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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    AVALIAO DO BLENDED LEARNING NA

    DISCIPLINA DE PESQUISA OPERACIONAL EM

    CURSOS DE PS-GRADUAO EM

    ENGENHARIA DE PRODUO

    Carlos Eduardo Corra Molina

    Dissertao submetida ao Programa de Ps-

    Graduao em Engenharia de Produo como

    requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em

    Engenharia de Produo

    Orientador: Prof. Jos Arnaldo Barra Montevechi, Dr.

    Itajub, fevereiro de 2007

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUB

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO

    AVALIAO DO BLENDED LEARNING NA

    DISCIPLINA DE PESQUISA OPERACIONAL EM

    CURSOS DE PS-GRADUAO EM

    ENGENHARIA DE PRODUO

    Carlos Eduardo Corra Molina

    Dissertao aprovada por banca examinadora em 08 de Fevereiro de 2007, conferindo

    ao autor o ttulo de Mestre em Engenharia de Produo

    Banca Examinadora:

    Prof. Dr. Jos Arnaldo Barra Montevechi (Orientador)

    Prof. Dr. Joo Bosco Schumann Cunha (UNIFEI)

    Prof. Dr. Leonardo Chwif (USP)

    Itajub, fevereiro de 2007

  • i

    DEDICATRIA

    minha me, Maria Cndida e ao meu pai,

    Jos Molina, por me ensinarem, com seus

    exemplos de vida, que o conhecimento um

    bem intangvel que o tempo no consome.

    Pelo incentivo e apoio nos momentos mais

    difceis.

    minha esposa, Luiza e minha filha,

    Gabriela, pelo amor e inspirao que me

    deram em todas as fases dessa empreitada.

    A Deus, aquele que meu provedor e Senhor,

    e que em todo o tempo me fez sentir o seu

    cuidado paternal.

  • ii

    A pesquisa acadmica deve ser precisa,

    seja ela interessante ou no.

    Mas o ensino tem que ser interessante,

    mesmo que no seja 100% preciso.

    G. Highet

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a meu orientador, professor Jos Arnaldo Barra Montevechi, primeiramente

    pela amizade que fica como um dos resultados desse trabalho, bem como pelo incentivo,

    apoio e nimo que me passou em cada um de nossos encontros.

    Ao professor Carlos Eduardo Sanches da Silva, em nome de quem agradeo a todos os

    demais professores por ele coordenados no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de

    Produo da UNIFEI. A estes, meus mestres, agradeo por toda a bagagem de conhecimentos

    que muito sabiamente souberam compartilhar.

    Aos professores que me avaliaram durante os seminrios de dissertao, e que assim

    tambm contriburam para a consolidao deste trabalho: Carlos Henrique Pereira Mello, Luiz

    Guilherme Mauad, Joo Batista Turrioni e Rita de Cssia Magalhes Trindade Stano.

    Aos colegas do grupo NEAAD, Ncleo de Estudos Avanados para Auxlio Deciso,

    pelo incentivo e sugestes que foram valiosos no desenvolvimento deste trabalho. Em

    especial a companheira de muitos artigos, Mabel Maria Silva de Resende Chaves Coutinho.

    A CAPES, Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior, pela bolsa

    de estudos, de fundamental importncia para o financiamento de minhas atividades nesse

    perodo.

    Agradeo, de forma especial, tambm aos meus amigos e familiares que torceram por

    mim, me apoiaram e me incentivaram, de diversas formas, direta e indiretamente, para a

    realizao deste trabalho.

    Por fim, entretanto com primazia sobre todos os demais, agradeo a Deus. Foi Ele

    quem me colocou onde estou e me deu o que tive: a oportunidade, a capacidade e as pessoas

    especiais com as quais pude contar para vencer mais essa etapa.

    A todos, muito obrigado, de corao!

  • iv

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 2.1 Comparao dos significados de Educao, Ensino e Aprendizagem. ...................8

    Quadro 2.2 Marcos histricos da EaD mundial........................................................................16

    Quadro 2.3 Marcos histricos da EaD no contexto brasileiro..................................................18

    Quadro 2.4 As geraes da Educao a Distncia....................................................................21

    Quadro 2.5 Erros, acertos e desdobramentos do decreto 5.622/05. .........................................32

    Quadro 4.1 Atividades avaliativas realizadas na disciplina de Pesquisa Operacional. ............84

    Quadro 4.2 Questionrio de avaliao da disciplina. ...............................................................85

  • v

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Formas de classificao das pesquisas cientficas. ...................................................6

    Figura 2.1 Proporo de domiclios que possuem equipamentos tecnolgicos. ......................24

    Figura 2.2 Taxas de utilizao de computadores no binio 2005/2006....................................25

    Figura 2.3 Taxas de utilizao da internet no binio 2005/2006..............................................25

    Figura 4.1 Critrios gerais de aprovao na Pesquisa Operacional para ps-graduao. ........58

    Figura 4.2 Tela de apresentao do TelEduc............................................................................59

    Figura 4.3 Tela do TelEduc para cadastro dos alunos..............................................................60

    Figura 4.4 Tela da ferramenta agenda. .....................................................................................61

    Figura 4.5 Estrutura bsica do Ambiente TelEduc...................................................................62

    Figura 4.6 Tela da ferramenta atividades. ................................................................................68

    Figura 4.7 Tela da ferramenta correio. .....................................................................................69

    Figura 4.8 Tela da ferramenta material de apoio......................................................................70

    Figura 4.9 Tela da ferramenta perfil e exibir perfis..................................................................71

    Figura 4.10 Tela para reviso de contedos dados em aula presencial. ...................................72

    Figura 4.11 Tela da ferramenta fruns de discusso. ...............................................................73

    Figura 4.12 Tela de material de apoio multimidia....................................................................74

    Figura 4.13 Tela da ferramenta portflio..................................................................................75

    Figura 4.14 Tela da ferramenta grupos e componentes............................................................77

    Figura 4.15 Tela da ferramenta dirio de bordo. ......................................................................79

    Figura 4.16 Tela da ferramenta parada obrigatria. .................................................................82

    Figura 5.1 Distribuio de freqncia das notas dos 162 alunos. ............................................89

    Figura 5.2 Diagramas de disperso de Participao no TelEduc versus Nota Final..............90

    Figura 5.3 D iagramas de disperso de Participao no TelEduc versus Prova. ...................90

    Figura 5.4 Diagramas de disperso de diversas variveis versus Nota Final. .......................91

    Figura 5.5 Diagramas de disperso de diversas variveis versus Prova. ...............................92

    Figura 5.6 Diagrama radar para anlise da percepo dos alunos............................................94

    Figura 5.7 Anlise dos contedos que representam maior dificuldade de aprendizagem........96

  • vi

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1.1 Crescimento da demanda por EaD. ..........................................................................3

    Tabela 5.1 Dados relativos s notas finais mdias de cada uma das turmas. ...........................88

    Tabela 5.2 Coeficientes de correlao das variveis que compem a Nota Final....................92

  • vii

    LISTA DE ABREVIATURAS

    ABED .. Associao Brasileira de Educao a Distncia ABT ................................. Associao Brasileira de Tecnologia Educacional ABTU .............................. Associao Brasileira de Televiso Universitria AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem CAPES ............................ Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CEAD .............................. Centro Nacional de Educao a Distncia (do SENAC) CGI .................................. Comit Gestor da Internet no Brasil CNED .............................. Centro Nacional de Educao a Distncia Francs CONSED ......................... Conselho dos Secretrios Estaduais de Educao CRUB .............................. Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras EaD .. Educao a Distncia FACINTER ..................... Faculdade Internacional de Curitiba ICDE ... International Council for Open and Distance Education LDB ................................. Lei de Diretrizes e Bases da Educao LED ................................. Laboratrio de Educao a Distncia (da UFSC) MBA Master Business Administration MEB ................................ Movimento Educacional Brasileiro MEC ................................ Ministrio da Educao e Cultura NTICs Novas Tecnologias da Informao e Comunicao PAPED ............................ Programa de Apoio Pesquisa em Educao a Distncia PISA ................................ Programme for International Student Assessment PL Programao Linear PNL . Programao No Linear PO .................................... Pesquisa Operacional SEED ............................... Secretaria de Educao a Distncia (do MEC) SENAC ............................ Servio Nacional de Aprendizagem Comercial SEPC ............................... Sistema de Ensino Presencial Conectado SINEAD .......................... Sistema Nacional de Educao a Distncia (do MEC) TVE ................................. Televiso Educativa UAB ................................ Universidade Aberta do Brasil UFSC ............................... Universidade Federal de Santa Catarina UNDIME ......................... Unio dos Dirigentes Municipais de Educao UNIFEI ............................ Universidade Federal de Itajub UNOPAR ........................ Universidade do Norte do Paran

  • viii

    SUMRIO

    Dedicatria ..................................................................................................................................

    Epgrafe .....................................................................................................................................

    Agradecimentos ........................................................................................................................

    Lista de Quadros .......................................................................................................................

    Lista de Figuras ..........................................................................................................................

    Lista de Tabelas .........................................................................................................................

    Lista de Abreviaturas ...............................................................................................................

    Sumrio ...................................................................................................................................

    Resumo .....................................................................................................................................

    Abstract ....................................................................................................................................

