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Universidade Federal de Santa CatarinaCentro de Ciências da Educação
PainelPolíticas educacionais
contemporâneas e formação docenteOlinda Evangelista
Nov./Dez. 2012ANPAE-Sul – Pelotas-SC
http://www.gepeto.ced.ufsc.br/[email protected]
PESQUISAS EM CURSO
QUESTÃO CENTRAL DA POLÍTICA EDUCACIONAL PÓS-1990
Como convencer a população de que a educação é terreno de produção dos
problemas sociais e econômicos e que, por isso mesmo, se constitui em
terreno para sua solução?
INTRODUÇÃO
• Governo Lula – pródigo nas políticas para formação do professor em termos de diversificação/novos campos/novos conceitos
• EaD • Professor – fundamental nas políticas educacionais• Professor instrumentalizado = temor de órgãos
governamentais e internacionais = capital• Assombrosa privatização, inclusive religiosa• Sistema Educacional Inclusivo (UNESCO, 2011)• Estado educador ou capital educador?
Tecnológico10,0%
Bacharelado72,6%
Licenciatura17,0%
Presencial A distância
Tecnológico25,3%
Bacharelado28,8%
Licenciatura45,8%
Em torno de 35 iniciativas, desconsiderados os desdobramentos
• 12 programas específicos• 5 de preparo de material de estudo• 1 de estímulo à iniciação à docência no ES – PIBID • 3 redes• 1 sistema de formação a distância – UAB • 1 política de formação articulada à CAPES • 1 prêmio para professores• 1 fundo (FUNDEB)• 1 banco de dados internacional• 3 programas de formação de profissionais da escola• 2 programas: GESTAR e PRADIME• 1 política de editais• 1 reconversão institucional pela atribuição de formação docente aos IFETs• 1 política de editais
CURSO DE PEDAGOGIA – 2010 • 9% das matrículas no Ensino Superior• 3º. com maior número de cursos• 4º. com maior número de matrículas (Direito,
Administração e Medicina) – 570.829• 78% das matrículas: pagas, das quais 54% na
EaD
1. FORMAÇÃO • Diferentes instituições: ISE, universidades, IES,
escolas de nível médio• Diferentes níveis: nível médio, nível superior• Diferentes cursos: Curso Normal em nível Médio,
Curso Normal Superior, Pedagogia, Licenciaturas, reconversão
• Diferentes formas: presencial, EaD, duração desigual• Mais de 2 milhões de funções docentes• Quase 400.000 professores sem a formação
necessária ao nível em que atuam
2. FORMAÇÃO• Programa de Promoção da Reforma Educativa
na América Latina e Caribe – PREAL: “o maior obstáculo para a implementação das reformas educativas é o professor”
• Racionalização perversa: professor é causa e solução dos problemas educacionais/nacionais/desenvolvimento econômico
1. CONSIDERAR
• Agenda globalmente estruturada para a educação (Roger Dale, 2001)
• Divisão internacional do trabalho• Países hegemônicos/países periféricos• Agências internacionais/acordos
nacionais/acordos de classe dominante • Gerenciar a pobreza: BF, ME
2. CONSIDERAR• Recomposição da hegemonia capitalista e das
condições gerais de produção e reprodução do Capital
• Recomposição da perspectiva histórica da classe dominante = governabilidade/Estado
• Transferência da responsabilidade de provedor do Estado para a sociedade civil\movimentos sociais\ONG\sindicatos = coesão social/consenso = parcerias/relações público-privado=voluntariado
3. CONSIDERAR• Anos de 1990: reforma educacional• Reforma do Estado, ajuste estrutural da economia,
opção neoliberal, América Latina e Caribe, Conferência de Jontiem Tailândia, 1990
• Estado brasileiro: parceiro na proposição de uma política educacional para formar para o trabalho simples e funções técnicas de nível médio
• Agenda dada pelos interesses capitalistas• Banco Mundial, OCDE, UNESCO, entre outras
4. CONSIDERAR
• Lula: crescimento de aparelhos privados de hegemonia, ressignificação do conceito de sociedade civil, aggiornamento do neoliberalismo, responsabilidade social, parcerias público-privado
• privatização acelerada (vagas em instituições privadas, aumento das
instituições privadas – 2000 X 200, privatização pela hegemonia dos interesses burgueses, empresariamento do ensino, expansão descontrolada da EaD/Sistema Educacional Inclusivo-inclui a iniciativa privada)
