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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS CAROLINA MELO DE SOUZA EFEITO NEUROPROTETOR DA CURCUMINA SOBRE O ESTRESSE OXIDATIVO, INFLAMAÇÃO, MEMÓRIA E DANO NEURONAL DE RATOS SUBMETIDOS À ISQUEMIA CEREBRAL TRANSITÓRIA FORTALEZA 2012

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1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS

CAROLINA MELO DE SOUZA

EFEITO NEUROPROTETOR DA CURCUMINA SOBRE O ESTRESSE

OXIDATIVO, INFLAMAÇÃO, MEMÓRIA E DANO NEURONAL DE RATOS

SUBMETIDOS À ISQUEMIA CEREBRAL TRANSITÓRIA

FORTALEZA

2012

2

CAROLINA MELO DE SOUZA

EFEITO NEUROPROTETOR DA CURCUMINA SOBRE O ESTRESSE OXIDATIVO,

INFLAMAÇÃO, MEMÓRIA E DANO NEURONAL DE RATOS SUBMETIDOS À

ISQUEMIA CEREBRAL TRANSITÓRIA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências Médicas, da

Faculdade de Medicina da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial para

obtenção do Título de Doutor em Ciências

Médicas. Área de concentração: Biomedicina.

Orientadora: Profa. Dra. Geanne Matos de

Andrade.

FORTALEZA

2012

3

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca de Ciências da Saúde

S714e Souza, Carolina Melo de. Efeito neuroprotetor da curcumina sobre o estresse oxidativo, inflamação, memória e dano

neuronal de ratos submetidos à isquemia cerebral transitória/ Carolina Melo de Souza. – 2012.

99 f. : il.

Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Programa de

Pós-Graduação em Ciências Médicas, Fortaleza, 2012.

Área de concentração: Biomedicina.

Orientação: Profa. Dra. Geanne Matos de Andrade.

1. Ataque Isquêmico Transitório. 2. Curcumina. 3. Memória. 4. Estresse Oxidativo. 5.

Inflamação I.Título.

CDD 616.81

4

CAROLINA MELO DE SOUZA

EFEITO NEUROPROTETOR DA CURCUMINA SOBRE O ESTRESSE OXIDATIVO,

INFLAMAÇÃO, MEMÓRIA E DANO NEURONAL DE RATOS SUBMETIDOS À

ISQUEMIA CEREBRAL TRANSITÓRIA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Ciências Médicas, da

Faculdade de Medicina da Universidade

Federal do Ceará, como requisito parcial para

obtenção do Título de Doutor em Ciências

Médicas. Área de concentração: Biomedicina.

Data de aprovação 29/06/2012

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profa. Dra. Geanne Matos de Andrade (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará - UFC

___________________________________________

Profa. Dra. Francisca Cléa Florenço de Sousa

Universidade Federal do Ceará - UFC

____________________________________________

Dr. Francisco Romero Cabral

Instituto do Cérebro –

Instituto Irsaelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein

______________________________________________

Profa. Dra. Tatiana Lima Ferreira

Universidade Federal do ABC - UFABC

_____________________________________________

Profa. Dra. Maria Erivalda Farias de Aragão

Universidade Estadual do Ceará - UECE

5

AGRADECIMENTOS

À minha família, por todo o amor e apoio incondicional.

À minha orientadora Geanne, por toda paciência e por me trazer de volta para o

mundo da ciência.

Agradeço aos meus amigos por trazerem leveza para minha vida.

Aos colegas do Laboratório de Neurociência e Comportamento pela convivência

harmoniosa.

Aos professores dos Programas de Pós-graduação em Ciências Médicas e de Pós-

graduação Farmacologia pelos ensinamentos.

Às secretárias e funcionários do Programas de Pós-graduação em Ciências Médicas

por toda a paciência e ajuda.

Às agências financiadoras CAPES, CNPq e FUNCAP por terem colaborado

financeiramente com todo o projeto de pesquisa.

À todos, minha humilde e sincera gratidão.

6

“A alegria não chega apenas no encontro do achado,

mas faz parte do processo da busca.

E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura,

fora da boniteza e da alegria.”

(Paulo Freire)

7

RESUMO

A fisiopatologia da isquemia cerebral envolve uma complexa cascata de eventos dentre eles

excitotoxicidade, inflamação, estresse oxidativo e apoptose. A curcumina é um polifenol

presente no rizoma da Curcuma longa e que apresenta propriedades antiinflamatória e

antioxidante. No presente estudo, foram investigados os efeitos da curcumina sobre os déficits

de memória, estresse oxidativo, inflamação e dano neuronal induzidos por isquemia cerebral

transitória (ICT). A ICT foi induzida por oclusão das artérias carótidas, por 30min, seguida de

reperfusão. Os animais receberam curcumina ou veículo (6% de DMSO em tampão fosfato)

por via oral 60 min antes e diariamente após a ICT. A avaliação dos déficits cognitivos foi

realizada através dos testes do labirinto em Y, da esquiva passiva e do labirinto aquático que

avaliam as memórias de trabalho, aversiva e espacial, respectivamente. A integridade

neuronal foi avaliada através de análise histológica do hipocampo utilizando as técnicas de

violeta de cresil e Fluoro Jade C. As dosagens de IL-1β e mieloperoxidase (MPO) em

homogenatos hipocampais foram utilizadas para a avaliação da inflamação. O estresse

oxidativo foi analisado através da quantificação de malondialdeído (MDA), nitrito/nitrato,

glutationa reduzida (GSH) e atividade da superóxido dismutase (SOD) hipocampais. Não

foram observadas alterações na atividade locomotora e nem na memória de trabalho. A

curcumina preveniu déficits nas memórias aversiva recente e tardia induzidas por ICT. A ICT

promoveu déficits no aprendizado e memória espacial. A curcumina não alterou a

aprendizagem, mas apresentou uma tendência estatística na prevenção do déficit de memória

espacial. A ICT promoveu o aumento na atividade de MPO e tendência a aumento nas

concentrações de IL-1β e esse efeito foi prevenido pelo tratamento com curcumina. A ICT

promoveu o aumento significativo nas concentrações de MDA. O tratamento com a

curcumina não alterou esse efeito 6h, mas preveniu o aumento 4 dias após a ICT. A

curcumina preveniu o aumento de nitrito e a depleção de GSH induzidos por ICT. A

curcumina protegeu os neurônios da morte 4 mas não 7 dias após a ICT. Os efeitos

neuroprotetores da curcumina parecem estar relacionados com suas propriedades anti-

inflamatórias e antioxidante.

Palavras-chave: Ataque Isquêmico Transitório. Curcumina. Memória. Estresse Oxidativo.

Inflamação.

8

ABSTRACT

The pathophysiology of cerebral ischemia involves a complex cascade of events which

includes excitotoxicity, inflammation, oxidative stress and apoptosis. Curcumin is a

polyphenol extracted from the rhizome of Curcuma longa. It has anti-inflammatory and

antioxidant properties. In this study, we investigated the effects of curcumin on memory

deficits, oxidative stress, inflammation and neuronal damage induced by transient cerebral

ischemia (TCI). The TCI was induced by bilateral common carotid artery occlusion for 30

min followed by reperfusion. Vehicle or curcumin (6% DMSO in phosphate buffer) were

orally administered 60 min before and daily after TCI. Cognitive evaluation was performed

by using Y-maze, passive avoidance and water maze tests to assess working, spatial and

aversive memories, respectively. To assess neuronal injury histological sections from

hippocampus were stained with cresyl violet or FluoroJade C. The interleukin-1β and

myeloperoxidase (MPO) contents from hippocampus were used for inflammatory evaluation.

Oxidative stress was assessed by quantification of malondialdehyde (MDA), nitrite/nitrate,

reduced glutathione (GSH) and superoxide dismutase (SOD) hippocampal. There were no

changes in locomotor activity, neither in working memory. Curcumin prevented the TCI-

induced early and late aversive memory deficits. The TCI impair spatial learning and

memory. Curcumin treatment did not affect spatial learning, but showed a tendency to prevent

the impairment on spatial memory. TCI promoted the increase in MPO activity and a

tendency to increased concentrations of IL-1β and this effect was prevented by curcumin

treatment. Curcumin treatment did not prevent the TCI-induced MDA increases 6h after

surgery. Four days after surgery TCI showed a tendency to increase MDA contents and

curcumin treatment lowered it. Curcumin prevented TCI- induced nitrite formation 6h after

surgery and GSH depletion 24 hours after surgery. Curcumin protected the neurons from

death 4d but not 7 days after TCI. Our results demonstrated that curcumin neuroprotection

effects may be due to its anti-inflammatory and antioxidant properties.

Key words: Ischemic Attack Transient. Curcumin. Memory. Oxidative Stress.

Inflammation.

9

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Mecanismos potenciais de insulto neuronal após isquemia. ............................... 20

Figura 2 – Resumo dos principais tipos e fontes de EROs e o ponto de ação de antioxidantes.

..................................................................................................................................... 22

Figura 3 – Resumo dos principais eventos inflamatórios que acontecem durante a

isquemia/reperfusão ..................................................................................................... 24

Figura 4 – Via mitocondrial da apoptose. ............................................................................ 27

Figura 5 - Via da apoptose mediada por receptores de morte. .............................................. 28

Quadro 1 – Tipos de isquemia cerebral. .............................................................................. 29

Figura 6 – Esquema mostrando as artérias cerebrais anteriores e posteriores, arterias

comunicantes e posteriores e a carotida interna que formam o polígono Willis. ............ 30

Figura 7 – Taxonomia dos sistemas de memória de longa duração. ..................................... 33

Figura 8 – Estrutura química da curcumina. ........................................................................ 36

Figura 9 – Potencias doenças alvo da curcumina ................................................................. 38

Figura 10 - Protocolo experimental 1. ................................................................................ 43

Figura 11 – Protocolo experimental 2. ................................................................................. 44

Figura 12 – Campo Aberto. ................................................................................................ 45

Figura 13 - Labirinto em Y. ................................................................................................ 46

Figura 14 – Aparelho de Esquiva Passiva. .......................................................................... 48

Figura 15 - Labirinto Aquático. .......................................................................................... 49

Figura 16 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre o número de crossings e de rearings

de ratos submetidos à isquemia cerebral transitória (ICT). ............................................ 54

Figura 17 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a memória de trabalho de ratos

submetidos à ICT. ........................................................................................................ 55

Figura 18 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a memória aversiva recente e tardia

de ratos submetidos à ICT. ........................................................................................... 56

Figura 19 - Efeito do tratamento com a curcumina (100 e 300mg/kg) sobre o aprendizado

espacial de ratos submetidos à ICT. .............................................................................. 57

10

Figura 20 – Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) na retenção de memória espacial, avaliada

através do parâmetro latência para alcançar a plataforma, de ratos submetidos à ICT.... 58

Figura 21 – Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) na retenção de memória espacial, avaliada

através do parâmetro número de cruzamentos, de ratos submetidos à ICT. ................... 59

Figura 22 – Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) na retenção de memória espacial, avaliada

através do parâmetro tempo de permanência no quadrante, de ratos submetidos à ICT. 59

Figura 23 – Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre a peroxidação lipídica em hipocampo de

ratos 6h após a ICT....................................................................................................... 60

Figura 24 – Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a peroxidação lipídica em

hipocampo de ratos 96h após a ICT. ............................................................................. 61

Figura 25 – Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de nitrito/nitrato em hipocampo

de ratos 24h após a ICT.. ............................................................................................. 62

Figura 26 – Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de nitrito/nitrato em hipocampo

de ratos 96h após a ICT. ............................................................................................... 63

Figura 27 – Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de nitrito/nitrato em estriado de

ratos 96h após a ICT. .................................................................................................... 63

Figura 28 – Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre os níveis de GSH em hipocampo de

ratos 24h após a ICT.. .................................................................................................. 64

Figura 29 – Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre os níveis de SOD em hipocampo de

ratos 96h após a ICT.. .................................................................................................. 65

Figura 30 – Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de MPO em hipocampo de ratos

24h após a ICT. ............................................................................................................ 66

Figura 31 – Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de IL-1β em hipocampo de ratos

24h após a ICT. ............................................................................................................ 67

Figura 32 – Fotomicrografia da região CA1 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (100mg/kg) 4d após a cirurgia. Coloração violeta de cresil. ... 69

Figura 33 – Fotomicrografia da região CA3 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (100mg/kg) 4d após a cirurgia. Coloração violeta de cresil. ... 70

Figura 34 – Fotomicrografia da região CA1 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (100mg/kg) 4d após a cirurgia. Fluoro Jade C ........................ 71

Figura 35 – Fotomicrografia da região CA3 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (100mg/kg) 4d após a cirurgia. Fluoro Jade C ........................ 72

Figura 36 – Fotomicrografia da região CA1 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (300mg/kg) 7d após a cirurgia. Coloração violeta de cresil. ... 73

11

Figura 37 – Fotomicrografia da região CA3 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (300mg/kg) 7d após a cirurgia. Coloração violeta de cresil. ... 74

Figura 38 – Fotomicrografia da região CA1 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (300mg/kg) 7d após a cirurgia. A e B: FO; C e D: ICT; E e F:

ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Fluoro Jade C ...... 75

Figura 39 – Fotomicrografia da região CA3 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (300mg/kg) 7d após a cirurgia. Fluoro Jade C ........................ 76

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2-VO Oclusão de dois vasos

4-VO Oclusão de quatro vasos

AA Ácido araquidônico

ACM Artéria cerebral média

AGL Ácidos graxos livres

AIT Ataque Isquêmico Transitório

AMPA Ácido amino-3-hidroxi-5-metil-isoxasole-propiônico

ANOVA Análise de variância

ATP Adenosina trifosfato

AVC Acidente Vascular Cerebral

CA Corno Amon

CAD DNAse ativada por caspase

CAMKII Cálcio-calmodulina quinase II

CAT Catalase

COX-2 Ciclooxigenase 2

CPF Córtex pré-frontal

DMSO Dimetilsulfóxido

DTNB Ácido 5,5'-ditiobis (ácido 2-nitrobenzóico)

EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra-Acético

EPM Erro padrão da média

ERNs Espécies reativas de nitrogênio

EROs Espécies reativas de oxigênio

FADD Domínio de morte associado ao FAS

FO Falso-operado

13

GD Giro denteado

GPX Glutationa peroxidase

GSH Glutationa reduzida

GSSG Glutationa oxidada

H2O2 Peróxido de hidrogênio

HO2•

Radical peroxila

IAPs Proteínas inibidoras da apoptose

ICAD Inibidor de endonuclease

ICAM-1 Moléculas de adesão intercelular-1

ICE Enzima Conversora de interleucina-1 beta

ICT Isquemia cerebral transitória

IL-1β Interleucina-1 beta

iNOS Óxido nítrico sintase induzida

IRF-1 Fator regulador de interferon 1

LOX Lipooxigenase

LTP Potenciação de longa duração

MAP-2 Proteína associada à microtúbulos-2

MCP-1 Proteína quimiotática de monócito-1

MDA Malondialdeído

MIP-1α Proteína inflamatória de macrófagos 1

MPO Mieloperoxidase

NBT Azul de nitro-tetrazolio

NF-kb Fator nuclear kappa b

NMDA N-Metil-D-Aspartato

nNOS Óxido nítrico sintase neuronal

14

NO Óxido nítrico

NOS Óxido nítrico sintase

O˚ radical oxigênio

O2 −• Ânion superóxido

OH• Radical hidroxila

ONOO ̄ Peroxinitrito

PARP Proteínas reparadoras de DNA

PBS Tampão salina-fosfato

PLA2 Fosfolipase A

PLC Fosfolipase C

R • Radical lipídico alquila

RH- Lipídios

RLs Radicais livres

ROO • Radical lipídico peroxil

ROOH Lipídio hidroperóxido

SMAC Ativador de caspase derivado da mitocôndria

SNC Sistema Nervoso Central

SOD Superóxido dismutase

TBARS Substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico

TCA Ácido tricloro acético

TNF-α Fator de necrose tumoral-α

t-PA Ativador plasminogênio tecidual

15

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

1.1 Acidente Vascular Cerebral 15

1.1.1 Definição e classificação 15

1.1.2 Epidemiologia 15

1.2 Fisiopatologia da isquemia cerebral 16

1.3 Mecanismos de dano neuronal induzidos por isquemia 18

1.3.1 Depleção de ATP e despolarização da membrana 18

1.3.2 Excitotoxicidade e Ca2+

18

1.3.3 Estresse oxidativo 20

1.3.4 Inflamação 23

1.3.5 Apoptose 25

1.4 Modelos animais de isquemia cerebral 29

1.5 Memória 31

1.6 Curcumina 35

1.7 Relevância e justificativa 39

2 OBJETIVOS 41

2.1 Objetivo Geral 41

2.2 Objetivos Específicos 41

3. MATERIAIS E MÉTODOS 42

3.1 Animais 42

3.2 Drogas 42

3.3 Protocolo Experimental 42

3.4 Isquemia cerebral por oclusão bilateral da carótida 44

3.5 Avaliação da atividade locomotora – Teste do campo aberto 45

3.6 Avaliação da memória de trabalho – Teste do labirinto em Y 46

3.7 Avaliação da memória aversiva- Teste da esquiva passiva 47

3.8 Avaliação da memória espacial – Teste do labirinto aquático 48

3.9. Dissecção do hipocampo 49

3.10 Ensaio para mieloperoxidase (MPO) 49

3.11 Dosagem de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) 50

3.12 Dosagem de superóxido dismutase (SOD) 50

16

3.13 Dosagem de nitrito 51

3.14 Determinação da concentração da glutationa reduzida (GSH) 51

3.15 Determinação da concentração de IL-1B 51

3.16 Análise histológica 52

3.16.1 Coloração de violeta de cresil 52

3.16.2 Fluoro Jade C 52

3.17 Análise estatística 52

4 RESULTADOS 54

4.1 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a atividade locomotora de ratos

submetidos à isquemia cerebral transitória (ICT) 54

4.2 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a memória de trabalho de ratos

submetidos à ICT. 55

4.3 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a memória aversiva de ratos

submetidos à ICT. 56

4.4 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre o aprendizado e memória espacial

de ratos submetidos à ICT. 57

4.5 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a peroxidação lipídica no

hipocampo e estriado de ratos submetidos à ICT. 60

4.6 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a concentração de nitrito no

hipocampo e estriado de ratos submetidos à ICT. 62

4.7 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a concentração de glutationa

reduzida (GSH) no hipocampo de ratos submetidos à ICT. 64

4.8 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre os níveis da superóxido dismutase

