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0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MICHELE REJANE COURA DA SILVA ENSINO HÍBRIDO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO PRESENCIAIS DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS: UMA ANÁLISE DA REGULAMENTAÇÃO Cuiabá- MT 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MICHELE REJANE COURA DA SILVA

ENSINO HÍBRIDO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO PRESENCIAIS DAS

UNIVERSIDADES FEDERAIS: UMA ANÁLISE DA REGULAMENTAÇÃO

Cuiabá- MT

2016

1

MICHELE REJANE COURA DA SILVA

ENSINO HÍBRIDO EM CURSOS DE GRADUAÇÃO PRESENCIAIS DAS

UNIVERSIDADES FEDERAIS: UMA ANÁLISE DA REGULAMENTAÇÃO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Educação do Instituto de

Educação da Universidade Federal de Mato Grosso

como requisito para a obtenção do Título de Mestre

em Educação.

Orientador: Prof. Dr. Cristiano Maciel.

Coorientadora: Profª. Dr.ª. Kátia M. Alonso.

Cuiabá - MT

2016

2

4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos que sempre acreditaram no meu crescimento

pessoal, em especial aos meus pais Nilton e Aureluce, aos meus irmãos Eder e Higor

e demais familiares. Também, o dedico, com carinho, a minha avó Arlete, que sempre

valorizou a educação e que me incentiva na caminhada enquanto educadora.

5

AGRADECIMENTOS

Agora que vejo a conclusão deste trabalho, em meio a alegria e satisfação, sinto uma

enorme vontade de agradecer a todos que se envolveram neste meu projeto de vida.

Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus pela companhia fiel e indispensável para

que eu pudesse ter forças neste caminho longo e muito prazeroso.

Também agradeço a Deus por Ele ter me guiado até meu orientador prof. Cristiano

Maciel, que além de parceiro na realização deste trabalho, foi meu amigo. Agradeço a ele por

toda a condução desta pesquisa, pelo conhecimento, pelos conselhos nas horas mais difíceis,

pela paciência, compreensão, incentivo e carinho despendidos nestes dois anos de

convivência.

Aos meus familiares, minha eterna gratidão, especialmente ao meu pai e minha mãe.

Um agradecimento especial ao meu primo Raony Berto por ter me incentivado em vários

momentos de dificuldade na realização da pesquisa e na vida.

Agradeço a todos os professores do mestrado, cujo trabalho e dedicação foram

essenciais para a minha formação como pesquisadora, especialmente à prof.ª Kátia Alonso,

coorientadora da minha pesquisa, pelo conhecimento que me permitiu obter sobre educação

mediada por tecnologias, que até o momento do mestrado era desconhecido por mim.

A todos os colegas do grupo de pesquisa Laboratório de Estudos sobre Tecnologia da

Informação e Comunicação na Educação (LêTece), em especial a Rosemery Petter, que me

incentivou e ajudou no direcionamento da pesquisa, e a Patrícia Mendonça e Sabrina Sassi,

pela amizade, companheirismo, ajuda e apoio nos momentos delicados do estudo.

Ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMT, por ter oportunizado a

experiência do mestrado.

Agradeço aos professores que fizeram parte da banca de qualificação e defesa dessa

dissertação, pelas correções, contribuições e apontamentos que aperfeiçoaram

consideravelmente este estudo.

Eu me considero uma pessoa de sorte por poder contar com pessoas tão maravilhosas

nesta caminhada: Prof. Cristiano, Patrícia e Sabrina... Muito Obrigada!

6

“Mas sonhar é coisa que não se ensina.

Brota das profundezas do corpo,

como a água brota das profundezas da terra.

Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa:

Conte-me os seus sonhos, para que sonhemos juntos!”

(Rubem Alves)

Rubem Alves, in “A alegria de ensinar”, 1994.

7

RESUMO

A integração entre o ensino presencial e o virtual, o blended learning, vem sendo foco de

estudos no cenário mundial. No Brasil, a normatização da semipresencialidade, pela portaria

nº 4.059/2004, permitiu que o blended learning (ou ensino híbrido) fosse implementado nas

Instituições de Ensino Superior. A modalidade semipresencial permite que disciplinas sejam

ministradas com até 20% da carga horária total do curso no formato semipresencial. A

implantação da semipresencialidade significa utilizar parte da carga horária dos cursos ou

componentes curriculares presenciais para o desenvolvimento de atividades e práticas

educativas semipresenciais, por meio das tecnologias da informação e comunicação. Após

onze anos da publicação desta portaria, pouco se sabe a respeito dessa oferta de ensino. O

suporte teórico do estudo versa sobre a institucionalização da educação a distância e o ensino

híbrido, fazendo a abordagem dos principais conceitos. Considerando sua regulamentação, o

objetivo do estudo foi de analisar como as universidades federais estão ofertando o ensino

híbrido em seus cursos de graduação presenciais. Para o desenvolvimento da pesquisa, que

teve abordagem qualitativa com viés exploratório descritivo, foi realizada uma análise

documental das regulamentações que autorizam a oferta do ensino híbrido nas universidades

federais, bem como um questionário diagnóstico para subsidiar o levantamento de

informações na pesquisa. A análise das regulamentações das universidades federais

demonstrou que muitas delas não especificam claramente como o ensino semipresencial deve

ser constituído e nem a maneira como as universidades federais devem implantar as atividades

híbridas. A análise dos dados indica uma incompreensão acentuada no uso dessas tecnologias

e de como elas podem ser apropriadas pelos cursos de graduação presenciais.

Palavras-Chave: Portaria n.º 4.059/2004. Semipresencialidade. Blended Learning. Ensino

híbrido. Hibridização do ensino.

8

ABSTRACT

The integration between face-to-face and online learning, so-called blended learning, has

been the focus of worldwide studies. In Brazil, the regulation of semi-presence modality via

decree nº 4.059/2004, allowed the blended learning (or hybrid learning) to be implemented in

higher education institutions. In this mode the courses can be taught up to 20% of the total

hours in blended format. It means that part of the hours scheduled for the classroom

curriculum components would be used for the development of semi-presence educational

practices and activities, using the information and communication technologies. Eleven years

after the publication of this ordinance, little is known about this educational tool. The

theoretical basis of the study deals with the institutionalization of distance and blended

learning, making the approach to the main concepts. Considering its regulation, the aim of

this study was to analyze how the federal universities are offering blended learning in its in

undergraduate courses. For the development of this research, which had a qualitative method

with descriptive exploratory purposes, document analysis of the regulations authorizing the

implementation of blended education in federal universities was held, as well as the usage of

a diagnostic questionnaire to support the collection of information in the research. The

review of such regulations has shown that many of the texts studied don't clearly specify how

the blended learning should be organized, nor how the university must deploy the hybrid

activities. The analysis of the data indicates a deep misunderstanding concerning the use of

these technologies and how they should be adapted by the traditional undergraduate courses.

Keywords: Decree nº 4.059/2004. Semi-presence modality. Blended Learning. Hybrid

education. Hybridization of education.

9

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Trajetória de institucionalização e expansão da EaD no Brasil. ............................ 22

Quadro 2: Características dos modelos de ensino híbrido. ..................................................... 31

Quadro 3: Trabalhos selecionados para análise. ..................................................................... 36

Quadro 4: Contexto, objetivos e metodologia dos artigos selecionados para análise............. 37

Quadro 5: Matriz de objetivos do questionário diagnóstico. .................................................. 55

Quadro 6: Informações que permaneceram nas portarias nº2.253/2001 e nº 4.059/2004. ..... 75

Quadro 7: Modificações nas informações encontradas nas portarias nº2.253/2001 e nº

4.059/2004. ............................................................................................................................... 77

Quadro 8: Elementos que compõem as Dimensões de análise documental. .......................... 81

Quadro 9: Amostra de universidades federais que possuem regulamentação própria

específica para o ensino semipresencial. .................................................................................. 83

Quadro 10: Amostra de universidades federais que regulamentam o ensino semipresencial

por meio de normatizações não específicas à modalidade semipresencial. ............................. 87

10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Blended Learning em relação às outras modalidades. ............................................. 26

Figura 2: Esquema conceitual do ensino híbrido. ................................................................... 27

Figura 3: Modelos de ensino híbrido. ..................................................................................... 30

Figura 4: Níveis de envolvimento do blended learning em uma instituição de ensino. .......... 32

Figura 5: Características da gestão do ensino presencial, virtual e a incógnita para a gestão do

ensino híbrido. .......................................................................................................................... 33

Figura 6: Método para revisão sistemática da literatura. ........................................................ 34

Figura 7: Distribuição de cursos e matrículas em cursos semipresenciais apresentadas no

Censo EAD.BR 2013. ............................................................................................................... 51

Figura 8: Ambiente Virtual de Aprendizagem utilizado pela UFV. ..................................... 105

11

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Universidades federais que regulamentaram a oferta da modalidade

semipresencial, em outubro de 2015. ....................................................................................... 65

Gráfico 2: Universidades federais que ofertam ou não a semipresencialidade e que possuem a

modalidade regulamentada, em outubro de 2015. .................................................................... 66

Gráfico 3: Universidades Federais participantes que ofertam a modalidade de Educação a

Distância (EaD), em outubro de 2015. ..................................................................................... 71

12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABED Associação Brasileira de Educação a Distância

ANDIFES Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino

Superior

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CEAD Centro de Educação a Distância

CI Conceito Institucional

COGRAD Colégio de Pró-reitores de Graduação

COTED-CT Coordenação de Tecnologia da Educação

EaD Educação a Distância

IE Instituição de Ensino

IES Instituição de Ensino Superior

IFES Instituição Federal de Ensino Superior

IGC Índice Geral de Cursos

IPES Instituição Pública de Ensino Superior

LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC Ministério da Educação

PDF Portable Document Format

PDI Política de Desenvolvimento Institucional

PPC Projeto Pedagógico do Curso

PNE Plano Nacional de Educação

ProGrad Pró-reitoria de Graduação

PROUNI Programa Universidade para Todos

SEaD Secretaria Geral de Educação a Distância

SEED Secretaria de Educação a Distância

SESu Secretaria de Educação Superior

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

UAB Universidade Aberta do Brasil

UNB Universidade de Brasília

UNIRIO Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

UFABC Fundação Universidade Federal do ABC

UFAM Universidade Federal do Amazonas

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UFBA Universidade Federal da Bahia

UFC Universidade Federal do Ceará

UFCA Universidade Federal do Cariri

UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido

UFES Universidade Federal do Espírito Santo

UFFS Universidade Federal da Fronteira Sul

UFGD Universidade Federal da Grande Dourados

UFJF Universidade Federal de Juiz de Fora

UFLA Universidade Federal de Lavras

UFMS Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

UFMT Universidade Federal do Mato Grosso

UFPA Universidade Federal de Pará

UFPI Universidade Federal do Piaui

UFPR Universidade Federal do Paraná

UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

UFT Universidade Federal do Tocantins

UFU Universidade Federal de Uberlândia

UFV Universidade Federal de Viçosa

UFVJM Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri

UTFPR Universidade Tecnológica Federal do Paraná

14

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 16

1 O ENSINO HÍBRIDO NO BRASIL: PERCURSO E CONCEITOS ............................. 19

1.1 A Educação a Distância e sua institucionalização .......................................................... 19

1.1.1 Marcos Legais ......................................................................................................... 21

1.2 Blended learning ou ensino híbrido e a semipresencialidade no Brasil ......................... 24

1.2.1 Taxonomia do ensino híbrido .................................................................................. 29

1.3 Cenário do ensino híbrido a partir de uma revisão sistemática ...................................... 34

1.3.1 Síntese de Resultados .............................................................................................. 36

1.3.1.1 Dificuldades encontradas para a oferta do ensino semipresencial....................38

1.3.1.2 Bases legais em que as instituições de ensino superior estão amparadas para a

oferta do ensino semipresencial....................................................................................41

1.3.1.3 Oferta do ensino semipresencial em cursos presenciais nas instituições de

ensino superior..............................................................................................................42

2 PERCURSO METODOLÓGICO ..................................................................................... 47

2.1 Definindo a abordagem e o método de pesquisa ............................................................ 47

2.2 Organização da pesquisa ................................................................................................ 50

2.3 Critérios de seleção e definição dos sujeitos .................................................................. 51

2.4 Instrumentos de coleta e análise de dados ...................................................................... 54

2.4.1 Questionário diagnóstico ......................................................................................... 54

2.4.2 Levantamento documental ....................................................................................... 57

2.4.3 Revisão da literatura ................................................................................................ 58

2.4.4 Sobre a análise de dados .......................................................................................... 59

2.5 Informações adicionais ................................................................................................... 61

2.5.1 Aspectos éticos da pesquisa ..................................................................................... 61

2.5.2 Riscos e limitações da pesquisa ............................................................................... 62

2.5.3 Normas técnicas ....................................................................................................... 62

3 REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO HÍBRIDO NAS UNIVERSIDADES

FEDERAIS: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS .............................................. 64

3.1 Sobre o questionário diagnóstico .................................................................................... 64

3.2 Sobre a análise documental ............................................................................................ 74

3.2.1 Portaria n.º 2.253/2001 e Portaria n.º 4.059/2004: regulamentação em nível de

Estado ............................................................................................................................... 74

15

3.2.2 Regulamentações do ensino híbrido nas universidades federais ............................. 80

3.2.3 Dimensão Pedagógica ............................................................................................. 92

3.2.3.1 Elemento D1-1: Elaboração e desenvolvimento do projeto pedagógico do

curso..............................................................................................................................91

3.2.3.2 Elemento D1-2: Elaboração do material didático.............................................93

3.2.3.3 Elemento D1-3: Trabalho dos professores........................................................93

3.2.3.4 Elemento D1-4: Formação dos tutores/orientadores acadêmicos.....................96

3.2.3.5 Elemento D1-6: Avaliação da aprendizagem e do material pedagógico..........98

3.2.3.6 Elemento D1-7: Elaboração do plano de ensino da disciplina..........................98

3.2.4 Dimensão Administrativo-Financeira.................................................................... 101

3.2.4.1 Elemento D2-4: Seleção de recursos humanos...............................................101

3.2.5 Dimensão Tecnológica .......................................................................................... 102

3.2.5.1 Elemento D3-1: Garantia de infraestrutura tecnológica..................................101

3.2.5.2 Elemento D3-2: Criação de software e/ou sistemas........................................103

3.3 Sobre outros elementos analisados nas regulamentações das universidades federais .. 106

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 112

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 119

APÊNDICES ......................................................................................................................... 125

ANEXOS ............................................................................................................................... 133

16

INTRODUÇÃO

“Educação não muda o mundo. Educação muda pessoas.

Pessoas transformam o mundo”.

(Paulo Freire)

A integração entre o ensino presencial e o virtual vem sendo foco de estudo no cenário

mundial, como demonstra Belloni (2012, p. 117) ao enfatizar que:

as tendências mais fortes indicam para o desenvolvimento de modelos

institucionais ‘mistos’ ou ‘integrados’ por meio dos quais as instituições

convencionais de ensino superior ampliarão seus efetivos e diversificarão

suas ofertas, complementando suas atividades presenciais com atividades

mediatizadas, no interior dos currículos e das disciplinas.

Neste sentido Horn e Staker (2015), em sua obra “Blended: usando a inovação

disruptiva para aprimorar a educação”, corroboram com Belloni (2012) ao afirmarem que o

blended learning (ensino híbrido), mescla do ensino presencial com o virtual dentro e fora da

escola, já se consolidou como uma das tendências mais importantes para a educação do século

XXI.

As práticas do ensino híbrido disseminam-se em redes de ensino no mundo inteiro,

oferecendo aos alunos acesso a um aprendizado mais interessante, eficiente e personalizado às

suas necessidades. Esta particularização e personalização só é possível, segundo Rumble

(2010), devido a adoção de tecnologias na educação. Estas práticas de blended learning (b-

learning) ou ensino híbrido, no Brasil, também são denominadas como ensino semipresencial,

bimodal ou misto. Dessa forma, as análises apresentadas nesta pesquisa consideram o blended

learning, ensino híbrido, semipresencial, bimodal ou ainda misto, como a mesma modalidade1

de ensino.

As Instituições de Ensino (IE) estão modificando seus planejamentos pedagógicos por

meio da implantação de modelos semipresenciais de educação a fim de modernizar o processo

de ensino e aprendizagem. Esta implantação da semipresencialidade ocorre paralelamente à

institucionalização da Educação a Distância (EaD).Os principais marcos da

institucionalização da EaD são a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº

9.394/96 de 20 de dezembro de 1996, o Decreto nº. 5.6222, de 20 de dezembro de 2005 e a

1 Neste estudo, em alguns momentos, o ensino semipresencial será tratado como modalidade de ensino

por estar pautado no texto da Portaria MEC nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004. 2 Este decreto regulamentou a EaD como modalidade educacional em que a mediação didático-

pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de

informação e comunicação (PRETI, 2009).

17

criação do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB3) por meio do Decreto n.º 5.800 de

08 de junho de 2006, que proporcionaram um crescimento da modalidade de educação a

distância nas Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES) no país.

Fazendo deferência às Universidades Federais (UF) e respeitando-as como única e

restrita Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) mencionada e definida na LDBEN n.º

9.394/96, que é o marco inicial da normatização do ensino a distância nas Instituições de

Ensino Superior (IES), estas foram definidas como sujeitos da pesquisa.

A legislação referente à EaD até o ano de 2001 não normatizava o uso de atividades

semipresenciais nos cursos presenciais das IES. As atividades foram regulamentadas por meio

da portaria do Ministério da Educação (MEC) nº 2.253 de 18 de outubro de 2001. Em 2004, a

publicação da Portaria MEC nº 4.059, de 10 de dezembro de 2004, revogou a portaria nº

2.253/2001, autorizando as IES a incluírem, na organização pedagógica e curricular de cursos

em nível superior reconhecidos, até vinte por cento da carga horária total do curso, o ensino

semipresencial.

A semipresencialidade permite que os cursos, e até mesmo as disciplinas, possam ser

planejadas tanto de forma presencial quanto on-line. Essa convergência entre presencial e

virtual, chamada de ensino semipresencial, é um híbrido entre as duas modalidades e tem

proporcionado às IES tanto vantagens, no sentido de aumentar os recursos e tecnologias

empregadas no ensino, como desvantagens que podem ser visualizadas desde a infraestrutura

necessária, até o preparo para os profissionais da educação. Apresenta-se, segundo Moran

(2004), inúmeras possibilidades de aprendizagem que combinarão o melhor do presencial

com as facilidades do virtual.

Após onze anos da aprovação e publicação da Portaria nº 4.059, do Ministério da

Educação, pouco se sabe a respeito dessa oferta de ensino, portanto o estudo pretende

apresentar informações atualizadas sobre a semipresencialidade nas universidades federais,

procurando fazer um esclarecimento sobre a oferta do ensino híbrido nos cursos de graduação

presenciais nestas instituições. Sendo assim, considerando as regulamentações que autorizam

a oferta da semipresencialidade, esta pesquisa procura responder ao questionamento: de que

maneira a portaria n.º 4.059/2004 vem sendo interpretada pelas universidades federais

para a oferta do ensino híbrido em seus cursos de graduação presenciais?

3 O Sistema UAB foi instituído pelo decreto n.º 5.800, de 8 de junho de 2006, para o desenvolvimento

da modalidade de educação a distância, com a finalidade de expandir e interiorizar a oferta e cursos e

programas de educação superior no País. Disponível em

http://www.uab.capes.gov.br/index.php/sobre-a-uab/o-que-e.

18

Considerando esta indagação levantou-se a hipótese de que a ausência de um

detalhamento da oferta de ensino híbrido por meio da portaria n.º 4.059/2004 tem

ocasionado diferentes interpretações, dificultando sua implantação.

Deste modo o objetivo do estudo é de analisar como as universidades federais estão

ofertando o ensino híbrido em seus cursos de graduação presenciais por meio da

portaria n.º 4.059/2004.

Para atingir o escopo da pesquisa, os objetivos específicos estabelecidos foram:

interpretar os referenciais da regulamentação do ensino semipresencial para identificar suas

especificidades; identificar universidades federais que estão ofertando a semipresencialidade

em cursos de graduação presenciais, considerando as regulamentações que as definem; e

analisar os dados obtidos nos documentos das UF estudadas, discutindo sobre os elementos

pedagógicos, administrativos, financeiros e tecnológicos que são apresentados, ou não, pelas

regulamentações.

Em relação aos caminhos utilizados para alcançar o objetivo da pesquisa, foi

empregada a abordagem metodológica qualitativa (CHIZZOTTI, 2008; e MARTINS, 2004).

Utilizou-se a análise documental (LÜDKE; ANDRÉ, 1986; OLIVEIRA, 2007; GIL, 2010 e

outros) para realizar o levantamento das regulamentações pertencentes ao processo de

institucionalização do ensino semipresencial nas universidades federais. Os dados também

foram levantados por meio da aplicação de um questionário enviados às IES. Portanto, análise

documental e questionário diagnóstico analisados com viés exploratório descritivo, formam o

corpus da pesquisa.

A dissertação está organizada em três capítulos, precedidos da introdução e encerrados

com as considerações finais, da seguinte forma: o primeiro capítulo aborda a

institucionalização da EaD e o ensino híbrido, destacando o constructo da pesquisa fazendo a

abordagem dos principais conceitos. Apresenta, também, uma revisão sistemática sobre a

implantação do ensino semipresencial, abordando os aspectos relacionados ao tema da

pesquisa. O segundo capítulo e suas subseções caracterizam o corpus da pesquisa. Este aborda

o tratamento do percurso metodológico, em que são especificados os critérios de seleção dos

sujeitos, dos instrumentos de coleta e de análise de dados.

A apresentação e análise dos dados do estudo encontra-se no capítulo três, que expõe a

análise documental das regulamentações encontradas e questionário diagnóstico. A análise

referida observa as dimensões estudadas que são descritas nas normatizações do ensino

híbrido das universidades federais. Por fim, seguem as considerações finais, referências

bibliográficas, anexos e apêndices.

19

1 O ENSINO HÍBRIDO NO BRASIL: PERCURSO E CONCEITOS

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo.

Os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”.

(Paulo Freire)

Este capítulo está organizado objetivando demonstrar os caminhos percorridos até o

momento de hibridização do ensino no Brasil. Para tanto, versa sobre a Educação a Distância

e sua institucionalização, perpassando por seus marcos legais, até a autorização da

modalidade de ensino semipresencial, apresentando seus conceitos, entendimentos e modelos,

finalizando com o cenário do ensino semipresencial a partir de uma revisão sistemática.

1.1 A Educação a Distância e sua institucionalização

A modalidade da EaD é tratada com maior detalhamento neste capítulo para

demonstrar o percurso do uso das tecnologias da informação e comunicação4 (TIC) nos

processos de ensino e aprendizagem que, no caso da Educação a Distância, preconiza o uso

das TIC pelos formatos presenciais de ensino, bem como a integração entre o presencial e o

virtual.

As tecnologias foram inseridas à educação como recursos apoiadores dos processos

de ensino e aprendizagem nas práticas docentes. O ensino on-line utiliza as tecnologias

digitais para promover a aprendizagem, sendo esta uma característica do ensino a distância

que acontece, em geral, virtualmente.

A Educação a Distância caracteriza-se como modalidade educacional na qual a

mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a

utilização de meios e tecnologias da informação e comunicação, com estudantes e professores

desenvolvendo atividade educativas em lugares ou tempos diversos (MEC, Decreto 5.622/05,

Art. 1º).

Muitas instituições já trabalham com a EaD e algumas há pouco tempo vem tendo

experiências com esta modalidade de ensino, nos dois casos desprendem-se esforços para

“lançar novos cursos a distância, reformular sua estrutura e seu modelo de gestão, adotar

4 As tecnologias de informação e comunicação oferecem possibilidades inéditas de interação

mediatizada (professor/aluno; estudante/estudante) e de interatividade com materiais de boa qualidade

e de grande variedade. Sendo assim, para compreender o papel das TIC na educação é preciso

considera-las como ferramentas pedagógicas, deixando de lado seus usos como meios de circulação de

informação geral ou administrativa nos sistemas educacionais (BELLONI, 2012, p. 64).

20

novos recursos em termos de tecnologias e mídias para interação entre os participantes dos

cursos, em suma, aprimorar e ampliar a capacidade de seus sistemas de EaD” (SOUZA;

BRUNO-FARIA, 2013, p. 314).

Belloni (2012, p. 36), destaca que:

a EaD deve ser entendida como uma modalidade importante dos sistemas de

formação, da mesma forma que o uso intenso e inovador das tecnologias de

informação e comunicação e a disponibilização de recursos educacionais

(mediatecas, centros de recursos técnicos, monitorias e tutorias) de forma

ampla e democrática.

Por sua experiência de ensino com metodologias não presenciais, Belloni (2012)

citando Peters (1983) e Rumble (1989), afirma que a EaD pode ser vista como um produto e

um processo da modernidade, no qual suas características básicas (sistemas administrativos,

redes de distribuição e processos de produção impressa) assemelham-se às características das

sociedades modernas com produção de massa e culturas de consumo e de gestão muito

desenvolvidos.

Mill (2013, p.29) enfatiza que:

os aspectos envolvidos no ensino-aprendizagem da EaD são praticamente os

mesmos da educação presencial, estruturados num processo dialético, de

modo articulado, complementar e dinâmico. Ocorre que essa base diluída e

fluida da educação virtual organiza-se em espaços e tempos

redimensionados, distintos daqueles que regiam (e ainda regem) a tradicional

educação escolar. Os tempos ciberespaciais, especialmente a nova noção de

duração e de lugar, criam novas possibilidades relacionais que se configuram

como campo fértil para um ensino-aprendizagem mais rico e democrático.

Nesse contexto, movimentos de cooperação/colaboração e de

interação/interatividade estão no centro das relações em geral, e em

particular, nas relações de ensino-aprendizagem.

Sem dúvida, a EaD, por sua experiência de ensino com metodologias não presenciais,

“pode vir a contribuir inestimavelmente para a transformação dos métodos de ensino e da

organização do trabalho nos sistemas convencionais, bem como para a utilização adequada

das tecnologias de mediatização da educação” (BELLONI, 2012, p 05). A autora expõe que a

experiência e o saber desenvolvidos no campo da EaD podem trazer contribuições

significativas para a expansão e melhoria dos sistemas de ensino superior no sentido de

convergência, definida pela maioria dos especialistas, entre as diferentes modalidades de

educação.

O cenário mais provável no século XXI será o de sistemas de ensino superior

“mistos”, ou “integrados”, que oferecem oportunidades diversificadas de

formação, organizáveis de modo flexível, de acordo com as possibilidades

do aluno, com atividades presenciais e a distância, com isso intensivo de

21

tecnologias e com atividades presenciais sem professor, mas com interação

entre estudantes que trabalharão em equipe de modo cooperativo

(BELLONI, 2012, p. 05).

A EaD pode ser entendida como uma prática educativa integrada à política

institucional e ao projeto pedagógico das instituições, porém tem especificidades próprias e

estratégias didáticas diferenciadas. Ao mesmo tempo que encontra assento nas práticas

institucionais vigentes, o fazer EaD, no interior de uma instituição, necessita de parâmetros

que lhe deem flexibilidade, plasticidade, mais do que normatizações específicas espelhadas,

ainda, em práticas presenciais. Por esses fatores, faz-se necessária sua institucionalização

(PRETI, 2010).

Recentemente, o cenário brasileiro tornou-se muito mais favorável à EaD e, para Mill

(2013, p. 25), a construção desse cenário baseou-se na “evolução da legislação a partir da EaD

na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional”, no desenvolvimento de “políticas

públicas de formação pela modalidade” e no planejamento de “iniciativas de EaD mais

robustas e mais estruturadas [...]”. Esse favorecimento foi proporcionado pela

institucionalização da educação a distância.

A institucionalização pode ser entendida como um processo em que um conjunto de

normas comportamentais que orientam uma atividade social considerada importante, adquire

regulamentação jurídica formal, ou seja, a passagem de organização informal para a formal. A

institucionalização da EaD é uma “formalização”. Significa dar conta das questões ou

situações incipientes, até mesmo incertas, provocadas pela entrada da EaD nas instituições.

Cria-se um sistema paralelo ao presencial, diferenciado, porém com os mesmos fins (PRETI,

2010).

Essa passagem da informalidade para a formalidade, exige compromisso institucional

e o envolvimento de toda a instituição. Por isso, a institucionalização da EaD faz sentido se

implementada como parte da Política de Desenvolvimento Institucional (PDI).

Na próxima seção são apresentados os principais marcos legais que denotam a

institucionalização da educação a distância.

1.1.1 Marcos Legais

O marco inicial da institucionalização da EaD foi a publicação da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996, sendo contemplada no

artigo 80 e, desde então, passou a fazer parte oficialmente do sistema educacional brasileiro.

22

“Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de

ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino e de educação continuada”

(MEC, LDBEN 9.394/96).

No Quadro 1, são apresentados os principais marcos regulatórios que caracterizam a

institucionalização, que se refere às políticas educacionais que formalizaram a EaD, e a

expansão, que se refere às políticas criadas com o intuito de regular o crescimento da oferta

de Educação a Distância no Brasil.

Quadro 1: Trajetória de institucionalização e expansão da EaD no Brasil.

INSTITUCIONALIZAÇÃO EXPANSÃO

Lei 9.394/1996 (LDB) – Art. 80:

No ano de 1995 foi criada a Secretaria de Educação

a Distância (SEED).

Porém, em 1996, com a promulgação da nova Lei de

Diretrizes e Bases da Educação, houve o incentivo à

criação de sistemas cuja a base é o ensino

individualizado, como a EaD. Porém, em 1996, com

a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da

Educação, houve o incentivo à criação de sistemas

cuja a base é o ensino individualizado, como a EaD.

Somente no final da década de 1990, a partir da

experiência da Universidade Federal de Mato

Grosso (1994), que outras universidades começaram

a ter experiências com a oferta de cursos de

graduação a distância (PRETI, 2009).

Lei 10.172/ 2001 (PNE):

Esta lei estabelece diretrizes para nortear a

política na área da educação à distância, entre

elas a ampliação do conceito de educação a

distância, o material escrito, os programas

educativos, as tecnologias de informação e

comunicação utilizadas, entre outras. (PRETI,

2009).

Portaria 2253/2001 – 20% a distância:

Autorização da oferta de disciplinas não-

presenciais em cursos presencias. Portaria que

foi revogada pela portaria n.º 4.059/2004.

Portaria 4.059/ 2004 – 20% a distância

Esta portaria estabelece que as instituições de

ensino superior poderão introduzir a oferta de

disciplinas integrantes do currículo que

utilizem modalidade semipresencial.

Poderão ser ofertadas as disciplinas, integral

ou parcialmente, desde que esta oferta não

ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga

horária total do curso.

23

Quadro 1: Trajetória de institucionalização e expansão da EaD no Brasil. (Cont.)

Decreto 5.622/ 2005

Este decreto regulamentou a EaD como modalidade

educacional em que a mediação didático-pedagógica

nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com

a utilização de meios e tecnologias de informação e

comunicação.

Lei 11.096/ 2005 (PROUNI)

O Programa Universidade para Todos

(PROUNI), destinado à concessão de bolsas de

estudo integrais e bolsas de estudo parciais de

50% (cinquenta por cento) ou de 25% (vinte e

cinco por cento) para estudantes de cursos de

graduação e sequenciais de formação

específica, em instituições privadas de ensino

superior, com ou sem fins lucrativos. Incluindo

a modalidade EaD.

Decreto 5.800/ 2006 (UAB)

Institui o Sistema Universidade Aberta do

Brasil (UAB), voltado para o desenvolvimento

da modalidade a distância, com a finalidade de

expandir e interiorizar a oferta de cursos e

programas de educação superior no país. O

MEC passou a coordenar a articulação entre

instituições já existentes para levar ensino

superior de qualidade aos municípios

brasileiros em que ainda não há oferta de

cursos, ou cujos cursos ofertados não são

suficientes para atender à demanda existente.

Trata-se de uma “rede” nacional, formada pelo

conjunto de instituições públicas de ensino

superior em articulação com os Polos

Municipais de Apoio (presencial).

Decreto 6.303/2007 (altera 5.622 e 5.773)

Esse ordenamento legal contribui para que a EaD

deixasse a “periferia” do sistema educacional,

deixasse de ser tratada como algo segmentado,

complementar, para atender situação emergenciais.

Agora passa a fazer parte do Sistema Nacional de

Educação (PRETI, 2009).

Em 19 de Julho de 2009, durante a realização

do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais

de Educação, foi produzido o documento

“Pactos dos Conselhos Estaduais de

Educação para oferta de cursos a distância”,

que aponta linhas gerais a serem seguidas, mas

sem valor legal e normativo.

Fonte: Baseado em Preti (2009).

24

Após publicação da LDBEN n.º 9.394/96 foram criadas políticas educacionais que, de

acordo com Pretti (2009, p. 106), fizeram parte de “um compromisso nacional, dentro do

esforço do Plano Decenal de Educação para Todos, envolvendo não apenas o setor Educação,

mas toda a infraestrutura do Estado e a cooperação dos setores organizados da sociedade”.

A política que representa incialmente a expansão da EaD foi o decreto nº 5.800/2006

de 8 de junho de 2006, que instituiu a criação da Universidade Aberta do Brasil.

Art. 1º. Fica instituído o Sistema Universidade Aberta do Brasil – UAB,

voltado para o desenvolvimento da modalidade a distância, com a finalidade

de expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação

superior no país” (MEC, Decreto 5.800/06).

De acordo com Pretti (2010, p. 122) a UAB foi instituída para:

- oferecer, em parceria com as IPES, os Estados e os Municípios que fazem

parte do sistema, prioritariamente, cursos de nível superior de formação

inicial e continuada para professores da educação básica em diferentes áreas

do conhecimento;

- ampliar o acesso à educação superior pública para reduzir as desigualdades

de oferta entre as diferentes regiões do país;

- estabelecer amplo sistema nacional de educação superior a distância;

- fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação a

distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino

superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação.

