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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM MICROBIOLOGIA VERÔNICA APARECIDA MACIEL LEVANTAMENTO DA FAUNA DE CARRAPATOS PARA O ESTUDO DA PRESENÇA DAS BACTÉRIAS DO GÊNERO Rickettsia CAUSADORAS DA FEBRE MACULOSA NA REGIÃO NORTE (COXIPÓ DO OURO) DO MUNICIPIO DE CUIABÁ MT. Cuiabá - MT 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE BOTÂNICA E ECOLOGIA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM MICROBIOLOGIA

VERÔNICA APARECIDA MACIEL

LEVANTAMENTO DA FAUNA DE CARRAPATOS PARA O ESTUDO DA

PRESENÇA DAS BACTÉRIAS DO GÊNERO Rickettsia CAUSADORAS DA

FEBRE MACULOSA NA REGIÃO NORTE (COXIPÓ DO OURO) DO MUNICIPIO

DE CUIABÁ – MT.

Cuiabá - MT 2016

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VERÔNICA APARECIDA MACIEL

LEVANTAMENTO DA FAUNA DE CARRAPATOS PARA O ESTUDO DA

PRESENÇA DAS BACTÉRIAS DO GÊNERO Rickettsía, CAUSADORAS DA

FEBRE MACULOSA NA REGIÃO NORTE (COXIPÓ DO OURO), DO MUNICÍPIO

DE CUIABÁ-MT.

Monografia apresentada ao Departamento de Botânica e Ecologia do Instituto Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito final para obtenção do Grau de Especialista em Microbiologia.

Orientadora: Profª. Drª. Inês Stranieri. (UFMT)

Cuiabá – MT 2016

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FICHA CATALOGRÁFICA

M152l Maciel, Verônica Aparecida Maciel. Levantamento da fauna de carrapatos para o estudo da presença das bactérias de

gênero Rickettsía, causadoras da febre maculosa na região norte (Coxipó do Ouro), do Município de Cuiabá-MT / Verônica Aparecida Maciel. – 2016.

37f. : il. color.

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Inês Stranieri. Monografia (Especialização) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de

Biociências, Pós-Graduação Lato Sensu em Microbiologia, 2016.

Bibliografia: f. 28-29. Inclui anexos.

1. Carrapatos – Espécies. 2. Carrapatos – Animais domésticos. 3. Febre maculosa. 4.

Rickettsía. I. Título.

CDU – 576.895.42

Ficha elaborada por: Rosângela Aparecida Vicente Söhn – CRB-1/931

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VERÔNICA APARECIDA MACIEL

LEVANTAMENTO DA FAUNA DE CARRAPATOS PARA O ESTUDO DA

PRESENÇA DAS BACTÉRIAS DO GÊNERO Rickettsía, CAUSADORAS DA

FEBRE MACULOSA NA REGIÃO NORTE (COXIPÓ DO OURO), DO MUNICÍPIO

DE CUIABÁ-MT.

Monografia apresentada ao Departamento de Botânica e Ecologia do Instituto Biociências da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito final para obtenção do Grau de Especialista em Microbiologia.

Banca Examinadora

------------------------------------------------------------ Profª. Drª. Inês Stranieri

Orientador (UFMT)

--------------------------------------------------------------- Nome (Membro) UFMT

----------------------------------------------------------------- Nome (Membro) UFMT

Local: Cuiabá – MT

Data de aprovação:..../..../......

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Dedico este trabalho: Aos meus pais, Noemia Souza Nascimento (In memória) e Sebastião de Souza Dias. A toda a minha família, em especial ao meu esposo e filho, João Sansão Maciel e Antônio Geraldo. Sem eles, nada seria possível.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus que sempre esteve comigo, não me deixando desistir dos meus objetivos, e do curso por esta oportunidade única, que me foi concebida, onde eu pude ter novos conhecimentos e que se Deus quiser possa passar a diante tudo que aprendi.

Ao UFMT, Universidade Federal de Mato Grosso, IB/Depto de Botânica e Ecologia, pela oportunidade de fazer o curso.

À coordenação do Curso de Especialização de Microbiologia. Prof. Dr. Marcos Antônio Soares.

Ao vice coordenador do curso professor Dr. Euziclei Gonzaga de Almeida, juntamente com todos os professores que ministraram o curso.

A Prof.ª Drª. Inês Stranieri, minha orientadora pela competente condução de orientar, pelo exemplo, e, sobretudo pela generosidade em transmitir seus conhecimentos.

Aos funcionários da Biblioteca pela gentileza atenção e esclarecimento bibliográfico.

À Banca Examinadora pelo competente exame e sugestões apresentadas. Agradeço principalmente a oportunidade de aprender.

Agradeço a todas as minhas colegas do curso e amigos, que me ajudarem na contribuição deste trabalho. Muito obrigada a todos.

