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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS DE BENTONITA CONTENDO FILTROS-SOLARES Katyane Rodrigues Recife 2013 KATYANE RODRIGUES

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ......Dissertação apresentada à Universidade Federal de Pernambuco, como parte das Exigências do Programa de Pós Graduação em Ciências

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS DE

BENTONITA CONTENDO FILTROS-SOLARES

Katyane Rodrigues

Recife

2013

KATYANE RODRIGUES

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DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS DE

BENTONITA CONTENDO FILTROS-SOLARES

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em

Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal de Pernambuco,

como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em

Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profª. Drª. Nereide Stela Santos Magalhães

Coorientadora: Profª. Drª. Camila Braga Dornelas

Recife

2013

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R696d Rodrigues, Katyane.

Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de Bentonita contendo filtros-solares / Katiane Rodrigues. – Recife: O autor, 2013. 104 f.: il.; tab.; 30 cm.

Orientadora: Nereide Stela Santos Magalhães.

Tese (doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco, CCS.

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, 2013. Inclui referências e anexos.

1. Protetores solares. 2. Bentonita. 3. Fator de proteção solar. Magalhães, Nereide Stela Santos (Orientadora). II. Título.

615.3 CDD (23.ed.) UFPE (CCS2013-144)

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KATYANE RODRIGUES

DESENVOLVIMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE NANOCOMPÓSITOS DE

BENTONITA CONTENDO FILTROS-SOLARES

Dissertação apresentada à Universidade Federal

de Pernambuco, como parte das Exigências do Programa de Pós Graduação

em Ciências Farmacêuticas, para a obtenção do

título de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

APROVADA: 26 de Fevereiro de 2013.

___________________________________________________

Profª Drª Nereide Stela Santos Magalhães

Orientadora/Preseidente

____________________________________________________

Profª Drª Camila Braga Dornelas Co-Orientadora

____________________________________________________

Profª Drª Daniele Cristine A S Santana Examinador

___________________________________________________

Profª Dr. Alejandro Pedro Ayala

Examinador

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

REITOR

Prof. Dr. Anísio Brasileiro de Freitas Dourado

VICE-REITOR

Prof. Dr. Sívio Romero Marques

PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Francisco de Sousa Ramos

DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Prof. Nicodemos Teles de Pontes Filho

VICE-DIRETOR DO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

Profª. Vânia Pinheiro Ramos

COORDENADOR (A) DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

Profª. Drª. Nereide Stela Santos Magalhães

VICE-COORDENADORA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

Profª. Drª. Ana Cristina Lima Leite

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Dedico este trabalho a minha mãe Vera, minha vó Lita e

ao meu noivo Adeilson Junior que me deram todo o

suporte para que eu pudesse terminar essa dissertação; e

a Deus por todas as maravilhas em minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Aprendi que pesquisa é algo difícil, porém surpreendente. Mais o importante foi

aprender que o esforço valeu a pena; e por isso, serei sempre um aprendiz.

Eis que chegou o momento de expressar meus sinceros agradecimentos a todos que foram

importantes, contribuindo direta ou indiretamente não só com o desenvolvimento deste

trabalho, mas para o meu crescimento pessoal e profissional.

Agradeço a Deus por todas as bênçãos derramadas em minha vida, pela saúde e por me

permitir realizar mais este sonho. Obrigada por todas as pessoas especiais que o Senhor colocou

em meu caminho e que me fizeram crescer e alcançar os meus objetivos.

Á minha mãe Vera Rodrigues por dispor de tudo que possuo para ser o que sou hoje e por

dedicar os vossos ouvidos para escutar as minhas lamentações, os meus anseios, as minhas

dúvidas. Você é essencial na minha vida!

Ao meu namorado Adeilson Junior, por sempre tentar entender minhas dificuldades e minhas

ausências, procurando se aproximar de mim através da própria dissertação, por ele

cuidadosamente lida e às vezes digitada. Te amo!

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A todos os meus familiares principalmente a minha avó Lita, minha Tia Vanda e minha prima

Kássia que sempre me falaram palavras certas, gestos carinhosos e muito orgulho da neta,

sobrinha e prima!

À Profa. Dra. Nereide Stela Santos Magalhães, por ter aceitado a orientação da minha

dissertação, pelo seu profissionalismo exemplar e por ter me orientado com grande estima.

Muito obrigada pela oportunidade!

À Profa. Dra. Camila Braga Dornelas, pela C0orientação e pela disponibilidade de me ajudar

durante o desenvolvimento do projeto e receptividade.

Aos meus amigos de longa data Aline, Tia Meire, Luana, Tio Airon, por toda consideração,

carinho e amizade, que mesmo estando longe, sempre torceram com todo afeto e energias

positivas por mim. Vocês são minha segunda família!

Aos meus amigos Luithgard e Amanda Karine, e a minha irmã Polly pelo incentivo, apoio,

amizade, companheirismo e por estarem sempre ao meu lado, mesmo nos momentos em que

a distância geográfica nos separa. Amigos valeu por tudo! Amo vocês.

As pessoas especiais que conheci durante o meu mestrado, que tanta paciência tiveram em me

ouvir, principalmente nos momentos longe da família, e que com certeza posso chamar de

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amigos: Sarah, Miguel, Ana Lígia, Larissa Morgana, Larissa Chaves e Laércio. Amigos,

obrigado por tudo de coração!

Ao pessoal do grupo SLC, Rebecca, Thiers, Camila, Isabella, Ada, Milena, Fábio, Rafaela, e

todos os ICs e estagiários pela convivência e companheirismo, e por me ajudarem direta ou

indiretamente na execução deste trabalho, o meu eterno agradecimento.

À Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE), e a

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo apoio financeiro

na realização dessa pesquisa.

Aos professores doutores Alejandro Pedro Ayala (UFC) e Mário Valério (UFS), pela

imensa contribuição para a caracterização dos sistemas desenvolvidos, e investigação do FPS,

respectivamente.

Aos funcionários do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), representados

por Gian Carlos, da Universidade Federal de Pernambuco pela colaboração e contribuição nas

análises das amostras.

Aos funcionários do Laboratório de Imunopatologia Keizo-Asami (LIKA) em geral. A todos

aqueles que colaboraram direta ou indiretamente para realização deste trabalho meus sinceros

agradecimentos.

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RESUMO

A radiação UV compreende uma região do espectro eletromagnético e é classificada conforme o comprimento de onda em: UVC (100-290 nm), UVB (290-320 nm) e UVA, UVA2 (320-340 nm) e UVA1 (340-400nm). Apesar de serem responsáveis pela maioria dos efeitos benéficos, também o são pelos efeitos prejudiciais e, mesmo tendo o organismo humano desenvolvido mecanismos de defesa, estes não são suficientes, por isso o uso de preparações fotoprotetoras tornou-se essencial. A associação de filtros solares, apesar de ser uma forma usual para aumentar os valores do fator de proteção solar (FPS) destas preparações, ocasiona uma série de problemas, como irritação, reações fototóxicas e alérgicas. Em vista disso, o objetivo desse estudo foi o uso de bentonitas como filtro físico para associação a filtros químicos UVA - avobenzona (AVO), UVB - metoxicinamato de etilexila (EHMC) ou de amplo espectro - oxibenzona (OXI). A escolha da bentonita justifica-se, além de ser um recurso natural, por sua estrutura lamelar, podendo gerar compostos de intercalação, o que pode proteger o filtro químico do sol, prolongando sua ação, e a pele do filtro solar. Foram produzidos, então, via solução, sistemas de cada filtro químico supracitado com bentonita sodica (SB) ou organofílica (OB), em diferentes proporções, obtidos por centrifugação [C] ou evaporação rotativa [R]. O rendimento dos produtos foi calculado indiretamente por espectrofotometria do sobrenadante dos centrifugados, de forma que foram escolhidas as proporções de maior rendimento de cada sistema, [C] e [R], para serem caracterizados. Os melhores sistemas com os respectivos rendimentos foram os seguintes: AVO-SB 3:1 (63 ± 1%); AVO-OB 2:1 (51 ± 1%); EHMC-SB 0,5:1 (79 ± 1%); EHMC-OB 0,5:1 (82 ± 1%); OXI-SB 1:1 (59 ± 2%); OXI-OB 1:1 (58 ± 1%). Os produtos foram caracterizados por difração de raios X (DRX), análise termogravimétrica (TG), calorimetria exploratória diferencial (DSC), espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) e microscopia eletrônica de transmissão (MET), os quais, de forma geral, confirmaram a formação dos compostos de intercalação. Para análise dos valores de FPS in vitro, todos os filtros foram incorporados em uma emulsão-base a 2,5%, em sua forma pura ou intercalada em bentonita. As preparações mostraram-se estáveis pelo teste de estabilidade preliminar e com valores de pH em conformidade com a via tópica. Os dados de transmitância revelaram um aumento significativo do FPS em todos os compostos de intercalação de AVO, se comparado ao filtro puro (0,7 ± 0,5), destacando-se o sistema AVO-OB [C] (17 ± 2); com o EHMC, mais uma vez o sistema com OB [C] se destacou (17 ± 1 versus 8 ± 1 para o EHMC puro), tendo sido o único, nesse caso, a ter um aumento significativo; os resultados dos compostos de intercalação contendo OXI não mostraram diferença nos valores de FPS, provavelmente porque o FPS da OXI pura já é bem alto (19 ± 3), pelo contrário, o sistema OXI-SB [C] reduziu o FPS (12 ± 0,5). Os resultados mostraram a viabilidade da formação de compostos de intercalação filtros solares – bentonita e da utilização, em especial, da OB em formulações fotoprotetoras.

Palavras-chave: Protetores solares. Bentonita. Fator de proteção solar.

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ABSTRACT

UV radiation comprises a region of the electromagnetic spectrum and is classified as wavelength: UVC (100-290 nm), UVB (290-320 nm) and UVA UVA2 (320-340 nm) and UVA1 (340-400 nm). Despite being responsible for the most beneficial effects, so are the harmful effects and even having the human organism developed defense mechanisms, these are not enough, so the use of sunscreen preparations became essential. The combination of sunscreens, despite being a usual way to increase the values of the sun protection factor (SPF) of these preparations, causes a number of problems, such as irritation, allergic and phototoxic reactions. In view of this, the objective of this study was the use of bentonite as a physical filter for joining chemical filters UVA - avobenzone (AVO), UVB - methoxycinnamate etilexila (EHMC) or broad-spectrum - oxybenzone (OXI). The choice of bentonite is justified, besides being a natural resource for its lamellar structure, which can generate intercalation compounds, which can protect the chemical filter the sun, prolonging its action, and the skin of sunscreen. Produced were then via solution, each filter chemical systems above with sodium bentonite (SB) or organophilic (OB), in different proportions, obtained by centrifugation [C] or rotary evaporation [R]. The yield of the products was calculated indirectly by spectrophotometry of the supernatant centrifuged, were chosen so that the proportions of each system higher yield, [C] and [R], to be characterized. The best systems with their yields were as follows: AVO-SB 3:1 (63 ± 1%); AVO-OB 2:1 (51 ±2%); EHMCSB 0.5:1 (79 ± 1%); EHMC-OB 0.5:1 (82 ± 1%); OXI-SB 1:1 (59 ± 2%); OXI-OB 1:1 (58± 1%). The products were characterized by X-ray diffraction (XRD), thermogravimetric analysis (TG), differential scanning calorimetry (DSC), infrared spectroscopy Fourier transform (FTIR) and transmission electron microscopy (TEM), which so Generally, confirmed the formation of intercalation compounds. For analysis of in vitro SPF values, all filters were incorporated into an emulsion base 2.5% in pure form or interleaved bentonite. The preparations were stable for preliminary stability test with pH values in accordance with topically. The transmittance data revealed a significant increase in FPS in all intercalation compounds of AVO, compared to pure filter (0.7 ± 0.5), highlighting the AVO-OB system [C] (17 ± 2); with EHMC, again with the system B [C] is highlighted (17 ± 1 versus 8 ± 1 for pure EHMC), being the only, in which case , to have a significant increase, the results of intercalation compounds containing OXI showed no difference in SPF values, probably because the SPF of pure OXI is already quite high (19 ± 3), in contrast, the system OXY -SB [C] reduced the FPS (12 ± 0.5). The results show the feasibility of the formation of intercalation compounds sunscreens - bentonite and use, especially in formulations of OB sunscreens.

Keywords: Sunscreen. Bentonite. Photoprotection.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Esquema de subdivisão do Espectro de radiação solar. 23

Figura 2 – Representação de diferentes comprimentos de onda dos raios UV e a respectiva

penetração na pele humana. 25

Figura 3 – Representação esquemática das camadas da pele. 26

Figura 4 - Esquema representativo do desenvolvimento das reações fotoquímicas. 28

Figura 5 – Estrutura química da Avobenzona (AVO). 31

Figura 6 – Estrutura química do Metoxicinamato de Etilexila (EHMC). 32

Figura 7 – Estrutura química da Oxibenzona (OXI). 34

Figura 8 – Representação esquemática das bentonitas. 37

Figura 9 – Esquema de troca catiônica em argilas. 38

Figura 10 – Representação esquemática dos tipos de nanocompósito lamelar. 41

Figura 11 - Difratogramas de raios X das Bentonita sódica (a) e Bentonita organofílica (b). 49

Figura 12 – Fotomicrografias das Bentonita sódica (a) e bentonita organofílica (b).

50

Figura 13 – Espectro de FTIR da Bentonita sódica (a) e Bentonita organofílica (b). 51

Figura 14 – Termogramas de DSC da Bentonita sódica (a) e Bentonita organofílica (b). 52

Figura 15 – Curvas Termogravimétricas da Bentonita sódica (a) e Bentonita organofílica (b).

52

Figura 16 – Difratogramas de raios X de AVO/SB centrifugação (a); AVO/SB evaporação

rotativa (b). 55

Figura 17 – Difratogramas de raios X de AVO/OB centrifugação (a); AVO/OB evaporação

rotativa (b). 56

Figura 18 – Fotomicrografia de nanocompósito de AVO/OB. 57

Figura 19 – Representação gráfica do Espectro de FTIR do filtro Avobenzona. 58

Figura 20 – Espectro de FTIR dos nanocompósitos de AVO/SB centrifugação (a) e de AVO/SB

evaporação rotativa (b). 59

Figura 21 – Espectro de FTIR dos nanocompósitos de AVO/OB centrifugação (a) e de AVO/OB

evaporação rotativa (b). 60

Figura 22 – Representação gráfica do Termograma de DSC da Avobenzona. 61

Figura 23 – Representação gráfica dos termogramas de DSC da AVO (a); bentonita sódica (b);

AVO/SB centrífuga (c); AVO/SB evaporação rotativa (d). 62

Figura 24 – Representação gráfica dos termogramas de DSC de AVO (a), bentonita organofílica

(b), AVO/OB centrífuga (c) e AVO/OB evaporação rotativa (d).

63

Figura 25 – Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de AVO (a); bentonita sódica

(b); AVO/SB centrífuga (c); AVO/SB evaporação rotativa (d). 64

Figura 26 – Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de AVO (a); bentonita

organofílica (b); AVO/OB centrífuga (c); AVO/OB evaporação rotativa (d). 65

Figura 27 – Diferentes imagens do Metoxicinamato de etilexila: (a) EHMC na forma pura

(óleo); (b) EHMC/SB centrifugação; (c) EHMC/OB centrifugação; (d)

EHMC/SB evaporação rotativa; (e) EHMC/OB evaporação rotativa.

66

Figura 28 – Difratogramas de raios X: EHMC/SB centrífuga (a) e EHMC/SB evaporação 68 rotativa (b).

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Figura 29 – Difratogramas de raios X: EHMC/OB centrífuga (a) e EHMC/OB evaporação rotativa (b).

Figura 30 – Fotomicrografia das lamelas do nanocompósito EHMC/OB.

Figura 31 – Representação gráfica do espectro de FTIR do filtro EHMC.

Figura 32 – Espectro de FTIR dos nanocompósitos de EHMC/SB centrifugação (a) e EHMC/SB evaporação rotativa (b).

Figura 33 – Espectro de FTIR dos nanocompósitos de EHMC/OB centrifugação (a) e EHMC/OB evaporação rotativa (b).

Figura 34 – Representação gráfica do termograma de DSC do filtro EHMC.

Figura 35 – Representação gráfica dos termogramas de DSC de EHMC (a); bentonita sódica (b);

EHMC/SB centrífuga (c); EHMC/SB evaporação rotativa (d).

Figura 36- Representação gráfica dos termogramas de DSC de EHMC (a), bentonita organofílica (b), EHMC/OB centrífuga (c) e EHMC/OB evaporação rotativa (d).

Figura 37 – Representação gráfica das curvas Termogravimétricas do EHMC (a); bentonita sódica (b); EHMC/SB centrífuga (c); EHMC/SB evaporação rotativa (d).

Figura 38 – Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de EHMC (a), bentonita organofílica (b), EHMC/OB centrífuga (c) e EHMC/OB evaporação rotativa (d).

Figura 39 – Difratogramas de raios X, (a) OXI/SB centrifugação e (b) OXI/SB evaporação rotativa.

Figura 40 – Difratogramas de raios X da OXI/OB centrifugação e OXI/OB evaporação rotativa.

Figura 41 – Fotomicrografias das lamelas do nanocompósito OXI/OB centrifugação.

Figura 42 – Representação gráfica do Espectro de FTIR do filtro Oxibenzona.

Figura 43 – Espectro de FTIR dos nanocompósitos de OXI/SB centrifugação (a) e OXI/SB

evaporação rotativa (b).

