universidade federal de pelotas centro de … · trabalho de conclusão de curso aprovado, como...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Centro de Engenharias
Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária
Trabalho de Conclusão de Curso
Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em Faculdade de
Odontologia
Micaela Piccoli Terres
Pelotas, 2017
Micaela Piccoli Terres
Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em Faculdade de
Odontologia
Trabalho de conclusão de curso acadêmico apresentado ao Centro de Engenharias, da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Engenharia Ambiental e Sanitária.
Orientadora: Profª. Drª. Luciara Bilhalva Corrêa
Pelotas, 2017
8QLYHUVLGDGH�)HGHUDO�GH�3HORWDV���6LVWHPD�GH�%LEOLRWHFDV&DWDORJDdcR�QD�3XEOLFDdcR
7���J 7HUUHV��0LFDHOD�3LFFROL7HU*HUHQFLDPHQWR�GH�UHVfGXRV�GH�VHUYLdRV�GH�VDhGH�HPIDFXOGDGH�GH�RGRQWRORJLD���0LFDHOD�3LFFROL�7HUUHV���/XFLDUD%LOKDOYD�&RUUeD��RULHQWDGRUD��i�3HORWDV�������7HU���I����LO�
7HU7UDEDOKR�GH�&RQFOXVcR�GH�&XUVR��*UDGXDdcR�HP(QJHQKDULD�$PELHQWDO�H�6DQLWbULD��i�&HQWUR�GH(QJHQKDULDV��8QLYHUVLGDGH�)HGHUDO�GH�3HORWDV�������
7HU���3*566�����6HUYLdRV�RGRQWROgJLFRV�����,QVWLWXLdcR�GHHQVLQR�VXSHULRU��,��&RUUeD��/XFLDUD�%LOKDOYD��RULHQW��,,��7fWXOR�
&''������
(ODERUDGD�SRU�0DULD�,QH]�)LJXHLUHGR�)LJDV�0DFKDGR�&5%���������
Micaela Piccoli Terres
Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em Faculdade de Odontologia
Trabalho de Conclusão de Curso aprovado, como requisito parcial, para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Ambiental e Sanitária, Centro de Engenharia Ambiental e Sanitária, Universidade Federal de Pelotas. Data da Defesa: 17/08/2017
Banca examinadora: ...............................................................................................................................Profª. Drª. Luciara Bilhalva Corrêa (Orientadora), Doutora em Educação Ambiental pela Universidade Federal do Rio Grande. ............................................................................................................................... Prof. Dr. Érico Kunde Corrêa, Doutor em Biotecnologia pela Universidade Federal de Pelotas. ............................................................................................................................... Engenheira Tatiana Nunes Diesel, Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pelo Centro Universitário Franciscano.
Agradecimentos
Agradeço aos meus pais, Soeni Piccoli e Jonselé Terres, pelo amor e dedicação.
Ao meu irmão Murilo (in memoriam) pelos ensinamentos e pelo pouco, mas
valioso, tempo que compartilhamos juntos.
À minha orientadora, professora Luciara Corrêa, pelo apoio, compreensão e
confiança durante este trabalho.
À Engenheira Ambiental Tatiana Diesel por sua disponibilidade e incentivo.
Aos professores Alexandre Silva e Adriana Etges por me receberem e
possibilitarem a realização deste trabalho.
Às minhas grandes amigas Amanda Mordente, Rubia Porcher e Luiza Lopes que
sempre estiveram ao meu lado e são parte da minha família.
Às incríveis pessoas que tive o prazer de conhecer em Pelotas, em especial à
Anita Avancini, Flávia Fetter, Paula Hofmeister e aos formidáveis Ana Dall’Agnol
e Mateus Nazari.
Agradeço a todos aqueles que, de alguma maneira, contribuíram para minha
formação acadêmica.
Resumo
TERRES, Micaela Piccoli. Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde
em Faculdade de Odontologia. 2017. 66f. Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. A crescente geração de resíduos, característica da sociedade moderna, gera preocupações com relação às práticas de gerenciamento desses resíduos. Esse problema é agravado em países emergentes, como o Brasil, onde o rápido crescimento populacional e a urbanização desenfreada, sem os investimentos necessários em infraestrutura, colocaram o gerenciamento de resíduos sólidos em segundo plano. Os Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) necessitam de cuidados especiais devido, principalmente, a presença de agentes químicos e biológicos, possivelmente prejudiciais à saúde pública e ambiental. Uma das fontes geradoras de RSS são os serviços odontológicos, cujos resíduos causam risco à saúde pública e ocupacional equivalente aos resíduos dos demais estabelecimentos de saúde. É de responsabilidade dos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde o gerenciamento dos resíduos por eles gerados através de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS). Nesse contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o gerenciamento dos RSS e o PGRSS de uma Faculdade de Odontologia vinculada à uma instituição de ensino superior (IES). Os instrumentos de pesquisa utilizados foram o estudo documental do PGRSS da unidade; a observação direta na fonte geradora; e a observação participante. Todos os instrumentos seguiram um roteiro de estudos baseado nas recomendações da legislação brasileira. Os resultados encontrados apontam à existência de falhas tanto no processo de elaboração do PGRSS quanto em sua aplicação na prática das atividades diárias realizadas na unidade geradora. O diagnóstico das condições de gerenciamento, a classificação e a segregação dos RSS foram consideradas as principais etapas do PGRSS. No entanto, o diagnóstico das condições de gestão dos RSS na Faculdade de Odontologia não foi realizado; e a classificação e segregação na fonte geradora dos RSS apresentou falhas de execução que, se não resolvidas, poderiam causar prejuízos econômicos, ambientais e sociais. Em vista disso recomenda-se que a gestão de RSS seja parte integrante da formação continuada de professores, técnicos e demais funcionários da faculdade, de forma integrada nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, de modo que esse tema seja incluído na rotina da comunidade acadêmica, inclusive como parte da formação acadêmica dos futuros profissionais, entrando no currículo do curso como parte da avaliação. Palavras-chave: PGRSS; serviços odontológicos; instituição de ensino superior
Abstract
TERRES, Micaela Piccoli. Healthcare Waste Management in College of
Dental Medicine. 2017. 66p. Course Conclusion Paper (TCC). Graduation in Environmental and Sanitary Engineering. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. The increasing generation of solid waste, characteristic of modern society, raises concerns regarding waste management practices. This problem is aggravated in emerging countries such as Brazil, where rapid population growth and unbridled urbanization, without the necessary investments in infrastructure, have placed solid waste management in the background. Healthcare waste (HCW) requires special care due mainly to the presence of chemical and biological agents, possibly harmful to public and environmental health. One of the sources of HCW is dental services, whose waste causes public and occupational health risks equivalent to those of other health facilities. It is the responsibility of health care facilities to manage the waste generated by them through a healthcare waste management plan (HCWMP). In this context, the objective of the study was to evaluate HCW management and the HCWMP of a College of Dental Medicine linked to a higher education institution (HEI). The research instruments used were document analysis of the unit’s HCWMP; direct observation in the source of waste generation; and participant observation. All research instruments followed a script based on the recommendations of the Brazilian legislation. The results found point to the existence of flaws in the HCWMP elaboration and in its application in the practice of daily activities carried out in the facility. The investigation of HCW management conditions, classification and segregation were considered the main steps of the HCWMP. However, the investigation of HCW management conditions in the College of Dental Medicine was not fulfilled; and the classification and source segregation of HCW presented execution errors that, if not resolved, could cause economic, environmental and social damages. Therefore, it is recommended that HCW management be an integral part of teachers, technicians and other faculty members’ continuing education, integrated into teaching, research and extension activities, so that this theme is included in the routine of the academic community, even as part of future professional’s academic training, entering the curriculum as a part of the evaluation.
Keywords: HCWMP; dental services; higher education institution
Lista de Figuras
Figura 1 – Quadro com orientações para o manejo dos resíduos infectantes
(Grupo A) ........................................................................................................... 18
Figura 2 – Quadro com orientações para o manejo dos resíduos químicos (Grupo
B) ....................................................................................................................... 19
Figura 3 – Quadro com orientações para o manejo dos resíduos perfurocortantes
(Grupo E) ........................................................................................................... 19
Figura 4 – Quadro com os símbolos de identificação dos grupos de resíduos . 20
Figura 5 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 1 no PGRSS da
Faculdade de Odontologia ................................................................................ 31
Figura 6 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 2 no PGRSS da
Faculdade de Odontologia ................................................................................ 32
Figura 7 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 3 no PGRSS da
Faculdade de Odontologia ................................................................................ 34
Figura 8 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 4 no PGRSS da
Faculdade de Odontologia ................................................................................ 36
Figura 9 – Quadro com sugestão de ferramenta para levantamento e verificação
de informações sobre manejo de resíduos ....................................................... 38
Figura 10 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 5 no PGRSS
da Faculdade de Odontologia ........................................................................... 40
Figura 11 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 6 no PGRSS
da Faculdade de Odontologia ........................................................................... 42
Figura 12 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 6 no PGRSS
da Faculdade de Odontologia ........................................................................... 44
Figura 13 – Fotografia dos recipientes identificados para segregação de resíduos
do Grupo D na Faculdade de Odontologia ........................................................ 45
Figura 14 – Fotografia de embalagem de papel grau cirúrgico (acima) e de
recipiente para descarte de resíduos do Grupo A, contendo embalagem de papel
grau cirúrgico, Grupo D (abaixo) ....................................................................... 46
Figura 15 – Acima: fotografia do carro de coleta utilizado na coleta interna dos
RSS (esquerda) e do local de armazenamento externo dos RSS (direira); Abaixo:
fotografia do local de armazenamento externo dos resíduos dos Grupos A e E
........................................................................................................................... 48
Figura 16 – Bombonas de 200 L utilizadas no armazenamento externo dos
resíduos dos Grupos A, B e E ........................................................................... 49
Figura 17 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 6 no PGRSS
da Faculdade de Odontologia ........................................................................... 50
Figura 18 – Quadro do modelo de indicadores indispensáveis para a avaliação
do PGRSS ......................................................................................................... 51
Figura 19 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 7 no PGRSS
da Faculdade de Odontologia ........................................................................... 52
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Resíduos de serviços de saúde odontológica gerados em uma
Faculdade de Odontologia pública .................................................................... 27
Tabela 2 – Resíduos de serviços de saúde odontológica gerados em uma
Faculdade de Odontologia privada ................................................................... 27
Lista de Abreviaturas e Siglas
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CFO Conselho Federal de Odontologia
CNM Confederação Nacional de Municípios
EPI Equipamentos de Proteção Individual
EPC Equipamentos de Proteção Coletiva
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IES Instituição de Ensino Superior
NBR Norma Brasileira
NPA-CDPD-
PROPLAN
Núcleo de Planejamento Ambiental da Coordenação de
Desenvolvimento do Plano Diretor da Pró-Reitoria de
Planejamento e Desenvolvimento
PGRSS Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
PMGIRS Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
RDC Resolução da Diretoria Colegiada
RSS Resíduos de Serviços de Saúde
Sumário
P Introdução ..................................................................................................... PR
P.P Objetivo ....................................................................................................... PT
P.P.P Objetivo Geral .......................................................................................... PT
P.P.R Objetivos Específicos ............................................................................. PT
R Revisão Bibliográfica ................................................................................... PW
R.P Resíduos Sólidos ....................................................................................... PW
R.P.P Resíduos de Serviços de Saúde ............................................................ PY
R.R.P PGRSS aplicado em Odontologia ......................................................... RZ
R.[ Fonte Geradora .......................................................................................... RT
R.[.P Análise Quali-quantitativa dos RSS gerados em Faculdade de
Odontologia ..................................................................................................... RW
[ Metodologia .................................................................................................. R^
[.P Caracterização do Local de Estudo ......................................................... R^
[.[ Análise dos Dados .................................................................................... [`
Z Resultados e Discussão .............................................................................. [P
Z.P Identificação do problema ........................................................................ [P
Z.R Definição da Equipe de Trabalho ............................................................. [R
Z.[ Mobilização da organização ..................................................................... [[
Z.Z Diagnóstico da gestão de RSS ................................................................ [W
Z.T Metas, objetivos, período de implantação e ações básicas .................. [c
Z.W Elaboração e implementação do PGRSS ................................................ ZP
Z.Y Avaliação do PGRSS ................................................................................. TP
T Conclusão ..................................................................................................... T[
Referências ...................................................................................................... TZ
Apêndice .......................................................................................................... WP
12
1 Introdução
A geração de resíduos esteve presente desde os primórdios da
humanidade, em escala exponencialmente menor, quando o homem vivia em
condições primitivas. No entanto, com o advento da Revolução Industrial deu-se
início aos problemas decorrentes da crescente geração de resíduos sólidos
(CORRÊA e CORRÊA, 2012). A alta geração de resíduos, característica da
sociedade moderna, constitui um preocupante cenário mundial no que diz
respeito à correta disposição final dos mesmos, ainda que, na maioria dos países
desenvolvidos e tecnologicamente mais avançados, o gerenciamento de
resíduos seja um processo controlado, monitorado e já bem estabelecido
(ADEDIGBA et al., 2010). Esse cenário é principalmente crítico em países
emergentes, como o Brasil, onde o rápido crescimento populacional e a
urbanização desenfreada, sem a infraestrutura necessária, colocaram o
gerenciamento de resíduos sólidos em segundo plano. Portanto, é necessário
unir legislação e fiscalização para que a gestão dos resíduos consiga alcançar o
desenvolvimento do país (NÓBREGA et al., 2001).
