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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO CURSO DE MESTRADO CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar RECIFE 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

CURSO DE MESTRADO

CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as

relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar

RECIFE

2017

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE …‡… · Ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – campus Pesqueira por ter permitido a realização desta pesquisa. A Henrique

CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as

relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Educação da Universidade

Federal de Pernambuco como requisito parcial

para obtenção do título de Mestre.

Orientadora: Profª. Drª. Katharine Ninive Pinto

Silva

RECIFE

2017

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Catalogação na fonte Bibliotecária Andréia Alcântara, CRB-4/1460

S586a Silva, Carlos Eduardo Correia.

Assistência estudantil e ensino médio integrado: um estudo sobre as

relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a

permanência escolar / Carlos Eduardo Correia Silva. – 2017.

215 f. : il. ; 30 cm.

Orientadora: Katharine Ninive Pinto Silva.

Dissertação (Mestrado em Educação) - Universidade Federal de

Pernambuco, CE. Programa de Pós-graduação em Educação, 2017.

Inclui Referências, Apêndices e Anexos.

1. Educação e Estado. 2. Ensino médio. 3. Esporte e Lazer.

4. Instituto Federal de Pernambuco. 5. Programa Nacional de

Assistência Estudantil. 6. Estudantes - Auxílio financeiro - Política

governamental. 7. UFPE - Pós-graduação. I. Silva, Katharine Ninive

Pinto. II. Título.

379 CDD (23. ed.) UFPE (CE2017-48)

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CARLOS EDUARDO CORREIA DA SILVA

ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as

relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Educação da Universidade

Federal de Pernambuco como requisito parcial

para obtenção do título de Mestre.

Aprovada em: 16/03/2017.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Katharine Ninive Pinto Silva (Orientadora)

Universidade Federal de Pernambuco

________________________________________________________________

Prof. Dr. Gaudêncio Frigotto (Examinador Externo)

Universidade Estadual do Rio de Janeiro

________________________________________________________________

Prof. Dr. Jamerson Antônio de Almeida da Silva (Examinador Interno)

Universidade Federal de Pernambuco

________________________________________________________________

Prof.ª Dr.ª Ana Lúcia Félix dos Santos (Examinadora Interna)

Universidade Federal de Pernambuco

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que me guiou, me deu forças, tranquilidade e

determinação para superar todas as dificuldades e tornar esse sonho possível.

À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFPE (PPGE - UFPE)

e aos professores do curso que me deram a oportunidade de ampliar e qualificar meus

conhecimentos, proporcionando, assim, grandes direcionamentos para a realização desta

produção científica.

À Profª Drª Katharine Ninive pela forma com que me conduziu e me orientou na

realização deste trabalho. Um agradecimento especial pela dedicação e disponibilidade durante

todo o período da pesquisa.

Aos professores Dr. Jamerson Almeida, Dr. Gaudêncio Frigotto e Drª Ana Lúcia Felix

pela aceitação do convite para compor a banca examinadora e pelas relevantes contribuições

durante a qualificação.

Aos professores e pesquisadores do Grupo GESTOR, pelo apoio, incentivo e

solidariedade e por compartilharem as reflexões que envolvem o tema deste trabalho. As

contribuições acadêmicas e políticas de vocês foram imprescindíveis para a concretização desta

dissertação.

Aos colegas do curso de Pós-Graduação em Educação pela ajuda e boas risadas nos

momentos de descontração. Aprendi muito com todos.

Ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – campus Pesqueira por ter permitido a

realização desta pesquisa.

A Henrique Cândido e Rita Valões, servidores da Divisão de Assistência Estudantil do

campus Pesqueira, pela contribuição fundamental ao disponibilizar os documentos oficiais da

Política de Assistência Estudantil e os dados de atendimento desta política no campus.

Aos entrevistados, servidores e não servidores do campus Pesqueira, pela

disponibilidade e contribuição. A participação de vocês foi crucial para a produção deste

trabalho. Tive a sorte de desenvolver essa pesquisa numa cidade com um povo tão acolhedor e

solícito.

Aos alunos do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer (Piel) que colaboraram de

forma atenciosa e prestativa, durante a coleta de dados.

A todos os meus amigos que torceram por mim e ficaram felizes com essa realização.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE …‡… · Ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – campus Pesqueira por ter permitido a realização desta pesquisa. A Henrique

Ao meu amor Rosilene por toda ajuda domiciliar, acadêmica e motivacional. Obrigado

por toda compreensão, carinho e torcida. Sem você, com certeza, seria mais difícil concluir essa

caminhada.

A todos meus familiares, tios, primos, fonte de força e inspiração, a vocês devo um

agradecimento mais que especial.

A meu pai pela assistência em toda a minha caminhada acadêmica. À minha querida

mãe que sempre me apoiou e contribuiu com as minhas buscas pelo conhecimento. Sem ela, eu

não teria chegado até aqui. Aos meus filhos, minha fonte principal de amor e felicidade. A meu

irmão que está sempre pronto para me socorrer, me apoiando em todas as empreitadas. Aos

meus sobrinhos que tanto me orgulham. Agradeço por compreenderem a minha ausência, terem

paciência neste período e acompanharem meus progressos com alegria.

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Sê.

Se não puderes ser um pinheiro, no topo de

uma colina

sê um arbusto no vale, mas sê o melhor arbusto

à margem do regato.

Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.

Se não puderes ser um ramo, sê um pouco

de relva.

E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,

sê apenas uma senda.

Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.

Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...

Mas sê o melhor no que quer que sejas.

Pablo Neruda

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RESUMO

Este trabalho aborda a temática da assistência estudantil através do Programa de Incentivo ao

Esporte e Lazer (Piel), com um enfoque particular na concepção de todos os sujeitos

participantes do programa. Em 2010, é criado o Programa Nacional de Assistência Estudantil

(Pnaes), que, mesmo fazendo referência apenas aos estudantes do nível superior, induziu o

incremento orçamentário, através de Lei Orçamentária, da ação 2994 - Assistência ao Estudante

da Educação Profissional e Tecnológica. Assim, foram disponibilizados recursos financeiros

para a implementação de uma política de assistência estudantil para os estudantes dos Institutos

Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, independentemente do nível de ensino. À vista

disso, o IFPE apresenta a sua proposta de Política de Assistência Estudantil voltada para os

estudantes dos cursos presenciais, inclusive os do nível médio integrado. O Piel faz parte dessa

proposta e visa contribuir para o êxito escolar e para o exercício da cidadania, através de práticas

esportivas e de lazer. Este estudo foi realizado com o objetivo de refletir sobre a relação entre

o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, como uma Política de Assistência Estudantil, e a

garantia da permanência escolar dos alunos usuários com auxílio do ensino médio Integrado do

IFPE-Pesqueira. A metodologia utilizada teve uma abordagem qualitativa. Tratou-se de uma

pesquisa de campo, e os procedimentos técnicos utilizados neste estudo foram a pesquisa

bibliográfica, a análise documental e a análise de conteúdo temática (MINAYO, 1998) de

entrevistas semiestruturadas e de grupos focais. Os resultados obtidos pela pesquisa revelaram

que o Piel contribui para a permanência dos alunos na instituição, auxiliando, também, de certa

forma, na busca da melhoria do rendimento escolar do participante. O programa se torna

importante não só pelo pagamento de auxílio financeiro ao usuário, mas também pela promoção

do esporte e lazer, que são atividades com oferta limitada para os adolescentes e jovens da

região.

Palavras-chave: Ensino Médio. Assistência Estudantil. Esporte e Lazer. Instituto Federal de

Pernambuco.

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ABSTRACT

This piece of work broaches the theme of the students’ assistance through the Programme of

Incentive to Sports and Recreation (Piel), with a specific approach in the conception of every

joining subject of the programme. In 2010, the National Programme of Students’ Assistance

(Pnaes) was created, which even only referring to the higher education students, prompted the

budget increase, through a budget law, the Act 2994 – Assistance to the Student of Professional

and Technological Education. Thus, financial resources were provided for the implementation

of a policy of assistance for students of the Federal Institutes of Education (IFPE), Science and

Technology, regardless of the educational level. In view of this, IFPE presents its proposal of

Student’s Assistance Policy directed to students of presential courses, including those of

integrated high school. Piel is part of this proposal and seeks to contribute to the school success

and to the exercise of citizenship through the practice of sports and recreation. This study was

produced with the goal to reflect on the relation between the Programme of Incentive to Sports

and Recreation, as a Policy of Students’ Assistance, and the warranty of permanence of the

participating students with the help of the integrated high school of IFPE-Pesqueira. The used

methodology had a qualitative approach. It is a field study, and its technical procedures were

the bibliographical research, documentary analysis, and the analysis of the thematic content

(MINAYO, 1998) of semi-structured interviews and focal groups. The research’s acquired

results revealed that Piel contributes to the permanence of the students in the institution, also

helping, in an certain way, in the pursuit of the improvement of the participants’ educational

efficiency. The programme becomes important not only for its financial support to the user, but

also for its promotion of sports and recreation, which are limited offer activities to teenagers

and young people in the region.

Keywords: High School. Students’ Assistance. Sport and Recreation. Federal Institute of

Pernambuco.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Documentos Analisados 25

Quadro 2 Execução Orçamentária de Ação 2994 77

Gráfico 1 Residência dos estudantes 92

Quadro 3 Elaborado pelo autor 92

Figura 1 Mapa da região atendida pelo campus Pesqueira 160

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFs Escolas Agrotécnicas Federais 66

Andifes Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino

Superior

13

BIA Bolsa de Iniciação Acadêmica 90

Cefet Centro Federal de Educação Tecnológica 64

Cefet-MG Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais 13

Cefet-PE Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco 16

Cefet-RJ Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca 13

CF Constituição Federal de 1988 85

CLT Consolidação das Leis do Trabalho 70

CNAS Conselho Nacional de Assistência Social 72

CNE Conselho Nacional de Educação 57

CNSS Conselho Nacional de Serviço Social 70

DAE Divisão de Assistência Estudantil 17

EaD Educação a Distância 16

EC Emenda Constitucional 56

EJA Educação de Jovens e Adultos 52

EPT Esporte para Todos 50

ETFPE Escola Técnica Federal de Pernambuco 66

FIC Formação Inicial e Continuada 23

Fonaprace Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis 13

Fundeb Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação

1

IAPs Institutos de Aposentadorias e Pensões 69

IFEs Instituições Federais de Educação 13

IFPE Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco 15

IF-Sertão Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão de

Pernambuco

16

Inep/MEC Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira 18

LBA Legião Brasileira de Assistência 70

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LDB Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 40

LOA Lei Orçamentária Anual 15

LOAS Lei Orgânica da Assistência Social 71

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 72

MP Medida Provisória 60

PBP Programa Bolsa Permanência 101

PDI Plano de Desenvolvimento Institucional 16

PEC/55 Proposta de Emenda Constitucional 55 61

Pibex Programa Institucional para Concessão de Bolsas de Extensão 15

Pibic Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica 15

Piel Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer 17

Pnaes Programa Nacional de Assistência Estudantil 13

Pnas Política Nacional de Assistência Social 72

PNE Plano Nacional da Educação 18

PROEJA

Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a

Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos

80

Reuni Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das

Universidades Federais

75

SENAC Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial 62

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 62

SESI Serviço Social da Indústria 71

SNAS Secretaria Nacional de Assistência Social 72

Suas Sistema Único de Assistência Social 73

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 24

Uneds Unidades de Ensino Descentralizadas 66

URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 47

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná 13

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14

2 MARCO TEÓRICO-METODOLÓGICO ............................................................. 23

2.1 Campo de investigação e sujeitos da pesquisa ....................................................... 24

2.2 Procedimentos de coletas de dados ......................................................................... 25

2.3 Análises dos dados ................................................................................................... 30

3 TRABALHO E EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO NEOLIBERALISMO ....... 33

3.1 As categorias do trabalho ........................................................................................ 33

3.2 O trabalho no modo de produção capitalista e sua relação com a Educação........ 35

3.3 A organização do ensino face ao modo de organização do trabalho: a qualificação

e a noção de competência ................................................................................................... 39

3.4 A Relação entre a Educação e vagas no Mercado de Trabalho ............................. 43

3.5 O uso político do Esporte e Lazer .......................................................................... 46

3.5.1 O uso político do Esporte e Lazer no Brasil ............................................................... 49

4 ENSINO MÉDIO INTEGRADO ............................................................................ 52

4.1 As reformas educacionais para o ensino médio no Brasil ..................................... 52

4.2 As reformas educacionais para a educação profissional ........................................ 61

4.2.1 Rede Federal de Ensino e a construção do IFPE ....................................................... 63

4.3 Ensino médio integrado e a superação da dualidade ............................................. 66

5 A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PARA OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

INTEGRADO .................................................................................................................... 69

5.1 As políticas de assistência social .............................................................................. 69

5.2 A Política de Assistência Estudantil ........................................................................ 73

5.3 A assistência estudantil do IFPE ............................................................................. 78

5.4 O Instituto Federal de Pernambuco na cidade de Pesqueira ................................. 80

5.5 Conhecendo o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer .................................... 81

5.6 Análise do regulamento do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do campus

Pesqueira ........................................................................................................................... 82

6 PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER NO INSTITUTO

FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO –

CAMPUS PESQUEIRA COMO UMA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

............................................................................................................................................ 85

6.1 Política de Assistência Estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Pernambuco ................................................................................................ 85

6.2 De onde são e quem são os estudantes do ensino médio integrado que participam

do Piel ................................................................................................................................. 91

6.3 Questões sobre a organização político-administrativa do Piel ............................... 97

6.3.1 Assistência ao estudante: ajuda em questões pessoais, administrativas e pedagógicas no

campus Pesqueira .................................................................................................. 104

6.3.2 Como os estudantes escolheram participar do ensino médio integrado do IFPE -

Campus Pesqueira .............................................................................................................. 106

6.4 Como os estudantes escolheram participar do Piel .............................................. 111

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7 O PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER E A MELHORIA

DA QUALIDADE DA EDUCAÇÃO DO ENSINO MÉDIO INTEGRADO ................ 116

7.1 Diferenças e semelhanças entre os bolsistas e os não bolsistas em relação ao Piel

.......................................................................................................................................... 124

7.2 Como os docentes e coordenadores do Piel relacionam a prática esportiva e o

rendimento escolar .......................................................................................................... 130

7.3 Sobre os docentes que atuam no Piel .................................................................... 131

7.3.1 Experiência esportiva dos docentes ligados ao Piel .................................................. 132

7.4 Concepções dos docentes, gestores, técnicos-administrativos, acadêmico e

colaborador externo sobre a utilização do esporte e lazer como instrumento pedagógico

.......................................................................................................................................... 133

7.5 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre o Piel ............................................. 134

7.6 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre políticas sociais e assistência

estudantil .......................................................................................................................... 140

7.7 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre a relação entre o Piel e a

permanência na escola .................................................................................................... 145

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 159

REFERÊNCIAS .................................................................................................... 167

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:

Grupo Focal (estudante menor de idade) ..........................................................................183

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:

Grupo Focal ..........................................................................................................................184

APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO:

Entrevista ..............................................................................................................................185

APÊNDICE D – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS COM AUXÍLIO)

.................................................................................................................................................186

APÊNDICE E – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS SEM AUXÍLIO)

.................................................................................................................................................187

APÊNDICE F – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 06 ............189

APÊNDICE G – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 01 ...........190

APÊNDICE H – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 05 ...........191

APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADOS 02, 03, 04, 07

E 08 ........................................................................................................................................192

ANEXO A – Edital nº 02/2015 ..................................................................................194

ANEXO B – Edital nº 02/2016 ..................................................................................206

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14

1 INTRODUÇÃO

Durante as décadas de 1990 e 2000, o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos

Comunitários e Estudantis (Fonaprace) – órgão assessor da Associação Nacional dos Dirigentes

das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) – realizou pesquisas sobre o perfil

socioeconômico e cultural dos estudantes das Instituições Federais de Educação (IFEs). Os

resultados destas pesquisas indicaram parâmetros para definir melhor as diretrizes para a

elaboração de programas e projetos a serem realizados nestas instituições (FONAPRACE,

2012).

Na segunda Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação

das IFEs brasileiras, que foi realizada no período de novembro/2003 a março/2004, o

quantitativo de estudantes das classes C, D, E encontrava-se em 42,8%, cuja renda média

familiar mensal atingia, no máximo, R$ 927,00 e apresentavam uma situação de vulnerabilidade

social. De acordo com a publicação o Fonaprace (2012), esses resultados confirmam os dados

da primeira pesquisa, validando a importância de financiamento para a Assistência Estudantil

nas IFEs que pudessem dar garantia de continuidade nos cursos desses estudantes mais carentes.

Em 2010, com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho, foi criado o Programa Nacional de

Assistência Estudantil (Pnaes), com o objetivo de ampliar as condições de permanência dos

estudantes. No entanto, o texto do decreto diz respeito apenas aos alunos da educação superior.

Surge, a partir desse decreto, a dúvida de como funcionaria a assistência estudantil nos

Institutos Federais – instituição que oferece, além do ensino superior, o ensino médio integrado

ao ensino profissional. Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia surgem com

a Lei nº 11.892 que cria a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,

vinculada ao Ministério da Educação. Além dos Institutos, a rede é formada pela Universidade

Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), pelos Centros Federal de Educação Tecnológica

Celso Suckow da Fonseca (CEFET-RJ), pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de

Minas Gerais (CEFET-MG) e pelas Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais

(BRASIL, 2008).

Esta lei, em seu Art. 2º, define os Institutos Federais como

Instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e

multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica

nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de

conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas, nos termos desta Lei. (BRASIL, 2008, art. 2).

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15

A Lei nº 11.892 trata, em seu Art. 6º, sobre as finalidades e características dos Institutos

Federais:

I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e

modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no

desenvolvimento socioeconômico local, regional e nacional;

II - desenvolver a educação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e

tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais;

III - promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infra-estrutura física, os

quadros de pessoal e os recursos de gestão;

IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e

fortalecimento dos arranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento

socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal;

V - constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciências aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento

de espírito crítico, voltado à investigação empírica;

VI - qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de

ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino;

VII - desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e

tecnológica; VIII - realizar e estimular a pesquisa aplicada, a produção cultural, o

empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e

tecnológico; IX - promover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias

sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente. (BRASIL,

2008, art. 6).

Percebe-se a singularidade dos Institutos Federais, pois são Instituições que abrangem

diferentes níveis de ensino, indo do nível médio até a pós-graduação, além do estímulo à

pesquisa e à extensão em todos estes níveis. Os Institutos Federais têm como finalidade

desenvolver a educação profissional, mas sem deixar de lado a formação geral.

Os Institutos Federais são organizados em estrutura multicampi, com proposta

orçamentária anual identificada para cada campus e reitoria, com algumas exceções, tipo

benefícios aos servidores. Os campi são dirigidos por Diretores-Gerais. Com a criação do

campus, o Diretor é nomeado pelo Reitor para mandato de 04 (quatro) anos, e caso seja de

interesse do atual Diretor, é permitido uma recondução, após processo eleitoral no determinado

campus. No processo de consulta à comunidade, atribui-se o peso de 1/3 (um terço) para a

manifestação do corpo docente, de 1/3 (um terço) para os servidores técnico-administrativos e

de 1/3 (um terço) para o corpo discente (BRASIL, 2008).

De acordo com Taufick (2014), apesar do questionamento sobre a funcionalidade do

Pnaes para os estudantes de outro nível de ensino que não seja o superior, a criação deste

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16

Programa conduziu a maioria dos Institutos Federais a um movimento de criação de sua política

de assistência estudantil. O mesmo autor chama atenção para o fato de que, apesar do Pnaes se

referir aos alunos da educação superior, houve o incremento orçamentário, via Lei

Orçamentária Anual (LOA), da ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da Educação

Profissional”, que disponibilizou recursos para que os Institutos pudessem iniciar a sua política

de assistência ao estudante. Diante disso, o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) apresenta

a sua proposta de Política da Assistência Estudantil (Pnaes IFPE) (BRASIL, 2012), como

[...] um instrumento que visa contribuir com o processo de criação, ampliação

e consolidação de programas, projetos e ações que propiciem a permanência do estudante na Instituição, ou seja, é uma política que tem como finalidade

prover os recursos necessários para o estudante superar os entraves do seu

desempenho acadêmico, sendo, ainda, um instrumento de fortalecimento de

uma formação voltada para o exercício da cidadania. (BRASIL, 2012, p. 9).

Costa (2010) ressalta que apesar desta política direcionar a maior parte das ações para

as questões econômicas, voltadas para o estudante de baixa renda, percebe-se um crescimento

de ações que envolvem as áreas culturais, esportivas e psicológicas, promovendo, assim, a

equidade dentro desse universo, tornando a política de assistência mais ampla. Sendo assim, a

assistência estudantil passa a atender tipos diferentes de pessoas com suas diferentes funções

(social, pedagógica, psicológica).

A Política de Assistência Estudantil do IFPE desenvolve Programas Técnico-

Científicos, Específicos e Universais. Os Programas Técnico-Científicos, como o Pibic

[Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica], Pibex [Programa Institucional para

Concessão de Bolsas de Extensão], Monitoria e outros, “[...] contribuem para a formação

intelectual, acadêmica e profissional dos estudantes” (BRASIL, 2012, p. 15). De acordo com a

Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE (BRASIL, 2012), o acompanhamento

dos bolsistas é de responsabilidade das Pró-Reitorias de Ensino, Pesquisa e Extensão e de suas

respectivas Diretorias nos campi.

De acordo com a proposta de Política da Assistência Estudantil (BRASIL, 2012), os

Programas Específicos, como o Manutenção Acadêmica, Auxílio Financeiro, Apoio a Visitas

Técnicas e Assistência ao estudante do PROEJA, atendem, prioritariamente, estudantes em

situação de vulnerabilidade social e estudantes com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento, altas habilidades e superdotação. Existem também os Programas Universais,

como o Acompanhamento Biopsicossocial, Incentivo à Cultura e Arte, Incentivo ao Esporte e

Lazer que abrangem todos os estudantes matriculados regulamente em cursos presenciais do

campus. No entanto, de acordo com o documento (BRASIL, 2012), para à concessão de

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benefício em qualquer um dos Programas relacionados acima, são considerados os critérios de

vulnerabilidade social e de necessidades educacionais específicas, identificados por meio de

análise socioeconômica.

Como já descrito acima, um dos programas da Política de Assistência Estudantil do

IFPE é o de Incentivo ao Esporte e Lazer, que oferece um auxílio financeiro para os alunos que

são escolhidos para fazerem parte da equipe de determinado esporte, após avaliação técnica-

tática esportiva e socioeconômica. É possível, também, a participação nas equipes de alunos

que não foram contemplados com o auxílio financeiro. O estudante, atendendo a critérios

técnicos de uma determinada modalidade, poderá participar dos treinamentos esportivos e das

competições.

Mas esses programas voltados para o esporte e lazer existem em todos Institutos

Federais (IF´s)? Ao fazer uma busca por programas similares ao Programa de Incentivo ao

Esporte e Lazer nos diferentes Institutos Federais na Região Nordeste, percebe-se que são

poucos os Institutos que desenvolvem programas nesta área, e os que existem são bem recentes.

Em 2014, surgiu no Instituto Federal do Piauí (IFPI) o Benefício Atleta, programa de auxílio

voltado para o esporte e lazer, similar ao desenvolvido no IFPE. Em 2015 foi aprovada no IF-

Sertão [Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão de Pernambuco] a

política de assistência estudantil e um dos programas presentes no documento é o de incentivo

à atividade física e lazer, ação que se propõe a contribuir para a formação física e intelectual,

além de promover a inclusão social, colaborando na formação cidadã dos estudantes.

Em Pernambuco, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica é

representada pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).

O IFPE é composto por 16 (dezesseis) campi, sendo 03 (três) oriundos do CEFET-PE [Centro

Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco] (Ipojuca, Pesqueira e Recife), 03 (três)

provenientes das Escolas Agrotécnicas Federais (Barreiros, Belo Jardim e Vitória de Santo

Antão), 03 (três) resultantes da segunda fase da política de Expansão da Rede Federal

(Afogados da Ingazeira, Caruaru e Garanhuns) e 07 (sete) da terceira expansão, em 2014 (Cabo

de Santo Agostinho, Palmares, Jaboatão, Olinda, Paulista, Abreu e Lima e Igarassu), além do

campus Virtual da Educação a Distância (EaD).

De acordo com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) (2015, p. 28), o IFPE

tem como missão

Promover a educação profissional, científica e tecnológica, em todos os seus

níveis e modalidades, com base no princípio da indissociabilidade das ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, comprometida com uma pratica cidadã e

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inclusiva, de modo a contribuir para a formação integral do ser humano e para

o desenvolvimento sustentável da sociedade.

Em Pesqueira, município do Agreste Pernambucano, 215 km distante da capital Recife,

como foi citado acima, existe um campus do IFPE. Obedecendo ao Art. 7º da Lei nº 11.892, o

campus Pesqueira ministra educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente na

forma de cursos integrados (Edificações e Eletrotécnica), para os concluintes do ensino

fundamental e para o público da educação de jovens e adultos e cursos de formação inicial e

continuada de trabalhadores. Ainda seguindo o Art. 7º, são ofertados cursos de nível superior

(cursos de licenciatura em matemática, licenciatura em física e bacharelado em enfermagem).

De acordo com a Lei nº 11.892, o IFPE deverá garantir o mínimo de 50% (cinquenta

por cento) de suas vagas para atender à educação profissional técnica de nível médio,

prioritariamente na forma de cursos integrados. Essa diretriz deixa bem claro qual o “carro-

chefe” desta Instituição.

No organograma do campus Pesqueira, existe a Divisão de Assistência Estudantil

(DAE), que desenvolve vários programas voltados para o corpo discente do campus, visando

contribuir para a igualdade de oportunidades e formação integral. Este setor é o responsável

pelas ações da assistência estudantil e uma dessas ações é o Programa de Incentivo ao Esporte

e Lazer (Piel).

O acesso ao ensino, como política educacional, não pode vir isolado. Tem que estar

atrelado a uma política contra a evasão e a repetência, mas que não seja uma política preocupada

apenas com números, mas sim, uma política que além de propiciar a permanência dos alunos

na escola, busque elevar a qualidade da educação, pois manter o aluno no sistema de ensino

nem sempre é o bastante para assegurar que o aprendizado aconteça. A Política de Assistência

Estudantil do IFPE procura resolver parte desse problema, buscando reduzir os índices de

evasão e retenção decorrentes de dificuldades de ordem socioeconômica.

Dados do censo escolar, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que, em 2015, dos alunos matriculados no ensino

médio, 6,8% evadiram. Nos anos anteriores esse percentual era ainda maior. Em 2012 9,1%

deixaram de frequentar as turmas do ensino médio; em 2013 a taxa de evasão foi de 8,1%; e,

em 2014, de 7,6%. De acordo com o mesmo estudo, no ano de 2015, dos matriculados no ensino

médio, 11,5% reprovaram de ano. No ano anterior, esse percentual foi mais alto, 12,1% estavam

nesta situação. Percebe-se uma diminuição no número de repetência e evasão no ensino médio

comparando o período entre os anos de 2012 a 2015.

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Na Rede Federal, o percentual de reprovação diminuiu nesse mesmo intervalo de tempo.

Em 2012, a rede apresentava 13,4% de reprovações, e, em 2015 esse número caiu para 12,4%.

A taxa de abandono na rede federal não apresentou alterações nos últimos três anos: em 2013

era de 2,7%, caindo para 2,4% em 2014 e voltando para 2,7% em 2015. Apesar de não ter

alterações nos índices de evasão, nota-se que essa taxa se encontra bem abaixo quando

comparada com o percentual de abandono total no Brasil (incluídas as redes municipais,

estaduais, federais e particulares) e com o percentual de abandono das redes públicas, na qual

a rede federal faz parte. Nos últimos dois anos, a média geral de abandono no Brasil foi de 7,6%

em 2014 e 6,8% em 2015. A rede pública teve uma taxa de abandono ainda maior, pois em

2014 apresentou uma taxa de 8,6% e 7,8% em 2015. Com base nesses números surge a

inquietação em saber se essa diminuição tem alguma relação com as políticas adotadas pelo

governo, sendo uma dessas políticas a de assistência estudantil, desenvolvida na rede federal

de ensino.

Já os dados sobre o acesso ao ensino médio não são tão animadores. De uma forma

geral, de acordo com Moraes e Alavarse (2011), o período de expansão do ensino médio foi de

1991 a 2010. Apesar dessa expansão, o percentual de matrícula entre 2007 e 2014 apresentou

pouca diferença no número de matrículas, mostra até uma queda, podendo ser considerada uma

certa estabilização nas matrículas.

Em levantamento feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Anísio Teixeira

(Inep/MEC) em 2014, o número de matrículas no ensino médio no ano de 2007 era maior do

que no ano de 2013. Em 2007 foram realizadas 8.369.369 matrículas na última etapa da

educação básica, enquanto que em 2014 foram 8.300.189 matrículas; em 2015 esse número

continuou caindo, ficando em 8.074,881 matrículas (BRASIL, 2015). Porém a Lei nº 13.005

que trata do Plano Nacional da Educação (PNE) 2014-2024 tem como a meta 3: “universalizar,

até 2016, o atendimento escolar para toda a população de quinze a dezessete anos e elevar, até

o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para

oitenta e cinco por cento” (BRASIL, 2014, p.53). Em 2014 essa taxa líquida se encontrava em

61,4% (IBGE/PNAD, 2015).

Levando em consideração os dados do censo escolar, as matrículas da educação

profissional – concomitante, as subsequente e as integradas ao ensino médio – vêm crescendo

bastante (BRASIL, 2015). A expansão da rede federal contribuiu significativamente com o

aumento da oferta de matrículas.

Fazendo uma revisão sobre o tema “a Política de Assistência Estudantil no Instituto

Federal de Pernambuco – IFPE”, foram encontrados três estudos. O primeiro, um artigo

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publicado por Albuquerque, Andrade, Falcão e Lima em 2012, que tem como tema: análise do

perfil socioeconômico de alunos participantes da assistência estudantil do IFPE – campus

Recife. Este estudo apresenta uma análise do perfil socioeconômico dos estudantes

beneficiários por Programas de Assistência Estudantil do Instituto Federal de Educação,

Ciência e Tecnologia de Pernambuco – campus Recife no ano de 2011, com o objetivo de

investigar se os mesmos vivem em condições de vulnerabilidade social. Os sujeitos da pesquisa

eram alunos do ensino médio integrado que receberam algum auxílio da assistência estudantil

em 2011.

Este estudo vem comprovar a importância de o perfil socioeconômico dos estudantes

ser traçado, para que as decisões das políticas de Assistência Estudantil sejam construídas e

tomadas em concordância com a demanda da população que será beneficiada.

O segundo foi um estudo realizado por Menezes et al. em 2013, sobre o programa Aluno

Colaborador, um dos programas ofertados pela Política de Assistência Estudantil no IFPE, sob

o tema: o programa aluno/a colaborador/a na política de assistência estudantil do IFPE e sua

contribuição para o êxito escolar e a permanência dos/as beneficiados/as. Esta pesquisa teve

como objetivo analisar a efetividade do programa aluno/a colaborador/a, e sua possível

contribuição para a frequência regular e permanência – com êxito – dos/as beneficiados/as.

Logo, buscou fazer uma análise da efetividade de um programa específico da assistência ao

estudante.

O terceiro foi uma publicação feita por Queiroz, Santos, Brandão e Silva (2015) com o

tema: o impacto do programa bolsa permanência na trajetória acadêmica dos estudantes do

IFPE. Este estudo foi realizado com estudantes do ensino médio subsequente e buscava coletar

informações com vistas a desenvolver processos de monitoramento do Programa Bolsa

Permanência, verificando a sua importância para a permanência dos estudantes no Instituto

Federal de Pernambuco.

Sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer não foi encontrada nenhuma

pesquisa. A quantidade de estudos voltados para os programas da Política de Assistência

Estudantil é pequena, sobretudo no IFPE, pois essa política, formalmente, ainda é recente nesta

instituição. Faz-se necessário mais exploração nesta área, com o intuito de esclarecer os

resultados obtidos na aplicação dos diferentes programas da política de assistência ao estudante

e conhecer o programa pela visão dos beneficiados, assim, pode-se saber se o programa está

atendendo aos objetivos propostos.

Minayo (2000) afirma que toda investigação se inicia com um problema. Segundo

Laville e Dionne (1999, p. 87), “um problema de pesquisa é um problema que se pode ‘resolver’

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com conhecimentos e dados já disponíveis ou com aqueles factíveis de serem produzidos”. A

partir desta problematização, a pesquisa se propôs a responder a seguinte pergunta: será que a

participação dos alunos do Ensino Médio Integrado nas atividades do Programa de Incentivo

ao Esporte e Lazer, especialmente na condição de beneficiário de bolsa de Assistência

Estudantil, vem influenciando na permanência escolar nesta modalidade de ensino?

Logo, pode-se dizer que o presente estudo contribuiu de forma a elucidar algumas

informações da Política de Assistência ao Estudante, em especial o Programa de Incentivo ao

Esporte e Lazer, investigando se o mesmo contribui com a permanência escolar na Instituição,

diminuindo a evasão e auxiliando na melhora do rendimento escolar dos estudantes

participantes.

Desta forma, seguem abaixo os objetivos da pesquisa:

GERAL

Refletir sobre a relação entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, como uma Política

de Assistência Estudantil, e a garantia da permanência escolar dos alunos usuários com auxílio.

ESPECÍFICOS

Relacionar os tipos de programas oferecidos, as regras de concessão e o nível de

abrangência da política de assistência estudantil, em especial o Programa de Incentivo

ao Esporte e Lazer, para os alunos do ensino médio integrado do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – campus Pesqueira;

Analisar as regras de atendimento e acompanhamento da Política de Assistência

Estudantil, considerando o perfil socioeconômico dos alunos do IFPE – Campus

Pesqueira;

Identificar a(s) concepção(ões) da relação entre Política de Assistência Estudantil (em

especial do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer) e melhoria da qualidade da

educação de gestores, docentes, discentes, acadêmico, colaborador externo e técnico-

administrativos relacionados;

Comparar a relação entre a Política de Assistência Estudantil, a participação no

Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a melhoria da qualidade da educação entre

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bolsistas e não bolsistas, a partir da avaliação de gestores, docentes, discentes,

acadêmico, colaborador externo e técnico-administrativos relacionados.

Além da introdução, a presente dissertação inclui 6 (seis) capítulos que visam

aprofundar o debate sobre alguns temas. Antes, no segundo capítulo, o estudo apresenta, a partir

da problematização e dos objetivos da pesquisa, toda a sua estrutura teórica-metodológica.

No terceiro capítulo procura-se desenvolver uma reflexão sobre o neoliberalismo, que

ao redefinir os padrões de acumulação, os processos produtivos e as dimensões no campo

científico e tecnológico, passa a colocar novas exigências para a educação e para o trabalho.

No quarto capítulo é feito um resgate histórico acerca do ensino médio e do ensino

profissional, pontuando as principais reformas ao longo do tempo, não se esquecendo de debater

as contradições deste nível de ensino na busca da superação da dualidade do sistema

educacional brasileiro.

O quinto capítulo apresenta a evolução histórica da Assistência Social no Brasil, assim

como o resgate histórico da Assistência Estudantil até a criação da Programa Nacional de

Assistência Estudantil (Pnaes), que é um marco na busca de mecanismos visando viabilizar a

permanência e o êxito de estudantes provenientes das camadas menos favorecidas. Neste

capítulo, é esclarecido o início da relação entre o Pnaes, que apenas faz referência à assistência

aos estudantes do nível superior, e os Institutos Federais, que em sua maioria atendem

estudantes do nível médio integrado. É apresentado, também, um breve histórico do Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) e sua proposta da política

de assistência estudantil. Ainda neste capítulo, o Piel, objeto de pesquisa deste estudo, é

apresentado e destrinchado.

Por fim, nos capítulos seis e sete, é feita uma análise dos documentos pertinentes ao

objeto de estudo e dos dados coletados em entrevistas com os sujeitos participantes do Piel.

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2 MARCO TEÓRICO-METODOLÓGICO

O campo teórico-metodológico da pesquisa torna-se importantíssimo para a qualidade

do estudo científico e isso envolve a sua confiabilidade. A partir do problema e dos objetivos

da pesquisa, este capítulo apresentará os procedimentos metodológicos do estudo tomando

como referências os caminhos apontados por Minayo (2000).

Minayo (2000, p. 16) entende que “a metodologia inclui as concepções teóricas de

abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e o sopro divino

do potencial criativo do investigador”. É o caminho trilhado pelo pensamento e pela ação na

busca da construção do conhecimento.

Este estudo optou em desenvolver uma pesquisa qualitativa, se propondo a realizar uma

compreensão própria e extensa do fenômeno social em questão. Para Minayo (2000, p. 21), a

pesquisa qualitativa “trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças,

valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e

dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. Portanto, o

objeto de estudo foi tratado num nível de realidade que não houve uma preocupação em

quantificá-lo. Sobre a pesquisa qualitativa, Chizzotti (2003, p. 221) afirma que

O termo qualitativo implica uma partilha densa com as pessoas, fatos e locais que constituem objetos de pesquisa, para extrair desse convívio os

significados visíveis e latentes que somente são perceptíveis a uma atenção

sensível e, após este tirocínio, o autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e competência científicas, os

significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa.

De acordo com Flick (2009), há uma diferença entre as ideias centrais que orientam a

pesquisa qualitativa e a pesquisa quantitativa. De acordo com este autor, os principais aspectos

da pesquisa qualitativa consistem na escolha adequada de métodos e teorias. No presente

estudo, lançando mão do método qualitativo, buscou-se analisar até que ponto as atividades de

esporte e lazer vinculadas à assistência estudantil influenciam na permanência escolar.

A pesquisa utilizou o método de pesquisa de campo, que, de acordo com Vergara

(1998), pode ser entendida como uma investigação empírica realizada no local onde acontece

ou aconteceu o fenômeno, podendo incluir questionários, entrevistas e observações. Segundo

Gil (2002), o estudo de campo constitui o modelo clássico de investigação no campo da

Antropologia, onde se originou. Nos dias atuais, no entanto, sua utilização se dá em muitos

outros domínios, como no da Sociologia, da Educação, da Saúde Pública e da Administração.

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Através do fenômeno discutido neste trabalho, buscou-se avaliar a política de assistência

estudantil, por meio do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, se este contribui para a

permanência dos alunos beneficiados do ensino médio integrado do IFPE-Pesqueira.

Com o intuito de realizar um estudo que fizesse uma reflexão-ação do caso estudado,

utilizou-se a abordagem do materialismo histórico dialético nesta pesquisa. Desejou-se, com

essa abordagem, verificar com mais rigor o objeto estudado, visando colocá-lo frente às

diversas contradições possíveis. De acordo com Cunha, Souza e Silva (2014, p. 137), “O

materialismo histórico dialético tem por objetivo de estudo a compreensão e a transformação

da sociedade na qual o homem vive”.

A pesquisa se orientou dentro das diretrizes apontadas. Na próxima seção, será

apresentado o campo da pesquisa e os sujeitos participantes da investigação.

2.1 Campo de investigação e sujeitos da pesquisa

A pesquisa aconteceu num dos campi do IFPE, uma instituição pública federal

localizada no estado de Pernambuco que oferece Educação Profissional gratuita, na forma de

cursos e programas de Formação Inicial e Continuada de trabalhadores (FIC), Educação

Profissional Técnica de nível médio e Graduação e Pós-graduação, articulados a projetos de

pesquisa e extensão.

Dentre os diversos campi em Pernambuco, foi no campus Pesqueira, cidade do Agreste

pernambucano, que a pesquisa empírica foi realizada. Isso se deu pelo fato de que foi no IFPE

– Pesqueira que surgiu, em 2009, o Piel, expandindo-se em seguida para os demais campi do

Instituto. Portanto, surgiu a inquietação em explorá-lo a partir do local onde ele foi germinado.

Além disso, buscou-se contribuir de forma a entender como a política de assistência estudantil

acontece fora das grandes metrópoles e conhecer as diferentes situações vivenciadas pelos

alunos do interior do estado.

Para Minayo (1998, p. 105), o campo de pesquisa, na pesquisa qualitativa, é “[...] o

recorte espacial que corresponde à abrangência, em termos empíricos, do recorte teórico

correspondente ao objeto da investigação”.

A pesquisa teve a participação de 25 (vinte e cinco) sujeitos. Foram entrevistados

gestores (Direção Geral e Chefe da diretoria de assistência estudantil), docentes, técnicos

administrativos (assistente social e chefe de manutenção), estagiário do campus Pesqueira,

voluntário (colaborador externo) e os estudantes do ensino médio integrado, ou seja,

contemplando todos os segmentos que participam diretamente do Piel.

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Com relação aos estudantes que frequentam o Piel, participaram da pesquisa 10 (dez)

usuários com auxílios e 07 (sete) usuários sem auxílio – escolhidos de acordo com os critérios

estabelecidos. Antes, todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

concordando, assim, em participar da pesquisa e autorizando a utilização das informações

coletados apenas para fins acadêmicos, mantendo resguardado o anonimato das declarações1.

O Piel apresenta-se como “[...] um conjunto de ações que visam contribuir para o

exercício da cidadania, através de práticas esportivas e de lazer” (BRASIL, 2012, p. 33). É

concedido um benefício financeiro aos alunos participantes das diferentes modalidades

oferecidas pelo campus. O professor de Educação Física é o responsável pela supervisão das

práticas esportivas.

2.2 Procedimentos de coletas de dados

Com relação aos procedimentos técnicos utilizados neste estudo, foram privilegiados a

pesquisa bibliográfica, a análise documental, a entrevista semiestruturada e o grupo focal.

A pesquisa bibliográfica foi utilizada para descrever a temática e embasar a análise dos

dados. Por meio das leituras de artigos, dissertações, teses e livros, foi possível compreender o

problema da pesquisa e pensar a respeito de temas relacionados a ele. Inicialmente foi realizado

um levantamento bibliográfico sobre os temas que envolvem a pesquisa, um recorte sobre o

sistema neoliberal e a relação entre trabalho e educação, as reformas educacionais, em especial

no ensino médio e no profissional, um aprofundamento da Política de Assistência Estudantil

nas Universidades e nos Institutos Federais com ênfase no Programa de Incentivo ao Esporte e

Lazer.

De acordo com Minayo (2000, p. 16), “enquanto conjunto de técnicas, a metodologia

deve dispor de um instrumental claro, coerente, elaborado, capaz de encaminhar os impasses

teóricos para o desafio da prática”. Diante desta afirmativa, a realização da fase de coletas de

dados foi orientada por três procedimentos articulados: análise documental, entrevista

semiestruturada e grupo focal.

Ao trabalhar com a análise documental, Sá-Silva, Almeida e Guindani (2009, p. 2)

orientam para que

o uso de documentos em pesquisa seja apreciado e valorizado, pois a riqueza de informações que deles podemos extrair e resgatar justifica o seu uso em

várias áreas das Ciências Humanas e Sociais porque possibilita ampliar o

1 O modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido encontra-se no Apêndice.

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entendimento de objetos cuja compreensão necessita de contextualização

histórica e sociocultural.

É importante não confundir a análise documental com a análise bibliográfica. De acordo

com Gil (2002), a principal diferença está na natureza das fontes.

[...] enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são constituídas sobretudo

por material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa documental, as

fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Há, de um lado, os documentos "de primeira mão", que não receberam nenhum tratamento

analítico. Nesta categoria estão os documentos conservados em arquivos de

órgãos públicos e instituições privadas, tais como associações científicas, igrejas, sindicatos, partidos políticos etc. Incluem-se aqui inúmeros outros

documentos como cartas pessoais, diários, fotografias, gravações,

memorandos, regulamentos, ofícios, boletins etc.. (GIL, 2002, p. 46).

Diante do que foi exposto, a presente pesquisa preocupou-se em realizar a análise de

documentos que se referem, diretamente, à Política Nacional de Assistência Estudantil e à

Política de Assistência Estudantil do IFPE, em especial, o Programa de Incentivo ao Esporte e

Lazer desenvolvido no IFPE - campus Pesqueira. Por meio da análise, buscou-se estabelecer a

relação da Política Nacional de Assistência Estudantil e a permanência escolar. Esse

instrumento metodológico foi importante por possibilitar o acesso às diretrizes gerais que guiam

a proposta da Política de Assistência do IFPE e dos programas desenvolvidos no campus

Pesqueira. Seguem, no quadro abaixo, os documentos tratados na pesquisa:

Quadro 1: Documentos Analisados

01 Decreto 7.234, de 19 de julho de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de

Assistência Estudantil – Pnaes2

02 Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE3.

03 Resolução nº 021, de 26 de março de 2012. Aprova proposta da política de

assistência estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia4.

04 Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação,

Ciência e Tecnologia e dá outras providências5.

05 Edital 2015 do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do IFPE - campus

Pesqueira6.

2 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Decreto/D7234.htm. 3 Disponível em: http://www.ifpe.edu.br/campus/paulista/assistencia-estudantil/politica-de-assistencia-estudantil-

anexo-da-res-21_2012-proposta-da-politica-aprovada-pelo-consup-26_03_12.pdf. 4 Disponível em: http://www.ifpe.edu.br/campus/paulista/assistencia-estudantil/res-021-2012-consup_aprova-

politica-estudantil.pdf. 5 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm. 6 Anexo A

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06 Edital 2016 do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do IFPE - campus

Pesqueira7.

Fonte: Desenvolvido pelo pesquisador

Percebe-se que os documentos que foram analisados na pesquisa são as normatizações

da Assistência Estudantil e a legislação que se refere à instituição da Rede Federal de Ensino.

Três desses documentos, referentes à Assistência Estudantil, foram disponibilizados pela

Divisão de Assistência ao Estudante do campus Pesqueira; para os outros três documentos, foi

preciso realizar consulta às páginas eletrônicas da instituição.

O outro procedimento utilizado foi a entrevista. Para Minayo (2000, p. 57), “a entrevista

é o procedimento mais usual no trabalho de campo. Através dela o pesquisador busca obter

informações contidas nas falas dos atores sociais”. Segundo Laville e Dionne (1999, p. 187),

esse procedimento “deixa o entrevistado formular uma resposta pessoal, obtém uma ideia

melhor do que este realmente pensa e se certifica, na mesma ocasião, de sua competência”. Gil

(2002, p. 115) lembra que “a entrevista possibilita o auxílio ao entrevistado com dificuldade

para responder, bem como a análise do seu comportamento não verbal”.

A entrevista empregada foi do tipo semiestruturada, um importante procedimento para

a construção do conhecimento sobre o social (MINAYO, 1998). Desta maneira, acreditou-se

ser metodologicamente útil para a coleta o relato dos agentes envolvidos na pesquisa diante da

política de assistência estudantil, através do Piel, no IFPE - campus Pesqueira. Sendo assim, a

utilização da entrevista semiestruturada teve o objetivo de obter informações mais subjetivas,

como as percepções dos agentes envolvidos sobre o Piel e sua influência na permanência do

estudante na escola.

A seleção da amostra para a realização da entrevista ocorreu pelo critério de participação

no Piel, foram escolhidos sujeitos responsáveis pelo desenvolvimento do Piel no IFPE - campus

Pesqueira, desde sua definição orçamentária até a realização dos treinamentos esportivos. São

eles: o Diretor Geral, o Chefe da Divisão de Assistência Estudantil, o Assistente Social, os

Professores, os Técnicos-Administrativos, o Estagiário de Educação Física e o Voluntário.

Depois do aceite, foram marcados o local e a data mais conveniente para o participante. Antes

da entrevista, foi apresentado ao participante todo o teor da pesquisa e solicitado ao mesmo,

após a confirmação de participação, a assinatura de um termo de consentimento livre e

esclarecido.

7 Anexo B

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Ao realizar uma entrevista semiestruturada8, faz-se necessário seguir um roteiro de

perguntas. De acordo com Manzini (2012, p. 156),

A entrevista semiestruturada tem como característica um roteiro com

perguntas abertas e é indicada para estudar um fenômeno com uma população específica: grupo de professores; grupo de alunos; grupo de enfermeiras, etc.

Deve existir flexibilidade na sequência da apresentação das perguntas ao

entrevistado e o entrevistador pode realizar perguntas complementares para entender melhor o fenômeno em pauta.

Assim sendo, a entrevista seguiu um roteiro de perguntas flexíveis e com espaço para

questionamentos que surgiram durante a conversa, mas sempre atento em levantar

questionamentos adequados que apresentassem uma relação direta com os objetivos propostos

por essa pesquisa e com o intuito de esclarecer a problemática do estudo. Visando assegurar o

anonimato, os entrevistados não terão seus nomes divulgados e serão citados por uma

numeração escolhida de forma aleatória.

Por fim, realizou-se o grupo focal, instrumento que possibilita a interação, a observação

e a escuta de vários sujeitos ao mesmo tempo.

De acordo com Minayo (1998, p. 129), o grupo focal, geralmente, é utilizado para

a) focalizar a pesquisa e formular questões mais precisas; b) complementar

informações sobre conhecimentos peculiares a um grupo em relação a crenças, atitudes e percepções; c) desenvolver hipóteses de pesquisa para estudos

complementares.

A escolha do perfil dos participantes do grupo focal é ponto fundamental para se obter

um resultado positivo na sua execução. Ela foi fundamentada tanto pelo problema da pesquisa,

como pelo objetivo do estudo.

Os participantes de um grupo focal devem apresentar certas características em

comum que estão associadas à temática central em estudo. O grupo deve ser,

portanto, homogêneo em termos de características que interfiram radicalmente na percepção do assunto em foco. (TRAD, 2009, p. 783).

Partindo da afirmativa de Krueger e Casey (2000 apud GATTI, 2005) de que é mais

fácil analisar diferenças entre usuários e não usuários de certo serviço quando eles estão em

grupos separados do que quando misturados no mesmo grupo, foram formados 02 (dois) grupos

focais. No primeiro, o grupo foi formado por alunos que já foram usuários com auxílio do Piel

entre os anos de 2013 e 2015 e que não participaram de outro programa da política de assistência

ao estudante. No segundo grupo, os participantes foram os usuários sem auxílio do Piel entre

os anos de 2013 e 2015 e que não participaram de outro programa da política de assistência ao

estudante. Em ambos os grupos, houve um recorte temporal recente e a participação restrita aos

8 O roteiro da entrevista semiestruturada encontra-se no Apêndice.

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alunos do ensino médio integrado à educação profissional, de ambos os sexos. Além do mais,

de acordo com Gatti (2005, p. 22), “o emprego de mais de um grupo permite ampliar o foco de

análise e cobrir variadas condições que possam ser intervenientes e relevantes para o tema”.

Também foram levadas em consideração na escolha dos estudantes que participaram do

grupo focal as modalidades esportivas que cada um participava. Desta forma, procurou-se dar

oportunidade para que cada modalidade esportiva desenvolvida no Piel estivesse representada

nos dois grupos. Esse critério de escolha surgiu diante da curiosidade em saber se o responsável

por uma determinada modalidade influencia: na concepção do estudante sobre as políticas de

assistência ao estudante o Piel, na permanência na escola, no rendimento escolar e na formação

cidadã.

O primeiro grupo (usuários com auxílio) foi composto por 10 (dez) participantes e o

segundo grupo (usuários sem auxílio) teve 07 (sete) participantes. De acordo com Gatti (2005,

p. 22), o quantitativo ideal para desenvolver o grupo focal é de 6 a 12 participantes, “[...] grupos

maiores limitam a participação, as oportunidades de trocas de ideias e elaborações, o

aprofundamento no tratamento do tema e também os registros”.

Os encontros dos grupos focais aconteceram no próprio IFPE - campus Pesqueira, numa

sala que funciona como laboratório de matemática. A sala dispõe de uma boa estrutura – é

grande, disponibiliza ar-condicionado, data-show, além de uma mesa grande e cadeiras

acolchoadas. Os participantes se sentiram muito bem no espaço em que os grupos focais foram

desenvolvidos.

Algumas conversas informais antecederam o dia do efetivo encontro dos grupos focais,

com o objetivo de negociar com os sujeitos da pesquisa qual seria o melhor dia e horário com

mais disponibilidade para participarem do encontro. Logo, foi decidido que poderia ser de

segunda a sexta, no turno da manhã ou da tarde. Essas conversas também serviram para

encaminhar o TCLE para os responsáveis pelos participantes que não haviam atingido a

maioridade na época do estudo.

Nos grupos focais o pesquisador desempenhou o papel de mediador da discussão e uma

aluna do ensino médio assumiu a função de assistente, ficando responsável pelas anotações da

linguagem não-verbal durante os dois encontros. Foram realizados alguns encontros com a

assistente visando prepará-la para o desempenho dessa função.

Na chegada, os estudantes foram recepcionados e convidados a sentar em cadeiras

perfiladas. Os grupos focais duraram, em média, duas horas e meia, distribuídas em 03 (três)

momentos. No primeiro momento, aproveitando a organização dos sujeitos da pesquisa em

cadeiras perfiladas, foi apresentada a pesquisa através de slides e, em seguida, houve o

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preenchimento e/ou a entrega do TCLE. No segundo momento, inicialmente, cada participante

recebeu uma numeração como forma de se identificar durante a discussão, mantendo, assim,

seu anonimato. A discussão foi iniciada seguindo o roteiro de questões.

O roteiro9 é parte importante do grupo focal. De acordo com Trad (2009, p. 788 apud

GOMES; BARBOSA, 1999), “o roteiro de questões que irá nortear a discussão nos grupos deve

conter poucos itens, permitindo certa flexibilidade na condução do grupo focal, com registro de

temas não previstos, mas relevantes”.

Trad (2009) lembra que na elaboração do roteiro dos grupos é fundamental não perder

de vista a ligação deste processo com o referencial teórico-metodológico adotado. Sendo assim,

algumas questões que foram introduzidas no roteiro surgiram por conta do campo e do objeto

que estava sendo explorado. O roteiro foi construído com o intuito de abordar os principais

pontos que envolviam o objeto da pesquisa: assistência estudantil, ensino médio integrado,

programa de incentivo ao esporte e lazer, permanência na escola e outros. Em ambos os

grupos, neste momento de discussão, o gravador de voz ficou ligado para otimizar a coleta das

informações, que posteriormente foram transcritas. Durante o grupo focal, em ambos os grupos,

a assistente fez anotações para auxiliar nas análises. As anotações foram úteis para apontar

momentos, gestos, nervosismos, timidez, dispersões e outros que passariam despercebidos só

com a gravação.

No terceiro e último momento foi oferecido um lanche como forma de agradecimento

aos estudantes que compareceram e participaram dos grupos focais. O material empírico

produzido (gravações e anotações), durante os dois grupos focais, foi transcrito na íntegra para

tabulação e análise.

2.3 Análises dos dados

É no sentido de obter respostas fidedignas, que desponta o método de análise. Na

pesquisa científica, a análise é tão importante quanto os procedimentos de coletas. Dentre

alguns tipos de análise, mostra-se interessante a análise de conteúdo, que, segundo Minayo

(1998, p. 203), dentro de um ponto de vista operacional,

parte de uma literatura de primeiro plano para atingir um nível mais

aprofundado: aquele que ultrapassa os significados manifestos. Para isso a

análise de conteúdo em termos gerais relaciona estruturas semânticas

(significantes) com estruturas sociológicas (significados) dos enunciados. Articula a superfície dos textos descrita e analisada com os fatores que

9 Os roteiros dos grupos focais encontram-se no Apêndice.

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determinam suas características: variáveis psicossociais, contexto cultural,

contexto e processo de produção da mensagem.

Segundo Oliveira (2008), a análise de conteúdo possui diferentes técnicas que podem

ser utilizadas pelos pesquisadores. Uma delas é a Análise Temática. Pretendeu-se fazer a análise

dos dados coletados pela análise temática descrita por Minayo (1998, p. 209), que “consiste em

descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação cuja presença ou frequência

signifiquem alguma coisa para o objetivo analítico visado”.

Segundo Minayo (1998), a Análise Temática divide-se nas etapas pré-análise,

exploração do material ou codificação e tratamento dos resultados obtidos e

interpretação.

A pré-análise pode ser dividida nas seguintes tarefas: leitura flutuante, constituição do

corpus, formulação de hipóteses e objetivos. A leitura flutuante requer o contato intenso com o

material de campo. É durante essa fase que começa a emergir algumas hipóteses (MINAYO,

1998). De acordo com a autora, a constituição do corpus é a organização do material de forma

que obedeça a algumas normas de validade: a exaustividade (que contempla todos os aspectos

levantados no roteiro), representatividade (representação do universo pretendido), a

homogeneidade (obedeça a critérios de escolhas referentes a temas, técnicas e interlocutores),

a pertinência (documentos adequados aos objetivos do estudo).

A última tarefa da pré-análise é a formulação de hipóteses e objetivos. Para Minayo

(1998), é necessário, nesse momento, estabelecer hipóteses iniciais, mas que sejam de tal forma

flexíveis permitindo hipóteses emergentes.

Em seguida, tem-se a etapa de exploração do material, que de acordo com Minayo

(1998, p. 210) refere-se, primeiramente, ao “[...] recorte do texto em unidades de registro que

podem ser uma palavra, uma frase, um tema, um personagem, um acontecimento tal como foi

estabelecido na pré-análise”. Em seguida, o pesquisador escolhe as regras de contagem e,

finalmente, realiza a classificação e a agregação dos dados, escolhendo as categorias teóricas

ou empíricas, responsáveis pela especificação do tema (MINAYO, 1998).

Por fim, tem-se o tratamento dos resultados obtidos e Interpretação. De acordo com

Minayo (1998), essa fase transparece um pouco a análise de conteúdo tradicional, de caráter

positivista. Porém, tem variantes que permitem tratar os resultados com significados em lugar

de inferências estatísticas.

