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Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde Coletiva Autoavaliação de saúde e sua associação com excesso de peso: uma revisão integrativa Lúcia Stela Pessanha Lopes de Souza Orientadora: Prof.ª Drª Gisela Soares Brunken Cuiabá-MT 2014

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Universidade Federal de Mato Grosso

Instituto de Saúde Coletiva

Autoavaliação de saúde e sua associação com excesso

de peso: uma revisão integrativa

Lúcia Stela Pessanha Lopes de Souza

Orientadora: Prof.ª Drª Gisela Soares Brunken

Cuiabá-MT

2014

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Autoavaliação de saúde e sua associação com excesso

de peso: uma revisão integrativa

Lúcia Stela Pessanha Lopes de Souza

Trabalho de Conclusão apresentado

à disciplina Trabalho de Conclusão -

TCIII como requisito parcial e

obrigatório para obtenção do grau de

Bacharel em Saúde Coletiva.

Orientadora: Prof.ª Drª Gisela Soares

Brunken

Cuiabá-MT

2014

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SOUZA, Lúcia Stela Pessanha Lopes. Autoavaliação de saúde e sua associação com

excesso de peso: uma revisão integrativa [trabalho de conclusão da disciplina TCIII].

Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá; 2014.

Resumo

Introdução - A Auto Avaliação de Saúde é um indicador de medida que expressa a

percepção do estado de saúde que os indivíduos têm de si próprios e está associado a

diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um

instrumento que permite o monitoramento tanto da saúde como da qualidade de vida de

populações. Devido à epidemia de obesidade no mundo, seria interessante verificar o

julgamento que os indivíduos com excesso de peso fazem a respeito de seu estado de

saúde, o qual pode levá-los ou não a adotarem atitudes saudáveis. Objetivo – Analisar a

relação da Auto Avaliação de Saúde com o Índice de Massa Corporal em populações

adultas e idosas a partir de estudos realizados. Métodos – Trata-se de revisão integrativa

realizada na base Medline, sem restrição de data ou local de publicação. Os estudos

foram analisados quanto às suas características e às associações entre Auto Avaliação de

Saúde e Índice de Massa Corporal. Resultados – Foram selecionados vinte e cinco

estudos, publicados entre 1994 e 2013. Todos, com exceção de um, encontraram

associação significativa entre Auto Avaliação de Saúde ruim/muito ruim e sobrepeso/

obesidade. Mulheres com sobrepeso ou obesas apresentaram pior Auto Avaliação de

Saúde do que homens nessas condições. Conclusões – Os resultados apontam para a

relevância do uso do indicador Auto Avaliação de Saúde como um dos instrumentos no

monitoramento da saúde geral de populações em relação à problemática do excesso de

peso.

Palavras chave: Auto avaliação de saúde; Saúde auto referida; Índice de Massa

Corporal; Obesidade; Sobrepeso

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SOUZA, Lúcia Stela Pessanha Lopes. Autoavaliação de saúde e sua associação com

excesso de peso: uma revisão integrativa [trabalho de conclusão da disciplina TCIII].

Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá; 2014.

Abstract

Introduction - The Self Rated Health is an indicator of measurement that expresses the

perception of health status that individuals have of themselves and is associated with

various aspects of human life, such as physical and emotional components. It is a tool

that allows monitoring both health and quality of life of populations. Due to the

epidemic of obesity in the world, it would be interesting to verify the trial that

overweight individuals do about their health status, which can take them or not to adopt

healthy attitudes. Purpose - To analyze the relationship of Self Rated Health with Body

Mass Index in adult and elderly populations from studies. Methods - It is an integrative

review conducted in MEDLINE, without date restriction or place of publication. The

studies were analyzed in terms of characteristics and associations between Self Rated

Health and Body Mass Index. Results – Twenty five studies published between 1994 and

2013 were selected. All, except one, found a significant association between Self Rated

Health poor/very poor and overweight/obesity. Overweight or obese women had worse

self rated health than men under these conditions. Conclusions - The results point to the

relevance of the use of the indicator Self Rated Health as an instrument for monitoring

the overall health of populations in relation to the problem of overweight and obesity.

Key words: Self Rated Heath, Self reported health, Body Mass Index, Obesity,

Overweight

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Sumário

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9

1.1 Auto Avaliação de Saúde ............................................................................................ 10

1.2 Índice de Massa Corporal - IMC ................................................................................. 16

2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 22

3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 23

3.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 23

3.2 Objetivos específicos................................................................................................... 23

4 METODOLOGIA ............................................................................................................... 24

4.1 Tipo do estudo ............................................................................................................. 24

4.2 Estratégia de busca ...................................................................................................... 24

4.3 Critérios de exclusão ................................................................................................... 24

4.4 Procedimentos de coleta e análise dos artigos ............................................................. 25

5 RESULTADOS ................................................................................................................... 26

5.1 Caracterização dos artigos selecionados ..................................................................... 26

5.2 Resultados referentes às análises de associação IMC e AAS ...................................... 30

6 DISCUSSÃO ....................................................................................................................... 39

7 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 43

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Lista de figuras

Figura 1. Percentual de resposta “ruim+muito ruim” nas pesquisas do VIGITEL

referentes às capitais da região Centro Oeste, 2006 a 2012. .......................................... 13

Figura 2. Percentuais de Auto avaliação de saúde (AAS) Boa e Ruim, coletadas na

PNAD de 2003 e 2008 na região Centro Oeste, segundo faixa etária. ........................... 14

Figura 3. Tendência de variações dos percentuais da AAS ruim nas pesquisas do

VIGITEL de 2006 a 2010, nas capitais das cinco regiões do Brasil. ............................. 15

Figura 4. Percentuais da AAS Boa e Ruim conforme dados da PNAD 2003 e 2008 das

cinco regiões do Brasil. .................................................................................................. 16

Figura 5. Representação da transição de uma sociedade pobre para afluente e sua

relevância para mudanças em antropometria. Adaptado, extraído de WHO, 1995........ 21

Figura 6. Seleção dos artigos a partir da aplicação da estratégia de busca na base

MEDLINE. Maio de 2014. ............................................................................................. 26

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Lista de quadros

Quadro 1. Pontos de corte do IMC estabelecidos para crianças (0 a 10 anos) ............... 17

Quadro 2. Pontos de corte do IMC estabelecidos para adolescentes (≥ 10 anos e < 20 anos de

idade) ............................................................................................................................... 17

Quadro 3. Pontos de corte do IMC estabelecidos para adultos (≥ 20 anos e < 60 anos de

idade) .............................................................................................................................. 17

Quadro 4. Pontos de corte do IMC estabelecidos para idosos (≥ 60 anos de idade) ...... 18

Quadro 5. Relação dos artigos selecionados a partir da busca bibliográfica .................. 27

Quadro 6. Caracterização dos artigos segundo ano de publicação, continente, técnicas de

coleta de dados, população de interesse e faixa etária, delineamento e abordagem do

estudo. ............................................................................................................................. 28

Quadro 7. Questões sobre AAS (perguntas e opções de respostas) nos 25 artigos

selecionados. Maio de 2014............................................................................................ 29

Quadro 8. síntese dos principais resultados estatísticos (Ordenado por local do estudo)

........................................................................................................................................ 33

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Siglas utilizadas

AAS – Autoavaliação De saúde

DATASUS – Departamento de Informática do SUS

DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis

IMC – Índice de Massa Corporal

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

VIGITEL – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico

WHO – World Health Organization

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1 INTRODUÇÃO

A Auto Avaliação de Saúde (AAS) é um indicador de medida que expressa a

percepção do estado de saúde que os indivíduos têm de si próprios. Trata-se de um

indicador de constructo multidimensional da saúde que provém de signos e significados

que as pessoas têm de seu próprio estado de saúde e estão associados a diversos

aspectos da vida humana, tais como componentes físicos, emocionais, de bem-estar e de

satisfação com a própria vida (PAVÃO et al., 2013). Segundo JYLHA (2009), a AAS

difere da maioria dos indicadores de saúde na medida em que a sua origem se encontra

em um processo cognitivo ativo que não é guiado por regras formais ou definições

acordadas.

O conceito ampliado de saúde preconizado no Brasil, em 1986 na VIII

Conferência Nacional de Saúde, evidenciando o fato de que a saúde não é tão somente

ausência de doença, mas resultante das condições de alimentação, habitação, educação,

renda, meio-ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da

terra e acesso a serviços de saúde (BRASIL, 1986), há que se considerar a ideia do bem-

estar dos indivíduos nas pesquisas em saúde (BELTRÃO e SUGAHARA, 2002).

Neste sentido, a AAS é um indicador que tem sido utilizado para avaliar o estado

de saúde de populações, sendo também recomendado pela Organização Mundial de

Saúde, como um instrumento de acompanhamento do programa “Saúde para Todos” na

região da Europa (WHO, 1996). Este indicador permite um monitoramento tanto da

saúde como da qualidade de vida de populações, com base na resposta a uma única

questão sobre a percepção de saúde que os indivíduos têm de si, a qual está associada

com um número de outras medidas de saúde. As respostas são comumente apresentadas

em uma escala do tipo “excelente”, “muito boa”, “boa”, “regular”, “ruim”, “muito

ruim” (SALOMON, et al., 2009).

VIACAVA (2002) destaca que a AAS é um dado facilmente coletado e

menciona que vem sendo tradicionalmente utilizado pelo Censo Demográfico da

Inglaterra visando qualificar as informações mais diretamente relacionadas à limitação

de atividades causadas por problemas de saúde de longa duração. Por isso torna-se

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importante identificar que a AAS é um importante instrumento de avaliação global da

saúde da população.

