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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DAS
RELAÇÕES PARASITO-HOSPEDEIRO
Pollyana Guimarães de Oliveira
Caracterização de uma nova linhagem de célula dendrítica: AP284
Goiânia 2014
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TERMO DE CIÊNCIA E DE AUTORIZAÇÃO PARA DISPONIBILIZAR AS
TESES E DISSERTAÇÕES ELETRÔNICAS (TEDE) NA BIBLIOTECA DIGITAL
DA UFG
Na qualidade de titular dos direitos de autor, autorizo a Universidade Federal de
Goiás (UFG) a disponibilizar, gratuitamente, por meio da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UFG), sem ressarcimento dos direitos autorais, de acordo com a Lei
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Autor (a): Pollyana Guimarães de Oliveira
E-mail: [email protected]
Seu e-mail pode ser disponibilizado na página? [X]Sim [ ] Não
Vínculo empregatício do autor
Agência de fomento:Sim Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico; Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior
Sigla: CNPq e CAPES
País: Brasil UF: GO CNPJ: 33654831-0001/36 (CNPq) 00.889.834/0001-08 (CAPES)
Título: Caracterização de uma nova linhagem de célula dendrítica: AP284
Palavras-chave: Células Dendríticas, AP284, Il-23
Título em outra língua: Characterization of a new dendritic cell lineage: AP 284
Palavras-chave em outra língua: Dendritic cells, AP284, IL-23
Área de concentração: Biologia da Relação Parasito-Hospedeiro
Data defesa: (23/10/2014)
Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Biologia da Relação Parasito Hospedeiro
Orientador (a): Prof.Dr. Milton Adriano Pelli de Oliveira
E-mail: [email protected]
Co-orientador (a):*
E-mail:
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Pollyana Guimarães de Oliveira
Caracterização de uma nova linhagem de célula dendrítica: AP284
Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Biologia das Relações Parasito-Hospedeiro da Universidade Federal de Goiás para obtenção do Título de Mestre
Orientador: Milton Adriano Pelli de Oliveira
Goiânia 2014
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Programa de Pós-Graduação em Biologia das Relações Parasito-
Hospedeiro da Universidade Federal de Goiás
BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Aluno (a): Pollyana Guimarães de Oliveira
Orientador (a): Milton Adriano Pelli de Oliveira
Membros:
1. Milton Adriano Pelli de Oliveira
2. Juliana Reis Machado e Silva
3. Marina Tiemi Shio
Data: 23/10/2014
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“Mudaste o meu pranto em dança,
a minha veste de lamento em veste de alegria,
para que o meu coração cante louvores a ti e não cale.
Senhor, meu Deus,
eu te darei graças para sempre”.
Salmos 30:11-12
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Dedico à:
Deus, o autor da minha vida e único para mim, que por amor entregou seu
filho Jesus, que pela tua graça nos salva. A meu querido orientador Prof Dr
Milton A. P. de Oliveira, pela paciência, colaboração e por ter me dado à
oportunidade de desenvolver este projeto.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por seu infinito amor e bondade, pelo cuidado que
sei que tem por mim, pela força e por estar sempre ao meu lado nos
momentos em que mais preciso da sua presença. Sem a graça de Deus,
nada seria possível em minha vida, nem as mais simples conquistas.
Agradeço ao meu orientador Prof Dr Milton A. P. de Oliveria.
Agradeço por ter cumprido o seu papel com excelência e humildade,
obrigada pela paciência que teve comigo desde o primeiro momento e pelo
auxílio durante a execução das minhas atividades no laboratório. Obrigada
por compreender minhas limitações e dificuldades.
Agradeço à minha mãe Divina de Fátima, que dedicou toda a sua vida
a mim e a minha irmã. Agradeço ao meu pai de criação, Francisco, que nos
escolheu para ser a sua família. Agradeço especialmente à minha irmã
Angela, que nos deu um motivo a mais para sorrir e viver; minha sobrinha
Ana Clara, que vêm encantando as nossas vidas com a sua alegria. Amo
muito todos vocês.
Agradeço ao meu namorado André Luís, que em muitos momentos
acreditou mais em mim do que eu mesma. Obrigada pelo apoio que sempre
me deu desde a época da faculdade. Agradeço pelo companheirismo e pelo
amor. Agradeço à minha amiga Rejane, que também foi uma grande
companheira nos tempos de faculdade e que me incentivou muito a iniciar o
mestrado.
Agradeço a todos do laboratório de citocinas. Ao meu querido amigo
Clayson, que foi uns dos primeiros a me ajudar nas atividades do laboratório
e que vêm sempre me ajudando durante esse tempo. Obrigada pelo tempo
que dedicou para tirar minhas dúvidas e me auxiliar nos meus experimentos,
obrigada por sempre me ajudar com os animais do laboratório, pela
contribuição nesse projeto e por sua amizade.
Agradeço à Natália, que também teve grande contribuição no meu
desenvolvimento dentro do laboratório e que é uma pessoa admirável pela
sua competência e profissionalismo. Obrigada pelas dicas, opiniões, e por
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ser uma pessoa amiga e sincera. Agradeço muito à Lucilla, que em muitos
momentos me ajudou, principalmente nesta reta final. Agradeço pela sua
colaboração e paciência. Obrigada também pelos bons momentos que a sua
amizade me proporciona.
Agradeço à Jéssica que também vêm se mostrando uma grande
amiga e companheira, muito obrigada por tudo. Agradeço a Lohane, que
apesar de já não fazer mais parte da equipe do laboratório, me ajudou em
vários momentos, muito obrigada pela contribuição e pela amizade que
continua entre agente.
Em fim, agradeço a todos do Instituto de Patologia Tropical e
Saúde Pública (IPTSP) que me ajudou direto ou indiretamente. Agradeço a
todos os professores pelo conhecimento que vêm passando, pelas aulas,
pelos eventos e por toda a contribuição. Agradeço, principalmente, ao
Programa de Pós-graduação em Biologia da Relação Parasito Hospedeiro e
à Universidade Federal de Goiás pela oportunidade de formação
profissional.
x
SUMÁRIO
SUMÁRIO ...................................................................................................... x
TABELAS, FIGURAS E ANEXOS ................................................................. xii
SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................... xiii
RESUMO ...................................................................................................... xv
ABSTRACT .................................................................................................. xvi
1 INTRODUÇÃO / REVISÃO DA LITERATURA ............................................ 1
1.1 Características e diversidade das células dendríticas....................... 1
1.2 Receptores semelhantes à Toll (TLRs) e sua expressão em DCs .... 5
1.3 Produção de citocinas por DCs e os diferentes perfis de resposta imune .......................................................................................................... 9
1.4 A família IL-12 ................................................................................. 12
1.5 Sinergismo de TLRs e produção de IL-12 e IL-23 .......................... 15
1.6 Linhagens de DCs e células AP284 ................................................ 16
2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 18
3 OBJETIVOS .............................................................................................. 20
3.1 Objetivo Geral ..................................................................................... 20
3.2- Objetivos Específicos ........................................................................ 20
4 MÉTODOS ................................................................................................ 22
4.1 Camundongos .................................................................................... 22
4.2 BMDCs, RAW264 e linhagem celular AP284 ..................................... 22
4.3 Tratamento com ligantes de TLRs e Escherichia coli ......................... 23
4.4 Anticorpos ........................................................................................... 23
4.5 Ensaio imonoenzimático (ELISA) ....................................................... 24
4.6 Análise dos marcadores de superfície de células AP284 e BMDCs por citometria de fluxo .................................................................................... 24
4.7 Produção de óxido nítrico (NO) .......................................................... 25
4.8 Ensaio colorimétrico MTT (brometo de 3 (4, 5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil tetrazólio) ....................................................................................... 25
4.9 Parasitos e antígenos ......................................................................... 26
4.10 Infecções dos camundongos e cultura dos linfonodos ..................... 26
4.11 Análises estatísticas ......................................................................... 27
xi
5 RESULTADOS .......................................................................................... 28
5.1 Avaliação da expressão de marcadores celulares presentes em macrófagos, DCs e AP284. ...................................................................... 28
5.2 Avaliação da expressão de TLR4 por AP284 .................................... 29
5.3 Aspecto de células AP284 em cultura após estímulo com LPS ......... 30
5.4 Avaliação da produção de IL-12p40, IL-12p70 e IL-23 por células AP284 e BMDCs após estímulos com diferentes agonistas deTLRs ....... 30
5.5 Avaliação da produção IL-12p40, IL-12p70 e IL-23 por células AP284 e BMDCs após estímulo com IFN-γ ............................................................. 32
5.6 Avaliação da viabilidade de células AP284 após estímulo com IFN-γ 34
5.7 Avaliação da produção de NO por células AP284 e BMDCs .............. 35
5.8 Avaliação da produção de TNF por células AP284 após estímulos com LPS e IFN-γ .............................................................................................. 36
5.9 Capacidade fagocítica de células AP284 ........................................... 38
5.10 Avaliação da produção de IL-12p40 por células AP284 infectadas por L. major..................................................................................................... 39
5.11 Avaliação da produção de IL-17 e IFN-γ in vivo após inoculação de células AP284 infectadas com L. major .................................................... 40
