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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA, ESTRUTURA DA COMUNIDADE E SÍNDROME DE DISPERSÃO DE SEMENTES DE UM REMANESCENTE DE CAATINGA EM POÇO VERDE SERGIPE ERIVANIA VIRTUOSO RODRIGUES FERREIRA MESTRADO 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA, ESTRUTURA DA COMUNIDADE E

SÍNDROME DE DISPERSÃO DE SEMENTES DE UM

REMANESCENTE DE CAATINGA EM POÇO VERDE – SERGIPE

ERIVANIA VIRTUOSO RODRIGUES FERREIRA

MESTRADO 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

MESTRADO EM ECOLOGIA E CONSERVAÇÃO

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA, ESTRUTURA DA COMUNIDADE E

SÍNDROME DE DISPERSÃO DE SEMENTES DE UM REMANESCENTE DE

CAATINGA EM POÇO VERDE – SERGIPE

AUTOR: ERIVANIA VIRTUOSO RODRIGUES FERREIRA

ORIENTADORA: PROFESSORA DRA. ANA PAULA DO NASCIMENTO PRATA

CO-ORIENTADORA: PROFESSORA DRA. ANABEL APARECIDA DE MELLO

SÃO CRISTÓVÃO, SERGIPE

MARÇO, 2011

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

F383c

Ferreira, Erivania Virtuoso Rodrigues

Composição florística, estrutura da comunidade e síndrome de

dispersão de sementes de um remanescente de caatinga em Poço

Verde – Sergipe / Erivania Virtuoso Rodrigues Ferreira. – São

Cristóvão, 2011.

81 f.: il.

Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) – Núcleo de

Pós- Graduação em Ecologia e Conservação, Pró-Reitoria de Pós-

Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2011.

Orientador: Profª Drª Ana Paula do Nascimento Prata.

1. Florística. 2. Comunidades vegetais. 3. Plantas da caatinga –

Poço Verde (SE). I. Título.

CDU 581.527(813.7Poço Verde) (213.52)

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, pelas oportunidades que me foram concedidas;

Aos meus pais, Gerson e Maria do Carmo pela educação que me proporcionaram,

pelo apoio incondicional e pelo carinho e compreensão durante toda a minha vida e

nesta jornada de trabalho.

Aos meus irmãos Gelma, Jane e Li, pelas brincadeiras, pela amizade, pelo

companheirismo, por me substituírem com Jonas e Davi, meus filhos, nos períodos de

ausência para a realização deste trabalho e pelo fato de terem me ensinado a conviver

com diferenças que me fizeram ver e aceitar a vida, de uma maneira diferente.

À Jonas e Davi, meus filhos, pelo amor, afeto, compreensão e por, em meio ao

cansaço da Caatinga, suas lembranças, me motivarem a nunca desistir.

A todas as pessoas e instituições que direta ou indiretamente tornaram possível a

realização deste trabalho, em especial:

Ao Programa de Mestrado Ecologia e Conservação, em especial a Universidade

Federal de Sergipe, pela disponibilidade do curso.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

bolsa de pós-graduação, nível de mestrado.

À PROAP (processo 010386/10-78) e à PROCAD (processo 2334/2008-14) pela

disponibilidade de recursos para a realização deste estudo.

A professora, orientadora, Dra. Ana Paula do Nascimento Prata (Laboratório de

Sistemática Vegetal/UFS) pela confiança em mim depositada para realização deste

trabalho.

A professora Dra. Anabel Aparecida de Mello pela co-orientação, colaborando com

valiosas sugestões durante a realização deste trabalho.

Ao Dr. Henrique Costa Hermenegildo da Silva (Departamento de Botânica/UFAL),

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a Dr. Adauto de Souza Ribeiro (NPEC/UFS) e a Dra. Sônia Aragaki pelas sugestões

apresentadas na minha qualificação.

As amigas do mestrado Cecília e Wedna, pela amizade, apoio, compreensão,

solidariedade, conversas, discussões e emails intermináveis trocados durante a

realização deste trabalho. Minha gratidão.

A todos os professores do mestrado em Ecologia e Conservação da Caatinga, pelos

ensinamentos em sala de aula, que ajudaram a ampliar meus horizontes acadêmicos.

A SEMARH (Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do estado de

Sergipe) pelo apoio oferecido no transporte para a área de estudo.

Ao Herbário MAC, em especial a Rosângela Pereira Lyra Lemos, pela ajuda na

identificação das espécies.

Ao professor Dr. Robério Anastácio Ferreira pelo empréstimo da vara telescópica,

de grande ajuda para a realização deste trabalho.

Aos mateiros, Cristóvão e Jaílton e seus filhos pela força de vontade em prestar

ajuda nos trabalhos de campo. Ao Mizé e a dona Ducarmo pelo carinho, preocupação e

acolhimento dado durante os dias que passei na Caatinga.

Aos amigos, estagiários do Herbário ASE, que me ajudaram na identificação das

espécies durante o período que o trabalho foi desenvolvido. Em especial, Luíz, Italo,

Daniel, Cristopher, Alan, Leuciane, Tamires, Júnior, Gisele e Valdson. E a todos

aqueles que contribuíram para a minha formação profissional.

Aos meus colegas do mestrado Paula, Juliana Duarte, Juliana Guigó, Francisco,

Betejane, Simone, Carlos, Luciano, Bruno, Rafael e Crisanto pelo apoio e amizade

durante o período do curso.

À Sílvio Márcio, pelo amor, carinho, força, ajuda no campo, ajuda na identificação

das espécies e compreensão, doados incondicionalmente durante a realização deste

trabalho, principalmente na fase de redação final deste. Obrigada amor!

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Aos meus pais e filhos,

Aos meus irmãos,

Dedico.

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Mesmo sabendo que o conhecimento não

tem fim devemos sempre insistir em

aprender!

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

RESUMO GERAL

GENERAL ABSTRACT

APRESENTAÇÃO

1 CAPÍTULO I............................................................................................................6

INTRODUÇÃO GERAL.........................................................................................7

Florística ...............................................................................................................8

Fitossociologia.....................................................................................................10

Síndromes de dispersão.......................................................................................11

Considerações gerais e objetivos........................................................................12

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................13

2 CAPÍTULO II: COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UM REMANESCENTE

DE CAATINGA EM POÇO VERDE – SERGIPE.................................17

Resumo.....................................................................................................................18

Abstract.....................................................................................................................19

INTRODUÇÃO.......................................................................................................20

MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................22

Caracterização da área de estudo........................................................................22

Coleta, manuseio e identificação do material botânico......................................23

RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................24

CONCLUSÃO......................................................................................................32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................32

3 CAPÍTULO III: ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO, TIPOS DE FRUTOS E

SÍNDROMES DE DISPERSÃO NA COMUNIDADE ARBUSTIVO-

ARBÓREA DA FAZENDA SANTA MARIA DA LAGE, POÇO VERDE –

SERGIPE................................................................................................................36

Resumo........................................................................................................................37

Abstract........................................................................................................................38

INTRODUÇÃO...........................................................................................................39

MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................................43

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Levantamento estrutural da comunidade arbustiva-arbórea..............................43

Parâmetros da análise estrutural........................................................................45

Coleta de dados para os tipos de frutos e síndromes de dispersão....................45

RESULTADOS E DISCUSSÕES..............................................................................46

Análise estrutural da comunidade arbustiva-arbórea.........................................46

Estrutura horizontal............................................................................................46

Estrutura diamétrica ..........................................................................................51

Estrutura vertical................................................................................................52

Tipos de frutos e síndromes de dispersão...........................................................55

CONCLUSÕES..........................................................................................................60

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................61

4 CAPÍTULO IV.........................................................................................................68

CONCLUSÃO GERAL...........................................................................................69

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LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO II: COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UM REMANESCENTE DE

CAATINGA EM POÇO VERDE – SERGIPE

TABELA 1: Famílias e espécies, com nome popular, hábito e Voucher registradas no

fragmento florestal do Assentamento Santa Maria da Lage, município de Poço Verde –

Sergipe.............................................................................................................................24

CAPÍTULO III: ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO, TIPOS DE FRUTOS E

SÍNDROMES DE DISPERSÃO NA COMUNIDADE ARBUSTIVO-ARBÓREA

DA FAZENDA SANTA MARIA DA LAGE, POÇO VERDE – SERGIPE

TABELA 2: Parâmetros fitossociológicos caracterizando a distribuição horizontal das

espécies amostradas no Assentamento Santa Maria da lage, Poço Verde –

Sergipe.............................................................................................................................48

TABELA 3: Estrutura vertical da área de Caatinga estudada no Assentamento Santa

Maria da Lage, Poço verde – Sergipe..............................................................................53

TABELA 4: Lista das espécies e suas respectivas famílias apresentando os tipos de

frutos, a textura, a deiscência, e o modo de dispersão das sementes, registradas no

fragmento de floresta seca do Assentamento Santa Maria da Lage, Poço Verde –

Sergipe.............................................................................................................................55

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LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO II: COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UM REMANESCENTE DE

CAATINGA EM POÇO VERDE – SERGIPE

FIGURA 1: Assentamento Santa Maria da Lage, destacado no mapa do município de

Poço Verde – SERGIPE..................................................................................................23

CAPÍTULO III: ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO, TIPOS DE FRUTOS E

SÍNDROMES DE DISPERSÃO NA COMUNIDADE ARBUSTIVO-ARBÓREA

DA FAZENDA SANTA MARIA DA LAGE, POÇO VERDE – SERGIPE

FIGURA 2: Croqui da área de estudo, mostrando a distribuição das parcelas com seus

vértices georeferenciados em UTM.................................................................................44

FIGURA 3: Distribuição das classes diamétricas dos indivíduos amostrados em área de

Caatinga, localizada no município de Poço verde – Sergipe, Sendo R2

= Coeficiente de

Determinação; I = Intervalo de Classe............................................................................52

FIGURA 4: Porcentagem das espécies estudadas no Assentamento Santa Maria da

Lage, Sergipe, por síndrome de dispersão com número total de espécies acima das

colunas.............................................................................................................................59

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RESUMO GERAL

O presente estudo foi realizado com o objetivo de conhecer a composição florística, a

estrutura da vegetação, os tipos de frutos e as síndromes de dispersão de um

remanescente de Caatinga, localizado na Fazenda Santa Maria da Lage, município de

Poço Verde, Sergipe, Brasil. Foram feitas excursões mensais para coleta de materiais

botânicos, para avaliação e identificação das espécies arbustivas e arbóreas com

circunferência à altura do peito (CAP) > 6 cm, encontradas em 30 unidades amostrais de

400 m2

instaladas em uma área de 71,42ha, e para observação dos frutos. O material

botânico coletado foi incorporado ao acervo do Herbário da Universidade Federal de

Sergipe (ASE). Nas unidades amostrais foram avaliados a espécie vegetal, os

parâmetros horizontais e verticais e observados as espécies com flores e frutos no

período de outubro de 2009 a novembro de 2010. No fragmento de Caatinga estudado

observou-se a ocorrência de 176 espécies, distribuídas em 119 gêneros e 47 famílias

botânicas, sendo que 63 espécies, pertencentes a 33 famílias, foram encontradas nas

unidades amostrais e participaram da análise estrutural da comunidade. As demais

espécies foram coletadas em trilhas do fragmento e fazem parte da listagem florística

apresentada neste trabalho. As famílias Euphorbiaceae e Fabaceae foram as que

apresentaram o maior número de indivíduos em todas as parcelas estudadas. As espécies

Psidium schenckianum, Cedrella fissilis, Poincianella pyramidalis e Manihot

dichotoma apresentaram os maiores Índices de Valor de Importância e de Valor de

Cobertura, sendo as espécies de maior importância ecológica para a área estudada. Entre

as espécies encontradas nas unidades amostrais, 16,4% do total apresentaram apenas um

indivíduo amostrado, comportando-se como espécies raras. A classe de altura que

apresentou o maior número de indivíduos (73,3%) foi de 2,89m a 5,83m e considerando

cada fuste da árvore como um indivíduo, a primeira classe diamétrica (├9,3cm) foi a que

obteve maior número de representantes. Além disso, 41 espécies (14 famílias)

frutificaram no período de realização deste trabalho e por meio das observações

morfológicas e revisão bibliográfica caracterizou-se a síndrome de dispersão

(autocórica, zoocórica e anemocórica). A maioria das espécies estudadas, 69,7% do

total, apresentou frutos deiscentes e 67,4% apresentaram frutos secos. Além disso,

verificou-se que 58,2% das espécies foram dispersas por autocoria, seguida de 23,2%

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por zoocoria e 18,6% dispersas por anemocoria. Comparado com outras áreas de

Caatinga, a área de estudo apresentou uma alta heterogeneidade ambiental, refletindo-se

na diversidade de espécies.

Palavras-chave: Semiárido, fitossociologia, síndrome de dispersão.

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GENERAL ABSTRACT

This study aims to know the florist composition, the vegetation structure, the fruit types

and the dispersion syndrome of a Caatinga remaining, located at Santa Maria da Lage

farm, Poço Verde city, Sergipe, Brazil. Tours have been held monthly to collect

botanical material, for evaluation and identification of the arboreal-shrubby species with

circumference at breast height (CAP) >6 cm, found in 30 sampling units of 400 m2

installed in an area of 71,42 ha, and for fruit observation. The collected botanical

material has been incorporated to the collection from the herbarium of the Federal

University from Sergipe (ASE). In the sampling units have been evaluated the vegetable

species, the vertical and horizontal parameters and observed the species with flowers

and fruit from October 2009 to November 2010. In the studied Caatinga fragment, it has

been observed the occurrence of 176 species, distributed in 119 genres and 47 families,

being 63 species, belonging to 33 families, were found in the sampling units and have

participated in the structural analysis of the community. The other species were

collected in the fragment tracks and take part in the floristic list shown in this study. The

families Euphorbiaceae and Fabaceae were the ones which have shown greater number

of individuals in all studied plots. The species Psidium schenckianum, Cedrella fissilis,

Poincianella pyramidalis and Manihot dichotoma have presented the highest rates of

Importance Value and Coverage Value, being the species with most ecological

importance for the studied area. Amongst the species found in the sampling units. The

class of height which has shown the highest number of individuals (73,3%) was 2,89m

to 5,83m and considering each tree trunk as an individual, the first diameter class

(├9,3cm) was the one which has achieved the highest number of representatives.

Furthermore, 41 species (14 families) have fruited during this study and through

morphological observations and literature review characterized the dispersion syndrome

(autochorous, zoochorous and anemochorous). Most of the studied species, 69,7% of

the total, have shown dehiscent fruit and 67,4% have shown dry fruit. Moreover, it has

been verified that 58,2% of the species have been scattered by autocory, followed by

23,2% by zoochory and 18,6% scattered by anemochory. Compared with other Caatinga

areas, the studied area has presented a high environmental heterogeneity, reflecting the

diversity of species.

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Key words: Semi-arid, phytossociology, dispersion syndrome.

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APRESENTAÇÃO

A Caatinga é uma formação vegetal encontrada na região do semiárido

nordestino. É o mais fragilizado dos biomas brasileiros devido ao uso insustentável de

seus solos e recursos naturais ao longo de centenas de anos de ocupação, que associado

à imagem de local pobre e seco, fazem com que a Caatinga esteja bastante degradada.

Entretanto, pesquisas recentes vêm revelando a riqueza particular de flora e fauna do

bioma em termos de biodiversidade e fenômenos climáticos característicos.