Figura 44 – Espectro de FTIR dos nanocompósitos de OXI/OB centrifugação (a) e OXI/OB evaporação rotativa (b).

Figura 45 – Representação gráfica do termograma de DSC da Oxibenzona.

Figura 46 - Representação gráfica dos termogramas de DSC de OXI (a); bentonita sódica (b);

OXI/SB centrifugação (c); OXI/SB evaporação rotativa (d).

Figura 47 - Representação gráfica dos termogramas de DSC de OXI (a); bentonita sódica (b);

OXI/SB centrifugação (c); OXI/SB evaporação rotativa (d).

Figura 48 - Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de OXI (a); bentonita sódica

(b); OXI/SB centrifugação (c); OXI/SB evaporação rotativa (d).

Figura 49 - Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de OXI (a), bentonita

organofílica (b), OXI/OB centrifugação (c) e OXI/OB evaporação rotativa (d).

Figura 50 - Resultados do Fator de Proteção Solar in vitro para os diferentes nanocompósitos

formados pela AVO (p<0.05; n=4).

Figura 51 - Resultados do Fator de Proteção Solar in vitro para os diferentes nanocompósitos

formados pelo EHMC (p<0.05; n=4).

Figura 52 - Resultados do Fator de Proteção Solar in vitro para os diferentes nanocompósitos

formados pela OXI (p<0.05; n=4).

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Materiais constituintes da emulsão. 46

Tabela 2 - Rendimentos dos nanossistemas intercalados filtro solar/bentonita (adsorção / intercalação)

por centrifugação. 53

Tabela 3 - Rendimentos dos nanossistemas intercalados filtro solar/bentonita (adsorção / intercalação)

por centrifugação. 66

Tabela 4 - Rendimentos dos compostos de intercalação filtro solar/bentonita (adsorção / intercalação)

por centrifugação. 80

Tabela 5 - Valores de pH das amostras de AVO, EHMC e OXI e seus nanocompósitos em 92

emulsão.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância

Sanitária

ATR Refletância Total Atenuada

AVO Avobenzona

BZ-3 Benzofenona

COLIPA The European Cosmetics Association

d001 Distância Interplanar

DL50 Dose Letal

DMPnp Dose Mínima Pigmentária Pele Não

Protegida

DMPP Dose Mínima Pigmentária Pele

Protegida

DNA Ácido Desoxirribonucléico

DRX Difração de raios X

DSC Calorimetria Diferencial de Varredura

EHMC Metoxicinamato de Etilexila

FDA US Food and Drug Administration

FPS Fator de Proteção Solar

FTIR Infravermelho com Transformada de

Fourier

HCPD Hidroxipropil-β-ciclodextrina

MCX Metoxicinamato de octila

MET Microscopia eletrônica de transmissão

MS Sílica mesoporosa

OB Bentonita organofílica

OXI Oxibenzona

PAS Espectroscopia fotoacústica

Ph Potencial hidrogeniônico

SB Bentonita sódica

Tdegrad. Temperatura de degradação

TG Termogravimetria

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Tinicial Temperatura inicial

UV Ultravioleta

UVA Radiação ultravioleta com comprimento de onda

entre 340 e 400 nanômetros

UVB Radiação ultravioleta com comprimento de onda

entre 290 e 320 nanômetros

UVC Radiação ultravioleta com comprimento de onda

entre 100 e 290

nanômetros

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 20

2 OBJETIVOS........................................................................................................ 22

2.1 OBJETIVO GERAL............................................................................... 22

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................. 22

3 REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................... 23

3.1 RADIAÇÃO SOLAR................................................................... 23

3.2 PELE.......................................................................................... 25

3.3 EFEITOS DA RADIAÇÃO UV SOBRE A PELE................................ 27

3.4 FILTROS SOLARES.............................................................................. 29

3.4.1 Avobenzona (AVO)................................................................ 31

3.4.2 Metoxicinamato de Etilexila (EHMC)................................. 32

3.4.3 Oxibenzona (OXI).................................................................. 33

3.4.4 Nanotecnologia e os Filtros Solares...................................... 34

3.4.5 Eficácia dos Filtros Solares................................................... 35

3.5 BENTONITAS....................................................................................... 36

3.5.1 Uso farmacêutico e Propriedades Fotoprotetoras.............. 38

3.6 NANOCOMPÓSITOS DE ARGILAS LAMELARES

(COMPOSTOS DE INTERCALAÇÃO)......................................

40

4 METODOLOGIA............................................................................................... 43

4.1 MATERIAL........................................................................................... 43

4.2 MÉTODOS............................................................................................. 43

4.2.1 Preparação dos nanocompósitos de bentonita sódica e

bentonita organofílica contendo AVO, EHMC e OXI.......

43

4.2.2 Caracterização....................................................................... 44

4.2.2.1 Difração de raios X (DRX)....................................... 44

4.2.2.2 Microscopia eletrônica de transmissão (MET) 44

4.2.2.3 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR).. 45

4.2.2.4 Análise Térmica........................................................ 45

4.2.3 Preparações Fotoprotetoras.................................................. 45

4.2.3.1 Teste preliminar de estabilidade............................... 46

4.2.3.2 Análise de pH............................................................ 46

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4.2.3.3 Análise do Fator de proteção solar in vitro (FPS)... 47

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................... 48

5.1 CARACTERIZAÇÕES DAS BENTONITAS....................................... 48

5.1.1 Difração de raios X................................................................ 48

5.1.2 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)................... 49

5.1.3 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR)............ 50

5.1.4 Análise Térmica..................................................................... 51

5.2 COMPOSTOS DE INTERCALAÇÃO DE AVO/BENTONITA........ 53

5.2.1 Nanocompósitos de bentonita sódica e bentonita organofílica

contendo AVO...........................................................

53

5.2.2 Difração de raios X................................................................ 54

5.2.3 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)................... 56

5.2.4 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR)............ 57

5.2.5 Análise Térmica..................................................................... 61

5.3 COMPOSTOS DE INTERCALAÇÃO DE EHMC/BENTONITA..... 65

5.3.1 Nanocompósitos de contendo EHMC...... bentonita sódica e

bentonita organofílica......................................................................

66

5.3.2 Difração de raios X................................................................ 67

5.3.3 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)................... 69

5.3.4 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR)............ 70

5.3.5 Análise Térmica..................................................................... 73

5.4 COMPOSTOS DE INTERCALAÇÃO DE OXI/BENTONITA......... 79

5.4.1 Nanocompósitos de bentonita sódica e bentonita organofílica

contendo OXI.............................................................

79

5.4.2 Difração de raios X................................................................ 80

5.4.3 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)................... 82

5.4.4 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR)............ 83

5.4.5 Análise Térmica..................................................................... 86

5.5 PREPARAÇÕES FOTOPROTETORAS............................................. 91

5.5.1 Teste preliminar de estabilidade.......................................... 91

5.5.2 Análise de pH......................................................................... 92

5.5.3 Determinação in vitro do Fator de Proteção Solar (FPS).. 92

6 PERSPECTIVAS................................................................................................. 96

7 CONCLUSOES.................................................................................................... 97

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REFERÊNCIAS...................................................................................................... 98

ANEXOS.................................................................................................................. 104

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1 INTRODUÇÃO

A radiação ultravioleta (UV) limita-se entre 100 e 400 nm, é responsável pela maioria

dos efeitos benéficos e prejudiciais nos seres humanos, e subdivididos em UVC (200-290 nm),

UVB (290-320 nm) e UVA (320-400 nm). A radiação UVA, por sua vez, é classificada em

UVA1 (340-400 nm) e UVA2 (320-340 nm). A radiação UVB induz danos sobre a pele humana

como eritemas, catarata e alterações na estrutura do DNA, enquanto a UVA induz ao

desenvolvimento do fotoenvelhecimento cutâneo, doenças de fotossensibilidade, produção de

radicais livres e contribui para o desenvolvimento do câncer (HOANG-MINH et al, 2010;

HUPEL et al. 2011; SAMBANDAN & RATNER, 2011).

Os potenciais efeitos danosos da radiação UVB e UVA podem ser minimizados com o

uso de filtro solares, que são sistemas fotoquímicos contendo filtros UV (UVB, UVA ou ambos),

que podem absorver ou refletir a luz. Pode ser dividido em filtros químicos, formado por grupos

cromóforos em sua estrutura química o que lhe conferem absorver numa faixa específica de

comprimento de onda do espectro UV, ou em filtros físicos, substâncias opacas que refletem a

luz UV, e algumas vezes formam uma película sobre a pele (SHI et al., 2012; PESCIA et al.,

2012). Dentre as substâncias mais utilizadas como filtros solares estão o metoxicinamato de

etilexila (EHMC) que é um dos absorvedores UVB mais populares nas formulações

fotoprotetoras, bem como o filtro UVA avobenzona (AVO) também é muito usada e a

oxibenzona (OXI), que é um fotoprotetor de amplo espectro. Ambos podem ser vistos

unicamente ou combinados com filtros físicos como dióxido de titânio, para atingir um elevado

fator de proteção solar (FPS) (LAUTENSCHLAGER et al., 2007; GUARATINI; CALLEJON,

2009; SURMAN et al., 2009).

Várias dessas substâncias usadas como filtros solares, são relatadas na literatura como

causadores de efeitos fotocatalíticos inesperados, originando problemas graves a pele, por serem

de origem sintética (em sua maioria), por conseguinte, diversas substâncias de origem natural

vêm sendo amplamente estudadas, como por exemplo, as bentonitas, devido a sua capacidade

de refletir ou espalhar a luz, agindo como filtro físico (HOANG-MINH et al., 2010). A bentonita

sódica é uma argila composta essencialmente por minerais do grupo das esmectitas, que pode

ser modificada com a inserção de cátions orgânicos para a obtenção de argilas organicamente

modificadas (MENEZES et al., 2008).

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As bentonitas são um dos tipos de argila mais utilizados na formação dos

nanocompósitos. Estes podem ser um nanocompósito intercalado, delaminado ou convencional

(TUNÇ & DUMAN, 2010). Os nanocompósitos intercalados se caracterizam por uma

morfologia multilamelar formada por lamelas inorgânicas intercaladas com outras substâncias

que podem ser orgânicas ou inorgânicas. Esses nanocompósitos possuem propriedades como

toxicidade baixa ou nula, biocompatibilidade e a promessa de liberação controlada, enaltecendo

o interesse no seu desenvolvimento para produtos farmacêuticos e cosméticos (CHOY et al.

2007).

Considerando o exposto, o presente trabalho propõe-se a desenvolver nanocompósitos

com bentonitas sódica e organofílica contendo os filtros químicos AVO, EHMC e OXI e

incorpora-los em uma preparação cosmética, para avaliar o impacto no Fator de Proteção Solar

(FPS). Os nanocompósitos diferirão entre si quanto à quantidade de filtro e ao tipo de bentonita

utilizados na sua preparação, bem como as diferentes faixas de absorção UV dos filtros, que

poderão influenciar no valor do FPS.

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2 OBJETIVOS

Os objetivo deste trabalho estão apresentados abaixo, subdivididos em objetivo geral e

específicos.

2.1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver e avaliar nanocompósitos contendo avobenzona ou metoxicinamato de

etilexila ou oxibenzona, como filtros químicos, e argilas lamelares, bentonita sódica ou

organofílica, como filtros físicos, para formulações cosméticas antissolares.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Preparar nanocompósitos de bentonita sódica ou bentonita organicamente modificada e

filtros químicos avobenzona ou metoxicinamato de etilexila ou oxibenzona; o Via solução

• Caracterizar nanocompósitos de bentonita sódica ou bentonita organicamente modificada e

filtros químicos avobenzona ou metoxicinamato de etilexila ou oxibenzona por:

o Difração de Raios X (DRX) o Microscopia Eletrônica de Transmissão (MET)

o Espectrometria de Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) o

Termogravimetria/ Calorimetria Exploratória Diferencial (TG/DSC)

• Desenvolver formulações fotoprotetoras para incorporação dos nanocompósitos;

• Avaliar as formulações fotoprotetoras contendo os nanocompósitos de bentonita sódica ou

bentonita organicamente modificada e filtros químicos avobenzona ou metoxicinamato de

etilexila ou oxibenzona através de:

o Teste de Estabilidade Preliminar

o pH

o Determinação do Fator de Proteção Solar (FPS)

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3 REVISÃO DA LITERATURA

Diversas evidências demonstram que a pele humana é danificada pela exposição à luz solar, o

que torna importante o conhecimento sobre os efeitos deletérios da luz solar e leva a um grande

uso de preparações tópicas fotoprotetoras. Abaixo está descrito uma revisão sobre a radiação

solar, seus efeitos sobre a pele e os meios para prevenir os efeitos dessa exposição.

3.1 RADIAÇÃO SOLAR

O espectro solar emite radiações com diversos comprimentos de onda dentro do espectro

de radiação eletromagnética i.e., raios gama, raios X, que fazem parte da radiação ionizante;

ultravioleta, visível, infravermelho, ondas curtas, ondas hertzianas, de rádio e ondas longas, que,

por conseguinte, compõe a radiação não ionizante (RANGEL; CORRÊA, 2002).

As radiações não ionizantes (Figura 1) chegam à superfície da Terra na proporção, de

aproximadamente 50% infravermelho (IV), 45% visível (Vis) e 5% ultravioleta (UV)

(POLONINI et al., 2011).

Figura 1 – Esquema de subdivisão do Espectro de radiação solar.

FONTE: Adaptado de SANTOS , 2007.

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Os raios infravermelhos (800 a 1700 nm) atravessam a epiderme e são absorvidos pela

derme, produzindo aumento da temperatura com consequente sensação de calor e vasodilatação,

podendo levar a formação de eritemas. São mais penetrantes que as radiações UV e visível, mais

perdem esta propriedade com a elevação do comprimento de onda. O espectro da luz visível

(400 a 800 nm) não apresenta nenhum efeito carcinogênico, e embora possua grau variado de

energia calórica, luminosa e química, sua intensidade é reduzida pelas partículas de poeira e

fumaça suspensas (SURMAN et al., 2009).

A radiação UV compreende a faixa de comprimento de onda entre 200 - 400 nm, e é

dividida em UVC (200-290 nm), UVB (290-320 nm), UVA1 (340-400 nm) e UVA2 (320-340

nm) (ANVISA, 2012; BALOGH et al., 2011).

A faixa UVC é conhecida como região germicida ou bactericida, altamente lesiva aos

seres humanos, e pode causar efeitos carcinogênicos e mutagênicos. Embora a camada de ozônio

na atmosfera funcione como barreira natural protegendo a superfície terrestre, a destruição

progressiva dessa camada (principalmente no hemisfério sul), os raios UVC poderão assumir

um importante papel nos efeitos carcinogênicos (HOANG-MINH et al., 2011).

Os raios UVB são mais prejudiciais e responsáveis pelos danos agudos e crônicos da

pele, tais como manchas, eritemas, descamação e câncer de pele. Apesar de ter um comprimento

de onda menor em relação à faixa UVA e menor poder de penetração na pele, é intensamente

absorvida pela epiderme devido a sua alta energia. Quanto mais ficar exposto aos raios UVB,

maior é o risco de eritema, portanto deve-se evitar a exposição de forma prolongada entre 10 e

14 horas, horários em que a incidência da luz solar é maior (ARAUJO; SOUZA, 2008;

SURMAN et al., 2009).

Por sua vez, a radiação UVA, é menos enérgica, mais penetram mais profundamente na

camada dérmica atingindo a derme, com possíveis danos cumulativos aos componentes

estruturais da pele, sendo responsável pelo envelhecimento cutâneo precoce e doenças de

fotossensibilidade, produção de radicais livres, contribuindo para o desenvolvimento do câncer,

além de promover o bronzeamento e a melanogênese. Uma importante diferencial da radiação

UVA é que sua intensidade é a mesma durante o dia todo e também não muda com as estações

do ano (SANTOS; FURLAN, 2010; POLONINI et al., 2011). A figura 2 ilustra o esquema de

penetração dos raios ultravioleta na pele.

A radiação UV é responsável por 90% dos danos causados à pele por penetrar

profundamente no estrato córneo, afetando a renovação celular e diminuindo sua elasticidade.

(TOFETTI; OLIVEIRA, 2010). A contribuição de UVB com os efeitos adversos sobre a pele

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humana é de cerca de 80%, sendo o restante (20%) causado pela radiação UVA (DIFFEY, 2002).

Em decorrência desses efeitos adversos dermatológicos, várias formulações para aplicação na

pele, com finalidade de proteção contra a radiação UV, estão sendo desenvolvidas. Estas

preparações semissólidas contêm vários compostos, geralmente sintéticos, sejam eles orgânicos

ou inorgânicos. No entanto, várias dessas substâncias não naturais presentes nestas preparações

semissólidas como fotoprotetores, por exemplo, dióxido de titânio (TiO2), são relatadas na

literatura como causadores de efeitos fotocatalíticos inesperados, originando problemas graves

a pele (HOANG-MINH et al., 2010).

Figura 2 – Representação de diferentes comprimentos de onda dos raios UV e a respectiva

3.2 PELE

A pele é o maior órgão que reveste o corpo, sendo responsável por 16% do peso total

corporal e abrangendo uma superfície de aproximadamente 2m2 em um adulto (SÁNCHEZ;

DELAPORTE, 2008). A pele desempenha uma enorme variedade de funções cruciais, incluindo

sensação de temperatura, tato e dor, bem como a termorregulação. Além disso, atua como uma

penetração na pele humana .