6 DISCUSSÃO ............................................................................................. 42
7 CONCLUSÕES ......................................................................................... 48
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 50
ANEXOS ...................................................................................................... 64
Anexo 1 – Parecer do Comitê de Ética ..................................................... 64
xii
TABELAS, FIGURAS E ANEXOS
Figura 1: Marcadores de superfícies relacionados aos diferentes tipos de DCs...................................................................................3
Figura 2: Família IL12..........................................................................13
Figura 3: Avaliação da expressão de marcadores presentes em BMDC, AP284 e RAW264...................................................28
Figura 4: Avaliação da expressão de TLR4 em AP284......................29
Figura 5: Aspecto de células AP284 em cultura após estímulo com LPS.......................................................................................30
Fugua 6: Avaliação da produção de IL-12p40, IL-12p70 e IL-23 por células AP284 e BMDC após estímulos com LPS e E. coli........................................................................................32
Figura 7: Avaliação da produção IL-12p40, IL-12p70 e IL-23 por células AP284 e BMDC após estímulo com IFN-γ...............33
Fugua 8: Avaliação da viabilidade de células AP284 após estímulo com IFN-γ.............................................................................34
Fugua 9: Avaliação da produção de NO por células AP284 e BMDC...................................................................................36
Figura 10: Avaliação da produção de TNF por células AP284 após estímulos com LPS e IFN-γ..................................................37
Fugua 11: Capacidade fagocítica de células AP284.............................38
Fugua 12: Avaliação da produção de IL-12p40 por células AP284 infectadas por L. major.........................................................39
Fugua 13: Avaliação da produção de IL-17 e IFN-γ in vivo após infecção com células AP284 mais L. major.........................41
xiii
SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS
APCs: Células apresentadoras de antígenos (do inglês antigen-presenting cells)
BMDCs: Células dendríticas derivadas de medula óssea (do inglês dendritic cells bone marrow)
cDCs: células dendríticas convencionais
CLP : progenitores linfoides comum (do inglês common lymphoid progenitors)
CMP: progenitor mieloide comum (do inglês common myeloid progenitors)
ConA: concanavalina A
DCs: células dendríticas (do inglês dendritic cell)
ER: retículo endoplasmático
ELISA: Ensaio imonoenzimático
FACS: Separação de células ativadas por fluorescência (do inglês Fluorescence Activated Cell Sorting)
GM-CSF: Fator estimulador de colônia de granulócitos e monócitos (do inglês Granulocyte-macrophage colony-stimulating factor)
Inf-DC: células dendríticas inflamatórorias
iNOS: Óxido nítrico sintase induzida
IFN-γ: Interferon- gama
IFN- tipo I: Interferon tipo um
LBP: Proteína de ligação à LPS (do inglês LPS binding protein)
LC: células de Langerhans (do inglês Langerhans cells)
LPS: lipopolissacarídeo
LTA: ácido lipoteicóico
LTc: linfócitos T citotóxicos
mDCs: células dendríticas migratórias
MDP: precursor macrófago/DC
MHC: molécula principal de histocompatibilidade (do ingllês major histocompatibility complex)
MLR: reação leucocitária mista (do inglês mixed leukocyte reaction)
moDC: células dendríticas derivadas de monócitos
NK: natural Killer
xiv
NO: Óxido nítrico
PAMPs: padrões moleculares associados a patógenos (do inglês pathogen-associated molecular patterns)
PBS: Solução salina tamponada com fosfato (do inglês phosphate buffer saline)
pDCs: células dendríticas plasmocitóides
PGN: Pepitideoglicana
RPMI: Roswell Park Memorial Institute
PRRs: receptores de reconhecimento de padrões (do inglês pattem recognition receptors)
RNA: ácido ribonucleico
SBF: Soro fetal bovino
SD: Desvio padrão
SDS: Dodecil sulfato de sódio (do inglês sodium dodecyl sulfate)
TGFβ: Fator de crescimento transformador beta (do inglês transforming growth factor beta)
Th: T auxiliares (do inglês T helper)
Th1: linfócitos T auxiliares do tipo 1
Th2: linfócitos T auxiliares do tipo 2
Th17: linfócitos T auxiliares do tipo 17
TLRs: Receptores semelhantes ao toll (do inglês Toll like receptors)
TMB: Tetramethylbenzidine
TNF: Fator de necrose tumoral (do inglês Tumor Necrosis Factor)
Treg: células T reguladoras
xv
RESUMO
As células dendríticas (DCs) constituem um grupo heterogêneo de
células e são as principais ativadoras de linfócitos T virgens. Durante a
apresentação de antígenos são produzidos diferentes tipos de citocinas que
interferem com o perfil de resposta imune que será gerado. A produção de
IL-12p70 favorece a diferenciação do perfil Th1 e a produção de IL-23
potencializa o perfil de resposta Th17. Devido à importância da IL-12 e IL-23
na estabilização de uma resposta imune adquirida, a produção destas
citocinas é altamente controlada e alvo de diversas pesquisas. O objetivo
deste projeto foi de caracterizar uma nova linhagem de DC AP284 a partir
dos seus marcadores de superfícies e avaliar a capacidade destas células
em produzir IL-12p40 e IL-23 após diferentes estímulos in vitro, além de
avaliar a sua capacidade fagocítica e indução de um perfil de resposta Th1
ou Th17 in vivo. A expressão dos marcadores foi analisada por citometria de
fluxo e a dosagem de IL-12 e IL23 por ELISA após o estímulo de células
AP284 in vitro com lipopolisssacáride (LPS) e Escherichia coli. Células
AP284 expressam MHC classe II, CD11c e 33D1 em sua superfície, sendo
estes marcadores característicos de populações de DCs. Após estímulos
com LPS e E.coli, células AP284 produzem grande quantidade de IL-12p40
e IL-23, mas não produzem IL-12p70. A produção de IL-12p70 não foi
detectada mesmo após a adição de IFN-γ às culturas, além disso, a
primagem das células com IFN-γ promoveu a inibição de IL-12p40 e IL-23.
Neste trabalho foi demonstrado que células AP284 são DCs, pois além de
expressarem MHC classe II expressam marcadores que são característicos
deste grupo celular. Nossos dados ainda suportam a ideia de que a
linhagem AP284 seja uma linhagem de DC17, pois produziram grandes
quantidades de IL-12p40 e IL-23, mas nenhuma quantidade de Il-12p70.
Assim, AP284 pode ser uma ferramenta importante para o estudo dos
mecanismos de indução e de regulação da produção da IL-23 e uma
possível ferramenta para o estudo da geração e manutenção de um perfil de
resposta Th17.
Palavras-chave: Células dendríticas, AP284, IL-23
xvi
ABSTRACT
Dendritic cells (DCs) are a heterogeneous group of cells and the major
activators of naive T lymphocytes. During antigen presentation, different
types of cytokines are produced and they will interfere with the immune
response profile generated. IL-12p70 promotes the differentiation of Th1
phenotype and IL-23 p enhances the Th17 response. Given the major role of
IL-12 and IL-23 on the stabilization of the acquired immune response, the
production of these cytokines is highly controlled and it is an issue for several
studies. The objective of this work was to characterize a new lineage of DC,
described as AP284, based on their surface markers and evaluate the ability
of these cells to produce IL-12p40, IL-12p70 and IL-23 after different stimulus
in vitro. Additionally it will be evaluate their phagocytic capacity and their
ability to induce a Th1 and Th17 response in vivo. The expression of the
markers was analyzed by flow cytometry and the quantitation of IL-12 and
IL23 was performed by ELISA after stimulation of cells AP284 in vitro with
lipopolysaccharide (LPS) and Escherichia coli. AP284 cells express MHC
class II, CD11c and 33D1 on its surface, which are characteristic markers of
DCs. After stimulus with LPS or E.coli, AP284 cells produce large amounts of
IL-12p40 and IL-23 but do not produce IL-12p70. The production of IL-12p70
was not detected even when IFN-γ is added to prime cultures, moreover,
priming the cells with IFN-γ promoted inhibition of IL-12p40 and IL-23. Our
data sugest that the AP284 is a DC17 lineage. Thus, AP284 can be an
important tool to study the mechanisms of induction or regulation of IL-23
production and a possible tool to study generation and maintenance of a
Th17 profile.
Keywords: Dendritic cells, AP284, IL-23
1
1 INTRODUÇÃO / REVISÃO DA LITERATURA
1.1 Características e diversidade das células dendríticas
As células dendriticas (DCs) pertencem a um grupo heterogêneo de
células responsáveis por iniciar a resposta imune adquirida, pois reconhecem e
capturam micro-organismos durante uma resposta imune inata e posteriormente
são capazes de ativar linfócitos T naïve, fazendo assim, uma conexão entre a
imunidade inata e adquirida (Heuze et al. 2013).
As DCs foram descritas no ano de 1973 e caracterizadas como uma nova
linhagem celular do sistema imune que, além de serem bastante heterogêneas,
possuíam características específicas que as diferenciavam de monócitos e
macrófagos. Algumas características observadas foram: aderência, longos
prolongamentos citoplasmáticos, capacidade de fagocitose, dentre outros
(Steinman & Cohn 1973).
No ano de 1978 foi analisado o papel funcional das DCs, quando as
células foram isoladas do baço de camundongos e demonstrado que um
pequeno número de DCs eram capazes de induzir uma intensa proliferação de
linfócitos T em uma reação leucocitária mista (MLR) após dois ou quatro dias de
cultura, mostrando que DCs poderiam ser 100 vezes ou mais potentes para
estimular células T do que outras populações linfoides (Steinman & Witmer
1978).
Estudos posteriores mostraram que DCs possuíam em sua superfície
uma alta expressão da molécula principal de histocompatibilidade de classe II
(MHC II), confirmando que elas eram as principais células que apresentavam
antígenos a linfócitos T naïve através desta molécula, iniciando assim a resposta
imune adquirida (Steinman et al. 1979).
A partir da descoberta das DCs, muitos trabalhos surgiram a fim de
caracterizar melhor esta linhagem celular. A procura de marcadores de
superfície destas células foi grande e logo foi demonstrado que DCs em um
estado imaturo expressavam alguns marcadores que geralmente não eram
expressos por DCs ativadas (Steinman 2012).