Diversos estudos estão sendo realizados na região semiárida, no entanto, a

compreensão dos recursos naturais regionais ainda não está totalmente elucidada,

restando diversas lacunas a serem esclarecidas. O bioma Caatinga apresenta sinais de

degradação e estudos mais detalhados precisam ser abordados com o objetivo de melhor

elucidar a sua dinâmica. O presente estudo foi realizado com o objetivo de conhecer a

composição florística, a estrutura da comunidade, os tipos de frutos e as síndromes de

dispersão em um remanescente de Caatinga na Fazenda Santa Maria da Lage, Poço

Verde, Sergipe. Os levantamentos florísticos estudam a distribuição de espécies de

plantas e a sua relação, em diversas áreas geográficas, os estudos fitossociológicos,

possibilitam a avaliação da estrutura e da composição da vegetação, permitindo inferir

sobre a dinâmica ecológica da comunidade analisada e as síndromes de dispersão

contribuem para a compreensão da regeneração e reprodução das plantas.

Para melhor compreensão, o trabalho está dividido em capítulos, onde são

abordados os seguintes temas: Introdução geral (capítulo 1), Composição florística

(capítulo 2), Estrutura da comunidade vegetal, tipos de frutos e síndromes de dispersão

(capítulo 3) e, Conclusão geral (Capítulo 4).

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO GERAL

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INTRODUÇÃO GERAL

A vegetação da Caatinga é uma associação de plantas xerófilas, composta por

árvores, arbustos e herbáceas com adaptações anátomo-fisiológicas que servem de

proteção para o grande período seco que atinge o território nordestino e que imprime ao

Nordeste o seu caráter peculiar (LUETZELBURG, 1922 – 1923).

Fitogeograficamente, a Caatinga ocupa cerca de 11% do território nacional,

abrangendo os estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande

do Norte, Ceará, Piauí e Minas Gerais. Na cobertura vegetal das áreas da região

Nordeste, a Caatinga representa cerca de 800.000 km2, o que corresponde a 70% da

região. Ao se analisar os recursos hídricos, aproximadamente 50% das terras recobertas

com a Caatinga são de origem sedimentar, ricas em águas subterrâneas. Os rios são

intermitentes, em sua maioria, e os volumes de água são geralmente limitados e

insuficientes para a irrigação. A altitude da região varia de 0-600m e a temperatura de

24º a 28ºC, sendo a precipitação média de 250 a 1000 mm e déficit hídrico elevado

durante todo o ano (DRUMOND et al., 2000).

Segundo o referido autor, a vegetação da Caatinga é constituída especialmente

de espécies lenhosas e herbáceas de pequeno porte, geralmente dotadas de espinhos, e

geralmente caducifólias. Em relação aos aspectos fitossociológicos, a densidade, a

frequência e a dominância das espécies são determinadas pelas variações topográficas,

tipo de solo e pluviosidade.

Do ponto de vista ecológico, a vegetação da Caatinga protege o solo através das

folhas das plantas na estação chuvosa ou pelas folhas secas caídas, que formam um

tapete que se mantém durante a época seca e que protege o solo contra a forte insolação.

Além disso, a vegetação protege e evita o aquecimento e a evaporação excessiva da

água superficial com o sombreamento, e sua estrutura esponjosa proporcionada pela

vegetação liberta a água da chuva aos poucos para as plantas e para fontes e olhos

d’água (MAIA, 2004).

Segundo o IBAMA (1999) a Caatinga tem papel fundamental como fornecedora

de produtos madeireiros (lenha, carvão, estacas e mourões) e não-madeireiros (frutos,

mel, óleos, ceras, taninos, látex, gomas, plantas ornamentais e produtoras de fibras,

etc.). Mas a exploração dos recursos naturais e a devastação generalizada da cobertura

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natural da Caatinga vêm provocando impactos de grande magnitude, cujas

consequências exigem intervenção imediata no sentido de amenizar os problemas daí

decorrentes (PEREIRA et al., 2002).

Além da exploração de seus recursos naturais, a substituição de espécies nativas

por pastagens e cultivos tem sido um dos principais motivos de degradação da Caatinga.

O desmatamento e as queimadas são ainda práticas comuns no preparo da terra para a

agropecuária, o que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de

populações da fauna silvestre, a qualidade da água e o equilíbrio do clima e do solo

(ANDRADE-LIMA, 1981).

De acordo com Leal et al. (2005), as principais ameaças à conservação da

Caatinga devem-se: 1) a 15% da população do Brasil viver na Caatinga, sendo esta

população rural extremamente pobre, que pratica atividades como corte de madeira para

lenha e contínuos desmatamentos para a criação de pastagens para bovinos e caprinos,

intensificando a desertificação; 2) ao assoreamento dos rios; e 3) à utilização de técnicas

de irrigação que aceleram ainda mais o desgaste do solo e a desertificação.

Por ser pouco conhecida, a Caatinga ainda permanece fora do cenário nacional e

internacional em termos de prioridade de conservação da diversidade biológica. Para

ampliar o conhecimento científico, é essencial o estabelecimento de políticas públicas

de conservação do bioma (TABARELLI e VICENTE, 2002). Apesar de ser a única

grande região natural brasileira cujos limites estão inteiramente restritos ao território

nacional, pouca atenção tem sido dada à conservação da variada e marcante paisagem

da Caatinga e a contribuição da sua biota à biodiversidade extremamente alta do Brasil

tem sido subestimada (SILVA et al., 2004).

Florística

A composição florística deve ser um dos primeiros aspectos a ser analisado em

áreas florestais que são objetos de pesquisa, manejo silvicultural e qualquer outra

atividade que envolva a utilização dos recursos vegetais. É essencial entender a

composição florística para se desenvolver estudos adicionais sobre a estrutura da

dinâmica da floresta (CARVALHO, 1997).

Segundo o mesmo autor, a análise da estrutura de uma floresta é feita com base

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nas dimensões das plantas e suas distribuições. A análise quantitativa de uma

comunidade de plantas permite predições sobre a sua dinâmica e evolução. O

conhecimento da estrutura e sua relação com a diversidade e produtividade são

essenciais para o planejamento de sistemas silviculturais ecológicos e

socioeconomicamente viáveis. A análise das características silviculturais, condições

biológicas, composição florística e estrutura das florestas proporcionam uma base firme

para a tomada de decisões sobre os métodos e técnicas apropriados para serem usados

em futuras ações de manejo.

De acordo com Rodal (1992), apesar da existência de alguns trabalhos

relacionados com a vegetação da caatinga, ainda falta muito para o conhecimento das

caatingas como um todo, havendo necessidade de se realizar, em áreas localizadas,

levantamentos das espécies, determinando seus padrões de distribuição geográfica,

abundância e relação com os fatores ambientais, para que se possa estabelecer, com

base em dados quantitativos, os diferentes tipos de caatinga e suas conexões florísticas.

Andrade-Lima (1981), considerando levantamentos florísticos e

fitossociológicos realizados na Caatinga, observou uma grande variabilidade de espécies

e de indivíduos, o que levou o autor a afirmar que as caatingas situadas em locais onde

as precipitações eram mais elevadas apresentavam maior número de espécies. Para

Rodal (1992) o maior ou menor número de espécies nos levantamentos realizados deve

ser resposta a um conjunto de fatores, tais como: situação topográfica, classe,

profundidade e permeabilidade do solo e não apenas ao total de chuvas, embora este

seja um dos fatores mais importantes.

Diversos trabalhos sobre a composição florística no Nordeste do Brasil vêm

sendo desenvolvidos nos últimos anos. Pereira et al. (2001) pesquisaram a florística de

uma área localizada na zona fisiográfica do agreste paraibano, entre os municípios de

Areia e Remígio. Já Alcoforado-Filho et al. (2003) estudaram a vegetação em uma área

de transição ecológica no município de Caruaru (PE). Ainda em relação ao estado de

Pernambuco, Araújo et al. (1995) analisaram a composição florística e a fitossociologia

em três áreas de Caatinga e, Drumond et al. (1982) pesquisaram a sociabilidade de

espécies florestais da Caatinga no município de Santa Maria da Boa Vista (PE). Em

duas fitofisionomias de caatinga com diferentes históricos de uso, na região do Cariri

paraibano, foram identificadas doze famílias botânicas e quinze espécies vegetais

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(ANDRADE et al. 2005). Ao final os autores concluíram que as áreas de caatinga que

apresentam melhor estado de conservação, apresentam maior diversidade, expressa

tanto pelo número de famílias quanto de espécies identificadas.

Em uma área de reserva particular do patrimônio natural (RPPN) no sertão

paraibano, a qual não sofre ação antrópica há cerca de vinte e cinco anos, Araújo (2000)

identificou dezesseis famílias botânicas e vinte e cinco espécies. Em trabalho realizado

por Camacho & Baptista (2005), realizado na Estação Ecológica do Seridó, no Rio

Grande do Norte, foram levantados 25 famílias e 34 espécies. Já Amorim et al. (2005)

encontraram 15 espécies, pertencendo a 15 gêneros e 10 famílias. Na mesma reserva

Santana & Souto (2006) registraram 22 espécies, 20 gêneros e 12 famílias, sendo que

Caesalpiniaceae e Euphorbiaceae foram as famílias com maior número de espécies.

Fitossociologia

A fitossociologia é o ramo da Ecologia Vegetal mais amplamente utilizado para

diagnóstico quali-quantitativo das formações vegetacionais. Vários pesquisadores

defendem a aplicação de seus resultados no planejamento das ações de gestão

ambiental, como no manejo florestal e na recuperação de áreas degradadas

(ISERNHAGEN, 2001).

Para Martins (1989), a fitossociologia envolve o estudo das interrelações de

espécies vegetais dentro da comunidade vegetal no espaço e no tempo. Refere-se ao

estudo quantitativo da composição, estrutura, funcionamento, dinâmica, história,

distribuição e relações ambientais da comunidade vegetal. Apóia-se muito na

Taxonomia Vegetal e tem estreitas relações com a Fitogeografia e as Ciências

Florestais.

Na descrição da vegetação de Caatinga é difícil explicar sua estrutura, a altura

das árvores e sua densidade, pois este tipo de vegetação é muito variável quanto a estas

características (FERREIRA, 1988). Botanicamente, a Caatinga constitui-se de um

conjunto de formações arbustivo-arbóreas, com predominância de espécies da família

Leguminosae, às vezes associadas à Euphorbiaceae e Cactaceae (GOLFARI & CASER,

1977; DRUMOND et al., 2000).

A diversidade dos tipos de caatinga pode ser determinada pelo jogo mais

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sensível dos fatores físicos, acrescidos dos fatores biológicos. Considerando a

ocorrência do tipo geral de vegetação, a Caatinga tem o clima semi-árido como fator

determinante, enquanto a altitude e as formas do relevo, aliadas às formações

superficiais, são os fatores determinantes da variação nos tipos de caatinga (GOMES,

1980). O atual panorama dos levantamentos florísticos e fitossociológicos no semiárido

é reflexo de um considerável incremento de trabalhos em áreas de caatinga (ARAÚJO,

2000; PEREIRA, 2000; CAMACHO, 2001; ALCOFORADO-FILHO et al., 2003;

ANDRADE et al., 2005).

Síndromes de dispersão

A época em que acontecem os eventos reprodutivos nas espécies é determinante

para o sucesso das suas populações, ao mediar a sobrevivência e o estabelecimento dos

indivíduos jovens (PIÑA-RODRIGUES et al., 1993). Entre as pressões seletivas

bióticas, destacam-se os mecanismos de dispersão que são de fundamental importância

para o entendimento da co-evolução entre plantas e animais, principalmente nos

trópicos, onde é maior a atuação dos vetores bióticos comumente representados por

formigas, peixes, répteis, aves e mamíferos (PIJL, 1982). Além dos vetores bióticos, o

transporte dos diásporos pode ser feito por agentes abióticos, como a água, vento e a

gravidade (queda livre dos frutos), entre outros.

Em ecossistemas tropicais ocorre um predomínio de plantas dispersas por

vertebrados e invertebrados. Todavia, apesar da importância dos mecanismos de

dispersão para a manutenção de populações e dos ecossistemas, a ecologia da dispersão

é um ramo da ciência em fase incipiente no Nordeste (GRIZ et al., 2002). Estudos

fenológicos associados ao modo de dispersão das espécies, em diferentes formações

florestais, vêem sendo desenvolvidos, abordando principalmente o estrato arbóreo e

arbustivo (MORELLATO et al., 2000). Os resultados obtidos indicam uma produção

de frutos zoocóricos mais concentrada na estação úmida (GRIZ & MACHADO, 2001;

VICENTE et al., 2003; MORELLATO & LEITÃO-FILHO, 1996), enquanto a

frutificação de espécies anemocóricas concentrada na estação seca tem sido relatada por

diversos autores (FOSTER, 1982; LIEBERMAN, 1982; MORELLATO & LEITÃO-

FILHO, 1990).

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No Bioma Caatinga vários trabalhos sugerem a presença de uma vegetação com

características fortemente sazonal, estando o período de floração e frutificação

geralmente precedido da formação de folhas após o início da estação chuvosa, para a

maioria das espécies. Os estudos fenológicos de frutificação na região da Caatinga, ao

nível de comunidades, são poucos (OLIVEIRA et al., 1988; BARBOSA et al., 1989;

MACHADO et al., 1997) e indicam que a precipitação influencia diretamente na

disseminação dos diásporos (MACHADO et al., 1997; GRIZ & MACHADO, 2001).

Considerações gerais e objetivos

Estudos florísticos são extremante importantes para atualização do

conhecimento sobre as floras regional e nacional, para conhecer os potenciais diversos

das plantas e para o entendimento dos padrões de distribuição geográfica das espécies e

de como esses padrões são influenciados pela latitude, longitude, altitude e por fatores

ambientais como clima e solos (FELFILI et al., 2001). Atualmente, em razão do

lamentável estado de conservação da maioria das formações vegetais brasileiras, estes

estudos apresentam uma importância maior. Estudos florísticos são usados como base

para programas de recuperação de áreas degradadas, para a avaliação de impactos

ambientais ou mesmo para auxiliar na elaboração de planos de manejo de fragmentos

florestais ou reflorestamentos (CAIAFA, 2002; SILVA-JUNIOR et al., 2001). Já o

conhecimento sobre as síndromes de dispersão contribuem para a compreensão da

regeneração e reprodução das plantas, além do entendimento da dinâmica e renovação

dos ecossistemas (NEWSTROM et al., 1994).

Para conhecer, proteger e utilizar de forma sustentável os recursos naturais da

vegetação do bioma Caatinga faz-se necessário um aumento do número de

levantamentos florísticos, fitossociológicos e estudo das síndromes de dispersões de

modo contínuo e regular. Conhecendo a Caatinga será possível estabelecer ações que

preservem seu patrimônio genético e sua utilização de forma racional de modo a

promover retorno econômico, ou seja, a Caatinga só poderá ser bem utilizada se

soubermos do que ela é constituída (SANTANA, 2005). Sendo assim, esse estudo é

essencial para o conhecimento das espécies botânicas da Caatinga e foi elaborado com o

objetivo de descrever a estrutura fitossociológica dos componentes arbustivo e arbóreo,

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a composição florística e as síndromes de dispersões da vegetação de Caatinga

localizada Fazenda Santa Maria da Lage situada no município de Poço Verde - Sergipe,

como subsídio aos estudos de conservação na região.

