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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL - PRODERE A CONTRIBUIÇÃO DO APL DE PISCICULTURA PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIOECONÔMICO REGIONAL NO ESTADO DO AMAZONAS ELTON PEREIRA TEIXEIRA MANAUS 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL - PRODERE

A CONTRIBUIÇÃO DO APL DE PISCICULTURA PARA O

DESENVOLVIMENTO SÓCIOECONÔMICO REGIONAL NO ESTADO DO AMAZONAS

ELTON PEREIRA TEIXEIRA

MANAUS 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE ESTUDOS SOCIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL - PRODERE

ELTON PEREIRA TEIXEIRA

A CONTRIBUIÇÃO DO APL DE PISCICULTURA PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIOECONÔMICO REGIONAL NO ESTADO

DO AMAZONAS.

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – PRODERE, da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Orientadora: Profª. Dra. MARIOMAR DE SALES LIMA

MANAUS 2009

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Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Sônia Raimunda de F. Gaspar – CRB 11ª/273-AM

T266c TEIXEIRA, Elton Pereira, 1964. A contribuição do APL de Piscicultura para o desenvolvimento Socioeconômico Regional no Estado do Amazonas / Elton Pereira Teixeira. – Manaus, AM : UFAM, 2009. 146 p.: il. color, figuras, gráficos, tabelas e quadros; 29,7 cm. Inclui bibliografia.

Dissertação (Mestrado) para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Amazonas / Faculdade de Estudos Sociais, 2009.

Orientadora: Mariomar de Sales Lima, Ph.D.

1. Desenvolvimento econômico – Amazonas – Piscicultura 2. Desenvolvimento regional 3. Arranjo produtivo local I. Lima, Mariomar de Sales, Ph.D., orient. II. Título

CDU – 330.34 (811.3) : 639.3

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ELTON PEREIRA TEIXEIRA

A CONTRIBUIÇÃO DO APL DE PISCICULTURA PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIOECONÔMICO REGIONAL NO ESTADO

DO AMAZONAS .

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – PRODERE, da Universidade Federal do Amazonas – UFAM, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional.

Aprovado em 27/02/2009

BANCA EXAMINADORA

Profª Drª. MARIOMAR DE SALES LIMA Universidade Federal do Amazonas

Prof. Dr. NIOMAR LINS PIMENTA Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica

Profª. Drª. ANTONIETA DO LAGO VIEIRA Universidade Federal do Amazonas

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É preciso que o melhor governo seja aquele que possua uma constituição tal que todo o cidadão

possa ser virtuoso e viver feliz.

Aristóteles

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À minha família, pelo carinho e constante incentivo.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pelo amparo e fortalecimento durante toda minha vida; A minha querida Mãe Odete pelo seu amor incondicional; aos meus filhos Alexandre e Letícia pelo carinho dispensado; A minha orientadora, Profª Drª Mariomar de Lima Sales pelo seu empenho e orientação esmerada que foi fundamental para o desenvolvimento deste trabalho; Aos meus tios Dauto Pereira Teixeira e Lourdes Ribeiro Teixeira, pelo apoio e incentivo ao saber. Aos professores, na pessoa do Prof. Dr. Luis Roberto Coelho Nascimento e Prof. Dr. Mauro Thury de Vieira Sá pela dedicação e competência ao longo do curso; À EMBRAPA, na pessoa do Sr. José Nestor de Paula Lourenço; INPA, Sr. Jorge Daniel Indrusiak Fim, FUCAPI, Sr. Fernando Santos Folhadela pela disponibilidade e de estarem sempre prontos a ajudar. Aos meus amigos Paulo Henrique Gil de Freitas e Tatiana Melo de Aquino Gil de Freitas; Paulo Gilberto Ferreira e Francisca Freire Ferreira; Ronnie Cavalcante Pessoa; Suelânia Cristina Gonzaga de Figueiredo; Josenete Cavalcante Costa e Márcio Luiz Repolho Picanço pela generosidade e colaboração; A todos os participantes dos projetos PROCIMA e TANRE, os quais estiveram à disposição para os esclarecimentos; Na Comunidade Tarumã Mirim, Sr. Moisés Colaris; No Iranduba, Sr. Francisco Edmilson Ribeiro de Almeida; Em Maués Sra. Elizete Suzana Goes Correa, Edgar Cunha Maués e Luiz de Ross Aguiar; Aos colegas de turma que nos acompanharam durante todo o período, pela compreensão e amizade.

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RESUMO

O desenvolvimento econômico é um fenômeno desejado por todos os povos. Através das políticas públicas, o governo viabiliza o desenvolvimento regional elaborando programas que atinjam as necessidades específicas de cada região. Dentre os programas mencionados destaca-se o de Plataforma Tecnológica do MCT que promove a vinculação das instituições de pesquisa com o setor produtivo, a fim de que estes, por meio da cooperação e de ações estratégicas, solucionem gargalos tecnológicos e possibilitem o desenvolvimento de APL’s de modo a favorecer o desenvolvimento sócio-econômico local. Com o intuito de conhecer o estágio de desenvolvimento do APL de Piscicultura vinculado ao citado no Estado do Amazonas, realizou-se este estudo de modo a identificar as suas contribuições para o desenvolvimento socioeconômico local. Para tanto, realizou-se um estudo de caso envolvendo os participantes dos Projetos PROCIMA e TANRE, utilizando-se como técnica de coleta de dados o formulário e a entrevista semi-estruturada. Os dados coletados foram analisados consoante as técnicas estatísticas e de análise de conteúdo. Os resultados mostram que durante a implementação dos projetos e do aporte financeiro do governo, houve um certo avanço quanto à solução de alguns gargalos identificados no cultivo de peixes, no entanto, não houve expansão de grande magnitude do APL. Os benefícios socioeconômicos foram pontuais, também ocorridos, no mesmo período, porém poucos deram continuidade ao negócio. As políticas públicas demonstraram-se frágeis e insustentáveis ao permitir o esvaziamento e fragmentação do APL. O estudo revelou ainda que o desenvolvimento do APL de piscicultura estagnou-se a partir do momento em que as ações estratégicas propostas para a solução dos gargalos não foram levadas adiante. As contribuições socioeconômicas locais proporcionadas pelo Programa Plataforma Tecnológica/APL do MCT foram a inclusão alimentar e o conhecimento. A necessidade, agora, é de formulação de novas políticas que permitam solucionar os gargalos pendentes dando continuidade no avanço do APL, aproveitando-se da difusão do conhecimento gerado nas comunidades ribeirinhas e dos resultados já obtidos pelas ações estratégicas, alcançadas pelo Programa do Governo na primeira tentativa.

Palavras-Chave: Desenvolvimento regional; Programa Plataforma Tecnológica; Arranjo Produtivo Local.

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ABSTRACT

The economic development is a phenomenon desired for all the peoples. Through the public politics, the government makes possible the regional development elaborating programs that reach the specific necessities of each region. Amongst the mentioned programs it is distinguished of Technological Platform of the MCT that promotes the entailing of the institutions of research with the productive sector, so that these, by means of the cooperation and of strategically actions, solve neck technological and make possible the development of APL' s in order to favor partner-economic the development local. With intention to know the period of training of development of the APL of entailed Fish Culture to the cited one in the State of Amazon, this study was become fulfilled in order to identify its contributions for the local socioeconomic development. For in such a way, a case study was become fulfilled involving the participants of Projects PROCIMA and TANRE, using itself as technique of collection of data the form and the half-structuralized interview. The collected data had been analyzed consonant the statistical techniques and of content analysis. The results show that during the implementation of the projects and of it arrives in port it financial of the government, had a certain advance how much to the solution of some neck identified in the culture of fish, however, it did not have expansion of great magnitude of the APL. The socioeconomic benefits had been prompt, also occurrences, in the same period, however few had given continuity to the business. The public politics had demonstrated fragile and unsustainable when allowing the emptying and spelling of the APL. The study it disclosed despite the development of the APL of fish was stalled from the moment where the strategically actions proposals for the solution of the necks had not been taken ahead. The proportionate local socioeconomic contributions for the Program Technological/APL Platform of the MCT had been the alimentary inclusion and the knowledge. The necessity, now, is of formularization of new politics that allow to solve the hanging necks giving continuity in the advance of the APL, using to advantage itself of the diffusion of the knowledge generated in the marginal communities and of the results already gotten by the strategically actions, reached for the Program of the Government in the first attempt.

Word-Key: Regional development; Program Technological Platform; Local Productive Arrangements

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - CONSTRUÇÃO DE NOVO CANAL DE IGARAPÉ...................

GRÁFICO 2 - BENEFÍCIOS MAIS IMPORTANTES PARA O PROCIMA......

GRÁFICO 3 - VALEU A PENA COMEÇAR ESSE NEGÓCIO.........................

GRÁFICO 4 – BENEFÍCIOS MAIS IMPORTANTES PARA O TANRE............

GRÁFICO 5 - GERAÇÃO DE RENDA................................................................

GRÁFICO 6 - INCLUSÃO ALIMENTAR...........................................................

GRÁFICO 7 - REGULAMENTAÇÃO PELOS ÓRGÃOS COMPETENTES.....

GRÁFICO 8 - BUSCA DE MERCADO PARA PEQUENOS PISCICULTOR...

GRÁFICO 9 - CAPACITAÇÃO DOS PISCICULTORES EM TÉCNICA DE

CULTIVO................................................................................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS

APEX – Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil

APL – Arranjo Produtivo Local

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FUCAPI – Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica

INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INPA – Instituto Nacional de Pesquisa do Amazonas

IPAAM – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas

IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

MCT – Ministério de Ciência e Tecnologia

MDIC – Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio

NGTC – Núcleo de Gestão Tecnológica Compartilhada

PIN – Pólo Industrial de Manaus

PITCE – Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior

PPA – Plano Plurianual

PROCIMA – Programa de Criação Intensiva de Matrinxã

SEPLAN – Secretaria de Planejamento do Estado

SPL – Sistema Produtivo Local

SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus

TANRE – Tanques-Rede

TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação

UFAM – Universidade Federal do Amazonas

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 01 - ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS OPORTUNIDADES DE

NEGÓCIOS......................................................................................................

QUADRO 02 - ANÁLISE DE CONTEÚDO DOS MOTIVOS QUE

LEVARAM A PARAR A CRIAÇÃO DOS PEIXES......................................

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LISTA DE TABELAS

1 GÊNERO.............................................................................................................................

2 ESTADO CIVIL.................................................................................................................

3 GRAU DE INSTRUÇÃO...................................................................................................

4 NÚMERO DE INDIVÍDUOS NA FAMÍLIA....................................................................

5 NÚMERO DE FILHOS......................................................................................................

6 PRINCIPAL ATIVIDADE ECONÔMICA DA FAMÍLIA................................................

7 RENDA FAMILIAR ORIUNDA DA PRINCIPAL ATIVIDADE

ECONÔMICA..........................................................................................................................

8 NÚMERO DE INDIVÍDUOS DA FAMÍLIA QUE TRABALHAM NA

PISCICULTURA.....................................................................................................................

9 TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO NA COMUNIDADE..................................

10 VOCÊ ENCONTROU VANTAGENS OU DESVANTAGENS AO CRIAR

PEIXES.....................................................................................................................................

11 FACILITARIA A MANUTENÇÃO DO PROJETO E AS VENDAS SE

HOUVESSE UMA COOPERATIVA......................................................................................

12 HOUVE REUNIÃO PARA TRATAR DA MELHORIA DA PRODUÇÃO E

COMERCIALIZAÇÃO...........................................................................................................

13 PROCURARAM EM CONJUNTO UM COMPRADOR PARA O

EXCEDENTE..........................................................................................................................

14 CONTINUA A CRIAR PEIXES.........................................................................................

15 MAIORES DIFICULDADES DURANTE A CRIAÇÃO DE PEIXES.............................

16 RECEBE ALGUM APOIO FINANCEIRO PARA CONTINUAR A CRIAÇÃO DE

PEIXES.....................................................................................................................................

17 SUA VIDA MELHOROU COM A CRIAÇÃO DE PEIXE...............................................

18 FILHOS NA ESCOLA.......................................................................................................

19 COMO FICOU A ALIMENTAÇÃO DA SUA FAMÍLIA................................................

20 MELHORIA DA SAÚDE DA FAMÍLIA..........................................................................

21 MELHORIA NA RENDA..................................................................................................

22 COM A RENDA DA CRIAÇÃO DE PEIXE PUDE COMPRAR.....................................

23 HOUVE REFORMAS NA CASA......................................................................................

24 MELHORIA NO TRANSPORTE......................................................................................

25 MANTÉM AINDA CONTATO COM AS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS NO

PROJETO.................................................................................................................................

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26 MELHORIAS NA COMUNIDADE...................................................................................

TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO NA COMUNIDADE.......................................

28 VOCÊ ENCONTROU VANTANGENS OU DESVANTAGENS AO CRIAR

PEIXES.....................................................................................................................................

29 FACILITARIA A MANUTENÇÃO DO PROJETO E AS VENDAS SE HOUVESSE

UMA COOPERATIVA............................................................................................................

30 HOUVE REUNIÃO PARA TRATAR DA MELHORIA DA PRODUÇÃO E

COMERCIALIZAÇÃO ..........................................................................................................

31 PROCURARAM EM CONJUNTO UM COMPRADOR PARA O EXCEDENTE

32 CONTINUA A CRIAR PEIXES........................................................................................

33MAIORES DIFICULDADES DURANTE A CRIAÇÃO DE PEIXES.............................

34 RECEBE ALGUM APOIO FINANCEIRO PARA CONTINUAR A CRIAÇÃO DE

PEIXES.....................................................................................................................................

35 SUA VIDA MELHOROU COM A CRIAÇÃO DE PEIXES.............................................

36 FILHOS NA ESCOLA........................................................................................................

37 COMO FICOU A ALIMENTAÇÃO DA SUA FAMILIA................................................

38 MELHORIA NA SAÚDE DA FAMÍLIA..........................................................................

39 MELHORIA NA RENDA..................................................................................................

40 COM A RENDA DA CRIAÇÃO DE PEIXE PUDE COMPRAR....................................

41 HOUVE REFORMAS NA CASA......................................................................................

42 MELHORIA NO TRANSPORTE......................................................................................

43 MANTÉM AINDA CONTATO COM AS INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS NO

PROJETO.................................................................................................................................

44 MELHORIAS NA COMUNIDADE...................................................................................

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................

1.1 Tema e Problema de Pesquisa.....................................................................................

1.2 Objetivos da Pesquisa..................................................................................................

1.2.1 Objetivo Geral..........................................................................................................

1.2.2 Objetivos Específicos...............................................................................................

1.3 Justificativa Teórica e Prática.....................................................................................

1.4 Estrutura do Trabalho .................................................................................................

2 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................

2.1 Desenvolvimento Regional........................................................................................

2.1.1 Desigualdades da distribuição das atividades.......................................................

2.2 Concepções teóricas de desenvolvimento regional..................................................

2.2.1 Primeira geração de políticas regionais..................................................................

2.2.2 Segunda geração de políticas regionais.................................................................

2.2.3 Terceira geração de políticas regionais: a síntese exógeno-endógeno..................

2.3 Revolução tecnológica, sociedade do conhecimento e inovação local...................

2.3.1 Transição do Padrão Fordista...............................................................................

2.3.2 Os distritos industriais...........................................................................................

2.3.2.1 Distritos industriais como modelo de desenvolvimento econômico..................

2.3.3 Teoria de aglomeração padrão..............................................................................

2.3.4 O padrão mais intensivo em conhecimento e os novos formatos organizacionais

2.4 Os arranjos produtivos locais...................................................................................

2.4.1 Resultado das ações interativas entre diversos atores...........................................

2.4.2 Conceitos e características dos arranjos produtivos locais.....................................

2.4.3 Desenvolvimento dos APLs em diferentes ambientes econômicos.......................

2.4.4 Replicabilidade do modelo italiano dos distritos...................................................

2.5 Políticas de desenvolvimento regional......................................................................

3 METODOLOGIA......................................................................................................

3.1 Especificação do Problema de Pesquisa....................................................................

3.2 Caracterização da pesquisa.........................................................................................

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3.2.1 Tipo da pesquisa......................................................................................................

3.2.2 Natureza da pesquisa...............................................................................................

3.3 População e amostra...................................................................................................

3.3.1 Sujeitos da Pesquisa................................................................................................

3.4 Instrumentos de coleta de dados...............................................................................

3.4.1 Fontes de dados Secundários..................................................................................

3.4.2 Coleta de dados primários.......................................................................................

3.5 Análise e interpretação dos dados.............................................................................

3.5.1 Tratamento dos dados qualitativos.........................................................................

3.5.1.1 Análise de conteúdo............................................................................................

3.5.2 Tratamento dos dados quantitativos......................................................................

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................

4.1 O Programa Plataforma Tecnológica/APL................................................................

4.1.1 Projeto PROCIMA................................................................................................

4.1.2 Projeto TANRE......................................................................................................

4.2 Perfil socioeconômico dos participantes do projeto PROCIMA e TANRE..............

4.3 Análise do projeto PROCIMA...................................................................................

4.3.1 Avanço e expansão do projeto PROCIMA.............................................................

4.3.2 Benefícios Socioeconômicos gerados pelo projeto PROCIMA..............................

4.4 Análise do Projeto TANRE.........................................................................................

4.4.1 Avanço e expansão do projeto TANRE...................................................................

4.4.2 Benefícios socioeconômicos grados pelo projeto TANRE......................................

4.5 Análise comparativa entre os projetos PROCIMA e TANRE....................................

4.5.1 Variáveis Socioeconômicas......................................................................................

4.5.1.1 Geração de renda...................................................................................................

4.5.1.2 Inclusão alimentar.................................................................................................

4.5.2 Análise da solução dos principais gargalos identificados no APL..........................

4.5.2.1 Regulamentação pelos órgãos competentes..........................................................

4.5.2.2 Busca de mercado para pequenos piscicultores....................................................

4.5.2.3 Capacitação dos piscicultores em técnica de cultivo............................................

4.6 Análise geral dos resultados alcançados com os projetos sob a ótica dos

representantes das instituições partícipes.........................................................................

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5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES...................................................................

REFERÊNCIAS.............................................................................................................

APÊNDICE 1 - FORMULÁRIO APLICADO ÀS COMUNIDADES......................

APÊNDICE 2 - FORMULÁRIO APLICADO AOS COORDENADORES.............

ANEXO 1 - RESOLUÇÃO CEMAAM/Nº 01/08.........................................................

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1 INTRODUÇÃO

As disparidades econômicas regionais são evidentes no mundo e

mobiliza os dirigentes das nações, no sentido de encontrar saídas, para a má

distribuição de renda entre as regiões. Neste sentido, salienta-se que as políticas

públicas são ações utilizadas pelo governo para que a renda chegue à região

mais pobre e permita o seu desenvolvimento.

A concentração de renda em regiões específicas, causada pela dotação de

fatores, histórico de ocupações no passado e localização geográfica, faz surgir

dilemas de ordem socioeconômicos, políticas e fiscais entre os governantes dos

Estados no País. Segundo Pires (1999, pg. 583) “constantemente nos deparamos

com notícias a respeito das pressões políticas advindas das regiões nas quais o

desenvolvimento econômico encontra-se mais defasado”.

No caso do Brasil, é imperioso observar que a estrutura do sistema

político brasileiro permite se coloque em pauta as reivindicações de tais regiões,

ensejando sua transformação em políticas efetivas, cujo grau de eficiência na

atenuação dos desníveis econômicos regionais tem-se mostrado bastante

variável.

Segundo Galvão (2007), o Brasil possui uma característica singular, que

intriga qualquer analista social. Não há no mundo outro país de nível de renda e

qualidade de vida assemelhada que apresente tamanhas desigualdades. Na

estatística dos Relatórios Anuais do Banco Mundial ou em publicações análogas

de outros organismos internacionais, apenas alguns poucos países africanos de

baixos níveis de renda per capita têm cifras equiparáveis.

A situação brasileira de país de média renda e elevada desigualdade

constitui um quase mistério socioeconômico diante da invejável trajetória de

crescimento que ao longo de quase todo o século passado foi empurrando

frações cada vez maiores da população para fora dos níveis críticos de pobreza,

beneficiando afortunados e mantendo outros excluídos dos frutos do

desenvolvimento capitalista. Complementa Galvão (2007 p.336) “na raiz dos

dilemas de desenvolvimento do país estão, assim, graves desproporções que

impedem que os benefícios do crescimento se alastrem por uma camada mais

ampla da população”.

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Na análise de Pires, desde os anos 70, é possível constatar uma nítida

tendência de desconcentração econômica: das regiões e estados mais ricos do

Sul/Sudeste para o Nordeste, Norte e Centro-Oeste e das áreas metropolitanas

para o interior dos estados. O grande protagonista dessa desconcentração foi o

Estado, mediante suas políticas regionais (SUDAM, SUDENE) políticas

setoriais (de apoio à agricultura, por exemplo), políticas exportadoras e por

meio dos investimentos diretos das empresas estatais.

Esses problemas de descentralização estão relacionados ao planejamento

regional e a definição de políticas de desenvolvimento regionais. No que tange

ao Amazonas e suas peculiaridades é preciso ainda pensar numa política

desenvolvimentista sustentável sem a devastação da floresta e que possibilite

benefícios ao interior do estado face à concentração de renda na capital.

Na atualidade, a tentativa de solucionar parte desses problemas de

concentração de riquezas e desenvolvimento regional, fez com que o Governo

lançasse no ano de 2001 novas políticas com o objetivo de desenvolver de

forma sustentável a região no seu aspecto ambiental, tecnológico e Inovativo,

social e econômico e de desconcentração espacial. Dentre as ações

implementadas no âmbito dessas políticas tem-se O Programa Plataformas

Tecnológicas/APL, que foi implantado sob a responsabilidade estratégica do MCT

(Ministério de Ciência e Tecnologia), no caso específico do Estado do Amazonas, foram

selecionadas dez plataformas tecnológicas. Dessas, foram identificadas oito arranjos

produtivos locais passíveis de serem contemplados nos projetos a serem encaminhados

para financiamento. São eles: Fitoterápicos, Fitocosmético, Madeireiro, Piscicultura,

Floricultura, Nutricêuticos/Complementos alimentares, Fruticultura e Microbiologia

industrial.

Dos arranjos produtivos mencionados foram selecionados 04 (quatro)

considerados os mais representativos e de maior impacto: Fitoterápico e Fitocosmético,

Fruticultura, Madeireiro e Piscicultura. A criação desses APL’s no Amazonas passou a

ser de relevante interesse a investigação quanto aos benefícios que trouxeram para o

desenvolvimento da região.

1.1 Tema e Problema de Pesquisa

O Programa Plataforma Tecnológica/APL destina-se a vincular as

instituições de pesquisa ao setor produtivo, visando solucionar os gargalos

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tecnológicos de determinadas áreas prioritárias em cada Estado. Essas

características permite a cooperação e ações conjuntas entre os atores

participantes os quais se unem em ações estratégicas possibilitando o

desenvolvimento do APL.

No caso da Piscicultura Familiar escolhida para priorizar essas ações

estratégicas implementou-se dois projetos para produção de peixes com

tecnologias distintas apropriadas para cada região. O fato desses centros

produtivos estarem aglomerados em determinada região, permite-se estudar este

evento com uma abordagem própria dos arranjos produtivos locais.

A cooperação entre pequenas empresas pode ser explorada como possível

estratégia de sobrevivência no mercado competitivo, uma vez que, atuar de

forma isolada pode significar a perda de forças e a morte prematura do

empreendimento. O modelo associativo de pequenas empresas apresenta-se,

assim, como oportunidade de obtenção de vantagem competitiva sustentada.

Para que se pudesse desenvolver o APL de Piscicultura e com isso gerar

benefícios para a comunidade era necessário dar continuidade a solução dos

demais gargalos apontados dentro do mesmo.

No sentido de compreender e avaliar o Programa Plataforma

Tecnológica/APL implementado pelo MCT no Amazonas formulou-se o

seguinte problema de pesquisa: Quais as contribuições do APL de piscicultura

para com o desenvolvimento socioeconômico regional no Estado do

Amazonas?

O questionamento acima configura nas seguintes preocupações: a) Houve

avanço no APL de Piscicultura? b) Essa experiência melhorou as condições de

vida das pessoas envolvidas no Projeto e no entorno da região?

A pesquisa se delineia de acordo com os acontecimentos que

determinaram sua direção, tendo início sua primeira etapa na busca das

instituições envolvidas no Programa Plataforma Tecnológica, para em seguida,

através do critério de maior relevância, escolher a instituição proponente dos

projetos e aquelas que coordenaram os mesmos como fonte de dados e

aplicação de entrevistas.

Após a identificação das instituições, foi feito o reconhecimento das

comunidades onde foram implementados os projetos e o levantamento das

famílias contempladas. A escolha do formulário como método de coleta de

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dados aplicados junto às famílias nas comunidades proporcionou um contato

direto entre sujeito da pesquisa e pesquisador no ambiente onde foram

construídos os canais de igarapés e tanques-redes, as duas tecnologias utilizadas

pelo Programa Plataforma Tecnológica/APL.

As outras etapas reuniram oportunidades de acesso às instituições

envolvidas nos projetos para análise dos relatórios técnicos; a reunião de

material bibliográfico e sua organização para dar sustentação às respostas

levantadas no problema de pesquisa e sua conseqüente descrição de acordo com

o método proposto de estudo de caso com análise da estatística descritiva.

1.2 Objetivos da Pesquisa

Para identificarmos as contribuições dos APLs de Piscicultura para o

desenvolvimento socioeconômico regional no Estado do Amazonas, será necessário

esclarecer qual a fração da problemática que circunscreve este tema. Para Bêrni (2002,

pg. 273) “os objetivos são questões derivadas da problemática geral que serão

respondidas ao final do estudo”. Sugere ainda que seja altamente desejável que se tenha

clareza suficiente para estabelecer não apenas os objetivos gerais, mas também os

objetivos específicos do estudo.

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo consiste em conhecer o estágio de

desenvolvimento do APL de Piscicultura do Programa Plataformas

Tecnológicas no Estado do Amazonas, de modo a identificar as suas

contribuições para o desenvolvimento socioeconômico local.

1.2.2 Objetivos Específicos

Identificar os APLs de piscicultura no Estado do Amazonas

implementados no Programa de Plataformas Tecnológicas do MCT;

Mapear os estágios de expansão dos citados arranjos;

Averiguar os benefícios socioeconômicos gerados pela implantação dos

APLs junto às comunidades;

Verificar as Políticas Governamentais que serviram de eixo de

sustentação aos projetos.

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1.3 Justificativa Teórica e Prática

O desenvolvimento econômico revela-se como um fenômeno amplamente

desejado pelos povos, uma vez que o ser humano almeja o aprimoramento da sua

qualidade de vida, o que só é possível no momento em que as necessidades e desejos

passam a ser atendidos adequadamente. Todavia, o desenvolvimento constitui um

grande desafio que deve ser vencido, exigindo assim um esforço muito grande das

nações que o perseguem.

Apresenta-se como um grande desafio para os governos a implementação de um

plano nacional de longo prazo, contendo o planejamento regional e a definição de

políticas de desenvolvimento regional, levando em consideração as devidas

particularidades de cada região. No entanto surge outro desafio: a transmissão política

desse planejamento ao longo do tempo.

A história demonstra tentativas de planejamentos isolados de cada governo,

interrompidos com o término dos devidos mandatos políticos, tanto no contexto

nacional quanto regional. O que se pode contar dessa história, são fragmentos de uma

economia com potencial de crescimento e desenvolvimento que luta contra as barreiras

internas impostas pela própria desagregação.

Ao contrário dessa desagregação do planejamento da política de

desenvolvimento nacional, estudos demonstram que as aglomerações de empresas,

geram vantagens pelo fato de estarem concentradas no mesmo espaço geográfico. Essa

dinâmica possibilita às empresas externalidades (economias externas) como acesso a

mão-de-obra especializada; fluxo de matéria prima e serviços de fornecedores

especializados e transbordamento de conhecimento e tecnologia. Ações coordenadas e

conjuntas de cooperação entre os atores (competidores ou não: empresas, governos,

instituições, associações, etc.) proporcionam outros ganhos as empresas, como por

exemplo, inovação. Existem algumas denominações para esses aglomerados industriais:

Pólos industriais; Clusters; Distritos industriais; agrupamentos ou APLs. Esses arranjos

produtivos não deixam de ser uma ação estratégica de fortalecimento da

competitividade para as micro, pequenas e médias empresas, diminuindo os riscos de

investimentos e a fragilidade dessas empresas diante do mercado globalizado.

Muitos estudos e pesquisas são empreendidos na tentativa de explicar o

fenômeno da sinergia que se cria, quando um aglomerado de empresas na mesma área

geográfica, as quais realizam ações conjuntas, conseguem com isso obter ganhos

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inovativos e de produtividade. Cada estudo empírico traz informações valiosas, muitas

vezes, não observadas anteriormente. Com isso a importância deste estudo demonstrará

de forma atual, primeiro o significado do trabalho conjunto entre atores que

notadamente trabalharam sempre isolados, fragmentando resultados, os quais que

depois somados não resultariam nos ganhos a mais do fenômeno da sinergia criada pelo

todo.

Justifica-se o interesse por esta pesquisa pela importância que os arranjos

produtivos locais têm na geração de empregos, desenvolvimento tecnológico,

exportações e pelo próprio interesse de toda a sociedade: como órgãos públicos,

instituições privadas e organizações sociais diversas voltados para o bem estar

social e crescimento econômico sustentável.

No Brasil, também vêm aumentando o interesse pelo fenômeno da consolidação

de clusters industriais. No plano acadêmico é demonstrado pelos diversos trabalhos

sobre os assuntos, nos quais é exaltado o crescimento econômico obtido nas regiões que

optaram por esse modelo frente às outras localidades. A possibilidade de estruturação

desses clusters em regiões não vinculadas diretamente às áreas tradicionais (região

sudeste, por exemplo), estimulou o Governo a implantar o Plano de desenvolvimento de

APL’s.

A relevância do tema justifica-se em função de particularidades da região

amazônica, a qual teve seu desenvolvimento centrado no modelo de Pólo Industrial,

configurando convergência de recursos para a cidade de Manaus para atender à

demanda do PIM (Pólo Industrial de Manaus). O resultado dessa política

desenvolvimentista foi a paralisação das forças de crescimento econômico no interior do

Estado. A concepção de desenvolvimento via Arranjo Produtivo Local, permite

desconcentração espacial dos adensamentos industriais, integrando o desenvolvimento

do Estado do Amazonas de maneira a englobar o interior.

Do ponto de vista teórico, a pesquisa busca elucidar os resultados das políticas

públicas no que se refere ao desenvolvimento regional com a utilização do conceito de

arranjo produtivo local para que se possa servir de base a elaboração de trabalhos

futuros.

Podem-se encontrar referências sobre APL na literatura desde o século XIX

quando Alfred Marshall (1982) tratou das externalidades geradas no fenômeno de

aglomeração industrial na Inglaterra. Este tema muito discutido hoje pela academia

encontra subsídios também na década de 70 e 80 também foi alvo de estudo o caso da

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Terceira Itália, região pobre, devastada pela segunda guerra mundial e que pequenas

empresas se uniram, cooperativamente e de forma coordenadas. Hoje é uma região da

Península Itálica, reconhecida como uma das mais industrializadas e dinâmicas do

mundo. Possui a melhor renda per capita da Europa e é considerada o berço de um novo

modelo de produção industrial (URANI,COCCO,GALVÃO, 2002).