2
Nos tecidos periféricos, as DCs encontram-se em um estado de repouso
e atuam como sentinelas. Frente a uma infecção, elas reconhecem e fagocitam
micro-organismos. Após a fagocitose destes micróbios, elas passam por um
processo de maturação que é caracterizado pela maior expressão de moléculas
co-estimuladoras como CD40, CD80 e CD86 e maior produção de citocinas
(Shortman & Liu 2002; Shortman & Naik 2007).
Várias subpopulações de DCs vem sendo caracterizadas nos últimos
anos, estas subpopulações foram formadas com base em vários critérios
estudados durante o tempo, como por exemplo, os diferentes tipos de
marcadores presentes em suas superfícies e suas localizações. As diferentes
populações de DCs estão presentes na maioria dos tecidos formando uma rede
especializada para capturar antígenos (Chopin et al. 2012).
Monócitos, DCs e macrófagos têm sido historicamente classificados
dentro do sistema fagocítico mononuclear (MPS) com base em suas
características funcionais e fenotípicas, no entanto, como estas células possuem
várias diferenças e funções, uma classificação definitiva vem sendo um desafio
(Guilliams et al. 2014). Para melhor classificação destas células são sugeridos
os seguintes critérios: ontogenia, função, localização ou fenótipo (Guilliams et al.
2014).
Alguns estudos sobre a ontogenia das DCs começaram a esclarecer a
organização da linhagem de DCs murinas. O uso de técnicas com múltiplas
cores fluorescentes ajudaram a identificar a origem de células progenitoras das
diferentes subpopulações de DCs a partir de seus marcadores. Estas células
foram isoladas da medula óssea de camundongos, sangue ou baço e
enxertadas em camundongos receptores para determinar suas linhagens
(Geissmann et al. 2010).
Em camundongos, as DCs foram classificadas em cinco principais
grupos: células dendríticas convencionais (cDCs), células dendríticas
plasmocitóides (pDCs), células de Langerhans na pele (LC), células dendríticas
derivadas de monócitos (moDC) e células dendríticas inflamatórias (inf-DC)
(Guilliams et al. 2010) (Figura1).
cDCs ainda podem ser classificadas como mieloides ou linfoides, sendo
as primeiras também chamadas de DCs migratórias (mDCs) originando-se de
progenitores mieloides da medula óssea (Chopin et al. 2012). mDCs capturam
3
antígenos no local da infecção e rapidamente alcançam os linfonodos drenantes
mais próximos para a apresentação de antígenos (Reis e Sousa 2004).
Figura 1: Representação dos diferentes subconjuntos de células dendriticas e seus respectivos
marcadores de superfícies (Modificado de Guilliams et al. 2010).
Estudos demonstram que esta migração é regulada pelo receptor de
quimiocina CCR7, sendo este, fundamental para que DCs possam alcançar os
vasos linfáticos e consequentemente os órgãos linfoides (Ohl et al. 2004).
Dentre as DCs mieloides, encontra-se as DCs dermais, caracterizadas por
expressarem MHC II, CD11b, CD11c e CD301 (Dupasquier et al. 2004; Ziegler-
Heitbrock et al. 2010).
DCs de origem linfoide estão localizadas em órgãos linfoides secundários,
como linfonodos e baço. Os antígenos que chegam a estes órgãos através da
linfa ou do sangue são capturados e apresentados por estas células aos
linfócitos T (Belz & Nutt 2012). DCs de origem linfoides comumente expressam
MHC II, CD11c e CD11b (Edelson et al. 2010)
pDCs possuem aparência de células do plasma e algumas propriedades
das cDCs, pois também podem apresentar antígenos. As pDCs possuem uma
característica específica que é a capacidade de produzir interferon do tipo I (IFN
4
tipo I) após estímulos com vírus ou componetes virais, onde estudos mostram
que as pDCs são as principais células produtoras desta citocina após infecção
de camundongos com citomegalovírus (Asselin-Paturel et al. 2001).
Diferentemente de outras subpopulações de DCs, pDcs não expressam o
marcador CD11b, porém expressam os marcadores CD11c, Ly6C, B220
(Asselin-Paturel et al. 2001) e ao contrário de cDCs, que o seu precursor sai da
medula óssea para se desenvolver na periferia, o desenvolvimento de pDCs é
geralmente completo na medula (D'Amico & Wu 2003).
cDCs e pDCs compartilham um progenitor comum denominado precursor
macrófago-DC (MDP) identíficado pelos seus marcadores de superfícies Lin−
cKithi CD115+ CX3CR1+ Flt3+ (Fogg et al. 2006) e estudos mostram que alguns
subconjuntos de DCs incluindo CD11c+ CD8α-, CD11c+ CD8α+ e também pDCs
podem ter a origem de progenitores de medula óssea, tais como progenitores
linfoides comum (CLP) ou progenitores mieloides comum (CMP) (Akashi et al.
2000).
LCs estão localizadas na epiderme suprabasal formando uma rede nos
interstícios de queratinócitos e também foram descritas no epitélio escamoso
estratificado. LCs podem ser encontradas ainda nos linfonodos drenantes,
principalmente em casos de doenças inflamatórias da pele (Rausch et al. 1977).
Uma característica específica das LCs é a presença de langerina que parece ser
encontrada apenas neste subtipo (Loser & Beissert 2007).
LCs possuem algumas características compartilhadas com os
macrófagos, principalemente macrófagos residentes dos tecidos (Ginhoux et al.
2006). Devido a estas semelhanças alguns autores sugerem a classificação de
LCs como macrófagos e não DCs (Satpathy et al. 2012), porém esta
classificação ainda é contraditória, pois LCs possuem características clássicas
de DCs, como a capacidade de migrar para órgãos linfódeis periféricos para
apresentação de antígenos (Kissenpfennig et al. 2005; Wilson & Villadangos
2004).
Outra subpopulação de DCs são as moDCs. Estudos iniciais sobre esta
população demosntraram sua existência em áreas de células T nos linfonodos
com a expressão de MHC II, DC86 e MIDC-8, com pouca ou nenhuma
expressão de CD11c e poucas com a expressão de DEC-205. Estas moDCs
5
demonstraram maior capacidade fagocítica que as demais DCs de tecitos
periféricos (Randolph et al. 1999).
Monócitos também podem migrar do sangue para os tecidos durante uma
infecção e se diferenciar em inf- DCs (Serbina et al. 2008) que expressam MHC
II, CD11b, CD11c, DC-SIGN, CD107b (MAC-3) e Ly6Clow (Belz & Nutt 2012;
(Ziegler-Heitbrock et al. 2010). A natureza exata do precursor de DCs e a fase
em que os monócitos sofrem essa diferenciação ainda não são muito claras,
isso devido à subpopulações de DCs serem fenotipicamente diversas (Shortman
& Liu 2002).
Algumas citocinas podem ser importantes para o desenvolvimento de
subpopulações de DCs, como por exemplo, o fator estimulador de colônia de
granulócitos-macrófagos (CSF2/GM-CSF), onde estudos mostram que a
ausência do receptor desta citocina pode prejudicar o desenvolvimento de
algumas populações de DCs como, por exemplo, o desenvolvimento de DCs
CD103+ e CD11b+ (Greter et al. 2012).
Além da complexidade e heterogeneidade das DCs, há grandes desafios
técnicos para o avanço das pesquisas com esta linhagem. Um deles é a
escassez de DCs naturais para estudos in vivo, o que limita a experimentação.
No entanto, em modelos murinos, DCs derivadas de medula óssea (BMDC)
ainda têm sido amplamente utilizadas para estudar os papéis das DCs, onde
estas células são diferenciadas pelo tratamento com GM-CSF. (Inaba et al.
2009). Em humanos, DCs são cultivadas de forma similar a partir de células
mononucleares do sangue periférico ou monócitos CD14+ utilizando GM-
CSF/IL4 (Inaba et al. 2009).
O estudo das DCs vem aumentando ao longo dos anos devido ao seu
papel fundamental na ativação da resposta imune adquirida, fazendo com que
um melhor entendimento destas células auxilie na compreensão de mecanismos
de vacinas, geração de tolerância a transplantes ou de doenças autoimunes.
Além disso, novas técnicas baseadas na manipulação das DCs tem sido uma
poderosa ferramenta para induzir uma resposta imune protetora também contra
tumores (Morel & Turner 2010; Palucka & Banchereau 2012; Steinman 2012).
1.2 Receptores semelhantes à Toll (TLRs) e sua expressão em DCs
6
Para uma proteção adequada contra a invasão de micróbios patogênicos
é necessário um equilíbrio entre o hospedeiro e sua microbiota (Sommer &
Backhed 2013). A capacidade de o sistema imune distinguir entre micro-
organismos comensais e patogênicos é fundamental para evitar o
desenvolvimento de respostas imunes contra o próprio organismo. Assim, as
células do sistema imunológico desenvolveram uma variedade de receptores de
reconhecimento de padrões (PRRs), como os Toll-like receptors (TLRs) (Rakoff-
Nahoum et al. 2004; Sommer & Backhed 2013) e as DCs são as principais
células da imunidade inata que expressam simultaneamente diferentes TLRs
(Uematsu et al. 2006).
TLRs são moléculas que foram conservadas durante a evolução e
identificadas em vertebrados como homólogos da proteína Toll encontrados em
Drosophila melanogaste. Neste inseto, foi visto que Toll estimulava a produção
de proteínas antimicrobianas. Toll foi definido funcionalmente baseado em seu
importante papel na determinação da resistência de D. Melanogaster quando
infectadas por fungos ou bactérias Gram-positivas (Lemaitre et al. 1996).
TLRs são identificados como proteínas transmembranas do tipo I
caracterizadas por domínios extracelulares que possuem variadas repetições
ricas em leucina e um motivo citoplasmático com domímio homólogo de
sinalização do receptor de interleucina 1 (IL-1), denominado Toll/IL-1R (TIR)
(Bowie & O'Neill 2000).