Dentre os fatores que podem estar associados à AAS destaca-se o Índice de

Massa Corporal (IMC). No presente estudo, levanta-se a hipótese de que a percepção do

estado de saúde que as pessoas têm de si pode estar associada com seus respectivos

índices de massa corporal, de forma que pessoas adultas com IMC fora do recomendado

avaliam sua saúde como ruim, e pessoas com IMC na faixa recomendada referem sua

percepção de saúde como boa. Dessa forma a pessoa com IMC elevado avaliaria sua

saúde como ruim e poderia ser um indivíduo potencialmente a buscar auxílio, sendo

mais fácil a adesão a ações de saúde, desde que se tenha um bom acolhimento e

resolubilidade na rede. Do contrário, trata-se de indivíduos em risco, mas que não se

consideram como tal, e por isso a adesão a práticas de promoção e atenção à saúde seria

menor.

1.1 Auto Avaliação de Saúde

A literatura internacional apresenta estudos relacionados à AAS desde a década

de 1970, dentre os quais, destaca-se a pesquisa realizada por MOSSEY e SHAPIRO

(1982) na cidade de Manitoba no Canadá em 1971, como a primeira mais clara

demonstração de associação entre esse indicador e a mortalidade. Esses autores

compararam a AAS com informações objetivas de saúde, obtidas dos registros

referentes a diagnósticos médicos ou causas de hospitalização, quando ocorreram. A

pesquisa foi do tipo longitudinal realizada com idosos de 65 anos e mais de idade.

Encontraram uma forte relação entre AAS e mortalidade em dois terços da população, e

verificaram associação entre a AAS ruim com a mortalidade.

IDLER e BENYAMINI (1997) realizaram uma revisão de literatura sobre

estudos que relacionaram a AAS com mortalidade, encontrando resultados consistentes

na sua maioria. Desta forma, trouxeram uma série de conclusões importantes que

sugerem ser esse indicador de fato um preditor de mortalidade. Entre elas, destacam-se:

(1) os efeitos da AAS, na pesquisa, foram além das avaliações clínicas, ou seja, capta

sintomas que ainda não foram diagnosticados clinicamente, ainda no estágio

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prodrômico; (2) a AAS reflete a história familiar; (3) a AAS influencia comportamentos

que afetam subsequentemente o estado de saúde; (4) pessoas que avaliam sua saúde

como ruim estão menos engajadas em práticas preventivas ou de autocuidado; (5)

percepções ruins de saúde podem produzir uma não aderência a recomendações,

medicação e tratamento médico.

Foi também encontrada forte associação entre a desigualdade de renda com a

AAS ruim e mortalidade em uma metanálise realizada por KONDO et al. (2009), em

que foram analisados nove estudos de coorte e dezenove estudos transversais,

publicados de 1995 a 2008. Os estudos abrangeram os países, Dinamarca, Finlândia,

Noruega, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Chile, China, Japão e Reino Unido.

Um estudo longitudinal foi realizado por GUIMARÃES et al. (2012) que

confirmaram a hipótese de associação entre a AAS e mortalidade na população

brasileira, corroborando com os achados de estudos internacionais˙ (MOSSEY e

SHAPIRO, 1982; IDLER E BENYAMINI, 1997).

JYLHA (2009) enfatizou os aspectos que tornam a AAS tão fortemente

associada com a mortalidade afirmando que a AAS pode ser entendida como um

resumo condensado de informações sobre as condições corporais que, de uma forma ou

de outra, estão envolvidas em cadeias biológicas que levam à morte.

Além da mortalidade, outros fatores têm sido estudados relacionando-os com a

AAS. MANDERBACKA et al. (1998), em uma pesquisa para avaliar a dinâmica da

AAS em uma amostra populacional na Finlândia, encontraram significância estatística

na associação entre a AAS regular e ruim com o IMC maior do que 25 kg/m², quando

comparado com IMC normal, e com a baixa frequência de exercícios físicos,

comparando com a prática de exercícios físicos pelo menos uma vez por semana.

Estudos realizados no Brasil analisaram a AAS, comparando-a com fatores sócio

demográficos, de comportamento de saúde como hábitos alimentares, prática de

exercícios físicos e com IMC. SZWARCWALD et al.(2005) utilizaram dados da

Pesquisa Mundial de Saúde realizada no Brasil em 2003 com 5.000 indivíduos de 18

anos e mais de idade, e observaram uma associação entre fatores sócio econômicos (alto

grau de escolaridade, posse de bens domésticos e melhor situação de trabalho) com a

AAS “boa”. Resultados semelhantes foram encontrados por SANTOS et al. (2007) que

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verificaram associação da AAS com fatores contextuais de moradia, como as condições

socioeconômicas do ambiente e características físicas e psicossociais da vizinhança.

RIVA et al. (2007) também identificaram associação significante entre a AAS ruim e

áreas com baixas condições sócio econômicas, com base na realização de um inventário

de estudos epidemiológicos sobre a investigação dos efeitos de área de moradia sobre a

saúde. BARRETO e FIGUEIREDO (2009), a partir de análise realizada com dados do

VIGITEL-2006 com participantes maiores de 30 anos de idade, verificaram associação

entre presença de doenças crônicas referidas com a AAS “ruim” e com comportamentos

de risco (tabagismo, consumo de carnes gordurosas e leite integral, falta da prática de

atividades físicas, não consumo de frutas e hortaliças e adição de sal ao alimento

pronto). Pesquisas realizadas entre a população idosa analisaram uma série de fatores

relacionados com a AAS “ruim”. VON BONSDORFF e RANTANEM (2011)

verificaram que o voluntariado foi um preditor de melhor AAS quanto ao bem-estar

pessoal, em uma revisão de literatura com base em pesquisas publicadas no período de

1950 a 2008. A AAS “ruim” foi encontrada como um forte preditor de utilização de

serviços de asilo para idosos, sendo apenas precedido na pesquisa, pelos diagnósticos de

demência (LUPPA et al, 2010). Adicionalmente, metanálise com 16 estudos

epidemiológicos com idosos, realizada por CHANG-QUAN et al. (2010) analisaram a

associação entre depressão, presença de doença crônica e AAS “ruim”, e concluíram

que ambos são fatores de risco para depressão em idosos, sendo que há maior

significância na associação com a AAS “ruim” do que com as doenças crônicas.

Os resultados da AAS já foram investigados em diferentes grupos étnicos.

BOMBAK e BRUCE (2012) realizaram uma revisão de literatura, examinando estudos

que relacionaram a AAS com etnia, com foco em populações indígenas. Verificaram

que grupos étnicos em minoria avaliam sua saúde em pior grau do que as populações

majoritárias. Os autores mostraram ainda que em sociedades com disparidades sócio

econômicas persistentes e existência de grupos minoritários, surgem problemas

psicossomáticos que afetam subsequentemente na AAS. Os autores identificaram que o

nível de estresse dos indivíduos pertencentes a esses grupos aumentam em decorrência

de uma pior auto percepção de saúde, proveniente de fatores por eles vivenciados, tais

como: discriminação, exclusão, disparidades sócio econômicas.

A aposentadoria por invalidez também foi relacionada com a AAS no estudo

realizado por PIMENTA et al. (2010). Com base em uma revisão sistemática referente

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ao período de 1967 a 2007 incluindo diversos países, como Estados Unidos, Inglaterra,

Finlândia e Brasil, os autores ainda observaram que a pior auto percepção de saúde está

relacionada ao maior uso dos serviços de saúde.

JYLHA (2009) aprofunda no estudo conceitual da AAS, evidenciando a

influência do fluxo cognitivo que se passa no indivíduo a quem é solicitado informar

sobre seu estado global de saúde, e propõe o seguinte modelo: ao receber a pergunta

“Como é sua saúde em geral – excelente, muito boa, boa, regular ou ruim?” o indivíduo

primeiramente avalia o que é saúde e quais são seus componentes mais relevantes; no

segundo passo, ele leva em consideração alguns aspectos, tais como idade, situação de

pessoas conhecidas, seu histórico de saúde e o desenvolvimento esperado de sua saúde;

finalmente decide qual opção de resposta descreve melhor a sua situação.

Informações sobre AAS têm sido coletada em inquéritos populacionais no

Brasil. Como exemplo, destacam-se as pesquisas da Vigilância de Fatores de Risco e

Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) e a Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).

A Figura 1 apresenta os percentuais de resposta “ruim + muito ruim” referentes à

questão sobre a AAS, estratificados por sexo, nas pesquisas do VIGITEL realizadas nos

anos de 2006 a 2012 nas capitais da região Centro Oeste do Brasil.

Figura 1. Percentual de resposta “ruim+muito ruim” nas pesquisas do VIGITEL

referentes às capitais da região Centro Oeste, 2006 a 2012.

*Houve diferença significativa entre homens e mulheres

3,2

4,1

2,9

2,2 2,1

3,1

3,7

5,7

7,4

6,3

7,6

4,4

6,2 6,2

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2006* 2007 2008* 2009* 2010* 2011* 2012*

% MASCULINO

FEMININO

TOTAL

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14

Observa-se que as mulheres avaliaram seu estado de saúde como “ruim” /

“muito ruim” em percentuais maiores do que os homens em todos os anos apresentados,

com um percentual médio de 6,28%, ao passo que para os homens o percentual foi de

2,9%. A tendência das respostas femininas mostra variações alternadas a cada ano, ou

seja, em 2007 aumentou 1,7 pontos percentuais em relação a 2006, diminuindo 1,1 em

2008, no ano seguinte aumentou em 1,3 pontos percentuais e em 2010 teve uma queda

de 3,2 pontos percentuais. Desta forma, em 2006, a proporção de mulheres que

avaliaram sua saúde “ruim” / “muito ruim” foi de 5,7% (IC95%:4,6;6,8) e em 2010,

4,4% (IC95%:2,9;5,8). No caso dos homens, em 2006 o percentual foi de 3,2%

(IC95%:1,9;4,5), aumentando em 0,9 pontos percentuais em 2007, mas a partir de 2008

a tendência foi decrescente, caindo em 1,2 pontos percentuais em 2008, 0,7 em 2009 e

0,1 em 2010, chegando a 2,1% (IC95%:1,3;2.8) de homens que avaliaram sua saúde

como “ruim” / “muito ruim”. Os resultados mostram, portanto, que tanto a população

feminina quanto a masculina avaliaram sua saúde mais positivamente, comparando as

pesquisas de 2006 e 2010.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) coletou dados sobre a

AAS da população brasileira, apresentando os percentuais da AAS “Boa” e “Ruim”. A

Figura 2 mostra os resultados referentes à região Centro Oeste estratificados por faixa

etária a partir de 25 anos de idade. Foram consideradas as categorias “Muito bom” e

‘bom” como AAS “Boa” e as categorias “Regular”, “Ruim” e “Muito ruim” como AAS

“Ruim”.

