universidade federal de juiz de fora · inep que, gentilmente, cederam parte do seu precioso tempo...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CAEd - CENTRO DE POLTICAS PBLICAS E AVALIAO DA EDUCAO
PROGRAMA DE PS-GRADUAO PROFISSIONAL EM GESTO E AVALIAO
DA EDUCAO PBLICA
ALESSANDRO BORGES TATAGIBA
A GESTO DA INFORMAO E DO CONHECIMENTO:
DESAFIOS, ABORDAGENS E
PERSPECTIVAS DO INEP
JUIZ DE FORA
2013
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ALESSANDRO BORGES TATAGIBA
A GESTO DA INFORMAO E DO CONHECIMENTO:
DESAFIOS, ABORDAGENS E
PERSPECTIVAS DO INEP
Dissertao apresentada como requisito parcial para
a concluso do Mestrado Profissional em Gesto e
Avaliao da Educao Pblica, da Faculdade de
Educao da Universidade Federal de Juiz de Fora,
para obteno do ttulo de Mestre em Gesto e
Avaliao da Educao Pblica.
Orientadora: Profa. Dra. Eliane Medeiros Borges
JUIZ DE FORA
2013
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TERMO DE APROVAO
ALESSANDRO BORGES TATAGIBA
A GESTO DA INFORMAO E DO CONHECIMENTO:
DESAFIOS, ABORDAGENS E
PERSPECTIVAS DO INEP
Dissertao apresentada banca designada pela equipe de Dissertao do
Mestrado Profissional CAED / FACED / UFJF, aprovada em __/__/___.
____________________________________________
Membro da Banca Orientador
____________________________________________
Membro da Banca Externa
____________________________________________
Membro da Banca Interna
Juiz de Fora,..... de .................. de 2013
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Para Saori, Aim e Alan, pelo amor, apoio e
por todo tempo do qual nos privamos juntos
para tornar a pesquisa possvel. Para Elisa e
Srvulo (in memoriam) pelas primeiras
palavras e amor eterno.
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A sabedoria supera o conhecimento;
porm, s o amor capaz de compreender tudo.
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AGRADECIMENTOS
A concretizao de um trabalho de pesquisa envolve muitos apoiadores, desde pessoas
muito prximas at pessoas que no chegamos a conhecer. Nesse sentido, registro aqui meus
sinceros agradecimentos queles que contriburam nesta caminhada.
Ao autor da vida e arquiteto do universo, ao meu Deus, eu agradeo pelo nosso
relacionamento, por ter cuidado de todos os meus caminhos e pela presena de todas as
pessoas que tornaram este sonho possvel. Tantas pessoas que no seria possvel aqui uma
lista exaustiva e completa.
Profa. Dra. Eliane Borges de Medeiros, minha orientadora, agradeo a acolhida,
abertura e orientao. s Profas. Sheila Rigante Romero, Raquel Barroso da Silva, Profa.
Dra. Adriana Bruno, Profs. Dr. Tarcsio Jorge Santos Pinto e Daniel Eveling da Silva,
agradeo as valiosas e enormes contribuies.
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e ao Centro de Polticas Pblicas e
Avaliao da Educao (CAEd), pelo compromisso com a qualidade do programa de ps-
graduao, to rico em termos de conhecimentos e de trocas de vivncias acadmicas,
profissionais e humanas. Nesse sentido, ao Prof. Manuel Palcios e Profa. Beatriz Teixeira,
pelo pioneirismo neste programa de ps-graduao e por promover este curso com uma
equipe docente de excelncia nacional e internacional. Portanto, ao Prof. Eduardo Antnio
Salomo Cond, Profa. Ana Maria Hessel, Prof. Marcelo Cmara, Profa. Terezinha Barroso,
Profa. Hilda Micarello, Profa. Rogria Campos De Almeida Dutra, Prof. Marcelo Burgos,
Profa. Mrcia Machado, Profa. Maracy Alves, Prof. Rubem Barboza Filho, Profa. Thelma
Lcia Pinto Polon, Profa. Lina Ktia Mesquita, Prof. Wellington Silva, Daniel Brooke, Profa.
Edna Rezende, Prof. Fabrcio Carvalho, Prof. Ricardo Cristofaro, Profa. Eliane Bettocchi,
Profa. Rosane Preciosa, Prof. Marcos Tanure, Prof. Marcus David, Profa. Rosimar Oliveira,
Dbora da Silva Vieira, todos da UFJF; ao Prof. Fernando Reimers, da Havard University; ao
Srgio Crdenas Denham, do Centro de Investigacin y Docencia Econmicas. A todos os
docentes e inspiradores de sonhos, meu sincero agradecimento!
A todos meus colegas de curso de todo o Brasil e de Moambique, sou grato pelo
companheirismo e pelas valiosas trocas de experincias profissionais. Aos amigos da
academia, Bisqu, Isabel, Alba, Aparecida Valria, Alexandra, Alisson, Andr, Jobenemar,
Cludio, Paulo Henrique, por terem me ensinado tanto sobre a importncia de somar foras.
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Ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira Inep, por
ter oferecido todo o suporte necessrio para a realizao desta ps-graduao. Aos gestores do
Inep que, gentilmente, cederam parte do seu precioso tempo para colaborar nas entrevistas e
no aprofundamento da pesquisa. Igualmente, aos meus colegas de trabalho do Inep, registro o
meu abrao e o reconhecimento pelo apoio para levar adiante a pesquisa. A todos os colegas
do Cibec, por compartilhar, de forma to profissional, a valiosa expertise a respeito das
atividades do Centro de Informao e Biblioteca em Educao do Inep. assessoria de
imprensa e Diretoria de Planejamento e Gesto do Inep pelas informaes e dados
fornecidos. Aos colegas da Coordenao Geral de Recursos Humanos e Gesto do Inep pelo
contnuo suporte, ateno e assistncia aos servidores. Aos especialistas em restaurao e
recuperao de acervos da APAE-DF e restauradora Mnica Kanegae pelas contribuies
recebidas.
Ao Professor Hamada Hirofumi, da Universidade de Tsukuba, pelas indelveis lies
de teoria e prtica educacional. Profa. JoAnne Yates, do Massachusets Institute of
Technology (MIT) Sloan School of Management, por gentilmente responder aos meus e-mails
e pela indicao das preciosas leituras. Pesquisadora Cristina Jardim, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, pelo enriquecedor dilogo e pelas sugestes de leituras. Aos
servidores do SIC da esfera federal, pela colaborao na pesquisa. Aos servidores do
Ministrio da Educao por compartilhar valiosas contribuies sobre a gesto do
conhecimento. Aos usurios do Cibec, pelo precioso tempo e por possibilitar o
aprofundamento da compreenso do ponto de vista do usurio.
A todos familiares e amigos, pelo suporte e incentivo. Saori, Aim e Alan, pelo
aconchego do lar, compreenso e encorajamento; aos meus queridos pais, Elisa e Srvulo, in
memoriam, pelas primeiras lies e pelo carinho; aos avs queridos, pelas doces lembranas e
incentivo aos estudos; aos irmos amados, George, Paulo, Christian, Veridiana, Viviane,
Vanessa, Virgnia, Vincius, pela acolhida e harmonia. Shizuo, Michie, Yusuke e a toda
famlia querida. Sandra Resende, pela formatao e reviso dos originais. A Flvio,
Fabola, Joshua, Fernando, Ruth, Ezequias, Gbia, Edson, Gissele, Jos Luis, Indira, Marina,
Daniel, Fabiana, Marcelo, Marcos, Ana, Luiz Vida, Ucha, Andra, Carlos, Harumi, Naomi,
Candice, Mirelle, Roberto, Phablo, Lira, Kaoru, pela amizade e torcida. Ao educador Wilson,
por sonhar, acreditar e compartilhar o ideal da educao pblica de qualidade.
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RESUMO
Esta pesquisa visa reflexo sobre a gesto da informao e do conhecimento no Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira (Inep). Como rgo pblico de
tradio histrica para a educao brasileira, nos seus mais de 75 anos de existncia, o Inep se
destaca pelo seu trabalho estratgico e de vanguarda relacionado gesto e ao desenho das
polticas de estado e de governo. A anlise das fontes de evidncias e a reviso de literatura
definiram como recorte de pesquisa o Centro de Informao e Biblioteca em Educao
(Cibec), uma das unidades do instituto, cuja origem remonta ao Decreto-Lei n 580 de 1937 e
ao Centro de Documentao Pedaggica, criado por Ansio Teixeira. O desenho e o recorte
desse plano de pesquisa levaram formulao da seguinte questo problema: como promover
a gesto sistemtica e permanente das informaes e dos conhecimentos educacionais no
Inep? Para o desenvolvimento das reflexes e o enfrentamento da questo problema,
subsidiaram o desenvolvimento do escopo metodolgico trabalhos de autores como Yin
(2010) e Creswell (2010). A anlise sobre as fontes de evidncias entrevistas, quantitativos
de acesso de usurios, dados relacionados s publicaes e s informaes educacionais
propiciou uma compreenso maior dos desafios e perspectivas da gesto da informao e do
conhecimento para este rgo pblico. O aporte terico considera, entre outros relevantes
autores, trabalhos como os de Batista (2012) e Thompson (2004) para discutir, no contexto da
administrao pblica, o conceito de mediao da informao e do conhecimento, por
exemplo. Os resultados da pesquisa destacam o desafio de implantar uma poltica oficial de
gesto da informao e do conhecimento do instituto. A consecuo dessa poltica tem por
objetivo assegurar parmetros legais que, de forma sistemtica e perene, contribuam para o
aprimoramento constante dos trabalhos prestados pelo Inep educao brasileira e gesto
das polticas de estado e de governo.
Palavras-chave: Gesto da Informao. Gesto do Conhecimento. Inep.
