universidade federal de sergipe...considerações sobre o corante azul de metileno.....08 1.5....
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS–GRADUAÇÃO E PESQUISA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Caracterização de escamas de peixe Robalo (Dicentrarchus
labrax) e seu estudo de sorção de corantes em meio aquoso
Ícaro Mota Oliveira
Orientador
Prof. Dr. Antônio R. Cestari
São Cristóvão – Sergipe
09 de setembro de 2011
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE PÓS–GRADUAÇÃO E PESQUISA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
Caracterização de escamas de peixe Robalo (Dicentrarchus
labrax) e seu estudo de sorção de corantes em meio aquoso
Dissertação de mestrado apresentada
à banca examinadora do Núcleo de
Pós-Graduação em Química da
Universidade Federal de Sergipe,
como requisito para obtenção do
título de Mestre em Química.
Ícaro Mota Oliveira
Orientador
Prof. Dr. Antônio R. Cestari
São Cristóvão – Sergipe
09 de setembro de 2011
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
O48c
Oliveira, Ícaro Mota
Caracterização de escamas de peixe Robalo (Dicentrarchus
labrax) e seu estudo de sorção de corantes em meio aquoso / Ícaro
Mota Oliveira. – São Cristóvão, 2011.
95 f. : il.
Dissertação (Mestrado em Química) – Núcleo de Pós-Graduação
em Química, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa,
Universidade Federal de Sergipe, 2011.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Reinaldo Cestari.
1. Sorção química. 2. Calorimetria. 3. Escamas de peixe. I.
Título.
CDU 544.723:639.385
“Você pode sonhar, criar e construir
o lugar mais maravilhoso do mundo... Mas
é necessário ter pessoas para transformar
seu sonho em realidade.”
Walt Disney
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais,
Osmundo (sempre presente) e Ana Lúcia; aos
meus irmãos, Israel (sempre presente) e Tamires;
e aos meus amigos.
AGRADECIMENTOS
Mais uma conquista em minha vida foi concedida. Entretanto, o mérito não foi
somente da minha parte. Existem pessoas que foram importantes para que este triunfo
acontecesse. A todos, o meu muito obrigado!
A Deus, por não me permitir fraquejar nos momentos difíceis, pelas graças
alcançadas, pelas pessoas especiais que colocou em vida;
À minha mãe, Ana Lúcia - símbolo de honestidade e amor - faltam-me palavras
necessárias para dizer o quanto sou grato a ti, saiba que: “você é o ar que respiro”;
À minha irmã, Tamires, pelo carinho e seu jeito adorável para comigo;
Ao meu pai, Osmundo (sempre presente) e ao meu irmão, Israel (sempre
presente), apesar da ausência física e da saudade, sei que estão sempre ao meu
lado;
À minha família, especialmente aos tios e primos que torceram por mim;
Ao meu orientador, Prof. Reinaldo Cestari, pelo convite para ingressar-me no
mestrado, pelos ensinamentos adquiridos (profissionais e pessoais);
Aos Profs.: Eunice Fragoso, pelo jeito carinhoso e atencioso não só para comigo,
mas com todos que compõem ao LSAM; Adriano Bof, pelos elogios e atenção
para comigo, pelas participações da banca na qualificação e na defesa deste
trabalho; Nágila Ricardo, pelas análises dos materiais e pela cordial aceitação em
participar da banca; Eliane Midori e Acácia Oliveira, por sempre serem atenciosas
e prestativas para comigo;
Às secretárias, Carina (NPGQ) e Sylvia (DQI), por serem sempre solícitas e
prestativas;
A todos meus amigos, Lyvia Santos, Davi do Amor, Ingrid Barreto, Samuel Melo,
Alysson Barreto, Milena Muniz, Rachel Freire, Karine Moura, Patrícia e Raíssa
Cabral, Gustavo Coutinho, João Borges, Rafael Andrade, Karla Licona, Nadjma
Souza, Cinthya D´Angelis, Cristiane Lemos, Bruno Rodrigues, Vanessa Sobral,
Ticiana Vasco. Gostaria de agradecer em especial, ao meu amigo-irmão, Derlon
Ribeiro, pelos ensinamentos, pela força, por acreditar em mim, pela nossa
amizade! E a Márcia Carvalho, por sempre acreditar que eu posso ir além, pelo
jeito adorável de ser. Eternamente, grato!
Aos amigos do LSAM, Gracy Karla, Renata, Cecília, Marcos Júnior, Ellen,
Jaqueline, as Luanas, Bárbara, Danilo, Gabriela, Elaine, Luan, Mateus e Jéssica
pelo companheiro durante estes dois anos, pelos momentos de descontração e
apoio. Valeu galera!
Ao CNPq pelo apoio financeiro concedido;
SUMÁRIO
LISTAS DE FIGURAS............................................................................................................ ...I
LISTAS DE TABELAS.............................................................................................................II
LISTAS DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS......................................................................IV
RESUMO..................................................................................................................................VI
ABSTRAT...................................................................................................................... .........VII
I. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................01
1.1. Remoção de corantes de efluentes aquosos....................................................................01
1.2. Processo de sorção e materiais adsorventes alternativos................................................03
1.3. Características das escamas de peixe..............................................................................04
1.4. Considerações sobre o corante azul de metileno............................................................08
1.5. Modelagens cinéticas e de equilíbrio de processos de sorção em interfaces
sólido/solução......................................................................................................... ...................09
1.5.1. Alguns modelos cinéticos relevantes......................................................................09
1.5.2. Classificação das isotermas de sorção no equilíbrio químico em interfaces
sólido/solução............................................................................................................................13
1.5.3. Alguns modelos relevantes de sorção em equilíbrios químicos.............................14
1.5.4. Avaliação dos modelos cinéticos e de equilíbrio químico de sorção em interfaces
sólido/solução............................................................................................................................17
1.5.5. Termodinâmica de sorção em interfaces sólido/solução.........................................19
1.6. Noções sobre calorimetria isotérmica em solução..........................................................20
II. OBJETIVOS.........................................................................................................................24
2.1. Objetivo geral..................................................................................................................24
2.2. Objetivos específicos......................................................................................................24
III. METODOLOGIA............................................................................................................. ..25
3.1. Materiais e reagentes.......................................................................................................25
3.2. Caracterização dos materiais...........................................................................................25
3.2.1. Análise Termogravimétrica (TGA).........................................................................25
3.2.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho (FTIR).........................25
3.2.3. Difratometria de Raios-X (DRX)............................................................................26
3.2.4. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC).........................................................26
3.2.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).........................................................26
3.2.6. Espectrofotometria de Absorção por Reflectância Difusa no Estado Sólido..........26
3.2.7. Espectroscopia RAMAN.........................................................................................27
3.3. Determinação do pH do ponto de carga zero (pHPCZ) das escamas do robalo ...............27
3.4. Teste de Intumescimento (Swelling) das escamas do robalo..........................................27
3.5. Determinação da curva de calibração da solução do azul de metileno...........................28
3.6. Estudos cinéticos de sorção de corante catiônico nas escamas de robalo.......................28
3.7. Estudos de equilíbrio de sorção de corante catiônico nas escamas de robalo.................29
3.8. Estudos de dessorção de azul de metileno nas escamas do peixe robalo........................29
3.9. Determinações calorimétricas dos processos de sorção de do azul de metileno nas
escamas do peixe robalo...........................................................................................................29
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................31
4.1. Caracterização dos materiais...........................................................................................31
4.2.1. Termogravimetria (TG/DTG)...............................................................................31
4.1.2. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC).......................................................33
4.1.3. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho (FTIR).......................34
4.1.4. Espectroscopia RAMAN das escamas de robalo..................................................35
4.1.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) das escamas de robalo...................36
4.1.6. Espectrofotometria de Absorção de Radiação VIS-IV por Reflectância Difusa no
Estado Sólido das escamas de robalo........................................................................................38
4.1.7. Difratometria de Raios-X (DRX)..........................................................................39
4.2. Determinação do ponto de carga zero (pHPCZ) das escamas do robalo..........................40
4.3. Teste de Intumescimento (Swelling) das escamas de robalo.........................................41
4.4. Estudos cinéticos de sorção de corante catiônico nas escamas de robalo......................42
4.5. Estudos de equilíbrio químico de sorção de corante catiônico nas escamas de
robalo........................................................................................................................................55
4.6. Estudos termodinâmicos................................................................................................60
4.7. Estudos calorimétricos da sorção de azul de metileno nas escamas do robalo..............61
4.8. Estudos de dessorção da escama do peixe robalo..........................................................62
V. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...............................................................64
VI. CONCLUSÕES..................................................................................................................65
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................67
VIII. APÊNDICES....................................................................................................................77
I
LISTAS
LISTAS DE FIGURAS
Figura 01. Espécie Dicentrarchus labrax (Robalo)..................................................................05
Figura 02. Representação da estrutura do colágeno I (tropocolágeno).....................................06
Figura 03. Representação da cadeia peptídica do colágeno I....................................................06
Figura 04. Estrutura idealizada da hidroxiapatita.....................................................................07
Figura 05. Estrutura química do azul de metileno (AZM)........................................................08
Figura 06. Principais tipos de isotermas, segundo classificação de Giles................................13
Figura 07. Foto ilustrativa da visão interna do calorímetro C80 (SETARAM)........................22
Figura 08. Esquema geral do vaso calorimétrico do sistema de quebra de membrana do
calorímetro C80 (SETARAM)..................................................................................................23
Figura 09. Curvas de TG das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM...................................................32
Figura 10. Curvas de DTG das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM................................................32
Figura 11. DSC da escama in natura e impregnada com azul de metileno..............................33
Figura 12. Espectros de FTIR das escamas ESC-NAT e ESC-NAT/AZM.............................35
Figura 13. Espectros RAMAN das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM..........................................36
Figura 14. Microscopia Eletrônica de Varredura da ESC-NAT, aumento de 5000x...............37
Figura 15. Microscopia Eletrônica de Varredura da ESC-NAT/AZM, aumento de 5000x.....37
Figura 16. Espectros no Estado Sólido da ESC-NAT, ESC-NAT/AZM e do corante AZM...38
Figura 17. Difratogramas de raios X das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM.................................39
Figura 18. Determinação do pH do ponto da carga zero (pHPCZ) da escama ESC-NAT..........41
Figura 19. Grau de intumescimento das escamas após 24 h de imersão em água
bidestilada............................................................................................................................. ....42
Figura 20. Efeito da concentração inicial e do tempo de remoção do azul de metileno pelas
escamas de peixe robalo na concentração de 5,0 x 10-4
mol L-1
...............................................43
Figura 21. Efeito da concentração inicial e do tempo de remoção do azul de metileno pelas
escamas de peixe robalo na concentração de 5,0 x 10-3
mol L-1
...............................................44
Figura 22. Esquema do equilíbrio da estrutura monomérica (acima) e dimérica (abaixo) do
corante azul de metileno em solução aquosa............................................................................45
II
Figura 23. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo
modelo de Avrami (em vermelho), a 5,0x10-3
mol L-1
nas temperaturas de 25ºC (a), 35ºC (b),
45ºC (c) e 55ºC (d)....................................................................................................................49
Figura 24. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo
modelo Avrami (em vermelho), a 5,0x10-4
mol L-1
nas temperaturas de 25ºC (a); 35ºC (b);
45ºC (c) e 55ºC (d)....................................................................................................................50
Figura 25. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo
modelo não-linear de pseudo-segundo ordem (em vermelho), pseudo-segunda ordem (azul) e
Avrami (verde), a 5,0x10-3
mol L-1
nas temperaturas de 25ºC, 35ºC, 45ºC e 55ºC..................53
Figura 26. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo
modelo não-linear de pseudo-segundo ordem (em vermelho), pseudo-segunda ordem (azul) e
Avrami (verde), a 5,0x10-4
mol L-1
nas temperaturas de 25ºC, 35ºC, 45ºC e 55ºC.................54
Figura 27. Efeitos da concentração inicial e da temperatura nas quantidades removidas de AM
pelas escamas de robalo............................................................................................................56
Figura 28. Confrontação dos dados de equilíbrio obtidos experimentalmente (pontos) com os
dados obtidos pelo modelo de Sips (linhas vermelhas)............................................................59
III
LISTAS DE TABELAS
Tabela 01. Vantagens e desvantagens de algumas técnicas para a remoção de corantes de
águas residuais..........................................................................................................................02
Tabela 02. Dados das perdas de massa dos materiais...............................................................31
Tabela 03. Parâmetros do modelo cinético de pseudo-primeira ordem para sorção de AZM em
escama de Robalo......................................................................................................................46
Tabela 04. Parâmetros do modelo cinético de pseudo-segunda ordem para sorção de AZM em
escama de Robalo..................................................................................................................... .47
Tabela 05. Parâmetros do modelo cinético de Avrami para sorção de AZM em escama de
Robalo............................................................................................................................. ..........47
Tabela 06. Parâmetros do modelo cinético não-linear de pseudo-primeira ordem para sorção
de AZM em escama de Robalo.................................................................................................51
Tabela 07. Parâmetros do modelo cinético não-linear de pseudo-segunda ordem para sorção
de AZM em escama de Robalo.................................................................................................51
Tabela 08. Parâmetros do modelo cinético não-linear de Avrami para sorção de AZM em
escama de Robalo......................................................................................................................52
Tabela 09. Parâmetros cinéticos do modelo de difusão intrapartícula para a sorção do AZM
sobre escamas de peixe Robalo.................................................................................................55
Tabela 10. Parâmetros de equilíbrio químico referentes ao processo de interação de AZM nas
escamas do peixe robalo, segundo os modelos de Langmuir, Freundlich, Langmuir-
Freundlich, Redlich-Peterson e Sips.........................................................................................58
Tabela 11. Dados termodinâmicos dos processos de interação de escamas-AZM, obtidos a
partir do modelo de Sips...........................................................................................................60
Tabela 12. Dados calorimétricos dos processos de interação de escamas de peixe Robalo e
azul de metileno a 35ºC.............................................................................................................61
IV
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ESC-NAT – escama in natura;
ESC-NAT/AZM – escama impregnada com azul de metileno;
AZM – azul de metileno;
HAP – hidroxiapatita;
Qteq
– quantidades adsorvidas no tempo de equilíbrio, em mol g-1
;
Qt – quantidades adsorvidas em um dado tempo t, em mol g-1
;
t – tempo de contato, em min;
k1 – constante de sorção de pseudo-primeira ordem, em min-1
;
k2 – constante de sorção de pseudo-segunda ordem, em mol L-1
min-1
;
α – fração adsorvida em um dado tempo t;
kav – constante cinética do modelo cinético de Avrami, em min-1
;
n – ordem cinética relacionada aos processos das interações do modelo de Avrami;
kdif – constante de difusão intrapartícula, em mol g-1
min-1/2
;
C – constante relacionada à resistência de difusão do material adsorvido, em mol g-1
;
Ceq – concentração final do adsorbato no sobrenadante em equilíbrio, em mol L-1
;
Qemáx
– medida da quantidade máxima de adsorbato, em mol g-1
;
KL – parâmetro de afinidade de Langmuir que inclui a constante de equilíbrio, em L mol-1
;
RL – fator de separação;
KF – constante do modelo de Freundlich indicativa da capacidade de sorção, em L g-1
;
nF – constante indicativa da intensidade de sorção do modelo de Freundlich;
KS – constante do modelo de Sips indicativa da capacidade de sorção, em L g-1
;
nS – parâmetro de caracterização da heterogeneidade do sistema dado pelo modelo de Sips;
KRP – constante de intensidade de sorção do modelo de Redlich-Peterson, em L mol-1
;
aRP – parâmetro ajustável do modelo de Redlich-Peterson, em L mol-1
;
β – parâmetro adimensional do modelo de Redlich-Peterson;
KLF – constante de intensidade de sorção do modelo de Langmuir-Freundlich, em L mol-1
;
nLF – parâmetro de heterogeneidade do modelo de Langmuir-Freundlich;
SD – desvio padrão de um conjunto de medidas experimentais;
x2 – qui-quadrado de um dado conjunto de medidas experimentais;
qtexp – capacidade de sorção correspondente aos dados experimentais em mol g-1
;
qtmod – capacidade de sorção correspondente aos dados calculados pelos modelos, em mol g-1
;
V
∆G – variação da energia Livre de Gibbs, em kJ mol-1
;
∆H – variação de entalpia de sorção, em kJ mol-1
;
∆S – variação de entropia de sorção, em kJ mol-1
K-1
;
R – constante dos gases reais, em J K-1
mol-1
;
T – temperatura, em K;
R2 – coeficiente de determinação;
TG – Termogravimetria;
DTG – Termogravimetria diferencial;
FTIR – Espectroscopia de Absorção no Infravermelho com Transformada de Fourrier;
pHPCZ – pH do Ponto de Carga Zero;
DRX – Difração de Raios-X;
MEV – Microscopia Eletrônica de Varredura;
DSC – Calorimetria Exploratória Diferencial;
DS – grau de intumescimento;
VI
RESUMO
Dentre os vários processos para a remoção de corantes de efluentes aquosos, o de
sorção constitui um dos mais efetivos. O presente trabalho avaliou a utilização de escamas de
peixe Robalo (Dicentrarchus labrax) como um novo material adsorvente para a remoção de
do corante catiônico azul de metileno (AZM) de soluções aquosas. As escamas foram
caracterizadas por TG/DTG, DSC, FTIR, DRX, MEV, RAMAN, espectrofotometria de
absorção por reflectância no estado sólido e determinação do pH do ponto de carga zero
(pHpcz). Os resultados indicaram que as escamas são constituídas por uma fase orgânica, o
colágeno tipo I e por outra fase inorgânica, a hidroxiapatita, com pHpcz ~ 7,0. Estudos
cinéticos foram realizados com o intuito de avaliar a influência do tempo de contato e da
temperatura nos processos de sorção. Observou-se que o processo de sorção de AZM diminui
com o aumento da temperatura. Foram aplicadas modelagens cinéticas que mostraram que o
modelo cinético exponencial de Avrami ajusta-se melhor aos dados cinéticos. Estudos de
sorção no equilíbrio indicaram melhores ajustes ao modelo de Sips. Determinaram-se os
valores das variações de entalpia (ΔH), da energia livre de Gibbs (ΔG), e de entropia (ΔS)
para os processos de sorção de AZM nas escamas. Observou-se que os processos de sorção
são exotérmicos, espontâneos e ocorrem com diminuição de entropia. Medidas calorimétricas
em solução indicaram que as energias dos sítios de sorção de AZM das escamas tornam-se
mais negativas à medida que aumenta a capacidade de sorção de AZM nas escamas. Os
resultados das caracterizações e dos estudos de sorção indicam que as interações escama-
AZM ocorreram, predominantemente, utilizando-se a fase orgânica das escamas. Observou-se
que as escamas de robalo apresentam excelentes perspectivas como um novo material
adsorvente de baixo custo para a remoção de corantes catiônicos de soluções aquosas.
