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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical ASPECTOS FISIOLÓGICOS E PRODUTIVOS DO AMARANTO SUBMETIDO A DIFERENTES PERIODOS DE ESTRESSE HIDRICO JOSILAINE GONÇALVES DA SILVA CUIABÁ MT 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

ASPECTOS FISIOLÓGICOS E PRODUTIVOS DO AMARANTO

SUBMETIDO A DIFERENTES PERIODOS DE ESTRESSE HIDRICO

JOSILAINE GONÇALVES DA SILVA

CUIABÁ – MT

2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, MEDICINA VETERINÁRIA E

ZOOTECNIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

ASPECTOS FISIOLÓGICOS E PRODUTIVOS DO AMARANTO

SUBMETIDO A DIFERENTES PERIODOS DE ESTRESSE HIDRICO

JOSILAINE GONÇALVES DA SILVA

Engenheira Agrônoma

Orientador: Prof. Dr. ALOISIO BIANCHINI

Coorientador: Prof Dr. FRANCISCO DE ALMEIDA LOBO

Dissertação apresentada à Faculdade de

Agronomia, Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal de

Mato Grosso, para obtenção do título de

Mestre em Agricultura Tropical.

CUIABÁ–MT

2015

Dados Internacionais de Catalogação na F o n t e .

Ficha catalográfica elaborada automaticamente de acordo com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

Permitida a reprodução parcial ou total, desde que citada a fonte.

S586a SILVA, JOSILAINE GONÇALVES DA. ASPECTOS FISIOLÓGICOS E PRODUTIVOS DO AMARANTO

SUBMETIDO A DIFERENTES PERÍODOS DE ESTRESSE HÍDRICO / JOSILAINE GONÇALVES DA SILVA. -- 2015

69 f. ; 30 cm.

Orientador: ALOISIO BIANCHINI. Co-orientador: FRANCISCO DE ALMEIDA LOBO. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Mato Grosso,

Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, Cuiabá, 2015.

Inclui bibliografia.

1. Amaranthus, crescimento vegetal, déficit hídrico, intercâmbio gasoso, relações hídricas. I. Título.

Aos meus pais José Gonçalves da Silva (in memoriam) e Nerli Terezinha do

Nascimento e Silva, que sempre foram meus exemplos de dignidade e apesar de

todas dificuldades que passamos me ensinaram que a educação é o caminho, a

eles que sempre me honraram com respeito e amor.

Dedico

Aos meus orientadores Prof Dr. Aloisio Bianchini e Prof. Dr. Francisco de

Almeida Lobo pela confiança, estímulo, paciência e, principalmente, pela

disposição em ensinar, a eles que contribuíram de forma significante para meu

crescimento profissional.

Ofereço

AGRADECIMENTOS

A Deus pela minha existência, pela força e sabedoria concedida, por abrir as portas

para a realização dos meus objetivos.

À Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Programa de Pós-Graduação em

Agricultura Tropical (PPGAT), pela realização do curso de mestrado.

Ao Conselho Nacional (CNPq), pela concessão da bolsa durante o período do curso.

Á banca examinadora profª Drª Elisangela Clarete Camili e prof. Dr. Marco Antônio

Camilo de Carvalho por contribuírem nas correções e pelas sugestões neste trabalho.

Ao amigo Wininton Mendes pelos inúmeros esclarecimentos, pela valiosa

contribuição, revisões e, é claro, paciência e sugestões sempre que necessárias.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical pelos

ensinamentos indispensáveis concedidos.

Á profª Drª Sânia Camargos, pela amizade, incentivo e por ser minha segunda mãe,

me apoiando sempre nos momentos mais difíceis.

Á Karoline Barros e Pâmela Palhâno pela amizade e dedicação e por estarem sempre

comigo.

Aos colegas da pós-graduação em especial aos meus amigos que aqui fiz: Adilson

Brandão, Alexandra de Paiva, Eduardo Vaz, Glauce Portela, João Rufino, Milton

Rodrigues e Tamires Brandão, pelo convívio e apoio durante o curso, a vocês que não

mediram esforços para me ajudar e estiveram sempre presentes quando eu precisei,

agradeço imensamente.

A todos que contribuíram para a realização deste trabalho meus sinceros

agradecimentos.

ASPECTOS FISIOLÓGICOS E PRODUTIVOS DO AMARANTO SUBMETIDO A

DIFERENTES PERIODOS DE ESTRESSE HIDRICO

RESUMO - O amaranto cultivado apresenta características nutricionais e agronômicas desejáveis de produção de biomassa e grãos com potencial para se tornar opção para compor sistemas produtivos no Cerrado. Entretanto, há carência de informações sobre o manejo da planta e o impacto da restrição hídrica para a produção comercial. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os aspectos de crescimento, produtivos e as relações hídricas de plantas de amaranto sob diferentes regimes hídricos. Esta pesquisa foi realizada na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso, no município de Santo Antônio do Leverger entre 30 de junho a 23 de setembro de 2014. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados em arranjo fatorial (2x3) com três repetições, sendo o primeiro fator as variedades de amaranto (‘BRS Alegria’ e ‘INCA’) e o segundo fator os níveis de estresse hídrico (plantas irrigadas até 45 dias após a emergência, plantas irrigadas até 60 dias após a emergência e irrigação o ciclo todo). Para análise quantitativa do crescimento foram avaliadas semanalmente: altura de plantas, diâmetro do caule, largura e comprimento da inflorescência, massa da matéria seca e massa seca da raiz. Ao final do período experimental foram avaliados os aspectos produtivos (produtividade total, índice de colheita e produtividade por unidade de água disponibilizada). As trocas gasosas (fotossíntese líquida, condutância estomática, transpiração e eficiência no uso da água) e relações hídricas foram avaliadas antes da imposição do estresse e na colheita (aos 63 dias após a emergência na variedade Inca e aos 84 dias após a emergência na variedade BRS Alegria). O déficit hídrico afetou o crescimento das plantas quanto à altura, diâmetro do caule e produção de matéria seca para os diversos órgãos da planta de amaranto exceto para a raiz que teve a massa acrescentada quando a imposição o estresse hídrico foi severo. A variedade Inca não apresentou diferença significativa entre os tratamentos quanto à produtividade. Na variedade BRS Alegria a melhor produtividade total e produtividade por unidade de agua disponibilizada foi obtida no tratamento com irrigação plena. O estresse severo provocou decréscimo na condutância estomática e fotossíntese. Para as variáveis das relações hídricas não foi possível verificar qualquer efeito dos tratamentos avaliados.

Palavras chave: Amaranthus, crescimento vegetal, déficit hídrico, intercâmbio

gasoso, relações hídricas.

PHYSIOLOGICAL ASPECTS AND PRODUCTION OF AMARANTH SUBMITTED

TO WATER STRESS

ABSTRACT-The cultivated amaranth presents nutritional and agronomic

characteristics desirable for the production of biomass and grain with potential to

become option to compoud productive systems in the Brazilian Savannah. But, there

is deficiency of information about the plant management and the impact of water

restriction for commercial production. The objective of this work was to evaluate

aspects of growth, production and water relations of amaranth plants under different

water regimes.This research was conducted at the Experimental Farm of the Federal

University of Mato Grosso, in the municipality of Santo Antônio do Leverger from 30

June to 23 September 2014. he experimental design was that of randomized block in

factorial arrangement (2x3) with three repettions, being the first factor the varieties of

amaranth (BRS Alegria 'and' INCA ') and the second factor the water stress levels

(irrigated plants until 45 days after emergence, irrigated plants until 60 days after

emergence and irrigation all cycle ).For quantitative growth analysis were evaluated

weekly: plant height, stem diameter, width and length of inflorescence, dry matter and

root dry mass. At the end of the trial period were evaluated productive aspects (grain

yield, harvest index and grain yield per available unit of water). The parameters of gas

exchange (net photosynthesis rate, stomatal conductance, transpiration and efficient

use of water) and water relations were evaluated before the stress and harvesting (at

63 days after emergence in the variety Inca and at 84 days after emergence in variety

BRS Alegria) The water deficit affected the growth of plants for height, stem diameter

and dry matter production for the various organs of the amaranth plant except for the

root that had the added mass when the water stress imposed was severe. The Inca

variety showed no significant difference between treatments for grain yield. In the

variety BRS Alegria better overall the grain yield and grain yield per available unit of

water was obtained in the treatment with full irrigation. The severe water deficit caused

a decrease in stomatal conductance and photosynthesis. For the variables of water

relations could not be verified any effect of the treatments evaluated.

Keywords: Amaranthus, plant growth, water deficit, gas exchange, water relations.

LISTA DE FIGURAS

Pág

Figura 1: Semeadura do amaranto nas linhas de plantio em junho de 2014, Santo

Antônio do Leverger-MT...................................................................................................

25

.Figura 2. Plântulas de Amaranthus cruentus com um par de folhas cotiledonares aos

dois dias após a emergência (A); Inicio do aparecimento da primeira folha verdadeira

aos cinco dias após a emergência (B) Santo Antônio do

Leverger,2014................................................................................................................

34

Figura 3. Primórdios da inflorescência A. caudatus cv Inca aos 35 dias após a

emergência (A) e primórdios da inflorescência na “BRS Alegria” aos 42 dias após a

emergência (B) Santo Antônio do Leverger,2014...........................................................

35

Figura 4 Plantas de A. caudatus cv ‘Inca’ em plena antese aos 39 dias após a

emergencia(A) e A. cruentus cv. ‘BRS Alegria’ aos 54 dias após a emergência em BRS

Alegria (B), Santo Antônio do Leverger,2014

.........................................................................................................................................

36

Figura 5. Ponto de colheita de A. caudatus ‘Inca’ (A) e A. cruentus ‘BRS Alegria’ (B),

Santo Antônio do

Leverger,2014..................................................................................................................

37

Figura 6: Dinâmica de crescimento do caule em plantas de amaranto variedade Inca

(A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60 dias (T2) e

durante o ciclo todo

(T3)..................................................................................................................................

38

Figura 7 Dinâmica de crescimento em altura de plantas de amaranto variedade Inca

(A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60 dias (T2) e

durante o ciclo todo (T3).).................................................................................................

40

Figura 8 Dinâmica de crescimento em massa seca de amaranto variedade Inca (A) e

BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60 dias (T2) e durante

o ciclo todo (T3).) ............................................................................................................

42

Figura 9. Dinâmica de crescimento em comprimento da panicula de plantas de

amaranto variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1)

até 60 dias (T2) e durante o ciclo todo (T3).)..............................................................

44

Figura 10. Dinâmica de crescimento largura de panícula de plantas de amaranto

variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60

dias (T2) e durante o ciclo todo (T3)........................................................................

45

Figura 11: : Dinâmica de crescimento em massa da panícula de plantas de amaranto

variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60

dias (T2) e durante o ciclo todo (T3)......................................

46

Figura 12. Dinâmica de crescimento em massa da panícula de plantas de amaranto

variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60

dias (T2) e durante o ciclo todo (T3)......................................

47

LISTAS DE TABELAS

Pág

Tabela 1. Características físico-químicas do solo da área experimental, Santo Antônio do

Leverger-MT,2014..................................................................................................................

24

Tabela 2. Precipitação e água fornecida na irrigação (em mm) durante o período

experimental, que foi de 26/06/2014 à 23/09/2014 em Santo Antônio de Leverger-

MT,2014.................................................................................................................................

32

Tabela 3. Duração dos estádios fenológicos do amaranto ‘BRS Alegria’ e ‘Inca’ cultivado

em Santo Antônio do Leverger-MT, no período de Julho a Setembro,

2014..................................................................................................................

33

Tabela 4. . Correlação de Pearson entre os parâmetros estudados na variedade INCA

(Amaranthus caudatus), agrupando-se os regimes hídricos

estudados...............................................................................................................................

49

Tabela 5. Correlação de Pearson entre os parâmetros estudados na variedade BRS Alegria

(Amaranthus cruentus), agrupando-se os regimes hídricos estudados.................................

50

Tabela 6. Taxas fotossintéticas líquidas para o desdobramento da interação entre o

momento da realização das medições do intercâmbio gasoso e o regime

hídrico...................................................................................................................................

