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SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL APLICADA À ILUMINAÇÃO
NATURAL EM SALAS DE AULAS DE CUIABÁ/MT
Vitor Hugo Almeida Monteiro
CUIABÁ/MT AGOSTO/2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA ENGENHARIA E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO DE GRADUAÇÃO
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL APLICADA À ILUMINAÇÃO NATURAL EM SALAS DE AULAS DE CUIABÁ/MT
Trabalho de Graduação submetido ao Corpo Docente da Faculdade de Arquitetura, Engenharia e Tecnologia da Universidade Federal de Mato Grosso como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil.
Vitor Hugo Almeida Monteiro Graduando
Profª Dr.ª Luciane Cleonice Durante Orientadora
CUIABÁ/MT AGOSTO/2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
FACULDADE DE ARQUITETURA ENGENHARIA E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO DE GRADUAÇÃO
i
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL APLICADA À ILUMINAÇÃO NATURAL EM
SALAS DE AULAS DE CUIABÁ/MT
Vitor Hugo Almeida Monteiro
TRABALHO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DA
FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO, COMO REQUISITO PARCIAL
PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL.
Aprovado por:
________________________________________ Profª. Dr.ª Luciane Cleonice Durante – Orientadora
________________________________________ Prof. Ms. Simone Berigo Buttner – Membro
________________________________________
Prof. Ms. Tula Kirst Romani – Membro
__________________________________ Prof. Dr. Paulo Celso do Couto Nince
Coordenador de Trabalho de Graduação
CUIABÁ/MT AGOSTO/2013
ii
DEDICATÓRIA
As barreiras que passamos no decorrer da vida, só são superadas com a
cooperação e união dos amigos. Sendo assim, agradeço aos meus fiéis amigos,
meus pais, Torreszome Monteiro e Antonia Elezir de Almeida Monteiro, que me
deram a vida e me ensinaram a vivê-la com dignidade. Pelo esforço, dedicação,
compreensão e ensinamentos desta e de outras caminhadas. Sem vocês esse
sonho não seria realizado.
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus, fonte inesgotável de bênçãos e amor, por estar ao meu lado
durante toda minha existência me guiando no discernimento da sua bondade.
Obrigado, Pai!
À minha família, minha avó Estelita Antonia Correa de Almeida, meus irmãos
Rafael Almeida Monteiro e Torreszome Monteiro, em especial aos meus pais
Torreszome Monteiro e Antonia Elezir de Almeida Monteiro, pelo apoio durante o
curso e por toda a vida. Não tenho palavras pra expressar minha eterna gratidão.
Aos meus colegas e amigos Alexandre, Cristhiano, Edgar, Fernanda, Gabriela,
Giancarlo, Luciano, Maria Fernanda, Rafhael, Raquel, Fernando e Willian, por me
acompanharem nessa intensa jornada de cinco anos de estudos e torná-la mais
fácil com o convívio diário. Cinco anos de amizade verdadeira que se estenderá a
vida toda.
À Universidade Federal de Mato Grosso e todos os professores que contribuíram
veementemente para minha formação pessoal e profissional.
Ao Professor Luiz Miguel de Miranda, pelo exímio profissional e pela dedicação
integral para com seus alunos.
A minha Orientadora Luciane Cleonice Durante, que me ajudou na elaboração e
que me deu as diretrizes para a realização deste Trabalho de Graduação.
À banca de avaliação do trabalho de graduação, pela contribuição para o
aprimoramento do trabalho final.
iv
RESUMO
Resumo do Trabalho de Graduação submetido à FAET/UFMT como requisito parcial para
a obtenção do título de bacharel em Engenharia Civil.
SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL APLICADA À ILUMINAÇÃO NATURAL EM
SALAS DE AULA DE CUIABÁ/MT
Vitor Hugo Almeida Monteiro
Agosto/2013
Orientador: Luciane Cleonice Durante
Departamento: Engenharia Civil
No cenário atual de aperfeiçoamento das funcionalidades das edificações, a iluminação
natural surge como um parâmetro importante para o aprimoramento do desempenho
termoenergético dos edifícios. O objetivo desta pesquisa foi analisar os efeitos do
sombreamento arbóreo nos níveis de iluminamento. Os objetos de estudo foram salas de
aula da cidade de Cuiabá/MT, sendo uma sala com fachadas totalmente exposta à
radiação solar e outra sala com uma de suas fachadas totalmente protegida pelo
sombreamento arbóreo. Ambas foram avaliadas por meio de simulações computacionais,
utilizando o software ReluxPro. Os dados de iluminância da simulação foram comparados
com dados medidos e foi proposto um modelo para representar o sombreamento na
situação estudada. Os resultados evidenciaram que o sombreamento arbóreo influencia
diretamente na penetração do fluxo luminoso, reduzindo de forma significativa a
iluminância no interior da edificação.
Palavras chave: - desempenho termoenergético
- sombreamento arbóreo
- iluminância
v
ABSTRACT
Abstract of the monograph submitted to FAET/UFMT as partial of the requirement for
obtaining the degree of Bachelor in Civil Engineering.
COMPUTER SIMULATION APPLIED TO NATURAL LIGHTING IN
CLASSROOMS CUIABÁ / MT
Vitor Hugo Almeida Monteiro
August/2013
Advisor: Luciane Cleonice Durante
Department: Civil Engineering
In the current scenario of improved functionality of buildings, natural lighting emerges as
an important parameter for improving the thermoenergetic performance of buildings. The
aim of this study was to analyze the effects of tree shading levels of illuminance. The
objects of this study were classrooms in the city of Cuiabá / MT. A room with is facades
totally exposed to solar radiation, and an other room with its facades fully protected by
tree shading. Both were evaluated through computer simulations using the software
ReluxPro. The illuminance data simulated were compared with we measured data and a
model was proposed to represent the shading in the studied situation. The results showed
that the tree shading influences the penetration of luminous flux, significantly reducing the
illuminance inside the building.
Key Words: - performance thermoenergetic
- tree shading
- iluminance
vi
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO............................................................................................1
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................3
2.1. Aspectos quantitativos e qualitativos da luz .........................................................3
2.1.1. Fluxo luminoso ..................................................................................................3
2.1.2. Iluminância ........................................................................................................3
2.1.3. Eficácia luminosa .......................................................................................3
2.1.4. Luminância .................................................................................................3
2.1.5. Intensidade luminosa ..................................................................................4
2.1.6. Absorção e absortância ..............................................................................4
2.1.7. Contraste ....................................................................................................4
2.1.8. Reflexão e refletância .................................................................................4
2.1.9. Refração .....................................................................................................6
2.1.10. Transmissão e transmitância ....................................................................6
2.1.11. Ofuscamento ............................................................................................6
2.1.12. Fator de luz diurna....................................................................................7
2.2. Iluminação natural ................................................................................................9
2.2.1. Importância da luz natural nas edificações .................................................9
2.2.2. Sistemas de iluminação natural ................................................................10
2.2.3. Iluminação lateral .....................................................................................12
2.2.4. Iluminação Zenital ....................................................................................14
2.3.1. O hemisfério unitário e o principio do ângulo solido projetado ..................18
2.3.2. Procedimento de calculo: Método do fluxo dividido - considerações ........20
vii
CAPÍTULO 3 - MÉTODO E MATERIAIS...........................................................................21
3.1. LOCAL DA PESQUISA ......................................................................................21
3.2. MATERIAIS ........................................................................................................22
3.3. MÉTODO ...........................................................................................................25
3.3.1. Variáveis características da simulação do software ReluxPro ..................25
3.3.2. Componentes dos resultados de Cálculo ReluxPro ..................................27
3.3.3. Calibração dos dados simulados ..............................................................28
CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS RESULTADOS..................................................................30
4.1. Simulação computacional e medições in loco ....................................................30
4.2. Análise da iluminação natural com e sem sombreamento arbóreo .....................35
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO E SUGESTÕES.................................................................38
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................39
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 01 - Formas de reflexão............................................................................................5
Figura 02 - Formas de refração...........................................................................................6
Figura 03 - Tipos de ofuscamento.......................................................................................7
Figura 04 - Principais variáveis que interferem na iluminação natural...............................11
Figura 05 - Hemisfério de raio unitário e sua projeção no plano horizontal.......................19
Figura 06 - Princípio do ângulo solido projetado................................................................19
Figura 07 - Fontes de Luz natural que alcançam a edificação..........................................20
Figura 08 - Localização da escola no perímetro urbano de Cuiabá..................................21
Figura 09 - Posição relativa da edificação escolar e da sala sem sombreamento (sl) e na condição de sombreamento arbóreo (sb)..........................................................................22
Figura 10 - Sala de aula com iluminação lateral por janelas baixas e altas......................23
Figura 11 - Planta baixa da sala sem sombreamento arbóreo..........................................25
Figura 12 - Planta baixa da sala com sombreamento arbóreo..........................................26
Figura 13 – Gestor de cálculos – Divisão 1.......................................................................27
Figura 14 – Relação entre posição e nomenclatura dos pontos de medição..............................................................................................................................29
Figura 15 - Gráfico comparativo do ponto P11..................................................................32
Figura 16 - Gráfico comparativo do ponto P12..................................................................33
Figura 17 - Gráfico comparativo do ponto P13..................................................................33
Figura 18 - Correlação da variação média da iluminação natural com sombreamento....34
Figura 19 - Correlação da variação média da iluminação natural sem sombreamento....34
Figura 21 - Valores das iluminâncias nas medições in loco com e sem sombreamento
arbóreo...............................................................................................................................35
Figura 22 - Valores das iluminâncias nas simulações com e sem sombreamento arbóreo...............................................................................................................................36
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Cores das texturas das salas de aula...............................................................24
Tabela 02 – Inventário das unidades arbóreas de sombreamento (UA) das salas...........25
Tabela 03 – Posições relativas das unidades arbóreas de sombreamento.......................25
Tabela 04 – Variação da iluminância nas simulações e medições no Ponto P11.............30
Tabela 05 – Variação da iluminância nas simulações e medições no Ponto P12.............31
Tabela 06 – Variação da iluminância nas simulações e medições no Ponto P13.............31
Tabela 07 – Iluminância em (lux) dos pontos das salas sombreada e sem sombreamento...................................................................................................................37
1
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
Este trabalho de graduação tem como temática a análise dos aspectos qualitativos e
quantitativos da iluminação natural por meio da simulação computacional. O trabalho
consiste de simulações computacionais do nível de iluminância de salas de aula,
buscado-se o melhor modelo para representar o ambiente da edificação escolar, por meio
do software ReluxPro. A validação dos dados foi feita pela comparação entre os dados
simulados e medidos in loco, baseado em Durante (2012).
