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Universidade Federal de Pelotas - UFPEL
Instituto de Física e Matemática - IFM
Departamento de Matemática e Estatística - DME
0100269 Equações Diferenciais T2
Profa: REJANE PERGHER
Capítulo 0: Revisão de Integrais
Integral Indefinida
AntiderivadaExemplo:
Qual é a função cuja derivada é a função F′x = 2x ? fx = x2 , pois ddx
x2 = 2x
A função F é chamada uma antiderivada de F′.Definição:
Uma antiderivada da função f é uma função F tal que
F′x = fx
em todo ponto onde fx é definida.
Observação: Sabemos que Fx = x3 é uma antiderivada de F′x = 3x2, assim como:Gx = x3 + 1 e Hx = x3 − 5.
Na verdade, qualquer função do tipo Jx = x3 + C é antiderivada de F′x.
Teorema:
Se F′x = fx em todo ponto do intervalo aberto I, então
toda antiderivada G , de f em I, tem a forma
Gx = Fx + C
onde C é uma constante.
Assim, uma única função tem muitas antiderivadas. O conjunto de todas as antiderivadas da funçãoF′x é chamada integral indefinida (ou antidiferencial) de f com relação a x e denotada por ∫ fxdx.
∫ fxdx = Fx + C
A operação de antidiferenciação, assim como a diferenciação, é linear:
1
∫ cfxdx = c ∫ fxdx (onde c é uma constante)
e
∫fx ± gxdx = ∫ fxdx ± ∫gxdx
A integração e a diferenciação são operações inversas uma da outra. Este fato nos permite obterfórmulas de integração diretamente das fórmulas de diferenciação.
FÓRMULAS:
∫ xndx = 1n+1
xn+1 + C ( n ≠ −1) ∫ secx tanxdx = secx + C
∫dx = x + C ∫ cscxcotxdx = −cscx + C
∫ cos xdx = sinx + C sin2x + cos2x = 1
∫ sinxdx = −cos x + C 1 + tan2x = sec2x
∫ sec2xdx = tanx + C 1 + cot2x = csc2x
∫ csc2xdx = −cotx + C
Integração por Substituição:Trabalharemos algumas técnicas para integrar funções compostas. Essas técnicas envolvem uma
substituição. O uso da substituição na integração pode ser comparado ao uso da Regra da Cadeia nadiferenciação. Iniciaremos recordando a Regra da Cadeia da diferenciação.
Seja a função y = fgx com y = fu e u = gx funções diferenciáveis. Para calcular y ′ devemosutilizar a Regra da Cadeia e obteremos:
y ′ = ddx
fgx = f ′gx.g ′x = f ′u. u ′
Exemplo 1:Derive a função composta y = x2 + 33
:
Seja u = x2 + 3 . Então y = u3
Utilizando a Regra da Cadeia, obtemos:y ′ = 3u2.u ′ = 3u2. x2 + 3 ′ = 3. x2 + 32. 2x
Teorema:
Sejam f e g duas funções tais que f ∘ g e g ′ são contínuas em um intervalo I.
Se F é uma antiderivada de f em I, então:
∫ fgxg ′xdx = Fgx + C
Exemplo 2: Calcule ∫x2 + 14xdx: Resp: 1
10x2 + 15 + C
Exemplo 3: Calcule ∫ cos3x + 1dx : Resp.: 13
sin3x + 1 + C
Exercícios:
2
1) Calcule ∫ ecosx sinxdx. Resp.: −ecosx + C
2) Calcule ∫ cos3x + 1dx . Resp.: 13
sin3x + 1 + C
3) Calcule ∫ 2x − 1x2 − x
dx. Resp.: ln|x2 − x|+C
4) Calcule ∫ 3xx2 − 5
dx. Resp.: 32
ln|x2 − 5|+C
5) Calcule ∫ e2x+1dx. Resp.: 12
e2x+1 + C
6) Calcule ∫ xex2
dx. Resp.: 12
ex2
+ C
7) Calcule ∫ tdt
t + 3Resp.: 2
3t + 3
3− 6 t + 3 + C
Integrais que resultam na função logarítmica natural:
Seja u uma função diferenciável de x :
1. ∫ 1x dx = ln|x| + C 2. ∫ 1
u dx = ln|u | + C
Exemplo 4: Calcule ∫ 2x − 1x2 − x
dx
Exemplo 5: Calcule ∫ 3xx2 − 5
dx
A Integral Indefinida da Função Exponencial Natural:
∫ exdx = ex + C e ∫ eudx = eu + C
Exemplo 6: Calcule ∫ e2x+1dx :
Integração por partes:Teorema:
Se u e v são funções de x com derivadas contínuas, então
∫udv = uv − ∫ vdu
Exemplo 7: Calcule ∫ xexdx . Resp.: xex − ex + C
Exemplo 8: Calcule ∫ x2 lnxdx . Resp.: x3
3lnx − x3
9+ C
OBS.: Uma integral pode necessitar de aplicações repetidas da fórmula de integração por partes.Exemplo 9: Calcule ∫ x2 sinxdx . Resp.: −x2 cos x + 2x sinx + 2cos x + C
Exercícios: Calcule as integrais abaixo:1) ∫ xe2xdx, 2) ∫ xex2
dx, 3) ∫ xe−2xdx, 4) ∫ x3exdx, 5) ∫ x3 lnxdx
6) ∫ t lnt + 1dt, 7) ∫lnx2dx, 8) ∫ lnx2
x dx.
Respostas:
1) e2x
42x − 1 + c, 2) ex2
2+ c, 3) - 1
4e2x2x + 1 + c, 4) exx3 − 3x2 + 6x − 6 + c,
3
5) x4
164 lnx − 1 + c, 6) 1
42t2 − 1 ln|t + 1| − t2 + 2t + c,
7) xlnx2 − 2x lnx + 2x + c,
CAPÍTULO 1: EQUAÇÕES DIFERENCIAIS
1.1 Conceitos Básicos
Uma equação diferencial é uma equação que envolve uma função incógnita e suas derivadas.
Exemplos:
a)dy
dx= fx ou y ′ = fx y : função incógnita, onde y = yx, ou seja, por exemplo, y ′ = x + 3
b)d2y
dx2+ 2
dy
dx
2
= 1 y = yx
c)d3y
dx3+ x + 3
d2y
dx2+
dy
dx+ xy = 0 y = yx
d)d2y
dx2
3
+ ydy
dx
7
+ y3 dy
dx
2
+ 5x = 0 y = yx
e)∂2y
∂t2= c
∂2y
∂x2y = yx, t
f) md2xt
dt2= F t,xt,
dxtdt
(Lei de Newton)
1.1.1 Classificação:1. Tipo:
Eq, Diferencial
↙ ↘
Eq.Diferencial Ordinária(EDO) Eq. Diferencial Parcial (EDP)
- EDO: uma equação diferencial ordinária é aquela cuja função incógnita depende de apenas umavariável independente.
Exemplos.: a), b), c), d) e f).
- EDP: uma equação diferencial parcial é aquela cuja função incógnita depende de duas ou maisvariáveis independentes.
Exemplo: e).
2. Ordem: A ordem de uma equação diferencial é a ordem da mais alta derivada que nela aparece.Exemplos.: a) é equação diferencial de primeira ordem.
b), d), e) e f) são equações diferenciais de segunda ordem.c) é equação diferencial de terceira ordem.
Exemplos de Aplicação:4
● Um modelo para o movimento de uma mola:A equação diferencial ordinária que modela o movimento de um objeto de massa m preso a uma mola
é:
m d2xdt2
= −kx
onde k é uma constante positiva(chamada constante da mola)
● Equação diferencial ordinária que governa o decaimento de uma substância radioativa com o tempoR(t) (função incógnita):
dRtdt
= −kRt
onde k é uma constante conhecida.
3. Linearidade: Eq. Diferencial
↙ ↘
Linear Não - linear
- Linear: uma equação diferencial ordinária (EDO) de ordem n é linear se puder ser escrita na forma:
a0xdny
dxn + a1xdn−1y
dxn−1+. . .+anxy = gx
(Definição semelhante aplica-se a EDP).
- Não-linear: uma equação diferencial que não tenha a forma da equação acima é dita não-linear.Exemplos.: a), c) e e) são lineares.
b) e d) são não-lineares (potências das derivadas).
Exemplo de Aplicação:Pêndulo: A equação diferencial ordinária que modela o movimento oscilatório de um pêndulo simples é
dada por:d2θdt2
+g
lsinθ = 0
que é uma equação não-linear (termo sinθ ). Faltam técnicas gerais de solução. Em alguns casos, épossível fazer uma aproximação do problema para equações lineares (técnicas desenvolvidas).
Neste exemplo, se o ângulo θ for pequeno, então sinθ ≅ θ e a EDO não-linear é substituída por umaequação linear:
d2θdt2
+g
lθ = 0
Observação: Existem problemas que não é possível aproximar uma equação não-linear por umaequação linear.
1.1.2 Soluções:
5
Uma solução de uma equação diferencial na função incógnita y e na variável independente x, nointervalo I, é uma função que verifica a equação diferencial identicamente para todo x em I.
Exemplo 1: yx = C1 sin2x + C2 cos 2x é solução de y ′′ + 4y = 0 ?y ′x =
y ′′x =Substituindo na EDO, verifica-se que yx satisfaz a equação diferencial para ∀x.
Portanto, yx é solução no intervalo −∞,∞.
Exemplo 2: yx = x2 lnx é solução de x2y ′′ − 3xy ′ + 4y = 0 , x > 0 ?y ′x =y ′′x =
Exemplo 3: y = x2 − 1 é solução de y ′ 4 + y2 = −1 ?
A equação não admite solução, pois y ′ 4 + y2 é sempre não negativo para todo yx real, não podendoser igual a -1.
Exemplo 4: y ′ 4 + y2 = 0 , admite como única solução y ≡ 0 (pelo mesmo motivo do exemplo anterior).
Definição: Uma solução particular de uma equação diferencial é qualquer solução. A solução geral deuma equação diferencial é o conjunto de todas as soluções.
Exemplo 5: Pode-se mostrar que yx = C1 sin2x + C2 cos 2x é a solução geral de y ′′ + 4y = 0. Isto é, todaa solução particular da ED tem esta forma. Por exemplo, são soluções particulares:
y = 5sin2x − 3 cos 2x C1 = 5,C2 = −3y = sin2x C1 = 1,C2 = 0y = 0 C1 = 0,C2 = 0
Observação: Nem sempre se pode expressar por uma fórmula única a solução de uma ED.
Exemplo 6: A equação diferencial y ′ + y2 = 0 tem como soluções particulares y = 1x e y = 0
1.1.3 Problemas de Valores Iniciais e de Valores no Contorno:
Uma equação diferencial acompanhada de condições adicionais sobre a função incógnita e suasderivadas (todas no mesmo valor da variável independente) constitui um problema de valores iniciais. Estascondições são chamadas C.I. (condições iniciais).
Exemplo 1: y ′′ + 2y ′ = ex
yπ = 1 , y ′π = 2 (CI)Este é um problema de valor inicial, pois as condições adicionais são dadas em x = π.
Se as condições adicionais são dadas para mais de um valor da variável independente, temos umproblema de valores no contorno e as condições são C.C. (condições de contorno).
Exemplo 2: y ′′ + 2y ′ = ex
y0 = 1 , y1 = 1 (CC)Este é um problema de valor no contorno, pois as condições adicionais são dadas em x = 0 e x = 1.