52

Tabela 7. Taxas transpiratórias para o momento da realização das medições do intercâmbio

gasoso...................................................................................................................................

52

Tabela 8. Prova de médias das eficiências instantâneas no uso de água para o momento

da realização das medições do intercâmbio

gasoso..................................................................................................................................

54

Tabela 9 Produtividade (kg ha-1) de A. caudatus cv Inca e A. cruentus cv BRS Alegria em

diferentes regimes hídricos,Santo Antônio do Leverger-

MT,2009................................................................................................................................

57

Tabela 10. . Produtividade por unidade de água disponibilizada( kg ha.mm-1 (PUAD) para

desdobramento da interação em A. caudatus cv Inca e A. cruentus cv BRS Alegria em

diferentes regimes hídricos Santo Antônio do Leverger-

MT,2009................................................................................................................................

58

Tabela 11: Índice de colheita para A. Cruentus cv “BRS Alegria” e A. Caudatus cv

‘Inca’.......................................................................................................................................

59

Sumário

Página

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 12

1.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 14

1.1.1 Objetivos específicos ........................................................................................................ 14

1.1.2 Hipóteses ....................................................................................................................... 14

2. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................... 15

2.1 ORIGEM E IMPORTÂNCIA DO AMARANTO ................................................................... 15

2. 2 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E DESCRIÇÃO DA PLANTA ....................................... 16

2.4 ECOFISIOLOGIA DA CULTURA DO AMARANTO .......................................................... 17

2.5 FENOLOGIA DA CULTURA DO AMARANTO .................................................................. 18

2.6 ESTRESSE HÍDRICO ............................................................................................................. 19

2.6.1 EFEITOS DO ESTRESSE HÍDRICO NO CRESCIMENTO VEGETAL ....................... 20

2.6.2 EFEITOS DO ESTRESSE HÍDRICO NAS RELAÇÕES HÍDRICAS ........................... 21

2.6.3 INDICADORES DE DÉFICIT HÍDRICO ............................................................................ 22

3. MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................................... 23

3.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL .................................................................................... 23

3.2 ÁREA EXPERIMENTAL ....................................................................................................... 24

3. 4. AVALIAÇÕES ........................................................................................................................ 26

3.4. 1 Análise quantitativa do crescimento e analise dos estádios fenológicos: ....... 26

3.4.5 Medidas de intercâmbio gasoso .................................................................................... 27

3.4.6.Relações hídricas ............................................................................................................... 28

3.4.7 Aspectos produtivos................................................................................................... 30

3. 5 Análises estatísticas ............................................................................................................ 31

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................... 32

4.1 FENOLOGIA ............................................................................................................................ 33

4.2 ANALISE QUANTITATIVA DO CRESCIMENTO .............................................................. 37

4.2.1 Correlações de Pearson entre a análise quantitativa de crescimento e os

aspectos produtivos ................................................................................................................ 48

4.3 Intercâmbio Gasoso .................................................................................................... 51

4.4 Relações Hídricas ........................................................................................................ 55

4.5 ASPECTOS PRODUTIVOS ................................................................................................... 56

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 60

6. CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 61

7. REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 63

12

1. INTRODUÇÃO

A utilização de novas espécies vegetais é importante para compor a

diversificação de cultivos. O amaranto desponta como alternativa ao criar

oportunidade para novos alimentos e gerando renda para o agricultor

No Brasil o cultivo de amaranto ainda é incipiente, no entanto, apresenta

perspectivas de se estabelecer como uma alternativa para a rotação de culturas

criando oportunidades para dietas alimentares mais saudáveis (Spehar et al., 2007).

Desde sua introdução no Brasil, a partir dos anos 1990, tem crescido a informação

sobre o cultivo, criando a necessidade de se ampliar o conhecimento e a tecnologia

de produção (Teixeira et al., 2003).

No Brasil, a depender da variedade e das condições ambientais, tem-se obtido

produtividades entre 1,000 e 2,359 kg ha-1 (Domingos et al., 2005; Spehar et al., 2003),

em condições de solo de Cerrado. No sul do país, tem se obtido produtividades de até

4,500 kg ha-1 (Brambilla et al., 2008) e no Distrito Federal, em solos anteriormente

cultivados com soja, obtiveram-se produtividades entre 1,000 a 3,000 kg ha-1 (Spehar

1998)

O amaranto tem múltiplos usos, tanto na alimentação humana, animal, na

indústria, na medicina e na ornamentação. Para o consumo humano o grão pode ser

utilizado inteiro ou moído na forma de farinha, assado, ou cozido. As folhas são usadas

da mesma forma a que folha outros legumes. Com grãos inteiros ou moídos pode

preparar pequenos-almoços, sopas, sobremesas, mingau, bolos, pudins, refrigerantes

13

e outros; também cozinhados, os grãos misturados com mel, melado ou chocolate,

dando-lhe diferentes formas em moldes de madeira ou metálicos conhecidos como

nougat de amaranto no Peru, "alegria" no México e "tadoos" na Índia (SinghaL;

Kulkarni, 1988).

Com a crescente utilização do amaranto para os mais diversos fins, faz-se

necessário um maior número de informações sobre o cultivo desta espécie, inclusive

sobre suas respostas a situações de deficiência hídrica. Do ponto de vista

ecofisiológico, os fatores externos por si só não proporcionam conhecimento suficiente

para se concluir sobre o grau de seca, devendo, portanto, ser a planta o objeto de

estudo principal, capaz de mostrar se a água é ou está sendo fator de estresse

(Larcher, 2006).

A adaptação de uma cultura aos sistemas de produção agropecuários depende

de uma série de características agronômicas. A seca é o estresse ambiental que mais

limita o crescimento e rendimento das culturas agrícolas (Guzmán et al., 2010). A

capacidade de se desenvolver e frutificar em restrição hídrica constitui uma valiosa

característica quando se fala em cultivos no Cerrado.

A resposta da planta à seca é caracterizada por mudanças fundamentais na

relação da célula com a água, nos seus processos fisiológicos, na estrutura de

membranas e de organelas, além das mudanças morfológicas e fenológicas da planta,

alterando a relação do seu dossel com o ambiente. Na planta, o efeito do estresse é

geralmente percebido como um decréscimo na fotossíntese líquida e crescimento e

está associado com alterações no metabolismo do carbono e nitrogênio (Yordanov et

al., 2000). As respostas vegetais à escassez hídrica são complexas, envolvendo

mudanças adaptativas e/ou efeitos deletérios (Chaves et al. 2002). Essas respostas

precisam ser investigadas para que se tenha informações necessárias para produção

em pequena ou larga escala da planta por inteiro ou de alguns de seus órgãos.

O estresse hídrico causa diferentes efeitos no vegetal dependendo da

intensidade, da velocidade de imposição do estresse e do estádio de desenvolvimento

da planta no momento em que o déficit hídrico ocorre (Pimentel, 2004).

O cultivo do amaranto surge com uma nova alternativa tanto na produção de

um alimento promissor, por ser uma fonte de nutrientes oriundos tanto do grão quanto

das partes vegetativas e não conter glúten, o que torna este produto de grande

14

importância na ampliação da oferta de alimentos nutritivos para portadores de doença

celíaca, quanto na introdução de uma nova espécie no sistema de produção. Apesar

disso, ainda é preciso levar em consideração que na produção do amaranto também

pode correr os mesmos riscos de redução na produção devido ao efeito dos veranicos.

Mediante a escassez de informações sobre efeito do estresse hídrico no

desenvolvimento do amaranto neste trabalho se teve o objetivo de avaliar o efeito de

diferentes períodos de restrição hídrica sobre o crescimento, a produção, o

intercâmbio gasoso e as relações hídricas em duas espécies de amaranto.

1.1 OBJETIVO GERAL

Estudar o efeito de diferentes períodos de restrição hídrica sobre o crescimento,

a produção, o intercâmbio gasoso e as relações hídricas em duas espécies de

amaranto

1.1.1 Objetivos específicos

1. Avaliar a produtividade de duas espécies de amaranto sob diferentes regimes

de estresse hídrico.

2. Descrever os estádios fenológicos do amaranto e sua relação com estresse

hídrico.

3. Avaliar o índice de colheita de duas variedades de amaranto.

4. Avaliar o intercâmbio gasoso e as relações hídricas de plantas de amaranto

antes da submissão do estresse e no pico do estresse hídrico (colheita).

5. Avaliar a análise quantitativa do crescimento e os estádios de desenvolvimento

do amaranto com e sem restrição hídrica.

6. Correlacionar os aspectos produtivos do amaranto com a análise quantitativa

do amaranto.

1.1.2 Hipóteses

1. O amaranto responde aos regimes de estresse hídrico, refletindo na fenologia,

reduzindo seu ciclo, com antecipação da floração e maturação dos frutos.

2. O déficit hídrico deve reduzir acúmulo de matéria seca na parte aérea, a relação

entre a parte aérea e a raiz e o índice de colheita.

3. A reposta do amaranto ao estresse hídrico depende da espécie, que influencia

na produtividade, produção e seus componentes

15

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ORIGEM E IMPORTÂNCIA DO AMARANTO

O amaranto é originário provavelmente das Américas do Sul e Central e

representou a base de diversas civilizações Pré colombianas, dentre elas os Maias,

Incas e Astecas (Capriles, 2012). Desde a pré história, antes mesmo do processo de

domesticação, inúmeras espécies de amaranto foram utilizadas em várias partes do

mundo, sob forma de hortaliças folhosas (Mújica-Sanchez et al., 1997).

A planta integra a lista das 36 culturas mais promissoras para alimentar a

humanidade e seu cultivo e consumo poderão aumentar a segurança alimentar de

populações vulneráveis (Ferreira et al.,2007). Embora tenha havido uma diminuição

de esforços para a produção desse vegetal nos Estados Unidos, em anos recentes,

as pesquisas de produção e utilização têm sido continuadas (Costa e Borges, 2005).

Nas duas últimas décadas, muitos cientistas dos Estados Unidos, da China, do México

e alguns poucos de outros países têm destinado grandes esforços no sentido de

melhorar os métodos de produção, caracterização e uso de sementes do amaranto.

As espécies cultivadas contêm óleo e proteína em quantidade e qualidade

superior à dos cereais (Spehar et al., 2003). Sob o ponto de vista agronômico, o

amaranto destaca-se por constituir opção para diversificar o cultivo de grãos no

cerrado. Ainda que a região tenha apresentado crescimento vertiginoso na agricultura,

esta baseia-se, principalmente na soja, no algodão, no milho e em menor escala no

feijão. Esse pequeno número de espécies torna a agricultura regional vulnerável,

ameaçando os avanços da pesquisa (Spehar,2009).

16

Por não ser autóctone no Brasil a planta tem sido muito pouco estudada e seu

consumo chega a ser praticamente desconhecido (Amaya-Farfan et al., 2005). As

duas espécies de amaranto mais comumente cultivadas são Amaranthus cruentus e

Amaranthus caudatus. No Brasil, os estudos concentram-se na espécie A. cruentus

cv. BRS Alegria (Gonçalves et al., 2006; Brambilla et al., 2008; Bianchini et al., 2010;

Piffer et al., 2010; Spehar & Trecentini, 2011; Nobre et al., 2013; Bianchini et al.,

2014; Ferreira, 2014).

2. 2 CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA E DESCRIÇÃO DA PLANTA

O amaranto é uma planta da família Amarantaceae, que se divide em mais de

70 gêneros e 850 espécies. É uma planta dicotiledônea, de porte herbáceo, com

inflorescência tipo capítulo, cacho ou panícula, com folhas inteiras, de disposição

espiralada ou oposta cruzada, sem estípulas (Amaya-Farfan et, al.,2005).

A raiz é pivotante, com abundantes ramificações e múltiplas radicelas finas que

se desenvolvem rapidamente. A raiz principal serve de suporte à planta, permitindo

manter o peso da panícula, principalmente quando os grãos se encontram cheios

antes da maturidade fisiológica (Spehar, 2007).

A planta, nos primeiros dias após a emergência, lembra o amaranto da espécie

daninha (Amaranthus viridis), também conhecido vulgarmente como caruru.