Na construção civil, a eficiência energética refere-se às edificações que proporcionam as
mesmas condições ambientais com um consumo energético menor (LAMBERTS;
DUTRA; PEREIRA, 2004). O desempenho energético e ambiental da edificação é
resultado da relação que a mesma tem com o ambiente onde está inserida, além do
desempenho e eficiência de seus equipamentos.
Independentemente do setor da economia, o consumo de energia elétrica para
iluminação é elevado, podendo representar um grande potencial de economia de energia.
Conforme Ramos (2008) a iluminação chega a ser responsável por 10% a 17% do
consumo total de energia elétrica no Brasil; parcela esta que pode ser reduzida com
medidas que propiciem o uso da iluminação natural.
Tendo em vista este cenário, a iluminação natural surge como um grande potencial para
uma melhor integração com a iluminação artificial na busca da eficiência energética. Este
potencial pode ser aproveitado obtendo-se uma interação entre projetos arquitetônicos,
paisagísticos e disponibilizando de novas tecnologias na construção civil, que aprimoram
uma melhor adequação da arquitetura ao clima.
Assim sendo, esta pesquisa tem por objetivo analisar os efeitos do sombreamento
arbóreo nos níveis de iluminamento em salas de aula de Cuiabá/MT. Apresentam-se
como objetivos específicos: propor uma modelagem computacional para o sombreamento
arbóreo (a), simular computacionalmente a luz natural por meio do software ReluxPro (b),
comparar os aspectos quantitativos e qualitativos da luz natural medidos in loco com os
simulados (c) e analisar comparativamente os níveis de iluminamento natural da sala com
e sem sombreamento arbóreo.
A propriedade principal desta pesquisa é a investigação da influência do sombreamento
arbóreo na iluminação natural em edificações escolares típicas da cidade de Cuiabá/MT.
Dentro desse contexto, hipóteses foram formuladas como possíveis respostas para a
questão da pesquisa: o sombreamento oriundo de árvore de copa de grande porte e
2
denso reduz a iluminação natural da sala de aula em 80% (a), para o modelo de salas de
aula estudado, as perdas são significativas apenas nas áreas mais próximas à janela
sombreada (b) e a simulação computacional se apresentam como um recurso eficiente
para o estudo da iluminação natural (c).
Esta pesquisa pretende fornecer uma avaliação comparativa da interferência do
sombreamento arbóreo na iluminação natural em salas de aula, fornecendo dados dos
aspectos quantitativos e qualitativos da luz para otimização de futuros projetos de
edifícios escolares, do ponto de vista da integração da iluminação natural no
desempenho energético da edificação.
3
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Aspectos quantitativos e qualitativos da luz
Apresenta-se a seguir os conceitos básicos em iluminação, obtidos conforme Vianna &
Gonçalves (2001).
2.1.1. Fluxo luminoso
Somente certo intervalo de comprimento de ondas eletromagnéticas é sensível ao olho
humano. Nesse sentido, a luz consegue produzir estímulos visuais. Então fluxo luminoso
é a energia de radiação emitida por uma fonte de luz percebida pelo olho humano. Essa
radiação é emitida em lúmen (lm), o intervalo de comprimento de onda citado esta entre
380 a 780nm. No caso da iluminação natural, o fluxo luminoso, é a potência radiante
emitida pelo sol e pelo céu.
2.1.2. Iluminância
É determinada como sendo o limite da razão entre o fluxo luminoso incidente sobre uma
superfície cuja área tende a zero, ou seja, é a quantidade de luz dentro de um ambiente,
sua unidade é o lux (lx = lm/m²).
Uma vez que os objetos possuem diferentes capacidades de reflexão da luz, fica
abrangida que certa quantidade de iluminância pode originar diversas luminâncias. Uma
das características mais importantes da iluminância é o fato de reduzir-se de forma
proporcional com o quadrado da distância da fonte.
2.1.3. Eficácia luminosa
Esta ligada à eficiência energética, sua unidade é lumen/watt, pois é a relação entre o
fluxo luminoso emitido por uma fonte e o seu fluxo energético (potência elétrica)
consumido para produzi-lo. Para avaliações mais detalhadas de economia no consumo
energético das instalações de iluminação artificial, esta grandeza se torna muito útil,
torna-se um parâmetro de comparação entre lâmpadas. Em outras palavras, obtém-se
mais luz com menor gasto de energia quanto mais eficácia luminosa.
2.1.4. Luminância
Lembrando o fato de que os raios luminosos não são visíveis, a percepção de
luminosidade é decorrente da reflexão desses raios por uma superfície. Essa
luminosidade, então visível, é chamada de luminância, ou seja, é uma parte da luz
4
incidente sobre uma superfície que é refletida. O brilho observado é chamado de
luminância. Vale observar que o nível de reflexão é a relação entre o fluxo luminoso
incidente e o refletido pela superfície, que varia de acordo com a cor e a textura. Assim,
podem-se obter diversas luminâncias de uma mesma iluminância. Sua unidade de
medida é o candela por metro quadrado (cd/m²), sendo o candela um coeficiente de
intensidade luminosa.
2.1.5. Intensidade luminosa
Para análise da quantidade de lúmens que são emitidos por uma fonte luminosa, é
imprescindível que sejam feitas medições na direção a qual se deseja aferir, pois a fonte
luminosa nunca irradia a luz de maneira uniforme. Assim, cada direção possui um vetor e
o seu comprimento indica a intensidade luminosa, sendo, portanto, a medida da
percepção da potência emitida por uma fonte luminosa em uma dada direção. Sua
unidade de medida é a candela (cd).
2.1.6. Absorção e absortância
A absorção é a capacidade de transformação da energia radiante, em outra forma de
energia, quando incidente sobre um objeto devido à interação com a matéria que o
compõe, sendo, portanto, a parcela da luz absorvida por uma superfície. A absortância é
a razão do fluxo luminoso absorvido em relação ao fluxo incidente.
2.1.7. Contraste
É a diferença relativa de luminância de um objeto e seu entorno, que na realidade fazem
com que o objeto seja distinguível de outros e do plano de fundo. Em outras palavras, o
contraste é a diferença de aparência de duas ou mais matérias quando avaliadas pelo
observador.
2.1.8. Reflexão e refletância
Segundo Vianna & Gonçalves (2001), a reflexão é determinada como sendo o regresso
de uma radiação sobre uma superfície sem a alteração de sua constância
monocromática. A refletância, por sua vez, é a medida da fração retornada do fluxo
luminoso incidente sobre a superfície em determinada condição.