Palavras-chaves: escamas de peixe; sorção; corantes; cinética; termodinâmica; calorimetria
em solução
VII
ABSTRAT
Sorption is a very effective methodology used to remove dyes from aqueous effluents.
In this work, fish scales of Robalo (Dicentrarchus labrax) were used as a new adsorbent for
the removal of a cationic dye (AZM) from aqueous solutions. The scales were characterized
by TG/DTG, DSC, FTIR, XRD, SEM, RAMAN, solid-state reflectance spectrofotometry and
zero-charge pH of the scales (pHpcz). The results have indicated that the Robalo scales are
formed by type I collagen and hydroxyapatite, with pHpcz ~ 7,0. Kinetic studies were
performed to evaluate the influence of contact time and temperature on the sorption behavior
of the scale-AZM sorption processes. In general, the sorption of AZM on Robalo scales
decreases as temperature increases. The kinetic data were best fitted to the Avrami
exponential kinetic model, and the equilibrium sorption data to the Sips model. The values of
the variations of enthalpy (ΔH), Gibbs free energies (ΔG) and entropy (ΔS) were calculated. It
was observed that the scale-AZM processes are exothermic in nature, thermodynamically
spontaneous with negative entropy variations. Solution calorimetry results have indicated that
the sorption energies change in relation to the progressive occupation of the AZM sorption
sites on Robalo scales. The results from both characterization and sorption studies have
indicated that the interactions of scale-AZM have occurred mainly by the organic phase of the
scales. The Robalo scales have shown excellent features to be used as a new and promising
adsorbent for removal of cationic dyes from aqueous solutions.
Key-words: fish scales; sorption; dyes; kinetics; thermodynamics; solution calorimetry
1
I. INTRODUÇÃO
1.1. Remoção de corantes de efluentes aquosos
Grandes quantidades de efluentes contaminados com corantes são geradas por
diferentes tipos de processos industriais [1, 2]. A indústria têxtil utiliza processos de
tingimento que geram quantidades enormes de efluentes líquidos, contribuindo quantitativa e
qualitativamente com a carga poluidora descartada em corpos hídricos [2]. Além do enorme
consumo e desperdiço de água por este setor, muitos métodos convencionais de tratamentos
de efluentes geram quantidades significativas de volumes de resíduos coloridos contribuindo
para ocorrência de vários problemas ambientais [2, 3]. Uma das maiores dificuldades
enfrentadas em processos de tratamento de resíduos industriais tem como foco principal o
controle e remoção dos corantes de seus efluentes. Por conseguinte, isso acarreta grande
preocupação, pois devido ao despejo indiscriminado de poluentes vários problemas são
observados, tais como a redução da demanda química de oxigênio (DQO), redução da
penetração da luz nos meios aquosos [4 - 6] e detecção de odores desagradáveis [7].
Os corantes são compostos químicos orgânicos que possuem a propriedade de
absorver luz visível seletivamente, razão pela qual aparecem coloridos, devido à presença de
grupos cromóforos, tais como nitro, nitroso, azo e carbonila [7, 8]. A cor destes compostos é
intensificada e/ou modificada por grupos auxocromos, tais como etila, nitro, amino, sulfônico,
hidroxila, metóxi, etóxi, cloro e bromo [9]. Existem centenas de corantes descritos na
literatura, os quais são classificados por suas naturezas químicas e aplicações.
A remoção de corantes em águas residuais é um grande desafio técnico, em
virtude dos processos convencionais de remoção serem menos eficientes na degradação destes
poluentes, devido às suas grandes estruturas moleculares [10]. Muitos processos de
tratamento de resíduos de corantes em águas têm sido aplicados, dentre os quais se destacam:
degradações dos tipos fotolítica e eletroquímica, processos de adsorção/precipitação,
tratamento com microorganismos e outros insumos de natureza biológica [5], oxidação e
coagulação química, flotação e eletrólise [7, 10]. Na Tabela 1 são apresentados alguns destes
métodos, com suas respectivas vantagens e desvantagens.
2
Tabela 03. Vantagens e desvantagens de algumas técnicas para a remoção de corantes de águas residuais [2, 11,
12].
Métodos Vantagens Desvantagens
Oxidação Processo rápido
Alto custo de energia e
formação de subprodutos
Técnica de membrana
Remoção de todos os tipos de
corantes Produção de lodo concentrado
Coagulação/Floculação Economicamente viável Alta produção de lodo
Adsorção: carvão ativado Boa remoção de corantes
Requer regeneração ou
recolhimento do adsorvente
Tratamento químico
(agentes coagulantes) Economicamente viável
Alta concentração de lodo no
final do processo
Eletrólise Eficaz no processo de
remoção de corantes
Alta energia, produção de
lodo e outros poluentes
As técnicas mostradas na Tabela 01, tratando-se de métodos convencionais,
apresentam altos custos de operação e mesmo sendo utilizadas de maneira concomitante com
processos biológicos não removem eficientemente vários tipos de corantes encontrados em
águas residuais [13]. Por outro lado, vários métodos alternativos vêm sendo desenvolvidos
para a remoção de corantes em efluentes, com o intuito de viabilizar tecnológica e
economicamente os processos de tratamento. Dentre os vários métodos químicos e físicos
descritos na literatura, a adsorção é uma das técnicas mais utilizadas e eficazes durante o
processo de remoção de poluentes em corpos hídricos [1, 2]. Assim, torna-se uma técnica
3
promissora, tendo grande importância devido à facilidade de operação, baixo custo e ausência
de substâncias nocivas ao final do processo [5 – 8].
1.2. Processo de sorção e materiais adsorventes alternativos
A sorção é definida como a transferência de íons e/ou moléculas entre uma fase
líquida ou gasosa para uma fase sólida [14, 15], sendo um termo geral muito utilizado para
caracterizar os processos de adsorção e absorção. A adsorção ocorre quando a espécie
química que será adsorvida (adsorbato) presente em uma solução acumula-se na superfície de
um sólido (adsorvente), devido à ação de forças de superfícies não balanceadas. Por outro
lado, absorção relaciona-se com o transporte de um dado adsorbato em direção aos sítios de
adsorção situados no interior do adsorvente [16].
A técnica de adsorção pode ser dividida em duas classes distintas [17].
Adsorções físicas ocorrem por meio de interações físicas, que são interações fracas entre o
soluto e a superfície do sólido adsorvente, em especial forças de Van der Waals, sem a
ocorrência de reações químicas por compartilhamento de elétrons entre duas espécies na
interface sólido-solução [17 – 19]. Em contrapartida, a quimissorção ou adsorção química
consiste em interações adsorvente-adsorbato por meio de interações químicas covalentes,
onde as forças de interações são mais intensas, quando comparadas às forças observadas na
adsorção física. Tipicamente, a quimissorção se dá em uma única camada de interação com o
adsorvente, mas após a formação desta, pode haver a formação de outras camadas, que
interagem entre si por forças de interações fracas [19].
Atualmente, para remover substâncias poluentes de meios usam-se combinações
de metodologias entre o tratamento biológico com a técnica de adsorção, utilizando-se o
carvão ativado como o principal adsorvente. Pois, esse apresenta uma alta capacidade de
remoção de íons metálicos, função tanto de sua alta área superficial específica (decorrência da
alta porosidade interconectada) quanto de sua afinidade por compostos poluentes, tais como
corantes orgânicos, agrotóxicos e metais pesados [20, 21]. Este fato é atribuído à presença
significativa de grupos funcionais superficiais que apresentam altas afinidades interativas com
várias espécies químicas presentes nos adsorbatos, justificando a grande relevância desse
material no tratamento de efluentes industriais [21]. Porém, a utilização deste adsorvente é
limitada devido a seu alto custo de utilização e regeneração [20]. A fim de viabilizar
4
procedimentos de remoção pela técnica de adsorção, tem-se tentado utilizar adsorventes
alternativos que sejam mais baratos e eficazes [20].
Para se obter resultados satisfatórios em processos de adsorção, a escolha do
adsorvente é uma das etapas mais importantes. Este deve apresentar algumas características
como: alta capacidade de adsorção, ser de baixo custo, facilmente disponível, altamente
seletivo e apresentar longo tempo de vida útil [22, 23]. Muitos materiais de baixo custo têm
sido estudados para remoção de corantes de efluentes industriais, tais como madeira, casca de
laranja, argilas, sílica [19], fibras, cascas de frutas, sementes [5], esferas de sílica e turfas [20].
Tem-se empregado também escamas de peixes para remoção de metais pesados e outros
poluentes em águas contaminadas [24]. A presença de uma estrutura química que permite
interação com diversos solutos, sua fácil disponibilidade em grande escala e baixo custo são
características que tornam as escamas um material adsorvente promissor e vantajoso para sua
utilização no setor de descontaminação ambiental [25, 26].
Os trabalhos encontrados na literatura sobre escamas de peixes, geralmente,
abordam apenas estudos sobre o crescimento e a idade das escamas destes animais,
principalmente, provenientes de águas salgadas. Outros sugerem a utilização da escama de
peixe para extração de colágeno, com poucos trabalhos que abordam as escamas como
material adsorvente. Dentre os poucos existentes na literatura, destaca-se a utilização de
escamas de peixe como material adsorvente de astaxina, um carotenóide usado como
pigmento na indústria pesqueira, bem como na remoção de metais e de alguns corantes têxteis
[26].
1.3. Características gerais sobre as escamas de peixe
Os recursos pesqueiros das águas marinhas e doces do Brasil, embora ainda não
amplamente conhecidos, constituem importante fonte protéica e um potencial considerável
para a produção de alimentos. O setor pesqueiro é ainda responsável pela geração de
aproximadamente 800 mil empregos diretos, sem falar no fato de que o parque industrial é
composto por cerca de 300 empresas relacionadas à captura e ao processamento. Porém, o
país é hoje o vigésimo sétimo produtor mundial de pescados, e o consumo médio brasileiro
anual de pescado é de 6 kg/ano, segundo a FAO (Food and Agriculture Organization on the
5
United Nations) [27]. Estima-se que 80 % do produto da atividade pesqueira nacional sejam
constituídos de peixes. Após a comercialização destes, geralmente em feiras livres, suas
escamas são descartadas, exceto, quando algumas comunidades as utilizam para a produção
de artesanatos [26]. A espécie Dicentrarchus labrax (Figura 01) pertencente à classe
Ostheichthyes; à ordem Perciformes; e à família Serranidae, popularmente conhecida como
Robalo, é um peixe encontrado em toda a região nordeste e em outras regiões brasileiras [28].
Figura 01. Espécie Dicentrarchus labrax (Robalo) [28]
Estudos realizados sobre caracterização e morfologia de escamas de peixes
indicam que as mesmas são constituídas de duas regiões distintas: uma fase orgânica
composta por colágeno tipo I e uma fase inorgânica, composta principalmente por
hidroxiapatita [Ca10(PO4)6(OH)2] [26, 29], podendo ser considerado um compósito natural,
sendo seus principais componentes individuais biocompatíveis, o que lhe caracteriza como
sendo um biomaterial em potencial [26], podendo ser utilizado em processos de cicatrização
de fraturas e regeneração óssea [26]. O colágeno tem como unidade básica o tropocolágeno,
representada na Figura 02, uma macromolécula linear formada por três cadeias polipeptídicas
de mesmo tamanho e entrelaçadas [29, 31].
6
Figura 02. Representação da estrutura do colágeno I (tropocolágeno) [30]
A estrutura da hélice tripla dos colágenos é formada principalmente por uma
sequência de aminoácidos (Figura 03), denominada (Gly-X-Y)n, onde Gly é glicina, X é
prolina (Pro) e Y é hidroxiprolina (Hyp), além de outros aminoácidos específicos [31]. As
estruturas que compõem as escamas tendem a apresentar boas capacidades para interações
com compostos inorgânicos e orgânicos, por possuírem sítios de sorção compostos por grupos
químicos específicos, como amidas, aminas, tióis e outros [29].
Figura 03. Representação esquemática da cadeia peptídica (Gly-X-Y)n, do colágeno tipo I [31]
A hidroxiapatita (HAP) – parte inorgânica da escama – é um fosfato de cálcio
hidratado [Ca10(PO4)6(OH)2] e o componente majoritário (em torno de 95%) da fase mineral
dos ossos e dentes humanos [32]. Ela apresenta boa capacidade de adsorção de metais pesados
e outros poluentes de águas residuais [25, 34], devido à estrutura, representada pela Figura 04,
7
a qual permite efetuar um grande número de substituições isomórficas, conservando sua
estrutura original típica [33], verificando-se a projeção dos grupos PO43-
no plano basal. O
interior da célula unitária do tetraedro PO43-
está dividido em duas camadas, na altura de 1/4 e
3/4 da célula unitária, respectivamente. A forma resultante do segundo tipo de canal é
hexagonal e nesse canal estão localizados grupos OH-, podendo ainda ser encontrados
diferentes ânions (O2-
, F-, Cl
-) ou impurezas [26].
Figura 04. Estrutura idealizada da hidroxiapatita [26]
A formação da hidroxiapatita consiste da união de grupos tetraédricos (PO43-
)
distribuídos ao longo de uma coluna (eixo C) [26], que permite substituições catiônicas e
aniônicas isomórficas com relativa facilidade. O Ca2+
pode ser substituído por metais, como o
Pb2+
, Cd2+
, Cu2+
, Zn2+
, Sr2+
, Co2+
, Fe2+
, etc.; os grupos fosfatos por carbonatos e vanadatos, e
8
as hidroxilas por carbonatos, flúor e cloro [34]. Essas substituições podem alterar a
cristalinidade, os parâmetros de rede, as dimensões dos cristais, a reatividade superficial, a
estabilidade e a solubilidade da estrutura da hidroxiapatita [33, 34].
1.4. Considerações sobre o corante azul de metileno
Os corantes possuem diversidades estruturais consideráveis e são classificados
em diversas maneiras, como por exemplo, pela estrutura química e/ou aplicação, pela
solubilidade, etc. Algumas destas propriedades são classificadas pelos seus usos, como por
exemplo, os corantes catiônicos são usados para pigmentação de papel, nylon, seda, algodão e
até em processos medicinais, e são solúveis em água [12].