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Deus concedei-me a Serenidade, para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar aquelas que posso e Sabedoria para perceber a diferença.

Oração da Serenidade

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RESUMO

Através desse estudo analisamos e atualizamos nossos conhecimentos sobre as espécies de carrapatos na região norte do Coxipó do Ouro no Município de Cuiabá- MT. Trabalhamos também os riscos de contaminação por infestação de carrapatos em animais vertebrados domésticos e silvestres, realizando a coleta em cão, equino, bovino bem como na vegetação. Pesquisamos ainda através do teste de hemolinfa a presença de bactérias do gênero Rickettsía as quais são agentes etiológicos da Febre Maculosa. A Febre Maculosa é uma doença febril, aguda, infecciosa de gravidade variável, com elevada taxa de mortalidade. A doença é transmitida para o homem por carrapatos de diversos gêneros como Amblyomma spp. Os carrapatos são os principais vetores de microrganismos como as bactérias causadoras da Febre Maculosa. Para a realização do presente levantamento e análise da fauna de carrapatos na região norte do Coxipó do Ouro no Município de Cuiabá – MT; trabalhamos técnicas de coleta de catação em animais domésticos, técnica de arrasto utilizada em peri e extra domicílio tais como: campos, currais e vegetação herbácea. Utilizamos ainda, o método de Gimenez para coloração de lâminas contendo hemolinfa de carrapatos, com objetivos de saber se os mesmos estavam contaminados com bactérias do gênero Rickettsía. Foi constatada a presença de contaminação dos carrapatos em dois locais da coleta. Após os resultados laboratoriais retornamos às localidades e orientamos os moradores, informando-os sobre os cuidados que devemos ter ao entrarmos em contato direto com os carrapatos.

Palavras-chaves: Rickettsía. Vetores. Febre Maculosa.

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ABSTRACT

Through this study we analyzed and updated our knowledge of the species of ticks in the northern are Coxipó do Ouro of the city of Cuiabá - MT. We also worked the risk of contamination by infestation of ticks in domestic and wild vertebrates, making the collection of dog, equine, bovine and vegetation. Researched further through the hemolymph test, the presence of bacteria of the genus Rickettsia which are etiological agents of Spotted Fever. The spotted fever is a febrile illness, acute, infectious of varying severity, with high mortality rate. The disease is transmitted to humans by ticks of several genera Amblyomma spp. Ticks are the main vectors of microorganisms such as bacteria that cause Spotted Fever. For the realization of this survey and analysis of tick fauna in the northern area Coxipó do Ouro of the city of Cuiaba - MT use the grooming collection techniques in domestic animals, drag technique used in Peri and extra home such as fields, corrals and herbaceous vegetation. We also use the Gimenez method for staining slides containing the hemolymph of ticks, to know whether they were contaminated with bacteria. It was possible to verify ticks infected at two points of collection. After laboratory, results returned in the locations and talked to residents informing them of the care that we have to get into direct contact with ticks.

Keywords: Rickettsía. Vectors. Spotted Fever.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Localidades onde foi realizada a coleta de carrapatos no Coxipó do Ouro, município de Cuiabá, no período de 09 e 10 de maio de 2016 ............... 20

Quadro 2 - Espécies de carrapatos coletados nas localidades do Coxipó do Ouro, município de Cuiabá, no período de 09 e 10 de maio de 2016 ............... 23

Quadro 3 - Resultado da análise laboratorial, dos carrapatos capturados na localidade Coxipó do Ouro, Cuiabá, no período de 09 a 10 de maio de 2016 ................................................................................................................... 28

Quadro 4 - Resultado da análise laboratorial, dos carrapatos capturados na localidade Coxipó do Ouro, Cuiabá, no período de 09 a 10 de maio de 2016 ................................................................................................................... 30

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Palma da mão com mácula ........................................................................... 17

Figura 2 - Manchas avermelhadas na pele ................................................................... 17

Figura 3 - Máculas róseas avermelhadas ...................................................................... 18

Figura 4 - Sufusões hemorrágicas .................................................................................. 18

Figura 5 - Técnica de arrasto ........................................................................................... 21

Figura 6 - Local de coleta ................................................................................................. 22

Figura 7 - Coletas em animais ......................................................................................... 22

Figura 8 - Coletas de carrapatos ..................................................................................... 22

Figura 9 - Coletas de carrapatos ..................................................................................... 22

Figura 10 - Colocando carrapatos na placa de petri ...................................................... 23

Figura 11 - Identificação de carrapato .............................................................................. 23

Figura 12 - Corte da pata do carrapato ............................................................................ 24

Figura 13 - Coletando hemolinfa do carrapato ................................................................ 24

Figura 14 - Coloração das lâminas ................................................................................... 24