Já do ponto de vista prático, essa pesquisa aborda a possibilidade da geração de

renda através da criação de peixes, pela piscicultura familiar utilizando-se o conceito de

APL. Para que o APL seja desenvolvido e alcance os resultados esperados o mesmo

passa por diversas etapas, onde deverão ser solucionados alguns gargalos, através de

ações estratégicas. Este estudo pode subsidiar famílias e também empresários na

abertura de novos negócios utilizando-se o cooperativismo entre eles. A região

amazônica dispõe de importantes potencialidades para capitalizar em seu favor,

principalmente através da correta identificação e aproveitamento dos seus recursos

naturais de forma sustentável.

O presente estudo buscará focalizar o APL de Piscicultura definido pelo

programa do Governo e avaliar os avanços empreendidos pelo mesmo. Além disso,

conhecer os benefícios socioeconômicos gerados na comunidade e seu entorno.

Particularmente, constatar no período pesquisado as Políticas do governo através das

ações conjuntas entre os atores envolvidos e poder aquilatar a importância dos

resultados gerados por elas.

1.4 Estrutura do Trabalho

A estrutura do trabalho está divida em cinco partes. O primeiro capítulo, a

introdução que trata da apresentação geral do trabalho. No segundo capítulo a revisão de

literatura que faz referência às pesquisas e conhecimentos já construídos e publicados

sobre o assunto. O terceiro capítulo trás os caminhos metodológicos utilizados para a

condução do trabalho. O quarto capítulo apresenta os resultados e discussões, onde é

demonstrado os dados obtidos na pesquisa, juntamente com a análise e interpretação dos

resultados. Finalmente o quinto e último capítulo apresenta a etapa da conclusão e

recomendações, onde será demonstrada a as deduções tiradas dos resultados do

trabalho.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Esta seção contém os aportes teóricos que irão subsidiar todo o processo de

investigação científica. O objetivo não é esgotar o assunto, mesmo porque teríamos que

mergulhar numa vastidão de conceitos e discussões. No entanto, o trabalho investiga o

tema arranjo produtivo local, para termos subsídios e avaliarmos os resultados de alguns

projetos implementados na região amazônica, fruto de políticas governamentais com

objetivos definidos de desenvolvimento regional.

Desta forma, extrair da literatura existente, conhecimentos sobre

desenvolvimento regional, políticas de desenvolvimento e arranjo produtivo local,

servirão de base para a interpretação, entendimento e resolução do problema de

pesquisa.

O levantamento teórico aborda assuntos relacionados ao tema pesquisado, de

maneira a revelar-se amplo, em princípio, para em seguida focalizar especificamente a

idéia principal, não deixando, porém, de integrar as diversas discussões para que se

tornem organizadas e realmente sirvam para esclarecer o problema que instiga esta

pesquisa.

Partindo-se dos desdobramentos da teoria do desenvolvimento regional no pós-

guerra, a contextualização histórica permitirá a compreensão de como os pensadores

tratavam e buscavam soluções aos problemas das diferenças regionais.

Como nos dias atuais, essa busca continua sendo uma problemática a ser

solucionada; atualiza-se desde aquele período (segunda guerra mundial), o campo fértil

das teorias do desenvolvimento regional que se delineiam conforme se mudam os

paradigmas econômicos.

Diante destas mudanças, surge a concepção dos Sistemas Produtivos e

Inovativos Locais1 e suas diversas nuanças. A aglomeração de empresas que criam

sinergias próprias através de ações interativas e de cooperação entre diversos atores é

objeto de estudo desde que surgiu o caso mais conhecido da Terceira Itália, e que hoje

se discute e estuda seus aspectos sob diversos nomes como, por exemplo, clusters,

arranjos produtivos locais (APLs), distritos industriais, pólos industriais, aglomerações

de empresas dentre outros.

1 Termo cunhado pela Redesist, instituição da Universidade Federal do Rio de Janeiro e que mais adiante voltaremos à tona para explicar as diferenças entre os diversos termos e qual enfim será nosso eixo de trabalho.

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Entendendo, então, que os efeitos da aglomeração local das atividades

econômicas podem proporcionar algum benefício à população, vários autores têm sido

enfáticos em defender o empreendimento de políticas públicas para a promoção de

clusters industriais em distintas regiões do território nacional, como forma de mitigar as

desigualdades regionais ou até mesmo de reverter situações de um circulo vicioso para

um circulo virtuoso de desenvolvimento. (GALINARI et al 2002).

Discutem-se as necessidades de políticas públicas sérias para que se possa haver

o desenvolvimento regional, demonstrando algumas ações do governo na tentativa de

solucionar o grave problema da má distribuição de renda no país.

Finalmente, apresenta-se o significado do Programa Plataforma

Tecnológica/APL do governo federal através do MCT (ministério da ciência e

tecnologia), mais uma tentativa de atenuar as desigualdades regionais, o qual é o foco

deste estudo.

2.1 Desenvolvimento regional

Na visão de Ferreira (1989) para se compreenderem os propósitos e o lugar

ocupado pela Economia Regional nos estudos econômicos e no âmbito da teoria

econômica geral, é necessária que se esclareça o conteúdo das categorias básicas de

análise desse ramo da economia, tais como “espaço, economia espacial” e “economia

regional”. Esses conceitos se consolidaram, particularmente, na década de 1950.

A Economia Espacial e a Economia Regional fornecem elementos substanciais

para o entendimento dos processos de consolidação das atividades nas regiões. A

concentração do capital industrial e a aglomeração das atividades econômicas em

poucas localizações geográficas distribuídas irregularmente representam, de fato, os

problemas centrais da Economia Espacial e Regional, de tal forma que os problemas de

desenvolvimento sócio-econômico regional são também problemas de localização.

Segundo Pires (1998) um primeiro conceito fundamental a balizar o

conhecimento sobre o desenvolvimento econômico regional é o conceito de espaço

econômico. O primeiro conjunto de abordagens concentrava-se basicamente num

esforço em entender como as atividades econômicas se distribuíam no meio geográfico.

Posteriormente, Perroux, criticando esta abordagem estritamente euclidiana do espaço,

substitui a idéia de espaço tridimensional na economia pela de espaço abstrato, criando

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o conceito de espaço econômico, o qual é determinado por um conjunto de relações

abstratas, independente da localização geográfica.

Explica ainda Ferreira (1989) que cumpre à análise espacial estudar os tipos

específicos de atividades econômicas, ou seja, questionar os problemas relativos à

proximidade, concentração e dispersão das atividades e às semelhanças ou diferenças

dos padrões de distribuição geográfica dessas atividades.

A Economia Regional, do ponto de vista da economia, é o estudo da

diferenciação e inter-relação de áreas em um universo, onde os recursos estão

distribuídos desigualmente e são imperfeitamente móveis, com ênfase particular n a

aplicação ao planejamento dos investimentos em capital social básico, para mitigar os

problemas sociais criados por essas circunstâncias. Para alguns autores é de suma

importância não isolar a análise regional devido ao seu profundo caráter interdisciplinar.

2.1.1 Desigualdades da distribuição das atividades

A concentração das atividades em pontos do espaço geográfico-político-

administrativo de uma nação se torna uma preocupação crescente dos políticos e

planejadores (FERREIRA, 1989, p. 58).

O fenômeno da existência de regiões dentro de um mesmo país, que mostram

diferentes níveis de desenvolvimento econômico, é bastante conhecido em todo o

mundo. O Brasil é um dos países que, freqüentemente, é mencionado como exemplo

nos estudos de desigualdades regionais e como um caso de dualismo extremamente

grave, onde as diferenças econômicas e sociais entre o Norte, Nordeste e o Centro-Sul

são bem amplas, seja em termos absolutos, seja em termos relativos, por comparação à

situação em outros países.

Um fato evidente, mas nem sempre considerado em todas as suas conseqüências,

é que as atividades econômico-sociais ocupam um dado lugar no espaço geográfico e

aparecem concentradas em alguns pontos desse espaço.

Ferreira (1989, p. 59) complementa:

Conhecer as causas e as repercussões dessas ocorrências vem se tornando indispensável para o planejamento econômico e social. As disparidades dos níveis de desenvolvimento e os crescentes problemas urbanos advindos do crescimento acelerado das populações das cidades, devido ao intenso processo de migrações rurais-urbanas, colocam-se entre os principais problemas do desenvolvimento sócio-econômico.

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As questões referentes à concentração e dispersão das atividades assumem, na

sua projeção histórica do presente, uma posição de destaque, na medida em que elas

chamam a atenção para a tendência à aglomeração das atividades produtivas. Esse

fenômeno estrutural assume papel de grande relevância na compreensão das

disparidades de desenvolvimento econômico entre regiões.

As teorias recentes da economia regional acrescentam conceitos novos e uma

visão interdisciplinar para analisar as desigualdades regionais de renda, riqueza e

crescimento econômico.

2.2 Concepções teóricas de desenvolvimento regional

O período que vai do final da Segunda Guerra até o início dos anos 1970 ficou

conhecido na literatura como os Anos Dourados (Golden Age) do capitalismo. A

economia mundial apresentou taxas de crescimento significativas, até hoje não

superadas. Aliado a este crescimento, e, em certa medida, em função dele, construiu-se

o chamado Sistema de Bem-Estar Social (primeira geração de políticas regionais).

Para Diniz e Crocco (2006), há uma clara divisão temporal nas concepções

teóricas de desenvolvimento regional. Este marco temporal é dado dos anos 1970,

quando a economia mundial vivenciou crises simultâneas e as mudanças do paradigma e

do padrão tecnológico: a crise do petróleo de 1973 e 1979, a crise do Estado Keynesiano

de Bem-Estar Social e a emergência de um novo padrão tecnológico, liderado pela

microeletrônica, informática e telecomunicações.

É neste contexto que pode ser observada uma clara transição no que diz respeito

à estrutura das políticas regionais utilizadas. Até meados os anos 1970, notam-se

políticas regionais com ênfase na demanda e na correção das disparidades inter-

regionais, caracterizadas como políticas keynesianas. Após esse período, o desenho de

políticas regionais centra-se na estrutura de caráter descentralizado e focado na

produtividade endógena das economias regionais e locais, aqui denominadas de

políticas de enfoque na competitividade (segunda geração de políticas regionais).

Essa mudança de concepção de política tem sua origem em uma gama variada de

fatores, que podem ser sintetizados, em três grandes blocos: a) mudanças teóricas e

ideológicas na concepção e no papel do Estado, criticando a excessiva intervenção deste

e advogando sua retirada; b) críticas teóricas e empíricas ao pequeno alcance social das

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políticas regionais, resgatando a questão das classes sociais nos padrões de

desenvolvimento capitalista; e c) desafio dos novos fenômenos não explicados pela

teoria anterior, a exemplo dos processos de desindustrialização e crise dos padrões

fordistas de organização produtiva, das mudanças da divisão internacional do trabalho e

da emergência de novos padrões tecnológicos e novas regiões produtivas.

Segundo ainda Diniz e Crocco (2006, p. 10), “podem-se demarcar o que se

entende por fundamentos teóricos das três gerações de políticas regionais”.

2.2.1 Primeira geração de políticas regionais

Os anos de 1950 e 1960 experimentam o que foi chamado por alguns autores de

primeira geração. Conhecida como perspectiva Keynesiana de análise, por que estas

políticas foram formuladas em um ambiente teórico fortemente influenciado pelo

keynesianismo. Esta corrente de pensamento coloca em questionamento a hipótese de

existência de mecanismos automáticos de correção dos mercados e, portanto,

defendendo a necessidade de uma intervenção externa na economia. Entre os mercados

que não se ajustam automaticamente estaria o de trabalho, certamente o mais importante

nesta abordagem. O não ajuste automático nesse mercado significa admitir a existência

de equilíbrio com desemprego involuntário, hipótese esta negada tanto por autores

clássicos, como Ricardo, quanto pela corrente neoclássica. Coloca Diniz e Crocco

(2006, p. 10):

A principal conseqüência, no tocante às políticas econômicas da abordagem Keynesiana, era colocar a obtenção do pleno emprego como objetivo central da política macroeconômica. Assim sendo, a atuação do Estado na economia seria necessária para a obtenção do pleno emprego.

Esta concepção macroeconômica mais geral influenciou várias interpretações

teóricas do desenvolvimento regional e das políticas necessárias para combater os

desequilíbrios existentes. Tais teorias postulavam que o desenvolvimento de uma região

estaria condicionado pela posição ocupada por esta região em um sistema hierarquizado

e assimétrico de regiões, cuja dinâmica estava em grande medida fora da região. Esta

era a perspectiva que estava presente nas teorias de centro-periferia e da dependência e

modelos de causação cumulativa (Myrdal, 1957; Kaldor, 1957; Hirschman, 1958) apud

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Diniz e Crocco (2006, p. 11). Estas teorias mostravam claramente os mecanismos que

determinavam a concentração do investimento em determinadas regiões em detrimento

de outras.

Como interpreta Diniz e Crocco (2006), de forma semelhante, a abordagem

Keynesiana também se faz presente na análise de pólos de crescimento de Perroux

(1955) e Boudeville (1968) que combinam a existência de efeitos acumulativos de

escala e aglomeração com efeitos de demanda induzida.

Embora distintas em suas derivações de política econômica, as teorias

mencionadas partilhavam o entendimento de que o desenvolvimento regional não era

garantido automaticamente pelas forças de mercado, sendo necessária à intervenção

estatal para que os desequilíbrios regionais fossem superados. Assim sendo, estas

teorias pressupunham estratégias e políticas deliberadas para impulsionar o

desenvolvimento regional, entre as quais se destacam:

Big-Push

Como demonstrado por Diniz e Crocco (2006), Rosenstein-Rodan

(1943) ao analisar a situação economicamente deprimida de algumas

regiões européias, detectou como principais motivos deste atraso a

escassez de capital, a ausência de complentaridade da demanda local e a

existência de um mercado de capitais inexpressivo. Para enfrentar este

problema, é proposto um grande pacote de investimentos promovidos

pelo Estado.

Pólos de crescimento

A partir dos trabalhos de Perroux, os pólos de crescimento baseavam-se

em uma racionalidade similar aos projetos Big-Push. A idéia central

consistia na instalação, em regiões atrasadas. De uma indústria motriz

que, através de seus efeitos a montante e a jusante se tornaria um pólo de

crescimento e estimularia o desenvolvimento da região.

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Prioridades para o setor industrial

Em ambas as estratégias anteriormente citadas, como em várias outras,

as políticas de desenvolvimento regional estivera, em sua grande

maioria, direcionadas ao setor industrial. Com isso, ficava clara a

perspectiva, exposta nos trabalhos de causação cumulativa (Myrdal,

1957; Kaldor 1957; Hirschman, 1958), de que para a superação das

diferenças regionais era necessário também eliminar, ou pelo menos

diminuir, as diferenças entre as estruturas produtivas das regiões,

implicando um significativo processo de industrialização de regiões

atrasadas. Como este processo não ocorreria naturalmente, a ação estatal

se fazia necessária.

Mecanismos de compensação para as regiões atrasadas

Vários mecanismos de compensação para as regiões atrasadas foram

implementados, em conjunto ou não com as várias estratégias anteriores,

sendo o mais comum o sistema de incentivos fiscais. O princípio básico

aqui é utilizar o Estado para subsidiar a atração de empresas de forma a

compensar as desvantagens locacionais em regiões atrasadas, fazendo

com que o Estado garanta parcela da lucratividade de empresas. Neste

contexto, a atração de investimento externo, através destes subsídios foi

amplamente utilizada.

Investimentos estratégicos do setor público

a partir do entendimento da necessidade do gasto autônomo do Estado

para garantir a obtenção do pleno emprego, várias estratégias de

investimento estatal em regiões atrasadas foram desenvolvidas. Tais

investimentos poderiam ser de gasto em infra-estrutura ou mesmo na

instalação de empresas estatais nestas regiões, quando a iniciativa

privada não se dispunha para tanto.

Restrições à localização de atividades em determinadas regiões

Por fim, e não menos importante, em alguns casos foram utilizados

mecanismos regulatórios para restringir a localização de atividades em

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determinadas regiões, em uma tentativa de evitar a concentração,

especialmente em algumas cidades, e desviar tais atividades para outras

regiões, como foi o exemplo clássico da política francesa,

principalmente no que se referia a Paris.

Desta forma, no período anterior aos anos 1970, a formulação teórica em

economia regional foi fortemente influenciada pelo paradigma macroeconômico

vigente, qual seja, a não existência de mecanismos naturais que garantiriam a obtenção

do pleno emprego na economia. Para Diniz e Crocco (2006, p. 12), “do ponto de vista

regional, isto implicaria dizer que o crescimento de regiões e países não ocorreria de

forma equilibrada e no sentido de uma convergência de crescimento e

desenvolvimento”. Ao contrário, neste período as teorias dominantes aceitavam que o

processo de desenvolvimento de uma sociedade capitalista implicaria, necessariamente,

o desenvolvimento desigual e desequilibrado, gerador de significativas desigualdades

regionais.

Como conseqüência, as políticas daí derivadas tiveram como característica mais

marcante a intervenção ativado Estado, visando reduzir as disparidades inter-regionais,

tanto por razões de eficiência macroeconômica (pleno emprego e impulso da demanda

agregada) quanto de equilíbrio territorial.

Uma segunda conclusão também pode ser derivada da análise dos

desenvolvimentos teóricos desse período: a excessiva crença nos mecanismos

puramente econômicos no combate às desigualdades regionais. Aspectos institucionais,

como cultura, tradição, associativismo e hábitos, não fazem parte do arcabouço teórico

desenvolvido. Isto pode ser indicado como a principal deficiência teórica, responsável

por duas críticas às políticas Top-Down do período, a saber: não ser capaz de enraizar

os mecanismos de crescimento; e possuir pouca vinculação com as capacidades locais.

No entanto, esse período foi, no seu final, década de 1970, acompanhado por

fortes pressões inflacionárias. Isso, aliado à crise do petróleo, gerou uma séria crise para

a economia mundial. A resposta a este fenômeno foi variada, mas pode-se observar o

surgimento de uma série de questionamentos quanto à eficácia tanto da teoria, quanto

dos instrumentos de política econômica Keynesianos. Ou seja, o enfoque da demanda e

a sua conseqüente política intervencionista passam não mais obter o consenso de antes.

Em relação à produção teórica em economia, este é o período do ressurgimento de

concepções que entendiam que os mecanismos de mercado são capazes de garantir o

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crescimento em longo prazo de forma sustentada, como é o caso da Escola Novo-

Clássica. Neste contexto, as intervenções do Estado na economia só serviriam para

desviar, de forma não sustentável, a economia de sua trajetória natural, resultando, no

longo prazo, em mais inflação.

2.2.2 Segunda geração de políticas regionais

Em uma clara contraposição ao período anterior, o crescimento deveria ser

obtido não mais por meio do estímulo à demanda, mas sim da melhoria das condições

de oferta, como por exemplo, flexibilização do mercado de trabalho, redução

significativa dos encargos pagos pelas empresas e aumento do capital humano. Em

termos macroeconômicos, o paradigma passa a ser a busca da estabilidade monetária a

qualquer custo. Nas palavras de Diniz e Crocco (2006, p. 14): No campo político, torna-se majoritário o entendimento de que o Estado deve se retirar da economia, ficando apenas com suas funções básicas, determinadas pelo chamado Estado Mínimo. Este processo de mudança continuou e foi aprofundado durante os anos 1980, determinando um movimento de abertura comercial e financeira sem precedentes e acelerando a reestruturação econômica e a internacionalização da produção.

Estas transformações tiveram o seu rebatimento no espaço geográfico,

determinando a perda de dinamismo de regiões afetadas pela desindustrialização e de

reestruturação produtiva e o surgimento de novas regiões de crescimento acelerado,

como Vale do Silício e os chamados novos distritos industriais da terceira Itália.

Todo este processo repercute tanto na elaboração teórica quanto nas políticas de

desenvolvimento regional. Teoricamente as duas principais alterações são: a

incorporação de aspectos institucionais (formais e informais, tais como conhecimento,

rotinas, capital social, e cultura, entre outros) no entendimento da dinâmica regional e a

valorização da capacitação local para o combate às desigualdades regionais.

Politicamente, a grande alteração é a ênfase na competitividade, mensurada na inserção

internacional, como elemento central do desenvolvimento. Isto implica em um enfoque

na inovação, nas economias de conhecimento e nos mecanismos facilitadores desses

processos: redes, cooperação; contatos face a face; regiões que aprendem; sistemas

regionais de inovação, entre outros. Diniz e Crocco (2006) explicam que este conjunto

de políticas foi definido por Helmsing (1999) e Jiménez (2002), como a segunda

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geração de políticas regionais. No cerne destas novas políticas de desenvolvimento

regional endógeno está o objetivo de promover o desenvolvimento das capacitações da

região de forma a prepará-la para enfrentar a competição internacional e criar novas

tecnologias através da mobilização ou desenvolvimento de seus recursos específicos e

suas habilidades próprias.

2.2.3 Terceira geração de políticas regionais: a síntese exógeno-endógeno

É possível ainda falar na busca da terceira geração de políticas regionais, que se

inicia no final dos anos 1990, fruto de avaliações das políticas de desenvolvimento

endógeno. A partir do entendimento de que o processo de globalização impõe que a

competição não ocorre apenas entre firmas, mas também entre sistemas industriais

regionais, entende-se que as políticas de desenvolvimento regional não podem ser

exclusivamente locais. Deve, também, levar em consideração tanto o posicionamento

econômico dos sistemas regionais de produção no contexto global, quanto às políticas e

os contextos setoriais e (inter) nacionais. Nesse sentido, a coordenação horizontal de

vários atores deve ser complementada com a coordenação vertical entre os diversos

níveis de ação.

Para Helmsing (1999), apud Diniz e Crocco (2006, p. 15) “as políticas de

terceira geração se baseiam no reconhecimento de que uma nova orientação não

necessariamente requer mais recursos, mas sim o aumento da racionalidade sistêmica no

uso dos recursos e dos programas existentes”. A terceira geração, de certa forma, supera

a oposição entre políticas de desenvolvimento exógeno e endógeno.

2.3 Revolução tecnológica, sociedade do conhecimento e inovação local

A atualidade, identificada como era do conhecimento e da crescente integração

em redes, a região ressurge como locus da organização produtiva e da inovação, onde o

esforço e o sucesso da pesquisa, da ação institucional, do aprendizado se dão de forma

coletiva, através da interação, cooperação e complementaridade, imersa no ambiente

cultural local, o qual é também o resultado do processo histórico cultural (DINIZ,

2000).

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Diniz (2000, p. 09) ainda explica citando Albagli (1999) que baseado na idéia

que a inovação é o motor central do desenvolvimento econômico e na identificação de

que as regiões possuem atributos próprios, e de que o sucesso econômico depende da

existência de meios inovadores surge a discussão do papel na inovação no

desenvolvimento regional.

Desta forma, analisamos pela perspectiva histórica, como se deu a revolução

tecnológica que trouxe consigo o novo paradigma da sociedade do conhecimento, onde

a inovação surge como vantagem competitiva a ser alcançada.

2.3.1 Transição do Padrão Fordista

As significativas transformações em curso desde o início da década de 1970 nas

estruturas da sociedade capitalista envolveu processos de trabalho, hábitos de consumo,

configurações geográficas e geopolíticas, práticas do Estado, dentre outras.

A literatura trata este acontecimento como Pós-Fordismo, ou seja, a troca do

modo de produção Fordista – baseado em essência na produção em massa e economias

de escala – para o Pós-Fordista – baseado na produção flexível e economias de escopo.

Para Harvey (1993) apud Caruso (2005, p. 06) esse modo de produção formou a

base de um longo período de expansão do pós-guerra, nos países capitalistas, até

aproximadamente 1970. Durante esse período, os países capitalistas desenvolvidos

obtiveram altas taxas, e relativamente estáveis, de crescimento econômico, que geraram

condições de vida mais elevadas para a massa da população nos países capitalistas.

O Fordismo diz, Gambino (2000) apud Caruso (2005, p. 06) penetraria nos

gânglios vitais da indústria metal-americana e seria seu catalisador em um período

indefinido, mas, certamente, nos anos vinte: pagando altos salários e constituindo a

ponta de diamante do consumo de massa de bens duráveis. Depois de ter passado

através do laminador da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, ele estaria na

base da expansão da demanda efetiva Keynesiana nos Estados Unidos, onde asseguraria

um regime de welfare e, portanto, de reprodução social estável no seu conjunto,

presumivelmente, no fim dos anos quarenta. Nos anos cinqüenta, tal sistema

reprodutivo irradirar-se-ia dos Estados Unidos para os países da Europa Ocidental e o

Japão.

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O excesso de capacidade da produção manufatureira internacional fez com que

houvesse uma queda da lucratividade nos países capitalistas desenvolvidos, tendo como

resultado, estagnação econômica de longa duração. Esses baixos índices de crescimento

da produção e da produtividade tiveram como conseqüência índices crescentes de

desemprego.

Devido a essa perda de lucratividade e a incapacidade da economia real de

proporcionar uma taxa de lucro adequada, especialmente da indústria de transformação,

ocasionada pelo excesso de capacidade e produção, levou ao deslocamento do capital

para as finanças, e concomitantemente a uma guinada para as políticas de cunho

neoliberal (BRENNER apud CARUSO 2005, p. 07).

Explica Brenner (1999): Para garantir melhores rendimentos ao capital financeiro, foram reduzidas as barreiras à mobilidade do capital. Esta medida permitiu que o capital entrasse rapidamente em um país, quando as condições estivessem favoráveis, e saíssem rapidamente ao menor sinal de problema. Dificultando, assim, qualquer processo de desenvolvimento econômico que exige compromisso de longo prazo, e não suporta as súbitas retiradas de capital, que se tornaram corriqueiras na ordem neoliberal.

De acordo com Chesnais (1994), o novo estilo de acumulação é dado pelas

novas formas de centralização de gigantescos capitais financeiros, cuja função é

frutificar principalmente no interior da esfera financeira. De forma convincente,

Chesnais (1994, p. 15) chama a atenção: “É na produção que se cria riqueza, a partir da

combinação social de formas de trabalho humano, de diferentes qualificações. Mas é a

esfera financeira que comanda, cada vez mais, a repartição e a destinação social dessa

riqueza”.

O rompimento definitivo com o keynesianismo, que viria a ocorrer somente na

década de 1990, e a adoção do neoliberalismo foram condições decisivas para a

existência de turbulências econômicas, pois a adoção de uma política monetária

restritiva deprimiu a economia ainda mais, agravando a situação em que ela se

encontrava (BRENNER apud CARUSO 2005, p. 07).

O fordismo, amparado nas políticas Keynesianas ou Neoliberais, demonstrou

incapacidade de conter as crises inerentes ao capitalismo. Esta incapacidade foi gerada

pelo problema da rigidez dos investimentos de capital fixo de larga escala e de longo

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prazo em sistemas de produção em massa que impediam muita flexibilidade de

planejamento.

Pode-se destacar ainda segundo Bagnasco (2002) outros dois fatores econômico-

culturais, não menos importante, inerente a crise do fordismo. O primeiro fator foi o

crescimento mundial da demanda por bens de consumo não padronizados,

proporcionada por uma cultura que valorizava a diferenciação. Essa nova tendência

provocou o declínio do consumo padronizado e, por conseqüência, dos grandes volumes

de produção, imprescindíveis para se obter economias de escala integradas no interior

das fábricas e, portanto, suplantar os elevados custos de implementação da grande

fábrica fordista. O segundo fator foi o contínuo progresso tecnológico nos processos

produtivos e nos modelos organizativos da indústria.

Dessa forma, essa mudança no padrão fordista faz despontar um novo modo de

acumulação mais flexível, marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo.

Ela se apóia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos produtos e padrões de

consumo. Caracterizam-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos,

novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo,

taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional.

2.3.2 Os distritos industriais

As décadas de 70 e 80 foram um conturbado período de reestruturação

econômica e de reajustamento social e político. No espaço social criado por todas essas

oscilações e incertezas, uma série de novas experiências nos domínios das organizações

industriais começou a tomar forma. Essas experiências podem representar os primeiros

ímpetos da passagem para um regime de acumulação inteiramente novo, associado com

um sistema de regulamentação política e social bem distinta.

Dentre todos os modelos e experiências que tomaram forma, os que mais se

destacaram foram os baseados no estudo de um círculo estreito de regiões prósperas,

como Emilia-Romagna, Baden Wurttenberg, Vale do Silício, Orange County e Île-de-

France (Rossi, 2003) apud Caruso (2007, p. 12) que creditavam às aglomerações de

pequenas e médias empresas e as sinergias geradas pelas suas interações fontes

importantes de competitividade, auxiliando as empresas a crescerem, a produzirem

eficientemente e a comercializarem seus produtos em mercados nacionais e

internacionais.

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Nos mesmos anos em que os estudos mostraram como este grupo de regiões

ganhou nova centralidade geoeconômico e aumentaram a competitividade delas na

economia global, muitos tentaram considerar o paradigma Pós-Fordista como referência

não só para estas regiões, mas também para um círculo mais amplo de regiões marginais

e semi-desenvolvidas da Europa Sulista. Desta forma, este paradigma, originalmente

concebido em um sentido meramente descritivo e analítico, adquiriu um significado

normativo novo: como modelo de desenvolvimento para as regiões atrasadas da Europa

Sulista.

Dentre os estudos sobre essas regiões, podemos destacar o trabalho de Gurisatti

(2002) sobre a macrorregião européia, denominada de Área de Desenvolvimento do

Arco Alpino – composta pela Terceira Itália2, Rhone-Alpes na França, Baden

Wuttenberg e Baviera na Alemanha, Suíça e Áustria. Ele demonstra a força desse novo

modelo de produção industrial em contraposição ao fordismo que se estabeleceu na

macrorregião européia, que ainda hoje é dominante do ponto de vista cultural, político e

financeiro – a Europa das Capitais.

A Europa do Arco Alpino analisa Gurisatti (2002) soube encontrar uma trajetória

de crescimento baseada na conservação do ambiente e da comunidade local e na maior

valorização do saber prático3, ao invés do saber científico e aos conhecimentos high-

tech.

Para Bagnasco (2002) esse fenômeno fez com que regiões inteiras passassem de

uma economia baseada nas atividades agrícolas a uma economia industrial fundada

justamente sobre as pequenas empresas. Caruso (2007) citando Silva (2002) diz que as

pequenas empresas, nesta localidade, desenvolveram formas cooperativas de produção

altamente flexíveis, inovadoras e competitivas, com capacidade de penetração nos

grandes mercados internacionais.

Na visão de Becatini (2002, p.49) pode-se descrever distrito industrial como:

2 “Expressão primeiramente empregada por Bagnasco no final dos anos 1970 como desdobramento do tradicional dualismo italiano entre o Norte desenvolvido que se encontrava em crise (primeira Itália) e o Sul atrasado (segunda Itália)” (Cocco, Urani, Galvão e Silva, 2002:13). Esta macroregião é composta pelas regiões da Emilia-Romagna, Tuscany, Vêneto, Trentino, Friuli-Venezia Giulia, Marche e parte da Lombardia (Gurisatti, 2002). 3 Os trabalhos baseados em Michael Polany (1958) sobre o conhecimento tácito reconhecem que a inovação não deriva somente da ciência e da tecnologia, mas também daquele tipo de conhecimento que emana das tarefas rotineiras da atividade econômica” (CARUSO, 2007, p.13).