O azul do metileno (AZM) [cloreto de tetrametiltionina, (C16H18ClN3S.3H2O)] é
um corante orgânico monovalente e catiônico pertencente à classe de compostos conhecidos
como fenotiazinas [4, 35]. Sua massa molar é 319,85 g mol-1
, e a estrutura molecular está
ilustrada na Figura 05. É um dos corantes mais usados em impressões, na indústria têxtil e na
medicina [37], bem como em testes de adsorção porque serve como um composto modelo
para o estudo da remoção de contaminantes orgânicos e corantes de soluções aquosas.
Figura 05. Estrutura química do azul de metileno (AZM) [6]
9
O azul de metileno pode causar vários prejuízos à saúde humana: alteração dos
batimentos cardíacos, vômitos, cianose, icterícia, tetraplegia e até necrose tecidual [6].
Quando inalado, pode dar origem à dificuldade de respiração, enquanto, sua ingestão em
grandes quantidades pode ocasionar queimação e/ou ardor, podendo causar náuseas, vômitos,
sudorese e confusão mental [36, 38]. Esta substância é resistente à decomposição por
tratamentos físicos, químicos e biológicos [8], como também, quando dissolvida nas águas
impede a penetração da luz, retarda a atividade fotossintética, inibe o crescimento da biota
aquática e também apresenta facilidade para interagir quimicamente com íons metálicos [36].
1.5. Modelagens cinéticas e de equilíbrio de processos de sorção em interfaces
sólido/solução
1.5.1. Alguns modelos cinéticos relevantes
O estudo cinético de sorção é importante no tratamento de efluentes aquosos
porque ele pode fornecer informações valiosas a respeito do mecanismo de sorção [3]. Muitos
modelos foram desenvolvidos com a finalidade de analisar o comportamento cinético de
reações, bem como encontrar parâmetros cinéticos apropriados. Tradicionalmente, processos
de interações em interfaces sólido/solução podem ser descritos pelos modelos de pseudo-
primeira ordem e pseudo-segunda ordem [39]. A equação cinética de Langergren foi a
primeira utilizada em estudos em interfaces sólido/solução [40]. Langergren postulou que a
razão de sorção no adsorvente é baseada na capacidade de sorção. Desta maneira, a equação
cinética de pseudo-primeira ordem pode ser descrita pela expressão:
Equação 01
onde k1 é a constante de velocidade de primeira ordem; Qe e Qt são as quantidades adsorvidas
no equilíbrio e em um dado tempo t, respectivamente. Segundo Langergren, o termo “(Qe -
Qt)” constitui a “força motriz” dos processos de sorção, sendo que os processos cinéticos
10
tendem a serem mais rápidos à medida que esse termo for numericamente alto. Após a
integração definida da Equação 01, e aplicando as condições de contorno iniciais, Qt = 0 para
t = 0 e Qt = Qt para t = t, obtêm-se uma equação rearranjada, segundo a expressão a seguir:
Equação 02
Essa equação pode ser convertida para uma forma linearizada apropriada,
mostrada na Equação 03:
Equação 03
Em geral, construindo-se gráficos de ln (Qe - Qt) versus t, o intercepto com o
eixo y é igual ao valor teórico de Qe, e pelo valor numérico da inclinação da reta obtida, o
valor da constante k1 [41].
Em muitos casos, a equação de pseudo-primeira ordem não possui bons ajustes
para todo o período de adsorção [42], em outras palavras, os dados experimentais não se
ajustam a tal modelo em todo o intervalo de tempo de contato, mas somente durante a fase
inicial de sorção. Já o modelo de pseudo-segunda ordem, proposto por Ho e McKay (1998), é
útil para predizer o comportamento sobre uma vasta extensão de tempo e assume que a
adsorção química é a etapa dominante do processo, através do compartilhamento ou troca de
elétrons entre o adsorbato e o adsorvente [43, 51]. O modelo de pseudo-segunda ordem é
obtido baseando-se na capacidade de sorção da fase sólida, podendo ser expresso como:
Equação 04
11
onde k2 é a constante cinética de pseudo-segunda ordem. Integrando-se a Equação 04 nas
mesmas condições iniciais já descritas na Equação 01, obtêm-se as expressões da equação de
pseudo-segunda ordem (Equação 05) e sua forma linearizada (Equação 06) mais utilizada
para se calcular às constantes cinéticas Qe e k2. Construindo-se gráficos de t/Qt versus t,
obtêm-se os valores de Qe e k2, utilizando-se os coeficientes angulares e lineares,
respectivamente.
Equação 05
Equação 06
Apesar da maioria dos trabalhos utilizarem as equações cinéticas de pseudo-primeira e
pseudo-segunda ordens, em muitos processos cinéticos, as constantes cinéticas podem variar
em função do tempo de contato. Além disso, as ordens cinéticas podem assumir valores
fracionários, comprometendo a validade dos modelos cinéticos descritos até aqui [44, 45].
Para contornar estas limitações um modelo cinético alternativo vem sendo utilizado com
sucesso em alguns trabalhos de sorção em interfaces sólido/solução [39, 43, 46 – 49]. Neste
modelo – de Avrami – a sorção, utiliza-se uma função exponencial, apresentada pela Equação
07:
Equação 07
onde α é a fração adsorvida em um dado tempo t, sendo α = Qt/Qe, kav é a constante cinética
de sorção, e n uma constante relacionada à ordem cinética dos processos das interações, sendo
também um parâmetro indicativo de mudanças mecanísticas do processo de sorção, em
relação à uma dada faixa de tempo de contato avaliada. Substituindo-se α na Equação 07,
obtém-se a forma linearizada desse modelo cinético, mostrada na Equação 08:
12
Equação 08
O gráfico de ln(ln(Qe/Qe – Qt)) versus ln t forma padrões linearizados em função
do tempo de contato t. Utilizando-se os valores dos coeficientes angular e linear de cada
segmento de reta, é possível determinar um conjunto de valores distintos dos parâmetros
cinéticos kAV e n. A presença de vários segmentos de reta é considerado um indicativo da
existência de mudanças mecanísticas no processo de sorção em função do tempo de contato
[43].
Modelos de transferência de massa externa por difusão intrapartícula,
tipicamente pelos poros do adsorvente, também podem ser utilizados para descrever processos
de sorção em interfaces sólido/solução. De acordo com o modelo de difusão intrapartícula
proposto por Webber e Morris, a provável difusão pode ser descrita pela Equação 09:
Equação 09
onde kdif é a constante de difusão intrapartícula e C é uma constante relacionada a resistência
à difusão do adsorbato nos poros dos adsorventes. As constantes kdif e C são obtidas a partir
dos coeficientes angulares e lineares do gráfico de Qt versus t1/2
, respectivamente. O gráfico
de Qt em função de t1/2
produz múltiplas regiões lineares, assumindo que a sorção ocorre em
diversas etapas. A primeira delas é chamada de difusão externa, onde ocorre a migração do
adsorbato da solução para a superfície do adsorvente. A etapa posterior é a difusão do
adsorbato através dos poros do material, podendo ocorrer em dois ou mais estágios. A última
e terceira porção é o estágio final de equilíbrio de sorção, onde a difusão intrapartícula
começa a decrescer devido à baixa concentração do adsorbato na solução, ou à baixa
disponibilidade de sítios de sorção [43]. Por esse modelo, à medida que os valores do
parâmetro C tornam-se menores, os processos de sorção são cineticamente controlados por
difusão intrapartícula.
13
1.5.2. Classificação das isotermas de sorção no equilíbrio químico em interfaces
sólido/solução
As isotermas de sorção em sistemas em equilíbrios químicos são importantes no
projeto de sistemas de sorção, bem como podem fornecer informações sobre as intensidades
das interações adsorvente-adsorbato [52]. Em publicação de 1974, Giles propôs uma
classificação para as isotermas de equilíbrio, em função do formato das curvas de sorção. Em
geral, quatro casos particulares são usados como as principais formas de isotermas
comumente observadas. A Figura 06 representa estas quatro classes: isotermas do tipo “C”
(constant partition), “L” (Langmuir), , “H” (high affinity) e “S” (spherical) [53].
Figura 06. Principais tipos de isotermas, segundo classificação de Giles [53]
As isotermas do tipo C (constant partition) são lineares para toda a faixa de
concentração de adsorbato no equilíbrio . Assim, a razão entre a concentração do soluto que
permanece na solução e o soluto sorvido sobre o sólido é a mesma para uma dada faixa de
concentração de adsorbato em solução.
14
As isotermas do tipo L (Langmuir) possuem curvatura inicial voltada para baixo
devido à diminuição da disponibilidade dos sítios ativos de sorção. A curva côncava sugere
que uma saturação progressiva dos sítios de sorção do adsorvente, podendo ou não ser
observados platôs, paralelos ao eixo c das isotermas.
As isotermas do tipo H (high affinity) aparecem quando o adsorbato tem grande
afinidade pelo adsorvente. A quantidade adsorvida inicial é alta e logo após o equilíbrio é
alcançado.
As isotermas do tipo S (spherical) apresentam pontos de inflexão, sugerindo que
os sítios de sorção são heterogêneos energeticamente e que as interações adsorvente/adsorbato
são mais fracas que as interações adsorbato/adsorbato e solvente/adsorvente [54].
1.5.3. Alguns modelos relevantes de sorção em equilíbrios químicos
O equilíbrio de sorção pode ser definido quando a taxa na qual as moléculas
sorvidas por uma superfície é igual à sua taxa de dessorção. Quando um adsorvente está em
contato com um fluido, o qual possui uma determinada composição específica, o equilíbrio da
adsorção acontece depois de um dado tempo de contato [55]. Em equilíbrio, nenhuma
mudança pode ser observada em vários fatores experimentais relevantes, como concentração
do soluto na superfície sólida, no volume da solução, temperatura, pH da solução etc.
Vários modelos matemáticos vêm sendo utilizados para descreverem os
comportamentos das isotermas de adsorção no equilíbrio químico. O principal modelo
descrito e utilizado na literatura é o modelo de Langmuir. Este modelo baseia-se na hipótese
de que as forças de interação entre as moléculas adsorvidas são desprezíveis e que cada sítio
pode ser ocupado por apenas uma molécula do adsorvato. Todas as moléculas são adsorvidas
sobre um número fixo e definido de sítios. Para altas concentrações de soluto, a equação
prediz uma capacidade de adsorção teórica em monocamada. A equação do modelo de
Langmuir pode ser representada pela Equação 10 [51,54]:
Equação 10
15
onde qe representa a quantidade de soluto adsorvido no equilíbrio, Qcmáx
representa a
quantidade máxima de soluto adsorvido para a formação de uma monocamada completa e Ceq,
corresponde a concentração do adsorbato no equilíbrio. A linearização da equação de
Langmuir é dada por:
Equação 11
onde Ceq é a concentração final do adsorbato no sobrenadante em equilíbrio, Qcmáx
é a medida
da quantidade máxima de adsorbato necessária para a formação da monocamada e KL é um
parâmetro de afinidade que inclui a constante de equilíbrio. A representação gráfica de Ceq/qe
versus Ceq é uma reta, com coeficiente linear igual a 1/(KL Qcmáx
) e coeficiente angular igual a
1/ Qcmáx
[54].
As características essenciais de uma isoterma de Langmuir podem ser expressas
em termos de um fator de separação adimensional constante ou comumente chamado de
parâmetro de equilíbrio, RL, que é definido pela Equação 12 [51, 54]:
Equação 12
onde Co é a concentração inicial do adsorbato em solução.
O modelo de Freundlich leva em consideração que os processos de sorção
ocorrem em superfícies heterogêneas, podendo ser ou não em monocamadas. A equação de
Freundlich é dada pela Equação 13 [51, 54]:
Equação 13
A linearização da equação de Freundlich é dada pela Equação 14 [54]:
16
Equação 14
onde KF e nF são constantes de Freundlich, as quais relacionam-se com a capacidade e a
intensidade da adsorção, respectivamente. Os valores de KF e 1/nF podem ser determinados de
uma curva linear de ln qe versus ln Ceq. O valor do expoente 1/nF dá uma indicação da
favorabilidade do processo de adsorção, onde valores de nF > 1 representam condições de
adsorção favoráveis [55].
Os modelos de equilíbrio químico de adsorção, mostrados a seguir, apresentam
mais de dois parâmetros a serem determinados. Para isso, deve-se utilizar a metodologia não
linear de ajuste matemático [51].
A equação de Langmuir-Freundlich é dada através da Equação 15:
Equação 15
onde Qcmáx
é a capacidade máxima de adsorção segundo esse modelo, KLF é a constante de
interação de Langmuir-Freundlich para um sólido heterogêneo e nLF é o parâmetro
admensional relacionado à heterogeneidade dos sítios de sorção, situado entre 0 e 1 [51, 56].
O modelo empírico de Redlich-Peterson também combina elementos dos
modelos de Langmuir e de Freundlich, podendo ser descrito conforme a Equação 16 [57]:
Equação 16
onde KRP e aRP são as constantes da isoterma de Redlich-Peterson e β é um parâmetro
adimensional, o qual situa-se entre 0 e 1.
Sips propôs uma equação similar à equação de Langmuir-Freundlich, segundo a
Equação 17 [57]:
17
Equação 17
onde KS corresponde à constante de Sips e nS corresponde a um parâmetro de caracterização
da heterogeneidade do sistema de sorção.
1.5.4. Avaliação dos ajustes dos modelos cinéticos e de equilíbrio químico de sorção
em interfaces sólido/solução
É necessário avaliar a validade de um dado modelo de sorção para garantir a
confiabilidade dos parâmetros calculados e validar suas aplicabilidades. Embora valores
numéricos dos coeficientes das correlações lineares sejam muito utilizados em trabalhos
científicos como argumento a favor da existência de ajuste entre duas variáveis, é preciso ter
cuidado com este tipo de afirmação, porque esse argumento pode mostrar-se enganoso. Em
outras palavras, nem sempre um valor do coeficiente de correlação linear (R2) próximo da
unidade é garantia de uma boa correlação e um bom ajuste de um dado modelo analisado [43,
58]. Os valores numéricos de R2
podem variar consideravelmente em função do número de
pontos experimentais avaliados e de suas distribuições em padrões lineares. Portanto, torna-se
necessário determinar os ajustes dos modelos utilizando outras metodologias, como o cálculo
do desvio padrão (SD, da sigla em inglês) e o qui-quadrado (χ2).
O cálculo estatístico de qui-quadrado é o somatório dos quadrados das diferenças
entre os dados experimentais e dados teoricamente preditos por um dado modelo; podendo ser
representado pela Equação 18:
Equação 18
18
onde qt exp e qt mod são as capacidades de sorção correspondente aos dados experimentais e
calculados por um dado modelo, respectivamente. Se os dados experimentais são similares ou
muito próximos aos dados experimentais, o valor de χ2 será um número adimensional muito
pequeno [59].
O teste estatístico do desvio padrão, usado também para testar a validade de cada
modelo neste estudo, pode ser calculado pela Equação 19:
Equação 19
onde n é o número de pontos analisados. Da mesma maneira, em relação ao teste de qui-
quadrado, valores muito baixos de SD indicam um bom ajuste de um modelo testado.
A análise de regressão é uma metodologia estatística com a finalidade de
investigar e modelar a relação entre variáveis, sendo uma das mais utilizadas na análise de
dados, consistindo em verificar se os dados experimentais ajustam-se adequadamente a
modelos matemáticos [43]. Quando possível, neste trabalho foram consideradas as técnicas de
análise da regressão linear simples e não-linear, para fins comparativos.
Nos modelos de regressão linear, o problema de estimação dos parâmetros cai na
resolução de sistemas de equações lineares em relação aos coeficientes de regressão
desconhecidos. É obtida uma forma analítica de estimativas, sendo a mesma para qualquer
modelo e conjunto de dados, existindo uma solução única. Seus resultados são discutidos em
termos do coeficiente de correlação R2, o qual varia num intervalo 0 ≤ R
2 ≤ 1 [43]. Nesses
termos, quanto mais próximo da unidade, melhor é o ajuste. Porém, como mencionado nos
parágrafos anteriores, nem sempre um valor de R2 próximo da unidade é garantia de uma boa
correlação e um bom ajuste do modelo.
