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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA MESTRADO EM BIOTECNOLOGIA AVALIAÇÃO DA PATOGENICIDADE E ATIVIDADE ENZIMÁTICA DE FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS PARA O CONTROLE DE Plutella xylostella (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE) FLÁVIO GABRIEL BIANCHINI SÃO CRISTOVÃO SERGIPE - BRASIL 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

MESTRADO EM BIOTECNOLOGIA

AVALIAÇÃO DA PATOGENICIDADE E ATIVIDADE

ENZIMÁTICA DE FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS

PARA O CONTROLE DE Plutella xylostella

(LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE)

FLÁVIO GABRIEL BIANCHINI

SÃO CRISTOVÃO

SERGIPE - BRASIL

2010

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FLÁVIO GABRIEL BIANCHINI

AVALIAÇÃO DA PATOGENICIDADE E ATIVIDADE ENZIMÁTICA DE

FUNGOS ENTOMOPATOGÊNICOS PARA O CONTROLE DE Plutella

xylostella (LEPIDOPTERA: PLUTELLIDAE)

SÃO CRISTOVÃO

SERGIPE – BRASIL

2010

Dissertação apresentada ao Núcleo de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal de Sergipe como requisito à obtenção do título de Mestre em Biotecnologia na área de concentração em Biotecnologia de Recursos Naturais.

Orientador Prof. Dr. Marcelo da Costa Mendonça

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Dedico:

Aos meus pais, José Lúcio e Maria Aparecida e ao Clube Atlético Mineiro.

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Agradecimentos

Agradeço aos meus pais, José Lúcio Bianchini e Maria Aparecida Moreira pelo apoio

incondicional a essa nova etapa da minha vida.

Ao Dr. Marcelo da Costa Mendonça, pela orientação e apoio na realização deste trabalho.

A Dra. Roberta Pereira Miranda Fernandes, pela ajuda na realização dos trabalhos com

atividade enzimática.

Aos Laboratórios de Controle Biológico da Embrapa – Tabuleiros Costeiros e Enzimologia

da Universidade Federal de Sergipe, sem os quais não seria possível a realização desta

dissertação.

Aos professores do núcleo de mestrado em Biotecnologia (NPGBIOTEC) da Universidade

Federal de Sergipe, pelos ensinamentos passados.

Aos meus grandes colegas, Gustavo, Nadjma, Adiles, Vitor, Micaele e Aline, pelo apoio na

realização das listas de estatística, estudo de mecanismos enzimáticos, trabalhos práticos

de cultura de tecidos, entre outros, e pelo companheirismo nas noites de Forrócaju,

churrascos, em especial a Nadjma pela ajuda nas várias análises enzimáticas.

Aos produtores Egnaldo, José Luis e Jadson de Itabaiana-SE, por permitirem a realização

de coletas em suas áreas.

A FAPITEC/SE pela concessão da minha bolsa de mestrado.

Ao Projeto Pequeno Produtor Grande Empreendedor, pela oportunidade de realização do

curso de mestrado.

A todos da turma do Tereré de Minas: Lucas, Alex, Codorna, Decinho, Pablo, Chapecó,

Luciano, Leandro e Nilson.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS i

LISTA DE TABELAS ii

RESUMO iii

ABSTRACT iv

1. INTRODUÇÃO 1

2. REVISÃO DE LITERATURA 3

2.1 Importância econômica da produção de olerículas em Sergipe ............................ 3

2.2 A traça-dascrucíferas – Plutella xylostella ............................................................. 5

2.3 Controle de pragas com fungos entomopatogênicos ............................................ 7

2.4 Ação de enzimas de fungos entomopatogênicos sobre os insetos ....................... 11

3. MATERIAL E MÉTODOS 16

3.1 Criação de Plutella xylostella em laboratório ......................................................... 16

3.2 Origem dos isolados dos fungos entomopatogênicos e produção da suspensão

de conídios .....................................................................................................................

18

3.3 Bioensaios de patogenicidade dos fungos entomopatogênicos sobre lagartas de

Plutella. Xylostella ..........................................................................................................

20

3.4 Determinação da atividade de enzimas extracelulares de fungos

entomopatogênicos........................................................................................................

23

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 25

4.1 Bioensaios de patogenicidade dos fungos entomopatogênicos sobre lagartas de

Plutella xylostella ..........................................................................................................

25

4.2 Determinação da atividade de enzimas extracelulares de fungos

entomopatogênicos........................................................................................................

29

5. CONCLUSÃO 35

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 36

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i

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Corte do tegumento do inseto. UFS, São Cristóvão - SE, 2010 ....................... 13

Figura 2 – Área de plantio de couve em Itabaiana-SE. UFS, São Cristóvão - SE, 2010 ... 16

Figura 3 – Gaiola para criação dos adultos da traça-das-crucíferas. Figura 4 – Caixas

plásticas para criação das lagartas de traça-das-crucíferas. UFS, São Cristóvão - SE,

2010 ....................................................................................................................................

17

Figura 4 – Caixas plásticas para criação das lagartas de traça-das-crucíferas. UFS, São

Cristóvão - SE, 2010 ...........................................................................................................

18

Figura 5 – Material na câmara de fluxo laminar para produção das matrizes em meio

semi-solido. UFS, São Cristóvão - SE, 2010.......................................................................

20

Figura 6 – Discos de couve banhados em solução de conídios a 1,0 X 108 conídios/mL.

UFS, São Cristóvão - SE, 2010...........................................................................................

21

Figura 7 – Bioensaio de patogenicidade. UFS, São Cristóvão - SE, 2010.......................... 21

Figura 8 – Placas de Petri em BOD para confirmação da morte de lagartas pelos fungos

entomopatogênicos. UFS, São Cristóvão - SE, 2010..........................................................

22

Figura 9 – Preparação das amostras para análise das proteases PR 1 e PR 2. UFS, São

Cristóvão - SE, 2010............................................................................................................

24

Figura 10 – a) Lagarta de P. xylostella sadia, b) Massa micelial de B. bassiana em

lagarta de P. xylostella. UFS, São Cristóvão – SE, 2010....................................................

25

Figura 11 – Porcentagem de mortalidade confirmada de lagartas de Plutella xylostella

por diferentes isolados de fungos entomopatogênoicos na concentração de 1,0 X 108

conídios/mL (26,0 + 1,00 C e 12 horas de fotofase). UFS, São Cristóvão – SE, 2010........

26

Figura 12 - Média de mortalidade de lagartas de P. xylostella para os isolados 1213 e

447 em cada dia de avaliação com seus respectivos pontos de máximo. UFS, São

Cristóvão-SE, 2010..............................................................................................................

28

Figura 13 – Mortalidade acumulada de Plutella xylostella para cada isolado durante o

período de avaliação do bioensaio de patogenicidade. UFS, São Cristóvão – SE, 2010...

28

Figura 14 – Atividade média das enzimas PR1 e PR2 dos isolados de Beauveria

bassiana em meio tamponado (a) e não tamponado (b). UFS, São Cristóvão – SE,

2010......................................................................................................................................

32

Figura15 – Atividade média das enzimas PR1 e PR2 dos isolados de Beauveriabassiana

em meio tamponado (a) e não tamponado (b) em função do tempo. UFS, São Cristóvão

– SE, 2010............................................................................................................................

33

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ii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Origem dos isolados dos fungos entomopatogênicos utilizados nos testes

de patogenicidade. UFS,São Cristóvão - SE, 2010......................................

13

Tabela 2 – Resultado da análise de variância para os tratamentos (fungos entomo-

patogênicos). UFS, São Cristóvão – SE, 2010............................................

26

Tabela 3 - Atividade enzimática de PR1 e PR 2 para os 10 isolados de fungos

entomopatogênicos para cada tempo e para cada meio de cultura

utilizado para seu crescimento. UFS, São Cristóvão - SE, 2010..................

31

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iii

Resumo

Bianchini, F.G.; Mendonça, M. da C. Avaliação da patogenicidade e atividade enzimática

de fungos entomopatogênicos para o controle de Plutella xylostella (Lepidoptera:

Plutellidae) . Sergipe: UFS, 2010, 42 p. (Dissertação – Mestrado em Biotecnologia)

A traça-das-crucíferas tem causado grandes danos a produtores de couve e brócolis do

município de Itabaiana-SE. O uso indiscriminado de agrotóxicos para o controle desta praga

tem causado problemas quanto à resistência a determinados ingredientes ativos, além de

comprometer a saúde dos aplicadores e o consumo dos produtos pela veiculação de

resíduos desses produtos. Os fungos entomopatogênicos são uma alternativa de controle

para a traça. O presente trabalho teve como objetivo avaliar a patogenicidade de fungos

entomopatogênicos sobre a traça-das-crucíferas (Plutella xylostella), observando sua

interação com a quantificação e tipos de enzimas proteases produzidas pelos isolados. Foi

realizado no Laboratório de Controle Biológico da Embrapa Tabuleiros Costeiros usando 9

isolados de Beauveria bassiana e 1 isolado de Paecilomyces fumosoroseus, provenientes

de diferentes instituições para o controle da traça-das-crucíferas. Foi realizado um

bioensaio, com os 10 isolados em uma mesma concentração (1x108 conídios/ml). Folhas de

couve foram banhadas com a solução de conídios dos fungos e oferecidas como

alimentação as lagartas. Análises da atividade enzimática de duas proteases degradadoras

de cutícula, Pr1 e Pr2, enzimas relacionadas diretamente com o processo de infecção do

inseto pelo patógeno foram realizadas no Laboratório de Enzimologia da Universidade

Federal de Sergipe. Os isolados 447© e 1213 apresentaram as maiores médias de

mortalidade, sendo o 447© o mais virulento. Não foi confirmada uma correlação entre

patogenicidade e atividadade enzimática para os isolados de fungos entomopatogênicos

estudados. Este resultado não contradiz a influencia da atividade enzimática no processo de

infecção e patogenicidade destes microrganismos, porém, confirma o quanto é complexo o

estudo desta relação na interação patógeno hospedeiro. Os períodos de avaliação de 96 e

144 horas apresentaram os maiores valores de atividade para as duas enzimas avaliadas,

coincidindo com o período de maior número de lagartas mortas.

Palavras chaves: traça-das-crucíferas, proteases, Beauveria bassiana

Comitê de orientação: Marcelo da Costa Mendonça (Orientador).