Exemplo 3: Determine uma solução do problema y ′′ + 4y = 0 onde y0 = 0 , y ′0 = 1 se a soluçãogeral é yx = C1 sin2x + C2 cos 2x
6
y0 =y ′x =y ′0 =Solução particular: yx = 1
2sin2x
Solução geral: conjunto de todas as soluções (família de curvas)Solução particular: solução que satisfaz as CI ou as CC (uma única curva)
-4 -2 2
-0.4
-0.2
0.2
0.4
x
y
-4 -2 2 4
-3
-2
-1
1
2
3
x
y
Solução particular: yx = 12
sin2x. Solução geral: yx = C1 sin2x + C2 cos2x, C2 = 0 e C1 =12
, 1, 2, 3
Campo de direções: dá um “perfil” das soluçõesdy
dx= fx,y coeficiente angular da solução no ponto
x,y.
1.2 LISTA DE EXERCÍCIOS 1
1- Nos exercícios seguintes, determine:(a) a ordem da eq. diferencial. (b) o tipo EDO ou EDP.(c) a variável independente. (d) a função incógnita.1.1 y ′ + xy = x2
1.2 y ′3 = sinx
1.3 ∂2u∂x2
+ ∂2u∂x∂y
+ 7 ∂2u∂y2
+ 8 ∂u∂x
+ 2u = sinxy
1.4d3y
dx3+ 3
d2y
dx2+ y = ex
1.5d4y
dx4
d3y
dx3
d2y
dx2=
dy
dx
1.6 y ′′2 − 3yy ′ + xy = 0
1.7 x4yIV + xy ′′′ = ex
1.8dny
dxn = y2 + 1
2 - Quais, entre as funções abaixo, são soluções de y ′ − 5y = 0?a) y = 5 b) y = 5x c) y = x5 d) y = e5x e) y = 2e5x f) y = 5e2x
3 - Quais, entre as funções abaixo, são soluções de x ′′ − 4x ′ + 4x = e t ?a) x = e t b) x = e2t c) x = e2t + e t d) x = te2t + e t e) x = e2t + te t
4 - Determine os valores das constantes, de modo que as funções dadas satisfaçam as condiçõesiniciais indicadas:
4.1 yx = C1ex + C2e2x + 3e3x; y0 = 0; y ′0 = 0
7
4.2 yx = C1 sinx + C2 cos x + 1; yπ = 0; y ′π = 0
Respostas:1.1 (a) 1 (b) E.D.O. (c) x (d) yx1.2 (a) 1 (b) E.D.O. (c) x (d) yx1.3 (a) 2 (b) E.D.P. (c) x,y (d) ux,y1.4 (a) 3 (b) E.D.O. (c) x (d) yx1.5 (a) 4 (b) E.D.O. (c) x (d) yx1.6 (a) 2 (b) E.D.O. (c) x (d) yx1.7 (a) 4 (b) E.D.O. (c) x (d) yx1.8 (a) n (b) E.D.O. (c) y (d) xy2- (d) e (e) 3- (a), (c) e (d)4.1 C1 = 3, C2 = −6 4.2 C1 = 0, C2 = 1.
CAPÍTULO 2: EDO DE PRIMEIRA ORDEM
2.1 Interpretação Geométrica das EDOs de Primeira Ordem - Campo de Direções:
Uma EDO de primeira ordem é uma equação da forma:dy
dx= fx,yx
A solução desta equação é uma função y = φx que pode ser representada através de um gráfico.Geometricamente, da equação diferencial acima, podemos afirmar que, em qualquer ponto x,y, o
coeficiente angulardy
dxda solução neste ponto é dada por fx,y.
Graficamente, podemos traçar um pequeno segmento de reta, no ponto x,y, coeficiente angularfx,y.
Exemplo 1:dy
dx= 1
3y, cuja solução exata é yx = Ce
13
x
-4 -2 0 2 4
1
2
3
4
5
x
y
-5 -4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4 5
5
10
15
20
x
y
O conjunto dos segmentos de reta é o campo de direções da EDO de primeira ordem.
Equações Diferenciais Autonomas
Exemplo: Queda livreConsideremos primeiro o caso de um objeto que cai livremente dentro de um tubo com vácuo. Nessas
8
condições, a única força externa que atua sobre o sistema é o seu peso, mg, e a segunda lei de Newtonpara este sistema é:
ma = −mg 1
A massa do objeto é eliminada nos dois lados da equação, e a aceleração instantânea a é igual àderivada da velocidade, v. Assim, obtemos
v = −g 2
a aceleração será independente da massa ou forma do objeto, e igual à aceleração da gravidade, g. Osinal negativo é devido a estarmos a considerar o sentido positivo da velocidade (e da aceleração) de baixopara cima.
O campo de direções para a equação diferencial 2 é formado por vetores paralelos, todos com decliveigual a −g (figura 1).
Figura 1: Campo de direções para v = −g.
No gráfico 1 é fácil ver que as soluções da equação são retas com declive igual a −g. A velocidadediminui continuamente a uma taxa de −9.8 m/s. A solução que se mostra na figura 1 corresponde a umobjeto que foi lançado verticalmente para cima (velocidade positiva), com uma velocidade inicial de 22m/s. Avelocidade decresce até zero, aproximadamente dois segundos mais tarde, no ponto mais alto da trajetória,e continua a diminuir passando para valores negativos, que indicam que o objeto está descendo.
Se o sistema em queda livre não estiver dentro de um tubo de vácuo, existe outra força externa quenão pode ser desprezada, o atrito com o ar. A força de atrito com o ar é sempre oposta à velocidade edepende da forma do objeto e do quadrado do módulo da velocidade. A expressão matemática para essaforça é
Fa = − 12
CdρA |v|v 3
onde A é a área da seção transversal do objeto, ρ é a massa do ar, e Cd é uma constante, semunidades, que depende da forma geométrica; para esferas, Cd tem o valor de 0.5, e para um pára-quedascircular é aproximadamente 0.8. O produto −|v|v garante um sentido oposto à velocidade; se o objeto desce,v < 0, e força de atrito será para cima (−|v|v positivo). Se objeto sobe, v > 0, e a força de atrito será para
9
baixo (−|v|v negativo).A segunda lei de Newton para o objeto em queda livre é
mv = −mg − 12
CdρA |v|v 4
Para poder desenhar o campo de direções, será preciso substituir os valores numéricos dos parâmetros. Alguns valores realistas para um pára-quedista são: Cd = 0.8, m = 70 kg e A = 7 m2. A aceleração dagravidade é aproximadamente g = 9.8 m/s2. A massa do ar varia com a temperatura, a humidade relativa ea altura sobre o nível do mar. Em temperatura ambiente e alguns metros por cima do nível do mar, a massado ar é aproximadamente 1.2 kg/m3. Assim, em unidades SI, a equação 4 é igual a
v = −9.8 − 0.048 |v|v 5
Figura 2: Campo de direções para a velocidade de um pára-quedista.A figura 2 mostra que a velocidade já não diminui indefinidamente, mas aproxima-se de um limite,
designado de velocidade terminal. O sinal negativo da velocidade terminal indica que essa velocidade éatingida quando o objeto desce.
Nas soluções apresentadas na figura 2 a região de interesse é onde a velocidade é negativa, pois opára-quedas está sempre descendo. De fato, a solução mais realista na figura 2 é a curva de baixo,começando num valor da velocidade com módulo maior do que a velocidade terminal, já que a equaçãoestudada é válida apenas após o pára-quedas ser aberto. Antes da abertura do pára-quedas, opára-quedista desce com uma velocidade maior do que a velocidade terminal.
Equações autônomasA equação 5 tem uma forma mais simples
x = fx 6
Observamos que f não depende da variável independente t. Do ponto de vista físico, a evolução davariável independente não depende do instante inicial; isto é, a partir de uma velocidade inicial o movimentodo sistema será exatamente o mesmo, independentemente do instante em que o sistema obteve essavelocidade inicial. Se repetirmos uma experiência de queda livre uns dias mais tarde, o resultado daexperiência será o mesmo.
Do ponto de vista geométrico, as soluções formam famílias de curvas idênticas, deslocadas na direçãodo eixo horizontal. O campo de direções é invariante se for deslocado na horizontal (eixo do tempo).
Estes tipos de equações diferenciais, em que a função f não depende da variável independente, sãodesignadas de equações diferenciais autônomas. A equação 6, que define a evolução da variável deestado, a partir de um estado inicial x0, é chamada de equação de evolução ou evolutiva.
Retrato de fase
10
Os pontos fixos de um sistema dinâmico contínuo, de primeira ordem, são os pontos onde a derivadada variável de estado é nula. Nesses pontos o estado do sistema permanece constante. O retrato de fasede um sistema dinâmico é um esboço do campo de direções, mostrando os pontos fixos e algumassoluções que começam ou terminam nesses pontos. Os pontos fixos representam-se por meio de um ponto.
Como a derivada x num sistema autónomo (equação 6 ) depende apenas da variável de estado, x, odeclive do campo de direções é o mesmo em todos os pontos com o mesmo valor de x. Por exemplo, nafigura 2 , os vetores sobre uma reta horizontal (pontos com o mesmo valor da variável de estado v) sãotodos iguais.
Assim, para representar o campo de direções, basta desenhar a projeção do campo ao longo do eixoda variável de estado (eixo vertical). O retrato de fase será uma linha onde se mostram os pontos fixos e asdireções das trajetórias. O retrato de fase do campo da figura 2 é apresentado na figura 3.
Figura 3: Retrato de fase para a velocidade do pára-quedista, onde v t designa a velocidade terminal.A velocidade terminal obtém-se a partir da equação 4, no ponto em que a derivada for igual a zero
v t = − 2m g
CdρA 8
Assim, neste caso, existe um àºnico ponto fixo, correspondente à velocidade terminal.Na região à esquerda da velocidade terminal, do retrato de fase (figura 3) o lado direito de 4 é positivo
e, portanto, a derivada da velocidade é positiva. Tal fato é indicado pela seta que aponta para a direita. Asolução que se aproxima do ponto fixo (velocidade terminal) pela esquerda, corresponde ao caso em queno instante inicial o pára-quedista está a descer com uma velocidade com módulo maior que a velocidadeterminal; o pára-quedas trava a queda até que o pára-quedista alcança a velocidade terminal. A soluçãoque se aproxima do ponto fixo, pela direita, corresponde aos casos em que o pára-quedista salta para cima,ou salta do repouso, no instante inicial, ou quando o pára-quedista já estiver a descer no instante inicial,mas com velocidade de módulo menor que a velocidade terminal. O ponto fixo é um ponto não atrativo;todas as soluções aproximam-se dele.
Exemplo: Esboce o retrato de fase do sistema abaixo e analise a evolução do sistema, para diferentesvalores do estado inicial.
x = 4 − x2 9
Resolução: Os pontos fixos encontram-se calculando as raízes da equação obtida igualando o ladodireito da equação a zero:
4 − x2 = 0
Existem dois pontos fixos x = −2 e x = 2. Se o valor de x for menor que −2, o lado direito 4 − x2 seránegativo e a variável x diminui. Para x compreendido em −2 < x < 2, o valor da derivada é positivo e x
aumenta. Finalmente, se x for maior que 2, a derivada é negativa e x diminui. O retrato de fase éapresentado na figura 4.
11
Figura 4: Retrato de fase do sistema autónomo x = 4 − x2.● Se x0 = −2, ou, x0 = 2, o sistema permanece sempre no mesmo estado.● Se x0 < −2, o estado do sistema tendendo para o limite x → −∞● Se −2 < x0 < 2, x aumenta, tendendo para 2.● Se x0 > 2, x diminui, tendendo para 2.● O ponto x0 = −2 é um ponto repulsor.● O ponto x0 = 2 é um ponto atrator.
