universidade federal do cearÁ centro de ciÊncias...

103
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA THIAGO FERNANDES MARTINS PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DE UM INIBIDOR TIPO BOWMAN-BIRK DE SEMENTES DE Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke FORTALEZA-CE 2015

Upload: vutruc

Post on 07-Nov-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA E BIOLOGIA MOLECULAR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOQUÍMICA

THIAGO FERNANDES MARTINS

PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DE UM INIBI DOR TIPO BOWMAN-BIRK DE SEMENTES DE Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke

FORTALEZA-CE

2015

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

THIAGO FERNANDES MARTINS

PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DE UM INIBI DOR TIPO BOWMAN-BIRK DE SEMENTES DE Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke

Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Bioquímica. Área de concentração: Bioquímica Vegetal.

Orientador: Prof. Dr. José Tadeu Abreu de Oliveira.

FORTALEZA-CE

2015

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1
Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

THIAGO FERNANDES MARTINS

PURIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO BIOQUÍMICA DE UM INIBI DOR TIPO BOWMAN-BIRK DE SEMENTES DE Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Ceará como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Bioquímica. Área de concentração: Bioquímica Vegetal.

Dissertação aprovada em: _09_/_Março_/ 2015.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. José Tadeu Abreu de Oliveira (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

Profª. Drª. Ilka Maria Vasconcelos

Universidade Federal do Ceará (UFC)

Drª. Hévila Oliveira Salles

Embrapa Caprinos e Ovinos

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar (sempre), agradeço a Deus por TUDO que tem feito por

mim, uma vez que, sem Ele à frente na minha vida, não estaria tornando meus sonhos

em realidade. Faço minhas palavras as do salmista: “Louvai ao Senhor, porque Ele é

bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1.

A minha mãe Roselia Fernandes Martins, por estar SEMPRE ao meu lado

cuidando de mim, por não medir esforços para me ajudar, como por exemplo, deixar

seu conforto em casa para dormir algumas noites no laboratório. TE AMO!

A minha namorada Kamilinha, por estar comigo nessa caminhada, me dando

forças, me incentivando a seguir. Agradeço por tornar mais agradável essa minha

jornada. Já foram concluídos dois TCC nos quais tive o prazer de agradecê-la por ser

essa coisa linda em minha vida, e vamos ao terceiro! “Em alguns momentos, trocaria

uma proteína pura por um abraço e um beijo seu”.

Agradeço novamente a Deus por ter me dado essas duas criaturas citadas

acima.

A minha irmã Marcela Vieira, por me abrigar com muito prazer em sua casa,

me dando um quarto e um de seus ventiladores, apesar de ter esquecido e me deixar

no calor uma noite. Pelos ótimos momentos juntos, conversas, brigas e tudo mais. Te

amo!

Aos GRANDES amigos da UERN pelo carinho, incentivo e por acreditarem

que eu seria capaz. Agradeço especialmente ao chefe Hélio, por ter me guiado até

aqui. À Raquel Queiroz, por ser essa louca por bioquímica, sempre me instigando a

estudar mais e querer saber mais, pelas valiosas conversas e correções sempre

oportunas. Muito obrigado!

Ao professor Dr. José Tadeu Abreu de Oliveira, exemplo de ética e

profissionalismo dentro do DBBM. Meu muito obrigado por ter me aceitado em seu

laboratório no qual pude realizar esta pesquisa, pelos ensinamentos e pelos esforços

realizados nessa reta final para que esta dissertação fosse concluída.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

À professora Dra. Ilka Maria Vasconcelos, pelo apoio científico que me foi

dado, sendo de grande contribuição para a conclusão dessa dissertação.

Aos colegas de laboratório, aqui vão meus agradecimentos. Fredy, MUITO

obrigado pela orientação em grande parte dessa minha caminhada no lab. 1085,

cresci muito cientificamente e como pessoa com vc. Obrigado pelas caronas. Ao

grande Pedro, por me acolher como um irmão no lab. 1085 (mesmo que em troca eu

lavasse suas vidrarias), pelas raivas, por nunca deixar organizada sua bancada, pelas

perturbações, pelos abraços bestas, pelas valiosas dicas em minhas pesquisas e por

todo incentivo e carinho. Ao colega Rodolpho BBD Guedes, pela sugestão, MAIS QUE

OPORTUNA, de mudar o foco de minha pesquisa, pelas ligações atendidas e por todo

o apoio que me tem dado. A minha IC favorita Louise Magalhães, carinhosamente

apelidada de Loló, pela confiança carinho e respeito que tens por mim e pela ajuda

(braçal) que me foi dada para que esse trabalho fosse concluído. A Ana Lú, pelos

momentos agradabilíssimos no lab 1085, tu és muito massa ó! A Anna Lídia, pelas

caronas, pelo convívio agradável no lab. Ao chapa Handerson, por ser caixa eletrônico

do 1085. A Ivna dôida, pelas risadas, caronas, raivas, PERTURBAÇÕES, só! A Laris

linda, pela disposição em sempre me ajudar no que for preciso, ou seja, lavar tubos.

Ao chico Manel, por estar sempre sorrindo por nada, por não fazer as coisas quando

lhe é pedido (à exemplo descartar as vidrarias quebradas do isopor). Ao Luca, por

querer a cada me matar de raiva, porque é isso que você quer! Obrigado pelo convívio

agradável no lab. 1085. A Viviane (ovelha perdida) pelo período em que me auxiliou

(lavando tubos) em meus experimentos. A Jordanya (Jojó) pelo auxílio quando lhe é

pedido e pelo carinho.

Aos colegas do LABTOX, pela disponibilidade em ajudar sempre que

precisei.

Aos demais colegas do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular,

meu muito obrigado por tornar menos estressante essa etapa de minha vida.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

AGRADECIMENTOS INSTITUCIONAIS

Este trabalho foi realizado graças ao auxílio das seguintes Instituições:

Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular do Centro de Ciências da

Universidade Federal do Ceará (DBBM-UFC );

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela

bolsa de Pós-Graduação concedida ao autor, por meio de convênio com o Programa

de Pós-Graduação em Bioquímica do Departamento de Bioquímica e Biologia

Molecular do Centro de Ciências da Universidade Federal do Ceará.

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por

meio de convênio com o Programa de Pós-Graduação em Bioquímica do

Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular do Centro de Ciências da

Universidade Federal do Ceará.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

“Tudo o que temos de decidir é o que fazer

com o tempo que nos é dado.”

J. R. R. Tolkien

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

RESUMO

Inibidores de proteases vegetais são proteínas de baixa massa molecular, geralmente

presentes em altas concentrações nos tecidos de armazenamento, particularmente

em sementes de plantas pertencentes à família Fabaceae. Neste estudo, um inibidor

de proteases pertencente à família Bowman-Birk (LzaBBI) foi purificado a partir do

extrato salino de sementes de Luetzelburgia auriculata. Após fervura desse extrato

salino, o inibidor foi purificado por cromatografia de afinidade em matriz de

anidrotripsina-Sepharose® 4B, seguido de cromatografia em matriz de troca iônica

(DEAE Sepharose) e cromatografia em fase reversa. Em condições redutoras, ou não,

o LzaBBI apresentou massa molecular aparente de 17,3 kDa, e uma única cadeia

polipeptídica. Sua sequência NH2-terminal possui alta similaridade com inibidores do

tipo Bowman-Birk de leguminosas. O LzaBBI permaneceu estável após fervura a 98

°C por 120 min, bem como após incubado na faixa de pHs entre 2 a 11. Além de

possuir relevante estabilidade estrutural, de importância para futuras aplicações

biotecnológicas, apresentou efeito negativo no crescimento da bactéria

Staphylococcus aureus, quando em baixas concentrações.

Palavras-chave: Inibidor de protease do tipo Bowman-Birk, Luetzelburgia auriculata,

Staphylococcus aureus.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

ABSTRACT

Plant protease inhibitors are proteins of low molecular weight, usually present in high

concentrations in storage tissues, particularly in seeds of species belong to the

Fabaceae family. In this study, a Bowman-Birk protease inhibitor (LzaBBI) was purified

from the saline extract of the Luetzelburgia auriculata seeds After boiling of this saline

extract, the inhibitor was purified by affinity chromatography on Sepharose® 4B-

anhydrotrypsin, followed by ion exchange chromatography on DEAE Sepharose and

reverse phase chromatography. Under reducing conditions or not, LzaBBI showed an

apparent molecular mass of 17.3 kDa and a single polypeptide chain. The NH2-terminal

sequencing of the LzaBBI showed high similarity with other Bowman-Birk inhibitors of

legumes. LzaBBI remained stable after boiling at 98 °C for 120 min and also remained

stable with trypsin inhibitory activity after incubation in pH buffers with pHs varying from

2 to 11. In addition to its relevant structural stability, of importance in future

biotechnological applications, LzaBBI showed negative impact on the Staphylococcus

aureus development when at low doses.

Keywords: Bowman-Birk inhibitor, Luetzelburgia auriculata, Staphylococcus aureus.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO E PARTES DA PLANTA ............................................................. 22

FIGURA 2 – ESQUEMA DA INTERAÇÃO ENTRE AS CADEIAS LATERAIS DOS RESÍDUOS DE

AMINOÁCIDOS DE UM PEPTÍDEO SUBSTRATO OU INIBIDOR E OS RESÍDUOS DO SÍTIO

CATALÍTICO DA ENZIMA .......................................................................................... 30

FIGURA 3 – ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL DE INIBIDORES PROTEICOS DE PROTEASES

SERÍNICAS ............................................................................................................ 32

FIGURA 4 – ESQUEMA DE OBTENÇÃO DO EXTRATO FERVIDO (EF) DE PROTEÍNAS EXTRAÍDAS

DA FARINHA DE SEMENTES DE L. AURICULATA ......................................................... 42

FIGURA 5 – ESQUEMA DA ANIDROTRIPSINA ACOPLADA A SEPHAROSE® 4B ....................... 44

FIGURA 6 – ESQUEMA DE PURIFICAÇÃO DO INIBIDOR DE PROTEASE A PARTIR DO EXTRATO

AQUOSO PROTEICO DE SEMENTES DE L. AURICULATA, PREVIAMENTE FERVIDO (98 °C)

POR 20 MIN .......................................................................................................... 47

FIGURA 7 – EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DO

EXTRATO TOTAL (ET) OBTIDO DE SEMENTES DE L. AURICULATA, APÓS SER FERVIDO (98

°C) POR 0, 10, 20, 30, 40, 50 E 60 MIN .................................................................. 59

FIGURA 8 – PERFIL ELETROFORÉTICO (SDS-PAGE, 12,5% V/V;) DO EXTRATO PROTEICO

TOTAL DA FARINHA DE SEMENTES DE L. AURICULATA APÓS TER SIDO FERVIDO (98 °C)

DURANTE DIFERENTES TEMPOS .............................................................................. 60

FIGURA 9 – EFEITO DO TRATAMENTO TÉRMICO NA ATIVIDADE INIBITÓRIA DE TRIPSINA E

QUIMOTRIPSINA .................................................................................................... 61

FIGURA 10 – PERFIL TÍPICO DA CROMATOGRAFIA DE AFINIDADE, EM COLUNA DE

ANIDROTRIPSINA-SEPHAROSE® 4B, DO EXTRATO TOTAL PREVIAMENTE FERVIDO (98 °C)

POR 20 MIN .......................................................................................................... 62

FIGURA 11 – PERFIL CROMATOGRÁFICO OBTIDO EM COLUNA DE TROCA ANIÔNICA (HITRAPTM

DEAE FF) ACOPLADA A UM SISTEMA DE CROMATOGRAFIA ÄKTAPRIME PLUS (GE

HEALTHCARE, UPPSALA, SUÉCIA) .......................................................................... 64

FIGURA 12 – PERFIL CROMATOGRÁFICO DO FNR-DEAE, ORIUNDO DA CROMATOGRAFIA DE

TROCA ANIÔNICA, EM COLUNA DE FASE REVERSA C-18 ............................................ 65

FIGURA 13 – PERFIL ELETROFORÉTICO (SDS-PAGE, 15%) DAS FRAÇÕES OBTIDAS

DURANTE OS PASSOS DE PURIFICAÇÃO DO LZABBI DE SEMENTES DE L. AURICULATA ... 68

FIGURA 14 – ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA (12,5% V/V) DO INIBIDOR

PURIFICADO NA PRESENÇA E AUSÊNCIA DE AGENTE REDUTOR ................................... 69

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

FIGURA 15 – ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA (15%) PARA DETECÇÃO DE

GLICOPROTEÍNA PELO MÉTODO DO ÁCIDO PERIÓDICO DE SCHIFF ............................... 71

FIGURA 16 – ALINHAMENTO DA SEQUÊNCIA NH2-TERMINAL DO LZABBI COM SEQUÊNCIAS DE

OUTROS INIBIDORES DA FAMÍLIA BOWMAN-BIRK, DE ESPÉCIES DE LEGUMINOSAS,

DEPOSITADAS NO NCBI, OBTIDA UTILIZANDO A FERRAMENTA DE ALINHAMENTO

CLUSTAW .......................................................................................................... 72

FIGURA 17 – DETERMINAÇÃO DA IC50 .......................................................................... 74

FIGURA 18 – ESTABILIDADE TÉRMICA DO LZABBI ............................................................. 75

FIGURA 19 – ESTABILIDADE DO LZABBI EM DIFERENTES PHS. ........................................... 76

FIGURA 20 – FOTOMICROGRAFIA DA GERMINAÇÃO DE ESPOROS DE T. MENTAGROPHYTES 78

FIGURA 21 – CURVA DE CRESCIMENTO DAS BACTÉRIAS .................................................. 79

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – CLASSES DAS ENZIMAS PROTEOLÍTICAS E SUAS RESPECTIVAS FAMÍLIAS .......... 25

TABELA 2 – FAMÍLIAS DE INIBIDORES PROTEICOS DE PROTEASES SERÍNICAS ..................... 27

TABELA 3 – CLASSES DE INIBIDORES PROTEICOS VEGETAIS DE ENZIMAS PROTEOLÍTICAS ... 28

TABELA 4 – PROGRAMAÇÃO DA CROMATOGRAFIA EM FASE REVERSA ............................... 46

TABELA 5 – ETAPAS DE PURIFICAÇÃO* DO INIBIDOR DE PROTEASE BOWMAN-BIRK DE

SEMENTES DE L. AURICULATA ................................................................................ 66

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ATCC – American Type Culture Collection

BApNA – N-benzoil-DL-arginina p-nitroanilide

BSA – Albumina sérica bovina

CHAPS – 3-[(3-Colamidopropil) dimetilamonio]-1-propano sulfonato

DEAE – Dietilaminoetil

DMSO – Dimetil sufóxido

DTT – Ditiotreitol

IEF – Focalização isoelétrica

IPG – Gradientes de pH imobilizados em géis de poliacrilamida

NCBI – National Center for Biotechnology Information

PAS – Ácido Periódico de Schiff

PMSF – Fenilmetanosulfonilfluoridro

SBTI – Inibidor de Tripsina da Soja

SDS – Dodecil Sulfato de Sódio

SDS-PAGE – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida contendo SDS

TCA – Ácido tricloroacético

TEMED – Tetrametiletilenodiamina

TFA – Ácido trifluoroacético

UI – Unidade de Inibição

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 18

1.1. O bioma Caatinga .................................. ....................................................... 19

1.2. Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke .................................. ............... 20

