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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL RITA DE CÁSSIA DA ROSA DA SILVA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL DA REDE MUNICIPAL DE SOMBRIO: O QUE DIZEM OS PROFESSORES E COORDENADORES ADMINISTRATIVO-PEDAGÓGICOS? Araranguá SC 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

NÚCLEO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RITA DE CÁSSIA DA ROSA DA SILVA

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL DA

REDE MUNICIPAL DE SOMBRIO: O QUE DIZEM OS PROFESSORES E

COORDENADORES ADMINISTRATIVO-PEDAGÓGICOS?

Araranguá – SC

2014

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Rita de Cássia da Rosa da Silva

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL DA

REDE MUNICIPAL DE SOMBRIO: O QUE DIZEM OS PROFESSORES E

COORDENADORES ADMINISTRATIVO-PEDAGÓGICOS?

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Curso de Especialização em Docência na Educação

Infantil como pré-requisito para a obtenção do grau

de especialista.

Orientadora: Profª. Dra. Marilene Dandolini Raupp

Araranguá – SC

2014

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Rita de Cássia da Rosa da Silva

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO INFANTIL DA

REDE MUNICIPAL DE SOMBRIO: O QUE DIZEM OS PROFESSORES E

COORDENADORES ADMINISTRATIVO-PEDAGÓGICOS?

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do grau de

Especialista em Docência na Educação Infantil, e aprovado em sua forma final pela

Coordenação do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil da Universidade

Federal de Santa Catarina.

Araranguá, 13 de Setembro de 2014.

___________________________________________

Profa. Dra. Soraya Franzoni Conde

Coordenadora do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil

Banca Examinadora:

__________________________________________

Orientadora: Profa. Dra. Marilene Dandolini Raupp

_________________________________________

Membro: Profa. Mestre Juliane Mendes Rosa La Banca

__________________________________________

Membro: Profa. Mestre Thaisa Neiverth

__________________________________________

Suplente: Membro: Profa. Mestre Eloisa helena Teixeira Fortkamp

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3

Dedico este trabalho a todas as crianças que já

passaram, estão passando ou ainda passarão

pela minha docência, pois elas são a razão da

minha busca pelo conhecimento.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer às muitas pessoas que contribuíram na realização deste trabalho,

incentivando, motivando, participando, estando ao meu lado neste momento que exigiu muita

disciplina e estudo.

Primeiro, agradeço a Deus pela oportunidade de ter vivenciado o Curso de

Especialização em Docência na Educação Infantil e também por me dar forças e sempre

iluminar o caminho a seguir para conseguir concluir com êxito esta pesquisa.

À minha família, pelo apoio incondicional em todos os momentos, em especial à

minha mãe Miriam, a quem irei agradecer eternamente por me ensinar a sempre lutar pelos

meus sonhos e objetivos, como ela sempre fez durante a minha criação e das minhas irmãs.

Ao meu esposo Deivid, meu companheiro de todas as horas, que de forma especial me

compreende, incentiva e dá coragem para seguir minha caminhada profissional.

À minha orientadora, Profa. Dra. Marilene Dandolini Raupp, que acreditou em mim e,

com muita atenção e paciência, dedicou do seu valioso tempo para me orientar em cada passo

desta pesquisa. Quero expressar aqui o meu reconhecimento e admiração pela sua

competência profissional.

A todos os professores do Curso de Especialização em Docência na Educação Infantil

que contribuíram muito para o meu crescimento profissional durante a realização do curso,

transmitindo o conhecimento científico, compartilhando suas experiências e proporcionando a

reflexão da minha prática pedagógica.

Às minhas colegas Andréia Teixeira e Cynthia Nalila, que Deus deu a oportunidade de

conhecer neste curso, por todo o apoio e cumplicidade. Esta caminhada não seria a mesma

sem vocês. Com certeza, nossa amizade será para além desse curso; será para a vida.

À Universidade Federal de Santa Catarina, que realizou esse curso em nossa região

atendendo professores de vários municípios, sempre primando pela qualidade.

A todas as participantes da pesquisa, que foram compreensivas e participativas,

fazendo com que fosse possível a conclusão deste trabalho, pois sem os dados fornecidos por

elas seria impossível alcançar meus objetivos de trabalho.

Por fim, agradeço a todos que, mesmo não estando citados aqui, contribuíram de

forma direta ou indireta para a conclusão desta etapa tão importante na minha vida.

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5

“É a teoria que possibilita a atenção à gênese e

às contradições da prática; e a inteligibilidade

desse processo não será encontrada

exclusivamente nos saberes das professoras, nos

interesses das crianças ou no interior das creches

e das pré-escolas, retirando-se, desta forma, o

que deveria ser a prioridade desse nível de

educação, assim como dos demais níveis: a

apropriação de conhecimentos tantos dos

professores, por meio de sua formação, quanto

das crianças, por meio do trabalho docente”

(Marilene Dandolini Raupp)

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RESUMO

A presente pesquisa tem por objetivo analisar o que dizem os profissionais da educação

infantil sobre o processo de formação continuada promovida pela Secretaria da Educação

Municipal de Sombrio (SEMS). Os encaminhamentos metodológicos incluem estudos

bibliográficos na perspectiva histórico-cultural sobre o assunto e pesquisa de campo em três

Centros de Educação Infantil (CEI) da rede municipal de educação de Sombrio, nos quais

foram realizadas entrevistas com as professoras e coordenadoras administrativo-pedagógicas

da educação infantil, como também com a coordenadora da educação infantil da SEMS. O

desenvolvimento da pesquisa possibilitou perceber que as entrevistadas reconhecem a

importância do processo de formação continuada e veem este momento como fundamental

para superar as dificuldades do trabalho pedagógico na educação infantil. Também

consideram como uma oportunidade de receberem sugestões de atividades que já foram

realizadas por outras colegas, trocarem experiências. No entanto, não se evidencia a ênfase do

conhecimento científico, da teoria, neste processo de formação docente. Pelo contrário,

solicitam que predomine no processo formativo as trocas de experiências, ou seja, uma

formação pautada na prática. Os resultados da pesquisa evidenciam que a expectativa da

maioria das entrevistadas com relação ao processo de formação continuada é com ênfase nos

saberes experienciais dos professores, secundarizando, assim, o conhecimento científico para

a fundamentação do trabalho na educação infantil, ou seja, na esteira do esvaziamento da

teoria. A formação continuada, nessa perspectiva, traz consequências para a educação infantil,

entre elas, um trabalho pedagógico pautado prioritariamente nas trocas de experiências,

secundarizando desta forma os conhecimentos científicos historicamente construídos, a

dificuldade da consolidação do status profissional do professor de educação infantil,

retardando, desta forma, o avanço e o fortalecimento da área da educação infantil.

Palavras-chave: Formação continuada. Educação infantil. Professor de educação infantil.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 8

2 ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS........................................... 10

2.1

3

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.....................................................

A REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SOMBRIO: BREVE

CONTEXTUALIZAÇÃO SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL...............

13

16

3.1 A FORMAÇÃO CONTINUADA SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL

PROMOVIDA PELA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE

SOMBRIO........................................................................................................

18

4 FORMAÇÃO CONTINUADA: SUA IMPORTÂNCIA PARA O

TRABALHO DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL...........................

22

5 CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A

EDUCAÇÃO INFANTIL ..............................................................................

28

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 34

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 37

APÊNDICES.................................................................................................... 39

ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS PROFESSORAS DE

EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................................

40

ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS COORDENADORAS

ADMINISTRATIVO-PEDAGÓGICAS DOS CENTROS DE EDUCAÇÃO

INFANTIL........................................................................................................

41

ROTEIRO DA ENTREVISTA COM A COORDENADORA DE

EDUCAÇÃO INFANTIL DA REDE MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE

SOMBRIO........................................................................................................

42

SÍNTESE DAS ENTREVISTAS ANALISADAS........................................... 43

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1 INTRODUÇÃO

A escolha do tema desta pesquisa deu-se pelas inquietações que tenho a respeito da

importância da formação continuada dos professores de educação infantil,1 que na maioria das

vezes acontece por mera obrigação e não buscando oferecer ao professor o conhecimento

necessário para o desenvolvimento de um trabalho pedagógico na educação infantil que

possibilite às crianças a apropriação de conhecimentos que contribuam para a melhoria de

suas vidas. Além disso, busco aprofundar os estudos sobre a formação continuada docente

iniciada durante a graduação em Pedagogia, sobretudo na elaboração do trabalho de conclusão

do mencionado curso na Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC), concluído no

ano de 2010, do qual resultaram em publicações de dois artigos científicos2 apresentados em

eventos.

Diante da importância da educação infantil para a aprendizagem e o desenvolvimento

da criança, há necessidade de uma discussão ampliada acerca da formação continuada dos

professores de educação infantil no contexto educacional contemporâneo, pois ela pode

representar uma relevante contribuição para a melhoria da educação das crianças,

constituindo-se em um relevante instrumento para vencer alguns obstáculos encontrados na

educação infantil. De acordo com Raupp (2012), as políticas educacionais destacam a

necessidade de uma formação aos professores, porém, esta acontece de forma “aligeirada e

esvaziada de teoria” (p. 145.), o que acaba contribuindo muito pouco para o trabalho docente

na educação infantil.

Mesmo com direitos apontados na lei, muitas vezes os professores não possuem

acesso a uma formação continuada de qualidade, formação esta que, segundo Freire (2002),

deve ser concebida como um processo contínuo e permanente de desenvolvimento

profissional do professor. Nessa ótica, a formação continuada deve ser estruturada com base

no conceito e condição de inacabamento do ser humano, uma vez que o homem é um ser

inconcluso e deve ser consciente disso.

1 Educação infantil é a primeira etapa da educação básica e se refere à educação de crianças de 0 a 5 anos de

idade em creches (0 a 3 anos) e pré-escolas (4 a 5 anos).

2 O primeiro artigo intitulado Formação Continuada de Professores e Projeto Pedagógico Escolar: uma

articulação necessária, apresentado no 4º seminário brasileiro de estudos culturais e educação e 1º seminário

internacional de estudos culturais e educação, realizado na ULBRA/Canoas – RS. O segundo artigo com o título

Formação Continuada Docente: Coerência com projeto pedagógico escolar, apresentado no 1º Simpósio de

Integração Científica e Tecnológica do Sul Catarinense (SICT-Sul), realizado pelo IFSC/Criciúma – SC e

publicado no endereço https://periodicos.ifsc.edu.br/index.php/rtc/article/view/475.

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Quando nos referimos a melhoria do trabalho na educação infantil, apontamos que um

dos caminhos (mas não o único) a percorrer é o oferecimento aos professores de uma

formação continuada pautada em conhecimentos científicos, como História, Filosofia,

Sociologia, Antropologia, Pedagogia, Psicologia, Economia, etc.; importantes para que ocorra

a compreensão sobre a educação infantil no contexto do campo político, educacional, a

aprendizagem e o desenvolvimento da criança, entre outros aspectos, os quais refletirão sobre

o trabalho pedagógico realizado.

Neste contexto, analisamos o que os profissionais da educação infantil dizem a

respeito da formação continuada na rede municipal de ensino de Sombrio, visando identificar

se contribui para o trabalho pedagógico deste nível de ensino. Desta forma, o objetivo geral

deste trabalho é analisar o que dizem os profissionais da educação infantil sobre o processo de

formação continuada promovida pela Secretaria da Educação de Sombrio. Os demais

objetivos traçados para o desenvolvimento desta pesquisa são: identificar na literatura as

perspectivas atuais fundamentadas na perspectiva histórico-cultural sobre a formação

continuada de professores de educação infantil; conceituar a concepção de infância, criança e

educação infantil; levantar as características do processo de formação continuada vivenciado

pelos professores da educação infantil da Secretaria da Educação de Sombrio.

O capítulo seguinte desta pesquisa aborda os procedimentos metodológicos utilizados,

que incluem os sujeitos envolvidos e os encaminhamentos relacionados à análise dos dados

coletados. Na sequência, está estruturado o terceiro capítulo, que apresenta a contextualização

da educação infantil da rede de ensino municipal de Sombrio, destacando minimamente como

está organizada, quais professoras3 e coordenadoras4 que participaram desta pesquisa e como

a rede organizou a formação continuada destinada aos professores da educação infantil no ano

de 2013 e início do ano de 2014. O quarto capítulo aborda a importância da formação

continuada para o trabalho docente, partindo dos depoimentos das entrevistadas na pesquisa

sob análise dos estudos teóricos sobre o tema. No quinto capítulo, faz-se uma análise sobre as

contribuições da formação continuada vivenciada pelas professoras e coordenadoras. Para

finalizar, apresento as considerações finais, que traz uma síntese do trabalho desenvolvido.

3 Todas as professoras de educação infantil da rede são do sexo feminino e, deste modo, deste ponto em diante,

será utilizado o gênero feminino quando eu me referir a elas.

4 Todas as coordenadoras da Educação Infantil da rede são do sexo feminino e, deste modo, deste ponto em

diante, será utilizado o gênero feminino quando eu me referir a elas.

