos que sofreram intervenção fisioterápica e um grupo de 20 controles, mostrou

que 60% das primeiras mostraram melhora no seu desempenho em relação às AVDs em

comparação ao grupo-controle (MONTENEGRO, 2007). Estudo avaliando, entretanto, o

alongamento estático no ganho de força muscular em idosos não confirmou tal achado

(LUSTOSA et al, 2010). Tais atividades, quando realizadas em grupos, propiciam, além de

uma integração social, também uma percepção maior do idoso em relação ao seu estado de

saúde, pois permite a comparação entre pares, incentivando-o a buscar uma melhora de seu

estado atual.

O envelhecimento social refere-se à atitude que a sociedade espera que se tenha

em cada faixa etária, sendo fortemente marcado pela aposentadoria. Seu papel tem uma

importância fundamental, pois esta define como a sociedade vê os idosos e o processo de

envelhecimento (SHNEIDER; IRIGARAY, 2008).

Há, entretanto, a necessidade de se ter cuidado com o processo de envelhecimento

e o que a sociedade contemporânea espera dele.

De todas as transformações que marcam o envelhecimento contemporâneo, o

surgimento da identidade terceira idade parece ser a mais inovadora e desafiadora,

visto que oferece a possibilidade de condensar muitas das questões que atingem os

que envelhecem na contemporaneidade. (SILVA, 2009, p. 128).

Este processo que na realidade não apresenta um marco social ou ritual seguro,

mas sim depende da percepção do próprio sujeito, confere ao mesmo a responsabilidade de se

adaptar às mudanças dele decorrentes e com isso encontrar o sentido de sua vida nesta nova

etapa. E isso se dá de forma individual. Manter-se ativo, entretanto, está entre as prerrogativas

esperadas do envelhecimento em que a atividade, seja ela mental, física, social, sexual, lúdica,

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criativa ou outra, tornou-se uma obrigatoriedade para os sujeitos que pretendem viver na

terceira idade (SILVA, 2009).

A integração social, e não a segregação, está ligada à proteção contra condições

físicas e mentais, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial e depressão,

diretamente relacionadas ao declínio cognitivo (LUPIEN; WAN, 2004).

A idade psicológica pode caracterizar a velhice quando se percebem falhas de

atenção, lapsos de memória, dificuldades de aprendizagem, mas também está relacionada à

capacidade do idoso em ter controle sobre a própria vida, ou seja, sua capacidade de superar

adversidades e na adaptação a mudanças (SHNEIDER; IRIGARAY, 2008).

Zeng e Shen (2010) demonstram que os centenários têm como característica altos

graus de resiliência, e que esta está associada a longevidade extrema em ambos os sexos,

provavelmente por melhorar a saúde física e psicológica. Idosos resilientes são mais afeitos a

emoções positivas e se recuperam mais rapidamente de eventos estressores.

Assim sendo, provavelmente o envelhecimento bem-sucedido seja algo bem mais

complexo do que se tenta demonstrar, pois, segundo Neri (2004, p.120),

A velhice e o envelhecimento, portanto são realidades heterogêneas, isto é, variam

conforme os tempos históricos, as culturas e subculturas, as classes sociais, as

histórias de vida pessoais, as condições educacionais, os estilos de vida, os gêneros,

as profissões e as etnias, dentre outros elementos que conformam as trajetórias de

vida dos indivíduos e grupos.

Em sua maioria, os idosos são portadores de pelo menos uma doença crônica,

normalmente bem controlada, o que permite que tenha uma vida normal, e idosos que

ultrapassem os 80 anos e que sejam capazes de administrar sua própria vida e ainda tiverem

uma vida produtiva em algum setor serão considerados saudáveis, independentemente da

presença de alguma comorbidade. (RAMOS, 2003)

Observa-se, amiúde, que cerca de um terço de homens ou mulheres que atingem

os cem anos de idade vivem com comorbidades por quinze anos ou mais (TERRY et al,

2008), fazendo com que seja necessária melhor reflexão sobre este termo para esta faixa

etária. Teixeira e Neri (2008) propõem que este seja uma questão multifatorial que ultrapassa

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a saúde física, incluindo a percepção pessoal das possibilidades de adaptação às mudanças

advindas do envelhecimento e condições associadas.

Parece que quando advém o declínio funcional, os idosos começam a utilizar

estratégias para compensar as perdas funcionais e continuam a realizar suas tarefas,

principalmente aquelas para as quais acreditam possuir melhor desempenho, e assim

aperfeiçoam suas habilidades por um tempo maior. Na proximidade da quarta idade,

entretanto, esta estratégia não permanece satisfatória (LIMA et al, 2008).

Outro aspecto importante é o suporte social e familiar. Quando há manutenção de

contatos sociais com amigos e parentes e a manutenção de emoções positivas com os

relacionamentos assim como a percepção do suporte recebido e a perspectiva de trocas

afetivas, emocionais e materiais, é menor a correlação com sintomas depressivos. (LIMA et

al, 2008)

É passível se incluir ainda para o sucesso do envelhecimento as questões

socioeconômicas, culturais, educacionais e também os fatores psicológicos já abordados,

citando como exemplos a disposição para solicitar ajuda e perceber-se com menor idade, e

fatores psicossociais, como a rede de amigos, o sistema de apoio social, a flexibilidade em

realção à mudança de costumes e às inovações tecnológicas, além do engajamento em

atividades diversificadas (FALCAO; DIAS, 2006).

Confirmando o que já foi aventado, estudo realizado em Porto Alegre - RS com

400 idosos demonstrou que os fatores que influenciavam o envelhecimento bem-sucedido em

idosos socialmente ativos eram o suporte psicossocial, a percepção do seu estado de saúde

como sendo muito bom, bom ou nem bom e nem ruim, sua capacidade funcional, as relações

familiares e de amizades e também a percepção de que suas crenças pessoais dão sentido a

sua vida. Também influenciou a ausência de depressão e desesperança (MORAES et al,

2005).

Assim sendo, parece que envelhecer satisfatoriamente depende de um delicado

equilíbrio entre as limitações e as potencialidades do indivíduo o qual lhe possibilitará lidar,

em diferentes graus de eficácia, com as perdas inevitáveis do envelhecimento (NERI, 2003).

Uchoa (2003) já assinalava que a gravidade e a relevância de um problema de

saúde apresentado por idosos eram determinadas pela possibilidade de enfrentá-lo, associada

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ao apoio familiar e ao acesso aos cuidados médicos. Sabe-se que a urbanização e a migração

de jovens à procura de estudo e trabalho ocasionam famílias menores, além do que o maior

número de mulheres se tornando força de trabalho formal leva a menor disponibilidade de

pessoas para cuidar dos mais velhos quando isso é necessário.

2.7 A espiritualidade e a longevidade

Espiritualidade remete à experiência transcendente da fé, ou seja, descreve o

relacionamento transcendente entre a pessoa e um Ser Mais Alto, uma qualidade que vai além

da filiação religiosa (LUKOFF et al, 2006, DAALEMAN et al, 2004). É a dimensão vivencial

do fenômeno religioso ou a experiência de contato com esta dimensão, que vai além das

realidades consideradas normais na vida humana (VASCONCELOS, 2006). Ela vem de

spiritus, que quer dizer o sopro da vida que anima a matéria. Diferente de religiosidade, que é

definida como uma manifestação ou atitude de tradições diferentes, a espiritualidade, segundo

Boff (2001), é aquilo que produz dentro de nós uma mudança. E transcendência é definida por

Boff (2000) como uma dimensão de abertura, de romper barreiras, de superar interditos, de ir

para além de todos os limites.

Mas há mudanças que são interiores. São verdadeiras transformações alquímicas,

capazes de dar um novo sentido à vida ou de abrir novos campos de experiência e de

profundidade rumo ao próprio coração e ao mistério de todas as coisas. (BOFF,

2001, p.17).

Sabe-se que, desde a meia idade, passa-se a dar maior atenção aos aspectos

pessoais e à religião. Ao progredir da idade, Jung acreditava que a pessoa religiosa possui

vantagens no enfrentamento das turbulências de nosso tempo e que sua presença melhora a

sensação subjetiva de bem-estar e de satisfação com a vida (GOLDSTEIN; NERI, 2003).

Estudos sobre a espiritualidade e saúde demonstram que as pessoas que afirmam

possuir uma prática religiosa exibem taxas mais baixas de doenças cardíacas, câncer e

hipertensão; idosos institucionalizados que exercem a prática apresentam menos sintomas,

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menos invalidez e taxas mais baixas de depressão, ansiedade e de demência, e que pessoas

religiosas vivem mais do que as não religiosas (VASCONCELOS, 2006).

Trabalho com intuito de averiguar se a religiosidade é utilizada como forma de

enfrentamento do estresse decorrente do envelhecimento, e se ela aumenta com o passar da

idade, demonstrou que 70% dos 173 participantes afirmaram o aumento da religiosidade com

a idade, e em sua maioria ligam tal fato ao crescimento pessoal. Também foi observado que a

religiosidade possui grande influencia na adaptação às limitações do envelhecimento. Neste

grupo, também foi relevante a frequência às práticas religiosas institucionais, o que aumenta a

disponibilidade de suporte social informal (GOLDSTEIN; NERI, 2003).

Na Bahia, outro estudo qualitativo realizado com idosos na UESB, onde foram

ouvidos depoimentos em relação à religiosidade, mostrou que esta contribui positivamente

para o envelhecimento com saúde, e que esta, aliada à prática da oração, contribuiu para

mudanças de hábitos e para uma melhor adaptação e criação de estratégias de enfrentamento

de novos desafios (VILELA et al, 2006).

No interior do Ceará, uma avaliação realizada com 48 idosos com idade entre 60 e

70 anos mostrou que o envelhecimento era visto como uma dádiva de Deus, o envelhecer

saudável também dependente da vontade divina. Em relação à velhice e do envelhecimento,

estes também expressaram momento de dependência e perdas (FREITAS, et al, 2010).

Na doutrina de Neri (2001, p. 46),

A velhice é a última fase do ciclo vital e é delimitada por eventos de natureza

múltipla, incluindo, por exemplo, perdas psicomotoras, afastamento social, restrição

em papéis sociais e especialização cognitiva.

O idoso velho depara a finitude próxima. Seus elos antigos vão sendo cortados um

a um e ele se vê só.