2.2 Equações a Variáveis Separáveis:
A forma padrão de uma EDO de primeira ordem édy
dx= fx,y. No entanto, podemos escrever
fx,y comoMx,y−Nx,y
, assim,
dy
dx=
Mx,y−Nx,y
−Nx,ydy = Mx,ydx
e obtemos a forma diferencial para esta equação:Mx,ydx + Nx,ydy = 0
Exemplo 1: Escreva yyy ′ − 1 = x na forma padrão e na forma diferencial:
Forma padrão:dy
dx=
x + y
y2
Forma diferencial: (existem infinitas)x + y
y2dx − dy = 0 ou x + ydx − y2dy = 0
Uma EDO de primeira ordem é uma equação a variáveis separáveis se pode ser escrita como:
Mxdx + Nydy = 0
e sua solução geral é obtida via integração:
∫Mxdx + ∫Nydy = C
Exemplo 2: Determinar a solução geral da equaçãody
dx= x2
1 − y2:
Solução: x3 + y3 − 3y = C
Obs.: y = yx implícitamente.
12
Exemplo 3: Determinar a solução geral da equaçãody
dx= 3x2 :
Solução: y = x3 + C
Obs.: dependência explícita ( yx está isolado)
Exemplo 4: Determinar a solução geral da equaçãody
dx= 4y :
Solução: y = Ce4x
2.3 Lista de Exercícios 2
1 - Escreva as seguintes equações diferenciais na forma padrão:1.1 exy ′ + e2xy = sinx
1.2 yyy ′ − 1 = x
1.3 xy + 3dx + 2x − y2 + 1dy = 0
1.4 xy ′ + cosy ′ + y = 1
2 - Determine a equação da curva que passa pelo ponto P5,6, conhecendo a declividade de sua
tangente num ponto qualquer dada por:dy
dx= 2x
3y.
3 - Resolva as seguintes equações diferenciais:
3.1 y ′ = 5y 3.2 y ′ = 5 x2 3.3 dbdp
= 2b 3.4dy
dx= − sinx 3.5 xdx + ydy = 0
Respostas
1.1 y ′ = −exy + e−x sinx, onde fx,y = −exy + e−x sinx 1.2 y ′ =x + y
y2
1.3 y ′ =xy + 3
y2 − 2x − 11.4 Não pode ser escrita na forma padrão.
2 3y2 − 2x2 = 58 3.2 y =5
3x3 + c 3.3 b = Ce2p 3.4 y = cos x + c 3.5 y = ± k − x2
2.4 Exemplo de Aplicação
2.4.1 Cultura de Bactérias
Considere uma cultura de bactérias cuja taxa de crescimento populacional é proporcional àpopulação presente. Determinar a quantidade de bactérias presentes, após 15 horas, sabendo que após 3horas a quantidade inicial duplicou.
Sejam Nt o número (população) de bactérias no intante t, k uma constante de proporcionalidade, N
população inicial (no instante de tempo t = 0) e dNdt
, a taxa de crescimento populacional (velocidade de
crescimento). Então, a EDO é dada por:dNdt
= kNt
N0 = N0 e N3 = 2N0
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A solução desta EDO é N = Aekt, substituindo as condições de contorno, determinamos A e k :
Nt = N0et ln2
3 e, em t = 15, obtemos N15 = 32N0
2.4.2 Lei do Resfriamento de Newton:
“A taxa de resfriamento de uma substância numa corrente de ar é proporcional à diferença entre atemperatura da substância e a temperatura do ar”.
Considere a temperatura do ar 250C. Se uma substância resfria, neste ambiente, de1000 C para 700
C, em 20 minutos, ache o intante em que a temperatura da substância é 500C.
Obs.: Suponha que a temperatura da substância é homogênea.
Sejam Tt a temperatura da substância 0 C no instante t (min) e k uma constante deproporcionalidade. Então, a EDO é dada por:dTdt
= kT − 25
T0 = 100 e T20 = 70
A solução desta EDO é T = Aekt + 25 , substituindo as condições de contorno, encontramos A e k :
Tt = 75e
t20
ln35 + 25 e, queremos encontrar t1 tal que Tt1 = 50. Substituindo na solução, obtemos
t1 = 42,25 min, ou seja, 42 min e 15 seg.
0 20 40 60 80 100 120
40
60
80
100
x
y
Grafico da solução da EDO.
2.4.3 Um corpo em queda livre:
Um corpo em queda livre, satisfaz a segunda lei de Newton que indica que a força líquida que ajesobre o corpo (peso) é proporcional à sua aceleração.
considerações: - massa e gravidade são constantes;- resistência do ar é proporcional à velocidade v da queda;- direção positiva é para baixo.
Da segunda lei do movimento de Newton, obtemos: F = m dvdt
onde F é a força líquida e dvdt
é a
taxa de variação do momento do corpo em relação a t (m é constante).mg − kv = m dv
dt mg = m dv
dt+ kv dv
dt+ k
m v = g Equação do movimento onde mg = W é o peso do
corpo e kv é a resistência do ar..
Observação: Se k = 0 (desprezamos a resistência do ar) a equação se reduz à: dvdt
= g.
14
2.5 LISTA DE EXERCÍCIOS 3
APLICAÇÕES
1) Determinar o tempo necessário para que uma certa quantia duplique seu valor quando aplicada àjuros de 5% ao ano, continuamente acumulados.
2) Sabendo que o rádio se decompõe numa razão proporcional à quantidade existente e que a metadeda porção original desaparece em 1600 anos, calcular a percentagem perdida em 100 anos.
3) Numa cultura, a quantidade de fermento ativo cresce proporcionalmente à quantidade presente.Sabendo que em uma hora a porção inicial foi duplicada, qual a multiplicação que se pode esperar no finalde 2 : 45 horas?
4) Uma certa substância esfria-se de 1000C a 600C, em 10 minutos. Agora, sendo a temperatura dasubstância de 200C. Achar a temperatura da substância depois de 40 minutos.
5) O nuclídeo radioativo plutônio 241 decai de acordo com a eqação diferencialdQ
dt= −0,0525Q, onde
Q está em miligramas e t em anos.a) Determinar a meia vida τ do plutônio 241.b) Se 50 mg de plutônio estiverem presentes numa atmosfera no dia de hoje, quanto plutônio existirá
daqui a dez anos?
6) Uma bola, com massa de 0,25 kg, é lançada para cima, com uma velocidade inicial de 20m/s, doterraço de um edifício com 30 m de altura. Desprezar a resistência do ar.
a) Calcular a altura máxima que a bola atinge acima do nível do solo.b) Admitindo que a bola não caia no terraço, ao retornar, calcular o tempo que leva para atingir o solo.
Respostas:1) 13,9 anos. 2) 4,23%. 3) 6,73 vezes a quantia original 4) 250C.
5) a) 13,20 anos b) 29,6 mg 6) a) 50,4 m. b) 5,25 s.
2.6 Equações Homogêneas:
Uma EDO de primeira ordem, na formady
dx= fx,y é homogênea se flx, ly = fx,y para todo l
real.
Exemplo 1: Verifique se y ′ =x + y
x é homogênea:
fx,y =x + y
x ∴ flx, ly =lx + ly
lx=
lx + ylx
=x + y
x = fx,y
∴ A EDO é homogênea.
15
Exemplo 2: Verifique se y ′ =x2 + y
x3é homogênea:
Resp.: A EDO não é homogênea.
Uma equação homogênea pode ser transformada em equação a variáveis separáveis (que jásabemos resolver), mediante a seguinte substituição de variável:
y = xνdy
dx= ν + x dν
dx
Obtemos, então, uma equação diferencial nas variáveis ν e x que resolvemos como equação avariáveis separáveis. Não esqueça de substituir ν =
yx no final do procedimento.
Exemplo 3: Encontre a solução da EDO y ′ =y + x
x :
Já vimos que é uma EDO homogênea.
Façamos a substituição:y = νx
dy
dx= ν + x dν
dx
.
A solução geral da EDO é y = x ln|x| + Cx.
Exemplo 4: Encontre a solução da EDO y ′ =y2 + x2
xy com y1 = −2 :
Solução: A EDO é homogênea e y2 = x2 lnx2 + 4x2 ou y = − x2 lnx2 + 4x2
Obs.: O sinal de menos garante a consistência com a condição inicial.
Atenção: Em algumas situações é conveniente escrever a EDO original como dxdy
= 1fx,y
e fazer
a substituiçãox = νy
dxdy
= ν + y dνdy
Exemplo 5: Resolverdy
dx=
2xyexy
2
y2 + y2exy
2
+ 2x2exy
2
Verifique que a EDO é homogênea!
A substituição conveniente éx = νy
dxdy
= ν + y dνdy
, pois simplifica os termos.
dxdy
= 1fx, y
=y2 + y2e
xy
2
+ 2x2exy
2
2xyexy
2
16
Solução geral: y = k 1 + exy
2
2.7 Equação Diferencial Ordinária de Primeira Ordem Exata:
Uma equação diferencial:Mx,ydx + Nx,ydy = 0
é exata se existe uma função gx,y tal que: dgx,y = Mx,ydx + Nx,ydy.
Por outro lado, dgx,y =∂g
∂xdx +
∂g
∂ydy
de onde concluímos que: Mx,y =∂g
∂xe Nx,y =
∂g
∂y.
Da teoria de derivação, temos que∂2g
∂x∂y=
∂2g
∂y∂x
∂∂x
∂g
∂y= ∂
∂y
∂g
∂x∂∂x
Nx,y = ∂∂y
Mx,y
TESTE: Uma EDO de primeira ordem, na forma diferencial é exata se e, somente se,∂∂y
Mx,y = ∂∂x
Nx,y
SOLUÇÃO: 1) gx,y = ∫Mx,ydx + Yy
2)∂g
∂y= Nx,y
3) Yy = ∫Y′ydy
4) Solução geral gx,y = k (forma implícita)
Exemplo 1: Resolva ycos x + 2xeydx + sinx + x2ey − 1dy = 0
Teste: ∂M∂y
= cos x + 2xey
∂N∂x
= cos x + 2xey
1) gx, y = ∫Mx,ydx + Yy
gx, y = ∫ycos x + 2xeydx + Yy
gx, y = y sinx + x2ey + Yy
2)∂g
∂y= Nx,y
sinx + x2ey + Y′y = sinx + x2ey − 1
17
∴ Y′y = −1
3) Yy = ∫Y′ydy Yy = ∫−dy = −y
4) gx, y =y sinx + x2ey − y = k solução geral!
Exemplo 2: Resolva 3xy + y2dx + x2 + xydy = 0
Exemplo 3: Resolvady
dx=
2 + yexy
2y − xexy .
Solução geral: 2x + exy − y2 = C
2.8 LISTA DE EXERCÍCIOS 4
1) Resolva as seguintes equações diferenciais:a) 3xy2 + 1dx + yx2 + 2dy = 0 d) v dv
dt= g (g é constante)
b)dy
dx= 8xy + 3y e) y ′ = 1 + x + y2 + xy2
c) yy ′ = cos2wx. (w é constante) f) xyy ′ = 2y + 1
2) Resolva os seguintes problemas de valor inicial:
a) y ′ = − xy , y1 = 2 c) dI
dt+ 5I = 10 , I0 = 0
b) sin2ydx + cos2xdy = 0 , y π4 = π
4d) v dv
dt= g , vt0 = v0
3) Determine as soluções gerais das seguintes equações:
a) xy ′ + y + 2x = 0 c) xy ′ − y − y − x3 = 0
b) y ′ = xy + x sec
yx d) xy ′ = xe
−yx + y
4) Resolva as equações:a) x + y2dy + y − x2dx = 0 c) 3x2 + 2xy2dx + 2x2ydy = 0
b) ex cos ydx = ex sinydy. d) 3x2y +yx dx + x3 + lnxdy
Respostas:
1.a) x2 + 23y2 + 1 = k. 1.b) y = ke4x2+3x. 1.c) y2 = x + sin2wx2w
.