A reflexão luminosa é o alicerce da construção e utilização dos espelhos, tanto os planos,
como os esféricos. Têm função determinada na construção civil e na arquitetura como
elementos de decoração, mas também, elementos de trabalho utilizados para aumentar
5
espaços e obter mais luz para um espaço escuro. A reflexão é separada de três formas,
como é mostrado abaixo, na Figura 1.
Figura 01 - Formas de reflexão Fonte: Berti, 2009
I. Reflexão especular
Reflexão espelhada da luz em uma determinada superfície, no qual a luz de uma única
direção de entrada (vetor-raio) é refletida em uma única direção de saída (VIANNA &
GONÇALVES, 2001).
II. Reflexão difusa
Reflexão da luz a partir de uma superfície de tal forma que um raio incidente se reflete
em vários ângulos em vez de em apenas um ângulo tal como na ocorrência da reflexão
especular. Uma superfície difusa ideal iluminada refletindo terá igual luminosidade de
todas as direções em torno daquela superfície (VIANNA & GONÇALVES, 2001).
III. Reflexão mista
Reflexão parcialmente especular e parcialmente difusa (VIANNA & GONÇALVES, 2001).
6
2.1.9. Refração
É a alteração na propagação de uma radiação eletromagnética, acarretada pela mudança
de sua velocidade de propagação. Pode ocorrer quando a onda eletromagnética passa
através de um meio opticamente heterogêneo ou através de uma face que separa dois
meios distintos. A refração é separada de duas formas, conforme é mostrado na figura 2:
Figura 02 - Formas de refração Fonte: Berti, 2009
I. Refração Regular
Quando um feixe paralelo incide em meio transparente, ao refratar, ele continuará
paralelo (VIANNA & GONÇALVES, 2001).
II. Refração Difusa
Quando um feixe paralelo incide em meio translúcido, ao refratar, ele deixara de ser
paralelo (VIANNA & GONÇALVES, 2001).
2.1.10. Transmissão e transmitância
Transmissão é a passagem da onda eletromagnética por um meio sem a alteração de
freqüência de seus elementos monocromáticos. Já a transmitância é a medida da fração
do fluxo radiante ou luminoso incidente sobre a superfície que é conduzida através dessa
superfície.
2.1.11. Ofuscamento
Ofuscamento é o prejuízo ou a diminuição da capacidade de distinguir elementos ou
detalhes, dificultando o entendimento da mensagem visual e pode ser causado por
contraste excessivo ou a distribuição desfavorável das iluminâncias. Ocorre de maneira
direta: pela visão direta da fonte da luz; ou indireta: por reflexão.
7
O ofuscamento é uma sensação e, portanto, pode apenas causar desconforto visual, sem
necessariamente enfraquecer a visão dos objetos; as sensações de desconforto podem
ser distintas. Genericamente, os olhos se adaptam melhor a uma fonte luminosa grande,
que toma uma parte maior do campo de visão. O ofuscamento pode ser dividido em:
I. Ofuscamento direto
Acontece devido a uma fonte luminosa posicionada na mesma ou aproximadamente na
direção do objeto observado.
II. Ofuscamento indireto
Ocorre quando a uma fonte luminosa estabelecida numa determinada direção difere
daquela do objeto observado.
III. Ofuscamento por reflexão
Produzido por reflexões especulares derivadas de fontes luminosas, especialmente
quando as representações refletidas surgem na mesma ou aproximadamente na direção
do objeto analisado.
Figura 03 - Tipos de ofuscamento 1 Fonte: Berti, 2009
2.1.12. Fator de luz diurna
Para se conceituar o Fator de Luz do dia (FLD) conforme Cábus (1997), pode se dizer
que é a contribuição de iluminação natural absorvida no interior de um ambiente. Esta
consideração foi criada para contornar o problema da variabilidade da disponibilidade da
luz natural, expressando os valores internos através de valores percentuais em relação
8
aos níveis externos, ponderando que a quantidade de luz disponível em um ponto interno
de uma edificação altera proporcionalmente em relação à luz disponível externamente.
Hopkinson et al. (1975) apud. Cabús (1997) descrevem este fator como:
“O Fator de Luz do Dia é uma medida da iluminação natural em um
ponto de um dado plano, expressa como uma relação da iluminação no
plano dado e no ponto em causa, com a iluminação exterior imultânea
em um plano horizontal proveniente da totalidade de um céu não
obstruído com uma distribuição de luminâncias suposta ou conhecida. A
luz solar direta exclui-se de ambos os valores de iluminação (interior e
exterior).” (Cábus,1997, pg.155)
O Fator de Luz Diurna (FLD) é admitido como constante para cada um dos pontos do
espaço, sendo analisado como um céu com repartições de luminâncias constantes e
iguais em relação ao azimute (céu encoberto), ou seja, o FLD não depende da
orientação, da hora do dia ou do dia do ano, dependendo exclusivamente da localização
(latitude e longitude) do lugar ao qual pertence (Tavares et al., 2007 apud. Berti, 2009).
Segundo a norma brasileira de iluminação natural (NBR 15215-3, ABNT 2005) o FLD é
descrito como:
“[...]a razão entre a iluminância Ep, num ponto localizado num plano
horizontal interno, devido à luz recebida direta ou indiretamente da
abóbada celeste, com uma distribuição de luminâncias assumida ou
conhecida e a iluminância simultânea Ee num plano externo horizontal
devido à uma abóbada celeste desobstruída[...]” (ABNT NBR 15215-3,
2005, pg. 5)
O conceito de Fator de Luz do Dia foi desenvolvido para cálculo sob condição de céu
totalmente encoberto, com isso, o FLD apresenta-se como um valor constante durante
todo o ano, independente da orientação das aberturas. Por conseguinte, o FLD que é
comumente expresso em porcentagem, evidenciando a quantidade de luz disponível
internamente em relação à luz externa, pode ser empregado como critério de
comparação para analisar o desempenho entre distintas alternativas de edificações.
Estes valores do FLD podem ser multiplicados pelas disponibilidades de luz aferidas para
diversas épocas do ano, sob condição de céu encoberto e com isso, obter os valores de
iluminância nos ambientes internos da edificação (CÁBUS, 1997).
Alguns estudos realizados nos Estados Unidos sugerem uma metodologia de cálculo do
FLD sob condição de céu claro (Robbins et al., 1986 apud. Cabús, 1997). Nesta
9
qualidade, o FLD irá modificar de acordo com a hora do dia, a época do ano e a
orientação da abertura. Em nenhum dos dois casos, céu encoberto e céu claro, a
contribuição da luz direta do Sol é ponderada nos cálculos (CÁBUS, 1997).
2.2. Iluminação natural
2.2.1. Importância da luz natural nas edificações
A importância do uso da iluminação natural nas edificações relaciona-se com a
característica e qualidade da luz, a comunicação com o exterior, a conservação da
energia, bem como economia.
A história da Arquitetura é acompanhada pela utilização da luz natural em edificações
como fonte de iluminação. Sua apresentação é considerada, de acordo com Moore et al.
(1991, apud. Cabús, 1997), sinônimo de limpeza, pureza e sabedoria. (IES
DAYLIGHTING COMMITTEE et. al., 1979, apud. Cábus, 1997), por sua vez certifica que
a iluminação natural de acordo com a história sempre foi uma prestigiosa força na
acepção de formas arquitetônicas.
Nos últimos anos, quando se começou a falar mais metodicamente sobre conservação e
racionalização do uso da energia elétrica nos edifícios, o aspecto da inserção da luz
natural como fonte de iluminação passou a adquirir importância cada vez maior. A
eficiência da iluminação natural nas edificações pode ser vinculada a uma boa relação de
parâmetros arquitetônicos, como as aberturas projetadas nas edificações, definindo a
área e o espaço que irão ocupar nas fachadas e nas coberturas das residências
facilitando a passagem e a dispersão do iluminância nos ambientes.
As fontes de luz natural podem ser divididas em duas categorias: recurso direto (luz do
sol e da abóbada celeste) e recurso indireto (luz refletida). Assim sendo, a iluminância
que chega a um dado ponto pode ter recebido o aporte da radiação direta, difusa ou de
ambas, dependendo das circunstâncias do local aonde se encontra o objeto analisado.
Para o diagnóstico de todas as variáveis que interferem na iluminação natural é
imprescindível à concepção deste princípio básico (PEREIRA, 2006).
