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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS MARCOS ANTONIO MARTINS DA SILVA AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TALIDOMIDA SOBRE OS DANOS INTESTINAIS E HEPÁTICOS INDUZIDOS PELA INDOMETACINA EM RATOS WISTAR FORTALEZA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE MEDICINA

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MÉDICAS

MARCOS ANTONIO MARTINS DA SILVA

AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TALIDOMIDA SOBRE OS DANOS INTESTINAIS E HEPÁTICOS INDUZIDOS PELA INDOMETACINA EM

RATOS WISTAR

FORTALEZA 2011

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MARCOS ANTONIO MARTINS DA SILVA

AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TALIDOMIDA SOBRE OS DANOS INTESTINAIS E HEPÁTICOS INDUZIDOS PELA INDOMETACINA EM RATOS WISTAR.

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Geanne Matos de Andrade

FORTALEZA-CE 2011

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde

S582a Silva, Marcos Antonio Martins da.

Avaliação do efeito da talidomida sobre os danos intestinais e hepáticos induzidos pela indometacina em ratos Wistar / Marcos Antonio Martins da Silva. – 2011.

85f. : il. color., enc. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências da

Saúde, Departamento de Medicina Clínica, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, Fortaleza, 2011.

Orientação: Profa. Dra. Geanne Matos de Andrade 1. Talidomida. 2. Indometacina. 3. Hemorragia Gastrointestinal I. Título.

CDD 616.3

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MARCOS ANTONIO MARTINS DA SILVA

AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TALIDOMIDA SOBRE OS DANOS INTESTINAIS E HEPÁTICOS INDUZIDOS PELA INDOMETACINA EM RATOS WISTAR

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre.

Aprovado em: 08/07/2011

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Deus, por estar comigo nos momentos difíceis e tornar a minha vida

mais doce e tranquila.

À minha família, porque é nela que vou buscar incentivo para continuar e o

amparo nos momentos mais difíceis, especialmente a minha mãe Maria Lucimar

Martins da Silva, pelo amor e apoio incondicional e pela força para suportar todas as

adversidades do dia a dia.

À Profª. Drª. Geanne Matos de Andrade, minha orientadora, pela atenção,

dedicação, competência e por tudo o que fizera por mim durante todo esse período

do mestrado e, principalmente, por não me permitir desistir dessa jornada.

Ao Prof. Dr. Vietla Satyanarayana Rao, por sua amizade, colaboração e

disposição em sempre me ajudar, mesmo sabendo que por vezes me perco nas

bifurcações do caminho.

À Profª. Drª. Flávia Almeida Santos, pelo seu apoio e amizade.

Ao Prof. Dr. Dalgimar Beserra Menezes, do Departamento de Patologia e

Medicina Legal da Faculdade de Medicina da UFC, pelo auxilio na realização das

análises histopatológicas e prestimoso suporte a mim dispensado, por seu altruísmo

sui generis.

Ao Dr. Francisco Vagnaldo Fechine Jamacaru, da Unidade de Farmacologia

Clínica da UFC, por seu auxílio valioso nas análises estatísticas.

Ao Dr. Hemerson Yuri Ferreira Magalhães, pelo apoio inconteste, amizade e

pelos momentos compartilhados.

À Drª. Rosangela Albuquerque Ribeiro e ao Dr. Gentil Claudino Galiza Neto,

pelo apoio e incentivos constantes ao longo deste período e por terem me ensinado

a gostar de coagulação.

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À Eunice Bobo de Carvalho, doutoranda do Programa de Pós-Graduação

em Ciências Médicas da UFC, pela sua amizade, dinamismo e constante incentivo

na execução deste trabalho.

À Julianna Catharina Neves, Carolina Melo Souza, mestranda e doutoranda

do Laboratório de Neurociência e Comportamento da UFC, pelo companheirismo e

pela valiosa cooperação na fase final deste trabalho.

Ao Professor Doutor Hélio Vitoriano Nobre, do Departamento de Farmácia

da UFC, por seus incentivos na conclusão deste mestrado.

Agradeço às secretárias Ivone Fontenele e Rita Almeida, da coordenação do

Curso de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UFC, pela atenção que sempre

disponibilizaram, não só a mim, mas também a todos os pós-graduandos.

À Vilanny Rodrigues Bastos, técnica do Laboratório de Neurofarmacologia,

por sua enorme ajuda durante a execução deste trabalho.

A Carlos Jorge, Eloneide Vasconcelos, Fátima Marques, Kátia Maria

Carneiro, Rita Marinei, funcionários da Unidade Laboratorial em Hematologia do

Hemoce, pela ajuda na realização das análises laboratoriais.

À coordenação do Curso de Pós-Graduação em Farmacologia e aos

professores da área pelos ensinamentos durante as disciplinas cursadas.

A todos os professores, funcionários e equipe da coordenação do Programa

de Pós-Graduação em Ciências Médicas da UFC, que foram infinitamente

responsáveis pela concretização deste sonho. O meu eterno e inesquecível! Muito

Obrigado!

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“É melhor tentar e falhar, que se preocupar e ver a vida passar; é melhor tentar, ainda que em vão, que se sentar fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias tristes em casa me esconder. Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver...”. (Martin Luther King)

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RESUMO

O uso clínico de indometacina, embora eficaz na supressão da dor, febre e

inflamação, é frequentemente associado a efeitos deletérios sobre o sistema

gastrointestinal, hematológico e renal, que limitam o seu uso terapêutico. Este

estudo analisou se a talidomida poderia reduzir a letalidade induzida pela

indometacina e as alterações hematológicas e bioquímicas no sangue, os danos

intestinais, além do efeito da talidomida sobre o epitélio intestinal e o aumento nos

níveis de fibrinogênio plasmático induzido pela indometacina em ratos. Os ratos

foram tratados com indometacina (5,0 mg/kg), talidomida 100,0 mg/kg e 200,0

mg/kg, e ampicilina (200,0 mg/kg), via oral, num período de cinco dias. Os animais

foram submetidos à coleta de sangue no quinto dia de tratamento, mediante a

punção do plexo-orbital do olho. Os parâmetros estudados foram: eritrograma,

contagem de leucócitos, tempo de protrombina (TP), tempo de tromboplastina

parcial ativada (TTPA), fibrinogênio, contagem de plaquetas, cultura do lavado

peritoneal e dosagem de mieloperoxidase (MPO) nesse lavado, avaliação hepática

(ALT, AST, FA, GGT) e glicose. Os resultados do TP, TTPA, antitrombina, contagem

de plaquetas, mantiveram-se normais em relação ao grupo controle. Nos animais

tratados com indometacina, observamos um aumento (p <0,001) nos níveis de

fibrinogênio (637,50±13,19 mg/dL) sendo o mesmo revertido pelo tratamento com

talidomida 100,0 mg/kg e 200,0 mg/kg, (381,80 ± 50,79 mg/dL; 389,30± 65,13

mg/dL) respectivamente. Os animais que receberam indometacina apresentaram

positividade em 100% das culturas realizadas para enterobactérias, demonstrando

assim a presença de bactérias do trato gastrintestinal na cavidade peritoneal. A

atividade da MPO no líquido peritoneal dos ratos que receberam indometacina (5,0

mg/kg, v.o, 5d) foi significativamente maior (1217 ± 341,4 U/mL) quando comparada

com o grupo-controle (3,33 ± 3,33 U/mL). O tratamento com talidomida (100 e 200

mg / kg, v.o, 5d) reduziu significativamente (p <0,05) este aumento (375,8 ± 149,1 U/

mL), sendo a inibição de 69,2%. Os resultados demonstram que a lesão intestinal

inflamatória induzida pela indometacina foi revertida parcialmente pelo tratamento

com a talidomida. Além disso, os dados obtidos evidenciam o efeito hepatoprotetor

da talidomida contra a indometacina, provavelmente por sua atividade

antiinflamatória diminuindo ou minimizando o aumento do fibrinogênio e

recrutamento leucocitário no ambiente hepático.

PPaallaavvrraass--cchhaavvee:: TTaalliiddoommiiddaa.. IInnddoommeettaacciinnaa.. SSaannggrraammeennttoo iinntteessttiinnaall..

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AABBSSTTRRAACCTT The clinical use of indomethacin, although effective in suppressing pain, fever and

inflammation is often associated with deleterious effects for the gastrointestinal

system, and hematological and renal functions, which limit its therapeutic use. This

study examined in rats whether thalidomide could reduced the lethality induced by

indomethacin and hematological, biochemical, blood, and intestinal damage. This

study analyzed the effect of thalidomide on the intestinal epithelium and increased

levels of plasma fibrinogen induced by indomethacin in rats. The rats were treated

with indomethacin (5.0 mg / kg), thalidomide 100.0 mg / kg or 200.0 mg / kg, and

ampicillin (200.0 mg / kg) orally over a period of 5 days. The animals were submitted

to blood collection on the fifth day of treatment by puncturing the orbital plexus of the

eye, after being anesthetized with ether. The blood was placed in tubes containing

anticoagulant, EDTA, sodium citrate and 3.8% in tubes without anticoagulant. The

parameters studied were: erythrogram, leukocyte count, prothrombin time (PT),

activated partial thromboplastin time (APTT), fibrinogen, platelet count, and culture of

peritoneal lavage, measurement of MPO and evaluation of liver function (ALT, AST,

FA, GGT and glucose). The results of the PT, APTT, antithrombin, platelet counts

remained normal in the control group. In animals treated with indomethacin, we

observed a significant increase (p <0.001) in fibrinogen levels (637.50 ± 13.19 mg /

dL) and this increase reversed by treatment with thalidomide 100.0 mg / kg or 200.0

mg / kg, (381.80 ± 50.79 mg / dL, 389.30 ± 65.13 mg / dL, respectively). Animals that

received indomethacin were positive in 100% of the cultures performed for

enterobacteria, thus demonstrating the presence of bacteria in the gastrointestinal

tract into the peritoneal cavity, probably due to a drug-induced intestinal perforation.

The MPO activity in peritoneal fluid of rats given indomethacin (5.0 mg / kg, po, 5d)

was significantly higher (1217 ± 341.4 U / mL) compared with the control group (3.33

± 3, 33 U / mL). Treatment with thalidomide (100 or 200 mg / kg, vo, 5d) significantly

reversed this effect (p <0.05), (375.8 ± 149.1 U / mL). As inhibition of 69.2%. The

results showed that inflammatory intestinal injury in rats induced by indomethacin

was partially reversed by treatment with thalidomide. In addition, the data showed a

hepatoprotective effect of thalidomide against indomethacin, by its anti-inflammatory

activity that might prevent the increase of fibrinogen and leukocyte recruitment in the

liver environment.

Keywords: Thalidomide, Indomethacin, Intestinal bleeding.

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LISTA DE QUADROS

1 Classificação de AINEs, de acordo com atividade inibitória sobre as

isoformas COX-1 e 2 ............................................................................

20

2 Classificação intestinal, segundo Chiu e colaboradores (1970) ........... 42

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LISTA DE TABELAS

1 Efeito do tratamento com talidomida nas alterações hematológicas

induzidas pela indometacina..................................................................

46

2 Efeito do tratamento com talidomida, nas alterações coagulométricas

induzidas pela indometacina..................................................................

47

3 Efeito do tratamento com a talidomida nas alterações bioquímicas

induzidas por indometacina em ratos....................................................

48

4 Estudo microbiológico do lavado peritoneal nos animais tratados com

indometacina, talidomida e ampicilina...................................................

49

5 Efeito do tratamento com a talidomida no dano intestinal induzido por

indometacina em ratos ..........................................................................

52

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LISTA DE FIGURAS

1 Estrutura molecular da talidomida............................................................. 16

2 Proposta de mecanismo de ação da talidomida em células de

mieloma......................................................................................................

17

3 Cascata do ácido araquidônico e os sítios de ação de antiinflamatórios

não esteroidais ..........................................................................................

21

4 Fatores agressivos e mecanismos de defesa da mucosa gástrica........... 23

5 Ulcerações hemorrágicas na porção gastroduodenal em estômago de

cães, induzidas pela indometacina............................................................

24

6 Esquema resumido da cascata de coagulação e os fatores

envolvidos..................................................................................................

29

7 Efeito da indometacina sobre os níveis de fibrinogênio plasmático.......... 47

8 Efeito da talidomida sobre os níveis de mieloperoxidase no líquido

peritoneal de ratos tratados com indometacina.........................................

50

9 Efeito da talidomida sobre a lesão intestinal induzida pela

indometacina..............................................................................................

51

10 Efeito da talidomida sobre a lesão intestinal induzida pela indometacina

– Avaliação histológica..............................................................................

53

11 Curvas de sobrevida referentes aos grupos controle e tratados com

indometacina..............................................................................................

54

12 Relação entre a dose de indometacina e a sobrevida mediana................ 55

13 Curvas de sobrevida referentes aos grupos tratados com indometacina

isoladamente e indometacina associada à talidomida..............................