A oferta de cursos superiores passou a ser constituída a partir de parcerias entre

instituições interessadas na oferta de determinado curso. O MEC passou a coordenar a

articulação entre instituições já existentes para levar ensino superior de qualidade aos

municípios brasileiros em que ainda não há oferta de cursos, ou cujos cursos ofertados não

são suficientes para atender à demanda existente. Trata-se de uma “rede” nacional, formada

pelo conjunto de instituições públicas de ensino superior em articulação com os Polos

Municipais de Apoio (presencial) (PRETI, 2009).

A apresentação dos marcos regulatórios da EaD, se constitui pela necessidade de

demonstrar os avanços no ensino a distância, que impulsionado pelo uso das TIC culminaram

na normatização das atividades semipresenciais de ensino. O ensino híbrido é apresentado na

próxima seção.

1.2 Blended learning ou ensino híbrido e a semipresencialidade no Brasil

Na análise de Belloni (2012, p. 117), as tendências mais fortes indicam para o

desenvolvimento de modelos institucionais “mistos” ou “integrados”, por meio dos quais as

instituições convencionais de ensino superior ampliarão seus efetivos e diversificarão suas

25

ofertas, complementando suas atividades presenciais com atividades mediatizadas, no interior

dos currículos e das disciplinas. Ao mesmo tempo, é provável que as atuais instituições de

especializadas em EaD ampliem seu elenco de ofertas incluindo cursos que exigem atividades

presenciais.

As TIC podem ser entendidas como meios, porém elas permitem a realização de

aprendizagem de formas diferenciadas. Para ir ao encontro desse entendimento, Moran (2004)

explica que podem ser planejadas mudanças graduais, flexibilizando o currículo, diminuindo

o número de aulas presenciais, combinando-as com atividades em laboratórios conectados à

internet e com atividades a distância.

Todas as universidades e organizações educacionais, em todos os níveis, precisam

experimentar como integrar o presencial e o virtual, garantindo a aprendizagem significativa.

Torna-se necessário vivenciar uma nova pedagogia da comunicação e gestão do presencial e

do virtual. É importante que os núcleos de educação a distância das universidades saiam do

seu isolamento e se aproximem dos departamentos e grupos de professores interessados em

flexibilizar suas aulas, que facilitem o trânsito entre o presencial e o virtual (MORAN, 2004).

Na maioria das universidades, como citado por Moran (2004), as atividades a distância

não implicam até agora em nenhuma diminuição das aulas presenciais. Duplica-se, na prática,

o tempo de atendimento, as atividades de professores e alunos com o mesmo salário. O

sistema bimodal – parte presencial e parte virtual - se mostra o mais promissor para o ensino

nos diversos níveis, a partir da quinta série. Dessa forma, a virtualização do ensino pode ser

aumentada gradualmente na medida em que os alunos são mais adultos.

A tendência que combina atividades desenvolvidas para o ensino e aprendizagem on-

line, com atividades desenvolvidas para o ensino e aprendizagem presencial, normalmente

face a face, vem sendo referenciada na literatura por meio de diversas denominações,

destacando-se o termo blended learning, cuja tradução mais aceita para o português é ensino

híbrido (TORI, 2009).

Blended Learning (blended, do inglês “misturar”) é a combinação de momentos em

que o aluno estuda sozinho, virtualmente, com outros em que a aprendizagem ocorre de forma

presencial, valorizando a interação entre alunos e professores. Apesar de serem momentos

diferentes, o objetivo do aprendizado híbrido é que esses dois momentos sejam

complementares e promovam uma educação mais eficiente, interessante e personalizada

(PORVIR, 2013).

Tori (2009, p.121), discorrendo sobre a convergência presencial e virtual, explica que

“dois ambientes de aprendizagem que historicamente se desenvolveram de maneira separada,

26

a tradicional sala de aula presencial e o moderno ambiente virtual de aprendizagem, vêm se

descobrindo mutuamente complementares”. Como resultado dessa complementação tem-se os

cursos híbridos que procuram aproveitar o que há de vantajoso em cada modalidade,

“considerando contexto, custo, adequação pedagógica, objetivos educacionais e perfis dos

alunos” (TORI, 2009, p.121).

A percepção de Tori (2009) coaduna-se com a visão de Coutinho (2011, p.01) de que

“a utilização educativa das tecnologias de informação e comunicação (TIC) torna-se uma

questão cada vez mais premente à medida que mais salas de aula se ‘ligam’ à Internet”.

Essa integração entre presencial e virtual, que vem sendo discutida, é apresentada na

Figura 1, em que a autora Matheos (2012) demonstra uma comparação entre o ensino híbrido,

a modalidade de ensino presencial e a modalidade de ensino a distância, a EaD.

Figura 1: Blended Learning em relação às outras modalidades.

Fonte: MATHEOS (2012).

Matheos (2012) assevera que no blended learning há uma integração orgânica de

abordagens e tecnologias complementares da educação presencial e a on-line que são

cuidadosamente selecionadas, por meio da qual as IES são beneficiadas pelo aumento da

eficácia, conveniência e eficiência proporcionados pela oportunidade de fazer um novo

planejamento da abordagem de ensino-aprendizagem utilizados por estas IES.

Outra definição encontrada para o ensino híbrido é a de Horn e Staker (2015, p. 54):

o ensino híbrido é um programa de educação formal no qual um estudante

aprende, pelo menos em parte, por meio da aprendizagem on-line, sobre o

qual tem algum tipo de controle em relação ao tempo, ao lugar, ao caminho

e/ou ao ritmo e, pelo menos em parte, em um local físico, supervisionado,

longe de casa.

27

Horn e Staker (2015), trazem o seguinte esquema para definir o ensino híbrido:

Figura 2: Esquema conceitual do ensino híbrido.

Fonte: Horn e Staker (2015).

Horn e Staker (2015, p.54) afirmam que “o ensino híbrido é o motor que pode tornar

possível a aprendizagem centrada no estudante para alunos do mundo todo, em vez de apenas

alguns privilegiados”, corroborando, assim, com a ideia de personalização da educação de

Rumble (2000). Dessa forma, entende-se que uma importante característica do ensino híbrido

é o fácil acesso às informações, em que o aluno aprende dentro de seu próprio ritmo e pode

buscar conhecimento de acordo com suas próprias necessidades.

Percebe-se que, com essa abordagem (blended learning), os educadores podem,

conforme Tori (2009, p. 121), lançar mão de uma gama maior de recursos de aprendizagem,

planejando atividades virtuais ou presenciais, “levando em consideração limitações e

potenciais que cada uma apresenta em determinadas situações e em função da forma,

conteúdo, custos e resultados pedagógicos desejados”.

O fácil acesso a informações, possível pela integração das tecnologias da informação e

comunicação com a educação, permite que essa mescla entre sala de aula e ambientes virtuais

abra as instituições para o mundo e também traga o mundo para dentro das instituições de

ensino.

Moran (2015, p. 27) refere-se ao ensino híbrido da seguinte forma:

Híbrido significa misturado, mesclado, blended. A educação sempre foi

misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades,

metodologias, públicos. Esse processo, agora, com a mobilidade e a

conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo: é um

ecossistema mais aberto e criativo.

28

O ensino híbrido, segundo Moran (2015) integra as atividades da sala de aula com as

digitais, as presenciais com as virtuais. O autor argumenta que, “o que a tecnologia traz hoje é

a integração de todos os espaços e tempos”. Sendo assim, “o ensinar e o aprender acontecem

em uma interligação simbiótica, profunda e constante entre os chamados mundo físico e

digital” (MORAN, 2015, p. 39).

Para regulamentar esta oferta de ensino, pelas instituições de ensino superior, a

portaria n.º 4.059 de 10 de dezembro de 2004 (regulamentação vigente), estabelece o

seguinte:

Art. 1º. As instituições de ensino superior poderão introduzir, na organização

pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de

disciplinas integrantes do currículo que utilizem modalidade semi-

presencial, com base no art. 81 da Lei n. 9.394, de 1.996, e no disposto nesta

Portaria.

§ 1 - Para fins desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semi-presencial

como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-

aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de

recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que

utilizem tecnologias de comunicação remota.

§ 2 - Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou

parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da

carga horária total do curso (MEC, portaria nº 4.059/04).

No ensino superior, segundo essa regulamentação o governo permite vinte por cento a

distância. Isso é uma primeira etapa de experimentação que irá propiciar novas etapas de

maiores porcentagens de espaços e tempos virtuais de aprendizagem.

A situação em que ocorre a educação semipresencial pode ser identificada quando o

processo de ensino e aprendizagem acontece no ambiente presencial de sala de aula e sua

complementação é trabalhada por meio de diferentes tecnologias da informação e

comunicação, a distância.

[...] tendo em vista que a carga horária de 20% a ser utilizada em atividades

mediadas por tecnologias a distância faz parte de um contexto de curso ou

disciplina maior, a previsão de desenvolvimento dessas atividades deverá

fazer parte do plano de ensino das disciplinas ou do projeto pedagógico do

curso (CARLINI; TARCIA, 2010, p.19).

De acordo com Pereira, Schmitt e Dias (2007, p. 04), é preciso estruturar a qualidade

do processo educativo, e isso depende do envolvimento do aprendiz, da proposta pedagógica

do curso, dos materiais veiculados, da equipe multidisciplinar que atua na gestão das

disciplinas semipresenciais (professores, tutores, técnicos), assim como dos recursos

tecnológicos utilizados.

29

Moran, Araújo Filho e Sidericoudes (2005) reconhecem a importância da legalização

da utilização de disciplinas na modalidade semipresencial por parte das IES, mas afirmam que

as instituições superiores têm optado, na implementação dos vinte por cento a distância, por

dois caminhos diferentes: o do voluntarismo e o do planejamento pontual.

No voluntarismo, a IES deixa livre a adesão dos professores ao uso de atividades que

utilizem a modalidade semipresencial. Já no planejamento pontual a IES inicia o projeto de

implementação de disciplinas semipresenciais naquelas situações que lhes criavam problemas

no cotidiano escolar como alunos com pendências, recuperações e reprovações. Isso resolve

problemas de espaço, o que consequentemente reduz os custos para as instituições (MORAN;

ARAÚJO FILHO; SIDERICOUDES, 2005).

Ainda, segundo os autores, algo que também acontece com frequência, é a escolha,

para a modalidade semipresencial, de disciplinas comuns a vários cursos, como Sociologia ou

Metodologia de Pesquisa. Isso possibilita utilizar poucos professores e tutores para gerenciar a

condução da disciplina para muitos alunos, trazendo maior flexibilidade de organização

curricular e maior economia para a IES. Optando por esses caminhos, que tem como

motivação muito mais o fator econômico do que a busca por um processo de ensino-

aprendizagem significativo, as IES acabam por reduzir o potencial de atividades didáticas que

utilizem os vinte por cento, provocando a desmotivação dos professores e, principalmente,

dos estudantes (MORAN; ARAÚJO FILHO; SIDERICOUDES, 2005).

Considerando que a regulamentação da semipresencialidade completou onze anos,

pode-se afirmar que o pouco tempo de aplicação das práticas à distância, juntamente com a

modalidade presencial, muitas dúvidas são provocadas entre os atores do processo de ensino

aprendizagem. A institucionalização dessa regulamentação traz inquietações, também, no

sistema de gestão utilizado pelas IES que implantaram a modalidade semipresencial.

A integração das atividades presenciais com as virtuais pode ser desenvolvida de

acordo com quatro modelos de ensino híbrido estabelecidos por Horn e Staker (2015), que são

expostos na próxima sessão.

1.2.1 Taxonomia do ensino híbrido

O ensino híbrido é um espaço estendido, não dois mundos e dois espaços. É concebido

como uma sala de aula ampliada, mesclada e hibridizada constantemente, devendo envolver

uma combinação de formatos dentro do curso que está sendo estudado. Para tanto, há a

necessidade da adoção de um modelo híbrido para alcançar a integração entre as modalidades.

30

Horn e Staker (2015, p.38) apresentam, conforme a Figura 3, os seguintes modelos de

ensino híbrido:

Figura 3: Modelos de ensino híbrido.

Fonte: Horn e Staker (2015, p.38).

Os autores Horn e Staker (2015, p. 55) apresentam uma taxonomia para esses modelos

de ensino híbrido, denominada por eles como imperfeita e em contínua evolução, afirmando

que “ela é um instantâneo dos tipos de programas de ensino híbrido que vemos hoje [...]”.

No Quadro 2 é feita uma breve explanação a respeito dos modelos de ensino híbrido,

descritos por Horn e Staker (2015).

31

Quadro 2: Características dos modelos de ensino híbrido.

Modelo de Ensino Características

Modelo de Rotação

É aquele em que um curso ou uma disciplina em que os

estudantes alternam entre modalidades de aprendizagem

em um cronograma fixo ou a critério do professor, em que

pelo menos uma delas é ensino on-line. Pode ser:

Rotação por Estações: um curso ou uma disciplina em

que é utilizado o modelo de Rotação em uma sala de aula

ou grupo de salas de aula. Laboratórios Rotacionais: um

curso ou uma disciplina em que os estudantes alternam

para um laboratório de informática que serve de estação de

ensino online. Sala de Aula Invertida: um curso ou uma

disciplina em que os estudantes têm ensino online fora da

sala de aula, em lugar de lição de casa tradicional.

Rotação Individual: um curso ou uma disciplina em que

cada estudante tem um cronograma individual e não

necessariamente alterna para cada estação ou modalidade

disponível.

Modelo Flex

É aquele em que um curso ou uma disciplina on-line é a

espinha dorsal da aprendizagem do estudante, mesmo que

às vezes ela o direcione para atividades presenciais. Os

estudantes aprendem por meio de um cronograma fluido,

individualmente personalizado entre as modalidades de

aprendizagem.

Modelo à la Carte

Aquele em que um curso que um estudante faz

inteiramente on-line para acompanhar outras experiências

em uma escola ou um centro de aprendizagem físicos. O

professor da disciplina para o curso À la Carte é o

professor online. Os estudantes fazem alguns cursos À la

Carte e outros presenciais em uma escola física.

Modelo Virtual Enriquecido

Aquele em que um curso ou uma disciplina em que os

estudantes têm sessões de aprendizagem presencial

obrigatórias com seu professor da disciplina e, então,

ficam livres para completar o trabalho restante do curso

distante do professor presencial.

Fonte: Baseado em Horn e Staker (2015).

Discorrendo sobre estes modelos de ensino híbrido descritos por Horn e Staker (2015),

Bacich, et al. (2015) esclarecem que esses modelos são concepções possíveis para o uso

integrado das tecnologias digitais na cultura escolar contemporânea, enfatizando que não é

necessário abandonar o que se conhece até o momento para promover a inserção de novas

tecnologias em sala de aula, podendo aproveitar o melhor das duas modalidades (presencial e

a distância). Explicam que:

32

a organização dos modelos de ensino híbrido, feita pela equipe de

pesquisadores do Clayton Christensen Institute, aborda formas de

encaminhamento das aulas em que as tecnologias digitais podem ser

inseridas de forma integrada ao currículo e, portanto, não são consideradas

como um fim em si mesmas, mas que têm um papel essencial no processo,

principalmente em relação à personalização do ensino (BACICH, et al. 2015,

p. 48).

Acredita-se que as Instituições de Ensino Superior precisam planejar a oferta do

ensino semipresencial (híbrido), de acordo com as necessidades institucionais e dos atores

envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. Ficando a cargo do gestor educacional

selecionar o modelo ou os modelos de ensino híbrido adequados a realidade institucional.

Pensando na realidade e nas necessidades educacionais, os autores Bacich, et al.

(2015, p. 60) ressaltam que:

revisitando teorias pedagógicas, inserindo as tecnologias digitais na

construção de um encaminhamento metodológico que tenha como objetivo

valorizar a integração do ensino online ao currículo escolar e, ao mesmo

tempo, valorizando as relações interpessoais e a construção coletiva do

conhecimento, os modelos de ensino híbrido, de certa forma, organizam uma

metodologia que engloba diferentes vertentes e que tem como objetivo

principal encontrar maneiras de fazer o aluno aprender mais e melhor.

Buscando esclarecer a forma como o ensino híbrido pode ser aplicado nos níveis de

uma organização educacional, Tori (2009, apud GRAHAM, 2005) os destaca na apresentação

da Figura 4:

Figura 4: Níveis de envolvimento do blended learning em uma instituição de ensino.

Fonte: Baseado em Tori (2009, apud GRAHAM, 2005)

O nível de atividade, citado na Figura 4, significa a mistura de elementos presenciais e

virtuais em uma mesma atividade de aprendizagem, como por exemplo uma aula em

laboratório, com a presença do professor, na qual são utilizados simuladores de realidade

virtual. O nível da disciplina acontece quando há a combinação de atividades presenciais com

atividades virtuais em uma mesma disciplina. Já o nível do curso estabelece a combinação de

disciplinas não-presenciais e presenciais para a integralização do programa de um curso,

33

enquanto no nível institucional há um comprometimento e esforço para que o aluno se

beneficie da melhor forma possível da combinação de presencial e virtual em todos os níveis

(TORI, 2009, p. 122 apud GRAHAM, 2005).

Com base na explanação dos níveis em que o blended learning pode ser aplicado em

uma instituição de ensino, percebe-se que a efetiva institucionalização do ensino híbrido

acontece paulatinamente, com uma mudança de comportamento dos atores do processo de

ensino e aprendizagem de forma gradual, em que as práticas de ensino estão cada vez mais

integradas ao uso de tecnologias.

Gestores, professores e alunos têm um desafio ao implantar a semipresencialidade. No

entanto este desafio é ainda maior para os gestores, conforme a Figura 5.

Figura 5: Características da gestão do ensino presencial, virtual e a incógnita para a gestão do ensino

híbrido.

Fonte: Zanotto, et al. (2014)

A incógnita demonstrada na Figura 5 demonstra que a gestão do ensino híbrido, bem

como seus processos nas IES, necessita ser esclarecida para evitar equívocos ao

institucionalizar a modalidade de ensino semipresencial. Um exemplo dessa incógnita é a

participação de tutoria no ensino semipresencial, que é uma necessidade descrita pela portaria

n.º 4.059/2004 e que vem sendo discutida.

Apesar de a gestão do ensino híbrido não estar claramente especificada devido a

necessidade do uso das tecnologias da informação e comunicação (enfatizada no texto da

portaria n.º 4.059/2004) e por sua integração do ensino presencial com o ensino a distância, a

modalidade semipresencial incorpora os mesmos processos do Sistema de Gestão em EaD,

descritos por Petter (2010) (vide pág. 59).

34

Procurando conhecer o cenário em que a institucionalização do ensino semipresencial

está inserida, na seção seguinte apresenta-se uma revisão sistemática da literatura.

1.3 Cenário do ensino híbrido a partir de uma revisão sistemática

O desenvolvimento da revisão sistemática da literatura se faz necessário para

demonstrar o cenário de pesquisa em que o ensino semipresencial está inserido. Assim, esta

seção apresenta informações referentes a institucionalização da modalidade de ensino

semipresencial, tendo como base um mapeamento das pesquisas que já foram realizadas sobre

o assunto.

O desenvolvimento desta revisão sistemática objetiva responder ao questionamento:

de que maneira as instituições de ensino superior estão ofertando o ensino

semipresencial em seus cursos presenciais?

O questionamento inicial foi desmembrado em outras duas perguntas secundárias para

obter um maior esclarecimento com relação as informações e que pudessem contribuir ainda

mais com os resultados da pesquisa.

1. Quais são as dificuldades encontradas para a oferta do ensino semipresencial?

2. Em que bases legais as instituições de ensino superior estão amparadas para a oferta

do ensino semipresencial?

Após definido o tema central desse estudo, foram desenvolvidas as outras etapas da

revisão, que se basearam no método para revisão sistemática da literatura de Dresch, et al.

(2015), conforme Figura 6:

Figura 6: Método para revisão sistemática da

literatura.

Fonte: Baseado em Dresch, et al. (2015).

Para realização da pesquisa foram definidos como bases de dados eletrônicas o Portal

de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES5) e

5 Portal de Periódicos da Capes: http://www.periodicos.capes.gov.br/

35

Google Acadêmico6. A busca foi desenvolvida no período de 15 de fevereiro de 2016 e 08 de

março de 2016.

O material selecionado para a revisão foram teses, dissertações e artigos, sendo que a

configuração de localização dos descritores indicava os seguintes critérios: descritores

encontrados em qualquer lugar do texto; texto escrito no idioma português; e estudo

publicado entre os anos de 2010 e 2015. A questão do idioma justifica-se pelo fato de

estarmos analisando a implantação da semipresencialidade no Brasil, considerando a

legislação vigente.

O protocolo adotado utilizou os descritores: semipresencial + (“blended learning” ou

“ensino híbrido”).

Com relação aos resultados obtidos no Portal de Periódicos Capes, devido à

dificuldade em aplicar filtros que permitam realizar uma pesquisa booleana, os descritores

foram pesquisados separadamente, sendo: “semipresencial”, “blended learning” e “ensino

híbrido”.

Como critérios de inclusão, foram considerados os estudos sobre o ensino

semipresencial, implantados em instituições de ensino superior, apresentados em teses,

dissertações e artigos no idioma português, publicados entre o ano de 2010 e 2015.

Como critérios de exclusão considerou-se estudos fora do período pesquisado,

repetidos (duplicados), em que o curso não é de ensino de graduação ou aqueles estudos em

que o curso é semipresencial, porém esta modalidade não é o foco da análise.

A pesquisa no Portal de Periódicos da Capes retornou 49 resultados, sendo 32 para o

descritor “semipresencial”, 16 para “blended learning” e 1 para “ensino híbrido”, enquanto a

base de dados do Google Acadêmico incluiu um total de 27 resultados, totalizando 76 textos.

Na primeira análise dos textos selecionados pelo Portal Capes foram excluídos 10

estudos, nos quais cinco estavam escritos em outro idioma, quatro não possuem o arquivo

disponível para consulta e um boletim. Enquanto nos estudos encontrados no Google

Acadêmico foram descartados cinco textos, sendo dois boletins, dois escritos em outro idioma

e um estudo duplicado. Dessa forma, a segunda análise desenvolvida contou com 39 estudos

buscados no Portal Capes e 22 no Google Acadêmico, resultando em 61 estudos a serem

analisados.

A segunda etapa da análise dos textos buscou encontrar no título, resumo e palavras-

chave dos estudos os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos pelo protocolo da

6 Google Acadêmico: http://scholar.google.com.br/?hl=pt-BR

36

pesquisa. Nesta etapa descartaram-se 36 trabalhos que não atendiam aos critérios, o que

resultou em 25 estudos a serem analisados.

Posteriormente, foi feita a leitura dos 25 estudos e a partir dessa leitura houve mais um

processo de descarte que resultou em uma amostra de cinco estudos para o desenvolvimento

da análise. Entre os motivos para essa exclusão destaca-se que a maioria dos estudos referiam-

se a disciplinas ou cursos semipresenciais, porém esse não era o foco central da discussão no

texto. Verificou-se, também, estudos que não traziam informações relevantes para análise;

textos que tratavam-se de uma revisão bibliográfica; de proposição de ferramentas; e ainda

um texto que associava o b-learning como integrante de cursos a distância (EaD) e não como

uma prática de ensino diferenciada e associada ao ensino presencial.

No Quadro 3, apresenta-se a relação dos cinco estudos selecionados após avaliação da

qualidade:

Quadro 3: Trabalhos selecionados para análise.

AUTOR/ANO TÍTULO DO TRABALHO PUBLICAÇÃO BASE DE

DADOS

MOREIRA e

MONTEIRO

(2010)

O trabalho pedagógico em cenários presenciais e

virtuais no ensino superior. Artigo Portal Capes

QUEVEDO

(2011) O ensino semipresencial do ponto de vista do aluno. Artigo

Google

Acadêmico

MONTEIRO e

MOREIRA

(2012)

O b-learning no ensino superior: reflexões em torno

de práticas. Artigo Portal Capes

COSTA, et al

(2012)

Hibridização do ensino superior: avaliação de uma

iniciativa na disciplina Introdução à Administração

(Universidade de Brasília).

Artigo Google

Acadêmico

ZANOTTO, et al

(2014)

Hibridização do ensino em uma IES: delineamento

de ações pedagógicas para adoção de 20% a distância

em cursos de graduação presenciais

Artigo Google

Acadêmico

Fonte: Sistematização de dados a partir de busca realizada no Portal Periódicos da CAPES e Google

Acadêmico.

Conforme dados demonstrados no Quadro 3, dos cinco trabalhos selecionados, dois

artigos foram encontrados por meio Portal de Periódicos Capes, um de 2010 e um de 2012, e

três artigos resultaram da busca no Google Acadêmico, um de 2011, um de 2012 e um de

2014. Estes estudos são apresentados sinteticamente na próxima seção.

1.3.1 Síntese de Resultados

A leitura sistematizada dos cinco artigos selecionados tem o objetivo de responder as

questões definidas no protocolo de pesquisa. Entretanto, nesta seção apresenta-se o contexto,

37

objetivos e procedimentos metodológicos em que estes artigos foram desenvolvidos (vide

Quadro 4).

Quadro 4: Contexto, objetivos e metodologia dos artigos selecionados para análise.

AUTOR/ANO CONTEXTO OBJETIVO METODOLOGIA

MOREIRA e

MONTEIRO

(2010)

Os dados deste estudo são

provenientes da prática letiva no ano

de 2009-2010 na Escola Superior de

Saúde Jean Piaget de Vila Nova de

Gaia, com duas turmas dos cursos de

Enfermagem e Fisioterapia com 46 e

48 estudantes respectivamente por

meio de relatórios e questionário.

Descrever a experiência

dos autores relativo ao

impacto que a utilização

dos sistemas de gestão de

aprendizagem,

comumente como

plataformas de

aprendizagem poderão ter

na mudança de paradigma

pedagógico.

Abordagem

Qualitativa.

Análise de

Conteúdo.

QUEVEDO

(2011)

Os dados são coletados na disciplina

Formação de Professores de língua

para/no contexto digital nos anos de

2008, 2009 e 2010, com participação

de 84 alunos do curso de Letras da

Pontifícia Universidade Católica (PUC

- SP).

Contribuir para o avanço

dos conhecimentos sobre

as vantagens e

desvantagens de se

integrar a modalidade

semipresencial ao

currículo de formação de

professores de língua.

Abordagem

qualitativa e

quantitativa.

Pesquisa-Ação.

MONTEIRO e

MOREIRA (2012

Dados coletados na Universidade do

Porto, com nove docentes vencedores

do prêmio de excelência em e-

learning.

Promover a reflexão

acerca da relação entre o

b-learning e as práticas

dos docentes do ensino

superior.

Análise de

Conteúdo.

Entrevista

semiestruturada.

COSTA, et al

(2012)

Os dados foram coletados com 60

alunos, três professores e três tutores

da disciplina de Introdução à

Administração do curso de

Administração da Universidade de

Brasília.

Apresentar a percepção

dos alunos, professores e

tutores a respeito da

implementação do

modelo de hibridização

desenhado para a

disciplina Introdução a

Administração.

Questionário

Diagnóstico.

Grupo focal.

ZANOTTO, et al

(2014)

Portaria GR n.º 1.502/2012, que

regulamenta a oferta de disciplinas na

modalidade EaD nos cursos de

graduação presenciais da Universidade

Federal de São Carlos (UFSCar).

Apresentar reflexões no

tocante às ações

pedagógicas, que o setor

responsável pela

execução das políticas de

EaD da UFSCar tem

desenvolvido para adoção

de 20% de carga horária a

distância na modalidade a

distância em cursos de

graduação presenciais.

Análise

Documental.

Fonte: Sistematização de dados a partir de busca realizada no Portal Periódicos da CAPES e Google

Acadêmico.

A síntese dos resultados apresentada no Quadro 4 traz uma visão geral do foco dos

estudos selecionados.

38

Quanto à metodologia verificou-se que dos cinco artigos, apenas um não demonstrou

claramente a metodologia utilizada para o desenvolvimento do estudo. Dos artigos que

versaram em seu texto à respeito dos métodos, observou-se que dois fizeram considerações

sobre a abordagem metodológica utilizada, nos quais um definiu-se como estudo qualitativo e

o outro como um estudo qualitativo e quantitativo. Com a leitura minuciosa dos textos foram

observados outros detalhes e características metodológicas descritas nos próximos parágrafos.

Moreira e Monteiro (2010), trazem em seu artigo, de forma clara, o desenvolvimento

metodológico do estudo por meio da análise de conteúdo que está bem organizada e responde

adequadamente aos seus objetivos, no entanto não há uma seção específica para tratar do

assunto. Este é um dos dois estudos que mencionam a abordagem da pesquisa como

qualitativa, sem trazer definições para a mesma. Os autores fizeram uma análise a partir de

relatórios construídos pelos alunos das disciplinas “Dinâmicas do mundo contemporâneo” e

“Evolução do espaço português” e de um questionário respondido ao fim do componente

curricular. As aulas foram desenvolvidas considerando uma metodologia ativa que

proporcionasse a participação dos alunos.

No estudo desenvolvido por Quevedo (2011), os procedimentos metodológicos foram

estabelecidos em um tópico destinado a este fim, porém este não trouxe informações

completas a respeito da abordagem, método e técnicas utilizadas no estudo. Desenvolveu-se

uma pesquisa-ação em que os agentes foram os professores e os alunos das disciplinas

semipresenciais de formação de professores de línguas. A abordagem metodológica foi

descrita como qualitativa e quantitativa por fazer uma análise estatística e interpretativa dos

dados e o questionário utilizado no estudo não foi claramente explicado. O artigo apresenta

todos os elementos textuais e responde ao objetivo apresentado. A análise baseou-se nas

expressões escritas pelos alunos, oriundas do questionário aplicado e dos fóruns de discussão

elaborados nas disciplinas.

Monteiro e Moreira (2012) apresentam um texto conciso e claro, no qual são

respondidos todos os questionamentos da pesquisa explícitos na introdução do texto.

Metodologicamente o texto está bem desenvolvido e possui uma seção que trata da análise de

conteúdo, que foi o método escolhido. As categorias de análise são descritas no decorrer do

texto e ele não traz uma classificação quanto à abordagem da metodologia, apesar de ficar

claro ser uma pesquisa qualitativa. As entrevistas com os docentes da universidade e que

gerarão os dados para a análise não foi explicada. Esses docentes possuem experiência de, no

mínimo, cinco anos com disciplinas blended learning.

39

Quanto ao estudo elaborado por Costa et al. (2012), verificou-se que ele apresenta uma

metodologia de forma detalhada, com um tópico específico para o assunto, em que a estrutura

dos questionários que foram desenvolvidos aparece claramente. Este questionário que busca

identificar o perfil dos alunos e o domínio das TIC, foi desenvolvido com os alunos do curso

de Administração, mas não esclarece o semestre e a disciplina a que se refere. Um segundo

questionário foi aplicado no fim da disciplina para verificar a percepção dos alunos quando ao

uso do ambiente virtual de aprendizagem. Foi realizado um grupo focal com os professores e

tutores da disciplina (já que os alunos foram divididos em três turmas de 20 alunos cada) que

visava analisar os erros e acertos na implantação do modelo híbrido. O artigo não relata a

abordagem metodológica utilizada, porém os autores mencionam que as questões foram

analisadas com apoio de técnicas descritivas de estatística, caracterizando um perfil

qualitativo e quantitativo.

Zanotto et al. (2014) não traz informações referentes a metodologia utilizada no

estudo, mas após leitura verificou-se que se trata de uma análise documental. O texto é direto

e expõe claramente os objetivos da pesquisa. O estudo foi conduzido pela Secretaria Geral de

Educação a Distância (SEaD) em parceria com a Pró-Reitoria de Graduação (ProGrad) da

Universidade Federal de São Carlos.

Após apresentação geral dos estudos, são apresentadas na próxima seção uma análise

sobre as questões iniciais da pesquisa.

1.3.1.1 Dificuldades encontradas para a oferta do ensino semipresencial

Foi realizada uma nova avaliação com a leitura dos textos, seus dados foram

coletados, assim foi possível responder à primeira questão secundária desta revisão

sistemática: Quais as dificuldades são encontradas para a oferta do ensino

semipresencial?

As dificuldades apresentadas nos artigos analisados estão relacionadas principalmente

à apropriação por parte dos alunos em disciplinas na modalidade semipresencial. Dos 5

artigos analisados, 2 apresentaram como dificuldade o fato de os alunos não possuírem

computador em casa, 2 fizeram referência à falta de feedback dos professores, 3 consideraram

as dificuldades com o manuseio do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), 1 destacou a

quantidade de material didático utilizado e 1 a linguagem do material didático utilizado.

Apenas um artigo não mencionou dificuldades, seja em nível de instituição, do professor ou

do aluno.

40

A principal dificuldade relatada nas pesquisas foi em relação ao manuseio do ambiente

virtual de aprendizagem, seguido da falta de feedback dos professores quanto às atividades

nos AVA, pelo fato de os alunos não possuírem computador em casa, que restringia o acesso

apenas na universidade e pela falta de infraestrutura das instituições de ensino. Essa

infraestrutura referia-se à qualidade, quantidade de computadores e também ao acesso à

internet. Sobre essa exclusão digital Peixoto e Figueiredo (2013) dizem que:

a disparidade de acesso, evidenciada pelo termo exclusão digital, reflete uma

distribuição desigual dos recursos entre países, zonas geográficas, indivíduos

ou coletividades. Ela se estende também aos usos: os que têm os meios para

adquirir os softwares e de acesso às redes são também aqueles que têm o

conhecimento e a capacidade de tirar deles proveito. (PEIXOTO;

FIGUEIREDO, 2013)

Os fatores quantidade e linguagem do material didático disponível nos AVA foram

citados por duas pesquisas. Uma linguagem adequada irá permitir um melhor aproveitamento

do conteúdo a ser aprendido, podendo considerá-la como uma interface7 entre as mídias

digitais (presentes nos ambientes virtuais de aprendizagem) e os alunos. Tal dificuldade

poderia ser sanada com a aplicação de cursos de formação de design instrucional 8.

Salienta-se a importância de que os materiais didáticos sejam bem elaborados,

considerando as especificidades do ambiente virtual e da interação entre o aluno e a interface.

Versando sobre o assunto, Silva e Pereira (2013), explicam que o material didático auto-

instrucional apresenta algumas características de diagramação e editoração que visam auxiliar

a composição do texto na transmissão da mensagem para o aluno, por conseguinte ele deve

ser planejando em quantidade adequada, para que o momento de aprendizagem não se torne

enfadonho e estruturado e padronizado de modo que o aluno se sinta motivado para o estudo.