A deliberação por parte do projetista em usar a iluminação natural em edificações deve
ser tomada levando-se em conta todas as particularidades da luz solar, ponderando-as
de acordo com sua importância, como projetar-se um sistema de iluminação natural
fornecido essencialmente pela fonte secundária da abóbada celeste, evitando a
incidência direta de a luz solar nos ambientes, pois a luz do sol em excesso, sem nenhum
10
iluminação zenital ' L
tipo de atenuamento, pode causar distintos sintomas de desconforto visual aos ocupantes
como perda ou redução da capacidade de distinguir objetos ou detalhes (BERTI, 2009).
Outro aspecto importante nos projetos arquitetônicos é que segundo Pereira (2006), a luz
natural colabora para o aumento da carga térmica nos ambientes, e com o objetivo de
aprimorar o desempenho ambiental das edificações é necessário analisar a participação
da luz natural sob o ponto de vista térmico e luminoso.
2.2.2. Sistemas de iluminação natural
A luz sempre foi essencial como fonte de energia para o desenvolvimento das mais
distintas atividades da humanidade, é ela que desponta a forma e o espaço da matéria.
Sendo assim, o homem sempre tentou trazer para dentro de sua moradia e demais
edificações a luz natural. Para tanto, se usa como um dos recursos para tal, a iluminação
zenital, que consiste em aberturas localizadas na cobertura de uma edificação (cobertura
translúcida, cúpulas, clarabóias, domos, lanternim, sheds, dentre outros) e/ ou iluminação
lateral (janelas, porta janelas em terraços, paredes translúcidas e cortinas de vidro).
A integração da luz artificial com diferentes sistemas de iluminação natural pode fornecer
melhores resultados em termos de redução no consumo de energia nas edificações.
Segundo Amorim et. al. (2002, apud. Pereira, 2006), os sistemas para a luz natural
empregam a luz do zénite e do céu de modo eficaz, guiando-a com mais
profundidade e uniformidade para o interior das edificações. A percepção dada à
iluminação em qualquer projeto tem de ser única, assim como, utilização dos
sistemas de iluminação natural deve ser minuciosamente estudada e projetada
juntamente com o sistema de iluminação artificial, para que efetivamente
resultem em um projeto sustentável, nos termos de eficiência energética, tendo
em vista os elevados gastos em iluminação artificial nas edificações.
As técnicas de iluminação para um ambiente qualquer dependem de qual atividade
específica será realizada neste local, assim como das necessidades dos usuários. Os
principais critérios para uma boa iluminação são garantir os níveis mínimos e a
uniformidade da luz em todo espaço tendo como diretriz a norma da ABNT (2005), assim
como, evitar o ofuscamento que pode ser ocasionado pela incidência direta do sol no
ambiente. Outra estratégia importante é a economia de energia através de um correto
aproveitamento da luz natural, sem prejudicar os níveis mínimos demandados para a
tarefa visual desempenhada e garantindo o conforto ao usuário (DIDONÉ, 2009).
11
O conceito de iluminação natural envolve o aproveitamento de todos os componentes
internos e externos a uma edificação que podem ser beneficiados pelo uso da luz natural.
Os dois objetivos primordiais de um bom projeto de iluminação natural são proporcionar
luz suficiente para uma tarefa visual eficaz e assegurar um ambiente luminoso confortável
e apropriado ao seu fim, além de representar economia de energia na edif icação. Uma
boa iluminação natural no interior de um edifício depende das dimensões internas do
ambiente, da distribuição das aberturas, e do tipo de esquadria utilizada (PEREIRA,
2006).
Um sistema de iluminação natural é composto pela fonte de luz, direta ou indireta do sol e
do céu, pelas aberturas no edifício com os seus elementos de sombreamento, filtros,
assim como pelas superfícies interiores de reflexão do ambiente.
A escolha do sistema de iluminação natural adequado é crucial para um bom
desempenho da edificação, deve levar em conta a forma e a disposição dos ambientes
que compõem o edifício, a integração da iluminação natural com a iluminação artificial, o
tipo de tarefa visual a ser executada, o conforto do usuário nos ambientes, bem como
condições de ordem econômica e tecnológica, assim como, aspectos relativos ao clima
local, conforme a Figura 04 (CÁBUS, 1997).
Figura 04 - Principais variáveis que interferem na iluminação natural Fonte: Vianna e Gonçalves, 2004
12
Podem-se classificar os sistemas de iluminação natural em lateral e zenital. Existe
também, a possibilidade da união das caracteristicas desses dois sistemas formando o
átrio, que configura-se por um espaço central, com iluminação zenital na cobertura que
serve para a captação e distribuição da luz nas aberturas laterais em edifícios de múltiplos
andares. A geometria e proporção do átrio estabelecem a quantidade de luz direta captada
por este sistema (PEREIRA, 2006).
A iluminação lateral é mais adequada às regiões próximas às janelas, porém como a
iluminância produzida reduz-se à medida que se afasta da fonte, este sistema provoca
uma distribuição de iluminâncias inadequada na maioria dos casos. Por sua vez, a
iluminação zenital fornece, em geral, uma maior uniformidade na distribuição da luz sobre
o campo de trabalho, quando comparada a sistemas laterais com mesma área de
abertura. Além disto, sua capacidade em captar a radiação luminosa, quer do sol, quer da
abóbada celeste é outro aspecto a ser ressaltado. No entanto, não fornece uma visão do
entorno, necessidade básica na grande maioria dos ambientes. Somado a essa questão,
outro problema dos sistemas zenitais é a limitação do seu uso em edificações de mais de
um pavimento ou ambientes de cobertura (CABÚS, 1997).
2.2.3. Iluminação lateral
As aberturas transparentes ou translúcidas que conformam a iluminação lateral incluem
os seguintes sistemas básicos: janelas simples, janelas com brises horizontais, janelas
com brises verticais, janelas com persianas, janelas com prateleiras de luz, janelas com
grelhas reflexivas, paredes e portas translúcidas ou de vidros, entre outros. A iluminação
unilateral tem como característica mais definida a não uniformidade de sua distribuição
de luz pelo espaço. Nota-se que a iluminância próxima às aberturas tem valores muito
elevados que decrescem velozmente em compasso com o afastamento das mesmas
(Pereira, 2006).
A iluminação natural lateral é a mais empregada nas edificações. Uma boa iluminação
lateral se baseia na adequada localização das janelas em relação ao interior e nas
características que cada tipo de fechamento tem, analisados do ponto de vista
luminotécnico. Uma característica marcante da iluminação lateral é sua diversidade em
termos de distribuição pelo local. Nos ambientes iluminados lateralmente, o nível de
iluminância diminui velozmente com o aumento da distância da janela, ocasionando uma
iluminação desigual, especialmente em ambientes muito profundos, onde as áreas
próximas à janela são bem iluminadas, enquanto a poucos metros adiante o ambiente
pode se mostrar bastante sombrio (Pereira et. al., 1993, apud. Didoné, 2009).
13
A eficiência de uma abertura num ambiente pode ser dividida em quatro grandes grupos:
insolação, visualização do ambiente externo, ventilação e iluminação natural. Os recentes
avanços tecnológicos ajudaram a fazer da janela um aliado nos esforços para conservar
a energia elétrica com o uso da luz natural. Usadas corretamente, as janelas podem
minimizar os ganhos solares não desejados no verão e as perdas de calor no inverno,
sem perda da iluminação natural (Mills et. al., 2005, apud. Didoné, 2009).
Um bom projeto arquitetônico leva em consideração o tipo de função que irá ser realizada
naquele espaço, assim como, utiliza-se de distintos recursos que podem ser utilizados
para melhorar a penetração da luz no ambiente atenuando de forma estratégica na
iluminação natural dos ambientes. Caso seja uma circulação, por exemplo, onde não é
um pré-requisito a uniformidade, devido a curta permanência, não são necessárias
estratégias adicionais para sanar o problema. Porém, no caso de ambientes em que a
uniformidade seja pré-requisito, deve-se dispor de janelas com altura maiores, utilizar o
recurso da reflexão em sistemas conhecidos como prateleiras de luz. Estes sistemas
redirecionam a luz direta do Sol para superfícies como o forro e paredes que, por sua
vez, através da reflexão, distribuirão a luz pelo ambiente, evitando a incidência direta no
plano de trabalho e permitindo uma penetração mais proporcional no ambiente e menos
“agressiva” ao usuário. A utilização de elementos de sombreamento externos como os
brise-soleils, beirais, varandas, entre outros, ajuda a diminuir a desuniformidade da
iluminação unilateral através da diminuição da iluminância em áreas próximas às
aberturas (PEREIRA, 2006).
As janelas são os sistemas de iluminação natural mais comumente utilizado nos projetos
que permite a entrada de luz nos ambientes, sendo definidos como uma abertura lateral
de vedação arquitetônica. Sua eficiência, no entanto, depende do tipo de material do
elemento de vedação (geralmente utiliza-se o vidro) e da escolha das dimensões da
abertura, tendo ainda uma perda considerável e proporcional da iluminância à medida
que aumenta a distância da mesma (BERTI, 2009).