55

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LISTA DE ABREVIATURAS

-GT

5-HT

12-HETE

12-HPETE

AINEs

ALT

AT

Ca++

CIVD

COX-1

COX-2

DMSO

EGF

EPM

FI

FII

FIII

FIV

FTC- 1

FV

FVII

FVIII

FVIIIa

FIX

FXa

FXI

FXII

Gama glutamiltransferase

5 - hidroxitriptamina

12 - ácido graxo hidroxi

12 - ácido hidroperoxieicosatetraenóico

Antiinflamatórios não esteroides

Alanina aminotransferase

Antitrombina

Cálcio

Coagulação intravascular disseminada

Cicloxigenase - 1

Cicloxigenase - 2

Dimetilsufóxido

Fator de crescimento epidermal

Erro-padrão da média

Fibrinogênio

Protrombina

Fator tissular ou tromboplastina tissular

Cálcio

Fator transformador do crescimento 1

Fator ou Proacelerina

Fator VII ou Proconvertina

Fator VIII ou Fator antihemofilico

Fator VIII ativado

Fator IX

Fator X ativado

Fator XI

Fator Hageman

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FXIII

HMWK

IL-1

IL-2

IL-6

IL-8

IL-10

iNOS

LPS

LTB4

NO

PAF

PDF

PDGF

PGE2

PGG2

PGH2

PGI2

PGs

TNF-

TP

t-PA

TT

Fator XIII ou Fator estabilizador da fibrina

Cininogênio de alto peso molecular

Interleucina - 1

Interleucina - 2

Interleucina - 6

Interleucina - 8

Interleucina - 10

Óxido nítrico sintetase induzido

Lipossacarídeos

Leucotrieno B4

Óxido nítrico

Fator de ativação plaquetária (platelet-activing factor)

Produtos de degradação da fibrina/fibrinogênio

Fator de crescimento derivado de plaquetas

Prostaglandinas E2

Prostaglandinas G2

Prostaglandinas H2

Prostaciclina

Prostaglandinas

Fator de necrose tumoral -

Tempo de protrombina

Ativador tissular do plasminogênio

Tempo de trombina

TTPA

TXA2

Vit. k

VWF

Tempo de tromboplastina parcial ativada

Tromboxane A2

Vitamina K

Fator de Von Willebrand

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 16

1.1 A talidomida .......................................................................................... 16

1.2 A talidomida em eventos inflamatórios ................................................. 18

1.3 Os antiinflamatórios não esteroides (AINEs) em eventos inflamatórios 19

1.4 A indometacina, o AINE deste estudo .................................................. 25

1.5 A inflamação, os AINES e o choque séptico ........................................ 26

1.6 A relação inflamação, trombose e coagulação ..................................... 27

1.7 A talidomida em eventos trombóticos ................................................... 30

1.8 Relevância e justificativa do estudo ...................................................... 32

2 OBJETIVOS .......................................................................................... 34

2.1 Geral ..................................................................................................... 34

2.2 Específicos ............................................................................................ 34

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................... 36

3.1 Animais ................................................................................................. 36

3.2 Drogas .................................................................................................. 36

3.3 Protocolo experimental ......................................................................... 36

3.4 Análise do perfil bioquímico, hematológico e coagulométrico.............. 37

3.4.1 Estudo da coagulação .......................................................................... 38

3.4.1.1 Tempo de protrombina (TP/TAP) .......................................................... 38

3.4.1.2 Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA) ................................. 38

3.4.1.3 Dosagem de fibrinogênio ...................................................................... 39

3.4.1.4 Antitrombina .......................................................................................... 39

3.4.2 Avaliação da função hepática ............................................................... 39

3.5 Cultura do lavado peritoneal ................................................................. 41

3.5.1 Avaliação do número de células na cavidade peritoneal ...................... 41

3.5.2 Medida da atividade enzimática da mieloperoxidase (MPO) ................ 41

3.6 Análise histológica ................................................................................ 42

3.7 Exame histopatológico .......................................................................... 42

3.8 Avaliação da sobrevida (curva de sobrevivência) ................................. 43

3.9 Análise estatística ................................................................................. 43

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4 RESULTADOS ...................................................................................... 45

4.1 Efeito do tratamento com talidomida em alterações hematológicas

sanguíneas e no líquido peritoneal induzidas pela Indometacina ........

45

4.2 Efeito da talidomida nas alterações dos parâmetros de coagulação

induzidas pela Indometacina ................................................................

46

4.3 Efeito do tratamento com talidomina nas alterações bioquímicas

induzidas por Indometacina ..................................................................

48

4.4 Estudo microbiológico do lavado peritoneal nos animais tratados com

indometacina, talidomida e ampicilina ..................................................

49

4.5 Efeitos da talidomida sobre a atividade da mieloperoxidase (MPO) no

líquido peritoneal em animais tratados com indometacina ...................

50

4.6 Efeito da talidomida sobre a lesão intestinal induzida pela

indometacina – avaliação macroscópica ..............................................

51

4.7 Efeito da talidomida sobre o dano intestinal induzido pela

indometacina – avaliação histológica ...................................................

52

4.8 Efeitos da talidomida sobre a letalidade induzida pela indometacina

em ratos ................................................................................................

53

5 DISCUSSÃO ......................................................................................... 57

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 70

REFERÊNCIAS ................................................................................................... 72

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IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

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16

1 INTRODUÇÃO

1.1 A talidomida

A talidomida é um derivado sintético do ácido glutâmico desenvolvido no início

dos anos de 1950, pela companhia alemã Chemie Grunenthal. Chegou à clínica em

outubro de 1957 como um anticonvulsivante sedativo e tranquilizante (MELCHERT;

LIST, 2007).

Também conhecida como 3-ftalimidoglutamimida, é constituída por uma

estrutura com dois anéis (Figura 1) com um carbono assimétrico na glutarimida

(DAL LAGO; RICHTER et al, 2003). Em razão deste centro quiral, a molécula existe

em duas formas opticamente ativas D(+) ou L(-) (WNENDT; ZWINGENBERGER,

1997).

Figura 1 – Estrutura molecular da talidomida

Fonte: (DAL LAGO; RICHTER, 2003).

Por conta dos inúmeros eventos adversos, em 1961 a talidomida foi retirada

do mercado europeu e nunca chegou a ser comercializada nos Estados Unidos, o

risco teratogênico estimado foi de 20% para os fetos expostos entre o 34º e 50º dias

de gravidez (WNENDT; ZWINGENBERGER, 1997). Em um ano, a droga foi retirada

de circulação em todos os países, à exceção do Brasil, país onde nunca deixou de

consumir o medicamento por vários motivos como desinformação e automedicação.

No ano de 1965, observações feitas por um dermatologista israelense, após

administração de talidomida a um paciente com eritema nodoso da lepra (ENL),

inicialmente, tentando tratar a insônia apresentada pelo paciente, obteve como

resposta a melhora do quadro inflamatório com cicatrização total das feridas em três

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dias de terapia. Estudos realizados posteriormente comprovaram a ação

antiinflamatória da droga (PANNIKAR, 2003).

Apesar de ter sido afastada do mercado mundial na década de 60 em função

do efeito teratogênico em milhares de crianças, a talidomida começou a despertar

nos órgãos de regulamentação a necessidade de aumentar as exigências no que

tange à comprovação da segurança para comercialização do fármaco. Assim, nos

últimos anos, realizaram-se vários estudos, explorando outros alvos terapêuticos,

como a ação sobre mediadores inflamatórios e imunológicos (Figura 2)

(MATTHEWS; McCOY, 2003; MELCHERT; LIST, 2007).

Figura 2 – Proposta de mecanismo de ação da talidomida em células de mieloma. A

talidomida inibe a angiogênese, realça os efeitos do sistema imunológico, inibe a ligação das

células do tumor do estroma e também várias citocinas. A talidomida pode ter efeitos diretos

sobre o tumor; NK: natural killer; TNF: fator de necrose tumoral, IL-6: interleucina-6; VEGF:

fator de crescimento endotelial vascular; NF-kB: fator nuclear kappa B.

Fonte: (MELCHERT; LIST, 2007).

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A talidomida revolucionou a maneira de pensar sobre os efeitos adversos de

fármacos no feto e a forma de tentar preveni-los, com um alto preço pago por essa

percepção (MELCHERT; LIST, 2007). Talvez também venha a revolucionar a

maneira de tratar o câncer e outras condições graves que possam ser controladas

em vez de curadas, justificando dar uma nova chance a este fármaco tão temido

(CHEN; DOHERTY; HSU, 2010). Embora existam, porém, especulações dos

benefícios da talidomida em diversos tratamentos, além da hanseníase, mieloma

múltiplo, doenças crônico-degenerativas e algumas patologias oportunistas que

afetam portadores de HIV, não há sustentabilidade científica para tais afirmações em

outros casos. O aproveitamento das possibilidades terapêuticas da talidomida, no

entanto, deve ser algo a se pensar, a ser viabilizado, porque a humanidade não

pode desperdiçar as propriedades terapêuticas da talidomida. Ante às evidências

contemporâneas, o melhor que se tem a fazer é contrabalançar riscos e benefícios

no uso dos medicamentos, pois os primeiros são reais e continuam acontecendo,

enquanto os outros são focados mais em desfechos substitutos do que nos

clinicamente relevantes.

1.2 A talidomida em eventos inflamatórios

A investigação farmacêutica tem como intuito o desenvolvimento de outros

agentes terapêuticos direcionados à resolução de situações clínicas, integrando

conhecimentos, ou mesmo uma aplicabilidade alternativa para fármacos já

consagrados (RAMA et al., 2005).

Há algum tempo o mecanismo de ação da talidomida aponta para suas

propriedades imunomodulatórias e antiinflamatórias (MURIEL et al., 2003). A

aplicação da talidomida no tratamento das desordens inflamatórias demonstra a

eficácia desse fármaco, por exemplo, na redução de sintomas em pacientes com

doença de Crohn (DC), uma moléstia inflamatória que se caracteriza por

envolvimento transmural e descontínuo dos intestinos, podendo atingir todo o tubo

digestivo. Acomete, com maior frequência, o intestino delgado, principalmente o íleo

terminal e o cólon, iniciando-se tipicamente com crises de diarreia, febre, dor

abdominal e emagrecimento, mas seu mecanismo de ação é desconhecido

(BAUDITZ; WEDEL; LOCHS, 2002).

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Um possível mecanismo da talidomida seria o da supressão do fator de

necrose tumoral alfa (TNF-α), considerado o agente central no processo inflamatório

da DC e encontrado em grande concentração sérica nos portadores dessa doença

(BAUDITZ; WEDEL; LOCHS, 2002).

Apesar de, a talidomida ser menos eficaz do que outras terapias recentes,

como o infliximab, análogos dessa droga, com atividade anti-TNFα aumentada, são

desenvolvidos, supondo-se que sejam menos tóxicos e não teratogênicos, e

podendo vir a servir de opção terapêutica no futuro (BAUDITZ; WEDEL; LOCHS,

2002).

1.3 Os antiinflamatórios não esteroides (AINEs) em eventos inflamatórios

Desde a inserção dos salicilatos na terapêutica, por volta de 1875, as

pesquisas de antiinflamatórios desenvolveram-se de forma acelerada, após as

primeiras constatações clínicas dos notáveis efeitos da cortisona e fenilbutazona, em

1948 (JONES, 2001). Na década de 1960, a procura por substâncias alternativas

capazes de debelar o processo inflamatório levou ao surgimento de outras propostas

terapêuticas (JONES, 2001; RICHY et al., 2004). Assim, em 1963, a indometacina

foi introduzida e demonstrou proeminentes efeitos no tratamento da espondilite

anquilosante e da artrite gotosa aguda (BECH et al., 2000; CHAN; GRAHAM, 2004;

FOUAD et al., 2010).

Apesar dos objetivos terapêuticos a que se destinam os antiinflamatórios não-

esteróides (AINEs) como as doenças reumáticas, calor, eritema, edema e dor,

polêmicas sobre a eficácia e, principalmente, a toxicidade ainda ensejam muitas

discussões (VONKEMA; VAN DE LAAR, 2010).

Os AINEs podem ser classificados de acordo com sua atividade inibitória

sobre a COX-1 e/ou COX-2 (RAO; KNAUS, 2008), como demonstrado no Quadro 1.

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Quadro 1 - Classificação de AINEs, de acordo com atividade inibitória sobre as isoformas COX-1 e 2.

Classe Propriedades Exemplos

Grupo 1 AINEs que inibem completamente COX-1 e 2 com pequena seletividade

Aspirina, ibuprofeno, diclofenaco, indometacina, naproxeno, piroxicam.

Grupo 2 AINEs que inibem COX-2 com 5-50% de seletividade.

Celecoxib, etodolac, meloxicam, nimesulida.

Grupo 3 AINEs que inibem COX-2 com seletividade > 50%.

Rofecoxibe, NS-398

Grupo 4 AINEs que inibem fracamente ambas as isoformas (COX-1 e 2).

Ácido 5-Aminosalicilico, salicilato de sódio, nabumetona, sulfasalazina.

Fonte: (RAO; KNAUS, 2008).

Há algum tempo os metabólitos do ácido araquidônico (AA), prostaglandinas

(PGs) e outras substâncias biologicamente ativas recebem atenção especial por

muitos pesquisadores em todo o mundo, por exercerem funções cruciais na

fisiopatologia do processo inflamatório (TULASSAY; HERSZÉNYI, 2010).

A cicloxigenase existe em pelo menos duas isoformas: a cicloxigenase-1

(COX-1) é enzima constitutiva, destinada às funções fisiológicas decorrentes da

síntese de PGs, e a cicloxigenase-2 (COX-2) é induzível por processos inflamatórios,

ativação mitogênica para proliferação celular, interleucinas (IL-1 e IL-2), fatores de

crescimento (EGF e PDGF), lipopolissacarídeos bacterianos (LPS), promotores

tumorigênicos (como ésteres do forbol) e outros fatores presentes no soro normal

(RADI; KHAN, 2006; SOSTERS et al., 2010).

Vários compostos inibidores, preferencialmente da COX-2, como

nabumetona, meloxicam e nimesulide, podem induzir toxicidade gastrointestinal,

particularmente quando são empregadas em altas doses (RADI; KHAN, 2006;

TAKEUCHI et al., 2010b). Além disso, o benefício da inibição preferencial de COX-2,

em relação a COX-1, nos estados inflamatórios, ainda não foi completamente

comprovado (TANAKA et al., 2002; ABURAYA et al., 2006).

A ação enzimática da cicloxigenase sobre o ácido araquidônico baseia-se na

inserção de duas moléculas de oxigênio no ácido araquidônico, dando origem a

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PGG2, e de peroxidase, que transforma esse intermediário em PGH2. A PGG2 tem

extrema reatividade química (RADI; KHAN, 2006).

O sítio catalítico dessa reação pode ser inibido irreversivelmente por aspirina

(ácido acetilsalicílico) que acetila a molécula da COX ou reversivelmente por

indometacina e outros antiinflamatórios não esteroides (AINEs), que competem com

ácido araquidônico, explicando o efeito antiinflamatório dos AINEs – Figura 3 -

(BERTOLINI; OTTANI; SANDRINI, 2001; HATMI; SAMAMA; ELALAMY, 2006).