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2 ASPECTOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

As instituições de educação infantil surgiram com o objetivo de guardar as crianças

para que seus pais pudessem trabalhar, cuidando da sua alimentação e higiene, protegendo

assim as crianças pobres do trabalho servil como afirmam Abramovay & Kramer (1991):

A necessidade de pré-escola aparece, historicamente, como reflexo direto das

grandes transformações sociais, econômicas e políticas que ocorrem na Europa –

especialmente na França e Inglaterra – a partir do século XVII. Eram as creches que

surgiam, com caráter assistencialista, visando afastar as crianças pobres do trabalho

servil que o sistema capitalista em expansão lhes impunha, além de servirem como

guardiãs de crianças órfãs e filhas de trabalhadores. Nesse sentido, a pré-escola tinha

como função precípua a guarda das crianças ( p. 23).

Posteriormente, a creche apresentou-se como instituição educacional, mas também

não podemos dizer que deixou de manter a assistência. Segundo Abramovay; Kramer (1991):

[...] são criados, por exemplo, os jardins de infância por Froebel, nas favelas alemãs;

por Montessori nas favelas italianas; por Reabody, nas americanas, etc. A função

desta pré-escola era a de compensar as deficiências das crianças, sua miséria, sua

pobreza, a negligência de suas famílias... Assim, podemos observar que as oriegns

remotas da educação pré-escolar se confundem mesmo com as origens da educação

compensatória. (p.29)

Com o passar do tempo, a importância da educação infantil foi crescendo. De acordo

com Campos (2006), os motivos desse crescimento foram: as mudanças ocorridas no papel da

mulher na sociedade; a mudança nas condições de vida nas cidades, resultado da

industrialização; e a evolução de pesquisas científicas sobre o desenvolvimento infantil, as

quais apontam a importância dos primeiros anos de vida para o desenvolvimento físico,

afetivo, cognitivo e social dos seres humanos. No Brasil, a partir da Constituição Federativa

da República de 1988, a educação infantil passa a ser direito das crianças de 0 a 6 anos de

idade e, com a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) de 20 de dezembro

de 1996, integra a primeira etapa da educação básica.

No percurso histórico da educação infantil, predominaram diferentes concepções

teóricas no trabalho com esta etapa educacional, cabendo destacar, conforme afirma Stemmer

(2012), o surgimento de uma nova concepção para a educação infantil que defende e

considera as especificidades da criança, denominada pedagogia da infância. A autora Rocha

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(1999), em sua pesquisa de doutorado expressa esta nova tendência pedagógica na educação

infantil:

[...] enquanto a escola tem como sujeito o aluno, e como objeto fundamental o

ensino nas diferentes áreas, através da aula, a creche e a pré-escola têm como objeto

as relações educativas travadas num espaço de convívio coletivo que tem como

sujeito a criança de 0 a 6 anos de idade (ou até o momento em que entra na escola).

(ROCHA, 1999, p. 61-62, grifos no original)

Nesta nova perspectiva, a criança é o centro de tudo, constrói seu conhecimento de

forma autônoma, não aprende sendo ensinada, mas sim interagindo com o adulto, com as

crianças e com o ambiente. Sendo assim, o professor não é considerado como o detentor do

saber e sim como facilitador para que ela construa o conhecimento.

La Banca (2014), sobre esta perspectiva, aponta algumas premissas:

[...] não haveria conteúdos em seu sentido ‘escolarizante’, mas conhecimentos

construídos a partir da diversificação dos repertórios das crianças e da expressão de

suas múltiplas linguagens; não há alunos, mas sim crianças vivenciando suas

infâncias; não há ensino, mas relações educativas travadas no cotidiano pedagógico;

não há escola, mas instituições educativas; não há salas de aula, mas salas de

referência, nas quais a organização dos espaços de forma adequada às culturas

infantis é fundamental. (p.22)

Diante disso, pode-se pensar: será que existe educação sem ensino? Raupp (2012)

afirma que a perspectiva citada acima é “sedutora”, porém “retira o ensino da educação

infantil e, entre outras consequências, secundariza o ofício do professor” (p. 140). A função

da professora de educação infantil passa a ser: observar; organizar espaços pedagógicos;

acompanhar o interesse da criança. Assim como Raupp (2012), Stemmer (2012) também

constata que essa perspectiva contemporânea advoga para as crianças pequenas uma educação

não escolar, havendo um esvaziamento do ato de ensinar.

Alessandra Arce esclarece em seu texto “Pedagogia da infância ou fetichismo da

infância?” (2004) que não concorda plenamente com as ideias defendidas pela pedagogia da

infância. Segundo a autora, esta pedagogia fetichiza a infância, transforma a função da escola

em mera acompanhadora do desenvolvimento da criança. Para ela, “Denunciar o fetichismo

da infância é defender um direito básico da infância: o direito a educação escolar pública,

gratuita e de qualidade.” (p. 166)

Facci (2004), partindo da mesma perspectiva, aponta como função do professor:

1) cabe ao professor transmitir conhecimentos, ensinar aos alunos de forma que

dirija a formação dos seus processos psicológicos superiores;

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2) os professores precisam atuar como mediadores entre os conceitos científicos e o

aluno, partindo de conhecimentos teóricos que auxiliem a prática, e utilizando a

prática para aprofundar os conhecimentos teóricos;

3) cabe ao professor investir na zona de desenvolvimento próximo dos alunos,

provocando o seu desenvolvimento intelectual e afetivo;

4) para trabalhar com a zona de desenvolvimento próximo no ensino, na sala de

aula, é necessário que o professor esteja sempre atento e seja capaz de perceber até

que ponto vai a capacidade de imitação do aluno, estar atento para o limiar inferior e

superior da zona de desenvolvimento próximo.

Em outras palavras, o professor deve encaminhar o ensino de maneira que force o

aluno ao desenvolvimento máximo das suas capacidades. (p. 242-243)

Em acordo com as autoras mencionadas, considera-se o direito que toda criança tem

de ter uma educação de qualidade, de se levar em consideração as especificidades da criança,

seus saberes próprios, sem deixar de lado a verdadeira função do professor, que é a de ensinar

os conhecimentos historicamente produzidos pela sociedade. Independentemente da faixa

etária, é essencial a mediação do professor no processo de aprendizagem, a qual inclui, entre

outras ações, ensinar a criança a comer, andar, brincar, sentar, apropriar-se de conhecimentos

e muitas outras possibilidades no trabalho pedagógico na educação infantil.

Para Campos (1994), os professores de educação infantil

[...] necessitam de um novo tipo de formação baseada numa concepção integrada de

desenvolvimento e educação infantil, que não hierarquize atividades de cuidado e

educação e não as segmente em espaços, horários e responsabilidades profissionais

diferentes. (p. 37.)

É necessário considerar que a ação do professor não deve se restringir ao cuidar e

educar, pois mesmo sendo importante é insuficiente, do ponto de vista da perspectiva

histórico-cultural, para o trabalho na educação infantil. Raupp e Arce (2009), sobre isso,

dizem:

O cuidado e a educação das crianças nas creches e pré-escolas são importantes,

porém insuficientes para uma perspectiva de Educação Infantil como expressão do

direito das crianças de 0 a 6 anos ao seu pleno desenvolvimento e do direito das

professoras ao efetivo exercício da sua profissão. Ou seja, o trabalho docente nas

creches e pré-escolas tem como eixo o ensino, além do cuidado e da educação. (p.

53)

Além disso, as mesmas autoras destacam que o pleno desenvolvimento e a

humanização das crianças é a função do trabalho das professoras de educação infantil, o que

requer “a efetivação do pôr teleológico dessas profissionais por meio do conhecimento dos

nexos causais envolvidos nesse processo educativo.” (p. 85). Ou seja, os conhecimentos das

causas propiciam às professoras o olhar sobre o ponto de partida e chegada do trabalho

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docente, pois sem estes não seria possível agir para transformar a possibilidade em realidade.

Para tanto, a formação docente precisa estar pautada no conhecimento científico. A educação

infantil, assim como qualquer outro nível de ensino, necessita de professores preparados para

os desafios do trabalho docente. Para isso, é necessária uma sólida formação pautada na

teoria, sem desmerecer as trocas de experiências, para o exercício da profissão.

Conforme afirma Campos (2006), ainda predomina em nossa sociedade uma visão de

que para criança pequena qualquer coisa serve, qualquer profissional serve; não se valoriza o

profissional que trabalha com esta faixa etária: “quanto menor a idade da criança menor o

‘status’ do educador” (p. 33), não se considera necessária a utilização de brinquedos,

materiais pedagógicos e livros; não há uma preocupação com as crianças passando longas

horas em ambientes fechados e sem realizar alguma atividade.

2.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia utilizada neste trabalho inclui estudos bibliográficos na perspectiva

histórico-cultural e a coleta de dados com profissionais de três Centros de Educação Infantil

(CEI) da rede municipal de ensino de Sombrio. Os dados foram obtidos por meio de

entrevistas com as professoras de educação infantil, coordenadoras administrativo-

pedagógicas dos CEI que participaram do processo de formação continuada. Também foi

entrevistada, na Secretaria de Educação Municipal de Sombrio, a coordenadora da educação

infantil. Por fim, a análise dos dados coletados.

Primeiro, foi realizado um estudo bibliográfico sobre a formação de professores da

educação infantil na perspectiva histórico-cultural. Diante desses estudos, foram elaborados

os roteiros para as entrevistas5 mencionadas anteriormente. Para que fosse possível iniciar os

trabalhos nos CEI da rede municipal, realizou-se uma visita à Secretaria de Educação

Municipal de Sombrio com o objetivo de apresentar a proposta de trabalho a ser realizada e

também de identificar a existência de um projeto de formação continuada para os professores

da educação infantil. Portanto, inicialmente, foi realizada uma entrevista com a coordenadora

da educação infantil da Secretaria de Educação de Sombrio, visando coletar informações a

respeito do processo de formação continuada proporcionada aos professores da educação

infantil, constatando-se que o mais recente ocorreu durante o ano de 2013 e início do ano de

2014.

5 Os roteiros das entrevistas encontram-se nos anexos desta pesquisa.

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Visando selecionar os professores para o desenvolvimento da pesquisa, foi feito um

levantamento de dados em todos os CEI da rede municipal de Sombrio, buscando identificar o

número de professores da educação infantil de cada unidade que participou do mencionado

processo de formação continuada promovida pela rede. Com os dados coletados, foram

selecionados os três CEI e respectivos coordenadores que tiveram número maior de

professores que participaram deste processo de formação continuada desenvolvida durante o

ano de 2013 e início de 2014.

Conforme afirma Kramer (2002), a divulgação dos nomes em pesquisas é sempre uma

dificuldade encontrada pelos pesquisadores. Por este motivo, não serão divulgados os nomes

dos CEI selecionados, como também de nenhum participante da pesquisa. Neste caso, serão

utilizados pseudônimos escolhidos pela pesquisadora para representá-los. Os CEI serão

denominados pelas letras A, B e C. Após a seleção dos CEI, as respectivas professoras e

coordenadoras foram convidadas a participarem da pesquisa por meio de uma entrevista, e,

diante da aceitação de todas, as entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas.

A tabela abaixo representa o número de professoras de cada CEI que participaram da

pesquisa:

Tabela 1 – Número de professoras entrevistadas por CEI.

CEI Número de professoras entrevistadas

A 2

B 3

C 4 Fonte: Entrevista realizada pela pesquisadora em 2014.

Na sequência, foram realizadas entrevistas com as coordenadoras de cada CEI onde a

pesquisa foi realizada. É importante dizer que todos os CEI possuem uma coordenadora que é

a responsável pela administração da unidade. Destaca-se também que todas as entrevistas

realizadas durante a pesquisa foram devolvidas posteriormente às entrevistadas para a revisão

das respostas. Kramer (2002) considera importante esta devolução aos pesquisados, que “pode

se restringir a dar, aos entrevistados, cópias dos relatórios, artigos ou a apresentar, socializar

resultados e se expor à crítica” (p. 57).

Com os dados coletados, foi possível definir as categorias de análise, evidenciando

que estas não são definidas a priori, pelo contrário “são determinações da existência”6. Isto

6 (LUKÁCS, 1978, apud RAUPP, 2008, p. 35 )

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15

significa que, após os dados obtidos por meio das entrevistas, foi possível perceber a

recorrência de determinados aspectos, possibilitando desta forma a definição das mencionadas

categorias de análise.

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16

3 A REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE SOMBRIO: BREVE

CONTEXTUALIZAÇÃO DA EDUCAÇAO INFANTIL

A educação infantil existe na rede municipal de ensino de Sombrio desde 1989, e hoje

é composta por sete CEI. Além destes, há seis escolas que possuem turmas de educação

infantil de pré-escola, ou seja, crianças de 4 e 5 anos, e mais três instituições filantrópicas que

também atendem à educação infantil, crianças de 0 a 5 anos. Portanto, o município acolhe 16

instituições que incluem a educação de crianças nesta faixa etária.

No ano de 2012, foi publicada a Proposta Curricular da Secretaria Municipal de

Educação de Sombrio para a Educação Infantil,7 construída durante os anos de 2010 a 2012,

pela equipe pedagógica da mencionada Secretaria, incluindo a participação dos professores da

educação infantil. A educação infantil no município é organizada por turmas, com a seguinte

denominação: infantil I, infantil II, infantil III, infantil IV e infantil V. A tabela a seguir

apresenta outros dados sobre essa organização por turma:

Tabela 2 – Organização das turmas de educação infantil

Turmas Faixa etária das

crianças por turma8

Nº de alunos

por turma

Profissionais por turmas

Infantil I 3 meses a 1 ano 20 crianças 02 auxiliares de educação infantil

por período.