E conforme Anjos, Alonso e Anjos (2014, p. 399):

Os AVAs têm se configurado como recurso necessário para a gestão de

cursos online, bem como para o acompanhamento de processos educativos

em contextos específicos de ensino. Os recursos tecnológicos presentes nos

AVAs proporcionam não somente a disponibilização de materiais em

7 As interfaces são pontos de contato entre sistemas diferentes. Uma de suas características

fundamentais é justamente permitir o intercâmbio de informações entre eles, estabelecendo contatos e

permitindo algum tipo de interação (MARTINO, 2015). 8“ Filatro (2008, p.3) define o Design Instrucional como “[...] ação intencional e sistemática de ensino

que envolve o planejamento, o desenvolvimento e a aplicação de métodos, técnicas, atividades,

materiais, eventos e produtos educacionais em situações didáticas específicas, a fim de promover, a

partir dos princípios de aprendizagem e instrução conhecidos, a aprendizagem humana”.

41

formatos diversos, como também possibilitam a ocorrência de processos de

interação e comunicação entre os sujeitos do conhecimento.

Apesar de o acesso a dispositivos tecnológicos estar cada vez mais facilitado, existem

ainda casos em que o aluno não os possui em casa para vicualizar o conteúdo disponibilizado

na plataforma de ensino e outras vezes o acesso à internet ainda é limitado, por esses, entre

outros, motivos o fator possuir computador em casa foi um dos problemas mencionados nos

artigos analisados.

A resposta dos professores às atividades e dúvidas que surgem no AVA foi uma

dificuldade que pode ser considerada preocupante. Já que as práticas semipresenciais podem

ter o apoio em plataformas de ensino o professor deve ser atento e atuante. Esse feedback aos

alunos é imprescindível para o processo de interação no ambiente virtual de aprendizagem.

Verifica-se que essa falha pode estar relacionada com a falta de capacitação docente para o

uso de tecnologias. Com este enfoque, versando sobre a importância do feedback, Silva (2015,

p. 234) expõe que:

É fato que as respostas ou o feedback devem ocorrer em tempo hábil para a

construção ou elaboração de conhecimento de quem é portador da dúvida.

Isso provoca um retorno de informação e a negociação de sentido para que o

sujeito possa construir e/ou apropriar-se do conhecimento.

Quanto ao manuseio da plataforma de ensino, foi mencionado nos estudos que os

alunos possuem dificuldade em acessar o AVA, por não conhecerem ou por falta de

explicação por parte do professor sobre sua utilização.

De acordo com Silva (2015) citando PPC ADMPUB (2009, p. 33), para facilitar e

estimular a apropriação dos AVA pelos alunos devem ser propostas atividades que “visam a

integração dos acadêmicos à metodologia de ensino”, para “habilitar o aluno a lidar com as

tecnologias que dão suporte ao curso”.

A dificuldade “infraestrutura da universidade” foi a única citada a nível de instituição.

Essa infraestrutura referia-se à qualidade, quantidade de computadores e também ao acesso à

internet. É importante fazer um destaque para a questão da infraestrutura institucional, que se

caracteriza como uma das mais importantes, já que mesmo que projetos de implantação da

semipresencialidade sejam bem planejados o suporte da instituição é imprescindível para sua

efetividade. Uma infraestrutura tecnológica precisa ser oferecida pela instituição de ensino

para que a disciplina/curso híbrida tenha um bom desenvolvimento.

A modernização da infraestrutura tecnológica nas instituições de educação

superior públicas pode contribuir de maneira decisiva para o aumento da

produtividade, da qualidade e da eficiência nessas instituições. Essa

transformação deve ser analisada sob uma série de aspectos que englobam

42

desde os recursos, como a infraestrutura física de acesso e a capacitação dos

atores envolvidos (professores, funcionários e alunos) – até o nível

estratégico da instituição, que alinha a TI com a atividade-fim da

organização (SPRITZER, 2006, p. 97).

Dois estudos mencionaram dificuldades por parte dos professores. Citaram problemas

com relação a criação das disciplinas, já que muitos não foram capacitados para o uso das

TIC, dessa maneira o acesso e o manuseio da plataforma tornavam-se empecilhos. Foi

indicada a dificuldade de realizar avaliações formativas e formadoras e do pouco acesso dos

alunos na plataforma.

Anjos, Alonso e Anjos (2014) explicam que o uso das TIC no contexto educacional

tem permitido diversas transformações nas práticas educativas, dessa forma a apropriação

desse recurso tem provocado uma reconfiguração dos espaços do conhecimento, bem como

uma ressignificação das práticas pedagógicas.

Ante isso Peixoto (2012) afirma que, com relação a utilização das TIC na educação,

precisam ser levados em conta dois aspectos: integrar as TIC às práticas pedagógicas

existentes e mudar as práticas pedagógicas para integrá-las às TIC. Evidencia-se esse

movimento no momento em que os professores entram em contato com os recursos

tecnológicos, percebendo um novo universo com novas possibilidades, capaz tanto de

incorporar a sua prática pedagógica, como provocar mudanças à sua prática.

Na próxima seção são descritos os resultados quanto a regulamentação das

disciplinas/cursos semipresenciais localizados nos artigos analisados.

1.3.1.2 Bases legais em que as instituições de ensino superior estão amparadas para a oferta

do ensino semipresencial

Para responder a segunda questão secundária que buscava descobrir “Em que bases

legais as instituições de ensino superior estão amparadas para a oferta do ensino

semipresencial?

A partir da análise dos trabalhos pôde-se observar que dos cinco artigos selecionados

na pesquisa apenas um mencionou a regulamentação que embasa e permite a oferta da

modalidade de ensino semipresencial, a portaria n.º 4.059/2004, que é o estudo de Zanotto, et

al. (2014), que além de explicar especificidades do regulamento, faz uma análise documental

da portaria GR n.º 1.052 de 23 de outubro de 2012 , que dispõe sobre a política de Educação a

Distância da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

43

Este regulamento em seu Capítulo VI, trata da oferta de disciplinas na modalidade

educação a distância em cursos de graduação presenciais. O texto deste regulamento

demonstra um equívoco comumente encontrado nas publicações referentes ao ensino

semipresencial, que é de tratá-lo como práticas de educação a distância em cursos presenciais,

porém como esclarecem Tori (2009), Porvir (2014) e Horn e Staker (2015), a definição

adequada para o ensino híbrido é de que ele é caracterizado pelo enriquecimento das práticas

presenciais pelas práticas virtuais de ensino e aprendizagem. Além disso, a portaria n.º

1.052/2012 não acrescenta informações que demonstrem como o ensino híbrido deve ser

implementado nos cursos de graduação presencias da UFSCar, apenas faz uma cópia das

informações da portaria n.º 4.059/2004.

Dois artigos foram desenvolvidos em contextos diferentes do brasileiro, sendo um na

Universidade do Porto e outro na Escola Superior de Saúde Jean Piaget de Vila Nova de Gaia,

ambas em Portugal. Os estudos não trazem informações sobre documentos que regulem a

prática do blended learning no país.

Dos três artigos do contexto brasileiro, torna-se importante ressaltar que apesar de não

citarem a regulamentação vigente para o ensino híbrido (portaria n.º 4.059/2004), está claro

que as práticas semipresenciais são norteadas por esta base legal.

1.3.1.3 Oferta do ensino semipresencial em cursos presenciais nas instituições de ensino

superior

Após todas as análises realizadas, foi possível responder a pergunta principal deste

estudo: de que maneira as instituições de ensino superior estão ofertando o ensino

semipresencial em seus cursos presenciais?

A partir dos trabalhos analisados constatou-se que a incógnita referente a oferta do

ensino híbrido ainda precisa ser estudada para descobrir como o ensino híbrido ocorre na

prática, em todos os níveis da instituição de ensino.

A primeira deficiência percebida com o desenvolvimento dessa revisão sistemática,

refere-se a falta de estudos que tratem particularmente do processo de implantação para a

oferta da semipresencialidade, pois não foram encontrados estudos que abordassem a forma

como as IES estão planejando a utilização das práticas do ensino semipresencial em seus

cursos presenciais. Foi observado que nenhuma informação sobre as mudanças institucionais

necessárias para a hibridização do ensino foi apresentada nos artigos analisados.

44

A nível de ensino, os estudos pesquisados contribuíram para demonstrar como a oferta

da modalidade semipresencial acontece do ponto de vista do aluno, do professor e, em alguns

casos, sobre a tecnologia empregada nos cursos/disciplinas.

Um importante conhecimento sobre a oferta do ensino semipresencial é sobre o

percentual de atividades semipresenciais que tem sido utilizada nas disciplinas, já que acordo

com a portaria n.º 4.059/2004 as práticas semipresenciais devem ser implantadas desde que

não ultrapassem 20% da disciplina ou da carga horária total do curso reconhecido.

Quanto ao texto de Moreira e Monteiro (2010) e de Monteiro e Moreira (2012), que

são os artigos relacionados ao contexto de universidades portuguesas, pôde-se notar que o

ensino híbrido tem sido utilizado em substituição ao ensino presencial. Em Moreira e

Monteiro (2010), a disciplina estudada possui uma carga horária de 40 horas e considerando

um tempo relativamente curto para ministrar o conteúdo do componente curricular, os

professores decidiram utilizar o ambiente virtual de aprendizagem como suporte ao ensino da

disciplina.

Tanto em Moreira e Monteiro (2010) quanto em Monteiro e Moreira (2012), o

Moodle9 é a plataforma de ensino utilizada para o desenvolvimento das atividades virtuais. Os

autores não falam sobre ações institucionais.

Quevedo (2011) descreve que a oferta da semipresencialidade nos cursos da

instituição em análise ocorre com disciplinas totalmente semipresenciais, na qual uma

disciplina por semestre letivo é vinculada ao Moodle, com encontros presenciais

estabelecidos. A quantidade desses encontros presenciais não é citada no trabalho, porém a

disciplina possui uma carga horária de 40 horas que são distribuídas ao longo do semestre.

Em Costa et al. (2012) foi observado que as atividades semipresenciais também são

realizadas por meio da plataforma Moodle e que esse acesso acontece, muitas vezes, no

horário da aula presencial, porém o estudo não traz informações sobre o percentual de

hibridização utilizados. O principal questionamento exposto foi sobre a infraestrutura

oferecida pela universidade que não tem disponibilizado computadores suficientes e nem

internet para o acesso dos alunos e que prejudica

Zanotto et al. (2014) apontam que são estabelecidos o percentual de 10% de atividades

semipresenciais nos cursos ou disciplinas presenciais da instituição que seu estudo analisa.

9 O Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment (Moodle) é um sistema de

gerenciamento de cursos gratuito, compatível com diferentes sistemas operacionais e de fonte aberta

(pode ser usado, instalado e modificado livremente pelo usuário). Uma das vantagens desse AVA é a

facilidade de publicar arquivos externos e de integrá-lo com outras ferramentas

45

Os estudos selecionados nesta revisão sistemática indicam que os cursos/disciplinas

semipresenciais têm utilizado ambientes virtuais de aprendizagem. Isso indica que estão de

acordo com a exigência estabelecida na portaria n.º4.059/2004 em seu Art. 2º:

Art. 2º A oferta das disciplinas previstas no artigo anterior deverá incluir

métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado

de tecnologias de informação e comunicação para a realização dos objetivos

pedagógicos, bem como prever encontros presenciais e atividades de tutoria.

Como visto anteriormente, nem todos os artigos analisados comunicaram sobre como

acontecem os encontros presenciais nas disciplinas/cursos semipresenciais e que apenas Costa

et al. (2012) mencionam o apoio de tutores.

Todos os trabalhos avaliados apontaram a necessidade de capacitação docente para o

uso das tecnologias da informação e comunicação. A formação de professores é indicada na

portaria n.º4.059/2004 em seu Art. 2º e parágrafo único:

Parágrafo único. Para os fins desta Portaria, entende-se que a tutoria das

disciplinas ofertadas na modalidade semi-presencial implica na existência de

docentes qualificados em nível compatível ao previsto no projeto pedagógico

do curso, com carga horária específica para os momentos presenciais e os

momentos a distância.

Sobre a importância da formação docente para o uso das novas tecnologias, Kenski

(2012) explica que essa formação precisa garantir o máximo de qualidade e eficiência no

processo de ensino e aprendizagem. Sendo assim a comunidade docente deve se preocupar

com sua formação em um amplo quadro de complementação às tradicionais disciplinas

pedagógicas incluindo um conhecimento crítico das novas tecnologias de informação e

comunicação em variadas e diferenciadas atividades de ensino. Torna-se indispensável que o

atores do processo de ensino e aprendizagem saibam utilizar adequadamente as tecnologias,

“não apenas o computador e as redes, mas também os demais suportes midiáticos” (KENSKI,

2012, p.89).

Neste sentido, Peixoto (2015) observa que o governo tem executado ações referentes à

tecnologia digital no Brasil, sugerindo mudanças no processo de formação inicial e

continuada dos professores e fazendo frente à realidade trazida pelos recursos tecnológicos

que chegam a instituição de ensino. Ao mesmo tempo, Echalar (2015) comenta que os alunos

já fazem uso das tecnologias em seu cotidiano e que, por esse motivo, na escola não poderia

ser diferente. Sendo assim, professores capacitados aproximariam os alunos desse novo

contexto de ensino que é o ensino semipresencial, sanando problemas como mencionados

46

pelos artigos como a dificuldade no manuseio do Moodle, com a linguagem e quantidade do

material didático.

Por fim, deve-se considerar, frente a esta análise, que há um longo caminho a

percorrer para, de alguma forma, fazer com que o ensino híbrido se torne uma realidade

permanente e efetiva nas instituições de ensino superior brasileiras, tornando ainda mais

relevante a iniciativa dessa dissertação de mestrado.

47

2 PERCURSO METODOLÓGICO

“Uma pesquisa é sempre, de alguma forma, um relato de longa viagem

empreendida por um sujeito cujo olhar vasculha lugares muitas vezes já

visitados. Nada de absolutamente original, portanto, mas um modo diferente

de olhar e pensar determinada realidade a partir de uma experiência e de

uma apropriação do conhecimento que são, aí sim, bastante pessoais”.

(Rosália Duarte)

Neste capítulo, com a intenção de esclarecer os caminhos utilizados pela pesquisadora,

encontram-se os procedimentos metodológicos adotados para o alcance dos objetivos deste

estudo. A descrição e explicação detalhada dos caminhos de desenvolvimento de uma

pesquisa caracterizam sua metodologia e de acordo com Gil (2010, p. 42), toda pesquisa tem

um caráter pragmático e classifica-se como “um processo formal e sistemático de

desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir

respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”. Igualmente

Andery (2004), explica que no âmbito dos métodos de pesquisa, eles podem ser conceituados

como um conjunto de passos reconhecidos pela comunidade acadêmica e que podem ser

utilizados pelos pesquisadores para a construção do conhecimento científico.

Deste modo, faz-se o detalhamento da metodologia empregada no estudo, incluindo

sua natureza, o processo de escolha da população e amostragem da pesquisa, os instrumentos

para coleta de dados, bem como o enfoque utilizado para as análises dos dados obtidos,

objetivando a construção do conhecimento referente à maneira como as universidades federais

estão institucionalizando o ensino semipresencial.

2.1 Definindo a abordagem e o método de pesquisa

Considerando-se o ponto de vista da abordagem relacionada ao problema da pesquisa,

é necessário refletir sobre os direcionamentos do objeto estudado. As abordagens não são

estanques em si mesmas e pretendem fazer com que os objetos de estudo na área educacional

sejam bem mais conhecidos (GHEDIN; FRANCO, 2008).

Neste sentido, buscando respostas ao problema pesquisado que procura descobrir de

que maneira a portaria n.º4.059/2004 vem sendo interpretada pelas universidades federais

para a oferta do ensino híbrido em seus cursos de graduação presenciais e, sabendo que esta

busca possui cunho interpretativo dos dados obtidos, este estudo utilizou uma abordagem

qualitativa.

48

Chizzotti (2008), definindo a abordagem qualitativa, explica que ela faz a investigação

para o estudo de um fenômeno, procurando dar sentido e significação. Esses dados são

perceptíveis, apenas, se houver uma atenção sensível. Neste caso, segundo Chizzotti (2008, p.

28) “[...] o autor interpreta e traduz em um texto, zelosamente escrito, com perspicácia e

competência científicas, os significados patentes ou ocultos do seu objeto de pesquisa”.

Após o estabelecimento da abordagem adotada pela pesquisa, a apresentação do

método de pesquisa se faz necessário. Para Filippo et al. (2011, p. 385) “um método de

pesquisa é um processo específico para a realização de pesquisas científicas. Um método

define um conjunto organizado de procedimentos a serem seguidos de forma sistemática que

orientam o pesquisador na realização de uma pesquisa científica”. Com o mesmo enfoque,

Dresch, et al. (2015, p. 22) enfatizam que:

definir um método de pesquisa e justificar sua escolha ajuda o pesquisador a

garantir que sua investigação, de fato, resolverá o problema de pesquisa.

Além disso, o uso adequado do método de pesquisa também favorece o

reconhecimento da investigação pela comunidade científica, evidenciando

que a pesquisa é confiável e válida para a área.

Esta inferência condiz com a afirmação de Andery (2004) no que se refere à

coexistência de diferentes procedimentos metodológicos, em que a natureza do tema e seu

problema irão levar o pesquisador a escolher o método mais condizente com a constante

busca de resultados melhores e mais confiáveis.

Baseando-se no exposto, com a finalidade de atingir o objetivo específico de discutir o

conteúdo da regulamentação do ensino semipresencial para identificar suas especificidades e

considerando que neste estudo o foco são as regulamentações, baseadas na portaria nº.

4.059/2004, que aprovam a oferta do ensino semipresencial nas instituições de ensino

superior, esta pesquisa utilizou como técnica de pesquisa a análise documental.

Oliveira (2007) esclarece que os documentos são compostos por manifestações que

registram os aspectos da vida social de um determinado grupo. Sendo assim, os documentos

possibilitam o conhecimento do período histórico e social das ações e a reconstrução dos fatos

e seus antecedentes. Documentos são registros escritos que conseguem gerar informações

para a compreensão dos fatos e relações (OLIVEIRA, 2007).

Para Lüdke e André (1986, p. 39):

os documentos constituem também uma fonte poderosa de onde podem ser

retiradas evidências que fundamentem afirmações e declarações do

pesquisador. Representam ainda uma fonte ‘natural’ de informação. Não são

apenas uma fonte de informação contextualizada, mas surgem num

determinado contexto e fornecem informações sobre esse mesmo contexto.

49

Os documentos analisados na pesquisa foram as portarias, n.º 2.253/2001 e n.º

4.059/2004, que regulamentam o ensino semipresencial e as normatizações das universidades

federais que institucionalizaram a oferta da semipresencialidade.

A análise documental pode identificar, verificar e apreciar os documentos em função

de uma finalidade específica, preconizando a utilização de uma fonte paralela e simultânea de

informação para complementar os dados e permitir a contextualização das informações

contidas nos documentos. A análise documental deve extrair um reflexo objetivo da fonte

original, permitir a localização, identificação, organização e avaliação das informações

contidas no documento, além da contextualização dos fatos em determinados momentos

(MOREIRA, 2005). Neste sentido busca-se atingir o objetivo específico de analisar os dados

obtidos nas UF estudadas, discutindo sobre os elementos pedagógicos, administrativos,

financeiros e tecnológicos que são apresentados, ou não, pelas regulamentações.

Conforme Gil (2010), a análise documental, na maioria das vezes, proporciona ao

pesquisador dados suficientes e ricos, sendo que em alguns casos, existe a possibilidade de

que a investigação social ocorra apenas com informações levantadas em documentos.

Porém, Lüdke e André (1986) pontuam algumas limitações da análise documental. O

primeiro aspecto considerado pelos autores é a frequente crítica sobre a utilização dos

documentos como amostras não-representativas para a aproximação e compreensão dos

fenômenos que são estudados. Dessa forma, os registros de atividades, experiências e

resultados obtidos nos diferentes espaços de produção social não conseguem contemplar todos

os elementos do cotidiano.

Diante dos apontamentos de Oliveira (2007) e Lüdke e André (1986), sobre as

limitações do método de análise documental e identificando a necessidade da existência de

outros métodos para responder satisfatoriamente os objetivos específicos dessa pesquisa, o

estudo utilizou o método exploratório descritivo para apoiar as análises e interpretações

desenvolvidas por meio das regulamentações que autorizam a oferta do ensino híbrido.

O estudo exploratório, para Martins (1994, p.30):

trata-se de uma abordagem adotada para a busca de maiores informações

sobre o determinado assunto. Possui um planejamento flexível, e é indicada

quando se tem pouco conhecimento do assunto. Tem a finalidade de

formular problemas e hipóteses para estudos posteriores, já o estudo

descritivo tem a finalidade de observar, registrar e analisar fenômenos ou

sistemas.

50

Percebendo a inexistência de pesquisas que investigam as regulamentações do ensino

híbrido, e buscando contribuir para sanar as dúvidas referente ao uso dessa metodologia de

ensino, este estudo encaixa-se como exploratório.

Para que essa contribuição ocorra, houve a necessidade de apresentar os elementos

específicos dessas regulamentações o estudo caracteriza-se, também, como descritivo. Para

Gil (2008, p. 28) “As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial a descrição das

características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre

variáveis”. Diante dessas considerações esta análise considera o viés exploratório descritivo

para a realização da análise dos dados.

2.2 Organização da pesquisa

Considerando a abordagem qualitativa deste estudo, a pesquisa desenvolveu-se

compreendendo as seguintes etapas:

1. Caracterização do objeto de estudo;

2. Elaboração do problema de pesquisa e de seus objetivos, geral e específicos;

3. Estudo e construção dos caminhos metodológicos adequados para o atingimento dos

objetivos da pesquisa;

4. Revisão sistemática da literatura, visando conhecer os estudos sobre o tema elucidado

pela pesquisa, englobando informações gerais sobre a institucionalização da EaD que

propiciou o avanço do ensino a distância e consequentemente encaminhou as práticas de

ensino semipresencial;

5. Análise das portarias que autorizam as IES a ofertarem o ensino semipresencial no

Brasil: portaria n.º 2.253/2001 e n.º 4.059/2004, para verificar os avanços da modalidade e

entender suas especificidades;

6. Planejamento e construção do questionário diagnóstico;

7. Aplicação de um pré-teste, para identificar a efetividade do questionário diagnóstico;

8. Desenvolvimento das estratégias de encaminhamento do questionário diagnóstico para

levantamento inicial das informações sobre a implementação do ensino semipresencial nas

universidades federais;

9. Análise das informações coletadas por meio do questionário diagnóstico e realização

do levantamento dos documentos citados pelos participantes;

10. Tabulação dos dados coletados via questionário diagnóstico;

51

11. Levantamento documental em sites/portais das UF a fim de identificar as

regulamentações institucionalizadas que autorizam a oferta da semipresencialidade;

12. Análise dos dados coletados pelo levantamento documental, verificando os elementos

das dimensões estudadas encontrados, ou não, nas regulamentações do ensino semipresencial

nas UF;

13. Análise das informações oriundas do questionário diagnóstico e levantamento

documental para sua apresentação, discussão e posterior exposição das considerações finais.

2.3 Critérios de seleção e definição dos sujeitos

Os sujeitos deste estudo são aqueles designados por cada universidade que,

voluntariamente, aceitaram participar da pesquisa.

A seleção dos sujeitos da pesquisa foi desenvolvida, em primeira instância, levando

em consideração os dados do último censo da Associação Brasileira de Educação a Distância

(ABED) demonstrados a seguir:

Figura 7: Distribuição de cursos e matrículas em cursos semipresenciais apresentadas no Censo

EAD.BR 2013.

Fonte: Censo ABED (2013/2014).

Segundo a ABED (2013) são ofertados atualmente no Brasil 447 (quatrocentos e

quarenta e sete) cursos semipresenciais. Desses 447 cursos, 62,6% são provenientes de

Instituições Privadas10 e 33,7% são oferecidos por Instituições Públicas11, sendo que entre as

10 Instituições Privadas são aquelas criadas por credenciamento junto ao Ministério da Educação e são

mantidas e administradas por pessoa física ou jurídica de direito privado, podendo ter ou não fins

lucrativos (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2006).

52

Instituições Públicas de Ensino Superior, 83,4% representam cursos ofertados por instituições

federais.

No ano em que o censo foi realizado, 190.564 (cento e noventa mil, quinhentos e

sessenta e quatro) matrículas foram efetuadas em cursos semipresenciais, destas, 70,8% foram

efetuadas em Instituições Privadas e 28,8% são provenientes de Instituições Públicas, sendo a

maioria destas de origem federal, 60,2%. A maioria das IES (52,3%), oferecem cursos de

graduação, e destes cursos de graduação 48,4% são cursos de bacharelado, 32,1%

tecnológicos e 26,1% de licenciatura.

Considerando que, de acordo com o censo ABED 2013/2014, dos cursos

semipresenciais ofertados por Instituições públicas, 83,4% representam instituições federais,

surge o interesse da pesquisadora em identificar como as instituições estão ofertando o ensino

semipresencial em seus cursos de graduação presenciais.

Conforme Menezes (2002), as Instituições Federais de Ensino Superior desempenham

papel central no desenvolvimento científico e tecnológico do país, respondendo pela maior

parte da produção científica brasileira e pela formação de profissionais nas mais diversas

áreas do conhecimento. Entre as IFES estão as universidades, Centros de Ensino

Tecnológico12 e os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia13, que foram

criados com a promulgação da Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008.

De acordo com o MEC, a IFES mais restrita, definida na Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional é a universidade. Trata-se de uma instituição acadêmica pluridisciplinar

que conta com produção intelectual institucionalizada, além de apresentar requisitos mínimos

de titulação acadêmica (um terço de mestres e doutores) e carga de trabalho do corpo docente

(um terço em regime integral). A universidade federal é uma instituição autônoma14 podendo

criar cursos e sedes acadêmicas e administrativas, expedir diplomas, fixar currículos e número

11 Instituições Públicas são aquelas criadas ou incorporadas, mantidas e administradas pelo Poder

Público Federal, Estadual ou Municipal (MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, 2006). 12 Os Centros de Ensino Tecnológico compreendem os Centros Federais de Educação Profissional e

Tecnológica (Cefets). 13 Os Institutos Federais são unidades voltadas à formação técnica, com capacitação profissional em

áreas diversas. Oferecem ensino médio integrado ao ensino técnico, cursos técnicos, cursos superiores

de tecnologia, licenciaturas e pós-graduação. A denominação remonta à Lei 11.892/08, que renomeou

os Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Cefets) e as Escolas Técnicas (MEC,

200?). 14 De acordo com o Art. 207 da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 “as universidades gozam

de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao

princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.

53

de vagas, firmar contratos, acordos e convênios, entre outras ações, respeitadas as legislações

vigentes e norma nacional.

Neste sentido, fazendo deferência às universidades federais, e respeitando-as como

única e restrita IFES mencionada e definida na LDBEN n.º 9.394/96, que é o marco inicial da

normatização do ensino a distância nas Instituições Ensino, delimita-se como população

objeto do estudo as universidades federais.

As universidades federais são uma das Instituições Pública de Ensino Superior em que

o Sistema UAB fomenta a modalidade de educação a distância em cursos de graduação e pós-

graduação, dessa forma foi decidido que o foco desse estudo seriam os cursos de graduação

presenciais das UF, já que os cursos de pós-graduação não constituem a função básica das

universidades.

A lista de universidades federais ativas cadastradas no Sistema e-MEC15 possui 63

universidades está organizada hierarquicamente conforme avaliação do Ministério da

Educação, que é aplicada de acordo com dois conceitos: Conceito Institucional (CI) e Índice

Geral de Cursos (IGC) (vide apêndice C):

Sabe-se que o estudo de todos os elementos da população possibilita um conhecimento

mais preciso das variáveis que estão sendo pesquisadas, no entanto, nem sempre há a

possibilidade de obter as informações de todos os elementos da população. De tal modo a

representatividade da amostra dependerá do seu tamanho e da forma como é coletada visando

obter uma amostra que possa ser considerada significativa, e que de fato represente toda a

população (GONÇALVES, 2009).

Por conseguinte, buscando analisar de que maneira as universidades federais estão

ofertando o ensino híbrido em seus cursos de graduação presenciais por meio da portaria n.º

4.059/2004, fundamentando-se na classificação anteriormente demonstrada sobre a

abordagem qualitativa empregada na pesquisa e no fato de não poder identificar previamente

a quantidade de universidades que participariam efetivamente da pesquisa, os sujeitos foram

selecionados com base em uma amostragem não-probabilística.

Levine et al. (2008, p. 218) afirmam que “em uma amostra não probabilística você

seleciona os itens ou indivíduos sem conhecer suas respectivas probabilidades de seleção”.

Assim sendo, uma amostragem será não probabilística quando a probabilidade de alguns ou

15 O e-MEC foi criado para fazer a tramitação eletrônica dos processos de regulamentação. Pela

internet, as instituições de educação superior fazem o credenciamento e o recredenciamento, buscam

autorização, reconhecimento e renovação de reconhecimento de cursos. Em funcionamento desde

janeiro de 2007, o sistema permite a abertura e o acompanhamento dos processos pelas instituições de

forma simplificada e transparente.

54

de todos os elementos da população de pertencer à amostra é desconhecida (MASSUKADO-

NAKATANI, 2009).

Valendo-se das classificações de amostra não probabilística, foi encaminhado para os

Pró-reitores de Ensino de Graduação das universidades federais, um questionário diagnóstico

com o intuito de atender ao objetivo específico de identificar as universidades federais que

estão ofertando a semipresencialidade em cursos de graduação presenciais, considerando as

regulamentações que as definem e subsidiar a busca documental, bem como as análises

baseadas nas dimensões estudadas, fez-se o arrolamento da amostra como sendo voluntária ou

por conveniência.

As amostras voluntárias/por conveniência são constituídas por unidades que se

disponibilizam voluntariamente para integrar a amostra. Neste método seleciona-se a amostra

em função da disponibilidade e acessibilidade dos elementos da população. É uma técnica de

amostragem em que é identificada primeiramente por conveniência, em que os elementos são

incluídos na amostra sem probabilidades previamente especificadas ou conhecidas de que eles

sejam selecionados (ANDERSON, et al., 2007).

Após as delimitações dos critérios de definição de sujeitos, apresentam-se na próxima

seção as técnicas de coleta e análise de dados utilizados na pesquisa.

2.4 Instrumentos de coleta e análise de dados

Para a seleção dos instrumentos de coleta de dados foi utilizada a definição de

Barthers (1967, apud BAUER; GASKEL, 2015, p. 96) que estabelece que o corpus

metodológico da pesquisa científica é “uma coleção finita de materiais, determinada de

antemão pelo analista, com (inevitável) arbitrariedade, e com a qual ele irá trabalhar. Deste

modo, o corpus metodológico da pesquisa compreende os instrumentos questionário

diagnóstico e análise documental.

2.4.1 Questionário diagnóstico

Entendendo que, inicialmente, havia a necessidade de verificar quais são as UF estão

ofertando componentes curriculares nos moldes do ensino híbrido, foi elaborado um

questionário diagnóstico (Apêndice A) e suas questões visam apoiar o alcance dos objetivos

específicos dessa pesquisa. O questionário diagnóstico possui um campo para identificação da

instituição, sete questões, sendo três fechadas e quatro abertas, e um último campo para

55

comentários diversos dos respondentes, elaborado com o objetivo de levantar informações

adicionais que não estivessem contempladas nos questionamentos elaborados.

A questão 02 buscou atender ao objetivo específico de identificar quais universidades

federais estão ofertando componentes curriculares nos moldes do ensino semipresencial.

As questões 03 e 04 foram elaboradas identificar a regulamentação da universidade

federal para o ensino semipresencial, e a questão 05 sinaliza os aspectos pedagógicos,

administrativos, financeiros e tecnológicos contidos nesta regulamentação, pretendem

subsidiar o atingimento dos objetivo específico de identificar as universidades federais que

estão ofertando a semipresencialidade em cursos de graduação presenciais, considerando as

regulamentações que as definem e de analisar os dados obtidos nas UF estudadas, no sentido

de verificar quais elementos pedagógicos, administrativos, financeiros e tecnológicos são

apresentados, ou não, pelas regulamentações.

A questão 06, que buscou identificar os cursos de graduação semipresenciais que são

efetivamente ofertados pelas UF participantes da pesquisa, foi desenvolvida para acrescentar

informações sobre a implantação do ensino semipresencial nessas UF. Já a questão 07 e 08,

que investigavam informações sobre a oferta da modalidade de Educação a Distância, foi

utilizada para discutir sobre a oferta de ensino a distância nas universidades participantes.

Para facilitar a compreensão do desenvolvimento do questionário diagnóstico foi

elaborada a matriz de objetivos do questionário (Quadro 5).

Quadro 5: Matriz de objetivos do questionário diagnóstico.

MATRIZ DE OBJETIVOS DO QUESTIONÁRIO DIAGNÓSTICO

Enquadramento do questionário diagnóstico quanto a pesquisa desenvolvida.

Questão de investigação:

De que forma as universidades federais estão implantando o ensino híbrido em seus cursos de graduação

presenciais?

Objetivos Gerais Objetivos Específicos Itens

Identificar as UF. Identificar a UF participante da pesquisa. 1

Diagnosticar se há oferta na

semipresencialidade.

Verificar se a UF está ofertando componentes híbridos

em seus cursos de graduação presenciais. 2

Identificar a regulamentação utilizada

Identificar as UF que implantaram a

semipresencialidade em seus cursos de graduação

presenciais, considerando as regulamentações que as

definem.

3

4

Identificar as dimensões detalhadas nos

regulamentos.

Subsidiar a discussão sobre as dimensões pedagógicas,

administrativas, financeiras e tecnológicas encontradas

nas regulamentações das UF.

5

Verificar a oferta de cursos híbridos.

Saber quais cursos estão ofertando, de fato,

disciplinas/cursos híbridos para acrescentar informações

sobre a implantação da semipresenciliadade.