Figura 2. Percentuais de Auto avaliação de saúde (AAS) Boa e Ruim, coletadas na

PNAD de 2003 e 2008 na região Centro Oeste, segundo faixa etária.

0

20

40

60

80

100

25-39 40-4950-5960-69 > 70 Total 25-39 40-4950-5960-69 > 70 Total

%

AAS BOA AAS RUIM

2003

2008

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15

Nota-se que em 2003, aproximadamente 67% (IC95%:65,7;67,9) dessa

população auto avaliou sua saúde como “boa” e em 2008 esse percentual foi de

aproximadamente 68% (IC95%:67,0;68,8), ou seja, aumentou apenas em torno de 1

ponto percentual.

Com relação às diferenças por faixa etária, percebe-se claramente que a AAS

“Boa” diminuiu conforme o aumento da idade, ao contrário do que apontam os

percentuais de AAS “ruim”, a qual aumenta conforme o aumento da idade. Os

percentuais totais da AAS “ruim” foram de aproximadamente 33% (IC95%:32,1;34,3) e

32% (IC95%:31,2;33,0) em 2003 e 2008, respectivamente, sendo que nesse período

diminuiu em todas as faixas etárias, exceto na de 70 anos e mais de idade.

É interessante comparar as tendências da AAS entre as regiões do Brasil. De

acordo com as pesquisas do VIGITEL nos anos de 2006 a 2010 (Figura 3), observa-se

que as regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores proporções de AAS “ruim”

enquanto que as regiões Sul e Sudeste obtiveram os menores percentuais. A região

Centro Oeste, por sua vez, apresentou valores intermediários entre N/NE e S/SE até

2009, sendo que em 2010, ela atingiu 3,3% (IC95%:2,4;4,1), seguida pela região

Sudeste (4,3%;IC95%:3,5;5,2), Sul (4,5%;IC95%:3,7;5,2), Nordeste

(5,4%;IC95%:4,8;6,0) e Norte que apresentou o percentual mais alto

(6,1%;IC95%:4,9;7,2).

Figura 3. Tendência de variações dos percentuais da AAS ruim nas pesquisas do

VIGITEL de 2006 a 2010, nas capitais das cinco regiões do Brasil.

0

1

2

3

4

5

6

7

2006 2007 2008 2009 2010

Região Norte

Região Nordeste

Região Sudeste

Região Sul

Região Centro-Oeste

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Pelos dados da PNAD de 2003 e 2008 também é possível constatar a posição

intermediária da região Centro Oeste, em termos percentuais de AAS “Boa” e AAS

“Ruim”, comparando-a com as demais regiões (Figura 4).

Figura 4. Percentuais da AAS Boa e Ruim conforme dados da PNAD 2003 e 2008 das

cinco regiões do Brasil.

Vale ressaltar que os dados do VIGITEL referem-se às amostras da população

apenas das capitais das regiões brasileiras (BRASIL, 2011) e a PNAD trabalhou com

amostras considerando as unidades da federação e regiões metropolitanas (BRASIL,

2008b).

1.2 Índice de Massa Corporal - IMC

O IMC é o resultado da relação entre duas medidas antropométricas [peso (kg)

/altura² (m)], sendo utilizado para classificar o estado nutricional de indivíduos (WHO,

2000), com pontos de corte diferentes para as diferentes categorias etárias: crianças,

adolescentes, adultos e idosos (Quadros 1, 2,3 e 4).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

NO NE CO SE S NO NE CO SE S

%

AAS BOA AAS RUIM

2003

2008

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17

Quadro 1. Pontos de corte do IMC estabelecidos para crianças (0 a 10 anos)

VALORES CRÍTICOS CRIANÇAS DE 0 A 5

ANOS INCOMPLETOS

CRIANÇAS DE 5 A 10 ANOS

INCOMPLETOS

< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada Magreza acentuada

> Percentil 0,1 e < Percentil 3 > Escore-z -3 e < Escore-z -2 Magreza Magreza

> Percentil 3 e < Percentil 85 > Escore-z -2 e < Escore-z +1 Eutrofia Eutrofia

> Percentil 85 e < Percentil 97 > Escore-z +1 e < Escore-z +2 Risco de sobrepeso Sobrepeso

> Percentil 97 e < Percentil 99,9 > Escore-z +2 e < Escore-z +3 Sobrepeso Obesidade

> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Obesidade grave

Fonte: Adaptado de SISVAN – Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – 2008

Quadro 2. Pontos de corte do IMC estabelecidos para adolescentes (≥ 10 anos e < 20 anos de idade)

VALORES CRÍTICOS IMC para idade

< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada

> Percentil 0,1 e < Percentil 3 > Escore-z -3 e < Escore-z -2 Magreza

> Percentil 3 e < Percentil 85 > Escore-z -2 e < Escore-z -1 Eutrofia

> Percentil 85 e < Percentil 97 > Escore-z +1 e < Escore-z + 2 Sobrepeso

> Percentil 97 e < Percentil 99,9 > Escore-z +2 e < Escore-z + 3 Obesidade

> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave

Fonte: Adaptado de SISVAN – Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – 2008

Quadro 3. Pontos de corte do IMC estabelecidos para adultos (≥ 20 anos e < 60 anos de idade)

CLASSIFICAÇÃO IMC RISCO DE COMORBIDADES

Baixo peso < 18,5 Baixo, porém risco de outros problemas clínicos

Peso normal 18,5 - 24,9 Médio

Excesso de peso: Pré obeso Obeso classe I Obeso classe II Obeso classe III

≥ 25,0 25,0 - 29,9 30,0 - 34,9 35 - 39,9 ≥ 40,0

Aumentado Moderado

Severo Muito severo

Fonte: WHO, 2000

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18

Quadro 4. Pontos de corte do IMC estabelecidos para idosos (≥ 60 anos de idade)

IMC (kg/m2) DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

≤ 22 Baixo Peso

> 22 e < 27 Adequado ou Eutrófico

≥ 27 Sobrepeso

Fonte: SISVAN – Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – 2008

Segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional do Ministério da

Saúde, há diversas vantagens em se utilizar a classificação do IMC para avaliação

nutricional: “facilidade de obtenção e padronização das medidas de peso e altura;

dispensa a informação da idade para o cálculo; possui alta correlação com a massa

corporal e indicadores de composição corporal e não necessita de comparação com

curvas de referência. Outra característica a ser ressaltada é a sua capacidade de predição

de riscos de morbimortalidade, especialmente em seus limites extremos” (BRASIL,

2008a).

Vários fatores devem ser levados em conta na avaliação nutricional de

populações a partir de indicadores nutricionais, tais como, a estrutura corporal, hábitos

de tabagismo, presença de doenças, condições socioeconômicas, entre outras. É

importante ressaltar que, das medidas que fazem parte da composição do IMC, o peso,

está relacionado com diversos componentes do corpo humano. Ele é o resultado da

somatória das massas advindas dos tecidos: adiposo, músculo-esquelético, osso, sangue

e resíduos, sendo o tecido adiposo o local principal de armazenamento de lipídios

(WHO, 1995).

Outros indicadores são também considerados como parâmetros complementares

no diagnóstico nutricional como, por exemplo, a medida da “Circunferência da Cintura”

e a “Relação Cintura-Quadril”, que permitem verificar a distribuição da gordura

abdominal. O padrão de distribuição do tecido adiposo em indivíduos adultos tem

relação direta com o risco de morbimortalidade (BRASIL, 2008a). A OMS (WHO,

2000) preconiza os pontos de corte desses indicadores para a condição de risco

aumentado de doenças cardiovasculares da seguinte forma: “Circunferência da Cintura”

≥ 94,0 cm para mulheres e ≥ 80,0 cm para homens; “Relação Cintura-Quadril” > 0,85

para mulheres e > 1 para homens.

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19

O presente estudo destaca a problemática dos riscos decorrentes de excesso de

peso nos indivíduos (IMC ≥ 25 Kg/m²) sendo a obesidade (IMC ≥ 30 Kg/m²) definida

pela OMS como o “grau de armazenagem de gordura associada com riscos de saúde

claramente elevados” e, portanto, condição crítica. O IMC não mede a massa ou

porcentagem de gordura corporal, sendo assim, a OMS expressa diferentes níveis de

IMC em termos de graus de excesso de peso, propondo, para adultos, os pontos de

corte: Grau 1 (25 a 29,9 Kg/m²), Grau 2 (30 a 39,9 Kg/m²) e Grau 3 (≥ 40 kg/m²)

(WHO, 1995).

A determinação do excesso de peso nos indivíduos provém de fatores

biológicos, sociais, socioculturais e comportamentais. O excesso de peso está associado

tanto com morbidade como mortalidade. Riscos de doenças cardiovasculares,

hipertensão, diabetes mellitus do tipo 2, doenças da vesícula biliar, oesteoartrite, alguns

tipos de câncer e outros distúrbios associados com excesso de gordura corporal

aumentam progressivamente com o aumento do IMC. Isso ocorre porque o aumento do

IMC leva a efeitos metabólicos adversos, como: alteração na pressão sanguínea, nos

índices de colesterol, triglicérides e resistência à insulina. O excesso de peso tem sido

corresponsável por cerca de 2,8 milhões de mortes de adultos em nível mundial (WHO,

1995; 2010).

Conforme apontado em relatório da Organização Mundial de Saúde sobre

Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) de 2011, o Brasil apresentou prevalência

de 51,7% para sobrepeso e de 18,8% para obesidade na população (WHO, 2011). A

pesquisa do VIGITEL (2013) encontrou 50,8% da população (maior de 18 anos) acima

do peso ideal. Em 2006, o índice era de 43%, sendo maior entre os homens (54,7%) do

que entre as mulheres (47,4%) (BRASIL, 2013).

