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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO BÁRBARA FERNANDA DE ARRUDA FERREIRA AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM CRIANÇAS DE ESCOLAS PÚBLICAS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA VITÓRIA DE SANTO ANTÃO 2018

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · Paulo Coelho . RESUMO A educação em saúde possui um olhar direcionado à melhoria da qualidade de vida. O objetivo deste estudo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

BÁRBARA FERNANDA DE ARRUDA FERREIRA

AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM CRIANÇAS DE ESCOLAS PÚBLICAS:

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2018

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · Paulo Coelho . RESUMO A educação em saúde possui um olhar direcionado à melhoria da qualidade de vida. O objetivo deste estudo

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

BACHARELADO EM SAÚDE COLETIVA

NÚCLEO DE SAÚDE COLETIVA

BÁRBARA FERNANDA DE ARRUDA FERREIRA

AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM CRIANÇAS DE ESCOLAS PÚBLICAS:

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

2018

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de saúde coletiva da Universidade Federal

de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória,

como requisito para obtenção do título de

bacharel em saúde coletiva.

Orientadora: Profª Drª Simone do Nascimento

Fraga

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Fonte

Sistema de Bibliotecas da UFPE. Biblioteca Setorial do CAV. Bibliotecária Jaciane Freire Santana, CRB-4/2018

F383a Ferreira, Bárbara Fernanda de Arruda

Ações de educação em saúde com crianças de escolas públicas: um relato de experiência / Bárbara Fernanda de Arruda Ferreira. - Vitória de Santo Antão, 2018.

46 folhas. Orientadora: Simone do Nascimento Fraga. TCC (Graduação em Saúde Coletiva) – Universidade Federal de

Pernambuco, CAV, Bacharelado em Saúde Coletiva, 2018. Inclui referências e anexos.

1. Educação em saúde. 2. Promoção da saúde. 3. Serviços de Saúde

Escolar. I. Fraga, Simone do Nascimento (Orientadora). II. Título.

613.083 CDD (23.ed ) BIBCAV/UFPE-096/2018

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BÁRBARA FERNANDA DE ARRUDA FERREIRA

AÇÕES DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE COM CRIANÇAS DE ESCOLAS PÚBLICAS:

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso

de saúde coletiva da Universidade Federal de

Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, como

requisito para obtenção do título de Bacharel em Saúde

Coletiva.

Aprovado em: 18/06/2018

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Profª. Drª. Simone do Nascimento Fraga (Orientadora)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profª. Drª. Alice Valença Araújo (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

_________________________________________

Profº. Me. Antonio Flaudiano bem Leite (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · Paulo Coelho . RESUMO A educação em saúde possui um olhar direcionado à melhoria da qualidade de vida. O objetivo deste estudo

Dedico este trabalho à minha família, em

especial, aos meus pais, Edileusa

Cristina e Paulo José.

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AGRADECIMENTOS

Começo agradecendo a Deus por cuidar de todos os detalhes da minha vida e por

colocar em mim a coragem, mesmo que ela se escondesse às vezes, necessária para poder

superar todos os obstáculos que surgiram nesse período. Um agradecimento especial aos meus

pais por sempre me apoiarem, as minhas amigas e amigos que sempre estiveram por perto até

mesmo quando fisicamente isso não era possível, a Rodolfo Vieira e Thais Nayara por toda a

paciência e cuidado para comigo.

Total gratidão e respeito aos mestres do curso de Saúde Coletiva da Universidade

Federal de Pernambuco, pois cada um teve uma importância gigantesca no amor que descobri

pela profissão que escolhi desempenhar.

E por fim, mas não menos importante, agradeço a minha orientadora, Simone do

Nascimento Fraga, com o peito carregado de carinho e amor por toda a paciência, respeito,

dedicação e confiança no meu trabalho.

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO … · Paulo Coelho . RESUMO A educação em saúde possui um olhar direcionado à melhoria da qualidade de vida. O objetivo deste estudo

“Imagine uma nova história para sua vida e acredite nela.”

Paulo Coelho

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RESUMO

A educação em saúde possui um olhar direcionado à melhoria da qualidade de vida. O

objetivo deste estudo foi relatar a experiência adquirida, em educação em saúde, a partir de

um projeto de extensão. Tratou-se de uma experiência embasada em um estudo descritivo e

observacional, realizado em duas escolas de Vitória de Santo Antão (PE), entre 2014 a 2016,

utilizando as temáticas, higiene, meio ambiente, nutrição e exercício físico. As ações

aplicadas tiveram resultados satisfatórios, sendo possível levar o conhecimento às crianças.

Conclui-se que as atividades extensionistas de educação em saúde com crianças trazem

benefícios, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, além de aproximar a

universidade da comunidade.

Palavras chave: Educação em saúde; Promoção da saúde; Relações comunidade instituição;

Saúde na escola

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ABSTRACT

Health education has a focus on improving the quality of life. The objective of this study was

to report the experience in health education, based on an extension project. It was an

experience based on a descriptive and observational study, carried out in two schools in

Vitória de Santo Antão (PE), between 2014 and 2016, with the themes of hygiene,

environment, nutrition and physical exercise. The applied actions had satisfactory results,

being able to bring the knowledge to the children. It is concluded that the extension activities

in health education with children bring benefits, contributing to the improvement of the

quality of life, and bringing the university closer to the community.

Keywords: Health education; Health promotion; Community-institutional relation; School

health services.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 11

2.1 Contexto Histórico ............................................................................................ 11

2.1.1 Educação em saúde ....................................................................................... 13

2.1.2 Educação em Saúde Tradicional .................................................................. 14

2.1.3 Educação em Saúde Radical ......................................................................... 14

2.2 Educação Popular em Saúde ........................................................................... 16

2.3 Extensão universitária ...................................................................................... 17

3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 19

3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 19

3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 19

4 ARTIGO ................................................................................................................. 20

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 33

ANEXOS ................................................................................................................... 37

ANEXO A – ANUÊNCIA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE ESCOLA DE

CAIÇARA .................................................................................................................. 37

ANEXO B – ANUÊNCIA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE ESCOLA DE

MAUÉS ..................................................................................................................... 38

ANEXO C- HISTÓRIA JACARÉ COM DOR DE DENTE .......................................... 39

ANEXO D – NORMAS DA REVISTA ....................................................................... 43

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1 INTRODUÇÃO

A educação em saúde é muito mais que melhorar hábitos de higiene. Além da

formação permanente de profissionais, ela tem como eixo principal a dimensão do

desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas que visam a melhoria da qualidade de

vida e da saúde da população (BUSS, 1999).

A educação em saúde é um dos principais subsídios para que a promoção em saúde

seja viável, e resulta no desenvolvimento de ações que venham a inserir-se de maneira mais

eficaz junto à população (FERREIRA et al., 2014).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), de acordo com a Carta de Otawa

de 1986, promoção da saúde é (OMS, 1986):

Processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de

vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo [...].

Assim, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai

para além de um estilo de vida saudável, na direção de um bem-estar global (OMS,

1986, sem paginação).

De acordo com a OMS, o empoderamento e a participação social são tidos como

princípios-chave para a efetivação da promoção da saúde. A participação social pode ser

entendida como a união de atores com interesses mútuos, profissionais de saúde e membros

de comunidade, no processo de elencar prioridades, tomar decisões, implementação e

avaliação das iniciativas (WHO, 1984; SÍCOLI; NASCIMENTO, 2003).