Infantil II 1 a 2 anos 20 crianças 02 auxiliares de educação infantil

por período.

Infantil III 2 a 3 anos 20 crianças 01 professora de educação infantil

20h e 01 auxiliar de educação

infantil no mesmo período + 02

auxiliares de educação infantil no

período inverso.

Infantil IV 3 a 4 anos 25 crianças 01 professora de educação infantil

20h e 01 auxiliar de educação

infantil no mesmo período + 02

auxiliares de educação infantil no

período inverso.

Infantil V 4 a 5 anos 25 crianças 01 professora de educação infantil

20h e 01 auxiliar de educação

infantil no mesmo período + 02

auxiliares de educação infantil no

período inverso. Fonte: Dados levantados pela pesquisadora por meio de entrevista com a coordenadora da educação infantil da

Secretaria de Educação da rede municipal de ensino de Sombrio, em maio de 2014.

7 PREFEITURA MUNICIPAL DE SOMBRIO. SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO.

DEPARTAMENTO PEDAGÓGICO. Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino de Sombrio - da

Educação Infantil. Sombrio, 2012. (65 p.)

8 A rede obedece a data corte de 31 de março na organização das turmas por faixa etária.

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17

Conforme demonstra a tabela, as turmas de infantil I e II são atendidas durante o

período letivo por auxiliares de educação infantil. Somente as turmas do Infantil III, IV e V

possuem professores de educação infantil, o que justifica o número pequeno de professores de

educação infantil em cada CEI. Esses dados provocam o surgimento de vários

questionamentos, entre eles: as crianças de 0 a 3 anos não têm direito a ter professor? Elas não

precisam aprender? Para estas basta apenas estarem bem cuidadas? Estes auxiliares possuem

formação? Eles participam da formação continuada oferecida pelo município em todos os

momentos?

É importante dizer que as seis escolas que possuem turmas da educação infantil e as

três instituições filantrópicas procuram seguir a organização das turmas conforme os CEI,

porém, de acordo com a coordenadora da educação infantil da Secretaria de Educação de

Sombrio, devido ao fato de essas instituições serem mais independentes pode haver uma

pequena diferença na organização.

Ainda de acordo com a mencionada coordenadora, existe uma lista de espera em cada

CEI com a média de 10 a 30 crianças, pois, no momento, a rede municipal não consegue

atender toda a demanda. O perfil das famílias atendidas na educação infantil em sua maioria é

de operários de indústrias ou fábricas, havendo também filhos de comerciantes, autônomos e

professores.

Conforme já citado anteriormente, foram escolhidos três CEI para a realização da

pesquisa. A Tabela 3 a seguir apresenta informações sobre o grupo de professoras

entrevistadas:

Tabela 3 – Apresentação das professoras entrevistadas

Professora CEI Formação Tempo de atuação

na Educação

Infantil

Período de

atuação no CEI*

Maria A Graduação em Pedagogia e

especialização (lato sensu) em

educação infantil e séries iniciais.

6 anos 3 meses

Joana A Graduação em Pedagogia e

especialização (lato sensu) em

educação infantil.

3 anos 3 meses

Pedra B Graduação em Pedagogia e

especialização (lato sensu) em

educação infantil e fundamental.

4 anos 2 anos

Isabel B Graduação em Pedagogia e

especialização (lato sensu) em

psicopedagogia.

22 anos 4 anos

Liliane B Graduação em Pedagogia e

especialização (lato sensu) em

prática interdisciplinar na

14 anos 3 meses

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educação infantil e séries iniciais.

Bruna C Graduação em Pedagogia e

especialização (lato sensu) em

psicopedagogia.

15 anos 2 anos

Ana C Graduação em Pedagogia, e

especialização (lato sensu) em

ensino infantil e ensino

fundamental.

9 anos 9 anos

Fabiana C Graduação em Pedagogia e

especialização (lato sensu) em

séries iniciais.

1 ano 3 meses

Janete C Graduação em Pedagogia, e

especialização (lato sensu) em

educação infantil.

7 anos 5 anos

* Os dados deste item são aproximados.

Fonte: Entrevista realizada pela pesquisadora em março de 2014.

As professoras acima citadas participaram do processo de formação continuada

promovido pela Secretaria de Educação de Sombrio, no decorrer do ano de 2013 e também no

início do ano de 2014. As coordenadoras administrativo-pedagógicas dos CEI envolvidos na

pesquisa estão nesta função de um a dois anos. Elas participaram junto com as professoras do

mencionado processo de formação continuada. A Tabela 4 a seguir apresenta informações

sobre o grupo dessas coordenadoras entrevistadas:

Tabela 4 – Apresentação das coordenadoras administrativo-pedagógicas dos CEI.

CEI Formação Tempo de atuação na

Educação Infantil

Coordenadora A Graduação em Pedagogia. 1 mês

Coordenadora B Graduação em Pedagogia. 15 anos

Coordenadora C Magistério, graduada em Letras, pós-

graduação na área de letras. 18 anos

Fonte: Entrevista com as coordenadoras, realizada pela pesquisadora em março de 2014.

3.1 A FORMAÇÃO CONTINUADA SOBRE A EDUCAÇÃO INFANTIL PROMOVIDA

PELA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE SOMBRIO

A partir dos dados coletados na Secretaria de Educação de Sombrio, a rede não possui

um documento que expresse um projeto de formação continuada para a educação infantil.

Porém, são organizados durante o ano, pela equipe da mencionada Secretaria de Educação,

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vários momentos de formação continuada, alguns organizados de forma geral para os

professores de todos os níveis de ensino9 e outros específicos para a educação infantil.

As professoras não dispõem, nas suas cargas horárias de trabalho, de horas destinadas

à formação. Deste modo, a formação no decorrer do ano acontece no período noturno, exceto

no início do ano letivo, na semana de planejamento, quando a formação acontece no período

diurno.

No início do ano de 2013 e 2014, antes do início do ano letivo, foram realizados, em

média, dois a três dias de formação em cada ano. Nesta ocasião, o público foi composto por

professores da educação infantil e do ensino fundamental. A Secretaria de Educação trouxe

palestrantes de fora da cidade e a motivação profissional foi o foco da formação. Conforme

demonstra a fala da professora Isabel:

Todo início de ano tem um dia ou dois de cursos, geralmente com

palestrantes de fora, esse ano foi parece que o nome dele era Jorge, um

palestrante que veio motivacional bem bom, deu aquela injeção de ânimo

pra gente iniciar o ano, já que todo mundo meio desanimado, às vezes, volta

de férias meio cansado ou desiludido com alguma coisa, ai vem aquele

curso motivacional bem bom. Tem também os cursos continuados que a

secretaria faz durante o ano que o ano passado teve, duas vezes por mês nas

quintas-feiras, uma quinta sim, uma quinta não, com o pessoal da

secretaria, eles que organizam. O ano passado era assim, teoria e prática,

via a teoria e depois colocava na prática o que tinha sido visto. (ISABEL)

Durante o ano letivo de 2013, conforme depoimento anterior, foram organizados

diversos momentos de formação continuada aos professores, no período da noite, pois os CEI

não podem parar de funcionar. Alguns desses momentos tiveram a participação dos

professores da educação infantil e do ensino fundamental; outros foram organizados

especificamente para a educação infantil. Todos esses momentos de formação, realizados

durante o ano letivo de 2013, foram coordenados pelos profissionais da Secretaria de

Educação de Sombrio e incluíram temáticas, tais como: motivação profissional, musicalidade,

brincadeira, proposta curricular da rede municipal de ensino da educação infantil, as

características do professor da educação infantil, projetos, Síndrome de Down, recreação.

A professora Maria descreve um pouco desse processo:

Acontece à noite. São trabalhados vários temas, como a proposta curricular

de educação infantil do município, motivação, características do professor

9 Os níveis de ensino ofertados pela Secretaria Municipal de Educação de Sombrio são: educação infantil e

ensino fundamental.

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de educação infantil, brincadeira e muitos outros. No ano passado quem fez

(palestrou) e organizou foi o pessoal da secretaria de educação, eles

palestravam, levavam bastante material, pediam pra encenarmos situações

que estavam sendo discutidas, sempre participamos bastante. A proposta

curricular por exemplo elas dividiram em tópicos para estudarmos. Já esse

ano no início do ano foram palestrantes de fora, que falaram sobre

motivação e musicalidade na sala de aula. (MARIA)

A coordenadora da educação infantil da Secretaria de Educação de Sombrio contribui

dizendo:

No início do ano sempre trazemos palestrantes de fora que é pra dar um

“up” uma motivada nos professores, em 2013 foi assim e este ano também,

uns 2 ou 3 dias de curso antes do início das aulas. Durante o restante do

ano letivo no ano passado, os cursos foram todos à noite, e realizados por

nós mesmos da secretaria de educação, onde realizamos a revisão do PPP,

a reavaliação e criação de novos registros, também estudamos o estatuto

interno (as normas e funções). Os projetos também trabalhamos porque

muitos eram feitos de forma desconectada, sem uma sequência lógica, então

trabalhamos isso. A proposta curricular da educação infantil também foi

estudada por tópicos porque muitos professores não conheciam. Também

sempre é reservado um espaço para troca de experiência entre os

professores e CEI porque é muito importante. (COORDENADORA DA

EDUCAÇÃO INFANTIL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DA REDE)

De acordo com a coordenadora, durante o ano de 2013, foram oferecidas 80 horas de

cursos de formação continuada aos professores da educação infantil, que aconteciam

quinzenalmente, no decorrer do ano no período noturno, conforme informamos anteriormente.

No início do ano de 2014, foram oferecidas 20 horas, reunindo sempre professores e

auxiliares da educação infantil.

A professora Bruna, além de relatar sobre esse processo de formação oferecido pela

rede, expressa sua opinião sobre os cursos vivenciados:

Ano passado foi esporádico, temas como motivação, inclusão etc, a gente

não conseguiu perceber qual era a proposta de trabalho, isso até metade do

ano, depois de um tempo eles começaram a trabalhar em cima da proposta

curricular do município que foi elaborada em 2012, na verdade foi

elaborada nos três últimos anos e publicada em 2012, eles então fizeram um

trabalho em cima dessa proposta, bem superficial na minha opinião, fizeram

uns três encontros a noite e discutiram um pouquinho a proposta. Esse ano

já sentimos mais firmeza, tem uma proposta de trabalho vinculada a uma

universidade, a primeira formação foi ontem e vão ter 100 horas, alguns

encontros à noite quinzenais e eles vão trabalhar vários pontos importantes

aprofundando realmente a proposta curricular para ed. Infantil do

município de Sombrio em forma de assessoria pedagógica. Poucos

municípios, ou melhor os mais destacados em educação tem sua própria

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proposta ensino, como Florianópolis, Içara, Criciúma eu é município polo.

Portanto é um documento tão sério e rico merece mais atenção. Pode ser

bastante explorado. Os cursos são sempre à noite, o que nós achamos uma

grande dificuldade, é bem complicado, porque o pessoal está cansado da

jornada de trabalho durante o dia, a gente entende que é em função de o

espaço além de ser educativo também é social, daí parar uma vez por mês é

complicado mas a gente acha importante também começar a usufruir desse

direito de formação no período letivo. (BRUNA)

A fala da professora Bruna ressalta a importância de um trabalho mais atencioso em

cima da proposta curricular municipal da educação infantil, pois se trata de um documento

muito “sério e rico”, que foi construído há poucos anos e ainda é desconhecido por muitos

profissionais.

Podemos perceber que a Secretaria Municipal de Educação de Sombrio organiza

momentos de formação aos professores mesmo sem ter um projeto estruturado, o que muitas

vezes faz com que os professores não identifiquem claramente a proposta de trabalho que será

realizado durante o ano. Além disso, fica evidente diante dos relatos apresentados até aqui,

que a mesma não integra a formação continuada dos professores à carreira docente pois não

dispõe de carga horária para mencionada formação no período letivo.

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4 FORMAÇÃO CONTINUADA: SUA IMPORTÂNCIA PARA O TRABALHO

DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A educação infantil, por um longo período da sua história, não possuía profissionais

com formação específica para trabalharem com as crianças de 0 a 6 anos. De acordo com

Arce (2001b), diante das análises que fez dos documentos oficiais sobre o assunto produzidos

pelo Ministério da Educação e a Fundação Movimento Brasileiro de Alfabetização das

décadas de 1970 e 1980, as características que definiam o profissional da educação infantil

eram marcadas pela:

não profissionalização, espontaneidade, utilização de trabalho voluntário, negação

da teoria, exacerbada valorização da imagem de que a mulher é uma educadora nata,

valorizando assim seus atributos pessoais em detrimento da formação acadêmica,

além do reforço de que educar e cuidar pertencem ao mundo privado, doméstico, das

mulheres, que são as únicas possuidoras do “coração de mãe”, definidos nos moldes

de Froebel. (p. 181)

Em acordo com a autora, compreende-se a formação do professor de educação infantil

como um determinante, entre outros, na qualidade do trabalho desse profissional. Nas

palavras de Arce (2001b), o professor de educação infantil é aquele que:

ensina, deve possuir competência (que supere a improvisação, o amadorismo e a

mediocridade), tenha precisão técnica, rigor filosófico e disciplina metodológica,

criatividade e criticidade na forma de entender e trabalhar o conhecimento conforme

o contexto em que foi produzido. (p. 182)

Para a constituição dessa profissional para atuar na educação infantil, é necessária uma

formação pautada no conhecimento científico, no ensino, que é a principal função da escola.