    1 INTRODUO ................................................................................................................1

    1.1 Objetivos.....................................................................................................................2

    1.2 Justificativa.................................................................................................................2

    1.3 Limitaes e contribuies .........................................................................................4

    1.4 Mtodo de pesquisa ....................................................................................................5

    1.5 Estrutura do trabalho ..................................................................................................6

    2 A EDUCAO A DISTNCIA......................................................................................8

    2.1 Consideraes Iniciais ................................................................................................8

    2.2 Definies...................................................................................................................8

    2.2.1 Diversas definies de EaD................................................................................9

    2.2.2 A definio constante na legislao brasileira..................................................10

    2.3 Evoluo histrica da EaD .......................................................................................14

    2.3.1 A EaD mundial .................................................................................................14

    2.3.2 A EaD no contexto brasileiro ...........................................................................17

    2.3.3 As geraes da EaD..........................................................................................20

    2.4 Os decretos e leis que estabelecem a EaD no Brasil ................................................26

    2.5 Consideraes Finais ................................................................................................33

    3 A EDUCAO SEMIPRESENCIAL ..........................................................................34

    3.1 Consideraes Iniciais ..............................................................................................34

    3.2 O termo blended learning .........................................................................................34

    3.3 A educao semipresencial.......................................................................................36

    i

    ii

    iii

    iv

    v

    vi

    vii

    viii

    xi

    xii

  • ix

    3.4 Outras denominaes................................................................................................37

    3.5 Exemplos de adoo da educao semipresencial....................................................38

    3.5.1 O caso de sucesso da IBM................................................................................38

    3.5.2 Blended learning para a formao de lideranas..............................................39

    3.5.3 Um exemplo de blended learning na Nova Zelndia .......................................40

    3.5.4 O blended learning na Universidade de Phoenix .............................................41

    3.5.5 A eficcia da aprendizagem online na Universidade Capella ..........................43

    3.5.6 Uma experincia chinesa ..................................................................................44

    3.5.7 O aluno fazendo seu prprio blend na Open University ..................................45

    3.5.8 A proposta das Faculdades Sumar ..................................................................46

    3.5.9 Dependncias online.........................................................................................47

    3.5.10 O sistema de ensino telepresencial ...................................................................48

    3.6 A legislao brasileira: at 20% distncia .............................................................49

    3.7 O futuro do blended learning ...................................................................................50

    3.8 Consideraes Finais ................................................................................................53

    4 RELATO DO CASO ......................................................................................................54

    4.1 Consideraes Iniciais ..............................................................................................54

    4.2 A ps-graduao em Engenharia de Produo na UNIFEI ......................................54

    4.3 A disciplina de Pesquisa Operacional ......................................................................55

    4.4 A dinmica da PO na UNIFEI..................................................................................55

    4.5 A estrutura blended adotada .....................................................................................58

    4.5.1 O Ambiente Virtual de Aprendizagem.............................................................59

    4.5.2 O planejamento das atividades .........................................................................64

    4.5.3 Detalhamento das atividades virtuais ...............................................................66

    4.6 A avaliao de desempenho dos alunos ...................................................................83

    4.7 A avaliao da disciplina..........................................................................................84

    4.8 Consideraes Finais ................................................................................................85

    5 ANLISE DOS RESULTADOS ...................................................................................86

    5.1 Consideraes Iniciais ..............................................................................................86

    5.2 Anlise Quantitativa .................................................................................................88

    5.2.1 Anlise do desempenho dos alunos..................................................................88

    5.2.2 Anlise da percepo dos alunos ......................................................................93

    5.3 Anlise Qualitativa ...................................................................................................96

    5.3.1 Observaes referentes ao tempo da disciplina................................................97

  • x

    5.3.2 Observaes referentes ao ambiente de aprendizagem ....................................98

    5.3.3 Solicitaes de aplicaes em reas especficas.............................................100

    5.3.4 Elogios e agradecimentos ao professor ..........................................................100

    5.4 Consideraes Finais ..............................................................................................101

    6 CONCLUSES.............................................................................................................103

    6.1 Quanto aos objetivos principais..............................................................................103

    6.2 Quanto aos objetivos secundrios ..........................................................................103

    6.3 Recomendaes para trabalhos futuros ..................................................................104

    REFERNCIAS ...................................................................................................................105

    ANEXOS ...............................................................................................................................114

    Anexo A Respostas s questes 2, 3, 4, 5, 7 e 8 da avaliao da disciplina ...........

    Anexo B Sugestes dadas pelos alunos na avaliao da disciplina ........................

    Anexo C Mapa de freqncias e notas integrado das 8 turmas ..............................

    Anexo D Artigos publicados durante o perodo de dissertao ..............................

    115.

    118.

    123.

    127.

  • iixi

    RESUMO

    A Educao a Distncia tm se revelado como uma modalidade capaz de auxiliar a

    nao brasileira no suprimento da crescente demanda e na democratizao do acesso ao

    ensino superior. Uma de suas possveis formas a educao semipresencial, com a qual se

    procura unir o melhor da instruo presencial tradicional com as boas prticas da educao

    online e uso das novas tecnologias de informao e comunicao.

    O presente trabalho visa relatar uma experincia de educao semipresencial na

    disciplina de Pesquisa Operacional, vivenciada em oito turmas de ps-graduao em

    Engenharia de Produo da Universidade Federal de Itajub - UNIFEI.

    Tendo como objetivo principal a avaliao quali-quantitativa dessa experincia, a

    dissertao iniciada por uma reviso bibliogrfica sobre a educao a distncia e sobre a

    educao semipresencial; em seguida retrata o uso de diversos contedos multimdia, via

    Internet, como ferramenta de apoio ao processo de ensino-aprendizagem, abrangendo desde a

    fase de desenvolvimento dos contedos, a descrio dos meios utilizados e o trabalho do

    professor e formadores; e, finalmente analisa os resultados obtidos nas notas finais dos alunos

    e as suas respostas ao questionrio de avaliao da disciplina.

    Os resultados obtidos atravs da anlise de desempenho dos alunos sugerem que o

    blended learning tende a ser um aliado de extrema importncia em disciplinas da Engenharia

    de Produo e no ensino superior em geral. A experincia aqui retratada indica que os alunos

    que participaram mais efetivamente das atividades virtuais alcanaram melhor rendimento nas

    atividades avaliativas, tais como a prova escrita e o trabalho final da disciplina. As anlises

    realizadas evidenciam ganhos de qualidade, os quais so comprovados tambm pelo relato

    dos alunos e pela percepo dos mesmos quanto efetividade da aplicao dessa

    metodologia.

    Palavras chave: Avaliao, Educao Semipresencial, Educao a Distncia, Pesquisa

    Operacional.

  • iiixii

    ABSTRACT

    The Distance Education has turned out as a modality able to assist the brazilian nation

    in supplying the increase demand and democratization of the access to the education. One of

    the possible ways is the blended learning, which seek to link the best of the traditional

    learning face-to-face with the good practices of online learning and the use of new

    information and communication technologies.

    The present work describes a blended learning experience in the subject of Operational

    Research conducted with eight groups of students of Production Engineering graduate courses

    at UNIFEI (Universidade Federal de Itajub).

    Considering as main goal the quality and quantity assessment of this experience, the

    dissertation starts with a literature review about the distance learning and about the blended

    learning; following show the use of several contents multimedia tools, through the internet, as

    a support tool to the process in the teaching and learning, including from the stage of

    development of contents, description of the ways used and the task of professor and educator;

    and finally analyze the results obtained in the students final scores and they answers to the

    assessment questionnaire of the subject.

    The results obtained through the performance analyses of the students suggest that the

    blended learning tend to be associated with extreme importance in subjects in Production

    Engineering and in Higher Education Programs. The experience retracted show that the

    students who had more effective participation in the virtual activities get better results in the

    assess activities, such as written test and final project of the subject. The analyses done make

    evidence improve in quality, which are also confirmed by the students reports and by their

    perception regards to the effective application of this methodology.

    Key-Words: Assessment, Blended Learning, Distance Education, Operational Research.

  • Captulo 1 Introduo

    1

    1 INTRODUO

    A Educao a Distncia, desde 1998, com a divulgao do decreto n 2.494 e

    posteriormente o decreto n 5.622, de 2005, vem tornando-se uma das prioridades na poltica

    de mudanas educacionais brasileiras. Realidades como aumento na demanda pela educao

    em nvel superior, defasagem educacional do Brasil em relao a outros pases latino-

    americanos, necessidade de adequao s novas realidades tecnolgicas da era globalizada,

    so alguns poucos motivos, dentre os diversos, para que haja bastante reflexo e, mais do que

    isso, aes voltadas implantao de programas de Educao a Distncia EaD, por todo o

    pas.

    A EaD no mundo conta com a formao de Conselhos e Associaes desde a dcada

    de 30. A ICDE, International Council for Open and Distance Education, por exemplo, tem

    organizado, praticamente a cada dois anos, desde 1938, uma conferncia mundial voltada a

    essa temtica. No Brasil existe, desde 1995, a Associao Brasileira de Educao a Distncia -

    ABED, filiada ao ICDE e que tambm promove congressos, porm anualmente. Isso mostra

    como o Brasil possui ainda, pouca experincia na rea, quando comparado a outros pases. H

    portanto um potencial significativo de crescimento da EaD em nosso pas.

    Dois fatores relacionados e importantes de serem considerados face ao potencial acima

    descrito so: a vasta extenso territorial do pas e consequentemente, o grande nmero de

    localidades distantes de grandes centros, em que o acesso educao praticamente

    impossvel.

    As Novas Tecnologias da Informao e Comunicao NTICs, usadas atualmente,

    tendem a possibilitar a democratizao do acesso ao ensino a grupos excludos.

    Particularmente, a comunicao via satlite e mais ainda, o acesso rede mundial de

    computadores devem proporcionar, a cada ano, o crescimento dessa modalidade de ensino e

    de sua contribuio social populao brasileira.

    Por outro lado, apesar da importncia que a EaD vem demonstrando e do papel de

    destaque que vem assumindo, nota-se ainda, a existncia da necessidade de comprovao de

    sua eficcia e da validao dos mtodos aplicados na sua implantao.

    A EaD pode ser aplicada em formatos os mais diversos, entretanto, bastante

    plausvel afirmar que haver vantagens e desvantagens em cada um destes, assim como ocorre

    na educao exclusivamente presencial, que veiculada atravs de modelos e formatos

  • Captulo 1 Introduo

    2

    tradicionais. Alm disso, existe a possibilidade de mescla dessas diferentes concepes, a

    Educao semipresencial.

    Ainda que se espere dessa fuso, presencial e virtual, uma natural proeminncia das

    vantagens existentes em cada realidade e, excluso ou diminuio de suas desvantagens, o

    interesse por uma comprovao de eficcia para a chamada educao semipresencial perdura.

    1.1 Objetivos

    O objetivo principal deste trabalho avaliar a eficcia da educao semipresencial

    quando aplicada disciplina de Pesquisa Operacional, no programa de ps-graduao da

    Universidade Federal de Itajub - UNIFEI.