Seguindo todas as etapas descritas acima, foram utilizados nas análises: 06 (seis)

documentos referentes ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco

e a Política de Assistência ao Estudante; 08 (oito) entrevistas com sujeitos envolvidos na

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realização do Piel; e, 2 (dois) grupos focais – um composto por 10 (dez) estudantes usuários

com auxílio do Piel e o outro composto por 07 (sete) estudantes usuários sem auxílios do Piel.

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3 TRABALHO E EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DO NEOLIBERALISMO

De acordo com Paulani (2005), o neoliberalismo nasce logo após o término da Segunda

Guerra. Nesse período foi lançado o texto “O Caminho da Servidão”, de Friedrich Hayek,

escrito em 1944, que virou uma espécie de bíblia dessa nova teoria. O neoliberalismo “trata-se

de uma reação teórica e política veemente contra o Estado intervencionista e de bem-estar”

(PAULANI, 2005 apud ANDERSON, 1995).

De acordo com Harvey (2007), o neoliberalismo é uma teoria sobre práticas de política

econômica que procura promover e garantir direitos de propriedade privada, liberdade

individual, mercados livres e livre comércio. O mesmo autor afirma que o tipo de discurso

neoliberal se tornou hegemônico, sendo disseminado pelos modos de pensar e pelas práticas

político-econômicas, a ponto de se incorporar ao senso comum. Frigotto e Ciavatta (2011)

reafirmam que o sucesso do neoliberalismo dependia não só de uma investida no campo das

ideias, mas também, na pretensão de criar um consenso conformista nas massas e reforçar a

doutrina do livre mercado, da competição e da busca pelo sucesso individual. De acordo com

Montaño e Duriguetto (2011), o Estado, na política neoliberal, só tem duas funções: prover uma

estrutura para o mercado e prover serviços que o mercado não pode fornecer.

O neoliberalismo, ao redefinir os padrões de acumulação e os processos produtivos, traz

novas exigências para a educação e para o processo produtivo. A seguir será exposto como a

educação e o trabalho foram influenciados pela política neoliberal.

3.1 As categorias do trabalho

O trabalho como categoria ontológica, conforme Marx (1985), se efetivará sempre como

condição do homem de transformar a natureza para satisfazer suas necessidades. Em “O

Capital”, Marx, ao falar sobre o processo de trabalho, é bem claro:

O processo de trabalho, como o apresentamos em seus elementos simples e abstratos, é a atividade orientada a um fim para produzir valores de uso,

apropriação do natural para satisfazer as necessidades humanas, condição

universal do metabolismo entre o homem e a natureza, condição natural da

vida humana e, portanto, independente de qualquer forma dessa vida, sendo antes igualmente comum a todas as suas formas sociais. (MARX, 1985, p.

153).

De acordo com Montaño e Duriguetto (2011), o ser social desenvolve uma atividade

orientada por finalidades racionalmente estabelecidas, chamadas por Luckács de “trabalho”.

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Assim, o ser humano, ao trabalhar, opera sobre a natureza de forma intencional visando

transformá-la.

Marx, nos Manuscritos Econômico-Filosóficos de 1844 (MARX, 2001), também

discute o trabalho no contexto do capitalismo, chamando-o de trabalho exteriorizado, por não

fazer parte da natureza do homem. Para Marx (2001), é um trabalho estranhado, de sacrifício e

mortificação do homem. Marx (2001) analisa o trabalho determinado pelas contradições da

propriedade privada, que é o resultado inevitável do trabalho alienado, da relação externa do

trabalhador com a natureza e consigo mesmo. Para Marx (2001), no contexto do trabalho

alienado, a atividade própria se torna em atividade para outrem ou de outrem.

De acordo com Montaño e Duriguetto (2011), no processo de trabalho no modo de

produção capitalista, o trabalhador precisa vender sua força de trabalho ao capitalista,

estabelecendo uma relação de emprego, uma relação salarial. Marx (1985) destaca que o

processo de trabalho sob esta ótica, na qual a força de trabalho é apropriada pelo capitalista,

apresenta dois fenômenos peculiares:

Primeiro que não seja desperdiçada matéria-prima e que o instrumento de trabalho seja preservado, isto é, só seja destruído na medida em que seu

uso no trabalho o exija. Segundo, porém: o produto é propriedade do

capitalista, e não do produtor direto, do trabalhador. O capitalista paga, por

exemplo, o valor de um dia da força de trabalho. A sua utilização, como a de qualquer outra mercadoria, por exemplo, a de um cavalo que alugou

por um dia, pertence-lhe, portanto, durante um dia. Ao comprador da

mercadoria pertence a utilização da mercadoria, e o possuidor da força de trabalho dá, de fato, apenas o valor de uso que vendeu ao dar seu trabalho.

A partir do momento em que ele entrou na oficina do capitalista, o valor

de uso de sua força de trabalho, portanto, sua utilização, o trabalho,

pertence ao capitalista. O capitalista, mediante a compra da força de trabalho, incorporou o próprio trabalho, como fermento vivo, aos

elementos mortos constitutivos do produto, que lhe pertencem igualmente.

Do seu ponto de vista, o processo de trabalho é apenas o consumo da mercadoria, força de trabalho por ele comprada, que só pode, no entanto,

consumir ao acrescentar-lhe meios de produção. O processo de trabalho é

um processo entre coisas que o capitalista comprou, entre coisas que lhe pertencem. O processo desse processo lhe pertence de modo inteiramente

igual ao produto do processo de fermentação em sua adega. (p. 154).

Montaño e Duriguetto (2011, p. 81) afirmam que “o trabalho, ontologicamente

determinante do ser social e da liberdade, na sociedade comandada pelo capital promove a

exploração e alienação do trabalhador”. De acordo com estes autores, o trabalho assalariado

desumaniza o trabalhador, porque submete o trabalhador a um processo sórdido de exploração

no contexto da acumulação flexível. Essa exploração é liderada pela classe burguesa que detém

o capital.

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Marx e Engels (2011, p. 31), lembra que Marx em “O Capital”, destrincha o

comportamento do operário explorado pelo trabalho alienador:

A força de trabalho em ação, o trabalho mesmo, é, portanto, a atividade vital

peculiar ao operário, seu modo peculiar de manifestar a vida. E é esta atividade vital que ele vende a um terceiro para assegurar-se dos meios de subsistência

necessários. Sua atividade vital não lhe é, pois, senão um meio de poder

existir. Trabalha para viver. Para ele próprio, o trabalho não faz parte de sua vida; é antes um sacrifício de sua vida. É uma mercadoria que adjudicou a um

terceiro. Eis porque o produto de sua atividade não é também o objetivo de

sua atividade. O que ele produz para si mesmo não é a seda que tece, não é o ouro que extrai das minas, não é o palácio que constrói. [...] O operário que

durante doze horas tece, fia, fura, torneia, constrói, maneja a pá, entalha a

pedra, transporta-a etc., considera essas suas doze horas de tecelagem, fiação,

furação, de trabalho de torno e de pedreiro, de manejo da pá ou de entalhe da pedra como manifestação de sua vida, como sua vida? Muito pelo contrário.

A vida para ele principia quando interrompe essa atividade, à mesa, no

albergue, no leito. Em compensação, ele não tem a finalidade de tecer, de fiar, de furar etc., nas doze horas de trabalho, mas a finalidade de ganhar aquilo

que lhe assegura mesa, albergue e leito.

Assim, o trabalho perde todo o seu sentido ontológico e passa a ser uma atividade

vendida pelo operário e explorada pelo capital.

3.2 O trabalho no modo de produção capitalista e sua relação com a Educação

De acordo com Marx (1985), a atividade com um número maior de trabalhadores, ao

mesmo tempo, no mesmo lugar, para produzir a mesma mercadoria sob o comando do mesmo

capitalista, constitui histórica e conceitualmente o ponto de partida da produção capitalista. A

relação social desenvolvida historicamente com os capitalistas trouxe mudanças na propriedade

e no significado do saber do trabalhador. Marx (1985) denominou de cooperação, manufatura

e maquinaria as modificações que aconteceram nas características da força de trabalho. Ainda

que já existisse a divisão do trabalho na cooperação, o saber do trabalhador ainda era de seu

domínio.

Em seguida surge a manufatura, onde prevalece a especialização do trabalhador que se

caracteriza pela decomposição da atividade realizada pelo artesão polivalente em diversas

operações distintas. O trabalhador passa a ocupar-se unicamente numa determinada função.

De acordo com Marx, em “O Capital”, “Enquanto a cooperação simples, em geral, não

modifica o modo de trabalhar do indivíduo, a manufatura o revoluciona inteiramente e se

apodera da força individual de trabalho em suas raízes” (MARX; ENGELS, 2011, p. 33).

Marx (1985) descreve como se caracteriza o processo da manufatura, onde a divisão do

trabalho é o seu princípio. Neste processo torna-se necessária uma ponte, de um trabalhador

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para o outro, que proporcione o contínuo fluxo na produção; essa conexão entre as diferentes

funções isoladas é feita por um transporte ininterrupto do artigo de uma mão para outra e de um

processo para outro. O trabalhador se torna parcial, mutilado, e o seu saber sofre da mesma

divisão e aparece-lhe como algo externo, estranho. De acordo com Marx (1985, p. 267), “[...]

em que cada operação se cristaliza em função exclusiva de um trabalhador, e sua totalidade é

executada pela união desses trabalhadores parciais”.

Nesse processo já se percebe a separação do produtor dos seus meios de produção, mas

é o trabalhador quem determina, ainda, o ritmo de produção. Sendo assim, ainda não há uma

subordinação completa do trabalhador ao capital. Essa dependência torna-se um entrave para o

capital, a independência do trabalho vivo faz-se necessária para o desenvolvimento do modo de

produção capitalista.

É com a maquinaria, na Revolução Industrial, que a produção manufatureira é superada

e o capitalismo realiza seus interesses. De acordo com Marx (1985), o emprego da maquinaria

tem como objetivo baratear as mercadorias e aumentar a produção de mais-valia. Por um lado,

a maquinaria encurta a parte da jornada de trabalho necessária à reprodução do trabalhador, e

por outro, aumenta a parte da jornada de trabalho destinada gratuitamente ao capitalista.

De acordo com Marx, o processo de decomposição da força de trabalho tem seu início

com a cooperação simples, progredindo na manufatura e completando-se na indústria moderna

(MARX; ENGELS, 2011). Com a maquinaria, o trabalhador passa a ser subordinado ao capital.

A mudança da manufatura para a indústria constitui-se como fator determinante para a

consolidação do modo de produção capitalista.

Souza e Fino (2008) elucidam que a nova ordem industrial precisava de um novo

homem, com aptidões que nem a família nem a igreja eram capazes de propiciar. Essa nova

ordem, fundada sobre a sincronização do trabalho, precisava de indivíduos diferentes daqueles

com um passado rural e bucólico, em que os ritmos naturais predominavam.

Eis que surge a Educação como a ferramenta que seria responsável em dotar o homem

de aptidões necessárias para o novo modo de produção. Diante dessa exigência por uma nova

formação humana, a relação Educação e Trabalho tem um novo rumo.

Com o impacto da Revolução Industrial, os principais países assumiram a

tarefa de organizar sistemas nacionais de ensino, buscando generalizar a

escola básica. Portanto, à Revolução Industrial correspondeu uma Revolução Educacional: aquela colocou a máquina no centro do processo produtivo; esta

erigiu a escola em forma principal e dominante de educação. (SAVIANI,

2007, p. 159).

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Com as crises do sistema capitalista, os modelos de produção sofrem alterações com o

objetivo de suprir a demanda mundial e garantir a estabilidade do sistema. Uma das primeiras

e principais mudanças ocorridas nos modelos de produção veio com o modelo Taylorista, na

crise de 1930, que ganha muita importância num estágio em que a sociedade se encontrava

economicamente desestruturada. O taylorismo serviu de base para a implantação do que ficou

sendo denominado de fordismo.

De acordo com Saviani (2008a), é por volta da primeira metade do século XX, que as

concepções do que seria a teoria tecnicista têm origem e o processo produtivo começa a

influenciar o desenvolvimento da educação. A pedagogia tecnicista surge com o intuito de

defender a reordenação do processo educativo de maneira a torná-lo objetivo e operacional. Do

mesmo modo ao que ocorreu no trabalho fabril, pretende-se a objetivação do trabalho

pedagógico. O mesmo autor afirma que essa pedagogia tem como objetivo formar indivíduos

eficientes, ou seja, aptos a dar sua contribuição para o aumento da produtividade da sociedade.

Portanto, a escola, influenciada pelo mercado, sofre algumas modificações com o intuito

de atender as demandas do sistema capitalista, especificamente o novo modelo

taylorista/fordista. A pedagogia do trabalho taylorista/fordista se expandiu e adentrou o espaço

escolar. A esse respeito Kuenzer (2006, p. 35) faz a seguinte análise:

Esta pedagogia do trabalho taylorista foi dando origem, historicamente, a uma pedagogia escolar centrada ora nos conteúdos, ora nas atividades, mas nunca

comprometida com o estabelecimento de uma relação entre o aluno e o

conhecimento que verdadeiramente integrasse conteúdo e método, de modo a propiciar o domínio intelectual das práticas sociais e produtivas.

De acordo com Kuenzer (2006), ainda domina nas nossas escolas o projeto pedagógico

da educação escolar para atender às demandas da organização do trabalho de base

taylorista/fordista. Foi esse projeto que deu origem às tendências pedagógicas conservadoras,

que apesar de privilegiarem ora a racionalidade formal, ora a racionalidade técnica, sempre se

apoiaram na divisão entre pensamento e ação.

Em meados de 1970, o capitalismo sofre uma nova crise, que surge pelo

enfraquecimento taylorista/fordista de acumulação e regulação social e do Estado de Bem-

Estar. O taylorismo e o fordismo passam a concorrer com outros modelos produtivos ou a serem

substituídos por modelos considerados mais “flexíveis”. No entanto, foi o modelo japonês,

conhecido como toyotismo, que conseguiu se promover mais.

Contrariamente ao operário do taylorismo/fordismo que desempenhava

tarefas altamente simplificadas, repetitivas, monótonas e embrutecedoras, o

trabalhador no toyotismo, estaria transformando em um trabalhador “altamente qualificado”, “polivalente” “multiprofissional”. Na prática, várias

pesquisas demonstram que estas mudanças, de forma geral, ao invés de

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qualificar o trabalhador o sobrecarrega com mais trabalho. (NAVARRO;

PADILHA, 2007, p. 18).

Diante disso fez-se necessário substituir o modelo educativo pautado na produção

taylorista/fordista. O novo sistema de produção, o toyotismo, exige um novo trabalhador, não

cabe mais o treinamento em atividades específicas, pois como ressalta Kuenzer (2002, p. 80),

[...] é preciso capacitar o trabalhador novo, para que atenda às demandas de

um processo produtivo cada vez mais esvaziado, no qual a lógica da

polarização das competências se coloca de forma muito mais dramática do que a ocorrida sob o taylorismo/fordismo. É preciso que o trabalhador se submeta

ao capital, compreendendo sua própria alienação como resultante de sua

prática pessoal “inadequada” [...].

Saviani (2008b), ao analisar as ideias pedagógicas na década de 1990, afirma que no

contexto dessa década predominou uma espécie de “neoprodutivismo”, que se desenvolveu no

âmbito educacional também apoiado num “neoescolanovismo”, “neoconstrutivismo” e

“neotecnicismo”. Essas ideias podem ter se iniciado com a crise do capitalismo mundial da

década de 1970, que levou a uma reestruturação dos processos produtivos, levando à

substituição modelo taylorista-fordista para o toyotista. Com isso, a educação passa a sofrer

interferências maiores do mercado. Adequar-se aos interesses do mercado, parece ter sido o

principal objetivo das várias reformas educacionais brasileiras.

Percebe-se nessa relação “educação e trabalho” a total submissão da primeira frente a

segunda. Kuenzer (2006) alerta que a escola vem se organizando de acordo com os modos de

produção – ora centrada nos conteúdos, ora nas atividades –, mas nunca comprometida em

propiciar a integração entre conteúdo e método, de modo a proporcionar o domínio intelectual

das práticas sociais e produtivas.

Frigotto (2015) trata a inversão dos termos de educação e trabalho por trabalho e

educação. Essa inversão do trabalho se dá pela sua compreensão ontológica, epistemológica e

ético política, sendo resultado de um processo de aprofundamento durante os anos 1980. No

texto, o autor apresenta algumas conclusões que se fazem necessárias para entender essa

inversão. Uma delas é entender o trabalho, em seu sentido ontológico, como um produtor de

valores de uso e algo inegável à satisfação das necessidades básicas do ser-humano. A outra

conclusão é que o trabalho é um princípio educativo formador do caráter do homem numa

sociedade sem exploração. E, por fim, o autor expõe a conclusão de que o trabalho é condição

necessária para outras atividades, como a arte e o lazer.

De acordo com Frigotto (2015, p. 20), a inversão para trabalho e educação tem como

objetivo “[...] a superação do modo de produção capitalista, condição para liquidar a exploração

e a alienação humana”.

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3.3 A organização do ensino face ao modo de organização do trabalho: a qualificação e

a noção de competência

Com o desenvolvimento do modelo toyotista, o trabalhador precisa modificar suas

características, visando manter-se funcional à lógica do capital.

O modelo fordista apoiava-se na instalação de grandes fábricas operando com tecnologia pesada de base fixa, incorporando os métodos tayloristas de

racionalização do trabalho; supunha a estabilidade no emprego e visava à

produção em série de objetos estandardizados, em larga escala, acumulando grandes estoques dirigidos ao consumo de massa. Diversamente, o modelo

toyotista apoia-se em tecnologia leve, de base microeletrônica flexível, e opera

com trabalhadores polivalentes visando à produção de objetos diversificados,

em pequena escala, para atender à demanda de nichos específicos do mercado, incorporando métodos como o just in time que dispensam a formação de

estoques; requer trabalhadores que, em lugar da estabilidade no emprego,

disputem diariamente cada posição conquistada, vestindo a camisa da empresa e elevando constantemente sua produtividade. (SAVIANI, 2007, p. 427).

Assim, percebe-se que a concepção de educação dentro de uma noção de qualificação

não consegue mais suprir as demandas do novo modo de produção, que passa a exigir

trabalhadores mais dinâmicos, mais flexíveis e preparados para enfrentar a instabilidade do

novo processo produtivo. Surge, então, a noção de competência. Segundo Perrenoud (1999), as

competências são importantes metas da formação. Este autor a define “como sendo uma

capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em

conhecimentos, mas sem limitar-se a eles” (PERRENOUD, 1999, p. 7).

Ramos (2011) faz uma retomada da literatura que discute e contrapõe os conceitos de

qualificação e de competência, evidenciando, então, a formação humana como processo

contraditório e marcado pelos valores capitalistas, a partir da relação trabalho-educação.

Mészáros (2005), ao discorrer sobre a relação entre o trabalho dentro de uma ótica capitalista e

a educação, reconhece os limites institucionais da educação formal em superar a lógica do

capital, porém, entende que essa educação formal, mesmo não sendo a única responsável,

contribui em promover as ideias e os valores do sistema do capital. Para este autor, as

instituições formais de educação compõem uma parte importante do sistema global de

internalização do capital. Portanto, é no projeto burguês de educação que o trabalhador é

direcionado à reprodução da força de trabalho como mercadoria, atendendo, assim, à

necessidade do capital.

De acordo com Ramos (2011), diante dessa forma de organização de ensino, em face do

modo de organização do trabalho, a categoria qualificação tomou alguns sentidos. Um deles se

relaciona com análise ocupacional, que visa “identificar o tipo de qualificação que deveria ter

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o trabalhador para ser admitido num determinado emprego” (p. 34). Já pelo lado da ótica do

posto de trabalho, o termo se relaciona com o saber acumulado desenvolvido pelas várias tarefas

a serem realizadas se o trabalhador vir a ocupar aquele posto.

Sobre o conceito de competência, destaco a contribuição de Ferretti (1997), entre os

autores citados por Ramos (2011, p. 40), considerando que a noção de competência “representa

a atualização do conceito de qualificação, segundo as perspectivas do capital, tendo em vista

adequá-lo às novas formas pelas quais este se organiza para obter maior e mais rápida

valorização”. Portanto, Ramos (2011) defende que a noção de qualificação sofre um

deslocamento conceitual. Através deste deslocamento, a centralidade no conceito da relação

trabalho-educação deixa de ser ocupada pela qualificação e passa a ser ocupada pela noção de

competência. No entanto, a noção de competência não substitui ou supera o conceito de

qualificação, antes, a noção de competência nega algumas dimensões e afirma outras.

Dessa forma, tomando como base Schwartz (1995) e Ramos (2011), percebe-se que a

noção de competência valoriza a dimensão experimental da qualificação, que está relacionada

ao conteúdo do trabalho e perseguida como condição de eficiência produtiva. A partir desta

compreensão, o conhecimento está ligado à vivência concreta de um trabalhador numa situação

específica, como conhecedor único da totalidade ou das partes do processo de produção que o

envolve. Se no modelo do taylorismo-fordismo as dimensões sociais e conceituais destacaram-

se, na noção de competências elas são fortemente questionadas.

Ramos (2011) destaca duas bases dos Sistemas de Competências: as Econômico-

Políticas e as Teórico-Metodológicas. Nas bases Econômico-Políticas defende-se um ponto de

convergência dos projetos dos empresários e dos trabalhadores em termos de educação

profissional. Aqui, o governo é chamado para colocar em prática essa convergência,

desenvolvendo políticas que integrem esses projetos.

Nas bases Teórico-Metodológicas a autora traz as características dos três subsistemas

que integram o sistema de competência profissional, são eles: Normalização das competências,

Formação por competências e Avaliação e Certificação por competências.

De acordo com Ramos (2011) as matrizes de investigação do processo de trabalho com

base na competência ancoram-se na matriz funcionalista, na matriz construtivista e na matriz

condutivista. “A análise funcional toma a ocupação como agrupamento de atividades

profissionais pertencentes a diferentes postos de trabalho com características comuns (normas,

técnicas e instrumentos), correspondendo a um mesmo nível de qualificação” (RAMOS, 2011,

p. 89). De acordo com a autora, esta análise centra-se na função estratégica da empresa e nos

respectivos resultados esperados da atuação dos trabalhadores.

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Já a análise construtivista, que tem sua origem na França, “incorpora a contribuição dos

trabalhadores com menor nível de desempenho, com o intuito de construir uma análise

integrada e participativa dos processos de trabalho” (RAMOS, 2011, p. 89).

Além destas, a autora enfatiza mais uma matriz de investigação dos processos de

trabalho: a condutivista. Esta é utilizada principalmente nos Estados Unidos, tem uma forte

relação com o propósito da eficiência social e se apresenta num modelo de competência

gerencial. Nessa matriz, busca-se que o indivíduo realize seu trabalho com um ótimo

desempenho, atingindo os resultados esperados (RAMOS, 2011).

Levando-se em consideração o papel que assumem o Estado e as organizações sociais

perante o sistema de formação profissional e de certificação das competências, Ramos (2011),

tendo como base Mertens (1996), identifica três tipos de modelos de competências com

características diferenciadas em alguns países – a maioria deles desenvolvidos. Um é aquele

impulsionado pela política governamental, como é o caso do Reino Unido, Austrália, México

e Espanha. O outro, em que a institucionalidade é basicamente a força do mercado, como ocorre

nos Estados Unidos. E, por fim, um outro onde as organizações de atores sociais da produção

são protagonistas, como na Alemanha, França e Canadá.

Percebe-se que nos diversos sistemas de competência profissional analisados, a

competência está sempre associada à capacidade de o sujeito ter um desempenho satisfatório

em situações reais de trabalho, mobilizando os recursos cognitivos e socioafetivos, além de

conhecimentos específicos.

Fazendo uma análise do Brasil, Ramos (2011) trata da noção de competência na reforma

do ensino médio e da educação profissional de nível técnico que se inicia de forma legal com a

nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). É feito um estudo da incorporação

da competência pelas reformas brasileiras do ensino médio e do ensino técnico. A nova LDB

admite a possível articulação entre o ensino médio e os cursos profissionais, condicionada à

garantia da educação geral. De acordo com a autora, no decorrer do texto sobre a identidade do

Ensino Médio, a LDB mantém a característica dualista deste nível de ensino.

A reforma da educação profissional aconteceu, de acordo com Ramos (2011) com o

Decreto nº 2.208, de 1997, que regulamentou os artigos 39 e 41 da LDB. Na rede federal, a

Portaria Ministerial nº 646 de 1997 apresentou outras reformulações. A educação profissional

seria o ponto de articulação entre a escola, o trabalho e o currículo, mesmo que tenha uma

característica de formação geral, deve ser composta por conhecimentos específicos para o

exercício de uma determinada profissão. A autora afirma que um perfil profissional seria

definido: pelas competências básicas, desenvolvidas na educação básica; pelas competências

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profissionais gerais; e, pelas competências profissionais específicas, próprias de uma

habilitação.

No campo da educação profissional, a noção de competência é abordada pelo Parecer

CNE/CEB nº 16/99. Neste parecer, há uma distinção entre a noção de competência no ensino

profissional e no ensino médio. Essa distinção diz respeito à adequação da essência à

modalidade educacional que corresponde a um novo estágio de aprendizagem, novos propósitos

e novos contextos. A autora constata que a definição de competência exposto nos documentos

voltados para o ensino médio “[...] carrega uma conotação psicológico-subjetivista,

manifestando-se nos documentos da educação profissional como fator econômico para o capital

e como patrimônio subjetivo para os trabalhadores” (RAMOS, 2011, p. 169).

Ramos (2011) alerta para o fato de que se não acontecer a universalização e a alteração

da concepção da educação profissional de nível técnico integrada ao nível médio, a formação

nessa modalidade tenderá a ser “[...] complementar, fragmentada e superficial, voltada para a

classe trabalhadora, impedida do acesso aos níveis superiores de ensino” (p. 170). De acordo

com a autora, é preciso reconstruir o significado da noção de competência, sendo coerente com

a realidade brasileira e valorizando as potencialidades humanas como meio de transformação

dessa realidade e não do simples fato de se adaptar a ela.

De uma forma geral, para alguns autores apresentados por Ramos (2011), a competência

“é tomada como categoria ordenadora das relações sociais de trabalho internas às organizações

produtivas, portanto, apropriada à gestão da flexibilidade técnica e organizacional do trabalho”

(p. 176). Mas, a autora reforça que a competência cumpre, também, o papel de ordenadora das

relações sociais externas ao ambiente de trabalho, no sentido de regular as condutas dos

trabalhadores.

Com a noção de competência surgem alguns conceitos importantes dentro da política

de trabalho neoliberal, como: empresa qualificante, empresa aprendiz, precarização do trabalho,

desemprego estrutural e empregabilidade. É neste último que Ramos (2011) evidencia o

fascismo profissional, na medida em que se deslocam as possibilidades de superação do

desemprego ao aumento da escolarização e da qualificação ou a aquisição de competências,

sabendo-se que o problema da falta de emprego é social.

Ramos (2011) desenvolve o conceito de Pedagogia das Competências, que surge

quando a noção de competência extrapola o campo teórico e adquire materialidade através da

organização dos currículos e programas escolares. Isso tanto no ensino geral, como no ensino

profissionalizante. A autora considera, a partir dessa questão, as dimensões psicológica e

socioeconômica da Pedagogia das Competências.

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Com relação à primeira dimensão, Ramos (2011) afirma que a noção de competência,

além de se associar a mobilização de conhecimentos, deve-se encaminhar à mobilização das

ações visando uma aprendizagem contínua sobre os diferentes assuntos. Quanto à segunda

dimensão, ressalta que a tendência que se apresenta mais forte na Pedagogia das Competências

é a que enfatiza o desenvolvimento de sujeitos que privilegiam seus projetos individuais de

profissionalização em detrimento de outra perspectiva, em que a profissionalização resulta de

construções coletivas dos trabalhadores, um deslocamento por completo de qualquer

perspectiva social, confirmando o avivado individualismo como princípio de vida na pós-

modernidade. A autora considera que a noção de competência realizada sob a perspectiva pós-

moderna, traz uma escola sem o compromisso com a transmissão de conhecimentos

socialmente construídos, mas sim com a geração de oportunidades para a realização de um

projeto individual do aluno, ou seja, repassar saberes que formem competências úteis para um

determinado tipo de atividade.

Segundo Saviani (2008b, p. 435), a Pedagogia das Competências surge com o objetivo

de “[...] dotar os indivíduos de comportamentos flexíveis que lhes permitam ajustar-se às

condições de uma sociedade em que as próprias necessidades de sobrevivência não estão

garantidas”.

Ramos (2011) recupera a proposta de escola unitária de Gramsci como sugestão de uma

escola que supere a perspectiva pós-moderna. Uma escola que busca a superação do senso

comum e a forma acrítica dos conhecimentos. Uma escola universal que não é específica de

nenhum grupo social.

[...] não se trata de reproduzir na escola a especialização que ocorre no

processo produtivo. O horizonte que deve nortear a organização do ensino

médio é o de propiciar aos alunos o domínio dos fundamentos das técnicas

diversificadas utilizadas na produção, e não o mero adestramento em técnicas produtivas. Não a formação de técnicos especializados, mas de politécnicos.

(SAVIANI, 2007, p. 161).

Ramos (2011) ressalta que as competências que se adquirem numa escola unitária não

são conhecimentos adaptados à realidade, mas sim saberes que permitam a emancipação da

classe trabalhadora.

3.4 A Relação entre a Educação e vagas no Mercado de Trabalho

Propaga-se atualmente que a educação seria a principal ferramenta na busca pelo

sucesso profissional. Assim, o discurso empregado e aceito pela grande maioria é que estudando

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o retorno é garantido – seja por aprovações em concursos, seja por análise de currículos em

empresas privadas. Tomando, por exemplo, um estudante da última fase do ensino básico, o

ensino médio, surge o seguinte questionamento: os jovens que concluírem o ensino médio terão

espaço no mercado de trabalho?

Mattos e Bianchetti (2011, p. 1169) citam Harvey (1993) para destacar que, entre os

jovens que não estão trabalhando,

a necessidade da continuação dos estudos parece ser um ultimato devido ao

processo acirrado de competição por um posto de trabalho, muitas vezes precário, a fim de se tornarem ativos no mercado, que mais exclui força de

trabalho do que inclui no padrão de acumulação vigente.

Esse discurso se adequa à Teoria do Capital Humano que “cuida de atribuir os

diferenciais de crescimento entre países e o agravamento das desigualdades à maior ou menor

eficácia dos sistemas educacionais” (BELLUZO, 2012, p. 1).

Baseando-se nas manchetes de jornais, nos discursos cotidianos de políticos ou, ainda,

nas plataformas de governo, responderíamos que a educação é, sim, a salvação para o problema

do desemprego (MATTOS; BIANCHETTI, 2011). Entretanto, de acordo com esses autores,

alguns estudiosos (HIRATA, 2002; CASTRO, 2004; KUENZER, 2005; POCHMANN, 2006;

ALVES, 2007) fazem críticas a esses discursos que propagam a educação como a única e

principal alternativa para todos os males sociais.

Para Mattos e Bianchetti (2011), a educação não pode ser concebida como igualitária,

democrática e libertadora, pois ela é uma manifestação de uma sociedade dividida em classes,

cujos contornos e condicionantes se mostram discriminatórios. Não havendo uma única

educação, pois ela não é igual para todos, embora existam esforços para democratizá-la. Surge

aqui o problema da escola dualista, devido ao sistema de produção vigente.

Os autores citados anteriormente concluem que, embora o alongamento da escolarização

seja uma realidade, ele não fornece garantias quanto ao futuro profissional. Pelo contrário, o

que se evidencia é a redução das oportunidades. Se a geração anterior, com nível escolar inferior

ao de seus filhos, conseguia manter um satisfatório padrão de vida, o mesmo não acontece

atualmente com os filhos, portadores de diplomas profissionalizantes e/ou universitários.

Nogueira e Nogueira (2009), dialogando com Bourdieu, lembram que para a classe de

baixa renda não é fácil alongar ainda mais o tempo de estudo, pois maior tempo de estudos para

essa classe é um investimento de risco muito alto, em função de sua condição socioeconômica.

As famílias de baixa renda estariam pouco preparadas para aguentar os custos de um tempo

maior de estudo e consequentemente, o retardo da entrada dos filhos no mercado de trabalho.

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Mattos e Bianchetti (2011) afirmam que o objetivo do empresariado é investir em

formação profissional com vistas a aumentar a produtividade, a qualidade e a competitividade

no mercado. Já para os trabalhadores, os objetivos são incertos diante das possibilidades de

formação profissional. Portanto, é muito vantajoso para o capital o discurso de alongamento

escolar visando garantir um futuro profissional de sucesso do estudante.

Saviani (2008b) colabora com o debate ao afirmar que o objetivo da escola é dotar os

estudantes de comportamentos flexíveis, permitindo-lhes ajustar-se as condições da sociedade,

sem garantias de sobrevivência dadas, ou seja, sem garantias de emprego.

De acordo com Saviani (2008b), uma das características atuais, com base na teoria do

capital humano, é o investimento individual para as pessoas competirem entre si pelos empregos

disponíveis. No modelo capitalista não há emprego para todos e, de acordo com o autor, “a

economia pode crescer convivendo com altas taxas de desemprego” (p. 430). O importante para

o jovem é estar sempre atualizado para ampliar a empregabilidade e, caso não tenha êxito, a

culpa será unicamente sua.

Nesse novo contexto não se trata mais da iniciativa do Estado e das instâncias de planejamento visando a assegurar, nas escolas, a preparação da mão-de-

obra para ocupar postos de trabalho definidos num mercado que se expande

em direção ao pleno emprego. Agora é o indivíduo que terá de exercer sua

capacidade de escolha visando a adquirir os meios que lhe permitam ser competitivo no mercado de trabalho. E o que ele pode esperar das

oportunidades escolares já não é o acesso ao emprego, mas apenas a conquista

do status de empregabilidade. (SAVIANI, 2008b, p. 430).

Porém, tanto Pochmann (2004) como Belluzzo (in: Revista Carta Capital, 29/08/2012)

alertam para a incapacidade da boa educação em responder aos problemas criados pelas

questões econômicas atuais. Pochmann (2004) afirma que numa situação de estagnação

econômica, baixo investimento em tecnologia e precarização do trabalho, a escolaridade

termina se mostrando insuficiente para gerar trabalho.

O sistema capitalista tem como característica a diminuição dos custos e, ao se relacionar

com a educação, a proposta continua a mesma: eliminar o refugo e o re-trabalho, ou seja, o

aluno evadido ou o repetente. Esse processo vai ajudar na diminuição dos custos com a

educação e no aumento da oferta de trabalhadores “competentes” para o mercado de trabalho.

Nesse processo de formação, busca-se especializar ao máximo possível a educação do operário,

visando seu melhor rendimento no mercado de trabalho. Segundo Belluzzo (in: Revista Carta

Capital, 29/08/2012, p. 47),

A especialização e a “tecnificação” crescente despejam no mercado, aqui e no mundo, um exército de subjetividades mutiladas, qualificadas sim, mas

incapazes de compreender o mundo em que vivem. Os argumentos da razão

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técnica dissimulam a pauperização das mentalidades e o massacre da

capacidade crítica.

Esse mesmo sistema não oferece emprego para todos, portanto, aquele aluno do médio

integrado, após a conclusão do curso, tem uma probabilidade grande de ficar desempregado.

Para Mészáros (2007), a universalização da educação, tema tão frequente nos discursos

reformistas da educação a partir dos anos 1990, só poderá ocorrer com a universalização do

trabalho, pois tais dimensões têm caráter indissociável. Essa universalização da educação em

conjunto com a do trabalho, supõe necessariamente a igualdade entre todos os indivíduos.

Apenas na perspectiva de ir além do capital essa universalização e igualdade podem ser vistas,

porque a educação para além do capital almeja uma ordem social diferente.

O autor defende que as soluções devem ser buscadas não apenas na dimensão formal,

mas no que é essencial. O autor reconhece que a educação institucionalizada serviu, nos últimos

150 anos, para fornecer condições técnicas e humanas para expandir o capital, ao mesmo tempo

em que contribuiu para instalar valores que defendem os interesses dominantes e que negam

alternativas possíveis a esse modelo.

3.5 O uso político do Esporte e Lazer

Situar o esporte e o lazer dentro de suas dimensões conceituais se torna relevante para

facilitar a compreensão dessas atividades. O fato de identificar na prática comum dos esportes

características do lazer, leva grande parte da população a fazer uma associação entre eles.

Portanto, faz-se necessário resgatar os conceitos do esporte e lazer visando acabar com o

entendimento de uma igualdade entre ambos pelo senso comum.

De acordo com Sartori (1970 apud BUENO, 2008, p. 10),

Há profunda inter-relação entre esporte de lazer, o que dificulta a identificação

de quando estão juntos ou separados. Nem sempre o esporte é lazer e o lazer não se resume absolutamente ao esporte. Em realidade, são categorias que

apresentam áreas em comum, o que dificulta a conceituação segundo os bons

preceitos de categorização, medição e de cuidado em não “esticar o conceito” [...].

Além dessa redução dos conceitos pelo senso comum, o esporte e o lazer são vistos

como uma prática do dia a dia sem relevância. Contrariamente, torna-se importante entendê-los

como uma atividade de suma importância, tanto no meio social, como no campo acadêmico e

político. Inicialmente, é importante trazer alguns conceitos destas atividades para melhor situá-

las, diminuindo as dúvidas e corrigindo as possíveis falhas na interpretação.

Segundo Bueno (2008, p. 13), o esporte

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é frequentemente entendido como conjunto específico de atividades físicas

vigorosas, normatizadas (institucionalizadas) praticadas individualmente ou

em grupo, com a finalidade simultânea ou dissociada da busca do lúdico, do prazer, do condicionamento físico e, sobretudo, da competição.

O lazer seria algo mais abrangente, consistiria no uso do tempo livre por uma atividade

prazerosa, ou seja, “[...] uma ocupação escolhida livremente e não remunerada – escolhida,

antes de tudo, porque é agradável para si mesmo” (ELIAS; DUNNING, 1992, p. 107).

Marcellino (1995, p. 31 apud DUMAZEDIER, 1974), apresenta o lazer como

Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre

vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua

participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora, após livrar-se

ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais.

O mesmo autor, ao classificar o lazer, afirma que este pode atingir vários interesses,

dentre eles, o atendimento aos interesses físicos que se caracterizam pelas caminhadas,

ginásticas e práticas esportivas. Sendo assim, o esporte é uma das expressões do lazer, o que

reforça essa confusão. Nota-se que constantemente as atividades esportivas são escolhidas por

muitos como a principal alternativa para o tempo livre. O esporte é um fenômeno que se

estabelece no dia a dia dos indivíduos como uma atividade prazerosa.

O esporte surge na idade antiga. Na Grécia, as atividades atléticas e ginásticas faziam

parte do ideal de formação integral do homem. Porém, com o passar do tempo, essas atividades

sofreram transformações. Uma delas foi o surgimento do esporte moderno que, de acordo com

Bracht (2005), nasceu em meados do século XVIII e se intensificou no final do século XIX e

início do XX. O autor afirma que o esporte moderno resultou de um processo de esportivização

de elementos da cultura corporal de movimento das classes populares inglesas, como os jogos

populares. Segundo Linhales (1996), tal como o direito ao lazer, o direito ao esporte começou

a se desenhar com o surgimento da sociedade industrial, trazendo o fortalecimento da divisão

entre trabalho/tempo livre, em meio ao percurso de consolidação do Estado de Bem-Estar

Social.

As mudanças começaram a ocorrer de forma mais significativa após a

Segunda Guerra Mundial, no qual o uso político, a popularização, mundialização e espetacularização desse fenômeno tomaram maiores

proporções e tiveram seu ápice no final da Guerra Fria. (MARQUES et al.,

2008, p. 2).

Apesar das mudanças citadas por Marques et al. (2008), o esporte ainda é visto como

lazer e como já foi dito antes, é considerada uma atividade prazerosa e que preenche,

atualmente, o tempo livre de vários cidadãos.

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Porém, segundo Almeida (2013, p. 57-58),

[...] o resgate histórico feito por alguns autores revela como a entrega e a manipulação associadas aos esportes foram contributivas para a conformação

de algumas sociedades e, numa avaliação pormenorizada é possível perceber

algum grau de ideologização no tratamento com essas práticas. O grande apelo que sempre teve as atividades esportivas foi explorado pelas elites dominantes

ao longo da história das civilizações e elas foram usadas astutamente por

governantes, como elementos facilitadores nas relações de poder.

De acordo com Marques et al. (2008), foi no período entre as duas grandes guerras

mundiais que se reparou a valorização do uso político do esporte moderno, no qual os governos

passaram a aproveitar melhor a capacidade desse fenômeno de seduzir a população e se colocar

como uma possibilidade de comparação direta de performances. O esporte passa a ser tratado

ideologicamente pelos governantes, fazendo parte do processo de afirmação de soberania e de

poder.

Sigoli e De Rose Junior (2004) citam dois exemplos históricos bastante característicos

no que diz respeito ao uso político do esporte. O primeiro foi a Olimpíada de Berlim em 1936.

Naquele período, a Alemanha era governada pelo nazismo tendo como líder supremo e

totalitário Adolf Hitler, que tentou, através dos jogos, ratificar a pureza da raça ariana frente a

outras raças. O segundo exemplo foi o conflito entre duas potências mundiais, denominado

Guerra Fria, protagonizado pelos Estados Unidos da América e pela União das Repúblicas

Socialistas Soviéticas (URSS), em uma grande disputa ideológica e armamentista. Em

Helsinque, teve início uma disputa paralela à olimpíada: o confronto ideológico entre esses dois

blocos opostos dentro dos recintos esportivos. Neste cenário, o esporte foi usado, em outras

edições dos jogos olímpicos, como instrumento ideológico e de publicidade, servindo-se das

vitórias no campo esportivo para comprovar a influência política de cada regime.

A transformação nos objetivos da utilização do esporte e lazer continuaram e atualmente

alguns autores passaram a notar o esporte em uma nova forma: a contemporânea.

Sendo o esporte um fenômeno ligado a práticas de lazer tanto como forma de

atividade amadora, quanto como espetáculo para ser consumido, o esporte se submeteu a um processo de comercialização. É nesse aspecto que mora a

principal transformação do esporte moderno em contemporâneo, a

mercantilização da prática. Embora no fenômeno moderno já fosse possível observar manifestações de profissionalismo e investimentos externos, é após

a Guerra Fria que esse movimento se intensifica e toma proporções de produto

a ser consumido em diversos campos da sociedade. (MARQUES, 2007 apud MARQUES et al., 2008, p. 4 apud).

De acordo com Bracht (2005), percebe-se nessa nova manifestação das atividades de

esporte e lazer a substituição do movimento associacionista pela oferta de serviços. As pessoas,

em vez de realizarem seu próprio esporte, simplesmente o compram, com isso, ele renuncia à

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sua competência, ou a confere a outros, de gestar/construir seu esporte. Falar em prática do

esporte e de outras formas da cultura corporal de movimento, significa, basicamente, falar de

oferta de atividades esportivas e de consumo. As pessoas passam a ser consumidoras dos

produtos apresentados pela indústria esportiva de lazer.

Marques et al. (2008) percebem duas ações associadas a essa tendência de expansão do

esporte contemporâneo: a massificação e a democratização do esporte. Com a massificação, o

esporte, que tem origem nos jogos produzidos pela população, retorna para população na forma

de espetáculo para ser consumido. Já na democratização, há a preocupação em oferecer a prática

esportiva para o maior número de pessoas, através de políticas públicas ou de ações privadas.

As políticas voltadas para o esporte e lazer muitas vezes são utilizadas pelos governantes

não para promover a democratização dessas atividades, mas sim, para manter ou melhorar sua

popularidade. São vários projetos de esporte e lazer ditos sociais – onde muitos têm objetivo

assistencialista, com praticamente nenhuma estrutura, mas que geram bons resultados políticos.

[...] os agentes do campo político/burocrático que se envolveram com o esporte perceberam ser este um meio muito eficaz para otimizar o acúmulo de

capital público ou político, já que a natureza do esporte carrega consigo signos

de amizade, companheirismo, descontração, além do próprio apelo popular, que fazia com que esses agentes tivessem grande visibilidade junto à

sociedade brasileira. (STAREPRAVO, 2011, p. 252).

Entende-se que as políticas de esporte e lazer emergem como resultados das demandas

sociais, que ganham legitimidade a partir da organização da classe trabalhadora ou de iniciativas

das classes dominantes em defesa de seu próprio poder. Assim, as políticas públicas voltadas

para o esporte e o lazer podem colaborar para a reprodução da força de trabalho, como também,

contrariamente, contribuir para qualificar o trabalhador para a luta contra a exploração do

sistema capitalista.

3.5.1 O uso político do Esporte e Lazer no Brasil

De acordo com Linhales (1996), o esporte chega ao Brasil em meados do século XIX,

surgido da estreita relação com as preferências e os hábitos culturais dos grupos imigrantes,

considerados atores de destaque no processo de implantação das práticas esportivas no país. O

início do esporte brasileiro também se orientou por uma autonomia da sociedade em seu

processo de organização esportiva e por um caráter lúdico-recreativo como motor dessa

atividade social.

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No Brasil, as práticas esportivas e de lazer, também, sofreram intervenções do Estado.

De acordo com vários pesquisadores, programas e ações baseados nos esportes e lazer foram

utilizados para persuadir a população. Almeida (2013, p. 68) lembra da “Era Vargas” como

exemplo da utilização do esporte e lazer com essa particularidade: “Posterior à crise 1929 e em

plena vigência do welfare state, Getúlio Vargas implementou no país a política do bem-estar

social e elegeu as duas atividades como uns de seus instrumentos”.

Tomás Mazoni (1941) citado por Linhales (1996, p. 80), ao realizar em 1941 um

apanhado da situação do esporte no Brasil no decorrer da década de 1930, apresenta alguns

argumentos que demonstram as características dominantes do Estado sob estas atividades:

Poderá surpreender aos neófitos e também a muita gente do próprio ambiente esportivo afirmamos que nestes 11 anos transcorridos desde o advento do

governo de 1930, o esporte no Brasil tenha evoluído muito, devendo não

pouco dessa evolução à nova mentalidade política que começou a dominar o País desde aquela data. [...] É fácil compreender o que representa para o

esporte brasileiro estar integrado nas leis e no espírito do Estado Novo.

Passará a colocar-se a serviço da Pátria, eis tudo! [...] O esporte brasileiro não poderia viver mais tempo divorciado do espírito e da doutrina do Estado Novo.

Impor uma só disciplina, acabar com o espírito clubístico, exterminar a

política dos homens, dar-lhes outra orientação, outras funções que atendem

aos seus princípios, aos seus ideais, fazer de seus homens dirigentes e não “caciques” ou chefetes de grupos e clubes. [...] do futebol, ao tiro, do atletismo

à esgrima, etc., todos precisam curar-se dos velhos vícios, especialmente

disciplinares, todos devem bater-se por um só ideal a ser conduzido sem distinções e prevenções de espécie alguma, por mãos firmes.

Para Linhales (1996), esse período acolheu um verdadeiro processo de popularização e

massificação do esporte, apoiado pelo Estado; porém, tal processo não significou a sua

democratização ou a sua consolidação como um direito social. O esporte foi institucionalizado,

ganhou legislação própria e foi oferecido pelo Estado a diferentes segmentos sociais. Foi

estatizado, sem, contudo, ter sido publicizado.

Já no período da Ditadura Militar as atividades esportivas foram utilizadas com outro

intuito. Linhales (1996) afirma que o esporte passa a servir, em alguns momentos, como

estratégia de representação da identidade e coesão nacional idealizada.

Nessa época, o Governo militar lança uma política nacional de incentivo ao esporte e

lazer com ações de cunho populista que visavam facilitar o diálogo com a população. As

competições esportivas e o lazer comunitário foram estimulados em todo o país. Vários

programas foram utilizados com o objetivo de seduzir a população brasileira, um deles foi o

Esporte para Todos (EPT) com o pretexto de democratizar o esporte. Para Linhales (1996, p.

133), “não é possível negar o investimento ideológico da ditadura militar sobre a ‘massa’, por

meio do esporte”.

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O mesmo autor lembra que as conquistas e ações esportivas, também, eram apresentadas

como recurso provido de componentes simbólicos, capazes de enfatizar o avanço econômico e

a modernização controlados pelo Estado.

Neste início do século XXI, o governo Lula (2003-2011) incluiu o esporte e lazer em

suas propostas de políticas sociais. Surgiu a esperança de que essas atividades tomassem um

rumo que superasse a realidade presente. Vários pesquisadores da área do esporte e lazer e

críticos ao atual sistema, almejavam transformações capazes de proporcionar um rumo

diferente para as atividades esportivas e de lazer.

O que se observou neste governo foi um certo privilégio ao esporte de competição. De

acordo com Almeida (2013), o Lazer foi preterido frente aos esportes e programas oficiais que

se destinaram a ofertar à população prática recreativa informal e autônoma restritas e

insuficientes em sua abrangência territorial.

O mesmo autor ao fazer um levantamento sobre os programas para o esporte

desenvolvidos no governo Lula afirma que esta atividade foi direcionada para a área do alto

rendimento:

[...] o período se caracterizou pelo estímulo aos programas elitizados de

iniciação esportiva, pelas buscas de talentos na área e pelos projetos assistencialistas de estímulo financeiro para a forja de atletas de alto nível.

Coerentes com essa lógica foram priorizados a formação e o treinamento de

atletas olímpicos e paraolímpicos visando suas participações em competições

mundiais. (ALMEIDA, 2013, p. 17).

Segundo Almeida (2013), Lula soube se apropriar da aceitação popular pelos

espetáculos esportivos e promoveu uma articulação com a iniciativa privada para a efetivação

desses eventos. A intenção primária era consolidar a política econômica favorável ao capital,

se prevalecendo de sua popularidade aliada ao gosto popular pelos espetáculos esportivos. Os

eventos esportivos em nível continental e mundial realizados e a serem realizados no Brasil no

período de 2007 a 2016, chamados pelo autor de Megaeventos Esportivos, trazem uma reflexão

sobre quem, de fato, se beneficiaria: “Há possibilidades de benefícios sociais para o povo, de

ganho de poder para o governo e aumento dos lucros do capital” (ALMEIDA, 2013, p. 18)

Penna (2006) relata que o governo Lula foi alvo de inúmeras críticas devido a sua

submissão ao capital estrangeiro e às orientações dos organismos internacionais. Durante o seu

governo, o país continuou pautando suas políticas de incentivo ao esporte nacional, ao esporte

escolar e a educação física escolar adequado às políticas neoliberais.

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4 ENSINO MÉDIO INTEGRADO

O ensino médio corresponde à última etapa da educação básica, tem duração mínima de

três anos e deveria ser frequentado por jovens de 15 a 17 anos. A oferta desse nível de ensino é

bastante diversificada, podendo ser encontrada como: médio regular, médio regular integrado

à educação profissional, normal/magistério, além do ensino médio na modalidade Educação de

Jovens e Adultos (EJA).

O ensino médio nunca teve uma identidade muito clara, que não fosse o preparo para o

curso superior ou para a formação profissional. O foco do ensino médio é a formação geral,

embora tenha como um dos objetivos a preparação básica para o trabalho. Porém, a obtenção

de habilidades profissionais é objetivo da educação profissional. O ensino médio talvez diga

respeito aos anos mais controvertidos, o que traz dificuldades no momento de definir políticas

voltadas para este nível de ensino (KRAWZYK, 2011).

Pretendendo contribuir para um melhor entendimento sobre as reformas educacionais

brasileiras e sua influência nos níveis de ensino, especificamente o ensino médio integrado, é

importante fazer uma construção teórica sobre esses temas. Nessa construção, é mister fazer

um resgate histórico do ensino médio e do ensino profissional, pontuando as principais reformas

ao longo do tempo, não se esquecendo de tratar aqui acerca da dualidade presente neste que é

o último nível de ensino da educação básica.

4.1 As reformas educacionais para o ensino médio no Brasil

Apesar de em 1548, D. João III ter editado os “Regimentos”, para orientar as ações do

primeiro governador do Brasil, Tomé de Souza, visando prover o acesso à educação no país

(SAVIANI, 2013), de acordo com Pessanha e Brito (2014 apud HAIDAR, 2008), a história do

ensino secundário, hoje conhecido como ensino médio, no período imperial esteve intimamente

ligada ao Colégio Dom Pedro II, criado em 1837, pois foi a única instituição que contou com o

reconhecimento e o apoio do governo imperial, enquanto escola que serviria de referência para

todo o país. Zotti (2004) destaca a criação do Colégio Dom Pedro II como o início da

organização sistemática do ensino secundário no Império.

Palma Filho (2005) lembra que, no período da Primeira República, foram empreendidas

várias reformas no ensino médio e no ensino superior. O mesmo autor apresenta cinco reformas

que, de algum modo, tinham a preocupação em organizar o ensino secundário, o ensino médio

da época: Reforma Benjamin Constant (1890), Código Epitácio Pessoa (1901), Reforma

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Rivadávia Correa (1911), Reforma Carlos Maximiliano (1915) e Reforma João Luiz

Alves/Rocha Vaz (1925).

Segundo Romanelli (1986), até o final de 1920, imperava no ensino secundário o

sistema preparatório e de exames parcelados para o ingresso no ensino superior, sendo o curso

seriado pouco procurado. A Reforma Rocha Vaz tentou acabar com essa finalidade, mas não

teve sucesso. Nesse período a escola atendeu à formação da elite com o objetivo de eternizar as

suas ideias e interesses, pois como a sociedade era agroexportadora, a formação educacional

não seria indispensável para a produção manual (ROMANELLI, 1986).

De acordo com Zotti (2004), a “Revolução de 30” caracteriza-se por um período de

reorganização dos interesses dominantes no País. É o marco do processo de substituição do

modelo capitalista dependente agrário-exportador, pelo modelo, igualmente capitalista e

dependente, urbano industrial, que se torna hegemônico em 1945. Diante dessa nova realidade,

o país passou a exigir uma mão de obra especializada, exigindo o acesso à escola, com o intuito

de atender a demanda industrial. Neste mesmo ano foi criado o Ministério da Educação e Saúde

Pública. No ano seguinte, em 1931, é lançada a “Reforma Francisco Campos”, organizando o

ensino secundário e as universidades brasileiras ainda inexistentes.

Romanelli (1986, p. 141) evidencia alguns pontos críticos desta reforma, na qual se

destaca a descrita abaixo:

A reforma deixou completamente marginalizados os ensinos primários e normal e os vários ramos do ensino médio profissional, salvo o comercial.

Praticamente, a reforma tratou de organizar preferentemente o sistema

educacional das elites. A obrigatoriedade de se prestarem exames para

admissão ao ensino médio, nos quais se exigiam conhecimentos jamais fornecidos pela escola primária, importava em reconhecer a nulidade desta.

De acordo com Zotti (2004), a proposta curricular dessa reforma preocupava-se com a

preparação do homem para os diversos setores das atividades econômicas, além de uma

formação geral para capacitá-lo a viver na sociedade, através do curso fundamental. Já o curso

complementar era obrigatório para ingresso na Universidade.

Segundo Nosella (2011), a partir dos anos 30 foi organizado no país um sistema de

ensino profissional, estabelecendo legalmente a dualidade pedagógica. Zotti (2004) afirma que,

para garantir uma preparação adequada da elite, a solução foi oficializar a dualidade do sistema

“público”, onde o ensino técnico-profissional era destinado à classe trabalhadora.

De acordo com Romanelli (1986), a Constituição de 1937 modificava substancialmente

a situação, pois deixava de declarar o dever do Estado quanto à educação e o limitava a uma

ação unicamente supletiva. Essa dualidade educacional, traçada pela Constituição de 1937, é

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concretizada pela Reforma Capanema, através das Leis Orgânicas do ensino primário (1946) e

secundário (1942) (ZOTTI, 2004).

De acordo com Dalri e Meneguel (2009, p. 7693), em 1942 a Lei Orgânica do Ensino

Secundário reorganizou este nível de ensino “[...] com o curso ginasial com quatro anos de

duração, enquanto que o segundo curso, o colegial, subdividiu-se em clássico e científico, com

três séries anuais cada”. Porém, tanto para Romanelli (1986) quanto para Zotti (2004), o caráter

enciclopédico do currículo foi mantido nas duas opções de cursos.

Dalri e Meneguel (2009) citam Felippe (2000, p. 85) com o intuito de afirmar que essa

reforma educacional não tinha objetivo de contemplar o acesso de toda a população:

A reforma educacional Francisco Campos (1930/1931) e a reforma das Leis Orgânicas de Ensino (1942/1943) evidenciam que o ensino médio [...] possuía

apenas a função de preparar para o ensino superior e só abrigava alunos das

camadas sociais superiores economicamente. Os alunos de classes trabalhadoras acabavam por frequentar os cursos profissionalizantes, que,

embora de nível médio, eram fechados, não permitindo passagem para outros

tipos de ensino.

Dessa forma, para Zotti (2004), a dualidade presente na educação brasileira, com ramos

de ensino e currículos diferenciados, atende aos objetivos do desenvolvimento econômico que

se consolidava através da industrialização. Frigotto e Ciavatta (2011, p. 625) enfatizam essa

questão, ao afirmarem que

Esta estrutura opaca e violenta da classe detentora do capital, no Brasil,

radicaliza a dualidade estrutural na educação, especialmente a partir da década

de 1940, quando a educação nacional é organizada através das Leis Orgânicas, segmentando a educação de acordo com os setores produtivos e as profissões,

separando os que deveriam ter o ensino secundário e a formação propedêutica

para o ingresso na universidade e os que deveriam ter formação profissional para os setores produtivos.

Com uma nova Constituição, a de 1946, inspirada nos princípios proclamados pelo

Movimento dos Pioneiros da Escola Nova, o poder público ficava obrigado a reservar um

mínimo de recursos para a educação (ROMANELLI, 1986). Diante disso, revela-se um certo

grau de preocupação em estabelecer o mínimo de condições para assegurar esse direito. Mas

apenas em 1961 foi aprovada a primeira LDB (Lei nº 4.024), cujo projeto de lei havia sido

encaminhado à Câmara Federal em 1948, pelo então Ministro da Educação Clemente Mariano.

