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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA CURSO DE ZOOTECNIA ANIELI LORENZET MONITORAMENTO DE NINHOS DE JACARÉS DO PANTANAL (Caiman yacare, ALLIGATORIDAE) NA RPPN SESC PANTANAL, POCONÉ - MT CUIABA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

CURSO DE ZOOTECNIA

ANIELI LORENZET

MONITORAMENTO DE NINHOS DE JACARÉS – DO – PANTANAL (Caiman yacare, ALLIGATORIDAE) NA RPPN SESC – PANTANAL, POCONÉ - MT

CUIABA 2016

ANIELI LORENZET

MONITORAMENTO DE NINHOS DE JACARÉS – DO – PANTANAL (Caiman yacare, ALLIGATORIDAE) NA RPPN SESC – PANTANAL, POCONÉ - MT

Trabalho de Conclusão do Curso de Gradação em Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, apresentado como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Zootecnia. Orientador: Prof. Dr. Felipe Franco Curcio

CUIABA 2016

ANIELI LORENZET

"MONITORAMENTO DE NINHOS DE JACARÉS-DO PANTANAL (Caiman yacare,

ALLlGATORIDAE"

Trabalho de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau deBacharel em Zootecnia pela Universidade Federal de Mato Grosso .

BANCA EXAMINADORA

Prof. O . F L1PE FRANCO CURCIODe;;:p~~,.,;,I,....;.,<o de Biologia e Zoologia/lBUniversidade Federal de Mato Grosso

Presidente da Banca

Profa. Ora. THELMA MICHELLA SADDIDepartamento de Zootecn ia e Extensão Rural/FAMEVZ/UFMT

PfOt: Dr.kCIO AQUIO HOSHIBADepartamento de Zootecnia e Extensão RurallFAMEVZ/UFMT

Cuiabá2016

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela graça de permitir ao homem desfrutar da beleza

de suas criações. Por não me deixar perder a fé e me conduzir até aqui.

A minha família, pelo respeito e amor mutuo. Meu amado paizinho Gilson,

meu orgulho, pelo trabalho e esforço dedicados a mim até hoje, pelos cabelos

brancos que lhe dei de preocupação e por tornar esse dia possível, o meu amor e

eterna gratidão. Pelo carinho de Ana Maria, minha linda mãe, pelas palavras nas

horas difíceis e aos meus irmãos, que tanto amo, Gilcieli, pela companhia, por me

aturar e sonhar meus sonhos comigo e Juliano, o orgulho da família.

Ao meu orientador e amigo, Felipe F. Curcio, excelente professor, exemplo de

humildade, por me aceitar como aluna e me proporcionar essa experiência única de

vivência em campo. Por acreditar sempre que seria capaz e por conhecer a

importância de cada palavra contida nesse trabalho. Pela atenção, bom humor,

preocupação, carinho e paciência, o meu respeito e gratidão.

Aos meus amigos Adrielle, Kellen, Wemerson e Jackeline, pelo privilégio de

vossas companhias durante o decorrer do curso, pelo afeto, risos e torcida.

Ao proprietário, por abrir as portas e aos funcionários da RPPN - SESC

Pantanal pelo apoio, dedicação e excelente trabalho.

E por fim, aos componentes da banca, Professores Márcio e Thelma, pela

alegria, disponibilidade, paciência e por aceitarem o convite de dividir comigo este

momento.

Obrigada.

“Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa.

A paciência tudo alcança.

Quem a Deus tem nada lhe falta”

Santa Teresa de Ávila

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Localização da área de estudo: a elipse representa a abrangência da área amostrada; os triângulos representam as bases de apoio (1 – Posto Espírito Santo, 2 – Posto São Luiz); as texturas representam as formações do Pantanal (quadrículas), Cerrado (marrom) e matas secas transicionais (cinza sólido). ...................................................................... 12

Figura 2. Detalhe da área de estudo delimitada pela elipse da Figura 1, com os

pontos de busca demarcados em imagem de satélite. ........................... 12

Figura 3. Imagens de alguns pontos de busca que estão representados na Figura 2 entre as Bases de Apoio Espirito Santo e São Luiz. ............................... 13