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CAPÍTULO 2

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UM

REMANESCENTE DE CAATINGA EM POÇO

VERDE - SERGIPE

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COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA DE UM REMANESCENTE DE

CAATINGA EM POÇO VERDE - SERGIPE

Resumo: Foi realizado um estudo da vegetação num fragmento de Caatinga localizado

no Assentamento Santa Maria da Lage, município de Poço Verde - SE, com o objetivo

de caracterizar a composição florística deste fragmento. No fragmento de Caatinga

estudado registrou-se a ocorrência de 176 espécies, distribuídas em 119 gêneros e 47

famílias botânicas. As famílias melhor representadas foram: Fabaceae (24, sendo

Caesalpinioideae com oito espécies, Mimosoideae com 13 e Faboideae com três

espécies); Euphorbiaceae (18); Solanaceae (10); Convolvulaceae (8); Apocynaceae,

Malvaceae e Poaceae (7); Asteraceae, Lamiaceae e Verbenaceae (6); Acanthaceae,

Anacardiaceae, Araceae, Orchidaceae e Rubiaceae (5), representando 71,5% da flora

amostrada. Pode-se observar ainda que 19 famílias apresentaram apenas uma espécie na

área de estudo. Os gêneros que apresentaram maior riqueza florística foram: Croton (8

sp), Solanum (6), Senna e Mimosa (4). Os hábitos abrangeram árvores, arbustos, lianas

e ervas, sendo que o estrato herbáceo apresentou o maior número de representantes,

com 84 espécies distribuídas em 28 famílias. O estrato arbóreo e arbustivo foi

representado por 39 e 40 espécies, respectivamente. A maior riqueza do primeiro estrato

pertence a família Fabaceae, com sete espécies e Anacardiaceae com cinco espécies.

No estrato arbustivo, destacam-se as Euphorbiaceae com quatorze espécies e Fabaceae

com onze espécies. E dentre as lianas foram encontradas 13 espécies, distribuídas em 8

famílias com destaque para a Fabaceae representada por três espécies. Comparada com

outras áreas de Caatinga, a área estudada apresentou composição florística diferente,

com espécies que são geralmente encontradas em áreas mais úmidas, contribuindo para

uma flora mais rica que a maioria das áreas da Caatinga.

Palavras-chave: Semiárido, diversidade florística, hábito.

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FLORIST COMPOSITION OF A CAATINGA REMAINING IN POÇO VERDE -

SERGIPE

Abstract: A vegetation study has been performed in a Caatinga fragment located at

Santa Maria da Lage settlement, in Poço verde city - SE, aiming to characterize the

florist composition of this fragment. In the studied Caatinga fragment, it has been

registered the occurrence of 176 species, which are distributed in 119 genres and 47

botanical families. The best represented families were: Fabaceae (21, being

Caesalpinioideae with seven species, Mimosoideae with 11 and Papilionoideae with

three species); Euphorbiaceae (17); Solanaceae (9); Convolvulaceae (8); Apocynaceae,

Malvaceae and Poaceae (7); Asteraceae, Lamiaceae and Verbenaceae (6); Acanthaceae,

Anacardiaceae, Araceae, Orchidaceae and Rubiaceae (5), representando 71,5% of the

sampled flora. It still may be observed that 21 families have shown only a species in the

studied área. The genres which have shown highest florist richness were: Croton (8 sp),

Solanum (6), Senna and Mimosa (4). The habits have covered trees, bushes, lianas and

herbs, the herbaceous stratum has presented the largest number of representatives, with

84 species distributed in 28 families. The arboreal and shrubby stratum has been

represented by 39 and 40 species, respectively. The greatest richness of the first stratum

belongs to family Fabaceae, with seven species and Anacardiaceae with five species. In

the shrubby stratum, it has been highlighted the Euphorbiaceae with 14 species and

Fabaceae with 11 species. Amongst the lianas, it has been found 13 species, distributed

in 8 families, highlighting the Fabaceae family which is represented by 3 species.

Compared with other Caatinga areas, the studied area has shown a different florist

composition, with species which have been generally found in wetter areas, contributing

to a richer flora than the most from Caatinga areas.

Key word: semi-arid, florist diversity, habit.

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INTRODUÇÃO

O termo caatinga é uma denominação típica do Nordeste brasileiro e tem origem

indígena, significando mata branca (caa - mata; tinga - branca, clara, aberta)

(NASCIMENTO, 1998).

A Caatinga é a vegetação que ocorre na porção semiárida do Nordeste,

ocupando uma área de aproximadamente 800.000 km², o que corresponde a 10% do

território brasileiro (HUECK, 1972; AB’SABER, 2003; FERNANDES, 2003). Cobre a

maior parte dos Estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,

Alagoas, Sergipe, Bahia e parte norte de Minas Gerais, sendo considerado o principal

ecossistema existente na região Nordeste.

O clima da região semiárida apresenta como característica marcante a

irregularidade do regime pluviométrico, com duas estações definidas: a estação chuvosa

(inverno) que dura de três a cinco meses e a estação seca (verão) que dura de sete a nove

meses. As irregularidades das chuvas são intensas no tempo e no espaço, provocando

periodicamente a ocorrência de secas prolongadas (ANDRADE et al., 2008).

De acordo com Rodal & Sampaio (2002), a heterogeneidade do bioma Caatinga

é identificada pelo conjunto de características e fatores ambientais que afetam as

plantas, de modo que suas áreas de ocorrência se sobrepõem razoavelmente. Segundo os

autores, existem três caracteres básicos que são comuns nas definições e delimitações da

Caatinga: 1) É a vegetação que cobre uma área mais ou menos contínua de clima semi-

árido no Nordeste e porção norte de Minas Gerais; 2) As plantas apresentam adaptações

anátomo-fisiológicas à deficiência hídrica, predominando arbustos e arvoretas de copas

descontínuas; 3) Algumas espécies são endêmicas do semi-árido e outras também

ocorrem em outras áreas secas, mas não são encontradas em formações mais úmidas que

fazem limite com o semi-árido.

A vegetação da Caatinga é caracterizada por apresentar um estrato arbóreo de

porte relativamente baixo (geralmente até 5 metros de altura) sem formar um dossel

contínuo, possuindo árvores e arbustos geralmente com tronco fino, com folhas

pequenas ou compostas e folhagem decídua na estação seca. Cactos e bromélias

terrestres são também elementos importantes da paisagem da Caatinga. O estrato

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herbáceo é efêmero e constituído principalmente por terófitas e geófitas que aparecem

apenas na curta estação chuvosa (DRUMOND et al., 2000).

Do ponto de vista ecológico, a vegetação da Caatinga protege o solo através das

folhas das plantas na estação chuvosa ou pelas folhas secas caídas, que formam um

tapete que se mantém durante a época seca protegendo o solo contra a forte insolação.

Além disso, a vegetação protege a água superficial com o sombreamento, evitando o

aquecimento e a evaporação excessiva, e a água subterrânea pela estrutura esponjosa

proporcionada, libertando a água da chuva aos poucos para as plantas e para fontes e

olhos d’água (MAIA, 2004).

A utilização dos recursos da Caatinga ainda se fundamenta em princípios

puramente extrativistas, sem a perspectiva de um manejo sustentável, observando-se

perdas irrecuperáveis na diversidade florística e faunística como conseqüência da

simplificação da rede alimentar, redução da resiliência e da estabilidade do ambiente

diante dos fatores do meio (DRUMOND et al., 2000).

A eliminação sistemática da cobertura vegetal e o uso indevido da terra têm

acarretado graves problemas ambientais ao semiárido nordestino, entre os quais se

destacam: a redução da biodiversidade, a degradação dos solos, o comprometimento dos

sistemas produtivos e a desertificação de extensas áreas na maioria dos estados que

compõem a região (PEREIRA et al., 2001). Em Sergipe, a Caatinga

ocupa uma área de 10.395Km² (PAIVA e CAMPOS, 1995) que se encontra bastante

devastada no que diz respeito a sua cobertura vegetal primitiva (SANTOS &

ANDRADE, 1992).

A Caatinga passou a ser estudada com mais propriedade na última década, pois

antes disso era vista como um ecossistema pobre em biodiversidade. Sendo assim, até

hoje pouco se conhece de sua potencialidade, existindo espécies que sequer foram

descritas e pouco se sabe sobre os seus aspectos fisiológicos (LEAL et al., 2003).

O estudo da florística de uma floresta representa o passo inicial para o seu

conhecimento, pois associado a informações sobre sua estrutura e dinâmica pode

fornecer uma base teórica que subsidie a conservação dos recursos genéticos, a

conservação de áreas similares e a recuperação de áreas ou fragmentos florestais

degradados, contribuindo substancialmente para seu manejo ou inteira conservação dos

fragmentos, sem obter o uso dos seus produtos (ARRUDA & DANIEL, 2005).

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Este trabalho foi realizado com o objetivo de descrever a composição florística

de um remanescente de Caatinga situado no Assentamento Santa Maria da Lage, no

município de Poço Verde, estado de Sergipe, com a finalidade de conhecer a

distribuição das espécies na área de estudo, especialmente com base nos dados de

estudos taxonômicos. Sendo assim, esse estudo prima pelo conhecimento das espécies

botânicas da Caatinga, pois conhecer a biodiversidade do semi-árido e os processos

bióticos e abióticos que afetam sua biota é o primeiro passo para que seus recursos

possam ser aproveitados de maneira sustentável, reduzindo a degradação ambiental e

melhorando a qualidade de vida de seus habitantes. Os resultados deste trabalho irão

ampliar o conhecimento sobre a vegetação nativa do município e fornecer subsídios que

auxiliem futuros projetos de recuperação e manutenção dos recursos hídricos.

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da área de estudo

Este estudo foi conduzido em um fragmento florestal com 71,42 ha, localizado

no município de Poço Verde (Figura 1), situado na mesorregião geográfica do Sertão

Sergipano e na microrregião de Tobias Barreto, juntamente com Simão Dias, no estado

de Sergipe. De acordo com o IBGE (2001), este município apresenta uma superfície de

380,7Km², o que corresponde a 18,47% da microrregião e 1,72% do estado de Sergipe.

Limita-se ao norte com os municípios baianos de Paripiranga e Adustina; ao oeste com

Fátima, Heliópolis e Ribeira do Amparo; a leste com o município sergipano de Simão

Dias e ao Sul com Tobias Barreto. A sede municipal tem uma altitude de 273 metros e

coordenadas geográficas 10°42'11" de latitude sul e 38°11'06" de longitude oeste.

Poço Verde apresenta um relevo ligeiramente montanhoso na sua metade

oriental, apresentando algumas serras, como: Caraíba, Poço Dantas e São José. Na

região do centro-sul sergipano, localizado na região Oeste do Estado, onde se situa o

município de Poço Verde, aparecem elevações como a Serra Negra com 750m, ponto

culminante de Sergipe, caracterizando assim o pediplano sergipano (IBGE, 2008).

O clima predominante é quente, do Tipo Megatérmico Semi-Árido com

transição para seco e Sub-Úmido. A precipitação média anual é de 786,5 mm com

período chuvoso compreendido entre os meses de março a julho. A temperatura varia

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entre 38ºC nos meses mais quentes e 17ºC nos meses mais frios (IBGE, 2001).

Figura 1: Assentamento Santa Maria da Lage, destacado no mapa do município de Poço Verde – SE.

Inserido na zona rural de Poço Verde, o remanescente de Caatinga amostrado

está localizado na Fazenda Santa Maria da Lage, que foi desapropriada para fins de

Reforma Agrária em 24 de outubro de 1996 e implantado pelo INCRA em 31 de

dezembro de 1997, a qual se encontra a uma distância aproximada de 9 km da sede

municipal. Sua área de 433,0 hectares é dividida em 26 unidades agrícolas familiares,

um espaço destinado à construção de núcleo urbano, 2 reservas legais e 5 áreas coletivas

de exploração de caráter comum, principalmente com atividades de pecuária extensiva e

culturas de subsistência, a exemplo do milho e feijão (INCRA, 2007).

As reservas legais totalizam 71,42 ha de área já explorada, caracterizada por uma

Floresta seca e densa, que sofreu extração vegetal de médio impacto, encontrando-se

hoje em regeneração natural.

Coleta, manuseio e identificação do material botânico

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As coletas do material botânico foram realizadas entre os meses de outubro de

2009 a novembro de 2010, em caminhadas por todo o fragmento. Considerando os

componentes herbáceo, arbustivo e arbóreo, foram coletados os ramos reprodutivos dos

indivíduos, segundo as normas usuais sugeridas por Mori et al. (1989), procurando

incluir a variabilidade encontrada nas populações. Os materiais botânicos coletados

foram incorporados ao acervo do Herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE).

As identificações foram feitas através de comparações com exsicatas existentes

no Herbário ASE, bem como através de consultas à literatura e aos especialistas, quando

necessário. A classificação das espécies em famílias seguiu o sistema do Angiosperm

Phylogeny Group III (APG III, 2009).

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No levantamento florístico foram coletadas 243 plantas, pertencentes a 176

espécies, distribuídas em 119 gêneros e 47 famílias botânicas (Tabela 1) das quais

foram identificados 137 táxons ao nível de espécies e 4% ainda não possuem

identificação.

Tabela 1 – Famílias e espécies, com nome popular, hábito e número do voucher registradas no fragmento

florestal do Assentamento Santa Maria da Lage, município de Poço Verde – Sergipe

Família/Espécie Nome popular Hábito Voucher

Acanthaceae

Justicia sp. - Arbusto ASE 17863

Poikilacanthus harleyi Wassh. - Erva ASE 17820

Ruellia asperula (Mart. & Nees) Lindau camaratu Arbusto ASE 16049

Ruellia bahiensis (Nees) Morong - Arbusto ASE 17814

Ruellia geminiflora Kunth - Arbusto ASE 17812

Alstromeriaceae

Bomarea edulis (Tussac.) Herb. - Erva ASE 17916

Amaranthaceae

Althernanthera ficoidea (L.) P. Beauv - Arbusto ASE 17636

Anacardiaceae

Myracrodruon urundeuva Allemão aroeira Árvore ASE 17961

Schinopsis brasiliensis Engl. braúna Árvore ASE 17987

Spondias mombim L. cajazeira Árvore ASE 16069

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Spondias tuberosa Arr. Cam umbuzeiro Árvore ASE 16063

Thyrsodium spruceanum Benth. catingaíba Árvore ASE 17985

Apiaceae

Foeniculum vulgare Mill. endro Erva ASE 17809

Apocynaceae

Aspidosperma pyrifolium Mart. pereiro Árvore ASE 16060

Mandevilla microphylla (Stadelm.) M. F. Sales &

Kinoshita Gouvêa

- Erva ASE 17806

Marsdenia altissima (Jacq.) Dugand - Liana ASE 20408

Matelea maritima (Jacq.) Woodson - Erva ASE 17983

Matelea nigra (Decne.) Morillo & Fontella - Erva ASE 17988

Ditassa sp. - Erva ASE 17917

Araceae

Monstera adansonii Schott - Erva ASE 16056

Taccarum ulei Engl. & K. Krause milho de cobra Erva ASE 16516

Colocasia sp. banana de macaco erva ASE 16517

Spathicarpa sp. - erva ASE 17831

Sp. - erva ASE 17835

Arecaceae

Syagrus coronata (Mart.) Becc. licuri arvore ASE 20411

Aristolochiaceae

Aristolochia sp. - arbusto ASE 18792

Asteraceae

Baccharis sp. - erva ASE 17997

Bidens pilosa L. carrapicho de agulha erva ASE 17974

Centratherum punctatum Cass. cega-ovelha erva ASE 17861

Emilia sonchifolia (L.) DC. carrapicho erva ASE 17932

Tridax procumbens L. - erva ASE 17830

Vernonia remotiflora Rich. - arbusto ASE 17976

Begoniaceae

Begonia ulmifolia Willd. - arbusto ASE 17946

Bignoniaceae

Handroanthus impetiginosus Mart. ex DC.)