FONTE: Modificado de CORRÊA , 2007.

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barreira de encontro aos vários fatores ambientais, incluindo patógenos microbianos e radiação

ultravioleta, e impede a perda de água a partir do corpo. É subdividida em três camadas distintas:

epiderme, derme e hipoderme (Figura 3) (Kendall; Nicolaou, 2013).

A epiderme é a camada externa da pele. Ele contém quatro camadas distintas celulares: camada

basal, estrato espinhoso, uma camada granular e na camada de queratina. As células começam

a se proliferar na camada basal da epiderme e migram para cima através da camada espinhosa e

da camada granulosa, até atingir a camada de queratina, que é a camada mais externa da pele,

ou seja, que entra em contacto com produtos cosméticos, tecidos e outras superfícies (TANG;

BHUSHAN, 2010).

A epiderme divide-se em estrato córneo (mais externa), estrato lúcido, camada granulosa,

camada espinhosa e camada basal ou germinativa (mais interna). A camada córnea (estrato

córneo) é formada pela sobreposição de células queratinizadas e anucleadas, sendo a camada

mais superficial da epiderme. Essa camada funciona como uma barreira à perda de água do

organismo e eletrólitos, contra a penetração de substâncias tóxicas, etc, além de não possuir

vasos e apresentar espessura variável. Cerca de 5 a 10% da luz solar incidente é refletida pelo

Figura 3 - Representação esquemática das camadas da pele .

FONTE: TANG; BHUSHAN , 2010.

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estrato córneo. (TANG; BHUSHAN, 2010; TOFFETI; OLIVEIRA, 2010; PÓVOA; DINIZ,

2011).

A derme fica abaixo da epiderme, suporta estruturalmente e nutricionalmente, e é

composta por fibras colágenas, elastina e reticulina e ainda por fibroblastos que lhe conferem

elasticidade, resistência. Nela estão presentes os vasos sanguíneos, linfáticos e terminações

nervosas. A hipoderme se encontra abaixo da derme e é composta por tecido adiposo ou de

células de gordura, com uma camada de colágeno (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004; TANG,

BHUSHAN, 2010).

3.3 EFEITOS DA RADIAÇÃO UV SOBRE A PELE

As radiações UVA e UVB estimulam a formação de radicais livres. Para exercer seus

efeitos nas células, a energia eletromagnética inerente à radiação UV, deve ser absorvida pelos

cromóforos celulares existentes nas camadas da pele, tais como DNA, porfirinas, ácido

urocânico e aminoácidos aromáticos (RANGEL; CORRÊA, 2002). Quando esses cromóforos

absorvem essa radiação em excesso na forma de fótons, ocorrem transições eletrônicas, sendo

que quando os elétrons retornam ao seu estado fundamental liberam energia podendo ser

absorvida pelo oxigênio molecular (SÁNCHEZ; DELAPORTE, 2008). A redução do oxigênio

molecular forma uma série de intermediários químicos tóxicos ao organismo e muito reativos,

que não apresentam elétrons desemparelhados na sua última camada de valência, a exemplo do

oxigênio singleto (1O2) e do peróxido de hidrogênio (H2O2); que ao ser catalisado gera radicais

livres altamente reativos como o hidroxila (OH`), o alcoxila (RO*) e o peroxila (ROO*).

Esse conjunto de substâncias formam as espécies reativas de oxigênio (ERO),

responsáveis pela ativação da cascata de reações radicalares, iniciação, propagação e

terminação, que originam as reações fotoquímicas (SÁNCHEZ; DELAPORTE, 2008). Estas

resultam na diminuição dos níveis endógenos de antioxidantes, peroxidação lipídica, inativação

enzimática, clivagem do DNA e consequentemente, fotoenvelhecimento, imunossupressão e

fotocarcinogênese. Na figura 4 está ilustrada uma representação esquemática das fontes e

respostas celulares às Espécies Reativas de Oxigênio.

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As queimaduras solares ou eritemas solares são processos inflamatórios produzidos pela

superexposição à radiação ultravioleta, que se manifestam pela vermelhidão cutânea e sensação

de ardor, com grau variável a depender das diferenças de pigmentação da pele entre indivíduos.

Já o fotoenvelhecimento é caracterizado por mudanças microscópicas e macroscópicas que

ocorrem em proteínas cutâneas, como o colágeno, elastina e glicosaminoglicanos, manifestadas

por lesões pigmentadas como a ceratose actínica dependente da exposição solar, principalmente

os raios UVA, pois como penetram na derme danificam as fibras de colágeno. A pele

envelhecida pelo sol é caracterizada pela cor amarelada, com pigmentação irregular, enrugada,

com manchas marrons e com lesões précancerosas como as queratoses (MONTAGNER;

COSTA, 2009).

A imunossupressão é caracterizada pela fotossensibilidade induzida por fármacos e o

agravamento de doenças como o lúpus eritematoso, vitiligo e herpes viral simples. A

fotocarcinogênese ocorre devido a lesões no DNA, que na ausência de um mecanismo de reparo

podem originar mutações que somadas a eventos como diminuição da resposta imunológica, do

nível de antioxidantes, possíveis infecções por vírus e predisposição genética levam ao

desenvolvimento do câncer (LAUTENSCHLAGER et al., 2007).

Figura 4 – Esquema representativo d o desenvolvimento das reações fotoquímicas.

FONTE: Adapt ado de MATHEUS; KUREBAYASHI, 2002.

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A exposição excessiva ao sol, e consequentemente aos raios UV tem aumentado,

significativamente, a incidência de câncer de pele nos últimos anos (HOANG-MINH et al.,

2011). Outros fatores de risco para todos os tipos de câncer da pele incluem sensibilidade da

pele ao sol, doenças imunossupressoras e exposição ocupacional. Pacientes

imunocomprometidos (como os transplantados renais) têm um maior risco para o

desenvolvimento do câncer de pele não melanoma, por apresentarem uma diminuição no

controle carcinogênico da pele (INCA, 2012). Atualmente, ocorrem por ano, no mundo, entre 2

e 3 milhões de casos de câncer de pele não- melanoma e 132.000 casos de câncer de pele

melanoma (BERBICZ et al., 2011). Pessoas de pele clara, sensíveis à ação dos raios solares, ou

com doenças cutâneas prévias, são as principais vitimas do câncer de pele. O uso de produtos

de proteção solar é parte importante de uma estratégia de fotoproteção (CASTILHO et al., 2010;

HOJEROVÁ et al., 2011).

A radiação solar tem seus efeitos benéficos, dentre eles está o estímulo à produção da

vitamina D através da exposição da pele aos raios UV, principalmente UVB, vitamina esta,

fundamental para a absorção do cálcio e contribuição para o desenvolvimento ósseo de crianças

e prevenção de osteoporose em adultos. Os raios solares também são utilizados na realização de

fototerapia, modalidade terapêutica empregada para o tratamento de várias dermatoses como

vitiligo, psoríase, linfomas cutâneos de células T e eczemas crônicos, apresentando bons

resultados terapêuticos. Por outro lado, a radiação solar, quando em excesso, possui efeitos

adversos ao ser humano, que incluem queimadura solar, doenças oculares como conjuntivite e

catarata, envelhecimento precoce como rugas e pigmentação irregular da pele e câncer de pele

como pior resultado de exposição aos raios UV (SANTOS; FURLAN, 2010; KOCKLER et al.,

2012).

3.4 FILTROS SOLARES

Com a descoberta do espectro ultravioleta em 1801 por Ritter, e da importância dos raios

solares nas queimaduras de pele por sir Everard Home, em 1820, muitas substâncias foram

pesquisadas quanto à capacidade de absorção dessa radiação, com intuito de minimizar seus

efeitos sobre a pele. Em 1889, Widmark utilizou o sulfato de quinina acidificado com a

finalidade de fotoproteção; onde a mesma foi incorporada em loções e pomadas por Hammer

em 1891, podendo-se chamar de primeiro produto com finalidade fotoprotetora da história. A

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partir deste fato, diversos protetores solares foram lançados no mercado: esculina (1911),

derivados do ácido para- amino benzóico e de 2-fenilimidazol (1942), cinamatos (1954),

benzofenonas (1965) dentre muitos outros (POLONINI et al., 2011).

Filtros solares são sistemas fotoquímicos contendo filtros UV (UVB, UVA ou ambos),

que podem absorver ou refletir a luz. Seu uso é o método mais popular e universal, e, por

conseguinte uma grande variedade de protetores solares tópicos tem sido desenvolvida.

Apresentam-se como fotoquimicamente estáveis, ou seja, os seus espectros de absorbância

permanecem relativamente inalterados durante a exposição UV. Pode ser dividido em filtros

químicos, formado por grupos cromóforos em sua estrutura química o que lhe conferem absorver

numa faixa específica de comprimento de onda do espectro UV, ou em filtros físicos, substâncias

opacas que refletem a luz UV, e algumas vezes formam uma película sobre a pele (SHI et al.,

2012; PESCIA et al., 2012).

Os filtros químicos que podem ser sintéticos ou naturais possuem em comum a

propriedade de absorver a radiação UV, diminuindo sua ação sobre o organismo humano. Essas

moléculas são compostos aromáticos com grupos carboxílicos. Já os filtros físicos, são

geralmente óxidos metálicos, tais como dióxido de titânio e óxido de zinco, que refletem a

radiação incidente e, por conseguinte têm uma gama mais ampla de bloqueio UV do que os

produtos de proteção com filtros químicos (POLONINI; RAIOS, 2011; SHI, et al., 2012). A

adição de filtros físicos aos protetores solares aumenta a proteção contra radiação solar e pode

evitar a permeação cutânea dos filtros químicos.

A aplicação de protetores solares na pele deve ser feita de forma regular em uma área

vasta do corpo, visto que, é a proteção mais eficaz contra os efeitos perigosos de radiação UV,

devendo ser repetida diversas vezes ao dia, principalmente se houver contato com água ou

sudorese intensa, o que pode provocar reações fototóxicas e fotoalérgicas (BERBICZ et al.,

2011; KOCKLER et al., 2012).

No Brasil, os filtros solares são regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), segundo a resolução RDC Nº 30, de 1º de junho de 2012, que dispõe sobre

grau de proteção solar - Fator de Proteção Solar (FPS) e descreve os métodos analíticos para a

determinação do FPS e da proteção à radiação UVA, bem como para resistência à água e os

requisitos de rotulagem para produtos de proteção solar. Os filtros permitidos para uso em

formulações fotoprotetoras, assim como a concentração máxima permitida para cada substância,

são definidos segundo a RDC Nº47, de 16 de março de 2006. Esta resolução visa garantir o uso

seguro pela população dos protetores solares comercializados em território nacional, que de

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acordo com a ANVISA são classificados como produtos cosméticos (POLONINI; RAIOS,

2011).

3.4.1 Avobenzona (AVO)

Entre os absorvedores químicos que oferecem proteção na faixa UVA1 (340-400 nm),

um dos mais utilizados é a avobenzona ou com denominação química 1-(4-tert-butil-

fenil)3(4metoxifenil)propano-1,3-diona ou 4-tert-butil-4-metoxidibenzoilmetano (nomes

comerciais avobenzona, Parsol®1789, Eusolex®9020), devido à sua estrutura altamente

conjugada (Figura 5). A AVO faz parte do grupo do dibenzoilmetano, tem um comprimento de

onda máximo que varia de 350 nm a 368 nm, a depender do solvente utilizado, e pode ser

utilizada em concentração máxima de 5% (ANVISA, 2006). Possui ponto de fusão entre 81-

86ºC, massa molar de 310,39 g/mol-1 e dose letal oral (DL50) menor que 5 g/kg. O seu

comportamento fotoquímico, quando dissolvida em solventes orgânicos, como, por exemplo,

acetonitrila, metanol e hexano, têm sido extensivamente documentados, assim como sua

fotoestabilidade é altamente dependente da polaridade do solvente (MTURI; MARTINCIGH,

2008; VALLEJO et al., 2011).

Essa molécula é altamente fotolábil, ocasionando numa diminuição das suas

propriedades fotoprotetoras em pouco tempo de exposição solar. A AVO pode interferir na

estabilidade de outros protetores solares de uma mesma formulação, por isso muito pesquisas

estão sendo desenvolvidas para estabilizar essas formulações, com agentes como octocrileno e

Bemotrizinol. A Neutrogena, por exemplo, patenteou uma tecnologia inovadora denominada

Helioplex®, que reduz a fotodegradação da AVO com a adição de outros filtros como

Figura 5 - Estrutura química da Avobenzona (AVO).

FONTE: RIBEIRO, 2004.

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oxibenzona e dietilexil 2,6 – naftalato, proporcionando uma proteção UV superior que é de

amplo espectro e fotoestável (SAMBANDAN; RATNER, 2011).

Contudo, alguns estudos demonstraram que este agente de proteção solar produz radical

livres, quando sob a irradiação UV e, em consequência, causou danos ao DNA e a albumina de

soro bovino. Assim, o efeito mais importante da fotoinstabilidade da AVO é a formação de

produtos reativos fotolíticos, que podem entrar em contato com a pele e ocasionar numa

penetração percutânea (SIMEONI et al., 2004).

3.4.2 Metoxinamato de etilexila (EHMC)

O Metoxicinamato de etilexila, também conhecido como metoxicinamato de octila ou

com o nome comercial Parsol®MCX, ou com o nome químico 2-etilexil(2E)-3-(4metoxifenil)-

2-propanoato, pertence a classe dos cinamatos, que são os compostos mais utilizados como

filtros químicos e constituem um grande grupo de moléculas insolúveis em água, mas altamente

solúveis em álcool, acetona e benzeno. Dezessete desses compostos são aprovados na Europa

como filtros solares e quatro nos Estados Unidos. O EHMC absorve efetivamente luz UVB

(290 a 320 nm), com comprimentos de onda máximos em torno de 320 nm, possui massa molar

de 290,40 g/mol-1, ponto de fusão -25ºC, dose letal (DL50) (oral) menor que 5 g/kg, e são muito

utilizados em combinação com outros filtros químicos como avobenzona, ou físicos como

dióxido de titânio, para atingir um elevado fator de proteção solar (FPS). Esse filtro raramente

causa efeitos colaterais, e sua estrutura química está representada na figura 6 (GUARATINI;

CALLEJON, 2009; SURMAN et al., 2009; CURSINO et al., 2011).

Mesmo sendo utilizado como molécula absorvedora de radiação UV, sua elevada

afinidade pelo estrato córneo, faz com que o EHMC possa ser facilmente absorvido pela pele,

Figura 6 - Estrutura química do Metoxicinamato de Etilexila (EHMC).

FONTE: Adaptado de VELASCO et al., 2008.

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levando a fototoxicidade e a reações alérgicas. A intercalação dessas moléculas em estruturas

em camadas com os sais de hidróxido, por exemplo, pode evitar o contato direto com a pele,

(CURSINO et al., 2011).

O EHMC tem aspecto oleoso, odor característico, permanece na forma líquida a baixas

temperaturas e é altamente fotoestável. Ele é altamente compatível com bases cosméticas, e em

decorrência da sua solubilidade muito limitada em água, é ideal para uso em formulações

protetoras a prova d’água (RIETSCHEL; FOWLER, 2001). A associação do EHMC com outros

filtros diminuem sua fotodegradação, como também incrementa o valor do fator de proteção

solar (SPF), mesmo alguns autores tendo identificado produtos da fotodegradação do EHMC

após a exposição solar (CONDORÍ et al., 2001; AMORI et al, 2001).

3.4.3 Oxibenzona (OXI)

A oxibenzona começou a ser usada a partir da década de 50, pertence à classe das cetonas

aromática, está entre os muitos filtros UV orgânicos, e possui características como ser

relativamente barata, além de ser um filtro de amplo espectro, ou seja, capaz de absorver

radiação UVB (290 - 320 mm) e UVA2 (320-340 nm) (SHAATH 1997). A OXI tem seu uso

permitido como filtro solar em produtos cosméticos com concentração máxima admissível em

formulações de 10%, sendo que a utilização de concentrações maiores que 0,5% devem ser

incluídas uma advertência na rotulagem: contém oxibenzona (ANVISA, 2006). Sua capacidade

de penetrar na pele humana e chegar a corrente sanguínea, atinge níveis de até 2% após a

aplicação tópica. Entre os absorvedores químicos UV octocrileno, oxibenzona e avobenzona

geralmente provocam dermatite de contato e reações fotoalérgicas (BERBICZ et al., 2011).

A oxibenzona, também conhecida pelos nomes benzofenona-3, metanona e

difenilcetona, ou com o nome comercial Eusolex4360®, ou ainda estruturalmente como

2hidroxi-4-metoxi-benzofenona (Figura 7). É um derivado benzofenônico utilizado em

aplicações tópicas como filtro solar químico. Possui massa molar de 228,2 g/mol-1, ponto de

fusão entre 62 e 64 °C, dose letal oral (DL50) menor que 5g/kg, absorção máxima na faixa de

288 a 325 nm, e é solúvel em acetona, álcool etílico, acetato de etila, álcool isopropílico e

insolúvel em água e óleo mineral.

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Alguns autores relataram ter determinado OXI na urina humana, no leite materno e no

plasma sanguíneo, e mostraram uma alta incidência de fotodermatite entre usuários de produtos

contendo oxibenzona (BERBICZ et al., 2011). Além disso, a OXI apresenta cor amarelada sendo

instável na presença de luz e de calor, é sólida à temperatura ambiente, ligeiramente solúvel em

preparações cosméticas, tais como loções e preparações semissólidas. Seu uso associado a

diferentes veículos ou nanopartículas são estratégias para aumentar a viscosidade da formulação

e reduzir a penetração sistêmica de filtro solar (BERBICZ et al., 2011).