Figura 4. Ninhadas encontradas nas áreas de monitoramento. ............................... 14 Figura 5. Período de transição entre a estação seca (A) e a cheia (B),

correspondendo ao período de deslocamento de populações em decorrência do início do período reprodutivo. .......................................... 15

Figura 6. Indivíduos enterrados na lama de uma lagoa localizada no posto de apoio

São Luiz.. ............................................................................................... 15 Figura 7. Uma das fêmeas encontradas montando guarda em seu ninho. ............... 16 Figura 8. Ninhos sendo cobertos pela água até completa submersão. ..................... 17 Figura 9. Ninho escolhido para avaliação do estado dos embriões e contagem de

ovos. ......................................................................................................... 17

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos de procura e monitoramento de ninhos de Caiman yacare na RPPN-SESC Pantanal............................ 11

LISTA DE ABREVIATURAS

CITES – Convention on International Trade in Endangered Species

CRC – Comprimento rostro-cloacal

LC – Menos Preocupante

RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural

SBH – Sociedade Brasileira de Herpetologia

IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. OBJETIVO(S) .......................................................................................................... 3

3. REVISÃO ................................................................................................................ 4

3.1 Aspectos Gerais .................................................................................................... 4

3.2 Maturação Sexual ................................................................................................. 6

3.3 Ciclo Reprodutivo .................................................................................................. 7

3.4 Nidificação e Postura ............................................................................................ 7

4. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 10

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 14

6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 19

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 20

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 21

RESUMO

O Pantanal mato-grossense é conhecido pela sua extensa área e por abrigar uma

grande diversidade de espécies. Dentre as mais conhecidas está o “jacaré-do-

pantanal” (Caiman yacare), muito abundante na região e que desperta interesse

econômico principalmente por sua pele e carne, embora as pesquisas sobre a

espécie no Pantanal do estado de Mato Grosso são escassas. Este estudo foi

desenvolvido na Reserva Particular SESC Pantanal entre os meses de agosto 2013

a abril de 2014 e teve como objetivo monitorar as perturbações sofridas pelos ninhos

de C. yacare decorrentes de intempéries naturais (e.g., o regime fluviométrico) e da

ação de predadores potencias. Apesar da Reserva apresentar uma vasta área de

mata fechada não inundável, com substrato e condições favoráveis ao processo de

nidificação conforme observado na literatura, foram encontrados 6 ninhos as

margens do Riozinho e 1 ninho as margens do Rio Cuiabá. Através do

acompanhamento dos mesmos, verificou-se que os sítios de nidificação escolhidos

pelas fêmeas reprodutoras dentro do local de foram determinantes para o insucesso

das ninhadas em questão. Além disso, corrobora-se que as chances de

sobrevivência individual de filhotes até a idade reprodutiva são baixas, mesmo com o

grande investimento no cuidado parental, já conhecido para a espécie. Dos ninhos

encontrados, todos foram submersos pelo aumento abrupto do nível do rio,

ocasionando a perda de todas as ninhadas monitoradas. Devido à falta de estudos

na região Pantaneira de Mato Grosso não foi possível a comparação dos resultados

apresentados, o que reforça o argumento de que estudos de longo prazo abordando

o tema serão fundamentais para avaliar o estado de conservação dos jacarés-do-

pantanal na área. Apenas com estes esforços será possível municiar a comunidade

científica de dados para subsidiar o manejo da espécie in situ e em cativeiro.

Palavras-chaves: crocodilianos, inundação, Mato Grosso, monitoramento, ovos,

Pantanal.

1

1. INTRODUÇÃO

Em sua grandiosa extensão, abrangendo uma área de 624.320 km², sendo

aproximadamente 62% no Brasil, 20% na Bolívia e 18% no Paraguai é tida como

berço de 4.700 espécies entre flora e fauna (WWF Brasil). Dentre elas, o “jacaré-do-

pantanal” (Caiman yacare) é uma das mais cobiçadas por ser muito abundante e

localmente explorada como recurso alimentar e econômico na região (COUTINHO &

CAMPOS, 1996), MOURÃO et al., 2002).