    Especificamente, pretende-se:

    avaliar quantitativamente os resultados obtidos pelos alunos, correlacionando-os

    com a sua participao nas atividades no presenciais;

    avaliar qualitativamente as percepes dos principais agentes envolvidos nesse

    processo: os alunos.

    Alguns objetivos secundrios atrelados a esse projeto de pesquisa so:

    publicar e relatar as experincias vivenciadas;

    aprimorar o contedo interativo j existente e utilizado no ensino da Pesquisa

    Operacional.

    1.2 Justificativa

    H um grande aumento no contingente de alunos que almejam ingressar no ensino

    superior. Diante da realidade brasileira de escassas vagas em relao quantidade de

    candidatos, isto leva necessidade urgente da ampliao do nmero de vagas, que segundo

    Litto (2005), precisa triplicar nos prximos cinco anos. O prprio Ministrio da Educao e

    Cultura MEC, revela que apenas 10,4% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos tm acesso

    graduao (INEP, 2004). Autores, como Lvy (1999), afirmam que ser impossvel aumentar

    a quantidade de professores proporcionalmente demanda de formao. Mas o fato que,

    sem o emprego da EaD ser difcil cumprir o dever social de fornecer acesso aprendizagem

    a grupos excludos (Litto, 2005).

  • Captulo 1 Introduo

    3

    A Tabela 1.1 apresenta alguns dados estatsticos que evidenciam a crescente demanda

    pela EaD. Pode ser verificado o crescimento da ordem de 9000% das matrculas em cursos

    distncia, de graduao e ps-graduao, entre os anos de 2001 e 2004.

    Tabela 1.1 Crescimento da demanda por EaD.

    Ano 2000 2001 2002 2003 2004

    Nmero de cursos 13 17 202 278 382

    Nmero de matrculas 1.758 5.480 59.772 76.769 159.366

    Diante da crescente procura por ensino superior nesta modalidade, pode-se supor que

    em poucos anos, uma das possibilidades, que a grande maioria dos cursos presenciais tenha

    uma parcela de seu trabalho realizado distncia. Sendo assim, cabe s instituies de ensino

    superior avaliar, pesquisar e investigar como integrar o presencial e o virtual, a fim de

    proporcionar e garantir ao aluno uma aprendizagem cada vez mais significativa (Moran,

    2004).

    No Brasil j se utiliza a EaD h algum tempo, como ser abordado no captulo dois.

    Atualmente, com o advento da internet e o seu uso sendo tambm difundido na educao, a

    EaD passou a configurar-se, como dito anteriormente, numa ferramenta de combate

    excluso social.

    Muitas opes surgem para o uso integrado das tecnologias na educao, sendo uma

    delas a educao semipresencial, possibilitada atravs de regulamentao especfica: as

    portarias n 2.253, de 18 de outubro de 2001 e, mais recentemente, a de n 4.059, de 10 de

    dezembro de 2004. Ambas restringem o uso de atividades no presenciais a um teto de 20%

    da carga horria ou das disciplinas que compem determinado curso. Podendo receber vrios

    nomes, como sistema bi-modal ou blended-learning, de acordo com Moran et al. (2005),

    j tem se mostrado bastante promissor para o ensino superior, uma vez que combina o melhor

    proporcionado pela presena fsica com situaes em que a distncia pode ser mais til.

    Em outras palavras, daqui a poucos anos as comunidades virtuais e ambientes

    artificiais compartilhados devero fazer parte da rotina do nosso dia-a-dia (Maia, 2003),

    particularmente nas universidades. Isso, por si s, configura-se justificativa para o presente

    estudo.

    Outra justificativa para o uso da EaD que, segundo Knowles (1984), o aprendiz

    adulto motivado por fatores de ordem interna como sua satisfao e auto-estima, e assim,

  • Captulo 1 Introduo

    4

    busca uma forma de ensino que esteja focada em suas experincias, com aplicao e soluo

    de seus problemas reais. Essa a realidade que se busca na EaD, um modelo que deixa de

    centrar-se na oferta do contedo para valorizar mais a aprendizagem, com base nas

    experincias e vivncias compartilhadas pelos alunos, atravs da anlise de situaes da vida

    real, da tentativa de satisfazer s suas necessidades para propiciar-lhes a compreenso e

    assimilao do contedo (Coutinho, 2003).

    As justificativas acima mencionadas so gerais e revelam, sobretudo, a importncia da

    EaD para o cenrio futuro da educao brasileira. Cabe ainda tratar a questo pontual dessa

    pesquisa que, dentro de um programa de ps-graduao em engenharia de produo, se

    mostra relevante na medida em que, busca tratar e analisar dados quantitativos e assim,

    demonstrar a eficcia da utilizao de contedos distncia como apoio a cursos presenciais.

    Os trabalhos de pioneiros da educao semipresencial no Brasil como (Moran, 2005) relatam

    apenas avaliaes qualitativas e, portanto, subjetivas. Corra (2001) relata que ao pesquisar a

    literatura sobre EaD, encontra muitas abordagens das vantagens, do histrico e de

    experincias, entretanto, conclui que raramente se encontra descrio prticas em EaD com

    anlises quantitativas dessas experincias. Assim sendo, um dos principais fatores de

    relevncia para esta pesquisa o endosso estatstico dado s importantes opinies colhidas

    dos agentes envolvidos.

    Adiciona-se aos motivos j abordados, o fato de que, dentro do programa de Mestrado

    em Engenharia de Produo da Universidade Federal de Itajub, j existe outros trabalhos

    desenvolvidos na mesma rea como uma dissertao de mestrado entitulada Fundamentos da

    EAD e uma forma alternativa de vivenciar e aprender a engenharia econmica (Coutinho,

    2003), um projeto vencedor do prmio PAPED 2003, Material didtico multimdia para

    apoio e enriquecimento do trabalho na oferta da disciplina de engenharia econmica

    (Montevechi e Coutinho, 2003), bem como diversos artigos e publicaes cientficas.

    Por fim, a justificativa para a escolha da Pesquisa Operacional PO decorre da

    condio em que a disciplina se encontra: dentre as poucas disciplinas na universidade,

    veiculadas mediante o uso da metodologia semipresencial, a que possui uma amostra mais

    representativa, totalizando 8 (oito) turmas a serem pesquisadas.

    1.3 Limitaes e contribuies

    As principais limitaes deste trabalho so:

  • Captulo 1 Introduo

    5

    por se tratar de um estudo de caso, as sugestes e/ou concluses aqui estabelecidas

    no podem ser estendidas a outras situaes, ainda que aparentemente

    semelhantes;

    devido ao nmero ainda restrito de experincias locais com a educao

    semipresencial, no se torna possvel a comparao com outras disciplinas;

    a impossibilidade de se realizar testes de hipteses que comprovem mais

    enfaticamente a correlao entre a participao em atividades virtuais e o

    desempenho dos alunos.

    As contribuies primordiais da pesquisa para o programa de mestrado, bem como

    para a comunidade cientfica como um todo, so basicamente:

    o relato e publicao das experincias vivenciadas, atravs de artigos em

    congressos e em peridicos, bem como a prpria dissertao;

    a avaliao quantitativa da experincia, confrontada com a avaliao qualitativa,

    mais comum em trabalhos do gnero.

    1.4 Mtodo de pesquisa

    A pesquisa se resume a um conjunto de aes, propostas e realizadas com a finalidade

    de se solucionar um problema. As aes se baseiam em procedimentos racionais e

    sistemticos que visam agrupar informaes e respostas para as indagaes propostas (Silva e

    Menezes, 2005).

    Com base nas classificaes da pesquisa cientfica propostas na Figura 1.1, o presente

    estudo pode ser classificado como:

    pesquisa aplicada quanto natureza, pois gera conhecimentos para aplicao

    prtica, direcionados abordagem de situaes e soluo de problemas

    especficos;

    pesquisa exploratria quanto aos objetivos, pois visa proporcionar maior

    familiarizao com o problema estudado, atravs de levantamento bibliogrfico,

    entrevistas e anlise pormenorizada dos casos disponveis;

    pesquisa quali-quantitativa quanto forma de abordar o problema, porque, alm de

    considerar opinies e descrev-las, considera a possibilidade de quantific-las,

    bem como as outras informaes disponveis visando a compreenso dos fatos;

  • Captulo 1 Introduo

    6

    estudo de caso quanto aos procedimentos tcnicos, por se tratar do estudo

    aprofundado e exaustivo de alguns casos, buscando amplo e detalhado

    conhecimento.

    Aplicada

    Pesquisa cientfica(classificaes)

    Forma de abordar o problemaObjetivosNatureza

    Procedimentos tcnicos

    Bsica

    Quantitativa

    QualitativaDescritiva

    Explicativa

    Exploratria

    Pesquisa bibliogrfica

    Pesquisa documental

    Estudo de caso

    Pesquisa-ao

    Outros ...

    Fonte: Baseado em Silva e Menezes (2005).

    Figura 1.1 Formas de classificao das pesquisas cientficas.

    1.5 Estrutura do trabalho

    Este trabalho de dissertao est estruturado em seis captulos.

    O Captulo dois refere-se ao tema Educao a Distncia, definindo-o de acordo com as

    abordagens de alguns autores e da legislao brasileira, analisando a histria mundial e

    brasileira dessa modalidade de ensino e os decretos e leis que a estabelecem no Brasil.

    No Captulo trs faz-se uma reviso bibliogrfica, acompanhada de diversos exemplos,

    da modalidade semipresencial, suas particularidades, as diferentes terminologias adotadas,

    uma breve discusso, exemplo do captulo anterior, da legislao brasileira e uma

    abordagem sobre as perspectivas futuras dessa modalidade. A grande contribuio desse

    captulo o apanhado de exemplos, tanto nacionais, como internacionais e tambm de

    educao corporativa, nos quais aplicada com grande sucesso, a educao semipresencial.