TLRs podem reconhecer uma variedade de moléculas presentes em
micro-organismos denominadas padrões moleculares associados a patógenos
(PAMPs), como por exemplo, lipídios, carboidratos, peptídeos e ácidos nucléicos
(Hemmi et al. 2003).
Todos os eventos realizados por DCs como a migração para órgãos
periféricos e apresentação de antígenos a linfócitos T, são antecedidos pelo
reconhecimentos dos PAMPs na superfície de micro-organismos através de
PPRs principalmente os TLRs que estão presente em suas membranas. TLRs
na superfícies de DCs são os principais receptores que irão contribuir para a
diferenciação dos diferentes tipos de respostas imunes da imunidade adquidida.
Tanto camundongos quanto humanos são capazes de responderem a diferentes
patógenos através de TLRs (Iwasaki & Medzhitov 2004).
7
Em camundongos, vários TLRs já foram identificados, podendo ser
expressos na superfície de células. TLR1, TLR2, TLR4, TLR5 e TLR6 (Pifer et
al. 2011; Shi et al. 2011) reconhecem componentes da membrana
principalmente lipídios, proteínas e lipoproteinas de origem microbiana. TLR3,
TLR7, TLR9, TLR11, TLR12 e TLR13 expressos em vesículas intracelulares
como o retículo endoplasmático (ER), endossomas, lisossomas vão reconhecer
ácidos nucléicos microbianos (Kawai & Akira 2010). Em humanos, não há
expressão de TLR12 e TLR13 e TLR11 não é funcional (Yarovinsky et al. 2005).
TLR4, o primeiro a ser descrito, foi identificado como receptor que
responde a lipopolissacarídeo (LPS), encontrado na membrana exterior de
bactérias Gram-negativas que podem causar choque séptico. Juntamente com
MD2, TLR4 forma um complexo na superfície celular que funciona como
principal componente para ligação com LPS. Outras proteínas como a proteína
de ligação de LPS (LBP) e CD14 estão envolvidas no reconhecimento de LPS
(Akashi-Takamura & Miyake 2008). LBP é uma proteína plasmática que se liga
ao LPS solúvel contribuindo para formação do complexo TLR4-MD2. Além de
ligação ao LPS, TLR4 também pode reconhecer proteínas do vírus respiratório
sincicial, proteínas de fusão do envelope do vírus de tumor mamário de
camundongos e Streptococcus pneumoniae (Akira et al. 2006).
TLR2 também está envolvido no reconhecimento de uma ampla
variedade de PAMPs (Akira et al. 2006), incluindo lipopeptídeos, peptidoglicano
e ácido lipoteicóicos de bactérias Gram-positivas ou zymozam derivado de
fungos. TLR2 comumente forma heterodímeros como TLR2-TLR1 que podem
reconhecer lipopeptídeos triacilados de bactérias Gram-negativas (Jin et al.
2007; Kang et al. 2009).
TLR3 possui a capacidade de reconhecer moléculas presentes em vírus,
como, por exemplo, o RNA de rinovírus, vírus sincicial respiratório, vírus da
encefalomiocardite e vírus do Nilo Ocidental (Akira et al. 2006; Kawai & Akira
2008). As respostas imunes antivirais desencadeadas por TLR3 ocorre
principalmente através da produção de IFN tipo I e citocinas inflamatórias, onde
estudos mostram que camundongos deficientes de TLR3 são mais suscetíveis a
infecções com citomegalovírus e humanos com deficiencia deste receptor
possuem uma maior suscetibilidade ao vírus herpes simplex 1 (Tabeta et al.
2004; Zhang et al. 2007).
8
TLR5 pode reconhecer flagelina bacteriana e DCs CD11c+ CD11b+ na
lâmina própria do intestino delgado possuem uma alta expressão deste receptor.
Estudos mostraram que estas células nos camundongos, foram capazes de
detectar Salmonella typhimurium e de produzirem citocinas pró-inflamatórias
após a infecção, dependente deste receptor. Neste mesmo estudo,
camundongos deficientes de TLR5 tiveram uma dificuldade no reconhecimento
da bactéria e um aumento de sua migração do trato intestinal para os linfonodos
(Uematsu et al. 2006).
TLR7 é outro receptor que também pode reconhecer moléculas virais e
está presente em pDCs. Após infecções por vírus, pDCs podem produzir IFN
tipo I, sendo esta resposta totalmente dependente do reconhecimento de RNA
viral por estas células (Akira et al. 2006). TLR7 e TLR8 são filogeneticamente
semelhantes. Aparentemente, TLR8 é mais expresso em humanos e pode
reconhecer ssRNA viral e TLR7 é expresso geralmente em camundongos (Akira
et al. 2006; Kawai & Akira 2008).
TLR9 também está presente em pDCs e pode reconhecer motivos CpG
de DNA presente frequentemente em bactérias e vírus, mas raramente em
mamíferos (Krug et al. 2001). CpG sintético é utilizado como agonista deste
receptor e pode ativar tanto DCs, macrófagos ou células B. pDCs também
possuem uma alta expressão deste receptor, que pode reconhecer DNA de
citomegalovírus murino, HSV-1 e HSV-2 (Akira et al. 2006; Kawai & Akira 2008).
TLR11 é expresso por células presentes no rim e bexiga, onde este
receptor pode reconhecer componentes de bactérias uropatogênicas. Estudos
mostram que camundongos deficientes deste receptor são mais suscetíveis a
infecções com estas bactérias. TLR11 também é caracterizado por reconhecer
profilina derivado de Toxoplasma gondii (Yarovinsky et al. 2005).
mDCs expressam TLR1, TLR2, TLR3, TLR5, TLR6 e TLR8, porém alguns
estudos relatam a presença de TLR7 tanto em pDCs e mDCs (Ito et al. 2002).
TLR4 é pouco expresso em DCs do baço, porém é frequentemente expresso em
DCs CD11c+ CD11b+ isoladas da medula óssea de camundongos (Boonstra et
al. 2003).
As vias de sinalização dos TLRs foram intensamente estudadas após a
descoberta da molécula adaptadora MyD88. Estudos indicam que existem vias
de sinalizações celulares específicas que definem as suas propriedades
9
imunológicas, por exemplo, pDCs e monócitos inflamatórios possuem vias de
sinalizações únicas que regulam as respostas antivirais que provavelmente
estão ausentes em outros tipos celulares (Kawai & Akira 2006)(Jin & Lee 2008;
Kawai & Akira 2006).
Estudos recentes sobre lúpus eritematoso sistêmico, mostraram que
pDCs com modificações do gene do fator de transcrição E2-2 (Tcf4) e com uma
superexpressão de TLR7 em seu endossomo estavam envolvidas de uma forma
crítica na patogênese da doença com a produção de auto-anticorpos, fazendo
destas células um alvo terapêutico para o melhor estudo do lúpus eritematoso
(Sisirak et al. 2014).
Durante a última década, tem havido um enorme avanço na compreensão
dos papéis dos TLRs no reconhecimento de patógenos e na defesa do
hospedeiro e há evidências de que as sinalizações de PRRs citosólicos em
células não imunes também tem um papel para promover a maturação de DCs e
subsequente ativação de células T específicas. Desta forma, o uso de PAMPs
ou agonistas endógenos que possam estimular tanto células imunes ou não
imunes pode ser uma ferramenta muito útil para o estudo de adjuvantes e
vacinas eficazes (Kawai & Akira 2010).
1.3 Produção de citocinas por DCs e os diferentes perfis de resposta imune
Citocinas são proteínas reguladoras do sistema imune. Quando
produzidas no local de entrada de algum patógeno, as citocinas inflamatórias,
por exemplo, regulam a capacidade de fagócitos residentes ou recrutados para
destruir o agente infeccioso. As citocinas também regulam a apresentação de
antígenos feita pelas DCs e ativação das células T virgens nos linfonodos
drenantes (Chabalgoity et al. 2007).
Após a ativação das DCs, elas podem produzir diferentes tipos de
citocinas e isso irá interferir com o perfil de resposta que será gerado (Morel &
Turner 2010). Diferentes perfis de linfócitos T CD4+ denominados T auxiliares
(Th) já foram identificados de acordo com as suas citocinas de assinatura
produzidas e seus fatores de transcrições. Estes diferentes linfócitos fazem com
10
que o sistema imune combata de forma diferente e eficiente diversos tipos de
patógenos durante uma infecção (Evans & Jenner 2013).
Atualmente, há pelo menos quatro subconjuntos de células Th bem
caracterizados: Th1, Th2, Th17 e células T reguladoras (Treg). Cada um destes
subconjuntos produzem citocinas específicas, bem como possuem fatores de
transcrições característicos (Yamane & Paul 2013). Outros perfis de células Th
também vêm sendo descritos, como o perfil Th9 (Dardalhon et al. 2008;
Veldhoen et al. 2008) e o perfil Th22 (Eyerich et al. 2009).
As principais citocinas que iniciam as sinalizações para diferenciação de
um perfil de resposta Th1 são IL-12 e interferon-γ (IFN-γ), onde os fatores de
transcrições T-bet, STAT1 e STAT4 são necessários para geração deste
subconjunto de células Th. A IL-12 é secretada em grande quantidade pelas
células apresentadoras de antígenos (APCs), principalemte DCs após a sua
ativação via PAMPs que irá induzir as células natural Killer (NK) a produzir IFN-γ
(Yamane & Paul 2013). IFN-γ, por sua vez, promove a expressão de T-bet que é
o fator de transcrição responsável pela indução de linfócitos Th1 (Szabo et al.
2000).