(SOD) no hipocampo de ratos submetidos à ICT. 65

4.9 Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre a atividade da mieloparoxidase (MPO)

no hipocampo de ratos submetidos à ICT. 66

4.10 Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre a concentração de IL-1β no hipocampo

e no estriado de ratos submetidos à ICT. 67

4.11 Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) sobre a integridade neuronal das

regiões CA1 e CA3 do hipocampo de ratos submetidos à ICT. 68

5 DISCUSSÃO 77

6 CONCLUSÃO 87

REFERÊNCIAS 88

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 Acidente Vascular Cerebral

1.1.1 Definição e classificação

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma emergência médica caracterizada pelo

início agudo ocasionando déficit neurológico que persiste por pelo menos 24 horas. Difere do

Ataque Isquêmico Transitório (AIT) que é caracterizado por um déficit neurológico focal,

encefálico ou retiniano, súbito e reversível, com duração menor que 1 hora e sem evidência de

lesão isquêmica nos exames de imagem. No entanto, podemos citar que ambos são causados

pela redução do suprimento sanguíneo, resultando no decréscimo da tensão de oxigênio e dos

metabólitos de alta energia em uma área do cérebro (ATP e glicose, principalmente). O AIT e

AVC isquêmico são espectros de uma mesma doença vascular isquêmica. Cerca de 15 a 30%

dos pacientes que apresentam AVC isquêmico têm história prévia de ataque isquêmico

transitório, muitas vezes em um curto intervalo de tempo (MASSARO, 2006).

O AVC é comumente dividido em duas maiores categorias. A primeira e mais comum

é o AVC isquêmico ou tromboembólico (cerca de 80% dos casos), o qual se deve a uma

interrupção do suprimento sanguíneo como resultado da oclusão de uma artéria (BROUNS;

DE DEYN, 2009). A segunda categoria é o AVC hemorrágico, o qual envolve sangramento

no parênquima cerebral ou no espaço subaracnóideo.

1.1.2 Epidemiologia

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o AVC representa a segunda causa

de morte em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 6 milhões de mortes/ano. O AVC

já é a primeira ou segunda causa de morte em muitos países latino-americanos e caribenhos,

embora, na última década, as taxas estejam em queda (LAVADOS et al., 2007). O Brasil

apresenta nítidas diferenças, tanto regionais como entre classes, nas taxas de incidência e

mortalidade decorrentes do AVC sendo ainda a causa mais frequente de óbito em parte desta

população. A distribuição desigual de riqueza, os inadequados acessos aos avanços científico

e tecnológico e à assistência à saúde encontram-se entre os fatores responsáveis por essas

diferenças (FALCÃO et al., 2004; MASSARO, 2006).

Nas últimas quatro décadas, as taxas de incidência de AVC caíram 42% em países

ricos enquanto, em países de baixa e média renda houve uma duplicação dessas taxas. Entre

16

os anos de 2000 e 2008, as taxas de incidência em países de baixa e média renda superaram,

pela primeira vez, as taxas daqueles de alta renda (FEIGIN et al., 2009). Avaliando as taxas

de mortalidade por AVC no Brasil, Garritano et al. (2012), observaram que entre os anos de

2000 e 2009, houve uma tendência de queda em todas as faixas etárias estudadas (a partir de

30 anos). Entretanto, esses valores continuam elevados, sendo superiores aos encontradas em

países desenvolvidos e ainda sendo considerada a quarta maior taxa entre todos os países da

América Latina.

O AVC representa a principal causa de incapacidade em todo o mundo. O seu pico de

incidência está entre a sétima e oitava década de vida, mas também pode ocorrer mais

precocemente, sendo que 10% dos pacientes têm idade inferior a 55 anos (ZÉTOLA et al.,

2001). Nos Estados Unidos aproximadamente 730.000 pessoas sofrem um AVC a cada ano,

sendo que 25% morrem no momento do evento ou logo depois e metade delas tornam-se

permanentemente incapacitadas. Os custos diretos e indiretos com AVC são de

aproximadamente 50 bilhões de dólares anuais (SICARD; FICHER, 2009). O fato do AVC

levar à incapacidade indivíduos em idade produtiva tem um forte impacto econômico. Dados

do Instituto Nacional de Seguridade Social demonstram que o AVC é responsável por 40%

das aposentadorias precoces no Brasil (FALCÃO et al., 2004).

Uma parte significativa do risco de AVC pode ser atribuída aos clássicos e evitáveis

fatores de risco cardiovasculares como hipertensão arterial, hiperlipidemias, diabetes,

tabagismo, sedentarismo e obesidade. Evitar esses modificáveis fatores de risco pode ter um

efeito substancial na expectativa e qualidade de vida. Embora fatores de risco

cardiovasculares possam ser mais prevalentes em países de alta renda do que em países de

baixa e média renda, esses fatores são geralmente mais bem geridos nos primeiros o que pode

explicar, em parte, as diferenças nas taxas de mortalidade por AVC. Em países de baixa renda

a pressão arterial pode chegar a grandes extremos, e mesmo assim continuar sem tratamento

(JOHNSTON; MENDIS; MATHERS, 2009).

1.2 Fisiopatologia da isquemia cerebral

A isquemia cerebral pode ser desencadeada através da oclusão de vasos cervico-

cranianos ou por hipoperfusão para o cérebro, causada por variados processos, tais como,

arterotrombose, embolia ou anormalidades hemodinâmicas (KAPOSZTA et al., 1999). A

arterotrombose ocorre nas artérias cervico-cranianas e nas pequenas artérias penetrantes

17

intracranianas. Nesta condição, um trombo é formado in situ em um estreitamento arterial

aterosclerótico que impede o fluxo sanguíneo distal e causa isquemia e o consequente infarto

do tecido cerebral suprido pelo vaso ocluído. Na embolia cerebral, a artéria cerebral é

subitamente bloqueada pelo material embólico que é geralmente um trombo originado do

coração e grandes vasos (aorta, carótidas e artérias cerebrais) (KAPOSZTA et al., 1999). O

infarto embólico é responsável por cerca de 30% dos casos de AVC isquêmico, a perda súbita

de perfusão arterial para uma determinada área do cérebro gera sinais clínicos abruptos. A

embolia, geralmente, ocorre devido a alterações cardíacas (sendo as mais comuns as

valvulopatias cardíacas, o aneurisma ventricular e as miocardiopatias), apesar de também

ocorrerem por problemas cirúrgicos em pulmões ou por fraturas ósseas que desenvolvem

embolia gordurosa (ROWLAND; MERRI, 2002).

Essas patologias apresentam conseqüências que variam dependendo da localização e

do tamanho da área cerebral que foi atingida e do tempo que o paciente levou para ser

atendido (melhor o prognóstico quanto mais rápido for iniciada a recuperação). As seqüelas

mais comuns são alterações na função motora, sensitiva, perceptiva, de linguagem e de

memória (KRIZ; LALANCETTE-HÉBERT, 2009).

Outra anormalidade associada à isquemia cerebral é a hipoperfusão sistêmica que é

caracterizada por fluxo sanguíneo cerebral criticamente diminuído causado por falência

cardíaca ou hipovolemia que leva a uma redução global no fluxo sanguíneo. A seqüela mais

comum está relacionada a déficits de memória (BLOCK, 1999). Dessa forma o SNC pode

sofrer lesões isquêmicas globais e focais, e para ambas as situações existem modelos

experimentais.

Os danos causados ao cérebro por isquemia podem provocar perda de sua função, mas

o cérebro pode superar essa situação pela neuroplasticidade (LIEPERT et al., 2000). A

neuroplasticidade se refere a todos os mecanismos implicados na capacidade do cérebro de

mudar sua estrutura e função durante processos de maturação, aprendizado e memória, assim

como em resposta a lesões traumáticas. As alterações relacionadas à neuroplasticidade

incluem modificações em sinapses, dendritos e síntese de fatores neurotróficos essenciais para

a sobrevivência de células nervosas (LLEDO; ALONSO; GRUBB, 2006).

18

1.3 Mecanismos de dano neuronal induzidos por isquemia

1.3.1 Depleção de ATP e despolarização da membrana

A fisiopatologia da isquemia envolve uma complexa cascata de eventos que se inicia

com a interrupção do suprimento de substratos metabólicos, particularmente de oxigênio e

glicose. O tecido cerebral apresenta uma alta taxa metabólica e depende quase exclusivamente

da fosforilação oxidativa para a produção de energia. Durante a isquemia o metabolismo

anaeróbico mantém os níveis de ATP por um curto período de tempo. Quando o tecido se

torna incapaz de sintetizar ATP ocorre à falência de proteínas transportadoras dependentes de

energia. A interrupção do transporte através da bomba de sódio-potássio (Na+/K

+) leva ao

acúmulo de sódio dentro da célula e a perda de potássio com consequente despolarização de

membrana em neurônios e células gliais (MARTIN; LLOYD; COWAN, 1994). A ordem dos

eventos a partir daí é constantemente debatida, mas o que se sabe é que as consequências

desses eventos levam à morte celular por múltiplos processos: excitotoxicidade,

acidotoxicidade, estresse oxidativo, inflamação e apoptose.

1.3.2 Excitotoxicidade e Ca2+

A excitotoxicidade representa um processo extensamente estudado de morte neuronal

e está envolvida em diversas patologias do sistema nervoso central como AVC, doenças

neurodegenerativas e epilepsia (SATTLER; TYMIANSKI, 2001; DOBREK; THOR, 2011).

Durante o período isquêmico e o início da reperfusão a intensa liberação de glutamato, o

acúmulo de Ca2+

citoplasmático e o aumento dos radicais livres são características da fase de

excitotoxicidade. O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no SNC de

mamíferos e desempenha importante papel no desenvolvimento neural e em processos de

aprendizagem e memória. Fisiologicamente, os níveis de glutamato nas sinapses são

regulados através de transportadores dependente de sódio localizados em membrana

plasmática de neurônios e células gliais. A concentração sináptica de glutamato se encontra na

faixa micromolar, enquanto a concentração citosólica é aproximadamente 10 mM (LEE et al.,

2000).

Devido a despolarização da membrana neuronal os canais de Ca2+

dependende de

voltagem tornam-se ativados, levando à entrada desse íon e à liberação de glutamato para o

meio extracelular. Outra consequência da falência energética decorrente da isquemia é o

19

acúmulo citoplasmático de sódio em astrócitos, que promove a reversão dos transportadores

de glutamato e que contribui para acúmulo desse neurotransmissor no meio extracelular. A

excitotoxicidade é decorrência do acúmulo sináptico do glutamato que causa a

superestimulação de seus receptores ionotrópicos, como NMDA e AMPA/KA e de

receptores metabotrópicos. Os receptores AMPA/KA regulam a entrada de Na+ e

despolarização da membrana. Os receptores NMDA são canais iônicos operados por ligantes,

que medeiam o influxo de Ca2+

e que contém um sítio de ligação a agonistas, um sítio

modulatório de glicina, assim como um sítio de ligação dentro do canal iônico, onde o

magnésio exerce um bloqueio voltagem dependente. A despolarização da membrana

promovida por canais AMPA/KA promove a saída do Mg2+

do receptor NMDA e

consequente influxo de Ca2+

.

A falência energética resultante da diminuição da oferta de oxigênio e glicose durante

a isquemia também impede a manutenção da baixa concentração de Ca2+

intracelular pela

Ca2+

ATPase (DOYLE; SIMON; STENZEL-POORE, 2008). O acúmulo de Ca2+

, que pode

ser demonstrado in vitro após exposição ao glutamato e in vivo em neurônios hipocampais

após isquemia global, é prejudicial aos neurônios por diversos mecanismos (CHOI, 1988;

HARTLEY et al., 1993; MELDRUM et al., 1985; ROTHMAN; OLNEY, 1986;

SAKAMOTO et al., 1986). Esses eventos incluem a ativação de fosfolipases, proteases,

endonucleases, calmodulina e óxido nítrico sintase (NOS) que promovem o estresse

oxidativo, processos inflamatórios e até mesmo morte por necrose ou apoptose (Figura 1).

20

Figura 1 – Mecanismos potenciais de insulto neuronal após a isquemia.

Fonte: Traystman, 2003.

1.3.3 Estresse oxidativo

Na estrutura dos átomos e das moléculas, os elétrons associam-se normalmente em

pares. Os radicais livres (RLs) são espécies altamente reativas que contêm um ou mais

elétrons não pareados. Em sistemas biológicos os RLs gerados a partir de oxigênio e

nitrogênio são classificados como espécies reativas de oxigênio (EROs) e espécies reativas de

nitrogênio (ERNs) . Esses radicais são produzidos fisiologicamente devido ao metabolismo

celular e são altamente controlados por sistemas de antioxidantes enzimáticos e não

enzimáticos. Também participam da resposta fisiológica à estímulos nocivos como, por

exemplo, na reposta à agentes infecciosos. Em concentrações baixas e moderadas participam

de cascatas de sinalização celular e, dessa maneira, modulam genes envolvidos no reparo de

DNA, no controle do ciclo celular, da resposta inflamatória e da apoptose (LU et al., 2011;

VALKO, 2007).

ISQUEMIA

DIMINUIÇÃO DA PRODUÇÃO DE ENERGIA

FALHA DAS

BOMBAS IÔNICAS

AUMENTO INTRACELULAR DE

Na+, Cl

-, Ca

++

LIBERAÇÃO DE EXCITOTOXINAS

LESÃO MITOCONDRIAL

ATIVAÇÃO DOS LEUCÓCITOS

MEDIADORES DA

INFLAMAÇÃO

FORMAÇÃO DE RADICAIS DE

OXIGÊNIO

ESTIMULAÇÃO DA FOSFOLIPASE

AUMENTO DOS ÁCIDOS GRAXOS LIVRES

ÁCIDO ARACDÔNICO

ENDOPEROXIDASES ÁCIDO

HIPERPERÓXIDO PROSTAGLANDINAS

LEUCOTRIENOS

LESÃO DA MEMBRANA CELULAR

MORTE NEURONAL

ESTIMULAÇÃO DE PROTEASES

CALMOMODULINA, NOS, NO, ONOO-

QUEBRA DO CITOESQUELETO E

DO DNA

21

O estresse oxidativo tem sido definido com um distúrbio no balanço pró-oxidante e

antioxidante em favor do primeiro, levando a reações potencialmente deletérias em lipídeos,

proteínas, RNA e DNA. Essas reações podem incluir: peroxidação dos ácidos graxos das

membranas celulares; oxidação dos grupos sulfidrila e inativação enzimática; inibição da

síntese de ATP e consumo das reservas de dinucleotídeos adenínicos da nicotinamida;

inibição da bomba de Na+/K

+; alterações do DNA que levam à mutagênese ou apoptose;

inativação direta do NO.

A produção do ânion superóxido (O2 −•) ocorre principalmente durante a fosforilação

oxidativa mitocondrial como bioproduto do metabolismo aeróbico celular. Esse ânion é

considerado uma espécie reativa primária e com fraco poder oxidante e sua ação tóxica

ocorre, na verdade, em função dos produtos de sua redução. Ele pode formar EROs

secundárias, como o peróxido de hidrogênio (H2O2), o radical peroxila (HO2•) e o radical

hidroxil (OH•) ou reagir com o NO originando o peroxinitrito. O peróxido de hidrogênio

(H2O2), apesar de não ser um radical livre, pois não tem elétrons desemparelhados na última

camada, é importante porque participa das reações que produzem o radical hidroxil (OH•), via

reação de Fenton ou de Haber-Weiss. O radical hidroxil é altamente reativo, podendo atacar o

DNA levando a alterações na expressão genética que podem causar apoptose ou mutação.

Também pode reagir com proteína e lipídios causando carbonilação e peroxidação lipídica

(LU et al., 2010; RIBEIRO et al., 2005) (Figura 2).