Mattos

pau d’arco árvore ASE 17973

Boraginaceae

Heliotropium indicum L. crista de galo erva ASE 16064

Varronia leucocephala (Moric.) J.S. Mill. pau de sapo erva ASE 17825

Cordia globosa (Jacq.)Kunth - arbusto ASE 17851

Bromeliaceae

Aechmea aquilega (Salisb.) Griseb. gravatá erva ASE 16511

Aechmea lingulata (L.) Baker - erva ASE 16071

Bromelia laciniosa Mart. Erva ASE 20428

Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez crauá erva ASE 17815

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Burseraceae

Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett imburana árvore ASE 17979

Cactaceae

Cereus jamacaru DC. mandacaru arvore ASE 16525

Tacinga palmadora (Britton & Rose) N.P. Taylor

& Stuppy

mandacaru miúdo erva ASE 17952

Capparaceae

Capparis flexuosa L. feijão de jacu arvore ASE 16045

Capparis jacobinae Moric. Ex Eichler icozinho árvore ASE 16055

Capparis yco Mart. icó árvore ASE 16054

Celastraceae

Maytenus rigida Mart. pau de colher árvore ASE16051

Convolvulaceae

Cuscuta americana L. erva ASE 18786

Ipomoea brasiliensis (L.) Sweet - liana ASE 17848

Ipomoea brasiliana Meisn. cipó branco liana ASE 16048

Jacquemontia sp. - erva ASE 17943

Merremia umbellata (L.) Hallier f. - liana ASE 17989

Operculina macrocarpa (Linn) Urb. - erva ASE 17813

sp. - erva ASE 16519

Cucurbitaceae

Gurania bignoniacea (Poepp. & Endl.) C.Jeffrey - liana ASE 18787

Sp. - erva ASE 16530

Cyclanthaceae

Sp. - erva ASE 17836

Dioscoreaceae

Dioscorea sp. - erva ASE 17838

Euphorbiaceae

Cnidoscolus phyllacanthus muell arg cansanção arbusto ASE 16057

Cnidoscolus urens (L.) Arthur cansanção arbusto ASE 16522

Cnidoscolus vitifolius (Mill.) Pohl favela arbusto ASE 16057

Croton urticifolius Lam. marmeleiro arbusto ASE 17915

Croton grewioides Baill. velame erva ASE 17934

Croton campestris A. St.-Hil. velame branco arbusto ASE 18788

Croton sonderianus Müll. Arg. marmeleiro b ranco arbusto ASE 17956

Croton heliotropiifolius Kunth quebra facão arbusto ASE16058

Croton sp.2 - arbusto ASE 17849

Croton sp.3 - arbusto ASE 20409

Croton tetradenius Baill. velandinho de cheiro arbusto ASE 16518

Dalechampia scandens L. - liana ASE 17866

Euphorbia insulana Müll. Arg. - erva ASE 17990

Jatropha gossypiifolia L. pinhão manso arbusto ASE 16521

Jatropha mollissima (Pohl) Baill. pinhão bravo arbusto ASE 16043

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Jatropha ribifolia (Pohl) Baill. pinhão branco arbusto ASE 16062

Manihot dichotoma Ule mandioca brava arbusto ASE 16526

Sapium glandulosum (L.) Morong pau de leite árvore ASE 17840

Flaucortiaceae

Casearia sylvestris Sw. estralador arvore ASE 17977

Fabaceae

Caesalpinioideae

Amburana cearensis (Allemão) A.C. Sm. amburana arbusto ASE 20419

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. mororó arbusto ASE 17858

Caesalpinia ferrea Mart. pau ferro árvore ASE 17958

Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz catingueira árvore ASE 16066

Senna cana (Nees & Mart.) H.S.Irwin & Barneby fedegoso arbusto ASE 17930

Senna alata (L.) Roxb. canudinho arbusto ASE 17936

Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby canafístula árvore ASE 16052

Senna uniflora (Mill.) H.S. Irwin & Barneby mata pasto cabeludo arbusto ASE 17837

Mimosoideae

Acacia bahiensis Benth. espinheiro arbusto ASE 16514

Albizia polycephala (Benth.) Killip angico branco árvore ASE 20425

Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan angico árvore ASE 17959

Desmanthus virgatus (L.) Willd. inhadê arbusto ASE 17968

Mimosa arenosa (Willd.) Poir. - arbusto ASE 17822

Mimosa acutistipula (Mart.) Benth. jurema branca árvore ASE 18000

Mimosa quadrivalvis L. serraguela arbusto ASE 17994

Parapiptadenia zehntneri (Harms)M.P.Lima &

H.C.Lima

angico vermelho árvore ASE 16059

Pithecellobium diversifolium Benth. carcarazeiro arbusto ASE 16046

Senegalia sp. calombi branco arbusto ASE 17847

Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose calombi arbusto ASE 17811

Chaetocalyx brasiliensis (Vogel) Benth. - arbusto ASE 18798

Vachellia farnesiana (L.) Wight & Arn. - liana ASE 16520

Faboideae

Aeschynomene ciliata Vogel - liana ASE 17868

Canavalia brasiliensis Mart. ex Benth. - liana ASE 17853

Sp. - erva ASE 17821

Hypoxidaceae

Hypoxis decumbens L. - erva ASE 17921

Lamiaceae

Hyptis fruticosa Salzm. ex Benth. alecrim do mato arbusto ASE 17845

Hyptis pectinata (L.) Poit. - erva ASE 17964

Hyptis suaveolens (L.) Poit. - erva ASE 17975

Leonotis nepetifolia (L.) R.Br. cordão de são francisco erva ASE 16044

Ocimum basilicum L. alfavaca erva ASE 17824

Ocimum campechianum Mill. manjericão erva ASE 17823

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Lythraceae

Lafoensia pacari A. St.-Hil. - árvore ASE 17929

Malpighiaceae

Banisteriopses sp. - Árvore ASE 17966

Stigmaphyllon blanchetii C.E. Anderson - árvore ASE 17817

Malvaceae

Apeiba tibourbou Aubl. erva ASE 17846

Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum. barriguda árvore ASE 17998

Corchorus sp. - erva ASE 17864

Helicteres lhotzkyana (Schott & Endl.) K. Schum. - arbusto ASE 18799

Malvastrum coromandelianum (L.) Garcke - erva ASE 16068

Melochia tomentosa L. - erva ASE 17841

Sida spinosa L. vassourinha arbusto ASE 17913

Marantaceae

Calathea crocata E. Morren & Joriss. - erva ASE 17834

Marantha sp. - erva ASE 17981

Meliaceae

Cedrela fissilis Vell. cedro árvore ASE 17949

Myrtaceae

Psidium schenckianum Kiaersk. araçá árvore ASE 16050

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. pitomba de cágado árvore ASE 17993

Nyctaginaceae

Pisonia tomentosa Casar. bandola árvore ASE 16042

Orchidaceae

Brassavola tuberculata Hook. - erva ASE 17819

Catasetum purum Nees & Sinning - erva ASE 17950

Cyrtopodium sp - erva ASE 17957

Oeceoclades maculata (Lindl.) Lindl. - erva ASE 16524

Vanilla palmarum (Salzm. ex Lindl.) Lindl. - erva ASE 17859

Passifloraceae

Passiflora cincinnata Mast. maracujá do mato liana ASE 16515

Poaceae

Cenchrus echinata L. carrapicho erva ASE 17829

Chloris gayana Kunth. - erva ASE 16529

Eragrostis cilianensis (All.) Vign. ex Janchen - erva ASE 17833

Eriochloa punctata (L.) Desv. ex Ham. - erva ASE 17855

Setaria parviflora (Poir.) Kerguélen - erva ASE 17832

Paspalum densum Poir. - erva ASE 17856

Paspalum fimbriatum Kunth - erva ASE 16528

Paspalum oligostachyum Salzm. ex Steud. - erva ASE 17828

Polygalaceae

Polygala decumbens A.W. Benn. - erva ASE 17865

Portulacaceae

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Talinum portulacifolium (Forssk.) Asch. ex

Schweinf.

- erva ASE 17839

Rhamnaceae

Rhamnidium elaeocarpum Reissek melassonhim árvore ASE 17953

Ziziphus joazeiro Mart. juazeiro árvore ASE 16513

Rubiaceae

Alseis floribunda Schott goiabeira do mato árvore ASE 17996

Borreria verticillata (L.) G. Mey. vassourinha de botão erva ASE 17852

Coutarea alba Griseb. quina-quina branca arvore ASE 17970

Guettarda angelica Mart. ex Müll. Arg. quina-quina árvore ASE 17807

Tocoyena bullata (Vell.) Mart. arvore ASE 20414

Rutaceae

Citrus aurantium L. laranja brava árvore ASE 17965

Sapindaceae

Cardiospermum halicacabum L. - erva ASE 17972

Serjania communis Cambess. - liana ASE 17942

Serjania sp. - liana ASE 17857

Sapotaceae

Sideroxylon obtusifolium (Humb. ex Roem. &

Schult.) T.D. Penn.

quixabeira árvore ASE 17969

Solanaceae

Datura stramonium L. zabumba Erva ASE 17867

Solanum americanum Mill. - arbusto ASE 17944

Solanum stipulaceum Willd. ex Roem. &

Schult.

- arbusto ASE 17938

Solanum caavurana Vell. - arbusto ASE 17818

Solanum gardneri Sendtn. - arbusto ASE 17939

Solanum paniculatum L. jurubeba arbusto ASE 17634

Solanum sp sacatinga arbusto ASE 16061

Sp. - arbusto ASE 17928

Sp.. - arbusto ASE 17945

Sp. - arbusto ASE 17818

Verbenaceae

Lantana camara L. chumbinho arbusto ASE 16067

Lantana canescens Kunth - arbusto ASE 17919

Lantana sp. malva arbusto ASE 17914

Lippia alba (Mill.) N.E. Br. ex Britton & P.

Wilson

- Erva ASE 17842

Priva bahiensis A. DC. pega pinto Erva ASE 17843

Tamonea sp. - Erva ASE 17912

Vitaceae

Cissus blanchetiana Planch. - Erva ASE 17980

Cissus sicyoides L. - Liana ASE 17992

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Indeterminada

Sp. - Erva ASE 17862

Sp. - Erva ASE 17926

As famílias com maior riqueza de espécies foram: Fabaceae (24, sendo

Caesalpinioideae com 8 espécies, Mimosoideae com 13 e Faboideae com 3 espécies);

Euphorbiaceae (18); Solanaceae (10); Convolvulaceae (8); Apocynaceae, Malvaceae e

Poaceae (7); Asteraceae, Lamiaceae e Verbenaceae (6); Acanthaceae, Anacardiaceae,

Araceae, Orchidaceae e Rubiaceae (5); Bromeliaceae (4); e, Boraginaceae,

Capparaceae, Myrtaceae e Sapindaceae (3), representando 79,5% da flora amostrada.

Pode-se observar ainda que 19 famílias apresentaram apenas uma espécie na área de

estudo. As duas primeiras famílias também foram destacadas por Alcoforado-Filho et

al. (2003), em trabalho realizado no agreste de Pernambuco.

As famílias Fabaceae e Euphorbiaceae são as mais frequentemente encontradas

em estudos realizados em outras áreas de Caatinga (ARAÚJO et al. 1995; PEREIRA,

2000; CAMACHO, 2001 e SANTANA, 2005). Nos trabalhos realizados na Caatinga de

Sergipe estas duas famílias botânicas também foram as que contribuíram com o maior

número de espécies (SOUZA, 1983; FONSECA, 1991; DÓRIA-NETO, 2009 e

FERRAZ, 2009). Estes resultados confirmam as observações de Rodal (1992), que

apontou estas famílias como as principais na Caatinga, em número de gêneros, espécies

e abundância de plantas.

Pereira et al. (2001) destaca que a ocorrência da família Rubiaceae também tem

sido registrada no componente lenhoso de outras áreas de Caatinga, mas apenas nas de

maior umidade, como Caruaru–PE (ALCOFORADO-FILHO et al., 2003).

Segundo Andrade et al. (2005) Myracrodruon urundeuva, Commiphora

leptophloeos e Capparis flexuosa são mais comumente encontradas em áreas mais

protegidas ou em matas bem conservadas, e raramente são encontradas em áreas

fortemente antropizadas. Essas espécies foram encontradas no presente estudo, o que

pode indicar que a área está em recuperação.

Entre as espécies encontradas na área de estudo, 10,2% do total são consideradas

endêmicas da caatinga, a exemplo de: Aspidosperma pyrifolium, Commiphora

leptophloeos, Cereus jamacaru, Maytenus rigida, Jatropha mollissima e Ziziphus

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joazeiro (GIULIETTI et al., 2002).

As famílias com maior número de gêneros foram Fabaceae (17), Asteraceae,

Euphorbiaceae e Malvaceae (sete cada uma), Apocynaceae, Convolvulaceae,

Orchidaceae e Rubiaceae (cinco cada uma) e, Anacardiaceae, Poaceae e Verbenaceae

(quatro cada uma). Vinte e cinco famílias (53,1%) apresentaram apenas um gênero.

Entre os gêneros que mais se destacaram em número de espécies estavam: Croton, com

8 espécies; Solanum com 6; Senna e Mimosa com 4; e Ruellia, Hyptis, Jatropha,

Cnidoscolus, Capparis, Mimosa e Lantana com 3 espécies cada. Os demais gêneros

(108) foram representados por duas ou por uma espécie. A alta freqüência de

representantes do gênero Croton, especialmente no sub-bosque, confirma a importância

de Euphorbiaceae na vegetação de Caatinga, mesmo em áreas menos secas.

Os hábitos abrangeram árvores, arbustos, lianas e ervas, sendo que o estrato

herbáceo apresentou o maior número de representantes, com 84 espécies (47,72% do

total) distribuídas em 28 famílias. As que apresentaram maior riqueza são Poaceae, com

sete espécies e Asteraceae, Lamiaceae e Verbenaceae, com seis espécies cada uma

(Tabela 1). O alto percentual de herbáceas encontradas na área demonstra a importância

desse componente na proteção do solo e na disponibilidade de recurso para a fauna

local.

O estrato arbóreo e arbustivo foi representado por 39 e 40 espécies,

respectivamente. Para o componente arbóreo, as famílias mais representativas foram

Fabaceae, com sete espécies e Anacardiaceae com cinco espécies. Os elementos

arbóreos mais conspícuos foram Aspidosperma pyrifolium (Apocynaceae), Poincianella

pyramidalis (Fabaceae) e Capparis jacobinae (Capparaceae), citados na maioria dos

levantamentos realizados na vegetação de Caatinga do nordeste brasileiro (ARAÚJO et

al., 1995; FERRAZ et al., 1998; ALCOFORADO-FILHO, 1993). Além dessas

espécies, registrou-se também a presença de Psidium schenckianum (Myrtaceae), táxon

mais freqüente nas florestas montanas dos brejos de altitude. Isto ocorre provavelmente

em decorrência da condição de maior umidade local. A ocorrência desta espécie

também foi observada por Alcoforado-Filho et al. (2003) no agreste de Pernambuco.