Figura 15 - Preparação da lâmina ..................................................................................... 24

Figura 16 - Coloração das lâminas ................................................................................... 25

Figura 17 - Preparação da lâmina ..................................................................................... 25

Figura 18 - Células de Hemolinfa Infectadas com bactérias do gênero Rickettsía spp. coloração Gimenez ......................................................................................... 25

Figura 19 - Células de hemolinfa infectadas com bactérias ......................................... 26

Figura 20 - Bactéria do gênero Rickettsia SPP coloração Gimenez ........................... 26

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 12

2 OBJETIVOS .................................................................................................................13

2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................... 13

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 13

3 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................... 14

4 DESENVOLVIMENTO ................................................................................................15

5 METODOLOGIA ..........................................................................................................20

5.1 COLETA EM ANIMAIS DOMÉSTICOS ................................................................... 21

5.2 IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DOS CARRAPATOS COLETADOS .......... 22

5.3 ANÁLISE DA HEMOLINFA - PREPARAÇÃO DAS LÂMINAS COM HEMOLINFA ..........................................................................................................................23

5.4 ANALISES LABORATORIAIS ................................................................................... 24

6 RESULTADO E DISCUSSÃO .................................................................................. 27

7 CONCLUSÃO........................................................................................................ 31

REFERÊNCIAS ...........................................................................................................32

ANEXOS ............................................................................................................... 34

ANEXO 1 – FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE FOCOS DE CARRAPATOS ......35

ANEXO 2 – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO LABORATORIAL ..............................36

ANEXO 3 – ANÁLISE LABORATORIAL TESTE DE HEMOLINFA ..................37

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1 INTRODUÇÃO

Segundo Acalmo (2004), “Nós vivemos em um universo microbiano”. A cada

respiração milhares de microrganismos penetram em nossos organismos. Sendo

assim, a grande maioria destes favorecem os homens no meio ambiente reciclando

os elementos da vida, produzindo muitos alimentos como os produtos industrializados

e tornando-se ferramenta útil para estudo e pesquisa. Existem também outros tipos

de microrganismos causadores de doenças, dentre eles estão as bactérias que podem

ser encontradas em grande diversidade no ambiente Natural. Nesse aspecto

destacamos as do gênero Rickettsía spp. as quais podem causar doenças tanto em

animais como em humanos.

Conforme Labruna et al. (2006), as bactérias do gênero Rickettsía são

intracelulares obrigatórias e vivem em diferentes tecidos de carrapatos que estão

presentes nos mais diversos ecossistemas dentre os quais destacamos o estado de

Mato Grosso que composto pelo cerrado, pantanal e florestas onde a fauna é muito

diversificada. Dentre os animais presentes nos ecossistemas Matogrossense

ressaltamos a anta (Tapirus Terrestres) e a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) que

são reservatórios naturais de bactérias do gênero Rickettsía bem como hospedeiros

de carrapatos; os carrapatos de diversos tipos são vetores de bactérias do gênero

Rickettsía e são agentes etiológicos da Febre Maculosa.

Segundo Fonseca (2007), a Febre Maculosa é uma doença febril aguda

infecciosa de gravidade variável com elevada taxa de mortalidade. É transmitida para

o homem por carrapatos de diversos gêneros em especial o do tipo Amblyomma “spp”.

Esse vetor é muito presente nos microrganismos, dentre as bactérias causadoras da

febre maculosa, diante disso foi realizado um levantamento dessa fauna de carrapatos

na região norte do Coxipó do Ouro no Município de Cuiabá MT, para verificação de

possível contaminação.

Essa pesquisa foi realizada nessa região por ser uma área composta por

diversos sitiantes e chacareiros expostos a ação dessas bactérias. Desta forma por

ser a febre maculosa uma doença grave podendo levar o paciente a óbito realizamos

os trabalhos de investigação e estudo da presença de carrapatos contaminados, bem

como a prevenção e informação aos moradores desta região alertando-os com

relação ao perigo dos mesmos na transmissão de doenças.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar as espécies de carrapatos existentes e a infestação em animais

vertebrados domésticos, silvestres e na vegetação, pelo gênero Rickettsía.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1 - Realizar levantamento das espécies de carrapatos na região norte do

Coxipó do Ouro do Munícipio de Cuiabá MT;

2 - Coletar carrapatos utilizando as técnicas de catação e de arrasto;

3 - Identificações laboratoriais das espécies dos carrapatos coletados;

4 - Realização de teste de hemolinfa para verificar se os carrapatos estão

contaminados com as bactérias do gênero Rickettsía.