3.4.4 Nanotecnologia e os Filtros Solares

Dentro da nanotecnologia estão sendo desenvolvidas muitas pesquisas com filtros solares

em nanoestruturas, visando aperfeiçoar as características das formulações e minimizar possíveis

reações tóxicas. Essa encapsulação tem como principal meta diminuir a permeação do filtro

solar na pele e melhorar sua conformidade com o extrato córneo.

Simeoni e colaboladores (2011) estudaram micropartículas lipídicas contendo o

complexo de hidroxipropil-β-ciclodextrina e avobenzona (BMDBM), no qual foram preparadas

pela técnica de emulsificação por fusão usando triestearina como material lipídico e

fosfatidilcolina hidrogenada como agente tensoativo. Os autores buscaram avaliar se o

encapsulamento do complexo em micropartículas lipídicas afeta a permeabilidade do filtro solar

na pele humana. Nesse estudo foi observado que a maior parte da quantidade aplicada do filtro

solar (>70%) não foi absorvida pela camada córnea. De acordo com os autores os resultados

obtidos sugeriram que as micropartículas lipídicas carregadas com BMDBM complexado

reduziu a absorção percutânea do agente filtro solar, além de limitar possíveis reações tóxicas.

Chen-Yang e colaboradores (2011) realizaram um estudo com metoxicinamato de octila

(MCX) encapsulado numa sílica mesoporosa, buscando avaliar o efeito desse encapsulamento

Figura 7 - Estrutura química da Oxibenzona (OXI).

FONTE: Adaptado de VELASCO et al., 2008.

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na estrutura da rede mesoporosa sobre o desempenho do filtro solar. Os autores utilizaram o

método de polimerização in situ sol-gel de ortossilicato de tetraetilo, com um líquido iônico

como solvente e agente de formação de poros, e metoxicinamato de octila (MCX) como aditivo.

Os autores observaram que o MCX encapsulado na matriz de sílica mesoporosa exibiu uma

capacidade de proteção UV de aproximadamente 57% a mais do que o MCX livre. Com a análise

dos resultados, os pesquisadores afirmaram que 65% do MCX foram encapsulados na sílica

mesoporosa e que o valor do FPS foi bastante significativo, confirmando que o complexo

formado obteve muito maior proteção UV para a pele que o MCX livre.

Em outro estudo Berbiz e colaboradores (2011) desenvolveram um estudo com o

objetivo de avaliar a aplicação da espectroscopia fotoacústica (PAS) para a caracterização dos

complexos de inclusão de benzofenona-3 (BZ-3) e hidroxipropil-β-ciclodextrina (HPCD) e

analisar a penetração percutânea de protetores solares e a sua reação com a pele. A formação de

complexos de inclusão de BZ-3 e HPCD foram realizadas por coprecipitação, e, por conseguinte

foram incorporadas em formulações cosméticas e testadas em orelhas de coelhos. A PAS sugere

que a formulação com o complexo resultou em uma menor penetração na pele da BZ-3. A análise

histológica demonstrou que a utilização da formulação com BZ-3 foi associado com um

aumento da obstrução dos poros e a presença de acantose, enquanto nenhum efeito foi

encontrado na formulação com o complexo. Com os resultados encontrados, os autores

concluíram que a formulação com o complexo BZ-3-HPCD é um candidato promissor para

melhorar o efeito das formulações de filtros solares e que a PAS pode ser uma ferramenta útil

para avaliar a fotoestabilidade destas formulações.

Diante do exposto, observa-se que a utilização de novas formulações filtros solares que

tenham a penetração na pele controlada, visando diminuir os efeitos de toxicidade, bem como a

indução à formação de radicais livres, está sendo muito pesquisada nos últimos anos. Contudo,

existe a necessidade de estudos aprofundados sobre segurança, eficácia e absorção sistêmica,

para o completo entendimento das interações envolvidas com o uso dos protetores solares,

cosméticos essenciais e indispensáveis diante dos danos provocados pela radiação UV

(BALOGH et al., 2011).

3.4.5 Eficácia dos Filtros solares

A eficácia dos filtros solares foi relatada pela primeira vez em 1934 por Friedrich

Ellinger, que realizava a determinação da Dose Eritematosa Mínima na pele protegida e não

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protegida utilizando uma lâmpada de mercúrio nos antebraços e obtia um coeficiente de

proteção. Na década de 50, Rodolf Schulze desenvolveu um método (método Schulze) onde se

dividia o tempo de exposição necessário para a indução de eritema com o protetor pelo tempo

necessário para a produção de eritema sem o protetor, utilizando doses de radiação progressivas

emitidas por lâmpadas com espectro de radiação mais próxima ao da luz solar. Esse método foi

utilizado durante décadas em países europeus como referência na avaliação de protetores

solares.

Nos tempos atuais, as metodologias de referência para a determinação do Fator de

Proteção Solar em diferentes países são a norte-americana (FDA) e a europeia (COLIPA ou

Internacional), e no Brasil a ANVISA que, por meio da resolução RDC 30 de junho/12,

determina que o Fator de Proteção Solar (FPS) dos Protetores Solares em Cosméticos, devem

ser determinados realizando unicamente métodos in vivo, aplicando estritamente uma das

seguintes referências: FDA 1999 e COLIPA 2006 ou ainda de suas respectivas atualizações

(SCHALKA; REIS, 2011).

O Fator de proteção solar é o indicador universal do desempenho fotoprotetor de filtros

solares, introduzido por Sayre et al (1979). É a razão obtida pela razão entre a dose mínima

pigmentaria em uma pele protegida por um protetor solar (DMPp) e a dose mínima pigmentaria

na mesma pele, quando desprotegida (DMPnp), após a aplicação de 2mg/cm2 de filtro solar em

voluntário humanos, usando radiação ultravioleta, usualmente de origem artificial (ANVISA,

2012). Desta forma, FPS indica a capacidade de um produto filtro solar em reduzir o eritema

induzido pela luz ultravioleta (HUPEL et al., 2011).

Em resumo, as medidas do FPS são as únicas que garantem a eficácia dos fotoprotetores

se usados de forma correta. Além da eficácia, o FPS é uma verificação da segurança e do

desempenho do produto em proteger contra a indução de eritemas e queimaduras solares

resultantes da exposição solar (NASH, 2006).

3.5 BENTONITAS

A bentonita é uma argila plástica resultante da desvitrificação e de alterações de cinzas

vulcânicas, constituída predominantemente de montmorilonita, como é mais conhecida, uma

espécie de argila natural do grupo esmectita descoberta em 1847 na França (Montmorillon) por

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Damour e Salvetat. Outros componentes como argilominerais (caulinita, ilita), feldspatos,

anfibólios, cristobalita, quartzo, também são encontrados, sendo que o total de componentes não

argilosos dificilmente é inferior a 10% (DORNELAS et al., 2010). Essas bentonitas possuem

estrutura constituída de tetraedros de sílica e octaedros de alumínio e magnésio arranjados

bidimensionalmente para formar uma camada (lamela), onde se encontram cátions

eletrostaticamente ligados (Figura 8). Várias dessas camadas são agrupadas em conjunto por

forças de van der Waals, para formar uma partícula de argila (MA, YUXIN et al., 2012). Das

reservas nacionais de bentonita, aproximadamente 62% estão localizadas no estado da Paraíba,

nos municípios de Boa Vista e Cubati; o restante encontra-se no estado de São Paulo (28%) e

nos estados da Bahia, Minas Gerais e Paraná (10%) (RODRIGUES, A. W. et al., 2007).

A predominância mais encontrada é de bentonitas policatiônicas, com maior prevalência

de um cátion, como por exemplo, o Na+ ou o Ca2+. Essas argilas podem trocar esses cátions com

outros presentes em soluções aquosas de sais orgânicos ou inorgânicos, para ficar mais

compatível e melhorar a interação interfacial entre as moléculas. Compostos de intercalação

podem ser obtidos quando substâncias são incluídas por entre as lamelas dos filossilicatos,

acarretando alteração das propriedades originais desses compostos. O tratamento das argilas

com moléculas orgânicas catiônicas resulta nas conhecidas organoargilas, dotadas de superfície

hidrofóbica, o que leva à modificação de inúmeras de suas propriedades iniciais (Figura 9)

(DORNELAS et al., 2010; LÍBANO et al. 2011; SERMSANTIWANIT, PHATTANARUDEE,

2012).

Figura 8 - Representação da estrutura das bentonitas.

FONTE: PICASSO ; SUN KOU, 2008.

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Dentre o grande número de compostos argilas/ substâncias orgânicas pesquisados os de

maior importância industrial são as argilas organofílicas obtidas a partir de argilas esmectitas

sódicas (com alto grau de inchamento em água) e sais quaternários de amônio. A depender da

aplicação, como em fotoquímica, em aplicações ambientais e farmacêuticas, o processo de

esfoliação não é requerido O interesse de pesquisadores na intercalação de moléculas orgânicas

em argilas data do começo de 1920, logo após a introdução da técnica de difração de raios X em

1913. A intercalação de substâncias orgânicas em bentonitas é uma alternativa para compor

grupos orgânico-inorgânico, com pequenas estruturas (LEITE, I. et al., 2008; PAIVA et al.,

2008; DORNELAS et al., 2010).

As organoargilas têm energia superficial menor, são compatíveis com polímeros

orgânicos, e possuem um espaçamento basal ou distância interlamelar maior, facilitando a

intercalação tanto por monômeros quanto por polímeros (LÍBANO et al., 2011). Essa

organofilização da argila é de fundamental importância para que aconteça uma dispersão e uma

esfoliação correta das partículas da argila na matriz polimérica.

Dado o exposto, argilas do grupo esmectita, dentre elas a montmorilonita (principal

componente da bentonita) são bastante utilizadas na formação de organoargilas, em decorrência

do tamanho pequeno dos cristais, da alta capacidade de troca catiônica, e do inchamento quando

em contato com água, ocasionando numa intercalação de compostos orgânicos de forma rápida

e completa; muito embora, argilas como hectorita, fluorohectorita, sepiolita e micas sintéticas

também são utilizadas na síntese de argilas organofílicas (PAIVA et al., 2008).

3.5.1 Uso farmacêutico e Propriedades Fotoprotetoras

O uso de argilas na indústria farmacêutica tem sido bastante relatado por diversos

autores, que procuram por novos carreadores com função de promotores de dissolução na área

Figura 9 – Esquema de troca catiônica em argilas .

FONTE: PAIVA et al., 2008.

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de desenvolvimento de formulações, principalmente em sistemas que atendam aos preceitos do

escalonamento industrial. Dentre essas argilas, as bentonitas, que são silicatos naturais, são

promissoras devido às suas estruturas lamelares e propriedades de troca iônica (LIRA et al.,

2008).

Um estudo elaborado por Lira e cols. (2008), buscou o preparo de comprimidos do

hipoglicemiante oral clorpropamida por granulação úmida e compressão direta, utilizando a

bentonita sódica purificada e a bentonita sódica intercalada com colina como promotor de

dissolução, onde os resultados mostraram aumento na concentração percentual dissolvida de

clorpropamida no tempo de uma hora em relação aos comprimidos sem os promotores de

dissolução. O mesmo procedimento foi realizado com a adição de lauril sulfato de sódio na fase

interna; entretanto os resultados inferiores em comparação com as formulações com bentonita

demonstram a efetividade destas argilas no incremento de dissolução da clorpropamida.

As bentonitas podem ser administradas por via oral ao paciente atuando como antiácidos,

protetores gastrintestinais, antidiarreicos, laxantes orais, eméticos diretos, antianêmicos,

homeostáticos ou suplementos minerais. Em alguns casos, são utilizados os antianêmicos e

homeostáticos podem ser administrados parentericamente na forma dissolvida (CARRETERO;

POZO, 2010). Além da aplicação como fármacos ou excipientes, vários óxidos, sulfatos,

fosfatos e filossilicatos têm sido empregados com propósitos médicos.

Patentes associadas ao uso de argilas e argilominerais como carreadores de fármacos,

tem aumentado nos últimos anos. Um exemplo disso é a administração de nifedipina e esteroides

como adesivos transdérmicos modificando o perfil de absorção da droga, bem como uma

liberação prolongada num período máximo de 72 horas. Algumas argilas têm sido aplicadas em

várias formulações, como por exemplo, montimorilonita, "bentonita", Veegum®, paligorsquite,

dentre outros. O mineral Paligorsquite foi empregado no fabrico de comprimidos dispersáveis e

em nanocompósitos de adesivo ocasionando num prolongamento da liberação do fármaco para

um máximo de 72 horas (RODRIGUES, L. A. D. S. et al., 2012).

Os argilominerais bentonita, caulinita ou esmectita são muito utilizados com fins

terapêuticos e cosméticos, em spas e em clínicas de estética, sob a forma de emplastros, levando

em conta sua suavidade, reduzido tamanho de partícula, características reológicas, e a

possibilidade de adsorção de água, troca catiônica e retenção de calor (CARRETERO; POZO,

2009).

A utilização de produtos naturais na área farmacêutica e cosmética, como por exemplo,

os filtros solares vêm aumentando o interesse de várias pesquisas nos últimos anos,

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principalmente para a prevenção de doenças de pele (GREGORIS et al., 2011). A ação de uma

formulação de filtro solar depende não só das propriedades físico-químicas dos filtros químicos

ou físicos, mas também do sistema utilizado para carreá-los. Nos tempos atuais, as

nanopartículas, usadas como um carreador de moléculas solares tem atraído bastante atenção

(SHI, L. et al., 2012).

Para prevenir a infiltração da radiação UV na pele e reduzir seus danos, são usados os

filtros solares. Os argilominerais empregados como fotoprotetores devem ter um alto índice de

refração e boas propriedades de dispersão da luz. L. Shi et al. 2012, relatou o uso do mineral

natural rutilo e da zincita como protetores solares, bem como o dióxido de titânio sintético por

apresentar um alto índice de refração (n = 2,70). O dióxido de titânio é um ótimo protetor solar

em virtude da sua capacidade de refletir radiação ultravioleta, quando aplicado na pele com

partículas reduzidas. Além de ser bastante estável contra a fotodegradação.

Num estudo sobre as características de proteção UV de algumas argilas, os resultados

mostraram que cada uma das formulações contendo argila tinha um valor médio de transmissão

UV diferente, indicando que as argilas podem absorver UV por si só, sem aditivos. Também foi

observado que a capacidade de proteção contra UV dependia se a argila é expansível ou não

expansível. Eles também sugeriram que outras argilas, ou misturas de argila sejam testadas tendo

em vista sua aplicação como agentes de proteção solar (HOANGMING et al., 2010)

Além dessas utilizações, as argilas bentoníticas possuem amplas aplicações industriais,

tais como: descorantes de óleos vegetais, minerais e animais, aglomerantes de areias de

moldagem para fundição, pelotização de minério de ferro, catalisadores, lamas para perfuração

rotativa de poços de petróleo (LEITE, I. et al., 2008).

3.6 NANOCOMPÓSITOS DE ARGILAS LAMELARES (COMPOSTOS

DE INTERCALAÇÃO)

Os nanocompósitos de argilas lamelares ou compostos de intercalação de constituem

uma classe de materiais formados pela inserção de outras moléculas na região interlamelar de

um sólido lamelar, com preservação da sua estrutura, sendo o processo de intercalação

comprovados por alterações no espaçamento basal da matriz, monitorado por difratometria de

raios X (SCHOONHEYDT, R. A., et al, 1999).

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Esses compostos lamelares são materiais cristalinos, formados pelo emparelhamento de

várias camadas ou lamelas unidas por ligações covalentes ou forças de van der Waals,

eletrostáticas ou ligações de hidrogênio. O espaço entre os baricentros de duas lamelas próximas

é denominado distância interlamelar, espaçamento interlamelar ou espaçamento basal

(ALBERTI; BEIN; 1996).

Os nanocompósitos são divididos em três tipos gerais: composto convencional (estrutura

de fase separada), onde a argila funciona como um material de enchimento convencional, não

se observando diferença no espaçamento das lamelas da argila; estrutura intercalada, que

consiste de uma inserção regular da substância entre as camadas de argila e estrutura esfoliada

ou delaminada, onde as camadas são dispersas na matriz, formando uma estrutura monolítica

em microescala (KORNMANN, 1999). A figura 10 mostra uma representação esquemática das

camadas de um composto lamelar.

As argilas apresentam duas características importantes no desenvolvimento dos

nanocompósitos que são: a capacidade de dispersão das folhas de silicato em camadas

individuais, e a possibilidade de sua superfície química ser modificada através de reações de

troca iônica com cátions orgânicos e inorgânicos (BARBOSA et al., 2012). Essa troca iônica

baseia-se na troca por íons de substâncias carregadas positivamente, por exemplo, fármacos,

sendo, portanto, de interesse farmacêutico. Nem sempre ocorre a intercalação, ou seja, nesse

caso o nanocompósito é formado por simples adsorção superficial.

Figura 10 – Representação esquemática d os tipos de nanocompósito lamelar.