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iv

Abstract

Bianchini,F.G.;Mendonça, M.da C. Enzyme characterization and pathogenicity of

entomogenous fungi on Plutella xylostella (Lepidoptera: Plutellidae). Sergipe: UFS,

2010, 42 p. (Dissertação – Mestrado em Biotecnologia).

Plutella xylostella, commonly known as diamondback moth, causes great damages in collard

greens and broccolis crops of Itabaiana municipality in Sergipe State-BR. Alternative control

techniques are being researcher’s goals because the intensive use of chemicals has

enhancing resistance problems, intoxication of workers, beside the pollution of environment

and residues in the products, making difficult their commercialization. Entomogenous fungi

have been used widespread in biological control of agriculture pests and have a remarkable

role among micro-organisms as an alternative method to control the moth. This work aims to

evaluate the pathogenicity of ten isolates of Beauveria and Paecilomyces, from different

research institutions, on diamondback moth and also to identify and quantify extra cell

enzyme patterns made by the mentioned fungi. The rearing of the moths will be at lab

conditions starting from young crawlers and pupae picked up in field crops of collard and

broccolis. The enzyme activities will be evaluated in extra cell fluids filtrated from

entomogenous fungi reared in aqueous medium. The results obtained from the bioassays will

give contribution in the identification of the most efficient genera or isolates to be used in IPM

of diamondback moth. Moreover, it is expected that the relationship pathogenicity x enzyme

activity be one other tool to characterizing these micro-organisms.

Key words: diamondback moth, proteases, Beauveria bassiana

Advisor: Marcelo da Costa Mendonça (Orientador).

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1

1. Introdução

A produção de hortaliças, em geral, utiliza pequenas e médias áreas, em suas

maiorias situadas próximas aos centros consumidores, devido à intolerância a longos

períodos de armazenagem e transporte. A cidade de Itabaiana é um grande pólo de

produção de hortaliças no estado de Sergipe, várias famílias de pequenos produtores

sobrevivem do plantio de culturas como alface, couve, cebolinha, brócolis, coentro, dentre

outras, que suprem os mercados da capital e do interior do estado, como também de

outros estados como Bahia e Alagoas.

As brássicas constituem uma das principais fontes de alimento dos países

desenvolvidos, sendo cultivadas em todas as regiões do mundo, gerando a cada ano

grande renda para os agricultores. Dentre as espécies de brássicas a couve se destaca

por ser altamente consumida em praticamente todas as regiões do Brasil, seja na sua

forma crua ou refogada, juntamente com outros alimentos. Existem diversas variedades

de couve, no entanto, a mais consumida é a couve do tipo “manteiga”, que apresenta

folhas mais macias em relação a outras variedades, sendo esse tipo preferido pelos

consumidores em geral.

Essa brássica é atacada por várias espécies de pragas, cuja importância

econômica varia de acordo com o local de plantio. Dessas, a traça-das-crucíferas

(Plutella xylostella, Lepidoptera: Plutellidae) e considerada uma das principais de

ocorrência registrada na maioria dos pólos olerícolas. Os ataques severos acontecem

principalmente na época mais seca do ano podendo ocasionar perdas totais dos campos

de produção. A traça-das-crucíferas tem se tornado uma praga de difícil controle, não só

na cultura da couve como também na cultura de outras brássicas, como brócolis e

repolho. Em Itabaiana produtores de couve e brócolis têm sofrido com ataques da traça,

que se tornou a principal praga nessas culturas causando prejuízos. Em geral, essa

praga tem sido controlada com agrotóxicos. O uso indiscriminado desses produtos pelos

produtores tem gerado problemas quanto à resistência da traça a determinados

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ingredientes ativos indicados para seu controle, além disso, os níveis de resíduos dos

produtos nessa cultura têm dificultado a aceitação por parte dos consumidores

dificultando sua comercialização. No pólo produtor de Itabaiana os danos causados pela

traça, somado a falta de conhecimento e acesso do produtor por melhores práticas,

levam ao uso de produtos sem registro para a praga ou cultura, na busca por um controle

efetivo da traça. Estes fatos, associados à necessidade em reduzir o impacto dos

produtos químicos ao ambiente e aos aplicadores de agrotóxicos, tem contribuído para

identificação de outros meios de controle da traça.

Os fungos entomopatogênicos têm sido utilizados como uma forma alternativa de

controle de pragas ao uso de agrotóxicos. Na história do controle biológico com fungos

entomopatogênicos se destaca o controle da cigarrinha-da-raiz-da-cana-de-açúcar por

Metarhizium anisopliae, desde que ocorreu sua epizootia em 1964 no Nordeste. Essa

espécie de fungo é produzida artificialmente e utilizada em muitas propriedades de cana-

de-açúcar no sudeste e nordeste do Brasil. Diversos programas de controle biológico,

baseados na utilização deste microrganismo vêem sendo utilizados para o controle de

diversas pragas em diferentes culturas. Este exemplo, dentre outros, têm gerado muitos

estudos sobre este microrganismo, avaliando sua ação como entomopatógeno e mais

específicos para algumas espécies. Não somente sobre a patogenicidade às pragas, mas

também, sobre os métodos de identificação e infecção dos insetos. A principal forma de

infecção de insetos por fungos entomopatogênicos é através da adesão dos conídios ao

seu tegumento, esse processo desencadeia uma série de alterações fisiológicas e

morfológicas ao conídio para que possa penetrar no corpo do inseto. Essas alterações

induzem a produção de enzimas que contribuiem para a penetração do fungo no interior

do inseto por meio da degradação, principalmente, da quitina que compõem a cutícula do

inseto. Essa característica, dentre outras, pode ser utilizada para a diferenciação entre

isolados de um mesmo fungo, ou seja, uma cepa se torna mais eficaz que outra, para o

controle de determinada praga, quando sua capacidade de produção de determinadas

enzimas é maior, isso provoca uma penetração mais rápida do fungo no tegumento do

inseto fazendo com que ele possa encontrar condições mais favoráveis para seu

desenvolvimento e colonização do hemocel, causando a morte do inseto por injúrias

causadas pelas hifas do fungo em seu orgamismo.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a patogenicidade de fungos

entomopatogênicos sobre a traça-das-crucíferas (Plutella xylostella), observando sua

interação com a quantificação e tipos de enzimas proteases produzidas pelos isolados.

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3

2. Revisão de Literatura

2.1 Importância econômica da produção de olerículas em Sergipe

O município de Itabaiana está situado a 188 metros acima do nível do mar,

posicionado na área central do Estado, em pleno centro geodésico e faz limites com Frei

Paulo, Ribeirópolis e Moita Bonita ao norte; Campo do Brito e Areia Branca ao sul;

Campo do Brito e Macambira a oeste e a leste com os municípios de Malhador e Areia

Branca. É a terceira cidade mais populosa do Estado de Sergipe, possui

aproximadamente 77.000 habitantes, sendo 72% desta população urbana e 28% rural. É

famosa pelo forte comércio e por seu “cinturão agrícola”. Itabaiana e municípios

circunvizinhos constituem uma micro-região caracterizada por um grande número de

pequenas propriedades rurais. As famílias de produtores, na maioria dos casos

residentes, cultivam uma variedade de hortaliças e ervas medicinais, que aliadas a

produção de farinha de mandioca, são a base de sustentação para as famílias (BORGES,

1995). As maiorias das áreas produtoras de hortaliças são de pequenas propriedades,

baseadas principalmente na agricultura familiar, sendo muitas vezes a base do sustento

destas famílias, como constatou Souza & Gomes (2008) em seu trabalho realizado com

produtores de olerícolas nesse município, em que 44,82% possuem propriedades com

área variando de 1,5 a 3,0 ha e 20,68% com áreas de até 1,5 ha e pode classificar os

sistemas produtivos como agricultura familiar moderna, uma vez que estas buscam

diminuir o papel da família nas relações de produção.

. O município de Itabaiana apresenta condições favoráveis ao desenvolvimento da

atividade olericultora. A presença do Domo de Itabaiana contribuiu para formação de

solos férteis de origem vulcânica, tornando suas terras favoráveis à prática de cultivos. As

várias nascentes e olhos d'água que descem das encostas do Domo fazem surgir

diversos córregos, assim como os vários rios que banham o município e que são também

barrados artificialmente para a prática da irrigação, proporcionando condições ideais para

se produzir olerícolas (SILVA, 2009). Essa micro-região é responsável por parte

significativa da produção de olerícolas no Estado. Apresenta 463 produtores, que com

suas atividades agrícolas são responsáveis pela geração de empregos, divisas para o

Estado e para a região, sendo a área de produção total correspondente a

aproximadamente 1.100 hectares (IBGE, 2006).

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4

A maioria dos produtores de olerícolas de Itabaiana apresenta um nível muito

baixo de escolaridade. Souza (2008) verificou que 70% dos responsáveis pelas

propriedades possuem nível fundamental incompleto, 13,33% são analfabetos, 6,67%

concluíram o ensino fundamental, 6,67% não completaram o ensino médio e 3,33%

chegaram ao final do ensino fundamental, esses dados demonstram a dificuldade em ler

e compreender bulas de defensivos, análises de solo e água e principalmente em lidar

com informações técnicas sobre sistemas de irrigação, manejo de solo, negociações e

controle de finanças. Esses fatos associados à falta de assistência técnica na região

caracterizam o sistema de cultivo como sendo muito pouco tecnificado, isso leva a

ocorrência de problemas em todo o ciclo de cultivo, desde a produção de mudas a

comercialização.

Muitos desses produtores enfrentam hoje sérios problemas para o controle de

pragas em suas lavouras, o que leva, muitas vezes, ao uso de defensivos químicos sem

registro para cultura e/ou a praga. O uso de agrotóxicos sem recomendação adequada

pode causar seleção de insetos resistentes a determinados ingredientes ativos, o que

consequentemente irá causar maiores danos futuramente, tornando seu controle ainda

mais difícil. O uso indiscriminado de inseticidas ainda gera um grave problema de

resíduos de agrotóxicos nos produtos que serão consumidos pela população, o que

provoca um número enorme de intoxicações no mundo todo, além da intoxicação do

trabalhador rural no manuseio destes produtos (STOPPELLI & MAGALHÃES, 2005). Em

Itabaiana Borges (1995) realizou um trabalho com produtores de hortaliças na região do

Açude da Macela e constatou que muitos deles utilizam produtos químicos para controle

de pragas e doenças sem registro para a cultura sendo que 100% dos entrevistados

disseram ser orientados pelo próprio vendedor. Além desse uso sem orientação

especializada, as dosagens e o período de carência, não são respeitados, visto que 32%

dos produtores disseram fazer pelo menos uma aplicação semanal e 16% confirmaram

realizarem duas aplicações semanais. Houve ainda relatos de produtores que realizavam

pulverizações com até três dias antes da colheita, desconsiderando totalmente o período

de carência.