De acordo com Romanelli (1986), um projeto geral de reforma da educação nacional inspirava-

se na Carta de 1946.

Nosella (2011) afirma que a LDB de 1961 foi um marco, pois possibilitou aos formados

das escolas técnicas o acesso no ensino superior. Zotti (2004) lembra que a lei avança com

relação ao aproveitamento dos estudos em caso de transferência de um ramo para o outro.

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De acordo com Dalri e Meneguel (2009, p. 7694), com o golpe de 1964 o ensino começa

a ser influenciado pelo mercado, assim, diante da relação entre educação e trabalho, este último

passa a ser o grande beneficiado, pois

O golpe militar de 1964 modificou profundamente a educação brasileira com

a Reforma do Ensino de 1° e 2° graus. Com a Lei n° 5692/1971 foi

determinada uma nova estrutura para os níveis de ensino: ampliação da obrigatoriedade de quatro para oito anos, pela união do ensino primário com

o ginasial e com a criação de uma escola secundária orientada por uma lógica

profissionalizante. A qualidade de ensino ficou associada à eficiência em preparar, no sistema educacional, mão de obra conveniente ao mercado de

trabalho.

Os militares queriam mostrar para a sociedade, com as suas reformas educacionais, que

estavam priorizando medidas que promoveriam igualdade de oportunidades para toda a

população. Segundo Zotti (2004), a verdade era outra, era necessário alinhar o sistema

educacional aos objetivos do capital, através da subordinação da educação à produção

capitalista. Sobre essa questão, segundo Nosella (2011, p. 1056),

O fracasso da profissionalização compulsória da Lei n. 5.692/71 dos governos militares era previsível: na verdade, sob a retórica de liquidar a escola

secundária, verbalista e elitista, escondia-se o projeto de extinguir uma escola

formadora de dirigentes (ou de controladores dos dirigentes), fundamental princípio unitário do ensino secundário. O sonho educacional dos militares era

universalizar uma escola de técnicos submissos, de operadores práticos. Ou

seja, criava-se a “unitariedade” do sistema escolar, cortando a parte crítica e

humanista do currículo.

De acordo com Kuenzer (1997 apud DALRI; MENEGUEL, 2009), o ensino médio da

época propunha conter a demanda dos estudantes ao ensino superior, despolitizar o ensino

secundário e a qualificar a força de trabalho para atender às demandas do desenvolvimento

econômico.

Já em 20 dezembro de 1996, foi aprovada a terceira Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional (LDB), a Lei nº 9.394, depois de vários anos em tramitação no Congresso

Nacional. A partir dessa lei, o ensino de 2° grau virou ensino médio e passou a ser a última

etapa da educação básica. Para Krawczyk (2011, p. 754), “a inclusão do ensino médio na

educação básica e o seu caráter progressivamente obrigatório mostram o reconhecimento da

importância política e social que ele possui”.

Foi neste período que, de acordo com Frigotto e Ciavatta (2011), no debate do ensino

médio em suas diferentes modalidades, a concepção da educação politécnica se contrapôs às

visões do tecnicismo, do adestramento e da polivalência. Para Nosella (2011, p. 1056), a LDB

de 1996 “[...] buscou superar a contraposição entre a visão neoliberal e a popular, introduzindo

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a ideia de uma escola média cujo objetivo fosse integrar, no amplo conceito de cidadania, a

participação do jovem à vida política e produtiva”.

De acordo com Frigotto e Ciavatta (2011), a Lei nº 9.394 reunifica os níveis e

modalidades da educação no país. Mas a sua universalidade não impede a criação de muitos

decretos e programas de governo. Um desses decretos é o de nº 2.208/97, que restabelece o

dualismo entre o ensino médio e técnico, baseados nas Diretrizes e Parâmetros Curriculares

Nacionais. Este determinou que o ensino técnico, organizado em módulos, seja oferecido

separadamente do ensino médio regular.

Na prática isto significou o fortalecimento do dualismo e a consolidação de

uma educação média com duas vertentes: uma relativa a um ensino médio

“acadêmico” destituído da realidade do trabalho e, outra, um ensino técnico, que mesmo legalmente separado, mantinha a articulação com o ensino médio.

(BRASIL, 2008, p. 6).

Já sob um novo governo, foi elaborado em 2004 o Decreto nº 5.154, que foi incorporado

à LDB pela Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008. Esse Decreto revogou o anterior (2.208/97),

porém manteve algumas determinações – como as formas de articulação entre o ensino médio

e a educação profissional, a concomitância e os cursos subsequentes (FRIGOTTO;

CIAVATTA, 2011). Todavia, como salientam Frigotto e Ciavatta (2011), introduziu a

alternativa de articulação do ensino médio com a educação profissional e técnica, através do

chamado Ensino Médio integrado.

Ao lançar o documento “Reestruturação e expansão do ensino médio no Brasil”

(BRASIL, 2008), o MEC pretendeu sinalizar com a pretensão de dar uma identidade ao ensino

médio, como etapa da educação básica, construída com base em uma concepção curricular

unitária, com diversidade de formas, cujo princípio é a unidade entre trabalho, cultura, ciência

e tecnologia.

Surge em 2009 o documento “Ensino médio inovador”. Esse documento destaca que os

requisitos para um novo currículo inovador deveriam ser fundamentados numa concepção

interdisciplinar, voltada para o desenvolvimento de conhecimentos, saberes e competências,

valores e práticas que pudesse proporcionar aos alunos condições de exigir um espaço digno na

sociedade e no mundo do trabalho (BRASIL, 2009b).

De acordo com Krawczyk (2011), apesar da expansão do ensino médio público desde

meados da década de 1990, a questão da sua obrigatoriedade só surge em 2009 com a Emenda

Constitucional (EC) nº 59, que amplia a obrigatoriedade escolar para a faixa dos 04 aos 17 anos

de idade.

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O Inciso I da EC nº 59 assegura a ampliação dessa obrigatoriedade para fora da faixa

etária citada. No ensino médio, por exemplo, pode ser ampliada para os alunos que atrasaram

os estudos e estão com mais de 17 anos. Essa interpretação foi reforçada pela publicação da Lei

nº 12.061/2009 que altera dois dispositivos da LDB de 1996: primeiro o inciso II do Art. 4o que

coloca como dever a “universalização do ensino médio gratuito” substituindo a ideia de

“progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade” antes vigente. Frigotto e Ciavatta (2011,

p. 630) alertam para essa modificação da lei que pode ser entendida da seguinte maneira:

[...] substituiu-se “a progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao

ensino médio” (artigo 4º, inciso II da Lei n. 9.394/97) por uma breve expressão “universalização do ensino médio gratuito” (artigo 4º, inciso II da Lei n.

12.061, de 27 de outubro de 2009). O detalhe significativo é a ausência do

termo “obrigatoriedade” que, ipso facto, isenta o Estado do compromisso com

a universalização.

E a segunda mudança é no inciso VI do Art. 10, que passa a assegurar o ensino médio a

todos que necessitarem (BRASIL, 2009). Tanto essa Emenda como a Lei n° 12.061/2009

formalizam o ensino médio regular e na forma da EJA.

Em abril de 2010, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou o Parecer nº 07,

definindo as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica – Educação Infantil, o Ensino

Fundamental e o Ensino Médio.

Para o ensino médio, as diretrizes destacam a preparação para o trabalho e a cidadania,

apontando que

[...] o Ensino Médio, como etapa responsável pela terminalidade do processo

formativo da Educação Básica, deve se organizar para proporcionar ao estudante uma formação com base unitária, no sentido de um método de

pensar e compreender as determinações da vida social e produtiva; que

articule trabalho, ciência, tecnologia e cultura na perspectiva da emancipação humana. (BRASIL, 2010, p. 35).

A necessidade de universalizar o ensino médio no Brasil é tema sempre presente nos

debates sobre a educação. O PNE (2014-2024) em sua meta 3 trata sobre a questão da

universalização do ensino médio e do aumento da taxa líquida de matrículas em até 85%. São

14 estratégias que serão necessárias para atingir essa meta (BRASIL, 2014).

O problema da universalização do ensino é em decorrência de um déficit histórico em

matéria de educação. Segundo Saviani (2013), esse déficit é resultado do conflito entre a

proclamação do direito à educação e a sua efetivação. Devido à histórica resistência a investir

na educação, o país chega em 2015 com a universalização do ensino fundamental efetivada,

porém distante de conseguir o mesmo com o ensino médio. Segundo dados do Pnad [Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios] (2015), considera-se universalizado o acesso ao ensino

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fundamental no país – a taxa de escolarização líquida da população de 7 a 14 anos nesse nível

de ensino atingiu 97,5%, em 2014. Segundo dados desta pesquisa, essa taxa em 1990 se

encontrava em 81,2%.

De acordo com Saviani (2013), o direito à educação segue sendo proclamado, mas o

dever de garantir esse direito continua protelado. Para o autor, o Estado transfere a

responsabilidade pela educação para o conjunto da sociedade civil, ficando responsável em

regular e avaliar as instituições e publicar os resultados dos processos avaliativos.

Para Saviani (2013), a criação do Sistema Nacional de Educação, traria grandes

benefícios à educação brasileira. Esse Sistema funcionaria como

[...] um conjunto unificado que articula todos os aspectos da educação no país inteiro, com normas comuns válidas para todo o território nacional e com

procedimentos também comuns, visando a assegurar educação com o mesmo

padrão de qualidade a toda a população do país. (SAVIANI, 2013, p. 758).

O ensino fundamental praticamente tem seu acesso universalizado, porém no ensino

médio esse objetivo ainda está um pouco distante. De acordo com dados do Pnad, em 2009

85,2% dos jovens de 15 a 17 anos estavam matriculados na escola. Em 2014 esse número

diminuiu, passando para 82,6%. No entanto, apenas 61,4% cursavam o Ensino Médio,

conforme evidencia a taxa líquida de matrícula relativa a essa etapa de ensino (BRASIL, 2014).

Se quase 82% estão na escola e apenas um pouco mais de 60% se encontra no ensino médio,

surge a seguinte inquietação: Onde estão os outros 20%? Supõe-se que estes ainda não tenham

chegado ao ensino médio, ou seja, estão no ensino fundamental, atrasados.

Outro motivo para a dificuldade em universalizar o ensino médio pode estar relacionado

ao abandono da escola. O estudante com a necessidade de aumentar a renda familiar sai da

escola e vai em busca de uma vaga no mercado de trabalho. Diante disso, tem-se dois grupos

que poderiam estar no ensino médio, os retidos no nível anterior (fundamental) e os evadidos.

Mediante isso, Krawczyk (2011, p. 755) afirma que,

A expansão do ensino médio, iniciada nos primeiros anos da década de 1990,

não pode ser caracterizada ainda como um processo de universalização nem

de democratização, devido às altas porcentagens de jovens que permanecem fora da escola, à tendência ao declínio do número de matrículas desde 2004 e

à persistência de altos índices de evasão e reprovação.

Dados sobre o declínio do número de matrículas apontados por Krawczyk (2011) são

apresentados no levantamento feito pelo Inep/MEC em 2015, pois o número de matrículas no

ensino médio no ano de 2007 era maior que no ano de 2015. Em 2007 foram realizadas

8.369.369 matrículas na última etapa da educação básica, enquanto em 2015 foram feitas

8.074.881 matrículas. De acordo com os dados acima mostra-se uma tendência de estabilidade

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do número de matrículas no ensino médio, com variações para cima e para baixo desses

números no período descrito. Este mesmo documento mostra que, assim como em anos

anteriores, a rede estadual continua a ser a maior responsável pela oferta de ensino médio, com

84,8% das matrículas e as redes federal e municipal atendem juntas 2,4%. A rede privada atende

12,8% das matrículas.

Para Saviani (2008a), a culpa pelo fracasso da universalização do ensino também recai

sobre a pedagogia tradicional. O autor, ao descrever sobre a pedagogia tradicional, lembra que

uma das críticas formuladas a essa pedagogia a partir do final do século XIX, era que a escola

tradicional não conseguiu sua aspiração em universalizar o ensino, nem todos ingressavam e os

que ingressavam nem sempre eram bem-sucedidos.

Outra questão está nos grupos sociais para os quais o ensino médio não faz parte de seu

capital cultural. Nogueira e Nogueira (2009) descrevem sobre a sociologia da educação de

Bourdieu que coloca como fator preponderante para o sucesso escolar a bagagem cultural que

as crianças herdam da sua família ou local de convivência. Segundo Bourdieu, a posse do

capital cultural favoreceria o êxito escolar, além de propiciar melhor desempenho nos

processos formais e informais de educação. Para alguns grupos sociais, o ensino médio não faz

parte de seu capital cultural, de sua experiência familiar. Portanto, o jovem, desses grupos, nem

sempre é cobrado por não continuar estudando.

O autor, ao dialogar com Bourdieu, escreve sobre disposições e estratégias de

investimento escolar que seriam adotadas tendencialmente pelas classes populares. Nogueira e

Nogueira (2009), que ao citar Bourdieu, nos leva a refletir sobre a real necessidade da política

atual de assistência estudantil para os alunos de baixa renda:

Em primeiro lugar, a percepção, valendo-se dos exemplos acumulados (a “estatística

intuitiva das derrotas ou dos êxitos parciais das crianças dos seus meios” –

BOURDIEU, 1998, p. 47 apud NOGUEIRA E NOGUEIRA, 2009, p. 61), de que as chances de sucesso escolar são reduzidas, faltam, objetivamente, os recursos

econômicos, sociais e, sobretudo culturais necessários para um bom desempenho na

escola. Isso tornaria o retorno do investimento muito incerto e, portanto, o risco muito

alto. Essas incertezas e esses riscos seriam ainda maiores pelo fato de que o retorno

do investimento escolar se dá no longo prazo. Essas famílias estariam, em função de

sua condição socioeconômica, menos preparadas para suportar os custos econômicos

dessa espera, especialmente o adiamento da entrada dos filhos no mercado de trabalho.

Donde a prática bastante frequente, entre as famílias e os jovens dos meios populares,

de se autoeliminar, objetiva e subjetivamente, da competição (cf. BOURDIEU;

PASSERON, 1968 apud NOGUEIRA E NOGUEIRA, 2009, p. 61), até mesmo em

casos em que o desempenho escolar anterior permitiria esperar boas chances de êxito. (NOGUEIRA; NOGUEIRA, 2009, p. 61).

Para aquele estudante de baixa renda que está cursando o ensino médio, a entrada no

mercado de trabalho poderá ser em decorrência dos problemas financeiros da sua família. De

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acordo com Pochmann (2001, p. 35), “Geralmente, quanto menor a renda familiar, maior a

proporção de jovens economicamente ativos”.

Pochmann (2001) ressalta que as famílias de baixa renda com o intuito de atender suas

necessidades básicas da vida, antecipam, ao máximo, a entrada do filho no mercado de trabalho.

Tem sido cada vez mais uma prática nacional tanto o pai quanto a mãe trabalharem

fora de casa. Os filhos, muitas vezes, estudam e executam atividades domésticas,

quando não trabalham fora de casa, podendo colocar o estudo como uma prioridade

secundária. A necessidade de antecipar renda futura ou de ajudar no orçamento

familiar tem pressionado os filhos, sobretudo os de famílias de menor renda, a terem

uma breve passagem pelo sistema educacional. Por conta disso, o ingresso de filhos

de famílias humildes no mercado de trabalho tende a ocorrer na faixa dos 10 aos 15

anos de idade. (POCHMANN, 2001, p. 35).

Daí surge um dos principais motivos para implementação da política de assistência

estudantil nos Institutos Federais, o fator socioeconômico. Muitos são os alunos que abandonam

a escola ou não conseguem um bom rendimento, pois sua condição socioeconômica exige uma

participação mais efetiva dentro da família na busca por uma renda extra que ajude no dia a dia

de todos em sua residência.

Desta forma, ou o aluno sai da escola, ou torna-se faltoso. Nogueira e Nogueira (2009)

ressaltam que essas famílias tendem a preferir uma carreira escolar mais curta, possibilitando

um acesso mais rápido ao mercado profissional. O mesmo autor lembra que nesse grupo social

adota-se o que Bourdieu chama de liberalismo em relação à educação dos filhos – nessa

situação não há uma cobrança intensiva para o sucesso escolar e não há um acompanhamento

sistemático da vida escolar.

O documento Brasil (BRASIL, 2010), visando responder aos problemas do ensino

médio, faz referência a busca por um currículo mais significativo ao estudante do Ensino

Médio10, com o intuito de ampliar o ingresso, a permanência e a conclusão nesse nível de

ensino, assim:

Os sistemas educativos devem prever currículos flexíveis, com diferentes

alternativas, para que os jovens tenham a oportunidade de escolher o percurso

formativo que atenda seus interesses, necessidades e aspirações, para que se assegure a permanência dos jovens na escola, com proveito, até a conclusão

da Educação Básica. (BRASIL, 2010, p. 9-10).

10 Em 2016 foi aprovada a Medida Provisória (MP) nº 746 que altera artigos da LDB (1996) e da Lei nº

11.494/2007, que é a Lei do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Profissionais da Educação (Fundeb). Além disso, institui a Política de Fomento à Implementação de Escola de

Ensino Médio em tempo integral. Um dos grandes problemas da MP é o fatiamento do currículo em itinerários

que promove a dualidade do ensino, problema sempre presente no ensino médio. Outra questão importante nessa

MP é desconsiderar, ao oferecer apenas o ensino médio integral, aqueles estudantes que trabalham no período

diurno e estudam no período noturno, essa situação, provavelmente, acarretará o aumento da evasão ou

aligeiramento na formação escolar do estudante, através de programas e projetos de baixos custos que não efetivam

a socialização das bases do conhecimento.

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61

Vale lembrar que mesmo considerando que este currículo possa garantir uma maior

atratividade deste nível de ensino, o jovem com baixo poder socioeconômico precisa ter um

suporte para não abandonar a escola por ter que trabalhar e ajudar na renda familiar. E as

políticas de assistência estudantil podem ser úteis na permanência e no êxito deste jovem na

escola11.

4.2 As reformas educacionais para a educação profissional

Faz-se necessário um breve histórico da educação profissional no Brasil, a fim de

compreender os caminhos percorridos por ela e criar subsídios para a discussão. Após algumas

leituras sobre esse tema, percebe-se que foi no início do século XX que surgiram as primeiras

ações favoráveis ao ensino técnico-profissional no Brasil.

Em 23 de setembro de 1909, surge, por meio do Decreto nº 7.566, do então Presidente

Nilo Peçanha, em cada uma das capitais dos Estados do Brasil, a Escola de Aprendizes

Artífices, com a proposta de oferecer o ensino profissional primário e gratuito

(EVANGELISTA, 2009). Essas Escolas de Aprendizes e Artífices, que seriam o primeiro passo

para se chegar aos atuais Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, foram

instituídas considerando que

O aumento constante da população das cidades exigia que se facilitasse às classes proletárias os meios de vencer as dificuldades sempre crescentes na

luta pela existência e que, para isso, se tornava necessário, não só habilitar os

filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e

intelectual, como fazê-los adquirir hábitos de trabalho profícuo que os afastassem da ociosidade, da escola do vício e do crime. (BRASIL, 1909, p.

1).

A Constituição de 1937, em seu Artigo 129, orienta para o ensino profissional destinado

às classes menos favorecidas. Romanelli (1986) lembra que Fernando Azevedo elogiou

bastante essa preocupação que a Constituição tivera com o ensino profissional. Porém, o autor

ressalta que o mesmo não se alertou para a importância que essa ação teria na evolução do

sistema de ensino, especialmente o profissional.

Não observou, por exemplo, que, oficializando o ensino profissional, como ensino destinado aos pobres, estava o Estado cometendo um ato lesivo aos

princípios democráticos; estava o Estado instituindo oficialmente a

11 Em 2016 foi aprovada a Proposta de Emenda Constitucional 55 (PEC/55), com o objetivo de congelar as

despesas governamentais em Educação, Saúde, Ciência, Tecnologia e Inovação, por 20 anos. Desta forma, a

Assistência Estudantil sofrerá os impactos advindos desta PEC/55, colocando em risco todos os direitos e

benefícios adquiridos com o Pnaes.

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discriminação social, através da escola. E fazendo isso, estava orientando a

escolha da demanda social do Brasil. (ROMANELLI, 1986, p. 153).

Portanto, não é à toa que o ensino profissional sempre teve a fama de ser dirigido para

as camadas menos favorecidas e ser frequentado por esse grupo.

Segundo Evangelista (2009), as Escolas de Aprendizes e Artífices se destinavam a

ofertar um ensino técnico profissional primário e gratuito, voltado, preferencialmente, para

atender os “desfavorecidos da fortuna”. De acordo com Cunha (2000) apud Evangelista (2009),

a Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937, transforma as Escolas de Aprendizes e Artífices em

Liceus, destinados ao ensino profissional de todos os ramos e graus. Uma nova mudança

ocorreria com a publicação do Decreto 4.127, de 25 de fevereiro de 1942, que transforma os

Liceus Industriais em Escolas Industriais e Técnicas, passando a oferecer a formação

profissional em nível equivalente ao secundário.

Neste mesmo ano é criado o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI),

com o objetivo de preparar o trabalhador diante da expansão industrial, e, com o objetivo de

preparar para o comércio, surge em 1946 o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

(SENAC) (CUNHA, 2000 apud EVANGELISTA, 2009).

Em 1961 é promulgada a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei

nº 4.024/1961), trazendo mudanças significativas para a educação profissional que, de acordo

com Kuenzer (2007, p. 29),

Pela primeira vez a legislação educacional reconhece a integração completa do ensino profissional ao sistema regular de ensino, estabelecendo-se a plena

equivalência entre os cursos profissionais e propedêuticos, para fins de

prosseguimentos nos estudos.

Esta lei garantiu ao ensino técnico industrial a equivalência ao ensino secundário. Para

muitos foi uma vitória, porém para outros não houve ruptura na estrutura do sistema

organizacional de ensino. Para Saviani (2008b, p. 39),

Do ponto de vista da organização do ensino, a LDB manteve, no fundamental,

a estrutura em vigor decorrente da reforma Capanema, flexibilizando-a, porém. Com efeito, do conjunto das leis orgânicas do ensino decretadas entre

1942 e 1946 resultou numa estrutura de ensino que previa, grosso modo, um

curso primário de quatro anos, seguido do ensino médio com a duração de sete anos, dividido verticalmente em dois ciclos, o ginasial, de quatro anos, e o

colegial, de três anos, divididos horizontalmente nos ramos secundário,

normal e técnico, sendo este, por seu turno, subdividido em industrial, agrícola e comercial. Ocorre que, nessa estrutura, apenas o ensino secundário dava

acesso a qualquer carreira do ensino superior. Os demais ramos do ensino

médio só davam acesso às carreiras a eles correspondentes. Por outro lado, se

um aluno quisesse passar de um ramo a outro do ensino médio, ele perderia os estudos já feitos, tendo que começar do início no novo ramo.

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Sob o governo militar é implementada a Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 – a

segunda LDB –, que já no artigo 1º apresenta a qualificação do aluno para o trabalho como uma

de suas principais preocupações:

Art. 1º – O ensino de 1º e 2º graus tem por objetivo geral proporcionar ao

educando a formação necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades

como elemento de auto-realização, qualificação para o trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania.

Com essa LDB, o ensino médio passou a ser obrigatoriamente profissionalizante.

Para Frigotto et al. (2005a), o discurso utilizado para convencer a formação de técnicos

construiu-se com o argumento da falta destes profissionais no mercado e da necessidade de

evitar a “frustração de jovens” que não ingressavam nas universidades nem no mercado de

trabalho, porque não apresentavam uma habilidade profissional.

Em 1997, o Decreto nº 2.208 é substituído pelo Decreto nº 5.154, de 23 de julho de

2004, que estabelece as diretrizes e bases da educação profissional. Segundo Frigotto et al.

(2005a), o decreto de 2004 pretendia consolidar a formação básica unitária e politécnica,

centrada na ciência, no trabalho e na cultura.

Em 2007, a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica lançou o Documento

Base da Educação Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio (BRASIL,

2007) a fim de apresentar os pressupostos para a concretização da oferta dessa modalidade de

ensino, suas concepções, princípios e fundamentos para desenvolver um projeto político-

pedagógico integrado (BRASIL, 2007).

Em 2008 é sancionada a Lei nº 11.741, que acrescenta à Lei nº 9.394/96 as formas pelas

quais a educação profissional técnica de nível médio poderá ser desenvolvida e uma delas é a

integrada ao ensino médio.

De acordo com Frigotto et al. (2005a, p. 36), o objetivo da educação profissional técnica

integrada ao ensino médio se constituiria “numa possibilidade a mais para os estudantes na

construção de seus projetos de vida, socialmente determinados, possibilitados por uma

formação ampla e integral”.

4.2.1 Rede Federal de Ensino e a construção do IFPE

De acordo com o documento oficial Brasil/IFPE (2010), em 1959 se iniciou o processo

de transformação das Escolas Industriais e Técnicas em autarquias. As instituições ganham

autonomia didática e de gestão e passam a ser denominadas Escolas Técnicas Federais.

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As mudanças no cenário econômico mundial não param, e o Brasil passa por essas

transformações. Com o objetivo de alinhar as políticas e ações aos novos cenários dos processos

de produção, as Escolas Técnicas sofreram algumas mudanças.

No ano de 1994, a Lei Federal nº 8.984 institui no país o Sistema Nacional de

Educação Tecnológica. Essa medida anuncia a transformação das Escolas

Técnicas Federais em Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefet) e abre caminho para que as Escolas Agrotécnicas Federais sejam integradas a

esse processo. A implantação de novos Cefets só ocorre efetivamente a partir

de 1999. (BRASIL/IFPE, 2010, p. 12).

Em 2003, há a substituição do Decreto nº 2.208/97 pelo Decreto nº 5.154/04, que acaba

com as restrições na organização curricular e pedagógica e na oferta dos cursos técnicos, pela

educação profissional e tecnológica (BRASIL/IFPE, 2010). Com isso, em 2004,

[...] a rede federal de educação tecnológica (Centros Federais de Educação Tecnológica, Escolas Agrotécnicas Federais, Escola Técnica Federal de

Palmas/TO e Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais) ganha

autonomia para a criação e implantação de cursos em todos os níveis da

educação profissional e tecnológica. Por sua vez, as Escolas Agrotécnicas Federais recebem autorização excepcional para ofertar cursos superiores de

tecnologia, em nível de graduação, fortalecendo a característica dessas

instituições: a oferta verticalizada de ensino em todos os níveis de educação. (BRASIL/IFPE, 2010, p. 13-14).

Por meio da Lei nº 11.892 de 29 de dezembro de 2008, como parte da reestruturação da

educação profissional e tecnológica, o Governo Federal cria os Institutos Federais de Educação,

Ciência e Tecnologia, levando-o para todos os estados do país com a finalidade de ofertar

educação profissional e tecnológica, em todos os níveis e modalidades (BRASIL, 2008). Os

Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia surgem dos antigos Centros Federais de

Educação Tecnológica (CEFET), Escolas Agrotécnicas e Escolas Técnicas vinculadas às

Universidades Federais com uma proposta nova de educação profissional e tecnológica.

Além dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, ficaram vinculados à

Rede Federal: a UTFPR, o CEFET-RJ, o CEFET-MG e as Escolas Técnicas vinculadas às

Universidades Federais (BRASIL, 2008). Tanto a UTFPR, como o CEFET-RJ e o CEFET-MG

não aderiram aos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.

Segundo Silva et al. (2009), a UTFPR surgiu com a possibilidade aberta pela Lei nº

9.394/96 de criação de universidades especializadas. De acordo com este autor, a legislação

anterior exigia que uma instituição oferecesse cursos em diferentes áreas (Ciências Humanas,

Ciências Biomédicas, Ciências Exatas e da Tecnologia) para se constituir enquanto

Universidade.

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Já o CEFET do Rio de Janeiro, conhecido como CEFET Celso Suckow da Fonseca, e o

de Minas Gerais, conforme Silva et al. (2009), durante o período de consultas e debates sobre

a implantação dos institutos federais, encontravam-se em processo eleitoral. O autor, segundo

relatos dos dirigentes dos CEFET´s , explica o principal motivo que levou as comunidades

desses Centros a não seguirem o caminho para se transformarem em Institutos Federais:

“devido ao anseio de se tornarem Universidades Tecnológicas, objetivo que foi plenamente

defendido pelos então candidatos em seus programas” (SILVA et al., 2009, p. 59).

Há de se ressaltar que, até então, o único modelo institucional existente que

aliava a formação profissional fundada na dimensão tecnológica à educação superior de graduação e pós-graduação e à pesquisa era o da universidade

tecnológica. Porém, a experiência brasileira nesse desenho institucional

apontou para um gradativo abandono da educação profissional e tecnológica,

principalmente a de nível médio, e a migração para a oferta de educação superior mais próxima da concepção acadêmica tradicional. Por outro lado, a

proposta dos institutos federais começava a ser desenhada a partir das boas

experiências existentes nas instituições federais, sobretudo aquelas que apresentavam impactos positivos significativos no desenvolvimento

socioeconômico e cultural local e na inclusão social. (SILVA et al., 2009, p.

59-60).

Nota-se que não houve uma imposição para que houvesse uma modificação para o novo

modelo que seria o Instituto Federal. Silva et al. (2009) registram que foi oportunizada a todas

as autarquias e escolas técnicas vinculadas a universidades federais de, por meio de resposta a

uma chamada pública, participarem dessa transformação, independentemente do nível de

desenvolvimento institucional em que estavam.

Atentando ao art. 1º da Lei nº 11.892, a constituição da Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica especificou a UTFPR, demonstrando que apenas ela

integrará a Rede. Procedeu da mesma forma ao identificar os dois CEFET’s que não aderiram

aos institutos, ficando claro que não existirão outros (BRASIL, 2008). De acordo com Silva et

al. (2009, p. 57), “a partir da promulgação desta lei a expansão da educação profissional e

tecnológica no âmbito das instituições federais dar-se-á exclusivamente pelo modelo dos

institutos federais”.

O IFPE, de acordo com documento oficial (IFPE, 2015), teve sua semente plantada com

a criação da Escola de Aprendizes e Artífices, que funcionou em três locais no período entre

1910 e 1923. Primeiro teve como sede o antigo Mercado Delmiro Gouveia, depois foi

transferido para parte posterior do antigo Ginásio Pernambucano na Rua da Aurora e, a partir

do ano de 1933, passou a funcionar na Rua Henrique Dias, no Derby, sendo oficialmente

inaugurada em 18 de maio de 1934. Em 17 de janeiro de 1983, já com o nome de Escola Técnica

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Federal de Pernambuco (ETFPE), a instituição passou a funcionar na Avenida Professor Luis

Freire, no bairro do Curado.

Em 1999, a ETFPE é transformada em Centro Federal de Educação Tecnológica de

Pernambuco (CEFET-PE). A criação da Lei nº 8.948/94 faz o CEFET-PE se expandir através

da implantação das Unidades de Ensino Descentralizadas – as Uneds. Surgem em Pernambuco:

o CEFET Petrolina, a partir da Escola Agrotécnica Federal Dom Avelar Vilela, com o Decreto

nº 4.019, de 19 de novembro de 2001; a Uned Pesqueira, no Agreste Pernambucano, com a

Portaria Ministerial nº 1.533/92, de 19/10/1992; e, a Uned Ipojuca, na Região Metropolitana do

Recife, com a portaria Ministerial nº 851, de 03/09/2007 (IFPE, 2015).

Com a Lei nº 11.892 de 29 de dezembro de 2008, que criou os Institutos Federais de

Educação, Ciência e Tecnologia, surge o IFPE que passou a ser constituído por dez campi: Belo

Jardim, Barreiros e Vitória de Santo Antão (antigas Escolas Agrotécnicas Federais - AFs);

Ipojuca e Pesqueira (antigas Uneds do CEFET-PE); Recife (antiga sede do CEFET-PE);

Afogados da Ingazeira, Caruaru e Garanhuns, da segunda expansão; e o Campus Virtual da

Educação a Distância. O CEFET Petrolina passou a fazer parte do IF Sertão, que surgiu com

essa lei.

Com a terceira fase de Expansão da Rede, em 2014, o IFPE ganhou mais sete unidades:

Cabo de Santo Agostinho, Palmares, Jaboatão, Olinda, Paulista, Abreu e Lima e Igarassu.

4.3 Ensino médio integrado e a superação da dualidade

É importante compreender a relação “escola e trabalho” dentro do contexto da sociedade

capitalista, cuja estruturação em classes nos mostra a classe proprietária dos meios de produção

e a classe dominada nas formas alienadas de trabalho. Portanto, a análise do ensino médio em

sua forma integrada ao técnico não pode ser desvinculada do modelo econômico e político

vigente.

No que se refere à educação, e principalmente ao ensino médio, nota-se a dualidade que

marca o sistema educativo do país. Frigotto et al. (2005a) lembram-nos que é neste nível de

ensino que se evidencia a contradição entre o capital e o trabalho, exposto no falso problema

da formação propedêutica ou preparação para o trabalho.

De acordo com Marx e Engels (1989), o que os indivíduos são depende da sua produção.

Nessa perspectiva, é importante compreender o trabalho como princípio educativo. Ramos

(2008, p. 3) afirma que

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Nesse sentido, trabalho não é emprego, não é ação econômica específica.

Trabalho é produção, criação, realização humanas. Compreender o trabalho

nessa perspectiva é compreender a história da humanidade, as suas lutas e conquistas mediadas pelo conhecimento humano.

Gramsci contribui acerca do debate sobre o trabalho como princípio educativo e da

perspectiva de se ter uma escola unitária. Gramsci (1968) fez várias críticas a organização

escolar burguesa, de caráter especulativa e classista, de caráter dual. Criticava o modelo escolar

que era responsável por definir a qualificação profissional do indivíduo de acordo com sua

origem social mantendo as classes subordinadas nas funções instrumentais e as classes

dominantes na condição de dirigentes.

A escola dualista é o desenho da sociedade capitalista, dividida entre a burguesia e o

trabalhador. Para Saviani (2008a), não cabe dizer que a escola dualista qualifica diferentemente

o trabalho manual e o trabalho intelectual; cabe dizer que ela qualifica o trabalho intelectual e

desqualifica o trabalho manual.

Saviani (2008a) chama essa teoria assim porque C. Baudelot e R. Establet ao expô-la no

livro L`École Capitaliste en France empenham-se em mostrar que a escola é dividida em duas

grandes partes, as quais correspondem à divisão da sociedade capitalista em duas classes

fundamentais: a burguesia e o proletariado. É uma crítica, ainda atual, principalmente àquelas

escolas que oferecem o nível médio integrado à educação técnica e profissional, que seria o tipo

que estaria preocupado em reproduzir o sistema de exploração capitalista, a serviço da

burguesia para formar os operários da nossa sociedade. Portanto, para este autor, tem-se uma

escola que é um instrumento da burguesia na luta ideológica contra o proletariado.

[...] a história da dualidade educacional coincide com a história da luta de

classes no capitalismo. Por isto a educação permanece dividida entre aquela

destinada aos que produzem a vida e a riqueza da sociedade usando sua força de trabalho e aquela destinada aos dirigentes, às elites, aos grupos e segmentos

que dão orientação e direção à sociedade. Então, a marca da dualidade

educacional do Brasil é, na verdade, a marca da educação moderna nas sociedades ocidentais sob o modo de produção capitalista. (RAMOS, 2008, p.

2).

A concepção de uma escola unitária vai de encontro a tudo que é desenvolvido numa

concepção dualista. Aquela promove a educação de qualidade para todos, independentemente

da classe social, enquanto esta direciona a boa educação para a classe burguesa. Segundo

Nosella (2011), a dualidade do ensino médio é antiga, apesar dos muitos “esforços” para superá-

la ou para esconde-la. Ironicamente, o ensino médio só não foi dual no período antes da

industrialização, quando excluía da escola os jovens que eram determinados ao trabalho.

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Ramos (2008) apresenta dois pilares conceituais de uma educação integrada: a escola

unitária e uma educação politécnica, que possibilite o acesso à cultura, à ciência e ao trabalho,

por meio de uma educação básica e profissional; e, a politécnia, significando, segundo o autor,

uma educação que possibilita a compreensão dos princípios científico-tecnológicos e históricos

da produção moderna, de modo a orientar os estudantes à realização de múltiplas escolhas.

Diante disso, Ramos (2008, p. 5) afirma que

Portanto, formar profissionalmente não é preparar só para o exercício do

trabalho, mas é proporcionar a compreensão das dinâmicas sócio-produtivas das sociedades modernas, com as suas conquistas e os seus revezes, e também

habilitar as pessoas para o exercício autônomo e crítico de profissões, sem

nunca se esgotar a elas.

Levando em consideração que o sistema capitalista influencia de certa forma a

construção de uma escola dualista, Saviani (2008a) afirma que não adianta ficar falando na

escola dual que existe em nosso sistema de ensino se o que está sendo explorado, as camadas

populares, não toma iniciativa para lutar pela libertação. O autor orienta que essa libertação só

será possível com o domínio de conteúdos culturais que se constituem como instrumento

indispensável para a participação política.

Visando superar a dualidade no ensino médio, faz-se necessária a compreensão do

trabalho no seu sentido ontológico, onde o homem produz sua própria existência ao se

relacionar com a natureza e com os outros homens e, no sentido histórico, que surge diante do

sistema capitalista, transformando o trabalho numa prática econômica-produtiva.

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5 A ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL PARA OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO

INTEGRADO

5.1 As políticas de assistência social

A Política Social no Brasil tem suas particularidades e sua materialização se deu de

forma bem singular. Vários autores tratam sobre esse tipo de política e trazem a forma como

ela vem se desenvolvendo.

Política Social consistiria numa atividade desenvolvida pelo Estado, visando atender às

necessidades sociais básicas dos cidadãos. De acordo com Montaño (2012), ao considerar a

pobreza como um problema de distribuição, colocando a “questão social” na esfera política, as

políticas sociais tornam-se o meio para garantir o acesso a bens e serviços por parte da

população.

Para Fleury (1994), as políticas sociais desenvolvem planos, projetos e programas

direcionados à concretização de direitos sociais, estabelecendo uma condição de cidadania.

A política social no Brasil foi se fortalecendo com o tempo. Até o ano de 1930, o país

tinha desenvolvido ações fragmentadas na área social. De acordo com Carvalho (2002, p. 61),

“com direitos civis e políticos tão precários, seria difícil falar de direitos sociais” naquela época.

O mesmo autor ainda afirma que eram as Santas Casas de Misericórdia, instituições privadas

de caridade, que ficavam a cargo de prestar atendimento aos pobres.

Uma dessas ações foi o surgimento, em 1923, de uma lei que começava a olhar a questão

social dos trabalhadores, era a Lei Eloi Chaves, que tratava da criação de uma Caixa de

Aposentadoria e Pensão para os ferroviários. De acordo com Carvalho (2002), foi a primeira

legislação eficaz na área social.

A partir de 1930, no cenário da política nacionalista e populista de Getúlio Vargas, o

país começou a seguir um caminho rumo a uma política social. Esse período “[...] abre espaço

para um novo tratamento das questões sociais, cujas respostas são imperativas para controlar as

agitações operárias que vinham ocorrendo desde os anos anteriores” (COSTA et al., 1998, p.

9).

Neste período, o Estado brasileiro, privilegiando a via do Seguro Social, buscou

administrar a questão social desenvolvendo políticas e agências de poder estatal em diferentes

setores da vida nacional. De acordo com Yazbek (2008), neste período, embora com caráter

controlador e paternalista, são adotadas várias mediadas de cunho social, dentre as quais a

criação dos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) na lógica do seguro social, a

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Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o Salário Mínimo e a valorização da saúde do

trabalhador.

O mesmo autor lembra que parte significativa dos benefícios sociais (saúde, previdência

e outros) girava em torno do trabalho (emprego), restando aos desempregados serem atendidos

por caridade de entidades filantrópicas.

Procurando fazer qualquer coisa pelos desempregados e manter a atenção aos pobres,

porém sem uma definição de uma política que proporcionasse ganhos trabalhistas e

previdenciários – restritos, ainda, a poucas categorias trabalhistas –, em 1938, por meio do

Decreto-lei nº 525 é criado o Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), vinculado ao

Ministério da Educação e Saúde. Composto por sete membros, escolhidos dentre pessoas

dedicadas ao serviço social, esse conselho teria como função estudar, em todos os seus aspectos,

o problema do serviço social, além de funcionar como órgão consultivo dos poderes públicos e

das entidades privadas, em tudo quanto se relacionava com a administração do serviço social

(BRASIL, 1938).

Em seu Art 1º o Decreto define o objetivo do serviço social como:

A utilização das obras mantidas quer pelos poderes públicos quer pelas

entidades privadas para o fim de diminuir ou suprimir as deficiências ou sofrimentos causados pela pobreza ou pela miséria ou oriundas de qualquer

outra forma do desajustamento social e de reconduzir tanto o indivíduo como

a família, na medida do possível, a um nível satisfatório de existência no meio

em que habitam. (BRASIL, 1938).

Este órgão parece ter contribuído pouco para o bom desempenho das políticas públicas

voltadas para a população mais carente, por ter uma política de característica clientelista que

marcaria por um longo período a assistência pública brasileira (COSTA et al., 1998).

De acordo com Yazbek (2008), as políticas filantrópicas acompanham a assistência

social brasileira desde o seu surgimento: “[...] historicamente a atenção à pobreza pela

Assistência Social pública vai se estruturando acoplada ao conjunto de iniciativas benemerentes

e filantrópicas da sociedade civil” (2008, p. 12). Um exemplo disso é a Legião Brasileira de

Assistência – LBA, a primeira instituição nacional de Assistência Social, que surge em 1942,

com o intuito de atender a família dos militares durante a guerra e, com fim desta, passa a

desenvolver políticas filantrópicas, desenvolvendo serviços de acordo com alguns interesses.

Segundo Carvalho (2002), apesar de tudo, porém, não se pode negar que o período

compreendido entre 1930 a 1945 foi a era dos direitos sociais – período no qual foi implantado

boa parte da legislação trabalhista e previdenciária, melhoradas a partir disso.

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Neste período destaca-se, também, a criação em 1942 do SENAI, que passa a atuar com

um conjunto de medidas de caráter assistencial e educativo, visando adequar os trabalhadores

às exigências da indústria em crescimento. Seguindo esse caminho, em 1946 surge o Serviço

Social da Indústria (SESI) (COSTA et al., 1998).

Na etapa que se sucede ao golpe de 64, a assistência social passa a ter uma orientação

maior por parte do governo federal, debruçando-se, principalmente, na contenção e prevenção

de conflitos que pudessem prejudicar as classes dominantes.

Os militares assumem o poder e as leis sociais passam a ser elaboradas por

tecnocratas e orientadas por organismos vinculados à Presidência da República e subordinadas aos preceitos da segurança nacional. As políticas

sociais passam a serem usadas como forma de neutralizar a oposição,

conseguir apoio ao regime, despolitizar a organização dos trabalhadores e

reguladora do conflito social. (LAJÚS, 2009, p. 167).

A Constituição de 1988 destinou um capítulo aos direitos sociais e estabeleceu um

sistema de proteção social: a seguridade social. É nesse documento que a assistência social

passa a ser tratada como política pública e ganha o status de direito social, tornando-se “um dos

pilares da seguridade social brasileira, reafirmando a dimensão social da cidadania e a

universalidade dos direitos” (COSTA et al., 1998, p. 12). A Assistência Social passa a ser

integrante da Seguridade Social, junto às Políticas de Saúde e Previdência Social.

A assistência social ao longo de seu processo histórico transitou do

assistencialismo clientelista para o campo da política social, esta como política

de Estado passa a ser um campo de defesa e atenção dos interesses dos

segmentos mais empobrecidos da sociedade. (YAZBEK, 1995, p. 10).

As leis apresentadas acima pretendem, com a criação de programas e serviços sociais,

enfrentar os problemas da questão social. Para Simões (2010, p. 295),

Segundo a Lei, a assistência tem por finalidade assegurar a prestação das

necessidades básicas, com base nas quais as políticas públicas, com a

participação da comunidade, definem os mínimos sociais, de natureza mais

ampla. Para reduzir os níveis de pobreza, prevê diversas estratégias: criação de programas de geração de trabalho e renda; proteção a maternidade, as

crianças e aos adolescentes; apoio a gestantes; pessoas com deficiência ou

pessoas idosas, desde que carentes por meio de ações continuadas de assistência social.

Em dezembro de 1993, foi aprovada a Lei nº 8.742, Lei Orgânica da Assistência Social

(LOAS), que dispõe sobre a organização da Assistência Social. Este documento define a

Assistência Social como

direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto

integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o

atendimento às necessidades básicas. (BRASIL, 1993, art. 1).

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72

A Loas foi de importantíssima para o fortalecimento de uma política voltada para a

Assistência Social.

A LOAS sistematizou e institucionalizou, como permanentes, os serviços

assistenciais as famílias em situação de vulnerabilidade e risco social.

Representou a maioridade jurídica da assistência social, na história brasileira, instituindo em seu estatuto como política pública de Estado, integrada a

seguridade social. (SIMÕES, 2010, p. 295).

A Loas passa a dar um significado diferente a política assistencialista. De acordo com

Lajús (2009, p. 169-170),

A LOAS, ao respaldar a Assistência Social tanto nos seus aspectos legais

como políticos, dá um significado e um caráter novo que a afasta do assistencialismo, clientelismo, alçando-a a condição de política de seguridade

dirigida à universalização da cidadania social, garantindo direitos e serviços

sociais de qualidade sob a responsabilidade do Estado e com a participação da

população no controle das suas ações.

No sentido de avançar ainda mais a Assistência Social, é instituída em 2004 a Política

Nacional de Assistência Social (Pnas), aprovada na IV Conferência Nacional de Assistência

Social em 2003. A Pnas surge através do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à

Fome (MDS), por intermédio da Secretaria Nacional de Assistência Social (SNAS) e do

Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS).

Conforme Simões (2010, p. 309), a Pnas

promove sobretudo, a defesa e atenção dos interesses e necessidades sociais,

particularmente das famílias, seus membros e indivíduos mais empobrecidos

e socialmente excluídos. Cabe, por isso, a assistência social, segundo esta

política, as ações de prevenções, promoção e inserção; bem como o provimento de um conjunto de garantias ou seguranças que cubram, reduzam

ou previnam a vulnerabilidade, o risco social e eventos; assim como atendam

às necessidades emergentes ou permanentes, decorrentes de problemas pessoais ou sociais dos seus usuários e beneficiários.

A Pnas tem como objetivo garantir os mínimos sociais que foram estabelecidos pela

Constituição de 1988 e posteriormente pela Loas (PNAS, 2005). Essa política, em consonância

com o disposto na Loas, capítulo II, seção I, artigo 4º, rege-se pelos seguintes princípios

democráticos

I – Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de

rentabilidade econômica; II – Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação

assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;

III – Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e

comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade;

IV – Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de

qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais;

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73

V – Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos

assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos

critérios para a sua concessão. (PNAS, 2005, p. 32).

A Pnas 2004 define as bases para o Sistema Único de Assistência Social (Suas), um

novo modelo de gestão da política pública de Assistência Social. Segundo Yazbek (2008, p.

17), o Suas é composto pelo

[...] conjunto de serviços, programas, projetos e benefícios no âmbito da

assistência social prestados diretamente – ou através de convênios com organizações sem fins lucrativos –, por órgãos e instituições públicas federais,

estaduais e municipais da administração direta e indireta e das fundações

mantidas pelo poder público.

O Pnas e o Suas surgem com o propósito de firmar o que é proposto pela Loas.

Atualmente, o governo federal é o responsável por promover e financiar programas com o

intuito de efetivar direitos de cidadania e combate à pobreza.

5.2 A Política de Assistência Estudantil

A política de Assistência Estudantil é um marco histórico na busca de meios que

proporcionem a permanência e o êxito de estudantes oriundos das camadas menos favorecidas.

De acordo com o Fonaprace, trata-se de

[...] um conjunto de princípios e diretrizes que norteiam a implantação de

ações para garantir o acesso, a permanência e a conclusão de curso de

graduação dos estudantes das IFEs, na perspectiva de inclusão social, formação ampliada, produção de conhecimento, melhoria do desempenho

acadêmico e da qualidade de vida, agindo preventivamente, nas situações de

repetência e evasão, decorrentes da insuficiência de condições financeiras. (FONAPRACE, 2012, p. 63).

Fazendo um resgate histórico das ações, de acordo com as legislações, voltadas para a

assistência ao estudante e levando em consideração o objetivo citado acima pelo Fonaprace

(2012), pode-se citar a Constituição Federal de 1934 (BRASIL, 1934) como sendo o primeiro

documento a se preocupar, legalmente, em dar um apoio aos alunos mais pobres. Em seu Artigo

112, parágrafo 3º, dispõe sobre a gratuidade do ensino nas escolas públicas primárias e

fornecimento gratuito do material escolar aos pobres (BRASIL, 1934).

O Artigo 157 da Constituição Federal de 1937 dispõe sobre a formação de fundos

financeiros para a educação, e no parágrafo 2º, a lei estabelece que “Parte dos mesmos fundos

se aplicará em auxílios a alunos necessitados, mediante fornecimento gratuito de material

escolar, bolsas de estudo, assistência alimentar, dentaria e médica, e para vilegiaturas”

(BRASIL, 1934, p. 140).

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74

O interessante é que o ensino profissional sempre foi dirigido aos mais pobres. Na

Constituição Federal de 1937, documento legal que trata pela primeira vez acerca desse tipo de

ensino, o ensino profissional está vinculado às classes menos favorecidas. No Artigo 129

percebe-se isso:

O ensino pré-vocacional e profissional destinado às classes menos favorecidas

é, em matéria de educação, o primeiro dever do Estado. Cumpre-lhe dar

execução a esse dever fundando institutos de ensino profissional e subsidiando os de iniciativa dos estados, municípios e dos indivíduos ou associações

particulares e profissionais. É dever das indústrias e dos sindicatos

econômicos criar, na esfera de sua especialidade, escolas de aprendizes,

destinadas aos filhos de seus operários ou de seus associados. (BRASIL, 1937).

Na Constituição Federal de 1946 houve um avanço para o fortalecimento de ações de

assistência ao estudante. O artigo 172 dispõe que “Cada sistema de ensino terá obrigatoriamente

serviços de assistência educacional que assegurem aos alunos necessitados condições de

eficiência escolar” (BRASIL, 1946, p. 89). Verifica-se uma consolidação através do tempo da

ideia de assistência estudantil.

Em 1961 é promulgada a Lei nº 4.024 que fixa a primeira LDB. A mesma traz um título

específico – “Da Assistência Social Escolar” – que deveria ser prestada nas escolas, sob a

orientação dos respectivos diretores, através de serviços que atendessem ao tratamento dos

casos individuais, à aplicação de técnicas de grupo e à organização social da comunidade. Em

seu Artigo 90 fica clara a importância que a assistência ao estudante vem se tornando:

Art. 90: Em cooperação com outros órgãos ou não, incumbe aos sistemas de

ensino, técnica e administrativamente, prover, bem como orientar, fiscalizar e

estimular os serviços de assistência social, médico-odontológico e de enfermagem aos alunos. (BRASIL, 1961).

Uma nova Constituição Federal promulgada, a de 1967, e com ela não há avanços

significativos em relação à assistência ao estudante, praticamente são mantidas as disposições

da Constituição anterior. Destaque apenas para o Artigo 176, em seu parágrafo 3º, Inciso III,

que garante o ensino público igualmente gratuito no nível médio e no superior, para aqueles

que “demonstrarem efetivo aproveitamento e provarem falta ou insuficiência de recursos”

(BRASIL, 1967, p. 197). Aqui se percebe a assistência atingindo outros níveis de ensino.

A nova LDB, Lei nº 5.692 de 1971, trouxe pontos importantes sobre o que se denomina

na lei de “assistência educacional”. O Artigo 62 tratava sobre a importância dos serviços de

assistência educacional para assegurar a eficiência escolar dos alunos mais necessitados e, em

seu parágrafo 1º, trazia os serviços de assistência educacional onde estavam inclusos “[...]

auxílios para a aquisição de material escolar, transporte, vestuário, alimentação, tratamento

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médico e dentário e outras formas de assistência familiar” que visavam garantir a

obrigatoriedade escolar (BRASIL, 1971, p. 12).

Em 1987, após vários encontros de Pró-Reitores de Assistência à Comunidade

Universitária, tanto em nível nacional como regional, é criado o Fonaprace. Este fórum levantou

várias propostas de políticas que visavam assegurar a democratização do acesso e da

permanência do estudante na universidade (FONAPRACE, 2012). O Fórum teve papel

importantíssimo na sustentação da necessidade de construção de uma política voltada para a

assistência estudantil. Anos mais tarde, este fórum, realizou duas pesquisas que subsidiaram a

definição dos indicadores socioeconômicos dos discentes do ensino superior, ajudando a

identificar a necessidade real de tais políticas. Ainda hoje, o Fonaprace promove debates sobre

diretrizes nacionais referentes à assistência ao estudante.

A atual Constituição Federal, elaborada em 1988, em seu Título VIII, Capítulo III, Seção

I, Art. 208, Inciso VII, assegurou como dever do Estado o atendimento ao educando através da

suplementação de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. A

emenda constitucional 59, de 11 de novembro de 2009, modificou o Inciso VII, ampliando essa

assistência para todas as etapas da educação básica (BRASIL, 2015, p. 148). A Lei nº 9.394, de

20 de dezembro de 1996, confirma o que já vinha definido sobre a assistência ao estudante na

Constituição de 1988.

A Lei nº 10.172, que se refere ao Primeiro Plano Nacional de Educação (PNE 2001-

2011) é um plano com orientações e metas para a educação que deveriam ser cumpridas em até

10 anos. Neste documento encontramos uma disposição para que as instituições públicas de

ensino superior estimulassem a adoção de programas de assistência estudantil, tais “[...] como

bolsa-trabalho ou outros destinados a apoiar os estudantes carentes que demonstrem bom

desempenho acadêmico” (BRASIL, 2001, p. 94).

Em 2007 entra em vigor o Decreto nº 6.096 que Institui o Programa de Apoio a Planos

de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), visando criar condições para

a ampliação do acesso e permanência na educação superior. Apresenta como uma de suas metas

gerais o aumento gradual da taxa de conclusão média nesse nível de ensino. Outras diretrizes

do Programa são a redução da evasão e a ampliação de políticas de inclusão e assistência

estudantil. Percebe-se, então, a relação entre a promoção de políticas de assistência e a busca

pelo êxito dos alunos.

Toda a legislação analisada aqui serviu, com certeza, como base para um passo maior

que viria a ser dado em busca da afirmação de políticas voltadas para a assistência ao estudante.

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Assim, pensando em garantir acesso, permanência e êxito para os estudantes, o Estado cria, por

meio do Ministério da Educação, o Pnaes.

O Programa surgiu inicialmente com a portaria normativa nº 39 de 12 de dezembro de

2007, e em seguida com o Decreto nº 7.234, de 19 de julho de 2010. O Pnaes tem como

objetivos as ações que estão expressas no Art. 2º:

I. Democratizar as condições de permanência dos jovens na educação superior pública federal;

II. Minimizar os efeitos das desigualdades sociais e regionais na permanência

e conclusão da educação superior; III. Reduzir as taxas de retenção e evasão, e;

IV. Contribuir para a promoção da inclusão social pela educação.

Percebe-se na redação do artigo que a política de assistência estudantil faz referência

apenas aos alunos da educação superior. Logo, surge a dúvida se as IFEs estariam legitimadas

para a concessão de bolsas para estudantes matriculados nos cursos de nível médio, formação

inicial e continuada, ensino técnico e/ou graduação. Gomes (2011, n.p.) se posiciona sobre o

assunto com a seguinte resposta:

Sim, pois se a intenção da política denominada PNAES é precisamente a de democratizar as ações de permanência do aluno na escola, não há como se

vislumbrar a exclusão da atuação dos IFEs naquele programa, simplesmente

por apego à formalidade e à interpretação literal do Decreto nº 7.234/2010, que, por um lado, apregoa que as ações de assistência estudantil deverão ser

executadas pelos IFEs, mas por outro, tolhe tal participação, ao balizá-la

apenas ao âmbito de determinado nível de ensino (superior) - discrepância detectada, supostamente pela já mencionada falta de olhar acurado e

cuidadoso do legislador às peculiaridades dos Institutos, como já dito, entes

apenas equiparados, e não idênticos às universidades federais.

Apesar da dúvida sobre a utilidade para os estudantes dos Institutos Federais dos níveis

de ensino que não seja o superior, a instituição do Pnaes trouxe, como consequência, a indução,

para a grande maioria dos Institutos, do movimento de elaboração da sua política de assistência

estudantil. Além do mais, houve o incremento orçamentário, via LOA, da ação intitulada “2994

- Assistência ao Educando da Educação Profissional”, que disponibilizou recursos para que os

Institutos pudessem implementar essa política, como pode ser observado no quadro abaixo

(TAUFICK, 2014, p. 185).

Quadro 2: Execução Orçamentária da Ação 2994

LOA Dotação Inicial

R$

Autorizado

R$

Empenhado

R$

Liquidado R$

(Suplemento)

Pago

R$

2009 22.712.182,00 23.6664.984,00 21.787.423,11 21.787.423,11 19.594.391,18

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77

2010 41.694.449,00 42.943.938,00 38.530.840,48 38.530.840,48 30.497.703,11

2011 162.051.472,00 166.093.263,00 135.475.654,9

0

135.475.654,9

0

101.224.792,41

2012 182.380.329,00 186.990.689,00 132.604.513,3

6

132.604.513,3

6

127.201.944,23

Fonte: SIGA Brasil – Senado Federal (apud Taufick (2014).