No entanto, pesquisas revelam, entre elas aquela realizada por Raupp (2012), que a concepção

de formação dos professores de educação infantil no discurso dos intelectuais brasileiros

valoriza a formação prático-reflexiva, os saberes dos professores e as trocas de experiências.

Sendo assim, a prática é o foco desta formação, havendo aí uma secundarização da teoria,

inclusive com crítica ao conhecimento científico e a teoria considerada perda de tempo.

Vale lembrar que a formação continuada das professoras de educação infantil é uma

temática que vem sendo muito discutida neste nível de ensino, de forma mais intensificada

nas políticas educacionais desde meados da década de 1990 conforme evidenciam Arce e

Raupp (2009), principalmente com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDBEN) de 1996. Este dispositivo legal considera que a formação continuada é

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considerada de extrema importância para o desenvolvimento de uma educação de qualidade.

Os artigos 62 e 67 da LDBEN (2010 p. 46 - 48) afirmam:

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível

superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos

superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do

magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental,

a oferecida em nível médio na modalidade normal.

§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de

colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a

capacitação dos profissionais de magistério. [...]

Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da

educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de

carreira do magistério público: I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento

periódico remunerado para esse fim;

III - piso salarial profissional;

IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação do

desempenho;

V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na carga de

trabalho;

VI - condições adequadas de trabalho. (Grifos meus)

Nas entrevistas realizadas durante a pesquisa, indagamos às professoras e às

coordenadoras administrativo-pedagógicas a respeito da importância dessa formação para o

desenvolvimento do trabalho docente e todas as entrevistadas apontaram-na como algo muito

importante, essencial para esse trabalho.

Para a professora Bruna:

É essencial a formação para o professor, ainda mais tratando de um nível

de ensino tão importante. As crianças exigem cada vez mais de nós

profissionais, cada vez está se tornando mais difícil de trabalhar com as

crianças, na maioria das vezes a família transfere o compromisso somente

para a escola. Sabemos da importância da família exercer o seu papel e ser

parceira da escola. Nosso trabalho também é destinado à formação dos

pais, procuramos estreitar laços, conscientizando-os a participarem do

processo educativo dos próprios filhos. Outro aspecto que merece ser

observado é às novas tecnologias que estão aí. Crianças bem pequenas

manuseando tablets e outros do gênero. A busca por novas estratégias de

ensino são necessárias para que não sejamos ultrapassados. A pratica deve

ser refletida. (BRUNA)

O depoimento da professora Bruna afirma, por um lado, que é papel do professor

desenvolver uma boa relação da educação infantil com as famílias das crianças visando

estreitar os laços entre família e escola; por outro lado, muitos professores têm dificuldades

para realizar esse trabalho, conforme afirma Campos (1999) em seu estudo sobre a formação

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de professores para crianças de 0 a 10 anos. A autora apresenta a necessidade de uma

formação continuada que contemple “a formação para o trabalho com os pais e a

comunidade” (p. 139).

Quando indagada sobre a importância da formação continuada, a professora Janete

afirma que é:

Muito importante, porque o conhecimento ele não é pronto e acabado, o

conhecimento ele está sempre mudando. Eu acredito que alguns professores

(porque a gente sabe que tem professores muito dinâmicos) ainda estão

muito presos aos métodos tradicionais, e a escola é a principal fonte de

mudança, porque lá é que se forma um cidadão, então eu acho que essa

formação continuada ela é necessária para eu obter essas informações

desse mundo novo que está nascendo, para eu ir me adequando e fazer com

que os meus alunos também se tornem pessoas pensantes, participativos,

desde pequeninhos, da educação infantil que também já tem uma ideia que

tem que ser respeitado na sua essência, até os maiores. (JANETE)

O depoimento acima enfatiza a importância da escola na formação de um cidadão e

desse modo a escola de educação infantil tem o dever de ensinar e a criança o direito de

aprender. Nesse sentido, Arce e Raupp (2009) afirmam que o ensino deve ser o eixo do

trabalho docente, além do cuidado e educação. (p. 53). La Banca (2014) defende também o

ensino como eixo do trabalho pedagógico dizendo:

[...] defendemos o ensino como eixo do trabalho pedagógico, que deve ser

organizado intencionalmente, abordando conteúdos das diferentes áreas,

possibilitando à criança a apropriação dos conhecimentos produzidos pela

humanidade ao longo da história. Nessa concepção, o professor deve ter uma

formação teórica que fundamentará de forma sólida sua prática. (p. 160)

Complementando, Facci (2004), em seu livro “Valorização ou esvaziamento do

trabalho do professor”, resgata a ideia de que o professor possui como função: “ensinar”, ou

seja, transmitir o conhecimento historicamente produzido pela sociedade, o que está cada vez

mais se distanciando da realidade, devido ao esvaziamento do trabalho do professor.

A professora Isabel, sobre a importância da formação continuada diz:

acho bem importante, motiva bastante, apesar de vinte e dois anos na

educação infantil, sei que preciso estar sempre inovando, até porque sempre

trabalhamos com clientelas diferentes, com crianças diferentes, às vezes

troca a idade também. A troca de ideias com as colegas que são de outros

CEI e de escolas particulares é bem válida. (ISABEL)

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Partindo do depoimento da professora, fica claro que, independentemente do tempo de

atuação na área da educação infantil, a formação continuada faz-se importante para o bom

desenvolvimento do trabalho docente. Conforme defendemos, a prática em sala de aula, as

experiências vivenciadas no cotidiano escolar são insuficientes na formação de uma

professora da educação infantil. Além disso, é necessária a vivência em formações que

continuamente relacionam prática e teoria. Nesse sentido, Arce e Raupp (2009) enfatizam a

necessidade de as professoras de educação infantil irem além dos seus cotidianos, e para isso

é fundamental a efetivação de uma “sólida formação teórica que lhes forneça a base para a

compreensão do processo e dos desdobramentos da aprendizagem e do desenvolvimento da

criança” (p. 85)

Está presente na fala tanto da professora Isabel quanto da professora Bruna,

respectivamente, a importância da formação continuada, a ênfase na reflexão da prática e a

troca de ideias (experiências). Chama-se a atenção aqui para o fato de que a prática não deve

se constituir como prioridade no processo de formação continuada dos professores; deve sim

ser refletida tendo como base os pressupostos teóricos estudados e discutidos durante esse

processo. Evidencia-se também a importância da formação continuada para a contagem das

horas de cursos que o professor precisa para se inscrever para ACT10 ou quem é efetivo para

as progressões funcionais: “É importante porque a gente fica atualizada é muito bom, e conta

horas de aperfeiçoamento então, a gente fica atualizada, não fica pra traz” (FABIANA). A

Fabiana enfatiza a importância da atualização e também se refere que as horas de

aperfeiçoamento favorecem-na profissionalmente, sendo fundamental para um aumento

salarial progressivo.

Os CEI, de acordo com a fala das coordenadoras e da maioria das professoras,

incentivam a participação das professoras nos cursos de formação continuada, convidando-as

e esclarecendo sobre a importância da formação para o trabalho docente e para obtenção de

horas de curso que possibilita a melhoria salarial. A coordenadora administrativo-pedagógica

do CEI A, em sua fala, diz: “Incentivo muito, conversamos muito, falamos da importância da

formação, o que eu digo pra elas é que não adianta eu ter a formação, não adianta fazer

especialização, se não continua a se aperfeiçoar.” (COORDENADORA CEI A)

Entretanto a professora Maria, sobre esse incentivo, faz uma reflexão importante

que expressa uma contradição:

10 Admissão de professores em caráter temporário.

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O que percebo na educação infantil é que é apoiado, mas, ao mesmo tempo

Deus me livre fechar a creche para os professores poderem participar dos

cursos, então acaba complicando para ser liberado o professor. Geralmente

os CEI incentivam a participação nos cursos que são à noite. Em alguns

momentos eles até liberam os professores mas os auxiliares não podem ir,

acho que isso deveria ser trabalhado com os pais para eles entenderem a

importância e poder fechar a creche para irmos. (MARIA)

A reflexão da referida professora é pertinente e merece a atenção das políticas públicas

educacionais, pois, devido à função também social dos CEI, os profissionais dessas unidades

enfrentam grandes dificuldades para participarem dos cursos de formação continuada e ao

mesmo tempo continuar o atendimento às crianças. As famílias necessitam, para trabalharem,

da manutenção do atendimento aos seus filhos. Isso faz com que essa formação aconteça na

maioria das vezes no período noturno, após o dia de trabalho das professoras, favorecendo,

diante dessas condições, uma formação “aligeirada e esvaziada de teoria”, conforme

denomina Raupp (2012, p. 145), sendo pouco produtiva. Esta é uma problemática frequente

na educação infantil que necessita de ser equacionada. Como a educação infantil pode garantir

horas necessárias para a formação continuada dos professores e demais profissionais desse

nível de ensino sem deixar de interromper as atividades com as crianças nas creches e pré-

escolas?

A tabela 5 demonstra os cursos dos quais as professoras de educação infantil

participam durante o ano.

Tabela 5 – Cursos dos quais as professoras de educação infantil participam durante o

ano.

Cursos Quantidade de professoras Somente os oferecidos pela Secretaria de Educação de

Sombrio. 3

Os oferecidos pela Secretaria de Educação de Sombrio e

pela escola. 1

Os oferecidos pela Secretaria de Educação de Sombrio e

pela rede estadual de ensino. 1

Cursos particulares e também os oferecidos pela

Secretaria de Educação de Sombrio. 3

Cursos particulares, os oferecidos pela Secretaria de

Educação de Sombrio e também pela escola que trabalha. 1

Fonte: Entrevista, com as professoras, realizada pela pesquisadora em março de 2014.

Conforme evidenciam os dados, as professoras participaram prioritariamente da

formação continuada ofertada pela Secretaria de Educação de Sombrio. Portanto, é

fundamental que o processo de formação continuada oferecido pela mencionada Secretaria

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aos professores da educação infantil seja frequente, com bases teóricas sólidas, conforme

afirmamos anteriormente, incluindo as trocas de experiências. Provavelmente, a frequência

em outros cursos é pequena devido à extensa carga horária de trabalho e a impossibilidade de

fechamento dos CEI.

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5 CONTRIBUIÇÕES DA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA A EDUCAÇÃO

INFANTIL

No contexto dos estudos realizados nesta pesquisa, vimos que para um processo de

formação continuada contribuir para a melhoria do trabalho pedagógico é necessário um

percurso de formação baseada em discussões teóricas. Raupp (2012) enfatiza que o

conhecimento científico, teórico, é essencial para que os professores possam “questionar,

transformar ou mesmo negar esse conhecimento” (p. 64). Ainda sobre isso, a autora afirma:

A teoria tem importância fundamental na formação dos professores, pois

proporciona a eles possibilidades de compreender os contextos históricos, sociais,

culturais, organizacionais e também aqueles nos quais se inserem como profissionais

da educação. (p. 65)

Para a professora Janete, a formação continuada contribui para o seu trabalho docente,

pois muitas vezes esteve insegura sobre algo que queria trabalhar com as crianças e a

participação na formação continuada ajudou-a a retirar dúvidas e fazer o que é melhor para as

crianças. Nesse sentido, ela diz:

Eu acredito que ela estrutura, muitas vezes ela equilibra, porque, por

exemplo, às vezes eu estou com uma ideia de fazer alguma atividade mas eu

estou meio insegura naquilo que eu vou fazer, quando eu vou numa

formação continuada lá eu vou receber ou a ideia de sim ou a ideia de não,

naquele meu objetivo, lá eu vou traçar um paralelo, se isso vai ser válido ou

não, daí ali com aquela proposta eu consigo estabilizar o meu conhecimento

pra chegar com uma firmeza naquilo que eu quero propor, porque assim a

gente faz uma faculdade, faz uma pós, e os cursos que nós estamos fazendo

agora são tudo o que na faculdade se dizia, mas às vezes naquele entorno tu

está tão agitada, naquela vida de ACT, naquela busca, naquela ânsia que

muitas vezes tu não consegue parar de verdade para contribuir naquilo ali,

então eu acho que estas formações continuada elas abordam muita coisa

que tu perdeu ou que passou batido, e coisas novas que vem

também.(JANETE)

Sobre isso, a professora Maria, em sua fala, coloca que “alguns cursos não têm como

transformar o que aprendemos em trabalho com as crianças, como aqueles teóricos, sobre a

proposta e características dos professores” (MARIA). Os cursos citados pela referida

professora constituem-se na base para o trabalho com as crianças, ou seja, são fundamentais

estudos teóricos para subsidiar, sustentar a definição de objetivos, metodologias e ações que

serão realizadas com as crianças. Arce (2001a) afirma que sem estas “discussões filosóficas e

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ideológicas, o professor-prático cede às pressões e afunda-se na ação-reflexão-ação de um

cotidiano alienado e alienante” (p. 268).