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Um grande complexo produtivo, onde a coordenação das diferentes fases e o controle da regularidade de seu funcionamento não depende de regras preestabelecidas e de mecanismos hierárquicos (como é o caso na grande empresa privada ou nas grandes empresas públicas de tipo soviético), mas, ao contrário são submetidos, ao mesmo tempo, ao jogo automático do mercado e a um sistema de sanções sociais aplicado pela comunidade. A contigüidade espacial permite ao sistema territorial das empresas, ou seja, ao distrito industrial, apostar, na prática, em economias de escala ligadas ao conjunto dos processos produtivos sem perder, todavia, graças à segmentação desse processo, sua flexibilidade e adaptabilidade frente aos diversos acasos do mercado.

De acordo com Corò (2002), o debate sobre o “sucesso econômico” desse novo

modo de produção, e principalmente na vertente italiana, oscilou entre duas posições

teóricas opostas. Uma ressaltava a importância dos recursos endógenos das sociedades

locais no desenvolvimento econômico, e a outra, ao contrário, atribui o sucesso aos

fatores exógenos – como a desvalorização da lira. Porém, este autor conclui que foi o

encontro desses dois fatores, exógenos e endógenos, que gerou o processo de

desenvolvimento.

Ainda de acordo com este autor, essas linhas interpretativas não teriam

condições de, isoladamente, explicar o desenvolvimento econômico dessas regiões, pois

se aceitássemos somente a hipótese de fatores endógenos, não poderíamos explicar o

porquê dos distritos só se manifestarem com evidência nos últimos anos. E se, ao

contrário, aceitássemos somente a hipótese dos fatores exógenos, não poderíamos

esclarecer o crescente diferencial de desenvolvimento econômico entre as regiões da

Itália, sendo que todas compartilharam dos mesmos fatores externos. Assim Corò

(2002, p. 172) afirma,

Os DIs [distritos industriais] podem ser representados como lugares no interior dos quais um número relevante de empresas e sistemas produtivos, que conseguiu elaborar a seu próprio favor as perturbações do ambiente externo – geradas pela crise do paradigma fordista e pelo declínio da produção em massa – e pôde acoplar-se estruturalmente às mudanças de ordem geral do sistema econômico – maior variedade dos mercados aumento de flexibilidade tecnológica e organizativa, aumento da complexidade dos circuitos cognitivos da produção.

Quando a estrutura interna do sistema local – a especialização produtiva, o

acúmulo de competências distintivas, as instituições reguladoras e a cultura da

sociedade local – entra em sintonia com as transformações do cenário econômico

global, cria-se um acoplamento estrutural. O processo dos acoplamentos dos distritos

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industriais desenvolveu-se marcadamente na segunda metade dos anos 70, quanto à

mudança das lógicas produtivas e de mercado da economia mundial ganhou corpo;

consolidou-se nos anos 80, constituindo a base do boom conjuntural dos anos 90.

2.3.2.1 Distritos industriais como modelo de desenvolvimento econômico

Nos mesmos anos em que os estudos mostraram como este grupo de regiões

ganhou nova centralidade geoeconômico e aumentaram a competitividade delas na

economia global, muitos tentaram considerar o paradigma Pós-Fordista como

referência não só para estas regiões, mas também para um círculo mais amplo de

regiões marginais e semi-desenvolvidas da Europa Sulista (ROSSI apud CARUSO

2005, p. 23)

Desta forma, este paradigma, originalmente concebido em um sentido

meramente descritivo e analítico, adquiriu um significado normativo novo: como

modelo de desenvolvimento para as regiões atrasadas da Europa.

Parte do sucesso desse conceito, que tem despertado interesse de muitos

estudiosos e formuladores de políticas públicas, deve-se a possibilidade de

desenvolvimento econômico, dentro de um sistema que apresenta poucas barreiras à

entrada, tanto de cunho financeiro quanto tecnológico (COCCO et al 2002).

Como analisa Cocco et al (2002) trata-se, de fato, de um dos territórios que mais

cresceram no mundo durante as últimas décadas, ao mesmo tempo em que foi capaz de

gerar mais e melhores postos de trabalhos e de melhorar substancialmente a distribuição

de renda. Este extraordinário aumento do bem-estar social não foi obtido atraindo

grandes investimentos através de incentivos fiscais e promessas de proteção frente à

concorrência internacional ou apostando em setores de tecnologia de ponta, mas

criando, de diferentes maneiras, uma ambiência favorável ao desenvolvimento de micro

e pequenos negócios, em sua grande maioria em setores tradicionais.

2.3.3 Teoria de aglomeração padrão

Essa teoria buscou inspiração no pensamento do economista liberal Alfred

Marshall, no final do século XIX, que em sua análise dos distritos industriais britânicos,

destacou as externalidades – um subproduto não intencional de alguma outra atividade –

geradas pela concentração de várias pequenas empresas, com características similares,

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situadas na mesma região, permitindo, que um grupo de firmas fosse mais eficiente que

a firma individual de forma isolada. Segundo Becattini (2002: p. 46):

Podemos associar o conceito de distrito industrial à figura de Alfred Marshall que, já nas suas obras de juventude (...) demonstrava que as vantagens, ou pelo menos algumas dela, da produção em grande escala podem também ser obtidas por uma grande quantidade de empresas de pequeno porte, concentradas num território dado, especializadas nas suas fases de produção e recorrendo a um único mercado de trabalho local. Para que esse fenômeno do distrito industrial se realize é necessária uma interpenetração dessa miríade de pequenas empresas com a população residente nesse mesmo território. O ressurgimento atual do conceito marshalliano repousa sobre a noção de adequação perfeita entre as condições requeridas em vistas a uma cera organização do processo produtivo e as características socioculturais, forjadas ao longo dos anos, de uma camada da população.

As principais externalidades apontadas por Marshall (1982) são os fornecedores

especializados, mercados comum de trabalho e transbordamento de conhecimento. A

sua visão era de que maiores números de ofertantes locais especializados, de uma

indústria específica de bens e serviços intermediários, disponibilizam mais facilmente

maior variedade de bens a custos mais baixos, pois há, no mercado local, muitas firmas

competindo para fornecê-los.

Quanto à segunda externalidade, ele acreditava que grupos de firmas localizadas

em dada região tem maior capacidade para atrair e criar mercado comum de trabalho

especializado, que pode ser mais difícil de atrair em lugares distantes.

A terceira externalidade origina-se de uma fonte importante de conhecimento

técnico, que é a troca informal de informações e idéias, que ocorre mais facilmente em

indústrias localizadas em uma mesma região, ou seja, através do transbordamento de

conhecimento. Diz Marshall (1982, p. 234) “Os segredos da profissão deixam de serem

segredos, e, por assim dizer, ficam soltos no ar”.

Os estudos de Alfred Marshall sobre organização industrial ajudaram a

desenvolver a teoria de aglomeração padrão. A partir dos seus estudos outros autores

deram prosseguimento ao desenvolvimento dessa teoria.

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2.3.4 O padrão mais intensivo em conhecimento e os novos formatos organizacionais

As mudanças ocorridas a partir da década de 1970 no ambiente competitivo das

empresas devido à emergência de um novo paradigma tecnológico (baseado na

microeletrônica) impuseram um processo produtivo mais intensivo em conhecimento.

No novo padrão de acumulação nota-se a crescente intensidade e complexidade

dos conhecimentos desenvolvidos e sua acelerada incorporação nos bens e serviços

produzidos e comercializados.

Uma das características distintivas desse novo padrão é a tendência a minimizar

os aspectos relacionados ao consumo de insumos e materiais energéticos não-

renováveis; bem como ao descarte da produção e consumo e seus efeitos negativos

sobre o meio ambiente (LASTRES E CASSIOLATO, 2002, p.03).

Sobre a diferença do novo padrão de acumulação para o antigo, explica Lastres e

Cassiolato (2002, p.03):

De forma mais geral nota-se que, enquanto os padrões de acumulação anteriores dependiam mais diretamente de recursos tangíveis e não-renováveis, aleatoriamente dispersos no globo, o atual oferece uma maior flexibilização das limitações decorrentes. Destaca-se, contudo, que a apropriação de conhecimentos possui especificidades que não podem ser ignoradas. Conhecimento e informação são recursos intangíveis que podem ser usados – inclusive simultaneamente – por varias pessoas sem problemas de esgotamento. Ao contrário do que ocorre com os bens materiais, o consumo de informação e conhecimento não os destrói, assim como seu descarte geralmente não deixa vestígios materiais.

Outro desafio refere-se à aceleração da transição para um regime de acumulação,

no qual a diminuição generalizada dos sistemas de regulação resultou em um mais

elevado grau de orientação da lógica financeira. Nota-se que é o setor financeiro no

mundo inteiro aquele que mais amplo e intenso uso vem fazendo das TIC (tecnologia da

informação e comunicação), até porque suas principais transações envolvem

transferências não-materiais. O domínio do capital financeiro, dos investidores

institucionais, dos novos métodos de valorização do capital, da preferência por liquidez

e do foco na lucratividade financeira de curto prazo, por sua vez, vem contribuindo para

inviabilizar investimentos de alto risco, custo e maturação – como particularmente

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aqueles em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) e em formação e capacitação de

recursos humanos.

Para situar-se no tempo quanto à emergência do novo paradigma

tecnoeconômico, baseado em inovação, informação e conhecimento, Neto (2008, p.22)

cita como o ano um da Era da Informação, 1991. Ele toma como referência a análise de

Stewart que, com base nos dispêndios de capital registrados pela Agência de Análise

Econômica do Departamento de Comércio Norte-Americano no período de 1965 e

1991; compara-se o dispêndio de capital em bens de capital típicos da Era industrial –

motores e turbinas, equipamento de controle e de distribuição elétrica, máquinas para

trabalho em metal, equipamentos para tratamento de materiais e equipamentos

industriais em geral, máquinas para serviços, equipamentos para campos de mineração e

petrolíferos, máquinas agrícolas e de construção – com o dispêndio de capital com

equipamentos de informação – computadores e equipamentos de telecomunicação.

Plotados em um gráfico, as duas linhas – dispêndios de capital na Era Industrial e

dispêndios de capital na Era da Informação – se cruzam em 1991.

Conclui-se, então, que, a partir de 1991, as empresas passam a gastar mais com

equipamentos que coletam, processam, analisam e disseminam informações, e a gastar

menos com equipamentos típicos da Era Industrial.

Quanto ao processo resultante do grande potencial científico-tecnológico

alcançado nos últimos anos, Neto (2008, p. 23) analisa os três aspectos ponderados por

Lemos no que se refere às novas tecnologias. O primeiro aspecto são os avanços

observados na microeletrônica, área em que se destaca a revolução da informática e a

popularização do microcomputador e dos softwares. O segundo aspecto são as

telecomunicações, viabilizando e disponibilizando satélites e fibras óticas e, desse

modo, revolucionando os sistemas de comunicação até então conhecidos e

disponibilizados. O terceiro aspecto é a convergência das duas primeiras bases

tecnológicas, possibilitando o desenvolvimento dos sistemas e de redes de comunicação

eletrônica mundiais.

Sem dúvidas estas transformações alteraram significativamente o ambiente

competitivo e passou a colocar enormes dificuldades de acesso tecnológico às pequenas

e médias empresas.

O novo padrão de acumulação, o conhecimento, destaca ainda mais o papel da

inovação – entendida em suas dimensões tecnológica, organizacional, institucional e

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social – como fator estratégico de sobrevivência e competitividade para empresas e

demais organizações4.

A capacidade das empresas gerarem e absorver inovações são segundo Lastres e

Cassiolato (2002, p. 04), elemento chave da competitividade dinâmica e sustentável. E

complementam:

O caráter crescentemente complexo e dinâmico dos novos conhecimentos requer uma ênfase especial no aprendizado permanente e interativo, como forma de indivíduos, empresas e demais instituições se tornarem aptos a enfrentarem os novos desafios e capacitarem-se para uma inserção mais positiva no novo cenário. Incrementar o processo de inovação requer o acesso a conhecimentos e capacidade de apreendê-los, acumulá-los e usá-los (LASTRES E CASSIOLATO, 2002, p. 04).

Os formatos mais organizacionais que privilegiam a interação e atuação conjunta

dos mais variados agentes – tais como redes, arranjos e sistemas produtivos e inovativos

– vêm se consolidando como os mais adequados para promover a geração, aquisição e

difusão de conhecimento e inovações. Neto (2008 p. 24) cita Castells (2000) o qual

descreve uma “sociedade em rede”, horizontalizada, fundamentada no computador, no

microchip e na capacidade crescente de processamento.

Na visão de Neto (2008, p. 24) essa era do conhecimento, do aprendizado e da

inovação alicerça-se nos ensinamentos de Shumpeter, que via a inovação como impulso

fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista.

Portanto, considera-se que a competitividade de empresas e outras organizações,

afirma Lastres e Cassiolato (2002) dependam crescentemente das amplitudes das redes

em que participam, assim como do uso que fazem das mesmas. Desta forma é que a

proliferação de redes de todos os tipos é considerada como a mais marcante inovação

organizacional associada à difusão do novo padrão.

Lastres e Cassiolato (2002, p. 05), ponderam a importância do aglomerado

empresarial no fortalecimento das pequenas empresas:

4 A intensificação dos processos de inovação (adoção, difusão, superação), tem levado alguns autores a considerar a economia como “economia da inovação perpétua”.

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A aglomeração de empresas e o aproveitamento das sinergias coletivas geradas por suas interações, e destas com o ambiente onde se localizam, vêm efetivamente fortalecendo suas chances de sobrevivência e crescimento, constituindo-se em significativa fonte geradora de vantagens competitivas duradouras. A participação em tais formatos organizacionais é estratégica para empresas de todos os tamanhos, mas especialmente empresas de pequeno porte, ajudando-as a superar barreiras a seu crescimento e a produzir e a comercializar seus produtos em mercados nacionais e até internacionais. Arranjos produtivos locais reunindo empresas deste tipos são especialmente importantes em regiões pouco desenvolvidas e de baixo nível de emprego.

Destacam ainda que a ênfase em arranjos produtivos locais privilegie a

investigação das relações entre conjuntos de empresas e destes com outros atores; dos

fluxos de conhecimento, em particular, em sua dimensão tácita; das bases dos processos

de aprendizado para a capacitação produtiva, organizacional e inovativa; da importância

da proximidade geográfica e identidade histórica, institucional, social e cultural como

fontes de diversidade e vantagens competitivas.

2.4 Os arranjos produtivos locais

Contemporaneamente sugiram várias escolas de pensamento voltadas para

explicar o sucesso das aglomerações industriais ou dos arranjos produtivos locais, a

partir das mudanças tecnológicas, da organização produtiva, das estruturas produtivas e

do processo de flexibilização, especialmente à luz da chamada crise do fordismo

(DINIZ, 2000, p. 07).

Discute-se nesta seção os diversos conceitos sobre os arranjos produtivos locais,

face não ter se apresentado a “ultima palavra” sobre o assunto que ainda é fonte de

muitos debates. Procura-se numa linha lógica, diferenciar os conceitos de aglomeração;

cluster, arranjo produtivo local e sistema produtivo e inovativo local, visando alcançar

os diversos posicionamentos sobre os estudos que apontam a sinergia criada pela

aglomeração de pequenas empresas em uma determinada região e os contrapontos dos

estudos sobre o local que estão inseridos os APLs, ou seja, em economias centrais ou de

periferia e a tentativa de replicabilidade dos modelos dessas economias desenvolvidas

em regiões em desenvolvimento.

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2.4.1 Resultado das ações interativas entre diversos atores

Estudos demonstraram que as aglomerações empresariais, geram vantagens pelo

fato das empresas estarem concentradas no mesmo espaço geográfico. Essa dinâmica

possibilita às empresas externalidades (economias externas) como acesso a mão-de-obra

especializada; fluxo de matéria prima e serviços de fornecedores especializados e

transbordamento de conhecimento e tecnologia entre as empresas. Outrossim, ações

coordenadas e conjuntas de cooperação entre os atores (competidores ou não: empresas,

governos, instituições, associações, etc.) proporcionam outros ganhos as empresas,

como por exemplo, inovação.

A partir das experiências européias de industrialização localizada, foram

surgindo no Brasil ações interativas e resultantes das articulações públicas e privadas

para implementar o desenvolvimento local. Dessa forma, os agentes produtivos e os

institucionais, atuando de acordo com os seus formatos e papéis previamente definidos,

passam a somar esforços com o objetivo de ampliar os processos socioeconômicos

sustentáveis, ou seja, no longo prazo (JUNIOR, 2001, p. 17). Entre os resultados

parciais obtidos, pode-se destacar uma melhor qualidade de vida para as regiões, além

do crescimento do tecido empresarial em bases mais duradouras.

2.4.2 Conceitos e características dos arranjos produtivos locais

Desde os trabalhos pioneiros de Alfred Marshall sobre os distritos industriais

ingleses no final do século XIX, outros autores estudaram as razões do sucesso

competitivo dessa forma de organização industrial. Podemos encontrar diversos termos

para fazer referência a essas aglomerações de empresas, sendo também chamados de

distritos industriais, sistemas produtivos locais, sistemas locais de produção, arranjos

produtivos locais, cluster industriais, sistemas locais de inovação, entre outros.

Para Porter (1999) apud Theis e Jacomossi (2008, p. 422) o cluster são

agrupamentos de empresas em uma região com sucesso extraordinário em determinado

setor de atividade.

O debate acerca da importância dos clusters em uma economia globalizada para

o ganho de vantagem competitiva gera um paradoxo, no momento em que se faz

importante diversos fatores locais, como: conhecimento, relacionamentos, motivação,

com os quais concorrentes geograficamente distantes não conseguem competir.

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Porter (1999) enfatiza ainda a importância da inovação e o sucesso competitivo

em vários setores que estão geograficamente concentrados. Além do fator locacional,

faz-se imprescindível a cooperação entre os diversos atores, formando um clima

favorável à busca pela inovação constante.

À parte dos benefícios da concentração industrial, citados tanto por Marshall quanto

por Porter, é bastante comum encontrar divergências na literatura quanto à conceitualização

e operacionalização de termos ligados a esse assunto. Não raro, conceitos como

aglomerados, clusters, arranjos produtivos locais e sistemas locais de produção (todos eles

ligados à concentração industrial) se confundem, oferecendo poucas informações para uma

adequada distinção entre eles e suas implicações práticas.

Desta forma é importante identificar o grau de evolução de uma determinada

estrutura organizacional estabelecida em certo espaço geográfico e que fatores determinam

a evolução desta estrutura para níveis mais avançados e, conseqüentemente, mais favoráveis

à competitividade e desenvolvimento local.

As aglomerações empresariais caracterizam-se principalmente em função da

concentração em um determinado espaço geográfico e ocorrem principalmente devido a

atrativos regionais que favoreçam de alguma forma de desenvolvimento econômico

empresarial. Diversas expressões são utilizadas neste mesmo sentido, entretanto,

aglomerações empresariais vêm sendo utilizada como sinônimo de cluster, o que

efetivamente possui características que distinguem um do outro.

Como considera Porter (1999), um aglomerado ou cluster "é um agrupamento

geograficamente concentrado de empresas inter-relacionadas e instituições correlatas numa

determinada área, vinculadas por elementos comuns e complementares”. O autor reconhece

que os aglomerados podem assumir diversas formas e estágios de evolução, dependendo de

sua profundidade e sofisticação, incluindo empresas de setores a jusante e a montante e

organizações relacionadas.

Entretanto, o que se observa, diz Rosa (2004) é que a aglomeração de empresas em

determinado espaço geográfico em si não necessariamente implica em ter que haver uma

cooperação entre estas, pois, uma vez que tenha ocorrido esta interação e cooperação, a

classificação deste aglomerado passa a ter a configuração de um cluster ou de alianças

estratégicas inseridas em um cluster.

Desta forma, para Lemos (2004) a concentração geográfica não enseja nenhuma

interação ou colaboração entre as empresas, todas competem no mesmo mercado, tendo

cada uma seus diferenciais competitivos e inexiste pelo menos explícita, uma coordenação

no sentido de associar colaboração com competição.

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Na visão de Paiva (2002), os aglomerados representam o modelo mais simples de

concentração industrial, caracterizados como a especialização de uma determinada região

em uma determinada atividade, seja esta região uma rua, um bairro, uma cidade ou uma

região de um estado.

A dinâmica de um cluster pode ser determinada pelo fato das empresas nele

inseridas realizarem atividades semelhantes e/ou utilizarem mão-de-obra específica

disponível em poucas regiões, ou utilizarem as mesmas matérias-primas, ou necessitarem

das mesmas condições climáticas ou de solo para a sua produção, por fornecerem para o

mesmo cliente que exige proximidade, ou ainda por processos históricos ou culturais.

Pereira (1998) citado por Rosa (2004, p. 57) faz uma classificação do termo cluster,

partindo da formação dos mesmos: os clusters endógenos são aglomerações que advêm de

empresas que são constituídas pela tradição e vocação de determinada região. Não existe

um esforço deliberativo nesta modalidade, sendo as próprias competências originais de uma

localidade que ensejam o aparecimento de empresas no mesmo ramo de atividade ou de

ramos complementares. Aspectos econômicos, geográficos e naturais contribuem para a

formação de um cluster.

Os clusters deliberados, conforme a visão de Pereira (1998) tem a sua constituição

de forma racional e planejada, podendo ser produto de ações da iniciativa privada como

também, ser resultado de políticas públicas que tenham o objetivo de promover o

crescimento e/ou o desenvolvimento regional, todas envolvendo de forma predominante,

empresas de pequeno porte.

Para Amorim (1998) apud Melo e Ipiranga (2006, p. 04) a evolução dos clusters

podem ser divididos em quatro etapas: Pré-cluster, onde apenas existem empresas e

indústrias independentes em uma determinada área geográfica; O Cluster emergente, já

existe um agrupamento inter-empresas e concentração de indústrias; Cluster em

expansão, onde se identificam as interligações inter-empresas; e a última etapa Cluster

independente, onde há alto nível de interligações inter-empresas e massa crítica intensa

entre os participantes.

O SEBRAE (2002) apresenta clusters como concentrações geográficas de

empresas – similares, relacionadas ou complementares – que atuam na mesma cadeia

produtiva auferindo vantagens de desempenho por meio da locação e, eventualmente, da

especialização. Essas empresas partilham, além da infra-estrutura, o mercado de

trabalho especializado e confortam-se com oportunidades e ameaças comuns.

O conceito de clusters industriais refere-se à emergência de uma concentração

geográfica e setorial de empresas, a partir da qual são geradas externalidades produtivas

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e tecnológicas. (OCDE, 1999; UNCTAD, 1998; PORTER, 1998) apud Britto e

Albuquerque (2002, p. 72). Ainda segundo Britto e Albuquerque (2002, p. 72),

Partindo da idéia simples de que as atividades empresariais raramente encontram-se isoladas, o conceito de cluster busca investigar atividades produtivas e inovadoras de forma integrada à questão do espaço e das vantagens de proximidade. Ao se apoiarem mutuamente, os agentes integrados a estes arranjos conferem vantagens competitivas ao nível industrial para uma região particular, permitindo explorar diversas economias de aglomeração. Apesar da cooperação produtiva e/ou tecnológica não ser um requisito necessário para a consolidação destes clusters, supõe-se que a estruturação dos mesmos estimula um processo de interação local que viabiliza o aumento da eficiência produtiva, criando um ambiente propício à elevação da competitividade dos agentes.

Do ponto de vista das análises dos clusters, diz ainda Britto e Albuquerque

(2002), há uma tendência em privilegiar a “similaridade”, ou seja, padrões de

especializações, entre os agentes integrados aos clusters, outras análises ressaltam,

como aspecto igualmente fundamental a consolidação de uma “interdependência”, entre

estes agentes. Da diferenciação entre similaridade e interdependência, pode-se

identificar o conceito mais genérico de aglomerações industriais e o conceito mais

específico de clusters industriais.

De um lado a aglomeração espacial de atividades industriais apresenta algum

grau de similaridade entre as unidades produtivas (empresas) e de outro, no clusters, é

salientado a divisão de trabalho, baseada em um conjunto de relações interindustriais,

que confere maior organicidade ao cluster.

Segundo Britto e Albuquerque (2002), ainda pode-se identificar clusters

verticais, apontado pela interdependência existente entre uma indústria produtora de

máquinas e equipamentos para aquela indústria, ambas presentes na mesma região; e

ainda caracterizar clusters horizontais, que apresentam um padrão distinto de

relacionamentos internos, ou seja, a presença em um mesmo município de um conjunto

de indústrias complementares.

Cocco et al (1999) apud Melo e Ipiranga (2006, p. 04), contribuem para explicar

que a questão cultural está implícita na formação e manutenção dos clusters ao afirmar

que nos assim chamados distritos, o tecido sócio territorial favorece a construção de

uma rede material e cognitiva capaz de internalizar as inovações tecnológicas nos

processos locais de aprendizagem. Ainda segundo o autor este mesmo tecido tornou

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possível a atenuação da concorrência através de formas originais de cooperação,

possibilitando, mais geralmente, a manutenção da união entre economia e sociedade.

Bispo (2003), citado por Rosa (2004, p. 58), observa-se os clusters sob duas

perspectivas: i) quanto à sua formação; e ii) quanto à sua configuração. Com relação à

formação os clusters podem ser considerados deliberados ou endógenos; quanto á

configuração, pode apresentar-se vertical e horizontalmente, ou seja, interdependência

horizontal, com empresas concorrentes, ou vertical, no decorrer da cadeia produtiva.

Assim, conclui Rosa (2004) no cluster existe uma interdependência, horizontal ou

vertical entre empresas concentradas geograficamente, não havendo no cluster interação

entre as empresas de caráter organizacional intrínseco, ou seja, constituem-se alianças

fracas, nem mesmo com órgãos de apoio e/ou governamentais.

Como exemplos, pode-se citar o setor de prestação de serviços e autopeças que se

instalam nas proximidades de montadoras de veículos, como, por exemplo, junto à FIAT,

em Betim-MG, ou a Renault, em São José dos Pinhais-PR. São observados clusters no setor

de revestimentos cerâmicos, como em Criciúma-SC e em Santa Gertrudes-SP.

Para o conceito de APLs também se verifica que existem na literatura diversas

abordagens.

Com o surgimento de uma variada forma de arranjos produtivos locais, o IPEA –

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada tem desenvolvido vários trabalhos sobre as

características e diferenças destes arranjos. Nesses trabalhos relata alguns dos arranjos

que buscam retratar os tipos mais comuns de sistemas produtivos locais. O IPEA alerta

que a tipologia sobre os tipos de arranjos produtivos apresentada é passível de

questionamento e de discussão conceitual, porque não há ainda um consenso capaz de

aglutinar e definir exatamente o que é cada sistema produtivo local. De modo geral,

busca-se apresentar os traços essenciais dos principais tipos de arranjos produtivos

locais.

Segundo Junior (2001, p. 17) a partir dos conceitos divulgados pelo IPEA, foram

sintetizados os conceitos sobre os vários tipos de arranjos produtivos locais.

O primeiro tipo é o agrupamento potencial, que se dão quando existe, na

região, uma concentração de atividades produtivas que apresente alguma característica

comum, como uma tradição de uso de determinadas técnicas, mesmo artesanais, sem

que esteja ocorrendo, contudo, uma organização ou uma ação conjunta entre os agentes

econômicos da atividade existente.

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O segundo tipo é o agrupamento emergente, quando passa a ocorrer, no local,

a presença de empresas de vários tamanhos, tendo como característica comum o

desenvolvimento de ações de interação entre os agentes existentes na região/setor.

Nesse tipo de arranjo pode ocorrer mesmo de forma incipiente, a presença de

instituições de apoio como centros de treinamento profissional, de pesquisa tecnológica,

outras atividades como consultorias, mas com uma pequena e débil articulação de ações

entre estes vários atores socioeconômicos.

O terceiro tipo é o agrupamento maduro, que tem por característica uma

concentração local de atividades e como identificação comum a existência de uma base

tecnológica significativa, observando-se a existência de relacionamento mais intenso

entre os agentes produtivos entre si e com os demais agentes institucionais locais. Este

entorno caracteriza a geração d externalidades positivas capazes de trazer uma sinergia

mais efetiva para os participantes desta base tecnológica e produtiva. Neste tipo de

agrupamento, verificam-se ainda conflitos de interesse, indicando um pequeno grau de

coordenação entre os agentes econômicos, com ações sendo consideradas insuficientes

para gerar uma atuação mais efetiva que possa alavancar um crescimento sustentado no

longo prazo.

O quarto tipo é o agrupamento avançado, cuja principal característica é um

alto nível de coesão interna de organização entre os agentes internos e externos,

resultando no melhor aproveitamento das externalidades geradas pelos participantes

deste entorno produtivo.

O quinto tipo é o cluster, que apresenta características de agrupamento maduro

quanto ao seu grau de coesão interna. No entanto, tem um grau menor de organização,

porque normalmente envolve um número maior de localidades ou áreas urbanas, dentro

de uma mesma região geograficamente delimitada, vindo a constituir um espaço

econômico pouco diferenciado em termos de atividades produtivas.

O sexto tipo é o pólo tecnológico, definido como o local em que estão reunidas

empresas intensivas em conhecimento ou com base em tecnologia comum, tendo como

fonte do desenvolvimento deste saber as universidades e outros centros de tecnologia e

de pesquisa. Uma de suas características é que, normalmente, também representam um

tipo de agrupamento maduro.

O sétimo tipo são as redes de subcontratação, compostas por empresas que

nem sempre estão instaladas na mesma área geográfica delimitada, mas que

normalmente atendem à demanda de grandes empresas. Nem sempre os subcontratados

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constituem um agrupamento formal e procuram seguir um padrão de organização

emanado da empresa núcleo.

O BNDES conceitua APLs como concentração geográfica de empresas e

instituições que se relacionam em um setor particular. Incluem, em geral, fornecedores

especializados, universidades, associações de classe, instituições governamentais e

outras organizações que provêm educação, informação, conhecimento e/ou apoio

técnico e entretenimento. (BNDES, 2003) apud Rosa (2004, p. 64).

Dentro do referencial evolucionista, a RedeSist5, desenvolveu os conceitos de

arranjo produtivo local, focalizando um conjunto específico de atividades econômicas

que possibilite e privilegie a análise de interações, particularmente aquelas que levem à

introdução de novos produtos e processos. Conforme a definição proposta pela

RedeSist, Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas – que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresa – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadora de consultorias e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento. (LASTRES e CASSIOLATO, 2003, p.11).

O argumento básico do conceito adotado pela RedeSist é que onde houver

produção de qualquer bem ou serviço haverá sempre um arranjo em torno da mesma,

envolvendo atividades e atores relacionados à aquisição de matérias- primas, máquinas

e demais insumos. Tais arranjos variarão desde aqueles mais rudimentares àqueles mais

complexos e articulados. Desta forma podemos considerar que o número de arranjos

produtivos locais existentes no Brasil seja tão grande quanto à capacidade produtiva

nacional permita.