Entretanto, as plantas se desenvolvem vigorosas, com inflorescências (panículas ou

cachos) coloridas, com variações do amarelo ao roxo. Após 30 dias da emergência,

apresentam rápido crescimento e podem atingir até 2,0 m, com inflorescência de até

0,6 m, dependendo do manejo e suprimento de água. As sementes são muito

pequenas e arredondadas. Quando amadurecem, ao cair no solo, germinam

rapidamente na presença de umidade (Spehar et, al., 2003).

O caule é cilíndrico e anguloso, com grossas estrias longitudinais que lhe

confere aparência canelada com comprimento variável e espessura que diminui da

base ao ápice. As plantas são monóicas na maior parte das espécies de amaranto

(Brenner et al., 2000), porém, são predominantemente autógamas com variações no

percentual de polinização cruzada nas diferentes variedades.

As flores são unissexuais muito pequenas estaminadas no ápice e pistiladas.

O androceu é formado na base por cinco estames coloridos que mantém as anteras

por um ponto máximo da base, tornam-se bastante visíveis por ocasião da antese. O

17

gineceu apresenta ovário esférico, súpero, coroado por três estigmas filiformes e

pilosos que aloja uma semente (Tapia,1997). O fruto é uma cápsula pequena que se

denomina pixídio unilocular. Na maturidade essa cápsula abre de forma transversal

deixando cair a parte superior, o opérculo, descobrindo a parte inferior ou a urna onde

se encontra a semente. Em geral é deiscente, deixando cair a semente (Sanchez,

1980). A semente é pequena lenticular podendo alcançar de 1 a 1,5 mm ligeiramente

aplanada de cor bege ou branca, amarelada, rosada, roxa, marrom ou vermelha

(Nieto, 1990).

2.4 ECOFISIOLOGIA DA CULTURA DO AMARANTO

Para uma mesma região, o número de dias entre a emergência e a maturidade

pode variar com a latitude e a época de semeadura, indicando haver variabilidade

genética em A. cruentus para resposta ao fotoperíodo (Gimplinger et al., 2007; Earley

et al., 2005).

A luz corresponde a um dos principais aspectos da interação das plantas com

o ambiente, controlando o desenvolvimento, por influenciar processos como a

floração, germinação de sementes, crescimento de caules e folhas, formação de

órgãos de reservas e partição de assimilados. Fotoperiodismo é um termo usado na

botânica para descrever os efeitos e adaptações de plantas ao fotoperíodo, que

representa o comprimento de um dia e consiste na duração do período de luz de um

determinado lugar, dependendo da latitude e da estação do ano. Incluído no

fotoperíodo está o período de luz útil, que designa a duração, da qual a intensidade

luminosa é maior que o limiar de compensação fotossintética. É importante saber que

existem três tipos de plantas; plantas de dias curtos que florescem com fotoperíodos

inferiores ao fotoperíodo crítico, plantas de dias longos que florescem com

fotoperíodos superiores ou iguais ao fotoperíodo crítico, e plantas neutras ou

indiferentes. (Montenegro.,2010).

Estimar a data de início de florescimento é importante para o manejo da cultura,

pois, o intervalo de tempo de crescimento vegetativo afeta diretamente o tamanho da

planta e o índice de área foliar e, consequentemente a produção de massa de matéria

seca e produtividade (Rodrigues et al., 2001)

18

2.5 FENOLOGIA DA CULTURA DO AMARANTO

A caracterização do desenvolvimento das culturas é uma ferramenta

importante, pois possibilita identificar os diferentes estádios morfológicos da planta,

permitindo o estabelecimento de estratégias de manejo e consequentemente a

obtenção de rendimentos satisfatórios (Fancelli & Dourado Neto, 2000).

A descrição dos estádios fenológicos do amaranto segundo Mujica-Sanchez e

Quillahuamám,1989; Henderson,1993, são:

Emergência: As plântulas emergem do solo exibindo as duas folhas cotiledonares

com pelo menos 50% da densidade esperada no sulco. As folhas verdadeiras

apresentam tamanho menor que 2 cm de comprimento. Dura cerca de 8 dias a 21 dias

dependendo das condições agroclimáticas.

Vegetativa: Nesta fase, define-se o número de nós no caule ou haste principal onde

se encontram as folhas expandidas com pelo menos 2 cm de comprimento. O primeiro

nó é classificado como V1. A planta começa a ramificar no estádio V4.

Reprodutiva:

Início da formação de panícula (R1): ápice da inflorescência (panícula) torna-se

visível no extremo do caule entre 45 e 70 dias após a emergência.

Intermediária (R2): A panícula apresenta pelo menos 2 cm de comprimento.

Término (R3): A panícula apresenta pelo menos 5 cm de comprimento. Se a antese

teve início, a planta será classificada na etapa seguinte.

Antese (R4): Pelo menos uma flor por planta encontra-se aberta, mostrando os

estames separados e o estigma completamente visível. Em A. caudatus, as flores

hermafroditas são as primeiras a abrir. Em geral a antese começa pelo ponto

intermediário entre o eixo da panícula e as ramificações laterais dela. Nessa fase, a

planta se encontra mais sensível à falta de água e geadas.

Enchimento de grãos (R5): A antese se completou em pelo menos 95% do eixo

central da panícula. Essa etapa pode ser ainda subdividida em grão leitoso, quando

as sementes ao serem pressionadas entre os dedos deixam sair um liquido leitoso,

grão pastoso, quando as sementes ao serem pressionadas entre os dedos,

apresentam consistência pastosa, de cor esbranquiçada.

19

Maturidade fisiológica (R6): A maturação fisiológica ocorre quando a panícula muda

de coloração. Quando verdes, passam a exibir a coloração amarelo-dourada, as

vermelhas mudam para café avermelhado. As sementes são duras e, quando se agita

a panícula, elas se desprendem.

Ponto de colheita (R7): As folhas senescem e caem, a planta apresenta aspecto

seco, de coloração café. Nos cultivos sujeitos à geada, esta contribui para a seca do

talo.

2.6 ESTRESSE HÍDRICO

Atualmente, aproximadamente 70% da água potável disponível no mundo é

utilizada na agricultura e 40% dos alimentos são produzidas em solos irrigados. Nas

ultimas décadas, as bases moleculares e fisiológicas das respostas vegetais à seca

têm sido o foco principal de pesquisas intensas (Sadras & Milroy 1996; Yordanov et

al., 2000; Griffiths & Parry, 2002; Tyermann et al., 2002; Luu & Maurel, 2005; Jones,

2007).

O estudo da deficiência hídrica tem merecido especial atenção por parte dos

fisiologistas e agrônomos, devido a importância no crescimento e produção das

plantas superiores (Paulus et al., 2010).

Estresse é um desvio das condições ótimas de desenvolvimento do vegetal, no

qual podem ocorrer mudanças e respostas em parte do organismo ou nele como um

todo (Larcher, 2006). No início essas alterações podem ser reversíveis, mas,

dependendo da duração e da situação de estresse, podem ser irreversíveis, levando

a danos permanentes ou até à morte (Plaut, 1995).

As variedades tolerantes à seca podem reduzir a quantidade de água

consumida, e/ou produzirem mais grãos para uma com a mesma quantidade de água

(Sayed, 1983). O desenvolvimento de variedades tolerantes à seca deve ser um dos

objetivos primordiais nos programas de melhoramento genético (Bruckener e

Frohberg, 1987), e requer a identificação de mecanismos fisiológicos importantes para

serem usados como critério de seleção (Blum et al., 1981).

20

A capacidade da planta em responder e sobreviver ao estresse hídrico depende

de mecanismos que integram respostas celulares, sendo que tais respostas podem

ocorrer em alguns segundos ou em poucos minutos ou horas (Bray, 1997).

O déficit hídrico, afeta vários aspectos do desenvolvimento das plantas

destacando-se a redução do tamanho das plantas, de sua área foliar e do seu

rendimento físico (Farias et al., 2008). Inman-Bamber (2004) ressalta que o tempo de

exposição à seca, ou seja, a duração do período de déficit hídrico afeta negativamente

o crescimento da parte aérea e a taxa de fotossíntese das plantas. Assim a

produtividade das culturas é altamente dependente das interações entre as fases

fenológicas e as variações inter e intranuais da disponibilidade de água no solo, que

por sua vez, são altamente dependentes da distribuição temporal e espacial das

chuvas.

A disponibilidade hídrica é considerada um dos fatores de maior efeito sobre a

produtividade agrícola, sendo o fator que rege a distribuição das espécies nas

diferentes zonas climáticas do globo (Pimentel, 2004). Larcher (2006) considera que

a seca é um estado ambiental em que a demanda de energia pela planta é maior que

a produção, o que leva a problemas fisiológicos, seguidos por aclimatação e

estratégias de adaptação nas gerações seguintes. Aí reside a importância de estudos

que permitam compreender os efeitos do déficit hídrico sobre o desenvolvimento

vegetal (Martins, 2008)

2.6.1 EFEITOS DO ESTRESSE HÍDRICO NO CRESCIMENTO VEGETAL

Todos os aspectos de crescimento e desenvolvimento das plantas são afetados

pela deficiência hídrica nos tecidos, causada pela excessiva demanda evaporativa ou

limitado suprimento de água. Como consequência da deficiência hídrica, verifica-se

uma desidratação do protoplasto com consequente diminuição do volume celular e

aumento na concentração de solutos. Aliado a isto, a diminuição da turgescência pode

ser admitida como consequência do estresse hídrico, e o processo de crescimento,

principalmente em extensão, é o primeiro afetado (Nogueira et al., 2005).

A análise de crescimento é de fundamental importância para o entendimento

das reações do vegetal em consequência a fatores ambientais (Benincasa, 1988).

Expansão celular, síntese da parede celular e síntese protéica nos tecidos de

crescimento estão entre os processos mais sensíveis ao déficit hídrico, podendo se

21

concluir que a redução da expansão foliar é uma das primeiras respostas a pouca

água disponível (Sadras & Milroy, 1996).

Para espécies herbáceas, numerosos estudos documentam que, sob estresse

hídrico, há um maior investimento no desenvolvimento das raízes, resultando em

aumento do comprimento (Fitter & Hay 1987) e de matéria seca da raiz, redução da

matéria seca total (parte aérea + raiz), diminuição da expansão foliar e, em alguns

casos, há diminuição da produção de folhas (Steinberg et al. 1990). A deficiência de

água ocorrida em plantas durante a diferenciação celular das folhas determina

redução irreversível da área e do espessamento foliar e aumento da densidade

estomática (Zagdanska & Kosdoj, 1994).

2.6.2 EFEITOS DO ESTRESSE HÍDRICO NAS RELAÇÕES HÍDRICAS

Segundo Pimentel (2004), não há como saber se determinada espécie é

tolerante ou não à seca buscando essa resposta em apenas uma única variável. Há

que se fazer um estudo mais completo, no qual sejam analisados vários parâmetros

que levem a uma conclusão mais definitiva. Aliada à análise de crescimento, existem

outras variáveis que levam a uma visão mais completa do quadro do estresse no

vegetal.

A avaliação do potencial hídrico torna-se interessante porque é uma medida

fácil de ser obtida através de uma câmara de pressão (Scholander et al., 1965).

Por outro lado o estresse hídrico é apontado como o principal redutor da

capacidade fotossintética (Flexas e Medrano, 2002). Uma vez que tem efeito sobre

vários componentes estomáticos e não estomáticos, incluindo pigmentos

fotossintéticos, sistema de transporte de elétrons e vias de redução de CO2

(Rahanama et al., 2010).

Sob condições de baixa disponibilidade de água, o fechamento estomático,

promovido por altos níveis de ácido abscísico (ABA), constitui uma das primeiras

estratégias utilizadas pelas plantas para diminuir a taxa de transpiração e manter a

turgescência celular (Melcher et al., 2009). O fechamento estomático promove

redução da condutância estomática e limita a assimilação de CO2 (Asharaf et al.,

2013). Sob severo estresse hídrico, ocorre a desidratação das células do mesofilo e

inibição da base metabólica do processo de fotossíntese (Anjun et al., 2011).