Com relação ao estrato arbustivo, as famílias que mais se destacaram foram

Euphorbiaceae e Fabaceae com 14 e 11 espécies, respectivamente, com espécies

comuns a outras áreas de Caatinga. Rodal (1992) observou que Euphorbiaceae

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apresentou o maior número de espécies entre as nanofanerófitas (KENT & COKER

1992) em áreas da Vegetação Caducifólia Espinhosa menos secas, sendo substituída por

Cactaceae em áreas mais secas. Com relação às lianas foram encontradas 13 espécies,

distribuídas em 8 famílias com destaque para a Fabaceae representada por três espécies.

Número elevado de lianas também foi encontrado por Figueirêdo et al. (2000) em uma

área de Caatinga no município de Buíque, Pernambuco. Assim, ao contrário do sugerido

pela literatura (Rizzini 1979), a vegetação do semiárido apresenta número considerável

de espécies neste componente.

De acordo com Andrade-Lima (1981), as caatingas situadas em locais onde as

precipitacões são mais elevadas apresentam maior número de espécies. Os

levantamentos florísticos e fitossociológicos realizados na Caatinga indicam grande

variabilidade no número de espécies e de indivíduos. Entretanto, Rodal et al. (1992)

citaram que o maior ou menor número de espécies nos levantamentos realizados deve

ser resposta a um conjunto de fatores, tais como situacão topográfica, classe,

profundidade e permeabilidade do solo e não apenas ao total de chuvas, embora este

seja um dos fatores mais importantes.

CONCLUSÃO

O fragmento de Caatinga do Assentamento Santa Maria da Lage apresenta uma

alta diversidade de espécies, apresentando uma composição florística diferente das áreas

de vegetação de Caatinga estudada em Sergipe, pois apresenta particularidades como a

alta riqueza da espécie Psidium schenckianum. O fato de incluir, além de espécies

típicas da vegetação de Caatinga, espécies que são geralmente encontradas em áreas

mais úmidas, contribuiu para uma flora mais rica que a maioria das áreas da Caatinga

estudadas em Sergipe.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AB’SABER, A. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo. Ateliê Cultural, 2003. 160p.

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CAPÍTULO 3

ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO, TIPOS DE

FRUTOS E SÍNDROMES DE DISPERSÃO NA

COMUNIDADE ARBUSTIVO-ARBÓREA DA

FAZENDA SANTA MARIA DA LAGE, POÇO

VERDE - SERGIPE

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ESTRUTURA DA VEGETAÇÃO, TIPOS DE FRUTOS E

SÍNDROMES DE DISPERSÃO NA COMUNIDADE ARBUSTIVO-

ARBÓREA DA FAZENDA SANTA MARIA DA LAGE, POÇO

VERDE - SERGIPE

Resumo: Este trabalho foi realizado com o objetivo de caracterizar a estrutura da

vegetação, os tipos de frutos e a síndrome de dispersão das espécies de uma comunidade

arbustivo-arbórea localizada na Fazenda Santa Maria da Lage, em Poço Verde, Sergipe.

Foram realizadas excursões mensais para a coleta de materiais botânicos, para a

avaliação e identificação das espécies arbustivas e arbóreas com circunferência à altura

do peito (CAP) > 6 cm encontradas em 30 unidades amostrais de 400 m2

, instaladas em

uma área de 71,42ha e para observação dos frutos. O material botânico coletado foi

incorporado ao acervo do Herbário da Universidade Federal de Sergipe (ASE). Nas

unidades amostrais foi avaliada a espécie vegetal, os parâmetros horizontais e verticais e

observados as espécies com flores e frutos no período de outubro de 2009 a novembro

de 2010. As famílias Euphorbiaceae e Fabaceae foram as que apresentaram o maior

número de indivíduos em todas as parcelas estudadas. As espécies Psidium

schenckianum, Cedrella fissilis, Poincianella pyramidalis e Manihot dichotoma

apresentaram os maiores Índices de Valor de Importância e de Valor de Cobertura,

sendo as espécies de maior importância ecológica para a área estudada. A classe de

altura que apresentou o maior número de indivíduos (73,3%) foi de 2,89m a 5,83m e

considerando cada fuste da árvore como um indivíduo, a primeira classe diamétrica

(├9,3 cm) foi a que obteve maior número de representantes. Além disso, 41 espécies

(15 famílias) frutificaram no período de realização deste trabalho e por meio das

observações morfológicas e revisão bibliográfica caracterizou-se a síndrome de

dispersão (autocórica zoocórica e anemocórica). Verificou-se que 25 espécies são

dispersas por autocoria, oito por zoocoria e oito por anemocoria. As famílias com maior

número de espécies foram Fabaceae (12 espécies), Euphorbiaceae (8 espécies),

Anacardiaceae (4 espécies) e, Capparaceae e Myrtaceae (3 espécies). As demais

famílias foram representadas por apenas uma espécie cada. A maioria das espécies

estudadas, 73,1% do total, apresentou frutos deiscentes e 70,7% apresentaram frutos

secos. O predomínio da síndrome de dispersão autocórica na comunidade estudada

possui grande importância, pois esta síndrome de dispersão é característica de plantas

pioneiras, que provavelmente pode ser explicado pelo estágio de regeneração do

fragmento.

Palavras chaves: Caatinga, Famílias botânicas, Síndromes de dispersão.

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VEGETATION STRUCTURE, FRUIT TYPES AND THE SYNDROME OF

DISPERSION IN THE ARBOREAL-SHRUBBY COMMUNITY FROM SANTA

MARIA DA LAGE FARM, POÇO VERDE - SERGIPE

Abstract: This study aims to characterize the vegetation structure, the fruit type and the

syndrome of dispersion of the species in the arboreal-shrubby community located at

Santa Maria da Lage farm, in Poço Verde city - SE. Tours have been held monthly to

collect botanical material, for evaluation and identification of the arboreal-shrubby

species with circumference at breast height (CAP) > 6cm found in 30 sampling units of

400m2, installed in an area of 71,42 ha and for fruit observation. The collected botanical

material has been incorporated to the collection from the herbarium of the Federal

University from Sergipe (ASE). In the sampling units, it has been evaluated the

vegetable species, the vertical and horizontal parameters and observed the species with

flowers and fruit from October 2009 to November 2010. The Euphorbiaceae and

Fabaceae families were the ones which have shown greater number of individuals in all

studied plots. The species Psidium schenckianum, Cedrella fissilis, Poincianella

pyramidalis and Manihot dichotoma have presented the highest rates of Importance

Value and Coverage Value, being the species with greater ecological importance for the

studied area. The class of height which has shown greater number of individuals

(73,3%) was 2,89m to 5,83m and considering each tree trunk as an individual, the first

diameter class (├9,3 cm) was the one that had greater number of representatives.

Furthermore, 41 species (15 families) have fruited in the period during this study and

through morphological observations and literature review characterized the syndrome of

dispersion (autochorous, zoochorous and anemochorous). It has been verified that 25

species are scattered by autocory, 8 by zoochory and 8 by anemochory. The families

with higher number of species were Fabaceae (12 species), Euphorbiaceae (8 species),

Anacardiaceae (4 species) and, Capparaceae and Myrtaceae (3 species). The other

families have been represented by only one species each. Most of the studied species,

73,1% of the total, have shown dehiscent fruit and 70,7% have shown dry fruit. The

predominance of the syndrome of autochorous dispersion in the studied community has

great importance, since this dispersion syndrome is characteristic of pioneer plants, that

probably may be explained by the regeneration stage of the fragment.

Key word: Caatinga, botanical families, dispersion syndrome.

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INTRODUÇÃO

O crescente processo de degradação através de ações antrópicas descontroladas

contribui para um processo de decadência dos ecossistemas florestais, resultando na

redução dessas áreas e, conseqüentemente, na fragmentação do ecossistema. O bioma

Caatinga, principal ecossistema existente na região semiárida do Nordeste brasileiro,

vem sendo degradado desde o início da colonização. Apresenta uma grande

biodiversidade, com espécies de portes e arranjos fitossociológicos variados que o

tornam bastante complexo, pouco se conhecendo sobre a sua dinâmica.

A Caatinga é uma formação de clima semiárido, com regimes pluviais bastante

irregulares. A fisionomia, a composição específica e a estrutura de uma formação

vegetal são potencialmente influenciadas e decorrentes de importantes mudanças

temporais e espaciais de qualquer condição ambiental (BIANCHINI et al., 2003). Além

da vegetação caducifólia espinhosa da caatinga, ocorrem tipos vegetacionais

transicionais associados a outras formações de ocorrência natural (FARIAS e CASTRO,

2004).

A Caatinga, bioma único no mundo, é caracterizada pela formação de floresta

seca, composta de vegetação xerófila de porte arbóreo, arbustivo e herbáceo, com ampla

variação de fisionomia e flora e elevada diversidade de espécies, predominando

representantes de Caesalpiniaceae, Mimosaceae, Euphorbiaceae, Fabaceae e Cactaceae

(DRUMOND et al., 2000). Constitui-se na expressão sintética dos elementos físicos e

climáticos, uma vegetação singular cujos elementos florísticos expressam uma

morfologia, anatomia e mecanismo fisiológico convenientes para resistir ao ambiente

xérico. Traduzindo, o xerofilismo expressa uma condição de sobrevivência ligada a um

ambiente seco, ecologicamente com deficiência hídrica, cuja água disponível às plantas

procede unicamente do curto período da estação chuvosa, já que seus solos acumulam

pouca água (SOUTO, 2006).

Dos grandes domínios florístico-vegetacionais brasileiros (BIGARELLA et al.,

1975), a Caatinga nordestina é um dos mais desconhecidos. Os mapas vegetacionais

atualmente disponíveis reconhecem, neste domínio, diversas tipologias destacando a

Savana-estépica por sua maior extensão, especialmente nas áreas da depressão sertaneja,

onde a maior parte dos indivíduos perde as folhas, como adaptação à deficiência hídrica

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(KOZLOWSKI et al., 1991; LARCHER, 1995) e apresenta proporção significativa de

espécies espinhosas. Assim, a Savana-estépica poderia ser classificada como Vegetação

Caducifólia Espinhosa. Além dela, são citadas as Florestas Ombrófilas e as Florestas

Estacionais nos Brejos de Altitude, e extensas faixas ecotonais, com áreas de cerrado a

oeste e a Mata Atlântica ao sul/sudeste (IBGE, 1992).

Por um lado, o conhecimento da flora e fisionomia da vegetação caducifólia do

semiárido tem sido bastante ampliado, especialmente nas áreas da depressão sertaneja

situada na zona fisiográfica do Sertão (ARAÚJO et al., 1995; FERRAZ et al., 1998) e

em áreas sedimentares, também no Sertão (RODAL et al., 1999), incluindo as de

Vegetação Caducifólia Não Espinhosa, localmente chamada de Carrasco (OLIVEIRA

et al., 1997; ARAÚJO & MARTINS, 1999). Por outro lado, pouco ou quase nada se

sabe a respeito da vegetação caducifólia localizada nas áreas transicionais entre as zonas

fisiográficas do Sertão e da Mata, a chamada zona do Agreste. Nessas áreas ocorrem as

Florestas Ombrófilas ou Estacionais, nos brejos de altitude (Rodal et al., 1999), e

diferentes fitofisionomias da Vegetação Caducifólia Espinhosa, variando de arbustiva,

nas áreas mais secas, a arbórea, nas áreas com maior disponibilidade hídrica.

Atualmente, não há informações que permitam distinguir claramente uma Floresta

Estacional Arbórea de uma Vegetação Caducifólia Espinhosa de porte arbóreo,

especialmente por falta de levantamentos quantitativos em ambas.

Para suprir parte desta lacuna, foi realizado um estudo fitossociológico da

vegetação de uma área do município de Poço Verde, situada no Agreste Sergipano.

Nas últimas décadas, houve considerável avanço nos estudos de comunidades

florestais, principalmente por causa de sua importância para a conservação da

diversidade biológica (OLIVEIRA-FILHO et al., 1994). Essa importância se torna cada

dia mais acentuada devido ao processo desordenado de ocupação do solo, que têm

transformado formações florestais contínuas em fragmentos, nas mais diversas regiões

do país. Além disso, geralmente os remanescentes estão localizados em propriedades

particulares e estão sujeitos às mais diversas perturbações (Rodrigues et al., 2003). Na

região de Poço Verde, no estado de Sergipe, os remanescentes vegetais estão, em sua

maioria, bastante perturbados pela retirada seletiva de madeira.

A flora nativa interage com o ambiente há milhares de anos e passou por

diversos tipos de evoluções e processos de seleção natural gerando espécies adaptadas a

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diversos ecossistemas terrestres. A evolução dos frutos é caracterizada como um destes

processos (HAVEN et al., 2001), pois é um aspecto fundamental das irradiações

evolutivas das Angiospermas, que ocorreram devido à adaptação ao seu agente

dispersor. A manutenção de população de espécies vegetais em florestas tropicais é

regulada por diversos processos bioecológicos e físicos, entre os quais está a dispersão

de seus frutos e sementes (TERBORGH, 1990). Essa dispersão tem por finalidade

assegurar que o desenvolvimento de novas plantas não seja impedido pela competição

com outros indivíduos por falta de espaço, de nutrientes, de luz, etc. (SILVA, 2010).

A dispersão através de transportadores físicos ou biológicos realiza-se de forma

diferente conforme as características dos frutos e das sementes. Nos frutos deiscentes,

as sementes ficam em liberdade quando os tecidos do pericarpo se abrem, geralmente

ainda com o fruto ligado à planta. Em alguns casos a liberação das sementes ocorre de

forma brusca e as sementes são lançadas a certa distância. Quando as sementes não se

desprendem tão facilmente e com tanta força, a disseminação realiza-se pelos animais.

Nos frutos indeiscentes, que não possuem mecanismos de abertura, as sementes

desprendem-se da planta conjuntamente com os frutos, ficando em liberdade quando

ocorre a putrefação ou fratura do fruto (SILVA, 2010).

Nos trópicos é muito comum a dispersão intermediada por animais,

constituindo-se num mecanismo eficaz para a disseminação de genes de espécies

vegetais (PIJL, 1982). Dentre os diversos modos de dispersão por animais, a

zoogeocoria é uma via de dispersão característica de mamíferos caviomorfos, que

carregam, espalham e enterram as sementes e frutos pela floresta (FORGET, 1990;

FORGET & MILLERON, 1991).

A dependência estreita entre a planta e o dispersor pode tornar crítico o

equilíbrio do sistema, uma vez que a remoção de um ou de outro pode afetar de modo

irreversível o “state steady” das populações (TERBORGH, 1986). A persistência desses

organismos em suas respectivas comunidades é controlada pela oferta de recursos (para

o animal) e pela disponibilidade de sítios de estabelecimento e presença de dispersor

(para a planta), além de outras condicionantes, como os fatores ambientais (DIRZO &

DOMINGUES, 1986). A interferência em ecossistemas como a remoção local da fauna

associada, especialmente por pressão de caça, pode levar à extinção ecológica e

biológica de espécies vegetais que dependem destes animais para se dispersarem ou

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mesmo para controlar suas populações (DIRZO & DOMINGUES, 1986; TERBORGH,

1986).