Como anotam Doll e Py (2005), nesta época da vida quando se entra em contato

direto com a finitude pessoal, é por intermédio da espiritualidade, dos caminhos da fé

religiosa que muitos exercitam uma possível liberdade, uma forma de transcender o finito.

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Em uma análise de 956 idosos que integraram o Projeto Estudo do

Envelhecimento Saudável (PENSA) realizado em Juiz de Fora, MG, objetivando a verificação

da relação entre experiências de eventos estressantes e sintomas depressivos, observou-se que

idosos acima dos 80 anos são os mais afetados por problemas de saúde e morte de entes

queridos e situações relacionadas ao bem-estar pessoal, dentre eles o sentimento de solidão,

problemas de saúde mental, reais ou presumidos e crise espiritual. Além destes, as

preocupações monetárias também merecem destaque, pois rebaixam o sentimento de

autovalor (STUART-HAMILTON, 2002).

Observou-se, também, que mulheres tendem a usar estratégias com foco na

religiosidade para lidar com tais enfrentamentos, principalmente se são de controle difícil,

sendo elas elementos facilitadores da aceitação. Diferentemente, os homens da mesma idade

mostraram ser mais propensos a guardar seus sentimentos para si mesmos em vez de buscar

apoio para o enfrentamento do evento estressor (FORTES-BURGOS et al, 2008).

A espiritualidade, embora se manifeste de formas diferentes, tem como essência a

experiência de DEUS e seus símbolos, independentemente das contradições pessoais e

culturais que limitam sua expressão. Tais pessoas que a vivenciam possuem a visão egoística

substituída por uma óptica mais holística e compreensiva da realidade que as faz ver mais

sentido na vida e a suportar mais suas perdas, suas dores e encarar de forma positiva a

proximidade da morte. Portanto, no envelhecimento, nas horas de crise, nas doenças, o

enfrentamento baseado na dimensão espiritual é realmente comprovado como de importância

e significado vitais (PY et al, 2006).

2.8 O suporte familiar e social: com quem contar?

Fato que faz a maioria das pessoas temerem o envelhecimento é justamente o

medo da dependência e perda da autonomia por motivos de doença. O suporte familiar e

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social tem importância fundamental na manutenção da saúde física e mental daquele que

envelhece mediante a oferta de amor, compreensão e cuidados, sendo promotor da saúde

física e mental. Na falta deste suporte, os idosos geralmente apresentam maior dificuldade de

adaptação em relação ao processo de envelhecimento e para lidar com eventos estressores

relacionados à idade (RAMOS, 2002). Sabe-se, entretanto, que o acesso a este suporte pode

ocorrer de forma desigual, sendo as pessoas de classes sociais menos favorecidas mais

propícias a ter déficit neste aspecto.

Mostra-se recorrentemente, que, no estudo da longevidade, as mudanças sociais

enfrentadas pela família propiciam a convivência e a corresidência de três ou mais gerações

(FALCÃO; DIAS, 2006b). Este recorte propicia que o cuidador do idoso seja da própria

família, geralmente uma filha, nora ou neta, facilitando assim o cuidado. Muitas vezes, como

demonstrado por Flores et al (2010), este cuidado pode ser revezado entre os membros da

família, formando uma rede composta por várias gerações, da qual muitas vezes o idoso

também participa como cuidador de filhos e mais frequentemente, dos netos. Este arranjo

trigeracional é mais comum entre as idosas (LEBRÃO; LAURENTI, 2005).

Na sociedade brasileira, aos poucos, vem sendo ultrapassada a imagem de avós

associada à figura do (a) velho (a) que, por sua vez, está atrelada a estereótipos, tais

como o de pessoas doentes e de idéias retrógradas. Em alguns casos, as mulheres,

que passaram a vida toda cuidando do marido e dos filhos, por vezes, sentem-se

nesse período, mais “libertas” para exercerem atividades fora do lar. Todavia, muitas

continuam com a “sina de cuidadoras eternas” e terminam cuidando dos pais idosos

e dos netos, para que seus filhos possam trabalhar. (FALCÃO, 2006a, p.65).

Ramos (2003) confirma tal achado dentre os idosos em São Paulo, onde,

majoritariamente (50%), dividem domicílio com os filhos e às vezes com filhos e netos, em

arranjos multigeracionais e que tais arranjos estavam ligados significativamente com nível

sócioeconômico baixo. Em São Paulo, Camargos (2007), avaliando os participantes do Estudo

SABE, mostrou que os idosos que vivem isolados são geralmente mulheres e que tal

ocorrência é proporcional à sua renda e também ao nível educacional, embora este desenlace

possa ser ocasionado por separação ou viuvez, ausência de filhos ou o falecimento destes, ou

ainda por decisão própria do idoso de não morar com ninguém, nesse caso sendo necessário

que tenha recursos financeiros.

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Já nos países europeus, o arranjo multigeracional corresponde a menos de 5%.

Em uma análise de 130 países, realizada pela Organização das Nações Unidas, verificou-se

que uma em cada sete pessoas idosas vivem sós, sendo 2/3 destas mulheres. Nos países

desenvolvidos, é mais frequente a vida só ou com o cônjuge (CAMARGOS, 2007).

Tratando-se de idosos no geral, sua composição domiciliar apresenta um recorte

de gênero, sendo entre os homens comuns a residência com a esposa e pelo menos com um

filho ou filha. Já em relação às mulheres, estas tendem a compartilhar sua residência com

filhos e ou filhas. Dos 15% dos idosos brasileiros que vivem sós, destacam-se as mulheres, e

dessas, 7% afirmam não ter apoio de ninguém. Com o aumento da idade, a mulher tende a ter

menos apoio em relação aos homens (ALVES, 2007). O fato de viver só favorece

autoavaliação positiva da saúde entre os idosos brasileiros, talvez porque isso só seja possível

para aqueles que realmente a têm (LEBRÃO; LAURENTI, 2005).

Com a perda da autonomia, entretanto, geralmente há um rearranjo familiar

levando a família à reorganização para cuidado com seu idoso, embora muitos destes não

queiram viver com seus componentes. Principalmente em situações de pobreza, o fato de o

idoso viver com sua família e participar do seu sustento não garante que vá haver por parte de

seus familiares o apoio físico, emocional e financeiro adequado.

O cuidado intergeracional com o idoso pode ser uma experiência prazerosa, ou não,

dependendo das relações entre as pessoas, nas quais os significados atribuídos ao

idoso e ao cuidado influenciam as atitudes de todas as gerações. (Flores et al, 2010,

p. 472).

Nos casos em que não há a presença da família, muitas vezes amigos e vizinhos

assumem o papel de cuidadores, o que acontece geralmente nas situações de baixa renda, nas

quais ainda há carência de um suporte social efetivo. Nestes casos, são exemplos comuns as

mulheres idosas, que muitas vezes não possuem o suficiente para subsistir, têm um acesso

dificultado ao sistema de saúde, e que podem vir a apresentar dificuldades para com seu

cuidado e para cuidar de sua saúde.

Com a longevidade extrema, as perdas familiares e de amigos se tornam mais

frequentes, e uma capacidade má de enfrentamento pode levar a quadros depressivos e

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exacerbação de doenças subjacentes. Uma melhora desta capacidade pode ser conseguida por

um bom suporte social, que pode proteger também contra o declínio cognitivo. Daí a

importância das políticas públicas efetivas, para que apoiem essa população com tendência a

crescimento futuro em suas necessidades básicas, principalmente nas classes socioeconômicas

inferiores. (CAMARGOS, 2007)

Não foram encontrados estudos referentes ao suporte social com a população

centenária no Brasil.

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3. PERCURSO TEÓRICO METODOLÓGICO

Ao analisarmos a persona, dissolvemos a

máscara e descobrimos que, aparentando ser

individual ela é no fundo coletiva. Deste modo

surpreendemos “a pequena divindade humana”

em sua origem, o Deus geral personificado pela

psique coletiva.

Carl Jung

3.1 Por que a escolha dos idosos longevos?

Acompanhando o envelhecimento populacional na cidade de Fortaleza, por meio

da assistência a idosos, tanto no setor público como privado, observamos que o

envelhecimento de forma individual vivenciado pela própria pessoa que envelhecente ocorre

de forma bastante heterogênea, muitos ultrapassando a marca dos 90 anos com boa

disposição, mesmo convivendo com comorbidades, porém não sentindo o peso dos anos que

passam. Outros, entretanto, muitas vezes até bem mais novos em sua idade cronológica,

apresentam sinais marcantes do envelhecimento físico (idade biológica) e psíquico (idade

psicológica), sem ânimo para se dedicarem a uma vida produtiva e ativa. Alguns felizes,

participando do convívio familiar, independentemente de sua classe social, outros vivendo no

isolamento, mesmo com um apoio significativo.

Soma-se a isso a dificuldade por nós percebida na ponta do serviço público, ou

seja, nas unidades básicas de saúde, para onde acorre a maioria das demandas locais tanto de

saúde quanto sociais. Observamos neste ponto do sistema uma baixa procura de idosos

longevos, sendo a visita domiciliar talvez o único momento de acesso ao sistema destes

idosos, sendo a visitação feita ou por solicitação de familiares ou por detecção do agente

comunitário de saúde da área adstrita. Quando este idoso vive no isolamento, é mais difícil

que solicite auxílio, muitas vezes problemas emergentes sendo atribuídos ao próprio

envelhecimento e, assim, lhes é negada uma possibilidade de ajuda ou tratamento.

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Outro fato marcante é a questão das redes de apoio a estes longevos extremos.

Observa-se que existem algumas atividades realizadas por organizações não governamentais

em vários pontos carentes de Fortaleza, entretanto, na maioria dos casos, são idosos não

velhos que participam das atividades ofertadas, que normalmente se constituem de oficinas de

memória e atividades lúdicas e físicas que buscam a promoção do seu bem-estar. Com a

progressão da idade, porem, quando as limitações físicas vão sendo impostas, estes idosos

tendem a se tornar reclusos em seus lares, contando apenas com o apoio familiar e de

vizinhos, que, muitas vezes por caridade, funcionam como seus cocuidadores.

Diferente ocorre com as classes providas pelo atendimento suplementar, em que a

maioria dos idosos longevos, por meio de programas oferecidos por seu plano de saúde,

contam com a presença de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, que buscam, juntamente

com o apoio familiar, a manutenção da autonomia do velho-velho.