O NO está envolvido em diversos processos fisiológicos incluindo neurotransmissão,

regulação da pressão arterial, mecanismos de defesa, relaxamento da musculatura lisa e

regulação da imunidade (BERGENDI et al., 1999). A formação de NO é tanto constitutiva,

produzido pela enzima óxido nítrico sintase constitutiva (nNOS ou tipo 1), quanto induzida,

produzido pela NOS induzida (iNOS ou tipo 2) encontrada na microglia. Durante eventos

isquêmicos o aumento de concentração de Ca2+

citoplasmático mediada pelo glutamato leva

ao aumento da síntese do NO. Este atua dilatando vasos e, dessa maneira, aumentando a

oferta de glicose e oxigênio, mas também é capaz de reagir com o radical superóxido (O2 −•)

levando a danos nitrosativos (ESPEY et al., 2000). O estresse nitrosativo promovido pelo

peroxinitrito danifica proteínas, lipídeos de membrana e DNA (Figura 2).

22

Figura 2 - Resumo dos principais tipos e fontes de EROs e o ponto de ação de antioxidantes.

O2−•: ânion superóxido; HO2 •: radical perihidroxil; • OH: o radical hidroxil; H2O2: peróxido de hidrogênio; NO:

óxido nítrico: HOCl: ácido hipocloroso; ONOO-: peroxinitrito; RH: lipídios; R •: radical lipídico alquila; ROO

•: radical lipídico peroxil; ROOH: lipídio hidroperóxido; SOD: superóxido dismutase; CAT: catalase; GPX:

glutationa peroxidase.

Fonte: Lu et al., 2010.

Uma das consequências de aumento de EROs é a peroxidação lipídica, que se refere a

deteriorização oxidativa de lipídios que contenham carbono insaturados, tais como ácidos

graxos insaturados, glicolipídeos, ésteres de colesterol e colesterol. As EROs atacam os ácidos

graxos poliinsaturados e grupamentos metil com átomos de hidrogênio reativos, ocorrendo

reações em cadeia e como resultado ocorre a produção de malonaldeído (MDA). A

peroxidação lipídica altera estrutura e permeabilidade de membranas celulares e pode

culminar com a morte celular (LÜ et al., 1998).

Através da ação de mecanismos antioxidantes enzimáticos e não enzimáticos sistemas

biológicos mantêm as concentrações de RLs dentro de limites fisiológicos (REMACLE et al.,

1992). Os sistemas não enzimáticos são compostos por moléculas capazes de neutralizar os

RLs através da doação ou captação de elétrons. Essas moléculas podem reagir diretamente

com espécies reativas, neutralizando-as e tornando-se radicais menos reativos. Ácido

ascórbico (vitamina C), α-tocoferol, GSH, carotenóides e polifenois fazem parte dessas

moléculas.

23

O sistema enzimático é composto pelas enzimas superóxido dismutase (SOD), catalase

(CAT) e glutationa peroxidase (GPX). A SOD atua metabolizando o ânion superóxido e assim

formando o peróxido de hidrogênio (H2O2) (MCCORD; FRIDOVICH, 1969). O peróxido de

hidrogênio pode ser metabolizado através de duas vias antioxidantes: catalase e o sistema

glutationa. A catalase tem como principal função eliminar peróxido formado no peroxissoma,

diminuindo o risco da formação de radical hidroxil (NORDEBERG; ARNER, 2001). O

sistema glutationa peroxidase atua no citoplasma e na mitocôndria. É composto por glutationa

reduzida (GSH), glutationa oxidada (GSSG) e glutationa peroxidase (GPX). A glutationa

reduzida é um tripeptídeo formado por glicina, ácido glutâmico e cisteína. A glutationa

constitui o tiol redutor mais abundante no meio intracelular (REMACLE et al., 1992).

O estresse oxidativo representa uma dos principais responsáveis pelo dano tecidual

promovido por isquemia. O cérebro apresenta elevado consumo de oxigênio, auto-oxidação

de alguns neurotransmissores (ex. norepinefrina e dopamina), altos níveis de ácidos graxos

poliinsaturados, capacidade antioxidante relativamente baixa e um limitado sistema de reparo

celular que o torna particularmente suscetível ao estresse oxidativo (LOH et al., 2010; SUN et

al., 2009). A reperfusão restaura a oferta de nutrientes, porém, por fornecer oxigênio a região

em desequilíbrio metabólico, resulta na potencialização do estresse oxidativo.

1.3.4 Inflamação

Além dos eventos excitotóxicos que ocorrem durante a isquemia, a reação inflamatória

que se inicia horas e persiste por dias após a isquemia também representa um importante

papel na fisiopatologia da isquemia/reperfusão. A fase inflamatória é caracterizada por

migração de neutrófilos, ativação de células gliais e secreção de mediadores inflamatórios

potencialmente citotóxicos sintetizados por essas células, eventos que podem culminar com

prejuízo funcional ou morte das células afetadas (BLOCK, 1999; HUANG; UPADHYAY;

TAMARGO, 2006).

A ativação de segundos mensageiros por Ca2+

, o acúmulo de RLs, assim como a

própria hipóxia, promovem alteração na expressão de diversos genes por induzir a ação de

fatores de transcrição, incluindo o NF-kb, HIF-1 (hipoxia inducible factor-1) e o IRF-1

(interferon inducible factor-1) (DIRNAGL; IADECOLA; MOSKOWITZ, 1999). Dentre as

proteínas que passam a ser expressas encontram-se citocinas como IL-1β e TNF- α e

24

quimiocinas como a proteína quimiotática de monócito-1 (MCP-1) e a proteína inflamatória

de macrófagos (MIP-1α) (BROUNS; DE DEYN, 2009). Essas moléculas induzem a

expressão de moléculas de adesão intercelular (ICAM-1) pelas células endoteliais nos

capilares que promovem a adesão e migração transendotelial de neutrófilos e macrófagos (YI

et al., 2007). Poucas horas após o início da isquemia leucócitos circulantes aderem às paredes

dos vasos e migram para as regiões afetadas liberando mais mediadores inflamatórios e

intensificando o dano. Neutrófilos representam o primeiro subtipo de leucócito a migrar para

as regiões afetadas (BROUNS; DE DEYN, 2009).

O aumento da expressão de IL-1β e ICAM-1 assim como da migração de neutrófilos

para o hipocampo foram documentados em modelo de isquemia global (GALVÃO et al.,

2005; ZHUANG et al., 2009; MINAMI et al., 1992).

Figura 3 – Mecanismos inflamatórios induzidos por isquemia/reperfusão.

Fonte: Brouns e De Deyn, 2009.

25

A cascata inflamatória também inclui o aumento da expressão de diversas enzimas. O

aumento de Ca2+

intracelular inicia a cascata do ácido aracdônico. O acúmulo desse cátion

ativa a fosfolipase C (PLC) e a fosfolipase A2 (PLA2) resultando em hidrólise dos

fosfolipídios da membrana celular e liberando grande quantidade de ácidos graxos livres

(AGL), principalmente o ácido araquidônico (AA). A quebra desses fosfolipídeos, por sua

vez, potencializa a formação de RLs e inflamação. O AA pode ser metabolizado através da

ciclooxigenase (COX) ou lipooxigenase formando respectivamente protraglandina e

leucotrieno. A COX-2 está aumentada após eventos isquêmicos (BROUNS; DE DEYN,

2009). A redução do insulto isquêmica pode ser obtida através da ablação genética de PLA2,

assim como o uso de inibidor de PLC ou de calpaínas (BONVENTRE, 1997; MARKGRAF et

al., 1998; UMEMURA; MABE; NAGAI, 1992).

1.3.5 Apoptose

Em 1964, foi proposto o termo "morte celular programada" para designar um tipo de

morte celular que ocorre de forma não acidental. Em 1972, Kerr, Wyllie e Currie sugeriram o

termo apoptose para indicar esse tipo de morte.

A apoptose é um processo ativo de autodestruição celular que envolve mecanismos

codificados no genoma das células eucarióticas, sendo dependente de energia. Tem papel

importante em diversos processos fisiológicos - como o desenvolvimento embrionário - e

patológicos - como nas doenças neurodegenerativas e isquemia/reperfusão (BREDESEN,

1996).

Diversas cascatas apoptóticas têm sido descritas, como vias intrínsecas e extrínsecas,

caspases-dependentes e independentes, em associação com fases de início, comprometimento

e execução. Tem se tornado aparente, portanto, que a apoptose não é uma série de vias

claramente definidas, mas uma multiplicidade de vias interconectadas, altamente reguladas e

convergentes, resultando nas alterações morfológicas e bioquímicas características da

apoptose (ASHE; BERRY, 2003).

A apoptose é caracterizada por uma série de alterações morfológicas distintas como,

células em picnose, condensação da cromatina, formação de protuberâncias citoplasmáticas

na superfície da célula e de corpos apoptóticos caracterizados por pequenos corpúsculos

26

ligados à membrana contendo organelas intactas e/ou aglomerados densos de cromatina

condensada (WYLLIE et al., 1981).

A fragmentação do DNA e a condensação e fragmentação de cromossomos, são

alterações características da apoptose (DI IORIO et al., 1996). Outra característica única da

apoptose é a exposição da fosfatidilserina na superfície da célula como parte do processo pelo

qual a célula se destina para a fagocitose. Isto pode ser monitorizado por ligação da anexina

V, que preferencialmente se liga a este fosfolipídio na presença de Ca2+

(LIPTON,1999).

Durante a isquemia cerebral a incapacidade de recaptação de glutamato do meio

extracelular leva à ativação excessiva de receptores glutamatérgicos, ao acúmulo de Ca2+

citoplasmático, à produção excessiva de RLs, como também ao dano mitocôndrial e no DNA

que podem levar à morte celular por necrose ou apoptose. O tipo de morte depende da

natureza e intensidade do estímulo, do tipo de célula e de sua fase do ciclo celular ou

desenvolvimento (DIRNAGL; IADECOLA; MOSKOWITS, 1999).

As caspases constituem uma família de proteases que incluem no seu sítio catalítico

um pentapeptídeo contendo cisteína e apresentam a exigência de um resíduo aspartato na

porção N-terminal no sítio de clivagem do seu substrato. Elas participam da morte por

apoptose através de duas principais vias de ativação: a via mitocondrial ou intrínseca e a via

de morte mediada por receptor ou extrínseca. As caspases são sintetizadas como pró-enzimas

inativas (pró-caspase) e, quando ativadas, clivam diversos substratos proteicos que podem ser

outras pró-caspases, proteínas do citoesqueleto como a actina e a gelsolina, proteínas

reparadoras de DNA como a PARP, proteínas antiapoptóticas como Bcl-2 e/ou diversas

quinases que participam da regulação da transcrição gênica (LOVE, 2003).

A caspases podem ser divididas em dois grandes grupos: as da família ICE

(interleukin-1 converting enzyme) que estão envolvidas na maturação de citocinas e na

indução de inflamação (caspases 1, 4, 5, 11, 12 e 14) e as que participam diretamente da

apoptose (caspases 2, 3, 6, 7, 8, 9 e 10).

Na via intrínseca da apoptose, o citocromo c que é liberado da mitocôndria para

o citosol liga-se ao Apaf-1 formando um complexo (apoptossomo) e ativando caspase-9.

Dessa maneira se inicia a cascata da caspase citocromo c dependente. A caspase 9 ativa a

27

caspases 3, a qual causa a ativação em cascata de outras caspases (CHEN et al., 1998; NIWA

et al., 2001; ZHAN et al., 2001) (Figura 3).

Além de promover a ativação da cascata de caspases, a caspase 3 afeta o DNA através

de dois mecanismos, clivando o inibidor de endonuclease ICAD promovendo, dessa maneira,

a liberação da CAD (DNAse ativada por caspase) com consequente quebra do DNA ou

inativando a PARP, uma enzima reparadora de DNA. Dessa forma a caspase-3 garante a

quebra do DNA e, consequentemente, impede a sobrevivência celular (SUGAWARA et al.,

2004) (Figura 4).

Outra molécula que também é liberada por estímulos apoptóticos é o ativador de

caspase derivado da mitocôndria (SMAC) que, no citosol, impede a ação das IAPs. A família

de proteínas inibidoras da apoptose (IAPs) atuam através de dois mecanismos: prevenindo a

ativação de pró-caspase e inibindo a atividade das que se encontram ativadas (SUGAWARA

et al., 2004) (Figura 4).

As proteínas da família Bcl-2 exercem um papel crucial na transdução do sinal

apoptótico por regular a permeabilidade da membrana mitocondrial ao citocromo c. Elas

podem ser divididas em dois grupos: proteínas pró-apoptóticas como Bax, Bid, Bad e Bcl-xs e

as antiapoptóticas como Bcl-2 e Bcl-xl (SUGAWARA et al., 2004) (Figura 4).

Figura 4 - Via mitocondrial da apoptose.

Fonte: Sugawara et al., 2004.

28

Outra via apoptótica é iniciada por sinais externos através de receptores de morte

celular, como receptores de Fas e de TNF. Por exemplo, a ligação da molécula de Fas ligante

presente no meio extracelular ao seu receptor promove, no citoplasma, a clivagem da pró-

caspase 8. A caspase 8 ativa a caspase 3 que por sua vez age em diversos alvos. Outra ação da

caspase 8 é a ativação da proteína pró-apoptótica Bid que inicia a via da mitocôndria

(SUGAWARA et al., 2004) (Figura 5).

Em episódios isquêmicos em humanos, os achados diferem consideravelmente se o

infarto é devido à oclusão arterial arterotrombótica ou a um período de parada cardíaca. Em

indivíduos que sofreram parada cardíaca seguida de ressuscitação foram observados caspase 3

ativada e degradação de PARP em neurônios corticais (LOVE, 2003).

Figura 5 - Via da apoptose mediada por receptor de morte.

Fonte: Sugawara et al., 2004.

Em modelos de isquemia global transitória neurônios piramidais da região CA1

hipocampal são especialmente suscetíveis à morte por apoptose devido a alta densidade de

receptores glutamatérgicos. Nessa população celular a saída do citocromo c e do SMAC da

mitocôndria precedem a ativação da caspase 3, sugerindo a participação da via intrínseca da

apoptose (SUGAWARA et al., 2002). Jin et al. (2001) observaram o aumento de Faz, FasL,

caspase 10 e FADD além de colocalizar caspase 10 e FADD após o insulto isquêmico,

indicando que a via extrínseca também participa desse porcesso.

29

1.4 Modelos animais de isquemia cerebral

A fisiopatologia do AVC isquêmico é extremamente complexa e o desenvolvimento

de modelos animais para o estudo dessa doença representa uma ferramenta indispensável na

investigação de sua fisiopatologia e no desenvolvimento de novos fármacos para seu

tratamento. O pesquisador Seymour Levine (1960) foi o primeiro a propor um modelo de

isquemia cerebral através da combinação de hipóxia e oclusão unilateral da artéria carótida e,

em meados de 1960, seu trabalho foi adaptado por Brown, Brierly e colaboradores que assim

estabeleceram as bases para o estudo do dano isquêmico cerebral em roedores (LIPTON,

1999).

De acordo com a localização os modelos de isquemia cerebral podem ser classificados

como global ou focal (Quadro 1). A isquemia global ocorre quando há falência circulatória e a

isquemia focal ocorre quando o fluxo sanguíneo cerebral é limitado em uma região específica,

geralmente resultado da oclusão de uma artéria cerebral (BRAEUNINGER;

KLEINSCHNITZ, 2009).

Quadro 1 - Tipos de isquemia Cerebral

Fonte: Adaptado de Braeuninger e Kleinschnitz, 2009.

Os modelos de isquemia estão relacionados ao tipo de isquemia (temporária ou

permanente), ao seu tempo de duração, ao tempo de reperfusão, ás artérias ocluídas no

Isquemia

Cerebral

Etiologia Permanente ou

com reperfusão

Modelos

Global Intravascular Transitória ou

permanente

Parada cardíaca com ou sem

ressucitação cardiopulmonar

Extravascular Transitória ou

permanente

Compressão cervical pelo pescoço;

ligação das principais artérias

irrigadoras do cérebro

Focal Intravascular Transitória ou

permanente

Modelo de oclusão da artéria

cerebral média com fio

intraluminal

Extravascular Transitória ou

permanente

Oclusão cirúrgica da artéria

cerebral média: eletrocoagulação,

clampeadura; indução da olusão da

artéria cerebral média da

endotelina-1

Multifocal Intravascular Transitória ou

permanente

Modelo de embolização com

coágulos de sangue; microesferas

ou outro material embolizante

30

experimento (carótidas ou vertebrais) (TARDINI et al., 2003). A presença ou ausência de

reperfusão caracteriza o modelo como temporário/transitório ou permanente

(BRAEUNINGER; KLEINSCHNITZ, 2009).

Os principais vasos de irrigação do cérebro são as artérias carótidas e as artérias

vertebrais, que se comunicam através do polígono de Willis. Este é uma anastomose arterial

que fornece o suprimento sangüíneo para os hemisférios cerebrais, sendo formado pelas

artérias cerebrais anteriores e posteriores, artérias comunicantes anteriores e posteriores e pela

carótida interna (Figura 6).