Dentre os resíduos produzidos no Brasil, os Resíduos de Serviços de
Saúde (RSS) são uma crescente fonte de estudo para profissionais das áreas
ambiental e sanitária, devido, principalmente, a presença de agentes químicos e
biológicos, possivelmente prejudiciais à saúde pública e ambiental. A Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei nº 12.305/2010, em seu Artigo 3º,
item X, define gerenciamento como sendo conjunto de ações exercidas, direta
ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e
destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição
final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de
resíduos sólidos. Desta forma, todo o estabelecimento de saúde deve elaborar
e implantar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
(PGRSS), buscando a alternativa mais adequada para manejar os resíduos,
desde sua fonte geradora até sua correta disposição final, de forma a promover
o bem-estar da população e do meio ambiente (TOGNOC, 2015).
Atualmente, os RSS de origem odontológica são um dos mais importantes
resíduos produzidos em estabelecimentos prestadores de serviços de saúde
13
(BAZRAFSHHAN et al., 2014). O gerenciamento de resíduos odontológicos tem
grande relevância social, cientifica e de saúde. Relevância social, pois é
importante compreender a repercussão do mau gerenciamento de RSS.
Cientifica, visto que se dispõe a alertar as universidades para que promovam
suas atividades de ensino, pesquisa e extensão de forma ambientalmente
adequada, idealizando um programa de gerenciamento junto à fonte geradora.
Na saúde, por entender que um dos mais graves problemas em relação aos
resíduos odontológicos se deve aos danos à saúde causados por acidentes
ocupacionais (AMARANTE; SILVA, 2013). Apesar de muitos estabelecimentos
possuírem o PGRSS, ainda são percebidos problemas em determinadas etapas
do manejo de resíduos, assim como o descumprimento do plano de
gerenciamento na prática diária. Segundo Corrêa (2005, apud SILVA et al.,
2014), mesmo com a disponibilidade de legislações e manuais que preconizam
condutas de gerenciamento de resíduos nos estabelecimentos prestadores de
serviços de saúde, na prática, os quesitos legais são pouco aplicados e os
órgãos de fiscalização são pouco atuantes diante da problemática real. Estudos
sobre a quantificação de RSS gerados compõe a maioria das pesquisas
científicas, enquanto poucos pesquisadores têm discutido o processo de
gerenciamento desses resíduos nos estabelecimentos de saúde da área
odontológica (HIDALGO, 2012).
No Brasil, os órgãos responsáveis por regular os RSS, na geração e no
manejo dos resíduos, são a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Segundo a Resolução RDC
306 (BRASIL, 2004) e a Resolução Conama 358 (BRASIL, 2005), os RSS são
classificados em cinco grupos: grupo A (componentes com possível presença de
agentes biológicos e risco de infecção devido às suas características de maior
virulência ou concentração); grupo B (contém substâncias químicas que podem
apresentar risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade); grupo
C (materiais resultantes de atividades humanas que contenham radionuclídeos
em quantidades acima dos limites estabelecidos pela Comissão Nacional de
Energia Nuclear – CNEN); grupo D (não apresentam risco biológico, químico ou
radiológico à saúde pública ou ao meio ambiente, sendo equiparados aos
resíduos domiciliares); grupo E (materiais perfuro-cortantes ou escarificantes).
14
Uma das fontes geradores de RSS são os serviços odontológicos, que
causam risco à saúde pública e ocupacional equivalente aos resíduos dos
demais estabelecimentos de saúde e são contemplados pelos Grupos A, B, D e
E (BRASIL, 2006). Em muitos países subdesenvolvidos os resíduos sólidos
provenientes de serviços odontológicos são aterrados juntamente com resíduos
domésticos, sem reciclagem ou segregação (NASROLLAHI et al., 2015). Apesar
da Resolução Conama 358 (BRASIL, 2005) e da Resolução RDC 306 (BRASIL,
2004) serem claras e específicas quanto ao método de descarte, tratamento e
destinação final dos RSS, muitos municípios brasileiros ainda não possuem um
plano de gerenciamento para essa classe de resíduos implementado
adequadamente, como é demonstrado frequentemente através dos meios de
comunicação que relatam flagrantes de descarte de RSS em lixões a céu aberto
(ALVES et al., 2016). Em número de munícipios, 539 municípios brasileiros, no
ano 2000, encaminhavam seus RSS para aterros de resíduos especiais (69,9%
próprios e 30,1% particulares), enquanto 2.569 municípios ainda depositavam
seus RSS nos mesmos aterros de resíduos comuns (IBGE, 2002). A
imprudência, a falta de conhecimento sobre o assunto e a impunidade são
apontados como principais motivadores do descarte incorreto dos RSS (ALVES
et al., 2016).
O presente trabalho tem sua fonte geradora inserida em uma
Universidade, o que, diferentemente do estudo em clínicas odontológicas,
demonstra a possibilidade de integrar a Educação Ambiental na formação de
futuros profissionais, tornando-os instrumentalizados para gerenciarem os RSS
de forma adequada no seu ambiente de trabalho. No Brasil, há um total de 219
Faculdades de Odontologia (CFO, 2017). No entanto, há carência na produção
de conhecimento sobre RSS nessa fonte geradora, acentuando a importância
do aprofundamento de estudos que investiguem a situação das instituições de
formação, especialmente públicas, no seu processo de adaptação ao formato de
gerenciamento introduzido pela PNRS.
15
1.1 Objetivo
1.1.1 Objetivo Geral
Avaliar o gerenciamento dos RSS na Faculdade de Odontologia da
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) – Pelotas/RS, baseado nas propostas
previstas no seu PGRSS.
1.1.2 Objetivos Específicos
– Identificar as principais etapas do PGRSS, da elaboração à
implementação;
– Verificar as ações realizadas do PGRSS;
– Propor ações para a melhoria do gerenciamento dos RSS.
16
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Resíduos Sólidos
A NBR 10.004 (ABNT, 2004), define resíduos sólidos como:
Aqueles nos estados sólido e semissólido que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2004).
Existem diversas formas de classificar esses resíduos, como, por sua
natureza física: seco e molhado; por sua composição química: matéria orgânica
e inorgânica; pelos riscos potenciais ao meio ambiente: perigosos e não
perigosos, não-inertes e inertes; quanto à sua origem (CNM, 2017). No entanto,
as normas e resoluções existentes classificam os resíduos sólidos em função
dos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde, como também, em função da
natureza e origem (BRASIL, 2006).
A NBR 10.004 (ABNT, 2004), além de defini-los, também classifica os
resíduos sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde
pública em duas classes:
a) Classe I (perigosos), são aqueles que, em função de suas
propriedades físicas, químicas ou biológicas, podem apresentar riscos
à saúde e ao meio ambiente. São caracterizados por possuírem uma
ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade,
reatividade, toxicidade e patogenicidade;
b) Classe II (não perigosos), subdividindo-se em Classe II-A (não-inertes,
podendo apresentar propriedades de biodegradabilidade,
combustibilidade ou solubilidade em água) e Classe II-B (inertes, não
apresentando nenhum de seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, com
exceção dos aspectos cor, turbidez, dureza e sabor).
17
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, classifica os resíduos
sólidos de acordo com sua origem em: resíduos domiciliares, resíduos de
limpeza urbana, resíduos sólidos urbanos, resíduos de estabelecimentos
comerciais e prestadores de serviços, resíduos dos serviços públicos de
saneamento básico, resíduos industriais, resíduos dos serviços de saúde,
resíduos da construção civil, resíduos agrossilvopastoris, resíduos dos serviços
de transporte e resíduos de mineração (BRASIL, 2010).
2.1.1 Resíduos de Serviços de Saúde
A Resolução Conama 358 (BRASIL, 2005) define RSS como sendo todos
aqueles resultantes de atividades exercidas nos serviços definidos no Artigo 1º
desta Resolução – serviços relacionados com o atendimento à saúde humana
ou animal (incluindo serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo);
laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços
onde se realizam atividades de embalsamento; serviços de medicina legal;
drogarias e farmácias (incluindo as de manipulação); estabelecimentos de
ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses;
distribuidores de produtos farmacêuticos; importadores, distribuidores e
produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis
de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre
outros similares – que, por suas características, necessitam de processos
diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua
disposição final.
Os RSS são divididos em cinco grupos distintos de risco que exigem
formas de manejo específicas: grupo A (biológicos), grupo B (químicos), grupo
C (radioativos), grupo D (comuns) e grupo E (perfurocortantes). O grupo A ainda
é subdivido em A1: culturas e estoques de microrganismos e sobras de amostras
de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre e também
seus recipientes; A2: peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes
de animais; A3: peças anatômicas (membros) do ser humano; A4: sobras de
amostras de laboratório e seus recipientes, contendo fezes, urina e secreções,
que não contenham sangue ou líquidos biológicos na forma livre; A5: materiais
contaminados por príons (BRASIL, 2004; BRASIL, 2010).
18
Os estabelecimentos de serviços de saúde são os responsáveis pelo
correto gerenciamento de todos os RSS por eles gerados, cabendo aos órgãos
públicos, dentro de suas competências, a gestão, regulamentação e fiscalização
(BRASIL, 2006).
Segundo Schneider et al. (2015), as orientações para manejo,
acondicionamento, coleta interna intermediária, bem como o armazenamento
externo, além das orientações da Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004), são
normatizados pela ABNT, por meio dos seguintes instrumentos: NBR 12.809
(ABNT, 1993c e 2013b) – Manuseio de Resíduos de Serviços de Saúde; NBR
12.810 (ABNT, 1993d) – Coleta de Resíduos de Serviços de Saúde; Resolução
Conama 358 (BRASIL, 2005) – Tratamento e disposição final dos resíduos de
serviços de saúde. Baseado nestas orientações e instrumentos fornecidos pela
Anvisa, Conama, ABNT e demais documentos regulamentares sobre resíduos
de serviços de saúde, Schneider et al., (2005) apresenta orientações para o
manejo dos resíduos infectantes, químicos e perfurocortantes, como é mostrado
nas Figuras 1-3.
Orientações para o manejo
Gru
po
A
– Culturas e estoques de micro-organismos – Resíduos da fabricação de produtos biológicos – Meios de cultura e instrumentais utilizados em culturas – Resíduos laboratoriais de manipulação genética
Não podem deixar a unidade geradora sem tratamento prévio
– Resíduos resultantes de atividades de vacinação, incluindo frascos de vacinas com expiração do prazo de validade, agulhas e seringas Devem receber
tratamento antes da disposição final
– Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos corpóreos – Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre
Figura 1 – Quadro com orientações para o manejo dos resíduos infectantes (Grupo A) Fonte: Adaptado de SCHNEIDER et al., 2015, p. 85
Orientações para o manejo
Gru
po
B
Resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente Resíduos químicos no estado sólido, quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem
Devem ser dispostos em aterro de resíduos perigosos – Classe 1
Resíduos químicos no estado líquido
Devem ser submetidos a tratamento específico, sendo vedado o seu encaminhamento para disposição final em aterros
Resíduos contendo Mercúrio (Hg) Devem ser acondicionados em recipientes sob selo d’água e encaminhados para recuperação
Resíduos químicos que não apresentam risco à saúde ou ao meio ambiente
19
Resíduos químicos no estado sólido, quando não forem submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem
Devem ser encaminhados para sistemas de disposição final licenciados
Resíduos químicos no estado líquido
Podem ser lançados na rede coletora de esgoto ou em corpo receptor, desde que atendam respectivamente as diretrizes estabelecidas pelos órgãos ambientais, gestores de recursos hídricos e de saneamento competentes
Os resíduos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o resíduo armazenado, sendo resistente, rígido e estanque
Figura 2 – Quadro com orientações para o manejo dos resíduos químicos (Grupo B) Fonte: Adaptado de SCHNEIDER et al., 2015, p. 86-87
Orientações para o manejo
Gru
po
E
Os perfurocortantes devem ser descartados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso ou a necessidade de descarte, sendo expressamente proibido o esvaziamento desses recipientes para o seu reaproveitamento As agulhas descartáveis devem ser desprezadas juntamente com as seringas, quando descartáveis, sendo proibido reencapá-las ou proceder a sua retirada manualmente O armazenamento temporário, o transporte interno e o armazenamento externo destes resíduos podem ser realizados nos mesmos recipientes utilizados para o Grupo A, entre outros
Figura 3 – Quadro com orientações para o manejo dos resíduos perfurocortantes (Grupo E) Fonte: Adaptado de SCHNEIDER et al., 2015, p. 89
A identificação dos tipos de resíduos permite o reconhecimento dos
resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações para o seu
correto manejo. O Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
da Anvisa diz que:
Recipientes de coleta interna e externa, assim como os locais de armazenamento onde são colocados os RSS, devem ser identificados em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando símbolos, cores e frases, além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e aos riscos específicos de cada grupo de resíduos (BRASIL, 2006).
A Figura 4 apresenta a simbologia utilizada para identificação dos grupos
de resíduos.