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Uma enorme variedade de materiais lamelares encontrados na natureza é utilizada como

cargas em nanocompósitos, a exemplo das bentonitas (aluminossilicatos), haletos de metais de

transição, hidróxidos de metais bivalentes e fosfatos de metais tetravalentes. Esses materiais são

compostos pela sobreposição de lamelas, unidas fracamente por ligações do tipo Van der Waals

e ligações de hidrogênio (LÍBANO et al., 2011). As bentonitas são argilas largamente utilizadas

na obtenção de nanocompósitos polímero/argila, muito embora se a argila for organicamente

modificada com sais quaternários de amônio sua interação com a matriz polimérica é melhorada.

A intercalação dos sais quaternários de amônio entre as camadas dos argilominerais pode ser

observada por difração de raios X dos materiais organofílicos, considerando o aumento da

distância interplanar d001, que abrange o comprimento da molécula e o grau de inclinação que a

mesma apresenta em relação ao plano ab da bentonita (MENEZES et al., 2008).

As bentonitas organicamente modificadas têm sua eficácia comprovada na preparação

dos nanocompósitos poliméricos em virtude de sua origem natural, apresentarem baixo custo,

as dimensões da partícula (comprimento versus largura), excelente capacidade de delaminação

(separação das camadas de argila na matriz) e da resistência das partículas a solventes, ás

temperaturas utilizadas em polimerização e no processo de extrusão (PAIVA et al., 2008).

Dado o exposto, vários estudos demonstram a eficácia da interação de filtros solares

químicos com alguns argilominerais como filtros físicos, comprovando que o uso de argilas

reduziu a fotodegradação do filtro, ou seja, sua fotoestabilidade foi melhorada, minimizando

ocasionais problemas alérgicos (PERIOLI; AMBROGI; BERTINI; et al., 2006; PERIOLI;

AMBROGI; ROSSI; et al., 2006; PERIOLI et al., 2008). Essa interação de moléculas de filtro

solar entre as lamelas da argila estimula o interesse, devido à possibilidade de aumento da

capacidade de proteção contra a radiação ultravioleta, tanto da argila pura, como da molécula

do filtro solar isolada. A intercalação dessas moléculas no estado sólido tem como vantagem a

não utilização de grandes quantidades de solvente para intumescer a argila, como no caso da

troca de cátions, além de ser mais fácil e adequado para industrialização (PAIVA et al., 2008).

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4 METODOLOGIA

A Metodologia desenvolvida foi subdividida em materiais utilizados e os métodos, que

compreendem preparação e caracterização das substâncias.

4.1 MATERIAL

A bentonita sódica e a bentonita organofílica (organoargila modificada com de sal de

octadecilamina) foram adquiridas da Bentec Laviosa Chimica Mineraria S.p.A. (Livorno, Itália).

Os filtros Avobenzona, Metoxicinamato de etilexila e Oxibenzona, vaselina líquida, álcool

cetoestearílico etoxilado, álcool cetoestearílico e silicone fluido 1401foram adquiridos da

GALENA – Química e Farmacêutica (Campinas, Brasil). O solvente utilizado foi o etanol P.A.

Merck (Darmstadt, Alemanha).

4.2 MÉTODOS

4.2.1. Preparação dos nanocompósitos de bentonita sódica e bentonita organofílica

contendo AVO, EHMC e OXI.

A preparação dos nanocompósitos de filtro/argila foi feita via solução, a qual consistiu

na solubilização do filtro em etanol com posterior adição da argila organofílica ou argila sódica,

de acordo com o sistema a ser formado, obedecendo às proporções de filtro: argila (1:1, 1:2, 2:1

e 3:1), em gramas, e mantendo o sistema agitando por duas horas. O procedimento foi conduzido

em triplicata para estudo da remoção/separação do solvente em evaporação rotativa (Tecnal TE-

184), (a 80rpm, 55ºC) ou em centrifugação, (Kubota KR- 20000 t) (4000rpm por 15 min)

(RESENDE et al., 2009; AHIRE et al., 2010; JÚNIOR, A. M. et al., 2011). Os produtos foram

reservados para posterior caracterização. Os sobrenadantes dos centrifugados seguiram para

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avaliação da quantificação indireta do filtro (eficiência de intercalação/adsorção) por

espectrofotometria.

Para a quantificação indireta, da quantidade de ativo que interagiu com as argilas,

utilizando a espectrofotometria de UV, foram realizadas curvas de calibração dos filtros solares

(Anexo 1) no solvente utilizado para o ensaio de interação e no comprimento de onda adequado

para cada substância. A solução do ativo para montagem da curva teve concentrações variadas,

sendo cada um dos pontos realizados em triplicata. Para tal, foi previamente construída curvas

de calibração dos filtros solares em seu comprimento de onda máximo (AVO, λ = 358nm;

EHMC, λ = 311 nm; OXI, λ = 306 nm) a partir de uma soluçãomãe a 10 µg/mL em etanol.

Amostras de nanocompósitos que obtiveram maiores rendimentos seguiram para as análises de

caracterização.

4.2.2 Caracterização

4.2.2.1 Difração de raios X (DRX)

As amostras previamente secas e obtidas pelo ensaio de interação foram analisadas em

um difratômetro de Raios X, modelo PW 1710 (Philips, Amsterdã, Holanda). O ângulo de

difração (2θ) foi registrado de 2° a 40° em temperatura ambiente. Radiação Cu Kα foi utilizada

como fonte dos Raios-X, que foi operado a 40kV e 30mA.

4.2.2.2 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)

Para o preparo das amostras uma pequena quantidade de pó foi resuspendida em etanol

numa cuba de ultrassom. Duas gotas da dispersão pó/álcool foram gotejadas numa grade de

cobre recoberta com filme de Carbono especial Holey Carbon (SPI supplies®) para uso em

microscopia eletrônica de transmissão. Após secagem ao ar, as foram feitas em micrografias em

microscópio TECNAI 20 (FEI).

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4.2.2.3 Análise Espectrometria de Infravermelho (FTIR)

Os espectros de infravermelhos foram registrados num espectrômetro de transformada

de Fourier Bruker Vertex 70 (Bruker Optik, Ettlingen, Alemanha). As amostras foram medidas

ao longo de um intervalo de comprimento de onda 650-4000 cm-1 utilizando um coeficiente de

reflexão total atenuada (ATR).

4.2.2.4 Análise Térmica

As medições de calorimetria diferencial de varredura e termogravimetria (TG/DSC)

foram realizadas simultaneamente em um termoanalizador STA 449 F1 Júpiter (Netzsch, Selb,

Alemanha) de 25 a 500 º C, com uma taxa de aquecimento de 10°C min-1, em um gás inerte

(nitrogênio), com amostras de 5 mg em cadinhos de alumínio

As análises de calorimetria diferencial de varredura (DSC) e termogravimetria (TG)

foram realizadas simultaneamente utilizando o termoanalisador STA 449 F1 Jupiter, de 25º a

500°C, com uma taxa de aquecimento de 10ºC/min-1, em um gás inerte (nitrogênio) com 5 mg

de amostras em cadinhos de alumínio.

4.2.3 Preparações Fotoprotetoras

A formulação tópica fotoprotetora foi preparada com uma emulsão de base do tipo óleo

em água (o/a), cujos constituintes estão apresentados na Tabela 1. Inicialmente, os constituintes

aquosos e oleosos foram misturados separadamente sob agitação de 2000 rpm e aquecimento de

70°C. Em seguida, a fase aquosa foi vertida lentamente na fase oleosa sob agitação e

aquecimento. Após formação da emulsão, o aquecimento foi cessado e a emulsão foi mantida

sob agitação até completo resfriamento. Após o preparo das emulsões, cada um dos filtros

solares puros ou intercalados em nanocompósitos de argila foi incorporado à respectiva emulsão

na concentração máxima de 2,5% permitida pela ANVISA (2006).

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Tabela 1 – Materiais constituintes da emulsão.

CONSTITUINTES PORCENTAGEM

EM PESO (%)

Metilparabeno 0,15

Propilparabeno 0,05

Propilenoglicol 3

Polímero alquil acrilato C10-30 0,4

Vaselina líquida 3

Álcool cetoestearílico 6

Álcool cetoestearílico etoxicilado 7

Silicone fluido 1401 2

Água destilada qsp ---- 100g

4.2.3.1 Teste preliminar de estabilidade

Todas as formulações foram submetidas ao teste de preliminar de estabilidade, utilizando o

método de centrifugação a 3000 rpm durante 30min (ANVISA, 2004). Ao final do teste,

procedeu-se a verificação visual do aspecto da formulação relacionada com as características

organolépticas aparência, cor e odor. Os nanocompósitos foram classificados de acordo com os

seguintes critérios, Casteli e colaboradores (2008), modificados:

1. Condições normais e satisfatórias;

2. Alteração na cor e odor da amostra;

3. Incorporação de ar, algumas alterações da cor, turvação;

4. Separação de fases.

4.2.3.2 Análise de pH

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A determinação de pH foi realizada em phmetro Bel Engineeging Modelo W38 e

calibrado com solução tampão pH 4,0 e 7,0, após a diluição de 0,5g da emulsão em 10mL água

destilada. Os resultados foram determinados em triplicata.

4.2.3.3 Análise do Fator de proteção solar in vitro (FPS)

O valor do fator de proteção solar foi obtido através da transmitância, utilizando um

sistema óptico simples constituído de fibras ópticas, esfera integradora da Ocean Optics modelo

FOIS-1 e espectrômetro Ocean Optics, modelo HR 2000. Para a realização do teste, duas

lâminas de quartzo retangulares com espessura de ~1 mm e área de 9,5 cm2 foram utilizadas

para simular o substrato (pele humana). Sobre uma das lâminas foi espalhada de forma

homogênea a quantidade de 2mg/cm2 do creme. Cinco medidas foram realizadas em diferentes

posições nas lâminas, sempre usando a lâmina sem filtro solar como medida da absorção da pele

exposta diretamente a raios UV (ALVES, L. M. et al., 2009). Os dados foram coletados no modo

de transmitância pelo espectrômetro. O FPS foi calculado pela equação 1 abaixo.

(1)

FPS =

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos durante o período de realização do trabalho são apresentados dividos por

compostos desenvolvidos: Bentonitas, Avobenzona(AVO)/bentonitas, Metoxinamato de

etilexila(EHMC)/bentonitas e Oxibenzona(OXI)/bentonitas.

5.1 CARACTERIZAÇÕES DAS BENTONITAS

Para a caracterização das bentonitas sódica e organofílica foram utilizadas as técnicas de análise

física: Difração de Raio X, Análise Espectroscópica de Infravermelho e Análise Térmica.

5.1.1 Difração de raios X

Na figura 11 podem ser evidenciados os ângulos 2theta para as bentonitas sódica e

organicamente modificada. A difração da bentonita sódica utilizada apresentou um ângulo

correspondente a um espaçamento basal de 14,25Å. A bentonita organofílica apresentou um

ângulo 2θ menor, ou seja, sua distância interlamelar foi maior que a bentonita sódica, sendo o

valor de d001 igual a 29,25Å em decorrência da presença do sal de amônio quaternário (Figura

10). Outros autores encontraram ângulos (2θ) semelhantes para essas argilas (RODRIGUES, A.

W. et al., 2007; LÍBANO et al., 2011; BARBOSA, R. et al., 2012).

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Figura 11 - Difratogramas de raios X das Bentonita sódica (a) e Bentonita

5.1.2 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)

Na figura 12 são ilustradas as fotomicrografias das bentonitas sódica e organofílica,

respectivamente. Os espaços interlamelares estão identificados através de setas. Esta

microscopia foi realizada com a finalidade de demonstrar as diferenças entre as lamelas e os

espaços interlamelares das argilas.

organofílica (b).

2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Å 25 . 29 ) 001 (

º 02 . 3 2

d

Å 25 . 14 ) 001 (

º 20 . 6 2

d

theta (º 2 )

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5.1.3 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR)

Na figura de 13 estão representados os espectros das bentonitas sódica e organofílica. O

uso da técnica de ATR para realização das análises não alterou de nenhuma forma o composto.

O espectro da bentonita sódica pode ser observado revelou um pico largo em 3398 cm-1 de

hidroxilas de água envolvidas em pontes de hidrogênio. O pico anterior mais fino em 3627 cm-

1 se deve a vibração axial dos grupamentos O-H estruturais. A intensidade média do pico em

1634 cm-1 é característica de água adsorvida. As bandas entre 1111 cm-1 e 689 cm-1 são

decorrentes das vibrações das lamelas da argila. A banda forte em 984 cm-1 é devido ao

estiramento Si-O-Si e a absorção fraca em 780 cm-1 é decorrente do estiramento Si-O (

ARAÚJO; FASCIO, 2004; LÍBANO et al., 2011).

No espectro de absorção da bentonita organicamente modificada, observam-se algumas

diferenças em relação ao espectro da bentonita sódica. O pico em 3645 cm-1 de fraca intensidade

é decorrente da ausência de água entre as lamelas dessa argila. As bandas relativas à deformação

axial de C-H são em 2923 cm-1 do CH3 e 2852 cm-1 do CH2. O pico de média intensidade em

1468 cm-1 está relacionado à deformação angular simétrica de grupos (CH3)4

Figura 1 2 – Fotomicrografias das Bentonita sódica (a) e bentonita organofílica (b).

( ) a ( b )

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N+. Uma banda em 1007 cm-1 é referente ao estiramento Si-O-Si e as bandas de fraca intensidade

entre 916 cm-1 e 617 cm-1 são devido à presença de Si-O (ARAÚJO, W. L., 2004; LÍBANO et

al., 2011).

Figura 13 - Espectro de FTIR da Bentonita sódica (a) e Bentonita

Comprimento onda (cm-1)

5.1.4 Análise Térmica

A análise térmica está ilustrada na figura 14, onde observa-se um pico endotérmico largo

em torno de 123ºC no termograma da bentonita sódica, enquanto que a bentonita organofílica

apresenta um pico endotérmico em 417ºC e um exotérmico em 437ºC (LIRA et al., 2008).

organofílica (b).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

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Figura 14 – Termogramas de DSC da Bentonita sódica (a) e Bentonita

Temperatura (ºC)

A figura 15 ilustra as curvas termogravimétricas para a bentonita sódica e bentonita

organofílica. A bentonita sódica apresentou dois picos iniciais de degradação Tinicial de 56 e

226ºC e Tdegrad. de 496 °C. Para a bentonita organofílica também foram obtidos dois valores para

Tinicial de 97 e 219ºC e Tdegrad. de 498ºC (LIRA et al., 2008; LÍBANO et al., 2011).

Figura 15 - Curvas Termogravimétricas da Bentonita sódica (a) e

Temperatura (ºC)

organofílica (b).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 -1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

) b (

) ( a

Bentonita organofílica (b).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 65

70

75

80

85

90

95

100

105

) b (

a ) (

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5.2 COMPOSTOS DE INTERCALAÇÃO DE AVO/BENTONITA

Para os compostos de intercalação de AVO/Bentonita, primeiramente foi calculado o

rendimento teórico dos nanocompósitos, e em seguida foram realizadas as análises de Difração

de Raio X, Microscopia Eletrônica de Transmissão, Análise Espectroscópica de Infravermelho

e Análise Térmica.

5.2.1 Nanocompósitos de bentonita sódica e bentonita organofílica contendo AVO

As concentrações de filtro analisadas foram 0,5; 1; 2 e 3 g/1g bentonita, correspondente

a relação de 0,5:1; 1:1; 2:1 e 3:1 de filtro/argila, respectivamente. Os produtos da reação de

intercalação foram quantificados e demonstraram valores de 63 ± 1 e 51 ± 2 para os sistemas

AVO/SB e AVO/OB (p<0,05)1, ambos obtidos por centrifugação.

A tabela 2 ilustra o resultado dos rendimentos dos centrifugados, utilizando as duas

argilas.

Tabela 2 – Rendimentos dos nanossistemas intercalados filtro solar/bentonita (adsorção / intercalação) por centrifugação.

Filtro solar –

bentonita Relação

Filtro solar –

bentonita

Média de adsorção /

percentual de rendimento intercalação

Filtro solar- bentonita

proporção real

AVO-SB

Centrifugação

0,5:1 36±2* 0,2: 1

1:1 23 ± 1 0,2: 1

2:1 51 ± 1 1,0: 1

3:1 63 ± 1 1,9: 1

AVO-OB

Centrifugação

0,5:1 32±1 0,2: 1

1:1 26 ±2 0,3: 1

2:1 51 ±2 1,0: 1

1 O software GraphPad Prisma 5.03 foi utilizado para analisar os diferentes rendimentos do filtro que teria

interagido com as argilas nas diferentes concentrações, sendo aplicados a normalidade de distribuição dos dados,

avaliada pelo teste de Kolmogorov-Wilk, análises de ANOVA (seguido de um pós-teste de Tukey diferença mínima

significativa) e o teste t student para amostras dependentes em um nível de confiança de 95%. Os resultados foram

considerados significativos para valores de p < 0,05.

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3:1 49 ± 1 1,5: 1

* desvio padrão

Com esses dados pode-se observar diferenças entre os valores da avobenzona

incorporado a bentonita sódica e a organofílica nas diferentes proporções. Os resultados do

processo de centrifugação com a argila sódica apresentaram diferenças significativas, quando

comparados entre si, com exceção dos valores das relações 2:1 (51 ±2) e 3:1 (49 ± 1) que não

apresentaram diferenças significativas (p<0,05). Dado o exposto, a relação que apresentou

maior rendimento teórico de filtro foi escolhida para futuras análises.