  • Captulo 1 Introduo

    7

    Um relato bastante detalhado dos casos estudados proporcionado pelo Captulo

    quatro. O relato consta da contextualizao da disciplina, da estrutura adotada para a educao

    semipresencial e enfim, das formas de avaliao adotadas, tanto a avaliao de desempenho

    dos alunos como a avaliao da disciplina, que permitem a discusso do captulo seguinte.

    Nesse captulo, as atividades virtuais adotadas so apresentadas exaustivamente, de tal forma

    que seu contedo se torna muito enriquecedor para pesquisadores iniciantes na Educao a

    Distncia.

    No penltimo captulo feita a anlise dos resultados conforme os objetivos traados

    inicialmente, ou seja, o estudo adquire carter qualitativo, na medida em que analisa a

    percepo dos alunos quanto adoo da educao semipresencial, entretanto, passa a ter um

    enfoque quantitativo, quando pondera e quantifica a correlao entre variveis,

    particularmente, da participao em atividades virtuais em relao ao desempenho dos alunos.

    Trata-se da exposio, por meio de opinies e anlises estatsticas, das respostas obtidas aos

    questionamentos iniciais propostos na pesquisa.

    Por fim, no Captulo seis, faz-se a concluso do trabalho, em que o objetivo proposto e

    os resultados alcanados so comparados.

    Na seqncia, apresentam-se as referncias bibliogrficas e os anexos deste trabalho,

    que incluem os dados levantados referente ao desempenho dos alunos, as respostas aos

    questionrios de avaliao e os artigos publicados durante o perodo destinado pesquisa.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    8

    2 A EDUCAO A DISTNCIA

    2.1 Consideraes Iniciais

    O captulo em questo destina-se discusso de elementos essenciais a uma boa

    compreenso e uso da chamada Educao a Distncia - EaD. O mesmo abrange a

    apresentao de algumas definies, um resumido relato histrico mundial e tambm do

    contexto brasileiro para, antes das consideraes finais do captulo, promover uma reflexo

    sobre as diversas leis e decretos que regulamentam a EaD no Brasil.

    2.2 Definies

    Antes mesmo de se trabalhar a definio do termo Educao a Distncia, cabe uma

    rpida reflexo de outros termos frequentemente empregados. Para tanto, a autora Filatro

    (2004), estabelece em seu texto algumas significaes, resumidas no Quadro 2.1.

    Fonte: Baseado no texto de Filatro (2004).

    Quadro 2.1 Comparao dos significados de Educao, Ensino e Aprendizagem.

    Educao Ensino Aprendizagem

    originalmente Latim: educatione Latim: insignare Francs: apprentissage

    significado bsico

    ao de criar, de nutrir; cultura, cultivo

    pr uma marca; distinguir, assinalar

    Ao de aprender um ofcio ou profisso

    significado ampliado

    processo de desenvolvimento de um ser humano com vistas sua integrao individual e social, envolvendo aspectos humanos, tcnicos, cognitivos, emocionais, sociopolticos e culturais

    ocorre por esforo intencional e orientado de pessoas, grupos ou instituies para formar ou informar os indivduos

    diz respeito ao de quem aprende e modifica sua prpria conduta, comportamento, crenas e conhecimentos

    A anlise desse quadro permite concluir que o termo Educao mais abrangente do

    que Ensino, razo esta para que seja mais bem aceito e utilizado na definio de qualquer

    modalidade (seja presencial, a distncia, semipresencial, ou outra) que busque o envolvimento

    e integrao de todos os aspectos do indivduo.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    9

    A escolha que ora recai sobre o termo Educao, vem expressamente concordar com a

    maioria dos autores que usam Educao a Distncia ao invs de Ensino a Distncia.

    Moran (2000), por exemplo, considera que a educao vai alm, pois integra o ensino

    vida, ao conhecimento, tica e ao do aluno, levando-o a ter uma viso de totalidade.

    2.2.1 Diversas definies de EaD

    A seguir so listadas algumas definies para a Educao a Distncia de

    pesquisadores, professores, instituies de ensino e associaes voltadas prtica da EaD:

    a aprendizagem que ocorrer em lugar e tempo apropriados ao aprendiz,

    planejada mediante uso de tcnicas especiais de instruo, tecnologias de

    informao e comunicao e arranjos organizacionais e administrativos especiais

    (Moore e Kearsley, 1996);

    o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores

    e alunos esto separados espacial e/ou temporalmente, mas podem estar

    conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemticas, como a

    Internet. Mas tambm podem ser utilizados o correio, o rdio, a televiso, o vdeo,

    o CD-rom, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes (Moran, 1994; Moran,

    2002);

    um sistema educativo que conecta os aprendizes com os recursos educacionais,

    fornecendo oportunidade para os que no possam estar matriculados em um

    sistema tradicional. Faz parte de um processo em que os recursos disponveis

    evoluem sempre para incorporar as tecnologias emergentes. caracterizada pela

    separao do professor e do aluno na maioria das atividades, em termos de espao

    e tempo, porm ligados pelo uso de meios educacionais; pela comunicao

    bidirecional entre professor/tutor/instituio e o aluno, pelo autonomia do aluno

    em relao ao seu ritmo de aprendizagem (CDLP, 20071);

    o processo pelo qual se estende a educao dando oportunidades de instruo

    sem que se dependa de uma sala de aula convencional, de um edifcio ou de um

    local fsico, mas, atravs de uma nova sala de aula, que inclui o uso de vdeos,

    1 CDLP - Califrnia Distance Learning Project CDLP: Um projeto para Educadores Adultos da Califrnia.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    10

    udios, o computador, as comunicaes multimdia ou de alguma combinao

    destes com outros mtodos tradicionais de ensino (ITC, 20072);

    a modalidade de educao em que as atividades de ensino-aprendizagem so

    desenvolvidas majoritariamente (e em bom nmero de casos, exclusivamente) sem

    que alunos e professores estejam presentes no mesmo lugar mesma hora

    (ABED, 20073);

    2.2.2 A definio constante na legislao brasileira

    Uma infinidade de outras definies poderia ocupar espao nesse trabalho, no entanto,

    uma ltima destacada das demais, por se tratar da definio adotada na legislao brasileira

    que trata do assunto, que apresentada no Decreto n 2.494, de 10 de fevereiro de 1998:

    Educao a Distncia uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem,

    com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados, apresentados

    em diferentes suportes de informao, utilizados isoladamente ou combinados, e

    veiculados pelos diversos meios de comunicao.

    A anlise dos componentes dessa definio permite a apresentao de alguns conceitos

    e opinies interessantes e importantes para o contedo abordado nos captulos seguintes.

    2.2.2.1 A EaD uma forma de ensino

    Primeiramente, a EaD uma forma de ensino. O texto no sugere que seja a nica,

    nem que seja melhor ou pior, mas, coloca a EaD como uma dentre outras formas existentes de

    ensino. importante que no se coloque o peso de resolver todos os problemas da educao

    sobre a EaD. Ela deve ser explorada dentro de suas possibilidades e potencialidades, da

    melhor forma possvel, tendo como foco primeiro o aprendiz e de forma alguma a tecnologia

    por si s, ou outro de seus componentes.

    Azevedo (2005), afirma categoricamente que no existe diferena significativa entre

    resultados de aprendizagem a distncia em relao ao aprendizado em cursos presenciais. O

    2 ITC - Instructional Technology Council. 3 ABED - Associao Brasileira de Educao a Distncia

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    11

    pesquisador baseia-se em sua experincia, no depoimento de alunos e em algumas pesquisas4

    comparativas realizadas em mbito internacional.

    2.2.2.2 A EaD possibilita a auto-aprendizagem

    Em segundo lugar, ela possibilita a auto-aprendizagem. Nessa modalidade, o

    docente passa a ser um incentivador, um animador da inteligncia de seus alunos e no mais o

    dispensador de conhecimentos (Lvy, 1999). O aluno nesse contexto no tem mais a sua

    disposio um educador que vai dispensar informaes a todo o momento e ele, receb-las

    passivamente. Ele passa a ter, sua disposio, uma forma diferenciada de auto-aprendizado,

    o que pode ser realmente uma grande vantagem frente a mtodos tradicionais, ou numa

    hiptese infeliz, ser o motivo de seu fracasso, caso o aluno no esteja preparado para o desafio

    da disciplina, da pesquisa sistemtica, da procura incessante por informao e mais do que

    isso, por conhecimento.

    A auto-aprendizagem aqui abordada prev autonomia e independncia do aluno e,

    segundo Preti (1996) assim que se reconhece a capacidade do aluno para a construo de

    seu prprio caminho, de seu conhecimento, de suas prticas e reflexes.

    Alm disso, cabe aqui citar a vantagem da aprendizagem colaborativa, em que os

    alunos aprendem com seus pares, ou seja, eles tm em suas mos a oportunidade de tornar as

    informaes e recursos materiais disponveis, comum a todos os colegas participantes do

    mesmo processo de aprendizagem. Para Lvy (1999), o ideal mobilizador da informtica

    deixou de ser a inteligncia artificial e passou a ser a inteligncia coletiva, aquela em que

    ocorre sinergia das competncias, imaginaes e energias intelectuais.

    2.2.2.3 A EaD um processo mediatizado

    Um terceiro componente a ser destacado na definio do Decreto 2.494/98 que a

    EaD ocorre com a mediao de recursos didticos sistematicamente organizados,

    apresentados em diferentes suportes de informao. A EaD um processo de ensino-

    aprendizagem mediatizado (Preti, 1996). 4 Uma das pesquisas denominada The No Significant Difference Phenomenon, cujas informaes esto

    disponveis em http://www.nosignificantdifference.org. Outra pesquisa que aponta resultados similares se

    encontra em http://www.sloanc.org/publications/jaln/v4n2_hiltz.asp, embora com um resultado levemente

    favorvel aos cursos online. Acesso em 03/01/2007.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    12

    Neste ponto da definio, a ateno recai sobre a apresentao dos recursos didticos

    como suportes de informao, cabendo aqui algumas consideraes entre as diferenas entre

    dados, informao, conhecimento e sabedoria.

    Dados so smbolos escritos pelas mos do homem ou por mquinas. A informao

    o julgamento, a opinio, que se tem a partir dos dados. Conhecimento, por sua vez, a

    capacidade de agir em funo das informaes. Enfim, a sabedoria o conhecimento justo das

    coisas, dos homens e do mundo (Almeida, 1997).

