universidade federal de pernambuco prÓ ......figura 3.11 -preparo para liberação da sonda...

134
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ-REITORIA ACADÊMICA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL (MESTRADO) Recife, PE 2012

Upload: others

Post on 28-Mar-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

I

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA

COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

(MESTRADO)

Recife, PE

2012

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

II

ESTUDO DAS PROPRIEDADES DO CONCRETO COM

DIFERENTES PROPORÇÕES DE AGREGADOS DE RESÍDUOS

DE CONSTRUÇÃO CIVIL COM E SEM SATRURAÇÃO PRÉVIA

LUCIANA MEIRA VERAS

Recife, PE

2012

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

III

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

ESTUDO DAS PROPRIEDADES DO CONCRETO COM

DIFERENTES PROPORÇÕES DE AGREGADOS DE RESÍDUOS

DE CONSTRUÇÃO CIVIL COM E SEM SATRURAÇÃO PRÉVIA

Dissertação apresentada à

Universidade Federal de

Pernambuco, como parte dos

requisitos para a obtenção do título

de Mestre em Engenharia Civil.

Área de Concentração: Geotecnia

Orientador: Dr. Silvio Romero de

Melo Ferreira

Recife, PE

2012

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

IV

Catalogação na fonte

Bibliotecário Vimário Carvalho da Silva, CRB-4 / 1204

V476e Veras, Luciana Meira.

Estudo das propriedades do concreto com diferentes

proporções de agregados de resíduos de construção civil com e sem

saturação prévia. / Luciana Meira Veras. - Recife: A Autora, 2012.

xx, 132 folhas, il., foto., color., gráfs., tabs.

Orientador: Profº. Dr. Silvio Romero de Melo Ferreira.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de

Pernambuco. CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Civil, 2012.

Inclui Referências bibliográficas, listas de figuras, de tabelas e

siglas e apêndices.

1. Engenharia Civil. 2. Construção. 3. Concreto. 4. Resíduos.

5. Reciclagem. I. Ferreira, Silvio Romero de Melo (orientador). II.

Título.

UFPE

624CDD (22. ed.) BCTG/2014-088

C

a

t

a

l

o

g

a

ç

ã

o

n

a

f

o

n

t

e

B

i

b

l

i

o

t

e

c

á

r

i

o

V

i

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

IV

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

A comissão examinadora da Defesa de Dissertação de Mestrado

ESTUDO DAS PROPRIEDADES DO CONCRETO COM DIFERENTES

PROPORÇÕES DE AGREGADOS DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO

CIVIL COM E SEM SATRURAÇÃO PRÉVIA

defendida por

Luciana Meira Veras

Considera a candidata APROVADA

Recife, 5 de setembro de 2012

______________________________

Prof. Dr. Silvio Romero de Melo Ferreira - UFPE

(orientador)

_____________________________

Profa. Dr

a. Stela Fucale Sukar - UPE

(examinador externo)

_____________________________

Prof. Dr. Romilde Almeida de Oliveira - UFPE

(examinador externo)

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

V

“Façamos da interrupção um

caminho novo. Da queda um

passo de dança, do medo uma

escada, do sonho uma ponte, da

procura um encontro!”

(Fernando Sabino)

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

VI

AGRADECIMENTOS

À Deus, a quem devo todas as minhas conquistas alcançadas.

À minha família, meus pais Napoleão e Maria das Graças, pelos grandes

ensinamentos da vida e apoio para a busca de novas conquistas, meus irmãos

Daniely, Renata e Cesár, por me apoiarem e em especial minha amada irmã

gêmea Juliana, por me apoiar incondicionalmente e acreditar sempre em meu

potencial.

Ao meu noivo Thiago, pela ajuda, compreensão e paciência durante o

mestrado.

Ao meu orientador Prof. Dr. Silvio Romero, pela importância de sua orientação,

simpatia, boa vontade, paciência e apoio a realização do trabalho.

À minha querida amiga Magdalena, pelo companheirismo do início ao fim do

mestrado.

Aos laboratoristas Cazuza e Ezequiel, que me auxiliaram durante as

realizações dos ensaios.

Aos colegas Henrique Pereira e Welligton, pelo apoio durante os

procedimentos experimentais.

Aos demais Professores do Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil.

Ao órgão de fomento a pesquisa, FACEPE, pela concessão da bolsa de

estudos.

À Empresa Ciclo Ambiental, pela abertura da empresa para o beneficiamento

do material.

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

VII

Aos colegas do pensionato, pela boa convivência e amizade.

E ao todos que contribuíram de forma direta ou indiretamente para a realização

deste trabalho.

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

VIII

RESUMO

Esta pesquisa apresenta os resultados da realização de ensaios experimentais realizados em laboratório em concretos fabricados com agregados graúdos e miúdos reciclados de Resíduos da Construção Civil (RCC), com a finalidade de avaliar a influencia da utilização deste material nas características do concreto no estado fresco e endurecido. Para tanto, realizou-se a coleta de uma amostra de RCC em um empreendimento, em etapa de estrutura, na cidade do Recife, Pernambuco, e posterior beneficiamento do resíduo coletado em agregado graúdo e miúdo reciclados. Foram realizados ensaios de caracterização (análise da composição gravimétrica, granulometria, massa específica, massa unitária, teor de material pulverulento e absorção) nos agregados naturais e reciclados, a fim de se conhecer as propriedades físicas destes materiais. Foram produzidos concretos com substituição de 0%, 50% e 100% de agregados graúdos e miúdos reciclados no estado seco e saturado de superfície seca. Foi utilizada uma dosagem de referência com uma relação água/cimento de 0,55 e cura de 7, 14 e 28 dias. No estado fresco, realizaram-se ensaios de abatimento e massa específica para o concreto e no estado endurecido, absorção de água, resistência à compressão e módulo de elasticidade. No que diz respeito ao concreto confeccionado com agregados reciclados, observou-se que apresentou maior consumo de cimento e menor massa específica que o concreto de referência, e que este crescimento aumentou à medida que se acrescentou o teor de agregado reciclado na mistura. Os concretos com agregados reciclados secos e saturados de superfície seca apresentaram maior absorção, menor massa específica e valores de resistência à compressão inferior ao concreto de referência. Verificou-se que os concretos dosados com agregados na condição saturados de superfície seca apresentaram valores de resistência à compressão superior aos concretos com agregados secos.

Palavras-chaves: concreto reciclado, resíduos de construção civil, agregados de construção civil.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

IX

ABSTRACT

This researchpresents the results oftestingconducted inexperimentallaboratory inconcretemade withrecycled fineandcoarse aggregatesof ConstructionWaste(RCC), in order toevaluate theinfluence of theuse of the materialcharacteristicsof concrete infresh state andhardened. For that purposetocollectasample ofRCCin an enterprise, in stepstructurein the city ofRecife, Pernambuco, and further processingof the wastecollected inrecycledcoarse aggregateand kid. Characterizationassays were performed(by gravimetric analysis of the composition, particle size, density, bulk density, percentage of powdermaterialand absorption)in thenatural aggregatesand recycledin order toknow thephysical properties of thesematerials. Concreteswere producedwith substitutionof 0%, 50% and 100%recycled fineandcoarse aggregatesin the dryand saturated withdry surface.Was usedwith areferencemeasurement ofwater / cement ratioof 0.55and curing7, 14 and28 days. Fresh,assays were performedchilling anddensityfor the concreteandhardened state, water absorption, compression resistance and elastic modulus. With regardto the concretemade withaggregates,it was observed thathad a higherconsumption of cement andlowerdensitythan thereference concrete, and this growthisincreased asthe content ofsaidrecycled aggregatein the mixture. Therecycled aggregateconcrete withdry andsaturatedsurfacedryhad higherabsorption,lowerdensity andcompressive strengthvalueslower than thereference concrete. It was found thattheconcreteaggregateprovideddosed withsaturateddry surfaceshowedvalueshigher than thecompressive strength ofconcretewithdryaggregates.

Keywords: recycled concrete, building waste, aggregates of recycled construction.

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

X

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Participação das Diversas Categorias no Total de Resíduos Gerados (CARNEIRO, 2005) ---------------------------------------------------------------- 33 Figura 2.2 - Curvas granulométricas do agregado miúdo natural (AMN) e agregado miúdo reciclado e dos respectivos limites estabelecidos pela NBR ABNT (2005a), aplicada à agregado miúdo de concreto (RODRIGUES, 2011) ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 42 Figura 2.3 -Curvas de absorção de água dos agregados reciclados (CABRAL, 2007 ------------------------------------------------------------------------------------------------ 45 Figura 2.4 -Curvas de absorção de água em função do tempo para os agregados graúdos reciclados (TENÓRIO, 2007) ------------------------------------- 45 Figura 2.5 -Curva de absorção no tempo para o agregado miúdo de RCC (REIS, 2009)-------------------------------------------------------------------------------------- 46 Figura 2.6 -Massa específica dos agregados miúdos e graúdos (CABRAL, 2007) ----------------------------------------------------------------------------------------------- 48 Figura 2.7 -Curvas de módulo de deformação em função da relação a/c (LEITE, 2001) ----------------------------------------------------------------------------------------------- 52 Figura 2.8- Relação água/cimento em função do teor de substituição do AMR (RODRIGUES, 2011) -------------------------------------------------------------------------- 57 Figura 2.9 -Porcentagem do decréscimo da massa específica dos concretos estudados (RODRIGUES, 2011) ----------------------------------------------------------- 58 Figura 2.10 -Absorção de água dos concretos (RODRIGUES, 2011) ------------ 60 Figura 2.11 -Módulo de elasticidade aos 91 dias (RODRIGUES, 2011) --------- 64 Figura 3.1 -Edificação onde foi coletada a amostra de RCC, a) Estágio da obra na fase da coleta do resíduo; b) Caçamba estacionária do resíduo na obra ------ ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 68 Figura 3.2 -Composição gravimétrica dos resíduos, a) Separação manual do resíduo; b) Aspecto da argamassa; c) Aspecto do material cerâmico; d) Aspecto do concreto --------------------------------------------------------------------------- 69 Figura 3.3 -Beneficiamento do resíduo, a) Colocação das lonas plásticas; b) Processamento do material grosso, c) Processamento material fino ------------- 69

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XI

Figura 3.4 -Ensaio da composição granulométrica,a) Pesagem inicial da amostra, b) Jogo de peneiras utilizadas no ensaio ---------------------------------- 71 Figura 3.5 -Ensaio da massa unitária do agregado graúdo reciclado, a) Enchimento do caixote com o agregado, b) Pesagem do material ---------------- 71 Figura 3.6 -Ensaio da massa unitária do agregado graúdo reciclado, a) Peneiramento do agregado na peneira # 4,75 mm, b) Estabilização do peso submerso ------------------------------------------------------------------------------------------ 72 Figura 3.7 -Ensaio do teor de material pulverulento do agregado graúdo reciclado, a)Processo de lavagem, b) Característica da água de lavagem inicial do processo--------------------------------------------------------------------------------------- 73 Figura 3.8 -Ensaio da massa específica do agregado miúdo reciclado, a) Peso dos picnômetros, b) Peso do picnômetro + massa + água -------------------------- 75 Figura 3.9 -Ensaio de absorção do agregado miúdo reciclado, a) Processo de secagemdos grãos; b) Moldagem do cilindro; c) Forma de cone do molde após 25 golpes, d)Pesagem do agregado na condição saturado superfície seca. ------ ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 76 Figura 3.10 -Ensaio da massa específica do agregado miúdo reciclado, a) Frasco de Chapman com água, b) Frasco de Chapmam com amostra de solo -- ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 77 Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----------------------------- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat -------------------------------------------------------------- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados na realização do ensaio -------------------------- 80 Figura 3.14 -Ensaio da determinação da resistência à compressão, a) Cura dos corpos de prova, b) Cura final dos corpos de prova em solução de água e cal, c) Rompimento dos corpos de prova ------------------------------------------------------ 81 Figura 3.15 -Dosagem dos corpos de prova, a) Análise visual do teor de argamassa, b) Análise visual de coesão ------------------------------------------------- 83 Figura 3.16 -Moldagem dos corpos de prova, a) Moldagem dos corpos de prova, b) Processo de vibração mecânica dos corpos de prova ------------------- 84 Figura 3.17 -Processo de adição de água no agregado seco, a) Adição de água em massa no agregado miúdo seco, b) Mistura do agregado ---------------------- 86 Figura 3.18 - Realização do ensaio do tronco de cone ------------------------------- 88 Figura 3.19 - Recipiente utilizado para determinação da massa específica do ensaio ---------------------------------------------------------------------------------------------- 88

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XII

Figura 3.20 - Submersão do corpo de prova em água -------------------------------- 89 Figura 3.21 - Ensaio de resistência à compressão ------------------------------------ 90 Figura 3.22 -Ensaio de ultrassom, a) Lixamento da superfície com pedra porosa, b) Aplicação da vaselina nos transdutores; c) Calibração do equipamento, d) Realização do ensaio --------------------------------------------------- 90 Figura 4.1 - Composição gravimétrica do resíduo coletado ------------------------- 93 Figura 4.2 -Composição gravimétrica, a) Curva da composição granulométrica agregado graúdo natural; b) Curva da composição granulométrica agregado graúdo reciclado; c) Curva da composição granulométrica agregado miúdo natural, d) Curva da composição granulométrica agregado miúdo reciclado ------ ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 96 Figura 4.3 -Consumo de cimento das dosagens com agregados secos ------------ ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 100 Figura 4.4 -Consumo de cimento das dosagens com agregados saturados superfície seca --------------------------------------------------------------------------------- 101 Figura 4.5 - Massa específica encontrada nos concretos estudados ----------- 102 Figura 4.6 - Resultado do ensaio de absorção dos concretos em estudo ----- 103 Figura 4.7 -Correlação entre as resistências nas idades de 7, 14 e 28 dias nos traços estudados ------------------------------------------------------------------------------ 105 Figura 4.8 - Módulos de elasticidades aos 28 dias ---------------------------------- 109 Figura 5.1 -Usina de beneficiamento de Camaragibe, a) Vista panorâmica da fachada; b) Vista da balança de pesagem do entulho; c) Vista panorâmica da guarita de controle, pista de acesso e rampa de abastecimento, d) Vista das esteiras ------------------------------------------------------------------------------------------ 130

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XIII

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 -2.1: Exemplos de obras de concreto com agregado reciclado na Holanda (LEVY, 2001). Adaptado ---------------------------------------------------------- 29 Tabela 2.2 -Composição de RCC nas cidades de Porto Alegre, São Leopoldo e Novo Hamburgo (LEITE, 2001; KAZMIERCZAK, 2006) ------------------------------ 30 Tabela 2.3 -Quantidade total de RCC coletado no Brasil em 2009 e 2010 (ABRELPE, 2010) ------------------------------------------------------------------------------- 31 Tabela 2.4 -Valores de teor de material pulverulento encontrados na literatura (Tenório 2007; Reis, 2009; PAULA, 2010; Rodrigues, 2011) ----------------------- 43 Tabela 2.5 -Resultado dos valores de absorção dos agregados. (RODRIGUES, 2011) ----------------------------------------------------------------------------------------------- 46 Tabela 2.6 -Resultados de massa específica e massa unitária dos agregados. (RODRIGUES, 2011) -------------------------------------------------------------------------- 49 Tabela 2.7 -Resultados dos ensaios no concreto fresco com agregados naturais e agregados reciclados (GONÇALVES,2001) ------------------------------- 56 Tabela 2.8 -Valores de massa específica (BUTTLER, 2003) ----------------------- 58 Tabela 2.9 -Resistências dos corpos de concreto com agregados convencionais e agregados reciclados (OLIVEIRA et al., 2008). Adaptado ------- ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 62 Tabela 2.10 -Valor do módulo de elasticidade das dosagens Gonçalves (2001) - ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 64 Tabela 3.1 -Normas da ABNT utilizadas nos ensaios de caracterização do cimento Portland -------------------------------------------------------------------------------- 79 Tabela 3.2 -Dosagens dos traços utilizando agregados secos --------------------- 83 Tabela 3.3 -Quantidade de corpos de prova confeccionados com agregados secos ----------------------------------------------------------------------------------------------- 84 Tabela 3.4 - Dosagens dos traços utilizando agregados saturados superfície seca ------------------------------------------------------------------------------------------------- 87 Tabela 4.1 -Porcentagem em massa dos constituintes do material reciclado (Pinto, 1999; Leite, 2001; Rodrigues, 2011) --------------------------------------------- 92 Tabela 4.2 -Composição granulométrica dos agregados graúdo natural e reciclado ------------------------------------------------------------------------------------------- 94

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XIV

Tabela 4.3 -Composição granulométrica dos agregados miúdo natural e reciclado ------------------------------------------------------------------------------------------- 95 Tabela 4.4 - Massa específica e unitária dos agregados graúdos e miúdos no estado solto --------------------------------------------------------------------------------------- 97 Tabela 4.5 -Absorção dos agregados naturais e reciclados utilizados na pesquisa ------------------------------------------------------------------------------------------- 98 Tabela 4.6 -Teor de material pulverulento do agregado graúdo natural e reciclado e do agregado miúdo natural e reciclado ------------------------------------ 99 Tabela 4.7 -Resultado do abatimento, em mm, dos concretos estudados --------- ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 102 Tabela 4.8 - Absorção dos concretos e desvio padrão ----------------------------- 104 Tabela 4.9 -Desvio padrão da resistência dos concretos estudados ----------- 105 Tabela 4.10 -Relação entre perda e ganho de resistência entre os concretos estudados --------------------------------------------------------------------------------------- 106 Tabela 4.11 -Correlação entre velocidade da onda ultra-sônica, absorção e resistência dos traços TRS; TRSa; TS50; TSa50; TS100; TSa100 ------------- 107

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XV

LISTA DE SIGLAS

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas CC - Construção Civil CEF - Caixa Econômica Federal CONAMA - Conselho Nacional do Meio do Meio Ambiente FNS – Fundação Nacional de Saúde NBR - Norma Brasileira RCC – Resíduo de Construção Civil SECTMA - Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente TPEC: Revista Teoria e prática na Engenharia Civil UFPE - Universidade Federal de Pernambuco

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XVI

Sumário

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO .......................................................................... 21

1.1. Considerações Gerais ......................................................................... 21

1.2. Justificativa .......................................................................................... 22

1.3. Objetivos ............................................................................................... 24

1.3.1. Objetivo Geral ................................................................................ 24

1.3.2. Objetivos Específicos .................................................................... 24

1.4. Estrutura da Dissertação ..................................................................... 26

CAPÍTULO II – RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL ................................... 27

2.1. Resíduos de Construção Civil ............................................................ 27

2.1.1. Os resíduos da construção civil e suas classificações ............. 27

2.1.2. Breve histórico da reciclagem do RCC ........................................ 27

2.1.3. Aplicação de uso de Resíduos de Construção Civil ................... 29

2.2. Estimativa da geração de Resíduos de Construção Civil e sua

composição ................................................................................................. 30

2.2.1- Situação de algumas cidades do Brasil ...................................... 30

2.2.2. Situação atual de geração de RCC na cidade do Recife ............ 32

2.2.3 - A importância da reciclagem do entulho e seus benefícios ao

meio ambiente .......................................................................................... 34

2.3. Gestão ambiental de Resíduos da Construção Civil ........................ 36

2.3.1. Cidades em destaque na gestão de RCC no Brasil .................... 37

2.3.2. Situação atual da gestão de RCC na cidade do Recife .............. 38

2.4. Risco ambiental associado ao Resíduo de Construção Civil .......... 40

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XVII

2.5. Concreto e argamassa confeccionados com agregados Reciclados

de Construção Civil (RCC) ......................................................................... 41

2.5.1- Caracterização de agregados reciclados utilizados em concreto

................................................................................................................... 41

2.5.1.1- Características quanto à composição granulométrica ........... 42

2.5.1.2- Características quanto ao teor de material pulverulento ........ 43

2.5.1.3- Características quanto à porosidade e absorção de água ..... 45

2.5.1.4- Características quanto à massa unitária e a massa específica

................................................................................................................... 48

2.5.1.5- Resistência à compressão e módulo de elasticidade ............. 50

2.5.1.6- Módulo de elasticidade .............................................................. 52

2.5.1.7- Cuidados com a contaminação do agregado reciclado pelo

gesso da construção civil ....................................................................... 54

2.5.2- Propriedades do concreto confeccionado com agregados de

RCC ........................................................................................................... 55

2.5.2.1- Propriedades no estado fresco ................................................. 56

a) Trabalhabilidade e relação água-cimento ......................................... 56

b) Massa específica ................................................................................. 58

2.5.2.2- Propriedades no estado endurecido ......................................... 60

a) Absorção .............................................................................................. 60

b) Resistência à compressão simples ................................................... 61

c) Módulo de elasticidade ....................................................................... 64

CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................... 67

3.1. Primeira Fase: Coleta e composição gravimétrica dos resíduos .......... 68

3.1.1.Coleta dos resíduos ........................................................................ 68

3.1.2. Composição Gravimétrica dos Resíduos .................................... 69

3.1.3. Beneficiamento do resíduo ........................................................... 70

3.2. Segunda Fase: Caracterização dos agregados naturais e reciclados .. 71

3.2.1. Quarteamento e Homogeinização ................................................ 71

3.2.2. Ensaios de caracterização dos agregados reciclados utilizados

na pesquisa .............................................................................................. 71

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XVIII

3.2.2.1. Análise da Composição Granulométrica do agregado graúdo

reciclado ................................................................................................... 71

3.2.2.2. Massa Unitária no estado solto do agregado graúdo reciclado

................................................................................................................... 72

3.2.2.3. Massa Específica do agregado graúdo reciclado .................... 72

3.2.2.4. Absorção do agregado graúdo reciclado ................................. 73

3.2.2.5. Teor de Materiais Pulverulentos do agregado graúdo reciclado

................................................................................................................... 74

3.2.2.6. Composição Granulométrica do agregado miúdo reciclado .. 75

3.2.2.7. Módulo de Finura do agregado miúdo reciclado ..................... 75

3.2.2.8. Massa Unitária no estado solto do agregado miúdo reciclado

................................................................................................................... 75

3.2.2.9. Massa Específica do agregado miúdo reciclado ..................... 75

3.2.2.10. Absorção de água do agregado miúdo reciclado .................. 76

3.2.2.11. Teor de Materiais Pulverulentos do agregado miúdo reciclado

................................................................................................................... 78

3.2.3. Ensaios de caracterização dos agregados naturais ................... 78

3.3. Terceira Fase: Caracterização do cimento ........................................... 79

3.3.1. Cimento .......................................................................................... 79

3.3.1.1. Determinação da pasta de consistência normal ...................... 80

3.3.1.2. Determinação dos tempos de início e fim de pega .................. 81

3.3.1.3. Determinação da massa específica real ................................... 81

3.3.1.4. Determinação da resistência à compressão ............................ 82

3.4. Quarta Fase: Dosagem dos concretos com agregados naturais e

reciclados, na condição de agregados secos, e moldagem dos corpos de

prova. ............................................................................................................ 83

3.4.1. Dosagem do concreto contendo agregados secos .................... 83

3.4.2. Moldagem e cura dos corpos de prova ....................................... 85

3.5. Quinta Fase: Dosagem dos concretos com agregados naturais e

reciclados, na condição de agregados saturados superfície seca, e

moldagem dos corpos de prova. ................................................................... 86

3.5.1. Dosagem do concreto contendo agregados na condição

saturados superfície seca ....................................................................... 86

3.5.2. Moldagem e cura dos corpos de prova ....................................... 88

3.6. Sexta Fase: Ensaios do concreto no estrado fresco ............................. 88

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XIX

3.6.1. Ensaios do concreto contendo agregados secos e saturados de

superfície seca no estado fresco ........................................................... 88

3.6.1.1. Consistência pelo tronco de cone ............................................. 88

3.6.1.2. Massa específica ......................................................................... 89

3.7. Sétima Fase: Ensaios do concreto no estrado endurecido ................... 90

3.7.1. Ensaios do concreto contendo agregados secos e saturados de

superfície seca no estado endurecido ................................................... 90

3.7.1.1. Ensaios do concreto contendo agregados secos e saturados

no estado endurecido .............................................................................. 90

3.7.1.2. Absorção de água ....................................................................... 90

3.7.1.3. Compressão simples dos corpos de prova cilíndricos ........... 90

3.7.1.4. Ultrassom .................................................................................... 91

3.7.1.5. Módulos de elasticidades dinâmicos (tangente) por Método

Sônico ....................................................................................................... 92

CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................... 93

4.1. Composição Gravimétrica do Resíduo .............................................. 93

4.2. Caracterização dos agregados naturais e reciclados utilizados na

pesquisa ...................................................................................................... 94

4.2.1. Análise da Composição Granulométrica ..................................... 94

4.2.2. Massa Unitária e da Massa específica ......................................... 98

4.2.3. Absorção ........................................................................................ 99

4.2.4. Teor de Materiais Pulverulentos ................................................... 99

4.3. Propriedades do concreto no estado fresco ................................... 101

4.3.1- Consumo de Cimento .................................................................. 101

4.3.2- Consistência do tronco de cone ................................................ 102

4.3.3- Massa específica ......................................................................... 103

4.4. Propriedades do concreto no estado endurecido ........................... 104

4.4.1- Absorção de água ........................................................................ 104

4.4.2- Resistência à compressão simples ........................................... 105

4.4.3- Ultrassom ..................................................................................... 108

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

XX

4.4.4- Módulos de elasticidades dinâmicos (tangente) por Método

Sônico ..................................................................................................... 110

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 111

5.1 PROPOSTAS PARA FUTURAS PESQUISAS...................................... 113

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 114

APÊNDICE ..................................................................................................... 126

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

21

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO

1.1. Considerações Gerais

Com o crescimento do setor da construção civil, tem-se por consequência

o aumento da exploração dos recursos naturais, os quais são fontes

limitadas no ambiente natural. Para tanto, cabe, cada vez mais, não só aos

governos como à população, buscar meios de desenvolvimento

sustentáveis, através de políticas ambientais que priorizem a conservação

dos recursos naturais ao ser humano.