Os valores acima de 99%, expressos pelos nanocompósitos oriundos da evaporação

rotativa para a eficiência da adsorção/intercalação da AVO, são decorrentes do excesso de filtro,

enquanto que os sistemas oriundos do processo de centrifugação apresentaram valores em torno

dos 50%, levando-se a acreditar que as bentonitas fixaram uma quantidade de filtro menor,

provavelmente por ser essa a máxima quantidade que a argila pode suportar.

5.2.2 Difração de Raios X (DRX)

Os resultados gráficos de difração da Avobenzona estão expostos nas tabelas 16 e 17. O

composto oriundo da evaporação rotativa apresentou alta cristalinidade, com um deslocamento

de 5,92Å para a bentonita sódica (Figura 16), indicando que o filtro não foi somente adsorvido

na superfície externa, mas que entra no espaço interlamelar da argila, ocasionando num

deslocamento. Este resultado comprova a presença de um excesso de filtro, já demonstrado na

análise do rendimento teórico desse composto. O sistema formado pelo processo de

centrifugação não apresentou pico, dando indicação de que provavelmente ocorreu esfoliação

do nanocompósito (RODOLFO‑JR; MEI, 2009).

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Figura 16 - Difratogramas de raios X de AVO/SB centrifugação (a); AVO/SB

2 theta (º)

Na bentonita organofílica (Figura 17) houve uma redução no deslocamento de 1,37Å

ocasionado pela avobenzona pelo processo de centrifugação. Na análise dos nanossistemas da

evaporação rotativa foi possível observar que não houve a presença de picos iniciais de difração,

sugerindo que ocorreu apenas um processo de adsorção decorrente da concentração excessiva

de filtro presente no nanocompósito. Neste mesmo sistema, observa-se entre os ângulos theta 5

e 10 a presença de uma possível nova estrutura cristalina. Os baixos deslocamentos exibidos

pelos nanocompósitos dessa bentonita podem significar que houve uma adsorção superficial, ou

que provavelmente exista uma competição entre o sal quaternário de amônio da estrutura da

argila e a molécula do filtro solar.

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Figura 17 - Difratogramas de raios X de AVO/OB centrifugação (a); AVO/OB evaporação

Alguns autores relataram em seus estudos que alguns nanocompósitos apresentaram

vários níveis de delaminação da argila, desde fases esfoliadas até compactadas. Tendo em vista

os aspectos observados, provavelmente houve a intercalação das moléculas de avobenzona entre

as camadas da argila, que deve ser confirmada pelas imagens de microscopia eletrônica de

transmissão (PAUL; ROBESON, 2008; MORALES, A. R. et al., 2010).

5.2.3 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)

A micrografia dos materiais analisados está representada na figura 18. Foi observado que

alguma intercalação ocorreu quando o filtro foi adicionado, mas a bentonita não responde

suficientemente a adsorção da AVO, pois algumas camadas não apresentaram expansão após a

adição do filtro (PAIVA et al., 2008). Nesse contexto, os produtos de intercalação da bentonita

rotativa (b).

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Å 52 , 27 ) 001 (

º 21 , 3 2

d

a ) (

0 5 10 15 20 25 30 35 40

2 theta (º )

) b (

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organicamente modificada, obtidos pelos processos de centrifugação e evaporação rotativa,

foram micrografados. As lamelas do composto estão identificadas na figura pelas setas pretas.

5.2.4 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR)

A análise dos espectros de FTIR da avobenzona é ilustrada nas figuras 19 e 20. O

espectro da AVO (Figura 19) revelou um pico em 2963 cm-1 da ligação C-H de alifáticos, um

estiramento em 1605 cm-1 característico da aril-cetona. A presença de uma banda entre

15461430 cm-1, indicando a presença de C=C aromático. Um estiramento forte em 1254 cm-1

característico de Aril alquil Éter. Em 1170 cm-1 verifica-se a ligação C-O característico de álcool

terciário, provavelmente devido à ligação C-O do éter. Dois picos em 1111 cm-1 e 1020 cm-1

que confirmam a ligação C-O do éter e em 845 cm-1 um pico característico do anel aromático

para substituído. Em 793 cm-1 uma deformação angular de propila e a banda de 780-623 cm-1

característica de anel aromático (ARAÚJO; FASCIO, 2004).

Figura 1 8 – Fotomicrografia de nanocompósito de AVO/OB centrifugação.

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Comprimento de onda (cm-1)

Na caracterização dos espectros dos compostos com bentonita sódica (Figura 20) o

sistema AVO/SB centrifugação apresentou picos semelhantes aos da argila pura, com exceção

dos picos característicos da avobenzona pura, sendo em menor intensidade, ilustrados com as

bandas em 2965 cm-1 de C-H alifático, um pico em 1637 cm-1 característico da aril-cetona e a

presença de uma banda entre 1560-1430 cm-1, indicando a presença de C=C aromático. O

composto AVO/SB evaporador rotativo mostra que não houve mudança de posição na maioria

das bandas, quando comparadas ao espectro da avobenzona pura, mais sim uma diminuição da

intensidade dos picos de transmitância do nanocompósito; bem como a presença do pico em

3620 cm-1 característico da ligação O-H da água, indicando a presença da argila na estrutura

(ARAÚJO; FASCIO, 2004).

Figura 1 9 - Representação gráfica do Espectro de FTIR d o filtro Avobenzona .

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0.7

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 59

Figura 20 - Espectro de FTIR dos nanocompósitos de AVO/SB centrifugação (a) e de

Comprimento de onda (cm-1)

Nos sistemas formados com a bentonita organofílica (Figura 21) observa-se que no

composto AVO/OB centrifugação apresenta a maioria dos picos presentes no espectro da argila

pura, com alguns picos diferenciados como a banda em 1595 cm-1 referente à carbonila da aril

cetona, mais com intensidade mínima; um pico em 1460 cm-1 presente na banda característica

de C=C de aromático; e a deformação angular da propila em menor intensidade (793 cm-1),

semelhantes ao filtro puro e do estiramento forte em 1011 cm-1 característico de Si-O-Si,

característico da presença da bentonita na estrutura. O sistema AVO/OB evaporação rotativa

também apresentou um espectro semelhante ao da AVO, mudando a intensidade de absorção, e

alguns picos como 3630cm-1 de O-H de água e um estiramento forte em 1020 cm-1 característico

de Si-O-Si, presente na estrutura da argila, que confirmam a formação do nanocompósito

(ARAÚJO; FASCIO, 2004).

AVO/SB evaporação rotativa (b).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0.7

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0

) a (

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 0.7

0.6

0.5

0.4

0.3

0.2

0.1

0.0

b ) (

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 60

Figura 21 - Espectro de FTIR dos nanocompósitos de AVO/OB centrifugação (a) e de

Comprimento de onda (cm-1)

Os espectros de infravermelho dos compostos contendo o filtro AVO incorporado às

bentonita sódica e organofílica apresentam-se com apenas algumas alterações nos modos de

absorbância associados com os sistemas formados, caracterizando quase que uma sobreposição

dos espectros correspondente.

Esses resultados confirmam a formação do nanocompósito, sugerindo a presença do

filtro no complexo formado, já que nanocompósitos apresentaram picos de absorção

característicos como a ligação dupla do carbono indicando a presença do grupo cetona dentre

outros grupos que fazem parte da estrutura química da oxibenzona, bem como a presença da

bentonita também foi evidenciada com grupos funcionais característicos como a sílica (SiO2).

Esses resultados corroboram com outros anteriormente citados (RODRIGUES et al., 2007;

LÍBANO et al., 2011; CHEN-YANG et al., 2011).

Tomados em conjunto, todos os resultados dos espectros de absorção no infravermelho

dos nanocompósitos apresentaram bandas de absorção do filtro químico e das bentonitas. Os

nanossistema formados pelo processo de centrifugação seguiram o padrão da curva da argila,

AVO/OB evaporaçã o rotativa (b).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

( a )

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

( b )

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enquanto que os complexos oriundos da evaporação rotativa delinearam suas curvas

semelhantes ao filtro químico puro.

5.2.5 Análise Térmica

As medidas das análises térmicas foram realizadas com a avobenzona e com as misturas

físicas de AVO/SB e AVO/OB. Para as medidas de DSC, no termograma da AVO observa-se

um processo endotérmico, com ponto de fusão em torno de 87ºC como é mostrado na figura 22.

Outro pico endotérmico é evidenciado em 393ºC, indicando o ponto de degradação do filtro.

Yang et al. 2008 num estudo com avobenzona encontraram resultados semelhantes, onde a AVO

pura mostrou um pico endotérmico a 86,8ºC, correspondente ao seu ponto de fusão.

Temperatura (ºC)

Os termogramas de DSC dos sistemas contendo AVO e a bentonita sódica são ilustradas

na figura 23. Nos nanocompósitos formados com a bentonita sódica observa-se a presença de

um pico endotérmico em 86,4ºC para o nanossistema AVO/SB centrifugação, semelhante ao do

filtro puro, bem como um pico largo exotérmico em 357ºC e ausência do pico endotérmico de

fusão da bentonita, o que sugere a formação do nanocompósito. No composto AVO/SB oriundo

Figura 2 2 - Representação gráfica do Termograma de DSC da Avobenzona.

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

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da evaporação rotativa, verifica-se a presença de dois picos endotérmicos em 80,5ºC e 85,3ºC,

evidenciando a presença da avobenzona e um pico exotérmico em 387ºC indicando o ponto de

degradação do nanocompósito (YANG et al., 2008).

Figura 23 - Representação gráfica dos termogramas de DSC da AVO (a); bentonita sódica

Temperatura (ºC)

Fazendo a análise dos termogramas de DSC dos compostos com bentonita organofílica

(Figura 24), entre as temperaturas ~350ºC e ~380ºC são verificadas a presença de um evento

endotérmico e um pico exotérmico em 423ºC no composto oriundo da centrifugação (AVO/OB),

assim como aparece na argila pura, o que demonstra que o filtro intercalou nas lamelas da

bentonita, já que o pico de fusão do filtro não aparece. No nanocompósito AVO/OB evaporação

rotativa, verifica-se a presença de um pico endotérmico em 80,34ºC, indicando a presença do

filtro químico e mais dois eventos endotérmicos entre 377ºC e 400ºC, análogo ao da bentonita

organofílica (417ºC). Um estudo da avobenzona com hidroxipropil-βciclodextrina (HCPD)

relatou que a mistura física da mesma com o HCPD mostrou um pico endotérmico semelhante

ao do filtro puro (87,7ºC), não exibindo nenhuma transição de fusão endotérmica e demonstra o

encapsulamento molecular de avobenzona na cavidade HPCD (YANG et al., 2008).

( b); AVO/SB centrífuga (c); AVO/SB evaporação rotativa (d).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-2.0

-1.5

-1.0

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

) a (

( c )

b ) (

d ( )

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Figura 24 - Representação gráfica dos termogramas de DSC de AVO (a), bentonita

Temperatura (ºC)

As figuras 25 e 26 mostram as curvas termogravimétricas obtidas para a AVO pura e

para os nanocompósitos preparados com as respectivas bentonitas. Os termogramas evidenciam

que as bentonitas interferem na estabilidade térmica das amostras.

A curva termogravimétrica da avobenzona apresentou Tinicial de 260ºC e Tdegrad. de

491°C. A presença da bentonita sódica (Figura 25) modificou as Tinicial do nanocompósito

AVO/SB centrifugação (57 e 233ºC), onde seus valores foram menor em relação AVO pura.

Já o nanocompósito AVO/SB evaporação rotativa apresentou um aumento na Tinicial de 7°C. A

Tdegrad. dos nanocompósitos da centrifugação e evaporação rotativa mostraram um aumento de

4 °C, quando comparados a AVO pura. Líbano et al. 2011, relaciona essa melhora da

estabilidade térmica de nanocompósitos intercalados com bentonita à presença de óxidos

metálicos na argila, como por exemplo, dióxido de silício, alumínio, ferro e magnésio.

organofílica (b), AVO/OB centrífuga (c) e AVO/OB evaporação rotativa (d).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

3.0

( c )

( d )

b ) (

( a )

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Figura 25 - Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de AVO (a); bentonita

Temperatura (ºC)

Os nanocompósitos contendo bentonita organofílica (Figura 26) aumentaram sua Tinicial

apenas em relação à degradação da bentonita pura. O sistema AVO/OB centrifugação

apresentou Tinicial de 244 °C, sendo bem melhor se comparada com a argila pura. Já o composto

de intercalação AVO/OB evaporação rotativa apresentou uma Tinicial de 248°C. Líbano e cols.

(2011), relataram que, em geral, as camadas bem espaçadas da bentonita organofílica ocasionam

um efeito de barreira, dificultando a difusão de substâncias voláteis e também do calor, o que

pode justificar a degradação inicial do filtro ser menor que a dele puro. Os dois nanocompósitos

AVO/OB centrifugação e AVO/OB evaporação rotativa apresentaram iguais Tdegrad. de 492 °C,

ou seja, levemente superiores à observada para a AVO.

sódica (b); AVO/SB centrífuga (c); AVO/SB evaporação rotativa (d)

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

( ) b

( c )

d ) (

a ) (

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Temperatura (ºC)

5.3 COMPOSTOS DE INTERCALAÇÃO DE METOXICINAMATO DE

ETILEXILA/BENTONITA

Para os compostos de intercalação de EHMC/Bentonita, primeiramente foi calculado o

rendimento teórico dos nanocompósitos, e em seguida foram realizadas as análises de Difração

de Raio X, Microscopia Eletrônica de Transmissão, Análise Espectroscópica de Infravermelho

e Análise Térmica.

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 66

5.3.1 Nanocompósitos de bentonita sódica e bentonita organofílica contendo

EHMC

A figura 27 ilustra o aspecto dos diferentes sistemas contendo EHMC, que em sua forma

pura é líquido, nos nanocompósitos oriundos da centrifugação apresentou-se como um pó, e nos

nanocompósitos obtidos a partir de método de evaporação rotativa, mostrou-se com aspecto de

resina oleosa.

Figura 27 – Diferentes imagens do Metoxicinamato de etilexila: (a) EHMC na forma pura (óleo); (b)

Os compostos de intercalação foram preparados em três concentrações diferentes 0,5, 1

e 2 g/1g bentonita, correspondente a relação de 0,5:1; 1:1 e 2:1 de filtro/argila, respectivamente.

Os produtos da reação de intercalação foram quantificados e demonstraram valores de 79 ± 1 e

82 ± 1 para os sistemas EHMC/SB e EHMC/OB (p<0,05)2, respectivamente, ambos obtidos por

centrifugação (Tabela 3). Estes resultados apresentaram diferenças significativas entre os

nanocompósitos que utilizaram o mesmo método de remoção de solvente, sendo escolhida a

relação com maior rendimento de filtro intercalado, para seguir para a caracterização. Em

comparação com outros nanossistemas envolvendo carreadores de drogas, este resultado é

significativo (KÜLKAMP et al., 2009).

Tabela 3 – Rendimentos dos nanossistemas intercalados filtro solar/bentonita (adsorção / intercalação) por centrifugação.

Filtro solar –

bentonita Relação

Filtro solar -

bentonita

Média de adsorção /

percentual de rendimento intercalação

Filtro solar- bentonita

proporção real

2 O software GraphPad Prisma 5.03 foi utilizado para analisar os diferentes rendimentos do filtro que teria

interagido com as argilas nas diferentes concentrações, sendo aplicados a normalidade de distribuição dos dados,

avaliada pelo teste de Kolmogorov-Wilk, análises de ANOVA (seguido de um pós-teste de Tukey diferença

centrifugação; EHMC/OB c) ( centrifugação; EHMC/SB ( EHMC/SB rotativa; evaporação d) ( e) EHMC/OB evaporação rotativa.

FONTE: RODRIGUES, 2013.

a b c d e

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EHMC-SB

Centrifugação

0,5:1 79 ± 1 0,4:1

1:1 59 ± 2 0,6:1

2:1 53 ± 1 1,0:1

EHMC-OB

Centrifugação

0,5:1 82 ± 1 0,4:1

1:1 79 ± 1 0,8:1

2:1 33 ± 1 0,7:1

* desvio padrão

A eficiência da adsorção/intercalação do EHMC nos nanocompósitos, com valores acima

de 99% para os formados pelo processo de evaporação rotativa sugere um excesso de filtro, já

que com o processo de centrifugação os sistemas apresentaram, em média, valores de 60%. Este

resultado pode ser atribuído ao fato de que no processo de evaporação rotativa somente o

solvente é removido, ficando intercalada entre as lamelas da argila uma quantidade excessiva de

filtro, já no processo de centrifugação somente a quantidade de filtro máxima fixada pela argila

intercalou, podendo contribuir no desenvolvimento de um ambiente mais apropriado para a

formação do nanocompósito.

5.3.2 Difração de Raios X (DRX)

Nas figuras 28 e 29 são ilustrados os difratogramas de raios X do nanocompósitos

contendo EHMC. O espectro de raios X do EHMC-SB centrifugação (Figura 28), mostra uma

distância entre camadas aumentou de 0,48Å. Para o composto EHMC-SB evaporação rotativa

mínima significativa) e o teste t student para amostras dependentes em um nível de confiança de 95%. Os resultados foram considerados significativos para valores de p < 0,05.

o pico desapareceu, observando-se a presença de um pequeno ombro, provavelmente devido a

uma porção não esfoliada, o que sugere um excesso de filtro presente no nanocompósito.