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3 JUSTIFICATIVA

A região do Coxipó do Ouro no Município de Cuiabá-MT. Foi delimitada como

campo de pesquisa sob a premissa de ter significativa zona de território rural, com

potencial risco localizado no perímetro urbano com grande número de chácaras, sítios

onde se encontra vasta presença de animais hospedeiros sendo eles domésticos ou

silvestres. Neste ambiente foi detectada considerável manifestação do carrapato vetor

transmissor de vários tipos de doenças, dentre elas a febre maculosa colocando a

população sob eminente risco de entrar em contato direto com esses parasitas.

Durante o processo de investigação, análise e diagnosticação do vetor gerador

da Febre Maculosa oportunizaram - se a possibilidade de ser trabalhada a

conscientização da população local sobre os devidos cuidados, medidas de

prevenção e reais perigos existentes nessas áreas de alta exposição. O método

utilizado dentro desse processo averiguativo foi o teste de hemolinfa, para possível

constatação de contaminação por agente patógeno causador de doenças.

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4 DESENVOLVIMENTO

Segundo Murray et al. (2009), as bactérias são organismos procariontes,

unicelulares que não apresentam membrana nuclear, mitocôndria, complexo de golgi,

ou retículo endoplasmático, que se reproduzem por divisão assexuada.

As bactérias são simples em suas estruturas, é constituída de parede celular

podendo ser encontradas isoladas ou agrupadas. Os principais tipos descritos são:

Células esféricas (cocos), cilíndricas (bacilos), quadradas, espiraladas (vibriões

espirilos e espiroquetas) e o tamanho variam de 1 a 20µm.

O corpo humano pode ser habitado por milhares de diferentes espécies de

bactérias que vivem tanto de forma transitória, como parasitas ocasionando doenças

nos animais e vegetais. As bactérias de forma geral estão presentes no ambiente

natural, no ar que respiramos, no solo na água que bebemos e nos alimentos.

(MURRAY et al., 2009). Dentro dessa diversidade de bactéria, causadoras de doenças

se encontram a bactérias do gênero Rickettsía, agente etiológico da Febre Maculosa.

As Rickettsías conforme Lopes (2012), são microrganismos procarióticos, descritos

como formas de coco bacilares, pequenos bastonetes ou bacilos gram

negativos, que retém fucsina no método de Gimenez, corando-se em vermelho

brilhante, que contrasta com o azul claro em todo seu redor. São aeróbios, parasitas

intracelulares obrigatórios, multiplica-se por fissão binária simples e tem predileção

por glândulas salivares e ovários de artrópodes, mas também infectam e se

multiplicam em células dos intestinos, túbulos de Malpighi e hemolinfa dos carrapatos.

(BURGDORFER,1970; BILLINGS, 1998; GIMENEZ, 1964; WALKER, 2003). Nos

vertebrados, incluindo os humanos, as Rickettsía infectam preferencialmente células

endoteliais que revestem pequenos vasos sanguíneos. Estes microrganismos são

responsáveis pela Febre Maculosa.

A Febre Maculosa teve início como Febre Maculosa das montanhas Rochosas,

foi identificada pela primeira vez nos Estados Unidos, no final do século XIX. Em 1906,

o agente etiológico, a Rickettsía rickettsii, foi descrito por Howard Taylor Ricketts, que

identificou também o carrapato como o principal vetor de transmissão.

Após a epidemia de Tifo no México, o pesquisador Ricketts foi convidado para

pesquisar sobre essa doença. Dias após isolar e identificar o microrganismo causador

da doença contaminando-se com ela e veio falecer de Tifo em 1910. (DEL FIOL et al.,

2010). No Brasil, a Febre Maculosa ficou conhecida como Tifo exantemático

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transmitido pelo carrapato bem como febre petequial ou Febre Maculosa Brasileira.

Foi reconhecida em 1929, em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro. (DEL FIOL et

al., 2010).

Segundo Nascimento (2009) “A Febre Maculosa é uma doença fatal quando

não tratada precocemente, é causada pela bactéria do gênero Rickettsías spp”. A

transmissão da Febre Maculosa ocorre quando a pessoa é picada por uma grande

quantidade de carrapato que ao praticar a hematofagia elimina abundantes secreções

digestivas infectadas causando a Febre Maculosa. A infecção pode ocorrer também

através de lesões da pele ou pelo esmagamento dos carrapatos sem a devida

proteção. Os sintomas da Febre Maculosa são febre moderada a alta, dor de cabeça,

dor no corpo e com o avanço da doença surgem lesões de cor rósea na pele, nos

punhos e tornozelos. Essas lesões podem avançar para outras partes do corpo

especialmente as palmas das mãos e plantas dos pés (BARCI, 2005).

Segundo Battesti (2006) as bactérias causadoras da Febre Maculosa são

transmitidas por carrapatos com variações de 870 espécies, todos agrupados na

subordem ixodida. São divididas em três famílias: Argasidae, Nuttalliellidae e Ixodidae.