20
Grupo Símbolo de identificação Descrição
Grupo A
Identificado pelo símbolo de substância infectante, conforme NBR 7.500 (ABNT, 2011), com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos
Grupo B
Identificado através do símbolo de risco associado, conforme NBR 7.500 (ABNT, 2011) e com discriminação de substância química e frases de risco.
Grupo D
Os resíduos do grupo D podem ser destinados à reciclagem ou à reutilização. Quando adotada a reciclagem, sua identificação deve ser feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de recipientes, usando código de cores e suas correspondentes nomeações, baseadas na Resolução Conama 275 (BRASIL, 2001), e símbolos de tipo de material reciclável. Para os demais resíduos do grupo D deve ser utilizada a cor cinza ou preta nos recipientes
Grupo E
RESÍDUO PERFUROCORTANTE
Identificado pelo símbolo de substância infectante, conforme NBR 7.500 (ABNT, 2011), com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição RESÍDUO PERFUROCORTANTE, indicando o risco que apresenta o resíduo
Figura 4 – Quadro com os símbolos de identificação dos grupos de resíduos Fonte: Adaptado do Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde da Anvisa, BRASIL, 2006, p. 43
O acondicionamento de RSS é o ato de embalar os resíduos segregados,
em sacos ou recipientes, com capacidade compatível à geração diária de cada
tipo de resíduo (BRASIL, 2006). De acordo com a Resolução RDC 306 (BRASIL,
2004):
a) os sacos de acondicionamento devem ser constituídos de material
resistente à ruptura e ao vazamento, impermeável, respeitando os
limites de peso de cada saco, conforme a NBR 9.191 (ABNT, 2008),
sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento;
b) os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável,
resistente a punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de
sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e
ser resistentes ao tombamento;
21
c) os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes
constituídos de material compatível com o líquido armazenado,
resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante; d) os resíduos perfurocortantes ou escarificantes (Grupo E) devem ser
acondicionados separadamente, no local de sua geração,
imediatamente após o uso, em recipiente rígido, estanque, resistente
a punctura, ruptura e vazamento, impermeável, com tampa, contendo
a simbologia (Figura 4).
2.2 Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
A dificuldade da política de gerenciamento de resíduos sólidos encontra-
se tanto na noção conceitual de lixo, como na busca pelo consumo desmedido
e nos temas culturais e educacionais e éticos de certa sociedade (NOGUEIRA,
2014). Com o aumento ininterrupto do volume de resíduos nos depósitos,
observa-se um acréscimo nos custos e o surgimento de maiores dificuldades de
áreas ambientalmente seguras disponíveis para receber os resíduos (BRASIL,
2006). Portanto, torna-se imprescindível a minimização da geração, através de
uma segregação eficaz e métodos de tratamento objetivando a diminuição do
volume de resíduos a serem dispostos em solo, fornecendo proteção à saúde e
ao meio ambiente e, dessa forma, fazendo com que a gestão de resíduos passe
a ser condição indispensável para que se alcance o desenvolvimento sustentável
(BRASIL, 2006).
A gestão deve integrar ações relacionadas à tomada de decisões na
perspectiva administrativa, operacional, financeira, social e ambiental e têm no
planejamento integrado uma importante ferramenta de gerenciamento de
resíduos em todas as suas etapas, viabilizando o estabelecimento, de maneira
sistemática e integrada, de metas, programas, sistemas organizacionais e
tecnologias compatíveis com a realidade local (FERREIRA; GORGES; SILVA,
2009). O gerenciamento é tido como um processo capaz de minimizar ou até
mesmo impedir os efeitos adversos causados pelos RSS, do ponto de vista
sanitário, ambiental e ocupacional, sempre que realizado racional e
adequadamente (VARAGO; ZUCCHERELLI; SCUR, 2016). O desenvolvimento
de práticas de gerenciamento de RSS, a cuidadosa segregação de resíduos e
22
os programas de treinamento/capacitação, bem como a atenção aos materiais
adquiridos, são essenciais para a minimização dos impactos ambientais e à
saúde pública de qualquer tecnologia ou atividade (GAUTAM; THAPAR;
SHARMA, 2010).
O Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS)
é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao
manejo dos resíduos sólidos, observadas suas características e riscos, no
âmbito dos estabelecimentos, contemplando os aspectos referentes à geração,
segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento
e disposição final, bem como as ações de proteção à saúde pública e ao meio
ambiente (BRASIL, 2004). Todo gerador de RSS deve elaborar um PGRSS
compatível com as normas locais relativas à coleta, transporte e disposição final
dos resíduos gerados nos serviços de saúde e seguindo as diretrizes dispostas
na Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004) sobre as etapas de manejo,
segregação, acondicionamento, identificação, transporte interno,
armazenamento temporário, tratamento, armazenamento externo, coleta e
transporte externos e disposição final dos resíduos.
É dever do responsável pela coordenação e execução do PGRSS
fornecer a capacitação inicial contínua a todos os profissionais envolvidos no
processo de todas as etapas de manejo dos RSS (COSTA, 2013). Costa (2013)
ressalta que, em caso de terceirização dos serviços de limpeza, coleta,
tratamento e disposição final, é necessário que o responsável pelo PGRSS do
estabelecimento de saúde tenha arquivados os comprovantes de capacitação e
treinamento realizados pelas empresas contratadas, bem como certificar-se de
que estes contenham licenciamento ambiental devidamente registrado. A
mesma autora aponta ainda para a necessidade de solicitar-se aos órgãos
públicos responsáveis pela execução da coleta, transporte, tratamento ou
disposição final dos RSS, documentação que identifique a conformidade com as
orientações dos órgãos ambientais.
De acordo com o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde da Anvisa (BRASIL, 2006), as etapas para a elaboração do PGRSS são:
1) Identificação do problema: deve ser feito um estudo sobre a legislação
vigente, documentação existente, levantamento de dados de gestão,
23
mapeamento das áreas envolvidas com RSS, entre outras buscas,
afim de se ter um conhecimento preliminar do problema, um plano
preliminar de trabalho e a aprovação da Diretoria.
2) Definição da equipe de trabalho: definir quem fará determinada
atividade e como essa atividade será feita, indicando um responsável
pelo PGRSS e compondo uma equipe de trabalho treinada.
3) Mobilização da organização: sensibilização dos funcionários sobre o
processo do PGRSS, disseminando informações gerais e específicas
sobre RSS e o PGRSS, com o objetivo de se demonstrar a importância
do gerenciamento e promover o envolvimento dos funcionários na
execução, implantação e manutenção do PGRSS.
4) Diagnóstico da situação dos RSS: levantamento das atividades;
identificação dos RSS; acondicionamento dos RSS; coleta e transporte
interno; fluxo da coleta interna; quantificação dos RSS;
armazenamento interno e externo; área de higienização; coleta e
transporte externo; tratamento; disposição final; política de gestão
ambiental; capacitação e treinamento; avaliação global dos dados
levantados.
5) Definição de metas, objetivos, período de implantação e ações
básicas: organização e sistematização de informações e ações que
serão base para a implantação contínua do PGRSS.
6) Elaboração do PGRSS: dados sobre o estabelecimento;
caracterização dos aspectos ambientais (abastecimento de água,
efluentes líquidos, emissões gasosas, tipo e quantidades de resíduos
gerados, segregação, tipo de acondicionamento); coleta e transporte
interno dos RSS (coleta interna, roteiros de coleta, transporte interno,
armazenamento temporário dos RSS, armazenamento para coleta
externa dos RSS, coleta e transporte externo dos RSS); tratamento
dos RSS; disposição final dos RSS; avaliações de risco; serviços
especializados; recursos humanos, Curso para Controle de Infecção
Hospitalar (CCIH), Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em
Medicina do Trabalho (SESMT) e Comissão de Biossegurança;
capacitação; controle de insetos e roedores; situações de emergência
24
e de acidentes; identificação e locação em esquemas ou fluxogramas;
indicadores de execução e avaliação; validação pelo gestos do
estabelecimento ou instituição.
7) Implementação do PGRSS: estabelecer as ações, procedimentos e
rotinas contidas no PGRSS, assim com um plano de contingência até
que todas as de implementação do plano estejam prontas; executas
as obras planejadas; fazer o acompanhamento estratégico e
operacional das ações.
8) Avaliação do PGRSS: períodos e formas de avaliação do PGRSS,
conforme os indicadores, propondo modificações, adaptações e
redefinições, quando for necessário.
2.2.1 PGRSS aplicado em Odontologia
Segundo pesquisa realizada por Oliveira e Moreira (2012), cirurgiões-
dentistas ainda não possuem conhecimento e atitudes suficientes e satisfatórias
quanto ao gerenciamento dos resíduos produzidos em seus estabelecimentos e,
apesar de sua obrigatoriedade, muitos profissionais desconhecem ou não
possuem um PGRSS nos locais de trabalho. O mesmo estudo destaca ainda a
importância em expor conhecimentos de biossegurança voltados ao descarte de
resíduos nos cursos de graduação, visto que a não inclusão desses
conhecimentos no processo de formação de futuros profissionais pode justificar
o que acontece atualmente com os RSS, tanto nos estabelecimentos de saúde
quanto no ambiente. Os prestadores de serviços de saúde odontológica devem
considerar alguns aspectos fundamentais na adoção de um PGRSS: a
organização do sistema de manuseio dos RSS e aspectos técnicos-operacionais
e recursos humanos devidamente capacitados para o funcionamento do sistema
(PINTO; MOTTA; RAPTOPOULOS, 2014).
Em pesquisa realizada por Hidalgo (2012), das 50 unidades odontológicas
do serviço público estudadas, nenhuma apresentava cópia do PGRSS e o
percentual de estabelecimentos que realizava a correta segregação dos
resíduos no momento da sua geração foi de 62%. Em nenhuma das unidades
de atendimento odontológico os funcionários utilizavam paramentação completa
para a coleta e transporte dos RSS, sendo que apenas 4% dos estabelecimentos
25
apresentavam equipamento para transporte interno dos resíduos. Na etapa
inicial do gerenciamento dos RSS observou-se que os resíduos comuns
(invólucros, embalagens e papéis) eram colocados junto aos resíduos
contaminados, aumentando o volume de resíduos infecciosos e,
consequentemente, os custos ao serviço público para a sua eliminação.
A odontologia, devido a sua complexidade, é uma fonte especial de
geração de RSS, pois, ainda que de pequenas dimensões (consultórios), a
diversidade de procedimentos abrange grande variedade de materiais e,
consequentemente, de resíduos, assemelhados a certas atividades laboratoriais
e de diagnóstico, como raios X, além de caracterizar-se, em microescala, como
um centro cirúrgico, dependendo das especialidades odontológicas praticadas
no estabelecimento (STEDILE et al., 2015). Um dos maiores desafios no
gerenciamento dos resíduos odontológicos é a localização geográfica, pois são
serviços de pequeno porte, podendo ocupar residências, prédios comerciais,
condomínios, e clínicas, associados muitas vezes a diversas atividades
comerciais, de serviços e até mesmo industriais, quando a empresa mantém
consultório próprio (STEDILE et al., 2015).
2.3 Fonte Geradora
Nos serviços de saúde, as diferentes atividades geram diferentes tipos de
resíduos, com diferentes características diretamente relacionadas aos serviços
ofertados (em qualidade e quantidade), sendo que, geralmente, as instituições
que prestam serviços de saúde geram resíduos em pelo menos quatro
categorias (A, B, D e E), variando qualitativa e quantitativamente cada uma, de
acordo com as especificidades de cada serviço (STEDILE et al., 2015). Os
hospitais, por exemplo, tendem a gerar mais resíduos infectantes do que uma
Unidade Básica de Saúde, enquanto os serviços de saúde odontológica são
maiores geradores de resina (STEDILE et al., 2015).
As instituições de ensino superior (IES), sendo responsáveis pela
produção e socialização do conhecimento e formação de recursos humanos, têm
o papel de dar o exemplo (produzir, socializar e formar respeitando o meio
ambiente) e atualizar e monitorar a execução do PGRSS, possibilitando seu
26
aprimoramento contínuo (STEDILE et al., 2015). Quanto ao gerenciamento de
resíduos em IES, De Conto expõe:
É importante e necessário analisar as etapas de gerenciamento de resíduos a serem hierarquicamente desenvolvidas nas instituições, não esquecendo que a busca de alternativas lógicas e, portanto, racionais, devem primar no planejamento e definição do que fazer. Nas decisões sobre o que fazer e como fazer, devem ser explicitadas as vantagens (desempenho ambiental, econômico e social) e as limitações dos sistemas adotados para a solução dos problemas que decorrem da geração de resíduos nas atividades de ensino, de pesquisa e de extensão (DE CONTO, 2010, p. 20).
No que diz respeito à prevenção da poluição ambiental em consultórios
odontológicos, estratégias de controle, como substituição de produtos e
treinamento de funcionários, devem ser implementadas para reduzir a geração
de resíduos e minimizar o efeito potencial de danos na segurança dos
funcionários e do meio ambiente (SUSHMA; NAGANANDINI;
NAGABHUSHANA, 2012). Programas de minimização (redução), segregação
(separação), reuso e reciclagem de resíduos precisam ser implementados
sempre que possível para obtenção do melhor gerenciamento de resíduos de
serviços de saúde odontológica (NABIZADEH et al., 2012).
