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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE NA AMAZÔNIA ASPECTOS MORFOANATÔMICOS DE SEMENTES E PLÂNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz – MALVACEAE SIMONE MONFORT ABITBOL MANAUS 2008

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE NA AMAZOcircNIA

ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE

Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE

SIMONE MONFORT ABITBOL

MANAUS 2008

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE NA AMAZOcircNIA

SIMONE MONFORT ABITBOL

ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade na Amazocircnia da Universidade Federal do Amazonas como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais Usos

Orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella

MANAUS

2008

FICHA CATALOGRAacuteFICA

(Catalogaccedilatildeo na fonte realizada pela Biblioteca Central - UFAM)

A149a

Abitbol Simone Monfort

Aspectos morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae Simone Monfort Abitbol - Manaus UFAM 2008

73 f il

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agricultura e

Sustentabilidade na Amazocircnia) ndashndash Manaus Universidade

Federal do Amazonas 2008

Orientadora Profordf Dra Maria Silvia de M Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella

1 Morfologia vegetal 2 Anatomia vegetal 3 Ochroma lagopus Swartz I Universidade Federal do Amazonas II Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz III Mariacutelia Contin Ventrella IV Tiacutetulo

CDU 5814(0433)

SIMONE MONFORT ABITBOL

ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade

na Amazocircnia da Universidade Federal do

Amazonas como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura

e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de

concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais

Usos

APROVADA 11 de junho de 2008

BANCA EXAMINADORA

Profa Dra Maria Silvia de Mendonccedila Presidente Universidade Federal do Amazonas

Dr Antenor Pereira Barbosa Membro Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

Prof Dr Alexandre Antocircnio Alonso Membro Universidade Federal do Amazonas

A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada

Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho

DEDICO

AGRADECIMENTOS

A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos

maravilhosos na minha vida

Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a

realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial

Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva

Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a

buscar e querer o melhor pra mim

Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal

do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso

Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo

apoio financeiro

A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios

professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara

Elias Juliana Diogo e Leonor

A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e

confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho

A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo

disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo

Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas

que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho

Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e

apoio

A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela

Cristiane e Liane

A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a

minha formaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO I

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24

Figura 2 Semente de O lagopus 29

Figura 3 Tegumento de O lagopus 32

Figura 4

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O

lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48

Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57

Figura 7

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59

Figura 8

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash

B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do

hipocoacutetilo de O lagopus 60

Figura 9

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62

Figura 10

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash D) 64

Figura 11

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com

Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67

Figura 12

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA i

AGRADECIMENTOS ii

LISTA DE FIGURAS iii

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5

21 Famiacutelia Malvaceae 5

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7

24 Morfologia da semente 9

25 Morfologia da placircntula 10

3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13

CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae 18

RESUMO 18

ABSTRACT 20

1 INTRODUCcedilAtildeO 21

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23

21 Material botacircnico 23

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25

24 Microscopia de Luz 25

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS

PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM AGRICULTURA E SUSTENTABILIDADE NA AMAZOcircNIA

SIMONE MONFORT ABITBOL

ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade na Amazocircnia da Universidade Federal do Amazonas como requisito parcial para obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais Usos

Orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella

MANAUS

2008

FICHA CATALOGRAacuteFICA

(Catalogaccedilatildeo na fonte realizada pela Biblioteca Central - UFAM)

A149a

Abitbol Simone Monfort

Aspectos morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae Simone Monfort Abitbol - Manaus UFAM 2008

73 f il

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agricultura e

Sustentabilidade na Amazocircnia) ndashndash Manaus Universidade

Federal do Amazonas 2008

Orientadora Profordf Dra Maria Silvia de M Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella

1 Morfologia vegetal 2 Anatomia vegetal 3 Ochroma lagopus Swartz I Universidade Federal do Amazonas II Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz III Mariacutelia Contin Ventrella IV Tiacutetulo

CDU 5814(0433)

SIMONE MONFORT ABITBOL

ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade

na Amazocircnia da Universidade Federal do

Amazonas como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura

e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de

concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais

Usos

APROVADA 11 de junho de 2008

BANCA EXAMINADORA

Profa Dra Maria Silvia de Mendonccedila Presidente Universidade Federal do Amazonas

Dr Antenor Pereira Barbosa Membro Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

Prof Dr Alexandre Antocircnio Alonso Membro Universidade Federal do Amazonas

A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada

Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho

DEDICO

AGRADECIMENTOS

A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos

maravilhosos na minha vida

Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a

realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial

Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva

Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a

buscar e querer o melhor pra mim

Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal

do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso

Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo

apoio financeiro

A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios

professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara

Elias Juliana Diogo e Leonor

A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e

confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho

A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo

disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo

Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas

que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho

Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e

apoio

A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela

Cristiane e Liane

A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a

minha formaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO I

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24

Figura 2 Semente de O lagopus 29

Figura 3 Tegumento de O lagopus 32

Figura 4

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O

lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48

Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57

Figura 7

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59

Figura 8

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash

B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do

hipocoacutetilo de O lagopus 60

Figura 9

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62

Figura 10

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash D) 64

Figura 11

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com

Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67

Figura 12

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA i

AGRADECIMENTOS ii

LISTA DE FIGURAS iii

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5

21 Famiacutelia Malvaceae 5

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7

24 Morfologia da semente 9

25 Morfologia da placircntula 10

3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13

CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae 18

RESUMO 18

ABSTRACT 20

1 INTRODUCcedilAtildeO 21

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23

21 Material botacircnico 23

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25

24 Microscopia de Luz 25

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

FICHA CATALOGRAacuteFICA

(Catalogaccedilatildeo na fonte realizada pela Biblioteca Central - UFAM)

A149a

Abitbol Simone Monfort

Aspectos morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae Simone Monfort Abitbol - Manaus UFAM 2008

73 f il

Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Agricultura e

Sustentabilidade na Amazocircnia) ndashndash Manaus Universidade

Federal do Amazonas 2008

Orientadora Profordf Dra Maria Silvia de M Queiroz Co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella

1 Morfologia vegetal 2 Anatomia vegetal 3 Ochroma lagopus Swartz I Universidade Federal do Amazonas II Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz III Mariacutelia Contin Ventrella IV Tiacutetulo

CDU 5814(0433)

SIMONE MONFORT ABITBOL

ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade

na Amazocircnia da Universidade Federal do

Amazonas como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura

e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de

concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais

Usos

APROVADA 11 de junho de 2008

BANCA EXAMINADORA

Profa Dra Maria Silvia de Mendonccedila Presidente Universidade Federal do Amazonas

Dr Antenor Pereira Barbosa Membro Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

Prof Dr Alexandre Antocircnio Alonso Membro Universidade Federal do Amazonas

A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada

Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho

DEDICO

AGRADECIMENTOS

A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos

maravilhosos na minha vida

Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a

realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial

Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva

Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a

buscar e querer o melhor pra mim

Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal

do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso

Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo

apoio financeiro

A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios

professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara

Elias Juliana Diogo e Leonor

A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e

confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho

A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo

disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo

Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas

que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho

Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e

apoio

A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela

Cristiane e Liane

A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a

minha formaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO I

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24

Figura 2 Semente de O lagopus 29

Figura 3 Tegumento de O lagopus 32

Figura 4

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O

lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48

Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57

Figura 7

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59

Figura 8

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash

B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do

hipocoacutetilo de O lagopus 60

Figura 9

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62

Figura 10

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash D) 64

Figura 11

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com

Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67

Figura 12

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA i

AGRADECIMENTOS ii

LISTA DE FIGURAS iii

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5

21 Famiacutelia Malvaceae 5

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7

24 Morfologia da semente 9

25 Morfologia da placircntula 10

3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13

CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae 18

RESUMO 18

ABSTRACT 20

1 INTRODUCcedilAtildeO 21

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23

21 Material botacircnico 23

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25

24 Microscopia de Luz 25

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

SIMONE MONFORT ABITBOL

ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES E PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash MALVACEAE

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-

graduaccedilatildeo em Agricultura e Sustentabilidade

na Amazocircnia da Universidade Federal do

Amazonas como requisito parcial para

obtenccedilatildeo do Tiacutetulo de Mestre em Agricultura

e Sustentabilidade na Amazocircnia aacuterea de

concentraccedilatildeo em Plantas Nativas e Potenciais

Usos

APROVADA 11 de junho de 2008

BANCA EXAMINADORA

Profa Dra Maria Silvia de Mendonccedila Presidente Universidade Federal do Amazonas

Dr Antenor Pereira Barbosa Membro Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia

Prof Dr Alexandre Antocircnio Alonso Membro Universidade Federal do Amazonas

A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada

Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho

DEDICO

AGRADECIMENTOS

A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos

maravilhosos na minha vida

Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a

realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial

Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva

Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a

buscar e querer o melhor pra mim

Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal

do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso

Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo

apoio financeiro

A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios

professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara

Elias Juliana Diogo e Leonor

A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e

confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho

A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo

disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo

Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas

que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho

Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e

apoio

A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela

Cristiane e Liane

A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a

minha formaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO I

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24

Figura 2 Semente de O lagopus 29

Figura 3 Tegumento de O lagopus 32

Figura 4

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O

lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48

Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57

Figura 7

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59

Figura 8

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash

B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do

hipocoacutetilo de O lagopus 60

Figura 9

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62

Figura 10

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash D) 64

Figura 11

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com

Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67

Figura 12

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA i

AGRADECIMENTOS ii

LISTA DE FIGURAS iii

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5

21 Famiacutelia Malvaceae 5

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7

24 Morfologia da semente 9

25 Morfologia da placircntula 10

3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13

CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae 18

RESUMO 18

ABSTRACT 20

1 INTRODUCcedilAtildeO 21

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23

21 Material botacircnico 23

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25

24 Microscopia de Luz 25

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

A Deus que me iluminou e orientou nos momentos mais difiacuteceis dessa caminhada

Agrave minha famiacutelia pai Paulo Roberto da Silva Abitbol matildee Norma Suely Monfort Abitbol minha irmatilde Ruacutebia Cristina Monfort Abitbol que sempre me incentivaram ajudaram e me apoiaram nos meus estudos e para a realizaccedilatildeo deste trabalho

DEDICO

AGRADECIMENTOS

A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos

maravilhosos na minha vida

Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a

realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial

Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva

Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a

buscar e querer o melhor pra mim

Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal

do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso

Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo

apoio financeiro

A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios

professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara

Elias Juliana Diogo e Leonor

A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e

confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho

A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo

disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo

Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas

que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho

Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e

apoio

A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela

Cristiane e Liane

A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a

minha formaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO I

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24

Figura 2 Semente de O lagopus 29

Figura 3 Tegumento de O lagopus 32

Figura 4

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O

lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48

Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57

Figura 7

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59

Figura 8

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash

B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do

hipocoacutetilo de O lagopus 60

Figura 9

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62

Figura 10

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash D) 64

Figura 11

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com

Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67

Figura 12

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA i

AGRADECIMENTOS ii

LISTA DE FIGURAS iii

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5

21 Famiacutelia Malvaceae 5

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7

24 Morfologia da semente 9

25 Morfologia da placircntula 10

3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13

CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae 18

RESUMO 18

ABSTRACT 20

1 INTRODUCcedilAtildeO 21

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23

21 Material botacircnico 23

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25

24 Microscopia de Luz 25

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

AGRADECIMENTOS

A Deus que sempre esteve comigo me iluminando e proporcionando momentos

maravilhosos na minha vida

Agradeccedilo agrave todos que me ajudaram contribuiacuteram incentivaram e apoiaram para a

realizaccedilatildeo deste trabalho e em especial

Agrave minha matildee Norma Suely Monfort Abitbol e meu pai Paulo Roberto da Silva

Abitbol pelo apoio nas fases deste trabalho e dedicaccedilatildeo agrave famiacutelia Por me ensinar a

buscar e querer o melhor pra mim

Ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Agronomia Tropical da Universidade Federal

do Amazonas por ter dado a oportunidade de ingressar no curso

Ao CNPq e ao Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo Acadecircmica (PROCAD) pelo

apoio financeiro

A Universidade Federal de Viccedilosa especialmente aos funcionaacuterios estagiaacuterios

professores alunos amigos do laboratoacuterio de Anatomia vegetal especialmente Baacuterbara

Elias Juliana Diogo e Leonor

A minha orientadora Maria Silvia de Mendonccedila Queiroz pela orientaccedilatildeo e

confianccedila na execuccedilatildeo do trabalho

A minha co-orientadora Mariacutelia Contin Ventrella pela ajuda orientaccedilatildeo

disponibilidade e auxiacutelio na dissertaccedilatildeo

Ao meu querido e amigo professor Antenor Pereira Barbosa do Instituto Nacional

de Pesquisas da Amazocircnia e professora Tereza da Universidade Federal do Amazonas

que estiveram sempre disponiacuteveis em me receber e orientar no decorrer do trabalho

Ao meu marido Emerson Santos da Silva pela enorme paciecircncia compreensatildeo e

apoio

A todos os meus colegas do curso em especial as minhas amigas Elizacircngela

Cristiane e Liane

A todos os professores do curso da poacutes-graduaccedilatildeo que muito contribuiacuteram para a

minha formaccedilatildeo

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO I

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24

Figura 2 Semente de O lagopus 29

Figura 3 Tegumento de O lagopus 32

Figura 4

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O

lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48

Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57

Figura 7

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59

Figura 8

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash

B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do

hipocoacutetilo de O lagopus 60

Figura 9

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62

Figura 10

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash D) 64

Figura 11

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com

Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67

Figura 12

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA i

AGRADECIMENTOS ii

LISTA DE FIGURAS iii

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5

21 Famiacutelia Malvaceae 5

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7

24 Morfologia da semente 9

25 Morfologia da placircntula 10

3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13

CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae 18

RESUMO 18

ABSTRACT 20

1 INTRODUCcedilAtildeO 21

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23

21 Material botacircnico 23

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25

24 Microscopia de Luz 25

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

LISTA DE FIGURAS

CAPIacuteTULO I

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus 24

Figura 2 Semente de O lagopus 29

Figura 3 Tegumento de O lagopus 32

Figura 4

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O

lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 34

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de Ochroma lagopus submetida a testes histoquiacutemicos 36