1.d) v2 = 2gt + k. 1.e) arctgy = x2
2+ x + k. 1.f) y − ln|y + 1| − 2 ln|x| = k.
2.a) x2 + y2 = 5 2.b) tgx − cotgy = 0 2.c) It = 21 − e5t 2.d) v2 − 2gt = v02 − 2gt0
3.a) y = cx − x 3.b) y = xarcsinx + c 3.c) y = x + xc − x2
− 12 3.d) e
yx − lnx = k.
4.a)yx − x3
3+
y3
3= k 4.b) ex cos y = k 4.c) x3 + x2y2 = k 4.d) x3 + lnxy = k
2.9 Fatores Integrantes:
18
Normalmente, a equação diferencial Mx,ydx + Nx,ydy = 0
não é exata. Mas, em alguns casos, podemos transformar esta equação diferencial em exata, fazendouma multiplicação adequada.
Exemplo: Resolva y ′ = 2xy − x (não é homogênea)∴ Não é exata.
Se multiplicarmos a equação por e−x2
, obtemos:−2xye−x2
+ xe−x2
dx + e−x2
dy = 0∂M∂y
= −2x e−x2
; ∂N∂x
= e−x2
.−2x . Assim, é exata e já sabemos resolver.
Def: Uma função Ix,y é um Fator Integrante de Mx,ydx + Nx,ydy = 0 se a equação:Ix,yMx,ydx + Nx,ydy = 0
é exata.
2.9.1 Métodos para Determinação de Fatores Integrantes:
Caso 1:
Fator integrante depende só de x : Ix
Se 1N
∂M∂y
− ∂N∂x
≡ hx é função somente de x, então Ix = e∫ hxdx
Exemplo: Resolva x − ydx − dy = 0
Não é exata, mas com hx = 1, temos Ix = ex e a EDO fica exata: exx − ydx − exdy = 0.
Solução geral: xex − ex − yex = k ou y = Ce−x + x − 1
Caso 2:
Fator integrante depende só de y : Iy
Se 1M
∂M∂y
− ∂N∂x
≡ hy é função somente de y, então Iy = e−∫ hydy
Exemplo: Resolva ydx + 3 + 3x − ydy = 0
Não é exata, mas com hy = − 2y , temos que Iy = y2 e a EDO fica exata y3dx + 3y2 + 3xy2 − y3dy = 0
Solução geral: y3x + y3 − y4
4= k
2.10 Equações Diferenciais Lineares:19
Quando podemos escrever fx,y == pxy + qx na equação diferencialdy
dx= fx, y, dizemos que a
equação é linear, ou seja,dy
dx+ pxy = qx
Solução: Utilizamos o fator de integração Ix = e∫ pxdx
.
Ixdy
dx+ Ixpxy = qxIx
e∫ pxdx dy
dx+ Ixpxy = qxe∫ pxdx
ddx
e∫ pxdx
.y = e∫ pxdx
.qx
Integrando em relação a x:
e∫ pxdx
.y = ∫ e∫ pxdx
.qxdx
y = e−∫ pxdx
. ∫ e∫ pxdx
.qxdx + C
Exemplo 1: Resolva y ′ + 2y = e−x , y0 = 0.75
Fator integrante: Ix = e2x
Solução geral: y = e−x + Ce−2x
Solução particular: y = e−x − 0.25e−2x
Exemplo 2: Resolva y ′ − 2xy = x , y0 = 0
Fator integrante: Ix = e−x2
Solução geral: y = − 12
+ Cex2
Solução particular: y = − 12
+ 12
ex2
2.11 Equação de Bernoulli:
Uma equação diferencial de Bernoulli é uma equação da forma: y ′ + pxy = qxyn,onde n é real.
Fazendo a substituição z = y1−n reduzimos a equação de Bernoulli a uma equação diferencial linearna função incógnita z.
Exemplo 1: Resolvady
dx+ xy = xy2
Equação de Bernoulli com n = 2.
Substituição: z = y1−2 ou seja: z = 1y , ainda,
y = 1z
dy
dx= − 1
z2dzdx
Fator integrante: Ix = e− x2
2
20
Solução geral: y = 1
1 + Ce− x2
2
Exemplo 2: Resolvady
dx− 3
x y = x4y13
Equação de Bernoulli com n = 13
.
Substituição: z = y23 , então
y = z32
dy
dx= 3
2z
12 dz
dx
Fator integrante: Ix = 1x2
Solução geral: y23 = 2
9x5 + Cx2 ou y = ± 2
9x5 + Cx2
32
2.12 LISTA DE EXERCÍCIOS 5
1) Em que condições as seguintes equações diferenciais são exatas? Determinadas as condições,resolva-as.
1.1) 2x + aydx + 2y + bxdy = 0
1.2) coshy + acosaxdx + bx sinhydy = 0
2) Determine um fator integrante para as equações abaixo e resolva-as.2.1) 2x3 − ydx + xdy = 0, y1 = 1.
2.2) y3 + 2exydx + ex + 3y2dy = 0
2.3)dy
dx= x
x2y + y3.
2.4) ydx − xdy + lnxdx = 0
3) Verifique se as seguintes equações são Equações diferenciais Lineares e resolva-as.
3.1)dy
dx+
yx = 1
3.2)dy
dx− 2y
x = x2 sin3x.
3.3)dy
dx= 2xy − x + 1
3.4) xdy
dx+ y = 2x, y1 = 2.
4) Prove que a equação diferencialdy
dx+ pxy = qxy lny, pode ser resolvida mediante a mudança de
variável lny = v. Use isto para resolver a EDO: xdy
dx+ 2x2y = y lny
5) Resolva as equações de Bernoulli.5.1) yy ′ = xy2.
5.2) y ′ + y = y2ex.
5.3) yy ′ − xy2 − x = 0.
21
Respostas:1.1) a = b, x2 + axy + y2 = k 1.2) b = 1, xcoshy + sinax = k
2.1) hx = 1x2
. yx = 2x − x3; 2.2) hx = ex, exy3 + e2xy = k;
2.3) hy = e−y2
, e−y2
2x2 + y2 + 1 = k ; 2.4) hx = 1
x2. yx = cx − lnx − 1 ;
3.1) yx = x2+ k
x , 3.2) yx = x2− cos3x3
+ k. 3.3) yx = x + kex2
.
3.4) yx = x2 x2
2+ k 4) yx = 3
21 − e−2x 5.1) z = y−1; yx = ke
x2
2 .
5.2) z = y−1; yx = −1c + xex . 5.3) z = y2; y2 = 1 + kex2
.
2.13 Aplicações das EDO de Primeira Ordem2.13.1 Trajetórias Ortogonais
Considere a família de curvas no plano xy Fx,y,c = 0 , onde c é um parâmetro (“constante” quefazemos variar).
Chamamos de trajetórias ortogonais, desta família, a uma nova família Gx,y,k = 0 , onde cadacurva de G intercepta cada curva de F , segundo um ângulo reto.
Exemplo: F : x2 + y2 = c
G : y = kx
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-4
-2
2
4
x
y
2.13.2 Procedimento para Determinação de Trajetórias Ortogonais a Fx,y,c
1) Derivamos Fx,y,c em relação a x (derivação implícita). Se necessário, isolamos c em Fx, y,c e
substituímos na equação derivada. Obtemos:dy
dx= fx,y.
2) As trajetórias ortogonais são soluções dedy
dx= − 1
fx,y.
Exemplo 1: Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas x2 + y2 = c2 (circunferências comcentro na origem).
1) 2x + 2yy ′ = 0 ∴ y ′ = − xy
2)dy
dx= − 1
fx,y.∴ dy
dx=
yx (EDO a variáveis separáveis)
22
Solução geral: y = kx Retas que passam pela origem - trajetórias ortogonais.
Exemplo 2: Determine as trajetórias ortogonais da família de curvas y = cx2 (parábolas com vértice naorigem).
1) y ′ = 2cx , mas c =y
x2∴ y ′ =
2yx
2)dy
dx= − 1
fx,y.∴ dy
dx= − 1
2xy EDO a variáveis separáveis.
Solução geral: x2
2+ y2 = C (elipses=trajetórias ortogonais)
-5 -4 -3 -2 -1 1 2 3 4 5
-4
-2
2
4
x
y
2.13.3 Exemplos de aplicação:- Problemas de Diluição:
Considere um tanque contendo inicialmente V0 litros de salmoura com a kg. de sal. Uma outrasolução com b kg. de sal por litro começa a entrar no tanque a uma razão de e l/min e, simultaneamente, amistura deixa o tanque a razão de f l/min. Qual a quantidade de sal no instante t?
Seja: Qt: quantidade (kg) de sal no instante t.dQ
dt: taxa de variação de Q.
dQ
dt= Tent − Tsai = taxa que o sal entra no tanque - taxa que o sal sai do tanque.
Tent: be (kg/min) onde b é a quantidade de sal por l (concentração de sal na solução que entra)e é a quantidade de l de solução que entra por minuto.
Tsai: concentração de sal no tanque no instante t (kg/l).f (quantidade em litros de mistura que saipor minuto).
Tsai:Q
V0 + et − ftf onde Qt é a quantidade de sal (kg) em t
et é o que entrou em t minft é o que saiu em t min
V0 é o volume inicial.
A EDO fica:dQ
dt= be − Q
V0 + et − ftf ou
dQ
dt+
Q
V0 + et − ftf = be, que é linear.
Exemplo 1: Um tanque contém inicialmente 350 litros de salmoura com 10 kg de sal. No intante t = 0,água pura começa a entrar no tanque a razão de 20 l por minuto, enquanto a mistura sai do tanque amesma taxa. Determine a quantidade de sal no tanque no instante t.
V0 = 350 l. b = 0 kg/l f = 20 l/minQ0 = 10 kg e = 20 l/min
23
dQ
dt+ 20
350 + 20t − 20tQ = 0.20 ∴ dQ
dt+ 2
35Q = 0 É linear.
Fator integrante: It = e2t35
Solução geral: Q = Ce− 2t
35
Solução particular: Qt = 10e− 2t
35
Observe que Q → 0 quando t → ∞ , o que esperávamos, pois está entrando água pura.
- Problemas de Temperatura: Lei do Resfriamento de Newton (válida também para aquecimento).
“ A taxa de resfriamento de uma substância numa corrente de ar é proporcional à diferença entre atemperatura da substância e a temperatura do ar”.
Sejam T: temperatura do corpoTm: temperatura do meiok: constante de proporcionalidade k > 0.
dTdt
= −kT − Tm ∴ dTdt
+ kT = kTm é linear.
Obs.: Por que escolher k positivo?- Processo de resfriamento: T − Tm > 0 ∴ −kT − Tm < 0 ∴ dT
dt< 0 (variação da temperatura
negativa, implica em temperatura decrescente).- Processo de aquecimento: T − Tm < 0 ∴ −kT − Tm > 0 ∴ dT
dt> 0 (temperatura crescente).
Exemplo 1: Um corpo à temperatura de 50∘ F é colocado ao ar livre onde a temperatura é de 100∘ F.Se, após 5 min, a temperatura do corpo é 600∘ F, determine:
a) o tempo necessário para que o corpo atinja 75∘ F.b) a temperatura do corpo após 20 minutos.T0 = 50
T5 = 60
Tm = 100
a) Tt1 = 75, encontre t1 :dTdt
+ kT = kTm dTdt
+ kT = 100k é linear.