2.3.1 Análise Quali-quantitativa dos RSS gerados em Faculdade de
Odontologia
Vieira et al. (2009) caracterizou quali-quantitativamente os RSS gerados
em duas IES, uma pública e a outra privada, que realizam os seguintes serviços
de saúde odontológica: exames intra e extra oral dos pacientes, planejamento
de tratamento, diagnóstico clínico, exames radiológicos dentários, anestesia
local, extração dentária, tratamento de doença periodontal, cirurgia de implante
e outros procedimentos cirúrgicos menores, odontologia preventiva, tratamento
e restauração de dentes cariados, restauração de ponte e coroa, tratamentos de
prótese fixa e removível e procedimentos laboratoriais. Além dos procedimentos
citados, ainda há realização de diversas atividades educacionais. Os resultados
obtidos estão expostos nas Tabelas 1 e 2, a seguir.
27
Tabela 1 – Resíduos de serviços de saúde odontológica gerados em uma Faculdade de Odontologia pública
Categoria do resíduo Média de produção diária
(kg/d)
Peso úmido (%)
Resíduos infecciosos e possivelmente infecciosos
15.1 29.8
Resíduo não infeccioso Papel 17.9 35.4 Papelão 1.4 2.8 Saco plástico 1.7 3.3 Embalagem plástica 1.6 3.2 Vidro 0.1 0.2 Tecido 2.0 4.0 Resíduo similar ao domiciliar Restos de alimento 0.3 0.6 Resíduos dos banheiros 7.8 15.4 Solo 2.7 5.3 RSS (total) 50.6 100
Fonte: Adaptado de VIEIRA et al., 2009, p. 1389 Tabela 2 – Resíduos de serviços de saúde odontológica gerados em uma Faculdade de Odontologia privada
Categoria do resíduo Média de produção diária
(kg/d)
Peso úmido (%)
Resíduos infecciosos e possivelmente infecciosos
12.0 14.5
Resíduo não infeccioso Papel 20.9 25.2 Papelão 2.3 2.7 Saco plástico 1.3 1.6 Embalagem plástica 2.1 2.5 Vidro 0.4 0.5 Tecido 8.5 10.3 Resíduo similar ao domiciliar Restos de alimento 0.3 0.4 Resíduos dos banheiros 26.9 32.5 Solo 6.2 7.5 Jornal 1.9 2.3 RSS (total) 82.8 100
Fonte: Adaptado de VIEIRA et al., 2009, p.1389
Foram coletadas três amostras de resíduos de cada IES, entre março e
novembro de 2007. Esse período foi marcado por fluxo normal de trabalho e foi
considerado uma amostra representativa do todo, não incluindo nenhum feriado
escolar ocorrendo em janeiro, fevereiro, julho e dezembro. A quantidade total de
RSS produzida em um dia de trabalho era coletada por profissionais
capacitados. Os resíduos foram corretamente coletados e identificados,
conforme a Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004).
28
3 Metodologia
3.1 Caracterização do Local de Estudo
Este trabalho foi realizado na Faculdade de Odontologia da Universidade
Federal de Pelotas, localizada no Município de Pelotas/RS, Brasil. No prédio da
Faculdade de Odontologia são desenvolvidas atividades teóricas, em salas de
aula, e práticas, em laboratórios e clínicas distribuídos em sete andares, numa
área total de 6.528 m2.
Atualmente, a Faculdade de Odontologia conta com 66 professores, 46
técnicos administrativos e 568 acadêmicos de graduação, 103 acadêmicos de
pós-graduação stricto sensu e 13 acadêmicos de pós-graduação latu sensu. As
atividades clínicas desenvolvidas pelos professores, técnicos administrativos e
acadêmicos do curso de odontologia compreendem a prestação de atendimento
odontológico à população de Pelotas e de outras cidades do interior da Região
Sul do Rio Grande do Sul.
Os serviços odontológicos oferecidos pela Faculdade de Odontologia são:
atendimentos de Dentística, Periodontia, Cirurgia, Endodontia, Odontopediatria,
Estomatologia e Prótese Dentária e Radiologia. Com 107 cadeiras odontológicas
disponíveis, a capacidade de atendimento é de 320 pacientes ao mês.
3.2 Levantamento de Dados
Este trabalho consiste em um estudo exploratório e descritivo da situação
do gerenciamento dos RSS na Faculdade de Odontologia, após a implantação
do seu PGRSS. A coleta de dados ocorreu no ano de 2017, sendo o PGRSS da
Faculdade de Odontologia implementado no início de 2016.
A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior
familiaridade com o problema em estudo, com vistas a torná-lo mais explícito ou
a construir hipóteses (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009). Essas pesquisas podem
ser classificadas como pesquisa bibliográfica e estudo de caso e, em sua grande
maioria, envolvem: a) levantamento bibliográfico; b) entrevistas com pessoas
que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; e c) análise de
29
exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2007, apud SILVEIRA;
CÓRDOVA, 2009).
A pesquisa descritiva exige do pesquisador uma série de informações
sobre o que se deseja pesquisar, sendo exemplos estudos de caso e análise
documental (SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009). De acordo com Triviños (1987, apud
SILVEIRA; CÓRDOVA, 2009), esse tipo de estudo pretende descrever os fatos
e fenômenos de determinada realidade. Ainda segundo o autor, às vezes não
existe, por parte do investigador, um exame crítico das informações e os
resultados podem ser equivocados; e as técnicas de coleta de dados, como
questionários e entrevistas, podem ser subjetivas, gerando imprecisão.
Para este trabalho, foram empregados três instrumentos de coleta de
dados nas visitas in loco realizadas: 1) observação direta na fonte geradora; 2)
observação participante; 3) análise documental. Para todos os instrumentos de
pesquisa foi realizado um roteiro de estudos baseado nas etapas recomendadas
pelo Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde da Anvisa
(BRASIL, 2006) (Apêndice 1).
Segundo Moreira (2002, p. 52, apud OLIVEIRA, 2008), a observação
participante é conceituada como sendo “uma estratégia de campo que combina
ao mesmo tempo a participação ativa com os sujeitos, a observação intensiva
em ambientes naturais, entrevistas abertas informais e análise documental”.
Para que essa técnica seja válida enquanto instrumento científico de
investigação, ela deve ser controlada e sistemática, implicando “a existência de
um planejamento cuidadoso do trabalho e uma preparação rigorosa do
observador” (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, p. 25, apud OLIVEIRA, 2008). Para este
preparo, o pesquisador deve determinar ‘o que’ e ‘como’ observar, definir o
objeto e o foco da investigação e escolher seu grau de envolvimento com a
pesquisa (OLIVEIRA, 2008).
A observação direta consiste no contato pessoal do pesquisador com o
objeto estudado, possibilitando que ele utilize seus conhecimentos e
experiências como auxiliares na compreensão e interpretação desse objeto
(MAXIMIANO; ANSELMO, 2005).
A pesquisa documental é muito próxima da pesquisa bibliográfica,
diferenciando-se apenas na natureza das fontes, pois enquanto a pesquisa
bibliográfica remete para as contribuições de diferentes autores sobre o tema
30
(fontes secundárias), a pesquisa documental recorre a materiais que ainda não
receberam tratamento analítico (fontes primárias) (SÁ-SILVA; ALMEIDA;
GUIDANI, 2009).
3.3 Análise dos Dados
As informações obtidas foram divididas de acordo com as etapas
descritas no roteiro de estudos (Apêndice 1), para a melhor visualização dos
resultados. A discussão dos resultados foi realizada através da análise
documental do PGRSS da Faculdade de Odontologia e da observação crítica e
sistêmica das condições atuais de gerenciamento dos RSS na instituição. Para
tanto, utilizou-se o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde
da Anvisa (BRASIL, 2006), a Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004) e a Resolução
Conama 358 (BRASIL, 2005) como suporte para a identificação de não
conformidades com a legislação.
31
4 Resultados e Discussão
4.1 Identificação do problema
Não há dúvidas de que, se seguidas as legislações ambientais referentes
aos RSS, os efeitos negativos causados por este tipo de resíduo podem ser
reduzidos ou até mesmo eliminados, sendo que a minimização destes efeitos
negativos está fortemente relacionada com o comportamento dos profissionais
da área da saúde nos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde
(DARWISH; AL-KHATIB, 2006). Muitos países desenvolvidos, como os Estados
Unidos, já tem um sistema de gerenciamento de RSS completo estabelecido
(BOS; IZADPANAH, 2002), porém, os países subdesenvolvidos ainda sofrem
com a disposição incorreta de resíduos, falta de recursos financeiros, carência
de conhecimento sobre a periculosidade que os RSS apresentam à saúde
humana e poucas informações sobre geração e disposição final deste tipo de
resíduo (DARWISH; AL-KHATIB, 2006).
Posto que os estabelecimentos prestadores de serviços de saúde são os
responsáveis pelo correto gerenciamento de todos os RSS por eles gerados
(BRASIL, 2006), surge a demanda para a elaboração e implementação de um
PGRSS na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas,
visando a obtenção de licenciamento junto ao órgão ambiental responsável.
Apesar da preexistência de um plano de gerenciamento de resíduos na unidade,
este se encontrava desatualizado e não seguia as recomendações legais
vigentes. Esses dois fatores impulsionaram a mobilização da direção para a
criação de um PGRSS que considerasse tanto as particularidades de uma IES
como fonte geradora de RSS, quanto as exigências da legislação para o correto
gerenciamento dos resíduos (Figura 5).
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia
Identificação do problema – Obter o apoio da direção da instituição – Reconhecimento do problema e sinalização positiva da administração para início do processo
Figura 5 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 1 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado)
32
De acordo com Moura (2004), promover a mudança de hábitos em um
estabelecimento já em funcionamento é mais difícil, uma vez que há uma
tendência natural de cada setor em achar que não é o responsável pelo
problema, resistindo às mudanças, pois “sempre foi feito assim”. Nesse contexto,
o autor afirma que, para as instituições interessadas em implantar um plano de
gerenciamento é imprescindível que haja um apoio muito forte da alta direção,
sem o qual o plano está fadado ao fracasso. Moura (2004) cita ainda alguns
pontos a serem considerados nesta etapa:
a) conscientização da direção quanto aos problemas ambientais;
b) divulgação, pela alta direção, das metas ambientais da instituição e
sua visão de desenvolvimento sustentável;
c) seleção do coordenador do programa, apoio ao seu trabalho e
cobrança de resultados.
4.2 Definição da Equipe de Trabalho
Em concordância com as exigências legais (BRASIL, 2006), a Comissão
Gestora para o PGRSS foi constituída pela direção da Faculdade de
Odontologia, juntamente com o presidente da Comissão de Biossegurança e
suporte técnico-administrativo do Núcleo de Planejamento Ambiental da
Coordenação de Desenvolvimento do Plano Diretor da Pró-Reitoria de
Planejamento e Desenvolvimento (NPA-CDPD-PROPLAN), objetivando a
elaboração e implantação do PGRSS na instituição. Esta comissão presta
assessoria técnico-científica em caráter permanente e inclui profissionais
capacitados das áreas ambiental e odontológica, cumprindo a segunda etapa
para elaboração do PGRSS (Figura 6).
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia Definição da equipe de trabalho
– Designar profissional para a elaboração e implantação do PGRSS e compor equipe de trabalho
Figura 6 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 2 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado)
33
Devido a complexidade dos RSS, torna-se necessário a inclusão de
profissionais com formação ao mesmo tempo específica e abrangente, assim
como equipes multidisciplinares que consigam estudar a situação da forma mais
ampla possível, visando alcançar a máxima eficiência no gerenciamento e evitar
os riscos à saúde ambiental em seus diversos aspectos (SCHNEIDER et al.,
2015). No entanto, é importante ressaltar que a responsabilidade legalmente
instituída pelos órgãos ambientais não absolve cada profissional e cidadão de
sua responsabilidade individual, nem os geradores de sua responsabilidade
institucional, desde a minimização da geração até o destino final dos resíduos
(SCHNEIDER et al., 2015).
Conforme Brasil (2006), quando uma equipe multidisciplinar atuar na
elaboração do PGRSS, devem ser considerados os seguintes aspectos:
a) formação técnica dos profissionais;
b) qualificação e habilidades para a realização da função;
c) avaliação das competências individuais para o enriquecimento do
grupo de trabalho (melhor utilização).
Na assistência à saúde, as ações são formadas dentro do imediatismo,
sem planejamento e organização, ocasionando dificuldades de
coordenação/direção e avaliação/controle de programas e serviços (BITTAR,
2004). Recomenda-se o uso de mecanismos operacionais sociais, como
comissões, estruturas matriciais, reuniões e grupos de trabalho, visando obter
qualidade por meio de um trabalho sistemático com estes diferentes grupos, os
quais completam o quadro de pessoal das unidades (BITTAR, 2004).
4.3 Mobilização da organização
A etapa de mobilização da organização abrange a sensibilização dos
envolvidos para a realização do PGRSS, resultando no conhecimento e
envolvimento de todos os funcionários na importância de se gerenciar os RSS e
na compreensão, execução, implantação e manutenção do PGRSS (BRASIL,
2006). A Figura 7 apresenta alguns passos recomendados para a realização
dessa etapa e seu status de execução no PGRSS estudado neste trabalho.