Esta observação levou-nos a buscar melhor entendimento do idoso longevo, seus

traços em comum e os fatores que o apoiam neste envelhecimento extremo, pois, como

mostram nossos indicadores populacionais, esta população em franco crescimento suscita um

cuidado especial em relação as suas necessidades, para que possam transitar pela vida de

forma útil, autônoma, com menos onera para si, para sua familia e para todo o sistema de

saúde.

Os idosos centenários foram escolhidos como objeto desta pesquisa em razão de

pertencerem ao estrato etário que proporcionalmente mais cresce em todo o mundo

(WILLCOX et al, 2006), e cujo interesse vem suscitando inúmeras pesquisas mundiais em

diversos campos na busca de fatores que justifiquem este envelhecimento extremo, a saber,

genético, social, ambiental, estilos de vida e outros. No Brasil, todavia, apesar de ser vasta a

literatura sobre o envelhecimento, ainda são escassos os estudos a respeito da velhice extrema.

Quando se fala em delimitar um objeto, o investigador deve entender a expressão

não como uma dissecação do real, mas como a possibilidade de projetar seu olhar

sobre determinado fenômeno que, embora analisável, em suas dimensões, faz parte

de um sistema ou de uma realidade muito mais abrangente. (MINAYO, 2008, p.

183).

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3.2 A escolha do enfoque qualitativo

Idosos centenários - A arte de envelhecer é um estudo exploratório e descritivo,

com abordagem qualitativa, que procurou perceber nas falas dos entrevistados pontos em

comum de suas longas vidas que possivelmente possam ter contribuído para sua longevidade

e, por meio da interpretação de seus sentimentos e emoções, buscou entender um pouco

acerca do processo de seu envelhecimento e dos fatores que possam ter contribuído para sua

atual condição de vida e saúde. Nas lições de Bauer e Gaskell (2007) e Minayo (2008), esta

interpretação é importante para que se consiga ter um relato fidedigno do que pensam e

sentem os idosos desta faixa etária.

O enfoque qualitativo foi selecionado, com objetivo de entender-se o

envelhecimento extremo pelas perspectivas das próprias pessoas que envelhecem e, a partir

daí, buscar-se a interpretação deste fenômeno. Além disso, este enfoque possibilita o

delineamento de futuros levantamentos e interpretações, pois é pela da compreensão da

história destes sujeitos que pode ser criada uma base para serem elaborados referenciais para

pesquisas futuras (BAUER; GASKELL, 2007).

3.3 Cenário do estudo

Nossa pesquisa teve como cenário a cidade de Fortaleza, capital do Estado do

Ceará, batizada pelo jornalista e poeta Francisco de Paula Ney, nascido em Aracati em 2 de

fevereiro de 1858 ( 1897) como “loura desposada do sol”, a quem seus versos dedica (é

desconhecido o ano):

Ao longe, em brancas praias embalada Pelas ondas azuis dos verdes mares, A Fortaleza, a loura desposada Do sol, dormita à sombra dos palmares. Loura de sol e branca de luares, Como uma hóstia de luz cristalizada, Entre verbenas e jasmins pousada Na brancura de místicos altares.

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Lá canta em cada ramo um passarinho, Há pipilos de amor em cada ninho, Na solidão dos verdes matagais... É minha terra! A terra de Iracema, O decantado e esplêndido poema De alegria e beleza universais!

É a quarta maior capital do Brasil, com uma população de 2.452.185 habitantes.

Seu clima quente é refrescado por 34 km de praias paradisíacas e hoje é um importante centro

industrial, comercial e turístico do Nordeste.

As entrevistas ocorreram no domicílio do entrevistado, respeitando o idoso nesta

faixa etária, buscando sua comodidade e também permitindo que, em seu ambiente e no seio

familiar, suas recordações e sentimentos mais recônditos pudessem aflorar e permear a

entrevista.

Cada sujeito foi visitado em seu domicilio após agendamento telefônico e o aceite

em fazer parte deste estudo. Serão relatados a seguir os cenários particulares respectivos de

cada entrevista, na ordem em que se sucederam.

Nossa primeira entrevistada foi a LAVADEIRA (105 anos). Fomos recebida em

sua residência em bairro de baixa renda, por ela, suas duas filhas e uma bisneta, residentes no

mesmo domicílio. Na nossa chegada, ela ainda estava se levantando, o que nos deu a

oportunidade de observar seu lar, humilde, porém de alvenaria e com piso frio. Havia uma

mesa de seis lugares na varanda (ou seja, garagem convertida em varanda), onde Lavadeira

passava parte dos seus dias a buscar conversar com os transeuntes, procurando se socializar

com quem por ali passasse. Nas paredes, fotos da nossa entrevistada ainda jovem com suas

duas filhas, e fotos do seu aniversário de 100 anos. A casa era pequena. Fomos recebida na

sala conjugada à cozinha, onde uma de suas filhas já iniciava o preparo do almoço.

Percebemos durante a entrevista, as filhas participaram não só contribuindo nos relatos, mas

também muitas vezes ajudando a nos fazer ser ouvida pela mãe, que já apresentava certo grau

de surdez, demonstrando o intenso cuidado despendido para a mãe e o afeto existente entre as

três gerações presentes. Notamos também o orgulho pela vida regrada, apesar de árdua, vivida

por aquela mulher, que aos 105 anos ainda tem a coragem de querer trabalhar, apesar de já ter

sua vida financeira estabilizada, demonstrando sua necessidade de ser útil como outrora fora.

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ANDORINHA (100 anos) nos recebeu na calçada com um sorriso, na porta de

sua casa, onde segurava seu cachimbo, talvez com a intenção de acendê-lo. A parede de tijolo

atrás de si mostrava tratar-se de casa humilde, no mesmo bairro da entrevistada anterior. Seu

filho, enquanto conversávamos, empreendia a limpeza da casa. Durante a entrevista, começou

a chover, o que nos possibilitou entrar em seu domicílio, cuja sala era fria, sem janelas, com

transitar livre de cães pertencentes a nossa entrevistada. Pilhas de objetos eram amontoados

no canto da parede sobre uma cômoda antiga e roida, e havia um cheiro bastante forte de

urina animal. O chão era sem piso e os cômodos, como pude observar de longe, também eram

escuros. De um pequeno quintal no fim da casa era donde provinha a maior luminosidade e

onde também eram criadas galinhas como pudemos ouvir. Seu filho ficou presente numa

pequena parte da entrevista quando solicitamos a confirmação de alguns dados referentes a

nossa entrevistada, porém, ela foi a única fonte de informação.

O terceiro entrevistado, ROUXINOL (101 anos), nos recebeu na sala de sua casa

onde mora só, em um bairro nobre de Fortaleza. Quando chegamos, estava terminando de

tomar o seu desjejum e conversava animadamente com sua secretária do lar. Sua sala era

ampla, constituída de dois ambientes, onde havia um retrato, na parede, de sua esposa, e fotos

de seus aniversários de 99 e 100 anos, assim como banners feitos por seus filhos e netos em

sua homenagem, contendo fotos de suas pescarias, em passeios com seus filhos em sua

juventude e também reportagens de jornais nas quais foi entrevistado. Seu quarto, onde fomos

convidada a entrar para ver mais fotos expostas, era luminoso, porém simples, com mobiliário

antigo e uma cama de solteiro, onde dormia. Sua cozinha ampla e ventilada, assim como toda

a casa, era agradável e cheia de frutas em cesto sobre a mesa. Durante a entrevista,

permanecemos na sala, sendo interrompida na metade pela chegada de sua filha, residente na

vizinhança, que permaneceu conosco a partir de então, contribuindo com alguns dados para

entrevista, mas não tirando a liberdade do entrevistado, que, apesar da filha, permaneceu com

o mesmo entusiasmo, não mudando seu comportamento.

JURITI (100 anos) estava sentada na varanda de sua casa conversando com sua

irmã. Bem vestida e maquiada, com tranças e com sua pele alva e lisa, escondendo sua idade

cronológica, reside em casa cujo bairro de classe média ainda permanece com muitas casas

residenciais. A casa era ampla, ventilada e cheia de plantas, demonstrando seu amor por elas.

Durante a entrevista, a movimentação foi constante com a entrada e saída de filhos e netos,

que pediam a benção à depoente. A irmã não interferiu na entrevista, sendo muito elogiada

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pela entrevistada, demonstrando o afeto existente entre as duas. Apesar e não residirem juntas,

Juriti diariamente recebe a visita dessa irmã, que permanece com ela parte do dia para

conversarem. Uma filha permaneceu junto a nós por parte da entrevista, mas não tolheu a

entrevistada, que, quando tinha que criticar alguém ou alguma situação, o fazia mesmo com a

reprovação da filha. Na parede estava um banner com a foto da entrevistada e uma

homenagem de seus filhos, netos e bisnetos pela passagem dos seus 100 anos. Havia uma

atmosfera de carinho e cuidado para com Juriti, apesar de sua reclamação pela falta de ter com

quem conversar. Na casa residiam ela, uma irmã mais nova adoentada (com Doença de

Alzheimer, conforme nos relatou a depoente) e as cuidadoras.

TUCANO (104 anos) reside em apartamento em bairro nobre da cidade. Quando

lá chegamos, ele foi avisado da nossa presença e levado para a sala, onde preferiu nos receber,

pois referia que estava diante de uma pessoa ilustre que merecia ser recebida na sala e não no

quarto. Seu apartamento, onde mora só, é amplo, claro e ventilado. Via-se o requinte na

decoração e na disposição dos móveis. Durante o tempo em que permanecemos lá, duas

cuidadoras tratavam dos afazeres domésticos. Ele estava sobremaneira irritado por ter sido

contrariado por sua filha, entretanto, apesar de interromper várias vezes a entrevista para

assinalar sua contrariedade, relatou os fatos com uma riqueza de detalhes impressionante,

demonstrando sua memória exemplar. Apesar de seu humor no momento, ficou feliz em nos

receber e quis que garantissemos que voltaríamos, desta vez para falar mais do que ouvir.

BEM-TE-VI (98 anos) recebeu-nos sentando na sala, declamando uma poesia,

fato que se repetiu várias vezes durante nossa conversa. No momento, está residindo com sua

filha em apartamento pequeno em bairro nobre, claro e ventilado, cuja sala era adornada por

vários vasos de plantas espalhadas perto da janela, onde recebiam a luminosidade do sol. Seu

sorriso e sua alegria foram constantes durante a entrevista. Sua filha, de longe, monitorava.