22

2.6.3 INDICADORES DE DÉFICIT HÍDRICO

Vários indicadores de déficit hídrico são descritos na literatura, sendo os

principais: temperatura foliar, condutância estomática, conteúdo relativo de água nas

folhas (Morales, 2012). Quando o suprimento de água não atende as necessidades

da planta, desenvolve-se o estresse hídrico, o que pode eventualmente ocasionar

redução de fotossíntese, afetando adversamente o crescimento da cultura e, portanto

a produtividade (Pereira et al., 2002).

Durante períodos de deficiência hídrica, a manutenção do crescimento da

planta depende de sua capacidade de conservar a turgescência das células, através

do fenômeno conhecido como ajustamento osmótico (Jones et al., 1981). Através da

utilização da técnica conhecida como "Curvas pressão-volume", os componentes

osmótico (Ys) e pressão (Yp) do potencial total da água (Ya) podem ser estimados em

uma mesma folha, bem como as propriedades elásticas do tecido e os volumes de

água simplástica e apoplástica (Marur, 1999). Assim as curvas pressão-volume (PV)

consistem um método indireto para investigação de possível ajustamento osmótico

por plantas submetidas ao estresse hídrico (Warren et al., 2007).

23

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

O experimento foi conduzido no período seco do ano, entre os meses de junho

e agosto de 2014, em área pertencente a Fazenda Experimental da Universidade

Federal de Mato Grosso, em Santo Antônio de Leverger-MT, localizada a 33 km de

Cuiabá, delimitada pelas coordenadas geográficas 15°51’S; 56°04’W e 140 m de

altitude

O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados em arranjo

fatorial (2x3x2) com três repetições, sendo o primeiro fator as variedades de amaranto

(‘BRS Alegria’ e ‘INCA ') e o segundo fator os níveis de estresse hídrico (plantas

irrigadas até 45 dias após a emergência, plantas irrigadas até 60 dias após a

emergência e irrigação o ciclo todo). E o terceiro fator o momento da medição para o

intercâmbio gasoso.

O experimento para avaliação do intercâmbio gasoso consistiu da aplicação de

três fatores. O primeiro fator foram duas variedades, a Inca e a BRS Alegria. O

segundo fator foram os regimes hídricos, sendo um a irrigação por até 45 dias após a

emergência, outro com irrigação até os 60 dias após a emergência e um terceiro

irrigado permanentemente até o momento da colheita. O terceiro fator foi o momento

da medição do intercâmbio gasoso. O experimento foi conduzido em blocos

casualizados, com três repetições.

24

3.2 ÁREA EXPERIMENTAL

A área do experimento havia sido cultivada, anteriormente à instalação do

experimento, com milho e capim Tanzânia na sequência. O solo da unidade

experimental é definido como Cambissolo Háplico (EMBRAPA, 2006) cujas

características químicas encontram-se na Tabela 1.

Tabela 1: Características químicas do solo da área experimental, Santo Antônio do

Leverger-MT,2014.

Profundidade pH M.O P K+ Ca+2+Mg+2 Al+3 H+Al CTC V

(m) % mg dcm-3 cmolc dm3 %

0-0,20 4,9 2,34 9,2 36 2,5 0 3,5 6 42,9

0,20-0,40 5,2 1,62 3,7 27 2,3 0 2,4 4,8 49,7

O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é Aw. A temperatura

média mensal varia de 22,0° a 27,2°C e a precipitação média anual é de 1.320 mm.

O período em que aparece déficit hídrico inicia em maio e termina em outubro, sendo

que, do início de junho ao final de agosto, a precipitação média mensal é menor do

que 15 mm, e a evapotranspiração potencial média mensal ultrapassa os 75 mm

(Pacheco e Campelo Júnior, 2001).

3.3 SEMEADURA E TRATOS CULTURAIS

A área experimental recebeu calagem adicional com calcário filler

(PRNT=99,9%) para elevar a saturação de bases (V%) ao nível de 70%, 8 dias antes

da semeadura. Na adubação a lanço, 5 dias antes da semeadura, utilizou-se 500 kg

ha-1 da fórmula 4-14-08 (N-P2O5-K2O) acrescido de enxofre e zinco.

O solo foi sulcado com enxada no espaçamento entre linhas de 0,5 m segundo

recomendação de Spehar et al (2003). Após o sulcamento realizou-se a semeadura

por meio de uma semeadora manual (Figura 1), nas linhas, em 26 de junho de 2014,

utilizando-se sementes das variedades BRS Alegria e Inca, produzidas em 2011 e

mantidas em câmara refrigerada, com 94 e 98 % de germinação, respectivamente.

Cada parcela foi composta por seis linhas, com 12 metros de comprimento cada

perfazendo 36 m² (12m x 0,5m x 6 linhas). A densidade de semeadura foi elevada

para permitir o desbaste e obtenção de um estande 200 000 plantas ha-1. O desbaste,

25

para obtenção da densidade de plantas desejada, foi realizada manualmente, aos 20

dias após a emergência, quando as plantas possuíam, aproximadamente, 15 cm de

altura na Inca e 20 cm na BRS Alegria.

Figura 1: Semeadura do amaranto (Amaranthus spp) nas linhas de plantio em junho de 2014, Santo Antônio do Leverger-MT

A adubação de cobertura foi realizada 36 dias após a emergência, onde se

aplicou 60 kg ha-1 de N e 40 kg ha-1 K2O, seguindo a recomendação de Brambilla et

al. (2008).

A irrigação foi realizada sempre pela manhã, mantendo-se teor de umidade do

solo próximo a capacidade de campo, que foi monitorada por meio de bateria de

sondas instaladas nas camadas de 0 a 200 mm e de 200 a 400 mm de profundidade.

A aplicação da água foi realizada por um sistema de irrigação tipo aspersão

convencional, utilizando aspersores setoriais para evitar a aplicação de água nas

parcelas adjacentes. Para a avaliação da uniformidade de distribuição de água foram

instalados pluviômetros, equidistantes, entre quatro aspersores de todas as parcelas

26

experimentais. O volume coletado em cada pluviômetro foi determinado, utilizando-se

de proveta graduada e posteriormente foi calculado o Coeficiente de Uniformidade

Christiansen.

O coeficiente de coeficiente de Christiansen foi calculado de acordo com a

Equação 1:

𝐶𝑈𝐶(%) = 100 (1 −∑ [ 𝑋𝐼−𝑋]𝑁

𝐼=1

𝑋) (Equação 1)

Em que:

CUC = coeficiente de uniformidade de Christiansen, %;

Xi = precipitação no pluviômetro de ordem i, mm;

X= média aritmética das precipitações, mm; e

n = número de pluviômetros

3. 4. AVALIAÇÕES

3.4. 1 Análise quantitativa do crescimento e analise dos estádios fenológicos:

A análise quantitativa do crescimento e avaliação dos estádios fenológicos foi

realizada semanalmente, em cada parcela experimento tomando-se três plantas, que

totalizou 27 plantas por espécie. A seguir se encontram as características avaliadas:

1) Fenologia: a partir de observações diárias foram determinados os estádios

de desenvolvimento das plantas de amaranto, sendo que só foi considerado

que as espécies de amaranto estavam nas fases correspondentes ao

descrito por Mujica-Sanchez e Quillahuamám,1989; Henderson,1993,

quando pelo menos 50% das plantas das parcelas tivessem na mesma

condição que a descrita por esses autores.

i. Emergência (VE): as plântulas foram classificadas nessa fase

quando pelo menos 50% destas haviam emergido, exibindo duas

folhas cotiledonares;

ii. Fase vegetativa (Vn): foram classificados de acordo com a

ocorrência de nós no caule, sendo o primeiro nó classificado como

V1 e assim sucessivamente até o aparecimento da inflorescência;

27

iii. Fase reprodutiva: quando a inflorescência tornou visível no ápice as

plantas passaram a ser classificadas nessa fase, sendo que até R3

a inflorescência apresentou 5 cm de comprimento. A antese ocorreu

quando as flores estavam abertas;

iv. Fase de maturidade fisiológica: a panícula apresentava-se com

coloração característica, na ‘BRS Alegria’ a panícula passou a exibir

uma coloração vermelho intenso, e na ‘Inca’ passou de verde para

amarelada;

v. Ponto de colheita: o ponto de colheita ocorreu quando as folhas

entraram em senescência e tinham aspecto seco e os grãos se

desprendiam da panícula com facilidade;

2) Diâmetro do caule: medido a 5 cm do solo com paquímetro digital;

3) Altura de plantas: efetuada com trena;

4) Comprimento e largura da inflorescência: realizada com trena;

5) Massa de matéria seca: foram colhidas plantas inteiras, separando-se

parte aérea e raiz e acondicionados e sacos de papel levados à estufa a

65ºC, por 72 horas, até atingir massa constante. No início da fase

reprodutiva foi incluído as medidas referentes à largura, comprimento e

peso da panícula;

3.4.5 Medidas de intercâmbio gasoso

O intercâmbio gasoso (taxa fotossintética líquida, A; taxa transpiratória, E e

condutância estomática, gs) foi determinado por meio do sistema portátil de medição

de fotossíntese, modelo LI-6400XT (LI-COR Bioscience Inc., Lincoln, NE, USA)

ajustado para uma temperatura do bloco de 28,0°C, umidade relativa do ar de análise

de 60 %, densidade de fluxo fotossinteticamente ativo de 1.000 µmol m-2 s-1 e

concentração de CO2 do ar de referência de 400 µmol mol-1. A partir dos valores de A

e de E, a razão A/E foi calculada para expressar o valor da eficiência instantânea no

uso de água (EUA).

As medições foram sempre realizadas na primeira ou segunda folha totalmente

expandida, a partir do ápice caulinar (geralmente a quarta ou quinta folha), exposta à

radiação solar e sem comprometimento fitossanitário. Todas as medições foram

realizadas no período diurno, entre 07:30 e 09:30 h (horário local).

28

No Quadro 1 observa-se o momento de realização das medições no

experimento.

Quadro 1: Descrição das medições do intercambio gasoso realizadas em

Santo Antônio do Leverger-MT,2014.

Determinações Época Data

Primeira Antes da imposição do estresse hídrico no

tratamento irrigado até 45 dias após a

emergência

13/08/2014

Segunda Antes da imposição do estresse hídrico no

tratamento irrigado até 60 dias após a

emergência

28/08/2014

Terceira Imediatamente antes da colheita

Inca

BRS Alegria

05/09/2014

23/09/2014

3.4.6.Relações hídricas

Para realizar as avaliações das relações hídricas nas plantas, empregou-se a

técnica da curva pressão-volume (curva P-V,Tyree & Hammel, 1972; Koide et al.,

1989). De cada parcela foi retirada uma planta, sendo esta cortada acima do nível do

solo com o auxílio de uma tesoura de poda, e imediatamente imersa em uma garrafa

contendo água. As garrafas foram depositadas em um engradado e, em seguida, as

plantas amostradas foram cobertas com um filme plástico a fim de evitar a perda

excessiva de água por transpiração. Desta maneira, o material vegetal foi transportado

ao laboratório onde as subsequentes etapas da análise foram realizadas.

Em laboratório, foram retiradas de cada planta amostrada, a partir do ápice, as

três primeiras folhas totalmente expandidas, por meio de um corte no pecíolo rente ao

caule, com o auxílio de um bisturi e, imediatamente dispostas em uma câmara úmida

para hidratação durante o período de 8 h, sob condições de baixa temperatura (18ºC)

e densidade de fluxo fotossinteticamente ativo na faixa do ponto de compensação de

luz para plantas adaptadas (50 µmol m-2 s-1). A câmara úmida consistiu de um

dessecador, do qual se retirou todo material dessecante e o substituiu por água

destilada. Apenas o pecíolo das folhas foi imerso na água, com vedação do sistema

por meio da tampa do dessecador. Após decorridas 8 horas de hidratação livre,

29

procedeu-se a hidratação forçada por meio da imposição de vácuo na câmara úmida,

empregando-se uma bomba de vácuo, por um período de 15 min. Somente após a

hidratação forçada determinou-se as curvas P-V.