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ABSTRACT
This research aims to reflect on information and knowledge management at the National
Institute for Educational Research and Study Ansio Teixeira (Inep). As a Brazilian historical
and long term educational public institute, with more than 75 years of existence, the Inep
stands out for its strategic and cutting-edge work related to the management and design of
state and government public policies. The analysis of the sources of evidence and literature
review defined the Centre for Information and Library Education (Cibec) as a research outline
among the departments of the institute. Cibecs roots date back to the Law number 580 of
1937 and to the Pedagogical Documentation Centre, created by Ansio Teixeira. This focus
led to the formulation of the research question as following: how to promote systematically
and permanently educational information and knowledge management at Inep? In order to
face this question and reflect on the research theme, the development of the methodological
approach was based on authors such as Yin (2010) and Creswell (2010). The analysis of the
sources of evidence, such as interviews, quantitative data about user access, as well as those
related to Ineps publications and educational information, provided a greater understanding
of the challenges and prospects of the information and knowledge management for this public
institution. Among other relevant authors, works of Baptist (2012) and Thompson (2004)
subsidized the theoretical discussion, for instance, the concept of mediation of information
and knowledge in the context of the public administration. The results suggest the need to
implement an official policy of information and knowledge management at the institute. The
achievement of this policy aims to ensure legal parameters to contribute to the constant
improvement of the work provided by the institute to the Brazilian education and to the
management of the state and government policies in a systematic and perennial way.
Keywords: Information Management. knowledge Management. Inep.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Organizao administrativa do Inep e o respectivo quantitativo de cargos
comissionados ........................................................................................................................... 31
Figura 2 Matriz conceitual do Cibec ..................................................................................... 41
Figura 3 Servio Eletrnico de Informao ao Cidado (e-SIC)........................................... 54
Figura 4 Solicitao de Informao I .................................................................................... 89
Figura 5 Solicitao de Informao II ................................................................................... 94
Figura 6 Anlise da lacuna do conhecimento estratgico.................................................... 115
Figura 7 Casoteca da Enap .................................................................................................. 128
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 15 rgos mais demandados no Poder Executivo Federal at 20/05/2013 ............. 55
Tabela 2 15 rgos mais demandados no Poder Executivo Federal at 20/05/2013 ............. 56
Tabela 3 Nmero de acessos ao portal pblico do Inep na Internet ...................................... 97
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LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Organograma do Cibec em 1981 ........................................................................... 34
Quadro 2 Quantitativo de consulta ao acervo do Cibec por material consultado ................. 45
Quadro 3 Dados, Informao e Conhecimento ..................................................................... 83
Quadro 4 Caractersticas dos pedidos de acesso s informaes .......................................... 87
Quadro 5 Ranking dos 10 temas mais recorrentes nos pedidos de acesso informao ...... 87
Quadro 6 Motivos da negativa de acesso informao ........................................................ 87
Quadro 7 Porcentagem da escolaridade dos solicitantes ....................................................... 88
Quadro 8 Porcentagem conforme a profisso........................................................................ 88
Quadro 9 Nmero de acesso s publicaes do Inep no portal eletrnico ............................ 97
Quadro 10 Forma textual da Metodologia de Mapeamento Institucional ........................... 106
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Quantidade de usurios da biblioteca do Cibec ...................................................... 44
Grfico 2 Materiais e respectivos percentuais consultados no Cibec de outubro de 2012 a
maio de 2013 ............................................................................................................................ 47
Grfico 3 Quantidade de pedidos de acesso informao no Inep de maio de 2012 a abril de
2013 .......................................................................................................................................... 86
Grfico 4 Porcentagens relativas ao Grupo 1 e ao Grupo 2 .................................................. 91
Grfico 5 Quantidade de atendimentos por meio do 0800 616161 na opo Inep ............ 95
Grfico 6 Quantitativo de atendimentos por e-mail do Fale Conosco .................................. 96
Grfico 7 Quantitativo de atendimentos via web do Fale Conosco ...................................... 96
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Apae/DF Associao de Pais e Amigos dos Excepcionais do Distrito Federal
Anresc Avaliao Nacional do Rendimento Escolar
BBE Bibliografia Brasileira de Educao
BBE@ Bibliografia Brasileira de Educao em Formato Digital
Capes Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
CBPE Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais
Cibec Centro de Informao e Biblioteca em Educao
Cileme Campanha de Inquritos e Levantamentos do Ensino Mdio e Elementar
CGU Controladoria-Geral da Unio
CPAD Comisso Permanente de Avaliao de Documentos Arquivsticos
CRPE Centros Regionais de Pesquisas Educacionais
Dired Diretoria de Estudos e Pesquisas Educacionais
DTDIE Diretoria de Tecnologia e Disseminao de Informaes Educacionais
DNE Departamento Nacional de Educao
DUDH Declarao Universal dos Direitos Humanos
e-SIC Servio Eletrnico de Informao ao Cidado
Enap Escola Nacional de Administrao Pblica
Encceja Exame Nacional de Certificao de Competncias de Jovens e Adultos
Enem Exame Nacional do Ensino Mdio
CSPS Escola Canadense do Servio Pblico
FGV Fundao Getlio Vargas
FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao
FTP File Transfer Protocol
Ideb ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica
Ipac Instituto de Administrao Pblica do Canad
Ipea Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada
Inep Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira
LAI Lei de Acesso a Informaes
MEC Ministrio da Educao
PNLD Programa Nacional do Livro Didtico
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PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento
ProLei Programa de Legislao Educacional Integrada
Prouni Programa Universidade para Todos
Rbep Revista Brasileira de Estudos Pedaggicos
Reduc Rede Latino-Americana de Documentao e Informao
RIPE Repositrio Institucional de Pesquisa em Educao
Sabi Sistema de Automao de Bibliotecas
Saeb Sistema de Avaliao da Educao Bsica
Sediae Secretaria de Avaliao e Informao da Educao
Seec Servio de Estatstica da Educao e Cultura
Sibe Sistema Integrado de Informaes Bibliogrficas
SIC Servio de Acesso Informao
TCI Termo de Classificao da Informao
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
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SUMRIO
INTRODUO ....................................................................................................................... 17
1 DESAFIOS ............................................................................................................................ 22
1.1 Desafios histricos e contemporneos do Inep...................................................22
1.2 Gesto da Informao e Gesto do Conhecimento no Cibec............................37
1.3 O acesso ao Cibec..................................................................................................43
1.4 A Lei de Acesso Informao (LAI)...................................................................50
1.5 Desafios: reconhecer e abordar............................................................................58
2 ABORDAGENS .................................................................................................................... 61
2.1 Marco metodolgico: caminhos de pesquisa........................................................61
2.2 Pressupostos ticos................................................................................................63
2.3 Referenciais tericos.............................................................................................65
2.3.1 Contextualizao Terica .................................................................................. 65
2.3.2 Abordagens conceituais: gesto da informao e gesto do conhecimento ...... 76
2.3.3 Definio dos termos dado, informao e conhecimento .................................. 82
2.4 Anlise de evidncias quantitativas e qualitativas.............................................85
2.4.1 Anlise de dados do e-SIC ................................................................................ 85
2.4.2 Anlise de dados da Central de Atendimento Fale Conosco ............................. 95
2.4.3 Anlise de dados da Assessoria de Comunicao do Inep ................................ 97
2.4.4 Anlise das Entrevistas ...................................................................................... 98
2.5 Abordagens: compreender e propor.................................................................101
3 PERSPECTIVAS ................................................................................................................ 102
3.1 Metodologia de Mapeamento Institucional: subsdios para o desenho e a
implementao de polticas pblicas...................................................................................105
3.2 Desafios da construo da poltica oficial de gesto da informao e gesto do
conhecimento do Inep...........................................................................................................107
3.2.1 Contextualizar ................................................................................................. 107
3.2.2 Precisar os desafios ......................................................................................... 110
3.3 Abordagens..........................................................................................................110
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3.3.1 Abordagens metodolgicas ............................................................................. 111
3.3.2 Abordagens ticas e jurdicas .......................................................................... 112
3.3.3 Abordagens tericas ........................................................................................ 113
3.3.4 Abordagens empricas ..................................................................................... 116
3.3.5 Sntese ............................................................................................................. 124
3.4 Perspectivas..........................................................................................................124
3.5 Novos desafios..........................................................................................................127
REFERNCIAS ................................................................................................................... 130
ANEXOS ............................................................................................................................... 140
ANEXO 1 TABELA IBGE 2011 ....................................................................................... 141
ANEXO 2 Criao do Cibec .............................................................................................. 143
ANEXO 3 Estabelecimento do depsito legal das Informaes Educacionais no Cibec ... 147
ANEXO 4 Constituio do acervo editorial MEC .............................................................. 149
ANEXO 5 Regimento e estrutura interna do Cibec ............................................................ 151
ANEXO 6 Cronologia: Antecedentes histricos do Inep .................................................... 154
ANEXO 7 Linha Editorial do Inep ...................................................................................... 156
ANEXO 8 Gesto da Informao e Gesto do Conhecimento ............................................ 158
APNDICES ......................................................................................................................... 159
APNDICE 1 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ............................................. 160
APNDICE 2 Convite ......................................................................................................... 162
APNDICE 3 Entrevista aos gestores 1 .............................................................................. 163
APNDICE 4 Entrevista aos gestores 2 .............................................................................. 164
APNDICE 5 Entrevista aos gestores 3 .............................................................................. 165
APNDICE 6 Entrevista aos gestores 4 .............................................................................. 166
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INTRODUO
Esta dissertao, organizada em trs sees temticas Desafios, Abordagens e
Perspectivas com seus respectivos tpicos, tem por objetivo refletir sobre a gesto da
informao e a gesto do conhecimento no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais Ansio Teixeira (Inep), com vistas a oferecer contribuies para os trabalhos do
instituto.
Numa abordagem qualitativa e quantitativa, sob a perspectiva metodolgica do estudo
de caso (YIN, 2010), a consecuo da pesquisa implicou uma finalidade ulterior ao prprio
escopo acadmico, ou seja, o de dialogar com os pares de trabalho no Inep as reflexes aqui
desencadeadas. Ao encontro do objetivo proposto e dessa perspectiva dialgica, a proposio
a seguir emerge das trs sees deste trabalho: como promover a gesto sistemtica e
permanente das informaes e dos conhecimentos educacionais no Inep, rgo com mais de
75 anos dedicados pesquisa, organizao, catalogao, preservao e gesto de informaes
e conhecimentos educacionais?
Apesar de contempornea, essa questo-problema sempre possuiu importncia
estratgica para o Inep e para a educao nacional. Com base na pesquisa bibliogrfica e nos
documentos legais sobre o instituto, verifica-se que, ainda que por diferentes definies
terminolgicas, a gesto das informaes e dos conhecimentos educacionais se fizeram
presentes em todos os momentos da histria do Inep, desde sua constituio oficial em 1937.