Percebemos certo cuidado com as palavras por parte do depoente, em razão da filha, o que

provavelmente o intimidava um pouco e, com certeza, o impediu de falar mais abertamente

sobre alguns fatos de sua vida. Apesar disso, demonstrou estar satisfeito por estar ali, apesar

de fazer planos para voltar para sua residência, onde que morava só antes de sofrer uma

queda.

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3.4 Sujeitos da pesquisa

Como os centenários estão distribuídos em todos os estratos sociais e, na maioria

das vezes, usam pouco o sistema de saúde, são sujeitos cuja identificação se torna difícil, uma

vez que o Censo do IBGE fornece os números, mas não a localização destes idosos. Assim

sendo, querendo diversificar a amostragem, pois, como afirmam Bauer e Gaskell (2007, p.

58), a pesquisa qualitativa tende a maximizar a variedade do fenômeno desconhecido, os

idosos selecionados para a pesquisa foram os que são atendidos por vários serviços

especializados em Geriatria, sendo convidados a fazer parte do estudo pela entrevista

mediante de contato telefônico e agendamento previo.

A finalidade real da pesquisa qualitativa não é contar opiniões ou pessoas, mas ao

contrário, explorar o espectro de opiniões, as diferentes representações sobre o

assunto em questão. (BAUER; GASKEL, 2007, p.68).

Foram contatados dez centenários, quatro dos quais não puderam participar das

entrevistas por motivo de viagem (um) e de saúde (três).

O critério usado para o término das entrevistas foi o do exaurimento dos dados,

pois não foram identificados outros possíveis depoentes. É importante salientar, no entanto,

que no estudo proposto não foi a quantidade de entrevistas que nos forneceu uma impressão

detalhada, mas sim a riqueza das informações colhidas.

Os seis respondentes obedeceram aos seguintes critérios de inclusão:

ter idade acima de 98 anos e

ter condições cognitivas de responder à entrevista.

Para preservação do anonimato dos entrevistados, demos a cada um o nome de

pássaros: ANDORINHA (100 anos), BEM-TE-VI (98 anos), ROUXINO (101 anos),

LAVADEIRA (105 anos), JURITI (100 anos) e TUCANO (104 anos), de acordo com as

características mais marcantes do entrevistado.

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3.5 Coleta de dados

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram as entrevistas estruturadas

e em profundidade. Para melhor compreensão da fala dos participantes, empregamos o diário

de campo onde todas as expressões e gestos relevantes, ou seja, linguagem não verbal de

nossos entrevistados, foram anotados.

Utilizamos um roteiro de entrevista com tópicos-guia com vistas a norteá-las,

contendo apenas algumas diretrizes indispensáveis para facilitar e aprofundar a comunicação

com o depoente.

Todas as entrevistas foram realizadas por nós, gravadas e transcritas literalmente.

(LÜDKE; ANDRE, 1986), permitindo assim sua leitura repetitiva na procura pelas

informações mais relevantes e significativas nelas contidas. Apelamos também para o o

recurso fotográfico, com a expressa autorização do depoente.

Optamos pela entrevista individual e em profundidade pelo fato de esta permitir a

exploração detalhada da ampla visão pessoal de nosso sujeito e também para obtermos uma

compreensão mais aprofundada do problema analisado. E a entrevista estruturada serviu para

um melhor conhecimento acerca da identidade do entrevistado.

No decurso de tal entrevista, é fascinante ouvir a narrativa em construção: alguns

dos elementos ao muito bem lembrado, mas detalhes e interpretações falados podem

até mesmo surpreender o próprio entrevistado. Talvez seja apenas falando que nós

podemos saber o que pensamos. (BAUER; GASKELL, 2007, p.75).

A entrevista em profundidade é uma conversação que normalmente se estende por

uma a duas horas, dependendo do participante e das informações por ele fornecidas, buscando

a exploração minuciosa acerca do conhecimento e comportamento dele ante as hipóteses

aventadas. Usamos tópicos-guia, onde foram privilegiados os assuntos centrais a serem

abordados, a saber:

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trabalho ao longo da vida;

hábitos e estilo de vida;

a espiritualidade;

situação de saúde ao longo da vida;

longevidade na família, e

apoio familiar e de saúde.

Muitas vezes, no entanto, outros tópicos surgiram pertinentes ao tema, que se

somaram a estes, permitindo maior detalhamento de informações.

Antes de seu início, explicamos devidamente ao entrevistado a finalidade da

pesquisa e lemos o Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos de forma simples,

facilitando a compreensão do idoso, sendo solicitada a sua permissão para a gravação da

entrevista e para o uso da fotografia na pesquisa, procurando o enriquecê-la. A gravação da

entrevista nos permitiu maior liberdade na atenção ao entrevistado, e a possibilidade de

captarmos as entrelinhas da entrevista, ou seja, expressões, gestos, suspiros, pausas, lágrimas

ou risos.

3.6 Análise dos dados

A metodologia aplicada foi o Método de Análise de Conteúdo preconizado por

Bardin (2009), pois, segundo a autora, o método busca a ultrapassagem das incertezas, ou

seja, verificar se a mensagem transmitida realmente contém aquilo que se julga ver, e o

enriquecimento do conteúdo, em que a leitura atenta é capaz de demonstrar a presença de

conteúdos ou de elementos significativos (BARDIN, 2009). Sobretudo, o método possui uma

função heurística, capaz de enriquecer a tentativa exploratória, aumentado a propensão à

descoberta, e uma função de administração da prova, ou seja, as hipóteses por ela geradas sob

a forma de questões ou de afirmações provisórias servirão de diretrizes que poderão ser

verificadas em trabalhos vindouros (BARDIN, 2009).

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Após escuta detalhada, as entrevistas foram transcritas e lidas minuciosamente

com a finalidade analisarmos a temática, ou seja, na descoberta de núcleos de sentido contidos

na fala do entrevistado, buscando os itens de significância mais frequentemente mencionados.

Em seguida efetivamos a categorização, ou seja, a codificação, tendo sido agrupados critérios

pertinentes aos objetivos da pesquisa, definidos temas principais e secundários.

Geralmente, quando um pesquisador consegue apreender e compreender as

categorias empíricas de classificação da realidade do grupo investigado, perceberá

que elas são saturadas de sentido e chaves para compreensão teórica da realidade em

sua especificidade histórica e em sua diferenciação interna. (MINAYO, 2008, p.

179)

A categorização e o agrupamento dos dados recolhidos na análise definiram os

temas comuns às respostas e foram comparados aos assuntos propostos e em seguida foram

analisados e interpretados, cotejando-os com a literatura, o que fundamentou a interpretação

final.

Foram encontradas cinco categorias de análise, que serão detalhadas no capítulo 4.

Categoria 1 – Foi muito boa a minha vida!

Categoria 2 – Gosto quando tenho com quem conversar.

Categoria 3 – A amizade da família eu prezo muito.

Categoria 4 – A família manda no meu dinheiro.

Categoria 5 – Sempre fui caridoso.

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3.7 Ética e pesquisa

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal

do Ceará – COMEPE, dentro das normas que regulamentam a pesquisa em seres humanos, do

Conselho Nacional de Saúde – Ministério da Saúde, Resolução no. 196 de 10 de outubro de

1996 tendo sido aprovado (Protocolo COMEP n. 075/11) no dia 19 de abril de 2011.

Também obedeceu aos quatro princípios da Bioética: autonomia, beneficência,

não-maleficência, justiça e equidade, isto é, o participante tem a opção de abandonar a

pesquisa no instante em que assim o quiser; o estudo só poderá acarretar benefícios para o

participante; não poderá trazer malefícios para o respondente e, todos deverão ser tratados

com justiça e equidade (GONDIM, 2002; VIEIRA; HÖSSNE , 1998).

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4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A velhice só é honrada na medida em que se

defende a si mesma, não abre mão de seus

direitos, não se submete a outrem e, até o último

suspiro, não perde o senhorio sobre os

familiares.

Cícero

Foram entrevistados seis idosos, apesar, de como já mencionado, terem sido

convidados dez longevos para participar da pesquisa. As entrevistas foram realizadas no

período de 01 de julho a 13 de agosto de 2011.

Dos entrevistados, três pertencem ao sexo masculino e três ao feminino. A idade

dos centenários variou de 98 a 105 anos. Quanto à etnia, uma negra, uma de origem indígena

e quatro pertencentes à raça branca. Todos os participantes eram viúvos. Em relação à

escolaridade, um apresentava diploma de curso técnico, dois tinham primário incompleto e os

outros três eram analfabetos, o que era normal na época em que viveram, pois o acesso à

educação era restrito na zona rural, de onde provêm nossos depoentes. Três dos entrevistados

moravam com seus membros familiares e os outros três residiam sozinhos com cuidadores,

próximo de seus filhos.

Com exceção de um idoso (natural de Fortaleza - Parangaba), todos são naturais

de fora da Capital, a saber: Camocim, Caucaia, Maranguape, Pacoti e Russas.

Socioeconomicamente, quatro entrevistados pertencem ao estrato médio ou classe média

(renda mensal maior do que cinco salários mínimos). Dois são pertencentes à camada de

renda inferior ou pobreza (renda em torno de um a dois salários mínimos).

Entre as mulheres, uma era rezadeira, uma fora trabalhadora do lar e outra fora

lavadeira e agricultora. Os homens foram todos assalariados, ocupando cargos diversos, tais

como técnico de Contabilidade, bancário e mecânico. Todos foram criados na fé católica,

sendo todas as mulheres praticantes e somente um homem.

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4.1 Contextualização dos entrevistados.

ANDORINHA (100 anos) – nascida na região praiana de Caucaia, de etnia indígena,

sendo criada por portugueses, tendo aprendido a fumar cachimbo com a mãe biológica

aos 12 anos de idade, o que a ajuda em sua função de rezadeira, que mantém até hoje.

Teve 26 filhos por parto normal, com falecimento de 22 filhos, a grande maioria logo

após o nascimento, tendo o mais novo nascido após seus cinqüenta anos. Foi filha

única, e casou-se com um homem de posses, nunca tendo passado por dificuldades ao

longo de sua vida. Cuidou do seu lar até os 90 anos de vida. Atualmente vive só,

porém conta com a ajuda de seu filho que mora na vizinhança. Sustenta-se com a

aposentadoria deixada pelo marido e pertence ao estrato social baixo ou linha de

pobreza. Informa que sua mãe viveu até os 110 anos.