Observa-se que logo após o Decreto nº 7.234, em 2010, houve um aumento expressivo

na dotação orçamentária da ação de assistência estudantil para as Instituições Federais de

Educação Profissional. Portanto, fica claro que mesmo não sendo citado no documento, inicia-

se um movimento de construção de uma política de assistência estudantil para os estudantes da

educação profissional das Instituições Federais (TAUFICK, 2014).

Neste decreto, no Art. 3º, § 1º, estão definidas as linhas de ação de assistência estudantil,

as quais deverão ser desenvolvidas nas áreas de:

I – moradia estudantil;

II – alimentação;

III – transporte; IV - atenção à saúde biopsicossocial;

V - inclusão digital;

VI – cultura; VII – desporto e lazer;

VIII – creche;

IX – apoio didático-pedagógico X – Acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.

O Pnaes proporcionou um apoio não só ao social, mas também ao pedagógico e ao

psicológico. Expandiu a percepção de assistência estudantil com a implementação de diferentes

linhas de ação.

Há, na instituição do PNAES, mais do que o auxílio para a redução das desigualdades sociais e para o estímulo à permanência em cursos. Existe uma

intencionalidade de concretizar, nas instituições de ensino públicas federais,

ações que complementem as atividades pedagógicas e ampliem a formação do indivíduo em aspectos que consideram a melhoria de sua qualidade de vida

como um todo, como a oferta de ações voltadas para saúde, cultura, esporte e

inclusão digital, que vão além do atendimento socioassistencial. (TAUFICK, 2014, p. 187).

Assim, os Institutos Federais passaram a formular suas políticas de assistência estudantil

observando as diferentes linhas de ações apontadas no Pnaes, considerando como principal

prioridade,

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[...] viabilizar a igualdade de oportunidades e contribuir para a melhoria do

desempenho acadêmico do aluno, além de agir, preventivamente, para

minimizar as situações de repetência e evasão decorrentes da insuficiência de condições financeiras. (FONAPRACE, 2012, p. 108).

Para que o estudante possa desenvolver-se em sua plenitude, busca-se associar à

qualidade do ensino à uma política efetiva de investimento em assistência, buscando “[...]

atender às necessidades básicas de moradia, de alimentação, de saúde, de esporte, de cultura,

de lazer, de inclusão digital, de transporte, de apoio acadêmico e de outras condições”

(FONAPRACE, 2007 apud FONAPRACE, 2012, p. 162).

5.3 A assistência estudantil do IFPE

A referência feita unicamente ao ensino superior e o incremento orçamentário, via LOA,

da ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da Educação Profissional”, que

disponibilizou recursos para que os Institutos pudessem iniciar a implementação da política,

como consequência, de acordo com Taufick (2014), levou à indução, para a grande maioria dos

Institutos, do movimento de elaboração da sua política de assistência estudantil. E o Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE) foi um deles, tendo sua

proposta de política de assistência estudantil, através da Resolução nº 21, aprovada.

O IFPE delimita a Política de Assistência Estudantil no PDI como mais um instrumento

a ser desenvolvido junto aos alunos, com o intuito de:

• assegurar o caráter público e gratuito da Instituição, trabalhar a inclusão

educacional e social, pautada na igualdade de condições, para acesso e permanência com êxito do estudante no seu percurso educacional.

• atender o educando, respeitando aspectos socioeconômicos, culturais,

étnicos e ambientais.

• trabalhar a convivência, com base no respeito e na solidariedade, observando preceitos éticos.

• preparar o estudante para intervir de forma consciente, crítica e criativa na

sociedade, respeitando as diversidades culturais, as diferenças individuais e coletivas, como agente de formação e de transformação dessa mesma

sociedade;

• vincular a educação ao trabalho e às práticas sociais; • desenvolver a educação como pleno desenvolvimento da pessoa para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2015, p.

193).

A proposta da política de assistência estudantil do IFPE tem como objetivo conceder

recursos suficientes para que o discente vença as dificuldades e, assim, tenha um bom

desempenho escolar. Este documento “apresenta-se como um instrumento que visa contribuir

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com o processo de criação, ampliação e consolidação de programas, projetos e ações que

propiciem a permanência do estudante na Instituição” (BRASIL, 2012, p. 9).

No IFPE, a política de assistência estudantil é conduzida pela DAE, em conjunto com

as coordenações de assistência estudantil dos campi (BRASIL, 2012).

Seguindo as orientações da Política de Assistência Estudantil do IFPE (BRASIL, 2012),

o ponto de partida para o planejamento das ações da assistência ao estudante é o perfil

socioeconômico dos discentes. O estudante ao fazer sua primeira matrícula preenche um

questionário socioeconômico, elaborado pelo Serviço Social, que servirá de base para a equipe

formada por assistente social, psicólogo e pedagogo, juntamente com a equipe gestora do

campus, planejar as ações a serem desenvolvidas no ano letivo.

A equipe multiprofissional, responsável pela condução da política de assistência

estudantil no campus, será formada pelo assistente social, psicólogo, pedagogo e outros

profissionais caso seja necessário (BRASIL, 2012). De acordo com este documento, a equipe

multiprofissional terá como atribuições, observando as especificidades de cada profissional:

Planejar, implementar, acompanhar e avaliar a Política de Assistência

Estudantil do IFPE;

Divulgar as ações da assistência estudantil na perspectiva de consolidá-la

como política institucional;

Manter atualizado o cadastro dos estudantes atendidos pelos Programas de

Assistência Estudantil;

Acompanhar os recursos financeiros da rubrica de assistência ao educando;

Elaborar anualmente relatórios dos Programas implementados através

desta Política;

Articular os setores comprometidos com a exequibilidade da Política de

Assistência Estudantil nos campi. (BRASIL, 2012, p. 13).

Os três diferentes programas desenvolvidos pela Política de Assistência Estudantil

(Técnico-Científicos, Pesquisa e Extensão; Específicos e Universais) reforçam alguns

princípios desta política, que são, principalmente, a inclusão social, melhoria do desempenho

acadêmico e qualidade de vida. Tem como uma das estratégias pela permanência e pelo

desempenho acadêmico o oferecimento de benefício financeiro (bolsas) e/ou estágios

remunerados. Uma das áreas contempladas com o benefício financeiro (bolsas) é a de Cultura,

Lazer e Esporte que oferece acesso às manifestações artísticas e culturais e às ações de educação

esportiva, recreativa e de lazer, com a finalidade de ampliar qualitativamente as condições de

permanência dos jovens (BRASIL, 2012).

Cada campus do IFPE recebe um valor anual para desenvolver os projetos descritos

acima. De acordo com informações internas repassadas pela Direção do campus Pesqueira, o

referido campus recebeu em 2015 o valor referente a R$ 1.748.402,70 para desenvolver os

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80

diferentes programas executados pela divisão de assistência estudantil do campus. Deste valor,

noventa e nove por cento (99%) foi executado, o equivalente a R$ 1.737.526,40. Sendo assim,

R$ 19.489,30 foram devolvidos à Diretoria de Assistência Estudantil da Reitoria do IFPE

(DAE-Reitoria). Em 2016, o orçamento da assistência estudantil praticamente não teve

alteração, o campus recebeu R$ 1.785.922,00 para a execução de programas e ações.

O Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, em 2015, foi contemplado com o valor de

R$ 98.184,80. Já em 2016, apesar do orçamento do campus ter ficado estabilizado, o valor

executado no Piel diminuiu, ficando em R$ 78.540,00.

Dados do Fonaprace (2012) apontaram que alguns dos fatores fundamentais para

garantir a permanência dos discentes é a cultura, o lazer e o esporte.

O fomento à participação irrestrita e o entendimento do esporte e do lazer

como manifestações culturais vivenciadas no tempo livre é uma tendência cada vez mais concreta, em função da significativa presença de ambos nas

práticas sociais. As atividades culturais na esfera do esporte e lazer podem ser

potencialmente educativas e mobilizadoras, sob diferentes perspectivas, incluindo aí seu desenvolvimento no ambiente universitário. (FONAPRACE,

2012, p. 188).

Assim, essas atividades de esporte e lazer nos Institutos Federais passa a ser

disponibilizada dentro do tempo livre dos estudantes, fora de seus afazeres, através da política

de assistência. Vale ressaltar que essas atividades esportivas e de lazer, além de contribuir com

as condições de permanência, tem papel fundamental na formação cidadã, na transmissão de

valores e na melhoria da saúde do praticante.

5.4 O Instituto Federal de Pernambuco na cidade de Pesqueira

Em 1987, surge a Uned Pesqueira da Escola Técnica Federal de Pernambuco, dentro do

Programa de Expansão do Ensino Técnico. Este programa tinha como objetivo interiorizar esta

modalidade de ensino. Pesqueira foi escolhida como o primeiro município a sediar uma Escola

Técnica no agreste pernambucano, iniciando as suas atividades em 1993, com a oferta dos

cursos técnicos integrados de Eletrotécnica e Edificações (IFPE, s/d).

Entre os anos de 1996 a 2002, a estrutura física desta Unidade de Ensino foi

consideravelmente ampliada. Em 18 de janeiro de 1999, através do decreto s/n, a Escola

Técnica Federal de Pernambuco passou a ser Centro Federal de Educação Tecnológica de

Pernambuco. A partir desta data, surgiram os cursos técnicos de Eletroeletrônica, Enfermagem

e Turismo pós-médio. Já em 01 de outubro de 2004, o decreto nº 5.224 autoriza o CEFET-PE

a ministrar Ensino Superior de Graduação e de Pós-Graduação lato sensu e stricto sensu. O

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81

primeiro curso de nível superior do campus Pesqueira foi o de Licenciatura em Matemática,

criado no ano de 2007 (IFPE, s/d).

Em 29 de dezembro de 2008, através da Lei nº 11.892 sancionada pelo Presidente da

República Luiz Inácio Lula da Silva, a Uned Pesqueira do CEFET-PE transformou-se em

Campus Pesqueira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco

(IFPE, s/d). O Instituto funciona com o ensino médio integrado e subsequente, com os cursos

de eletrotécnica e edificações, PROEJA [Programa Nacional de Integração da Educação

Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos] e os

cursos de nível superior (licenciatura em física e matemática e bacharelado em enfermagem).

No segundo semestre de 2017 está programado o início do curso superior de Engenharia

Elétrica.

No Campus Pesqueira, a política de assistência estudantil é desenvolvida pela DAE, que

é composta pela chefia do setor e a equipe multiprofissional formada por um assistente social,

um assistente de alunos e um psicólogo. Fazem parte desta coordenação, estagiários que ajudam

a resolver as demandas do setor.

A DAE é a responsável pelo desenvolvimento de todos os programas, seja ele Técnico-

Científico, Universal ou Específico, da política de assistência estudantil do IFPE no campus.

De acordo com a Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE (2012), o Piel

faz parte do grupo dos Programas Universais da Política de Assistência ao Estudante e

“compreende um conjunto de ações que visam contribuir para o exercício da cidadania, através

de práticas esportivas e de lazer [...]” (BRASIL, 2012, p. 33).

5.5 Conhecendo o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer

O Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer apresenta duas linhas de ações. A linha de

ação 1, que é de auxílio ao estudante-atleta, e, a linha de ação 2, que é de auxílio na

participação de atividades de esporte e lazer. Na linha 1 é oferecida uma ajuda financeira,

visando propiciar a participação dos estudantes nos treinamentos esportivos e nas competições.

A linha de ação 2 oferece benefício financeiro visando a participação do estudante em

atividades de lazer (BRASIL, 2012).

O mesmo documento afirma que o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer tem como

objetivo geral “proporcionar ao corpo discente do IFPE a vivência da cidadania através do

Esporte e Lazer” (BRASIL, 2012, p. 34). As atividades desenvolvidas deverão ser orientadas e

supervisionadas por profissionais de Educação Física do Instituto.

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Ainda de acordo com este documento (BRASIL, 2012), o critério para concessão do

benefício na linha de ação 1 será o vínculo do estudante como atleta nas modalidades oferecidas

pelo IFPE. Neste caso, o aluno para ser atleta do Instituto deverá passar por uma seletiva com

todos os outros discentes inscritos no processo seletivo do Piel.

A permanência no Programa está atrelada à frequência. Assim, o aluno poderá perder o

benefício do programa caso não esteja cursando no mínimo 3 componentes curriculares e tenha

frequência menor que 75% (mensalmente). A duração do programa acontece de acordo com o

recurso orçamentário disponível em cada campus do IFPE (BRASIL, 2102)

5.6 Análise do regulamento do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer do campus

Pesqueira

O documento a ser analisado é o Edital nº 02/2015, lançado pela DAE do IFPE Campus

Pesqueira, em conformidade com a Política de Assistência Estudantil, que se refere ao Piel.

Em 2015, o Campus Pesqueira ofereceu seis atividades esportivas dentro do Piel, sendo

três esportes individuais (badminton, kickboxing e judô) e três esportes coletivos (futsal,

voleibol e basquetebol). Destes, apenas o basquetebol é oferecido apenas aos estudantes do sexo

masculino, todos os outros são ofertados para ambos os sexos.

O Piel deveria ser desenvolvido pelos professores de Educação Física e outros docentes

do campus, mas não tem acontecido dessa forma. Nas modalidades basquete masculino, futsal

feminino e badminton masculino e feminino, por exemplo, não existia a presença de docentes:

o primeiro tem um voluntário da comunidade desenvolvendo as atividades, o segundo é

realizado por um servidor técnico-administrativo e o último é executado por um estagiário de

Educação Física. Porém, essas três modalidades são supervisionadas por um professor de

Educação Física.

Ainda sobre os responsáveis pela realização dos treinamentos das modalidades

esportivas, é importante salientar que devido ao pequeno número de professores de Educação

Física, faz-se necessária a participação de outros sujeitos neste processo. Dentro do que é

previsto pelo edital, o kickboxing é ministrado por um docente do campus que não é da área de

educação física.

Qualquer estudante do Instituto pode participar do processo seletivo para concorrer a

uma vaga no Piel, observando alguns critérios apresentados no edital. O discente atendendo a

esses critérios estaria apto para participar do processo seletivo, devendo apresentar no ato da

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inscrição os documentos comprobatórios (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO,

2015).

De acordo com o Edital, foi reservado um dia para que os responsáveis por cada

modalidade esportiva pudessem observar as qualidades técnicas, físicas e táticas dos estudantes

participantes do processo seletivo. Assim, os estudantes foram selecionados de acordo com o

desempenho na modalidade, segundo a avaliação do responsável, e de acordo com os critérios

da avaliação social, embasando-se na condição de vulnerabilidade social avaliada pelo Serviço

Social do campus (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015).

Quanto às vagas reservadas para os estudantes que irão receber o auxílio financeiro, é a

Direção Geral em conjunto com a DAE que define o quantitativo de bolsas para o programa,

de acordo com a disponibilidade orçamentária da Política de Assistência Estudantil do campus.

Tendo esse quantitativo geral de bolsas, a DAE e os professores de Educação Física definem o

quantitativo para cada modalidade esportiva para ser lançado no edital.

No edital 2015, as vagas ficaram distribuídas da seguinte forma: basquete 5 vagas, futsal

feminino 5 vagas, futsal masculino 5 vagas, voleibol feminino 6 vagas, voleibol masculino 6

vagas, judô 7 vagas, kickboxing 5 vagas e badminton 4 vagas (INSTITUTO FEDERAL DE

PERNAMBUCO, 2015).

No segundo semestre de 2015, precisamente em agosto, houve um relocamento das

verbas destinadas à assistência estudantil entre todos os campi do IFPE – e o Campus Pesqueira

recebeu parte dessa verba –, assim, foi possível aumentar o número de auxílios financeiros para

o Piel. O quantitativo de bolsas passou a 70 no geral e ficou distribuída para os diferentes

esportes da seguinte forma: basquete, futsal feminino e futsal masculino, cada um com 10

bolsas; voleibol feminino e masculino, cada um com 12 bolsas; judô 7 bolsas, kickboxing 5

bolsas e badminton 4 bolsas (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015). Em 2014

foram 73 vagas passando para 43 no primeiro semestre de 2015 e 70 no segundo semestre. Há

de se considerar que houve uma perda com relação a bolsas comparando esses dois anos.

É importante ressaltar que o estudante aprovado no teste, mas que não foi classificado

nas vagas que oferecem as bolsas, pode participar dos treinamentos esportivos, pois, só com a

participação de alunos contemplados com o auxílio financeiro no início do ano de 2015, o

treinamento ficaria inviável para as modalidades coletivas.

O valor do auxílio financeiro disponibilizado para os alunos aprovados no processo

seletivo do Piel receberem durante oito meses, de maio a dezembro de 2015, foi de R$ 275,80

mensais (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015). Segundo o Edital, esse valor

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serve para o usuário custear sua alimentação, transporte e uniformes esportivos para participar

dos eventos e dos treinamentos.

Mesmo após conseguir a vaga no Piel, através do processo seletivo, o estudante pode

perder sua vaga. O edital apresenta alguns condicionantes para a permanência do estudante no

programa, dentre os quais destacamos dois: o primeiro é a matrícula regular nos cursos do IFPE

– Campus Pesqueira, além da manutenção de rendimento acadêmico, admitindo a retenção em

até três componentes curriculares cumulativamente (INSTITUTO FEDERAL DE

PERNAMBUCO, 2015). Caso o estudante extrapole essa quantidade de reprovações já citadas,

caberá à equipe multidisciplinar a avaliação do caso. Ao término do 1º semestre todos os alunos

serão novamente analisados quanto ao rendimento escolar e à participação nos treinamentos

para a possível continuidade no programa. Percebe-se aqui a relação “rendimento do estudante

e participação no programa”; mesmo o Piel não trabalhando a parte de conteúdos educacionais,

entende-se que o Piel pode contribuir, através do esporte e do lazer, com o êxito escolar.

O segundo é com relação à frequência regular nos treinos da modalidade esportiva na

qual o aluno foi selecionado (no mínimo 75% de frequência na carga horária mensal, dos

treinamentos e/ou jogos pré-estabelecidos, amistosos e oficiais). O aluno que não atingir a

frequência estipulada neste item por 3 meses será desligado do programa (INSTITUTO

FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015).

Após assinatura do termo de compromisso pelo aluno, as atividades do programa são

iniciadas. Cada responsável pelas modalidades esportivas define os dias e os horários dos

treinamentos, que podem acontecer de segunda à sexta nos horários da manhã, tarde e noite. O

regulamento do programa não define um quantitativo mínimo de horas e/ou dias de treinos,

ficando a cargo do responsável essa definição.

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6 PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER NO INSTITUTO

FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO –

CAMPUS PESQUEIRA COMO UMA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL

Neste capítulo é apresentada a análise dos documentos pertinentes ao objeto de estudo

e dos dados coletados em entrevistas com os sujeitos participantes do Piel.

Aqui, pretende-se, especialmente, relacionar os tipos de programas oferecidos, as regras

de concessão e o nível de abrangência da Política de Assistência Estudantil, em especial o

Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, para os alunos do ensino médio integrado do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - Campus Pesqueira e

analisar as regras de atendimento e acompanhamento da Política de Assistência Estudantil,

considerando o perfil socioeconômico dos alunos do IFPE - Campus Pesqueira.

6.1 Política de Assistência Estudantil do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Pernambuco

A Constituição Federal de 1988 (CF/1988), em seu art. 205, afirma:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho.

Fica nítido, em nossa CF (1988), o dever do Estado e o direito de todas as pessoas à

educação. Além disso estão definidos, também, os deveres da família e os objetivos da

educação.

Buscando atender a CF/1988, o poder público desenvolve as políticas educacionais, que

constituem em uma série de medidas organizadas e planejadas para serem aplicadas na

educação. Para Van Zanten (2008 apud OLIVEIRA, 2010, p. 1), as políticas educacionais

podem ser definidas como “programas de ação governamental, informadas por valores e ideias

que se dirigem aos públicos escolares e que são implementadas pela administração e os

profissionais da educação”.

Gentili e Stubrin (2013) destacam que a partir do ano de 2002 a educação brasileira teve

um considerável avanço democrático. No período dos governos Lula e Dilma foram criadas

condições para reverter o abandono da educação pública e a política neoliberal dos governos

anteriores. Nesse período são criadas ações e programas educacionais construídos numa

perspectiva democrática para os mais pobres e desprezados.

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86

Entender a política educacional como um meio imprescindível para a

luta contra a desigualdade significou avançar na crítica à ideia de

educação como serviço, como simples processo de transmissão das

competências necessárias para a disputa por um emprego no mercado

de trabalho, reduzida assim a uma eficaz estratégia meritocrática para a

seleção dos mais competentes. Ampliar o direito à educação e associar

a expansão da escolaridade (em todos seus níveis) com a superação das

desigualdades, da exclusão, o racismo e as múltiplas formas de

discriminação existentes na sociedade brasileira foi um desafio

assumido com decisão pelos governos dos presidentes Lula e Dilma.

(GENTILI; STUBRIN, 2013, p. 16).

Segundo Oliveira e Duarte (2005), ao mesmo tempo em que se desenvolvem políticas

educacionais universais, há, também, o incremento de políticas educacionais focalizadas, que

se concentraram em processos que asseguram o acesso e a permanência de grupos socialmente

mais vulneráveis à escola.

A Política de Assistência Estudantil é um exemplo de uma política educacional

focalizada e tem o objetivo de efetuar ações que minimizem as necessidades socioeconômicas

e pedagógicas e ajudar a efetivar a formação integral dos estudantes.

A universalização da Educação é um princípio democrático cada vez mais

forte, devendo o Estado exercer o seu papel de estar a serviço da coletividade, sendo a Educação de qualidade prioridade nacional, como garantia inalienável

do exercício pleno da cidadania, direito reconhecido na Constituição Federal

de 1988. [...] Logo, a Educação democrática, pautada no princípio da justiça

social, é parâmetro para o desenvolvimento de uma Política de Assistência Estudantil. (BRASIL, 2012, p. 6).

Levando em consideração a citação acima, repara-se que alguns direitos que dão

sustentação à política de assistência estudantil, não vêm sendo efetivados plenamente,

acarretando, dessa forma, dificuldades para a formação do estudante em situação de

vulnerabilidade socioeconômica:

Ainda sobre os princípios constitucionais, o Art. 206 é um balizador da política de assistência estudantil, na medida em que estabelece, nos incisos I

e IV, a 'igualdade de condições para o acesso e permanência na escola e a

gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais', respectivamente. Todavia, ao longo dos anos, esse direito não vem sendo plenamente efetivado,

ocasionando, em muitos ambientes acadêmicos, a retenção e a evasão de

estudantes, principalmente daqueles em situação de vulnerabilidade social,

que apresentam dificuldades para dar continuidade ao seu processo de formação. (BRASIL, 2012, p. 7).

A Política de Assistência Estudantil, de acordo com a Proposta do IFPE, visa à formação

cidadã do discente. Nesse caso,

[...] o conhecimento socializado, no âmbito das instituições de ensino,

desempenha papel fundamental para a formação da cidadania, através de uma

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intervenção educativa multidimensional, que ultrapasse os limites do mundo

do trabalho. A formação cidadã, assim entendida, contribui para que o sujeito

construa sua própria trajetória de vida, numa perspectiva crítica, autônoma e criativa, adquirida através do saber sistematizado. (BRASIL, 2012, p. 6).

A Proposta de Política de Assistência Estudantil do IFPE busca, através da assistência,

garantir aos discentes condições materiais consideradas como imprescindíveis para a realização

dos demais direitos, reprimindo a vulnerabilidade social (BRASIL, 2012), que de acordo com

a Política Nacional de Assistência Social, do Ministério do Desenvolvimento e Combate à

Fome, elaborado em 2004, é decorrente

[...] da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos

serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos -

relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero, ou por deficiência, dentre outros). (BRASIL, 2005, p. 33).

Em 2010, através do Decreto nº 7.234, de 19 de julho, do Ministério da Educação, foi

criado o Pnaes, com o objetivo de garantir acesso, permanência e êxito aos estudantes, em

especial aos de baixa renda (BRASIL, 2010). No entanto, o texto do Decreto, em seu Art. 3º,

diz respeito apenas aos alunos da educação superior.

O PNAES deverá ser implementado de forma articulada com as atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando o atendimento de estudantes

regularmente matriculados em cursos de graduação presencial das instituições

federais de ensino superior. (BRASIL, 2010, p. 1).

No mesmo documento, os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia são

citados como um dos espaços que implementaria essa política de assistência ao educando:

As ações de assistência estudantil serão executadas por instituições federais de ensino superior, abrangendo os Institutos Federais de Educação, Ciência e

Tecnologia, considerando suas especificidades, as áreas estratégicas de

ensino, pesquisa e extensão e aquelas que atendam às necessidades identificadas por seu corpo discente. (BRASIL, 2010, p. 2).

Diante do exposto, surge a dúvida de como funcionaria a assistência estudantil nos

Institutos Federais – instituição que oferece além do ensino superior, o ensino médio integrado

ao ensino profissional. Apesar do Pnaes se referir aos discentes da educação superior, houve

um acréscimo orçamentário, via LOA, na ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da

Educação Profissional”, que disponibilizou recursos para que os Institutos pudessem

implementar essa política para todos os estudantes (TAUFICK, 2014).

É nesse sentido que o IFPE apresenta a sua proposta de Política da Assistência Estudantil

(Pnaes IFPE) (BRASIL, 2012) como um instrumento que visa contribuir para a permanência

do estudante na instituição. "É uma política institucional integrada ao processo educativo e a

serviço da coletividade" (BRASIL, 2012, p. 12). Uma política que, além de disponibilizar

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recursos para o estudante melhorar seu desempenho acadêmico, age como um instrumento de

formação integral e cidadã. De acordo com o documento em questão, a Política de Assistência

do IFPE busca “Ampliar as condições de permanência dos estudantes do IFPE, contribuindo

para a igualdade de oportunidades no exercício das atividades acadêmicas, científicas,

esportivas e culturais” (BRASIL, 2012, p. 11).

A Política de Assistência Estudantil do IFPE compreende o desenvolvimento de

Programas Técnico-Científicos, que contemplam as áreas estratégicas de Ensino, Pesquisa e

Extensão, e os Programas Específicos e Universais. E tem como objetivos:

Assegurar o caráter público e gratuito da Instituição,trabalhar a inclusão

educacional e social, pautada na igualdade de condições, para acesso e

permanência com êxito do estudante no seu percurso educacional;

Atender o educando, respeitando aspectos socioeconômicos, culturais,

étnicos e ambientais;

Trabalhar a convivência, com base no respeito e na solidariedade,

observando preceitos éticos;

Preparar o estudante para intervir de forma consciente, crítica e criativa

na sociedade, respeitando as diversidades culturais, as diferenças

individuais e coletivas, como agente de formação e de transformação

dessa mesma sociedade;

Vincular a educação ao trabalho e às práticas sociais;

Desenvolver a educação como pleno desenvolvimento da pessoa para o

exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 2012,

p. 9).

A Política de Assistência Estudantil no IFPE envolve os estudantes regularmente

matriculados nos cursos e modalidades presenciais de ensino. Seguindo o Art. 5 do Decreto

nº 7.234, o atendimento pela política é prioritário aos estudantes advindos de escolas públicas

ou com renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio. Tem prioridade, também:

os estudantes em situação de vulnerabilidade social; estudantes com deficiência, transtornos

globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação (BRASIL, 2012).

A proposta do IFPE estabelece algumas diretrizes gerais para o desenvolvimento da

política de assistência ao estudante na instituição:

1. Atendimento às necessidades socioeconômicas, culturais e pedagógicas dos estudantes;

2. Ampla divulgação dos benefícios, serviços, programas e projetos da

Assistência Estudantil, bem como dos recursos oferecidos pela Instituição e dos critérios para seu acesso;

3. Descentralização das ações da Assistência Estudantil desenvolvidas no

IFPE, respeitando-se a autonomia dos campi;

4. Estímulo à participação de todos os segmentos da comunidade acadêmica do IFPE, no que diz respeito às questões relativas à Assistência Estudantil,

nos espaços deliberativos deste Instituto. (BRASIL, 2012, p. 10).

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De acordo com o ponto 1 (um) da redação acima, percebe-se que a política de assistência

pretende não se resumir à oferta de auxílio financeiro para os estudantes de baixa renda. É uma

política mais extensiva, que atende às necessidades culturais e pedagógicas dos estudantes. No

tópico 2 (dois), orienta para uma ampla divulgação das atividades promovidas pela política de

assistência, assim como os recursos oferecidos e as normas para o acesso do estudante. No

tópico 03 (três) afirma-se a autonomia de todos os campi em elaborar suas ações da Assistência

Estudantil, de acordo com suas necessidades institucionais e os recursos orçamentários

disponíveis. A proposta, como se percebe no tópico 04 (quatro) de suas diretrizes, estimula a

participação de toda a comunidade acadêmica do IFPE nas ações da Assistência Estudantil.

O Decreto nº 7.234 define que as ações dessa política deverão ser desenvolvidas nas

seguintes áreas:

I – moradia estudantil; II – alimentação; III – transporte; IV – atenção à saúde;

V – inclusão digital; VI – cultura; VII – esporte; VII – creche; IX – apoio pedagógico; e X – acesso, participação e aprendizagem de estudantes com

deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e

superdotação. (BRASIL, 2010, p. 1).

No IFPE, a política de assistência ao estudante é viabilizada pela DAE (Reitoria) em

conjunto com as Coordenações (direções ou divisões) de Assistência Estudantil dos campi.

Fazem parte da coordenação o chefe desse setor e a equipe multiprofissional.

A proposta da política de assistência estudantil define que a DAE,

[...] em conjunto com as Coordenações de Assistência Estudantil dos campi

ou instâncias equivalentes, deverá conduzir o processo de elaboração,

implementação, acompanhamento e avaliação desta Política. Nesse processo, ressaltamos a importância da DAE, enquanto órgão gestor e articulador das

ações a serem desenvolvidas no âmbito da Política de Assistência Estudantil.

(BRASIL, 2012, p. 12).

De acordo com a Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE, a Equipe

Multiprofissional que faz parte das coordenações de Assistência Estudantil dos campi, será

constituída de Assistente Social, Pedagogo, Psicólogo, dentre outros profissionais, que de

acordo com a sua competência exercerá suas aptidões relativas aos Programas que fazem esta

política (BRASIL, 2012). O documento do IFPE define as atribuições desta equipe:

Planejar, implementar, acompanhar e avaliar a Política de Assistência; Divulgar as ações da assistência estudantil na perspectiva de consolidá-la

como política institucional; Manter atualizado o cadastro dos estudantes

atendidos pelos Programas de Assistência Estudantil; Acompanhar os recursos financeiros da rubrica de assistência ao educando; Elaborar

anualmente relatórios dos Programas implementados através desta política e

Articular os setores comprometidos com a exequibilidade da Política de

Assistência Estudantil nos campi. (BRASIL, 2012, p. 13-14).

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Os relatórios anuais, citados acima, deverão ser apresentados pela equipe

multiprofissional dos campi à DAE Reitoria. Sua entrega, tem como objetivo fortalecer as ações

já existentes ou redefinir estratégias de ação, com o intuito de garantir os objetivos da Política

da Assistência Estudantil na Instituição (BRASIL, 2012).

Como já foi dito antes, a Política de Assistência Estudantil do IFPE compreende o

desenvolvimento de Programas Técnico-Científicos e os Programas Específicos e Universais.

Os Programas Técnicos-Científicos buscam contribuir "[...] para a formação intelectual,

acadêmica e profissional dos estudantes” (BRASIL, 2012, p. 15). Nesse grupo podem ser

citados os Programas como o Pibic, Pibex, Monitoria, BIA [Bolsa de Incentivo Acadêmico],

dentre outros.

No grupo dos Programas Específicos fazem parte programas como a Manutenção

Acadêmica, Auxílio Financeiro, Benefício Eventual, Apoio à Participação em Eventos, Apoio

a Visitas Técnicas e Assistência ao Estudante do PROEJA. Esses programas visam o

“atendimento prioritário de estudantes que se encontram em situação de vulnerabilidade social

e estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e

superdotação” (BRASIL, 2012, p. 16).

Levando em consideração o que vem descrito no Parágrafo Único do Art. 4, Decreto nº

7.234, de 19 de julho de 2010, a DAE-Reitoria orienta que cada campus do IFPE disponibilize

o mínimo de 60% do seu orçamento para os Programas Específicos. O documento estabelece

como responsabilidade do Serviço Social de cada campus a gestão desses programas (BRASIL,

2012).

Seguindo determinação do mesmo Decreto, sobre a definição, por parte das Instituições

Federais de Ensino (IFE), dos critérios e da metodologia de seleção dos alunos a serem

beneficiados, a Proposta do IFPE estabelece normas para inscrição e seleção dos estudantes nos

Programas Específicos, as quais os campi deverão seguir para elaborar seus editais. A inscrição

no Piel estará vinculada à matrícula regular no IFPE e ao fato de estar cursando, ao menos, 3

componentes curriculares. Já a seleção estará condicionada às seguintes normas:

Situação de moradia; Situação de trabalho; Composição familiar e de

Fragilidade de Vínculos; Despesas familiares; Bens móveis e imóveis; Gênero e raça/etnia; Escolaridade dos membros da família; Doenças

crônicas/Fragilidade Orgânica devidamente comprovada e/ou existência de

deficiência em membro da família; Pessoa com Deficiência e/ou Necessidades Especiais; Cotista -Escola Pública; Estudantes com filhos/as com idade de até

6 anos incompletos; Beneficiário de outros Programas Sociais (CadÚnico,

BPC, Tarifa Social da CELPE e outros); Pessoas em situação de risco social

(adotado na Política Nacional de Assistência Social no que diz respeito à proteção social especial, PNAS, 2004); Orientação Sexual; Ordem física;

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Comunidades em desvantagem social; Crianças de 7 a 11 anos incompletos;

Adolescente de 12 a 18 anos incompletos. (BRASIL, 2012, p. 18-19).

Outro critério estabelecido pelo documento da proposta (BRASIL, 2012) são as normas

para permanência dos benefícios:

Matrícula e frequência regular nos cursos do IFPE, admitindo a retenção em

até três componentes curriculares cumulativamente. Caso o estudante extrapole a quantidade de reprovações já citadas, caberá à equipe

multiprofissional a avaliação do caso e Cumprimento das questões dispostas

sobre o regime disciplinar, de acordo com a Organização Acadêmica Institucional do IFPE vigente. Poderá ser realizada, semestralmente, a análise

socioeconômica do estudante a fim de verificar a condição exigida para

recebimento do auxílio. (p. 19).

Voltando aos programas que compõem a Proposta da Política de Assistência do IFPE,

apresentam-se os Programas Universais que se destinam a todos os estudantes regularmente

matriculados em cursos presenciais do campus.

Fazem parte deste grupo os Programas de Acompanhamento Biopsicossocial, Incentivo

à Cultura e Arte, Incentivo ao Esporte e Lazer. De acordo com o documento do IFPE (BRASIL,

2012), apesar de abranger todos os estudantes, são considerados para a concessão da ajuda

financeira os critérios de vulnerabilidade social e de necessidades educacionais específicas, os

quais são identificados por meio de análise socioeconômica.

O Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer, objeto de estudo dessa pesquisa, faz parte

do grupo dos Programas Universais e, de acordo com a proposta (BRASIL, 2012, p. 33), “[...]

compreende um conjunto de ações que visam contribuir para o exercício da cidadania, através

de práticas esportivas e de lazer [...]".

6.2 De onde são e quem são os estudantes do ensino médio integrado que participam do

Piel

A grande maioria dos estudantes que participaram dos dois grupos focais reside em

Pesqueira: dos 17 (dezessete), apenas 02 (dois) residem em cidades vizinhas (Poção e

Alagoinha) e outros 02 (dois) em povoados de Pesqueira (Povoados de Novo Cajueiro - zona

rural de Pesqueira e Mutuca).

Gráfico 1: Residência dos estudantes

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Fonte: Elaborado pelo pesquisador.

Nenhum dos estudantes mora sozinho e todos residem com seus pais (pai e/ou mãe) ou

responsáveis. A maior parte dos alunos que participaram dos grupos focais divide a moradia

com mais 04 (quatro) pessoas, apenas 2 (dois) alunos moram com mais uma pessoa em sua

casa.

Quadro 3: Pessoas na residência

PESSOAS NA RESIDÊNCIA ESTUDANTES ENTREVISTADOS

02 02

03 01

04 10

05 04

Fonte: Elaborado pelo autor

O transporte para realizar o translado até o IFPE - Campus Pesqueira, e de volta para a

residência, é uma das dificuldades enfrentadas pelos entrevistados – e que reflete a realidade da

grande maioria dos estudantes do campus. Os estudantes que residem na cidade de Pesqueira

têm quatro formas de deslocamento para o campus: a pé, de mototáxi, de carona com amigos

ou de transporte público (ônibus). De acordo com a informação passada pelo Usuário sem

auxílio-02, o problema deste último é que ele faz poucas viagens: “Ele chega aqui (campus) às

7h, depois vem entre 11h50 e 12h, vem às 13h até a segunda viagem que ele chega aqui entre

13h30 e 13h40 e tem as 17h. A passagem custa R$ 1,50”.

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O deslocamento a pé e de mototáxi são os mais utilizados pelos estudantes da cidade. O

primeiro é muitas vezes o escolhido pelos alunos com o intuito de reduzir os gastos diários.

Percebe-se isso nas duas falas abaixo:

Eu, geralmente, venho de mototáxi, porque meus pais inventaram de morar

num lugar que é longe de onde o transporte passa e pra eu ir pegar o

transporte pra vir para a instituição ficaria inviável, então eu pego o mototáxi quase todos os dias. Às vezes eu consigo carona com os colegas que moram

perto, [...], mas geralmente eu venho de mototáxi. Pago R$ 3,00 a ida e a

volta, mas, geralmente, eu volto a pé pra ganhar a volta. (Usuário sem auxílio-04).

Apesar de morar a 3 km daqui, eu venho de pé e volto a pé, não tem problemas

não. Apesar de eu vir, na maioria das vezes, a pé, mas já vim só umas cinco

vezes de ônibus e se for pra ficar vindo e indo todas às vezes por dia vai dá mais de $ 6,00 e como tenho que voltar a tarde aí tenho que vim a pé mesmo.

(Usuário sem auxílio-07).

Para os estudantes que não moram na cidade de Pesqueira, a opção de transporte é o

ônibus oferecido pela prefeitura da cidade na qual reside o estudante. Algumas prefeituras

disponibilizam o transporte sem nenhum custo para os alunos, já outras cobram uma taxa – uma

mensalidade para ter direito à condução. Um dos entrevistados, o Usuário sem auxílio-01, que

não mora em Pesqueira, relatou como acontece a disponibilização do transporte, por parte da

prefeitura da cidade, para os estudantes do IFPE - Campus Pesqueira:

Tem um carro, um ônibus que sai lá, é pago, a prefeitura ajuda com uma

parte, e têm todos os horários, independente do dia que você quiser vir, você não paga uma passagem, paga por mensalidade, o valor da mensalidade é R$

90,00. A prefeitura paga a alguns alunos, eles recebem uma parte da

prefeitura, mas a mim não.

De acordo com Vasconcelos (2010), a assistência deve prover recursos mínimos

necessários para a sobrevivência do estudante, dentre os quais o autor cita o transporte. Porém,

entre os estudantes que são das cidades vizinhas ou de distritos de Pesqueira, o aporte financeiro

disponibilizado pela Assistência Estudantil, em determinadas situações, faz pouca diferença

para esse tipo de serviço, pois a única possibilidade de transporte público para o campus é

através do ônibus oferecido pela prefeitura da cidade no qual o aluno reside.

Os transportes disponibilizados aos estudantes que moram em outras cidades obedecem

ao calendário escolar do estado ou do município que os alunos residem. Muitas vezes é feriado

na cidade vizinha e o transporte não é disponibilizado. Assim, o aluno fica numa situação

complicada para comparecer no campus. Outra situação é quando a rede de ensino (estadual ou

municipal) que oferece o transporte entra em greve, consequentemente, o transporte escolar

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para de funcionar, prejudicando os estudantes do Instituto que permanecem com suas aulas

normais. Segue abaixo a fala do Usuário com auxílio-09 sobre esse o assunto acima:

[...] quando não tem aula no estado a gente tem que faltar ou pegar carona,

se não começar as aulas do estado a gente tem que faltar ou pegar carona, teve um problema na prefeitura, esse lance de governo em relação à verba,

não teve carro no início do semestre, aqui tivemos um prejuízo acadêmico

enorme, inclusive tivemos que nos mudar temporariamente para aqui, pra Pesqueira e foi graças ao auxílio, que a gente conseguiu alugar uma casa

aqui, uma manutenção em alimento, pra poder acompanhar aqui, senão a

gente ia perder praticamente toda a primeira unidade.

Na maioria das cidades, existe apenas um ônibus para fazer esse transporte e algumas

vezes esse ônibus quebra ou precisa de reparos. Assim, durante esse período, os estudantes sem

muitas alternativas, terminam faltando às aulas.

Diante dessas dificuldades com transporte, percebeu-se na fala acima que surge outra

alternativa, essa bem mais arriscada, para os estudantes conseguirem se deslocar para o campus

e não perder o dia de aula: a carona. Apesar de concordarem com o perigo dessa ação, esta é

uma prática comum na região. Os próprios motoristas já estão acostumados e por serem

estudantes, a carona fica até mais fácil de conseguir. De acordo com o usuário com auxílio-

07, é um risco que os alunos têm de correr para não perder aula:

Há um certo perigo, eu sou de Pesqueira, mas tenho muitos amigos que são

de fora e acabam perdendo o transporte e a única opção é pegar carona

mesmo, tem que correr o risco.

Durante a conversa com ambos os grupos, os estudantes citaram situações complicadas

e perigosas vivenciadas durante a prática da carona:

Tinha amigos ano passado que morava em Sanharó, saíram tarde daqui e foram para a BR pegar carona, parou um homem, acho que ele vinha do sítio

e disse que se eles quisessem, eles poderiam subir, acho que era uma Strada

(veículo), só que em cima da strada tinha um bode, eles foram com o bode daqui pra lá. O bode se soltou, ele estava amarrado a uma corda, então se

soltou e os meninos ficaram lá em cima com o bode correndo o risco de cair

ou do bode sei lá fazer algo com os meninos. (Usuário com auxílio-06).

Já passei por uma situação de risco com outros estudantes daqui do campus,

porque a gente pegou carona com um índio embriagado que o farol do carro

se apagava, foi complicado, a gente estava com um o colega e ele teve que ligar uma lanterna para poder o cara dirigir, isso já era sete horas da noite

e a gente em casa, são dezoito quilômetros que eu me locomovo daqui para

casa, é perigoso. (Usuário com auxílio-09).

Constata-se que o transporte público nessa região é um serviço precário e/ou em

quantidade insuficiente, tornando-se um problema que os estudantes do interior do estado

vivenciam diariamente para conseguir realizar o deslocamento para o Instituto.

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O IFPE - Campus Pesqueira tem papel fundamental na formação educacional da

população da região. O Instituto tem uma abrangência muito grande, atende adolescentes e

jovens residentes em dez cidades do Agreste e do Sertão. Segundo o depoimento do

entrevistado-07, o campus tem estudantes residentes em Caruaru, São Caetano, Belo Jardim,

Tacaimbó, Sanharó, São Bento do Una, Pesqueira, Poção, Alagoinha, Venturosa e Arcoverde.

O principal motivo da grande abrangência, segundo alguns entrevistados, é a boa

qualidade do ensino oferecido pela Instituição. O IFPE - Campus Pesqueira tem uma boa

reputação, a ponto de representar um orgulho para a família o fato de ter um estudante nessa

escola; para eles, estudar no IFPE - Campus Pesqueira é sinônimo de ter um bom futuro pela

frente.

Como já foi dito, as Instituições Federais de Ensino desenvolvem vários programas

dentro da política nacional de assistência estudantil. Esses programas atendem,

preferencialmente, os estudantes de baixa renda, através de um suporte financeiro para que o

mesmo permaneça na escola e tenha um bom rendimento escolar.

A maioria dos entrevistados concorda e enaltece essa política. Para eles, se faz

necessário o desenvolvimento de uma política de assistência para os estudantes da rede pública,

especificamente da região. O entrevistado-07 afirma que os professores de outras cidades

compreendem pouco essa necessidade, mas para os professores da região, que conhecem a

situação dos estudantes e de seus familiares e que veem o quanto os pais ficam agradecidos, é

algo que é necessário.

O entrevistado-04 cita os diferentes benefícios que a política de assistência traz para a

instituição e para o estudante usuário. Para ele, as políticas de assistência têm um papel

importante não só na permanência do estudante na escola, mas também para estimular o

adolescente e o jovem a vir estudar na rede pública:

Poucos são os alunos que vem pra uma escola pública [...]. Então, quando

você desenvolve esses programas isso faz com que o aluno além de vir pra

escola, ele se mantenha nela, porque ele vai ter condição de subsidiar algumas necessidades financeiras que ele e a família tem.

A assistência estudantil para algumas famílias se torna algo tão importante, que alguns

pais na possibilidade de ver seu filho não conseguindo ser um usuário, criam situações

constrangedoras para quem participa de algum programa dessa política. O entrevistado-07

relata uma situação vivenciada por ele várias vezes no Piel:

Tem deles que chegam até a fazer propostas, que a gente até entende, mas eles também respeitam nossa opinião que a gente não pode se corromper,

óbvio, graças a Deus, temos muita lisura no processo, isso a gente pode

confirmar, mas você ver, a coisa é tão de um jeito, tão acirrada, que tem pai

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que diz: ‘Pelo amor de Deus, arranje um jeito do meu filho participar disso’.

A gente faz o único jeito é ele ser aprovado nos critérios da seleção.

O Pnaes estabelece áreas12 onde as ações de assistência podem ser desenvolvidas.

Todavia, há um desconhecimento dessa abrangência pela maioria dos entrevistados, que só tem

ciência de algumas bolsas que são distribuídas.

O Piel tem suas atividades desenvolvidas no turno diferente daquele quando acontecem

as aulas, chamado de contraturno. Portanto, o pagamento de um auxílio para participar deste

programa se justifica pelo custo que se torna para o estudante ter que participar destas atividades

no contraturno. Alguns entrevistados alertam para esse custo que o estudante tem, como por

exemplo, a alimentação e o transporte que não é do horário deles.

Por isso, antes do surgimento do Piel, as atividades esportivas no campus não eram tão

desenvolvidas e se restringiam aos discentes que residiam próximo ao Instituto. Antes de surgir

o Piel, de acordo com os entrevistados, as atividades esportivas aconteciam de forma não

organizada e se resumiam a uma prática esporádica sem orientação do professor de Educação

Física ou qualquer outro servidor do Instituto:

Em geral essa prática ela era restrita ao que a gente chama popularmente de pelada. Existia um grupo de estudantes que podiam ficar e que tinham como

pagar um lanche, ou tinha como pagar a lotação e ficavam, também aqueles

estudantes da própria cidade (Pesqueira) que podiam ir pra casa até a pé. Então a prática do esporte e lazer se resumia a atividades lúdicas de esportes,

tipo queimada, pelada de futebol, pelada de vôlei e a gente procurava sempre

incentivar. (Entrevistado-06).

Existia, mas não era muito motivador, eu lembro que nessa época aqui não

conseguia formar atletas, tipo, não conseguia montar equipes para competição e não tinha essas atividades de jogos, como hoje tem e hoje eu

vejo um interesse maior até nisso aí, em esporte. (Entrevistado-03).

Apenas um entrevistado relatou uma situação totalmente diferente do esporte no campus

antes do Piel. O entrevistado-07 afirma que as atividades de voleibol aconteciam normalmente

e confessa que antes do Piel era muito mais fácil de montar as equipes desta modalidade: "Digo

sem medo de errar, nesses 19 anos de Instituto Federal eu tive muito mais facilidade de montar

minhas equipes antes desses auxílios, coincidentemente". Lembra que, antes do Piel, as

atividades esportivas aconteciam com uma boa frequência dos estudantes.

Esse relato destoa de todos os outros colocados pelos entrevistados, acredita-se que seja

uma particularidade da modalidade voleibol. Porém, coincidência ou não, um fato mencionado

12 Moradia, alimentação, transporte, atenção à saúde biopsicossocial, inclusão digital, cultura, desporte e lazer,

creche, apoio didático pedagógico e acesso, participação e aprendizagem de estudantes com deficiência,

transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades e superdotação.

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por alguns entrevistados é que os estudantes do ensino médio integrado, cada vez mais, não

demonstram interesse pela prática de atividade física. De acordo com eles, o acesso às diferentes

ferramentas tecnológicas (smartphone, rede social e outros) seria o principal motivo.

6.3 Questões sobre a organização político-administrativa do Piel

O Piel surgiu diante da dificuldade do aluno em permanecer no Instituto para ter acesso

às atividades de esporte e lazer. Os estudantes tinham o interesse em participar das atividades,

mas não tinham condições financeiras para permanecer no campus no horário destinado à

prática dessas atividades, que acontecem no contraturno das aulas. Segundo o entrevistado-06:

A maioria não tinha condições financeiras de pagar um almoço, pra poder

ficar no turno da tarde ou então o inverso, pagar um lanche pra poder fica de manhã, os estudantes de lá (campus Pesqueira), em torno de 60% são de fora

(cidades vizinhas), não são de Pesqueira e eles tem que pagar também a

lotação, o transporte extra quando vão ficar no contra turno. Então esse processo de criação do programa de incentivo ao esporte e lazer foi

exatamente pra fazer com o quê os treinamentos das equipes fossem

realizados. Uma vez que durante o horário das aulas é previsto apenas a educação física e o treinamento das equipes tem que ser no contra turno.

(Entrevistado-06).

O mesmo entrevistado ressalta que a ideia do Piel só foi possível ser colocada em prática

com o aumento dos investimentos na política de assistência estudantil feito pelo governo

federal:

A gente já pensava em criar esse programa, mas, que inclusive era um sonho

de alguns professores de educação física, ter a possibilidade de dar bolsa pra

esses alunos. Surge no ano de 2009, e que só foi consolidado realmente com esses investimentos, crescentes do governo federal em relação à política de

assistência ao educando, que eu considero essencial para a criação do

programa.

O entrevistado-01 lembra do início do programa – das dúvidas que cercavam o Piel:

“Seria um programa que só teria o objetivo de pagar um valor em dinheiro para o estudante

praticar um esporte?” Os próprios docentes do Instituto criticavam essa ação, demonstrando,

assim, total desconhecimento sobre o direito do cidadão ao acesso à prática do esporte e do

lazer. É necessário que a sociedade tenha conhecimento dos seus direitos para que o conceito

de cidadão saia do papel.

Segundo o entrevistado, as dúvidas foram diminuindo com o tempo, pois os resultados

começaram a aparecer. Não só a melhoria com relação aos resultados conseguidos pelos

estudantes do campus nas competições, mas também a melhoria da formação cidadã dos

estudantes e da melhoria no rendimento escolar.

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Com o início do Piel, a demanda pela prática de modalidades esportivas aumentou,

porém no campus só haviam 02 (dois) professores de Educação Física. O quantitativo era

pequeno para desenvolver diferentes atividades esportivas, até porque os professores de

Educação Física do IFPE, além das aulas da disciplina no ensino médio integrado, desenvolvem

diferentes atividades que podem ser integradas à sua carga horária, como: treinamentos de

equipes, atividades de extensão e pesquisa, participação em comissões e outras. Diante dessa

situação, o Piel abriu espaço para a participação de docentes de outras áreas – técnicos-

administrativos, estagiários e colaboradores externos (voluntário). Estes sujeitos, tendo

conhecimento comprovado numa determinada modalidade, poderiam ministrar os treinamentos

sob a supervisão do professor de Educação Física.

Abaixo, seguem alguns depoimentos dos entrevistados sobre seu início no Piel. Percebe-

se que o convite para participar do programa surgiu de algum sujeito que participava dos

treinamentos (professor e estudantes). E desse convite já se seguia para prática, sem nenhum

contato com a DAE e/ou Direção do campus.

Na verdade, quem me colocou dentro programa foi a professora do karatê, ela que bateu o pé e disse que tinha que ter bolsa pro kickboxing e inclusive

ela disse que se não tivesse bolsa suficiente ela tinha 10 bolsas, ela cederia

bolsas dela pra minha modalidade, porque ela achava importante. Na

verdade, eu nunca participei de nenhuma reunião pra resolver questões de bolsas. Ela sempre foi chamada, ela passou 2 anos lá, o ano anterior ao que

eu entrei, cheguei lá em 2011, ainda participou do programa das bolsas, em

2012 também, mas eu particularmente nunca fui chamado pra uma reunião. Então eu fui contemplado por incentivo dela, no segundo ano, ela também

forçou a barra pra que o programa continuasse. E depois disso, praticamente

assim, o que eu percebo é que o programa se estabeleceu e não foi preciso

mais discutir a necessidade de bolsas para o trabalho de kickboxing. (Entrevistado-02).

A princípio teve a seletiva para selecionar estagiário para contribuir

com os professores de educação física aqui do Instituto, aí com o passar

do tempo aqui no meu estágio foi onde eu conheci a modalidade

badminton, através do IFPE, foi aqui, que até então eu não conhecia.

Surgiu o interesse, um esporte muito bom, muito agradável, e assim,

poder contribuir através desse esporte aqui na cidade, que é um esporte

novo, aí através do convite do professor [...], aí eu fui inserido.

(Entrevistado-03).

As estudantes me procuraram, porque elas já me viram treinando os

homens algumas vezes, como eu disse, eventualmente, e elas

perguntaram se seria possível eu treiná-las, até por conta pra elas

terem oportunidade de receberem a bolsa e eu disse que sim. Comecei

a treiná-las depois do começo do programa porque elas, inclusive no

primeiro ano, não haviam nem bolsa pra elas e ai a partir do segundo

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ano foi quando nós começamos a trabalhar (com bolsas).

(Entrevistado-04).

O professor me informou na época que tinha uma notícia excelente pra

gente: '- O que é professor? - Olha, os meninos vão receber um

dinheirinho pra jogar. - E é professor? - É. - Que bom! A gente já tá

começando, já tá cativando, com isso ai vai melhorar mais ainda'.

Então, foi dessa forma que eu fiquei sabendo que eles iriam ganhar

alguma coisa, não era uma bolsa, não era um auxílio, era um dinheiro,

de onde ele vinha e como seria eu não sabia, eu sei que eu tinha que

avaliar (os estudantes) e passar as informações para o professor

(professor de educação física). (Entrevistado-08).

O Entrevistado-07 fez parte da implantação do Piel. Com a confirmação da

implantação do programa no campus, o mesmo, por conhecer a região, foi tomado por um

sentimento de felicidade, mas ao mesmo tempo ele preocupou-se em querer que o programa

funcionasse bem, evitando assim, sua suspensão:

O primeiro contato, aquela sede, aquela vontade enorme de ajudar, ela

se sobrepôs inclusive a vontade de fazer um grande time. Quando

chegou pra mim a primeira ideia foi 'pelo amor de Deus não deixem

esse dinheiro ir embora, a minha região, a nossa região precisa de

coração'. É um relato honesto, com lisura, mas a primeira intenção foi

essa.

Conforme o que foi dito pela maioria dos entrevistados, o programa obteve uma boa

avaliação perante o público do campus Pesqueira (docentes e discentes). Diante desse êxito do

Piel, outros campi mostraram interesse em desenvolvê-lo em seu espaço. A gestão do campus

Pesqueira repassou para a DAE-Reitoria o interesse dos demais campi e, assim, o Piel passou a

ser um programa sistêmico da Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE.

Com essa medida, qualquer campus do IFPE, de acordo com seus interesses, pode

desenvolver o Piel, com autonomia para elaborar seu edital de seleção para o programa,

observando as diretrizes gerais da Política Nacional de Assistência Estudantil.

Em Pesqueira o primeiro edital do Piel seguiu o edital do programa bolsa permanência,

que já tinha todas as diretrizes que devem ser adotadas de acordo com a política citada acima.

Segundo o entrevistado-05, ao elaborar o edital é preciso seguir a política de assistência ao

estudante: "O que a gente segue que é geral, é a política, então os editais vão ter algumas

definições, mas que tem o mesmo sentido porque a gente segue a política de assistência

estudantil [...]”. Os próprios critérios citados no edital, voltados para a melhoria do rendimento

e permanência do aluno no Instituto, já vêm de lá da política de assistência ao estudante:

[...] que são os critérios de permanência, então quando a gente coloca

no edital, a gente tá colocando, transcrevendo o que tá na política, tem

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lá nos critérios de permanência dos programas específicos que um

deles é o esporte e lazer, os critérios de permanência, está cursando no

mínimo 3 componentes curriculares e a questão de reprovação até

50%.

Visando melhorar ainda mais o programa, nos últimos 02 (dois) anos, o edital do Piel

no campus Pesqueira vem recebendo alguns ajustes, mas sempre seguindo as diretrizes da

Política Nacional de Assistência ao Estudante. O próprio valor do auxílio financeiro distribuído

pelo programa não é definido pelo campus, já existe uma diretriz na política geral que estabelece

a quantia, que é definida por uma porcentagem do salário mínimo – no caso do Piel o auxílio

ou a bolsa, como é chamado por todos, deve ser no mínimo 35% do salário mínimo.