Conforme Santos et al (2002), os APLs são caracterizados pela proximidade

geográfica, especialização setorial, predominância de PMEs, cooperação inter-firmas,

competição interfirmas determinada pela inovação, troca de informações baseada na

confiança socialmente construída, organizações de apoio ativas na oferta de serviços e

parceria estreita com o setor público local. 5 A RedeSist é uma rede de pesquisa interdisciplinar sediada no Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro e que conta com a participação de várias universidades e institutos de pesquisa no Brasil, além de manter parcerias com outras organizações internacionais. http://redesist.ie.ufrj.br.

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Os APLs, conforme Kreuz, Souza e Cunha apud Rosa (2004, p. 62), apresentam

como característica principal uma forte interação entre as empresas componentes, esta

interação também envolve instituições de ensino e pesquisa, instituições de apoio à infra-

estrutura, agentes financeiros, prestação de serviços e informações, governos locais,

regionais e nacionais, associações de classe, clientes, fornecedores de insumos,

componentes e tecnologias. Os autores argumentam ainda que nesse tipo de arranjo a

interação entre os agentes, a complementaridade de diversas capacidades tecnológicas, o

fluxo de informações entre os agentes heterogêneos, a circulação de idéias e pessoas entre

firmas e setores, a produção de bens públicos, induzem a um processo sinérgico de

conhecimento, de inovação e de competitividade para todo o sistema.

A literatura da economia da inovação, economia industrial e geografia

econômica também têm destacado, ao longo da última década, a importância dos

Sistemas Produtivos e Inovativos Locais para o desenvolvimento local, tanto em países

desenvolvidos quanto em países periféricos.

No conceito de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais são fundamentais a

interação e as relações – técnicas e outras formais e informais – entre os diferentes

agentes visando adquirir, gerar e difundir conhecimentos. Tais arranjos comumente

apresentam fortes vínculos envolvendo agentes localizados no mesmo território; por sua

vez, as interações referem-se, não apenas a empresas atuantes em diversos ramos de

atividades e suas diversas formas de representação e associação (particularmente

cooperativas), mas também a diversas outras instituições públicas e privadas. Assim

para Lastres e Cassiolato (2003, p. 11):

A ênfase em sistemas e arranjos produtivos locais privilegia a investigações das relações entre conjuntos de empresas e destes com outros atores; dos fluxos de conhecimento, em particular, em sua dimensão tácita; das bases dos processos de aprendizado para a capacitação produtiva, organizacional e inovativa; da importância da proximidade geográfica e identidade histórica, institucional, social e cultural como fontes de diversidades e vantagens competitivas.

Sistemas produtivos e inovativos locais são aqueles arranjos produtivos em que

interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação

e aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da capacidade inovativa

endógena, da competitividade e do desenvolvimento local. Assim, considera-se que:

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A dimensão institucional e regional constitui elemento crucial do

processo de capacitação produtiva e inovativa;

Diferentes contextos, sistemas cognitivos e regulatórios e formas de

articulação entre agentes e de aprendizado interativo são

reconhecidos como fundamentais na geração e difusão de

conhecimentos e particularmente aqueles tácitos.

Esta definição foi desenvolvida como um dos resultados das pesquisas realizadas

pela RedeSist desde sua formalização em 1997.

Para demonstrar a distinção entre os conceitos, Paiva (2002) afirma que, na

medida em que uma simples aglomeração de empresas se desenvolve, automaticamente

são atraídos para ela fornecedores de insumos e matérias-primas. Em seguida, novos

produtores se instalam e inicia-se o que um círculo virtuoso sem fim preestabelecido

que alimenta esse aglomerado. Quando todo um conjunto de elementos finalmente se

instala e modifica qualitativamente o aglomerado com serviços e atividades de apoio

especializadas, está-se diante de um arranjo produtivo local. De acordo com tais

argumentos, um aglomerado seria o estágio inicial para a constituição de um arranjo

produtivo local, embora a existência do primeiro não implique, necessariamente, na

constituição do segundo com o passar do tempo.

Ainda, segundo Paiva (2002), caso esse APL continue sua evolução,

estimulando as empresas a operarem de forma integrada, pode-se transitar para a forma

de um sistema local de produção. Os sistemas locais de produção (ou sistemas

produtivos e inovativos locais) são aqueles arranjos produtivos em que, segundo Lastres

e Cassiolato (2003), há interdependência, articulação e vínculos consistentes entre os

participantes, resultando em interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de

incrementar a capacidade inovativa endógena, a competitividade e o desenvolvimento

local. Isto é, o que diferencia um APL de um SLP é que, no segundo, além da existência

de um aglomerado setorial de empresas, de fornecedores, compradores, instituições

técnicas e órgãos de apoio, há fortes relacionamentos entre os participantes. Como bem

ressaltaram Lastres e Cassiolato (2003), um arranjo produtivo que atinge este nível de

desenvolvimento aumenta as possibilidades de que a sua região se torne mais

competitiva e, por conseqüência, beneficie as empresas nela instaladas.

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2.4.3 Desenvolvimento dos APLs em diferentes ambientes econômicos

Por outro lado, existem discussões sobre os ambientes onde estão inseridos os

arranjos produtivos locais. APLs de países em desenvolvimento, apresentam dinâmicas

e estruturas distintas dos APLs dos países desenvolvidos.

Segundo Santos, Crocco e Lemos (2002, p. 147) a literatura sobre a experiência

de desenvolvimento dos arranjos produtivos locais tem dado pouco destaque às

especificidades do ambiente socioeconômico dos países periféricos como determinantes

da conformação destas aglomerações locais.

Deve-se reconhecer a especificidade desses arranjos localizados em países

periféricos, onde as capacitações inovativas são, via de regra, inferiores às dos países

desenvolvidos; o ambiente organizacional é aberto e passivo, onde as funções

estratégicas primordiais são realizadas externamente ao sistema, prevalecendo,

localmente, uma mentalidade quase exclusivamente produtiva; o ambiente institucional

e macroeconômico são mais voláteis e permeados por constrangimentos estruturais; o

entorno destes sistemas é basicamente de subsistência, apresenta densidade urbana

limitada, baixo nível de renda per capita, baixos níveis educacionais, reduzida

complementaridade produtiva e de serviços com o pólo urbano e frágil imersão social.

Geralmente o enfoque dado aos arranjos produtivos locais é associado às

atividades industriais, no entanto, eles podem estar presentes em qualquer setor da

economia. Existe arranjo produtivo local constituído por atividade, onde as práticas de

produção e de trabalho são relativamente simples, utilizam mão-de-obra pouco

qualificada e técnicas de produção pouco desenvolvidas. Eles podem estar presentes em

qualquer setor da atividade econômica (agricultura, indústria ou serviços), e sobrevivem

e se desenvolvem a margem da economia formal.

Compreender esses aglomerados produtivos levando-se em consideração o

ambiente em que se insere, levou-se a diversos estudos e elaboração de conceitos, como

por exemplo, os arranjos produtivos locais informais.

Para Santos, Crocco e Lemos (2002, p. 157) as chamadas aglomerações

produtivas informais – que não podem ser classificadas no sentido estrito como distritos

marshallianos – são compostas geralmente por PMEs (Pequena e médias empresas),

cujo nível tecnológico é baixo em relação à fronteira da indústria e cuja capacidade de

gestão é precária.

Além disso, a força de trabalho possui baixo nível de qualificação, sem um

sistema contínuo de aprendizado. Embora as baixas barreiras à entrada possam resultar

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em crescimento do número de firmas e no desenvolvimento de instituições de apoio

dentro do aglomerado, isto não reflete, em geral, uma dinâmica positiva, como nos

casos de uma progressão da capacidade de gestão; investimentos em novas tecnologias

de processo; de melhoramento da qualidade do produto; de diversificação de produtos;

ou de direcionamento de parte da produção para exportações. As formas de coordenação

e o estabelecimento de redes e ligações interfirmas são pouco evoluídas, sendo que

predomina a competição predatória, o baixo nível de confiança entre os agentes e

informações pouco compartilhadas.

Outras características das aglomerações informais são a infra-estrutura precária,

estando ausentes os serviços básicos de apoio ao desenvolvimento sustentado, tais como

serviços financeiros e centros de produtividade e treinamento.

Estas aglomerações não se constituem, portanto em organizações produtivas

sistêmicas, ou seja, não atingiram o estágio de sistemas de produção locais. Neste

sentido, caracterizam bem a forma típica de aglomeração industrial localizada em

economias periféricas, pois as formas externas de governança são inexistentes, os

mercados de destino destes produtos são locais e, quando muito, regionais, muitas vezes

baseados na informalidade e evasão fiscal.

Diante destes conceitos, a pesquisa terá como foco o conceito da RedeSist

voltado para os arranjos produtivos locais, levando-se em consideração o conjunto

específico de atividade econômica , que apresentam vínculos mesmo que incipientes e o

ambiente socioeconômico dos países periféricos, o que compreende o conceito de APLs

informais não ligados a atividades industriais.

2.4.4 Replicabilidade do modelo italiano dos distritos

Alguns exemplos internacionais, diz Cocco et al (2002), mostram que as PMEs

(pequenas e médias empresas) podem constituir trajetórias econômicas dinâmicas e

bem-sucedidas, desde que dispostas em redes num meio ambiente propício à

consolidação de externalidades positivas.

Desde a bem sucedida experiência da Terceira Itália, várias têm sido as

tentativas de reproduzir esta experiência nos mais variados ambientes e setores.

Neste sentido, o modelo de desenvolvimento dos distritos industriais italianos,

fundamentado nas redes de PMEs tem sido cada vez mais apontado como um dos meios

possíveis e desejáveis de superação do modo fordista de produção.

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Assim como o modelo fordista, difundido pelo mundo, essa alternativa italiana

poderia ser transplantada para outras realidades?

Cocco et al (2002) fazem suas considerações:

Para pensar na viabilidade de políticas públicas inovadoras, baseadas na experiência da Terceira Itália, que possam servir à incorporação de segmentos populacionais “marginais” na dinâmica socioeconômica, devemos, portanto, nos afastar das singularidades do modelo italiano, procurando encontrar as suas características mais abrangentes e “universais”. Essas características podem ser encontradas se procurarmos nos distritos os elementos que, entranhados na organização socioprodutiva, tornam este modelo particularmente emblemático de uma transformação geral. Nesta medida, poderemos lançar novas luzes para a questão da replicabilidade.

A literatura sobre os distritos industriais cita exemplos bem-sucedidos de redes de

pequenas empresas que apresentam fortes relações com suas bases locais. Estes exemplos,

naturalmente, possuem características e especificidades próprias, relacionadas a contextos

socioculturais distintos, como algumas regiões na Alemanha, França, Dinamarca, Suécia,

Espanha e Japão.

Pode-se também encontrar evidências das dinâmicas produtivas “distritais”, por

exemplo, em clusters setoriais em países periféricos e na forma de organização local em áreas

mais avançadas da inovação tecnológica como Silicon Valley e da Route 128, nos Estados

Unidos.

Nestas regiões, as redes de PMEs, apresentam-se como um modelo de produção

industrial distinto do padrão fordista.

Na análise de Borin (2006) o ambiente cultural, político, institucional e econômico,

onde se formaram as aglomerações de micro e pequenas empresas, no Brasil, é diferente

do que ocorreu em alguns casos internacionais, como, por exemplo, na Terceira Itália.

Um exemplo do que ocorre no Brasil, como um fator desafiador para as políticas de

apoio voltadas para o desenvolvimento local, baseado nas pequenas empresas

aglomeradas, pode ser o número elevado de empresas informais e sua natureza difusa.

Por isso, os clusters americanos, os distritos marshallianos da Itália e os tecnopólos dos

países industrializados parecem ser um pouco sofisticados para servir de referências

“puras” de estratégias de desenvolvimento local. Assim, o que se torna recomendável, e

o que está se tentando fazer, é a construção de categorias apropriadas,adaptadas à

realidade brasileira. Na França, por exemplo, pesquisadores e formuladores de políticas

públicas evoluíram para uma noção denominada Sistema Produtivo Local – SPL.

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Segundo Amaral Filho (2002), apud Borin (2006, p. 73) no Brasil, após um

período de tentativas de transposição descuidadas em torno de algumas noções,

pesquisadores e formuladores de políticas parecem ter evoluído para uma tropicalização

do conceito ou da estratégia, fixando-se em torno da noção de arranjos Produtivos

Locais – APLs. Isso revela, em certo sentido, que as aglomerações brasileiras de

MPMEs (micro, pequena e média empresas) ainda se encontram em estágios

relativamente baixos de interdependência, entre as próprias empresas e entre as

empresas e as instituições de apoio. Desta forma, Cocco et al (2002) coloca que a questão da replicabilidade não passa pela

adoção de um modelo singular, nem da sua importação ou cópia enquanto tal. As alternativas de

políticas públicas inovadoras na geração de emprego e de renda devem ser apreendidas e

engendradas em face da mudança do regime de acumulação.

Nesta perspectiva a preocupação passa a ser a de encontrar os elementos mais

abrangentes (universais) para a proposição de políticas públicas de desenvolvimento

socioeconômico.

2.5 Políticas de desenvolvimento regional

Um dos grandes desafios para a implementação de políticas regionais é a

definição das escalas territoriais de atuação e a operacionalização destas mediante

critérios de regionalização (DINIZ E CROCCO, 2006 p. 26).

A regionalização do território para efeitos de políticas públicas tem sido um

desafio constante. Por um lado, cada território enquanto espaço social (construído) é um

produto social, estando, portanto, em permanente mutação. A simples identificação do

termo região pressupõe o reconhecimento do desenvolvimento desigual no território, o

qual decorre de razões históricas, naturais, culturais, políticas, econômicas e outras.

Assim, torna-se importante estudar o caso brasileiro para entender em que

medida as tão incentivadas políticas de clusterização são eficientes na redução da

histórica desigualdade regional de renda do país.

Para Cocco et al (2002, p. 25) “o exemplo dos distritos industriais italianos

mostra que o foco que tem sido dado às PMEs no Brasil pode ir além das conjecturas

alternativas, associadas às perspectivas de geração de emprego e renda para parcelas

“marginais” da população”

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Em contraposição às políticas de desenvolvimento local/regional

empreendidas no País e que têm se preocupado com a atração de grandes empresas

através da abdicação fiscal e tributária por parte de estados e municípios, as políticas de

promoção das pequenas e médias empresas podem e devem ser pensadas não somente

como alternativas possíveis de superação das dificuldades econômicas e sociais, mas,

como eixo fundamental e estratégico para o desenvolvimento econômico local.

Na análise de Cocco et al (2002 p. 27) :

As políticas públicas devem contemplar um planejamento do contexto capaz de tornar visíveis as “mãos da comunidade” e, sobretudo, de fazer emergir formas de atuação empreendedoras nestes “territórios sociais”. Deste modo, tratam-se da criação das condições necessárias (o meio ambiente necessário) à emergência de atividades produtivas ancoradas nestes territórios, capazes de incorporar as franjas populacionais à esfera da cidadania e, portanto, ao universo produtivo que, por sua vez, ganha uma conotação púbica.

A redefinição das relações entre os indivíduos localizados na “franja” e o

espaço público, desencadeadas pela transferência do “lugar” da produção, ou seja, das

fábricas para os territórios, constitui um enorme potencial de libertação dos mesmos em

relação a décadas de clientelismo e paternalismo. Distantes de um sistema político de

tutela os indivíduos teriam melhores condições para se organizar em torno de grupos

capazes de afirmação política autônoma, imprescindível para a luta por infra-estruturas

básicas, garantidoras de mobilidade forte nos territórios.

Criar as condições ambientais de proliferação de novas figuras empresariais,

capazes de fazer emergir redes de pequenas empresas que venham a cooperar entre si

facilitaria a consolidação de arranjos institucionais, que através da articulação de

políticas envolveria os diferentes atores públicos e privados: governo municipais,

estaduais, instituições de apoio técnico à atividade produtiva, empresas públicas, ONGs,

instituições financeiras, associações de empresários e produtores locais, grandes

empresas privadas nacionais e estrangeiras etc.

Estas políticas transversais, cuja implementação poderia ser objeto de parcerias

entre as diferentes instituições, abrangeriam, de modo geral, o acesso às tais infra-

estruturas (sociais, físicas econômico-financeiras, tecnológicas) que, como já visto, são

imprescindíveis à efetivação de um ambiente propício à ação empreendedora e,

portanto, às dinâmicas de geração de emprego e distribuição de renda.

Segundo Lima, Melo e Pimenta (2005, p. 07):

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As políticas empreendidas pelos governos federal e estadual centram-se cada vez mais na busca do desenvolvimento econômico baseado no conhecimento, através da implementação de programas e ações que promovam desenvolvimento de habilidades e vocações regionais com vistas à promoção de condições favoráveis à competitividade no mercado integrado.

No Brasil alguns programas e políticas de governo dão ênfase ao arranjo

produtivo local, de maneira que a academia passa a contribuir com as diversas fontes de

pesquisas que tem surgido nos últimos anos, o que possibilita a verificação do

desenvolvimento desse tema no país.

Na visão de Amaral (2006) no Brasil os candidatos naturais da promoção das

micro, pequena e média empresas são os governos municipais e estaduais, mas apesar

dessa vocação natural, devido à proximidade, esses segmentos não tem demonstrado

desempenho satisfatório, a começar pela falta de iniciativa. Um trabalho de informação

aos governos e organizações sobre onde estão as novas janelas de oportunidades para o

novo ambiente econômico e institucional às empresas de pequeno porte e a preparação

técnica do pessoal do governo local, já começou. Através do MCT /FINEP (APL e

Plataforma Tecnológica), mas, a rigor, trata-se de uma iniciativa que, além de tímida,

partiu do pressuposto de que a ponta final, nos estados, estava preparada técnica e

conceitualmente para “receber” o programa. Faltou, portanto, um trabalho preparatório.

Ainda afirma Amaral (2006) que esses programas devem ser acompanhados

por outros programas preocupados com a oferta de informações sobre tecnologias,

mercados, fontes de financiamento, etc. Neste campo o SEBRAE e o BNDES têm um

papel importante a preencher.

Segundo Borin (2006) vários órgãos públicos atuam junto aos APLs. Para

evitar a pulverização das ações e eliminar casos de duplicidade de esforços, o Governo

Federal reuniu inicialmente 22 parceiros para criar o Grupo de Trabalho Permanente em

APL - GTP-APL.

Em agosto de 2004, o Grupo de Trabalho em questão foi definitivamente

instalado, por meio da portaria interministerial no 200, de 03.08.04, envolvendo essas

mesmas instituições, com o apoio de uma Secretaria Técnica presente na estrutura

organizacional do MDIC, com o objetivo de adotar uma metodologia de apoio integrado

a arranjos produtivos locais, com base na articulação de ações governamentais.

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A escolha dos APLs piloto baseou-se em um levantamento da atuação

institucional em APL, que registrou as localidades em que 11 instituições (SEBRAE,

Agência de Promoção de exportações e Investimentos do Brasil - APEX Brasil, MDIC,

Sistema Ciência & Tecnologia, Ministério da Integração, Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica

Federal - CEF, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e Ministério das Minas e

Energias), daquelas que participam do Grupo de Trabalho, atuam com a ótica de

abordagem de APL. Os registros compreendem APLs em seus diferentes estágios de

desenvolvimento em termos de: integração com o território e capacidade de cooperação

entre firmas e com entidades de apoio, entre outros. A seleção dos APLs piloto levou

em consideração os seguintes aspectos: maior número de instituições atuantes no APL;

pelo menos um APL em cada macrorregião; e alguma diversidade setorial no conjunto

de APLs selecionados.

Por outro lado, afirma Borin (2006) na política industrial do Governo Federal -

Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE - foi dada uma ênfase

em arranjo produtivo. O conceito utilizado incluiu não apenas medidas de política

especificamente industrial, mas também outras medidas macroeconômicas mais gerais,

como aquelas que influenciam a desempenho industrial (crescimento, competitividade e

produtividade).

A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE foi elaborada

pela Câmara de Política Econômica, tendo à frente o Ministério do Desenvolvimento, a

Fazenda, o Planejamento, a Casa Civil, Ciência e Tecnologia e outros. Para viabilizar a

coordenação e agregar competências, foram criados a Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.

Segundo as “Diretrizes de Política Industrial, Tecnológica e de Comércio

Exterior”, de novembro de 2003, as políticas de governo são consideradas um conjunto

integrado, que articula simultaneamente o estímulo à eficiência produtiva, ao comércio

exterior, à inovação e ao desenvolvimento tecnológico como vetores dinâmicos da

atividade industrial. Lê-se ainda nessas diretrizes, que a organização industrial e a

dinâmica da inovação e difusão de tecnologias determinam comportamentos

empresariais diferenciados. Dessa forma, a política para um setor intensivo em capital,

estruturado por grandes empresas, não pode ser a mesma que para outro setor, intensivo

em trabalho e caracterizado por pequenas empresas.

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Como a PITEC, não é uma ação isolada, pois faz parte de um conjunto de ações

que compõem a estratégia de desenvolvimento apresentada no documento Orientação

Estratégica de Governo: Crescimento Sustentável, Emprego e Inclusão Social. Essa

política está articulada com os investimentos planejados para a infra-estrutura e com os

projetos de promoção do desenvolvimento regional. Isso é parte integrante do conjunto

de medidas previstas no Plano plurianual do Governo Federal (PPA-2004/2007).

O Plano Plurianual do Governo Federal - PPA 2004-2007 priorizou, em um dos

seus megaobjetivos, os arranjos produtivos. O PPA 2004-2007 tem a política industrial

como um dos eixos centrais de estratégia de desenvolvimento. No interior da política

industrial mais ampla, o PPA inclui o desenvolvimento de arranjos produtivos locais

(APLs) como uma das estratégias de política industrial.

Na análise do projeto de lei, volume I, anexo I – Orientação Estratégica de

Governo, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão elaborado no ano de

2003 –, verifica-se que sua estratégia foi decomposta em três megaobjetivos: I) Inclusão

social e redução das desigualdades sociais; II) crescimento com geração de emprego e

renda, ambientalmente sustentáveis e redutores das desigualdades regionais e III)

promoção e expansão da cidadania e fortalecimento da democracia.

O item diretrizes gerais do megaobjetivo II chama atenção deste trabalho, diz

Borin (2006), pois está relacionado com a política de arranjo produtivo – valorização

das características e potencialidades regionais na formulação e implementação das

políticas e estímulo a organizações econômicas associativas e solidária como estratégia

para o desenvolvimento local sustentável.

No megaobjetivo II no desafio – redução das desigualdades regionais e intra-

regionais com integração das múltiplas escalas espaciais – foi apontado que as

desigualdades regionais constituem, cada vez mais, um obstáculo para a construção de

um modelo de desenvolvimento socialmente justo e inclusivo e economicamente

eficiente e integrado no país. A relação entre as unidades da federação com maior e

menor PIB per capita é de cerca de 7 (sete) vezes; estimativas da mesma relação entre

microrregiões alcançam 40 (quarenta) vezes, o que confirma a importância de uma

atuação sobre a dimensão espacial das desigualdades.

Em uma das diretrizes do desafio – redução das desigualdades regionais e

intraregionais com integração das múltiplas escalas espaciais (nacional, macrorregional,

subregional e local), estimulando a participação da sociedade no desenvolvimento local

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– aparece o destaque para os arranjos produtivos – “Organização do planejamento

territorial por meio de arranjos produtivos locais e de cooperação intermunicipal”.

Em outra diretriz – ampliar a participação de País no mercado internacional

preservando os interesses nacionais – o governo está destacando a importância do

estímulo ao desenvolvimento tecnológico, à pesquisa e à inovação do setor produtivo

com ênfase em cadeias produtivas e setores que promovam a substituição competitiva

de importações e a agregação de valor em produtos nacionais. Essa diretriz tem relação

com arranjos, pois uma das metas dos arranjos produtivos é preparar as empresas que

fazem parte do arranjo a se tornarem mais competitivas, tanto interna como

externamente.

O Plano Plurianual (PPA) 2008-2011 será subsidiado pelo “Estudo para

Subsidiar a Abordagem da Dimensão Territorial do Desenvolvimento Nacional”. Este

estudo, afirma Mendes (2007) também subsidiará o Planejamento de Longo Prazo, o

qual apresenta planejamento governamental de longo prazo, inclusive com repercussões

de caráter regional, e resultados e propostas para uma abordagem original do território.

No estudo, o território é considerado instrumento central; um guia capaz de orientar

uma ação pública coordenada e de ajudar a superar as graves iniqüidades econômicas e

sociais do País, solucionando entraves ao desenvolvimento nacional (MENDES, 2007,

p.23).

O estudo defende a visão estratégica, distinção e articulação do território no

horizonte de planejamento de 20 anos (2007-2027), segundo a qual o Brasil precisa

contar com uma metodologia de planejamento que incorpore a dimensão territorial nos

objetivos, diretrizes e ações da sociedade do Governo, ultima vez que o território

sintetiza e espelha as múltiplas potencialidades e problemas do desenvolvimento

brasileiro.

O Estudo para Subsidiar a Abordagem Territorial do Desenvolvimento Nacional

No Plano Plurianual (PPA) 2008-2011 e no Planejamento de Longo Prazo, portanto,

coloca o território como expressão maior de uma modalidade inovadora de

planejamento de longo prazo capaz de promover em nosso País, de grandes contrastes e

desigualdades regionais, sociais e econômicas, uma substantiva reversão de valores e

um refinamento de estratégias.

O território e tudo aquilo que ele articula e engendra econômica, social,

ambiental e politicamente – é uma das chaves essenciais para que se possa organizar

uma resposta eficaz ao problema da construção de uma estratégia social inclusiva e

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integradora de desenvolvimento, capaz de atender ao objetivo principal da estratégia

proposta, que é a superação das desigualdades sociais e regionais.

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3 METODOLOGIA

Para Gil (1999) pode-se definir método como caminho para se chegar a

determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e

técnicos adotados para se atingir o conhecimento. Vale ressaltar que,

Muitos pensadores do passado manifestaram a aspiração de definir um método universal aplicável a todos os ramos do conhecimento. Hoje, porém, os cientistas e os filósofos da ciência preferem falar numa diversidade de métodos, que são determinados pelo tipo de objeto a investigar e pela classe de proposições a descobrir. Assim, pode-se afirmar que a matemática não tem o mesmo método da física, e que esta não tem o mesmo método da astronomia. E com relação às ciências sociais, pode-se dizer que dispõem de grande variedade de métodos. (GIL, 1999, p. 26).

O objetivo desta seção é esclarecer os procedimentos metodológicos e as etapas

por meio dos quais essa pesquisa se construiu. Para tanto será especificado o problema

de pesquisa e em seguida sua caracterização, a população e amostra, os instrumentos de

coleta de dados e finalmente a análise e interpretação dos dados.

3.1 Especificação do Problema de Pesquisa

Dado o problema de pesquisa: Quais as contribuições do APL de

piscicultura para com o desenvolvimento socioeconômico regional no

Estado do Amazonas?

Procura-se identificar através dos dois projetos de piscicultura, as

contribuições que trouxeram para as famílias contempladas que trabalharam e

puderam ter conhecimento da tecnologia que envolve ambos os casos. Os

benefícios socioeconômicos proporcionam bem-estar a estas famílias e a outras

do entorno, caso os projetos hajam gerado externalidades positivas. Diante dos

questionamentos a todos os envolvidos pôde-se aferir até que ponto esses

benefícios, mudaram a vida dessas pessoas.

Após a identificação do APL de Piscicultura, visando mapear o estágio

de expansão deste APL, divide-se os projetos PROCIMA e TANRE, devido

suas especificidades, e a análise são feitas separadamente de forma a verificar

os resultados das ações estratégicas voltadas a solucionar gargalos apontados

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pelo Programa Plataforma Tecnológica os quais seriam responsáveis pela

continuidade dos projetos.

Argumenta-se sobre as políticas públicas que deram sustentação ao

desenvolvimento do APL, através da cooperação dos atores e continuidade das

políticas de expansão.

As variáveis que nortearam a pesquisa quanto à expansão do APL foram às

seguintes:

Formação de novos criadores, através da disseminação do conhecimento;

Formação de cooperativa;

Acesso a mercados;

Apoio financeiro governamental ou não-governamental;

Construção de novo canal de igarapé;

Continuidade na criação de peixes.

Quanto aos benefícios socioeconômicos gerados pelo APL, as variáveis

avaliadas foram:

Acesso à educação;

Emprego a familiares e terceiros;

Melhoria na alimentação;

Melhoria na saúde;

Geração de renda;

Externalidades positivas na comunidade.

3.2 Caracterização da pesquisa

Descreve-se os procedimentos utilizados na condução do estudo. Sendo que cada

pesquisa possui peculiaridades apresentamos informações acerca de alguns aspectos.

3.2.1 Tipo da pesquisa

Quanto aos meios, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, porque recorreu-se aos

livros, artigos, teses e dissertações com dados sobre os assuntos. Na visão de Roesch

(1999 p. 32), a pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos

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já realizados, revestidos de importância pela capacidade de fornecimento de dados

atuais e relevantes relacionados com o tema.

Para Gil (2002, p.138), quando se trata de classificar a pesquisa, no estudo de

caso a utilização maior é em estudos exploratórios e descritivos.

Quanto aos fins, tratou-se de uma pesquisa exploratória e descritiva. O critério

de classificação com relação às pesquisas é baseado em seus objetivos gerais. Assim

esta pesquisa é classificada como exploratória, pois visa desenvolver, esclarecer e

modificar conceitos e idéias além de proporcionar maior familiaridade com o problema,

para torná-lo mais explícito, além de não haver informações conclusivas quanto aos

resultados socioeconômicos obtidos pela comunidade com a implementação dos dois

projetos de piscicultura: Tanques-redes e Canais de Igarapé.

Quanto ao nível da pesquisa este estudo pode ser considerado como descritivo

porque descreve as características socioeconômicas do APL de Piscicultura. Segundo

Mezzaroba, (2003), a pesquisa descritiva não propõe soluções, apenas descreve os

fenômenos tal como são vistos pelo pesquisador, o que não significa que não serão

interpretados, mas somente que a contribuição que se deseja dar é no sentido de

promover uma análise rigorosa do objeto para, com isso, penetrar na natureza ou para

dimensionar a extensão. Descrição permite diagnóstico do problema, o que é sempre

muito importante e tarefa procedente.

No que concerne a manifestação dos fenômenos, a pesquisa pode ser

considerada como ex post facto ou não-experimental.

3.2.2 Natureza da pesquisa

O delineamento refere-se ao planejamento da pesquisa em sua dimensão mais

ampla, que envolve tanto a diagramação quanto a previsão de análise e interpretação de

coleta de dados (GIL 2002, p. 43).

Como o delineamento expressa em linhas gerais o desenvolvimento da pesquisa,

com ênfase nos procedimentos técnicos de coleta e análise de dados, torna-se possível

na prática, classificar as pesquisas segundo o seu delineamento. O elemento mais

importante para a identificação de um delineamento é o procedimento adotado para a

coleta de dados. Esta pesquisa utilizou o método de estudo de caso com abordagem

qualitativa e quantitativa.

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A pesquisa que se apresenta pode também ser caracterizada como um

levantamento (survey) a priori e como um estudo de caso a posteriori. Este tratamento

vem subsidiar a obtenção de dados predominantemente quantitativos. Já o método de

multicasos complementar os dados com uma abordagem qualitativa.