Por outro lado, o empoderamento compreende-se como processo que capacita

indivíduos e comunidades para assumirem um maior controle sobre os fatores que afetam a

saúde, tais como fatores pessoais, socioeconômicos e ambientais (SÍCOLI; NASCIMENTO,

2003).

Ações no sentido de capacitar e empoderar são essenciais para que a população tenha

autonomia. Esta é uma condição necessária para a efetividade da cidadania, para que assim,

melhores condições de vida sejam alcançadas, sendo este o caminho para a boa saúde da

população (BYDLOWSKI; PEREIRA, 2012).

Segundo Silva e Corrêa (2016), a infância é o melhor período para moldar os hábitos,

graças à maleabilidade psicológica do indivíduo, sendo, portanto, essencial à educação

higiênica como forma de adquirir bons hábitos de higiene que favoreçam a saúde. É na idade

escolar que as crianças desenvolvem hábitos que vão durar por toda vida. Sendo assim, as

escolas tornam-se um lugar em potencial para o desenvolvimento de ações de promoção em

saúde (MIALHE; PELICIONE, 2012 p. 45).

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A rede de Escolas Promotoras da Saúde surgiu com o intuito de desenvolver e

fortalecer a promoção e a educação em saúde, e visando a integralidade nas escolas. Essa rede

tem uma proposta que inclui, estimula e garante uma participação de cada ator envolvido, tais

como, estudantes, família, comunidade escolar e profissionais de saúde (OPAS, 2003).

As escolas que adotam ações para promoção da saúde devem ser percebidas como um

espaço que gera autonomia, participação e crítica para que os estudantes possam ter um pleno

desenvolvimento físico, cognitivo e psíquico (MIALHE; PELICIONE, 2012 apud OMS,

1995).

A extensão universitária, que faz parte das dimensões da universidade, traz em seu

objetivo o processo cultural, educativo e científico que vincula o ensino e a pesquisa,

incluindo, de forma indissociável, a educação em saúde em seu foco, fornecendo à

comunidade em que está inserida, conhecimento sobre diversas temáticas, aprofundando seu

compromisso social na transmissão do conhecimento científico (PAULA, 2013; SILVA;

AMORIM, 2013).

Neste contexto, é importante ressaltar o papel da extensão universitária como

ferramenta de importância relevante para levar ao público alvo educação popular em saúde,

visto que ela visa contribuir no desenvolvimento humano e acadêmico-profissional.

Diante disso, esse estudo tem como objetivo relatar a experiência adquirida, em

educação em saúde, a partir da participação em um projeto de extensão da Universidade

Federal de Pernambuco no Centro Acadêmico de Vitória (UFPE-CAV).

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Contexto Histórico

Entre meados do século XIX e século XX algumas personalidades juntaram-se para

conseguir, através de luta, uma maior qualidade de vida. Dessas personalidades, Monteiro

Lobato foi o que se destacou assumindo a bandeira do movimento “sanear é a grande questão

nacional”. Assim surgiu um dos maiores ícones da literatura brasileira - Jeca Tatu -

personagem criado com a intenção de mostrar à sociedade a importância das ações de

educação junto à saúde. Jeca era tido como preguiçoso, mas não passava de um caipira doente

que só melhorou da doença quando passou a acreditar e a seguir as orientações médicas, o que

mostrava que é possível restabelecer a saúde quando se tem acesso ao conhecimento (SILVA

et al., 2012).

No ano de 1923, foi organizada por Carlos Chagas, a primeira Reforma Sanitária, que

viera a criar o Departamento Nacional de Saúde, ligado ao Ministério da Justiça, o qual

objetivava integrar como obrigações do Estado o saneamento rural, a propaganda sanitária e a

educação higiênica (SILVA et al., 2012).

Foram criados, em 1930, Centros de Higiene Individual e Prevenção de Doenças

Infectoparasitárias. Nesse período, só quem tinha acesso às ações educativas de saúde eram as

populações de baixa renda, quando iniciou a valorização da assistência individual. Na década

de 1940, época em que ocorria a Segunda Guerra Mundial, foi criado, por meio de um acordo

entre o Brasil e o governo norte-americano, o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP).

Originalmente, este serviço estava vinculado a interesses militares dos Estados Unidos, isso

porque sua ação estava voltada para sanear áreas que produziam matérias-primas como o

minério de ferro e mica do vale do Rio Doce, mas objetivos secundários foram estabelecidos

como a formação e a especialização dos profissionais de saúde (MACIEL, 2009).

Em 1964, época em que os militares tomaram posse do governo do país, foi percebido

o aumento no número de doenças como tuberculose, malária e doença de Chagas (MACIEL,

2009). Até a década de 1970 as ações de educação em saúde eram baseadas apenas na

prescrição de normas comportamentais para a população (SILVA, 2012). Insatisfeitos com

essa situação, os profissionais de saúde realizavam ações de educação voltadas para as classes

populares que, muitas vezes, aconteciam em conjunto com outros segmentos (MACIEL,

2009).

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Nos anos 80, a saúde passou a ser vista com outros olhos e tornou-se direito humano,

com um amplo conceito que abrange todas as áreas da vida. Nesse mesmo ano, o Brasil

mergulhava em uma grave crise política, econômica e social, trazendo riscos para as

condições de saúde da população, crescimento do desemprego e aumento da desnutrição nos

grupos sociais menos favorecidos. Surgiu, também nos anos 80, o movimento da Reforma

Sanitária, desta vez representado pelos profissionais de saúde, por professores de

Universidades, entre outras classes (SILVA et al., 2012 p.14)

Na 1ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, que ocorreu em Otawa, em

1986, ficou bem estabelecido que a saúde é definida por aspectos sociais, econômicos,

culturais, ambientais, comportamentais e biológicos (OMS, 1986). Assim, para promover a

saúde, é necessário ajudar as pessoas que não possuem esses aspectos de forma equânime a

melhorarem sua qualidade de vida, dando a elas as informações necessárias para que isso

aconteça, mas sempre levando em consideração a sua cultura (MAEYAMA et al., 2015).

Em 1988, ocorreu a 2ª Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, na qual

foram reiteradas as cinco linhas de ação para a promoção da saúde definidas na Carta de

Otawa, que são: (1) as políticas públicas saudáveis; (2) a criação de ambientes favoráveis à

saúde; (3) o fortalecimento da ação comunitária; (4) o desenvolvimento de habilidades

pessoais e (5) a reorientação dos serviços de saúde. A partir deste momento, foi destacado que

as “políticas públicas saudáveis” estabelecem o ambiente para que as outras ações possam

acontecer. Sendo assim, o objetivo das políticas públicas saudáveis é fazer com que ambientes

favoráveis à saúde sejam criados para que as pessoas possam viver de maneira mais saudável

(BRASIL, 2002). Também em 1988, surgiu a Constituição Federal Brasileira e, com ela, um

capítulo da Saúde que instaurou o SUS, admitindo a saúde como direito de todos e dever do

Estado (SILVA et al., 2012 p.15).

A partir de 1990, a Promoção da Saúde foi percebida como uma maneira de melhorar

a qualidade de vida, e a comunidade participava ativamente, o que fortaleceu a saúde pública.

Em 1998, o Ministério da Saúde teve sua estrutura reformulada e foram incluídas algumas

atividades de promoção da saúde na recém criada Secretaria de Políticas de Saúde. No ano de

1999 aconteceu um Fórum de Redes de Escolas Promotoras a Saúde, mas apenas no ano

seguinte, foram criadas disciplinas, como exemplo Participação Popular e Promoção da Saúde

para Cursos de Graduação e Pós Graduação as quais começaram a ser ministradas em 2001.