Como foi alertado acima, para desenvolver o Piel, é preciso haver interesse da gestão

do campus. Caso exista esse interesse, antes da elaboração do edital do programa, há a definição

do orçamento. No campus Pesqueira, de acordo com as informações obtidas nas entrevistas, o

orçamento é feito com base no ano anterior e depois de consultar alguns professores que

participam de programas dentro da política de assistência e/ou utilizam as visitas técnicas no

processo pedagógico. Para o Entrevistado-06, essa forma de definir o orçamento não é a

melhor. Para ele, é um modelo que traz algumas complicações para a gestão, por isso, já está

sendo implantado no campus Pesqueira um novo modelo, mais democrático, que irá facilitar a

vida da gestão nesse processo de definição do orçamento, que foi chamado por ele de conselho

gestor do campus:

Com o conselho gestor do campus eleito e representado, eu acredito que vai favorecer essa discussão, porque o conselho gestor, você tem um

representante docente, representante discente, representante administrativos,

você tem os pais, você tem o estudante, você tem participantes da comunidade

externa, então isso vai dar uma segurança maior para o gestor, de que o orçamento vai ser bem mais democraticamente distribuído, então

provavelmente os professores de educação física vão ser chamados em algum

momento lá no conselho gestor para dizer: ‘olha, o que é que você acha que tem de demanda para o esporte?’ Isso com o coordenador de esportes e vai

ser chamado também o professor de artes: ‘o que é que você tem de demanda

para o programa de arte e cultura?’ Vai ser chamado também o chefe do departamento de pesquisa, inovação e pós-graduação, ‘o que é que você acha

que tem de demanda para os programas de monitoria? O que é que você acha

que tem de demanda para os programas do clube de astronomia’. Então isso

vai ser feito, as demandas levantadas, e ai depois você distribui a fatia do bolo para cada programa, a gente sempre fez isso dialogando com os entes

envolvidos, mas tomando uma decisão de equipe de gestão, e eu imagino que

isso pode ser consolidado através do diálogo, através do conselho gestor do campus. (Entrevistado-06).

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Durante as entrevistas, sobre a definição do orçamento, percebe-se que o Programa Bolsa

Permanência (PBP) tem uma grande importância dentro da Política Nacional de Assistência Estudantil

desenvolvida nos campi do IFPE e a fala do entrevistado-01 corrobora essa dimensão dada ao PBP:

No início do ano é planejado o nosso orçamento, nós fazemos um planejamento, levando em conta o que ocorreu no ano anterior e falamos com

alguns professores, vemos a necessidade, o que eles querem, o que é que é

necessário para a escola, visita técnica e tudo mais e daí é feito uma definição global, e depois ai sim, são feitos os ajustes, levando como prioridade o

programa bolsa permanência e depois os outros programas.

Após a definição do valor global, com todos os programas da política de assistência

estudantil, o orçamento é apresentado a DAE-Reitoria que fica de aceitar ou propor ajustes,

pois é esse departamento que libera o financeiro – o dinheiro.

Voltando ao Edital do Piel, agora com atenção nas fases do processo seletivo, nota-se

que existem três fases: a primeira consiste na apresentação dos documentos solicitados; a

segunda se refere ao teste da modalidade específica; e, a terceira compreende a avaliação

socioeconômica. O entrevistado-01, em sua fala, faz a descrição destas fases citadas acima.

Inicialmente a primeira fase é descrita assim:

É liberado o edital, onde nele consta que tem que ter renda per capta menor

que um salário e meio, então nós solicitamos todas documentações que

comprovem a renda do estudante, quanto as pessoas que moram na casa, se

forem de maior carteira de identidade, carteira de trabalho pra informar se realmente tem a renda, quem tem renda informal, um documento assinado

informando qual a renda informal que tem, se tiver menor informar, se tiver

doença informar, tudo isso como se fosse os critérios da bolsa permanência é o mesmo sistema, e daí quando é feita essa análise é colocado em ordem

decrescente, ou melhor, em ordem crescente, os estudantes estão aptos pra

fazer daí a segunda fase [...].

A segunda fase, como já foi dito, é a que corresponde à parte técnica da modalidade

esportiva: "Aí sim, os professores fazem uma seletiva e daí é enviado dos professores a listagem

dos estudantes que podem, por ordem de classificação, ter direitos aquelas bolsas.”

(Entrevistado-01). Por fim, a DAE faz uma nova análise, essa voltada para a parte

socioeconômica, e lança a lista final dos aprovados e classificados: "Daí é feito uma nova

análise pra saber se esses estão dentro do perfil socioeconômico, aí os que estão nesse perfil

automaticamente é feito a triagem, os que estão fora, aí sim, esses serão excluídos e subiria

mais um.” (Entrevistado-01).

O “subir mais um" é a situação em que um aluno aprovado que não foi classificado e

ficou na lista de espera consegue entrar na vaga após algum indeferimento na participação de

um estudante que estava em sua frente na lista de aprovados.

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Ao indagar os entrevistados sobre as fases do processo seletivo do Piel, percebe-se que

boa parte desconhece esse processo por inteiro, a maioria estava inteirada apenas sobre a fase

do teste técnico. Pode-se citar, como exemplo, a fase socioeconômica, onde um dos

entrevistados acreditava que essa avaliação era feita pelo professor de Educação Física e não

pela assistente social.

Tanto a fase 01 (um), como a fase 03 (três) é feita pela Divisão de Assistência Estudantil

do campus Pesqueira (DAE-Pesqueira), especificamente, pela assistente social. A fase 02 (dois)

é realizada pelos responsáveis (professores, técnico-administrativo, estagiário e voluntário) de

cada modalidade esportiva. Leva-se a crer que a ausência de comunicação entre todos os

envolvidos no programa é o principal motivo pelo desconhecimento de todas as fases do

processo seletivo do Piel entre os sujeitos que desenvolvem o programa.

Essa falha na comunicação afeta até o desenvolvimento do programa, pois os próprios

responsáveis pelos treinamentos das modalidades esportivas começaram as suas atividades sem

ter uma orientação, por parte da DAE ou por parte dos professores de Educação Física, sobre

as diretrizes e objetivos do Piel; foram conhecendo o programa com o tempo de trabalho e

através de conversas com os estudantes/atletas, mas ainda é um conhecimento raso sobre o Piel.

A fala do entrevistado-03 exprime o que foi dito acima: "Na verdade o contato não existiu, foi

no dia a dia, o passar do tempo eu fui me inserindo, me apropriando e percebendo como era

que funcionava esse sistema”.

O entrevistado-03 apresentou sua dificuldade, que foi a nível administrativo: "Em

termos administrativos com relação ao programa eu não sabia como me portar, eu sabia como

fazer o meu trabalho. Eu até inscrevi meu trabalho pra título de esforço acadêmico, acho que

em 2013, como um programa de extensão”.

O Entrevistado-07, em sua fala, afirma que essa falta de comunicação se estende para

fora do campus, que no caso seria um diálogo limitado entre a escola e os pais/responsáveis dos

estudantes participantes do Piel. O mesmo lembra que existe uma autorização assinada pelos

responsáveis dos estudantes no início do processo seletivo do programa, mas que só fica nisso.

Não se sabe se os pais/responsáveis têm ciência da participação do estudante no programa, a

modalidade que o estudante pratica, os dias e os horários dos treinos e outras informações que

ficam a mercê do repasse pelo próprio usuário:

O pai tá sabendo que o programa continua, que a verba continua chegando, porque o aluno, todos nós sabemos, tem aluno maior de idade e etc., né, tem

aluno que começa: ‘olha, atrasou, não saiu, faz 3 meses que não recebe’,

então assim, não custa nada a escola ser vigilante e ter esse canal de comunicação com os pais ou responsáveis desses alunos. (Entrevistado-07).

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O principal critério para a escolha do estudante usuário do programa que irá receber o

auxílio financeiro é o socioeconômico. Estudantes que não têm o perfil de baixa renda podem

participar do Piel; dentro da política é permitida a participação de até 30% de estudantes que

não fazem parte desse grupo, neste caso, é levada em consideração a questão da habilidade

esportiva e o rendimento escolar. Segundo o entrevistado-01, como a região é carente, a grande

maioria dos participantes do Piel está no perfil de baixa renda, ficando apenas 2 a 3% dos

participantes fora desse perfil.

Essa informação repassada pelo entrevistado-01 corrobora as informações obtidas pelo

indicador de nível socioeconômico (Inse) das escolas. O Inse foi criado no segundo semestre

de 2014 pelo Inep e trata-se de uma medida com o objetivo de situar o grupo de alunos atendidos

por cada escola em um estrato, definido pela posse de bens domésticos, renda e contratação de

serviços pela família dos alunos e pelo nível de escolaridade de seus pais. Esse indicador surge

a partir das respostas dadas pelos alunos nos questionários contextuais da Avaliação Nacional

da Educação Básica (Aneb), da Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc, também

denominada Prova Brasil) e do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), referentes aos anos

de 2011 e 2013. De acordo com esse indicador, a renda familiar mensal dos estudantes do IFPE

– campus Pesqueira, entre os anos de 2011 e 2013, estava entre 1 a 1,5 salários mínimos

(BRASIL, 2015).

Por ter muitos estudantes de baixa renda, o processo seletivo do programa, de acordo

com o entrevistado-07, sensibiliza muito todos os envolvidos e é preciso ter serenidade para a

escolha dos participantes ser feita de forma justa para todos.

As portas não se fecham para os estudantes que não forem contemplados com o auxílio

após a finalização do processo seletivo do Piel. A DAE-campus Pesqueira não impede que um

aluno sem o auxílio participe dos treinamentos. Ela deixa essa decisão a cargo do responsável

pelos treinamentos das modalidades. Os entrevistados afirmaram que os treinos são abertos para

os estudantes que não recebem o auxílio e destacaram a importância deles no Piel, pois, é com

a presença deles que o treinamento de qualidade se efetiva. Essa questão qualitativa dos

treinamentos se deve ao quantitativo de bolsas distribuídas por modalidades. Vamos citar como

exemplo o basquetebol: nesta modalidade, são distribuídas 05 (cinco) bolsas, se não fosse

liberada a participação dos estudantes sem auxílio, o treinamento tático e técnico ficaria

reduzido, até a simulação de um jogo seria improvável devido ao quantitativo reduzido de

estudantes/atletas.

Todavia, não são exigidas assiduidade e pontualidade dos estudantes sem auxílio nos

treinos, diferentemente dos estudantes bolsistas que assumem o compromisso de frequentarem

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os dias definidos para treino. A fala abaixo do entrevistado-04 revela um pouco a forma como

é conduzida a política de inclusão do Piel:

É uma orientação da direção da escola, tá certo, incentivar o esporte [...], e

independentemente se participa da bolsa, se sabe jogar ou não, se já tem um conhecimento sobre as regras ou sobre, independentemente disso, a gente

além de aceitar quem nos procura a gente incentiva qualquer uma que faça

qualquer menção a essa atividade [...]. A gente sempre incentivou e aceitava, e aceita, qualquer atleta independentemente de qual seja a condição dela.

6.3.1 Assistência ao estudante: ajuda em questões pessoais, administrativas e pedagógicas no

campus Pesqueira

Existe uma equipe responsável por desenvolver a política de assistência estudantil

dentro da Instituição. Os programas que constituem essa política do IFPE são acompanhados

pela DAE e pelas coordenações dos campi:

[...] deverão ser acompanhados e avaliados pela DAE e pelas Coordenações

de Assistência Estudantil nos campi, constituídas pelas Equipes

Multiprofissionais. Para tanto, a DAE instalará fórum permanente da Assistência Estudantil do IFPE, com o objetivo de fomentar e fortalecer o

diálogo e as reflexões acerca das questões desta Política. (BRASIL, 2012, p.

37).

Esse grupo, chamado de Equipe Multiprofissional pela Proposta da Política de

Assistência Estudantil do IFPE, “é constituído de Assistente Social, Pedagogo, Psicólogo,

dentre outros profissionais, que de acordo com a competência de cada um exercerá suas

atribuições relativas aos Programas que constituem esta política” (BRASIL, 2012, p. 13).

O Regimento Geral do IFPE de 2012, na resolução nº 046, em seu Art. 58, assinala as

seguintes competências da DAE:

I - acompanhar o desempenho acadêmico do corpo discente; II - propor e coordenar as ações com vistas à minimização da evasão

acadêmica;

III - propor e coordenar os programas de apoio psicopedagógico ao estudante; IV - propor e coordenar ações para redução da influência dos fatores

socioeconômicos no desempenho do corpo discente;

V - apoiar os Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades

Educacionais Especiais instituídos nos Campi, por meio do Programa de Educação, Tecnologia e Profissionalização para Alunos com Necessidades

Educacionais Especiais;

VI - propor diretrizes e coordenar a atuação dos programas institucionais relacionados com a assistência estudantil;

VII - propor diretrizes e acompanhar os programas de apoio psicopedagógico

ao estudante; VIII - definir diretrizes para os sistemas de assistência médica, odontológica

e psicopedagógica aos discentes;

IX - propor diretrizes e coordenar o desenvolvimento de programas e ações de

assistência estudantil no âmbito do IFPE, com vistas à minimização da evasão

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105

acadêmica e à redução da influência dos fatores socioeconômicos no

desempenho acadêmico do corpo discente;

X - executar outras atividades correlatas que lhe venham a ser atribuídas.

Portanto, há que se destacar, dentro da política de assistência estudantil, a relevância das

atividades de acompanhamento e desempenho acadêmico e apoio psicopedagógico para os

estudantes, resultando numa concepção de política que garanta a permanência dos estudantes

em condições favoráveis para uma formação com qualidade.

Os participantes dos grupos focais foram questionados sobre a procura por

acompanhamento ou orientação no campus diante de situações complicadas ou problemas

enfrentados. De acordo com a maioria dos entrevistados, quando é um problema dentro da

instituição, eles procuram a DAE e o Coordenador do Curso para ajudá-los. Já quando envolve

uma questão mais pessoal, uma parte se sente mais à vontade em conversar com um amigo ou

com professores que eles têm uma maior afinidade.

Apesar do Instituto ter na sua estrutura organizacional um departamento onde os

discentes possam receber um apoio social e psicopedagógico, nada impede a participação do

professor nesse processo de orientação do seu aluno. Placco (1994, p.30) conceitua a orientação

educacional como

[...] um processo social desencadeado dentro da escola, mobilizando todos os

educadores que nela atuam - especialmente os professores - para que, na

formação desse homem coletivo, auxiliem cada aluno a se construir, a identificar o processo de escolha porque passam os fatores socioeconômico-

político-ideológico e éticos que permeiam e os mecanismos por meio dos

quais ela possa superar a alienação proveniente de nossa organização social,

tornando-se assim, um elemento consciente e atuante dentro da organização social, contribuindo para sua transformação.

Segue abaixo, a fala de um dos participantes do grupo focal, onde ressalta que o

professor tem um papel dentro da escola que vai além das aulas lecionadas:

Tem professores que tem uma relação tão ímpar com o aluno, que chega até

a ajudar o aluno, não só em aconselhar, mas tomar uma iniciativa e ajudar.

Já vi muito isso aqui e já fui ajudado também por alguns professores, então

os professores, eles dão um apoio ao aluno, é concreto. (Usuário com

auxílio-09).

Outra parte dos entrevistados prefere guardar para si mesmo e tentar resolver sem ajuda

de outros, como por exemplo, o estudante Usuário com auxílio-10:

Eu nunca tentei falar com alguém, sempre tentei resolver sozinho. (Usuário

com auxílio-10).

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106

6.3.2 Como os estudantes escolheram participar do ensino médio integrado do IFPE - Campus

Pesqueira

O principal motivo, exposto pelos entrevistados para escolherem o IFPE - campus

Pesqueira como instituição de ensino para cursar o ensino médio, foram as boas referências que

eles tinham sobre a qualidade do ensino deste local. Familiares, amigos e professores das

escolas de ensino fundamental orientaram e incentivaram, a eles, a tentarem o vestibular para

ingressar no campus, pois a instituição traria vários benefícios para o seu futuro, devido à boa

qualidade de ensino ofertada:

No meu caso foi pelo ensino mesmo, eu tinha referências, não de

familiares, mas de outras pessoas que já tinham estudado aqui e

falavam que o ensino era muito bom, então foi esse o principal motivo.

(Usuário com auxílio-05).

Alguns familiares meus estudavam aqui e alguns estudam e entrei mais

por incentivo deles, porque na região não tem um ensino de qualidade alta

como a daqui. (Usuário com auxílio-07).

Vale destacar que 02 (dois) entrevistados afirmaram que, além do bom ensino, o

interesse em estudar no campus Pesqueira surgiu por conta do Programa de Incentivo ao Esporte

e Lazer (Piel) desenvolvido na instituição. Alguns amigos que já eram estudantes do Instituto e

participavam do programa comentavam sobre o programa com eles, e diante disso, os mesmos

se sentiram motivados em entrar no IFPE e buscar uma vaga no Piel:

Teve um amigo meu, aqui do basquete também, que começou aqui em meados de 2013 e o professor falava bem dele, dos jogos que iria ter, eu sempre ouvia

eles falando nos treinos e eu ficava querendo participar desses jogos e teve

outras pessoas, professores das outras escolas que me incentivou a fazer a prova, e falou que era um bom ensino e tudo, aí eu tentei a prova. (Usuário

sem auxílio-05).

Primeiramente eu queria a todo custo entrar aqui, mais pelo esporte, não é à

toa que eu entrei interessado na prova (do Piel), porém quando eu entrei aqui

eu vi que a instituição era além do esporte, era algo a mais, que cobrava de mim, então a partir daí eu comecei a entender que a Instituição não era só o

esporte, então a partir desse momento eu foquei mais nos estudos. (Usuário

sem auxílio-03).

De acordo com a Lei nº 11.892/08, em seu Art. 7º, na alínea I, um dos objetivos dos

Institutos Federais é “ministrar educação profissional técnica de nível médio, prioritariamente

na forma de cursos integrados, para os concluintes do ensino fundamental e para o público da

educação de jovens e adultos”. Diante disso, parte dos discentes se depara com um problema,

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que é a escolha do curso técnico. Muitos estudantes escolhem o curso sem conhecê-lo, e muitas

vezes, não se identificam com ele.

Segundo Malacarne et al. (2007, p. 6),

É importante considerar que a escolha profissional está condicionada as mais

diferentes influências, entre as quais estão as expectativas familiares, as

situações sociais, culturais e econômicas, as oportunidades educacionais, as perspectivas profissionais da região onde reside e as próprias motivações

internas do sujeito. Se estes aspectos não são levados em consideração pode

provocar frustrações profundas no indivíduo na sua relação com o mundo do trabalho.

Considerando que a legislação referente ao ensino médio integrado supõe o

encaminhamento dos jovens estudantes ao mercado de trabalho, Malacarne et al. (2007) alertam

sobre a importância da escolha profissional, momento fundamental na vida do ser humano.

Portanto, a escolha do curso pelo discente precisa ser feita de forma consciente e responsável,

pois o mesmo nesse momento já estará estabelecendo vínculos com a profissão escolhida.

A pessoa pode entrar aqui no Instituto sem saber o que quer, e aí ao escolher

o curso, pode ser aquilo que, realmente, ela quer e seguir com a vida dela, mas pode não ser o que ela quer e querer partir pra outro curso. (Usuário

com auxílio-01).

A falta de conhecimento e maturidade do estudante, com apenas 14 ou 15 anos de idade,

dificulta a definição por um curso técnico que possa lhe satisfazer. Segundo Loponte (2011, p.

1), o estudante sofre influência dos familiares ao escolher o caminho escolar, sobretudo no

momento de definir o curso profissionalizante:

A família tem um papel importante na escolha da trajetória escolar do jovem,

principalmente no caso de se optar por um curso profissionalizante — seja

com a finalidade de obter um trabalho num futuro próximo, seja utilizando-se

desse tipo de formação para ingressar na universidade. Admite-se que tanto as exigências e as expectativas elaboradas pela família quanto sua condição

socioeconômica sejam fatores determinantes e definidores da trajetória

seguida pelo jovem na escola.

Outro ponto que termina dificultando a escolha é a reduzida oferta de cursos técnicos.

No campus Pesqueira, o estudante tem apenas duas opções de cursos técnicos: Edificações ou

Eletrotécnica.

No entanto, mesmo não se identificando com o curso escolhido, para os estudantes é

interessante continuar nessa modalidade de ensino para conseguir uma certificação técnica,

coisa que lhe coloca na frente de muita gente por uma vaga no mercado de trabalho. Portanto,

acredita-se que o aluno com baixa condição socioeconômica, que conseguiu acesso à

instituição, teve desempenho satisfatório e concluiu o curso, tem suas chances aumentadas para

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ingressar no mercado de trabalho e, com isso, na modificação de sua condição social e

econômica.

Eu realmente não me dou bem com esse curso, eu realmente só estou aqui

porque o meu currículo, mais pra frente, a minha formação técnica vai me colocar mais à frente do que outros que foram por escola particular, ou por

escola estadual, a minha formação técnica vai me dar uma coisa a mais, mas

pelo curso mesmo eu não gosto, que é edificações. (Usuário sem auxílio-02).

Para os entrevistados, o ensino médio integrado é muito interessante pelo fato do

estudante já sair com uma formação técnica. Apesar de um período mais longo para se formar,

04 (quatro) anos, ainda assim vale a pena. Como foi dito acima, a concepção dos estudantes é

de que o diploma do curso técnico é muito importante para abrir as portas no mercado de

trabalho:

Eu acho muito bom, porque se você faz o ensino médio em três anos e você

pode fazer o médio integrado em quatro anos, sai bem melhor você fazer o

médio integrado, por quê? Porque você faz o médio integrado em quatro anos e já sai com o diploma de ensino médio e com uma profissão de técnico, isso

que já te proporciona trabalhar no mercado. Um ponto que atrapalha é

estudar quatro anos, que por um lado pode ser um atraso e para outros não.

(Usuário sem auxílio-06).

O mercado de trabalho tem certo preconceito com a idade pra você arrumar

o seu trabalho e com a gente entrando aqui já no ensino médio já saindo com

o técnico, acho que tem uma grande facilidade pra arrumar um emprego, mas

fácil do que quem faz só o ensino médio normal, pra ainda entrar na faculdade, quando sair já está mais velho. (Usuário com auxílio-07).

Porém, tanto Pochmann (2004), como Belluzzo (in: Revista Carta Capital, 29/08/2012)

alertam para a incapacidade da boa educação em responder aos problemas criados pelas

questões negativas que ferem as economias contemporâneas. Abreu (2012, p. 108) segue a

mesma linha e afirma que

A ênfase à formação por competências visando à formação de um trabalhador com múltiplas habilidades não é garantia de inserção no mundo do trabalho.

A realidade e os estudos apontam que apenas uma minoria de trabalhadores

alcança um alto nível de qualificação. Para a maioria essa tal empregabilidade se traduz na disponibilidade para aceitar qualquer emprego que lhe

proporcione o mínimo de condições para sua sobrevivência, num mundo do

trabalho em processo de precarização, e nem isso lhe é absolutamente

garantido.

Porém, o autor reconhece que, apesar da compreensão acima, é fundamental considerar

a importância da educação para o crescimento pessoal e das sociedades. Nessa perspectiva, o

acesso à educação constitui-se interesse e necessidade da classe trabalhadora na luta por sua

emancipação.

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Apesar de ser uma Instituição que tem como objetivo a formação profissional e técnica,

o direcionamento dos estudos para o Enem não é deixado de lado e isso foi levado em

consideração pelos estudantes ao escolherem o IFPE para estudar, pois nas escolas públicas

estaduais e municipais a qualidade do ensino é baixa e consideram que estas não preparam o

aluno para o vestibular como o IFPE - campus Pesqueira.

De acordo com os entrevistados, os professores de formação geral, principalmente no

último ano, direcionam o ensino da disciplina para o bom desempenho no Enem. Já os

professores das disciplinas técnicas, além de contribuir para o aprendizado da função técnica,

também contribuem na preparação dos alunos para concursos na área técnica:

No meu caso, não sei se tem algum aqui que está prestes a se formar, no meu caso, eu estou no oitavo período, nos dois períodos anteriores do sexto pra

cá, os professores estão realmente batendo nessa tecla, no ENEM, todos os

professores, sociologia, português, todos estão batendo na tecla ENEM, eles preparam a aula de acordo para você estudar para o vestibular, os exercícios,

tudo. (Usuário sem auxílio-04).

“Não só para o vestibular, mas para concursos, dentro da área (curso

técnico), eu acho que é excelente aqui. (Usuário com auxílio-04).

Os Institutos Federais conseguiram o status de escola com boa qualidade de ensino não

só pela experiência vivida pelos alunos e ex-alunos dentro desta instituição, mas também pelos

resultados expressivos nas avaliações de desempenho desenvolvidas pelo poder público. Uma

dessas avaliações é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que além de avaliar o

estudante individualmente, com o intuito de selecioná-lo para um curso da educação superior,

serve, também, de avaliação da Instituição, ao fazer o levantamento das notas de todos os seus

estudantes neste teste.

Logo, o IFPE, consequentemente o campus Pesqueira, sempre se destacou nas

avaliações educacionais promovidas pelo poder público. E isso foi pontuado pelos entrevistados

em suas falas, que devido ao bom ensino desenvolvido no Instituto, o mesmo sempre se

destacava entre as melhores escolas de acordo com esta avaliação:

Eu acho que o ensino é muito bom, como um exemplo mesmo é o ENEM que o IF fica na frente de muitas escolas particulares devido ao ensino. (Usuário

sem auxílio-07).

Os resultados expressivos nas avaliações educacionais são algo do conhecimento da

população da região. Porém, neste ano de 2016, o MEC decidiu não divulgar os resultados dos

Institutos Federais no Enem. Essa questão não será aprofundada, pois não faz parte do objeto

de estudo, porém, fica aqui o questionamento: qual o objetivo em não tornar públicas as notas

dos Institutos Federais?

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110

Vale destacar outra particularidade do IFPE, que por ter em seus quadros grande parte

dos docentes com pós-graduação (Doutores, Mestres e Especialistas), que lecionam tanto no

ensino médio, quanto no ensino superior, e por oferecer o ensino médio no mesmo local que é

oferecido o ensino superior e a pós-graduação (alguns campi já oferecem especialização e

mestrado), contribui bastante para o desenvolvimento acadêmico do aluno do ensino médio e

termina preparando-o melhor para a vida universitária. O estudante, no IFPE, já tem contato

com atividades de pesquisa e extensão:

O nível de cobrança de escolas normais para aquelas que têm o integrado (os

IF´s), é bem diferente. Aqui é mais aproximado com a universidade, então eu acho que o médio integrado ele lhe prepara bem melhor para a universidade.

(Usuário com auxílio-07).

Apesar de ser uma Instituição que tem por objetivo a formação técnica e profissional do

estudante, a maioria dos entrevistados relatou que ingressou no IFPE - campus Pesqueira com

o objetivo de se preparar para o vestibular.

De acordo com alguns entrevistados que já estão nos últimos períodos do ensino médio,

o curso técnico ajuda ou ajudou a definir o curso da graduação. O Usuário com auxílio-06, por

exemplo, tinha a intenção de estudar no IFPE - Campus Pesqueira para se preparar melhor para

o vestibular, mas sem saber a área que iria estudar no ensino superior. Depois que conheceu

melhor o curso técnico (edificações), gostou tanto que pretende se especializar ainda mais na

área fazendo uma graduação em arquitetura:

No começo era me preparar para o vestibular, porque eu entrei no IFPE sem querer fazer o curso, que era edificações, mas quando eu comecei, eu mudei

minha ideia e pretendo ainda fazer arquitetura.

A perspectiva de alguns entrevistados é seguir estudando após o ensino médio, mesmo

que consigam algum emprego e assim ter que conciliar os estudos com o trabalho:

Eu pretendo aproveitar o técnico para conseguir algum emprego, para que

eu possa me sustentar enquanto eu entro na faculdade e quero fazer arquitetura. (Usuário com auxílio-07).

Percebe-se nas falas dos entrevistados certa segurança adquirida na vida profissional,

por estar estudando o ensino médio integrado à formação técnica, pois de acordo com eles,

mesmo que não consigam passar no vestibular, pelo menos eles já têm o curso técnico. Essa

perspectiva abraçada pelo estudante do ensino médio integrado foi apontada em Loponte (2011,

p. 8),

[...] mesmo buscando uma profissão a partir da escolha pelo curso, os jovens

parecem não ter a intenção de exercê-la imediatamente, concluído o curso técnico. Uma das perspectivas adotada pelo jovem estudante é a de que ter

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uma profissão propicia uma segurança para o futuro ou uma condição mais

favorável para continuar a estudar, no ensino superior.

6.4 Como os estudantes escolheram participar do Piel

A Política Nacional de Assistência Estudantil é restrita às Instituições Federais de

Ensino. De acordo com Decreto nº 7.234,

As ações de assistência estudantil deverão ser executadas por instituições

federais de ensino superior, abrangendo os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, considerando suas especificidades, as áreas estratégicas

de ensino, pesquisa e extensão e aquelas que atendam às necessidades

identificadas por seu corpo discente. (BRASIL, 2010, p. 01).

Portanto, algumas pessoas, por não terem acesso a essa rede de ensino, desconhecem

totalmente o Pnaes. Alguns entrevistados já tinham escutado falar, antes de entrar no campus-

Pesqueira, sobre programas que ofereciam auxílio financeiro para os estudantes da instituição,

mas não sabiam o objetivo, nem a operacionalização. Outros só tomaram conhecimento sobre

os diferentes programas do Pnaes, dentre eles o Piel, depois que se tornaram alunos do Instituto.

As falas dos entrevistados a seguir demonstram o total desconhecimento sobre essa política:

Na escola em que eu estudava não tinha nenhum programa de assistência, então nem sabia que existia, vim saber depois que entrei aqui. (Usuário com

auxílio-07).

Eu só vim saber depois que eu estava aqui, só que quando eu fiz a bolsa

permanência vieram me dizer depois que tinha o atleta e no caso pelo

basquete. (Usuário sem auxílio-05).

Boa parte dos estudantes associa a assistência estudantil aos programas que envolvem o

repasse direto de recursos financeiros (Bolsa Auxílio, Auxílio Manutenção, Bolsa de Apoio a

Permanência e o próprio Piel), indicando o recurso material ser de suma importância para a

manutenção das despesas que surgem durante o ensino médio. E, embora o Piel ofereça o

esporte e o lazer, a maioria dos estudantes entrevistados não associa essas atividades à política

de permanência, mas sim à bolsa ofertada.

Um entrevistado, em sua fala, apresentou uma visão um pouco mais abrangente do

Pnaes, porém a relação não é feita com a formação acadêmica e cidadã, mas sim com a formação

para o mercado de trabalho. Ele afirma que os programas são importantes não só pela oferta do

auxílio, mas também, na formação de um bom profissional para o mercado de trabalho:

[...] programas como atleta, monitoria, isso coloca uma responsabilidade sobre o aluno, que ele tem que cumprir e faz dele um profissional melhor,

mais responsável, mais focado, mais experiente também. (Usuário com

auxílio-09).

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112

Esse desconhecimento e a falta de uma compreensão maior do que seja o Pnaes podem

ser reparados com uma maior divulgação dessa política entre os estudantes do campus.

Entrando na temática, divulgação do Pnaes, em especial o Piel, alguns entrevistados

criticaram a pouca exposição do programa. Para o Usuário sem auxílio-03, o Piel poderia ser

mais bem propagado, não só dentro do próprio campus, mas também para a comunidade

externa, incentivando os estudantes das outras redes a ingressarem no IFPE - campus Pesqueira.

Na fala, o estudante lembra que teve vontade de entrar no IFPE - campus Pesqueira por conta

do Piel, mas só conheceu o programa através dos amigos que já estudavam na Instituição:

Eu mesmo não fiquei sabendo desses treinos de vôlei por um site, coisa desse

tipo, porque até então, todos os comunicados daqui da instituição em relação ao esporte e em relação a instituição só anunciava aqui dentro do campus.

(Usuário sem auxílio-03).

Quando foi perguntado sobre a divulgação do Piel dentro da própria Instituição, houve

uma divergência na opinião de cada grupo. Para o grupo dos usuários sem auxílio, a divulgação

do Programa e do período de seleção é falha, deixando de levar a informação para grande parte

dos alunos:

Se ela não sabia [Usuário sem auxílio-02] é porque teve uma falha aí na divulgação desse edital, se não chegou a ela é porque tem uma forma que não

tem como você saber, por exemplo, ela não tem acesso à internet, aí divulgam

o edital na internet, mas na instituição fica todo mundo calado, ninguém fala nada, ai como é que ela vai saber, aí tem que ter uma forma de divulgação

que se adeque a todos os estudantes, que seria o ideal colocar em sala ou

passar avisando. (Usuário sem auxílio-04).

De acordo com o grupo citado acima, os próprios atletas (usuários com auxílio) não

avisam aos estudantes novatos, que não conhecem muito bem os programas da política de

assistência, para que a concorrência seja pequena, diminuindo, assim, o risco de perder o

auxílio.

Já para o grupo dos usuários com auxílio, a divulgação é bem-feita e só não participa do

Piel e de sua seleção quem não quer:

Eu acho que é uma divulgação boa, [...] divulgam nas redes sociais e murais, sempre tem, quando o edital sai, então só não vê quem não quer. (Usuário

com auxílio-06).

O Usuário com auxílio-07 ainda acrescenta:

Eu acrescento, acho que vai do interesse de cada um, de ir lá, de procurar na DAE, saber quando sai o Edital.

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113

Quatro entrevistados do grupo usuários sem auxílio já haviam participado do processo

seletivo do Piel, sendo assim, foi perguntado a eles e ao grupo usuário com auxílio se o processo

seletivo atual deveria permanecer ou sofrer alterações.

Ambos os grupos deram algumas sugestões sobre o processo seletivo do Piel. Uma das

críticas foi com relação à grande quantidade de documentos solicitados para a inscrição no

processo. A sugestão dada foi que esses documentos pudessem ser arquivados na pasta do

estudante ou devolvidos em caso de reprovação no processo, para que no próximo edital o aluno

não perdesse tanto tempo, tendo que conseguir alguns documentos que já tinham sido entregues

no edital anterior.

Outra sugestão foi de informatizar o processo de inscrição, fazer a inscrição pela

internet, assim, diminuiria a carga de trabalho para a assistente social nessa fase, possibilitando

um ganho de tempo para fazer as visitas nas residências dos estudantes com o objetivo de

confirmar os dados socioeconômicos apresentados por eles no ato da inscrição:

Eu acho que hoje em dia como a gente tem disponibilidade de material eletrônico, a gente poderia reduzir mais esse tempo dos funcionários, ou seja,

se você pudesse fazer tudo online não precisasse trazer xerox disso, xerox

daquilo [...] ao invés de está trazendo papel por papel para esse pessoal está conferindo se você fizesse tudo isso eletronicamente diminuiria o tempo e aí

talvez pudesse ocorrer essas visitas nas casas. (Usuário com auxílio-01).

A análise socioeconômica deveria haver mais rigor na parte das visitas, só

que como sobrecarrega os funcionários tanto porque é época de bolsa e como aqui um funcionário não só serve a uma função, ele tem que está fazendo

aquilo e aquilo outro, então acaba sobrecarregando o funcionário e ele não

dá conta dessa demanda de serviços. (Usuário com auxílio-09).

Um entrevistado sugeriu a mudança no formato da fase do teste prático que para ele não

é o ideal, pois o estudante/atleta é avaliado num momento de 1h. A sugestão é que essa fase

seja realizada em mais dias.

Já sobre o desenvolvimento do Piel, os grupos opinaram sobre as melhorias que se

faziam necessárias para o programa ter uma melhor qualidade. O grupo dos usuários sem

auxílio criticou o quantitativo de bolsas oferecidas pelo programa; para eles é um quantitativo

muito baixo por modalidade esportiva. Os relatos apontam para a necessidade de ampliação

quantitativa do programa diante do crescimento do número de estudantes interessados pela

prática de esporte dentro do campus. O Usuário sem auxílio-06 cita a modalidade futsal

masculino como exemplo:

O time hoje, nós temos cinco bolsas no futsal disponíveis e um time de futsal não se joga só cinco, ele é completo com no mínimo 12 jogadores, fora os que

fazem parte do treinamento, então cinco bolsas, cinco vagas só, não são

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suficientes. No mínimo teria que ter bolsa suficiente para o time titular e para

o time reserva.

Para o grupo usuário sem auxílio, o quantitativo atual das bolsas assegura apenas uma

equipe representativa do campus, mas não assegura sua qualidade, pois prejudica o treinamento.

O grupo dos usuários com auxílio não se manifestou sobre o quantitativo de bolsas oferecidas

pelo Piel.

Outra crítica levantada pelo grupo dos usuários sem auxílio, e que também em nenhum

momento foi comentada no grupo dos usuários com auxílio, foi a questão do principal quesito

para receber a bolsa: o técnico ou o socioeconômico?

Para o grupo dos usuários sem auxílio a questão socioeconômica não pode se sobrepor

à questão técnica. Eles consideram que a questão socioeconômica é um fator importante para

participar do programa, mas o Piel, por ser um programa de treinamento esportivo e com o

intuito de formar uma equipe que represente o campus Pesqueira nas competições, o quesito

técnico seria preponderante para participar do programa. Seguem abaixo as palavras do usuário

sem auxílio-06 sobre essa questão:

Em primeiro lugar tem que avaliar o desempenho esportivo, porque não adianta você colocar o cara que não seja bom para equipe e deixar o cara

que é bom de lado, não tem lógica isso.

Outra sugestão, dada pelos entrevistados, visando melhorar o Piel, seria um maior

investimento, por parte do campus, no programa. Segundo os entrevistados, algumas

modalidades esportivas estão desenvolvendo suas atividades com material precário e/ou em

quantidade insuficiente, prejudicando a qualidade do treinamento. Como caso mais complicado,

foi citado o Kickboxing. Praticante desta modalidade esportiva, o Usuário com auxílio-09

aponta, na sua fala, as dificuldades enfrentadas nos treinamentos:

No kickboxing, o que falta melhorar muito é a questão do investimento

sobretudo em equipamentos, porque tudo o que a gente tem, somos nós que compramos, inclusive nossos treinadores e o mestre de Recife já falou com a

direção que deveria ter um pouco mais de investimento no kickboxing e nos

outros esportes também, mas no da gente (kickboxing) o investimento é zero.

Além do Kickboxing, foram citados o futsal e o badminton como os outros esportes que

necessitam de um investimento maior com relação a materiais. Vale ressaltar que os

estudantes/atletas do basquete e do voleibol não se queixaram das condições dos materiais

utilizados por eles para o treinamento.

O local onde são realizados os treinamentos, o ginásio poliesportivo, também recebeu

críticas por parte dos entrevistados. O principal motivo são as goteiras existentes no teto. Em

período de chuvas, as atividades se tornam impraticáveis e o local precisa ser interditado com

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o intuito de evitar acidentes, pois o piso fica todo molhado e escorregadio. Como não tem outro

espaço apropriado para a prática esportiva, os treinamentos precisam ser suspensos.

Ainda sobre o ginásio poliesportivo, os entrevistados criticaram a preferência dada, em

determinados dias e horários, às atividades desenvolvidas pela comunidade externa. Citaram

como exemplo “a pelada de futsal” (partida não oficial de futsal), em detrimento das atividades

do Piel. Para eles, por serem estudantes do campus e estarem participando de uma atividade

desenvolvida pela própria Instituição, não teria o porquê desta não ter prioridade frente àquela.

Abaixo segue a fala do Usuário com auxílio-01 sobre esse tema:

Acho que os horários que a quadra está disponível para os alunos deveria ser

melhor colocado, porque, muitas vezes, os alunos da instituição deixam de

treinar aquela modalidade porque a quadra está ocupada, não para um evento da escola, está ocupada porque vai ter uma pelada e é um pessoal que

não paga nada e já tem pelada a dez anos e aí diminuíram os horários dos

atletas por causa de pelada.

Percebe-se que os principais problemas do Piel são referentes à estrutura física do

espaço utilizado para as atividades, principalmente a cobertura do ginásio poliesportivo, e a

falta de materiais para os treinamentos de algumas modalidades.

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7 O PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER E A MELHORIA DA

QUALIDADE DA EDUCAÇÃO DO ENSINO MÉDIO INTEGRADO

De acordo com o Decreto nº 7.234, os recursos para o Pnaes serão repassados às

Instituições Federais de Ensino Superior, que deverão realizar ações de forma articulada com

as atividades de ensino, pesquisa e extensão, visando atender estudantes dos cursos de

graduação presencial. Na redação do Decreto, fica mais uma vez evidente o direcionamento

para os estudantes da graduação. No entanto, em seu art. 4º: “[...] abrangendo os Institutos

Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, considerando suas especificidades, as áreas

estratégicas de ensino, pesquisa e extensão e aquelas que atendam às necessidades identificadas

por seu corpo discente” (BRASIL, 2010, p. 2), abre espaço para interpretação favorável pela

inclusão dos estudantes de outros níveis de ensino que estudam nos Institutos Federais.

De acordo com Taufick (2014), a instituição do Pnaes conduziu a maioria dos Institutos

Federais a um movimento de elaboração de sua política de assistência estudantil. Outro fator

importante para implantação desta política nos Institutos foi o incremento orçamentário, via

LOA, da ação intitulada “2994 - Assistência ao Educando da Educação Profissional”,

disponibilizando recursos para a implementação da política.

A operacionalização dos Programas da Assistência Estudantil nos campi do IFPE fica a

cargo da chefia da Coordenação de Assistência ao estudante nos campi, em conjunto com a

Equipe Multiprofissional que, de acordo com o documento da proposta, tem como atribuições:

Planejar, implementar, acompanhar e avaliar a Política de Assistência;

Divulgar as ações da assistência estudantil na perspectiva de consolidá-la

como política institucional; Manter atualizado o cadastro dos estudantes atendidos pelos Programas de Assistência Estudantil; Acompanhar os

recursos financeiros da rubrica de assistência ao educando; Elaborar

anualmente relatórios dos Programas implementados através desta política e Articular os setores comprometidos com a exequibilidade da Política de

Assistência Estudantil nos campi. (BRASIL, 2012, p. 13-14).

A Equipe Multiprofissional é composta por Assistente Social, Pedagogo, Psicólogo,

dentre outros profissionais, que de acordo com suas competências exercerão suas atribuições

nos Programas que constituem esta política (BRASIL, 2012). Vale lembrar que a Política de

Assistência Estudantil do IFPE compreende o desenvolvimento de Programas Técnico-

Científicos e os Programas Específicos e Universais.

Os Programas Universais, apesar de abrangerem todos os estudantes dos cursos

presenciais do campus, não deixam de considerar os critérios de vulnerabilidade social e de

necessidades educacionais para pagamento da ajuda financeira (BRASIL, 2012).

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Dentre algumas ações que fazem parte dos programas universais encontra-se o Piel, que

visa

Ampliar e fortalecer as condições de acesso e permanência com êxito dos

discentes na Instituição através dos Programas de Incentivo ao Esporte que visam assegurar, prioritariamente ao estudante em situação de vulnerabilidade

socioeconômica e/ou que apresente um bom rendimento esportivo, o exercício

pleno da cidadania. (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO,

2015, p. 1).

O Piel tem como proposta conceder benefício financeiro aos atletas que participam de

treinamentos esportivos orientados e supervisionados por Profissionais de Educação Física do

IFPE, nas mais diversas modalidades esportivas e que não possuam patrocínio, além de

promover a participação dos estudantes em atividades de esporte e lazer em espaços

institucionais e extra-institucionais (BRASIL, 2012). Isto posto, o Piel trabalha em duas linhas

de ação, a linha 01 (um) é o Auxílio ao Estudante-Atleta, é o Piel propriamente dito.

Oferece benefício financeiro que propicie as condições necessárias, para que

os estudantes se dediquem ao treinamento esportivo e possam participar de

competições nos âmbitos municipal, estadual, nacional e internacional, permitindo o seu pleno desenvolvimento. (BRASIL, 2012, p. 27).

A linha de ação 02 (dois) é o Auxílio na Participação em Atividades de Esporte e Lazer

que “oferece benefício financeiro que propicie as condições necessárias, para que os estudantes

participem de atividades de lazer” (BRASIL, 2012, p. 33). Nesta linha de ação, os estudantes

ao saírem do campus para outra cidade visando à participação em alguma atividade de lazer,

receberão uma ajuda de custo.

A linha de ação 01 (um), que promove o treinamento esportivo em diferentes

modalidades, é desenvolvida por diferentes sujeitos. O Edital do Piel determinava os

Professores de Educação Física, outros docentes/administrativos do Campus responsáveis pelos

treinamentos das modalidades esportivas oferecidas pelo programa (INSTITUTO FEDERAL

DE PERNAMBUCO, 2015). No Edital de 2016 houve a inclusão dos voluntários, que são

pessoas com conhecimentos comprovados em determinado esporte e que não tenham vínculo

de trabalho com o IFPE; dessa forma, o mesmo passa a ser considerado um colaborador externo,

situação prevista dentro da Instituição que propicia a participação da comunidade externa.

A partir da divulgação do Edital de seleção do Piel, qualquer estudante do ensino médio

integrado do campus Pesqueira pode fazer sua inscrição. Porém, vale ressaltar que a

participação no processo seletivo não implica, necessariamente, a concessão do benefício

(BRASIL, 2012). Os interessados em participar do Piel devem seguir trâmites para Inscrição

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no processo seletivo do programa, um deles é a apresentação, no ato da inscrição, de vários

documentos. Segue abaixo os documentos solicitados no Edital do Piel 2016:

1- Ficha de inscrição preenchida manualmente, disponível no site institucional

Campus Pesqueira: www.portal.ifpe.edu.br; 2- Cópia do RG e CPF (maiores) ou Certidão de Nascimento para os/as estudantes menores de 18 anos; 3-

Questionário socioeconômico disponível na DAE, o qual deverá ser

devidamente assinado e entregue; 4- Uma foto 3 x 4; 5- Histórico Escolar impresso pelo Q-Acadêmico; 6- Cópia do Registro Geral (RG) ou outro

documento oficial de Identidade de todos/as integrantes do núcleo familiar

maiores de 18 anos; 7- Cópia da certidão de nascimento de todos/as os/as integrantes do núcleo familiar menores de 18 anos; 8- Cópias do Comprovante

de renda do/a estudante, maior de 18 anos. (INSTITUTO FEDERAL DE

PERNAMBUCO, 2016, p.2).

Para quem se inscreveu no Programa Bolsa Permanência toda essa documentação não

precisa ser entregue, é necessário apresentar apenas ficha de inscrição e parecer médico

(INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016). Outros documentos serão solicitados

caso seja necessário, como: Cópia da carteira de trabalho, comprovante de seguro-desemprego,

declaração do imposto de renda e outros.

Caso a DAE - Pesqueira julgue necessário, ainda deverá ser apresentado documentação

complementar: "Cópia do Cartão e Extrato atualizado de benefícios sociais, Bolsa família, BPC,

PROJOVEM, Aluguel ou Financiamento de Casa Própria, Gastos Médicos e outros"

(INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016, p. 04).

Os inúmeros documentos solicitados visam confirmar a condição socioeconômica do

estudante que está pleiteando uma vaga no Piel. Para o aluno, essa etapa é penosa, pois, ter que

apresentar toda essa documentação não é das tarefas mais simples. De acordo com o Piel (2016),

caso o estudante não cumpra com as condições apresentadas, não comprove as informações

exigidas nos formulários de inscrição e perca o prazo estabelecido para inscrição e entrega dos

documentos, o mesmo será excluído do processo seletivo. Os estudantes escolhidos para

participar do programa devem ter um bom desempenho técnico e físico da modalidade esportiva

pretendida segundo a avaliação do docente/administrativo responsável, além de atender ao

perfil de vulnerabilidade socioeconômica, a qual será avaliada pelo Serviço Social do campus

Pesqueira.

A análise socioeconômica será realizada por Assistente Social, podendo utilizar como instrumentos o formulário de inscrição, documentação

comprobatória, questionário socioeconômico, entrevista social, visita

domiciliar (quando esse profissional julgar necessário) e parecer social. (BRASIL, 2012, p. 35-36).

Segundo Monteiro (2011, p. 35), a vulnerabilidade social “pressupõe um conjunto de

características, de recursos materiais ou simbólicos e de habilidades inerentes a indivíduos ou

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grupos, que podem ser insuficientes ou inadequados para o aproveitamento das oportunidades

disponíveis na sociedade”. Levando em consideração o mesmo autor, pode-se afirmar que a

política de assistência estudantil, enquanto política social que visa atender, prioritariamente, o

indivíduo em situação de vulnerabilidade social, caracteriza-se como um instrumento que busca

garantir, dentre outras coisas, os direitos e condições dignas de vida do cidadão.

Segundo os Editais do Piel 2015 e 2016, o estudante se enquadra no perfil de

vulnerabilidade socioeconômica ao apresentar:

a) Renda per capita familiar de até 1,5 salário mínimo nacional vigente; b)

Situação de moradia; c) Situação de trabalho; d) Composição familiar e de Fragilidade de Vínculos; e) Despesas familiares; f) Bens móveis e imóveis; g)

Gênero e raça/etnia; h) Escolaridade dos membros da família; i) Doenças

crônicas/Fragilidade Orgânica devidamente comprovada e/ou existência de

deficiência em membro da família; j) Pessoa com Deficiência e/ou Necessidades Especiais; k) Cotista das Escolas Públicas; l) Estudantes com

filhos/as com idade de até 6 anos incompletos; m)Beneficiário de outros

Programas Sociais (CadÚnico, BPC, Tarifa Social da CELPE e outros); n) Pessoas em situação de risco social; o) Pessoas em situação de risco,

comprovadamente, devido a questões relativas à orientação Sexual; p) Ordem

física; q) Comunidades em desvantagem social;

r) Estudantes com filhos de 7 a 11 anos incompletos; s) Estudantes com filhos adolescente de 12 a 18 anos incompletos. Os itens para análise da condição de

vulnerabilidade social e o conceito de risco social são adotados na Política

Nacional de Assistência Social no que diz respeito à proteção social especial,

PNAS, 2004 (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015, p. 4-

5; INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016, p. 4-5).

Analisando os dois últimos editais do Piel, nota-se pouca variação nas modalidades

esportivas oferecidas; acredita-se que o programa já tem um público cativo nessas modalidades

ofertadas. Em 2015, foram ofertadas pelo Piel as modalidades de basquetebol masculino,

voleibol masculino, voleibol feminino, futsal masculino, futsal feminino, badminton, judô e

kickboxing. Já no edital de 2016 houve uma única mudança, saiu o judô e entrou o xadrez. A

saída do primeiro foi devido à aposentadoria do professor de Educação Física que era o

responsável pela modalidade no campus e pela falta de pessoas competentes para assumir essa

atividade esportiva. Observando, ainda, as modalidades esportivas oferecidas pelo Piel,

constata-se uma oferta grande de esportes na Instituição, são 06 (seis) esportes diferentes,

contemplando ambos os gêneros.

Os estudantes/atletas ao escolherem as modalidades esportivas citadas acima e serem

aprovados numa delas passam a receber um auxílio financeiro. Este auxílio já vem com o valor

pré-estabelecido no documento da Proposta de Política de Assistência Estudantil do IFPE

(BRASIL, 2012). Na linha de ação 01 (um), que se refere aos treinamentos programados das

modalidades esportivas, o benefício deve ser de 35% do salário mínimo, ou seja, aumentou o

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salário mínimo, aumenta a bolsa também. O benefício da linha de ação 02 (dois) considera os

custos de participação nas atividades em outras cidades e, quando for o caso, segue a tabela de

valores de visitas técnicas.

Seguindo o que estabelece o documento citado acima, a linha de ação 01 (um) pagou,

em 2015, a cada estudante usuário com auxílio o valor de R$ 275,80 durante 08 (oito) meses

(maio a dezembro de 2015). Em 2016, por conta do aumento do salário mínimo, esse valor

subiu e o Piel passou a pagar a cada estudante selecionado para o programa o valor de R$ R$

308,00 por 07 (sete) meses (junho a dezembro de 2016).

Observa-se que o Piel não tem um começo programado dentro do calendário escolar.

Enquanto em 2015 o programa teve início em maio, no ano de 2016, o início foi um junho,

fazendo com que neste último ano o programa tivesse uma duração menor. O documento da

proposta (BRASIL, 2012) vincula a duração do programa ao recurso orçamentário disponível

em cada campus.

Esses benefícios, em particular o da linha de ação 01 (um), que equivale à seleção do

aluno para o treinamento regular de uma modalidade esportiva, serão pagos ao estudante

aprovado no processo seletivo caso obedeça aos seguintes critérios para participação, citados

no documento da proposta de assistência estudantil do IFPE:

A linha de ação 01 (um) considerará, para a concessão do benefício, a vinculação do estudante como atleta nas modalidades esportivas

desenvolvidas no IFPE. [...] Não possuir qualquer tipo de patrocínio,

entendido como tal a percepção de valor pecuniário, eventual ou permanente, resultante de contrapartida em propaganda. (BRASIL, 2012, p. 34).

O estudante poderá se inscrever em mais de uma modalidade esportiva no processo

seletivo e, caso seja aprovado em mais de uma, ele terá que escolher a modalidade pelo qual

receberá a bolsa, pois o auxílio não é acumulativo dentro do Piel.

Os editais para participação do programa também estabelecem outros critérios. No

documento de 2015 a participação no Piel estava atrelada à

1. Matrícula regular no IFPE - Campus Pesqueira, cursando no mínimo 3

componentes curriculares; 2. Idade mínima de 15 anos completos ou completará 15 anos no ano de 2015; 3. Idade máxima de 20 anos 11 meses e

30 dias; 4. Parecer médico favorável à prática desportiva; 5. Não receber

salário ou patrocínio de entidade de prática desportiva (clube). (INSTITUTO

FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015, p. 2).

O edital de 2016 apresentou duas modificações, a primeira foi na idade máxima para

poder ser um usuário com auxílio do programa. Houve uma diminuição em 01 (um) ano de

idade justificada pela alteração feita no regulamento geral dos Jogos dos Institutos Federais

(JIF); antes a idade para participar do JIF era de 15 aos 20 anos, em 2016 foi alterado e a

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participação ficou liberada para estudantes/atletas de 15 aos 19 anos de idade. A segunda

modificação diz respeito à não permissão do estudante de acumular o Piel com outra bolsa ou

auxílio estudantil. Contudo, essa segunda mudança não encontra respaldo no documento da

proposta (BRASIL, 2012) que regulamenta a política de assistência estudantil no IFPE; nele é

permitido o acúmulo de benefícios de programas diferentes, com exceção do benefício do

PROEJA:

[...] é permitido ao estudante o acúmulo de benefícios de naturezas distintas

ou da mesma natureza, desde que o Programa seja diferente, inclusive, no caso em que ele exercer atividades remuneradas. Contudo, esse acréscimo de

benefício não poderá ultrapassar o valor do salário mínimo nacional vigente.

(BRASIL, 2012, p. 36).

A medida que não permite o acúmulo foi tomada no ano de 2016 devido à diminuição

do orçamento para a política de assistência estudantil no campus. De acordo com o Relatório

de Gestão dos anos de 2013, 2014, 2015 e 2016 disponibilizados pela Diretoria de Orçamento

e Finanças do IFPE, houve um aumento considerável nos recursos disponibilizados para a ação

2994 - Assistência ao Estudante da Educação Profissional e Tecnológica entre os anos de 2013

a 2015. Em 2013 essa ação no IFPE teve um orçamento de R$ 10.420.684. No ano de 2014, a

ação 2994 no IFPE teve um aumento de mais de 04 (quatro) milhões de reais, o crédito

orçamentário foi de R$ 14.768.799. Já em 2015 o crédito orçamentário dessa ação passou para

R$ 16.918,151, mais de 02 (dois) milhões implementados. Já em 2016 o orçamento ficou

estabilizado, com R$ 16.910,751 destinado a essa ação. Esse é um orçamento geral que depois

é repassado para os campi visando atender às demandas surgidas pelas ações desenvolvidas

dentro da política de assistência estudantil. Até 2015 o orçamento era rateado entre 09 (nove)

campi do IFPE. Com a expansão dos Institutos Federais no estado, em 2016, o mesmo

orçamento passou a ser dividido para 16 (dezesseis) campi, ou seja, os créditos orçamentários

que não sofreram nenhum reajuste de 2015 para 2016, que era dividido para 09 (nove) campi

passou a ser dividido para 16 (dezesseis).

Segundo informação interna passada pela Direção do campus Pesqueira, no ano de

2015, o campus teve um orçamento de R$ 1.748.402,70, só que o valor executado durante o

ano citado foi de R$ 1.737.526,40, assim, o campus teve que devolver R$ 19.489,30. No ano

de 2016 o orçamento executado foi R$ 1.785.922,00. Ao menos, o campus Pesqueira conseguiu

manter, praticamente, o mesmo orçamento de 2015 para 2016, sem perdas. Diante dos dados

apresentados, não se justifica a medida que proibiu o acúmulo dos benefícios.

De acordo com a proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE, ao término do

processo seletivo do Piel, a divulgação do resultado final, assim como os outros programas de

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assistência, deverá ser feita na página eletrônica e nas dependências de cada campus, bem como

em outros meios de comunicação disponíveis (BRASIL, 2012).

Entretanto, o edital do Piel de 2015 só fazia referência à divulgação da relação dos/as

estudantes contemplados com benefício pelo site do IFPE (www.portal.ifpe.edu.br), na página

do campus Pesqueira (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015). No edital de 2016

é acrescentada a divulgação nos quadros de avisos do próprio campus (INSTITUTO FEDERAL

DE PERNAMBUCO, 2016).

Nesse processo de divulgação do resultado final, há a divulgação de um resultado

preliminar, pois é dado aos estudantes participantes um prazo para recurso contestando o

resultado apresentado. Esses recursos são analisados pela equipe da DAE – Pesqueira,

responsável pelo processo seletivo, e o resultado publicado no prazo de até 48 (quarenta e oito)

horas após o seu recebimento (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015;

INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016).

Passado o período de recursos, a DAE – Pesqueira divulga a lista com os nomes dos

estudantes que passarão a receber o benefício, porém, de acordo com os Editais do programa,

a efetivação do estudante no Piel só acontece após a assinatura do termo de compromisso no

Serviço Social da DAE – Pesqueira.