Figura 6 - Esquema mostrando as artérias cerebrais anteriores e posteriores, artérias

comunicantes anteriores e posteriores e a carótida interna que formam o polígono de Willis.

Fonte: WIKIMIDIA COMMONS, 2008.

Os danos da isquemia global são mais comumente produzidos pela oclusão das

artérias cervicais do que pela interrupção total da circulação sanguínea. Os modelos de

oclusão de artérias mais utilizados são: oclusão de 4 vasos, onde se faz a coagulação

permanente das artérias vertebrais e posterior clampeadura das carótidas, mais utilizado em

ratos (PULSINELLI; BRIERLY; PLUM, 1982); oclusão de 2 vasos, também realizado em

ratos, onde apenas as duas carótidas são clampeadas aliadas a redução da pressão arterial

50mmHg (SMITH; AUER; SIESJO, 1984); e oclusão das duas carótidas em gerbils sem

redução da pressão arterial, pois nestes animais não há o polígono de Willis (KIRINO, 1982).

31

O modelo utilizado no presente trabalho foi o da oclusão bilateral das carótidas com

posterior reperfusão e sem redução da pressão arterial. Esse modelo pode causar desde

prejuízos na LTP até morte de neurônios hipocampais com conseqüente prejuízo em testes de

memória explícita (LIPTON, 1999; MAROSI et al., 2008; WALKER; ROSENBERG, 2009).

Atualmente os modelos mais utilizados de isquemia cerebral focal são os de oclusão

da artéria cerebral média (ACM). A oclusão da ACM pode ser feita através do uso de um fio

intraluminal ou através de técnicas cirúrgicas como eletrocauterização, clampeamento e

ligadura da artéria. A eletrocauterização da ACM leva a interrupção permanente do fluxo

sanguíneo, enquanto que a ligadura e o campleamento permitem a reperfusão. Existe ainda o

modelo de fototrombose, onde uma lesão cortical do cérebro é induzida por injeção sistêmica

de um corante fotossensível, como o rosa de Bengala, e posterior irradiação focal do crânio

(BACIGALUPPI; COMI; HERMANN, 2010).

Na isquemia focal a zona central (core) contém neurônios necróticos resultantes da

falência da membrana associada a perda da homeostase do Ca2+

e glutamato. Nessa região o

fluxo sanguíneo é reduzido para menos de 15%. A penumbra isquêmica é definida como a

zona de tecido adjacente a zona central de infarto isquêmico. Geralmente contém neurônios

eletricamente silencioso, com seus gradientes iônicos intactos e com neurônios que podem ter

suas membranas despolarizadas se o fluxo não for restaurado rapidamente (GILGUN-

SHERKI et al., 2002; WEINSTEIN; HONG; SHARP, 2004). Na penumbra o nível de ATP é

mantido em torno de 50 a 70% do normal, não caindo o suficiente para permitir

despolarizações anóxicas. O fluxo sanguíneo nessa região reduz de 20 a 40% do normal

(HOSSMANN, 1996). Os neurônios perifocais na zona de penumbra são os de mais alto risco

e com o tempo a zona de infarto vai crescer em tamanho, com mais células da penumbra

sendo recrutadas para a zona central.

1.5 Memória

Aprendizagem significa o processo de aquisição de novas informações que serão

armazenadas na memória. Ela representa o modo pelo qual as experiências modificam o

sistema nervoso, e desta forma, também alteram o comportamento de homens e animais.

Difere da memória, pois essa é a habilidade de armazenar seletivamente informações

aprendidas para que possam ser recuperadas e utilizadas posteriormente consciente ou

32

inconscientemente. Esta fornece a base para nossos conhecimentos, habilidades, sonhos,

planos e anseios.

As formas mais usuais de classificação dos tipos de memórias se referem ao tempo de

duração e à sua natureza. Quanto à sua natureza a memória é dividida em: (1) declarativa ou

explícita, pode ser descrita por meio de palavras; (2) implícita, não declarativa ou de

procedimento não pode ser descrita por meio de palavras; (3) de trabalho ou operacional,

permite o raciocínio e planejamento do comportamento (DEW; CABEZA, 2011).

A memória operacional representa o armazenamento temporário de informação

utilizado para planejar uma ação futura e é processada principalmente no córtex pré-frontal. A

memória explícita envolve a recuperação consciente das informações e pode ser dividida em

episódica e semântica. A memória episódica está relacionada a fatos datados e é individual –

cada pessoa possui suas próprias lembranças. A memória semântica está relacionada com a

cultura e envolve conhecimentos gerais de um povo. A memória declarativa pode ser de curto

ou longo prazo e é processada por estruturas do córtex temporal medial como hipocampo e

estruturas adjacentes como os córtices entorrinal, perirrinal e para-hipocampal. A memória

implícita é inconsciente, requer mais tempo e treinamento para se formar, mas persiste por

períodos maiores. Engloba diversos tipos e inclui: a representação perceptual, que representa

imagens sem significado conhecido; a memória procedural (ou de procedimento), que é

demonstrada através de um procedimento motor, por exemplo, andar de bicicleta ou dirigir

um carro. Esse tipo de memória envolve habilidades, hábitos e associações do tipo estímulo-

resposta. Acredita-se que a memória implícita seja processada pelo núcleo estriado e/ou

diencéfalo. Estas categorias de memória não são excludentes, quando um organismo aprende

alguma coisa importante, vários destes sistemas de memória podem ser empregados (DEW;

CABEZA, 2011; SQUIRE; ZOLA, 1996) (Figura 7).

Apesar de estarmos expostos a diversos estímulos ambientais os sistemas de memória

filtram as informações e, apenas parte delas, passa pelo processo de aquisição A aquisição

representa a etapa na qual determinados estímulos alteram circuito neurais por um curto

período de tempo. Após essa fase as informações adquiridas podem ser armazenadas por

períodos mais longos. Essa é a fase de retenção, período no qual as informações permanecem

disponíveis para serem lembradas. Após essa etapa, as informações são consolidadas ou

esquecidas e, dentre os fatores determinantes para seu destino está o tipo de utilização de cada

33

evento memorizado. A consolidação corresponde ao armazenamento das informações por

períodos ainda maiores e é dependente de síntese protéica. Informações consolidadas podem

ser evocadas, ou seja, lembradas ou acessadas quando necessário (NADEL et al., 2012).

Figura 7 - Taxonomia dos sistemas de memória de longa duração.

Fonte: Squire e Zola, 1996.

Outro tipo de classificação da memória envolve o tempo de sua duração, podendo ser

(1) ultra-rápida ou imediata, cuja retenção não dura mais que alguns segundos; (2) memória

de curta duração, que dura minutos ou horas; (3) memória de longa duração, que dura de dias

a anos. A conversão da memória de curto prazo em memória de longo prazo é chamada de

consolidação (IZQUIERDO et al., 2006).

A primeira evidência de que o córtex temporal medial é essencial para os processos de

aquisição e consolidação da memória surgiu com o trabalho de Willian Scoville e Brenda

Milner. Em 1957 a dupla relatou a história do paciente H. M. que aos 27 anos de idade teve a

superfície interna de seu lobo temporal medial retirado cirurgicamente como tratamento para

suas severas crises epilético. A cirurgia foi eficaz ao resolver as crises epiléticas, mas

promoveu um devastador déficit de memória. H. M. passou a apresentar severa amnésia

anterógrada tornando-se incapaz de converter uma memória de curta duração em memória

permanente de longa duração, além de amnésia retrógada referente a fatos acontecido pouco

tempo antes da cirurgia. Rempel-Clower et al. (1996) descreveram casos de pacientes que

34

haviam sofrido lesão bilateral limitada à região CA1 hipocampal devido a episódio isquêmico

e que apresentavam amnésia anterógrada e retrógada relacionada a fatos que aconteceram até

15 anos antes do insulto.

O fato de indivíduos que sofreram lesões hipocampais se lembrarem de fatos ocorrido

muito antes do insulto indica que apesar de essencial para os processos de armazenamento o

hipocampo não é o local de armazenamento dessas memórias. Atualmente, acredita-se que

embora não haja um único sítio de armazenamento para a memória, ela não se encontra

homogeneamente dispersa ao longo do sistema nervoso. Diversas regiões do encéfalo estão

envolvidas na representação até mesmo de um simples evento, mas cada região contribui de

forma diferente para a representação como um todo. O somatório total das alterações no

encéfalo que codificam inicialmente uma experiência e que então constituem o registro

daquela experiência é denominada engrama (SQUIRE; ZOLA, 1996; SQUIRE; KANDEL,

2003) (Figura 7).

Em 1973, os fisiologistas Timothy Bliss e Terje Lφmo demonstraram em neurônios

localizados no hipocampo que a estimulação elétrica de alta freqüência num axônio pré-

sináptico durante alguns segundos produz um aumento na magnitude da resposta pós-

sináptica. A duração da resposta pode variar entre alguns minutos a vários meses, ou até

mesmo uma vida inteira. Este fenômeno foi denominado pelos pesquisadores de

potencialização de longa duração (long-term potentiation- LTP). Dentre os mecanismos

envolvidos nesse processo temos: (1) a liberação do neurotransmissor glutamato pelo

neurônio pré-sináptico; (2) a ativação pós-sináptica de receptores glutamatérgicos dos tipos

AMPA, NMDA e metabotrópico; (3) a despolarização da membrana e aumento do Ca++

citoplasmático no neurônio pós-sináptico, com conseqüente ativação de enzimas como a Ca++

-

calmodulina-cinase; (4) a síntese e difusão de NO pelo neurônio pós-sináptico com

conseqüente aumento da liberação de glutamato pelo neurônio pré-sináptico. Do ponto de

vista funcional, a LTP corresponde a um processo de facilitação do sistema nervoso, cujo

estabelecimento depende da duração e da freqüência do estímulo repetitivo ou numa analogia,

depende do “treinamento” e, portanto, de um processo de aprendizagem. Apesar de ter sido

mais exaustivamente estudada no hipocampo os processos de LTP também são encontrados

em outras regiões envolvidas nos mecanismos de memória como a amígdala, o córtex pré-

frontal e o cerebelo (IZQUIERDO; MEDINA, 1997; MORRIS et al., 1986; MORRIS et al.,

2003).

35

Uma questão que foi durante muito tempo pesquisada buscava esclarecer se a memória

de curta duração é uma etapa da consolidação da memória de longa duração, ou se esses dois

processos são independentes. O pesquisador Izquierdo et al. (2002), utilizando a tarefa da

esquiva inibitória, observaram que tratamentos farmacológicos que interferem com sistemas

de neurotransmissores no hipocampo, ou nos córtices entorrinal ou parietal, afetam

diferentemente esses dois tipos de memória: podem bloquear a memória de curta duração sem

afetar a memória de longa duração; ou podem alterar ambas de forma distinta (melhorando

uma e dificultando a outra). Tais resultados sugerem, claramente, que esses dois processos

envolvem mecanismos diferentes e, em certa medida, independentes.

A memória não é igual para todos os eventos. Lembramos mais facilmente quando de

um evento envolvendo raiva ou felicidade. Isso significa que a memória é modulada pelas

emoções e o sistema límbico do qual fazem parte, o hipocampo, amígdala, septo medial,

bulbo olfatório e áreas talâmicas anteriores estão envolvidos.

A isquemia causa déficits cognitivos que podem estar ou não correlacionados com a

morte neuronal. Em roedores, a isquemia global promove déficits na memória declarativa

acessada através dos testes da esquiva passiva e do labirinto aquático que pode estar ou não

relacionado com a morte de neurônios hipocampais (KIM et al., 2008). Os mecanismos

responsáveis por esses efeitos envolvem alterações em receptores glutamatérgicos,

diminuição da expressão de proteínas citosólicas envolvidas nos processos de aprendizagem e

memória morte neuronal por apoptose (KIM et al., 2007; MAIA et al., 2004; MAROSI et al.,

2009; WALKER; ROSENBERG, 2008; YAMAMOTO et al., 2009; YOSHIOKA et al.,

1999).

1.6 Curcumina

Cúrcuma é um tempero indiano derivado do rizoma da planta Curcuma longa que tem

sido utilizada na medicina Ayurvédica para tratar infecções oculares feridas, picadas de cobra,

queimadura e acne. A Cúrcuma longa pertence à família Zingiberaceae e é amplamente

cultivada na Índia e em outras partes do sudeste asiático. O principal constituinte ativo da

cúrcuma e um dos responsáveis por sua cor amarelo vibrante é a curcumina (HATCHER et

al., 2008).

36

A curcumina foi isolada pela primeira vez em 1815 por Vogel e Pelleitier, obtida na

forma cristalina e identificada como 1,7-bis(4-hidroxi-3-metoxifenil)-1,6-heptadieno-3,5-

diona ou diferuloilmetano em 1870 e, finalmente, teve sua estrutura confirmada por Lampe

em 1910 (AGGARWAL; SUNG, 2008). Embora a curcumina seja o diferuloimetano, a sua

formulação comercial também contém em menor proporção demetoxicurcumina e

bisdemetoxicurcumina.

A curcumina tem peso molecular de 368,4 g/mol e fórmula molecular C21H20O6

(Figura 8). Ela é um polifenol que existe sob condições fisiológicas nas formas enólica e

cetônica. Em condições ácidas e neutras e em fase sólida, a forma cetônica predomina e a

curcumina atua como um dador potente de átomos de hidrogênio. Em contraste, sob

condições alcalinas (pH >7), a forma enólica predomina, e a região fenólica da molécula

desempenha o papel principal como doador de elétrons. A curcumina é solúvel em etanol,

acetona e dimetilsulfóxido (DMSO) e pouco solúvel em água (TONNESEN; KARLSEN,

1985).

Figura 8 - Estrutura química da curcumina.

Fonte: Hatcher et al., 2008.

Quando administrada oralmente a curcumina pode sofrer reações de glucuronidação,

sulfatação e redução no intestino formando produtos como: curcumina glicuronido, curcumina

sulfato, tetrahidrocurcumina, hexadihidrocurcumina e hexahidrocurcumino (IRESON et al.,

2002). A farmacocinética da curcumina tem sido estudada desde os anos 70, sua excreção

pela urina é insignificante sendo aproximadamente 75% da dose excretada pelas fezes

(WAHSTROMAND; BLENNOW,1978).

37

Estudos clínicos demosntraram a eficácia do tratamento com a curcumina em doença

inflamatória intestinal, artrite reumatóide, e diversos tipos de câncer (ALI; SHAKIR;

MORTON, 2012; CHANDRAN; GOEL, 2012; CHENG et al., 2001; SHEHZAD; WAHID;

LEE, 2010). De acordo com autoridades em saúde como o FDA (Food and Drug

Administration) e a Organização Mundial de Saúde a curcumina é considerada segura.

Diversos estudos pré-clínicos in vitro e in vivo tanto com a curcumina quanto com a cúrcuma

têm sido realizados. Além disso, para avaliar a eficácia terapêutica da curcumina existem mais

de 40 ensaios clínicos finalizados e cerca de 30 em andamento nas fases I e II. Em muitos

destes estudos além da avaliação da eficácia também foram incluídas observações

clínicas sobre possíveis efeitos adversos, fornecendo assim oportunidade para acessar com

segurança a tolerabilidade da curcumina (GOEL et al., 2008). Segundo Cheng et al. (2001) a

curcumina em doses elevadas como 12g/dia por via oral por 3 (três) meses não

causou quaisquer efeitos adversos e foi bem tolerada em humanos. Em tais

investigações, nenhuma toxicidade limitante da dose da curcumina foi obsevada. Além

disso, a segurança da curcumina também é evidenciada por uma variedade de estudos

experimentais em animais e in vitro. Apesar da sua eficácia e segurança, a curcumina ainda

não foi aprovada como agente terapêutico sendo a sua biodisponibilidade o principal

problema. Dentre as razões para a biodisponibilidade reduzida estão a baixa taxa de absorção

e seu metabolismo de primeira passagem.

A cucurmina apresenta efeito neuroprotetor em modelos de isquemia cerebral tanto

global quanto focal. Seus efeitos são mediados por suas propriedades antioxidante

(GHONEIM et al., 2002; THIYAGARAJAN; SHARMA, 2004), anti-inflamatória (DOHARE

et al., 2008) e anti-apoptótica (WANG et al., 2005). Outros estudos demonstraram o efeito

neuroprotetor da curcumina em modelo de doença de Parkinson (JAGATHA et al., 2008;

MANSOURI et al., 2010; RAJESWARI; SABESAN, 2008), de Alzheimer (AHMED;

ENAM; GILANI, 2010; BEGUM et al., 2008; GARCIA-ALLOZA et al., 2007; LIM et al.,

2001), de epilepsia (NOOR et al., 2012), de depressão (ARORA et al., 2011) e de estresse

crônico (XU et al., 2009).

38

Figura 9 – Potencias doenças alvo da curcumina.

Essa ampla variedade de efeitos deve-se ao seu grande número de alvos moleculares

que podem ser divididos em duas categorias: aqueles que a curcumina liga-se diretamente

modulando sua atividade e outra categoria que envolve modulação indireta ou secundária.