Esses problemas relacionados com o controle de pragas e doenças, através do

uso irracional de defensivos agrícolas, faz com que a busca por alternativas de uma

produção mais sustentável seja importante para que o consumidor possa adquirir

produtos de maior qualidade e o produtor rural possa ter uma produção que não agrida

tanto o meio ambiente.

Em função desse panorama existente hoje na região de Itabaiana, algumas

atitudes vêem sendo tomadas no intuito de melhorar toda a cadeia produtiva, como

exemplo tem a criação da Associação de Produtores Orgânicos do Agreste de Sergipe

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5

(ASPOAGRE) que conta com vários produtores associados que produzem diversas

hortaliças no sistema de cultivo orgânico certificados pelo Instituto Bio-Dinâmico (IBD).

Outro exemplo é a criação do projeto: Pequeno Produtor, Grande Empreendedor, uma

parceria entre uma rede de supermercados de Sergipe, Departamento de Agronomia da

Universidade Federal de Sergipe, DEAGRO e DEG Bank Group da Alemanha que

através de cursos de capacitação e assistência técnica buscam fazer com que os

produtores possam melhorar suas técnicas de cultivo e comercialização.

2.2 A traça-das-crucíferas - Plutella xylostella

Diversas pragas atacam as brássicas, entre elas a traça-das-crucíferas (Plutella

xylostella) é considerada a principal praga de áreas produtoras, os ataques a essas

hortaliças, principalmente nos períodos mais secos do ano podem ocasionar perdas

totais dos campos de produção (MEDEIROS et al, 2003). Os adultos de P. xylostella

possuem coloração parda e os machos quando pousados sobre as folhas exibem uma

mancha clara no formato de diamante na parte dorsal. As fêmeas são altamente férteis e

podem depositar até 350 ovos durante seu ciclo de vida (CASTELO BRANCO et al,

1997). Os ovos são depositados na página inferior das folhas, isolados ou em grupos de

2 ou 3, eles são muito pequenos e de coloração amarelada e arredondados. As lagartas

de 8 a 10 mm de comprimento possuem quatro estádios e possuem coloração verde-

clara a verde-escuro conforme a alimentação (GALLO et al, 2002). Para empupar as

larvas constroem um casulo envolto por uma rede de seda, elas inicialmente são claras e

perto da eclosão se tornam escuras. O período de desenvolvimento ovo-adulto depende

da temperatura ambiental, a 150 C dura 34 dias e a 350 C o ciclo é de 12 dias. A traça-

das-crucíferas pode ocorrer durante todo o ano, sendo menor no período chuvoso.

Períodos com ausência de chuvas e temperatura em torno de 220 C favorecem seu

desenvolvimento (SARFRAZ et al, 2005).

Os principais danos causados pela traça é a diminuição da área fotossintética das

plantas atacadas. As lagartas se alimentam de toda área foliar, sendo mais prejudicial as

plantas mais novas, fazendo com que ocorra uma diminuição no seu tempo de

desenvolvimento. Em couve os danos causados pela traça fazem com que o produto

perca valor comercial, visto que as folhas ao apresentarem furos não há aceitação por

parte dos consumidores. As lagartas de primeiro estádio minam as folhas e se alimentam

no interior das minas, já nos outros estádios se alimentam das folhas exceto da epiderme

superior, formando minas transparentes. Quando em baixa densidade as larvas preferem

as folhas mais jovens já em altas populações se distribuem por toda a planta (GALLO et

al, 2002; CASTELO BRANCO et al, 1997).

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O controle da traça-das-crucíferas é tradicionalmente realizado com uso de

agrotóxicos. Estima-se que em todo mundo por ano sejam gastos em torno de US$ 1

bilhão no controle da traça (SARFRAZ et al, 2005). Porém existem outras maneiras de se

combater essa praga, a exemplo do controle cultural que envolve várias técnicas como o

plantio intercalado de duas ou mais culturas. Na Rússia plantios de repolho intercalados

com tomate reduziram os danos causados por diversas pragas, inclusive a traça

(TALEKAR & SHELTON, 1993). Outra técnica é o plantio de plantas armadilhas, como

usado na Índia, onde linhas de mostarda são plantadas entre 15 a 20 linhas de repolho,

servindo de atrativo para traça que diminui seu ataque as plantas de repolho (TALEKAR

& SHELTON, 1993). Essas técnicas associadas a outras como rotações de culturas,

manejo de irrigação e controle biológico podem representar boas alternativas de controle.

Desde o início do século as perdas provocadas pela traça-das-crucíferas nas

áreas produtoras de brássicas, são controladas principalmente utilizando-se

pulverizações com produtos químicos, com introdução de novos produtos no comércio a

cada década. O uso indiscriminado de agrotóxicos por alguns produtores tem gerado

problemas quanto à resistência da traça a determinados ingredientes ativos indicados

para seu controle, com o passar do tempo gerações resistentes foram selecionadas e

com isso dosagens e freqüências de aplicação foram aumentadas (CASTELO BRANCO

et al, 1997). A traça-das-crucíferas tem uma longa história de resistência a vários

inseticidas usados contra ela. Em 1953, em Lembang Indonésia relataram-se traças

resistentes ao DDT e a vários outros inseticidas usados naquela região, a traça foi o

primeiro inseto-praga a apresentar resistência a esse inseticida no mundo (LINGAPPA et

al, 2004). Na Malásia também existem relatos de traças resistentes a vários grupos de

inseticidas e diversos autores também relatam a ocorrência deste problema em Taiwan,

Japão, Austrália e América do Norte (TALEKAR & SHELTON, 1993). No Brasil Castelo

Branco (2003) em teste com populações de traça de diferentes regiões do país, Ceará,

Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso e Distrito Federal, avaliou o efeito dos ingredientes

ativos: abamectin, acefato, Bacillus thuringiensis, cartap, clorfluazuron, deltametrina,

spinosad nas dosagens recomendadas para o controle desta praga, concluindo que as

populações são resistentes a um ou mais ingredientes ativos e programas de manejo

devem ser implementados. Em outro trabalho Castelo Branco et al (2001) verificaram que

produtores de brassicas do Núcleo Rural da Taquara tiveram seus cultivos seriamente

comprometidos devido à impossibilidade de controle da traça-das-crucíferas, em função

de sucessivas aplicações, em alguns casos até sete vezes por semana. Foi coletada uma

população de traça e submetida em laboratório a doses de produtos recomendados para

seu controle e constatou que a deltrametrina apresentou apenas 6% de controle.

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Historicamente o controle biológico tem surgido como alternativa ao uso de

agrotóxicos, ou até, como uma técnica complementar caracterizando o manejo integrado

de pragas. Métodos alternativos de controle tem ganhado força, como seleção de

cultivares resistentes ao ataque da praga (THULER et al, 2007), adoção de técnicas de

manejo integrado e busca por meios de controle menos agressivos ao homem e ao

ambiente. Para a traça-das-crucíferas, em todos os estádios, são atacados por

numerosos parasitóides e predadores. Embora mais de 90 espécies de parasitóide

ataquem a traça, 60 apresentam importância. Entre essas, 6 espécies atacam os ovos da

traça, 38 atacam a fase larval e 13 atacam as pupas. A maioria dessas espécies é

originária da Europa, onde se acredita que a traça teve sua origem (TALEKAR &

SHELTON, 1993, SARFRAZ et al, 2005). Outro problema gerado pelo uso excessivo de

defensivos químicos é o efeito sobre as populações de parasitóides, que ocorrem

naturalmente nas áreas produtoras de brássicas. Vilas Bôas et al (2004) relata que

alguns ingredientes ativos podem ser seletivos a parasitóides e outros podem causar a

morte ou a fuga destes insetos das áreas tratadas, prejudicando assim o controle natural

dessa praga pelos seus inimigos naturais.

Outras formas de controle que podem contribuir para o manejo integrado de

pragas se baseiam na utilização de micoinsenticidas, a base de microrganismos

entomopatogênicos, são ferramentas úteis no controle da traça-das-crucíferas.

Apresentam uma série de vantagens como: seletividade e especificidade; poluição e

toxicidade, os patógenos não poluem o ambiente, não são tóxicos para o homem e outros

animais; resistência; multiplicação, dispersão e produção, os patógenos possuem a

capacidade de multiplicação e dispersão no ambiente, através dos indivíduos da

população (insetos sadios, doentes, parasitos e predadores) e controle duradouro, após o

estabelecimento do patógeno em uma determinada área de cultura perene ou

semiperene, a doença pode assumir caráter enzoótico (ALVES, 1998; SARFRAZ et al,

2005).

2.3 Controle de pragas com fungos entomopatogênico

O conhecimento das doenças dos insetos remonta há quase cinco mil anos,

quando insetos úteis como a abelha e o bicho-da-seda eram explorados pelos egípicios e

chineses. Já são decorridos mais de trezentos anos da primeira aplicação de um vírus

para o controle de uma praga florestal feita pelo inglês J. Evellyn. Os primeiros

ensinamentos básicos de patologia de insetos ministrados pelo pai da patologia, o italiano

Agostinho Bassi, foram feitos em 1835 e, trinta anos depois pelo francês L. Pasteur

(ALVES, 2008). Os primeiros testes com fungos que infectam insetos, também chamados

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de fungos entomopatogênicos, foram realizados pelo russo Metschnikoff no final do

século XIX, quando avaliou o potencial de Metarhizium anisopliae para o controle de uma

espécie de besouro. Somente um século depois os primeiros resultados práticos

começaram a surgir, havendo atualmente vários inseticidas biológicos à base de fungos

(micoinseticidas) em comercialização em diferentes países (FARIA & MAGALHÃES,

2001).