Com a efetivação do estudante no programa, após assinatura do termo, o usuário com

auxílio deverá obedecer a alguns critérios para poder permanecer no Piel durante o período

estipulado no edital. O documento da proposta (BRASIL, 2012) condiciona a permanência do

usuário no Piel ao quantitativo de disciplinas a serem cursadas no período atual e a frequência

ao programa. “O estudante deve estar cursando, no mínimo, 03 (três) componentes curriculares

e ter frequência de, no mínimo, 75% mensalmente” (BRASIL, 2012, p. 34). O mesmo

documento estabelece algumas condições gerais para permanência nos programas de

assistência estudantil, entre eles o Piel, que, caso não sejam respeitadas, levará o usuário a ser

excluído dos diferentes programas:

[...] não apresentarem justificativa para as faltas, conforme as disposições da Organização Acadêmica do IFPE; forem verificadas inveracidades ou

omissões de informações no preenchimento dos documentos; não

apresentarem as documentações comprobatórias de gastos, nos casos em que

o benefício assim o exigir; superar a situação de vulnerabilidade social. (BRASIL, 2012, p. 36).

Os editais do Piel ampliam esses critérios e a permanência do usuário com auxílio fica

atrelada a

1. Matrícula regular nos cursos presenciais do IFPE – Campus Pesqueira, além

da manutenção de rendimento acadêmico, admitindo a retenção em até três

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componentes curriculares cumulativamente. Caso o estudante extrapole essa

quantidade de reprovações já citadas caberá à equipe multidisciplinar a

avaliação do caso. Ao término do 1º semestre todos os alunos terão que realizar a renovação e serão avaliados no tocante ao rendimento escolar e

participação nos treinamentos, para a possível continuidade no programa; 2.

Não descumprir as regras da Organização Acadêmica Institucional do IFPE

vigentes passíveis de advertência, suspensão e desligamento; 3. Frequência regular nos treinos em horários pré-fixados pelo (s) Técnicos; (no mínimo

75% de frequência na carga horária, mensal, dos treinamentos e/ou jogos pré-

estabelecidos, amistosos e oficiais). O aluno que não atingir a frequência estipulada neste item por 3 meses intercalados ou consecutivos será desligado

do programa. O Estudante/Atleta que não atingir os 75% de frequência no mês

e não apresentar justificativa plausível poderá ter a bolsa suspensa no referido

mês. A frequência deverá ser assinada a cada treino com o docente/administrativo responsável pela modalidade; 4. Boa convivência com

o técnico, com os colegas da equipe e com todos que fazem parte da

Instituição; 5. Apresentar-se com vestimenta adequada, seguindo as orientações/normas dos professores; 6. Pontualidade; 7. Zelar e guardar o

material de expediente junto ao Professor; 8. Zelar pelas estruturas físicas do

nosso Campus e demais locais que venham a visitar; 9. Apresentar qualidades técnicas, físicas e psicológicas; 10. Custear seus próprios uniformes

esportivos, tanto para participações em eventos como para treinamentos

(INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2015, p. 2;

INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016, p. 2).

Havendo a exclusão de algum usuário com auxílio durante o período do Piel, o aluno

melhor classificado na lista de espera assumirá a vaga; caso não haja estudantes na lista de

espera, outro edital de seleção do programa é aberto para preenchimento da vaga ociosa. A

proposta da política de assistência estudantil permite, também, o acréscimo de usuários durante

o ano, ou seja, o aumento no número de bolsas, sendo assim, pode-se abrir outro edital do

programa para preenchimento das novas vagas, respeitando a lista de espera do edital anterior.

O número de benefícios poderá ser alterado por Programa e por semestre,

conforme a disponibilidade orçamentária de cada campus, desde que já estejam contemplados os estudantes da lista de espera, respeitando- se a

vigência do edital e a condição de vulnerabilidade ainda presente. (BRASIL,

2012, p. 35).

Um exemplo disso foi no ano de 2015. No primeiro edital foram disponibilizadas 37

bolsas, distribuídas em diferentes modalidades esportivas, porém, no segundo semestre, foi

lançado um novo edital, pois o Piel passaria a ofertar 64 bolsas e algumas modalidades

esportivas não tinham lista de espera do edital anterior.

Analisando o direcionamento das bolsas para cada modalidade esportiva no Piel,

observa-se que em 2015 os auxílios foram distribuídos da seguinte forma: basquete masculino

- 5 bolsas; voleibol masculino - 6 bolsas, voleibol feminino - 6 bolsas; futsal masculino - 5

bolsas; futsal feminino - 5 bolsas; judô - 4 bolsas; badminton - 2 bolsas; kickboxing - 4 bolsas.

Durante o programa houve uma ampliação no quantitativo de bolsas e a nova configuração

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ficou da seguinte forma: basquete masculino - 10 bolsas; voleibol masculino - 12 bolsas,

voleibol feminino - 12 bolsas; futsal masculino - 10 bolsas; futsal feminino - 10 bolsas; judô -

4 bolsas; badminton - 2 bolsas; kickboxing - 4 bolsas (INSTITUTO FEDERAL DE

PERNAMBUCO, 2015). Em 2016, as bolsas foram assim direcionadas: basquete masculino -

5 bolsas; voleibol masculino - 6 bolsas, voleibol feminino - 6 bolsas; futsal masculino - 5 bolsas;

futsal feminino - 5 bolsas; xadrez - 2 bolsas; badminton - 4 bolsas; kickboxing - 4 bolsas

(INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016).

Finalizado o processo seletivo do Piel, os estudantes que passarão a receber o auxílio

farão parte de uma lista, contendo os seus dados bancários para o recebimento mensal do

auxílio. Essa lista deverá ser encaminhada até o 5º dia útil de cada mês ao DAP (Departamento

de Administração) do campus para o pagamento ser efetuado (BRASIL, 2012). No campus

Pesqueira existe uma ficha de frequência, que é repassada, mensalmente, para os responsáveis

de cada modalidade, para que eles peguem a assinatura dos usuários com auxílio nos dias de

treinamento. Ao final de cada mês essa ficha é encaminhada para a Coordenação de

Administração Financeira (CAFI) do campus para providenciar o depósito do auxílio em conta.

Vale frisar que o documento da proposta (BRASIL, 2012) estabelece orientações sobre

a Avaliação da Política de Assistência Estudantil do IFPE, que deverá ser um processo

permanente de ação-reflexão-ação, ou seja, uma prática sempre aberta a novas orientações a

partir das demandas surgidas, um movimento contínuo de reflexão sobre a realidade.

Os programas de assistência estudantil, incluindo aqui o Piel, serão acompanhados e

avaliados pela DAE e pelas Coordenações de Assistência Estudantil nos campi, constituídas

pelas Equipes Multiprofissionais. Para isso, a DAE instalará fórum permanente da Assistência

Estudantil do IFPE, com o objetivo de promover o diálogo sobre esta política. Essa avaliação

surge com o intuito de firmar a política de assistência estudantil como uma política efetiva da

Instituição, voltadas para as necessidades dos discentes e para as demandas de ensino, pesquisa

e extensão do Instituto (BRASIL, 2012).

7.1 Diferenças e semelhanças entre os bolsistas e os não bolsistas em relação ao Piel

Os participantes dos grupos focais apresentaram os seus motivos para participar do Piel.

Nota-se que o principal motivo para os usuários sem auxílio participarem das atividades é o

gosto pela prática esportiva. Porém, para alguns alunos, a oferta do auxílio pelo programa

contribui bastante para atrair os discentes. O Usuário com auxílio-05, em sua fala, deixa isso

bem claro:

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Além de gostar do esporte, é por conta do dinheiro. Não que eu não fosse participar

sem o auxílio, mas ajuda bastante. Eu sempre fui muito sedentário, quando não

praticava esporte antes de entrar aqui, eu tinha bolsa de monitoria, só que no ano passado demorou o edital pra sair e como eu precisava de dinheiro fui impulsionado

por isso, pra fazer a bolsa do Esporte e Lazer. Tanto é que eu fiz a seletiva para

todos os esportes porque o que eu passasse iria (treinar).

De todos os participantes dos 02 (dois) grupos focais, apenas 02 (dois) alunos não

tinham experiências em práticas esportivas e iniciaram essas atividades ao ingressar no campus,

através do Piel. Todos os outros já estavam habituados à prática de modalidades esportivas. Em

sua maioria, essa prática sempre era realizada nas escolas. Nota-se que a escola é um local em

que o esporte é muito vivenciado, bastante promovido.

Com relação à participação no Piel sem o auxílio, os entrevistados do grupo focal

usuário sem auxílio afirmaram que a participação no programa é independente de receber ou

não o auxílio, o prazer de praticar o esporte fala mais alto e por isso participam dos

treinamentos, mesmo sem receber a bolsa.

Eu, ganhando ou não, não faz diferença, muita diferença, porque eu gosto

desse esporte. (Usuário sem auxílio-05).

Eu acho que não vai por bolsa ou não, você tem que fazer aquilo que você

acha melhor e o que gosta, não é por causa de bolsa que você vai deixar de

fazer aquilo. (Usuário sem auxílio-07).

Os entrevistados do grupo Usuário com auxílio afirmaram que participariam do Piel

mesmo não recebendo a bolsa. Alguns até já foram usuário sem auxílio num passado recente.

O usuário com auxílio-06 faz uma observação sobre a participação dos estudantes em práticas

esportivas na rede estadual e municipal antes de ingressarem no IFPE, onde eles treinavam sem

ajuda financeira, assim ele procura demonstrar que o gosto pela prática esportiva prevalece e

que se o Instituto não oferecesse essas atividades, talvez, alguns estudantes não tivessem

interesse de estudar no campus.

Na outra escola eu não ganhava a bolsa e mesmo assim não era impedimento pra participar do esporte, no IF não seria diferente. [...] a maioria que

participa dos esportes, participa porque gosta de praticar esporte e se o IF

não tivesse, iriam procurar em outros lugares.

O usuário com auxílio-09 faz um comentário importante sobre a participação no

programa sem o pagamento do auxílio. Para ele, apesar do gosto pelo esporte, o não

recebimento da bolsa pode acarretar uma diminuição da frequência dos estudantes, dependendo

da dificuldade enfrentada pelos mesmos.

Quando o grupo focal dos usuários sem auxílio foi questionado se faria diferença a

participação no Piel com o recebimento da bolsa, a maioria afirmou que faria diferença,

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alegando que esse dinheiro seria utilizado para ajudar a família em casa, para custear as

despesas de frequentar a escola e para comprar material esportivo que auxiliaria na evolução

esportiva.

Faria diferença, ajudaria muito em casa, ajudaria meus pais para não pedir

dinheiro para o transporte, pra alimentação. (Usuário sem auxílio-01).

Ajudaria, porque como minha família não tem muitas condições financeiras

ajudaria em alguma coisa. (Usuário sem auxílio-05).

Se eu ganhasse seria ótimo porque ia ajudar, principalmente na minha

evolução né, porque eu recebendo dinheiro poderia me ajudar a comprar um material, alguma coisa que me ajudaria a evoluir no esporte. (Usuário sem

auxílio-06).

Apesar de reconhecerem que o recebimento da bolsa do Piel faria diferença no seu dia

a dia, os usuários sem auxílio afirmaram que a presença nos treinamentos sem o auxílio

financeiro não é na expectativa de aliar essa participação ao recebimento da bolsa no futuro.

Reafirmaram que a participação é por gostar das atividades esportivas e pelos momentos

proporcionados pelo programa, como: a participação em campeonatos, as viagens, novas

amizades e outros:

No início a gente nunca pensa, pelo menos eu nunca pensei, em ganhar essa

bolsa, sempre foi mais por amor ao esporte, viagem que você faz, vai estar junto com a equipe sempre mesmo que não esteja ganhando a bolsa. (Usuário

sem auxílio-01).

Quando eu entrei no time, eu prometi a mim mesmo treinar recebendo o

auxílio ou não, então, meu interesse maior não foi o auxílio, foi mais ir pra jogos, competições, levando o nome da Instituição a ser reconhecida. Foi

mais o meu foco. (Usuário sem auxílio-03).

A evasão escolar e a repetência são problemas presentes no sistema educacional

brasileiro em todas as suas modalidades de ensino, inclusive no ensino médio integrado à

educação técnica e profissional. De acordo com as pesquisas apresentadas, Dore e Lüscher

(2011) conclui que a condição socioeconômica do estudante é a principal responsável pela

evasão e/ou fracasso escolar, em todos os níveis de ensino. Isto posto, considera-se que a

condição econômica dos alunos pode influenciar na sua permanência e no seu desempenho

escolar. Logo, pode-se destacar que as ações da assistência estudantil assumem papel

importante em intervir positivamente nesses indicadores. Ao instituir o Pnaes, o governo

reconhece que a condição socioeconômica é um elemento importante para a permanência e para

o bom rendimento escolar de pessoas das classes populares. O Pnaes em seu Art 4º no Parágrafo

único enfatiza que

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As ações de assistência estudantil devem considerar a necessidade de

viabilizar a igualdade de oportunidades, contribuir para a melhoria do

desempenho acadêmico e agir, preventivamente, nas situações de retenção e evasão decorrentes da insuficiência de condições financeiras. (BRASIL, 2010,

p. 2).

A maioria dos entrevistados nos grupos focais considera que o Piel contribui para a

permanência no IFPE - Campus Pesqueira, porque além do auxílio financeiro ofertado para

alguns participantes, que contribui nas despesas com o transporte, alimentação e material

escolar, a própria oferta do esporte é um grande motivo para manter o estudante no campus.

Nas atividades esportivas e de lazer, adolescentes e jovens encontram prazer, diversão,

promoção da saúde e a possibilidade de fazer amigos e, porque não, uma perspectiva de seguir

uma carreira profissional. São atrativos que podem influenciar na diminuição da evasão escolar.

De acordo com alguns participantes, a Instituição tem um ensino que exige bastante do

aluno e a oferta de esportes no campus é um incentivo para continuar no Instituto. Alguns alunos

têm o esporte como uma prática que ajuda a aliviar um pouco essa cobrança. A seguir, algumas

falas dos entrevistados:

Pra mim dá estabilidade aqui, porque querendo ou não, são gastos. Conheço

pessoas também que com o auxílio vem e volta em termos de transportes que paga, pois não tem disponível pela prefeitura e ajuda muito. (Usuário com

auxílio-04).

Bom, na minha opinião contribui sim [...], a vida acadêmica dos alunos daqui

não é tão fácil, é uma coisa pesada, digamos assim, então nas horas que nós temos aulas vagas, então, esses esportes seriam um complemento a mais para

que a gente venha se adaptar mais ainda a instituição, pra que a gente não

venha a desistir, não por conta de não ter o esporte, mas pelo fato da gente querer algo a mais que venha nos incentivar está aqui dentro a cada dia.

(Usuário sem auxílio-03).

Contribui, pelo fato de gostar do esporte e gostar de praticar e não ter que

procurar fora porque já tem no próprio instituto. (Usuário com auxílio-06).

Sim, porque se fosse só para estudar ia ser um pouco cansativo e o esporte ajuda a aliviar a pressão. (Usuário com auxílio-10).

Dois participantes dos grupos focais se posicionaram contrários a essa concepção de

contribuição do Piel para a permanência no Instituto. Para eles, o Piel não contribui com a

permanência, o que contribui é a qualidade do ensino da instituição:

Não, não contribui muito não, porque não estou aqui só por isso, estou por professores que são bons, por ser um bom colégio, que aqui é, e o esporte é a

prática, é um lazer pra mim. (Usuário sem auxílio-01).

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Pra mim, no meu caso, tendo ou não o auxílio, eu continuaria na instituição, por ser uma instituição federal onde tem os melhores professores, tem a

melhor estrutura da região, como sou daqui então, transporte, alimentação

não é um problema muito grande pra mim, então eu, com ou sem auxilio, continuaria na instituição. (Usuário com auxílio-01).

Já sobre a contribuição do Piel para o êxito escolar, os entrevistados do grupo focal dos

usuários sem auxílio afirmaram que o programa pode contribuir ou não para o êxito escolar e

apenas 01 (um) considerou que o Piel contribui para a melhoria do rendimento escolar.

Um dos motivos para que quase todos entrevistados deste grupo se posicionassem dessa

forma se deve à questão dos horários dos treinamentos. Este momento é definido de acordo

com os horários de aulas dos usuários com auxílio; assim, acontece que os estudantes sem

auxílio que querem participar dos treinamentos de uma determinada modalidade esportiva terão

que se adequar a esses horários e que muitas vezes chocam com seus horários de aulas.

Pra ser sincero, eu acho que às vezes ajuda e às vezes atrapalha, porque tem

certos momentos que você vai precisar ficar ausente daquela aula, de algumas

aulas, pra praticar esportes e, é claro, que muita gente vai preferir praticar esportes a estudar, porque muita gente, se todo mundo disser que estudar é

legal, é melhor que praticar esporte, vai está mentindo, então se você tiver a

opção de praticar esporte e ir pra aula, muita gente, eu acho que 90% vai

preferir praticar esportes se ela gostar de esportes, então em certos pontos ajuda e em outros atrapalha. (Usuário sem auxílio-06).

Esse negócio de algumas vezes sair da aula pra poder treinar e nessa parte

que ele tocou tem alguns professores que não gostam muito disso, não querem

você lá e às vezes isso atrapalha você e sua relação com o professor e faz com que vocês não se deem muito bem. (Usuário sem auxílio-07).

O usuário sem auxílio-04 fez uma observação bastante interessante, que ao surgir essa

situação de conflito, em escolher o estudo ou o esporte, até quando o aluno escolhe o primeiro,

seu rendimento na aula pode não ser o melhor, pois a concentração na aula é prejudicada pelo

fato de saber que naquele momento ele poderia estar participando de uma atividade considerada

prazerosa por ele mesmo.

Só complementando o que os demais falaram, tem as partes que ajuda e tem

as partes que atrapalha, por exemplo, no caso da aula que você pode ter o treino, que você quer participar do treino e tem uma aula importante e o

horário bate, neste caso não tem como você ficar em conflito entre um e outro,

você tem que escolher o que é melhor pra você, o que é essencial, que a gente sabe que é o estudo, então a gente vai deixar de fazer o que a gente gosta e

vai estar na aula. Portanto, nisso vai atrapalhar, porque você vai estar na

aula e pensando que podia está em outro lugar que no caso era o treino, por

essa parte atrapalha. (Usuário sem auxílio-04).

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Para os entrevistados sem auxílio, a contribuição pode vir quando a Instituição cobra do

estudante que, para participar do Piel, ele terá que ter um bom rendimento escolar, assim o

discente não poderá se descuidar dos estudos:

Em alguns pontos ajuda, por quê? Se a instituição te cobra que você para

praticar aquele esporte você se dê bem nos estudos, então é lógico que você

vai ter que estudar para praticar esporte [...]. (Usuário sem auxílio-06).

Já os entrevistados do grupo dos usuários com auxílio consideram que o Piel contribui

sim, com o bom rendimento escolar dos participantes. Como o edital coloca como um dos

critérios de inscrição e permanência no programa a aprovação em mais de 50% das disciplinas

cursadas no período anterior, o estudante que quer receber o auxílio terá que se dedicar aos

estudos para atingir a meta mínima de aprovações.

Acho assim, é certo o que está no edital, se você reprovar é porque alguma coisa está dando errado, alguma coisa está lhe atrapalhando, não tem

condições, é pra melhorar, progredir e não diminuir. (Usuário com auxílio-

04).

Eu acho que de certa forma sim, no sentido de o aluno com receio de perder a bolsa vai focar um pouco mais em estudar [...]. (Usuário com auxílio-05).

Com a ajuda você fica mais focado para não acabar perdendo a bolsa.

(Usuário com auxílio-07).

Contribui, eu estava recebendo o auxílio e estava desleixado para estudar,

quando foi agora nesse último ano perdi de ganhar o auxílio porque estava reprovado aí comecei a estudar, mas passei e agora estou concorrendo de

novo para receber o auxílio. (Usuário com auxílio-10).

O usuário com auxílio-09 é o único que considera que o rendimento escolar não deveria

vir por imposição de um programa que beneficia alguns usuários, mas sim pela disciplina que

o esporte pode proporcionar ou pela orientação do responsável pelos treinamentos e levar isso

para dentro da sala de aula, ter o esporte como uma ferramenta que ajude no processo de ensino-

aprendizagem.

Eu acho assim que aumento do rendimento escolar deveria vir pela disciplina do esporte, você tem o treino, você tem o treinador, você tem que seguir regras

e está interagindo em comunidade ali, você tem que seguir certos limites, daí

levar esse contexto para a sala de aula, o contexto da disciplina, a pessoa

fazer o que tem de fazer independente da vontade dela, o rendimento tem que vir daí e não forçar o aluno com "um espeto" para dizer: “olha, estuda se não

você vai perder o dinheiro”. (Usuário com auxílio-09).

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7.2 Como os docentes e coordenadores do Piel relacionam a prática esportiva e o

rendimento escolar

Os entrevistados do grupo usuários com auxílio afirmaram, em suas falas, que até 2015

o acompanhamento do rendimento escolar não era feito pelos responsáveis do programa. Os

usuários com auxílio que tinham um fraco rendimento escolar permaneciam no programa, pois

não havia o monitoramento. Porém, no ano de 2016, a DAE – Pesqueira iniciou esse processo

de acompanhamento e alguns estudantes tiveram suas inscrições no Piel indeferidas por não

atender ao critério de aprovações no período anterior.

Não existia isso, tanto é que no começo, mesmo sem ganhar o auxílio eu praticava o esporte e acabei reprovando, porque eu só me dedicava ao

esporte e tinha muitos colegas meus que ganhavam o auxílio, mas não se

dedicavam aos estudos, só se dedicavam ao esporte e assim acabavam reprovando e daí nunca aconteceu nada, nunca perderam o auxílio, nem

nada, mas agora a instituição está com essa preocupação do aluno ser tão

bom nos esportes quanto nos estudos. (Usuário com auxílio-01).

Sobre o acompanhamento do rendimento escolar do usuário do Piel, metade dos

entrevistados afirmou que existe uma cobrança nos treinos para um melhor rendimento escolar,

a outra metade negou essa cobrança. Um dos motivos para que alguns responsáveis não tratarem

o tema pode vir da falta de uma diretriz quanto à conduta dos responsáveis frente a essa questão.

Outro motivo pode ser o sentimento de incapacidade para abordar o estudante quanto ao seu

rendimento em sala de aula.

Pelo menos o meu treinador sempre me procurou pra saber a questão de como é que eu estou nas disciplinas, porque, na maioria da vezes ele sempre

complementava que a gente deveria estar bem nas disciplinas e tal. [...] ele

sempre me orientou, ele sempre se preocupou, não é à toa que sempre ele estava me perguntando como é que eu estava na escola e para eu poder

treinar, ele sempre exigia algo de mim na questão dos estudos. (Usuário sem

auxílio-03).

Sim, tem alguns professores que realmente se preocupam, não somente com

o seu desenvolvimento no time, mas com sua formação acadêmica, mas tem outros que não estão nem aí, só quer saber de você lá no time e pronto

(Usuário sem auxílio-07).

Não cobra. Acho assim, quando o professor que está ali treinando, ele está

pensando naquela hora, está pensando em você evoluir como atleta, em você ganhar jogos e não pelo lado do estudo. (Usuário com auxílio-06).

O usuário com auxílio-09 acredita que a falta de cobrança por parte de alguns

responsáveis pelos treinamentos das modalidades esportivas pode estar relacionada com a

diretriz do edital sobre o indeferimento da inscrição no caso de um rendimento escolar fraco.

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Nesse caso, como o estudante está ali treinando, supõe-se que ele teve um bom rendimento

escolar e que por isso não teria necessidade de cobrar algo nesse sentido:

Em relação ao rendimento acadêmico, talvez os treinadores não cobrem o

rendimento acadêmico, porque vocês estão inseridos devido aos requisitos do programa bolsa atleta, se vocês não reprovaram muito e podem estar no

programa bolsa atleta, então não tem muito problema acadêmico, deve ser

por isso que os treinadores não são, digamos assim, aconselhados ou orientados a cobrar esse tipo de rendimento do atleta.

Já com relação à formação cidadã, os entrevistados relataram que boa parte dos

responsáveis pelos treinamentos das modalidades esportivas do Piel aborda e orienta para esta

formação. As conversas são sobre violência, drogas, álcool, gravidez precoce, respeito, entre

outros. Alguns reservam um momento do treino (normalmente no final das atividades) e

realizam uma roda de diálogo sobre algum problema que surgiu durante o treino ou sobre os

temas citados acima. Há uma preocupação em orientar, educar, formar alunos críticos,

pensantes e cidadãos éticos.

7.3 Sobre os docentes que atuam no Piel

O Piel, em seu edital 2016, abriu espaço para outros sujeitos treinarem os estudantes

beneficiados pelo programa; neste caso, os treinamentos podem ser realizados por docentes do

campus que não sejam da área de Educação Física, técnico-administrativos do campus,

estagiários de Educação Física e voluntários (pessoas da comunidade externa), desde que seja

comprovado conhecimento aprofundado na modalidade esportiva na qual o mesmo pretende

ser o responsável.

Esse espaço existe devido à grande demanda por parte dos estudantes em querer

participar de atividades esportivas e ao quadro de professores de Educação Física ser pequeno.

Só havia um professor que estava realmente dando aula na área de educação

física, um era diretor, me parece que era o diretor ou estava numa outra

função e o outro, o terceiro, estava saindo do Instituto, então não havia como esse professor que estava dando aula se responsabilizar por isso, e ai algumas

estudantes me pediram para participar, para ajudá-las e ai comecei a treiná-

las há 3 anos atrás. (Entrevistado-04).

A ideia é que estes sujeitos, que não são professores de Educação Física, desenvolvam

as atividades sob a supervisão e orientação do professor de Educação Física, que não ministra

o treinamento, mas fica responsável pela modalidade esportiva.

O Entrevistado-06 destaca a contribuição de professores de outras disciplinas e de

técnicos-administrativos dentro do Piel:

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Um professor que é de outra disciplina, de filosofia, mais que tem uma

habilidade (kickboxing), e que treina isso já algum tempo, ajudou com o

treinamento e você tem aí um professor de educação física dando um suporte, mas você tem também um professor que tem uma habilidade diferente para

contribuir.

O Piel, ao permitir a participação de pessoas que façam parte da comunidade escolar e

que não sejam um servidor do campus, de acordo com o Entrevistado-06, termina fortalecendo

a relação escola-comunidade:

Você tem um professor de educação física lá de uma escola municipal que

desenvolve alguma atividade de atletismo lá no município, e ele tá precisando

da quadra pra treinar, ele está precisando de nossas instalações para desempenhar um trabalho com alunos que não são os nossos, e a gente

termina montando uma parceria que dá certo, estimula também na relação

escola-comunidade.

A participação da comunidade externa do campus se estende em algumas modalidades

até aos participantes. Numa das modalidades é permitida a participação de estudantes de escolas

da rede estadual e municipal da cidade. Vai depender da situação, mas sempre que possível esse

canal, campus/comunidade, está aberto:

Alguns meninos que queriam jogar e não faziam parte do Instituto, eles

ficaram sabendo que tinha aqui, então vez ou outra chegava um e pedia, como

a gente nunca gostou de excluir, também a hierarquia me pedia que eu falasse com o professor e autorizasse, então ele foi soltando aos poucos, e isso foi

criando um basquete a nível cidade, vamos dizer assim, porque houve essa

integração Instituto – comunidade e foi importante para o basquete (Entrevistado-08).

7.3.1 Experiência esportiva dos docentes ligados ao Piel

Levando em consideração a vivência na área esportiva, todos os responsáveis pelos

treinamentos das modalidades esportivas do Piel já tinham experiência nessa área. Apenas o

Entrevistado-08 tinha uma experiência esportiva como atleta e não como o responsável pelo

treinamento (treinador).

Quando perguntado sobre os treinamentos no IFPE – campus Pesqueira, apenas 02

(dois) entrevistados já realizavam treinamentos com os estudantes do IFPE – campus Pesqueira

antes do Piel. A maioria dos entrevistados só começou a treinar as equipes após o início do Piel.

O início do Piel provocou mudanças, também, no plano de trabalho do professor de

Educação Física, pois a atividade de treinamento passou a ser computada como atividade de

apoio ao ensino. A atividade de treinamento esportivo, antes do Piel, não fazia parte de sua

carga horária, era uma atividade extra ao quantitativo de horas exigidas de trabalho, sendo

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assim, ficava a critério do docente realizar ou não essa atividade. Portanto, os treinamentos

esportivos não eram uma prática comum no campus, até pela dificuldade da permanência dos

estudantes e por não computar como carga horária de trabalho do professor de Educação Física

que quisesse desenvolver esta atividade:

Em geral os professores não costumavam ter, os professores de educação

física, horários reservados para isso, porque não existia essa demanda,

digamos assim, na realidade a demanda existia, mas não existia como executar, porque era difícil fazer o aluno se tornar presente. E aí, a gente não

tinha de forma sistemática e regular, carga horária sendo computada para

esse feito, na carga horária docente. (Entrevistado-06).

7.4 Concepções dos docentes, gestores, técnicos-administrativos, acadêmico e

colaborador externo sobre a utilização do esporte e lazer como instrumento pedagógico

O esporte e o lazer são vistos hoje como importantes instrumentos educacionais devido

ao reconhecimento do seu valor pedagógico e por proporcionar a melhoria da qualidade de vida

das pessoas. Isto posto, o esporte e o lazer podem transformar a escola num ambiente mais

atrativo, além de ser importantes ferramentas pedagógicas, influenciando positivamente na

conduta escolar dos adolescentes e jovens.

A articulação entre Educação, Assistência Social, Cultura e Esporte, dentre outras políticas públicas, poderá se constituir como uma importante

intervenção para a proteção social, prevenção a situações de violação de

direitos da criança e do adolescente, e, também, para melhoria do desempenho

escolar e da permanência na escola, principalmente em territórios mais vulneráveis. (BRASIL, 2009a, p. 25).

Na opinião dos entrevistados, o esporte e lazer podem desempenhar um papel

importante como instrumento auxiliar do processo educativo:

Eu sempre procuro trabalhar junto com o kickboxing, não só a atividade

física, mas também, uma atividade filosófica dentro do kickboxing, onde a

gente prega o respeito, o aperfeiçoamento pessoal, a ética, então é muito importante que você tenha, por exemplo, um respeito pelo seu colega de treino

porque se você machuca seu colega de treino, no treino seguinte não vai ter

ninguém para treinar com você. (Entrevistado-02).

O mesmo entrevistado vê o esporte, de uma forma geral, como uma ferramenta

importantíssima na formação do estudante:

Tem todo um arcabouço que vem junto com o esporte, que não é só está correndo pra cima e pra baixo, executar determinadas atividades. Tem um

conjunto de valores, de práticas que a gente não tem dentro de uma sala de

aula. Em nosso sistema de trabalho, por mais avançado que o professor possa ser, em termos pedagógicos, ele nunca vai contemplar o que o esporte é capaz

de fazer.

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O Entrevistado-08 cita a si mesmo como um exemplo de como o esporte pode ser um

instrumento importante no processo educativo. Foi através da prática esportiva que ele foi

aprendendo valores e condutas:

Como nasci de uma família que não tinha muita estrutura, então

consequentemente todo mundo trabalhava, então numa educação de uma

família onde todos estão praticamente na rua, pai e mãe trabalhando, você praticamente isenta dessa educação e foi através do esporte que eu fui vendo

nos outros, nos amigos, nos professores, a maneira mais certa de se expressar,

de saber entrar, de saber sair, você ter uma vida.

7.5 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre o Piel

Os entrevistados afirmaram que o Piel é muito importante dentro do IFPE - campus

Pesqueira e vários são os motivos alegados por eles. Para o Entrevistado-02, o Piel é relevante

porque é uma atividade fora da sala de aula que leva o estudante a vivenciar diferentes

acontecimentos, a lidar com emoções e leva o aluno a aprender a conviver com essas situações:

É uma outra forma de experiência da atividade educativa e que fica muito

provavelmente marcado no aluno com muito mais força, porque envolve muito o exemplo, a experiência, você desenvolver atividades que é muitas

vezes, que é, elas são as derrotas, são bastantes frustrantes, você tem que lidar

com isso, e vir o outro dia de treinar e persistir isso é muito importante, acho

que prepara melhor o aluno para a vida.

Outro motivo apontado pelos entrevistados é com relação à interação que o Piel

proporciona entre o treinador e os usuários e entre os próprios usuários. Esse contato mais

próximo, devido à peculiaridade da prática esportiva, favorece a criação de um ambiente escolar

mais prazeroso e isso ajuda o jovem a progredir nos estudos. Favorece, também, o surgimento

de novas amizades entre os usuários e uma proximidade maior com o treinador que pode

contribuir na formação cidadã do usuário.

Eu o acho bom, porque tipo, você tem um contato mais vezes com o aluno,

entendeu, podendo ajudar, conhecer os problemas fora da escola,

extraescolar. O esporte, através desse incentivo aí, o aluno frequenta mais, a

meu ver, ele procura mais, ele cativa mais você, procura mais pra conversar, e assim, quanto mais a participação dele nesse ambiente escolar, mais vai

favorecer para o futuro deles no caso. (Entrevistado-03).

Com o Piel, o esporte no IFPE – campus Pesqueira tomou outra dimensão; o programa

passou a garantir ao estudante o direito que toda criança e adolescente tem ao esporte e lazer.

Esse direito é assegurado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em seu Art. 4º:

É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público

assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização,

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à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e

comunitária (BRASIL, 2013, p. 11).

Para o Entrevistado-04, o Piel é um marco dentro da política de assistência estudantil;

para ele, o esporte no campus passou a ser outro após a implementação do programa:

Eu acho que é um marco na história do Brasil, eu acho que dentro disso aí,

dentro dessa área é antes e depois disso, aqui no Instituto, por exemplo, no campus Pesqueira, particularmente, eu acho que foi uma coisa muito

importante, inclusive nós fomos os primeiros dos Instituto de Pernambuco,

nós fomos o primeiro campus e foi uma coisa assim sem precedentes, eu acho que houve um avanço muito grande em relação a isso e é uma marco porque

acredito que não tem como retroceder, seria um crime contra o desporto,

contra a educação, fugindo dos programas sociais até, regredir, acho que a

tendência deveria ser progredir, melhorar a cada dia.

O Piel se torna importante também, segundo o Entrevistado-05, por possuir alguns

critérios que induzem à permanência e ao êxito escolar do estudante:

Eu acredito que seja importante, porque com esses critérios de permanência

de tá cursando no mínimo três disciplinas, e não ter mais que 50% de

reprovação, eles vão ficar mais atentos, então eles vão tentar conciliar e vão

conseguir, porque é possível conciliar os estudos e o programa [...].

O Entrevistado-06 concorda que o Piel possa ser um dos programas que colabore para

a permanência e êxito escolar do estudante, porém ressalta que não se pode jogar toda essa

responsabilidade apenas no programa, pois as realidades individuais dos estudantes são

diferentes e muitas vezes fica difícil atender às dificuldades de cada um.

É um dos programas que pode melhorar bastante a permanência, a vida

acadêmica do estudante e o êxito dele na instituição, mas precisa ser analisado o perfil desses estudantes, as necessidades individuais, o que não é

tarefa fácil, você ter turmas de 40 alunos, 35 alunos e você ter que identificar

as necessidades de cada um que não são poucas né, pra poder melhorar esses

aspectos, mas eu acho que se a gente for pensar só em dificuldades a gente não evolui e o acompanhamento mesmo que esteja sendo feito de forma

mínima, mas a gente consegue mudar a vida de muita gente.

O Piel também proporcionou uma melhora nos resultados das equipes esportivas do

campus Pesqueira nos campeonatos disputados entre os Institutos Federais. Tomando o ano de

2015 como exemplo, na fase estadual dos jogos, chamada de INTERCAMPI, o campus

Pesqueira foi primeiro lugar nas modalidades voleibol masculino, futsal masculino, basquete

masculino, tênis de mesa masculino, atletismo masculino (corridas 1.500m e 5.000m) e judô

masculino e feminino. Nas modalidades que o campus tinha estudantes/atletas inscritos, apenas

no xadrez não esteve entre os 03 (três) primeiros colocados. Com esses resultados, o campus

Pesqueira foi a segunda maior delegação, com 30 alunos, representando o IFPE na Etapa

Regional dos Jogos no Rio Grande do Norte, ficando atrás apenas do campus Recife. Segundo

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os entrevistados, após o início do Piel, o campus Pesqueira vem a cada ano se destacando mais

nestes campeonatos.

O Entrevistado-08, em sua fala, afirma que essa melhora dos resultados esportivos

pode estar atrelada ao compromisso firmado, através do recebimento do auxílio, e o receio em

poder perdê-lo caso não se dedique aos treinos.

A gente melhorou bastante os resultados quando a gente foi incorporando e entrando nesse tipo de política, esse tipo de auxílio que foi dado, então eu

digo por aqui, a gente tinha alunos e ainda tem hoje, que às vezes não tem

nem o que comer direito, mas por conta daquele auxílio, ele chega animado, ele faz tudo com maior empenho, até porque acho que ele ver em mim, na

própria instituição, o medo de perder, então eles por não quererem perder ele

faz tão bem feito, se esforça tanto com medo de perder esse auxílio, então é

mais importante do que a gente pensa, porque ele não vai só pra quadra, ele tem inúmeras consequências fora que às vezes a gente nem sabe, mas

beneficia muito, bastante mesmo.

Apesar de não participarem dos jogos dos Institutos, o kickboxing e o badminton têm

grande importância dentro do Piel. Constata-se que o programa não está preocupado em

oferecer apenas modalidades esportivas que estão presentes nos jogos ou as mais comuns do

cotidiano, mas sim, diferentes esportes, que muitas vezes têm acesso limitado ou negado em

determinadas localidades por terem um custo elevado ou por não terem uma grande divulgação

da mídia.

Como citado acima, o kickboxing, um esporte pouco conhecido e pouco acessível ao

público da região e que não faz parte dos jogos, porém, é um esporte de combate que atrai

muitos estudantes para sua prática e que tem uma imensa contribuição na formação para a vida:

Por mais que a gente ensine técnicas de lutas não é para você combater na rua ou em qualquer lugar que seja, não é para tornar ninguém violento, muito

pelo contrário, é para fazer com que as pessoas tenham autocontrole numa

situação de risco e isso envolve, por exemplo, em não fazer nada diante de uma situação e que muitas vezes resolve a maior parte dos problemas, você

não entra numa situação de risco porque você tem controle para não fazê-lo

e isso é muito importante. (Entrevistado-02).

A luta é pouco praticada nas escolas, são conteúdos negados aos estudantes, pois são

vítimas de preconceitos, como a sua relação com a violência cotidiana. Devido ao pouco

conhecimento sobre lutas, alguns problemas surgiram com a implantação do kickboxing no

campus Pesqueira, um deles foi a dificuldade em ministrar aulas com os meninos e as meninas

juntos:

Quando eu cheguei tinha uma turma masculina e uma feminina, porque as

meninas não queriam treinar com os meninos (risos) e fizeram lá o maior

rebuliço, conversaram comigo várias e várias vezes, querendo o treino só para as meninas e durante uns 6 meses, ministrei treinos para os meninos e

para as meninas, ficava muito pesado pra mim eu por ter que ministrar 2

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treinos de 1h30, nos intervalos das minhas aulas, então eu saía correndo da

aula, ministrava e entrava no treino muitas vezes fiquei sem lanchar,

principalmente jantar, porque era um horário mais curto, pra poder dar conta disso. E fui convencendo elas de que a atividade podia ser em conjunto.

(Entrevistado-02).

De acordo com as falas dos entrevistados, as contribuições do Piel não se resumem em

assegurar a permanência do estudante e promover um melhor rendimento escolar. Diante do

que já foi exposto constatam-se outros benefícios proporcionados pelo programa, como: a

melhoria do comportamento dos usuários; a interação entre os estudantes de diferentes turmas;

a criação de novas amizades; atrair estudantes de outras redes para estudarem no Instituto; a

propagação do esporte; estimular o aluno a seguir uma carreira na área de educação física, por

conta da sua identificação com a área esportiva e o fortalecimento da imagem do campus como

uma instituição que promove o esporte escolar.

A melhora comportamental dos usuários é um dos benefícios que o Piel proporciona.

Porém, no decorrer desse tempo, alguns casos de comportamento inadequado aconteceram. Um

dos casos envolve uma atitude antiética por parte dos usuários e a medida disciplinar imposta

pela DAE – Pesqueira foi a exclusão do programa:

O ano retrasado (2014), nós tivemos aqui alunos que vinham assinar frequência que ficava lá na sala do futsal, então você só recebe depois que

todos assinarem a frequência. Então se um não estivesse vindo assinar a

frequência e realmente estivesse faltando ao treino, um falsificava a assinatura, então quando foi descoberto todos eles foram chamados e os que

colaboraram que sabiam da assinatura, da falsificação da assinatura e os

demais que fizeram isso, fizeram por onde assinar, foram punidos com a expulsão do programa. Então quando isso ocorreu, percebeu-se um zum-zum-

zum dos estudantes, onde ‘o negócio é sério’, então na verdade partiu de um

cabeça, de um estudante que era articulado e praticamente mandava nos

demais, que assim inclusive foi ele quem assinou, mas quando foi descoberto que todos foram chamados, inclusive um atleta que não tinha nada ver, mas

participou da história e não foi nos informar, esse também foi excluído do

programa, então, participaram no próximo edital, mas naquele momento todos foram excluídos, então foi chamado mãe e tudo mais e eles aprenderam,

eles aprenderam e serviram de lição pra os demais e pra todas as outras

modalidades. (Entrevistado-01).

Para os entrevistados, a atividade desenvolvida no Piel contribui na formação do

estudante, cria uma proximidade maior, diferente das aulas em sala, torna a relação

professo/aluno mais próxima. Os “treinadores”, por terem essa proximidade com seus alunos,

estão sempre os orientandos na sua formação para a vida.

A gente sempre para no final do treino, sempre há um momento de reflexão e

muitas vezes a gente dialoga. [...] estamos sempre preocupados com o outro

dentro do nosso treino, fazendo com que o outro progrida e que ele possa nos ajudar a crescer também, e que cada uma ali, especialmente os que sobe de

graduação (kickboxing), tem a responsabilidade que essa bolsa dá, como eu

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tenho com todos eles. Mas essa responsabilidade, ela também é dividida,

porque quando chega um aluno novato, não sou eu que vou dá o treino, é um

aluno já mais experiente pra que ele aprenda a ter paciência, aprenda a lidar com essa situação, pra que ele veja ali que ele, também, precisa aprender a

lidar com o outro de forma paciente, eu acho que isso contribui bastante na

formação enquanto cidadão. (Entrevistado-02).

No treinamento, lá, no dia a dia quando nós treinávamos a gente estava

sempre trabalhando com elas, além da parte física, da parte técnica, da parte tática do futsal, pelo fato de estar trabalhando com jovens [...], então, sempre

fazíamos palestras, tirávamos alguns momentos pra conversar sobre drogas,

sobre sexo, sobre filhos de mães solteiras, sobre a relação com os pais, a relação com irmãs, com irmãos, então a gente tinha também essas conversas,

muitas vezes provocadas por elas mesmas [...]. (Entrevista-04).

Como se pode ver, para os entrevistados são várias as contribuições proporcionadas pelo

Piel, por isso, eles acreditam que o Piel já esteja consolidado no Instituto e não tem como

retroceder em relação ao desenvolvimento do esporte e lazer no campus. Para eles, seria difícil

acabar com o Piel, até porque é um programa bem visto dentro do campus, respeitável, e vários

alunos já contam com esse auxílio. Acreditam que a tendência seja ampliá-lo ainda mais,

buscando beneficiar mais alunos e oferecer outros esportes:

Como é muito positivo, se chegar a acabar vai ser uma decepção até para os

próprios alunos. Como os alunos começaram já a depender um pouco desse dinheiro, já sabe que vai ter esse dinheiro por mês, já começa a se organizar,

auxilia até nos recursos financeiros deles, quanto é que eu posso gastar?

Quanto eu não posso? Quanto é que vai dá pra me manter na escola durante o mês? Aí tipo, se acabar isso ai, vai ter uma rejeição muito grande, eu

acredito que não deva acabar esse programa não. A tendência é assim, é

regulamentá-lo, assim, para que possa atender cada vez mais alunos, não ser

tão limitado, não sei, buscar políticas que amplie mais ele, atender o máximo de alunos possível. (Entrevistado-03).

É um marco porque acredito que não tem como retroceder, seria um crime

contra o desporto, contra a educação, fugindo dos programas sociais até,

regredir, acho que a tendência deveria ser progredir, melhorar a cada dia (Entrevistado-04).

Já para o Entrevistado-07, o único problema do Piel é não ter segurança na sua

continuidade a cada ano que se passa:

Um dos principais problemas, é não ter a certeza da continuidade. [...] não

tenho conhecimento político de que isso seria uma coisa que ficaria

assegurada, mas torço muito que fique, torço muito que seja uma coisa que virasse uma obrigação, entendeu, uma determinação.

Para o Entrevistado-01, o programa é garantido no campus Pesqueira, mas não é no

IFPE: "No IFPE não. No campus Pesqueira acredito que sim".

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O Entrevistado-05 ratifica que o Piel é consolidado no campus Pesqueira, mas não é

nos outros campi do IFPE:

Sim, acredito que sim (que seja consolidado no campus). Inclusive esse ano

com essa questão orçamentária e pelas reuniões que eu participei em nenhum momento disseram, vamos tirar, em outros campi até ficou assim: ‘ah a gente

está sem recursos, não vamos ter o esporte e lazer’.

Porém, sua consolidação não garante uma verba certa para pagamento dos auxílios, pois

vai depender da demanda de outros programas com maior prioridade, como o Programa Bolsa

Permanência e o Programa de Extensão: "[...] os recursos têm que ser destinados primeiro para

o bolsa permanência, depois pro programa de extensão e por último o programa bolsa atleta

(risos)" (Entrevistado-01).

Apesar de ser o último a ter os recursos destinados, o Piel foi o segundo programa que

mais recebeu dinheiro, no ano de 2015, dentro da Política de assistência do campus Pesqueira.

De acordo com a prestação de contas de 2015 do campus Pesqueira, o Programa Bolsa

Permanência (PBP) foi o que mais recebeu recursos, com um orçamento executado de R$

988.060,00 e em segundo lugar foi o Piel com o orçamento executado de R$ 98.184,80. Em

2016, com R$802.600,00, o PBP continuou recebendo a maior fatia do orçamento para a

assistência, já o Piel, com a redução do seu orçamento, passou a ser o quarto programa que mais

recebeu recursos, sendo ultrapassado pelo PROEJA e pelo PIBEX. Nota-se, de acordo com os

dados apresentados, que o PBP é o principal programa executado dentro da política de

assistência estudantil no IFPE - Campus Pesqueira.

O Entrevistado-01 reafirma a consolidação do Piel no campus, pois ele desde o início

do ano letivo é cobrado pelos alunos e pelos gestores:

É consolidado, inclusive é cobrado, sempre que se inicia ano os estudantes já caem em campo querendo saber se vai haver o programa ou não. [...] ele só

fica por último por questão de recursos, mas que ele é um dos primeiros

programas onde os diretores, o Diretor Geral e o Diretor de Ensino, pedem que já veja, que lance o edital, por quê? Porque a gente sabe o quanto ele

ajuda os estudantes [...].

Tanto o Entrevistado-01, como o Entrevistado-05 colocam em suas falas a

possibilidade do programa acontecer sem o pagamento do auxílio, mais um motivo para eles de

que o programa nunca vai deixar de acontecer.

[...] e mesmo que não consiga bolsa é lançado como voluntário e tem

estudantes já pra isso mesmo. (Entrevistado-01).

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Mesmo se não houvesse recurso eu acredito que como voluntário ainda assim

daria certo, porque o pessoal já conhece e é um programa muito interessante.

(Entrevistado-05).

De acordo com o Entrevistado-01, diante de todas as benfeitorias advindas com o Piel,

o mesmo passou a ser bem aceito pelos docentes do campus. Os professores de outras áreas,

inicialmente, não acreditavam no programa, mas na presença de bons resultados, hoje apoiam

o desenvolvimento do Piel:

antigamente, inclusive, alguns professores de outras áreas diziam que o

programa não iria ter um futuro, talvez não ajudassem os estudantes e hoje

em dia vários professores já aplaudem o programa e ver que realmente tem futuro.

O mesmo entrevistado lembra que o pensamento dos professores de outras áreas era o

seguinte: "Em vez de você alocar recurso para estudante jogar bola, deveria alocar recursos

para o estudante monitor, que vai tá ali na monitoria". Mas a opinião mudou com o passar do

tempo, pois os mesmos começaram a perceber os benefícios:

[...] professores que achavam que deveriam ser para a monitoria começaram a aplaudir e dizendo que realmente, houve uma melhoria. Porque estes

estudantes, participantes do programa, eles tendem a melhorar em sala de

aula, seja em qualquer outra matéria, física, química, matemática, então eles têm um poder de concentração maior, eles passam a ter concentração,

compreensão, ficam melhores na sala de aula, sendo até mesmo um certo,

‘ídolo’ dos outros estudantes.

7.6 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre políticas sociais e assistência estudantil

Ao iniciar esse tópico, é importante trazer o conceito de Políticas Sociais. Gentilli utiliza

Trotta para explicar que as políticas sociais estão ligadas a uma

Expressão tradicionalmente consagrada como referente a ações

governamentais dos Estados modernos tendo em vista atender a redução das

consequências da pobreza em diversas áreas de serviços, como educação, saúde, habitação, previdência etc. Essas ações visam equacionar, em alguns

casos, ou minimizar, em outros. (GENTILLI, 2007, p. 77-78 apud TROTTA,

2010, p. 83-84).

Porém, muitas vezes programas desenvolvidos pelas políticas sociais surgem com

propósitos que se desvinculam do seu real objetivo. A prática assistencialista ou o atendimento

a um público não vulnerável são alguns dos problemas percebidos.

Durante a entrevista, o Entrevistado-05 alerta para alguns desses problemas. Para ele,

o grande problema das políticas sociais no Brasil, atualmente, é o favorecimento a algumas

pessoas que não necessitam dessa política, a desonestidade e a corrupção:

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Fica difícil fazer uma análise sobre essa questão da política social no Brasil,

mas assim, a meu ver, eu acho que precisaria tanto por aqui da nossa política,

quanto no geral, na questão Brasil, eu acho que deveria ser mais criteriosa porque tem muita injustiça, eu acredito que tem muita gente fora dos critérios

pra está recebendo aqueles benefícios, então assim a política deveria ser

reestruturada pra que atendesse, sim, a população que necessita e não

daquela forma que sempre acaba caindo né, do favoritismo, de escolhas, questão política.

Surge em 2010, através do Decreto nº 7.234, de 19 de julho, do Ministério da Educação,

o Pnaes. De acordo com os entrevistados, a assistência estudantil antes do Pnaes existia, mas

de forma mínima, tímida. Não existia uma organização voltada para a assistência ao estudante,

o que havia eram alguns programas com pouca amplitude dentro do campus, atendendo poucos

discentes. Seguem as falas dos entrevistados sobre a situação vivenciada antes Pnaes:

Na realidade, praticamente não existia, você não tinha, por exemplo, como

eu já fui estudante daqui, você precisava de uma viagem, o professor dizia: olha vamos ter que ir para Paulo Afonso, falando como ex-aluno, o ônibus

vai custar x, o rateio entre os estudantes e os pais é que custearia essa viagem

[...]. [...] você ir daqui a Belo Jardim pra fazer, olhar, aprender alguma coisa diferente na escola de lá, ir pra um congresso, alguma coisa, você não ia,

você não tinha. Então após o Pnaes, onde foi liberada a questão da

assistência ao estudante, aí sim, houve uma melhoria e daí os alunos

conseguiram (ter assistência). (Entrevistado-01).

(O Pnaes) Traz para o Instituto, de uma maneira formal, já que existe um decreto, atividades que sempre foram feitas. Eu fui monitor na faculdade, mas

não tinha esse processo já estabelecido, então eu trabalhei como monitor de

graça, eu mesmo precisava do auxílio e não tive. Teria me facilitado muito, adquirido livros, materiais para estudos, pagar minhas passagens.

(Entrevistado-02).

Não (não existia). O que existia eram algumas monitorias, alguns alunos que

tinham um auxílio, aí se inscrevia, não lembro bem como era o processo pra ingressar nisso, não sei se era pelo poder aquisitivo, não sei qual era o

critério, mas a meu ver, acredito que o critério era esse mesmo, quanto mais,

assim, o poder aquisitivo baixo, você tinha esse auxílio pra participar tipo, uma atividade, por exemplo, se você estudava no turno da manhã, você fazia

outra atividade no turno da tarde, auxiliando num dos laboratórios por

exemplo. (Entrevistado-03).

Tinha bolsa permanência, salvo engano, já havia a bolsa permanência, mas

era como se fosse uma amostragem, alguns alunos, hoje nós temos uma amostragem dos que não se inserem. Tinha, me parece que, alguma coisa na

área de pesquisa, não sei se algum programa na área de extensão, mas era

algumas coisas fortuitas, que aparecia um programa ou outro como se fosse uma amostragem mesmo. (Entrevistado-04).

Segundo o Entrevistado-06, a assistência era muito precária, o valor recebido para essa

finalidade era muito pequeno, inviabilizando, assim, a criação de programas:

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Era uma coisa extremamente precária, a gente tinha um recurso mínimo que

era destinado aos campi [...], então esse recurso, claro que não dava pra

gente criar esse tipo de programa, a gente utilizava ele para questões única e exclusivamente de benefícios eventuais [...], coisas muito, muito essenciais e

básicas para que o estudante pudesse desenvolver as suas atividades didático-

pedagógicas.

O entrevistado cita a compra de óculos e/ou de próteses dentárias como alguns dos

benefícios eventuais concedidos aos alunos. O mesmo entrevistado lembra que, após a

publicação do Pnaes, surgiram vários programas, graças ao aumento de recursos para essa ação:

Depois do Pnaes eu acho que a gente com esse incentivo, começou com os

programas aluno colaborador, com os programas de bolsa atleta (hoje o Piel), bolsa de arte e cultura, programa de cerimonial e eventos, nós tivemos

também a oportunidade de consolidar os programas de bolsas de monitoria,

as bolsas do clube de astronomia, clube de matemática, então foram ações

que se tornaram possíveis devido aos recursos mais volumosos com as ações prioritárias do Pnaes.

Os campi agrícolas passaram a fazer parte dos Institutos Federais com a Lei nº

11.892/08, que instituiu a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

Nestes campi já existia uma política de assistência ao estudante pelo fato do aluno estudar num

regime de semi-internato ou internato, mas não era uma assistência com pagamento de auxílio

financeiro, segundo o Entrevistado-06; era uma assistência que disponibilizava uma estrutura

para que o aluno pudesse estudar nos regimes citados:

Os campi agrícolas quando se juntaram em termo de institutos no final de

2008, eles já tinham alguns tipos de incentivo, de desenvolvimento de

esportes, por exemplo, que é necessário. Então você imagina um aluno que mora na instituição, você tinha que fazer alguma coisa pra ele passar o tempo,

então eles já tinham algum tipo de incentivo, mas que não era um incentivo

financeiro, era mais um incentivo de que? Você dar uma alimentação adicional, você dar também ao professor uma carga horária reservada para

que ele desenvolvesse um programa de esportes e lazer, montava-se academia

nos campi, a exemplo do Campus Belo Jardim, então, tinha um material esportivo adicional para que os alunos pudessem jogar suas peladas, fazer

seus treinos de atletismo, essas questões para que eles pudessem passar o

tempo, já que praticamente eles moram na instituição. (Entrevistado-06).

E apesar do Pnaes só citar os estudantes da graduação como beneficiários desta política,

no campus Pesqueira a maioria dos recursos, no início da política, eram destinados aos

estudantes do nível médio, até pelo fato de haver poucos estudantes do curso superior no

campus naquele momento:

Na nossa cultura de ensino superior, até alguns anos atrás, até pouco tempo

atrás, ela se resumia ao campus Recife, com cursos superiores de tecnologia,

e aí foi se consolidando, criando cursos superiores no Instituto, de uma forma mais volumosa, digamos assim, de 2009 pra cá. Então o recurso da

assistência ao educando, ele foi utilizado, acredito que 80%, eu não tenho

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esse número exato, mas grande parte desse recurso no ensino técnico de nível

médio. (Entrevistado-06).

De acordo com o Entrevistado-01, não existe um direcionamento para um determinado

nível de ensino, na verdade, tudo vai depender da demanda colocada pelos professores e

gestores no início do ano letivo. O Entrevistado-02 acredita que o Pnaes traz uma grande

contribuição para a autonomia do estudante, para a melhoria de sua autoestima:

A gente acha que é um valor pequeno, os meninos recebem R$ 180, R$ 200,

R$ 350,00, mas para eles aquilo é muito representativo, faz muita diferença

em ter a liberdade de poder comprar do seu próprio bolso, de um trabalho

que eles estão realizando, um livro para seu próprio aperfeiçoamento, então isso é fundamental.

Apesar de fazer parte de um dos programas do Pnaes, o Entrevistado-08 tem um

conhecimento raso sobre essa política:

Conheço não, afundo não, só sei o que a gente já praticamente conversou. Só

sei que ele existe que ele é importante, agora nos trâmites externos, como foi

que ele foi lançado, porque e a quem, eu não sei ao certo como ele surgiu.

O mesmo entrevistado sabe, apenas, que existem outros programas no Instituto no qual

o estudante pode participar:

Eu não sei os nomes certos dos programas, mas eu sei que tem, eu sei que os

alunos têm aquelas atividades, dentro da matéria, dentro do que ele está

estudando que ali traz outros benefícios pra eles também.

A concepção dos entrevistados sobre o Pnaes é de que ele é muito importante, pois dá

condições para que o aluno desenvolva melhor seus estudos. Um deles chega a colocá-lo como

um “marco na história do Brasil”.

O Entrevistado-05 reafirma a importância do Pnaes, mas alerta que o mesmo já precisa

de uma reformulação, porque conforme o tempo vai passando tudo vai mudando, uma coisa

que a gente vê hoje, amanhã já é de outro jeito, então tem que rever. Em 2016, o Pnaes

completou 06 (seis) anos e a proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE 04 (quatro)

anos.