O efeito da sazonalidade nos padrões de síndromes de dispersão de comunidades

vegetais tropicais vem sendo estudado desde a década de 70 (FRANKIE et al., 1974,

GENTRY, 1983). Supõe-se que nos ecossistemas com pluviosidade elevada e bem

distribuída ao longo do ano, ocorre predomínio de plantas dispersas por vertebrados e a

medida que aumenta o grau de sazonalidade e diminui a precipitação, os ambientes

tornam-se mais secos e os vetores abióticos, tais como o vento e a gravidade, vão

ganhando importância (GRIZ et al., 2002, VICENTE et al., 2003). Como exemplo,

podemos citar o estudo de Justiniano & Fredericksen (2000) em formações florestais

secas da Bolívia e o de Mantovani & Martins (1988) no cerrado brasileiro, os quais

revelaram que as plantas tendem a dispersar seus diásporos por meios abióticos,

envolvendo autocoria e anemocoria, assim como o estudo de Griz & Machado (1998),

em um remanescente de Mata Atlântica, onde a síndrome preponderante foi a zoocoria.

É possível que a razão para haver um maior número de agentes bióticos em ambientes

mais úmidos esteja relacionada com o fato das florestas úmidas apresentarem maior

riqueza de animais e plantas arbóreas (PIANKA, 1982, GENTRY, 1983). De fato, nas

florestas tropicais, de 50 a 90% das árvores e arbustos apresentam síndrome zoocórica,

sendo a maioria da biomassa dos vertebrados mantida por frutos carnosos (HOWE &

SMALLWOOD, 1982). Além disso, nos ecossistemas úmidos, devido à proteção das

folhagens, os frutos carnosos se mantêm viáveis por mais tempo, favorecendo a

dispersão zoocórica (WEISER & GODOY, 2001).

Apesar do consenso de que entender o funcionamento de sistemas tropicais é

fundamental para seu manejo, as formações sazonalmente secas são comparativamente

menos estudadas que as úmidas (MOONEY et al., 1995). No caso da Caatinga do

nordeste brasileiro, alguns estudos enfocaram a fenologia (BARBOSA et al., 1989,

MACHADO et al., 1997), as síndromes de dispersão (GRIZ & MACHADO, 2001,

BARBOSA et al., 2002, GRIZ et al., 2002, TABARELLI et al., 2003, VICENTE et al.,

2003), os sistemas de reprodução (MACHADO & LOPES, 2004) e o banco de sementes

(COSTA & ARAÚJO, 2003). Mas os trabalhos de dispersão realizados até o momento

limitam-se à vegetação arbustivo-arbórea, com escassas informações sobre a vegetação

herbácea (OLIVEIRA et al., 1988, BARBOSA et al., 1989, PEREIRA et al.,1989,

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GRIZ, 1996, MACHADO et al., 1997, GRIZ & MACHADO, 2001, BARBOSA et al.,

2002, GRIZ et al., 2002).

Portanto, este trabalho foi realizado com o objetivo de conhecer a estrutura, os

principais tipos de frutos e dispersão de sementes das espécies ocorrentes nos estratos

arbustivos e arbóreos de um fragmento de Caatinga localizados no Assentamento Santa

Maria da Lage, no município de Poço Verde, Sergipe.

MATERIAL E MÉTODOS

Levantamento estrutural da comunidade arbustiva-arbórea

Para este estudo foi realizado um levantamento da vegetação utilizando o

método de parcela de área fixa, com parcelas quadradas de 400m² (20m x 20m),

distribuídas sistematicamente na área (RMFC, 2005). A amostragem sistemática

consistiu em estabelecer a aleatoriedade apenas na primeira unidade amostral, sendo as

demais distribuídas sistematicamente de acordo com o intervalo de distância das

unidades de amostragem (K). O valor de K (154m) foi obtido pela raiz quadrada da

divisão da área total (A = 71,42 ha) pelo número de unidades amostrais (n = 30

parcelas) e as mesmas foram distribuídas em duas direções perpendiculares.

Com o auxílio do programa AUTOCAD foram lançados 30 pontos no mapa da

área com uma distância definida pelo valor de K (154m), tanto na linha como na coluna,

obedecendo ao sentido norte – sul. Obteve-se as coordenadas em UTM que foram

digitadas no GPS e com o auxílio deste as unidades amostrais foram localizadas no

campo. Esses 30 pontos representaram o vértice georreferenciado de cada unidade

amostral (Figura 2). A partir do vértice foi medido 20m em direção ao sul e 20m em

direção ao leste totalizando um quadrado de 400m², que corresponde à área de cada

parcela.

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Figura 2: Croqui da área de estudo, mostrando a distribuição das parcelas com seus vértices

georeferenciados em UTM.

De acordo com o INCRA (2007), existem duas áreas de reserva legal no

assentamento. As unidades amostrais foram implantadas nessas áreas, sendo 8 parcelas

na área da reserva 1, que possui uma área de 20ha, e 22 na área de reserva 2, que possui

51,42ha de área, totalizando uma área amostral de 1,2 ha. Para a instalação das parcelas

foram utilizadas trenas para medir as distâncias horizontais e GPS para orientar o

alinhamento do perímetro das unidades amostrais. Os vértices das parcelas foram

demarcados com estacas de madeiras e as laterais com fitilhos de náilon e fita zebrada.

Foram consideradas árvores mensuráveis nas parcelas todos os indivíduos com CAP

(Circunferências à Altura do Peito) a 1,30m do solo maior que 6 cm, inclusive os

mortos ainda em pé, cuja base do tronco estivesse dentro da parcela, mesmo quando o

fuste e a copa estivessem fora. As alturas totais e o CAP foram medidos com o auxílio

de uma vara telescópica e de uma fita métrica, respectivamente. Todas as árvores e

arbustos incluídos nas parcelas foram marcados com uma plaqueta de alumínio e

identificados em campo, pelo nome popular, por um mateiro da região.

Os dados referentes à numeração e a localização do indivíduo, além de outras

características tais como porte, altura, coloração e odor das flores e frutos, foram

anotados em fichas de campo para auxiliar na identificação das espécies.

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Parâmetros da Análise Estrutural

Para descrever a estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva foram calculados os

parâmetros quantitativos clássicos propostos por Mueller-Dombois & Ellenberg (1974):

densidade absoluta e relativa, frequência absoluta e relativa, dominância absoluta e

relativa e o valor de importância. Também foi calculado o índice de diversidade de

Shannon (H’) e o índice de equabilidade de Pielou (J’). O primeiro mede o grau de

incerteza em prever a que espécie pertencerá um indivíduo escolhido, ao acaso, de uma

amostra com S espécies e N indivíduos. Quanto menor o valor do índice de Shannon,

menor o grau de incerteza e, portanto, a diversidade da amostra é baixa. A diversidade

tende a ser mais alta quanto maior o valor do índice (BROWER & ZAR, 1984). Já o

índice de equabilidade de Pielou (J’), que é derivado do índice de diversidade de

Shannon permite representar a uniformidade da distribuição dos indivíduos entre as

espécies existentes (PIELOU, 1966). Seu valor apresenta uma amplitude de zero

(uniformidade mínima) a um (uniformidade máxima). Os cálculos foram feitos pelo

programa MATA NATIVA 2 (CIENTEC, 2005).

Coleta de dados para os tipos de frutos e síndromes de dispersão

Para este estudo, consideraram-se apenas as espécies que apresentaram

frutos no período estudado dentro das unidades amostrais, coletando materiais botânicos

e registrando as informações quanto aos tipos de frutos, deiscência (deiscente ou

indeiscente) e textura (carnoso e seco).

As espécies foram organizadas em famílias, em ordem alfabética, de acordo com

o APG III (2009). A tipificação dos frutos foi definida conforme Spjut (1994): baga,

sâmara, craspédio, cápsula, drupa, esquizocarpo, folículo, fruto múltiplo, aquênio e

legume. Além disso, as síndromes de dispersão também foram estudadas e com base na

classificação de Pijl (1982) os frutos foram divididos em três categorias: (1)

anemocóricos - quando os diásporos são alados, plumosos ou em forma de balão ou

poeira; (2) zoocóricos - quando apresentaram atrativos e/ou fontes alimentares em seus

diásporos, e também aqueles com estruturas adesivas (ganchos, cerdas, espinhos, etc.);

(3) autocóricos - quando não se encaixaram nas duas categorias anteriores, ficando nesta

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categoria as espécies barocóricas (dispersão por gravidade) e aquelas com dispersão

explosiva.

As informações sobre os tipos de frutos e síndromes de dispersões registradas

em campo e análise do material coletado durante o estudo foram complementadas com

dados da literatura disponível para as espécies.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Análise estrutural da comunidade arbustivo-arbórea·

Estrutura horizontal

Nas 30 unidades amostrais instaladas no fragmento foram encontrados 3.241

indivíduos, pertencentes a 63 espécies arbóreas e arbustivas e 61 gêneros, distribuídos

em 22 famílias botânicas.

Entre as 22 famílias encontradas merecem destaque, com relação ao número de

indivíduos, Euphorbiaceae (925), Fabaceae (785) e Myrtaceae (444) somando 66,4% do

total. A primeira família possui 40,8% dos indivíduos pertencentes à espécie Manihot

dichotoma. A família Fabaceae encontra-se bem representada, com 17 espécies,

encontrando-se em segundo lugar em número de indivíduos devido ao grande número

de arbustos da espécie Senegalia tenuifolia (29,2%). Os gêneros Croton (5), Capparis

(3), Psidium, Senegalia, Jatropha, Mimosa, Acacia, Eugenia, Cnidoscolus e Spondias

(2) estão entre os mais representados no fragmento.

Das 22 famílias inventariadas, 14 foram representadas por uma única espécie,

evidenciando, assim, um baixo índice de diversidade na área amostrada. A família

Fabaceae apresentou 18 espécies, Euphorbiaceae 12, Anacardiaceae 7, Capparaceae,

Myrtaceae e Rubiaceae 3 espécies ,Nyctaginaceae 2 espécies e as demais famílias com

apenas uma espécie, confirmando que a diversidade está concentrada nessas sete

famílias. As duas primeiras são aquelas normalmente mais encontradas em estudos de

áreas com vegetação de caatinga, coincidindo com vários outros trabalhos

desenvolvidos no bioma (ARAÚJO et al., 1995; PEREIRA, 2000). Diversos autores

têm verificado que a família Euphorbiaceae normalmente se destaca com o maior

número de espécies em locais de caatinga (RODAL, 1992; ARAÚJO et al., 1995),

entretanto essa supremacia não foi confirmada neste estudo.

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Apesar de a família Cactaceae aparecer como importante em diversos

levantamentos realizados (RODAL, 1992; ARAÚJO et al., 1995; PEREIRA, 2000), este

fato não se verificou neste estudo, computando-se apenas um indivíduo de Cereus

jamacaru em duas parcelas com pedregosidade acentuada. Entretanto, foram

observados outros indivíduos nas parcelas amostrais, porém sempre com padrões de

altura e/ou diâmetro abaixo do mínimo estabelecido.

O fragmento estudado apresentou uma notável diversidade florística, com um

Índice de Diversidade de Shannon, de 3,33 nats/indivíduos e um índice de equabilidade

de Pielou de 0,78. Em relação ao índice de diversidade de Shannon, o valor encontrado

neste trabalho não difere substancialmente daqueles registrados para áreas de transição

nos Estados de Pernambuco e Sergipe, bem como para o brejo de altitude do Estado da

Paraíba que foram de 3,09, 3,06 e 3,00 nats/indivíduo, respectivamente

(ALCOFORADO-FILHO, 1993; SOUZA, 1983; ANDRADE et al., 2001). Contudo, os

valores encontrados são superiores àqueles registrados em áreas de Caatinga mais seca,

compreendidos entre 1,64 a 2,54 nats/indivíduo (ARAÚJO et al., 1995; LYRA, 1982;

RODAL et al., 1999; FERRAZ et al., 1998). A comparação de diferentes áreas de

caatinga por meio de índices de diversidade deve ser feita de modo cauteloso, já que os

índices sofrem forte influência dos fatores bióticos e abióticos, critérios de inclusão,

além do nível e tempo de antropismo.

Os parâmetros quantitativos para as espécies encontram-se na Tabela 2. Psidium

schenckianum foi à espécie com maior densidade absoluta (334,17 ind/ha), seguida por

Manihot dichotoma (315,00 ind/ha), Senegalia tenuifolia (191,67 ind/ha), Poincianella

pyramidalis (185,00 ind/ha), Jatropha mollissima (123, 33 ind/ha), Croton

heliotropiifolius (113,33 ind/ha) e Capparis yco (110,00 ind/ha). Estas sete espécies

somam 50,72% do total de indivíduos encontrados na área. As espécies com maior

dominância absoluta (DoA) foram Cedrella fissilis (2,74 m2/ha), Psidium schenckianum

(1,80 m2/ha) e Poincianella pyramidalis (1,52 m

2/ha). Estas três espécies são

responsáveis por 36,13% da dominância total. A área basal foi de 15,42 m2/ha e a

densidade de 2.700, 83 ind/ha.

Pereira et al. (2002), estudando um vegetação de Caatinga localizada na Fazenda

São Bento, na fronteira dos Municípios de Areia e Remígio, PB, encontraram um valor

de 34,77 m2/ha para área basal, sendo a espécie Commiphora leptophloeos a que mais

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contribuiu para a obtenção desse resultado. Alcoforado-Filho et al. (2003) em um

estudo realizado no município de Caruaru, PE, considerando o diâmetro do caule ao

nível do solo e altura totais iguais ou superiores a 3cm e 1m, constatou em seu estudo

que a área basal total foi de 24,9 m2/ha, sendo que das espécies catalogadas em seu

levantamento, Poincianella pyramidalis foi a segunda mais representativa, estando atrás

apenas de Schinopsis brasiliensis.

Ao se comparar o presente estudo com levantamentos realizados na região,

empregando o mesmo critério de inclusão (CAP > 6 cm a 1,30m do solo), observa-se

que a área basal do fragmento do Assentamento Santa Maria da Lage (15,42 m2/ha) foi

semelhante à do Remanescente de Caatinga em Porto da Folha (DÓRIA-NETO, 2009),

de 16, 0277 m2/ha e maior que o do Monumento Natural Grota do Angico (FERRAZ,

2009) de 8,34m2/ha. O número de indivíduos amostrados no fragmento estudado foi de

3.241, semelhante ao Remanescente de Porto da Folha (3.208 indivíduos) e superior ao

valor encontrado para o Monumento Natural Grota do Angico (1.987 indivíduos).

Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos caracterizando a distribuição horizontal das espécies amostradas

no Assentamento Santa Maria da lage, Poço Verde, Sergipe, ordenados decrescentemente pelo IVI. N -

Número de indivíduos amostrados; U – Quantidade de parcelas que a espécie foi encontrada; AB - Área

basal absoluta; DR – Densidade relativa (%); FR – Freqüência relativa (%); DoR – Dominância relativa

(%); IVC – Índice de Valor de Cobertura (%); IVI – Índice de Valor de Importância (%).