No cenrio atual, constata-se a crescente legitimao da oferta e do consumo de
informaes associadas s novas Tecnologias da Informao e Comunicao. Na dcada
passada, o Brasil participou das duas Cpulas Mundiais sobre Sociedade da Informao, em
2003 e 2006, na Genebra e na Tunsia respectivamente. Ao final das rodadas de negociaes,
o Compromisso da Tunsia celebra, entre outros relevantes itens, uma Agenda Digital
Solidria mundial com plataformas interligadas e com softwares livres e abertos para
educao, cincia e programas digitais inclusivos.
Nesse sentido, no podemos deixar de considerar, por exemplo, que no Brasil, se por
um lado, entre 2005 e 2011, o acesso internet cresceu 143,8% entre a populao acima de 10
anos; por outro, 53,5% dos brasileiros nessa faixa etria ainda no usam a rede (IBGE, 2011).
Ainda entre aqueles que tm acesso internet, deve-se considerar que o nvel de letramento
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digital pode ser um impedimento ou uma dificuldade para aes de incluso em benefcios de
programas governamentais.
Este cenrio remete gestores e servidores do Inep ao desafio de compreender as
dimenses histrico-sociais do instituto e, ao mesmo tempo, os novos contextos de organizao
social que, na perspectiva da sociedade da obsolescncia (BAUMAN, 1998, p. 112), implicam
mudanas no s de ordem poltica, mas tambm educacional, econmica, artstica, tica. As
sociedades, contudo, experimentam mudanas tecnolgicas em intervalos de tempo cada vez
mais curtos, e, por conseguinte, transformaes nas relaes do ser humano com as informaes
e com os conhecimentos. Uma evidncia emprica dessa afirmao se apresenta na atual
simbiose e na naturalizao da relao ser humano-mquina-mundo proporcionada
recentemente pela computao ubqua (ubiquitous computing) e vislumbrada por Weiser em
1988 que, em sntese, alterou o paradigma do processo para o usurio final (ARAUJO, 2009).
Novos contextos de organizao social no significam, todavia, que antigas demandas
sociais tenham sido superadas. Mais do que antes, instituies pblicas e privadas se encontram
impelidas aos desafios de pensar a gesto das informaes e a gesto do conhecimento. De
outra forma, corre-se o risco de continuar a intervir nos desafios de forma fragmentada,
contingencial e, no raro, ultrapassada e descontextualizada em relao s demandas sociais.
A sociedade espera respostas e atendimento da gesto pblica. No podemos ficar
presos na discusso exclusiva a respeito dos desafios. Torna-se imprescindvel pensar em
instrumentos para abord-los, compreend-los, para ento, com maior segurana, apontar
perspectivas. De outra forma, alguns dos resultados da investigao no apresentariam
evidncias recentes a respeito de instituies brasileiras que j vm apresentando respostas ao
desafio de promover aes de gesto da informao e de gesto do conhecimento frente aos
novos contextos de organizao e mudana social.
Com a finalidade de desencadear reflexes que possam convergir em perspectivas, o
recorte da pesquisa considera o Centro de Informao e Biblioteca em Educao (Cibec), desde
seus fundamentos de constituio histrica, lanados na dcada de 1930, at a poca atual,
como unidade orgnica em relao s outras do Inep. Isso, evidentemente, sem a pretenso de
realizar uma investigao exaustiva acerca de toda a abrangncia, particularidades e relevncia
dos trabalhos de gesto da informao e gesto do conhecimento do instituto.
O resgate e o desenho desse panorama histrico do Inep importam uma vez que, como
se ver mais adiante, no Decreto-Lei n 580 (BRASIL, 1938) j constavam os fundamentos de
um centro e biblioteca especializados em informaes e conhecimentos educacionais. Nesse
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sentido, apesar das contingncias sofridas pela instituio, a histria do Inep se configura,
sobretudo, como uma histria construda com o compromisso de pessoas que, de acordo com
as respectivas identidades profissionais (CASTELLS, 1999), deram respostas aos desafios de
cada poca ao dialogar com a sociedade por meio de informaes e conhecimentos
educacionais confiveis, vlidos e relevantes. Esse compromisso com as polticas
educacionais no nasce por decreto e, conforme Elmore (1980), Dyer (1999) e Brooke (2012),
implica, sem dvida, a participao ativa dos atores institucionais. Em primeira e ltima
instncia, portanto, deve-se sempre buscar compreender o papel dos atores que se relacionam
determinada poltica.
Com base nesse recorte e nessa perspectiva analtica, busco, por conseguinte,
comparar a tica do pesquisador, imerso no ambiente natural da pesquisa, com documentos
legais, entrevistas, documentos de arquivo, levantamento de informaes e reviso de
literatura (YIN, 2010). Ao ingressar no Inep, por meio de concurso pblico para a carreira de
Pesquisador-Tecnologista em Informaes e Avaliaes Educacionais, trabalhei com todos os
exames e avaliaes do Inep relacionados educao bsica. Por acumular quase duas
dcadas de docncia na rede pblica de ensino do Distrito Federal, passei a compreender o
potencial que as reflexes sobre os exames e as avaliaes em larga escala da educao bsica
poderiam promover para a prtica docente.
Integrei tambm a equipe de publicaes do Inep, com a qual, inclusive, pude conhecer
um pouco sobre a histria das publicaes do Inep na tica de interlocutores com reconhecida
expertise nesse campo de atuao. A partir de maio de 2012, como membro da equipe do Cibec,
abracei o desafio de inaugurar e iniciar o Servio de Informao ao Cidado (SIC) do Inep em
cumprimento Lei n 12.527, de novembro de 2011. Lei que, em sntese, regulamenta o direito
constitucional de acesso dos cidados s informaes pblicas e aplicvel aos trs Poderes da
Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios (BRASIL, 2011).
Com o advento da Lei de Acesso Informao, entendo que, entre outros benefcios,
se possibilita s instituies pblicas instrumentos quantitativos e qualitativos para construir a
inteligncia da gesto das informaes, inclusive de forma compartilhada entre os diferentes
rgos pblicos. Isso ocorreu recentemente no 1 evento de celebrao da Lei de Acesso
Informao, em 16 de maio de 2013, em Braslia, quando uma representante da sociedade
civil aludiu 1 edio do Hackathon Dados da Educao Bsica, promovido pelo Inep em
parceria com a Fundao Lemann, como uma boa iniciativa para promover o acesso
informao pblica. O Hackathon Dados da Educao Bsica reuniu hackers,
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programadores e inventores com o objetivo de criar programas e aplicativos em plataformas
fixas e dispositivas mveis para disseminar informaes educacionais e mobilizar a sociedade
por uma educao pblica de qualidade (BRASIL, INEP, 2013). Como resultado, o site
"www.escolaquequeremos.org", mostrado para o pblico neste evento, destaca-se pela oferta
de informaes educacionais de forma interativa, visualmente amigvel e numa abordagem
multimodal da linguagem (KRESS; VAN LEEUWEN, 2001).
Esse exemplo recente rene-se a outros trabalhos de gesto de informaes e de
conhecimentos educacionais no Inep, entre eles, publicaes de sries documentais, relatrios
pedaggicos, textos com reflexes sobre avaliaes nacionais (Saeb/Prova Brasil) e
internacionais (Pisa). Nesse sentido, ressalto ainda que, desde 1944, a Revista Brasileira de
Estudos Pedaggicos (Rbep) e outras publicaes do Inep tm subsidiado o trabalho de
gestores pblicos, pesquisadores e professores. Pesquisas e levantamentos do Censo da
Educao Bsica e do Censo da Educao Superior representam igualmente um gigantesco
trabalho de gesto da informao educacional em articulao com estados, municpios,
escolas e gestores escolares.
Esta breve contextualizao indica apenas um ponto de partida. A primeira seo do
trabalho, Desafios, contextualiza o estudo de caso por meio de uma descrio analtica do
percurso histrico do Inep e do Cibec at alcanar o contexto de implantao da Lei de
Acesso Informao. Essa descrio, conforme Yin (2010, p. 211), configura-se como
relevante para contextualizar o estudo de caso e, sobretudo, para promover insights
relacionados questo problema. A apresentao do estudo de caso se d por meio do
levantamento das fontes de evidncia, conforme Yin (2010), associadas s pesquisas e estudos
de autores como Correia (2009), Cunha (1991), Jardim (2008; 2013), Saavedra (1988),
Saviani (2012) e Xavier (1999). Por sua vez, a estratgia analtica se baseia, na medida do
possvel, em orientaes de ordem cronolgica, conforme Miles e Huberman (1984).
Com base nos referenciais tericos mobilizados para a abordagem dos desafios
levantados, a segunda seo inclui, alm de uma contextualizao terica e a definio de
termos, a apresentao dos pressupostos ticos que nortearam a conduo da pesquisa,
registro e divulgao. Em seguida, a discusso detida de dados e a anlise das entrevistas
servem para ajustar, confirmar ou refutar a leitura do pesquisador em relao s evidncias.
No ltimo tpico da segunda seo, a sntese das abordagens empregadas articula-se
releitura e ao aprofundamento da compreenso dos desafios apontados na primeira seo.
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Considerando, portanto, a necessidade de enfrentar os desafios histricos e
contemporneos do Inep, na terceira e ltima seo do trabalho, os resultados da pesquisa
convergem para a apresentao de subsdios para a construo de uma poltica perene e
atualizvel de gesto da informao e gesto do conhecimento educacional no Inep com
destaque ao compromisso dos atores para o desenho e a implementao efetiva da poltica
pretendida. Sem mais tardar, delineado o panorama do trabalho, como podemos entender os
desafios histricos e contemporneos do Inep?
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1 DESAFIOS
1.1 Desafios histricos e contemporneos do Inep
Refletir sobre informaes e conhecimentos educacionais no Brasil significa
reconstituir o papel histrico e contemporneo do Inep. Os antecedentes histricos do Inep
remontam assembleia constituinte de 1823, na qual chegou a se propor a criao de um
instituto encarregado da verificao dos resultados do ensino em todo o pas (INEP, 1956).