CAPIacuteTULO II

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri 48

Figura 2 Placircntulas de O lagopus 49

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus 54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus 55

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus 57

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos 57

Figura 7

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) 59

Figura 8

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash

B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do

hipocoacutetilo de O lagopus 60

Figura 9

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) 62

Figura 10

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de

Toluidina (A ndash D) 64

Figura 11

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com

Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) 67

Figura 12

Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul

de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) 68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) 69

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA i

AGRADECIMENTOS ii

LISTA DE FIGURAS iii

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5

21 Famiacutelia Malvaceae 5

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7

24 Morfologia da semente 9

25 Morfologia da placircntula 10

3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13

CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae 18

RESUMO 18

ABSTRACT 20

1 INTRODUCcedilAtildeO 21

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23

21 Material botacircnico 23

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25

24 Microscopia de Luz 25

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

SUMAacuteRIO

DEDICATOacuteRIA i

AGRADECIMENTOS ii

LISTA DE FIGURAS iii

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL 1

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 5

21 Famiacutelia Malvaceae 5

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw 5

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas 7

24 Morfologia da semente 9

25 Morfologia da placircntula 10

3 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 13

CAPIacuteTULO I ndash Aspectos morfoanatocircmicos de sementes de Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae 18

RESUMO 18

ABSTRACT 20

1 INTRODUCcedilAtildeO 21

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 23

21 Material botacircnico 23

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade 23

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica 25

24 Microscopia de Luz 25

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 27

31 Teor de umidade da semente 27

32 Morfoanatomia da semente 27

321 Morfologia geral da semente 27

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente 30

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente 34

4 CONCLUSAtildeO 37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 38

CAPIacuteTULO II ndash Processo germinativo e aspectos morfoanatocircmicos de placircntulas de

Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae 41

RESUMO 41

ABSTRACT 43

1 INTRODUCcedilAtildeO 45

2 MATERIAL E MEacuteTODOS 47

21 Processo Germinativo 47

22 Morfologia da placircntula 48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula 49

24 Anatomia da placircntula 50

25 Diafanizaccedilatildeo 50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura 51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 52

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula 52

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

32 Morfologia da placircntula 55

33 Anatomia da placircntula 58

331 Raiz primaacuteria 58

332 Hipocoacutetilo 59

333 Cotileacutedone 61

334 Epicoacutetilo 63

335 Eofilos 64

4 CONCLUSAtildeO 70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 71

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

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38

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

1 INTRODUCcedilAtildeO GERAL

A morfologia de sementes germinaccedilatildeo e placircntulas satildeo importantes na anaacutelise do

ciclo vegetativo das espeacutecies processos de germinaccedilatildeo e crescimento como tambeacutem para

obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com finalidade taxonocircmica

(KUNIYOSHI 1983)

Como parte de estudos morfoanatocircmicos a morfologia de plantas tem merecido

atenccedilatildeo com o intuito de ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas facilitando o reconhecimento e identificaccedilatildeo das

espeacutecies de uma determinada regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Arauacutejo et al (2004) afirmam que tanto para espeacutecies florestais nativas como para

espeacutecies exoacuteticas haacute uma carecircncia de estudos sobre a morfologia de sementes e placircntulas

No entanto para explorar os recursos produzidos por espeacutecies florestais eacute necessaacuterio

obter o conhecimento sobre suas caracteriacutesticas e seu ciclo vegetativo visando

proporcionar o manejo adequado das espeacutecies

Estudos sobre a morfologia de sementes da germinaccedilatildeo e ateacute a formaccedilatildeo da

placircntula envolvem conhecimentos baacutesicos informaccedilotildees uacuteteis agrave identificaccedilatildeo botacircnica

(MIRANDA 1998) Para Crestana e Beltrati (1988) estudos morfoloacutegicos e anatocircmicos

da germinaccedilatildeo de sementes de espeacutecies florestais tropicais satildeo fundamentais e urgentes agrave

medida que cresce a demanda por seus produtos e estatildeo sendo reduzidas drasticamente as

populaccedilotildees naturais em face das alteraccedilotildees ambientais provocadas principalmente pelo

desmatamento contiacutenuo

Segundo Kuniyoshi (1983) o conhecimento morfoloacutegico das estruturas das

sementes eacute de grande importacircncia pois eacute possiacutevel obter informaccedilotildees sobre germinaccedilatildeo

1

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

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anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

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MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

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Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

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com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

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Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

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322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

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Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

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4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

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72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

armazenamento e meacutetodos de semeadura dispondo-se do maior nuacutemero de dados sobre o

ciclo bioloacutegico das espeacutecies compreendendo os mecanismos naturais do ecossistema

florestal Contribui tambeacutem para o entendimento da regeneraccedilatildeo e manejo das florestas

(MARTINI et al 1994 BELTRATI 1990)

A identificaccedilatildeo das espeacutecies no estaacutedio inicial de crescimento conduz a trecircs

direccedilotildees contribuiccedilatildeo para um melhor entendimento da biologia da planta estudos

taxonocircmicos e levantamento ecoloacutegico da regeneraccedilatildeo natural por sementes (SALES

1987)

Para Oliveira (1993) o conhecimento morfoloacutegico da placircntula permite

caracterizar famiacutelias gecircneros e tambeacutem espeacutecies sendo aplicado no inventaacuterio florestal

de muitas regiotildees de clima temperado e tropical Melo (2001) cita tambeacutem que o estudo

na fase de placircntula serve de iacutendice para reconhecer o estaacutegio sucessional de uma

vegetaccedilatildeo da diversidade de espeacutecies e dos indiviacuteduos que dominam o solo

Apesar de alguns autores terem contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo dos estudos no campo

da morfologia de sementes e placircntulas como Beltrati (1973) Kuniyoshi (1983) Barroso

et al (1999) Ferreira amp Cunha (2000) Melo (2001) Arauacutejo et al (2004) e Melo amp

Varela (2006) ainda haacute carecircncia de informaccedilotildees referentes aos aspectos

morfoanatocircmicos de sementes e placircntulas de espeacutecies florestais principalmente da

anatomia dificultando a compreensatildeo de todo o processo de desenvolvimento estrutural

fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais nos seus estaacutegios iniciais

Ochroma lagopus Swartz pertence a famiacutelia Malvaceae (APG II 2003) eacute

constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) Possui grande importacircncia econocircmica sendo a espeacutecie O lagopus utilizada em

2

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

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epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

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amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

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2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

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Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

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23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

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24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

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26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

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com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

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Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

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Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

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arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

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Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

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33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

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Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

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Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

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333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

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334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

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72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(RIBEIRO et al 1999 OLIVEIRA 2006) Sua madeira eacute leve macia faacutecil de trabalhar

e ideal para a construccedilatildeo de jangadas balsas salva-vidas boacuteias e brinquedos

(LOUREIRO et al 1979)

Com o estudo morfoanatocircmico das sementes e placircntulas de pau-de-balsa pode-se

conhecer melhor o processo germinativo desta espeacutecie para subsidiar os trabalhos de

produccedilatildeo de mudas e tambeacutem compreender melhor o processo de estabelecimento desta

espeacutecie em condiccedilotildees naturais da floresta

Ateacute o momento nenhuma pesquisa aprofundada foi feita com a espeacutecie O

lagopus sobre a morfoanatomia de sementes e placircntulas As referecircncias existentes sobre

esta espeacutecie em geral restringem-se ao estudo da morfologia dos estaacutedios iniciais de

espeacutecies tropicais arboacutereas (GONZALES e TRIGOSO 1993) descriccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav) Urb (NETTO 1994)

crescimento da espeacutecie Ochroma lagopus Sw usada para recuperar aacutereas degradadas pela

agricultura na Amazocircnia (BARBOSA et al 2002) tecnologia alternativa para quebra de

dormecircncia de sementes de pau-de-balsa (O lagopus - Bombacaceae) (BARBOSA et al

2004) conservaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (PINTO et al 2004) e a

influecircncia da temperatura e quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de

sementes de Ochroma pyramidale (Cav ex Lam) Urban (pau-de-balsa) (RAMOS et al

2006)

Diante disso o objetivo do trabalho foi obter informaccedilotildees sobre a morfoanatomia

das sementes e placircntulas de Ochroma lagopus como contribuiccedilatildeo ao estudo ecoloacutegico

3

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

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com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

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38

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

taxonocircmicos ao manejo adequado da espeacutecie atraveacutes do conhecimento do processo

germinativo e identificaccedilatildeo na fase juvenil

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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38

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Famiacutelia Malvaceae

O lagopus pertence a famiacutelia Malvaceae (Juss) APG (Angiosperm Philogeny

Group ou Grupo de Filogenia das Angiospermas) herda os integrantes das antigas

famiacutelias Sterculiaceae Tiliaceae e Bombacaceae pela nova classificaccedilatildeo (APG II 2003)

Eacute constituiacuteda de 250 gecircneros e 4200 espeacutecies espalhadas pelo mundo (SOUZA et al

2005) sendo o maior centro de dispersatildeo a Ameacuterica do Sul com alguns gecircneros na

Aacutefrica e Aacutesia (CRONQUIST 1981) Ocorrem no Brasil 18 gecircneros e cerca de 100

espeacutecies (BARROSO et al 1978)

22 Caracteriacutesticas gerais de Ochroma lagopus Sw

O lagopus eacute vulgarmente conhecida por pau-de-balsa (Amazonas-Brasil) pau-de-

jangada pata-de-lebre (Paraacute-Brasil) balsa (Ameacuterica Central) palo de lano (Venezuela)

tocircpa (Peru) palo de balsa (Boliacutevia) tambor (Guatemala) polak (Nicaraacutegua) etc Ocorre

no Meacutexico Antilhas Ameacuterica Central Venezuela e Boliacutevia e eacute cultivada no Peru Aacutefrica

e Aacutesia No Brasil eacute comum na metade ocidental do Estado do Amazonas e no rio Tiquieacute

(alto Rio Negro) Com seu habitat na margem inundaacutevel dos rios e igapoacutes (LOUREIRO

et al 1979)

Segundo Hermes e Locatelli (2006) o pau-de-balsa necessita de uma precipitaccedilatildeo

em torno de 1500 a 3000mm e temperatura entre 22 a 27ordmC Tolera periacuteodo seco de ateacute

quatro meses desde que a umidade relativa do ar natildeo fique abaixo de 75 Eacute exigente

quanto agrave qualidade do solo soacute crescendo em solos profundos e bem drenados Eacute uma

espeacutecie helioacutefita de raacutepido crescimento atinge alturas de 18 a 24 metros e DAP (diacircmetro

5

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

a altura do peito) de 30 a 45cm A sua caracteriacutestica helioacutefita impede o desenvolvimento

no interior da floresta entretanto apresenta abundante regeneraccedilatildeo natural em clareiras

naturais ou antroacutepicas constituindo agraves vezes povoamentos puros A espeacutecie tambeacutem

cresce sob forma de regeneraccedilatildeo natural em povoamento homogecircneo de outras espeacutecies

poreacutem soacute se estabelece quando a copa forma acima do dossel da espeacutecie concorrente

De acordo com LOUREIRO et al (1979) as folhas satildeo grandes e alternas

podendo atingir 40cm de comprimento e 30cm de largura com peciacuteolo grosso verde com

tom amarronzado As flores satildeo brancas grandes (25 cm de comprimento) O fruto eacute

constituiacutedo por uma caacutepsula de forma alongada que abre em cinco valvas com fibras

abundantes envolvendo as sementes A pluma que envolve as sementes eacute empregada no

enchimento de colchotildees e travesseiros A aacutervore eacute uacutetil para plantios mistos destinados agrave

recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo permanente graccedilas ao raacutepido

crescimento A madeira eacute muito leve (020 a 035 gcm3) faacutecil de trabalhar cerne

castanho paacutelido ou avermelhado alburno branco palha com manchas acinzentadas ou

roacuteseas Pode ser utilizada para caixas de embalagem de produtos pereciacuteveis (RIZZINI

1978) fabricaccedilatildeo de papel e celulose brinquedos forros de teto material isolante barcos

jangadas construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO amp SILVA 1968) As

sementes satildeo pequenas de 25 a 40mm de comprimento por 10 a 15mm de largura cor

marrom opaco (CONABIO 2006)

A primeira frutificaccedilatildeo eacute com a idade de 3 a 5 anos apresentando em torno de 100

mil sementes por quilo (HERMES e LOCATELLI 2006)

As folhas da planta satildeo utilizadas na fitoterapia por ser ideal para resolver

problemas intestinais (CARDENAS 2000)

6

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO AL ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p

BELTRATI C M PAOLI A A S Semente In APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S Anatomia Vegetal Viccedilosa UFV 2003 Cap 15 p 399 ndash 424 BRASIL Regras para anaacutelise de sementes Secretaria Nacional de Defesa Agropecuaacuteria Ministeacuterio da Agricultura Brasiacutelia 1992 365p CAIN A J The use of Nile blue in the examination of lipids Quarterly Journal of Microscopical Science v 88 p 383-392 1947 CORNER E J H The leguminous seed Phytomorphology 1951 1 117-150 CORNER E J H The seeds of dicotyledons University Press Cambridge 1976 v 1 311p v 2 552p ESAU K Anatomia das plantas com sementes Satildeo Paulo Edgard Blucher 1974 393p FERREIRA A G BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p FLORENTINO L O Nortatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwonortaocombrleraspid=10406gt Acesso em 20 de abril de 2008 FLORIANO E P Armazenamento de sementes florestais Caderno Didaacutetico n1 1ed Santa Rosa 2004 10 p

38

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39

PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

23 Importacircncia da morfoanatomia de sementes e placircntulas

Atualmente a morfologia de plantas tem merecido atenccedilatildeo como parte de estudos

morfoanatocircmicos objetivando ampliar o conhecimento sobre determinada espeacutecie ou

agrupamento sistemaacutetico de plantas ou visando o reconhecimento e identificaccedilatildeo de

placircntulas de uma certa regiatildeo (OLIVEIRA 1993)