Espécie N U AB DR FR DoR VC (%) VI (%)

Psidium schenckianum 401 26 21.596 12.37 4.91 14.00 13.19 10.43

Cedrella fissilis 111 20 32.905 3.42 3.78 21.33 12.38 9.51

Poincianella pyramidalis 222 28 18.199 6.85 5.29 11.80 9.32 7.98

Manihot dichotoma 378 30 0.6322 11.66 5.67 4.10 7.88 7.14

Senegalia tenuiflora 230 21 0.5361 7.10 3.97 3.48 5.29 4.85

Jatropha mollissima 148 23 0.2663 4.57 4.35 1.73 3.15 3.55

Capparis yco 132 16 0.4444 4.07 3.02 2.88 3.48 3.33

Pisonia tomentosa 112 20 0.4037 3.46 3.78 2.62 3.04 3.28

Commiphora leptophloes 53 20 0.5971 1.64 3.78 3.87 2.75 3.10

Croton heliotropiifolius 136 12 0.4125 4.20 2.27 2.67 3.43 3.05

Croton sonderianus 133 20 0.1668 4.10 3.78 1.08 2.59 2.99

Aspidosperma pyrifolium 111 15 0.3826 3.42 2.84 2.48 2.95 2.91

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Sapium glandulosum 64 19 0.1672 1.97 3.59 1.08 1.53 2.22

Eremanthus sp. 100 8 0.2807 3.09 1.51 1.82 2.45 2.14

Sideroxilon obtusifolium 50 9 0.4850 1.54 1.70 3.14 2.34 2.13

Mimosa acustistipula 78 11 0.2271 2.41 2.08 1.47 1.94 1.99

Mimosa tenuiflora 80 12 0.1907 2.47 2.27 1.24 1.85 1.99

Senna spectabilis 33 15 0.2235 1.02 2.84 1.45 1.23 1.77

Maytenus rígida 63 7 0.2523 1.94 1.32 1.64 1.79 1.63

Rhamnidium elaeocarpum 40 13 0.1211 1.23 2.46 0.78 1.01 1.49

Thyrsodium spruceanum 41 12 0.1310 1.27 2.27 0.85 1.06 1.46

Myracrodruon urundeuva 54 9 0.1363 1.67 1.70 0.88 1.27 1.42

Schinopsis brasiliensis 18 12 0.2006 0.56 2.27 1.30 0.93 1.37

Acacia bahiensis 39 10 0.1060 1.20 1.89 0.69 0.95 1.26

Croton tetradenius 54 6 0.1327 1.67 1.13 0.86 1.26 1.22

Bauhinia cheilantha 34 10 0.0854 1.05 1.89 0.55 0.80 1.16

Anadenanthera colubrina 31 7 0.1650 0.96 1.32 1.07 1.01 1.12

Eugenia punicifolia 34 7 0.1491 1.05 1.32 0.97 1.01 1.11

Capparis flexuosa 17 11 0.0780 0.52 2.08 0.51 0.51 1.04

Guapira sp. 30 9 0.0568 0.93 1.70 0.37 0.65 1.00

Ceiba glaziovii 14 8 0.1596 0.43 1.51 1.03 0.73 0.99

Alseis floribunda 28 4 0.1956 0.86 0.76 1.27 1.07 0.96

Casearia silvestris 24 7 0.0929 0.74 1.32 0.60 0.67 0.89

Croton sp. 22 6 0.0353 0.68 1.13 0.23 0.45 0.68

Albizia polycephala 13 2 0.1846 0.40 0.38 1.20 0.80 0.66

Hyptis fruticosa 13 7 0.0113 0.40 1.32 0.07 0.24 0.60

Senegalia sp 12 6 0.0188 0.37 1.13 0.12 0.25 0.54

Ipomoea sp. 9 6 0.0201 0.28 1.13 0.13 0.20 0.51

Caesalpinia férrea 6 5 0.0398 0.19 0.95 0.26 0.22 0.46

Cnidoscolus vitifolius 8 5 0.0195 0.25 0.95 0.13 0.19 0.44

Spondias mombim 2 2 0.1062 0.06 0.38 0.69 0.38 0.38

Eugenia uvalha 9 2 0.0246 0.28 0.38 0.16 0.22 0.27

Mimosa sp. 3 2 0.0519 0.09 0.38 0.34 0.21 0.27

Mimosa quadrivalvis 6 3 0.0061 0.19 0.57 0.04 0.11 0.26

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Spondias tuberosa 2 2 0.0410 0.06 0.38 0.27 0.16 0.24

Cereus jamacaru 5 2 0.0133 0.15 0.38 0.09 0.12 0.21

Citrus sp. 6 2 0.0048 0.19 0.38 0.03 0.11 0.20

Guettarda angélica 4 2 0.0042 0.12 0.38 0.03 0.08 0.18

Lithraea molleoides 3 2 0.0065 0.09 0.38 0.04 0.07 0.17

Solanum sp 2 2 0.0040 0.06 0.38 0.03 0.04 0.16

Sapium sceleratum 2 1 0.0344 0.06 0.19 0.22 0.14 0.16

Parapiptadenia zehntneri 4 1 0.0155 0.12 0.19 0.10 0.11 0.14

Anadenanthera sp 3 1 0.0085 0.09 0.19 0.06 0.07 0.11

Acacia sp 2 1 0.0081 0.06 0.19 0.05 0.06 0.10

Cnidoscolus phyllacanthus 2 1 0.0014 0.06 0.19 0.01 0.04 0.09

Coutarea Alba 2 1 0.0027 0.06 0.19 0.02 0.04 0.09

Capparis jacobinae 1 1 0.0095 0.03 0.19 0.06 0.05 0.09

Amburana cearensis 1 1 0.0013 0.03 0.19 0.01 0.02 0.08

Handroanthus impetiginosus 1 1 0.0032 0.03 0.19 0.02 0.03 0.08

Croton heliotropiifolium 1 1 0.0008 0.03 0.19 0.01 0.02 0.08

Pithecellobium diversifolium 1 1 0.0013 0.03 0.19 0.01 0.02 0.08

Croton blanchetianus 1 1 0.0005 0.03 0.19 0.00 0.02 0.07

Indet 1 1 0.0005 0.03 0.19 0.00 0.02 0.07

3241 30 154.286 100.00 100.00 100.00 100.00 100.00

Pôde-se observar que Psidium schenckianum, Manihot dichotoma, Senegalia

tenuifolia e Poincianella pyramidalis foram as espécies que predominaram na

população, indicando, portanto, que as mesmas apresentam elevada importância

ecológica e estão bem adaptadas aos diferentes ambientes existentes na área do

remanescente de Caatinga estudado.

A espécie que apresentou maior frequência relativa foi Manihot dichotoma, que

encontra-se amplamente distribuída na área, ocorrendo em todas as parcelas.

Poincianella pyramidalis, Psidium schenckianum e Jatropha mollissima apresentaram

altos valores de frequência.

O resultado do índice de valor de cobertura, obtido através da soma da densidade

e da dominância relativa expressando a contribuição da espécie na cobertura vegetal,

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apresentou Psidium schenckianum (26,37%), Cedrella fissilis (24,75%) Poincianella

pyramidalis (18,64%) e Manihot dichotoma (15,76%) como as mais representativas.

Fonseca (1991), em estudo realizado em cinco subáreas localizadas nos municípios de

Canindé do São Francisco e Poço Redondo, Sergipe, utilizando o método de área fixa e

processo de amostragem aleatória com 30 parcelas de 5m x 10 m em cada subárea,

registrou Poincianella pyramidalis, Aspidosperma pyrifolium e Maytenus rigida, como

as espécies que apresentaram um maior IVC.

Com relação ao índice de valor de importância (IVI), que se refere ao valor

ecológico da espécie no ambiente, merecem destaque as espécies Psidium

schenckianum, Cedrella fissilis, Poincianella pyramidalis, Manihot dichotoma e

Senegalia tenuifolia somando 39,8 % do respectivo índice, sendo, portanto as espécies

mais importantes do fragmento estudado. Os baixos valores de IVI constatados para a

maioria das espécies refletem a predominância de indivíduos de pequeno porte, ou ainda

a presença de poucos indivíduos , o que pode ser confirmado na Tabela 2.

Nos levantamentos realizados em Sergipe por Fonseca (1991) e por Souza

(1983) as espécies Poincianella pyramidalis e Aspidosperma pyrifolium aparecem como

a primeira e segunda espécie com maiores valores de importância, respectivamente,

indicando que a área estudada sofreu ação antrópica ao longo dos anos, já que essas

espécies são consideradas como colonizadoras (MAIA, 2004).

As espécies Eugenia uvalha, Eugenia punicifolia, Coutarea alba e

Handroanthus impetiginosus (Tabela 2) são pouco frequentes nos levantamentos

realizados para a vegetação de Caatinga, sendo raramente encontradas em áreas do

bioma submetidas a maior semiaridez. Observações regionais sugerem que estas

espécies estariam circunscritas às áreas de transição localizadas entre o litoral e o

semiárido, bem como às feições típicas do agreste nordestino.

Estrutura diamétrica

A estrutura do remanescente de Caatinga estudado distribuída por classe de

diâmetro (Figura 3), apresenta predominância de indivíduos finos, com menos de 14cm.

Nas classes de diâmetro inferiores concentraram-se o maior número de indivíduos. Dos

3.241 indivíduos encontrados, 96,6% se concentraram nas três menores classes de

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diâmetro. Nas três classes de maior diâmetro só foram observados 14 indivíduos, o que

representa 0,43%% da população. Apenas a espécie Cedrella fissilis apresentou

diâmetro acima de 100 cm.

A distribuição dos indivíduos por classe de diâmetro seguiu o padrão “J”

invertido, com muitos indivíduos de diâmetros baixos e um número reduzido de

indivíduos com diâmetro elevado, que é característico de florestas nativas. No

fragmento estudado a elevada frequência de indivíduos na menor classe de

circunferência é atribuída à Manihot dichotoma e Senegalia tenuifolia que são

abundantes no estrato inferior e médio da floresta (Tabela 2).

Estes resultados coincidem com o de outros estudos realizados no Bioma

Caatinga (RODAL, 1992; PEREIRA et al., 2002) que também encontraram uma maior

concentração de indivíduos em classes de diâmetros menores.

R2 = 0.9651

I = 5 cm

0

500

1000

1500

2000

2500

├9,3 9,4-14,3 14,4-19,3 19,4-24,3 24,4-29,3 29,4-34,3 34,4-39,3 39,4-44,3 44,4-∞

Classes de Diâmetro

mer

o d

e In

div

ídu

os

Figura 3: Distribuição das classes diamétricas dos indivíduos amostrados em área de Caatinga

localizada no município de Poço Verde – Sergipe. Sendo: R² = coeficiente de

determinação; I = intervalo de classe.

Estrutura Vertical

A posição sociológica informa sobre a composição florística nos diferentes

estratos da floresta. A presença ou ausência das espécies arbóreas nos diferentes estratos

do dossel é de fundamental importância fitossociológica, pois uma espécie tem presença

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assegurada na estrutura e dinâmica da floresta quando se encontra representada em

todos os estratos (LONGHI et al., 1992).

Observando o perfil longitudinal da comunidade vegetal, podemos definir três

estratos verticais: um estrato inferior, dominado por espécies típicas de sub-bosque; um

estrato médio com indivíduos jovens das espécies de maior porte e algumas arvoretas; e

um estrato superior onde ocorrem indivíduos mais espaçados de árvores grandes ou

emergentes do dossel da floresta.

Tabela 3: Estrutura vertical da área de Caatinga estudada no Assentamento Santa Maria da Lage, com a

espécie; Número de indivíduos calculado para altura menor que 2,89 (H < 2,89); Número de indivíduos

calculado para altura maior ou igual a 2,89 e menor que 5,83 (2,89 <= H < 5,83); Número de indivíduos

calculado para altura maior ou igual a 5,83 (H >= 5,83); Posição sociológica relativa (PSR).

Espécie H < 2.89 2.89 <= H < 5.83 H >= 5.83 Total PSR

Psidium schenckianum 27 286 88 401 12.08

Cedrella fissilis 3 27 81 111 1.64

Poincianella pyramidalis 22 152 48 222 6.49

Manihot dichotoma 42 310 26 378 12.72

Senegalia tenuiflora 72 143 15 230 6.29

Jatropha mollissima 28 110 10 148 4.62

Capparis yco 27 104 1 132 4.31

Pisonia tomentosa 14 88 10 112 3.64

Commiphora leptophloes 11 33 9 53 1.45

Croton heliotropifolius 17 118 1 136 4.79

Croton sonderianus 28 100 5 133 4.19

Aspidosperma pyrifolium 11 93 7 111 3.80

Sapium glandulosum 14 45 5 64 1.91

Eremanthus sp. 5 81 14 100 3.33

Sideroxylon obtusifolium 2 45 3 50 1.81

Mimosa tenuiflora 22 52 6 80 2.26

Mimosa acustistipula 3 65 10 78 2.65

Senna spectabilis 4 27 2 33 1.11

Maytenus rigida 13 50 0 63 2.07

Rhamnidium elaeocarpum 6 34 0 40 1.39

Thyrsodium spruceanum 2 36 3 41 1.46

Myracrodruon urundeuva 3 46 5 54 1.87

Schinopsis brasiliensis 2 9 7 18 0.42

Acacia bahiensis 8 29 2 39 1.22

Croton tetradenius 19 35 0 54 1.52

Bauhinia cheilantha 11 19 4 34 0.86

Anadenanthera colubrina 6 23 2 31 0.97

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Eugenia punicifolia 5 28 1 34 1.15

Capparis flexuosa 2 15 0 17 0.61

Guapira sp. 2 24 4 30 0.99

Ceiba glaziovii 2 11 1 14 0.46

Alseis floribunda 3 17 8 28 0.75

Casearia silvestris 0 11 13 24 0.52

Croton sp. 3 18 1 22 0.74

Albizia polycephala 0 6 7 13 0.28

Hyptis fruticosa 5 8 0 13 0.35

Senegalia sp 1 11 0 12 0.44

Ipomoea sp. 1 7 1 9 0.29

Caesalpinia ferrea 0 5 1 6 0.20

Cnidoscolus vitifolius 2 6 0 8 0.25

Spondias mombim 0 1 1 2 0.05

Eugenia uvalha 0 9 0 9 0.36

Mimosa sp. 1 1 1 3 0.05

Mimosa quadrivalvis 0 5 1 6 0.20

Spondias tuberosa 0 2 0 2 0.08

Cereus jamacaru 2 3 0 5 0.13

Citrus sp. 2 4 0 6 0.17

Guettarda angélica 0 4 0 4 0.16

Lithraea molleoides 0 3 0 3 0.12

Sapium sceleratum 0 0 2 2 0.01

Solanum sp 1 1 0 2 0.05

Parapiptadenia zehntneri 0 3 1 4 0.13

Anadenanthera sp 0 2 1 3 0.09

Acacia sp 0 2 0 2 0.08

Capparis jacobinae 0 1 0 1 0.04

Coutarea Alba 1 1 0 2 0.05

Cnidoscolus phyllacanthus 0 2 0 2 0.08

Handroanthus impetiginosus 0 1 0 1 0.04

Amburana cearensis 0 1 0 1 0.04

Pithecellobium diversifolium 0 1 0 1 0.04

Croton heliotropiifolius 0 1 0 1 0.04

Croton blanchetianus 0 1 0 1 0.04

Indet 0 1 0 1 0.04

455 2378 408 3241 100.00

As espécies que mais se destacaram em quantidade de indivíduos com altura

menor do que 2,89 m (primeira classe de altura) foram Senegalia tenuifolia (72),

Manihot dichotoma (42), Jatropha mollissima (29), Psidium schenckianum (27) e

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Capparis yco (27). Essas cinco espécies somaram 43,2% do total de indivíduos da

classe.

Já para a classe de altura que compreende os indivíduos entre 2,89 e 5,83m

(segunda classe de altura), as espécies mais representativas foram Manihot dichotoma

(310), Psidium schenckianum (286), Poincianella pyramidalis (152) e Senegalia

tenuifolia (143), representando 37,4% dos indivíduos da classe amostrada.