Figura 3 - Cascata do ácido araquidônico e os sítios de ação de antiinflamatórios não

esteroidais.

Fonte: (BERTOLINI; OTTANI; SANDRINI, 2001).

As células endoteliais ativadas desempenham papel fundamental na

orientação das células circulantes para os locais inflamatórios (KRELIN, 2007). A

adesão celular parece ocorrer pelo reconhecimento das glicoproteínas e

carboidratos da superfície celular das células circulantes pelas moléculas de adesão,

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cuja expressão mostra-se intensificada nas células residentes (DINARELLO, 2005;

2009a, 2009b).

Assim, a ativação endotelial resulta na adesão dos leucócitos por meio de sua

interação com as selectinas L e P recém-expressas, enquanto a selectina E

expressa pelo endotélio interage com a glicoproteína x sializada de Lewis e outras

glicoproteínas existentes na superfície dos leucócitos; a ICAM-1 endotelial interage

com as integrinas leucocitárias (MEYER-HOFFERT; HORNEF; HENRIQUES-

NORMARK, 2008). Os AINEs podem inibir a expressão ou a atividade de algumas

dessas moléculas da adesão celular, embora esse mecanismo não esteja

completamente elucidado (PROUDFOOT; POWER; SCHWARZ, 2010).

O recrutamento das células inflamatórias para os locais de lesão envolve

interações simultâneas de vários tipos de mediadores solúveis, além das moléculas

de adesão celular, incluindo o fator C5a do complemento, o fator ativador plaquetário

e o leucotrieno B4 (MARTIN; WALLACE, 2006). Várias citocinas também parecem

desempenhar um papel essencial na ativação do processo inflamatório,

especialmente a interleucina-1 (IL-1) e o fator de necrose tumoral (TNF). Esses dois

fatores são considerados os mediadores principais das respostas biológicas

desencadeadas por LPS (lipopolissacarídeos) e muitos outros estímulos infecciosos

(PLAYFORD; GHOSH, 2005). As citocinas IL-1 e TNF produzem as mesmas

respostas pró-inflamatórias, que incluem a indução da febre, mobilização e ativação

dos leucócitos polimorfonucleados, indução das enzimas COX e lipoxigenase,

aumento da expressão das moléculas de adesão, ativação dos linfócitos B, T e

células natural killer e estimulação e produção de outras citocinas (RAO; KNAUS,

2008).

Para compensar os efeitos tóxicos dos mediadores pró-inflamatórios há pouco

citados, outras citocinas e fatores de crescimento estão envolvidos na resposta

antiinflamatória, entre elas o fator transformador do crescimento 1 (TGF- ), o qual

aumenta a formação da matriz intracelular, no entanto, também atuam como

imunossupressores, a interleucina-10 (IL-10) e o interferon gama (INF- ) (D’AVILA et

al., 2006; DINARELLO, 2010).

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O fator ativador plaquetário (PAF) é outro mediador derivado dos fosfolipídios

que apresenta múltiplos efeitos inflamatórios (FOLCO; MURPHY, 2006) Além de

estimular as plaquetas, o PAF causa vasoconstricção, broncoconstricção e, em

concentrações extremamente baixas, induz vasodilatação e aumento da

permeabilidade venular; gera também aumento da adesão leucocitária ao endotélio,

da quimiotaxia, da desgranulação e um “surto” oxidativo (VAKNIN; KURZWEIL;

SHERMAN, 2010). O leucotrieno (LTB4), um potente agente quimiotático, causa

agregação de neutrófilos, enquanto o óxido nítrico (NO) está envolvido na

vasodilatação e na toxicidade (HAEGGSTROM, 2004).

Além das diversas atividades terapêuticas em comum, os AINEs

compartilham vários efeitos adversos, presumivelmente em decorrência da inibição

da COX (WHITTLE, 2003; HAEGGSTROM, 2004). Os mais frequentes (6 - 33%) são

distúrbios gastrintestinais, atribuídos à redução do efeito citoprotetor gástrico das

prostaglandinas (Figura 4).

Figura 4 - Fatores agressivos e mecanismos de defesa da mucosa gástrica.

Fonte: (HAEGGSTROM, 2004).

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O aumento do fluxo sanguíneo da mucosa gástrica, a estimulação da

secreção de muco e bicarbonato e a diminuição de ácido livre desaparecem com o

bloqueio da síntese de COX-1 (HAEGGSTROM, 2004; RADI; KHAN, 2006).

As manifestações digestivas incluem eritema e erosões gástricas, ulceração

gástrica e duodenal, dispepsia, dor epigástrica, náuseas e vômitos, anorexia,

flatulência, diarreia e perda de sangue pelo tubo digestivo (Figura 5) (RAINSFORD;

STETSKO; SIRKO, 2003).

Figura 5 – Ulcerações hemorrágicas na porção gastroduodenal em estômago de cães,

induzidas pela indometacina.

Fonte: (RADI; KHAN, 2006).

A frequência, natureza e gravidade dos efeitos tóxicos variam conforme o

fármaco, assim como a dose, mas basicamente todas são capazes de produzir

distúrbios gástricos (úlceras inclusive) como também fenômenos hemorrágicos

decorrentes de tratamentos prolongados. Para contornar esses graves eventos

adversos, são utilizadas substâncias gastroprotetoras ou antiácidos (LANE; KIM,

2006).

A função plaquetária é alterada porque os AINEs impedem a formação, pelas

plaquetas, do tromboxano A2 (TXA2), um potente agente agregante, o que explica a

tendência que estes medicamentos têm de aumentar o tempo de sangramento

(ABURAYA et al., 2006).

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1.4 A indometacina, o AINE deste estudo

A indometacina, introduzida no mercado em 1963, foi um marco do começo

de uma nova direção das pesquisas dos antiinflamatórios (SCHMIDT et al., 2001;

KOMOIKE et al., 2002; TAKEUCHI et al., 2010b; FOUAD et al., 2010). Apresenta

propriedades analgésicas e antipiréticas, sendo seus efeitos antiinflamatórios

considerados marcantes, evidenciados em pacientes com artrite reumatóide, gota

aguda, espondilite anquilosante, osteoartrite do quadril e doença óssea de Paget,

mostrando-se também eficaz em afecções inflamatórias extra-articulares, como

pericardite e pleurite, e na síndrome de Batter (RAINSFORD; STETSKO; SIRKO,

2003; TAKEUCHI et al., 2010c). Também inibe a biossíntese de PGs e, além disso,

desacopla a fosforilação oxidativa na mitocôndria hepática e cartilaginosa e inibe a

motilidade de leucócitos polimorfonucleares. A sua ação antiinflamatória não

depende da estimulação adrenocortical (TAKEUCHI et al., 2010c).

Pesquisas mostram que a indometacina não modifica o efeito de

anticoagulantes orais, contudo, a administração simultânea poderia ser perigosa em

razão do risco aumentado de sangramento gastrintestinal, apesar de sua utilização

crônica raramente levar ao óbito (RAINSFORD; STETSKO; SIRKO, 2003). A

ulceração gastroduodenal é o efeito adverso mais severo em usuários do fármaco,

podendo evoluir para perfuração e podendo também causar hemorragia, atingindo,

porém, apenas 1% dos pacientes (CHAN; GRAHAM, 2004).

Está bem documentada na literatura a capacidade da indometacina de induzir

úlceras em animais de laboratório e no homem. Esta é considerada um poderoso

inibidor da ciclo-oxigenase, impedindo a biossíntese de prostaglandinas. A redução

da biossíntese dos prostanóides, diminui a resistência da mucosa à ação do HCl e

da pepsina. Os mecanismos subjacentes à proteção gástrica conferida pelos

prostanóides parecem estar relacionados à ativação de fatores gastroprotetores,

assim como a redução da secreção ácida de pepsinogênio e do aumento do fluxo

sanguíneo gástrico local (BORRELLI; IZZO, 2000).

Quanto aos aspectos bioquímicos, o uso, principalmente crônico ou sem

acompanhamento médico, pode levar à instalação de acidose tubular, diminuição da

filtração glomerular, com a consequente retenção de fluidos relacionada com a

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inibição da síntese de PGs no rim (FILARETOVA et al., 2002; HAWKEY; SKELLY,

2002; REED, 2002). A ingestão crônica de indometacina induz a instalação de ileítes

crônicas e outras complicações graves, como síndrome de má absorção, perfuração,

hemorragia e oclusão intestinal, podendo levar a um choque séptico (NOLD et al.,

2007).

Atualmente, os antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) são utilizados com

sucesso para o alívio de dor, febre e inflamação, sendo uma das classes de

medicamentos mais consumidas diariamente em todo o mundo por milhões de

pacientes (VONKEMA; VAN DE LAAR, 2010). Pesquisas mostram que a

administração de AINES em doses terapêuticas apresenta alta eficácia, porém, o

uso desses fármacos é associado com vários efeitos colaterais, como morbidez e

mortalidade (LANE; KIM, 2006; FOUAD et al., 2010).

Persiste ainda a necessidade que se desenvolvam novos agentes que sejam

eficazes no combate ao fator etiológico da doença. Os AINEs apenas diminuem a

intensidade dos sinais e sintomas da inflamação, não eliminando a moléstia

(DINARELLO, 2010; TAKEUCHI et al., 2010a).

1.5 A inflamação, os AINEs e o choque séptico

O choque séptico decorre da disseminação de microorganismos com origem

em infecções localizadas graves (ex., abscessos, peritonite e pneumonia) para o

sangue (REN et al., 2004). A maioria dos casos é causada por bacilos Gram-

negativos produtores de endotoxinas (lipopolissacarídeos - LPS da parede

bacteriana, que consistem em um componente central tóxico de lipídeo e em um

revestimento polissacarídico complexo), e também por bactérias Gram-positivas e,

ocasionalmente, por fungos (POVOA, 2002). Os mediadores inflamatórios liberados

pelo LPS são citados como causadores do choque, e incluem os seguintes: citocinas

(IL-1, TNF, IL-6, IL-8), PAF, NO, complemento (C5a e C3a), prostaglandinas,

leucotrienos, sistema cinina, metabólitos do oxigênio, catecolaminas, endorfinas e

fator depressor miocárdico (SERHAN; CHIANG, 2008; LI et al., 2009; DINARELLO,

2010).

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A ativação mediada pelas endotoxinas do sistema fagócito mononuclear, com

a consequente liberação de IL-1 e TNF-α, no entanto, é um evento crucial na

patogenia do choque séptico (REN et al., 2004; SERHAN; CHIANG, 2008). Estas

citocinas geram ativação endotelial e adesão e agregação leucocitárias, além de

promoverem a coagulação intravascular e a trombose capilar (DINARELLO, 2009a,

2010).

1.6 A relação inflamação, trombose e coagulação

A relação entre inflamação e coagulação é inquestionável. A reação

inflamatória ativa a coagulação sanguínea, promovendo a expressão de fator tissular

no espaço intravascular e ativa moléculas de adesão de leucócitos na parede

vascular, diminuindo a atividade fibrinolítica e a função da via anticoagulante da

proteína C (PC) (ESMON et al., 1999). Diferentes investigações demonstraram que o

fator de necrose tumoral- (TNF- ) é o primeiro a se elevar, seguido da elevação

dos níveis plasmáticos de interleucinas 6 (IL-6) e 1 (IL-1). Estudos envolvendo a

administração dessas interleucinas em voluntários saudáveis ou em modelos

animais, bem como o uso de anticorpos bloqueando sua ação, sugeriram que a IL-6

é a principal responsável pela geração de trombina, possivelmente porque regula a

expressão de fator tissular. O papel do TNF- na ativação da coagulação é

relacionado à sua capacidade de induzir o aumento da IL-6. Adicionalmente, o TNF-

parece ser o principal mediador da depressão da atividade do sistema da PC, por

induzir diminuição da expressão de trombomodulina nas células endoteliais (LEVI;

TEN, 1999).

A coagulação sanguínea é um processo dinâmico de reações bioquímicas

envolvendo proteínas plasmáticas com atividade de proteases, lipídeos e íons, que

transformam o sangue circulante fluido em um gel insolúvel pela conversão do

fibrinogênio em fibrina (BROOMHEAD; MALLETT, 2010), muito embora a fibrina,

propriamente dita, só corresponda a 0,15% do total do coágulo sanguíneo

(LONGSTAFF, 2010).

É costume dividir o esquema de coagulação sanguínea em vias extrínseca e

intrínseca, que convergem para o ponto onde o fator X é ativado (NORRIS, 2003;

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BOMBELI; SPAHN, 2004). A via intrínseca é iniciada in vitro pela ativação por

contato do fator de Hageman (fator XII). Essa via contém ainda os fatores XI, IX, e

VIII, necessários à formação do coágulo e que se acham presentes no sangue

circulante (BROOMHEAD; MALLETT, 2010). A via extrínseca é ativada pela ação da

lipoproteína denominada tromboplastina tecidual (FIII), que o endotélio lesado libera

para o sangue circulante (BOUMA; MEIJERS, 2004; BROOMHEAD; MALLETT,

2010).

O fígado sintetiza todos os fatores da coagulação, incluindo o FVIII e os

inibidores fisiológicos da coagulação, como proteína C, proteína S e antitrombina

(KAM; EGAN, 2002; BROOMHEAD; MALLETT, 2010). O fator XIII parece ser

encontrado também nos megacariócitos e plaquetas (BOMBELI; SPAHN, 2004,

BROHI et al., 2007; APPADU, 2010).

Antitrombina

A antitrombina (AT), importante inibidor fisiológico da coagulação, pertence à

família das serpinas e desempenha seu papel fisiológico na coagulação sanguínea,

ao lado da proteína C e S. Estudo realizado por Finazzi e Barbui (1994) mostrou que

pacientes com deficiência de antitrombina têm maior incidência de trombose do que

aqueles com deficiência de proteína C ou proteína S. A AT inibe várias

serinoproteases ativadas na cascata da coagulação, incluindo os fatores XIIa, XIa,

Xa, IXa e a trombina. Portanto sua deficiência implica maior atividade pró-

coagulante, com a consequente exacerbação na produção de fibrina, culminando

com a gênese de eventos trombóticos (Figura 6).