19
Em contrapartida, os modelos não-lineares têm uma base teórica, em que seus
parâmetros fornecem um maior conhecimento sobre o fenômeno em estudo do que os
modelos lineares, e geralmente, fornecem bons ajustes. Diferentemente do caso linear, os
parâmetros entram na equação de forma não linear, assim, pode-se simplesmente aplicar
fórmulas para estimar os parâmetros do modelo, utilizando softwares computacionais. Outra
vantagem dos modelos não lineares é obter parâmetros que são facilmente interpretáveis. Em
muitos casos, necessitam-se menos parâmetros nos modelos não lineares do que nos lineares,
isto simplifica e facilita a interpretação [43, 60].
1.5.5. Termodinâmica de sorção em interfaces sólido/solução
A temperatura é considerada um fator que afeta direta e drasticamente as
quantidades sorvidas em um dado sistema sólido/solução. Experimentos de sorção em
temperaturas diferentes têm sido utilizados para calcular parâmetros termodinâmicos, como a
energia livre de Gibbs (ΔG), as variações de entropia (ΔS) e entalpia (ΔH). Para estimar o
efeito da temperatura neste processo, os parâmetros termodinâmicos podem ser obtidos
utilizando o método de Van´t Hoff, segundo as Equações 20 a 22 [53, 61, 62]:
Equação 20
Equação 21
Equação 22
onde Keq é a constante de equilíbrio, T é a temperatura do meio (K) e R é a constante dos
gases (8,314 J.K-1
mol-1
).
20
As entalpias de adsorção (ΔH) entre o adsorbato e o adsorvente são tipicamente
encontradas pelos coeficientes angulares do gráfico de van´t Hoff, ln K versus 1/T. Quando se
obtém uma reta nos gráficos de van´t Hoff, a entalpia de adsorção não varia na faixa de
temperatura estudada. Porém, em muitos casos, notam-se curvaturas nos gráficos de van`t
Hoff, indicando dependência entre a entalpia e a temperatura de adsorção. Nesses casos, uma
boa saída é tentar fazer ajustes das curvaturas utilizando-se uma equação polinomial do tipo:
ln K =A + B(1/T) + C(1/T)2, onde A, B e C são os coeficientes da regressão. Se o ajuste for
satisfatório, a derivada dessa função será numericamente igual a -(ΔH/R), como mencionado
na Equação 20 [51, 62]. Assim, a expressão final será dada pela Equação 23 [51]:
Equação 23
1.6. Noções sobre calorimetria isotérmica em solução
A calorimetria em solução é a técnica mais adequada para avaliar energias de
interações de processos que ocorrem em interfaces sólido/solução. Esta técnica propicia
condições para determinações das energias envolvidas em diversos sistemas químicos,
possibilitando o conhecimento da entalpia das interações, dentre outros parâmetros,
utilizando-se apenas um único tipo de experimento, em condições isotérmicas. O
conhecimento do tipo de espécie adsorvida e da sua energia de interação pode fornecer
subsídios mecanísticos, em função de vários fatores experimentais, como tipo de adsorvente,
tipo de adsorbato, temperatura de sorção, pH do meio aquoso, dentre outros [63]. Sua
principal vantagem é que a termodinâmica de adsorção é totalmente determinada diretamente
em um único experimento. Em outros métodos é necessária uma série de experimentos em
diferentes temperaturas para que sejam obtidos os mesmos parâmetros, sempre supondo que
estes são independentes da temperatura na faixa estudada, o que nem sempre ocorre em
muitos processos em interfaces sólido/solução [63]. Em outros estudos sobre sorção de
21
corantes em híbrido sílica/quitosana como material adsorvente, os valores da entalpia de
sorção são diretamente influenciados pela temperatura. À medida que esta aumenta os valores
da entalpia de sorção também aumentam [51].
Atualmente, a calorimetria tem importantes aplicações na química, bioquímica,
nanotecnologia e biologia celular. Na literatura existem vários trabalhos de aplicação dessas
em estudos de liberação de fármacos [47], cinética de interação de pastas de cimento com
ácido clorídrico [43] e interações de materiais adsorventes com íons metálicos em solução [64
- 66]. Porém, nenhum trabalho foi encontrado na literatura desta técnica em processos de
sorção de corantes sobre escamas de peixe.
As medidas calorimétricas foram realizadas em um calorímetro do tipo Calvet,
modelo C80, da SETARAM (Figura 07). O equipamento é capaz de manter uma linha-base de
aproximadamente 0,12 W, com uma estabilidade de temperatura da ordem de ±10-4
ºC. O
registro do sinal calorimétrico é a potência (dq/dt; mW) em função do tempo (t; s) e,
conseqüentemente, a integração destes dados em relação ao tempo t é igual à energia (Q;J).
Na Figura 07 pode ser visualizada uma foto do calorímetro. A parte central da câmara
calorimétrica é composta por dois medidores de fluxo de calor (A): um para a célula de
referência e outro para a célula (vaso calorimétrico) que contém a amostra a ser analisada. O
aparelho apresenta uma “sonda” de platina (B) para monitorar a temperatura da amostra em
estudo e outra “sonda” de platina para controlar a temperatura. As células de referência e da
medida estão envolvidas pelo bloco calorimétrico (C) que é termostatizado. Existem dois
guias suportes (D) unidos ao bloco por meio de parafusos. Esses guias agem como protetores
térmicos e definem a zona de preaquecimento quando as células são colocadas dentro deles. A
câmara calorimétrica é fechada por uma rolha cilíndrica (E) responsável pelo isolamento
térmico. Essa rolha é presa ao aparelho por meio de quatro parafusos (F) e nela estão
presentes duas cavidades, onde são inseridos dois tubos metálicos os quais conectam
diretamente a placa superior as guias. Na placa superior (G) da rolha existem dois
deslizadores que servem para fixar hastes locais ou tubos ligados a célula calorimétrica [55].
22
Figura 07. Foto ilustrativa da visão interna do calorímetro C80 (SETARAM)
A célula de reação (Figura 08) é constituída de um corpo (A), contendo um
ombro no centro das duas terminações. Este corpo não é simétrico. A parte mais baixa é usada
para abrigar um contêiner (B), no qual é colocado um dos reagentes. Este contêiner é fechado
com uma membrana circular presa entre dois anéis seladores (C) e (D) de PTFE (Teflon).
Estes se encaixam perfeitamente um no outro, apertando a membrana e fechando o contêiner.
A parte superior do corpo tem uma capacidade para até 5,0 mL e é usada para abrigar a
segunda amostra que deve ser um solvente calorimétrico adequado. Esta parte é fechada por
uma tampa perfurada (E) que apresenta um anel de teflon preso no corpo. Uma vareta móvel
(F) cruza a tampa e o protetor térmico, podendo ser manuseada de fora do calorímetro. Uma
hélice (G) é presa ao final da vareta e permite que seja empurrada para dentro da célula
rompendo a membrana [55].
23
Figura 08. Esquema geral do vaso calorimétrico do sistema de quebra de membrana do calorímetro
C80(SETARAM)
Nesse trabalho, estudaram-se processos de interação de escamas de peixe de
Robalo com corante catiônico. Citações sobre a utilização de escamas de peixe como material
adsorvente ainda é muito rara na literatura. De modo geral, foram encontrados trabalhos
apenas sobre interações das escamas com cátions metálicos, e somente, utilizando-se a
metodologia de batelada. Assim, acredita-se que o presente estudo possa contribuir para
esclarecer e implementar o uso das escamas de peixe como um novo e promissor material
para processos de sorção em interfaces sólido/solução.
24
II. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Utilizar escamas do peixe robalo para desenvolver estudos de sorção de
corantes catiônicos em meio aquoso.
2.2. Objetivos específicos
Obter e caracterizar escamas do peixe robalo por Análise Termogravimétrica
(TGA); Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho (FTIR); Difratometria de
Raios-X (DRX); Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC); Microscopia Eletrônica de
Varredura (MEV); Espectrofotometria de Absorção por Reflectância Difusa no Estado Sólido;
Espectroscopia RAMAN;
Determinar parâmetros cinéticos e de equilíbrio químico relacionados à sorção
de corantes catiônicos nas escamas de robalo;
Obter dados termodinâmicos da interação de corante catiônico das escamas de
robalo, utilizando-se calorimetria isotérmica contínua;
Avaliar ciclos de sorção/dessorção de corante catiônico das escamas do robalo.
25
III. METODOLOGIA
3.1. Materiais e reagentes
As escamas utilizadas para este trabalho foram do peixe robalo - Dicentrarchus
labrax - obtidas em entrepostos pesqueiros Aracaju – Sergipe. As mesmas foram lavadas com
água bidestilada, secas em estufa a 60 °C durante 4h e cortadas manualmente em tamanhos
médio de aproximadamente 5 mm2. Estas foram mantidas em um frasco âmbar e
condicionadas permanentemente em dessecador.
Para o preparo da solução do azul de metileno - C16H18ClN3S.3H2O (Vetec) -
utilizou-se uma solução tampão pH 8,0 [50] de hidróxido de amônio – NH4OH (Synth) e
cloreto de amônio – NH4Cl (Vetec). A concentração dos componentes do tampão foi de
1,0x10-4
mol L-1
. O hidróxido de sódio (Proquímicos), o ácido clorídico (Synth) e o cloreto de
sódio (Synth) foram utilizados na determinação do ponto de carga zero. Todos os reagentes
foram de grau analítico, utilizados sem prévia purificação.
3.2. Caracterização dos materiais
3.2.1. Análise Termogravimétrica (TGA)
As análises foram feitas em um aparelho TGA/DTA, da TA Instruments, modelo
SDT 2960. Aproximadamente 10 mg das escamas foram colocadas em um porta amostra de
alumina. Sendo as mesmas aquecidas em modo contínuo, da temperatura ambiente de 25ºC a
900ºC, com taxas de aquecimento de 10 0C/min e utilizando-se nitrogênio como gás de
arraste em fluxo de 100 mL min-1
.
3.2.2. Espectroscopia de Absorção na Região do Infravermelho (FTIR)
Os espectros de FTIR das escamas foram obtidos através da técnica de
reflectância difusa, na faixa de 400 a 4000 cm-1
, com uma resolução de 4 cm-1
, utilizando um
espectrofotômetro de modelo Spectrum BX, da marca Perkin Elmer.
26
3.2.3. Difratometria de Raios-X (DRX)
Os difratogramas de raios-X das escamas foram obtidos em um difratômetro da
marca Rigaku, operado no modo de varredura contínua, com radiação Cu-κα (1,5418 Å) e
filtro de níquel, com voltagem de 40 kV e corrente de 40 mA. A velocidade de varredura
utilizada foi de 0,2º/min, entre 2θ= 10º a 60º.
3.2.4. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
As curvas de DSC das escamas foram obtidas utilizando-se o equipamento
calorimétrico diferencial exploratório por fluxo de calor, Shimadzu DSC-20, datado de
controlador de fluxo para gás de purga (N2) FC-60A, integrador TA-60Ws, sob taxa de
aquecimento 20 ºC/min. Utilizaram-se massas de aproximadamente 10 mg dos materiais,
colocadas em panelas de alumínio.
3.2.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
As micrografias foram obtidas em um microscópio eletrônico de varredura
JEOL-JSM, modelo 6360-LV, operado sob vácuo, com aceleração do feixe de elétrons de
15kV. As amostras foram previamente metalizadas com aproximadamente 12 nm de ouro em
um metalizador da Baltec Med 020 Coating System.
3.2.6. Espectrofotometria de Absorção por Reflectância Difusa no Estado Sólido
As análises foram feitas em um espectrofotômetro de Absorção no UV – VIS, da
marca Ocean Optics e modelo HR2000. O espectrofotômetro foi equipado com uma fibra
óptica e uma esfera integradora. As escamas foram colocadas em um suporte plastificado sem
nenhum tratamento prévio. Os espectros foram obtidos na região entre 400 - 1100 nm.
27
3.2.7. Espectroscopia RAMAN
Utilizou-se um espectrofotômetro dispersivo RAMAN modelo SENTERRA, da
Bruker Instruments. As escamas foram dispostas em lâminas retangulares de vidro de 2,0 x
5,0 cm e introduzidas no porta-amostra do aparelho. Utilizou-se um microscópio interno ao
aparelho, da Olympus, para direcionar o feixe de laser (aumento de 50x). Os espectros
RAMAN foram obtidos em tempos de integração 4 e 4 coadições. O laser utilizado foi de 50
Mw em comprimento de onda de 785 nm. As aquisições e tratamentos dos espectros foram
feitos utilizando-se o software OPUS 6,5, acoplado ao espectrofotômetro.
3.3. Determinação do pH do ponto de carga zero (pHPCZ) das escamas do robalo
Em um experimento típico [67, 68], adicionaram-se aproximadamente 0,300 g
de escamas cortadas em 50 mL de solução de NaCl 0,01 mol L-1
em um frasco âmbar com
capacidade de 60 mL. Os valor do pH da solução foi ajustado utilizando-se soluções HCl ou
NaOH 0,01 mol L-1
. O frasco foi agitado durante 24h, na temperatura ambiente.
Posteriormente, mediu-se o pH da solução em equilíbrio. Realizaram-se experimentos com
valores de pH inicial de 4,0; 5,0; 6,0; 7,0; 8,0 e 9,0. Todos os experimentos foram realizados
em triplicata. O valor do pHPCZ é determinado quando a diferença entre o pH inicial e o pH
final é igual a zero.
3.4. Teste de Intumescimento (Swelling) das escamas do robalo
O teste de intumescimento foi feito conforme a técnica de imersão, como
descrito na literatura [70 – 72]. Inicialmente, as escamas foram lavadas com água bidestilada
e desidratadas. Em um béquer contendo aproximadamente 20 mL de etanol anidro (Merck)
durante vinte minutos. Em seguida, a suspensão etanólica foi filtrada e as escamas colocadas
em estufa a 60ºC por 3h. As escamas foram, então, retiradas e mantidas em um dessecador até
que as mesmas esfriassem e atingissem a temperatura ambiente. Posteriormente, foram
rapidamente pesadas em balança analítica, e imersas em frascos âmbar contendo 50 mL de
água bidestilada. O frasco foi agitado durante 24h, sendo as escamas posteriormente retiradas
28
dos frascos, secas com papel absorvente e pesadas novamente. Os experimentos foram
realizados nas temperaturas 25, 35, 45 e 55ºC, sendo que se realizaram testes individuais com
dez amostras das escamas.
3.5. Determinação da curva de calibração da solução do azul de metileno
Para a quantificação do corante, retirou-se alíquota da solução do corante em
estoque e a colocou em um balão de 50 mL. Completou-se o volume do balão com a solução
tampão pH 8,0. Depois, leram-se as absorvâncias das soluções no comprimento de onda de
máxima absorção do corante em 663 nm, utilizando-se um espectrofotômetro de feixe único,
modelo 700 Plus, da marca Femto. O gráfico de absorvância versus concentração apresentou,
segundo a Lei de Beer [73], um bom padrão linear (R2 = 0,996), para faixa de concentração
do corante entre 1,4x10-5
e 5,0x10-3
mol L-1
.
3.6. Estudos cinéticos de sorção de corante catiônico nas escamas de robalo
Para o estudo cinético, foram utilizadas soluções de azul de metileno nas
concentrações de 5,0x10-4
e 5,0x10-3
mol L-1
, preparadas em solução tampão pH 8,0. Em um
experimento típico, colocaram-se, com auxílio de uma pipeta volumétrica, 50 mL da solução
do corante em frascos individuais de vidro âmbar, de capacidade de 60 mL. Os frascos foram
colocados em um banho termostatizado do tipo Banho Dubnoff (modelo TE-053) em
temperatura pré-determinada durante 30 minutos para pré-termostatização das soluções.
Adicionaram-se, então, 100 mg das escamas cortadas em cada frasco. Após um dado tempo
de contato, retirou-se uma alíquota da solução do corante e determinou-se a sua concentração
em solução utilizando-se curva analítica do corante, construída segundo a Lei de Beer [73],
conforme descrito no item 3.5. Os experimentos cinéticos foram realizados, individualmente
nas temperaturas de 25, 35, 45 e 55 ºC, em triplicatas.