Dentre os alvos diretos da curcumina encontram-se enzimas como a ciclooxigenase-2 (COX-

2) e a lipooxigenase (LOX) (GAFENR et al., 2004; HONG et al., 2004). Os alvos indiretos

podem ser regulados positiva ou negativamente dependendo do alvo e da célula. Esse tipo de

ação ocorre, por exemplo, através de sua ação sobre fatores de transcrição como o NFkB.

A ação antioxidante da curcumina ocorre de maneira direta agindo como sequestrador

de radicais livres, tais como peróxido de hidrogênio e radical hidroxil, e ligando-se à cátions

divalentes como ferro e cobre (BARZEGAR; MOOSAVI-MOVAHEDI, 2011; BAUN; NG,

2004). De maneira indireta a curcumina altera os níveis de compostos do sistema de limpeza,

por exemplo, ativando o fator de transcrição Nrf-2 que, por sua vez, vai induzir o aumento da

expressão de diversos genes como o da enzima glutationa-S-transferase (BALOGUN et al.,

2003).

Devido a sua atividade antioxidante, a curcumina protege os animais dos danos

cognitivos, melhorando a memória de ratos. Em modelo de excitotoxicidade cerebral induzido

pela hemocisteína ela apresentou proteção na memória espacial e na memória aversiva

(AWASTHI et al., 2010).

39

A curcumina reduz a inflamação e a neurodegeneração diminuindo a interleucina 1β

(IL-1β) e o marcador astrocitário GFAP (BEGUM et al., 2008). Assim como outros anti-

inflamatórios não-esteroidais, a curcumina mostrou-se capaz de suprimir a transcrição do

fator NF-kb, que controla a expressão de genes como a ciclooxigenase-2 e ciclina D1, levando

a inibição da proliferação de células tumorais (TAKADA et al., 2004). Outro estudo mostrou

que os níveis neuronais de espécies reativas de oxigênio (EROs), de peroxinitrito e de NO

foram significativamente inibidas após o tratamento com a curcumina (DOHARE et al.,

2008).

Apesar da biodisponibilidade da curcumina ser limitada e sua meia-vida muito curta,

já foi demonstrado em estudos clínicos sua presença nas porções mais distais do trato

gastrointestinal (HATCHER et al., 2008) e, em estudos pré-clínicos, quando administrada por

via oral foi evidenciada sua presença no cérebro, demosntrando sua capacidade de atravessar

a barreira hematoencefálica (BEGUM et al., 2008).

1.7 Relevância e justificativa

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, o AVC representa a segunda causa

de morte em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 6 milhões de mortes/ano. No

Brasil apesar de haver uma tendência de queda esses valores continuam elevados, sendo

superiores aos encontradas em países desenvolvidos e ainda sendo considerada a quarta maior

taxa entre todos os países da América Latina.

O AVC representa a principal causa de incapacidade em todo o mundo. O seu pico de

incidência está entre a sétima e oitava década de vida, mas também pode ocorrer mais

precocemente, sendo que 10% dos pacientes têm idade inferior a 55 anos (ZÉTOLA et al.,

2001). Nos Estados Unidos os custos diretos e indiretos com AVC são de aproximadamente

50 bilhões de dólares anuais (SICARD; FICHER, 2009). O fato do AVC levar à incapacidade

indivíduos em idade produtiva tem um forte impacto econômico. Dados do Instituto Nacional

de Seguridade Social demonstram que o AVC é responsável por 40% das aposentadorias

precoces no Brasil (FALCÃO et al., 2004). Dentre as seqüelas encontram-se apraxia, afasia,

alterações visuais e de memória (KRIZ; LALANCETTE-HÉBERT, 2009).

Atualmente o tratamento mais utilizado é o ativador plasminogênio tecidual (rt-PA)

que possui baixa efetividade principalmente devido a curta janela para a utilização com

40

eficácia, devendo ser administrado até 3 horas após o aparecimento dos sintomas, e também

pelo temor de complicar eventos hemorrágicos. Devemos procurar drogas neuroprotetoras

capazes de impedir a lesão por reperfusão e bloquear cascatas de sinalização responsáveis

pelo dano neuronal. Algumas terapias foram testadas experimentalmente sem, no entanto

obter sucesso clínico que justifica seu uso nesta patologia. A lista de fracassos inclui

antagonistas de canais glutamatérgico e de cálcio, fármacos que inibem a liberação de

glutamato, fármacos que potencializam os efeitos do GABA e removedores de radicais livres

(GINSBERG, 2008; TARAWNEH; GALVIN, 2010).

Os benefícios do consumo de polifénois têm sido observados em estudos

epidemiológicos e experimentais (SCAPAGNINI et al., 2011). A curcumina apresentou

atividade neuroprotetora em diversos modelos de isquemia cerebral, entretanto seu efeito

sobre os déficits de memória induzidos por esse tipo de insulto ainda não foi avaliado

(RATHORE et al., 2008; DOHARE et al., 2008).

41

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Estudar os efeitos da curcumina sobre o déficit cognitivo, estresse oxidativo e

processo inflamatório de ratos submetidos à ICT.

2.2 Objetivos Específicos

Produzir dano cognitivo usando modelo de ICT por oclusão bilateral das artérias

carótidas em ratos;

Investigar se o tratamento com a curcumina previne o déficit cognitivo promovido

pela ICT;

Verificar o efeito da curcumina sobre a resposta inflamatória produzida pela ICT

através da determinação da atividade da enzima mieloperoxidase e concentrações de

IL-1β no hipocampo de ratos;

Avaliar o efeito do tratamento com a curcumina sobre o estresse oxidativo induzidos

pela ICT através das dosagens de nitrito, peróxidos lipídicos, GSH e SOD no

hipocampo de ratos;

Determinar o efeito da curcumina sobre a lesão neuronal produzido pela ICT através

das técnicas histoquímicas de Fluoro-jade C e violeta de cresil.

42

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Animais

Foram utilizados ratos (Rattus novergicus albinus, Wistar), com massa corpórea entre

230-280 gramas, provenientes do biotério central do Campus do Pici, da Universidade Federal

do Ceará (UFC) e transferidos para o biotério setorial do Departamento de Fisiologia e

Farmacologia, Faculdade de Medicina, UFC. Os animais foram mantidos em gaiolas plásticas

apropriadas, forradas com raspas de madeira, com ciclo de claro/escuro de 12h/12h e

alimentados com ração padrão e água à vontade.

No que se refere aos cuidados com os animais, este estudo seguiu os princípios éticos

da experimentação animal, estabelecidos pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal

(COBEA). O estudo foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em pesquisa animal da

Universidade Federal do Ceará sob o número de registro 052/07.

3.2 Drogas

Curcumina (C1368 - SIGMA); Cloridrato de Xilazina 2% (Kensol® Laboratórios König S.A,

Argentina); Cloridrato de Ketamina 5% (Vetanarcol®, Laboratórios König S.A, Argentina).

Todos os reagentes utilizados eram de grau analítico. O veículo utilizado para diluição da

droga foi fluído DMSO 6% em tampão fosfato 50mM.

3.3 Protocolo Experimental

Para a avaliação da atividade locomotora e memórias de trabalho e aversiva diferentes

doses de curcumina (50 ou 100mg/Kg) ou veículo foram administrados por via oral 1h antes,

24 e 48h após a cirurgia. A avaliação do estresse oxidativo e análise histológica 4d após a

cirurgia foram realizadas nos animais utilizados nos testes comportamentais já descritos. Para

a avaliação do estresse oxidativo, 6h e 24h após a cirurgia, e a avaliação dos parâmetros

inflamatórios, 24h após a cirurgia, a curcumina ou veículo foram administrados apenas 1h

antes da cirurgia. Ver protocolo experimental 1 (Figura 10).

Para a avaliação da memória espacial os animais foram tratados com curcumina (100

ou 300mg/Kg) ou veículo 1h antes e, diariamente, por mais 6 dias. A avaliação histológica 7d

após a Cirurgia foi realizada com esses animais. Ver protocolo experimental 2 (Figura 11).

43

Figura 10 - Protocolo experimental 1.

44

Figura 11 - Protocolo experimental 2.

3.4 Isquemia cerebral por oclusão bilateral da carótida (ULRICH et al., 1998)

Os animais foram anestesiados com xilazina (10mg/kg) e ketamina (90mg/kg)

administrados por via intraperitoneal para o procedimento cirúrgico.

Inicialmente foi feito uma incisão vertical na altura da traquéia para a exposição das

carótidas do animal. Após a separação do nervo vago as artérias carótidas foram pinçadas com

pinça buldogue e submetidas à isquemia durante 30 min. A temperatura foi monitorada e

mantida em torno de 37C. Ao fim deste período as pinças foram removidas para que

45

ocorresse a reperfusão. Após a isquemia o local da incisão foi suturado e os animais foram

colocados em gaiolas para recuperação da cirurgia com livre acesso a água e comida. Os

animais falso-operados (FO) foram submetidos aos procedimentos descritos para a cirurgia

com exceção do clampeamento das artérias carótidas.

3.5 Avaliação da atividade locomotora - Teste do Campo Aberto (Broadhurst, 1957).

O teste do campo aberto foi originalmente descrito por Hall (1934), para analisar o

estado emocional em ratos. O teste utilizado nesse trabalho foi baseado no modelo de

Broadhurst (1957) e foi utilizado com o intuito de aferir a capacidade locomotora dos animais.

O campo aberto consiste de uma arena quadrada (50 x 50 cm) com piso dividido em 4

quadrados iguais. No teste o animal foi colocado na arena e deixado para explorar o ambiente

por 5 minutos, durante este período foi registrado o número de quadrantes atravessados pelo

animal (crossing). Também foi avaliado o número de vezes que o animal se levantou para

explorar o ambiente, mantendo-se suspenso apenas pelas patas traseiras, caracterizando o

comportamento exploratório do tipo rearing. A arena foi limpa com álcool a 20% após cada

animal ser retirado, para evitar interferência do cheiro de urina e fezes no teste.

Figura 12 - Campo Aberto.

Fonte: arquivo pessoal.

46

3.6 Avaliação da memória de trabalho - Teste do labirinto em Y (SARTER et al., 1988).

A memória operacional ou de trabalho foi avaliada através do teste do labirinto em Y.

Nesse teste o animal é colocado em um labirinto em forma de Y com os três braços iguais

(SARTER et al., 1988). Os animais apresentam forte tendência de alternar a entrada nos

diferentes ambientes.

O labirinto em Y é composto por 3 braços de acrílico com 35 cm de altura, 12 cm de

largura e 40 cm de comprimento. Para a avaliação da memória os braços foram numerados.

Figura 13 - Labirinto em Y.

Fonte: arquivo pessoal.

O animal foi colocado no aparelho e durante 8 minutos o número de cada braço que o

animal entrou foi anotado. Foi considerado acerto cada vez que o animal entrou em 3

diferentes braços sem repetição. O resultado foi expresso em porcentagem e obtido através da

seguinte fórmula matemática:

47

O sucesso do teste é indicado pela alta taxa de alternância nos grupos controle,

indicando que os animais podem se lembrar em qual braço eles entraram por último (STONE

et al., 1991). Entre cada sessão, o labirinto foi higienizado com uma solução de álcool a 20%

e secado com toalhas de papel.

3.7 Avaliação da memória aversiva – Teste da Esquiva Passiva (De Noble, 1986)

Uma forma de avaliar o condicionamento pavloviano ao medo e a reposta instrumental

(operante) é através do teste da esquiva passiva. Durante o teste, a inibição da tendência

natural do animal de entrar no compartimento escuro, devido à presença de um componente

aversivo, constitui uma resposta condicionada.

O aparelho consiste de uma caixa de acrílico (48 x 22 x 22), dividida em dois

compartimentos separados por uma porta, um branco (iluminado) e um preto (escuro), este

tem o piso eletrificado. A porta permaneceu aberta durante todo o protocolo. O animal foi

colocado no compartimento iluminado e deixado para ambientação no aparelho durante um 1

min., quando então foi retirado. Após 30 segundos, o animal foi colocado novamente no

compartimento iluminado. O animal ao entrar no compartimento escuro, recebeu um choque

de 1,0 mA, durante 1 seg., com o tempo de latência para entrar sendo registrado, até um

máximo de 300 seg. (treino). Retirou-se o animal (alguns animais saíram espontaneamente

após o choque) e após 15 min. este foi colocado novamente no compartimento iluminado e

registrou-se a latência de entrada (avaliação da memória recente). A retenção do aprendizado

(avaliação da memória tardia) foi testada após 24 h, quando o animal era colocado no

compartimento iluminado e o tempo de latência para a entrada no compartimento escuro foi

registrado, nessa etapa o animal não recebe o choque.

48

Figura 14. Aparelho de Esquiva Passiva.

Fonte: Ugo Basili.

3.8 Avaliação da memória espacial - Teste do Labirinto Aquático (MORRIS et al. 1982)

Nesta versão do labirinto aquático os roedores aprendem a nadar a uma distância mais

curta possível das bordas de um tanque de água para uma plataforma escondida abaixo da

superfície. Eles aprendem guiados por pistas nas paredes ou outros estímulos visuais externos

ao tanque. Esta tarefa espacial é dependente do hipocampo.

O animal foi colocado de forma aleatória em uma piscina circular (180 cm de

diâmetro e 60 cm de profundidade) contendo água turva (3 cm de altura) com tinta branca

não tóxica 27 C, dividida espacialmente em quatro quadrantes, devendo encontrar uma

plataforma (7cm de diâmetro) submersa 2cm. O animal teve 60s para achar a plataforma (que

permaneceu no mesmo local em todos os treinos) e lá permaneceu por 10s. Quando o animal

não encontrava a plataforma sozinho ele era colocado sobre a plataforma. Este treino foi

realizado seis vezes por dia com intervalos de 30s entre os treinos, durante dois dias

(aprendizagem) e 48h após o último treino, os animais foram submetidos ao teste, agora sem a

plataforma, onde foi avaliada a retenção da memória. Na ocasião, os mesmos permaneciam na

piscina por 60s e foram registrados o tempo em que os animais permaneciam no quadrante em

que a plataforma deveria estar, o tempo de latência para encontrar o local da plataforma e o

número de vezes em que eles cruzaram o local exato da plataforma.

49

Figura 15 - Labirinto aquático.

Fonte: arquivo pessoal.

3.9 Dissecção do hipocampo

Os animais foram eutanasiados, seus cérebros rapidamente removidos e os

hipocampos foram retirados, pesados e em seguida congelados a -80˚C.

3.10 Ensaio para Mieloperoxidase (MPO) (BRADLEY; CHRISTENSEN; ROTHSTEIN,

1982)

Mieloperoxidase (MPO) é uma enzima presente nos grânulos de neutrófilos. Essa

enzima é utilizada como indicador de processo inflamatório, mais especificamente, como

marcador de migração de neutrófilos dos tecidos. Neste ensaio, a H2O2 é clivada por meio da

MPO presente nas amostras de tecido. O radical oxigênio (O˚) resultante se combina com

diidrocloreto de O-dianisidina que é convertido a um composto colorido. O aparecimento

deste composto, ao longo do tempo, é medido por espectrofotômetro para determinar o

conteúdo de MPO do ensaio.

Amostras do hipocampo foram homogeneizadas (50mg/mL) em uma solução de

brometo de hexadeciltrimetilamônio 0,5 % (HTAB) em tampão fosfato 50 mM, pH 6,0. Em

seguida, as amostras foram centrifugadas a 14000 rpm a 4˚C por 2 minutos. Adicionou-se

50

30μL do sobrenadante da amostra e 200μL da solução contendo 0,167 mg/ml de hidrocloreto

de -dianisidina e 0,0005 % de peróxido de hidrogênio. A absorbância foi medida nos

tempos 0,1 e 3 minutos no comprimento de onda 460nm. Os resultados foram dados como

unidades de MPO por mg de tecido. E uma unidade de MPO equivale à quantidade que

degrada 1μmol/min de peróxido de hidrogênio.

3.11 Dosagem de substâncias reativas ao àcido tiobarbitúrico (TBARS) (DRAPER;

HADELY, 1998).

O estresse oxidativo foi avaliado através do ensaio de TBARS (Substâncias Reativas

ao Ácido Tiobarbitúrico), um indicador de peroxidação lipídica em homogenatos

hipocampais. No dia do ensaio 250 µL do homogenato (10% em tampão fosfato) foi

introduzido em tubo de ensaio e incubado no banho de água a temperatura de 37ºC. Após a

incubação, 400 µL de ácido perclórico a 35% foram adicionados para parar a peroxidação,

após agitação e centrifugação a 14000 rpm por 10 minutos, o sobrenadante foi retirado e a

este 400µl de ácido tiobarbitúrico 0,6%. A mistura foi levada ao banho de água por 30

minutos a uma temperatura variável de 95 - 100ºC. A solução então foi retirada e colocada

para esfriar, após isso foi feita à leitura da absorbância no comprimento de 532nm. A curva

padrão foi obtida mediante leitura de várias concentrações de malondialdeído (MDA) padrão

(1,56; 3,12; 6,25; 12,5; 25; 50; 100) e os resultados foram expressos em concentração (µM).

3.12 Dosagem da atividade da Superóxido Dismutase (SOD) (BEAUCHAMP;

FRIDOVICH, 1971) .