As curvas foram iniciadas com a pesagem inicial das folhas túrgidas e imediata

medição do potencial hídrico por meio de uma bomba de Scholander (Scholander et

al., 1965) de fabricação própria. Após a medição do potencial hídrico, as folhas foram

novamente pesadas e novamente submetidas à medição do novo potencial hídrico,

numa sequência contínua até que se verificasse que existiam pelo menos cinco

pontos dentro da fase linear (fase osmótica) da curva P-V, ou até que fosse possível,

porque algumas folhas se danificavam durante o processo e a partir desse momento

já não prestaram para novas medições.

Ao final das medições da massa da matéria fresca das folhas e respectivos

potenciais hídricos, estas foram submetidas à secagem em estufa de circulação

forçada à temperatura de 65ºC durante o período de 72 horas, para posterior

determinação da massa da matéria seca das mesmas.

As massas da matéria fresca e seca das folhas foram empregadas para a

determinação do conteúdo relativo de água e os pares de dados de potencial hídrico

e conteúdo relativo de água foram utilizados na construção das curvas P-V. Das

curvas, foram obtidos o conteúdo relativo de água no momento da perda de turgência

(CRAo), o potencial osmótico à plena turgência (100) a turgência incipiente (0) e o

módulo volumétrico de elasticidade da parede celular ().

O conteúdo relativo de água foi calculado de acordo com a Equação 2.

100

sfsat

sf

WW

WWCRA (Equação 2)

Em que: CRA = conteúdo relativo de água (%),

Wf = massa da matéria fresca atual da folha (g),

Ws = massa da matéria seca da folha (g),

Wfsat = massa da matéria fresca da folha saturada (g).

30

Ao se verificar que a massa da matéria fresca inicial obtida na primeira

pesagem logo após a hidratação não fosse correspondente à massa de matéria fresca

da folha saturada, essa última variável era estimada por meio da relação linear entre

a massa da matéria fresca e o potencial hídrico (w) verificada na primeira fase da

curva P-V, incluindo-se e o ponto de perda de turgor (0) e todos aqueles superiores

a este, obtendo-se o seu valor para um w igual a zero, de acordo com a aproximação

empregada por Kubiske & Abrams (1991).

O módulo volumétrico de elasticidade da parede celular foi obtido de acordo

com a Equação 2, para a primeira fase da curva P-V, incluindo-se o ponto de perda

de turgor (o) e todos aqueles superiores a este.

100

CRA

ψε

p

[Equação2]

Em que: = módulo volumétrico de elasticidade da parede celular (MPa),

p = variação do potencial de pressão (MPa),

CRA = variação do conteúdo relativo de água (%).

3.4.7 Aspectos produtivos

Na colheita foram avaliados nas duas linhas centrais excluindo a bordadura as

seguintes características.

a) Produtividade, obtida em gramas por parcela e, transformada para kg ha-1, com a

correção da umidade para 13%.

b) Ciclo da cultura, dimensionado por meio de contagem dos dias que decorreram,

desde a emergência até a data da colheita.

c) Produtividade por unidade de água disponibilizada (PUAD), é um valor tomado

a partir da Equação 3:

𝑃𝑈𝐴𝐷 =𝑃𝑅𝑂𝐷

𝐿𝑇𝐷.............................................................................................(Equação 3)

Em que: PUAD: produtividade por unidade de água disponibilizada (kg ha mm-1),

PROD: rendimento de grãos, em kg ha-1,

31

LTD: lâmina total disponibilizada referente à quantidade de água

disponibilizada na forma de irrigação e chuva durante o ciclo da cultura,

em mm.

d) Teor de água: Volumes iguais de sementes foram pesados e dispostos em

recipientes de metal. O material pesado foi submetido a secagem em estufa durante

24 horas á 105ºC. Depois foram transferidas para dessecador, até o resfriamento para

posterior pesagem em balança de precisão (BRASIL,2009).

e) Índice de Colheita: Foi calculado levando em conta a produção de grãos em

relação a matéria seca total da planta.

3. 5 Análises estatísticas

As curvas PV foram ajustadas ao modelo de Schulte & Hickley (1985) através

de uma rotina desenvolvida em planilha do Microsoft Excel.

Os parâmetros derivados das curvas PV foram analisados por meio de análise

de variância (ANOVA) e teste de F (α= 0,05%).

Os parâmetros derivados da análise de crescimento foram submetidos a

análise de regressão. Além disso, foi feita a correlação de Pearson, utilizando-se os

dados individuais das variáveis dos componentes de produção em relação as

variáveis de crescimento.

Os aspectos produtivos foram submetidos à análise individual e conjunta de

variância, com aplicação do teste de F. Para as comparações de médias de

tratamentos, foi utilizado o teste de médias de Tukey (P<0,05).

Os valores originais de A, E, gs e EUA foram submetidos à análise de variância

para medidas repetidas no tempo, com caracterização das probabilidades críticas (p)

para o teste de F e prova de médias por Tukey, considerando o erro alfa de 5%.

32

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A uniformidade de aplicação de água do sistema, estimada através do

Coeficiente de Uniformidade de Christiansen (CUC), obteve valores de CUC de 87%,

sendo que o valor mínimo do CUC adotado como referência para sistemas de irrigação

por aspersão é de 80% (Merriam et al., 1973).

Na Tabela 2 encontra-se a precipitação e água fornecida na irrigação durante

o período experimental, no tratamento com irrigação plena (T3) forneceu-se em média

28,72 % de água a mais que no tratamento com irrigado até 45 dias (T1). A

precipitação foi maior no período de 6 de junho à 28 de julho de 2014,tendo valores

de 50 mm, sendo que para o mês de agosto não foi registrado precipitação na área

experimental e para o mês de setembro a precipitação foi de 37,7 mm.

Tabela 2. Precipitação e água fornecida na irrigação (em mm) durante o período

experimental, que foi de 26/06/2014 a 23/09/2014 em Santo Antônio de

Leverger.

T1 T2 T3

Irrigação

Precipitação

171,53

87,7

200,58

87,7

275,98

87,7

Total 259,23 288,28 363,68

33

4.1 FENOLOGIA

A semeadura foi realizada dia 26 de junho de 2014, sob dias curtos. A variedade

Inca apresentou ciclo de 63 dias e a BRS Alegria de 85 dias.

Na Tabela 3 observa-se a duração das fases fenológicas das variedades

cultivadas. O período vegetativo teve duração de 28 dias na Inca e 39 dias na ‘BRS

Alegria’. E o período reprodutivo durou 35 dias na variedade Inca e 45 dias BRS

Alegria. A colheita foi realizada no estádio R7, quando os grãos apresentavam-se

duros e se desprendiam com facilidade da panícula, o que ocorreu no dia 05 de

setembro de 2014 na Inca e 23 de setembro de 2014 na BRS Alegria

Spehar (2007) relata que entre a emergência e a maturidade fisiológica o ciclo

é de 90 dias. No presente experimento o ciclo foi menor que o citado na literatura. Tais

variações, provavelmente, ocorreram por causa do efeito do fotoperíodo ou

temperatura (Williams & Brenner, 1995). Teixeira et al. (2003) também observaram

efeito do fotoperíodo em acessos de amaranto (Amaranthus caudatus, A. cruentus e

A. hypochondriacus) e Mujica et al. (2001) e Duncan (2000) relatam que o amaranto

é uma planta de dias curtos.

Tabela 3. Duração dos estádios fenológicos do amaranto ‘BRS Alegria’ e ‘Inca’

cultivado em Santo Antônio do Leverger-MT, no período de Julho a

Setembro, 2014.

INCA BRS Alegria

Fases Inicio Término Inicio Término

Emergência 01/07/2014 01/07/2014

Vegetativo 06/07/2014 27/07/2014 06/07/2014 08/08/2014

Reprodutivo 28/07/2014 04/09/2014 09/08/2014 23/09/2014

Colheita 04/09/2014 23/09/2014

34

As plântulas emergiram cinco dias após a semeadura (Figura 2A), sendo este estádio

caracterizado pelo aparecimento de duas folhas cotiledonares e pelo menos 50% da

densidade de plantas esperada no sulco de semeadura. Na figura 2B, observa-se o

aparecimento da primeira folha verdadeira, que ocorreu no dia 6 de julho de 2014.

Figura 2 : Plântulas de Amaranthus cruentus com um par de folhas cotiledonares aos

dois dias após a semeadura (A); Inicio do aparecimento da primeira folha

verdadeira aos cinco dias após a emergência(B). Santo Antônio de

Leverger-MT,2014

35

Na Figura 3A observa-se início da formação da panícula em A. caudatus cv

Inca, que ocorreu aos 35 DAE, na “BRS Alegria’ o ápice da inflorescência se tornou

visível aos 42 DAE (Figura 3B).

Figura 3: Primórdios da inflorescência de A. caudatus cv Inca aos 35 dias após a

emergência(A) e primórdios da inflorescência na “BRS Alegria” aos 42 dias

após a emergência (B), Santo Antônio de Leverger-MT,2014

36

O início da antese é caracterizado pela abertura das flores na panícula, em ‘Inca’

ocorreu aos 39 DAE como pode ser observado na figura 4A e em ‘BRS Alegria’ aos

54 DAE (Figura 4B). A antese teve início pela parte intermediaria da panícula.

Figura 4: Plantas de A. caudatus cv ‘Inca’ em plena antese aos 39 dias após a (A) e

A. cruentus cv. ‘BRS Alegria’ aos 54 dias após a emergência em BRS

Alegria (B), Santo Antônio do Leverger-MT,2014.

37

Na Figura 5 observa se o ponto de colheita nas espécies estudadas em A.

cruentus a panícula apresentou coloração vermelho intenso e em A. caudatus a

inflorescência passou da coloração verde para um amarelado, com aspecto seco.

Figura 5: Ponto de colheita de A. caudatus ‘Inca’ (A) e A. cruentus ‘BRS Alegria’ (B),

Santo Antônio do Leverger-MT,2014.

4.2 ANALISE QUANTITATIVA DO CRESCIMENTO

Para avaliação do crescimento considerou T1,T2,T3, com sendo os regimes

hídrico com irrigação até 45, 60 dias após a emergência e irrigação o ciclo todo,

respectivamente. A variedade Inca foi classificada como V1 e a BRS Alegria como V2.

Os resultados permitem afirmar que as variações nos caracteres agronômicos

da planta, associados aos diferentes níveis de estresse hídrico, definiram um padrão

de efeito comportamental, o que auxilia na previsão e no adequado manejo da planta

de amaranto.

As variações no diâmetro do caule da variedade INCA seguiram uma função

potência e mostram que até os 28 dias após a emergência houve pequena variação

38

no diâmetro do caule (Figura 8A). Não houve grande variação entre o diâmetro do

caule nos regimes hídricos estudados, este fato está relacionado ao encurtamento do

ciclo que ocorreu nesta variedade.

** Significativo a 1% de probabilidade, segundo a análise de variância da regressão

Figura 6: Dinâmica de crescimento do caule em plantas de amaranto variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60 dias após a semeadura (T2) e durante o ciclo todo (T3).

T1V1 = 0,0693**X1,269

R² = 0,92

T2V1 = 0,072**x1,243

R² = 0,94

T3V1 = 0,063**x1,277

R² = 0,93

0

2

4

6

8

10

12

14

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70

Diâ

me

tro

do

ca

ule

(m

m)

Dias após a emergência

(A)

T1V1

T2V1

T3V1

T1V1 = 0,086**x1,181

R² = 0,95

T2V2 = 0,063**x1,294

R² = 0,96

T3V2 = 0,069**x1,261

R² = 0,97

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91

Diâ

me

tro

do

ca

ule

(m

m)

Dias após a emergência

(B)

T1V2

T2V2

T3V2

39

Na variedade BRS Alegria o diâmetro máximo médio do caule do tratamento

com regime hídrico pleno apresentou comportamento semelhante ao tratamento onde

houve suspensão aos 60 dias. No tratamento onde houve suspensão da irrigação aos

45 DAE, obteve o menor R2 e foi observada uma acentuada redução do diâmetro do

caule nas plantas sob o déficit hídrico (Figura 6B). Essa diminuição é relacionada,

possivelmente, à maior competição entre plantas por água e nutrientes. (Ferreira et

al., 2014)

O diâmetro do caule é importante por relacionar-se com o tombamento das

plantas, isso porque a panícula é dominante no ápice da planta. Essa panícula é

relativamente grande para o tamanho da planta tornando-a susceptível ao

tombamento. No presente experimento, ocorreu o tombamento de algumas plantas

nas parcelas experimentais na variedade INCA, sem haver prejuízos a coleta de

dados.