29
3.7. Estudos de equilíbrio de sorção de corante catiônico nas escamas de robalo
Para a construção das isotermas de equilíbrio químico prepararam-se
inicialmente soluções do corante azul de metileno em tampão pH 8,0, em concentrações entre
5,0x10-5
e 5,0x10-3
mol L-1
. Em um experimento típico, 50 mL de uma dada solução foi
colocada em frasco de vidro âmbar com capacidade de 60 mL, sendo o mesmo termostatizado
em um banho do tipo Dubnoff (modelo TE-053) a uma temperatura pré-determinada durante
30 minutos. Em seguida, 100 mg das escamas cortadas foram adicionadas nos frascos. Os
frascos foram agitados no banho durante 250 minutos, tempo este determinado anteriormente
nos estudos cinéticos de sorção do corante como suficiente para atingir o equilíbrio de sorção
do corante. Posteriormente, retirou-se alíquota da solução do frasco, sendo sua concentração
determinada espectrofotometricamente conforme descrito no item 3.6. Todos os experimentos
de sorção de equilíbrio químico foram realizados, individualmente, nas temperaturas de 25,
35, 45 e 55 ºC, em triplicatas.
3.8. Estudos de dessorção de azul de metileno nas escamas do peixe robalo
Inicialmente, a impregnação das escamas pelo corante azul de metileno foi feita
utilizando a melhor condição observada nos estudos cinéticos e de equilíbrio químico. Assim,
100 mg das escamas cortadas foram adicionadas em 50 mL de solução 5x10-3
mol L-1
a 25 ºC,
em vidros âmbar durante 250 minutos. Após este tempo, as escamas foram retiradas do
contato com a solução, lavadas com 100 mL de água destilada e secas em estufa por 2h. Em
seguida, em experimentos separados, elas foram colocadas em contato com 100 mL de
solução tampão acetato pH 4,0, a 25 ºC. Após tempos pré-determinados, alíquotas foram
retiradas dos vidros âmbar e as quantidades de AZM foram determinadas conforme
procedimento descrito no item 3.5.
3.9. Determinações calorimétricas dos processos de sorção de do azul de metileno nas
escamas do peixe robalo
30
As determinações calorimétricas foram feitas em duplicatas em um calorímetro
do tipo Tian-Calvet, modelo C-80, da Setaram Instruments. Esse aparelho pode manter uma
linha de base com estabilidade de ± 0,12µW e condição isotérmica de ± 10-4
ºC. Os
experimentos foram realizados somente a 35 ºC, pois notaram oscilações consideráveis da
linha-base em temperaturas entre 25 - 30 ºC. Em um experimento típico, uma amostra de
aproximadamente 100 mg das escamas cortadas foram colocadas na parte inferior do vaso
calorimétrico e adicionado 1,0 mL de solução tampão pH 8,0. O vaso reacional foi fechado
por uma membrana circular fina (espessura de ± 0,5 mm) de teflon®. Na parte superior do
vaso, colocaram-se 2,0 mL de solução de azul de metileno em uma dada concentração pré-
determinada. Após a estabilização completa da linha de base do aparelho, na temperatura
desejada (35ºC), uma haste móvel interna foi baixada e a membrana de teflon foi rompida,
dando início ao processo de interação escama/azul de metileno. O sistema calorimétrico foi
desligado, após constata-se que a linda de base atingiu um padrão estável, durante no mínimo
30 minutos. O sistema calorimétrico foi desmontado, o vaso calorimétrico foi aberto e a
concentração de AZM em equilíbrio na solução foi determinada segundo a metodologia
descrita no item 3.5.
31
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização dos materiais
4.1.1. Termogravimetria (TG/DTG)
As curvas de TG e DTG das escamas in natura (ESC-NAT) e impregnadas com
o corante azul de metileno (ESC-NAT/AZM) estão apresentadas nas Figuras 09 e 10. Para a
ESC-NAT, observam-se duas regiões de perda de massa em 60 a 254ºC e de 254 a 550ºC,
com pico de máxima perda de massa em aproximadamente 320ºC. Os dados das perdas de
massa são mostrados na Tabela 02. A primeira deles corresponde à perda de água fisicamente
adsorvida na superfície da escama. Já a segunda, está relacionada com a decomposição
térmica de matéria orgânica da escama, principalmente colágeno [55, 63, 69].
Tabela 04. Dados das perdas de massa dos materiais, obtidos pelas curvas de TG/DTG.
Material
1a perda de massa 2
a perda de massa
% perda
de massa
Faixa de
Temp. (ºC)
% perda
de massa
Faixa de
Temp. (ºC)
ESC-NAT 11 60 – 254 38 254 – 550
ESC-NAT/AZM 16 38 – 248 39 248 – 574
32
Figura 09. Análise termogravimétrica (TG) das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM em atmosfera de nitrogênio.
Figura 10. Curvas de DTG das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM
A partir das análises gráficas das curvas de TG e DTG das escamas, nota-se que
a presença do azul de metileno adsorvido diminuiu um pouco a estabilidade térmica das
escamas de robalo. Isso se deve, provavelmente, ao fato das moléculas do corante estarem
0 100 200 300 400 500 600 700 800
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Pe
rda
de
ma
ss
a (
%)
Temperatura (oC)
ESC-NAT/AZM
ESC-NAT
100 200 300 400 500 600 700 800-0,25
0,00
0,25
0,50
DT
G (
% /
oC
)
Temperatura (oC)
ESC-NAT/AZM
ESC-NAT
33
fisicamente adsorvidas sobre as escamas. Nesta situação, elas necessitam de menor energia
para suas degradações térmicas, em relação à escama in natura [63]. A quantidade de massa
residual da ESC-NAT, em torno de 50% da massa inicial, é atribuída à fase inorgânica do
material, tipicamente hidroxiapatita, a qual não apresenta perda de massas apreciáveis em
estudos anteriores de decomposição térmica desse tipo de material [24]. Sendo assim, os
resultados obtidos parecem confirmar que as escamas de robalo são compostas por fases
inorgânicas (hidroxiapatita) e orgânicas (colágeno), em quantidades relativamente
semelhantes entre si [25].
4.1.2. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
As curvas resultantes das medidas por calorimetria exploratória diferencial dos
materiais ESC-NAT e ESC-NAT/AZM são mostradas na Figura 11.
Figura 11. Curvas de DSC das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM em atmosfera de nitrogênio
Para a ESC-NAT, nota-se a formação de um pico largo, entre 70 a 200 ºC, com
máximo de intensidade em aproximadamente 110 ºC, relacionado com a perda de água
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450-7
-6
-5
-4
-3
-2
-1
0
1
2
Temperatura (ºC)
DS
C (
mW
)
ESC-NAT
ESC-NAT/AZM
34
fisicamente adsorvida na superfície do material [74]. Esse pico também é observado para a
ESC-NAT/AZM, porém, entre aproximadamente 90 a 125 ºC, com máximo de intensidade
em aproximadamente 110 ºC. Além disso, ele apresenta-se bem menos largo em relação à
escama ESC-NAT. Isso parece indicar que a ESC-NAT/AZM apresenta baixa afinidade por
água.
Para a ESC-NAT/AZM, observa-se também um pico endotérmico intenso entre
125 e 225 ºC, com máximo em torno de 130ºC, possivelmente relacionado à fusão das
moléculas do azul de metileno incorporada na parte orgânica das escamas. Trabalhos
anteriores mostraram que acima desta última temperatura citada, há processos de
desnaturação do colágeno I das escamas, visto que este quando desnaturado não apresenta
transição térmica bem definida [74, 75]. A decomposição do corante impregnado nas escamas
parece ocorrer entre aproximadamente 275 e 320 ºC.
4.1.3. Espectroscopia de Absorção no Infravermelho (FTIR)
Os espectros de infravermelho das escamas ESC-NAT e ESC-NAT/AZM estão
apresentados na Figura 12. Para a ESC-NAT, nota-se a presença de uma banda larga com
máximo em 3467 cm-1
, correspondente às vibrações de estiramentos dos grupos NH e OH
[30, 63]. São observadas também bandas com máximos em 1657 cm-1
, típico de amida I (AI)
relaciona-se às vibrações de estiramento dos grupos carbonilas (C = O) ao longo da estrutura
polipeptídica do colágeno [76]; em 1548 cm-1
, típico de amida II (AII) referente à vibração no
plano da ligação N – H e estiramento do grupo C – N; e em 1250 cm-1
, típico de amida III
(AIII), devido aos estiramentos C – N e às deformações N – H [76]. Bandas distintas
observadas com máximos de 1447 e 872 cm-1
são atribuídas aos grupamentos carbonatos [76,
77]. Já as bandas que aparecem em 1045, 588 e 571 cm-1
são atribuídas aos grupos fosfatos da
parte inorgânica das escamas [77]. A presença da banda de amida II com máxima absorção
em 1548 cm-1
sugere a existência de grandes quantidades de ligações de hidrogênio presentes
na estrutura do colágeno [78].
35
Figura 12. Espectros de FTIR das escamas ESC-NAT e ESC-NAT/AZM
Inicialmente, na região correspondente à banda 3467 cm-1
, há um leve
alargamento deste, devido à vibração de estiramento dos grupos NH e OH, sugerindo que
estes podem ser potenciais sítios de adsorção do corante catiônico [55]. A diferença entre as
amidas I, II e III está relacionada com os seus respectivos grupos que constituem a fibra do
colágeno tipo I; a amida I está associada aos grupos carbonilas oriundos das estruturas
peptídicas; a amida II relaciona-se também com as ligações peptídicas; já a amida III refere-se
aos grupos (C – N e N – H) constituintes dos anéis pirrolidínicos [55]. Não foram observadas
variações apreciáveis às bandas associados aos grupamentos fosfatos. Essas observações
sugerem que as escamas interagem com o corante utilizado, preponderantemente, os grupos
orgânicos da camada do colágeno.
4.1.4. Espectroscopia RAMAN das escamas de Robalo
Os espectros de RAMAN das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM podem ser
visualizados na Figura 13.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
1,40
1,30
1,20
1,10
1,00
0,90
0,80
0,70
0,60
CO3
2-AIII
PO4
3-
Ab
so
rbâ
nc
ia (
u.a
.)
Número de onda (cm-1)
ESC-NAT
ESC-NAT/AZM
NH, OH
PO4
3-
AI
AII
CO3
2-
36
Figura 13. Espectros RAMAN das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM
Nota-se que, para a ESC-NAT, observam-se bandas com máximos em 1640 e
1670 cm-1
, atribuídas às vibrações de estiramento do grupo carbonila da amida I (AI). A
banda observada em 1270 cm-1
refere-se às deformações das ligações da amida III (AIII) [79].
Foram também observadas bandas com máximos em 850 cm-1
e 921 cm-1
, relacionados com a
sequência de aminoácidos constituinte na estrutura do colágeno I (vide Figura 03),
respectivamente, a prolina (Pro) e hidroxiprolina (Hyp) [79]. Após a impregnação do corante
na escama (ESC-NAT/AZM) percebe-se que estas bandas citadas desapareceram, deduzindo-
se que as escamas interagem com o corante utilizado, principalmente com os grupos
orgânicos da camada do colágeno, especificadamente do tipo amida.
4.1.5. Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) das escamas de robalo
A utilização da Microscopia Eletrônica de Varredura tem se tornado cada vez
mais freqüente por fornecer informações detalhadas, como imagens de superfícies,
400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
ESC-NAT/AZM
% T
ran
sm
itâ
nc
ia
Número de onda (cm-1)
ESC-NAT
37
orientações cristalinas, diferenciação entre elementos, dentre outras [26]. As micrografias das
escamas ESC-NAT e ESC-NAT/AZM são mostradas nas Figuras 14 e 15, respectivamente.
Figura 14. Microscopia Eletrônica de Varredura da ESC-NAT, aumento de 5000x
Figura 15. Microscopia Eletrônica de Varredura da ESC-NAT/AZM, aumento de 5000x
Comparando-se as micrografias eletrônicas da ESC-NAT com a ESC-
NAT/AZM, percebem-se diferenças notáveis. A escama ESC-NAT apresenta aspecto fibroso
em sua superfície, com deposição de aglomerados de partículas, possivelmente de
hidroxiapatita, que pode ter migrado para a superfície das escamas [26, 63, 69]. Já para a
38
escama ESC-NAT/AZM, nota-se deposição de partículas, possivelmente do corante
cristalizado ou uma mistura do corante cristalizado e hidroxiapatita.
4.1.6. Espectrofotometria de Absorção de Radiação VIS-IV por Reflectância
Difusa no Estado Sólido das escamas de robalo
Os espectros de reflectância difusa das escamas ESC-NAT e ESC-NAT/AZM
são mostradas na Figura 16. Para a ESC-NAT, nota-se apenas um pico com máximo de
absorção em 400 nm, atribuído às absorções dos grupos orgânicos da escamas [76,78]. Nota-
se que os espectros do corante puro e da ESC-NAT/AZM são relativamente semelhantes entre
si. Porém, para o espectro da ESC-NAT/AZM, notam-se dois pequenos picos com máximos
de absorção em aproximadamente 600 e 650 nm, os quais estão ausentes no espectro do
corante puro. Isso sugere que existe mais um tipo de sítio de interação nas escamas,
envolvidos na interação com o corante azul de metileno.
Figura 16. Espectros no Estado Sólido da ESC-NAT, ESC-NAT/AZM e do corante AZM
400 500 600 700 800 900 10000,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
Ab
so
rbâ
nc
ia
Comprimento de onda (nm)
Corante AZM
ESC-NAT
ESC-NAT/AZM
39
Infelizmente, a análise desses espectros de absorção ainda é superficial, devido à
ausência de trabalhos na literatura que utilizam essa técnica para caracterizar interações em
interfaces sólido/solução.
4.1.7. Difratometria de Raios-X (DRX)
A análise de DRX é uma técnica de caracterização importante para determinar as
diferentes substâncias e fases cristalográficas presentes em um dado material [26, 77]. Os
difratogramas de raios X das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM podem ser visualizados na Figura
17.
Figura 17. Difratogramas de raios X das ESC-NAT e ESC-NAT/AZM
Nota-se que o difratograma da escama ESC-NAT apresenta ausência de picos
bem definidos, os quais, quando presentes, correspondem à banda cristalina da amostra [19],
sugerindo que as escamas são, preponderantemente, um material tipicamente amorfo. Porém,
para a ESC-NAT/AZM, observam-se dois picos bem acentuados em 2θ = 25,80 e 31,9
0. Estes
0 10 20 30 40 50
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
220
240
Inte
ns
ida
de
(u
.a.)
Grau (20)
ESC-NAT/AZM
ESC-NAT
40
picos, quando comparados aos padrões de DRX encontrados em outros trabalhos na literatura,
correspondem à fase cristalina da hidroxiapatita [77]. Contudo, eles também podem estar
relacionados com a presença de aglomerados cristalinos do corante azul de metileno na
superfície das escamas.
4.2. Determinação do ponto de carga zero (pHPCZ) das escamas do robalo
O pH do ponto de carga zero (pHpcz) é uma das mais importantes características
de um sólido adsorvente, o qual corresponde ao pH da solução onde a soma das cargas
superficiais positivas no material igualam-se à soma das cargas superficiais negativas [2, 80,
81]. Em interfaces sólido/solução, a densidade de cargas superficiais depende essencialmente
do pH da solução, e é determinada por um balanço entre os sítios positivos, negativos e
neutros existentes na superfície. As cargas positivas decorrem da adsorção de espécies com
cargas residuais positivas (tipicamente íons H+), ao passo que as cargas negativas são devido à
baixa quantidade desses íons ou à presença de espécies com cargas residuais negativas
(tipicamente hidroxilas) na superfície [33]. Em sistemas que apresentam soluções com
potenciais hidrogeniônicos abaixo do PCZ (pH < pHPCZ), os sítios superficiais do sólido
estarão protonados e a superfície carregada positivamente, enquanto que em sistemas com
valores de pH acima do PCZ (pH > pHPCZ), os grupos ionizáveis perdem seus prótons e a
superfície torna-se negativamente carregada [2, 55, 82]. Como a maioria das espécies dos
adsorbatos em solução encontra-se ionizada, a determinação do valor do pHpcz é um fator
utilizado para otimizar, do ponto de vista quantitativo, as interações adsorvente/adsorbato,
viabilizando a utilização dos processos de sorção em interfaces sólido/solução.
41
Figura 18. Determinação do pH do ponto da carga zero (pHPCZ ) da escama ESC-NAT
Na Figura 18, é apresentado o gráfico da variação do pH (ΔpH) em função do
pH inicial das soluções. Determinou-se que o pHPCZ das escamas é igual a 7,17. Esse valor
está muito próximo com outros valores de pHPCZ obtidos em outros trabalhos, utilizando-se
escamas de peixe corvina como material adsorvente [69, 83]. Deduz-se que, a utilização de
uma solução com um valor de pH abaixo do pHPCZ da escama, deverá adsorver
preferencialmente compostos aniônicos. E para valores de pH acima do pHPCZ, as escamas
deverão adsorver compostos catiônicos.