Posteriormente, a iniciativa de Benjamim Constant e o parecer de autoria do ento Deputado
Rui Barbosa, em 1882, para a criao do Pedagogium, em 1890, j continha algumas das
diretrizes que sob o contexto de influncia dos pioneiros da educao1 constituiriam
alguns dos pilares de criao do Inep, em 1937. Um marco recente dessa trajetria histrica
ocorreu em 2012, quando o Inep completou e comemorou 75 anos de existncia oficial.
Por ocasio desse recente marco para a histria do instituto e para a educao
brasileira, a Revista Brasileira de Estudos Pedaggicos Rbep, que publicada pelo prprio
Inep desde 1944, trouxe, entre os relevantes trabalhos cientficos, O Inep, o diagnstico da
educao brasileira e a Rbep, de Saviani (2012). Nesse trabalho, o autor destaca que entre os
objetivos da criao do Inep sempre figurou a ideia de realizao de pesquisas tendo em vista
o esclarecimento e soluo dos problemas pedaggicos. Esse objetivo, ainda atual e urgente
para a educao nacional, implica que o trabalho do Inep possui contexto e finalidades
educacionais bem definidas.
Ao encontro dessa perspectiva, Goulart (2007) com base nos registros do Professor
Jader de Medeiros Brito, que fora diretor da Rbep por 20 anos afirmou que o Inep possui
quatro grandes eixos norteadores de suas atividades:
auxiliar na definio de polticas pblicas para a educao brasileira;
prestar assistncia tcnica s unidades da Federao;
1 O Manifesto dos Pioneiros da Educao, redigido por Fernando Azevedo, teve signatrios como Ansio
Teixeira, Loureno Filho, Roquete-Pinto, Almeida Jnior, Ceclia Meireles, entre outros. O Manifesto, com
todo o texto na ntegra, encontra-se na Biblioteca Virtual Ansio Teixeira
(http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/mapion.htm) e tambm disponvel para download em:
http://download.inep.gov.br/download/70Anos/Manifesto_dos_Pioneiros_Educacao_Nova.pdf.
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estruturar um sistema de documentao e intercmbio educacional capaz de
veicular a disseminao de informaes, mediante um programa editorial;
atuar no desenvolvimento de uma poltica de estudos e pesquisas (GOULART,
2007).
Esses objetivos e eixos norteadores, ao ecoar inclusive dos ideais educacionais dos
pioneiros da educao, comearam a tomar forma por meio da Lei n 378, de 13 de janeiro de
1937 (BRASIL, 1937). Este decreto, que dava poca nova organizao ao Ministrio da
Educao e Sade Pblica, criou o Instituto Nacional de Pedagogia. Alm de inaugurar
juridicamente um instituto educacional de grande porte, o art. 39 dessa lei inovou ao conferir
ao Inep o carter e a atribuio de realizar pesquisas em matrias educacionais: Fica criado o
Instituto Nacional de Pedagogia, destinado a realizar pesquisas sobre os problemas do ensino,
nos seus diferentes aspectos (BRASIL, 1937). Por sua vez, Loureno Filho, primeiro
presidente do Inep, de 1938 a 1946, enfatizou a organizao do sistema de documentao para
a realizao e disseminao de estudos e pesquisas.
Ao encontro dessa perspectiva de pesquisa, a Lei n 378 (BRASIL, 1937) j atribua
tambm ao nascente instituto a tarefa de estudar o problema da literatura infanto-juvenil por
meio da constituio de uma comisso de pesquisa especfica. Como resultado dessa
atribuio e do trabalho de todos que a essa causa se dedicaram, Saavedra (1988, p. 1) inicia
seu trabalho acadmico com a seguinte afirmao: No se pode falar em pesquisa
educacional no Brasil sem se falar no Inep, porque suas histrias esto estreitamente ligadas.
De forma mais detalhada e com vistas a oferecer diretrizes ao efetivo funcionamento
desse instituto de pesquisa, por meio do Decreto-Lei n 580, de 30 de julho de 1938, altera-se
o nome Instituto Nacional de Pedagogia para Instituto Nacional de Estudos Pedaggicos
(BRASIL, 1938). Deve-se a origem da sigla Inep a esse decreto de 1938. poca,
especificamente o art. 2 do Decreto-Lei n 580 (BRASIL, 1938) regulamentou as
competncias do Inep e podemos observar que alm de manter o carter de pesquisa do rgo,
houve um cuidado em se detalhar atividades relacionadas tambm organizao e
disseminao das informaes educacionais:
a) organizar documentao relativa histria e ao estudo atual das doutrinas e das
tcnicas pedaggicas, bem como das diferentes espcies de instituies educativas;
b) manter intercmbio, em matria de pedagogia, com as instituies educacionais
do Pas e do estrangeiro;
c) promover inquritos e pesquisas sobre todos os problemas atinentes organizao
do ensino, bem como sobre os vrios mtodos e processos pedaggicos;
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d) promover investigaes no terreno da psicologia aplicada educao, bem como
relativamente ao problema da orientao e seleo profissional;
e) prestar assistncia tcnica aos servios estaduais, municipais e particulares de
educao, ministrando-lhes, mediante consulta ou independentemente desta,
esclarecimentos e solues sobre os problemas pedaggicos;
f) divulgar, pelos diferentes processos de difuso, os conhecimentos relativos
teoria e prtica pedaggicas. (BRASIL, 1938).
Em 1938, no campo da nascente Cincia da Documentao, o Inep iniciou um
levantamento da bibliografia educacional brasileira e, conforme Saavedra (1988, p. 35),
constitui-se a biblioteca pedaggica com um acervo inicial de 440 volumes. Atualmente,
conta com 65.771 exemplares indexados, catalogados e preservados no acervo do Centro de
Informao e Biblioteca em Educao do Inep (CIBEC/INEP, 2013). Devido s contribuies
dos grandes educadores frente da gesto e ao compromisso profissional dos servidores do
Inep, o acervo educacional cresceu em qualidade e quantidade. Na viso de Ansio Teixeira e
Loureno Filho, ex-presidentes do Inep, as pesquisas institucionais do Inep tambm seriam as
ferramentas para proporcionar a qualidade, confiabilidade e validade das informaes e
conhecimentos educacionais vinculados aos trabalhos do instituto.
Da anlise sobre os documentos legais de criao e constituio do Inep, sobressai o
entendimento de que, desde a inaugurao do Inep, grande parte da misso institucional do
instituto permanece at os dias de hoje. Por exemplo, a proposta de reunir e difundir a
documentao relativa educao brasileira j constava, em 1938, do decreto de criao do
Inep, conforme se observa na alnea a do artigo 2.
Com base no Decreto-Lei n 580 de 1938 e nas origens da gesto da informao
abordadas nos estudos de Paul Otlet em Trait de documentation publicados em 1934
(LOUSADA et al., 2012) , podemos entender, ainda que sob nomenclaturas equivalentes,
que a constituio oficial das bases de um Centro de Informao e da respectiva Biblioteca em
Educao do Inep se deu em 1938. Posteriormente, os trabalhos em prol da pesquisa e difuso
dos conhecimentos educacionais, sobretudo na gesto Ansio Teixeira, s vieram a confirmar
a vocao do Inep em atuar como gestor de informaes e de conhecimentos educacionais.
Ao encontro dessa afirmao, a leitura combinada das alneas a e f permite-nos
entender que a gesto da informao, tanto do ponto de vista da organizao (entrada) bem
como da disseminao das informaes (sada) j constava do iderio de criao do Inep. Por
sua vez, conforme a alnea c, a produo de conhecimento por meio de estudos e pesquisas
j atribua ao Inep o papel de irradiar o conhecimento pedaggico. J se previa, segundo a
alnea e, a funo de consulta ao Inep, mediante assistncia tcnica aos Estados e
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Municpios. Obviamente, para que se possa prestar o servio de consulta, torna-se
imprescindvel gerir todo esse conjunto de informaes educacionais de forma perfeitamente
organizada, de fcil recuperao e, sobretudo, acessvel aos usurios.
Obviamente, o Decreto-Lei n 580 (BRASIL, 1938) alude a diversas atribuies para o
Inep, entre as quais se pode observar, inclusive, o destaque dado Psicologia, conforme se l
na alnea d do artigo 2 do referido decreto. Nesse sentido, segundo Saviani (2012),
podemos compreender a primeira fase do Inep como o perodo que se inicia em 1938 e se
estende at 1952, perodo este marcado pelas bases psicolgicas que Loureno Filho
procurava difundir no contexto do movimento renovador da educao brasileira, cujo marco
o Manifesto de 1932 dos Pioneiros da Educao.
Em vista do exposto acerca do Decreto-Lei n 580 (BRASIL, 1938), deve-se ressalvar
que, ao longo do sculo XX, todas as unidades diretoras do Inep passaram por mudanas de
nomenclatura enquanto outras deixaram de existir, como a Seo Psicologia Aplicada. Em
1952, assume a direo do Inep o Professor Ansio Teixeira que, ao lado do Professor
Loureno Filho, foi um dos Pioneiros da Educao.
Por iniciativa do prprio Ansio Teixeira, o Inep instaura definitivamente uma nova
fase com uma nfase maior nas Cincias Sociais. Ansio Teixeira cria o Centro Brasileiro de
Pesquisas Educacionais (CBPE) e os Centros Regionais de Pesquisas Educacionais (CRPE),
rgos do Inep, conforme o Decreto n 38.460, de 28 de dezembro de 1955 (BRASIL, 1955).
Nos anos 1950 e 1960, segundo Xavier (1999), o CBPE reuniu educadores e cientistas sociais
em um projeto ambicioso de promover o desenvolvimento de pesquisas sobre educao, a fim
de subsidiar as polticas pblicas do setor no pas.