34
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia Mobilização da organização
– Promover reuniões com os vários setores para apresentar a ideia, o possível esquema de trabalho e o que é esperado de cada unidade – Promover atividades de sensibilização sobre a importância do PGRSS
– Preparar um questionário para levantar a percepção dos funcionários sobre o meio ambiente, de forma a identificar eventuais questões chaves relacionadas aos RSS
Figura 7 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 3 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado)
Em relação à sensibilização e capacitação dos profissionais envolvidos
no processo de gestão de resíduos, a Faculdade de Odontologia se
compromete, em seu PGRSS, em realizar encontros com os profissionais da
prestação de serviços afim de:
a) promover a sensibilização e conversação sobre a importância da
correta segregação de resíduos e seu papel no PGRSS;
b) ofertar a capacitação para servidores estatutários sobre a gestão de
resíduos;
c) disponibilizar informações sobre segurança e saúde no ambiente de
trabalho;
d) orientar, através de material informativo e visual (cartazes e folders),
sobre as rotinas previstas no PGRSS.
Neste contexto, desde a implementação do plano, no início de 2016,
foram realizados dois encontros, nos meses de março e junho, organizados pela
direção da Faculdade de Odontologia, conforme consta em seu PGRSS. O
primeiro encontro foi realizado com os técnicos administrativos da Faculdade de
Odontologia, a fim de esclarecer e reforçar a importância do uso dos
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), bem como da adoção de rotinas na
clínica odontológica, buscando evitar acidentes com perfurocortantes, e a
importância da correta segregação de resíduos.
A empresa terceirizada responsável pela execução dos serviços de
limpeza e conservação dos ambientes clínicos e não clínicos da Faculdade de
35
Odontologia não fornece uma capacitação específica para o manejo de RSS aos
seus funcionários. Portanto, o segundo encontro, realizado em junho de 2016,
buscou promover a sensibilização na gestão de resíduos e foi direcionado aos
profissionais da higienização, objetivando garantir a segurança e a qualidade das
atividades desenvolvidas. O encontro foi realizado e ministrado pela Comissão
de Biossegurança da Faculdade de Odontologia, com o apoio técnico do NPA-
CDPD-PROPLAN da UFPel e a participação da representante da empresa de
higienização terceirizada. Neste encontro foram abordados e discutidos temas
como: a importância do uso dos EPIs durante as atividades de higienização;
métodos apropriados para a higienização das clínicas odontológicas, conforme
as indicações da Anvisa; a importância e os cuidados necessários para o
recolhimento e acondicionamento dos resíduos produzidos nas dependências da
Faculdade de Odontologia.
Conforme Schneider e Emmerich (2015), os estabelecimentos
prestadores de serviços de saúde podem contratar empresas terceirizadas para
a realização dos serviços de limpeza, coleta de resíduos, tratamento, disposição
final e comercialização de materiais recicláveis. Contudo, é importante ter
disponíveis mecanismos que permitam conferir se os procedimentos definidos e
a conduta dos atores estão de acordo com as leis, lembrando que as
contratações devem exigir e garantir que as empresas cumpram as exigências
legais vigentes (SCHNEIDER; EMMERICH, 2015).
Antes de iniciar a elaboração do PGRSS, é importante que os gestores
informem a todos os colaboradores as razões e as etapas do trabalho através
de reuniões e boletins informativos (SCHNEIDER; FINKLER, 2015). Schneider
e Finkler (2015) também destacam a importância da aplicação de questionários
como um indicativo do nível de conhecimento dos profissionais com relação à
questão dos RSS.
No que se refere ao presente estudo, não houve aplicação de
questionários prévios sobre o conhecimento dos funcionários e servidores da
Faculdade de Odontologia sobre os RSS e seu gerenciamento, como
apresentado na Figura 7, em virtude da urgência pela elaboração do PGRSS.
Logo, é recomendado que esse questionamento seja feito durante o período de
implementação do plano de gerenciamento, podendo ser usado como um
instrumento de avaliação e indicação de possíveis pontos de melhoria.
36
4.4 Diagnóstico da gestão de RSS
O estudo da situação do estabelecimento prestador de serviços de saúde
em relação aos RSS identifica suas condições e áreas críticas, fornecendo os
dados necessários para a implantação do plano de gestão (BRASIL, 2006). O
diagnóstico da situação do gerenciamento de RSS na Faculdade de Odontologia
não foi realizado, conforme indica a Figura 8.
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia Diagnóstico da situação dos RSS
– Elaborar um relatório baseado em fatos comprobatórios e na pesquisa realizada abordando as seguintes questões: a) a descrição de todos os procedimentos
relacionados à gestão dos RSS (identificação dos resíduos gerados, acondicionamento, coleta e transporte interno, fluxo de coleta interno, quantificação dos RSS, armazenamento interno e externo, área de higienização, coleta e transporte externo, tratamento, disposição final, política de gestão ambiental e capacitação);
b) os aspectos problemáticos; c) as referências às legislações, regulamentos,
normas etc.
Figura 8 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 4 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado)
Schneider e Finkler (2015) citam a realização de um diagnóstico
abrangente e detalhado da forma de manejo dos resíduos, que revele o cenário
atual do estabelecimento, como uma etapa fundamental para o sucesso do
PGRSS. Para a realização deste levantamento de informações, as autoras
sugerem a utilização de uma ferramenta de avaliação (Figura 9), elaborada a
partir de informações contidas no Manual de Gerenciamento de Resíduos de
Serviços de Saúde da Anvisa (BRASIL, 2006), na Resolução RDC 306 (BRASIL,
2004) e em diversas normas da ABNT.
Etapa Aspectos a serem identificados / analisados / verificados
Quantificação – Quantidade de cada tipo de resíduo gerador por setor, por meio de volume ou pesagem, em determinado período
Segregação – Se o resíduo é acondicionado próximo ao local de geração e se há dispositivos de acondicionamento adequados a cada tipologia e em número suficiente
37
– Se os resíduos são segregados conforme a classificação estabelecida pela Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004) e pela Resolução Conama 358 (BRASIL, 2005) – Se os resíduos do Grupo D são segregados como comuns e recicláveis – Se o tipo de resíduo está compatível com a cor do saco
Identificação – Se os dispositivos de acondicionamento estão identificados segundo a classificação estabelecida pela Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004) – Se as embalagens para resíduos infectantes estão identificadas de acordo com o estabelecido pela Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004)
Acondicionamento – Se as embalagens para acondicionamento de resíduos atendem os critérios estabelecidos pela NBR 9.191 (ABNT, 2008): material resistente à ruptura e ao vazamento, e impermeabilidade – Se os dispositivos para resíduos infectantes são de material lavável, resistentes à punctura, ruptura e ao vazamento, com tampa pedal, com cantos arredondados e resistente a tombamento – A existência de acondicionamento em dispositivo adequado para perfurocortantes (recipientes rígidos, resistentes à punctura, ruptura e ao vazamento e com tampa) – Se há definição e padronização dos dispositivos de acondicionamento e embalagens – Quais os dispositivos utilizados para acondicionamento de resíduos químicos sólidos e se os mesmos são adequados em função das suas propriedades físicas – Quais os dispositivos utilizados para acondicionamento de resíduos comuns e/ou recicláveis – Se os dispositivos para acondicionamento de resíduos químicos líquidos são de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tanque rosqueado e vedante – Se as embalagens com resíduos estão contidas em recipientes devidamente fechados – Se estão sendo respeitados os limites de preenchimento dos dispositivos de acondicionamento e de embalagens
Coleta e transporte interno
– Se a coleta está sendo feita separadamente, de acordo com cada tipo de resíduo – Se, durante a coleta de resíduos, os colaboradores responsáveis pela atividade utilizam os EPIs necessários, conforme as normas de saúde e segurança do trabalho – Se o dimensionamento da coleta está adequado ao volume gerado, número de colaboradores disponíveis, número de carros de coletas e demais ferramentas e utensílios utilizados na coleta – Se existe padronização de turnos, horários e frequência de coleta para os diferentes tipos de resíduos – Se os sacos plásticos, no momento da coleta, são fechados, torcidos e/ou amarrados na sua abertura com arame, barbante ou nó – Se os carros de coleta estão devidamente identificados com os símbolos de segurança – Se o transporte mecânico e o uso de carro de coleta atende os critérios legais
Fluxo de coleta interna
– A existência de registros (mapas, plantas) de coleta e transporte de resíduos (geração e abrigo externo) – O nível de ruído dos carros de coleta de resíduos – As características de cada roteiro para os diversos resíduos – A compatibilidade de roteiros previamente definidos para cada tipo de resíduos e horários das coletas em função da distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades
Armazenamento interno
– Se os locais para armazenamento interno atendem os requisitos mínimos de dimensionamento, equipamentos e segurança – Como é efetuada a limpeza do local para armazenamento de resíduos
38
– Quais os tipos de dispositivos de acondicionamento disponibilizados no local: se estão de acordo com a tipologia e quantidade gerada – Se na entrada do local de armazenamento há símbolo de identificação em local de fácil visualização
Armazenamento externo
– As condições do abrigo externo de resíduos – Se no abrigo o armazenamento de resíduos está de acordo com sua tipologia e quantidade gerada – Como é efetuada a limpeza do abrigo de resíduos – Os tipos de dispositivos de acondicionamento disponibilizados no local – Se o abrigo de resíduos é utilizado exclusivamente para armazenamento de resíduos – Se na entrada do abrigo de resíduos há símbolo de identificação em local de fácil visualização – Se o espaço reservado para armazenamento de resíduos químicos foi projetado, construído e é operado de forma a atender as medidas de segurança e higiene recomendadas – Se o abrigo de resíduos está dotado de ventilação, cobertura, iluminação artificial, ponto de água (preferencialmente quente e sob pressão), piso impermeável, drenagem e ralo sifonado – Se o abrigo possui área de higienização para carros de coleta interna e demais equipamentos utilizados – Para onde está sendo encaminhado o efluente da lavagem do abrigo e da área de higienização
Coleta e transporte externo
– Os tipos de veículos utilizados de acordo com sua adequação às normas – Se o veículo possui sistema de contenção para líquidos – O procedimento da equipe de coleta quando ao rompimento de sacos, liberação de líquidos ou contaminação do ambiente
Tratamento – Se o estabelecimento possui tratamento prévio ou se o serviço é terceirizado – Se os resíduos do Grupo A, que requerem tratamento prévio, estão sendo tratados em equipamentos adequados – Quais resíduos químicos perigosos estão sendo submetidos a tratamento – Quais resíduos químicos são submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem – O processo para decaimento de rejeitos radioativos (se houver) – A existência de rede coletora com tratamento de esgoto
Segurança ocupacional
– Se os colaboradores que atuam no manejo de resíduos possuem os EPIs necessários, conforme as normas de saúde e segurança do trabalho, e se os utilizam de forma correta
Destino final – Quais os tipos de disposição final existentes e se os mesmos possuem licenciamento ambiental
Gestão – A existência de política de gestão ambiental no estabelecimento e/ou Sistema de Gestão Ambiental (SQA) – A existência de gestão de riscos ambientais – Quais as empresas prestadoras de serviços na área e se as mesmas emitem certificação de conformidade com as orientações do órgão de limpeza urbana – A necessidade de adequação do espaço físico do estabelecimento para atender normas, legislações e facilitar o correto gerenciamento dos RSS
Capacitação – Levantar cursos, treinamentos e campanhas voltadas a todos os envolvidos no gerenciamento, bem como as frequências, nas quais o foco é a questão ambiental (abastecimento de água, resíduos sólidos, esgotos, poluição do ar, sustentabilidade e outros)
Figura 9 – Quadro com sugestão de ferramenta para levantamento e verificação de informações sobre manejo de resíduos Fonte: Adaptado de SCHNEIDER e FINKLER, 2015, p. 140-141
39
O Manual de Gerenciamento de Resíduos (SISTEMA FIRJAN, 2006)
também confirma a importância dessa etapa para o plano de gerenciamento e
seu contínuo monitoramento observando que “não se pode gerenciar o que não
se conhece”. Considerando-se a relevância do diagnóstico para o sucesso da
gestão de resíduos, sua realização é indicada, mesmo com a conclusão do
PGRSS, para avaliação da aplicabilidade e efetividade do plano de
gerenciamento elaborado para a Faculdade de Odontologia.
4.5 Metas, objetivos, período de implantação e ações básicas
O PGRSS da Faculdade de Odontologia objetiva realizar o gerenciamento
dos RSS a partir da minimização da geração e do correto destino final dos
resíduos, buscando a redução dos impactos referentes às atividades por eles
realizadas, e possibilitar a saúde e o bem-estar humano e ambiental, conforme
a legislação vigente. Dentre seus objetivos específicos estão:
a) garantir a execução do PGRSS em sua integridade;
b) viabilizar ações que visem a não-geração e a redução de volume dos
resíduos perigosos gerados;
c) revisar as rotinas estabelecidas no intuito de buscar o aprimoramento
contínuo dos procedimentos adotados para o gerenciamento dos
resíduos;
d) proporcionar a capacitação e sensibilização dos profissionais atuantes
na Faculdade de Odontologia.
Ainda que definidos os objetivos para o gerenciamento dos RSS na
Faculdade de Odontologia, o PGRSS não propõe um cronograma de ações
básicas e prazos relativos ao seu cumprimento (Figura 10).