Os trabalhos sobre identificaccedilatildeo germinaccedilatildeo morfologia de sementes e placircntulas

vem crescendo ultimamente e eacute preciso cada vez mais dar importacircncia em pesquisas para

conhecer o comportamento de outras espeacutecies natildeo estudadas A literatura botacircnica

registra tambeacutem escassos estudos de natureza anatocircmica dificultando a compreensatildeo de

todo o processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas

florestais nos seus estaacutegios iniciais

Dado a importacircncia deste estudo alguns autores tecircm contribuiacutedo para ampliaccedilatildeo

do conhecimento no campo da morfologia de sementes e placircntulas como tambeacutem na

anatomia Beltrati (1973) ilustrou e descreveu a morfologia das sementes e a germinaccedilatildeo

de 18 espeacutecies de Eucalyptus Kuniyoshi (1983) descreveu 25 espeacutecies arboacutereas da

Floresta Ombroacutefila Mista Barroso et al (1999) analisaram e descreveram a morfologia

externa e interna de frutos e sementes de vaacuterias famiacutelias de dicotiledocircneas Ferreira amp

Cunha (2000) estudaram os aspectos morfoloacutegicos de sementes placircntulas e

desenvolvimento da muda de craibeira (Tabebuia caraiba (Mart) Bur) ndash Bignoniaceae e

pereiro (Aspidosperma pyrifolium Mart) ndash Apocynaceae Camargo et al (2000)

ampliaram o conhecimento das estruturas morfoloacutegicas e anatocircmicas das amecircndoas e

placircntulas de castanheira-do-brasil Melo (2001) realizou um estudo morfoloacutegico de

sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de cinco espeacutecies com importacircncia agroflorestal

7

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Arauacutejo et al (2004) estudaram a caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes e

placircntulas de Sesbania virgata Melo amp Varela (2006) estudaram os aspectos morfoloacutegicos

de frutos sementes germinaccedilatildeo e placircntulas de duas espeacutecies florestais da Amazocircnia I

Dinizia excelsa Ducke (Angelim-pedra) II Cedrelinga catenaeformis Ducke (Cedrorana)

ndash Leguminosae Mimosoideae Destacam-se tambeacutem Pilati e Souza (2006) que tratam da

morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg pertencente agrave Ulmaceae

Ressalta-se o mais recente trabalho de Matheus e Lopes (2007) sobre a morfologia de

frutos sementes e placircntulas e germinaccedilatildeo de sementes de Erythrina variegata L e

tambeacutem o trabalho de Silva et al (2007) com a espeacutecie Cnidosculus juercifolius Pax amp

K Hoffm da famiacutelia Euphorbiaceae

Com relaccedilatildeo aos estudos da morfologia e anatomia de sementes e placircntulas assim

como os mecanismos de germinaccedilatildeo e crescimento observa-se que estes trabalhos

apesar de serem variados e dispersos fornecem valiosas informaccedilotildees que permitem a

identificaccedilatildeo de muitas espeacutecies em fases juvenis compreendendo o ciclo bioloacutegico e sua

regeneraccedilatildeo

Segundo Beltrati (1978) ao estudar a morfologia e anatomia de sementes e

placircntulas de Eucalyptus maidenii e depois comparaacute-la com outras espeacutecies do mesmo

gecircnero verificou que as caracteriacutesticas morfoloacutegicas externas dos envoltoacuterios das

sementes (tegumento) bem como a anatomia satildeo de grande utilidade na identificaccedilatildeo

das sementes e menos uacuteteis quando estudada as caracteriacutesticas do embriatildeo e da placircntula

Para Rodrigues amp Araki (1988) o conhecimento da morfologia e a origem dos tecidos da

placircntula a partir da semente eacute essencial para avaliaccedilatildeo da qualidade das sementes

florestais

8

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

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anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

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MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

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com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

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322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

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Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

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4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

A morfologia interna das sementes em combinaccedilatildeo com as observaccedilotildees das

placircntulas auxilia na identificaccedilatildeo de suas estruturas oferecendo subsiacutedios para a

realizaccedilatildeo de trabalhos de pesquisa (ARAUacuteJO amp MATOS 1991)

24 Morfologia da semente

Para KUNIYOSHI (1983) a semente eacute o principal elemento de perpetuaccedilatildeo da

maioria das espeacutecies lenhosas e eacute o produto de uma seacuterie de eventos bioloacutegicos que

comeccedila com a floraccedilatildeo e termina com a germinaccedilatildeo O conhecimento da estrutura da

semente eacute de primordial importacircncia para diversos fins pode-se obter indicaccedilotildees sobre

germinaccedilatildeo armazenamento viabilidade e meacutetodos de semeadura

As sementes podem ser identificadas por um conjunto de estruturas externas e

internas Segundo Ferreira e Borghetti (2004) a superfiacutecie do tegumento pode ser lisa

rugosa estriada sulcada reticulada glabra mucilaginosa espinhosa aculeada ou

papilosa Pode apresentar cicatrizes na identificaccedilatildeo como hilo e rafe E aleacutem disso a

semente pode possuir apenas uma ou mais de uma cor Kozlowski e Gunn (1972) citam

que as cores como o vermelho amarelo e branco tambeacutem satildeo vaacutelidos para identificaccedilatildeo

sendo pouco frequumlente Algumas espeacutecies tecircm pouca variaccedilatildeo nas formas das sementes

enquanto outras tecircm muitas sendo as mais comuns elipsoacuteides globosas lenticulares

oblongas ovoacuteides e reniformes (FELICIANO 1989) A forma e o tamanho das sementes

satildeo muito variaacuteveis dependendo da espeacutecie e das condiccedilotildees ecoloacutegicas durante o

desenvolvimento da planta-matildee e durante as fases posteriores ao florescimento

(TOLEDO e FILHO 1977)

9

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

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38

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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72

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73

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Martin (1946) cita que a morfologia interna das sementes eacute tatildeo importante como

a externa quando estudou a morfologia interna de 1287 gecircneros de 155 famiacutelias de

angiospermas baseando-se no tamanho do embriatildeo em relaccedilatildeo ao endosperma e nas

diferenccedilas de tamanho de forma e de posiccedilatildeo do embriatildeo dentro da semente

Barroso et al (1978) analisou e descreveu as estruturas morfoloacutegicas externas e

internas das sementes de vaacuterias famiacutelias de Dicotiledocircneas e Monocotiledocircneas

definindo tipos de reserva do endosperma e classificando os embriotildees de acordo com as

formas e posiccedilotildees que ocupam no interior da semente

Para Gunn (1972) tanto as caracteriacutesticas externas como as internas das sementes

satildeo pouco modificadas pelo ambiente constituindo-se num criteacuterio bastante seguro para a

identificaccedilatildeo

25 Morfologia de Placircntula

Nos estudos que envolvem a necessidade de conhecimento da regeneraccedilatildeo natural

a identificaccedilatildeo da planta no estaacutedio juvenil torna-se imprescindiacutevel (AMORIM 1996)

A germinaccedilatildeo nas plantas com sementes pode ser definida como uma seacuterie de

eventos morfogeneacuteticos que resultam na transformaccedilatildeo de um embriatildeo em uma placircntula

(OLIVEIRA 1993)

Para Font Quer (1985) placircntula eacute o embriatildeo jaacute desenvolvido como consequumlecircncia

da germinaccedilatildeo plantinha receacutem-nascida o autor natildeo define ateacute que fase o termo deve ser

empregado Jaacute a definiccedilatildeo de Parra (1984) placircntula inclui desde a protrusatildeo da raiz

primaacuteria ateacute o aparecimento do primeiro metafilo

10

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

As placircntulas satildeo estudadas por dois motivos o primeiro eacute a necessidade de

identificaacute-las em certas regiotildees ou habitats por isso as placircntulas tecircm sido descritas e

ilustradas e em segundo as placircntulas satildeo estudadas porque fornecem informaccedilotildees

adicionais ao conhecimento sobre o ciclo de vida das plantas (BOKDAM 1977)

Segundo Feliciano (1989) vaacuterios satildeo os trabalhos de identificaccedilatildeo de placircntulas e

mudas de diversas espeacutecies e famiacutelias principalmente na literatura internacional No

Brasil ainda satildeo poucos os trabalhos sobre morfologia de placircntulas de espeacutecies florestais

levando em consideraccedilatildeo a diversidade da flora brasileira (OLIVEIRA 1993)

Na Amazocircnia pesquisas nesse sentido foram iniciadas por Macedo (1977)

descrevendo a dispersatildeo de sementes de plantas lenhosas de uma campina amazocircnica e

identificando o tipo de germinaccedilatildeo e a morfologia dos frutos e das sementes de algumas

leguminosas

Lubbock (1892) apresentou importantes trabalhos sobre sementes forma dos

cotileacutedones e das folhas com descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo de espeacutecies de muitas famiacutelias Estas

obras satildeo consideradas pioneiras e das mais extensas e completas no assunto muito atual

no seu conteuacutedo onde o autor chama atenccedilatildeo para a importacircncia da germinaccedilatildeo das

sementes considerando de grande valor a morfologia das placircntulas e suas estruturas

Com relaccedilatildeo agraves placircntulas destaca-se o trabalho de Ducke (1965) descrevendo

cerca de duzentas placircntulas de espeacutecies florestais de Porto Rico e do Canal do Panamaacute

onde ressalta a importacircncia das sementes para a sistemaacutetica botacircnica e das placircntulas das

espeacutecies no campo

11

1

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Entretanto eacute de Kuniyoshi (1983) o trabalho mais aprofundado sobre o assunto

que trata da morfologia da semente e sua germinaccedilatildeo ateacute a fase placircntular com descriccedilotildees

e ilustraccedilotildees de vinte e cinco espeacutecies florestais nativas da floresta com Araucaacuteria

Em face ao exposto percebe-se a importacircncia de se intensificar os estudos das

estruturas de sementes e placircntulas visando diversos fins como anaacutelises de laboratoacuterio

identificaccedilatildeo e diferenciaccedilatildeo de espeacutecies e grupos reconhecimento da planta no campo

bem como a taxonomia e silvicultura da espeacutecie

12

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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38

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

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4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

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17

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

CAPIacuteTULO I ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE SEMENTES DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae RESUMO ndash Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) eacute vulgarmente conhecida por pau-de-

balsa e ocorre naturalmente desde o sul do Meacutexico ateacute a Boliacutevia No Brasil eacute comum no

Estado do Amazonas Eacute uma espeacutecie arboacuterea onde sua principal importacircncia estaacute

relacionada agrave utilizaccedilatildeo de sua madeira na manufatura de barcos e jangadas e com

potencialidade de uso para reflorestamento na regiatildeo Objetivou-se descrever e ilustrar os

aspectos morfoanatocircmicos das sementes de pau-de-balsa O trabalho foi iniciado com a

coleta dos frutos e aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da

morfologia foi realizado no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da

Universidade Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia

no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) e no Laboratoacuterio de

MicorrizasBIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Foram feitas mediccedilotildees

de comprimento largura espessura e teor de umidade Foram observados os paracircmetros

morfoloacutegicos externos e internos das sementes para descriccedilatildeo morfoloacutegica o uso de

teacutecnicas de microscopia de luz e microscopia eletrocircnica de varredura para caracterizaccedilatildeo

anatocircmica sendo empregado teste histoquiacutemico com Sudan Red B Azul do Nilo Lugol

Floroglucina Xilidine Pounceau Azul de Astra e Fucsina Baacutesica Vermelho de Rutecircnio e

Cloreto Feacuterrico Ochroma lagopus conteacutem 88 de teor de umidade A semente eacute

estenospeacutermica albuminosa embriatildeo axial invaginado plicado cotileacutedones foliaacuteceos O

tegumento eacute formado por ceacutelulas alargadas dispostas em paliccedilada O endosperma e o

embriatildeo possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e tamanho variaacutevel Na

18

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

anaacutelise do tegumento com os testes histoquiacutemicos deram respostas positivas para

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos No endosperma e embriatildeo para proteiacutenas

lipiacutedios e amido

19

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO AL ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p

BELTRATI C M PAOLI A A S Semente In APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S Anatomia Vegetal Viccedilosa UFV 2003 Cap 15 p 399 ndash 424 BRASIL Regras para anaacutelise de sementes Secretaria Nacional de Defesa Agropecuaacuteria Ministeacuterio da Agricultura Brasiacutelia 1992 365p CAIN A J The use of Nile blue in the examination of lipids Quarterly Journal of Microscopical Science v 88 p 383-392 1947 CORNER E J H The leguminous seed Phytomorphology 1951 1 117-150 CORNER E J H The seeds of dicotyledons University Press Cambridge 1976 v 1 311p v 2 552p ESAU K Anatomia das plantas com sementes Satildeo Paulo Edgard Blucher 1974 393p FERREIRA A G BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p FLORENTINO L O Nortatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwonortaocombrleraspid=10406gt Acesso em 20 de abril de 2008 FLORIANO E P Armazenamento de sementes florestais Caderno Didaacutetico n1 1ed Santa Rosa 2004 10 p

38

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39

PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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71

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72

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73

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

MORPHOANATOMICS ASPECTS OF SEEDS OF Ochroma lagopus Swartz ndash

Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus Swartz (Malvaceae) is commonly known as pau-de-

balsa and occurs naturally from southern Mexico to Bolivia In Brazil is common in the

state of Amazonas It is a tree species and its main importance is related to the use of their

wood in the manufacturing of boats and rafts and with potential for use for reforestation

in the region The objective is describe and illustrate morfoanatomics aspects of seed of

pau-de-balsa The work began with the collection of fruit and trees in the Estaccedilatildeo

Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash

INPA ManausAM The study was conducted morphology of the Laboratoacuterio de

Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade Federal do Amazonas and anatomical

analysis in laboratory anatomy no Nuacutecleo de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) and

the Laboratory of Micorrhyzum BIOAGRO da Universidade Federal de Viccedilosa (MG)

Been made measurements of length width thickness and moisture content The

parameters were observed morphological external and internal seed for morphological

description the use of techniques for light microscopy and scanning electron microscopy

to characterize anatomical and employee test histochemical with Sudan Red B Nile

Blue Lugol Floroglucine Xilidine Pounceau Astra Blue and Basic Fuchsin Rutecircnio