BEM-TE-VI (98 anos) – nascido em Camocim, começou a trabalhar aos oito anos de

idade em uma oficina mecânica. Refere ser analfabeto, entretanto nomeia-se professor

de Engenharia Mecânica. Foi trabalhador na oficina da estrada de ferro e trabalha até

hoje no laboratório de mecânica na Universidade de Fortaleza (UNIFOR), onde afirma

ser professor. Nunca foi afeito a hábitos nocivos em sua vida, alegando que seu único

vício é dançar e também o gosto por declamar poesias. Não teve doenças ao longo da

vida, recebendo no último ano o diagnóstico de hipertensão arterial. Pai de duas filhas,

vivendo atualmente com uma delas, que afirma que o pai sempre foi sistemático e

nunca teve uma falta em seu trabalho. Informa que sua irmã está com 92 anos.

Pertence à classe média.

ROUXINOL (101 anos) – de extremo bom humor, nasceu na região de Parangaba,

tendo como um “vicio” a pescaria desde a infância, que praticou até os 99 anos. Foi

funcionário do Banco de Boston desde sua juventude, por onde se aposentou.

Iniciando sua vida laboral em função pouco significativa, diz ter chegado a cargo com

autoridade de gerencia, apesar de ter estudado apenas o fundamental. Pai de cinco

filhos, avô de 20 netos e 20 bisnetos, afirma ter uma boa saúde e não fazer uso de

nenhuma medicação, o que atribui a uma vida honesta e regrada. Apresenta alguma

limitação física em razão de fratura de fêmur, mas mantém suas atividades em casa.

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Não refere pessoas que tenham atingido idade similar em sua família. Pertence à

classe média.

LAVADEIRA (105 anos) – de origem modesta e etnia negra, procedente de Russas,

cidade da região do baixo Jaguaribe. Passou ao longo de sua vida por várias

dificuldades financeiras, inclusive fome, em companhia de seus três filhos.

Analfabeta, criou-os, sem ajuda, com o que recebia por seu trabalho de lavadeira e

agricultora, colocando-os cedo na escola, sempre os ensinando a retidão de caráter.

Cega em razão de um glaucoma, tem ainda vontade de enxergar para poder trabalhar

em qualquer coisa, como afirma. Foi tabagista importante durante sua vida e até hoje

conserva o hábito de mascar fumo. Mesmo assim, é saudável, não utilizando nenhuma

medicação. Desconhece pessoas longevas em sua família. Pertence ao estrato social

inferior, abixo dau linha de pobreza.

JURITI (100 anos) – nascida em Columinjuba - Maranguape, filha de família ilustre.

Sempre teve uma vida amena. Estudou até a quarta série e dedicou-se aos cuidados do

lar e a criação de seus cinco filhos. Vaidosa, sempre bem vestida e maquiada, é

saudável, não tendo durante sua vida nenhuma doença grave, tratando sua hipertensão

há cerca de três anos. Suas atividades são dificultadas pela pouca visão em decorrência

de um quadro de glaucoma. Refere que seu pai viveu até os 89 anos e sua mãe até os

98 anos. No momento passa por um período de superação, em consequência do

falecimento recente de um de seus filhos. Pertence à classe média.

TUCANO (104 anos) – nascido em Pacoti, região serrana do Ceará, teve várias

atividades ao longo de sua vida, como vendedor, contabilista, trabalhador da Rede de

Viação Cearense, correspondente esportivo, vereador em Fortaleza, subprefeito de

Parangaba. Foi fundador do Partido Socialista Brasileiro no Estado do Ceará e ainda

um dos fundadores do Ferroviário Atlético Clube. Ainda hoje discute política, mercê

da sua memória exemplar e julga-se um líder nato. Escreveu dois livros de crônicas e é

dono de uma saúde invejável, apesar de ter fumando durante sua mocidade. Ainda

frequenta aos domingos um bar famoso na cidade, ponto de encontro de políticos e

intelectuais, onde toma seu copo de vinho na companhia de amigos. Desconhece

longevos em sua família. Pertence à classe média.

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Após a transcrição das entrevistas e sua leitura minuciosa, identificamos

cinco categorias de análise, como mostra o quadro abaixo, que serão discutidas a seguir.

Quadro 1 – Descrição das categorias e seus significados

CATEGORIAS SIGNIFICADO

Categoria 1 – Foi muito boa a minha

vida!

Visão positiva da vida em relação à

longevidade.

Senso de ajustamento psicológico,

flexibilidade e bom-humor

Categoria 2 – Gosto quando tenho com

quem conversar.

Retraimento e perda do papel social

levando a solidão.

Interesse em manter-se engajado, ativo, e

produtivo

Categoria 3 – A amizade da família eu

prezo muito.

Importância do suporte familiar no

cuidado com o idoso.

Interesse e zelo pela vida em grupo, no

caso familiar

Categoria 4 – A família manda no meu

dinheiro.

Perda da autonomia e do controle sobre o

ambiente.

Categoria 5 – Sempre fui caridoso.

A religiosidade e a caridade como

contribuição social.

Espírito de solidariedade e disposição para

a partilha Fonte: elaboração própria

4.2 Categoria 1 – Foi muito boa a minha vida!

Embora a ocorrência de dificuldades ao longo de suas trajetórias de vida, a visão

positiva imperou na fala de todos os entrevistados, apesar de a velhice ser etapa na qual são

mais freqüentes as perdas do que os ganhos. Silva et al (2010) exprimem que o senso de

ajustamento psicológico pode ensejar bons níveis de qualidade de vida e bem-estar subjetivo,

mesmo na presença de doenças ou limitações funcionais, fazendo com que o declínio

funcional ocorra mais lentamente. O bom humor foi relevante em todos os longevos. Suas

recepções e abertura, com franqueza em seus depoimentos e interesse demonstrado pelo

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trabalho em curso evidenciaram o seu bom engajamento e interesse pelo que ocorre, ao seu

redor.

(...) Sempre fui uma pessoa alegre, ótimo humor, brincalhão. Acho

que não tive contrariedade não. Eu me considero uma pessoa feliz.

(ROUXINOL, 101 anos). (...) Graças a Deus eu sou até feliz! Eu

tenho o meu poder, né! (ANDORINHA, 100 anos). (...) Sempre fui

alegre, passeei, brinquei, foi muito boa a minha vida! (JURITI, 100

anos).

Percebe-se que nesta fase extrema de vida a exposição a prováveis eventos

estressores de várias naturezas (social, psicológica e biológica) pode levar à ruptura do bem-

estar do longevo. Na maioria das vezes, entretanto, eles têm a capacidade de superá-los sem

dificuldades (NERI, 2003). Tal capacidade de enfrentamento pelo idoso relacionada à perda

de seus entes queridos e na adaptação a mudanças denominada resiliência (habilidade de

adaptação positiva às adversidades), pode ser bastante variável entre eles (LIMA et al, 2008).

Observamos claramente, pelo estudo de Zeng e Shen (2010), que centenários são

significativamente mais resilientes do que outros grupos de idosos, e que esta contribui para a

longevidade extrema.

Normalmente, em consonância com Fortes-Burgos et al (2008), as mulheres se

utilizam da religiosidade para superar suas perdas, enquanto os homens têm atitude mais

introspectiva e de isolamento, como observado neste estudo. Digna de nota foi a necessidade

de questionamento sobre tais eventos. Se não houvessem sido trazidos à conversa, os

depoentes provavelmente não falariam sobre o ocorrido, preferindo a lembrança de fatos

positivos e alegres de sua vida; á exceção a uma entrevistada, que havia perdido seu filho

recentemente e ainda sofria com sua falta.

Sem exceção, a viuvez e a perda de filhos ocorridas com os entrevistados

mostraram que sua capacidade de superação foi imperativa, o que corrobora o pensamento de

Luz e Amatuzzi (2008, p. 303), para quem, o idoso tem potencial para mudar as situações de

sua vida e a si mesmo, e tem muitas reservas inexploradas.

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(...) Passei por um momento difícil na minha vida, a perda de uma

filha e de minha esposa, mas são coisas da vida, né! O que me ajudou

a superar foi o decorrer da vida mesmo. Deixei o tempo passar.

(ROUXINOL, 101 anos). (...) Tudo é Deus que faz, Deus só dá quem

pode receber. Quando meu filho morreu afogado eu gritava! Hoje

ninguém vê mais choro não. Só cantoria quando a pessoa morre!

Depois vão pro bar. (JURITI, 100 anos). (...) Minha filha, em

qualquer dificuldade se apegue com Deus. É o que eu tenho feito. Se

todo mundo lutar, tudo de ajeita. (LAVADEIRA, 105 anos).

Embora a vida se mostre boa na visão dos entrevistados, na atualidade, há uma

carência relacionada à necessidade de companhia, conforme a próxima categoria mostra.

4.3 Categoria 2 – Gosto quando tenho com quem conversar

Foi unânime a carência em relação à companhia. A importância da manutenção

dos contatos sociais com amigos antigos e membros familiares, mesmo distantes, leva à

preservação de sentimentos e emoções sociais, mesmo que esta rede de relações seja pequena,

permitindo um melhor suporte ao idoso (LIMA et al, 2008).

O gosto pelo diálogo está relacionado a personalidade extrovertida e com baixos

níveis de neuroticismo e aberta a experiências, observando-se a sociabilidade, positividade

nas emoções, não diferindo em ambos os sexos, estando estas associadas a longevidade

(TERRACIANO et al, 2008). Geralmente são pessoas afetuosas, dispostas e otimistas.

A falta da oportunidade de diálogos observada entre os entrevistados decorre da

insuficiência de afeto e paciência para com o longevo e de um fraco suporte social. Este

último engloba, segundo Lima et al (2008, p. 800) a percepção do suporte recebido, o senso

de controle sobre as relações sociais, e a perspectiva de trocas que incluem fatores afetivos,

emocionais e materiais.