A temática ecológica, por tanto tempo negligenciada ou subestimada,

ocupa hoje o centro das atenções. O motivo é que importantes recursos

naturais estão chegando ao limite e a capacidade de auto-regulação do

planeta também se encontra seriamente ameaçada. Neste contexto, a

manutenção de um modelo de desenvolvimento que aposta no crescimento

desenfreado e na superutilização do meio ambiente constitui um sério risco

para a vida e a qualidade de vida das gerações futuras. Discutir o atual

modelo e construir alternativas viáveis é hoje responsabilidade não apenas

dos governos, mas de todos os cidadãos.

O crescimento acelerado da construção civil possui pontos de uma visão

positiva para o desenvolvimento do país, mas por outro lado vem gerando

danos ambientais causados pela geração descontrolada de resíduos nas

grandes cidades. Com isso, a sociedade moderna sofre com a falta de

espaço adequado para a locação dos mesmos, o que gera a disposição

irregular do RCC a céu aberto, acarretando, além da poluição visual, a

poluição do ar, do solo, das águas superficiais e subterrâneas.

A visão da problemática dos resíduos sólidos no Brasil tem seu ponto

inicial considerado recente. Um fator importante foi a implantação no ano

de 2002 da Resolução n° 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente –

CONAMA que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a

gestão dos resíduos da construção civil. A Resolução leva em

consideração a viabilidade técnica e econômica de produção e uso de

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

22

materiais provenientes da reciclagem de resíduos da construção civil e

considera que a gestão integrada desses resíduos deverá proporcionar

benefícios de ordem social, econômica e ambiental.

Muitas são as causas de desperdício de materiais em obras de construção

civil que geram o grande número de produção de resíduos nos canteiros de

obras, por exemplo: práticas de uso de tecnologias ultrapassadas, falta de

programas de conscientização dentro dos canteiros por parte dos técnicos

responsáveis ou, ainda, o uso de projetos superdimensionados.

Independentemente da causa, cabe aos envolvidos na indústria da

construção civil (pesquisadores, construtores, técnicos e empregados),

utilizar formas de usos mais adequados dos materiais, buscando sempre

minimizarem o uso dos recursos naturais e proporcionar um meio ambiente

equilibrado.

Ainda, a Resolução n° 307 do CONAMA (2002) estabelece a

obrigatoriedade dos municípios quanto à implementação do Plano

Integrado de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil, o qual fixa

as responsabilidades dos órgãos geradores, possibilitando aos referidos

órgãos o exercício essencial da responsabilidade.

Em decorrência de tanto debate atual sobre como minimizar o impacto

ambiental da geração dos resíduos de construção civil, surge o tema da

pesquisa que visa estudar as propriedades do concreto com diferentes

proporções de agregados de Resíduos de Construção Civil.

1.2. Justificativa

É estabelecido na Constituição Federal de 1988, que é direito de todos os

cidadãos terem um meio ambiente ecologicamente equilibrado, sendo este

um bem de uso comum do povo, essencial à qualidade de vida saudável,

com dever do Poder Público e da coletividade protegê-lo para as gerações

presentes e futuras.

Já é possível sentir no mundo atual os danos causados pelo uso excessivo

dos recursos naturais e o acúmulo de resíduos em locais inadequados. A

presença de leis e resoluções por parte do CONAMA, que visam minimizar

os efeitos deste impacto ambiental, vem de forma a conscientizar os

geradores de resíduos a se responsabilizarem pelos efeitos negativos que

eles trazem ao ecossistema. Aponta também, a responsabilidade dos

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

23

gestores públicos de conter os efeitos negativos gerados pela falta de

plano integrado de gerenciamento dos resíduos.

Torna-se evidente que nos dias atuais os instrumentos de proteção

ambiental tidos como repressão e reparação, que por muito tempo ficaram

estagnados dentro da legislação ambiental, não têm base de garantia para

um futuro ecologicamente equilibrado, visto que muitas vezes o dano

ambiental é irreparável. Enquanto o instrumento de proteção ambiental

preventivo é o único capaz de assegurar um futuro ecológico preservado

(VERAS; SOBRAL & MELO, 2010).

Meios preventivos já são assegurados pela Resolução n° 307 (2002), a

qual assegura, no seu Art. 4º, que os geradores deverão ter como objetivo

prioritário a não geração de resíduos, o que vem a constituir um princípio

preventivo. Secundariamente, a resolução prioriza a redução, a

reutilização, a reciclagem e a destinação final dos resíduos.

O aproveitamento de RCC deve ser uma das práticas a serem adotadas

nos canteiros das obras, visando um processo sustentável ao longo dos

anos, proporcionando economia de recursos naturais e minimizando o

impacto ao meio-ambiente. O potencial de reaproveitamento e reciclagem

de RCC é significativo, e a exigência da incorporação destes resíduos em

determinados produtos tende a ser benéfica, já que proporciona economia

de matéria-prima e energia (SANTOS, 2008).

A temática de como reduzir estes efeitos negativos ao meio ambiente,

gerados pelos RCC, tem sido tema constante de debates, congressos,

discussões e pesquisas da atualidade. A questão é como obter métodos

que objetivem a diminuição desse impacto e promova a sustentabilidade

ambiental.

Alguns estudos de reciclagem de rejeitos de obras e suas variáveis formas

de utilização têm sido realizados, Zordan (1997) avaliou a utilização do

entulho como agregado na confecção do concreto e comprovou a

possibilidade de uso do entulho como agregado na confecção de concreto

não estrutural; Santos (2007) revelou que a aplicação de Resíduos de

Construção Civil reciclados em estruturas de solo reforçado apresentou

excelentes propriedades de resistência, e comportamento mecânico que

justificam a sua utilização em estruturas de solos reforçados; Paula (2010)

estudou a utilização dos resíduos da construção civil na produção de

blocos de argamassa sem função estrutural; Rodrigues (2011) avaliou as

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

24

propriedades mecânicas de concretos produzidos com agregado miúdo

reciclado de resíduo da construção civil.

Uma grande preocupação com o uso desses materiais reciclados não é

apenas sua viabilidade técnica, como também a econômica. Para tanto é

necessário que as técnicas utilizadas para a reciclagem produzam um

material competitivo que possa ser absorvido pela sociedade e concorra

com preços compatíveis no mercado. Outro problema é que a quantidade

de entulho produzida seja capaz de fornecer à usina de reciclagem a

quantidade de material necessário para fabricação contínua do agregado,

pois caso não seja capaz, não se justifica a viabilidade econômica da

usina.

Em face de algumas pesquisas, tem-se o desafio da busca de que a

reciclagem dos rejeitos das obras forneça produtos com uma viabilidade

técnica e econômica de uso em novas construções, reduzindo-se assim

danos ambientais e buscando-se a sustentabilidade ambiental.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

O presente trabalho tem como objetivo avaliar as propriedades do concreto

com agregados naturais (referência), de RCC e de RCC saturados de

superfície seca e a viabilidade de seu uso como agregado na confecção de

concreto não estrutural, para aplicação em lajes de piso, blocos inter-

travados, calçadas.

1.3.2. Objetivos Específicos

Numa visão mais específica, serão executadas as seguintes etapas para a

realização do trabalho:

- avaliar a composição granulométrica da fração miúda e graúda do resíduo

de construção civil após seu beneficiamento;

- analisar o consumo de cimento nos concretos utilizados com agregados

reciclados;

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

25

- avaliar a resistência do concreto confeccionado com substituição dos

agregados naturais por agregados reciclados secos e saturados de

superfície seca, fabricado com diferentes traços e relação água/cimento;

- analisar o comportamento do concreto em ensaios não destrutivos de

absorção, ultrassom e módulo de elasticidade.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

26

1.4. Estrutura da Dissertação

A apresentação da pesquisa encontra-se dividida em cinco partes.

No Capítulo 1 descreve uma breve introdução, em que são apresentadas

as considerações gerais; justificativa; objetivo geral e específicos.

O segundo Capítulo apresenta uma revisão bibliográfica, abordando

pesquisas relacionadas com os resíduos de construção civil e suas

classificações, histórico da reciclagem de RCC, aplicação de uso de

resíduos de construção, estimativa da geração de RCC, focando na

utilização de agregados de construção civil para a produção de concretos e

argamassas.

O Capítulo 3 descreve o programa experimental da pesquisa, onde são

apresentados os critérios e métodos utilizados na realização dos ensaios.

O quarto Capítulo expõe os resultados obtidos por meio de ensaios de

caracterização dos agregados naturais e reciclados e ensaios das

propriedades do concreto no estado fresco e endurecido, realizando uma

comparação com os resultados obtidos em pesquisas anteriores.

Por fim, o Capítulo 5 apresenta as conclusões a respeito dos resultados

encontrados e algumas sugestões para futuros trabalhos.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

27

CAPÍTULO II – RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1. Resíduos de Construção Civil

2.1.1. Os resíduos da construção civil e suas classificações

Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias maneiras. As mais

comuns são quanto sua composição, sua origem, destinação final,

degradabilidade e grau de periculosidade ao meio ambiente e a saúde

pública.

Segundo a ABNT (2004a), os resíduos sólidos podem ser classificados

quanto ao grau de risco que apresenta a meio ambiente e a saúde humana

como classe I (Perigosos) e classe II (não Perigosos). Já as classes II A

(não Inertes) e classe II B (Inertes) são relativas às condições de

potabilidade da água em ensaios de solubilidade dos resíduos.

Apesar de constante debate sobre resíduos de construção civil, existem,

ainda hoje, diversas formas de definir o que venha a ser o RCC. Segundo

Ângulo (2000), os resíduos de construção são considerados todo e

qualquer resíduo oriundo das atividades de construção, sejam eles de

novas construções, reformas, demolições, que envolvam atividades de

obras de arte e limpeza de terrenos com presença de solos ou vegetação.

De acordo com a Resolução do CONAMA n° 307 (2002), em seu Artigo nº

2, define como sendo resíduos da construção civil os rejeitos provenientes

de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção

civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como

tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas,

colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,

pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações e fiação elétrica, sendo

comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

2.1.2. Breve histórico da reciclagem do RCC

Embora a prática da reciclagem pareça ser um conceito moderno, estudos

revelam que o conhecimento e uso da reciclagem de resíduos são práticas

utilizadas há tempos. Como revela Santos (1975), o reaproveitamento de

resíduos para uso em construção é praticado desde o Império Romano e

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

28

Grécia antiga. Há relatos de uso de restos de telhas, tijolos e utensílios de

cerâmica como agregado graúdo em concretos rudimentares.

No entanto, a utilização da reciclagem dos RCC de forma sistemática só se

deu após o fim da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). Estima-se que

as cidades alemãs ficaram cobertas por um volume entre 400 e 600

milhões de metros cúbicos de escombros como conseqüência dos

bombardeios. Diante do caráter necessário de reconstrução das cidades

(com milhares de edifícios demolidos), e da evidente necessidade de

destinação para as “montanhas” de escombros, junto com a carência de

materiais de construção, fez-se fundamental o desenvolvimento de

tecnologias voltadas para reciclagem dos RCC (SANTOS 2007).

A então República Federal da Alemanha herdou da guerra um volume

entre 400 e 600 milhões de metros cúbicos de escombros, dos quais foram

reciclados cerca de 11,5 milhões de metros cúbicos, que possibilitaram a

produção de 175.000 unidades habitacionais até o ano de 1955 (SCHULZ;

HENDRICKS, 19921, citado por PINTO 1999).

Em 1980 ocorreu um terremoto de grandes proporções na cidade de Al

Asnam, na Argélia, o que motivou uma pesquisa internacional para o

reaproveitamento dos rejeitos na fabricação de blocos de concreto.

Segundo as estimativas dos pesquisadores, poderiam ser fabricados

aproximadamente 50 milhões de blocos de concreto para a construção de

habitações, seguindo procedimentos normalizados. Curiosamente, não

foram implantadas unidades de reciclagem em grande escala: entre outros

motivos, a população se recusou a usar blocos fabricados com material de

escombros que causaram a morte de seus parentes e conterrâneos (DE

PAW e LAURITZEN 19942, citado por LIMA 1999).

Hoje, por questões de ordem econômica, ambiental e até por imposição

deresoluções, a reciclagem de resíduos sólidos está difundida nos debates

atuais e muitos estudos de viabilidade da reciclagem têm sido feitos como

meio de obtenção à sustentabilidade ambiental no setor da construção civil.

Além de solucionar grande parte do problema do destino dos resíduos, a

reciclagem tem o potencial de proporcionar a criação de novos empregos.

Segundo LIMA (1999), existe em alguns países o conhecimento

consolidado sobre o material reciclado, e uso de normas avançadas para

sua aplicação em vários serviços. As aplicações podem variar de acordo

com o país, em função de características particulares como: oferta de

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

29

materiais de construção e resíduos, disponibilidade de locais para

disposição e rigor das normas relativas a materiais a serem utilizados na

construção.

2.1.3. Aplicação de uso de Resíduos de Construção Civil

De maneira geral, ao entulho sempre foi dispensado o mesmo tratamento

dado ao lixo. Algo que se pode vender se houver alguém disposto a pagar

por ele, ou em caso contrário, se paga a alguém para levá-lo, sem se

preocupar com o destino que lhe será dado. Isto sempre foi facilmente

resolvido pelos transportadores de resíduos que acabam jogando os

materiais em locais nem sempre permitidos. O resultado ainda pode ser

visto nos bota-foras clandestinos e na degradação de áreas urbanas: rios e

córregos assoreados, bueiros e galerias entupidos e, conseqüentemente,

enchentes em vias marginais, que acabam comprometendo a qualidade de

vida da sociedade (DALPINO, 2008).

Esta visão de que o resíduo é apenas lixo tem se tornado um conceito

ultrapassado graças aos avanços nas pesquisas que têm proporcionado os

estudos na reciclagem de resíduos de construção, com objetivo da busca

de uma viabilidade para o uso do agregado reciclado como um material

alternativo, onde seu uso não cause prejuízo aos novos materiais.

Uma das grandes vantagens da reutilização do resíduo é a possibilidade

do agregado reciclado poder ser aplicado com sucesso em vários produtos,

além da não ocupação de espaço em aterros sanitários e a redução do uso

dos recursos naturais. Em municípios onde a reciclagem de RCC foi

implantada, têm-se a aplicação destes resíduos em serviços simplificados.

Destaca-se como o país com o melhor índice em reaproveitamento de

resíduos de construção civil a Holanda, onde aproximadamente 80% do

resíduo gerado são reaproveitados (TROIAN, 2010). Isso se deve ao fato

da escassez de recursos naturais no país. Por este fato, o país tem

procurado meios de sustentabilidade na construção civil. Na Tabela 2.1,

têm-se exemplos de obras de concreto realizados com agregado reciclado.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

30

Tabela 2.1: Exemplos de obras de concreto com agregado reciclado na Holanda (LEVY, 2001). Adaptado

Ano Obra realizada Aplicação

1988 Viaduto na rodovia RW – 32 Muretas Laterais

1988 Exclusa na hidrovia de Haandrick Laje submersa

1989 Interligação entre a barragem e a

eclusa

Laje submersa

1990 2° viaduto na rodovia RW – 32 Todos os

componentes das

estruturas

1997-

1998

Empreendimento residencial de

médio padrão

Painéis pré-moldados

de concreto

As pesquisas sobre a viabilidade do uso de RCC como agregado reciclado

na construção civil ainda são consideradas recentes no Brasil, mas têm

tomado grandes impulsos com a nova visão da reciclagem de materiais e

seus respectivos benefícios.

2.2. Estimativa da geração de Resíduos de Construção Civil e sua

composição

Embora a estimativa da geração de resíduos de construção seja atividade

comum nos estudos de pesquisa, nem sempre a obtenção desses dados

reais é de fácil avaliação, pois muitas das vezes o resíduo não chega ao

seu destino final correto, seja pela falta de fiscalização, punição ou, em

certos casos, pelo preço cobrado por tonelada para a disposição dos

mesmos em locais licenciados. Mesmo com a dificuldade de obtenção dos

dados, será feita uma revisão da literatura para obtenção dos valores

aproximados da geração no Brasil e com enfoque na cidade do Recife.

2.2.1- Situação de algumas cidades do Brasil

A indústria da construção civil destaca-se por elevados danos ao meio

ambiente, à medida que utiliza, em grande escala, recursos naturais e

consome grandes quantidades de energia para a sua extração, transporte

e processamento desses materiais. Além de que o setor da construção civil

se destaca em gerar grandes perdas no uso dos materiais, o que resulta no

grande volume de resíduos nas atividades de construção, reformas e

demolição de edificações, sendo, portanto considerado o maior gerador de

resíduos da sociedade.

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

31

Estudos feitos em algumas cidades da região do Rio Grande do Sul

demonstram a diferença de composição de RCC coletado. A Tabela

2.2apresenta as proporções da composição do entulho nas cidades de

Porto Alegre, São Leopoldo e Novo Hamburgo.

Tabela 2.2: Composição de RCC nas cidades de Porto Alegre, São Leopoldo e Novo Hamburgo (LEITE, 2001; KAZMIERCZAK, 2006).

Cidade Material Porcentagem (%)

Porto Alegre/RS Cerâmica 26,33

Pedras naturais 29,84

Argamassa 28,26

Concreto 15,18

Outros 0,39

São Leopoldo/RS Cerâmica vermelha 31,00

Cerâmica de Concreto 0,40

Pedras naturais 17,00

Argamassa 22,00

Outros 29,60

Novo Hamburgo/RS Cerâmica vermelha 22,70

Cerâmica de

revestimento

0,20

Pedras naturais 14,80

Argamassa 34,00

Outros 28,30

Em alguns municípios brasileiros, mais de 75% dos resíduos de construção

civil são provenientes de construções informais (obras não licenciadas),

enquanto 15% a 30% são oriundos de obras formais (licenciadas pelo

poder público). Este fato revela a dificuldade de controle de fiscalização

para a destinação final adequada dos RCC´s gerados em uma cidade.

Pinto (1999) analisou a estimativa da geração de RCD a partir das

atividades construtivas licenciadas e chegou à taxa de geração de resíduos

de construção da ordem de 150 Kg por metro quadrado construído. O dado

revela um valor expressivo de geração de entulho. Na Tabela 2.3, têm-se

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

32

os dados de coleta de RCC depositados em locais inadequados nas

regiões do Brasil entre os anos de 2009 e 2010, segundo ABELPE (2010).

Tabela 2.3: Quantidade total de RCC coletado no Brasil em 2009 e 2010 (ABRELPE, 2010).

Região

2009 2010

RCCcoletado

(t/dia)/Índice

(Kg/hab/dia)

População

urbana (hab)

RCC

coletado

(ton/dia)

Índice

(Kg/hab/dia)

Norte 3.405/0,297 11.663.184 3.514 0,301

Nordeste 15.663/0,918 38.816.895 17.995 0,464

Centro-

Oeste

10.997/0,918 12.475.872 11.525 0,926

Sudeste 46.990/0,632 74.661.877 51.582 0,691

Sul 14.389/0,630 23.257.880 14.738 0,634

Brasil 91.444/0,576 160.867.708 99.354 0,618

Alguns casos de geração volumosa de entulho podem ser vistos em

grandes obras de demolições. Recentemente verificou-se um exemplo

após a implosão, na cidade de São Paulo, do antigo complexo

penitenciário do Carandiru. Foram gerados aproximadamente 60.000 m³ de

resíduos, cujo tratamento e destinação foram motivos de intensas e

incessantes discussões sobre a viabilidade e impacto ambiental (SANTOS,

2007).

Para tanto, antes da demolição de grandes obras, como citado

anteriormente, é importante o planejamento de estudo e criação de um

projeto de viabilidade da reciclagem e reaproveitamento do grande volume

do entulho gerado na demolição. Desta forma, a demolição não dá origem

a um novo problema para disposição do material como pode amenizar o

problema da habitação popular, utilizando o material reciclado como

material alternativo em novas obras de habitação.

2.2.2. Situação atual de geração de RCC na cidade do Recife

A cidade do Recife encontra-se em processo de expansão habitacional e,

segundo estudosdeMartins (2009), a grande maioria das construtoras

atuantes no estado de Pernambuco é de micro empresas que atuam

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

33

regionalmente na construção de empreendimentos, galpões industriais e

licitações para obras de pequeno porte e, em sua maioria, possuem

profissionais com pouca qualificação. Entre as empresas atuantes no

estado, 50,7% das empresas de construção civil declararam aproveitar

seus próprios resíduos sólidos.

O interesse do Poder Público pelas questões relativas aos RCC, em geral,

e pelas oportunidades de negócios nesse setor, em particular, tornou-se

mais evidente na cidade do Recife a partir de 1998, quando o decreto

municipal nº 18.082 estabeleceu as regras para a prestação dos serviços

de coleta, transporte e disposição final desse tipo de resíduo. De fato, foi a

partir desse decreto que várias empresas de coleta de entulho surgiram na

cidade, motivadas não só pela regulamentação dos serviços, mas pela

facilidade em iniciar esse tipo de negócio em razão das baixas barreiras de

entrada (VALENÇA, 20041, citado por VALENÇA, et al., 2008).

Apesar de constantes pesquisas sobre a geração de RCC na cidade do

Recife, os dados ainda são considerados preliminares. Em um estudo feito

por Carneiro et al. (2004), considerando-se 14 empresas licenciadas para

coletas de RCC na época da pesquisa, chegou-se ao valor de 1.713,6 t/dia

de RCC. Considerando-se 26 dias úteis por mês e 12 meses por ano,

chegaremos ao valor de coletado de 534.643,20 t/ano. Importante ressaltar

que este valor é apenas de coleta pelas empresas licenciadas. O número

da geração de RCC chega a ser maior, pois há que se considerar o volume

de disposições irregulares e a coleta das empresas não licenciadas que

fazem o transporte ilegal do entulho.

Carneiro (2005), em seu estudo, chegou ao valor da geração de RCC na

cidade do Recife no volume de 1.142,40 t/dia. Considerando-se que o mês

possui 26 dias úteis, encontra-se uma quantidade mensal de 29.702,40

toneladas que, multiplicado pelos 12 meses do ano, totaliza 356.428,80

t/ano.

Segundo Karpinski (2007), destaca que, de acordo com a Secretaria de

Serviços Públicos de Recife (2006), a geração de resíduos da construção

civil desta cidade atinge uma média de 16 mil toneladas por mês.

De acordo com o exposto, é notável a diversidade de valores encontrados

na revisão para o volume de RCC produzido na cidade do Recife, o que

vem a confirmar a dificuldade de um cálculo mais aproximado para o

volume gerado na cidade, pois muitas das vezes o entulho tem como

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

34

destinos locais inadequados e não entram para a contabilidade do volume

real produzido. Deve-se levar em consideração que outro fator que

contribui para a variação dos valores obtidos para a geração de entulho na

cidade do Recife se deve muitas vezes ao fato da metodologia utilizada no

estudo da coleta do RCC obtido por áreas, volume coletado, entre outras

formas de cálculos.

Carneiro (2005), constatou que à participação das diversas categorias de

fontes geradoras dos resíduos na cidade do Recife, tem-se que a maior

parte dos resíduos é gerada pelas construções de prédios multipisos,

responsável por cerca de 57% do total coletado, seguida pelas reformas e

ampliações térreas (17%) e pelas construções de residências térreas, com

10%, como mostra a Figura 2.1.

Figura 2.1: Participação das Diversas Categorias no Total de Resíduos Gerados (CARNEIRO, 2005).

Os dados da figura revelam que o tipo de obra que mais contribui para a

geração de resíduos na cidade do Recife é a construção de prédio

multipiso. Esse fato confirma que a cidade vem passando por um processo

de verticalização nas últimas décadas.

2.2.3- A importância da reciclagem do entulho e seus benefícios ao

meio ambiente

Pela revisão feita no item geração de RCC, verifica-se que o volume

gerado de entulho pelas obras de construção civil é um valor expressivo e

é visto como um problema a ser enfrentado pelos governos atuais, pois,

com o aquecimento do setor da construção civil, este valor tende a

aumentar em muitas localidades. Outro grande problema a ser enfrentado

17%

57%

7%

10%3% 6%

Reformas e Ampliações térreas

Const. Prédios multipiso

Coleta Ind. e Serviços

Const. Residências Térreas

Limpeza de Terrenos

Demolições

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

35

pelas grandes cidades é que o RCC é um material de difícil disposição,

muitas vezes o município sofre pela falta de um plano de reciclagem para o

entulho ou até mesmo pela falta de um local adequado para o mesmo.

O que se tem visto em muitas cidades é a destinação do entulho para os

aterros sanitários e isso tem gerado um problema para o futuro da

localidade, pois com esse acúmulo de RCC no aterro, diminui-se a vida útil

do mesmo e há uma dificuldade de localização de áreas para implantação

de novos aterros.

Um dos grandes problemas que os aterros enfrentam é o acúmulo de

resíduos gerados pela construção civil, e que muitas vezes estes podem

ser reduzidos com a implantação de gerenciamento de entulhos nos

estados, implantando-se usinas de beneficiamento e criando soluções para

reciclagem de entulhos com aplicação em obras de construção civil. Para

tanto, é válido lembrar que a criação de novos aterros sanitários nos

estados é uma medida paliativa do problema. Uma visão voltada para o

futuro requer medidas que minimizem as fontes geradoras de lixo e um

aumento na quantidade de reciclagem dos mesmos, visando assim uma

maior vida útil dos aterros (VERASet al., 2010).