Red and Ferric chloride Ochroma lagopus contains 88 of moisture content The seed

is estenospeacutermic albuminose axial invaginated plicate embryo foliaceous cotyledons

The tegument is formed by cells expanded arranged in palisading The endosperm and the

embryo cells have thin walls with varying shape and size In the histochemical analysis of

the tegument the tests gave positive responses to polysaccharides lignin and phenolic

compounds and endosperm and the embryo to proteins lipids and starch

20

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus eacute uma espeacutecie arboacuterea conhecida popularmente no Brasil como

pau-de-balsa pau-de-jangada ou balsa (RIZZINI 1977) pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

pela nova classificaccedilatildeo APG (APG II 2003)

Essa espeacutecie possui alto valor econocircmico com a utilizaccedilatildeo da madeira pois eacute

macia e faacutecil de trabalhar podendo ser usada na fabricaccedilatildeo de papel e celulose confecccedilatildeo

de embarcaccedilotildees e brinquedos (VARELA e FERRAZ 1991) Apresenta grande

importacircncia ecoloacutegica como espeacutecie pioneira no uso para reflorestamento sendo utilizada

em plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974) Atualmente eacute plantado em alguns paiacuteses asiaacuteticos e

africanos No Brasil jaacute existem algumas experiecircncias feitas por empreendedores do setor

florestal (VIEIRA e LOCATELLI 2006)

Trabalhos de morfologia envolvendo sementes vecircm sendo conduzidos haacute muito

tempo e muitos autores vecircm contribuindo com esse estudo no decorrer dos anos mas

ainda existe carecircncia de informaccedilotildees a respeito Em relaccedilatildeo aos trabalhos de morfologia

realizados com Ochroma alguns pesquisadores estudaram a germinaccedilatildeo de sementes de

Ochroma pyramidale (VARELA E FERRAZ 1991 NETTO 1994) Gonzaacuteles e Trigoso

(1993) estudaram a morfologia dos estaacutedios iniciais de algumas espeacutecies tropicais

inclusive O pyramidale conservaccedilatildeo e vigor de sementes de O pyramidale (PINTO et

al 2004) tecnologia alternativa para quebra de dormecircncia de sementes de O lagopus

(BARBOSA et al 2004) influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua de substrato

sobre a germinaccedilatildeo de sementes de O pyramidale (RAMOS et al 2006) Vaacutesquez-

21

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

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38

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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72

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73

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus de uma maneira bem simples e resumida podendo servir como complemento

e comparaccedilatildeo da espeacutecie em estudo

Um fator interessante que ocorre com o pau-de-balsa eacute que segundo Vasques-

Yanes amp Perez-Garcia (1976) O lagopus por suas caracteriacutesticas morfoloacutegicas possui

dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do tegumento satildeo fatores que

caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie E eacute atraveacutes da anatomia que pode-

se identificar o oacutergatildeo a sua estrutura ou os diferentes tipos de ceacutelulas que ocorrem no

tegumento eou no tecido de reserva desta espeacutecie Para Solereder (1908) ou Metcalfe amp

Chalk (1950) os estudos de morfologia e anatomia satildeo importantes e servem como

subsiacutedios ateacute para a taxonomia

Assim considerando a importacircncia desta espeacutecie e a relevacircncia de tais estudos o

presente trabalho tem por objetivo descrever e ilustrar os aspectos morfoanatocircmicos de

sementes de O lagopus

22

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

21 Material botacircnico

Frutos maduros de Ochroma lagopus foram coletados diretamente de aacutervores

matrizes na eacutepoca de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura

Tropical do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da

BR-174 em ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

22 Preparaccedilatildeo do material para mediccedilotildees e teor de umidade

Apoacutes o beneficiamento (Figura 1) foram selecionadas 100 sementes

isentas de ataque de insetos e fungos atrofiamento livre de impurezas e injuacuterias Foram

feitas mediccedilotildees de comprimento (medida entre o aacutepice e a base) largura (medida mais

larga em contraposiccedilatildeo ao comprimento) e espessura (medida mais larga em

contraposiccedilatildeo agrave largura) utilizando paquiacutemetro digital Mitutoyo (com precisatildeo de 01

mm) e obtidos meacutedia aritmeacutetica desvio-padratildeo e a amplitude de variaccedilatildeo

23

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO AL ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p

BELTRATI C M PAOLI A A S Semente In APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S Anatomia Vegetal Viccedilosa UFV 2003 Cap 15 p 399 ndash 424 BRASIL Regras para anaacutelise de sementes Secretaria Nacional de Defesa Agropecuaacuteria Ministeacuterio da Agricultura Brasiacutelia 1992 365p CAIN A J The use of Nile blue in the examination of lipids Quarterly Journal of Microscopical Science v 88 p 383-392 1947 CORNER E J H The leguminous seed Phytomorphology 1951 1 117-150 CORNER E J H The seeds of dicotyledons University Press Cambridge 1976 v 1 311p v 2 552p ESAU K Anatomia das plantas com sementes Satildeo Paulo Edgard Blucher 1974 393p FERREIRA A G BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p FLORENTINO L O Nortatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwonortaocombrleraspid=10406gt Acesso em 20 de abril de 2008 FLORIANO E P Armazenamento de sementes florestais Caderno Didaacutetico n1 1ed Santa Rosa 2004 10 p

38

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39

PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 1 Beneficiamento manual das sementes de Ochroma lagopus

Foi determinado o teor de aacutegua das sementes de duas amostras com peso uacutemido

de 15g cada As amostras foram submetidas agrave secagem em estufa a 105ordmC plusmn 3ordmC por 24

horas sendo as pesagens feitas na balanccedila de precisatildeo 0001g ateacute estabilizaccedilatildeo do peso

seco para aplicaccedilatildeo na Foacutermula 1

Teor de aacutegua = 100 ( P ndash p ) (1)

P ndash t

Onde

P = peso inicial peso do recipiente mais o peso da semente uacutemida

p = peso final peso do recipiente mais o peso da semente seca

t = tara peso do recipiente

O teor de aacutegua final foi dado pela meacutedia dos teores de aacutegua das repeticcedilotildees

(BRASIL 1992)

24

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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71

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73

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

23 Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica

Os aspectos morfoloacutegicos externos e internos das sementes foram observados

atraveacutes da observaccedilatildeo de secccedilotildees transversais e longitudinais em microscoacutepio

estereoscoacutepico Carls Zeissreg

a) Aspectos externos envoltoacuterios (tegumentos testa e teacutegmen) cor textura forma

posiccedilatildeo do hilo e da microacutepila rafe

b) Aspectos internos presenccedila ou ausecircncia de endosperma e no embriatildeo (cotileacutedone

eixo hipocoacutetilo-radiacutecula e pluacutemula) o tipo a forma e a cor

A terminologia adotada para as descriccedilotildees morfoloacutegicas foi recomendado por

Corner (1976) Vidal amp Vidal (1984) Barroso et al (1999) Beltrati e Paoli (2003)

Ferreira e Borguetti (2004)

24 Microscopia de Luz

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as sementes foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas preservadas em etanol

70 (JOHANSEN 1940) desidratadas em seacuterie etiacutelica e incluiacutedas em resina sinteacutetica

(Historesin Leica) de acordo com as recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais

com 5 microm de espessura foram obtidos em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico

(modelo RM2155 Leica Microsystems Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40

(OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) ou azul de toluidina seguido de coloraccedilatildeo com lugol

diluiacutedo para caracterizaccedilatildeo estrutural e detecccedilatildeo de amido As lacircminas foram

posteriormente montadas em resina sinteacutetica (Permount) onde as observaccedilotildees e a

documentaccedilatildeo fotograacutefica foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF

Olympus Opticalreg) equipado com sistema U-Photo

25

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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71

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72

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73

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Foram selecionadas para os testes histoquiacutemicos dez sementes dormentes e dez

natildeo dormentes O material foi seccionado transversalmente em criomicroacutetomo (LEICA

CM 1850reg) no Laboratoacuterio de MicorrizasBIOAGROUFV com espessura de 50 microm

Alguns cortes histoloacutegicos foram montados em lacircminas sem terem sido

submetidos a reagentes visando identificar a coloraccedilatildeo eou aspecto natural das

substacircncias secretadas Posteriormente foram utilizados os seguintes reagentes

especiacuteficos empregando-se Sudan Red B para lipiacutedios totais (JENSEN 1962) Azul do

Nilo para lipiacutedios aacutecidos e neutros (CAIN 1947) Lugol para amido (JOHANSEN 1940)

Floroglucina para lignina (JENSEN 1962) Xilidine Pounceau (XP) para proteiacutenas totais

(OacuteBRIEN e McCULLY 1981) Azul de Astra e Fucsina Baacutesica para paredes primaacuterias

(celuloacutesicas) e secundaacuterias (lignificadas) respectivamente (KRAUS et al 1998)

Vermelho de Rutecircnio para pectina e o Cloreto Feacuterrico para substacircncias fenoacutelicas

(JOHANSEN 1940)

As lacircminas foram montadas em gelatina glicerinada ou glicerina 50 e a lutagem

foi feita com esmalte incolor (JENSEN 1962)

25 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para estudos no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as sementes foram

fixadas em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material

foi desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e

fixado em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com

ouro em metalizador Balzers (modelo FDU010) o material foi documentado utilizando

microscoacutepio eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeissreg) do Nuacutecleo de

Microscopia e Microanaacutelise (NMV) da UFV

26

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

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38

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39

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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72

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73

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Teor de umidade da semente

Ochroma lagopus se encaixa no grupo das ortodoxas por apresentar o teor de

umidade de 88 estando de acordo com Bradbeer (1988) citado por Lima et al (2006)

onde a maioria das sementes ortodoxas apresenta na massa fresca de 5 a 20 de aacutegua

Sementes ortodoxas satildeo descritas como relativamente pequenas com taxas metaboacutelicas e

respiraccedilatildeo menores as quais podem ser armazenadas com baixa temperatura e teor de

aacutegua por longo periacuteodo de tempo (FLORIANO 2004)

32 Morfoanatomia da semente

321 Morfologia geral da semente

A semente de O lagopus proveacutem de oacutevulos anaacutetropos e bitegumentados eacute

estenospeacutermica de formato obovoacuteide com o aacutepice arredondado e base pontiaguda

(Figura 2A) Cada semente apoacutes a retirada do fruto pesa em meacutedia 0008g e apresenta as

seguintes dimensotildees comprimento 368 ndash 549 mm com meacutedia de 457 mm largura 106

ndash 203 mm com meacutedia de 172 mm e espessura 107 ndash 190 mm com meacutedia de 159 mm

O hilo estaacute localizado na extremidade mais afilada da semente com tamanho

pequeno visiacutevel ciliacutendrico com forma linear coloraccedilatildeo marrom fosco localizado

proacuteximo agrave microacutepila A microacutepila encontra-se ao lado do hilo quase imperceptiacutevel A rafe

eacute saliente bem visiacutevel de coloraccedilatildeo marrom escuro

A semente eacute formada por dois tegumentos (Figura 2B e 2E) a parte externa

chamada de testa tem superfiacutecie rugosa pigmentada marrom opaco de consistecircncia

cartaacutecea (Figura 2C) e a parte interna o teacutegmen tem superfiacutecie esponjosa (Figura 2D)

27

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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71

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72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

com cor bege (Figura 2E) e no aacutepice possui a calaza oposta agrave regiatildeo hilar de cor preta

arredondada e lisa (Figura 2 F)

As sementes satildeo albuminosas com endosperma branco de consistecircncia firme

(Figura 2G) Na semente das Malvaceae segundo Barroso et al (1999) o endosperma

fica situado entre as dobras dos amplos cotileacutedones foliaacuteceos e muito dobrados em torno

do eixo hipocoacutetilo-radiacutecula mais ou menos curvo Quanto agrave posiccedilatildeo o embriatildeo eacute axial

invaginado plicado reto composto por dois cotileacutedones brancos membranaacuteceos largos

foliaacuteceos e dobrados apresentando nervuras e uma curvatura na margem (Figura 2G e

2H) O espaccedilo interno eacute meacutedio natildeo-dominante ou seja ocupa a metade do espaccedilo interno

da semente e no eixo central conforme indicado por Barroso et al (1999) O eixo

hipocoacutetilo-radiacutecula eacute reto com formato ciliacutendrico e tamanho curto (Figura 2H)

28

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

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epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

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amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

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2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

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Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

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23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

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24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

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26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

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com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

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Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

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Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

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arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

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Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

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33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

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Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

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Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

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333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

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334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 2 Semente de O lagopus Eletromicrografias de varredura (A ndash D) A ndash Aspecto geral da semente B ndash Detalhe do tegumento da semente C ndash Detalhe da superfiacutecie da camada externa do tegumento D ndash Detalhe da superfiacutecie da camada esponjosa do tegumento E ndash Detalhe da semente intumescida Observe os tipos de tegumento a teste e o teacutegmen F ndash Detalhe da calaza e a semente germinada G ndash Corte longitudinal da semente H ndash Detalhe do embriatildeo Ca ndash calaza Co ndash cotileacutedone Em ndash embriatildeo En ndash endosperma Ehr ndash eixo hipocoacutetilo radiacutecula Rp ndash raiz principal Te ndash testa Tg ndash teacutegmen

29

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

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epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

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GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

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epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

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amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

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2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

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Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

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23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

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Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

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arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

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33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

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Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

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334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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73

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

322 Anatomia e histoquiacutemica do tegumento da semente

Na descriccedilatildeo geral da anatomia das sementes de Malvaceae apresentada por

Corner (1976) natildeo se observa referecircncia ao gecircnero Ochroma

A semente eacute exoteacutegmica conforme classificaccedilatildeo de Apezzato-da-Gloacuteria e