(SILVA et al., 2012 p.17).

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Em 2003, foi criado a Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação e

Saúde (ANEPS), que teve como foco estimular na saúde os movimentos sociais assim como

efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde (SEVERO et al., 2007; REIS et al., 2013).

Já em 2007 foi instituído, pelo decreto nº 6.286, o Programa de Saúde na Escola (PSE)

que se estabelece como uma política que faz ligação com o setor da educação, sendo ela

intersetorial. Esse programa tem como objetivo contribuir para a formação integral dos

estudantes por intermédio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde, com vistas ao

enfrentamento da vulnerabilidade da juventude oriunda da rede pública de ensino. Assim, o

PSE embasa-se na integração entre a educação e a atenção básica em saúde (BRASIL, 2018).

Diante disso, foi possível perceber que para que a educação em saúde se estabelecesse

no país, foi necessário que ela evoluísse em bases conceituais de um modo que as

necessidades da população fossem respeitadas, num processo contínuo que visa a formação

crítica da população, motivando o cidadão a buscar resoluções coletivas para os problemas

vivenciados (BRASIL, 2007).

É possível dividir a educação em saúde em dois tipos: (1) Educação em Saúde

Tradicional e (2) Educação em Saúde Radical.

2.1.1 Educação em saúde

O conceito de saúde sofreu muitas modificações durante o tempo, mas o adotado

atualmente é o da OMS, o qual se refere à saúde como um estado de completo bem-estar

físico, mental e social e não apenas a ausência de doença (OMS, 1946).

Nos anos 80, com a criação da Constituição Federal, a saúde é reconhecida como

direito humano, tornando-se direito de todos e dever do Estado, garantida mediante políticas

sociais e econômicas que visam a redução do risco de doença, de outros agravos e ao acesso

universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (art. 196)

(BRASIL, 1988).

O Sistema Único de Saúde (SUS) criado em 1988, visava garantir a saúde para a

população como decreta a Constituição Federal. Porém, antes do SUS, o sistema de saúde

vigente no Brasil dividia a população em três classes: os que podiam pagar pela assistência à

saúde privada; os que tinham direito à saúde pública por possuírem carteira assinada e serem

segurados pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência (INAMPS); e os que

não possuíam direito algum (PAIM, 2009).

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Assim como a saúde, a educação em saúde também sofreu modificações quanto ao seu

conceito. Para Ferreira (2014) a educação em saúde é um processo de conscientização do

indivíduo e do coletivo, além de ser também um recurso inseparável de outras práticas

desenvolvidas no âmbito do SUS.

2.1.2 Educação em Saúde Tradicional

Conhecida, inicialmente, por Educação Sanitária, surgiu com o intuito de controlar a

epidemia de doenças infectocontagiosas que prejudicavam a economia do país durante a

República Velha (KAWAMOTO, 1995; ANDRADE, 2001).

Esse tipo de educação em saúde ficou conhecido como campanhista, tendo sido criado

na perspectiva da ditadura militar, momento em que os principais métodos de ação eram o uso

da força e da autoridade. Deste modo, a população era forçada a aderir às campanhas

sanitárias realizadas, como por exemplo, a vacinação obrigatória e internações forçadas

(KAWAMOTO, 1995; ANDRADE, 2001).

No modelo tradicional, o profissional da saúde é dito como o dono do conhecimento

técnico científico, e desta maneira, ele é quem dá as ordens e a população obedece sem

questionar (FERREIRA et al., 2016).

Vale enfatizar que, historicamente, há uma predisposição em estruturar as atividades

educativas em saúde com o objetivo de ampliar as informações ligadas aos principais agravos

de saúde à população em geral, mas neste modelo a relação entre os profissionais e a

população ocorre de maneira verticalizada, sendo mostradas nas ações maneiras

comportamentais a serem seguidas, não levando em consideração o saber existente na

comunidade, visto que a população é tida como pobre em informações de saúde

(FIGUEIREDO, 2010).

Uma dificuldade em utilizar este modelo de educação em saúde é pelo fato dele

considerar apenas as questões biológicas e visar à mudança de comportamento da população

que são tidos como inadequados (GUIMARÃES et al., 2016).

2.1.3 Educação em Saúde Radical

É considerado radical porque quebra a ideia das práticas educativas tradicionais como

as palestras e os grupos de patologia, aqueles que objetivam tratar apenas a doença (medicina

curativista), por exemplo, (MACIEL, 2009).

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A educação em saúde radical tem o educador em saúde como facilitador de

descobertas do sujeito a respeito da realidade, ajudando assim no processo de reconstrução da

realidade em conjunto com a comunidade (STOTZ, 1993).

O empoderamento dos indivíduos para a transformação da realidade passa, portanto,

pela possibilidade de participação consciente e ativa. Nessa perspectiva, o profissional pode

estimular os participantes a encontrarem estratégias coletivas para enfrentar os problemas

vividos pela comunidade (SILVA; PELICIONI, 2012).

A população chega a desenvolver um saber popular que consegue ser considerável.

Embora a este saber falte uma sistematização coletiva, nem por isso é destituído de validez e

importância. Não pode, pois, ser confundido com ignorância e desprezado como mera

superstição. Este saber é o ponto de partida, e sua transformação, por meio do apoio ao saber

técnico-científico, pode estabelecer-se num processo educativo sobre o qual se assentará uma

organização eficaz da população, para a defesa dos seus interesses (PINTO, 1987).

No trabalho desenvolvido em grupos, a população pode se beneficiar com trocas de

experiências que acontecem entre os indivíduos, e também com as contribuições dos

profissionais de saúde. Uma vez identificados os problemas que acometem a comunidade, é

possível intervir, de modo que haja promoção de saúde e melhoria da qualidade de vida da

população. (SILVA; PELICIONI, 2012).

É importante que os profissionais possuam um olhar mais sensível, para que assim eles

consigam enxergar os problemas de saúde existentes, como também é importante que tenham

algumas habilidades, como por exemplo, para criação e preparação de dinâmicas para o grupo

e mantê-lo ativo (BRAGA, 2013).

Partindo-se do pressuposto de que as crianças são seres sensibilizadores dos adultos e,

portanto, promotores de atitudes, é possível que a intervenção através de atividades

educacionais voltadas para a educação em saúde da comunidade infantil contribua para a

promoção da saúde da população envolvida (SILVA; PELICIONI, 2012).

Esse é o tipo mais adequado para o desenvolvimento de ações para a educação em

saúde, visto que age trabalhando com a valorização do saber popular, estimula e também

respeita a autonomia do indivíduo na produção do cuidado de sua saúde, além de incentivar a

sua participação no controle social do sistema de saúde do qual ele é usuário (SOUZA et al.,

2005; MACIEL, 2009).

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2.2 Educação Popular em Saúde

A educação popular em saúde começa a se formar como corpo teórico e prática social

ao fim da década de 1950. Paulo Freire foi o precursor na estruturação teórica da educação

popular em saúde. Ela é a junção da participação de agentes como professores e profissionais

da saúde e busca trabalhar, de maneira pedagógica, o homem e os grupos envolvidos na

participação popular, para ampliar sua análise crítica a respeito da realidade. É um método de

construção de participação popular na mudança da vida social (VASCONCELOS, 2012).

A educação popular em saúde questiona o que define a situação do adoecimento e

cuidado a partir das concepções, saberes e representações sociais da população (BONETTI;

PEDROSA; SIQUEIRA, 2011).