Muitas cidades têm apostado na reciclagem do entulho como meio de

investimento no resíduo da construção civil. Algumas cidades como Belo

Horizonte, São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos e Piracicaba

são exemplos de cidades que aplicam a reciclagem deste material e têm o

respectivo retorno do investimento.

John (2000) destacaque a reciclagem contribui para a preservação dos

recursos naturais com a consequente redução da destruição da paisagem,

flora e fauna, e também tem a capacidade de transformar uma fonte de

despesa em uma fonte de faturamento, pois reduz custos e gera novas

oportunidades de negócios.

Fica constatado que a aplicação da reciclagem nos resíduos de construção

pelas administrações públicas, tanto ameniza os problemas oriundos da

disposição irregular dos resíduos de construção, diminui os problemas de

questões ambientais, como também pode servir como meio de obtenção

de lucro para as empresas recicladoras com a comercialização do material

reciclado.

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

36

Para tanto, não basta apenas utilizar a política de reciclagem como meio

de redução dos efeitos negativos. É valido um maior incentivo na redução

das causas desses efeitos originados pelos entulhos, como por exemplo,

redução na fonte geradora e reutilização do material.

2.3. Gestão ambiental de Resíduos da Construção Civil

Como bem destaca Karpinski (2007), o termo "gestão" indica planejar,

organizar, liderar e controlar as pessoas que constituem uma organização

e consequentemente, as atividades por elas realizadas. Em relação aos

Resíduos de Construção Civil (RCC), a gestão como um todo está sendo

iniciada como se fosse um aprendizado e a indústria da construção civil

brasileira já esta dando os primeiros passos.

Algumas cidades brasileiras ainda sofrem com a falta de uma adequada

gestão de resíduos da construção civil. Muitas vezes a falta de

conhecimento da legislação que rege as normas de gerenciamento do

entulho, que responsabiliza os agentes envolvidos pela sua geração e o

agente responsável pela formulação dessa política de gestão, e até mesmo

a falta de interesse pelos governantes chega a dificultar a prática da

correta forma de manejo e tratamento desses resíduos.

O gerenciamento de resíduos de construção tem sua base legal na Lei

Federal-Resolução do CONAMA n° 307 (2002), que estabelece a gestão

dos resíduos de construção civil, criando diretrizes, critérios e

procedimentos para a gestão dos resíduos, e disciplina as ações

necessárias de forma a minimizar os impactos ambientais.

Conforme esta resolução, é papel do poder público municipal implementar

um sistema de gestão que seja capaz de reduzir a disposição irregular dos

resíduos, dando o destino adequado aos mesmos, que destine aos

geradores a responsabilidade de inclusão do gerenciamento dos resíduos

nos canteiros e que destinem o dever de responsabilidade aos fabricantes

de buscar soluções em sua linha de produção em um sistema fechado, ou

seja, capaz de produzir um bem e receber o resíduo gerado para uma

reciclagem e fabricação do novo produto.

A Resolução n° 307 (2002) ainda considera a necessidade urgente de que

seja implementado o Sistema de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

37

Urbanos que proporcione benefícios de ordem social, econômica e

ambiental para o município.

2.3.1. Cidades em destaque na gestão de RCC no Brasil

Apesar de a prática de gestão ambiental aparentar ser recente no Brasil,

muitas cidades brasileiras se tornaram pioneiras na gestão do entulho e

servem de exemplo a ser seguido por muitas outras localidades. A partir de

2002, destaca-se, no Brasil, o estabelecimento de políticas públicas,

normas, especificações técnicas e instrumentos econômicos, voltados ao

equacionamento dos problemas resultantes do manejo inadequado dos

resíduos da construção civil. Este conjunto de políticas, normas e

instrumentos econômicos colocam o país em destaque entre os situados

no Hemisfério Sul. (MINISTÉRIO DAS CIDADES, acesso em 03.05.2011).

A planilha do Ministério das Cidades (acesso em 03.05.2011) destaca

alguns municípios brasileiros com ações mais expressivas no

gerenciamento dos resíduos de construção, como a cidade de Belo

Horizonte que é destacada como a pioneira na implantação de política

pública para gestão dos RCC, teve o seu processo iniciado em 1993.

Outras cidades como Curitiba, Diadema, Gurarulhos, Joinville, Rio de

Janeiro, Salvador, São Bernardo, São José do Rio Preto e São Paulo já

possuem ou estão em implantação de Planos Integrados de

Gerenciamento dos Resíduos de Construção instituídos em Decretos e

Regulamentos.

A experiência do plano integrado de gerenciamento dos resíduos de

construção em algumas cidades brasileiras tem mostrado resultados

promissores tanto para a população quanto para o poder público. O plano

bem estruturado possui a capacidade de promover aos moradores do

município uma melhor qualidade de vida, pois reduz a quantidade de lixo

descartado em locais inadequados e possibilita assim um menor custo à

administração pública para remoção destes resíduos despejados de forma

ilegal.

Os planos municipais têm a finalidade de promover ações de captação dos

pequenos volumes de entulho, através de equipamentos públicos

destinados ao transbordo e triagem desses resíduos. O papel desses

pontos de captação é de grande importância, visto que os pequenos

volumes oriundos de pequenas obras representam uma grande parcela de

RCC produzidos nos municípios. Além disso, os entulhos deixariam de ser

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

38

descartados diariamente em áreas mais vulneráveis das cidades como

córregos, fundos de vales, áreas de proteção ambiental, entre outras.

Portanto, um aspecto relevante desse modelo é a redução do número de

áreas de descartes irregulares e o correto gerenciamento por parte dos

gestores de limpeza pública (MARQUES NETO & SCHALCH, 2006).

A criação e manutenção de parâmetros e procedimentos em obra para a

gestão diferenciada dos resíduos de construção civil são fundamentais

para assegurar o descarte adequado desses materiais. Essas ações,

quando executadas amplamente por empresas do setor, promovem a

minimização substancial dos impactos ambientais que a disposição

inadequada dos resíduos gera e contribuem para evitar a necessidade de

soluções emergenciais. A gestão corretiva é a situação típica da maioria

dos municípios brasileiros, com ações de caráter não preventivo, repetitivo,

custoso e, sobretudo, ineficiente (KARPINSKI,2007).

Importante destacar que cada município possui leis e decretos específicos

para o tratamento do RCC, umas mais corretivas e outras menos, e para

sua correta aplicação é essencial a participação popular e a constante

conscientização da educação ambiental. Outro ponto importante é a

transparência por parte dos governantes, mostrando os resultados

positivos que o município ganha com a participação dos envolvidos na

cadeia.

2.3.2. Situação atual da gestão de RCC na cidade do Recife

A cidade do Recife tem se destacado na ultima década pela

potencialização da construção civil. Costuma-se ver a presença marcante

das obras conhecidas como “arranha-céus”, onde a cidade tem dado lugar

à verticalização do ambiente urbano. Esse crescimento acelerado na

cidade causou a ocupação inadequada do espaço urbano, ou seja, sua

habitação tem crescido de forma desordenada em locais de taludes e

encostas sujeitos a deslizamentos.

Segundo (VALENÇA, et al., 2008) na cidade do Recife há o lançamento de

resíduos sólidos urbanos nos corpos d’água, entre eles os resíduos da

construção civil, apesar de estudos apontarem que a cidade realiza a

coleta do lixo gerado em 90%-99% dos domicílios. O resultado se

consubstancia em inundações e enchentes freqüentes, causando perdas

econômicas, sociais e ambientais.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

39

O interesse do Poder Público pelas questões relativas aos RCC, em geral,

e pelas oportunidades de negócios nesse setor, em particular, tornou-se

mais evidente na cidade do Recife, a partir de 1998, quando o decreto

municipal nº 18.082 estabeleceu as regras para a prestação dos serviços

de coleta, transporte e disposição final desse tipo de resíduo. De fato, foi a

partir desse decreto que várias empresas de coleta de entulho surgiram na

cidade, motivadas não só pela regulamentação dos serviços, mas pela

facilidade em iniciar esse tipo de negócio em razão das baixas barreiras de

entrada (VALENÇA 2004, citado por VALENÇA, et al., 2008).

Apesar de o problema com o crescente volume de RCC gerado na cidade

do Recife, a mesma tem investido em estudos e leis para inovação no

modelo de gestão de RCC. O município trouxe um grande avanço em 2005

com a aprovação da Lei Municipal n° 17.072/2005, de 03 de janeiro de

2005, na qual estabelece diretriz e critérios para o programa de

gerenciamento de resíduos da construção civil.

A cidade ainda conta com incentivos na implantação de gerenciamento nos

canteiros de obra. Como mostra um estudo feito por (SOUZA et al., 2008) a

implantação do modelo de gestão de resíduos em canteiro de obras de

construção civil apresenta resultados satisfatórios e as empresas têm

demonstrado seu interesse em exercer a responsabilidade sobre os

resíduos destinando-os de forma adequada.

Guerra (2009) destaca que o Sindicato da Indústria da Construção Civil do

Estado de Pernambuco – SINDUSCON/PE assumiu em 2005 o

compromisso de realizar uma parceria com o Grupo de Pesquisa de

Engenharia Aplicada ao Meio Ambiente – AMBITEC – da Escola

Politécnica da Universidade de Pernambuco – POLI/UPE e o SEBRAE

para desenvolver um programa de gerenciamento de resíduos de

construção e demolição, onde foi montado um programa piloto de gestão

dos resíduos em canteiros de obras na Região Metropolitana do Recife,

utilizando-se a Metodologia Obra Limpa.

Ainda assim constata-se que na região metropolitana do Recife falta um

maior incentivo para uma gestão de RCC que vise o benefício da

reciclagem do entulho e que seja capaz de atender a critérios para

atendimento da Resolução CONAMA n° 307 (2002). A cidade ainda não

conta com uma usina de reciclagem.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

40

Atualmente há a presença de duas usinas de beneficiamento de entulho no

estado de Pernambuco: uma em Petrolina, com capacidade de

processamento de 30 toneladas/h e outra no município de Camaragibe,

com capacidade de reciclar 40 toneladas/h de entulho, Apêndice.

Assim destaca-se a necessidade de um modelo de gestão de RCC que

vise não apenas resolver problemas urgentes que o acúmulo do material

pode causar, mas sim de um modelo de sustentabilidade que busque uma

maior vida útil dos aterros sanitários, como por exemplo, o meio de

incentivo da reciclagem do entulho.

2.4. Risco ambiental associado ao Resíduo de Construção Civil

De acordo com a Legislação Federal Brasileira, Resolução n° 1 (CONAMA,

1986) a expressão impacto ambiental é caracterizada como sendo toda

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante

das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a

segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e

econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente

e a qualidade dos recursos ambientais.

Vale lembrar que os impactos negativos causados pela disposição irregular

do RCC vão além da questão ambiental. Envolve também uma questão de

saúde pública e de ordem econômica a ser enfrentada pelas cidades.

Os estudos sobre a toxidade do RCC ainda são considerados recentes.

Segundo Zordan (1997), nos EUA a produção e disposição de resíduos

estão se tornando ainda mais problemáticas, com as novas

regulamentações sobre o assunto. As novas descobertas sobre a

toxicidade de certos materiais de construção (como a madeira tratada) têm

causado reivindicações de aumento na segurança e melhores salários para

os trabalhadores nos aterros.

Karpinski (2007) destaca que as áreas degradadas podem colocar em risco

a estabilidade de encostas e taludes, comprometendo o fluxo da drenagem

urbana, demonstrando que os responsáveis pela disposição dos resíduos

não estão preocupados com os custos sociais que a atividade representa

para a cidade.

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

41

Apesar de o entulho ser considerado um material inerte, ele possui

concentração de produtos tóxicos, como sobras de tintas e solventes, que

podem ser prejudiciais ao meio ambiente se depositados de forma

irregular. Ainda é importante analisar que a disposição inadequada de

resíduo de construção em locais abertos é um atrativo para o acúmulo de

outros tipos de resíduos, sejam eles domésticos ou industriais, tendo estes,

muitas vezes, uma alta carga de materiais pesados que podem contaminar

de forma direta o solo e o lençol freático.

2.5. Concreto e argamassa confeccionados com agregados

Reciclados de Construção Civil (RCC)

2.5.1- Caracterização de agregados reciclados utilizados em concreto

O acompanhamento dos estudos relativos às propriedades dos agregados

reciclados é de grande importância para a confecção do concreto e

argamassa, pois a existência da variabilidade das características dos

agregados naturais (porosidade, mineralogia); a procedência do resíduo

sendo ele de construção ou demolição e a etapa da obra que foi coletada

podem afetar significativamente na qualidade do agregado reciclado

gerado. Para tanto a qualidade do concreto ou argamassa pode ser

afetada pela falta de um estudo mais adequado da origem do resíduo e

suas características.

A qualidade dos agregados reciclados é condição chave para garantir a

sua aplicabilidade, sendo esta condicionada por todas as etapas que

levaram à sua produção, desde a origem dos RCC (influenciada, por

exemplo, pela seletividade da demolição e pela existência ou não de

triagem em obra), até todo o processo de reciclagem e da seqüência e

número das etapas que o constituíram (ALGARVIO, 2009).

Devido o agregado reciclado se tratar de um material bastante

heterogêneo, o que pode afetar de forma direta em suas propriedades

mecânicas, em geral é necessário o conhecimento de algumas de suas

características antes de sua utilização visto a importância da garantia dos

serviços. Para tanto como base do estudo do concreto e argamassa

confeccionados com agregados reciclados é importante um estudo

preliminar de algumas características como composição, teor de

contaminantes, granulometria, teor de material pulverulento e capacidade

de absorção de água, características essas que podem influenciar de

forma significativa na qualidade do concreto e argamassa.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

42

2.5.1.1- Características quanto à composição granulométrica

A distribuição granulométrica é importante na determinação de

características de argamassas e concretos, influenciando na

trabalhabilidade, na resistência mecânica, no consumo de aglomerantes,

na absorção de água, na permeabilidade etc. A granulometria dos

reciclados varia conforme o tipo de resíduo processado, os equipamentos

utilizados, a granulometria do resíduo antes de ser processado e outros

fatores. Assim, a curva granulométrica é característica específica de cada

tipo particular de resíduo reciclado (LIMA, 1999).

Conforme Levy (2001), ainda não existe uma conformidade clara no meio

técnico científico quando se trata da composição granulométrica de

agregados reciclados, assim a curva granulométrica não deve ser levada

como parâmetro exclusivo para a seleção de agregados a serem utilizados

nos concretos.

A análise de agregados reciclados de resíduos de concreto para dosagens

estruturais foi estudada por Gonçalves (2001), e observou-se que grande

quantidade de finos passou pela peneira 0,15 mm, o que representou

quase 10 % da massa do ensaio, enquanto o agregado natural ficou em

torno 0,5%, segundo o autor isto se deve ao fato da presença de partículas

de cimento não hidratadas.

A utilização do resíduo da construção civil na produção de concreto e

argamassa foi analisada por Zordan (2007) e Paula (2010),

respectivamente, onde se pode constatar que a composição

granulométrica do agregado miúdo reciclado evidenciaram maiores valores

de concentração do material fino entre as peneiras 0,15 e 0,3mm.

Ainda em seu estudo Paula (2010) constatou que as curvas

granulométricas do agregado miúdo reciclado e do pó-de-pedra

mostrarammateriais com granulometria contínua e suas curvas

demonstraram características similares, sendo este aspecto ponto positivo

para a produção de concretos, visto que a continuidade representa um

material com bom arranjo entre suas partículas.

Já o estudo realizado por Rodrigues (2011) que avaliou as propriedades

mecânicas de concretos produzidos com agregado miúdo reciclado, a

autora constatou que os agregados miúdos reciclados estavam dentro do

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

43

limite estabelecido pela ABNT (2005a) e a continuidade do material fino

também foi observada, como demonstra a Figura 2.2. De acordo com a

norma o diâmetro máximo é o valor correspondente à abertura da peneira

que apresenta uma porcentagem retida acumulada igual ou imediatamente

inferior a 5% em massa.

Figura 2.2: Curvas granulométricas do agregado miúdo natural (AMN) e agregado miúdo reciclado e dos respectivos limites estabelecidos pela NBR ABNT (2005a), aplicada à agregado miúdo de concreto (RODRIGUES, 2011).

Esta continuidade do agregado reciclado também foi constatada na

pesquisa de Leite (2001), onde se verificou que as curvas granulométricas

do agregado miúdo reciclado e do agregado graúdo reciclado evidenciaram

materiais com uma granulometria contínua, o que demonstra um melhor

arranjo entre as partículas, e representa um aspecto positivo para a

produção de concretos.

De acordo com a revisão da literatura o material reciclado pode apresentar

como ponto positivo a característica da continuidade tanto do material

miúdo como do graúdo, como foi constatado em alguns estudos. Para tanto

fatores como origem dos materiais, tipo de beneficiamento e

métodoconstrutivo podem ser um fator significante na variação da

granulometria do material e pode afetar a característica da continuidade

dos agregadosreciclados, portanto destaca-se a importância do estudo da

composição granulométrica do resíduo para a sua adequada utilização.

2.5.1.2- Características quanto ao teor de material pulverulento

O teor de material pulverulento é classificado como a porcentagem de finos

passantes na peneira # 0,075, sabe-se que quanto maior a quantidade de

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

44

finos no concreto aumenta-se a absorção de água do mesmo e

consequentemente tem-se a redução da resistência mecânica.

Os materiais pulverulentos são considerados como partículas minerais,

inclusive as partículas solúveis em água, presentes no agregado miúdo. A

presença de partículas finas, até o limite recomendado pela norma, pode

auxiliar no preenchimento dos vazios da areia da argamassa, o que facilita

o envolvimento da areia pelo cimento, já o excesso dessas partículas na

mistura do concreto poderá causar prejuízos às propriedades do concreto,

pois as mesmas envolvem as partículas do cimento.

A Tabela 2.4apresenta a variação do teor de material pulverulento

encontrado na literatura. Vale lembrar que a NBR 7211 (2005) estipula um

valor máximo de 1% de teor de material pulverulento para agregado graúdo

reciclado, enquanto a NBR 15116 (2004) determina o valor limite máximo

de teor de material pulverulento do agregado miúdo reciclado em 20%. Em

casos de agregados naturais, a NBR 46 (2003) determina como percentual

máximo no agregado miúdo natural 6,5%, e a NBR 7211 (2005) estipula

este valor para o graúdo natural em 3% no caso de concretos submetidos a

desgaste superficial e 5% para concretos protegidos ao desgaste.

Tabela 2.4: Valores de teor de material pulverulento encontrados na literatura (Tenório 2007; Reis, 2009; PAULA, 2010; Rodrigues, 2011).

Teor de material

pulverulento (%)

Granulometria Origem Referência

14,23 < 9,6 mm RCC Souza (2001)

13,17 < 12,5 mm RCC Oliveira (2002)

6 < 9,5 mm RCC Carneiro (2005)

8,61 Miúdo RCC Tenório (2007)

0,75 Graúdo RCC Tenório (2007)

0,45 Graúdo RCC + concreto Tenório (2007)

4,77 < 12,5 mm Blocos cerâmicos Barbosa Jr. (2008)

4,52 < 12,5 mm Blocos cerâmicos Barbosa Jr. (2008)

7,89 < 12,5 mm Corpos de prova

de concreto

Barbosa Jr. (2008)

10,4 Graúdo RCC Leite e Lima (2009)

0,7 Miúdo RCC Leite e Lima (2009)

10,0 Miúdo RCC Reis (2009)

10,09 Miúdo RCC Paula (2010)

8,7 Miúdo RCC Rodrigues (2011)

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

45

A variação encontrada pela literatura para o valor do teor de material

pulverulento encontrado nos agregados de resíduos de construção é

visível, para tanto este parâmetro tem que ser controlado, pois tem

influência direta na qualidade do concreto. Esses finos em porcentagem

equilibrada podem produzir um bom efeito ao concreto, como afirma Neville

(1997) citado por Tenório (2007) uma mistura deve ter certa quantidade de

material passante na peneira # 0,3 mm para que seja coesiva e

trabalhável. Porém em quantidades elevadas, os finos podem causar

danos ao concreto como fissuração, perda de resistência mecânica e

durabilidade, pois o excesso de finos aumenta o consumo de água da

massa do concreto.

2.5.1.3- Características quanto à porosidade e absorção de água

Uma das características marcantes que difere o material reciclado dos

agregados naturais é a maior absorção de água, pois o resíduo de

construção é composto por materiais porosos como argamassas,

componentes de alvenaria, e grande quantidade de finos aderidos ao

agregado, assim o reciclado apresenta taxas de absorção significativas.

Vários estudos revelam que os agregados reciclados possuem formas

alongadas, irregulares e com textura mais áspera, tais características são

pontos importantes que comprovam a capacidade de uma maior absorção

de água dos reciclados.

Santos (2008) realizou estudos que avaliaram a taxa de absorção de água

em dois tipos distintos de RCC e pode-se comprovar que tanto a

micrografia quanto a morfoscopia dos dois tipos de agregados reciclados

confirmaram uma textura mais áspera em comparação ao agregado

convencional, o que pode refletir diretamente nas propriedades mecânicas

dos concretos reciclados.

Em sua pesquisa Cabral (2007), observou que os agregados graúdos

reciclados de cerâmica vermelha e de argamassa, são os que possuem

maior velocidade de absorção de água, e chega a absorver

aproximadamente 80% de toda a água que seria absorvida em 24 horas

em apenas 10 minutos, Figura2.3.

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

46

Figura 2.3: Curvas de absorção de água dos agregados reciclados (CABRAL, 2007). AGC- agregado graúdo de concreto; AGA- agregado graúdo de argamassa; AGCV- agregado graúdo de cerâmica vermelha; AMA- agregado miúdo de argamassa; AMC- agregado miúdo de concreto; AMCV- agregado miúdo de cerâmica vermelha.

Tenório (2007) analisou a absorção de água dos agregados graúdos

reciclados e constatou que ao tempo de 1 minuto os agregados já tinham

alcançado, em média, 65% da absorção total e que aos 10 minutos já tinha

chegado a praticamente 90% da absorção, Figura 2.4.

Figura 2.4: Curvas de absorção de água em função do tempo para os agregados graúdos reciclados (TENÓRIO, 2007). G1: materiais contendo pasta de cimento e G2: rochas

O fator consumo de cimento tem que ser destacado na confecção do

concreto reciclado, a grande capacidade de absorção de água dos

agregados reciclados gera um maior consumo de cimento no concreto, o

que muitas vezes torna o concreto oneroso e inviável. Em um estudo

realizado por (OLIVEIRA, OLIVEIRA e FERREIRA 2008) constatou que

para manter o mesmo fator água/cimento (a/c) e o slump no concreto

produzido com agregado de resíduo obteve-se um aumento no consumo

de cimento de 50% para o traço com a/c igual a 0,57 , e 73% para o traço

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

47

com a/c igual a 0,68, esse aumento considerável no consumo de cimento

pode ser explicado devido a maior capacidade de absorção do agregado

reciclado que para manter o mesmo nível de abatimento teve-se a

necessidade de uma maior quantidade de água na confecção do concreto.

Reis (2009) constatou que o agregado miúdo reciclado apresentou uma

alta taxa de absorção de água 18,8%, o que representa um valor maior que

o limite estabelecido pela ABNT (2004b). A autora observou que em 10

minutos de ensaio o agregado já teria absorvido 75% do valor total de

absorção de água em 24 horas, Figura 2.5. Reis (2009) ainda destaca que

durante a mistura do concreto para que o agregado de RCC não absorva a

água de amassamento, comprometendo a relação a/c e,

conseqüentemente, a reologia e propriedades mecânicas do concreto,

utilizou-se uma taxa de compensação de 75%.

Figura 2.5: Curva de absorção no tempo para o agregado miúdo de RCC (REIS, 2009).

Rodrigues (2011) destaca que a massa específica e o teor de absorção de

água são propriedades inversamente proporcionais, pois quanto menor a

densidade maior será o número de poros presentes no grão. Em sua

pesquisa a autora constatou que a taxa de absorção do agregado miúdo

reciclado foi cerca de 10 vezes maior que o agregado miúdo natural,

Tabela2.5.

Tabela 2.5: Resultado dos valores de absorção dos agregados. (RODRIGUES, 2011).

Fração

granulométrica

Tipode material Absorção de água após

24h (%)

Miúdo Natural 1

Reciclado 10,28

Graúdo Natural 0,33

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

48

Destaca Mehta e Monteiro (1994) que como uma primeira aproximação, a

absorção de água de um agregado pode ser usada como uma medida de

sua porosidade e resistência. Para tanto fica comprovado que um estudo

mais detalhado do agregado reciclado quanto à capacidade de absorção

do agregado é de grande importância, pois de certa forma pode-se prever

o aumento no consumo de cimento, aumentando-se o custo final do

concreto produzido, o que torna inviável o seu uso no mercado. Da mesma

forma seu estudo também é importante para prever sua capacidade de

consumo de água, o que afeta diretamente nas propriedades de resistência

à compressão do concreto.

2.5.1.4- Características quanto à massa unitária e a massa específica

Para efeito de dosagem do concreto, é importante conhecer o volume

ocupado pelas partículas do agregado, incluindo os poros existentes dentro

das partículas. Considera-se massa específica a massa do material por

unidade de volume, incluindo os poros internos das partículas e a, massa

unitária, a massa das partículas do agregado que ocupam uma unidade de

volume, sendo estas duas massas importantes para o conhecimento de

uma dosagem inicial do concreto.