1.3. Proteases ......................................... ............................................................. 23

1.4. Inibidores proteicos de proteases ................. ............................................. 26 1.4.1. Mecanismo geral de inibição de proteases por inibid ores de natureza proteica ................................................................................................................. 28 1.4.2. Inibidores proteicos de proteases serínicas ................................................ 31

1.5. Hipótese e pergunta biológica ..................... ............................................... 33

2. OBJETIVOS ......................................... .............................................................. 34

2.1. Objetivo Geral .................................... ........................................................... 35

2.2. Objetivos Específicos ............................. ..................................................... 35

3. MATERIAIS ......................................... .............................................................. 36

3.1. Reagentes químicos ................................ ..................................................... 37

3.2. Material biológico ................................ ......................................................... 37 3.2.1. Material Vegetal .......................................................................................... 37 3.2.2. Fungo .......................................................................................................... 37 3.2.3. Bactérias ..................................................................................................... 38

4. METODOLOGIA ....................................... ......................................................... 39

4.1. Extração de proteínas e purificação do inibidor de sementes de L. auriculata ................................................................................................................. 40

4.1.1. Obtenção da farinha .................................................................................... 40 4.1.2. Extração das proteínas solúveis totais ........................................................ 40 4.1.3. Obtenção do Extrato Fervido (EF) .............................................................. 40 4.1.4. Cromatografia de afinidade em matriz de anidrotripsina-Sepharose® 4B .. 43

4.1.4.1. Preparo da matriz ................................................................................ 43 4.1.4.2. Acoplamento da anidrotripsina em Sepharose® 4B ............................ 43

4.1.5. Cromatografia de troca iônica ..................................................................... 45 4.1.6. Cromatografia em fase reversa ................................................................... 45

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

4.2. Caracterização bioquímica do LzaBBI ............................................... ......... 48 4.2.1. Dosagem de proteínas solúveis totais ........................................................ 48 4.2.2. Determinação da atividade inibitória de tripsina .......................................... 48 4.2.3. Avaliação da atividade inibitória de quimotripsina ....................................... 49 4.2.4. Eletroforese em Gel de Poliacrilamida ........................................................ 49 4.2.5. Métodos de revelação de proteínas após corrida eletroforética .................. 50

4.2.5.1. Revelação com azul brilliante de Coomassie ...................................... 50 4.2.5.2. Revelação por nitrato de prata ............................................................. 51

4.2.6. Avaliação da possível existência de carboidrato covalentemente ligado à cadeia polipeptídica do LzaBBI .............................................................................. 51 4.2.7. Determinação da sequência NH2-terminal .................................................. 52 4.2.8. Determinação da IC50 ................................................................................. 52 4.2.9. Estabilidade térmica do LzaBBI .................................................................. 53 4.2.10. Estabilidade do LzaBBI em diferentes pHs ............................................. 53

4.3. Atividades biológicas ............................. ...................................................... 54 4.3.1. Avaliação da atividade antifúngica .............................................................. 54

4.3.1.1. Cultivo do Fungo .................................................................................. 54 4.3.1.2. Obtenção dos esporos ......................................................................... 54 4.3.1.3. Ensaio de inibição da germinação de esporos .................................... 55

4.3.2. Avaliação da atividade antibacteriana ......................................................... 55 4.3.2.1. Cultivo das Bactérias ........................................................................... 55 4.3.2.2. Ensaio de inibição do crescimento bacteriano ..................................... 56

4.4. Análise estatística ............................... ......................................................... 56

5. RESULTADOS ........................................ .......................................................... 57

5.1. Purificação do LzaBBI ............................................... ................................... 58 5.1.1. Extrato fervido ............................................................................................. 58 5.1.2. Cromatografia de afinidade ......................................................................... 62 5.1.3. Cromatografia de troca iônica ..................................................................... 63 5.1.4. Cromatografia em fase reversa ................................................................... 63

5.2. Caracterização do LzaBBI ............................................... ............................. 67 5.2.1. Grau de pureza do inibidor por SDS-PAGE ................................................ 67 5.2.2. Avaliação da existência de carboidrato covalentemente ligado à cadeia polipeptídica do LzaBBI ......................................................................................... 70 5.2.3. Sequenciamento e alinhamento NH2-terminal do LzaBBI ............................ 70 5.2.4. Determinação da IC50 .................................................................................. 73 5.2.5. Estabilidade térmica do LzaBBI .................................................................. 73 5.2.6. Estabilidade do LzaBBI em diferentes valores de pH .................................. 73

5.3. Atividades biológicas do LzaBBI ............................................... ................. 77 5.3.1. Atividade antifúngica ................................................................................... 77

6. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 80

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

7. CONCLUSÕES .................................................................................................. 85

8. REFERÊNCIAS ................................................................................................. 87

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

1 INTRODUÇÃO

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

19

1.1. O bioma Caatinga

Dentre os sete biomas distribuídos em todo território brasileiro, a Caatinga é o

único exclusivo do Brasil. Portanto, grande parte do patrimônio biológico existente na

região não é encontrado em nenhum outro lugar do mundo, apresentando uma das

maiores biodiversidades vegetal e animal, quando comparado a outras regiões

semiáridas do mundo (SEMACE, 2015). Este bioma está presente na maior parte dos

estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do

Norte, Piauí, Sergipe e parte do nordeste de Minas Gerais, ocupando uma área de,

aproximadamente, 844.453 Km², correspondendo 11% de todo o território nacional.

Apesar da grande relevância no cenário nacional, este bioma tem sido desmatado de

forma acelerada e aproximadamente 46% da sua área já foi desmatada devido à

retirada de lenha ilegal para fins domésticos e industriais, ao sobrepastoreio e a

conversão para pastagens e agricultura (GIULIETTI et al., 2004; MMA, 2015).

Dados apresentados por Giulietti e colaboradores (2004) demonstram um total

de 932 espécies de plantas vasculares presentes na Caatinga e citam que há

endemismo de 18 gêneros e 318 espécies (34% do total das espécies descritas). Hauff

(2010) cita em seu trabalho que o mesmo pesquisador (apud GIULIETTI et al., 2006)

considera tais dados como incompletos, sendo o número de plantas superiores

(angiospermas e gimnospermas) maior que 1.500 espécies. É observado que nos

últimos anos tem crescido o interesse e preocupação com a Caatinga, fatos esses

relacionados aos estudos realizados na região e as novas espécies endêmicas de

animais e vegetais que são catalogadas (SILVA; OREN, 1997; HAUFF, 2010).

Portanto, estudos que ressaltem a importância de plantas exclusivas do Brasil são de

grande relevância, tendo em vista que existe uma escassez de referenciais teóricos

oriundos de tais espécies.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

20

1.2. Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke

A espécie Luetzelburgia auriculata (Allemão) Ducke, conhecida popularmente

como pau-mocó, pau-de-chapada, pau-ripa, pau-serrote, apresenta quatro sinônimos

botânicos: Bowdichia freirei Ducke, Luetzelburgia brasiliensis Yakovlev, Luetzelburgia

pterocarpoides Harms e Tipuana auriculata Allemão (MAIA, 2004; LORENZI, 2008).

Sua classificação científica, segundo Cardoso (2012) é:

Família: Fabaceae � Subfamília: Papilinoideae

� Gênero: Luetzelburgia

� Espécie: Luetzelburgia auriculata

A L. auriculata é uma árvore de pequeno ou médio porte, podendo atingir 22

m de altura. Seu tronco possui casca de coloração marrom-acinzentada de aspecto

liso à rugoso. As folhas apresentam formas variáveis, coriáceas e de coloração verde

brilhante. O fruto, de aproximadamente 6 cm de comprimento e 2-2,5 cm de largura,

é achatado. Quando maduro, o fruto apresenta cor marrom e aspecto “aveludado”,

contendo apenas uma semente (MAIA, 2004; CARDOSO, 2015) (FIGURA 1).

A distribuição geográfica de L. auriculata compreende os estados da Bahia,

Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Tocantins,

sendo uma planta endêmica do Brasil. Sua amplitude ecológica varia desde a

Caatinga, especialmente a Caatinga arbustiva e pé de serra, cerrado e floresta

latifoliada semidecídua (CARDOSO, 2015). É amplamente utilizada na fabricação de

móveis de luxo, mas alguns trabalhos destacam a utilização de suas raízes como fonte

de nutrientes para alimentação de emergência (KIRMSE, 1983; MAIA, 2004;

LORENZI, 2008).

Pesquisas envolvendo a espécie têm sido realizadas com foco na ocorrência

da planta na Caatinga (KIRMSE, 1983) e análise filogenética (CARDOSO, 2012).

Porém, como ocorre com inúmeras espécies de plantas endêmicas do Brasil, pouco

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

21

se sabe a respeito do potencial biotecnológico da L. auriculata. Alguns trabalhos, no

entanto, relatam algumas potencialidades dessa planta. Oliveira e colaboradores

(2002) purificaram uma lectina a partir das sementes de L. auriculata e, depois, Melo

e colaboradores (2005) demonstraram o potencial inibitório dessa lectina sobre o

crescimento de fungos fitopatogênicos (Colletotrichum lindemuthianum, Fusarium

solani e Aspegillus niger). Soares e colaboradores (2007) descreveram a

caracterização e propriedade inseticida de globulinas e albuminas de sementes de L.

auriculata frente ao gorgulho que ataca o feijão-de-corda [Vigna unguiculata L.

(Walpers)], Callosobruchus maculatus, tendo sido observada nas mesmas frações

proteicas a presença de atividade inibitória de protease serínica.

Entretanto, não há relatos, na literatura, de estudos referentes à purificação

de proteínas com atividade biológica contra microrganismos patogênicos a humanos,

como, bactérias e dermatófitos.

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

22

Figura 1 – Distribuição e partes da planta

Fonte: www.cnip.org.br. Distribuição geográfica (A) (Cardoso, 2015) e imagens da L. auriculata, mostrando: galho com folhas (B); fruto alado (C); flor (D) e planta adulta (E).

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

23

1.3. Proteases

Proteases, também denominadas de peptídeos hidrolases ou, simplesmente,

peptidases são enzimas que catalisam a hidrólise de ligações peptídicas, resultando

na formação de peptídeos e/ou aminoácidos livres (BARRETT, 1994; BARRETT et al.,

2001; BERG et al., 2002; NELSON; COX, 2011).

As proteases são ubíquas na natureza, uma vez que são encontradas em todas

as formas de vida, perfazendo, aproximadamente, 2% do total de proteínas (VIEIRA,

2013). Desempenham papeis importantíssimos nos organismos, estando envolvidas

em inúmeros processos biológicos, como, por exemplo, processamento de proteínas,

digestão, sinalização celular, coagulação sanguínea, diferenciação e crescimento

celular, resposta imune, apoptose, envolvimento na replicação de vírus e

estabelecimento de processos infecciosos por microrganismos (POWERS, 2002;

CHOU, 2006).

As proteases vegetais possuem papel importante na interação

planta/patógeno, pois, em alguns casos, durante o ataque de patógenos, ocorre a

secreção destas enzimas no espaço apoplástico e os patógenos na tentativa de

ultrapassar esse mecanismo de defesa, sintetizam inibidores correspondentes às

proteases, sendo a ausência destes, por parte do patógeno, fator que reduz,

consideravelmente, sua virulência (HÖRGER; HOORN, 2013). De acordo com

Kaschani (2010), plantas que não expressam proteases durante o processo infeccioso

são altamente susceptíveis ao patógeno.

Os sítios catalíticos de cada família de proteases são formados por um grupo

específico de resíduos de aminoácidos funcionais bastante conservados entre os

organismos, indicando que os membros de uma mesma família possuem ancestral

comum (NEURATH, 1986). De acordo com a natureza química do sítio catalítico, as

proteases podem ser classificadas em quatro classes: proteases serínicas,

cisteínicas, aspárticas ou metaloproteases (TABELA 1) (TREMACOLDI, 2009;

POWERS, 2002; HEDSTROM, 2002). Outra classificação é dada quanto à posição da

clivagem de seus substratos. Enzimas que clivam na posição amino ou

carboxiterminal são classificadas como exopeptidases (aminopeptidases e

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

24

caboxipeptidades) e enzimas que catalisam a hidrólise no meio da cadeia

polipeptídica, são classificadas como endopeptidases (TURK, 2006).

Atualmente, uma das classificações aceitas pela comunidade científica tem

sido realizada pelo MEROPS (http://merops.sanger.ac.uk/) que é um banco de dados

especializado em armazenar informações de proteases e inibidores de proteases.

Esse banco de dados agrupa as proteases e seus inibidores em famílias que possuam

sequências homólogas, ou seja, similaridades estatisticamente significantes em suas

sequências de aminoácidos.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

25

Tabela 1 – Classes das enzimas proteolíticas e suas respectivas famílias

Fonte: Adaptado de Neurath (1990) e CORNISH-BOWDEN (2014). E.C., Código dado às enzimas pelo Comitê de Nomenclatura da União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular, onde: 3, represente a classe das hidrolases; 4, sub-classe das enzimas que hidrolisam ligações peptídicas, peptidases; 21, sub sub-classe das proteinases serínicas; 22, proteinases cisteínicas; 23, proteinases aspárticas; 24, metaloproteases.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

26

1.4. Inibidores proteicos de proteases

Essa classe de inibidores são proteínas ou peptídeos capazes de formar

complexos com enzimas proteolíticas, levando à inibição da hidrólise de ligações

peptídicas (FAN; WU, 2005). Os inibidores de proteases são moléculas ubíquas na

natureza (BIJINA et al., 2011) e, em plantas, são encontrados em diversos tecidos,

mas predominam, em altas concentrações (5-15% das proteínas solúveis totais), e

estão presentes especialmente nas sementes de leguminosas (BHATTACHARYYA et

al., 2006). Dependendo do órgão em que estejam presentes, desempenham as

funções fisiológicas endógenas de proteínas de reserva e no controle da quebra de

proteínas de reserva no período de dormência da semente, mas, também, atuam na

defesa vegetal contra ataques de fungos, nematoides e insetos (MANDAL et al., 2002;

RASHED; MACDONALD; MATTHEWS, 2008; KIM, 2009; ZHANG; MAO; ZENG,

2012).Os inibidores proteicos de proteases têm recebido grande atenção devido às

suas diversas aplicações biotecnológicas na agricultura e farmacologia (COPELAND,

2005; TRIPATHI; SAHASRABUDDHE; KUMAR, 2014). Estudos recentes têm

demonstrado que essas proteínas possuem atividade inibitória da proliferação de

células cancerígenas, agem interferindo no desenvolvimento de bactérias patogênicas

a humanos e, também, como agente leishmanicidas (SAVOIA; ALLICE; TOVO, 2005;

RAKASHANDA et al, 2013; COSTA et al., 2014; FEREIDUNIAN et al., 2014).