Para Paulo Freire, o objetivo da educação popular em saúde não é formar sujeitos

polidos, que bebam água fervida, mas ajudar as classes mais humildes na conquista de sua

autonomia e de seus direitos (SOUZA et al., 2005).

Para tanto, a educação popular em saúde é pontuada no diálogo e na troca de saberes

entre o educando e o educador, em que o saber popular é valorizado e o ponto principal do

movimento popular em saúde está nas discussões a respeito de temáticas vivenciadas pela

população que levem à mobilização social para uma vida melhor (VASCONCELOS, 2009).

Deste modo, segundo Vasconcelos (2012), a educação popular em saúde é uma

maneira comprometida e participativa de fazer a condução do trabalho educativo orientado

pela perspectiva de efetivação de todos os direitos da população.

A institucionalização da educação em saúde tem início no ano de 2003 e, a princípio,

esteve vinculada à Secretaria da Gestão da Educação e do Trabalho. Alguns anos após,

vinculou-se à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP). Em 2009 foi criado na

SGEP o Comitê Nacional de Educação Popular em Saúde, que estava dedicado à formulação

da política (BRASIL, 2013).

A Política Nacional de Educação Popular em Saúde foi regulamentada pela Portaria nº

2.761, de 19 de novembro de 2013. Ela vem reafirmar o compromisso com os princípios do

SUS e sugere uma prática pedagógica para ações de promoção, proteção e recuperação da

saúde. Ela traz ainda como princípios o diálogo, a amorosidade, a problematização, a

construção compartilhada do conhecimento, a emancipação, e o compromisso com a

construção do projeto democrático e popular (BRASIL, 2013).

De acordo com o Decreto nº 7.508, a Política Nacional de Educação Popular em Saúde

potencializa os processos criados para enfrentar os desafios atuais do SUS. Ela é essencial,

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pois suas ações contribuem com a garantia da integralidade, para a incorporação dos modos

populares e tradicionais do cuidado e fortalece a atenção básica (BRASIL, 2013).

2.3 Extensão universitária

A extensão universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o

Ensino e a Pesquisa de forma que viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a

Sociedade (BRASIL, 2001, p. 5).

O Surgimento da extensão universitária se deu na Inglaterra em meados do século

XIX, tendo como foco orientar a sociedade em geral e ofertar a ela educação continuada. Nos

dias correntes, a extensão universitária tornou-se uma ferramenta social na qual as

universidades se apoiam para efetivarem tal compromisso. Além disso, ela veio servir como

base para impulsionar a ligação entre comunidade e universidade, trazendo benefícios e

conhecimentos para ambas (CARBONARI; PEREIRA, 2007).

Porém, vale ressaltar que as ações extensionistas no Brasil surgiram antes de 1911,

com a instituição da primeira Lei Orgânica do Ensino Superior, através do Decreto 8.659, que

deu às universidades autonomia pedagógica e curricular, sendo essas atividades extensionistas

praticadas em sua maioria pelos movimentos sociais (ALMEIDA, 2015).

Em 1931, mais especificamente no dia 11 de abril, foi criado o Decreto Federal nº

19.851, que estabeleceu o Estatuto da Universidade Brasileira. Com isso, definiu-se que as

atividades extensionistas seriam para difundir conhecimentos úteis à vida. Os anos 60 foram

marcados pela mobilização do povo e, desta vez, as atividades de extensão passaram a ter

foco para a realidade social, cultural, política e econômica do Brasil (CARBONARI;

PEREIRA, 2007).

Em 1968, depois de passados quatro anos do período da ditadura militar, foi

estabelecida e aprovada através da Lei nº 5.540 de 28 de novembro, a reforma universitária.

Essa por sua vez, definiu que o ensino superior deve ser marcado por duas principais

características, a indissociabilidade do ensino e da pesquisa, além do reconhecimento da

extensão como instrumento para realizar melhorias nas condições de vida da população em

geral ou de um grupo comunitário em específico (SILVA; AMORIM, 2013).

Já em 1975, com o plano de trabalho desenvolvido pelo MEC, as atividades

extensionistas tornaram-se uma saída para que as universidades atendessem a população e

também se retroalimentassem, ou seja, recebesse e concedesse conhecimento à sociedade.

Durante os anos 80, os movimentos sociais reapareceram e a universidade passou a utilizar a

extensão como subsídio para a execução de atividades que garantissem os direitos humanos.

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Em 1987, foi criado o Fórum Nacional de Pró-reitores de Extensão (PROEXT) das

Universidades Públicas Brasileiras, o qual buscava organizar a extensão e discutir um

conceito preciso para ela (CARBONARI; PEREIRA, 2007).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) e o Plano Nacional

de Extensão (1999-2001) voltam com a discussão a respeito da indissociabilidade do ensino,

da pesquisa e da extensão, de tal modo que as universidades refletissem sobre sua função

social (CARBONARI; PEREIRA, 2007; SILVA; MELO, 2010).

No início dos anos 2000, o Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior

orientou que as atividades de extensão deveriam trazer consigo os valores educativos,

reforçando a ligação entre o ensino e a pesquisa. Desta maneira, a extensão está em uma

busca permanente de sua função. Ela relaciona-se com a união entre a universidade e a

relação da pesquisa e ensino com as questões de cunho social (CARBONARI; PEREIRA,

2007; SILVA; AMORIM, 2013).

Além disso, vale ressaltar que a extensão universitária surgiu por último no que se

refere às três dimensões constitutivas da rede de ensino superior. Talvez em vista disso, ou

por conta de sua natureza de caráter essencialmente interdisciplinar, ou por realizar suas

atividades em grande escala, que vão muito além de aulas teóricas e práticas e está envolvida

na prestação de serviço a um público amplo que possui características difusas e dissimilares, a

extensão universitária não tenha sido compreendida e implantada nas universidades de

maneira satisfatória, nem para a assistência à população, nem para o conhecimento dos

discentes (PAULA, 2013).

Baseado nisto, coloca-se em evidência a curricularização da extensão universitária,

fruto do Plano Nacional de Educação através da estratégia 12,7, que enfoca que 10% do total

de crédito curricular devem ser preenchidos por atividades extensionistas durante a

graduação, sendo essas principalmente voltadas às atividades sociais de relevância

(IMPERATORE et al., 2015).

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Relatar a experiência adquirida, em educação em saúde, a partir da participação em um

projeto de extensão da Universidade Federal de Pernambuco no Centro Acadêmico de Vitória

(UFPE-CAV).

3.2 Objetivos Específicos

Descrever as ações realizadas no projeto de extensão;

Refletir sobre o impacto do projeto no público alvo;

Relacionar o impacto do projeto com a saúde coletiva.

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4 ARTIGO

O presente trabalho está apresentado no formato de artigo, e será submetido à revista

Saúde em Debate (ISSN 2358-2898), cujas normas para submissão de artigos encontram-se

anexo.

Ações de educação em saúde com crianças de escolas públicas: um relato de experiência

Health education actions with children in public schools: na experience report

Bárbara Fernanda de Arruda Ferreira ¹

Simone do Nascimento Fraga ¹

¹Universidade Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico de Vitória; e-mail:

[email protected]; Endereço: Alto São Sebastião, 920, Limoeiro-PE; Contato: (81)

99713-4584

¹ Universidade Federal de Pernambuco – Centro Acadêmico de Vitória; e-

mail:[email protected]

RESUMO

A educação em saúde possui um olhar direcionado à melhoria da qualidade de vida. O

objetivo deste estudo foi relatar a experiência adquirida, em educação em saúde, a partir de

um projeto de extensão. Tratou-se de uma experiência embasada em um estudo descritivo e

observacional, realizado em duas escolas de Vitória de Santo Antão (PE), entre 2014 a 2016,

utilizando as temáticas, higiene, meio ambiente, nutrição e exercício físico. As ações

aplicadas tiveram resultados satisfatórios, sendo possível levar o conhecimento às crianças.