Fator integrante: It = ekt
Solução geral : Tt = 100 + Ce−kt. Solução particular: Tt = 100 − 50e− 1
5ln1.25t
E para Tt1 = 75, t1 ≅ 15,5 min.
b) T20 = 79,52 ∘ F.
- Problemas de Queda dos Corpos:
Considere um corpo de massa m em queda vertical.Considerações: - massa e gravidade são constantes;
- resistência do ar é proporcional à velocidade v da queda;
24
- direção positiva é para baixo.Da segunda lei do movimento de Newton, obtemos: F = m dv
dt
onde F é a força líquida e dvdt
é a taxa de variação do momento do corpo em relação a t (m é
constante).mg − kv = m dv
dt mg = m dv
dt+ kv dv
dt+ k
m v = g Equação do movimento
onde mg = W é o peso do corpo e kv é a resistência do ar.
Obs.1: Se k = 0 (desprezamos a resistência do ar) a equação se reduz à: dvdt
= g.
Obs.2: Quando o corpo é arremessado para cima, a resistência do ar tem sentido igual ao do pesoporque a resistência é sempre oposta ao sentido do movimento.
Obs.3: Quando a direção positiva é considerada para cima, precisamos reavaliar os sinais daequação do movimento.
Obs.4: Pode existir outra relação entre a resistência do ar e a velocidade que não seja a relaçãoconsiderada na modelagem anterior. Se a resistência do ar for proporcional ao quadrado da velocidade:−kv2.
Obs.5: O peso é aproximado por W = mg quando o corpo se encontra muito próximo da terra. Caso
contrário, é dado por: W =mgR2
R + x2onde R é o raio terrestre e x é a altura acima do nível do mar. Neste
caso, será necessário usar dvdt
= dvdx
dxdt
v dvdx
= dvdt
.
Exemplo 1: Um corpo de massa m cai a partir do repouso, num meio que oferece resistênciaproporcional à velocidade. Admitindo que a força gravitacional seja constante, determine:
a) a velocidade em qualquer instante.b) a velocidade limite v e quando t → ∞.
a) dvdt
+ km v = g v0 = 0 é linear.
Fator integrante: It = ektm
Solução geral: v =mg
k+ Ce
− ktm Solução particular: vt =
mg
k1 − e
− ktm
b) limt→∞
vt = v l , então v l =mg
k, velocidade limite.
- Problemas de Circuitos Elétricos:
Considere: R é o resistor (ohms), L é o indutor (henries), C é o capacitor (Faradays), E é a forçaeletromotriz (volts), I é a corrente (ampères).
Casos Particulares:
25
- Circuito RL: Lei que rege a quantidade de corrente no circuito é dIdt
+ RL
I = EL
Obs.: Não necessariamente E é constante. É uma equação linear não-homogênea.
- Circuito RC: Lei que rege a quantidade de carga édq
dt+ 1
RCq = E
R
Obs.: A EDO é linear e não-homogênea.
A relação entre q e I é: I =dq
dt
Atenção:It = corrente transiente + corrente estacionária.
- Estado transiente: Tem forte influência no início do experimento. Vai para zero quando t → ∞.
- Estado estacionário: caracteriza a corrente quando t → ∞ (muito grande).
Exemplo 1: Um circuito RL tem uma f.e.m. de 5 volts, uma resistência de 50 ohms, uma indutância de 1henry e não tem corrente inicial. Determine:
a) a corrente no instante t;b) sua componente no estado estacionário;c) sua componente no estado transiente.
a) dIdt
+ 50I = 5 I0 = 0
Fator integrante: e50t Solução particular: It = 110
− 110
e−50t.
b) Iest = 110
A,
c) I trans = − 110
e−50t
- Crescimento Exponencial:
Exemplo 1: Seja Nt a população de uma certa espécie (ou a quantidade de uma substância).Hipóteses: taxa de variação de N é proporcional ao valor instantâneo de N. População inicial N0.
dNdt
= rN
N0 = N0
Obs.: se r > 0 : crescente; se r = 0: Nt = N0 e se r < 0 : decrescente (extinção)
r: velocidade específica de crescimento (ou declíneo).Solução: Nt = N0ert.
Exemplo 2: Uma pessoa deposita R$20.000,00 em uma conta que paga 5% ao ano de juroscompostos continuamente. Determine:
a) o saldo na conta após 3 anos;b) o tempo necessário para que a quantia inicial duplique.
26
Sejam Nt : quantidade de dinheiro=saldo na contar : taxas de juros compostos continuamente=velocidade específica de crescimento.
r = 0.05 > 0 (o saldo aumenta) e N0 = 20.000
dNdt
= 0. 05N
N0 = 20.000Solução: Nt = 20.000e0.05t
a) N3 = 23.236, 68 reais
b) Nt = 40.000 t = 13,86 anos.
- Problemas de Crescimento Logísitco:
Suponha que a velocidade específica de crescimento dependa da realidade da população (meioambiente, alimentação, competição intra e extra-específica, clima, etc). Então, esta velocidade fica melhorexpressa por uma função de N : fN. Escolhemos: fN = r − aNN onde r,a > 0 são constantes e, portanto:dNdt
= r − aNN (Equação Logística) ou dNdt
= r1 − NKN onde K = a
r .
Exemplo 1: Cinco ratos de uma população constante de 500 são intencionalmente inoculados comuma doença contagiosa para testar uma teoria de disseminação da epidemia segundo a qual a taxa devariação da população infectada é proporcional ao produto de ratos infectados pelo número de ratos sem adoença. Qual o tempo necessário para que a metade da população contraia a doença?
Sejam Nt o número de ratos infectados, N0 = 5 e o número de ratos sem a doença é 500 − N,então
dNdt
= 500 − NRN ou dNdt
= 1 − N500
rN Eq. Logística r = 500R
N0 = 5
Atenção: Integração via frações parciais! Solução Particular: N500 − N
= 199
e500Rt
Pergunta: Nt = 250 t = 0.00919R
u.t.
2.14 LISTA DE EXERCÍCIOS 6
1) Em cada um dos casos abaixo, desenhar curvas da família dada e também das respectívastragetórias ortogonais.
a) A famíla de hipérboles xy = c.
b) A família de círculos x − c2 + y2 = c2
c) A família x2 + y2 = Cx
2) Um tanque de 50 litros contém inicialmente 10 litros de água pura. No instante t = 0, começa a serdespejada uma solução contendo 0,1 kg de sal por litro, a razão de 4 l/min, enquanto a mistura sai dotanque a razão de 2 l/min. Determine:
27
a) O instante em que ocorre o transbordamento.b) A quantidade de sal no tanque neste instante.
3) Um corpo de massa m é lançado verticalmente para cima com velocidade inicial v0. Se a resistênciado ar é proporcional à velocidade, determine:
a) a equação do movimento no sistema coordenado v, t.b) a velocidade no instante t.c) o instante em que o corpo atinge a altura máxima.
4) Um circuito RL tem f.e.m. dada (em volts) por 3sin2t , uma resistência de 10 ohms, uma indutânciade 0.5 henry e uma corrente inicial de 6 ampères. Determine a corrente em t:
5) Sabe-se que a população de um determinado país aumenta a uma taxa proporcional ao número dehabitantes do país. Se, após 2 anos, a população duplicou e, após 3 anos, é de 20.000 habitantes, estime onúmero inicial de habitantes:
Trabalho de Pesquisa
Pesquise, nos livros abaixo indicados, uma aplicação para as equações diferenciais ordinárias deprimeira ordem. Escolha uma aplicação na área que preferir, como por exemplo: biologia (crescimentopopulacional e disseminação de doenças), química (decaimento radioativo, misturas e datação porcarbono), física (resfriamento de Newton e corpo em queda livre) e engenharia (circuitos elétricos eeletromagnetismo).
O trabalho deve conter no mínimo três páginas com: introdução, descrição do problema de formageral (pelo menos uma página), resolução e conclusão.
Procure pesquisar em mais de um livro da biblioteca, escolhendo a aplicação que achar maisinteressante. Coloque no trabalho a bibliografia utilizada.
ReferênciasBOYCE W.E. DIPRIMA R.C.. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno.
Rio de Janeiro LTC. 1998.BRONSON. R.. Moderna Introdução às Equações Diferenciais. São Paulo, McGraw-Hill, 1977.EDWARDS C.H. PENNEY D.E. Equações Diferenciais Elementares com Problemas de Contorno.
Prentice-Hall, 1995.HUGHES-HALLETT, D., GLEASON, A. M. Cálculo v. 2. Rio de Janeiro LTC. 1997.ZILL, D. G., CULLEN M. R. Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem. Thomson Learning
2003.ZILL, D. G., CULLEN M. R. Equações Diferenciais v 1. MAKRON BOOKS.MATOS, M. P., Séries e Equações Diferenciais. São Paulo, Prentice Hall, 2002.
CAPÍTULO 3: EDOs LINEARES DE SEGUNDA ORDEM
28
3.1 EDO Lineares de Segunda Ordem
Uma EDO de segunda ordem é linear se pode ser escrita na forma:y ′′ + a1xy ′ + a0xy = gx
Uma EDO linear de segunda ordem homogênea é dada com gx ≡ 0
y ′′ + a1xy ′ + a0xy = 0
Caso contrário, a equação é dita não-homogênea.
Uma EDO linear de segunda ordem é dita com coeficientes constantes se a1,a0 são constantes.Caso contrário, a equação é com coeficientes variáveis.
Obs.1: Uma EDO linear de segunda ordem pode ser escrita como: Ly = gxonde L é um operador linear definido como segue: L : C2I → CI tal que Lyx = y ′′ + a1xy ′ + a0xy
C2I : conjunto das funções definidas no intervalo I duas vezes derivável com segunda derivadacontínua.
CI : conjunto das funções contínuas definidas no intervalo I.
Obs.2: Um operador linear satisfaz as duas propriedades:
P1 Ly1 + y2 = Ly1 + Ly2
P2 Lαy1 = αLy1 α ∈ ℜ
Exemplos.:a) y ′′ + 4y = ex − sinx a1 = 0,a0 = 4 gx = ex − sinx
EDO linear de segunda ordem com coeficientes constantes não-homogênea.
b) x2y ′′ + xy ′ + x2 − 1y = 0 ou y ′′ + 1x y ′ +
x2 − 1x2
y = 0 a1x = 1x ,a0x =
x2 − 1x2
gx ≡ 0
EDO linear de segunda ordem com coeficientes variáveis homogênea.
c) yy ′′ − y ′ = 0
O produto yy ′′ indica a não linearidade da EDO.
d) y ′′ − y = 0
A potência indica a não linearidade da EDO.
TEOREMA: Considere o problema de valor inicial y ′′ + a1xy ′ + a0xy = gx com condições yx0 = y0
e y ′x0 = y0′ , onde a1,a0 e g são contínuas num intervalo I. Então existe uma única solução para este
29
problema e ela existe sobre todo o intervalo I.
Exemplo: y ′′ − 4xy ′ + 6ycos x = e−x sinx y0 = 2,y ′0 = −3
a1 = −4x,a0 = 6cos x,gx = e−x sinx são contínuas em ℜ.
Este problema possui uma solução única para todo ℜ.
TEOREMA: (Princípio da Superposição)Se y1 e y2 são duas soluções da equação diferencial y ′′ + a1xy ′ + a0xy = 0 , então a combinação
linear c1y1 + c2y2 também é solução para quaisquer constantes c1 e c2.
Obs.: A solução é pelo menos duplamente derivável sobre o intervalo I.