As perguntas de pesquisa foram elencadas de forma organizadas e associadas às

respostas que se busca dentro dos objetivos da pesquisa.

3.3 População e amostra

O critério de inclusão e exclusão utilizado para determinar a população da

pesquisa, foi incluir os envolvidos no Programa Plataforma Tecnológica/APL de

Piscicultura do MCT (ministério da ciência e tecnologia), ou seja, as famílias

contempladas para participarem dos projetos mais os coordenadores das instituições

envolvidas. Foram excluídos todos aqueles que não participaram do programa. Portando

o universo estudado foram 18 (dezoito) sujeitos extraídos das famílias das comunidades

mais 03 (três) coordenadores das instituições responsáveis pelos projetos. O total de

sujeito foram 21 (vinte e um).

3.3.1 Sujeitos da Pesquisa

Para que se efetive um experimento, torna-se necessário selecionar sujeitos

(GIL, 2002, p. 98). Os sujeitos da pesquisa serão os Coordenadores dos Projetos

PROCIMA – Programa de criação intensiva de Matrinxã em canais de igarapé e

TANRE – Tanques-rede, tecnologia para o cultivo de Tambaqui e Matrinxã e também

as famílias contempladas nas Comunidades pela manutenção desses projetos, os quais

apresentamos a seguir:

Coordenadores dos projetos:

FUCAPI - Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica:

Coordenador Prof. MSc Fernando Santos Folhadela;

INPA - Instituto Nacional de Pesquisa do Amazonas: Coordenador Prof.

MSc Jorge Daniel Indrusiak Fim;

EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: Coordenador

Prof. MSc José Nestor de Paula Lourenço.

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Comunidades onde foram implementados os Projetos e as respectivas famílias:

PROCIMA – Programa de criação intensiva de Matrinxã (Brycon Cephalus) em

Canais de Igarapés de Terra Firme:

Assentamento do Tarumã-Mirim, Km 21 da BR-174 – Manaus-AM

O lote do Sr. Avemar Bobote - n° 90, na Comunidade do Ramal da

Conquista 3 Galhos;

O lote do Sr. Antônio Carlos de Almeida - n° 68, na Comunidade do

Ramal 3 Irmãos;

O lote do Sr. Egiceli Nascimento de Souza - n° 84-A, na Comunidade do

Ramal Novo Paraíso;

O lote do Sr. Rubens Pereira dos Santos - n° 652, na Comunidade do

Ramal da Felicidade.

TANRE - TANQUES-REDE – Tecnologia para o cultivo de Tambaqui e Matrinxã

em Nível Familiar nas comunidades ribeirinhas dos Municípios de Maués e

Iranduba:

Lago do Maués-Miri – Maués-AM;

Dirceu Leão Michiles

Antonia Correa de Oliveira

Eder Michiles de Oliveira

Joséas Aboabe Correa

Arioni Fonseca da Costa

Lago do Ariauzinho – Iranduba-AM

Valter de Assis Alves

Raimundo Jacinto da Silva

Francisco Edmilson Ribeiro de Almeida

Armando Pinheiro de Oliveira

Azemar Benício da Silva

Manoel Santos Castro

Odete da Conceição Santos

Francinaldo Andrade Farias

Auxiliadora Olegário Frazão

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3.4 Instrumentos de coleta de dados

Para Bêrni (2002), diz-se que as fontes primárias são aquelas cujo envolvimento

direto do pesquisador é o responsável pela obtenção, como é o caso das entrevistas e

questionários, por contraste às fontes secundárias, as quais resultam do exame de

registros contábeis ou administrativos originalmente feitos sem a intenção de

reaproveitamento por parte dos pesquisadores. No que diz respeito à determinação do

número de casos, Gil (2002, p. 139) atenta para o fato de que os estudos de caso podem

ser constituídos tanto de um único quanto de múltiplos casos. Os instrumentos

utilizados para coleta e análise dos dados foram os seguintes:

3.4.1 Fontes de dados Secundários

A pesquisa documental se deu nos arquivos da Fundação Centro de Análise,

Pesquisa e Inovação Tecnológica – FUCAPI; Instituto Nacional de Pesquisa do

Amazonas – INPA e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, onde

foram tomados como referência os relatórios elaborados pelos responsáveis pelos

projetos desde a implantação do Programa Plataforma Tecnológica/APL no período de

2003 a 2006.

3.4.2 Coleta de dados primários

A pesquisa de Campo foi realizada nos locais onde foram implementados os

projetos; PROCIMA e TANRE. Também foram entrevistados nos respectivos órgãos,

os coordenadores dos projetos e o coordenador interveniente. Foram utilizados

entrevistas e formulários como técnica de coleta de materiais.

A entrevista pode ser definida como um encontro entre duas ou mais pessoas a

fim de que uma ou mais delas obtenha dados, informações, opiniões, impressões,

interpretações, posicionamentos, depoimentos, avaliações a respeito de um determinado

assunto, mediante uma conversação de natureza acadêmica e/ou profissional.

Segundo Lima (2004, p. 90), a entrevista, por pressupor mais tempo se

comparado ao questionário ou ao formulário, devido à intensidade do contato e por

envolver maior profundidade na comunicação estabelecida entre o pesquisador e o

entrevistado, o material resultante pode ser rico em termos descritivos, ilustrativos,

explicativos e analíticos. A utilização de entrevista restringiu-se a uma abordagem semi-

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estruturada e de caráter exploratório e se deu juntos aos coordenadores do INPA,

EMBRAPA E FUCAPI.

A utilização do formulário é relacionada ao levantamento (survey) que é uma

técnica de coleta de dados que pertence à categoria de pesquisa direta extensiva. Tanto

quanto o questionário, o formulário pressupõe trabalhar com o universo total de uma

determinada população (censo) ou com critérios amostrais. Para Lima (2004, p.70) o

formulário é um instrumento de coleta de dados com o qual, sob a orientação de um

roteiro de questões, o pesquisador aborda, questiona e registra as respostas obtidas do

contato com base em uma comunicação direta.

A pesquisa através de formulários com perguntas semi-abertas, abertas e

fechadas foram aplicadas junto às famílias nas comunidades onde foram implementados

os projetos.

3.5 Análise e interpretação dos dados

Para Gil (1999, p.185), não existem, pois, normas que indiquem os

procedimentos a serem adotados no processo de interpretação dos dados. O que existe

na literatura especializada são recomendações acerca dos cuidados que devem tomar os

pesquisadores, para que a interpretação não comprometa a pesquisa. Quase tudo o que é

dito sobre interpretação dos dados na pesquisa social refere-se à relação entre os dados

empíricos e a teoria. Segundo Merton (1964) apud Gil (1999, p.186), quando a

interpretação dos dados se apóia em teorias suficientemente confirmadas, lançam-se

“raios de luz no obscuro caos dos materiais”.

Como o estudo de caso vale-se de procedimentos de coleta de dados os mais

variados, o processo de análise e interpretação pode, naturalmente, envolver diferentes

modelos de análise. Para Gil (2002, p.141) o mais importante na análise e interpretação

de dados no estudo de caso é a preservação da totalidade da unidade social. Daí, então, a

importância a ser conferida ao desenvolvimento de tipologias. Muitas vezes, esses

“tipos ideais” são antecipados no planejamento da pesquisa. Outras vezes, porém,

emergem ao longo do processo de coleta e análise de dados.

Para a análise dos dados coletados, foram utilizadas técnicas de estatística

simples e análise de conteúdo. As técnicas estatísticas utilizadas foram, basicamente, as

de natureza simplificada.

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3.5.1 Tratamento dos dados qualitativos

Segundo Bêrni (2002, p.236), o que particulariza os trabalhos qualitativos é que

eles possibilitam descrever as qualidades de determinados fenômenos ou objetos de

estudo. As fontes mais utilizadas para este tipo de análise são documentais ou resultado

de entrevistas e observações.

3.5.1.1 Análise de conteúdo

A noção de tema está ligada a mensagem que se referem a determinado assunto.

O tema é a unidade de significação que se depreende de um texto analisado de acordo

com critérios relativos à teoria que serve de guia de leitura (BÊRNI, 2002, p.252).

Assim a partir da teoria e de um conhecimento prévio exploratório do material a ser

analisado elabora-se um sistema de categorias temáticas, por meio do qual se classifica

de forma exaustiva o material analisado. Os dados qualitativos foram assim tratados:

Análise temática

o Definição da unidade de análise;

o estabelecimento de categorias;

o quantificação do conteúdo

A tabulação dos dados provenientes de questões abertas consiste na leitura das

respostas e na identificação de uma palavra, um conceito, uma expressão que revele a

essência do sentido da resposta. Feito isso e encontradas palavras ou expressões

adequadas para representar os depoimentos, temos o que se chama de categorias. Na

aplicação dos formulários junto ás comunidades, as categorias foram pós-determinadas,

ou seja, foram formuladas após a coleta dos dados. Após a determinação das categorias,

os dados foram tratados através da estatística descritiva.

Através do softwear de estatística, Minitab Release 14, trataram-se os dados

qualitativos, estabelecendo categorias e quantificando o conteúdo posteriormente.

O resultado da entrevista estruturada, junto aos coordenadores, foi tratado pelo

nível de convergência dos conteúdos encontrados, elaborados categorias de respostas

que permitiram a análise das mesmas.

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3.5.2 Tratamento dos dados quantitativos

Tabulação é o processo de agrupar e contar os casos que estão nas várias

categorias de análise (BÊRNI, 2002, p.170). Após a tabulação dos dados, se procederá à

sua análise estatística, através da descrição dos dados.

O procedimento da tabulação se deu da seguinte forma. Enumeraram-se todas as

respostas das questões fechadas e semi-abertas apresentadas no formulário. Em seguida,

utilizando-se um softwear de estatística, o Minitab Release 14, apuraram-se as

freqüências e percentuais das diversas variáveis.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo descreve-se, analisa-se e interpreta-se os dados coletados durante

a realização da pesquisa. Para tanto, aborda-se inicialmente um breve resumo do

Programa Plataforma Tecnológica e suas perspectivas para o Estado do Amazonas

destacando-se os projeto a ele vinculado no campo da piscicultura, PROCIMA e

TANRE. E em seguida, apresenta-se o perfil socioeconômico dos atores integrantes das

comunidades envolvidas nos dois projetos para depois então, dividir as análises e

interpretações dos dados colhidos de cada um deles.

Esta forma de abordagem proporcionará melhor visão de cada projeto em

separado, devido suas particularidades. Desse modo, foca-se inicialmente nos aspectos

inerentes ao projeto PROCIMA e sua tecnologia de canal de igarapé em terra firme

implementado em um assentamento do INCRA. e, em um segundo momento, no projeto

TANRE e a tecnologia dos tanques-rede em lagos no interior do Estado do Amazonas.

Após a descrição das especificidades relativas aos dois projetos, faz-se uma

comparação entre eles para abrir discussões sobre duas frentes: a) as principais variáveis

que nortearam a pesquisa socioeconômica, ou seja, renda e inclusão alimentar; b)

análise dos principais gargalos identificados no APL de piscicultura; regulamentação,

busca de mercado e capacitação de recursos humanos.

Por último, a analise e interpretação dos dados colhidos por meio da entrevista

semi-estruturada aplicada aos coordenadores dos projetos PROCIMA e TANRE,

procurando fazer um levantamento de como foi conduzida a política pública e sua

eficácia na sustentabilidade dos projetos.

4.1 – O PROGRAMA PLATAFORMA TECNOLÓGICA/APL

De acordo com Lima (2005), o Programa Plataforma Tecnológica/APL, visa

promover a vinculação das instituições de pesquisa com os setores produtivos. É de

iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia (MTC), em conjunto com os Governos

Estaduais.

Atualmente a FINEP dispõe de dotações orçamentárias destinadas ao

financiamento de projetos vinculados a Arranjos Produtivos Locais, promovidos pelo

MCT, onde o trabalho vem por meio de uma demanda concreta, após a articulação de

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todos os entes ligados a cadeia produtiva, originando ações de tecnologia e inovação

para resolver os gargalos tecnológicos das cadeias.

Segundo Lima (2005, p.205): É, portanto, um programa que visa à solução de gargalos tecnológicos de determinadas áreas prioritárias em cada Estado. Esse método, Plataformas Tecnológicas, une planejamento e ação e ao mesmo tempo, é um processo de envolvimento e negociação entre todos os atores participantes: o setor produtivo, as universidades e centros de pesquisa, o SEBRAE, o SENAI, o IEL, a EMBRAPA, o MCT e suas agências e os governos estaduais por meio das Secretarias de Ciência e Tecnologia e das Fundações de Amparo à Pesquisa.

No caso específico do Estado do Amazonas, foram priorizados quatro segmentos

entre os quais a piscicultura. A partir daí definiram-se os principais gargalos existentes

no arranjo produtivo de piscicultura e suas respectivas ações estratégicas: O primeiro

denominado Ordenamentos e Regulamentação, o segundo, Geração/Adaptação e

Difusão de Tecnologia, o terceiro, Competitividade e Mercado, o quarto Capacitação de

Recursos Humanos e o quinto Piscicultura Familiar.

O grupo de Ordenamentos e Regulamentação apontou como gargalos a

Regulamentação do Aquicultor; para solução apontou-se a desburocratização do

processo de regulamentação. O grupo de Geração/Adaptação e difusão de Tecnologia,

citou como gargalo, às doenças, reprodução, sistema de produção, impacto ambiental.

Como ações estratégicas, o diagnóstico, prevenção e controle de doenças; reprodução

massiva de alevinos; adaptação de sistemas de produção nas diferentes unidades de

produção; indicadores de impacto ambiental.

No grupo de Competitividade e Mercado foram inclusos os gargalos

relacionados a crédito, estudo da cadeia produtiva, custo de produção, redução do custo

e busca de mercados para pequenos piscicultores. As ações sugeridas foram viabilização

de linhas de crédito; identificação das restrições e potencialidades técnicas, econômicas

e sociais da cadeia produtiva da piscicultura; estabelecimento de estratégias para

diminuição do ciclo e custo de produção; e o fortalecimento do associativismo.

Para o grupo Capacitação de Recursos Humanos, foi identificado apenas um

gargalo que é a profissionalização do setor. As ações propostas foi o fortalecimento de

cursos de nível médio e pós-médio, especialmente nas regiões produtoras; capacitação

dos piscicultores em técnicas de cultivo, processamento e gestão, além de cursos de

atualização para os técnicos que prestam assistência técnica aos piscicultores.

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Quanto ao grupo Piscicultura Familiar, o gargalo identificado foi à falta de

tecnologias adequadas. Para isso propôs-se como ações estratégicas o desenvolvimento

de práticas de criação e técnicas de manejo e processamento para a piscicultura familiar.

Em reunião, ao serem validados e priorizados, os representantes de cada grupo

optaram por estabelecer a prioridade atribuindo pontos e tendo como critérios a

sustentabilidade ambiental; a capacidade de geração e adoção de tecnologia; a

relevância social e a importância econômica. Dessa forma a temática Piscicultura

Familiar obteve a maior pontuação.

Os sistemas de produção escolhidos foram o de Tanque-Rede e Canais de

Igarapé e definidos os projetos que o comporiam: 1) Projeto Tanques-rede (TANRE):

Tecnologia par o cultivo de tambaqui e matrinxã em nível familiar; 2) Programa de

Criação Intensiva de Matrinxã em Canais de Igarapé de Terra Firme (PROCIMA):

aplicação em nível de subsistência e empresarial.

O primeiro destina-se àquele produtor que não tem uma propriedade apropriada

para a criação de peixe, mas reside em local próximo a lagos, propícias a instalação de

tanques-rede. O segundo, aos detentores de propriedade em terra firme, no interior da

floresta, mas que não dispõem de recursos para confeccionar uma barragem.

Na seção 3.4 deste capítulo discute-se a ampliação das etapas do APL de

piscicultura, fazendo levantamento nos dois projetos de possíveis ações estratégicas,

visando eliminar os gargalos da cadeia produtiva e sua real eficácia, pois acredita-se que

depois da priorização da Piscicultura Familiar, a solução dos outros gargalos seriam

imprescindíveis na sustentação do APL.

4.1.1 Projeto PROCIMA

O projeto tem como órgão executor o INPA e como co-executores: Instituto de

Proteção Ambiental do Amazonas/IPAAM; Superintendência da Zona Franca de

Manaus/SUFRAMA; Universidade Federal do Amazonas/UFAM; Instituto Nacional de

Colonização e Reforma Agrária/INCRA. Teve como instituição interveniente a

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico/SEDEC atual SEPLAN e envolve

a participação de pequenos produtores do Assentamento do Tarumã-Mirim, Km 21 da

BR-174 – Manaus-AM

Seu propósito é montar um programa de produção de matrinxã com elevada

produtividade a partir de tecnologia desenvolvida na região e repassar aos setores

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produtivos locais para aplicação imediata tanto na manutenção familiar como

empresarial.

Para tanto, iniciaram-se os estudos com experimentos relativos ao manejo de

reprodutores em tanques, manutenção temporária desses reprodutores em água corrente,

indução de desova, e larvicultura e alevinagem. Posteriormente, procederam-se ao

cultivo intensivo de matrinxã no canal de igarapé em canais experimentais de criação

construídos nas propriedades dos pequenos produtores já mencionados.

Da mesma forma que o projeto TANRE o PROCIMA também previu, em suas

diversas etapas de estudo, uma estreita articulação entre as instituições parceiras para o

desenvolvimento de suas atividades, as quais ficaram assim distribuídas: a cargo do

INPA a coordenação e o acompanhamento do cultivo, o monitoramento do nível

estresse, o manejo e biometria dos peixes. Com a UFAM, o monitoramento da água

enquanto que o IPAAM cuida dos impactos.ambientais provocado pelo cultivo e a

SUFRAMA do acompanhamento do cultivo.

4.1.2 Projeto TANRE

Trata-se de um projeto proposto pela FUCAPI, que teve como instituição

interveniente a SEDEC, atual SEPLAN e está sendo executado pela EMBRAPA, tendo

como co-executores, o INPA e o IPAAM. Destina-se ao estudo da adaptação e

transferência de uma tecnologia existente, tanques-rede, para o cultivo de tambaqui

(Colossoma macropomum) e matrinxã (Brycon cephlus) em nível familiar, propondo-se

especificamente a:

a) introduzir o uso de tanques-rede em pequenas comunidades rurais para a criação

de peixes amazônicos;

b) verificar a eficiência do conteúdo nutricional de frutos e sementes de áreas

inundáveis na alimentação e crescimento de espécies ícticas com potencial a

piscicultura;

c) avaliar o estado de saúde e presença de infrapopulações e parasitas em tambaqui e

matrinxã cultivados em tanques-rede e testar tratamentos;

d) avaliar o impacto ambiental da introdução deste sistema de cultivo nas áreas

estabelecidas.

Além das instituições de pesquisa e do órgão de políticas estaduais de meio

ambiente envolvidos com a execução do projeto, este envolve as comunidades

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ribeirinhas dos Municípios de Maués e Iranduba. Essas comunidades participam de

treinamentos, por meio de aulas, palestras, discussões, mesas redondas e cartilhas, cujas

atividades são realizadas periodicamente de acordo com o desenvolvimento das etapas

de estudo.

Em função dessa metodologia os idealizadores do projeto acreditam estar

transferindo os conhecimentos gerados aos integrantes dessas comunidades, visto que

desde a sua implantação os estudos estão sendo desenvolvidos com a participação

efetiva das famílias beneficiadas, as quais têm acompanhado os estudos em todos os

níveis de atividade. Com isso, espera-se que estas pessoas tornem-se agentes

multiplicadores desta tecnologia, estando, portanto, aptos a adotá-la.

Com o alcance do propósito mencionado, almeja-se a obtenção de uma elevada

produtividade e por meio dela a melhoria da qualidade de vida das comunidades, tanto

por disporem de alimento de boa qualidade nutricional, quanto em função do aumento

de renda dessas comunidades por meio da comercialização do excedente de pescado.

4.2 Perfil socioeconômico dos participantes do projeto PROCIMA e TANRE

O perfil socioeconômico dos envolvidos nos projetos PROCIMA e TANRE

encontra-se nas tabelas de 1 à 8 a seguir as quais explicitam as categoriais: Gênero,

Estado Civil, Grau de Instrução, Número de Indivíduos na Família, Número de Filhos,

Principal Atividade Econômica da Família, Renda Familiar Oriunda da Principal

Atividade Econômica e Número de Indivíduos da Família que Trabalham na

Piscicultura.

CATEGORIA FREQ. (%)

Masculino 12 80,00 Feminino 3 20,00 TOTAL 15 100,00 Tabela 1 - Gênero Fonte: Pesquisa de campo

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CATEGORIA FREQ. (%)

Solteiro (a) 4 26,67 Separado (a) Divorciado (a) Casado 11 73,33 Viúvo Convivente TOTAL 15 100,00 Tabela 2 – Estado Civil Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Analfabeto Até 4ª série incompleta do ensino fundamental 2 13,33 Com a 4ª série completa e ensino fundamental incompleto 5 33,33 De 5ª a 8ª série incompleta do ensino fundamental 4 26,67 Ensino fundamental completo 1 6,67 Ensino médio incompleto 1 6,67 Ensino médio completo 1 6,67 Ensino superior incompleto Ensino superior completo 1 6,67 TOTAL 15 100,00 Tabela 3 – Grau de Instrução Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

De 01 a 03 pessoas 2 13,33 De 04 a 08 pessoas 13 86,67 De 09 a 12 pessoas TOTAL 15 100,00 Tabela 4 – Número de Indivíduos na Família Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%) Não tenho filhos 2 13,33 De 01 a 03 filhos 7 46,67 De 04 a 08 filhos 6 40,00 Mais de 09 filhos TOTAL 15 100,00 Tabela 5 – Número de Filhos Fonte: Pesquisa de campo

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CATEGORIA FREQ. (%)

Trabalho na criação de peixes Trabalho em lavouras na região 1 6,67 Trabalho de subsistência 9 60,00 Trabalho informal/bico Aposentado 2 13,33 Outros 3 20,00 TOTAL 15 100,00 Tabela 6 – Principal Atividade Econômica da Família Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Menos de 1 salário mínimo 1 6,67 1 salário mínimo 5 33,33 Até 2 salários mínimo 3 20,00 De 2 a 3 salários 3 20,00 Mais de 3 salários mínimo 3 20,00 TOTAL 15 100,00 Tabela 7 – Renda Familiar Oriunda da Principal Atividade Econômica Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%) 1 indivíduo 9 60,00 De 2 a 3 indivíduos 5 33,33 De 4 a 5 indivíduos 1 6,67 Mais de 6 indivíduos TOTAL 15 100,00

Tabela 8 – Número de Indivíduos da Família que Trabalham na Piscicultura Fonte: Pesquisa de Campo

Como demonstram os dados da tabela 1, 2 e 3 o perfil social dos envolvidos nos

projetos PROCIMA e TANRE são homens a grande maioria, 80%, casados com grau de

instrução concentrados no ensino fundamental incompleto, ou seja, com a 4ª série

completa 33,33% dos participantes e de 5ª a 8ª série incompleta 26,67%. Porém Lima

(2005) afirma que a linguagem e diferenciação no grau de instrução não foram

consideradas como fatores impeditivos na assimilação dos conhecimentos, porque o

coordenador do projeto já possui um certo tempo de trabalho com aquelas comunidades.

Também demonstram os dados, que as famílias contempladas, não se

caracterizam por muitos membros, pois conforme se visualiza na tabela 4; o número de

integrantes situa-se entre 04 e 08 pessoas na família representando 86,67%, ou seja a

grande maioria; já com número menor de membros, entre 01 e 03, aparece com 13,33%

de representatividade. A maior parte das famílias 46,67% possuem no máximo 03

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filhos. De 04 a 08 filhos, é representado por 40,00% das famílias, o restante não

possuem filhos.

Relativo a principal atividade econômica que mantém as famílias contempladas

no projeto, representa 60,00% em trabalho de subsistência, apresentando a maior parte

uma renda familiar entre um e três salários mínimos, 40,00% enquanto aqueles que

recebem até um salário mínimo, representam 33,33% dos participantes.

Dos números acima depreende as expectativa de alcance de benefício

socioeconômico com a implementação de ambos os projetos vez que o projeto

PROCIMA objetiva a criação de matrinxã com elevada produtividade e baixo impacto

ambiental, para manutenção familiar (alternativa de produção de alimentos para o

consumo e própria sobrevivência das pessoas alocadas nos assentamentos) ou mesmo

como atividade empresarial (empreendimentos de lazer, ecoturismo, pequenos

produtores nas pequenas comunidades e assentamentos nos programas governamentais

do Estado do Amazonas). Enquanto que o TANRE dedica-se ao cultivo de tambaqui e

Matrinxã em nível familiar para pequenas comunidades rurais, visando a

disponibilização de alimento e aumento da renda pela comercialização do excedente

gerado.

Segundo Lima (2005), a intenção desses projetos não é tornar a piscicultura uma

atividade única, mas sim uma das atividades complementares, porque a agricultura

familiar no Estado do Amazonas está baseada em uma produção diversificada com

pequena escala e o peixe seria mais um desses produtos.

Por sua vez Folhadela (2005, p.65), afirma que a população do interior do

Estado do Amazonas, próxima de igarapés, sofre carências alimentares sérias que a leva

a abandonar o meio rural e suas residências localizadas no interior do Estado e se dirija

aos centros urbanos onde, certamente, ficará em situações críticas de sobrevivência

criando sérios problemas sociais. A realidade do Estado do Amazonas, formado por

pequenas propriedades e pequenos produtores rurais, de baixo nível de renda, é de

difícil acesso aos meios e técnicas de produção, mas ávidos por terem disponíveis

técnicas de experimentos que viabilizem a piscicultura em pequena escala produtiva.

Do exposto, deduz-se que os programas PROCIMA e TANRE, atingem esse

público, conforme o perfil apurado pela pesquisa, dando possibilidades da fixação do

homem no meio rural. Essas evidencias nos conduz ao entendimento de que para a

maioria, foi muito importante a implementação desse projeto, devido às condições de

vida voltada para a agricultura de subsistência, ou sobrevivendo com a ajuda de

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aposentadoria de um familiar. A construção do canal de igarapé em terra firme e

tanques-rede proporcionaram trabalho, para pelo menos um membro da família,

conforme apresenta a tabela 8 representando 60,00% dos participantes, e para outras

famílias, chegou a envolver de 2 a 3 membros, representando 33,33% dos envolvidos,

proporcionando bem estar social e renda.

4.3 Análise do projeto PROCIMA

Agrupa-se nesta seção para análise as questões que têm por objetivo mapear os

estágios de expansão do projeto acima citado e apontar os benefícios socioeconômicos

gerados pelo mesmo.

As variáveis que nortearam a pesquisa quanto à expansão do APL foram às

seguintes:

Formação de novos criadores, através da disseminação do conhecimento;

Formação de cooperativa;

Acesso a mercados;

Apoio financeiro governamental ou não-governamental;

Construção de novo canal de igarapé;

Continuidade na criação de peixes.

Quanto aos benefícios socioeconômicos gerados pelo APL, as variáveis

avaliadas foram:

Acesso à educação;

Emprego a familiares e terceiros;

Melhoria na alimentação;

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Melhoria na saúde;

Geração de renda;

Externalidades positivas na comunidade.

4.3.1 Avanços e expansão do projeto PROCIMA

Dado a importância das políticas governamentais para a fixação do homem no

meio rural, com oportunidade de boa alimentação e geração de renda para seu bem estar

social, o projeto piloto, PROCIMA, foram experimentos com proposta de expansão,

através do conceito de arranjos produtivos locais, proporcionando a disseminação do

conhecimento para toda a comunidade do assentamento Tarumã Mirim.

Para a seleção das áreas para a instalação dos módulos experimentais foram

efetuadas visitas a várias localidades no Ramal do Pau Rosa, na BR-174, km 21. Esta

área pertence a um projeto de assentamento denominado Tarumã Mirim, sob a

responsabilidade do INCRA, com 1.042 lotes com o tamanho de 25 hectares

desenhados em uma área total de 42.000 ha, com uma característica importante para o

sucesso do projeto, a existência de igarapés em grande parte dos terrenos

(FOLHADELA, p. 81).

Dentre as 20 (vinte) localidades visitadas, afirma Folhadela (2005), foram

selecionadas quatro do Assentamento do Tarumã Mirim para a implantação dos

experimentos de criação de matrinxã em canais de igarapés de terra firme. Foram elas:

O lote do Sr. Avemar Bobote - n° 90, na Comunidade do Ramal do

Conquista 3 Galhos;

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O lote do Sr. Antônio Carlos de Almeida - n° 68, na Comunidade do Ramal

3 Irmãos;

O lote do Sr. Egiceli Nascimento de Souza - n° 84-A, na Comunidade do

Ramal Novo Paraíso;

O lote do Sr. Rubens Pereira dos Santos - n° 652, na Comunidade do Ramal

da Felicidade. (sem registro fotográfico)

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O conceito de APL adotado pela RedeSist, segundo Lastres e Cassiolato (2003)

é de que as aglomerações territoriais de agentes econômicos políticos e sociais – com

foco em um conjunto específico de atividades econômicas – podem apresentar vínculos

mesmo que incipientes.

A importância da utilização do modelo dos APLs para o desenvolvimento

regional, é que a implementação do projeto com tecnologia para cultivo de Matrinxã

fosse estruturado, visando a formação de uma cadeia produtiva ao ponto de expandir e

ganhar forças gerando renda para a região.

Assim, mesmo sendo incipientes a cooperação entre os atores envolvidos no

projeto, o encadeamento do setor produtivo, pode ter ganhos de produtividade, a medida

que a aprendizagem coletiva faz surgir oportunidades, através das trocas de

informações, encontrando saídas em conjunto como negociações e acesso a novos

mercados.

Para Alfred Marshall (1982) o transbordamento de conhecimento, origina-se de

uma fonte importante de conhecimento técnico, que é a troca informal de informações e

idéias, que ocorre mais facilmente em negócios localizados em uma mesma região.

Marshall (1982, p.234) diz “Os segredos da profissão deixam de serem segredos, e, por

assim dizer, ficam soltos no ar”.

Trazendo os conceitos acima para a realidade estudada, salienta-se que os

entrevistados que participaram do projeto PROCIMA, afirmaram conhecer hoje poucas

pessoas que estão criando peixes no assentamento do Tarumã mirim. Não se sabe se

estas pessoas estão utilizando a tecnologia do canal de igarapé em terra firme, conforme

desenvolvida pelo programa do governo através do INPA, e autorizada pelo IPAAM,

conforme resolução CEMAAM nº 01/08; publicada no Diário Oficial do Estado do

Amazonas nº 31.377 de 03 de Julho de 2008 (Anexo 1).

Esta afirmativa confirma a disseminação do conhecimento dada pelos

entrevistados, conforme tabela 9, quando informaram que transferiram conhecimento

para alguém da comunidade para que pudessem implantar o canal de igarapé em seu

lote, no assentamento, ou mesmo buscando informações com os órgãos envolvidos no

projeto, como o INPA.