    Segundo Almeida, o conhecimento e a sabedoria chegam na poca certa, precedida por

    muito esforo, trabalho, leitura e pela vivncia do indivduo. Assim, de pleno acordo, Maia

    (2003), cita que a abundncia de informao no garante o conhecimento, pois necessrio

    que ocorra o processamento dessa informao. Acrescenta-se a essa argumentao que os

    recursos didticos usados na EaD so as ferramentas pelas quais se processam a informao,

    ou seja, so parte do esforo, trabalho, leitura e vivncia que geram a sabedoria.

    2.2.2.4 Na EaD os recursos so usados isoladamente ou combinados

    Ao contrrio do que muitos pensam, a EaD no necessariamente o uso exagerado de

    recursos e tecnologias, deixando-se de lado os contatos interpessoais e as vantagens destes no

    processo de ensino-aprendizagem. A realidade que muitos estudiosos e especialistas tm

    apontado a utilizao dos recursos didticos distncia como uma forma importante de se

    complementar o aprendizado presencial. Alguns arriscam dizer que a educao semipresencial

    que ter grande fora num futuro prximo, em que dentro de cada rea de formao sero

    usadas maiores ou menores doses de contedos distncia.

    O sistema bi-modal, ou semipresencial, ou blended-learning se mostra o mais

    promissor para o ensino superior, uma vez que combina o melhor da presena fsica com

    situaes em que a distncia pode ser mais til (Moran et al., 2005).

    Mesmo dentro de um ensino inteiramente a distncia, importante que se faa a

    dosagem adequada de utilizao dos recursos, buscando o melhor aproveitamento destes

    recursos, sem que se tome um caminho de desmotivao dos aprendizes.

    2.2.2.5 A EaD veiculada por diversos meios de comunicao

    A penltima anlise se d mediante a declarao de que a EaD, legislada no Decreto

    2.494/98, dever ser veiculada pelos diversos meios de comunicao.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    13

    Entende-se que os diversos meios incluem, dentre outros: o material impresso, a TV, o

    rdio, a fita de udio, de vdeo cassete, o powerpoint, os CD-roms, os e-books, as salas de

    bate-papo, os fruns de discusso, as tele e videoconferncias. Esses meios devem promover

    uma comunicao bidirecional, pois, de acordo com Preti (1996), apesar da distncia, o aluno

    deve estabelecer relaes dialogais, criativas, crticas e participativas.

    Fica neste ponto clara a necessidade de se lembrar que nenhum meio vem a superar

    totalmente o anterior. Assim como a televiso no levou ao total desuso do rdio, a internet,

    ou qualquer outro meio no substituir absolutamente outras formas de comunicao. Ao

    contrrio disso, a idia que diferentes meios possam ser usados em conjunto ou

    individualmente, no momento em que forem apropriados para o enriquecimento dos

    contedos a serem abordados. Segundo Valente (1995), as diferentes modalidades de uso do

    computador na educao vo continuar coexistindo, pois no se trata de uma substituir a

    outra, mas sim, de cada uma dela colaborarem com suas caratersticas e vantagens prprias.

    Enfim, os meios de comunicao citados na definio podem ser humanos e assim,

    estariam apontando para os educadores. Concordando com o que diz Cruz (2001), estes,

    jamais sero substitudos, pois, se o velho educador est morrendo, no se pode dizer que no

    lugar dele estar uma mquina, mas sim um outro professor, o miditico, aquele que est

    incorporando os meios de comunicao em sua rotina de trabalho.

    2.2.2.6 A questo da distncia

    Como ltimo termo a ser discutido, presente em qualquer das definies aqui

    apresentadas, est a palavra distncia. Trata-se de uma palavra, muitas vezes, mal

    compreendida e para a qual se atribui excessiva nfase em suas supostas desvantagens.

    Para Preti (1996), a presena fsica do professor, com quem o aluno vai dialogar no

    necessria e indispensvel para que ocorra a aprendizagem, sendo que esta pode ocorrer de

    outra maneira, ou seja, virtualmente. com base nessa premissa, que se apresenta a Teoria da

    Distncia Transacional, abordada por Moore (1993), a qual pode servir de auxlio para uma

    compreenso que enfatize as reais possibilidades da distncia.

    Essa teoria, em outras palavras, estuda a distncia que realmente importa, e que no

    a fsica. Em breve resumo, o que Moore prope que a distncia transacional medida pela

    interao entre professor e aluno, de forma que mais dilogo, por definio, implica em menor

    distncia. De igual modo, a ocorrncia de pouco dilogo e interao entre professor e aluno,

    significa grande distanciamento.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    14

    Concordando com essa abordagem, Azevedo (2005), enfatiza que na Educao, a

    palavra distncia no tem sentido estritamente fsico, mas fundamentalmente relacional e

    afetivo. Distncia ou proximidade transacional que tem importncia pedaggica e esta no

    depende da proximidade fsica. Como afirma Peters (2001), por muito tempo, ensinar e

    estudar aconteceu mediante a proximidade fsica e a distncia passou a ser tratada como um

    dficit. Entretanto, um novo olhar, permite a concluso de que a distncia fsica no um

    elemento negativo a ser vencido ou superado.

    2.3 Evoluo histrica da EaD

    Propostas de Educao a Distncia tm sido motivadas ao longo da histria, no

    necessariamente respeitando as datas aqui apresentadas, uma vez que um estudo bastante

    detalhado e preciso a esse respeito demandaria dedicao exclusiva ao foco histrico da EaD,

    de suas geraes e dos muitos exemplos de prtica pelo mundo afora. Essas propostas, pelo

    que se pode notar, mesmo atravs de um relato resumido, surgem da necessidade de

    democratizao e de acesso ao conhecimento; da crescente demanda por ensino superior e,

    dentre outros motivos, da busca por desenvolvimento e formao de competncias

    especficas. No mundo inteiro surgiram programas diversos de EaD, ou como parte integrante

    de projetos em universidades convencionais ou nas chamadas universidades abertas,

    traduzindo desde iniciativas de cursos totalmente a distncia at os cursos que mesclam o

    presencial com o virtual, assunto amplamente abordado no captulo seguinte.

    A seguir pretende-se apresentar um relato histrico resumido da EaD Mundial e no

    Brasil, onde o uso dessa modalidade para a disseminao de conhecimentos pode claramente

    ser vista como mais recente.

    2.3.1 A EaD mundial

    O Quadro 2.2 trata de datas referentes implantao das Universidades Abertas e a

    Distncia em todo o mundo, bem como de iniciativas diversas de pioneirismo e sucesso. Esse

    estudo no tem a pretenso de esgotar o relato de marcos histricos da EaD, mas apresenta

    histrias de sucesso interessantes, vivenciadas por escolas que ultrapassavam a marca de 100

    mil alunos j no ano de 1995, conforme Corra (2005). Em todos os casos, a adoo da EaD

    no decorrer de dcadas, tm ocorrido devido a um ou mais dos seguintes motivos:

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    15

    dificuldades geogrficas; demandas de formao profissional; acesso a uma segunda lngua;

    ampliao do atendimento de escolarizao e/ou qualificao profissional.

    De acordo com Arajo e Maltez (2000), enquanto na Sucia, por volta de 1930, j se

    faziam anncios de cursos por correspondncia e, no incio da dcada de 40, Isaac Pitman

    sintetizava os princpios de taquigrafia em cartes enviados aos seus alunos, somente a partir

    da metade do sculo XIX que foram vistas as primeiras aes institucionalizadas de EaD,

    com poucas excees como o Centro Nacional de Educao a Distncia Francs, o CNED.

    O CNED, iniciou em 1939 os seus primeiros cursos por correspondncia e, de acordo

    com Costa Jnior (2000), oferece cursos desde a alfabetizao at mestrado e PhD, num total

    de aproximadamente 3500 opes que inclui at cursos de lngua portuguesa. Se em 1995 j

    tinha formado 184 mil alunos, em 2000 o CNED j havia passado a marca dos 400 mil alunos.

    Desde ento, com a demanda crescente, vem passando por profundas reformulaes

    tecnolgicas, para poder atender seu contingente de alunos com mais e novos recursos de

    mdia digitais para comunicao e educao.

    Passando para as aes datadas da 2 metade do sculo XIX, o que se nota, diante do

    Quadro 2.2 que vem ocorrendo uma gradativa adoo da EaD para o ensino superior desde a

    fundao de Universidades Abertas em todo o planeta. Desde 1969 com a Open University

    Britnica at a nossa Universidade Aberta do Brasil - UAB, 36 anos aps, diversos pases

    passaram pela deciso estruturada de seus governos para a implantao de iniciativas

    similares. No caso britnico, de acordo com OU (2007), a universidade nasceu a partir de uma

    idia, em 1926, do educador e historiador J. C. Stobart e de uma parceria com a Britsh

    Broadcasting Corporation (BBC), a maior emissora pblica de rdio e televiso do Reino

    Unido. J no Brasil a UAB surge como conseqncia de uma iniciativa triangular, que parte

    do MEC, atravs de sua Secretaria de Educao a Distncia - SEED, das universidades

    pblicas interessadas e motivadas para a expanso da EaD e do Frum das Estatais pela

    Educao (UAB, 2007).

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    16

    Fonte: Baseado no texto de Corra (2005).

    Quadro 2.2 Marcos histricos da EaD mundial.