A causa fundamental está no desbalanceamento de energia no organismo dos

indivíduos, em função da combinação de consumo excessivo e gasto insuficiente de

energia. Mesmo pequenos desvios diários no equilíbrio de energia podem levar a

aumentos substanciais no peso corporal ao longo do tempo. A título de exemplo é

interessante conhecer que uma média de 39 Kcal de excesso no consumo diário de

energia, teoricamente, levaria a um ganho de peso de 15,6 Kg em 10 anos. A prevenção

deve ser, portanto, objetivo prioritário para as populações (WHO, 1995).

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20

Ressalta-se que tanto em países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos,

a tendência de aumento de sobrepeso e obesidade tem sido atribuída ao chamado

ambiente “obesogênico” que essencialmente facilita a ingestão de alimentos com densa

energia enquanto restringe ou inibe atividades que demandam alto gasto de energia

(MONTEIRO, et al., 2007). O crescimento econômico e a rápida urbanização mundial

provocaram um processo de transição nutricional nos hábitos alimentares globais

(DREWNOWSKI e POPKIN, 1997). As dietas urbanas são geralmente caracterizadas

pelo consumo de grãos mais polidos, mais gordura e produtos animais, mais açúcar

refinado, mais alimentos processados e mais alimentos consumidos fora de casa,

sobretudo nos países em desenvolvimento (HELMAN, 2009).

Um fator importante a ser observado no Brasil é a evidência de que a carga de

obesidade se deslocou para a classe da população com menor poder aquisitivo. Antes de

1989 as pesquisas apontavam que a obesidade era essencialmente uma doença da elite

sócio econômica em sociedades em desenvolvimento. O sobrepeso e a obesidade

tendem a crescer mundialmente nos grupos de menor renda familiar, na medida em que

cresce o Produto Interno Bruto. Isso ocorre considerando os dois gêneros, porém mais

acentuadamente nas mulheres (MONTEIRO et al., 2007).

A OMS aponta que a prevalência de excesso de peso é afetada pelo estágio

global de desenvolvimento socioeconômico de uma população. Há uma ligação entre

baixo nível socioeconômico e excesso de peso em sociedades que têm abundância de

alimentos, nas quais outras necessidades básicas devem ser satisfeitas; e uma ligação

entre alto nível socioeconômico e excesso de peso em sociedades nas quais o alimento é

escasso (Figura 5). Ainda afirma que na maioria das sociedades afluentes há uma

relação inversa entre nível educacional e a prevalência de excesso de peso, destacando o

Brasil como exemplo de um país que apresenta uma clara associação positiva entre

situação socioeconômica (renda per capita) e a média de IMC, e neste caso, sendo

recomendada a diminuição do teor de gordura nos alimentos (WHO, 1990; 1995).

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21

Figura 5. Representação da transição de uma sociedade pobre para afluente e sua

relevância para mudanças em antropometria. Adaptado, extraído de WHO, 1995.

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22

2 JUSTIFICATIVA

A literatura em saúde tem apontado que a AAS é um indicador válido, o qual

expressa a percepção de saúde que os indivíduos têm de si. Tem sido coletado em

inquéritos populacionais, funcionando como um instrumento que permite conhecer o

estado global de saúde da população.

O excesso de peso é fator de risco para doenças cardiovasculares, as quais se

constituem na maior causa de morbimortalidade no Brasil e no mundo (WHO, 2010). A

média de IMC na população tem apresentado tendência de crescimento, indicando a

necessidade de intervenções na área da saúde pública.

É importante conhecer a associação do IMC com a AAS, pois o julgamento que

os indivíduos com excesso de peso fazem a respeito de seu estado de saúde pode levá-

los ou não a atitudes saudáveis. Os resultados da presente pesquisa, podem servir de

direcionamento para políticas que orientem o monitoramento e ações de promoção e

educação em saúde, voltadas à população com excesso de peso.

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23

3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo geral

Analisar a associação entre AAS e IMC em populações adultas e idosas a partir

de estudos realizados.

3.2 Objetivos específicos

Caracterizar os estudos selecionados, segundo ano de publicação, local de

realização, delineamento, questão e opções de respostas utilizadas na coleta da

AAS, entre outras características.

Identificar as associações das categorias de AAS com categorias do IMC.

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24

4 METODOLOGIA

4.1 Tipo do estudo

Trata-se de revisão integrativa de literatura, utilizando exclusivamente a base de

dados bibliográficos MEDLINE, sem restrição de data ou local de publicação. A

pesquisa foi realizada através do portal Pubmed. O método da revisão integrativa tem a

finalidade de reunir e sintetizar resultados de pesquisas sobre um delimitado tema ou

questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do

conhecimento do tema investigado (MENDES, 2008).

4.2 Estratégia de busca

A construção da estratégia de busca bibliográfica foi feita com base em dois

blocos de conceito: DESFECHO, com termos relacionados ao auto conceito de saúde

dos indivíduos e EXPOSIÇÃO, incluindo termos relacionados ao estado nutricional,

para os quais foram selecionados descritores no campo MESH. Embora não sejam

descritores, foram adotados como desfecho os termos Self Rated Health (SRH), Self

Reported health e Self Reported Overall Health, pois são utilizados na literatura para o

indicador AAS. Assim sendo, a busca bibliográfica seguiu a seguinte equação:

("self rated health" [tiab] or self reported health [tiab] or self reported overall

health [tiab]) AND ("overweight" [mesh] or "overweight" [tiab] or "obesity" [mesh] or

"obesity" [tiab] or "bmi" [mesh] or "bmi" [tiab] or "body mass index" [mesh] or "body

mass index" [tiab]).

4.3 Critérios de exclusão

Utilizou-se os seguintes critérios para exclusão de artigos:

1. Não utilizou a variável AAS como desfecho;

2. Não utilizou uma questão única sobre AAS (Ex: “Como o Sr (a) considera seu

estado de saúde”) e sim condições de saúde auto referidas (Ex: hipertensão auto

referida, diabetes auto referida, obesidade auto referida, etc);

Page 26: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ... · diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um instrumento que permite o monitoramento

25

3. A população analisada foi exclusiva de crianças ou adolescentes (Ex: a amostra

considerou apenas faixa etária abaixo de 20 anos) ou se população foi específica

de forma a prejudicar a inferência populacional (Ex: determinada fábrica, escola,

igreja, determinada condição crônica de saúde, determinada profissão, indivíduos

de mesma idade, etc);

4. Teve como objeto a avaliação de tecnologias em saúde (avaliação de sistemas de

informação, serviços de saúde, métodos de análise, etc) e não AAS;

5. Não tratou da associação entre AAS e IMC e sim outro tipo de associação

envolvendo esses indicadores (Ex: AAS comparada entre grupos de diabéticos e

não diabéticos);

6. Foi publicado em idioma diferente de inglês, português ou espanhol.

Dois estudos não foram encontrados, após esgotadas as tentativas possíveis de

solicitação dos textos completos: periódicos da CAPES, COMUT (Programa de

Comutação Bibliográfica), SCAD (Serviço Cooperativo de Acesso a Documentos),

Google.

4.4 Procedimentos de coleta e análise dos artigos

A aplicação dos critérios de exclusão foi feita em três etapas a partir da leitura

dos: 1ª) títulos; 2ª) resumos; 3ª) textos completos.

Após a seleção final, foi realizada análise de cada artigo e estratificação das

seguintes informações: autor, ano de publicação, periódico, população de interesse e

faixa etária, local do estudo, delineamento do estudo, perguntas e opções de resposta

sobre a AAS, categorias de análise e referência, medida de associação utilizada,

resultados dos testes estatísticos e limitações da pesquisa.

Como ferramentas de análise foram utilizadas planilhas e tabelas dinâmicas do

Microsoft Excel. Os resultados foram sistematizados e apresentados em quadros.

Page 27: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ... · diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um instrumento que permite o monitoramento

26

5 RESULTADOS

5.1 Caracterização dos artigos selecionados

Foram encontrados 787 artigos. Aplicando-se os critérios de exclusão

selecionou-se 383 artigos pela análise dos títulos, 59 pela análise dos resumos e

finalmente, após exame desses artigos completos selecionou-se 25 para compor os

resultados da presente pesquisa (Figura 6).

Figura 6. Seleção dos artigos a partir da aplicação da estratégia de busca na base

MEDLINE. Maio de 2014.

Page 28: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ... · diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um instrumento que permite o monitoramento

27

O Quadro 5 apresenta os 25 artigos selecionados, dispostos em ordem inversa à

cronologia de publicações e o Quadro 6, a caracterização dos mesmos.

Quadro 5. Relação dos artigos selecionados a partir da busca bibliográfica

A publicação mais antiga sobre o tema data de 1994, realizada na Austrália e, a

partir de 2003, ocorreram praticamente publicações anuais. O ano de 2012 foi o mais

expressivo com sete publicações (28% do total de publicações analisadas). Chama-se

atenção para as estratégias previstas para a década 2012-2022, definidas na reunião de

da ONU em 2011, entre as quais estão as ações de vigilância, promoção e cuidado

integral da saúde (WHO, 2011). Dos vinte e cinco estudos, dez foram publicações

provenientes da Europa, seis da América do Norte, cinco da Ásia, dois da América

Latina e outros dois da Oceania.