Para avaliar a atividade dos sistemas antioxidantes foi realizado o ensaio da SOD. A

quantidade da enzima superóxido dismutase foi avaliada medindo-se sua capacidade de inibir

a redução fotoquímica do azul de nitro-tetrazolio (NBT). Nesse método a riboflavina reduzida

fotoquimicamente gera O2- o qual reduz o NBT produzindo formazan que absorve no

comprimento de onda de 560nm. Na presença de SOD a redução do NBT é inibida. Os

resultados são expressos em unidades da enzima, que é a quantidade de SOD necessária para

inibir a taxa de redução do NBT em 50%. O homogenato de hipocampo (10% em tampão

fosfato) foi centrifugado (10 minutos 3600rpm a 4°C). O sobrenadante foi retirado e

centrifugado novamente (20 min 12000rpm 4°C). Para o ensaio foi utilizado o sobrenadante.

Numa câmara escura foram misturados 1mL do meio de reação (tampão fosfato 50mM,

EDTA 100nM e L-metionina 13mM pH 7,8) 30 μL do sobrenadante ou do tampão fosfato,

51

1 0μL do NBT 7 0μM e 300 μL riboflavina 10μM. Os tubos contendo a solução obtida

foram expostos à luz fluorescente (15W) por 15minutos. Ao término do tempo, o material foi

lido em espectofotômetro a 560nm (BEAUCHAMP; FRIDOVICH, 1971).

3.13 Dosagem de Nitrito/nitrato (GREEN et al., 1981)

Nesse ensaio o reativo de Griess (N-1-naftiletilenodiamina a 0,025% e sulfanilamida a

0,25% em ácido fosfórico 2,5%) revela a presença de nitrito em uma amostra por uma reação

de diazotização que forma um cromóforo de cor róseo, com um pico de absorbância em 560

nm. Para realização do ensaio homogenatos de hipocampo (10% em tampão) foram

centrifugados (12000 rpm por 10 min) e 100 μL dos sobrenadantes foram adicionados a 100

μL do reagente de Griess. Para o branco utilizamos 100 L do tampão fosfato e 100 L

reagente de Griess. A curva padrão foi obtida mediante leitura de várias concentrações de

nitrito padrão (1,56; 3,12; 6,25; 12,5; 25; 50; 100) e os resultados foram expressos em

concentração (µM).

3.14 Determinação da concentração da glutationa reduzida (GSH) (SEDLAK;

LINDSAY, 1968)

O método utilizado baseia-se na reação do reagente de Ellman (ácido 5,5'-ditiobis

(ácido 2-nitrobenzóico) - DTNB) com o tiol livre originando um dissulfeto misto mais ácido

2-nitro-5-tiobenzóico com pico de absorbância em 412 nm. O preparo das amostras foi feito

da seguinte forma: 40 µL de cada amostra (homogenato do hipocampo a 10% em tampão

fosfato) foi adicionada a um eppendorf seguido da adição de 50 µL de água destilada e 10 µL

de TCA (ácido tricloro acético) 50%. O material foi centrifugado a 3000 rpm por 10 min e

retirado 60 µL do sobrenadante que foi adicionado a solução de DTNB em tampão Tris. A

curva padrão foi obtida mediante leitura de várias concentrações de GSH padrão (1,56; 3,12;

6,25; 12,5; 25; 50; 100) e os resultados foram expressos em µg.

3.15 Determinação da concentração Il-1β

Para a dosagem de IL-1β foi utilizado o kit de ELISA Ready-SET-Go. As amostras de

homogenatos de hipocampo (5% em tampão fosfato) foram centrifugadas (1600 rpm, 15 min)

e seus sobrenadantes utilizados para a quantificação. O protocolo seguiu as especificações do

fabricante.

52

3.16 Análise histológica

Os animais foram perfundidos através do coração, pelo ventrículo esquerdo com salina

gelada, seguido de paraformaldeído a 4% em PBS. Os cérebros foram removidos e pós-

fixados com formol tamponado por 24 horas, após esse período foram armazenados em

solução crioprotetora de sacarose a 30%. O tecido foi cortado no criostato e montado em

lâminas gelatinizadas.

3.16.1 Coloração de violeta de cresil (BITTENCOURT, 2007).

A coloração de Nissl é uma das técnicas mais utilizadas para investigação do sistema

nervoso. Ela permite a evidenciação da substância de Nissl, material granular constituído por

DNA ribossomal, o qual se concentra principalmente no nucléolo, possibilitando a

discriminação desta estrutura celular específica (BITTENCOURT, 2007). As lâminas foram

mergulhadas em água destilada durante 1 minuto para posterior incubação na solução de

violeta de cresil 0,5%, por um período de 3 minutos. Em seguida, as lâminas foram

desidratadas em álcool (50, 70 e 100%), diafanizadas e montadas em meio à base de xilol

(Entelan). A análise dos resultados foi realizada de maneira qualitativa.

3.16.2 Avaliação da morte celular através do Fluoro-jade C (SCHMUED et al., 2005).

Foi utilizada a técnica de marcação fluorescente com Fluoro-jade C, este liga-se

especificamente à neurônios em processo de degeneração (SCHMUED et al., 2005). As

lâminas foram hidratadas em água destilada. Depois, colocados em solução de permanganato

de potássio 0,06% por 6 minutos. Foram então lavadas em banho de água destilada durante 1

minuto. Em seguida, foram incubadas em solução de Fluoro-jade C 0,001%, em ácido acético

0,1%, durante 15 minutos. Após esse período, as lâminas foram lavadas 3 vezes com água

destilada por 3 minutos. Para a montagem das lâminas fez-se a desidratação com álcool em

álcool (50, 70 e 100%), diafanizadas e montadas em meio à base de xilol (Entelan).

3.17 Análise estatística

A avaliação dos testes comportamentais foi realizada utilizando o teste de Kruskal-

Wallis e, para comparação entre os grupos, foi utilizado o teste de Mann-Whitney. Para os

testes da esquiva passiva e treino do labirinto aquático também foram realizados o teste

ANOVA de medidas repetidas e, para comparações dentro dos grupos, o teste de Bonferronni.

53

Para avaliação dos demais resultados foi utilizada a análise de variância (ANOVA), seguido

do teste de Tukey. Em todos os testes o critério de significância de p < 0,05. Os resultados

foram expressos como média ± erro padrão da média. O programa de computador usado foi

Graph Pad Instat® 5.0.

54

4 RESULTADOS

4.1 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a atividade locomotora de ratos

submetidos à isquemia cerebral transitória (ICT)

Na avaliação da atividade locomotora não foram observadas alterações significativas

que pudessem prejudicar os animais para a execução dos testes de memória. A figura 16

representa o número de crossings (FO: 20,0±1,5; FO + C100: 21,5±2,9; ICT: 18,0±1,3; ICT +

C50: 18,0±1,2; ICT + C100: 22,0±1,6) e o número de rearings (FO: 6,0±1,2; FO + C100:

5,0±1,3; ICT: 5,5±1,2; ICT + C50: 7,0±0,91; ICT + C100: 5,0±0,56) (Figura 16).

Figura 16 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre o número de crossings e de rearings

de ratos submetidos à isquemia cerebral transitória (ICT).

FO

FO +

C10

0IC

T

ICT +

C50

ICT +

C10

0

0

10

20

30Crossings

Rearings

mero d

e e

ven

tos

Os animais foram tratados 1h antes, 24 e 48h após a cirurgia. N=8-10/grupo. Os valores

representam a média EPM.

55

4.2 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a memória de trabalho de ratos

submetidos à ICT

A ICT ou o tratamento com curcumina não afetou a memória de trabalho dos animais,

como observado pela porcentagem de alternações espontâneas no labirinto em Y (FO:

70,5±1,9; FO + C100: 67,0±3,3; ICT: 67,0±1,8; ICT + C50: 71,5±2,5; ICT + C100: 70,5±3,9)

(Figura 17).

Figura 17 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a memória de trabalho de ratos

submetidos à ICT.

FO

FO +

C10

0IC

T

ICT +

C50

ICT +

C10

00

20

40

60

80

Alt

ern

açõ

es e

sp

on

tân

eas (

%)

Os animais foram tratados 1h antes, 24 e 48h após a cirurgia. N=8-10/grupo. Os valores representam a média

EPM.

56

4.3 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a memória aversiva de ratos

submetidos à ICT

Animais submetidos à ICT apresentaram déficits significativos de memória tanto

recente quanto tardia quando comparado com o controle (Memória recente: FO: 117,8±36,2;

ICT: 35,3±7,9) (Memória tardia: FO: 221,1±39,8; ICT: 96,7±44,4). O tratamento com

curcumina (100 mg/Kg) foi capaz de reverter os déficits observados na memória recente (ICT

+ C50: 166,8±50,6; ICT + C100: 160,2±38,4), e na memória tardia (ICT + C50: 219,1±52,2;

ICT + C100: 234,7±42,5).

Através da uma análise dentro de cada grupo foi observado que animais FO

aprenderam a tarefa mais rapidamente, pois apresntaram latência significativamente maior

tanto na avaliação da memória recente quanto da tardia quando comparado com o treino.

Animais submetidos à ICT e que receberam veículo ou foram tratados com curcumina na dose

de 50 mg/kg apresentaram latência significativamente maior que a do treino apenas na

avaliação da memória tardia. Animais isquemiados e tratados com curcumina na dose de 100

mg/kg apresentaram desempenho semelhante aos animais FO.

Figura 18 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a memória aversiva recente e tardia

de ratos submetidos à ICT.

FO

FO +

C10

0IC

T

ICT +

C50

ICT +

C10

00

100

200

300Treino

Memória Recente

Memória Tardia

*

*

#

#

La

tên

cia

(se

g)

Os animais foram tratados 1h antes, 24 e 48h após a cirurgia. N=8-10/grupo. Os valores representam a média EPM. * vs FO, # vs ICT, p<0,05, testes de Kruskall-Wallis e Mann-Whitney.

57

4.4 Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) sobre o aprendizado e memória espacial de

ratos submetidos à ICT

Durante o aprendizado (treino) os animais FO apresentam uma melhora significativa

a partir da quarta sessão. Nos animais isquemiados que receberam veículo assim como nos

tratados com a curcumina a melhora no desempenho foi observada apenas na décima primeira

sessão (Figura 19).

Figura 19 – Efeito do tratamento com a curcumina (100 e 300mg/kg) sobre o aprendizado

espacial de ratos submetidos à ICT.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 0 1 1 1 2

0

1 5

3 0

4 5

6 0

F O

IC T

IC T + C 3 0 0

T r e in o

D ia 1 D ia 2

La

tên

cia

(s

eg

)

** *

******

##

#† †

Os animais foram tratados 1h antes e diariamente após a cirurgia. N=7-11/grupo. Os valores representam a

média EPM. * vs treino 1 FO, † VS treino 1 ICT, # vs treino 1 ICT + C100, p<0,05, ANOVA e teste de Bonferroni.

58

Na avaliação da retenção da memória espacial a isquemia promoveu um déficit

significativo nos parâmetros latência para alcançar a região onde estava a plataforma e

números de cruzamentos, e uma tendência a piorar no tempo de permanência no quadrante

(Latência: FO: 13,0±5,5; FO + C300: 26,0 ± 8,7; ICT: 45,0±7,9; Número de cruzamentos:

FO: 2,0±0,5; FO + C100: 1,0± 0,4; ICT: 1,0±0,3; Tempo de permanência no quadrante: FO:

16,0±2,2; FO + C100: 12,0± 3,7; ICT: 13,0±2,1). O tratamento com a curcumina (300mg/kg)

preveniu, embora não significativamente, o aumento da latência e promoveu tendência a

proteção nos parâmetros número de cruzamentos e tempo no quadrante (Latência: ICT +

C100: 60,0±8,3; ICT + C300: 12,0±8,7; Número de cruzamentos: ICT + C100: 0,0±0,42; ICT

+ C300: 2,0±0,78; Tempo de permanência no quadrante: ICT + C100: 10,0±2,7; ICT + C300:

16,0±2,7) (Figuras 20, 21 e 22).

Figura 20 - Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) na retenção de memória espacial, avaliada

através do parâmetro latência para alcançar a plataforma, de ratos submetidos à ICT.

FO

FO +

C30

0IC

T

ICT +

C10

0

ICT +

C30

00

20

40

60

*

Latê

ncia

(seg

)

Os animais foram tratados 1h antes e diariamente após a cirurgia. N=7-11/grupo. Os valores representam a

média EPM. * vs FO, p<0.05, testes de Kruskall-Wallis e Mann-Whitney.

59

Figura 21 - Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) na retenção de memória espacial, avaliada

através do parâmetro número de cruzamentos, de ratos submetidos à ICT.

FO

FO +

C30

0IC

T

ICT +

C10

0

ICT +

C30

00

1

2

3

4

*

mero

de c

ruzam

en

tos

Os animais foram tratados 1h antes e diariamente após a cirurgia. N=7-11/grupo. Os valores representam a

média EPM. * vs FO, p<0.05, testes de Kruskall-Wallis e Mann-Whitney.

Figura 22 - Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) na retenção de memória espacial, avaliada

através do parâmetro tempo de permanência no quadrante, de ratos submetidos à ICT.

FO

FO +

C30

0IC

T

ICT +

C10

0

ICT +

C30

00

5

10

15

20

25

Tem

po

no

qu

ad

ran

te (

seg

)

Os animais foram tratados 1h antes e diariamente após a cirurgia. N=7-11/grupo. Os valores representam a

média EPM.

60

4.5 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a peroxidação lipídica no hipocampo de

ratos submetidos à ICT

As figuras 23 e 24 mostram as concentrações de MDA 6 e 96 horas após a ICT no

hipocampo. Após 6 horas da cirurgia a isquemia promove o aumento dos níveis de MDA (FO:

12,1±3; ICT: 19,7±1,8). O tratamento com a curcumina não preveniu esse aumento (ICT +

C100: 17,8±1,9) (Figura 23). Após 96 horas da cirurgia a isquemia promove o aumento dos

níveis de MDA, embora não estatisticamente significativo. O tratamento com a curcumina

preveniu esse aumento (FO: 2,3±0,2; FO + C100: 2,7±0,3; ICT: 3,0±0,5; ICT + C50: 2,6±0,3;

ICT + C100: 1,9±0,2) (Figura 24).

Figura 23 - Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre a peroxidação lipídica em hipocampo de

ratos 6h após a ICT.

FO

FO +

C10

0IC

T

ICT +

C10

00

5

10

15

20

25

*

MD

A (

M)

Os animais foram tratados 1h antes da cirurgia. N=5-6/grupo. Os valores representam a média EPM. Os

valores representam a média EPM. . * vs FO, p<0.05,ANOVA e teste de Tukey.

61

Figura 24 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a peroxidação lipídica em hipocampo

de ratos 96h após a ICT.

FO

FO

+ C

100

ICT

ICT

+ C

50

ICT

+ C

100

0

1

2

3

4

#

MD

A (

M)

Os animais foram tratados 1h antes, 24 e 48h após a cirurgia. N=6-10/grupo. Os valores representam a média

EPM. Os valores representam a média EPM. . # vs ICT, p<0.05,ANOVA e teste de Tukey.

62

4.6 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a concentração de nitrito no hipocampo

de ratos submetidos à ICT

A partir a dosagem de nitrito podemos avaliar a presença de NO no tecido, visto que

este é um de seus metabólitos. As figuras 25, 26 e 27 mostram as concentrações de nitrito no

hipocampo 6, 24 e 96 horas após a cirurgia, respectivamente.

A ICT promoveu um aumento significativo de nitrito 6 horas após a cirurgia no

hipocampo e a curcumina foi capaz de prevenir este aumento (FO: 6,4±0,5; FO + C100:

6,5±0,3; ICT: 12,4±1,7; ICT + C100: 7,3±0,7) (Figura 25).

No hipocampo 24 (figura 26) e 96 horas (figura 27) após a cirurgia não foram

observadas alterações entre os grupos (24h: FO: 3,9±1,9; FO + C100: 3,2±1,6; ICT: 2,2±1,1;

ICT + C50: 1,2±0,7; ICT + C100: 2,0±0,9; 96h: FO: 3,5±0,6; ICT: 2,8±3,4; ICT + C50:

3,8±0,7; ICT + C100: 3,2±0,4).

Figura 25 - Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de nitrito/nitrato em hipocampo

de ratos 6h após a ICT.

FO

FO +

C10

0IC

T

ICT +

C10

00

5

10

15 *

#

Nit

rito

(

M)

Os animais foram tratados 1h antes da cirurgia. N=5-6/grupo. Os valores representam a média EPM. *vs FO, # vs ICT, p<0,05, ANOVA e teste de Tukey.

63

Figura 26 - Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de nitrito/nitrato em hipocampo

de ratos 24h após a ICT.

FO

FO +

C10

0IC

T

ICT +

C50

ICT +

C10

00

2

4

6

8

Nit

rito

(

M)

Os animais foram tratados 1h antes da cirurgia. N=5-6/grupo. Os valores representam a média EPM. Os

valores representam a média EPM. *vs FO, # vs ICT, p<0,05, ANOVA e teste de Tukey.

Figura 27 - Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de nitrito/nitrato em hipocampo

de ratos 96h após a ICT.