Os fungos são organismos de tamanho e forma variáveis. Podem ser unicelulares,

como no caso das leveduras, ou constituídos por um conjunto filamentoso de micélio, por

sua vez composto de células denominadas hifas, com parede constituída quimicamente

de quitina e/ou celulose, além de outros açúcares, como as glucanas. As hifas podem ter

um ou mais núcleos, contidos na mesma célula hifal, ou apresentar os núcleos em uma

massa citoplasmática contínua sem os septos transversais. Dentre essa enorme

variedade de fungos temos os fungos entomopatogênicos que foram os primeiros

patógenos de insetos a serem utilizados no controle microbiano. A grande variabilidade

genética desses entomopatógenos pode ser considerada uma das principais vantagens

no controle microbiano de insetos. Com técnicas apropriadas de bioensaios é possível

selecionar isolados de fungos altamente virulentos, específicos ou não, com

características adequadas para serem utilizados como inseticidas microbianos, visando o

controle de grande número de pragas das culturas econômicas (ALVES, 1998).

As primeiras referências sobre a ocorrência de entomopatógenos sobre pragas e

insetos úteis datam da década de 1920 e foram feitas por diversos pesquisadores que

trabalhavam com doenças de plantas. Em 1964, a ocorrência epizoótica de Metarhizium

anisopliae sobre Mahanarva posticata no nordeste brasileiro começou a chamar a

atenção dos pesquisadores. Nos anos seguintes foram feitas recomendações de

aplicações do fungo para o controle da cigarrinha-das-folhas-da-cana-de-açúcar no

sudeste do país (ALVES, 2008).

Os fungos entomopatogênicos estão distribuídos entre vários grupos, sendo os

grupos Deuteromycetes e Phycomycetes os dois mais importantes. Os fungos são os

mais versáteis dos entomopatôgenos, são considerados pelas pesquisas como o maior

agente potencial para o controle microbiano. Alguns possuem toxinas que causam uma

morte rápida do hospedeiro, mas geralmente eles são patógenos de atuação mais lenta.

Muitos têm uma ampla gama de hospedeiros, que infectam seus diferentes estágios e

idades (ALVES, 1998, HESKETH et al, 2010).

Os fungos podem causar epizootias naturais que devastam populações de

insetos, habitando na água, solo e superfície de plantas. Doenças epizooticas são

caracterizadas por aparecerem esporadicamente causando grande variação na

incidência dos insetos, um exemplo de epizootia é a ocorrência de Nomurea rileyi sobre a

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lagarta-da-soja que não mantém uma regularidade de incidência, mas quando surge

provoca uma queda vertiginosa na população dessa lagarta. Já doenças enzooticas são

caracterizadas pela regularidade com que ocorrem em determinada população de

insetos, sendo reguladas por fatores que a conduzem a um padrão estável, como por

exemplo, a ocorrência de Metarhizium anisopliae sobre cigarrinha-da-cana-de-açúcar,

nos meses de março a abril aparece os primeiros insetos infecctados, de agosto a

meados de dezembro ocorre o ápice da doença com o maior número de casos, após

esse período o ocorre o declínio da doença coincidindo com a diminuição da população

do inseto (ALVES, 1998). Outras vantagens que são quase únicas entre os

entomopatógenos, estão relacionadas a infecção que pode acontecer via tegumento,

sendo a ingestão desnecessária e sua dispersão ocorre naturalmente pelo movimento do

ar. Uma das desvantagens dos fungos entomopatogênicos está relacionada a sua

dependência de fatores ambientais, principalmente a umidade relativa e de seu efeito

lento sobre o inseto, alguns podem demorar até uma semana até que eles parem de

atacar a planta após a infecção (FUXA, 1987).

Os fatores ambientais estão diretamente relacionados com a viabilidade dos

conídios dos fungos, e consequentemente com sua capacidade infectiva. Dentre esses

fatores podemos destacar a umidade relativa do ar, sabe-se que a umidade está

intimamente relacionada com a germinação dos esporos e altas umidades favorecem a

ocorrência de epizootias. Entretanto para que ocorra a infecção dos insetos pelos

conídios dos fungos, não há a necessidade da umidade relativa esteja com altos índices,

os fungos requerem umidades em torno de 90% para germinação, infecção e

esporulação. A umidade presente no tegumento do inseto permite que ocorra a infecção,

outro fator relacionado a baixas umidades que facilita a infecção do inseto pelo fungo é o

estresse causado ao inseto por essa condição, que pode levar a um distúrbio fisiológico

tornando o inseto susceptível a infecção. A longevidade de esporos também está

relacionada a umidade, conídios de Beauveria bassiana e Paecilomyces farinosus

sobrevivem por mais tempo com umidade entre 0 e 34%, do que a 75%. Conídios de

Metarhizium anisopliae sobrevivem a altas e baixas umidades, com no mínimo umidades

próximas a 45 % (FERRON, 1978, HESKETH et al, 2010).

O rápido desenvolvimento micelial, e por seguinte rápida evolução da infecção,

depende também da temperatura. No geral as temperaturas ótimas estão entre 200 a 300

C, com limites entre 50 a 350 C. Temperaturas abaixo da faixa ótima retardam o

desenvolvimento da doença causada pelo fungo, consequentemente afetando a

mortalidade (FERRON, 1978).

Outros conceitos relevantes sobre fungos entomopatogênicos estão relacionados

as características de patogenicidade e virulência, que são muito usados para se

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caracterizar o poder letal de determinado isolado de uma espécie ou grupo de fungos

sobre determinado hospedeiro. A patogenicidade e a virulência estão diretamente ligadas

a escolha de isolados de fungos entomopatogênicos para seu uso em programas de

controle biológico e manejo integrado, visto que irão fornecer informações sobre seu

poder de controle sobre determinado inseto-praga. Shapiro-Ilan et al (2005) recomendam

que para patologia de invertebrados sejam utilizadas as definições de patogenicidade e

virulência propostas por Steinhaus e Martignoni (1970) que definem: patogenicidade: “A

qualidade ou estado de ser patogênico. A capacidade potencial de produzir a doença”, e

virulência: “O poder de produzir a doença no organismo. Grau de patogenicidade dentro

de um grupo ou espécie”.

Com objetivo de tornar o sistema de cultivo mais sustentável e causando menos

impactos sobre o meio ambiente, o controle microbiano tem ganhado força como parte

indispensável do manejo integrado de pragas, os fungos entomopatogênicos têm sido

usados como alternativa ao uso de inseticidas químicos (FANG et al, 2009). A maior

demanda para fungos entomopatogênicos no Brasil está relacionada com o controle de

cercopídeos em cana-de-açúcar e pastagens (ALVES, 2008). Mas existe um grande

potencial para a utilização de outros fungos entomopatogênicos para o controle de

diversas pragas, vários trabalhos têm sido realizados com diferentes fungos e isolados

para o controle de diversas pragas de várias culturas. Junior & Alves (1997), verificou a

eficiência de dois isolados de B. bassiana selecionados de um total de 72 isolados de B.

bassiana e M. anisopliae no controle de Sitophilus oryzae (L.), Sitophilus zeamais

(Motsch.) (Coleoptera: Curculionidae) e Rhyzopertha dominica (Coleoptera: Bostrichidae)

em arroz. Filho et al (2002) constataram que, de 10 isolados de B. bassiana e 10 de M.

anisopliae para o controle de Alabama argillacea (curuquerê-do-algodoeiro, Lepidoptera:

Noctuidae) os mais eficientes, foram os isolados 1189, 1022 e 866 de M. anisopliae e

483, IPA198 e 604 de B. bassiana nas concentrações 108 e 109 conídios/mL, sendo os

mais promissores para incorporação no manejo integrado. Em outro trabalho visando o

controle do percevejo-castanho-da-raiz (Scaptocoris carvalhoi, Hemiptera: Cynidae),

Xavier & Ávila (2006) testaram 11 isolados de B. bassiana e 10 de M. anisopliae em

condições de laboratório e casa de vegetação, concluindo que o isolado Ma69 de M.

anisopliae foi mais eficiente para S. carvalhoi tanto em laboratório quanto em casa de

vegetação, constituindo em uma alternativa promissora para ser utilizado como inseticida

microbiano em condições de campo.

Outra classe de pragas onde também se tem buscado alternativas de controle

são os ácaros, que causam prejuízos em diversas culturas em todo país. Oliveira et al

(2004) realizou bioensaios em laboratório utilizando 64 isolados de B. bassiana, 10 de M.

anisopliae e 8 de P. fumosoroseus para o controle do ácaro-vermelho (Oligonychus

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yothersi, Acari: Tetranychidae) em erva-mate, ele pode concluir que o fungo B. bassiana

apresentou grande potencial como agente de controle microbiano, podendo ser

incorporado em programas de manejo integrado do ácaro-vermelho da erva-mate e os

isolados de B. bassiana UEL02, UEL08, UEL10, UEL50, CG082, CG166, CG375, CG424

e CG481 foram os mais virulentos. Como apresentado anteriormente vemos que vários

trabalhos estão sendo realizados na busca por alternativas de controle de diversas

pragas, sendo o controle biológico por meio de fungos entomopatogênicos um meio

eficiente e promissor de muitos desses insetos.

No Brasil, a produção massal de fungos entomopatogênicos é tradicionalmente

realizada em meio semi-sólido de arroz cozido como substrato. Após a colonização do

arroz pelo microrganismo, a mistura arroz + fungo é triturada e comercializada na forma

de pó-molhável. Alternativamente, a mistura arroz + fungo é vendida sem trituração,

ficando a cargo dos produtores rurais a tarefa de lavar o substrato com água para

remoção dos esporos. Os esporos são “sementes” do fungo que funcionam como

unidades infectivas e constituem o ingrediente ativo dos micoinseticidas (FARIA &

MAGALHÃES, 2001).

O fungo Beauveria bassiana é de ocorrência generalizada em todos os países,

sendo mais freqüente sobre os insetos e em amostras de solo, onde pode sobreviver por

longo tempo em saprôgenese. Esse foi o primeiro fungo a ser estudado com detalhes

pelo italiano Agostinho Bassi. Em condições de laboratório, pode colonizar a maioria dos

insetos, sendo que em campo ocorre de forma enzoótica e epizoótica em coleópteros,

lepidópteros, hemípteros e em ocorrência enzoóticas sobre dípteros, himenópteros e

ortópteros (ALVES, 1998; HOLDER & KEYHANI, 2005). O fungo é empregado em escala

comercial em alguns países, entre eles os Estados Unidos e o México. Volumes

consideráveis desse fungo foram comercializados no Brasil para o controle de ácaros do

mamão e da broca-do-café, além de um volume menor ter sido destinado ao controle de

cochonilhas (FARIA & MAGALHÃES, 2001).