Títudo do artigo Autoria Periódico Ano

1The Effects of Religious Attendance and Obesity on Health by Race/Ethnicity Nam Osong public health res perspect 2013

2

Material, psychosocial and behavioural factors associated with self-reported

health in the Republic of Ireland: cross-sectional results from the SLÁN survey Niedhammer et al Bmj open 2013

3Self-rated health and its determinants in Japan and South Korea Park e Lee Public health - elsevier 2013

4

Determinants of Self-Rated Health in a Representative Sample of a Rural

Population: A Cross-Sectional Study in GreeceDarviri et al. Int j environ res public health 2012

5Determinants of self-rated health in Spain: differences by age groups for adults Giron European journal of public health 2012

6

Differing trends in the association between obesity and self-reported health in

Portugal and Switzerland. Data from national health surveys 1992–2007Marques Vidal et al Bmc public health 2012

7

The relationship between rural status, individual characteristics, and self-rated

health in the Behavioral Risk Factor SurveillanceBethea et al

Nih (national institute of health) public

access / j rural health2012

8

Associations between fruit and vegetable intake, leisure-time physical activity,

sitting time and self-rated health among older adults: cross-sectional data from Sodergren et al Bmc public health 2012

9

Autoavaliação da saúde em idosos: pesquisa de base populacional no Município

de Campinas, São Paulo, BrasilBorim Cad saude publica 2012

10Self-rated health in centenarians: A nation-wide cross-sectional Greek study Tigani et al

Archives of gerontology and geriatics -

elsevier2012

11

Lifestyle and self-rated health: a cross-sectional study of 3,601 citizens of

Athens, GreeceDarviri et al. Bmc public health 2011

12Auto-avaliação da saúde e fatores associados, Brasil, 2006 Barros et al Revista saude publica 2009

13Obesity as a predictor of self -rated health Prosper et al Am j health behavior 2009

14

Physical activity, exercise and self-rated health: a opulation-based study from

SwedenSodergren et al Bmc public health 2008

15Gender, ethnicity, health behaviour & self-rated health in Singapore Lim et al Bmc public health 2007

16Lifestyle index and self-rated health status Kwasniewska et al

International Journal of Occupational

Medicine and Environmental Health2007

17

Socioeconomic conditions, lifestyle factors, and self-rated health among men

and women in SwedenMolarius et al European journal of public health 2007

18Predictors of Self-rated Health Status Among Texas Residents Lorraine et al

Preventing chronic disease- public

health research, practice and policy2005

19The role of Clinical Risk Factors in Understanding Self-rated Health Goldman et al Ann Epidemiol 2004

20Two views of self-rated general health status Bailis et al Social science & medicine 2003

21

The relation between self-rated health , socioeconomic status, body mass index

and disability pension among middle-aged menMansson et al European journal of epidemiology 2001

22

Neighborhood Environment and Self-Reported Health Status: A Multilevel

AnalysisMalmstrom et al American journal of public health 1999

23Do risk factors and health behaviours contribute to self-ratings of health? Manderbacka et al Social science & medicine 1999

24Examining the continuity of self-rated health Manderbacka et al International journal of epicemiology 1998

25Self-rated health: biological continuum or social discontinuity? Smith et al Soc Sci Med 1994

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28

Quadro 6. Caracterização dos artigos segundo ano de publicação, continente, técnicas de

coleta de dados, população de interesse e faixa etária, delineamento e abordagem do

estudo.

Em conformidade com um dos critérios de seleção, todos os 25 estudos foram

os que utilizaram dados para inferências populacionais, cujas técnicas de coleta de

dados abrangeram: entrevistas face a face (n=14), entrevistas face a face e medidas

antropométricas (n=2), entrevistas por telefone (n=6), aplicação de questionário

juntamente com a realização de exames clínicos (n=1) e envio de questionário postal

(n=2). Em relação aos dois últimos, em um estudo foi enviado o questionário para

amostra da população e no outro enviadas cartas a instituições oficiais de cadastro de

cidadãos, centros de saúde e hospitais.

A população de maior interesse foi a de faixa etária adulta e idosa (n=17). Três

estudos também incluíram adolescentes, sendo dois na faixa etária ≥15 anos e um entre

16 e 84 anos, e um estudo (na área rural) não fez restrição de idade. Dois focaram em

adultos, porém restringiram por determinado gênero, um em mulheres e outro em

homens.

Quanto ao delineamento das pesquisas, a predominância foi de estudos

transversais (n=22), havendo três estudos do tipo longitudinal. Com exceção de um

AutoriaAno de

publicaçãoContinente Técnicas de coleta de dados População Faixa etária Delineamento Abordagem

Nam 2013 América do Norte Inquérito face a face Adultos > 18 anos Transversal Quantitativa

Niedhammer et al 2013 Europa Inquérito face a face AdultosEntre 20 e 89 anos (Japão)

> 20 anos (Coréia)Transversal Quantitativa

Park e Lee 2013 Ásia Inquérito face a face Adultos De 18 a 64 anos Transversal Quantitativa

Bethea et al 2012 América do Norte Inquérito telefônico Adultos >18 anos Transversal Quantitativa

Borim 2012 América Latina Inquérito face a face Idosos ≥10 anos Transversal Quantitativa

Darviri et al. 2012 Ásia Inquérito face a faceCrianças, adolescentes

e adultosSem restrição de idade Transversal Quantitativa

Giron 2012 Europa Inquérito face a face Adolescentes e adultos ≥16 anos Transversal Quantitativa

Marques Vidal et al 2012 Europa Inquérito telefônico Idosos Entre 18 e 79 anos Transversal Quantitativa

Sodergren et al 2012 Europa Inquérito face a face Adultos Entre 25 a 64 anos Transversal Quantitativa

Tigani et al 2012 Ásia Questionário postal Idosos ≥ 100 anos Transversal Quantitativa

Darviri et al. 2011 Ásia Inquérito face a face Adolescentes e adultos ≥ 15 anos Transversal Quantitativa

Barros et al 2009 América Latina Inquérito telefônico Adultos ≥ 18 anos Transversal Quantitativa

Prosper et al 2009 América do Norte Inquérito telefônico Adultos ≥ 18 anos Transversal Quantitativa

Sodergren et al 2008 Oceania Inquérito face a face Adultos Entre 55 a 65 anos Transversal Quantitativa

Kwasniewska et al 2007 Europa Inquérito face a face Adultos Entre 20 e 64 anos Transversal Quantitativa

Lim et al 2007 Ásia Inquérito face a face Adultos >18 anos Transversal Quantitativa

Molarius et al 2007 Europa Questionário postal Adultos >18 anos Transversal Quantitativa

Lorraine et al 2005 América do Norte Inquérito telefônico Adultos De 16 a 84 anos Transversal Quantitativa

Goldman et al 2004 Ásia Questionário e exames clínicos Adultos ≥60 anos Longitudinal Quantitativa

Bailis et al 2003 América do Norte Inquérito face a face Adultos ≥ 20 anos LongitudinalQualitativa e

Quantitativa

Mansson et al 2001 Europa Inquérito face a face Homens adultos ≥75 anos Longitudinal Quantitativa

Malmstrom et al 1999 Europa Inquérito face a face Adolescentes e adultos >25 anos Transversal Quantitativa

ManDerbacka et al 1999 Europa Inquérito face a face Adultos De 18 a 75 anos Transversal Quantitativa

ManDerbacka et al 1998 Europa Inquérito face a face Adultos 47 a 50 anos Transversal Quantitativa

Smith et al 1994 Oceania Inquérito telefônico Mulheres adultas De 45 a 55 anos Transversal Quantitativa

Page 30: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ... · diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um instrumento que permite o monitoramento

29

estudo que trouxe a conjugação de abordagens qualitativa e quantitativa, todos

utilizaram exclusivamente a abordagem quantitativa.

As questões sobre a AAS variaram principalmente nas opções de respostas,

onde nem todas as pesquisas incluíram as opções extremas: “excelente” ou “muito

ruim”. O Quadro 7 apresenta as questões e opções de cada artigo.

A maioria dos artigos apresentaram suas respectivas limitações, as quais foram

semelhantes quanto à questão do delineamento transversal que não possibilita inferir

causalidade, e possíveis vieses devido a informações de peso e altura autorreferidos.

Também foi apresentada limitação de sub-representação de amostra devido a entrevistas

realizadas por telefone, excluindo-se assim, residências sem telefone.

Quadro 7. Questões sobre AAS (perguntas e opções de respostas) nos 25 artigos

selecionados. Maio de 2014

AutoriaAno de

publicaçãoPergunta Opções de resposta

Nam 2013 Você diria que sua saúde em geral é: excelente, muito boa, boa, regular, ruim

Niedhammer et al 2013 Em geral, como você diria que é a sua saúde? excelente, muito boa, boa, regular, ruim

Park e Lee 2013 Como você avaliaria sua saúde ? muito boa, boa, nem boa nem ruim, ruim, muito ruim

Darviri et al. 2012 Em geral, você descreveria sua saúde como... excelente, muito boa, boa, regular, ruim

Giron 2012Nos últimos 12 meses, você diria que sua saúde

tem sido:muito boa, boa, regular, ruim, muito ruim

Marques Vidal et al 2012 Saúde auto referida foi codificada como muito boa, boa, regilar, ruim, muito ruim

Bethea et al 2012 AAS foi categorizada usando 5 níveis: excelente, muito boa, boa, regular, ruim

Sodergren et al 2012 Em geral, você diria que sua saúde é: ruim, regular, boa, muito boa, excelente

Borim 2012 Em geral, você diria que sua saúde é: excelente, muito boa, boa, ruim, muito ruim

Tigani et al 2012 Em geral, você descreveria sua saúde como... excelente, muito boa, boa, regular, ruim

Darviri et al. 2011 Em geral, você descreveria sua saúde como... excelente, muito boa, boa, moderada, ruim

Barros et al 2009O Senhor (a) classificaria seu estado de saúde

como:excelente, boa, regular, ruim

Prosper et al 2009 Você diria que em geral sua saúde é: excelente, muito boa, boa, regular, ruim

Sodergren et al 2008 Como você descreveria sua saúde geral? muito boa, boa, regular, ruim, muito ruim

Lim et al 2007 Em geral, como você avaliaria sua aúse hoje? muito moderada, ruim, muito ruim boa, boa,

Kwasniewska et al 2007Como você avalia sua própria condição de

saúde?muito boa, boa, regular, ruim

Molarius et al 2007 Como você avaliaria sua saúde geral? muito boa, boa, nem boa nem ruim, ruim, muito ruim

Lorraine et al 2005 Você diria que em geral sua saúde é: excelente, muito boa, boa, regular, ruim

Goldman et al 2004Em relação ao seu estado de saúde atual, você

sente que é:excelente, boa, média, não tão boa, ruim

Bailis et al 2003Os participantes descreveram diretamente sua

saúde geral como:excelente, muito boa, boa, regular, ruim

Mansson et al 2001 Você se sente perfeitamente saudável? perfeita, não perfeita

Malmstrom et al 1999 Como você descreveria sua saúde geral? boa, ruim, algo entre boa e ruim

Manderbacka et al 1999Como você descreveria seu estado geral de

saúde?boa, ruim, alguma coisa entre os dois?