De acordo com as classes de proteases que inibem, são classificados em

inibidores de proteases serínicas, cisteínicas, aspárticas e inibidor de metaloproteases

(LASKOWSKI; KATO, 1980; RICHARDSON, 1991). Dentre os inibidores proteicos de

proteases conhecidos, os mais estudados são aqueles que inibem proteases

serínicas, sendo estes agrupados em 18 famílias, baseado em sua sequência

primária, estrutura tridimensional e mecanismo de inibição (LASKOWSKI; QASIM,

2000) (TABELA 2). Para os inibidores de proteases vegetais, esse agrupamento se

deu de acordo com a estrutura primária do inibidor (RICHARDSON, 1991), sendo as

principais famílias: Kunitz, Bowman-Birk, Batata I, Batata II e abóbora (TABELA 3).

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

27

Tabela 2 – Famílias de inibidores proteicos de proteases serínicas

Fonte: Modificado de Laskowski; Qasim, 2000.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

28

Tabela 3 – Classes de inibidores proteicos vegetais de enzimas proteolíticas

Fonte: Adaptado de Silva (2012).

1.4.1. Mecanismo geral de inibição de proteases por inibidores de natureza proteica

A inibição das proteases ocorre pela formação de um complexo entre a enzima

e sua molécula inibitória, essa última podendo ser de origem proteica ou não. Após o

estabelecimento do complexo enzima-inibidor, ocorre a inibição, que pode ser total ou

parcial, impedindo a hidrólise do substrato, ou seja, da proteína alvo. O inibidor de

protease se liga ao sítio catalítico da enzima por meio de seu domínio ou sítio reativo

inibitório. Quando essa inibição é competitiva, o sítio catalítico da enzima é bloqueado,

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

29

impedindo ligação da enzima ao substrato, sendo esse efeito revertido aumentando a

concentração de substrato (BODE, 1992; OLIVA, 2010). Quando o inibidor se liga à

enzima em um sítio independente daquele de seu substrato, o mecanismo de inibição

é classificado como inibição não-competitiva, depender apenas da concentração do

inibidor (VIEIRA, 2013). Ao haver o contato enzima-inibidor, diversas interações

ocorrem entre o sítio reativo inibitório da cadeia polipeptídica e o sítio catalítico da

enzima, sendo comum alterações na estrutura da molécula inibidora, incluindo rotação

de cadeias laterais e pequenos movimentos na cadeia principal da enzima (LU, 1997;

LASKOWSKI, 2000). A Figura 2 apresenta um esquema geral desse tipo de interação,

Enzima-Inibidor, onde “S” e “P” representam os resíduos presentes no sítio catalítico

da enzima e sítio reativo inibitório, respectivamente. As interações das regiões P2’ e

P3’ às regiões S2’ e S3’ do sítio catalítico da enzima são fundamentais para a

formação do complexo Enzima-Inibidor (KROWARSCH et al., 1999). Geralmente, a

especificidade da protease pelo inibidor ocorre pela associação do resíduo S1 da

enzima ao P1 do inibidor (SCHECHTER; BERGER, 1967), sendo P1 o sítio que sofre

o ataque enzimático (FIGURA 2).

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

30

Figura 2 – Esquema da interação entre as cadeias laterais dos resíduos de aminoácidos de um peptídeo substrato ou inibidor e os resíduos do sítio catalítico da enzima

Fonte: Elaborado pelo autor. Peptídeo substrato ou inibidor (P), resíduos do sítio catalítico da enzima (S). O P1 é o resíduo que, geralmente, confere a especificidade da enzima.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

31

1.4.2. Inibidores proteicos de proteases serínicas

Dentre as famílias de inibidores proteicos de proteases serínicas, as mais

estudadas são as famílias Kunitz e Bowman-Birk (OLIVEIRA et al., 2007). O primeiro

inibidor de planta a ser isolado e caracterizado foi o de tripsina em sementes de soja,

da família Fabaceae (BOWMAN, 1946; KUNITZ, 1947; BIRK et al., 1963), sendo o

primeiro modelo clássico metodológico para a bioquímica de inibição de proteases.

As diferenças básicas entre essas duas famílias de inibidores estão nas

diferenças de massa molecular, conteúdo de cisteína, consequentemente número de

pontes dissulfeto, e número de sítios reativos. Os inibidores da família Kunitz possuem

massa molecular entre 18 e 24 kDa, composto por aproximadamente 180

aminoácidos, possuindo quatro resíduos de cisteína, podendo formar duas pontes

dissulfeto e um único sítio reativo para a tripsina (GATEHOUSE et al., 1999; EE, 2011;

OLIVEIRA et al., 2012). Todavia, estudos recentes têm mostrado que outros sítios

reativos estão presentes nessas proteínas (FRANCO et al., 2002; GOMES et al.,

2005), possuindo atividade inibitória para papaína (OLIVEIRA et al., 2007; MIGLIOLO

et al., 2010) e α-amilase (KOIWA et al., 1997; BELITZ; GROSCH, 1997), indicando

dupla atividade.

Os inibidores do tipo Bowman-Birk (BBI) possuem massa molecular entre oito

e 10 kDa, cadeia única, e apresentam um padrão característico de 14 resíduos de

cisteínas, formando sete pontes dissulfeto intracadeia (PRAKASH et al., 1996;

ODDEPALLY, 2013), que desempenham papel importante na estabilização da

estrutura tridimensional da proteína (QI et al., 2005). Outra característica marcante da

família é a presença de dois sítios reativos, possuindo assim, capacidade de inibir a

tripsina e a quimotripsina simultaneamente. Tal propriedade rendeu a proteína o

“apelido” de inibidor de duas-cabeças (BIRK, 1985) (FIGURA 3).

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

32

Figura 3 – Estrutura tridimensional de inibidores proteicos de proteases serínicas

Fonte: www.rcsb.org/pdb/. Inibidor da família Kunitz (A). Inibidor da família Bowman-Birk (B).

Como já mencionado, estudos com plantas endêmicas do Brasil, que

possuam ampla distribuição na Caatinga, são de grande relevância, sendo fontes de

moléculas com atividades biológicas relevantes e com potencial de utilização como

ferramentas biotecnológicas. Embora, estudos recentes tenham relatado o efeito de

inibidores tipo Bowman-Birk (BBI) na supressão do crescimento de adenocarcinoma

(FEREIDUNIAN et al., 2014), efeito no tratamento de doenças autoimune (SAFAVI;

ROSTAMI, 2012) e com potencial inseticida (PRASAD et al., 2010), trabalhos que

relatam sua presença, purificação e caracterização a partir de plantas endêmicas do

Brasil são escassos, bem como avaliação da atividade antimicrobiana desses

inibidores.

Desse modo, levando em consideração dados que apontam inibidores de

proteases como moléculas potencialmente antimicrobianas, é que este estudo se

propõe a purificar, caracterizar e avaliar o potencial antimicrobiano de um BBI de

sementes de L. auriculata. Outro fato que reafirma a importância de purificar,

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

33

caracterizar e elucidar mecanismo de ação de novas proteínas com atividade

antimicrobiana é a substituição do uso de insumos que possam ser danosos ao meio

ambiente (aplicação agrícola) e seu uso como alternativa no tratamento de doenças

humanas.

1.5. Hipótese e pergunta biológica

Com base em estudos prévios que demonstraram elevada atividade inibitória

de proteases na fração globulínica do extrato proteico da farinha das sementes de L.

auriculata, é que, moléculas com atividade de inibidor de protease podem ser

purificadas e indicadas para uso biotecnológico no controle de microrganismo

patogênicos para o homem.

Assim:

• Dentre a miríade de proteínas presentes nas sementes de L. auriculata,

existem proteínas com atividades relevantes que possam ter aplicação

biotecnológica?

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

34

2. OBJETIVOS

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

35

2.1. Objetivo Geral

Este trabalho teve como objetivo purificar e determinar alguns parâmetros

bioquímicos e biológicos de um inibidor proteico de proteases serínicas extraído de

sementes de Luetzelburgia auriculata, como premissa para seu emprego como

ferramenta biotecnológica.

2.2. Objetivos Específicos

o Estabelecer um protocolo de purificação de um inibidor proteico de proteases

serínicas do tipo Bowman-Birk presente nas sementes de L. auriculata;

o Determinar alguns parâmetros bioquímicos (massa molecular, ponto

isoelétrico, NH2-terminal, estabilidade térmica e em diferentes pHs e

determinação da IC50 frente a atividade anti-tríptica e anti-quimotríptica) do

inibidor purificado de sementes de L. auriculata;

o Avaliar o potencial antifúngico do inibidor purificado de sementes de L.

auriculata sobre a germinação de esporos de Trichophyton mentagrophytes;

o Avaliar o efeito do inibidor Bowman-Birk no crescimento de bactérias

patogênicas a humanos Gram-positiva (Staphylococcus aureus) e Gram-

negativa (Enterobacter aerogenes).

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

36

3. MATERIAIS

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

37

3.1. Reagentes químicos

Acrilamida, N,N’-metilieno bisacrilamida, tetrametiletilenodiamina (TEMED),

persulfato de amônio, azul brilhante de Coomassie G-250, azul de bromofenol, nitrato

de prata, β-mercaptoetanol, dodecil sulfato de sódio (SDS), uréia, tiouréia, CHAPS,

tampão IPG, marcadores de massa molecular, fluoreto de fenilmetilsulfonil (PMSF),

tripsina (Trypsin from bovine pancreas, Type I, ~10,000 BAEE units/mg protein), SBTI

(Soyben Trypsin Inhibitor), N-benzoyl-DL-arginine p-nitroanilide (BApNA), albumina

sérica bovina e marcadores proteicos de massa molecular foram obtidos da Sigma

Chemical Co. A matriz e coluna cromatográfica (Sepharose® 4B Ativada com Brometo

de Cianogênio e HiTrap DEAE FF respectivamente), fitas de gradientes de pH

imobilizados em géis foram obtidas da GE Healthcare®. Demais reagentes de grau

analítico como: cloreto de sódio, ácido clorídrico, hidróxido de sódio e meios de cultura

para crescimento bacteriano foram obtidos comercialmente.

3.2. Material biológico

3.2.1. Material Vegetal

Sementes maduras de Luetzelburgia auriculata (Allemao) Ducke foram

coletadas do solo, em sítios do município de Itapiúna, localizado na região do Maciço

de Baturité, estado do Ceará, Brasil.

3.2.2. Fungo

O fungo patogênico ao homem Trichophyton mentagrophytes foi obtido da

micoteca do Laboratório de Toxinas Vegetais do Departamento de Bioquímica e

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

38

Biologia Molecular (UFC). O fungo foi mantido em meio de cultura estéril e apropriado

(Batata Dextrose Agar -BDA) para crescimento in vitro.

3.2.3. Bactérias

Bactérias patogênicas Gram-positiva (Staphylococcus aureus – ATCC 25923)

e Gram-negativa (Enterobacter aerogenes – ATCC 13048) foram fornecidas pelo

Laboratório de Toxinas Vegetais (DBBM/UFC), sendo mantidas em meio de cultura

(Ágar nutriente - HIMEDIA®) estéril e acondicionadas em geladeira a 4 °C, no

Laboratório de Proteínas Vegetais de Defesa (DBBM/UFC) até o momento do ensaio.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

39

4. METODOLOGIA

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

40

4.1. Extração de proteínas e purificação do inibidor de sementes de L.

auriculata

4.1.1. Obtenção da farinha

Sementes quiescentes de L. auriculata, foram descascadas e moídas em

moinho de lâminas do tipo Wiley. Para a delipidação da farinha foi utilizado n-hexano,

na proporção 1:3 (m/v) por 72 horas em temperatura ambiente (25 °C). Em seguida,

o solvente foi evaporado em capela de exaustão e a farinha delipidada estocada em

frasco hermeticamente fechado e conservada em temperatura ambiente.

4.1.2. Extração das proteínas solúveis totais

Anteriormente foi verificada que a fração globulínica das proteínas obtidas da

farinha da semente de L. auriculata apresenta elevada atividade inibitória de proteases

serínicas (SOARES, 2007), assim, as proteínas solúveis da farinha das sementes de

L. auriculata foram extraídas com solução salina de NaCl 150 mM, na proporção de

1:40 (m/v). A farinha foi deixada em contato, sob agitação suave por 30 minutos a 4

°C. Posteriormente, a suspenção foi filtrada em pano de trama fina e o filtrado

centrifugado a 18 000 x g por 20 min, 4 °C. O precipitado foi descartado e o

sobrenadante, denominado Extrato Total (ET), coletado para dar prosseguimento à

purificação do inibidor.

4.1.3. Obtenção do Extrato Fervido (EF)

Alíquotas do ET foram submetidas à fervura (98 °C) por 10, 20, 30, 40, 50 e 60

min para obtenção de uma fração com menor variedade de proteínas, mas que

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

41

mantivesse alta atividade inibitória de tripsina. Após fervura, as amostras foram

centrifugadas a 12 000 x g por 20 min, os sobrenadantes coletados e avaliados quanto

à capacidade de inibir tripsina e quimotripsina, seguido de análise do perfil proteico

por SDS-PAGE (FIGURA 4).

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

42

Figura 4 – Esquema de obtenção do Extrato Fervido (EF) de proteínas extraídas da farinha de sementes de L. auriculata

Fonte: Elaborada pelo autor.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

43

4.1.4. Cromatografia de afinidade em matriz de anidrotripsina-Sepharose® 4B

4.1.4.1. Preparo da matriz

O preparo da matriz foi realizado por Silva (2012) de acordo com os

procedimentos descridos abaixo.

A anidrotripsina é um derivado inativo da tripsina cujo resíduo de serina do sítio

catalítico da enzima foi convertido em dehidroalanina (AKO; FOSTER; RYAN, 1974).

Nesse trabalho, anidrotripsina foi preparada segundo Fahrney e Gold (1963). Tripsina

bovina (187,5 mg) foi dissolvida em 187,5 mL de tampão Tris-HCl 75 mM, pH 7,2,

contendo CaCl2 3 mM. Essa solução foi misturada com 187,5 mL de uma solução de

PMSF (46,87 mg) e 2-propanol (18,75 mL), e incubada por 30 min a 25 °C.

Subsequentemente, essa mistura foi dialisada contra água ultrapura (Milli-Q, 5 L),

trocada cinco vezes, sendo mantida à temperatura de aproximadamente 4 °C. Após

diálise, a solução foi liofilizada. O liofilizado (PMSF-tripsina) foi tratado com KOH 50

mM gelado na relação de 50 mg para 20 mL por 12 min. A reação foi parada ajustando

o pH para 7,0 com solução de HCl (2 M). A mistura foi novamente dialisada e

posteriormente liofilizada.

4.1.4.2. Acoplamento da anidrotripsina em Sepharose® 4B

A anidrotripsina foi acoplada à matriz Sepharose® 4B ativada com brometo de

cianogênio seguindo as recomendações do fabricante (GE Healthcare®) (FIGURA 5).

Aproximadamente, 7,5 g da matriz foram lavados com 1500 mL de HCl 1 mM durante

15 min, sendo, essa solução ácida, adicionada em seis alíquotas de 250 mL, cada.