No Brasil a família Ixodidae está representada por 117 espécies de gêneros:

Dermacentor, Haemaphysalis, Ixodes, Rhipicephalus e Amblyomma.

Conforme Moliterno (2009), “O ciclo de transmissão ocorre quando o carrapato

ao realizar a hematofagia entra em contato com as bactérias presentes em animais

infectados, as quais entram pela saliva do carrapato e se alojam na hemolinfa”. Os

carrapatos contaminados podem transmitir essas bactérias para seres humanos se

estes ficarem expostos a grande quantidade de picadas desses parasitas podendo

causar a Febre Maculosa. Não há transmissão de pessoa para pessoa não sendo

necessário o isolamento do paciente.

No homem o período de incubação da Febre Maculosa varia de 2 a 14 dias.

Inicia com febre, dor de cabeça (cefaleia), dores musculares (mialgia), náuseas e

vômitos. Entre o 3º e 4º dia surgem as manifestações cutâneas como manchas

(máculas) papulares róseas avermelhadas, predominando nos membros indo para as

palmas das mãos, solas dos pés e para o tronco (BARCI, 2005) (Figuras 1 e 2).

Nos casos graves, com o desenvolvimento da doença, as pápulas vão se

transformando em hemorrágicas. Alguns casos evoluem gravemente, ocorrendo a

morte dos tecidos nas áreas de sufusões hemorrágicas (extravasamento de sangue)

em decorrência da inflamação generalizada dos vasos sanguíneos (BARCI, 2005).

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Conforme as figuras 3 e 4. Se não for tratado o paciente evolui para um estágio de

mal-estar caracterizado pela diminuição da sensibilidade, confusão mental, frequentes

alterações psicomotoras, chegando ao coma profundo, convulsões que podem ocorrer

na fase terminal (BARCI, 2005).

Figura 1 - Palma da mão com mácula

Fonte: (BARCI, 2005)

Figura 2 - Manchas avermelhadas na pele

Fonte: (BARCI 2005).

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Figura 3 - Máculas róseas avermelhadas

Fonte: (BARCI, 2005)

Figura 4 - Sufusões hemorrágicas

Fonte: (BEPA, 2011)

Segundo Fonseca (2007), o tratamento para a Febre Maculosa é realizado

através da aplicação de antibióticos, particularmente ao cloranfenicol, tetraciclinas e

as espiramicina. São administrados por via oral, no caso de maior gravidade, utiliza a

aplicação intravenosa.

O tratamento específico deve ser introduzido para todos os pacientes

procedentes de área endêmica, ou que tenha antecedente de picada de carrapatos,

bem como para pacientes que tiveram contato com animais infectados, com a Febre

Maculosa nos últimos quinze dias e que estejam apresentando um quadro de febre

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elevada, cefaleia intensa e mialgia difusa. É necessária a realização de coleta de

tecidos para a realização de exames laboratoriais para a confirmação de casos.

(SUCEN, 2004).

Conforme a Sucen (2004), ainda não está à disposição para a população uma

vacina eficaz contra a Febre Maculosa. A principal medida profilática consiste em

evitar contatos com carrapatos e se entrar em contato com os carrapatos são

necessários exames minuciosos da pele à procura de carrapatos. Esses cuidados

devem ser frequentes em indivíduos que frequentam áreas infestadas. A remoção de

carrapatos deve ser efetuada com bastante cuidado. É necessário o uso de

antissépticos na região da pele onde foram retirados os carrapatos.

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5 METODOLOGIA

Para a realização da coleta de carrapatos na região norte do Coxipó do Ouro

Município de Cuiabá Mato Grosso foi utilizado técnicas que consiste na coleta de

catação em animais domésticos ou silvestres e Técnica de arrasto a qual é usada em

peri extra domicílio como quintais, campos, currais e em vegetação herbácea. A

armadilha utilizada para a Técnica de arrasto é feita com tecido de algodão onde ao

passar o tecido na vegetação faz com que os carrapatos fiquem fixados no mesmo.

(SERRA-FREIRE, 1982; SONENSHINE, 1993).

A coleta foi realizada nos dias 09 e 10 de maio de 2016, na região do Coxipó

do Ouro, Município de Cuiabá nas localidades a baixo conforme o quadro 01.

Quadro 1 - Localidades onde foi realizada a coleta de carrapatos no Coxipó do Ouro, município de Cuiabá, no período de 09 e 10 de maio de 2016.

Local da coleta Localização Geográfica

Chácara Estância Paraiso “S 15°25’70.4”

“W 055°59’05.3”

Chácara City Camp “S 15°27’48.2”

“W 055°55’75.8”

Chácara Nossa Senhora Aparecida “S 15°33’21.0”

“W 055°59’0.80”

Chácara Santa Laura Vicuna “S 15°32’89.0”

“W 055°65’32.7”

Chácara Leia a Bíblia “S 15°28’48.0”

“W 055°58’72.7”

No dia 09 de maio realizamos contato com sitiantes e chacareiros da região.