FO

ICT

ICT +

C50

ICT +

C10

00

1

2

3

4

5

Nit

rito

(

M)

Os animais foram tratados 1h antes, 24 e 48h após a cirurgia. N=8-10/grupo. Os valores representam a média

EPM. Os valores representam a média EPM. *vs FO, # vs ICT, p<0,05, ANOVA e teste de Tukey.

64

4.7 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre a concentração de glutationa reduzida

(GSH) no hipocampo de ratos submetidos à ICT

A figura 28 mostra a concentração de GSH 24 horas após indução da ICT no

hipocampo dos ratos. Podemos observar que a ICT não foi capaz de diminuir

significativamente os níveis deste peptídeo, mas a curcumina eleva esses níveis em ratos

isquemiados (FO: 11,8±8,0; FO + C100: 1,8±1,1; ICT: 4,9±2,5; ICT + C50: 17,8±5,2; ICT +

C100: 14,8±5,3).

Figura 28 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre os níveis de GSH em hipocampo de

ratos 24h após a ICT.

FO

FO +

C10

0IC

T

ICT +

C50

ICT +

C10

00

5

10

15

20

25 #

GS

H (

g)

Os animais foram tratados 1h antes da cirurgia. N=5-6/grupo. Os valores representam a média EPM. Os

valores representam a média EPM. # vs ICT, p<0,05, ANOVA e teste de Tukey.

65

4.8 Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre os níveis da superóxido dismutase (SOD)

no hipocampo de ratos submetidos à ICT

96 horas após a cirurgia a ICT promoveu uma diminuição significativa nos níveis de

SOD. A curcumina aumentou esses níveis embora não significativamente. (FO: 22,9±1,0; FO

+ C100: 21,7±2,6; ICT: 19,5±0,6; ICT + C50: 21,9±1,1; ICT + C100: 21,8±1,3) (Figura 29).

Figura 29 - Efeito da curcumina (50 e 100mg/kg) sobre os níveis de SOD em hipocampo de

ratos 96h após a ICT.

FO

FO+C

100

ICT

ICT +

C50

ICT +

C10

00

10

20

30

*

SO

D (

U/m

g p

rote

ína)

Os animais foram tratados 1h antes, 24 e 48 h após a cirurgia. N=6/grupo. Os valores representam a média

EPM. Os valores representam a média EPM. *vs FO, p<0,05, ANOVA e teste de Tukey.

66

4.9 Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre a atividade da mieloparoxidase (MPO) no

hipocampo de ratos submetidos à ICT

24h após a indução da ICT os animais isquemiados apresentaram aumento

significativo da MPO (FO: 2,29±0,3; ICT: 3,51±0,3). O tratamento com a curcumina foi

capaz de diminuir esses valores, porém não significativamente (ICT + C100: 2,32±0,5)

(Figura 30).

Figura 30 - Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre os níveis de MPO em hipocampo de ratos

24h após a ICT.

FO

ICT

ICT

+ C

100

0

1

2

3

4

5

*

MP

O (

U/m

g d

e t

ec

ido

)

Os animais foram tratados 1h antes da cirurgia. N=5-8/grupo. Os valores representam a média EPM. Os

valores representam a média EPM. *vs FO, p<0,05, ANOVA e teste de Tukey.

67

4.10 Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre a concentração de IL-1β no hipocampo de

ratos submetidos à ICT

A reação inflamatória foi avaliada também através da dosagem de IL-1β no

hipocampo dos animais 24 horas após indução da ICT. A figura 27 mostra que houve uma

tendência de aumento na quantidade de IL-1β no grupo ICT em relação ao controle no

hipocampo (FO: 17,7±3,1; ICT: 23,6±2,4) e o tratamento com a curcumina foi capaz de

diminuir esse aumento significativamente (ICT + C100: 9,7±1,8) (Figura 31).

Figura 31 - Efeito da curcumina (100mg/kg) sobre as concentrações de IL-1β em hipocampo

de ratos 24h após a ICT.

FO

ICT

ICT

+ C

100

0

1 0

2 0

3 0

#

IL-1

b (

pg

)

Os animais foram tratados 1h antes da cirurgia. N=4-5/grupo. Os valores representam a média EPM. Os

valores representam a média EPM. # vs ICT, p<0,05, ANOVA e teste de Tukey.

68

4.11 Efeito da curcumina (100 e 300mg/kg) sobre a integridade neuronal das regiões

CA1 e CA3 do hipocampo de ratos submetidos à ICT

A avaliação do dano neuronal foi realizada 4 e 7 dias após a cirurgia através das

técnicas histológicas Violeta de Cresil e Fluoro-jade C. Através da técnica de coloração com

Violeta de Cresil podemos observar a morfologia de neurônios. Quatro dias após a cirurgia as

regiões CA1 (Figura 32) e CA3 (Figura 33) hipocampais de animais submetidos à ICT

apresentaram neurônios com citoarquitetura celular anormal, com células vacuolizadas e

picnóticas, sem visualização de nucléolos (Figuras 32D e 33D). A curcumina (100 mg/kg)

(Figuras 32F e 33F) mostrou uma ação citoprotetora, com células apresentando citoarquitetura

normal, com núcleos e nucléolos bem visualizados, semelhantes ao FO (Figuras 32B e 33B).

A técnica do Fluoro-jade C é utilizada como marcador de morte neuronal. No

hipocampo dos animais submetidos à ICT, particularmente na região CA1 (Figura 34C e 34D)

observamos uma aumento da fluorescência, com maior número de células Fluoro-jade C

positivas quando comparados ao animal FO (Figuras 34A e 34B). O tratamento com

curcumina (100 mg/kg) (Figuras 34E e 34F) preveniu esse aumento. Na região CA3 (Figura

35) não observamos alterações na marcação de células Fluoro-jade C positivas entre os

grupos.

Sete dias após a cirurgia neurônios das regiões CA1 (Figura 36) e CA3 (Figura 37)

hipocampais de animais FO apresentam citoarquitetura preservada (Figuras 36B e 37B) e do

grupo ICT apresentaram neurônios com citoarquitetura celular anormal, com células

vacuolizadas (Figuras 36D e 37D). O tratamento com curcumina (300 mg/kg) não preveniu

essas alterações, apresentando neurônios com citoarquitetura anormal, alguns apresentando

picnose (Figuras 36F e 37F).

Sete dias após a cirurgia os animais submetidos à ICT apresentaram um aumento da

fluorescência em CA1 e CA3 (Figura 38D e 39D), com maior número de células Fluoro-jade

C positivas quando comparados ao animal FO (Figuras 38B e 39B). O tratamento com

curcumina (300 mg/kg) preveniu esse aumento apenas na região CA1 (38F) e não na CA3

(39F).

69

Figura 32 - Fotomicrografia da região CA1 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (100mg/kg) 4d após a cirurgia.

A e B: FO; C e D: ICT; E e F: ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Coloração

violeta de cresil.

70

Figura 33 - Fotomicrografia da região CA3 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (100mg/kg) 4d após a cirurgia.

A e B: FO; C e D: ICT; E e F: ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Coloração violeta de cresil.

71

Figura 34 - Fotomicrografia da região CA1 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (100mg/kg) 4d após a cirurgia.

A e B: FO; C e D: ICT; E e F: ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Fluoro-jade C.

72

Figura 35 - Fotomicrografia da região CA3 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (100mg/kg) 4d após a cirurgia.

A e B: FO; C e D: ICT; E e F: ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Fluoro-jade C.

73

Figura 36 - Fotomicrografia da região CA1 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (300mg/kg) 7d após a cirurgia.

A e B: FO; C e D: ICT; E e F: ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Coloração

violeta de cresil.

74

Figura 37 - Fotomicrografia da região CA3 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (300mg/kg) 7d após a cirurgia.

A e B: FO; C e D: ICT; E e F: ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Coloração

violeta de cresil.

75

Figura 38 - Fotomicrografia da região CA1 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (300mg/kg) 7d após a cirurgia.

A e B: FO; C e D: ICT; E e F: ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Fluoro-jade C.

76

Figura 39 - Fotomicrografia da região CA3 hipocampal de animais submetidos à ICT e

tratados com curcumina (300mg/kg) 7d após a cirurgia.

A e B: FO; C e D: ICT; E e F: ICT + C100. A, C e E: aumento de 10x; B, D e F: aumento de 40x. Fluoro-jade C.

77

5 DISCUSSÃO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) representa a segunda causa de morte em todo o

mundo e a primeira causa de incapacitação em adultos (DONNAN et al., 2008). Cerca de

80% dos casos de AVC são do tipo isquêmico. As sequelas decorrentes do AVC variam

dependendo da localização e do tamanho da área cerebral que foi atingida, assim como do

tempo que o paciente levou para ser atendido. Alterações motoras e sensoriais, afasia,

prejuízo na orientação espacial e déficits de memória têm sido descritas (BOKURA;

ROBINSON, 1997; BRADVIK; SONESSON; HOLTAS, 1989; GODEFROY et al., 1994).

As sequelas causadas por isquemia cerebral apresentam graves consequências para os

indivíduos afetados como também para a sociedade. Além da isquemia cerebral há diversas

situações que podem levar ao AVC como os embólicos ou hipotensão severa durante

operações cardiopulmonares e hipoperfusão sistêmica causada por falência cardíaca ou

hipovolemia. Dos indivíduos que sofrem um ataque cardíaco e são reanimados a sequela mais

comum está relacionada a déficits neurológicos principalmente a memória semântica

(ALEXANDER, 1997; REMPEL-CLOWER et al., 1996). Portanto, é de grande importância a

compreensão dos processos fisiopatológicos que levam ao dano isquêmico assim como a

descoberta de novas estratégias terapêuticas.

A fisiopatologia da isquemia cerebral envolve a liberação de glutamato e ativação

excessiva de seus receptores com aumento do Ca2+

citoplasmático, estresse oxidativo,

inflamação e apoptose. Atualmente, inúmeros ensaios clínicos têm testado diversos tipos de

agentes farmacológicos e dentre eles encontram-se antagonistas de receptores

glutamatérgicos, antioxidantes e antiinflamatórios, mas nenhum deles se mostrando eficaz,

ficando ainda como primeira escolha o rtPA (ativador de plasmonigênio tecidual).

O consumo de vegetais, frutas, raízes e folhas ricos em polifenois têm apresentado

efeitos benéficos na proteção contra doenças ligadas ao envelhecimento como câncer e

doenças cardiovasculares e neurodegenerativas. Esses efeitos envolvem suas propriedades

antiinflamatória e antioxidante (SUN et al., 2011). A curcumina é um polifenol com atividade

antioxidante e antiinflamatória.

No presente trabalho, 3 dias após a ICT não foi observada alteração motora

significativa, o que tornou possível a utilização destes animais nos testes de memória. Nossos

resultados corroboram com os resultados de Maia et al. (2004) que, utilizando protocolo

78

semelhante, também não observaram alterações nesse parâmetro. Diversos autores têm

demonstrado que, em gerbil, a isquemia global por oclusão das artérias carótidas promove um

aumento transitório na atividade locomotora (DUSZCZYK et al., 2006; KARASAWA et al.,

1994; LU et al., 2012). Block e Schwarz (1996) também observaram esse efeito utilizando o

modelo de oclusão dos 4-VO em ratos. O mecanismo responsável por essa alteração não foi

esclarecido, mas pode estar relacionado ao aumento da liberação de dopamina no estriado ou

a uma falha na habituação relacionada com morte de neurônios hipocampais (LIPTON, 1999).

No presente trabalho, a curcumina não alterou a atividade locomotora. Porém, Wang et

al. (2005) demonstraram que a curcumina preveniu o aumento na atividade locomotora

induzida por isquemia global em gerbil. No entanto, esses autores não avaliaram as possíveis

alterações no estriado e associaram a ação comportamental à neuroproteção observada no

hipocampo. Em modelo de Parkinson induzido por hemocisteína a curcumina preveniu a

diminuição na atividade locomotora e essa ação foi correlacionada com a neuroproteção na

substância negra (MANSOURI et al., 2012). Dessa maneira, a ação da curcumina sobre a

atividade locomotora estaria relacionada à neuroproteção em situações patológicas.

Atualmente, acredita-se que embora não haja um único sítio de armazenamento para a

memória, ela não se encontra homogeneamente dispersa ao longo do sistema nervoso. A

memória parece ser armazenada, transitória ou permanentemente, no mesmo conjunto de

estruturas encefálicas que participam da percepção inicial e do processamento do que será

lembrado. Assim, ela é armazenada em diversas áreas corticais, de acordo com sua função:

memórias auditivas no córtex auditivo, memórias visuais no córtex visual, e assim por diante.

O somatório das alterações no encéfalo que codificam inicialmente uma experiência e que

então constituem o seu registro é denominado engrama (SQUIRE; ZOLA, 1996; KANDEL,

2006).

A memória de trabalho ou operacional pode ser definida como uma memória ultra-

rápida que representa o armazenamento temporário de informação utilizado para planejar

uma ação futura. É utilizada em diversas habilidades cognitivas como raciocínio,

compreensão da linguagem e planejamento espacial (BADDELEY, 1986; DESPOSITO,

2007). A memória de trabalho não está localizada em uma única região cerebral. Ela envolve

interações funcionais entre o córtex pré-frontal (CPF) e diversas regiões cerebrais

(BADDELEY, 1986; DESPOSITO, 2007). O labirinto em Y, no qual a alternação entre seus

79

braços é avaliada, têm sido proposto para avaliar esse tipo de memória. Além do CPF, outras

regiões como hipocampo, estriado, diencéfalo e cerebelo influenciam o desempenho dos

animais nesse teste (LALONDE, 2002). A participação do hipocampo está relacionada com

a identificação do ambiente através de células piramidais denominadas “células de lugar”

que disparam seletivamente quando o animal se move circulando num determinado

ambiente.

No presente trabalho, 3 dias após a cirurgia, nem a ICT nem a curcumina promoveram

alterações na memória de trabalho. Nossos achados estão de acordo com Fontenele Filho

(2009) que utilizando o protocolo semelhante ao nosso não encontrou alteração nesse tipo de

memória. Entretanto, outros estudos utilizando o modelo obstrução transitória de 2 vasos em

camundongo demonstraram que a lesão isquêmica promove prejuízo na memória de trabalho

(KIM et al., 2006; KIM et al., 2007; YAMAMOTO et al., 2009). Kim et al. (2006)

associaram os déficits nas memórias de trabalho, aversiva e espacial promovidos por ICT com

a morte neuronal e a ativação da microglia nas regiões CA1 e GD hipocampais. Além disso,

esses autores observaram que o uso do flavonóide oroxilina A promoveu a prevenção da

morte neuronal e da ativação da microglia além da melhora cognitiva.

Apesar de não ser o local onde novos registros ficam guardados, o hipocampo atua

processando e intermediando o armazenamento nas áreas corticais. Em humanos, lesões

hipocampais têm sido associadas a déficits de memória declarativa. Esses indivíduos

apresentam amnésias anterógrada e retrógrada relacionada a fatos que aconteceram pouco

tempo antes da lesão (REMPEL-CLOWER et al., 1996). Em diversos mamíferos como rato,

camundongo e macaco foram demonstrados que lesões no hipocampo ou em suas estruturas

anatomicamente relacionadas, promovem déficits de memória declarativa (MORRIS, 1984;

KANDEL, 2009). Os mecanismos moleculares relacionados aos processos de aprendizagem e

memória envolvem, inicialmente, a ativação de receptores glutamatérgicos, entrada de Ca2+

,

ativação de proteínas como CaMKII, PKC e a proteína quinase Fyn. Os processos de

consolidação envolvem alteração gênica, síntese de novas proteínas e alterações morfológicas

(KANDEL, 2009).

A memória declarativa é elaborada para representar objetos e eventos no mundo

externo e as relações entre eles. Uma característica chave da memória declarativa é que a

resultante é flexível. Animais podem aprender relações entre itens armazenados e, então,

80

expressar esse conhecimento de relações em situações novas. Em roedores como rato e

camundongo esse tipo a memória declarativa pode ser acessada através de testes como o da

esquiva passiva e do labirinto aquático (CLARK; SQUIRE, 2010; DEW; CABEZA, 2011).

No teste da esquiva passiva após um único treino o animal deve lembrar-se do ambiente no

qual levou um choque e evitá-lo. Esse teste possui um componente emocional sendo

considerada uma memória aversiva. O sistema límbico do qual fazem parte o hipocampo,

amígdala, septo medial, bulbo olfatório e áreas talâmicas anteriores participam modulando

esse tipo de memória (IZQUIERDO et al., 2006). O teste do labirinto aquático é amplamente

utilizado no estudo da memória espacial. A versão utilizada no presente trabalho, no qual o

animal é colocado em diferentes pontos de uma piscina e deve encontrar uma plataforma

submersa, é dependente da integridade do hipocampo (MORRIS, 1984).

Na avaliação da memória aversiva, os resultados desse estudo mostram que a ICT

promoveu déficits nas memórias recente e tardia. Estudos utilizando o modelo de ICT em

camundongo e ratos demonstraram que o insulto isquêmico promove prejuízo na memória

aversiva avaliada através do teste da esquiva passiva (KIM et al., 2006; KIM et al., 2007;

YAMAMOTO et al., 2009). O estudo anterior realizado em nosso grupo (MAIA et al., 2004)

mostrou correlação entre o déficit cognitivo com aumento nas concentrações de MDA e

nitrito no hipocampo.