6

Verificar a oferta de EaD. Investigar se a UF oferta a modalidade EaD. 7

8

56

Foi aplicado um pré-teste desse questionário para assegurar a eficiência dos

questionamentos em atender aos objetivos propostos. O pré-teste foi realizado no dia 25 de

junho de 2015, com a pró-Reitora de ensino de graduação da Universidade Federal de Mato

Grosso (UFMT). Esta instituição foi selecionada devido ao acesso da pesquisadora que faz

parte do Programa de Pós-Graduação em Educação do Instituto de Educação da UFMT.

Após aplicação do pré-teste foi encaminhado, para as 63 universidades federais

cadastradas no Sistema e-MEC, o roteiro de questionário diagnóstico (Apêndice A).

A primeira estratégia para o encaminhamento do questionário diagnóstico foi de

destiná-lo aos Pró-Reitores de Ensino de Graduação (e outras nomenclaturas encontradas) da

população objeto deste estudo. Foram encaminhados entre os dias 04 e 08 de junho de 2015,

para os e-mails institucionais que foram encontrados nos sites/portais das UF, juntamente com

uma Carta de Apresentação (Apêndice B) assinada pelo orientador do estudo, professor

doutor Cristiano Maciel e pela coorientadora professora doutora Kátia Morosov Alonso.

Compreendendo que 20 dias seria um prazo razoável para a obtenção de respostas, foi

respeitado este prazo e foram recebidas apenas três respostas.

Após o prazo estabelecido pela primeira estratégia, o questionário diagnóstico foi

elaborado em um formulário on-line, desenvolvido no Google Docs16, e novamente

encaminhado com um link no corpo do texto do e-mail, porém a segunda estratégia de

encaminhamento foi de enviar o questionário para a Presidente do colégio de Pró-reitores de

Graduação da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino

Superior (Andifes17) solicitando que ela o repassasse para os mesmos Pró-Reitores de Ensino

de Graduação. Este encaminhamento foi realizado em 28 de junho de 2015 e levando em

consideração o tempo de resposta da presidente da Andifes, manifestando sua colaboração, foi

estipulado o prazo de 30 dias para a obtenção de respostas. Com a segunda estratégia foram

obtidas seis participações.

Devido à baixa participação na pesquisa, em uma terceira estratégia de

encaminhamento, o questionário foi conduzido para as Coordenações de Educação a

16 O Google Docs é um serviço para Web, Android e iOS que permite criar, editar e visualizar

documentos de texto e compartilhá-los com amigos e contatos profissionais. Com a possibilidade de

trabalhar off-line, esta ferramenta pode salvar os arquivos tanto no drive on-line do Google, quanto na

memória do dispositivo. Disponível em: http://www.techtudo.com.br/tudo-sobre/google-docs-

app.html. 17 A Andifes, criada em 23 de maio de 1989, é a representante oficial das Universidades Federais na

interlocução com o governo federal, com as associações de professores, de técnico-administrativos, de

estudantes e com a sociedade em geral. Disponível em < http://www.andifes.org.br/institucional/a-

andifes/ >. Acessado em 19/10/2015.

57

Distância das universidades federais. Esta mudança foi estabelecida pela percepção de que

não prejudicaria o desenvolvimento da pesquisa, não afetando os critérios de seleção de

sujeitos e nem os instrumentos de pesquisa utilizados.

Através de busca nos sites/portais conseguiu-se o e-mail dessas coordenações e o

questionário foi encaminhado também como link no corpo do texto no dia 28 de julho de

2015, com um prazo de mais 20 dias para as respostas. Após o período não houve nenhuma

participação. E assim, utilizando-se do mesmo canal de acesso, no dia 20 de agosto de 2015 o

questionário foi encaminhado novamente e mais uma vez em 10 de setembro de 2015. No fim

do período de 20 dias de aguardo, oito respostas foram obtidas. O último encaminhamento foi

feito em 02 de outubro de 2015 e não houve participação.

Finalizando as estratégias de encaminhamento do questionário diagnóstico foram

obtidas 17 respostas, que representam 27% de participação nesta etapa do estudo. Esses 27%

de universidades federais participantes representam o percentual de amostra voluntária.

2.4.2 Levantamento documental

Concomitantemente à aplicação do questionário diagnóstico foi desenvolvida a análise

documental. Inicialmente os documentos selecionados foram as portarias n.º 2.253/2001 e n.º

4.059/2004, que autorizam o ensino semipresencial.

No decorrer da pesquisa o levantamento documental foi elaborado nos sites/portais das

63 universidades federais ativas cadastradas no sistema e-MEC. A análise documental

baseou-se na listagem de sites que pode ser verificada no Apêndice D.

Sistematizando a busca pelos documentos que regulamentam o ensino semipresencial

nas UF, foram utilizados os seguintes descritores: semipresencial (semi-presencial ou semi

presencial); ensino híbrido; blended learning; 20% a distância; e portaria n.º 4.059/2004.

Posteriormente, os documentos encontrados nos sites/portais das UF foram organizados de

acordo com a sua especificidade.

Os documentos foram devidamente arquivados em uma pasta ao mesmo tempo em que

se prosseguia à coleta de dados. O critério estabelecido para tal organização foi separar os que

tratavam especificamente do ensino semipresencial citando elementos das dimensões

estudadas, daqueles que apenas garantiam e autorizavam a oferta do ensino híbrido.

As leituras e fichamentos tiveram papel central nessa fase. Para cada documento foi

criada uma ficha de leitura contendo informações a respeito dos elementos pedagógicos,

58

administrativos, financeiros e tecnológicos com o acréscimo de transcrições de trechos que

poderiam ser utilizados posteriormente.

Os documentos foram analisados de acordo com as Dimensões Pedagógica,

Administrativo-Financeira e Tecnológica (vide item 3.2.4), baseadas em Petter (2010).

2.4.3 Revisão da literatura

A revisão da literatura foi apresentada no Capítulo 1 deste estudo, abordando os temas

Educação a Distância e sua institucionalização, marcos regulatórios da EaD, ensino híbrido e

seus modelos e revisão sistemática da literatura.

Sobre a EaD os principais autores citados foram Preti (2010), Mill (2013) e Belloni

(2012) e quanto aos marcos regulatórios da EaD citou-se Preti (2009). Para esclarecer os

conceitos do ensino híbrido foram citados os autores Tori (2009), Moran (2015) e Horn e

Staker (2015) que também foi abordado quanto a taxonomia do ensino híbrido, assim como

Bacich et al. (2015).

Para formar os constructos desta pesquisa foi utilizada também a revisão sistemática

da literatura (vide pág. 33).

A revisão sistemática de literatura é uma etapa imprescindível para a condução de

pesquisas científicas, seguindo as especificações de Dresch, et al. (2015).

Dresch, et al. (2015, p. 33) expõem que revisões sistemáticas da literatura:

são estudos secundários utilizados para mapear, encontrar, avaliar

criticamente, consolidar e agregar os resultados de estudos primários

relevantes acerca de uma questão ou tópico de pesquisa específico, bem

como identificar lacunas a serem preenchidas, resultando em um relatório

coerente ou em uma síntese.

A análise sistemática traz importantes informações referente a institucionalização do

ensino semipresencial, tendo como base as pesquisas que já foram realizadas sobre o assunto.

O desenvolvimento de uma revisão sistemática da literatura se faz necessário para

demonstrar o cenário em que o ensino semipresencial está inserido, buscando informações

sobre a implantação e oferta do ensino semipresencial em cursos de graduação presenciais no

ensino superior, objetivando responder ao questionamento: de que maneira as instituições

de ensino superior estão ofertando o ensino semipresencial em seus cursos presenciais?

Este questionamento desdobrou-se em mais duas perguntas consideradas secundárias:

1. Quais as dificuldades são encontradas para a oferta do ensino semipresencial?

59

2. Em que bases legais as instituições de ensino superior estão amparadas para a oferta

do ensino semipresencial?

Após definido o tema central desse estudo, foram desenvolvidas as outas etapas da

revisão, que se basearam no método para revisão sistemática da literatura de Dresch, et al.

(2015). De acordo com o autor uma revisão sistemática da literatura envolve a definição da

questão, o estabelecimento da estratégia de busca, a etapa de busca, elegibilidade e

codificação dos estudos encontrados, avaliação da qualidade, síntese dos resultados e, por fim,

a apresentação do estudo.

Para realização da pesquisa foram definidos como bases de dados eletrônicas o Portal

Capes e o Google Acadêmico. A busca foi desenvolvida no período de 15 de fevereiro de

2016 e 08 de março de 2016.

O material selecionado para a revisão foram teses, dissertações e artigos, sendo que a

configuração de localização dos descritores indicava os seguintes critérios: estar qualquer

lugar do texto; ser escrito no idioma português; e ser publicado entre os anos de 2010 e 2015.

O protocolo adotado utilizou os descritores: semipresencial + (“blended learning” ou

“ensino híbrido”).

Com relação aos resultados obtidos no Portal de Periódicos Capes, devido à

dificuldade em aplicar filtros que permitam realizar uma pesquisa booleana, os descritores

foram pesquisados separadamente, sendo: “semipresencial”, “blended learning” e “ensino

híbrido”.

Como critérios de inclusão, foram considerados os estudos sobre o ensino

semipresencial, implantados em instituições de ensino superior, apresentados em teses,

dissertações e artigos no idioma português, publicados entre o ano de 2010 e 2015. Como

critérios de exclusão considerou-se estudos fora do período pesquisado, repetidos

(duplicados), em que o curso não é de ensino de graduação ou aqueles estudos em que o curso

é semipresencial, porém a modalidade não é o foco da análise.

2.4.4 Sobre a análise de dados

A coleta de dados obtidos por meio do questionário diagnóstico e o levantamento

documental foram feitos atendendo ao viés exploratório descritivo da pesquisa.

Frente a diversidade e pluraridade das concepções apresentadas nas regulamentações

estudadas, torna-se impossível categorizar a análise documental. No entanto, os apontamentos

60

realizados na análise foram baseados nos elementos dos processos de gestão descritos por

Petter (2010).

A gestão em EaD envolve o planejamento, a gestão, o acompanhamento e a avaliação

dos processos pedagógicos, administrativos, financeiros e tecnológicos, assim caracterizados

por Petter (2010, p. 109):

- Processos pedagógicos: Elaboração e desenvolvimento do projeto

político-pedagógico do curso; elaboração do material didático; trabalho dos

professores; formação dos tutores/orientadores acadêmicos; dinâmica do

trabalho pedagógico; avaliação da aprendizagem e do material pedagógico;

- Processos administrativos: Parcerias/convênios; recursos físicos e

materiais; distribuição do material didático; seleção de recursos humanos;

registro acadêmico e documental; disseminação de informações; avaliação

do trabalho dos recursos humanos e logística;

- Processos financeiros: Elaboração e controle de planilhas financeiras;

compra de material permanente e de uso contínuo; venda do material

didático; pagamento de pessoal;

- Processos tecnológicos: Criação de software e ou sistemas; operação e

manutenção e manutenção dos meios tecnológicos (PETTER, 2010, p. 109,

grifo da autora).

A modalidade semipresencial (ensino híbrido) incorpora os mesmos elementos

descritos por Petter (2010) além de considerar toda as especificidades da gestão do ensino

presencial.

Envolvendo os elementos dos processos de gestão citados a cima, foram estabelecidas

três dimensões de análise: Dimensão Pedagógica, Dimensão Administrativo-Financeira e

Dimensão Tecnológica.

Sobre a Dimensão Pedagógica, Cannatá (2015) explica que ao considerar uma

inovação pedagógica torna-se significativa quanto há espaço para a formação, para a reflexão

e para a apropriação de uma metodologia que resultará em uma prática segura e qualitativa em

sala de aula.

Neste sentido, a Dimensão Pedagógica estabelecida nesta pesquisa, considera os

seguintes elementos: elaboração e desenvolvimento do projeto político-pedagógico do curso;

elaboração do material didático; trabalho dos professores; formação dos tutores/orientadores

acadêmicos; dinâmica do trabalho pedagógico; avaliação da aprendizagem e do material

pedagógico.

61

Para Rodrigues e Carvalho (2011), a Dimensão Administrativo-Financeira, apresenta

aspectos correspondentes aos níveis macro18 e micro do processo de gestão de cursos a

distância.

Neste estudo a Dimensão Administrativo-Financeira estabelecida, abarca os elementos

administrativos e financeiros, que são: parcerias e convênios; recursos físicos e materiais;

distribuição do material didático; seleção de recursos humanos; registro acadêmico e

documental; disseminação de informações; avaliação do trabalho dos recursos humanos e

logística.

Versando sobre a Dimensão Tecnológica, Rodrigues e Carvalho (2011) relatam que as

tecnologias utilizadas em cursos a distância exigem um processo de gestão específico que

envolve aquisição de equipamentos, formas de manutenção, fluxo de ações, estabelecimento

de funções e segurança, dentre outras especificidades. Sendo assim, “a gestão de uma

estrutura tecnológica para cursos a distância precisa levar em conta os aspectos da

flexibilidade de tempo e espaço que envolvem ora direta, ora indiretamente a dimensão

pedagógica” (RODRIGUES; CARVALHO, 2011, p. 42). E para Pablos (2006) “a

contribuição mais significativa das tecnologias da informação e comunicação, com um caráter

geral, é a capacidade para intervir como mediadoras nos processos de aprendizagem”.

Para a Dimensão Tecnológica estabelecida nesta pesquisa, foram considerados os

elementos tecnológicos de criação de software e ou sistemas; operação e manutenção dos

meios tecnológicos.

Os elementos das Dimensões Pedagógica, Administrativo-Financeira e Tecnológica

foram discutidos no capítulo 3 (vide pág. 79), considerando a aproximação ou lacuna

verificados nos regulamentos estudados.

2.5 Informações adicionais

2.5.1 Aspectos éticos da pesquisa

18 Segundo Nóvoa (1999), os três níveis de gestão, macro, meso e micro, articulam-se em um processo

dialético que pressupõe uma relação entre teoria e prática, além de conflitos e contradições. Nesse

processo, é na dinâmica da organização escolar que ocorre articulação entro os níveis meso como

variável, entre o discurso macro e as ações pedagógicas do micro relativas ao processo de ensino-

aprendizagem. Ressalta-se que as decisões políticas não podem ser executadas sem considerar que o

conjunto de variáveis existentes nas dimensões pedagógica, tecnológica e administrativo-financeira

dá-se nos níveis macro, meso e micro do sistema.

62

Houve a preocupação da pesquisa em encaminhar às instituições uma carta de

apresentação contendo os objetivos da pesquisa e salientando que o compromisso de uso dos

dados obtidos exclusivamente nesta pesquisa. Essa carta foi encaminhada para as 63 UF (vide

Apêndice B).

2.5.2 Riscos e limitações da pesquisa

O desenvolvimento deste estudo considerou a regulamentação vigente do ensino

híbrido, que é a portaria n.º 4.059/2004, e as regulamentações das universidades federais

construídas a partir dela. O levantamento documental foi realizado a partir dos sites/portais

das 63 universidades federais cadastradas no sistema e-MEC em 2015, sendo assim, limita-se

aos regulamentos que foram encontrados.

Outro fator limitante para o desenvolvimento dessa pesquisa, foi quanto à primeira

estratégia de encaminhamento do questionário diagnóstico. Nesta estratégia, os respondentes

deveriam baixar o arquivo do questionário, preenchê-lo, anexá-lo novamente e encaminhar a

resposta, por isso acredita-se que o formato em que o questionário foi enviado foi fator

limitante para uma maior participação.

A limitação que acredita-se ter refletido mais significativamente na participação dos

sujeitos dessa pesquisa foi a greve das instituições federais de ensino (universidades federais e

institutos federais de educação, ciência e tecnologia), que iniciou-se no mês de maio de 2015

e encerrou-se em outubro de 2015. O encaminhamento do questionário diagnóstico, que se

destinava aos pró-Reitores de graduação das universidades federais foi remetido entre os

meses de junho de 2015 e outubro de 2015, coincidindo com o período de greve, podendo ter

diminuído o número de respondentes. Apesar de os ocupantes destes cargos, em geral, não

entrarem em greve, encontravam-se em condições de trabalho desfavoráveis.

2.5.3 Normas técnicas

Esta dissertação foi elaborada conforme normas estabelecidas pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT19). Os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais

19 A ABNT é responsável pela publicação das Normas Brasileiras (ABNT NBR), elaboradas por seus

Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização Setorial (ABNT/ONS) e Comissões

de Estudo Especiais (ABNT/CEE). Desde 1950, a ABNT atua também na avaliação da conformidade

e dispõe de programas para certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental. Esta atividade

está fundamentada em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e alicerçada em uma

63

seguem estrutura da ABNT NBR 14.724/201120, em sua terceira edição de 17 de março de

2011, com validade a partir de 17 de março de 2011, intitulada “Informação e documentação

– Trabalhos acadêmicos – Apresentação”.

Atendendo ao designado pela norma supracitada, o sumário está de acordo com a

ABNT NBR 6027, as referências conforme ABNT NBR 6023 e as citações segundo a ABNT

NBR 10520.

estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo credibilidade, ética e reconhecimento

dos serviços prestados. Disponível em: http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt 20 A ABNT NBR 14724 foi elaborada no Comitê Brasileiro de Documentação e Informação

(ABNT/CB-14), pela Comissão de Estudo de Documentação (CE14:000.01). O Projeto circulou em

Consulta Nacional conforme Edital nº 10, de 08.10.2010 a 06.12.2010, com o número de Projeto

ABNT NBR 14724. Esta terceira edição cancela e substitui a edição anterior (ABNT NBR

14724:2005), a qual foi tecnicamente revisada.

64

3 REGULAMENTAÇÃO DO ENSINO HÍBRIDO NAS UNIVERSIDADES

FEDERAIS: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

“[...] o exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica,

de pensar o conhecimento enquanto se conhece,

de pensar o quê das coisas, o para quê, de quem, o contra quê,

o contra quem, são exigências fundamentais

de uma educação democrática, à altura do nosso tempo”.

(Paulo Freire)

Este capítulo foi construído e organizado de modo a apresentar os dados obtidos com a

realização da pesquisa e sua posterior análise. Inicialmente traz os dados levantados pela

aplicação do questionário diagnóstico (Apêndice A) e, em um segundo momento, encontra-se

a análise documental das regulamentações do ensino híbrido a nível de Estado e das

universidades federais.

3.1 Sobre o questionário diagnóstico

O questionário diagnóstico foi aplicado com o objetivo de fazer um levantamento das

universidades federais que estão implantando o ensino híbrido. Como mencionado no capítulo

2, foi encaminhado por meio de cinco estratégias de encaminhamento o questionário

diagnóstico para as 63 universidades federais cadastradas no portal do Ministério da

Educação.

Durante o período de encaminhamento e recepção das respostas, foram recebidas 17

respostas ao questionário. Assim, a amostra voluntária desta etapa da pesquisa totaliza 27% de

participação.

Com o intuito de atender ao objetivo específico de identificar as universidades federais

que estão ofertando a semipresencialidade em cursos de graduação presenciais, considerando

as regulamentações que as definem, foi elaborado a primeira pergunta do questionário

diagnóstico.

Das universidades federais participantes na pesquisa, 10 universidades responderam

estar ofertando a modalidade semipresencial. São elas: Universidade Federal de Uberlândia

(UFU), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), Universidade Federal dos Vales do

Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade

Federal Grande Dourados (UFGD), Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF),

65

Universidade Federal do Alagoas (UFAL), Universidade Federal do Cariri (UFCA),

Universidade Federal de Lavras (UFLA) e Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Sete UF participaram da pesquisa e afirmam não ofertar o semipresencial e neste

grupo encontram-se a Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do

Espírito Santo (UFES), Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade Federal

do Acre (UFAC), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Universidade Federal do

Semi-Árido (UFERSA) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), sendo que

está última apesar de não ter cursos nos moldes da semipresencialidade, já possui

regulamentação para o ensino híbrido.

Procurou-se saber, ainda, quais universidades federais já possuem regulamentação

para o ensino semipresencial e descobriu-se (vide Gráfico 1), que 10 UF não possuem

regulamentação para as atividades semipresenciais e sete já estão com a modalidade

regulamentada em sua Instituição.

Gráfico 1: Universidades federais que regulamentaram a oferta da modalidade semipresencial, em

outubro de 2015.

O Gráfico 2 apresenta as UF que responderam ofertar o ensino semipresencial e que

institucionalizaram essa oferta e as universidades federais que não ofertam a

semipresencialidade, mas que possuem regulamentação.

66

Gráfico 2: Universidades federais que ofertam ou não a semipresencialidade e que possuem a

modalidade regulamentada, em outubro de 2015.

Apenas seis das 10 universidades federais que afirmaram ofertar componentes

curriculares semipresencias, possuem em sua estrutura o ensino híbrido regulamentado, sendo

a UFU, UFFS, UFVJM, UFPI, UFGD e UFJF.

A verificação dessa resposta identificou que UFU e UFFS possuem regulamento

específico para o ensino híbrido, UFGD e UFJF respaldam sua oferta pela portaria n.º

4.059/2004, UFPI possui um regulamento geral que autoriza a oferta da semipresencialidade e

a UFVJM na verdade regulamenta a educação a distância por meio da Resolução n.º 05/2011

do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEPE).

Verificou-se também que, entre as UF que não estão ofertando a modalidade

semipresencial, uma já possui regulamentação para a oferta do ensino, a Universidade Federal

do Rio Grande do Sul.

Outra informação levantada pelo questionário diagnóstico, foi referente a qual

regulamentação e sua numeração que ampara a Universidade na oferta do ensino

semipresencial.

Ofertam o ensino semipresencial com respaldo na n.º 4.059/2004, que é a

regulamentação em nível de Estado que normatiza a modalidade semipresencial a UFAL,

UFCA, UFJF, UFVJM, UFGD, UFLA e a UFMT.

Sobre as que possuem regulamentação, tem-se a Universidade Federal da Fronteira

Sul, que informou a Resolução 05/2015 - CONSUNI/CGRAD, a Universidade Federal dos

Vales do Jequitinhonha e Mucuri que respondeu que a oferta é baseada no:

“Art. 81 da LDB 9394/96; na Portaria nº 4059 de 10/12/2004 que

regulamenta o art 81/LDB e ainda o Art. 30 da Resolução

67

n.º05/Consepe UFVJM de 20/05/2011 Nota de alteração para os

PPCs, com aprovação dos colegiados de curso”(sic.).

Informações sobre a Resolução n.º 05/2011da UFFS, são encontradas na seção 3.2.2

deste capítulo.

A Universidade Federal de Uberlândia mencionou a Resolução 35/2011 do Conselho

de Graduação, explorada na seção 3.2.2 deste capítulo. A Universidade Federal do Piauí

respondeu apenas que a oferta da semipresencialidade está regulamentada pela Resolução do

Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão, e por meio do levantamento documental realizado a

regulamentação citada refere-se a Resolução n.º 177 de 5 de novembro de 2012, aprovada

pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEX) que estabelece as Normas de

Funcionamento dos Cursos de Graduação da UFPI, contendo em sua estrutura informações de

que os componentes curriculares podem em um percentual de até o máximo de 20% (vinte por

cento) da carga horária ser ministrada e contabilizada por meio de atividades a distância ou

outras formas não presenciais de ensino, em que sua análise encontra-se, também, na seção

3.2.2 deste capítulo.

Quanto à UFGD o respondente da pesquisa mencionou não saber informar a

regulamentação que autoriza a oferta de cursos/disciplinas no formato semipresencial.

Também não foram encontrados dados no levantamento documental, ficando a oferta

respaldada pela portaria n.º 4.059/2004.

Outro ponto delicado da pesquisa, foi a Universidade Federal de Juiz de Fora, que

respondeu possuir regulamentação para o ensino semipresencial, mas na pergunta seguinte

revelou basear a oferta na portaria n.º 4.059/2004. Acredita-se que uma falha no entendimento

da questão tenha proporcionado este equívoco, já que o texto da pergunta referia-se a

regulamentação, por parte dos organismos de órgãos colegiados da própria instituição, para a

oferta do ensino semipresencial em sua Instituição. Deve-se salientar que não possuir

regulamento próprio não é impedimento para que a oferta da semipresencialidade seja

efetivada.

A Universidade Federal Rural do Semi-Árido respondeu não ofertar e não possuir

regulamentação para o ensino semipresencial, porém mencionou na pesquisa a Resolução

CONSEPE/UFERSA N° 007/2010, de 19 de agosto de 2010, que foi analisada e consta na

análise documental deste estudo, já que o documento menciona a oferta da

semipresencialidade.

68

Quanto a UFVJM a resposta foi de que a oferta do ensino híbrido na instituição está

respaldada no “Art.81 da LDB 9394/96 na Portaria nº 4059 de 10/12/2004 - Art. 30 – e na

Resolução 05/Consepe de 20/05/2011 - Nota de alteração para os PPC, com aprovação dos

colegiados de curso”. No entanto, ao encontrar e investigar o documento citado pela UF,

observou-se que não há nenhuma menção ao ensino híbrido (em nenhuma das formas da

apresentação de sua nomenclatura) e nem a práticas da modalidade EaD.

A Universidade Federal de São Carlos e a Universidade Federal de Mato Grosso

responderam que a regulamentação para o ensino semipresencial está em tramitação pelos

órgãos responsáveis da Instituição.

Com relação a UFSCar, mesmo tendo informado não possuir regulamentação para o

ensino semipresencial, no desenvolvimento da revisão sistemática da literatura (vide capítulo

1), foi encontrado a portaria GR n.º 1.052 de 23 de outubro de 2012 , que dispõe sobre a

política de Educação a Distância da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),

regulamento que em seu Capítulo VI, trata da oferta de disciplinas na modalidade educação a

distância em cursos de graduação presenciais. Mais uma vez o ensino semipresencial é

equivocadamente denominado modalidade EaD em cursos presenciais. Esta portaria faz parte

da seção de análise deste capítulo.

As UF foram questionadas, também, sobre os elementos pedagógicos, tecnológicos,

infraestruturais, administrativos que estão detalhados na regulamentação do ensino híbrido na

universidade federal. Com esta pergunta procurava-se levantar informações que pudessem

sinalizar elementos para subsidiar o atendimento ao objetivo específico de analisar os dados

obtidos nas UF estudadas, discutindo sobre os elementos pedagógicos, administrativos,

financeiros e tecnológicos que são apresentados, ou não, pelas regulamentações.

Sobre estes elementos, conforme dados da pesquisa, a UFFS mencionou que:

“A necessidade de previsão da oferta no PPC e nos planos de ensino,

incluindo a apresentação da metodologia a ser utilizada no

desenvolvimento do componente curricular, bem como do processo

avaliativo; a descrição das atividades, discriminando aquelas

desenvolvidas presencialmente daquelas desenvolvidas à distância; o

atendimento individual na forma presencial e no ambiente virtual; a

programação de atividades de interação professor-estudante(s);

orientações sobre a utilização do Ambiente Virtual de Ensino-

Aprendizagem. A necessidade do docente possuir capacitação para a

69

educação à distância e obrigatoriedade da instituição disponibilizar

suporte tecnológico necessário”(sic.).

Já o respondente da Universidade Federal do Piauí respondeu que:

“A resolução apenas institucionaliza a oferta de até 20% da carga

horária da disciplina podendo ser disponibilizada na modalidade

EaD desde que contemplada no PPC. Quanto a Estrutura

Tecnológica Trabalhamos com o Sistema SIGAA que disponibiliza ao

professor toda uma estrutura tecnológica para este fim” (sic.).

A UFJF mencionou que “todas as ações de EAD na UFJF tem como suporte o Centro

de Educação a Distância - CEAD (tecnológico, material didático, capacitação etc)”(sic.).

Apesar da pergunta exemplificar os elementos investigados na pesquisa eram os

pedagógicos, tecnológicos infra estruturais, entre outros, apenas três respondentes

preocuparam-se em trazer as informações requeridas. No confronto com os dados da análise

documental, verificou-se que destas três universidades que mencionaram algum elemento das

Dimensões estudadas, apenas a resposta da Universidade Federal da Fronteira Sul informou

elementos, que se coadunam com os elencados na seção de análise documental.

A coleta destas informações fazia-se necessária para subsidiar a análise das

regulamentações, sendo assim, essa análise contém, em sua maioria o olhar da pesquisadora

quanto ao conteúdo destas regulamentações.

A universidades foram questionadas sobre quais cursos que estão sendo ofertados na

modalidade semipresencial.

A UFFS mencionou ofertar:

“atualmente apenas o curso de Letras: Português e Espanhol, uma

vez que nossos cursos recém passaram pelo processo de

reconhecimento. A oferta desta modalidade só é permitida para

cursos reconhecidos”(sic.).

O respondente da UFFS enfatizou em sua resposta que os cursos com componentes

curriculares hibridizados só são permitidos nos casos em que estes cursos tiverem o

reconhecimento por parte do MEC, porém não há impedimento legal para a oferta do ensino

semipresencial em cursos nos quais estejam em processo de reconhecimento.

A Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri citou os cursos de:

70

“Agronomia; Medicina; Bacharelado em Humanidades; Bacharelado

em Ciência e Tecnologia; Engenharia Hídrica; Engenharia de

Produção; engenharia Civil; Educação Física - bacharelado;

Engenharia Florestal” (sic.).

Quanto à Universidade Federal de Mato Grosso, foram citados os cursos de Farmácia

e de Medicina Veterinária, ambos ofertados pelo Campus da cidade de Sinop/MT. Mencionou

ainda, que os PPC desses cursos estão em processo de aprovação.

A UFPI revelou não haver na Instituição um monitoramento das disciplinas ofertadas

no formato semipresencial. A UFRGS respondeu que “não há cursos específicos que ofertam

disciplinas a distância, pois essa oferta é disseminada na Universidade”(sic.). A UFJF disse

que quase todos os cursos da Universidade são ofertados na modalidade semipresencial:

“quase todos os cursos (+- 20)”(sic.).

A Universidade Federal do Alagoas citou os seguintes cursos: “Licenciaturas em

Pedagogia, Matemática, Física e Geografia” (sic.). E a Universidade Federal de Lavras

informou que:

“Nossa estrutura de organização é departamental e as disciplinas

são responsabilidade dos departamentos, enquanto que os cursos são

gerenciados pela PRG e por colegiados de curso. Então, dependendo

do professor que assume uma disciplina, ela pode ou não incorporar

uso de CH não presencial. Assim, uma mesma disciplina pode ser

semipresencial para uma turma e presencial para outra. Como a

estrutura curricular da graduação incorpora disciplinas de vários

departamentos, hoje não é possível afirmar quais cursos ofertam, de

forma continuada, disciplinas semipresenciais. O fato é que em

nenhum caso essa oferta ultrapassa 20% da CH do curso pois as

disciplinas semipresenciais não têm autorização para ofertar mais

que 20% de sua CH a distância. Este é um dos problemas que

resolveremos com a aprovação do regulamento no CEPE” (sic.).

A Universidade Federal de Uberlândia respondeu que:

“Embora a UFU já tenha editado a resolução acima referida para

regularizar a oferta do ensino semipresencial, não há ainda qualquer

curso de graduação que tenha realizado reforma curricular para

71

inclusão desse tipo de oferta. Registro, contudo, que alguns docentes

em cursos diversos promovem, por sua iniciativa, orientações de

estudos aos discentes por meio da plataforma Moodle, como recurso

adicional, permitido na Instituição” (sic.).

Neste caso, a UFU admite que a plataforma Moodle funciona como suporte ao ensino

presencial, não sendo ainda, não podendo encaixar como ensino semipresencial de fato, se

considerarmos o texto da portaria n.º 4.059/2004.

Das Universidades Federais que responderam ao questionamento que objetivava

descobrir os cursos ofertantes da modalidade semipresencial, percebe-se que poucas tem este

parâmetro de cursos ofertados. Pode-se inferir que isso seja resultado de uma regulamentação

para as práticas semipresenciais que ainda não foi institucionalizada ou que foi

institucionalizada a pouco tempo na Instituição. Outra suposição que pode ser feita refere-se

ao fato de que a falta de informação sobre como adequar o ensino semipresencial, como

escrever e até mesmo como atender metodologicamente o hibridismo no PPC, impacte na

decisão da mudança neste projeto de curso para tramitação nos colegiados superiores.

Assim, acredita-se que, baseando-se na portaria n.º4.059/2004, e não estabelecendo as

normas que ela impõe, principalmente das mudanças que devem ser feitas e aprovadas nos

PPC dos cursos que ofertam o semipresencial, os cursos/disciplinas vem sendo desenvolvidos

por meio de práticas semipresenciais, sem uma normatização e sem um devido

acompanhamento.

As próximas perguntas do questionário diagnóstico (perguntas 7 e 8) buscaram

verificar se as UF pesquisadas ofertam, também, a modalidade de Educação a Distância.

No Gráfico 3, apresenta-se as universidades federais que disseram ofertar cursos na

modalidade EaD.

Gráfico 3: Universidades Federais participantes que ofertam a modalidade de Educação a Distância

(EaD), em outubro de 2015.

72

Das 17 universidades federais que participaram da pesquisa, 15 responderam que

ofertam, também, a modalidade EaD e apenas duas não fazem a oferta, que são a

Universidade Federal do Cariri e a Universidade Federal Fronteira Sul.

Foram questionados sobre o tempo em que ofertam EaD. A UFC respondeu que oferta

“há 09 anos a UFC oferta cursos de graduação a distância, mas outros cursos de extensão já

vêm sendo ofertado a mais de 12 anos” (sic.). A UFES desde 2002. A UFVJM mencionou

que “iniciou no primeiro semestre de 2010 e segue até os dias de hoje (6 anos)”(sic.). A

UFAC oferta EaD há nove anos, a UFPI desde 2006, a UFAC há três anos e a UFRGS desde

2003.

A UFGD possui cursos EaD:

“desde o ano de 2010 na elaboração e a partir de 2012 com dois

cursos de licenciatura em parceria com o sistema UAB. Atualmente

são ofertados 4 cursos de graduação e 4 cursos de pós-graduação. O

sucesso foi de excelência na qualidade, que no ano de 2014 a nossa

EaD virou foi reconhecida como Faculdade” (sic.).

Ofertam há 10 anos Educação a Distância a Universidade Federal de Juiz de Fora e a

Universidade Federal de São Carlos. A UFERSA tem curso EaD há cinco anos e a

Universidade Federal de Alagoas respondeu que tem cursos EaD desde 1988.