4.3. Teste de Intumescimento (Swelling) das escamas de robalo
O teste de Swelling foi desenvolvido por Flory e Rehner em 1943, e consideram
que o grau de intumescimento (Degree of Swelling, na sigla em inglês) de um dado material
depende das magnitudes das interações solvente-material e solvente-solvente. Além disso, há
também participação da entropia e entalpia da mistura entre o solvente e o material [84]. Estes
valores foram expressos como a percentagem de ganho de massa hidratada, comparada com a
massa inicial anidra, de acordo com a Equação 24 [85, 86];
Equação 24
4 5 6 7 8 9-2
-1
0
1
2
3
pH PCZ
da escama in natura do robalo
pH
in
icia
l -
pH
fin
al
pH inicial
42
onde DS refere-se ao grau de intumescimento, Ws é a massa da escama seca antes da imersão
nas soluções, Wd é a massa da escama pós-imersão. Na Figura 19 é apresentado um gráfico
onde são mencionados valores do grau de intumescimento em função da temperatura.
Figura 19. Grau de intumescimento das escamas após 24 h de imersão em água bidestilada
Nota-se que as escamas de robalo apresentam baixos valores dos graus de
intumescimento. Há materiais onde esse grau supera o valor de 100% [86]. Isso pode ter
ocorrido, devido ao fato das moléculas de água interagir, preferencialmente, com os sítios
presentes na superfície das escamas, como dito anteriormente, tipicamente composto por
material orgânico à base de colágeno. Além disso, nota-se que o grau de intumescimento das
escamas parece não ter sido afetado pela elevação da temperatura, para o intervalo estudado
entre 25 – 55 ºC.
4.4. Estudos cinéticos de sorção de corante catiônico nas escamas de robalo
No presente trabalho as escamas do peixe do robalo foram utilizadas como
material adsorvente para a sorção do azul de metileno (AZM) de soluções aquosas. Trabalhos
0
5
10
15
20
25
30
35
40
55oC45
oC35
oC25
oC
Temperatura (oC)
Gra
u d
e i
ntu
me
sc
ime
nto
(%
)
43
anteriores [4, 6, 13, 17, 23] mostraram que a sorção de corantes depende de algumas
variáveis, tais como concentração do corante, temperatura, quantidade do adsorvente e tempo
de contato, fatores estes que também são investigados neste estudo.
Todos os dados obtidos foram analisados em função da capacidade de remoção
do corante e do tempo de contato, conforme a Equação 25 [6, 7, 13, 22, 23, 36 e 41]:
Equação 25
onde Qt é a quantidade de íons do material adsorvidos por massa do adsorvente em mol g-1
;
Co e Ct são as concentrações do corante, no início e após um dado tempo t de contato, em
mol L-1
; V é o volume da solução em L; e m é a massa, em g, do material adsorvente.
O processo de sorção do azul de metileno é muito influenciado pela
concentração inicial do corante em meio aquoso. O efeito da concentração inicial deste
corante foi investigado nas concentrações iniciais de 5,0x10-4
e 5,0x10-3
mol L-1
, nas
temperaturas de 25, 35, 45 e 55 °C, mantendo-se os valores do pH das soluções tamponados
em 8,0. Os gráficos das quantidades sorvidas em função do tempo de contanto são mostradas
nas Figuras 20 e 21.
Figura 20. Efeito da concentração inicial e do tempo de remoção do azul de metileno pelas escamas de peixe
robalo na concentração de 5,0 x 10-4 mol L-1
0 50 100 150 200 250 3000,400,600,801,001,201,401,601,802,002,202,402,602,803,003,20
Qt /
10
-5(m
ol
g-1)
Tempo (min)
Isoterma 5x10-4 mol L
-1
25 oC
35 oC
45 oC
55 oC
44
Figura 21. Efeito da concentração inicial e do tempo de remoção do azul de metileno pelas escamas de peixe
robalo na concentração de 5,0 x 10-3 mol L-1
Avaliando-se os perfis das curvas cinéticas mostradas nas Figuras 20 e 21, nota-
se que as quantidades sorvidas de azul de metileno são muito afetadas pela quantidade inicial
do corante em solução. Observa-se que o tempo necessário para atingir os equilíbrios das
sorções aumenta com o aumento da temperatura. De um modo geral, quando a concentração
inicial do adsorbato é baixa, os processos de sorção ocorrem, principalmente, utilizando-se os
sítios mais externos da superfície do adsorvente. Com o aumento progressivo da concentração
inicial do adsorbato em solução, ocorre migração deste adsorbato para sítios mais internos do
material adsorvente [5, 87].
Em todas as curvas cinéticas de sorção supracitadas percebe-se que o processo
de sorção do corante aumenta com o tempo de contato. O aumento citado é mais acentuado
nos primeiros 100 minutos, em especial a 45 e 55ºC. Essa alta remoção durante o início do
processo é decorrente de uma maior área superficial disponível do adsorvente para a sorção
do corante [3, 5, 11]. Tipicamente, após um dado intervalo de tempo, ocorre diminuição
acentuada da velocidade de sorção, pois a maior parte dos sítios ativos encontra-se ocupada
pelas moléculas do adsorbato.
A análise das Figuras 20 e 21 também sugere uma inversão do padrão de sorção
de AZM em função da temperatura para os experimentos realizados em concentração inicial
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
1,40
1,60
1,80
2,00
2,20
2,40
Qt /
10
-3(m
ol
g-1)
Isoterma 5 x 10-3 mol L
-1
25 oC
35 oC
45 oC
55 oC
Tempo (min)
45
de 5,0x10-4
mol L-1
, as quantidades sorvidas aumentam com o aumento da temperatura. No
entanto, o oposto se verifica para as curvas obtidas dos experimentos realizados para
concentração inicial de 5,0x10-3
mol L-1
. Um possível motivo para esse comportamento pode-
se está relacionado com a dimerização do corante AZM quando sua concentração é elevada
[88]. A Figura 22 mostra um esquema das estruturas monoméricas e diméricas do AZM em
equilíbrio, em solução, assim, a possível presença de espécies diméricas do AZM pode ter
estimulado os aumentos observados nas quantidades sorvidas do corante. Por outro lado, as
espécies diméricas podem não ser estáveis quando a temperatura do meio torna-se
progressivamente elevada. Desta maneira, as quantidades sorvidas aumentam na possível
presença de espécies diméricas de AZM e diminuem progressivamente à medida que essas
espécies diminuem em solução com o aumento crescente da temperatura. No entanto, essa
hipótese precisa ser mais bem estudada em trabalhos futuros, com a obtenção e análise de
espectros de absorção de AZM em solução, em várias condições experimentais.
Figura 22. Esquema do equilíbrio da estrutura monomérica (acima) e dimérica (abaixo) do corante azul de
metileno em solução aquosa [88]
Modelos cinéticos são uteis porque descrevem a capacidade de sorção de um
dado sistema adsorbato/adsorvente em condições experimentais bem específicas para uma
dada aplicação [2]. Por isso, vários modelos matemáticos vêm sendo desenvolvidos e
utilizados para calcular parâmetros cinéticos de sorção e auxiliar no esclarecimento, e
entendimento dos mecanismos de sorção em interface sólido/solução [55]. Para descrever o
46
comportamento dos dados cinéticos obtidos dos ensaios em batelada, neste trabalho, foram
usados os modelos de pseudo-primeira ordem, pseudo-segunda ordem e Avrami, já descritos
detalhadamente na Introdução deste trabalho. Em alguns casos, verificam-se a existência de
mais de um patamar para cada curva cinética de sorção de AZM. Dessa maneira, novos
conjuntos de dados cinéticos foram obtidos, em função da quantidade de patamares
observada. Os valores numéricos dos parâmetros cinéticos obtidos a partir de todos os
modelos são mostrados nas Tabelas 03 a 05. A partir dos valores numéricos de cada
parâmetro obtido, podem-se calcular as quantidades sorvidas teóricas e compará-las com as
quantidades sorvidas obtidas experimentalmente. Dessa maneira, um bom modelo matemático
de sorção será aquele que possibilita as menores diferenças observadas entre as quantidades
sorvidas experimentais e calculadas. As confrontações gráficas do melhor modelo cinético
utilizado nesse trabalho podem ser vistas nas Figuras 23 e 24. A validade dos modelos
aplicados foi verificada através dos valores numéricos da linearidade de cada modelo (R2),
bem como em relação aos valores de qui-quadrado e desvio padrão, como explicado na
Introdução deste trabalho.
Tabela 03. Parâmetros do modelo cinético de pseudo-primeira ordem para sorção de AZM em escama de
Robalo.
Conc./10-3
(moL L-1
)
Temp.
(ºC) Patamares R
2
Qteq
/10-4
(mol g-1
)
k1
(min-1
) SD χ
2/10
-3
5,0
25 1º patamar 0,98 9,69 0,02936 0,63 23
2º patamar 0,933 970 0,036 47,686 835
35 1º patamar 0,964 9,457 0,049 0,664 13,6
2º patamar 0,788 435 0,065 225,236 3016
45 0,893 9,015 0,03 0,164 0,1753
55 0,938 15,58 0,032 1,144 3,3
0,5 25 0,995 0,09646 0,031 0,408 0,2639
35 0,929 0,1361 0,0326 0,556 0,1516
45 0,974 0,3605 0,028 0,301 0,01773
55 0,894 0,4327 0,021 0,788 0,0671
47
Tabela 04. Parâmetros do modelo cinético de pseudo-segunda ordem para sorção de AZM em escama de
Robalo.
Conc./10-3
(moL L-1
)
Temp.
(ºC) Patamares R
2
Qteq
/10-4
(mol g-1
)
k2
(g mol -1
min-1
) SD χ
2/10
-3
5,0 25 1º patamar 0,999 20,29 70,422 0,1 0,1768
2º patamar 0,933 23,4 16,584 0,0632 0,00628
35 1º patamar 0,999 20,71 95,147 0,047 0,01651
2º patamar 0,998 22 42,735 0,0132 0,00231
45 0,998 10,66 52,331 0,0342 0,00821
55 0,974 5,3 20,243 0,103 0,03709
0,5 25 0,998 0,1417 5454,389 0,097 0,000633
35 0,996 0,2646 3314,001 0,12 0,002146
45 0,996 0,3269 1075,72 0,057 0,000555
55 0,950 0,3599 0,003 1,044 0,15218
Tabela 05. Parâmetros do modelo cinético de Avrami para sorção de AZM em escama de Robalo
Conc./10-3
(mol L-1
)
Temp.
(ºC) n1 n2 n3 kav,1 kav,2 kav,3
5,0
25 0,403 0,896 4,759 0,256 0,041 0,006
35 0,901 0,589 2,289 0,136 0,162 0,013
45 1,012 0,979 0,594 0,065 0,0245 0,107
55 1,278 1,647 0,938 0,028 0,0174 0,033
0,5
25 0,507 0,934 0,927 0,049 0,038 0,037
35 0,415 1,356 0,519 0,042 0,04 0,169
45 1,018 1,216 1,314 0,039 0,024 0,018
55 0,389 1,418 2,227 0,062 0,035 0,009
48
Conc./10-3
(mol L-1
)
Temp.
(ºC) R1 R2 R3 SD χ
2/10
-4
5,0
25 0,944 0,953 0,994 0,052 0,4034
35 0,959 0,997 0,851 0,022 0,04759
45 0,998 0,817 0,814 0,04 0,07123
55 0,971 0,943 0,481 0,565 5,411
0,5
25 0,943 0,985 0,955 0,075 0,003555
35 0,710 0,981 0,949 0,117 0,01957
45 0,944 0,996 0,888 0,038 0,002076
55 0,763 0,949 0,892 0,225 0,06813
Notou-se que o modelo de Avrami é o que melhor reproduz os dados
experimentais. Isso ocorre porque o mesmo apresenta maiores valores dos parâmetros de
determinação (R2) e os menores valores para x
2 e SD. Os dados da Tabela 05 mostram que
foram observados três regiões cinéticas distintas, encontrando-se então, três valores distintos
de kAV e ni, i = 1, 2 e 3. Essa distinção das etapas cinéticas dos processos de sorção de AZM
nas escamas somente foi observada utilizando-se esse modelo específico.
Os modelos cinéticos de pseudo-primeira e pseudo-segunda ordens, e Avrami
também foram aplicados em suas formas não-lineares aos dados cinéticos obtidos
experimentalmente. Os parâmetros de cada modelo podem ser vistos nas Tabelas 06 a 08. A
partir da análise dos modelos cinéticos, Tabelas 06 a 08, é possível notar que os dados
experimentais obtidos também se ajustam melhor ao modelo de Avrami, sugerindo fortemente
que este é o melhor modelo para descrever os processos de sorção de AZM nas escamas de
robalo, tanto pela regressão linear quanto pela regressão não-linear.
49
Figura 23. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo modelo Avrami (em
vermelho) pela metodologia linear a 5,0x10-3 mol L-1 nas temperaturas de 25ºC (a), 35ºC (b), 45º (c) e 55ºC (d)
Qt /1
0-3
(m
ol
g-1
)
Tempo (min)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
25oC
0 50 100 150 200 250 300
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
35oC
0 50 100 150 200 250 300
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
45oC
0 50 100 150 200 250 300 350
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
55oC
50
Figura 24. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo modelo Avrami (em
vermelho) pela metodologia linear, a 5,0x10-4 mol L-1 nas temperaturas de 25ºC (a); 35ºC (b); 45º (c) e 55ºC (d)
0 50 100 150 200
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
25oC
0 50 100 150 200
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
35oC
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
45oC
0 50 100 150 200 250 300
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
55oC
Qt /1
0-5
(m
ol
g-1
)
Tempo (min)
51
Tabela 06. Parâmetros do modelo cinético não-linear de pseudo-primeira ordem para sorção de AZM em
escama de Robalo
Conc./10-3
(moL L-1
)
Temp.
(ºC) R
2
Qteq
/10-4
(mol g-1
)
k1
(min-1
)
5,0 25 0,489 19,8 0,116
35 0,939 23 0,103
45 0,957 9,52 0,0399
55 0,987 9,16 0,0177
0,5 25 0,868 0,1282 0,0512
35 0,874 0,246 0,05
45 0,994 0,2891 0,0252
55 0,919 0,303 0,0122
Tabela 07. Parâmetros do modelo cinético não-linear de pseudo-segunda ordem para sorção de AZM em
escama de Robalo
Conc./10-3
(moL L-1
)
Temp.
(ºC) R
2
Qteq
/10-4
(mol g-1
)
k2
(g mol -1
min-1
)
5,0 25
0,667 20,3 60,78
35 0,963 21,2 40,54
45 0,962 10,5 29,53
55 0,984 11,0 10,95
0,5 25
0,872 0,14 3053,61
35 0,844 0,27 1549,40
45 0,983 0,33 592,37
55 0,905 0,36 244,16
52
Tabela 08. Parâmetros do modelo cinético não-linear de Avrami para sorção de AZM em escama de Robalo.
Conc./10-3
(moL L-1
)
Temp.
(ºC) R
2
Qteq
/10-4
(mol g-1
)
kAV
(min-1
) n
5,0 25 0,498 19,8 0,116 1,000
35 0,976 20,8 0,0979 0,618
45 0,957 9,152 0,04 1,000
55 0,974 8,71 0,0194 1,000
0,5 25 0,868 0,1282 0,0512 1,000
35 0,916 0,255 0,502 0,670
45 0,995 0,2909 0,025 0,946
55 0,919 0,3034 0,0122 1,000
Os valores da capacidade máxima de sorção encontrados através deste modelo,
pela regressão não-linear, são os que mais se aproximam dos valores de Qt obtidos
experimentalmente. No entanto, nota-se que a metodologia de regressão não-lienar, mesmo
utilizando o modelo de Avrami, não consegue descrever adequadamente alguns processos de
sorção estudados. Essa evidência é sugerida pelos distanciamentos observados entre alguns
valores experimentais e calculados, mostrados nas Figuras 25 e 26.