A professora Joana aponta que, nas formações, “aprendemos como fazer, o que

utilizar, que música trabalhar com as crianças e como trabalhar com as crianças. Além de

aprender brincadeiras diversas, a confeccionar materiais diversos e atividades” (JOANA).

Como Joana, a professora Pedra também cita a importância da musicalidade, acrescentando

que, nas formações, aprendem a importância do brincar, que não se deve brincar somente por

brincar, que é necessária uma intenção, conforme demonstra sua fala:

A gente vai no curso e observa o quanto é importante o brincar para a

criança, porque às vezes a educação infantil é vista como só brincar com as

crianças, só brincar não, brincar tem que ter uma intenção, se vamos

brincar hoje de casinha com as crianças, se vamos brincar com os

brinquedos, se vamos brincar com lego ou se vamos brincar com massinha

de modelar, tudo tem que ter uma intenção, a gente vê através dos cursos a

importância de estar brincando, a importância da musicalidade, como é

bom pra desenvolver melhor a criança.(PEDRA)

A professora Isabel afirma que a formação contribui:

No desenvolvimento do trabalho mesmo, na formação tu tem ideias novas,

vê que trabalhou algumas coisas de uma maneira que poderia ter

trabalhado de maneira bem melhor, ou às vezes vê uma colega também

colocando tu pode estar contribuindo que a maneira que ela está

trabalhando pode ser diferente, ajudando ela. Essa troca de ideia é o que é

mais válido. Eu uso bastante o que é trabalhado nos cursos, os livros que as

vezes são citados pra ler. (ISABEL)

É evidente na fala dessa professora, a valorização de um processo de formação que

possui como foco central os saberes tácitos dos professores, em que, segundo as autoras Arce

e Raupp (2009), “os conhecimentos científicos são secundarizados, caracterizando um

processo que serve para resolver as demandas imediatas do cotidiano, ou seja, não tem cunho

científico com o objetivo de investigar, desvelar as crenças cotidianas próprias da experiência

imediata”. (p. 66). Vale ressaltar que a professora Isabel destaca a troca de ideias ou

experiências como o que é mais válido nas formações, afirmando ainda que, através desses

momentos de troca, conhece aquilo que foi feito pelos colegas, o que foi positivo ou não,

conhece novas maneiras de trabalhar com as crianças e tem a possibilidade de contribuir com

o trabalho de outros professores e vice-versa.

Facci (2004) considera importante a reflexão sobre a prática, porém compreende que

não é suficiente dar “voz aos professores” (p. 54); estes precisam refletir sobre “em que

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condições econômicas, políticas e sociais desenvolvem a profissão e que necessidades postas

pelo capital exigem dos professores esta ou aquela postura.” (p. 54), o que caracteriza a

necessidade de um aprofundamento científico intenso nos cursos de formação continuada

docente.

A professora Bruna traz contribuições importantes dessa formação para o trabalho

docente:

As formações continuadas e até mesmo os cursos esporádicos, com certeza

vem a somar com a nossa formação, enquanto ser humano e profissionais.

Quando a formação ocorre com uma proposta de trabalho, mostrando onde

quer se chegar, ai sim enriquece a prática diária do professor. Ter

oportunidade de aliar teoria e prática, bem como fazer um feedback de tal

formação, é fundamental. No Centro de Educação Infantil com atendimento

integral, onde atuo, temos acesso à formação continuada mensal. Muito

produtivo sociabilizar com os colegas nossos anseios e desafios. Há práticas

maravilhosas ao nosso redor. É bom ter oportunidade de trocarmos

experiências (BRUNA)

A professora Bruna traz fatores importantes sobre as contribuições da formação

continuada, destacando aqui a contribuição para a formação humana e profissional, a defesa

de uma formação com objetivos determinados, e também o destaque de uma formação que

relacione teoria com a prática. Além disso, refere-se aos saberes tácitos que, na sua opinião,

devem ser considerados na formação continuada. A partir das autoras Arce e Raupp (2009),

afirmo que os saberes tácitos assumem importância nos processos formativos quando vêm

precedidos de discussão teórica. Em outras palavras, os saberes tácitos são insuficientes

quando se desvinculam de um embasamento teórico. Complementando, as autoras

mencionadas contribuem afirmando que um percurso de formação docente baseado no

empirismo, portanto esvaziado de arcabouço teórico, contribuirá pouco no desenvolvimento

do trabalho docente.

Sob o olhar das coordenadoras administrativo-pedagógicas, as formações contribuem

bastante para o trabalho docente. A coordenadora do CEI C diz:

É notável, por exemplo, ano passado teve um curso sobre o brincar com a

Adiles eu passava nas salas e via sendo colocado em prática pelas

professoras, elas brincando com as crianças. A musicalidade desse ano foi a

mesma coisa, ano passado não se via as professoras cantando com as

crianças, agora a toda hora tem uma turminha, uma professora cantando

com as crianças. (COORDENADORA CEI C)

A coordenadora do CEI B também contribui dizendo:

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Eu acho que estimula no sentido assim de fazer, porque o professor se ele

fica muito acomodado, se ele não se envolve nesses cursos nessa

atualização, ele acaba ficando na mesmice digamos assim, na mesma

prática na mesma atividade e se tem esses momentos de reflexão, de

aprendizagem, ele se motiva a fazer mais, a buscar um trabalho novo, uma

técnica nova, eu acho que ajuda nesse sentido assim o curso.

(COORDENADORA CEI B)

Apesar de todas as entrevistadas apontarem contribuições da formação vivenciada para

o trabalho docente, acreditam que deve haver algumas mudanças para que essa contribuição

seja ainda maior. Somente a professora Janete não pontuou mudanças, pois considera que a

forma que está acontecendo essa formação no momento é muito boa. As mudanças pontuadas

pela professora Pedra foram as seguintes:

Eu vejo que os cursos hoje, quando são desenvolvidos através de oficinas,

que podemos estar participando, dando ideia, construindo junto por temas, é

bem melhor, do que simplesmente ir lá ouvir só uma palestra ou uma coisa

nesse sentido, porque a palestra é importante também, mas as oficinas são

mais legais. O importante nos cursos é que a gente possa também estar

interagindo com o grupo e trocando ideias. Às vezes até na própria rede do

município tem pessoas e tem ideias que a gente pode estar trocando que são

bem ricas. A teoria é muito bonita mas a gente tem que ver a prática, se

funciona, se não funcionou, como é que foi. Eu acho que deveria ser assim,

cursos que a gente pudesse estar interagindo mais, mais pra prática mesmo.

(PEDRA)

Na opinião da professora Ana, a formação:

Deveria ter mais prática, por que a teoria e a prática andando junto o

trabalho desenvolve melhor. Por ser à noite é muito cansativo, a maioria

tem faculdade então são poucos os que vão e deveria ser todos, deveria por

exemplo, um curso de dois dias deveria ser um só e o dia inteiro, dispensar

as crianças e fazer o curso, porque a noite estamos cansados, não

assimilamos tudo, não aprendemos o suficiente, e sendo durante o dia não, é

mais tranquilo. (ANA)

As coordenadoras administrativo-pedagógicas também expressaram suas opiniões a

respeito das mudanças consideradas fundamentais dizendo:

Eu acho a carga horária das professoras muito puxada, acredito que

deveria ter uma parada para os cursos não ser somente à noite, pois fica

muito cansativo. Os cursos também deveriam ser mais prática, porque a

teoria se assimila mas muitas vezes não consegue colocar em prática,

muitas vezes a gente nem dá muita importância, logo esquece, e se vemos a

prática, o que realmente deu certo, assimilamos melhor.

(COORDENADORA CEI C)

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Ser realizada por um grupo preparado para isso. Deve ter oficinas nestas

formações onde o professor possa mostrar o que ele faz, o professor fez uma

atividade legal, fez uma criação de sucata, fez um projetinho e foi bom na

escola dela, é compartilhar com os outros também com os outros CEIs,

momentos de troca de experiências entre os professores. Até porque quem

vem de fora, até vem preparado para trabalhar o nosso tema mas não está

na prática do dia a dia, não está vivendo, quem está vivendo somos nós

então se acontecer essa troca é muito rica é muito bom.

(COORDENADORA CEI B)

Os depoimentos destacados acima tanto das professoras quanto das coordenadoras

administrativo-pedagógicas expressam de forma muito clara o desejo de um processo de

formação com mais prática, baseado na reflexão, na troca de ideias, nos saberes tácitos dos

docentes, no cotidiano dos CEI. Baseando-me e defendendo as ideias de Facci (2004); Arce e

Raupp (2009); Duarte (2003b); Arce (2001a, 2001b, 2004); La Banca (2014), Raupp (2012),

posso dizer que um processo formativo que se fundamenta somente na prática, nas

experiências dos professores e no cotidiano desses é insuficiente para garantir os direitos que

as crianças possuem de um processo de humanização pautado nos conhecimentos

historicamente construídos, na apropriação desses conhecimentos e também dos professores

em exercer sua profissão, promovendo dessa forma um esvaziamento da função desse

profissional que é fundamental na contribuição para a emancipação da sociedade.

Complementando essa ideia, La Banca (op. cit) afirma sobre a

a influência da teoria do professor reflexivo e a das pedagogias do “aprender a

aprender” têm provocado uma formação pragmática desprovida de teoria e um

esvaziamento da atuação do professor, que não tem mais no ensino a sua função

precípua. (p. 122)

Com certeza, essa proposta de formação almejada pelos depoimentos apresentados é

mais “sedutora” do que a proposta dos autores citados anteriormente, visto que o estudo da

teoria, do conhecimento científico, é um processo que exige dedicação, persistência, portanto,

disciplina. Porém, o processo de formação continuada de professores necessita contemplar os

conhecimentos teóricos que visam à sustentação teórica e metodológica do trabalho do

professor na educação infantil. Não se está afirmando que a prática não deve fazer parte dos

estudos da formação continuada dos professores. Ela não deve é ser a base dessa formação. A

reflexão da prática é importante a partir do conhecimento científico trabalhado durante o

processo de formação, buscando assim o aperfeiçoamento da mencionada prática e, quem

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sabe, algumas mudanças de concepções, conceitos, atitudes, visando sempre contribuir para o

trabalho pedagógico com as crianças na educação infantil.

A coordenadora da educação infantil da Secretaria de Educação de Sombrio também

reconhece a necessidade de algumas mudanças nesse processo:

Considero importante a parada durante o período letivo para realização dos

cursos, porque à noite o rendimento é muito mais baixo, as professoras

estão muito cansadas. Algumas professoras também deveriam participar

mais ativamente, muitas vezes reclamam, cobram que não tem curso mas

quando tem não participam. Acho importante também uma revisão da Lei

municipal 756/90 e da Resolução 002/2006 que fala de algumas

nomenclaturas e direitos dos auxiliares pois estes encontram-se

desmotivados com suas condições de trabalho. Continuar o oferecimento

dos cursos com uma carga horária mais ampla. (COORDENADORA DA

EDUCAÇÃO INFANTIL DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO)

Evidencia-se, portanto, o desejo dos professores e demais profissionais vinculados

diretamente na educação infantil entrevistados nesta pesquisa de mudanças que visam

qualificar os processos de formação continuada docente. Essas mudanças incluem, sobretudo,

condições objetivas relacionadas à conquista de carga horária para a formação, inclusa no

horário de trabalho nas creches e pré-escolas. Além disso, é possível perceber que a

valorização dos conhecimentos teóricos nos processos de formação continuada ainda

necessita de melhor compreensão pelos profissionais participantes.

Vale ressaltar ainda, que a valorização da prática em detrimento da teoria não é uma

expressão somente da educação infantil, mas das diversas áreas de conhecimento. Neste

sentido existem várias pesquisas acadêmicas revelando este fato.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o objetivo de analisar o que dizem os profissionais da educação infantil referente

ao processo de formação continuada sobre esta área promovida pela Secretaria da Educação

de Sombrio, a presente pesquisa buscou analisar aquilo que dizem as professoras e

coordenadoras administrativo-pedagógicas da rede municipal de educação infantil de Sombrio

sobre a formação continuada promovida pela mencionada Secretaria.

Para a realização deste estudo, buscaram-se as contribuições da perspectiva histórico-

cultural, a qual prioriza os conhecimentos teóricos na formação docente considerando-os

fundamentais para o trabalho pedagógico na educação infantil. A perspectiva histórico-

cultural contrapõe a ideia da secundarização do conhecimento no processo de formação

docente, defendendo que as professoras da educação infantil, assim como os demais

professores, precisam ser ensinados para poderem ensinar, visto que, esta é a função principal

do professor, não sendo possível este transmitir o conhecimento historicamente produzido

pela sociedade se desconhece esse conhecimento. Arce e Raupp (2009) sobre isso dizem que,

para uma professora exercer sua função de ensinar crianças de 0 a 6 anos com competência, é

essencial que ela também seja ensinada. Entretanto, para isso ser possível, é necessária a

superação do esvaziamento do trabalho do professor e também dos conteúdos que devem ser

ensinados na escola, iniciando pela formação docente, pois se compreende não ser possível

exigir dos professores que desenvolvam um trabalho docente pautado num conhecimento que

não lhes é oferecido.