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia Definição de metas, objetivos, período de implantação e ações básicas
– Decidir quais as metas a serem atingidas, definir cronograma e construir os objetivos que levarão ao atingimento das metas
40
– Dimensionar a equipe de trabalho, relacionando número de empregados, cargos, formação e responsabilidade técnica
– Relacionar e quantificar os investimentos necessários para a implantação e avaliação do PGRSS
Figura 10 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 5 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado)
A utilização de ferramentas de gerenciamento na elaboração do PGRSS
auxilia no estabelecimento de metas e no cronograma de execução das
atividades, contribuindo para esclarecer quais são as ações prioritárias
referentes ao manejo de resíduos nos estabelecimentos prestadores de serviços
de saúde (SCHNEIDER; FINKLER, 2015). De acordo com Lobato et al. (2009,
apud SCHNEIDER; FINKLER, 2015), ter um plano de ação contribui para
alcançar os objetivos propostos, bem como à implementação de uma solução
para inesperados problemas e prioridades.
Recomenda-se a ferramenta 5W2H (do inglês: Why – por que, What – o
que, Where – onde, When – quando, Who – quem, How – como e How much –
quanto custa), bastante útil para a hierarquização das prioridades, de cunho
essencialmente gerencial, buscando o simples entendimento através da
definição de responsabilidades, métodos, prazos, objetivos e recursos
necessários, resultando na definição clara de um plano de ação (SCHNEIDER;
FINKLER, 2015). Segundo Marshall Junior et al. (2008, apud SCHNEIDER;
FINKLER, 2015), esta ferramenta é utilizada no mapeamento e na padronização
de processos, na elaboração de planos de ação e no estabelecimento de
procedimentos associados a indicadores.
Brasil (2006) exemplifica metas que podem constar em um PGRSS: criar
práticas de minimização dos resíduos; substituir os materiais perigosos, sempre
que possível, por outros de menor periculosidade; reduzir a quantidade e a
periculosidade dos resíduos; atrelar ao gerenciamento um trabalho de
responsabilidade, corresponsabilidade e responsabilidade social; criar manual
de boas práticas em manejo de resíduos sólidos; criar procedimentos de
auditoria interna e supervisão; melhorar as medidas de segurança e higiene no
trabalho, entre outros.
41
No PGRSS da Faculdade de Odontologia não foram relacionados e
quantificados os investimentos necessários para sua implantação e avaliação
(Figura 10). Porém, Schneider et al. (2015) ressalta a importância de estarem
previstos e descritos no documento os custos relacionados ao sistema de
gerenciamento, bem como é indicado no Manual de Gerenciamento de Resíduos
de Serviços de Saúde da Anvisa (BRASIL, 2006). A autora do presente trabalho
acredita ser esta etapa de extrema importância, especialmente por se tratar de
recursos monetários provenientes do Governo Federal e considerando a
situação econômica atual do país.
4.6 Elaboração e implementação do PGRSS
Embora compulsória, a elaboração do PGRSS deve ser encarada como
uma ação essencial ao aprimoramento da gestão de resíduos nos serviços de
saúde, pois possibilita a compilação de informações e conduz à prática reflexiva,
fundamental à promoção da mudança, na forma como esses resíduos vêm
sendo manejados nas instituições geradoras (SCHNEIDER et al., 2015).
As etapas de elaboração e implementação do PGRSS foram englobadas
num mesmo tópico, pois ocorreram de forma simultânea na Faculdade de
Odontologia. As observações referentes à estas etapas foram divididas em
passos, os quais estão listados nas Figuras 11, 12 e 17.
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia Elaboração do PGRSS
Dados sobre o estabelecimento
– Informar os dados gerais do estabelecimento – Informar os componentes da equipe que elabora e implementa o PGRSS, com identificação da ART – Informar a caracterização do estabelecimento – Informar quais são as atividades e serviços predominantes
Abastecimento de água / Efluentes líquidos
– Informar qual o sistema de abastecimento – Informar se existe aplicação de produtos químicos na água para o abastecimento – Informar se existe o controle interno ou externo de qualidade da água – Informar a forma de esgotamento sanitário dos efluentes – Informar se existe tratamento ou não dos efluentes no estabelecimento ou na rede coletora
Emissões gasosas
42
– Informar se existe geração de vapores e gases, identificar e localizar os pontos de geração
Tipos e quantidades de resíduos gerados
– Identificar e quantificar os tipos de resíduos gerados no estabelecimento em cada setor gerador
Figura 11 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 6 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado)
No PGRSS da Faculdade de Odontologia consta um Memorial Descritivo
de todas as atividades desenvolvidas na unidade de acordo com sua localização,
por andar do prédio. Além disso, o plano apresenta a caracterização do
estabelecimento e designa um Responsável Técnico pelo PGRSS. Apesar de
não constar no documento, o sistema de abastecimento de água da unidade é
realizado através da rede pública do Serviço Autônomo de Abastecimento de
Águas de Pelotas (Sanep), sendo ele o responsável pelo tratamento e controle
de qualidade da água. O tratamento de efluentes é realizado na rede coletora
pelo Sanep.
O PGRSS apresenta os locais de emissão/geração de gases/resíduos e
identifica os resíduos gerados, por setor gerador. O volume de RSS gerado é
registrado separadamente, em planilha de dados. No entanto, não é feita a
medição da geração de RSS por grupo de resíduos, sendo quantificado apenas
o volume, em litros, do total de RSS gerado semanalmente.
Conforme definido na Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004) e na
Resolução Conama 358 (BRASIL, 2005), os resíduos gerados devem ser
analisados por categorias, sendo que, dentre os resíduos do Grupo D pode-se
também avaliar o potencial de reciclabilidade (SCHNEIDER et al., 2015).
Conhecer as taxas de geração de RSS através de caracterização possibilita
alterações nos processos de trabalho e manejo de resíduos, assim como o
estabelecimento de medidas para melhorar sua eficácia (SCHNEIDER et al.,
2015).
Etapas para elaboração do PGRSS
(BRASIL, 2006) Análise documental do
PGRSS da Faculdade
de Odontologia
Inserção do PGRSS
na Faculdade de
Odontologia Elaboração do PGRSS
Segregação
– Informar as formas de segregação que serão adotadas para os grupos A, B, C, D (incluindo os recicláveis) e E;
43
– Informar quais os EPIs e EPCs utilizados
Tipo de acondicionamento
– Descrever como e onde serão acondicionados os resíduos dos grupos A, B, D e E, considerando os tipos de contenedores, sacos plásticos, bombonas, salas de resíduos, abrigo e suas identificações em função do tipo de resíduos nas áreas internas e externas do estabelecimento
Coleta interna
– Descrever as formas de coleta, tipos de recipientes, carros de coleta, equipe, frequência e roteiros adotados
– Determinar a rotina e frequência de coleta para cada unidade ou setor do estabelecimento
Transporte interno
– Informar como serão os transportes internos de resíduos, se separadamente, em carros, ou recipientes coletores específicos a cada grupo de resíduos
– Definir os tipos e quantidade de carros coletores que serão utilizados para o transporte de cada grupo de resíduos, capacidade dos carros, identificação e cores
Armazenamento para coleta externa dos RSS
– Informar a quantidade de contenedores a ser utilizada para cada grupo de RSS, capacidade volumétrica de cada um e disposição na área
– Informar como são higienizados o abrigo, os contenedores, carros coletores e com que frequência
Coleta e transporte externo dos RSS
– Informar quem realiza a coleta externa
– Informar o tipo de veículo utilizado para o transporte e a rotina e frequência de coleta externa do estabelecimento para os diferentes tipos de resíduos gerados
– Informar o destino dos resíduos coletados, por tipo, e anexar os documentos comprobatórios das empresas coletoras
Tratamento dos RSS
– Descrever o tratamento interno para os resíduos, especificados por tipo de resíduo
– Descrever os tipos de tratamento externo adotados para cada grupo de resíduos e quais os equipamentos e instalações de apoio, incluindo os seguintes aspectos: a) tecnologias de tratamento adotadas; b) nome da empresa responsável; c) localização das unidades de
tratamento; d) responsável técnico pelo sistema de
tratamento.
44
– Anexar os documentos comprobatórios dos sistemas e tecnologias adotados
Disposição final
– Informar as formas de disposição final dos RSS e especificar por tipo de resíduos
– Informar quais as empresas que executam a disposição final dos RSS e anexar os documentos comprobatórios de que a empresa está apta a realizar o serviço
Figura 12 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 6 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado)
As etapas de segregação e coleta interna da Faculdade de Odontologia
apresentam algumas falhas de execução. Recipientes para segregação e
acondicionamento dos resíduos domiciliares (Grupo D), identificados nas cores
verde (recicláveis) e laranja (comuns), como previsto no PGRSS, podem ser
encontrados nos corredores de todos os andares do prédio onde está localizada
a Faculdade de Odontologia (Figura 13). Apesar da presença destes recipientes
e da colaboração daqueles que segregam esta classe de resíduo corretamente,
os resíduos recicláveis e comuns, acondicionados em sacos plásticos de cor
preta, são misturados no momento da coleta interna. Consequentemente, os
resíduos recicláveis, que poderiam ser direcionados para o Programa de Coleta
Seletiva do município, são coletados via Coleta Domiciliar, junto aos resíduos
orgânicos.
45
Figura 13 – Fotografia dos recipientes identificados para segregação de resíduos do Grupo D na Faculdade de Odontologia
Outro problema marcante na segregação de resíduos refere-se ao resíduo
gerado no processo de esterilização dos instrumentos odontológicos utilizados
pelos acadêmicos para atendimentos nas clínicas. Os instrumentos
odontológicos que tiverem contato com resíduos infectantes são autoclavados
em embalagens de papel grau cirúrgico não reutilizáveis (Figura 14). O resíduo
(embalagem de papel grau cirúrgico) gerado nesse processo é reciclável e não
infectante (Grupo A). Porém, durante observação direta na fonte geradora,
constatou-se o descarte incorreto desse material junto ao resíduo A (Figura 14),
que é acondicionado em sacos branco leitosos identificados pelo símbolo de
substância infectante. Os resíduos perfurocortantes (Grupo E) são
acondicionados em caixas coletoras descarpack, distribuídas nas clínicas da
Faculdade de Odontologia.
46
Figura 14 – Fotografia de embalagem de papel grau cirúrgico (acima) e de recipiente para descarte de resíduos do Grupo A, contendo embalagem de papel grau cirúrgico, Grupo D (abaixo)
Considerando a capacidade de atendimento ao público e o número de
acadêmicos da Faculdade de Odontologia, especula-se que haja geração
significativa do resíduo de embalagem de papel grau cirúrgico e que ele seja, em
sua grande maioria, descartado junto aos resíduos contaminados. Essa
especulação é baseada em informações obtidas através de observação
participante, onde um aumento no volume da geração de resíduos do Grupo B
47
foi observado, ao mesmo tempo em que o papel grau cirúrgico foi adotado como
método de esterilização, há cerca de 1 ano e meio. No método de esterilização
antigo, a embalagem empregue era reutilizável. Porém, não há, no momento,
como comprovar se este é o real motivo do aumento de resíduos do Grupo B, já
que não foi realizada a caracterização e análise quali-quantitativa da geração
destes resíduos. Os resíduos comuns (Grupo D), quando dispostos junto ao
resíduo contaminado (Grupo A), tornam-se também contaminados (HIDALGO,
2012). O custo para tratamento e disposição final adequada dos resíduos do
Grupo A representa um gasto significativo para a UFPel, sendo necessário
priorizar a minimização da geração destes resíduos, promovendo benefícios não
só ambientais, mas também econômicos, evitando o uso desnecessário de
recursos financeiros públicos. Para tanto, a autora sugere que, durante as aulas
práticas, onde os alunos prestam atendimento odontológico ao público, a
segregação correta dos resíduos gerados, especialmente a embalagem de papel
grau cirúrgico, também seja avaliada e pontuada, como é a execução dos
procedimentos médicos.
As etapas de classificação e segregação dos RSS são a base de um
sistema de gerenciamento e, quando eficientes, levam a melhores desempenhos
quanto aos custos, gerando benefícios particulares e difusos (SCHNEIDER,
2015). A gestão de resíduos é um mecanismo eficaz, tanto sob o aspecto
socioambiental quanto sob o aspecto econômico, fazendo com que a
combinação destes fatores, na forma do triple bottom line, ou tripé da
sustentabilidade (People – pessoas, parcela social; Planet – planeta, parcela
ambiental; e Profit – lucro, parcela econômica), forme o conceito de
sustentabilidade, transcendendo uma concepção simplesmente teórica e
assumindo relevância prática nas atividades modernas (SCHNEIDER, 2015).
A coleta interna dos resíduos produzidos nas clínicas da Faculdade de
Odontologia é realizada diariamente, nos horários de menor fluxo de pacientes
e acadêmicos da unidade: início da manhã, início da tarde e final da tarde. O
transporte interno dos resíduos até seu local de armazenamento externo (Figura
15), é feito pelo elevador aos fundos da unidade, com o auxilio de carros de
coleta (Figura 15). Apesar de prevista no PGRSS, não é informado o método ou
frequência de higienização do local de armazenamento externo. Foi observado
em visita à unidade que o portão de acesso ao local de armazenamento externo
48
permanece aberto durante o dia, permitindo a entrada de pessoal não
autorizado, bem como seu livre acesso aos resíduos ali armazenados.