    Ano Descrio 1829 Sucia Instituto Liber Hermodes (150.000 usurios em 1995) 1840 Reino Unido Faculdades Sir Isaac Pitman primeira escola por correspondncia na Europa 1891 Estados Unidos Universidade da Pensilvnia curso sobre medidas de segurana em minerao 1922 Unio Sovitica ensino por correspondncia (350.000 usurios em 1995) 1938 1 Conferncia Internacional da ICDE - International Council for Open and Distance Education 1939 Frana Centro Nacional de EaD ensino por correspondncia (184 mil alunos em 1995) 1946 frica do Sul Unisa Universidade da frica do Sul primeiros cursos superiores a distncia 1969 Reino Unido fundao da Universidade Aberta (200mil alunos em 1995) 1972 Espanha fundao da Universidade Nacional de Educao a Distncia (110 mil alunos em 1995) 1972 Tailndia Sukhothai Thamnathirat (300 mil alunos em 1995) 1972 Mxico Programa Universidade Aberta, inserido na j existente Universidade Autnoma do Mxico 1973 frica do Sul Unisa (130 mil alunos em 1995) 1974 Alemanha implantao da Fern Universitt 1974 Paquisto implantao da Universidade Aberta Allama Iqbal 1974 Israel fundao da Universidade para Todos 1974 Canad reconstituio da Universidade de Athabasca 1977 Venezuela fundao da Universidade Nacional Aberta 1978 Costa Rica Universidade Estadual a Distncia 1978 Japo fundao do Instituto Nacional de Educao por Multimdia 1978 Tailndia fundao da Universidade Aberta SukhothaiThammathirat 1979 China - China TV University System (530 mil alunos em 1995) 1980 Sri Lanka fundao da Universidade Aberta (profisses tecnolgicas e formao docente) 1982 ndia fundao da Universidade Aberta 1982 Coria - Korea National Open University (196 mil alunos em 1995) 1982 Turquia Anadolu University (567 mil alunos em 1995) 1982 Dinamarca implantao da Universidade Jysk Aabent 1982 Irlanda implantao do Centro Nacional de Educao a Distncia 1983 Japo fundao da Universidade do Ar 1983 Colmbia fundao da Universidade Estatal Aberta e a Distncia 1984 Indonsia Universitas Terburka (353 mil alunos em 1995) 1984 Holanda implantao da Universidade Aberta 1985 ndia implantao da Universidade Nacional Aberta Indira Gandhi (242 mil alunos em 1995) 1987 Resoluo do Parlamento Europeu sobre Universidades Abertas na Comunidade Europia 1987 Fundao da Associao Europia de Universidades de Ensino a Distncia 1987 Frana fundao da Federao Interuniversitria de Ensino a Distncia 1987 Blgica implantao do Studiecentrum Open Hoger Onderwijs 1987 Fundao da Saturno: Rede Europia de Ensino Aberto 1988 Portugal fundao da Universidade Aberta 1988 Fundao da Euro Pace, Programa Europeu para Educao Continuada Avanada 1990 Implantao da Rede Europia de Educao a Distncia, baseada na declarao de Budapeste 1991 Relatrio da Comisso sobre Educao Aberta e a Distncia na Comunidade Europia 2005 Institudo o Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB)

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    17

    Tendo em vista que a Open University serve como exemplo a inmeras outras

    universidades espalhadas pelo mundo, e que projetos de EaD sempre se espelham em algo da

    realidade vivenciada no Reino Unido, o questionamento bastante comum, relativo qualidade

    de cursos distncia pode ento ser respondido quando confrontado com essa iniciativa

    pioneira. De acordo com Niskier (2005), a Open University contou com total apoio da rainha

    Elizabeth II, e assim, contratou centenas de professores, considerados os melhores da Gr-

    Bretanha, e a eles delegou a elaborao dos contedos e a avaliao do processo ensino-

    aprendizagem. Niskier conclui que dessa forma, j no h mais questionamentos sobre a

    qualidade dos cursos, a qual est assegurada de forma definitiva. Mais do que apenas garantia

    de qualidade, conforme Barreto (1999), a Open University, mantm um sistema de consultoria

    que busca apoiar e multiplicar, em outras naes, uma educao a distncia de qualidade

    como a que vem empreendendo ao longo de dcadas. Da mesma forma, no somente a

    Inglaterra, mas a Frana e a Espanha tm sido ao longo da histria da educao mundial,

    grandes centros de divulgao, contribuio e inspirao para ampliao da EaD.

    2.3.2 A EaD no contexto brasileiro

    Da mesma forma que se analisa a evoluo histrica da EaD mundial, a modalidade

    vem sendo adotada gradativamente no Brasil e portanto cabe uma rpida avaliao de seu

    crescimento em mbito nacional, que realizada de acordo com o Quadro 2.3, tambm

    baseado no texto de Corra (2005).

    Segundo Moreira e Massarani (2001) em 1923, inaugurava-se a Rdio Sociedade do

    Rio de Janeiro, a primeira no Brasil, em decorrncia de um movimento de cientistas e

    intelectuais do estado, com propostas claramente voltadas educao e difuso cientfica,

    sendo mantida inicialmente, por uma associao que congregava um grande nmero de

    pessoas. O prprio Edgar Roquete Pinto, que participou de sua inaugurao, em 1934 cria a

    Rdio Escola Municipal do Rio de Janeiro, hoje Rdio Roquete Pinto, tambm com fins

    claramente educativos.

    O Movimento Educacional Brasileiro - MEB, de acordo com Corra (2005), era um

    sistema de ensino a distncia no-formal, que utilizava a radiodifuso, atravs de uma ao

    pedaggica conscientizadora, problematizadora e globalizadora. Atingiu, entre 1962 e 1964,

    quase meio milho de camponeses, em 14 estados brasileiros. Ainda, de acordo com Barreto

    (1999), o MEB, concebido pela igreja Catlica e patrocinado pelo Governo Federal,

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    18

    desenvolvia uma pedagogia popular voltada para a alfabetizao, conscientizao, politizao,

    educao sindicalista, instrumentalizao das comunidades e animao popular.

    A TVE do Maranho e a TVE do Cear desenvolveram estudos semelhantes para os

    ensinos regular e supletivo de 5 a 8 srie, usando alm dos programas televisivos, materiais

    impressos e o apoio de orientadores de aprendizagem (Corra, 2005). Tratando da histria da

    Televiso Pblica Educativa, a Associao Brasileira de Televiso Universitria - ABTU as

    aponta, ainda hoje, como as experincias mais significativas da TV Educativa brasileira

    (ABTU, 2007).

    Fonte: Baseado no texto de Corra (2005).

    Quadro 2.3 Marcos histricos da EaD no contexto brasileiro.

    Ano Descrio 1923 Rdio Sociedade do Rio de Janeiro 1934 Rdio Roquete Pinto (inicialmente Rdio Escola Municipal do Rio de Janeiro) 1939 Cursos por correspondncia adotados pela Marinha e Exrcito 1941 Cursos por correspondncia e de formao profissional bsica do Instituto Universal Brasileiro (IUB) 1950 Movimento Educao de Base (MEB) 1967 Projeto Saci / INPE Teleducao via satlite, material de rdio e impresso 1969 TVE do Maranho cursos de 5 a 8 sries, com material televisivo, impresso e monitores 1970 Informaes Objetivas Publicaes Jurdicas (IOB) ensino por correspondncia para setor tercirio 1970 Projeto Minerva cursos transmitidos por rdio em cadeia nacional 1974 TVE do Cear cursos de 5 a 8 srie, com material televisivo, impresso e monitores 1976 Senac Sistema Nacional de Teleducao, com material instrucional (2 milhes de alunos at 1995) 1979 Centro Educacional de Niteri mdulos instrucionais com tutoria e momentos presenciais 1979 Colgio Anglo-Americano (RJ) cursos de correspondncia para brasileiros residentes no exterior 1979 UnB cursos veiculados por jornais e revistas 1980 Associao Brasileira de Tecnologia Educacional aperfeioamento do magistrio: 1 e 3 graus 1991 Fundao Roquete Pinto Um Salto para o Futuro: formao continuada de professores 1992 UFMT/FAE/Nead Licenciatura Plena em educao bsica e Servio de Orientao Acadmica 1993 Senai/RJ cursos de Noes Bsicas em Qualidade Total (16 mil alunos at 1995) 1995 Secretaria Municipal de Educao (RJ) programas televisivos e material impresso 5 a 8 srie 1995 Programa TV Escola SEED/MEC 1995 Laboratrio de Ensino a Distncia Ps-Graduao em Engenharia de Produo da UFSC 1996 Universidade Catlica de Braslia cursos de especializao a distncia 1997 Escola Brasil programa de rdio AM/OC, ensino fundamental (FUNDESCOLA/MEC) 2000 UNIREDE Rede de Educao Superior a Distncia: consrcio de 68 instituies pblicas do Brasil 2000 PROFORMAO formao de professores de nvel mdio (SEED/FUNDESCOLA/MEC) 2001 RENADUC Rede Nacional de Informao e Educao a Distncia gesto escolar UNDIME 2001 PROGESTO capacitao de gestores escolares (consrcio de 24 estados brasileiros) 2002 Projeto Veredas formao de professores em nvel superior (SEED/MG)

    O Sistema Nacional de Teleducao, do Servio Nacional de Aprendizagem

    Comercial - SENAC, foi criado em 1976 e estava baseado em seis grandes centros, buscando

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    19

    atingir uma clientela sem condies de freqentar cursos em horrios e locais fixos. Operava

    principalmente atravs de ensino por correspondncia, e eventualmente com rdio e TV.

    Tendo passado por informatizao e reestruturao em 1991, o Sistema passou a atuar com

    um centro em cada estado brasileiro e o seu brao atual dentro do SENAC, o Centro Nacional

    de Educao a Distncia - CEAD, promove diversas iniciativas em EaD, desde uma srie

    radiofnica at cursos de especializao distncia (SENAC, 2007).

    A Associao Brasileira de Tecnologia Educacional - ABT, que anteriormente

    denominava-se Associao Brasileira de Teleducao, foi instituda em 1971, entretanto

    iniciou em 1980 os cursos para aperfeioamento docente, em nvel de 1 e 3 grau. Tem, de

    acordo com seu estatuto, a finalidade de impulsionar no pas, os esforos comuns e a

    aproximao mtua para o desenvolvimento quantitativo e qualitativo da tecnologia

    educacional, em favor da promoo do Homem e da coletividade (ABT, 2007).

    Um marco tambm importante para a EaD brasileira tem sido, desde 1995, a TV

    Escola, uma iniciativa da SEED/MEC. A TV Escola produz material televisivo, com trs

    horas de programao diria, reprisada quatro vezes por dia, com transmisso pelo BrasilSat e

    recepo por antena parablica. um canal que desenvolve atualmente sries didticas,

    documentrios, o programa Um salto para o futuro e diversos materiais impressos como

    revistas, guias, catlogos e cadernos do professor (Corra, 2005).