Já a Universidade Federal de Lavras citou que “no caso da especialização (lato sensu)

desde 1987. Os cursos de graduação se iniciaram em 2006” e a UFU informou que oferta

EaD “há 10 anos, iniciamos com a oferta do curso de Administração Projeto Piloto, em

atendimento ao Edital SEED/UAB no1, de 16 de dezembro de 2005”(sic.).

Por fim, a Universidade Federal de Mato Grosso, respondeu que iniciou suas

atividades com a EaD a partir de 1992 com a criação do Núcleo de Educação Aberta e a

Distância (NEAD) e, em 1994, passou a oferecer curso de graduação a distância.

Foi demonstrado pelos respondentes das UF que também ofertam a modalidade EaD,

que estas já desenvolvem o ensino a distância na instituição há pelo menos três anos e

percebeu-se que mesmo com a experiência em educação mediada por tecnologias da

informação e comunicação, essa aproximação não tem facilitado o entendimento de como

implantar componentes curriculares no formato semipresencial.

O último item de recolhimento de dados do questionário diagnóstico foi o de

comentários adicionais, no qual a participação mais relevante foi da Universidade Federal de

São Carlos. Sobre a oferta do ensino semipresencial, acrescentou que:

73

“Na UFSCar não temos formalizado ainda a oferta dos 20%, mas

quase metade dos professores já estão usando o Moodle como parte

de uma iniciativa da PRO-REITORIA DE GRADUAÇÃO” (sic.).

Informou, ainda, sobre o processo de institucionalização da semipresencialidade que:

“Há um movimento formal, outro meio-formal e ainda um outro

informal (em processos paralelos ou diretamente relacionados).

1. FORMAL: estamos formalizando na instituição quais cursos vão

investir nos 20% e quais disciplinas comporão os 20%. Em chamada

pública, a PROGRAD + SEaD receberam interesse em 600

disciplinas. Isso está em andamento, mas começamos com apenas 60

delas, de cursos equivalentes aos que já temos virtualmente (MÚSICA

+ PEDAGOGICA + COMPUTAÇAO).

2. SEMI-FORMAL: Algumas disciplinas (graduação ou pós) podem

usar parte das atividades pelo AVA, mas não pode afetar a carga

horária prevista presencial. Isto é formalizado junto à coordenação

do curso e aos departamentos responsáveis, mas cada professor usa

como acha que deve; pois, ele trabalha dobrado.

3. INFORMAL: Há muitos professores que usam o AVA como

"nuvem", como lugar de postar textos etc. Esses, recebem apenas seus

ambientes pré-prontos, mas se responsabilizam com o resto” (sic.).

Os AVA tem sido utilizado por muitas instituições de ensino, não apenas para cursos

semipresenciais, mas também como apoio aos cursos presenciais. Aqui há o destaque de mais

uma UF que afirma utilizar o Moodle como suporte ao ensino presencial.

Em síntese, o questionário diagnóstico demonstrou que das 17 universidades federais

que se dispuseram a participar da pesquisa, 10 mencionaram ofertar ensino híbrido em seus

cursos de graduação presenciais, porém efetivamente nove instituições o fazem:

1. Universidade Federal da Fronteira Sul;

2. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri;

3. Universidade Federa do Piauí;

4. Universidade Federal da Grande Dourados;

5. Universidade Federal de Juiz de Fora;

6. Universidade Federal do Alagoas;

74

7. Universidade Federal do Cariri;

8. Universidade Federal de Lavras; e

9. Universidade Federal de Mato Grosso.

A Universidade Federal de Uberlândia não se encontra na relação acima por ter

informado em sua resposta ao questionário diagnóstico que apesar de possuir regulamentação

própria institucionalizada, ainda não possui cursos que estejam trabalhando nos moldes do

ensino híbrido.

Das universidades que responderam o questionário diagnóstico, conforme dados

apresentados, são analisados na próxima seção (vide Quadro 9) os regulamentos específicos

para o ensino semipresencial da Universidade Federal de Uberlândia e da Universidade

Federal da Fronteira Sul e as normatizações da Universidade Federal do Piauí e da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (vide Quadro 10) que trata dos regulamentos que

normatizam o ensino semipresencial, mas que não são específicos.

3.2 Sobre a análise documental

A fase inicial da análise documental foi desenvolvida com base na legislação do

ensino semipresencial. Como mencionado anteriormente, as práticas do ensino híbrido no

Brasil foram autorizadas pela publicação da portaria nº 2.253/2001, que foi substituída pela

portaria nº 4.059/2004.

Posteriormente, na segunda fase da análise documental, foi desenvolvida um

levantamento documental nos sites/portais das universidades federais com o intuito de

identificar as regulamentações institucionalizadas pelas UF para autorizar e normatizar a

oferta do ensino híbrido em seus cursos de graduação presenciais.

3.2.1 Portaria n.º 2.253/2001 e Portaria n.º 4.059/2004: regulamentação em nível de Estado

A portaria nº2.253/2001 (Anexo A) foi um marco inicial para a oferta do ensino

híbrido, permitindo que o planejamento curricular dos cursos superiores reconhecidos, sejam

oferecidos até 20% de sua carga horária total em atividades não presenciais.

Deve-se enfatizar que esta portaria, portaria nº2.253/2001, define ser facultativo às

IES a opção de que atividades não presenciais sejam distribuídas de acordo com o projeto

político-pedagógico do curso, podendo as disciplinas serem ofertadas inteiramente ou

parcialmente a distância.

75

A portaria nº 4.059/2004 (Anexo B) revogou a portaria nº2.253/2001. Essa revogação

demonstra algumas adequações no conteúdo da regulamentação. As considerações realizadas

com base no conteúdo dessas portarias objetiva atender ao objetivo específico do estudo que

se propôs interpretar os referenciais da regulamentação do ensino semipresencial para

identificar suas especificidades.

Portanto, a análise dessas portarias supracitadas objetiva demonstrar os avanços

relacionados ao ensino semipresencial (híbrido) no Brasil.

Essa parte da análise documental foi organizada relacionando item a item de cada

portaria para verificar o que foi mantido ou modificado na concepção da autorização da

semipresencialidade.

A primeira análise que pode ser feita a partir do estudo destas portarias é que somente

em 2004 houve o cuidado em conceituar o ensino semipresencial, pois anteriormente, em

2001, não foi apresentado uma conceituação para esta forma de ensino. Enfatiza-se que a

necessidade de esclarecer os conceitos para a oferta desta modalidade se faz necessária para

evitar equívocos interpretativos na prática do ensino híbrido.

A seguir (Quadro 6) são apresentadas as informações que permaneceram em ambas

portarias:

Quadro 6: Informações que permaneceram nas portarias nº2.253/2001 e nº 4.059/2004.

Portaria nº 2.253/ 2001 Portaria nº 4.059/2004

Carga horária

As disciplinas poderão ser ofertadas integral ou parcialmente na modalidade

semipresencial, desde que não ultrapasse 20% da carga horária total do curso.

Reconhecimento das atividades semipresenciais pelo MEC

As IES deverão comunicar as modificações efetuadas em projetos pedagógicos dos cursos à

Secretaria de Educação Superior – SESu.

Tecnologia da Informação e Comunicação

A oferta das disciplinas deverá incluir métodos e práticas de ensino-aprendizagem que

incorporem o uso integrado de tecnologias de informação e comunicação para a realização

dos objetivos pedagógicos.

Com relação ao Quadro 6, salienta-se que nas duas portarias analisadas há a ênfase de

que os componentes curriculares/disciplinas incorporem as TIC as suas práticas de ensino e

aprendizagem e, neste enfoque, Beloni (2012, p. 82, grifo da autora) menciona que as

tecnologias da informação e comunicação:

76

[...] não são necessariamente mais relevantes ou mais eficazes do que as

mídias tradicionais em qualquer situação de aprendizagem. Mas é preciso

também não esquecer que, embora essas técnicas ainda não tenham

demonstrado toda sua eficácia pedagógica, elas estão cada vez mais

presentes na vida cotidiana e fazem parte do universo dos jovens, sendo essa

a razão principal da necessidade de sua integração à educação.

A integração das TIC às práticas educativas pode trazer muitas contribuições se feita

adequadamente, sendo que essa integração já não é mais uma opção, “essas tecnologias já

estão no mundo, transformando todas as dimensões da vida social e econômica; cabe ao

campo educacional integrá-las e tirar suas potencialidades comunicacionais e pedagógicas o

melhor proveito” (BELLONI, 2012, p. 114).

O ensino semipresencial permite que os cursos e até mesmos as disciplinas sejam

ministradas a distância, desde que não ultrapassem o limite de 20% da carga horária total do

curso, em que esses 20% da carga horária, devem ser realizados por meio das TIC. Fica a

cargo da IE decidir se esses 20% serão ofertados em forma de disciplinas híbridas (presencial

e parcialmente) ou totalmente virtual, considerando a necessidade de as avaliações serem

presenciais.

De acordo com o parágrafo único primeiro do o Art. 1º da portaria nº2.253/2001 “as

disciplinas a que se refere o caput, integrantes do currículo de cada curso superior

reconhecido, não poderão exceder a vinte por cento do tempo previsto para integralização do

respectivo currículo” informação que se coaduna com o parágrafo único segundo do Art. 1º da

portaria nº 4.059/2004 que assevera que “poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no

caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da

carga horária total do curso”.

Para Oliveira (2012), a introdução dos 20%, pode ser feita sem muitos entraves

burocráticos. A portaria nº 4.059/2004, regulamentação vigente da semipresencialidade, não

trata do uso da EaD no ensino superior, equívoco comumente encontrado nos estudos e em

específico, nas regulamentações analisadas neste estudo, mas de atividades ou práticas

semipresenciais.

Há ainda a exigência, comum às duas portarias, de que as IE modifiquem o Projeto

Pedagógico do Curso (PPC) que oferta o ensino híbrido. Além disso essas modificações

devem ser comunicadas à Secretaria de Educação Superior – SESu21.

21 A Secretaria de Educação Superior (SESu) é a unidade do Ministério da Educação responsável por

planejar, orientar, coordenar e supervisionar o processo de formulação e implementação da Política

Nacional de Educação Superior. A manutenção, a supervisão e o desenvolvimento das instituições

77

Conforme Vasconcellos (2002, p.143), quando o PPC é:

construído participativamente, é uma tentativa, no âmbito da educação, de

resgatar o sentido humano, científico e libertador do planejamento. Pode ser

entendido como a sistematização, nunca definitiva, de um processo de

Planejamento Participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza na caminhada,

que define claramente o tipo de ação educativa que se quer realizar. É um

instrumento teórico-metodológico para a transformação da realidade. É um

elemento de organização e integração da atividade prática da instituição

nesse processo de transformação.

As mudanças realizadas no PPC dos cursos ofertantes do ensino semipresencial são

necessárias para garantir os parâmetros em que esta modalidade de ensino deve ser ofertada

na Instituição de Ensino Superior.

No Quadro 7, são apresentadas as modificações que foram encontradas entre as duas

portarias do ensino semipresencial (revogada e vigente) com o desenvolvimento da análise

documental realizada.

Os apontamentos das mudanças entre as portarias baseiam-se em demonstrar as

diferenciações observadas no conteúdo das mesmas.

Quadro 7: Modificações nas informações encontradas nas portarias nº2.253/2001 e nº 4.059/2004.

Portaria nº 2.253/ 2001 Portaria nº 4.059/2004

Conceituação da Modalidade

Não apresenta conceituação da modalidade

semipresencial.

Apresenta conceituação do ensino

semipresencial.

Definição de atividades “não-presencial” ou “semipresencial”

Na portaria 2.253, as disciplinas podem

utilizar no todo ou em parte as atividades

não-presenciais.

Na portaria 4.059, está definida a

modalidade semipresencial.

Carga horária

Disciplinas devem ser oferecidas nas duas

modalidades para que o aluno faça sua

escolha.

Esta exigência desaparece.

Avaliação

Avaliações finais dessem ser presenciais Qualquer avaliação deve ser feita

presencialmente.

públicas federais de ensino superior (IFES) e a supervisão das instituições privadas de educação

superior, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN).

78

Quadro 7: Modificações nas informações encontradas nas portarias nº2.253/2001 e nº 4.059/2004.

(Cont.)

Atividade de tutoria

Não indica participação de tutor. Atividades com a participação de tutor.

Reconhecimento das atividades semipresenciais pelo MEC

Somente as universidades e centros

universitários podiam criar essas disciplinas

mediante comunicação ao MEC; as demais

IES eram obrigadas a pedir autorização

prévia. O plano de ensino do componente

curricular ofertado na modalidade

semipresencial deveria ser encaminhado ao

MEC, que após avaliação permitiria ou não

a introdução definitiva da disciplina.

A partir de 2004 esta distinção desaparece

permanecendo, somente, a necessidade de

comunicação para todas as IES.

A primeira modificação encontrada entre as portarias em análise é quanto a

nomenclatura desta oferta de ensino, que antes era chamada de não-presencial e que passou a

ser chamada de semipresencial após regulamentação da Portaria nº 4.059/2004. Com base na

pesquisa bibliográfica desenvolvida na pesquisa foram verificadas muitas outras

nomenclaturas definidas pelos autores, podendo ser citadas: “semipresencial”, “bimodal”,

“blended learning” ou “b-learning”, ensino misto e ensino híbrido.

A portaria nº2.253/2001 permitia que os alunos optassem entre a disciplina na forma

não presencial ou na forma presencial. Enquanto não estivessem autorizadas a ofertarem as

disciplinas não presenciais, as IES deveriam manter disciplinas presenciais correspondentes

para opção dos alunos. Esta exigência foi extinta com a publicação da Portaria nº 4.059/2004.

Ressalta-se que, apesar da extinção do benefício de escolha entre as duas modalidades pelos

alunos, as IES devem garantir a equivalência pedagógica e curricular entre a disciplina

semipresencial e a disciplina presencial.

Quanto às atividades de tutoria, estas não apareciam na portaria revogada, porém com

a publicação da portaria vigente há indicação dessa participação, assim como nos moldes da

modalidade EaD. Para Boing e Bourscheid (2013), a atuação de tutores permite qualidade no

acompanhamento de conteúdo, facilitando um aumento exponencial na relação aluno-

professor, dessa forma a inexistência de tutoria propicia uma baixa na quantidade e qualidade

da relação entre professores e alunos devido à alta demanda de atividades didático-

79

pedagógicas. Sendo assim, percebe-se que essa inclusão da existência de tutores nas

atividades do ensino semipresencial foi um avanço considerável para as relações de ensino e

aprendizagem da modalidade.

A Portaria nº 4.059/2004 passou a permitir que qualquer Instituição de Ensino

Superior ofereça cursos/disciplinas na modalidade semipresencial, e não mais apenas as

Universidades e Centros Universitários como na portaria anterior, aumentando a amplitude da

oferta de ensino. Essa alteração foi um avanço para a oferta desta modalidade, bem como do

uso das TIC incorporadas à educação.

Das mudanças observadas entre as portarias está a exigência de que as avaliações do

ensino semipresencial sejam realizadas presencialmente.

A avaliação é parte integrante e imprescindível no processo educativo. Nesta

perspectiva, a exigência de forma impositiva de que a avaliação seja presencial “reflete a

dificuldade de realização de avaliação de desempenho do aluno diferente do que é comumente

realizado pela educação presencial” (SAMBRANO, 2013, p.208). Nesta perspectiva Silva e

Gomes (2013, p. 87) afirmam que:

a avaliação serve para conhecer o que o aluno já aprendeu e o que ainda não

sabe e, consequentemente, o que necessita ser feito para que ele aprenda. Em

conjunto professor e aluno providenciam o necessário para o avanço das

aprendizagens. A valia-se para promover a aprendizagem do aluno, uma vez

que esses dois fatores andam de mãos dadas [...].

Salienta-se que independentemente do modelo de avaliação que seja adotado ele

deverá ser desenvolvido de acordo com o projeto político-pedagógico do curso.

Quanto à conceituação do ensino semipresencial que consta na portaria n.º 4.059/2004,

é necessário apontar que a definição de hibridismo apresentada também faz referência ao

ensino presencial mediado por meio das tecnologias da informação e comunicação.

Observa-se que não aconteceram muitas alterações entre as duas regulamentações do

ensino semipresencial. As principais mudanças referem-se à obrigatoriedade de as avaliações

serem presenciais e à possibilidade da existência de atividades de tutoria.

A principal convergência é a ênfase na realização dos objetivos pedagógicos

incorporando o uso integrado das tecnologias da informação e comunicação. Acredita-se que

as regulamentações acima mencionadas representaram um avanço significativo à educação

mediada pelo uso das tecnologias, bem como ao ensino a distância.

O uso das tecnologias na educação traz avanços para as formas de ensinar e de

aprender, assim, a educação mediada pelo uso das tecnologias é característica fundamental

para o ensino contemporâneo.

80

Após análise das legislações do ensino semipresencial no Brasil, foi elaborada uma

análise documental das normatizações ou regulamentações da oferta da modalidade

semipresencial pelas Universidades Federais brasileiras.

3.2.2 Regulamentações do ensino híbrido nas universidades federais

A análise documental aqui apresentada foi desenvolvida após levantamento elaborado

nos sites/portais das 63 universidades federais ativas cadastradas no sistema e-MEC (vide

Apêndice C). O levantamento documental foi realizado conforme listagem de sites que pode

ser verificada no Apêndice D, e considerando as respostas às perguntas dois e três do

questionário diagnóstico (vide Apêndice A) que foi aplicado.

Para sistematizar a busca por documentações (resoluções, regulamentos, regimentos,

atos decisórios, entre outros) foram estabelecidos descritores como critérios de busca. Os

descritores foram: semipresencial e outras formas de sua escrita como semi-presencial ou

semi presencial, já que estas variações podem ser encontradas após publicação da Portaria n.º

2.253/2001 devido às alterações nas normas dos acordos ortográficos autorizados pelo

Ministério da Educação; ensino híbrido (hibridismo ou hibridização); blended learning;

20% a distância; ou ainda, portaria n.º 4.059/2004.

A coleta foi feita por meio da caixa de busca dos sites/portais, bem como em abas que

continham as documentações da Instituição. Foram observados tanto o conteúdo dos cursos

de graduação presencial, quanto o dos cursos de Educação a Distância, já que em ambos

poderiam ser encontradas informações a respeito da oferta do ensino híbrido.

Esta fase do estudo caracterizou-se por uma primeira organização do material

documental encontrado nos sites/portais das UF, quando se tornou indispensável olhar para o

conjunto de documentos de forma analítica, buscando averiguar como poderia proceder para

torná-lo inteligível, e atender ao objetivo específico de analisar os dados obtidos nos

documentos das UF estudadas, discutindo sobre os elementos pedagógicos, administrativos e

tecnológicos que são apresentados, ou não, pelas regulamentações.

Os documentos foram devidamente arquivados em uma pasta ao mesmo tempo em que

se prosseguia à coleta de dados. O critério estabelecido para tal organização foi separar os que

tratavam especificamente do ensino semipresencial revelando elementos das dimensões

estudadas, daqueles que apenas garantiam e autorizavam a oferta do ensino híbrido.

As leituras e fichamentos tiveram papel central nessa fase. Para cada documento foi

criada uma ficha de leitura contendo informações a respeito dos elementos pedagógicos,

81

administrativos e tecnológicos com o acréscimo de transcrições de trechos que poderiam ser

utilizados posteriormente.

A análise dos elementos mencionados acima, foi baseada nos elementos dos Processos

de Gestão em EaD descritos por Petter (2010) que são os processos pedagógicos, processos

administrativos, processos financeiros e processos tecnológicos.

Esses processos do Sistema de Gestão em EaD, também fazem parte da oferta do

ensino híbrido, pois envolvem os mesmos elementos. Dessa forma, baseando-se nesses

processos, foram estabelecidos três Dimensões de Análise para esta pesquisa: Dimensão

Pedagógica, Dimensão Administrativo-Financeira e Dimensão Tecnológica, conforme Quadro

8:

Quadro 8: Elementos que compõem as Dimensões de análise documental.

Dimensões Elementos

1 Dimensão

pedagógica

1 -Elaboração e desenvolvimento do projeto político-pedagógico do

curso

2 - Elaboração do material didático

3 - Trabalho dos professores

4 - Formação dos tutores/orientadores acadêmicos

5 - Dinâmica do trabalho pedagógico

6 - Avaliação da aprendizagem e do material pedagógico

7 – Elaboração do plano de ensino da disciplina

2

Dimensão

administrativo-

financeira

1 – Parcerias e convênios

2 - Recursos físicos e materiais

3 - Distribuição do material didático

4 - Seleção de recursos humanos

5- Registro acadêmico e documental

6 - Disseminação de informações

7 - Avaliação do trabalho de recursos humanos

3 Dimensão

tecnológica

1 – Garantia de infraestrutura tecnológica

2 - Criação de software e/ou sistemas

3 - Operação e manutenção dos meios tecnológicos

Fonte: Baseado em Petter (2010).

Os elementos das Dimensões consideradas na análise documental, serão tratados no

decorrer do texto de análise, por meio dos códigos determinados no Quadro 8. Essa

codificação foi realizada para facilitar a qualificação e quantificação dos elementos. Para a

análise das Dimensões pedagógicas, os seis elementos descritos foram codificados como D1-1

(Elaboração e desenvolvimento do projeto político-pedagógico do curso), D1-2 (Elaboração

do material didático), D1-3 (Trabalho dos professores), D1-4 (Formação dos

82

tutores/orientadores acadêmicos), D1-5 (Dinâmica do trabalho pedagógico), D1-6 (Avaliação

da aprendizagem e do material pedagógico) e D1-7 (Elaboração do plano de ensino da

disciplina)

Os elementos da Dimensão administrativo-financeira foram denominados D2-1

(Parcerias e convênios) D2-2 (Recursos físicos e materiais), D2-3 (Distribuição do material

didático), D2-4 (Seleção de recursos humanos), D2-5 (Registro acadêmico e documental),

D2-6 (Disseminação de informações) e D2-7 (Avaliação do trabalho de recursos humanos).

Enquanto os elementos da Dimensão Tecnológica foram tratados como D3-1 (Garantia de

infraestrutura tecnológica), D3-2 (Criação de software e/ou sistemas) e D3-3 (Operação e

manutenção dos meios tecnológicos).

Os elementos das Dimensões Pedagógica, Administrativo-Financeira e Tecnológica

foram discutidos considerando a aproximação ou lacuna verificados nos regulamentos

estudados.

Posteriormente ao estabelecimento dos elementos que compõe as dimensões de

análise, os documentos encontrados nos sites/portais das universidades federais, já

classificados de acordo com sua especificação, foram analisados.

O agrupamento das normatizações específicas para o ensino semipresencial originou o

primeiro quadro (Quadro 9) desta análise. Já o Quadro 10, foi desenvolvido para apresentar as

UF que possuem regulamentação que faz referência ao ensino semipresencial, porém não

restrito à modalidade. Por último, esta análise apresenta as universidades federais que baseiam

sua oferta do ensino híbrido sem regulamentação própria, apenas pela portaria n.º 4.059/2004.

No início procurava-se, apresentar apenas os elementos das Dimensões investigadas

nas regulamentações das UF, porém por meio da análise desses regulamentos percebeu-se que

o apontamento de outros elementos encontrados, seriam necessários para que a análise

conseguisse subsidiar o alcance de respostas para o objetivo geral do estudo de entender de

que forma as universidades federais estão implantando o ensino híbrido em seus cursos de

graduação presenciais. Por consequência dessa constatação, a construção do Quadro 9,

procurou demonstrar a os elementos: autorização da oferta de ensino; definição do ensino

semipresencial; presença de descrição dos elementos das Dimensões analisadas ou replicação

da portaria n.º 4.059/2004.

83

Quadro 9: Amostra de universidades federais que possuem regulamentação própria específica para o

ensino semipresencial.

Universidade Federal

/ Sigla Regulamento Características

Fundação

Universidade Federal

do ABC / UFABC

Ato Decisório n.º 74 de 6

de novembro de 2012.

Conselho de Ensino,

Pesquisa e Extensão

(Anexo C).

- Apenas autoriza a oferta de ensino. Não traz

nenhuma informação adicional sobre os

elementos que compõem as Dimensões

analisadas.

- Não conceitua a modalidade semipresencial.

Universidade Federal

do Mato Grosso do

Sul / UFMS

Resolução n.º 331 de 7 de

dezembro de 2011 do

Conselho de Ensino de

Graduação (Anexo D).

- Autoriza a oferta do ensino semipresencial.

- Não descreve elementos das Dimensões

analisadas.

- Conceitua o ensino semipresencial como

constituído de atividades presenciais e a

distância.

- Replica, em maior parte, as informações da

Portaria 4.059/2004.

Universidade Federal

do Paraná / UFPR

Resolução n.º 72 de 22 de

outubro de 2010 do

Conselho de Ensino,

Pesquisa e Extensão

(Anexo E).

- Regulamenta a oferta de disciplinas na

modalidade a distância nos cursos de

graduação presenciais.

- Conceitua a semipresencialidade como oferta

de disciplina integral ou parcialmente a

distância (não usa o termo semipresencial).

- Elementos Tecnológicos: a UFPR se

responsabiliza pela disponibilização de

serviços de tecnologia e comunicação.

- Elementos Pedagógicos: o tutor é o

professor que ministra a disciplina

semipresencial. O professor/tutor deverá ser

capacitado para atuar em programas de

Educação a Distância (EaD).

Universidade Federal

da Fronteira Sul /

UFFS

Resolução n.º 5 de 26 de

junho de 2014 da Câmara

de Graduação do Conselho

Universitário (Anexo F).

- Autoriza a oferta de disciplinas no formato

semipresencial nos cursos de graduação

presenciais.

- Conceitua a modalidade semipresencial da

mesma forma que a portaria n.º 4.059/2004.

- Elementos pedagógicos: estabelece os

componentes do Projeto Político Pedagógico

do curso que contém componentes

curriculares no formato semipresencial.

Garante a formação dos docentes para o uso

de tecnologias e Ambientes Virtuais de

Aprendizagem.

- Elementos administrativos: assegura

condições para a elaboração do material

didático. Traz informações sobre seleção

docente.

84

Quadro 9: Amostra de universidades federais que possuem regulamentação própria específica para o

ensino semipresencial. (cont.)

Universidade Federal

de Uberlândia / UFU

Resolução n.º 35 de 18 de

novembro de 2011 do

Conselho de Graduação

(Anexo G).

- Regulamenta a oferta de componentes

curriculares no formato semipresencial nos

cursos de graduação presenciais.

- Estabelece o ensino semipresencial como a

incorporação de meios e tecnologias de

informação e comunicação como medicação

didático-pedagógica nos processos de ensino e

aprendizagem.

- Elementos pedagógicos: estabelece que as

atividades de acompanhamento pedagógico

deverão ser desenvolvidas pelos docentes da

UFU que demonstrem domínio e interesse na

utilização das TIC, mas não traz informações

sobre capacitação docente.

- Elementos administrativos: assegura

condições para elaboração do material

didático.

- Elementos tecnológicos: exige a indicação,

por parte dos responsáveis do curso/disciplina

semipresencial, do AVA a ser utilizado e

garante infraestrutura tecnológica.

Universidade Federal

do Estado do Rio de

Janeiro / UNIRIO

Resolução n.º 4.101 de 30

de abril de 2013 do

Conselho de Ensino,

Pesquisa e Extensão.

Deliberação do Conselho

de Estratégias Acadêmicas

n.º 04 de 14/12/2009

(Anexo H).

- Autoriza a oferta e funcionamento das

disciplinas semipresenciais nos cursos de

graduação presenciais.

- Conceitua equivocadamente o ensino

semipresencial através do Art. 1º do Decreto

n.º 5.622 de 19 de dezembro de 2005.

- Elementos pedagógicos: traz informações

sobre as atividades de tutoria. Define normas

para as atividades presenciais. Traz

informações sobre o Plano de Ensino dos

componentes curriculares na modalidade

semipresencial.

Universidade Federal

de Santa Catarina /

UFSC

Resolução n.º 002 de 2 de

março de 2007 do

Conselho Universitário

(Anexo I).

- Dispõe sobre o programa de Educação a

Distância da UFSC. Autoriza a oferta do

semipresencial.

- Define o ensino semipresencial conforme

texto da portaria n.º4.059/2004.

- Elementos pedagógicos: estabelece uma

composição superficial do PPP dos cursos

semipresenciais. Garante a participação de

tutoria. Garante capacitação para atuar na

modalidade de educação a distância.

- Elementos administrativo-financeiros:

Traz informações sobre a gestão financeira

dos cursos.

- Elementos tecnológicos: responsabiliza-se

pela estrutura tecnológica do curso.

85

Quadro 9: Amostra de universidades federais que possuem regulamentação própria específica para o

ensino semipresencial. (cont.)

Universidade Federal

de Viçosa / UFV

Resolução n.º 02 de 19 de

fevereiro de 2008 do

Conselho de Ensino,

Pesquisa e Extensão

(Anexo J).

- Autoriza a oferta de ensino dispondo normas

para a inclusão de disciplinas semipresenciais

em cursos superiores presenciais.

- A semipresencialidade é caracterizada como

uma organização em módulos ou unidades em

que há a integração das novas tecnologias da

informação e comunicação não-presenciais.

- Elementos pedagógicos: estabelece as

formas em que a disciplina semipresencial

deve ser ofertada. Faz o detalhamento de

como devem ser as avaliações de

aprendizagem e o número de encontros

presenciais. Trata da avaliação do rendimento

acadêmico, especificando seus critérios.

- Elemento tecnológico: menciona o

ambiente virtual de aprendizagem que deve

ser utilizado nas práticas semipresenciais, o

PVANet.

Universidade Federal

de São Carlos /

UFSCar

Portaria GR n.º 1.502 de

23 de outubro de 2012 do

Conselho Universitário

(Anexo K)

- Dispõe sobre a política de Educação a

Distância na UFSCar. Autoriza a oferta de

disciplinas na modalidade de educação a

distância em cursos de graduação presenciais.

- Define o ensino semipresencial conforme

texto da portaria n.º 4.059/2004.

- Elementos pedagógicos: define os

componentes dos planos de ensino das

disciplinas semipresenciais. Estabelece que as

avaliações das atividades semipresenciais

devem corresponder a 49% da nota da

disciplina.

- Elementos tecnológicos: indica o uso de

pelo menos três mídias diferentes para o

desenvolvimento do componente curricular.

Exige a responsabilidade do professor quanto

ao conteúdo das mídias. Garante o apoio

tecnológico da equipe técnica da Secretaria

Geral da EaD.

Foram encontrados, conforme Quadro 9, documentos regulamentadores do ensino

semipresencial em apenas nove das UF pesquisadas. Isso significa que apenas 14,3% das 63

universidades federais, possuem normatização específica para a oferta da modalidade

semipresencial e já estão em um processo de institucionalização dessa oferta. Apesar de ser

considerada uma amostra pequena, pondera-se que a oferta de ensino foi regulamentada no

Brasil há apenas 11 anos. No entanto, ao refletir sobre a evolução do uso das tecnologias da

informação e comunicação na educação, não coaduna-se.

86

Das nove universidades federais que possuem regulamentação específica para o ensino

semipresencial, sete apresentam informações sobre os elementos analisados na pesquisa. São

elas: Universidade Federal do Paraná, Universidade Federal da Fronteira Sul, Universidade

Federal de Uberlândia, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Universidade

Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de Viçosa e Universidade Federal de São

Carlos.

Da amostra de universidades federais que possuem regulamentação para normatizar a

hibridização do ensino, três responderam ao questionário diagnóstico: a UFU, a UFFS e a

UFSCar.

A UF que não faz referência às Dimensões Pedagógica, Administrativo-Financeira e

Tecnológica, é a Fundação Universidade Federal do ABC. Esta universidade possui em sua

normatização apenas a autorização para a oferta do ensino semipresencial, no qual o conteúdo

não acrescenta informações que pudessem subsidiar qualitativamente a análise das

regulamentações.

A Fundação Universidade Federal do ABC autoriza a semipresencialidade por meio

do Ato Decisório n.º 74/2012 que é um documento que aprova a mediação da educação por

novas tecnologias da informação e comunicação na modalidade semipresencial.

No Quadro 10, são apresentadas as universidades federais, e suas respectivas

regulamentações, que autorizam a oferta da modalidade semipresencial em seus cursos de

graduação presenciais, porém com normatizações que não foram elaboradas propriamente

para estabelecer critérios para esta oferta de ensino.

87

Quadro 10: Amostra de universidades federais que regulamentam o ensino semipresencial por meio

de normatizações não específicas à modalidade semipresencial.

Universidade Federal / Sigla Regulamento

Universidade Federal Rural do Semi-

Árido / UFERSA

Resolução Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão

n.º 007 de 10 de agosto de 2010 que aprova o

Regimento interno do Núcleo de Educação a

Distância.

Universidade Federal do Rio Grande do

Sul / UFRGS

Resolução nº 10/2006 – Conselho de Ensino, Pesquisa

e Extensão- regulamenta a EaD na Universidade.

Resolução nº 24/2013 - altera a resolução anterior em

relação à avaliação presencial nas atividades de

extensão.

Resolução nº 11/2013 - Câmara de Graduação, art. 36,

que introduz as atividades autônomas.

Universidade Federal do Pará / UFPA

Resolução n.º 4.399, de 14 de maio de 2013 do

Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão,

que aprova o regulamento do Ensino de Graduação da

UFPA.

Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro / UFRRJ

Regimento Geral da UFFRJ e seu Estatuto, anexos à

Deliberação n.º 15 de 23 de março de 2012, aprovada

pelo Conselho Universitário.

Universidade Tecnológica Federal do

Paraná / UTFPR

Regulamento Interno da Coordenação de Tecnologia

da Educação da UTFPR.

Fundação Universidade Federal do

Tocantins / UFT

Resolução n.º 06 de 15 de dezembro de 2004,

aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e

Extensão, que estabelece o Regimento Acadêmico da

UFT.

Universidade Federal do Piaui / UFPI

Resolução n.º 177 de 5 de novembro de 2012,

aprovada pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e

Extensão. Estabelece as Normas de Funcionamento

dos Cursos de Graduação da UFPI.