Quando há indução destes fatores de transcrições, principalmente T-bet,
os subconjuntos Th2 e Th17 são suprimidos. O perfil Th1 é importante para a
eliminação de patógenos intracelulares, onde IFN-γ é fundamental para a
ativação de fagócitos, principalmente macrófagos, resultando em um aumento
de sua atividade microbicida (Luckheeram et al. 2012; Oestreich & Weinmann
2012).
O subconjunto de linfócitos do tipo Th2 é caracterizado pela produção de
IL-4, IL-5, IL-9, IL-10 e IL-13, onde a IL-4 é a citocina de assinatura para a
caracterização deste perfil e também a principal citocina para diferenciação de
linfócitos T virgens em Th2. Este tipo de resposta é importante para induzir a
produção de IgE e promover o recrutamento de eosinófilos para o sítio de
infecção, onde a IL-5 é fundamental para o desenvolvimento, sobrevivência e
proliferação dos eosinófilos (Goswami & Kaplan 2011). A resposta Th2 é
relevante contra infecções helmínticas, controle da inflamação e expulsão dos
vermes (Gause et al. 2013).
Para o desenvolvimento do perfil de resposta do tipo Th2, o fator de
transcrição STAT6 e GATA3 são fundamentais. STAT6 não regula diretamente a
11
transcrição de IL-4, porém regula a atividade de GATA3 para induzir a produção
dessa citocina e também de IL-13 (Lee & Rao 2004).
O subconjunto de células Th17 representa uma nova linhagem de células
Th, onde as principais citocinas secretadas por este perfil são IL-17A, IL-17F, IL-
21 e IL-22 (Bettelli et al. 2008; Kolls & Linden 2004). Citocinas do perfil Th17
induzem a secreção de várias quimiocinas que irão recrutar neutrófilos para o
local da infecção. Além disto, durante uma resposta Th17, observa-se a
secreção de peptídeos antimicrobianos importantes para uma resposta imune
contra micro-organismos extracelulares. Células Th17 também desempenham
importantes papéis no desenvolvimento de respostas autoimunes (Kurebayashi
et al. 2013).
RORγt é o fator de trancrição chave para a diferenciação de células Th17.
A diferenciação de linfócitos T virgens em células Th17 depende do aumento do
nível de mRNA de RORγt em consequência da ação coletiva de citocinas
produzidas por DCs como IL-1β, IL-6, IL-21, IL-23, e fator de crescimento
transformador beta (TGFβ) (Ratajewski et al. 2012). Diferente de células Th1 e
Th2, onde suas respectivas citocinas de assinatura IFN-γ e IL-4 amplificam suas
diferenciações, as citocinas de assinatura de células Th17, IL-17A e IL-17F, não
desempenham este papel. É descrito que, para esta amplificação, IL-21
secretada por células Th17 coopera com TGF-β para uma maior produção de
IL17 e expressão do receptor IL-23R de uma forma dependente do fator de
transcrição STAT3 que amplifica esta resposta (Luckheeram et al. 2012).
As células Tregs formam outro subtipo de linfócitos. Tregs são essenciais
para a manutenção da auto tolerância do sistema imune, regulando e
controlando as respostas desencadeadas. Um desequilíbrio em células Tregs
pode desencadear uma variedade de doenças autoimunes e danos teciduais.
(Gratz & Campbell 2014). Uma das formas em que as Tregs inibem a atividade
de células T é através da produção de citocinas anti-inflamatórias como TGF-β e
IL-10. (Fallarino et al. 2003).
Há outros subtipos de linfócitos Th que também vêm sendo descritos,
como o perfil Th9, que produz grandes quantidades de IL-9 e IL-10 (Dardalhon
et al. 2008; Veldhoen et al. 2008) e o perfil Th22 que produz IL-22 e fator de
necrose tumoral (TNF), mas não IFN-γ, IL-4 ou IL-17 (Eyerich et al. 2009).
12
As DCs ou seus progenitores devem se diferenciar para que sejam
capazes de induzir tolerância ou para que sejam capazes de induzir estas
diferentes respostas e isso dependerá do microambiente onde as DCs estão
presentes e do tipo de infecção (Trinchieri 2012). Assim, os patógenos e os
PAMPs possuem um papel decisivo na definição de qual subpopulação de
linfócitos as DCs irão induzir (Jin et al. 2012; Leber et al. 2008).
1.4 A família IL-12 A IL-12 foi descrita no ano de 1989 inicialmente com o nome de “natural
killer stimulator factor-NKSF”, mas posteriormente foi chamada de IL-12. Foi
visto que diferentemente das outras citocina, para que a IL-12 pudesse ter uma
estrutura molecular era necessário a combinação de duas cadeias, a p40 e a
p35 (Trinchieri et al. 2003).
Posteriormente, estudos mostraram que outras citocinas compartilhavam
as mesmas cadeias da IL-12, dando assim origem a família IL-12, constituída
pelas citocinas IL-12, IL-23, IL-27 e IL-35, que utilizam uma das combinações
das cadeiasα p19, p28 e p35 com uma das cadeiasβ p40 ou Ebi3 (Vignali &
Kuchroo 2012).
A cadeia p40 mais a p35 formam a IL-12p70 em sua forma ativa, a
subunidade p40 mais a subunidade p19 formam a IL-23 ativa, a subunidade p28
mais a Ebi3 formam a IL-27 e a cadeia p35 mais a cadeia Ebi3 constituem a IL-
35 ativa (Vignali & Kuchroo 2012) (Figura2).
13
Figura 2: Subunidades compartilhadas pelas citocinas da família IL-12 (Modificado de Vignali &
Kuchroo.,2012).
A diversidade desta família proporciona a ela um grande potencial, o que
não é visto em outras citocinas, tanto em relação a ligação com seus receptores
como em outras interações moleculares. Essa diversidade pode ser responsável
pelas suas variadas funções biológicas que já foram descritas em diversos
estudos (Croxford et al. 2014).
A produção de IL-12p70 e IL-23 se da principalmente por DCs, onde
estudos mostram esta produção após estímulos de BMDCs com Salmonella
entérica (Liu et al. 2006; Siegemund et al. 2007).
Uma das principais funções da IL-12p70 é a de induzir a produção de
IFN-γ, que, durante a resposta imune inata é produzida por células NK e
posteriormente por linfócitos Th1 ou linfócitos T citotóxicos (LTc). Assim, a IL-
12p70 tem importante papel na diferenciação de linfócitos T para Th1,
produtores de IFN-γ (Goriely et al. 2008; Trinchieri 2012) e o IFN-γ por sua vez
potencializa a produção de IL-12p40/p70 (Gerosa et al. 2008).
A subunidade p40 da IL-12 é geralmente secretada em grande excesso
em comparação ao heterodímero p70 sendo secretada de 10 a 1000 vezes a
mais (Oliveira et al. 2003; Trinchieri et al. 2003). Estudos com macrófagos
mostram que é necessário estímulos através de moléculas co-estimuladoras
como CD40/CD40L para que ocorra a produção de IL-12p40, mostrando uma
14
dependência desta interação através de APCs com células T para uma melhor
produção da citocina (Kennedy et al. 1996).
A adição de IL-4 na geração de algumas subpopulações de DCs também
pode favorecer a produção de IL-12, assim como IFN tipo I, que provavelmente
têm ação semelhante ao IFN-γ (Gerosa et al. 2008). Por outro lado, as citocinas
IL-10 e TGFβ são as principais responsáveis pela inibição da produção de IL-
12p70 (Karp et al. 1998; Trinchieri et al. 2003).
A IL-23 é um membro da família IL-12 que possui a subunidade p40 e a
subunidade p19, conhecida também como IL-23α. Diversos tipos de APCs
produzem IL-23, como macrófagos e principalmente DCs ativadas. Tanto em
DCs de camundongos quanto de humanos, foi visto uma atividade biológica
semelhante da IL-23 que é diferente da IL-12p70 (Tang et al. 2012).
Inicialmente, a IL-23 foi descrita como importante para induzir um perfil de
resposta Th17 e no desenvolvimento e manutenção da inflamação de algumas
doenças autoimunes, como colite, psoríase e artrite (Oppmann et al. 2000).
Posteriormente, foi demonstrado que as citocinas do perfil Th17 têm uma
importante participação na resposta imune contra fungos e bactérias extras e
intracelulares e que a IL-23 não é essencial para geração de Th17, mas para a
expansão e manutenção deste perfil (Espinosa & Rivera 2012; Khader & Gopal
2010).
A IL-23 também tem a capacidade de ativar STAT3, que pode se ligar
diretamente ao locus do gene de IL-23R e aumentar a expressão deste receptor.
Além disso, a IL-23 associada com a IL-1β pode induzir o desenvolvimento de T-
bet e RORγt em células Th17 independente de TGFβ (Luckheeram et al. 2012;
Zuniga et al. 2013).
Desta forma, uma atenção especial tem se voltado para as citocinas da
família IL-12, principalmente a IL-12 e IL-23, uma vez que a primeira é essencial
para gerar o perfil de resposta Th1(Gerosa et al. 2008; Trinchieri et al. 2003) e a
segunda está relacionada com a potencialização do perfil Th17 (Espinosa &
Rivera 2012; Khader & Gopal 2010). Assim, um melhor entendimento dos
mecanismos que induzem a produção destas citocinas poderá ser útil para
propor mecanismos para induzir ou controlar essas respostas.
15
1.5 Sinergismo de TLRs e produção de IL-12 e IL-23
Vários agonistas sintéticos vêm sendo utilizados ao longo dos anos para
estudar a produção de citocinas e a indução dos diferentes perfis de resposta
imune in vitro, uma vez que as vias de sinalizações intracelulares após a
ativação de DCs via TLRs ainda necessitam de estudos (Dillon et al. 2004). Ao
reconhecer PAMPs, os TLRs podem formar heterodímeros como, por exemplo,
TLR2-TLR1 que podem reconhecer lipopeptídeos triacilados de bactérias Gram-
negativas (Jin et al. 2007; Kang et al. 2009).