Carmello-Guerreiro (2006) onde a principal camada de tecido mecacircnico estaacute presente no

teacutegmen

Apresenta a testa composta por uma camada de ceacutelulas paliccedilaacutedicas curtas e com

conteuacutedo fenoacutelico na parte mais externa (Figura 3A e 3C) O teacutegmen eacute caracterizado

tambeacutem pela presenccedila de uma camada paliccedilaacutedica sendo mais alongada bastante

esclerificada e lignificada Para Corner (1951) a camada paliccedilaacutedica funciona como um

obstaacuteculo mecacircnico Acredita-se que devido o fato desses tecidos que envolvem a

semente de pau-de-balsa existirem impedem a entrada de aacutegua sendo dificilmente

germinadas depois de um certo periacuteodo de tempo Assim esse tegumento permeaacutevel

torna-se impermeaacutevel retardando a germinaccedilatildeo Segundo Barbosa et al (2004) em

sementes de O lagopus receacutem-colhidas e germinadas este problema natildeo ocorre Vaacutesquez-

Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) mostraram as caracteriacutesticas morfoloacutegicas das sementes de

O lagopus descrevendo que a estrutura anatocircmica do tegumento eacute caracteriacutestica de

espeacutecies que apresentam dormecircncia tegumentar A dureza e a impermeabilidade do

tegumento satildeo fatores que caracterizam a dormecircncia das sementes dessa espeacutecie No

trabalho de Oliveira e Paiva (2005) utilizando Pterodon emarginatus Fabaceae (=

Leguminosae) mostraram que os fatores considerados como causa da impermeabilidade

das sementes foram na testa com a camada paliccedilaacutedica e barreiras quiacutemicas (com cutiacutecula

espessa e compostos fenoacutelicos)

30

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Haacute evidecircncias tambeacutem de que a estrutura do tegumento interno na semente

madura foi comprimido durante o desenvolvimento do endosperma e do embriatildeo que em

Ochroma eacute bastante desenvolvido e ocupa grande parte da semente Por esta razatildeo

grande parte das camadas parenquimaacuteticas podem estar compactadas sendo a camada em

paliccedilada o uacutenico estrato celular que pode ser visualizado de forma iacutentegra Vale destacar

neste trabalho que para ter a certeza da divisatildeo da testa e teacutegmen da semente (Figura 3D)

seria necessaacuterio fazer um estudo ontogeneacutetico

Em relaccedilatildeo a linha luacutecida ou linha clara conforme vemos na figura 3A (seta

vermelha) Vaacutesquez-Yaacutenes amp Perez-Garcia (1976) explicam que essa linha pode estar

diretamente relacionada como uma eficiente barreira para entrada de aacutegua no interior da

semente a qual eacute comum ocorrer em famiacutelias de Bombacaceae Malvaceae e

Leguminosae No trabalho de Ilkiu-Borges (2005) com sementes de Leguminosae-

Caesalpinioideae de Bauhinia monandra a autora observou a presenccedila da linha luacutecida

contiacutenua que acompanha toda a extensatildeo da semente A linha luacutecida eacute definida como

linha refrativa que percorre transversalmente o tegumento onde algumas pesquisas

demonstram que a posiccedilatildeo da linha eacute variaacutevel (MELO-PINNA et al 1999) Segundo

Esau (1974) a parede celular ao niacutevel da regiatildeo da linha luacutecida eacute descrita como

especialmente compacta Experimentos realizados com a entrada de corantes em

sementes natildeo-lesadas indicam que a linha luacutecida representa uma barreira agrave sua passagem

onde a camada paliccedilaacutedica pode estar coberta por outras camadas celulares fortemente

impermeaacuteveis Esta mesma autora afirma que a camada paliccedilaacutedica despertou atenccedilatildeo pelo

fato de sua estrutura em certas sementes de leguminosas duras ser tida como causadora

do alto grau de impermeabilidade afetando a capacidade de germinaccedilatildeo

31

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 3 Tegumento de O lagopus A ndash Detalhe do tegumento (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) Observar a linha luacutecida (seta vermelha) Teacutegmen (regiatildeo mais interna) com camada de ceacutelulas esclerificadas em paliccedilada (seta branca) B ndash Tegumento corado com Azul de toluidina C ndash Camada mais externa do tegumento com compostos fenoacutelicos D ndash Eletromicrografia de varredura do tegumento da semente Observar a divisatildeo entre a testa e o teacutegmen (seta branca) En = endosperma T = tegumento Te = testa Tg = teacutegmen

De acordo com os testes histoquiacutemicos no tegumento natildeo houve diferenccedila nos

resultados de sementes dormentes e natildeo dormentes com os corantes utilizados

O teste com vermelho de rutecircnio indicou a presenccedila de pectinas no tegumento

principalmente na porccedilatildeo das ceacutelulas em paliccedilada mais curtas (Figura 4A)

O azul de astra corou as paredes primaacuterias (celuloacutesicas) das ceacutelulas e a fucsina

baacutesica corou as paredes secundaacuterias lignificadas (Figura 4B)

32

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

No teste com floroglucina para detectar lignina foi registrado reaccedilatildeo positiva

(Figura 4C) na parte maciccedila dos esclereiacutedes que se encontra mais internamente e

intensamente corado de rosa constitui a zona lignificada

Pode-se observar compostos fenoacutelicos presentes no tegumento da semente de O

lagopus (Figura 4D) utilizando o cloreto feacuterrico No trabalho de Oliveira e Paiva (2005)

essa caracteriacutestica distintiva foi observada em Pterodon emarginatus Boesewinkel amp

Bouman (1984) apud Oliveira e Paiva (2005) concordam que essas substacircncias fenoacutelicas

aleacutem de produzir uma coloraccedilatildeo tiacutepica aumentam a dureza da testa da semente Suaacuterez amp

Engleman (1980) confirmam que o conteuacutedo fenoacutelico existente na testa apresenta maior

dureza e acrescenta ainda mais a baixa permeabilidade da aacutegua e maior resistecircncia ao

ataque de patoacutegeno

33

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 4 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do tegumento de sementes sem dormecircncia de O lagopus submetida a testes histoquiacutemicos (A ndash D) A ndash Vermelho de Rutecircnio B ndash Azul de Astra e fuccina baacutesica C ndash Floroglucina D ndash Cloreto Feacuterrico

323 Anatomia e histoquiacutemica do endosperma e do embriatildeo da semente

O endosperma e o embriatildeo (Figura 5A e 5B) com os cortes sem coloraccedilatildeo

possuem ceacutelulas de paredes delgadas com vaacuterios tamanhos e formatos

Durante o teste histoquiacutemico na anaacutelise para detecccedilatildeo de proteiacutenas usou-se o

Xilidine Pounceau (XP) que corou de vermelho proteiacutenas do endosperma e do embriatildeo

(Figura 5C 5F e 5I) O mesmo ocorreu no trabalho de Guerra et al (2006) em sementes

de Copaifera langsdorfii (Leguminosae-Caesalpinioideae) com a presenccedila de XP que

34

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

apresentaram no conteuacutedo citoplasmaacutetico cotiledonar inuacutemeros corpuacutesculos corados

revelando substacircncias de natureza proteacuteica

O teste com Azul do Nilo foi registrado tambeacutem reaccedilatildeo positiva detectando

lipiacutedios neutros de coloraccedilatildeo rosa e lipiacutedios aacutecidos de coloraccedilatildeo azul (Figura 5D 5G e

5J)

O teste com Sudan confirma a presenccedila de lipiacutedios no endosperma e no embriatildeo

pela coloraccedilatildeo vermelha (Figura 5E 5H e 5L) Vasquez-Yanes e Perez-Garcia (1976)

confimaram que tanto o endosperma quanto o embriatildeo da semente de Ochroma lagopus eacute

um tecido rico em gorduras quando corados com Sudan E essas reservas de gordura satildeo

caracteriacutesticas da famiacutelia Malvaceae (CORNER 1976)

Para a localizaccedilatildeo do amido utilizando o Azul de Toluidina seguido pela

coloraccedilatildeo com Lugol as ceacutelulas do parecircnquima cotiledonar e do endosperma reagiram

positivamente indicando a presenccedila de pequenos gratildeos de amido (Figura 5M e 5N)

Gratildeos de amido e gotiacuteculas de oacuteleo foram encontrados em Luehea grandiflora (Tiliaceae)

(PAOLI 1992) tambeacutem da famiacutelia Malvaceae Segundo Werker (1997) apud Santos

(2003) o amido eacute mais comumente encontrado nos tecidos de reserva muito raramente

encontra-se no tegumento da semente madura Para Serrato-Valenti et al (1998) o amido

eacute a principal reserva durante o desenvolvimento da semente enquanto as proteiacutenas

tornam-se a maior substacircncia de armazenamento da semente em desenvolvimento

35

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 5 Fotomicrografias de sementes de O lagopus submetidas a testes histoquiacutemicos A ndash Branco (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) B ndash Detalhe do endosperma (secccedilatildeo sem coloraccedilatildeo) C F e I - Xylidine Ponceau D G e J ndash Azul do Nilo E H e L ndash Sudan Red B Azul de Toluidina contra-corado com Lugol (M ndash N) notar os gratildeos de amido (seta) M ndash Detalhe do endosperma N ndash Detalhe do embriatildeo

36

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO AL ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p

BELTRATI C M PAOLI A A S Semente In APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S Anatomia Vegetal Viccedilosa UFV 2003 Cap 15 p 399 ndash 424 BRASIL Regras para anaacutelise de sementes Secretaria Nacional de Defesa Agropecuaacuteria Ministeacuterio da Agricultura Brasiacutelia 1992 365p CAIN A J The use of Nile blue in the examination of lipids Quarterly Journal of Microscopical Science v 88 p 383-392 1947 CORNER E J H The leguminous seed Phytomorphology 1951 1 117-150 CORNER E J H The seeds of dicotyledons University Press Cambridge 1976 v 1 311p v 2 552p ESAU K Anatomia das plantas com sementes Satildeo Paulo Edgard Blucher 1974 393p FERREIRA A G BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p FLORENTINO L O Nortatildeo Disponiacutevel em lthttpwwwonortaocombrleraspid=10406gt Acesso em 20 de abril de 2008 FLORIANO E P Armazenamento de sementes florestais Caderno Didaacutetico n1 1ed Santa Rosa 2004 10 p

38

GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 GUERRA M E C FILHO S M GALLAtildeO M I Morfologia de sementes de placircntulas e da germinaccedilatildeo de Copaifera langsdorfii Desf (Leguminosae-Caesalpinioideae) Revista Cerne Lavras v 12 n 4 p 322 ndash 328 2006 ILKIU-BORGES F Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica Manaus INPAUFAM 2005 149p (Tese de Doutorado) JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p JENSEN W A Botanical histochemistry principles and practice San Francisco WH Freeman 1962 408p LIMA J D et al Efeito da temperatura e do substrato na germinaccedilatildeo de sementes Caesalpinia feacuterrea Mart Ex Tul (Leguminosae caesalpinoideae Revista Aacutervore v 30 n004 p 513 ndash 518 2006 KRAUS J E SOUZA H C REZENDE M H CASTRO M N VECCHI C LUQUE R 1998 Astra Blue and Basic Fuchsin double staining of plants materials Biotechnic amp Histochemistry 73235-243 MELO-PINNA G F NEIVA M S BARBOSA D C A Estrutura do tegumento seminal de quatro espeacutecies de Leguminosae (Caesalpinioideae) ocorrentes numa aacuterea de caatinga (PE ndash Brasil) Revista Brasileira de Botacircnica Satildeo Paulo v22 n 3 p 375-3791999 METCALFE C F CHALK L Anatomy of the dicotyledons leaves stem and wood in relation to taxonomy with notes on economic uses Clarendon Press Oxford v 1 1950 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T PAIVA E A S Anatomy and ontogeny of Pterodon emarginatus (FABACEAE FABOIDEAE) seed Brazilian Journal Biology Satildeo Carlos v 65 n 3 p 483-494 2005

39

PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

4 CONCLUSAtildeO

A semente de O lagopus eacute estenospeacutermica albuminosa e bitegumentada O

embriatildeo eacute axial invaginado composto por dois cotileacutedones foliaacuteceos e dobrados Tanto no

embriatildeo quanto no endosperma possuem ceacutelulas de paredes delgadas com formato e

tamanho variaacutevel

A utilizaccedilatildeo de teacutecnicas histoquiacutemicas permitiu a visualizaccedilatildeo da distribuiccedilatildeo de

polissacariacutedeos lignina e compostos fenoacutelicos no tegumento e no endosperma e embriatildeo

foram encontradas proteiacutenas totais lipiacutedios e amido em sementes maduras

A descriccedilatildeo morfoanatocircmica de semente de Ochroma lagopus revelou caracteres

estruturais que contribuem na identificaccedilatildeo da espeacutecie bem como fornece dados para

posteriores estudos fenoloacutegicos e reprodutivos

37

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 APPEZZATO-DA-GLOacuteRIA B CARMELLO-GUERREIRO S M Anatomia vegetal Viccedilosa UFV 2006 438p BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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39

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CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

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epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

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GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

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epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

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1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

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amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

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2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

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Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

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23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

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24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

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26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

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com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

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Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

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Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

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arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

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Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

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33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

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40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

PAOLI A A S Estudo morfo-anatocircmico do desenvolvimento de frutos sementes e placircntulas de Luehea grandiflora Mart amp Zucc (Tiliaceae) Revista Brasileira de Sementes v 14 n 1 p 21 ndash 29 1992 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004 RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI C T Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 SANTOS S F Estrutura e histoquiacutemica de sementes do gecircnero Theobroma L (STERCULIACEAE) Florianoacutepolis UFSC 2003 122 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) SERRATO-VALENTI G MARIOTTI M G CORNARA L CORALLO A A histological and structural study of Phacelia tanacetifolia endosperm in developing mature and germinating seed International journal of plant sciences Chicago v 159 n 5 p 753 ndash 761 1998 SOLEREDER H Systematic anatomy of the dicotyledons Clarendon Press Oxford V 2 1908 SUAacuteREZ G R amp ENGLEMAN E M Depoacutesito de taninos en la testa de Amaranthus hypochondriacus L (alegria) Agrociecircncia 42 35-501980 VARELA V P FERRAZ I D K 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976 VIDAL W N amp VIDAL M R R Botacircnica organografia 3 ed Viccedilosa MG UFV Impr Univ 1984 114 p VIEIRA A H LOCATELLI M Pau de balsa (Ochroma pyramidale) Fam Bombacaceae Portal do Agronegoacutecio 2006