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(...) Eu não tenho uma pessoa que converse comigo. (TUCANO, 104

anos) (...) O povo cansa de quem é velho perguntar não sei quantas

vezes. Se te respondem uma vez e você perguntar outra já dizem: “eu

não já te disse!” É assim. (JURITI, 100 anos) (...) Eu não tenho

amizade com ninguém. (LAVADEIRA, 100 anos).

Neri (2007) refere que a qualidade de vida do idoso não passa apenas por uma

responsabilidade individual, mas depende da interação com pessoas inseridas em uma

sociedade com suas dinâmicas relações intra e extraindividuais e comunitárias. Observamos

que, malgrado a presença do apoio familiar para com nossos entrevistados, suas relações

sociais se limitavam a este convívio, favorecendo o isolamento e a solidão. Durante as

entrevistas, todos os idosos nos convidaram a retornar para que pudéssemos conversar mais,

afirmando que em outra oportunidade gostariam de nos conhecer melhor. Tal fato, que nos foi

bastante significativo, mostra como estão abertos a novos relacionamentos e ao crescimento

de sua rede social.

Leite et al (2008) reforçam a necessidade do incentivo familiar para que os seus

longevos participem de grupos, a fim de que haja, por meio da socialização, a possibilidade de

poder assegura-lhes um senso de autonomia e escolha ao longo da vida (NERI; DEBERT,

2004) .

(...) De vez em quando eu sou chamado pra fazer umas orações no

setor pessoal de lá e eu estou lá! (BEM-TE-VI, 98 anos) (...) Foi nos

meus 100 anos, foi tanta gente, tanta gente arrodeando! Eu não sabia

que eu era amada, mas acho que sou. (JURITI, 100 anos) (...) No

Caravele dizem que eu namoro com a filha do O. mas eu tenho 103

anos! Eu não posso namorar, eu não posso namorar, posso?

(TUCANO, 104 anos).

Embora seja nítido este sentimento de isolamento social, observamos a

necessidade da criação de vínculos afetivos e que o convívio familiar é positivo, sendo a

principal fonte de apoio, como demonstra a categoria três.

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4.4 Categoria 3 – A amizade da família eu prezo muito.

Luz e Amatuzzi (2008, p. 305) enfatizam que a família é a raiz da estrutura

social, e, na velhice, torna-se fonte de estabilidade e de proteção, havendo maior

dependência do idoso para com sua família. Todos os centenários prezavam suas famílias,

valorizando a sua ajuda e enfatizando que esta era sua principal razão de viver.

(...) Que eu estou porque cheguei aqui nessa idade e essa minha filha

é um dom que Deus me deu, não é! Me trata com um carinho absoluto

e eu adoro-a. (BEM-TE-VI, 98 anos) (...) Bom, essa felicidade mesmo

da família, amizade da família, eu prezo ainda todos. (ROUXINOL,

homem, 101 anos. (...) Isso aí é um filho de benção! Tudo é meu filho

quem faz, é lavado, escovado. (ANDORINHA, 100 anos).

O convívio familiar permite que o afeto a compreensão e a ajuda existente entre o

grupo familiar despertem sentimentos positivos, propiciando assim, uma convivência

harmoniosa (LEITE et al, 2008). Tal estrutura possibilita não somente um suporte social, mas

também funcional, permitindo que os velhos se achem mais seguros (MORAES; SOUZA,

2005). Um bom engajamento social e familiar contribui para a proteção contra o declínio

cognitivo (LUPIEN; WAN, 2004). O respeito e o carinho dos componentes familiares para

com os longevos foram evidentes na maioria dos entrevistados, mostrando que o suporte

familiar confere ao idoso a manutenção de sua posição familiar hierárquica, apesar de esta

gerir seus bens e sua dinâmica, mas isso, na percepção do idoso, não é tão importante, e sim

visto como uma ajuda.

(...) quando foi nos meus 80 anos, minha filha que gosta muito de

exaltar o pai dela, e o pai dela não gosta disso, tomou a iniciativa de

fazer um livre de crônicas que eu escrevi. (TUCANO, 104 anos) (...)

Depois que eu deixei de enxergar, não me deixam mais andar só,

porque tem medo que eu caia. (LAVADEIRA, 105 anos).

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O suporte familiar é considerado a maior fonte de cuidados à pessoa idosa (NERI,

2003). Tal suporte não somente protege fisicamente o idoso, mas também emocionalmente,

quando procura valorizar os seus feitos e engajá-lo na dinâmica do convívio familiar. A

família, no entanto, também tem muito a receber deste convívio, pois, em conformidade com

Rodrigues e Soares, (2006, p. 24),

A presença do idoso na família pode ter muito a contribuir para o grupo, uma vez

que ele, além de ter uma história pessoal a oferecer ao ambiente, representa ainda a

história da estrutura familiar em si. São eles, os transmissores de crenças, valores

que contribuem para a formação de indivíduos conscientes de suas raízes ajudando a

construir seus referenciais sociais.

Uma das queixas em relação aos seus membros familiares observada nos

participantes deste estudo foi a tentativa de controle sobre suas vidas, o que os faz se

perceberem com menor autonomia, como explorado na categoria a seguir.

4.5 Categoria 4 – A família manda no meu dinheiro

A maioria da população divisa o envelhecimento e o tudo que o acompanha como

negativo, em virtude da preocupação com a preservação de sua liberdade e independência,

consoante acentua Nunes (2011)

Todos querem envelhecer com autonomia e dignidade, negando ser portador de

doenças debilitantes, negando auxílio do uso de medicação contínua para diversos

tipos de enfermidades que requer continuidade, pois esta postura gera dependência;

e dependência, é tudo que o idoso não quer.

Assim sendo, e concordando com Zimerman (2000), a falta de ocupação do idoso

longevo e a pouca interação social produzem sentimentos de improdutividade, pois não

persiste o poder decisório de outrora, levando à sensação de inutilidade. Em conseqüência, ele

tenta ainda manter sua autonomia pelo ganho de sua aposentadoria, que, em relação a quase

todos os entrevistados (exceto uma), contribui para as despesas domiciliares. Assim sendo,

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embora não receba diretamente o seu sustento, normalmente sabe do quanto dispõe e gosta de

afirmar a sua importância na manutenção do lar ou mesmo na ajuda a terceiros.

(...) Minha filha pediu minha senha do banco pra pagar um negócio

que tava devendo. Ai eu disse: eu não vou agora não, que eu não

estou devendo anda a ninguém! (LAVADEIRA, 105 anos). (...) fui eu

sempre que mandei em casa (ROUXINOL, 101 anos) (...) Minha filha

não quer que eu viaje, mas eu vou! Eu já falei pra ela: você não é

mais minha filha! (TUCANO, 104 anos).

Como se depreende, a noção de autonomia permanece mesmo quando ocorre a

limitação física, pois o idoso ainda se vê participativo quando pode contribuir para a vida

familiar (FONSECA et al, 2010). Mesmo que haja o sofrimento pela perda da autonomia

física, há a tentativa de resgate da autonomia mental, como corroborado por Poon et al (2010),

que observaram a relação positiva entre e a saúde mental e física e a situação econômica em

idades avançadas. Quando este vínculo é quebrado, é notável o aumento da sensação de

inutilidade pelo entrevistado.

(...) Se você se mandasse, mandasse na sua vida, pegasse o seu

dinheiro e desse a quem quisesse, sem dar palpite nem nada, era bom!

Mas assim, tudo é mandado pelos outros, não gosto não. (JURITI,

100 anos). (...) Tudo na minha casa tem, tudo que tem ele manda.

(ANDORINHA, 100 anos). (...) Eu tenho uma equipe, mas estão tudo

ai! Tem umas seis pessoas pra dirigir pra nós, mas tão tudo

conversado! (TUCANO, 104 anos).

Vive-se um momento em que muitos jovens encontram dificuldades no mercado

de trabalho e os idosos estão em melhores condições de vida financeira do que aqueles

(RODRIGUES; SOARES, 2006). Com isso, há a necessidade de visar-se à autonomia e à

qualidade de vida dos longevos pela valorização de políticas públicas voltadas para este grupo

etário.

Esta contribuição para o lar pela aposentadoria e o desprendimento financeiro

observado nos participantes, não apenas são características da idade em que se encontram,

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mas também estiveram presentes ao longo de sua vida, manifestados na ajuda ao próximo,

que ainda persiste nos dias atuais.

4.6 Categoria 5 – Sempre fui caridoso

A responsabilidade social está muito ligada à amabilidade, traço da personalidade

que tem como características o altruísmo, a compaixão e a ternura pelos mais fracos, e à

“consciensiosidade”, cujas características principais incluem senso de dever, deliberação,

ordem (SILVA et al, 2007). Tais traços são considerados potentes preditores de bem-estar

psicológico em idades avançadas, contribuindo para um envelhecimento bem-sucedido

(LUPIEN; WAN, 2004). Todos os entrevistados afirmaram ser caridosos ao longo de sua

vida, mesmo em meio a dificuldades.

(...) Eu sempre gostei de fazer muito favor a quem precisasse. Se

estivesse comendo e chegasse alguém, eu pegava os pratos e dividia,

né, ninguém saia lá de casa com fome. (LAVADEIRA, 105 anos). (...)

Eu sempre ajudei aos outros. Pedi que alcançareis, é dando que se

recebe. (BEM-TE-VI, 98 anos). (...) Agora, essa semana, essa

empregada aqui, o ladrão foi lá e tirou tudo que foi dela! Ai eu tive

pena e dei o dinheiro. (JURITI, 100 anos).

Outro ponto de suma importância, em igualdade de relevância com a caridade foi

a espiritualidade, manifestada como fé em Deus e em seus desígnios. Luz e Amatuzzi (2008,

p. 305) asseveram que durante a velhice, há um processo de busca interior e de investimento

na espiritualidade e no autoconhecimento, componentes essenciais para o desenvolvimento

pessoal. Daaleman; Pereira e Studensky (2004) alegam que a espiritualidade também pode

trazer uma crença, comum entres os velhos, em que eles sejam uma exceção ao processo de

envelhecimento e que sua saúde seja superior à dos seus pares. Em relação aos participantes

deste estudo, foi entre as mulheres que a espiritualidade se manifestou, quando afirmaram sua

fé em Deus como tendo extrema importância em suas vidas, não só na ajuda para a superação

das perdas, como também como companheira nos momentos de solidão e de ausência de

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membros familiares, sendo o rádio e a TV ligados em programas religiosos confortadores e

companheiros.