Dentre as mudanças mencionadas pelas professoras e coordenadoras administrativo-

pedagógicas entrevistadas como necessárias para a formação continuada oferecida aos

professores da educação infantil pela Secretaria de Educação de Sombrio, destacaram a

necessidade de:

Participação de todos os profissionais da educação infantil, inclusive os auxiliares de

sala, porque eles também são educadores e, em alguns momentos, ficam excluídos da

formação.

Formação mais de acordo com a realidade dos CEI, articulando a formação com os

projetos que os professores estão desenvolvendo nos CEI.

Construção coletiva do planejamento anual da formação continuada, porque muitas

vezes inicia-se o ano sem saber o que será desenvolvido na formação. Sugerem um

diagnóstico, junto aos professores e auxiliares, para escolhas das áreas em defasagem.

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As famílias das crianças obterem informações e argumentações sobre a importância da

formação continuada dos profissionais do CEI.

Contemplar o tema “inclusão” devido ao fato de a rede possuir várias crianças com

deficiência nos CEI.

Garantir a formação que trate da especificidade da educação infantil. A maior parte da

formação trata da educação infantil e o ensino fundamental conjuntamente e a

educação infantil fica secundarizada.

A formação ocorrer durante o período letivo. No período noturno é muito cansativo.

Sugerem a dispensa das crianças para os professores poderem participar da formação

durante o dia.

O município considerar os próprios profissionais da rede municipal também como

formadores.

O município convidar também profissionais de fora para atuarem como formadores.

A formação ser mais prática, com enfoque maior nas oficinas, na troca de

experiências.

Evidencia-se, portanto, que as professoras reconhecem a importância do processo de

formação continuada e veem este momento como fundamental para superar as dificuldades do

trabalho pedagógico na educação infantil. Também consideram como uma oportunidade de

receberem sugestões de atividades que já foram realizadas por outras colegas, trocarem

experiências. No entanto, não se evidencia a ênfase do conhecimento científico, da teoria,

nesse processo de formação docente. Pelo contrário, solicitam que predomine no processo

formativo as trocas de experiências, ou seja, uma formação pautada na prática. Isto significa

um processo de formação pautado prioritariamente na valorização das trocas de experiências

em detrimento da formação teórica; na valorização do conhecimento tácito do professor e a

consequente secundarização do conhecimento científico. A ênfase a estes aspectos revela a

concepção de formação que os profissionais entrevistados defendem.

Constata-se que a necessidade da predominância da prática, das trocas de experiências

na formação docente encontrada nos resultados desta pesquisa reafirma aquilo que os estudos

de Arce (2001a; 2001b); Arce e Raupp (2009); Facci (2004); Raupp (2012) e La Banca (2014)

revelam sobre o assunto.

Esclarecemos, no decorrer desta pesquisa, que não se desconsidera a troca de

experiências como parte do processo de formação continuada dos professores da educação

infantil; porém, reafirma-se que essa troca de experiências não deve ser o eixo da formação

mas, um elemento constituinte desse processo.

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Finalizamos em concordância com Arce (2001a) quando a autora aponta as

consequências de uma proposta de formação de professores que ao invés de priorizar o estudo

da teoria focaliza o saber experiencial do professor. Segundo a autora, uma das consequências

para o docente é a perda do status profissional; para as crianças, a recepção de um ensino de

baixíssima qualidade; para a educação infantil, a regressão no tempo e nos avanços já

concretizados; e, para a educação em geral, “mergulhará num neotecnicismo onde

determinantes sociais e o debate ideológico serão secundários” (p. 278).

Fica então o compromisso para quem atua na formação continuada: criar a necessidade

nos professores de desejarem compreender mais profundamente os processos que determinam

as práticas, apropriando-se da teoria, entendendo para além das aparências.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS PROFESSORAS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

1) Qual a sua formação? Sua idade?

2) Quanto tempo de magistério, de atuação na educação infantil e nesta escola?

3) Você participa, em média, de quantos cursos de formação continuada por ano?

4) A escola de educação infantil que você trabalha incentiva a participação em cursos de

formação continuada? Explique.

5) A rede municipal de ensino promove formação continuada sobre educação infantil? Como

é organizada esta formação continuada?

6) Você costuma participar de cursos de formação continuada propostos por outras

instituições (presenciais ou não) que não seja a da rede municipal? Explique.

7) Você considera importante a formação continuada para a sua profissão? Qual a importância

para você?

8) Quais as contribuições da formação continuada que você participou na rede de ensino

municipal para o seu trabalho docente?

9) Quais as mudanças que você considera necessárias relacionadas à formação continuada

sobre educação infantil promovida pela escola de educação infantil e/ou pela rede municipal

de ensino?

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ROTEIRO DA ENTREVISTA COM AS COORDENADORAS ADMINISTRATIVAS-

PEDAGÓGICAS

1) Qual a sua formação? Sua idade?

2) Quanto tempo de atuação como coordenadora na educação infantil?

3) Já atuou como professora na educação infantil? Quanto tempo?

4) Você participa, em média, de quantos cursos de formação continuada por ano?

5) A escola de educação infantil que você coordena incentiva a participação dos professores

em cursos de formação continuada? Explique.

6) A escola de educação infantil que você coordena organiza ou já organizou algum tipo de

formação continuada para os professores? Explique.

7) A rede municipal de ensino de Sombrio promove formação continuada sobre educação

infantil? Você participa junto com os professores? Como é organizada esta formação

continuada?

8) Você costuma participar de cursos de formação continuada propostos por outras

instituições (presenciais ou não) que não seja a da rede municipal? Explique.

9) Você considera importante a formação continuada para que os professores possam exercer

sua função? E para você enquanto coordenadora considera importante?

10) Você consegue perceber quais as contribuições da formação continuada da rede de ensino

municipal de Sombrio para os professores qualificarem o trabalho pedagógico?

11) Quais as mudanças que você considera necessárias relacionadas à formação continuada

sobre educação infantil promovida pela rede municipal de ensino de Sombrio ou pela sua

escola de educação infantil?

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ROTEIRO DA ENTREVISTA COM A COORDENADORA DE EDUCAÇÃO INFANTIL

DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE SOMBRIO

1) Quanto tempo de atuação como coordenadora da educação infantil aqui na secretaria de

educação?

2) A rede municipal de ensino de Sombrio promove formação continuada sobre educação

infantil? Você participa junto com os professores?

3) Como é organizada a formação continuada realizada pela rede do município de Sombrio?

4) Explique como aconteceu a formação continuada realizada durante o ano de 2013 e início

de 2014.

5) Você considera importante a formação continuada para que os professores possam exercer

sua função? Explique.

6) Você considera necessária alguma mudança relacionada à formação continuada sobre

educação infantil promovida pela rede municipal de ensino de Sombrio?

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SÍNTESE DAS ENTREVISTAS ANALISADAS

CATEGORIAS

DE

ANÁLISES

Profª

Maria

Profª

Joana

Coordenadora

CEI A

Profª Pedra Profª Isabel Profª

Liliane

Coordenadora

CEI B

Profª Bruna Profª Ana Profª

Fabiana

Profª Janete Coordenadora

CEI C

Coordenadora

secretaria de

educação

A FORMAÇAO

CONTINUADA

PROMOVIDA

PELA REDE

MUNICIPAL DE

EDUCAÇÃO

INFANTIL DE

SOMBRIO

Participo somente

dos

oferecidos pela rede

municipal

de ensino de

Sombrio.

Cursos particulares

sobre

inclusão e os

oferecidos

pela rede municipal

de ensino

de Sombrio.

Todos os oferecidos pela

rede.

Geralmente estou sempre

participando

dos que a secretaria de

educação

municipal fornece.

Participo de todos que são

oferecidos

pela secretaria da

educação ou

pela escola.

Participo de 2 a 3 cursos

por ano,

incluindo aqui a

formação

da secretaria

de

educação municipal.

2 ou 3 cursos por ano, alguns

a distância. E os

oferecidos pela rede.

Nos últimos dois anos uma

média de 100

hs por ano, oferecidos

pela

secretaria, pela própria

escola e

outros particulares

pois como professora eu

procuro

buscar formação.

Também leio

bastante sobre

a minha área

de atuação.

Somente dos oferecidos

pela rede

municipal de ensino de

Sombrio.

2 a 3 cursos, e formação

da secretaria

de educação municipal.

Todos os oferecidos

pela rede

estadual e municipal de

ensino.

2, 3 cursos por ano no geral.

Alguns

presenciais.

Acontece a

noite. São trabalhados

vários

temas, como a

proposta

curricular de

educação

infantil do município,

motivação,

características do

professor

de educação

infantil, brincadeira

e muitos

outros. No ano

São

trabalhadas várias

coisas,

como a proposta

curricular

de educação

infantil do

município, motivação.

Esse ano

começou com

motivação.

Quem organiza

é o pessoal da educação a

coordenadora

da educação Infantil,

secretária de

educação, depois eles

fazem o convite

para nós coordenadoras

dos CEIs e aqui

dentro eu convido as

professoras para

participarem. Teve curso

sobre o brincar, sobre a

síndrome de

down, enfim teve curso de

Ano passado

não houve muito, houve

alguns

momentos, o CEI não para,

geralmente é

a noite. Ano passado a

gente

participou de um que foi a

secretaria de

educação que organizou.

Como a gente

fez uma proposta

agora de educação

infantil nova,

trabalhamos em cima dela.

Todo início

de ano tem um dia ou

dois de

cursos, geralmente

com

palestrantes de fora, esse

ano foi parece

que o nome dele era

Jorge, um

palestrante que veio

motivacional

bem bom, deu aquela

injeção de ânimo pra

gente iniciar o

ano, já que todo mundo

Vamos nos

cursos, depois a

gente se

reúne por CEI, a

gente faz o

planejamento, dentro

deste

escolhemos um projeto

anual ou as

vezes dois semestrais,

o ano

passado foi a família

que a gente trabalho no

CEI

Sombrio Criança que

Esse ano vai ser

esse primeiro curso que está

surgindo só para

a educação infantil, até o

ano passado era

de uma forma geral, para o

ensino

fundamental e os professores

de educação

infantil também eram

convidados. No

ano passado os cursos que teve

para a educação infantil foi com

a educação, elas

que organizaram,

Ano passado

foi esporádico,

temas como

motivação, inclusão etc, a

gente não

conseguiu perceber qual

era a proposta

de trabalho, isso até

metade do

ano, depois de um tempo

eles

começaram a trabalhar em

cima da proposta

curricular do

município que foi

Eles fazem

sempre junto ensino

fundamental e

educação infantil, vem

palestrantes

de fora ou outros daqui

mesmo, tudo

sobre a recreação,

sobre o

trabalho em música na

sala, assim no

momento o que eu lembro

é isso. A gente

participa nos

cursos. E são bons.

Os cursos

eram bem bons, era

pessoal de

fora, gostei bastante,

eram feitos

trabalhos em grupo, até fiz

aquele do

PNAIC, até foi bem

incentivado

que até a gente recebia

200,00 reais

por mês, foi bem bom.

Quando não

tem esses cursos com

pessoas de

fora temos um encontro

mensal com a

coordenadora, ali elas

debatem

sobre os projetos, os

nossos

métodos de ensino, todo o

andamento do

trabalho. Teve alguns

cursos que foram as

professoras,

em alguns ele privilegiam

Acontece de 15

em 15 dias, tem um total de

100h, eu

participo junto com elas, e

também tem

bastante participação dos

professores.

Ano passado foi com as meninas

da secretaria de

educação e esse ano como já

falei vai ser

uma empresa de fora quem vai

fazer chamada EDUSU, ai não

sabemos como

vai ser organizado.

É organizada

pela equipe pedagógica da

secretaria de

educação, acontece no

início do ano,

sempre 2 a 3 dias, durante o

dia, e no

decorrer do ano os cursos são

realizados a

noite pois devido a função

social não

podemos fechar os CEI. Nestes

encontros realizamos o

estudo do PPP,

do estatuto interno, da

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44

passado

quem fez(palestro

u) e

organizou foi o

pessoal da

secretaria de

educação,

eles

palestravam

, levavam bastante

material,

pediam pra encenarmos

situações

que estavam

sendo

discutidas, sempre

participamo

s bastante. A proposta

curricular

por exemplo

elas

dividiram em tópicos

para

estudarmos. Já esse ano

no início do

ano foram palestrantes

de fora, que

falaram sobre

motivação

e musicalidad

e na sala de

aula.

um monte de

coisa. Veio também ano

passado a

Adiles que também foi

ótima. No ano

passado também foi

assim, nós

éramos

divididos em

grupos e ali ganhávamos um

tema,

montávamos uma sala

improvisada,

fazíamos cantorias

improvisadas,

era bem diversificado

bem bom.

Agora no

início do ano houve

palestras de

motivação, trabalhamos a

musicalidade

na educação infantil, ano

passado

também teve

trabalhar o

lúdico na educação

infantil, a

importância de estar

brincando

com a criança, teve

momentos

que a gente teve que se

reunir em

grupos a gente para

apresentar

algumas coisas.