Para ilustrar, ainda que minimamente, esse perodo da gesto de Ansio, do trabalho
Passos e descompassos de uma instituio de pesquisa educacional no Brasil: a realidade do
Inep de Saavedra (1988), as servidoras do Cibec, Doracy Rodrigues Farias, Luza Maria
Sousa do Amaral e Regina Clia Soares (2001) destacam:
Ansio Teixeira perseguia a melhoria da educao pblica, para tanto, iniciou uma
srie de levantamentos e inquritos que levariam a uma anlise detalhada das
condies do ensino em cada Estado. Foi instituda a Campanha de Inquritos e
Levantamentos do Ensino Mdio e Elementar (Cileme), que no se tratava de um
levantamento estatstico das condies do ensino nem uma verificao pura e
simples da ao pedaggica, mas da "busca do como e do porqu da prtica
educativa em situaes conjunturais particulares em uma dada cultura de uma dada
sociedade. Seria o estudo de aspectos ou fenmenos educacionais com a
profundidade suficiente para ressaltar as modalidades que se apresentam, as
circunstncias que lhes do origem, e as repercusses que produzem no quadro geral
das instituies sociais. Enfim, ir ao encontro da educao em sua realidade escolar
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para v-la e senti-la de perto e dentro, fugindo ao conhecimento dos problemas que
chegam de forma mais ou menos longnqua ou distorcida queles que tm a
responsabilidade de enfrent-los e propor solues" (SAAVEDRA, 1988, p. 48).
Nesse contexto de expanso da pesquisa por meio dos CBPE e CRPE, a biblioteca do
Inep, presente desde o incio da fundao do Inep, teve seu momento mais expressivo sob a
administrao de Ansio Teixeira (1952-1964), lembra Jardim (2008). A autora ainda destaca
que, do ponto de vista qualitativo e quantitativo, a biblioteca modernizou suas atividades e
ampliou seu acervo.
O CBPE, com sede no Rio de Janeiro, e os CRPE com sede em Recife, Salvador, Belo
Horizonte, So Paulo e Porto Alegre subordinavam-se todos ao Inep. Cada Centro de
Pesquisa compreendia sempre: i) uma biblioteca em educao; ii) um servio de
documentao e informao pedaggica; iii) um museu pedaggico; iv) os servios de
pesquisa e inqurito de cursos, estgios e aperfeioamento do magistrio e,quando possvel,
servios de educao audiovisual, de distribuio de livros e material didtico e de cinema
educativo (CASTRO, 1999).
Apesar de no ter fundado o Inep, Ansio Teixeira, conforme Rothen (2005), refunda o
Inep com a criao, em 1953, do Centro de Documentao Pedaggica, com a funo de
integrar a atividade de pesquisa e de documentao, facilitando a sistematizao dos trabalhos
e a posterior divulgao de seus resultados (SAAVEDRA, 1988, p. 51). Nessa poca, em
1960, conforme Jardim (2013), o acervo do Inep compreendia 34.000 volumes e 600 ttulos
de peridicos nacionais e estrangeiros abrangendo reas de cultura brasileira, educao,
psicologia e sociologia educacional. Todos os artigos sobre educao j eram analisados e
indexados pelos servidores do setor de documentao como se realiza hoje no Cibec.
Pode-se entender a criao desses centros de pesquisa, segundo Saviani (2012), como
a tendncia de suplantao da influncia da psicologia na educao, largamente difundida pela
gesto de Loureno Filho. As leituras sobre a histria do Inep evidentemente possuem
diferentes perspectivas, conforme destaca Rothen (2005). Cunha (1991), por sua vez, destaca
que os centros de pesquisa criados na gesto Ansio Teixeira, alm de representarem a
continuidade de projetos voltados para a profissionalizao e especializao da educao,
correspondiam aos ideais desenvolvimentistas alimentados nos anos 1950, consubstanciando
a crena no planejamento racional das polticas pblicas e incorporando a esperana no papel
da educao como fator de progresso cultural e de estabilizao social.
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Consoante o exposto por Cunha (1991) e a anlise documental a respeito do Inep,
indago se o perodo de 1952 a 1963, com Ansio Teixeira frente do instituto, no poderia ser
entendido como a perspectiva interdisciplinar da pesquisa educacional. No podemos
esquecer que o trabalho de gesto de Ansio Teixeira frente do Inep recebera influncia de
John Dewey a partir do contato do educador brasileiro, na Universidade de Columbia (EUA),
com as ideias pioneiras sobre educao de Dewey. Nesse sentido, Chaves (1999) aponta que
Ansio Teixeira e John Dewey procuravam conhecer, por meio de pesquisas e diagnsticos, a
realidade das escolas. Esse ponto em comum entre os educadores se revela, inclusive, no art.
2 do Decreto n 38.460, de 26 de dezembro de 1955, em que se colocam quatro objetivos
para os Centros de Pesquisas, a saber:
1. Pesquisa das condies culturais escolares e das tendncias de desenvolvimento de cada regio e da sociedade brasileira como um todo, para o efeito de conseguir
elaborao gradual de uma poltica educacional para o Pas;
2. Elaborao de planos, recomendaes e sugestes para a reviso e a reconstruo educacional do Pas em cada regio nos nveis primrio, mdio e superior e no
setor de educao de adultos;
3. Elaborao de livros, de fontes e de textos, preparo de material de ensino, estudos especiais sobre administrao escolar, currculos, psicologia educacional,
filosofia da educao, medidas escolares, formao de mestres e sob quaisquer
outros temas que concorram para o aperfeioamento do magistrio nacional;
4. Treinamento e Aperfeioamento de Administradores Escolares, Orientadores Educacionais, Especialistas de Educao e Professores de Escolas Normais e
Primrias. (BRASIL, 1955).
Conforme destaca Jardim (2008), durante a gesto de Ansio Teixeira frente do Inep,
o perodo de 1952 a 1964 caracterizou-se pela ampliao da abrangncia do acervo da
biblioteca, com a incluso de obras no s de Educao, mas tambm de Cincias Sociais,
Cultura Brasileira e Psicologia. Segundo a autora, o Inep adquiriu a biblioteca do Prof. Arthur
Ramos, especializada em Sociologia e Antropologia. A biblioteca do Inep, nesse perodo,
passa a ser reconhecida como uma coleo que rene as obras mais importantes sobre a
memria da educao e da cultura no Brasil, tornando-se uma referncia para a pesquisa das
questes educacionais brasileiras.
Na dcada de 1970, ocorrem grandes transformaes no Inep e seus Centros de
Pesquisa. O Decreto n 71.407, de 20 de novembro de 1972, mantm a sigla Inep, mas o
rgo passou a ser denominado de Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(BRASIL, 1972). No ano seguinte, o Decreto n 71.713, de 16 de janeiro de 1973, extingue os
Centros Regionais de Pesquisa Educacional (BRASIL, 1973). Quase no final da dcada de
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1970, o Decreto n 79.809, de 14 de junho de 1977, extingue o Centro Brasileiro de Pesquisa
Educacional (BRASIL, 1977).
De fato, com a transferncia do Inep para Braslia, no final da dcada de 1970, o
Instituto perdeu temporariamente a sua biblioteca. Nesse perodo, foi doado para a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) grande parte do acervo do Inep e desses
centros. Hoje, 70% do acervo do CBPE/Inep localizam-se no Espao Ansio Teixeira, no
Centro de Filosofia e Cincias Humanas da UFRJ.
De acordo com o Termo de Cesso datado de 15 de Setembro de 1977, o Inep cedia
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em carter definitivo, grande parte do acervo
da Biblioteca do extinto Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais, um dos maiores e mais
importantes conjuntos documentais de fontes de informao sobre Educao no pas. Por
meio de contatos por e-mail, a pesquisadora Jardim (2013) relata que, no final do ano de
2008, teve incio o registro dos itens da coleo Inep no Catlogo online das Bibliotecas da
UFRJ Base Minerva2. At abril de 2013, entre livros e peridicos, 8.352 itens do antigo
acervo do Inep j se encontravam inseridos na Base Minerva da UFRJ.
A Fundao Getlio Vargas (FGV) tambm abriga outra parte desse acervo. Conforme
o Guia de Arquivos da FGV, em sua coleo Ansio Teixeira, h 344 livros, 65 peridicos,
166 exemplares de peridicos e 13 artigos de peridicos. No arquivo histrico do Cibec ainda
h uma parte do acervo do CBPE e dos CRPE com materiais diversos, inclusive plantas
baixas originais do CRPE de Alagoas, dirigido pelo pesquisador Gilberto Freyre, conforme
relata o servidor do Inep Leonardo Ruas Correa, especialista em arquivologia e gesto do
conhecimento.
Pouco depois de concretizado o processo de transferncia do Inep para Braslia, a
biblioteca do Inep, no ano de 1981, organiza-se novamente por meio da fuso da biblioteca
remanescente do CBPE do Inep, no Rio de Janeiro, com o acervo do Ministrio da Educao
(MEC). Assim, da fuso da biblioteca histrica do Inep, criada pelo Decreto n 580 (BRASIL,
1938), com as bibliotecas do MEC constitui-se novamente para o instituto um centro
especializado em documentao, informao e biblioteca educacional que, a partir de 1981,
passa a se denominar Cibec.
A partir da redemocratizao do pas, o Inep passou por um novo desenho institucional
que imprimia ao instituto um carter inicial de assessoramento e suporte ao Ministrio da
Educao. Logo depois que o Cibec integrou definitivamente a estrutura do Inep. No
2 Endereo eletrnico: www.minerva.ufrj.br
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decorrer da dcada de 1990, ento, ocorreu um processo de reestruturao no Cibec com base
em dois objetivos: 1) orientao das polticas de apoio a pesquisas educacionais; e 2) reforo
do processo de disseminao de informaes educacionais, com a incorporao de novas
modalidades e estratgias de produo e difuso de conhecimentos e informaes (BRASIL,
CIBEC/INEP, 2012).
Em consonncia com esses objetivos, as Portarias do Ministrio da Educao n 263
de 1982 (Anexo 3) e n 1414 de 1994 (Anexo 4) atriburam ao Cibec a responsabilidade pela
organizao, preservao, catalogao e disseminao da informao educacional brasileira.
Essas portarias trazem uma determinao explcita para que os rgos produtores das
informaes educacionais enviassem ao Cibec documentos e publicaes para facilitar o
acesso e a recuperao das informaes, a qualquer tempo e por qualquer usurio. Ao
encontro desses documentos legais est o Regimento do Cibec (Anexo 5).