Uma explicação simplificada dessa contenção de crescimento pode ser feita a

partir da relação caule/parte aérea. Como o estresse hídrico causa diminuição da área

foliar e da massa da copa, o diâmetro caulinar da planta é contido ou diminuído, pois

a massa da parte aérea está sendo reduzido, ou seja, a planta está se adaptando às

novas condições. Além do mais, nesse momento a outra função básica do caule o

transporte de nutrientes, está em menor atividade, não havendo necessidade de

expansão, também devido ao menor fluxo de assimilados e de íons absorvidos

(Kerbauy, 2004).

A altura de plantas apresentou resposta linear (Figura 7). A imposição do

estresse hídrico aos 45 dias após a emergência (período de florescimento) reduziu a

altura de plantas mostrando o efeito do déficit hídrico sobre a produção do amaranto,

confirmando a maior necessidade de água nas fases de floração e frutificação.

Queiroz et al. (2002) em experimento com a cultura da berinjela também obtiveram

menores valores de altura da planta quando submetida ao estresse hídrico no início

da frutifi cação. A primeira resposta fisiológica ao déficit hídrico é a diminuição da

turgescência e, associada a esse evento, a diminuição do crescimento da planta

porque as fases de floração e frutificação, para a maioria das culturas, são as que

apresentam maiores consumos de água, sendo, portanto, consideradas como fases

críticas (Taiz & Zeiger, 2004; Larcher, 2006).

40

** Significativo a 1% de probabilidade segundo análise de variância da regressão.

Figura 7: Dinâmica do crescimento em altura de plantas de amaranto variedade Inca

(A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60 dias

(T2) e durante o ciclo todo (T3).

Domingos et al. (2005) obtiveram com a variedade BRS Alegria a altura máxima

das plantas aos 90 dias após a emergência, entre 100 e 130 cm, dependendo da

T1V1= 1,362x** - 9,910**R² =0,95

T2V1= 1,455x** - 12,636**R² =0,95

T3V1= 1,619x** - 15,539**R²=0,91

0

20

40

60

80

100

120

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70

Altu

ra (

cm

)

Dias após a emergência

T1V1

T2V1

T3V1

(A)

T1V2 = 1,385x** - 12,376**R² = 0,96

T2V2= 1,503x** - 12,376**R² = 0,98

T3V2 = 1,673x** - 18,704**R² = 0,93

0

20

40

60

80

100

120

140

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91

Altura

(cm

)

Dias após a emergência

(B)

T1V2

T2V2

T3V2

41

quantidade de nutrientes aplicado. No presente trabalho a altura máxima encontrada

foi de 120 cm no tratamento sem déficit hídrico. A altura de plantas é um importante

parâmetro para a colheita mecanizada desta cultura com o uso da plataforma para

colheita de milho (Erasmo et al., 2004).

O A. cruentus cv ‘BRS Alegria’ possui maior altura de planta e diâmetro do caule

em relação ao A caudatus cv ‘Inca’. Esse fato leva a inferir que e A. cruentus é grande

produtora de matéria seca (Carmo & Aguiar, 2000), conforme pode ser observado na

Figura 8.

A cultura do amaranto, pela biomassa produzida, poderia ser utilizada em

sistema de plantio direto na região dos cerrados, por sua estabilidade na produção de

grãos e biomassa, principalmente na safrinha (Erasmo et al., 2004).

O estresse hídrico aplicado provocou reduções no acumulo de matéria seca

nas variedades estudadas sendo que o tratamento irrigado até 45 dias após a

emergência proporcionou menor acúmulo de matéria seca (Figura 8) o que se deve

ao fato de que em plantas estressadas ocorre a diminuição de folhas no caule (Souza

& Amorim, 2009), ou ainda o déficit hídrico pode reduzir a emissão de novas folhas. A

área celular reduzida se explica por uma menor taxa de divisão celular, reduzindo

assim o aparecimento de novas folhas, proporcionando um menor acúmulo de matéria

seca ao final do ciclo.

42

Figura 8: Dinâmica do crescimento em massa seca de plantas de amaranto variedade

Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1) até 60

dias (T2) e durante o ciclo todo (T3)

A redução da produção de matéria seca em plantas submetidas ao estresse

hídrico se torna mais visível à medida em que a exposição ao estresse é mais

prolongada (Griffithis & Parry, 2002). No tratamento irrigado até 60 dias após a

emergência obteve-se acúmulo de massa seca semelhante as plantas que não

sofreram restrição hídrica (Figura 8).

T1V1= 0,659**x2 - 14,531**x + 126,99R² = 0,95

T2V2 = 1,250**x2 - 42,561*x + 338,17R² = 0,98

T3V1= 1,174**x2 - 36,456x + 311,31R² = 0,81

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70

Ma

ssa

da

ma

téri

a s

eca

(K

g h

a -1

)

Dias após a emergência

(A)

T1V1

T2V2

T3V1

T1V2= 0,759**x2 - 16,927**x + 100,94R² = 0,99

T2V2 = 1,011**x2 - 20,099**x + 68,357R² = 0,98

T3V2 = 1,247**x2 - 43,414*x + 391,57R² = 0,97

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91

Ma

ssa

da

ma

téri

a s

eca

(kg

ha

-1)

Dias após a emergência

(B)

T1V2

T2V2

T3V2

43

A primeira consequência fisiológica para plantas submetidas ao estresse

hídrico é a redução ou interrupção dos ritmos de crescimento, devido à redução na

diferenciação foliar influenciado pela restrição hídrica do tratamento adotado (Silva &

Nogueira, 2003).

O comprimento da panícula, em geral na variedade INCA não mostrou grande

variação (Figura 9A), uma vez que o estresse hídrico teve início aos 45 dias após a

emergência quando as plantas já se encontravam em plena antese. E aos 60 dias as

mesmas já se encontravam na maturidade fisiológica. Na variedade BRS Alegria

(Figura 9B) a restrição hídrica aos 45 dias após a emergência afetou o crescimento,

sendo que a curva de crescimento deste tratamento obteve os menores valores.

44

Figura 9: Dinâmica do crescimento em comprimento da panícula de plantas de

amaranto variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até

45 dias (T1) até 60 dias (T2) e durante o ciclo todo (T3).

O tamanho da panícula reflete o ambiente onde se desenvolve a planta, como

a população, fertilidade do solo, estresse hídrico, época de semeadura (Ferreira,

2014).

T1V1 = 0,908**x - 27,081R² = 0,80

T2V1 = 1,054** - 32,43R² = 0,85

T3V1 = 0,9552x - 28,219R² = 0,79

0

5

10

15

20

25

30

35

40

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70

Co

mp

rim

en

to d

a P

an

ícu

la(c

m)

Dias após a emergência

(A)

T1V1

T2V1

T3V1

T1V2 = 0,822**x - 34,8R² = 0,971

T2V2= 0,962**x - 40,076R² = 0,97

T3V2 = 1,035**x - 43,856R² = 0,97

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84

Com

pri

me

nto

da

Pa

níc

ula

(cm

)

Dias após a emergência

(B)

T1V2

T2R2

T3V2

45

Na Figura 10 observa-se a largura da panícula, para Inca os regimes irrigados

até 45 dias após a emergência e irrigação plena foram semelhantes (Figura 10A). O

tratamento irrigado até 60 dias apresentou os maiores valores. Em BRS Alegria

(Figura 10B) a restrição da irrigação aos 45 dias afetou a largura da panícula

observando o decréscimo em relação ao tratamento com irrigação plena.

** Significativo a 1% de probabilidade. * Significativo a 5% de probabilidade, segundo análise de

variância da regressão.

Figura 10: Dinâmica do crescimento em largura da panícula de plantas de amaranto

variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias

(T1) até 60 dias (T2) e durante o ciclo todo (T3).

T1V1= 0,212**x - 6,053R² = 0,93

T2V1 = 0,244**x - 7,1604R² = 0,93

T3V1 = 0,218**x - 6,413R² = 0,83

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70

La

rgu

ra d

a P

an

ícu

la (

cm

)

Dias após a emergência

(A)

T1V1

T2V1

T3V1

T1V2 = 0,273**x - 10,728R² = 0,97

T2V2 = 0,366**x - 15,699R² = 0,89

T3V2 = 0,407**x - 17,631R² = 0,90

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91

La

rgu

ra d

a P

an

ícu

la (

cm

)

Dias após a emergência

(B)

T1V2

T2V2

T3V2

46

O estresse prolongado diminui a massa da panícula nas variedades Inca e BRS

Alegria. Este fato está relacionado a maior competição por nutrientes que ocorre

quando as plantas estão sob estresse hídrico.

Nota: ** Significativo a 1% de probabilidade. * Significativo a 5% de probabilidade, segundo análise de

variância da regressão

Figura 11: Dinâmica do crescimento em massa da panícula de plantas de amaranto

variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias

(T1) até 60 dias (T2) e durante o ciclo todo (T3)

T1V1 = 0,030x** - 0,999**R² = 0,82

T2V1= 0,064x** - 2,221**R² = 0,71

T3V1= 0,057x** - 1,929**R² = 0,61

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70

Ma

ssa

da

Pa

nic

ula

(g

)

Dias após a emergência

(A)

T1V2

T2R2

T3V1

T1V2= 0,053x** - 2,520**R² = 0,90

T2V2= 0,081x** - 3,967**R² = 0,91

T3V2 = 0,079x** - 3,797**R² = 0,84

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91

Ma

ssa

d

a p

an

icu

la (

g)

Dias após a emergência

(B)

T1V2

T2V2

T3V2

47

O crescimento de raízes das plantas sob restrição hídrica foi alterado (Figura

9). Pode-se inferir que a distribuição do sistema radicular do amaranto teve a

tendência de buscar as camadas mais profundas em busca de umidade, pois nessas

circunstâncias as raízes, tendem a crescer até as camadas mais úmidas do solo até

que o suprimento de água seja exaurido no ambiente (Souza & Amorim, 2009). Não

havendo limitação de água, a planta concentrou suas raízes nas camadas onde o

crescimento é mais fácil, procurando não prejudicar o processo de absorção.

Figura 12: Dinâmica do crescimento em massa seca da raiz de plantas de amaranto

variedade Inca (A) e BRS Alegria (B) submetidas à irrigação até 45 dias (T1)

até 60 dias (T2) e durante o ciclo todo (T3)

T1V1 = 0,041**x - 0,7411R² = 0,63

T2V1 = 0,031**x - 0,485R² = 0,78

T3V1= 0,036**x - 0,609R² = 0,69

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70

Ma

ssa

da

ra

iz (

g)

Dias após a emergência

(A)

T1V1

T2V1

T3V1

T1V1= 0,089**x - 2,031R² = 0,72

T2V2 = 0,0751**x - 1,588R² = 0,87

T3V2 = 0,064**x - 1,384R² = 0,83

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70 77 84 91

Ma

ssa

da

ra

iz (

g)

Dias após a emergência

(B)

T1V2

T2V2

T3V2

48

Ludlow e Muchow (1990) explicam que o aumento da quantidade de raiz

durante a seca ajuda a planta a obter água a níveis mais profundos no perfil do solo,

assim como ajuda a evitar déficits hídricos nas camadas mais superficiais do solo.

4.2.1 Correlações de Pearson entre a análise quantitativa de crescimento e os

aspectos produtivos

As variáveis produtivas (produtividade e índice de colheita) e as variáveis da

análise quantitativa de crescimento (massa da matéria seca total, massa da raiz,

largura da panícula, comprimento da panícula, massa da panícula, diâmetro do

caule e altura de plantas e relação raiz/parte aérea) foram submetidos a análise de

correlação de Pearson.

De acordo com esta análise (Tabela 4) não houve correlação entre diâmetro do

caule e as demais variáveis estudadas na variedade Inca. Na Tabela 5 observa se a

correlação entre diâmetro do caule e índice de colheita na variedade BRS Alegria.