3.2 Wronskiano e Soluções Linearmente Independentes (L.I.):
DEFINIÇÃO: O Wronskiano de duas funções y1 e y2 é dado por:
Wy1,y2 =y1 y2
y1′ y2
′= y1y2
′ − y1′ y2
Propriedade 1:Se y1 e y2 são funções deriváveis em I e se Wy1,y2 ≠ 0 num ponto xI ∈ I, então y1 e y2 são L.I. em
I.
Exemplo 1: y1x = cos x e y2x = sinx são L.I.?
Wy1,y2 =cos x sinx
− sinx cos x= cos2x + sin2x = 1 ≠ 0 ∀ x ∈ ℜ
∴ y1 e y2 são L.I.
Exemplo 2: y1x = eλ1x e y2x = eλ2x , λ1,λ2 são constantes reais e λ1 ≠ λ2 são L.I.?
Wy1,y2 =eλ1x eλ2x
λ1eλ1x λ2eλ2x= λ2eλ1+λ2x − λ1eλ1+λ2x = λ2 − λ1eλ1+λ2x ≠ 0
∴ y1x e y2x são L.I.
Propriedade 2:Se y1 e y2 são soluções L.I. da EDOLH (Ly = 0), então y = c1y1 + c2y2 é a solução geral de Ly = 0.
Exemplo: y ′′ − y = 0
ex,e−x são soluções L.I. Pela propriedade 2, a solução geral da EDO é yx = c1ex + c2e−x
Propriedade 3:Existem duas soluções L.I. para Ly = y ′′ + a1xy ′ + a0xy = 0.
30
Obs.1: Relações de Euler:
e ix = cos x + i sinx e e−ix = cos x − i sinx x ∈ ℜ , i : unidade imaginária i2 = −1.
ou equivalentemente:
cos x = e ix + e−ix
2e sinx = e ix − e−ix
2.
Obs.2: Uma função y : ℜ → C pode ser solução de uma equação diferencial.
Exemplo: y = e ix é solução de y ′′ + y = 0. Verifique!
Propriedade 4:
Uma função complexa y = u + iv (u e v são, respectivamente, a parte real e imaginária de y) ésolução de uma EDO Ly = 0 se e, somente se, u e v são também soluções de Ly = 0.
Exemplo: y = e ix é solução de y ′′ + y = 0
Pela relação de Euler: y = cos x + i sinx
Pela propriedade 6, u = cos x e v = sinx também são soluções de y ′′ + y = 0.
3.3 EDOLH de Segunda Ordem com Coeficientes Constantes:
Considere a equação diferencial y ′′ + a1y ′ + a0y = 0. A esta equação associamos uma equaçãoalgébrica conhecida como equação característica λ2 + a1λ + a0 = 0. Fatorando a equação característica,obtemos: λ − λ1 λ − λ2 = 0.
Obtemos a solução geral da EDOLH a partir das raízes da equação característica.
CASO 1:
λ1 e λ2 são raízes reais distintas.Como eλ1x e eλ2x são soluções L.I., então a propriedade 2 nos garante que a solução geral é
yx = C1eλ1x + C2eλ2x
Exemplo 1: y ′′ + 5y ′ + 6 = 0
λ2 + 5λ + 6 = 0 → λ + 2λ + 3 = 0
Solução geral: y = C1e−2x + C2e−3x
Exemplo 2: y ′′ − 4y = 0 y0 = 1 , y ′0 = 0
Solução geral: y = C1e2x + C2e−2x
31
Solução particular: yx = e2x + e−2x
2ou yx = cosh2x
CASO 2:
λ1 = λ2 (raízes reais e iguais).Solução L.I. eλ1x e xeλ1x
A solução geral é yx = C1eλ1x + C2xeλ1x.
Verifique se eλ1x e xeλ1x são soluções L.I. W ≠ 0
Exemplo: y ′′ + 2y ′ + y = 0
Solução geral: y = C1e−x + C2xe−x
CASO 3:
λ1 = a + bi , λ2 = a − bi (aparecem aos pares complexos conjugados).Solução L.I.: ea+bix e ea−bix.
Solução geral: y = C1 ea+bix + C2 ea−bix
Mas, pela propriedade 6, podemos equivalentemente escrever a solução geral comoy = C1eax cos bx + C2eax sinbx
Exemplo 1: y ′′ + 20y ′ + 200y = 0
Solução geral: y = C1e−10x cos 10x + C2e−10x sin10x
Exemplo 2: y ′′ + 9y = 0
Solução geral: y = C1 cos 3x + C2 sin3x
3.4 LISTA DE EXERCÍCIOS 7
1) Resolva as seguintes EDOH.1.1) y ′′ − 2y ′ + 2y = 0 1.2) y ′′ + 7y = 0
1.3) y ′′ + 2y ′ + 5y = 0 1.4) y ′′ − 4y + 4y = 0
2) Resolva os seguintes problemas de valor inicial.2.1) y ′′ + 2y ′ + y = 0, y0 = 1,y ′0 = 2.
2.2) y ′′ − 6y + 9y = 0, y0 = 2, y ′0 = 8.
2.3) y ′′ + 4y ′ + 4y = 0, y0 = −1, y ′0 = 3
3) Construa a matriz Wronskiana e determine o valor de seu determinante para os seguintes conjuntosde soluções.
3.1) ex,e−x 3.2) sen3x, cos3x 3.3) ex,xex
4) Mostre que duas soluções L.I. da equação diferencial y ′′ − 6y ′ + 9y = 0 são dadas por e3x, xe3x.
32
Escreva a solução geral da EDOH.
RESPOSTAS1.1) y = c1ex cos x + c2ex sinx 1.2) y = c1 cos 7 x + c2 sin 7 x
1.3) y = c1e−x cos 2x + c2e−x sin2x 1.4) y = c1e2x + c2xe2x
2.1) y = e−x + 3xe−x 2.2) y = 2e3x + 2xe3x 2.3) y = −e−2x + xe−2x
3.1) Wex,e−x = −2 3.2) Wsen3x, cos3x = −3 3.3) Wex,xex = e2x
4) y = c1e3x + c2xe3x
3.5 EDOL Não Homogênea com Coeficientes Constantes: Método dosCoeficientes a Determinar:
Considere a EDO não linear Ly = y ′′ + a1y ′ + a0y = gx
Propriedade 1:
Se yh é a solução geral de Ly = 0 e yp é a solução particular de Ly = gx então: yx = yh + yp é asolução geral de Ly = gx.
Exemplo: y ′′ − y = e2x
Equação homogênea associada y ′′ − y = 0 cuja solução geral é yx = c1ex + c2e−x.
yp = ? Supõe que yp = Ae2x onde A é uma constante. Derive yp e substitua na EDO para encontrarA = 1
3.
∴ yp = 13
e2x e a solução geral yx = yh + yp será yx = c1ex + c2e−x + 13
e2x
Propriedade 2:
Se yh é a solução geral de Ly = 0, yp1 é uma solução particular de Ly = g1x e yp2 é uma soluçãoparticular de Ly = g2x, então, pelo princípio da superposição, y = yh + yp1 + yp2 é a solução de Ly = g1 + g2.
Exemplo: y ′′ − y = e2x + 1
yh = c1ex + c2e−x solução de y ′′ − y = 0
yp1 = 13
e2x solução particular de y ′′ − y = e2x
yp2 = ? Supõe yp2 = A constante, deriva e substitui na EDO para encontrar A = −1.∴ yp2 = −1
∴ y = yh + yp1 + yp2 y = c1ex + c2e−x + 13
e2x − 1 é a solução geral de y ′′ − y = e2x + 1.
Solução geral: yx = yhx + ypx
Para determinarmos ypx, vamos utilizar o método dos coeficientes a determinar:
CASO 1:
Ly = keax a,k ∈ ℜ
33
Supõe yp = Aeax onde A = ?
Deriva e substitui na EDO:Se a2 + a1a + a0 ≠ 0, então A = k
a2 + a1a + a0
Mas isto significa que a não pode ser raíz de λ2 + a1λ + a0 = 0 , ou, do mesmo modo, eax não podeser uma das soluções L.I. que compõe yh.
Se a é raiz simples de λ2 + a1λ + a0 = 0 , devemos supor yp = Axeax , então:
A = k2a + a1
se 2a + a1 ≠ 0
Se a é raiz dupla de λ2 + a1λ + a0 = 0 2a + a1 = 0 , devemos supor: yp = Ax2eax onde A = k2
.
Exemplo 1: Resolva y ′′ + 5y ′ + 4y = −3e−2x
Solução: yh = C1e−x + C2e−4x
Supõe yp = Ae−2x, derivando e substituindo na EDO, encontramos A = 32
Solução geral: yx = yh + yp
Exemplo 2: Resolva y ′′ + 5y ′ + 4y = 5e−4x
A solução homogênea é a mesma do exemplo anterior. A solução particular yp = Ae−4x não devefuncionar, pois -4 é raiz da equação característica. Supõe, então, yp = Axe−4x , que derivando e substituindona EDO, obtém-se A = − 5
3.
Exemplo 3: Resolva y ′′ + 5y ′ + 4y = −e−x + 2e−4x + e5x
Solução: yh = C1e−x + C2e−4x
Supõe yp1 = Axe−x, yp2 = Bxe−4x e yp3 = Ce5x
CASO 2:
Ly = k sinαx ou kcosαx :
- Se Piα ≠ 0, supõe yp = Acosαx + B sinαx.
- Se Piα = 0, supõe yp = Axcosαx + Bx sinαx
Exemplo 1: Resolva y ′′ + 4y = − sin2x + cos x
yh = C1 cos 2x + C2 sin2x
- P2i = 0 → yp1 = Axcos 2x + Bx sin2x . Deriva e substitui na EDO,
encontra: A = 14
e B = 0. yp1 = 14
xcos 2x
- Pi ≠ 0 → yp2 = Acos x + B sinx . Deriva e substitui na EDO,
encontra: A = 13
e B = 0. yp2 = 13
cos x
Exemplo 2: Resolva y ′′ + 3y ′ + 2y = − sin2x
yh = C1e−2x + C2e−x
Como P2i ≠ 0, supõe yp = Acosαx + B sinαx. Deriva e substitui na EDO:
34
A = 320
, B = 120
yp = 120
3cos 2x + sin2x
CASO 3:
Ly = keαx cosβx ou Ly = keαx sinβx
Vamos considerar Lwp = keα+iβx :
- se Pα + iβ ≠ 0 , então wp = Aeα+iβx
- se Pα + iβ = 0, então wp = Axeα+iβx
Solução particular yp: se Ly = keαx cosβx, então yp = Rewp se Ly = keαx sinβx, então yp = Imwp
Exemplo 1: Resolva y ′′ + 2y ′ + 5y = −2ex cos 2x
yh = C1e−x cos 2x + C2e−x sin2x
Como P1 + 2i ≠ 0, então wp = Ae1+i2x. Deriva e substitui na EDO
obtém: A = −1 + 2i10
yp = Rewp ∴ yp = − 110
ex cos 2x − 15
ex sin2x
CASO 4:
Ly = b0 + b1x +. . .+bnxn
Se P0 ≠ 0 : supõe yp = A0 + A1x +. . .+Anxn
Se P0 = 0 e P′0 ≠ 0 : supõe yp = xA0 + A1x +. . .+AnxnSe P0 = 0 e P′0 = 0 : supõe yp = x2A0 + A1x +. . .+Anxn
Exemplo 1: Resolva y ′′ + 3y ′ = 2x2 + 3x
yh = C1e−3x + C2
yp : P0 = 0 → yp = xA0 + A1x + A2x2. Deriva e substitui na EDO,
obtém: A0 = − 527
, A1 = 518
e A2 = 29
yp = − 527
x + 518
x2 + 29
x3
CASO 5:
Ly = b0 + b1x +. . .+bnxn eαx
Se Pα ≠ 0 : supõe yp = A0 + A1x + A2x2eαx
Se Pα = 0 e P′α ≠ 0 : supõe yp = xA0 + A1x +. . .+Anxneαx
Se Pα = 0 e P′α = 0 : supõe yp = x2A0 + A1x +. . .+Anxneαx
Exemplo 1: Resolva y ′′ + 2y ′ + 4y = −xe2x + 3e2x
yh = C1e−x cos 3 x + C2e−x sin 3 x
Como P2 ≠ 0, yp = A0 + A1xe2x. Deriva e substitui na EDO:
A0 = 724
,A1 = − 112
yp = 724
− 112
x e2x
35
3.6 EDOL Não Homogênea: Variação de Parâmetros
Nesta seção, vamos desenvolver um outro método para determinar a solução particular da EDOLLy = y ′′ + a1xy ′ + a0xy = gx
a partir da solução geral de Ly = 0 : yhx = C1y1x + C2y2x.