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CATEGORIA FREQ. (%) Sim 3 100,00 Não TOTAL 3 100,00 Tabela 9 – Transferência de Conhecimento na Comunidade Fonte: Pesquisa de campo

Todos os envolvidos no projeto, afirmaram que valeu a pena começar o negócio

de criação de peixes, fato esse confirmado pela resposta dada ao questionamento se eles

construiriam outro canal de igarapé, conforme mostra o gráfico abaixo.

Gráfico 1 – Construção de novo canal de igarapé Fonte: o autor Dado o envolvimento das pessoas contempladas pelo projeto com os técnicos e

coordenadores dos órgãos, somando os resultados que foram se apresentando, criaram

expectativas e se empolgaram com o sucesso futuro. Diante da visão de uma vida

melhor, com trabalho, alimentação e melhor renda, até hoje guardam a expectativa de

criar o peixe, alimentar-se, negociar o excedente e expandir o negócio, com a

construção de novo canal de igarapé.

Neste sentido, destacam-se as colocações de Cocco et al (2002) devem

contemplar um planejamento do contexto capaz de tornar visíveis as “mãos da

comunidade” e sobretudo, de fazer emergir formas de atuação empreendedoras nestes

“territórios sociais”. Deste modo, trata-se da criação das condições necessárias (o meio

ambiente necessário) à emergência de atividades produtivas ancoradas nestes territórios,

capazes de incorporar as franjas populacionais à esfera da cidadania.

Os resultados a serem colhidos pela implementação do Programa Plataforma

Tecnológica/APL era incluir essas pessoas ao universo produtivo, proporcionando-lhes

bem estar social e econômico. As afirmativas dos entrevistados quanto à melhoria de

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alimentação durante o desenvolvimento do projeto e a segurança de poder fixar-se na

área rural, sem medo de ter que voltar a cidade em busca de emprego, representa a

confiança que depositaram no sucesso do programa.

Durante a implementação do projeto, os envolvidos afirmaram perceber que a

produção do peixe aumentava a cada nova safra, devido a experiência que se somava a

cada ano, aliada a motivação e poder oferecer melhor alimentação à família além da

possibilidade de auferir ganhos financeiros com a venda dos peixes.

Quanto às quantidades exatas que produziram durante os anos de implementação

do projeto, ou seja, 2003 à 2006, um participante afirma não ter idéia da produção,

enquanto que outro afirmou ter produzido aproximadamente 500 Kg em 2003; 700 Kg

em 2004; 800 Kg em 2005 e em 2006 apenas 300 Kg devido já a falta de alimento e ao

rompimento de sua barragem.

Concernente aos resultados advindos com a execução do projeto, os dados

coletados nos conduzem ao entendimento de que os seus participantes acreditavam no

êxito da produção de peixe em canais de igarapé, pois a maioria deles afirmaram ser

vantagem desse tipo de cultivo conforme se observa na tabela 10.

CATEGORIA FREQ. (%)

Vantagens 3 100,00 Desvantagens TOTAL 3 100,00 Tabela 10 – Você Encontrou Vantagens ou Desvantagens ao Criar Peixes Fonte: Pesquisa de campo

Dentre as vantagens mais citadas pelos participantes do projeto, está o

fornecimento de alimento para a família e a renda que gerou pela venda ou negociação

do excedente. Outra vantagem muito citada foi o conhecimento e a aprendizagem que

adquiriram e que não perdem mais; ainda sobre vantagens, apontaram a facilidade de

tocar o negócio e a boa produção em pequeno espaço.

Confrontando-se os dados acima com as propostas do APL de piscicultura do

Estado do Amazonas, percebe-se que um dos objetivos implícitos do referido arranjo foi

atingido que é a inclusão alimentar e a geração de renda familiar com o excedente da

produção.

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Para que se formasse a cadeia produtiva da produção de peixes, é de suma

importância que todos os participantes do projeto discutissem quais os mercados

deveriam ser acessados e como se daria esse acesso. O conceito de arranjo produtivo

local favorece essa interação entre os atores na busca do melhor resultado para todos.

O empenho desses atores é fundamental na sobrevivência do projeto, pois,

qualquer falha, de ordem técnica, ou isolacionismo, poderia causar o fracasso do

mesmo. É aí que encontramos a importância da cooperação entre os participantes, afim

de não permitir a quebra de um ou alguns pilares de sustentação do projeto.

Diante das respostas apresentadas nas tabelas abaixo, verificamos que houve

durante o desenvolvimento do projeto, preocupação na melhoria da produtividade e

escoamento do excedente produzido.

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim, facilita muito 3 100,00 Sim, facilita um pouco Não facilita, mas também não atrapalha

Além de não facilitar, atrapalha um pouco

Além de não facilitar, atrapalha muito TOTAL 3 100,00 Tabela 11 –Manutenção do Projeto e as Vendas se Houvesse uma Cooperativa? Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Não, nunca pensei no assunto Não, mas penso nisso para um futuro próximo 1 33,33 Sim, já nos reunimos algumas vezes 2 66,67 TOTAL 3 100,00 Tabela 12 – Houve Reunião para Tratar da Melhoria da Produção e Comercialização Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Não, cada um negociou o seu 2 66,67 Sim, nos unimos para melhorar as vendas 1 33,33 TOTAL 3 100,00 Tabela 13 – Procuraram em Conjunto um Comprador para o Excedente Fonte: Pesquisa de campo

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Como se observa na tabela 11, cem por cento dos entrevistados responderam que

facilita muito a manutenção do negócio e o escoamento da produção se houvesse uma

cooperativa. A reunião de todos os produtores em cooperativa traria benefícios ao

grupo, pois garantiria a colocação no melhor preço de mercado de seus produtos,

evitando a presença do atravessador, que procura comprar mais barato, visando ganhos

na negociação. Por outro lado permitiria que todos pudessem estar concentrados na

produção e melhoria da produtividade dos peixes, sabendo que não haveria perdas em

fracionar as vendas pela comunidade, sem fixação do preço de forma racional,

calculando custos e margem de lucro.

Observa-se que houve interesse do grupo em discutirem a melhoria da produção

e comercialização, face às dificuldades encontradas em formar a cadeia produtiva do

APL, quando analisamos as respostas da tabela 12. Duas pessoas responderam que já

haviam se reunido, algumas vezes, para discussão e formação da cadeia produtiva.

No entanto, quando avaliamos as respostas da tabela 13, sobre o esforço dos

criadores de peixe em procurar um comprador para o excedente da produção, nota-se

que a maioria dos envolvidos negociou individualmente sua produção.

Este posicionamento ficou claro quando respondem sobre as oportunidades de

negócios que surgiram durante a produção de peixes.

PERGUNTA RESPOSTAS FREQ (%)

Quais as oportunidades de negócios que surgiram, com a produção de peixes?

Venda na comunidade e outra parte na

cidade Venda na comunidade; Doei parte

Venda na comunidade; Prefeitura;

1

1

1

33,33 33,33 33,33

Quadro 01– Análise de Conteúdo das Oportunidades de Negócios FONTE: Pesquisa de campo

Verifica-se que os produtores procuravam vender o peixe na própria

comunidade; às vezes, os consumidores iam pessoalmente comprar e o preço era dado

no momento do negócio. Na realidade cada um vendia seu produto como podia, pois

apesar dos movimentos incipientes para procurar um comprador, ou mesmo para formar

uma cooperativa, não se realizaram.

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Não obstante a proposta do programa Plataforma Tecnológica/APL contemple

explicitamente a solução de gargalos tecnológicos de determinadas áreas prioritárias em

cada Estado, os estudos desenvolvidos no APL de piscicultura do Estado do Amazonas

foram propostos com o intuito de proporcionar condições ao homem que vive no meio

rural de fixar-se no campo, através da geração de renda. A escolha do Assentamento do

Tarumã Mirim que congrega milhares de lotes oferecido às famílias com vocação

agrícola, fundamenta-se exatamente na possibilidade de ofertar um horizonte de bem-

estar social num local onde a renda é escassa, porém rico em recursos naturais. Esses

recursos, como por exemplo, os canais de igarapé, podem oferecer emprego, alimento e

renda se utilizados de forma sustentável, como prevê o programa.

Expandir para todo o assentamento a tecnologia dos canais de igarapés, seria

uma política de distribuir melhor a renda, numa localidade que vive-se da agricultura de

subsistência e produção de carvão.

Contudo, o alcance de tais propósitos foi prejudicado, pois conforme se visualiza

nas tabelas 14 e quadro 2; as comunidades não deram continuidade à criação de peixes

com a tecnologia do canal de igarapé em terra firme devido à dificuldade de acesso; isto

é, falta de condução e apoio financeiro e acesso a mercados.

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim Não 3 100,00 TOTAL 3 100,00 Tabela 14 – Continua a Criar Peixes Fonte: Pesquisa de campo

PERGUNTA RESPOSTAS FREQ. (%)

Se a resposta, da questão anterior for negativa, quais os principais motivos que te fizeram parar a criação?

Financiamento do negócio;

Dificuldade de acesso; falta de condução;

2

1

66,67

33,33

Quadro 02 – Análise de Conteúdo dos Motivos que Levaram a Parar a Criação de Peixes FONTE: Pesquisa de campo

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Como se observa no quadro acima, a falta de recursos financeiros foi um dos

motivos para a não continuidade do negócio, afirmam 66,67% dos entrevistados. Para

um deles, o desmoronamento do tanque, foi o motivo da paralisação. Porém a

dificuldade financeira mais o acesso complicado para trazer o material de Manaus, para

refazer o canal de igarapé obrigou-o a parar. Hoje continua a criar peixes, porém sem

utilizar a tecnologia do canal de igarapé em terra firme. Outro entrevistado afirma estar

momentaneamente sem criar peixes, mas se prepara para voltar, dentro do padrão

ensinado pelo INPA.

Dessa forma, apresenta-se nas figuras abaixo a situação atual de alguns dos

contemplados no Projeto PROCIMA:

O lote do Sr. Egiceli Nascimento de Souza - n° 84-A, na Comunidade do

Ramal Novo Paraíso;

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O lote do Sr. Antônio Carlos de Almeida - n° 68, na Comunidade do Ramal

3 Irmãos;

Levantando-se as dificuldades encontradas pelos integrantes desta comunidade

desde o início da criação, constatou-se que a falta de recursos para manter o negócio, a

ausência de energia elétrica, a dificuldade na comercialização dos peixes, devido à

distância dos mercados e acesso para trazer a ração, são os principais fatores

impeditivos do desenvolvimento do negócio, conforme especifica a tabela 15.

CATEGORIA FREQ. (%)

Falta gente para trabalhar Falta dinheiro para manter o negócio 1 33,33 Deu problemas na manutenção/falta técnico

Outros 2 66,67 TOTAL 3 100,00 Tabela 15 – Maiores Dificuldades Durante a Criação de Peixes Fonte: Pesquisa de campo

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Também se constatou, que após o término do projeto nenhum apoio financeiro

foi destinado ao fomento daquela atividade na comunidade mencionada conforme se

observa na tabela 16.

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim Não 3 100,00 TOTAL 3 100,00 Tabela 16 –Apoio Financeiro para Continuar a Criação de Peixes Fonte: Pesquisa de campo

Sem recursos financeiros, os contemplados no projeto deixaram de produzir,

ficando alguns deles na tentativa própria, com os conhecimentos adquiridos ao longo da

implementação do projeto.

4.3.2 Benefícios socioeconômicos gerados pelo projeto PROCIMA

As políticas econômicas com a finalidade de distribuição de renda permitem que

o governo faça chegar renda em regiões de difícil acesso. Quando feita com eficiência,

atenua os desníveis econômicos regionais (PIRES, 1999). No que tange ao Amazonas e

suas peculiaridades é preciso pensar numa política desenvolvimentista sustentável sem a

devastação da floresta e que possibilite benefícios ao interior do estado em face de

concentração de renda na capital.

Nesta acepção, o Programa Plataforma Tecnológica/APL, trás em seu bojo,

também o objetivo de desconcentração espacial e desenvolvimento social e econômico.

Assim, no sentido de compreender e avaliar as contribuições socioeconômicas que o

projeto PROCIMA trouxe para a região, analisa-se a seguir os dados coletados junto aos

contemplados por esse projeto, tomando-se por base as variáveis: acesso à educação;

emprego a familiares e terceiros; melhoria na alimentação; melhoria na saúde; geração

de renda externalidades positivas na comunidade,.conforme mencionou-se

anteriormente.

Com base nos dados da tabela abaixo observa-se os benefícios que o projeto

proporcionou aos sujeitos da pesquisa e seus familiares.

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CATEGORIA SIM % NÃO % Acesso à escola 33,33 66,67 Proporcionou trabalho a familiares 100,00

Conhecimentos gerais 100,00 Gerou emprego a terceiros 100,00 Passei a fazer compras na cidade 100,00

Tabela 17– Sua Vida Melhorou com a Criação de Peixes? Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Sempre freqüentaram 3 100,00 Começaram depois da implantação do projeto

Não freqüentam TOTAL 3 100,00 Tabela 18– Filhos na Escola Fonte: Pesquisa de campo

Ë possível notar que com a implantação do projeto, não houve benefícios de

acesso a escola para dois participantes, enquanto outro afirma que ele passou a se

interessar pelos estudos devido a necessidade de acompanhamento do projeto. Para os

filhos, nada houve de mudança, todos que possuem filhos afirmaram que eles sempre

freqüentaram a escola, conforme é demonstrado na tabela 18.

Quanto a proporcionar trabalho para familiares e para terceiros, o projeto trouxe

benefícios, pois a maioria afirma ter familiares envolvidos na criação de peixes e

também contrataram terceiros em algum momento. A conquista de conhecimento é

unanimidade entre os participantes do projeto. Todos eles afirmaram a importância do

conhecimento no manejo do peixe, pois antes disso não tinham idéia de como fazer.

Relativo à melhoria trazida por efetuar compras na cidade, ou seja, comprar

artigos diferenciados, e todas as novidades alimentares e nutricionais que encontramos

nos grandes mercados, a maioria afirmou que já faziam compras na cidade antes da

implementação do projeto.

As tabelas 19 e 20 demonstram como ficou a saúde da família após o inicio da

criação de peixes. O projeto tinha o objetivo de inclusão alimentar, o que proporciona

melhoria na saúde trazido pelos benefícios das proteínas encontrada nos peixes. Com

a possibilidade de venda do excedente, puderam também incluir outros itens

alimentares antes inacessíveis.

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CATEGORIA FREQ. (%)

Excelente Boa 3 100,00 Regular Ruim Péssima TOTAL 3 100,00 Tabela 19 – Como Ficou a Alimentação da sua Família Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim 3 100,00 Não TOTAL 3 100,00 Tabela 20 – Melhoria na Saúde da Família Fonte: Pesquisa de campo

Com base nos dados acima, deduz-se que foram alcançados os objetivos de

inclusão alimentar, pois todos declararam que sua alimentação ficou boa depois do

inicio da criação de peixes e que “era muito bom buscar o peixe fresquinho pra comer

na hora que queria (sic)”. Além disso, afirmaram também que sentiram uma melhora na

saúde da família. Um dos participantes apontou a melhora do estado de saúde das

crianças, como melhor disposição.

O projeto viabilizava também o aumento da renda familiar, quando possibilitava

a comercialização do excedente produzido. Podemos verificar nas tabelas 21, 22, 23 e

24 esses resultados:

CATEGORIA FREQ. (%)

Aumentou 2 66,67 Diminuiu Estável 1 33,33 TOTAL 3 100,00 Tabela 21 – Melhoria na Renda Fonte: Pesquisa de campo

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CATEGORIA FREQ. (%) TV Som Fogão à gás Geladeira Máquina de lavar Computador Outros 3 100,00 TOTAL 3 100,00 Tabela 22 – Com a Renda da Criação de Peixe pude Comprar: Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim 2 66,67 Não 1 33,33 TOTAL 3 100,0 Tabela 23 – Houve Reformas na Casa? FONTE: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim

Não 3 100,00

Continuou o mesmo

TOTAL 3 100,00 Tabela 24– Melhoria no Transporte Fonte: Pesquisa de campo

Geralmente com o aumento de renda, melhora-se a moradia, o meio de

locomoção e adquire-se bens duráveis, ou seja, eletrodomésticos. Nesse aspecto consta-

se que com a implementação do projeto, duas pessoas afirmam ter aumentado seus

rendimentos, enquanto que outro afirma que a renda permaneceu estável. Um

entrevistado achou insignificante a renda gerada com a criação de peixe no período de

desenvolvimento do projeto e afirma ter guardado o dinheiro na poupança ao invés de

comprar bens duráveis. Outro porém que afirmou que a renda aumentou no período,

também optou por ajudar familiares e não comprar bens duráveis. O segundo que

afirmou ter aumentado sua renda, mostrou-se muito satisfeito com os resultados e

afirma ter comprado além de eletrodomésticos, um motor de 10 HP para barco; e um

cortador de grama, exclusivamente com o dinheiro gerado pela criação de peixe.

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Quanto à moradia um afirmou ter construído sua casa, utilizando dinheiro da

criação de peixe. O segundo que também afirmou melhorar sua casa, disse que

reformou um galpão e construiu um banheiro. Outro não reformou ou construiu casa.

A locomoção de todos os envolvidos no projeto não teve mudanças,

permanecendo como estava desde o inicio da criação de peixes. Durante um certo

tempo, afirmaram ter muita dificuldade na locomoção, que passou a ser de uma linha de

ônibus, o qual não passava quando chovia muito.

Quando perguntados que tipo de conhecimento haviam adquirido, foi unânime

dizerem que hoje sabem as técnicas para a construção do canal de igarapé. Segundo um

deles, acompanhou de perto toda a construção do canal, a verificação da água e hoje ele

tem todo o conhecimento da criação do peixe.

Dado a importância da cooperação entre os atores, pode-se verificar que todos

eles até hoje mantém contatos com uma das instituições que os auxiliou na construção

do canal de igarapé em terra firme, conforme é demonstrado na tabela abaixo.

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim 3 100,00 Não TOTAL 3 100,00 Tabela 25 – Mantém ainda Contato com as Instituições Envolvidas no Projeto Fonte: Pesquisa de campo

Nos comentários de Lima (2005) um aspecto considerado importante nas

interações sociais foi o contato dos pesquisadores com a comunidade, pois estes

profissionais desenvolviam os estudos apenas em suas salas, laboratórios ou nos campos

experimentais não realizando contato com os usuários dos conhecimentos gerados.

O assentamento do Tarumã-Mirim é uma extensa área rural onde o INCRA

procurou fixar o homem com vocação agrícola no campo. Desde sua implantação,

poucas melhorias foram feitas no local. As estradas, a grande maioria, ainda não

asfaltadas, sofrem com a época do inverno, ou de chuvas, dificultando o acesso.

A teoria da aglomeração padrão buscou inspiração no pensamento do

economista liberal Alfred Marshall, no final do século XIX, que em cuja análise dos

distritos industriais britânicos, destacou as externalidades que é um subproduto não

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intencional de alguma outra atividade, geradas pela concentração de várias pequenas

empresas, com características similares, situadas na mesma região.

Com a implementação do Projeto PROCIMA, permitiu-se que haja uma

aglomeração de atividade na mesma região, proporcionando o surgimento de

externalidades positivas. Essas externalidades podem aparecer como, por exemplo, em

formas de benfeitorias estruturais para a região, como estradas, energia elétrica,

mercados, etc.

A presença de tais externalidades foram identificadas com a implementação do

PROCIMA, conforme demonstrado na tabela abaixo:

CATEGORIA NUM. (%)

Energia elétrica Estradas do ramal/região Nada mudou Outros 3 100,00 TOTAL 3 100,00 Tabela 26 – Melhorias na Comunidade Fonte: Pesquisa de campo

Como é possível notar os dados não apontam melhorias estruturais, todavia os

participantes do projeto consideram que a difusão dos conhecimentos sobre a criação do

peixe por toda a comunidade pode ser considerada como um fator positivo neste aspecto

visto que tanto as pessoas da comunidade quanto de instituições como a Secretaria de

produção do Pará; Ministério da Ciência e Tecnologia e do FINEP foram em busca de

informação sobre a forma de cultivo de peixe em canal de igarapé de terra firme. No

entendimento de Folhadela (2005, p. 83), releva-se a importância do conhecimento,

como forma de desenvolvimento da região: Os resultados alcançados nas quatro localidades evidenciam aspectos significativos para o desenvolvimento regional. Estes aspectos, ao encontro do objetivo geral do projeto, estão relacionados à geração de conhecimento local que permita o uso de uma tecnologia voltada para a criação de peixes em canais de igarapé de terra firme, a identificação de que o Matrinxã (Brycon cephalus) pode ser a espécie que assegura elevada produtividade e baixo impacto ambiental e o fato de que a sua implementação pode ser efetivada, quer seja para manutenção familiar, ecoturismo explorado em nível empresarial ou ainda para os pequenos produtores e/ou comunidades assentadas pelo governo no Estado do Amazonas.

Dentre as principais externalidades apontadas por Marshall (1982) encontramos

os fornecedores especializados, mercados comum de trabalho e o transbordamento de

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conhecimento. A externalidade gerada pela implementação do projeto PROCIMA,

conforme a proposição de Marshall foi a disseminação do conhecimento por toda a

comunidade. O gráfico confirma-se esse pensamento entre os contemplados pelo projeto

PROCIMA, quando lhes é perguntado quais os benefícios mais importantes que a

criação de peixe lhe trouxe? E as respostas são unânimes: “o conhecimento”, depois a

“a alimentação”.

Gráfico 2 – Benefícios mais importantes para o PROCIMA Fonte: o autor

No que toca a melhoria de padrão de vida das pessoas e os benefícios mais

importantes julgados por eles, todos afirmaram melhoria no padrão de vida e os

benefícios: Alimentação e Conhecimento.

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98

4.4 Análise do projeto TANRE

Da mesma forma que na análise do PROCIMA nesta seção agrupam-se para

análise as questões que têm por objetivo mapear os estágios de expansão do projeto

TANRE e apontar os benefícios socioeconômicos gerados pelo mesmo envolvendo as

variáveis já mencionadas que são:

As variáveis que nortearam a pesquisa quanto à expansão do APL foram às seguintes:

Formação de novos criadores, através da disseminação do conhecimento;

Formação de cooperativa;

Acesso a mercados;

Apoio financeiro governamental ou não-governamental;

Construção de novo tanque-rede;

Continuidade na criação de peixes.

Quanto aos benefícios socioeconômicos gerados pelo APL, as variáveis

avaliadas foram:

Acesso à educação;

Emprego a familiares e terceiros;

Melhoria na alimentação;

Melhoria na saúde;

Geração de renda;

Externalidades positivas na comunidade.

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O Projeto tem por objetivo a adaptação e transferência de tecnologia já existente,

a de tanques-rede, para o cultivo de tambaqui (Colossoma macropomum) e matrinxã

(Brycon cephalus) em nível familiar (FOLHADELA p. 76). Os ambientes escolhidos

para a instalação dos tanques-rede foram comunidades ribeirinhas localizadas nos

Municípios de Iranduba no lago do Ariauzinho e em Maués no lago Maués-Miri.

Levando-se em consideração que o Projeto TANRE de Iranduba e Maués

utilizaram a mesma tecnologia, ou seja, tanques-rede, serão por isso, analisados em

conjunto.

4.4.1 Avanços e expansão do projeto TANRE

O projeto TANRE pode ser considerado como uma unidade produtiva dentro do

Arranjo Produtivo Local. O conceito de APL, mais amplo que o projeto em si, envolve

a cooperação entre instituições que a partir do momento que passam a ser participativa,

cada uma dentro de sua especificidade, conjugam forças, transformando-se na

capacidade de uma grande empresa. Dentro da realidade do Estado do Amazonas, a

necessidade de desenvolver a agricultura familiar, de forma sustentável, possibilitou,

depois de várias reuniões no âmbito do Programa Plataforma Tecnológica/APL a

utilização do conceito de arranjo produtivo local.

Várias unidades, como a comunidade, a universidade, o instituto de pesquisa, o

consultor técnico, de forma integrativa, criariam a possibilidade de crescimento

endógeno6, ou seja, utilizando os recursos naturais da localidade e suas especificidades,

gerando renda para a região, oferecendo bem-estar social para uma população que tem

encontrado dificuldades para o seu crescimento, face o pólo industrial de Manaus

convergir para a região, todas as formas de interesses e recursos.

O interesse da pesquisa, primeiramente, parte em busca de saber se houve a

disseminação do conhecimento na comunidade. De acordo com as informações colhidas

através do formulário aplicado aos participantes, chegou-se aos seguintes dados,

demonstrados na tabela 27.

6 O conceito de crescimento endógeno vem sendo utilizado em dois sentidos: primeiro, de acordo com a teoria do crescimento, refere-se à capacidade do próprio sistema de gerar inovação; segundo, a referência acima, o crescimento endógeno postulado pelas análises do desenvolvimento local que diz respeito à capacidade dos atores locais de induzir o processo de desenvolvimento.

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100

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim 6 50,00 Não 6 50,00 TOTAL 12 100,00 Tabela 27 – Transferência de Conhecimento na Comunidade Fonte: Pesquisa de campo

Metade dos entrevistados, afirmaram ter ensinado outras pessoas da comunidade

a criar peixes com a tecnologia dos tanques-rede, porém não se sabia se eles passaram a

criar peixes. Conforme se iniciou o movimento das reuniões até o início da

implementação do projeto, despertou interesse naqueles que estavam de fora, fazendo-

os buscar informações sobre a criação. Durante a duração do projeto, muitas pessoas

visitaram o local e também procuravam saber como se fazia a criação.

Para Lima (2005) tendo em vista o projeto ser conduzido com a participação

efetiva das famílias beneficiadas por ele, a EMBRAPA acredita estar transferindo esses

conhecimentos aos mesmos em todos os níveis de atividade sendo estas pessoas agentes

multiplicadores desta tecnologia e, portanto, aptos a adotá-la.

No sentido constatar esta assertiva, recorre-se aos dados levantados os quais

apontam que 58,33% dos entrevistados afirmaram conhecer poucas pessoas criando

peixe nas redondeza; 25% afirmaram que não conheciam nenhuma pessoa; e 16,67%

disseram que conheciam apenas uma pessoa que criava peixe em tanques-rede.

Contudo, quando se trata do nível de satisfação dos envolvidos no projeto,

observa-se que este é elevado conforme ilustra o gráfico abaixo.

Gráfico 3 – Acha que valeu a pena começar esse negócio

Fonte: o autor

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101

Como se observa, a grande maioria dos participantes do projeto, afirmaram ter

gostado da experiência, fato esse que se deu pelas condições da efetiva colaboração da

Embrapa, ao desenvolver suas pesquisas para a aplicabilidade da tecnologia para o

local.

Quando afirmam que valeu a pena, nota-se a importância da geração de renda,

em localidades onde ela é escassa. Segundo Carvalho (1999) o desenvolvimento

econômico revela-se como um fenômeno amplamente desejado pelos povos, uma vez

que o ser humano almeja o aprimoramento da sua qualidade de vida, o que só é possível

no momento em que as necessidades e desejos passam a ser atendidos adequadamente.

O motivo maior que os levou a afirmar que valeu a pena o empreendimento é

justamente a renda. 66,67% deles afirmaram que com a criação de peixes é possível

ganhar um dinheiro extra. Apenas um 8,33%, afirmou valer a pena porque não faltou

alimento em casa. Quanto não valer a pena criar peixes porque gasta muito dinheiro e

não compensa, um entrevistado também afirmou, representando 8,33%.

Dentre outros motivos que foram apontados pelos entrevistados para valer ou

não a pena criar peixes, na ordem de 16,67% um deles afirmou ter tido realmente ganho

financeiro, ou seja lucro, com a criação de peixes e o outro afirmou não ter sido válido,

pois a Embrapa inverteu a ordem da distribuição do que foi produzido em Peixes de

80% para a comunidade; para 20% apenas.

Para testar a motivação dos participantes, foi perguntado se pensavam em

construir outro tanque-rede. Confirmou-se o interesse, quando 83,33% responderam que

pensavam em construir outro tanque-rede ao passo que apenas 16,67% responderam que

não pensavam mais em criar peixes.

Para viabilização do projeto era imprescindível o aumento da produção a cada

safra. O projeto TANRE apresentou particularidades, principalmente em Iranduba, no

Lago do Ariauzinho, onde a EMBRAPA formou duas unidades: Uma unidade

experimental, com tanques próprios para suas experiências científicas, onde os peixes

eram sacrificados para análise de dados sobre sanidade, fisiologia, dentre outros

aspectos; a segunda foi chamada de unidade produtiva, onde houve a participação da

comunidade.

Segundo a percepção dos participantes do projeto, 75% disseram ter aumentado

a produção da sua unidade; 16,67% afirmaram não ter percebido o aumento da produção

e 8,33% disseram que aumentou mais ou menos a produção de peixes durante as safras.

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Já os motivos que eles julgam serem os responsáveis por esses resultados são os

seguintes: 41,67% encontraram o motivo principal na alimentação dos peixes, dizendo

que a ração fez aumentar o peso dos peixes; 16,67% disseram ser pela aprendizagem e

empenho da comunidade; outros afirmaram ter sido apenas três safras oferecidas pela

EMBRAPA, e que no tempo do inverno morreram muito peixe devido falta de oxigênio

na água.

A tabela 28 demonstra que os participantes do projeto TANRE encontraram

mais vantagens do que desvantagens na criação de peixes em tanques-rede.

CATEGORIA FREQ. (%)

Vantagens 10 83,33 Desvantagens 2 16,67 TOTAL 12 100,00 Tabela 28 – Você Encontrou Vantagens ou Desvantagens ao Criar Peixes Fonte: Pesquisa de campo

As vantagens mencionadas pela maioria dos participantes são as oportunidades

de se alimentar melhor, a renda gerada pelo excedente, que segundo eles, foi pouca, mas

foi bom e citaram o conhecimento que adquiriram participando de reuniões e cursos

proporcionados pela EMBRAPA.

Lastres e Cassiolato (2002), destaca que a apropriação de conhecimentos possui

especificidades que não podem ser ignoradas. Conhecimento e informação são recursos

intangíveis que podem ser usados – inclusive simultaneamente – por várias pessoas sem

problemas de esgotamento.

Para os participantes do projeto, o conhecimento que adquiriram passa a ser uma

vantagem, pois onde estiverem podem levar consigo.

Já as desvantagens mencionadas pela minoria dos envolvidos no projeto, foram

a preocupação com roubos dos peixes e a necessidade de não se ausentar do local, como

disseram: “prende muito a gente no lugar (sic)”.

Sobre a produção por safra; 90,91% dos entrevistados afirmaram não ter idéia do

quanto foi produzido, informações estas que constam dos relatórios da EMBRAPA.

O SEBRAE apresenta Arranjo Produtivo Local como concentrações geográficas

de empresas – similares, relacionadas ou complementares – que atuam na mesma cadeia

produtiva auferindo vantagens de desempenho por meio da locação e, eventualmente, da

especialização. Segundo informações da EMBRAPA, durante a implementação do

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projeto tiveram dificuldades com a aquisição da ração produzida na região, a qual se

encontrava com preço acima da ração importada do sudeste. Nota-se a dificuldade da

formação da cadeia produtiva, que é essencial no conceito de APL, pois essas empresas

que compõem essa cadeia devem partilhar, além da infra-estrutura, o mercado de

trabalho especializado e confortam-se com oportunidades e ameaças comuns.