O agonista sintético Pam3cys tem sido utilizado para avaliar a função de
TLR2-TLR6 e foi visto que Pam3cys tem a capacidade de induzir a produção de
IL-12p70 e IL-23 em diferentes populações de fagócitos murinos (Dillon et al.
2004; Vanhoutte et al. 2008). No entanto, a utilização deste agonista com
heterodímero TLR1/2 tem diminuído a produção de IL-12p70 induzida por
bactérias íntegras ou por ligantes de outros TLRs em DCs de camundongos
(Barkman et al. 2008; Dillon et al. 2004; Vanhoutte et al. 2008).
Os agonistas de TLR2/6 ou TLR2/2 Peptideoglicana (PGN) (Shida et al.
2009), ácido lipoteicóico (LTA) (Manirarora et al. 2011), Pam2cys (Weiss et al.
2010) também se mostraram capazes de induzir a produção de IL-12p70 em
células de camundongos e mais uma vez estes ligantes possuem a capacidade
de inibir a produção de IL-12 quando estimulada por bactérias integras (Barkman
et al. 2008; Kaji et al. 2010; Shida et al. 2009).
Em experimentos com camundongos desprovidos de TLR2 pode ser
confirmada a inibição de IL-12, onde as células destes camundongos produziram
uma maior quantidade de IL-12p40 e IL-12p70, quando comparados com células
de animais selvagens após infecção com Staphylococcus SP (Holley et al. 2012;
Kielian et al. 2005) ou Leishmania braziliensis (Vargas-Inchaustegui et al. 2009).
Porém, a produção destas citocinas por antígenos de alguns patógenos é
comprometida na ausência de TLR2, como por exemplo, antígenos de
Schistosoma japonicum, que são incapazes de induzir IL-12p70 em DCs de
camundongos deficientes de TLR2 (Gao et al. 2012).
A inibição da produção de IL-12 por TLR1/2/6 parece estar relacionada
com a indução dos fatores de transcrição c-fos ou ERK1/2 que favorecem a
produção de IL-10, que é inibidora de IL-12 (Dillon et al. 2004; Kaji et al. 2010).
16
Já outros estudos indicam que a inibição de IL-12 por ligantes de TLR2 está
relacionada com a interação com outras moléculas como DC-SIGN e SOCS-1 e
dectina 1 (Dennehy et al. 2009; Shida et al. 2009).
Contrariando os trabalhos que demonstraram a inibição de IL-12p70 por
ligantes de TLR1/2/6, a produção de IL-23, principalmente da subunidade p19, é
favorecida pelo estímulo deste receptor tanto em células humanas quanto de
camundongos (Dennehy et al. 2009; Gerosa et al. 2008; Roses et al. 2008;
Vanhoutte et al. 2008). O estímulo de TLR4 também induz a produção de IL-12,
sendo mais potente para induzir IL-12p70 do que IL-23 (Gerosa et al. 2008; Re &
Strominger 2001).
Quando estimuladas com LPS, BMDCs produzem IL-12p40, IL-12p70 e
IL-23 (Agrawal et al. 2003; Napolitani et al. 2005; Siegemund et al. 2007).
Estudos sugerem que para uma ótima produção de 12p70 e IL-23 deve haver
uma cooperação entre diferentes ligantes de TLRs (Napolitani et al. 2005;
Trinchieri et al. 2003). Assim, ligantes de TLR9, TLR8, TLR7, TLR3 e TLR5
interagem com LPS e isso leva a um aumento da produção de IL-12 e IL-23
(Bohnenkamp et al. 2007; Napolitani et al. 2005; Theiner et al. 2008).
O sistema imune e a interação de PAMPs com receptores presentes
principalmente em DCs podem induzir uma diversidade de sinalizações e essas
interações vem sendo cada vez mais estudadas ao longo dos anos. E como a
interação de TLRs presente em DCs podem induzir a produção de diferentes
citocinas gerando diferentes perfis de resposta imune uma melhor compreensão
dessas interações são necessárias.
1.6 Linhagens de DCs e células AP284 Muitas fontes têm sido utilizadas para obtenção de DCs humanas ou de
camundongos. A forma mais comum utilizada é a de derivar estas células a
partir de precursores estimulados com GM-CSF (Chopin et al. 2012). Estes
métodos podem fornecer grandes quantidades de DCs, porém à necessidade de
repetidas eutanásias de camundongos ou de quantidades consideráveis de
amostras sanguíneas humanas, e estes métodos são relativamente mais
trabalhosos em comparação a utilização de linhagens de células imortalizadas
(Fuertes Marraco et al. 2012).
17
Atualmente tem sido descrito um número limitado de linhagens
imortalizadas de DCs. Dentre estas células, destacam-se as células D1, uma
linhagem de DC imatura dependente de GM-CSF, derivada do baço de
camundongos, onde elas podem amadurecer com LPS (Mortellaro et al. 2009;
Winzler et al. 1997). A geração de linhagens de DCs murinas imortalizadas
derivadas de células tumorais também tem sido relatada, como a linhagem
SRDC (Ruiz et al. 2005), a linhagem SVDC e a linhagem DC 2.4 derivada de
medula óssea de camundongos C57BL/6 (Shen et al. 1997).
Outros estudos mostram que foi possível gerar DCs a partir de células da
medula óssea de camundongos com a suplementação do ligante de Flt3 durante
9 dias de cultura, onde após estímulos com LPS e IFN-γ foi gerando DCs com
características fenotípicas diferentes, com a expressão de CD11c, CD86 e MHC
II (Brasel et al. 2000).
A linhagem MUTZ-3 humana também foi descrita e é uma importante
linhagem para pesquisas de DCs humanas (Gibbs et al. 2012; Santegoets et al.
2008). Estas DCs têm sido utilizadas alternativamente para investigar
características como migração, maturação, produção de citocinas (Gibbs et al.
2013) dentre outras questões.
As células AP284 foram obtidas a partir de um tumor espontâneo do baço
de um camundongo macho (F1: C57bL/6 X CBA-H2b/q) (Klasen et al. 1988). Elas
foram descritas inicialmente como macrófagos maduros expressando CD11b,
CD107b, MAC-2, FCϒRII, e MHCII. Porém foi verificado que esta linhagem foi
capaz de capturar antígenos e apresentá-los a clones de linfócitos T reativos a
albumina bovina, induzindo a sua proliferação (Klasen et al. 1988).
No presente projeto será realizada a caracterização de células AP284
como uma nova linhagem de DC a partir da comparação dos seus marcadores
de superfícies com BMDCs, assim como será avaliado a capacidade destas
células produzirem IL-12 e IL-23 após estímulos com LPS e Eschericha coli. No
presente estudo também será avaliado a capacidade de células AP284 fagocitar
leishmania e sua capacidade em induzir a diferenciação de um perfil de resposta
Th1 ou Th17 in vivo.
18
2 JUSTIFICATIVA
As DCs são as principais células ativadoras de linfócitos T virgens e
formam uma ponte entre a imunidade inata e imunidade adquirida (Chopin et al.
2012). Frente a uma infecção, estas células capturam micro-organismos e
sofrem maturação e ativação. A maturação é caracterizada pela maior
expressão de moléculas co-estimuladoras como CD40, CD80 e CD86 e maior
produção de citocinas (Steinman 2008).
Além das DCs serem as principais células que ativam linfócitos T naïves,
elas também estão relacionadas com a geração dos diferentes perfis de
respostas imunes, como Th1, Th2 e Th17, pois a partir do reconhecimento de
patógenos via receptores como TLRs por DCs, diferentes tipos de citocinas são
produzidas e isso irá interferir diretamente com o tipo de resposta que será
gerado.
Dentre as citocinas produzidas, destacam-se as da família IL-12, incluindo
a IL-12p70 e a IL-23. A geração do perfil de resposta Th1 requer a produção da
citocinas IL-12p70, enquanto a IL-23 é fundamental para a potencialização do
perfil Th17. O primeiro perfil é importante para combater patógenos
intracelulares e o segundo está relacionado com o controle de bactérias e
fungos extracelulares e também é descrito como responsável por gerar algumas
doenças autoimunes (Espinosa & Rivera 2012; Khader & Gopal 2010)
Atualmente há uma escassez de DCs para estudos tanto in vitro como in
vivo, e a forma mais comum utilizada para obtenção de DCs para estes estudos
é a derivação destas células com GM-CSF a partir de células da medula óssea
de camundongos (Chopin et al. 2012), porém, apesar deste método fornecer
grandes quantidades de DCs, é necessário a eutanásia de vários camundongos,
o que dificulta este procedimento.
Devido à importância das DCs para o reconhecimento de micro-
organismos, manutenção, equilíbrio e indução dos diferentes tipos de resposta
imune adquirida, aqui está sendo caracterizada uma nova linhagem de célula
dendrítica; a AP284, a partir dos seus marcadores de superfícies e a sua
capacidade de produzir IL-12 ou IL-23 após diferentes estímulos. Acredita-se
que esta nova linhagem celular poderá ser uma importante ferramenta para
19
melhor compreensão dos fatores e interações celulares responsáveis pela
indução da produção de IL-12 e IL-23, além de servir ainda como uma
ferramenta para estudos na geração de respostas Th1 e Th17 in vivo e in vitro.
Estas células ainda poderão ser utilizadas para testar novos fármacos
potencialmente inibidores ou estimuladores da IL-12/IL-23.
20
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Caracterizar células AP284 como uma nova linhagem de DC a partir da
análise de seus marcadores de superfícies e seu perfil de resposta imune
através da produção de citocinas.