Manderbacka et al 1998 Como você diria que sua saúde é em geral? excelente, boa, média, ruim, muito ruim

Smith et al 1994

Participantes foram questionadas sobre sua

saúde atual comparadas com outras mulheres de

idade aproximada

pior que a maioria, igual a maioria, melhor que a maioria

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30

5.2 Resultados referentes às análises de associação IMC e AAS

O Quadro 8 apresenta os principais resultados referentes à análise de

associação entre IMC e AAS de cada artigo analisado, considerando os modelos finais

ajustados. Todos, com exceção de um realizado na Grécia (DARVIRI, et al., 2012),

verificaram a associação entre determinadas categorias de AAS com categorias de IMC,

com 95% de Intervalo de Confiança. As medidas de associação mais usadas foram a

Odds Ratio (OR) e a Razão de Prevalência (RP).

Há que se atentar para as variações das questões e das opções de respostas da

AAS conforme demonstrado no Quadro 7, com alguns considerando como a melhor

categoria de AAS “excelente” e outros a opção “muito boa”.

Vinte e dois estudos utilizaram o delineamento transversal, e a maioria desses

(n=12) reuniu as categorias mais negativas da AAS (“regular”, “ruim” ou “muito ruim”)

para comparar com o IMC. Com exceção do um estudo (DARVIRI, et al., 2012) todos

encontraram associação significativa entre pior AAS e IMC nas categorias de sobrepeso

ou obesidade, sendo que poucos (n=3) apresentaram associação com “baixo peso”.

Poucos estudos (n=5) analisaram as melhores categorias de AAS (“excelente”, “muito

boa”, “boa”) para comparar com IMC, observando, em geral, associações negativas com

as piores categorias de IMC, ou seja, os indivíduos com sobrepeso e obesos não avaliam

sua saúde positivamente.

Dos que analisaram as diferenças por gênero (n=5) observou-se que mulheres

com sobrepeso ou obesas avaliaram sua saúde piores do que os homens,

independentemente da faixa etária (MARQUES VIDAL et al., 2012). Dos estudos que

estratificaram a análise por faixa etária, MANDERBACKA, et al., (1999) observaram

associação somente nos indivíduos de 18 a 34 anos entre a AAS “ruim” com as

categorias “sobrepeso” e “obesidade” e DARVIRI et al. (2011) perceberam associação

de AAS ruim com sobrepeso e obesidade nos indivíduos de 50 a 96 anos. Com relação à

população idosa destaca-se o estudo realizado no Brasil (BORIM et al., 2012), que teve

como desfecho AAS “excelente” ou “muito boa”, observou-se apenas associação

inversa na categoria “obesidade”.

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31

No estudo que comparou região urbana com rural (BETHEA et al., 2012) foi

observada pior AAS em indivíduos com sobrepeso ou obesos e que residem na área

urbana. DARVIRI et al. (2012) analisaram uma população rural e não observaram

associação entre sobrepeso ou obesidade com AAS.

NAM (2013) estudou os efeitos da religiosidade e da obesidade sobre a AAS.

Observou que quem participava de serviços religiosos uma a duas vezes por ano ou uma

a três vezes por mês apresentava melhor AAS, e quando a obesidade foi adicionada ao

modelo essa relação foi fortalecida. Por outro lado, a obesidade foi negativamente

associada com a AAS, independentemente da religiosidade, porém também observou

que essa relação foi maior no modelo que incluiu as duas variáveis.

Os três estudos longitudinais selecionados nos permitem inferir relação causal

do IMC sobre a AAS. Neles também foi observada associação entre esses dois

indicadores conforme descrito nos parágrafos seguintes.

BAILIS et al. (2003) analisaram a influência das intenções ou não dos

indivíduos perderem peso no período de um ano sobre as mudanças na AAS.

Observaram que no grupo daqueles que intencionavam perder peso houve diminuição

do IMC e melhoria da AAS, o que não ocorreu no grupo dos que não intencionavam. Os

autores sugeriram que, como um auto conceito, a AAS pode ser regulada por esforços

para se atingir metas relacionadas à saúde, relativamente importantes, como a meta de

perder peso ao longo de um ano.

GOLDMAN et al. (2004) analisaram a predição de fatores de risco clínicos,

dentre eles o IMC, sobre a AAS, ajustado por variáveis sociodemográficas

autorreferidas. Observaram que a associação do IMC com a AAS mostrou-se não linear,

ou seja, tanto os valores menores quanto maiores de IMC apresentaram AAS “ruim”,

resultando numa curva em forma de U.

MANSSON et al. (2001) analisaram a prevalência de AAS “ruim”

(categorizada como “menos do que perfeita”) de homens obesos, comparando os

chamados trabalhadores de “colarinho azul”, entendidos como classe de trabalhadores

que realizam trabalho técnico operacional, com os de “colarinho branco”, entendidos

como a classe que realiza trabalho burocrático. Tanto os trabalhadores obesos quanto

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32

não obesos de “colarinho azul” apresentaram pior AAS do que os de “colarinho

branco”.

As principais variáveis independentes consideradas nos estudos abrangeram os

seguintes aspectos: 1) estilo de vida/comportamentais (n=75): tabagismo;

atividades/exercícios físicos; etilismo; consumo de frutas, legumes e verduras. 2)

demográficos (n=64): sexo; idade; situação conjugal. 3) socioeconômicos (n= 45): nível

educacional; situação de trabalho; renda. 4) condições de saúde física (n=29): doenças

referidas (diabetes, doenças cardiovasculares, artrite, etc); uso de serviços de saúde. 5)

suporte social (n=18): cobertura de seguro de saúde; suporte em casa/necessidade de

cuidado; participação social; sofrer discriminação/menosprezo. 6) problemas

psicossociais (n=7): depressão; sintomas psicológicos; uso de drogas.

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33

Quadro 8. síntese dos principais resultados estatísticos (Ordenado por local do estudo)

Autoria Ano de

publicação Local do estudo

População N Delineamento

do estudo Categoria AAS

Categoria de referência

Categoria IMC analisada Medida de associação

Valor IC95% P-valor

Smith et al 1994 Austrália Mulheres 1.687 Transversal

Melhor (44,8%) X Igual (Comparação de AAS entre

pares) IMC 20 a 25

IMC < 20

OR

1,16 0,83-1,63 p>0,05

IMC > 25 0,68* 0,53-0,87 P<0,01

Pior (6,8%) X Igual (Comparação de AAS entre

pares)

IMC < 20 3,70* 1,84-7,46 P<0,01

IMC > 25 1,66* 1,01-2,74 p<0,001

Sodergren et al

2012 Austrália Adultos 3.644 Transversal

Boa/Melhor (Mulheres) (89,5%)

IMC < 25

IMC de 25 a 29,9

OR

0,70* 0,56-0,86 p<0,05

IMC ≥ 30 0,54* 0,42-0,70 p<0,05

Boa/Melhor (Homens) (87,1%)

IMC de 25 a 29,9 0,84 0,66-1,06 p>0,05

IMC ≥ 30 0,36* 0,27-0,47 P<0,05

Barros et al 2009 Brasil Adultos 54.213 Transversal

Ruim (Homens) (31,4%)

IMC Normal

Baixo peso

RP

2,64* 1,33-5,25 P<0,05

Pré obesidade 1,11 0,75-1,62 p>0,05

Obesidade 1,67* 1,10-2,54 P<0,05

Ruim (Mulheres) (44,02%)

Baixo peso 2,40* 1,52-3,79 P<0,05

Pré obesidade 1,67* 1,27-2,19 P<0,05

Obesidade 3,47* 2,70-4,47 P<0.05

Borim et al 2012 Brasil Idosos 1.432 Transversal Excelente/Muito boa

(24,6%) IMC 22 a 27

IMC < 22

RP

0,94 0,76-1,16 p>0,05

> 27 a < 30 0,93 0,75-1,15 p>0,05

IMC ≥ 30 0,60* 0,42-0,87 P<0,05

Bailis et al 2003 Canadá Adultos 7.505 Longitudinal

(1994 a 1996)

Melhora na AAS de 1994 para 1996 para quem "expressou" X "não expressou" intenção de perder peso

Não foi categorizado

Coeficientes de regressão AAS x Média de IMC dos que “expressaram” x “não expressaram” intenção de perder peso

Diferenças entre os

coeficientes de regressão

(Beta)

0,04 vs 0,01*

Não utilizado

p<0,001

*Estatisticamente significativo; IMC = Índice de Massa Corporal; AAS = Autoavaliação de saúde; OR=Odds Ratio; RP= Razão de prevalência

(Continua)

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34

Quadro 8. Síntese dos principais resultados estatísticos (Ordenado por local do estudo) (Continuação)

Autoria Ano de

publicação Local do estudo

População N Delineamento

do estudo Categoria AAS

Categoria de referência

Categoria IMC analisada Medida de associação

Valor IC95% P-valor

Goldman et al

2003 China Adultos

4.049 (inicial)

928 (ano 2000)

Longitudinal (1989 a 2000)

AAS ordenada 5 = “Excelente” 4 = “Boa” 3 = “Média” 2 = “Não tão

boa” 1 = “Ruim”

Não foi categorizado

Não foi categorizada Modelo Probit

Ordenado 0,295*

Não utilizado

p<0,001

Giron 2012 Espanha Adolesce

ntes e Adultos

28.293 (≥16 anos)