Conversamos sobre os cuidados que devemos ter no campo com relação aos

carrapatos, sob autorização dos mesmos foi efetuado as devidas coletas nos animais

usando a prática da técnica de arrasto. No mesmo dia, iniciam-se as primeiras coletas

nos animais na chácara Estância Paraiso onde foi realizada a captura dos carrapatos

em bovinos, equinos e cães por meio da técnica de arrasto. A segunda coleta foi

realizada na chácara City Camp nos cães utilizando a técnica de catação. A terceira

coleta foi realizada na chácara Nossa Senhora Aparecida e a quarta foi feita nos

animais na chácara Leia Bíblia.

Durante a análise em campo todos os pontos da localidade foram

adequadamente georeferenciados bem como aferidas as temperaturas do ambiente

tanto a máxima quanto a mínima tendo em vista que a mesma interfere diretamente

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na coleta de carrapato devido à sensibilidade dos mesmos a temperatura do ambiente.

No dia 10 de maio de 2016 na Chácara Santa Laura Vicuna, foram coletados

carrapatos em bovinos, equinos utilizando-se a técnica de arrasto conforme Serra

Freire et al. (1982).

O arrasto é indicado para locais de vegetação do tipo herbáceas (gramíneas,

leguminosas e forrageiras), bem como nas áreas de confinamento de animais, tais

como pastos e peri domicílios (SERRA-FREIRE et al., 1982).

Na atividade a campo foi realizado o reconhecimento da área a ser trabalhada,

logo após iniciamos a técnica de arrasto encostando a flanela na grama ou arbusto

puxando-a pelo cordão. A cada dez passos foi feito uma parada para a verificação dos

carrapatos fixados na flanela, os mesmos foram retirados com pinça de ponta fina e

colocados em um recipiente adequadamente identificado conforme a figura número

05.

Figura 5 - Técnica de arrasto

5.1 COLETA EM ANIMAIS DOMÉSTICOS

Apropriadamente equipados com EPIS, ocorre então a realização da coleta, o

reconhecimento da área assim como a verificação das espécies de animais e em

seguida inicia-se o processo de catação conforme as figuras 06 e 07.

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Figura 6 - Local de coleta Figura 7 - Coletas em animais

Utilizando EPIS, as mãos adequadamente protegidas com luvas descartáveis,

seguramos os carrapatos com o dedo indicador e o polegar próximo ao aparelho bucal

do parasita. Faz-se pequena pressão e uma leve torção puxando um a um com cautela

para não esmagar e nem perder o aparelho bucal que é crucial para identificação da

espécie. Os mesmos foram armazenados em frascos devidamente perfurados e

posteriormente enviados ao laboratório para identificação. Conforme figuras 08 e 09.

Figura 8 - Coletas de carrapatos Figura 9 - Coletas de carrapatos

5.2 IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES DOS CARRAPATOS COLETADOS

Em laboratório o material coletado no campo, adequadamente acondicionado

recebe identificação com nome do coletor, gênero, espécie, local e data. Para a

realização do processo de identificação foi utilizado microscópio estereoscópio

(lupas), microscópio óptico, placa de petri, pinças clínicas, estiletes, fichas de

identificação e álcool. Os mesmos foram identificados segundo a chave taxonômica

de Battesti (BATTESTI et al., 2006), conforme as figuras 10 e 11.

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Figura 10 - Colocando carrapatos na placa de petri Figura 11 - Identificação de carrapato

Segundo Almeida (2013) os carrapatos estão fixados na pele de animais ou

vivendo livremente no ambiente. Durante os trabalhos de campo executamos coleta

de carrapatos em animais e utilizamos a técnica de arrasto para coletar os carrapatos

presente na vegetação. Os carrapatos coletados e os locais onde foram coletados

estão descritos no quadro 02.

Quadro 2 - Espécies de carrapatos coletados nas localidades do Coxipó do Ouro, município de Cuiabá, no período de 09 e 10 de maio de 2016