Posteriormente, a suspensão foi lavada com tampão bicarbonato de sódio 100 mM,

pH 8,0, contendo NaCl 500 mM (tampão de acoplamento). A anidrotripsina (cerca de

187,5 mg), previamente dissolvida em 37,5 mL do tampão de acoplamento, foi

misturada com a suspensão e incubada sob agitação rotatória branda, por 12 h, a 4

°C. Decorrido o tempo de acoplamento, o excesso de ligante foi removido por lavagem

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

44

com tampão de acoplamento (5 vezes o volume da suspensão). Os grupos reativos

remanescentes na matriz ativada foram bloqueados por meio de incubação da

suspensão com Tris-HCl 100 mM, pH 8,0, por 16 h, a 4 °C. Subsequentemente, a

suspensão foi lavada (com 5 vezes o volume da suspensão), em três ciclos alternando

o pH, com os tampões acetato de sódio 100 mM, pH 4,0 contendo NaCl 500 mM e

Tris-HCl 100 mM, pH 8,0 contendo NaCl 500 mM. Após esse procedimento, a matriz

agora acoplada à anidrotripsina (anidrotripsina-Sepharose® 4B) foi acondicionada em

uma coluna de vidro (6,5 x 2,1 cm).

Figura 5 – Esquema da anidrotripsina acoplada a Sepharose® 4B

Fonte: Adaptada de Silva, 2012.

Para cromatografia de afinidade em anidrotripsina-Sepharose® 4B, o extrato

fervido (98 °C) por 20 min (10 mg de proteína) foi aplicada na coluna previamente

equilibrada com Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, contendo NaCl 500 mM (para evitar

interações inespecíficas). O material não retido à matriz (FNR-A) foi eluído com o

tampão de equilíbrio e o material retido (FR-A) eluído com tampão Glicina-HCl 50 mM,

pH 2,2, contendo NaCl 500 mM. As proteínas eluídas da coluna foram detectadas por

meio de leituras de absorbância a 280 nm em espectrofotômetro (Thermo Scientific

Genesys 10S UV-Vis).

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

45

4.1.5. Cromatografia de troca iônica

A matriz DEAE-Sepharose (HiTrap™ DEAE FF, aniônica fraca, 5 mL, da GE

Healthcare, Uppsala, Suécia) acoplada a um sistema de cromatografia ÄKTAprime

plus (GE Healthcare©) foi utilizada como como trocadora iônica, sendo previamente

equilibrada com tampão Tris-HCl 100 mM, pH 8,0. A fração de proteína (denominada

FR-A) retida na coluna de anidrotripsina-Sepharose® 4B e eluída com tampão Glicina-

HCl 50 mM, pH 2,2, contendo NaCl 500 mM, previamente dialisada, liofilizada e

ressuspendida em tampão Tris-HCl 100 mM, pH 8,0 foi posteriormente aplicada à

coluna (4 mg de proteína) de troca iônica. O material não retido (FNR-DEAE) foi eluído

com o mesmo tampão de equilíbrio. As proteínas retidas foram eluídas com 1000 mM

de NaCl adicionado ao tampão de equilíbrio. A cromatografia foi realizada com fluxo

constante de 1 mL/minuto, sendo coletados 5 mL por tubo. A eluição de proteínas foi

monitorada pela leitura das absorbâncias a 280 nm, pelo próprio sistema de

cromatografia.

4.1.6. Cromatografia em fase reversa

O último passo cromatográfico (FIGURA 6) para purificar o inibidor de protease

(PFR-1 e posteriormente denominado LzaBBI) foi realizado a partir da fração não

retida na coluna de DEAE-Sepharose, previamente liofilizada, denominada FNR. A

FNR foi solubilizada em uma solução contendo 0,1% de ácido trifluoroacético (TFA) e

2% de acetonitrila (grau HPLC) em água grau Milli-Q, ultrapura (eluente A) e aplicada

em uma coluna de fase reversa (µRPC C2/C18 ST 4.6/100, GE Healthcare, Uppsala,

Suécia) acoplada a um sistema de HPLC (Waters©), com um fluxo de 0,5 mL/min,

sendo eluída com um gradiente de acetonitrila cuja programação está mostrada na

Tabela 4. As proteínas retidas na matriz foram eluídas com eluente B (0,1% de TFA e

80% de acetonitrila em água ultrapura). O material foi monitorado a 230 nm e as

frações individuais contendo proteínas foram coletadas e imediatamente congeladas

(-80 °C), liofilizadas e armazenadas a -20 °C para análises posteriores.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

46

Tabela 4 – Programação da cromatografia em fase reversa

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

47

Figura 6 – Esquema de purificação do inibidor de protease a partir do extrato aquoso

proteico de sementes de L. auriculata, previamente fervido (98 °C) por 20 min

Fonte: Elaborada pelo autor.

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

48

4.2. Caracterização bioquímica do LzaBBI

4.2.1. Dosagem de proteínas solúveis totais

A dosagem de proteínas solúveis foi feita segundo metodologia descrita por

Bradford (1976). A uma alíquota de 0,1 mL do extrato total ou das frações proteicas

obtidas, 2,5 mL do reagente de Bradford foram adicionados. A mistura foi deixada em

repouso por 10 minutos e, a seguir, leituras de absorbância a 595 nm foram obtidas,

em espectrofotômetro (Genesys 10S UV-Vis, Thermo Scientific, EUA). Usando o fator

de correção de uma curva pré-estabelecida com valores de concentrações conhecidas

de albumina sérica bovina (BSA), a quantidade de proteínas solúveis existente nas

amostras foi determinada.

4.2.2. Determinação da atividade inibitória de tripsina

A atividade inibitória de tripsina do ET e das demais frações proteicas foi

determinada como descrito por Erlanger, Kokowsky e Cohen (1961). Alíquotas (7 µL)

de tripsina bovina (0,3 mg/mL), solubilizadas em HCl 1 mM, foram, pré-incubadas com

685 µL de tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, contendo CaCl2 20 mM + 100 µL da

amostra por 10 min a 37 °C. A reação foi iniciada pela adição de 500 µL de BApNA

(Nα-Benzoyl-DL-arginine-4-nitroanilide hydrochloride) 1,5 mM, previamente

solubilizado em DMSO na proporção de 1:25 (m/v) e no mesmo tampão anteriormente

descrito, sendo a reação incubada a 37 °C. Após 15 min, a reação foi parada pela

adição de 120 µL de ácido acético 30% (v/v), preparado em água grau Milli-Q. As

provas em branco foram feitas pela adição do substrato após a adição do ácido

acético. A atividade proteolítica residual da tripsina bovina foi mensurada em triplicata

no espectrofotômetro (Genesys 10S UV-Vis, Thermo Scientific, EUA) pela

absorbância a 410 nm, indicando a hidrólise do BApNA. Uma unidade de inibição (UI)

foi definida como a diminuição de 0,01 na absorbância em relação ao controle positivo

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

49

(100% de atividade da tripsina na ausência do inibidor) e expressa como unidade de

inibição por miligrama de proteína (UI/mgP).

4.2.3. Avaliação da atividade inibitória de quimotripsina

A atividade inibitória de quimotripsina foi determinada de acordo com Erlanger,

Kokowsky e Cohen (1961), com modificações. Vinte microlitros de solução de

quimotripsina bovina (0,1 mg/mL em tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5 contendo CaCl2

20 mM) foram pré-incubados, por 15 min a 37 °C, com 0,320 mL do mesmo tampão

anteriormente descrito e 0,02 mL da amostra a ser ensaiada. Após esse período, a

reação foi iniciada pela adição de 0,5 mL de azocaseína 2% (SIGMA) (v/v), preparada

em tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5. Decorridos 30 min, a reação foi interrompida pela

adição de 0,150 mL de solução de ácido tricloroacético (TCA) 20% (v/v), preparada

em água grau Milli-Q. A mistura reacional foi centrifugada a 10.000 x g, por 10 min, e

0,5 mL dos sobrenadantes foram aliquotados e alcalinizados com 0,5 mL de NaOH 2

M, a fim de intensificar a cor do produto de clivagem da azocaseína pela enzima. A

leitura das absorbâncias foi realizada a 440 nm e os resultados expressos em

Percentual de Inibição (%) e Unidade de Inibição (UI), definida como o decréscimo em

0,01 da absorbância a 440 nm.

4.2.4. Eletroforese em Gel de Poliacrilamida

A pureza das frações proteicas obtidas, e que exibiram atividade inibitória de

tripsina/quimotripsina, foi verificada por eletroforese em gel de poliacrilamida, na

presença de dodecil sulfato de sódio (SDS-PAGE), de acordo com a metodologia de

Laemmli (1970), mas sendo adaptado para ser desenvolvida num sistema mini vertical

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

50

(Hoefer® miniVE Vertical Electrophoresis System, Amersham Pharmacia Biotech, San

Francisco CA, EUA), à temperatura ambiente (23 ± 2 °C). As amostras foram

preparadas por diluição (1:3, v/v) em tampão de amostra (Tris-HCl 0,5 M, pH 6,8,

contendo 1% [m/v] de SDS e 0,1% [m/v] de azul de bromofenol) na presença ou

ausência de ditiotreitol (DTT) a 3,8% (m/v), sendo fervidas a 98 °C, por 5 min. Após

centrifugação (12 000 x g, 10 min, 4 °C), as amostras foram aplicadas no gel (10 x

10,5 cm) de poliacrilamida (empilhamento, 3,5% [m/v]; separação, 12,5% ou 15%

[m/v]) e a corrida realizada aplicando uma corrente de 20 mA por gel. A massa

molecular do inibidor de tripsina/quimotripsina purificado foi determinada por

comparação com padrões de proteínas de massa molecular conhecida, vendidos

comercialmente (fosforilase b, 97,0 kDa; albumina de soro bovino, 66,0 kDa;

ovalbumina, 45,0 kDa; anidrase carbônica, 30,0 kDa; inibidor de tripsina de soja, 20,1

kDa; e α-lactalbumina kDa, 14,4 kDa) com a utilização do software E-capt version 12.7

for Windows 2004-2005 (Viber Lourmat, Deutschland).

4.2.5. Métodos de revelação de proteínas após corrida eletroforética

4.2.5.1. Revelação com azul brilliante de Coomassie

Após as corridas eletroforéticas, as proteínas presentes no gel foram

reveladas seguindo a metodologia descrita por Weber e Osborn (1969), pela

incubação, por um período mínimo de 2 h, à temperatura ambiente (23 ± 2 °C), sob

agitação branda do gel em solução de azul brilhante de Coomassie R-250 a 1% (m/v),

dissolvido em metanol 40% (v/v), ácido acético 10% (v/v) e água grau Milli-Q,

ultrapura. Após incubação, o gel foi transferido para a solução descorante composta

por ácido acético 10% (v/v) e metanol 30% (v/v) diluídos em água grau Milli-Q.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

51

4.2.5.2. Revelação por nitrato de prata

Para aumentar a resolução visual das bandas proteicas, o gel foi submetido à

revelação com nitrato de prata (BLUM; BEIER; GROSS, 1987). Inicialmente, o gel foi

deixado em contato por 2 h, à temperatura ambiente (23 ± 2 °C), com solução fixadora

composta por etanol a 40% (v/v) e ácido acético 10% (v/v) em grau Milli-Q. Após

incubação, o gel foi desidratado com etanol 30% (v/v), em 2 ciclos de 20 min cada e,

ao final, uma lavagem de 20 min com água grau Milli-Q. Em seguida, solução

sensibilizadora de tiossulfato de sódio 0,1 N foi adicionada e mantida por 1 min sob

agitação branda. Decorrido esse tempo, 3 lavagens de 20 s, cada, com água grau

Milli-Q foram feitas, sendo, então, adicionada a solução de nitrato de prata (125 mg

de AgNO³ + 18,75 µL de formaldeído [37%, v/v] em 62,5 mL de água grau Milli-Q), e

a incubação mantida sob agitação branda por 20 min na ausência de luminosidade.

Após esse tempo, o gel foi submetido a 3 lavagens de 20 s cada com água grau Milli-

Q e, em seguida, incubado com a solução reveladora (1,875 g de carbonato de cálcio

+ 31,75 µL de formaldeído [37%, v/v] + 1 mL da solução sensibilizadora referida acima

em 62,5 mL de água grau Milli-Q) até o aparecimento das bandas proteicas. A reação

de revelação foi interrompida pela adição de glicina 0,5% (v/v).

4.2.6. Avaliação da possível existência de carboidrato covalentemente ligado à cadeia

polipeptídica do LzaBBI

A detecção da possível presença de carboidrato covalentemente ligado na

estrutura do inibidor purificado (LzaBBI) foi realizada por meio de SDS-PAGE, cujo

gel, após corrida eletroforética, foi revelado pelo método do Ácido Periódico de Schiff

(PAS, Sigma), como previamente descrito (ZACHARIUS et al., 1969). O gel e as

amostras foram preparados como descrito no item 4.2.4, bem como as condições de

corrida utilizadas. Ao término da corrida, o gel foi imerso em solução fixadora

consistindo de ácido acético a 7,5% (v/v) e, após 1 h, foi transferido para a solução de

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

52

ácido periódico a 0,2% (v/v), na qual permaneceu por 45 min, a 4 °C. Posteriormente,

o gel foi incubado com o reagente de Schiff por 45 min, a 4 °C, no escuro. Em seguida,

o gel foi lavado para remover a coloração de fundo, por meio de lavagem do gel,

repetidas vezes, com solução de metabissulfito de sódio 0,5% (v/v) em HCl 50 mM.

4.2.7. Determinação da sequência NH2-terminal

A sequência dos resíduos de aminoácidos situados na região NH2-terminal do

LzaBBI purificado foi obtida em sequenciador automático “PPSQ-23A Sequencer” da

Shimadzu Co®, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular (UFC),

seguindo o método de degradação de Edman (EDMAN, 1950). Derivados PHT dos

aminoácidos foram detectados a 269 nm, após separação em coluna C18 (4.6 x 2.5

mm), eluída em condições isocráticas, de acordo com as instruções do fornecedor. A

sequência NH2-terminal do LzaBBI foi submetida a buscas por sequências

semelhantes no banco de dados do National Center for Biotecnology Information

(NCBI) (www.ncbi.nlm.nih.gov), usando a ferramenta de busca BLASTP (ALTSCHUL

et al.,1990). Aquelas que apresentaram maior percentual de identidade foram

escolhidas e alinhadas utilizando a ferramenta ClustalW.

4.2.8. Determinação da IC50

A concentração de LzaBBI capaz de reduzir em 50% a atividade da tripsina e

quimotripsina (IC50) foi determinada através da construção individual de uma curva de

titulação que relaciona o percentual de inibição para cada protease e a concentração

do inibidor. Para a construção da curva, foram utilizadas concentrações do inibidor

que variam de 0,02 a 0,1 µg para a tripsina e 0,2 a 1 µg para a quimotripsina. Os

ensaios procederam como descritos nos itens 4.2.2 e 4.2.3.

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

53

4.2.9. Estabilidade térmica do LzaBBI

Alíquotas de 0,5 mL do inibidor foram incubadas a 98 °C (temperatura de

fervura) durante 10, 20, 30, 40, 50, 60, 90 e 120 min, em banho-maria. Decorrido cada

tempo de incubação, as amostras foram resfriadas a 4 °C. Subsequentemente, 100

µL (0,1 e 0,8 µg) do inibidor foram utilizados no ensaio de atividade inibitória de tripsina

e quimotripsina, respectivamente, que foram realizados em triplicata, como descrito

nos itens 4.2.2 e 4.2.3.