Fibrinogênio (Fator I)

O fibrinogênio, fator de coagulação mais abundante e que forma o coágulo de

fibrina (FRANCO, 2001; VAN HINSBERGH, 2001; LONGSTAFF; WHITTON, 2004),

é uma proteína plasmática, de alto peso molecular (320.000 - 400.000 dáltons),

sintetizada pelo fígado, cuja molécula forma três glóbulos, unidos entre si por

estruturas filamentosas enoveladas (FRANCO, 2001; VAN HINSBERGH, 2001;

KAM; EGAN, 2002; LONGSTAFF et al., 2007).

O fibrinogênio é um dos três principais componentes das vias da coagulação,

como também um componente-chave na agregação plaquetária. Parte do

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fibrinogênio é efetivamente derivada das plaquetas (VAN HINSBERGH, 2001; KAM;

EGAN, 2002; GAILANI; RENNÉ, 2007). Níveis altos de fibrinogênio aparecem como

um fator de risco significante para a trombose arterial e também venosa (JACKSON,

2007).

O fibrinogênio é uma proteína de fase aguda cuja concentração plasmática

eleva-se sob a ação estimuladora das interleucinas (IL-1 e 6) e do fator de necrose

tecidual liberado pelo processo inflamatório (ANDREWS et al., 1994). Segundo

Schalm e colaboradores (1975), durante o processo de inflamação aguda, sua

concentração plasmática de fibrinogênio aumenta por vários dias, atingindo um pico

entre o quinto e o sétimo dia. Não sofre alteração perceptível em virtude de fatores

como a idade, sexo, exercício ou hemorragia, mas pode ser afetada por processos

inflamatórios (JAIN, 1993; THOMAS, 2000). O grau de hiperfibrinogenemia pode

refletir a severidade da inflamação (SCHALM et al., 1970).

Figura 6 - Esquema resumido da cascata de coagulação e os fatores envolvidos

Fonte: (EYRE; GAMLIN, 2010). FI: Fibrinogênio; FII: Protrombina; FIII: Fator tissular (FT); FIV: Íons cálcio (Ca

2+); FV: Pro-acelerina; FVII: Pro-convertina; FVIII: Fator antihemofílico; FIX: Fator

de Christmans; FX: Fator Stuart; FXI: Fator XI; FXII: Fator de Hageman; FXIII: Fator estabilizador de fibrina.

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1.7 A talidomida em eventos trombóticos

O tromboembolismo venoso é uma causa importante de morbidade e

mortalidade em muitas situações, como; por exemplo, em pacientes oncológicos.

Sabe-se que aproximadamente 20% dos pacientes com algum tipo de câncer,

certamente, desenvolverão tromboembolismo venoso, sendo essa a segunda causa

de morte nesse grupo (ALTER; STUKEL; NEWMAN, 2006; DELORENZO;

SIEWERS; WENNBERG, 2006; GIBBONS; ARAOZ; WILLIAMSON, 2009).

A etnia também se mostra como fator de risco importante para o

tromboembolismo venoso. Assim, asiáticos e habitantes das ilhas do Pacífico têm

menor risco de trombose associada à neoplasia quando comparados a caucasianos,

já em negros dos Estados Unidos, o risco de tromboembolismo venoso varia com o

tipo de câncer (ALCALAY et al., 2006; CHEW et al., 2006; KHORANA et al., 2006;

BROWNING; MARTIN, 2007).

A utilização de agentes antiangiogênicos, em esquemas de tratamento para

pacientes oncológicos, está particularmente associada à trombose. A talidomida está

fortemente implicada com o desenvolvimento de tromboembolismo venoso em

pacientes com mieloma múltiplo, onde o risco aumenta quando usada em pacientes

com diagnóstico recente e em combinação com esteróides, melfalam e outros

quimioterápicos e corticóides, particularmente doxorrubicina (TOSI et al., 2010). O

risco trombótico aparentemente se estende aos análogos como a lenalidomida

(FERRAROTTO et al., 2009).

O mecanismo pelo qual a talidomida isoladamente ou associada a outros

agentes tumorais pode favorecer a trombose é desconhecido. Os eventos

trombóticos não teriam relação com a dose utilizada de talidomida e, geralmente

ocorrem nos primeiros três meses de tratamento e apresentam maior frequência

quando a talidomida é usada em associação com quimioterápicos e corticóides,

particularmente doxorrubicina, e dexametasona, nos casos recém-diagnosticados, e,

portanto, com maior massa tumoral, e nos pacientes que exibem anormalidade no

cromossomo 11 (BARBUI; FALANGA, 2003; RODEGHIERO; ELICE, 2003; RUS et

al., 2004; ELICE et al., 2006; HUSSEIM, 2006; BEYER-WESTENDORF et al., 2010).

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É importante lembrar que, em pacientes com mieloma, frequentemente estão

presentes outros fatores de risco para TEV (tromboembolismo venoso), como idade

avançada, imobilização, aumento da viscosidade plasmática, uso de cateter venoso

central, infecções associadas, diabetes e dislipidemia (D'AMICO; VILLAÇA, 2007).

O exato mecanismo de ação da talidomida ainda não foi esclarecido,

entretanto, se acredita estar relacionada a sua propriedade antiinflamatória,

imunomodulatória e antiangiogênica. Suas propriedades antiinflamatórias incluem a

inibição da quimiotaxia de linfócitos e neutrófilos. Adicionalmente, inibe a fagocitose

por neutrófilos e macrófagos. No eritema nodoso hanseniano, o TNF- e INF- estão

geralmente elevados e a melhora clínica dos pacientes tratados com talidomida

corresponde à redução destas duas citocinas, podendo ser observadas também

alterações nos níveis de proteínas (WU et al., 1994).

Nos processos inflamatórios locais, podem ser verificadas alterações das

concentrações de proteínas de fase aguda, tanto no plasma como no líquido

peritoneal (FAGLIARI et al., 1998). As proteínas de fase aguda são consideradas

como potenciais indicadores da presença de doenças e sua quantificação pode nos

fornecer informações importantes sobre a resposta inflamatória de fase aguda e sua

evolução, podendo ser utilizada para estabelecer parâmetros e explorar o impacto

dos vários agentes etiológicos e outros fatores envolvidos nas enfermidades

(MURATA et al., 2004).

Existe uma série de situações, como, por exemplo, trauma, necrose tissular,

infecção microbiana, doenças inflamatórias, que desencadeiam múltiplas respostas

inespecíficas, incluindo febre, leucocitose, catabolismo proteico, e ainda estimulam a

síntese, essencialmente a nível hepático, de numerosas proteínas. Na resposta de

fase aguda, as proteínas de fase aguda positivas aumentam de concentração, e

proteínas de fase aguda negativa diminuem em pelo menos 25% após o início da

resposta. O exemplo mais importante das proteínas cujos níveis diminuem é a

albumina (WU et al., 1994; FAGLIARI et al., 1998).

Assim, a talidomida pode interferir em alguns parâmetros relacionados aos

fenômenos coagulativos. Estudos randomizados demonstram maior risco

tromboembólico nos pacientes que recebem eritropoetina. Fatores de maior risco

são: história prévia de trombose, cirurgias, períodos prolongados de imobilidade.

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Pacientes com mieloma múltiplo que recebem talidomida ou lenalidomida,

doxorrubicina e corticosteróides também têm maior risco trombótico (LEE, 2010).

1.8 Relevância e justificativa do estudo

Pelos inúmeros e variados dados da literatura citados anteriormente, percebe-

se a real imbricação que ocorre entre os mecanismos de resposta inflamatória, o uso

de AINE's e processos ou alterações de coagulação. Há entretanto, muito o que se

compreender nesta relação de sistemas tão diferentes, mas que muitas vezes por

motivações de natureza fisiopatológicas convergem e entrecruzam, culminando com

resultados extremamente danosos e até mesmo fatais.

Nesse sentido, a talidomida, detentora de potente ação inibidora da

angiogênese, demonstra resultados promissores na profilaxia de sangramentos

enterocólicos relacionados a angiodisplasias múltiplas, podendo ser usada em casos

refratários, com as contraindicações ou sem resposta a outras terapias (MOLINA et

al., 2007).

Desta forma, ressalta-se a relevância deste estudo, como um esforço

científico de melhor entender a inter-relação do uso de drogas antiinflamatórias com

inflamação e hemostasia.

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OOBBJJEETTIIVVOOSS

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34

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar os efeitos da talidomida sobre a toxicidade intestinal e hepática

induzida pela indometacina em ratos Wistar.

2.2 Específicos

Avaliar a toxicidade intestinal e hepática induzida pela indometacina e

possível efeito protetor da talidomida, avaliando os seguintes aspectos:

avaliar os parâmetros hematológicos, coagulométricos e bioquímicos no

sangue;

detectar e quantificar a presença de enterobactérias no lavado peritoneal;

avaliar a atividade da mieloperoxidase no lavado peritoneal;

observar possíveis alterações histopatológicas (infiltrado inflamatório, úlceras

e hemorragia); e

determinar a sobrevida dos animais ao longo do tratamento.

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MMEETTOODDOOLLOOGGIIAA

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36

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Animais

Ratos, machos adultos, linhagem Wistar (180 - 220g), provenientes do

Biotério Central da UFC e mantidos no Biotério do Departamento de Fisiologia e

Farmacologia da UFC, foram acondicionados em gaiolas-padrão de polipropileno (41

x 34 x 16 cm 6/caixa), a temperatura ambiente sobre condições controladas de

temperatura (22- 24°C) e luminosidade (ciclo claro/escuro de 12 h) com livre acesso

a água e ração (Purina, São Paulo). Os procedimentos experimentais foram

conduzidos de acordo com as recomendações do Colégio Brasileiro de

Experimentação Animal (COBEA-2008).

3.2 Drogas

Talidomida (Funed®-100mg, Fundação Ezequiel Dias – Brasil), indometacina

(Indocid®- 50mg-Merck Sharp & Dohme) e ampicilina (500mg, EMS /SA). Todos os

reagentes usados foram de grau analítico.

3.3 Protocolo experimental

Os animais foram distribuídos aleatoriamente nos grupos a seguir delineados.

Grupo 1 - controle/veículo: os ratos foram submetidos à administração por via oral

de DMSO a 2% em salina durante cinco dias consecutivos (n = 08).

Grupo 2 - indometacina: os ratos foram submetidos à administração por via oral de

indometacina 5,0 mg/kg em DMSO a 2%, durante cinco dias consecutivos (n = 08).

Grupo 3 - talidomida: os ratos foram submetidos à administração por via oral de

talidomida 200 mg/kg em DMSO a 2%, durante cinco dias consecutivos (n = 08).

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Grupo 4 - indometacina + talidomida 100 mg/kg: talidomida na dose de 100 mg/kg

suspensa em DMSO a 2% por via oral duas horas após a indometacina, durante

cinco dias consecutivos (n = 08).

Grupo 5 - indometacina + talidomida 200 mg/kg: talidomida 200 mg/kg suspensa em

DMSO a 2%, por via oral duas horas após a indometacina, durante cinco dias

consecutivos (n = 08).

A dose de indometacina (5,0 mg/kg) e de talidomida (100 mg/kg e 200 mg/kg)

utilizadas teve como referência as citadas em trabalhos da literatura e em um

estudo- piloto de curva de sobrevivência com indometacina.

3.4 Análise do perfil bioquímico, hematológico e coagulométrico

No quinto dia de tratamento, foram retiradas amostras de sangue do plexo

orbital para a dosagem de ureia e creatinina, e assim analisar a possível toxicidade

renal, dosagem de alanina aminotransferase (ALT), aspartato aminotransferase

(AST), fosfatase alcalina, -glutamil transpeptidase (GGT), albumina e glicose para

analisar possíveis danos hepáticos e glicose. As dosagens foram realizadas por

meio de kits segundo instruções de seus fabricantes.

Os animais foram sedados levemente com éter etílico, para a retirada de

sangue do plexo retrorbital. O sangue foi coletado em tubos contendo EDTA

(parâmetros hematológicos); citrato de sódio a 3,8% (parâmetros da coagulação) e

em tubos sem anticoagulante (parâmetros bioquímicos). Após a coleta, o material foi

devidamente identificado e levado imediatamente ao Laboratório de Coagulação do

HEMOCE para a realização dos exames: hemograma (leucócitos, hemácias,

hemoglobina e hematócrito, contagem de plaquetas), tempo de protrombina (TP),

tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa), dosagem de fibrinogênio e

antitrombina.

Antes do processamento das amostras, teve-se sempre o cuidado de verificar

a presença de qualquer indício de hemólise, e/ou de fibrina, se encontrados.

Eliminou-se o material para a obtenção de resultados confiáveis nos exames

realizados. Para a obtenção de soro ou plasma, o sangue foi centrifugado a 3000

rpm por 15 minutos.

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As dosagens bioquímicas foram realizadas por meio de métodos cinéticos ou

enzimáticos em aparelho automatizado (BT 3000 PLUS – Wiener Lab), de acordo

com protocolos sugeridos pelo fabricante dos reagentes. Enquanto isso, as análises

hematológicas foram realizadas em um contador automático de células sanguíneas

(Cell Dyn® 1800 – Abbott Diagnostics). As análises coagulométricas foram

procedidas por método coagulométricos e cromogênicos, utilizando kit de

Diagnostico da Siemens (Thromborel S; ACTIN FSL; Dade® Fibrinogen

Determination Reagents, Antithrombin-Berichrom) realizadas no equipamento CA

1500 – Sysmex - Siemens Healthcare Diagnostics, segundo as orientações

sugeridas pelo fabricante dos reagentes.