53
Figura 25. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo modelo não-linear de
pseudo-segundo ordem (em vermelho), pseudo-segunda ordem (azul) e Avrami (verde), a 5,0x10-3 mol L-1 nas
temperaturas de 25ºC, 35ºC, 45ºC e 55ºC
0 50 100 150 200 250 300 350 400
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
25oC
0 50 100 150 200 250 300
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
35oC
0 50 100 150 200
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
45oC
0 50 100 150 200
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
55oC
Qt /1
0-3
(m
ol
g-1
)
Tempo (min)
54
Figura 26. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo modelo não-linear de pseudo-segundo ordem (em vermelho), pseudo-segunda ordem (azul) e Avrami (verde), a 5,0x10-4 mol L-1 nas
temperaturas de 25ºC, 35ºC, 45ºC e 55ºC
Os processos de sorção em interfaces sólido/solução são controlados por
diversos mecanismos, dos quais o principal é a de difusão. Nesse estudo utilizou-se o modelo
de difusão intrapartícula – Equação 09 – para se avaliar a difusão do corante azul de metileno
nas escamas do peixe robalo. Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 09. Todos os
gráficos utilizados para obtenção destes dados são mostrados no APÊNDICE XVII.
0 50 100 150 200
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
25oC
0 50 100 150 200
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
35oC
0 50 100 150 200 250 300
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
45oC
0 50 100 150 200 250 300
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
55oC
Qt /1
0-5
(m
ol
g-1
)
Tempo (min)
55
Tabela 09. Parâmetros cinéticos do modelo de difusão intrapartícula para a sorção do AZM sobre escamas de
peixe Robalo
Conc.
(mol L-1
)
Temp.
(ºC)
kdif1/10-4
(mol g-1
.min-0,5
)
kdif2/10-4
(mol g-1
.min-0,5
)
kdif3/10-4
(mol g-1
.min-0,5
)
C/10-4
(mol g-1
)
5,0 25 1,002 0,213 2,198 1,982
35 2,696 0,363 0,050 1,010
45 0,101 0,517 0,606 0,240
55 1,183 0,661 0,147 0,038
0,5 25 0,002 0,005 0,001 0,005
35 0,022 0,025 0,001 0,011
45 0,031 0,013 0,001 0,016
55 0,013 0,021 0,010 0,011
Dos dados mostrados na Tabela 09, em geral pode-se notar que os valores de kdif
aumentam com o aumento da temperatura. Isso ocorre porque a temperatura é um dos fatores
mais importantes em sistemas de sorção, uma vez que a velocidade de muitos processos é
afetada por mudanças de temperatura. Um aumento na temperatura pode ocasionar um
aumento na energia cinética e na mobilidade das moléculas do corante para sítios de sorção
situados nas partes internas das escamas, provocando um aumento na taxa da difusão
intrapartícula do adsorbato [69]. Nota-se que os valores do parâmetro C diminuem com o
aumento da temperatura, tanto para alta como para baixa concentração, sugerindo que a
difusão intrapartícula é um importante fator mecanístico existente nos processos de sorção de
azul de metileno pelas escamas do peixe robalo.
4.5. Estudos de equilíbrio químico de sorção de corante catiônico nas escamas de
robalo
As isotermas de sorção são importantes, pois podem fornecer informações sobre
as energias envolvidas nas interações adsorvente/adsorbato [87]. As isotermas de sorção de
AZM nas escamas de robalo no equilíbrio químico são mostradas na Figura 27. Todos os
56
dados obtidos foram analisados em função da capacidade de remoção do corante e da
concentração no equilíbrio, de acordo com a Equação 23:
Equação 26
onde Qc é a quantidade de AZM por grama do adsorvente no equilíbrio, em mol g-1
, V é o
volume da solução, em L, m é a massa do adsorvente, em g, e Ci e Ceq correspondem a
concentração inicial e no equilíbrio, respectivamente, do corante, ambos em mol L-1
.
Figura 27. Efeitos da concentração inicial e da temperatura nas quantidades removidas de AM pelas escamas de
robalo
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
0
1
2
3
4
5
25oC
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
0
1
2
3
4
35oC
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
45oC
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0
1
2
3
4
5
6
7
8
55oC
Qc
/10
-3 (
mo
l g
-1)
Ceq /10-3
(mol L-1
)
57
Analisando-se os aspectos das curvas da Figura 27, nota-se que não ocorre a
formação de patamares durante a sorção, como ocorreu nas curvas cinéticas de sorção de
AZM nas escamas. Segundo a classificação de isotermas de Giles, estas podem ser
classificadas como isotermas do tipo L, onde a razão entre a concentração do adsorbato que
permanece em solução e as quantidades sorvidas diminui quando a concentração do adsorbato
aumenta, formando uma curva côncava em que o adsorvente mostra claramente um limite de
sua capacidade de sorção [52]. Ainda, nota-se que as quantidades adsorvidas diminuem com o
aumento da temperatura, entre 25 a 45ºC, sugerindo caráter exotérmico de sorção de azul de
metileno nas escamas de robalo. Isso se deve, principalmente ao fato de haver difusão do
corante AZM para o interior das escamas.
Sabe-se que processos de difusão são termodinamicamente classificados como
endotérmicos, pois as moléculas ou íons do adsorbato necessitam utilizar energia do meio
reacional para que elas possam deslocar-se para o interior do adsorvente [52]. No entanto,
para os experimentos realizados a 55ºC, nota-se que as quantidades sorvidas de AZM
aumentam em relação àquelas observadas na curva de sorção no equilíbrio a 45ºC, sugerindo
que a sorção de azul de metileno, entre 45 - 55ºC apresenta caráter exotérmico. Essas
mudanças descritas nos perfis de sorção em função da temperatura observadas nesse trabalho
são relativamente difíceis de serem encontradas na literatura, dificultando uma análise
química-mecanística detalhada. Provavelmente, esse comportamento esteja relacionado às
mudanças estruturais da estrutura química do colágeno das escamas, em temperaturas
elevadas. Para os estudos de sorção realizados entre 25 - 45ºC, o colágeno das escamas
provavelmente mantém suas características estruturais originais. Porém, a 55ºC, a estrutura do
colágeno tende a apresentar desnaturação parcial, o que pode permitir que vários sítios de
sorção fiquem mais disponíveis para as interações com o AZM. No entanto, esse aspecto
também precisa ser melhor estudado em trabalhos futuros sobre caracterização físico-química
das escamas de robalo.
A construção e análise de isotermas de equilíbrio são importantes para projetos
de sorção/dessorção e que as correlações dos dados de equilíbrio com equações empíricas ou
teóricas são essenciais para o estabelecimento de parâmetros de afinidade entre adsorvente e
adsorbato. Neste trabalho a relação entre a concentração do corante absorvida e a
concentração da solução em equilíbrio foi descrita pelos modelos de Langmuir, Freundlich,
Langmuir-Freundlich, Redlich-Peterson e Sips, utilizando-se a metodologia não-linear,
58
utilizando-se o software Origin® 8.0. Os valores dos parâmetros para cada modelo
supracitado, assim como os coeficientes de determinação, desvio padrão e qui-quadrado são
mostrados na Tabela 10. A confrontação gráfica do modelo que melhor se ajustou aos dados
experimentais é mostrada na Figura 28.
Tabela 10. Parâmetros de equilíbrio químico referentes ao processo de interação de AZM nas escamas do peixe
robalo, segundo os modelos de Langmuir, Freundlich, Langmuir-Freundlich, Redlich-Peterson e Sips
Langmuir
Temp. (ºC) R2 kL(L mol
-1) Qe
max (molg
-1) SD χ
2
25 0,962 33,612 0,12 3,05 3,078.10-4
35 0,998 332,717 0,067 2,836 0,36
45 0,987 23,402 0,057 0,302 0,002
55 0,992 346,206 0,137 0,373 2,299.10-5
Freundlich
Temp. (ºC) R2 kF (Lg-1) nF SD χ
2
25 0,941 0,971 1,306 17,785 1,100.10-4
35 0,9701 1,002 1,693 1,363 0,002
45 0,973 0,215 1,568 0,243 0,002
55 0,977 3,113 1,535 4,676 9,644.10-5
Langmuir-Freundlich
Temp. (ºC) R
2
kLF
(L mol-1
) nLF
Qemax
(mol g-1
) SD χ
2
25 0,997 123,899 2,111 0,054 16,11 1,055.10-4
35 0,997 54,504 1,345 0,053 1,329 0,286
45 0,989 39,456 1,269 0,0438 0,102 7,206.10-4
55 0,997 731,184 1,534 0,0907 0,282 4,184.10-5
Redlich-Peterson
Temp. (ºC) R2
kRP
(L mol-1
) aRP B SD χ
2
25 0,956 3,969 33,921 1 8,298 1,084.10-4
35 0,992 22,577 332,792 1 0,467 7,487.10
-4
45 0,986 1,351 23,417 1 0,394 0,066
55 0,991 47,627 348,505 1 0,401 0,019
Sips
Temp. (ºC) R2 kS (L mol
-1) nS
Qemax
(mol g-1
) SD χ
2
25 0,956 26,683.10
3 2,114 0,054 3,187 0,0055
35 0,992 4,779.10
3 1,345 0,044 0,483 6,892.10
-4
45 0,986 106,186 1,269 0,044 0,103 8,614.10-4
55 0,991 24,133.10
3 1,531 0,091 0,167 1,799.10
-5
59
Figura 28. Confrontação dos dados de equilíbrio obtidos experimentalmente (pontos) com os dados obtidos pelo
modelo de Sips (linhas vermelhas).
A constante kS relaciona-se com a intensidade das interações escama-AZM,
podendo ser utilizada como sendo os valores numéricos das constantes de equilíbrio das
interações escamas-AZM em solução aquosa. Por outro lado, o parâmetro nS relaciona-se com
a quantidade média de moléculas ou íons do adsorbato (AZM) presentes em cada sítio de
sorção nas escamas [88]. Analisando-se os parâmetros calculados do modelo de Sips,
percebe-se que os valores das quantidades máximas adsorvidas (Qemax
), bem como os outros
parâmetros desse modelo (nS e kS) diminuem com o aumento da temperatura, com exceção
dos dados de equilíbrio a 55ºC. Todas essas informações citadas nesse parágrafo sugerem que
as interações escama-AZM diminuem com o aumento da temperatura. Isso também pode ser
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
0
1
2
3
4
5
25oC0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
0
1
2
3
4
35oC
0 1 2 3 4 5 6
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
45oC
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0
1
2
3
4
5
6
7
8
55oC
Qc
/10
-3 (
mo
l g
-1)
Ceq /10-3
(mol L-1
)
60
um indício de que as interações eletrostáticas entre os pares de elétrons livres dos sítios de
sorção das escamas e o corante AZM (um corante catiônico) sejam o principal mecanismo de
sorção.
4.6. Estudos termodinâmicos
Parâmetros termodinâmicos são utilizados para avaliar espontaneidades de
processos físicos e químicos, e as contribuições entálpicas e entrópicas dos produtos sorvidos
no equilíbrio químico [69]. Parâmetros termodinâmicos tais como variação de energia livre de
Gibbs (∆G), variação de entalpia (H) e variação de entropia podem ser estimados utilizando
constantes de equilíbrio ao variar com a temperatura [51, 55, 69]. Neste trabalho, os
parâmetros termodinâmicos para a sorção do AZM em escamas de robalo foram determinados
usando as Equações 21 e 22. Sendo que, as constantes de equilíbrios (Keq) correspondem aos
valores das constantes do modelo de Sips, modelo este, que apresentou os melhores
resultados: maiores valores de R2, e menores x
2 e SD, conforme vistos na Tabela 10.
Tabela 11. Dados termodinâmicos dos processos de interação de escamas-AZM, obtidos a partir do modelo de
Sips
Temp. (oC) ΔG (kJ mol
-1) ΔH (kJ mol
-1) ΔS (kJ mol
-1 K
-1)
25 -25,251 -233.461 -0,698
35 -21,694 -294,659 -0,886
45 -12,334 -355,970 -1,086
55 -27,519 +518,337 +1,664
Os valores negativos de ΔG obtidos indicam a natureza espontânea do processo
de sorção de AZM em escamas do peixe robalo. Já os valores ΔS mostram que as interações
são acompanhadas pela diminuição da entropia [55]. Embora não exista um critério certo que
relate que os valores de entalpia são quem definem o tipo de adsorção, um processo de
adsorção é geralmente físico quando ΔH < 25 kJ mol-1
[55]. Os valores encontrados de
61
variações de entalpia indicam que os processos de interação dos corantes com as escamas
envolvem processos de adsorção física.
4.7. Estudos calorimétricos da sorção de azul de metileno nas escamas do Robalo
Todos os processos físicos, biológicos ou químicos são acompanhados por
liberação ou absorção de energia. A variação de entalpia de uma reação é a quantidade
termodinâmica fundamental que descreve a quantidade de calor liberada ou absorvida durante
o curso de uma reação à pressão constante. A calorimetria tem sido largamente utilizada para
a investigação de reações em meio homogêneo, e atualmente vem crescendo frente ao estudo
em reações em meio homogêneo [47]. Os parâmetros calorimétricos analisados foram:
quantidades sorvidas de AZM (Nint); energias de interação escamas-AZM (Qint) e a entalpia
de interação (ΔHint = Qint/Nint); e são mostradas na Tabela 12. Os experimentos foram
realizados a 35 ºC, utilizando-se soluções de AZM na faixa de concentração de 5,0x10-5
–
5,0x10-3
mol L-1
.
A medida direta da entalpia de sorção obtido em um calorímetro representa o
resultado líquido final entre a energia necessária requerida para a remoção parcial do solvente
que interage com os sítios de sorção do adsorvente e com o adsorbato em solução (energia de
dessolvatação), bem como a energia de interação adsorbato-adsorvente [64].
Tabela 12. Dados calorimétricos dos processos de interação de escamas de peixe Robalo e azul de metileno a
35ºC
Co (mol L-1
) Nint (mol g-1
) - Qint (J g-1
) - ΔHint (kJ mol-1
)
5 x 10-5
4,531 x 10-5
0,886 19,55
1 x 10-4
3,592 x 10-5
1,009 28,15
1 x 10-3
3,751 x 10-5
1,107 29,51
5 x 10-3
5,552 x 10-5
1,231 22,30
A interpretação de dados termodinâmicos é complexa, uma vez que vários
processos químicos e físicos contribuem para a energia de interação na interface
sólido/solução. A Tabela 12 mostra que todos os valores termodinâmicos (Qint e ΔHint) são de
62
natureza exotérmica, sugerindo a predominância de forças atrativas entre os sítios de sorção
do adsorvente e as espécies sorvidas de AZM [64]. Os valores exotérmicos encontrados
sugerem também a troca iônica entre o corante em solução e espécies químicas que interagem
com os sítios de sorção seja o mecanismo predominante nos processos de sorção estudados
[55]. Nota-se que os valores de Nint são muito influenciados pela concentração inicial do azul
de metileno: em geral, com o aumento da concentração inicial de AZM em solução, os valores
de Nint aumentam e os valores de ΔHint tornam-se progressivamente menos exotérmicos. Isso
é o resultado da ocupação progressiva dos sítios de sorção à medida que a concentração de
AZM em solução aumenta.
Os resultados mostram que os sítios de sorção das escamas são energeticamente
heterogêneos entre si e que as interações escama-AZM ocorrem de maneiras bem distintas,
em função da fração de ocupação de AZM nas escamas. Possivelmente, à medida que a
disponibilidade de sítios de sorção diminui, a forma de interação escama-AZM seja
significamente diferente. Contudo, com os dados que se dispõem nesse trabalho, não se
podem fazer afirmativas sobre as possíveis variações estruturais e/ou mecanísticas das
interações escama-AZM.
4.8. Estudos de dessorção da escama do peixe robalo
Para viabilizar o uso de um dado adsorvente, sua reutilização deve ser levada em
consideração. Um bom adsorvente deve apresentar, além de alta capacidade de sorção, alta
habilidade de dessorção, para que o mesmo possa ser utilizado efetivamente em processos que
envolvem sorção/dessorção cíclicas [69, 89]. Para que os processos de dessorção ocorram de
forma extensiva, é necessário alterar as condições do meio onde o adsorbato está inserido
[69]. Assim, tipicamente, processos de dessorção são estimulados quando o pH do meio é
alterado em relação aquele utilizado para os processos de sorção.
Neste trabalho, a regeneração das escamas do peixe robalo foi feita utilizando
solução tampão pH 4,0 [50]. Os testes foram executados segundo item da metodologia 3.9. A
taxa de dessorção foi calculada pela razão entre as quantidades de íons de AZM em solução
dessorvidos e a quantidade de íons de AZM sorvidos [69]. Os resultados evidenciaram que a
dessorção do azul de metileno pelas escamas do peixe robalo atingiu aproximadamente 27%
63
de eficiência. Apesar de ser um valor relativamente baixo, no entanto, pretende-se em
trabalhos futuros estudar outros meios para melhorar a eficiência deste processo tão quanto
informar a quantidade de ciclos de sorção/dessorção que as escamas de robalo podem
efetivamente participar.