Em relao ao instituto de pesquisa como um todo, na segunda metade da dcada de
1990, o Inep passou por uma nova reestruturao. Essa reestruturao se relaciona aos novos
parmetros jurdicos inaugurados pela Constituio de 1988. Nesse contexto jurdico, em
1997, ano em que o Inep foi transformado em autarquia federal, incorporou-se estrutura do
Inep uma unidade responsvel pelos levantamentos estatsticos. Essa nova estrutura nasceu da
fuso do Servio de Estatstica da Educao e Cultura (Seec), rgo criado em 1937, e da
Secretaria de Avaliao e Informao da Educao (Sediae/ MEC). Na dcada de 1990, testes
e exames em larga escala comeam a ganhar espao nas discusses pedaggicas, como o
Sistema de Avaliao da Educao Bsica (Saeb), em 1990, e o Exame Nacional do Ensino
Mdio (Enem), em 1998.
A respeito do contexto educacional do Inep no comeo dos anos 2000, a ampliao e a
consolidao dos exames em larga escala no cenrio brasileiro trouxeram mais
responsabilidades para o instituto de pesquisa. A Prova Brasil, a Provinha Brasil, o Exame
Nacional de Certificao de Competncias de Jovens e Adultos (Encceja) ganharam espao
nos meios educacionais. Desse perodo, as discusses em torno da qualidade do ensino
pblico se destacaram a partir do ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (Ideb).
A realizao desses exames implica um gigantesco trabalho que abarca da concepo
terica do instrumento disseminao de resultados e relatrios. Aspectos pedaggicos,
metodolgicos e tcnicos desses exames se tornam objeto de relatrios e trabalhos de
pesquisa. Esses estudos vm sendo realizados por: i) servidores do instituto, ii) por meio de
contrataes financiadas pelo Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD),
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iii) ou financiadas com base no Decreto n 6.092, de 24 de abril de 2007, que regulamenta o
Auxlio de Avaliao Educacional e, conforme seu artigo 1,
devido ao servidor ou colaborador eventual que, em decorrncia do exerccio da
docncia ou pesquisa no ensino bsico ou superior, pblico ou privado, participe, em
carter eventual, de processo de avaliao educacional de instituies, cursos,
projetos ou desempenho de estudantes a ser executado pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira INEP, pela Fundao
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES e pelo
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educao FNDE. (BRASIL, 2007).
Na mesma poca da edio desse decreto, o Inep passou por uma ampliao do seu
quadro de servidores, com a realizao de dois concursos pblicos para provimentos de
cargos, em 2008 e 2012. Esses dois concursos pblicos visaram ao provimento de vagas em
duas carreiras criadas recentemente: 1) Pesquisador-Tecnologista em Informaes e
Avaliaes Educacionais; e 2) Tcnico em Informaes e Avaliaes Educacionais. Pode-se
entender a criao dessas duas carreiras como aes da gesto federal no sentido de
fortalecer a educao brasileira, conferindo ao Inep meios de constituir e formar seus
recursos humanos.
Ao encontro dessa perspectiva e do ideal da consolidao do instituto de pesquisa e
informaes educacionais, a carreira de Pesquisador-Tecnologista em Avaliaes e
Informaes Educacionais possui como funo desenvolver atividades especializadas de
produo, anlise e disseminao de dados e informaes de natureza estatstica.
responsvel pelo planejamento, superviso, orientao, coordenao e desenvolvimento de
estudos e pesquisas educacionais em todos os nveis e modalidades de ensino e do
desenvolvimento de sistemas e projetos de avaliaes educacionais, bem como por sistemas
de informao e documentao que abranjam todos os nveis e modalidades de ensino.
Representam, ainda, atribuies do cargo a implementao e execuo de planos, programas e
projetos no mbito do Inep. De acordo com a implantao das novas carreiras de pesquisa,
entende-se que, alm da pesquisa, a informao educacional recebe assim o reconhecimento e
a devida importncia neste conceituado e histrico rgo da educao brasileira.
Contudo, problemas j amplamente abordados no mbito federal sobre a inadequao
dos planos de carreiras do Inep podem estar relacionados migrao de servidores do Inep
para outros rgos como Capes, Abin, Ipea e Ministrio da Cincia e Tecnologia, entre
outros. Obviamente, servidores acabam levando consigo toda uma expertise em avaliaes e
http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/DEC%206.092-2007?OpenDocument
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informaes educacionais, construda no Inep, como fruto tambm de um investimento
financeiro do instituto para a capacitao dos servidores.
No s as carreiras do Inep tm passado por alteraes nos anos recentes. O Decreto
de reestruturao do Inep, o Decreto n 6.317, de 20 de dezembro de 2007, possui um quadro
organizacional dividido, basicamente, em diretorias que, por sua vez, abrigam coordenaes
gerais (BRASIL, 2007). Com base no Decreto n 7.693, de 2 de maro de 2012, a Figura 1 a
seguir sintetiza a organizao administrativa do Inep e o respectivo quantitativo de cargos
comissionados.
Figura 1 Organizao administrativa do Inep e o respectivo quantitativo de cargos
comissionados
Presidncia (9)
Procuradoria
Federal (3) Gabinete (5)
Auditoria
Interna (3)
DGP (25) DTDIE (20) Deed (15) Daes (15) Daeb (17) Dired (7)
DGP: Diretoria de Gesto e Planejamento
DTDIE: Diretoria de Tecnologia e Disseminao de Informaes Educacionais
Deed: Diretoria de Estatsticas Educacionais
Daes: Diretoria de Avaliao da Educao Superior
Daeb: Diretoria de Avaliao da Educao Bsica
Dired: Diretoria de Estudos Educacionais
Fonte: BRASIL (2007; 2012).
Como se pode observar na Figura 1, o Inep se organiza em seis Diretorias
subordinadas ao gabinete e presidncia do Inep. Ao todo, h 119 cargos comissionados na
estrutura administrativa do Inep (BRASIL, 2012). Os quantitativos de cargos mencionados na
Figura 1, conhecidos como DAS, correspondem aos de Direo, Chefia e Assessoramento,
e FG, que significa Funes Gratificadas. Juridicamente, so cargos em comisso de livre
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nomeao e exonerao, ou seja, um cargo que pertence ao rgo e que ocupado
temporariamente por um servidor concursado ou por um no concursado.
Nas diretorias esto 83,19% dos cargos comissionados. A diretoria que possui mais
cargos comissionados a DGP, 21% do total disponvel para o rgo; ou seja, do total
reservado para as sete diretorias. Em nmeros absolutos, a Diretoria que possui menos cargos
comissionados a Dired, com 5,8% do total. Exceto na Dired, com apenas uma coordenao
geral, em cada uma das outras diretorias h atualmente trs coordenaes gerais.
De acordo com a pesquisa documental, segundo o Decreto n 6.317 (BRASIL, 2007),
pode-se observar que o Cibec no aparece denominado oficialmente neste documento, embora
no cotidiano da instituio, os servidores do Inep entendam que o Cibec faa parte da Dired.
Contudo, atualmente, no portal eletrnico do Inep na internet, o Cibec aparece ligado ao
gabinete. Segundo a rvore regimental que consta dos documentos arquivados no rgo, nos
anos 2000, o Cibec localizava-se na Diretoria de Tecnologia e Disseminao de Informaes
Educacionais (DTDIE).
importante esclarecer que, embora no produza contedo especfico para
pesquisadores e professores, o trabalho da DTDIE est voltado, na prtica, para solues
tecnolgicas do Instituto. Desse modo, a DTDIE tem como uma de suas finalidades manter os
servios de infraestrutura de tecnologia disponveis bem como desenvolver, implementar,
documentar e manter sistemas de informao para atender s necessidades das demais
Diretorias do Inep, Ministrio da Educao e Sociedade.
A Dired conduz, entre outras, relevantes pesquisas educacionais, como a do i) Perfil
dos Dirigentes Municipais de educao; ii) Pesquisas em avaliao do Fundeb; iii) Validao
psicomtrica e pedaggica da Matriz de Referncia da Prova Nacional de Concurso para
Ingresso na Carreira Docente. Alm de pesquisas, estudos e projetos, a Dired coordena o
trabalho de publicaes do Inep como a Em Aberto e a Rbep. Hoje a Dired abrange mais
atividades do que em meados da dcada passada.
H cerca de dois anos, a equipe de editorao e publicaes passou a integrar a Dired.
Alm disso, o volume de trabalho e as responsabilidades da Dired vm aumentando bastante.
Entre esses responsveis por essas publicaes, encontram-se os revisores, diagramadores e
os membros do comit editorial do Inep. Com seis linhas editoriais diferentes (Anexo 7), a
Dired, conforme portal eletrnico do Inep (2013b), promove aes de gesto das informaes
e gesto do conhecimento junto a vrios agentes externos ao Inep:
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Associaes da classe educacional3;
Biblioteca Central das Universidades Particulares;
Biblioteca Central das Universidades Pblicas;
Bibliotecas Setoriais Particulares;
Bibliotecas Setoriais Pblicas;
Instituies de Ensino e Pesquisa;
Secretarias Estaduais de Educao;
Secretarias Municipais de Educao (nas Capitais).
A Figura 1, contudo, no mostra a dinmica intensa e integrada dos trabalhos de
gesto do Inep. A gesto da informao e a gesto do conhecimento educacional permeiam
todas as diretorias do Inep. Os Censos da Educao Bsica, os Censos da Educao Superior,
os resultados de exames e avaliaes bem como os estudos, pesquisas e disseminaes
desenvolvidas pelas diretorias representam parte relevante desse trabalho de gesto. Neste
tpico da primeira seo do trabalho, ao tomar como unidade analtico-descritiva o Cibec,
busco destacar algumas reflexes relacionadas aos objetivos do estudo de caso.
No Inep, a integrao de trabalhos entre as diretorias significa a melhoria constante
dos servios prestados sociedade. Por exemplo, a respeito da criao de um sistema online
de inscries para o Enem, muitas equipes e diretorias trabalham de forma integrada. A
DTDIE cria e promove a gesto do sistema, conforme o planejamento estabelecido com a
DGP e a Daeb.
Anteriormente ao perodo de inscries, equipes realizam diversos encontros de
trabalho para criar, entre outros materiais informativos, o guia Passo a Passo das Inscries do
Enem, em parceria pela DTDIE, a Daeb e a Assessoria de Comunicao (Ascom) do Inep, e o
Fale Conosco (0800 616161), administrado pela DGP. Segundo a Ascom do Inep, o
resultado desse trabalho integrado de diversas reas do Inep, sob a superviso direta do
Gabinete da Presidncia, foi um recorde de inscries confirmadas, que superaram todas as
previses e chegaram a 7.173.574 milhes no ano de 2013. Desse total, 784.830 tambm
solicitaram certificao do Ensino Mdio. Nos meses de inscries para exames, como o
Enem principalmente, os trabalhos do Balco do SIC supervisionado hoje pelo Cibec tendem
a aumentar bastante.