Figura 15 – Acima: fotografia do carro de coleta utilizado na coleta interna dos RSS (esquerda) e do local de armazenamento externo dos RSS (direira); Abaixo: fotografia do local de armazenamento externo dos resíduos dos Grupos A e E
As etapas de coleta externa, tratamento e disposição final dos resíduos
dos Grupos A, B e E são realizadas por empresas especializadas, devidamente
licenciadas pelo órgão ambiental responsável, conforme o PGRSS da Faculdade
de Odontologia. A coleta externa é realizada uma vez na semana e
acompanhada por um membro técnico do NPA-CDPD-PROPLAN da UFPel.
49
Essa etapa é realizada por dois funcionários devidamente uniformizados,
identificados e com o uso dos EPIs necessários. O transporte externo das treze
bombonas de 200 L, usadas para o armazenamento externo dos resíduos
perigosos (Figura 16), é realizado em conformidade com as exigências para o
transporte rodoviário de produtos e/ou resíduos perigosos, segundo Licença de
Operação emitida pelo órgão ambiental responsável. A disponibilização e
higienização das bombonas é realizada pela mesma empresa responsável pelo
tratamento dos RSS.
Figura 16 – Bombonas de 200 L utilizadas no armazenamento externo dos resíduos dos Grupos A, B e E
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia Elaboração do PGRSS
Situações de emergência e acidentes
– Descrever as ações a serem adotadas em situações de acidentes
Capacitação
– Descrever as capacitações a serem realizadas, nas formas inicial e educação continuada
Indicadores de execução e avaliação
– Informar quais os indicadores utilizados para o acompanhamento da execução/implementação do PGRSS e a medição de seu impacto
Implementação do PGRSS
50
– Estabelecer, das ações, procedimentos e rotinas concebidos no PGRSS, os prioritários, indispensáveis ao início da operação
– Fazer o acompanhamento estratégico e operacional das ações
Figura 17 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 6 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado) O PGRSS da Faculdade de Odontologia não traz um plano de ação para
situações de emergência. Porém, a Comissão de Biossegurança da unidade
disponibiliza o Manual de Normas de Biossegurança da Faculdade de
Odontologia, onde constam as regras de higiene e biossegurança obrigatórias
em todas as clínicas e laboratórios.
Apesar de relatar as capacitações já realizadas pela equipe envolvida no
PGRSS, o plano não apresenta as capacitações a serem desenvolvidas, nem
indica inclusão do tema dos RSS na grade curricular do curso de Odontologia ou
na forma de educação continuada. Schneider et al. (2015) aponta a formação
profissional como aspecto de fundamental importância para o sucesso dos
sistemas de gerenciamento de resíduos. A autora discute ainda que os
profissionais da área da saúde normalmente estão empenhados em inúmeras
tarefas, podendo não reservar tempo para aprender a manusear os resíduos que
geram, o que dificulta o estabelecimento de novos conceitos e comportamentos
relacionados aos RSS. Neste contexto, é fundamental que o tema dos RSS
assuma seu espaço no currículo dos profissionais que irão atuar na área da
saúde, assim como nas propostas de formação continuada dos profissionais já
atuantes (SCHNEIDER; EMMERICH, 2015). A presença de um PGRSS
abrangente é necessária para promover a conscientização dos profissionais da
área odontológica quanto ao tema dos RSS, sendo que a educação dos futuros
dentistas, com o objetivo de melhorar seus conhecimentos sobre o assunto do
gerenciamento de resíduos, deve ser considerada sempre que possível
(KOOLIVAND; GHOLAMI-BORUJENI; NOURMORADI, 2015).
Os indicadores utilizados para avaliação do PGRSS da Faculdade de
Odontologia são: número de atendimentos realizados, variação da geração de
resíduos classe I, taxa de acidentes com resíduos perfurocortantes, número de
encontros e/ou capacitações ofertadas e frequência da prestação dos serviços
51
de coleta e transporte de RSS. O acompanhamento operacional das ações
propostas no PGRSS fica à cargo da Comissão Gestora do plano.
Os indicadores indispensáveis para a avaliação do PGRSS, de acordo
com o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde da Anvisa
(BRASIL, 2006), estão representados na Figura 18.
Item a ser avaliado Indicadores
Acidentes com perfurocortantes Taxa de acidentes com perfurocortantes em profissionais de limpeza Total de acidentes com perfurocortantes em profissionais de limpeza Total de acidentes
Geração de resíduos Variação da geração de resíduos Total de resíduos gerados no período x Total de resíduos gerados atualmente
Resíduos do Grupo A Variação de proporção dos resíduos do Grupo A Total de resíduos do Grupo A gerados Total de resíduos gerados
Resíduos do Grupo B Variação de proporção dos resíduos do Grupo B Total de resíduos do Grupo B gerados Total de resíduos gerados
Resíduos do Grupo D Variação de proporção dos resíduos do Grupo D Total de resíduos do Grupo D gerados Total de resíduos gerados
Resíduos do Grupo E Variação de proporção dos resíduos do Grupo E Total de resíduos do Grupo E gerados Total de resíduos gerados
Resíduos recicláveis Variação da proporção dos resíduos recicláveis Total de resíduos recicláveis Total de resíduos recicláveis gerados
Pessoas capacitadas em gerenciamento de resíduos
Variação do percentual de pessoas capacitadas em gerenciamento de resíduos Total de pessoas capacitadas em gerenciamento de resíduos Total de pessoas capacitadas
Custo com RSS Variação da proporção de custo com RSS Custo do gerenciamento dos RSS Custo do gerenciamento total
Figura 18 – Quadro do modelo de indicadores indispensáveis para a avaliação do PGRSS Fonte: Adaptado do Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde da Anvisa (BRASIL, 2006)
4.7 Avaliação do PGRSS
A Comissão Gestora do PGRSS da Faculdade de Odontologia é
responsável pelo monitoramento e avaliação do plano, bem como quaisquer
adequações necessários durante sua implantação, considerando o período de
vigência do plano de 2 anos. Como a implantação do PGRSS não completou
52
seu período de vigência, não foram realizadas avaliações e revisões do plano
até o momento deste trabalho (Figura 19).
Etapas para elaboração do PGRSS
(BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia Avaliação do PGRSS
– Verificar se os resultados esperados foram ou serão atingidos, através de quadro de acompanhamento, propondo adaptações ao plano, se necessário
Figura 19 – Quadro de verificação das ações realizadas da etapa 7 no PGRSS da Faculdade de Odontologia Legenda: (realizado); (não realizado)
A Resolução RDC 306 (BRASIL, 2004) determina, em seu item 4.2, que
compete ao gerador de RSS monitorar e avaliar seu PGRSS, considerando:
a) o desenvolvimento de instrumentos de avaliação e controle, incluindo
a construção de indicadores claros, objetivos, autoexplicativos e
confiáveis, que permitam acompanhar a eficácia do PGRSS
implantado;
b) a avaliação deve ser realizada levando-se em conta, no mínimo, os
indicadores apresentados na Figura 18;
c) os indicadores devem ser produzidos no momento da implantação do
PGRSS e posteriormente com frequência anual.
53
5 Conclusão
A partir deste trabalho foi possível verificar que a realização de um
diagnóstico das condições de manejo dos resíduos de serviços de saúde,
previamente à elaboração do plano de gerenciamento é essencial à sua eficácia
nas unidades geradoras deste tipo de resíduo. Com relação ao gerenciamento
propriamente dito, as etapas de classificação e segregação dos RSS são a base
de um sistema de gestão de resíduos bem-sucedido, considerando-se que todo
o processo subsequente dependerá da correta execução dessas duas etapas
iniciais.
Embora constatada a importância do diagnóstico de gerenciamento de
RSS, o PGRSS da Faculdade de Odontologia foi elaborado sem a realização
desta etapa, o que dificulta a elaboração de um plano que considere as
particularidades da unidade geradora, principalmente por tratar-se também de
uma instituição de ensino superior. Na segregação foram observadas falhas e
omissões de fácil resolução, mas as quais sua não conformidade acarreta em
altos custos sociais, ambientais e econômicos, como é o exemplo da não
segregação dos resíduos comuns e recicláveis na unidade.
Considerando-se que as principais falhas observadas no gerenciamento
de RSS da Faculdade de Odontologia foram em relação às etapas de
classificação e segregação dos resíduos, recomenda-se que a gestão de RSS
seja parte integrante da formação continuada de professores, técnicos e demais
funcionários da faculdade, de forma integrada nas atividades de ensino,
pesquisa e extensão, de modo que esse tema seja incluído na rotina da
comunidade acadêmica, inclusive como parte da formação acadêmica dos
futuros profissionais, entrando no currículo do curso como parte da avaliação.
Afinal, os profissionais da área da saúde também são responsáveis pelos
resíduos por eles gerados.
Em conclusão, apenas a existência de um documento físico não garante
o correto manejo dos resíduos de serviços de saúde na prática.
54
Referências
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 7.500:2011 – Identificação para o transporte terrestre, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos. Rio de Janeiro: ABNT, 2011. Emenda 1, de 19.04.2013. ______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9.191:2008 – Sacos plásticos para acondicionamento de lixo – Requisitos e métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. ______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 10.004:2004 – Resíduos Sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004. ______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.809:1993 – Resíduos de serviço de saúde – Manuseio. Rio de Janeiro: ABNT, 1993c. ______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.810:1993 – Resíduos de serviço de saúde – Coleta. Rio de Janeiro: ABNT, 1993d. ______. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 12.809:2013 – Resíduos de serviço de saúde – Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde intraestabelecimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2013b. ADEDIGBA, M. A. et al. Assessment of dental waste management in a Nigerian tertiary hospital. Waste Management & Research, v. 28, n. 9, p. 769-777, 2010. ALVES, S. C.; GONÇALVES, F. M.; MONTEROSSO, E. P.; GODECKE, M. V. Gerenciamento de Resíduos de Saúde: estudo de caso em estabelecimentos públicos municipais de Pelotas/RS. Revista Eletrônica em Gestão, Educação
e Tecnologia Ambiental. Santa Maria, v. 20, n. 1, p. 105-114, 2016. AMARANTE, M. G. R.; SILVA, I. C. R. da. Gerenciamento dos Resíduos Sólidos Odontológicos: Legislação versus Realidade. 8ª Mostra de Produção Científica
da Pós-Graduação Latu Sensu da PUC-GOIÁS. Goiânia, GO, Brasil, 28 a 31 de outubro e 1º e 2 de novembro de 2013. BAZRAFSHAN, E.; MOHAMMADI, L.; MOSTAFAPOUR, F. K.; MOGHADDAM, A. A. Dental Solid Waste Characterization and Management in Iran: A Case
55
Study of Sistan and Baluchestan Province. Waste Management & Research, v. 32, n. 2, p. 157-164, 2014. BITTAR, O. J. N. V. Cultura & Qualidade em Hospitais. In: QUINTO NETO, A.; BITTAR, O. J. N. V. Hospitais: Administração da Qualidade e Acreditação de Organizações Complexas. Porto Alegre: Da Casa, 2004. Cap.1. BOS, A. Van Der; IZADPANAH, A. Building Capacity for Comprehensive Medical Waste Management in Asia. The Urban Environment, v. 52, n. 10, p. 18-20, 2002. BRASIL. Lei Federal 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo. Brasília, DF, 2010. ______. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Resolução RDC
306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Brasília, DF, 2004. ______. Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Resolução Conama
275, de 25 de abril de 2001. Estabelece o código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas informativas para a coleta seletiva. Brasília, DF, 2001. ______. Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Resolução Conama
358, de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br>. Acesso em: 28 de maio de 2017. _____. Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 182 p. _____. Serviços Odontológicos: Prevenção e Controle de Riscos. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 156 p. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS. Saneamento: Origem e Composição de Resíduos Sólidos ou Lixo. Disponível em:
56
<http://novo.cnm.org.br/v4/v11/institucional/documento.asp?iId=33584>. Acesso em: 28 de maio de 2017. CONSELHO FEDERAL DE ODONTOLOGIA. Faculdades. Disponível em: <http://cfo.org.br/servicos-e-consultas/faculdades/>. Acesso em: 20 de maio de 2017. CORRÊA, L. B. A Educação Ambiental e os Resíduos Sólidos de Serviços
de Saúde: a Formação Acadêmica. 2005. 122 f. Dissertação (Mestrado em Educação Ambiental) – Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, 2005. CORRÊA, E.K.; CORRÊA, L.B. Gestão de Resíduos Sólidos. Porto Alegre: Evangraf, 2012. COSTA, T. A. M. Avaliação Preliminar do Gerenciamento dos Resíduos dos
Serviços de Saúde em Goiânia. 2013. 54 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) – Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2013. DARWISH, R.; AL-KHATIB, I. A. Evaluation of dental waste management in two cities in Palestine. Eastern Mediterranean Health Journal, v. 2, n. 2, p. 217-222, 2006. DE CONTO, S. M. Gestão de resíduos em universidades. Caxias do Sul: Educs, 2010. 319 p. FERREIRA, D. D. M.; GORGES, J.; SILVA, L. E. Plano de Gerenciamento de resíduos do serviço de saúde: o caso do setor odontológico de uma entidade sindical. Inter Science Place, v. 1, n. 9, 2009. GAUTAM, V.; THAPAR, R.; SHARMA, M. Biomedical Waste Management: Incineration vs. Environmental Safety. Indian Journal of Medical Microbiology, v. 28, n. 3, p. 191-192, 2010. GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. (Org.) Métodos de pesquisa. 1ª Ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa científica. 4ª Ed. São Paulo: Atlas, 2007.