As populações de jacarés-do-pantanal foram intensamente caçadas nas

décadas de 1970 e 1980 e, após amparadas oficialmente por leis de proteção e

programas de manejo sustentável (THORBJARNARSON, 1992), se enquadram

atualmente na lista de categoria Menos Preocupante (LC), segundo a Avaliação

global da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) de 2003.

Mesmo assim, sua abundancia local chama a atenção por seu potencial econômico,

instalado no apêndice II da Convention on International Trade in Endangered

Species (CITES), permitindo e regulamentando o comércio internacional. Sua

utilização por humanos se dá desde alimentação (ovos e carne), uso medicinal e

indústrial (LATHRAP, 1973). Também exercem papel fundamental na ecologia,

sendo considerados “controladores” de patógenos como a esquistossomose, devido

sua alimentação diversificada incluir caramujos transmissores da doença (MOLINA &

PAOLA, 2008). Adicionalmente, segundo os autores, suas fezes servem de alimento

para peixes e outros organismos aquáticos, contribuindo assim com a ciclagem de

nutrientes.

O sucesso reprodutivo é um dos parâmetros cruciais à estabilidade das

populações de crocodilianos uma vez que a maturação das gônadas inicia-se a

partir de 5 anos para machos enquanto que as fêmeas são mais tardias

apresentando ovários maduros aos 7 anos (COUTUNHO, 2001). Adicionalmente,

segundo Campos (1993), as inundações decorrentes dos ciclos plurianuais e a

predação de ninhos são as principais causas da mortalidade dos embriões, embora

a quantificação do reflexo destas pressões ambientais não seja precisa. No entanto,

2

para Campos et al. (2013), a maior ameaça à espécie não é decorrente de ações

climáticas, nem mesmo a ação de predadores como mamíferos, aves e outros

répteis, mas sim da ação antrópica que gera supressão dos hábitats naturais

(urbanização, desmatamentos, atividades agropecuárias e industriais, construções

de usinas e caça ilegal).

De acordo com o Livro Vermelho da Fauna Brasileira (2008), o maior entrave

à conservação dos répteis brasileiros se deve ao desconhecimento sobre sua

biologia e distribuição. Considerando que o número de ninhos presentes em uma

área equivale ao número de fêmeas reprodutoras naquele local e ano, os

levantamentos sobre nidificações representam uma forma eficiente de estimar o

sucesso reprodutivo e incremento populacional (CHABREK, 1966; BAYLISS, 1987).

Porém, o Livro Vermelho (2008), relata a inexistência de programas de

monitoramento de populações para a grande maioria das espécies o que

praticamente impossibilita avaliações seguras sobre seu estado de conservação.

Neste sentido, torna-se fundamental o estudo da biologia reprodutiva do

jacaré-do-pantanal através do acompanhamento dos ninhos ao longo do período de

nidificação postura e eclosão, não apenas registrando o sucesso e número de

neonatos, mas também eventuais perturbações, tais como a visitação de predadores

e a ação de intempéries naturais que podem afetar a dinâmica populacional.

3

2. OBJETIVO(S)

O presente estudo tem como objetivo estimar o sucesso de eclosão dos ovos

de C. yacare através de monitoramento de ninhos e registro de possíveis

perturbações.

4

3. REVISÃO

3.1 Aspectos Gerais

Os répteis, ao longo da evolução, desenvolveram diferentes especializações e

adaptações estruturais que os permitiram ocupar quase todos os ecossistemas

terrestres, nos mais variados ambientes (LEMA, 2002).

Atualmente são reconhecidas para o território brasileiro 808 espécies de

répteis, o que representa quase 8% das mais de 10.200 mil espécies conhecidas no

mundo (UETZ & HOSEK, 2016). Além desta enorme riqueza de espécies, mais de

um terço da nossa fauna é endêmica do Brasil.