Suponha que ypx = v1xy1x + v2xy2x Se yp = v1y1 + v2y2,yp′ = ?
yp′′ = ?
Supõe que v1′ y1 + v2
′ y2 = 0 (1)Substitui na EDO: v1
′ y1′ + v2
′ y2′ = gx (2)
De (1) e (2), obtemos o sistema linear:v1′ y1 + v2
′ y2 = 0
v1′ y1
′ + v2′ y2
′ = gx
Resolvemos por Cramer:
v1′ =
0 y2
gx y2′
detA= − gxy2x
wy1,y2e v2
′ =
y1 0
y1′ gx
detA=
gxy1xwy1,y2
v1 = ∫− gxy2xwy1,y2
dx e v2 = ∫ gxy1xwy1,y2
dx
E, finalmente, yp = v1xy1x + v2xy2x
Exemplo 1: Resolva y ′′ + y = cscx
yh = C1 cos x + C2 sinx, yp = v1 cos x + v2 sinx
wy1,y2 =cos x sinx
− sinx cos x= 1
v1 = ∫−cscx sinxdx = ∫−dx = −x, v2 = ∫ cscxcos xdx = ∫ cos xsinx
dx = ln|sinx|
yp = −xcos x + ln|sinx| sinx
Exemplo 2: Resolva y ′′ + 4y = tan2x
yh = C1 cos 2x + C2 sin2x, yp : wy1,y2 = 2
v1 = − 12∫ tan2x sin2xdx = − 1
2∫ sin22x
cos 2xdx = − 1
2∫ 1 − cos22x
cos 2xdx = − 1
2∫sec2x − cos 2xdx
v1 = − 14
ln|sec2x + tan2x| + 14
sin2x
v2 = 12∫ tan2xcos 2xdx = 1
2∫ sin2xdx = − 1
4cos 2x
yp = − 14
ln|sec2x + tan2x|
36
3.7 EDOL de Ordem n com Coeficientes Constantes:
EDO: yn + an−1yn−1 +. . .+a1y ′ + a0y = 0 com a i ∈ ℜ i = 1, . . . ,n − 1
Polinômio característico (equação característica):Pλ = λn + an−1λn−1 +. . .+a1λ + a0 = 0 (possui n raízes).
Soluções L.I.:- Se λi é raiz real simples: y i = C ie
λ ix
- Se λi é raiz real de multiplicidade p: eλ1x;xeλ1x; . . . ;xp−1eλ1x
- Se λi = a + bi e λi∗ = a − bi são raízes complexas conjugadas: eax cos bx;eax sinbx
Exemplo 1: y ′′′ − 6y ′′ + 11y ′ − 6y = 0
Solução geral: yx = C1ex + C2e2x + C3e3x
Exemplo 2: y ′′′ + 4y ′′ + 13y ′ = 0
Solução geral: yx = C1 + C2e−2x cos 3x + C3e−2x sin3x
3.8 LISTA DE EXERCÍCIOS 8
1) Resolva as seguintes equações usando o método dos coeficientes a determinar.1.1) y ′′ − 3y ′ + 2y = 5ex 1.2) y ′′ − 4y ′ + 4y = 3e2x.
1.3) y ′′ + 7y ′ + 12y = 3cos2x. 1.4) y ′′ + 4y = x
1.5) y ′′ + 3y ′ + 2y = xe−x + cos2x + x2
2) Resolva as seguintes EDOH de ordem n.2.1) y ′′′ − 3y ′′ + 2y ′ = 0 2.2) y ′′′ + 2y ′′ + 2y ′ = 0
3) Resolva usando o método de variação de parâmetrosy ′′ − 2y ′ + y = ex
x
RESPOSTAS
1.1) y = c1ex + c2e2x − 5ex
1.2) y = c1e2x + c2xe2x + 32
x2e2x
1.3) y = c1e−3x + c2e−4x + 665
cos 2x + 21130
sin2x
1.4) y = c1 cos 2x + c2 sin2x + 14
x
1.5) y = c1e−x + c2e−2x− 23
xe−x + 124
x2e−x + Acos 2x + B sin2x + A0 + A1x + A2x2
yH yP1 yP2(resolver) yP3(resolver)
2.1) y = c1 + c2ex − c3e2x
2.2) y = c1 + c2e−x cos x − c3e−x sinx
3) y = C1ex + C2xex − xex + ln|x|xex v1 = −x e v2 = ln|x|
37
3.9 Exemplos de Aplicação:- Problemas de Mola:
Lei de Hooke: A força F de uma mola é igual e oposta às forças aplicadas sobre esta mola e éproporcional à distensão (contração) l da mola resultante da força aplicada.
F = −kl
onde k é a constante da mola (constante de proporcionalidade) .
Considerações:- Desprezamos a massa da mola.- Resistência do ar é proporcional à velocidade do corpo.- Forças sobre o corpo no instante t são: força da resistência do ar: −ax ′ a > 0
força restauradora: −kx k > 0 Lei de Hooke
Obs.: A resistência do ar é sempre no sentido oposto ao da velocidade do movimento.Segunda Lei de Newton: FR = ma
Ft − ax ′ − kx = mx ′′ ou x ′′ + am x ′ + k
m x =Ftm C.I. x0 = 0 e x ′0 = 0
Obs.: Se a gravidade for considerada: x ′′ + am x ′ + k
m x = g +Ftm
Exemplo: Uma massa de 2 kg. está suspensa em uma mola cuja constante é 10 N/m e permaneceem repouso. É, então posta em movimento, imprimindo-lhe uma velocidade inicial de 150 cm/s. Determine aexpressão da posição da massa, desprezando a resistência do ar:
xt = 0.671sin 5 t
- Problemas de Circuitos Elétricos:
Seja um circuito RCL (resistência-capacitância-indutância).Lei de Kirchhoff: A soma algébrica das quedas de tensão em um circuito elétrico fechado simples é
zero.QT(resistência)+QT(capacitância)+QT(indutância)-E(t)=0
Rq ′ + Lq ′′ + 1C
q = Et ou q ′′ + RL
q ′ + 1LC
q =Et
Lcom C.I. q0 = q0 e q ′0 = I0 = I0
que é a equação da carga q com o tempo t.Por outro lado, a equação da corrente I com o tempo t, é dada por:
I ′′ + RL
I ′ + 1LC
I = 1L
dEtdt
com C.I. I0 = I0 e I ′0 = 1L
E0 − RL
I0 + 1LC
q0
Exemplo: Um circuito RCL tem R=10 ohms, C=10−1 farad, L=0.5 henry e uma tensão aplicada de12 volts. Admitindo que não haja corrente inicial nem carga inicial em t = 0 , quando a tensão é aplicadapela primeira vez, determine a corrente subsequente no sistema:
38
Equação diferencial: I ′′ + 20I ′ + 200I = 0
Condições iniciais: I0 = 0 e I ′0 = 24
Solução: It = 125
e−10t sin10t
- Problemas de Barras e Vigas:
É um exemplo de problema de contorno.
Exemplo: Seja uma barra de comprimento L sujeita a uma carga uniforme q. Se, no ponto x0 = 0,esta barra está presa e, em xL = L, está só apoiada, este problema é descrito pelo seguinte problema decontorno:
y4x + kyx = q
y0 = y ′0 = 0
yL = y ′′L = 0
3.10 LISTA DE EXERCÍCIOS 9
1. Uma mola com massa de 3 kg é mantida esticada 0,6 m além de seu comprimento natural por umaforça de 20 N. Se a mola começar em sua posição de equilíbrio, mas um empurrão der uma velocidadeinicial de 1,2 m/s, determine a posição da massa depois de t segundos (fórmula).
2. Determine a carga e a corrente em um circuito em série RCL quando L = 1 henry, R = 2Ω, C = 0,25
Faraday e Et = 13sin t Volts, com carga inicial e corrente inicial nulas. Escreva a variável dependente eindependente do problema e a função solução.
d2q
dt2+ R
L
dq
dt+ 1
LCq =
EtL
Respostas1. xt = 0,36sen 10
3t.
2. qt = 3sin t − 2cos t + 2e−t cos t 3 − 13
3 e−t sin t 3 .
CAPÍTULO 4: Sistemas de Equações Diferenciais Ordinárias Lineares comCoeficientes Constantes:
1) Introdução:Os sistemas de EDO simultâneas aparecem naturalmente em problemas que envolvem várias variáveis
dependentes, cada qual função de uma única variável independente.Variável independente: tVariáveis dependentes: x1 = x1t;x2 = x2t; . . .
Aplicações:1) Sistema Predador-Presa:
Sejam Pt : população de predadores no instante tHt : população de presas no instante t
39
O modelo é descrito pelo sistema de EDO:dHdt
= a1H − b1HP
dPdt
= −a2P + b2HP
2) Sistema Massa-Mola:Sejam x1t , x2t coordenadas da posição das massas m1 e m2.
O modelo é descrito pelo sistema de EDO:m1
d2x1
dt2= k1 + k2x1 + k2x2 + F1t
m2d2x2
dt2= k1x1 − k2 + k3x2 + F2t
Segunda Ordem
3) Circuito RCL:Sejam V : queda de voltagem no capacitor C
I : corrente no indutor L.
O ciruito é descrito pelo sistema de EDO:dIdt
= VL
dVdt
= − IC
− VRC
Como reduzir uma EDO de grau n a um sistema de EDO de grau 1:
Tome a equação de segundo grau: d2udt2
+ p dudt
+ qu = Ft
Suponha x1t = ut e x2t = dudt
. Então x1′ t = x2t e na EDO acima:
x2′ t + px2t + qx1t = Ft
x2′ t = −px2t − qx1t + Ft
E a EDO fica reduzida ao sistema:x1′ = x2
x2′ = −px2 − qx1 + Ft
De maneira geral, qualquer EDO da forma: ynt = Ft,y,y ′,y ′′, . . . ,yn−1 pode ser reduzida asistema de EDO de primeira ordem com n equações. Basta tomar: x1t = y;x2t = y ′; . . . ,xnt = yn−1t.
E o sistema fica:
x1′ = x2
x2′ = x3
x3′ = x4
. . . . . . . . . . .
xn−1′ = xn
xn′ = Ft,x1,x2, . . . ,xn
Sistema de EDO Lineares de Primeira Ordem:
Considere o sistema na forma geral:
x1′ = F1t,x1,x2, . . . ,xn
x2′ = F2t,x1,x2, . . . ,xn
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
xn′ = Fnt,x1,x2, . . . ,xn
40
Podem ser dadas condições iniciais na forma: x1t0 = x10, . . . ,xnt0 = xn
0. Associado a estas C.Isistema constitui um PVI. Este sistema tem solução no intervalo I se existirem n funções:x1 = φ1t; . . . ;xn = φnt , deriváveis em I, que satisfazem o sistem em todo I.