No final da cadeia produtiva da piscicultura, dentro do conceito cooperativo de

APL, os produtores poderiam unir-se em cooperativa com a finalidade de acesso a

mercados de forma mais eficaz. Segundo Diniz e Crocco (2006, p. 19) “mediante

esforço de associação e sinergia, com vistas à solução conjunta de problemas comuns”.

As questões da tabela 29, 30 e 31 demonstram o clima cooperativo existente

entre os participantes do projeto TANRE.

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim, facilita muito 12 100,00 Sim, facilita um pouco Não facilita, mas também não atrapalha

Além de não facilitar, atrapalha um pouco

Além de não facilitar, atrapalha muito

TOTAL 12 100,00 Tabela 29 –Manutenção do Projeto e Vendas se com Cooperativa? Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Não, nunca pensei no assunto 4 33,33 Não, mas penso nisso para um futuro próximo Sim, já nos reunimos algumas vezes 8 66,67 TOTAL 12 100,00 Tabela 30 – Houve Reunião para Tratar da Melhoria da Produção e Comercialização Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Não, cada um negociou o seu 8 66,67 Sim, nos unimos para melhorar as vendas 4 33,33 TOTAL 12 100,00 Tabela 31– Procuraram em Conjunto um Comprador para o Excedente Fonte: Pesquisa de campo

Em primeira análise, todos, ou seja, 100% dos entrevistados afirmam que

facilitaria a manutenção do projeto e favoreceria as vendas de peixes, se houvesse uma

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cooperativa, para escoar a produção. Isto indica que todos eles percebem a importância

da união e cooperação dos produtores.

Também importante apontar que mais da metade dos envolvidos no projeto,

chegaram a se reunir para discutir melhorias na produção e comercialização, indicando

incipiente desejo de reunir forças.

No entanto, percebe-se que, apesar das tentativas, não conseguiram formalizar

um acordo, para caminhar em conjunto, ato que poderia fortalecer e fazer sobreviver o

negócio. A maioria, 66,67% negociou isoladamente seu produto, na comunidade, para

cooperativas, ou mercados na cidade.

Analisa-se a seguir, com as tabelas 32, 33 e 34, quantos participantes avançaram

na produção de peixes com a tecnologia de tanques-rede e estão até nos dias de hoje

produzindo conforme as técnicas apresentadas pela EMBRAPA.

CATEGORIA FREQ. (%) Sim 4 33,33 Não 8 66,67 TOTAL 12 100,00 Tabela 32– Continua a Criar Peixes Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%) Falta gente para trabalhar Falta dinheiro para manter o negócio 7 58,33 Deu problemas na manutenção/falta técnico 2 16,67 Outros 3 25,00 TOTAL 12 100,00 Tabela 33 – Maiores Dificuldades Durante a Criação de Peixes Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim 1 8,33 Não 11 91,67 TOTAL 12 100,00 Tabela 34 – Recebe Algum Apoio Financeiro para Continuar a Criação de Peixes Fonte: Pesquisa de campo

Oito participantes, ou 66,67% não estão criando peixes. Outros 33,33 afirmaram

ter avançado na criação de peixes. Na cidade de Maués, no Lago Maués-Miri, apenas

um participante, continua a criar peixes em tanque-rede, afirmando ter recebido apoio

financeiro (ganhou o tanque-rede e os alevinos da prefeitura) para continuar a criação de

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peixes. Todos os outros participantes do projeto TANRE, mesmo os que avançaram na

criação, afirmam não receber nenhum apoio financeiro ou intercâmbio governamental

ou não-governamental, para continuar a produção.

No Iranduba, Lago do Ariauzinho, um dos participantes continua a criar peixes,

mas pouco peixe, segundo sua informação, devido suas ausências para a cidade depois

que se aposentou. O segundo participante no Iranduba que afirmou continuar a criar

peixes, diz ter retorno financeiro com a criação de peixes e hoje mantém os módulos

antigos utilizados no projeto, os quais adquiriu daqueles que deixaram de produzir. O

terceiro participante do projeto que avançou e continua hoje a criar peixes com a

tecnologia de tanques-rede, firmou parceria com empresário e hoje mantêm em sua

propriedade diversos tanques-redes que produzem tambaqui.

Relativo as maiores dificuldades que encontraram durante a criação de peixes,

58,33% disseram que foi a falta de dinheiro para manter o negócio. Outros 25%

informaram que foi a friagem, que diminui o oxigênio da água; a mudança de pessoas7

dentro de uma instituição que coordenava o projeto que também mudou o sistema de

80% da produção para 20% para os participantes da comunidade; e a dificuldade de

assimilação das novidades técnicas que surgiram. Finalmente, 16,67% afirmaram terem

tido problemas na manutenção e sentiu falta de um técnico.

A seguir, demonstra-se a situação atual do Projeto TANRE em Maués no Lago

Maués-Miri e em Iranduba, no Lago Ariauzinho:

7 Segundo informação da EMBRAPA, houve uma distribuição equivocada por parte de um dos membros do projeto, o qual provocou discordância junto aos participantes da comunidade.

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Os Tanques-redes utilizados pelo Projeto TANRE em Maués

Os Tanques-rede utilizados pelo Projeto TANRE em Iranduba

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Demonstra-se a seguir alguns participantes do Projeto TANRE, os quais

continuam a criar peixes, conforme tecnologia dos Tanques-rede:

No Lago do Ariauzinho em Iranduba

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108

4.4.2 Benefícios socioeconômicos gerados pelo projeto TANRE

O reconhecimento do desenvolvimento desigual no território, o qual decorre de

razões históricas, naturais, culturais, políticas, econômicas e outras, (DINIZ E

CROCCO, 2006) torna-se importante os estudos dos casos brasileiros das tão

incentivadas políticas de clusterização para entender em que medidas são eficientes na

redução da histórica desigualdade regional de renda do país. Avalia-se a partir de agora

os benefícios socioeconômicos derivados de uma política governamental que visa o

desenvolvimento local, através do conceito de Arranjos Produtivos Locais.

Para verificar se o projeto TANRE, atingiu objetivos de melhoria de vida e bem-

estar social para os envolvidos e mesmo para a comunidade, formularam-se as

categorias abaixo para análise.

CATEGORIA SIM % NÃO %

Acesso à escola 26,67 83,33 Proporcionou trabalho a familiares 33,33 66,67 Conhecimentos gerais 100,00 0,0 Gerou emprego a terceiros 8,33 91,67 Passei a fazer compras na cidade 0,0 100,00 TOTAL Tabela 35 – Sua Vida Melhorou com a Criação de Peixes? Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Sempre freqüentaram 7 58,33 Começaram depois da implantação do projeto Não freqüentam 5 41,67 TOTAL 12 100,00 Tabela 36 – Filhos na Escola Fonte: Pesquisa de campo

As respostas sobre se o projeto permitiu acesso de algum familiar à escola

representou 83,33% de negação. Confirma-se na tabela 36, especificamente, se os filhos

foram à escola, devido às melhorias proporcionadas pela criação de peixes, e também se

nota que a maioria das crianças já freqüentavam a escola, ou ainda não estavam em

idade escolar.

Verifica-se um envolvimento menor dos familiares na criação de peixes, quando

66,67% dos entrevistados afirmaram que não proporcionou trabalho aos familiares, nem

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a terceiros, demonstrando maior simplicidade no manejo e que apenas uma pessoa é

suficiente para manutenção dos tanques.

São unanimidade entre os participantes deste projeto sobre proporcionar

conhecimentos gerais, antes desconhecidos por todos eles. Além da operacionalização

do negócio, foram aprofundados conhecimentos e informações acerca do tipo de água,

problemas enfrentados na estação de inverno dentre outros assuntos pertinentes a todo o

projeto.

A melhoria não ocorreu ao ponto de permitir acesso a produtos diferenciados, ou

mesmo fazer compras na cidade, pois anteriormente a implementação do projeto todos

eles já tinham essa condição.

As tabelas 37 e 38, demonstram como ficou a alimentação e a situação da saúde

da família dos envolvidos no projeto.

CATEGORIA FREQ. (%)

Excelente 2 16,67 Boa 9 75,00 Regular 1 8,33 Ruim Péssima TOTAL 12 100,00 Tabela 37 – Como Ficou a Alimentação da sua Família Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim 7 58,33 Não 5 41,67 TOTAL 12 100,00 Tabela 38 – Melhoria na Saúde da Família Fonte: Pesquisa de campo

Quanto à alimentação, os resultados se mostraram mais eficazes, ao ponto de

58,33% dos entrevistados terem notado melhora na saúde da família. A grande maioria,

75% afirmaram que sua alimentação melhorou, pois a facilidade de se alimentar com

peixes frescos lhes proporcionou bem-estar. Outros 16,67% disseram que ficou

excelente sua alimentação e apenas um disse ter ficado regular.

Também no projeto TANRE nota-se pelos resultados acima, o alcance de alguns

objetivos do Programa Plataforma Tecnológica/APL, que é a inclusão alimentar e

também ao proporcionar trabalho, permitiu a fixação do homem no campo.

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Em certas regiões, dos países em desenvolvimento, diz Carvalho (1999) o setor

agrícola, caracterizando uma atividade econômica de grandes dimensões, absorve uma

preponderante parcela de mão-de-obra e de recursos naturais, passando a ter uma

relevante influência na formação da renda.

O Programa Plataforma Tecnológica/APL, através do projeto TANRE buscou

aproveitar as características regionais do Amazonas e seus vastos recursos hídricos para

proporcionar ao homem do campo melhoria na sua renda.

Para investigar até que ponto o projeto teve relevância no aumento de renda dos

participantes das comunidades, procurou-se saber sobre a melhoria da renda e a

conseqüência trazida por este fenômeno econômico.

CATEGORIA FREQ. (%)

Aumentou 8 66,67 Diminuiu Estável 4 33,33 TOTAL 12 100,00 Tabela 39 – Melhoria na Renda Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

TV Som Fogão à gás Geladeira Máquina de lavar Computador Outros 12 100,00 TOTAL 12 100,00 Tabela 40– Com a Renda da Criação de Peixe pude Comprar: Fonte: Pesquisa de campo

CATEGORIA FREQ. (%)

Sim 2 16,67 Não 10 83,33 TOTAL 12 100,00 Tabela 41 – Houve Reformas na Casa? FONTE: Pesquisa de campo

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CATEGORIA FREQ. (%) Sim 2 16,67 Não 10 83,33 Continuou o mesmo TOTAL 12 100,00 Tabela 42 – Melhoria no Transporte Fonte: Pesquisa de campo

Como se vê 66,67% dos participantes afirmaram que houve aumento na renda,

enquanto 33,33% disseram ter ficado estável. Esse aumento não proporcionou impacto

de relevante magnitude no bem-estar das famílias, conforme pode-se avaliar nas tabelas

40, 41 e 42.

O que puderam comprar foram objetos de consumo, sem grande significância:

colchão; mantimentos; roupa para os filhos; investimento na agricultura e 33,33%

informaram que não compraram nada. Apenas 16,67% das pessoas reformaram suas

casas e tiveram melhoria no transporte.

Devido ao interesse pela criação de peixes em tanques-rede, a grande maioria

dos entrevistados afirmou que ainda mantém contato com instituições envolvidas no

projeto, significando que poderão no futuro, dar continuidade aos conhecimentos

adquiridos. A tabela 43, demonstra essa assertiva.

CATEGORIA FREQ. (%) Sim 8 66,67 Não 4 33,33 TOTAL 12 100,00 Tabela 43 – Mantém ainda Contato com as Instituições Envolvidas no Projeto Fonte: Pesquisa de campo

Espera-se que haja mudanças numa comunidade quando se recebe investimentos

em qualquer área. Externalidades positivas são esperadas quando se tratam do conceito

de Arranjos Produtivos Locais. Visando verificar aspectos positivos ocorridas na

comunidade, por conta da implementação do projeto TANRE, perguntou-se aos

participantes sobre as melhorias na comunidade.

CATEGORIA NUM. (%)

Energia elétrica Estradas do ramal/região Nada mudou 6 50,00 Outros 6 50,00 TOTAL 12 100,00 Tabela 44 – Melhorias na Comunidade Fonte: Pesquisa de campo

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112

Metade dos participantes informou que nada mudou em suas comunidades,

conforme a tabela 44, porém foi notado em Maués, na comunidade São Raimundo no

Lago Maués-Miri, local da implementação do projeto que aumentou consideravelmente

as visitas àquela comunidade, por pessoas que procuravam saber sobre a criação de

peixes e também para comprá-los. Com essas mudanças durante esse período do

desenvolvimento do projeto, a comunidade ficou mais limpa e cuidada, segundo os

participantes do projeto. No Iranduba, Lago do Ariauzinho, foi notado apenas o

aumento de visitas de pessoas interessadas na criação de peixes.

No tocante a melhoria no padrão de vida da família dos participantes e quais os

benefícios mais importantes que a criação de peixe lhe trouxe, as respostas foram as

mais variadas.

Uma parcela de 58,33% responderam que houve melhoria no padrão de vida da

família, após a implementação do projeto; já 41,67% disseram que não, que não houve

melhoria no seu padrão de vida. Torna-se significativo a parcela que respondeu positivo,

pouco mais da metade dos participantes, pois padrão de vida significa não somente

aumento de renda, mas bem-estar no sentido geral. O gráfico abaixo demonstra os

benefícios mais importantes citados pelos participantes do projeto TANRE:

Gráfico 4 – Benefícios mais importantes para o TANRE Fonte: o autor A grande maioria citaram o conhecimento como benefício trazido pelo projeto

TANRE; a alimentação ficou como o segundo benefício mais importante, seguidos pelo

dinheiro gerado pelo excedente vendido e roupas compradas para a família.

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113

Visando atender as necessidades de aprendizado das comunidades envolvidas

em relação aos conhecimentos produzidos, o projeto contemplou a realização de

treinamentos, por meio de aulas, palestras, discussões, mesas redondas e cartilhas. Com

isso afirma Lima (2005) os idealizadores do projeto acreditaram na possibilidade de

estabelecer um sistema de cultivo adequado a agricultura familiar, gerando

conhecimento para o acompanhamento com êxito de todo o processo produtivo.

4.5 Análises comparativas entre os projetos PROCIMA e TANRE

Passa-se agora a comparar os dois projetos e os seus resultados. Essa

comparação permitirá pelo menos, a priori, perceber-se como se deu a adaptação das

tecnologias empregadas em cada caso especificamente e os benefícios conquistados. Por

serem projetos diferentes, para atenderem demandas de regiões diferentes, com suas

dinâmicas próprias, poder-se-á avaliar até que ponto se obteve os resultados desejados

pela política do APL.

4.5.1 Variáveis Socioeconômicas

Primeiramente analisamos as principais variáveis que nortearam a pesquisa

socioeconômica, as quais são listadas abaixo:

Geração de renda

Inclusão alimentar

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4.5.1.1 Geração de Renda

Gráfico 5 – Geração de Renda Fonte: o autor

Comparativamente, os integrantes dos dois projetos, afirmaram que suas rendas

aumentaram devido o cultivo de peixe. Como uma das proposta dos dois projeto foi

oferecer uma oportunidade a mais de geração de renda para a fixação do homem no

campo, esse objetivo foi alcançado durante a implementação dos projetos, em face da

maioria dos contemplados perceberem que podem ter uma alternativa a mais de renda

para manutenção de sua família. Em contrapartida, notamos no gráfico que 33,33%

também dos dois projetos afirmaram que suas rendas ficaram estáveis, durante a criação

de peixes. Para alguns, o fato dos projetos serem experimentais a quantidade de peixes

divida entre eles não teve grande relevância a ponto de notarem melhorias no seu padrão

de vida. Para outros, a divisão foi equivocada, não surtindo efeito na sua renda.

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115

4.5.1.2 Inclusão Alimentar

Gráfico 6 – Inclusão alimentar Fonte: o autor

A adoção de práticas pesqueiras predatórias, têm afetado a oferta de pescado e

os estoques das espécies de maior valor comercial, como o tambaqui, que têm

diminuído consideravelmente, mesmo submetidos a evidente sobre-pesca. Por outro

lado, diz Folhadela (2005, p. 63) muitas áreas até então habitadas e exploradas de forma

extrativa, foram transformadas em áreas de conservação e reserva ambiental, fato que

inviabilizou às pessoas há décadas ali residentes, a extração do peixe necessário à sua

subsistência ou mesmo para comercialização, como é o caso das áreas do Rio Negro.

Ainda, segundo Folhadela (2005, p. 64) buscar alternativas de produção de

peixes de forma ecologicamente saudável é relevante, pois:

As implicações da ausência de uma forma alternativa de produção estão intimamente vinculada à questão ambiental e seus impactos; e a necessidade de se promover um esforço integrado entre instituições, empresas e comunidades para o desenvolvimento e validação de tecnologias adequadas à realidade local como solução ao problema da baixa eficiência da agricultura familiar e sua conseqüente pressão de ocupação de novas áreas para exploração pesqueira.

Comparando os dois projetos quanto a melhoria da alimentação, nota-se que

ambos surtiram efeito no item inclusão alimentar. No Projeto PROCIMA, todos, ou seja

100% afirmaram ter melhorado sua alimentação após o início do projeto. Já no Projeto

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TANRE, 16,67% apontaram sua alimentação como excelente, face a facilidade de

acesso ao pescado. Outros 75% disseram ter ficado boa sua alimentação e apenas 8,33%

declarou ter ficado regular sua alimentação.

De acordo com os resultados dos dois projeto, verifica-se que surtiu efeito a

proposta de inclusão alimentar, de forma ecologicamente saudável, ou seja, sem ser

predatório.

4.5.2 – Análise da Solução dos Principais Gargalos Identificados no APL

Dentre os cinco gargalos identificados no arranjo produtivo local de piscicultura;

O primeiro, Ordenamentos e Regulamentação, o segundo, Geração/Adaptação e Difusão

de Tecnologia, o terceiro, Competitividade e Mercado, a quarta Capacitação de

Recursos Humanos e o quinto Piscicultura Familiar, optaram por priorizar uma etapa da

cadeia produtiva, a qual foi escolhida a Piscicultura Familiar dentro dos critérios de

relevância social e importância econômica. Porém os outros gargalos também deveriam

ser solucionados, pois faziam parte dessa cadeia e como tal formam pilares de

sustentação para o APL. Segundo Lima (2005) acredita-se na importância de se estender

o APL para as demais etapas da cadeia produtiva da piscicultura, a fim de possibilitar a

solução de outros problemas, por meio da atuação de equipes multidisciplinares.

Passa-se a analisar outros três gargalos identificados, os quais fazem parte das

etapas da cadeia produtiva do APL. Dentro da dinâmica da implementação dos dois

projetos PROCIMA E TANRE, procura-se comparar até que ponto algumas ações

estratégicas apontadas pelo Programa Plataforma Tecnológica/APL para estes três

gargalos foram trabalhadas, conforme necessidade apontada por Lima (2005) acima.

Assim analisam-se as ações estratégicas para:

Ordenamentos e Regulamentação

Competitividade e Mercado

Capacitação de Recursos Humanos

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117

4.5.2.1 Regulamentação pelos Órgãos Competentes

Gráfico 7 – Regulamentação pelos órgãos competentes Fonte: o autor

A importância da regulamentação pelos órgãos competentes interfere na

formalização da piscicultura enquanto negócio. Dada a ausência de laudos técnicos

criteriosos de órgãos como o IPAAM, por exemplo, o aquicultor sofre conseqüências de

não acessibilidade ao crédito. Verificamos acima que tanto no Projeto PROCIMA como

no projeto TANRE a ação estratégica de desburocratização deste gargalo foi

solucionado no ano de 2008 no processo de regulamentação do IPAAM, conforme

resolução CEMAAM nº 01/08; publicada no Diário Oficial do Estado do Amazonas nº

31.377 de 03 de Julho de 2008.

A agricultura familiar congrega pessoas com baixa renda; os projetos do APL de

piscicultura, com custos baixos, tem a função exatamente de oferecer oportunidade a

essa faixa de renda. Porém, mesmo assim, muitas famílias que vivem com apenas um

salário mínimo, não teria condições de fazer esse tipo de investimento. Hoje existe linha

de crédito para satisfazer essa demanda, que no passado não era acessível devido à

ausência da regulamentação pelo IPAAM.

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118

4.5.2.2 Busca de Mercado para Pequenos Piscicultores

Gráfico 8 – Busca de Mercado para Pequenos Piscicultores Fonte: o autor No grupo que estudaram a Competitividade e Mercado, um dos gargalos

apontados foi a busca de mercado para os pequenos piscicultores e a ação estratégica

para superar este gargalo era o fortalecimento do associativismo.

Nas comparações acima, verificamos que ambos os projetos alcançaram os

mesmos índices percentuais quanto ao isolacionismo, fazendo com que cada um

negociasse o seu lote de peixes. Dessa forma fizeram suas vendas na própria

comunidade, ou vendiam para pessoas que passavam pelo seu lote, mas a preços não

racionalizados. Uma parcela porém, 33,33% em ambos os projetos, interessadas em

formar uma associação, ou cooperativa, para a busca de mercado apropriado, uniram-se

para oferecer o peixe, a outras cooperativas, prefeituras etc.

A importância de dar continuidade ao APL, implementando todas as etapas da

cadeia produtiva, é demonstrada por Lima (2005) quando afirma que a equipe de

pesquisa dos projetos, acreditavam na necessidade de se estender as ações para o

beneficiamento e comercialização do pescado, porque após o aprendizado da criação de

peixes os comunitários necessitam saber como beneficiar e embalar a produção.

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119

4.5.2.3 Capacitação dos Piscicultores em Técnica de Cultivo

Gráfico 9 – Capacitação dos Piscicultores em técnica de cultivo Fonte: o autor É inegável que os envolvidos nos projetos tenham aprendido a técnica do

manejo da piscicultura. Essa afirmativa é confirmada por todos, ou seja 100%, quando

respondem em ambos os projetos, que aprenderam a criar peixes de acordo com a

tecnologia de cada projeto.

Essa assertiva é notada quando, durante a aplicação dos formulários, percebe-se

o nível de empolgação em cada participante. Porém durante o desenvolvimento do

projeto algumas dificuldades foram notadas. Para Lima (2005) com respeito à

assimilação dos conhecimentos, existiu certa dificuldade por parte das famílias em

absorvê-los. Não obstante a realização de cursos com uma linguagem simplificada, o

método mais fácil foi de aprender fazendo, ou seja, acompanhando o dia-a-dia da

alimentação, pesagem, medição e elaboração dos cálculos.

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120

4.6 Análise geral dos resultados alcançados com os projetos sob a ótica dos representantes das instituições partícipes

Nesta seção serão apresentados os resultados da entrevista semi-estruturada

realizada com os coordenadores das instituições responsáveis pelos projetos em estudo;

INPA e EMBRAPA.

Iniciando-se com o alcance do objetivo formulado nos projetos contatou-se que

na ótica desses coordenados esse objetivo foi alcançado, vez que, segundo eles foi

possível trabalhar com as famílias contempladas e desenvolver um novo processo de

criação de peixes com sucesso.

Além do sucesso no processo produtivo, o mote dos envolvidos nas

implementações dos projetos era que as famílias ribeirinhas assimilassem duas coisas:

criar peixes e demonstrar que se podiam criar peixes em lagos e em canais de igarapés.

Fruto do seu desenvolvimento histórico e cultural, o homem amazonense está acostumado a coletar o peixe. Quando se fala em produzir e dar alimentos a peixes, demanda tempo para a assimilação. Em sua cabeça, criá-lo ainda depende de costume.

Relativo, a solução dos gargalos era de suma importância para a continuidade e

expansão do APL, conquanto que as soluções tecnológicas foram sistematizadas a

contento. No caso do tanque-rede, foram feitas pesquisa adaptativa, visto o

desconhecimento do local.

Em termos de geração de conhecimento, segundo Folhadela (2005), os trabalhos

produzidos em função do projeto tanque-rede podem ser listados como sendo: resumos

simples em anais de eventos; artigos completos publicados e submetidos em periódicos;

orientações de iniciação científica; artigos submetidos a congressos.

Dentro da perspectiva econômica, na visão dos coordenadores o projeto trouxe

uma nova fonte de recursos para as comunidades envolvidas. Em primeiro lugar, na

produção de alimentos no local, evitando o deslocamento dos ribeirinhos para buscá-lo

fora. Segundo com a comercialização do excedente, houve possibilidade de gerar renda

extra para a família. O que me chamou a atenção foi a venda rápida do peixe. Isso demonstrou a eles que poderiam caminhar e que deveriam guardar uma parte do dinheiro para a compra da ração.

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Há consenso também entre os coordenadores que a grande maioria envolvida em

ambos os projetos ficaram muito motivados com a possibilidade da produção de peixes

em cativeiro. Porém os resultados demonstram que alguns conseguiram transformar

essa produção de peixes em negócio, ao passo que outra parte não tinha idéia de como

transformar essa oportunidade em janela de negócio.

Relativo a sustentabilidade dos projetos, os coordenadores mencionam que

alguns pontos deveriam ser observados. Primeiro o processo de criação deveria ser

regulamentado, o que só aconteceu em 2008 para ambos os projetos. Em segundo lugar

que fosse criada uma nova linha de crédito para a criação neste sistema produtivo, o que

também só ocorreu em 2008.

Por outro lado deveria ter tido assistência técnica efetiva. Não houve a

institucionalização do APL, ou seja, as diferentes instituições que participaram teriam

que ter assumido cada uma sua parte, o que não houve. O APL ficou restrito ao projeto.

Mencionam que as ações coordenadas entre os atores é de fundamental

importância dentro do APL. Os agentes produtivos e institucionais, diz Junior (2001)

atuando de acordo com os seus formatos e papéis previamente definidos, passam a

somar esforços com o objetivo de ampliar os processos socioeconômicos sustentáveis,

ou seja, no longo prazo.

Todavia argumentam-se que a ausência de assistência técnica efetiva, criou uma

lacuna no desenvolvimento do APL, o qual deveria ainda capacitar os envolvidos no

projeto, visando à superação dos gargalos existentes, já que o gargalo tecnológico estava

sendo superado com sucesso, através das pesquisas empreendidas. No entanto para a

sustentabilidade dever-se-ia ter ampliado as ações estratégicas para solucionar os

gargalos da regulamentação que veio tardia, a busca de mercado para pequenos

piscicultores, visando o escoamento da produção que não chegou a acontecer e a

capacitação de recursos humanos que só atingiu a técnica do cultivo, permitindo que,

àqueles que não possuíam tino comercial, ou seja, espírito empreendedor, não

conseguisse dar continuidade, ao passo que como citado, não conhecem a técnica do

capital de giro “guardar um pouco de dinheiro para comprar a ração”.

Segundo Amaral (2006) esses programas devem ser acompanhados por

outros programas preocupados com a oferta de informações sobre tecnologias,

mercados, fontes de financiamento, etc. Neste campo o SEBRAE e o BNDES têm um

papel importante a preencher.

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Dentre as instituições que participaram do APL de Piscicultura no Amazonas,

nota-se a ausência do SEBRAE, por exemplo.

Citando os aspectos dos APLs, Cassiolato e Lastres (2002) destacam a questão

local e a proximidade dos agentes como fator indutor do conhecimento, inovação e

competitividade. Para eles os APLs envolvem diferentes tipos de agentes sociais e

econômicos em ambientes propícios à geração e difusão de conhecimento e de

inovação, envolvendo as etapas de pesquisa e desenvolvimento, de produção e de

comercialização.

O conhecimento dos gargalos do APL de Piscicultura levantados pelo Programa

Plataforma Tecnológica possibilitaria a estruturação da cadeia produtiva através dos

atores envolvidos nos processos.

Porém a cadeia produtiva ainda não está completamente estruturada para esta

atividade em particular. Houve tentativa de sistematização e monitoramento do APL por

parte do Núcleo de Gestão Tecnológica Compartilhada (NGTC) pertencente a SECT,

Secretaria de Ciência e Tecnologia do Governo Estadual, enquanto os APLs estavam

sob a alçada do MCT, Ministério da Ciência e Tecnologia, mas houve uma transição de

órgão, durante a mudança de Presidente, onde os APLs passariam a alçada do MDIC,

Ministério de Desenvolvimento da Indústria e Comércio e o monitoramento ficaria

encabeçada pela SEPLAN. Porém a SEPLAN não tinha pessoal para acompanhar o

APL. Também foi criada uma câmara especializada em pesca e aqüicultura na

SEPROR, Secretaria de Estado de Produção Rural e sugerido que se discutisse as

questões do APL. Porém não houve resultado e o APL ficou reduzido aos Projetos

PROCIMA e TANRE, conforme assertiva do coordenador de um dos projetos:

A única cobrança que tivemos durante a implementação dos projetos foram do órgão FINEP responsável pelo financiamento e liberação das verbas destinadas aos projetos. Então o APL não funcionou.

Para Amaral (2006) no Brasil os candidatos naturais da promoção das micro,

pequena e média empresas são os governos municipais e estaduais, mas apesar dessa

vocação natural, devido à proximidade, esses segmentos não tem demonstrado

desempenho satisfatório, a começar pela falta de iniciativa. Um trabalho de informação

aos governos e organizações sobre onde estão as novas janelas de oportunidades para o

novo ambiente econômico e institucional às empresas de pequeno porte e a preparação

técnica do pessoal do governo local, já começou. Através do MCT /FINEP (APL e

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Plataforma Tecnológica), mas, a rigor, trata-se de uma iniciativa que, além de tímida,

partiu do pressuposto de que a ponta final, nos estados, estava preparada técnica e

conceitualmente para “receber” o programa. Faltou, portanto, um trabalho preparatório. A comercialização do excedente fazia parte da finalização da cadeia produtiva e estava

inclusa como gargalo apresentados no Grupo de Competitividade e Mercado foi a busca

de mercado para pequenos piscicultores. A ação estratégica seria o estímulo ao

associativismo.

Porém ninguém ficou responsável pela comercialização. Nenhuma instituição se

comprometeu com isso. No Assentamento do Tarumã-Mirim, em 2007, foram

comercializados peixes através de um programa da Prefeitura de Manaus, chamado de

Compra Direta. O ideal é que as comunidades como um todo criasse uma cooperativa, o

que viabilizaria a comercialização.

Dentre as ações políticas governamental para a continuidade do APL de

Piscicultura, após o final dos aportes financeiros, a única ação política consistente foi a

normatização da atividade, porém, seriam necessárias muitas outras. O Governo do

Estado, através da SEPROR, fez a divulgação e fomento dos APLs, mas não fez

acompanhamento. Foi uma ação política Governamental.

Em princípio haveria um aporte de recursos do FINEP para a continuidade, mas

não ocorreu. Não foi previsto acompanhamento dos projetos após o término dos

recursos.

Sendo assim, ao final dos aportes financeiros do governo para o programa

Plataforma Tecnológica, não houve nenhum monitoramento dos projetos

implementados e os problemas futuros, deveriam ficar por conta das comunidades e

suas habilidades em lidar com os problemas advindos no futuro. Segundo os

entrevistados, faltou uma instituição que através de suas ações, continuasse o

desenvolvimento do APL, promovendo a assistência técnica efetiva.

Quanto a difusão do conhecimento, ela aconteceu através da participação dos

integrantes das comunidades tanto na construção dos criatórios, como na própria criação

dos peixes, passando os conhecimentos para a vizinhança. Outra forma de difusão foi

através de programas de televisão e trabalhos publicados e divulgados na mídia local e

em congressos.