Os crocodilianos apresentam o crânio e pelve especializados, pescoço curto e

rostro longo, esta última característica representando uma tendência morfológica

altamente associada à piscivoria (POUGH et al., 1998). Ao longo da evolução, os

crocodilianos desenvolveram um palato secundário que desloca a passagem de ar

para a porção caudal da boca, permitindo sua respiração ao mesmo tempo que se

alimentam, dilacerando suas presas sob a água (ANDRADE et al., 2006; MADER et

al., 2006); as mandíbulas são fortemente armadas com numerosos dentes (POUGH

et al., 1998), e uma dobra de tecido originária da base lingual, forma uma vedação

que impede a passagem de água entre a garganta e a boca, evitando a inalação

quando estiverem somente com as narinas expostas (POUGH et al., 2003). O corpo

é vigoroso e cilíndrico com uma cauda espessa e poderosa, usada para golpear e

impulsionar o corpo na água através de movimentos ondulatórios (TORRES, 2012).

Variam em tamanho, podendo na idade adulta atingir entre pouco mais de 1

até 7 m de comprimento, como o crocodilo de água salgada [Crocodylus porosus

(Crocodylidae)] (POUGH et.al., 2008). Segundo o mesmo autor, sua pele apresenta

osteodermos (Grego osteo = osso; dermis = pele) localizados sob as escamas,

cobertos por uma epiderme espessa e queratinosa, conferindo-lhes um revestimento

bastante rígido e protetor.

5

Os crocodilianos são eficazes predadores semiaquáticos de topo de cadeia

(MARTINS et al., 2001). Utilizam-se de emboscadas para capturar suas presas,

principalmente em águas rasas (POUGH et.al., 1998). Sua dieta inclui diversos itens,

podendo se alimentar de qualquer animal vivo passível de ser capturado incluindo

indivíduos de mesma espécie (SANTOS et al., 1993). A dieta varia de acordo com a

idade, habitat, estação do ano e área de ocorrência (WEBB et al., 1982). Filhotes

consomem principalmente insetos, crustáceos e moluscos, passando a predar

pequenos vertebrados conforme ganham massa corporal ao longo do crescimento

(SANTOS, 1997).

Estudos têm indicado o jacaré-do-pantanal, C. yacare, como uma das

espécies de crocodilianos mais vigorosas do mundo, com densidades superiores a

100 indivíduos/Km², distribuídos por toda planície Pantaneira (COUTINHO &

CAMPOS 1996, MOURÃO et al., 2002). Esse fato pode estar relacionado à sua

maior resiliência em resposta às alterações ambientais, quando comparado às

outras espécies de crocodilianos brasileiros (CAMPOS et al., 2010). São

normalmente encontrados ativos na água, ocorrendo também movimentos

migratórios em terra, nas regiões de clima sujeito a estiagens sazonais com estação

seca severa e de alta restrição hídrica (CAMPOS 2003, CAMPOS et al., 2006,

CAMPOS et al., 2008). Movimentam-se em grupos, fato relacionado à

disponibilidade de alimentos e comportamento reprodutivo, sendo comumente

encontrados em poços construídos ao lado das estradas, açudes para o gado e

outros reservatórios artificiais (CAMPOS et al., 2010).

Por se tratar de animais ectotérmicos, são altamente dependentes do

fotoperíodo, apresentando variações comportamentais ao longo do dia, com

alternâncias de sol e sombra e tempo de atividade (ROCHA & BERGALLO, 1990). A

ectotermia faz com que esses animais tenham a necessidade de poupar energia

metabólica para garantir a manutenção de seus processos vitais (PIANKA, 2003). A

temperatura média corporal dos jacarés varia de 25,7°C no inverno a 30,1 °C no

verão, com mínima de 16,9°C e máxima de 37,9°C (CAMPOS et al., 2005).

Coutinho (2000) relata que a temperatura corporal desses indivíduos tem

influência direta sobre o metabolismo, processos digestivos e condição corporal, que

por sua vez, tem impacto marcante sobre a reprodução, crescimento e dinâmica

populacional, que incluem número de fêmeas que irão se reproduzir anualmente e o

tamanho de cada ninhada.