Universidade de Brasília / UNB

Instrução da Câmara de Ensino de Graduação n.º 01

de 20 de maio de 2001. Institui acerca de

procedimentos para análise, pela CEG, da criação e da

oferta de disciplinas de graduação ministradas a

distância.

Universidade Federal de Mato Grosso

/UFMT

Resolução n.º 158 de 29 de novembro de 2010,

aprovada pelo Conselho de Ensino e Pesquisa . Dispõe

sobre normas para distribuição de encargos didáticos,

segundo o regime de trabalho dos docentes.

Universidade Federal da Bahia / UFBA

Resolução n.º 01 de 16 de janeiro de 2015, aprovada

pelo Conselho Acadêmico de Ensino. Institui o

Regulamento de Ensino de Graduação e Pós-

Graduação stricto sensu.

88

Conforme Quadro 10, em 10 universidades federais foram encontradas

regulamentações que não fazem tratamento específico para o ensino semipresencial, mas que

autorizam a oferta do ensino ou mencionam o desenvolvimento de atividades a distância, por

parte dos docentes. Fazem parte dessa amostra os regulamentos citados, no questionário

diagnóstico, pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido e pela Universidade Federal do

Piaui.

Na Resolução n.º 007/2010, da UFERSA, o Capítulo V trata da oferta de disciplinas

semipresenciais.

Art. 17. A Universidade poderá introduzir, na organização pedagógica e

curricular de seus cursos superiores presenciais, a oferta de disciplinas

integrantes do currículo que utilizem a modalidade semipresencial, conforme

Portaria n. 4.059 de 10/12/04.

O capítulo supracitado possui cinco artigos, porém o conteúdo da norma apenas

replica o texto da portaria n.º 4.059/2004, sem outras informações relevantes para a discussão

das dimensões analisadas na pesquisa.

Já na Universidade Federal do Piauí, a Resolução n.º 177/2012, no Título VI que

dispõe sobre os componentes curriculares, Capítulo I que trata das disciplinas, em seu Art.42,

o ensino semipresencial fica autorizado.

§ 2º. Em uma disciplina, até o máximo de 20% (vinte por cento) da carga

horária poderá ser ministrada e contabilizada por meio de atividades a

distância ou outras formas não presenciais de ensino, desde que esta

possibilidade esteja prevista no programa do componente curricular

aprovado pela unidade de vinculação e no PPC.

Não foram encontradas outras informações sobre a oferta de componentes curriculares

semipresenciais no documento analisado na UFPI.

Os regulamentos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, foram citados em

resposta ao questionário diagnóstico. Na Resolução nº 11/2013 o Art. 36 estabelece que a

carga horária de uma Atividade de Ensino será integralizada por até três dos seguintes

componentes:

I - atividade coletiva: a quantidade de horas definidas para a Atividade

de Ensino, desenvolvidas em contato com um professor e que abrange a

totalidade de discentes de uma turma de forma coletiva;

II - atividade individual: a quantidade de horas definidas para a Atividade de

Ensino, desenvolvidas em contato com um professor e destinadas a um

discente de forma individual;

III - atividade autônoma: a quantidade de horas dedicadas pelo discente,

sem contato direto com o professor, ao desenvolvimento de tarefas

89

necessárias para a compreensão dos conteúdos abordados e o cumprimento

dos objetivos da Atividade de Ensino.

O inciso III, mencionado acima, refere-se às atividades autônomas dos estudantes,

sendo consideradas híbridas, por se referir a atividades realizadas sem contato direto com

professor.

A Resolução nº 10/2006 da UFRGS estabelece normas para regulamentação das ações

de educação a distância, no âmbito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A

resolução menciona ser baseada na portaria n.º4.059/2004. Regulamenta as atividades

realizadas com carga horária de 20% a distância, porém não as aborda como atividades

semipresenciais de ensino. Segundo o Art. 4º, incisos I, II e III, e parágrafo único:

Art. 4º - As ações de educação a distância podem ser classificadas como:

I - atividade de ensino a distância – qualquer um dos tipos de atividade de

ensino previstos na Universidade (disciplina, estágio curricular, estágio

docência e trabalho de conclusão) no qual mais de 20% da carga horária

envolva atividades de ensino a distância;

II - curso a distância – curso em que mais de 20 % da carga horária total seja

composta de atividades de ensino a distância.

III – ação de extensão a distância – ações de extensão nos quais mais de 20%

da carga horária envolva atividades a distância.

Parágrafo único - Os cursos presenciais da UFRGS poderão oferecer

atividades de ensino a distância, de acordo com as limitações legais

Além de autorizar a oferta de disciplinas a distância, o documento não informa

nenhum elemento pedagógico, administrativo, financeiro ou tecnológico referente a esta

oferta.

Ainda com relação a UFRGS, a Resolução nº 24/2013, altera a Resolução nº 10/2006

acrescentando informações sobre a avaliação presencial nas atividades de extensão.

Quanto a UFPA, a Resolução n. 4.399/2013 aprova o Regulamento do Ensino de

Graduação da Universidade Federal do Pará. O Art. 7º em seu parágrafo único segundo

autoriza a oferta de disciplinas semipresenciais, porém as denominam como atividades

curriculares na modalidade a distância em cursos presenciais: “§2º A modalidade presencial

admitirá, em percentual minoritário, a realização de Atividades Curriculares na modalidade a

distância, desde que previstas no Projeto Pedagógico do Curso, na forma da lei”

(RESOLUÇÃO N.º4.399/2013 – UFPA).

O Regimento Geral da UFFRJ e seu Estatuto, anexos à Deliberação n.º15 de 23 de

março de 2012, em seu Capítulo I, Seção III, que trata da Educação a Distância, autoriza a

prática de ensino semipresencial no Art. 36 e seu parágrafo único:

90

Art. 36 – Entende-se por Educação a Distância (EAD) a modalidade

semipresencial na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de

ensino-aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias da

informação e comunicação, com discentes, docentes e tutores desenvolvendo

atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Parágrafo Único – O funcionamento dos cursos oferecidos na modalidade

EAD é regulamentado pelo Regimento Geral, pelos Regimentos e

Regulamentos dos cursos e programas a que se refere o artigo 33 deste

Estatuto.

Neste regulamento, verifica-se o equívoco da Instituição ao tratar a Educação a

Distância como mesma modalidade de ensino que a semipresencial. A discussão sobre esse

equívoco comumente encontrado nos textos e regulamentos que tratam do ensino híbrido será

retomada posteriormente (vide pág. 106). Considerados assim, e não havendo nenhuma outra

informação na resolução que trate dessa oferta de ensino, não há como afirmar se a Instituição

oferece cursos na modalidade semipresencial ou cursos na modalidade a EaD.

No portal da Universidade Tecnológica Federal do Paraná foi encontrado o

Regulamento Interno da Coordenação de Tecnologia da Educação. Em seu Capítulo I, Art. 1º,

que versa sobre a Coordenação de Tecnologia na Educação, parágrafo segundo, autoriza a

oferta de ensino semipresencial:

§ 2º A COTED-CT constitui uma unidade de apoio ao ensino, pesquisa e

extensão, à comunidade interna e externa mediante parcerias em projetos

com as secretarias de educação estadual e municipal e com outras

instituições da sociedade civil, na área de utilização das Tecnologias de

Informação e de Comunicação na Educação, nas modalidades presencial,

semipresencial e a distância.

A Resolução n.º 06/2004 estabelece o Regimento Acadêmico da Universidade Federal

do Tocantins. Em seu Capítulo I que aborda os cursos de graduação, a Seção III que trata da

oferta de componentes curriculares e demais atividades acadêmicas, fica clara a autorização

para a oferta de disciplinas na modalidade semipresencial, no inciso II do Art. 21.

Art. 21 - As atividades acadêmicas poderão ser desenvolvidas nas

modalidades abaixo, seguindo a seguinte ordem de prioridades:

I - presencial – entendida como atividade desenvolvida por meio de contato

direto entre docentes e discentes em ambiente específico;

II - semipresencial – entendida como atividade desenvolvida por meio de

contato direto, bem como aquela intermediada por mídias específicas;

III - tutorial – entendida como atividade desenvolvida a distância, com o uso

de mídias específicas.

Parágrafo único - As atividades acadêmicas desenvolvidas nas modalidades

semipresencial e tutorial serão objeto de aprovação do Conselho de Ensino,

Pesquisa e Extensão.

91

Observa-se que na UFT o entendimento quanto a modalidade semipresencial ainda

está pouco esclarecido. Em seu regulamento, o semipresencial é estabelecido como atividade

desenvolvida por meio de contato direto, bem como intermediada por mídias específicas,

como se estivesse distinguindo o presencial do ensino mediado por tecnologias, ao invés de

tratar o semipresencial como uma integração entre presencial e virtual.

A Instrução da Câmara de Ensino de Graduação n.º 001/2001 da Universidade de

Brasília aborda os procedimentos para análise da criação e da oferta de disciplinas de

graduação ministradas a distância. Estabelece, em seu Art. 1º e parágrafo único, que:

Art. 1º - As disciplinas a serem ministrada a distância poderão ocorrer em

modalidade não-presencial, em que a quase totalidade da carga horária se

realizará fora dos espaços convencionais de aulas, sem a interação direta

com o professor e alunos, ou em modalidade semipresencial, em que parte

das atividades ocorrerá conforme as circunstâncias descritas.

Parágrafo único – As disciplinas a serem ministradas a distância, em

modalidade não-presencial ou semipresencial, poderão utilizar-se de

diferentes meios, desde os convencionais – que fazem uso de material

impresso (auto-instrucional) e da comunicação postal – até os

tecnologicamente avançados – que empregam equipamentos e redes de

comunicação de informática (computadores, CD-ROMs, internet, por

exemplo).

O regulamento da UNB, foi publicado em maio de 2001, ou seja, antes da autorização

do ensino semipresencial pela portaria n.º 2.253/2001, que foi publicada em outubro do

mesmo ano. Entende-se aqui, que as práticas semipresenciais realizadas e regulamentadas na

Universidade de Brasília já preconizavam essa importante tendência de ensino a distância.

A Resolução n.º 158/2010 da Universidade Federal de Mato Grosso está aqui

mencionada por dispor sobre normas para distribuição de encargos didáticos, segundo o

regime de trabalho docente, incluindo em atividades a distância.

Por fim, foi encontrado na Resolução n.º 01/2015 da UFBA, em seu Capítulo VIII, que

trata dos cursos de Educação a Distância na Instituição, o Art. 137 e seus parágrafos §1º, § 2º

e §3º, que menciona a oferta de disciplinas ministradas a distância em cursos presenciais de

graduação.

Art. 137. Os cursos presenciais de graduação e de pós-graduação stricto

sensu poderão introduzir, na sua organização pedagógica e curricular, a

oferta de componentes curriculares na modalidade a distância, desde que

aprovados pelo Conselho Acadêmico de Ensino.

§ 1º Os componentes curriculares dos cursos presenciais de graduação e de

pós-graduação stricto sensu poderão, integral ou parcialmente, ser ofertados

na modalidade a distância, desde que esta oferta não ultrapasse vinte por

cento (20%) da carga horária total do curso.

92

§ 2º As avaliações dos componentes curriculares a que se refere o caput

deste artigo serão presenciais.

§ 3º A adoção da modalidade a distância nos cursos oferecidos pela UFBA

em parceria ou convênio com outra(s) instituição(ções) será regida por

norma específica.

Com essa Resolução, fica autorizada a oferta de cursos semipresenciais na

Universidade Federal da Bahia. Apesar de o texto não citar essa nomenclatura, fica claro que

se trata da semipresencialidade. Enfatiza-se que mesmo sendo um documento recente, não

houve observância em adequar-se ao texto da portaria n.º 4.059/2004.

As universidades federais em que suas documentações para o ensino semipresencial

contêm informações sobre os elementos que compõem as Dimensões investigadas nesta

pesquisa são apresentadas nos tópicos a seguir. Objetivando facilitar o entendimento, os

tópicos foram divididos de acordo com as dimensões que englobam os elementos de análise.

3.2.3 Dimensão Pedagógica

Os elementos pedagógicos, conforme Quadro 10 supra apresentado, foram

apresentados pelas regulamentações de oito universidades federais que possuem normatização

específica para a oferta do ensino híbrido: UFPR, UFFS, UFU, UNIRIO, UFSC, UFV,

UFSCar e UFMS.

3.2.3.1 Elemento D1-1: Elaboração e desenvolvimento do projeto político pedagógico do

curso

O elemento D1-1 que se refere a elaboração do PPC, foi observado no texto das

regulamentações da UFFS e UFU.

A Resolução n.º 05/2014 da Universidade Federal Fronteira Sul, em seu Art. 6º prevê

que:

a oferta de componente curricular semipresencial deve constar do Projeto

Pedagógico do Curso – PPC, aprovado pelo Colegiado de Curso, em

consonância com o NDE (Núcleo Docente Estruturante), e submetido à

aprovação final da Câmara de Graduação do Conselho Universitário.

Entre as exigências para o PPC dos componentes curriculares ministrados no formato

semipresencial na UFFS, estão a obrigatoriedade de uma fundamentação teórico-

metodológica que incorpore o uso das TIC, a indicação dos sistemas de gerenciamento do

93

curso, a descrição das atividades presenciais obrigatórias e o sistema de avaliação da

aprendizagem (RESOLUÇÃO N.º 05/2014 UFFS).

A regulamentação da Universidade Federal de Uberlândia é a que aborda mais

detalhadamente o conteúdo do Projeto Pedagógico do Curso. Em seu Art. 8º, a Resolução

n.º35/2011 apresenta 12 incisos que fazem exigências quanto à composição do PPC, entre as

exigências estão a justificativa da inclusão da oferta de componentes curriculares ou carga

horária no formato semipresencial, descrição de atividades presenciais obrigatórias, relação de

componentes curriculares determinando se serão ofertados totalmente ou parcialmente a

distância, entre outras.

Pode-se inferir que o fato de apenas duas das nove UF que regulamentam o ensino

semipresencial possuírem normas para o conteúdo dos PPC dos cursos que possuem

disciplinas na modalidade semipresencial e que apenas uma UF estabelece critérios para a

elaboração dos planos de ensino das disciplinas, é uma defasagem no planejamento desses

cursos/disciplinas, considerando que as modificações nos projetos pedagógicos, está prevista

no texto da portaria n.º 4.059/2004.

Apesar de prever as modificações nos PPC dos cursos, a portaria n.º 4.059/2004 não

indica o teor dessas mudanças, ficando sob responsabilidade da universidade em estabelece-

las. Essa constatação dá suporte ao entendimento de que pela falta de informação sobre como

adequar o ensino semipresencial, como escrever e até mesmo como atender

metodologicamente o hibridismo no PPC, pode estar limitando o conteúdo das

regulamentações institucionalizadas pelas UF.

Uma instituição de ensino que insere práticas de ensino semipresencial no currículo de

seus cursos, deve prever, planejar e desenvolver estratégias para a devida implementação

dessa mudança de oferta de ensino. Segundo Cannatá (2015, p 159) a adoção das práticas de

ensino híbrido, independentemente da taxonomia utilizada, deve:

contemplar estratégias que estimulem a inovação disruptiva na forma de

ensinar e de aprender, deixando preestabelecida e documentada a

necessidade de se utilizar novos formatos na sala de aula, seja a partir de

modelos que possibilitem arranjos de combinação de ensino on-line e off-

line – como a sala de aula interativa (flipped classroom), a rotação por

estações, o laboratório rotacional, a rotação individual, flex ou à la carte -,

seja a partir da utilização de novos espaços de aprendizagem.

Nesse contexto, os gestores, ao regulamentar o ensino semipresencial nas IES,

precisam estabelecer os critérios que deverão ser considerados no PPC dos cursos

semipresenciais. O papel da gestão nesse processo é imprescindível, pois “por meio da

94

reflexão, ele tem de impulsionar o seu grupo a pensar, a rever práticas. A analisar relações

entre os pares, a reavaliar o ambiente da sala de aula. [...]” (MARTINS, 2010, p. 313).

3.2.3.2 Elemento D1-2: Elaboração do material didático

Sobre o elemento D1-2, foram encontradas informações nas regulamentações da

Universidade Federal da Fronteira Sul e Universidade Federal de Uberlândia.

A Resolução n.º 05/2014 da UFFS, no Art. 9º afirma que “a UFFS deve assegurar, por

meio da unidade acadêmica responsável pela oferta do formato semipresencial, as condições

técnicas necessárias para a preparação de material didático requerido pelo componente

curricular”. Porém, não há mais nenhuma informação a respeito dessa garantia em outros

trechos da resolução. Sobre formação docente, estabelece no Art. 2º que as atividades de

acompanhamento pedagógico serão desenvolvidas por docente do quadro da UFFS.

A Universidade Federal de Uberlândia também garante condições para elaboração do

material didático nas disciplinas semipresenciais, por meio da Resolução n.º 35/2011:

Art. 7º A Universidade Federal de Uberlândia assegurará as condições

necessárias para a preparação de material didático requerido pelos

componentes curriculares que, em seu todo ou em parte, vierem a ser

ministrados no formato semipresencial, cuja incumbência da elaboração é

da(s) Unidade(s) Acadêmica(s)s responsável(eis) pelo(s) componentes

curriculares.

Todo material didático utilizado em um curso no ensino a distância, deve ser pensado

considerando os objetivos que foram delineados no projeto pedagógico do curso. Neder

(2009) assevera que o material didático é um dos dinamizadores da construção curricular e

também um balizador metodológico:“É, através desse material que são feitos os recortes das

áreas de conhecimento trabalhados no curso, além do direcionamento metodológico

pretendido” (NEDER, 2009, p. 126). Entre os materiais didáticos básicos de um curso a

distância estão o impresso, o multimídia e o Portable Document Format (PDF)

disponibilizado nos ambientes virtuais.

3.2.3.3 Elemento D1-3: Trabalho dos professores

Outro elemento revelado pelas regulamentações encontradas nos sites/portais das

universidades federais é a formação docente, D1-3, para que eles tenham condições de atuar

95

nos componentes curriculares desenvolvidos na modalidade semipresencial. Apresentaram

estes elementos os regulamentos da UFPR, UFFS, UFU, UFSC e UFMS.

A Universidade Federal do Paraná estabelece, em seu regulamento, que o

professor/tutor deverá ser capacitado para atuar nos programas de educação a distância. Seu

Art. 5º determina, nos parágrafos único segundo e terceiro, que:

§ 2º O professor-tutor deverá realizar capacitação em EaD ou ter experiência

comprovada para atuar em programas EaD e destinar carga horária

específica para os momentos presenciais e para os momentos a distância.

§ 3º A capacitação poderá ser oferecida pela Universidade ou realizada em

curso ofertado por outras instituições credenciadas em EaD pelo MEC

(RESOLUÇÃO N.º 72/2010 – CEPE/UFPR).

Na UFPR, a responsabilidade pela oferta dos cursos de capacitação é da Coordenação

de Integração de Políticas de Educação a Distância (CIPEAD).

A Resolução n.º 05/2014 da Universidade Federal da Fronteira Sul, obriga, no Art. 8º,

os professores que ministram atividades didáticas no formato semipresencial, a possuírem

capacitação específica para Educação a Distância e para o ambiente virtual de aprendizagem.

Estabelece que os professores que não possuírem essa capacitação devem realizar um curso de

formação específico que é ofertado pelo Programa de Capacitação Docente da UFFS.

Quanto à Resolução n.º 35/2011 da UFU, fica estabelecido que as atividades de

acompanhamento pedagógico deverão ser desenvolvidas pelos docentes da UFU que

demonstrem domínio e interesse na utilização das TIC.

Art. 3º As atividades de acompanhamento pedagógico deverão ser

necessariamente desenvolvidas por docente da UFU responsável pelos

componentes curriculares ministrados no formato semipresencial e que

demonstre domínio e interesse pela utilização de meios e tecnologias de

informação e comunicação.

Apesar de mencionar a necessidade, por parte dos docentes, de domínio e interesse

com relação a utilização das TIC nos processos de ensino, o regulamento da Universidade

Federal de Uberlândia não traz informações sobre capacitação docente.

No texto da Resolução n.º 02/2007 da Universidade Federal de Santa Catarina, não há

a menção em artigo específico sobre a formação e capacitação docente para o

desenvolvimento de atividades na modalidade semipresencial. Porém, conforme Inciso I, do

parágrafo único do Art. 18, que trata da composição do PPC dos cursos/disciplinas

semipresenciais, os cursos de capacitação para atuar na modalidade a distância são ofertados

pela Universidade.

96

A Resolução n.º 331/2011, aprovada pelo Conselho de Ensino de Graduação da

Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, não traz muitas informações detalhadas sobre

os elementos pesquisados para propiciar o entendimento de como o ensino semipresencial

deve ser planejado e executado.

Em seu Art. 3º, menciona a necessidade de que os docentes que ministrem aulas em

disciplinas semipresenciais sejam capacitados e credenciados para atuar na modalidade

semipresencial e/ou na modalidade EaD.

Art. 3º O docente responsável por ministrar disciplina na modalidade

semipresencial deverá estar capacitado e credenciado para atuar na

modalidade semipresencial e/ou na modalidade EaD.

§1º Cabe à Comissão Permanente da EAD, instituída pelo Pró-Reitor de

Ensino de Graduação, analisar as solicitações de credenciamento do docente,

mediante critérios estabelecidos pela Preg.

§2º. Compete à Preg realizar o credenciamento, após manifestação da

comissão. (Resolução COEG/UFMS n.º 331/2011)

Apesar de mencionar a necessidade de formação docente, o documento não esclarece

se a UFMS irá subsidiar a formação dos professores com a realização de programas de

formação docente para o uso de tecnologias.

Sobre a capacitação docente, Mendonça et al. (2015), afirmam que o maior desafio na

educação a distância é fazer com que os professores tenham formação para compreensão da

proposta pedagógica e façam uso didático adequado das novas tecnologias para motivar os

estudantes e manter interação constante com eles.

O uso das tecnologias da informação e comunicação trazem inúmeras potencialidades

educativas, mas, segundo Pablos (2006), não se pode esquecer que a tecnologia, em si mesma,

não significa uma oferta pedagógica como tal. A validez educativa das tecnologias sustenta-se

no uso que os agentes educativos fazem delas. Por isso, a formação pedagógica dos

professores em TIC é um fator chave para seu uso.

Existem diversas opções de capacitação de docentes, algumas das quais são gratuitas e

oferecidas pelo MEC. Essas capacitações requerem dos docentes força de vontade e

disciplina. Além disso, um bom curso de capacitação, segundo Sunaga e Carvalho (2015,

p.152, grifo do autor), “deve promover uma aprendizagem ativa e permitir que as pessoas

adquiram novas informações e obtenham feedback sobre seu desempenho”.

Fischer (2012, apud SUNAGA; CARVALHO, 2015) explicam que a capacitação

docente deve abranger três áreas de estudo, que são essenciais para a evolução entre

aprendizagem, novas mídias e novas organizações de aprendizagem:

97

Aprender/Trabalhar/Colaborar: explorar as formas de aprendizagem com

a tecnologia e sobre ela bem como as formas de trabalho e colaboração

por meio das tecnologias de informação e comunicação;

Novos espaços de aprendizagem: explorar diferentes designs que

permitam o trabalho colaborativo, suportado por recursos

computacionais, em que se trabalham em múltiplos campos para a

aprendizagem;

Novas mídias e tecnologias: apresentar diversas interfaces que podem

fazer parte das técnicas de ensino, bem como seus principais métodos de

uso (FISCHER, 2012, apud SUNAGA; CARVALHO, 2015, p. 152).

Sunaga e Carvalho (2015) apresentam algumas sugestões para que os docentes

comecem sua busca por capacitação, além das que são oferecidas pela Instituição de Ensino

Superior em que ministram aulas. Citam o Instituto Singularidades22 que oferece alguns

cursos, incluindo cursos de formação para trabalhar com o ensino híbrido23, o Cousera, que é

uma das mais importantes plataformas de cursos on-line do mundo, e fez parceria com a

Fundação Lemann24 para traduzir para o português os vídeos de seus cursos. O Porvir25, que

está sempre divulgando notícias sobre tendências na educação e oferecendo cursos de

capacitação de professores. O Google26 também organizou um curso gratuito de capacitação

no uso de suas ferramentas para o ensino.

Deve-se citar, também, o Programa Nacional de Tecnologia Educacional, que é um

ambiente virtual colaborativo de aprendizagem organizado pelo MEC e que permite o

desenvolvimento de diversos cursos a distância, muitos dos quais ligados a tecnologias da

informação e comunicação (BRASIL, 2013). Por fim, há o Programa Nacional de Formação

Continuada em Tecnologia Educacional (PROINFO Integrado), voltado para o uso didático-

pedagógico das TIC no cotidiano escolar.

3.2.3.4 Elemento D1-4: Formação dos tutores/orientadores acadêmicos

São encontradas informações sobre as atividades de tutoria na regulamentação da

UNIRIO, da UFSC, da UFPR e da UFU.

A Resolução n.º 4.101/2013 da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, em

seu Art.6º estabelece que:

22 www.institutosingularidades.edu.br 23 www.ensinohibrido.com.br 24 www.fundacaolemann.org.br/cousera 25 http://porvir.org 26 https://basicsforteaching.withgoogle.com/preview

98

as atividades de tutoria, de caráter individual, podem ocorrer por meio das

tecnologias de comunicação eletrônica entre o estudante e o professor,

visando a:

I – solução dos problemas encontrados pelo estudante no desenvolvimento

do componente curricular seja nas atividades de estudo autônomo, seja nas

atividades presenciais;

II – troca de informações sobre assuntos concernentes ao componente

curricular e que visem a melhorar o desempenho acadêmico discente;

III – entrega dos relatórios ou trabalhos individuais propostos

(RESOLUÇÃO N.º 4.101/2013 – UNIRIO).

A Universidade Federal de Santa Catarina garante a participação de tutoria, através do

Art. 18 da Resolução n.º 02/2007 – CU/UFSC.

Quanto à Universidade Federal de Santa Catarina, sua regulamentação aborda, em seu

Art. 18, parágrafo único e seus incisos a participação de tutores no programa de capacitação

para atuar na modalidade de educação a distância oferecido pela Universidade e a fixação de

carga horária específica para os momentos presenciais e para os momentos a distância.

Apenas três das UF com resolução específica à semipresencialidade fazem referência

às atividades de tutoria, elemento D1-4, atividade que é imprescindível para o

desenvolvimento do ensino a distância, além de ser condição estabelecida pela portaria n.º

4.059/2004. A atividade de tutoria pode ser considerada um dos equívocos encontrados na

portaria n.º4.059/2004. A observância dessa atividade provavelmente se dá pela forma como o

ensino semipresencial é abordado no texto dessa portaria, sendo em alguns momentos

considerado como ensino a distância. Acredita-se que essa indicação, pela portaria n.º

4.059/2004, de que as atividades dos cursos/disciplinas híbridas sejam apoiadas por tutores,

aconteça pelo fato de as universidades seguirem o modelo de tutoria imposto pelo sistema

UAB, o qual estabelece o papel do tutor e a bolsa de incentivo em nível federal, para o ensino

a distância.

Considerando o equívoco, Boing e Bourscheid (2013) versam sobre a importância das

atividades de tutoria para o desenvolvimento do ensino a distância. Os autores explicam a

existência de tutoria de acompanhamento e de conteúdo, em que ambas proporcionam uma

melhora da relação entre aluno e professor, sendo que os tutores possuem qualificação

semelhante à do professor do componente curricular e por isso sua atuação interfere

diretamente nas situações de aprendizagem.

Quanto à Universidade Federal do Paraná, o elemento destacado refere-se ao fato de

que o professor da disciplina ministrada na modalidade semipresencial deverá, também,

responsabilizar-se pelas atividades de tutoria. De acordo com o Art. 5º §1º “Para fins desta

99

Resolução, a tutoria será exercida pelo professor que ministra a disciplina” (RESOLUÇÃO

Nº.72/2010-UFPR). Esta mesma observância é feita na regulamentação da Universidade

Federal de Uberlândia.

3.2.3.5 Elemento D1-6: Avaliação da aprendizagem e do material pedagógico

A UFV e a UFSCar, fazem o detalhamento de como devem ser as avaliações de

aprendizagem, elemento D1-6. A Resolução n.º 02/2008 define em seu Art. 5º que a

“Avaliação do rendimento acadêmico dos estudantes na disciplina semipresencial deverá

obedecer aos critérios estabelecidos no Regime Didático da UFV, com provas presenciais

obrigatórias, [...]”. Os incisos I, II, III e IV, fazem a descrição dos critérios de avaliação,

como: distribuição de pontos, número de avaliações e reaplicação de avaliações para alunos

ausentes por motivos de atividades de estágio.

Sobre a avaliação, a portaria GR n.º 1.502/2012 da UFSCar, em seu “Art.º 32. As

avaliações das disciplinas na modalidade de educação a distância devem ser presenciais e as

atividades virtuais devem corresponder a, no máximo, 49% do valor total da nota dos

estudantes”.

3.2.3.6 Elemento D1-7: Elaboração do plano de ensino da disciplina

Sobre o elemento D1-7, foram observadas informações sobre a elaboração do plano de

ensino nos regulamentos da UFSCar, UNIRIO, UFMS e UFV. A Universidade Federal de São

Carlos define no Art. 31 do Capítulo VI, que trata da oferta de disciplinas na modalidade de

educação a distância em cursos de graduação presenciais, normas para o conteúdo dos planos

de ensino dos componentes curriculares semipresenciais:

Art. 31. Nos planos de ensino das disciplinas na modalidade de educação a

distância devem constar as tecnologias de informação e comunicação a

serem adotadas; a duração de cada unidade, ciclo ou atividade; cronograma

de atividades; dinâmicas de interação professor-alunos previstas e sua

frequência; metodologia para o cálculo da frequência e notas dos estudantes;

atividades de recuperação paralela.

A Resolução n.º 4.101/2013 da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

define normas para as atividades presenciais, traz informações sobre o Plano de Ensino dos

componentes curriculares na modalidade semipresencial, que são apresentados no Art. 15 em

seus incisos I, II, III (alíneas a, b, c, d) e IV, indicando os requisitos básicos para o

100

componente curricular, carga horária prevista para cada módulo (presencial ou a distância),

métodos e práticas a serem adotados para o estudo autônomo, conteúdos específicos,

cronograma de atividades, entre outras exigências.

A Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, menciona no Art. 5º, parágrafos §1º e

§2º da Resolução n.º 331/2011, encaminhamentos sobre o plano de ensino da disciplina

híbrida, porém não menciona os itens que devem compor o plano.

4 º Cabe à Comissão Permanente da EAD analisar os Planos de Ensino das

disciplinas ofertadas nesta modalidade.

§1º O Plano de Ensino deverá ser encaminhado pelo Coordenador de Curso

à Comissão no prazo estabelecido pela Preg.

§2º Os demais procedimentos referentes ao Plano de Ensino devem ser

realizados de acordo com a legislação vigente.

Segundo Carlini e Tarcia (2010, p.19) “[...] tendo em vista que a carga horária de 20%

a ser utilizada em atividades mediadas por tecnologias a distância faz parte de um contexto de

curso ou disciplina maior, a previsão de desenvolvimento dessas atividades deverá fazer parte

do plano de ensino das disciplinas ou do projeto pedagógico do curso”.

Sobre a carga horária da disciplina semipresencial, que é uma das informações que

devem conter o plano de ensino da disciplina, elemento D1-7, a Resolução n.º 4.101/2013 –

UNIRIO, estabelece:

Art. 4º A carga horária total de cada componente curricular semipresencial

deverá ser distribuída da seguinte forma:

I – no máximo 50% (cinquenta por cento) para a realização de atividades de

estudo individual;

II – No máximo 30% (trinta por cento) para a realização das atividades de

tutoria;

III – No mínimo 20% (vinte por cento) para a realização das atividades

presenciais indicadas no Plano de Ensino.

A Resolução n.º 4.101/2013 da UNIRIO estabelece em seu Art. 16:

Art. 16 - Na elaboração do horário que será destinado aos encontros

presenciais e à tutoria, deverão ser respeitados os 20% da carga horária total

do componente curricular, respeitando e mantendo o horário da disciplina,

em função de cada grupo de componentes curriculares do período na

integralização sugerida correntemente aos estudantes do curso, abrangendo

completamente o horário de aulas deste dia.

Pelo apresentado, fica claro, que os componentes curriculares na modalidade

semipresencial, pela UNIRIO, serão ofertados totalmente a distância, mantendo os encontros

presencias, previsto na portaria n.º 4.059/2004. Nos artigos 5º, 6º e 7º, são explicitadas as

101

atividades de ensino individual, as atividades de tutoria e as atividades presencias,

respectivamente.

Na Universidade Federal de Viçosa, a Resolução n.º 02/2008, fica estabelecido as

formas em que a disciplina semipresencial deve ser ofertada (Art. 2º), podendo ser ministrada

“uma nova disciplina criada e oferecida exclusivamente na modalidade semipresencial”, “uma

nova versão semipresencial de disciplina presencial já existente” ou ainda “uma versão

semipresencial de disciplina presencial já existente”.

Quanto a carga horária das atividades híbridas, verificou-se que oito, das nove

universidades federais que possui regulamento próprio específico para o ensino

semipresencial, mencionam apenas que a inclusão dessas atividades não deverá exceder 20%

da carga horária total do curso, como estabelecido pela portaria n.º 4.059/2004 em seu Art. 1º,

§2º “Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, desde

que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso”. Fica a

critério do professor decidir o percentual da semipresencialidade de seu componente

curricular, desde que não ultrapasse o limite estabelecido pelo regulamento.

Na próxima sub seção são apresentados os elementos da Dimensão Administrativo-

Financeira.

3.2.4 Dimensão Administrativo-Financeira

Expuseram elementos administrativos os regulamentos da Universidade Federal do

Paraná, da Universidade Federal de Uberlândia e da Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul. Informações sobre elementos financeiros foram encontrados na regulamentação da

Universidade Federal de Santa Catarina.

Analisando as regulamentações específicas para oferta da modalidade semipresencial,

conforme Quadro 9 (vide pág. 82), verificou-se que somente a UFSC faz menção a

informações financeiras na oferta dos cursos, porém não informa de onde advém estes

recursos, porém não menciona o elemento D2-1, que refere-se a parcerias e convênios

realizados para implantação da semipresencialidade nas UF.