    Mais recentemente comearam a surgir iniciativas em universidades, voltadas ento,

    para a EaD aplicada ao ensino em nvel superior. Um exemplo pioneiro o da Universidade

    Federal de Santa Catarina - UFSC, mas muitos outros poderiam ser tambm mencionados, e

    esta lista vem crescendo a cada ano5.

    O laboratrio de educao a distncia LED, da UFSC, criado em 1995, oferece

    cursos de ps-graduao, lato e stricto sensu, e cursos de extenso em todas as reas de

    Engenharia de Produo e reas afins em diversas cidades do Estado de Santa Catarina com

    aulas ministradas a distncia (Brasil, 2000). O LED produz vdeos para sala de aula, CD-roms

    educativos, vdeos sobre qualidade e produtividade, cursos de educao continuada na rea de

    Engenharia de Transportes, bem como desenvolve um Programa de Capacitao de

    Professores da Rede Pblica atravs de teleconferncias, com o qual atinge quase 8 mil

    professores da rede estadual de Santa Catarina (Corra, 2005).

    5 No site da SEED/MEC, http://portal.mec.gov.br/seed/, se obtm acesso as listas de instituies credenciadas

    pelo MEC para cursos: (1) Superiores a Distncia; (2) Ps-Graduao Lato Sensu a Distncia e (3) Seqenciais a

    Distncia. Acesso em 30/12/06.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    20

    Tratando por ltimo, dos projetos liderados pelos governos federal e estaduais, alm

    dos citados TV Escola, Proformao, Progesto e Projeto Veredas, h uma infinidade de

    outros projetos em andamento, como Proinfo, Rived, Paped e a prpria Universidade Aberta

    do Brasil, criada no ano de 2005.

    De acordo com Brasil (2000), a maior iniciativa de educao a distncia em operao

    no Pas, no incio da dcada, seria provavelmente a do Programa TV Escola, da SEED/MEC,

    um curso semipresencial, com material didtico disseminado via TV, 14 horas por dia, e

    complementado por atividades presenciais ou de interao a distncia.

    Uma outra grande iniciativa ressaltada por Brasil (2000) a do Consrcio Unirede,

    formalizado em janeiro de 2000 e composto por 62 universidades pblicas brasileiras. Visa

    aprimorar as iniciativas de EaD nacionais tanto em qualidade como em quantidade de cursos

    e atividades ofertadas.

    Um maior detalhamento dos projetos e atuao governamental para a expanso da

    EaD dado na discusso das leis e decretos que a estabelecem no Brasil, ainda neste captulo.

    Por hora, cabe concordar com Alves (2006), quando declara que houve xitos e

    fracassos nos ltimos cem anos da EaD no Brasil, e com isso, ainda temos um nmero

    pequeno de instituies adotando essa metodologia. A partir dessa constatao, o cenrio

    atual se mostra excelente para o crescimento da EaD, particularmente para as organizaes

    que pretendem investir ou continuar investindo em projetos de qualidade.

    2.3.3 As geraes da EaD

    Uma forma bastante direta e simples de se classificar as geraes da EaD, embora nem

    mesmo a simplicidade seja capaz de encontrar unanimidade, seria atravs do que Litto (2003)

    chama Sistemas de Entrega. Exemplos de sistemas de entrega so cada uma das mdias

    possveis de serem usadas na EaD: impressos, fitas de udio, de vdeo, cd-roms, DVDs,

    internet, rdio, televiso em circuito aberto ou fechado, teleconferncia, videoconferncia, etc.

    Os sistemas de entrega utilizados e como eles so utilizados so a principal forma de

    se visualizar a evoluo da EaD em geraes. Alm da discusso de cada uma destas,

    pretende-se abordar, posteriormente, alguns aspectos da incluso digital necessria para a

    contnua evoluo da EaD at as suas geraes futuras.

    O Quadro 2.4 d uma rpida noo da diviso entre as 3 geraes, o que comentado

    com mais detalhes em cada um dos itens seguintes.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    21

    Fonte: Baseado em Corra (2005) e Coutinho (2003).

    Quadro 2.4 As geraes da Educao a Distncia.

    Aspecto 1 Gerao 2 Gerao 3 Gerao Difuso

    Baixa tecnologia, com materiais impressos, mensagens escritas,

    cartas, fichas e livros

    Multimeios e multimdia,

    com predominncia do Rdio e Televiso

    Tecnologia Interativa via Computadores e as

    Telecomunicaes, incluindo tele-aprendizado, acesso a banco

    de dados, vdeos e textos

    Objetivo

    Atingir alunos desfavorecidos Proporcionar educao permanente e ocupacional Mtodo

    Guias de aluno auto-avaliao e

    instruo programada

    Programas teletransmitidos, pacotes didticos e mediao passiva

    Modularizao das temticas, desenhos didticos a partir de

    carncias formativas

    Meios

    Correio Rdio, TV e materiais audiovisuais Ciberespao, satlites e

    videoconferncia

    Tutoria Atendimento com deslocamento Atendimento dependendo de

    contatos telefnicos Atendimento dependendo de

    contatos eletrnicos

    Interao6

    Pequena interao

    aluno / material didtico

    Leve enriquecimento da interao aluno/contedo

    via multimeios

    Maior interao aluno/contedo/ colegas/tutores/sist.educativo assncrona (comunidades) e

    sncrona (imagem, sons e dados em tempo real)

    2.3.3.1 A 1 Gerao

    Abels (2005) situa a 1 Gerao com seu incio por volta do ano de 1890, entretanto as

    primeiras iniciativas em EaD, bem anteriores a essa data (cerca de 60 anos antes) j usavam o

    principal sistema de entrega dessa gerao: os materiais impressos em cursos por

    correspondncia. Como salientado no Quadro 2.4, a interao era mnima e o objetivo dos

    cursos nesse perodo era basicamente propiciar oportunidade aos menos favorecidos, que no

    encontravam outra forma de continuar seus estudos.

    Desde o incio, na EaD, o comportamento para o processo ensino-aprendizagem era

    determinado sobretudo por meios tcnicos, nesse caso, pelos meios impressos que foram

    fortemente adotados por cerca de um sculo nas universidades europias. De fato, mais

    recentemente tm sido rejeitados por l, de tal forma que o seu uso, hoje, pode ser

    considerado uma exceo (Moore e Anderson, 2003). Pode-se dizer, entretanto, que a 1

    Gerao da EaD se estende at a poca atual ou pelo menos, que os meios impressos, na

    maioria dos contextos, continuam sendo extremamente importantes.

    6 Ao tratar do tema interao e interatividade, Silva (2000a), ressalta que estes so conceitos de comunicao e

    no de informtica, e que podem ser empregados para significar a comunicao entre interlocutores humanos,

    entre humanos e mquinas e entre usurio e servio.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    22

    2.3.3.2 A 2 Gerao

    Uma nova era comeou segundo (Moore, Anderson, 2003; Abels, 2005), com o uso do

    rdio e da televiso como meios de apresentao ou sistemas de entrega (Litto, 2003), a serem

    usados em conjunto ou em substituio aos meios impressos. As universidades a distncia e as

    universidades abertas que foram fundadas em muitas partes do mundo, por volta de 1970,

    ofereciam ento, EaD atravs desses mltiplos meios, na chamada 2 Gerao. Naturalmente,

    o uso destes meios vinha requerer um aprimoramento nos comportamentos para o processo

    ensino-aprendizagem, alterando definitivamente a estrutura pedaggica dos cursos oferecidos.

    (Moore e Anderson, 2003). De acordo com o Quadro 2.4, apesar de ainda ocorrer uma

    mediao passiva, houve um leve enriquecimento da interao, atravs dos multimeios

    oferecidos nessa 2 Gerao.

    Para Peters (1988), a segunda gerao teve um efeito enorme na EaD, gerando um

    novo paradigma e que fatalmente levava os estudiosos a repensar e redefinir o conceito de

    Educao a Distncia. Inicialmente, quando se olha de relance, a proposta dessa nova gerao

    poderia parecer muito atrativa, pois implicava num uso mais pessoalizado das comunicaes e

    num discurso mais acadmico - algo que a EaD na 1 Gerao no tinha. Entretanto, Peters

    relata a possibilidade de um problema fundamental da pedagogia envolvida nessa EaD, a

    adoo de uma educao massiva, em outras palavras, para um grande nmero de estudantes,

    e que requer preterivelmente, um grande nmero de tutores para o acompanhamento dos

    estudantes. Assim, ele ressalta que, somente quando tomados os devidos cuidados, que o

    emprego de oportunidades de dilogo mediadas pelas tecnologias e a interao um pouco

    mais dinmica entre os estudantes e seus colegas, pode reconciliar essa nova gerao com a

    razo de ser da EaD.

    2.3.3.3 A 3 Gerao

    Abels (2005) diz que a 3 Gerao surge quando os cursos a distncia passam a ser

    realizados online, o que em outras palavras concorda com Moore e Anderson (2003) que

    apontam o incio dessa gerao como conseqncia do grande avano das NTICs, e de seu

    crescente uso. Segundo ele, essa gerao est em seu incio. Silva (2003) afirma que, mesmo

    que ainda prevaleam os suportes tradicionais, como o material impresso, o rdio e a TV, no

    h dvida de que o futuro promissor da EaD online.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    23

    Essa nova gerao caracterizada no apenas pela combinao de diversos meios, mas

    pela integrao destes atravs do uso de computadores pessoais. Os ambientes virtuais de

    aprendizagem integrados esto agora disponveis aos estudantes em seus computadores

    pessoais. Mais uma vez, no que diz respeito ao uso pedaggico desses novos meios

    integrados, a evoluo gera uma nova e fundamental mudana nos comportamentos dentro do

    processo ensino-aprendizagem (Moore e Anderson, 2003). Peters (1998), concorda, quando

    destaca que a EaD da 3 Gerao tende a suplantar a EaD da 2 Gerao por meio de uma

    comunicao mediada pelo computador, entretanto, do ponto de vista dos conceitos

    pedaggicos, ao invs de proclamar nova mudana de paradigma, ele coloca a 3 Gerao

    como neutra, ou seja, a visualiza simplesmente como uma gerao acompanhada de recursos

    que permite uma flexibilidade maior e com enorme potencial para o crescimento da

    modalidade.