Para o Entrevistado-01, um dos principais benefícios trazidos pelo Pnaes é sua

contribuição para a frequência e permanência do estudante no campus; com isso, o índice de

reprovação e evasão tende a cair. Para ele existe uma forte relação entre o Pnaes e a permanência

e o êxito do estudante no campus e quanto maior o aporte financeiro para desenvolver os

programas de assistência, menor vão ser a evasão e a reprovação:

Eu acredito que sem ele (Pnaes), o índice de reprovação, de abandono, seria

maior, por não ter, pelo menos, uma ajuda de custo para vir.

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O Entrevistado-06 concorda com o que foi colocado acima e cita situações que podem

aparecer no dia a dia do estudante que não recebe uma assistência por parte da instituição:

[...] se você não mantêm o estudante na escola com algum tipo de apoio

socioeconômico, com algum tipo de apoio financeiro, você vai fazer com que o estudante, ou precise ajudar em casa pra que o pai dele possa conseguir um

trabalho ou um “bico”, ou então ele mesmo vai ter que arrumar um emprego,

mesmo sendo um aluno de menor (idade), mas ele vai ter que conseguir uma ‘viração’ como a gente diz né, pra complementar a renda familiar, então

termina prejudicando bastante na permanência do estudante no curso.

O Entrevistado-02 espera que o Pnaes consiga ajudar mais ainda o estudante com seus

diferentes tipos de programas:

A minha opinião é que ela [a política de Assistência Estudantil] venha

materializar esse esforço e fazer com que o estudante, ele se envolva, não só com as atividades acadêmicas regulares, mas com atividades esportivas que

trazem aí perspectiva de competividade, de respeito, de trabalho em equipe,

isso é muito importante também, pra que ele consiga se desenvolver de uma forma mais integral e se apegue mais ao processo educativo, não só aquela

atividade meramente em sala de aula, o professor ensina o aluno aprende, é

o que acontece em boa parte dos casos.

A relação do Pnaes com a instituição é bem avaliada. É uma política que não se restringe

a oferecer um auxílio financeiro, mas sim, uma política que evoluiu bastante a noção de

assistência e hoje envolve ensino, pesquisa e extensão para estudantes dos diferentes níveis de

ensino do IFPE:

A política ela tem sido executada de uma forma, eu acredito que, muito

eficiente, produtiva e necessária. A gente tem ampliado muito a questão da

assistência estudantil, agora mesmo, recentemente, a gente mandou vários estudantes para um congresso no Acre, por exemplo, então esses estudantes,

muitos deles nunca saíram dos seus Campi no interior e tiveram oportunidade

de apresentar trabalhos de pesquisa em outro estado, viajar de avião [...], nós

tivemos a oportunidade de mandar estudantes para o fórum mundial em Santa Catarina no ano retrasado (2014), a gente teve a oportunidade de mandar,

também, estudantes para o exterior, para participar de programas dentro das

relações internacionais do Instituto, então são apenas alguns exemplos, mas a coisa, ela tomou uma dimensão que ela envolve ensino, pesquisa e extensão,

um aporte financeiro para participação de eventos, para o desenvolvimento

de práticas pedagógicas. (Entrevistado-06).

Porém, de acordo com o Entrevistado-01, essa relação poderia ser melhor,

financeiramente falando. Levando em consideração os valores pagos nas Universidades

Federais, constata-se que os estudantes do IFPE, especificamente da graduação, poderiam ser

contemplados com os mesmos valores, pois são do mesmo nível de ensino. Então, essa é uma

cobrança que existe hoje no IFPE - Campus Pesqueira:

Nas universidades eu sei que os valores são bem maiores né, porque por

exemplo uma bolsa nossa que nós conseguimos distribuir, porque também nós

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tentamos abranger uma quantidade maior dos estudantes, até porque mais de

90% dos nossos estudantes estão abaixo da renda, então tem direito a uma

bolsa permanência, uma bolsa permanência nossa, a maior hoje, é em torno de R$ 230,00, uma bolsa permanência na Universidade é em torno de R$

700,00 a R$ 1.110,00, então assim, quando você faz referência a uma e outra,

nós estamos batalhando pra que o nosso curso de enfermagem também seja

contemplado com uma bolsa nesse porte, uma bolsa permanência que venha do MEC [...].

O Entrevistado-05 concorda que a relação entre o Pnaes e o IFPE poderia melhorar. A

sua principal crítica é sobre o orçamento que não permite contemplar todos os estudantes que

realmente necessitam dessa política. Atualmente, por exemplo, devido aos cortes no orçamento

da Educação, o orçamento da assistência estudantil foi afetado, o quantitativo de bolsas sofreu

redução e os editais foram modificados não permitindo o acúmulo de programas.

7.7 Concepções dos sujeitos entrevistados sobre a relação entre o Piel e a permanência

na escola

Os entrevistados têm a concepção de que o Piel contribui para a permanência dos

usuários com auxílio. De acordo com eles, a ajuda financeira ajuda bastante para a frequência

do aluno e sua permanência no campus:

Contribui, contribui significativamente, porque como mencionei algumas dessas pessoas não teriam condições de vir pra escola custeando o transporte,

custeando também o lanche, mesmo tendo lanche aqui, servindo lanche aqui,

mas às vezes elas, por morar na cidade, ou melhor, em outra cidade ou na zona rural, algumas não tinham condições de custear, por exemplo, um

almoço ou um transporte vindo pra cá, os pais não tinha condição, porque no

geral as prefeituras dão o veículo e dão um subsídio, mas esse subsídio eles

não pagam, eles dão um subsídio, dão uma contribuição e a outra parte a família tem que custear e se não fosse essa bolsa algumas pessoas teriam

desistido, houve inclusive relatos delas que não estariam aqui ou sairia se não

houvesse esse incentivo, então é muito importante. (Entrevistado-04).

Eu acho que está contribuindo, se é muito ou se é pouco eu não vou saber, mas está contribuindo, dá pra afirmar, está sim, porque a necessidade é muito

grande, a carência da região é muito grande, aí vai entrar naquilo que a gente

falou, cabe ver se a gente premia o aluno certo. (Entrevistado-07).

[...] tinha dois ou três (alunos) por ano que se não fosse o programa ele abandonava a escola de certeza, porque sem o auxílio ele tinha que trabalhar

e a gente fala em trabalhar, acha que é uma coisa de ganhar R$ 1.000,00, R$

2.000,00 e não é, é uma coisa que ele vai trabalhar um mês, praticamente inteiro, e ganhar igual ou até menos do que o auxílio daria. (Entrevistado-

08).

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Na concepção dos entrevistados, o Piel contribui, também, para o êxito escolar dos

usuários com auxílio. Para o Entrevistado-06, o esporte tem um valor muito grande na

formação do cidadão e isso favorece a melhoria do rendimento educacional. Para o entrevistado,

outro fator importante do Piel é o acompanhamento do rendimento que faz com que os alunos

não participem do programa pensando somente na prática esportiva:

Quando a gente tem uma oportunidade de praticar os esportes de uma forma diferente da educação física, constituir uma equipe, viajar, participar de

campeonatos, então essa é uma questão muito importante para o

desenvolvimento dos estudantes e a forma com que a gente também tenta fazer o acompanhamento lá, que o estudante, ele precisa ter um rendimento, manter

seu rendimento acadêmico, impede aquele aluno que só quer treinar, ele visa

também coibir que o aluno, ele tenha um pensamento de que ele pode relaxar

um pouquinho nas suas disciplinas, nas suas notas, mas aí assim, se ele fizer isso, ele vai terminar perdendo a bolsa, então ajuda a manter também, nesse

aspecto. (Entrevistado-06).

Para o Entrevistado-08, o Piel contribui para o êxito escolar dos estudantes, a partir do

momento em que dá uma ajuda financeira ao usuário, dessa forma o estudante ganha um pouco

de tranquilidade para se dedicar aos estudos:

Contribui, até porque ele, também, já passa a se dedicar mais nos estudos

também, a gente identifica que a reprovação dentro dele (Piel) não é tão grande, dentro do esporte, então eu acho como isso daí traz uma solidez

melhor financeiramente, ele já se dedica um pouco mais nos estudos.

O Entrevistado-02 acredita que o momento dedicado a conversas e orientações são

válidas, pois, na sua opinião, a idade dos usuários ajuda nessa formação cidadã. Por serem

adolescentes e jovens, em sua maioria, os mesmos estão mais abertos à mudança:

A pessoa vai mudando de acordo com o crescimento, e isso ajuda também

porque a gente pega esses meninos, eles não são mais velhos, eles ainda são

jovens, então eles ainda estão abertos a experiência de mudar e isso facilita o nosso trabalho, porque se eles já chegassem mais adultos com a

personalidade mais formada, seria difícil em fazer esse tipo de alteração.

As concepções relatadas acima de que o Piel contribui para permanência e êxito escolar

dos usuários com auxílio corroboram os achados da pesquisa de Ramalho (2013), que teve

como uns dos objetivos analisar a relação entre políticas de assistência estudantil e indicadores

de desempenho educacional. De acordo com a pesquisa, os alunos do ensino médio integrado

bolsistas de programas da assistência estudantil possuem menores índices de abandono e

maiores chances de aprovação comparados com estudantes não bolsistas.

Sobre a motivação do estudante em participar do programa, os entrevistados acreditam

que boa parte dos usuários com auxílio participa do Piel por gostar da prática esportiva e o

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auxílio contribui para aqueles que gostam da atividade e não têm condições financeiras para

frequentar:

Os meninos frequentam os treinos porque eles gostam, realmente, de treinar,

eles adquirem o hábito da atividade física. [...] a bolsa é, como eu mencionei, no caso em que há uma necessidade financeira pra está presente, ela é

determinante, mas mesmo que não tivesse bolsa eles continuariam treinando.

(Entrevistado-02).

Mas, de acordo com os entrevistados, existe uma pequena parte dos usuários que

participa do programa por conta do auxílio. O Entrevistado-07 relata que já escutou de usuários

que só estão participando dos treinos por conta da bolsa. O Entrevistado-08 confirma a

informação de que têm usuários de determinadas modalidades esportivas que só participam do

Piel por conta da bolsa.

Outra situação percebida por alguns entrevistados, e isso acontece com os usuários que

provavelmente não se encaixam dentro do perfil de baixa renda, é que o auxílio é utilizado para

comprar acessórios ou equipamentos (smartphone, colar e outros) que pouco vão auxiliar na

sua permanência no campus ou no seu desempenho escolar.

Levando em consideração o gosto da maioria dos usuários pelas práticas esportivas e

levando em consideração o que foi colocado anteriormente pelos Entrevistados 01 e 05 sobre

o Piel acontecer sem auxílio, seria possível este programa realizar-se sem a oferta das bolsas?

Para o Entrevistado-02, não. Ele acredita que o programa não funcionaria da mesma

forma:

Eu acho que da mesma forma nunca, principalmente pelo contexto que a gente

está inserido, eles precisam de um incentivo, isso é claro. [...] a bolsa atleta

(Piel) vai ajudar as pessoas que tem esse interesse e não tem condições

financeira ou até tentar trazer aquelas também que não tem tanta disposição, mas que com o incentivo elas vão compor o grupo, em alguns esportes

coletivos como o vôlei, o basquete, o futebol a gente precisa de um grupo, não

adianta ter meia dúzia de alunos isso nunca vai montar um time de vôlei, porque tem que ter no mínimo doze, então é fundamental, na minha

perspectiva.

E isso pode ser verificado no Piel quando se inicia o ano letivo. Nos primeiros meses do

ano, a maioria das modalidades esportivas inicia suas atividades sem o pagamento do auxílio;

neste período, que pode durar até 04 (quatro) meses, são relatadas muitas faltas, muitas

ausências nos treinos:

Até o momento em que elas começam a receber não há uma assiduidade,

assim de 100%, eu diria que muito longe disso inclusive, mas, mais por conta

de que muitas vezes elas têm de fazer outras coisas pra poderem vir pra

escola, pra poder pagar o transporte, por exemplo, algumas tem que trabalhar, ajudar os pais pra contribuir principalmente no transporte pra

poder virem ao Instituto. Agora depois que a bolsa começa, começam a

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receber, aí não, aí já dificilmente você tem uma quantidade de falta

significativa [...] (Entrevistado-04).

O Entrevistado-02 citou o exemplo de um dos seus alunos que, mesmo gostando do

esporte, depende do auxílio para frequentar os treinos:

O exemplo mais pesado no Instituto com a gente foi o caso de José (nome

fictício), inclusive, até nesse semestre agora ele estava com dificuldades pra se manter à noite, ir sozinho pras aulas, faltando com uma certa regularidade,

por falta do auxílio financeiro que ele ainda não estava recebendo, nem

recebia a bolsa permanência, que não tinha saído, atrasou esse ano, nem o bolsa atleta e isso prejudicou o rendimento dele. [...] no fim do ano José e

Luiza (nome fictício) (são alunos do kickboxing e noivos) estavam tentando

morar em Pesqueira, pra diminuir esses custos, mas não tinha emprego, os

únicos empregos que eles conseguiram arrumar era no horário das aulas, aí não fazia sentido, tiveram que voltar pra mutuca, que é um distrito de

Pesqueira e dá um jeito né, até que a bolsa saiu.

O Entrevistado-06 atribui a evasão escolar a dois fatores: "um deles é a identificação

com o curso, muito comum principalmente nessa fase de idade [...], e não ter condições

socioeconômicas para se manter”.

Sobre o primeiro fator, o entrevistado faz a seguinte observação:

O estudante, ele não tem ainda uma noção do que realmente ele quer pra vida

e como nossos cursos a grande maioria do Instituto, mas também de

Pesqueira, eles são integrado ao técnico ou médio concomitante, isso leva o

aluno a fazer uma modalidade técnica que às vezes ele não se identifica muito [...].

Como já foi dito aqui, a evasão escolar e a repetência são problemas presentes no sistema

educacional brasileiro em todas as suas modalidades de ensino, inclusive no ensino médio

integrado à educação técnica e profissional.

E as ações da assistência estudantil surgem com o propósito de combater tais problemas.

De acordo com os entrevistados, o índice de evasão dos estudantes usuários com auxílio do Piel

é quase nulo. Levando isso em consideração, pode-se afirmar que o Piel contribui com a

permanência no campus. De acordo com eles, quando acontece alguma evasão, são por motivos

que se torna inviável a participação do usuário com auxílio no programa. Segue abaixo

situações que levaram o usuário a sair do Piel:

Tivemos dois casos de gravidez, mesmo com essas conversas, mesmo, nós

tivemos duas meninas que engravidaram né, são daqui e hoje são mães solteiras, saíram do programa [...]. (Entrevistado-04).

Teve aluno que foi transferido por problemas conjugais de pais, pai se separou e etc., mas que continua no nosso Instituto, só se transferiu para outra

cidade. (Entrevistado-07).

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No primeiro caso acima, é citado um dos principais motivos de abandono escolar por

parte de estudantes do sexo feminino, a gravidez precoce.

Dados apontam que o abandono escolar é superior entre as meninas que

engravidaram em comparação às que não engravidaram. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) realizado em 2009 diz que o

percentual do abandono escolar foi de 6,1% entre meninas de 10-17 anos sem

filhos. Já para meninas na mesma faixa etária com filhos, esse percentual saltou para 75,6%. (ALMEIDA, 2015, p. 27).

A situação acima impossibilita a participação da estudante no programa, pois na prática

esportiva são frequentes situações de choques entre os praticantes ou quedas em decorrência da

disputa no jogo. Procurando resguardar a saúde da gestante e do feto, a estudante grávida é

tirada do programa. Porém, as duas estudantes que engravidaram decidiram abandonar a escola.

Alguns entrevistados, os que têm acesso ao rendimento escolar dos usuários, afirmaram

que dificilmente acontece uma queda no desempenho dos estudantes que participam do Piel, a

tendência é melhorar. Segundo o Entrevistado-01, quando acontece essa queda, algumas ações

são tomadas: "Quando isso acontece (queda de rendimento), que é até raro acontecer, é

chamado o estudante para saber o que tá acontecendo fora da escola, porque muitas vezes já

é uma questão que vem de casa, é um problema familiar que tá passando, é alguma outra

situação”.

Nota-se na fala acima que existe uma preocupação em entender as particularidades do

aluno antes de querer condená-lo por conta das faltas ou fraco rendimento. Essa atitude é

tomada porque já aconteceram alguns casos em que problemas particulares, extraescolares,

influenciaram na assiduidade e no rendimento escolar do discente. Segue abaixo algumas dessas

situações:

A situação mais complicada que a gente está enfrentando é essa do (NOME DO ALUNO) agora, que é a questão do pai dele que tá preso, inclusive ali do

lado do Instituto (existe um presídio ao lado do campus Pesqueira). [...] a

gente não tinha ciência do que estava acontecendo, então assim, quando a gente tomou ciência, a gente pode, em conjunto com a coordenação de

esportes e a DAE, tomar um a providência pra que ele voltasse a ter um bom

rendimento. (Entrevistado-02).

Já teve caso aqui que a menina estava no programa, no judô e ela caiu de

rendimento, ela começou a faltar, ela parou de vir, ela reprovou e o motivo era por que ela estava grávida, ela estava grávida e parece que não queria

vir por que a barriga estava crescendo, não estava treinando porque estava

grávida, ela sabia que estava grávida, mas a mãe não sabia, então foi uma das ocorrências, depois foi descoberto. (Entrevistado-01).

Tinha um estudante lá que vivia faltando as aulas, eu até de uma forma assim,

sem conhecer muito a realidade do aluno, eu fui reclamar com ele por que ele

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faltava tanto e tal, ai ele foi me explicar porque é que ele faltava, e eu lembro

que na ocasião eu quase que choro, porque ele disse: ‘É porque eu preciso

ficar pastorando o gado com meu pai, porque ele não tem como pagar funcionário, ele tira leite e tal e tem muitos dias que ele tem que ir vender o

leite e eu tenho que ficar lá, tem muitos dias também que se a gente não ficar

olhando, o pessoal tá roubando muito gado, às vezes eu tenho que ficar com

ele à noite pastorando os animais’. Então assim, você começa a ver a importância de entender a realidade do estudante e não apenas colocar uma

falta, você entender que aqueles alunos, eles também têm uma vida e que há

muitas questões, principalmente no interior. (Entrevistado-06).

Por conta disso, o Entrevistado-04, ao tomar conhecimento da queda de rendimento de

algum usuário, leva o caso para a DAE – Pesqueira, para que a equipe multiprofissional possa

agir para resolver esse problema. Outros entrevistados procuram resolver essa questão

conversando diretamente com o estudante.

Sobre a melhoria de rendimento dos usuários com auxílio do Piel, os entrevistados

acreditam que o programa contribui desenvolvendo nos usuários um maior senso de

responsabilidade, compromisso, respeito, concentração, senso crítico e outros. Seguem abaixo

alguns casos relatados:

[...] os dois (alunos) eram muitos irregulares, eles eram mais preguiçosos,

era muito de tentar se escorar, de não ter tanta iniciativa e isso mudou (risos). (Entrevistado-02).

Tem um atleta lá, um aluno lá que, a princípio, eu não tenho esse contato, eu

também não sei como era esse rendimento na escola, mas eu não o percebia

tão focado como ele é hoje. Assim, o contato que eu tenho com ele semanal,

eu vejo a cada dia que passa, ele se torna mais responsável, com relação a escola, teve um dia que ele faltou o treino: ‘Professor eu vou fazer um

trabalho agora a tarde, não vou poder vir pro treino e tal’, teve essa

reciprocidade de chegar e falar o porque ele não ir (ao treino) e era relativo a escola, pude perceber que ele vem melhorando muito. (Entrevistado-03).

[...] sou coordenador de outra área, não tenho esse acesso (as notas), então

não sei te dizer, mas por relatos sim, por relatos houve sim um avanço

significativo. (Entrevistado-04).

Uma das diretrizes para validação de inscrição no processo seletivo do Piel é o bom

rendimento escolar. No edital do programa (INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO,

2015; INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO, 2016) é exigida a aprovação em mais de

50% das disciplinas matriculadas no semestre anterior. Caso o estudante não atenda a esse

requisito, o mesmo terá sua inscrição indeferida. Isto posto, surge a questão da exclusão do

estudante do programa de assistência, situação que poderia desfavorecer ainda mais o estudante

com mal rendimento.

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Para o Entrevistado-06, essa é uma situação complicada, mas que não se pode deixar

de estar atento ao resultado acadêmico. Ele, também, explica como seria esse processo de

indeferimento da participação do estudante com fraco rendimento escolar:

É uma situação complicada, mas ao mesmo tempo eu acredito que você

também não pode perder o foco da questão educativa. A questão educativa é

a chave de tudo, porque o programa ele está existindo para você, de uma forma extraclasse, favorecer o processo de educação daquele estudante, que

gosta de esporte [...]. Não é simplesmente ‘porque um rendimento cai, ele

perde a bolsa’, nós temos uma obrigação enquanto instituição, enquanto educadores de viabilizar estratégias de identificação dos motivos do baixo

rendimento, agora quando o gestor, ele tem uma segurança diante de várias

opiniões dos membros da sua equipe de que aquele aluno não tem problema nenhum e ele está sendo relapso, então a gente precisa educar da forma

punitiva. Então é assim que a gente trabalhou todo tempo e é assim que o

programa foi pensado.

Uma informação importante repassada durante as entrevistas é que os responsáveis

pelos treinamentos das modalidades esportivas não recebem informações sobre o rendimento

escolar dos usuários, não há esse repasse, não existe também o contato com os professores do

ensino médio integrado. Para a maioria, o único meio de saber o desempenho dos usuários nas

disciplinas é através dos próprios usuários.

O acompanhamento do rendimento escolar pela DAE – Pesqueira dos usuários do Piel,

também, não acontecia. Esse trabalho só teve início no ano de 2016. O Entrevistado-05

afirmou que esse acompanhamento só era realizado com os estudantes do Programa Bolsa

Permanência (PBP). O motivo alegado por ele e pelo Entrevistado-06 é o quantitativo reduzido

de servidores na DAE campus Pesqueira para realizar todas as atividades da assistência.

Para o mesmo entrevistado, o acompanhamento do rendimento escolar dos estudantes

usuários do Piel é um desafio para o campus, mas que vem sendo pensado e trabalhado:

Isso aí é ainda um desafio, tem sido feitas algumas ações, mas muito pontuais,

eu acredito que antes não se enxergava isso, hoje já se enxerga de uma forma

mínima, e tem muito ainda a ser evoluído né, porque o êxito do aluno, esse acompanhamento, se você pegar ao pé da letra, ele precisaria de uma equipe

multidisciplinar só para esse programa, porque aí você iria identificar muitas

vezes aspectos pedagógicos ligados a falta de concentração, de disciplina ou às vezes você tem o aspecto social que tá realmente prejudicando e aí a

assistente social vai entrar. Ás vezes você tem o fator psicológico, aí você tem

o pai que agride a mãe e que o aluno não tá tendo um bom rendimento por

causa disso, então eu acho que é um conjunto de ações[...], essa questão do êxito no Piel é preciso melhorar para um acompanhamento de uma equipe

multidisciplinar, essa é a minha visão. (Entrevistado-06).

Para o Entrevistado-01 é muito importante o acompanhamento feito pela DAE –

Pesqueira dos usuários do programa através de consultas do boletim escolar e do histórico

escolar durante o período letivo ou no seu final. Porém, para que esse trabalho tenha um êxito

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maior é primordial o acompanhamento feito pelo professor, por estar mais próximo do aluno,

em contato direto semanalmente:

Através do currículo, do histórico, nós pegamos o histórico escolar ao final

do programa e é feita uma análise: reprovou? Reprovou. Então a gente analisa a reprovação e se foi por falta. E se foi aprovado, quantas faltas teve?

a gente faz uma análise, mais ou menos, do histórico pra saber se ele tem

condições de concorrer a uma vaga novamente, mas justamente, o ator principal que está próximo são os professores, eles é que tem que dar esse

feedback ao assistente social.

O Entrevistado-06 ressalta a importância do responsável pelo treinamento no

acompanhamento do rendimento do estudante usuário do programa:

A gente depende muito também dessa pessoa que está à frente, se essa pessoa

que tá a frente realmente administra, acompanha bem o programa, quando ela verifica dentro do treinamento específico que os alunos têm outras

dificuldades, ele encaminha para a DAE, para que a equipe multidisciplinar

possa atuar.

No entanto, alguns entrevistados afirmaram que não existe um contato com a DAE, essa

comunicação é falha entre o setor que assiste ao aluno e o setor que realiza o treinamento.

Assim, a informação de algum estudante usuário com dificuldades no rendimento escolar ou na

vida particular pode não chegar para a equipe multiprofissional da DAE.

O Entrevistado-07 é um dos que confirmam que não existe um feedback entre o

professor e a DAE, não que isso deixe de ser feito porque não é da vontade desse departamento,

mas sim porque são coisas que não foram pensadas antes e que estão sendo percebidas durante

o processo:

Não tem, não temos aqui, estou aqui novamente frisando, não estamos aqui

falando mal de ninguém. O programa chegou, todo mundo ficou voluntarioso

pra ajudar, arregaçamos as mangas, caímos em campo, nós estamos aprendendo durante o processo, talvez ainda tenha coisas pra aprender [...].

Caso haja o repasse da informação sobre o rendimento escolar do usuário do Piel para a

DAE, o acompanhamento será feito da seguinte forma:

A priori, dependendo do que seja a situação, chama o estudante para uma

conversa, puxa o histórico, verifica e se for, o que é que tá acontecendo, já

tem como noção o histórico. Quando ele já tá com problema no bolsa atleta, que é uma coisa que ele gosta de fazer, então provavelmente ele tá dando

problema na sala de aula, e daí a gente vai tentar, saber o que se passa pra

daí atuar. (Entrevistado-01).

Na situação do Entrevistado-02, fica fácil o acompanhamento dos estudantes usuários

do programa, porque o mesmo é professor de todos os estudantes do ensino médio integrado,

portanto sabe o rendimento dos alunos pelo sistema acadêmico institucional:

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Como sou eu que dou aula aos alunos, são meus alunos regulares de filosofia

e são alunos do kickboxing, essa informação chega pra mim através do

próprio sistema acadêmico, eu tenho como olhar, eu tenho como ir lá verificar, eu não preciso tá correndo atrás.

Para os responsáveis pelos treinamentos que não são docentes do campus, o

acompanhamento do rendimento fica difícil, pois o único canal de informação se torna o próprio

estudante usuário.

Para o entrevistado acima, o processo de acompanhamento deveria ser integrado para

que todos que participam do programa pudessem ter acesso às diferentes informações, e lembra

que não é a DAE que vai resolver problemas de rendimento acadêmico de estudante, mas sim

a assessoria pedagógica do campus:

Na minha concepção, todo o processo ele deve ser integrado, não adianta a gente ter várias atividades, se elas não estão integradas, então é preciso que

haja um feedback, porque se eu não tivesse acesso a essas informações

acadêmica dos alunos, aí de um a hora pra outra ele chega e vai ter a bolsa dele cortada, porque a gente só vai tomar uma atitude quando é pra punir o

aluno. [...] a DAE identifica, mas quem pode resolver isso é assessoria

pedagógica, a DAE ela não vai resolver problemas de desempenho

acadêmico. [...]não é só uma questão de DAE ou professor, tem que ter um comprometimento da Instituição como um todo, os órgãos eles têm que

dialogar, então é uma coisa que a gente ver muito pouco infelizmente e se isso

ocorresse de uma forma mais orgânica os resultados poderiam ser bem melhores. (Entrevistado-02).

Para que os benefícios do Piel sejam atingidos é preciso a contribuição de um

personagem importante na operacionalização do programa: “o assistente social”. O documento

da proposta traz as principais atribuições deste sujeito dentro da Política de Assistência

Estudantil do IFPE:

Propor Programas Específicos para o campus que atua orientada/o pela Política de Assistência Estudantil do IFPE; Planejar, coordenar e avaliar os

programas Específicos que compõem esta Política; Construir anualmente o

perfil socioeconômico da comunidade estudantil do IFPE; Identificar e

selecionar os estudantes em situação de vulnerabilidade social; Acompanhar a organização e distribuição dos benefícios dos programas Específicos previstos

nesta Política; Diagnosticar as questões sociais que interferem no processo de

ensino e aprendizagem; Propor alternativas de atendimento às demandas por assistência estudantil; Desempenhar tarefas administrativas e articular

recursos financeiros disponíveis; Atuar em espaços de controle social no

âmbito do IFPE. (BRASIL, 2012, p. 14).

De acordo com Entrevistado-01, o assistente social tem um papel fundamental dentro

da política de assistência estudantil, pois além de fazer a avaliação do perfil socioeconômico

dos alunos beneficiados, a mesma deve estar sempre atenta às ausências e/ou queda de

rendimentos dos discentes:

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Verificar a questão social dos estudantes, o papel principal dele, porque como

ele é o assistente social, ele que tem a prerrogativa de análise documental,

ele faz essa análise documental e depois é repassado e ao final havendo algum problema ou sendo verificada alguma outra discrepância em que o estudante

não está frequentando, não está vindo, inclusive não está vindo pro IF, não

está vindo para a escola estudar, o que é que está acontecendo, é papel do

assistente social ir até a sua residência ou procurar um familiar e se informar, verificar, ir realmente in loco pra verificar, então esse o papel do assistente

social, dar essa assistência em geral, se informar dos professores quem são

os estudantes que estão com dificuldades pra daí tentar saber o que se passa e tentar resolver.

De acordo com o Entrevistado-05, o assistente social trabalha na perspectiva de

garantir o direito do estudante, através de um trabalho de orientação, encaminhamento e visitas,

com o intuito de evitar a evasão. Um desses encaminhamentos é a inserção do estudante nos

programas de assistência estudantil.

Para o Entrevistado-06, o papel da assistência social é fundamental e deveria estar

presente em todos os programas da Política de Assistência Estudantil do campus, porém o

quantitativo é insuficiente, no campus existem 1.500 alunos e um único assistente social. Mas

a sua função é importantíssima e, especificamente no Piel, tem um papel crucial:

A assistente social é fundamental, desde a seleção junto com o professor de educação física, para diagnosticar aqueles casos que realmente precisam da

bolsa para se manter, então não basta apenas que ele seja um bom atleta, mas

ele precisa também ter essa condição socioeconômica para poder receber e

também a questão até de se manter [...].

O acompanhamento feito pela assistente social é tão importante que às vezes são

identificadas algumas situações em que a bolsa de um programa não está suprindo as

necessidades do estudante e neste caso é solicitado um auxílio extra:

Às vezes a situação é tão complicada financeiramente que a bolsa de esportes, ela tem que ser complementada com benefícios eventuais, então é muito

comum a gente ver estudantes que recebe a bolsa, a gente ter que autorizar,

porque a assistente social solicitou um benefício eventual de R$ 300,00, R$

400,00, porque aquela bolsa naquele mês ou naqueles últimos 3, 4 meses está sendo a renda da casa do aluno.

Assim como o Assistente Social, toda a equipe multiprofissional tem papel importante

dentro da política de assistência ao estudante, porém todo o trabalho desenvolvido dentro da

DAE – Pesqueira depende muito do orçamento liberado para execução das ações.

Segundo o Entrevistado-06, no IFPE – campus Pesqueira, desde a implantação do

Pnaes, o orçamento da assistência estudantil teve um aumento muito significante. Algo que

girava em torno de R$ 40.000 em 2009, passou para R$ 800.000,000 em 2013 e para R$

1.745.000,00 em 2015.

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O Entrevistado-01 afirmou que foi esse aumento no orçamento que permitiu um

atendimento maior dos estudantes do campus. Ele explicou que o aumento no orçamento não

está atrelado ao número de matrículas no campus:

O ano passado (2015) foi praticamente o mesmo número de alunos do ano

retrasado (2014), por conta da entrada e saída, que foram bem parecidas e o

orçamento foi maior.

Porém, o entrevistado destaca que o orçamento para o campus Pesqueira tende a

diminuir, não só pela política de corte no orçamento da educação feito pelo governo federal,

mas também, por conta da última expansão da rede federal aqui no estado e que faz com que o

dinheiro que é descentralizado para o IFPE, passe a ser distribuídos para mais campi:

O que diminuiu agora e o que vai diminuir é porque esse ano (2016) o IF

recebeu R$17 milhões para a assistência estudantil, só que nós temos 16 (dezesseis) campi, ano passado (2015) nós recebemos, acredito, uma ordem

de R$12 a R$15 milhões e nós tínhamos 09 (nove) campi, então você teve que

ratear o dinheiro com mais campi, então por isso diminuiu a questão de recursos.

Porém, o Entrevistado-01 lembra que o orçamento gera a expectativa pelo pagamento

das bolsas e auxílios, porque existe uma diferença entre o orçamento aprovado e o valor total

desse orçamento a ser pago, o que ele chama de “financeiro”:

Nós temos o orçamento, nós recebemos de Recife o orçamento, agora falta vir o financeiro, porque nós temos a expectativa de quanto iremos receber, mas

não chegamos ainda a parte física, que recebemos, então sai primeiro o

orçamento, que é a informação de: ´estamos descentralizando X pra você`. Vocês têm isso de orçamento, trabalho em cima disso, pronto, e tendo isso eu

faço uma folha de pagamento hoje, entrego e solicito a Recife, e Recife manda

pro Campus que é o financeiro, que é o que vai cair na conta do estudante.

Portanto, pode acontecer dessa conta não fechar ou demorar a fechar, como ele relata o

Entrevistado: "Ano passado (2015) não conseguiu fechar, tanto é que só veio encerrar esse ano

(2016), teve estudante que ainda em fevereiro estava recebendo visita técnica ou bolsa atleta

ou bolsa permanência do ano passado".

O Piel, apesar do sucesso no campus Pesqueira, ainda enfrenta problemas na sua

realização. A falta de materiais e a própria burocracia para adquiri-los são dois entraves para o

desenvolvimento das atividades:

Material é um problema. Inclusive, não só uma questão da Instituição, mas

da própria burocracia pra se adquirir qualquer coisa. Porque tem todo aquele processo licitatório para adquirir material esportivo novo. (Entrevistado-02).

Não existe dentro desse programa um recurso que você possa, por exemplo,

comprar material [...]. eu acho que o principal é justamente essa questão da

estrutura, a estrutura de materiais, o programa poderia além da bolsa, que

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claro é a coisa mais importante, ter, também, um recurso pra que a gente sem

muita burocracia, adquirisse material, adquirisse uniformes para os

estudantes, pra poder representar o campus em competições ou em até alguns treinamentos, ter uma padronização, pra o estudante também ter esse padrão

e se sentir até mais importante, inserido, porque em alguns casos elas já

fizeram por exemplo padrão utilizando o dinheiro que elas ganhavam, que

poderia ser pra outras coisas, pra o transporte, alimentação e pra outros negócios e elas fizeram, chegaram a fazer padrão com o dinheiro delas.

(Entrevistado-03).

Tem material que é específico pra o esporte e a gente não tem, o basquete não

é só a bola, ele tem uma série de material que ele ajuda no desempenho técnico, em desempenho tático pra você explicar melhor e ainda existe essa

falta de material. (Entrevistado-08).

Outra dificuldade apresentada é o quantitativo pequeno de alunos contemplados com a

bolsa do Piel. No badminton, por exemplo, apenas 04 (quatro) alunos são beneficiados,

limitando um pouco o acesso do esporte a outros estudantes:

Gostaria que, tipo, esse critério de colocar esse auxílio fosse mais bem

avaliado pra atender mais atletas, porque esse valor não ser reduzido pra

atender mais gente? Essa distribuição dessa verba, proporcional para atender mais atletas. (Entrevistado-03).

O problema hoje do programa no meu ver é questão de que ele podia ser mais

né, ele podia atingir mais atletas, se ele, abrisse mais espaços, porque

geralmente na época que começou se eu não me engano eram 12 (basquete), que justamente, contemplava a equipe [...], então eu acho que ali a gente tinha

potencial de puxar um pouquinho mais e não deixar aquelas pessoas que

fazem parte e que precisavam também. (Entrevistado-08).

Sobre a sugestão apresentada pelo Entrevistado-03, a Proposta da Política de

Assistência Estudantil do IFPE delimita o valor a ser pago na linha de ação 01 do Piel: “O

benefício da linha de ação 1 será de 35% do salário mínimo” (BRASIL, 2012, p. 32).

O Entrevistado-04 chama atenção para outra questão importante que poderia ser

revista, o início do Piel. Como já foi dito antes, por ele depender do orçamento para outros

programas, o Piel não tem um início previsto: "O ideal para mim seria que houvesse a seleção

no ano anterior ou já nos primeiros dias do ano letivo e já no primeiro mês a gente já tivesse

a oportunidade de eles todos né, já tivessem a oportunidade de começar a receber esse

incentivo financeiro”.

Outro problema apresentado é na modalidade esportiva kickboxing. Essa atividade não

tem um espaço para o treino adequado:

[...] é ruim a falta de espaço e também um local adequado para o treino, se

tivesse um local adequado para o treinamento, a gente teria, inclusive, bem mais alunos, talvez se a gente tivesse um outro professor, como tinha a

professora de karatê, [...] talvez até não tenha muita lógica se fazer um

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investimento relativamente alto pra ter um espaço, um lugar adequado pra

um grupo que vai utilizar pouco, sub-utilizar o espaço, pra mim seja essa a

justificativa. [...] eu não posso treinar queda com os meninos, porque a gente treina no chão, não vou tá derrubando menino no cimento, porque se bater a

cabeça no chão vai machucar feio ou então se cair de uma maneira não

adequada pode estourar cotovelo, o joelho, o quadril e se cair errado e dar

um jeito no quadril esse menino pode ficar sem andar. (Entrevistado-02).

O Entrevistado-06 faz uma análise da estrutura geral do Piel e chama a atenção para

algumas dificuldades de infraestrutura, de material e de falta de pessoal. O mesmo alerta para

a falta de uma melhor articulação de outros setores do campus com os programas desenvolvidos

na instituição e cita o Piel como exemplo:

O programa apesar de ter evoluído muito, apesar de ter sido abraçado né,

por vários e diferentes entes institucionais e pessoas da instituição, a gente tem muitas dificuldades no sentido de falta de pessoal, de uma infraestrutura

adequada, algumas pessoas, ainda, não gostam de contribuir com algumas

coisas, nós temos serviço de nutrição, acompanhamento psicológico, nós temos a assistente social, nós temos professores da área pedagógica, não

apenas pedagogos, nós temos professores de administração que poderiam

trabalhar a questão motivacional, nós temos, por exemplo, o curso de

enfermagem né, que poderia estar trabalhando algumas ações [...] o programa, ele pode ser melhor ainda do que ele é hoje, se houvesse um

envolvimento ainda maior de todos os servidores, das pessoas que tem relação

direta. A questão da burocracia na aquisição da infraestrutura de trabalho desde material de consumo, bolas, materiais pra treinar, a gente precisa

viabilizar as infraestrutura de banheiros né, de iluminação, ventilação,

reforma do ginásio, então a gente tem enfrentado problemas de infraestrutura

que realmente tem atrapalhado um pouco.

Porém, o mesmo entrevistado afirma que o Piel evoluiu bastante no campus Pesqueira

e que as dificuldades já foram maiores. Já foram feitos vários investimentos e ações que de

forma direta ou indireta ajudaram no desenvolvimento do programa. E essas ações, de acordo

com ele, reforçam a questão de prioridade da gestão em potencializar o esporte na instituição:

A gente evoluiu muito também, lá a gente começou com o programa do

fardamento de educação física, e já na última licitação que a gente fez teve, não apenas o fardamento, mas os uniformes de jogo, casaco [...]. A própria

criação da coordenação de esportes, contratação de estagiários, academia

do campus, que favorece muito a melhoria de ações que não eram nem trabalhadas, mas tem muita coisa pra ser feita e tudo passa também por uma

questão de prioridade da gestão, de prioridade das pessoas, dos profissionais

e também da conscientização dos alunos de que o programa é um programa

educativo.

Ao apresentar e analisar os dados exposto aqui neste capítulo, buscou-se,

principalmente, apresentar as concepções de gestores, docentes, discentes, técnicos

administrativos, acadêmico e colaborador externo sobre a relação entre Política de Assistência

Estudantil, em especial o Piel, e a melhoria da qualidade da educação.

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Além disso, o capítulo propôs-se fazer uma comparação da relação entre a Política de

Assistência Estudantil, a participação no Piel e a melhoria da qualidade da educação entre

bolsistas e não-bolsistas, a partir da avaliação dos sujeitos participantes do programa.

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159

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Política de Assistência Estudantil, instituída com o Decreto nº 7.234, contribuiu para

o processo de criação e ampliação de programas e ações que proporcionaram a permanência e,

consequentemente, o êxito dos discentes nas Instituições federais de ensino. Ela tem uma

abrangência que vai além de providenciar recursos financeiros para o estudante de baixa renda

superar os obstáculos do seu desempenho acadêmico; ela se propõe, também, a promover ações

em áreas, como: moradia estudantil, alimentação, transporte, inclusão digital, esporte, apoio

pedagógico e outros.

No IFPE, a Política de Assistência Estudantil é viabilizada pela Diretoria de Assistência

ao Estudante - DAE (Reitoria) em conjunto com as Coordenações (direções ou divisões) de

Assistência Estudantil dos campi. A Assistência Estudantil do IFPE desenvolve os Programas

Técnico-Científicos e os Programas Específicos e Universais. Todos esses programas são ações

com a oferta de um auxílio financeiro. No caso dos Programas Técnicos – Científicos que

englobam o PIBIC, PIBEX, Monitoria, BIA e outros, oferecem o auxílio financeiro para que os

estudantes desenvolvam alguma atividade acadêmica, conhecidos como programas que

oferecem bolsas “por mérito”. Nesses programas, a inscrição e seleção dos bolsistas e valores

dos benefícios são de responsabilidades da Reitoria.

Existem os Programas Específicos como Manutenção Acadêmica, Benefício Eventual,

Apoio a Visitas Técnicas e Assistência ao estudante do PROEJA. Para estes, a DAE-Reitoria

orienta que cada campus do IFPE disponibilize o mínimo de 60% do seu orçamento da

assistência estudantil. E existem os Programas Universais, que compreendem os Programas de

Acompanhamento Biopsicossocial, Incentivo à Cultura e Arte, Incentivo ao Esporte e Lazer.

Esses programas são voltados para todos os estudantes matriculados em cursos presenciais do

campus, mas, que não deixa de lado a questão da vulnerabilidade social e de necessidades

educacionais específicas, no momento da escolha do usuário que irá receber o benefício.

A Política de Assistência Estudantil no campus Pesqueira envolve todos os estudantes

matriculados nos cursos e modalidades presenciais, ou seja, tem como público alvo os

estudantes do nível médio integrado e subsequente, do PROEJA e do ensino superior. De acordo

com o Decreto nº 7.234, o atendimento é prioritário aos estudantes advindos de escolas públicas

ou em situação de vulnerabilidade social. Porém, No Piel, apesar de levar em consideração

essas diretrizes, existe uma cota de vagas para estudantes que apresentam uma renda maior ou

foi estudante de escola privada, essa reserva leva em consideração a participação dos estudantes

considerando o nível técnico na modalidade.

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A Política de Assistência Estudantil do campus Pesqueira assume uma grande dimensão

em termos de abrangência territorial, pois atende os estudantes residentes de várias cidades

vizinhas, tanto do Agreste, quanto do Sertão Pernambucano. De acordo com as informações

obtidas nas entrevistas, o campus Pesqueira atende pelo menos 11 (onze) cidades: Caruaru, São

Caetano, Belo Jardim, Tacaimbó, Sanharó, São Bento do Una, Pesqueira, Poção, Alagoinha,

Venturosa e Arcoverde. Na figura abaixo podemos ter uma ideia da abrangência desse

atendimento:

Figura 1: Mapa da região atendida pelo campus Pesqueira

Fonte: Google Maps

De caruaru a Arcoverde, em linha reta, são 124 km de extensão. Percebe-se, então, a

grande importância do campus Pesqueira para essa região. O reconhecimento da população de

que o Instituto Federal promove uma educação de qualidade faz com que moradores de cidades

como Caruaru, que está a 90 km de distância de Pesqueira, procurem esse local para dar

prosseguimento aos seus estudos. A própria Política de Assistência Estudantil desenvolvida

nesse campus contribui para o acesso e permanência de estudantes de outras cidades.

Com o incremento orçamentário, via Lei Orçamentária Anual (LOA), da ação 2994 -

Assistência ao Estudante da Educação Profissional e Tecnológica, disponibilizando recursos

financeiros para a implementação de uma política de assistência estudantil para os estudantes

dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, independentemente do nível de

ensino, o campus Pesqueira passa a desenvolver essa política para o seu corpo discente.

Atualmente, observa-se que a relação do Pnaes com o IFPE é muito benéfica, na concepção dos

entrevistados, o Pnaes é muito importante para o campus e para região, pois facilita o acesso

dos estudantes da região ao Instituto e dá condições para que o aluno desenvolva melhor seus

estudos. Devido à situação econômica da região agreste, que carece de maiores investimentos,

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o pagamento de um auxílio financeiro é algo que se torna primordial para a permanência e

conclusão dos estudos. Vale destacar a opinião de um dos entrevistados quando o mesmo afirma

que há uma forte relação entre o Pnaes e a permanência e o êxito do estudante no campus e

quanto maior o aporte financeiro para desenvolver os programas de assistência, menor vai ser

a evasão e a reprovação. A partir desse conceito posto acima, percebe-se a grande importância

do Pnaes dentro do campus Pesqueira.

No entanto, verificamos a partir de alguns trechos das entrevistas realizadas e da análise

documental, que a Equipe Multiprofissional responsável por implantar a Política de Assistência

Estudantil no IFPE – Pesqueira é muito pequena diante da quantidade de Programas e de

estudantes beneficiados. Essa equipe faz parte das coordenações de Assistência Estudantil nos

campi e, no campus Pesqueira, é chamada de Divisão de Assistência Estudantil (DAE) e é

constituída por 01 (um) assistente social, 01 (um) pedagogo e 01 (um) psicólogo. É essa equipe

a responsável pelo acompanhamento do estudante beneficiado por algum programa da

Assistência Estudantil. Os entrevistados consideraram que esta equipe tem um quadro muito

pequeno para dar conta das atribuições definidas na Proposta do IFPE, considerando que os

programas que fazem parte da política de assistência estudantil atenderam 1.281 estudantes que

corresponde a 91,3% do total de estudantes do campus.

Tomando como exemplo o assistente social, que faz parte da equipe multiprofissional,

fica difícil para o mesmo, por conta da grande demanda de trabalhos, cumprir com algumas de

suas atribuições dentro da Política de Assistência Estudantil, como: analisar as informações

repassadas pelos alunos sobre sua condição socioeconômica, visitar às residências dos

estudantes, acompanhar o rendimento escolar e outras.

Apesar dessa dificuldade, em 2016, o assistente social conseguiu realizar algumas ações

determinadas no Edital do Piel, contribuindo, assim, com a melhor realização do programa. A

avaliação dos estudantes inscritos no Piel, deferindo ou não a participação do mesmo no

processo seletivo do programa e a renovação do estudante já participante do Piel, no início do

segundo semestre foram exemplos de ações que até então não vinham sendo realizadas, apesar

de constar no Edital do processo seletivo do Piel. Por conta desta última ação, todos os usuários

com auxílio do Piel tiveram que entregar o rendimento escolar do período cursado no primeiro

semestre do ano de 2016 ao assistente social. O objetivo foi verificar se todos os usuários com

auxílio atenderam a uma das diretrizes para permanecer no programa que é a não reprovação

em mais de 50% das disciplinas cursadas no período anterior. Existe uma grande procura pela

participação nos chamados Programas Universais da Política de Assistência Estudantil, como

é o caso do Piel. Dessa forma, esse tipo de acompanhamento, além de garantir um maior

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incentivo aos estudantes para que estes se dediquem às atividades pedagógicas, por outro lado

também significam uma maior efetividade do processo seletivo ao cumprir o que rege o edital.

Como já foi citado acima, o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer (Piel), objeto de

estudo dessa pesquisa, faz parte do grupo dos Programas Universais. É um programa que realiza

duas linhas de ação: A ação 01 (um) que se refere ao pagamento de um auxílio financeiro aos

estudantes selecionados para participarem dos treinamentos programados das modalidades

esportivas e a ação 02 (dois) que se refere ao pagamento de auxílio financeiro visando a

participação do estudante em atividades de Esporte e Lazer, como por exemplo, as viagens para

participar de algum evento esportivo ou atividade de lazer. A pesquisa se preocupou em

investigar a linha de ação 01 (um) do programa.

O Piel nos anos de 2015 e 2016 atendeu em sua maioria os estudantes do ensino médio

integrado. São poucos os estudantes do ensino médio subsequente, do PROEJA ou do ensino

superior que participam do programa. Pode-se citar alguns motivos para a baixa procura dos

estudantes destes níveis de ensino. Um pode ser por conta do limite de idade, o Edital do Piel

permite a inscrição no processo seletivo com idade entre 15 a 19 anos completados no ano em

vigor. E boa parte dos estudantes do subsequente, do PROEJA e do ensino superior têm uma

idade acima do que é estabelecido pelo Programa. Um outro motivo pode ser em função do

acúmulo de atividades durante o dia, boa parte dos alunos do ensino subsequente e do PROEJA

já exercem alguma atividade remunerada ou prestam serviços de forma autônoma na região. Os

alunos do ensino superior participam de estágios e/ou de programas acadêmicos no contra turno

das aulas regulares que visam o aperfeiçoamento de sua prática, como por exemplo, o PIBID

para os alunos do curso de licenciatura em matemática e licenciatura em física, os projetos de

extensão e as disciplinas de estágios nos hospitais da região para os alunos do curso de

bacharelado em enfermagem. Sendo assim, fica difícil a participação dos estudantes destes

níveis de ensino nos treinamentos, mesmo acontecendo no contra turno das aulas.

Todos os campi do IFPE têm autonomia para elaborar suas ações da Assistência

Estudantil, de acordo com suas necessidades institucionais e dos recursos orçamentários

disponíveis. A ideia do Piel surgiu no campus Pesqueira diante de uma necessidade, porém só

foi possível sua realização devido ao aumento dos recursos orçamentários para assistência

estudantil com o Decreto 7.234. O Piel ao apresentar alguns resultados positivos no campus

Pesqueira, passou a fazer a parte da Proposta da Política de Assistência Estudantil do IFPE e se

expandiu para outros campi desta instituição. No campus Pesqueira, o Piel, apesar de ter

garantida sua execução, é penalizado por não ser um programa criado a nível federal. Assim, o

Piel não tem um quantitativo definido de bolsas a serem ofertadas anualmente, não tem um

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período de execução definido, pode durar 08 (oito) meses como em 2015 ou 07 (sete) meses

como em 2016, não havendo o início definido, tudo isso vai depender da deliberação do

orçamento anual para cada programa da assistência estudantil no campus.

Nos outros campi, o Piel ainda não é um programa consolidado, podendo não acontecer

ou acontecer sem a oferta de auxílio para os usuários, dificultando, assim, a execução do

programa. Portanto, o Piel ao depender do interesse da gestão do campus tem sua importância

colocada em questão, pois vai depender da visão que o gestor tem sobre a temática “Esporte e

Lazer” e sua relevância como uma política de permanência e êxito.

O surgimento do Piel no campus Pesqueira promoveu mudanças na dinâmica de

trabalho do docente de Educação Física. O treinamento esportivo não era uma prática comum

no campus, até pela dificuldade da permanência dos estudantes e por não computar como carga

horária de trabalho do professor de Educação Física que quisesse desenvolver esta atividade.

Antes, os treinamentos esportivos aconteciam de forma sazonal. Num período próximo a

alguma competição, formavam-se equipes e treinavam elas por um período curto com o objetivo

de participar daquele evento esportivo. Pode ser por isso que para um dos “treinadores” era

mais fácil formar uma equipe antes da existência do Piel. Ou seja, o curto período de treino

aliado a duas situações que motivavam bastante os estudantes: a viagem para competir e a

própria competição. Atualmente o esporte faz parte da carga horária do professor dessa

disciplina que complementa sua carga horária de aula com atividades de apoio ao ensino e uma

dessas atividades é a participação no Piel, através dos treinamentos esportivos, que acontecem

de forma sistemática. Mas nem todos os entrevistados deixaram de trabalhar a atividade

esportiva de forma não sazonal, apesar da maioria deles, mesmo não tendo a definição dos

alunos bolsistas, começarem a atuar em fevereiro, uns 03 (três) meses antes do início do

programa.

A Política de Assistência Estudantil orienta para uma ampla divulgação das atividades

promovidas pela política de assistência, assim como, os recursos oferecidos e as normas para o

acesso do estudante. O Piel segue todas essas recomendações, porém alguns estudantes, em

especial os usuários sem auxílio, acreditam que a divulgação poderia ser melhor, pois as

informações sobre o programa não chegam para boa parte dos discentes. Já os usuários com

auxílio não acreditam que seja uma falha do Piel, mas sim dos estudantes que não procuram se

informar sobre as ações desenvolvidas no campus.

A proposta de Política de Assistência Estudantil do IFPE, em suas diretrizes, estimula a

participação de toda a comunidade acadêmica do IFPE nas ações da Assistência Estudantil. E

um dos pontos positivos do Piel é essa relação estabelecida com toda a comunidade, tanto a

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interna, quanto a externa. Participam de sua execução a Direção Geral do campus, toda a equipe

multiprofissional da DAE e sua Chefia e os docentes (sendo de Educação Física ou não),

técnicos-administrativos, estagiário e voluntários da comunidade externa do campus que detém

um conhecimento (acadêmico ou vivência prática) sobre uma modalidade esportiva e atuam

como “treinadores”.

E na concepção dos sujeitos acima citados, o Piel contribui para a permanência dos

usuários com auxílio. De acordo com eles, a ajuda financeira ajuda bastante para que o aluno

frequente e permaneça no campus durante todo o curso. De acordo com os entrevistados, o

índice de evasão dos estudantes usuários com auxílio do Piel é quase nulo. Levando isso em

consideração, pode-se afirmar que o Piel contribui com a permanência no campus. Quando

algum usuário com auxílio do programa sai do Instituto são por motivos que se torna inviável

a sua participação, como por exemplo, gravidez precoce, mudança de residência e outros.

Com relação a gravidez precoce, já aconteceram dois casos, de acordo com os

entrevistados. É uma situação que torna inviável sua participação no Piel, pois o programa

envolve atividades de contato e com risco de quedas. Assim, a estudante sairá do programa,

mas não deixará de ser assistida pela Política de Assistência Estudantil. Porém, no caso das

duas alunas, ambas deixaram de frequentar a escola, por não se sentirem à vontade em

frequentar o campus diante do seu quadro de gravidez.

Para os entrevistados, o Piel se torna importante também por possuir alguns critérios

que induzem a permanência e o êxito escolar do estudante. Assim, os usuários com auxílio do

programa sabem que precisam se dedicar aos estudos para permanecer no programa e,

consequentemente, continuar recebendo o auxílio.

Apesar dos benefícios do Piel, que ajudam na permanência e êxito escolar dos

estudantes, vale ressaltar que o programa por si só, algumas vezes, pode não surtir efeito, pois

existe a realidade individual de cada aluno, suas dificuldades, que em certas situações não

ofereça escolhas para o estudante.

Porém, as contribuições do Piel, de acordo com os sujeitos, não se resumem em

assegurar a permanência do estudante e promover o êxito escolar, segundo eles, o programa

proporciona outros benefícios, como: A melhoria do comportamento dos usuários; a interação

entre os estudantes de diferentes turmas; novos vínculos de amizades; atrair estudantes de outras

redes para estudarem no Instituto; a propagação do esporte; estimular o aluno a seguir uma

carreira na área de Educação Física, por conta da sua identificação com a área esportiva e o

fortalecimento da imagem do campus como uma instituição que promove o esporte escolar.

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Já os discentes, que são os usuários do Piel, em sua maioria têm a concepção de que o

programa contribui para a permanência no IFPE - campus Pesqueira, porque além do auxílio

financeiro para alguns participantes, que contribui nas despesas com o transporte, alimentação

e material escolar, a própria oferta do esporte é um grande atrativo para manter alguns

estudantes no campus, especialmente aquele discente que gosta da prática esportiva.

A região e a cidade são carentes de espaços para a prática de esporte e de lazer, diferente

da capital, onde o indivíduo tem espaços gratuitos como as praias, os parques e as quadras

esportivas. Em Pesqueira não existe um ginásio ou uma quadra esportiva à disposição da

população, não tem parques e também não oferece opções privadas de lazer, como cinemas,

escolinhas de iniciação esportiva e outros. Diante disso, as atividades esportivas e de lazer

oferecidas no Piel podem ser as únicas vivenciadas pelos participantes. O elemento “esporte e

lazer” oferecido pelo programa é um grande atrativo não só para permanência do estudante do

campus, mas também para motivar os estudantes das outras redes de ensino (municipal, estadual

e privada) a estudarem no campus. As atividades esportivas e de lazer, promovem o prazer, a

diversão, além da melhoria da saúde, contribuem também, para uma boa relação interpessoal e

porque não, para despertar, por conta da identificação, o interesse por uma carreira profissional

nestas áreas. Isto posto, não se pode negar que o esporte e o lazer exerce uma grande influência

para a diminuição da evasão por ser uma atividade atrativa para os discentes.

Em 2016, por conta de dificuldade orçamentária, não foi permitida a participação em

dois programas da assistência estudantil acumulando bolsas. Por esse motivo, a procura pelo

Piel foi um pouco menor, pois o mesmo foi um dos últimos programas a lançar o edital e a

maioria dos estudantes já estava ganhando auxílio de algum programa (técnicos-científicos,

específico ou universal). Porém, por conta do atrativo “Esporte e Lazer”, alguns estudantes que

já tinham o auxílio de algum programa, se inscreveram no Piel e, sendo selecionados, fariam a

troca para poder participar do Piel, aliando o auxílio financeiro à prática de uma atividade

considerada por eles prazerosa. Porém, notou-se na pesquisa que alguns sujeitos envolvidos

com o Piel não associam o Esporte e o Lazer à uma política de permanência e êxito, mas sim à

bolsa ofertada, apesar de muitos participarem mesmo sem estarem na condição de bolsistas.