64
V. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Para trabalhos futuros, sugere-se estudar os processos de dessorção do corante
azul de metileno. Além disto, é de interesse deste grupo de pesquisa avaliar os modelos
cinéticos e de equilíbrio para a interação escama-AZM em sistema calorimétrico, a fim de
comparar resultados dos modelos.
65
VI. CONCLUSÕES
Neste trabalho, escamas do peixe Robalo (Dicentrarchus labrax) foram
utilizadas na remoção de corante azul de metileno em solução aquosa. Os resultados das
caracterizações indicam que a escama de Robalo é constituída por um sistema bifásico,
formado pela fase inorgânica – a hidroxiapatita, e pela fase orgânica, composta
principalmente de colágeno tipo I, em proporções semelhantes entre si. De modo geral,
observou-se que o corante estudado interage, preponderantemente, com os grupos orgânicos
da camada do colágeno.
As escamas de Robalo apresentam pH do ponto de carga zero igual a 7,17. Os
estudos do grau de molhabilidade constataram que as escamas não apresentaram altos valores
de intumescimento quando comparados com outros materiais, e também, não foram afetados
pela variação da temperatura.
Os estudos cinéticos e de equilíbrio da interação escamas-AZM foram feitos,
inicialmente, pelo método de batelada. Modelagens cinéticas utilizando-se as metodologias
linear e não-linear foram aplicadas, e mostraram que os dados cinéticos se ajustam melhor ao
modelo cinético exponencial de Avrami. Observou-se que a difusão de AZM para o interior
das escamas aumenta com o aumento da temperatura.
Modelagens de equilíbrio químico também foram aplicadas e mostraram um
bom ajuste do modelo de Sips. De um modo geral, observou-se um aumento dos valores das
constantes calculadas desses modelos com o aumento da temperatura. Os parâmetros
termodinâmicos das interações escamas-AZM, calculados pelo método indireto de van´t Hoff,
indicaram que as interações são exotérmicas e variam com a variação da temperatura de
sorção de AZM. Valores negativos de ∆G sugerem que as interações são espontâneas e que a
sorção é favorável.
Medidas calorimétricas foram usadas para a determinação de parâmetros
termodinâmicos. Os resultados mostraram ainda que os valores de Qint aumentam com o
aumento da concentração inicial, sugerindo a predominância de forças atrativas entre os sítios
de sorção das escamas com as espécies sorvidas de AZM. Os valores de ΔHint são
exotérmicos e também são afetados pela concentração inicial do corante.
66
Testes iniciais de dessorção de AZM foram realizados em tampão pH 4,0. Os
resultados apontaram que o corante pode ser removido desde que diminua o valor de pH da
solução.
Os resultados encontrados mostram que as escamas do peixe robalo podem ser
classificadas como um material adsorvente de baixo custo e promissor para a remoção de
corante azul de metileno de efluentes aquosos.
67
VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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78
APÊNDICE I
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de pseudo-primeira
ordem do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe robalo em 5,0x10-3
mol L-1
Figura 01. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de pseudo-primeira ordem
(a) 1º patamar 25 oC; (b) 2º patamar 25oC; (c) 1º patamar 35 oC; (d) 2º patamar 35oC; (e) 45oC e (d) 55oC, em
5,0x10-3 mol L-1
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
-12
-11
-10
-9
-8
-7
(a)
180 200 220 240 260 280 300
-13
-12
-11
-10
-9
-8
(b)
0 20 40 60 80 100
-11
-10
-9
-8
-7
(c)
120 130 140 150 160
-11,5
-11,0
-10,5
-10,0
-9,5
-9,0
-8,5
(d)
0 50 100 150 200 250 300
-16
-14
-12
-10
-8
-6
(e)
0 50 100 150 200 250 300
-15
-14
-13
-12
-11
-10
-9
-8
-7
(f)
Tempo (min)
ln (
Qteq
- Q
t)
79
APÊNDICE II
Confrontação entre os dados experimentais e os dados obtidos pelo modelo de pseudo-
primeira ordem, em 5,0 x 10-3
mol L-1
Figura 02. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo modelo de pseudo-primeira ordem(em vermelho), (a) 1º patamar 25 oC; (b) 2º patamar 25oC; (c) 1º patamar 35 oC; (d) 2º patamar
35oC; (e) 45oC e (d) 55oC, em 5,0x10-3 mol L-1
0 50 100 150 200 250 300 350
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
(f)
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
(e)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
(a)
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
(b)
0 20 40 60 80 100 120
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
(c)
100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
(d)
Tempo (min)
Qt/1
0-3
( m
ol
g-1
)
80
APÊNDICE III
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de pseudo-segunda
ordem do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe robalo em 5,0x10-3 mol L-1
Figura 03. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de pseudo-segunda ordem
(a) 1º patamar 25 oC; (b) 2º patamar 25
oC; (c) 1º patamar 35
oC; (d) 2º patamar 35
oC; (e) 45
oC e (d) 55
oC, em
5,0x10-3 mol L-1
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0
20000
40000
60000
80000
100000
(a)
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360
90000
100000
110000
120000
130000
140000
150000
160000
170000
(b)
0 20 40 60 80 100 120
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
(c)
100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
50000
60000
70000
80000
90000
100000
110000
120000
130000
140000
(d)
0 50 100 150 200 250 300
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
(e)
0 50 100 150 200 250 300 350
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
400000
(f)
Tempo (min)
t/Q
t
81
APÊNDICE IV
Confrontação entre os dados experimentais e os dados obtidos pelo modelo de pseudo-
segunda ordem, em 5,0 x 10-3
mol L-1
Figura 04. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo modelo de pseudo-
segunda ordem(em vermelho), (a) 1º patamar 25 oC; (b) 2º patamar 25
oC; (c) 1º patamar 35
oC; (d) 2º patamar
35oC; (e) 45oC e (d) 55oC, em 5,0x10-3 mol L-1
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
(a)
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360
1,94
1,96
1,98
2,00
2,02
2,04
2,06
2,08
2,10
2,12
2,14
2,16
2,18
2,20
(b)
0 20 40 60 80 100 120
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
(c)
100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
1,96
1,98
2,00
2,02
2,04
2,06
2,08
2,10
2,12
2,14
(d)
0 50 100 150 200 250 300 350
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
(f)
0 50 100 150 200 250 300
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
(e)
Tempo (min)
Qt/1
0-3
( m
ol
g-1
)
82
APÊNDICE V
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de Avrami do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe
robalo em 5,0x10-3
mol L-1
Figura 05. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo Figura 06. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo
modelo Avrami (a) 1ª parte; (b) 2ª parte; (c) 2ª parte, em 5,0x10-3 mol L-1 a 25oC modelo Avrami (a) 1ª parte; (b) 2ª parte; (c) 2ª parte, em 5,0x10-3 mol L-1 a 35oC
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
(a)
4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
(b)
5,25 5,30 5,35 5,40 5,45 5,50 5,55 5,60 5,65 5,70
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
2,0
(c)
1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
(a)
3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
(b)
4,75 4,80 4,85 4,90 4,95 5,00 5,05 5,10
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
(c)
ln t ln t
ln
(ln (
Qte
q /
(Q
teq -
Qt)
)
ln
(ln (
Qte
q /
(Q
teq -
Qt)
)
83
APÊNDICE VI
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de Avrami do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe
robalo em 5,0x10-3
mol L-1
Figura 07. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo Figura 08. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo
modelo Avrami (a) 1ª parte; (b) 2ª parte; (c) 2ª parte, em 5,0x10-3 mol L-1 a 45oC modelo Avrami (a) 1ª parte; (b) 2ª parte; (c) 2ª parte, em 5,0x10-3 mol L-1 a 55oC
4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6 4,7 4,8
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
1,1
1,2
1,3
(a)
1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
(b)
4,90 4,95 5,00 5,05 5,10 5,15 5,20 5,25 5,30 5,35
1,60
1,65
1,70
1,75
1,80
(c)
ln t
ln
(ln (
Qte
q /
(Q
teq -
Qt)
)
2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2
-1,5
-1,0
-0,5
0,0
0,5
1,0
(a)
4,3 4,4 4,5 4,6 4,7 4,8 4,9 5,0
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
(b)
5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
2,0
2,1
(c)
ln t
ln
(ln (
Qte
q /
( Q
teq -
Qt)
)
84
APÊNDICE VII
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de difusão
intrapartícula do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe robalo em 5,0x10-3
mol L-1
Figura 09. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de difusão intrapartícula
(a) 25 oC; (b) 35oC; (c) 45 oC e (d) 55oC, em 5,0x10-3 mol L-1
0 50 100 150 200 250 300 350 400
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
(a)
Kdif 4
Kdif 3
Kdif 2
Kdif 1
0 50 100 150 200 250 300
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
(b)
Kdif 3
Kdif 2
Kdif 1
0 50 100 150 200 250 300
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
(c)
Kdif 3
Kdif 2
Kdif 1
0 50 100 150 200 250 300 350
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
(d)
Kdif 3
Kdif 2
Kdif 1
Tempo (min)
Qt/1
0-3
( m
ol
g-1
)
85
APÊNDICE VIII
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de pseudo-primeira
ordem do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe robalo em 5,0x10-4
mol L-1
Figura 10. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de pseudo-primeira ordem
(a) 25 oC; (b) 35oC; (c) 45 oC e (d)55oC, em 5,0x10-4 mol L-1
0 20 40 60 80 100 120 140 160
-16
-15
-14
-13
-12
-11
(a)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
-17
-16
-15
-14
-13
-12
-11
(b)
0 50 100 150 200 250
-19
-18
-17
-16
-15
-14
-13
-12
-11
-10
(c)
0 50 100 150 200 250
-16
-15
-14
-13
-12
-11
-10
(d)
Tempo (min)
ln (
Qteq
- Q
t)
86
APÊNDICE IX
Confrontação entre os dados experimentais e os dados obtidos pelo modelo de pseudo-
primeira ordem, em 5,0x10-4
mol L-1
Figura 11. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo modelo de pseudo-
primeira ordem(em vermelho), (a) 25 oC; (b) 35oC; (c) 45 oC e (d) 55oC, em 5,0x10-4 mol L-1
0 50 100 150 200
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
(a)
0 50 100 150 200
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
(b)
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
(c)
0 50 100 150 200 250 300
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
(d)
Tempo (min)
Qt/1
0-5
( m
ol
g-1
)
87
APÊNDICE XI
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de pseudo-segunda
ordem do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe robalo em 5,0x10-4
mol L-1
Figura 12. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de pseudo-segunda ordem
(a) 25 oC; (b) 35oC; (c) 45 oC e (d) 55oC, em 5,0x10-4 mol L-1
0 50 100 150 200
0
2000000
4000000
6000000
8000000
10000000
12000000
14000000
16000000
(a)
0 50 100 150 200
0
1000000
2000000
3000000
4000000
5000000
6000000
7000000
8000000
9000000
(b)
0 50 100 150 200 250 300
1000000
2000000
3000000
4000000
5000000
6000000
7000000
8000000
9000000
10000000
(c)
0 50 100 150 200 250 300
0
2000000
4000000
6000000
8000000
10000000
(d)
Tempo (min)
t/Q
t
88
APÊNDICE XII
Confrontação entre os dados experimentais e os dados obtidos pelo modelo de pseudo-
segunda ordem, em 5,0x10-4
mol L-1
Figura 13. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelo modelo de pseudo-
segunda ordem(em vermelho), (a) 25 oC; (b) 35oC; (c) 45 oC e (d) 55oC, em 5,0x10-4 mol L-1
0 50 100 150 200
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
(a)
0 50 100 150 200
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
(b)
Tempo (min)
0 50 100 150 200 250 300
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
(c)
0 50 100 150 200 250 300
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
(d)
Tempo (min)
Qt/1
0-5
(mo
l g
-1)
89
APÊNDICE XIII
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de Avrami do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe
robalo em 5,0x10-4
mol L-1
Figura 14. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo Figura 15. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo
modelo Avrami (a) 1ª parte; (b) 2ª parte; (c) 2ª parte, em 5,0x10-4 mol L-1 a 25oC modelo Avrami (a) 1ª parte; (b) 2ª parte; (c) 2ª parte, em 5,0x10-4 mol L-1 a 35oC
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
-0,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
(a)
3,8 4,0 4,2 4,4 4,6 4,8
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
(b)
4,5 4,6 4,7 4,8 4,9 5,0 5,1
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
(c)
ln
(ln (
Qte
q /
( Q
teq -
Qt)
)
ln t
1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
(a)
3,3 3,4 3,5 3,6 3,7 3,8 3,9 4,0 4,1
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
(b)
4,0 4,2 4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
(c)
ln
(ln (
Qte
q /
(Q
teq -
Qt)
)
ln t
90
APÊNDICE XIV
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de Avrami do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe
robalo em 5,0x10-4
mol L-1
Figura 16. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo Figura 17. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo
modelo Avrami (a) 1ª parte; (b) 2ª parte; (c) 2ª parte, em 5,0x10-4 mol L-1 a 45oC modelo Avrami (a) 1ª parte; (b) 2ª parte; (c) 2ª parte, em 5,0x10-4 mol L-1 a 55oC
2,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8
-0,6
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
(a)
4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6 4,7 4,8
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
(b)
5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6
1,3
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
2,0
2,1
(c)
ln
(ln (
Qte
q /
(Q
teq -
Qt)
)
ln t
1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0
-0,4
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
(a)
4,0 4,1 4,2 4,3 4,4 4,5 4,6 4,7 4,8
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
(b)
5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5 5,6
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
(c)
ln
(ln (
Qte
q /
(Q
teq -
Qt)
)
ln t
91
APÊNDICE XV
Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de difusão
intrapartícula do processo de adsorção de AZM pelas escamas do peixe robalo em 5,0x10-4
mol L-1
Figura 18. Linearização dos dados cinéticos obtidos experimentalmente pelo modelo de difusão intrapartícula
(a) 25 oC; (b) 35oC; (c) 45 oC e (d) 55oC, em 5,0x10-4 mol L-1
0 50 100 150 200
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
(a)
Kdif 3
Kdif 2
Kdif 1
0 50 100 150 200
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
2,2
2,4
2,6
(b)
Kdif 3
Kdif 2
Kdif 1
0 50 100 150 200 250 300
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
(c)
Kdif 3
Kdif 2
Kdif 1
0 50 100 150 200 250 300
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
(d)
Kdif 3
Kdif 2
Kdif 1
Qt/1
0-5
( m
ol
g-1
)
Tempo (min)
92
APÊNDICE XVI
Confrontação entre os dados experimentais e os obtidos pelos modelos de equilíbrio a 25 ºC
Figura 19. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelos modelos de
equilíbrio a 25 ºC.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
Langmuir
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
Freundlich
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
Langmuir-Freundlich
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
Redlich Peterson
Ceq /10-3
(mol L-1
)
Q
c /1
0-3
(m
ol
g-1
)
93
APÊNDICE XVII
Confrontação entre os dados experimentais e os obtidos pelos modelos de equilíbrio a 35 ºC
Figura 20. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelos modelos de
equilíbrio a 35 ºC.
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
Langmuir-Freundlich
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
Redlich-Peterson
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
Langmuir
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
Freundlich
Q
c /1
0-3
(m
ol
g-1
)
Ceq /10-3
(mol L-1
)
94
APÊNDICE XVIII
Confrontação entre os dados experimentais e os obtidos pelos modelos de equilíbrio a 45 ºC
Figura 21. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelos modelos de
equilíbrio a 45 ºC.
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Langmuir
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Freundlich
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Langmuir-Freundlich
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Redlich-Peterson
Q
c /1
0-3
(m
ol
g-1
)
Ceq /10-3
(mol L-1
)
95
APÊNDICE XIX
Confrontação entre os dados experimentais e os obtidos pelos modelos de equilíbrio a 55 ºC
Figura 22. Confrontação entre os dados experimentais (em preto) e os dados obtidos pelos modelos de equilíbrio a 55 ºC.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
Langmuir
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
Freundlich
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
Langmuir-Freundlich
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
Redlich-Peterson
Q
c /1
0-3
(m
ol
g-1
)
Ceq /10-3
(mol L-1
)