Conclui-se que as atividades extensionistas de educação em saúde com crianças trazem

benefícios, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida, além de aproximar a

universidade da comunidade.

Palavras chave: Educação em saúde; Promoção da saúde; Relações comunidade instituição;

Saúde na escola

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ABSTRACT

Health education has a focus on improving the quality of life. The objective of this

study was to report the experience in health education, based on an extension project. It

was an experience based on a descriptive and observational study, carried out in two

schools in Vitória de Santo Antão (PE), between 2014 and 2016, with the themes of

hygiene, environment, nutrition and physical exercise. The applied actions had

satisfactory results, being able to bring the knowledge to the children. It is concluded

that the extension activities in health education with children bring benefits,

contributing to the improvement of the quality of life, and bringing the university closer

to the community.

Keywords: Health education; Health promotion; Community-institutional relation;

School health services.

INTRODUÇÃO

O que estamos habituados a fazer em relação à saúde é apenas nos preocuparmos

em tratar a doença quando ela já nos acometeu, mas porque não nos preocupamos em

fazer algo pela nossa saúde que evitasse o nosso adoecimento? Para isso existe a

educação em saúde.

Segundo o Ministério da Saúde, educação em saúde é o processo educativo de

edificação de conhecimentos em saúde que visa à apropriação temática pela população,

e não a profissionalização ou a carreira na saúde. Além disto, ela se constitui em um

conjunto de práticas da esfera que coopera para elevar a autonomia dos indivíduos no

seu cuidado e no debate com os gestores e os profissionais, a fim de alcançar uma

atenção à saúde de acordo com suas necessidades (BRASIL, 2009).

As primeiras ações em educação junto à saúde, no Brasil, ocorreram em meados

do século XIX e surgiram com o intuito de mudar o perfil sanitário das famílias da elite

brasileira. Por volta do século XX, o Estado foi, de certa maneira, forçado a elaborar as

primeiras ações no campo da saúde para poder lutar contra as doenças pestilentas que

maltratavam as classes populares e atingiam diretamente a economia do país, pois os

navios mercantes deixaram de fazer escalas no Brasil (SILVA, 2012 p.3-20).

Assim como no século XX, nos dias atuais a educação em saúde continua com o

mesmo propósito, o de melhorar a qualidade de vida da população através da

informação. Mesmo que no princípio essa informação acontecesse de forma em que a

liberdade e os saberes dos indivíduos não fossem considerados, porém a educação em

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saúde atualmente busca promover a saúde da população levando em consideração toda a

sua carga de conhecimento, transformando as pessoas em protagonistas da sua mudança

de hábitos, visando melhora da sua qualidade de vida (FERNANDES; BACKES, 2010).

A educação deve ser uma prática da liberdade do ser humano, na qual os

conhecimentos são compartilhados entre os sujeitos que desvelam a realidade, a

conhecem criticamente e a recriam. Deste modo, a escola é o lugar ideal para se

desenvolver programas da Promoção e Educação em Saúde de amplo alcance e

repercussão, já que exerce uma grande influência sobre seus estudantes nas etapas

formativas mais importantes de suas vidas (GONÇALVES et al., 2008).

A educação em saúde deve levar em consideração as condições socioeconômicas

e a cultura da população, proporcionando, assim, uma troca de conhecimentos, e não

apenas um repasse de informações.

No ano de 2006, foi publicada a Política Nacional de Promoção da Saúde

(PNPS) e foi redefina em 2014 pela Portaria Ministerial nº 2446, que trouxe um

conceito mais amplo para a Política "promover a equidade e a melhoria das condições e

modos de viver, ampliando a potencialidade da saúde individual e coletiva, reduzindo

vulnerabilidades e riscos à saúde decorrentes dos determinantes sociais, econômicos,

políticos, culturais e ambientais”. Com essa redefinição, a PNPS assegura os princípios

e as diretrizes estabelecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (CONASS, 2014).

Também em 2006, a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) foi aprovada

por meio da Portaria nº 648, configurando a atenção básica como um conjunto de ações

à saúde, tanto no cenário individual como no coletivo, abrangendo a promoção e

proteção de agravos. Em 2012, a PNAB é reafirmada pelo Ministério da Saúde, tendo

alguns conceitos atualizados e novos elementos referentes à Atenção Básica na

ordenação de Redes de Atenção são também introduzidos. A promoção da saúde acaba

por consolidar-se na estratégia da saúde da família e reforça os princípios do SUS,

principalmente o da integralidade e o da participação social (HEIDEMANN et al.,

2014).

A promoção da saúde representa uma estratégia esperançosa para enfrentar os

vários problemas de saúde que afetam as populações e seus entornos ao fim deste

século, propondo uma junção de conhecimentos técnicos e populares e a mobilização de

recursos institucionais e comunitários, públicos e não públicos, para sua resolução e

enfrentamento (BUSS, 2000).

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A promoção em saúde, também faz parte do compromisso social das

universidades. Porém, uma das dificuldades dessas instituições é que os resultados e

produtos provenientes das pesquisas raramente chegam com rapidez à população em

massa. Esse é um processo longo que depende dos procedimentos que envolvem editais

de financiamento para a execução da pesquisa, desenvolvimento da pesquisa

(experimental ou não), publicação de resultados e/ou patentes (produtos) gerados.

Assim, a população mais carente tende a enxergar a universidade como uma

instituição cuja função é apenas aquela formadora de novos profissionais para o

mercado de trabalho. Enquanto isso, a população espera muito mais das instituições de

ensino superior. Isso quer dizer que é urgente a atuação da universidade na sociedade,

seja por meio de pesquisa ou de projetos de extensão. Assim, é óbvia a importância de

ações extensionistas, visto que essa é a maneira da universidade dar um retorno rápido,

simples e prático à sociedade.

Levar conhecimento, informações didáticas, lúdicas e com linguagem adequada

à população é capaz de contemplar a sociedade com promoção da educação, da saúde e,

consequentemente, com qualidade de vida. Assim, as ações educativas em saúde passam

a ser definidas como um processo que tem como meta realizar capacitações individuais

ou grupais, que visem para cooperar na melhoria das condições de vida e saúde da

sociedade (KAWAMOTO, 1995), tendo que estimular essa população a realizar uma

reflexão crítica das motivações dos seus problemas,assim como, das ações necessárias

para sua resolução (MACIEL, 2009).

O presente estudo teve como objetivo relatar a experiência adquirida, em

educação em saúde, a partir da participação em um projeto de extensão da Universidade

Federal de Pernambuco no Centro Acadêmico de Vitória (UFPE-CAV).

MATERIAIS E MÉTODOS

Estudo descritivo e observacional baseado em um relato de experiência de um

projeto de extensão, realizado em duas escolas municipais de Vitória de Santo Antão

(PE), ambas de pequeno porte, entre os anos de 2014 a 2016.

O local de estudo foi uma escola na comunidade Maués e a outra na comunidade

Caiçara. O público alvo desse estudo foi crianças de 4 a 7 anos, vinculadas às escolas

das comunidades escolhidas.