Sobre a melhoria do rendimento escolar, os usuários do Piel, consideraram que o

programa contribui com o bom rendimento escolar dos participantes do programa. O principal

motivo seria por conta das diretrizes determinadas no edital do programa, que coloca como um

dos critérios de inscrição e permanência a aprovação num quantitativo de disciplinas cursadas

no período anterior. Assim, o estudante que queira receber o auxílio, terá que se dedicar aos

estudos para atingir a meta mínima de aprovações.

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Com relação à permanência do usuário no programa condicionada a seu rendimento

escolar, percebe-se que esta diretriz está vinculada à garantia da qualidade da formação e não a

utilização do Piel como um instrumento de controle das taxas de evasão e retenção, buscando

atender a algum indicador quantitativo de rendimento escolar. A assistência estudantil no

campus Pesqueira, através de seus programas, procura prover condições necessárias aos

estudantes para a conclusão dos cursos de forma proveitosa.

O aporte financeiro dado pelo Piel ao usuário selecionado foi outro motivo citado que

influencia na melhoria do rendimento escolar. Com essa ajuda financeira, o estudante ganha

tempo e tranquilidade para se dedicar aos estudos, pois não precisa conseguir um “trabalho”

para complementar a renda familiar, o que acaba prejudicando seu rendimento escolar, pois

diminui seu tempo de estudos.

Por conta do atrativo “Esporte e Lazer” do programa citado anteriormente, numa

determinada situação, o Piel pode até prejudicar o rendimento escolar do estudante que participa

das atividades esportivas sem receber a bolsa, o usuário sem auxílio. O grande problema

apresentado é com relação aos horários dos treinos, esses horários são definidos de acordo com

a disponibilidade dos estudantes que foram selecionados pelo programa e irão receber o auxílio,

diante disso, o horário de treino pode coincidir com o horário de aula daquele estudante que

não recebe auxílio e gosta de praticar determinado esporte. Nesse caso, acontecem duas

situações, o estudante falta a aula para participar dos treinamentos e/ou permanece na aula, mas

fica com o pensamento voltado para a atividade esportiva que está acontecendo naquele

momento, prejudicando, em ambos os casos, o aprendizado do estudante e consequentemente

o seu rendimento escolar.

Por fim, fica evidente, diante do que foi apresentado pelo estudo, que apesar de não ter

um acompanhamento mais efetivo por parte da equipe multiprofissional, pelos motivos já

abordados anteriormente, o programa contribui bastante com a permanência do estudante no

campus e auxilia, de certa forma, na busca da melhoria do rendimento escolar do participante.

Vale destacar que a estrutura física e pedagógica oferecida pelos Institutos Federais são

fatores preponderantes para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes. Sendo

assim, o ambiente promovido pelo campus Pesqueira, o corpo docente altamente qualificado, a

presença de laboratórios, biblioteca, equipamentos tecnológicos e outros propiciam ao discente

um melhor aprendizado e, consequentemente, um bom rendimento escolar.

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APÊNDICES

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183

APÊNDICE A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Grupo Focal (estudante menor de idade)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Grupo Focal (estudante menor de idade)

Eu, ______________________________________, como responsável por

______________________________________, concordo que o mesmo participe, como

voluntário, do estudo que tem como pesquisador responsável Carlos Eduardo Correia da Silva,

aluno do programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco –

UFPE – Mestrado em Educação, que pode ser contatado pelo e-mail [email protected]

e pelos telefones (81) 98817-0017 e (81) 3037-3617. Tenho ciência de que o estudo tem como

objetivo realizar entrevistas com servidores e alunos do Instituto Federal de Pernambuco-

Campus Pesqueira, visando, por parte do referido aluno a realização de uma pesquisa para a

dissertação intitulada “ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO

- um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a

permanência escolar”. A participação do estudante citado acima, no qual sou o(a) responsável,

consistirá em participar, no dia ______, das ______ às _____ horas, junto com outros estudantes

do Programa de Incentivo ao Esporte, de uma entrevista coletiva (Grupo Focal), que terá seu

áudio gravado e depois transcrito. Entendo que esse estudo possui finalidade de pesquisa

acadêmica e que será preservado o anonimato dos participantes, assegurando assim sua

privacidade.

______________________________

Assinatura do Responsável

Pesqueira, ___ de _________ de 2016

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184

APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Grupo Focal

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Grupo Focal

Eu, ______________________________________, concordo em participar, como

voluntário, do estudo que tem como pesquisador responsável Carlos Eduardo Correia da Silva,

aluno do programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco –

UFPE – Mestrado em Educação, que pode ser contatado pelo e-mail [email protected]

e pelos telefones (81) 98817-0017 e (81) 3037-3617. Tenho ciência de que o estudo tem como

objetivo realizar entrevistas com servidores e alunos do Instituto Federal de Pernambuco-

Campus Pesqueira, visando, por parte do referido aluno, a realização de uma pesquisa para a

dissertação intitulada “ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E ENSINO MÉDIO INTEGRADO

- um estudo sobre as relações entre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer e a

permanência escolar”. Minha participação se dará no dia ______, das ______ às _____ horas,

junto com outros estudantes do Programa de Incentivo ao Esporte, através de uma entrevista

coletiva (Grupo Focal), que terá seu áudio gravado e depois transcrito. Entendo que esse estudo

possui finalidade de pesquisa acadêmica e que será preservado o anonimato dos participantes,

assegurando assim minha privacidade.

______________________________

Assinatura do Responsável

Pesqueira, ___ de _________ de 2016

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APÊNDICE C – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Entrevista

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Entrevista

Eu, __________________________________________, concordo em ser entrevistado

por Carlos Eduardo Correia da Silva, aluno do Programa de Pós-Graduação em Educação da

Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, Mestrado em Educação, que pode ser contatado

pelo e-mail [email protected] e pelos telefones (81) 98817-0017 e (81) 3037-3617.

Tenho ciência de que o estudo tem em vista realizar entrevistas com servidores e alunos do

Instituto Federal de Pernambuco-Campus Pesqueira, visando, por parte do referido aluno a

realização de uma pesquisa para a dissertação intitulada “ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL E

ENSINO MÉDIO INTEGRADO - um estudo sobre as relações entre o Programa de

Incentivo ao Esporte e Lazer e a permanência escolar”. Tenho ciência de que a entrevista

terá o áudio gravado e depois transcrito. Autorizo a utilização dessa entrevista apenas para a

finalidade acadêmica e sendo resguardada a minha identidade, sendo garantido o anonimato das

minhas declarações através do uso de nome fictício de minha escolha. Além disso, tenho ciência

que a minha participação é voluntária e que posso desistir da mesma durante a sua realização.

Nome: _________________________________________________________

Nome fictício (para ser usado na pesquisa): ____________________________

______________________________

Assinatura

Pesqueira, ___ de _________ de 2016

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APÊNDICE D – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS COM AUXÍLIO)

1. POR QUE VOCÊS PARTICIPAM DO PIEL?

Praticam esportes em outros locais?

Praticavam esportes na outra escola?

2. CASO O PIEL NÃO DISTRIBUÍSSE BOLSAS, VOCÊ AINDA PARTICIPARIA DOS

TREINAMENTOS?

3. QUAIS AS VANTAGENS QUE OS ESTUDANTES TÊM EM PARTICIPAR DO PIEL?

(viagens, diárias, relação com o IFPE, melhora do rendimento, outros).

4. O PIEL CONTRIBUI PARA SUA PERMANÊNCIA NO CAMPUS?

5. O PIEL CONTRIBUI NA MELHORIA DO SEU RENDIMENTO ESCOLAR?

6. OS PROFESSORES DO PIEL COBRAM UM MELHOR RENDIMENTO ESCOLAR DE

VOCÊS?

Eles orientam vocês buscando uma boa formação cidadã?

Vocês se preocupam em ter um bom rendimento por causa do PIEL?

7. QUAL O MOTIVO QUE FEZ VOCÊ QUERER SER ESTUDANTE DO IFPE?

Você já conhecia algum programa da assistência estudantil?

Como você conheceu o PIEL?

8. COMO VOCÊS AVALIAM O ENSINO MÉDIO INTEGRADO?

Currículo;

Professores;

Disciplinas técnicas;

Vestibular;

Espaço;

Possibilidades de trabalho.

9. QUAL A SUA PERSPECTIVA APÓS O MÉDIO INTEGRADO?

10. VOCÊS MORAM EM PESQUEIRA?

Como se deslocam para o campus?

Você mora com quantas pessoas?

11. VOCÊS PROCURAM ALGUM SETOR NO CAMPUS CASO ESTEJA COM ALGUMA

DIFICULDADE NA ESCOLA OU EM CASA?

12. PRECISA MELHORAR ALGUMA COISA NO PIEL OU NAS ATIVIDADES ESPORTIVAS

DESENVOLVIDAS NO CAMPUS?

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APÊNDICE E – ROTEIRO – GRUPO FOCAL (USUÁRIOS SEM AUXÍLIO)

1. POR QUE VOCÊS PARTICIPAM DO PIEL?

Praticam esportes em outros locais?

Praticavam esportes na outra escola?

2. FARIA DIFERENÇA SE VOCÊS RECEBESSEM BOLSAS PARA PARTICIPAR DO

PIEL?

Você participa pensando em ganhar uma bolsa no futuro?

3. QUAIS AS VANTAGENS QUE OS ESTUDANTES TEM EM PARTICIPAR DO

PIEL? (viagens, diárias, relação com o IFPE, melhora do rendimento, outros).

4. O PIEL CONTRIBUI PARA SUA PERMANÊNCIA NO CAMPUS?

5. O PIEL CONTRIBUI NA MELHORIA DO SEU RENDIMENTO ESCOLAR?

6. OS PROFESSORES DO PIEL COBRAM UM MELHOR RENDIMENTO ESCOLAR

DE VOCÊS?

Eles orientam vocês buscando uma boa formação cidadã?

Vocês se preocupam em ter um bom rendimento por causa do PIEL?

7. QUAL O MOTIVO QUE FEZ VOCÊ QUERER SER ESTUDANTE DO IFPE?

Você já conhecia algum programa da assistência estudantil?

Como você conheceu o PIEL?

8. COMO VOCÊS AVALIAM O ENSINO MÉDIO INTEGRADO?

Currículo;

Professores;

Disciplinas técnicas;

Vestibular;

Espaço;

Possibilidades de trabalho.

9. QUAL A SUA PERSPECTIVA APÓS O MÉDIO INTEGRADO?

10. VOCÊS MORAM EM PESQUEIRA?

Como se deslocam para o campus?

Você mora com quantas pessoas?

11. VOCÊS PROCURAM ALGUM SETOR NO CAMPUS CASO ESTEJA COM

ALGUMA DIFICULDADE NA ESCOLA OU EM CASA?

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12. PRECISA MELHORAR ALGUMA COISA NO PIEL OU NAS ATIVIDADES

ESPORTIVAS DESENVOLVIDAS NO CAMPUS?

13. QUAL A OPINIÃO DE VOCÊS SOBRE ESSE PROCESSO SELETIVO DO PIEL?

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APÊNDICE F – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 06

1- Como foi o processo de criação do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer?

2- Como era a prática esportiva e de lazer no campus antes do Programa de Incentivo ao

Esporte e Lazer?

3- Qual a sua opinião sobre o Programa? É um programa já consolidado dentro da política

de assistência estudantil do IFPE?

4- Qual é o histórico da Política de assistência estudantil no IFPE anterior ao PNAES?

Como funcionava?

5- No início, a política de assistência estudantil no campus foi direcionado para os

estudantes do nível superior ou para todos os níveis de ensino?

6- Quais as ações e/ou programas passaram a ser desenvolvidas no campus Pesqueira logo

no início do PNAES? E como outros programas foram aparecendo?

7- Como você avalia a Política de Nacional de Assistência Estudantil no IFPE?

8- Na sua opinião o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer contribui de alguma forma

na permanência e no êxito escolar dos estudantes beneficiados? Existem outras

contribuições que o programa proporciona para o campus Pesqueira?

9- Como é definido o valor orçamentário para pagamento do auxílio aos estudantes

participantes do programa?

10- Como você avalia a influência socioeconômica na permanência e no êxito escolar do

estudante? A que se deve, do seu ponto de vista, a evasão escolar?

11- Qual o papel do assistente social dentro da assistência estudantil, especificamente no

Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer?

12- Olhando o edital fica claro que o programa busca a melhoria do êxito escolar do

estudante beneficiado, caso o mesmo não consiga, durante o ano letivo manter um bom

rendimento, quais as ações tomadas por essa diretoria?

13- Como acontece o acompanhamento dos alunos beneficiados pelo Programa de

Incentivo ao Esporte e Lazer?

14- Quais os problemas enfrentados na realização do programa de incentivo ao esporte e

lazer? (espaço, pessoal, material e outros).

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APÊNDICE G – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 01

1- Qual a sua opinião sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer? É um programa

já consolidado dentro da política de assistência estudantil do IFPE?

2- Como é elaborado o edital para concorrer a uma vaga no programa de incentivo ao

Esporte e Lazer? Segue alguma normatização do IFPE ou é livre para todos os campi?

3- Qual a participação da DAE na definição do orçamento para o Programa de Incentivo

ao Esporte e Lazer?

4- Quais os critérios para o estudante ser um beneficiado do Programa de Incentivo ao

Esporte e Lazer? O perfil socioeconômico é o principal critério?

5- Qual é o histórico da Política de assistência estudantil no IFPE anterior ao PNAES?

Como funcionava?

6- Desde a sua implementação, a política de assistência estudantil no campus foi

direcionado para os estudantes de todos os níveis de ensino?

7- Qual a sua opinião sobre o PNAES? E a relação desta política com o Instituto?

8- A política de assistência estudantil consegue atender ao seu propósito no campus

Pesqueira?

9- Na sua opinião o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer contribui de alguma forma

na permanência e no êxito escolar dos estudantes beneficiados? Existem outras

contribuições que o programa proporciona para o campus Pesqueira?

10- Olhando o edital fica claro que o programa busca a melhoria do êxito escolar do

estudante beneficiado, caso o mesmo não consiga, durante o ano letivo manter um bom

rendimento, quais as ações tomadas por essa diretoria?

11- Qual o papel do assistente social dentro da assistência estudantil, especificamente no

Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer?

12- Como acontece o acompanhamento dos alunos beneficiados pelo Programa de

Incentivo ao Esporte e Lazer?

13- Quais os problemas enfrentados na realização do programa de incentivo ao esporte e

lazer? (espaço, pessoal, material e outros).

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APÊNDICE H – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADO 05

1- Qual a sua opinião sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer? É um programa já

consolidado dentro da política de assistência estudantil do IFPE?

2- Como é elaborado o edital para concorrer a uma vaga no programa de incentivo ao Esporte e

Lazer? Segue alguma normatização do IFPE ou é livre para todos os campi?

3- Qual a participação da DAE na definição do orçamento para o Programa de Incentivo ao Esporte

e Lazer?

4- Quais os critérios para o estudante ser um beneficiado do Programa de Incentivo ao Esporte e

Lazer? O perfil socioeconômico é o principal critério?

5- Qual a sua opinião sobre as políticas sociais desenvolvidas atualmente no Brasil?

6- Qual a sua opinião sobre o PNAES? E a relação desta política com o Instituto?

7- A política de assistência estudantil consegue atender ao seu propósito no campus Pesqueira?

8- Na sua opinião o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer contribui de alguma forma na

permanência e no êxito escolar dos estudantes beneficiados? Existem outras contribuições que

o programa proporciona para o campus Pesqueira?

9- Olhando o edital fica claro que o programa busca a melhoria do êxito escolar do estudante

beneficiado, caso o mesmo não consiga, durante o ano letivo manter um bom rendimento, quais

as ações tomadas por essa diretoria?

10- Qual o papel do assistente social dentro da assistência estudantil, especificamente no Programa

de Incentivo ao Esporte e Lazer?

11- Como acontece o acompanhamento dos alunos beneficiados pelo Programa de Incentivo ao

Esporte e Lazer?

12- Quais os problemas enfrentados na realização do programa de incentivo ao esporte e lazer?

(espaço, pessoal, material e outros).

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APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA – ENTREVISTADOS 02, 03, 04, 07 E 08.

1- Você gosta de desenvolver atividades esportivas? Qual a sua experiência nessa área?

2- Qual a sua opinião sobre a utilização do esporte e lazer como instrumento auxiliar do processo

educativo?

3- Você acredita ser necessário desenvolver políticas de assistência para estudantes da rede pública

de ensino? Qual a sua opinião sobre a Política Nacional de Assistência Estudantil?

4- Você já treinava os estudantes do IFPE – Pesqueira antes do surgimento do Programa de

Incentivo ao Esporte e Lazer?

5- Qual a sua opinião sobre o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer? Como você descreveria

seu primeiro contato com o programa?

6- Você participa do processo seletivo para o estudante que queira ganhar o auxílio do Programa

de Incentivo ao Esporte e Lazer? Em que momento e de que forma acontece a sua participação?

7- Você abre espaço nos treinamentos e nos eventos esportivos para os estudantes que não ganham

o auxílio do programa?

8- Na sua opinião, de que forma você contribui para a formação cidadã e para o desenvolvimento

educacional dos estudantes do Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer?

9- Na sua opinião o Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer contribui de alguma forma na

permanência e no êxito escolar dos estudantes beneficiados? Existem outras contribuições que

o programa proporciona para o campus Pesqueira?

10- Você gostaria de relatar alguma experiência vivida no Programa de Incentivo ao Esporte e Lazer

que demonstre se ele está contribuindo ou não no desempenho escolar do estudante?

11- Você acredita que os participantes do Programa só frequentam os treinos por conta do auxílio

financeiro?

12- Olhando o edital fica claro que o programa busca a melhoria do êxito escolar do estudante

beneficiado, caso o mesmo não consiga, durante o ano letivo manter um bom rendimento, quais

as ações tomadas por você?

13- Quais os problemas enfrentados na realização do programa de incentivo ao esporte e lazer?

(espaço, pessoal, material e outros).

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ANEXOS

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ANEXO A – Edital nº 02/2015

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO

DIREÇÃO GERAL CAMPUS PESQUEIRA

DEPARTAMENTO DE ENSINO CAMPUS PESQUEIRA

Serviço Social

Edital nº 02/2015– Assistência Estudantil

PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE – MODALIDADE COLETIVA E

INDIVIDUAL

Edital nº 02/2015 – Assistência Estudantil

O Diretor Geral do Campus Pesqueira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de

Pernambuco (IFPE), por meio da Divisão de Assistência ao Estudante (DAE), em conformidade com a

Política de Assistência Estudantil, aprovada pela Resolução CONSUP Nº 21/2012, com a Organização

Acadêmica Institucional, aprovada pela Resolução Nº 81/2010 e com a Regulamentação de Bolsa

Permanência no âmbito do IFPE, torna público as normas e prazos de seleção para ingresso nos

Programas de Incentivo ao Esporte e ao Lazer da Política de Assistência Estudantil e Incentivo ao

Esporte do Campus Pesqueira.

1. DOS OBJETIVOS

Ampliar e fortalecer as condições de acesso e permanência com êxito dos discentes na Instituição através

dos Programas de Incentivo ao Esporte que visam assegurar, prioritariamente ao estudante em situação

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de vulnerabilidade socioeconômica e/ou que apresente um bom rendimento esportivo, o exercício pleno

da cidadania.

2. CRONOGRAMA

As etapas do processo seletivo ocorrerão de acordo com o calendário apresentado por modalidade.

3. Programa de Incentivo ao Esporte:

3.1. Conceito:

O Programa Bolsa-Atleta e o Programa de Incentivo ao Esporte são programas de incentivo aos

estudantes – Atletas do IFPE Campus Pesqueira, que visa a Educação para o Esporte, na formação da

cidadania e melhoria da qualidade de vida. Os programas serão coordenados pelos Professores de

Educação Física e outros docentes / administrativos do Campus.

3. MODALIDADES:

3.1 COLETIVAS:

* BASQUETE

* FUTSAL

* VOLEIBOL

3.2 INDIVIDUAIS

* JUDÔ

* KICKBOXING

* BADMINTON

4.Critérios de participação no processo seletivo para todas as modalidades:

1. Matrícula regular no IFPE- Campus Pesqueira, cursando no mínimo 3 componentes curriculares;2.

Idade mínima de 15 anos completos ou completará 15 anos no ano de 2015; 3. Idade máxima de 20 anos

11 meses e 30 dias; 4. Parecer médico favorável à prática desportiva; 5. Não receber salário ou patrocínio

de entidade de prática desportiva (clube).

4.1.1 Valor do Auxílio financeiro: R$ 275,80 durante 8 meses (Maio à Dezembro de 2015).

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4.1.2 Condicionalidades para permanência dos beneficiados:

1. Matrícula regular nos cursos presenciais do IFPE – Campus Pesqueira, além da manutenção de

rendimento acadêmico, admitindo a retenção em até três componentes curriculares cumulativamente.

Caso o estudante extrapole essa quantidade de reprovações já citadas caberá à equipe multidisciplinar a

avaliação do caso. Ao término do 1º semestre todos os alunos terão que realizar a renovação e serão

avaliados no tocante ao rendimento escolar e participação nos treinamentos, para a possível continuidade

no programa; 2. Não descumprir as regras da Organização Acadêmica Institucional do IFPE vigentes

passíveis de advertência, suspensão e desligamento; 3. Frequência regular nos treinos em horários pré-

fixados pelo (s) Técnicos; (no mínimo 75% de frequência na carga horária, mensal, dos treinamentos

e/ou jogos pré-estabelecidos, amistosos e oficiais). O aluno que não atingir a frequência estipulada neste

item por 3 meses intercalados ou consecutivos será desligado do programa. O Estudante/Atleta que não

atingir os 75% de frequência no mês e não apresentar justificativa plausível poderá ter a bolsa suspensa

no referido mês. A frequência deverá ser assinada a cada treino com o docente/administrativo

responsável pela modalidade; 4. Boa convivência com o técnico, com os colegas da equipe e com todos

que fazem parte da Instituição; 5. Apresentar-se com vestimenta adequada, seguindo as

orientações/normas dos professores; 6. Pontualidade; 7. Zelar e guardar o material de expediente junto

ao Professor; 8. Zelar pelas estruturas físicas do nosso Campus e demais locais que venham a visitar; 9.

Apresentar qualidades técnicas, físicas e psicológicas; 10. Custear seus próprios uniformes esportivos,

tanto para participações em eventos como para treinamentos;

Parágrafo Único: Para fins de renovação dos Programas, o/a estudante deverá apresentar no início do 2º

Segundo Semestre, em data estipulada pela DAE, o Histórico Escolar impresso pelo Q-Acadêmico ou

emitido pelo Setor de Registro Escolar atualizado.

5. Inscrições e Requisitos Básicos para todas as modalidades:

1. Questionário socioeconômico preenchido disponível no site institucional do Campus Pesqueira:

www.portal.ifpe.edu.br, a partir de 16 de abril de 2015, o qual deverá ser impresso e

devidamente assinado, entregue na DAE (Sala D1). 2- Ficha de inscrição impressa e preenchida

manualmente, disponível no site institucional Campus Pesqueira: www.portal.ifpe.edu.br. 3-

Cópia do RG e CPF ou Certidão de Nascimento para os/as estudantes menores de 18 anos. 4-

Uma foto 3 x 4; 5- Comprovante de Matrícula ou Histórico Escolar solicitado ao Registro

Escolar ou impresso pelo Q-Acadêmico. 6- Cópia da Conta de energia atualizada, referente aos

meses de fevereiro ou março/2015, do endereço onde reside. 7- Cópias do Comprovante de

renda do/a estudante, maior de 18 anos. Trabalho formal (contracheque, extrato bancário ou

contrato com renda atual, referente a fevereiro ou março/2015; Autônomo/a ou trabalho

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informal: declaração específica (Anexo II) datada e assinada; Desempregado/a: declaração de

desemprego (Anexo III) datada e assinada; 8- Cópia(s) do(s) Comprovante(s) de renda familiar.

Incluem-se todos/as os/as integrantes do núcleo familiar que residem com o/a estudante, com

ou sem vínculo empregatício maiores de 18 anos. Trabalho formal: (contracheque, extrato

bancário ou contrato com renda atual, referente a fevereiro ou março/2015; Autônomo/a ou

trabalho informal: declaração específica (Anexo II) datada e assinada; Desempregado/a:

declaração de desemprego (Anexo III) datada e assinada; Aposentados/as e Pensionistas: extrato

bancário identificado e cartão do benefício, referente ao mês de fevereiro ou março/2015. 9-

Cópia do Registro Geral (RG) ou outro documento oficial de Identidade de todos/as integrantes

do núcleo familiar maiores de 18 anos. 10- Cópia da certidão de nascimentos de todos/as os/as

integrantes do núcleo familiar menores de 18 anos. 11- Parecer médico favorável à prática

desportiva fornecida por profissional qualificado, a DAE irá disponibilizar termos de

responsabilidade e autorização para os maiores e menores de 18 anos responsabilizando o

estudante ou responsável por qualquer intercorrência nas seletivas. A autorização deverá ser

acompanhada da RG do responsável. Ressaltamos que será uma condição temporária com a

ressalva de que o estudante só poderá assinar o termo de compromisso e iniciar as atividades

quando apresentar parecer médico.

Documentos Complementares, caso julguem necessário apresentar: Cópia do Cartão e Extrato

atualizado referente ao mês de fevereiro ou março/2015 de benefícios sociais, Bolsa família,

BPC, PROJOVEM, Aluguel ou Financiamento de Casa Própria, Gastos Médicos e outros.

5.1 Seleção:

Os estudantes poderão ser selecionados apenas pelo seu desempenho técnico e físico da modalidade

segundo a avaliação do docente/administrativo responsável e/ou além de apresentarem bom desempenho

esportivo estiverem no perfil de vulnerabilidade socioeconômica, a qual será avaliada pelo Serviço

Social do campus Pesqueira de acordo com os critérios relacionados abaixo:

a) Renda per capita familiar de até 1,5 salário mínimo nacional vigente; b) Situação de moradia; c)

Situação de trabalho; d) Composição familiar e de Fragilidade de Vínculos;

e) Despesas familiares; f) Bens móveis e imóveis; g) Gênero e raça/etnia; h) Escolaridade dos membros

da família; i) Doenças crônicas/Fragilidade Orgânica devidamente comprovada e/ou existência de

deficiência em membro da família; j) Pessoa com Deficiência e/ou Necessidades Especiais; k) Cotista

das Escolas Públicas; l) Estudantes com filhos/as com idade de até 6 anos incompletos; m)Beneficiário

de outros Programas Sociais (CadÚnico, BPC, Tarifa Social da CELPE e outros); n) Pessoas em situação

de risco social; o) Pessoas em situação de risco, comprovadamente, devido a questões relativas à

orientação Sexual; p) Ordem física; q) Comunidades em desvantagem social;

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r) Estudantes com filhos de 7 a 11 anos incompletos; s) Estudantes com filhos adolescente de 12 a 18

anos incompletos.

OBS.: Os itens para analise da condição de vulnerabilidade social e o conceito de risco social são

adotados na Política Nacional de Assistência Social no que diz respeito à proteção social especial,

PNAS, 2004.

CRITÉRIOS DE SELEÇÃO POR MODALIDADE

COLETIVAS

MODALIDADE CRITÉRIOS PROFESSOR

RESPONSÁVEL

BASQUETE

MASCULINO

Etapa 1.: Serão selecionados os estudantes que se

destacarem em relação ao desempenho técnico e físico,

segundo a avaliação do professor responsável.

DOMÍNIO DE BOLA-PASSES-ARREMESSOS E REGRAS

FUTSAL FEMININO

E MASCULINO

Serão selecionados os/as estudantes que se destacarem em

relação ao desempenho técnico e físico, segundo a

avaliação do professor e servidor responsáveis.

DOMÍNIO DE BOLA-PASSES-CHUTES-DRIBLES E REGRAS

VOLEIBOL

FEMININO E

MASCULINO

Serão selecionados os/as estudantes que se destacarem em

relação ao desempenho técnico e físico, segundo a

avaliação do professor responsável.

O candidato terá seu desempenho avaliado em uma

pontuação que vai de 0 a 5 pontos, nos fundamentos e

regras específicos de cada modalidade.

SAQUE-MANCHETE-LEVANTAMENTO-ATAQUE E REGRAS

OBS: Saque por baixo pontua, no máximo, 3 pontos.

INDIVIDUAIS

JUDÔ FEMININO

E MASCULINO

Serão selecionados os/as estudantes que se destacarem em

relação ao desempenho técnico e físico, segundo a

avaliação do professor e servidor responsáveis.

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KICKBOXING

FEMININO E

MASCULINO

Serão selecionados os/as estudantes relacionados

indicados pela professor responsável que utilizará como

critério o comprometimento com a modalidade desde o

princípio do treinamento, e algumas características

observadas em treinamento.

BADMINTON

MASCULINO E

FEMININO

Serão selecionados os/as estudantes que se destacarem em

relação ao desempenho técnico e físico, segundo a

avaliação do professor responsável.

O candidato terá seu desempenho avaliado em uma

pontuação que vai de 0 a 5 pontos, nos fundamentos

específicos da modalidade.

SAQUE- ATAQUE E DEFESA.

OBS: Saque por baixo pontua, no máximo, 3 pontos.

1. Quadro de Vagas:

COLETIVAS

BASQUETE 5

FUTSAL FEMININO 5

FUTSAL MASCULINO 5

VOLEIBOL MASCULINO 6

VOLEIBOL FEMININO 6

INDIVIDUAIS

JUDÔ MASCULINO 2

JUDÔ FEMININO 2

KICKBOXING 4

BADMINTON 2

TOTAL 37

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200

2. Cronograma:

CRONOGRAMA

INSCRIÇÕES 22 Á 24 DE ABRIL DE 2015

SELEÇÃO DE BASQUETE

29 DE ABRIL (QUARTA)

HORÁRIO: 14h00min.

SELEÇÃO DE VOLEIBOL 28 DE ABRIL (TERÇA), HORÁRIO: 09h00min

FEMININO E MASCULINO.

SELEÇÃO JUDÔ

27 DE ABRIL (SEGUNDA), PELA MANHÃ,

HORÁRIO: 10h00min FEMININO E

MASCULINO.

SELEÇÃO DE FUTSAL

23 DE ABRIL (QUINTA), MANHÃ E TARDE.

MASCULINO 11h30min. FEMININO

14h00min.

SELEÇÃO KICKBOXING 24 DE ABRIL (SEXTA), HORÁRIO: 17:30h.

SELEÇÃO BADMINTON 24 DE ABRIL (SEXTA), TARDE, HORÁRIO:

14h00min FEMININO E MASCULINO.

AVALIAÇÃO SOCIAL 30/04 À 04 DE MAIO DE 2015

RESUTADO PRELIMINAR 05 DE MAIO DE 2015

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO 07 DE MAIO DE 2015

ANÁLISE DE RECURSO 08 DE MAIO DE 2015

RESULTADO FINAL 11 DE MAIO DE 2015

ASSINATURA DO TERMO DE

COMPROMISSO

13 A 15 DE MAIO DE 2015

8. DA DIVULGAÇÃO DO RESULTADO

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A relação dos/as estudantes contemplados/as com benefício será publicada no site do IFPE

www.portal.ifpe.edu.br, na página do Campus Pesqueira.

OBSERVAÇÃO: Os/As candidatos/as efetivados/as deverão procurar o Serviço Social, a DAE para

assinar o termo de compromisso. Caso o/a estudante não assine o termo de compromisso na data

estipulada estará automaticamente desvinculado/a do programa.

9- SERÁ EXCLUÍDO DO PROCESSO SELETIVO O CANDIDATO QUE:

9.1 Descumprir as condições deste edital; 9.2 Não comprovar as informações exigidas nos

formulários de inscrições; 9.3 Perder os prazos de inscrições e entrega dos documentos exigidos.

10- RECURSO:

10.1 O candidato poderá dar entrada com recurso no dia seguinte ao resultado preliminar. 10.2 O

candidato deverá dar entrada com o recurso no setor de Recursos Humanos do Campus Pesqueira no

horário das 08:00 ao 12:00 e 13:00 às 17:00. 10.3 O recurso interposto fora do respectivo prazo não será

reconhecido, considerado, para este efeito, a data da solicitação. 10.4 Os recursos serão analisados pela

equipe responsável pela seleção, vedada a multiplicidade de recursos por um(a) mesmo(a) candidato(a).

10.5Não serão aceitos recursos interpostos por fax, telegrama ou outro meio que não seja o especificado

neste Edital. 10.6 Será publicada relação com o resultado do julgamento dos recursos, no prazo de até

48 (quarenta e oito) horas após o seu recebimento.

11- DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

11.1 As declarações quando exigidas deverão ser preenchidas a punho e assinadas pelo

candidato;

11.2 A documentação incompleta causará o indeferimento da inscrição;

11.3 As informações prestadas no formulário, bem como a documentação apresentada, serão de

inteira responsabilidade do estudante. A não veracidade e/ ou omissão de informações acarretará a

suspensão do estudante do Programa, independente da época em que forem constatadas;

11.4 O estudante deverá comunicar imediatamente ao Serviço Social qualquer alteração em sua

situação socioeconômica, como por exemplo, inserção em atividade remunerada ou estágio remunerado

(a partir da palavra “como” a redação poderá ser excluída);

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202

11.5 Não será permitido ao estudante selecionado acumular benefícios do Programa de

Assistência Estudantil de que tratam este edital. Caso o estudante seja selecionado em mais de um

programa, este deve optar ao assinar o termo de compromisso por apenas um dos benefícios financeiros;

11.6 O estudante com matrícula vinculo, não poderá participar deste processo seletivo;

11.7 O estudante do Programa PROIFPE não poderá se candidatar às bolsas de Assistência

Estudantil deste processo seletivo, uma vez que, o PROIFPE caracteriza-se como um curso de Extensão;

11.8 Somente após a assinatura do termo de compromisso no Serviço Social na DAE o estudante

estará efetivamente incluído nos Programas de Assistência Estudantil e do IFPE Campus Pesqueira.

11.9 O quantitativo de bolsas será disponibilizado em função dos recursos oriundos do

orçamento do Campus.

Pesqueira, 16 de abril de 2015.

OBS: O EDITAL DEVIDAMENTE ASSINADO ENCONTRA-SE NA DAE (SALA D1)

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203

ANEXO I

FICHA DE INSCRIÇÃO PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER

2015

( ) BASQUETE

( ) FUTSAL

( ) VOLEI

( ) JUDÔ

( ) KICKBOXING

NOME:______________________________________________________________

SEXO: (F) (M) Idade:______ DATA DE NASCIMENTO:______/______/________

CURSO:__________________________________PERÍODO:__________________

MODALIDADE:______________

MATRICULA: _____________ TURNO: ___________________ COTISTA: ( ) SIM ( ) NÃO

NATURALIDADE:____________________NACIONALIDADE:_______________

RG:__________________Orgão EXP.:_________________CPF:________________

ENDEREÇO:___________________________________________________Nº____

BAIRRO:______________________CIDADE:_________________CEP:_________

PONTO DE REF.___________________________________ __________________

FONE RES.:( )____________CEL.( )_____________ FONE RECADO: ( ) _____________

Email:________________________________________________________________

Pesqueira, de 2015.

--------------------------------------------------------------------------------

Assinatura do/a estudante

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204

ANEXO II

DECLARAÇÃO DE QUE EXERCE ATIVIDADE INFORMAL

Eu,________________________________________, CPF nº______________________,

RG _________________,residente à _________________________________________

_______________________________________________________________________, cidade

___________________________________ declaro sob responsabilidade e penas da lei, que exerço

atividade informal remunerada de _____________________

________________________________________________________________________

(indicar qual a atividade exerce) recebendo mensalmente média de remuneração no valor de R$

________________________________.

Estou ciente de que a omissão de informações ou a apresentação de dados ou documentos falsos

e/ou divergentes implicam, a qualquer tempo, no cancelamento do Auxílio ou Programa, se

concedido, e obrigam a imediata devolução dos valores indevidamente recebidos, além das

medidas judiciais cabíveis.

________________________,___DE_______________DE 201__.

____________________________________________

Assinatura do (a) Declarante

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205

ANEXO III

DECLARAÇÃO DE SITUAÇÃO DE DESEMPREGO

Eu, _______________________________________________________________,

portador do RG: ________________ e CPF:___________________, residente à

Rua/Avenida/Travessa________________________________________________________,nº____

____,Complemento:_____________________________________________,Bairro______________

_______,Município:______________________,Estado: ______,

declaro para os devidos fins (sob as penas das Leis Civis, com ressarcimento por prejuízo causado

a terceiros; e Penal, por crime de falsidade ideológica, Art. 299), que não recebo atualmente

salários, proventos, pensão, aposentadoria, comissão, pró-labore, rendimento de trabalho

informal ou autônomo, rendimento auferido de patrimônio e quaisquer outros.

Declaro ainda que as informações apresentadas acima são verdadeiras e que estou ciente

de que a omissão de informações ou a apresentação de dados ou documentos falsos e/ou

divergentes podem resultar em processo contra mim. Portanto, autorizo a devida investigação e

fiscalização para fins de averiguar e confirmar as informações declaradas acima.

Subscrevo a presente declaração, em uma via, reconhecendo como verdadeiro seu

conteúdo.

______________________, _______de _____________ de 201___.

____________________________________________

Assinatura do (a) Declarante

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206

ANEXO B – Edital nº 02/2016

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE

PERNAMBUCO DIREÇÃO GERAL CAMPUS PESQUEIRA

DEPARTAMENTO DE ENSINO CAMPUS PESQUEIRA

Serviço Social

Edital nº 02/2016– Assistência Estudantil

PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE – MODALIDADE COLETIVA E

INDIVIDUAL

Edital nº 02/2016 – Assistência Estudantil

O Diretor Geral do Campus Pesqueira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia

de Pernambuco (IFPE), por meio da Divisão de Assistência ao Estudante (DAE), em

conformidade com a Política de Assistência Estudantil, aprovada pela Resolução CONSUP Nº

21/2012, com a Organização Acadêmica Institucional, aprovada pela Resolução Nº 81/2010 e

com a Regulamentação de Bolsa Permanência no âmbito do IFPE, torna público as normas e

prazos de seleção para ingresso nos Programas de Incentivo ao Esporte e ao Lazer da Política

de Assistência Estudantil e Incentivo ao Esporte do Campus Pesqueira- PE.

1. DOS OBJETIVOS

Ampliar e fortalecer as condições de acesso e permanência com êxito dos discentes na

Instituição através dos Programas de Incentivo ao Esporte que visam assegurar,

prioritariamente ao estudante em situação de vulnerabilidade socioeconômica e/ou que

apresente um bom rendimento esportivo, o exercício pleno da cidadania.

2. CRONOGRAMA

As etapas do processo seletivo ocorrerão de acordo com o calendário apresentado por

modalidade.

3. PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE:

3.1. Conceito:

O Programa Bolsa-Atleta e o Programa de Incentivo ao Esporte são programas de incentivo aos

estudantes – Atletas do IFPE Campus Pesqueira, que visa a Educação para o Esporte, na

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207

formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida. Os programas serão coordenados pelos

Professores de Educação Física, outros docentes/ administrativos do Campus e voluntários.

MODALIDADES:

COLETIVAS:

BASQUETE

FUTSAL

VOLEIBOL

INDIVIDUAIS:

KICKBOXING

BADMINTON

XADREZ (EM ANÁLISE DE RECURSO)

Critérios de participação no processo seletivo para todas as modalidades:

1 - Matrícula regular no IFPE- Campus Pesqueira, cursando no mínimo 3 componentes

curriculares; 2- Idade mínima de 15 anos completos ou completará 15 anos no ano de 2016; 3-

Idade máxima de 19 anos (até 31 de dezembro); 4- Parecer médico favorável à prática

desportiva; 5- Não receber salário ou patrocínio de entidade de prática desportiva (clube); 6-

Não será permitido acumular com outras bolsas e auxílios estudantis.

4.1 Valor do Auxílio financeiro: R$ 308,00 durante 7 meses (junho à dezembro de 2016).

4.2 Condicionalidades para permanência dos beneficiados:

1 - Matrícula regular nos cursos presenciais do IFPE – Campus Pesqueira-PE, além da

manutenção de rendimento acadêmico, admitindo a retenção em até 50% dos componentes

curriculares cumulativamente. Caso o estudante extrapole essa quantidade de reprovações já

citadas caberá à equipe multidisciplinar a avaliação do caso. Ao término do 1º semestre todos

os alunos terão que realizar a renovação e serão avaliados no tocante ao rendimento escolar e

participação nos treinamentos, para a possível continuidade no programa.

2 - Não descumprir as regras da Organização Acadêmica Institucional do IFPE vigentes

passíveis de advertência, suspensão e desligamento;

3 - Frequência regular nos treinos em horários pré-fixados pelo (s) Técnicos; (no mínimo 75%

de frequência na carga horária, mensal, dos treinamentos e/ou jogos pré-estabelecidos,

amistosos e oficiais). O aluno que não atingir a frequência estipulada neste item por 3 meses

intercalados ou consecutivos será desligado do programa. O Estudante/Atleta que não atingir

os 75% de frequência no mês e não apresentar justificativa plausível poderá ter a bolsa suspensa

no referido mês. A frequência deverá ser assinada a cada treino com o docente/administrativo

responsável pela modalidade;

4 - Boa convivência com o técnico, com os colegas da equipe e com todos que fazem parte da

Instituição;

5 - Apresentar-se com vestimenta adequada, seguindo as orientações/normas dos professores;

6 - Pontualidade;

7 - Zelar e guardar o material de expediente junto ao Professor;

8 - Zelar pelas estruturas físicas do nosso Campus e demais locais que venham a visitar;

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208

9 - Apresentar qualidades técnicas, físicas e psicológicas;

10 - Custear seus próprios uniformes esportivos, tanto para participações em eventos como para

treinamentos;

Parágrafo Único: Para fins de renovação dos Programas, o/a estudante deverá apresentar no

início do 2º segundo Semestre, em data estipulada pela DAE, o histórico escolar impresso pelo

Q- Acadêmico ou emitido pelo Setor de Registro Escolar atualizado.

4. Inscrições e Requisitos Básicos para todas as modalidades:

Os estudantes que se inscreveram no programa bolsa permanência em 2016 e que desejam se

inscrever nesse edital, irão apresentar apenas ficha de inscrição e parecer médico (conforme

subitem 10 do item 5, disponível na dae).

1 - Ficha de inscrição preenchida manualmente, disponível no site institucional Campus

Pesqueira: www.portal.ifpe.edu.br; 2- Cópia do RG e CPF (maiores) ou Certidão de

Nascimento para os/as estudantes menores de 18 anos; 3- Questionário socioeconômico

disponível na DAE, o qual deverá ser devidamente assinado e entregue; 4- Uma foto 3 x 4; 5-

Histórico Escolar impresso pelo Q-Acadêmico; 6- Cópia do Registro Geral (RG) ou outro

documento oficial de Identidade de todos/as integrantes do núcleo familiar maiores de 18 anos;

7- Cópia da certidão de nascimento de todos/as os/as integrantes do núcleo familiar menores de

18 anos; 8- Cópias do Comprovante de renda do/a estudante, maior de 18 anos;

CASO FIQUE EM DÚVIDA SOBRE O COMPROVANTE DE RENDA, ENTRE EM

CONTATO COM O SERVIÇO SOCIAL, POIS ESSE É UM DOCUMENTO

ESSENCIAL PARA O PROCESSO DE SELEÇÃO.

Para os/as trabalhadores/as do mercado formal (celetistas, servidores públicos civis e militares):

Cópia da carteira de trabalho atualizada ou recibo de salário completo ou contracheque ou

contrato (com renda atual) referente a abril, maio ou junho de 2016.

Para os/as desempregados/as (todas as pessoas com idade superior a 18 anos, residentes

na mesma casa, desempregados/das ou que não desenvolvam nenhuma atividade

informal) deverão apresentar:

Cópia da Carteira de Trabalho com a identificação, a baixa do último emprego e com a próxima

página de contrato em branco; Apresentar comprovante de seguro-desemprego, caso esteja

recebendo o benefício;

Para trabalhadores/as do mercado informal e autônomos/as:

Trabalhador informal: Declaração firmada por assinatura de 02 (duas) testemunhas, que não

sejam componentes do mesmo grupo familiar (nome completo e número do CPF) com data

atual, informando a renda mensal e a atividade exercida. (disponível na DAE) e cópia da

Carteira de Trabalho com a identificação, a baixa do último emprego e com a próxima página

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209

de contrato em branco (Caso não tenha carteira de trabalho, apresentar declaração de próprio

punho informando essa situação).

Trabalhador autônomo: declaração de imposto de renda atualizada.

Para proprietários/as ou pessoas com participação em cotas de empresas ou

microempresas: Declaração do Imposto de renda - cópia de todas as páginas do IRPF referente

ao ano base vigente entregue à Receita Federal. Declaração contábil de retirada de pró labore

atualizada;

Em caso de aposentadoria: Cópia do último comprovante de recebimento de benefício do

INSS identificado ou extrato impresso no Dataprev. Link do site

:http://www8.dataprev.gov.br/SipaINSS/pages/hiscre/hiscreInicio.xhtml;

Em caso de pensionistas: Cópia do último comprovante de recebimento de benefício do INSS

identificado ou extrato impresso no Dataprev. Link do site

:http://www8.dataprev.gov.br/SipaINSS/pages/hiscre/hiscreInicio.xhtml e cópia da Carteira de

Trabalho com a identificação, a baixa do último emprego e com a próxima página de contrato

em branco;

Produtor rural: Apresentar cópia do ITR (Imposto Territorial Rural), declaração do Sindicato

dos Trabalhadores Rurais ou de associações de moradores – constando a principal atividade e

a remuneração média mensal. Caso não seja associado ao sindicato ou a associação, declaração

firmada por duas testemunhas, com data atual, informando a renda mensal (informar nome e

CPF) (disponível na DAE);

Outros (por exemplo, comissões por vendas, auxílios de parentes e/ou amigos): declaração

assinada por quem paga as comissões ou pelo prestador de auxílio financeiro com assinatura de

02 (duas) testemunhas, que não sejam componentes do mesmo grupo familiar (nome completo

e número do CPF) (disponível na DAE); Apresentar também cópia da carteira de trabalho com

a identificação, a baixa do último emprego e com a próxima página do contrato em branco;

Se houver renda proveniente de aluguel de imóveis: cópia do contrato de locação ou

declaração original do locatário, constando em ambos o valor mensal;

Se estiver recebendo pensão alimentícia: 1 - apresentar cópia da sentença judicial ou no caso

de recebimento via banco, cópia do extrato do mês de abril, maio ou junho de 2016,

acompanhado da declaração assinada pelo responsável do pagamento, constando o valor pago.

(disponível na DAE).

OBS: NO ATO DA INSCRIÇÃO, DEVERÃO SER APRESENTADAS AS (CTPS)

CARTEIRAS DE TRABALHO PROFISSIONAL ORIGINAIS.

2 - Parecer médico favorável à prática desportiva fornecida por profissional qualificado, a DAE

irá disponibilizar termos de responsabilidade e autorização para os maiores e menores de 18

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210

anos responsabilizando o estudante ou responsável por qualquer intercorrência nas seletivas. A

autorização deverá ser acompanhada da RG do responsável. Ressaltamos que será uma

condição temporária com a ressalva de que o estudante só poderá assinar o termo de

compromisso e iniciar as atividades quando apresentar parecer médico; Cópia da Conta de

energia atualizada, referente aos meses de abril, maio ou junho/2016, do endereço onde reside;

3- Documentos Complementares, caso julguem necessário apresentar: Cópia do Cartão e

Extrato atualizado referente ao mês de abril, maio ou junho/2016, de benefícios sociais, Bolsa

família, BPC, PROJOVEM, Aluguel ou Financiamento de Casa Própria, Gastos Médicos e

outros.

5.1 Seleção:

Os estudantes poderão ser selecionados apenas pelo seu desempenho técnico e físico da

modalidade segundo a avaliação do docente/administrativo responsável e/ou além de

apresentarem bom desempenho esportivo estiverem no perfil de vulnerabilidade

socioeconômica, a qual será avaliada pelo Serviço Social do campus Pesqueira de acordo com

os critérios relacionados abaixo:

a) Renda per capita familiar de até 1,5 salários mínimo nacional vigente;

b) Situação de moradia;

c) Situação de trabalho;

d) Composição familiar e de Fragilidade de Vínculos;

e) Despesas familiares;

f) Bens móveis e imóveis;

g) Gênero e raça/etnia;

h) Escolaridade dos membros da família;

i) Doenças crônicas/ Fragilidade Orgânica devidamente comprovada e/ou existência de

deficiência em membro da família;

j) Pessoa com Deficiência e/ou Necessidades Especiais;

k) Cotista das Escolas Públicas;

l) Estudantes com filhos/as com idade de até 6 anos incompletos;

m) Beneficiário de outros Programas Sociais (Cadúnico, BPC, Tarifa Social da CELPE e

outros).

n) Pessoas em situação de risco social;

o) Pessoas em situação de risco, comprovadamente, devido a questões relativas à

orientação Sexual;

p) Ordem física;

q) Comunidades em desvantagem social;

r) Estudantes com filhos de 7 a 11 anos incompletos;

s) Estudantes com filhos adolescentes de 12 a 18 anos incompletos.

OBS.: Os itens para análise da condição de vulnerabilidade social e o conceito de risco social

são adotados na Política Nacional de Assistência Social no que diz respeito à proteção social

especial, PNAS, 2004.

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211

5. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO POR MODALIDADE

COLETIVAS

MODALIDADE CRITÉRIOS PROFESSOR RESPONSÁVEL

BASQUETE Serão selecionados os

MASCULINO estudantes que se destacarem

em relação ao desempenho

técnico e físico, segundo a

avaliação do professor

responsável.

DOMÍNIO DE BOLA-

PASSES-ARREMESSOS E

REGRAS

FUTSAL FEMININO Serão selecionados os/as

E MASCULINO estudantes que se destacarem

em relação ao desempenho

técnico e físico, segundo a

avaliação do professor

e

servidor responsáveis.

DOMÍNIO DE BOLA-

PASSES-CHUTES-DRIBLES

E REGRAS

VOLEIBOL Serão selecionados os/as

FEMININO E estudantes que se destacarem

MASCULINO em relação ao

desempenho

técnico e físico, segundo a

avaliação do professor

responsável.

O candidato terá seu

desempenho avaliado em uma

pontuação que vai de 0 a 5

pontos, nos fundamentos e

regras específicos de cada

modalidade.

SAQUE-MANCHETE-

LEVANTAMENTO-ATAQUE

E REGRAS

OBS: Saque por baixo pontua,

no máximo, 3 pontos.

INDIVIDUAIS

KICKBOXING FEMININO Serão selecionados os/as

E MASCULINO estudantes relacionados

indicados pela professor

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212

responsável que utilizará como

critério o comprometimento

com a modalidade desde o

princípio do

treinamento, e

algumas características

observadas em treinamento.

BADMINTON Serão selecionados os/as

MASCULINO E FEMININO estudantes que se destacarem

em relação ao

desempenho

técnico e físico, segundo a

avaliação do professor

responsável.

O candidato terá seu

desempenho avaliado em uma

pontuação que vai de 0 a 5

pontos, nos fundamentos

específicos da modalidade.

SAQUE- ATAQUE E

DEFESA.

OBS: Saque por baixo pontua,

no máximo, 3 pontos.

XADREZ Serão selecionados os/as

estudantes que se destacarem em

relação ao desempenho no jogo,

segundo a avaliação do professor

responsável. O candidato terá seu

desempenho avaliado em uma

pontuação que vai de 0 a 5 pontos,

de acordo com as estratégias

utilizadas no jogo.

MOVIMENTO DAS PEÇAS,

RACIOCÍNIO RÁPIDO E

ESTRATÉGIA DE JOGO.

6. QUADRO DE VAGAS:

COLETIVAS

BASQUETE 05

FUTSAL FEMININO 05

FUTSAL MASCULINO 05

VOLEIBOL MASCULINO 06

VOLEIBOL FEMININO 06

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INDIVIDUAIS

KICKBOXING 04

BADMINTON 04

XADREZ

TOTAL 35

7. CRONOGRAMA:

CRONOGRAMA

INSCRIÇÕES 23 Á 25 DE MAIO DE 2016

SELEÇÃO DE XADREZ

30 DE MAIO (SEGUNDA)

HORÁRIO: 9h00min. LOCAL: BIBLIOTECA

SELEÇÃO DE BASQUETE 30 DE MAIO (SEGUNDA)

HORÁRIO: 14h00min.

SELEÇÃO DE VOLEIBOL 31 DE MAIO (TERÇA), HORÁRIO:

15h00min FEMININO E MASCULINO.

SELEÇÃO BADMINTON 01 DE JUNHO (QUARTA), HORÁRIO:

13h30min FEMININO E MASCULINO.

SELEÇÃO DE FUTSAL

02 DE JUNHO (QUINTA). MASCULINO

11h30min. FEMININO

14h00min.

SELEÇÃO KICKBOXING 02 DE JUNHO (QUINTA), HORÁRIO:

17:30h.

AVALIAÇÃO SOCIAL

30 DE MAIO À 02 DE JUNHO DE

2016

RESUTADO PRELIMINAR

03 DE JUNHO DE 2016

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO

06 DE JUNHO DE 2016

ANÁLISE DE RECURSO 07 DE JUNHO DE 2016

RESULTADO FINAL

07 DE JUNHO DE 2016

ASSINATURA DO TERMO

DE COMPROMISSO

08 E 09 DE JUNHO DE 2016

8. DA DIVULGAÇÃO DO RESULTADO

A relação dos/as estudantes contemplados/as com benefício será publicada no site do IFPE

www.portal.ifpe.edu.br, na página do Campus Pesqueira e nos quadros de aviso do próprio

Campus. OBSERVAÇÃO: Os/As candidatos/as efetivados/as deverão procurar o Serviço

Social, a DAE para assinar o termo de compromisso. Caso o/a estudante não assine o termo de

compromisso na data estipulada estará automaticamente desvinculado/a do programa.

9. SERÁ EXCLUÍDO DO PROCESSO SELETIVO O CANDIDATO QUE:

Descumprir as condições deste edital;

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214

Não comprovar as informações exigidas nos formulários de inscrições;

Perder os prazos de inscrições e entrega dos documentos exigidos.

10. RECURSO:

O candidato poderá dar entrada com recurso no dia seguinte ao resultado preliminar.

O candidato deverá dar entrada com o recurso no Protocolo do Campus Pesqueira.

O recurso interposto fora do respectivo prazo não será reconhecido, considerado, para este

efeito, a data da solicitação.

Os recursos serão analisados pela equipe responsável pela seleção, vedada a multiplicidade de

recursos por um(a) mesmo(a) candidato(a).

Não serão aceitos recursos interpostos por fax, telegrama ou outro meio que não seja o

especificado neste Edital.

Serão publicadas as relações com o resultado do julgamento dos recursos, no prazo de até 48

(quarenta e oito) horas após o seu recebimento.

11. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

As declarações quando exigidas deverão ser preenchidas a punho e assinadas pelo candidato;

A documentação incompleta causará o indeferimento da inscrição;

As informações prestadas no formulário, bem como a documentação apresentada, serão de

inteira responsabilidade do estudante. A não veracidade e/ ou omissão de informações

acarretará a suspensão do estudante do Programa, independente da época em que forem

constatadas;

O estudante deverá comunicar imediatamente ao Serviço Social qualquer alteração em sua

situação socioeconômica, como por exemplo, inserção em atividade remunerada ou estágio

remunerado (a partir da palavra “como” a redação poderá ser excluída);

Não será permitido ao estudante selecionado acumular benefícios do Programa de Assistência

Estudantil de que tratam este edital. Caso o estudante seja selecionado em mais de um

programa, este deve optar ao assinar o termo de compromisso por apenas um dos benefícios

financeiros;

O estudante com matrícula vinculo, não poderá participar deste processo seletivo

O estudante do Programa PROIFPE não poderá se candidatar às bolsas de Assistência

Estudantil deste processo seletivo, uma vez que, o PROIFPE caracteriza-se como um curso de

Extensão;

Somente após a assinatura do termo de compromisso no Serviço Social na DAE o estudante

estará efetivamente incluído nos Programas de Assistência Estudantil e do IFPE Campus

Pesqueira.

O quantitativo de bolsas será disponibilizado em função dos recursos oriundos do orçamento

do Campus.

Pesqueira, 20 de maio de 2016.

OBS: O EDITAL DEVIDAMENTE ASSINADO ENCONTRA-SE NA DAE (SALA D1)

Page 216: UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE …‡… · Ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) – campus Pesqueira por ter permitido a realização desta pesquisa. A Henrique

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ANEXO I

FICHA DE INSCRIÇÃO PROGRAMA DE INCENTIVO AO ESPORTE E LAZER

2016

( ) BASQUETE

( ) FUTSAL

( ) VOLEI

( ) JUDÔ

( ) KICKBOXING

NOME:______________________________________________________________

SEXO: (F) (M) Idade:______ DATA DE NASCIMENTO:______/______/________

CURSO:__________________________________PERÍODO:__________________

MODALIDADE:______________

MATRICULA: _____________ TURNO: ___________________ COTISTA: ( ) SIM ( ) NÃO

NATURALIDADE:____________________ NACIONALIDADE:_______________

RG:__________________Orgão EXP.:_________________CPF:________________

ENDEREÇO:___________________________________________________Nº__________

BAIRRO:______________________CIDADE:_________________CEP:______________

PONTO DE REF.___________________________________ ________________________

FONE RES.:( )____________CEL.( )_____________ FONE RECADO: ( ) _______________

Email:________________________________________________________________

Pesqueira, de 2016.

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Assinatura do/a estudante