Muitos trabalhos são realizados com objetivo de selecionar isolados de fungos

entomopatogênicos com maior patogenicidade e virulência a diversas pragas. Somados a

esses, outros fatores relacionados aos fungos, como o estudo das enzimas extracelulares

envolvidas no processo infeccioso do fungo ao corpo do hospedeiro, tem contribuído na

seleção, pois está diretamente relacionado as suas características de patogenicidade e

virulência.

2.4 Ação de enzimas de fungos entomopatogênicos sobre os insetos

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Para a maioria dos fungos a penetração ocorre via tegumento,ao contrário de

bactérias e vírus que precisam ser ingeridos a fim de causar doença nos hospedeiros, o

que os coloca em vantagem quando comparados a estes microorganismos. Além disso,

possuem alta capacidade de disseminação horizontal, podendo ser levados pelos

diferentes agentes de disseminação para locais muito distantes (ALVES, 1998; FANG et

al, 2009; ZHANG et al, 2008).

A patogênese é iniciada com a adesão do conídio à cutícula do inseto através da

secreção de substâncias adesivas durante a pré-germinação. Após adesão ocorre a

formação do apressório de onde surgirá o tubo germinativo que irá, através da ação de

enzimas degradadoras de cutícula, e força mecânica das hifas iniciarem a colonização do

corpo do inseto. As enzimas que atuam nesse processo irão digerir a cutícula para que

seus componentes sejam usados como fonte de nutrientes para o desenvolvimento do

fungo (ITO et al, 2007).

Após esse processo de penetração, inicia-se o processo de colonização do

hospedeiro, no qual ocorre proliferação das hifas na cavidade do corpo, com liberação de

toxinas que causam sua paralização ou morte do hospedeiro. Mesmo após a morte do

hospedeiro, as hifas crescem invadindo os diversos órgãos internos. O micélio emerge do

corpo do inseto produzindo esporos que poderão ser disseminados para infectar outros

indivíduos. O tegumento torna-se mais susceptível a ação de fungos entomopatogênicos

por ocasião da mudança de instares, quando o novo tegumento formado não está ainda

totalmente esclerotizado (ALVES,1998).

O tegumento do inseto é composto por três partes principais (Figura 1):

membrana basal que é uma camada de polissacarídeos que separa a epiderme do

hemocel, a segunda camada é a epiderme constituída de células epeiteliais, intermeadas

com células especializadas de vários tipos e é responsável direta ou indiretamente pela

formação de toda a cutícula. A cutícula, última camada do tegumento, é formada na

superfície externa e solidifica-se formando o exoesqueleto, divide-se em duas partes, a

epicutícula, que não apresenta quitina na sua constituição e tem como principal função

evitar a perda de água e a procutícula (exocutícula e endocutícula) que é composta

principalmente de quitina sempre associada a proteínas, a diferença entre essas duas

camadas está na relação do complexo quitina-proteína. As principais funções atribuídas

ao tegumento são: promover proteção mecânica, química e biológica, evitar perda

excessiva de água, possibilitar sustentação de músculos e órgãos e servir de ponto de

ligação as pernas, asas e outros apêndices (GALLO, 2002).

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Figura 1 – Corte do tegumento do inseto. Entomologia Agrícola (Fonte:Gallo et al, 2002).

Os distúrbios causados pelos fungos no corpo do inseto após sua penetração e

colonização estão diretamente associados a alterações na hemolinfa, que representa de

10 a 40% do peso da maioria dos insetos. Uma vez que o fungo invade a hemolinfa, o

inseto provavelmente será morto pela combinação de alguns fatores, entre eles danos

causados pelo crescimento do fungo, exaustão de nutrientes e liberação de toxinas.

Esses mecanismos estão relacionados com a especificidade do isolado do fungo e/ou

com o hospedeiro. Muitos fungos entomopatogênicos produzem toxinas, mas embora

algumas toxinas estejam totalmente descritas quimicamente, os poucos estudos

toxicológicos deixam seu papel na patogênese pouco claro (HAJEK & St. LEGER, 1994;

ROY et al, 2006).

Na penetração também estão envolvidos os fatores físico (pressão da hifa que

rompe áreas membranosas ou esclerosadas) e químico, resultante da liberação de

enzimas que facilitam a penetração mecânica. A germinação do fungo é um movimento

contínuo entre diferentes ambientes durante a penetração cuticular. Eles respondem a

essas mudanças com processos bioquímicos adaptativos e diferenciação celular para

formação de estruturas morfologicamente específicas. As enzimas atuam no processo de

penetração dos fungos, durante a fase de adesão do conídio, antes mesmo da

germinação dos conídios. Elas são liberadas pelo tubo germinativo, que tem grande

importância na produção dessas enzimas, favorecendo o processo nutricional entre o

fungo e o hospedeiro (ALVES,1998; HAJEK & St. LEGER, 1994).

Os patógenos que penetram via tegumento necessitam de agentes bioquímicos

que permitam a abertura de orifícios para a penetração. Os fungos entomopatogênicos

são conhecidos pela capacidade de produção de enzimas extracelulares denominadas

lípases, proteases, amilases e quitinases, que, junto com fatores físicos tais como

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pressão mecânica das hifas, estão envolvidas na quebra do tegumento. Essas enzimas

são dependentes de condições ambientais, tais como temperatura e umidade. A etapa

inicial do processo de infecção se dá pela adesão e germinação de conídios do fungo na

superfície do inseto, seguida de penetração da hifa através da cutícula (TIAGO &

FURLANETO, 2003; ALVES, 1998, ROY et al, 2006).

Os diferentes graus de virulência que ocorrem de um isolado para outro do

mesmo entomopatógeno pode estar relacionado, dentre outros fatores, com a sua

capacidade para a produção de enzimas, principalmente com enzimas extracelulares

degradadoras de cutícula, já que esse é o principal meio de penetração do fungo no

tegumento dos insetos (PINTO et al, 2002; ALI et al, 2009).

Dentre as enzimas degradadoras de cutícula que vem sendo descritas em

diversos trabalhos como as principais responsáveis pela patogenicidade de fungos

entomopatogênicos as seus hospedeiros (ROBERTS et al, 1992; DIAS et al, 2008),

destacam-se as proteases. As principais enzimas proteolíticas envolvidas no processo de

penetração do fungo no corpo do inseto são as do tipo subtilisina designada de PR 1 e a

tipo tripisina designada de PR 2.

A melhor forma de se determinar a entomopatogenicidade fúngica está baseado

na protease designada PR 1 isolada inicialmente de Metarhizium anisopliae, teve o seu

papel na penetração no hospedeiro claramente demonstrada. Essa enzima está

amplamente adaptada a degradar proteínas presentes no tegumento do inseto e já foi

identificada sua presença na cutícula nos estágios iniciais da penetração. A enzima Pr1

tem como função a degradação localizada da cutícula sendo produzida em altas

quantidades durante o processo infectivo, principalmente nas estruturas do tubo

germinativo e do apressório, estruturas formadas a partir do conídio quando em contato

com o tegumento (TIAGO & FURLANETO, 2003; DIAS et al, 2008).

A enzima tipo tripsina PR 2, pertencente ao grupo das serinas-proteases, não tem

sua função totalmente esclarecida ainda, mas estudos indicam que ela pode atuar como

catalisador de processos de ativação e inativação proteolítica. Ela ocorre nos estágios

iniciais da colonização da cutícula do inseto, degradando proteínas extracelulares

complementando a atividade de PR 1 (TIAGO et al, 2003; PINTO et al, 2002; DIAS et al,

2008).

Existem vários fatores que influenciam a produção dessas enzimas, que irão

afetar sua ação sobre os insetos. O pH pode interferir na atividade destas enzimas, Dias

et al (2008) detectou que a atividade das proteases extracelulares PR 1 e PR 2

produzidas por um isolado de B. bassiana foram conseguidas com pH igual ou superior a

5,5, confirmando que esse fator influencia a atividade destas proteases. A nutrição do

fungo também influencia a produção de enzimas proteases, em meios de cultura com

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uma baixa relação C/N, a atividade de PR 1 foi mais elevada para isolados de Isaria

fumosoroseus testados por Ali et al (2009).

As enzimas extracelulares produzidas pelos fungos entomopatogênicos

envolvidas no processo de penetração e colonização do tegumento do inseto sofrem,

consequentemente, influencia dos constituintes deste tecido, Pinto et al. (2002) e Dias et

al (2008) analisaram a produção de proteases extracelulares de fungos

entomopatogênicos em meios contendo cutícula de insetos e meios não-cuticulares.

Estes autores observaram a ocorrência de variabilidade natural entre os isolados quanto

à produção das proteases analisadas, sendo que o substrato influenciou sua expressão.

Os maiores valores de atividade enzimática foram observados em meio contendo

cutícula.

A relação entre patogenicidade e produção de enzimas envolvidas no processo de

infecção dos fungos entomopatogênicos ao corpo do inseto têm hoje sua comprovação

relatada em diversos trabalhos (ITO et al, 2007). O incremento na expressão dos genes

que controlam a produção dessas enzimas pode fazer com que ocorra um aumento na

patogenicidade dos fungos sobre seus hospedeiros (PEDRINI et al, 2007). Fang et al

(2009) superexpressou o gene que codifica a enzima PR 1 em M. anisopliae, essa

superexpressão resultou no aumento na patogenicidade sobre pulgões (Myzus persicae)

de 12,5% em relação ao isolado selvagem, fazendo com que a colonoização do inseto

ocorra mais rápida e consequentemente sua morte também.

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3. Material e Métodos

O trabalho foi conduzido em duas etapas: a) criação de P. xylostella e bioensaios

de patogenicidade de fungos entomopatogênicos, realizados no Laboratório de Controle

Biológico da Embrapa Tabuleiros Costeiros e b) quantificação de enzimas extracelulares

PR 1 e PR 2 de isolados dos fungos submetidos aos testes de patogenicidade, realizada

no Laboratório de Enzimologia da Universidade Federal de Sergipe.

A primeira etapa do trabalho constituiu da instalação da criação de P. xylostella, a

partir de lagartas e pupas provenientes das áreas de produtores comerciais de couve e

brócolis do município de Itabaiana – SE.