• Ex.: Compromisso Todos pela Educação, 2006, parceiros: Gerdau, Santander, Bradesco, entre outros – Empresários como reguladores da educação pública
CONSENSO EM CONSTRUÇÃO• O Estado tem interesse no preparo do professor• O professor é responsável pelo desenvolvimento do Brasil• Educação de “má qualidade”, “má escola”, “mau professor”:
professor pobre, escola pobre, Brasil pobre• O professor tem o condão da redenção social• Falta de educação causa atraso e pobreza• Área educacional é responsável pela crise econômica e social,
pelo desemprego e pela ‘empregabilidade’• CINISMO: “A profissão que pode mudar um país!” Página
Seja um professor, MEC
EXIGÊNCIAS SOBRE OS DOCENTES• Intensificação e precarização do trabalho docente• baixos salários• Bônus/prêmios• avaliação de competências/certificação• avaliação em larga escala • performatividade• responsabilização por resultados • Aumento de funções • Restrição teórica da formação
POLÍTICA DE FORMAÇÃO DOCENTE
• Formulações nacionais+Organizações Multilaterais, América Latina e Caribe
• Fontes (2010): relação do Brasil com o capital internacional = subordinação orgânica, articulada, concertada, pactuada entre interesses internos e externos
• posição subalterna do Brasil nas relações internacionais+posição imperialista em relação a outros países+manutenção do capitalismo em nível global
ROTAS DE CRIAÇÃO DO “NOVO” PROFESSOR
• Banco Mundial: redes nacionais e regionais de pesquisa, mudanças no trabalho docente, accountability, diretrizes para a formação docente, performance
• UNESCO, Rede Kipus de Formação Docente: organizações, instituições, governos e pessoas, protagonismo docente, reconversão docente, interferência junto aos formadores, à inteligência da área e às instituições, Doutorado em Políticas Públicas na ALC
PERGUNTA
Como formar o “novo” trabalhador, flexível e compatível com as novas demandas econômicas, se a escola só pode contar com o “velho” professor?
RESPOSTAPARA RECONVERTER O TRABALHADOR, RECONVERSÃO
dos Institutos Federais de Educação Tecnológica em agências de formação docentedo professorado em agente de inclusãode professores para outra especialidadede outros profissionais para a docênciado professor em professor polivalente
O “VELHO” PROFESSOR, TRADICIONAL...
... DESCARTÁVEL
Obstáculo para o novo Não resolve problemas socioeconômicos
Obsoleto em sua formação Não adere à cultura do sucesso
Sem criatividade e autonomia Não leva o aluno a “aprender a aprender”
Infenso à avaliação Não é agente da inovação e empreendedor
Incapaz e Incompetente Acredita que salário têm relação com qualidade de ensino
Explica seu fracasso pelas condições de trabalho e salário
Justifica suas dificuldades pelo excesso de alunos em salas
É responsável pelo fracasso escolar É responsável pela pobreza no Brasil
Quer pensar sobre o objetivo de seu trabalho educativo
Quer pensar sobre o sentido político de sua intervenção
SLOGANS DA POLÍTICA ...DE ADJETIVAÇÃO
Professor Protagonista Professor Empreendedor
Professor Comunitário Professor Inclusivo
Professor Multifuncional Professor Gestor
Professor Pesquisador Professor Inovador/tecnológico
Professor Flexível Professor de Resultados
Professor Empoderado Professor Performático
Professor Pluralista? Monitor, Tutor, Oficineiro?
Professor Responsabilizado
NOVO PROFESSOR• Adaptável• Rápido nas respostas e solução de problemas• Flexível na gestão dos problemas cotidianos• Hábil em responder às demandas de pais,
alunos e gestores• Comprometido com a cultura da paz• Participativo• Tolerante e Inclusivo• Gerenciador de conflitos
O “NOVO” PROFESSOR DEVE:
Ser “protagonista” de sua própria alienação
PEDE-SE AO NOVO PROFESSOR:Que abandone a intelecção sobre os objetivos científicos e o sentido
político de seu trabalho
PAPEL DO INTELECTUAIS DA ÁREA1. Defender a escola pública e rejeitar a sua
privatização pelos interesses dominantes, sob todas as suas formas
2. Defender a apropriação do saber como direito de todos
3. Trabalhar para a constituição de sujeitos históricos conscientes
4. Não acreditar na humanização do capital5. Não ser “colaboracionista”