Local Animal Espécie Quantidade

Chácara Estância Paraiso Cão Rhipicephalus sanguíneus 110

Chácara City Camp Cão Rhipicephalus sanguíneus 47

Chácara Nossa Senhora Aparecida Cavalo Dermacentor nitens 55

Cavalo Amblyomma cajennense 10

Chácara Santa Laura Vicuna Cavalo Dermacentor nitens 85

Bovino Rhipicephalus (B) microplus 56

Chácara Leia a Bíblia Cão Rhipicephalus sanguíneus 55

5.3 ANÁLISE DA HEMOLINFA - PREPARAÇÃO DAS LÂMINAS COM HEMOLINFA

Segundo Costa (2012), o teste de hemolinfa segue o protocolo descrito por

Burgdorfer (1970), onde o procedimento é realizado em vários carrapatos. Para retirar

a hemolinfa do carrapato é necessário cortar um terço de uma das patas. Para a

realização desse corte é necessária utilização de uma tesoura cirúrgica de ponta fina,

uma pinça cirúrgica também de ponta fina e microscópio estereoscópio. Ao realizar o

corte na pata do carrapato sairão gotas de hemolinfa da pata cortada e essas gotas

serão colocadas em lâminas devidamente esterilizadas. Após ter colocado as gotas

de hemolinfa nas lâminas as mesmas deverão ficar em repouso por algumas horas.

Após a hemolinfa haver secado, a lâmina, deverá ser preparada com corantes para a

visualização das bactérias do gênero Rickettsía spp. (GIMENZ, 1964). Esses

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procedimentos devem ser realizados conforme as figuras 12 e 13.

Figura 12 - Corte da pata do carrapato Figura 13 - Coletando hemolinfa do carrapato

5.4 ANALISES LABORATORIAIS

No dia 12 de maio de 2016 começamos a preparação de lâminas com hemolinfa

de carrapato, seguindo as técnicas de coloração das lâminas utilizamos a Fucsina, a

solução tampão e verde malaquita, e os corantes utilizados para visualização de

bactérias presentes na hemolinfa.

Após a coleta de hemolinfa começamos a trabalhar as técnicas de coloração

das lâminas utilizando os corantes apropriadamente preparados. Esses

procedimentos foram realizados conforme a as figuras 14, 15, 16, 17, 18,19 e 20.

Figura 14 - Coloração das lâminas Figura 15 - Preparação da lâmina

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Figura 16 - Coloração das lâminas Figura 17 - Preparação da lâmina

Figura 18 - Células de Hemolinfa Infectadas com bactérias do gênero Rickettsía spp. coloração Gimenez

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Figura 19 - Células de hemolinfa infectadas com bactérias

Figura 20 - Bactéria do gênero Rickettsia SPP coloração Gimenez

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6 RESULTADO E DISCUSSÃO

No dia 09 de maio de 2016 realizamos coletas de carrapatos em várias

localidades onde foram aplicadas as técnicas de coleta e a técnica de arrasto. Na

chácara Estância Paraíso coletamos 110 Rhipicephalus sanguíneus em cão, na

Chácara City Camp coletamos 47 Rhipicephalus sanguíneus também em cão, na

Chácara Nossa Senhora Aparecida coletamos 55 Dermacentor nitens em equino e 10

Amblyomma cajennense em o mesmo, na Chácara Santa Laura Vicuna coletamos 85

Dermacentor Nitens em equino e 56 Rhipicephalus (B) microplus bovino, na Chácara

Leia a Bíblia coletamos 55 Rhipicephalus sanguíneus em cão. Os carrapatos

coletados estão descritos no quadro 2.

No dia 12 de maio de 2016 executamos o teste de hemolinfa dos carrapatos

coletados nas localidades trabalhadas. Dos carrapatos coletados na Chácara Estância

Paraiso, foram submetidos ao teste de hemolinfa 40 Rhipicephalus sanguíneus os

resultados foram negativos. No dia 12 de maio realizamos o teste de hemolinfa em 40

Rhipicephalus sanguíneus coletados na Chácara City Camp, todos deram negativos.

Dia 13 de maio de 2016 realizamos o teste de hemolinfa em 40 Dermacentor nitens

coletados na Chácara Nossa Senhora Aparecida em que preparamos lâminas com

hemolinfa e todas as amostras deram positivas, também no dia 13 de maio realizamos

teste de hemolinfa em 40 Rhipicephalus sanguíneus coletados na chácara Leia a

Bíblia em que os resultados de todas as lâminas preparadas também deram positivos.

Até então no dia 13 de maio realizamos teste de hemolinfa de 20 Dermacentor nitens

e 20 Rhipicephalus sanguíneus coletados na chácara Santa Laura Vicuna e todos

deram negativos conforme descrito no quadro 3.

A temperatura média durante os dias de coletas ficou entre 29.04°C (máxima)

18.28 (mínima). A umidade relativa do ar ficou entre 81.8% (máxima) e 71.8%

(mínima). Nas chácaras trabalhadas foram capturados 418 carrapatos, sendo 10

pertencentes à espécie Amblyomma cajennense, 140 pertencentes à espécie

Dermacentor nitens, 56 pertencente a espécie Rhipicephalus (B) microplus e 212

pertencentes à espécie Rhipicephalus sanguineus. Do total de material coletado foi

retirado hemolinfa de 200 carrapatos para análise laboratorial, no qual seis lâminas

deram positivos para bactérias do gênero Rickettsía spp. Conforme descrição no

quadro 3.