O projeto de extensão ao qual se refere este estudo visava ajudar na melhoria dos

hábitos comportamentais das crianças por meio da educação em saúde. Contou com a

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participação de estudantes de diversos cursos de graduação do Centro Acadêmico de

Vitória da Universidade Federal de Pernambuco (CAV-UFPE), tais como Nutrição,

Educação Física, Ciências Biológicas e Saúde Coletiva.

Serão relatadas as principais ações realizadas nas escolas municipais

participantes do estudo, bem como o impacto que elas tiveram sobre o público alvo.

As ações de extensão foram divididas em quatro frentes para que elas fossem

realizadas de acordo com a realidade vivida pelas crianças. As quatro frentes foram: (1)

higiene, (2) meio ambiente, (3) nutrição e (4) exercício físico. Antes que essas ações

acontecessem, foi realizada uma ação de diagnóstico para identificar o conhecimento

das crianças a respeito dos temas que seriam trabalhados mais adiante e, a partir de

então, foi possível também perceber qual a realidade em que elas viviam, para que

assim, as ações referentes às frentes fossem planejadas. Os conteúdos de cada frente

foram trabalhados de forma lúdica, dinâmica e de forma que as crianças

compreendessem os temas trabalhados. Todas as ações foram desenvolvidas com o

auxílio das professoras das escolas participantes.

Avaliações periódicas eram feitas a respeito das ações desenvolvidas. Estas se

davam por meio de diálogos com as professoras, sendo possível fazer ajustes nas ações

para que assim os estudantes interagissem e construíssem seu conhecimento de uma

maneira mais efetiva.

Este projeto contou com a anuência da Secretaria de Saúde de Vitória de Santo

Antão - PE. O projeto está de acordo com a Resolução nº 510 de 7 de abril de 2016 do

Conselho Nacional de Saúde, que trata a respeito da Ética na pesquisa de ciências

humanas e sociais (BRASIL, 2016).

Ação de Diagnóstico

Essa ação foi realizada com todas as turmas do ensino fundamental 1,

totalizando 4 turmas em cada escola. Em um primeiro contato com as crianças,

apresentou-se a proposta do projeto e cada componente do projeto de extensão, tudo

isso para que fosse criado um vínculo com os estudantes e professores das escolas.

O diagnóstico foi feito através de atividades lúdicas, com perguntas e respostas.

Todas as perguntas eram referentes a questões do cotidiano delas, tais como “você lava

as mãos antes de fazer as refeições? Quantas vezes você escova os dentes por dia? É

importante ter uma alimentação saudável?” A partir das respostas, perceberam-se quais

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eram seus hábitos e, a partir deste momento, elaboraram-se as ações de acordo com cada

tema.

Ação sobre Higiene – A Lavagem das mãos

Após o diagnóstico, esta foi a primeira atividade desenvolvida. Para sua

realização, desenvolveu-se uma atividade de adivinhar com os estudantes, na qual um

detergente foi colocado dentro de uma caixa, a qual circulou toda a sala afim de que os

estudantes descobrissem o que havia dentro. Logo que foi descoberto o que havia dentro

da caixa, as crianças foram indagadas para qual a serventia do detergente e, à medida

que elas respondiam mais perguntas eram feitas, até que todas elas pudessem

compreender bem o tema proposto na ação.

Logo em seguida, demonstrou-se aos estudantes como se lava as mãos da

maneira adequada. Na escola da comunidade Caiçara, os estudantes extensionistas

foram divididos em dois grupos, e cada um responsabilizou-se por realizar a ação em

duas salas de aula. Na comunidade de Maués, a ação aconteceu no pátio da escola, com

todas as turmas envolvidas no projeto, e todos os estudantes extensionistas juntos para a

sua realização. Logo após a brincadeira de adivinhação, das perguntas e respostas e da

demonstração de como se devem lavar as mãos, os extensionistas separaram os

estudantes em grupos e cada extensionista levou um grupo para lavar as mãos da

maneira que foi demonstrada.

Ação sobre Higiene Bucal – Jacaré com dor de dente

Também da frente de higiene, essa foi uma das ações que os estudantes mais

interagiram com os extensionistas. Para a realização desta ação, foi produzido um teatro

de fantoches, no qual todos os personagens foram feitos de Espuma Vinílica Acetinada

(EVA). A história: Jacaré com dor de dente é de autoria de Adriana Mendes da Fonseca

e a sala de aula foi organizada em semicírculo para que, deste modo, todos os estudantes

pudessem se envolver e participar mais durante toda a ação (ANEXO A). A perspectiva

dessa ação era mostrar para as crianças qual a importância de ter uma boa higiene bucal

e de escovar os dentes, ao menos três vezes ao dia. Desse modo, tanto na escola de

Caiçara como na de Maués, a ação aconteceu dentro das salas de aula e sempre com o

auxílio das professoras. A ação foi finalizada com uma parte prática, que teve como

intuito o aprendizado, por parte das crianças, da maneira mais adequada para realizar a

escovação.

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Ação sobre Nutrição – Teatro das frutas

Assim como na ação sobre higiene bucal, nesta também foi realizado um teatro,

utilizando frutas como personagens. Utilizou-se também a sala de aula organizada em

semicírculo para a interação dos estudantes. Para isso, foram utilizadas frutas in natura

e a ação tinha como proposta fazer as crianças terem a consciência da importância de ter

uma alimentação saudável. Depois do teatro, as crianças foram questionadas sobre

assuntos que foram abordados na peça. Perguntas do tipo “por que é importante comer

alimentos saudáveis?” e “por que frutas e verduras fazem bem à saúde?” foram

realizadas.

Após os estudantes mostrarem todo seu interesse pela ação e pelo tema

trabalhado, foi sugerido que fizessem uma troca de seus lanches. É importante salientar

que a merenda escolar não foi substituída pelas frutas levadas pelo grupo de extensão,

mas apenas serviu de complemento no dia em questão. Os extensionistas tinham frutas

comuns como laranjas, bananas e abacaxi, e a ideia era que as crianças trocassem seus

lanches pelas frutas.

Ação sobre Meio Ambiente - Prevenção dos agravos gerados pelo mosquito Aedes

aegypti

Esta ação aconteceu no mês de abril de 2015, período em que houve o surto de

dengue, zika e chikungunya (arboviroses) no estado de Pernambuco e, por esse motivo,

ela foi uma das ações de maior importância dentro do projeto de extensão, pois os

estudantes puderam colocar em prática, imediatamente, tudo que aprenderam na ação.

Para que as crianças pudessem ter a noção de qual é a situação de um indivíduo

acometido pelas arboviroses, foi utilizado um boneco de EVA produzido pelo grupo de

extensão. Durante uma conversa com as crianças, e com o auxílio das professoras, fora,

mostrados os principais sintomas desses três agravos à saúde. Além disso, também

mostrou-se às crianças a importância de manter o ambiente limpo e livre de qualquer

objeto que possa acumular água parada que cause a proliferação do mosquito

transmissor da dengue, zika e chikungunya, como por exemplo, reservatórios de água

destampados; garrafas com o gargalo para cima e sem tampa; pneus acondicionados de

maneira imprópria.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Durante todas as atividades educativas realizadas nas escolas, notou-se tanto o

envolvimento dos os estudantes do fundamental I, como também dos professores.

Percebeu-seque as crianças já possuíam uma carga de conhecimento a respeito dos

temas trabalhados, porém, sobre o que elas relataram possuir maior conhecimento, foi o

que tratou sobre a dengue, zika e chikungunya.