3 CNTE, ANDES, UNDIME, ANFOPE, ANPAE, FORUMDIR, ANPED.
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O Cibec, por sua vez, passou por muitas transformaes ao longo das ltimas dcadas.
A Portaria Ministerial 697 de 15 de dezembro de 1981 (Anexo 2), que aprova a estrutura,
competncia das unidades e atribuies dos dirigentes do Cibec, oferece uma ideia da
relevncia dedicada s suas aes poca.
Quadro 1 Organograma do Cibec em 1981
Direo do Cibec
Servio de
Seleo e
Aquisio
Servio de
Anlise e
Processamento
Tcnico
Servio de
Referncias e
Buscas
Retrospectivas
Servio de
Referncia
Legislativa
Servio de
Disseminao
Servio de
audiovisual
Fonte: Artigo 2 da Portaria Ministerial 697 de 15 de dezembro de 1981.
Posteriormente, a Portaria Ministerial n 2.255 de 25, de agosto 2003, reduziu o Cibec
a uma coordenao geral com duas coordenaes, uma para coordenao e tratamento da
informao e outra para coordenao de informao e documentao. Observa-se que no
regimento do Inep ainda em vigor que o texto atribui ao prprio Cibec a tarefa de planejar,
coordenar e controlar a execuo das competncias especficas de suas Coordenaes. A
Portaria Ministerial n 2.255 de 2003, a respeito do Regimento Interno do Inep, traz, na seo
IV, as seguintes competncias em relao ao Cibec.
Seo IV
Da Coordenao-Geral do Centro de Informao e Biblioteca em Educao
Art. 45. Coordenao-Geral do Centro de Informao e Biblioteca em Educao
compete:
I - planejar, coordenar e controlar a execuo das competncias especficas de suas
Coordenaes;
II - promover e estimular a disseminao aos agentes do sistema educacional e
sociedade em geral, dos resultados e produtos referentes rea de atuao do Inep;
III - coordenar a implementao da poltica de disseminao de informaes
educacionais e documentao do Inep, oferecendo suporte divulgao dos
resultados e produtos dos sistemas de avaliao e indicadores educacionais;
IV - planejar as atividades, promover a articulao institucional e secretariar
executivamente os trabalhos do Comit dos Produtores da Informao Educacional
(Comped);
V - definir e elaborar contedos institucionais para a Revista Brasileira de Estudos
Pedaggicos;
VI - gerenciar a produo e disseminao de informaes educacionais via web,
adequando-as ao formato necessrio e promovendo a necessria articulao com as
reas produtoras do Inep; e
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VII - apoiar e coordenar estudos e pesquisas utilizando as bases de informaes do
Inep, em articulao com as Diretorias.
O texto ainda destaca o relevante papel do Cibec no sentido de promover e estimular a
disseminao aos agentes do sistema educacional e sociedade em geral, dos resultados e
produtos referentes rea de atuao do Inep. H alguns anos que, em cargos de chefia, o
Cibec funciona apenas com um coordenador e um assistente, ou seja, sem observar a
organizao em torno das referidas coordenaes.
Numa tentativa de dialogar e compreender, coletivamente, os desafios
contemporneos do Inep, no dia 24 de fevereiro de 2011, o Inep realizou 1 Frum O Inep
que queremos, o Inep que a sociedade quer, no Museu Nacional do Conjunto Cultural da
Repblica, Setor Cultural Sul, lote 2, Esplanada dos Ministrios, em Braslia. A partir desse
primeiro frum, a sequncia de vrios grupos de trabalhos e de outros fruns resultou no
consenso de que a estrutura do Inep se encontra inadequada para abarcar toda a complexidade
de responsabilidades acrescidas na ltima dcada.
Caso ocorra a aprovao dessa reestruturao, o Cibec, possivelmente, passaria, na
forma da lei, a integrar legalmente a Dired como uma coordenao geral com trs outras
coordenaes. J se observa no Inep, entre as vrias aes de gesto da Presidncia do Inep,
decises no sentido de fortalecer institucionalmente o Inep em trs eixos:
i) realizao de concurso pblico;
ii) assegurar a reestruturao da autarquia;
iii) integrao de todo o Inep Presidncia do Inep, Diretorias e Cibec em um nico
prdio.
Existe a perspectiva de que haver mudanas positivas ao se localizar fisicamente o
Cibec em um mesmo prdio, juntamente com as demais diretorias do Inep, com maior
capacidade de acomodao de recursos humanos e materiais. O novo prdio, alugado, situa-se
a cerca de sete quilmetros do MEC, localiza-se no Setor de Indstrias Grficas de Braslia,
Quadra 4, lote 327 e j conta com algumas diretorias instaladas, enquanto outras seguem com
o cronograma de mudana.
At o dia 7 de junho de 2013, no trreo do prdio do MEC, por mais de trs dcadas
desde a transferncia do Inep para Braslia, o Cibec atendeu a vrias geraes de
pesquisadores, professores, estudantes, estudiosos, enfim, cidados e servidores da educao.
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Chegamos, portanto, ao limiar em que passado, presente e futuro do Cibec se encontram. Por
conseguinte, no pode haver maior desafio do que este: compreender que as aes e decises
de gesto de ontem e de hoje se repercutem para as geraes atuais e igualmente para as
futuras.
A partir do dia 10 de junho de 2013, o Cibec comeou o processo de mudana para o
novo endereo. A gesto do Inep decidiu transferir para o novo local o acervo educacional da
biblioteca, a sala de peridicos, a sala de obras raras, o arquivo histrico do Inep, o balco do
SIC. Alm da mudana fsica que representa uma das maiores mudanas do Cibec em sua
histria com a integrao de todas as unidades do Inep existe a perspectiva de haver uma
reestruturao do Inep, abrangendo inclusive o Cibec, de forma a refletir melhor os desafios
contemporneos do instituto.
Este primeiro tpico, portanto, conforme o escopo do trabalho, trouxe uma descrio
analtica do conjunto de evidncias sobre alguns dos desafios histricos e contemporneos do
Inep. De acordo com os documentos oficiais e as evidncias analisadas, vimos que a gesto da
informao inicialmente marcada fortemente pelo paradigma da nascente da Cincia da
Documentao e a gesto dos conhecimentos no sentido de desenvolver pesquisas,
publicar e disseminar conhecimentos educacionais representam umas das principais
atividades do Inep junto sociedade.
Para a consecuo dessa gesto junto sociedade, os fundamentos da constituio
histrica do Cibec foram lanados em 1938 e ganharam estatura definitiva em 1953, com a
expanso dos acervos e com o Centro de Documentao Pedaggica, criado na gesto
Ansio Teixeira (SAAVEDRA, 1988, p. 51). O Cibec, portanto, nasce em 1938 como
precursor de toda uma tradio do Inep na rea da Cincia da Documentao para, na gesto
Ansio Teixeira, crescer em qualidade e quantidade com a criao da Biblioteca Murilo Braga,
do Setor de Documentao e Intercmbio e da Campanha de Inquritos e Levantamentos do
Ensino Mdio e Elementar (Cileme).
Neste primeiro tpico, numa breve abordagem dos antecedentes histricos do Inep,
detalhado melhor no Anexo 6, destaca-se o fato de que o ideal das pesquisas educacionais
fulgura-se desde a constituio oficial do Inep, em 1937, e revela-se ainda nos trabalhos atuais
do instituto. A partir da dcada de 1990, conforme evidenciado nos diplomas legais, a partir
dos primeiros estudos em avaliao em larga escala, o Inep passa comea a receber e atuar
sob essa forte influncia do paradigma da avaliao em larga escala. No comeo da dcada de
2000, esse paradigma, no Inep, ganha mais fora com o redimensionamento, a criao, e
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ampliao de novos exames e avaliaes em larga escala. Dessa forma, da pesquisa
educacional, visivelmente o foco e as notcias relacionadas ao Inep se deslocaram para a
realizao de exames em larga escala. Por outro lado, a pesquisa educacional, nessa mesma
poca, ganha novo impulso, com a criao de carreiras de pesquisa do Inep e a retomada de
outros projetos e publicaes.
No perodo, considerado para as anlises descritivas deste primeiro tpico, destacou-se
ainda a criao e a extino do CBPE e dos CRPE. Esses fatos, ao lado de vrias mudanas
institucionais, representam o desafio de vencer a falta de projetos de longo prazo para a
educao. Entre outros exemplos, a no efetivao do repositrio digital do conhecimento e
das informaes educacionais previsto no projeto BBE@, conforme planejado em 2006 pelo
Cibec implica considervel atraso em relao realidade de institutos educacionais no
Brasil e no mundo de porte semelhante ao Inep.
Este e outros exemplos, trazidos tona nesta contextualizao, no possuem a mesma
abrangncia do escopo das anlises de Silvia Maria Galliac Saavedra a respeito do instituto
para o qual trabalhou desde 1968, a ponto da dissertao de mestrado desta autora se intitular
Passos e Descompassos de Uma Instituio de Pesquisa Educacional no Brasil: A Realidade
do Inep (SAAVEDRA, 1988). Inicialmente, esta seo contextualiza a respeito do Inep cujo
foco temtico converge para o Cibec, conforme o propsito alado para o desenvolvimento da
pesquisa. Logo a seguir, no segundo tpico desta primeira seo, a descrio analtica da
gesto da informao e do conhecimento no Cibec tem por objetivo aprofundar a
compreenso sobre a complexidade dos trabalhos dessa relevante unidade do Inep.
1.2 Gesto da Informao e Gesto do Conhecimento no Cibec
Quanto origem, as informaes e conhecimentos educacionais disponveis no Cibec,
podem ser de trs tipos: primrias, produzidas pelo prprio Inep; secundrias, fornecidas por
instituies educacionais pblicas e privadas; e as tercirias so informaes primrias e
secundrias que receberam tratamento ou agregao de valor pelo Inep. Um estudo ou
pesquisa realizado pelo Inep um exemplo de informao primria, os dados informados ao
Inep por instituies pblicas e privadas a respeito da educao superior um exemplo de
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informao secundria. Por sua vez, os dados do Censo da Educao Bsica e do Censo da
Educao Superior so exemplos de informaes tercirias.