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Quadro 3 - Resultado da análise laboratorial, dos carrapatos capturados na localidade Coxipó do Ouro, Cuiabá, no período de 09 a 10 de maio de 2016.

Data Ficha Amostra Espécie de carrapato Animal Nº de carrapatos

Resultado

12/05/2016 01 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

12/05/2016 01 02 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

12/05/2016 02 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

12/05/2016 02 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

13/05/2016 03 01 Dermacentor nitens Equino 20 Negativo

13/05/2016 03 02 Dermacentor nitens Equino 20 Positivo

13/05/2016 04 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

13/05/2016 04 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Positivo

13/05/2016 05 01 Dermacentor nitens Equino 20 Negativo

13/05/2016 05 02 Rhipicephalus(B) microplus

Bovino 20 Negativo

Ficha 01 – Chácara Estância Paraiso; Ficha 02 – Chácara City Camp; Ficha 03 – Chácara Nossa Senhora Aparecida; Ficha 04 – Chácara Leia a Bíblia; Ficha 05 – Chácara Santa Laura Vicuna.

Gráfico 1 - Carrapatos analisados por espécies

120 100

80

60 Série1

40 20

0

Rhipicephalus sanguíneus

Dermacentor Rhipicephalus (B) nitens microplus

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Gráfico 2 - Percentual de carrapatos contaminados por espécies

Durante a realização do Teste de Hemolinfa constatamos a presença da

bactéria de gênero Rickettsía em 20% dos carrapatos analisados dando um total de

40 carrapatos. Os locais pesquisados foram adequadamente georeferenciados bem

como aferidas as temperaturas máxima e mínima durante os períodos de coleta.

Através deste trabalho obtivemos informações sobre as diversas espécies de

carrapatos existentes nessas localidades e através dos testes de hemolinfa

verificamos os carrapatos das espécies Rhipicephalus sanguíneus e Dermacentor

nitens contaminados por bactérias dando um percentual de 20% de carrapatos

contaminados somando um total de 40 carrapatos. Nas localidades analisadas que

apresentaram resultados positivos para bactérias do Gênero Rickettsía, foi realizado

o trabalho de notificação junto aos moradores, bem como orientação sobre os devidos

cuidados, precauções e medidas preventivas a serem tomadas ao entrar em contato

direto com o parasita.

No quadro 03 apresentamos a frequência das espécies encontradas e a

positividade em relação a contaminação pelo gênero Rickettsía.

10%

9%

8%

7%

6%

5%

4%

3%

2%

1%

0%

Série1

Rhipicephalus Dermacentor nitens sanguíneus

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Quadro 4 - Resultado da análise laboratorial, dos carrapatos capturados na localidade Coxipó do Ouro, Cuiabá, no período de 09 a 10 de maio de 2016.

Data Ficha Amostra Espécie de carrapato Animal Nº de carrapatos

Resultado

12/05/2016 01 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

12/05/2016 01 02 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

12/05/2016 02 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

12/05/2016 02 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

13/05/2016 03 01 Dermacentor nitens Equino 20 Negativo

13/05/2016 03 02 Dermacentor nitens Equino 20 Positivo

13/05/2016 04 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Negativo

13/05/2016 04 01 Rhipicephalus sanguíneus Cão 20 Positivo

13/05/2016 05 01 Dermacentor nitens Equino 20 Negativo

13/05/2016 05 02 Rhipicephalus(B) microplus

Bovino 20 Negativo

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7 CONCLUSÃO

1 – Realizamos a coleta de carrapatos de várias espécies em diferentes

animais domésticos e na vegetação presente nas localidades da Região do Coxipó do

Ouro no município de Cuiabá.

2 – As espécies de carrapatos coletadas foram: Dermacentor nitens,

Rhipicephalus sanguíneus, Amblyomma cajennense e Rhipicephalus (B) Microplus.

3 – Realizamos a coleta utilizando os métodos de coleta em animais e o

método da técnica de arrasto.

4 – Identificamos através do teste de hemolinfa o gênero Rickettsía.

Foi constatada a presença de contaminação dos carrapatos em dois locais da

coleta. Após os resultados laboratoriais retornamos às localidades e orientamos os

moradores, informando-os sobre os cuidados que devemos ter ao entrarmos em

contato direto com os carrapatos.

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ANEXOS

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ANEXO 1 – FICHA DE INVESTIGAÇÃO DE FOCOS DE CARRAPATOS

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ANEXO 2 – FICHA DE IDENTIFICAÇÃO LABORATORIAL

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ANEXO 3 – ANÁLISE LABORATORIAL TESTE DE HEMOLINFA