3.1 Criação de Plutella xylostella em laboratório

Durante os meses de novembro/2008 a julho/2009 foram coletados folhas de

couve em plantios comerciais infestados com a traça-das-crucíferas com a finalidade de

se obter lagartas e pupas dessa praga (Figura 2).

As lagartas e as pupas coletadas foram transportadas para o laboratório e criadas

em caixas plásticas (280 x 80 x 200 mm), mantidas em sala climatizada com temperatura

de 26ºC+1ºC, umidade relativa de 70% + 10% e fotoperíodo de 12 horas. As lagartas

foram alimentadas com folhas de couve lavadas em solução de hipoclorito de sódio a 1%

e enxaguadas em água destilada para eliminação de resíduos.

Figura 2 – Área de plantio de couve em Itabaiana-SE. UFS, São Cristóvão - SE, 2010.

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Após a emergência, os adultos foram transferidos para gaiola (1,5 x 0,50 x 1,5m)

e alimentados com solução de mel a 5% (Figura 3), renovada a cada dois dias. Folhas de

couve, lavadas conforme procedimentos anteriores tiveram os talos embebidos em água

e foram fornecidas diariamente no interior da gaiola como substrato de oviposição para

as fêmeas e abrigo para as mariposas. A confirmação das posturas foi realizada com

auxílio de um microscópio estereoscópico.

A gaiola dos adultos foi limpa a cada dois dias para eliminar resíduos de folhas e

das mariposas, a fim de evitar contaminação da criação por microrganismos.

Figura 3 – Gaiola para criação dos adultos da traça-das-crucíferas. UFS, São Cristóvão -

SE, 2010.

As folhas com os ovos foram transferidas para caixas plásticas (280 x 80 x

200mm), identificadas com a data da postura (Figura 4). Após a eclosão, as larvas foram

alimentadas com folhas de couve coletadas em plantios comerciais e lavadas conforme

descrição anterior. As folhas foram substituídas diariamente.

Cada instar da traça-das-crucíferas foi agrupado em uma mesma caixa plástica,

evitando-se concorrência por alimento entre lagartas com tamanhos diferentes. Após a

pupação e emergência dos adultos, estes foram transferidos para gaiolas, iniciando um

novo ciclo de criação.

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18

Figura 4 – Caixas plásticas para criação das lagartas de traça-das-crucíferas. UFS, São

Cristóvão - SE, 2010.

3.2 Origem dos isolados dos fungos entomopatogênicos e produção da

suspensão de conídios

Origem dos isolados dos fungos: Foram utilizados para os bioensaios de

patogenicidade 9 (nove) isolados da espécie Beauveria bassiana, sendo dois formulados

comerciais, e 1 (hum) da espécie Paecilomyces fumosoroseus, originários de coleções de

diferentes instituições de pesquisa (Tabela 1).

Tabela 1 - Origem dos isolados dos fungos entomopatogênicos utilizados nos testes de

patogenicidade. UFS, São Cristóvão - SE, 2010.

Espécie N

º de

Acesso Hospedeiro/Substrato Origem Geográfica Ano

Paecilomyces fumosoroseus CG 7382

P. xylostella Filipinas 1989

Beauveria bassiana 12131

P. xylostella Piracicaba – SP -

Beauveria bassiana CG 252

Anticarsia

gemmatalis Brasília – DF 1987

Beauveria bassiana CG 712

Diatraea saccharalis Pernambuco 1984

Beauveria bassiana CG 09 2

Malacosoma

americanum Dennis-MA, EUA 1972

Beauveria bassiana CG 1662

Schinus sp. Curitiba – PR 1989

Beauveria bassiana CG 2782

Diatraea saccharalis Lincoln-BsA,

Argentina 1990

Beauveria bassiana CG 3152

Lepidoptera Jequié – BA 1990

Beauveria bassiana© 4473

arroz - 2008

Beauveria bassiana© PL 633

arroz - 2008

*Micoteca da da ESALq/USP1, da Embrapa/CENARGEM

2 e da Itaforte BioProdutos

3.

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19

Os isolados enviados em condição de placas de Petri com meio BDA (batata

200g, dextrose 20g, agar 15g, água destilada 100mL) acrescidos de clorafenicol, foram

repicados em câmara de fluxo laminar para outras placas contendo o mesmo meio,

previamente esterilizadas em autoclave (120ºC, 1 ATM por 20 minutos).

Os isolados na forma liofilizada foram revigorados conforme recomendação da

instituição de origem e repicados para placas de Petri conforme procedimento descrito

anteriormente. As placas com os fungos foram identificadas por espécie, número de

acesso do isolado e data, acondicionadas em câmara climatizada tipo BOD a 26ºC e

fotoperíodo de 12 horas, até o crescimento das colônias.

Os fungos foram produzidos para os bioensaios de patogenicidade sobre lagartas

de P. xyllostela e para compor a micoteca do Laboratório de Controle Biológico da

Embrapa – Tabuleiros Costeiros.

Produção massal dos fungos em meio semi-sólido: A primeira fase de produção

iniciou com a preparação das matrizes em arroz. A suspensão 1 foi preparada em

câmara de fluxo laminar asséptica (Figura 5). Onde foram adicionados 5 mL de água

destilada/esterilizada com Tween 80 a 0,05% as colônias dos isolados dos fungos

crescidas em placas de Petri contendo meio BDA. Com o auxílio do bastão de vidro

esterilizado foi feita a homogeneização para a liberação dos conídios do meio de cultura.

Em frascos erlenmeyers de 250mL (frasco-matriz), utilizou-se arroz parbolizado na

proporção de 50g de arroz para 20mL de água destilada, deixados a seguir, em descanso

por 30 minutos e com frequente homogeneização para melhor absorção da água. Foram

autoclavados por 20 minutos a 1Kgf de pressão e 1200 C de temperatura. A cada um

destes frascos-matrizes inoculou-se com bico dosador 5mL da suspensão 1. O

crescimento dos fungos se completou com 15 dias após a inoculação, mantidos em

câmara tipo BOD a 26ºC e fotoperíodo de 12 horas .

Após o período de crescimento, a suspensão foi preparada em câmara asséptica

adicionando-se 150mL de água destilada/esterilizada com Tween 80 a 0,05% ao frasco

com a cultura matriz. Agitou-se bem a mistura com um bastão de vidro e em seguida

filtrou-se com gaze, ambos esterilizados, para soltar os conídios do arroz. Em seguida

foram adicionados 10 mL dessa suspensão a sacos plásticos contendo 200g de arroz e

80 mL de água destilada, previamente autoclavados por 20 minutos a 1Kgf de pressão e

1200 C, foram fechados, identificados e armazenados em sala de crescimento a

temperatura 26ºC, 70% UR e fotoperíodo de 12h, durante dez dias (FERREIRA, 2004).

Esse procedimento foi realizado para todos os isolados utilizados neste trabalho.

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20

Figura 5 – Material na câmara de fluxo laminar para produção das matrizes em meio

semi-solido. UFS, São Cristóvão - SE, 2010.

Preparação da suspensão de conídios: a suspensão-padrão foi obtida da cultura

original dos 10 (dez) isolados dos fungos cultivados em arroz, submetendo-o a duas

lavagens consecutivas com água destilada com adição de Tween 80 (0,05%).

A partir dessa suspensão foram realizadas diluições sucessivas para permitir a

contagem direta dos conídios em microscópio ótico, com auxílio de Câmara de Neubauer.

Depois de determinada a concentração de conídios da suspensão-padrão foi realizada

novas diluições em água destilada acrescida de Tween 80 (0,05%), visando padronizar a

concentração empregada no bioensaio de patogenicidade para 1,0 X 108 conídios/mL de

suspensão.

A suspensão de conídios foi utilizada após a padronização das concentrações,

não sendo necessário empregar técnicas de armazenagem do fungo.

3.3 Bioensaios de patogenicidade dos fungos entomopatogênicos sobre lagartas

de P. xylostella

Folhas de couve foram cortadas em discos, de aproximadamente, 10 cm de

diâmetro e submersas, por um período de 1 minuto, na suspensão de conídios dos

isolados do fungo padronizados. As folhas foram colocadas em bandejas contendo papel

toalha por 10 minutos, a fim de reduzir o excesso da suspensão dos fungos (Figura 6).

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21

Figura 6 – Discos de couve banhados em solução de conídios a 1,0 X 108 conídios/mL.

UFS, São Cristóvão - SE, 2010.

Em seguida, as folhas foram acondicionadas em potes plásticos, sobre as quais

foram colocadas lagartas de P. xyllostela em 2º instar, provenientes da criação de

laboratório. Os potes foram fechados para manter a umidade e impedir a fuga das

lagartas (Figura 7).

Não foram utilizadas lagartas de primeiro ínstar do inseto devido ao hábito

minador desse estádio, o que impediria a ingestão de esporos do fungo localizados na

superfície das folhas. Os discos de folhas com a suspensão dos fungos foram mantidos

nos potes plásticos por três dias, período necessário para as lagartas alimentar-se de

toda a área foliar e certificar-se que ingeriram os esporos. Após esse tempo, foram

oferecidos novos discos de folha sem aplicação dos fungos.

Figura 7 – Bioensaio de patogenicidade. UFS, São Cristóvão - SE, 2010.

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22

Diariamente, durante 10 dias, foi quantificado a mortalidade das lagartas. Os

insetos mortos foram transferidos para placas de Petri contendo papel filtro umedecido,

em estufa tipo BOD a 26ºC e fotoperíodo de 12 horas, visando confirmar a infecção por

meio da esporulação do fungo (Figura 8). Na testemunha, as lagartas foram alimentadas

com folhas de couve submersas em água destilada e acondicionadas recipientes

semelhantes aos utilizados nos tratamentos.

Figura 8 – Placas de Petri em BOD para confirmação da morte de lagartas pelos fungos

entomopatogênicos. UFS, São Cristóvão - SE, 2010.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado com 4

repetições/isolado do fungo compostas por 10 insetos cada, mais a testemunha. Os

resultados foram submetidos a análise de variância utilizando-se o programa Sisvar e as

médias foram comparadas pelo teste de Scott-Nott (p>0,05).