3.2- Objetivos Específicos
3.2.1 Comparar a expressão dos marcadores CD11c, MHCII, 33D1, MAC1,
MAC3, CD40, CD80 na superfície de BMDCs, AP284 e RAW264;
3.2.2 Avaliar a expressão de TLR4 na superfície de células AP284;
3.2.3 Avaliar a produção de IL-12p40, IL12p70 e IL-23 após o estímulo de
células AP284 e BMDCs com LPS e E. coli;
3.2.4 Avaliar a produção de IL-12p40, IL12p70 e IL-23 após o estímulo de
células AP284 e BMDCs com LPS e E. coli na presença ou ausência de IFN-γ;
3.2.5 Avaliar a viabilidade de células AP284 após estímulo com IFN-γ;
3.2.6 Avaliar a produção de TNF-α por células AP284 na presença ou ausência
de IFN-γ;
3.2.7 Avaliar a produção de NO por células AP284 e BMDCs na presença ou
ausência de IFN-γ;
3.2.8 Avaliar a capacidade fagocítica de células AP284 e sua capacidade de
produzir IL-12 após infecção com L. major;
21
3.2.9 Avaliar a produção de IFN-γ e IL17 por células de linfonodo poplíteo de
camundongos após inoculo com células AP284 ou BMDCs infectadas com
Leishmania major.
22
4 MÉTODOS
4.1 Camundongos
Para realizar os experimentos in vivo foram utilizados Camundongos
C57BL/6 machos de 8 a 12 semanas de idade do Biotério do Instituto de
Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (IPTSP-
UFG) que foram mantidos em estantes ventiladas (UNO BV, Holanda) com
alimentação e água a vontade. Estes animais foram utilizados para obtenção de
células de medula óssea e para a infecção experimental com Leishmania major.
Os camundongos foram anestesiados com quetamina 10% e xilazina 2% no
tecido subcutâneo (0,01mL/g) antes da eutanásia por decapitação. Para cada
experimento foram utilizados 15 camundongos.
4.2 BMDCs, RAW264 e linhagem celular AP284
Células AP284 foram gentilmente doadas pelo Dr. Pieter Leenen (Centro
Médico de Erasmo de Roterdã Holanda) e foram cultivadas em placas de cultura
de 6 poços (TPP, Suíça) em meio RPMI 1640 (SIGMA Chemical Co., St Louis,
MD, USA) suplementado com 10% de soro bovino fetal (SBF- CRIPION,
Andradina, São Paulo) inativado (56ºC por 30 min com agitação), 2mM de L-
glutamina (SIGMA Chemical Co), 100 U/mL de penicilina (SIGMA Chemical co)
e 100μg/mL de estreptomicina (SIGMA Chemical co) e 50M de 2-
mercaptoetanol (SIGMA Chemical co), referido como meio completo. As culturas
foram iniciadas com 2x105 células/mL e repiques foram feitos a cada 3 ou 4 dias.
As células foram removidas por jatos de solução salina fosfatada (PBS) e
lavadas duas vezes com PBS antes dos ensaios. Este mesmo protocolo foi
seguido para o cultivo de células RAW264.
BMDCs foram obtidas a partir da cultura de células da medula óssea
femoral e tibial dos camundongos. BMDCs foram extraídas pela injeção de PBS
estéril. As células foram lavadas em PBS e 4x106 células por poço (2 ml) foram
mantidas em cultura em placas de 6 poços em meio RPMI completo acrescido
23
de 10 ng/mL de GM-CSF. As culturas foram mantidas por 8 dias sendo o meio
trocado a cada dois dias.
4.3 Tratamento com ligantes de TLRs e Escherichia coli
As células AP284 ou BMDC foram incubadas na presença ou ausência
dos seguintes estímulos indicados nas legendas das figuras: a) 0,2 ou 1,0 µg de
lipopolissacáride LPS (LPS, Escherichia coli O111: B4, Sigma) b) 1 x 108 ou 1 x
107 Escherichia coli (ATCC® 11229™) mortas pelo calor. Em alguns
experimentos, as células foram pré-tratadas com 0,2ng/mL de IFN-γ
(R&DSystems, Miniápolis, EUA) por 2 h antes da adição dos estímulos. As
bactérias E. coli foram cultivadas em meio tioglicolato (Himedia) a 37C por 48 h,
lavados duas vezes em PBS e aquecidas a 90C por 30 min antes do uso. O
número de bactérias foi quantificado por turbidez como descrito anteriormente
(Neumann et al. 1998). As células foram cultivadas com estes estímulos por um
período de 24 h.
4.4 Anticorpos
A avaliação dos níveis de IL-12p40, IL12p70, IL-23, IFN-γ, IL-17 nos
sobrenadantes das culturas foi realizada pelo método do ensaio
imonoenzimático (ELISA) de captura utilizando os clones de anticorpos C17.8
(cobertura) e o C15.6 biotinilado para detecção de IL-12p40; C18.32 (cobertura)
e C17.15 (biotinilado) para IL-12p70; G23.8 (Cobertura) e C17.15 (biotinilado)
para ELISA de IL-23; AN18 (cobertura) XMG 1.2 (biotinilado) para IFN-γ; e o kit
comercial Duo-set para IL-17 (R&D Systems). A curva padrão foi obtida com
citocinas recombinantes de camundongos (R&D Systems). A reação foi
desenvolvida com estreptavidina conjugada com peroxidase seguida com a
adição do substrato contendo peróxido de hidrogênio e OPD ou TMB A reação
foi lida em uma leitora de ELISA a 450 e 620nm.
Com exceção do anticorpo clone G23.8 (eBiscience) e do kit comercial
para IL-17, todos os outros anticorpos para os ELISAs foram obtidos a partir de
hibridomas gentilmente doados pelo Dr.Giorgio Trinchieri (National Cancer
24
Institute, EUA) ou Dr. Ises de Almeida Abrahamshon (ICB, USP, São Paulo,
Brasil). As produções destes anticorpos são feitas como rotina no laboratório de
citocinas do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública – IPTSP (UFG).
4.5 Ensaio imonoenzimático (ELISA)
O Anticorpo de cobertura foi diluído em PBS e adicionado 80µl por poço
em placa de 96 poços (Costar) permanecendo por 24 h a 4C. Após este tempo,
a placa foi lavada de 4 a 6 vezes com PBS contendo 0,02% de tween 20 (InLAB)
(PBS-Tween) para retirar os anticorpos que não foram aderidos e em seguida
foram adicionados 160µl por poço de solução bloqueio (SBF 3% em PBS)
permanecendo por um período de 1 h em temperatura ambiente.
Posteriormente, a placa foi lavada de 4 a 6 vezes com PBS-tween e em seguida
foram adicionados 80µl do sobrenadante das amostras e uma curva padrão com
diluição seriada com citocinas obtidas da R&D Systems. As placas
permaneceram por um período de 24 h a 4C. Novamente a placa foi lavada de 4
a 6 vezes com PBS-tween e adicionado o anticorpo biotinilado específico que
permaneceu por um período de 1 h em temperatura ambiente. Em seguida a
placa foi lavada de 6 a 8 vezes para posterior adição da enzima estreptavidina
conjugada com peroxidase (Invitrogen) diluída 1:1000. Esta permaneceu por um
período de 20 a 30 minutos a temperatura ambiente. Finalmente, a placa foi
lavada de 6 a 8 vezes e então adicionado o substrato TMB (Invitrogen) para
revelar a reação, que foi parada com 20 µl de H2SO4 e lida em leitora de
microplacas a 450 e 620 nm.
4.6 Análise dos marcadores de superfície de células AP284 e BMDCs por citometria de fluxo
As marcações das células foram feitas com 2 x 105 células em 100l de
PBS contendo 2% de SBF, 5 mM de EDTA e 0,02% de azida sódica (tampão de
FACS). A primeira etapa consistiu na incubação das células com um dos
anticorpos específicos por 20 min em temperatura ambiente. Após, as células
foram centrifugadas por 1 min a 1000 x g e ressuspendidas em tampão de FACS
contendo um anticorpo anti-IgG de rato (eBioscience) marcado com
25
fluoresceina. As células foram novamente incubadas por 20 min, lavadas e
ressuspendidas em 100 l de tampão de FACS. Foram coletados 20.000
eventos de cada amostra em um aparelho C6 da Accuri (Accuri, Estados
Unidos) e os dados foram analisados no programa FCS versão 4.0 (De Novo
Software).
Os anticorpos utilizados para análise por citométrica foram anti-CD11b
(Clone M1/70), anti-MHCII (Clone ER-TR3), 33D1 (Clone 33D1), CD4 (Clone
GK1.5) , CD8 (Clone 31M), CD32 (Clone 24G2), anti CD107b ( BD Clone MAC3)
anti-CD209 DC-SIGN (Clone ER-TR9), ANTI-mouse TLR2 (clone T2.5 FITC),
Abcam, Cambridge, UK), ANTI-mouse TLR4/MD2 (clone MTS510 FITC, Abcam,
Cambridge, UK) . Estes anticorpos são produzidos a partir de hibridomas no
nosso laboratório. Os anticorpos anti-CD40, anti-CD80 anti-CD86, anti-CD11c
foram obtidos comercialmente (eBioscience). Os anticorpos controles IgG1 e
IgG2b foram produzidos a partir de hibridomas clones GL113 e GL117.
4.7 Produção de óxido nítrico (NO)
A detecção de nitrito foi realiada através do método de Griess. Em placa
de 96 poços foram adicionados 50 µL do sobrenadante de amostras em
duplicata, seguido pelo reagente de Griess (0,05% N-1-naphthylethylenediamine
dihydrochoride, 0,5% de sufanilamida em 2.5% de ácido fosfórico) no mesmo
volume. A curva padrão foi feita utilizando a solução estoque de nitrito em RPMI
completo iniciado a 100µM. A leitura da placa foi realizada em leitora de ELISA
(MULTISKAN) em filtro 550nm.