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Figura 28 - Difratogramas de raios X: EHMC/SB centrifugação (a) e EHMC/SB evaporação

2 theta (º)

No difratograma de raios X do EHMC-OB centrifugação (Figura 29), foi possível observar

ângulo de 2θ=3.16º, referente a distância interlamelar de 27.93Å, ou seja, o composto apresentou

um ângulo maior que o da bentonita organofílica sozinha, com consequente espaço interlamelar

menor. Isto se deve ao fato de que as ligações cruzadas formadas durante a formação do

nanocompósito diminuem o volume ocupado pelas macromoléculas, fazendo diminuir também

à distância interplanar (WU, Y-P et al., 2004; LU,Y-L 2011). O espectro do EHMC/OB

evaporador rotativo não apresentou pico característico, indicando uma provável delaminação do

composto de intercalação.

Outros autores relataram a presença de fases esfoliadas e compactadas, passando por vários

níveis de delaminação da argila (PAUL; ROBESON, 2008; MORALES, A. R. et al., 2010). De

acordo com este resultado, pode haver uma intercalação de filtro nas lamelas. Isto deve ser

confirmado pelas imagens de TEM.

rotativa (b).

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Å 73 , 14 ) 001 (

º 99 , 5 2

d

a ) (

0 5 10 15 20 25 30 35 40

( b )

Å 52 , 15 ) 001 (

º 69 , 5 2

d

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 69

Figura 29 - Difratogramas de raios X: EHMC/OB centrifugação (c) e EHMC/OB evaporação

5.3.3 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)

Uma avaliação microestrutural realizada através de MET está ilustrada na figura 30. O

nanocompósito EHMC/OB evaporação rotativa apresentou camadas de argila adjacentes

paralelas ou subparalelas com estrutura mais agregada dos produtos de intercalação (PAIVA et

al., 2008).

rotativa ( d ).

0 5 10 15 20 25 30 35 40

) ( c

Å 93 , 27 001

º 16 , 3 2

d

0 5 10 15 20 25 30 35 40 2 theta (º )

) d (

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Figura 30 – Fotomicrografia das lamelas do

5.3.4 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR)

Os espectros de infravermelho dos compostos contendo o ativo EHMC (Figura 31) incorporado

às respectivas bentonitas estão demonstrados nas figuras 32 e 33, onde se pode notar uma

combinação linear dos espectros correspondente, resultando em poucas alterações nos modos de

vibração associados com os sistemas formados. Os resultados corroboram com os relatados na

literatura (Chen-Yang et al. 2011), confirmando a identidade química das amostras. Na figura

30, o EHMC revelou dois picos entre 3000-2840 cm-1 característico de C-

H, um pico em 1702 cm-1 devido aos grupos carboxílicos, um pico em 1600 cm-1 do grupamento

C-C do benzeno, um pico em 1165 cm-1 característico de C-O fenol (MENEZES et al., 2008;

CHEN-YANG et al., 2011).

nanocompósito EHMC/OB.

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Comprimento de onda (cm-1)

Na caracterização dos nanossistemas de EHMC/SB (Figura 32) assim como dos sistemas

de EHMC/OB (Figura 33) nos mostra que não houve mudança de posição nas bandas, indicando

que a interação entre o filtro e a bentonita é preferivelmente fraca (adsorção). Também é possível

notar que a banda em 1636 cm-1 decorrente da deformação de moléculas de água na bentonita

pura, geralmente é modificada quando se tem uma substância interagindo com a bentonita, o

que sugere que a intercalação teria deslocado as moléculas de água do espaço interlamelar,

provavelmente devido às características hidrofóbicas do EHMC.

Figura 3 1 – Representação gráfica do e spectro de FTIR do filtro EHMC .

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 1.4

1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 72

Figura 32 - Espectro de FTIR dos nanocompósitos de EHMC/SB centrifugação (a) e

Comprimento onda (cm-1)

Figura 33 - Espectro de FTIR dos nanocompósitos de EHMC/OB centrifugação (a) e

EHMC/OB evaporação rotativa (b).

) a (

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 1.4

1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

-0.2

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 1.4

1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

-0.2

b ) (

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 73

Comprimento onda (cm-1)

Esses resultados confirmam a formação do nanocompósito, sugerindo a presença do

filtro no complexo formado, já que nanocompósitos apresentaram picos de absorção

característicos como a ligação do carbono com o oxigênio indicando a presença do grupo

fenólico dentre outros grupos que fazem parte da estrutura química do metoxicinamato de

etilexila, bem como a presença da bentonita também foi evidenciada com grupos funcionais

característicos como a sílica (SiO2). Esses resultados corroboram com outros anteriormente

citados (RODRIGUES, A. W. et al., 2007; LÍBANO et al., 2011; CHEN-YANG et al., 2011).

Tomados em conjunto, todos os resultados dos espectros de absorção no infravermelho

dos nanocompósitos apresentaram bandas de absorção do filtro químico e das bentonitas. Os

nanossistema formados pelo processo de centrifugação seguiram o padrão da curva da argila,

enquanto que os complexos oriundos da evaporação rotativa delinearam suas curvas

semelhantes ao filtro químico puro.

5.3.5 Análise Térmica

Através das medições de DSC e TG obteve-se a estabilidade térmica dos compostos de

intercalação. A análise das curvas calorimétricas do EHMC revelou vários processos

endotérmicos e exotérmicos. Observa-se um processo exotérmico, com um ponto de evaporação

em ~165ºC. Outros dois picos exotérmicos aparecem em ~265ºC e ~346ºC, indicando a principal

degradação do filtro (Figura 34).

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Temperatura (ºC)

Nos termogramas de DSC para os nanocompósitos com bentonita sódica (Figura 35), o

sistema EHMC/SB centrifugação revelou um único processo endotérmico em ~116ºC, sendo

esse seu ponto de fusão, um pouco menor que o do filtro puro, podendo significar que a argila

está funcionando como uma barreira, impedindo que os picos do filtro sejam evidenciados,

indicando a formação do composto de intercalação (LÍBANO et al., 2011). Esses resultados são

semelhantes ao espectro da bentonita sódica pura, que também apresentou um pico único em

~119ºC. Já o composto EHMC/SB evaporação rotativa apresentou os picos exotérmicos em

~302ºC e ~366ºC, não aparecendo o pico inicial do filtro puro em ~165ºC, podendo indicar a

formação do nanocompósito.

Figura 3 4 - Representação gráfica do t ermograma de DSC do filtro EHMC.

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

) a (

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares.

75

Figura 35 - Representação gráfica dos termogramas de DSC de EHMC (a); bentonita sódica

As curvas de DSC dos nanocompósitos contendo bentonita organofílica (Figura 36), o

composto EHMC/OB centrifugação apresentou dois processos exotérmicos em ~280ºC, sendo

esse o seu ponto de fusão, e outro em ~360ºC. Um último pico endotérmico em ~421ºC,

próximo ao pico presente na curva da bentonita organofílica pura (~117ºC). O sistema

EHMC/OB evaporação rotativa apresentou o pico exotérmico em ~298ºC, e outro em 376ºC,

picos esses, próximos aos valores do espectro do EHMC (~265ºC e ~346ºC). Entre as

temperaturas 300 e 350ºC, o pico de evaporação desaparece no composto oriundo da

centrifugação (EHMC/OB centrifugação), o que sugere a formação do nanocompósito.

). b); EHMC/SB centrifugação (c); EHMC/SB evaporação rotativa (d (

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

) ( d

( c )

) b (

( a )

Temperatura ( ºC )

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares.

76

Figura 36 – Representação gráfica dos termogramas de DSC de EHMC (a), bentonita

Temperatura (ºC)

Os termogramas de perda de massa para os compostos contendo bentonita sódica e

bentonita organofílica são ilustrados nas figuras 37 e 38, respectivamente.

A curva termogravimétrica do EHMC revelou dois pontos iniciais de perda de massa

em Tinicial = 178ºC e Tinicial = 279ºC, e uma temperatura final de degradação Tdegrad. = 493°C. A

bentonita sódica modificou as Tinicial do nanocompósito EHMC/SB centrifugação (62 e 172ºC),

ou seja, as temperaturas foram menores em relação ao EHMC e mais próximas das temperaturas

da argila. O sistema EHMC/SB evaporação rotativa apresentou um aumento na Tinicial de 19°C

em comparação com o EHMC. Os nanossistemas não apresentaram diferenças significativas

para as Tdegrad. entre os nanosistemas e o EHMC. Um estudo feito por ChenYang,Y.W. e col.

(2011) utilizando outro nanosistemas, relataram que o metoxicinamato de octila (MCX)

apresentou temperatura de degradação de 250ºC e o composto formado temperatura de

degradação 300ºC, sugerindo que o MCX que encapsulou na sílica mesoporosa (MS) foi

termicamente mais estável do que o MCX livre. O termograma também revelou que uma grande

organofílica (b), EHMC/OB centrifugação (c) e EHMC/OB evaporação rotativa (d).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-1.0

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0.0

0.2

0.4

0.6

) d (

) c (

( b )

( a )

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares.

77

quantidade de MCX (cerca de 65%) foi encapsulado em MCX-MS, resultados próximos aos

encontrados neste trabalho.

Figura 37 - Representação gráfica das curvas Termogravimétricas do EHMC (a); bentonita

Temperatura (ºC)

Nos compostos de intercalação formados com bentonita organofílica (Figura 38), o

EHMC/OB centrifugação apresentou uma Tinicial em 66ºC, mais a perda de massa maior foi em

232ºC. Para o nanossistema EHMC/OB evaporação rotativa, as temperaturas de degradação

não apresentaram diferenças significativas se comparadas as do EHMC puro.

sódica (b); EHMC/SB centrífuga (c); EHMC/SB evaporação rotativa (d).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

( ) b

) c (

( d )

( a )

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares.

78

Figura 38 - Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de EHMC (a), bentonita

Temperatura (ºC)

Os resultados do TG e do DSC dos nanocompósitos EHMC/SB e EHMC/OB por ambos

os processos de remoção do solvente podem ser considerados como prova do processo de

intercalação bem sucedida, porque o ponto de fusão é determinado pelas interações

intermoleculares estabilizantes da estrutura cristalina do nanocompósito. Estando o EHMC

intercalado entre as camadas da argila, a estabilidade termodinâmica do novo composto deve

ser determinada por um conjunto de interações, que vai dar origem a um comportamento

térmico diferente ou semelhante às substâncias envolvidas (RODRIGUES, P. O. et al., 2005).

A formação de nanocompósitos que contêm EHMC e bentonita sódica ou organofílica

foi investigada por meio da comparação do comportamento térmico da mistura física de 0,5:1

(EHMC/bentonita) dos componentes para obter os produtos finais. Os resultados do EHMC

mostram que este composto começa sua decomposição em ~178ºC (8%), mas a grande perda

de massa está na segunda curva de perda em ~279 C (90%). Esses processos são bem

observados tanto no TG quanto no DSC, sendo que no DSC o segundo pico apresenta vários

processos que não estão descritos nas curvas de TG. As misturas físicas exibem curvas de TG

e DSC com características superpostas dos componentes individuais, visto que, os picos das

organofílica ( b ) , EHMC/OB centríf uga (c ) e EHMC/OB evaporação rotativa (d ).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

a ) (

( g )

f ) (

) e (

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 79

argilas não variam muito em intensidade, enquanto que os do EHMC se apresentam mais

fracamente. Isto mostra que o EHMC está no nanossistema, mas numa fração menor que à da

bentonita. Por conseguinte, o primeiro processo, que apresentou somente 8% da perda de

massa, é muito fraco, além de ficar sobreposto por um evento da argila muito próximo.

5.4 COMPOSTOS DE INTERCALAÇÃO DE OXIBENZONA/BENTONITA

Para os compostos de intercalação de OXI/Bentonita, primeiramente foi calculado o

rendimento teórico dos nanocompósitos, e em seguida foram realizadas as análises de Difração

de Raio X, Microscopia Eletrônica de Transmissão, Análise Espectroscópica de Infravermelho

e Análise Térmica.

5.4.1 Nanocompósitos de bentonita sódica e bentonita organofílica contendo OXI.

As concentrações de filtro utilizadas na preparação dos nanocompósitos de oxibenzona

foram 0,5; 1 e 2 g/1g bentonita, correspondente a relação de 0,5:1; 1:1 e 2:1 de filtro/argila,

respectivamente. Os rendimentos teóricos dos produtos foram quantificados por

espectrofotometria de UV, e revelaram valores como 59 ± 2 para o OXI/SB e 58 ± 1 para o

OXI/OB (p<0.05)3, ambos obtidos por centrifugação, e para o evaporador rotativo os valores

foram todos próximos a 100% (Tabelas 4). Somente apresentaram diferenças significativas os

nanocompósitos oriundos da centrifugação.

3 O software GraphPad Prisma 5.03 foi utilizado para analisar os diferentes rendimentos dos filtros que teriam interagido com

as argilas nas diferentes concentrações, sendo aplicados a normalidade de distribuição dos dados, avaliada pelo teste de

Kolmogorov-Wilk, Análises de ANOVA (seguido de um pós-teste de Tukey diferença mínima significativa) e o teste t student

para amostras dependentes, foram realizadas em um nível de confiança de 95%. Os resultados foram considerados significativos

para valores de p < 0,05.

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Tabela 4– Rendimentos dos compostos de intercalação filtro solar/bentonita (adsorção / intercalação) por centrifugação.

Filtro solar –

bentonita Relação

Filtro solar -

bentonita

Média de adsorção /

percentual de rendimento intercalação

Filtro solar- bentonita

proporção real

OXI-SB

Centrifugação

0,5:1 47 ± 2 0,2:1

1:1 59 ± 2 0,6:1

2:1 43 ± 1 0,9:1

OXI-OB

Centrifugação

0,5:1 55 ± 2 0,3:1

1:1 58 ± 1 0,6:1

2:1 35 ± 1 0,7:1

* desvio padrão

Analisando os resultados apresentados observa-se algumas divergências entre os valores

da oxibenzona intercalada as bentonitas sódica e organofílica nas diversas proporções. Os

resultados do processo de centrifugação com a argila sódica apresentaram diferenças

significativas, quando comparados entre si, com exceção dos valores das relações 0,5:1 (44 ±

2) e 2:1 (41 ± 1) que não apresentaram diferenças significativas. Em seguida, a relação que

apresentou maior rendimento teórico de filtro foi escolhida para seguir com as análises de

caracterização. Os resultados dos compostos de intercalação formados pela evaporação rotativa

não foram expostos devido a sua eficiência da adsorção/intercalação apresentar-se muito

elevados (acima de 99%), já que em seu preparo todo o solvente é removido, resultando num

produto final com uma quantidade maior de filtro.

5.4.2 Difração de Raios X (DRX)

A análise de difração dos compostos de intercalação relatou que a oxibenzona (OXI)

ocasionou uma redução do espaço interlamelar nos nanocompósitos de bentonita sódica (Figura

39) obtidos por evaporação rotativa de 0,6Å, indicando a presença de ligações cruzadas

formadas durante a formação do nanocompósito diminuem o volume ocupado pelas

macromoléculas, fazendo diminuir também à distância interplanar (Wu et al. 2004; Lu 2011).

O sistema formado pelo processo de centrifugação apresentou um aumento de 0,8Å, dando

indicação de que provavelmente ocorreu esfoliação do nanocompósito.

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Figura 39 - Difratogramas de raios X, (a) OXI/SB centrifugação e (b) OXI/SB

Na bentonita organofílica (Figura 40) houve uma diminuição do deslocamento

ocasionado pela oxibenzona, tanto para o nanocompósito oriundo da centrifugação com valor

igual a 2Å , quanto para os da evaporação rotativa, com valor igual a 8Å. De acordo com Líbano

et al. 2011, esses resultados podem ser atribuídos a pouca afinidade da oxibenzona com a

bentonita organofílica, ou ainda que esse deslocamento do pico principal (001) da argila para

ângulos maiores também pode ser atribuído à compactação da argila diminuindo assim o espaço

basal entre as camadas da argila. Embora os rendimentos da intercalação/adsorção sejam

elevados, provavelmente o mecanismo principal de interação foi por adsorção superficial, em

virtude do baixo deslocamento observado em suas lamelas, indicando uma competição entre o

sal de amônio da estrutura da argila e a molécula do filtro solar.

evaporação rotativa.

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Å 04 , 15 ) 001 (

Å 88 , 5 2

d

( a )

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Å 66 , 13 ) 001 (

Å 47 , 6 2

d

2 theta (º )

( b )

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Figura 40 - Difratogramas de raios X da OXI/OB centrifugação (a) e OXI/OB evaporação

2 theta (º)

5.4.3 Microscopia eletrônica de transmissão (MET)

Com a análise de 2 campos foram tiradas micrografias de MET. Desta forma, na figura

41 estão expostas duas figuras (em diferentes dimensões) que ilustram o produto de

intercalação, onde as lamelas da argila estão indicadas por setas.

rotativa ) ( b .

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Å 89 , 26 ) 001 (

Å 28 , 3 2

d

( a )

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Å 43 , 20 ) 001 (

Å 32 , 4 2

d

( ) b

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Figura 41 – Fotomicrografias das lamelas do nanocompósito

5.4.4 Análise Espectroscópica de Infravermelho (FTIR)

Os espectros de infravermelho dos compostos contendo o filtro OXI incorporado às

bentonita sódica e organofílica apresentam-se com poucas alterações nos modos de vibração

associados com os sistemas formados, caracterizando uma combinação linear dos espectros

correspondente. A oxibenzona revelou um pico em 1628 cm-1 característico de Aril-cetonas,

um estiramento em 1590 cm-1 da ligação C=C de aromáticos. A presença de um estiramento

médio de um dubleto próximo a 1500 cm-1 e 1450cm-1. Uma estiramento forte em 1250 cm-1

característico de Aril-alquil-Éter. Em 1107 cm-1 verifica-se a presença de um álcool secundário

e vários picos entre 748-704 cm-1 da presença de benzenos (Figura 42) (ARAÚJO; FASCIO,

2004; MENEZES et al., 2008).