As janelas podem ser contínuas ou descontínuas posicionadas em diferentes alturas na
parede. As janelas contínuas proporcionam uma iluminação mais uniforme nas regiões
próximas às aberturas do que as descontínuas. Janelas posicionadas mais altas nas
paredes propiciam uma penetração mais profunda da luz, melhorando a uniformidade e
diminuindo o ofuscamento quando não estão situadas na linha de visão. Este é o caso
das janelas altas e estreitas. Esta tipologia permite uma maior privacidade. Quanto mais
baixa a janela estiver situada maior a iluminância próxima da mesma, diminuindo a
uniformidade e com maior risco de ocorrência do ofuscamento. Apesar destes
14
inconvenientes, esta tipologia é a mais utilizada, pois permite o contato dos ocupantes
com o meio externo, proporcionando enormes benefícios para os mesmos. Ambientes
com duas ou mais janelas possuem uma distribuição da luz mais equilibrada do que
aqueles que possuem apenas uma abertura (PEREIRA, 2006).
A principal função de uma abertura é a de proporcionar aos ocupantes o contato visual
com o mundo exterior e permitir que a luz penetre no interior de um edifício em tal
quantidade e com tal distribuição que resulte em uma iluminação interior satisfatória.
Dentro de certos limites, quanto maior for à área de uma abertura, maior será a
quantidade de luz recebida no interior do ambiente. Embora a janela permita a
penetração da luz do dia, não é exclusivamente dela que dependem a quantidade e a
qualidade da iluminação interior. É uma função do tamanho, formato e disposição das
janelas, mas também das propriedades refletoras das superfícies interiores,
representando todos estes elementos uma significativa contribuição para a iluminação
interna (Hopkinson et al., 1975, apud. Didoné, 2009).
2.2.4. Iluminação Zenital
A iluminação zenital é relacionada por aberturas situadas nas coberturas das edificações,
utilizadas nomeadamente em ambientes de grandes profundidades. A iluminação zenital,
segundo Robbins et. al. (1986, apud. Cabús, 1997), é aquela onde a luz natural adentra
no ambiente através de aberturas posicionadas no teto, as quais comumente fazem parte
da cobertura da edificação.
Devido à vinculação das condições externas, tanto a iluminação zenital quanto a lateral,
não se tem luz suficiente para todo o tempo diário de iluminação, além de em dias
nublados e chuvosos a quantidade de luz que chega até o usuário, reduz-se
consideravelmente, fazendo com que se utilize iluminação artificial. Já que não é possível
dominar o sol, faz-se necessário o controle deste através de sua transmissão e
distribuição. Assim sendo, como a luz direta deve ser evitada no plano de trabalho, a luz
proveniente de fonte zenital pode ser redirecionada, por exemplo, através de placas
sombreadoras e refletidas, tirando partido de elementos refletores da luz, como as
paredes.
As principais características da iluminação zenital são, segundo Gonçalves (2001):
“Maior uniformidade de distribuição da luz, visto que as aberturas podem
estar uniformemente distribuídas pela cobertura; quanto maior o pé-
direito do espaço, maior a tendência de uniformidade da luz; devem ser
15
utilizados preferencialmente para espaços com grandes dimensões,
inclusive em relação ao pé-direito; possuem o custo inicial mais alto e
necessitam de maiores cuidados de manutenção; deve-se atentar para
os problemas térmicos provenientes desta tipologia, pricipalmente
àquelas com superfícies iluminantes horizontais.” (Gonçalves, 2001, pg.
102)
A combinação da janela com a abertura zenital pode controlar a quantidade e melhorar a
distribuição de luz natural no espaço. Os sistemas para a luz natural que utilizam a luz do
zênite e do céu de maneira eficiente, e a guia com mais profundidade e uniformidade
para o interior dos ambientes. Podem ter o mesmo efeito de abrigo solar que
normalmente se consegue com os dispositivos de sombreamento externo, amortizando
as temperaturas internas devido à diminuição da carga térmica. Além disso, estes
sistemas podem reduzir os custos de energia para a luz artificial e possibilitam maior
liberdade de disposição nos locais de trabalho (DINONÉ, 2009).
A distribuição de luz no interior de um local iluminado zenitalmente dependerá da forma
dos elementos zenitais seguidos no projeto, as quais, segundo Gonçalves (2001) podem
ser divididas em:
I. Sheds
O shed é caracterizado por telhados em forma de dentes de serra (faces de pouca
inclinação alternadas com outras quase verticais), essa tipologia fornece uma iluminação
em torno de três quartos do valor obtido com a mesma superfície iluminante localizada
continuamente sobre um teto horizontal, pois, para proporcionar iluminação e ventilação
precisam ser guarnecidos com caixilhos ou com algo que possibilite essas funções,
impedindo a penetração de chuvas. Esse sistema é muito utilizado em fábricas,
especialmente quando não é possível obter luz lateral, ou está deficiente pela excessiva
largura do corpo do edifício.
II. Lanternins
O lanternim, abertura na parte superior do telhado, ideal para se conseguir boa
ventilação, já que, permite a renovação contínua do ar pelo processo de termossifão
resultando em ambiente confortável.
16
III. Teto de dupla inclinação
O teto de inclinação dupla que contém superfícies iluminantes possui quase a mesma
eficiência de um teto horizontal com superfícies envidraçadas, é da ordem de 90% de
eficiência, todavia, normalmente está associado a grandes ganhos térmicos.
IV. Clarabóias
Esta tipologia requer maior manutenção devido à posição mais horizontal da superfície
iluminante. Deve-se ter cautela quanto à questão térmica, pois essas podem promover
um aumento desagradável da temperatura do ambiente construído. Existem também as
Clarabóias tubulares, que são domus com tubos reflexivos que conduzem a luz natural da
cobertura até o ambiente a ser iluminado, recomendado usar em áreas que possuem a
cobertura com certa profundidade e em retrofits e espaços existentes.
V. Cúpula
Uma cúpula (ou domo) é uma abóbada hemisférica ou esferóide. Se a base é obtida
paralelamente ao menor diâmetro da elipse, resulta-se em uma cúpula alta, dando a
sensação de um alcance maior da estrutura. Se a seção é feita pelo maior diâmetro o
resultado é uma cúpula baixa.
Chicheerchio et. al. (1978, apud. Cabús, 1997) ressalta que a deliberação pelo uso da
iluminação zenital pode ser assumida tanto por aspectos objetivos, quanto subjetivos, em
função do efeito que se espera obter. Em muitos casos, em conseqüência das limitações
dos demais conceitos, representa a única solução. A otimização da relação entre o ganho
de luz e de calor, para circunstâncias que variam a cada dia e a cada estação. Rogers et.
al. (1964, apud. Cabús, 1997) por sua vez, lembra as dificuldades num projeto de
coberturas, devido a necessidade de se levar em conta diversos fatores independentes
entre si, como a transferência de calor, a iluminação e até infiltrações de água.
A vantagem da iluminação zenital é oferecer maior uniformidade e maior iluminância
média sobre a área de trabalho do que uma superfície iluminante lateral, sendo a zenital
indicada para locais profundos e grandes espaços contínuos.
Dentre as desvantagens do uso de aberturas zenitais, o Energy Research Group et. al.
(1994, apud. Cabús, 1997) levanta que, confrontadas com janelas verticais, elas coletam
mais luz e calor no verão que no inverno, normalmente o inverso do que seria esperado.
No entanto, Lam et. al. (1986, apud. Cabús, 1997) adverte que essa diferença entre as
estações em regiões equatoriais é pequena, portanto, não podendo ser considerado esse
17
fato. Em regiões de alta latitude, devem-se adotar sistemas de clarabóia, dente-de-serra
ou lantemim; os quais podem ser direcionados para a orientação mais apropriada. Caso o
sistema de abertura seja composto por um envidraçamento transparente, o ofuscamento
se torna outro problema na edificação.
Esse problema reduz-se com o uso de meios de transmissão difusos ou com a obstrução
da insolação direta Courret et al. (1994, apud. Cabús, 1997) apresentam um conceito de
iluminação zenital, denominado anidólico, que garante uma proteção total contra a
radiação direta do sol, permitindo a penetração da luz difusa da abóbada celeste, através
do uso de elementos parabólicos reflexivos, que selecionam a entrada da radiação
luminosa no ambiente interno. Outra limitação exacerbada por Lam e Robbins et. al.