O conhecimento prévio das crianças a respeito das questões trabalhadas fez com

que a participação delas tenha acontecido de maneira mais eficiente, havendo, deste

modo, uma melhor compreensão do conteúdo abordado. Como consequência, a

multiplicação das informações entre o público alvo é capaz de aumentar, de certo modo,

o conhecimento dele sobre a temática.

Dentro desse contexto, identificou-se que, além dos estudantes, os professores

exerciam um importante e essencial papel na educação em saúde, pois eles atuaram

como mediadores, na transmissão de conhecimento ao público alvo. Sendo assim,

entende-se que, não apenas as ações eram responsáveis pela transmissão do

conhecimento, mas que essas precisavam ser trabalhadas de maneira conjunta e

contínua.

A ação que tratou sobre lavagem das mãos ocorreu de maneira distinta, mesmo

utilizando-se apenas uma metodologia. Isto ocorreu devido à estrutura das escolas, visto

que uma delas não possuía abastecimento de água da rede pública, o que levou a equipe

a desenvolver a ação dentro da sala de aula, tendo como material de apoio bacias e

copos.

Diante do exposto, o fornecimento apropriado de água, no que se refere à

qualidade e quantidade, é primordial para que haja um desenvolvimento

socioeconômico local, fazendo com que isso reflita diretamente nas condições de bem

estar e saúde da comunidade, o que vem preocupando os gestores públicos, visto que, a

água e suas condições estão associadas a diversas enfermidades, tais como doenças

infecto-parasitárias, arboviroses, entre outras (RAZZOLINI; GUNTHER, 2008).

Na primeira escola, através de relatos verbais, os estudantes referiram conhecer a

importância da higienização das mãos, porém, grande parte deles relatou que não fazia a

lavagem das mãos como rotina diária. Na segunda escola, as crianças também

demonstraram saber da importância das lavagens das mãos, contudo, diferente das

crianças da primeira escola, muitas delas sabiam higienizar corretamente as mãos, o que

facilitou a execução da ação desenvolvida.

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A correta lavagem das mãos tem sido um importante fator na prevenção e

controle de infecções. A literatura relata que nos ambientes escolares, ela vem

reduzindo o número do absenteísmo das crianças na escola, justificado pela redução na

taxa de doenças contagiosas (BRASIL, 2009; LUBY et al., 2011; VINDIGNI; RILEY;

JHUNG, 2011; LAU et al., 2012).

Vale ressaltar que o Brasil foi considerado pela Global Hygiene Council o país

que mais se importa com a higiene pessoal e, consequentemente, é um dos países com

menor índice de infecções por contaminação. Neste contexto, a lavagem correta das

mãos é fundamental para a manutenção e redução destas taxas (LOPES, 2012).

Com base na importância da higiene para a saúde da criança, o Ministério da

Educação e Desporto relata algumas atitudes que colaboram na prevenção de doenças,

entre elas se encontra a lavagem das mãos, que deve ser aplicada pelas crianças

principalmente antes e depois da alimentação e de utilizar o banheiro (SOUZA, 2016).

A ação de higiene bucal realizou-se de forma lúdica, assim como as demais.

Porém, esta foi a que mais atraiu a atenção do público alvo, talvez pelo recurso

utilizado, o fantoche, algo infantil que chamou a atenção das crianças, fazendo com que,

de maneira descontraída, a transmissão de conhecimento fosse realizada.

Durante a ação, as crianças tiveram dificuldade ao realizar a escovação, porém

algumas delas entendiam a maneira correta da higienização bucal, enquanto outras

relatavam não compreenderem o que lhes foi ensinado. Desta maneira, a ação de saúde

bucal precisou ser mais explorada, visando que todas as crianças assimilassem a função

e a importância do ato de escovação, para que, desta forma, os resultados obtidos

fossem satisfatórios, incentivando essas crianças a estabelecerem e manterem a rotina

no seu dia a dia.

A literatura anuncia que a ação lúdica sobre escovação em ambiente escolar é

eficaz. Nesse mesmo foco lúdico, um estudo realizado no ambiente escolar

pernambucano mostrou também que houve mudança na qualidade da escovação entre as

crianças, no qual a taxa de escovação inadequada reduziu de 20,7% para 4,1% e a taxa

de escovação regular de 62,1% para 49,7%. Além disso, ocorreu um aumento

significativo no índice de escovação eficaz, que era de 8,9%, e aumentou para 32%

(SIGAUD et al., 2016).

A ação que tratou sobre nutrição ocorreu de maneira diferenciada. Os

extensionistas sugeriram às crianças uma troca de lanches não saudáveis por frutas, o

que aconteceu ao fim da ação do teatro das frutas, que foi o momento em que foi

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mostrado às crianças a importância de se manter uma alimentação saudável, e quais os

benefícios que ela traz.

Assim que a proposta da troca dos lanches foi anunciada, as crianças das duas

escolas, sem hesitar, trocaram os seus lanches pelas frutas, o que configura que essas

crianças, se estimuladas, estariam dispostas a adotarem uma alimentação mais saudável

em seu cotidiano.

Acredita-se que essa troca tenha ocorrido por alguns fatores, tais como: (1) que

elas compreenderam de fato qual a importância de uma alimentação saudável; (2) pelo

incentivo que foi dado às crianças pelas professoras, e (3) por ser, de certa forma, um

desafio para elas saírem do seu habitual, pois muitas delas relataram que não tinham o

costume de consumir frutas e verduras no seu dia a dia.

Nos primeiros anos de vida, uma nutrição adequada é crucial para o crescimento

e desenvolvimento saudável, e uma alimentação inadequada pode acarretar em

deficiências nutritivas ou excesso de nutrientes indesejados, pois, nessa idade, há uma

imaturidade fisiológica e imunológica (CARVALHO et al., 2015).

Carências nutricionais acarretam doenças que elevam as chances das crianças

apresentarem diarreia e infecções, podendo comprometer o desenvolvimento de

sistemas importantes do corpo, como o sistema nervoso, podendo levar a complicações

intelectual, visual ou mental (CARVALHO et al., 2015).

Sendo assim, a alimentação das crianças em fase escolar precisa ser na

quantidade e qualidade adequadas para seu desenvolvimento, além do fato da

alimentação saudável refletir não apenas durante a infância, mas ao longo vida adulta

(CARVALHO et al., 2015).

A ação a respeito da prevenção dos agravos gerados pelo mosquito Aedes

aegypti foi dividida em dois momentos, teórico e prático. No teórico foi abordado

conceitos, riscos, profilaxia e tratamento, já o momento prático, foi um momento lúdico,

trabalhado a partir dos principais sinais e sintomas dos três agravos trabalhados (dengue

zika e chikungunya).

Após a realização da ação, as crianças relataram que alguns de seus familiares

tinham sido acometidos por algum desses agravos. Os extensionistas escutaram

atentamente cada um dos relatos das crianças e, ao final, foi reforçada a importância da

prevenção desses agravos, dando exemplos práticos sobre como prevenir a proliferação

do mosquito, e de como proceder quando algum sinal ou sintoma for identificado,

fazendo com que, de maneira bem descontraída, as crianças sejam incentivadas a

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colocarem em prática, em suas casas, as maneiras de se prevenir da dengue, zika ou

chikungunya.