O percentual de insetos mortos pelo fungo foi determinado por meio da

mortalidade corrigida (Mc) em relação à testemunha, pela fórmula de Abbott (Abbott,

1925):

onde,

100x

yxMc

Mc (%)= mortalidade corrigida

X= % de sobrevivência do grupo controle

Y= % de sobrevivência do grupo de tratamentos

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23

3.4 Determinação da atividade de enzimas extracelulares de fungos

entomopatogênicos

Os isolados foram produzidos em erlermyer contendo 20ml de meio de cultura MM

(meio mineral) líquido, onde foram adicionados 10 ml de solução de conídios na

concentração de 1,0 x 108 conídios/ml de cada isolado, essa solução foi obtida conforme

descrito anteriormente no item preparação da suspensão de conídios. Foram utilizados

dois meios de cultura, um com o pH não tamponado (5,9) e outro com o pH tamponado

para 8,0. Utilizaram-se três frascos para cada isolado em cada meio de cultura, estes

foram mantidos em mesa agitadora a 180 RPM, 280C por 192 horas para crescimento

micelial do fungo.

Durante o período de crescimento foram retiradas amostras de cada isolado em

cada meio de cultura nos tempos de 48, 96, 144 e 192 horas. As amostras foram

identificadas e armazenadas em freezer. Após o período final de crescimento (192 horas)

foi realizada a filtragem utilizando-se funil de Buchner, para separação da porção micelial

da porção líquida, onde se encontraram as enzimas a serem quantificadas.

Para a determinação da atividade enzimática das proteases Pr1 e Pr2 utilizou-se

os substratos da Sigma-Aldrich™, succinil-(alanina)-prolina-fenilalanina-p-nitroanilida e

benzol-fenilalanina-valina-arginina-p-nitroanilida, respectivamente. Em um tubo eppendorf

de 2 mL foi adicionado 0,15 mL de substrato (1 mM), 0,85 mL de tampão tris-HCl (15

mM) e 0,1 mL do sobrenadante da cultura filtrada (Figura 9). A reação foi então incubada

por 1 hora em banho-maria na temperatura de 280 C. Após esse período a reação foi

paralizada pela adição de 0,25 mL de ácido acético (30%) e incubada em banho de gelo

por 15 minutos. Seguiu-se centrifugação, centrífuga Eppendorf, da solução a 1250 g por

5 minutos a 40 C. A absorvânica do sobrenadante foi determinada em espectrofotômetro,

Femto modelo 800X I, a 410 nm. A atividade enzimática foi expressa usando o

coeficiente de extinção molar do produto nitro anilido( 8800 M-1 cm-1) em nanomoles nitro

anilido.mL-1.min-1 (DIAS et al, 2008).

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24

Figura 9 – Preparação das amostras para análise das proteases PR 1 e PR 2. UFS, São

Cristóvão - SE, 2010.

A metodologia descrita acima foi realizada em triplicata com todas as amostras

dos dez isolados em cada um dos quatro tempos. Os resultados foram submetidos a

análise de variância e as médias foram analisadas utilizando-se o programa Sisvar com o

teste de Scott-Nott, a 5% de probabilidade.

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25

4. Resultados e Discussão

4.1 Bioensaios de patogenicidade dos fungos entomopatogênicos sobre lagartas

de Plutella xylostella

A patogenicidade confirmada dos fungos sobre as larvas de P. xylostella

(Figura10) apresentou grande amplitude, variando de 11,43% e 74,29%, após sete dias

de inoculação dos fungos. Vários autores consideram que os entomopatógenos são

eficazes quando apresentam valores de mortalidade acima de 40% para as pragas

estudadas, exceto para os insetos transmissores de fitomoléstias (ALVES et al. 1985,

FARIA et al. 1991, LECUONA et al. 1996, SILVA & VEIGA, 1998). Dos isolados de

fungos entomopatogênicos estudados cinco causaram mortalidade superior a 40% sobre

as larvas da traça-das-crucíferas. O fungo B. bassiana tem um grande potencial no uso

do controle de lagartas. Muitos isolados apresentam uma ampla gama de hospedeiros e

alta virulência a diversos insetos, indicando um promissor uso em programas de controle

de pragas-chaves e secundárias. Wraight et al (2010) avaliaram 43 isolados de B.

bassiana para o controle de diversas lagartas e obteve para P. xylostella 40 isolados com

mortalidades acima de 52%.

Figura 10 – Lagarta de P. xylostella sadia em folha de couve (A) e infectada com B.

bassiana em fase de conidiogênese (B). UFS, São Cristóvão – SE, 2010.

A análise de variância apresentou diferença significativa entre o 2o, 3o, 4o e 5o dias

de avaliação para os fungos testados (P≤0,01) (Tabela 2).

A B

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26

Tabela 2 – Resultado da análise de variância para os tratamentos (fungos

entomopatogênicos). UFS, São Cristóvão – SE, 2010.

Causa de variação GL QM F Prob.>F

Isolados dos fungos 10 1,24985 4,252 0,0000**

Dia 6 4,61439 15,698 0,0000**

Isolado x Dia 60 0,57243 1,947 0,0002**

Resíduo 231 0,29394

Total 307

A mortalidade entre os tratamentos foi significativamente diferente, assim como,

entre estes e a testemunha. Essa diferença evidencia a importância na seleção de

isolados para o controle desta praga. Os isolados 447©, ESALQ 1213, CG 278, PL 63 e

CG 166 apresentaram as maiores médias de mortalidade, 74,3%, 71,5%, 60,0%, 48,6% e

45,7%, respectivamente (Figura 11). Este resultado demonstra que os isolados avaliados

nesse estudo, na concentração de 1,0x108 coínidos/mL, apresentam potencial para uso

em programas de controle biológico da traça-das-crucíferas.

0,00

25,71

71,43

25,71

37,14 37,14

45,71

60,00

11,43

74,29

48,57

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

TESTEMUNHA

CG

738

ESALQ

121

3

CG

25

CG

71

CG

09

CG

166

CG

278

CG

315

IT 4

47

IT P

L 63

ISOLADOS

Mo

rtalid

ad

e c

orr

igid

a (

%)

Figura 11 – Porcentagem de mortalidade confirmada de lagartas de Plutella xylostella por

diferentes isolados de fungos entomopatogênoicos na concentração de

1,0x108 conídios/mL (26,0+1,00C e 12 horas de fotofase). UFS, São

Cristóvão-SE, 2010.

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27

Os isolados 447© e ESALQ 1213 apresentaram as maiores médias de

mortalidade, 74,3 e 71,5%, respectivamente, podendo ser indicados como os mais

promissores no controle da traça-das-crucíferas. O isolado 447© foi obtida a partir do

ingrediente ativo de um produto comercial da Itaforte Bioprodutos por isso sua

patogenicidade apresentou médias superiores aos demais, visto que produtos biológicos

que possuem microrganismos patogênicos como ingrediente ativo deve ser

constantemente revigorado a fim de manter o padrão de qualidade e eficiência no

controle de insetos-praga.

Bioensaios conduzidos em laboratório com o objetivo de aferir a toxicidade de

patógenos sobre insetos devem apresentar resultados de mortalidade superiores aos

testes realizados em campo, considerando a possibilidade de minimizar neste ambiente

os efeitos antagônicos sobre os produtos. Ao testar um isolado de B. bassiana para o

controle de P. xylostella nas condições de laboratório e de casa de vegetação, Yoon et al

(1999) observou que houve uma redução na mortalidade de lagartas de 86,2% nas

condições de laboratório para 66,5% na condição de casa de vegetação, isso devido

principalmente a variações de temperatura e umidade relativa dentro da casa de

vegetação utilizada para o estudo.

Segundo Silva et al. (2003) testes de mortalidade utilizando a fase larval de P.

xylostella é o parâmetro mais adequado para aferir a patogenicidade sobre esse inseto.

Os índices de mortalidade atingidos neste trabalho corroboraram com aqueles

encontrados por Silva et al (2003), que utilizando o isolado 447© na mesma concentração

de 1,0x108 conídios/ml obtiveram 86% de mortalidade sobre P. xylostella, concluindo que

este isolado tem potencial para utilização no controle desta praga. Em insetos de outra

espécie, a exemplo da broca-gigante-da-cana-de-açúcar (Telchin licus licus), Figueirêdo

et. al (2002) observaram mortalidade de 73,3%, na concentração de 1,0 X 108 conídios/ml

do isolado 447© de B. bassiana. Marques et al (2000) testando o isolado 447© em

diferentes tempos de armazenamento encontrou resultados de mortalidade sobre broca-

da-cana (Diatraea saccharalis), para o tempo zero de acondicionamento, de 92%,

utilizando a concentração de 1,0x108 conídios/mL.

A maior mortalidade de lagartas, para todos os isolados testados, ocorreu no

terceiro dia, acompanhado do quarto e quinto dia, respectivamente (Figura 12).

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28

0

5

10

15

20

25

30

35

1 2 3 4 5 6 7

Tempo (dias)

Mort

alid

ade (

nº)

test.

CG738

1213

CG25

CG71

CG09

CG166

CG278

CG315

447©

PL63©

Figura 12 – Mortalidade acumulada de Plutella xylostella para cada isolado durante o

período de avaliação do bioensaio de patogenicidade. UFS, São

Cristóvão-SE, 2010.

Os isolados 447© e ESALQ 1213 causaram as maiores médias de mortalidade,

aproximadamente, ao terceiro e quarto dia (Figura 13), respectivamente. Este fato indicou

que o isolado 447© foi mais virulento para traça-das-crucíferas na condição de estudo.

Giustolin et al (2001) também observou que houve um maior acúmulo de mortes de

larvas de Tuta absoluta, de diferentes instares, no período entre o quarto e quinto dias

após a alimentação destas com folhas de diferentes variedades de tomate inoculadas

com o isolado 447©.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

5,00

1 2 3 4 5 6 7

Tempo (Dias)

dia

de

la

ga

rta

s m

ort

as

447

1213

Figura 13 – Média de mortalidade de lagartas de P. xylostella para os isolados ESALQ

1213 e 447© em cada dia de avaliação com seus respectivos pontos de

máximo. UFS, São Cristóvão-SE, 2010.

Y = -0,2083X2 + 1,7380X – 1,7500

R2= 76,87%

Y = - 0,2411X2 + 1,8661X – 1,5357

R2 = 74,14%

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29

Os estudos sobre seleção de isolados de fungos entomopatogênicos é de grande

importância para melhor aproveitamento destes microrganismos nos programas de

manejo integrado, visto que as grandes variações genéticas inerentes aos fungos

fornecem a eles características relacionadas à patogenicidade e virulência muito variada.