Apaza-Gutierrez et al. (2002) consideram que o diâmetro do caule tem grande efeito

na produtividade de grãos, o que não ocorreu neste trabalho. Há poucos trabalhos

correlacionando características agronômicas em amaranto, mas Teixeira et al. (2002)

observaram correlação entre a altura de plantas e diâmetro do caule, porém não

obtiveram correlação entre os parâmetros de biometria com a produtividade da

cultura.

A variedade Inca obteve correlação positiva entre a matéria seca total e os

dados da panícula,a massa, a largura e comprimento da panícula significando que a

panícula tem grande influência no massa da matéria seca, uma vez que A. caudatus

a panícula é relativamente grande.

O massa da raiz em A. cruentus cv ‘BRS Alegria’ correlacionou se

positivamente com a altura de plantas (Tabela 5), uma vez que essa variedade

apresenta porte maior podendo chegar a 2 metros de altura (Spehar, 2009), dessa

forma é necessário um maior investimento em raiz para fixar a planta.

49

Tabela 4. Correlação de Pearson entre os parâmetros estudados na variedade INCA (Amaranthus caudatus), agrupando-se os

regimes hídricos estudados

Produtividade Índice de

colheita

Matéria seca total

Peso Massa da raiz

Largura da

Panícula

Comprimento da Panícula

Peso Massa da Panícula

Diâmetro do caule

Altura de

plantas

Raiz/Parte Aérea

Produtividade 1 -0,31 -0,42 0,097 0,16 0,42 0,22 0,21 0,49 0,27

Índice de colheita

1 0,32 0,72* -0,44 -0,08 0,45 0,20 0,90* 0,70

Matéria seca total

1 -0,46 -0,77* 0,71** 0,91* 0,16 0,2 0,76*

Massa da raiz 1 -0,27 -0,19 -0,54 -0,07 0,50 0,92**

Largura da Panícula

1 0,77* 0,70* 0,35 0,32 0,54

Comprimento da Panícula

1 0,70* 0,47 -0,09 0,43

Massa da Panícula

1 0,38 0,77*

Diâmetro do caule

1 0,25 -0,11

Altura de plantas

1 -0,47

Nota: **Correlações significativas a 1% ; *Correlações significativas a 5%

50

Tabela 5. Correlação de Pearson entre os parâmetros estudados na variedade BRS Alegria (Amaranthus cruentus), agrupando-se

os regimes hídricos estudados.

Produtividade Índice de

colheita

Matéria seca total

Massa da raiz

Largura da

Panícula

Comprimento da Panícula

Massa da Panícula

Diâmetro do caule

Altura de

plantas

Raiz/Parte Aérea

Produtividade 1 -0,24 0,42 -0,36 0,48 0,15 0,074 0,45 0,58 -0,39

Índice de colheita

1 0,43 0,61 -0,08 0,52 0,13 0,87** 0,34 0,62

Matéria seca total

1 0,78* 0,54 0,89** 0,21 0,09 0,79* 0,88

Massa da raiz 1 -0,33 -0,64 0,16 0,22 0,72* 0,98**

Largura da Panícula

1 0,52 0,34 0,48 0,78 0,4

Comprimento da Panícula

1 0,25 0,31 0,75* 0,76*

Massa da Panícula

1 0,26 0,20 -0,05

Diâmetro do caule

1 0,11 -0,17

Altura de plantas

1 -0,79*

Nota: **Correlações significativas a 1% ; *Correlações significativas a 5%

51

4.3 Intercâmbio Gasoso

Todas as variáveis do intercâmbio gasoso, assim como a eficiência do uso da

água (EUA), apresentaram pelo menos uma causa de variação significativa.

Para taxa fotossintética liquida (A), houve efeito significativo da época em que

se realizou a medição do intercâmbio gasoso (p < 0,0001), assim como do regime

hídrico (p = 0,0069) e da interação entre essas causas de variação (p = 0,0053). A

prova de médias para o desdobramento dessa interação pode ser observada na

Tabela 6.

No momento inicial não houve diferença entre os tratamentos (Tabela 6). A

maior abertura estomática encontrada na primeira avaliação, aos 45 dias após a

emergência das plantas (Quadro 2) pode ter contribuído para os maiores valores de

A encontrado nessa ocasião, pois nessa época as condições de umidade no solo eram

ideais, disponibilizando água suficiente para as plantas (Kozlowski e Pallardy,1996),

uma vez que as condições eram similares em todos os tratamentos. No momento

intermediário (aos 60 dias após a emergência das plantas) houve efeito do déficit

hídrico, sendo que tratamento irrigado até 45 dias após a emergência foi 44,2% inferior

que o tratamento com irrigação plena. Sabe-se que o estresse hídrico severo é um

dos causadores da diminuição da fotossíntese (Lauer e Boyer 1992). No momento

intermediário a atividade fotossintética foi superior nos tratamentos com suspensão

da irrigação aos 60 dias e no tratamento irrigado o ciclo todo, isso se deve ao fato de

que durante o desenvolvimento das plantas a atividade fotossintética aumenta quando

não há restrição hídrica.

Ao final do ciclo produtivo (colheita) não houve diferença significativa entre os

regimes hídricos, isso porque na colheita as espécies apresentam um decréscimo na

atividade fotossintética até sua senescência (Pimentel e Rossielo, 1995).

Comparando o momento de realização das medições dentro do regime hidrico

não se observou diferença significativa no tratamento irrigado até 45 dias após a

emergência. Para os tratamentos irrigado até 60 dias após a emergência e com

irrigação plena, a taxa fotossintética mostrou um acréscimo aos 60 dias após

emergência (momento intermediário) e posterior decréscimo na colheita (Tabela 6).

52

Tabela 6 – Taxas fotossintéticas líquidas (µmol m-2 s-1) para o desdobramento da

interação entre o momento da realização das medições do intercâmbio

gasoso e o regime hídrico.

Regime hídrico Períodos

Início Intermediário Colheita

Irrigado até 45

dias 16,30 Aa 15,10 Ba 9,90 Aa

Irrigado até 60

dias 14,39 Ab 28,38 Aa 10,15 Ab

Sempre irrigado 13,87 Ab 27,06 Aa 11,68 Ab

Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si

pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Para a taxa transpiratória(E), houve efeito significativo somente do momento

em que se realizou a medição do intercâmbio gasoso (p < 0,0001). A prova de médias

para essa causa de variação pode ser observada na Tabela 7.

Tabela 7– Taxas transpiratórias para o momento da realização das medições do

intercâmbio gasoso.

Momento da medição Taxa transpiratória (mmol m-2 s-1)

Início 1,42 B

Intermediário 2,97 A

Na colheita 1,29 B

Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%

de probabilidade.

A maior taxa de transpiração observada no momento intermediário (Tabela 7)

é responsável pela maior perda de água pelas plantas neste momento, ocasionando

uma menor eficiência do uso da água. Em geral os valores da taxa fotossintética

(Tabela 6) foram semelhantes antes da imposição do estresse e na colheita, portanto,

a planta regula a taxa de transpiração para manter a fotossíntese a níveis satisfatórios.

A vantagem ecológica que as plantas obtêm ao regular a transpiração é manter uma

relação linear com a EUA otimizando as trocas gasosas (Torres e Schiavinato, 2008).

A razão entre a taxa fotossintética e a taxa de transpiração resulta na EUA, que é um

53

parâmetro fisiológico que expressa o comportamento momentâneo das trocas

gasosas na folha e que varia dentro de espécies (Larcher, 2006).

Para condutância estomática (gs), houve efeito significativo do momento em

que se realizou a medição do intercâmbio gasoso (p < 0,0001), assim como da

interação entre todas as causas de variação (p = 0,0360). A prova de médias para o

desdobramento dessa interação pode ser observada no Quadro 2.

Quadro 2 – Condutância estomática (gs) para o desdobramento da interação entre

todos os fatores.

Regime hídrico

Condutância estomática (mol m-2 s-1)

Início Intermediário Na colheita

‘Inca’ ‘BRS

Alegria’ ‘Inca’

‘BRS Alegria’

‘Inca’ ‘BRS

Alegria’

Irrigado até 45 dias

0,0979 Aa(A)

0,1489 Aa(A)

0,1619 Aa(A)

0,1365 Ba(A)

0,0683 Aa(A)

0,0607 Aa(A)

Irrigado até 60 dias

0,0948 Aa(A)

0,0995 Aa(A)

0,2022 Aa(A)

0,2050 ABa(A)

0,1106 Aa(A)

0,0667 Aa(A)

Sempre irrigado

0,0978 Aa(A)

0,1043 Aa(AB)

0,1561 Ab(A)

0,2959 Aa(A)

0,0905 Aa(A)

0,0587 Aa(B)

Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas (fixando-se as épocas de medição e as

variedades, comparando-se os regimes hídricos), minúsculas nas linhas (fixando-se as épocas de

medição e os regimes hídricos, comparando-se as variedades) e maiúscula entre parênteses nas linhas

(fixando-se as variedades e os regimes hídricos, comparando-se as épocas de medição), não diferem

entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na primeira época de medição (início) não houve diferença significativa entre a

condutância estomática nas variedades (Quadro 2), isso porque como já citado

anteriormente, as condições eram similares em todos os tratamentos. No momento

intermediário não houve diferença estatística entre os regimes hídricos na variedade

Inca, mas para a variedade BRS Alegria houve um decréscimo na condutância

estomática no tratamento irrigado até 45 dias após a emergência (T1). O tratamento

com irrigação plena (T3) mostrou o melhor desempenho nessa avaliação,

provavelmente pela melhor condição hídrica da planta. Do ponto de vista fisiológico

os menores valores de condutância estomática obtidos no momento intermediário

indicam que a variedade BRS Alegria apresenta maior sensibilidade ao estresse

hídrico e indicam baixo consumo de água. Avaliar a condutância estomática torna-se

um atributo eficaz na seleção de genótipos para plantio em ambientes com limitada

54

disponibilidade de água no solo. Segundo Krieg (1993) o fechamento dos estômatos

é uma das primeiras linhas de defesa contra a dessecação, uma tentativa favorável

de manter o conteúdo hídrico nos tecidos vegetais por mais tempo, contudo, essa

redução de abertura dos poros estomáticos restringe a troca gasosa entre o interior

da folha e a atmosfera causando diminuição na assimilação de CO2, utilizado no

processo de fotossíntese.

Comparando se os valores da condutância estomática entre as variedades e

os regimes hídricos, nas épocas de medição, houve diferença significativa apenas no

tratamento com regime hídrico de irrigação plena.

Para EUA foi verificada a mesma tendência observada para E. Houve efeito

significativo somente do momento em que se realizou a medição do intercâmbio

gasoso (p = 0,0033). A prova de médias para essa causa de variação pode ser

observada na Tabela 8.

Tabela 8 – Prova de médias das eficiências instantâneas no uso de água(EUA) para

o momento da realização das medições do intercâmbio gasoso.

Momento da medição Eficiência instantânea no uso de

água (mol mol-1)

Início 0,0106 A Intermediário 0,0080 B Na colheita 0,0079 B

Médias seguidas de mesma letra maiúscula nas colunas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5%

de probabilidade.

De modo geral os valores da EUA das plantas de amaranto sob estresse hídrico

diminuem com avanço do ciclo, indicando que a planta estaria sob uma restrição

hídrica mais severa. Isso ocorre em função de um maior aumento da resistência em

relação à difusão de CO2 no mesófilo diminuindo a eficiência de carboxilação (Lawlor

e Cornic, 2002). A maior eficiência do uso de água observada antes da imposição do

estresse hídrico (aos 45 dias após a emergência) é decorrente de que a taxa

transpiratória no início foi 52,1% menor que na fase intermediária, explicando dessa

forma porque na fase inicial a EUA foi maior que na fase intermediária. Firmano et al.,

(2009) relatam que plantas sem restrição hídrica apresentam um aumento no EUA

uma vez que a redução apenas parcial da abertura estomática limita mais fortemente

a transpiração do que a entrada de CO2 aumentando a eficiência do uso da água.