(...) Eu já nasci com fé e toda minha fé é com Deus, Jesus.

(ANDORINHA, 100 anos). (...) eu ia à missa dia de Domingo e todo

dia de santo. Só não ia na semana porque eu tava trabalhando. Todo

dia eu rezo o meu terço. (LAVADEIRA, 105 anos). (...) Eu sou devota

do Pai Eterno, não sabe! Todo dia eu falo com o Pai Eterno. E ai,

entrego a Ele o que Ele achar melhor pra mim. (JURITI, 100 anos).

Entre os homens, entretanto, verificamos um maior distanciamento da

espiritualidade e uma aceitação mais natural da longevidade, sem atribuições a uma força

superior. Apenas um designou-se agnóstico e os demais afirmando que gostam de frequentar a

missa. Não costumavam, entretanto, rezar ou pedir nada a Deus, mostrando que sua aceitação

em relação aos fatos difíceis impostos pela vida veio por meio de um isolamento e da

inevitabilidade dos fatos.

(...) Sou católico e vou a missa, mas nunca precisei da ajuda de Deus.

(BEM-TE-VI, 98 anos). (...) O tempo ajudou a passar pelos momentos

difíceis. (ROUXINOL,101 anos) (...) Eu não tenho religião, não tenho

nada, mas o meu povo acredita em Deus! (TUCANO, 104 anos).

Acreditamos, como Lima et al (2008), que a as estratégias mais poderosas

utilizadas pelos idosos sejam a espiritualidade e a religiosidade, principalmente para o

enfrentamento da proximidade da morte, excetuando-se um entrevistado, nenhum deles citou

tal perspectiva, e, quando questionados sobre planos futuros, todos ainda tinham vontade de

trabalhar, sendo que dois ainda conservam suas atividades laborais, o que reflete mais o

interesse de manterem-se engajados, ativos e produtivos.

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(...) Se me chamassem, eu aceitava voltar para Associação Cearense e

ser secretário do novo diretor. (TUCANO, 104 anos) (...) É

criancinha pequenininha, quebrantinho, eu boto, eu tiro, eu gosto né,

porque Deus ta me dando a minha profissão! (ANDORINHA, 100

anos). (...) Eu queria enxergar pra poder fazer qualquer trabalho.

(LAVADEIRA, 105 anos).

Tal fato pode ser justificado pela argumentação de Bishop et al (2010), ao

assinalarem que os centenários se acham satisfeitos com o passado, mantendo uma percepção

positiva sobre sua situação econômica ou de saúde, e, assim, têm a possibilidade de reviver

um tempo em que foram felizes, trazendo novamente esta sensação para o presente.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Qualquer que seja sua idade, seu corpo e

mente não passam de uma minúscula

fração das possibilidades ainda abertas a

você – sempre há um número infinito de

novas habilidades, insights e realizações

à frente.

Deepak Chopra

Embora saibamos que há uma prevalência do sexo feminino entre a população de

idosos velhos, tivemos a participação de ambos os sexos de forma equânime em nossas

entrevistas.

Tratando-se do estado marital, todos passaram pela perda de seus cônjuges e a

superaram, mostrando que nesta idade a capacidade de sobrelevar os eventos estressores, ou

seja, a resiliência é marcante nesta faixa de idade, favorecendo o ajustamento a esses

momentos críticos e permitindo que fatos positivos da vida sejam os mais relevantes.

Não foi unânime entre os entrevistados a preponderância de longevidade familiar,

pois apenas três entrevistados referiram idosos extremos na família e os outros negaram sua

existência. Os que assim procederam, entretanto, não afirmaram convictamente a causa do

falecimento de seus pais, devendo tal fato ser levado em conta, pois nos idos anos de sua

juventude, era comum a inexistência de cuidados de saúde, principalmente nos lugares

pequenos, onde os acidentes laborais e as mortes relacionadas a gestação e parto eram

frequentes.

Existe associação positiva entre a escolaridade e a longevidade. Os depoentes na

sua maioria, entretanto, apresentaram um nível de escolaridade baixo, o que não contribuiu

para sua velhice extrema. Percebemos, no entanto, que o engajamento em suas atividades,

sejam elas domiciliares ou laborativas, foi bastante intenso e permaneceu até idades

avançadas, com dois deles ainda tendo vida ativa.

Os arranjos familiares de nossos entrevistados se mostraram bem diversificados.

Apenas uma longeva vivia a familia em um arranjo multigeracional. Dos três que viviam sós,

uma não contava com a ajuda de nenhum cuidador, somente do filho que durante o dia

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ajudava nas tarefas domésticas. Dormia só com seus bichos, conforme relatou. Dois deles

viviam sozinhos, porém com a presença de cuidadores responsáveis pelas tarefas domésticas,

contudo, tinham como vizinhos seus filhos, que frequentavam a casa diariamente para a

resolução de problemas e ordenamento dos afazeres domésticos. Apesar da presença

constante de componentes familiares, quando questionados, relataram que se sentiam donos

da sua casa e também responsáveis por si próprios, levando-nos a crer que a capacidade de

viver só confere aos nossos entrevistados, mesmo àqueles com certa limitação física, um

senso de autonomia e responsabilidade, fazendo-os donos da própria vida, o que, com certeza,

possibilita a percepção de menos idade e contribui para manter sua cognição.

Apenas um morava com a filha, mas este arranjo fora recente, desencadeado por

uma queda, pois havia três meses morava também só com a presença de uma secretária do lar,

o que ainda conjecturava fazer após a sua melhora.

Em relação ao estado de saúde, os centenários participantes pertencem ao grupo

que escapa de doenças relacionadas ao envelhecimento, pois dos dois que apresentavam

diagnóstico de hipertensão (um com 100 anos e outro com 98 anos) tiveram tal diagnóstico há

três anos e no último ano, respectivamente. Foi uma informação unânime o fato de nunca

terem necessitado de serviços de saúde, e que só se submeteram a exames de rotina em fases

avançadas da vida. Consoante com os grandes estudos mundiais, como o estudo da Inglaterra,

o da Geórgia, nossos centenários estão caminhando pela via em que as doenças relacionadas

ao envelhecimento vão surgir apenas no fim de suas longas vidas.

Apenas dois participantes não apresentaram declínio funcional até o momento da

entrevista. Três exibiam dependência moderada e um dependência total quando avaliados pela

Escala de Barthel (escala validada para a avaliação das Atividades Básicas de Vida Diária -

AVDs). Este declínio, porém, se deu no ultimo ano. Assim sendo, percebemos que os idosos

de ambos os sexos, além de terem escapado das doenças relacionadas ao envelhecimento,

mantiveram um grau de independência considerável até fases bem avançadas de vida, com

habilidades para realizar suas AVDs, e ainda participam ativamente das decisões acerca de

suas vidas.

É importante salientar, contudo, que, embora houvesse a limitação física, esta não

conferia ao idoso uma falta total de autonomia, sendo a última para ele de enorme

importância, permitindo que ele se ache dono da própria vida e tenha a sensação de controle

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sobre o meio, o que o ajuda a melhorar a percepção de sua saúde. Mesmo com a redução

funcional, o depoente mais limitado, ainda assim, mantinha-se socialmente ativo, querendo

voltar a trabalhar e cogitando em namorar. Aquela limitada pela visão ainda tinha esperanças

de voltar a enxergar para poder contribuir em sua casa de qualquer forma. É notória a

necessidade de engajamento social e familiar destes longevos, percebendo-se ainda ativos e

com capacidade produtiva.

Não foi objetivo deste estudo a avaliação cognitiva dos participantes, pois esta já

constituía o critério de exclusão deste trabalho. Foi observado, contudo, que os entrevistados

apresentaram algum grau de esquecimento, sobretudo relacionado a fatos tristes de sua

existência, comprovando que a lembrança de fatos alegres os torna mais felizes no presente.

Este dado, porém, não atrapalhou ou impediu sua rica participação nesta pesquisa.

Abordando os hábitos e estilos de vida, apenas uma entrevistada sofreu privações

alimentares durante sua vida em razão de dificuldades financeiras. Todos os outros

participantes tiveram uma vida tranquila e se alimentaram de tudo aquilo de que gostavam e

que, com exceção da restrição de sal, todos ainda preservam hábitos alimentares livres,

porem mais regrados em relação ao horário e à qualidade da alimentação, agora monitorada

por seus familiares. Assim sendo, não podemos confirmar a associação entre alimentação e

longevidade. Para isso, seria necessário estudo mais extensivo, o que foge do objetivo do

trabalho sob relatório. Nenhum dos depoentes, entretanto, declarou-se obeso durante suas

vidas, fazendo-nos crer que o biotipo robusto possa realmente estar associado à capacidade de

se viver mais e a menor incidência de doenças relacionadas ao envelhecimento.

Nenhum dos seis centenários declarou ser adepto da prática de atividade física

regular durante suas vidas. Suas atividades eram restritas às tarefas exigidas por seu trabalho

diário, não sendo possível sugerir que tal prática possa ter contribuído para o envelhecimento

saudável. Os quatro depoentes que faziam uso do sistema de saúde suplementar, no entanto,

recebiam em seu domicílio um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional regularmente, o que

provavelmente possa contribuir para sua autonomia até a velhice extrema e também ajudar a

mantê-lo engajado em tarefas de autocuidado, permitindo assim melhor avaliação de sua

saúde em relação à de seus pares, que não possuem tal possibilidade. Infelizmente, os

pacientes usuários do Sistema Único de Saúde não têm essa possibilidade terapêutica

assegurada até os dias presentes, o que nos faz perceber a necessidade da implantação do

cuidado multidisciplinar ao idoso no contexto domiciliar.

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Outro hábito relacionado a doenças cardiovasculares e pulmonares é o tabagismo.

Dentre os entrevistados, dois fumaram em sua juventude e duas mantêm o hábito, fumando

cachimbo e mascando fumo. Embora a existência de tal prática, nenhum deles apresentava

histórico de doenças, como já referido. Quanto ao etilismo, não houve nenhum relato de

etilismo pesado, mas dois dos entrevistados ocasionalmente ainda fazem uso de cerveja ou

vinho, conforme a sua preferência, mostrando que tal hábito não levou a prejuízos em sua

saúde.