O tratamento com curcumina na dose de 100mg/kg foi capaz de reverter esses efeitos.

Corroborando com nossos resultados, outros autores demonstraram que a curcumina previne o

déficit na memória aversiva em modelos de neurotoxicidade induzida alumínio (PAN et al.,

2008) e de disfunção cognitiva induzida por antiepiléticos (REETA; MEHLA; GUPTA,

2010). Além disso, Ataie et al. (2010) utilizando modelo de demência induzida por

hemocisteína, demonstraram que o tratamento com curcumina promoveu a diminuição do

estresse oxidativo e a neuroproteção no GD, resultando na prevenção do déficit mnemônico.

No presente trabalho a ICT promoveu déficits no aprendizado e memória espacial.

Estudos utilizando o modelo de ICT em camundongo e ratos demonstraram que o insulto

isquêmico promove prejuízo na memória espacial avaliada através do teste do labirinto

aquático (KIM et al., 2006; KIM et al., 2007; MAIA et al., 2004). Hartman et al. (2005)

utilizaram o modelo de oclusão de 2 vasos com hipotensão em rato correlacionaram o déficit

de memória com a morte de neurônios da região CA1.

81

A curcumina não reverteu o déficit no aprendizado. No entanto, quando avaliamos a

memória, observamos que o tratamento com curcumina (300mg/kg) preveniu, embora não

significativamente, o aumento da latência para alcançar a plataforma e promoveu tendência a

proteção nos parâmetros número de cruzamentos e tempo de permanência no quadrante.

Trabalhos demonstram que a curcumina previne o déficit na memória espacial induzido por

estresse crônico (XU et al., 2009) e demência induzidas por alumínio (KUMAR; DOGRA;

PRAKASH, 2009) e por β- amilóide (AHMED; ENAM; GILANI, 2010).

A indução da isquemia global em ratos e camundongos por oclusão das artérias

carótidas promove a diminuição do fluxo sanguíneo cerebral causando lesão hipóxica em

áreas fracamente perfundidas e vulneráveis. O tecido cerebral é extremamente sensível à

isquemia/reperfusão. Um breve evento isquêmico pode desencadear uma complexa

sequência de eventos podendo ou não culminar com a perda da funcionalidade sináptica e

morte neuronal. Neurônios piramidais da camada CA1 hipocampal são particularmente

sensíveis a esses eventos devido à alta densidade de receptores glutamatérgicos do tipo

NMDA e AMPA que deixa a região mais exposta a excitotoxicidade. No entanto, a

depender da intensidade do estímulo, neurônios de outras regiões hipocampais, como as

zonas CA2 e CA3 e o GD, assim como de outras áreas cerebrais como estriado e córtex

cerebral também podem ser afetados (KIM et al., 2006; LIPTON, 1999; WALKER;

ROSENBERG, 2009).

Déficits cognitivos promovidos por isquemia não ocorrem apenas quando há morte

neuronal. Yamamoto et al. (2009) demonstraram que 20 minutos de isquemia por oclusão das

artérias carótidas promoveu morte neuronal em CA1 e déficit de memória e, que ao diminuir

o tempo de isquemia para 5 minutos, a morte neuronal não ocorria, mas o déficit de memória

persistia. Esse déficit foi correlacionado com a diminuição da expressão de CaMKII, MAP-2

e o receptor GluR1. Marosi et al. (2009) demonstraram que 3 dias após a indução de ICT

ocorria o prejuízo na LTP com ausência de degeneração em neurônios hipocampais.

No presente trabalho a avaliação do dano neuronal foi realizada 4 e 7 dias após a

cirurgia. Quatro dias após a cirurgia os animais submetidos à ICT apresentaram neurônios da

região CA1 e CA3 com citoarquitetura celular anormal, com células vacuolizadas e

picnóticas, sem visualização de nucléolos. Na região CA1 também foi observado o aumento

de células Fluoro-jade C positivas, indicando morte celular. Sete dias após a cirurgia a ICT

82

promoveu alterações morfológicas como neurônios vacuolizados, assim como aumento de

células Fluoro-jade C positivas nas regiões CA1 e CA3 hipocampais, indicando neurônios em

degeneração. Nossos resultados corroboram com dados da literatura que demonstram que, em

modelo de ICT por oclusão 2-VO, os neurônios hipocampais entram em apoptose de 3 a 7

dias após o insulto isquêmico (CHEN et al., 1998; MAGNONI et al., 2004; OGURO et al.,

2001; WALKER; ROSENBERG, 2009). Diversos mecanismos têm sido propostos para essa

morte neuronal incluindo ativação excessiva de receptores glutamatérgicos, excesso de Ca2+

citoplasmático, estresse oxidativo e inflamação.

Quatro dias após a indução de ICT animais tratados com curcumina (100 mg/kg)

apresentaram neurônios das regiões CA1 e CA3 hipocampais com citoarquitetura normal,

com núcleos e nucléolos bem visualizados além de apresentar uma diminuição de neurônios

em degeneração (Fluoro-jade C positivas) na região CA1. Nossos achados demonstraram que

a curcumina preveniu o déficit na memória aversiva e a morte neuronal em CA1 quatro dias

após a isquemia. Esses dados corroboram com o trabalho de Wang et al. (2005) que

demonstraram que o tratamento com curcumina previne a morte neuronal na região CA1

hipocampal de animais submetido à isquemia/reperfusão 96h após cirurgia. Os autores

demonstraram que ação neuroprotetora da curcumina foi mediada pela diminuição da

expressão de NK-kb e ICAM-1. Sete dias após a isquemia a curcumina também impediu a

morte em CA1. Entretanto, o tratamento não preveniu as alterações morfológicas em CA1 e

CA3 e nem a morte em CA3. Portanto, a curcumina promoveu um atraso na lesão neuronal

que poderia ser responsável pela tendência a proteção do déficit de memória espacial.

Em humanos, o consumo de curcumina tem sido associado a uma menor incidência de

doenças de Alzheimer e de Parkinson além de melhora cognitiva (NG et al., 2006). Em

modelos animais os mecanismos responsáveis pela prevenção dos déficits cognitivos parecem

ser mediados por suas propriedades antiapoptóticas (PAN et al. 2008) e sua capacidade de

alterar bioquímica e morfologicamente as sinapses (AHMED; ENAM; GILANI, 2010; XU et

al. 2009). In vitro a curcumina preveniu a apoptose através da inibição da ativação de JNK em

modelos de toxicidade induzida por glutamato (SUH; KANG; KWON, 2007) e MPTP (YU et

al., 2010). Em modelo animal de excitotoxicidade por glutamato sua ação ocorreu por

ativação da via BDNF/TrkB (WANG et al., 2008) e inibição das vias JNK/c-Jun e p38/p53

(CHEN et al., 2003). Rathore et al. (2008) utilizando modelo de isquemia focal transitória

83

demonstraram que a curcumina preveniu a ativação da caspase-3, apoptose, estresse

oxidativo, déficit neurológico e alteração motora avaliados 24 h após a isquemia.

EROs e ERNs são produzidas fisiologicamente através do metabolismo celular e, em

concentrações moderadas, desempenham importantes papéis em processos de sinalização

celular, apoptose, expressão gênica e transporte iônico. Essas moléculas são rigidamente

controladas por antioxidantes que podem agir de maneira direta, atuando como “scavenger”

(seqüestradores), ou de maneira indireta através do aumento da expressão de enzimas

antioxidantes (LU et al., 2011). Entretanto, o excesso desses radicais causa o estresse

oxidativo, um processo deletério que pode ser um importante mediador dos danos a estruturas

celulares, como lipídeos, proteínas e DNA (VALKO et al., 2007). O dano celular associado à

isquemia envolve a formação de RLs e ocorre através de diversos mecanismos como o

desarranjo mitocondrial e acúmulo de Ca2+

citoplasmático. Durante a fase isquêmica ocorre o

desacoplamento da cadeia transportadora de elétrons na mitocôndria e, quando ocorre a

reperfusão com consequente retorno da oferta de oxigênio, o estresse oxidativo é intensificado

(LIPTON, 1999).

Um dos principais componentes celulares afetados pelo estresse oxidativo é a

membrana celular que sofre um processo de peroxidação. O MDA é um aldeído de cadeia

curta, sendo o principal produto da peroxidação lipídica. No presente trabalho a ICT

promoveu o aumento das concentrações de MDA no hipocampo 6h e 4d após a cirurgia.

Nossos dados estão de acordo com a literatura. O tratamento com curcumina não preveniu

essa alteração 6h após a cirurgia. Quando avaliado 4 dias após a cirurgia a curcumina

promoveu a diminuição de MDA em animais submetidos à ICT. A inibição da peroxidação

lipídica pela curcumina foi demonstrada em modelos de isquemia/reperfusão tanto global

(GHONEIM et al., 2002) quanto focal (RATHORE et al., 2008). A falha na diminuição da

peroxidação lipídica pela curcumina presente no nosso trabalho pode estar relacionada à

diferente via de administração, pois os outros autores utilizaram a via intraperitoneal.

Durante a isquemia/reperfusão o NO apresenta efeitos protetores, dilatando vasos e

dessa maneira aumentando a oferta de glicose e oxigênio, e deletérios reagindo com o radical

superóxido formando então o íon peroxinitrito. Essa molécula é extremamente tóxica e

danifica proteínas, lipídeos de membrana e DNA. De maneira indireta podemos quantificar a

produção do NO através da dosagem de seu metabólito nitrito. No hipocampo a ICT

84

promoveu o aumento de nitrito 6h, mas não 24h e nem 4d após a cirurgia. Galvão et al. (2004)

observaram o aumento nos níveis de nitrito 24h após a ICT, porém o período do insulto

isquêmico utilizado nesse trabalho foi maior (45min). O tratamento com curcumina preveniu

o aumento dos níveis de nitrito em modelo de isquemia tromboembólico (DOHARE;

VARMA; RAY, 2008) e também preveniu o aumento de nitrito e da expressão de iNOS em

modelo de isquemia focal transitória (JIANG et al., 2007).

A enzima superóxido dismutase é uma das responsáveis pelo “seqüestro” de radicais

livres, mais especificamente retirando o anion superóxido com conseqüente formação de

peróxido de hidrogênio (LU et al., 2011). No presente trabalho, a ICT promoveu uma

depleção significativa da SOD 4d após a cirurgia. O aumento da expressão da SOD

mitocondrial torna animais menos susceptíveis ao insulto isquêmico (SUGAWARA et al.,

2002) e a sua depleção foi demonstrada em diversos modelos de isquemia cerebral. No

presente trabalho, o tratamento com a curcumina atenuou a depleção dessa enzima. Rathore et

al. (2008) demonstraram que a administração de curcumina reverteu a depleção de SOD,

aumento de EROs e ativação de caspase-3 induzidos por isquemia focal transitória. Shukla et

al. (2008) demonstraram que 5d de pré-tratamento com a curcumina, por via oral, preveniu a

depleção de SOD causada por isquemia focal transitória.

O sistema glutationa é capaz de degradar o peróxido de hidrogênio e assim atuar como

scavenger em situações de estresse oxidativo. Para que isso ocorra, a glutationa reduzida

(GSH) é utilizada, levando a sua depleção (LU et al., 2011). A ICT promoveu a depleção de

GSH 24h após a cirurgia. A curcumina reverteu a depleção de GSH em modelo de isquemia

tromboembólico (DOHARE et al., 2008) e em modelo de isquemia cerebral transitória

(GHOENEIM et al., 2002), corroborando com nossos resultados.

A ativação de segundos mensageiros por Ca2+

, o acúmulo de RLs, assim como a

própria hipóxia, promovem alteração na expressão de diversos genes através da ação de

fatores de transcrição como o NF-kb (DIRNAGL; IADECOLA; MOSKOWITZ, 1999).

Dentre as proteínas que passam a ser expressas encontram-se citocinas como IL-1β, TNF- α e

quimiocinas como MCP-1 e MIP-1α (BROUNS; DE DEYN, 2009). Esses mediadores

induzem a expressão de moléculas de adesão intracelular (ICAM-1) pelas células endoteliais

nos capilares que promovem a adesão e migração transendotelial de neutrófilos e macrófagos

(YI et al., 2007). Poucas horas após o início da isquemia leucócitos circulantes aderem às

85

paredes dos vasos e migram para as regiões afetadas liberando mais mediadores inflamatórios

e intensificando a lesão, os neutrófilos representam o primeiro subtipo de leucócito a migrar

para as regiões afetadas (BROUNS; DE DEYN, 2009).

No presente trabalho 24h após a ICT ocorreu um aumento, embora não significativo,

dos níveis de IL-1β no hipocampo. Sairanen et al. (1997) demonstraram que ratos submetidos

à oclusão bilateral das artérias carótidas (20 minutos de isquemia) juntamente com hipotensão

seguido de reperfusão apresentavam aumento da expressão de mRNA da IL-1β ao longo de

24horas em diversas regiões hipocampais. O aumento dos níveis de IL-1β cerebral foi

associado com prejuízo na LTP hipocampal em modelo de isquemia global (YOSHIKA et al.,

1999; TOGASHI et al., 2001) e de inflamação por LPS (TANAKA et al., 2011). No presente

trabalho, o tratamento com a curcumina diminuiu os níveis dessa citocina. Esse resultado

corrobora com outros autores que demonstraram que a curcumina previne o aumento de IL-1β

em modelo de doença de Alzheimer (BEGUM et al., 2008; LIM et al., 2001). Em modelo de

hipóxia esse diminuição foi mediado por inibição da expressão de NF-kb (HIMADRI et al.,

2010). No nosso trabalho, a prevenção do aumento da IL-1β pode ser um dos fatores

associados a proteção cognitiva descrita anteriormente.

Os nossos achados demonstram que 24h após a ICT houve um aumento da atividade

de MPO no hipocampo, indicando migração de neutrófilos. Galvão et al. (2005) observaram

que a ICT promoveu o aumento de MPO e alterações morfológicas no hipocampo e que o uso

do antiinflamatório tenoxicam preveniu esses efeitos. No presente trabalho o tratamento com

curcumina reverteu, embora não significativamente, esse aumento. Outros autores

demonstraram que a curcumnina previne o aumento de ICAM-1 via inibição da expressão de

NF-kb em modelo de ICT (ZHUANG et al., 2009) e de hipóxia (HIMADRI et al., 2010).

Dohare et al. (2008) demonstraram que a administração de curcumina por via intraperitoneal

preveniu a migração de neutrófilos em modelo de isquemia cerebral tromboembólica.

No presente trabalho a administração oral de curcumina atenuou os efeitos deletérios

promovidos por isquemia cerebral transitória. A curcumina reduz a inflamação, o estresse

oxidativo e a morte neuronal em diversos modelos de doenças neurodegernerativas. Ela

também apresenta potente efeito neuroprotetor em diversos modelos de isquemia cerebral

quando administrada por via intravenosa ou intraperitoneal (DOHARE et al., 2008; JIANG et

al., 2008; LIM et al., 2001; PAN et al., 2008; THIYAGARAJAN; SHARMA, 2004; WANG

86

et al., 2004). Portanto, as limitações de sua disponibilidade poderiam justificar a ausência

proteção em alguns parâmetros avaliados. Atualmente, há a procura por novas formas de

melhoramento de sua molécula para que seus limitações farmacocinética e de

biodisponibilidade sejam superadas. Em humanos, a revascularização dos vasos cerebrais

durante o AVC isquêmico agudo através do uso do tPA apesar de ser a primeira escolha

apresnta séria limitações. A curcumina, devido ao seu amplo espectro de ação, é uma forte

candidata ao papel de droga neuroprotetora capaz de impedir a progressão do dano tecidual

durante a reperfusão cerebral.

87

6 CONCLUSÃO

A isquemia cerebral transitória produziu morte neuronal nas regiões CA1 e CA3

hipocampais, bem como produziu déficits nas memórias aversiva e espacial. Estes efeitos

foram atenuados pela curcumina.

Em relação à inflamação a isquemia cerebral transitória promoveu o aumento atividade

da Mieloperoxidase bem como tendência ao aumento dos níveis de IL-1β no hipocampo. A

curcumina apresentou tendência na prevenção do efeito na mieloperoxidase e impediu o

aumento de IL-1β.

Em relação ou estresse oxidativo a isquemia cerebral transitória promoveu o aumento

dos níveis de MDA e nitrito. A curcumina preveniu o aumento de nitrito e de MDA 4d após a

cirurgia de MDA. Entretanto, a curcumina não foi capaz de bloquear o aumento de MDA 6h

após a cirurgia.

Em relação aos sistemas antioxidantes a isquemia cerebral transitória promoveu a

depleção de SOD e tendência à diminuição de GSH. A curcumina aumentou os níveis de GSH

e promoveu tendência à reversão da SOD em animais submetidos à ICT

Os resultados do presente estudo sugerem que a curcumina apresenta um importante

potencial neuroprotetor. Entretanto, há a necessidade de que novas formas farmacêuticas

sejam desenvolvidas com intuito de que a curcumina possa efetivamente exercer ação

neuroprotetoras em pacientes com AVC.

88

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