4.2.10. Estabilidade do LzaBBI em diferentes pHs

O efeito do pH na estabilidade do LzaBBI foi avaliado de acordo com Gomes et

al., (2005), com modificações. Alíquotas de 1 mL do inibidor (1 e 8 µg/mL) foram

dialisadas a 4 °C contra os seguintes tampões, todos na concentração de 50 mM:

glicina-HCl, pHs 2 e 3; acetato de sódio, pHs 4 e 5; fosfato de potássio, pH 6; Tris-

HCl, pHs 7 e 8; e glicina-NaOH, pHs 9, 10 e 11 por, 1 h a 37 °C. O ensaio de inibição

da tripsina e quimotripsina foram realizados como descritos nos itens 4.2.2 e 4.2.3

utilizando 100 µL do inibidor (0,1 e 0,8 µg), respectivamente.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

54

4.3. Atividades biológicas

4.3.1. Avaliação da atividade antifúngica

4.3.1.1. Cultivo do Fungo

O cultivo do fungo Trichophyton mentagrophytes foi realizado em 25 mL de

meio agar batata dextrose (BDA), distribuídos em placas de Petri (10 cm de diâmetro),

em condições estéreis, ficando mantidas em câmara de germinação do tipo B.O.D., a

27 °C, umidade de aproximadamente 70% e fotoperíodo de 12 horas (escuro x claro).

O meio de cultura foi preparado adicionando 39 g de BDA (HIMEDIA®), dissolvidos

em 1 L de água grau Milli-Q, sendo a mistura homogeneizada, fervida em banho-maria

e, posteriormente, autoclavada por 15 min, 121 °C, 1.5 x 105 Pa. Em capela de fluxo

laminar, sob condições estéreis, círculos de cerca de 1 cm de diâmetro do meio

gelificado contendo o fungo de colônias pré-existentes foram retirados e repicados

para o centro de placas de Petri contendo BDA e, em seguida, fechadas e deixadas

em BOD, nas condições descritas acima, para posterior obtenção dos esporos.

4.3.1.2. Obtenção dos esporos

A suspensão de esporos de T. mentagrophytes foi obtida após 15 dias de

crescimento do fungo. As placas de Petri foram abertas em câmara de fluxo laminar,

sob condições estéreis, e 10 mL de água estéril foram adicionados sobre a colônia

(micélio) e, com o auxílio de uma alça de Drigalski, e manuseio suave, os esporos

foram liberados. Os resquícios de hifas foram removidos por filtração dessa

suspensão em pano de trama fina, dobrado em dupla camada. A suspensão foi

ajustada para a concentração de 2,0 x 105 esporos/mL, para serem utilizados no

ensaio de inibição da germinação.

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

55

4.3.1.3. Ensaio de inibição da germinação de esporos

O ensaio para avaliar o efeito inibitório do LzaBBI na germinação do

dermatófito T. mentagrophytes foi realizado em placa de germinação apropriada

(polietileno), onde uma alíquota de 10 μL da suspensão de esporos (2,0 x 105

esporos/mL) + 10 μL (10 μg) do LzaBBI purificado foram incubados. Tampão Tris-HCl

50 mM, pH 7,5, contendo 20 mM de CaCl2 foi usado como controle negativo e peróxido

de hidrogênio 100 mM como controle positivo, ambos substituindo o inibidor. A placa

utilizada no ensaio foi mantida a 37 °C por 24 h em recipiente contendo papéis de filtro

umedecidos (umidade cerca de 100%) com água estéril. Decorrido o tempo de

germinação, a placa foi analisada por microscopia óptica (Olympus System

Microscope BX 60’), sendo considerado como tendo germinado o esporo que

apresentou hifa de germinação com tamanho correspondendo ao dobro do seu maior

diâmetro. Para a realização do ensaio, o LzaBBI e as soluções do controle positivo e

negativo foram previamente filtradas (TPP syringe filter, 0,22 µm, Suíça).

4.3.2. Avaliação da atividade antibacteriana

4.3.2.1. Cultivo das Bactérias

A avaliação do efeito do LzaBBI sobre o crescimento de bactérias foi realizada

seguindo a método de inibição de crescimento em meio líquido (HANCOCK, 2000).

As bactérias patogênicas S. aureus (ATCC 25923) e E. aerogenes (ATCC 13048)

foram previamente repicadas em meio de cultura agar nutriente (HIMEDIA®) 48 h

antes do ensaio. Passado o período de crescimento de 24 h, as bactérias foram

transferidas para frascos estéreis do tipo penicilina contendo caldo Mueller-Hinton (5

mL) e incubadas sob agitação suave em estufa a 37 °C por 16 horas. Em seguida, as

absorbâncias das suspensões de células foram avaliadas a 600 nm em

espectrofotômetro (Genesys 10S UV – Vis, Thermo Scientific, EUA), sendo o valor de

absorbância entre 0,08 e 0,1 (105 – 106 UFC/mL) utilizada no ensaio.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

56

4.3.2.2. Ensaio de inibição do crescimento bacteriano

O ensaio foi conduzido em placas de microtitulação (TPP tissue culture

testplate, 96 poços, Suíça) em meio líquido (Mueller-Hinton, HIMEDIA®) de acordo

com o método já descrito (PINTO; KANEKO; OHARA, 2003). Como controle negativo,

100 µL de tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, contendo 20 mM de CaCl2 foram incubados

com 100 µL da suspensão de células. O controle positivo foi obtido pela incubação de

100 µL de formaldeído (10%, v/v) em 100 µL da suspensão de células. O ensaio com

o LzaBBI foi realizado pela adição de 100 µL da proteína pura (2,5, 5 e 10 µgP)

incubada em 100 µL da suspensão de células. Todos os ensaios foram realizados

com 5 repetições. A avaliação do efeito do LzaBBI sobre o crescimento bacteriano foi

monitorado pela leitura de absorbância a 630 nm em leitor de ELISA (ELx800™, Bio-

Tek instruments), realizada nos tempos 0 (controle), 1, 2, 3, 4 e 5 horas após

incubação.

4.4. Análise estatística

Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e significância

das diferenças entre as médias determinadas pelo software Assistat (versão 7.7 beta)

e submetidos ao teste de Tukey (p< 0,05) (SILVA; AZEVEDO, 2009).

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

57

5. RESULTADOS

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

58

5.1. Purificação do LzaBBI

5.1.1. Extrato fervido

Devido à presença de proteínas de alta massa molecular no extrato obtido a

partir da farinha de sementes de L. auriculata, que dificultava o processo de

purificação do inibidor, o extrato foi tratado termicamente a 98 °C por diversos tempos.

Independentemente do tempo em que a amostra permaneceu a 98 °C, a concentração

de proteínas solúveis foi diminuída em, aproximadamente, 48% (FIGURA 7). Essa

diminuição se deu mais por conta de proteínas tendo massa molecular relativa entre

45 e 97 kDa (FIGURA 8), sendo similar entre os tempos de tratamento térmico

imposto. Assim, por segurança, o tempo de 20 min, a 98 °C, foi escolhido como

tratamento padrão para eliminação dessas proteínas e enriquecimento da fração

contendo o inibidor proteico de interesse.

Efeitos aditivos na atividade específica para inibição da tripsina e quimotripsina

foram observados. Após o tratamento térmico∗, foram observados aumentos de

aproximadamente 114% e 74% para inibição das atividades tríptica e quimotríptica,

respectivamente (FIGURA 9).

∗ Tratamento térmico de 20 minutos. O mesmo usado para prosseguir com o processo de purificação.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

59

Figura 7 – Efeito do tratamento térmico sobre a concentração de proteínas do extrato

total (ET) obtido de sementes de L. auriculata, após ser fervido (98 °C) por 0, 10, 20,

30, 40, 50 e 60 min

Fonte: Elaborada pelo autor. Barras indicam desvio padrão da determinação em triplicata. As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Tukey, p ≥ 0,05).

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

60

Figura 8 – Perfil eletroforético (SDS-PAGE, 12,5% v/v;) do extrato proteico total da

farinha de sementes de L. auriculata após ter sido fervido (98 °C) durante diferentes

tempos

Fonte: Elaborada pelo autor. Raia M: marcadores de massa molecular; Raia 1: controle (sem aquecimento); Raias 2-7: tempos de aquecimento de 10, 20, 30, 40, 50 e 60 min, respectivamente. Em cada raia foram aplicados 15 μg de proteína.

.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

61

Figura 9 – Efeito do tratamento térmico na atividade inibitória de tripsina e

quimotripsina

Fonte: Elaborada pelo autor. Atividade inibitória de tripsina (A) e quimotripsina (B) do extrato total em função do tempo. Extrato total da farinha das sementes fervida (98 °C) por 0, 10, 20, 30, 40, 50 e 60 minutos. Barras indicam desvio padrão da determinação em triplicata. As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si (Tukey, p ≥ 0,05).

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

62

5.1.2. Cromatografia de afinidade

A fração oriunda do extrato fervido por 20 min, a 98 °C, após dialisada contra

tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, contendo 500 mM de NaCl, seguido de centrifugação,

foi submetida à cromatografia de afinidade em matriz de anidrotripsina-Sepharose®

4B, previamente equilibrada com o mesmo tampão da diálise. O perfil cromatográfico

resultante (FIGURA 10) mostrou haver material não retido, sendo eluído com o próprio

tampão de equilíbrio, e destituído de atividade inibitória de tripsina e uma fração retida

na matriz, eluída percolando a coluna com tampão glicina-HCl 50 mM, pH 2,2,

contendo 500 mM de NaCl, possuindo atividade inibitória de tripsina.

Figura 10 – Perfil típico da cromatografia de afinidade, em coluna de anidrotripsina-

Sepharose® 4B, do extrato total previamente fervido (98 °C) por 20 min

Fonte: Elaborada pelo autor. A coluna foi previamente equilibrada com tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, contendo 500 mM de NaCl e 10 mg de proteína/10 mL foram aplicados na matriz de afinidade para separação do inibidor de tripsina. A eluição das proteínas não retidas foi feita com o tampão de equilíbrio e as proteínas retidas com tampão Glicina-HCl 50 mM, pH 2,2, contendo NaCl 500 mM, a um fluxo de 1 mL/min. Frações: 5 mL por tubo.

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

63

5.1.3. Cromatografia de troca iônica

A fração retida na matriz anidrotripsina-Sepharose® 4B, dialisada, liofilizada e

ressuspendida em tampão Tris-HCl 100 mM, pH 8,0, foi aplicada em coluna de troca

aniônica (HiTrapTM DEAE FF). A fração não retida na coluna (FNR-DEAE) foi eluída

com o tampão de equilíbrio (Tris-HCl 100 mM, pH 8,0) e a fração retida (FR-DEAE)

com tampão Tris-HCl 100 mM, pH 8,0, contendo NaCl 1 M (FIGURA 11). As duas

frações proteicas (não retida e retida) apresentaram atividade inibitória de tripsina,

tendo a fração não retida, um menor número de bandas proteicas, quando avaliada

por SDS-PAGE.

5.1.4. Cromatografia em fase reversa

Para refinamento da purificação do inibidor de protease serínica, família

Bowman-Birk, a fração não retida na coluna de troca aniônica (HiTrapTM DEAE FF),

foi aplicada (15 µgP/mL) em coluna de fase reversa C-18 para a eliminação de

contaminantes. Testes preliminares (dados não mostrados), com vários tempos de

cromatografia e diferentes programações de gradientes de acetonitrila, foram

realizados até a obtenção da proteína LzaBBI purificada (FIGURA 12). LzaBBI foi

eluído da coluna no tempo de, aproximadamente, 15 min, sendo o material indesejado

posteriormente eluído.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

64

Figura 11 – Perfil cromatográfico obtido em coluna de troca aniônica (HiTrapTM DEAE

FF) acoplada a um sistema de cromatografia ÄKTAprime plus (GE Healthcare, Uppsala, Suécia)

Fonte: Elaborada pelo autor. A fração proteica, que havia sido retida em anidrotripsina-Sepharose® 4B, foi aplicada (4 mg proteina/5 mL) na coluna previamente equilibrada com tampão Tris-HCl 100 mM, pH 8. Para remoção do material retido, foi utilizado tampão Tris-HCl 100 mM, pH 8,0, contendo NaCl 1 M. (Fluxo: 1 mL/min; Frações coletadas: 5 mL por tubo).

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

65

Figura 12 – Perfil cromatográfico do FNR-DEAE, oriundo da cromatografia de troca

aniônica, em coluna de fase reversa C-18

Fonte: Elaborada pelo autor. A amostra foi aplicada em volumes de 50 µL, encerrando 15 µg de proteína. A eluição foi feita seguindo a programação descrita na tabela 4.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

66

Tabela 5 – Etapas de purificação* do inibidor de protease Bowman-Birk de sementes de L. auriculata

*Purificação a partir de 5 g da farinha de sementes de L. auriculata. ** UI refere-se à unidade de inibição, onde 1 UI representa a diminuição da atividade da tripsina em 0,01 unidade de absorbância, lida em 410 nm. *** O índice de purificação obtido em cada etapa foi calculado como sendo a razão entre a sua atividade específica e aquela do extrato total. **** Calculado com base na proteína recuperada.

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

67

5.2. Caracterização do LzaBBI

5.2.1. Grau de pureza do inibidor por SDS-PAGE

A eletroforese em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE) foi realizada em condições

redutoras, sendo observado que o extrato total possui inúmeras bandas proteicas com

massas moleculares aparentes variando entre 14 a 97 kDa (FIGURA 13). A presença

de uma única banda proteica visualizada por SDS-PAGE (raia 5) indica que os passos

de purificação foram eficientes, permitindo a obtenção do LzaBBI de forma

homogênea, com massa molecular aparente estimada em 17,3 kDa.

A análise da proteína purificada em gel de poliacrilamida na presença de agente

redutor (DTT) revelou a presença de uma única banda proteica com massa molecular

aparente de 17,3 kDa, sugerindo que o inibidor purificado de sementes de L. auriculata

é uma proteína constituída por uma única cadeia polipeptídica (FIGURA 14).

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

68

Figura 13 – Perfil eletroforético (SDS-PAGE, 15%) das frações obtidas durante os

passos de purificação do LzaBBI de sementes de L. auriculata

Fonte: Elaborada pelo autor. Raia M: Marcadores de massa molecular; Raia 1: extrato total (ET); Raia 2: ET após fervura (98 °C) por 20 min; Raia 3: fração proteica retida na cromatografia de afinidade (anidrotripsina-Sepharose® 4B); Raia 4: fração não retida (FNR) na coluna de troca iônica; Raia 5: LzaBBI. Em cada raia foram aplicados 15 μg de proteína.