(1986, apud Cabús, 1997) é o seu uso limitado em edificações com vários pavimentos,
uma vez que pode apenas iluminar um ou dois andares, para outras situações tomam-se
imperiosos sistemas de átrios e pátios de iluminação natural, por essa e outras razões.
O átrio é uma tipologia de iluminação natural que convenciona características dos sistemas
laterais e zenitais. Conformar-se por um espaço central de uma edificação, com iluminação
zenital na cobertura que convém para a captação e distribuição da luz principalmente em
edifícios de múltiplos de andares (PEREIRA, 2006).
Em edifícios comerciais e residenciais de antigamente, a maior função do átrio era levar
um pouco do ambiente externo, através da iluminação natural para as áreas destinadas à
circulação de pessoas. Atualmente o átrio faz parte de uma arquitetura típica de prédios
comerciais, como por exemplo, em centros de compras (BERTI, 2009).
A geometria e proporção do átrio instituem a quantidade de luz direta captada por este
sistema, se ele possuir a altura maior do que a largura, a contribuição de luz direta recebida
nos pavimentos inferiores será muito pequena e, por isto, as paredes laterais do ambiente
central devem ter alta refletividade para aumentar a iluminância nas partes mais baixas dos
edifícios (PEREIRA, 2006).
De acordo com o tratamento da superfície destas paredes laterais, será definida a
contribuição da repartição da luz por reflexão, fechamentos envidraçados amortizam a
quantidade de luz refletida, por isto eles devem ser reduzidos de acordo com a
necessidade mínima de luz em cada pavimento. As formas escalonadas propiciam uma
boa repartição da luz no ambiente da edificação (PEREIRA, 2006).
18
2.3. Métodos de avaliação da luz natural nos ambientes internos
Apresentam-se a seguir os procedimentos de cálculo para a determinação da iluminação
natural em espaços internos, baseados conforme a NBR 15215-3 (ABNT, 2005).
A amplitude e a distribuição da luz no ambiente interno dependem de um conjunto de
variáveis, tais como: disponibilidade da luz natural (quantidade e distribuição variáveis
com relação às condições atmosféricas locais), obstruções externas, tamanho,
orientação, posição e detalhes de projeto das aberturas, características óticas dos
envidraçados, tamanho e geometria do ambiente e das refletividades das superfícies
internas.
As decisões mais críticas para um bom projeto de iluminação natural são tomadas nas
etapas iniciais do projeto, assim como, para maximizar suas vantagens e reduzir custos é
ideal tirar proveito e controlar a luz disponível em cada ambiente. O critério para a análise
da iluminância em ambiente onde os usuários ocupam posições fixas durante longo
período do dia, deve ser distintas daquelas onde pessoas transitam livremente nas
direções das aberturas ou paralelo a elas; em alguns ambientes é recomendada uma
iluminação variada em outros e desejável uniformidade.
Para quantificar a iluminação natural nos espaços internos não se utiliza de um
conjugado de valores absolutos, mas um conceito de a iluminação natural interna num
dado local como uma porcentagem da iluminação externa.
“A figura mais conhecida para esta medida é o “Daylight Factor – DF”,
recomendada pela CIE – Commission Internationale de I’Eclairage,
definido como a razão entre a iluminância Ep num ponto – localizado
num plano horizontal interno, devido a luz recebida direta ou
indiretamente da abóboda celeste, com uma distribuição de luminâncias
assumida ou conhecida – e a iluminância Ee num plano externo
horizontal, devida à uma abóboda celeste desobstruída, conforme a
seguinte expressão: DF=Ep/Ee *100%”
2.3.1. O hemisfério unitário e o principio do ângulo solido projetado
Para consigná-la da distribuição espacial da luz que chega a qualquer ponto P em um
plano horizontal, é apropriado considerar o ponto envolvido por um hemisfério de raio
unitário. Círculos de raios de azimute auxiliam a definir a direção do ponto P para cada
ponto no hemisfério e a direção de qualquer ponto no espaço interno ou externo, (Figura
05).
19
Figura 05 - Hemisfério de raio unitário e sua projeção no plano horizontal Fonte: ABNT NBR 15215-3, 2005
Para a computação da iluminação determinada num ponto P por uma abertura, produz-se
a projeção radial da abertura sobre um hemisfério de raio unitário centrada num ponto P
e obtém-se dS, um componente do hemisfério, conforme a Figura 06. Em P a área dS vai
acobertar o mesmo ângulo sólido que a abertura.
Figura 06 - Princípio do ângulo solido projetado Fonte: ABNT NBR 15215-3, 2005
“Caso P esteja num plano horizontal e β seja o ângulo entre a vertical e
a direção de dS e L seja a luminância do céu visível através da
cobertura, a iluminância em P será calculada pela seguinte expressão:
dE = L * dS * cos β
Caso a projeção ortogonal de S no plano horizontal seja Q:
20
Q = dS * cos β
Substituindo expressão 2 em 1, tem-se:
dE = L * dQ
e integrando a expressão acima obtém-se, de modo simplificado:
E = ʃ L * dQ
Como a iluminância E é proporcional a projeção horizontal dQ, é possível
a utilização de métodos de representação gráfica que relacionem a
geometria e distancia dos objetos ao ponto de referencia.” (ABNT – NBR
15215-3, 2005, pg.06)
2.3.2. Procedimento de calculo: Método do fluxo dividido - considerações
O método do fluxo dividido fundamenta-se na consideração de múltiplos caminhos
através dos quais a luz natural pode alcançar um ponto no interior de uma edificação.
Distinguem-se três caminhos básicos resultantes da divisão do fluxo luminoso admitindo
em três componentes, (Figura 07).
Figura 07 – Fontes de luz natural que alcançam a edificação Fonte: ABNT NBR 15215-3, 2005
a) CC – Componente do céu: luz que obtém um ponto do ambiente interno
derivado absolutamente do céu;
b) CRE – Componente refletida externa: luz que alcança um ponto do
ambiente interno após abranger refletido em uma superfície externa;
c) CRI – Componente refletida interna: luz que obtém um ponto do ambiente
interno exclusivamente após ter sofrido uma ou mais reflexões nas superfícies
internas.
21
CAPÍTULO 3 - MÉTODO E MATERIAIS
3.1. LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa foi realizada em uma edificação escolar típica do Estado de Mato Grosso,
conforme SEDUC (2009), localizada na região Norte de Cuiabá, e possui as seguintes
coordenadas geográficas no centro do pátio 53º03‟ O; 15º33‟ S.
O clima da cidade predominante é do tipo tropical semi-úmido, sendo a sua principal
característica a presença constante de temperaturas elevadas e sol intenso durante o dia.
A escola possui fachada principal orientada para direção Sudeste, localizado com altitude
de 233m, (Figura 08).
Figura 08 – Localização da escola no perímetro urbano de Cuiabá
Fonte: Durante, 2012
22
A escolha da edificação escolar para a realização do trabalho foi uma opção para a
extensão da pesquisa de Durante (Desempenho termoenergético de edificações
escolares – 2012), com ênfase na iluminação natural. Utilizaram-se os dados das
medições para garantir a validade dos resultados da simulação computacional.
As amostras consistiram de duas salas de aula, uma protegida parcialmente e a outra
exposta aos raios solares, conforme mostra a Figura 09, onde se visualiza também a
implantação da edificação escolar no terreno, assim como sua identificação conforme sua
condição de exposição sem sombreamento (sl) e com sombreamento (sb).
Figura 09 – Posição relativa da edificação escolar e da sala sem sombreamento (sl) e na condição de sombreamento arbóreo (sb)
Fonte: Durante, 2012
O sombreamento da sala era resultado de algumas unidades arbóreas na lateral, e o
ponto de referência para a posição relativa da sala sem sombreamento foi o pátio central.
Em relação à posição relativa das salas nos blocos da edificação escolar, a sala
sombreada (sala sb) ocupou posição ligeiramente deslocada da sala sem sombreamento
(sala sl).
3.2. MATERIAIS
A edificação escolar constitui-se de blocos horizontais paralelos entre si, distribuídos a
esquerda e a direita de uma circulação central que se inicia no acesso principal da
escola. Entre os blocos, formam-se espaços livres e há um pátio central principal entre o
23
primeiro e segundo bloco à direita da circulação central. O sistema estrutural é em
concreto armado, com pórticos a cada 3,00m portando balanços de 1,25m. Esses
balanços formam beirais que desempenham a função de circulação coberta para as
salas.
As salas medem 6,0 x 8,0m, possuem forros em laje com pé-direito de 2,9m. São
providas de iluminação natural oriundas das janelas de peitoris baixos (0,90m) e altos
(2,10m) nas paredes laterais (Figura 09).