A massa específica é uma característica que está relacionada diretamente

com a porosidade do agregado. Na literatura inúmeros autores consideram

que a massa específica e a massa unitária do agregado reciclado possuem

valores menores que dos agregados naturais.

A redução da massa específica dos agregados reciclados se deve as

características das matérias-primas dos mesmos que possuem uma menor

densidade que os agregados graúdos naturais (CABRAL, 2007). Já a

redução da massa unitária dos agregados reciclados ocorre tanto pela

redução da própria densidade do material e da alta porosidade

característica do material como também pela forma irregular das partículas

dos agregados.

Estudos como o de Lima (1999) constataram que os agregados reciclados

de concreto apresentam massa específica maior que os reciclados de

alvenaria e a parcela graúda de reciclados de concreto apresenta menor

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

49

diferença com relação ao agregado convencional que a parcela miúda, isto

se deve ao menor teor de argamassa aderida.

Em agregados naturais a massa unitária aproximada dos agregados

comumente usados em concreto normal varia de 13,0 a 17,50 KN/m³

(MEHTA e MONTEIRO, 1994), já em agregado de RCC a massa unitária

apresenta-se numa faixa menor que 10,0 KN/m³, assim como a massa

específica que, no geral, apresenta valores relativamente mais

baixos(REIS,2009).

Já em seu estudo Cabral (2007) constatou que as massas específicas do

agregado graúdo e miúdo para uma mesma matéria-prima apresentaram

valores distintos, como mostra a Figura 2.6. Segundo ao autor o que

justifica a maior massa específica para os agregados miúdos reciclados se

deve ao processo de moagem do material que durante a quebra da

matéria-prima pode-se gerar um agregado miúdo reciclado com menor

quantidade de poros que os agregados graúdos, ou seja, uma maior massa

por volume.

Figura 2.6: Massa específica dos agregados miúdos e graúdos (CABRAL, 2007).

Rodrigues (2011) encontrou valores comuns utilizados para massa

específica e massa unitária do agregado graúdo reciclado, já para o

agregado miúdo reciclado sua massa específica chega a ser 3% menor

que a do agregado natural e em relação à massa unitária a mesma chegou

a ser 18% inferior para o agregado miúdo reciclado em relação ao natural,

Tabela2.6.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

50

Tabela 2.6: Resultados de massa específica e massa unitária dos agregados. (RODRIGUES, 2011).

Fração

granul.

Tipode

material

Massa

específica

(KN/m³)

Relação com o

natural (%)

Massa

unitária

(KN/m³)

Relação

com o

natural (%)

Miúdo Natural 26,2 - 14,5 -

Reciclado 25,4 96 12,0 82

Graúdo Natural 27,0 - 13,8 -

De acordo com os estudos citados, é notável que os valores encontrados

para a massa específica e unitária dos agregados reciclados representam

valores bastante variados. Para Cabral (2007) a possível explicação para a

redução das massas específica e unitária dos agregados reciclados de

concreto e argamassa, está na constituição dos mesmos por uma

considerável parcela de matriz de cimento. Segundo o autor, essa matriz

de cimento geralmente é menos densa que os agregados naturais e

geralmente há uma inclusão de poros, o que torna esses agregados menos

densos que os naturais, assim a massa específica e a massa unitária

desses agregados reciclados vão dependerem bastante da matriz de

cimento.

2.5.1.5- Resistência à compressão e módulo de elasticidade

A resistência à compressão, a resistência à abrasão e o módulo de

elasticidade dos agregados são propriedades inter-relacionadas, que são

muito influenciadas pela porosidade (MEHTA e MONTEIRO,

1994).Concretos produzidos com agregados reciclados possuem pelo

menos dois terços daresistência à compressão do concreto confeccionado

com o agregado natural (MEHTA e MONTEIRO, 2008).

O estudo da resistência à compressão do concreto produzido com

agregado reciclado é de grande importância para o conhecimento de sua

capacidade de absorção de carga, assim tem-se o conhecimento de sua

possível aplicação em obras de construção. Muitas experiências práticas

mostram que o agregado reciclado apresenta uma característica de fácil

ruptura no maciço do agregado. Assim tem-se a comprovação de que o

agregado reciclado possui um plano de ruptura em seus grãos, já nos

concretos com agregados naturais, o plano de ruptura se demonstra na

pasta, com isso tem-se que a resistência do concreto limitasse a

capacidade de resistência do agregado.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

51

Leite (2001) estudou as propriedades mecânicas de concretos produzidos

com RCC, e afirma que a interface pasta agregado é melhorada para

agregadosreciclados, pois, devido à sua alta porosidade, há uma maior

aderência, física, além da formação de produtos de hidratação nos poros

superficiais dos agregados. Contudo, devido à maior fragilidade do grão, a

resistência final é reduzida.

Em concretos convencionais, produzidos com agregados naturais, densos

e resistentes, a resistência à compressão tem influência na porosidade da

matriz e na zona de transição. Já em concretos reciclados, nos quais

valores de resistências à compressão tendem a serem inferiores à dos

convencionais, a ruptura se faz nos agregados, levando-os a ser o

elemento determinante nesta propriedade para esses concretos (ARAGÃO,

2007).

Embora a literatura aponte a redução da resistência à compressão com o

aumento da substituição do agregado natural por reciclado em concretos,

há registros de estudosque indicam um ganho na resistênciado concreto

reciclado em relação ao concreto de referência para um mesmo traço.

Muitos autores como Butler (2003) atribui esse ganho devido à grande

quantidade departículas não hidratadas de cimento presente no material, à

qualidade do agregado reciclado,o efeito da pozolanicidade presente nos

agregados miúdos, e ainda, a “cura úmida” interna porparte do agregado

reciclado, fenômeno que ocorre com os agregados leves de alto poder de

absorção.

Em seu estudo Buttler (2003) destaca que alguns procedimentos adotados

na mistura são decisivos na determinação das propriedades físicas e

mecânicas do concreto. Segundo o autor, há três métodos que são

influenciados pela condição do agregado na mistura, podendo ser o

agregado reciclado na condição não saturada (estado seco); agregado

reciclado na condição semi-saturada e o agregado reciclado na condição

saturada. Abaixo segue algumas observações feitas em seu estudo:

i) agregado na condição não saturada:

“Caso todos os componentes da mistura sejam colocados simultaneamente

na betoneira, o agregado reciclado estará na condição não-saturada.

Devido a isso, o agregado absorverá grande quantidade de água e

partículas de cimento da mistura; o resultado será um aumento na

densidade do agregado e, conseqüentemente, enfraquecimento da zona

de transição acarretando uma diminuição da resistência.”

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

52

ii) agregado na condição semi-saturada:

“Nestas condições, a presença de água na superfície do agregado

provocará uma retenção de grande quantidade de partículas de cimento

ocasionando uma excelente aderência pasta/agregado. O agregado

reciclado por não estar completamente saturado continuará absorvendo

água da mistura fresca até atingir a condição saturada; quando no estado

endurecido, a água que foi absorvida pelo agregado será mobilizada para a

matriz de cimento acarretando um efeito conhecido como “cura interna”,

que melhorará as características da matriz hidratando as partículas

remanescentes de cimento não-hidratado.”

iii) agregado na condição saturada:

“Para agregados que são previamente saturados antes da mistura,

ocorrerá a mobilização de água na pasta fresca. A água absorvida pelo

agregado pode ser considerada como sendo água livre e, portanto quando

mobilizada na mistura fresca acarretará um aumento da relação

água/cimento na zona de transição, fato este que aumentará o índice de

vazios e redução da resistência.”

Como visto nos estudos, a uma diversificação nos resultados encontrados

na literatura, para tanto é de grande importância o estudo prévio das

características do agregado reciclado quanto ao seu comportamento

relativo à resistência a compressão, pois vários estudos comprovam a

inter-relação destas características do agregado com as características do

concreto produzido.

2.5.1.6- Módulo de elasticidade

A porosidade é uma das propriedades que maisafetam o módulo de

elasticidade do concreto. Isso se deve ao fato de que a porosidade

doagregado determina sua rigidez, o que por sua vez, controla a

capacidade do agregado resistir à deformação da matriz (MEHTA&

MONTEIRO, 2008).

O módulo de elasticidade é uma propriedade que está diretamente

relacionada ao tipo e à quantidade de agregado graúdo que o concreto

possui(GONÇALVES, 2001). Em seu estudo o mesmo examinou a

influência do agregado reciclado no valor do módulo de elasticidade do

concreto, e concluiu que existe uma grande inter-relação entre o agregado

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

53

reciclado e o módulo de elasticidade, ou seja, teve-se uma diminuição de

seu valor proporcional ao aumento do grau de substituição do agregado

natural.

Fatores como relação a/c, teor e densidade dos agregados reciclados são

variáveis que influenciam nos valores do módulo de elasticidade, de forma

que quanto maiora relação a/c e o teor de agregado graúdo reciclado

utilizado na mistura do concreto,menor será o valor do módulo de

elasticidade (LEITE, 2001).

A Figura 2.7 apresenta as curvas de módulo de elasticidade x relação a/c

paraconcretos com diferentes teores de substituição de agregado miúdo e

graúdo reciclado analisado por Leite (2001), o que confirma que o aumento

do teor da relação a/c provoca uma diminuição no valor do módulo

deelasticidade. O autor ainda verificou que o agregado graúdo reciclado

tem uma maior contribuição nadiminuição do valor deste parâmetro,

enquanto que o concreto fabricado com 100% de agregado

miúdoapresenta valores superiores que o concreto de referência em todas

as relações estudadas. Leite (2001) atribuiu esse comportamento à

melhoria da matriz e da zona de transição do concretocom agregado miúdo

reciclado.

Figura 2.7: Curvas de módulo de deformação em função da relação a/c (LEITE, 2001).

A diminuição do módulo de elasticidade com o incremento de agregado

reciclado na mistura também pode ser observada por Rodrigues (2011),

chegando a reduções entre 5% aos 91 dias para concretos com 50% de

teor de agregado miúdo reciclado e 15% para concretos com 100% de

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

54

agregados miúdos reciclados. A autora atribui esse comportamento à

menor massa específica do agregado reciclado.

2.5.1.7- Cuidados com a contaminação do agregado reciclado pelo

gesso da construção civil

Na coleta do material reciclado de construção tem-se a preocupação de

reduzir ao máximo a contaminação do agregado reciclado pelo gesso,

material este usado em grande escala nas obras, seja na forma de

divisórias ou na forma de fôrro. Para tanto uma coleta seletiva dentro do

canteiro de obra é de grande importância para que se evite a contaminação

do resíduo. Ainda pouco se conhece sobres os efeitos que o gesso pode

causar ao concreto e argamassa, mas alguns estudos já revelam que

agregados reciclados contaminados pelo gesso podem causar danos ao

concreto e à argamassa.

Para Aguiar (2004) a presença do gesso no resíduo de construção é capaz

de provocar efeito danoso ao concreto e à argamassa, pois de acordo com

a autora, os sulfatos em presença de compostos de alumínio e cálcio como

C3A6, por exemplo, levam à formação de produtos expansivos que

provocam fortes tensões internas e à fissuração desses materiais. Já Vieira

(2008), afirma que a presença do gesso em agregados reciclados pode

causar problemas de tempo de pega e expansibilidade dos produtos a

base de cimento.

Ainda de acordo com a autora não há um consenso no meio técnico quanto

ao valor limite para os sulfatos nos agregados reciclados, estes valores

chegam a variar entre 0,15% a 1%. Já segundo Agopyanet al. (2005)

citado por Vieira (2008) os limites para utilização dos resíduos de

construção contaminados com gesso são entre 0,5 a 1,0% da massa total

do concreto.

Segundo Aguiar (2004) os estudos de Gallias (1998) concluíram que a

porcentagem de 0,3 a 0,8% de sulfatos expressos em SO3 nos agregados

reciclados que analisou não foram suficientes para produzir expansão

consideráveis nos concretos e argamassas, o que só verificava quando

esse valor atingia a 1,2% em massa de agregado.

Já em seu estudo Aguiar (2004) estudou a influência dos agregados

miúdos contaminados por gesso em argamassa de revestimento, o mesmo

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

55

conclui que o agregado reciclado contaminado por baixos teores de gesso

de construção utilizados para produção de argamassas é suficiente para

produzir alterações significativas no desempenho mecânico das

argamassas e nos seus níveis de sulfatos solúveis.

De acordo com Marcondes (2007), através das análises obtidas por Jonh e

Cincotto (2003), os mesmos afirmam que a presença de gesso é um

limitante importante, posto que a reação entre os aluminatos do cimento e

o sulfato do gesso em presença de umidade gera a estringita, composto

que ocupa volume muito maior que os reagentes originais, criando tensões

expansivas que levam à desagregação das peças de concreto.

Não existe uma especificação na forma de separação do gesso no resíduo

de construção, geralmente a triagem é feita de forma visual, o que dificulta

a separação dos finos do gesso no material miúdo reciclado, o que

consequentemente pode gerar danos às características mecânicas do

concreto e argamassa, com isso deve-se ter uma cautela na coleta do

resíduo na obra ou na hora do beneficiamento do material na usina de

reciclagem, de forma a reduzir a quantidade de contaminação do resíduo

pelo gesso evitando-se a produção de produtos que não atendam as

especificações mínimas de qualidade exigidas pela indústria da

construção.

2.5.2- Propriedades do concreto confeccionado com agregados de

RCC

Analisado algumas propriedades dos agregados reciclados, neste item

daremos ênfase às características físicas e mecânicas do concreto

confeccionado com agregado reciclado, visto que as substituições dos

agregados naturais pelos agregados reciclados alteram tanto as

características mecânicas do concreto como a sua durabilidade e as

características dos agregados reciclados tem influência direta nas

propriedades do concreto produzido. Para tanto se salienta a necessidade

do entendimento entre a relação existente entre agregado e concreto para

o conhecimento adequado de sua capacidade de aplicação na construção

civil.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

56

2.5.2.1- Propriedades no estado fresco

a) Trabalhabilidade e relação água-cimento

Os agregados reciclados, como já comentados anteriormente além de

possuírem uma maior capacidade de absorção de água em relação aos

agregados naturais, possuem uma granulometria bastante variada. Estas

características afetam em algumas propriedades do concreto reciclado no

estado fresco, como por exemplo, produzem uma maior perda de

trabalhabilidade e maior absorção de água em relação ao concreto natural.

Afirmam Metha e Monteiro (1994) que em geral, através da influência sobre

a consistência e coesão, a trabalhabilidade da mistura de concreto é

controlada pela quantidade de água, teor de cimento, granulometria dos

agregados, aditivos e outros fatores que afetam a perda de abatimento.

Destaca Tenório (2007) que nos agregados reciclados fatores como a

maior presença de grãos mais finos (teor de finos e/ou materiais

pulverulentos); a forma mais lamelar ou angular dos grãos; a textura

superficial mais rugosa e a maior porosidade (que tanto aumenta a

rugosidade das partículas quanto permite ao agregado absorver parte da

água de mistura) podem prejudicar a consistência do concreto.

Zordan (1997) constatou que os valores da relação a/c são bem maiores

nos concretos reciclados do que nos concretos de referência, concluindo

que isto se deve ao fato da grande capacidade de absorção de água dos

agregados reciclados, principalmente pela fração constituída de material

cerâmico. Ainda verificou que a consistência dos concretos confeccionados

com agregados reciclados em todas as amostras, apresentou-se inferior

que o de referência (R) e que estes valores se aproximam com o aumento

da relação a/c.

Já Gonçalves (2001) realizou um estudo para uma dosagem do concreto

reciclado com as proporções de agregado miúdo (50% areia natural e 50%

agregado miúdo reciclado) e agregado graúdo (100% agregado reciclado)

e obteve os seguintes abatimentos no concreto fresco natural e reciclado,

como mostrado na Tabela 2.7.

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

57

Tabela 2.7: Resultados dos ensaios no concreto fresco com agregados naturais e agregados reciclados(GONÇALVES,2001).

Propriedade Resultado

Concreto

referência

Concreto

reciclado

Abatimento do tronco de

cone –ABNT (1992)

(mm)

38 9

Massa específica –

ABNT (1987) (KN/m³)

24,90 23,30

Consumo real de

cimento (Kg/m³)

478 447

Os dados da tabela revelam que a utilização dos agregados reciclados

gera uma grande perda de trabalhabilidade na massa fresca do concreto, o

que geralmente está relacionada à sua maior absorção de água. Em sua

pesquisa Gonçalves (2001) ainda observou que nos primeiros minutos, o

agregado graúdo reciclado teve uma absorção de água aproximadamente

três vezes maior do que o material natural e concluiu que esta grande

absorção do material reciclado tira uma quantidade de água que serviria

para dar trabalhabilidade à mistura, e, portanto a massa do concreto

reciclado fica mais seca e menos trabalhável que a com concreto natural.

Em seu estudo Buttler (2003), constatou que nos primeiros dez minutos,

cerca de 88% da água total absorvida foi assimilada pelos agregados

reciclados, enquanto para o agregado natural este valor foi de 63%. Para o

autor esta grande absorção do agregado reciclado deve ser prevista, pois

ela provoca uma perda de trabalhabilidade considerável no concreto

fresco.

A literatura não cita tantas pesquisas que revelem a diferença da

quantidade de água que um concreto reciclado absorve a mais que um

concreto natural para que sejam mantidas as características de

consistência da massa.

Rodrigues (2011) constatou que com o aumento do teor de material

reciclado na mistura tem-se a necessidade de um incremento de cimento e

água na mistura. Observou ainda que enquanto o concreto de referência

obteve uma relação a/c máxima de 0,63, o concreto com 100% de

substituição de agregado miúdo reciclado obteve um valor próximo de 1, o

que representa um valor elevado, Figura 2.8.

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

58

Figura 2.8: Relação água/cimento em função do teor de substituição do AMR (RODRIGUES, 2011).

Constata-se, portanto, a necessidade de uma atenção maior na confecção

do concreto com agregado reciclado, pois sua maior capacidade de

absorção de água reduz a trabalhabilidade e muitas das vezes o traço tem

que ser corrigido para manter as características de trabalhabilidade do

concreto natural, de forma a não afetar tanto o aumento de consumo

cimento como também reduzir a capacidade de resistência à compressão.

b) Massa específica

Visto que os agregados reciclados possuem uma massa específica menor

do que a do agregado natural, é de se esperar que essa redução venha a

contribuir na redução da massa específica do concreto reciclado no estado

fresco e endurecido. A análise de alguns estudos comprova a ocorrência

deste comportamento no concreto reciclado.

Gonçalves (2001) constatou que com o aumento do nível de substituição

dos materiais naturais pelos reciclados ocorre uma redução na massa

específica do concreto reciclado, segundo o autor isto se deve as

características dos materiais reciclados que possuem muitas partículas de

argamassa, que tem uma densidade menor que dos materiais naturais.

A redução na massa específica entre 4% e 5% foi constatada por Buttler

(2003), que verificou que o grau de hidratação do concreto utilizado para

fabricação de agregado reciclado não exerce influências significativas nos

valores das massas específicas. A Tabela 2.8 demonstra os valores

encontrados pelo autor.

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

59

Tabela 2.8: Valores de massa específica (BUTTLER, 2003).

Dosagem Massa específica

(KN/m³)

Relação concreto

reciclado/referência

Referência 24,9 1,00

CR1 23,9 0,96

CR7 23,7 0,95

CR28 23,8 0,96

CRNA28 23,6 0,95

Rodrigues (2011) verificou que aumento do teor de substituição do

agregado reciclado na mistura provoca uma maior redução da massa

específica do concreto reciclado e que comparando o concreto de

referência com os concretos reciclados com substituição de 50 e 100% de

agregado miúdo reciclado, na medida em que se tem aumento de

substituição do agregado reciclado para um mesmo traço (1:m), obtém-se

uma redução média de 3%, Figura 2.9.

Figura 2.9: Porcentagem do decréscimo da massa específica dos concretos estudados (RODRIGUES, 2011).

Os resultados apresentados nas pesquisas comprovam que a massa

específica do concreto reciclado em geral é menor que a do concreto de

referência e há uma grande variação entre os valores encontrados na

literatura. Esta redução na massa é influenciada por diversos fatores como,

porosidade, formato dos grãos, natureza dos agregados e textura, que

podem afetar na relação água/cimento da mistura e consequentemente

provocar a redução da massa específica do concreto.

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

60

2.5.2.2- Propriedades no estado endurecido

a) Absorção

Uma das características que mais difere o concreto reciclado do concreto

convencional é sua alta taxa de absorção quando no estado endurecido,

isso pode ser justificado pelo maior índice de vazios existentes na massa

do concreto reciclado, sendo, portanto propriedades diretamente

proporcionais. Uma alta absorção no concreto pode ser um fator limitante

em sua aplicação e pode afetar diretamente sua durabilidade, para isto é

válido um estudo detalhado da capacidade de absorção do concreto

reciclado no estado endurecido para seu adequado uso.

Como bem destaca Aguiar (2006) os principais mecanismos de transporte

de agentes agressivos no concreto são a permeabilidade e a absorção, o

que são determinantes na vulnerabilidade do concreto aos agentes

externos. O autoralerta ainda para a diferença entre permeabilidade e

absorção, em que a permeabilidade é determinada pela facilidade com que

o concreto se satura com água e depende da porosidade capilar, já o

volume ocupado pelos poros dos concretos é medido pela absorção.

Através de uma análise do comportamento do concreto de referência e do

concreto reciclado com diferentes teores de substituição de agregados

miúdos e graúdos reciclados, Levy (2001) verificou que quando a

resistência do concreto de referência passa de 20 para 40 Mpa, tem-se

uma queda na absorção por imersão de 7,1% para 6,1% e no índice de

vazios de 16,0 para 13,6%. Todavia, à medida que o agregado natural for

substituído por 100% do agregado reciclado, o valor de absorção pode

aumentar mais de 60% em relação ao concreto de referência, dependendo

do agregado escolhido.

Tenório (2007) constatou em seu estudo que os concretos reciclados em

geral apresentaram maior taxa de absorção e maior índice de vazios que

os concretos de referência, o que concluiu que os agregados reciclados

refletiram negativamente na porosidade do compósito, devido suas

elevadas taxas de absorção.

Rodrigues (2011) também produziu concretos reciclados com maiores

taxas de absorção que o concreto natural e constatou que este parâmetro

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

61

aumentava à medida que se elevava o teor de agregado miúdo reciclado

na mistura, Figura 2.10.

Figura 2.10: Absorção de água dos concretos (RODRIGUES, 2011).

De acordo com a literatura vigente, não resta dúvida no aumento da taxa

de absorção do concreto reciclado em relação ao concreto natural e este

fator pode estar diretamente ligado a propriedades de massa específica,

aumento do índice de vazios, como também pelo aumento da taxa de

absorção dos agregados reciclados.

b) Resistência à compressão simples

A resistência de um material é a capacidade de este resistir à tensão sem

ruptura. Nos estudos do concreto uma das principais propriedades

mecânicas abordadas é a capacidade de resistência à compressão do

concreto, pois através do conhecimento da resistência tem-se a

determinação da restrição ou a determinação do seu melhor uso. Os

autores ainda discutem que para o concreto existe uma relação

fundamental inversa entre porosidade e resistência. Para tanto a produção

de concretos com a menor proporção de porosidade na massa é capaz de

atingir maiores resistências.

Em seu estudo Zordan (1997) substituiu 100% dos agregados miúdos e

graúdos naturais pelos reciclados e verificou quea resistência à

compressão simples aos 28 dias, dos concretosreciclados, obtiveram em

média, 49, 62 e 93% da resistência do concreto de referência, aplicando-se

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

62

os traços 1:3, 1:5 e 1:7, respectivamente. Observou que a resistência entre

28 e 60 dias obteve umganho de resistência doconcreto, o que foi

significativo no traço 1:7 que nos traçosmais fortes (1:3 e 1:5). Pode-se

observar também que nos traços mais pobresos valores de resistência

obtidos pelo concreto com agregadoreciclado se aproximaram mais dos

apresentados pelo concreto de referência (tanto aos 28,como aos 60 dias).

Pode-se dizer que o maior limitante da resistência dos concretos reciclados

é o agregado reciclado em razão de ele ser o principal responsável pela

“introdução de porosidade” no sistema (TENÓRIO, 2007). Essa redução

nos valores de resistência do concreto reciclado pode ser constatada por

Tenório (2007) que encontrou valores de resistência à compressão para

concretos reciclados inferiores aos de referência, com mais evidência nos

concretos com relação a/c 0,5 e 0,4, e atribui este comportamento da

resistência a altas relações a/cà porosidade do agregado reciclado visto

que:

i) este agregado pode absorver parte da água de mistura dos concretos

mesmo que ele tenha passado por uma pré-molhagem, reduzindo assim

a relação a/c efetiva, o que pode levar a um aumento das resistências

mecânicas do compósito;

ii) a pasta, a altas relações a/c, pode ser viscosa a tal ponto de conseguir

penetrar, ou penetrar mais que a baixas relações a/c, nos poros do

agregado, resultando numa maior aderência/engrenamento entre as

duas fases, o que tem efeito benéfico sobre a resistência do concreto

Nos estudos de Oliveira et al. (2008) o concreto produzido com a

substituição de 100% do agregado natural por agregado reciclado também

obteve uma redução na sua capacidade de resistência à compressão,

como pode ser visto na Tabela 2.9.

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

63

Tabela 2.9: Resistências dos corpos de concreto com agregados convencionais e agregados reciclados (OLIVEIRA et al., 2008)- Adaptado.