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

69

Figura 14 – Eletroforese em gel de poliacrilamida (12,5% v/v) do inibidor purificado na presença e ausência de agente redutor

Fonte: Elaborada pelo autor. Raia M: marcador de massas moleculares; Raia 1: LzaBBI na presença de DTT; Raia 2: LzaBBI na ausência de DTT. Foram aplicados 5 µg de proteínas em cada raia.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

70

5.2.2. Avaliação da existência de carboidrato covalentemente ligado à cadeia

polipeptídica do LzaBBI

Como demonstrado pela SDS-PAGE (15%) revelada com reagente de Schiff, a

banda proteica referente ao LzaBBI não possui, aparentemente, polissacarídeos

covalentemente ligados à sua estrutura, não sendo, portanto, uma glicoproteína

(FIGURA 15).

5.2.3. Sequenciamento e alinhamento NH2-terminal do LzaBBI

A sequência NH2-terminal do inibidor purificado gerou 23 resíduos de

aminoácidos (SIPPQCHCADIRLNSCHSAQCQC) (FIGURA 16). Destaca-se a

presença de 5 resíduos de cisteína na porção NH2-terminal da cadeia polipeptídica do

LzaBBI. A análise comparativa com outras proteínas depositadas em banco de dados

(NCBI) mostrou que a sequência NH2-terminal do LzaBBI possui similaridade de 100,

91, 76, 63, 60 e 54% com sequências internas dos inibidores de protease Bowman-

Birk de Cicer arietinum, Amburana acreana, Lablab purpureus, Amburana cearensis,

Glycine max e Phaseolus vulgaris, respectivamente.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

71

Figura 15 – Eletroforese em gel de poliacrilamida (15%) para detecção de

glicoproteína pelo método do ácido periódico de Schiff

Fonte: Elaborada pelo autor. Raia M: marcador de massa molecular revelado por nitrato de prata; Raia 1: SBTI (controle negativo); Raia 2: fetuína (controle positivo); Raia 3: LzaBBI. Foram aplicadas 10 µg de proteína em cada raia.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

72

Figura 16 – Alinhamento da sequência NH2-terminal do LzaBBI com sequências de

outros inibidores da família Bowman-Birk, de espécies de leguminosas, depositadas

no NCBI, obtida utilizando a ferramenta de alinhamento CLUSTAW

Fonte: Elaborada pelo autor. Os números de acesso das sequências utilizadas na análise comparativa com o LzaBBI são: AEW50186.1 (Bowman-Birk-type protease inhibitor [Cicer arietinum]); P83284.1 (Bowman-birk type proteinase inhibitor); P83283.1 (Bowman-birk type proteinase inhibitor 2); AAK97769.1 (double-headed Bowman-Birk inhibitor, partial [Lablab purpureus]); NP_001238409.1 (Bowman-Birk type proteinase inhibitor C-II [Glycine max]) e CAE77682.1 (double-headed trypsin inhibitor, partial [Phaseolus vulgaris]). (*) indica aminoácidos idênticos e (:) indica aminoácidos conservados.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

73

5.2.4. Determinação da IC50

Para determinação da IC50 do LzaBBI, as atividades inibitórias de tripsina e

quimotripsina foram avaliadas em diferentes concentrações do inibidor (ver item

4.2.9). O LzaBBI apresentou IC50 de, aproximadamente, 0,07 µg para tripsina,

enquanto que, para a inibição da quimotripsina, o LzaBBI necessitou de concentração,

aproximadamente, 11 vezes maior (0,8 µg) (FIGURA 17).

5.2.5. Estabilidade térmica do LzaBBI

Para a avaliação da estabilidade térmica, amostras do LzaBBI foram fervidas a

98 °C durante 10, 20, 30, 40, 50, 60 e 120 min e sua atividade comparada com a

amostra não aquecida. Nesse ensaio, o LzaBBI mostrou ser altamente estável, pois,

mesmo com 120 min de fervura, a proteína não teve diminuição em sua atividade

inibitória para a tripsina e quimotripsina (FIGURA 18).

5.2.6. Estabilidade do LzaBBI em diferentes valores de pH

A incubação do LzaBBI em diferentes soluções tampões com valores de pH

que variaram de 2 a 11 não resultou na perda da atividade inibitória de tripsina e

quimotripsina, mesmo nos pHs extremos (2 e 11) (FIGURA 19).

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

74

Figura 17 – Determinação da IC50

Fonte: Elaborada pelo autor. Curva de inibição da atividade de tripsina (A) e quimotripsina (B) construída com concentrações crescentes do inibidor LzaBBI para determinação da IC50.

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

75

Figura 18 – Estabilidade térmica do LzaBBI

Fonte: Elaborada pelo autor. Estabilidade térmica após incubação do LzaBBI a 98 °C em diferentes tempos e posteriormente, a atividade anti-tríptica (A) e anti-quimotríptica (B) foram mensuradas. Barras indicam o desvio padrão da determinação em triplicata.

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

76

Figura 19 – Estabilidade do LzaBBI em diferentes pHs.

Fonte: Elaborada pelo autor. O LzaBBI foi pré-incubado por 1 h a 37 °C em diferentes intervalos de pHs e posteriormente, as atividades anti-tríptica (A) e anti-quimotríptica (B) foram mensuradas em pH 7,5. Barras indicam o desvio padrão da determinação em triplicata.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

77

5.3. Atividades biológicas do LzaBBI

5.3.1. Atividade antifúngica

O LzaBBI (10 μg) não foi capaz de inibir a germinação de esporos do fungo

dermatófito Trichophyton mentagrophytes (FIGURA 20).

5.3.2. Atividade antibacteriana

Quando testado o efeito do LzaBBI sobra a bactéria E. aerogenes, este não

foi capaz de inibir ou retardar seu desenvolvimento. A avaliação do efeito do LzaBBI

frente ao desenvolvimento de S. aureus, mostrou ser o mesmo efetivo em retardar, o

desenvolvimento dessa bactéria nas concentrações de 5 e 10 µg/100 µL após 3, 4, 5

h e 2, 3, 4 e 5 h de incubação, respectivamente (FIGURA 21).

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

78

Figura 20 – Fotomicrografia da germinação de esporos de T. mentagrophytes

Fonte: Elaborada pelo autor. Fotomicrografia em microscópio óptico (Olympus BX60) da germinação de esporos de T. mentagrophytes incubados com: (A), 10 μg de LzaBBI em tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, contendo 20 mM de CaCl2; (B), tampão Tris-HCl 50 mM, pH 7,5, contendo 20 mM de CaCl2; (C) peróxido de hidrogênio 100 mM (controle positivo, 100% inibição). Fotomicrografias obtidas após 24 h de incubação do fungo com as amostras indicadas. Aumento: 40x.

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

79

Figura 21 – Curva de crescimento das bactérias

Fonte: Elaborada pelo autor. S. aureus (A) e E. aerogenes (B) na presença e ausência (controle) do LzaBBI em diferentes concentrações.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

80

6. DISCUSSÃO

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

81

Considerando a possibilidade de sementes de L. auriculata serem uma fonte

promissora de moléculas com importância biotecnológica, esse trabalho apresenta a

purificação e caracterização bioquímica parcial de um inibidor de proteases

pertencente à família Bowman-Birk capaz de inibir o crescimento da bactéria

Staphylococcus aureus. Uma vez que plantas da Caatinga são subexploradas e

poucas de suas moléculas conhecidas pela comunidade científica, é que pesquisas

desenvolvidas com a finalidade de detectá-las e avaliar atividades biológicas

relevantes, não somente podem fornecer novos insumos para aplicações

biotecnológicas, mas, também, evocam estudos para uso racional dessas espécies

vegetais, visando práticas de conservação da biodiversidade dos biomas brasileiros,

em especial a Caatinga.

O extrato total da farinha de sementes de L. auriculata, obtido em solução

salina (NaCl 150 mM) foi submetido a tratamento térmico, objetivando eliminar

proteínas de alta massa molecular, uma vez que, já é descrito na literatura que

inibidores proteicos de proteases são termoestáveis (FANG; WONG; NG, 2010;

KLOMKLAO et al., 2010, KLOMKLAO et al., 2011). Mesmo após 120 min de fervura

(98 °C), as atividades inibitórias específicas de tripsina e quimotripsina do LazBBI se

mantiveram estáveis (FIGURA 9), sendo o aquecimento um passo eficiente na

purificação deste inibidor. Em protocolos estabelecidos para purificação de inibidores

proteicos de proteases de duas leguminosas do gênero Vigna (Vigna unguiculata e

Vigna angularis), a primeira etapa de purificação consistiu no tratamento térmico do

extrato total a 90 °C durante 10 min, o que fez a atividade inibitória específica de

tripsina aumentar cerca de 6 e 3 vezes em relação aos controles, respectivamente

(KLOMKLAO et al., 2010; KLOMKLAO et al., 2011). De modo semelhante, essa etapa

foi realizada para a purificação do inibidor Bowman-Birk de Dolichos biflorus (KUHAR

et al., 2013).

Neste trabalho, o tratamento térmico do extrato total por 20 min foi escolhido

para dar continuidade ao processo de purificação, seguido com a aplicação do extrato

fervido em cromatografia de afinidade. Sendo um dos objetivos deste estudo purificar

um inibidor de proteases, optou-se por utilizar a cromatografia de afinidade. Já é bem

descrito na literatura o uso de cromatografia de afinidade (matriz de tripsina) para a

purificação de proteínas com atividade inibitória de tripsina (OLIVEIRA et al., 2007;

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

82

YOSHIZAKI et al. 2007; GU et al., 2014; KUHAR et al., 2013). Sendo a matriz

contendo tripsina, altamente seletiva às proteínas, é que o ligante escolhido para ser

acoplado em matriz Sepharose® 4B para purificação do LzaBBI, foi a anidrotripsina,

uma molécula derivada da tripsina, mas catalíticamente inativa, ou seja, não ocorre a

quebra do inibidor no momento da interação, fato esse observado por Ako e

colaboradores (1974).

O passo cromatográfico que precede ao da obtenção da proteína pura foi a

cromatografia de troca iônica em matriz de DEAE Sepharose, na qual foi aplicada as

proteínas retidas na cromatografia de afinidade. A fração não retida em coluna de

troca iônica (FNR-DEAE) apresentou quatro bandas proteicas, sendo duas de alta

massa molecular e duas entre os marcadores moleculares de 20 e 14 kDa. A FNR-

DEAE após ser cromatografada em coluna de fase reversa gerou 2 picos, sendo o

primeiro referente ao LzaBBI purificado (FIGURA 12), tendo rendimento de 0,677 mg

de proteína pura a partir de 426,24 mg das proteínas solúveis total de sementes de L.

auriculata (TABELA 5). Rendimento que pode ser melhorado em uma possível

adaptação para produção em sistemas recombinantes.

A análise do perfil eletroforético desse primeiro pico oriundo da cromatografia

em fase reversa revelou a presença de uma única banda proteica com massa

molecular aparente de 17,3 kDa (FIGURA 13), estando condizente com massas

moleculares de diferentes inibidores proteicos de proteases já descritos: 22 kDa

(GUERRA et al., 2015); 19 kDa (LI et al., 2015); e 20 kDa (ODDEPALLY et al., 2013),

por exemplo.

Há relatos na literatura da presença de carboidratos ligados covalentemente à

estrutura de inibidores proteicos de proteases (EE et al., 2011; PAIVA et al., 2003).

Entretanto, a julgar pelo resultado da revelação específica (ZACHARIUS et al., 1969)

para detectar carboidratos covalentemente ligados à estrutura proteica (FIGURA 15),

o LzaBBI não se trata, aparentemente, de uma glicoproteína.

A alta similaridade da sequência NH2-terminal do LzaBBI, com inibidores de

proteases tipo Bowman-Birk de leguminosas, chegando a 100% para algumas

espécies, indica que LzaBBI pertence a essa classe de inibidores, fato esse fortalecido

pela presença de 5 resíduos (em destaque amarelo C na figura 16) de cisteína que,

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

83

possivelmente, fazem parte na formação de um número grande de pontes dissulfeto,

como ocorre para outros inibidores pertencentes a essa família (GU et al., 2014).

Quando o LzaBBI foi submetido a eletroforese utilizando DTT como agente

redutor, uma única banda proteica foi revelada, indicando que o inibidor não possui

subunidades ligadas por pontes dissulfeto e sugerindo que os resíduos de cisteina

detectados na sua estrutura primária podem fazer parte de pontes dissulfeto

intracadeias, como ocorre para outros inibidores dessa classe (KUMAR; GODWA,

2013). A presença de pontes dissulfeto em inibidores de proteases conferem

estabilidade funcional a essas proteínas na presença de agentes físicos

desnaturantes como, por exemplo, altas temperaturas, extremos de pH (GARCIA et

al., 2004) e agentes químicos (DTT e β-mercaptoetanol) (BIJINA et al., 2011). Nesse

contexto,o LzaBBI foi ensaiado quanto à estabilidade de sua atividade inibitória para

a tripsina e quimotripsina em diferentes tempos de fervura (98 °C), bem como,

estabilidade em diferentes pHs, mostrando-se altamente estável (FIGURAS 18 e 19).

Essa resistência a extremos de temperatura e pH é particularmente importante para

futuras aplicações biotecnológicas e destaca o LzaBBI como um dos inibidores mais

estáveis dos já descritos. Por exemplo, LzaBBI se mostrou mais resistente que o

inibidor de Enterolobium contortisiliquum (EcTI), que perde sua atividade inibitória da

quimotripsina após 10 min a 100 °C (BATISTA et al., 1996), também demonstrou maior

eficácia quando comparado ao inibidor de Acacia confusa, o qual perde sua atividade

inibitória com 60 min de incubação a 100 °C (LAM; NG, 2010). Outros inibidores com

atividade ainti-tríptica também exibem termoestabilidades inferiores ao LzaBBI, como

os inibidores de fava, amendoim e cereais (LINER; KAKADE, 1969).

Quanto a estabilidade da atividade anti-quimotríptica em valores diferentes de

pHs, resultados semelhantes foram obtidos com inibidores de Enterolobium

contortisiliquum (BATISTA et al., 1996), Poecilantha parviflora (GARCIA et al., 2004)

e Inga laurina (MACEDO et al., 2007), exibindo alta estabilidade. Além de serem

influenciados pela presença ou não de pontes dissulfeto, a estabilidade à variação de

pH pode estar relacionada com o tamanho da molécula. Pesquisadores relatam sem

discutir que a susceptibilidade de um determinado inibidor (dímero) de quimotripsina

pode estar atrelada a sua massa molecular elevada de 70 kDa (LAM; NG, 2010).

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

84

Já é bastante relatada na literatura a ocorrência de inibidores de proteases

capazes de inibir a atividade catalítica de tripsina e/ou quimotripsina com ação

antimicrobiana (KIM et al., 2013; COSTA et al., 2014; KUMARESAN et al., 2015).

Porém, trabalhos com inibidores pertencentes à família Bowman-Birk que avaliem sua

ação antibacteriana são escassos, sendo de altíssima relevância estudos que

busquem efeitos negativos dessas biomoléculas sobre o crescimento de

microrganismos patogênicos a humanos, uma vez que muitos desses adquirem

resistência aos antibióticos comerciais. Segundo Chambers e DeLeo (2010), a S.

aureus possui grande capacidade de adquirir resistência a antibióticos. No presente

trabalho, foi possível observar atividade inibitória do crescimento de uma bactéria

patogênica a humanos (S. aureus), onde, em 5 e 10 µg do inibidor foi verificado efeito

negativo sobre o crescimento bacteriano (FIGURA 21A). Muitos inibidores de

proteases apresentam ação semelhante, à exemplo, Kim e colaboradores (2009)

demonstraram que um inibidor de tripsina e quimotripsina de Solanum tuberosum (PT-

1) apresentou atividade contra uma bactéria Gram-positiva Clavibacter michiganensis.