6

3.2 Maturidade Sexual

Segundo Coutinho et al. (2001), C. yacare é uma espécie de vida

relativamente longa, cuja diferenciação gonadal ocorre no início da vida. Segundo

estes autores, machos com comprimento rostro-cloacal (CRC) de 40cm, equivalendo

a 2 ou 3 anos de idade, podem apresentar testículos púberes. Nesse mesmo estudo

foi identificado que, conforme o indivíduo cresce, ocorre o aumento da produção

espermática em função do aumento volumétrico dos tubos seminíferos. Os autores

supracitados observaram gônadas maduras em animais com aproximadamente 9 e

10 anos de idade, com um CRC maior que 90cm, indicando assim a idade

aproximada da maturidade sexual dos machos de jacarés-do-pantanal.

Já as fêmeas atingem a maturidade bastante tardiamente, apresentando

ovários maduros e folículos viáveis somente aos 7 anos de idade com CRC > 70cm

(COUTINHO, 2001). Entretanto, estudos de (CAMPOS, 1993; CAMPOS E

MAGNUSSON, 1995; COUTINHO, 2000) indicaram que o tamanho mínimo de

produção factual se torna ainda menor em animais de vida livre e, ainda que fêmeas

jovens (CRC < 75cm) sejam capazes de realizar a postura, há evidências de que a

maioria delas começam a nidificar com aproximadamente 9 e 10 anos de idade,

CRC de 80 cm e massa corpórea acima de 12Kg, idade em que ambos os sexos

atingem a maturação completa das gônadas.

Cabe ressaltar ainda que outros fatores como a qualidade do habitat e o

estado nutricional das fêmeas afetam a primeira reprodução e o número de ovos por

ninho (CAMPOS, 2003). Campos et al. (2008), identificaram que até 60% da

variação no tamanho das fêmeas está relacionada as características de postura,

indicando que os ninhos podem prover informações sobre a estrutura populacional.

7

3.3 Ciclo Reprodutivo

A sazonalidade reprodutiva de vertebrados tem sido registrada como uma

adaptação associada à otimização no tempo de nascimento, época em que mães e

filhotes encontram-se mais vulneráveis à mortalidade (SKINNER, 1971; DUVALL et

al., 1982). Para o jacaré-do-pantanal, o final da estação seca marca o início do

período reprodutivo da espécie. No Pantanal, o ciclo estral do C. yacare está

intimamente associado à temperatura e ao nível d’água, uma vez que estes são

fatores chaves relacionados à sobrevivência dos jovens e fêmeas, devido estarem

positivamente relacionados com o sucesso alimentar e a condição corporal dos

indivíduos (COUTINHO et al., 2005). Na Venezuela, o mesmo ocorre com C.

crocodilus, mas os períodos de nidificação correspondem aos meses de maio a

agosto (THORBJARNARSON, 1994). Isso indica que a mudança se deve

simplesmente a uma resposta quanto à diferenciação latitudinal (SILVEIRA et al.,

1997). Segundo o mesmo autor, na região da Amazônia central, jovens de C.

crocodilus são encontrados com frequência entre os meses de fevereiro a abril, onde

as características ambientais favorecem temperaturas altas e aumento dos níveis

d’água. Para o autor supracitado, os jacarés apresentam ciclo reprodutivo

sincronizado às variáveis ambientais reforçando a ideia de que o período de eclosão

é resultante da seleção natural.

3.4 Nidificação e Postura

Para C. yacare, observações feitas por diversos autores (CAMPOS, 1993;

CAMPOS & MAGNUSSON, 1995; COUTINHO, 2000; CAMPOS, et al., 2008)

indicam que altas temperaturas e o início das chuvas marcam o período de postura

dos ovos que ocorre entre final de dezembro e fevereiro, podendo ocorrer picos de

postura em meados de janeiro e inicio de fevereiro (COUTINHO, 2000; CAMPOS et

al., 2008).

De acordo com Campos (1993) e Mourão et al. (1994) após a postura dos

ovos, os ninhos são recobertos cuidadosamente com folhas e gravetos. Estes

autores, afirmam ainda que seu tamanho e composição variam de acordo com o

habitat e a oferta de material que, por sua vez, depende diretamente dos ciclos

8

plurianuais. Os fatores que determinam a escolha do local apropriado são

desconhecidos (CAMPOS 1993, CAMPOS & MAGNUSSON 1995).