14.814 (16 a 49

anos)

Transversal

Boa/Muito boa (≥16 anos)

IMC Normal/Baixo

peso

Sobrepeso

OR

0,98 0,88-1,09 p>0,05

Boa/Muito boa ((≥16 anos) Obesidade 0,79* 0,68-0,92 P<0,01

Boa/Muito boa ((≥16 anos) Não conhecido 0,91 0,76-1,09 p>0,05

Boa/Muito boa (16 a 49 anos)

Sobrepeso 1,05 0,91-1,22 p>0,05

Boa/Muito boa (16 a 49 anos)

Obesidade 0,69* 0,55-0,87 P<0,01

Boa/Muito boa (16 a 49 anos)

Não conhecido 0,82 0,57-1,17 p>0,05

Bethea et al 2012 Estados Unidos

Adultos

113.033 (rural)

234.757 (urbana)

Transversal

Pior (Pop rural) Não

sobrepeso/Não obeso

Sobrepeso OR

Cumulativa Multivariada

1,28* 1,20-1,37

P<0,05 Pior (Pop rural) Obesidade 2,18* 2,03-2,34

Pior (Pop urbana) Sobrepeso 1,38* 1,32-1,45

Pior (Pop urbana) Obesidade 2,50* 2,38-2,62

Nam 2013 Estados Unidos

Adultos 2.390 Transversal AAS melhor IMC > 30,1

lMC ≤ 18,49

OR

1,62 0,90-2,92 p>0,05

IMC de 18,5 a 24,9 2,99* 2,43-3,67 P<0,001

IMC de 25 a 30 2,19* 1,79-2,68 p<0,001

Lorraine et al 2005 Estados Unidos

Adultos 4.091 Transversal Regular/Ruim IMC < 30 IMC > 30 OR 1,56* 1,23-1,98 p<0,001

Prosper et al 2009 Estados Unidos

Adultos 4.549 Transversal Regular/Ruim IMC

Normal/Sobrepeso

Obesidade OR 2,33 1,7-3,2 P<0,05

* Estatisticamente significativo; IMC = Índice de Massa Corporal; AAS = Autoavaliação de saúde; OR=Odds Ratio; RP= Razão de prevalência

(Continua)

Page 36: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ... · diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um instrumento que permite o monitoramento

35

Quadro 8. Síntese dos principais resultados estatísticos (Ordenado por local do estudo) (Continuação)

Autoria Ano de

publicação Local do estudo

População N Delineamento

do estudo Categoria AAS

Categoria de referência

Categoria IMC analisada Medida de associação

Valor IC95% P-valor

Manderbacka et al

1998 Finlândia Adultos 7.290 Transversal

Regular (Homens) (33%)

IMC 20 ⱶ 25

IMC 25 ⱶ 30

OR

1,27* 1,06-1,52

P<0,001

IMC > 30 2,02* 1,54-2,64

IMC < 20 1,51 0,84-2,71

Ruim (Homens) (9%)

IMC 25 ⱶ 30 0,88 0,63-1,22

IMC > 30 2,28* 1,49-3,50

IMC < 20 3,47* 1,63-7,39

Regular (Mulheres) (35%)

IMC 25 ⱶ 30 1,09 0,91-1,31

IMC > 30 1,97* 1,52-2,54

IMC < 20 0,83 0,60-1,16

Ruim (Mulheres (9%)

IMC 25 ⱶ 30 0,78 0,55-1,11

IMC > 30 1,93* 1,26-2,94

IMC < 20 1,49 0,87-2,56

Darviri et al. 2011 Grécia Adolesce

ntes e Adultos

1.360 (15 a 29)

1.122 (30 a 49)

1.119 (≥50)

Transversal Ruim

(≥ 50 anos) IMC Normal

Sobrepeso

OR

1,32 0,90-1,93 P=0,153

Obesidade 1,83* 1,19-2,81 P=0,006

Darviri et al. 2012 Grécia

Habitantes da área rural

1.519 Transversal

Muito boa

Não utilizou categoria de referência

Normal

χ²

35,8

Não apresentado no artigo

0,125

Sobrepeso 31,7

Obesidade 29,3

Boa

Normal 49,1

Sobrepeso 55

Obesidade 53,6

Ruim

Normal 15,1

Sobrepeso 13,2

Obesidade 17

*Estatisticamente significativo; IMC = Índice de Massa Corporal; AAS = Autoavaliação de saúde; OR=Odds Ratio ; χ²=Quiquadrado

(Continua)

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36

Quadro 8. Síntese dos principais resultados estatísticos (Ordenado por local do estudo) (Continuação)

Autoria Ano de

publicação Local do estudo

População N Delineamento

do estudo Categoria AAS

Categoria de referência

Categoria IMC analisada Medida de associação

Valor IC95% P-valor

Tigani et al 2012 Grécia Idosos 400 Transversal

Muito boa X Ruim

IMC Normal

Baixo IMC

OR

1,22 0,43-3,46 p>0,05

Sobrepeso 0,79 0,41-1,50

Obesidade 5,35* 1,67-17,18 P<0,01

Boa X Ruim

Baixo IMC 0,82 0,28-2,40

p>0,05 Sobrepeso 0,57 0,29-1,11

Obesidade 2,45 0,75-7,99

Niedhammer et al

2013 Irlanda Adultos

3.586 Homens

4818 Mulheres

Transversal

Ruim (Homens) (12,14%)

IMC < 25

IMC 25 ⱶ 30

OR

0,946 0,713-1,255 p>0,05

IMC ≥ 30 1,539* 1,087-2,178 p<0,05

Ruim (Mulheres) (12,10%)

IMC 25 ⱶ 30 1,398* 1,056-1,850 p<0,01

IMC ≥ 30 1,787* 1,274-2,507 p<0,01

Park e Lee 2013 Japão e

Coréia do Sul

Adultos

2.496 (Japão)

1576 (Coréia)

Transversal

AAS ordinal Japão

IMC Normal

Baixo peso

OR

0,855

Não apresentado

no artigo

p>0,05

Sobrepeso 0,990* p<0,05

Obesidade 0,943* p<0,05

AAS ordinal Coréia

Baixo peso 0,778 p>0,05

Sobrepeso 0,693* p<0,05

Obesidade 0,380* p<0,05

Kwasniewska et al

2007 Polônia Adultos

583 Homens

639 Mulheres

Transversal

Regular/Ruim (Homens) 31,5%

IMC < 25

IMC 25 a 29,9

OR

1,46 0,96-2,22 p>0,05

IMC ≥ 30 2,96* 1,80-4,86 p<0,001

Regular/Ruim (Mulheres)

49,1%

IMC 25 a 29,9 2,09* 1,41-3,10 p<0,001

IMC ≥ 30 5,14* 3,31-7,98 p<0,001

*Estatisticamente significativo; IMC = Índice de Massa Corporal; AAS = Autoavaliação de saúde; OR=Odds Ratio

(Continua)

Page 38: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ... · diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um instrumento que permite o monitoramento

37

Quadro 8. Síntese dos principais resultados estatísticos (Ordenado por local do estudo) (Continuação)

Autoria Ano de

publicação Local do estudo

População N Delineamento

do estudo Categoria AAS

Categoria de referência

Categoria IMC analisada Medida de associação

Valor IC95% P-valor

Marques Vidal et al

2012 Portugal e

Suiça Idosos

Survey 1

22.162

Survey 2 22.695

Survey 3 16.899

Transversal

Ruim/Muito ruim (Portugal, Homens de 18 a

49 anos)

IMC Normal

Sobrepeso

OR

0,69* 0,57-0,84 P<0,05

Obesidade 0,89 0,67-1,17 p>0,05

Ruim/Muito ruim (Portugal, Homens 50 anos

e mais)

Sobrepeso 0,81* 0,76-0,88 P<0,05

Obesidade 1,05 0,95-1,17 p>0,05

Ruim/Muito ruim (Portugal, Mulheres de 18

a 49 anos)

Sobrepeso 1,26* 1,12-1,42 P<0,05

Obesidade 2,01* 1,75-2,32

Ruim/Muito ruim (Portugal, Mulheres de 50

anos e mais)

Sobrepeso 1,02 0,96-1,08 p>0,05

Obesidade 1,49* 1,38-1,61 P<0,05

Ruim/Muito ruim (Suiça, Homens de 18 a 49 anos)

Sobrepeso 1,09 0,87-1,38 p>0,05

Obesidade 2,20* 1,56-3,10 P<0,05

Ruim/Muito ruim (Suiça, Homens 50 anos e mais)

Sobrepeso 0,93 0,78-1,11 p>0,05

Obesidade 1,58* 1,25-1,98

p<0,05

Ruim/Muito ruim (Suiça, Mulheres 18 a 49 anos)

Sobrepeso 1,67* 1,32-2,11

Obesidade 2,23* 1,59-3,12

Ruim/Muito ruim (Suiça, Mulheres 50 anos e mais)

Sobrepeso 1,26* 1,09-1,47

Obesidade 2,22* 1.85-2,66

Lim et al 2007 Singapura Adultos 6.236 Transversal Ruim IMC 20 a 25

IMC < 20

OR

1,28* 1,05-1,56

p<0,05 25 < IMC < 30 1,51* 1,24-1,84

IMC > 30 1,90* 1,35-2,67

Malmostrom et al

1999 Suécia

Adolescen

tes e Adultos

9.240 Transversal Ruim IMC Normal Sobrepeso

OR 1,02 0,90-1,15 p>0,05

Obesidade 1,62* 1,35-1,95 P<0,05

*Estatisticamente significativo; IMC = Índice de Massa Corporal; AAS = Autoavaliação de saúde; OR=Odds Ratio

(Continua)

Page 39: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ... · diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um instrumento que permite o monitoramento

38

Quadro 8. Síntese dos principais resultados estatísticos (Ordenado por local do estudo) (Conclusão)

Autoria Ano de

publicação Local do estudo

População N Delineamento

do estudo Categoria AAS

Categoria de referência

Categoria IMC analisada Medida de associação

Valor IC95% P-valor

Manderbacka et al

1999 Suécia Adultos 5.306 Transversal

Ruim (18 a 34 anos)