A altura total da edificação é de 3,78m e os vãos das telhas de fibrocimento Canalete 90
no sentido longitudinal permitem a ventilação do ático (Figura 10).
Figura 10 – Sala de aula com iluminação lateral por janelas baixas e altas Fonte: Durante, 2012
As paredes são de bloco cerâmico de oito furos rebocados em ambas as faces, cobertura
em telha de fibrocimento, modelo Canalete 90, espessura de 8 mm, forro em laje,
esquadrias de chapa metálica com vidros 4mm e piso em granilite. Os valores adotados
no projeto para as cores são os relacionados nas especificações da Tabela 01.
Tabela 01 – Cores das texturas das salas de aula
24
Conforme Durante (2012), fez-se o inventário do sombreamento arbóreo, identificando as
espécies, projeção da copa e altura (Tabela 02). Na Tabela 03 são apresentadas as
posições das unidades arbóreas relativamente às fachadas da sala.
Tabela 02 – Inventário das unidades arbóreas de sombreamento (UA) das salas
Tabela 03 – Posições relativas das unidades arbóreas de sombreamento
Dentre os diversos tipos de softwares disponíveis atualmente no mercado para a
realização de pesquisas envolvendo aspectos quantitativos e qualitativos da luz, foi
escolhido o ReluxPro, um software totalmente traduzido para o português, além de ser
gratuito disponível para Download na internet. Este programa é simples e intuitivo de
usar, garantindo assim um planejamento de forma eficiente. Com mais de 300.000
luminárias e sensores disponíveis, os tornam um dos melhores softwares para o uso no
planejamento de trabalho, com procedimento Raytracing, ou seja, a luz é representada
por feixes de raios que permite gerar imagens profissionais para o projeto, simulações
com avaliação de luz e cores em imagens, assim como, fazer uso dos resultados de
cálculos dos aspectos qualitativos e quantitativos da luz. No trabalho foi executada a
simulação computacional da luz natural em salas de aula de Cuiabá/MT por meio de
gráficos e planilhas nos cálculos do software.
25
3.3. MÉTODO
3.3.1. Variáveis características da simulação do software ReluxPro
Foram apontados três pontos da sala dispostos em posições estratégicas, também foram
levantados todos os materiais e texturas que representam o ambiente interno da sala de
aula sem sombreamento (Figura 11), conforme Durante (2012).
Figura 11 – Planta baixa da sala sem sombreamento arbóreo Fonte: Software ReluxPro
26
Juntamente com a modelagem da sala sem sombreamento foi feita a modelagem da sala
com sombreamento, com os mesmos materiais e texturas, porém, com a inclusão da
representação do sombreamento arbóreo (Figura 12).
Figura 12 – Planta baixa da sala com sombreamento arbóreo Fonte: Software ReluxPro
27
A modelagem do sombreamento arbóreo foi definido por tentativas na calibração da
simulação, assim, foi escolhido um modelo fornecido pelo software, com características
de grande porte e copa compacta. Foram utilizados 3 árvores idênticas dispostas em um
eixo paralelo a sala de aula, à uma distância média de 6 metros do tronco a fachada.
O modelo apresenta uma largura de 12 metros perpendicular à fachada e 11 metros de
largura paralela à fachada, o fuste possui comprimento de 3,98 metros e a copa com 8,06
metros, totalizando uma altura total de 12,04 metros. Para corresponder à realidade do
local, os modelos arbóreos foram alocados lado a lado, com as copas se entrelaçando
em média de 6 metros.
3.3.2. Componentes dos resultados de Cálculo ReluxPro
O ReluxPro dispõe de diversas opções e variáveis que interferem nos resultados da
iluminação dentro de um ambiente interno ou externo. A Figura 13 representa o gestor de
cálculos do software.
Figura 13 – Gestor de cálculos – Divisão 1 Fonte: Software ReluxPro
28
Nessa etapa do projeto são inseridos os dados referentes ao cenário de simulação da
luz. Têm-se diversas opções de tipos de iluminação: luz artificial, luz natural, iluminação
de emergência, sensores, gráficos de altitude solar, e tem-se a opção de interpolar todas
elas. Após a escolha da iluminação ao qual irá simular, entra-se com os dados referentes
ao cenário da edificação.
Calculando totalmente a malha da área de medição à 0,75m do piso, no plano de
referência da visão de estudos dos alunos, a malha foi dividida a cada 10 cm no plano
horizontal aonde os alunos abrangem sua visão de trabalho.
Realizou-se uma simulação para cada hora do dia, para sala com e sem sombreamento
arbóreo, das 06h00min do período da manhã até as 18h00min do período da tarde,
executando assim, um total de vinte e quatro simulações.
O gestor de cálculos do Reluxpro apresenta os resultados da simulação em diversas
etapas e planilhas, com isso se obtém um melhor resultado nos aspectos quantitativos e
qualitativos da luz, com uma adequada calibração equivalente aos dados reais.
3.3.3. Calibração dos dados simulados
O levantamento dos aspectos quantitativos e qualitativos da iluminação natural no
ambiente escolar foi realizado por meio de sensores instalados nas salas de aulas e no
pátio do lado de fora do bloco da edificação escolar, conforme Durante (2012), das quais
o dia 30/12 foi a data escolhida para a realização da simulação da luz natural no
ambiente interno das salas, esta que por sua vez estava em um dia de céu limpo,
facilitando a calibração dos dados e aspectos da iluminação natural.
Obteve-se uma planilha completa da iluminância, nos pontos (P11, P12, P13) conforme a
Figura 14, no ambiente interno da sala de aula, e assim fez-se a comparação dos dados
da simulação e medição nas condições de iluminância com e sem sombreamento
arbóreo.
Nos mesmos pontos, de medição de Durante (2012) no interior das salas, foram
investigados os valores da iluminância no software ReluxPro. Primeiramente realizou
diversas tentativas nas simulações, com alternância das texturas do cenário da sala e
mudança de dados para realização dos cálculos, até se obter a melhor calibração dos
dados simulados com o real. Com isso obteve-se um conjunto de dados dos aspectos
qualitativos e quantitativos da luz.
29
Figura 14 – Relação entre posição e nomenclatura dos pontos de medição
Fonte: Durante (2012)
As janelas baixas (J1) e altas (J2) possuem peitoris de 0,90 e 2,10m, com alturas de 0,84
e 1,20m, respectivamente.
Para a melhor calibração dos dados da simulação computacional optou-se por iluminação
totalmente natural, com céu limpo conforme CIE, ou seja, o céu é azul e o disco solar é
quase branco, na data de 30/12 conforme (Durante, 2012), com a quantidade máxima de
16 reflexões, parâmetro essencial para o resultado da simulação.
Os valores obtidos na simulação computacional por tentativas de adequação dos dados
inseridos no programa ReluxPro, foram calibrados em relação aos valores das medições
de Durante (2012).
Para análise comparativa dos efeitos do sombreamento arbóreo nos níveis de iluminância
foi utilizado à análise técnica de linha de tendência R², a linha de tendência é uma linha
formada por mínimos relativos consecutivos ou por máximos relativos consecutivos.
A linha de tendência serve para análise técnica que serve para verificar se existe relação
entre duas ou mais variáveis. O diagrama de dispersão mostrará que a correlação será
tanto mais forte quanto mais próxima estiver o coeficiente de –1 ou +1, e será tanto mais
fraca quanto mais próxima o coeficiente estiver de zero.
30
CAPÍTULO 4 - ANÁLISE DOS RESULTADOS
Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos neste trabalho bem como uma
análise e interpretação dos mesmos, através das metodologias descritas no capítulo
“Método e Materiais”. Em se tratando de um trabalho de caráter exploratório de
tentativas, a análise de resultados consiste no repasse sintético das informações
adquiridas nas fontes de medições de Durante (2012) e na calibração dos dados das
simulações computacionais, sempre respeitando os critérios e métodos descritos no
capítulo 3.
4.1. Simulação computacional e medições in loco
A simulação da geometria real da sala em estudo foi realizada no dia 30/12, um dia de
céu limpo conforme CIE, assim para que os resultados fossem calibrados e comparados
com a realidade. Como pode ser observado na metodologia deste trabalho um dos
pilares que sustentam o pretexto dessa pesquisa é a análise comparativa entre os dados
da iluminação natural simulados computacionalmente com os dados medidos in loco. A
comparação dos aspectos qualitativos da luz natural se deu por conta da iluminância, ou
seja, a quantidade de luz dentro do ambiente, medida em (lux), nos pontos P11, P12 e
P13, conforme as Tabelas 04, 05 e 06, respectivamente.