55

4.4 Relações Hídricas

Não foi possível verificar qualquer efeito das causas de variação (variedade,

regime hídrico, momento em que se realizaram as medições e interações) sobre o

conteúdo relativo de água no momento da perda de turgência (CRAo), o potencial

osmótico à plena turgência (100) à turgência incipiente (0) e o módulo volumétrico

de elasticidade da parede celular ().Os valores médios globais dessas variáveis

foram de 87,60% para CRAo, -0,530 MPa para 100, -0,892 MPa para 0 e 5,054 MPa

para .

Para cada 1,0 MPa de variação no potencial de pressão, há uma respectiva

variação em 2% no volume de água no interior das células. Isso significa uma parede

celular elástica e que se ajusta às variações de água dentro da célula, mantendo assim

o potencial de pressão positivo, fator decisivo na manutenção da capacidade de

reprodução celular. Por isso o amaranto não necessita de ajustamento osmótico. Há

casos em que plantas resistentes à seca apresentam parede celular rígida (elevados

valores de ), e para não perder o potencial de turgor, evita a variação de volume

celular (perda de água) por meio de ajustamento osmótico (potenciais osmóticos que

podem chegar à -2,0 MPa). O resultado observado indica que, do ponto de vista das

relações hídricas, o amaranto controla sua condição hídrica interna por meio de

controle estomático. Por ser uma planta C4 o amaranto pode fazer fotossíntese com

baixa ou até mesmo valores nulos de condutância estomática.

Os valores de encontrados para o amaranto é baixo, uma vez que valores

inferiores a 10 MPa são relativamente baixos e indicam parede celular elástica. Na

natureza, se encontram valores de entre 1 e 50 MPa. Meyer et al. (1992) concluíram

que os efeitos do estresse de água sobre a elasticidade do tecido não são

consistentes, sendo observados aumentos em algumas espécies e diminuições em

outras.

56

4.5 ASPECTOS PRODUTIVOS

As variáveis produtividade e índice de colheita apresentaram pelo menos uma

causa de variação significativa. O desdobramento da interação entre regime hídrico e

variedade para produtividade encontra-se na Tabela 9.

Comparando as variedades dentro do regime hídrico observa que na

suspensão da irrigação aos 45 dias a variedade Inca foi superior, demonstrando maior

resistência quando o estresse hídrico ocorre nessa fase, entretanto, na suspensão

aos 60 dias não houve diferença significativa entre as variedades.

Considerando este resultado quando a janela de semeadura for pequena é

recomendável a utilização da variedade Inca, uma vez que esta apresentou

produtividade superior e menor ciclo, ou seja, se o período de chuvas for pequeno, é

recomendável a semeadura da variedade Inca como alternativa de safrinha. Na

condição de irrigação plena, ou seja, disponibilidade de água durante todo o ciclo da

cultura, a variedade BRS Alegria apresentou a melhor produtividade, sendo 25 %

superior à variedade Inca para essa condição (Tabela 9).

Os diferentes regimes hídricos não afetaram significativamente a produtividade

de grãos na variedade Inca, mostrando que essa variedade é tolerante ao estresse

não havendo prejuízos a produção de grãos, outro fator importante é que a planta

pode economizar água para uso em períodos posteriores (Saha et al., 2008), como

por exemplo para atingir a produção de grãos. Assim os efeitos na produção de grãos

foram atenuados não havendo diferença significativa entre os tratamentos de déficit

hídrico na variedade Inca. Outro fator importante é o estádio de desenvolvimento que

o estresse hídrico ocorreu, aos 45 dias após a emergência (início da restrição hídrica

no tratamento T1) a variedade já estava em plena antese. De acordo com Kelling

(1995), o efeito do déficit hídrico sobre a produção das culturas está vinculado ao

período de ocorrência durante o desenvolvimento das plantas. Entretanto é importante

ressaltar que apesar de não haver diferença significativa entre os tratamentos T1 e

T2, a produtividade no segundo tratamento obteve diferença no valor médio de 23,8

%, respectivamente em relação ao tratamento irrigado até 45 dias após a emergência,

embora não significativo. Do ponto de vista prático, se esta diferença persistir para

ensaios com menores coeficientes de variação, esta diferença poderá vir a ser

significativa, o que representa um acréscimo de aproximadamente 305 kg por hectare

na produtividade.

57

Tabela 9. Produtividade (kg ha-1) de A. caudatus cv Inca e A. cruentus cv BRS

Alegria em diferentes regimes hídricos,Santo Antônio do Leverger-

MT,2009.

Variedades

Regime Hídrico Inca BRS Alegria

Irrigado até 45 dias 1.285,69 Aa 702,15 Cb Irrigado até 60 dias 1.591,01 Aa 1.544,92 Ba

Sempre irrigado 1.510,54 Ab 2.008,62 Aa

CV: 12,22% Médias seguidas pela uma mesma letra maiúscula nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na variedade BRS Alegria o estresse teve efeito significativo na produção de

grãos. O déficit hídrico severo (início do estresse aos 45 dias após emergência)

reduziu em 65 % a produtividade de grãos nesta variedade. Uma das explicações para

a redução da produtividade de grãos em decorrência do déficit hídrico é que nessas

condições a planta sofre redução da condutância e da transpiração foliar e como

consequência há um aumento da temperatura foliar e redução na produção de

fotoassimilados, causando redução na produtividade de grãos (Taiz & Zeiger, 2004).

Os menores valores de produtividade encontrados nos tratamentos que tiveram

suspensão da irrigação aos 45 e 60 dias após a emergência comparado com o

tratamento que teve irrigação plena, estão relacionados ao fato de que nos primeiros

dois tratamentos o deficit hídrico ocorreu no período crítico, ou seja, da pré-floração

ao início do enchimento de grãos, assim a recuperação da capacidade produtiva da

cultura não ocorreu de forma satisfatória, uma vez que os eventos reprodutivos são

mais rápidos do que os verificados durante o crescimento vegetativo (Morizet &

Togola, 1984).

Na Tabela 10 observa-se a produtividade por unidade de água disponibilizada

(PUAD) nas variedades e a interação com os regimes hídricos. Para a variedade Inca

o regime hídrico com irrigação plena obteve o menor valor, sendo diferente

estatisticamente de T1 e T2. Em BRS Alegria o tratamento irrigado até 45 dias após a

emergência obteve a menor produtividade por unidade de água disponibilizada, ou

seja, o acréscimo na lâmina total disponibilizada promoveu um aumento na

produtividade desta variedade.

58

Dentro dos regimes hídricos a variedade Inca foi superior no tratamento

irrigado até 45 dias enquanto a BRS Alegria obteve PUAD superior no tratamento com

irrigação plena, no entanto não foi significativo estatisticamente.

Tabela 10. Produtividade por unidade de água disponibilizada (kg ha.mm-1 (PUAD)

para desdobramento da interação em A. caudatus cv Inca e A. cruentus cv

BRS Alegria em diferentes regimes hídricos, Santo Antônio do Leverger-

MT,2009.

Variedade

Regime Hídrico Inca BRS

Irrigado até 45 dias 5,80Aa 3,18 Bb Irrigado até 60 dias 6,34Aa 6,20 Aa

Sempre irrigado 4,15 Ba 6,40 Aa CV: 14,13%

Médias seguidas pela uma mesma letra maíuscula nas colunas e minusculas nas linhas não diferem

entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Foi possível verificar efeito do déficit hídrico, e da interação entre os regimes

hídricos e as espécies sobre o índice de colheita (fração de grãos em relação à matéria

seca total da planta). Observou-se que a variedade mais eficiente na conversão da

massa da matéria seca em grãos, quando a irrigação foi realizada até 45 dias após a

emergência foi a Inca (Tabela 11). Assim, a maior capacidade de conversão de

matéria seca em produto econômico (produtividade de grãos), numa época em que

as condições do meio já não favorecem a cultura, torna-se um bom indicativo de

resistência à seca. Sendo o IC uma medida da eficiência do transporte de

fotoassimilados para o grão, o maior IC observado pela variedade INCA demonstra

maior eficiência de conversão de produtos sintetizados em material de importância

econômica.

A utilização do IC no contexto agronômico é enfatizada em inúmeros estudos

(Durães et al., 1993). Adversidades ambientais, geralmente, redundam em menor IC.

Estudos tem mostrado que IC de uma cultura é marcadamente influenciado pela

densidade de plantio, disponibilidade de água e nutrientes e, temperatura na estação

de crescimento.

O maior índice de colheita encontrado na variedade Inca, espécie de A.

caudatus, deve se ao fato que esta variedade apresenta panícula relativamente

59

extensa e menor tamanho da planta, sendo assim a fração de grãos em relação a

matéria seca total da planta é maior ocasionando maior índice de colheita para esta

variedade. Outro fator importante é que resultados experimentais têm mostrado que

plantas pequenas, adaptadas para condições de estresse, resultam em altos, ou mais

altos, IC que plantas maiores (Durães et al., 1998).

Para Irrigação até 60 dias variedade BRS Alegria se destacou obtendo IC 51%

superior a variedade Inca.

Tabela 11. Índice de colheita para A. cruentus cv “BRS Alegria” e A. caudatus cv

Inca. Santo Antônio do Leverger-MT,2009.

Variedade

Regime Hídrico Inca BRS

Irrigado até 45 dias 0.60 Aa 0.21 Bb Irrigado até 60 dias 0.27 Bb 0.53 Aa

Sempre irrigado 0,49 Aa 0,32 Bb CV = 18,66%

Médias seguidas pela uma mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

60

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O déficit hídrico é uma situação comum à produção de muitas culturas,

podendo apresentar um impacto negativo e substancial no crescimento e

desenvolvimento das plantas. A necessidade em se resolver esta condição leva a

planta a desenvolver mecanismos morfofisiológicos, que as conduzem a economizar

água para uso em períodos posteriores.

Os estudos com amaranto ainda são incipientes, no entanto a cultura apresenta

perspectivas promissoras, dessa forma é importante que se realize mais pesquisas

no sentido de estabelecer quais processos fisiológicos, mudanças morfológicas e

fenológicas da planta se alteram em função do déficit hídrico.

Além disso faz se necessário um melhoramento das variedades de amaranto,

uma vez que o material genético ainda não apresenta estabilidade, apresentando

diferenças dentro do mesmo material genético.

61

6. CONCLUSÕES

Nas condições que o experimento foi conduzido foi possível concluir que:

I. A variedade de amaranto Inca (Amaranthus caudatus) mostrou capacidade de

produzir seu potencial granífero com apenas 45 dias de precipitação

pluviométrica.

II. A variedade de amaranto BRS Alegria (Amaranthus cruentus) apresentou

maior sensibilidade à restrição hídrica o que proporcionou decréscimos

significativos na produtividade e menor índice de colheita.

III. Uma vez que não se verificou efeito de espécies sobre o processo

fotossintético, a menor produtividade final de grãos no Inca em relação à BRS

Alegria pode ter sido devido à associação dos seguintes fatores: (a)

característica própria das variedades. (b) na Inca , menor tempo no período

vegetativo (10 dias menos), (c) menor tempo no período reprodutivo (10 dias

menos), (d) na INCA, menor tamanho da planta (possivelmente menor índice

de área foliar).

IV. O diâmetro de caule, a massa da matéria seca total, a massa da matéria seca

da parte aérea e o peso de raízes são variáveis indicadas para o estudo do

estresse hídrico em amaranto.

V. O déficit hídrico causou acréscimo na massa de raízes do amaranto, enquanto

as demais variáveis quantitativas de crescimento sofreram declínio.

62

VI. A irrigação até 45 dias após emergência proporcionou os menores valores de

matéria seca em A. caudatus e A. cruentus.

VII. O estresse hídrico provocou reduções significativas nas medidas de

intercambio gasoso das variedades estudadas.

VIII. Para as variáveis das relações hídricas não foi possível verificar os efeitos das

espécies de amaranto, do regime hídrico e da interação entre esses fatores

IX. As espécies aparentemente controlam eficientemente o uso de água por meio

de controle estomático. Isto porque não se verifica potenciais osmóticos e

módulo volumétrico de elasticidade da parede próprios de plantas resistentes

à seca.

63

7. REFERÊNCIAIS BIBLIOGRÁFICAS

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