Na terceira classe, as espécies que apresentaram maior número de indivíduos

com altura maior do que 5,83m foram Psidium schenckianum (88), Cedrella fissilis (81)

e Poincianella pyramidalis (48). No total, essas espécies representaram 53% dos

indivíduos dessa classe de altura. As espécies arbóreas que mais se destacaram na

paisagem devido ao porte exuberante foram: Schinopsis brasiliensis, Myracrodruon

urundeuva, Cedrella fissilis, Handroanthus impetiginosus, Ceiba glaziovii, Caesalpinia

ferrea e Sapium glandulosum.

Tipos de frutos e síndromes de dispersão

Entre as 63 espécies arbustivo arbóreas encontradas nas unidades amostrais, 41

espécies, pertencentes a 15 famílias, apresentaram frutos durante o período de estudo.

As famílias com maior número de espécies foram Fabaceae (doze espécies),

Euphorbiaceae (oito espécies), Anacardiaceae (quatro espécies) e Capparaceae e

Myrtaceae (três espécies). As demais famílias foram representadas por duas ou uma

espécie cada (Tabela 4).

Tabela 4: Lista das espécies e suas respectivas famílias apresentando os tipos de frutos, a textura, a

deiscência, e o modo de dispersão das sementes, registradas no fragmento de floresta seca do

Assentamento Santa Maria da Lage, Poço Verde – Sergipe.

Família/Espécie Tipos de frutos Textura Deiscência Dispersão Estrato

Anacardiaceae

Myracrodruon urundeuva Allemão Drupa Seco indeiscente Anemocoria Médio

Schinopsis brasiliensis Engl. Sâmara Seco indeiscente Anemocoria Superior

Spondias mombim L. Drupa carnoso indeiscente Zoocoria Superior

Spondias tuberosa Arruda Drupa carnoso indeiscente Zoocoria Superior

Apocynaceae

Aspidosperma pyrifolium Mart. Folículo Seco deiscente Anemocoria Superior

Burseraceae

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Commiphora leptophloeos (Mart.)

J.B. Gillett

Drupa carnoso deiscente Zoocoria Médio

Capparaceae

Capparis flexuosa L. Cápsula carnoso deiscente Zoocoria Médio

Capparis jacobinae Moric. ex

Eichler

Baga carnoso indeiscente Autocoria Médio

Capparis yco Mart. Baga carnoso indeiscente Autocoria Médio

Celastraceae

Maytenus rigida Mart. Cápsula carnoso deiscente Zoocoria Superior

Euphorbiaceae

Cnidoscolus vitifolius (Mill.)Pohl Esquizocarpo Seco deiscente Autocoria Inferior

Croton urticifolius Esquizocarpo Seco deiscente Autocoria Médio

Croton heliotropiifolius Kunth Esquizocarpo Seco deiscente Autocoria Médio

Croton sonderianus Müll. Arg. Esquizocarpo Seco deiscente Autocoria Médio

Croton tetradenius Baill. Esquizocarpo Seco deiscente Autocoria Médio

Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Esquizocarpo Seco deiscente Autocoria Médio

Manihot dichotoma Ule Esquizocarpo Seco deiscente Autocoria Médio

Sapium glandulosum (L.) Morong Cápsula carnoso deiscente Autocoria Superior

Fabaceae

Acacia bahiensis Benth. Legume Seco deiscente Autocoria Médio

Anadenanthera colubrina

(Vell.)Brenan

Legume Seco deiscente Autocoria Superior

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Legume Seco deiscente Autocoria Superior

Caesalpinia ferrea Mart. Legume Seco deiscente Autocoria Superior

Mimosa acustistipula Legume Seco deiscente Autocoria Médio

Mimosa tenuiflora (Willd.)Poir. Legume Seco deiscente Autocoria Médio

Parapiptadenia zehntneri (Harms)

M. P. M. de Lima & H. C. de Lima

Legume Seco deiscente Autocoria Superior

Pithecellobium diversifolium

Benth.

Legume Seco deiscente Autocoria Médio

Poincianella pyramidalis (Tul.)

L.P.Queiroz

Legume Seco deiscente Autocoria Superior

Senegalia tenuifolia (L.) Britton &

Rose

Legume Seco deiscente Autocoria Médio

Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin

& Barneby

Legume Seco deiscente Autocoria Médio

Vachellia farnesiana (L.) Wight &

Arn.

Legume Seco deiscente Autocoria Medio

Lamiaceae

Hyptis fruticosa Salzm. ex Benth. Aquênio Seco deiscente Autocoria Médio

Malvaceae

Ceiba glaziovii (Kuntze) K.

Schum.

Baga Seco deiscente Anemocoria Superior

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Malpighiaceae

Stigmaphyllom blanchetti C.E.

Anderson

Drupa carnoso indeiscente Autocoria Médio

Meliaceae

Cedrella fissilis Vell. Cápsula Seco deiscente Anemocoria Superior

Myrtaceae

Eugenia punicifolia (Kunth) DC. Drupa carnoso indeiscente Zoocoria Superior

Eugenia uvalha Cambess. Drupa carnoso indeiscente Zoocoria Superior

Psidium schenckianum Kiaersk. Baga carnoso indeiscente Zoocoria Superior

Nyctagianceae

Pisonia tomentosa Casar. Cápsula Seco deiscente Autocoria Superior

Rubiaceae

Alseis floribunda Schott Cápsula Seco deiscente Anemocoria Superior

Coutarea alba Griseb. Cápsula Seco deiscente Anemocoria Médio

Sapotaceae

Sideroxylon obtusifolium (Humb.

ex Roem. & Schult.) T.D. Penn.

Baga carnoso indeiscente Zoocoria Superior

Dos tipos de fruto analisados (Tabela 4), o legume foi o mais representativo,

sendo encontrado em Fabaceae (doze espécies). Os tipos drupa, cápsula e esquizocarpo

foram o segundo mais representado, com sete espécies cada um. Sendo que a drupa

ocorreu nas famílias Anacardiaceae (três espécies), Myrtaceae (duas espécies) e

Burseraceae e Malpighiaceae (uma espécie cada uma). O tipo esquizocarpo foi

observado apenas na família Euphorbiaceae e a cápsula destacou-se na família

Rubiaceae (duas espécies) e Capparaceae, Celastraceae, Euphorbiaceae, Meliaceae e

Nyctaginaceae (uma espécie). O tipo baga, com cinco espécies, foi destacado na família

Capparaceae (duas espécies) e Malvaceae, Myrtaceae e Sapotaceae (uma espécie cada).

Os tipos folículo e sâmara foram observados uma espécie cada um, na família

Apocynaceae e Anacardiaceae, respectivamente. A família Lamiaceae destacou-se com

uma espécie representando o tipo aquênio. A maioria das espécies estudadas, 73,1% do

total, apresentou frutos deiscentes e 70,7% apresentaram frutos secos.

A disponibilidade de água parece ser, de fato, um fator essencial para a produção

(TABARELLI et al., 2003), germinação e estabelecimento (HOWE & SMALLWOOD,

1982) de frutos carnosos. Na verdade, a variação sazonal na viabilidade de água,

aparentemente, determina o desenvolvimento sazonal das espécies arbóreas tropicais e o

déficit hídrico limita as atividades fenológicas (LIEBERMAN, 1982). Como

consequência, em florestas tropicais (secas e úmidas) com distintos ciclos sazonais,

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frutos carnosos tendem a ser produzidos durante a estação mais úmida do ano (HOWE

& SMALLWOOD, 1982).

Quanto às síndromes de dispersão, dentre as 41 espécies estudadas, a autocoria

foi a mais frequente com 61% das espécies. A zoocoria e anemocoria apresentaram a

mesma proporção 19,5% cada uma (Figura 4). Das 25 espécies autocóricas, 22 tiveram

frutos secos, a exemplo de Anadenanthera colubrina, Bauhinia cheilantha, Pisonia

tomentosa e Senegalia tenuifolia. Essas 25 espécies estão distribuídas tanto no dossel

quanto no sub-bosque. As espécies zoocóricas apresentaram em sua totalidade frutos

carnosos, a exemplo de Spondias tuberosa, Eugenia punicifolia e Commiphora

leptophloeos, ocorrendo tanto no dossel como no sub-bosque. As oito espécies

anemocóricas tiveram frutos secos, como Aspidosperma pyrifolium, Myracrodruon

urundeuva, Schinopsis brasiliensis e Cedrella fissilis, se apresentando no dossel e no

sub-bosque.

Com relação à síndrome de dispersão por famílias, Anacardiaceae apresentou

espécies zoocórica e autocóricas. A autocoria foi a única síndrome observada tanto em

Fabaceae como em Euphorbiaceae. Nas demais famílias foram verificadas apenas um

tipo de síndrome. Barbosa et al. (2003) afirmaram que a autocoria seria o modo de

dispersão predominante para Caatinga, principalmente se considerar apenas as espécies

lenhosas da família Leguminosae.

A diversidade de frutos e formas de dispersão pode ser interpretada como uma

estratégia evolutiva utilizada pelas plantas para permitir o seu sucesso reprodutivo e a

grande diversidade de tipos de frutos e síndromes indica que as espécies encontradas em

frutificação na área do estudo estão altamente adaptadas aos seus agentes dispersores,

sejam eles bióticos ou abióticos (FARIA-JÚNIOR & SANTOS, 2006).

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Figura 4: Porcentagem das espécies estudadas no Assentamento Santa Maria da Lage, Sergipe, por

síndrome de dispersão com número total de espécies acima das colunas.

Outros estudos também apontam diferentes tendências na predominância dos

modos de dispersão em áreas de florestas secas e úmidas no nordeste do Brasil.

Machado et al. (1997), por exemplo, encontraram maior predomínio de espécies

dispersas por anemocoria e autocoria na Caatinga de Floresta, Caruaru e Serra Talhada,

Pernambuco. Por outro lado, Griz & Machado (1998) encontraram uma maior

predominância de espécies dispersas por zoocoria na Mata Atlântica da Reserva

Ecológica de Dois Irmãos, em Recife, Pernambuco. Em análise realizada por Barbosa et

al. (2002), a partir de registros de coleção de herbário, foi verificada uma diminuição

de 18% na riqueza de espécies dispersa por vertebrados na região mais úmida da

Caatinga (agreste) em relação a região mais seca (sertão). Na verdade, os padrões de

distribuição de espécies são altamente dependentes das estratégias de dispersão.

Espécies dispersas pelo vento em florestas secas tendem a ter uma faixa de distribuição

mais larga e espécies dispersas por aves e mamíferos em florestas úmidas têm uma

maior propensão ao endemismo local (GENTRY, 1983). Tabarelli et al. (2003),

utilizando-se de vinte localidades da Caatinga inseridas nos estados de Pernambuco,

Paraíba, Piauí e Sergipe, demonstraram que espécies dispersas abioticamente tem uma

maior distribuição espacial através do gradiente de precipitação, quando comparadas as

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espécies dispersas por vertebrados.

Com relação às espécies anemocóricas, sabe-se que geralmente apresentam

maiores chances de ocupar ambientes mais abertos, sendo esperado que essas espécies

predominem no estrato superior, ficando, eventualmente, sujeitas a ventos ocorrentes no

dossel da floresta (GIEHL et al., 2007; YAMAMOTO et al., 2007). A esse respeito,

Nathan & Katul (2005) observaram que o fluxo de vento pode ser afetado pela variação

na folhagem do dossel, influenciando na dispersão a longa distância, característica de

plantas anemocóricas. Essa variação é bem exemplificada nos três municípios

pernambucanos estudados por Machado et al. (1997): Floresta, Caruaru e Serra Talhada,

áreas onde a vegetação é caducifólia, facilitando a dispersão de espécies arbóreas como

Myracrodruon urundeuva e Schinopsis brasiliensis durante a estação seca.

Segundo Justiniano & Fredericksen (2000), o ambiente de sub-bosque não

parece favorecer espécies anemocóricas, já que nele a velocidade do vento é menor. De

acordo com Silva (2009), associados à diminuição da pluviosidade, os vetores abióticos

tornam-se mais importantes em áreas de Caatinga, onde as proporções das síndromes de

dispersão variam de acordo com a estratificação, sendo a autocoria e a anemocoria mais

representativa nas áreas mais secas.

Apesar de Giehl et al. (2007) observarem que é comum a presença de espécies

zoocóricas em todos os estratos florestais, apenas animais que apresentam facilidade de

deslocamento entre os estratos podem tirar amplo proveito da disponibilidade de

recursos alimentares (MIKICH & SILVA, 2001).

CONCLUSÕES

No fragmento florestal estudado a diversidade florística foi semelhante a outras

áreas de Caatinga, com as famílias Fabaceae e Euphorbiaceae bem distribuída no

fragmento. O grande número de plantas com diâmetro e altura reduzidos evidencia a

existência de uma população ainda em fase de recuperação da estrutura original após

períodos de antropismo. O índice de diversidade foi considerado alto quando

comparado com outras áreas de caatinga, podendo ser resultado do estágio de

regeneração da área. Psidium sckenkianum, Cedrella fissilis, Poincianella pyramidalis e

Manihot dichotoma foram as espécies que apresentaram maiores valores de

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importância, o que demonstra a dominância das mesmas na população. A elevada

distribuição de indivíduos de Manihot dichotoma e Senegalia tenuifolia na área pode

significar que as mesmas são bem adaptadas ao ambiente em que se encontra o

fragmento. Os frutos amostrados não apresentaram grande variação na forma e no modo

de dispersão e as disseminações de maior ocorrência são por mecanismos da própria

planta (autocoria). O predomínio da síndrome de dispersão autocórica entre as espécies

estudada é de grande importância, pois esta síndrome de dispersão é característica de

plantas pioneiras, que provavelmente pode ser explicado pela fase de regeneração do

fragmento estudado. Os resultados indicaram que os locais de Caatinga com alta

diversidade de espécies abrigam comunidades com padrões de frutificação e dispersão

bastante complexos.

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CAPÍTULO 4

CONCLUSÃO GERAL

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CONCLUSÃO GERAL

O fragmento de Caatinga do Assentamento Santa Maria da Lage apresenta uma

heterogeneidade ambiental relativamente alta, refletindo-se na diversidade de espécies.

Os elementos arbóreos mais conspícuos foram Aspidosperma pyrifolium

(Apocynaceae), Poincianella pyramidalis (Fabaceae), Cedrella fissilis (Meliaceae),

Capparis jacobinae (Capparaceae), Croton sonderianus (Euphorbiaceae). Além dessas

espécies, registrou-se também a presença de Psidium schenckianum (Myrtaceae), táxon

encontrado mais frequentemente nas florestas montanas dos brejos de altitude. O fato de

incluir, além de espécies típicas da vegetação de Caatinga, espécies que são geralmente

encontradas em áreas mais úmidas, contribuiu para uma flora mais rica que a maioria

das áreas da Caatinga.

A maioria das espécies estudadas apresentou frutos deiscentes e secos. E a

autocoria foi a síndrome de dispersão dominante, o que caracteriza que as espécies

encontradas na área são pioneiras Os resultados encontrados nesse estudo sugerem uma

variação no modo de dispersão em relação ao gradiente de precipitação médio anual,

com as espécies dispersas por autocoria se tornando mais importantes nas áreas mais

secas.

Contudo, após comparar este remanescente com outras formações ocorrentes no

Nordeste brasileiro, conclui-se que a área estudada encontra-se em regeneração, uma

vez que aí fora registrado um maior número de famílias e espécies predominantemente

pioneiras.