Traço para concreto de agregado convencional

água/cimento de 0,57 água/cimento de 0,68

Idade (dias) 7 14 28 7 14 28

Resistência

(MPa)

22,25 21,27 23,12 11,75 14,36 16,55

Traço para concreto de agregado convencional

água/cimento de 0,57 água/cimento de 0,68

Idade (dias) 7 14 28 7 14 28

Resistência

(MPa)

12,95 16,88 16,65 9,85 14,02 15,46

De acordo com os com os dados das tabelas verifica-se que as relações de

resistência à compressão entre o concreto com agregado reciclado e o

concreto convencional chegam a variar entre 0,57 e 1,03, assim o aumento

da relação a/c tende a diminuir a diferença entre a resistência do concreto

convencional e o concreto reciclado.

Um aumento significativo da relação a/c dos concretos reciclados foi

verificado por Rodrigues (2011), porém constatou uma pequena redução

da resistência à compressão do concreto reciclado em relação ao concreto

de referência, em alguns casos chegando a superar o concreto de

referência, e atribui esse comportamento ao alto poder de absorção dos

agregados reciclados, pois uma parcela da água adicionada durante a

dosagem é absorvida pelo agregado reciclado durante a mistura, pois não

se realizou a pré-umidificação dos agregados reciclados. Com isso a

quantidade de água absorvida pelo agregado reciclado, pode promover

uma “cura interna” durante o endurecimento da pasta, proporcionando

melhores resultados de resistência à compressão.

Feita uma revisão na literatura, foi constatado que muitos estudos

comprovam que os concretos reciclados obedecem a Lei de Abrams, ou

seja, à medida que se aumenta a relação a/c , a resistência à compressão

diminui. Outro fator destacado na literatura é sobre a influência que a

massa específica do agregado graúdo tem sobre a resistência do concreto.

Leite (2001) observou que a resistência à compressão dos concretos

reciclados foi sempre menor que a do concreto convencional, porém

concretos produzidos com agregados da faixa de densidade d > 25,0

KN/m³ e 22,0 KN/m³< d <25,0 KN/m³ apresentam valores de resistência

próximos aos dos concretos convencionais. Observou-setambém que ao

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

64

reduzir a densidade dos agregados a diminuição da resistência foi mais

intensa à medida que a relação a/c decresceu.

Conclui-se que a influência do agregado reciclado sobre a resistência do

concreto é citada por inúmeras pesquisas, para tanto é um valor que chega

a ser bastante variável nos estudos citados, podendo este parâmetro variar

devido a vários fatores como o tipo do agregado reciclado selecionado,

relação a/c, porosidade na massa, entre outros. É válido ressaltar quem em

muitos casos o plano de ruptura do concreto reciclado se da através do

agregado reciclado, portanto a escolha deste agregado é fato importante

na confecção de um concreto.

c)Módulo de elasticidade

O tipo e a quantidade de agregado graúdo que um concreto possui em sua

massa estão diretamente relacionados com o módulo de elasticidade do

concreto, ou seja, um agregado que tenha um valor de módulo de

elasticidade alto têm uma maior capacidade de restringir variações de

volume na matriz (GONÇALVES, 2001). O autor destaca ainda que sendo

o módulo de elasticidade do agregado uma grandeza diretamente

relacionada à sua porosidade, tem-se que a medida da massa específica

do concreto é a maneira mais fácil de obter-se uma estimativa da

porosidade do agregado no concreto.

Vários estudos confirmam que o uso do agregado reciclado no concreto

influencia na redução do módulo de elasticidade do mesmo. Concordando

com esta redução, Gonçalves (2001) constatou que conforme o nível de

substituição por agregados reciclados no concreto aumentava, ocorria um

decréscimo desta propriedade. E a explicação para este fato poderia ser

devido a grande quantidade de argamassa aderida no agregado reciclado,

além de pedaços soltos de argamassa que chegou a influenciar no valor da

densidade e no módulo de elasticidade do concreto reciclado. A Tabela

2.10 mostra que os valores encontrados dos módulos de elasticidade dos

concretos reciclados ficaram entre 80% e 90% da encontrada para o

concreto natural.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

65

Tabela 2.10: Valor do módulo de elasticidade das dosagens Gonçalves (2001).

Dosagem Módulo de Elasticidade

(Mpa)

Relação concreto

natural/concreto reciclado

1 37.303 1

2 33.243 0,89

3 28.758 0,77

4 23.33 0,89

Dosagem 1 – concreto natural (agregado miúdo e graúdo natural) Dosagem 2 – concreto reciclado (agregado miúdo natural e graúdo reciclado) Dosagem 3 – concreto reciclado (agregado miúdo 50% natural e 50% reciclado, agregado graúdo reciclado) Dosagem 4 – concreto reciclado (agregado miúdo 50% natural e 50% reciclado, agregado graúdo natural)

Esta mesma relação encontrada entre o aumento da substituição do

agregado reciclado e a diminuição do módulo de elasticidadetambém pode

ser comprovada por Aragão (2007), onde o mesmo estudou a influência da

substituição do agregado natural pelo reciclado nas porcentagens de 0%,

50% e 100% e os resultados comprovaram a diminuição proporcional do

valor do módulo de elasticidade com o aumento da substituição dos

agregados reciclados, o que representa uma relação indiretamente

proporcional entre os mesmos.

Ainda concordando com a redução do módulo de elasticidade encontrado

nos concretos reciclados, Rodrigues (2011) encontrou para alguns

traçosestudados redução, aos 91 dias, de 5% para o concreto reciclado

com teor de substituição de 50% de agregado miúdo reciclado e de 15%

para os concretos com 100% de agregado miúdo reciclado, como mostra a

Figura 2.11. A autora atribui este comportamento a menor massa

específica do agregado reciclado.

Figura 2.11 Módulo de elasticidade aos 91 dias (RODRIGUES, 2011).

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

66

De acordo com os estudos citados, é perceptível que os agregados

reciclados influenciam na redução do módulo de elasticidade do concreto,

e que alguns estudos comprovam que esta redução torna-se mais

expressiva com o aumento da substituição do teor de material reciclado.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

67

CAPÍTULO III – MATERIAIS E MÉTODOS

Neste capítulo, apresentam-se os materiais e métodos aplicados na etapa

experimental do trabalho para a realização dos ensaios nos agregados

naturais e reciclados e demais materiais utilizados, como também nos

corpos de prova confeccionados. Para a realização da parte experimental

foi utilizado o laboratório de construção civil da Universidade Federal de

Pernambuco com equipamentos de precisão e ambiente adequados para a

prática dos ensaios, sendo a pesquisa dividida em sete fases.

A primeira fase consiste na coleta do material em uma obra na cidade do

Recife-PE em fase de estrutura, estudo da composição gravimétrica do

resíduo coletado e posterior beneficiamento do RCC na Usina de

Beneficiamento do Município de Camaragibe-PE.

A segunda fase consiste em ensaios realizados nos agregados reciclados

(graúdo e miúdo) e naturais (graúdos e miúdos), como ensaio de

quarteamento e homogeinização do RCC, e ensaios de caracterização dos

agregados: composição granulométrica dos agregados; módulo de finura;

teor de finos; teor de material pulverulento; massa unitária; massa

específica eabsorção do agregado.

Os ensaios de caracterização do cimento utilizado na pesquisa foram

realizados na terceira fase, como tempo de pega: início e fim; massa

específica real e resistência à compressão.

A quarta fase foi direcionada as dosagens dos concretos com agregados

naturais e reciclados, na condição secos e a moldagem dos corpos de

prova com as seguintes composições:

i) substituição de 0% de agregados naturais secos (TRS);

ii) substituição de 50% de agregados naturais por reciclados secos (graúdo

e miúdo) (TS50);

iii) substituição de 100% de agregados naturais por agregados reciclados

secos (graúdo e miúdo) (TS100).

Na quinta fase tem-se a dosagem dos concretos com agregados naturais e

reciclados, na condição de agregados saturados de superfície seca e

moldagem dos corpos de prova com as seguintes composições:

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

68

i) substituição de 0% de agregados naturais (TRSa);

ii) substituição de 50% de agregados naturais por reciclados (graúdo e

miúdo) (TSa50);

iii) substituição de 100% de agregados naturais por agregados reciclados

(graúdo e miúdo) (TSa100).

Os ensaios do concreto no estado fresco como abatimento do tronco de

cone e massa específica foram realizados na sexta fase.

E os ensaios do concreto no estado endurecido foram realizados na sétima

fase, dentre eles, absorção de água; resistência à compressão, ultrassom e

módulo de elasticidade.

3.1. Primeira Fase: Coleta e composição gravimétrica dos resíduos

3.1.1.Coleta dos resíduos

O material coletado para os ensaios experimentais desta pesquisa consiste

em resíduo de construção civil gerado em uma obra de múltiplos

pavimentos em fase de estrutura (execução de concreto e alvenaria) na

cidade do Recife-PE, Figura 3.1.

O método construtivo utilizado no empreendimento era de lajes nervuradas

e vedação vertical em tijolos cerâmicos de quatro furos para vedação

externa e de um furo para divisórias internas dos apartamentos. A obra

não possuía sistema de gerenciamento de resíduos, sendo o entulho

depositado em caçambas estacionárias dentro do pavimento térreo no

canteiro da obra, Figura 3.1. Durante esta etapa da pesquisa, buscou-se

fazer um rastreamento do material coletado, com o cuidado de realizar uma

coleta em um empreendimento em que não houvesse contato do entulho

com resíduo orgânico, como também contato com o gesso, evitando-se a

contaminação dos agregados.

Foi feita uma coleta de aproximadamente 600Kg de resíduo na obra, em

que foi acondicionado em bombonas plásticase encaminhado para o

Laboratório de Construção Civil da Universidade Federal de Pernambuco,

para se realizar o ensaio de composição gravimétrica e posterior transporte

do material para a usina de beneficiamento no Município de Camaragibe.

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

69

a)

b)

Figura 3.1. Edificação onde foi coletada a amostra de RCC, a) Estágio da obra na fase da coleta do resíduo; b) Caçamba estacionária do resíduo na obra.

3.1.2. Composição Gravimétrica dos Resíduos

Após a coleta do resíduo de construção iniciou-se a análise do material

com a composição gravimétrica. Esta análise busca determinar a natureza

de cada material constituinte do resíduo e a sua respectiva porcentagem

na massa do resíduo, onde é feito uma separação manual por meio visual

de cada elemento do resíduo e posterior pesagem para se determinar a

fração correspondente de cada elemento no material. Na separação

considerou-se os seguintes elementos na massa do entulho:

i) material miúdo: todo material passante na peneira de malha # 4,8mm,

Figura 3.2a;

ii) argamassa: material constituído por areia e material aglutinante (cal ou

cimento), sem a presença de material graúdo ou pedriscos, Figura 3.2b;

iii) cerâmica: telhas e tijolos, Figura 3.2c;

iv) concreto: material composto por areia, cimento e agregado graúdo,

Figura 3.2d;

v) outros: materiais como metais, madeira, isopor, papelão, papel,

plásticos, entre outros, Figura 3.2e.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

70

a)

b)

c)

d)

Figura 3.2. Composição gravimétrica dos resíduos, a) Separação manual do resíduo; b) Aspecto da argamassa; c) Aspecto do material cerâmico; d) Aspecto do concreto.

3.1.3. Beneficiamento do resíduo

Após a coleta do resíduo e a determinação da composição gravimétrica do

mesmo, o material foi encaminhado à Usina de Beneficiamento de RCC no

Município de Camaragibe, onde foi feita a segregação manual do material,

e em seguida o beneficiamento do resíduo em material grosso (brita

19mm), material fino (areia), e o rejeito que foi eliminado no

processamento. No processo de britagem do material, teve-se a

preocupação de evitar a mistura do resíduo moído para a utilização nesta

pesquisa com materiais que estavam presentes na usina, portanto se fez a

utilização de lonas plásticas para se evitar o contato e a mistura dos

materiais, Figura 3.3.

a)

b)

c)

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

71

Figura 3.3. Beneficiamento do resíduo, a) Colocação das lonas plásticas; b) Processamento do material grosso, c) Processamento material fino.

3.2. Segunda Fase: Caracterização dos agregados naturais e reciclados

3.2.1. Quarteamento e Homogeinização

Após a coleta e beneficiamento do material, utilizou-se o método de

quarteamento do material seguindo as instruções da norma ABNT (2001a)

referente à redução de amostra de campo de agregados para ensaios de

laboratório.

3.2.2. Ensaios de caracterização dos agregados reciclados utilizados

na pesquisa

No processo de caracterização dos agregados reciclados utilizou-se uma

amostra de 300kgdo material coletado após o processamento do resíduo.

Para tanto seguiu-se as recomendações da ABNT para a realização dos

ensaios de composição granulométrica, ensaios de massa específica,

massa unitária e teor de materiais pulverulentos.

3.2.2.1. Análise da Composição Granulométrica do agregado graúdo

reciclado

Para avaliar a composição granulométrica dos agregados seguiu-se as

orientações da ABNT (2003a) com a utilização de uma amostra de 5Kg e

das peneiras da série normal e intermediárias (# 19,0; 12,5; 9,5; 4,8; 2,4;

1,2; 0,3; 0,075 mm) tampa e balança com precisão de 0,1g. No ensaio a

amostra foi colocada na estufa sob uma temperatura de 105° a 110° por

cerca de 15 horas, posteriormente foi feito um peneiramento manual e

pesagem das frações retidas e acumuladas em cada peneira e obtida a

porcentagem que estes valores representavam, Figura 3.4.

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

72

a)

b)

Figura 3.4. Ensaio da composição granulométrica,a) Pesagem inicial da amostra, b) Jogo depeneiras utilizadas no ensaio.

3.2.2.2. Massa Unitária no estado solto do agregado graúdo reciclado

Para a realização deste ensaio utilizou-se as orientações da ABNT

(2006a). A utilização deste método se aplica aos agregados com dimensão

máxima característica igual ou inferior a 75mm.A Figura 3.5 ilustra algumas

etapas do ensaio.

a)

b)

Figura 3.5. Ensaio da massa unitária do agregado graúdo reciclado, a) Enchimento do caixote com o agregado, b) Pesagem do material.

3.2.2.3. Massa Específica do agregado graúdo reciclado

Para a realização do ensaio da massa específica do agregado graúdo

reciclado utilizou-se os procedimentos da norma ABNT (2009a). Pesou-se

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

73

inicialmente uma amostra de aproximadamente 3Kg e em seguida o

peneiramento do mesmo pela peneira da # 4,75mm, o material que ficou

retido na peneira foi lavado para remoção de material fino aderido no

agregado. Após lavagem do material, o mesmo foi colocado a estufa sob

temperatura de 105° a 110° por aproximadamente 15 horas, separou-se a

amostra em 3 partes de aproximadamente mesma quantidade e obteve-se

a massa do agregado seco, a massa do agregado submerso e do

agregado úmido. A Figura 3.6demonstra etapas do ensaio realizado.

a)

b)

Figura 3.6. Ensaio da massa unitária do agregado graúdo reciclado, a) Peneiramento do agregado na peneira # 4,75mm, b) Estabilização do peso submerso.

A massa específica do agregado graúdo reciclado foi calculada pela

Equação 3.1:

Equação 3.1

ds – massa específica do agregado na condição saturado superfície seca

(g/m³);

ms – massa ao ar da amostra na condição saturada superfície seca (g);

ma – massa em água da amostra (g)

* A diferença (ms – ma) é numericamente igual ao volume do agregado,

excluindo-se os vazios permeáveis (ABNT:2009a).

3.2.2.4. Absorção do agregado graúdo reciclado

O ensaio de absorção do agregado graúdo reciclado foi realizado de

acordo com os procedimentos dispostos na ABNT 2009a. A absorção foi

calculada de acordo com a Equação 3.2:

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

74

Equação 3.2

A – absorção de água, em porcentagem;

ms – massa ao ar da amostra na condição saturada superfície seca (g);

m – massa ao ar da amostra seca (g)

3.2.2.5. Teor de Materiais Pulverulentos do agregado graúdo reciclado

A determinação do teor de material pulverulento do agregado graúdo

reciclado foi realizada de acordo com os procedimentos da norma ABNT

2003b.

No ensaio, as partículas de argila e outros materiais que se dispersam por

lavagem e materiais solúveis em água, são removidos do agregado

durante o ensaio. Para realização do ensaio, utilizou-se uma amostra de

aproximadamente 1000g do material (agregado graúdo reciclado); conjunto

de peneiras # 1,18mm e #0,075 mm; recipiente para lavagem do agregado;

balança com capacidade mínima de 1Kg e sensibilidade de 1g; estufa e

recipiente de vidro. A Figura 3.7 mostra algumas etapas do ensaio.

a)

b)

Figura 3.7. Ensaio do teor de material pulverulento do agregado graúdo reciclado, a) Processo de lavagem, b) Característica da água de lavagem inicial do processo.

O percentual de material pulverulento foi calculado pela Equação 3.3:

Equação 3.3

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

75

m – porcentagem de material mais fino que a peneira de # 0,075mm por

lavagem (material pulverulento);

mi – massa original da amostra seca (g);

mf – massa da amostra seca após a lavagem (g).

3.2.2.6. Composição Granulométrica do agregado miúdo reciclado

Neste ensaio, seguiu-se os procedimentos recomendados na norma ABNT

2003a, utilizando-se uma amostra de 1Kg e peneiras da série normal e

intermediária com malha de abertura inferior a # 12,5mm. No ensaio foi

feito um peneiramento manual e pesagem do material em balança com

precisão de 0,1g.

3.2.2.7. Módulo de Finura do agregado miúdo reciclado

Para a realização deste ensaio, aplicou-se os procedimentos estabelecidos

na norma ABNT (2003a), que estabelece como sendo módulo de finura a

soma das porcentagens retidas acumuladas em massa de um agregado

nas peneiras da série normal, dividida por 100.

3.2.2.8. Massa Unitária no estado solto do agregado miúdo reciclado

Como nos agregados graúdos, os procedimentos seguidos para a

realização deste ensaio foi de acordo com as orientações da normaABNT

(2006a). No ensaio, utilizou-se uma balança e caixote de madeira

graduado para determinação da massa unitária do agregado miúdo

reciclado.

3.2.2.9. Massa Específica do agregado miúdo reciclado

Para realização deste ensaio, encontrou-se dificuldade no procedimento de

utilização do frasco de Chapman conforme estabelece a norma ABNT

(2003a), pois a característica do material dificultava o processo de

expulsão do ar dentro do frasco. Esta dificuldade para realização do ensaio

no material fino reciclado, também foi encontrada no trabalho de Paula

(2010). Para tanto seguiu-se o método do picnômetro, Figura 3.8. No

ensaio, utilizou-se amostra do agregado miúdo, picnômetro de vidro,

bomba de vácuo, estufa, balança e água destilada.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

76

a)

b)

Figura 3.8. Ensaio da massa específica do agregado miúdo reciclado, a) Peso dos picnômetros, b) Peso do picnômetro + massa + água.

A massa específica do agregado miúdo foi calculada pela Equação 3.4:

Equação 3.4

Ds – massa específica (Kg/m³);

a – massa do picnômetro vazio com tampa;

b - massa do picnômetro com tampa, cheio de água destilada;

c – massa do picnômetro com tampa, cheio com amostra;

d – massa do picnômetro com tampa, parcialmente preenchido com

amostra;

e – massa do picnômetro com tampa, parcialmente preenchido com

amostra mais água.

3.2.2.10. Absorção de água do agregado miúdo reciclado

Para determinação da absorção do agregado miúdo reciclado, aplicou-se

as determinações da ABNT (2001b), que estabelece o método de

determinação da absorção de água dos agregados miúdos, na condição

saturados superfície seca, destinados ao uso em concretos. Foi utilizada

uma amostra de aproximadamente 1000g; estufa; balança com capacidade

de 1Kg e precisão de 0,1g; molde tronco-metálico; haste de

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

77

compactação;bandeja metálica; espátula de aço e circulador de ar quente.

A Figura 3.9 demonstra as etapas que foram seguidas no ensaio.

a)

b)

c)

d)

Figura 3.9. Ensaio de absorção do agregado miúdo reciclado, a) Processo de secagem dos grãos; b) Moldagem do cilindro; c) Forma de cone do molde após 25 golpes, d) Pesagem do agregado na condição saturado superfície seca.

O cálculo da absorção de água dos agregados miúdos reciclados foi

mediante a Equação 3.5:

Equação 3.5

A – absorção de água em porcentagem;

ms– massa ao ar da amostra na condição saturado e de superfície seca

(g);

m – massa da amostra seca em estufa (g)

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

78

3.2.2.11. Teor de Materiais Pulverulentos do agregado miúdo reciclado

Para determinação do teor de materiais pulverulentos do agregado miúdo

reciclado, seguiu-se os procedimentos da norma ABNT (2003b), utilizando

uma amostra de 500g do material (agregado miúdo reciclado), conjunto de

peneiras # 1,18mm e #0,075mm, recipiente para lavagem do agregado,

balança com capacidade mínima de 1Kg e sensibilidade de 1g, estufa e

recipiente de vidro.

3.2.3. Ensaios de caracterização dos agregados naturais

O processo de caracterização dos agregados naturais foi realizado no

material grosso (brita 19mm) e no material fino (areia passante na peneira

de Ø 4,8mm), ensaiados no laboratório de materiais de construção da

UFPE.

Para caracterização do agregado graúdo natural seguiu as recomendações

da ABNT,realizando-se ensaio de composição granulométrica (ABNT

2003a); ensaio da massa unitária no estado solto (ABNT 2006a); massa

específica (ABNT 2009a);absorção (ABNT 2009a) e teor de materiais

pulverulentos (ABNT 2003b).

Para o agregado miúdo natural foi realizado ensaios como, ensaio de

composição granulométrica (ABNT 2003a); módulo de finura (ABNT

2003a); ensaio da massa unitária no estado solto (ABNT 2006a); absorção

(ABNT 2001b); teor de materiais pulverulentos (ABNT 2003b) e massa

específica (ABNT 2002a).

Para realização do ensaio de massa específica do agregado miúdo natural

utilizou-se uma amostra de 500g do agregado miúdo, frasco de Chapman e

água. A Figura 3.10 demonstram as etapas de realização do ensaio.

a)

b)

Figura 3.10. Ensaio da massa específica do agregado miúdo reciclado, a) Frasco de Chapman com água, b) Frasco de Chapmam com amostra de solo.

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

79

De acordo com o que descreve a norma, a massa específica do agregado

seco é calculadopela Equação 3.6:

Equação 3.6

d – massa específica do material do agregado seco (g/m³);

m – massa da amostra seca em estufa (g);

V – volume do frasco (m³);

Va – volume de água adicionada ao frasco (m³);

Ainda segundo a norma, o cálculo de Va é estabelecidocom a Equação 3.7:

Equação 3.7

m1 – massa do conjunto (frasco + agregado), em g;

m2 – massa total (frasco + agregado + água), em g;

ρa- é a massa específica da água,g/m³.

3.3. Terceira Fase: Caracterização do cimento

3.3.1. Cimento

Para a confecção dos corpos de prova utilizou-se o Cimento Portland

Composto com Pozolana (CPIIZ 32) por ser o cimento de maior utilização

no mercado da região em estudo. Os ensaios específicos de

caracterização do cimento foram realizados no laboratório de matérias de

construção civil da UFPE e seguiu as recomendações da ABNTconforme

Tabela 3.1.

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

80

Tabela 3.1: Normas da ABNT utilizadas nos ensaios de caracterização do cimento Portland.

Ensaio Norma

Determinação da pasta de

consistência normal

(ABNT 2002b)

Tempo de pega: início e fim (ABNT 2003c)

Massa específica real (ABNT 2000a)

Resistência à compressão (ABNT 1996)

3.3.1.1. Determinação da pasta de consistência normal

Para a realização deste ensaio, seguiu-se os procedimentos estabelecidos

na norma da ABNT (2002b), utilizando-se de uma balança com resolução

de 0,1g; misturador; espátulas; régua metálica; cronômetro; molde

troncocônico e o aparelho de Vicat. A Figura 3.11 a seguir demostra

algumas etapas do ensaio.

Figura 3.11. Preparo para liberação da sonda Tetmajer.

Como estabelecido na norma o cálculo da porcentagem de água

necessária à obtenção da consistência normal da pasta de cimento foi

calculado com a Equação 3.8:

Equação 3.8

A: porcentagem de água;

ma: massa de água utilizada para a obtenção da consistência normal da

pasta de cimento (g);

mc: massa de cimento utilizada no ensaio (g).

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

81

3.3.1.2. Determinação dos tempos de início e fim de pega

De acordo com a determinação da quantidade de água necessária para a

consistência normal da pasta de cimento, realizou-se o ensaio da

determinação dos tempos de início e fim de pega, seguindo-se as

recomendações da norma ABNT (2003c) a qual determina a utilização de

um molde troncocônico, recipiente, aparelho de Vicat e cronômetro, Figura

3.12.

Figura 3.12: Aparelho de Vicat.

3.3.1.3. Determinação da massa específica real

Para determinação da massa específica real do cimento, seguiu-se os

procedimentos descritos na norma ABNT (2000a). Para tanto escolheu-se

como reagente a ser utilizado no ensaio o querosene, fez-se uso do frasco

volumétrico de Le Chatelier; balança com resolução de 0,1g, funis,

termômetro e recipiente. A Figura 3.13 é referente ao ensaio realizado.

Figura 3.13. Materiais utilizados na realização do ensaio.