Um sistema é dito sistema de equações lineares de primeira ordem se pode ser escrito na forma:
x1′ = p11tx1 + p12tx2 +. . .+p1ntxn + g1t
x2′ = p21tx1 + p22tx2 +. . .+p2ntxn + g2t
. . .
xn′ = pn1tx1 + pn2tx2 +. . .+pnntxn + gnt
Se não pode ser escrito desta forma, o sistema é não-linear.Se g1t = g2t =. . .= gnt = 0 , então o sistema é homogêneo. Senão, é não-homogêneo.
Ex.1: Reduzir o PVI a um sistema de EDO de primeira ordem:
u ′′ + 2tu ′ + t2u = sin t
u0 = 0
u ′0 = 1
Sejam x1t = ut e x2t = u ′tx1′ t = x2t
x2′ t + 2tx2t + t2x1t = sin t
CI: x10 = u0 → x10 = 0
x20 = u ′0 → x20 = 1
PVI:
x1′ = x2
x2′ + 2tx2 + t2x1 = sin t
x10 = 0;x20 = 1
Ex.2: Resolva o problema:x1′ = −2x1 + x2
x2′ = x1 − 2x2
com x10 = 2 e x20 = 3.
Isolar x2: x2 = x1′ + 2x1 e substituir na outra equação, resultando: x1
′′ + 4x1′ + 3x1 = 0.
Resolve-se pelo método de coeficientes a determinar: x1 = C1e−x + C2e−3x e x2 = C1e−x − C2e−3x sãoa solução geral. Com as CI, obtém-se: C1 = 5
2e C2 = − 1
2.
Revisão de Autovalores e Autovetores:
Considere a transformação linear (função linear) y = AX, que transforma um vetor X em un novo vetorEm particular, estamos interessados naqueles vetores que são transformados em múltiplos de si mesmo, ouseja, y = λX , onde λ é um fator de proporcionalidade.
A − λIX = 0 ∗ se detA − λIX = 0 ∗ ∗ , infinitas soluções (tem soluções além da nula).
41
Os valores de λ que satisfazem ∗ ∗ são ditos AUTOVALORES de A e as soluções de ∗ são osAUTOVETORES correspondentes ao seu respectivo autovalor.
A equação Δλ = 0 é uma equação polinomial de grau n em λ :
λn + an−1λn−1 +. . .+a2λ2 + a1λ + a0 = 0
Cada autovalor tem pelo menos um autovetor associado a ele. No entanto, se um autovalor λi temmultiplicidade m, ele pode ter q autovetores L.I. associados a ele onde 1≤ q ≤ m.
Ex.1: Ache os autovalores e autovetores de A =1 −1
1 3:
Ex.2: Ache os autovalores e autovetores de A =
0 1 1
1 0 1
1 1 0
:
Um conjunto de vetores X1 =
x11
⋮
xn1
, . . . , é L.I. se, e somente se, detX ≠ 0. (X = x ij = x ij ).
Um conjunto de k vetores x1,x2, . . . ,xk é L.I. se, e somente se, a equaçãoc1x1 + c2x2 +. . .+ckx
k = 0 admite a solução trivial como solução única: c1 = c2 =. . .= ck = 0.
Se existirem números c1,c2, . . . ,ck com pelo menos um número diferente de zero, então o conjuntox1,x2, . . . ,xk é L.D.
Ex.1: x1 =
1
0
−1
e x2 =
0
1
−1
:
Ex.2: x1 =
1
2
−1
, x2 =
2
1
3
e x3 =
−4
1
−11
:
detX = 0, então x1,x2,x3 são L.D.
Teoria Básica dos SEDL de Primeira Ordem:
SEDL com n EDOs de primeira ordem:
42
x1′ = p11tx1 +. . .+p1ntxn + g1t
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
xn′ = pn1tx1 + pnntxn + gnt
Forma matricial: X ′ = PtX + gt
Solução: x1 = φ1t,x2 = φ2t, . . . ,xn = φnt Φ =
φ1t
φ2t
. . .
φnt
.
SEDL homogêneo: X ′ = PtX
Propriedades:
P1) Se x1,x2 são soluções de X ′ = PtX então c1x1 + c2x2 também é solução.
P2) Se x1,x2, . . . ,xn são soluções L.I. de X ′ = PtX , então φt = c1x1 + c2x2 +. . .+cnxn é asolução geral do sistema.
P3) Se x1,x2, . . . ,xn são soluções de X ′ = PtX, então ou detX é identicamente nulo ou nunca é nulo.
Ex.: Verifique que x1t =e3t
2e3te x2t =
e−t
−2e−té solução de X ′ =
1 1
4 1X.
Determine a solução geral:
SEDLH com Coeficientes Constantes:
X ′ = AX An é uma matriz constante.Supõe: X = ert com r constante e vetor constante.
X ′ = rert . Substitui na SEDLH e obtém: A − rI = 0
Portanto, r autovalor, autovetor de A.
Ex.1: Ache a solução geral de X ′ =−3 2
2 −2X :
Ex.2: Determine a solução geral de X ′ =1 1
4 1X :
Ex.3: Ache a solução geral de X ′ =
0 1 1
1 0 1
1 1 0
X :
43
- Autovalores Complexos:
Se r1a + bi é raiz de Δr , então o complexo conjugado r2 = r1 = a − bi também é.1 autovetor correspondente a r1.
2 autovetor correspondente a r2 = r1.
Propriedade: 2 = 1. (vetor conjugado).
Soluções: x1 = 1er1t e x2 = 1e r1t
A partir destas soluções, podemos determinar duas soluções reais L.I. Se 1= u + vi , obtemos:x1t = eatucos bt − v sinbt + ieatvcos bt + u sinbt
xR1
xR2
tal que xR1 e xR
2 são soluções L.I. do sistema X ′ = AX
Ex.1: X ′ =− 1
21
−1 − 12
X :
Ex.2: Resolva X ′ =−1 −1
2 −1X com X0 =
2
2:
Exercícios:
1) X ′ =2 10
−1 −5X
2) X ′ =−1/2 −1/8
2 −1/2X com X0 =
2
3:
- Autovalores Repetidos:
r = ρ : autovalor de multiplicidade m (m autovetores L.I.→ m soluções L.I.)Obs.: Menos que m autovetores L.I. → tem que pesquisar outros autovetores L.I. até termos m
autovetores L.I→m soluções L.I.
Exemplo introdutório:
X ′ =
1 −2 2
−2 1 −2
2 −2 1
X
Solução:
1) detA − rI = 0
−r + 15r − 5 = 0 → r1 = r2 = −1 e r3 = 5
44
2) Para r1 = r2 = −1, temos:
2 −2 2
−2 2 −2
2 −2 2
1
2
3
=
0
0
0
Resolvendo o sistema, temos 1 = 2 − 3
E assim, dois autovetores associados a esses autovalores repetidos são:
1 =
1
1
0
, 2 =
0
1
1
As soluções correspondentes são:
x1 =
1
1
0
e−t e x2 =
0
1
1
e−t
Para o autovalor r3 = 5, temos:
−4 −2 2
−2 −4 −2
2 −2 −4
1
2
3
=
0
0
0
Resolvendo o sistema, temos 1 = 3 e 2 = −3
E assim, o autovetor associado a esse autovalor é
3 =
1
−1
1
A solução correspondente é:
x3 =
1
−1
1
e5t
A solução geral é dada por:
X = c1
1
1
0
e−t + c2
0
1
1
e−t + c3
1
−1
1
e5t
Se a matriz A for simétrica, isto é, A = AT e se tiver elementos reais, será sempre possível obter n
autovetores L.I.45
Ex.1: X ′ =1 −1
1 3X :
Solução:
x1 =1
−1e2t
x2 = Kte2t + Pe2t
Encontrando P :
A − 2IP = K
−1 −1
1 1
P1
P2
=1
−1
Resolvendo o sistema, temos P2 = −1 − P1
Se P1 = 0, P2 = −1
Portanto,
P =0
−1
E a solução x2 é
x2 =1
−1te2t +
0
−1e2t
Assim, a solução geral será:
X = c1
1
−1e2t + c2
1
−1te2t +
0
−1e2t
Ex.2: Resolva o sistema não-homogêneo, usando o método dos coeficientes a determinar:
X ′ =−2 1
1 −2X +
2e−t
3t:
Solução:X ′ = AX + gt
onde gt =2
0e−t +
0
3t
1) Resolve-se o sistema homogêneo: X ′ = AX
Solução geral: X = c1
1
−1e−3t + c2
1
1e−t
46
Solução particular:Supõe Xp = ate−t + be−t + ct + d
Xp′ = −ate−t + a − be−t + c
Substitui no sistema de EDOs e obtém:Aa = −a
Ab = a − b −2
0; Ac = −
0
3; Ad = c
A solução geral é dada por:
X = c1
1
−1e−3t + c2
1
1e−t +
1
1te−t +
0
−1e−t +
1
2t − 1
3
4
5
Ex.3: X ′ =2 −1
3 −2X +
1
−1e t :
Exercício: Encontre a solução geral do sistema X ′ =3 −18
2 −9X.
1) detA − rI = 0
r + 32 = 0 → r1 = r2 = −3
Obtemos x1 =3
1e−3t
A solução x2 será obtida a partir da solução x1 :
x2 = Kte−3t + Pe−3t, onde K =3
1.
Para encontrarmos P , basta resolvermos detA − rIP = K
Ou seja:
6 −18
2 −6
P1
P2
=3
1
Resulta que P1 = 1 + 6P2
2, se P2 = 0 → P1 = 1
2
Assim,
x2 =3
1te−3t +
1/2
0e−3t
E a solução geral é:
X = c1
3
1e−3t + c2
3
1te−3t +
1/2
0e−3t
47
Trabalho de Pesquisa
Pesquise, nos livros abaixo indicados, uma aplicação para sistemas de equações diferenciaisordinárias. Escolha uma aplicação na área que preferir.
O trabalho deve conter no mínimo três páginas com: introdução, descrição do problema de formageral (pelo menos uma página), resolução e conclusão.
Procure pesquisar em mais de um livro da biblioteca, escolhendo a aplicação que achar maisinteressante. Coloque no trabalho a bibliografia utilizada.
ReferênciasBOYCE W.E. DIPRIMA R.C.. Equações Diferenciais Elementares e Problemas de Valores de Contorno.
Rio de Janeiro LTC. 1998.BRONSON. R.. Moderna Introdução às Equações Diferenciais. São Paulo, McGraw-Hill, 1977.EDWARDS C.H. PENNEY D.E. Equações Diferenciais Elementares com Problemas de Contorno.
Prentice-Hall, 1995.HUGHES-HALLETT, D., GLEASON, A. M. Cálculo v. 2. Rio de Janeiro LTC. 1997.ZILL, D. G., CULLEN M. R. Equações Diferenciais com Aplicações em Modelagem. Thomson Learning
2003.ZILL, D. G., CULLEN M. R. Equações Diferenciais v 1. MAKRON BOOKS.MATOS, M. P., Séries e Equações Diferenciais. São Paulo, Prentice Hall, 2002.
4.1 LISTA DE EXERCÍCIOS 10
Resolva os seguintes problemas de valores iniciais pelo método da eliminação:
Exercício: Encontre a solução geral dos sistemas
48