IMC 20 a 24,9

IMC 25 a 29,9

OR

1,39 0,79-2,44

p<0,001

IMC > 30 6,07* 2,54-14,50

IMC < 20 2,88* 1,71-4,85

Ruim (35 a 59 anos)

IMC 25 a 29,9 1,07 0,78-1,46

IMC > 30 1,12 0,64-1,96

IMC < 20 0,76 0,42-1,37

Ruim (60 a 75 anos)

IMC > 30 0,86 0,60-1,23

IMC < 20 0,96 0,52-1,77

IMC 25 a 29,9 0,87 0,39-1,91

Mansson et al

2001 Suécia Homens adultos

1.786 Trab.

colarinho azul

2.102 Trab.

colarinho branco

Longitudinal Menos do que perfeita (Trab. colarinho azul X

Colarinho branco)

Trab. Colarinho branco

Obesos

OR

1,58* 1,0-2,4

P<0,05

Não obesos 1,66* 1,5-1,9

Molarius et al

2006 Suécia Adultos

483 (BP) 17663(NL)

13654(S) 4248(O)

Transversal Ruim IMC Normal

Baixo peso

OR

1,8* 1,3-2,4

P<0,05 Sobrepeso 1,1* 1,0-1,2

Obesidade 1,4* 1,3-1,6

Sodergren et al

2008 Suécia Adultos

1.876 Mulheres 1.880 Homens

Transversal Boa IMC Normal Sobrepeso

OR 0,70* 0,58-0,84

Obesidade 0,40* 0,31-0,52

*Estatisticamente significativo; IMC = Índice de Massa Corporal; AAS = Autoavaliação de saúde; OR=Odds Ratio; BP=Baixo peso, NL= peso normal,

S=sobrepeso, O=obeso

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39

6 DISCUSSÃO

Observou-se que a associação de IMC e AAS está presente em todas as pesquisas

analisadas, com exceção de um estudo (DARVIRI et al., 2012). As categorias de IMC que

predominaram na associação com AAS foram “sobrepeso” e “obesidade”, que são

consideradas fatores de risco para doenças crônicas, principalmente diabetes mellitus e

doenças cardiovasculares e corresponsáveis por cerca de 3,8 milhões de mortes no mundo

(WHO, 1995; 2010).

Apenas três estudos encontraram associação da AAS “ruim” com a categoria de

“baixo peso”. É possível que indivíduos com “baixo peso” auto avaliam sua saúde como

“ruim” por associarem com a presença de morbidades.

A epidemia de obesidade no mundo requer especial atenção pelos serviços de

Vigilância em Saúde. A confirmação de que obesidade é um importante preditor de

AAS em vários subgrupos de populações, mesmo controlando por fatores

socioeconômicos, de cuidado de saúde e estilo de vida (PROSPER et al., 2009), aponta

para a relevância do monitoramento da associação desses dois indicadores de saúde.

Além disso, sendo a obesidade corresponsável por algumas doenças crônicas

prevalentes na população adulta e idosa, sobretudo diabetes mellitus e doenças

cardiovasculares (WHO, 2000), é importante que se leve em conta a presença dessas

morbidades no monitoramento da AAS e IMC.

O fato das mulheres com excesso de peso avaliarem pior sua saúde do que os

homens nessas condições sugere que o gênero feminino tem um julgamento mais

adequado de sua saúde do que o masculino, em relação à condição de peso corporal.

É importante verificar como está a AAS na parcela da população com excesso

de peso. Se o indivíduo com IMC inadequado autoavalia sua saúde como “boa”,

presume-se que não levará em conta a necessidade de adesão a práticas saudáveis ou

procura a serviços de saúde. BAILIS et al. (2003) demonstraram que o auto conceito de

saúde variou conforme as intenções dos indivíduos em perderem peso ou não, adotando

essa prática como meta de melhoria do estado de saúde. Isso leva à reflexão de que os

indivíduos que têm consciência sobre a influência do seu peso corporal na sua saúde

geral podem adotar práticas saudáveis e monitorarem sua própria condição geral de

Page 41: Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Saúde ... · diversos aspectos da vida humana, tais como componentes físicos e emocionais. É um instrumento que permite o monitoramento

40

saúde, o que possivelmente será percebido pelos serviços de Vigilância em Saúde no

monitoramento da saúde geral da população.

Destacando-se o interesse em avaliar a relação IMC x AAS entre pessoas

idosas foi verificado que os obesos apresentaram significativamente menor prevalência

de AAS “excelente” ou “muito boa” do que os idosos das demais categorias de IMC

(BORIM et al., 2012). Sugere-se que os indivíduos de idade mais avançada, que estão

muito acima do peso normal, podem estar sofrendo de morbidades associadas ao

excesso de peso. A massa corporal tende a diminuir com o avanço da idade (WHO,

1995), portanto não é comum que um idoso sadio tenha excesso de peso. Essa parcela

da população necessita de ações de cuidado à saúde para um envelhecimento saudável e

é possível que sejam pessoas que não estejam sendo devidamente assistidas.

O fato de a maioria dos estudos serem do tipo transversal mostra a utilidade do

indicador AAS como ferramenta de monitoramento da saúde geral de populações. Entretanto,

recomenda-se a realização de mais estudos longitudinais a fim de que se conheçam melhor os

preditores das mudanças da AAS em relação às mudanças do IMC nos indivíduos.

Embora a pesquisa bibliográfica tenha sido realizada apenas na Medline, trata-se da

principal base de busca bibliográfica internacional da área de saúde, coordenada pela National

Library of Medicine (NLM). Contém mais de 21 milhões de referências a artigos de revistas de

ciências da vida, sendo o componente principal do portal Pubmed (PACKER, et al., 2007; NIH,

2014).

Apesar da constatação de variações nos valores das associações entre IMC e AAS,

quando comparadas entre os diversos estudos analisados, observou-se que os mesmos

corroboram entre si nos resultados de que piores categorias de AAS estão associadas com

piores categorias de IMC, seja “baixo peso” ou “sobrepeso e obesidade”. Espera-se que

indivíduos nessas condições procurem adotar comportamentos de saúde no sentido de

normalizarem o peso corporal. Neste sentido, políticas de Educação em Saúde que apontem

para estilo de vida saudável, assim como medidas de promoção de saúde são requeridas. Mais

uma vez, evidencia-se a importância de estudos longitudinais para acompanhar processos de

melhorias na AAS em relação ao IMC.

As variáveis que mais foram repetidas como controles nos estudos dizem respeito

aos aspectos demográficos (idade, sexo, situação conjugal, entre outros), comportamentais

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41

(prática de atividade/exercícios físicos, tabagismo, etilismo, dieta alimentar, entre outros) e

socioeconômicos (nível educacional, situação de trabalho, renda, entre outros). São fatores

relacionados à vida humana e muitos estão incluídos no conceito ampliado de saúde adotado

pelo Brasil na VIII Conferência Nacional de Saúde (BRASIL, 1986). As condições de saúde

da população são resultante de todo esse conjunto de fatores que correspondem a diversos

setores da sociedade, não somente o da área da saúde. Ressalta-se, portanto, a necessidade da

intersetorialidade da área da saúde com os diversos outros setores da sociedade para uma

atuação conjunta e eficaz sobre os fatores determinantes da saúde visando à melhoria das

condições de saúde da população.

Poucos autores colocaram foco na discussão da análise da associação entre

IMC e AAS. Recomenda-se, portanto, que o tema seja mais explorado, dado o aumento

progressivo do excesso de peso em nível mundial. O objetivo dessa revisão alinha-se

com a necessidade de monitoramento da saúde das populações como uma das

estratégias no enfrentamento das doenças crônicas, as quais têm o elevado IMC como

um de seus principais fatores de risco.

Observou-se a escassez de pesquisas qualitativas envolvendo o tema em

questão. A abordagem qualitativa da AAS, considerando a problemática do excesso de

peso, pode ajudar na compreensão das variações das percepções de saúde dos

indivíduos que se encontram em condições de sobrepeso e obesidade.

Destaca-se nos achados a carência de estudos no Continente Africano e na América

Latina, com exceção dos dois estudos do Brasil. Vale evidenciar os inquéritos populacionais

realizados no Brasil, como VIGITEL, PNAD, Pesquisa Nacional de Saúde, os quais têm

coletado informações sobre AAS e IMC, além de morbidades referidas. Recomenda-se assim

que mais pesquisas sejam realizadas para que a literatura sobre o tema em questão seja

estendida, dada a sua relevância para a saúde pública.

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7 CONCLUSÃO

Os vinte e cinco artigos selecionados abrangeram publicações entre 1994 e 2013

de pesquisas realizadas em todos os continentes, com exceção do Continente Africano.

A maior concentração de estudos foi na Europa e América do Norte.

A coleta de dados na maioria dos estudos foi realizada por inquérito face a face e

em segundo lugar, inquérito por telefone. Quanto ao delineamento, predominaram os

estudos transversais havendo poucos estudos longitudinais.

As questões e respostas sobre a AAS variaram entre os estudos, principalmente

nas opções de respostas, em que alguns consideraram a categoria “excelente” outros

“muito bom” como extremo positivo e quanto ao extremo negativo alguns consideraram

a opção “ruim” outros “muito ruim”.

Todos os resultados, com exceção de um estudo, observaram associação entre

IMC e AAS, sendo mais frequente entre AAS “ruim” ou “muito ruim” com sobrepeso

ou obesidade.

Observou-se que as mulheres com sobrepeso ou obesas têm pior percepção de

saúde do que os homens nessas condições o que sugere que o gênero feminino faz um

julgamento mais rigoroso da saúde do que o gênero masculino. Na população idosa

observou-se associação inversa da AAS “excelente” ou “muito boa” com “obesidade”.

Os resultados apontam para a relevância do uso do indicador AAS no

monitoramento da saúde geral de populações em relação à problemática do excesso de

peso.

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