Cintra (1988), Campos & Magnusson (1995) mencionam que, a partir da

postura até a eclosão, o desenvolvimento dos ovos depende das condições de

incubação e dos cuidados da fêmea, que permanece próxima ao ninho montando

sentinela contra possíveis predadores por um período de 70 a 90 dias. O ovo dos

répteis permite seu rápido desenvolvimento devido à presença e arranjo particular

das membranas embrionárias envoltas por uma casca rígida (calcária ou

pergaminácea) que oferece proteção mecânica, mas permite trocas gasosas com o

ambiente (CARROLL, 1988). Cintra (1993) e Campos & Magnusson (1995)

demonstram que o número de ovos depende do estado nutricional e do tamanho das

fêmeas, fatores variáveis de acordo com a idade.

A temperatura de incubação dos ovos determina o sexo dos embriões;

temperaturas baixas (< 31,5°C) produzem fêmeas e temperaturas altas (> 31,5°C)

produzem machos (CAMPOS, 1993). A temperatura de incubação também influencia

o tamanho dos recém-nascidos, sendo que ninhos mais aquecidos podem produzir

neonatos maiores quando comparados aos ninhos submetidos a temperaturas

menores (CAMPOS, 2003). Essa variação no ambiente interno do ninho ocorre em

resposta à insolação, à chuva e à temperatura do ar, em intervalos diferentes de

tempo (CAMPOS, 1993). Isso pode ser evidenciado ao comparar ninhos de mata,

dotados de alguma sombra conferida pela cobertura vegetal, com os de vegetação

flutuante, sujeitos à ação direta das intempéries, quase a céu aberto. Neste

contexto, os ninhos do interior de mata sofrem menos variações de temperatura.

O comportamento social dos crocodilianos é marcado pela vocalização dos

embriões ainda dentro do ovo, estimulando a eclosão coletiva (LANG, 1989). As

ninhadas variam entre 25 a 30 ovos (CAMPOS et al. 2010). Após o “aviso” (chamado

dos filhotes pela vocalização), a fêmea se aproxima do ninho e o desfaz, utilizando

os membros anteriores e posteriores, além do focinho (LANG & ANDREWS, 1994).

Os filhotes eclodem com cerca de 12 cm e peso aproximado de 50 g, podendo

alcançar 25 cm em um ano (COUTINHO, 2000). Após o nascimento os filhotes são

levados nas maxilas da mãe até a água, escolhendo regiões de possível

camuflagem, aumentando as chances de sobrevivência dos mesmos (MOLINA &

PAOLA, 2008). Mesmo assim a mortalidade dos juvenis é alta; apenas 7% dos

filhotes de cada ninhada atinge a idade reprodutiva, metade nem sequer chega a

9

eclodir e, do restante – a grande maioria – morre antes de completar um ano

(Oliveira, 2003). O autor argumenta que o cuidado parental das fêmeas por cerca de

três anos de acompanhamento dos filhotes é eficiente para que a taxa de

sobrevivência não seja ainda menor.

10

4. MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido nas dependências da Reserva Particular do

Patrimônio Natural (RPPN) - SESC Pantanal, localizada na região de Poconé, às

margens do Rio Cuiabá. Parte importante da área é destinada ao turismo, contando

com a estrutura do Hotel SESC Porto Cerrado. A base administrativa localizada em

Várzea Grande está distante 145 km da base de apoio Porto Cercado que dá acesso

direto ao interior da Reserva. Foram realizadas 22 campanhas de campo; 19 com

duração de dois dias (finais de semana), 2 com duração aproximada de sete dias

(uma semana) e 1 com duração de três dias. Estas foram distribuídas da maneira

mais uniforme possível entre os meses de agosto de 2013 e abril de 2014. As

atividades de busca e monitoramento dos ninhos iniciavam-se as 07:30 da manhã e

se estendiam até aproximadamente as 17:30 horas.

Foram demarcados 22 pontos de possíveis nidificações, incluindo pontos

com ninhadas formadas para acompanhamento do desenvolvimento e contagem

dos juvenis. Todos os pontos foram devidamente georreferenciados e monitorados

(Tabela 1; Figuras 1, 2, e 3).