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

85

7. CONCLUSÕES

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

86

O presente trabalho descreve as etapas de purificação do primeiro inibidor de

proteases de sementes de Luetzelburgia auriculata, uma espécie de leguminosa

endêmica do Brasil e pertencente ao bioma Caatinga. Em adição, caracteriza-o como

um inibidor pertencente à família Bowman-Birk, sendo denominado LzaBBI

(Luetzelburgia auticulata Bowman-Birk Inhibitor), e determina parâmetros bioquímicos

e biológicos desse inibidor, habilitando-o para futura aplicação biotecnológica. Com

isso, evidencia-se a importância dos vegetais da Caatinga como repositórios de

moléculas bioativas, ainda pouco exploradas, e que devem ser mais cuidadosamente

estudadas para geração de drogas novas e alternativas contendo, como princípio

ativo, esse agente bacteriano para tratamento de patógenos humanos como, por

exemplo, de Staphylococcus aureus.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

87

8. REFERÊNCIAS

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

88

AKO, H.; FOSTER, R. J.; RYAN, C. A. Mechanism of action of naturally occurring

proteinase inhibitors. Studies with anhydrotrypsin and anhydrochymotrypsin purified

by affinity chromatography. Biochemistry , v. 13, n. 1, p. 132-139, jan. 1974.

ALTSCHUL, S. F.; GISH, W.; MILLER, W.; MYERS, E. W.; LIPMAN, D. J. Basic local

alignment search tool. Journal of Molecular Biology , v. 215, n. 3, p. 403-410, out.

1990.

BARRETT, A. J. Classification of peptidases. In: Methods in Enzymology . 1. ed. 244,

p.1-15. 1994.

BARRETT, A. J.; RAWLINGS, N. D.; O’BRIEN, E. A. The merops database as a

peptidase information system. Journal of Structural Biology , v. 134, n. 2-3, p. 95-

102, jan. 2001.

BATISTA, I. F. C.; OLIVA, M. L. V.; ARAUJO, M. S.; SAMPAIO, U. M.; RICHARDSON,

M.; FRITZ, H.; SAMPAIO, C. A. M. Primary structure of a Kunitz-type trypsin inhibitor

from Enterolobium contortisiliquum seeds. Phytochemistry , v. 41, n. 4, p. 1017-1022,

mar. 1996.

BELITZ, H. D.; GROSCH, W. Quimica de los alimentos . 2. ed. Espanha: Acribia,

1997.

BERG, J.M.; TYMOCZKO, J. L.; STRYER, L. Biochemistry . 5. ed., W. H. London:

Freeman and company, 2002.

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

89

BHATTACHARYYA, A.; MAZUMDAR, S.; LEIGHTON, S. M.; BABU, C. R. A Kunitz

proteinase inhibitor from Archidendron ellipticum seed: Purification, characterization,

and kinetic properties. Phytochemistry , v. 67, n. 3, p. 232-241, fev. 2006.

BIJINA, B.; CHELLAPPAN, S.; BASHEER, S. M.; ELYAS, K. K.; BAHKALI, A. H.;

CHANDFRASEKARAN, M. Protease inhibitor from Moringa oleifera leaves: Isolation,

purification, and characterization. Process Biochemistry , v. 46, n. 12, p. 2291-2300,

dez. 2011.

BIRK, Y. The Bowman-Birk inhibitor. Trypsin- and chymotrypsin-inhibitor from

soybeans. International Journal of Peptide and Protein Resear ch , v. 25, n. 2, p.

113-131, fev. 1985.

BIRK, Y., GERTLER, A.; KHALEF, S. A pure trypsin inhibitor from soya beans.

Biochemical Journal , v. 87, n. 2, p. 281-284, mai, 1963.

BLUM, H.; BEIER, H.; GROSS, H. J. Improved silver staining of plant proteins, RNA

and DNA in polyacrylamide gels. Electrophoresis , v. 8, n. 2, p. 93-99, abr. 1987.

BODE, W.; HUBER, R. Natural protein proteinase inhibitors and their interaction with

proteinases. European Journal of Biochemistry , v. 204, n. 2, p. 433-451, mar. 1992.

BOWMAN, D. E. Differentiation of soy bean anti-tryptic factors. Procedings of the

Society for Experimental Biology and Medicine , v. 63, n. 3, p. 547-550, dez. 1946.

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

90

BRADFORD, M. M. A rapid and sensitive method for the quantification of microgram

quantities for proteins utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical

Biochemistry , v. 72, n. 7, p. 248-254, mai. 1976.

CARDOSO, D. B. O. S. Sistemática de Papilionoideae (Leguminosae): Filogenia das

linhagens casais e revisão de Luetzelburgia. Tese (Doutorado em Botânica).

Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana-BA, 2012.

CARDOSO, D. B. O. S. Luetzelburgia In: Lista de Espécies da Flora do Brasil .

Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em:

<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB29740>. Acesso em: 30 Jan.

2015.

CHAMBERS, H. B.; DELEO F. R. Waves of Resistance: Staphylococcus aureus in the

Antibiotic Era. Nature Review Microbiology , v. 7, n. 9, p. 629–641, set. 2010.

CHOU, K. C.; CAI, Y. D. Prediction of protease types in a hybridization space.

Biochemical and Biophysical Research Communications , v. 339, n. 3, p. 1015-

1020, nov. 2006.

COPELAND, R. A. Evaluation of enzyme inhibitors in drug discovery: a guide for

medicinal chemists and pharmacologists. New Jersey: John Wiley & Sons . 2005.

COSTA, H. P. S.; OLIVEIRA, J. T. A.; SOUSA, D. O. B.; MORAIS, J. K. S.; MORENO,

F. B.; MONTEIRO-MOREIRA, A. C. O.; VIEGAS, R. A.; VASCONCELOS, I. M. JcTI-I:

a novel trypsin inhibitor from Jatropha curcas seed cake with potential for bacterial

infection treatment. Frontiers in microbiology , v. 5, n. 5, p. 1-12, jan. 2014.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

91

EDMAN, P. A method for the determination of the amino acid sequence in peptides.

Acta Chemica Scandinavica , v. 22, p. 283-293, 1950.

EE, K. Y.; ZHAO, J.; REHMAN, A.; AGBOOLA, S. Glycosylation, amino acid analysis

and kinetic properties of a major Kunitz-type trypsin inhibitor from Acacia victoriae

Bentham seeds. Food Chemistry , v. 129, n. 3, p. 1224-1227, dez. 2011.

ERLANGER, B. F.; KOKOWSKY, N.; COHEN, W. The preparation and properties of

two new chromogenic substrates of trypsin. Archives of Biochemistry and

Biophysics , v. 95, n. 2, p. 271-278, nov. 1961.

FAHRNEY, D. E.; GOLD, A. M. Sulfonyl fluorides as inhibitors of esterases. I. Rates of

Reaction with acetylcholinesterase, α-chymotrypsin, and trypsin. Journal of the

American Chemical Society , v. 85, p. 997-1000, abr. 1963.

FAN, S. G.; WU, G. J. Characteristic of plant protease inhibitors and their applications

in combating Phytophagous insects. Botanical Bulletin of Academia Sinica , v. 46,

p. 273-292, jun. 2005.

FANG, A. F.; WONG, J. H.; NG, T. B. Thermostable Kunitz trypsin inhibitor with

cytokine inducing, antitumor and HIV-1 reverse transcriptase inhibitory activities from

Korean large black soybeans. Journal of Bioscience and Bioengineering , v. 109, n.

3, p. 211-217, mar. 2010.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

92

FEREIDUNIAN, A.; SADEGHALVAD, M.; OMIDI, M. O.; MOSTAFAIE, A. Soybean

Bowman-Birk Protease Inhibitor (BBI): Identification of the Mechanisms of BBI

Suppressive Effect on Growth of Two Adenocarcinoma Cell Lines: AGS and HT29.

Archives of Medical Research , v. 45, n. 6, p. 455-461, ago. 2014.

FRANCO, O. L.; GROSSI-DE-SÁ, M. F.; SALES, M. P.; MELO, L. V.; OLIVEIRA, A.

S.; RIGDEN, D. J. Overlapping binding sites for trypsin and papain on a Kunitz-type

proteinase inhibitor from Prosopis juliflora. Proteins: Structure, Function and

Genetics , v. 49, n. 3, p. 335-341, nov. 2002.

GARCIA, V. A.; FREIRE, G. M.; NOVELLO, J. C.; MARANGONI, S.; MACEDO, M. L.

R. Trypsin inhibitor from Poecilanthe parviflora seeds: Purification, characterization,

and activity against pest protease. The Protein Journal , v. 23, n. 5, p. 343-350, jul.

2004.

GATEHOUSE, A. M. R.; NORTON, E.; DAVISON, G. M.; BABBÉ, S. M.; NEWELL, C.

A.; GATEHOUSE, J. A. Digestive proteolytic activity in larvae of tomato moth,

Lacanobia oleraceae; effects of plant protease inhibitors in vitro and in vivo. Journal

of Insect Physiology , v. 45, n. 6, p. 545-558, jun. 1999.

GIULIETTI, A. M.; CONCEIÇÃO, A.; DE QUEIROZ, L. P. Diversidade e caracterização

dos fungos do semiárido brasileiro. Recife: APNE - Associação Plantas do Nordeste,

v. 2, p. 219, 2006.

GIULIETTI, A.M.; BOCAGE, A.L.; DU CASTRO, A.A.J.F.; GAMARRA-ROJAS, C.F.L.;

SAMPAIO, E.V.S.B.; VIRGÍNIO, J.; PAGANUCCI, L.; FIGUEREDO, M.A.; RODAL,

M.J.N.; BARBOSA, M.R.V.; HARLEY, R. 2004. Diagnóstico da vegetação nativa do

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

93

bioma Caatinga. In: Biodiversidade da Caatinga: áreas e ações prioritárias para a

conservação. Brasília: MMA, Universidade Federal de Pernambuco, p. 45-90, 2004.

GOMES, C. E. M.; BARBOSA, E. A. D.; MACEDO, L. L. P.; PITANGA, J. C. M.;

MOURA, F. T.; OLIVEIRA, A. S.; MOURA, R. M.; QUEIROZ, A. F. S.; MACEDO, F.

P.; ANDRADE, L. B. S.; VIDAL, M. S.; SALES, M. P. Effect of trypsin inhibitor from

Crotalaria pallida seeds on Callosobruchus maculates (cowpea weevil) and Ceratitis

capitata (fruit fly). Plant Physiology and Biochemistry , v. 43, n. 12, p. 1095-1102,

dez. 2005.

GU, C.; SONG, X.; ZHAO, L.; PAN, S.; QIN, G. Purification and Characterization of

Bowman-Birk Trypsin Inhibitor from Soybean. Journal of Food and Nutrition

Research , v. 2, n. 9, p. 546-550, ago. 2014.

GUERRA, F. P.; REYS, L.; JAQUE, A. V.; HERNANDEZ, C. C.; GUTIERREZ A.; DIAZ,

J. P.; BLAUDEZ, D.; LARA, S. R. Populus deltoides Kunitz trypsin inhibitor 3 confers

metal tolerance and binds copper, revealing a new defensive role against heavy metal

stress. Environmental and Experimental Botany , v. 115, p. 28-37, fev. 2015.

HANCOCK, R. E. Cationic antimicrobial peptides: toward clinical applications. Expert

Opinion on Investigational Drugs , v. 9, n. 8, p. 1723-1729, ago. 2000.

HAUFF, S. N. Representatividade do Sistema Nacional de Unidades de Conservação

na Caatinga. In: PNUD – Programa das nações Unidas para o Desenvolvimento

(projeto BRA/00/021). Brasília: Ministério do Meio Ambiente , 2010.

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

94

HEDSTROM, L. Serine protease mechanism and specificity. Chemical Reviews , v.

102. n. 12, p. 4501-4524, dez. 2002.

HÖRGER, A. C.; HOORN, R. A. van Der. The structural basis of specific protease–

inhibitor interactions at the plant–pathogen interface. Current Opinion In Structural

Biology. Cologne, v. 23, n. 6, p. 842-850, dez. 2013.

KASCHANI, F.; SHABAB, M.; BOZKURT, T.; SHINDO, T.; SCHORNACK, S.; GU, C.;

ILYAS, M.; WIN, J.; KAMOUN, S.; HOORN, R. A. van Der. An effector-targeted

protease contributes to defense against Phytophthora infestans and is under

diversifying selection in natural hosts. Plant Physiology , v. 154, n. 4, p. 1794-1804,

dez. 2010.

KIM, B. Y.; LEE, K. S.; ZOU, F. M.; WAN, H.; CHOI, Y. S.; YOON, H. J.; KWON, H.

W.; JE, Y. H.; JIN, B. R. Antimicrobial activity of a honeybee (Apis cerana) venom

Kazal-type serine protease inhibitor. Toxicon , v. 76, n. 15, p. 110-117, dez. 2013.

KIM, J. Y.; PARK, S. C.; HWANG, H.; CHEONG, H.; NAH, J. W.; HAHM, K. S.; PARK,

Y. Protease Inhibitors from plants with antimicrobial activity. International Journal of

Molecular Sciences , v. 10, n. 6, p. 2860-2872, jun. 2009.

KIRMSE, R. D.; PFISTER, J.A.; VALE, L.V.; QUEIROZ, J.S. Pau-mocó. In: Woody

plants of the northern Ceará Caating . Technical Report Series-EMBRAPA, n. 14, p.

40-42, Utah State University, Logan. 1983.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

95

KLOMKLAO, S.; BENJAKUL, S.; KISHIMURA, H.; CHAIJAN, M. Extraction,

purification and properties of trypsin inhibitor from Thai mung bean (Vigna radiata (L.)

R. Wilczek). Food Chemistry , v. 129, n. 4, p. 1348-1354, dez. 2011.

KLOMKLAO, S.; BENJAKUL, S.; KISHIMURA, H.; OSAKO, K.; TANAKA, M. A heat-

stable trypsin inhibitor in adzuki bean (Vigna angularis): effect of extraction media,

purification and biochemical characteristics. International Journal of Food Science

and Technology , v. 45, n. 1, p. 163-169, jan. 2010.

KOIWA, H.; SUBRAMANIAN, L.; SHADE, R. E.; ZHU, K. Y.; NIELSEN, S. S.;

MURDOCK, L. L.; BRESSAN, R. A.; HASEGAWA, P. M. Insecticidal activities of

soybean cysteine protease inhibitors are correlated with their papain-binding affinities

as phage-displayed proteins. Plant Physiology , v. 114, n. 3, p. 1115-1120, 1997.

KROWARSCH, D.; DADLEZ, M.; BUCZEK, O.; KROKOSZYNSKA, I.; SMALAS, A.O.;

OTLEWSKI, J. Interscaffolding additivity: Binding of P1 variants of bovine pancreatic

trypsin inhibitor to four serine proteases. Journal of Molecular Biology , v. 289, n. 1,

p. 175-186, mai. 1999.