A busca por isolados mais específicos no controle de determinado inseto-praga,

necessariamente passa pela seleção dos mesmos. Outros fatores devem ser levados em

conta para a determinação da afinidade patógeno-hospedeiro, como a produção de

enzimas degradadoras de cutícula, as quais estão diretamente relacionadas ao processo

de infecção dos insetos pelos fungos.

4.2 Determinação da atividade de enzimas extracelulares de fungos

entomopatogênicos

Os resultados dos testes de atividade enzimática para as proteases PR 1 e PR 2,

em ambos os meios e para os tempos avaliados, não indicou um isolado que

apresentasse uma normalidade de produção de enzima em função do tempo, sendo a

atividade enzimática entre os isolados, totalmente diferenciados (Tabela 3).

Embora nenhuma correlação estatística tenha sido observada entre atividade das

proteases testadas e patogenicidade foi observado que no mesmo período em que

ocorreram as maiores médias de atividade enzimática (96 e 144 horas), em meio

tamponado e não-tamponado, também ocorreram os maiores número de mortes

acumuladas de lagartas durante os bioensaios de patogenicidade. Kaur & Padmaja

(2009), relacionando produção de enzimas extracelulares, proteases, lípases, quitinases,

caseinases e amilases, e a virulência de 28 isolados de B. bassiana a lagartas de

segundo instar de Heliocoverpa armigera (Lepidoptera: Noctuidae), encontrou apenas

50% de relação entre essas características. Segundo este autor, o processo de infecção

do patógeno sobre o inseto é muito complexo e envolve diversos fatores. Blandón et al

(2001) ao testar quatro isolados de B. bassiana, sendo dois com alto grau de virulência e

dois com baixa virulência, encontrou resultados adversos em relação a atividade de

proteases e patogenicidade destes a Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolytidae),

visto que um dos isolados apresentou alta patogenicidade, mas uma baixa atividade

enzimática de proteases, não configurando uma correlação positiva.

Em relação à atividade enzimática de PR 1, para ambos meios de cultura nos

tempos de 48 e 96 horas, não houve diferenças entre os isolados testados, com exceção

do isolado CG 166 que apresentou média superior aos demais. No meio não tamponado

ocorreu diferenças significativas entre os isolados apenas no tempo de 144 horas, já no

meio tamponado essa diferença ocorreu também no tempo de 192 horas. As análises da

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30

atividade enzimática de PR 2 mostraram diferenças significativas entre todos os isolados

para todos períodos de tempos avaliados em ambos os meios. As atividades enzimáticas

de PR 2 apresentaram médias superiores a PR 1 para todos os isolados e meios de

cultura utilizados no trabalho, Kim et al (2009) também encontrou valores de atividade

enzimática de PR 2 superiores a PR 1 para um mesmo isolado de B. bassiana. Isso pode

ser explicado por uma das prováveis funções desta enzima no processo de infecção, que

funciona como um precursor da enzima PR 1, justificando sua atividade apresentar-se

mais elevada (TIAGO & FURLANETO, 2003) (Figura 14).

A regulação da produção de enzimas proteolíticas extracelulares é afetada pelo

pH do meio de cultura (KUDRYAVTSEVA et al, 2008). Dias (2008) verificou que os

valores da atividade enzimática de PR 1 e PR2 foram mais elevados em meios de cultura

que apresentavam pH mais alcalinos, acima de 6,0, sendo valores abaixo deste um fator

de inibição da atividade dessas enzimas.

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31

Tabela 3 – Atividade enzimática de PR1 e PR 2 para os 10 isolados de fungos entomopatogênicos para cada tempo e para cada meio de

cultura utilizado para seu crescimento. UFS, São Cristóvão-SE, 2010.

ENZIMA PR 1

MEIO NÃO TAMPONADO* MEIO TAMPONADO*

48 HORAS 96 HORAS 144 HORAS 192 HORAS 48 HORAS 96 HORAS 144 HORAS 192 HORAS

CG 738 0,0444 b 0,0605 b 0,1548 c 0,0943 a 0,0743 b 0,0567 b 0,0705 d 0,0441 c

ESALQ 1213 0,0172 b 0,3115 a 0,3904 b 0,1314 a 0,0287 b 0,0966 b 0,4054 b 0,1835 b

CG 25 0,0184 b 0,0199 b 0,3659 b 0,1598 a 0,0287 b 0,0379 b 0,2360 c 0,3042 a

CG 71 0,0245 b 0,0418 b 0,5349 a 0,2414 a 0,0536 b 0,0839 b 0,5483 a 0,2843 a

CG 09 0,0192 b 0,0234 b 0,4149 b 0,2287 a 0,0238 b 0,0529 b 0,0839 d 0,1341 b

CG 166 0,4487 a 0,3559 a 0,4054 b 0,1805 a 0,4460 a 0,5418 a 0,3471 b 0,2847 a

CG 278 0,0153 b 0,0782 b 0,5981 a 0,2395 a 0,0276 b 0,0414 b 0,4368 b 0,2406 a

CG 315 0,0238 b 0,0364 b 0,5261 a 0,2713 a 0,0291 b 0,0678 b 0,4693 b 0,3314 a

IT 447 0,0395 b 0,0579 b 0,5310 a 0,3444 a 0,0368 b 0,0667 b 0,4280 b 0,3011 a

IT PL63 0,0276 b 0,0257 b 0,4851 a 0,2337 a 0,0839 b 0,0418 b 0,5552 a 0,2632 a

PR 2

CG 738 0,0736 c 0,0743 c 0,2391 b 0,1682 c 0,0659 c 0,0674 c 0,0843 c 0,0513 b

ESALQ 1213 0,0831 c 0,3939 b 0,5483 a 0,5406 a 0,0854 c 0,3253 b 0,6019 a 0,4552 a

CG 25 0,0414 c 0,0939 c 0,4011 b 0,3096 b 0,0808 c 0,1467 c 0,4670 a 0,4946 a

CG 71 0,3142 b 0,2716 b 0,5479 a 0,5088 a 0,4406 b 0,3862 b 0,4713 a 0,5667 a

CG 09 0,1238 c 0,0628 c 0,3284 b 0,3900 a 0,0644 c 0,4609 a 0,4238 a 0,3958 a

CG 166 0,5812 a 0,6011 a 0,5594 a 0,5218 a 0,5759 a 0,5785 a 0,5812 a 0,5345 a

CG 278 0,1218 c 0,3529 b 0,5682 a 0,4720 a 0,0670 c 0,2912 b 0,5521 a 0,4287 a

CG 315 0,1697 c 0,2805 b 0,5943 a 0,5464 a 0,1402 c 0,3226 b 0,6284 a 0,6307 a

IT 447 0,0881 c 0,0513 c 0,3598 b 0,5019 a 0,0429 c 0,3291 b 0,3096 b 0,4008 a

IT PL63 0,4494 a 0,3188 b 0,5176 a 0,5046 a 0,3429 b 0,3939 b 0,5176 a 0,4743 a

*Médias seguidas de mesma letra para cada enzima (PR1 e PR2), nas colunas, não diferem entre si pelo teste de Scott-Nott ao nível de 5% de propabilidade.

31

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32

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

PR2

PR1

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

CG

738

ESA

LQ 1

213

CG

25

CG

71

CG

09

CG

166

CG

278

CG

315

IT 447

IT P

L 63

Isolados

Figura 14 - Atividade média das enzimas PR1 e PR2 dos isolados de Beauveria bassiana

em meio tamponado (a) e não tamponado (b). UFS, São Cristóvão-SE,

2010.

As maiores atividades enzimáticas ocorreram, para ambos os meios e tipos de

proteases, nos tempos de 96 e 144 horas (Figura 15). Os resultados deste trabalho são

de acordo com os encontrados por Godonou et al (2009) que no período de 72 a 96

horas constatou a ocorrência de um maior número de lagartas mortas de P. xylostella por

ação dos isolados de B. bassiana e M. anisopliae.

Ativid

ad

e e

nzim

ática (

nM

ole

s n

itro

an

ilid

o/m

in/m

L)

a

b

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33

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

PR1

PR2

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

0,45

0,5

48 96 144 196

Tempo (horas)

Figura 15 - Atividade média das enzimas PR1 e PR2 dos isolados de Beauveria bassiana

em meio tamponado (a) e não tamponado (b) em função do tempo. UFS, São

Cristóvão-SE, 2010.

Essa variação pode ser explicada pelos vários fatores que afetam o processo de

infecção do inseto pelo fungo, entre eles a expressão de proteases. Já foi observado

influencia do meio de cultura na expressão destas proteases, em meios suplementados

com cutícula de insetos a atividade PR 1 e PR2 foi mais elevada do que em meios sem

cutícula (DIAS et al, 2008; TIAGO et al, 2002). As diferenças na expressão dessas

proteases também podem estar relacionadas à variabilidade intraespecíficas dos fungos.

Essa variabilidade frequentemente, está caracterizada por diferenças na patogenicidade

(HAJEK & St. LEGER, 1994). Carneiro et al (2008) ao analisar 24 isolados de B. bassiana

conseguiu dividi-los em três grupos geneticamente diferentes utilizando marcadores

Ativid

ad

e e

nzim

ática (

nM

ole

s n

itro

an

ilid

o/m

in/m

L)

a

b

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34

RAPD e rDNA-ITS e correlacionando com seu valores de virulência. Esse método é útil

para diferenciar isolados desse gênero quanto a variabilidade inter e intraespecífica.

Não foi confirmada uma correlação entre patogenicidade e atividadade enzimática

para os isolados de fungos entomopatogênicos estudados. Este resultado não contradiz a

influencia da atividade enzimática no processo de infecção e patogenicidade destes

microrganismos, mas, confirma o quanto é complexo o estudo desta relação na interação

patógeno hospedeiro.

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35

5. Conclusão

Os isolados ItaForte Bioprodutos 447© e ESALQ 1213 são mais patogênico para

larvas de Plutella xylostellaI de 2° instar, em condições de laboratório.

O maior número de lagartas mortas foi observado entre o terceiro e quinto dia

após a inoculação dos isolados de Beauveria bassiana e Paecilomyces fumosoroseus na

concentração de 1,0 X 108 conídios/mL.

Não há correlação estatística entre atividade enzimática das proteases PR 1 e PR

2 e a patogenicidade em nenhum dos testes realizados.

O período de maior atividade enzimática das proteases PR 1 e PR 2 (96 a 144

horas) coincide com o período de maior mortalidade de lagartas de Plutella xylostella.

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