3.4.1 Estudo da coagulação

3.4.1.1 Tempo de protrombina (TP/TAP)

Para a determinação do TP, foi utilizado o método de QUICK, o qual avalia a

recalcificação do plasma na presença de um excesso de fosfolípides

(tromboplastina). Considerando que a protrombina é convertida em trombina num

tempo uniforme, a recalcificação com quantidade conhecida de cloreto de cálcio

produz a coagulação do plasma. O TP é dependente do sistema extrínseco de

formação do complexo protrombínico (VII, V e X), da protrombina e fibrinogênio. O

TP/TAP é particularmente adequado para o diagnóstico de deficiências congênitas

de fatores do sistema extrínseco e deficiências adquiridas dos fatores da

coagulação; controle da atividade de síntese hepática em doenças do fígado.

3.4.1.2 Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA)

O teste de determinação do TTPA envolve a recalcificação do plasma, porém

em presença de cefalina proveniente de extrato etéreo de cérebro. A cefalina é uma

lipoproteína. Funciona como um substituto das plaquetas, fornecendo uma

concentração ótima de fosfolípidio. Dessa forma, as reações do sistema intrínseco

de coagulação são aceleradas. É considerado um teste de screening para detectar

anormalidades no sistema intrínseco da coagulação. Pode-se utilizar para

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deficiências dos fatores II, V, VIII, IX, X, XI E XII, porém é insensível ao fator

plaquetário 3.

3.4.1.3 Dosagem de fibrinogênio

Para a dosagem de fibrinogênio, foi utilizado o método de Clauss (LOWE,

2004), que consiste em medir o tempo de coagulação do plasma em presença de

trombina concentrada. Quando há adição de trombina à amostra de plasma, o

fibrinogênio é convertido enzimaticamente em fibrina. A fibrina, por sua vez, por

polimerização, forma uma rede de fibrina. O fator XIII, ativado pela trombina, catalisa

a formação de ligações cruzadas estabilizadoras para produzir um coágulo visível.

3.4.1.4 Antitrombina

A antitrombina é o inibidor plasmático da trombina e do fator X ativado e

forma um complexo inativo irreversível com essas enzimas. A inativação dos fatores

de coagulação ativados é acelerada, em grande quantidade, pela heparina.

Berichrom* antitrombina serve para a determinação rápida da antitrombina

fisiologicamente ativa e permite o diagnóstico da deficiência de antitrombina

hereditária e adquirida, que representa um risco elevado de trombose.

3.4.2 Avaliação da função hepática

Demonstrou-se como de grande valor clínico a dosagem de várias enzimas

no soro para fins de avaliação do grau de disfunção hepatocelular no decurso de

doenças hepáticas. Baseia-se esse tipo de exame no conceito de que o achado no

soro de teores anormalmente elevados de enzimas intracelulares significa existir

alteração funcional ou orgânica das células que as contém, o que permite o

extravasamento das enzimas e sua passagem para o meio circulante. Como

marcadores da função hepática, foram utilizadas as enzimas alanina

aminotransferase, asparto aminotransferase, fosfatase alcalina e gama

glutamiltransferase, seguidas das dosagens de glicose e albumina.

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A alanina aminotransferase (ALT) ou transaminase glutâmico-pirúvica

(GPT/TGP) é uma enzima encontrada predominantemente no fígado, em

concentração moderada nos rins e em menores quantidades no coração e nos

músculos esqueléticos. Na célula hepática, a ALT localiza-se no citoplasma (90%) e

na mitocôndria (10%). Qualquer injúria tissular ou doença afetando o parênquima

hepático liberará maior quantidade da enzima para a corrente sanguínea, elevando

os níveis séricos da ALT. Em geral, as causas mais comuns de elevação dos valores

de ALT, no sangue ocorrem por disfunção hepática. Desta maneira, a ALT além de

ser sensível, é também bastante específica para o diagnóstico de doença

hepatocelular.

A aspartato aminotransferase (AST) ou transaminase glutâmico-oxalacética

(GOT/TGO) é uma enzima encontrada em concentração muito alta no músculo

cardíaco, no fígado, músculos esqueléticos e em menor concentração nos rins e

pâncreas. Nas células hepáticas, a AST localiza-se no citoplasma (40%) e na

mitocôndria (60%). Qualquer lesão tissular ou doença afetando o parênquima

hepático liberará uma maior quantidade da enzima para o sangue circulante,

elevando os níveis séricos da AST. Sempre que ocorrer uma lesão hepatocelular de

qualquer etiologia, haverá uma grande liberação da enzima AST para a circulação

sanguínea, elevando seus níveis séricos.

A fosfatase alcalina (FA) compreende um grupo de enzimas fosfo-hidrolases

que apresentam atividade máxima em pH alcalino, próximo de 10. A enzima é

encontrada em vários tecidos, com maiores concentrações no fígado, no epitélio do

trato biliar e no osso. Também a mucosa intestinal e a placenta contêm também a

fosfatase alcalina.

A gama glutamiltransferase (GGT) é uma enzima encontrada

predominantemente nos hepatócitos, em menor concentração nos rins e, em

concentração bem menor, no epitélio do trato biliar, no intestino, coração, pâncreas,

baço e cérebro. A principal função dessa enzima é catalisar a transferência de

aminoácidos e peptídeos por meio das membranas celulares.

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3.5 Cultura do lavado peritoneal

Logo após a coleta do sangue, os animais foram sacrificados por

deslocamento cervical, tendo sido coletado líquido da cavidade peritoneal para

realização de cultura microbiológica. Nos ratos que não apresentaram líquidos foram

injetados 5,0 mL de salina estéril na cavidade peritoneal, e, em seguida, retirados

4,0 mL do lavado e colocado em tubos estéreis e encaminhado ao Laboratório

Emilio Ribas, em Fortaleza-Ce, para análise microbiológica, onde foram semeados

para investigação e identificação de enterobactérias em meios Mac-Conkey e ágar-

sangue, seguido das provas bioquímicas para identificação da espécie bacteriana.

3.5.1 Avaliação do número de células na cavidade peritoneal

Uma parte do líquido peritoneal (1,0 mL) coletado de cada animal foi

encaminhada para a contagem global de leucócitos. Para contagem diferencial, o

fluido foi centrifugado (1000g, 10 min, 4°C) e removido o sobrenadante; foram feitos

esfregaços corados com MayGruwald-Giemsa e analisados sob microscopia óptica.

3.5.2 Medida da atividade enzimática da mieloperoxidase (MPO)

A atividade da enzima MPO, um marcador de infiltração de neutrófilos,

utilizada como indicativo da presença de leucócitos polimorfonucleares, foi avaliada

utilizando a metodologia de Bradley et al. (1982), com algumas modificações. As

amostras do líquido peritoneal foram centrifugadas e 0,1 mL dos sobrenadantes de

cada animal foram levados ao sonicador, em seguida, misturadas com 0,9 mL de

0,5% HTAB em tampão de fosfato de potássio. Em seguida, alíquotas de 30 µL

foram colocadas em placas de 96 poços, onde posteriormente foram adicionados

200 µL de solução contendo 0,9% de peróxido de hidrogênio e 0,52 mM de o–

dianisidina. A reação entre H2O2 e o–dianisidine é catalisada por MPO e gera uma

cor composta que é quantificada pelas medidas de absorbância em comprimento de

onda de 460 nm e representam o índice de atividade de MPO. Uma unidade de

actividade MPO foi definida como a que degrada 1,0 mmol de peróxido por minuto

em 25 oC. A atividade MPO foi expressa em unidades/mL.

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3.6 Análise histológica

As amostras intestinais (n= 4 por grupo) foram constituídas de fragmentos de

intestino delgado com aproximadamente 15 cm, colhidos na margem anti-

mesentérica. As amostras colhidas foram imediatamente fixadas em solução de

formalina a 10% tamponada e, posteriormente, processada segundo técnicas

rotineiras de inclusão em parafina, cortadas em micrótomo em fragmento cinco

micrômetros cada fragmento, e coradas pela hematoxilina e eosina (HE). As lâminas

foram analisadas à microscopia óptica pelo patologista (Prof. Dr. Dalgimar

Menezes), que desconhecia a que grupo pertencia cada lâmina avaliada. Também

foram analisadas amostras do fígado e rim.

3.7 Exame histopatológico

Utilizou-se a classificação intestinal de Chiu e colaboradores (1970) com

modificações, para avaliar o grau de lesão tecidual. As alterações histopatológicas

do material avaliado foram pontuadas em uma escala de zero a três pontos,

conforme descrito no Quadro 2:

Quadro 2 – Classificação intestinal segundo Chiu e colaboradores (1970).

GRAU ACHADOS

0 Ausência de reação inflamatória, ulceração ou destruição tecidual.

1 Ligeira reação inflamatória, mas sem ulceração ou destruição tecidual.

2 Moderada infiltração inflamatória com destruição leve do tecido, vilosidades e criptas, mas sem ulceração.

3 Intensa reação inflamatória, presença de ulceração e destruição tecidual extensa.

Os resultados de todas as lâminas de cada grupo foram calculados para dar

uma nota final para os grupos, individualmente. Todos os estudos histológicos foram

realizados de forma que o patologista não tinha conhecimento prévio dos grupos

experimentais.

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3.8 Avaliação da sobrevida (curva de sobrevivência)

Ratos machos adultos sadios foram divididos aleatoriamente em seis grupos

(n=06 para cada grupo) com pesos variando entre 150 e 220 g (p> 0,05). As doses

estabelecidas para a análise de sobrevivência foram as mesmas administradas no

tratamento das lesões induzidas pela indometacina: 5,0 mg/kg/dia v.o e 100 e 200

mg/kg/dia oral por gavagem de talidomida. O controle negativo foi representado

pelo tratamento por via oral com DMSO a 2%. Os animais foram observados

diariamente para o registro de sobrevida.

3.9 Análise estatística

A análise estatística foi realizada com auxílio do programa GraphPad Prism

5.0 (Intituitive Software for Science, San Diego, CA). Os resultados foram expressos

como a média ± erro-padrão da média (E.P.M.) ou mediana (mínimo-máximo). Foi

realizada análise de variância (ANOVA) seguida pelo teste de Student Newman-

Keuls, para dados paramétricos, e teste de Kruskall-Wallis, seguido do teste de

Dunnett ou Mann-Whitney, para dados não paramétricos. Para a curva de

sobrevivência, foi usado o teste de Kaplan-Meyer e os resultados foram expressos

como média de dias de sobrevivência. Para a comparação entre curvas de

sobrevida, utilizou-se o teste de Long-Rank (qui-quadrado). As diferenças foram

consideradas estatisticamente significativas quando p<0,05.

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RREESSUULLTTAADDOOSS

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45

4 RESULTADOS

4.1 Efeito do tratamento com talidomida em alterações hematológicas

sanguíneas e no líquido peritoneal induzidas pela Indometacina

O tratamento com indometacina (5,0 mg/kg) causou leucopenia (3,56 ± 0,44)

x 103 /mm3, diminuição da contagem de eritrócitos (4,94 ± 0,49) x106 /mm3, dosagem

de hemoglobina (9,15 ± 0,69 g/dL), hematócrito (28,34 ± 2,70%) e contagem de

leucócitos no liquído peritoneal (50,07 ± 13,54) x103 /mm3 quando comparados ao

gupo-controle, que apresentaram leucócitos de (5,93 ± 0,33) x103 /mm3, eritrócitos

(6,73 ± 0,09) x106/mm3, hemoglobina (13,83 ± 0,23 g/dL), hematócrito (37,47 ±

0,58%) e contagem de leucócitos no liquído peritoneal (0,85 ± 0,05) x103 /mm3. Não

houve, no entanto, alteração na contagem de plaquetas. As reduções produzidas por

indometacina foram atenuadas significativamente pela talidomida (100 e 200 mg/kg)

sem mostrarem dose-dependência. No líquido peritoneal, Pôde-se observar

aumento significativo no número de leucócitos em ratos tratados com indometacina

e diminuição após tratamento com talidomida (Tabela 1).

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Tabela 1 - Efeito do tratamento com talidomida nas alterações hematológicas induzidas pela indometacina.

PARÂMETROS CONTROLE

INDOMETACINA

TALIDOMIDA

INDOMETACINA +

TALIDOMIDA (100 mg/kg)

INDOMETACINA +

TALIDOMIDA (200mg/kg)

Leucócitos

(x 103/mm

3)

5,93 ± 0,33

3,56 ± 0,44a

5.12 ± 0,36 8,17 ± 0,46 b 8,48 ± 1,02

b

Neutrófilos

(%)

30,41 ± 1,48 34,16 ± 3,03

34.75 ± 5,08 20,83 ± 2,32 b 21,08 ± 2,32

b

Linfócitos (%) 66,85 ±1,69

53,28 ± 5,07a 60.01 ± 4,59

75,10 ± 3,36 b

76,78 ± 2,37 b

Hemácias (x

106/mm

3)

6, 73 ± 0,09

4,94 ± 0,49a 6,72 ± 0,07

6,83 ± 0,38b 6,38 ± 0,84

b

Hemoglobina

(g/dl)

13,83 ± 0,23

9,25 ± 0,69a

14,11 ± 0,25

13,73 ± 0,68b 13,00 ± 1,87

b

Hematócrito

(%)

37,47 ± 0,58

28,34 ± 2,70a 37,62 ± 0,57

38,55 ± 1,76b 39,68 ±1,54

b

Plaquetas (x

103/mm

3)

726,7 ± 28,4

802,3 ± 19,7 838,8 ± 60,3

756,8 ± 64,4

840,3 ± 94,6

Leucócitos

no líquido

peritoneal

(x 103/mm

3)

0,85 ± 0,05 50,07 ± 13,54a 2,15 ± 1,07 9,15 ± 0,75

b 2,80 ± 1,10

b

Os valores representam média ± EPM. Os animais foram tratados durante cinco dias com indometacina (5,0 mg/kg) e talidomida (100 e 200mg/kg) via oral.

a vs controle,

b vs indometacina; p

<0,05, ANOVA e teste de Student-Newman-Keuls. n= 4-8 / grupo.