A prevenção atual das arboviroses está associada ao combate dos vetores

(mosquitos) intra e extradomiciliares, bem como à eliminação dos possíveis criadouros

(água parada). Por tudo isso, as crianças precisam ser orientadas e incentivadas, para

que, dessa maneira, elas possam identificar e descartar as fontes de criação e reprodução

dos vetores e, assim, contribuírem para a prevenção das arboviroses (MANIEIRO et al.,

2016; SOARES et al., 2017).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As atividades extensionistas são de grande relevância para a saúde coletiva, pois

através delas podem ser levado a grupos populacionais conhecimento de informações

importantes para a sua vida, como por exemplo, para a sua saúde, como foi o caso desse

estudo.

Na idade escolar, as crianças estão em fase de construção de conhecimentos,

sendo esses primordiais para sua vida. Neste momento a escola é facilitadora para tal.

Nesta fase, a incorporação de hábitos adequados no dia a dia permitirá que, na idade

adulta, esses indivíduos sejam mais conscientes e escolheram promover a saúde, e não

apenas a tratar.

Desta forma, conclui-se que as atividades extensionistas de educação em saúde

com crianças trazem benefícios, visto que o acesso à informação poderá melhorar a

qualidade de vida e promover a saúde.

Ademais, a participação e a realização de atividades de extensão é capaz de

oferecer uma formação crítica diante dos problemas sociais, aproximar a relação entre a

universidade e a sociedade e, de certo modo, proporcionar a divulgação dos

conhecimentos adquiridos dentro dos muros da universidade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. O SUS no seu município: garantindo saúde para todos. Ministério da

Saúde, Secretaria-Executiva, Departamento de Apoio à Descentralização. 2. ed.,

Brasília, p. 46, 2009.

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BRASIL. Resolução nº 510, de 07 de Abril de 2016. Disponível em:

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ANEXOS

ANEXO A – ANUÊNCIA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE ESCOLA

DE CAIÇARA

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ANEXO B – ANUÊNCIA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE ESCOLA

DE MAUÉS

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ANEXO C- HISTÓRIA JACARÉ COM DOR DE DENTE

Jacaré com dor de Dente???

Joca era um jacaré que se achava muito esperto.

Mas, desconfio que Joca não era tão esperto assim.

Certo dia, Joca acordou com uma terrível dor de dente.

Jacaré com dor de dente?

É pra você ver, até jacaré tem dor de dente.

A dor era terrível. Joca rolava pra lá e pra cá.

Se tentava comer:

_ aiaiaiaiaiaiaiai!

_ Dói demais

Se tenta beber:

_ uiuiuiuiuiuiuiui!

_ Como dói.

Joca estava desesperado, não sabia mais o que fazer, e até começou a chorar.

Jacaré também chora?

É pra você ver, até jacaré chora quando sente muita dor.

Foi aí que eu apareci.

Eu, o Dente!

Mas dente fala?

É pra você ver, o que a gente não faz para ajudar um amigo.

Mas voltando para a história, pulei da boca do Joca e lhe dei um sermão:

_Tá com dor de dente?

_Bem feito!

Joca me olhou com uma cara de: “Não estou entendendo nada!”

_ Você é o meu dente? Pergunta Joca.

Então, respondi

_ Sim! Sou seu dente e vim aqui fazer uma reclamação!

_ Você não cuida da gente!

Joca fez uma cara de sem graça, aquela que a gente faz quando fez algo de errado.

_ Mas, o que eu fiz pra merecer... aiaiaiaiauiuiuiui.... essa doooooooor. Disse Joca

gemendo de dor.

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Eu disse:

_ Joca, você não está cuidando dos seus dentes!

_ Não entendi! Disse Joca perplexo.

_ Eu como um montão de coisas.

Então, respondi:

_ Sim, e nós ajudamos. Cortando, rasgando e amassando toda essa comida, mas o que

eu quero dizer é que você só come, come, come...!

_ E NÃO CUIDA DE NÓS!

Eu disse, gritando.

Dente também fica bravo?

É pra você ver. Até dente fica bravo às vezes,

mas voltando para a história...

Eu disse:

_ Sabe quem anda passeando nos seus dentes?

_Bactérias, tártaro, cáries!

A galera do mal que lentamente vão abrindo buraquinhos e estragando seus dentes.

Joca estava uma fera e gritou:

_ CADÊ ELES, CADÊ ELES? Me diz que eu pego todos eles. Sou muito esperto e vou

acabar com essa galera do mal!

_ Bom! _Eu falei

_Você não tem nada de esperto Joca. Está deixando esses vilões acabarem com a gente!

_ Sabe Joca, esses inimigos dos dentes não são grandalhões.

_ NÃÃÃÃÃO??? Disse Joca surpreso.

Eu continuei...

_ São pequeniniiiiiiiiinhos, microscópios!

_ Não dá pra gente ver, mas estão lá, roendo os dentes sem parar!

_ Mas o que eu posso fazer para acabar com esses monstros? Ops! Monstrinhos?

Perguntou Joca suplicando.

Respondi:

_ É fácil, Joca! É só chamar a galera do bem. Os super amigos dos dentes!

E dente tem super amigo?

É pra você ver.

Até dentes tem super amigos, mas voltando para a história...

_ Essa turma é imbatível!

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_ Ah, é? E quem são eles? Me conta, me conta! Disse Joca muito curioso.

Esclareci:

_ O primeiro é o Dentista!

_ Vou te contar, esse é ô cara!

Ele cuida, trata, limpa e mantém os dentes sempre saudáveis e te dá dicas legais para

cuidar dos dentes e adora receber sua visita. Mas às vezes a gente esquece-se de ir com

frequência. O ideal e visitá-lo de seis em seis meses!

_ Mas onde encontro um desses? Indagou Joca.

_ Ah! É fácil! Eu te indico um ótimo, tem também garotas dentistas, são tão lindas!...

Quer dizer...

cuidadosas!

Continuei:

_ Mas, tem mais amigos do bem!

_ Tem o trio imbatível!

Eu acho que até que são os três mosqueteiros, tipo...

Um por todos!

E todos por Um!

Que dá um chega pra lá na galera do mal!

_ É? E quem são eles? Perguntou o curioso Joca.

_ Dona Escova, Seu Pasta de Dente e o Seu Fio Dental!

Nunca se separam, gostam de trabalhar em equipe.

Todos os dias, após as refeições eles entram em ação!

Continuei:

_ Dona Escova e Seu Pasta se juntam e limpam toda a sujeira que encontram no

caminho, deixando os dentes limpos, brilhantes e com um cheirinho... booomm!

_ Mas e o Seu Fio? Indagou Joca.

_ Ah! Ele completa o serviço, limpando nos lugares mais difíceis, entre os dentes, onde

Dona Escova e Seu Pasta não conseguem entrar.

_ É Jacaré, com os Três Mosqueteiros e seu amigo Dentista (ou amiga), não há galera

do mal que resista. Seus dentes vão ficar incríveis, ou seja, eu vou ficar liiiiiiiindo!

Finalizei.

_ Puxa! Gostei das dicas! Disse Joca

Então, me despedi:

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_ É isso aí, já vou indo! Se cuida jacaré!

E Joca me interrompeu:

_ Opa! Espere aí! Você disse que ia me indicar um Dentista!

_ Claro!

(mostra o cartão do dentista)

_ Alô! Por favor, aqui é o Joca, o jacaré, quero marcar uma consulta!

Mas, jacaré vai ao dentista?

É pra você ver, até jacaré vai ao dentista.

E você??

Autora: Adriana Mendes da Fonseca

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ANEXO D – NORMAS DA REVISTA

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