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

82

De acordo com a norma aplicada, a massa específica do material deve ser

calculada pela Equação 3.9:

Equação 3.9

ρ: massa específica do material ensaiado (g/m³);

m: massa do material ensaiado (g);

V: volume deslocado pela massa do material ensaiado (m³)

3.3.1.4. Determinação da resistência à compressão

Neste ensaio,seguiu-se as recomendações da ABNT (1996) para a

preparação da argamassa. Fez-se o uso de cimento, água, areia de

agregado natural (fração grossa, média grossa, média fina e fina). Para

servir de desmoldante na confecção dos corpos de prova,aplicou-se o óleo

mineral e no capeamento dos mesmos o enxofre com caulim, na etapa de

cura final dos corpos de prova fez-se o uso de uma mistura de água com

cal. A aparelhagem utilizada foi balança com resolução de 0,1g; misturador

mecânico; molde com diâmetro interno de 50mm e altura de 100mm;

soquete; máquina de ensaio de compressão; paquímetro; régua metálica;

placas de vidro e espátula metálica. A Figura 3.14 mostra alguns dos

procedimentos do ensaio realizado.

a)

b)

c)

Figura 3.14. Ensaio da determinação da resistência à compressão, a) Cura dos corpos de prova, b) Cura final dos corpos de prova em solução de água e cal, c) Rompimento dos corpos de prova.

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

83

3.4. Quarta Fase: Dosagem dos concretos com agregados naturais e

reciclados, na condição de agregados secos, e moldagem dos corpos de

prova.

3.4.1. Dosagem do concreto contendo agregados secos

A partir dos agregados reciclados de Resíduos de Construção Civil, foram

realizadas as dosagens do concreto com agregados no estado seco. A

metodologia usada para dosar os traços com agregados de RCC se

baseou no controle do abatimento por meio do ensaio de

slumpABNT(1992), procurando uma trabalhabilidade semelhante a do

concreto convencional. Foi fixada uma relação água/cimento de 0,55 para

todas as dosagens, visando obter o mesmo fator água/cimento para todos

os concretos. Fixou-se uma trabalhabilidade de 100 ± 20mm, devido a

grande capacidade de aplicações para concretos com esta

trabalhabilidade.

Para a determinação da dosagem do concreto de referência, realizou-se

um traço na proporção 1:5 (cimento : agregados secos, em massa), em

que determinou-se o teor de argamassa através de sucessivas tentativas e

observações práticas, onde se foi acrescentando aos poucos argamassa

na mistura até o concreto apresentar um aspecto coeso, sem vazios na

superfície, sem desprendimento dos agregados, e um aspecto homogêneo

e compacto.

Determinado o teor ideal de argamassa, realizou-se o ajuste da

trabalhabilidade para a faixa especificada (100 ± 20 mm) através da

alteração da relação água/materiais secos.

Na confecção dos concretos com a utilização dos agregados reciclados,

graúdo e miúdo, foram utilizados os mesmos parâmetros de determinação

para a obtenção do concreto de referência. Os novos traços foram

produzidos mantendo-se a mesma relação água/cimento (0,55), avaliando-

se a necessidade da alteração do teor de argamassa, entretanto, não foi

necessária a realização de correções do teor de argamassa.

Inicialmente, foi confeccionado o traço de referência (TRS) com 0% de

substituição de agregados naturais por reciclados. Posteriormente,

confeccionou-se o traço com substituição parcial de 50% (TS50) onde

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

84

foram substituídos em massa, os agregados miúdo e graúdo naturais por

agregados reciclados e ajustados experimentalmente a trabalhabilidade

para a faixa especificada (100 ± 20 mm) através de alterações na relação

água/materiais secos. E em seguida, foi realizado o traço com a

substituição de 100% (TS100) dos agregados miúdo e graúdo naturais por

reciclados, mantendo as mesmas características em relação ao fator

água/cimento, teor de argamassa e trabalhabilidade.

A realização das misturas dos materiais na betoneira para a produção do

concreto ocorreu da seguinte forma: inicialmente colocava-se os agregado

graúdo, em seguida parte da água de amassamento, cimento, agregado

miúdo, em seguida a mistura era homogeneizada por dez minutos e por fim

adicionava-se aos poucos a água restante.A Figura 3.15 ilustra as etapas

das dosagens.

a)

b)

Figura 3.15. Dosagem dos corpos de prova, a) Análise visual do teor de argamassa, b) Análise visual de coesão.

A Tabela 3.2 apresenta as dosagens utilizadas no estudo, para o concreto

de referência (TRS), como também, para o concreto com substituição

parcial dos agregados naturais por reciclados (TS50) e para o concreto

com substituição total dos agregados naturais (TS100).

Tabela 3.2: Dosagens dos traços utilizando agregados secos.

Traço Cimento

(kg)

Areia

Nat.

(kg)

Areia

Rec. (kg)

Brita

Nat.

(kg)

Brita

Rec.

(kg)

a/c

TRS 1,0 1,92 - 2,69 - 0,55

TS50 1,0 0,40 0,40 0,82 0,82 0,55

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

85

TS100 1,0 - 0,64 - 1,51 0,55

3.4.2. Moldagem e cura dos corpos de prova

Determinados os traços a serem utilizados no estudo, foram realizadas as

dosagens e a moldagem dos corpos de prova de concreto para posterior

realização dos ensaios do concreto no estado fresco e no estado

endurecido. A Tabela 3.3 demostra a quantidade de corpos de prova

confeccionados e sua utilização em ensaios destrutivos e não destrutivos.

Tabela 3.3: Quantidade de corpos de prova confeccionados com agregados secos.

Ensaio Quantidade de corpos de

prova utilizados no

ensaio

Data de execução do

ensaio

Absorção 2 28 dias

Compressão 6 7, 14 e 28 dias

Ultrassom e

Elasticidade

4 28 dias

Total 12

Para a moldagem e cura dos corposdeprova dos concretos, seguiram-se

as recomendações da norma ABNT (2003d). Para cada dosagem da

pesquisa, foram moldados 12 corpos-de-prova cilíndricos (0,10 m x 0,20m),

utilizando-se o adensamento mecânico através do vibrador de imersão

especificado em norma, com o objetivo de evitar a heterogeneidade e

vazios nos exemplares. O processo de cura dos CPs ocorreu ao ar livre

nas primeiras 24 horas, e, após este período, foram desmoldados e

curados em câmara úmida até a data de execução dos respectivos

ensaios, nas idades de 7, 14 e 28 dias. A Figura 3.16 mostra algumas

etapas do ensaio realizado.

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

86

a) b) Figura 3.16. Moldagem dos corpos de prova, a) Moldagem dos corpos de prova, b) Processo de vibração mecânica dos corpos de prova.

3.5. Quinta Fase: Dosagem dos concretos com agregados naturais e

reciclados, na condição de agregados saturados superfície seca, e

moldagem dos corpos de prova.

Com o objetivo de realizar uma análise mais detalhada nas propriedades e

características do concreto confeccionado com agregados saturados e já

tendo realizado o ensaio de absorção dos agregados miúdos e graúdos

naturais e reciclados na condição saturados superfície seca, realizou-se

dosagens do concreto com agregados no estado saturado de superfície

seca.

3.5.1. Dosagem do concreto contendo agregados na condição

saturados superfície seca

Nas dosagens com a utilização dos agregados na condição saturados

superfície seca foram utilizadas as mesmas metodologias utilizadas para

as dosagens dos traços com agregados secos, fixando-se uma relação

água/cimento de 0,55 e uma trabalhabilidade de 100 ± 20mm, e para a

determinação da dosagem do concreto de referência também realizou-se

um traço intermediário na proporção 1:5,0 (cimento : agregados secos, em

massa), em que o teor de argamassa foi determinado através de

sucessivas tentativas.

Os mesmos parâmetros empregados para a confecção do concreto de

referência com agregados secos foram utilizados na confecção dos

concretos com a utilização dos agregados reciclados, graúdo e miúdo,

mantendo-se a mesma relação água/cimento (0,55) empregada nos

concretos com agregados saturados, avaliando-se a necessidade de

correção do teor de argamassa nos traços.

Primeiramente, foi confeccionado o traço de referência (TRSa) com 0% de

substituição de agregados saturados naturais por reciclados, em seguida,

confeccionou-se o traço com substituição parcial de 50% (TSa50) de

agregados miúdo e graúdo naturais por agregados reciclados saturados,

sendo ajustada a trabalhabilidade para a faixa especificada (100 ± 20 mm)

através de alterações na relação água/materiais secos. Posteriormente, foi

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

87

realizado o traço com substituição de 100% (TS100) dos agregados miúdo

e graúdo naturais por reciclados saturados, utilizando-se as mesmas

características em relação ao fator água/cimento, teor de argamassa e

trabalhabilidade.

Na confecção dos concretos com os agregados na condição saturados de

superfície seca, realizou-se a correção dos traços de acordo com a

absorção de cada agregado utilizado. Sendo no caso do concreto de

referência, feita a correção no traço de acordo com a absorção dos

agregados naturais; no traço com substituição de 50% de agregados

reciclados feita a correção de acordo com a absorção dos agregados

naturais e reciclados e no concreto com 100% de substituição feita a

correção de acordo com a absorção dos agregados reciclados. Para tanto

de acordo com a absorção de cada agregado, corrigia-se o peso final do

agregado deixando o mesmo na condição saturadade superfície seca, e

por fim era corrigida a quantidade de água final do traço. A Figura 3.17

ilustra as etapas o processo de adição de água no agregado seco.

a)

b)

Figura 3.17. Processo de adição de água no agregado seco, a) Adição de água em massa no agregado miúdo seco, b) Mistura do agregado.

A Tabela 3.4 apresenta as dosagens utilizadas no estudo para os

agregados na condição saturados superfície seca, para o concreto de

referência (TRSa), como também, para o concreto com substituição parcial

dos agregados naturais por reciclados (TSa50) e para o concreto com

substituição total dos agregados naturais (TSa100).

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

88

Tabela 3.4: Dosagens dos traços utilizando agregados saturados superfície seca.

Traço Cimento

(kg)

Areia

Nat.

(kg)

Areia

Rec.

(kg)

Brita

Nat.

(kg)

Brita

Rec. (kg) a/c

TRSa 1,0 1,93 - 2,70 - 0,55

TSa50 1,0 0,40 0,41 0,83 0,88 0,55

TSa100 1,0 - 0,68 - 1,62 0,55

3.5.2. Moldagem e cura dos corpos de prova

Nesta etapa de moldagem e cura dos corpos-de-prova dos concretos,

seguiram-se os procedimentos da norma ABNT (2003d). Foram moldados

12 corpos-de-prova cilíndricos (0,10 m x 0,20m) para cada dosagem da

mistura, fazendo-se uso de adensamento mecânico através do vibrador de

imersão especificado em norma.

A cura dos CPs ocorreu ao ar livre nas primeiras 24 horas, posteriormente

foram desmoldados e curados em câmara úmida até a data de execução

dos ensaios que variavam de 7, 14 e 28 dias. Confeccionou-se a mesma

quantidade de corpos de prova que foram fabricados para os concretos

com agregados na condição seca, totalizando 12, sendo 2 para o ensaio de

absorção; 6 para o ensaio de compressão simples e 4 utilizados no ensaio

de ultrassom e elasticidade.

3.6. Sexta Fase: Ensaios do concreto no estrado fresco

3.6.1. Ensaios do concreto contendo agregados secos e saturados de

superfície seca no estado fresco

3.6.1.1. Consistência pelo tronco de cone

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

89

Para realização do ensaio de consistência seguiu-se as recomendações da

norma ABNT (1998). Inicialmentefoi determinado o teor ideal de argamassa

do concreto, avaliando-se o aspecto visual do concreto no quediz respeito

à coesão, a não existência de vazios na superfície e a ausência de

exsudação.

Como mencionado no item 3.4.1, foi fixada a trabalhabilidade do concreto

em 100 ± 20 mm, sendo considerado satisfatório quando o abatimento

atingia a faixa estipulada, Figura 3.18.

Figura 3.18: Realização do ensaio do tronco de cone.

3.6.1.2. Massa específica

O ensaio de determinação da massa específica foi realizado de acordo

com a ABNT (2009b), utilizando-se um recipiente de 0,010 m³ devidamente

calibrado, conforme Figura 3.19.

Figura 3.19: Recipiente utilizado para determinação da massa específica do ensaio.

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

90

3.7. Sétima Fase: Ensaios do concreto no estrado endurecido

3.7.1. Ensaios do concreto contendo agregados secos e saturados de

superfície seca no estado endurecido

3.7.1.1. Ensaios do concreto contendo agregados secos e saturados

no estado endurecido

3.7.1.2. Absorção de água

Para realização do ensaio de determinação da absorção de água do

concreto no estado endurecido utilizou-se as especificações da ABNT

(2005b), Figura 3.20.

Figura 3.20: Submersão do corpo de prova em água.

3.7.1.3. Compressão simples dos corpos de prova cilíndricos

O ensaio de compressão dos corpos de prova foi realizado de acordo com

os procedimentos da ABNT (2007), em corpos de provas cilíndricos de

dimensões 10x20cm. Antes da realização do ensaio, os corpos de prova

foram capeados com enxofre, a fim de se obter uma superfície plana para

a execução do ensaio. Para a realização do ensaio foi utilizada uma,

conforme Figura 3.21.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

91

Figura 3.21:Ensaio de resistência à compressão.

3.7.1.4. Ultrassom

O ensaio para determinação da velocidade de propagação de onda ultra-

sônica foi realizado de acordo com as especificações da ABNT (1994).

Utilizou-se vaselina como material acoplante entre as faces dos

transdutores e do corpo de prova, pois a mesma fornece uma boa

conexão. Antes da realização do ensaio, os corpos de prova foram lixados

com pedra porosa, a fim de obter uma superfície plana e lisa, como ilustra

a Figura 3.22a . O equipamento utilizado para a execução do ensaio foi o

PUNDIT (f= 50-60Hz), e o mesmo foi calibrado antes da realização do

ensaio. A Figura 3.22 demostra as etapas do ensaio realizado.

a)

b)

c)

.

d)

Figura 3.22. Ensaio de ultrassom, a) Lixamento da superfície com pedra porosa, b) Aplicação da vaselina nos transdutores; c) Calibração do equipamento, d) Realização do ensaio.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

92

3.7.1.5. Módulos de elasticidades dinâmicos (tangente) por Método

Sônico

O módulo de elasticidade dinâmico corresponde a uma pequena

deformação instantânea e éconsiderada como o módulo da tangente para

uma reta traçada desde a origem. É geralmente 20 a 40% maior que o

módulo estático e pode ser determinado com mais exatidão por um ensaio

sônico (MEHTA e MONTEIRO 1999). Utilizou-se a Equação 3.10 para o

cálculo do módulo de elasticidade.

Equação 3.10

V: velocidade de propagação da onda ultra-sônica,

ρ: Massa específica do meio (Kg/m³)

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

93

CAPÍTULO IV – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo sãoapresentados os resultados dos ensaios realizados

durante a pesquisa como composição gravimétrica do RCC; ensaios de

caracterização dos agregados graúdos reciclados; miúdos reciclados e

naturais, como também os ensaios destrutivos e não destrutivos do

concreto fabricado com o resíduo coletado nas proporções de 0% e 50% e

100% de substituição de agregado miúdo e graúdo reciclados nos estado

secos e saturados superfície seca.

4.1. Composição Gravimétrica do Resíduo

Foi realizado o estudo gravimétrico do resíduo coletado em uma obra na

cidade do Recife, onde o material foi separado de acordo com sua

natureza e posteriormente pesado para o cálculo da porcentagem em

massa que cada material representava na composição do resíduo. A

Tabela 4.1 demonstra em termos percentuais a participação da massa de

cada material constituinte na composição média do resíduo coletado.

Tabela 4.1: Porcentagem em massa dos constituintes do material reciclado (Pinto, 1999; Leite, 2001; Rodrigues, 2011).

Constituinte Massa

(Kg)

Porcentagem

em massa

Pinto

(1999)

Leite

(2001)

Rodrigues

(2011)

Concreto 111,86 37,00% 4,3% 15,18 69,0%

Material

Miúdo*

82,21 27,19% _ _ 3,0%

Argamassa 67,51 22,33% 64,0% 28,26 1,0%

Cerâmica** 31,48 10,41% 18,0% 26,33 4,0%

Outros 9,27 3,07% 13,7% 30,23 23%

Total 302,33 100% 100% 100% 100%

* todo material passante na peneira de malha # 4,8mm ** telhas e tijolos

Observou-se após a pesagem das frações constituintes do resíduo que a

predominância foi de concreto (37,00%), seguido de material miúdo

(27,19%) e argamassa (22,33%) e 10% de material cerâmico, Figura 4.1. A

menor quantidade de material cerâmico pode ser justificadopela redução

na quantidade de resíduos de tijolos cerâmicos na obra pelo uso de tijolo

de um furo para as divisórias internas dos apartamentos.

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

94

Figura 4.1: Composição gravimétrica do resíduo coletado.

O resíduo coletado possui composição bastante heterogênea. Esta

diversificação dos constituintes na massa do entulho já foi verificada em

vários estudos anteriores como Pinto (1999), Troian (2010), Paula (2010) e

Rodrigues (2011). Muitos autores atribuem esta variação na composição

gravimétrica do resíduo de construção a utilização de diferentes métodos

construtivos, concepção do projeto, costumes locais de edificações e tipo

de obra.

4.2. Caracterização dos agregados naturais e reciclados utilizados na

pesquisa

4.2.1. Análise da Composição Granulométrica

A composição granulométrica do agregado graúdo (AGR) reciclado e

natural (AGN) é apresentado na Tabela 4.2 e representação gráfica na

Figura 4.2a e 4.2b. A composição do agregado miúdo reciclado (AMR) e do

natural (AMN) é apresentado na Tabela 4.3 e sua representação gráfica na

Figura 4.2c e 4.2d.

Gravimetria

38%

27%

22%

10% 3%Concreto

Material Miúdo

Argamassa

cerâmica

Outros

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

95

Tabela 4.2: Composição granulométrica dos agregados graúdo natural e reciclado.

Agregado graúdo natural Agregado graúdo reciclado

Abertura

Peneira

(mm)

Percentual

Retido (%)

Percentual

Retido

acumulado

(%)

Abertura

Peneira

(mm)

Percentual

Retido (%)

Percentual

Retido

acumulado

(%)

25 0,0 0,0 25 0,0 0,0

19 8,19 8,19 19,0 30,03 30,03

12,5 63,67 71,86 12,5 46,99 77,02

9,5 24,83 96,69 9,5 17,88 94,90

6,3 2,86 99,55 6,3 3,87 98,77

4,8 0,17 99,72 4,8 0,11 98,88

2,4 0,04 99,76 2,4 0,06 98,94

1,2 0,02 99,78 1,2 0,01 98,95

0,6 0,04 99,82 0,6 0,07 99,02

0,3 0,10 99,92 0,3 0,17 99,19

0,15 0,02 99,94 0,15 0,42 99,61

0,075 0,04 99,98 0,075 0,31 99,92

Fundo 0,02 100 Fundo 0,08 100

Total 100 - Total 100 -

Diâmetro máximo

(mm)

25 Diâmetro máximo (mm) 25

Módulo de finura

(kg/dm³)

7,03 Módulo de finura

(kg/dm³)

7,19

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

96

Tabela 4.3: Composição granulométrica dos agregados miúdo natural e reciclado.

Agregado miúdo natural Agregado miúdo reciclado

Abertura

Peneira

(mm)

Percentual

Retido (%)

Percentual

Retido

acumulado

(%)

Abertura

Peneira

(mm)

Percentual

Retido (%)

Percentual

Retido

acumulado

(%)

9,5 0,0 0,0 9,5 0,0 0,0

6,3 0,63 0,63 6,3 0,0 0,0

4,8 0,77 1,40 4,8 0,0 0,0

2,4 2,74 4,14 2,4 13,20 13,20

1,2 6,72 10,86 1,2 15,14 28,30

0,6 26,37 37,23 0,6 25,02 53,40

0,3 39,70 76,93 0,3 28,0 81,40

0,15 21,36 98,29 0,15 12,44 93,80

0,075 1,50 99,79 0,075 4,35 98,20

Fundo 0,21 100 Fundo 1,85 100

Total 100 - Total 100 -

Diâmetro máximo

(mm)

6,3 Diâmetro máximo

(mm)

4,8

Módulo de finura

(kg/dm³)

2,28 Módulo de finura

(kg/dm³)

2,70

Na análise das curvas granulométricas dos agregados utilizados no estudo,

observa-se que tanto os agregados graúdos naturais e reciclados, como os

agregados miúdos naturais e reciclados possuem características

granulométricas bastante similares, não havendo, portanto necessidade de

uma correção de granulometria nos materiais reciclados, Figura 4.2.

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

97

a)

b)

c)

d) Figura 4.2. Composição gravimétrica, a) Curva da composição granulométrica agregado graúdo natural; b) Curva da composição granulométrica agregado graúdo reciclado; c) Curva da composição granulométrica agregado miúdo natural, d) Curva da composição granulométrica agregado miúdo reciclado.

0

20

40

60

80

100

0,01 0,1 1 10 100

Pe

rce

ntu

al a

cum

ula

do

(%

)

Diâmetro (mm)

0

20

40

60

80

100

0,01 0,1 1 10 100

Pe

rce

ntu

al a

cum

ula

do

(%

)

Diâmetro (mm)

0

20

40

60

80

100

0,01 0,1 1 10 100

Pe

rce

ntu

al a

cum

ula

do

(%

)

Diâmetro (mm)

0

20

40

60

80

100

0,01 0,1 1 10 100

Pe

rce

ntu

al a

cum

ula

do

(%

)

Diâmetro (mm)

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

98

O módulo de finura do agregado miúdonatural apresentou um decréscimo

de 15,55% em relação ao agregado miúdo reciclado. Um menor módulo de

finura acarreta em uma maior superfície específica, ocasionando um maior

consumo de água de amassamento para uma mesma trabalhabilidade.

Os agregados miúdos e graúdos reciclados apresentaram uma distribuição

granulométrica contínua, assim como os agregados naturais. Essa

continuidade na composição granulométrica de agregados reciclados

também foi observada por Leite (2001), Paula (2010) e Rodrigues (2011).

Essa continuidade na distribuição granulométrica permite um melhor

arranjo entre as partículas preenchendo os vazios existentes.

4.2.2. Massa Unitária e da Massa específica

Os valores da massa unitária e massa específica encontrados para os

agregados naturais e reciclados utilizados na pesquisa estão

representados na Tabela 4.4.

Tabela 4.4: Massa específica e unitária dos agregados graúdos e miúdos no estado solto.

Fração Granulométrica Tipo de material

Massa unitária (KN/m³)

Massa específica (KN/m³)

Graúdo Natural 14,6 27,2

Reciclado 11,1 20,4

Miúdo Natural 14,7 26,3

Reciclado 10,9 25,8

A massa específica do agregado miúdo reciclado é 2,0% menor que o

agregado natural, e a massa unitária é 25,85% inferior. Entre a fração

graúda, a massa específica do agregado graúdo reciclado é 25,0% inferior,

enquanto que a massa unitária é 24,0% menor. Essa redução na massa

específica do agregado reciclado também pode ser constatada em estudos

como de Carneiro (2005) que encontrou valores de redução na massa

específica do agregado reciclado até 30% menores comparados ao natural,

Buttler (2003), Paula (2010), Rodrigues (2011) também constataram a

redução.

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

99

Alguns estudos destacam que esta redução na massa específica dos

agregados reciclados é devido a aderência de materiais antigos aderidos

ao agregado, como por exemplo argamassa.

4.2.3. Absorção

Conforme esperado, os agregados naturais apresentaram baixas taxas de

absorção e os agregados reciclados obtiveram taxas de absorção cerca de

10 vezes maiores que os agregados naturais,Tabela 4.5.

Tabela 4.5: Absorção dos agregados naturais e reciclados utilizados na pesquisa.

Fração Granulométrica Tipo de material Absorção (%)

Graúdo Natural 0,72

Reciclado 7,29

Miúdo Natural 0,67

Reciclado 7,00

Outros estudos também chegaram a altos valores de absorção para o

agregado reciclado. Rodrigues (2011) encontrou uma taxa de absorção do

agregado miúdo reciclado cerca de 10 vezes maior em comparação ao

miúdo natural; Reis (2009) encontrou uma taxa de absorção do agregado

miúdo reciclado de 18,8%.

A menor massa específica e maior teor de finos tem influência na maior

absorção dos agregados reciclados. A massa específica e a absorção são

grandezas inversamente proporcionais, pois quanto menor a densidade

maior será a quantidade de poros no agregado.

4.2.4. Teor de Materiais Pulverulentos

O agregado graúdo natural obteve um teor de 0,19% de material

pulverulento, enquanto o graúdo reciclado obteve um valor de 7,67%,

Tabela 4.6. O agregado graúdo natural esteve dentro do limite estabelecido

pela ABNT (2005b) que estipula valor máximo de 1% para este parâmetro,

enquanto o graúdo reciclado se revelou fora do parâmetro.

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

100

O agregado miúdo natural apresentou porcentagem de teor de material

pulverulento de 0,72%, Tabela 4.6, o que também satisfez o parâmetro

permitido pela ABNT (2005b), que não deve exceder 3% para concretos

submetidos ao desgaste superficial e de 5% em caso de concretos

protegidos ao desgaste superficial. O que não aconteceu com o agregado

miúdo reciclado que apresentou um percentual de 15,24%.

Tabela 4.6: Teor de material pulverulento do agregado graúdo natural e reciclado e do agregado miúdo natural e reciclado.