A Resolução n.º 02/2007 da Universidade Federal de Santa Catarina é um documento

que dispõe sobre o programa de Educação a Distância, em que o Capítulo IV refere-se

especificamente a oferta de disciplinas semipresenciais. Neste documento, a UFSC indica o

gestor financeiro. O Art. 15 do Capítulo III, que trata da Gestão Pedagógica, Acadêmica e

Financeira dos Cursos e Programas a Distância, garante a infraestrutura financeira e

102

estabelece que o Coordenador do Curso e o Diretor da Unidade Universitária serão os

responsáveis por essa garantia, juntamente com a Pró-Reitoria de ensino.

O único elemento da dimensão administrativo-financeira verificado nas

regulamentações foi o de seleção de recursos humanos (D2-4).

3.2.4.1 Elemento D2-4: Seleção de recursos humanos

A Resolução n.º 72/2010 da Universidade Federal do Paraná estabelece, em seu seu

Art. 5º em seu parágrafo segundo “§ 2º O professor-tutor deverá realizar capacitação em EaD

ou ter experiência comprovada para atuar em programas EaD e destinar carga horária

específica para os momentos presenciais e para os momentos a distância”. A resolução exige

que os professores que ministram componentes curriculares semipresenciais devem ter

experiência comprovada em programas EaD.

Quanto à Universidade Federal de Uberlândia, a Resolução n.º 35/2011 da UFU, deixa

claro, em seu Art. 3º, que as atividades de acompanhamento pedagógico deverão ser

desenvolvidas pelos docentes da UFU que demonstrem domínio e interesse na utilização das

tecnologias da informação e comunicação.

Art. 3º As atividades de acompanhamento pedagógico deverão ser

necessariamente desenvolvidas por docente da UFU responsável pelos

componentes curriculares ministrados no formato semipresencial e que

demonstre domínio e interesse pela utilização de meios e tecnologias de

informação e comunicação.

A Resolução n.º 331/2011 da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul em seu

Art. 3º menciona que o docente selecionado para ministrar disciplinas híbridas já deverá ter

sido capacitado e credenciado para trabalhar com o ensino a distância. “Art. 3º O docente

responsável por ministrar disciplina na modalidade semipresencial deverá estar capacitado e

credenciado para atuar na modalidade semipresencial e/ou na modalidade EaD”.

Na seção seguinte, são abordados os elementos tecnológicos verificados nesta análise.

3.2.5 Dimensão Tecnológica

Foram encontrados elementos tecnológicos nas regulamentações da UFPR, UFU,

UFSC, UFV e UFSCar.

3.2.5.1 Elemento D3-1: Garantia de infraestrutura tecnológica

103

Há na regulamentação da Universidade Federal do Paraná, informações sobre a

responsabilidade da Instituição quanto aos serviços de tecnologia e comunicação, elemento

D3-1. Ficando instituído no “Art. 4º A unidade que ofertar disciplina integral ou parcialmente

a distância deverá garantir a disponibilização de serviços de tecnologia e comunicação para os

estudantes, cabendo à UFPR a oferta de recursos tecnológicos de acesso a estes serviços”

(RESOLUÇÃO n.º 72/2010 –UFPR).

Apesar de poder ser considerada uma informação superficial quanto aos recursos

tecnológicos, uma vez que não informa quem são os responsáveis pela criação dos sistemas de

gerenciamento ou mesmo de como e quem fará as operações de manutenção dos meios

tecnológicos, nem de qual será o AVA utilizado pelo curso e de como será a sua construção,

essa garantia de recursos tecnológicos é um avanço que considera a importância da tecnologia

para as atividades educacionais e que está de acordo com o estabelecido pela portaria

n.º4.059/2004 em seu Art. 2º:

Art. 2o. A oferta das disciplinas previstas no artigo anterior deverá incluir

métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado

de tecnologias de informação e comunicação para a realização dos objetivos

pedagógicos, bem como prever encontros presenciais e atividades de tutoria.

A Resolução n.º 35/2011 da Universidade Federal de Uberlândia em seu Art. 8º, que

trata da alteração curricular do PPC nos cursos semipresenciais, em seu inciso em seu inciso

“XI – parecer técnico do Centro de Tecnologia da Informação (CTI) favorável no que

concerne às atividades a distância, quanto aos aspectos de suprimento de infraestrutura e

equipamentos tecnológicos para garantir a oferta dos componentes curriculares no formato

semipresencial;”.

A Resolução n.º 02/2007 da Universidade Federal de Santa Catarina responsabiliza-se

pela estrutura tecnológica do curso. O Art. 15 do Capítulo III, que trata da Gestão Pedagógica,

Acadêmica e Financeira dos Cursos e Programas a Distância:

Art. 15. Caberá ao Coordenador do Curso ou do Programa, juntamente com

o Diretor da Unidade Universitária a qual o curso ou programa ficar

vinculado, em parceria com a Pró-Reitoria de ensino do respectivo nível

educacional, garantir a estrutura acadêmica, tecnológica, financeira e de

pessoal necessária ao funcionamento pleno das atividades de educação a

distância ofertadas pela Universidade.

Versando sobre a importância da infraestrutura tecnológica para os cursos/disciplinas

semipresenciais, enfatiza que a Instituição “deve fornecer a infraestrutura necessária, como

104

acesso à internet, laboratórios de informática, redes sem fio de qualidade e momentos para a

formação de educadores” (SUNAGA; CARVALHO, 2015, p. 142).

3.2.5.2 Elemento D3-2: Criação de software e/ou sistemas

A portaria GR n.º 1.502/2012 da UFSCar, atendendo ao descrito no Art. 2º da portaria

n.º 4.059/2004, traz a exigência de que os componentes curriculares híbridos façam uso de

mídias, elemento D3-2. O Art.º 30 em seu parágrafo único explica que “As disciplinas na

modalidade de educação a distância devem fazer uso de, ao menos, 3 (três) mídias diferentes

para seu desenvolvimento”. Sugere a utilização do ambiente virtual de aprendizagem, material

impresso, audiovisual e web conferência.

Neste regulamento, a Universidade Federal de São Carlos apesar de mencionar que as

práticas híbridas devem ser realizadas por meio dos AVA, não há informação de qual

plataforma deve ser utilizada. Além disso, estabelece que o conteúdo das mídias é de

responsabilidade do professor da disciplina semipresencial e garante que estes receberão

suporte técnico da equipe da Secretaria Geral de Educação a Distância.

A Resolução n.º 35/2011 da Universidade Federal de Uberlândia exige a indicação,

por parte dos responsáveis do componente curricular ofertado de forma semipresencial, do

Ambiente Virtual de Aprendizagem a ser utilizado, no Art. 8º, que trata da alteração curricular

do PPC nos cursos semipresenciais, em seu inciso “VI – indicação do(s) Sistema(s) de

Gerenciamento de Curso (SGC) adotado(s), com apresentação geral dos recursos didáticos

previstos;”.

Percebe-se que a UFU manifesta sua responsabilidade quanto ao suporte tecnológico

necessário. O documento não menciona o AVA a ser utilizado, sendo que sua utilização,

como suporte para as atividades semipresenciais é condição facilitadora do processo de ensino

e aprendizagem. De acordo com Anjos (2013, p. 53) um AVA:

consiste em uma ou mais soluções de comunicação, gestão e aprendizado

eletrônico, que possibilitam o desenvolvimento, integração e a utilização de

conteúdos, mídias e estratégias de ensino aprendizagem, a partir de

experiências que possuem ou não referência com o mundo real e são

virtualmente criadas ou adaptadas para propósitos educacionais.

Neste sentido, Filatro (2008) relata que os AVA, funcionam como o local onde as

ações educacionais são realizadas, como se fosse a própria sala de aula presencial. “Eles

permitem a publicação, o armazenamento e a distribuição de materiais didáticos, assim como

a comunicação entre alunos e equipe de suporte” (FILATRO, 2008, p. 120).

105

Já a Resolução n.º 02/2008 da Universidade Federal de Viçosa, quanto aos elementos

tecnológicos, apresenta no Art. 3º inciso III que a organização do conteúdo da disciplina

semipresencial acontecerá no ambiente educativo PVANet, sob a orientação e supervisão da

CEAD. Nesse documento trouxe estabelecido o AVA utilizado pelas disciplinas

semipresenciais. Significa dizer que a UFV já possui o suporte do AVA para a atividade de

disciplinas a distância na instituição.

O PVANet é um AVA de uso exclusivo da Universidade Federal de Viçosa.

Figura 8: Ambiente Virtual de Aprendizagem utilizado pela UFV.

Fonte: Portal UFV (2015).

Existe uma diversidade de AVA gratuitos, no cenário atual, e esse tem sido cada vez

mais utilizado na educação. Entre eles podem ser citados: Moodle, e-ProInfo27, Claroline28,

TelEduc29, Sakai30 e ATutor31.

27 O Ambiente Colaborativo de Aprendizagem (e-Proinfo) é um ambiente virtual colaborativo de

aprendizagem que permite a concepção, administração e desenvolvimento de diversos tipos de ações,

como cursos a distância, complemento a cursos presenciais, projetos de pesquisa, projetos

colaborativos e diversas outras formas de apoio a distância e ao processo ensino-aprendizagem (MEC,

2015). Pode ser acessado através do link:

http://e-proinfo.mec.gov.br/eproinfo/interativo/acessar_espaco_sistema/acessar.htm 28 Claroline é um software livre de código aberto, que pode ser baixado gratuitamente e instalado

livremente. De acordo com informações do site oficial (claroline.net) e documentos de consultas, é

presumível o entendimento de que este AVA se baseia em um modelo de ensino flexível, segundo o

qual a informação se torna conhecimento por meio de atividades e produções realizadas pelo aluno,

ante a perspectiva da motivação e interação (ANJOS, 2015). 29 O TelEduc é um ambiente de e-learning para a criação, participação e administração de cursos na

Web. É um ambiente enxuto, aberto e gratuito. Disponível em: < http://www.teleduc.org.br/ >.

106

A vantagem no uso desses AVA se dá, principalmente pela possibilidade de

disponibilizar variados materiais, “como vídeos, textos, planilhas, questionários, fóruns,

avaliações, entre outros” (SUNAGA; CARVALHO, 2015, p. 147).

Ao promover a aprendizagem por meio das tecnologias e propiciar a inclusão dos

alunos na cultura das tecnologias, os docentes podem potencializar suas aulas e,

ao contrário da uniformidade do ensino tradicional, cujas aulas e provas são

ministradas como se todos tivessem as mesmas habilidades com as

tecnologias digitais pode-se personalizar o ensino por meio do uso das

plataformas inteligentes, também chamadas de plataformas adaptativas32

(SUNAGA; CARVALHO, 2015, p. 143).

A vantagem da personalização do ensino, propiciada pelo ensino semipresencial

(híbrido) encontra-se principalmente em buscar as melhores estratégias e as tecnologias mais

adequadas ao aprender de cada estudante. Destarte, os docentes podem escolher e até mesmo

adaptar as TIC que se adequem às necessidades de seus alunos, sendo que o papel da

universidade, neste sentido, é garantir os recursos tecnológicos, financeiros, administrativos e

pedagógicos e infraestruturais necessários.

3.3 Sobre outros elementos analisados nas regulamentações das universidades federais

Outro elemento que foi analisado, conforme Quadro 9, refere-se à autorização da

oferta da semipresencialidade. Todos os documentos analisados autorizam e regulamentam a

oferta de cursos/disciplinas híbridas, com exceção do ato decisório n.º 74/2012 da

Universidade Federal do ABC que apenas autoriza a oferta do b-learning.

Deve-se enfatizar que essa autorização não é garantia da efetividade da utilização de

práticas semipresenciais nos cursos de graduação presenciais. Como mencionado

anteriormente, a Universidade Federal de Uberlândia mesmo tendo regulamentado as práticas

híbridas, ainda não está ofertando cursos semipresenciais.

30 O projeto Sakai foi lançado no ano de 2005 e constituiu-se como uma alternativa flexível de sistema

de aprendizagem, pelo conjunto de ferramentas disponíveis e adaptáveis a experiências educacionais

distintas, como a lição, wiki, fóruns de discussão, perfis sociais, programa de estudos, entre outras

(ANJOS , 2015). https://sakaiproject.org/about-sakai-project 31 ATutor é um software livre e gratuito, em que os administradores possuem a prerrogativa de instalar

ou atualizar o AVA, desenvolver modelos personalizados de cursos e ainda customizá-lo a fim de

atender especificidades e contextos variados (ANJOS, 2015). 32 Plataformas Adaptativas são softwares especialmente desenvolvidos para analisar o comportamento

de deus usuários e propor atividades personalizadas aos alunos (SUNAGA e CARVALHO, 2015, p.

143).

107

Dessa forma, com base nos regulamentos analisados, tanto pelo Quadro 9, que agrupa

as normatizações específicas para o ensino semipresencial, quanto pelo Quadro 10, que

apresenta as universidades federais que possuem regulamentação que faz referência ao ensino

semipresencial, porém não restrito à modalidade, e pelo questionário diagnóstico, constatou-

se que nove universidades federais estão ofertando o ensino híbrido, representando 14,7% do

total de UF pesquisadas.

Autorizam a oferta por meio de regulamentação a nível de Estado e de universidade,

25 universidades (39,7%), sendo 18 UF por meio de regulamentação (geral ou específica),

simbolizando 28,6% e sete baseiam sua oferta apenas na portaria n.º 4.059/2004 (11,1%) das

UF cadastradas no sistema e-MEC.

Nove universidades federais estão regulamentando as práticas de ensino

semipresencial em seus cursos presenciais de graduação, que representam 14,3%.

Por meio da busca realizada nos sites/portais das universidades federais verificou-se,

que apesar de não possuirem ou não disponibilizarem documento, aprovado pela própria

instituição, que regulamente a oferta do ensino semipresencial, algumas UF mencionam a

portaria n.º 4.059/2004, sinalizando que estas universidades podem estar ofertando

cursos/disciplinas híbridos. Essa menção foi observada na Universidade Federal de Ouro

Preto, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal de São João Del Rei e na

Universidade Federal de Santa Maria.

Outro elemento apontado no Quadro 8 refere-se a informações sobre a definição do

ensino híbrido nas regulamentações. A conceituação da semipresencialidade foi observada nas

normatizações estudadas para verificar como as universidades federais estão entendendo essa

prática de ensino. Observou-se uma falta de entendimento quanto as práticas de ensino

híbridas, sugerindo que esta falta de entendimento pode estar gerando os equívocos que foram

encontrados nos documentos e, consequentemente, uma falta de informações que subsidiem a

implantação da modalidade nos cursos da universidade.

O Ato decisório n.º 74/2012 da UFABC não conceitua o ensino semipresencial, já que

é um documento que autoriza a oferta do ensino, mas que não traz nenhuma informação

adicional sobre a hibridização.

A Resolução n.º 05/2014 da UFFS, Resolução n.º 002/2007 da UFSC, a Portaria GR

n.º 1.502/2012 da UFSCar e a Resolução n.º 02/2008 da UFV, conceituam o ensino híbrido da

mesma forma como o texto da portaria n.º 4.059/2004, em seu Art.º 1º, parágrafo primeiro

enfatiza que:

108

§ 1o. Para fins desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semi-presencial

como quaisquer atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-

aprendizagem centrados na auto-aprendizagem e com a mediação de

recursos didáticos organizados em diferentes suportes de informação que

utilizem tecnologias de comunicação remota.

Quanto a UNIRIO, a conceituação do ensino híbrido encontrada em sua Resolução n.º

4.101/2013, foi a mais discrepante de todos os documentos analisados e até mesmo da

portaria n.º 4.059/2004. Conferindo o equívoco dos responsáveis pela construção do

regulamento, fica claro que há um caminho longo que o ensino híbrido deve trilhar para que,

com seu entendimento adequado, suas práticas possam ser implantadas nas universidades e

IES de modo geral.

A Universidade Federal de Uberlândia faz a seguinte definição:

§ 1º Entende-se a utilização do formato semipresencial como a incorporação

de meios e tecnologias de informação e comunicação como mediação

didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem, em lugares e

tempos diversos, organizados nos cursos de graduação presenciais oferecidos

pela UFU ( RESOLUÇÃO N.º35/2011 – UFU).

O regulamento da UNIRIO em seu Art. 2º explica que:

Art. 2° - Por modalidade semipresencial entende-se, de acordo com o

Decreto n° 5.622, de 19 de dezembro de 2005, Art. 1°, § 1°, a dinâmica de

ensino que se organiza segundo metodologia, gestão e avaliação peculiares,

para as quais deverá estar prevista a obrigatoriedade de momentos

presenciais para:

I - avaliações de estudantes;

II - estágios obrigatórios, quando previstos na legislação pertinente;

III - defesa de trabalho de conclusão de curso, quando previstos na legislação

pertinente;

IV - atividades relacionadas a laboratórios de ensino, quando for o caso.

Apresenta-se nesta definição o equívoco constantemente encontrado nas

regulamentações e publicações sobre o ensino híbrido, ao trata-lo como uma combinação

entre o ensino presencial e educação a distância. Equívoco que foi visualizado, também, nos

documentos da UFMS, UFPR e da UFPI que mencionou na resposta ao questionário

diagnóstico que “A resolução apenas institucionaliza a oferta de até 20% da carga horária

da disciplina podendo ser disponibilizada na modalidade EaD desde que contemplada no

PPC.”.

A UFPR em sua Resolução n.º 72/2010 por meio do Art. 1º, parágrafo único, faz a

seguinte conceituação:

109

Art. 1º Os projetos pedagógicos dos cursos de graduação e educação

profissional e tecnológica presenciais poderão introduzir na sua estrutura

curricular a oferta de disciplinas integral ou parcialmente a distância,

observadas a legislação vigente e as presentes normas.

Parágrafo único. A Educação a Distância (EAD) caracteriza-se como

educação mediada didático-pedagogicamente por processos de ensino e

aprendizagem com a utilização de meios e tecnologias de informação e

comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades

educativas em lugares ou tempos diversos.

A Resolução n.º 331/2011 da UFMS, faz em seu Art. 2º, parágrafo primeiro, a

conceituação do ensino semipresencial caracterizando-a como “uma disciplina constituída por

atividades presenciais e a distância”.

O ensino híbrido é a convergência entre o ensino presencial e o virtual, essa

conceituação é apoiada pelos autores Moran (2004), Tori (2009), Matheus (2012), Porvir

(2013) e Horn e Staker (2015).

Acredita-se que este entendimento equivocado, do semipresencial como sendo a

integração entre presencial e a distância, pode estar sendo influenciado pelo texto da portaria

n.º 4.059 que explica em seu Art. 2º, parágrafo único (grifo nosso):

Parágrafo único. Para os fins desta Portaria, entende-se que a tutoria das

disciplinas ofertadas na modalidade semi-presencial implica na existência de

docentes qualificados em nível compatível ao previsto no projeto pedagógico

do curso, com carga horária específica para os momentos presenciais e os

momentos a distância.

No parágrafo segundo do Art. 1º cita que “poderão ser ofertadas as disciplinas

referidas no caput, integral ou parcialmente, desde que esta oferta não ultrapasse 20% (vinte

por cento) da carga horária total do curso” (PORTARIA n.º 4.059/2004, grifo nosso).

Os componentes curriculares híbridos, segundo a portaria, podem ser implantados de

duas formas. A disciplina pode ser planejada considerando que até 20% de sua carga horaria

poderá ser ministrada por meio das tecnologias da informação e comunicação, e os 80%

restantes no formato presencial (caracterizando a semipresencialidade). Ou o componente

curricular pode ser ministrado totalmente a distância, garantindo os encontros presenciais,

sendo que o número de disciplinas nesse formato, não poderão exceder 20% da carga horária

total do curso. Assim, o curso seria considerado semipresencial, com disciplinas presencias e

disciplinas realizadas a distância. É este segundo caso, que pode estar gerando a confusão no

entendimento de como o ensino híbrido deve ser concebido.

110

Geralmente as instituições de ensino optam por disciplinas totalmente a distância, no

caso de cursos híbridos, em situações que causam problemas no cotidiano, como alunos com

pendências, recuperações e reprovações. Segundo Moran, Araújo Filho e Sidericoudes (2005),

isso resolve problemas de espaço, reduzindo os custos da instituição. Os autores esclarecem

que algo que acontece com frequência é a escolha da modalidade semipresencial para as

disciplinas comuns a vários cursos, possibilitando a utilização de poucos professores para

gerenciar a condução da disciplina para muitos alunos, flexibilizando a organização curricular

e trazendo economia para a IES.

O único regulamento que mencionou a forma como o componente curricular deverá

ser ministrado foi a Resolução n.º 4.101/2013 da UNIRIO que deixou claro que as disciplinas

semipresenciais devem ser ministradas totalmente a distância. Dessa forma, levando-se em

consideração que este regulamento menciona a exigência dos encontros presenciais, verifica-

se, com base na análise de informações, que a taxonomia do ensino híbrido empregada nas

disciplinas semipresenciais da UNIRIO é a do Modelo Virtual Enriquecido, aquele em que

um curso ou uma disciplina em que os estudantes têm sessões de aprendizagem presencial

obrigatórias com seu professor da disciplina e, então, ficam livres para completar o trabalho

restante do curso distante do professor presencial (HORN; STAKER, 2015).

Nos casos em que os regulamentos não deixam claro a forma como a disciplina híbrida

deve ser ministrada, a observância dos 20% da carga horária sugerem com base na análise

deste estudo, também, a utilização do Modelo de Rotação – Sala de Aula Invertida,

estabelecido por Horn e Staker (2015), no qual um curso ou uma disciplina em que os

estudantes têm ensino online fora da sala de aula, em lugar de lição de casa tradicional.

Ressalta-se que a falta de informações detalhadas sobre a forma como os componentes

curriculares são ministrados dificulta uma análise aprofundada sobre os modelos híbridos

empregados pelas universidades federais que ofertam ou já regulamentaram hibridização do

ensino.

Essa falta de informações sobre o formato semipresencial denota a autonomia

impressa pelos regulamentos da semipresencialidade, corroborando com o apontamento de

Moran, Araújo Filho e Sidericoudes (2005) que caracteriza esses casos como voluntarismo,

em que a IES deixa livre a adesão dos professores ao uso de atividades que utilizem a

modalidade semipresencial, mas que somente os mais motivados o fazem.

Outra discussão a respeito dos 20% de semipresencialidade foi colocada pelo Colégio

de Pró-reitores de Graduação das IFES (COGRAD). O documento denominado “Propostas do

111

Cograd para a Educação a Distância nas Instituições Federais de Ensino Superior” publicado

em 17 de setembro de 2015, contesta o estabelecimento desse percentual e afirma que:

a Portaria nº 4.059/2004 necessita de revisão, principalmente, em relação ao

percentual estabelecido de 20% para a EaD, que já não tem mais sentido

diante do avanço das TIC. Além disso, a tutoria virtual necessita ser revista,

de modo a se configurar como atividade profissional, regulamentada e

reconhecida pelas IES (MEC, 2004).

Da mesma forma que a concepção da semipresencialidade como educação a distância

tem proporcionado equívocos quanto a sua implantação, esta tem gerado incômodos quanto a

necessidade de tutoria, uma vez que os tutores só serão necessários nos casos em que a

disciplina semipresencial for ministrada totalmente a distância.

Esse critério exigido pela portaria n.º 4.059/2004, que enfatiza a adoção de 20%,

considerando a apropriação das tecnologias da informação e comunicação e com este enfoque

Belloni (2012, p. 64) afirma que as TIC oferecem possibilidades inéditas de interação

mediatizada (professor/aluno; estudante/estudante) e de interatividade com materiais de boa

qualidade e de grande variedade. Sendo assim, para compreender o papel das TIC na

educação é preciso considera-las como ferramentas pedagógicas, deixando de lado seus usos

como meios de circulação de informação geral ou administrativa nos sistemas educacionais

(idem, p. 65).

Como foi visualizado na resposta ao questionário diagnóstico da Universidade Federal

de Lavras, que afirmou que “O fato é que em nenhum caso essa oferta ultrapassa 20% da CH

do curso pois as disciplinas semipresenciais não têm autorização para ofertar mais que 20%

de sua CH a distância. Este é um dos problemas que resolveremos com a aprovação do

regulamento no CEPE” (sic.), indicando que a UFLA já identifica a necessidade de repensar

os 20%.

Com base no exposto surge uma reflexão sobre a manutenção do percentual indicado

pela portaria n.º 4.059/2004, já que a tendência é que as TIC façam parte do cotidiano das IE

cada vez mais e, por isso, a necessidade de sua revisão.

Isso demonstra, para além da hibridização do ensino, como esclarece Beloni (2012,

p.82, grifo da autora), que embora as TIC não tenham demonstrado sua eficácia pedagógica

“elas estão cada vez mais presentes na vida cotidiana e fazem parte do universo dos jovens,

sendo essa a razão principal da necessidade de sua integração à educação”. Portanto,

percebe-se que uma possível incompreensão de como integrar as TIC à educação pode estar

refletindo em uma implantação equivocada da semipresencialidade.

112

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“Há uma esperança e incompreensão em torno do ensino on-line

e sua relação com o ensino presencial. [...] a proposta não é utilizar

um ou outro, mas que o futuro mais provável é aquele em que as

experiências on-line enriqueçam as presenciais e vice-versa”.

(Salman Khan)

As considerações finais dessa pesquisa iniciam-se com base na citação em destaque. A

análise documental das regulamentações, das informaçoes do questionário diagnóstico e da

análise dos avanços e modificações da portaria n.º 4.059/2004, apontaram para uma

expressiva incompreensão sobre como ofertar o ensino híbrido tanto nas esferas pedagógicas,

administrativas, financeiras, quanto tecnológicas.

Da forma como foram concebidas, tanto a portaria n.º 4.059/2004 (normatização

vigente que autoriza a introdução de atividades híbridas nas IES), quanto as regulamentações

institucionalizadas pelas universidades federais, bem como a forma como estas normatizações

são entendidas e interpretadas, não dão condições para que o ensino híbrido consiga alcançar

os níveis de envolvimento do blended learning em uma IE, descritos por Graham (2005) que

consideram o nível de atividade, o nível da disciplina, o nível do curso e o nível institucional.

Para atingir todos esses níveis, o planejamento adotado para a implantação e oferta da

semipresencialidade deve pautar-se em uma significativa compreensão dos benefícios da

adoção das TIC na educação. Neste direcionamento, Garrison e Vaughn (2008) enfatizam que

a implantação do ensino híbrido necessita focalizar no delineamento de possibilidades

flexíveis, aliado ao desafio de fazer educação de modo diferente, pautada numa ampla e

profunda compreensão do potencial de uma educação mediada pelas tecnologias da

informação e comunicação.

Os dados da pesquisa indicam uma incompreensão acentuada no uso dessas

tecnologias e de como elas devem ser apropriadas pelos cursos de graduação presenciais.

Sabendo-se que o ensino híbrido envolve a incorporação de práticas presenciais com as

atividades virtuais, que ocorrem por meio das TIC, a necessidade desse entendimento torna-se

indispensável.

Esta pesquisa teve como foco as regulamentações que autorizam as práticas de ensino

híbridas nos cursos de graduação presenciais das universidades federais e que indicam a

implatação e oferta da semipresencialidade.

113

Conforme dados levantados na pesquisa, nove universidades federais estão ofertando o

ensino semipresencial em seus cursos de graduação presenciais: a UFFS, UFVJM, UFPI,

UFGD, UFJF, UFAL, UFCA, UFLA e UFMT, representando 14,3% das 63 UF cadastradas

no sistema e-MEC.

Regulamentaram a oferta do ensino híbrido, nove universidades federais: a UFABC,

UFMS, UFPR, UFFS, UFU, UNIRIO, UFSC, UFV e UFSCar, totalizando 14,3% de

universidades federais que regulamentaram o ensino híbrido. Essa indicação do percentual de

UF que possuem regulamento para a semipresencialidade não considera a insuficiência de

informações que estas regulamentações demonstram. Apesar de não fomentar uma adequada

oferta da semipresencialidade, essas regulamentações sinalizam um movimento institucional

que procura viabilizar o hibridismo.

Sendo assim, considerando as regulamentações da hibridização do ensino, a nível de

Estado e de universidade federal, esta pesquisa procurou analisar como as universidades

federais estão ofertando o ensino híbrido em seus cursos de graduação presenciais, por meio

da portaria n.º 4.059/2004. Para atingir esse objetivo geral, foram construídos três objetivos

específicos.

O primeiro objetivo específico de interpretar os referenciais da regulamentação do

ensino semipresencial para identificar suas especificidades, foi atendido. Como já

mencionado na pesquisa, o ensino híbrido foi incialmente regulamentado pela portaria n.º

2.253/2001, que foi revogada pela publicação da portaria n.º 4.059/2004, por conseguinte as

informações expostas no Quadro 6 e no Quadro 7 demonstram as informações que

permaneceram e as modificações encontradas em ambas portarias, respectivamente.

A análise das portarias supracitadas demonstrou que apenas em 2004 foi feita a

conceituação do ensino híbrido e, como abordado na pesquisa, essa falta de uma conceituação

clara tem gerado equívocos interpretativos quanto à prática da semipresencialidade, que pôde

ser observada na análise das regulamentações institucionalizadas pelas universidades federais.

As duas portarias estabelecem a importância da incorporação das TIC às práticas de

ensino e aprendizagem híbridas e convergem quanto ao percentual de semipresencialidade

que deve ser de 20%, integral ou parcialmente híbridos, desde que não ultrapasse a carga

horária total do curso.

A análise documental demonstrou que as UF tem observado este percentual, mas

discussões acerca dessa exigência já vem sendo levantadas, como relatado pelo documento do

COGRAD, que ressalta a necessidade de revisão desse percentual, considerando o avanço do

uso das TIC na educação.

114

As principais modificações observadas entre as portarias referem-se ao tratamento das

atividades híbridas, que na portaria n.º 2.253 foram chamadas de não-presenciais e passaram a

ser denominadas de semipresenciais pela portaria n.º 4.059/2004; à exigência de que as

avaliações dos componentes curriculares híbridos sejam presenciais; e à participação de

tutoria, que é outro fator questionado pelo COGRAD.

O segundo objetivo específico procurou identificar as universidades federais que estão

ofertando a semipresencialidade em cursos de graduação presenciais, considerando as

regulamentações que as definem. Levando em consideração o percentual de participação nesta

pesquisa e de documentos encontrados para a análise, deve-se esclarecer que este objetivo não

foi plenamente atingido, por não ser possível a generalização desses resultados para todo o

universo da pesquisa.

Constatou-se que 25 (39,7%) das 63 universidades federais, autorizam e ofertam o

blended learning com as devidas regulamentações. Essa autorização ocorre por meio de

regulamentações que foram criadas e autorizadas pelo Conselho da própria universidade ou

somente pela portaria n.º 4.059/2004. Considerando dados do Quadro 9, do Quadro 10 e do

questionário diagnóstico, destas 25 UF, 18 autorizam a oferta por meio de regulamentação

(geral ou específica), simbolizando 28,6% (UFABC, UFMS, UFPR, UFFS, UFU, UNIRIO,

UFSC, UFV, UFSCar, UFERSA, UFPA, UTFPR, UnB, UFRGS, UFRRJ, UFTM UFPI e

UFBA) e sete baseiam sua oferta apenas na portaria n.º 4.059/2004 (11,1%) das UF

cadastradas no sistema e-MEC (UFAL, UFCA, UFLA, UFVJM, UFJF, UFGD e UFMT).

Regionalizando este resultado, verificou-se que dessas 25 universidades federais que

autorizam por meio de regulamentação e/ou ofertam o ensino híbrido, 24% encontram-se na

região Nordeste, 20% na região Centro-Oeste, 36% na região Sudeste e 20% na região Sul.

Nenhuma UF está localizada na região Norte. Neste sentido, as regiões que possuem UF que

estão implantando o ensino híbrido, observa-se que há um equilíbrio entre as regiões

Nordeste, Sul e Centro-Oeste.

O terceiro objetivo específico que buscou analisar os dados obtidos nos documentos

das UF estudadas, discutindo sobre os elementos pedagógicos, administrativos, financeiros e

tecnológicos que são apresentados, ou não, pelas regulamentações, foi atingido e seu

detalhamento encontra-se no capítulo 3 deste estudo, na seção 3.2.2, que trata da

regulamentação do ensino híbrido em nível de universidade federal.

Como mencionado anteriormente, 19 universidades federais possuem regulamentação

para o ensino híbrido, sendo nove regulamentos que atendem especificamente a

semipresencialidade e 10 que apenas autorizam a oferta do ensino híbrido.

115

Nestes regulamentos foram observados os elementos que compõem as Dimensões

Pedagógica, Administrativo-Financeira e Tecnológica, que foram baseadas nos processos de

gestão de Petter (2010).

A primeira constatação permitida pela análise documental por meio dessas Dimensões,

é que elas não são suficientes para abranger a totalidade de informações necessárias para que

o ensino híbrido seja implantado de fato. Destarte, o Quadro 9, que apresenta as

regulamentações específicas para o ensino semipresencial nas IES, traz além dessas

Dimensões, informações referentes a autorização da oferta da semipresencialidade e quanto a

conceituação do ensino híbrido. Dessa forma, considerando o ensino híbrido, os processos de

gestão deveriam ser alargados para abarcar todas as especificidades indispensáveis à

hibridização do ensino. Dessa forma, sugere-se a extensão dos elementos que compõem os

processos de gestão propostos por Petter (2010).

Quando à Dimensão Pedagógica, esta foi a categoria que mais apresentou informações

para análise. Seis, dos sete elementos constitutivos dessa Dimensão foram verificados nas

regulamentações. Apresentou o elemento D1-1 e D1-2 a UFFS e a UFU, o elemento D1-3 foi

observado na UFPR, UFFS, UFU, UFSC e UFMS. Universidade Federal de Santa Catarina,

Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Universidade Federal de Uberlândia e

Universidade Federal do Paraná apresentaram o elemento D1-4, o elemento D1-5 que aborda

a dinâmica do trabalho pedagógico não foi encontrado em nenhuma das regulamentações e o

elemento D1-6 foi visualizado no regulamento da UFSCar e da UNIRIO.