40

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

CAPIacuteTULO II

PROCESSO GERMINATIVO E ASPECTOS MORFOANATOcircMICOS DE

PLAcircNTULAS DE Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

RESUMO ndash Ochroma lagopus popularmente conhecida como pau-de-balsa pertence agrave

famiacutelia Malvaceae Eacute uma espeacutecie de importacircncia econocircmica ecoloacutegica e paisagiacutestica

Trabalhos sobre morfologia e anatomia dessa espeacutecie dentro da regiatildeo satildeo escassos e

constituem uma boa base para os estudos sobre adaptaccedilotildees da espeacutecie na Amazocircnia

Pretendeu-se com este trabalho conhecer melhor o processo germinativo e os aspectos

morfoloacutegicos e anatocircmicos da placircntula O trabalho foi iniciado com a coleta dos frutos

das aacutervores matrizes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM O estudo da morfologia foi

realizado no Viveiro e Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF) da Universidade

Federal do Amazonas e a anaacutelise anatocircmica no Laboratoacuterio de Anatomia da Universidade

Federal de Viccedilosa (MG) Fragmentos da raiz hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos

foram incluiacutedos em historresina para obtenccedilatildeo de cortes em microacutetomo rotativo os quais

foram corados com azul de toluidina Amostras de lacircmina foliar foram diafanizadas

processadas para observaccedilatildeo em microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) A anaacutelise

morfoloacutegica permitiu observar que a germinaccedilatildeo eacute do tipo fanerocotiledonar epiacutegea

com emergecircncia curvada hipocoacutetilo desenvolvido cotileacutedones obovados e persistentes

epicoacutetilo verde piloso e menor que o hipocoacutetilo eofilos simples alternos ovoacuteides com

base levemente auriculada Quanto agrave anatomia foram observados canais contendo

mucilagem no epicoacutetilo e nos eofilos compostos fenoacutelicos no epicoacutetilo e cotileacutedone e

gratildeos de amido na medula do hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos A raiz eacute tetrarca e

o hipocoacutetilo apresenta epiderme unisseriada com tricomas tectores e glandulares O

41

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio apresenta a epiderme unisseriada com

presenccedila de tricomas Os cotileacutedones e os eofilos satildeo dorsiventrais anfiestomaacuteticos e

com muitos tricomas Os dados obtidos natildeo diferem basicamente da descriccedilatildeo geral dada

por alguns autores entretanto foram acrescentados alguns aspectos de morfologia e

anatomia da placircntula natildeo antes descritos

42

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

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72

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73

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

GERMINATIVE PROCESS AND MORPHO-ANATOMICS ASPECTS OF

SEEDLING OF Ochroma lagopus Swartz ndash Malvaceae

ABSTRACT - Ochroma lagopus popularly known as pau-de-balsa belongs to the

family Malvaceae It is a species of economic importance ecology and landscape Works

on morphology and anatomy of this species in the region are scarce and constitute a good

basis for the studies on adaptations of the Amazonian species So wanted to do with this

work understand better the germination process and the morphological and anatomical

aspects of the seedling The work was performed from July2006 to November2007 with

the collection of fruit trees matrices in the Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical

the Instituto Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA ManausAM The study of the

morphology was held in arboretum and Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal (LABAF)

da Universidade Federal do Amazonas and anatomical analysis Laboratoacuterio de Anatomia

da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) Fragments of roots hypocotyls cotyledon

epicotyl and eophiles were included in resin to obtain cuts in rotary microtome which

were stained with toluidine blue Samples of leaf blade were submitted to diafanization

and processed for observation in the scanning electron microscope (SEM) The

morphological analysis enabled the following observations the germination is the type

fanero-cotyledonal epiacutegea with emergency curved hypocotyl developed cotyledons

obovate and persistent epicotyl green pilose and small than the hypocotyl eophilos

simple alternate ovoid with slightly auriculate base As for the anatomy and idioblasts

cavities containing mucilage the sheath cells with phenolic compounds and grains of

starch are in the cortex medulla and in the mesophyll The root is tetrarch The

hypocotyl presents epidermis uniseriate with trichomes tectors and glandular The

43

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

epicotyl at beginning of secondary growth with uniseriate epidermis and the presence of

trichomes The cotyledons and eophilos are dorsiventrais amphistomatic and many

trichomes These data donrsquot differ essentially from the general description given by some

authors however were added some aspects of morphology and anatomy of the seedling

not described before

1 INTRODUCcedilAtildeO

44

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

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72

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73

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

1 INTRODUCcedilAtildeO

Ochroma lagopus Swartz eacute uma planta arboacuterea pertencente agrave famiacutelia Malvaceae

(APG II 2003) A espeacutecie eacute conhecida como ldquobalsardquo ou ldquopau-de-balsardquo e encontra-se

distribuiacuteda nas regiotildees tropicais das Ameacutericas do Sul e Central (BARBOSA et al 2002)

Sua principal importacircncia estaacute relacionada agrave utilizaccedilatildeo da madeira por ser bastante leve

(020 a 035 gcm3) para fabricaccedilatildeo de brinquedos forros de teto material isolante

caixas de embalagem construccedilatildeo aeronaacuteutica e material flutuante (LOUREIRO et al

1979) A paina dos frutos pode ser usada no enchimento de almofadas e travesseiros

(RIZZINI 1977) Com potencialidade de uso para reflorestamento eacute utilizada em

plantios mistos destinados agrave recomposiccedilatildeo de aacutereas degradadas e de preservaccedilatildeo

permanente graccedilas ao seu raacutepido crescimento e toleracircncia agrave luminosidade direta

(VASQUEZ-YANES 1974)

Segundo Kuniyoshi (1983) a morfologia de placircntulas tem papel importante seja

para compreender o ciclo de vida processos de germinaccedilatildeo e crescimento de suas

espeacutecies como tambeacutem para obtenccedilatildeo de mudas ou mesmo para classificar placircntulas com

finalidade taxonocircmica Na literatura satildeo registrados alguns trabalhos de morfologia e

anatomia de placircntulas (KUNIYOSHI 1983 BELTRATI 1978 OLIVEIRA 1997

ALBIERO et al 2005 BORGES 2005 PILATI e SOUZA 2006) mas existe uma

carecircncia principalmente com relaccedilatildeo ao estudo de anatomia que auxilia na compreensatildeo

do processo de desenvolvimento estrutural fisioloacutegico e ecoloacutegico de plantas florestais

nos seus estaacutegios iniciais (MOURAtildeO et al 2002)

Os estudos jaacute realizados com O lagopus apresentam poucas informaccedilotildees a

respeito da morfologia e anatomia principalmente sobre placircntulas (VASQUEZ-YANES

45

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

amp PEREZ-GARCIA 1976 VARELA E FERRAZ 1991 GONZALES e TRIGOSO

1993 NETTO 1994 PINTO et al 2004 BARBOSA et al 2004 RAMOS et al 2006)

Assim o estudo sobre o processo germinativo e a morfologia de placircntula propicia

informaccedilotildees que contribuem para o conhecimento da biologia da espeacutecie a fim de

fornecer subsiacutedios para uma melhor compreensatildeo dos aspectos relacionados aos testes de

germinaccedilatildeo produccedilatildeo de mudas e recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas

Dessa forma o objetivo do trabalho foi descrever o processo germinativo ateacute a fase

plantular registrando os caracteres morfoanatocircmicos de Ochroma lagopus

46

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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71

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73

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

2 MATERIAL E MEacuteTODOS

Frutos maduros de O lagopus foram coletados diretamente das aacutervores na eacutepoca

de dispersatildeo das sementes na Estaccedilatildeo Experimental de Silvicultura Tropical do Instituto

Nacional de Pesquisas da Amazocircnia ndash INPA situada no Km 43 da BR-174 em

ManausAM

Parte do trabalho foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Botacircnica Agroflorestal

(LABAF) com a retirada manual das sementes dos frutos e no viveiro da UFAM

(Universidade Federal do Amazonas) para verificaccedilatildeo do processo de germinaccedilatildeo e

obtenccedilatildeo de placircntulas

O estudo anatocircmico foi desenvolvido no Laboratoacuterio de Anatomia Vegetal do

Departamento de Biologia Vegetal da Universidade Federal de Viccedilosa (MG) atraveacutes do

PROCAD (Programa Nacional de Cooperaccedilatildeo AcadecircmicaCAPES) parceria entre os

cursos de Poacutes-graduaccedilatildeo em Botacircnica (UFV) e Agronomia Tropical (UFAM)

21 Processo Germinativo

Para a anaacutelise descriccedilatildeo e ilustraccedilatildeo do processo germinativo foi efetuado semeio

de 200 sementes em laboratoacuterio sem nenhum tratamento em 4 placas de Petri sobre

papel de filtro com 50 sementes em cada placa (Figura 1)

47

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

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72

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73

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 1 Germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma lagopus em placas de Petri

Considerou-se germinaccedilatildeo o periacuteodo que vai desde a emergecircncia da raiz primaacuteria

ateacute a abertura dos cotileacutedones As observaccedilotildees foram feitas diariamente com o auxiacutelio do

estereomicroscoacutepio binocular Para a descriccedilatildeo morfoloacutegica do desenvolvimento foram

consideradas as mudanccedilas significativas na estrutura analisando-se apenas as unidades

que apresentavam raiz primaacuteria hipocoacutetilo e cotileacutedones sendo ilustradas atraveacutes de

representaccedilotildees esquemaacuteticas e fotos

22 Morfologia da placircntula

A fase plantular foi definida a partir do momento da expansatildeo completa da

primeira folha (eofilo ou protofilo) Neste estudo o desenvolvimento da placircntula foi

acompanhado ateacute a formaccedilatildeo do segundo par de folhas

48

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

23 Obtenccedilatildeo de placircntula

Apoacutes o processo de germinaccedilatildeo 100 placircntulas foram transferidas das placas de

Petri para bandeja plaacutestica com dimensotildees de 30cm x 20cm x 6cm tendo como substrato

areia lavada e vermiculita na proporccedilatildeo 11 regadas diariamente com aacutegua destilada para

manter a umidade do substrato e mantidas em condiccedilotildees ambiente no viveiro (Figura 2)

Figura 2 Placircntulas de O lagopus

Observaccedilotildees diaacuterias foram realizadas considerando cinco fases de

desenvolvimento poacutes-seminal 1) protrusatildeo da raiz primaacuteria 2) expansatildeo do hipocoacutetilo

3) expansatildeo cotiledonar 4) alongamento do epicoacutetilo 5) expansatildeo dos eofilos Analisou-

se o tipo de germinaccedilatildeo forma cor e consistecircncia da raiz filotaxia textura forma aacutepice

base margem e peciacuteolo tanto nos cotileacutedones quanto nos protofilos

A metodologia e a terminologia empregada para descrever as fases de germinaccedilatildeo

e as descriccedilotildees morfoloacutegicas das placircntulas seguiram as recomendaccedilotildees de Beltrati (1990)

Feliciano (1989) e Silva amp Matos (1991) As ilustraccedilotildees foram feitas utilizando

representaccedilotildees esquemaacuteticas e os detalhes observados foram tomados com o auxiacutelio de

estereomicroscopia

49

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

24 Anatomia da placircntula

Para as avaliaccedilotildees anatocircmicas as amostras das placircntulas foram fixadas em FAA50

(formaldeiacutedo aacutecido aceacutetico etanol 50 5590 vv) por 24 horas e preservadas em

etanol 70 (JOHANSEN 1940) A raiz primaacuteria o hipocoacutetilo cotileacutedones epicoacutetilo

primeira e terceira folhas foram seccionadas transversalmente O material foi desidratado

em seacuterie etiacutelica incluiacutedo em metacrilato (Historesin Leicareg) de acordo com as

recomendaccedilotildees do fabricante Cortes transversais com 5 microm de espessura foram obtidos

em microacutetomo rotativo de avanccedilo automaacutetico (modelo RM2155 Leica Microsystems

Increg) e corados com azul-de-toluidina pH 40 (OlsquoBRIEN e McCULLY 1981) Em

seguida parte do material corado com azul-de-toluidina foi contra-corado com Lugol

para verificaccedilatildeo de amido (JOHANSEN 1940) As lacircminas foram posteriormente

montadas em resina sinteacutetica (Permount) e as observaccedilotildees e a documentaccedilatildeo fotograacutefica

foram realizadas em microscoacutepio de luz (modelo AX70TRF Olympus Opticalreg)

equipado com sistema U-Photo

25 Diafanizaccedilatildeo

Para as observaccedilotildees da rede de nervuras das folhas dos eofilos (1ordf e 3ordf) amostras

foram submetidas a diafanizaccedilatildeo em uma soluccedilatildeo de hidroacutexido de soacutedio aquoso a 10

por 30 min Depois de lavadas as amostras foram submetidas ao hipoclorito de soacutedio e

lavadas em aacutegua corrente por vaacuterias vezes Os fragmentos foram corados com uma

soluccedilatildeo aquosa de violeta cristal 1 lavados em aacutegua corrente e transferidos para uma

seacuterie etiacutelicaxiloacutelica (50 60 70 80 90 e 100) a cada 5 min sendo as lacircminas montadas

em resina sinteacutetica (Permount)

50

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

26 Microscopia Eletrocircnica de Varredura

Para anaacutelise no microscoacutepio eletrocircnico de varredura (MEV) as amostras de raiz

primaacuteria hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos (1ordf e 3ordf) das placircntulas foram fixadas

em FAA50 por 24 horas e preservadas em etanol 70 Posteriormente o material foi

desidratado em seacuterie etiacutelica seco em ponto criacutetico com CO2 (Bal-Tec CPD 030) e fixado

em suportes metaacutelicos (stubs) com fita adesiva dupla-face Apoacutes cobertura com ouro em

metalizador Balzers (modelo FDU010) as amostras foram analisadas em microscoacutepio

eletrocircnico de varredura (modelo LEO 1430 VP Zeiss Cambridge Inglaterra) do Nuacutecleo

de Microscopia e Microanaacutelise (NMM) da UFV

51

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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73