As bases de apoio utilizadas foram os Postos Espirito Santo (16º35’19” S;

56º16’51” W) e São Luiz (16º41’11” S; 56º10’29” W). Os critérios para escolha dos

pontos de possíveis nidificação seguiram as referências de Coutinho & Campos

(2005) que descreveram os locais de desova como ricos em matéria orgânica (e.g.

folhas, gravetos e terra) empregada na construção dos ninhos, que em geral se

encontram no interior da mata e próximos a corpos d'água.

11

Tabela 1. Coordenadas geográficas dos pontos de procura e

monitoramento de ninhos de Caiman yacare na RPPN-SESC Pantanal

Ponto de procura Latitude Longitude

OA1 -16,62 -56,26

OA2 -16,62 -56,26

OA3 -16,66 -56,25

OA4 -16,65 -56,25

OA5 -16,54 -56,31

OA6 -16,54 -56,31

OA7 -16,55 -56,31

OA8 -16,57 -56,28

OA9 -16,58 -56,28

OA10 -16,54 -56,32

OA11 -16,54 -56,31

OA12 -16,65 -56,24

OA13 -16,66 -56,25

OA14 -16,62 -56,26

OA15 -16,76 -56,25

OA16 -16,76 -56,22

OA17 -16,76 -56,16

OA18 -16,69 -56,17

OA19 -16,69 -56,17

OA20 -16,66 -56,15

OA21 -16,77 -56,17

OA22 -16,69 -56,18

.

12

Figura 1. Localização da área de estudo: a elipse representa a abrangência da área amostrada; os triângulos representam as bases de apoio (1 – Posto Espírito Santo, 2 – Posto São Luiz); as texturas representam as formações do Pantanal (quadrículas), Cerrado (marrom) e matas secas transicionais (cinza sólido).

Figura 2. Detalhe da área de estudo delimitada pela elipse da Figura 1, com os pontos de busca demarcados em imagem de satélite.

13

Figura 3. Imagens de alguns pontos de busca que estão representados na figura 2 entre as Bases de Apoio Espirito Santo e São Luiz.

14

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Entre os meses de agosto e setembro de 2013, foram registrados vestígios

de dois ninhos abandonados após eclosão de filhotes, além de seis ninhadas com

número de filhotes variando entre 05 e 27 (Figura 4).

Figura 4. Ninhadas encontradas nas áreas de monitoramento.

Segundo Coutinho et.al (2005) devido à sua vasta distribuição geográfica, o

período de eclosão é produto da seleção natural associada à otimização no tempo

de nascimento, época em que mãe e filhotes estão mais susceptíveis à mortalidade

natural (SKINNER, 1971; DUVALL et al., 1982).

O período de outubro a novembro compreende o período final da seca,

referente ao início da atividade reprodutiva da espécie. Observou-se que ao notar a

presença humana, os machos vocalizaram, refletindo possivelmente um

comportamento de demarcação de território provocando a reação de outros machos.

Fato semelhante foi descrito por Thorbjarnarson & Hernandez (1993), que sugeriu a

possibilidade de estar relacionado à corte dirigida às fêmeas próximas.

15

Neste período notou-se a diminuição abrupta em densidade de

determinadas populações que ocupavam lagoas isoladas, sugerindo migração em

busca de alimento ou locais apropriados para desova (Figura 5; ver também

CAMPOS, 2003; CAMPOS et al., 2006a, 2008).

Figura 5. Período de transição entre a estação seca (A) e a cheia (B), correspondendo ao período de deslocamento de populações em decorrência do início do período reprodutivo.

Foi registrado um exemplar com comportamento sugestivo de nidificação

em uma área de capinzal; o animal revolveu o substrato e permaneceu no local por

dois dias, evadindo-se em seguida sem qualquer prenúncio adicional de que

estivesse de fato em atitude reprodutiva. Ainda no mês de novembro, foram

registradas dezenas de espécimes enterrados na lama (Figura 6), descrito como

comportamento normal por Campos et al. (2006b).

Figura 6. Indivíduos enterrados na lama de uma lagoa localizada no posto de apoio São Luiz.