Fração granulométrica

Tipo de material Teor de material pulverulento relativo à massa do agregado (%)

Graúdo Natural (AGN) 0,19%

Reciclado

(AGR)

7,67%

Miúdo Natural (AMN) 0,72%

Reciclado

(AMR)

15,24%

Importante ressaltar o efeito que a quantidade do material pulverulento

pode causar ao concreto. Segundo (PAULA, 2010) as partículas finas

presente na massa da argamassa até o limite estipulado pela norma

podem auxiliar no preenchimento dos vazios da areia da argamassa o que

facilita o envolvimento da areia pelo cimento. Destaca ainda que em caso

de excesso de partículas finas há uma maior exigência na adição de água

para hidratação do cimento aumentando a quantidade de vazios e

consequentemente queda na resistência mecânica e durabilidade dos

concretos produzidos.

Estudos mostram que esta porcentagem de teor de material pulverulento é

bastante variável, como pode ser visto na pesquisa de RODRIGUES

(2011) que obteve para o seu agregado miúdo reciclado o percentual de

teor de material pulverulento de 8,7%.Já em suas análises PAULA (2010)

obteve para o mesmo tipo de agregado um valor de 10,09%, valores estes

que também estão acima do parâmetro estabelecido pela norma.

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

101

4.3. Propriedades do concreto no estado fresco

4.3.1- Consumo de Cimento

O consumo de cimento para as dosagens com (TS50) 50% e (TS100)

100% de agregado graúdo e miúdo reciclado, no estado seco, foi

534,76kg/m³ e 555,55 kg/m³, respectivamente. O consumo de cimento da

dosagem de referência (TRS) foi de 380,22 kg/m³, conforme Figura 4.3.

Figura 4.3: Consumo de cimento das dosagens com agregados secos.

Para a dosagem com agregados no estado saturado superfície seca,

observou-se um decréscimo pouco expressivo no consumo de

cimento.Para a dosagem de referência com agregados saturados

superfície seca (TRSa) o consumo de cimento foi de 378,78 kg/m³,

enquanto que a dosagem com o traço (TSa50) 50% e a dosagem do traço

(TSa100) 100% substituição de agregados naturais por reciclados

saturados foram bastante aproximados, com consumos de 526,31kg/m³ e

537,63kg/m³ respectivamente, Figura 4.4.

0

100

200

300

400

500

600

TRS TS50 TS100

Consumo Cimento (Kg/m³)

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

102

Figura 4.4: Consumo de cimento das dosagens com agregados saturados superfície seca.

O aumento do consumo de cimento com a quantidade de agregados

reciclados na dosagem se revelou tanto na dosagem com agregados

secos, como na dosagem com agregados saturados. Esta característica

também foi observada por Oliveira et al. (2008), que chegou a um aumento

de até 66,70% no consumo de cimento confeccionado com agregados

graúdos reciclados.

Outros estudos revelam uma redução no consumo de cimento proporcinal

a substituição de agregados reciclados na dosagem. Rodrigues (2011),

observou um decréscimo no consumo de cimento de até 20% em relação

ao concreto de referência com o aumento de agregados miúdos reciclados,

segundo a mesma este comportamento pode ser atribuído à menor massa

específica do agregado miúdo reciclado presente em maior proporção na

mistura. Gonçalves (2001) também pode observar essa redução no

consumo de cimento com a utilização do agregado reciclado.

4.3.2- Consistência do tronco de cone

Para a dosagem dos traços com agregados secos e agregados saturados

foi fixado o abatimento do tronco de cone em 100 ±20mm. A partir de

dosagem experimental, todos os traços tiveram sua trabalhabilidade

ajustada para a faixa de abatimento especificado. Observou-se que o

aumento da proporção de agregados reciclados na mistura produzia uma

maior dificuldade para atingir a faixa de abatimento fixada. Na dosagem

com agregados na condição saturados superfície seca, observou-se um

aumento no abatimento à medida que se aumentava o percentual de

agregados na mistura, já no caso com agregados na condição seca,

verificou-se que ocorria um processo inverso, ou seja, à proporção que se

aumentava o percentual de agregados reciclados na mistura, ocorria uma

0

100

200

300

400

500

600

TRSa TSa50 TSa100

Consumo Cimento (Kg/m³)

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

103

perda no abatimento, como mostra a Tabela 4.7. Esta perda do abatimento

pelo aumento do percentual de agregados na mistura também pode ser

observada por Leite (2001).

Tabela 4.7: Resultado do abatimento, em mm, dos concretos estudados.

Dosagem Abatimento (mm)

TRS 9,8

TS50 9,5

TS100 9,0

TRSa 10,0

TSa50 12,0

TSa100 12,0

Segundo Tenório (2007), a avaliação da absorção de água nos momentos

iniciais é importante porque o concreto no estado fresco pode ter parte

considerável da água de mistura absorvida pelos agregados reciclados e,

consequentemente, sofrer perda de consistência. Já o uso do agregado

numa condição intermediária de umidade tenderia a minimizar ou anular os

efeitos negativos da alta absorção, o que justifica o aumento do abatimento

nos traços com agregados saturados.

4.3.3- Massa específica

No que diz respeito à massa específica do concreto no estado fresco,

verificou-se uma diminuição deste parâmetro com o aumento do percentual

de agregados reciclados na mistura, Figura 4.5.

Figura 4.5: Massa específica encontrada nos concretos estudados.

30,00

32,00

34,00

36,00

38,00

40,00

TRS TS50 TS100 TRSa TSa50 TSa100

Massa específica (KN/m³)

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

104

Nos concretos com agregados secos, comparando o concreto de

referência com agregados com os concretos contendo agregados

reciclados, observa-se uma redução na massa específica do concreto no

estado fresco em 3,70% para a dosagem TS50, e redução de 13,15% para

a dosagem de TS100. Já nos concretos com agregados saturados de

superfície seca, observou-se uma redução na massa específica do

concreto em 8,71% para a dosagem TSa50, e uma redução de 13,24%

para a dosagem de TSa100, relação ao traço saturado convencional TRSa.

Como a massa específica do concreto, no estado fresco, é fortemente

ligada à massa especifica dos agregados, é esperada a diminuição deste

índice com o incremento de agregado reciclado na mistura. A massa

específica dos agregados reciclados apresentam valores inferiores à

massa específica do agregado natural.

4.4. Propriedades do concreto no estado endurecido

4.4.1- Absorção de água

Os concretos produzidos com agregados reciclados apresentaram uma

maior taxa de absorção de água, este índice ganhou significância à medida

que houve um incremento da porcentagem de agregados reciclados no

traço. Vale salientar que os traços confeccionados com agregados

reciclados saturados, houve uma maior absorção quando comparado aos

traços com agregados secos, Figura 4.6. Os traços não apresentaram

grandes diferenças de desvio padrão relativas à absorção, variando entre

0,05 a 0,07, Tabela 4.8.

Figura 4.6: Resultado do ensaio de absorção dos concretos em estudo.

0

5

10

15

20

TRS TS50 TS100 TRSa TSa50 TSa100

Absorção (%)

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

105

Tabela 4.8: Absorção dos concretos e desvio padrão.

Traço Absorção (%)

TRS 5,32± 0,06

TS50 8,9± 0,065

TS100 13,45± 0,07

TRSa 7,16± 0,07

TSa50 11,12± 0,06

TSa100 15,31± 0,05

Analisando os resultados observa-se que houve um aumento no valor da

absorção do concreto com a utilização de agregados reciclados secos,

67,29% para o concreto com substituição parcial (TS50), e 152,81% para o

concreto com substituição total (TS100).Para os concretos confeccionados

com agregados reciclados saturados, também observa-se um aumento na

absorção do concreto, 55,30% para o concreto com substituição parcial

(TSa50), e 113,82% para os concretos com substituição total (TSa100).

Ainda em análise no ensaio de absorção de água, percebe-se que o

concreto com agregados saturados obtiveram uma maior absorção quando

comparado aos concretos com agregados secos, incremento de 34,58%

para o concreto de referência com agregados saturados, 24,94% para o

concreto com substituição parcial (TSa50) e 13,82% para o concreto com

substituição total (TSa100).

Outros estudos chegaram aos mesmos resultados encontrados, Rodrigues

(2011) encontrou valores de absorção de água de concreto reciclado até

45% superiores em relação ao concreto de referência, enquanto Buttler

(2003) chegou ao valor de aproximadamente 50% superior. A alta

absorção do agregado reciclado esta associada ao aumento da relação

a/c, diminuição da densidade, aumento da porosidade e composição dos

agregados reciclados (TENÓRIO, 2007; RODRIGUES 2011).

4.4.2- Resistência à compressão simples

O ensaio de resistência à compressão foi ensaiado nos concretos

estudados nas idades de 7, 14 e 28 dias de acordo com a ABNT(2007). Os

resultados de ensaio à compressão são apresentados na Figura 4.7 e os

respectivos desvios padrões na Tabela 4.7.

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

106

Figura 4.7: Correlação entre as resistências nas idades de 7, 14 e 28 dias nos traços estudados.

Tabela 4.9: Desvio padrão da resistência dos concretos estudados.

Traço Resistência à compressão simples

(Mpa)7 dias

Resistência à compressão simples

(Mpa)7 dias

Resistência à compressão simples

(Mpa) 28 dias

TRS 14,32 ± 0,77 19,07 ± 0,68 23,87 ± 0,54

TRSa 20,35 ± 0,68 23,15 ± 0,66 28,34± 0,62

TS50 12,91 ± 0,73 15,49 ± 0,60 21,87± 0,60

TSa50 14,01 ± 0,62 17,51 ± 0,62 17,38± 0,58

TS100 8,51 ± 0,65 11,69 ± 0,65 17,41± 0,55

TSa100 11,65 ± 0,60 16,75 ± 0,60 18,22± 0,59

Ao se comparar os concretos confeccionados com agregados no estado

seco, observa-se que o aumento da substituição dos agregados reciclados

na mistura gera um decréscimo da resistência em relação ao concreto de

referência. Este comportamento também pode ser verificado nos concretos

com agregados saturados de superfície seca.

Os concretos confeccionados com agregados na condição saturados de

superfície seca apresentaram ganho de resistência à compressão em

todas as idades, comparados aos concretos com agregados secos. A

Tabela 4.9 apresenta uma relação de perda e ganho entre os concretos

estudados, fazendo-se uma relação entre concretos com agregados secos

e concretos com agregados saturados.

14,32

20,35

12,91 14,01

8,51

11,65

19,07

23,15

15,49 17,51

11,69

16,75

23,87

28,34

21,87 22,33

17,41 18,22

TRS TRSa TS50 TSa50 TS100 TSa100

Resistência MPa

7 dias

14 dias

28 dias

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

107

Tabela 4.10: Relação entre perda e ganho de resistência entre os concretos estudados.

Traços

Referência

Redução/Ganho

7 dias (%)

Redução/Ganho

14 dias (%)

Redução/Ganho

28 dias (%)

TRS/TS50 (-) 9,84 (-) 18,77 (-) 8,37

TRS/TS100 (-) 40,57 (-) 38,69 (-) 27,06

TRSa/TSa50 (-) 31,15 (-) 24,36 (-) 21,20

TRSa/TSa100 (-) 42,75 (-) 27,64 (-) 35,7

TRS/TRSa (+) 29,63 (+) 17,62 (+) 15,77

TS50/TSa50 (+) 11,53 (+) 11,53 (+) 2,06

TS100/TSa100 (+) 26,95 (+) 30,20 (+) 4,44

* (-) redução na resistência; (+) ganho na resistência.

Entre os traços com agregados saturados de superfície seca, há uma

redução significativa da resistência aos 7 dias no concreto com substituição

total dos agregados, que chega em torno de 42,75%. Já na relação entre

os concretos com agregados saturados/secos, percebe-se que em todas

as idades há um ganho de resistência, apresentando-se o concreto com

agregados saturados uma resistência maior que o concreto com agregados

secos.

As relações entre o ganho e perda da resistência entre os concretos de

referência e reciclados são bastante diversas entre a literatura. Rodrigues

(2011) encontrou valores próximos de resistência do concreto convencional

comparado com o concreto com agregados reciclados, valores estes que

não chegam a ultrapassar 2% de redução. Levy &Helene (2000) ao

analisarem concretos fabricados com agregados reciclados de concreto,

também obtiveram valores semelhantes ao concreto de referência.

Machado Jr. et al (2000), verificou um ganho de resistência para os

concretos com agregados reciclados de 14% para substituição parcial de

50% e de 19% para substituição total de agregados reciclados. Este ganho

na resistência pode ser atribuído à alta absorção dos agregados reciclados

que não foi compensada na confecção do concreto, o que diminui a água

livre do concreto, aumentando-se em consequência a resistência do

mesmo.

O ganho na resistência do concreto dosado com agregados no estado

saturado superfície seca é descrito por Colares et al (2011) devido ao fato

de que nas dosagens em que o agregado é misturado anteriormente com

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

108

parte da água para depois ser adicionado à mistura, tem-se uma melhor

aderência da pasta/agregado, pois o agregado se encontra na condição

semi-saturada, em que a presença de água na superfície faz com que o

agregado retenha maior quantidade de cimento. Neste caso, por não estar

saturado, o agregado absorve água da mistura ate ficar saturado, já no

estado endurecido, a água absorvida vai para a matriz de cimento, o que

gera a cura interna do mesmo, hidratando assim as partículas de cimento

ainda não hidratadas.

4.4.3- Ultrassom

Segundo a norma ABNT 8802 (1994), o ensaio não destrutivo de ultrassom

determina a velocidade de propagação de ondas longitudinais, obtidas por

pulsos ultra-sônicos, através de um componente de concreto, e tem com o

aplicação a verificação da homogeneidade do concreto e a detecção de

eventuais falhas internas de concretagem, profundidade de fissuras e

outras imperfeições. Fatores como densidade do concreto, que depende do

traço e das condições de concretagem; tipo, densidade e outras

características dos agregados; tipo de adensamento do concreto e idade

do concreto podem influenciar os resultados do ensaio.

O ensaio foi realizado nos corpos de prova na idade de 28 dias, e os

resultados sãoapresentados na Tabela 4.11.

A relação entre velocidade da onda ultra-sônica, absorção e resistência à

compressão permitem analisar a homogeinedade da mistura do compósito,

como também avaliar o potencial do ultrassom em ponderar as

propriedades do concretos com agregados de RCD por meio de ensaios

não destrutivos (MOREIRA, 2010).

Tabela 4.11: Correlação entre velocidade da onda ultra-sônica, absorção e resistência dos traços TRS; TRSa; TS50; TSa50; TS100; TSa100.

Traço Velocidade Ultrassônica

(Km/s)

Absorção (%) Resistência à compressão simples (Mpa)

TRS 4,44 ± 0,51 5,32 ± 0,06

23,87 ± 0,54

TRSa 5,19 ± 1,5 8,9 ± 0,065

28,34 ± 0,62

TS50 4,95 ± 1,47 13,45 ± 0,07

21,87 ± 0,60

TSa50 5,21 ± 0,80 7,16 ± 0,07

22,33 ± 0,58

TS100 5,87 ± 0,52 11,12 ± 0,06

17,41 ± 0,55

TSa100 5,61 ± 1,16 15,31 ± 0,05

18,22 ± 0,59

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

109

As dosagens com agregados secos e dosagens com agregados na

condição saturado de superfície seca, observa-se que o traços com

agregados saturados, obteve-se concretos com uma maior resistência,

maior velocidade da onda ultra-sônica, como também uma maior absorção.

Nestes casos, acontece que as dosagens com agregados saturados de

superfície seca, melhoram a trabalhabilidade do concreto no estado fresco,

diminuindo a porosidade do mesmo, gerando assim uma melhor

compacidade do concreto, o que é comprovada pela maior velocidade de

propagação da onda. Porém, a maior absorção do concreto com

agregados saturados, não é devido aos vazios do meio, mas sim pela

porosidade dos agregados, que ao passar do tempo a água retida nos

mesmos passam para a matriz do concreto, hidratando a pasta de cimento,

porém esta perda de água gera agregados menos saturados, gerando

agregados com um maior poder de absorção.

O desvio padrão da velocidade ultra-sônica dos concretos com agregados

saturados de superfície seca, apresentaram valores mais expressivos, o

que indica ser um meio de composicão mais variável.

Nota-se que o incremento de agregados secos reciclados nas dosagens

conduz a um aumento da absorção e da velocidade da onda ultra-sônica, e

uma redução na resistência dos concretos. Neste caso ocorre que o traço

com agregados reciclados apresentam uma maior concentração de

agregados frágeis, como mateiral cerâmico, o que diminui a resistência do

concreto, pois a zona de fratura desses concretos se apresentam nos

agregados, já nos concretos sem agregados reciclados, a zona de fratura

se apresenta na zona de transição, o que gera uma maior resistência do

mesmo. Em relação a absorção, é visivel que aumentando-se a

concentração de agregados com maior absorção (reciclados),

consequentemente, aumenta-se a absorção do material no estado seco.

Porém o aumento na velocidade da onda ultra-sônica se deve ao fato da

maior facilidade da mesma atravessar agregados mais frágeis, no caso dos

concretos reciclados.

A mesma relação encontrada nas dosagens com agregados secos, foi

observada nas dosagens com agregados saturados, revelando que, o

aumento da proporção de agregados reciclados na dosagem, gera uma

redução na resistência, aumento da absorção e da velocidade da onda

ultra-sônica.

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

110

4.4.4- Módulos de elasticidades dinâmicos (tangente) por Método

Sônico

De modo geral, o módulo de elasticidade dos concretos reciclados

apresentou-se inferior ao de referência na medida do aumento do teor de

substituição do agregado natural peloreciclado, podendo-se observar

também que os concretos saturados apresentaram menores módulos de

elasticidade, conforme pode ser observado na Figura 4.8.

Figura 4.8: Módulos de elasticidadeaos 28 dias.

Verifica-se que houve uma queda do módulo de elasticidade à medida que

se incrementa agregado reciclado na mistura. Esta redução ficou em torno

de 2,18% para os concretos com 50% de substituição de agregados secos

e 5,19% para os concretos com substituição total de agregados secos

reciclados. Já para os concretos com agregados saturados, a redução

ficou de 4,88% e 10,0% para concretos com agregados saturados com

substituição parcial (50%) e total (100%), respectivamente. Este

comportamento pode ser atribuído à menor massa específica do agregado

reciclado.

Rodrigues (2011) encontrou valores de redução em torno de 5% para os

concretos com 50% de teor de agregado miúdo reciclado e 15% para os

concretos com 100% de agregado miúdo reciclado.

A relação entre massa específica e porosidade é inversamente

proporcional. De acordo com Mehta& Monteiro (1994), os fatores que

afetam a porosidade do agregado exercem relevante influência no módulo

de elasticidade do concreto.

22,00

24,00

26,00

28,00

30,00

TRS TRSa TS50 TSa50 TS100 TSa100

Módulo de Elasticidade em GPa

28 dias

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

111

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A amostra de resíduo da construção civil utilizada apresentou variabilidade

em seus constituintes, evidenciando predominância de concreto em sua

composição (37,0%), apresentando também grande concentração de

material miúdo (27,19%) e argamassa (22,33%).

A composição granulométrica dos agregados graúdos reciclados bem

como dos agregados miúdos reciclados, revelaram ser materiais de

granulometria contínua eapresentaram as curvas granulométricas

semelhantes aos agregados naturais.

A massa específica e a massa unitária do agregado miúdo reciclado

foi2,0% e 25,85% menor do que os valores encontrados para o agregado

miúdo natural. Já para a fração graúda, a massa específica e a massa

unitária do agregado graúdo reciclado são 25,0% e 24,0% inferiores que as

encontradas para o agregado graúdo natural.

A taxa de absorção dos agregados graúdos e miúdos reciclados

apresentaram valores elevados 7,29% e 7,0% respectivamente, o que

acarreta o aumento do consumo de água na mistura.

Os teores de materiais pulverulentos verificados nos agregados reciclados

graúdos e miúdos apresentaram-se aproximadamente oito e quinze vezes

maiores quando comparados aos agregados naturais graúdos e miúdos,

respectivamente. Uma grande quantidade de finos na mistura pode ser

prejudicial às propriedades do concreto, pois aumenta a área específica e

consequentemente o consumo de água na mistura.

O aumento do consumo de cimento com o acréscimo da quantidade de

agregados reciclados na mistura revelou-se tanto para os traços dosados

com agregados secos, como na dosagem com agregados saturados de

superfície seca. A maior capacidade de absorção dos agregados reciclados

ocasiona um aumento no consumo de cimento na dosagem do concreto.

A dificuldade de se atingir a trabalhabilidade e abatimento do concreto

reciclado apresentou-se proporcional ao aumento dos teores de

substituição de agregados graúdos e miúdos nas dosagens. Nas dosagens

com agregados na condição saturados de superfície seca, verificou-se um

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

112

ganho no abatimento à medida que se aumentava o percentual de

agregados na mistura. Nas dosagens com agregados na condição seca,

verificou-se que o aumento do percentual de agregados reciclados na

mistura, ocorria uma diminuição no abatimento.

A massa específica do concreto reciclado no estado fresco diminui com o

aumento da porcentagem de agregados reciclados na mistura, de 13,15%

para TS100 e 13,24% para TSa100. A absorção de água e consumo de

cimento são propriedades diretamente ligadas à massa específica do

concreto e apresentaram índices maiores à medida que houve incremento

de agregado reciclado na dosagem.

A resistência à compressão dos concretos com agregados reciclados

secos e saturados de superfície seca apresenta inferior ao concreto (com

agregado natural) de referência. Os concretos dosados com agregados na

condição saturados de superfície seca apresentaram valores de resistência

à compressão superiores aos concretos com agregados secos.

Verificou-se que nos concretos com agregados reciclados a superfície de

fratura ocorre entre os agregados e no concreto convencional se dá na

pasta, o que indica que a resistência do concreto está limitada pela

resistência do agregado reciclado.

O módulo de elasticidade, no concreto com agregado reciclado apresenta

valor inferior ao de referência, chegando a uma redução de até 5,19%para

TS100 e 10,0% para TSa100, sendo este comportamento atribuído à

menor massa específica do agregado reciclado.Menores módulos de

elasticidade implicam em concretos maisdeformáveis,

acarretandodeformabilidade das estruturas.

Embora o concreto com agregado de RCC tenha apresentado menor

resistência à compressão e maior consumo de cimento, o que o torna mais

oneroso que o concreto convencional, pode-se afirmar que é possível o

uso de agregados reciclados para a produção de concretos para obras de

pequeno porte; pavimentação de calçadas e pré-moldados.

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

113

5.1 PROPOSTAS PARA FUTURAS PESQUISAS

Avaliar o desempenho dos concretos produzidos com agregados reciclados de diferentes resistências em aplicações estruturais;

Avaliar a possibilidade da existência da reação álcalis agregados nos agregadosreciclados;

Avaliar as propriedades referentes à durabilidade dos concretos reciclados, tais como profundidade de carbonatação, resistência aos ataques de agentes agressivos,mecanismo de transporte interno de água, intemperismo;

Avaliar as características de rupturas dos concretos reciclados;

Avaliar a relação entre a porosidade dos agregados reciclados (miúdos e graúdos) e sua interferência na permeabilidade do concreto aos gases e à água.

Criação de normas e metodologias para realização dos métodos de ensaios dos agregados reciclados e métodos de dosagens dos concretos reciclados, para uma melhor padronização de avaliação deste material.

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

114

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, GERUSA DE. Estudo de argamassas com agregados

reciclados contaminados por gesso de construção. (Dissertação de

Mestrado). 2004. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São

Paulo-SP.

AGUIAR, JOSÉ EDUARDO DE. Avaliação dos ensaios de durabilidade

do concreto armado a partir de estruturas duráveis. Dissertação

(Mestrado em Construção Civil) – Universidade Federal de Minas Gerais,

Belo Horizonte, MG, 2006.

ALGARVIO, DORA ALEXANDRA NETO. Reciclagem de resíduos de

construção e demolição: contribuição para controle do processo.

(Dissertação de Mestrado). 2009. Faculdade de Ciências e Tecnologia da

Universidade Nova de Lisboa. Lisboa-Portugal.

ÂNGULO, S.C. Variabilidade de agregados graúdos de resíduos de

construção e demolição reciclados. Dissertação (Mestrado) 2000, 155p.

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

ÂNGULO, S. C; John, V. M. Variabilidade de agregados graúdos de

resíduos de construção e demolição reciclados. Boletim Técnico da

Escola Politécnica da USP. 2001. EPUSP. São Paulo-SP.

ARANTES, T. J. Atlas do Meio Ambiente. LemondeDiplomatique Brasil.

Apresentação, 91p, 2010.

ARAGÃO, H. G. Análise estrutural de lajes pré-moldadas produzidas

com concretos reciclados de construção e demolição. (Dissertação de

Mestrado) 2007.UFAL. Maceió-AL.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7223:

Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de

cone. Rio de Janeiro, 1992.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

115

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8802.

Concreto endurecido – Determinação da velocidade de propagação de

onda ultra-sônica. Rio de Janeiro, 1994.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7215:

Cimento Portland – determinação da resistência à compressão. Rio de

Janeiro, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 67: Concreto

– determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de

Janeiro, 1998.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 23. Cimento

Portland e outros materiais em pó - Determinação da massa específica. Rio

de Janeiro. 2000.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 27.

Agregados - Redução da amostra de campo para ensaios de laboratório.

Rio de Janeiro, 2001. (ABNT 2001a).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 30. Agregado

miúdo - Determinação da absorção de água. Rio de Janeiro. 2001. (ABNT

2001b).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 43. Cimento

Portland - Determinação da pasta de consistência normal. Rio de Janeiro.

2002. (ABNT 2002b).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 52. Agregado

miúdo - Determinação de massa específica e massa específica aparente.