4.2 Efeito da talidomida nas alterações dos parâmetros de coagulação

induzidas pela Indometacina

Nos parâmetros relacionados ao tempo de protrombina e tempo parcial de

tromboplastina ativada não revelaram diferença significativa. Por outro lado,

observam-se um pequeno aumento nos níveis de antitrombina no grupo da

indometacina (135,1 ± 2,3%) em relação ao grupo-controle (125,7 ± 12,7%), porém

esse aumento não foi significativo. Nos animais tratados com indometacina e

talidomida ou talidomida sozinha também não houve alteração significativa (Tabela

2).

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Os animais tratados com indometacina (5,0 mg/kg, v.o, 5d) apresentaram um

aumento significativo (p<0,05) nos níveis de fibrinogênio (637,50 ± 13,2 mg/dL) em

relação ao grupo-controle (238,20 ± 11,6 mg/dL). O tratamento com talidomida 100,0

e 200 mg/kg impediu parcialmente esse aumento (381,80 ± 50,8 mg/dL e 389,30 ±

65,1 mg/dl), respectivamente (Tabela 2, Figura 7).

Tabela 2 - Efeito do tratamento com talidomida, nas alterações coagulométricos induzidas pela indometacina

PARÂMETROS

CONTROLE

INDOMETACINA

TALIDOMIDA

INDOMETACINA

+

TALIDOMIDA

(100 mg/kg)

INDOMETACINA

+

TALIDOMIDA

(200 mg/kg)

Tempo de

protrombina

(TAP) seg.

16,89 ± 0,48

15,50 ± 0,44

16,51 ± 0,40

15,68 ± 0.39

15,40 ± 0,62

Tempo de

tromboplastina

parcial ativada

(TTPa) seg.

22,16 ± 0,26

21,48 ± 0,31

22,63 ± 0,34

24,48 ± 0,41

23,18 ± 0,86

Antitrombina

(%)

125,0 ± 12,7 135,1 ± 12,3

120,6 ± 13,0 132,8 ± 9.8

126,8 ±10,5

Fibrinogênio

(mg/dl)

238,2 ± 11,6

637,5 ± 13,2a

246,0 ± 9,6 381,8 ± 50,8b

389,3 ± 65,1b

Os valores representam média ± EPM. Os animais foram tratados durante cinco dias com indometacina (5,0 mg/kg) e talidomida (100 e 200 mg/kg) via oral.

a vs controle,

b vs indometacina; p

<0,05, ANOVA e teste de Student-Newman-Keuls. n= 4-8 / grupo.

Figura 7 - Efeito da indometacina sobre os níveis de fibrinogênio plasmático. Os valores

representam média ± EPM. Os animais foram tratados durante cinco dias com indometacina

(5,0 mg/kg) e talidomida (100 e 200 mg/kg) via oral. a

vs controle, b vs indometacina; p <

0,05, ANOVA e teste de Student-Newman-Keuls. n= 4-8 / grupo.

Fonte: Elaborado pelo autor

0

100

200

300

400

500

600

700 a

b bTAL 200mg/kg

Controle v.o

INDO 5,0 mg/kg

INDO+TAL100mg/kg

INDO+TAL200 mg/kg

Fibr

inog

ênio

(m

g/dl

)

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4.3 Efeito do tratamento com talidomida nas alterações bioquímicas induzidas

por Indometacina

A tabela 3 mostra que os animais tratados com indometacina (5,0 mg/kg, v.o.,

5 d) tiveram um aumento significante (p< 0,05) na AST (116,30 ± 7,4 U/L), fosfatase

alcalina (688,60 ± 81,9 U/L) e GGT (7,13 ± 0,7 g/dL), e diminuição nos níveis de

albumina (2,38 ± 0,21g/dL) e glicose (68,44 ± 5,3 mg/dL) em relação ao grupo

controle (AST- 93,33 ± 2,0 U/L, FAL- 257,70 ± 7,5 U/L, GGT- 4,24 ± 0,4 g/dL). O

tratamento com talidomida reverteu essas alterações a níveis muito próximos do

controle. Não foram observadas alterações nos níveis de ureia e creatinina nos

grupos estudados (Tabela 3)

Tabela 3. Efeito do tratamento com a talidomida nas alterações bioquímicas

induzidas por indometacina em ratos.

Parâmetro

controle

indometacina

talidomida

indometacina +

talidomida (100 mg/kg)

indometacina +

talidomida (200 mg/kg)

ALT (U/L)

59,8 ± 3,2

32,9 ± 3,3

52,3 ± 2,9

36,0 ± 4,6

39,0 ± 2,7

AST (U/L)

93,3 ± 2,0

116,3 ± 7,4

a

90,7 ± 1,9

93,5 ± 3,7

b

94,7 ± 2,5

b

FAL (U/L)

257,7 ± 7,5

688,6 ± 81,9

a

283,5 ± 15,6

b

366,3 ± 40,4

b

395,4 ± 69,1

b

GGT g/dL

4,2 ± 0,4

7,1 ± 0,7a

4,5 ± 0,4

5,0 ± 0,3

b

4,8 ± 0,6

b

glicose mg/dl

97,7 ± 3,2 68,4 ± 5,3a 84,4 ±1,5 83,8 ± 3,1

b 98,4 ± 6,6

b

creatinina 0,46 ± 0,03 0,60 ± 0,06 0,51 ± 0,07 0,58 ± 0,01

0,41 ± 0,01

mg/dl

ureia 34,7 ± 1,9

32,7 ± 0,8

30,7 ± 0,6

31,5 ± 1,3

31,7 ± 2,0 mg/dl

albumina

g/dl

3,04 ± 0,21

2,38 ± 0,03

a

3,25 ± 0,10

3,33 ± 0,08

b

3,35 ± 0,25

b

Os valores representam média ± EPM. Os animais foram tratados durante cinco dias por gavagem. ALT: alanina aminotransferase, AST: aspartato aminotransferase, FAL: fosfatase alcalina. GGT-gama glutamil transpeptidase. a vs controle; b vs indometacina (p< 0,05, ANOVA, teste de Student-Newman-Keuls). n= 4-8/grupo.

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4.4 Estudo microbiológico do lavado peritoneal nos animais tratados com

indometacina, talidomida e ampicilina

Todas as amostras no grupo que recebeu indometacina (5,0 mg/kg, v.o.; 5 d)

foram positivas para pesquisa de enterobactérias (100%), enquanto no grupo que

recebeu indometacina mais talidomida 100,0 ou 200,0mg/kg apresentaram 33,3% e

16,7% respectivamente das culturas positivas, mostrando com isso a presença de

bactérias do trato gastrintestinal na cavidade peritoneal. A associação da talidomida

nas doses de 100 e 200mg/kg à indometacina mostrou diminuição e/ou ausência de

bactérias na cavidade peritoneal.

Nos animais do grupo que receberam indometacina e foram tratados com

ampicilina não houve crescimento bacteriano (Tabela 4).

Tabela 4 - Estudo microbiológico do lavado peritoneal nos animais tratados com

indometacina, talidomida e ampicilina

Grupos (n=6)

Bactérias UFC/ml E.coli K. pneumoniae Enterococcus sp P. aeruginosa

Controle (0/8)

__ __ __ __

Indo 5,0 mg/kg (4/8)

100.000

100.000

40.000

30.000

Indo+Tal (5,0mg/kg+100

mg/kg) (3/8)

80.000

_

5.000 __

Indo +Tal (5,0mg/kg+200

mg/kg) (2/8)

__

100.000 a

__ __

Indo +Amp

(5,0mg/kg+200 mg/kg) (0/8)

__ __ __ __

Tal 200 mg/kg (0/8)

__ __ __ __

Amp. 200mg/kg

(0/8) __ __ __ __

No 5º dia de tratamento, os animais do grupo-controle e tratados foram submetidos à lavagem peritoneal e retirada do líquido para a realização da cultura. Os resultados estão expressos em cultura positiva/animais por grupo. Os números entre parenteses representam o número de culturas positivas em relação ao nº total de animais. Ampicilina (Amp); indometacina (Indo); talidomida (Tal). UFC= unidade formadora de colonia.

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4.5 Efeito da talidomida sobre a atividade da mieloperoxidase (MPO) no líquido

peritoneal em animais tratados com indometacina

Investigou-se o efeito da talidomida sobre a infiltração de neutrófilos por meio

da avaliação da atividade da MPO. A atividade da MPO no líquido peritoneal dos

ratos que receberam indometacina (5,0 mg/kg, v.o, 5d) foi significativamente maior

(1217 ± 341,4 U/mL) quando comparada com o grupo-controle (3,33 ± 3,33 U/mL). O

tratamento com talidomida (100 e 200 mg / kg, v.o, 5d) reduziu significativamente (p

<0,05) este aumento (375,8 ± 149,1 U/mL) (Figura 9), sendo a inibição de 69,2%

(Figura 8).

Figura 8 - Efeito da talidomida sobre os níveis de mieloperoxidase no líquido peritoneal de ratos tratados com indometacina. Os valores representam média ± EPM. Os animais foram tratados durante cinco dias com indometacina (5,0 mg/kg) e talidomida (200 mg/kg) via oral.

a vs controle, b vs indometacina; p <0,05, ANOVA e teste de Student-Newman-Keuls. n= 4-8

/ grupo.

Contr

oleIn

do

Tal 2

00

Indo +

Tal

200

0

2.5 10 2

5.0 10 2

7.5 10 2

1.0 10 3

1.3 10 3

1.5 10 3

1.8 10 3

a

b

MP

O (

U/m

L)

Fonte: Elaborado pelo autor

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4.6 Efeito da talidomida sobre a lesão intestinal induzida pela indometacina –

avaliação macroscópica

Os animais tratados com indometacina apresentaram líquido na cavidade

peritoneal, aderências teciduais a múltiplos órgãos, hemorragia e presença de uma

malha de fibrina sobre as vísceras abdominais (Figuras 9C, 9D, 9E), o que não foi

observado nos animais do grupo-controle (Figuras 9A, 9B). Observou-se que a

talidomida foi capaz de inibir as principais alterações vistas na cavidade peritoneal

dos ratos tratados com indometacina (Figura 9F).

Figura 9 - Efeito da talidomida sobre a lesão intestinal induzida pela indometacina –

avaliação macroscópica (A) controle); (B) talidomida 200 mg/kg, v.o., 5 dias) (C, D, E)

Indometacina (5,0 mg/kg, v.o., 5 dias), (F) – indometacina + talidomida (200 mg/kg). Setas

vermelhas fibrina e perfuração intestinal, seta branca (líquido peritoneal).

Fonte: Elaborado pelo autor.

A B

C D

E F

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4.7 Efeito da talidomida sobre o dano intestinal induzido pela Indometacina-

avaliação histológica

As figuras 10C e 10D mostram o efeito do tratamento com indometacina

sobre o epitélio intestinal. Observam-se um grande infiltrado inflamatório (neutrófilos,

e eosinófilos), ulceração, edema e destruição das criptas e vilos. Foram vistas

também células em processo de apoptose e necrose. A talidomida (200 mg/kg) foi

capaz de proteger os animais de forma significante (p<0,05) do dano tecidual

induzido pela indometacina (Figuras 10E, 10F, Tabela 5).

Não foram observadas lesões no fígado ou rim nos grupos estudados (dados

não mostrados).

Tabela 5 - Efeito do tratamento com a talidomida no dano intestinal induzido por indometacina em ratos.

Grupo Scores

controle 0 (0-1)

indometacina 3 (2-3) a

indometacina 5mg/kg +talidomida 100mg/kg 1 (1-1) b

indometacina 5mg/kg +talidomida 200mg/kg 1 (0-1) b

As medianas dos escores com intervalos (mín-máx) dos resultados em cinco animais em cada grupo. Os escores de lesão foram avaliados como descrito por Chiu e colaboradores (1970). Ver materiais e métodos. a vs controle, b vs Indometacina (p<0.01, Kruskall-Wallis e teste de Dunn).

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Figura 10 - Efeito da talidomida sobre a lesão intestinal induzida pela indometacina –

avaliação histológica. (A, B) controle); (C, D) indometacina (5,0 mg/kg, v.o., 5 dias), (E, F) indometacina + talidomida (200 mg/kg). Coloração de hematoxilina-eosina. Aumento 100x (a, c, e), 400x (b, d, f). Setas vermelhas: (C) Úlceras; (D) Destruição das vilosidades.

Fonte: Elaborado pelo autor.

4.8 Efeito da talidomida sobre a letalidade induzida pela indometacina em ratos

A indometacina levou à morte dos animais de maneira dose-dependende. A

letalidade da indometacina na dose (5,0 mg/kg) foi significativamente menor em

comparação com as doses de Indometacina de 10,0 mg/kg e 20,0 mg/kg (p

<0,0003). As sobrevidas medianas nos grupos tratados com indometacina 5,0

mg/kg; 10 mg/kg e 20 mg/kg foram respectivamente iguais a 120, 84 e 48 horas. A

Úlcera

C

a

C

e

Vilos Normais

Destruição

dos vilos

Úlcera

A B

C D

E F

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sobrevida na 150a hora do experimento foi de 100% no grupo-controle e 0% nos

grupos tratados com indometacina 5,0; 10,0 e 20,0 mg/kg (Figura 11). Observa-se

claramente a relação inversa entre a dose de indometacina e a sobrevida,

evidenciando que a sobrevida é dependente da dose administrada. Como ilustrado

na Figura 16, todavia, embora a sobrevida referente às três doses tenha sido

significantemente menor do que a relativa ao controle, efetivamente apenas a dose

de 20 mg/kg proporcionou uma sobrevida significantemente menor do que a dose de

5,0 mg/kg.

Apesar de se notar um aumento na sobrevida de alguns animais no grupo

tratado com talidomida e indometacina, as comparações entre as curvas feitas pelo

teste log-rank não evidenciaram diferenças estatisticamente significantes (p =

0,4014) entre o grupo tratado com indometacina isoladamente e indometacina

associada à talidomida 100 mg/kg e o grupo tratado com indometacina associada à

talidomida 200 mg/kg. A sobrevida mediana no grupo indometacina 5,0 mg/kg foi de

108 horas, enquanto, nos grupos indometacina + talidomida 100 mg/kg e

indometacina + talidomida 200 mg/kg, as sobrevidas medianas foram

respectivamente iguais a 120 e 132 horas (Figura 12, 13).