Os primeiros ninhos desta estação foram encontrados apenas na primeira

quinzena do mês de janeiro de 2014, corroborando as descrições de Coutinho

(2005), que registra picos de postura entre meados de janeiro e fevereiro. A partir

daí, foram localizados sete ninhos nos pontos meridionais do transecto (OA 05, OA

10 E OA 11), todos localizados às margens dos rios (Riozinho e Rio Cuiabá), longe

A B

16

da água; as fêmeas montavam guarda nas imediações de apenas três ninhos

(Figura 7).

Figura 7. Uma das fêmeas encontradas montando guarda em seu ninho.

No mês de março, o nível das águas começou a subir significativamente, os

tanques que abrigavam grandes populações de jacarés-do-pantanal no período da

seca foram invadidos pela cheia e os ninhos que aparentemente estavam distantes

da água, começaram a ficar progressivamente ilhados até serem totalmente

submersos na quinzena do mês de março (Figura 8). No final deste mesmo mês

quando o nível da água baixou, todos os ninhos estavam intactos e puderam ser

vistos pela equipe.

17

Figura 8. Ninhos sendo cobertos pela água até completa submersão.

Destes, um foi aleatoriamente escolhido e aberto para verificação. Foram

contados 26 ovos fecundos, com embriões mortos devido inundação como

postulado por Campos (2003) pois são dependentes das oscilações do nível da

água (Figura 9). As buscas por novos ninhos continuaram até o mês seguinte, sem

sucesso e novos filhotes começaram a surgir.

Figura 9. Ninho escolhido para avaliação do estado dos embriões e

contagem de ovos.

Na campanha mais extensa, foram monitorados três ninhos nos pontos OA 5

e OA 11 através de ciclos de observação com duração de 5 horas cada (das 9:00 às

14:00 hs), durante três dias (um ninho por dia). A observação a partir de uma

18

distância de aproximadamente 10m não rendeu dados diretos de tentativas de

predação, embora tenham sido avistados potenciais predadores como três lagartos

teiús (Tupinambis sp.), garças (Casmerodius albus) e gaviões (Falconiformes) nas

proximidades dos ninhos.

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6. CONCLUSÕES

A seleção dos sítios de nidificação é um parâmetro fundamental no sucesso

reprodutivo da espécie, tendo em conta a variação dos ciclos pluviométricos anuais

de um ambiente sazonal como a planície inundável do Pantanal.

Considerando os ninhos construídos às margens dos rios, a inundação foi

um elemento decisivo na taxa de mortalidade das ninhadas. Todos os ninhos

monitorados foram inundados e nenhum apresentou sinal de perturbação por

predadores. Este resultado pode ser atípico devido ao regime de chuvas não ser

constante todos os anos.

Estudos de longa duração e com maior abrangência territorial contribuiriam

para encorpar os dados apresentados aqui, oferecendo base estatística sólida para

apontar a extensão do impacto causado pelas cheias e por pressão de predação

sobre as populações de C. yacare.

20

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos a respeito da espécie C. yacare no estado de Mato Grosso são de

fundamentais para averiguar do seu real estado de conservação no Pantanal norte.

Apesar dos esforços para regulamentar a comercialização dos produtos oriundos da

fauna silvestre, a caça ainda é registrada como uma das principais ameaças aos

estoques naturais, já que os órgãos ambientais não dispõem de infraestrutura para

fiscalização eficiente em ampla abrangência. Aliado a isso, a inexistência de

programas de monitoramento populacional contribui para a instabilidade de

populações de diversas espécies da fauna brasileira.

Por serem animais totalmente dependentes das condições ambientais e de

habitat, a preservação de áreas ambientais na região pantaneira é de suma

importância para a manutenção das espécies de jacarés-do-pantanal, visto que o

sucesso reprodutivo pode variar entre as estações em decorrência do regime hídrico

que, por sua vez, pode afetar o nascimento de novos indivíduos como relatado neste

trabalho. Estudos adicionais de maior extensão temporal devem ser conduzidos no

Pantanal de Mato Grosso para levantar dados de comparação com as informações

já existentes para a região de Mato Grosso do Sul.

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