Na visão dos coordenadores dos projetos, os reais benefícios estão no sistema

como foi planejado, o qual possibilite que as pessoas possam produzir seu próprio

alimento com excelente qualidade e obter renda extra. Isto contribui para alavancar uma

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série de outras atividades na propriedade. Ainda podemos citar como benefícios as

capacitações dos envolvidos nos projetos; as discussões sobre as atividades e as

reuniões periódicas.

Como era novidade para muitos o fato de criar peixes, os limites impostos pelas

comunidades, no entanto, não foram relevantes. No projeto PROCIMA, não houve

nenhum limite. No projeto TANRE, no início não houve muito interesse da

comunidade. Depois do crescimento do peixe se interessaram.

Dentro da dinâmica conceitual de APL, a cooperação entre os atores é fator de

sustentabilidade. Nas instâncias do projeto PROCIMA, houve de certo modo

cooperação entre as instituições e todos os selecionados da comunidade para

desenvolver a atividade. No projeto TANRE houve baixa cooperação entre os atores.

Não houve uma coordenação geral do APL.

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5 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

Este estudo centrou o seu foco nas contribuições do APL de piscicultura para

com o desenvolvimento socioeconômico regional no Estado do Amazonas. Para tanto,

identificou-se as seguintes variáveis no estudo sobre o mapeamento do estágio de

expansão do APL de piscicultura: disseminação do conhecimento; formação de

cooperativa; acesso a mercados; apoio financeiro; construção de novo canal de igarapé

ou tanque-rede e continuidade na criação de peixes.

De modo, ao se averiguar os benefícios socioeconômicos gerados pelo APL de

piscicultura, selecionou-se como variáveis: o acesso à educação; o emprego a familiares

e terceiros; a melhoria na alimentação e na saúde; a geração de renda e as externalidades

positivas na comunidade.

Na identificação das políticas públicas que serviram de eixo de sustentação para

o APL, foram apuradas as ações estratégicas que visaram solucionar os gargalos

identificados na cadeia produtiva do APL de piscicultura.

A partir dos dados coletados observou-se até que ponto houve efetivamente a

expansão do APL, como a implementação dos projetos de piscicultura familiar

beneficiaram os participantes contemplados e a comunidade em geral e, por fim, como

as políticas públicas contribuíram na sustentabilidade do APL.

Iniciando-se com avanço e expansão do Projeto PROCIMA, verificou-se que

houve a disseminação do conhecimento pela comunidade, quando os próprios

participantes do projeto ensinaram as técnicas de criação a outras pessoas. No entanto a

grande maioria dos entrevistados afirmaram conhecer poucas pessoas que criam peixes

hoje na região, podendo concluir-se assim, que após a implementação do projeto a

comunidade se interessou pela técnica, conheceu, porém poucos passaram a criar peixes

efetivamente. Apesar de todos comungarem a mesma idéia quanto à importância de uma

cooperativa para melhor negociar a produção conjunta dos peixes, não houve ações para

implantá-la. Confirma-se essa assertiva ao se constatar que a maioria dos participantes

negociaram o seu peixe isoladamente.

Conforme o processo produtivo fosse melhorado e os resultados de

produtividade se aprimorando através das pesquisas das instituições, o acesso a

mercados para escoamento da produção era de suma importância. Todavia, verificou-se

que os produtores utilizaram a própria comunidade, muitas vezes em vendas

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esporádicas, para oferecer a maior parte do excedente da produção. Apenas uma

alternativa de venda, surgiu fora da comunidade. Essa dificuldade demonstrou a falta de

um elo na cadeia produtiva, a qual seria fortalecida justamente pela união associativa

dos produtores.

Apurou-se que nenhum dos participantes recebeu algum tipo de verba, ou apoio

financeiro governamental ou não-governamental para dar continuidade na criação de

peixes. O projeto foi desenvolvido para atender a população de baixa renda, portanto o

valor do investimento para criar peixe em canal de igarapé também foi baixo, mesmo

assim, como é possível verificar no perfil socioeconômico, a maioria não tem condições

de investir na construção de um canal de igarapé apenas com a renda gerada pela

família. Por isso muitos buscaram financiamento junto a bancos, os quais foram

negados devido à ausência de regulamentação pelo IPAAM, o que só veio a acontecer

no ano de 2008.

Nenhum dos participantes do projeto chegou a construir um segundo canal de

igarapé, porém todos demonstraram motivação para construir outro. Há unanimidade de

pensamento quanto a validade da participação deles no projeto, tanto que, apresentaram

somente as vantagens de criar peixes e a mais freqüente foram a alimentação e o

conhecimento.

Tratando-se da continuidade da criação de peixes com tecnologia do canal de

igarapé, verificou-se que nenhum dos receptores do conhecimento produzido estava

praticando o cultivo de peixe com essa tecnologia. Porém encontrou-se um deles

criando peixe em tanque escavado e outro afirmou estar preparando-se para voltar à

produção. O motivo que mais teve peso, para que parassem de produzir peixes, foi o

fator financeiro, seguido pelas dificuldades de acesso ao assentamento do Taruma-

Mirim. Verificou-se que as maiores dificuldades encontradas pelos produtores durante a

produção de peixes foram a falta de dinheiro para dar continuidade ao negócio, falta de

energia elétrica, dificuldade na comercialização dos peixes, devido à distância dos

mercados e acesso para transportar a ração.

No que concerne aos benefícios socioeconômicos gerados pelo Projeto

PROCIMA, constatou-se que somente uma pessoa foi beneficiada pelo acesso à escola,

enquanto que o restante não foi beneficiado, pois os filhos já freqüentavam a escola

antes da implementação do projeto, porém todos tiveram acesso a conhecimentos gerais.

Quanto à geração de emprego o projeto trouxe benefícios tanto para as famílias quanto

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para terceiros. Todos já possuíam o hábito de fazer compras na cidade, não havendo

nesse aspecto mudanças ou acesso a aquisição de produtos alimentícios diferenciados.

Relativamente à alimentação, todos os envolvidos no projeto foram

beneficiados, passando a ter uma alimentação melhor, com a inclusão do peixe,

afirmando terem percebido melhora na saúde.

Houve aumento da renda para a maioria das famílias, o que proporcionou algum

bem-estar, como: reforma e construção da casa, poupança em dinheiro, ajuda a

familiares, compra de eletrodomésticos e outros produtos importantes para

sobrevivência.

Durante a implementação do projeto o contato dos ribeirinhos com as

instituições fortaleceu laços de amizade e proporcionou-lhes aprendizado. Mesmo

depois do encerramento do projeto, todos eles continuaram mantendo contato com o

pessoal das instituições.

De acordo com a análise dos dados, percebeu-se que não houve melhorias

estruturais na comunidade. O fenômeno da concentração da produção favorece o

surgimento de externalidades positivas, porém a externalidade gerada segundo se

apurou foi o conhecimento das técnicas de criação de peixe pela comunidade. Apurou-

se que houve mudança no padrão de vida das pessoas e que os benefícios mais

importantes foram a melhora na alimentação e o conhecimento adquirido.

Passando-se ao estudo sobre avanços e expansão do projeto TANRE, notou-se

que houve disseminação do conhecimento pela comunidade, pelo fato de ter despertado

a curiosidade quanto à criação de peixes em tanques-rede. Porém verificou-se que a

maioria dos participantes do projeto conhecem poucas pessoas que estão produzindo

peixes com essa tecnologia. Quando analisou-se o trabalho em conjunto dos produtores,

visando o associativismo, o resultado foi um grande interesse em unir-se para busca de

melhores vendas e produção, inclusive reuniram-se para discussões. Porém verificou-se

que a maioria dos produtores vendeu seus peixes isoladamente.

A relevância de acesso ao mercado diz respeito ao escoamento da produção,

permitindo que a cadeia produtiva tenha seu fluxo finalizado com bons negócios,

permitindo assim que os interesses dos produtores de peixes, concentrados na melhoria

da produtividade. No entanto, registrou-se que a maioria dos produtores vendeu seus

peixes na própria comunidade, e para alguns mercados da cidade mais próxima e outros

para cooperativas da região.

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Confirmou-se que uma participante a qual recebeu apoio financeiro de um órgão

governamental, continua criando peixes em tanque-rede. Esse apoio foi para a

construção de novo tanque e para os alevinos. Isso confirma que o produtor rural precisa

de apoio, seja financeiro ou técnico, das instituições para alcançar seus objetivos.

Ao avaliar se houve expansão do projeto, constatou-se que não conseguiram

construir novos tanques-rede, ou seja, ampliar o negócio, porém a grande maioria

afirmou que foi válido o empreendimento, e que valeu a pena começar este negócio,

demonstrando grande motivação para dar continuidade no futuro, quando afirmaram

que pretendem construir outro tanque-rede. Esta posição é confirmada, quando

verificou-se que apresentaram mais vantagens do que desvantagens ao serem inquiridos

a respeito. Dentre as vantagens mais citadas por eles estão à melhor alimentação e o

incremento na renda.

Quanto a continuidade, a maioria deixou de criar peixes, enquanto que aqueles

que continuaram, tiveram motivos diversos para dar continuidade. Como por exemplo,

o recebimento de apoio financeiro, como citado acima; outro conseguiu manter apenas

um tanque-rede; outro participante do programa conseguiu parceria com a iniciativa

privada e o último, por ter melhor situação financeira comprou as estruturas daqueles

que desistiram. Os maiores motivos que levaram à desistência ficaram concentrados

também no fator financeiro. Após o término do aporte dos recursos por parte do

governo, a maioria não conseguiu encontrar saídas para a continuidade da criação.

No que tange aos benefícios socioeconômicos gerados pelo projeto TANRE,

pode-se verificar que não trouxe benefícios de acesso à escola para familiares e

especificamente aos filhos. O projeto TANRE não proporcionou trabalho a outros

familiares dos participantes. Ao contrário do projeto PROCIMA, a maioria afirmou ter

trabalhado sozinho na produção de peixes, devido à facilidade do manejo. Desta forma

também não proporcionaram emprego a terceiros. Em contrapartida, todos afirmaram

ter tido acesso a conhecimentos gerais, durante a implementação do projeto. Outra

informação importante é que o fato de terem iniciado a criação de peixes, não mudou

suas rotinas de compras na cidade, ato que já era usual entre eles.

A alimentação melhorou muito entre as famílias participantes do projeto. Em

conseqüência desta alimentação, mais da metade deles conseguiram perceber uma

melhora na saúde geral da família.

A renda também melhorou para as famílias no decorrer da produção de peixes,

pois possibilitou que negociassem o excedente. Apesar desse incremento na renda não

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ter sido de grande magnitude, puderam ter acesso a alguns benefícios, como compras de

objetos de uso pessoal ou mantimentos, mas sem grande significado para eles.

Outro benefício social apresentados pelos participantes foi a oportunidade da

continuidade de relacionamento com os agentes e técnicos das instituições que

participaram do projeto.

Conforme os dados apresentados na pesquisa não foram notados externalidades

positivas de grande importância nas comunidades. Mudanças de ordem estruturais não

foram apresentadas, porém apontaram como benefícios dentro deste aspecto somente o

aumento de visitas nestas comunidades, e numa delas a melhoria na limpeza local.

No que toca a mudança de padrão de vida trazido pelo projeto TANRE para as

famílias, pode se afirmar que houve mudanças. Apontaram como maiores benefícios o

conhecimento e a alimentação com maiores representatividades.

Na análise comparativa dos projetos, foram confrontadas as principais variáveis

socioeconômicas do projeto PROCIMA e do projeto TANRE. Por outro lado, buscou-se

apurar os avanços nas soluções dos gargalos encontrados no APL de piscicultura, que

além da Piscicultura Familiar, o qual foi priorizado pelo Programa, eram importantes

quanto à formação da cadeia produtiva e assim pela determinação da expansão do APL.

Na análise da renda, os dois projetos apresentaram os mesmos dados.

Comparativamente perceberam na mesma proporção que a renda aumentou e também

na mesma proporção que a renda ficou estável durante a implementação dos dois

projetos.

Na melhoria alimentar os efeitos causados pela Piscicultura Familiar, demonstra

ter beneficiado a população de ambos os projetos. No projeto PROCIMA, todos

afirmaram que a alimentação ficou boa, a diferença ficou por conta do projeto TANRE

que confirmaram uma alimentação boa e excelente.

Comparando os dois projetos quanto a soluções dos gargalos identificados no

APL, quanto à regulamentação pelos órgãos competentes, o projeto PROCIMA e o

projeto TANRE regulamentaram-se com a tecnologia de canais de igarapés em terra

firme e tanques-rede no ano de 2008.

O gargalo identificado como Competitividade e Mercado, precisaria ser

solucionado com a busca de mercado para os pequenos piscicultores e a ação estratégica

era fortalecer o associativismo. No entanto apurou-se que nos dois projetos a maioria

dos produtores negociou individualmente seus lotes de peixes e não vingou nenhum

acordo para formar-se uma cooperativa.

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O último gargalo comparado foi a Capacitação de Recursos Humanos. Dentro

deste gargalo se encontrava a ação estratégica de Capacitação dos Piscicultores em

Técnica de Cultivo. Nesse item os dois projetos apresentaram resultados positivos,

concluindo-se que todos aprenderam as técnicas do manejo.

Dos resultados apresentados deduz-se que embora o objetivo do programa tenha

sido alcançado, ao ter-se obtido sucesso no desenvolvimento da técnica de Piscicultura

Familiar, percebe-se a necessidade de complementação de políticas públicas de

continuidade a solução dos gargalos, de modo a impedir o esvaziamento e fragmentação

do APL.

Conclui-se que o desenvolvimento do APL de piscicultura estagnou-se a partir

do momento que não houve a continuidade da proposta inicial do Programa Plataforma

Tecnológica/APL, que era de solucionar os gargalos do APL através de ações

estratégicas traçadas, porém não realizadas. Do conjunto das ações apropriadas a dar

sustentação ao APL, verificou-se que apenas alguns gargalos foram solucionados, como

por exemplo, a pesquisa para o desenvolvimento de práticas de criação e técnicas de

manejo para a Piscicultura Familiar; para o gargalo da profissionalização do setor,

verificou-se apenas a solução de uma parte que foi a capacitação dos piscicultores na

técnica de cultivo, enquanto que o processamento e gestão não houve o

comprometimento de nenhuma instituição apropriada a esse fim, pois notou-se neste

aspecto que a grande maioria dos participantes não conheciam técnica de gestão de

negócios. Quanto ao gargalo relacionado ao crédito; estudo da cadeia produtiva; custo

de produção e busca de mercado para pequenos piscicultores, verificou-se apenas o

estudo do custo de produção. Para o gargalo às doenças, reprodução, sistema de

produção, impacto ambiental provocado pela atividade, pós-colheita e informações, as

ações estratégicas foram implementadas com sucesso. Finalmente para o gargalo da

regulamentação do aquicultor e a ausência de um Fórum de Discussão, foram dadas

soluções, mesmo que tardiamente.

Dessa forma, acredita-se que a falta de solução desses gargalos, que dariam

sustentabilidade ao APL de Piscicultura, fez com que ao término do aporte financeiro do

governo e o fim das pesquisas do INPA e da EMBRAPA, houvesse um esvaziamento,

ou seja, a desvinculação das instituições envolvidas no Programa, o que fez com que a

grande maioria dos contemplados pelos projetos, não dessem continuidade a produção.

Quanto às contribuições para o desenvolvimento socioeconômico local

apresentadas pelo APL, verificou-se que não houve benefícios de grande magnitude, a

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confirmar pela ausência ao acesso a educação; a falta de melhorias estruturais nas

comunidades onde foram implementados os projetos e não proporcionar empregos à

terceiros. Da mesma forma, a importância do incremento na renda não foi

unanimemente percebido pelos contemplados.

Por outro lado, a inclusão alimentar foi apontada como o maior dos benefícios

entre os participantes dos projetos, acrescidos de uma percepção de melhora na saúde.

No entanto, verificou-se que, para a maioria dos participantes, esses benefícios foram

pontuais, pois não tiveram condições de dar continuidade a produção de peixes.

Constatou-se, porém, que ainda há esperança em, um dia, poder voltar a criar peixes,

pois o conhecimento, foi apontado também, além da alimentação como o fator de maior

benefício entre eles.

Esta pesquisa, entretanto, não tem a pretensão de esgotar o assunto em questão,

devido à amplitude do tema, porém contribui para estudos relacionados ao

desenvolvimento econômico e as políticas públicas voltadas a ele. Também a estudos

voltados à APLs e seu desenvolvimento. Dada a importância do tema, novas pesquisas

poderão vir a contribuir para um melhor aprofundamento do assunto.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE 1 FORMULÁRIO DE PESQUISA Nº. COMUNIDADE:.............................................................................................................. ENTREVISTADOR:........................................................................................................ PARTE I – DADOS PESSOAIS NOME:...................................................................................................IDADE.............

1. SEXO ( ) FEMININO ( ) MASCULINO 2. ESTADO CIVIL ( ) SOLTEIRO (A) ( ) CASADO (A) ( ) SEPARADO (A) ( ) VIÚVO (A) ( ) DIVORCIADO(A) ( ) CONVIVENTE 3.NATURALIDADE............................................................................................................

PARTE II – DADOS SOCIOECONÔMICOS 4. GRAU DE INSTRUÇÃO ( ) ANALFABETO ( ) ATÉ 4ª SÉRIE INCOMPLETA DO ENSINO FUNDAMENTAL ( ) COM a 4ª COMPLETA E ENSINO FUNDAMENTAL INCOMPLETO ( ) DE 5ª A 8ª SÉRIE INCOMPLETA DO ENSINO FUNDAMENTAL ( ) ENSINO FUNDAMENTAL COMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO INCOMPLETO ( ) ENSINO MÉDIO COMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR INCOMPLETO ( ) ENSINO SUPERIOR COMPLETO 5. QUANTAS PESSOAS TÊM SUA FAMILIA? ( ) DE 01 A 03 PESSOAS ( ) DE 04 A 08 PESSOAS ( ) DE 09 A 12 PESSOAS ( ) OUTROS........................................................................................................... 6. QUANTOS FILHOS VOCÊ TÊM? ( ) NÃO TENHO FILHOS ( ) DE 01 A 03 FILHOS ( ) DE 04 A 08 FILHOS ( ) MAIS DE 09 FILHOS

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7. QUAL A PRINCIPAL ATIVIDADE ECONÔMICA NA SUA FAMILIA? ( ) TRABALHO NA CRIAÇÃO DE PEIXE ( ) TRABALHO EM LAVOURAS NA REGIÃO ( ) TRABALHO DE SUBSISTÊNCIA ( ) TRABALHO INFORMAL/BICO ( ) APOSENTADO ( ) OUTROS........................................................................................... 8. QUAL A RENDA FAMILIAR ORIUNDA DO TRABALHO? ( ) MENOS DE 1 SM ( ) 1 SM ( ) ATÉ 2 SM ( ) DE 2 A 3 SM ( ) MAIS DE 3 SM 9. QUANTAS PESSOAS DE SUA FAMILIA TRABALHAM NA CRIAÇÃO DE

PEIXES?

.......................................................................................................................................

.......................................................................................................................................

PARTE III – AVANÇOS E EXPANSÃO DO APL DE PISCIULTURA

10. VOCÊ CONHECE OUTRAS PESSOAS QUE ESTÃO CRIANDO PEIXE PELA

REDONDEZA ( ) UMA PESSOA ( ) POUCAS PESSOAS ( ) NENHUMA PESSOA ( ) VÁRIAS PESSOAS ( ) MUITAS PESSOAS 11. VOCÊ ACHA QUE VALEU A PENA COMEÇAR ESSE NEGÓCIO? ( ) SIM ( ) NÃO ( ) MAIS OU MENOS 12. VOCÊ ACHA QUE VALEU/NÃO VALEU/MAIS OU MENOS, POR QUÊ? ( ) SIM, PORQUE NÃO FALTA ALIMENTO EM CASA. ( ) SIM, PORQUE DA PRA GANHAR UM DINHEIRO EXTRA. ( ) NÃO, PORQUE TEM QUE GASTAR MUITO DINHEIRO E NÃO COMPENSA. ( ) NÃO, PORQUE TEM QUE TER AJUDA DE UM TÉCNICO. ( ) MAIS OU MENOS, POR QUE O TRABALHO QUE DISPENSO NÃO COMPENSA O DINHEIRO NO FINAL; ( ) MAIS OU MENOS, POR QUE NÃO DÁ DINHEIRO, MAS AJUDA NA ALIMENTAÇÃO E TROCA. ( ) OUTRO................................................................................................................ 13. DESDE QUE COMEÇOU A CRIAR PEIXE AS MAIORES DIFICULDADES

FORAM: ( ) FALTA GENTE PARA TRABALHAR ( ) FALTA DINHEIRO PARA MANTER O NEGÓCIO ( ) DEU PROBLEMAS NA MANUTENÇÃO E SENTI FALTA DE UM TÉCNICO ( ) O TERRENO NÃO AJUDOU ( ) OUTROS...........................................................................................................

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14. VOCÊ CONTINUA, HOJE, A CRIAR PEIXES?

( ) SIM ( ) NÃO

15. SE A RESPOSTA ACIMA FOR NÃO: QUAIS OS PRINCIPAIS MOTIVOS QUE TE FIZERAM PARAR A CRIAÇÃO? ....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

16. VOCÊ PENSA EM CONSTRUIR OUTRO CANAL DE IGARAPÉ/TANQUE-REDE? ( ) SIM ( ) NÃO 17. QUAIS AS PRINCIPAIS VANTAGENS/DESVANTAGENS QUE VOCÊ

ENCONTROU AO CRIAR PEIXE NO CANAL DE IGARAPÉ/TANQUE-REDE?

...........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

18. ANALISANDO DESDE O INÍCIO DO PROJETO, VOCÊ ACHA QUE AUMENTOU

SUA PRODUÇÃO DE PEIXES? ( )SIM ( )NÃO ( )MAIS OU MENOS

19. QUAL PRINCIPAL MOTIVO QUE FEZ AUMENTAR/DIMINUIR/ESTABILIZAR A PRODUÇÃO DE PEIXE?

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

....................................................................................................................................................

20. QUANTAS TONELADAS/KGS VOCÊ ACHA QUE PRODUZIU NOS SEGUINTES

ANOS? ( ) 2003.................................. ( ) 2004.......................................

( ) 2005.................................. ( ) 2006......................................

( ) 2007................................. ( ) NÃO TENHO IDÉIA

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21. VOCÊ TRANSFERIU SEU CONHECIMENTO PARA ALGUÉM DA

COMUNIDADE PARA QUE PUDESSE IMPLANTAR O CANAL DE IGARAPÉ/TANQUE-REDE? ( )SIM ( ) NÃO

22. VOCÊ ACHA QUE FACILITARIA A MANUTENÇÃO E VENDAS DE PEIXES SE

REUNISSEM OS PRODUTORES DE PEIXES DA COMUNIDADE EM COOPERATIVA?

( ) SIM, FACILITA MUITO ( ) SIM, FACILITA UM POUCO ( ) NÃO FACILITA, MAS TAMBÉM NÃO ATRAPALHA ( ) ALÉM DE NÃO FACILITAR, ATRAPALHA UM POUCO ( ) ALÉM DE NÃO FACILITAR, ATRAPALHA MUITO

23. VOCÊ JÁ SE REUNIU COM OUTRO PODUTOR DE PEIXE DA COMUNIDADE COM A TECNOLOGIA DO CANAL DE IGARAPÉ/TANQUE-REDE PARA DISCUTIR A MELHORIA DA PRODUÇÃO OU COMERCIALIZAÇÃO?

( ) NÃO, NUNCA PENSEI NO ASSUNTO ( ) NÃO, MAS PENSO NISSO PARA UM FUTURO PRÓXIMO ( ) SIM, JÁ NOS REUNIMOS ALGUMAS VEZES 24. QUAIS AS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS QUE JÁ SURGIRAM, COM A

PRODUÇÃO DE PEIXES?

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

25. EXISTE ALGUM ESFORÇO POR PARTE DOS CRIADORES DE PEIXE EM

CANAIS DE IGARAPÉS/TANQUE-REDE EM PROCURAR EM CONJUNTO UM COMPRADOR DE PEIXES PARA O EXCEDENTE DA PRODUÇÃO?

( ) NÃO, CADA UM NEGOCIA O SEU ( ) SIM, ESTAMOS NOS UNINDO PARA MELHORAR AS VENDAS ( ) PARCIALMENTE, ALGUNS ESTÃO SE REUNINDO 26. VOCÊ ESTÁ RECEBENDO ALGUM APOIO FINANCEIRO OU INTERCÂMBIO

GOVERNAMENTAL OU NÃO-GOVERNAMENTAL, PARA CONTINUAR A PRODUÇÃO, OU MELHORAR A PRODUTIVIDADE?

( ) SIM,................................................................................................................. ( ) NÃO

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PARTE IV – BENEFÍCIOS SOCIOECONÔMICOS GERADOS PELO APL DE PISCICULTURA 27. COM A CRIAÇÃO DE PEIXE SUA VIDA MELHOROU NO SENTIDO: 1 – ACESSO A ESCOLA ( ) SIM ( ) NÃO 2 – PROPORCIOU TRABALHO PARA FAMILIARE ( )SIM ( )NÃO 3 – CONHECIMENTOS GERAIS ( ) SIM ( ) NÃO 4 – GEROU EMPREGO A TERCEIROS ( ) SIM ( ) NÃO 5 – FAZ COMPRAS NA CIDADE ( ) SIM ( ) NÃO 28. COMO FICOU A ALIMENTAÇÃO DA SUA FAMÍLIA?

( ) EXCELENTE ( ) BOA ( ) REGULAR ( ) RUIM

( ) PÉSSIMA 29. VOCÊ PERCEBEU ALGUMA MELHORA NA SAÚDE DA FAMILIA APÓS O

INICIO DA CRIAÇÃO DE PEIXES? ( ) SIM ( ) NÃO

30. PERCEBEU QUE MELHOROU SUA RENDA DEPOIS QUE COMEÇOU A CRIAR

PEIXES? ( ) AUMENTOU ( ) DIMINUI ( ) ESTÁVEL 31. DEPOIS DA CRIAÇÃO DE PEIXE PUDE COMPRAR ( ) TV ( ) SOM ( ) FOGÃO À GÁS ( ) GELADEIRA ( ) MÁQUINA DE LAVAR ( ) COMPUTADOR ( ) OUTROS.........................................................................................................

32. COMO FICOU A SITUAÇÃO DA MORADIA, DEPOIS DO INÍCIO DA CRIAÇÃO

DE PEIXES? HOUVE REFORMAS? ( )SIM........................................................................................................................ ( )NÃO 33. SEUS FILHOS SEMPRE FREQUENTARAM A ESCOLA OU COMEÇARAM A

FREQUENTAR DEPOIS DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO? ( )SEMPRE FREQUENTARAM ( ) COMEÇARAM DEPOIS DA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ( )NÃO FREQUENTAM

34. O SR. (A) ADQUIRIU QUE TIPO DE CONHECIMENTO COM ESSE NOVO

PROJETO DE CRIAÇÃO DE PEIXES?

...........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

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35. CONTINUOU A MANTER CONTATOS COM A INSTITUIÇÃO

(INPA/EMBRAPA) QUE O AUXILIOU NA CONSTRUÇÃO DO CANAL DE IGARAPÉ/TANQUE-REDE?

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

36. DEPOIS DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA APL MELHOROU NA COMUNIDADE: ( ) CHEGOU A ENERGIA ELÉTRICA ( ) MELHOROU AS ESTRADAS DO RAMAL ( ) OUTROS............................................................................................ ( ) NADA MUDOU 37. SUA MOBILIDADE (VEÍCULO DE TRANSPORTE) MELHOROU DEPOIS DESSE

PROJETO?

...........................................................................................................................................................

..........................................................................................................................................................

38. HOUVE MELHORIA NO PADRÃO DE VIDA DA SUA FAMÍLIA? QUAIS OS

BENEFÍCIOS MAIS IMPORTANTES QUE A CRIAÇÃO DE PEIXE LHE TROUXE?

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

...........................................................................................................................................................

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APÊNDICE 2

AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS APLICADAS AOS PROJETOS ENTREVISTA APLICADA AOS GESTORES ENVOLVIDOS NO PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DA PLATAFORMA TECONOLÓGICA/APL NO AMAZONAS – INPA; EMBRAPA; FUCAPI. ENTREVISTADOR: ENTREVISTA Nº ENTREVISTADO:

1) QUAL FOI O PRINCIPAL OBJETIVO DO PROGRAMA PLATAFORMA TECNOLÓGICA/APL?

2) ESSE OBJETIVO FOI ALCANÇADO NO APL DE PISCICULTURA?

3) QUAL ERA A VISÃO PARA O LONGO PRAZO AO SE DESENVOLVER O PROJETO? 4) COMO FORAM VIABILIZADAS AS SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS PARA OS

GARGALOS IDENTIFICADOS NO APL DE PISCICULTURA? 5) DENTRO DA PERSPECTIVA ECONÔMICA, ATÉ QUE PONTO O PROJETO AVANÇOU,

BENEFICIANDO A COMUNIDADE? 6) O QUE DEVERIA ACONTECER PARA QUE HOUVESSE UMA SUSTENTABILIDADE DO

PROJETO PELA COMUNIDADE? 7) COMO OS ATORES ENVOLVIDOS NO PROGRAMA PLATAFORMA

TECNOLÓGICA/APL ESTRUTURARAM, OU SEJA, PLANEJARAM A CADEIA PRODUTIVA DA PISCICULTURA?

8) QUAIS ÓRGÃOS FICARAM RESPONSÁVEIS PELA DINÂMICA DA

COMERCIALIZAÇÃO DO EXCEDENTE, JÁ QUE O PROJETO VISAVA O INCREMENTO DA RENDA AOS PISCICULTORES?

9) QUAL FOI A PRINCIPAL AÇÃO POLÍTICA GOVERNAMENTAL PARA QUE OS

PROJETOS GANHASSEM IMPULSO E NÃO FRACASSASSEM APÓS O TÉRMINO DAS SOLUÇÕES DOS GARGALOS TECNOLÓGICOS E O FIM DO APORTE FINANCEIRO?

10) EXISTE ALGUM MONITORAMENTO DO PROJETO, OU APÓS ATINGIR SEUS

OBJETIVOS PRINCIPAIS, FICARIA POR CONTA DA COMUNIDADE E SUAS HABILIDADES EM LIDAR COM OS PROBLEMAS ADVINDOS NO FUTURO?

11) COMO SE ESPERAVA QUE SE DESSE A DIFUSÃO DO CONHECIMENTO NAS

COMUNIDADES? 12) COMO FICOU PREVISTO O ACOMPANHAMENTO DOS PROJETOS, ASSIM QUE

TERMINASSE O APORTE DE RECURSOS?

13) NO SEU PONTO DE VISTA QUAIS OS REAIS BENEFICIOS QUE ESSE PROJETO TROUXE A COMUNIDADE?

14) QUAIS FORAM OS LIMITE IMPOSTO PELA PRÓPRIA COMUNIDADE NA

IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO? 15) DENTRO DA DINÂMICA CONCEITUAL DE APL (ARRANJO PRODUTIVO LOCAL),

COMO SE DEU A COOPERAÇÃO ENTRE OS ATORES, DURANTE A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO?

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ANEXO I

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