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

31 Iniacutecio do desenvolvimento da placircntula

A germinaccedilatildeo eacute do tipo epiacutegea fanerocotiledonar em formato curvo (Figura 3A) Com a

hidrataccedilatildeo a semente se intumesce e o contorno da raiz primaacuteria torna-se mais evidente agrave

medida que se desenvolve ateacute romper o tegumento na regiatildeo hilar e progressivamente

toda regiatildeo lateral da semente Observa-se nitidamente a testa e o teacutegmen durante o

processo A protrusatildeo da raiz primaacuteria foi aos quatro dias apoacutes a semeadura onde

inicialmente apresenta-se ciliacutendrica esbranquiccedilada curta e glabra Quando ocorre o

alongamento da raiz primaacuteria nota-se a presenccedila de pecirclos ainda curtos e esbranquiccedilados

(Figura 3B) A raiz primaacuteria apresenta-se de forma ciliacutendrica longa e pilosa A coifa

glabra cocircnica e gelatinosa coleto evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico verde claro piloso e curvo (Figura 3C)

Os cotileacutedones se elevam mas continuam por algum tempo aderidos um ao outro

conforme descriccedilatildeo feita por Barroso (1999) Aos seis dias apoacutes a semeadura os

cotileacutedones estavam completamente expandidos na posiccedilatildeo horizontal (Figura 3D)

assumindo funccedilatildeo fotossintetizante de acordo com Gonzaacuteles e Trigoso (1993) para

Ochroma pyramidale Os cotileacutedones foliaacuteceos e fotossintetizantes estatildeo associados agrave

semente com baixo conteuacutedo de reservas (sementes pequenas) e durante o

desenvolvimento consomem as reservas da semente Todavia esses tipos de cotileacutedones

satildeo capazes de suprir as demandas energeacuteticas iniciais das placircntulas (FERREIRA e

BORGUETTI 2004) Os cotileacutedones de O lagopus ao se expandirem apresentam-se

membranosos pilosos com margem lisa e formato levemente obovado com filotaxia

oposta Durante a etapa final da germinaccedilatildeo (Figura 4) os cotileacutedones estatildeo expandidos

52

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

53

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

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72

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73

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

com as raiacutezes secundaacuterias finas curtas ciliacutendricas e pilosas e da mesma cor da raiz

primaacuteria As primeiras raiacutezes secundaacuterias nascem imediatamente abaixo do coleto bem

evidenciado pelo maior diacircmetro do hipocoacutetilo Estas mesmas caracteriacutesticas descritas

para O lagopus desde a emergecircncia da raiz ateacute a expansatildeo dos cotileacutedones foram

encontradas tambeacutem para a espeacutecie de Guazuma ulmifolia (mutamba) (SOBRINHO e

SIQUEIRA 2008)

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Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

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Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

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72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 3 Caracteriacutesticas morfoloacutegicas da germinaccedilatildeo de O lagopus A ndash Protrusatildeo da raiz primaacuteria aos quatro dias apoacutes a semeadura B ndash Alongamento da raiz primaacuteria C ndash Hipocoacutetilo alongado D ndash Cotileacutedones expandidos Co = cotileacutedone Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz principal Rpe = regiatildeo de pecirclos Rs = raiz secundaacuteria Tg = teacutegmen Te = tegumento

54

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

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Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

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33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

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Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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71

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72

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Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 4 Fases da germinaccedilatildeo da semente de O lagopus

32 Morfologia da placircntula

A raiz primaacuteria eacute levemente sinuosa ciliacutendrica mais alargada e com inuacutemeras

raiacutezes secundaacuterias ramificadas com pecirclos absorventes retos e curtos (Figura 5) O coleto

eacute ciliacutendrico com muitos tricomas e sem regiatildeo de transiccedilatildeo morfoloacutegica evidente

O hipocoacutetilo eacute epiacutegeo ciliacutendrico longo reto levemente sinuoso com tricomas

abundantes Hipocoacutetilo inicialmente de coloraccedilatildeo branca mas com o desenvolvimento da

placircntula observa-se a mesma coloraccedilatildeo do epicoacutetilo verde-escuro O mesmo ocorreu com

Guazuma ulmifolia (SOBRINHO e SIQUEIRA 2008)

Os cotileacutedones satildeo isofilos simeacutetricos preacute-foliaccedilatildeo convoluta opostos e

persistentes na placircntula ateacute a formaccedilatildeo dos eofilos de formato ovoacuteide arredondado

discolores e fotossintetizantes As nervuras satildeo pouco evidentes em ambas as faces

sendo a nervura central mais proeminente com margem ciliada base truncada e aacutepice

arredondado Com numerosos tricomas longos na face abaxial e adaxial O peciacuteolo eacute

55

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

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333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

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72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

arredondado com inuacutemeros tricomas No noacute cotiledonar na axila do peciacuteolo observa-se

uma estrutura densamente pilosa semelhante a uma diminuta estiacutepula

A superfiacutecie do epicoacutetilo eacute similar ao hipocoacutetilo entretanto com o comprimento

menor Para Font Quer (1982) o epicoacutetilo das placircntulas das Magnoliophyta

(Angiospermae) eacute considerado como o primeiro entrenoacute acima da inserccedilatildeo dos

cotileacutedones

O eofilo eacute simples alterno de formato ovoacuteide com base levemente auriculada

margem serreada ciliada e aacutepice triangular face adaxial pilosa e face abaxial com pecirclos

evidentes As nervuras proeminentes possuem tricomas nas margens central e lateral e

nas nervuras de segunda ordem os tricomas satildeo reunidos em tufos

De acordo com Souza (2003) a placircntula desenvolvida consiste de raiz primaacuteria

coleto hipocoacutetilo cotileacutedone epicoacutetilo e eofilos Com relaccedilatildeo aos aspectos morfoloacutegicos

da placircntula estudada conveacutem destacar que a transiccedilatildeo entre os eofilos e o metafilo natildeo

ocorreu pois as observaccedilotildees foram feitas durante 47 dias ateacute o surgimento do segundo

par de eofilos estando de acordo com o trabalho de Gonzaacuteles e Trigoso (1993) Estes

autores estudaram a placircntula de Ochroma ateacute os 74 dias com o desenvolvimento do

metafilo (folha verdadeira) definiccedilatildeo dada por Souza (2003) e Mouratildeo et al (2007)

O surgimento do primeiro segundo terceiro e quarto eofilos foi aos 19 30 40 e

47 dias respectivamente apoacutes a semeadura (Figuras 6A 6B 6C e 6D)

56

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

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334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 5 Placircntula com eofilos de O lagopus Co = cotileacutedone Ep = epicoacutetilo Hi = hipocoacutetilo Rp = raiz primaacuteria Rs = raiz secundaacuteria 1pr = primeiro par de protofilo 2pr = segundo par de protofilo

Figura 6 Desenvolvimento da placircntula de O lagopus ateacute o segundo par de eofilos ou protofilos (barra = 5mm) A ndash Surgimento do primeiro eofilo ao 19ordm dia B ndash 30ordm dia C ndash 40ordm dia D ndash 47ordm dia

57

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

58

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

33 Anatomia da placircntula

331 Raiz primaacuteria

A raiz primaacuteria (Figura 7A) da placircntula eacute tetrarca epiderme unisseriada e coacutertex

com vaacuterias camadas de ceacutelulas parenquimaacuteticas sem acuacutemulo de amido (Figura 7B)

Apezzato-da-Gloacuteria e Carmello-Guerreiro (2006) relatam que nessas camadas de ceacutelulas

parenquimaacuteticas eacute comum a presenccedila de amido Bona e Morretes (2003) afirmaram que

os gratildeos de amido simples ou compostos satildeo comuns nas raiacutezes de plantas terrestres

poreacutem ausentes ou muito reduzidos nas plantas aquaacuteticas entretanto natildeo foram

encontrados na espeacutecie em estudo A exoderme eacute constituiacuteda de uma camada de ceacutelulas

justapostas com tamanho e formato irregulares e menores que as demais ceacutelulas corticais

e a endoderme possui um arranjo compacto e sem espaccedilos intercelulares (Figura 7B) A

regiatildeo apical da raiz com a coifa evidente e pecirclos absorventes (Figuras 7C e 7D)

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Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

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333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

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334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 7 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais da raiz primaacuteria de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash B) e eletromicrografia de varredura da raiz (C ndash D) A ndash Aspecto geral da raiz B ndash Detalhe da figura A C ndash Detalhe da coifa (seta) D ndash Pecirclos absorventes En = endoderme Ep = epiderme Ex = exoderme Fl = floema Pc = parecircnquima cortical Xi = xilema

332 Hipocoacutetilo

A epiderme eacute unisseriada apresenta tricomas tectores simples e ramificados e

tricomas glandulares plurisseriados (Figura 8B 8E e 8F) O hipocoacutetilo ainda jovem jaacute

apresenta crescimento secundaacuterio poreacutem ainda manteacutem a regiatildeo cortical e epideacutermica

pouco modificadas sem a formaccedilatildeo do felogecircnio Observa-se grande quantidade de

xilema secundaacuterio produzido para o interior da faixa cambial e floema secundaacuterio para o

exterior (Figura 8C) No centro do hipocoacutetilo haacute uma medula parenquimaacutetica com

acuacutemulo de amido identificado pela coloraccedilatildeo com azul de toluidina e lugol (Figura 8D)

59

Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

60

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Figura 8 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais de O lagopus coradas com Azul de Toluidina (A ndash B) contra-corado com Lugol (C ndash D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) do hipocoacutetilo de O lagopus A ndash Aspecto geral do hipocoacutetilo B ndash Detalhe da regiatildeo epideacutermica e cortical C ndash Regiatildeo do xilema e floema secundaacuterio (seta) D ndash Detalhe da medula Notar os gratildeos de amido (seta) E ndash Aspecto geral da superfiacutecie do hipocoacutetilo Notar a abundacircncia de tricomas F ndash Detalhe da foto anterior onde se observa um tricoma glandular (seta branca) tricomas tectores simples e ramificados (seta preta) Ep = epiderme Ct = coacutertex Fs = floema secundaacuterio Me = medula Xs = xilema secundaacuterio T = tricoma

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333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

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Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

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334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

72

RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

333 Cotileacutedone

A folha cotiledonar eacute anfiestomaacutetica com epiderme unisseriada com ceacutelulas de

tamanho variado tanto na face adaxial quanto na face abaxial (Figura 9A) O complexo

estomaacutetico eacute anomociacutetico (Figura 9E) e possuem tricomas tectores distribuiacutedos

principalmente nas nervuras e margem de ambas as faces da folha (Figura 9F) Algumas

ceacutelulas com conteuacutedo mucilaginoso satildeo encontradas na epiderme O mesofilo eacute

heterogecircneo com uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico voltado para a face adaxial da

folha e parecircnquima lacunoso voltado para a face abaxial o que caracterizou a folha como

dorsiventral (Figura 9D) O parecircnquima clorofiliano apresenta muitos espaccedilos

intercelulares e inuacutemeros gratildeos de amido Os feixes vasculares satildeo colaterais assim como

algumas ceacutelulas da bainha do feixe vascular podem conter compostos fenoacutelicos corados

de verde com o azul de toluidina (Figura 9C) Na regiatildeo da nervura principal (Figura 9B)

levemente dilatada dorsiventralmente haacute pequena quantidade de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica

61

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

Figura 9 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do cotileacutedone de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash C) contra corado com Lugol (D) e eletromicrografia de varredura (E ndash F) A ndash Aspecto geral do cotileacutedone B ndash Detalhe da regiatildeo da nervura principal C ndash Detalhe da regiatildeo intervenal Seta indica a presenccedila de composto fenoacutelico D ndash Regiatildeo intervenal Gratildeos de amido (setas) no parecircnquima clorofiliano satildeo corados de marrom pelo Lugol E ndash Superfiacutecie adaxial Setas indicam estocircmatos F ndash Detalhe dos tricomas tectores (seta) na nervura face abaxial Legenda Co = colecircnquima Eb = Epiderme abaxial do cotileacutedone Ed = Epiderme adaxial do cotileacutedone Es = estocircmatos Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico

62

334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

63

Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

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adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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334 Epicoacutetilo

O epicoacutetilo em iniacutecio de crescimento secundaacuterio (Figura 10A) diferencia-se do

hipocoacutetilo por apresentar canais secretores de mucilagem na medula e no coacutertex (Figura

10B) natildeo sendo observado o amido

A epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas pequenas que podem conter compostos

fenoacutelicos corados de verde pelo azul de toluidina e tricomas tectores simples ou

ramificados semelhantes aos encontrados no hipocoacutetilo (Figura 10C e 10D) O coacutertex eacute

composto por duas a trecircs camadas de colecircnquima na regiatildeo subepideacutermica cujas ceacutelulas

podem conter compostos fenoacutelicos e parecircnquima de preenchimento onde satildeo

encontrados canais secretores de mucilagem A presenccedila da mucilagem eacute indicada pela

coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina Assim como no hipocoacutetilo natildeo haacute formaccedilatildeo

de felogecircnio mas o cacircmbio jaacute se encontra em atividade com produccedilatildeo de xilema

secundaacuterio para o interior e floema secundaacuterio para o exterior onde fibras tambeacutem satildeo

observadas A regiatildeo central do hipocoacutetilo eacute preenchida por uma medula parenquimaacutetica

onde os canais secretores de mucilagem tambeacutem satildeo observados mas natildeo amido

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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

67

Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

68

Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

71

FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

73

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Figura 10 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do epicoacutetilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A ndash D) A ndash Aspecto geral do epicoacutetilo B e C ndash Detalhes da figura A D ndash Detalhe da epiderme Ca = canal secretor de mucilagem (coloraccedilatildeo roxa) Ct = Coacutertex Ep = epiderme Fi = Fibras T = Tricoma

335 Eofilos

Os eofilos satildeo anfiestomaacuteticos com estocircmatos anomociacuteticos (Figura 13D) A

epiderme eacute unisseriada com ceacutelulas de paredes delgadas (Figuras 11A e 12A) paredes

anticlinais sinuosas (Figura 13H) e frequumlentemente com conteuacutedo mucilaginoso

indicado pela coloraccedilatildeo arroxeada com o azul de toluidina (Figuras 11C e 12B)

Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) relatam que eofilos anfiestomaacuteticos satildeo

caracteriacutesticos de vaacuterios gecircneros da famiacutelia Malvaceae com estocircmatos anomociacuteticos

situados no mesmo niacutevel das demais ceacutelulas epideacutermicas e recobertas por cutiacutecula espessa

(Figura 11B 12B) Possuem tricomas tectores simples e mais frequumlentemente

64

ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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ramificados ou estrelado e tricomas glandulares pluricelulares que se distribuem em

ambas as faces das folhas (Figura 13B e 13C Figura 13E 13F e 13G) Segundo Metcalfe

amp Chalk (1950) tricomas do tipo estrelado satildeo especialmente caracteriacutesticos para a

famiacutelia Malvaceae Nas espeacutecies de H tiliaceus e H pernambucensis os tricomas foram

observados de quatro a oito braccedilos que se originam a partir de divisotildees anticlinais de uma

ceacutelula da protoderme Esta caracteriacutestica eacute apontada no trabalho de Rocha e Neves

(2000) como tiacutepica dos tricomas da famiacutelia Malvaceae os quais consistem de um grupo

de diversas ceacutelulas que emergem da epiderme lado a lado unidos por suas bases

Webber (1938) citado por Rocha e Neves (2000) afirma que tricomas estrelados satildeo

mais abundantes na epiderme abaxial das folhas do gecircnero Gossypium

O mesofilo eacute dorsiventral formado por uma camada de parecircnquima paliccedilaacutedico e

parecircnquima lacunoso com muitos gratildeos de amido identificados (Figura 11B) e com

conteuacutedo mucilaginoso em algumas ceacutelulas epideacutermicas (Figura 12B) Tais ceacutelulas

apresentavam formatos irregulares o que condiciona a formaccedilatildeo de espaccedilos

intercelulares de dimensotildees variadas o mesmo visto nas espeacutecies Hibiscus tiliaceus e

Hibiscus pernambucensis (ROCHA e NEVES 2000)

Canais de mucilagem satildeo encontrados no parecircnquima cortical da nervura principal

e das nervuras de maior calibre acima e abaixo do feixe vascular Uma diferenccedila

marcante entre a primeira e terceira folha do protofilo eacute que a primeira possui apenas um

canal de mucilagem voltado para a face abaxial na nervura principal e a terceira possui

dois canais de mucilagem (Figura 11C e 12 C) Natildeo se sabe exatamente o motivo dessa

diferenccedila acredita-se que essa folha possa estar entrando na fase de transiccedilatildeo e

65

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

66

Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

69

4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

70

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS FACULDADE DE … · 2.4 Morfologia da semente ... 3.2.2 Anatomia e histoquímica do tegumento da semente ..... 30 3.2.3 Anatomia e histoquímica do

adquirindo algumas caracteriacutesticas do metafilo Para se obter uma resposta mais concreta

seria necessaacuterio estudar a anatomia do metafilo

Na nervura principal satildeo encontradas poucas camadas de colecircnquima em posiccedilatildeo

subepideacutermica acima e abaixo do feixe vascular O sistema vascular eacute constituiacutedo por

feixes vasculares colaterais Na nervura principal o feixe vascular eacute levemente arqueado

(Figura 11D e 12D) De acordo com Solereder (1908) e Metcalfe amp Chalk (1950) os

feixes vasculares de Malvaceae satildeo do tipo colateral apresentando-se em nuacutemero

variaacutevel separados entre si ou formando um anel contiacutenuo Estes mesmos autores

apontam que a distribuiccedilatildeo o nuacutemero e a presenccedila de canais secretores devem ser vistos

como um caraacutecter anatocircmico de valor taxonocircmico para a famiacutelia Malvaceae

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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Figura 11 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do primeiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C e D) contra corado com Lugol (B) A e B regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da epiderme e os gratildeos de amido (seta) no parecircnquima clorofiliano (B) C ndash Regiatildeo de nervura de segunda ordem D ndash Regiatildeo da nervura principal Notar os canais de mucilagem coradas de roxo Ca = canal de mucilagem Co = colecircnquima Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Figura 12 Fotomicrografias de seccedilotildees transversais do terceiro eofilo de O lagopus corados com Azul de Toluidina (A C D e E) contra corado com Lugol (B) A ndash Regiatildeo intervenal Notar os estocircmatos na face adaxial e abaxial da folha B ndash Regiatildeo intervenal corada com lugol Os gratildeos de amido satildeo quase imperceptiacuteveis no eofilo Notar o conteuacutedo mucilaginoso de algumas ceacutelulas epideacutermicas (seta) C ndash Regiatildeo da nervura de segunda ordem D ndash Nervura principal Notar os canais secretores de mucilagem coradas de roxo E ndash Detalhe da figura D Ca = canal de mucilagem Eb = epiderme abaxial Ed = epiderme adaxial Es = estocircmatos Fl = floema Id = idioblasto Pl = parecircnquima lacunoso Pp = parecircnquima paliccedilaacutedico Xi = xilema

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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Figura 13 Superfiacutecie dos eofilos de O lagopus (A ndash D) Eletromicrografia de varredura (E ndash H) A ndash Tricomas tectores (setas) da face abaxial (3ordf folha) B ndash Tricoma glandular (seta) da face abaxial (3ordf folha) C ndash Detalhe das estrias da face adaxial (3ordf folha) (seta) D ndash Detalhe do estocircmato anomociacutetico (seta) E ndash Detalhe do Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face abaxial da 1ordf folha F ndash Tricoma tector da face abaxial da 3ordf folha do tipo estrelado G ndash Tricoma tector (seta preta) e tricoma glandular (seta branca) da face adaxial da 3ordf folha H ndash Estrias da face adaxial da 3ordf folha

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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4 CONCLUSAtildeO

A germinaccedilatildeo de Ochroma lagopus eacute epiacutegea fanerotiledonar com emergecircncia

curvada A protrusatildeo da raiz primaacuteria ocorre aos quatro dias apoacutes a semeadura

A raiz primaacuteria eacute tetrarca com gratildeos de amido ausentes e as raiacutezes secundaacuterias

distribuiacutedas ao longo da raiz primaacuteria Hipocoacutetilo epiacutegeo com tricomas tectores e

glandulares abundantes possuindo um acuacutemulo de amido na medula Cotileacutedones

isofilos anfiestomaacuteticos e persistentes na placircntula Possui tricomas tectores conteuacutedo

mucilaginoso e muitos gratildeos de amido O epicoacutetilo eacute menor que o hipocoacutetilo com

tricomas tectores canais secretores de mucilagem compostos fenoacutelicos e ausecircncia de

amido Os eofilos satildeo simples alternos anfiestomaacuteticos tricomas tectores e glandulares

com conteuacutedo mucilaginoso e gratildeos de amido

A morfoanatomia das placircntulas fornece subsiacutedios que facilitam o reconhecimento

desta espeacutecie no campo e para regeneraccedilatildeo natural

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ALBIERO A L M PAOLI A A S SOUZA L A MOURAtildeO K S M Morfoanatomia dos oacutergatildeos vegetativos de Piper crassinervium H B amp K (Piperaceae) Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 19 n 2 p 305 ndash 312 2005 APG II 2003 An update of the phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants APG II Bot J Linn Soc141 399-436 BARBOSA A P CAMPOS M A A SAMPAIO P T B NAKAMURA S GONCcedilALVES C Q B O crescimento de duas espeacutecies florestais pioneiras pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw) e caroba (Jacaranda copaia D Don) usadas para recuperaccedilatildeo de aacutereas degradadas pela agricultura na Amazocircnia Central Brasil Acta Amazonica Manaus v 33 n 3 p 477-482 2002 BARBOSA A P SAMPAIO P T B CAMPOS M A A VARELA V P GONCcedilALVES C Q B IIDA S Tecnologia alternativa para a quebra de dormecircncia das sementes de pau-de-balsa (Ochroma lagopus Sw Bombacaceae) Acta Amazonica Manaus v 34 n 1 p 107-110 2004 BARROSO G M MORIN M P PEIXOTO A L ICHASO C L F Frutos e sementes morfologia aplicada agrave sistemaacutetica de dicotiledocircneas Viccedilosa UFV 1999 443p BELTRATI C M Morfologia e anatomia das sementes e placircntulas de Eucalyptus maidenii Turrialba San Joseacute v 28 n 3 p 209-214 1978 BELTRATI CM Morfologia e anatomia de sementes Rio Claro UNESPIBDepto Botacircnica 1990 352p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) BONA C MORRETES B L Anatomia das raiacutezes de Bacopa salzmanii (Benth) Wettst Ex Edwall e Bacopa monnierioides (Cham) Robinson (Scrophulariaceae) em ambientes aquaacutetico e terrestre Acta Botanica Brasilica Satildeo Paulo v 17 n 1 p 155 ndash 170 2003 BORGES F I Morfo-anatomia de sementes e oacutergatildeos vegetativos em trecircs estaacutedios de desenvolvimento de Bauhinia monandra Kurz (Leguminosae-Caesalpinioideae) como contribuiccedilatildeo ao estudo farmacognoacutestico de plantas na regiatildeo amazocircnica 149f 2005 Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) - INPAUFAM Manaus 2005 FELICIANO ALP Estudo da germinaccedilatildeo de sementes e desenvolvimento da muda acompanhado de descriccedilotildees morfoloacutegicas de 10 espeacutecies arboacutereas ocorrentes no semi-aacuterido nordestino Viccedilosa UFV 1989 114 p (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) FERREIRA AG BORGHETTI F Germinaccedilatildeo do baacutesico ao aplicado Porto Alegre Artmed 2004 323p

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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FONT-QUER P 1982 Diccionario de botaacutenica Editorial Labor Barcelona GONZALES J D TRIGOSO J R Identification de la regeneracion natural de arboles tropicales por la morfologia de sus estaacutedios iniciales Revista Forestal v 20 n 1 p 35 ndash 61 1993 JOHANSEN D A Plant microtechnique New York McGraw- Hill 1940 523p KUNIYOSHI YS Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de 25 espeacutecies arboacutereas de uma floresta com araucaacuteria 1983 233f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Engenharia Florestal) ndash Universidade Federal do Paranaacute Curitiba 1983 LOUREIRO A A SILVA M F amp ALENCAR J C Essecircncias madeireiras da Amazocircnia Vol II INPA Manaus 1979 187p METCALFE CR amp CHALK L 1950 Anatomy of the dicotyledons Claredon Press Oxford MOURAtildeO K S M PINTO D D SOUZA L A MOSCHETA I S Morfo-anatomia da placircntula e do tirodendro de Trichilia catigua A Juss T elegans A Juss E T pallida Sw (Meliaceae) Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 24 n 2 p 601 ndash 610 2002 MOURAtildeO K S M DOMINGUES L MARZINEK J Morfologia de placircntulas e estaacutedios juvenis de espeacutecies invasoras Acta Scientiarum Biological Sciences Maringaacute v 29 n 3 p 261 ndash 268 2007 NETTO D A M Germinaccedilatildeo de sementes de Pau-de-balsa (Ochroma pyramidale Cav Ex Lam) Urban (Bombacaceae) Revista Brasileira de Sementes Brasiacutelia v 16 n 2 p 159-161 1994 OlsquoBRIEN T P McCULLY M E The study of plant structure principles and select methods Melbourne Termarcarphi Pty 1981 45p OLIVEIRA D M T Anaacutelise morfoloacutegica comparativa de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de 30 espeacutecies arboacutereas de fabaceae ocorrentes no estado de Satildeo Paulo 1997 208f Tese (Doutorado em Ciecircncias Bioloacutegicas) ndash Universidade Estadual Paulista Rio Claro 1997 PILATI R SOUZA LA Morfoanatomia da placircntula de Celtis iguanaea (Jacq) Sarg (Ulmaceae) Acta Sci Biol Sci Maringaacute v 28 n 1 p 1-6 2006 PINTO A M INOUE M T NOGUEIRA A C Conservaccedilatildeo e vigor de sementes de pau-de-balsa (Ochroma pyramidale) Acta Amazocircnica Manaus v 34 n 2 p 233-236 2004

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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RAMOS M B P VARELA V P MELO M F F Influecircncia da temperatura e da quantidade de aacutegua no substrato sobre a germinaccedilatildeo de sementes de Ochroma pyramidale (Cav Ex Lam) Urban Acta Amazocircnica Manaus v 36 n 1 p103-106 2006 RIZZINI CT Aacutervores e madeiras do Brasil Rio de Janeiro IBGE SUPREN 1977 ROCHA J F NEVES L de J Anatomia foliar de Hibiscus tiliaceus L E Hibiscus pernambucensis Arruda (Malvaceae) Rodrigueacutesia v 51 n 7879 p 113 ndash 132 2000 SILVA LMM MATOS VP Morfologia da semente e da germinaccedilatildeo de Erythrina velutina Willd Revista Aacutervore Viccedilosa v15 p137-143 1991 SOBRINHO S P SIQUEIRA A G Caracterizaccedilatildeo morfoloacutegica de frutos sementes placircntulas e plantas jovens de mutumba (Guazuma ulmifolia lam ndash Sterculiaceae) Revista Brasileira de Sementes v 30 n 1 p 140 ndash 180 2008 SOLEREDER H 1908 Systematic anatomy of the dicotyledons Oxford Claredon pressV1664 p il SOUZA LA Morfologia e anatomia vegetal ceacutelula tecidos oacutergatildeos e placircntula Ponta Grossa UEPG 2003 258p VARELA VP FERRAZ IDK 1991 Germinaccedilatildeo de sementes de pau-de-balsa Pesquisa Agropecuaacuteria Brasileira v 26 n 10 p 1685-1689 1991 VASQUES-YANES C Estudies on the germination of seeds os Ochroma lagopus Turrialba Meacutexico v 24 n 2 p 176-179 1974 VASQUES-YANES C PEREZ-GARCIA B 1976 Notas sobre lamorfologia y la anatomia de la testa de las semillas de Ochroma lagopus Sw Turrialba Meacutexico v 26 n 3 p 310-311 1976

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