A Dimensão Administrativo-Financeira foi a menos encontrada no texto das

regulamentações analisadas. O único elemento visualizado foi o D2-4 que se refere a seleção

de recursos humanos. No entanto, as informações apresentadas nas regulamentações da

UFPR, UFU e UFMS não demonstraram conteúdo suficiente para uma discussão aprofundada

desse elemento, já que os recursos humanos (atores do processo de ensino e aprendizagem)

exercem papel imprescindível nas práticas de ensino. É necessário dizer que uma adequada

seleção dos atores que irão trabalhar com o ensino híbrido, dependerá de uma adequada

formação e capacitação para o uso das tecnologias da informação e comunicação, sendo que o

elemento D1-4 que se refere a formação docente, foi expressivamente abordada pelas

regulamentações e também discutida nos artigos estudados por meio da revisão sistemática da

literatura, que se encontra no capítulo 1.

Por fim, a Dimensão tecnológica, que também não foi muito abordada pelas

regulamentações analisadas, apresentou o elemento D3-1 por parte do regulamento da UFSC,

UFU e da UFPR e o elemento D3-2 pela UFU, UFV e UFSCar. O elemento não encontrado,

116

D3-3, trata da operação e manutenção dos meios tecnológicos. Pelo exposto, somente cinco

universidades federais demonstraram preocupação e tratar da tecnologia da informação e

comunicação em suas normatizações. Essa constatação é totalmente discrepante ao conteúdo

da portaria n.º 4.059/2004 que exige em seu Art. 2º que as disciplinas semipresenciais

incluam métodos e práticas de ensino e aprendizagem que incorporem o uso integrado de

tecnologias da informação e comunicação.

O regulamento que apresentou um maior número de informações referentes às

Dimensões estudadas na análise documental, foi a Resolução n.º 05/2014 da Universidade

Federal da Fronteira Sul, que demonstrou um entendimento um pouco mais esclarecido

quanto a implantação do ensino híbrido.

Essa defasagem comprova a afirmação feita pela pesquisadora no início dessas

considerações finais de que este estudo indica uma incompreensão acentuada no uso dessas

tecnologias e de como elas devem ser apropriadas pelos cursos de graduação presenciais. E

corroboram com o exposto por Khan (2015), de que há uma incompreensão em torno do

ensino on-line e sua relação com o ensino presencial.

Torna-se importante considerar que a falta de informações abrangentes observadas na

portaria n.º 4.059/2004 indica uma autonomia disfarçada, já que não dá subsídios para uma

adequada implantação do ensino híbrido, que sugerem uma insuficiência de concepção que

tem gerado equívocos em sua interpretação e aplicação, consequentemente na elaboração de

regulamentações por parte das universidades federais. No entanto, os resultados dessa

pesquisa apontam que o processo de implantação e oferta do ensino híbrido vem ocorrendo

paulatinamente e que os esforços para essa implantação nas universidades federais têm um

caminho longo a percorrer.

Há ainda muitas dúvidas relacionadas ao entendimento do ensino híbrido. Tais dúvidas

ultrapassam os limites das informações apresentadas na portaria n.º 4.059/2004 e apontam

para problemáticas que necessitam ser investigadas para assim, desmitificar e facilitar a

compreensão de como o ensino híbrido deve ser implantado pelas IES, entre as quais os dados

dessa pesquisa podem apontar:

- O percentual de 20% de semipresencialidade estabelecido pela portaria n.º 4.0592004

restringe a oferta e implantação do ensino híbrido nas IES?

- A falta de informação sobre como adequar o ensino semipresencial no PPC, como

escrever e até mesmo como atender metodologicamente o hibridismo no projeto pedagógico

do curso, limita o conteúdo das regulamentações institucionalizadas pelas IES ao texto da

portaria n.º 4.059/2004?

117

- A falta de compreensão sobre a conceituação do ensino híbrido dificulta a

interpretação da portaria n.º 4.059/2004 e consequentemente a implantação e oferta da

semipresencialidade?

- As Instituições de Ensino Superior oferecem infraestrutura tecnológica necessária

para a implantação e oferta do ensino híbrido em seus cursos de graduação presenciais?

- A falta de capacitação e apropriação docente para o uso das tecnologias de

informação e comunicação dificulta a oferta do ensino híbrido?

Enquanto, o ensino de graduação nas modalidades presencial e a distância amparam-se

em diversas legislações, a regulamentação do ensino híbrido ainda se encontra pautada apenas

pela portaria n.º 4.059/2004. Daí a necessidade de as universidades regulamentarem suas

práticas semipresenciais. Porém essa regulamentação só será possível após revisão da portaria

supra apresentada.

Portanto, valida-se o levantamento hipotético deste estudo exploratório descritivo, de

que a ausência de um detalhamento da oferta de ensino híbrido por meio da portaria n.º

4.059/2004 tem ocasionado diferentes interpretações, dificultando sua implantação.

A implementação da semipresencialidade deve ser precedida de um intenso

planejamento das IES. Assim, o ensino híbrido é configurado como uma combinação

metodológica que impacta na ação do professor em situações de ensino, na ação dos

estudantes em situações de aprendizagem e também, na ação dos gestores educacionais que

deverão escolher o modelo de ensino híbrido que melhor se adeque as necessidades de sua

Instituição.

A regulamentação vigente, no Brasil, a respeito da semipresencialidade ainda não

tornou claro a maneira como as Instituições de Ensino Superior deverão implementar o ensino

semipresencial no currículo de seus cursos.

As IES possuem autonomia para decidir de que forma irão implantar esta modalidade.

Regulamentações internas devem ser elaboradas pelas IES para que as mesmas possam

implementar o ensino semipresencial. Neste sentido, cabe salientar que as experiências nas

instituições com essa modalidade são basilares para a formulação de regulamentos, os quais,

conforme necessidade de cada IES, passam a existir. A prática, muitas vezes, antecede as leis

e serve de referencial para elas.

Percebeu-se que a maior deficiência da regulamentação do ensino semipresencial no

Brasil, é a falta de informações sobre a oferta do ensino, fazendo com que, muitas vezes, ela

possa ocorrer de forma equivocada.

118

Com base nas reflexões anteriores, pode-se afirmar que o ensino híbrido autorizado,

no Brasil, pela portaria nº 4.059/2004, já faz parte do contexto da educação contemporânea e,

dessa forma, esforços relacionados ao entendimento desta oferta de ensino, bem como

políticas de gestão que venham a esclarecer esta modalidade, tornam-se necessárias.

Comparado com a modalidade de ensino presencial e com a modalidade EaD, o ensino

híbrido pode ser considerado uma prática recente na educação. Como esta pesquisa enfocou a

implantação do ensino híbrido nas universidades federais, sugere-se que outras pesquisas

sejam desenvolvidas trazendo informações sobre o processo de implantação em outras

instituições federais de ensino superior, como também em outras IES públicas e privadas.

Com base na regionalização da implantação do ensino híbrido citato anteriormente,

sugere-se, também, o desenvolvimento de pesquisas entre as IFES que compõem cada região

para como estas instituições estão implantando componentes híbrido em seus cursos de

graduação presenciais.

119

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125

APÊNDICES

APÊNDICE A: Roteiro do Questionário Diagnóstico. ......................................................... 126

APÊNDICE B: Carta de Apresentação da Pesquisa. ............................................................ 127

APÊNDICE C: Lista de Universidades Federais cadastradas no sistema e-MEC. ............... 128

APÊNDICE D: Lista de sites/portal das Universidades Federais pesquisadas. .................... 130

126

APÊNDICE A: Roteiro do Questionário Diagnóstico.

Universidade Federal de Mato Grosso

Programa de Pós-Graduação em Educação

Linha de Pesquisa: Organização Escolar e Formação de Professores Grupo – LêTece

O presente questionário é parte de um estudo sobre os reflexos da semipresencialidade

nos cursos de presenciais das Universidades Federais, desenvolvido pela aluna Michele

Rejane Coura da Silva no âmbito da preparação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação

em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso, sob a orientação do professor doutor

Cristiano Maciel e coorientação da professora doutora Kátia Morosov Alonso.

01. Identificação da Instituição:______________________________________________

02. A Instituição de Ensino em que você tem papel na administração superior oferta,

conforme Portaria do MEC nº 4.059/2004, 20% de ensino semipresencial?

( ) Sim. (Se SIM, prossiga respondendo a todas as questões.)

( ) Não ( Se NÃO, prossiga respondendo apenas às questões 07 e 08.)

03. Em sua Instituição houve regulamentação, por parte dos organismos de órgãos

colegiados, para a oferta do ensino semipresencial?

( ) Sim ( ) Não

04. Qual a regulamentação e sua respectiva numeração que ampara o ensino

semipresencial em sua Instituição?

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

05. Cite os elementos pedagógicos, tecnológicos, infra estruturais, administrativos,

entre outros, que foram detalhados na regulamentação do ensino semipresencial

em sua Instituição.

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

06. Quais os cursos de graduação que ofertam o ensino semipresencial em sua

Instituição? ________________________________________________________________________

________________________________________________________________________

07. Sua Instituição de Ensino oferta cursos na modalidade de Educação a Distância?

( ) Sim ( ) Não

08. Há quanto tempo a Instituição oferta cursos na modalidade de Educação a

Distância?

________________________________________________________________________

Comentários adicionais:______________________________________________________

___________________________________________________________________________

127

APÊNDICE B: Carta de Apresentação da Pesquisa.

128

APÊNDICE C: Lista de Universidades Federais cadastradas no sistema e-MEC.

UNIVERSIDADES FEDERAIS SIGLA CI IGC

1 Universidade Federal de Lavras UFLA 5 5

2

Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFRJ

5 4

3 Universidade Federal Fluminense UFF 5 4

4 Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN 5 4

5 Fundação Universidade Federal do ABC UFABC 4 5

6 Universidade Federal de Minas Gerais UFMG 4 5

7 Universidade Federal de Santa Catarina UFSC 4 5

8 Universidade Federal de São Carlos UFSCAR 4 5

9 Universidade Federal de Viçosa UFV 4 5

10 Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS 4 5

11 Universidade Federal da Bahia UFBA 4 4

12 Universidade Federal da Paraíba UFPB 4 4

13 Universidade Federal de Itajubá UNIFEI 4 4

14 Universidade Federal de Juiz de Fora UFJF 4 4

15 Universidade Federal de Ouro Preto UFOP 4 4

16 Universidade Federal de Pernambuco UFPE 4 4

17 Universidade Federal de São João Del Rei UFSJ 4 4

18 Universidade Federal de Uberlândia UFU 4 4

19 Universidade Federal do Espírito Santo UFES 4 4

20 Universidade Federal do Pará UFPA 4 4

21 Universidade Federal do Paraná UFPR 4 4

22 Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE 4 4

23 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro UFRRJ 4 4

24 Universidade Federal Rural do Semi-Árido UFERSA 4 4

25 Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTFPR 4 4

26 Universidade Federal do Maranhão UFMA 4 3

27 Fundação Universidade Federal da Grande Dourados UFGD 3 4

28 Universidade Federal de Campina Grande UFCG 3 4

29 Universidade Federal de Mato Grosso UFMT 3 4

30 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFMS 3 4

31 Universidade Federal de Santa Maria UFSM 3 4

32 Universidade Federal de Sergipe UFS 3 4

33 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UNIRIO 3 4

34 Universidade Federal do Rio Grande FURG 3 4

35 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhona e Mucuri UFVJM 3 4

129

36 Universidade Federal do Triângulo Mineiro UFTM 3 4

37 Fundação Universidade Federal do Tocantins UFT 3 3

38 Universidade Federal de Roraima UFRR 3 3

39 Universidade Federal do Acre UFAC 3 3

40 Universidade Federal do Amazonas UFAM 3 3

41 Universidade Federal do Piaui IFPI 3 3

42 Universidade Federal Rural da Amazônia UFRA 3 3

43 Universidade Federal de São Paulo UNIFESP - 5

44 Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de

Porto Alegre UFCSPA

- 4

45 Fundação Universidade Federal do Pampa UNIPAMPA - 4

46 Fundação Universidade Federal do Vale do São Francisco UNIVASF - 4

47 Universidade de Brasília UNB - 4

48 Universidade Federal de Alfenas UNIFAL-MG - 4

49 Universidade Federal de Goiás UFG - 4

50 Universidade Federal de Pelotas UFPEL - 4

51 Universidade Federal do Ceará UFC - 4

52 Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UFRB - 4

53 Fundação Universidade Federal de Rondônia UNIR - 3

54 Universidade Federal de Alagoas UNIFAL-MG - 3

55 Universidade Federal do Amapá UNIFAP - 3

56 Universidade Federal do Cariri UFCA - 3

57 Universidade Federal do Oeste do Pará UFOPA - 2

58 Universidade Federal do Oeste da Bahia UFOB - -

59 Universidade Federal do Sul da Bahia UFESBA - -

60 Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-

Brasileira UNILAB

- SC33

61 Universidade Federal da Fronteira Sul UFFS - SC

62 Universidade Federal da Integração Latino-Americana UNILA - SC

63 Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará UNIFESSPA - SC

33 Sem Conceito (SC).

130

APÊNDICE D: Lista de sites/portal das Universidades Federais pesquisadas.

UNIVERSIDADES FEDERAIS SIGLA SITES

1 Universidade Federal de

Lavras UFLA http://www.ufla.br/

2 Universidade Federal do Rio de

Janeiro UFRJ http://www.ufrj.br/

3 Universidade Federal

Fluminense UFF

http://www.ufrj.br/pr/conteudo_pr.ph

p?sigla=PR-1

4 Universidade Federal do Rio

Grande do Norte UFRN

http://prograd.ufrn.br/documento.php

?id=86686401

5 Fundação Universidade

Federal do ABC UFABC http://www.ufabc.edu.br/

6 Universidade Federal de Minas

Gerais UFMG https://www.ufmg.br

7 Universidade Federal de Santa

Catarina UFSC http://ufsc.br/

8 Universidade Federal de São

Carlos UFSCAR

http://www2.ufscar.br/home/index.ph

p

9 Universidade Federal de Viçosa UFV http://www.ufv.br/

10 Universidade Federal do Rio

Grande do Sul UFRGS http://www.ufrgs.br/ufrgs/inicial

11 Universidade Federal da Bahia UFBA https://www.ufba.br/

12 Universidade Federal da

Paraíba UFPB http://www.ufpb.br/

13 Universidade Federal de

Itajubá UNIFEI https://www.unifei.edu.br/

14 Universidade Federal de Juiz

de Fora UFJF http://www.ufjf.br/portal/

15 Universidade Federal de Ouro

Preto UFOP http://www.ufop.br/

16 Universidade Federal de

Pernambuco UFPE https://www.ufpe.br/ufpenova/

17 Universidade Federal de São

João Del Rei UFSJ http://www.ufsj.edu.br/

18 Universidade Federal de

Uberlândia UFU http://www.ufu.br/

19 Universidade Federal do

Espírito Santo UFES http://www.ufes.br/

20 Universidade Federal do Pará UFPA http://www.portal.ufpa.br/

21 Universidade Federal do

Paraná UFPR http://www.ufpr.br/portalufpr/

22 Universidade Federal Rural de

Pernambuco UFRPE http://www.ufrpe.br/br

23 Universidade Federal Rural do

Rio de Janeiro UFRRJ http://portal.ufrrj.br/

131

24 Universidade Federal Rural do

Semi-Árido UFERSA http://ufersa.edu.br/

25 Universidade Tecnológica

Federal do Paraná UTFPR http://www.utfpr.edu.br/

26 Universidade Federal do

Maranhão UFMA

http://portais.ufma.br/PortalUfma/ind

ex.jsf

27 Fundação Universidade

Federal da Grande Dourados UFGD http://portal.ufgd.edu.br/

28 Universidade Federal de

Campina Grande UFCG http://www.ufcg.edu.br/index1.php

29 Universidade Federal de Mato

Grosso UFMT http://www.ufmt.br/ufmt/site/

30 Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul UFMS http://www.ufms.br/

31 Universidade Federal de Santa

Maria UFSM http://site.ufsm.br/

32 Universidade Federal de

Sergipe UFS http://www.ufs.br/

33 Universidade Federal do

Estado do Rio de Janeiro UNIRIO http://www.unirio.br/

34 Universidade Federal do Rio

Grande FURG

http://www.furg.br/

http://www.sead.furg.br/

35 Universidade Federal dos Vales

do Jequitinhona e Mucuri UFVJM http://www.ufvjm.edu.br/

36 Universidade Federal do

Triângulo Mineiro UFTM http://www.uftm.edu.br/

37 Fundação Universidade

Federal do Tocantins UFT http://ww1.uft.edu.br/

38 Universidade Federal de

Roraima UFRR http://ufrr.br/

39 Universidade Federal do Acre UFAC http://www.ufac.br/

40 Universidade Federal do

Amazonas UFAM http://www.ufam.edu.br/

41 Universidade Federal do Piaui IFPI http://www.ufpi.br/page.php?id=152

42 Universidade Federal Rural da

Amazônia UFRA https://portal.ufra.edu.br/

43 Universidade Federal de São

Paulo UNIFESP http://www.unifesp.br/

44

Fundação Universidade

Federal de Ciências da Saúde

de Porto Alegre

UFCSPA http://www.ufcspa.edu.br/

45 Fundação Universidade

Federal do Pampa

UNIPAM

PA

http://novoportal.unipampa.edu.br/no

voportal/

46

Fundação Universidade

Federal do Vale do São

Francisco

UNIVAS

F http://www.univasf.edu.br/

47 Universidade de Brasília UNB http://www.unb.br/

48 Universidade Federal de UNIFAL- http://www.unifal-mg.edu.br/portal/

132

Alfenas MG

49 Universidade Federal de Goiás UFG https://www.ufg.br/

50 Universidade Federal de

Pelotas UFPEL http://portal.ufpel.edu.br/

51 Universidade Federal do Ceará UFC http://www.ufc.br/

52 Universidade Federal do

Recôncavo da Bahia UFRB https://ufrb.edu.br/portal/

53 Fundação Universidade

Federal de Rondônia UNIR http://www.unir.br/

54 Universidade Federal de

Alagoas UFAL http://www.ufal.edu.br/

55 Universidade Federal do

Amapá UNIFAP http://www.unifap.br/public/

56 Universidade Federal do Cariri UFCA http://www.ufca.edu.br/portal/a-ufca

57 Universidade Federal do Oeste

do Pará UFOPA http://www.ufopa.edu.br/

58 Universidade Federal do Oeste

da Bahia UFOB http://www.ufob.edu.br/

59 Universidade Federal do Sul da

Bahia UFESBA http://www.ufsb.edu.br/

60

Universidade da Integração

Internacional da Lusofonia

Afro-Brasileira

UNILAB http://www.unilab.edu.br/

61 Universidade Federal da

Fronteira Sul UFFS http://www.uffs.edu.br/

62 Universidade Federal da

Integração Latino-Americana UNILA http://www.unila.edu.br/

63 Universidade Federal do Sul e

Sudeste do Pará

UNIFESS

PA https://www.unifesspa.edu.br/

133

ANEXOS

ANEXO A: Portaria nº 2.053 de 18 de outubro de 2001 ...................................................... 134

ANEXO B: Portaria nº 4.059 de 10 de dezembro de 2004 ................................................... 135

ANEXO C: Ato Decisório nº 74/2012 da UFABC .............................................................. 135

ANEXO D: Resolução n.º 331/ 2011 da UFMS ................................................................... 137

ANEXO E: Resolução n.º 72/2010 da UFPR ....................................................................... 138

ANEXO F: Resolução n.º 05/2014 da UFFS ........................................................................ 140

ANEXO G: Resolução n.º 35/2011 da UFU ........................................................................ 145

ANEXO H: Resolução n.º 4.101/2013 da UNIRIO ............................................................. 148

ANEXO I: Resolução n.º 02/2007 da UFSC ........................................................................ 151

ANEXO J: Resolução n.º 02/2008 da UFV .......................................................................... 152

ANEXO K: Portaria n.º 1.502/2012 da UFSCar .................................................................. 162

134

ANEXO A: Portaria nº 2.053 de 18 de outubro de 2001

Portaria do MEC autoriza a inclusão de disciplinas não presenciais em cursos superiores

reconhecidos

O Ministro de Estado da Educação, no uso de suas atribuições, considerando o disposto no

art. 81 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no art. 1º do Decreto nº 2.494, de 10 de

fevereiro de 1998,

RESOLVE:

Art. 1º As instituições de ensino superior do sistema federal de ensino poderão introduzir, na

organização pedagógica e curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de

disciplinas que, em seu todo ou em parte, utilizem método não presencial, com base no art. 81

da Lei nº 9.394, de 1.996, e no disposto nesta Portaria.

§ 1º As disciplinas a que se refere o caput, integrantes do currículo de cada curso superior

reconhecido, não poderão exceder a vinte por cento do tempo previsto para integralização do

respectivo currículo.

§ 2º Até a renovação do reconhecimento de cada curso, a oferta de disciplinas previstas no

caput corresponderá, obrigatoriamente, à oferta de disciplinas presenciais para matrícula

opcional dos alunos.

§ 3º Os exames finais de todas as disciplinas ofertadas para integralização de cursos

superiores serão sempre presenciais.

§ 4º A introdução opcional de disciplinas previstas no caput não desobriga a instituição de

ensino superior do cumprimento do disposto no art. 47 da Lei nº 9.394, de 1996, em cada

curso superior reconhecido.

Art. 2º A oferta das disciplinas previstas no artigo anterior deverá incluir métodos e práticas

de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado de tecnologias de informação e

comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos.

Art. 3º As instituições de ensino superior credenciadas como universidades ou centros

universitários ficam autorizadas a modificar o projeto pedagógico de cada curso superior

reconhecido para oferecer disciplinas que, em seu todo ou em parte, utilizem método não

presencial, como previsto nesta Portaria, devendo ser observado o disposto no § 1º do art. 47

da Lei nº 9.394, de 1996.

§ 1º As universidades e centros universitários deverão comunicar as modificações efetuadas

em projetos pedagógicos à Secretaria de Educação Superior - SESu -, do Ministério da

Educação - MEC -, bem como enviar cópia do plano de ensino de cada disciplina que utilize

método não presencial, para avaliação.

§ 2º A avaliação prevista no parágrafo anterior poderá facultar a introdução definitiva das

disciplinas que utilizem método não presencial no projeto pedagógico de cursos superiores

reconhecidos ou indicar a interrupção de sua oferta.

Art. 4º As instituições de ensino superior não incluídas no artigo anterior que pretenderem

introduzir disciplinas com método não presencial em seus cursos superiores reconhecidos

deverão ingressar com pedido de autorização, acompanhado dos correspondentes planos de

ensino, no Protocolo da SESu, MEC.

Parágrafo único. Os planos de ensino apresentados serão analisados por especialistas

consultores do Ministério da Educação, que se manifestarão através de relatório à SESu, e

somente poderão ser implementados após a expedição de ato de autorização do Ministro da

Educação.

Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

PAULO RENATO SOUZA

135

ANEXO B: Portaria nº 4.059 de 10 de dezembro de 2004

O MINISTRO DE ESTADO DA EDUCAÇÃO, no uso de suas atribuições, considerando o

disposto no art. 81 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e no art. 1o do Decreto no

2.494, de 10 de fevereiro de 1998, resolve: (DOU de 13/12/2004, Seção 1, p. 34)

Art. 1o. As instituições de ensino superior poderão introduzir, na organização pedagógica e

curricular de seus cursos superiores reconhecidos, a oferta de disciplinas integrantes do

currículo que utilizem modalidade semi-presencial, com base no art. 81 da Lei n. 9.394, de

1.996, e no disposto nesta Portaria.

§ 1o. Para fins desta Portaria, caracteriza-se a modalidade semi-presencial como quaisquer

atividades didáticas, módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-

aprendizagem e com a mediação de recursos didáticos organizados em diferentes suportes de

informação que utilizem tecnologias de comunicação remota.

§ 2o. Poderão ser ofertadas as disciplinas referidas no caput, integral ou parcialmente, desde

que esta oferta não ultrapasse 20 % (vinte por cento) da carga horária total do curso.

§ 3o. As avaliações das disciplinas ofertadas na modalidade referida no caput serão

presenciais.

§ 4o. A introdução opcional de disciplinas previstas no caput não desobriga a instituição de

ensino superior do cumprimento do disposto no art. 47 da Lei no 9.394, de 1996, em cada

curso superior reconhecido.

Art. 2o. A oferta das disciplinas previstas no artigo anterior deverá incluir métodos e práticas

de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado de tecnologias de informação e

comunicação para a realização dos objetivos pedagógicos, bem como prever encontros

presenciais e atividades de tutoria.

Parágrafo único. Para os fins desta Portaria, entende-se que a tutoria das disciplinas ofertadas

na modalidade semi-presencial implica na existência de docentes qualificados em nível

compatível ao previsto no projeto pedagógico do curso, com carga horária específica para os

momentos presenciais e os momentos a distância.

Art. 3o. As instituições de ensino superior deverão comunicar as modificações efetuadas em

projetos pedagógicos à Secretaria de Educação Superior - SESu -, do Ministério da Educação

- MEC -, bem como inserir na respectiva Pasta Eletrônica do Sistema SAPIEns, o plano de

ensino de cada disciplina que utilize modalidade semipresencial.

Art. 4o. A oferta de disciplinas na modalidade semi-presencial prevista nesta Portaria será

avaliada e considerada nos procedimentos de reconhecimento e de renovação de

reconhecimento dos cursos da instituição.

Art. 5o. Fica revogada a Portaria n. 2.253/2001, de 18 de outubro de 2001, publicada no

Diário Oficial da União de 19 de outubro de 2001, Seção 1, páginas 18 e 19.

Art. 6o. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

TARSO GENRO

136

ANEXO C: Ato Decisório nº 74/2012 da UFABC

137

ANEXO D: Resolução n.º 331/ 2011 da UFMS

138

ANEXO E: Resolução n.º 72/2010 da UFPR

139

140

141

ANEXO F: Resolução n.º 05/2014 da UFFS

142

143

144

145

ANEXO G: Resolução n.º 35/2011 da UFU

146

147

148

ANEXO H: Resolução n.º 4.101/2013 da UNIRIO

149

150

151

ANEXO I: Resolução n.º 02/2007 da UFSC

152

153

154

155

156

157

158

ANEXO J: Resolução n.º 02/2008 da UFV

RESOLUÇÃO Nº. 2/2008

O CONSELHO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, órgão máximo

de deliberação no plano didático-científico da Universidade Federal de Viçosa, no uso de suas

atribuições legais, considerando a Portaria nº. 4.059, de 10 de dezembro de 2004, do MEC, e

o que consta no Processo 08-00946, resolve:

1. Aprovar as Normas para Inclusão de Disciplinas Semipresenciais em Cursos

Superiores Presenciais da UFV, que passam a fazer parte integrante desta Resolução.

2. Revogar a Resolução nº. 2/2002-CEPE.

Publique-se e cumpra-se.

Viçosa, 19 de fevereiro de 2008.

CARLOS SIGUEYUKI SEDIYAMA

Presidente do CEPE

159

ANEXO DA RESOLUÇÃO Nº. 02/2008 – CEPE

NORMAS PARA INCLUSÃO DE DISCIPLINAS SEMIPRESENCIAIS

EM CURSOS SUPERIORES PRESENCIAIS DA UFV

Art. 1º - Os cursos superiores presenciais da Universidade Federal de Viçosa poderão

incluir em suas grades curriculares disciplinas que, em todo ou em parte, utilizem método de

ensino semipresencial.

Parágrafo único – A disciplina semipresencial caracteriza-se por sua organização em

módulos ou unidades de ensino-aprendizagem centrados na auto-aprendizagem, com o uso

integrado de novas tecnologias de informação e comunicação não-presenciais,

complementados com pelo menos um encontro presencial.

Art. 2º - A disciplina semipresencial de que trata o artigo 1º, poderá ser:

a) uma nova disciplina criada e oferecida exclusivamente na modalidade

semipresencial;

b) uma versão semipresencial de disciplina presencial já existente;

c) uma versão semipresencial em substituição à disciplina presencial já existente.

Art. 3º - Compete ao Departamento a criação e o oferecimento de disciplinas na

modalidade semipresencial, por sua iniciativa, ou atendendo à demanda de Comissão(ões)

Coordenadora(s) de Curso(s), ou da CEAD, podendo o processo ser formalizado pelo

Departamento ou pela CEAD, e obedecendo às seguintes etapas:

I - elaboração do programa da disciplina, contendo, obrigatoriamente, a indicação dos

métodos e práticas de ensino-aprendizagem que incorporem o uso integrado de novas

tecnologias da informação e comunicação não-presenciais para alcançar os objetivos

pedagógicos;

II – manifestação de, pelo menos, uma Comissão Coordenadora de curso de graduação quanto

ao interesse no aproveitamento da disciplina na versão semipresencial para o seu curso;

III – organização do conteúdo da disciplina no ambiente educativo PVANet, com a orientação

e supervisão da CEAD;

IV – aplicação experimental do programa da disciplina semipresencial, para fins de avaliação

de sua adequação técnica pela CEAD, ou, alternativamente, essa avaliação poderá ser feita

pela aplicação experimental da versão semipresencial da disciplina, por um período letivo,

como recurso auxiliar de disciplina presencial correspondente;

V - análise e parecer sobre a aplicabilidade do programa pelo Conselho Técnico da CEAD;

VI – análise e parecer sobre a aplicabilidade do programa pelas Comissões Coordenadoras

dos cursos de graduação envolvidos;

160

VII – análise e parecer sobre a aplicabilidade do programa pelo Colegiado do Departamento

ao qual a disciplina estiver vinculada;

VIII – aprovação da Câmara de Ensino do Centro de Ciências ao qual a disciplina estiver

vinculada, quando a mesma for oferecida apenas para cursos do mesmo Centro de Ciências;

IX – aprovação do Conselho Técnico de Graduação – CTG, quando a disciplina for oferecida

para cursos vinculados a mais de um Centro de Ciências, após o parecer das Câmaras de

Ensino.

Parágrafo único – Para a modificação do programa de disciplina semipresencial já

existente, o andamento do processo deverá começar na etapa V supra-indicada, com a devida

indicação das alterações propostas.

Art. 4º - O programa da disciplina semipresencial deverá conter, obrigatoriamente:

I - a descrição detalhada das atividades presenciais e a distância;

II - a garantia de realização de, no mínimo, uma reunião semanal de uma (1) hora, entre o

professor e os estudantes que tiverem necessidade de contato presencial;

III – programação de atividades de interação professor-estudante, em formas de comunicação

síncrona e, ou, assíncrona, compatíveis com a carga horária da disciplina;

IV – determinação de prazo, não superior a 3 (três) dias úteis, para o atendimento do

professor às solicitações e questionamentos dos estudantes.

Art. 5º - A avaliação do rendimento acadêmico dos estudantes na disciplina

semipresencial deverá obedecer aos critérios estabelecidos no Regime Didático da UFV, com

provas presenciais obrigatórias, obedecendo-se os seguintes critérios adicionais específicos:

I - na distribuição de pontos para avaliação da disciplina, o peso das avaliações presenciais

deverá representar, no mínimo, 55% dos pontos distribuídos;

II - no mínimo 2 (duas) avaliações, com valor total mínimo de 25%, deverão ser realizadas a

distância, na forma de testes, estudos dirigidos ou outras atividades, para que o professor

possa avaliar o envolvimento do estudante nas atividades programadas e no uso dos recursos

didáticos da disciplina;

III - para as disciplinas oferecidas, simultaneamente, na modalidade presencial e

semipresencial, as avaliações presenciais deverão ser idênticas para as duas modalidades e

realizadas conjuntamente.

IV – o estudante autorizado a ausentar-se do campus para a realização de estágio ou outra

atividade acadêmica, e que esteja cursando disciplina(s) na modalidade semipresencial,

poderão realizar as avaliações presencias previstas no programa da(s) disciplina(s), após o seu

retorno.

161

Art. 6º - Caberá à Comissão Coordenadora de cada Curso de Graduação a iniciativa de

inclusão da disciplina semipresencial para compor a grade curricular do curso, como atividade

obrigatória ou optativa, mediante aprovação da Câmara de Ensino do seu Centro de Ciências,

observando-se as seguintes condições:

I - a inclusão de disciplina semipresencial para integralização curricular do curso deverá

obedecer a critérios específicos, em atendimento às exigências e flexibilidades peculiares do

Curso;

II - o aproveitamento de disciplinas semipresenciais para a integralização curricular do curso,

no histórico escolar de cada estudante, não poderá ultrapassar o limite de 20% da carga

horária total exigida;

III – formalização das alterações, no projeto pedagógico do Curso, decorrentes da inclusão de

disciplinas semipresenciais.

§ 1º - Autorizada a inclusão da disciplina semipresencial na grade curricular do curso,

a Câmara de Ensino do respectivo Centro de Ciências deverá informar ao Registro Escolar.

§ 2º - As alterações referidas no item III, supra, deverão ser comunicadas à Secretaria

de Educação Superior – SESu/MEC -, com o envio de cópia do plano de ensino de cada

disciplina semipresencial incluída, bem como a inserção na respectiva Pasta Eletrônica do

Sistema SAPIENS - MEC/SESu do plano de ensino de cada disciplina que utilize modalidade

semipresencial

Art. 6º - No caso de disciplina oferecida simultaneamente nas modalidades presencial

e semipresencial, os estudantes serão matriculados em turmas distintas, identificadas por

modalidade.

Art. 7º - A disciplina semipresencial deverá ser avaliada pela Comissão Permanente de

Avaliação de Disciplinas – COPAD -, utilizando metodologia própria, considerando sua

especificidade.

Parágrafo único – O resultado da avaliação da disciplina semipresencial deverá fazer

parte do relatório circunstanciado preparado pela CEAD, para conhecimento e análise das

Comissões Coordenadoras dos cursos, Departamentos e Câmaras de Ensino envolvidos.

Art. 8º - Os casos omissos a estas Normas deverão ser submetidos ao Conselho

Técnico da CEAD, ao qual caberá tomar as providências pertinentes.

162

ANEXO K: Portaria n.º 1.502/2012 da UFSCar

163

164

165

166

167

168

169

170

171

172

173