    Ao que parece, a 3 Gerao da EaD integra as oportunidades providas pelo uso dos

    computadores pessoais na aprendizagem e passa a intensificar tendncias que haviam nas

    geraes anteriores. Isso acontece, de acordo com Peters (1998), primeiramente pelo fato da

    EaD estar, potencialmente, fornecendo o software apropriado, o que d mais sentido e agrega

    maior valor a auto-aprendizagem, atravs da promoo de uma interao mais eficaz. D

    tambm aos alunos a facilidade de acesso a bases de dados e consequentemente, mais

    independncia em relao ao conhecimento de seus professores.

    At recentemente, muitos educadores ignoravam a maior parte das novas tecnologias e

    usavam o processo do ensino convencional, considerando a educao exclusivamente

    presencial como superior a qualquer outra forma de ensinar. Quando os educadores da EaD

    comearam a superar o tirania da distncia e da limitao de possibilidade de interao, o

    contexto de inrcia institutional em que os dirigentes de instituies educacionais e os

    prprios professores estavam, em sua maioria, comeou a mudar (Taylor e Swannell, 2001).

    Hoje, cada vez mais, as instituies vm adotando a Educao a Distncia, e em vrias

    condies diferentes. A partir de ento, parece haver at certa dificuldade em se continuar

    distinguindo as evolues e geraes da EaD.

    2.3.3.4 A incluso digital necessria

    Alguns autores apontam a j existncia de uma 4 Gerao; outros como Garrison e

    Anderson (2003), prevem a sua chegada em breve, classificando-a como uma combinao

    das anteriores que far um maior uso da internet.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    24

    No havendo interesse em discutir como ser a prxima gerao, mas sim, em

    conhecer quais os caminhos se deve trilhar para o bom uso do que se tem na 3 Gerao e para

    as evolues futuras, pretende-se dar destaque realidade da incluso digital brasileira.

    Pesquisas realizadas pelo Comit Gestor da Internet no Brasil, CGI (2006)7, em 2005

    (contando com 8540 domiclios) e em 2006 (em 10510 domiclios, dos quais, 2549 eram da

    regio Sudeste) revelam o caminhar do Brasil rumo Incluso Digital. Apesar de terem

    ocorrido aumentos significativos de um ano para o outro, como por exemplo, os fatos de que

    cerca de 2 milhes de domiclios a mais possuem computadores e 1,4 milhes de domiclios a

    mais possuem acesso internet, ainda h um longo e rduo trecho a percorrer, pois as

    propores revelam que apenas 1 (um) em cada 5 (cinco) domiclios tm acesso ao

    computador, e menos ainda para o acesso internet, conforme a Figura 2.1.

    0%

    1%

    16%

    17%

    61%

    54%

    92%

    96%

    1%

    1%

    18%

    19%

    68%

    50%

    90%

    97%

    0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

    Computador de Mo

    Computador Porttil

    Internet

    Computador de Mesa

    Telefone Celular

    Telefone Fixo

    Rdio

    Televiso

    2005 at Ago/2006

    Figura 2.1 Proporo de domiclios que possuem equipamentos tecnolgicos.

    A Figura revela ainda, um grande percentual de domiclios possuidores de rdios e

    televises. Embora os estudos apontem para uma EaD cada vez mais ligada na internet, no se

    7 As pesquisas do CGI so realizadas atravs de seu Ncleo de Informao e Coordenao NIC, e em parceria

    com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE e o Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e

    Estatstica IBOPE.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    25

    pode simplesmente ignorar que a grande maioria ainda no tem acesso garantido a esse

    recurso. Espera-se, na verdade, que em breve ocorra com os computadores e com o acesso a

    internet o que ocorreu em relao aos telefones celulares que, inclusive, atualmente superam o

    nmero de telefones fixos.

    45,2% 45,7%

    54,8% 54,3%

    29,7%33,1%

    0,0%

    20,0%

    40,0%

    60,0%

    80,0%

    J utilizou computador Nunca utilizoucomputador

    Utilizou nos ltimos 3meses

    2005 at Ago/2006

    Figura 2.2 Taxas de utilizao de computadores no binio 2005/2006.

    As Figuras 2.2 e 2.3 do uma noo aproximada da realidade brasileira em termos de

    acesso ao bem e tecnologia, computador e internet respectivamente.

    32,2% 33,3%

    67,8% 66,7%

    24,4%27,8%

    0,0%

    20,0%

    40,0%

    60,0%

    80,0%

    J utilizou internet Nunca utilizou internet Utilizou nos ltimos 3meses

    2005 at Ago/2006

    Figura 2.3 Taxas de utilizao da internet no binio 2005/2006.

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    26

    Enquanto cerca de 81% das famlias no possui computadores em sua residncia, nota-

    se que um certo nmero de pessoas encontram possibilidades de uso em outros locais. Da

    mesma forma ocorre com o acesso internet, em que a maioria esmagadora, 82% das

    residncias, no a possui, mas ainda assim, as pessoas buscam o acesso em outros locais.

    O alarmante, entretanto, so os percentuais de 54,3% e de 66,7%, do ano de 2006, que

    revelam a parte majoritria da populao, ainda sem acesso ao computador e internet, seja

    para o entretenimento, a pesquisa ou estudos e enriquecimento de sua aprendizagem.

    interessante pensar que cada ponto percentual nas figuras apresentadas representa

    aproximadamente 500 mil domiclios ou ainda 1,5 milhes de indivduos com mais de 10

    anos de idade, sem o acesso que lhes permitiria ser um aluno potencial de iniciativas de EaD.

    A mesma pesquisa do CGI traz outra informao relevante, revelando que a poltica de

    preos para aquisio de computadores ainda no tem sido efetiva. As pessoas entrevistadas

    declaram que, caso os computadores custassem o valor mximo de R$ 1.000,00, elas o

    comprariam. Isso ocorre em 30% dos domiclios com classe social D/E, em 57% da classe C,

    em 79% da classe B e em 91% dos domiclios classe A.

    Uma recente notcia, relacionada ao Projeto Cidado Conectado Computador para

    Todos, d certa esperana de que o Brasil esteja caminhando no sentido de estabelecer maior

    incluso digital. A previso estimada de vendas de computadores no ltimo trimestre de 2006

    seria suficiente para estabelecer um crescimento de 30% em relao a 2005. Enquanto, de

    janeiro a outubro a venda foi de quase 5 milhes de unidades, com as vendas at o final do

    ano estima-se atingir o total de 7 milhes de computadores vendidos em 2006 (Brasil, 2006).

    Alm de projetos como o citado, o Computador para Todos, so necessrias cada vez

    mais medidas para que a EaD possa, em termos de requisitos mnimos, contar com mais

    adeptos. Da mesma forma, s assim, muitos da populao brasileira podero ver na EaD uma

    perspectiva de educao com qualidade, seja ela bsica, intermediria, superior e/ou

    continuada.

    2.4 Os decretos e leis que estabelecem a EaD no Brasil

    De Acordo com Barreto (1999), j na dcada de 70 algumas iniciativas eram

    desencadeadas no Brasil com a finalidade de se trabalhar a implantao de polticas para a

    EaD em nvel superior. Surge em 1972, uma proposta com o objetivo de conhecer o recm

  • Captulo 2 A Educao a Distncia

    27

    implantado modelo universitrio da Open University e, alm disso, defende-se a criao da

    Universidade Aberta do Brasil.

    Embora algumas aes tenham sido desenvolvidas nessa direo e vrios projetos de

    lei propondo a criao de uma universidade aberta brasileira tenham tramitado no Congresso

    Nacional, a idia postergada, como sabemos, para o ano de 2005 (Barreto, 1999) e (Alves,

    2006).

    O desenvolvimento da EaD continua, embora em passos tmidos e morosos, passando

    pela dcada de 80 com a criao do programa de ensino a distncia da Universidade de

    Braslia, com o surgimento da ABT, j mencionados no Quadro 2.3, e muitos outros.

    Enfatizando as medidas tomadas a partir da dcada de 90, a seguir discute-se aspectos

    gerais de alguns decretos e leis que tratam das polticas e incentivos EaD brasileira:

    Decreto n 1.237, de 06 de setembro de 1994 (Brasil, 1994);

    Artigo 80 da lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Brasil, 1996);

    Portaria n 641, de 13 de maio de 1997 (Brasil, 1997);

    Decreto n 2.494, de 10 de fevereiro de 1998 (Brasil, 1998a);

    Portaria n 301, de 7 de abril de 1.998 (Brasil, 1998b);

    Decreto n 2.561, de 27 de abril de 1998 (Brasil, 1998c);

    Portaria n 2.253, de 18 de outubro de 2001 (Brasil, 2001);

    Portaria n 4.059, de 10 de dezembro de 2004 (Brasil, 2004);

    Decreto n 5.622, de 19 de dezembro de 2005 (Brasil, 2005).

    A criao do Sistema Nacional de Educao a Distncia, o SINEAD do MEC, ocorreu

    atravs do decreto n 1.237, de 06 de setembro de 1994 com base na Lei de Diretrizes e Bases

    da Educao - LDB, a lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que no seu artigo 80 incentiva

    o desenvolvimento e a veiculao de programas de ensino a distncia.

    O SINEAD, de acordo com seu primeiro artigo, foi criado com o objetivo de facilitar

    a todo cidado, por meio da educao aberta, continuada e a distncia, o acesso ao

    conhecimento social e cientfico disponvel na sociedade brasileira e tambm, para servir de

    apoio consecuo dos propsitos do Plano Decenal de Educao para Todos, aplicando os

    recursos das comunicaes, telecomunicaes e informtica no sistema educacional

    brasileiro. Assim, de acordo com Barreto (1999), esse sistema poderia catalizar,

    potencializar, ampliar e articular as iniciativas fragmenta