Quanto ao acesso ao serviço de saúde, este se mostrou diretamente relacionado à

classe social. Todos os centenários pertencentes à classe media são usuários do sistema

suplementar, recebendo visitas domiciliares quando necessário ou indo aos consultórios de

seus médicos periodicamente para avaliações sistemáticas. As duas participantes situadas na

faixa de pobreza não tinham acesso fácil ao sistema de saúde, sendo precárias as visitas

domiciliares e a avaliação de rotina, mostrando claramente que o sistema de saúde não está

preparado para uma assistência integral ao longevo extremo.

O que ficou evidente neste trabalho foi o envelhecimento saudável de nossos

entrevistados, que pode decorrer de vários fatores, mas, com certeza, para eles concorreram os

traços da personalidade, o apoio familiar, a percepção de segurança e autonomia por poderem

participar com sua renda da vida familiar.

Em relação ao envelhecimento bem-sucedido, relacionado à trajetória de vida,

enfatizam-se o retardo da deterioração funcional assim como, na visão dos próprios idosos, o

fato de este sucesso certamente se relacionar com os vínculos familiares positivos, com

hábitos de vida regrados, rede de amizades, e também pela saúde, bem-estar e autonomia

percebida.

A visão positiva da vida observada pelos participantes tem relação direta com os

traços de suas personalidades identificados, a saber, a extroversão, abertura a experiências,

baixos níveis de neuroticismo, amabilidade e “consciensiosidade”. Sabe-se que estes traços da

personalidade colaboram para uma vida ativa e estão associados à manutenção da capacidade

cognitiva assim como concorrem para a adaptação ao envelhecimento (MARTIN et al, 2009).

São responsáveis também pela procura do convívio social, quando, apesar de referirem que

não têm com quem conversar, procuram opções para tal, como sentar na calçada ou

permanecer frequentando locais públicos e relacionando-se com outros no ambiente de

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trabalho. Como sugerido por Poon et al (2010), a interação dos traços biológicos e

psicossociais provavelmente contribui positivamente para a sobrevida extrema.

Verificamos também este traço relacionado à caridade, que leva os participantes a

se sentirem responsáveis pelo mundo que os cerca e participarem da vida coletiva, não

estando centrados apenas em seus problemas e estado de saúde, chamado

”conscienciosidade”.

Também relacionada ao bem-estar pessoal encontramos a rede de cuidados, muito

representada, no caso de nossos entrevistados, pela família.

O suporte social inclui o aparato emocional, assim como o arrimo instrumental,

sendo um fator importante relacionado à promoção da saúde e à redução da mortalidade nos

estádios avançados da vida, assim como há relação entre estes com a manutenção das funções

cognitivas (KRUEGER et al, 2009). No ambiente do lar, na convivência com a família, no

relacionamento com pessoas amigas e vizinhos é que as pessoas estabelecem relações

primárias, as quais constituem a base para o enfrentamento das dificuldades cotidianas,

principalmente no caso de nossos entrevistados cuja dependência funcional já se torna

notória. Os participantes deste estudo contavam em sua totalidade com o apoio familiar

presente em suas vidas, fazendo-os participar dos acontecimentos e vivenciar as decisões

domésticas. Estes vínculos propiciam ao idoso a sensação de confiança, de poder contar com

alguém e com isso a transmissão da segurança, contribuindo para sua qualidade de vida.

O status econômico também se relaciona positivamente a uma sensação subjetiva

de saúde. Todos os longevos recebiam suas aposentadorias, o que lhes conferia uma sensação

de autonomia e segurança, conforme foi apresentado. Embora não cuidassem diretamente do

seu dinheiro, sabiam que era usado nas despesas domésticas, participando, assim, da gerência

domiciliar. Com exceção de uma participante, que expressou não ser dona do seu dinheiro,

todos os outros sabiam o quanto ganhavam e se achavam gestores de seus bens.

Interessante observação foi quanto ao aspecto espiritual dos participantes, pois

todos proferiram fazer parte da fé católica, mas as mulheres se mostraram mais ligadas à

espiritualidade e à pratica religiosa mediante orações e ao assistir à missa em seu domicílio

pela TV. Isso as ajudou no enfrentamento da morte de filhos e dos cônjuges. Entretanto, entre

os homens, tal não foi observado. Sua fé era mais institucional do que espiritual e apenas um

se dizia agnóstico, dizendo acreditar em Deus como todo mundo. Estudos apontam a religião

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como fonte de felicidade e sentimentos positivos, inclusive na superação de obstáculos e

quando o idoso trava contato com sua própria finitude. Além disso, ela traz uma sensação

subjetiva de mais saúde e alegria (GOLDSTEIN, NERI, 2003).

Os homens do estudo não utilizaram a fé como suporte na transposição de

situações críticas. Suas estratégias foram mais racionais e mediante o recolhimento pessoal e a

compreensão de que tais fatos são inerentes a própria existência.

Digna de nota é a questão da finitude. Apenas uma participante mencionou que já

estava pronta para a morte, já tendo inclusive marcado com Deus a hora de morrer. Embora

outro participante já houvesse escrito os dizeres de seu túmulo, dos seis, cinco ainda tinham

planos para suas vidas e não falaram em sua finitude, vendo pontos positivos em permanecer

vivos.

A riqueza dos depoimentos destes longevos levou à observação da grande relação

dos traços da personalidade apresentados com a qualidade de vida. Fez-nos observar também

o fraco suporte social existente, pois nenhum freqüentava algum grupo de idosos por

desconhecerem em sua redondeza ou mesmo contavam com o apoio proveniente do Sistema

Único de Saúde como garante o Estatuto do Idoso. Não fora a presença de familiares a se

desdobrarem para manter esses idosos participativos, talvez não tivessem a qualidade de vida

mencionada.

Tal apoio social, garantido por lei ao idoso, ainda é precário em nosso meio, assim

como o acesso ao serviço de saúde que deveria ser garantido pelas Equipes de Saúde da

Família, que no Município ainda apresenta baixa cobertura.

Este trabalho também tem fundamental importância para as políticas públicas

vigentes. Como já relatado, apesar do grande avanço em nosso País com referência ao

Estatuto do Idoso e às políticas que contemplam seu bem-estar, na prática, ainda observamos

a marginalização e a exclusão, principalmente em relação ao idoso pobre, como confirmado

neste trabalho, não só relativamente ao acesso ao serviço de saúde, mas também o acesso a

grupos de convivência e tratamento multidisciplinar, atualmente oferecido pelos NASFs

(núcleos de apoio a saúde da família) fato marcante no caso do idoso longevo, cujo

atendimento muitas vezes deve ser realizado em domicílio. Assim sendo, é necessário que se

inclua a quarta idade em planos vindouros para que possam ser cobertos nestes aspectos.

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Outros trabalhos que quantifiquem melhor e mais profundamente as

características de nossos longevos são necessários, entretanto, este estudo já abre um campo

vasto para que nossos idosos velhos, atualmente inseridos em todos os segmentos sociais,

possam ter uma velhice com melhor qualidade e autonomia no que tange ao suporte a eles

ofertado.

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APENDICES

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APÊNDICE A

Entrevista estruturada

1. Nome:

2. Data de nascimento:

3. O Sr (a) pode me mostrar seu documento de identidade ou certidão que

comprove a sua idade?

4. Aonde o Sr (a) nasceu?

5. Na sua família existem pessoas que viveram muito como o Sr (a)?

6. O Sr (a) estudou? Por quantos anos?

7. Qual sua profissão?

8. O Sr (a) se casou?

9. O Sr.(a) mora com quem?

10. O Sr (a) recebe aposentadoria?

11. De quanto?

12. O Sr (a) ajuda nas despesas da casa?

13. O Sr (a) se trata para alguma doença? Quais?

14. Quais os medicamentos que o Sr (a) toma?

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APENDICE B

Tópicos guia para entrevista em profundidade

Trabalho ao longo da vida;

Hábitos e estilo de vida;

A espiritualidade;

Situação de saúde ao longo da vida;

Longevidade na família e

Apoio familiar e de saúde.

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APENDICE C

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa. Sua participação é

importante, porém, você não deve participar contra a sua vontade. Leia atentamente as informações

abaixo e faça qualquer pergunta que desejar, para que todos os procedimentos desta pesquisa sejam

esclarecidos. A pesquisa terá como tema - Idosos Centenários: a arte de envelhecer. Se o senhor (a)

consentir na entrevista será utilizado gravador para melhor compreensão dos dados coletados. Se for

permitido, gostaria também de obter algumas fotos para enriquecer esta pesquisa. Informamos que:

garantimos o segredo quanto às informações prestadas; - não divulgaremos qualquer informação que

esteja relacionada à sua intimidade. Caso aceite participar, não haverá qualquer prejuízo para você em

face das informações fornecidas.

Durante o andamento da pesquisa, se por qualquer motivo resolver desistir, tem toda

liberdade para retirar seu consentimento. Em caso de dúvidas, favor contatar a pesquisadora Tãnia de

Araújo Barboza por meio dos telefones 33181227 ou 88874534. Ou no Comitê de Ética e Pesquisa da

Universidade Federal do Ceará, Rua Coronel Nunes de Melo 1127, telefone – 33668338.

DECLARAÇÃO DO PARTICIPANTE OU RESPONSÁVEL PELO PARCIPANTE

Tendo compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha

participação no mencionado estudo e estando consciente dos meus direitos, das minhas

responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha participação implicam concordo em dele

participar e para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU TENHA

SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.

Fortaleza,

_______________________

Testemunha

____________________

Assinatura do (a)

voluntário (a) ou digital

______________________________

Nome e assinatura do(s) responsável

(eis) pelo estudo

Nome do (a) participante:

Endereço do (a) participante-voluntário (a):

Domicílio (rua, praça, conjunto):

Bloco: Nº, complemento:

Bairro: CEP/Cidade/Telefone:

Ponto de referência:

Responsável pela pesquisa:

Nome: Tãnia de Araújo Barboza

Instituição: Universidade Federal do Ceará

Endereço: F. Prof. Costa Mendes, 1608, 5º. andar

Bairro: Rodolfo Teófilo – CEP: 60430-140 – Fortaleza – Ceará

Telefone: (85) 33668045

Telefones para contato – Fone: 33667663/33667665/33667667 - Fax: 3366 7666

ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua participação

no estudo, dirija-se ao:

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará

Rua Coronel Nunes de Melo, 1127 – Rodolfo Teófilo

Telefone: 33668338

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