Quando é

uma palestra é mais o

ouvir, mas

tem momentos

que a gente

participa, ai vai depender

muito do

tema e de quem é o

palestrante.

meio

desanimado, às vezes,

volta de férias

meio cansado ou desiludido

com alguma

coisa, ai vem aquele curso

motivacional

bem bom.

Tem também

os cursos continuados

que a

secretaria faz durante o ano

que o ano

passado teve, duas vezes

por mês nas

quintas-feiras, uma quinta

sim, uma

quinta não, com o pessoal

da secretaria,

eles que organizam. O

ano passado

era assim, teoria e

prática, via a

teoria e depois

colocava na

prática o que tinha sido

visto.

eu estava,

na Guarita a gente já

trabalhou

criança cidadã,

aprender

brincando, vários

temas

assim. A

formação

trabalha estes temas

dos

projetos. Os palestrantes

que vem,

são informados

sobre a

proposta de educação

do

município, desta forma

já fazem

tudo orientado,

organizado

para aquela direção.

Teve um

ano que eu achei bem

legal, a

gente se reuniu e um

CEI

apresentava as suas

atividades

para os outros CEI,

a gente teve

uma troca de

experiência

s bem legal,

esse ano não,

elas contrataram um grupo de

fora, que vai ser

responsável por esse curso, elas

vão estar só

dando o apoio. A escolha dos

temas eles que

fazem, na

verdade dentro

da proposta, do que a gente está

trabalhando,

dentro do projeto que a

gente

desenvolve no ano, mas é a

educação quem

escolhe os temas. O curso

como é uma

forma continuada, é

longo, então

tem o envolvimento

dos professores,

eles acabam fazendo no

meio oficinas,

atividades que envolvem o

professor, o que

ele trabalha diretamente na

sala de aula.

Eles participam mesmo fazendo

trabalhos em

grupo. Esse ano a gente teve um

curso aqui na

Nair, que foi desenvolvido o

professor

trabalhou

elaborada em

2012, na verdade foi

elaborada nos

três últimos anos e

publicada em

2012, eles então fizeram

um trabalho

em cima

dessa

proposta, bem superficial na

minha

opinião, fizeram uns

três encontros

a noite e discutiram

um

pouquinho a proposta.

Esse ano já

sentimos mais firmeza, tem

uma proposta

de trabalho vinculada a

uma

universidade, a primeira

formação foi

ontem e vão ter 100 horas,

alguns

encontros a noite

quinzenais e

eles vão trabalhar

vários pontos

importantes aprofundando

realmente a

proposta curricular

para ed.

Infantil do

mais os

professores, enquanto eu

tive no cargo

de auxiliar senti que era

meio que

barrado, era muito válido

para o

professor para

o auxiliar

não, eu cansei de ter cursos

que eles

estavam ali na educação

reunidos e eu

na creche trabalhando

com vontade

de participar, isso como

auxiliar, hoje

como professora eu

sou

dispensada pra participar.

O pessoal da

secretaria também já

deu curso

onde foi feito um trabalho

sobre a

proposta curricular, eu

achei uma

proposta bem legal. Os

cursos são

bem participativos,

elas fazem

dinâmicas, convidam a

gente a dar

opinião

proposta

curricular da educação

infantil, os

projetos. O projeto

principal

oferecido pela secretaria para a

educação

infantil é

“Família e

escola uma parceria

perfeita”, todos

os CEI trabalham com

ele, e dentro

desse projetos cada CEI

trabalha com

subtemas, mas sempre ligado a

este projeto que

foi iniciado em 2013, este ano

ainda estamos

trabalhando com ele pois é

muito amplo,

acredito que no final deste ano

de 2014

podemos estar fechando ele e

fazendo a

avaliação dos resultados. O

nosso lema é

educar, cuidar e amar.

No início do ano sempre

trazemos

palestrantes de fora que é pra

dar um “up”

uma motivada

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45

um CEI ia

visitar o outro e

participava

das atividades,

ai todo

mundo sabia o que

todo mundo

estava

fazendo,

aprendemos muito. Os

cursos às

vezes eram feitos à

noite, mas

como o pessoal

reclamou

porque trabalhava

durante o

dia e ficava muito

pesado, as

vezes eles intercalava

m e faziam

meio período, às

vezes

durante o dia,

estavam

sempre mudando,

nunca teve

assim sempre a

noite ou

sempre a tarde não,

estavam

sempre mudando o

horário dos

cursos.

música na

educação infantil, como

trabalhar, foi

um curso bem proveitoso, e ai

os professores

tiveram que construir

bandinhas na

hora, assim

sabe,

improvisado, como se

trabalhava com

a criança, foi bem legal, bem

a prática mesmo

com a criança.

município de

Sombrio em forma de

assessoria

pedagógica. Poucos

municípios,

ou melhor os mais

destacados

em educação

tem sua

própria proposta

ensino, como

Florianópolis, Içara,

Criciúma eu é

município polo.

Por tanto é

um documento

tão sério e

rico merece mais atenção.

Pode ser

bastante explorado.

Os cursos são

sempre a noite, o que

nós achamos

uma grande dificuldade, é

bem

complicado, porque o

pessoal está

cansado da jornada de

trabalho

durante o dia, a gente

entende que é

em função de o espaço além

de ser

educativo

também, bem

legal.

nos professores,

em 2013 foi assim e este ano

também, uns 2

ou 3 dias de curso antes do

início das aulas.

Durante o restante do ano

letivo no ano

passado, os

cursos foram

todos a noite, e realizados por

nós mesmos da

secretaria de educação, onde

realizamos a

revisão do PPP, a reavaliação e

criação de

novos registros, também

estudamos o

estatuto interno (as normas e

funções). Os

projetos também

trabalhamos

porque muitos eram feitos de

forma

desconectada, sem uma

sequência

lógica, então trabalhamos

isso. A proposta

curricular da educação

infantil também

foi estudada por tópicos porque

muitos

professores não conheciam.

Também

sempre é

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46

também é

social, daí parar uma vez

por mês é

complicado mas a gente

acha

importante também

começar a

usufruir desse

direito de

formação no período

letivo.

reservado um

espaço para troca de

experiência

entre os professores e

CEIs porque é

muito importante. Já

este ano, é a

EDUSU

(Educação

Superior – Pós-graduação -

Extensão) que

está promovendo, e

nós estamos

acompanhando junto e dando a

assessoria

necessária. IMPORTÂNCIA

DA FORMAÇÃO

CONTINUADA

PARA O

TRABALHO NA

EDUCAÇÃO

INFANTIL

Considero fundamenta

l, o

professor deve ter

contínua

formação, não pode

parar no

tempo. Cada curso

que tem

vamos nos aperfeiçoan

do,

aprendendo

e mudando

nosso modo de ver as

coisas. É

nesses encontros

ou mesmo

na relação com os

colegas que

a gente

Acho muito importante,

na

faculdade só se

aprende a

teoria e na formação

continuada

tem mais prática, se

aprende

como fazer na sala de

aula,

porque o

que se

aprende na faculdade

não é o que

a gente usa na sala de

aula com as

crianças.

Nossa acho fundamental,

pra se renovar,

porque se elas (professoras)

forem colocar

em prática somente o que

aprenderam na

faculdade, tem professora aqui

formada a 14

anos, a coisa mudou muito,

estamos na era

da informática,

essas

criancinhas de 5 anos entendem

mais de celular

do que nós, eles vem com gírias

com palavras

que somos obrigadas a

correr atrás.

Aqui as

Com certeza considero

importante

pois estamos sempre

aprendendo

coisas novas, é muito

importante

pra gente estar

avaliando o

nosso trabalho na

sala de aula, o

que que a

gente está

fazendo certo, que que a

gente está

fazendo de errado, o que

podemos

melhorar. Estamos

sempre

mudando, as

Acho bem importante,

motiva

bastante, apesar de 22

anos na

educação infantil, sei

que preciso

estar sempre inovando, até

porque

sempre trabalhamos

com

clientelas

diferentes,

com crianças diferentes, as

vezes troca a

idade também. A

troca de

ideias com as colegas que

são de outros

CEI e de

Muito importante

porque é

um momento

em que a

gente troca experiência

s, que

refletimos, que

podemos

melhorar o que ainda

não está

bom. Não

precisamos

repetir os mesmos

erros, a

gente vê os colegas

onde eles

estão tropeçando

e não

vamos por

Com certeza, o professor tem

que estar se

motivando, se preparando, se

atualizando, pra

fazer um bom trabalho com as

crianças, então

é muito importante sim

essa formação.

Tem que estar em busca, estar

tentando fazer o

melhor, então

os cursos

acabam ajudando.

É essencial a formação

para o

professor, ainda mais

tratando de

um nível de ensino tão

importante.

As crianças exigem cada

vez mais de

nós profissionais,

cada vez está

se tornando

mais difícil de

trabalhar com as crianças,

na maioria

das vezes a família

transfere o

compromisso somente para

a escola.

Sabemos da

É importante, estamos

sempre

aprendendo, a gente não

pode parar,

porque o tempo não

para e a gente

também não, tem que

sempre

continuar.

É importante porque a

gente fica

atualizada é muito bom, e

conta horas

de aperfeiçoame

nto então, a

gente fica atualizada,

não fica pra

traz.

Muito importante,

porque o

conhecimento ele não é

pronto e

acabado, o conhecimento

ele está

sempre mudando. Eu

acredito que

alguns professores

(porque a

gente sabe

que tem

professores muito

dinâmicos)

ainda estão muito presos

aos métodos

tradicionais, e a escola é a

principal

fonte de

É de extrema importância

para nos

aprimorarmos, quando

pensamos que já

aprendemos como se faz, as

coisas mudam.

Um exemplo é os projetos,

quando eu fiz

magistério o projeto era

simples, era as

datas

comemorativas,

hoje projeto já é bem diferente,

bem mais

amplo.

Muito importante, dá

um novo

entendimento para a prática

do professor,

eles vão somando

conhecimentos,

porque a educação está

sempre em

mudança, em transformação.

E eles não vão

somente como

expectadores,

são participantes

ativos.

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47

aprende.

professoras

pensam muito que porque são

efetivas não

precisam mais participar destas

formações.

crianças

mudam, tudo está em

mudança. É

importante para estarmos

nos

reciclando, vendo o que

não é mais

legal a gente

põe no lixo, e

renova outras coisas.

escolas

particulares é bem válida.

aquele

caminho. Não tem

como só se

formar e ficar

parada.

importância

da família exercer o seu

papel e ser

parceira da escola. Nosso

trabalho

também é destinado a

formação dos

pais,

procuramos

estreitar laços,

conscientizan

do-os a participarem

do processo

educativo dos próprios

filhos.

Outro aspecto que merece

ser observado

é às novas tecnologias

que estão aí.

Crianças bem pequenas

manuseando

tablets e outros do

gênero. A

busca por novas

estratégias de

ensino, são necessárias

para que não

sejamos ultrapassados.

A pratica

deve ser refletida.

mudança,

porque lá é que se forma

um cidadão,

então eu acho que essa

formação

continuada ela é

necessária

para eu obter

essas

informações desse mundo

novo que está

nascendo, para eu ir me

adequando e

fazer com que os meus

alunos

também se tornem

pessoas

pensantes, participativos,

desde

pequeninhos, da educação

infantil que

também já tem uma ideia

que tem que

ser respeitado na sua

essência, até

os maiores.

O que percebo na

educação

infantil é

Sim, eles dão apoio,

deixam sair

para

Incentivo muito, conversamos

muito, falamos

da importância

Eles estão sempre

incentivando

geralmente

É bem incentivado,

motivam

bastante pra

Incentivam convidando

e dando

curso

Incentivamos e estimulamos

muito, para que

todas elas

Incentiva bastante,

sempre que a

secretaria

Incentiva para que todos

tenham

conhecimento

Incentivam, convidam,

fazem a

gente ir,

Incentivam sim, na

medida que

ele podem

Pedimos bastante a

participação,

tanto nas nossas

____

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48

que é

apoiado, mas, ao

mesmo

tempo Deus me livre

fechar a

creche para os

professores

poderem

participar

dos cursos, então acaba

complicand

o para ser liberado o

professor.

Geralmente os CEIs

incentivam

a participaçã

o nos

cursos que são a noite.

Em alguns

momentos eles até

liberam os

professores mais os

auxiliares

não podem ir, acho que

isso deveria

ser trabalhado

com os pais

para eles entenderem

a

importância e poder

fechar a

creche para irmos.

participar,

eles dão tempo.

da formação, o

que eu digo pra elas é que não

adianta eu ter a

formação, não adianta fazer

especialização,

se não continua a se aperfeiçoar.

fazem o

convite quando tem o

curso, enviam

o convite, sabemos que

é importante

estar sempre participando,

estamos

sempre

aprendendo

às vezes pensamos “ai

ai de novo”,

aquelas mesmas

coisas, mas

sempre tem coisa

diferente que

estamos aprendendo,

mesmo que

seja o mesmo tema, o

mesmo

assunto, mas o tempo é

outro.

gente ir, até

pra estarmos nos

atualizando,

pegando coisas novas,

para que

possamos trabalhar todo

mundo num

rumo, numa

linha, todos

os centros educacionais.