Tabela 04 – Variação da iluminância nas simulações e medições no ponto P11
31
Tabela 05 – Variação da iluminância nas simulações e medições no ponto P12
Tabela 06 – Variação da iluminância nas simulações e medições no ponto P13
32
No ponto P11, observou-se que na comparação da simulação sem sombreamento
arbóreo houve uma diferença média de 10% de em relação às medições reais, já na
simulação com sombreamento arbóreo houve uma diferença média 14%, conforme a
Figura 15. Inclui-se que houve um aumento na iluminação natural no período vespertino,
por se tratar de um ponto que recebe radiação direta do sol a partir das 12 horas do dia.
a) b)
Figura 15 – Gráficos comparativos do ponto P11 na sala sem sombreamento arbóreo (a) e
com sombreamento arbóreo (b)
O ponto P12 localiza-se praticamente no centro da sala, entre os pontos P11 e P13. Na
análise nota-se que houve calibração dos valores da iluminação natural, principalmente
na simulação da sala sem proteção arbórea, ou seja, pois no gráfico sem sombreamento
arbóreo houve uma diferença média de 7%, e nas simulações com sombreamento
arbóreo houve uma diferença de 29% nos resultados, (Figura16).
a) b)
Figura 16 – Gráfico comparativo do ponto P12 na sala sem sombreamento arbóreo (a) e
com sombreamento arbóreo (b)
A iluminação natural nesse ponto acontece por raios diretos e por reflexões da luz solar.
Com isso, a modelagem do cenário influenciou bastante nos resultados da iluminação
natural nesse ponto.
33
Já o ponto P13 recebe incidência direta dos raios solares no período matutino,
fundamentalmente das 9hs ate às 11hs da manhã, pois esse ponto fica ao lado da janela
na fachada secundária da sala e se localiza em uma área que não recebe influência
direta do sombreamento arbóreo (Figura 17).
Na análise comparativa dos dados simulados e medidos houve uma diferença média de
7% na sala sem sombra, já na sala com sombreamento houve diferença de 13%.
a) b)
Figura 17 – Gráfico comparativo do ponto P13 na sala sem sombreamento arbóreo (a) e
com sombreamento arbóreo (b)
Em análise ao resumo dos resultados, observa-se que houve calibração dos dados
simulados e medidos, principalmente na sala sem sombreamento. Na sala com
sombreamento arbóreo houve uma maior diferença nas médias das iluminâncias
simuladas e medidas, fato pelo qual a modelagem da árvore se torna um objeto abstrato
no software, sendo muito difícil sua representação em programas computacionais.
Na comparação das simulações e das medições por meio de planilhas, obteve-se a linha
de tendência R² para a comparação da diferença da iluminação natural na sala exposta à
radiação solar e na sala protegida parcialmente com sombreamento arbóreo. As
medições de Durante (2012) apresentaram nos três pontos uma média de 319,69 lux e
60,15 lux, enquanto as simulações obtiveram-se médias de 340,43 lux e 68,68 lux para
sala sem sombreamento e com sombreamento arbóreo respectivamente.
Com a análise dos gráficos comparativos foi possível atingir uma média da diferença de
valores da luz natural, obtidos da medição in loco em relação à simulação computacional.
Nessa comparação obteve-se na sala sem sombra uma média de 20,74 lux de diferença
da simulação em relação à medição, já na sala com sombreamento arbóreo obteve-se
uma diferença média de 8,53 lux na comparação, conforme mostram as Figuras 18 e 19,
34
que apresenta a correlação dos pontos da variação da medição e simulação, nas salas
sem e com sombreamento arbóreo, respectivamente.
Figura 18 – Correlação da variação da iluminação natural sem sombreamento
Figura 19 – Correlação da variação da iluminação natural com sombreamento
35
Analisando os resultados da iluminação natural no diagrama de dispersão, obteve-se um
coeficiente 0,949 da linha de tendência no cenário sem sombreamento arbóreo, já na
análise da iluminação com sombreamento arbóreo obteve-se um coeficiente de 0,887;
havendo então a calibração aceitável dos resultados da iluminação natural nas salas com
e sem sombreamento arbóreo, evidenciando a eficiência do software nas simulações da
iluminação natural.
4.2. Análise da iluminação natural com e sem sombreamento arbóreo
Outro objetivo é a análise comparativa dos aspectos qualitativos e quantitativos da
iluminação natural com e sem sombreamento arbóreo. Com isso obteve-se dois gráficos
comparativos, o primeiro nas medições de Durante (2012) (Figura 20) e outro, nas
simulações computacionais por meio do software ReluxPro (Figura 21).
Figura 20 – Valores das iluminâncias medidas nos pontos P11, P12 e P13 das salas
A iluminância na sala de aula com sombreamento, teve uma redução média de 259,54
lux, em relação à sala exposta à radiação solar nas medições. Já nas simulações do
Software ReluxPro, houve uma redução média na iluminação natural de 271,75 lux na
comparação das salas de aula. Com isso pode se inferir que o sombreamento arbóreo
contribui significativamente na redução da luz natural em ambientes internos, uma
redução média de 80,5% na iluminação natural em relação a ambientes não sombreados.
36
Figura 21 – Valores das iluminâncias simuladas nos pontos P11, P12, P13 das salas
Ao se avaliar a comparação dos valores, observa-se que a iluminância impetrados tanto
nas medições in loco como nas simulações, o sombreamento arbóreo faz-se reduzir
consideravelmente a luz natural do ambiente interno da sala de aula, principalmente no
ponto P11 que recebe influência direta do sombreamento arbóreo, conforme se observa
na Tabela 07.
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Tabela 07 – Iluminância em (lux) dos pontos das salas sombreada e sem
sombreamento
Observando a Tabela 07, nota-se que no ponto P11 houve uma redução média de 78%
na iluminância da sala não sombreada em relação à sala sombreada, já no ponto P12
houve uma redução média de 64% na iluminação natural, uma redução mais moderada
em relação ao ponto P11, pois esse ponto recebe iluminação natural por reflexões da luz
solar. Na comparação da sala sem sombreamento em relação à sala sombreada no
ponto P13, houve uma redução média de 45% na iluminância. A menor redução da
iluminação natural em relação aos pontos pesquisado, assim sendo por se tratar de um
ponto que não recebe influência direta do sombreamento arbóreo.
38
CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO E SUGESTÕES
Os efeitos do sombreamento arbóreo na edificação foram analisados e quantificados em
relação à iluminação natural. Os resultados da diminuição da iluminação natural em
ambientes internos, tanto nas medições como nas simulações foram muito expressivos.
Pôde-se constatar através dos gráficos gerados, o comportamento da iluminação natural
por meio da iluminância (lux) durante o período do dia de 30/12 para o interior das salas
sombreada e não sombreada.
O sombreamento arbóreo foi capaz de reduzir consideravelmente a iluminação natural na
sala de aula, reduzindo 66% nas medições, já nas simulações houve uma redução de
65% na comparação das salas sombreadas e exposta a radiação solar. É importante
ressaltar, que a modelagem do sombreamento arbóreo foi apenas uma escolha de um
modelo arbóreo disponível no software ReluxPro, aonde pode-se ressalvar algumas
possíveis diferenças nos resultados das simulações com sombreamento arbóreo.
O software ReluxPro é praticamente todo em português de fácil manipulação, em que,
também pode-se criar um modelo arbóreo próprio por métodos construtivos dentro do
programa, apresenta muita variabilidade nas formas de cálculo da iluminação natural,
com essas ferramentas foi possível a calibração dos valores, produzindo resultados muito
próximo a realidade.
Assim, para todas as simulações e avaliações, pode-se constatar que o sombreamento
arbóreo influencia diretamente na iluminação natural, reduzindo em até 80% da
iluminância em ambientes internos dependendo do modelo arbóreo que se apresenta no
projeto. Constatou-se que com a calibração dos resultados da iluminância da luz natural
nas salas de aula, a simulação computacional por meio do software ReluxPro, apresenta-
se como um recurso eficiente para a avaliação e o estudo da iluminação natural.
Recomenda-se ao realizar a simulação do efeito da luz natural em edificações, a variação
das espécies arbóreas com características de área foliar distintas, nas condições de
radiação solar da cidade de Cuiabá.
Para complementar esta pesquisa, sugere-se para trabalhos futuros a realização da
simulação computacional da iluminação natural, nestas mesmas condições de edificação
e entorno, construindo um novo modelo arbóreo. O objetivo é obter uma calibração nos
dados simulados e medidos para a comprovação da eficiência do software e para
avaliação da economia que se pode obter, com a iluminação totalmente natural em salas
de aula e o aprimoramento no conhecimento desse tema.
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