57
HIDALGO, L. R. da C. Gerenciamento de resíduos odontológicos no serviço
público e seu impacto no meio ambiente. 2012. 79 f. Dissertação (Mestrado em Odontologia Preventiva e Social) – Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, 2012. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa
Nacional de Saneamento Básico. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/27032002pnsb.shtm>. Acesso em: 28 de maio de 2017. KOOLIVAND, A.; GHOLAMI-BORUJENI, F.; NOURMORADI, H. Investigation on the characteristics and management of dental waste in Urmia, Iran. Journal of
Material Cycles and Waste Management, v. 17, n. 3, p. 553-559, 2015. LOBATO, D. M. et al. Estratégia de empresas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. LÜDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. MARSHALL JUNIOR, I. et al. Gestão da qualidade. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2008. MAXIMIANO, A. C.; ANSELMO, J. L. Escritório de gerenciamento de projetos: um estudo de caso. Revista de Administração, v. 41, n. 4, p. 394-403, out./nov./dez. 2006. MOREIRA, D. A. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira Thomson, 2002. MOURA, L. A. A. Qualidade e Gestão Ambiental. São Paulo: J. Oliveira, 2004. NABIZADEH, R. et al. Composition and production rate of dental solid waste and associated management practices in Hamadan, Iran. Waste Management &
Research, v. 30, n. 6, p. 619-624, 2012. NASROLLAHI, M. et al. Quantitative and Qualitative Analysis of Dental Solid Waste Management. Journal of Dental School, v. 33, n. 4, p. 262-268, 2015.
58
NÓBREGA, C. C. et al. Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde Oriundos de Clínicas Odontológicas, Clínicas Veterinárias e Laboratórios da Cidade de João Pessoa/PB. XXI Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. João Pessoa, PB, Brasil, 16 a 21 de setembro de 2001. NOGUEIRA, C. F. de A. Política Nacional de Resíduos Sólidos, Coleta Seletiva e seus Atores: o caso do Distrito Federal. Revista Brasileira de Direito, v. 10, n. 1, p. 106-115, 2014. OLIVEIRA, C. L. de. Um apanho teórico-conceitual sobre a pesquisa qualitativa: tipos, técnicas e características. Revista Travessias, v. 11, n. 3, p.(?), 2008. OLIVEIRA, M. C. de; MOREIRA, A. C. A. Gerenciamento dos resíduos produzidos em consultórios odontológicos de Salvador, Bahia. Revista de
Ciências Médicas e Biológicas, v. 11, n. 2, p. 194-200, mai./set. 2012. PINTO, M. L.; MOTTA, L. J.; RAPTOPOULOS, G. S. Ações sustentáveis e gestão de resíduos em odontologia. III Simpósio Internacional de Gestão de
Projetos, II Simpósio Internacional de Inovação e Sustentabilidade. São Paulo, SP, Brasil, 09 a 11 de novembro de 2014. SÁ-SILVA, J. R.; ALMEIDA, C. D. de; GUIDANI, J. F. Pesquisa documental: pistas teóricas e metodológicas. Revista Brasileira de História e Ciência, v. 1, n. 1, p. 1-15, 2009. SCHNEIDER, V. E.; STEDILE, N. L. R. (Org.) Resíduos de serviços de saúde: um olhar interdisciplinar sobre o fenômeno. 3ª Ed. Caxias do Sul: Educs, 2015. SCHNEIDER, V. E.; EMMERICH, R. de C. P. Resíduos de serviços de saúde. In: SCHNEIDER, V. E.; STEDILE, N. L. R. (Org.) Resíduos de serviços de
saúde: um olhar interdisciplinar sobre o fenômeno. 3ª Ed. Caxias do Sul: Educs, 2015. Cap. 2, p. 31–40. SCHNEIDER, V. E. Classificação e segregação de resíduos de serviços de saúde como determinantes da eficácia do gerenciamento. In: SCHNEIDER, V. E.; STEDILE, N. L. R. (Org.) Resíduos de serviços de saúde: um olhar interdisciplinar sobre o fenômeno. 3ª Ed. Caxias do Sul: Educs, 2015. Cap. 3, p. 41–56. SCHNEIDER, V. E. et al. Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. In: SCHNEIDER, V. E.; STEDILE, N. L. R. (Org.) Resíduos de serviços de saúde:
59
um olhar interdisciplinar sobre o fenômeno. 3ª Ed. Caxias do Sul: Educs, 2015. Cap. 5, p. 79-114. SCHNEIDER, V. E.; FINKLER, R. O plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde como ferramenta de planejamento e gestão. In: SCHNEIDER, V. E.; STEDILE, N. L. R. (Org.) Resíduos de serviços de saúde: um olhar interdisciplinar sobre o fenômeno. 3ª Ed. Caxias do Sul: Educs, 2015. Cap. 7, p. 133-148. SILVA, F. C. et al. Diagnóstico situacional do gerenciamento de resíduos sólidos provenientes de Laboratórios de Análises Clínicas das regiões Sul e Sudeste da Bahia. Revista Brasileira de Farmácia, v. 95, n. 1, p. 561-579, 2014. SILVEIRA, D. T.; CÓRDOVA, F. P. A pesquisa científica. In: GERHARDT, T. E.; SILVEIRA, D. T. (Org.) Métodos de pesquisa. 1ª Ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2009. cap. 2, p. 31-42. SISTEMA FIRJAN. Manual de Gerenciamento de Resíduos: Guia de procedimento passo a passo. Rio de Janeiro: GMA, 2006. STEDILE, N. L. R. et al. Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde em diferentes fontes geradoras: uma questão de saúde individual e coletiva. In: SCHNEIDER, V. E.; STEDILE, N. L. R. (Org.) Resíduos de serviços de saúde: um olhar interdisciplinar sobre o fenômeno. 3ª Ed. Caxias do Sul: Educs, 2015. Cap. 19, p. 351-374. SUSHMA, R.; NAGANANDINI, S.; NAGABHUSHANA, D. Issues Impacting Dental Hospital Waste. Indian Journal of Dental Advancements, v. 4, n. 2, p. 814-821, 2012. TOGNOC, A. M. G. Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde. XI
Congresso Nacional de Excelência em Gestão. Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 e 14 de agosto de 2015. TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. VARAGO, C.; ZUCCHERELLI, E.; SALES, F. S.; SCUR, G. Gerenciamento de resíduos de serviços de saúde: estudo de caso de dois hospitais de São Paulo. XXXVI Encontro Nacional de Engenharia de Produção. João Pessoa, PB, Brasil, 03 a 06 de outubro de 2016.
60
VIEIRA, C. D. et al. Composition Analysis of Dental Solid Waste in Brazil. Waste
Management, v. 29, n. 4, p. 1388-1391, 2009.
61
Apêndice
62
Apêndice 1 – Roteiro de Observação Participante – PGRSS da Faculdade de Odontologia
Universidade Federal de Pelotas
Centro de Engenharias
Curso de Engenharia Ambiental e Sanitária
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da Faculdade de Odontologia
Identificação do problema – Obter o apoio da direção da instituição – Reconhecimento do problema e sinalização positiva da administração para início do processo
Definição da equipe de trabalho – Designar profissional para a elaboração e implantação do PGRSS e compor equipe de trabalho
Mobilização da organização – Promover reuniões com os vários setores para apresentar a ideia, o possível esquema de trabalho e o que é esperado de cada unidade, e promover atividades de sensibilização sobre a importância do PGRSS;
– Preparar um questionário para levantar a percepção dos funcionários sobre o meio ambiente, de forma a identificar eventuais questões chaves relacionadas aos RSS.
Diagnóstico da situação dos RSS – Elaborar um relatório baseado em fatos comprobatórios e na pesquisa realizada abordando as seguintes questões: a) a descrição de todos os procedimentos relacionados à gestão dos
RSS (identificação dos resíduos gerados, acondicionamento, coleta e transporte interno, fluxo de coleta interno, quantificação dos RSS, armazenamento interno e externo, área de higienização, coleta e transporte externo, tratamento, disposição final, política de gestão ambiental e capacitação);
b) os aspectos problemáticos; c) as referências às legislações, regulamentos, normas etc.
Definição de metas, objetivos, período de implantação e ações básicas – Decidir quais as metas a serem atingidas, definir cronograma e construir os objetivos que levarão ao atingimento das metas
63
– Dimensionar a equipe de trabalho, relacionando número de empregados, cargos, formação e responsabilidade técnica
– Relacionar e quantificar os investimentos necessários para a implantação e avaliação do PGRSS
Elaboração do PGRSS Dados sobre o estabelecimento
– Informar os dados gerais do estabelecimento – Informar os componentes da equipe que elabora e implementa o PGRSS, com identificação da ART – Informar a caracterização do estabelecimento – Informar quais são as atividades e serviços predominantes
Abastecimento de água / Efluentes líquidos
– Informar qual o sistema de abastecimento – Informar se existe aplicação de produtos químicos na água para o abastecimento – Informar se existe o controle interno ou externo de qualidade da água – Informar a forma de esgotamento sanitário dos efluentes – Informar se existe tratamento ou não dos efluentes no estabelecimento ou na rede coletora
Emissões gasosas
– Informar se existe geração de vapores e gases, identificar e localizar os pontos de geração
Tipos e quantidades de resíduos gerados
– Identificar e quantificar os tipos de resíduos gerados no estabelecimento em cada setor gerador
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL,
2006)
Análise documental do PGRSS da
Faculdade de Odontologia
Inserção do PGRSS na Faculdade de
Odontologia
Elaboração do PGRSS Segregação
– Informar as formas de segregação que serão adotadas para os grupos A, B, C, D (incluindo os recicláveis) e E;
– Informar quais os EPIs e EPCs utilizados Tipo de acondicionamento
– Descrever como e onde serão acondicionados os resíduos dos grupos A, B, C, D e E, considerando os tipos de contenedores, sacos plásticos, bombonas, salas de resíduos,
64
abrigo e suas identificações em função do tipo de resíduos nas áreas internas e externas do estabelecimento
Coleta interna
– Descrever as formas de coleta, tipos de recipientes, carros de coleta, equipe, frequência e roteiros adotados
– Informar se a coleta adotará o armazenamento temporário
– Determinar a rotina e frequência de coleta para cada unidade ou setor do estabelecimento
Transporte interno
– Informar como serão os transportes internos de resíduos, se separadamente em carros ou recipientes coletores específicos a cada grupo de resíduos
– Definir os tipos e quantidade de carros coletores que serão utilizados para o transporte de cada grupo de resíduos, capacidade dos carros, identificação e cores
Armazenamento para coleta externa dos RSS
– Informar a quantidade de contenedores a ser utilizada para cada grupo de RSS, capacidade volumétrica de cada um e disposição na área
– Informar como são higienizados o abrigo, os contenedores, carros coletores e com que frequência
Coleta e transporte externo do RSS
– Informar quem realiza a coleta externa – Informar o tipo de veículo utilizado para o transporte e a rotina e frequência de coleta externa do estabelecimento para os diferentes tipos de resíduos gerados
– Informar o destino dos resíduos coletados, por tipo, e anexar os documentos comprobatórios das empresas coletoras
Tratamento dos RSS
65
– Descrever o tratamento interno para os resíduos, especificados por tipo de resíduo
– Descrever os tipos de tratamento externo adotados para cada grupo de resíduos e quais os equipamentos e instalações de apoio, incluindo os seguintes aspectos: e) tecnologias de tratamento adotadas; f) nome da empresa responsável; g) localização das unidades de tratamento; h) responsável técnico pelo sistema de
tratamento.
– Anexar os documentos comprobatórios dos sistemas e tecnologias adotados
Disposição final dos RSS – Informar as formas de disposição final dos RSS e especificar por tipo de resíduos
– Informar quais as empresas que executam a disposição final dos RSS e anexar os documentos comprobatórios de que a empresa está apta a realizar o serviço
– Indicar a localização das unidades de disposição final adotadas para cada grupo de resíduos e seus respectivos responsáveis técnicos
Etapas para elaboração do PGRSS (BRASIL, 2006) Análise documental do PGRSS da Faculdade de Odontologia
Elaboração do PGRSS Situações de emergência e acidentes
– Descrever as ações a serem adotadas em situações de acidentes Capacitação
– Descrever as capacitações a serem realizadas, nas formas inicial e educação continuada
Indicadores de execução e avaliação
– Informar quais os indicadores utilizados para o acompanhamento da execução/implementação do PGRSS e a medição de seu impacto
Implementação do PGRSS – Estabelecer, das ações, procedimentos e rotinas concebidos no PGRSS, os prioritários, indispensáveis ao início da operação
– Fazer o acompanhamento estratégico e operacional das ações
66
Avaliação do PGRSS – Verificar se os resultados esperados foram ou serão atingidos, através de quadro de acompanhamento, propondo adaptações ao plano, se necessário