O Cibec, responsvel pela gesto de relevante e de singular acervo do conhecimento e
da memria educacional, possui mais de um milho de documentos. Do acervo especializado
em educao, alm de todos os nmeros publicados na Revista Brasileira de Estudos
Pedaggicos (desde 1944) e na Em Aberto (desde 1981), constam mais de 65.771 ttulos,
entre os quais 1618 obras raras da educao e 13.807 peridicos. Devido a esse vasto e rico
acervo, pesquisadores de todo Brasil recorrem ao Cibec para aprofundarem suas respectivas
investigaes.
Para manter, preservar, atualizar e gerir informaes e conhecimentos educacionais,
uma rede interligada de trabalho constitui a equipe de trabalho do Cibec. Essa rede de
trabalho compreende: o arquivo do Inep; a catalogao, a indexao e a preservao do acervo
de referncias bibliogrficas; a manuteno do acervo audiovisual relacionado educao
brasileira; a indexao de publicaes acadmicas voltadas educao; a preservao e
guarda do acervo de obras raras da educao; a gesto do SIC, a organizao e manuteno
das informaes relativas s avaliaes e exames em larga escala do Inep; do servio de
referncia com o atendimento aos usurios na modalidade presencial e remota.
O Cibec atualmente realiza a organizao, a preservao e a disseminao dos
materiais recebidos tambm pelo Inep, tais como sries documentais sobre temas da educao
e relatrios pedaggicos de exames e avaliaes em larga escala do Inep. O Cibec atualmente
preserva e promove a gesto do conhecimento educacional por meio de obras dedicadas
educao bsica e superior, como por exemplo, sobre o censo escolar; estatsticas
educacionais; currculo; educao ambiental; educao especial; educao indgena; educao
infantil; profissional; rural; filosofia da educao; financiamento da educao; formao e
capacitao de professores; gesto da escola; polticas pblicas em educao; psicologia da
educao; tecnologia e educao, etc. (INEP, 2013).
Atualmente, com apenas quatro servidores responsveis pela indexao e catalogao
de novos volumes e nenhum recurso financeiro para novas aquisies de obras, a equipe do
Cibec responsvel por esse trabalho, em um perodo de um ano, chegou a realizar a indexao
e a catalogao de mais de 1100 itens novos para o acervo educacional. Alm desse
quantitativo registrado no sistema interno de administrao do acervo, estes servidores
tambm realizaram outras catalogaes, como a de obras novas produzidas pelo MEC e pelo
Inep. Esse trabalho, o de catalogao na fonte, exige conhecimentos especializados em
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biblioteconomia. A incluso de obras no acervo do Cibec, mesmo sem recursos financeiros
para novas aquisies, deve-se s doaes voluntrias de obras educacionais ao Cibec.
Atualmente, essas doaes chegam de universidades, institutos de pesquisa,
particulares e, com certa frequncia, de algumas secretarias do MEC. As secretarias do MEC,
quando enviam materiais ao Cibec, tm por preocupao resguardar a memria da educao
brasileira. Por exemplo, aps a participao em eventos internacionais, como a VI
Conferncia Internacional de Educao de Adultos (Confintea VI), em Belm, ocorreu o
envio ao Cibec de alguns dos materiais dessa conferncia, a primeira do gnero, alis, sediada
em um pas do hemisfrio sul. Alm deste exemplo, h uma grande diversidade de materiais
no Cibec que servem a muitos pesquisadores em educao.
Conforme mostram as evidncias documentais, o Cibec passou a organizar e
centralizar as informaes educacionais acumuladas no Brasil at ento e aquelas que o
prprio Inep e o MEC produziam, como uma forma de recuperar a qualquer tempo as
informaes que estavam sendo produzidas. De acordo com o Relatrio de Gesto 2011,
ainda em 1981 houve a tentativa de modernizar e informatizar a Biblioteca do Inep com a
criao do Sistema de Informaes Bibliogrficas em Educao Sibe/Cibec. Contudo,
conforme observa Saavedra (1988, p. 135), O oramento do Inep continuava pequeno
demais para seu encargo e a sustentao de um programa at certo ponto ambicioso como era
o Sistema Integrado de Informaes Bibliogrficas (Sibe) e a manuteno dos programas de
fomento pesquisa.
O Sibe se constitua de uma rede nacional de bibliotecas, tendo como unidade central a
biblioteca do Mec/Inep, que tinha como base as referncias bibliogrficas da Bibliografia
Brasileira de Educao (BBE). Por sua vez, a BBE, inicialmente uma publicao editada pelo
Inep, originou-se em 1935 com base no levantamento da Bibliografia Pedaggica Nacional.
Solicitado pelo Ministro Gustavo Capanema, ao Departamento Nacional de Educao (DNE),
esse levantamento foi interrompido por ocasio da reforma do DNE. O Inep retomou esse
trabalho em 1941 e a publicao do primeiro nmero da Rbep trouxe referncias do perodo
de 1812 a 1900, sob o ttulo Bibliografia Pedaggica Brasileira. Posteriormente, em 1954,
foi publicado o primeiro nmero da BBE.
Com a criao do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais (CBPE) e dos
respectivos centros regionais, a BBE, em 1955, passou a integrar a Diviso de Documentao
e Informao Pedaggica. Aps a extino desses centros de pesquisa em 1978, a BBE
constituiu-se numa das atividades tcnicas da biblioteca do Inep. Em 1981, com a efetiva
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transferncia de parte da biblioteca do Inep para Braslia, criou-se o Cibec e o Sibe, rede
integrada por seis bibliotecas e centros de documentao especializados em educao. As
unidades desenvolviam atividades descentralizadas de coleta e catalogao cooperativa por
meio do Sistema Bibliodata Calco, da Fundao Getlio Vargas. O Sibe alimentava ainda o
Boletim Internacional de Bibliografia em Educao, com sede na Espanha, e tambm
integrava a Rede Latino-Americana de Documentao e Informao (Reduc), com sede no
Chile.
Em 1988, a BBE foi processada pelo Sistema de Automao de Bibliotecas (Sabi),
sofware implantado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Conforme registros de
arquivo do Inep, devido manuteno e a atualizaes no disponveis em Braslia, adotou-se
em seguida o Sistema Thesaurus de Automao de Biblioteca, fornecido pela empresa Via
pia Informtica, que hoje tambm no presta mais servios para o Inep. No perodo de 1992
a 1995 seu funcionamento foi inviabilizado, fator que dificultou a implantao completa do
Sabi, conforme aponta o Relatrio de Gesto 2011.
Em 1996, em decorrncia das novas tendncias da poltica educacional, o MEC
redefiniu a misso do Inep e lhe conferiu, como uma das principais funes, as atividades de
produo e disseminao de informaes referentes Educao Bsica e Educao
Superior. Em decorrncia disso, o Cibec foi modernizado com a informatizao dos processos
e implementao de outros projetos que, segundo o Relatrio de Gesto 2011, dinamizaram
os trabalhos do Cibec poca.
Em 2006, a equipe de gesto do Cibec e servidores propuseram a retomada da BBE. A
equipe do Cibec props um repositrio digital e se originou o Projeto BBE@. Por meio do
BBE@ seria possvel dinamizar a gesto das informaes e conhecimentos educacionais
produzidos pelo Inep como um todo e pela sociedade. Contudo, a BBE e a BBE@ no se
efetivaram ainda. A retomada efetiva desses projetos, contudo, seriam importantes para a
gesto da informao e do conhecimento no Inep.
Da mesma poca em que se pensou na BBE@, resgato do Manual do Cibec de 2006 a
sua matriz conceitual, conforme a Figura 2, a seguir. Essa matriz destaca a dinmica do Cibec
cujo referente das informaes e dos conhecimentos educacionais a realidade educacional
contextualizada. Portanto, a Educao, pela sua natureza, interage com todos os aspectos da
vida humana individual e social e, por essa razo, influencia e influenciada pelo contexto
global da realidade (CIBEC/INEP, 2006). Conforme explicitado nessa matriz, para
compreender a realidade educacional e interagir eficazmente com ela, necessrio abord-la
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dentro do que o manual chama de contexto global. Da interao com a realidade
educacional contextualizada surgem as informaes e os conhecimentos educacionais. A
partir do conhecimento de como essa realidade e de como deveria ser que deveriam ser
planejadas as aes necessrias para transform-la (MANUAL DO CIBEC, 2006).
Figura 2 Matriz conceitual do Cibec
REALIDADE GLOBAL
REALIDADE DA EDUCAO
Pesquisa da Educao:
dados
Informaes
conhecimentos
Levantamento de
necessidades
informacionais
Coleta de informaes
educacionais
Agentes da Educao:
pesquisadores
educadores
gestores
educandos
Anlise das informaes
Sntese: indexao e
resumo
Anlise
das necessidades
informacionais
Sntese (Indexao
esquemtica)
Produtos Servios
Arm
aze
nagem
Recu
pera
o
Pesq
uisa E
xplor
atria
Como
a r
ealid
ade
Planejamento
Pesquisa Experimental -
Inovaes
Como deveria ser a realidade
Poltica de anlise
da informao
(Cibec)
RedesRedes
Polticas Educacionais
(MEC)
Poltica da Informao
(Inep)
Coleta Disseminao(Bases de dados)
Banco de dados
CIBEC
Thesaurus
Brasileiro da
Educao
(Cibec)(Cibec)
Fonte: Manual do Cibec (2006).
Do ponto de vista conceitual e prtico, uma matriz de referncia assume grande
relevncia dada a complexidade e a abrangncia das aes do Cibec. Em 2006, nessa matriz,
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j se observava a necessidade de constituir uma poltica da informao do Inep alinhada s
polticas educacionais do MEC. Para ser significativa, a nfase realidade global e
educacional devem acompanhar uma caracterizao dos Agentes da Educao e das outras
unidades com as quais o Cibec interage organicamente dentro do Inep. Na prtica, um
trabalho constante de interlocuo com os agentes da educao se torna o motor fundamental
da gesto da informao e do conhecimento educacional. Essa observao re