KUHAR, K.; KENSAL, K.; SUBRAHMANYAM, B.; KOUNDAL, K. R.; MIGLANI, K. A

Bowman–Birk protease inhibitor with antifeedant and antifungal activity from Dolichos

biflorus. Acta Physiologiae Plantarum , v. 35, n. 6, p. 1887–1903, jun. 2013.

KUMAR, V.; GODWA, L. R. The contribution of two disulfide bonds in the trypsin

binding domain of horsegram (Dolichos biflorus) Bowman-Birk inhibitor to thermal

stability and functionality. Archives of Biochemistry and Biophysics , v. 537, n. 1, p.

49-61, set, 2013.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

96

KUMARESAN, V.; HARIKRISHNAN, R.; AROCKIARAJ, J. A potential Kazal-type

serine protease inhibitor involves in kinetics of protease inhibition and bacteriostatic

activity. Fish & Shellfish Immunology , v. 42, n. 2, p. 430-438, fev. 2015.

KUNITZ, M. Crystalline soybean trypsin inhibitor II. General properties. The Journal

of General Physiology , v. 30, n. 4, p. 291-310, mar. 1947.

LAEMMLI, U. K. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of

bacteriophage T4. Nature , v. 227, p. 680-685, ago. 1970.

LAM, S. K; NG, T. B. A dimeric high-molecular-weight chymotrypsin inhibitor with

antitumor and HIV-1 reverse transcriptase inhibitory activities from seeds of Acacia

confuse. Phytomedicine , v. 17, n. 8-9, p. 621–625, jul. 2010.

LASKOWSKI, M. J. e QASIM, M. A. What can the structures of enzyme-inhibitor

complexes tell us about the structures of enzyme substrate complexes?. Biochimica

et Biophysica Acta , v. 1477, n. 1-2, p. 324-337, mar. 2000.

LASKOWSKI, M. J.; KATO, I. Protein inhibitors of proteinases. Annual Review of

Biochemistry , v. 49, p. 593-626, 1980.

LI, Y.; ZHAO, P.; LIU, H.; GUO, X.; HE, H.; ZHU, R.; XIANG, Z.; XIA, Q. TIL-type

protease inhibitors may be used as targeted resistance factors to enhance silkworm

defenses against invasive fungi. Insect Biochemistry and Molecular Biology , v. 57,

p. 11-19, fev. 2015.

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

97

LINER, I. E., KAKADE, M. L. Protease inhibitors. In: Toxic constituents of plants

foodstuffs . 2 ed. Academic Press, p. 7-68, 1969.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas

arbóreas nativas do Brasil. São Paulo, Instituto Plantarum. 2008.

LU, W.; APOSTOL, I.; QASIM, M. A. WARNE, N.; WYNN, R.; ZHANG, W. L.;

ANDERSON, S.; CHIANG, Y. W.; OGIN, E.; ROTHBERG, I.; RYAN, K.; LASKOWSKI,

M. J. Binding of amino acid side-chains to S1 cavities of serine proteinases. Journal

of Molecular Biology , v. 266, n. 2, p. 441-461, fev. 1997.

MACEDO, M. L. R.; GARCIA, V. A.; FREIRE, M. G. M.; RICHARSON, M.

Characterization ao a Kunitz trypsin inhibitor with a single disulfide bridge from seeds

of Ingra laurina (SW.) Willd. Phytochemistry , v. 68, n. 8, p. 1104-1111, abr. 2007.

MAIA, G. N. Caatinga: árvores e arbustos e suas utilidades. 1 ed. São Paulo: D&z

Computação Gráfica e Editora, 2004.

MANDAL, S.; KUNDU, P.; ROY, B.; MANDAL, R. K. Precursor of the inactive 2S seed

storage protein from the Indian mustard Brassica juncea is a novel trypsin inhibitor.

Journal of Biological Chemistry , v. 277, n. 40, p. 37161-37168, out. 2002.

MELO, V. M. M.; VASCONCELOS, I. M.; GOMES, V. M.; DA CUNHA, M.; SOARES,

A. A.; OLIVEIRA, J. T. A. A cotyledonary agglutinin from Luetzelburgia auriculata

inhibits the fungal growth of Colletotrichum lindemuthianum, Fusarium solani and

Aspergillus niger and impairs glucose-stimulated acidification of the incubation medium

by Saccharomyces cerevisiae cells. Plant Science , v. 169, n. 3, p. 629-639, set. 2005.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

98

MIGLIOLO, L.; OLIVEIRA, A. S.; SANTOSA, E. A.; FRANCO, O. L.; SALESA, M. P.

Structural and mechanistic insights into a novel non-competitive Kunitz trypsin inhibitor

from Adenanthera pavonina L. seeds with double activity toward serine and cysteine-

proteinases. Journal of Molecular Graphics and Modelling , v. 29, n. 2, p. 148-156,

set. 2010.

MMA–Ministério do Meio Ambiente. Caatinga . Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/biomas/caatinga>. Acesso em: 03 jan. 2015.

NELSON, D. L.; COX, M.M.; LEHNINGER, A.L. Princípios de bioquímica de

Lehninger. 5ª Ed. Porto Alegre: Artmed, p. 95. 2011.

NEURATH, H. The diversity of proteolytic enzymes. In: Proteolytic Enzymes: a

practical approach , (Eds) Beynon, R. J. and Bond, J. S., Oxford University Press,

Oxford, v. 18, n. 1, p.55, jan. 1990.

NEURATH, H. The versatility of proteolytic enzymes. Journal of Cellular

Biochemistry , v. 32, n. 1, p. 35-49, 1986.

CORNISH-BOWDEN, A. Current IUBMB recommendations on enzyme nomenclature

and kinetics. Perspectives in Science , v. 1, n. 1, p. 74-87, mai. 2014.

ODDEPALLY, R.; SRIRAM, G.; GURUPRASAD, L. Purification and characterization

of a stable Kunitz trypsin inhibitor from Trigonella foenum-graecum (fenugreek) seeds.

Phytochemistry , v.96, p. 26-36, dez. 2013.

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

99

OLIVA, M. L. V.; SILVA, M. C. C.; SALLAI, R. C.; BRITO, M. V.; SAMPAIO, M. U. A

novel subclassification for Kunitz proteinase inhibitors from leguminous seeds.

Biochimie, v. 92, n. 11, p. 1667-1673, nov. 2010.

OLIVEIRA, A. S.; MIGLIOLO, L.; AQUINO, R. O.; RIBEIRO, J. K. C.; MACEDO, L. L.

P.; ANDRADE, L. B. S.; BEMQUERER, M. P.; SANTOS, E. A.; KIYOTA, S.; SALES,

M. P. Purification and characterization of a trypsin-papain inhibitor from Pithecellobium

dumosum seeds and its in vitro effects towards digestive enzymes from insect pests.

Plant Physiology and Biochemistry , v. 45, p. 858-865, ago. 2007.

OLIVEIRA, C. F. R.; VASCONCELOS, I. M.; APARICIO, R.; FREIRE, M. G. M.;

BALDASSO, P. A.; MARANGONI, S.; MACEDO, M. L. R. Purification and biochemical

properties of a Kunitz-type trypsin inhibitor from Entada acaciifolia (Benth.) seeds.

Process Biochemistry , v. 47, n. 6, p. 929-935, jun. 2012.

OLIVEIRA, J. T. A.; MELO, V. M. M.; CÂMARA, F. L.; VASCONCELOS, I. M.;

BELTRAMINI, L. M.; MACHADO, O. L. T.; GOMES, V. M.; PEREIRA, S. P.;

FERNANDES, C. F.; NUNES, E. P.; CAPISTRANO, G. G. G.; MONTEIRO-MOREIRA,

A. C. O. Purification and physicochemical characterization of a cotyledonary lectin from

Luetzelburgia auriculata. Phytochemistry , v.61, n. 3, p. 301-310, out. 2002.

PAIVA, P. M. G.; SOUZA, A. F.; OLIVA, M. L. V.; KENNEDY, J. F.; CAVALCANTI, M.

S. M.; COELHO, L. C. B. B.; SAMPAIO, C. A. Isolation of a trypsin inhibitor from

Echinodorus paniculatus seeds by affinity chromatography on immobilized Cratylia

mollis isolectins. Bioresource Technology , v. 88, n. 1, 75-79, mai. 2003.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

100

PINTO, T. J. A.; KANEKO, T. M.; OHARA, M. T. Controle biológico de qualidade de

produtos farmacêuticos, correlatos e cosméticos. 2 ed. São Paulo: Atheneu, 325p.

2003.

POWERS, J.C.; ASGIAN, J.L.; EKICI, O.D.; JAMES, K.E. Irreversible inhibitors of

serine, cysteine, and threonine proteases. Chemical Reviews , v. 102, n. 12, p. 4639-

4750, dez. 2002.

PRAKASH, B.; SELVARAJ, S.; MURTHY, M. R. N.; SREERAMA, Y. N.; RAO, D. R.;

GOWDA, L. R. Analysis of the amino acid sequences of plant Bowman-Birk inhibitors.

Journal of Molecular Evolution , v. 42, n. 5, p. 560-569, mai. 1996.

PRASAD, E. R.; DUTTA-GUPTA, A.; PADMASREE, K. Insecticidal potential of

Bowman–Birk proteinase inhibitors from red gram (Cajanus cajan) and black gram

(Vigna mungo) against lepidopteran insect pests. Pesticide Biochemistry and

Physiology , v. 98, n. 1, p. 80-88, set. 2010.

QI, R. F.; SONG, Z. W.; CHI, C. W. Structural features and molecular evolution of

Bowman-Birk protease inhibitors and their potential application. Acta Biochimica et

Biophysica Sinica , v. 37, n. 5, p. 283-292, mai. 2005.

RAKASHANDA, S.; QAZI, A. K.; MAJEED, R.; RAFIQ, S.; DAR, I. M.; MASOOD, A.;

HAMID, A.; AMIN, S. Antiproliferative activity of Lavatera cashmeriana- protease

inhibitors towards human cancer cells. Asian Pacific Journal of Cancer Prevention ,

v. 14, n. 6, p. 39-75-3978, 2013.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

101

RASHED, N. A.; MACDONALD, M. H.; MATTHEWS, B. F. Protease inhibitor

expression in soybean roots exhibiting susceptible and resistant interactions with

soybean cyst nematode. Journal of Nematology , v. 40, n. 2, p.138-146, jun. 2008.

RICHARDSON, M. Seed storage proteins: the enzyme inhibitors. In: Methods in Plant

Biochemistry , New York, Academic Press, Press, New York, v. 5, p. 259-305, 1991.

SAFAVI, F.; ROSTAMI, A. Role of serine proteases in inflammation: Bowman–Birk

protease inhibitor (BBI) as a potential therapy for autoimmune. Experimental and

Molecular Pathology , v. 93, n. 3, p.428–433, dez. 2012.

SAVOIA, D.; ALLICE, T.; TOVO, P. A. Antileishmanial activity of HIV protease

inhibitors. International Journal of Antimicrobial Agents , v. 26, n. 1, p. 92-94, jul.

2005.

SCHECHTER, I.; BERGER, A. On the size of the active site in proteases. I. Papain.

Biochemical and Biophysical Research Communications , v. 27, n. 2, p. 157-162,

abr. 1967.

SEMACE–Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará. O Bioma

Caatinga . Disponível em: <http://www.semace.ce.gov.br/2010/11/comite-estadual-

da-reserva-da-biosfera-da-caatinga-ceara/>. Acesso em: 03 jan. 2015.

SILVA, F. A. S.; AZEVEDO, C. A. V. Principal Components analysis in the software

assistat-statistical attendance. In: world congress on computers in agriculture , 7,

Reno-NV-USA: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2009.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

102

SILVA, J. M. C.; OREN, D. C. Geographic variation and conservation of the

Moustached Woodcreeper (Xiphocolaptes falcirostris), an endemic and threatened

species of northeastern Brazil. Bird Conservation International , v.7, n. 3, p. 263-274,

set. 1997.

SILVA, R. G. G. Purificação, caracterização bioquímica e atividade biológica de um

inibidor de tripsina da torta da mamona (Ricinus communis L.). 2012, p. 94.

Dissertação (Mestrado em Bioquímica vegetal). Programa de pós-graduação em

Bioquímica e Biologia Molecular, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza.

SOARES, E. L.; FREITAS, C. D. T.; OLIVEIRA, J. S.; SOUSA, P. A. S.; SALES, M. P.;

BARRETO-FILHO, J. D. M.; BANDEIRA, G. P.; RAMOS, M. V. Characterization and

insecticidal properties of globulins and albumins from Luetzelburgia auriculata

(Allemao) Ducke seeds towards Callosobruchus maculatus (F.) (Coleoptera:

Bruchidae). Journal of Stored Products Research , v. 43, n. 4, p. 459-467, dez. 2007.

TRIPATHI, V. R.; SAHASRABUDDHE, A. A.; KUMAR, S.; GARG, S. K. Purification

and characterization of a trypsin inhibitor from Senna tora active against midgut

protease of podborer. Process Biochemistry , v. 49, n. 2, p. 347-355, fev. 2014.

TREMACOLDI, C. R. Proteases e Inibidores de Proteases na Defesa de Pl antas

Contra Pragas. Belém: Embrapa Amazônia Oriental. 1 ed. 2009, p. 46. (Embrapa

Amazônia Oriental. Documentos, 353).

TURK, B. Targeting proteases: successes, failures and future prospects. Nature

reviews , v. 5, n. 9, p. 784-799, set. 2006.

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS ...repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/16473/3/2015_dis_tfmartins.pdf · bom, porque sua benignidade é para sempre” SL 118:1

103

VIEIRA, H. S. F. Caracterização de enzimas proteolíticas produzidas por bactérias de

origem marinha. Dissertação (Mestrado em Engenharia Alimentar), Instituto Superior

de Agronomia da Universidade de Lisboa. Lisboa, 2013.

WEBER, K.; OSBORN, M. The reability of molecular weight determination by sodium

dodecil sulfate polyacrilamide gel electrophoresis. Journal of Biological Chemistry ,

v. 244, p. 4406-4412, abr. 1969.

YOSHIZAKI, L.; TRONCOSO, M. F.; LOPES, J. L. S.; HELLMAN, U.; BELTRAMINI,

L. M.; WOLFENSTEIN-TODEL, C. Calliandra selloi Macbride trypsin inhibitor:

Isolation, characterization, stability, spectroscopic analyses. Phytochemistry , v. 68,

n. 21, p. 2625-2634, nov. 2007.

ZACHARIUS, R. M. ZELL, T. E., MORRISON, J. H., WOODLOCK, J. J. Glycoprotein

staining following electrophoresis on acrylamide gels. Analytical Biochemistry , v. 30,

n. 1, p. 148-152, jul. 1969.

ZHANG, H.; MAO, J.; LIU, F.; ZENG, F. Expression of a nematode symbiotic

bacterium-derived protease inhibitor protein in tobacco enhanced tolerance against

Myzus persicae. Plant Cell Reports , v. 31, n. 11, p. 1981-1989, nov. 2012.