Figura 11 – Curvas de sobrevida referentes aos grupos-controle e tratados com

indometacina 5,0; 10,0 e 20,0 mg/kg, construídas conforme o método de Kaplan-Meier.

Dados expressos como o percentual do número de animais vivos em relação ao quantitativo

de ratos que iniciou o estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

0 25 50 75 100 125 1500

25

50

75

100

Indometacina 5,0 mg/kg

Indometacina 10 mg/kg

Indometacina 20,0 mg/kg

Controle

*********+++

Tempo (horas)

So

bre

vid

a (

%)

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Figura 12 – Relação entre a dose de indometacina e a sobrevida mediana.

Fonte: Elaborado pelo autor.

Figura 13 – Curvas de sobrevida referentes aos grupos tratados com indometacina isoladamente (5,0 mg/kg, v.o) e indometacina associada à talidomida 100 e 200 mg/kg, construídas conforme o método de Kaplan-Meier. Dados expressos como o percentual do número de animais vivos em relação ao total de ratos que iniciou o estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor.

0 25 50 75 100 125 150 175 2000

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110Indo 5,0

Indo +Tal100

Indo +Tal200

Tempo (Horas)

% s

ob

reviv

en

cia

5 10 200

25

50

75

100

125

150

Dose de indometacina (mg/kg)

Sob

revi

da m

edia

na (

hora

s)

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DDIISSCCUUSSSSÃÃOO

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5 DISCUSSÃO

A talidomida foi sintetizada em 1954 e sedo prescrita como sedativo,

tranquilizante e antiemético para enjoo na gravidez. Embora tenha sido uma droga

bastante popular como sedativo no mundo, nunca foi aprovada pelo FDA em razão

da neurite irreversível produzida como um dos potenciais efeitos colaterais da

talidomida (FRANKS et al., 2004).

O mecanismo responsável pelas propriedades imunomodulatórias,

antiinflamatórias e antiangiogênicas da talidomida ainda não foi bem esclarecido. A

modulação da enzima COX-2, de citocinas como TNF- , interferon (INF- ), IL -10 e

IL-12 e NF-kB, contudo, parece estar envolvida nestas ações (FRANKS et al., 2004).

Ela inibe seletivamente a produção de TNF- mediante o aumento da degradação

do RNAm do TNF- (SAMPAIO et al., 1991).

Apesar de seus efeitos desastrosos iniciais, posteriormente observou-se a

aplicabilidade da talidomida em muitos eventos, como, por exemplo, na supressão

do fator de necrose tumoral (TNF) por macrófagos e células T ativadas (YEH et al.,

2004).

Atualmente, é aplicada com sucesso para tratar pacientes com doenças de

complexa patogenicidade envolvendo TNF-α, incluindo a doença do enxerto contra o

hospedeiro, a artrite reumatoide, sarcoidose, doença de Crohn e a colite ulcerativa,

bem como sangramentos obscuros do trato gastrointestinal (YEH et al., 2004).

Baseado em conhecimento acumulado dos imunomoduladores e

propriedades antiinflamatórias da talidomida, em especial o papel do anti-TNF,

parece promissor seu emprego para tratar a hepatite crônica e posterior fibrose

hepática, condição que está intimamente relacionada com a regulação alta de TNFα

por células de Kupffer (YEH et al., 2004).

Neste estudo, o tratamento dos animais com indometacina induziu o quadro

de leucopenia e anemia em relação aos animais do grupo-controle. A literatura

mostra que a administração de certos antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) de

modo crônico, tais como a indometacina, em seres humanos, produz inflamação no

trato gastrointestinal (TGI). Aproximadamente 60% dos pacientes que utilizam doses

terapêuticas de AINEs por mais de seis meses apresentam aumento da

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permeabilidade da mucosa intestinal, ulceração e sangramento gastrointestinal

(LANAS; SOPENA, 2006; MUKHERJEE et al., 2010; RAINSFORD, 2007), o que

pode justificar o leve quadro anêmico associado a perda de sangue pelo TGI.

É importante salientar que a ação anti-TNFα, bem como o uso em

sangramentos obscuros do TGI, apresentada pela talidomida (YEH et al., 2004)

pode estar relacionada com a melhora no quadro anêmico dos animais.

Trabalho realizado por Lanas, Panes e Pique (2003) mostrou que a

indometacina induz alterações hematológicas que incluem leucopenia, neutropenia,

agranulocitose e anemia aplástica, corroborando com os dados encontrados neste

trabalho. É importante destacar que a indometacina é alvo de metabolização

hepática, sendo convertida em metabólitos ativos. Alguns autores relatam casos de

hepatite e icterícia, alterações hematopoiéticas, como neutropenia, trombocitopenia

e, raramente, anemia aplástica. (BENGTSSON et al., 2006; LAFRAMBOISE et al.,

2006; HIGUCHI et al., 2009).

Por outro lado, não foi observado o quadro de trombocitopenia como

mencionado por Lanas, Panes e Pique (2003), pois não houve diferença estatística

em relação à contagem de plaquetas.

Vale destacar o fato de que, neste ensaio, não foram verificados os

parâmetros relacionados à agregação plaquetária, porém vários autores relatam que

a inibição da agregação ocorrem em decorrência da não formação do tromboxano A2

(TXA2), o que pode explicar a tendência em prolongar o tempo de sangramento e

inibição da motilidade dos leucócitos polimorfonucleados (FILARETOVA et al., 2007;

DASU et al., 2009; VONKEMAN; VAN DE LAAR; MART, 2010).

É válido destacar que o tratamento dos ratos com talidomida atenuou, sem

mostrar, à dose-dependência, a redução dos parâmetros hematológicos

desencadeados pela indometacina. Bauditz et al. (2004) mostraram que a talidomida

foi eficaz em pacientes com hemorragia grave no intestino delgado, no sangramento

intestinal de pacientes com leucemia mielóide aguda e angiodisplasias.

Além disso, estudos em animais mostram que o tratamento com talidomida

diminui a formação de vasos frágeis em virtude da inibição da formação de VEGF

(BAUDITZ et al., 2004).

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O tratamento dos animais com indometacina causou aumento significativo no

número de leucócitos no líquido peritoneal. Com o objetivo de avaliar a participação

de mediadores inflamatórios, utilizou-se a talidomida, que reverteu o quadro

inflamatório desencadeado pelo AINE.

A administração de indometacina resulta em adesão e migração leucocitária,

como avaliado por microscopia intravital (ARNDT et al., 1996; OHKAWARA et al.,

2011). Progressiva infiltração neutrofílica acontece entre seis e 48 horas após

indometacina (NYGARD et al., 1994). Isso não quer dizer, porém, que os

granulócitos são exclusivamente responsáveis pela patologia. Outras células se

infiltram no intestino, posteriormente aos neutrófilos, entre elas os macrófagos,

situados em torno das úlceras em 48 horas após a indução (NYGARD et al., 1994).

É importante destacar o fato de que o acúmulo de leucócitos pode estar

relacionado ao quadro inflamatório, pois leucócitos circulantes migram do sangue

periférico para o local agredido, como encontrado em nosso estudo, e em algumas

situações a presença desses leucócitos pode refletir o grau da lesão (WAGNER;

ROTH, 2000).

Com o intuito de investigar um possível efeito reversivo da talidomida ante as

alterações coagulométricas causadas pela indometacina, resolveu-se estudar os

parâmetros relacionados à cascata da coagulação.

O fato de impedir a formação do tromboxano A2, explica a tendência da

indometacina de prolongar o tempo de sangramento. Neste trabalho, entretanto, não

evidenciaram alterações de hemostasia pelo tratamento com indometacina,

apresentado pela normalidade no TAP, TTPA e contagem de plaquetas.

Este estudo demonstrou que o grupo tratado com talidomida não mostrou

alteração nos parâmetros de coagulação, excetuando-se os níveis de fibrinogênio.

Uma variedade de perfis anormais da coagulação é descrita durante o tratamento

com talidomida ou lenalidomida (ELICE et al., 2006).

No presente trabalho, os animais tratados com indometacina, observou-se

uma hiperfibrinogenemia, sendo o aumento do fibrinogênio três vezes o valor de

referência do grupo-controle. Após o tratamento com talidomida os níveis

observados de fibrinogênio ficaram em torno de duas vezes os valores mostrados

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pelo grupo-controle. Já está bem estabelecido o fato de que diferentes tipos de

injúria tecidual causem um aumento na síntese do fibrinogênio plasmático

(CARLSON et al., 1978).

Os hormônios desempenham papel neste aumento, que é produzido não

somente por um fator, mas também por um grupo de fatores que trabalham juntos.

Pouco é conhecido acerca do fato de a sinalização nos tecidos danificados causar

aumento no fibrinogênio plasmático.

A justificativa da elevação no nível de fibrinogênio também pode ser

associada a aumento em sua síntese no fígado, após receber a ação estimuladora

das interleucinas (IL-1 e IL-6) e do fator de necrose tecidual induzidos no processo

inflamatório. Esse aumento estimularia os hepatócitos a produzirem RNA

mensageiro, induzindo a produção desta proteína de fase aguda, como demonstrado

por Andrews et al. (1994).

O aumento nos níveis de fibrinogênio pela indometacina foi revertido pela

talidomida, sendo possível que a inibição do TNF-α por esta droga possa explicar

esta ação.

O fibrinogênio, assim como vários outros fatores de homeostase, pertence ao

grupo das proteínas solúveis de fase aguda, estimuladas pela interleucina-6 (IL-6),

estando seu nível elevado no sangue após estimulação com lipopolissacarídeo

bacteriano (LPS) (KOJ, 1996).

Além disso, os produtos de degradação do fibrinogênio (PDF) também

aumentam a síntese de fibrinogênio no fígado, o que parece desempenhar um papel

regulador. Os PDF estimulam a produção de IL-6 por meio de um caminho

independente da prostaglandinas (BELL, et al., 1983).

Vários estudos mostram que a remoção da medula adrenal de ratos

laparatomizados diminui parcialmente o fibrinogênio plasmático, mostrando o papel

da epinefrina (PALMA et al., 1981). Tal dado sugere que o sinal produtor de um

aumento do fibrinogênio pode ser gerado pelo sistema simpático e, parcialmente,

por meio do fluxo para o fígado. Além disso, as prostaglandinas mediadoras da

resposta inflamatória podem sensibilizar as terminações nervosas, tornando-as mais

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sensíveis à estimulação mecânica e térmica, podendo levar à estimulação da

medula adrenal (FERREIRA; VANE, 1974).

Em neste estudo, observou-se que o tratamento com indometacina levou ao

aumento nos níveis de fibrinogênio, opondo-se aos resultados obtidos por Gavotto et

al. (1985), que mostraram o efeito contrário, com a indometacina levando a uma

diminuição no fibrinogênio em animais com injúria tecidual. É provável que a

diferença na metodologia possa explicar a diferença de resultado.

No presente trabalho, a retirada do sangue dos animais foi feita no quinto dia

de tratamento, enquanto no trabalho de Gavotto et al, a retirada do sangue foi feita

após 72 horas. Esse aumento do fibrinogênio pode ser uma resposta à lesão

tecidual induzida pela indometacina, levando a um quadro inflamatório, com

aumento da permeabilidade intestinal, TNF-α e prostaglandinas, principalmente,

PGE1.

Trabalhos anteriores já mostraram que PGE1 pode estimular a síntese de

fibrinogênio, agindo em receptores a distância do fígado, ou diretamente no fígado

(FRADL; REEVE, 1973; SMIGEL; FLEISCHER, 1974).

Outro parâmetro importante no tocante à hemostasia é a dosagem de

antitrombina (AT). Esta pesquisa mostrou que não houve alteração significante nos

níveis de AT entre os grupos tratados com indometacina e indometacina associada à

talidomida, porém se notou um pequeno aumento nos níveis de AT no grupo que

recebeu apenas indometacina. Zangari et al. (2002) demonstraram que 42% dos

pacientes tratados com talidomida apresentaram aumento nos níveis de AT, dado

esse não evidenciado em neste experimento.

Outros dados importantes relacionados ao perfil da coagulação demonstram

que não somente aumento do fator de, mas também um quadro de

hiperagregabilidade plaquetária surge no 28º dia de tratamento com talidomida,

principalmente quando associada à vincristina, dexametasona e doxorrubicina

peguilada (BAZ et al., 2005).

Apesar de não havermos estudado a agregação plaquetária, é importante

destacar que a causa da trombose associada à talidomida e aos seus derivados

parece ser multifatorial. Estudos sobre os efeitos teratogênicos da talidomida

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indicam atividade antiangiogênica, possivelmente associada com a geração de

espécies reativas de oxigênio (WELLS et al., 2009). Em indivíduos sadios, a

talidomida não causa eventos tromboembólicos, só na presença de câncer ou

associada à deficiência de inibidores naturais da coagulação (KAUSHAL et al., 2002;

MINNEMA et al., 2003).

Outros achados mostraram que os pacientes que evoluíam com aumento das

concentrações de FVIII: C e do fator de durante o tratamento com talidomida, e

muitos dos que apresentaram eventos de TEV durante o tratamento, já mostravam

níveis basais elevados, tanto do fator FVIII: C como do fator de Von Willebrand, além

de resistência à proteína C ativada (WARD et al., 2003). Outros trabalhos, no

entanto, mostrou elevação dos níveis do FVIII: C e do antígeno fator de Von

Willebrand, correlacionando esses achados com o estado da doença e não com o

uso da talidomida (MINNEMA et al., 2003).

Estudos na população em geral sem câncer demonstram um risco aumentado

de trombose em pacientes idosos e portadores de uma APCR adquirida.

Observação semelhante foi relatada em malignidades hematológicas e de tumores

sólidos (ZANGARI et al., 2002; ELICE et al., 2006; CONNOLLY; KHORANA, 2010).