Independente

do horário se é horário que

a gente tem

algum compromisso

dão um

certificado de que realmente

comparecemo

s, um atestado de como

comparecemo

s no curso.

gratuitamen

te.

participem, elas

devem estar se atualizando, que

é importante.

oferece

cursos, a coordenadora

nos chama e

fala da importância,

que não é só

as horas de curso mas que

é a formação

em si, da

importância

do trabalho e do professor

estar se

reciclando. No próprio

CEI

realizamos grupo de

estudo mensal

referente ao planejamento.

suficiente

para trabalhar com os

pequeninos.

pedem pra ir,

dizem que é bom que

conta horas

de pontos.

eles oferecem

cursos para participarmos

, pra mim que

sou professora

mesmo é

priorizado, se naquela tarde

tem curso eu

não tenho

aula com os

meus alunos, é liberado o

professor para

participar.

reuniões

mensais que é o estudo da

proposta, da

proposta do município,

quanto das

formações da secretaria, a

gente incentiva

bastante, pede

para que

participem, daí vai da vontade

de cada um.

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49

CONTRIBUIÇÕES

DA FORMAÇÃO

CONTINUADA

DOS

PROFESSORES DE

EDUCAÇÃO

INFANTIL

Muitas

contribuições como,

atividades

para realizar na

sala de aula

com as crianças.

Alguns

cursos não

tem como

transformar o que

aprendemos

em trabalho com as

crianças,

como aqueles

teóricos,

sobre a proposta e

característic

as dos professores.

Aprendemo

s como fazer, o que

utilizar, que

música trabalhar

com as

crianças e como

trabalhar

com as

crianças.

Além de aprender

brincadeira

s diversas, a

confecciona

r materiais diversos e

atividades.

As professoras

trazem muita coisa boa pra

sala de aula,

trazem mudança e prática pra

sala de aula, e

agora com essa turma nova eu

quero participar

muito, para ver

se a prática

muda mesmo. O ano passado eu

vou ser bem

sincera não notei grandes

mudanças, eram

4 professoras que vinham

cheias de

vontade de mudar as coisas,

mas de um

grupo de 27 só 4 querem fazer,

são mal

interpretadas, achando meio

metidinha, por

isso é importante o

grupo ir todo,

que desta forma reflete no CEI

inteiro. No ano

passado foram poucas

mudanças,

porque é aquela história, santo

de casa (pessoal

da secretaria de educação) não

faz milagre.

A gente vai

no curso e observa o

quanto é

importante o brincar para a

criança,

porque às vezes a

educação

infantil é vista

como só

brincar com as crianças,

só brincar

não, brincar tem que ter

uma intenção,

se vamos brincar hoje

de casinha

com as crianças, se

vamos brincar

com os brinquedos,

se vamos

brincar com lego ou se

vamos brincar

com massinha de modelar,

tudo tem que

ter uma intenção, a

gente vê

através do cursos a

importância

de estar brincando, a

importância

da musicalidade,

como é bom

pra desenvolver

melhor a

criança.

No

desenvolvimento do

trabalho

mesmo, na formação tu

tem ideias

novas, vê que trabalhou

algumas

coisas de uma

maneira que

poderia ter trabalhado de

maneira bem

melhor, ou às vezes vê uma

colega

também colocando tu

pode estar

contribuindo que a maneira

que ela está

trabalhando pode ser

diferente,

ajudando ela. Essa troca de

ideia é o que

é mais válido. Eu uso

bastante o que

é trabalhado nos cursos, os

livros que as

vezes são citados pra

ler.

Clareando

as ideias, eles dão

suporte pra

gente chegar na

sala de aula

e saber como

contar uma

história,

saber como

conduzir a turma,

como

mediar, como

conversar

com os pais, de

uma forma

geral é muito bom,

contribui

bastante.

Eu acho que

estimula no sentido assim de

fazer, porque o

professor se ele fica muito

acomodado, se

ele não se envolve nesses

cursos, nessa

atualização, ele

acaba ficando

na mesmice, na mesma prática,

na mesma

atividade e se tem esses

momentos de

reflexão, de aprendizagem,

ele se motiva a

fazer mais, a buscar um

trabalho novo,

uma técnica nova, eu acho

que ajuda nesse

sentido.

As formações

continuadas e até mesmo os

cursos

esporádicos, com certeza

vem a

assomar com a nossa

formação,

enquanto ser

humano e

profissionais. Quando a

formação

ocorre com uma proposta

de trabalho,

mostrando onde quer se

chegar, ai sim

enriquece a pratica diária

do professor.

Ter oportunidade

de aliar teoria

e pratica, bem como fazer

um fad back

de tal formação, é

fundamental.

No Centro de Educação

Infantil com

atendimento integral, onde

atuo, temos

acesso a formação

continuada

mensal. Muito

produtivo

sociabilizar com os

colegas

nossos

Eu acho que

todos os cursos que tu

vai tu aprende

e tu faz, no CEI com as

crianças.

Muita coisa,

a gente pega bastante

prática,

bastante conheciment

o e agente

transmite aos alunos, é

muito bom,

coisas novas.

Eu acredito

que ela estrutura,

muitas vezes

ela equilibra, porque, por

exemplo, as

vezes eu estou com

uma ideia de

fazer alguma

atividade mas

eu estou meio insegura

naquilo que

eu vou fazer, quando eu

vou numa

formação continuada lá

eu vou

receber ou a ideia de sim

ou a ideia de

não, naquele meu objetivo,

lá eu vou

traçar um paralelo, se

isso vai ser

válido ou não, dai ali com

aquela

proposta eu consigo

estabilizar o

meu conhecimento

pra chegar

com uma firmeza

naquilo que

eu quero propor,

porque assim

a gente faz uma

faculdade, faz

uma pós, e os

É notável, por

exemplo, ano

passado teve um

curso sobre o

brincar com a

Adiles eu

passava nas

salas e via

sendo colocado

em prática pelas

professoras, elas

brincando com

as crianças. A

musicalidade

desse ano foi a

mesma coisa,

ano passado não

se via as

professoras

cantando com

as crianças,

agora a toda

hora tem uma

turminha, uma

professora

cantando com

as crianças.

____

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO … · internacional de estudos culturais e educação, realizado na ULBRA/Canoas ... Sociologia, Antropologia, ... da educação infantil

50

anseios e

desafios. Há praticas

maravilhosas

ao nosso redor. É bom

ter

oportunidade de trocarmos

experiências.

Estou com

grandes

expectativas em relação a

formação

continuada proposta pela

educação para

o referido ano.

Educação

Infantil realmente

merece

carinho e atenção,

como sempre

digo “Para os menores, os

melhores”

cursos que

nós estamos fazendo agora

são tudo o

que na faculdade se

dizia, mas as

vezes naquele entorno tu

está tão

agitada,

naquela vida

de ACT, naquela

busca,

naquela ânsia que muitas

vezes tu não

consegue parar de

verdade para

contribuir naquilo ali,

então eu acho

que estas formações

continuada

elas abordam muita coisa

que tu perdeu

ou que passou batido, e

coisas novas

que vem também.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO … · internacional de estudos culturais e educação, realizado na ULBRA/Canoas ... Sociologia, Antropologia, ... da educação infantil

51

A

participação de todos

os

funcionários, inclusive

os

auxiliares de ensino,

porque eles

também são

professores

e em alguns momentos

ficam de

fora. - Os cursos

deveriam

estar mais de acordo

com a

realidade dos CEIs.

- Deveria

fazer parte dessa

formação a

construção do

planejamen

to anual, porque por

exemplo,

até hoje não fizemos

esse

planejamento, estamos

boiando,

sem saber o que vai ser

feito na

páscoa, dia das mães...

- Deveria

ser conversado

com os pais

para

O tema

inclusão também

não é

trabalhado e é

fundamenta

l porque temos

várias

crianças na

sala de

aula.

Ser realizado

por profissionais de

fora da cidade,

ano passado foi realizado pelo

pessoal da

secretaria de educação e

santo de casa

não faz milagre,

algumas

professoras até consideravam

que sabiam

mais que o pessoal da

secretaria.

Eu vejo que

os cursos hoje, quando

são

desenvolvidos através de

oficinas, que

podemos estar

participando,

dando ideia,

construindo

junto por temas, é bem

melhor, do

que simplesmente

ir lá ouvir só

uma palestra ou uma coisa

nesse sentido,

porque a palestra é

importante

também, mas as oficinas

são mais

legais. O importante

nos cursos é

que a gente possa também

estar

interagindo com o grupo

e trocando

ideias. Às vezes até na

própria rede

do município tem pessoas e

tem ideias

que a gente pode estar

trocando que

são bem ricas. A teoria é

muito bonita

mas a gente

Formações

separadas: uma para o

ensino

fundamental e outra para a

educação

infantil pois algumas

vezes

acontece

misturado e a

educação infantil fica

de lado.

- A participação

de todos os

funcionários, inclusive os

auxiliares de

ensino, porque eles

também são

professores e em alguns

momentos

ficam de fora.

Agradar a

todos não dá, então,

eles tem

que procurar

ver se o

pessoal gosta mais

de curso a

noite ou

durante o

dia, nem que fosse

preciso

fechar um dia o CEI e

fazer esse

curso pra todos irem.

Sempre

sabendo o que os CEI

estão

trabalhando pra

direcionar a

palestra, pra não

fugir do

tema, do município,

do

conteúdo, da proposta

do

município.

Ser realizada

por um grupo preparado para

isso. Deve ter

oficinas nestas formações onde

o professor

possa mostrar o que ele faz, o

professor fez

uma atividade

legal, fez uma

criação de sucata, fez um

projetinho e foi

bom na escola dela, é

compartilhar

com os outros também com os

outros CEI,

momentos de troca de

experiências

entre os professores. Até

porque quem

vem de fora, até vem preparado

para trabalhar o

nosso tema mas não está na

prática do dia-a-

dia, não está vivendo, quem

está vivendo

somos nós então se acontecer

essa troca é

muito rica é muito bom.

Em primeiro

lugar que as formações

acontecessem

em período letivo

(durante o

dia). A formação

continuada

precisa ter um

propósito e ir

até o final. Poderia ser

feito um

diagnóstico para escolhas

das áreas em

defasagem. Os

professores e

auxiliares podem ajudar

nesta escolha.

No município há

profissionais

maravilhosos que podem

contribuir

com tal trabalho,

ressaltando a

figura professor.

Deveria ter

mais prática, por que a

teoria e a

prática andando junto

o trabalho

desenvolve melhor. Por

ser a noite é

muito

cansativo, a

maioria tem faculdade

então são

poucos os que vão e deveria

ser todos,

deveria por exemplo, um

curso de dois

dias deveria ser um só e o

dia inteiro,

dispensar as crianças e

fazer o curso,

porque a noite estamos

cansados, não

assimilamos tudo, não

aprendemos o

suficiente, e sendo durante

o dia não, é

mais tranquilo.

Mais cursos

de acordo com os

projetos, de

acordo com o projeto que

a gente tá

trabalhando é muito bom,

ajuda

bastante.

Eu acredito

que está suprindo

nossas

necessidades, eu gosto

muito de

cursos com professores

de fora,

mestres,

doutores, mas

esse paralelo com o pessoal

da educação,

do meu CEI, traçando o

dia-a-dia é

importante, porque muitas

vezes o de

fora tem muita coisa,

mas o do dia-

a-dia tem a realidade,

então um

pouco de cada acrescenta.

Eu me sinto

feliz da forma que está

acontecendo,

está bom.

Eu acho a carga

horária das professoras

muito puxada,

acredito que deveria ter uma

parada para os

cursos não ser somente a noite,

pois fica muito

cansativo. Os

cursos também

deveriam ser mais prática,

porque a teoria

se assimila mas muitas vezes

não consegue

colocar em prática, muitas

vezes a gente

nem dá muita importância,

logo esquece, e

se vemos a prática, o que

realmente deu

certo, assimilamos

melhor.

Considero

importante a parada durante

o período letivo

para realização dos cursos,

porque a noite o

rendimento é muito mais

baixo, as

professoras

estão muito

cansadas. Algumas

professoras

também deveriam

participar mais

ativamente, muitas vezes

reclamam,

cobram que não tem curso mas

quando tem não

participam. Acho

importante

também uma revisão da Lei

municipal

756/90 e da Resolução

002/2006 que

fala de algumas nomenclaturas e

direitos dos

auxiliares pois estes

encontram-se

desmotivados com suas

condições de

trabalho. Continuar o

oferecimento

dos cursos com uma carga

horária mais

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO … · internacional de estudos culturais e educação, realizado na ULBRA/Canoas ... Sociologia, Antropologia, ... da educação infantil

52

explicar a

importância desta

formação, o

conselho tutelar

também

deveria interferir

para os pais

entenderem

sobre a

importância dessa

formação.

- O tema inclusão

também

não é trabalhado

e é

fundamental porque

temos

várias crianças na

sala de

aula.

tem que ver a

prática, se funciona, se

não

funcionou, como é que

foi. Eu acho

que deveria ser assim,

cursos que a

gente pudesse

estar

interagindo mais, mais

pra prática

mesmo.

ampla.