Rio de Janeiro. 2002. (ABNT 2002a).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 46.

Agregados - Determinação do material fino que passa através da peneira

75 um, por lavagem. Rio de Janeiro. 2003. (ABNT 2003b).

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

116

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 65. Cimento

Portland- Determinação do tempo de pega. Rio de Janeiro. 2003. (ABNT

2003c).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 248

Agregados - Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro,

2003. (ABNT 2003a).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5738:

Concreto – procedimento para moldagem e cura dos corpos-de-prova. Rio

de Janeiro, 2003. (ABNT 2003d).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto

de estruturas de concreto armado – procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

(ABNT 2003e).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004:

Resíduos sólidos - Classificação. Rio de Janeiro, 2004. (ABNT 2004a).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15116:

agregados reciclados de resíduos da construção civil- Utilização em

pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural- Requisitos. Rio

de Janeiro, 2004. (ABNT 2004b).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR: 7211:

agregados para concreto – Especificação. Rio de Janeiro. 2005. (ABNT

2005b).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9778:

argamassas e concretos endurecidos – Determinação da absorção de

água, índice de vazios e massa específica. Rio de Janeiro, 2005. (ABNT

2005a).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 45.

Agregados - Determinação da massa unitária e do volume de vazios. 2006.

Rio de Janeiro. 2006. (ABNT 2006a).

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

117

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739.

Concreto- Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de

Janeiro, 2007.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 53. Agregado

graúdo - Determinação da massa específica, massa específica aparente e

absorção de água. Rio de Janeiro. 2009. (ABNT 2009a).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NRBR 9833.

Concreto fresco - Determinação da massa específica, do rendimento e do

teor de ar pelo método gravimétrico. Rio de Janeiro. 2009. (ABNT 2009b).

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E

RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil.

2010. Disponível em: <www.abelpre.org.br/dowloads/panorama2010.pdf>.

Acesso em dez 2011.

BARRA, B. N; PASCHOARELLI, R. C; RENÓFIO, A. O ecodesign como

ferramenta de auxílio na gestão de resíduos de construção e

demolição (RCD). In: XIII SIMPEP, 2006, Bauru, SP.

BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do

Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal,

1988, 448 p.

BORBA, ANA EMÍLIA DE OLIVEIRA. Proposta de indicadores de

sustentabilidade para o setor da construção civil. (Dissertação de

Mestrado). 2009. POLI/UPE. Recife-PE.

BUTTLER, A. M. Concreto com agregados graúdos reciclados de

concreto – influência da idade de reciclagem nas propriedades dos

agregados e concretos reciclados. (Dissertação de Mestrado). 2003.

UFSCar. São Carlos-SP.

CABRAL, A. E. B. Modelagem de propriedades mecânicas e de

durabilidade de concretos produzidos com agregados reciclados,

considerando-se a variabilidade da composição do RCD. (Tese de

Doutorado). 2007. UFSCAR. São Carlos-SP.

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

118

CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Manejo e gestão de resíduos da

construção civil. – Manual de orientação: como implantar um sistema

de manejo e gestão nos municípios. Brasília: Ministério das Cidades,

Ministério do Meio Ambiente, Caixa Econômica Federal, 2005.

CARNEIRO, F.P.; MELO, A. B.; JÚNIOR, BÉDA BARKOKÉBAS;

GUSMÃO, A. D.; Souza, P.C.M. Os resíduos da construção na cidade

do Recife. In: XXIV Encontro Nacional de Engenharia de Produção, 2004,

Florianópolis,

SC.(http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2004_Enegep1004_2000.

pdf)

CARNEIRO, F. P. Diagnóstico e Ações da Atual Situação dos Resíduos

de Construção e Demolição na Cidade do Recife. Dissertação

(Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Federal da Paraíba,

João Pessoa, PB, 2005.

COLARES, A.; BORSATTO, B.; LIMA, F.P.; DE OLIVEIRA, M. S.; SILVA,

M. DI CASTRO. Concreto com Resíduos. (Dissertação de Mestrado).

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, PR, 2011.

CONAMA. Resolução n° 1, de 23 de janeiro de 1986. Disponível em:

<http://www.abiente.sp.gov.br/leis_internet/geral/licenc/resconama186.htm

>. Acesso em 03.05.2011.

CONSELHO Nacional do MEIO AMBIENTE (CONAMA); Ministério do Meio

Ambiente – Resolução nº. 307 05 de Julho de 2002 – Estabelece

diretrizes, critérios e procedimentos para gestão dos resíduos da

construção civil. Diário Oficial da República do Brasil.

DALPINO, C. E. R. Utilização do resíduo da construção civil para a

produção do concreto. (Dissertação de Mestrado). 2008. UAM. São

Paulo-SP.

FREITAS, I.M. Os resíduos de construção civil no município de

Araraquara/SP. (Dissertação de mestrado) 2009. UNIARA. Araraquara-

SP.

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

119

GONÇALVES, R. D. C. Agregados reciclados de resíduos de concreto

– um novo material para dosagens estruturais. (Dissertação de

Mestrado). 2001. UFSCar. São Carlos-SP.

GUERRA, Jaqueline de Souza. Gestão de resíduos da construção civil

em obras de edificações. (Dissertação de Mestrado). 2009. Escola

Politécnica de Recife. Recife – PE.

JADOVSKI, IURI. Diretrizes técnicas e econômicas para usinas de

reciclagem de resíduos de construção e demolição. (Dissertação de

Mestrado). 2005. UFRS. Porto Alegre-RS.

JOHN, V. M. Reciclagem de resíduos na construção civil: contribuição

à metodologia de pesquisa e desenvolvimento. Tese (Livre Docência).

2000. PCC USP. São Paulo-SP.

KARPINSKI, L. A. Proposta de gestão de resíduos da construção civil

no município de Passo Fundo-RS. (Dissertação de Mestrado). 2007.

UPF. Passo Fundo-RS.

KAZMIERCZAK , C.S.; KULAKOWSKI, M. P.; BOITO, D.; GARCIA, A. C.A.

Estudo comparativo da geração de resíduos de construção e

demolição em São Leopoldo e Novo Hamburgo. In: XI Encontro

Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído- ENTAC, 2006.

LEITE, M. B. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos

produzidos com agregados reciclados de resíduos de construção e

demolição. 2001. 266 p. Tese (Doutorado em Engenharia), Escola de

Engenharia, Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil,

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2001.

LEVY, Salomon. Mony; HELENE, Paulo Roberto Lago. Durability of

concrete produced with mineral waste of civil construction industry.

In: CIB SYMPOSIUM IN ONSTRUCTION AND ENVIRONMENT: THEORY

INTO PRACTICE, 2000, São Paulo, Brazil. Proceedings...[CD-ROM]. São

Paulo: CIB, 2000. 12p.

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

120

LEVY, Salomon Mony. Contribuição ao estudo da durabilidade de

concretos, produzidos com resíduos de concreto e argamassa. São

Paulo: USP, 2001. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica da Universidade

de São Paulo.

LIBRELOTTO, L. I. Modelo para avaliação da sustentabilidade na

construção civil nas dimensões econômica, social e ambiental (ESA):

aplicação no setor de edificações. (Tese de Doutorado). 2005. UFSC.

Florianópolis-SC.

LIMA, José Antônio Ribeiro de. Proposição para diretrizes para

produção e normalização de resíduo de construção reciclado e de

suas aplicações em argamassas e concreto. (Dissertação de Mestrado)

1999. UFSCAR. São Carlos-SP.

MACHADO Jr, E. F.; AGNESINI, M. V. C. Estudo comparativo das

propriedades físicas e mecânicas de microconcretos leves

produzidos com argila expandida e com agregados reciclados de

rejeitos de construção e demolição. In: JORNADAS SUDAMERICANAS

DE INGENIERIA ESTRUCTURAL, 29. 2000, Puntadel Este, Uruguai.

Memórias... [CDROM]. Puntadel Este: EDITOR, 2000, 12p.

MARCONDES, FÁBIA CRISTINA SEGATTO. Sistemas logísticos

reversos na indústria da construção civil-Estudo da cadeia produtiva

de chapas de gesso acartonado. (Dissertação de Mestrado). 2007.

Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo-SP.

MARQUES NETO, JOSÉ DA COSTA; SCHALCH, VALDIR. Diagnóstico

ambiental para gestão sustentável dos resíduos de construção e

demolição. In: XII Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental,

2006, Figueira da Foz- Portugal. Disponível em:

<http://jararaca.ufsm.br/websites/ces/download/S2-2.PDF>. Acesso em 04.05.2011.

MARTINS, A. R. B. Caracterização e avaliação de poeiras presentes em

canteiros de obras de edificações verticais. (Dissertação de Mestrado).

2009. Escola Politécnica de Pernambuco. Recife – PE.

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

121

MINISTÉRIO DAS CIDADES. SECRETARIA NACIONAL DE

SANEAMENTO AMBIENTAL. Disponível em:

<http://www.mp.go.gov.br/portalweb/hp/9/docs/rsudoutrina_24.pdf. Acesso

em 03.05.2011.

MIRANDA, L. F. R. Estudo de fatores que influem na fissuração de

revestimentos de argamassa com entulho reciclado. (Dissertação de

Mestrado). 2000. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São

Paulo-SP.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, Paulo J. Melaragno. Concreto: estrutura,

propriedades e materiais. São Paulo: Pini, 1994.

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: Estrutura, propriedades e

materiais. 1. ed.Saopaulo: Pini, 1999

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, Paulo J.M. Concreto: microestrutura,

propriedades e materiais. 1ª Ed, São Paulo: IBRACON. 2008. 674p.

MODLER, L. E. A; POZZOBON, C. E. Avaliação da viabilidade técnica

de concreto elaborado com agregado graúdo reciclado. Revista Teoria

e prática na Engenharia Civil. Vol. n° 11, 2008. p. 43-53.

MORAIS, G. M. D. de. Diagnóstico da deposição clandestina de

resíduos de construção e demolição em bairros periféricos de

Uberlândia: subsídios para uma gestão sustentável. (Dissertação de

Mestrado) 2006. UFU . Uberlândia – MG.

MOREIRA, L. H. H. Avaliação da influência da origem e do tratamento

dos agregados reciclados de resíduos de construção e demolição no

desempenho mecânico do concreto estrutural. (Dissertação de

Mestrado. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo,

SP, 2010.

OLIVEIRA, P. E. S.; OLIVEIRA, J. T. R.; FERREIRA, S. R. M. Avaliação

do desempenho do concreto com uso de agregados de Resíduos de

Construção e Demolição-RCD. In: 50° Congresso Brasileiro de Concreto,

2008. CBC. 2008 v. cd-rom. p. 14 páginas.

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

122

PAULA, P. R. Utilização dos resíduos da construção civil na produção

de blocos de argamassa sem função estrutural. (Dissertação de

mestrado) 2010. UNICAP. Recife-PE.

PERNAMBUCO. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente ICMS

: a experiência do Estado de Pernambuco/Secretaria de Ciência,

Tecnologia e Meio Ambiente. – Recife: SECTMA, 2006. 30p. : Il

PERNAMBUCO. Decreto nº 23.473. Regulamenta os critérios de

distribuição da parcela do ICMS que cabe aos municípios, relativos aos

aspectos socioambientais de que trata o inciso III do art. 2º da Lei nº

10.489, de 2 de outubro de 1990, com a redação conferida pela Lei nº

11.899, de 21 de dezembro de 2000, e dá outras providências. Diário

Oficial do Estado de Pernambuco, Recife, 2001.

PERNAMBUCO. Decreto nº 26.030. Introduz modificações no Decreto nº

23.473, de 10 de agosto de 2001, e alterações que regulamentam os

critérios de distribuição do ICMS que cabe aos municípios, relativos aos

aspectos socioambientais. Diário Oficial do Estado de Pernambuco, 2003.

PERNAMBUCO. Lei nº 12.432. Ajusta os critérios de distribuição de parte

do ICMS que cabe aos Municípios, nos termos do art. 2º da Lei nº 10.489,

de 2 de outubro de 1990, com a redação da Lei nº 11.899, de 21 de

dezembro de 2000, e da Lei nº 12.206, de 20 de maio de 2002. Diário

Oficial do Estado de Pernambuco, Recife, 2003.

PINTO, T. P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos

sólidos da construção urbana. 1999. Tese (Doutorado) 1999. EPUSP.

São Paulo – SP.

PREFEITURA DA CIDADE DO RECIFE. Lei nº 17.072/2005. Estabelece

as diretrizes e critérios para o Programa de Gerenciamento de Resíduos da

Construção Civil.

REIS, CARINE NUNES DA SILVA. Influência da utilização de agregado

miúdo de RCD na aderência aço-concreto reciclado. (Dissertação de

Mestrado). 2009. UEFS. Feira de Santana- BA.

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

123

RODRIGUES, CLARISSA RIBEIRO DE SÁ. Avaliação de propriedades

mecânicas de concretos produzidos com agregado miúdo reciclado

de resíduo da construção civil. (Dissertação de Mestrado). 2011. POLI.

Recife-PE.

SÁ, W. BORGES de. Estudo da interação solo-muro em concreto

convencional, com resíduo de construção e demolição (RCD) e

alvenaria de pedra. (Dissertação de Mestrado) 2006. UNICAP. Recife –

PE.

SANTOS, P.S. Tecnologia das argilas aplicadas às argilas brasileiras.

São Paulo, Edgard Blüccher, Ed. Universidade de São Paulo (1975).

SANTOS, E. C. G. Aplicação de resíduos de construção edemolição

reciclados (RCD-R) em estruturas de solo reforçado. (Dissertação de

Mestrado) 2007. UFSCAR. São Carlos-SP.

SANTOS, A.N. Diagnóstico da situação dos resíduos de construção e

demolição (RCD) no município de Petrolina (PE). (Dissertação de

mestrado) 2008. UNICAP. Recife-PE.

SANTOS, A. C., LIMA, M. B. L. Avaliacao da taxa de absorcao de agua

em argamassas com Agregados reciclados. Relatorio final do projeto de

pesquisa – Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Feira de

Santana, 2008, 28p.

SANTOS, ALCIMAR LAURENTINO. Diagnóstico ambiental da gestão e

destinação dos resíduos da construção e demolição (RCD): análise

das construtoras associadas ao SINDUSCON/RN e empresas

coletoras atuantes no município de Parnamirim/RN. (Dissertação de

Mestrado). 2009. UFRN. Natal-RN.

SOUZA, P. C. M. Gestão de Resíduos da Construção Civil em

Canteiros de Obras de Edifícios Multipiso na Cidade do Recife/PE.

Dissertação (Mestrado em Engenharia Urbana) – Universidade Federal da

Paraíba, João Pessoa, PB, 2007.

SOARES, R. N. B. Resíduo de construção e demolição e EPS reciclado

como alternativa de agregados para a região Amazônica - Aplicação

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

124

em blocos para alvenaria. (Dissertação de Mestrado) 2010. UTFPR.

Manaus - AM.

SOUZA, P. C.M; MELO, A. L; BÉDA JÚNIOR, B; GUSMÃO, A. D;

CARNEIRO, F. P; NASCIMENTO, C. F; SIQUEIRA, M. S. Gestão de

resíduos da construção civil: uma análise do modelo aplicado em

obras de edifícios multipiso na cidade do Recife. Revista Brasileira de

Ciências Ambientais. Vol. n° 16. Ano 2008.

TECHNE: Revista de tecnologia da construção. São Paulo: Ed. PINI,

ano 10, n. 55, out. 2001. 96 p.

TENÓRIO, J. J. L. Avaliação de propriedades do concreto produzido

com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição

visando aplicações estruturais. (Dissertação de Mestrado). 2007. UFAL.

Maceió-AL.

TPEC: Revista Teoria e prática na Engenharia Civil.Ed. Dunas, ano 2011,

n. 11, abr. 2008. 10 p. Site

(http://www.editoradunas.com.br/revistatpec/Art_5N11.pdf)

TROIAN, A. Avaliação da durabilidade de concretos produzidos com

agregado reciclado de concreto frente à penetração de íons cloreto.

(Dissertação de Mestrado). 2010. Universidade do Vale do Rio dos Sinos.

São Leopoldo - RS.

VALENÇA, M. Z.; MELO, I. V.; WANDERLEY, L. O. A degradação de

corpos d`água e a deposição irregular de resíduos de construção civil

na cidade do Recife, Pernambuco, Brasil. Revista Intertox de

Toxicologia, Risco ambiental e Sociedade, Vol. 1. n°1. 2008.

VERAS, L. M; SOBRAL, M. C. M; MELO, I. V. Contribuição do ICMS

Socioambiental no Estado de Pernambuco: Enfoque na importância

do seu repasse para os resíduos sólidos. In: III Simpósio

Iberoamericano de Ingeníeria de Resíduos, 2010. João Pessoa. Anais

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

125

VIEIRA, G. L.; MOLIN, D. C. C. D. Viabilidade técnica da utilização de

concretos com agregados reciclados de resíduos de construção e

demolição. Revista da associação nacional de tecnologia do ambiente

construído. Ano 04, n. 04, 2° semestre de 2004.

(www.seer.ufrgs.br/ambienteconstruido).

VIEIRA, ALEXANDRE LOPES. Propriedades dos microconcretos

fabricados com agregados contaminados por resíduos de gesso.

(Dissertação de Mestrado). 2008. UFMG. Belo Horizonte-MG.

ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como agregado, na confecção

do concreto. (Dissertação de Mestrado) 1997. UNICAMP. Campinas-SP.

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

126

ESTUDO DAS PROPRIEDADES DO CONCRETO COM DIFERENTES

PROPORÇÕES DE AGREGADOS DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO

CIVIL COM E SEM SATRURAÇÃO PRÉVIA

APÊNDICE

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

127

Caracterização da área de implantação da usina de reciclagem de

Camaragibe

Lay-out e equipamentos da Usina de Reciclagem de Camaragibe

Segundo dados da empresa Ciclo Ambiental Ltda, a usina de reciclagem

de resíduos de construção civil, implantada em 2010 no município de

Camaragibe, é constituída das seguintes unidades:

i) Alimentador Vibratório:

Completo, com capacidade de 40 m³/h, motor elétrico blindado trifásico,

polias e correias em V, mesa com caixa e apoios em molas espirais, bica

de transferência revestida e com cortina de borracha e chassi metálico.

ii) Transportador de Correia Fixo:

Completo, estrutura em treliça altura 300mm e largura 610,0mm,

capacidade de transporte de 40 m³/h, motor elétrico blindado trifásico,

redutor de velocidade, polias e correias em V, correia de 2 lonas , tambores

de tração liso e retorno, roletes de carga, de impacto e de retorno, limpador

de correia, rolos de borracha e pés de apoio, assentados em cavaletes de

carga para dois roletes e cavaletes de retorno, esticador de correia tipo

parafuso, cavaletes de apoio para transportador e 1 bica de saída.

iii) Britador de Impacto:

Completo, com polia e volante de contra peso, correias em V, conjunto de

tirantes e bicas de alimentação com cortina de borracha e revestimento

interno, carter de proteção do movimento.

iv) Calha Simples Metálica:

Com 1 bica metálica para descarga do britador de impacto, com

revestimento interno e janela de inspeção e junta de vedação.

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

128

v) Transportador de Correia Fixo:

Completo com estrutura em treliça, moega de carga, 1 tambor de tração e

retorno liso, cavaletes de carga para 3 roletes, cavaletes de retorno, roletes

de carga, de impacto e de retorno, esticador de correia tipo parafuso,

limpador de correia, bica de saída, rolo de borracha, pés de apoio e

suporte para apóio do imã permanente

vi) Imã Permanente Magnético:

Imã permanente com limpeza automática, com transportador de correia,

suportes reguláveis, com tambor de tração, tambor de retorno, motor

redutor e correia para 2 lonas.

vii) Transportador de Correia Móvel:

Completo, estrutura em treliça, moega de carga, tambor de tração e tambor

de retorno, cavaletes de carga para 2 roletes, cavaletes de retorno, roletes

de carga e roletes de retorno, esticador de correia tipo parafuso, limpador

de correia no retorno, rolo de borracha, dispositivo giratório, estrutura de

suporte de apoio em V, com rodas giratórias e bica de saída.

viii) Peneira Vibratória Apoiada Inclinada:

Composto de caixa com eixo excêntrico, contra-pesos e polia, apoios para

molas helicoidais e telas (980 x 3.000m/m) com aberturas de 4,8 mm;

9,52mm e 25,4 mm, chassis em viga metálica com apoio para molas

helicoidais e base do motor, correias em V, bica de condução dos finos

(tipo funil), e bicas de condução de materiais.

ix) Transportador de Correia Fixos:

Estrutura em treliça, moega de carga, tambor de tração liso, tambor de

retorno liso, cavaletes de carga para 02 roletes , cavaletes de retorno,

roletes de carga, roletes de impacto, roletes de retorno, base para motor

com esticador de correia tipo parafusos, correias em V , limpador de

correia no retorno, rolo de borracha e pés de apoio.

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

129

x) Quadro de Comandos e Proteção dos Motores:

Contendo armário com comandos e proteção para os motores, dim. 1.800 x

800 x 450m/m,caixa com botoeiras para comando à distância.

xi) Sistema de Contenção de Particulado:

Composto por bomba jacto, correias em V, carter de proteção de

movimento, numa base metálica, aspersor tipo gatilho, aspersores tipo

leque (micro-aspersores), aspersores tipo cônico (micro- aspersores),

suportes de micro-aspersores, em tubo metálico, componentes dos micro-

aspersores e componentes para ligação bomba micro-aspersores.

xii) Sistema de Contenção de Ruídos:

Com mantas de borracha anti-choque instaladas, bica sob grelha pré-

classificadora, tremonhas de carga dos transportadores, fundo da peneira e

bicas de distribuição para baias.

xiii) Estrutura Metálica de Sustentação do Conjunto:

Contendo estrutura metálica, plataformas laterais/trabalho (com suportes e

guarda-corpo de proteção), escadas, guarda-corpo de proteção e suportes

de plataformas laterais.

xiv) Estrutura Metálica de Sustentação da Peneira:

Estrutura metálica desmontável, com chassis em viga 16” , pés de

sustentação contraventamentos na estrutura em vigas U4”, plataformas

laterais com guarda-corpo, suportes de plataformas laterais e escada tipo

marinheiro h = 3700 mm.

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

130

xv) Bicas de Transferência:

Contendo 4 unidades – saídas de transportes: transportador de correia fixo

1(TCF1), transportador de correia fixo 2 (TCF2), transportador de correia

móvel (TC Móvel) e transportador de correia fixo 3 (TCF3).

Implantação da usina de reciclagem de Camaragibe-PE

A primeira usina de beneficiamento de material de construção civil no

estado de Pernambuco foi implantada no ano de 2008 na cidade de

Petrolina e possui capacidade de processamento de entulho de 30t/h, o

município situasse a uma distância aproximada de 724 Km do centro da

cidade do Recife.

Até o ano de 2010, a capital de Pernambuco não possuía uma usina de

beneficiamento do entulho de construção, com o aquecimento da

construção civil no estado e a desativação do antigo aterro da Muribeca, o

grande volume de resíduos precisa de um destino adequado, em que esse

rejeito possa ser beneficiado e volte ao mercado da construção como um

material alternativo. Surge então em meados de outubro de 2010, a usina

de reciclagem de resíduos de construção no município de Camaragibe, que

é de iniciativa particular e tem capacidade de 40t/h para processamento do

entulho. O município de Camaragibe situa-se a 10Km da capital do Recife

e tem acesso pela BR 408, o que facilita o transporte dos resíduos entre a

capital e o município.

A sequência fotográfica a seguir ilustrada nas figuras abaixo,representa a

situação da usina em funcionamento em julho de 2011.

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

131

a)

b)

c)

d)

Figura 5.1: Usina de beneficiamento de Camaragibe, a) Vista panorâmica da fachada; b) Vista da balança de pesagem do entulho; c) Vista panorâmica da guarita de controle, pista de acesso e rampa de abastecimento, d) Vista das esteiras.

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

132

FLUXOGRAMA DA USINA

A usina recebe o entulho por meio de caçambas aberto ou por meio de

papa entulho carregado em caminhões. Ao chegar à usina o material é

pesado e cobra-se um valor por tonelada que é depositado na usina. Este

material ao ser recebido é depositado em determinado local para que se

possa fazer uma limpeza manual por meio visual, onde é retirado papelão,

papel, ferros, gesso e madeira. Em seu beneficiamento o maquinário pode

processar o material em brita 25mm, brita 19mm, cascalhinho e areia e

após o beneficiamento é revendido como material reciclado a empresas

particulares. O fluxograma de funcionamento da usina segue abaixo.

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PRÓ ......Figura 3.11 -Preparo para liberação da sonda Tetmajer ----- 79 Figura 3.12 -Aparelho de Vicat ----- 80 Figura 3.13 - Materiais utilizados

133

Recepção do Entulho no Pátio

Plásticos

Limpeza Manual

Metais

Matéria

Orgânica

Outras

Impurezas

Entulho

Tipo 1

Entulho

Tipo 2

Pré-Limpeza – Grelha

Alimentadora

Britagem de Entulho

(separadamente)

Limpeza de Contaminante

Magnetizável

Metal

Magnetizável

Classificação PVA

Pilha de Pré-classifica-

do Agregado Tipo2 –

Bica Corrida

Pilha com

Ø < 4,8mm (Areia)

Pilha pedra 4,8 < Ø < 9,5

(Pedrisco)

Pilha pedra 9,5 < Ø < 25,4

(Pedra1)

Pilha Pedra com Ø > 25,4 mm Pilha de Agregado

reciclado Tipo 2 – Bica

Corrida Selecionada

Agregados Peneirados – Tipo 1