OXI/OB centrifugação .

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Comprimento de onda (cm-1)

Na caracterização dos compostos de intercalação de OXI/SB (Figura 43) assim como

dos sistemas de OXI/OB (Figura 44) oriundos da centrifugação, nos mostra que não houve

mudança de posição nas bandas, ficando o diferencial na intensidade da absorbância, indicando

que ocorreu uma interação fraca entre o filtro e as respectivas bentonitas. Também é possível

notar que a banda em 1628 cm-1 decorrente da deformação de moléculas de água na bentonita

pura, geralmente é modificada quando se tem uma substância interagindo com a bentonita, o

que sugere que a intercalação teria deslocado as moléculas de água do espaço interlamelar,

provavelmente devido às características hidrofóbicas da OXI (ARAÚJO; FASCIO, 2004).

Os sistemas formados por evaporação rotativa mostraram que no composto OXI/SB

(Figura 43) apresentou picos semelhantes ao filtro puro, variando apenas a intensidade de

absorção, com exceção do pico em 3624 cm-1 de O-H estrutural e do estiramento largo em 1020

cm-1 característico de Si-O-Si, picos esses presentes no espectro da argila pura. O sistema

Figura 4 2 - Representação gráfica do Espectro de FTIR d o filtro O xibenzona .

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 85

OXI/OB (Figura 44) também apresentou um espectro semelhante ao da OXI pura, mudando a

intensidade de absorção, e alguns picos como 3630 cm-1 de O-H estrutural; um dubleto em 2923

cm-1 e 2847 cm-1, característico de C-H alifático, presentes na estrutura da argila, que

confirmam a formação do nanocompósito (ARAÚJO; FASCIO, 2004).

Esses resultados confirmam a formação do nanocompósito, sugerindo a presença do

filtro no complexo formado, já que nanocompósitos apresentaram picos de absorção

característicos como a ligação dupla do carbono indicando a presença do grupo cetona dentre

outros grupos que fazem parte da estrutura química da oxibenzona, bem como a presença da

bentonita também foi evidenciada com grupos funcionais característicos como a sílica (SiO2).

Esses resultados corroboram com outros anteriormente citados (RODRIGUES, A. W. et al.,

2007; LÍBANO et al., 2011; CHEN-YANG et al., 2011).

Figura 43 - Representação gráfica dos espectros de FTIR dos nanocompósitos de OXI/SB

Comprimento de onda (cm-1)

centrifugação (a) e OXI/SB evaporação rotativa ). ( b

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 50 1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

) a (

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 50 1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

( b )

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Figura 44 - Representação gráfica dos espectros de FTIR dos nanocompósitos de OXI/OB

Comprimento de onda (cm-1)

5.4.5 Análise Térmica

Para as medidas do DSC, o termograma da oxibenzona apresenta um processo

endotérmico, com ponto de fusão em torno de 67,3ºC como é mostrado na figura 45. O outro

pico endotérmico em 357ºC indica o ponto de degradação deste composto. Berbicz et al. 2011,

relataram em seu estudo resultados semelhantes, onde a OXI pura mostrou um pico

endotérmico a 68,5ºC, correspondente ao seu ponto de fusão.

centrifugação (a) e OXI/OB evaporação rotativa (b).

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

) a (

4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500

1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

0.2

0.0

( b )

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares.

87

Temperatura (ºC)

A análise das curvas de DSC dos sistemas contendo OXI e a bentonita sódica são

ilustradas na figura 46. Nos nanocompósitos formados com a bentonita sódica observa-se a

presença de um pico endotérmico em 121,5ºC para o nanocompósito OXI/SB centrifugação,

semelhante à argila pura e outro pico largo endotérmico em 422ºC, que seria o ponto de

degradação e a ausência do pico endotérmico de fusão da OXI, o que sugere que ocorreu a

intercalação. No composto AVO/SB evaporação rotativa, observa-se um pico endotérmico em

63,5ºC, evidenciando a presença da oxibenzona, um pico endotérmico em 112,6ºC,

característico da presença da argila e outros dois picos endotérmico 312ºC e 336ºC, além de

um pico em 415ºC indicando o ponto de degradação do nanocompósito (BERBICZ et al.,

2011).

F

i

- Representação gráfica do t ermograma de DSC da Oxibenzona.

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. Figura 4

88

6 - Representação gráfica dos termogramas de DSC de OXI (a); bentonita sódica (b);

Temperatura (ºC)

Com as curvas de DSC dos compostos com bentonita organofílica (Figura 47),

observou-se que a temperatura de 67,7ºC é verificada a presença de um evento endotérmico,

indicando a presença da OXI e outro pico endotérmico em 418,7ºC no composto OXI/OB

oriundo da centrifugação, semelhante na argila pura, demonstrando uma possível intercalação

do filtro nas lamelas da bentonita. No nanocompósito OXI/OB evaporação rotativa, verificase

a presença de um pico endotérmico em 64,9ºC, semelhante ao filtro químico, mais dois eventos

endotérmicos em 308ºC e 399ºC, análogo ao da bentonita organofílica (417ºC), assim como

um evento exotérmico em 426,5ºC. Este pico corresponde também ao ponto de fusão do

composto. Alguns estudos com a oxibenzona relataram que a mistura física da mesma com

HPCD mostrou um pico endotérmico semelhante ao do filtro puro (68ºC), não exibindo

nenhuma transição de fusão exotérmica, o que demonstra o encapsulamento molecular de

avobenzona na cavidade HPCD (BERBICZ et al., 2011).

OXI/SB centrifugação (c); OXI/SB evaporação rota tiva (d).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

c ( ) ) ( b

) ( d

( a )

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 89

7 - Representação gráfica dos termogramas de DSC de OXI (a); bentonita sódica (b);

Temperatura (ºC)

As figuras 48 e 49 mostram as curvas termogravimétricas obtidas para a OXI pura e

para os compostos de intercalação preparados com as respectivas bentonitas. Os termogramas

evidenciam que as bentonitas interferem na estabilidade térmica das amostras.

A curva termogravimétrica da oxibenzona apresentou Tinicial de 183ºC e Tdegrad. de 495°C

(BERBICZ et al., 2011). A presença da bentonita sódica modificou as Tinicial do nanocompósito

OXI/SB centrifugação (43 e 190ºC), onde sua segunda temperatura de degradação inicial foi

maior em relação OXI pura. Já o nanocompósito OXI/SB evaporação rotativa apresentou um

aumento na Tinicial de 36°C. A Tdegrad. dos nanocompósitos da centrifugação e evaporação

rotativa não mostraram diferenças significativas quando comparados a OXI. Líbano et al. 2011,

relaciona essa melhora da estabilidade térmica de nanocompósitos intercalados com bentonita

à presença de óxidos metálicos na argila, como por exemplo, dióxido de silício, alumínio, ferro

e magnésio.

OXI/SB centrifugação (c); OXI/SB evaporação rotativa (d).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

-0.5

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.5

( ) b

( ) d

( c )

a ( )

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 90

Figura 48 - Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de OXI (a); bentonita sódica

Temperatura (ºC)

Os nanossistemas contendo bentonita organofílica aumentaram sua Tinicial em relação à

degradação do filtro. O nanocompósito OXI/OB centrifugação apresentou Tinicial de 265 °C,

sendo bem melhor se comparada tanto a argila pura, quanto ao filtro puro. Já o composto de

intercalação OXI/SB evaporação rotativa apresentou uma Tinicial de 211°C. Líbano et al. 2011,

relatam que geralmente as camadas bem espaçadas da bentonita organofílica ocasionam um

efeito de barreira, dificultando a difusão de substâncias voláteis e também do calor. Os dois

nanocompósitos OXI/OB centrifugação e OXI/OB evaporação rotativa apresentaram Tdegrad.

de 497°C e 495ºC, ou seja, iguais à observada para a OXI.

( b); OXI/SB centrifugação c); OXI/SB evaporação rotativa (d ). (

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

0

20

40

60

80

100

( d )

( c )

( b )

a ) (

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 91

Figura 49 - Representação gráfica das curvas Termogravimétricas de OXI (a), bentonita

Temperatura (ºC)

5.5 PREPARAÇÕES FOTOPROTETORAS

Nas preparações fotoprotetoras com e sem os compostos de intercalação foram

realizados o Teste preliminar de estabilidade, a Análise de pH e a Determinação in vitro do

Fator de Proteção Solar (FPS).

5.5.1 Teste preliminar de estabilidade

As formulações contendo nanocompósitos apresentaram-se estáveis, com aspecto

brilhante e homogêneo sem sofrer qualquer alteração de cor ou odor, após serem submetidas

ao teste da centrifugação para ambas as preparações cosméticas durante 1 e 7 dias. Esse teste

organofílica (b), OXI/OB centrifugação (c ) e OXI/OB evaporação rotativa (d ).

50 100 150 200 250 300 350 400 450 500

0

20

40

60

80

100

( d )

c ( )

( b )

( a )

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foi realizado com a finalidade de auxiliar a triagem das formulações, e não para estimar a vida

útil do produto.

5.5.2 Análise de pH

Os valores de pH para as formulações contendo os nanocompósitos permaneceram

próximos ao pH da pele (Tabela 5) ideais para produtos relacionados com aplicação cosmética.

Tabela 5 - Valores de pH das amostras de AVO, EHMC e OXI e seus nanocompósitos

em emulsão. SAMPLE pH

(média ± DP) AVO 5,3 ± 0,4

AVO + SBa centrifugação 5,4 ± 0,3

AVO + SB evaporação rotativa 5,3 ± 0,2

AVO + OBb centrifugação 5,2 ± 0,2

AVO + OB evaporação rotativa 5,2 ± 0,1

EHMC 5,2 ± 0,1

EHMC + SB centrifugação 5,3 ± 0,2

EHMC + SB evaporação rotativa 5,3 ± 0,3

EHMC + OB centrifugação 5,3 ± 0,4

EHMC + OB evaporação rotativa 5,9 ± 0,1

OXI 5,3 ± 0,4

OXI + SB centrifugação 5,9 ± 0,1

OXI + SB evaporação rotativa 5,6 ± 0,3

OXI + OB centrifugação 5,4 ± 0,2

OXI + OB evaporação rotativa 5,3 ± 0,5 aSB=bentonita sódica; bOB= bentonita orgnofílica

5.5.3 Determinação in vitro do Fator de Proteção Solar (FPS)

Os resultados para o FPS estão ilustrados das figuras 50, 51 e 52 como médias e desvio padrão.

A bentonita organofílica apresentou FPS 14 ± 1,4 e a bentonita sódica FPS 8 ± 2 ambas também

adicionadas à emulsão individualmente.

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 93

O valor do FPS para AVO pura adicionada à emulsão foi FPS 1 ± 0,5. Os sistemas de

intercalação com a bentonita sódica incorporada a emulsão, apresentaram resultados de FPS 10

± 1 para AVO/SB centrifugação e FPS 9 ± 1 para o AVO/SB evaporação rotativa. Esses

sistemas não apresentaram diferenças significativas entre seus valores (p<0,05). As

preparações contendo bentonita organofílica exibiram valores de FPS 17 ± 2 para AVO/OB

centrifugação e para AVO/OB evaporação rotativa FPS 11 ± 2. Esses sistemas apresentaram

diferenças significativas entre seus valores (p<0,05) (Figura 50).

Figura 50 - Resultados do Fator de Proteção Solar in vitro para os

O EHMC adicionado de forma pura à emulsão obteve um FPS 8 ± 1. Os compostos

formados pelo filtro junto com a bentonita sódica apresentaram resultados de FPS 9 ± 1 para

EHMC/SB centrifugação e FPS 9 ± 1 para o EHMC/SB evaporação rotativa. Esses sistemas

não apresentaram diferenças significativas entre seus valores (p<0.05). Para as formulações

contendo bentonita organofílica os valores foram maiores em comparação com a outra argila,

onde a centrifugação apresentou FPS 17 ± 1 e a evaporação rotativa FPS 11 ± 2; resultados

esses significativamente diferentes (Figura 51).

diferentes nanocompósitos formados pela AVO ( p< 0.05 ; n =4).

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 94

Figura 51 - Resultados do Fator de Proteção Solar in vitro para os

Com a OXI foi possível evidenciar um FPS de 19 ± 3, quando incorporado à emulsão.

Os nanocompósitos formados com a bentonita sódica mostraram resultados menores, com FPS

12 ± 0,5 para OXI/SB centrifugação e FPS 20 ± 2 para o OXI/SB evaporação rotativa,

provavelmente pela interação fraca entre a argila e o filtro. Esses sistemas são estatisticamente

diferentes (p<0.05). As formulações com bentonita organofílica ilustraram valores de FPS

próximos ao filtro puro, onde a OXI/OB centrifugação apresentou FPS 18 ± 3 e a OXI/OB

evaporação rotativa FPS 20 ± 3; resultados esses significativamente iguais (Figura 52).

diferentes nanocompósitos formados pelo EHMC ( p< 0.05 ; n =4).

Figura 51 - Resultados do Fator de Proteção Solar in vitro para os diferentes nanocompósitos formados pela OXI ( p< 0.05 ; n =4) .

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 95

Os resultados mostraram o que se esperava obter com a junção da argila com os filtros

químicos AVO e EHMC, ou seja, foi comprovado o sinergismo entre as substâncias e o FPS

fosse aumentado em até 100% para alguns nanocompósitos, confirmando a fotoproteção das

argilas, o que viabiliza o método de análise utilizado. A oxibenzona não apresentou resultados

satisfatórios quanto ao incremento da argila, provavelmente em virtude desse filtro ser de amplo

espectro, além de não interagir bem com as argilas. Outros autores que utilizaram métodos de

refletância e absorbância também obtiveram resultados satisfatórios (GREGORIS et al., 2011;

HOJEROVÁ et al., 2011; COUTEAU et al., 2012). Estudos feitos por HoangMinh et al. 2010

sobre a capacidade de proteção UV de alguns tipos de argilas, demonstrou que as bentonitas

apresentam alto teor de fotoproteção. A capacidade de fotoproteção foi maior nos

nanocompósitos formados pela argila organofílica, sugerindo que por possuir a cor branca, esta

bentonita tenha refletido mais os raios UV e que sua interação com as moléculas do filtro

EHMC foi mais intensa (HOANG-MINH, THAO et al., 2011).

Estes resultados podem ser considerados relevantes, visto que o método utilizado

mostrou-se eficaz para avaliar a relação do nanossistema com a pele, determinando somente o

valor do filtro puro, mesmo com os valores estando próximos das bentonitas, considerando que

a quantidade de filtro no nanocompósito intercalado na emulsão foi bem menor se comparada

com o filtro puro intercalado na emulsão, já que em praticamente todos os compostos houve

um aumento no FPS em relação ao filtro puro. Outros autores que utilizaram uma metodologia

semelhante, também obtiveram resultados satisfatórios

(GASPAR; MAIA CAMPOS, 2003; EL-BOURY et al., 2007; VELASCO et al., 2011;

HUPEL et al., 2011).

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 96

6 PERSPECTIVAS

Os resultados promissores apresentados neste trabalho, isto é, a obtenção de compostos

de intercalação dos filtros químicos avobenzona, metoxicinamato de etilexila e oxibenzona com

a bentonitas sódica e organicamente modificada, suscitam uma maior investigação a respeito

da associação, principalmente quanto ao efeito das argilas sobre a fotoestabilidade e permeação

cutânea dos filtros, problemas exaustivamente descritos como inerentes aos mesmos,

permitindo uma utilização segura e eficaz.

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7 CONCLUSÕES

• As análises de DRX e MET confirmaram a formação de compostos de intercalação de

argilas – filtro solares, com manutenção da estrutura cristalina lamelar das primeiras;

• Os resultados de FTIR evidenciaram a diferença entre os nanocompósitos obtidos por

evaporação rotativa (excesso dos filtros solares) e por centrifugação;

• A análise térmica corroborou os resultados de DRX, com o desaparecimento dos

respectivos pontos de fusão dos filtros solares, além de permitir a quantificação dos

filtros solares que foram incorporados às argilas;

• Os valores de FPS da AVO e do EHMC aumentaram quando intercalados entre as

lamelas das argilas, em especial com a bentonita organofílica, indicando ser esta um

potencial candidato para o incremento de produtos cosméticos antissolares.

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 98

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ANEXOS

- Curvas de Calibração dos Filtros: Avobenzona, Metoxicinamato de etilexila e Oxibenzona.

Concentração( g/mL)

Curva de Calibração do filtro Avobenzona .

2 4 6 8 10 12

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

9958 , 0

0102 , 0 1655 , 0

r

x y

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 105

Concentração ( g/mL)

Concentração ( g/mL)

Curva de Calibração do filtro Metox icinamato de etilexila.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

9993 , 0

08206 , 0 02216 , 0

R

x y

Curva de Calibração do filtro Oxibenzona.

0 2 4 6 8 10 12 0.0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

9988 , 0

0272 , 0 0328 , 0

R

x y

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RODRIGUES, K. Desenvolvimento e caracterização de nanocompósitos de bentonita contendo filtros-solares. 106