A senilidade foi associada com maior risco de tromboembolismo venoso em

grande número de pacientes oncológicos neutropênicos hospitalizados (KHORANA

et al., 2007; CHEN; DOHERTY; HSU, 2010; CONNOLLY; KHORANA, 2010).

Similarmente, a taxa de tromboembolismo venoso em pacientes com mais de

60 anos submetidos à cirurgia foi significativamente maior do que nos pacientes

mais jovens (FERRAROTTO et al., 2009).

Algumas pesquisas sugerem que o efeito poderia envolver uma ação direta

da talidomida sobre as células endoteliais previamente lesadas por agentes

quimioterápicos, como a doxorrubicina (KAUSHAL et al., 2002).

Em relação aos parâmetros bioquímicos, a indometacina elevou as enzimas

AST, ALT, ALP e GGT, diminuiu a concentração de glicose e albumina, não alterou

a ureia e a creatinina, porém sem evidenciar danos histológicos significativos a nível

hepático ou renal. Estas alterações foram inibidas pelo tratamento com talidomida.

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Qualquer AINE pode causar lesão hepática, clinicamente leve. A elevação

das transaminases é comumente associada ao uso dos AINEs. O diclofenaco de

sódio, por exemplo, frequentemente, causa elevações leves em qualquer momento

do tratamento, bastando um ajuste da dose para reverter este processo (BARBOSA

et al., 2010).

As anormalidades hepáticas incluem elevação nos níveis de alanina

aminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase (AST). Apesar disso, o

aparecimento de hepatite e icterícia é considerado raro, porém fatal (apenas 1% dos

pacientes) (LANAS; PANES; PIQUE, 2003; RADI; KHAN, 2006).

Além disso, Fernandez-Martinez e colaboradores (2001) demonstraram que a

talidomida e seus análogos impediam a acumulação do colágeno no duto biliar em

ratos com lesão hepática por inibição do TNF-α. Estudos relatam que a talidomida

melhora o quadro de lesão hepática induzida pelo tetracloreto de carbono (CCl4), em

ratos, entretanto o mecanismo terapêutico não está esclarecido (MURIEL et al.,

2001; YEH et al., 2004).

Nesta pesquisa, não foram evidenciadas alterações nos níveis de creatinina e

ureia entre os grupos analisados. Também vale destacar que não há dados na

literatura comprovando que o uso crônico de talidomida leve a um quadro de

insuficiência ou alterações renais.

É importante destacar que os AINEs têm pouco efeito sobre a função renal de

pacientes não nefropatas, talvez porque a produção das prostaglandinas

vasodilatadoras tenha função apenas secundária nos indivíduos com níveis normais

de sódio, entretanto, estes medicamentos reduzem o fluxo sanguíneo renal e a taxa

de filtração glomerular dos pacientes com insuficiência cardíaca congestiva, cirrose

hepática com ascite, doença renal crônica ou hipovolemia (CHAN; GRAHAM, 2004).

Ainda quanto aos aspectos bioquímicos, o uso, principalmente crônico, de

AINEs, pode conduzir à instalação de acidose tubular, diminuição da filtração

glomerular com a consequente retenção de fluidos relacionada com a inibição da

síntese de PGs no rim (HAWKEY; SKELLY, 2002; REED, 2002; FILARETOVA et al.,

2007).

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As lesões intestinais induzidas por AINEs, em especial, pela indometacina em

ratos, ocorrem no intestino delgado, principalmente no jejuno e no íleo. Tais lesões

consistem inicialmente de nódulos brancos e segmentos hemorrágicos palpáveis da

superfície serosa que subsequentemente geram adesão massiva das vísceras

abdominais em resposta à perfuração intestinal, culminando em morte por peritonite.

Este trabalho demonstrou que o tratamento durante cinco dias com

indometacina (5,0 mg/kg), por via oral, acarretou lesões hemorrágicas a nível

duodenal, adesão entre as alças intestinais com formação de uma capa de fibrina

cobrindo o intestino e presença de líquido fétido e escuro no peritônio, com a

presença de grande quantidade de enterobactérias, indicativo da ocorrência de

aumento da permeabilidade com perfuração intestinal. Tais achados corroboram os

resultados obtidos por outros autores (ROBERT; ASANO, 1977; KOYLUOGLU et al.,

2008; LANAS; SCARPIGNATO, 2006).

Vários estudos mostram a importância da microbiota na patogênese das

lesões intestinais induzidas pela indometacina, tendo sido demonstrado que animais

livres de germes ou tratados com antibióticos não desenvolviam lesões (LANAS;

SCARPIGNATO, 2006; KIM, 2008).

Os resultados obtidos neste estudo para a análise microbiológica do lavado

peritoneal dos animais em tratamento com talidomida, nas doses de 100 e

200mg/kg, e associados à indometacina, mostraram diminuição e/ou ausência de

bactérias na cavidade peritoneal, porém foi observada a presença de considerável

concentração de K.pneumoniae no material analisado. Esse resultado se contrapõe,

por exemplo, aos achados de Kumar; Chhibber em 2008, os quais não identificaram

crescimento bacteriano em animais BALB/c infectados com K.pneumoniae. Vale

salientar que o mesmo grupo constatou a proteção da talidomida associada ao

antibiótico augmentin, pertencente ao grupo das penicilinas, encontrando resultados

semelhantes aos observados em trabalho anterior (KUMAR; HARJAI; CHHIBBER,

2008).

Com o intuito de investigar o efeito da talidomida sobre a infiltração de

neutrófilos, realizou-se o estudo da atividade da MPO de leucócitos obtidos da

cavidade peritoneal. Os resultados obtidos mostrou que a talidomida reduziu de

forma significativa (p<0,05) a atividade da MPO, induzida por indometacina, no

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líquido da cavidade peritoneal, apesar de não ter protegida a morte da maioria dos

animais. Esta enzima é liberada dos grânulos de estocagem dos neutrófilos após a

ativação destes e catalisa a formação de espécies reativas. Portanto, a redução da

atividade da MPO pode ser interpretada como manifestação da atividade

antiinflamatória de determinada substancia (PAIVA et al., 2004).

Esse é um achado consistente com as propriedades antiinflamatórias

relatadas da talidomida, que pode atenuar a lesão tecidual mediada por células

como os granulócitos (YASUI et al., 2005).

Nandi et al. (2010) demonstraram que a indometacina induz jejuno-ileíte e

aumento da atividade da MPO na mucosa, e esses efeitos foram associados com

produção aumentada de TNF-α, IL-1β, e NO no soro e tecido.

Sabe-se que a atividade da MPO, considerada marcador enzimático de

neutrófilos, é fonte de radicais livres. Portanto, o aumento na atividade dessa enzima

indica, além do recrutamento de neutrófilos para o foco inflamatório, aumento na

geração de radicais livres (CROSS et al., 2003; MULLANE et al., 1985).

A presença do óxido nítrico (NO) é de suma importância para a ocorrência de

injúria microvascular no jejuno de ratos causada pela indometacina (FOLCO;

MURPHY, 2006). O envolvimento do NO formado pela isoforma iNOS é investigado

no desenvolvimento de lesões intestinais provocadas pelo uso contínuo de

indometacina (FILARETOVA et al., 2002; TAKEUCHI et al., 2010a).

O tratamento pelo período de 72 horas com indometacina (10 mg/kg, s.c.)

causou aumento do timo, e tal elevação foi dependente da expressão do iNOS.

Observou-se também o aumentou do vazamento vascular da albumina humana no

jejuno após 18h de aplicação do fármaco (SOUZA et al., 2004; EVANS et al., 2000).

Por outro lado, em 2003, Evans e colaboradores demonstraram que a enzima

nitrogênio-sintase induzida (iNOS) e o NO são importantes na ocorrência de danos

na microvasculatura em jejuno de ratos tratados com indometacina. Tal evento

ocorre em virtude do aumento na concentração de NO que, consequentemente,

induz ao surgimento de dano vascular (LANAS; SCARPIGNATO, 2006).

Buscando entender a ação de um possível efeito protetor da talidomida frente

os efeitos deletérios da indometacina, os órgãos dos animais tratados foram

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observados macro e microscopicamente. Neste caso, foi visto que a talidomida

mostrou um leve efeito citoprotetor contra a lesão intestinal induzida pela

indometacina. Estudos realizados por LV et al. (2006) mostraram que o mecanismo

do efeito inibidor da talidomida sobre o estresse oxidativo decorre, possivelmente, da

supressão da via de sinalização do NF-kB, que induz o estresse e

consequentemente, o quadro de dano hepático, como, por exemplo, alterações

causadas por AINES como a indometacina.

Foi proposta por Naito et al. (1998) a ideia de que as espécies reativas de

oxigênio mediadas pela peroxidação lipídica são uma das principais causas de

lesões gastrintestinais induzidas por indometacina. O comprometimento estrutural e

funcional das mitocôndrias (patologia mitocondrial) induzido por indometacina leva

ao estresse oxidativo mitocondrial associado à geração de espécies reativas de

oxigênio intramitocondrial.

A perda estrutural e funcional das mitocôndrias é comum em danos celulares

por estresse oxidativo (SOMASUNDARAM et al., 2000). Vários estudos mostraram o

papel patogênico da microbiota bacteriana na formação de lesões intestinais

induzida pela indometacina. Pesquisas mostram que a administração de

indometacina (10,0 mg/kg) subcutânea em ratos causou lesões hemorrágicas no

intestino delgado, principalmente na região do jejuno e íleo, onde as primeiras

lesões foram observadas seis horas após administração, o que aumenta

progressivamente no tempo de 24 horas depois (BERTOLINI; OTTANI; SANDRINI,

2001).

A ativação mediada pelas endotoxinas do sistema fagócito mononuclear e a

consequente liberação de IL-1 e TNF-α são eventos cruciais na patogenia do choque

séptico (REN et al., 2004; SERHAN; CHIANG, 2008). Estas citocinas produzem

ativação endotelial e adesão e agregação leucocitárias, além de promoverem a

coagulação intravascular e a trombose capilar (DINARELLO, 2009a, 2010).

Além disso, sinalizam para mediadores secundários, que incluem as

prostaglandinas, o fator ativador plaquetário e o óxido nítrico (KEARNEY et al.,

2004). Este último, por sua vez, causa vasodilatação e outros efeitos pró-

inflamatórios (CROFFORD et al., 2000). Além de causarem a liberação de

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mediadores biologicamente ativos, as toxinas bacterianas produzem, também, lesão

direta às células e tecidos (POVOA, 2002; REN et al., 2004).

A produção de TNF-α (em estádio inicial ulcerogênico no intestino delgado)

por indometacina induz a expressão de iNOS, ativando neutrófilos e desenvolvendo

as lesões intestinais (BERTRAND et al., 1998; SHIMIZU et al., 2000). É possível que

a citoproteção induzida pela talidomida, observada neste trabalho, tenha decorrido

do efeito inibitório na produção de TNF-α e interleucina-1β (IL-1β) de monócitos

humanos in vitro, conforme observado por outros pesquisadores (HARRINGTON et

al., 2005).

Além da estimulação da produção de IL-6, os PDF também podem causar

alterações metabólicas no fígado (CSALA et al., 1998). Sugere-se que este efeito

metabólico do LPS é mediado por eicosanóides (PGD2) e (PGE2), produzidas pelas

células de Kupffer (MANDL et al., 1995).

Antiinflamatórios como a indometacina induzem a lesão intestinal em

proporção direta à sua capacidade de serem excretados na bile, e são conhecidos

por se associarem quimicamente a fosfatidilcolina. Assim, fosfatidilcolina biliar

desempenha papel importante na proteção fisiológica do epitélio gastritestinal contra

as ações citotóxicas dos sais biliares. A capacidade de AINEs excretados na bile se

associarem com micelas mistas de sais biliares e reduzirem a ação protetora da

fosfatidilcolina pode ser um componente crítico no mecanismo patogênico dessas

drogas (DIAL et al., 2008).

A toxicidade tópica também pode ser fator importante para a toxicidade pela

indometacina, pois esse agente, quando excretado na bile, danifica a barreira físico-

química e, consequentemente, deixa a mucosa mais susceptível à injúria (JACOB et

al., 2007; ZHOU et al., 2010; DIAL et al., 2008).

Além disso, a indometacina reduz a secreção de muco por inibir a produção

da PGE2, o que facilitaria a invasão bacteriana (LICHTENBERGER et al., 2009; ISE

et al., 2010).

Os resultados apresentados evidenciam o efeito citoprotetor da talidomida

contra a lesão intestinal induzida pela indometacina, provavelmente por sua

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atividade antiinflamatória, impedindo o aumento do fibrinogênio, recrutamento

leucocitário e lesão hepática.

Não há trabalhos que relatem a associação do fibrinogênio com MPO e são

inexistentes trabalhos relacionando a lesão intestinal com o fibrinogênio e os níveis

de MPO na cavidade peritoneal como marcador de lesão intestinal. Com base

nesses achados, a associação encontrada entre fibrinogênio e MPO permite utilizar

esses diferentes indicadores na avaliação clínica dos processos inflamatórios.

Assim sendo, a medida do fibrinogênio e da MPO, como marcadores de

inflamação, deveria ser encorajada na rotina clínica de investigação dos processos

inflamatórios do intestino delgado.

Sugere-se que a talidomida possa minimizar as lesões inflamatórias, os

sangramentos do trato gastrointestinal e a lesão tecidual induzida pela indometacina,

em pacientes com doenças inflamatórias crônicas que necessitam do uso desse

agente.

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CONCLUSÃO

Os resultados demonstraram que a lesão intestinal inflamatória em ratos

Wistar induzida pela indometacina foi revertida parcialmente pelo tratamento com a

talidomida. Além disso, os dados obtidos evidenciam o efeito hepatoprotetor da

talidomida contra a indometacina, provavelmente por sua atividade antiinflamatória,

impedindo o aumento do fibrinogênio e o recrutamento leucocitário no ambiente

hepático.

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