4.8 Ensaio colorimétrico MTT (brometo de 3 (4, 5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil tetrazólio)
A viabilidade das células AP284 foi analisada pelo ensaio de MTT que é
baseado na clivagem do sal de tetrazólio, MTT (brometo de 3 (4, 5-dimetiltiazol-
2-il) -2,5-difenil) em um produto colorido de formazan através da enzima
mitocondrial succinato desidrogenase (Dutta et al. 2005). As células AP284
26
foram cultivadas por um período de 24 com LPS nas concentrações já indicadas
primadas ou não com IFN-γ em placa de 96 poços. AP284 foram mortas pelo
calor na temperatura de 60°C por 30 min para obter o controle. Após 24 h foi
adicionado 20 µl de MTT a 5mg/ml, permanecendo por um período de 6 h na
estufa a 37°C. Após este período, foram adicionados 100µl de SDS (Sodium
Dodecyl Sulfate) 10% para dissolução de cristais e novamente a placa foi
incubada a 37°C por um período de 12 h. A leitura foi realizada em Leitora de
microplacas utilizando filtro de 550nm.
4.9 Parasitos e antígenos
Formas promastigotas de Leishmania major (Friedlin) foram cultivadas em
meio de Grace (Grace´s Insect Medium, Sigma Chemical Co., NY, EUA)
suplementado com 20% de SBF, 2 mM de L-glutamina, 100 U/mL de penicilina e
100 µg/mL de estreptomicina em placas de 24 poços (TPP) a 26 C em estufa
B.O D. (Eletro Lab, São Paulo/SP). Foram realizadas passagens dos parasitos
para novo meio de cultura a cada dois ou três dias, sempre iniciando a cultura
com 5 x 105 promastigotas/mL. A contagem dos parasitos foi feita em
hemocitômetro após diluição de uma alíquota da suspensão em formaldeído
(Merck) a 0,2% em PBS e contagem. Leishmânias no quinto dia de cultura (fase
estacionária) foram utilizadas para a infecção das células in vitro ou infecção dos
camundongos. Estes parasitos foram lavados 3 vezes em PBS antes do uso.
Alternativamente 1 x 108 leishmânias em fase estacionária foram lavadas duas
vezes com PBS e congeladas e desgeladas para obtenção do extrato bruto dos
parasitos.
4.10 Infecções dos camundongos e cultura dos linfonodos
Células AP284 e BMDC na concentração de 3x106 células/mL foram
cultivadas na presença ou ausência de 3x106 formas promastigotas de L. major
na fase estacionária. Após 24 h de cultura, um total de 5X105 células AP284 ou
BMDCs infectadas com L. major, foram inoculadas em camundongos C57BL/6.
Inóculos com apenas AP284, BMDCs e L. major foram feitos como controle.
27
Após 20 dias, os animais foram eutanasiados para a extração dos linfonodos
poplíteos. Foram cultivadas 1X106 por poço das células dos linfonodos na
presença ou ausência de concanavalina A (ConA-Sigma) ou extrato bruto de L.
major a por 48 h. O sobrenadante das culturas foram utilizados para quantificar
IL-17 e IFN-γ por ELISA.
4.11 Análises estatísticas
Os resultados foram comparados quanto à significância dos mesmos pelo
método de análise paramétrica one-way ANOVA seguido de Bonferroni’s
Multiple Comparison Test. Os dados apresentados em gráficos contendo média
desvio padrão. Valores de p<0,05 serão considerados significativos.
28
5 RESULTADOS
5.1 Avaliação da expressão de marcadores celulares presentes em
macrófagos, DCs e AP284.
DCs expressam marcadores de superfície que podem distingui-las de
outros tipos celulares, como por exemplo, macrófagos. Células AP284, BMDCs e
RAW264, foram incubadas com os anticorpos específicos indicados em
materiais e métodos para comparação da expressão de seus marcadores de
superfícies. As células AP284 expressaram os marcadores característicos de
subpopulações de DCs, 33D1 e CD11c, moléculas co-estimuladoras CD80,
moléculas de MHC classe II (ER-TR3) e ER-TR9 que também é um marcador
de DCs. O mesmo foi verificado em BMDCs, exceto em relação ao marcador
33D1 e ER-TR9 que não foi expressos por estas células. Diferentemente,
macrófagos RAW264 não expressaram CD11c e MHC II. Ressalta-se que as
células AP284, BMDCs e RAW264 compartilham os marcadores comuns de
fagócitos mononucleares como a molécula MAC1 e a molécula co-estimuladora
CD40 (Figura 3).
Figura 3: Expressão de marcadores de superfície em células AP284, BMDC e RAW264.
RAW 264 e AP284 foram cultivadas em meio RPMI completo e BMDCs foram cultivadas em
29
meio RPMI com 10 ng/mL de GM-CSF por 8 dias como descrito em Materiais e Métodos. Os
histogramas representam o isotipo controle (vermelho) e o anticorpo específico (preto). Todas as
amostras foram adquiridas em citômetro Accuri e analisadas pelo software FCS Express.
5.2 Avaliação da expressão de TLR4 por AP284
Após verificar que células AP284 expressam marcadores que estão
presentes em subpopulações de DCs, foi analisado se elas possuem em sua
superfície o receptor TLR4. Sabe-se que este é um importante PRR da
imunidade inata e que pode reconhecer LPS de bactérias Gram-negativas.
A figura 4 demonstra que células AP284 expressam TLR4. Este resultado
sugere que elas podem responder a estímulos com agonistas deste receptor.
Neste caso, LPS poder ser utilizados para ativar e estimular as células.
Figura 4: Expressão do receptor semelhantes à Toll 4 na superfície das células AP284. O
histograma representa o isotipo controle (vermelho) e o anticorpo específico (preto). A amostra
foi adquirida em citômetro Accuri e analisadas pelo software FCS Express.
30
5.3 Aspecto morfológico de células AP284 em cultura após estímulo com LPS
As Células AP284 são células aderentes de crescimento lento e que
apresentam pequenas projeções de membrana lembrando dendritos de células
nervosas (Figura 5A). Como foi visto no experimento anterior que elas podem
responder a estímulos com LPS, às células, foram então cultivadas por um
período de 24 h com este agonista. Após adição de LPS às culturas, pôde ser
verificado um aumento no tamanho de seus prolongamentos de membranas e
uma maior proliferação. (Figura 5B).
(A) (B)
Figura 5: Microscopia invertida de células AP284 antes e após estímulo com LPS. (A)
AP284 sem estímulo, (B) AP284 após estímulo com LPS 0,2 µg/ml por 24 horas.
5.4 Avaliação da produção de IL-12p40, IL-12p70 e IL-23 por células AP284
e BMDCs após estímulos com diferentes agonistas deTLRs
Células AP284 e BMDCs foram cultivadas com LPS e E.coli mortas pelo
calor em diferentes concentrações para avaliar a produção de IL-12p40, IL12p70
e IL-23. Observou-se que os dois estímulos utilizados induziram a produção de
IL-12p40 por células AP284, com uma produção média de 8ng/ml (±1,02) com
LPS a 1µg/ml, 40ng/ml (±7,81) com LPS a 0,2µg/ml e 60ng/ml (±1,13) com 1x107
ou 1x108 de E.coli. Todos estes resultados foram significativos quando
comparados ao controle (Figura 6A). Embora células AP284 tenham
31
produzido grandes quantidades de IL-12 p40, não houve uma detecção de IL-
12p70 com nenhum dos estímulos utilizados (Figura 6B). Por outro lado, houve
uma grande produção de IL-23 tanto após o estímulo com LPS ou com E. coli
nas diferentes concentrações, onde LPS a 0,2µg/ml induziu uma produção de
16ng/ml (±6,33), E.coli 1x107 uma produção de 24ng/ml (±4,77) e E.coli 1x108
uma produção de 21ng/ml (±2,92). Estes resultados também foram significativos
quando comparados ao controle (Figura 6C).
Como esperado, BMDCs produziram IL12p40 também com todos os
estímulos e que está dentro do seu padrão clássico de produção. Destacam-se
os estímulos com E.coli 1x108 e 1x107, com uma produção de 4ng/ml (±1,06) e
3ng/ml (±0,96) respectivamente. A produção de IL-12p40 com LPS ficou em
torno de 2ng/ml (Figura 6D).
Diferentemente da linhagem AP284, BMDCs foram capazes de produzir
IL-12p70, com uma produção em torno de 65pg/ml (±31,55) e 68pg/ml (±15,77)
quando estimuladas com E. coli 1x107 ou E.coli 1x108, respectivamente (Figura
6E). A produção de IL12p70 por BMDCs foi significativa quando comparados
aos controles não estimulados. Entretanto, não foi verificada diferença
significativa na produção de IL-23 por BMDCs com nenhum dos estímulos, onde
a produção ficou entre 0,2ng/ml e 0,5ng/ml, exceto com E. coli 1x107 onde não
houve detecção desta citocina (Figura 6F).
32
AP284
ct
LPS 1ug
LPs 0,2u
g
E. c
oli 1
0^8
E.col
i 10^
7
0
2
4
6
8
20
40
60
80
*
* * *
Estímulos
IL-1
2p
40 n
g/m
L
ct
LPS 1ug
LPs 0,2u
g
E. c
oli 1
0^8
E.col
i 10^
7
0
50
100
150
B AP284
ND
ND
ND
ND
ND
ND
Estímulos
IL-1
2p
70 p
g/m
L
ct
LPS 1ug
LPs 0,2u
g
E. c
oli 1
0^8
E.col
i 10^
7
0
10
20
30
*
*
C
*
AP284
Estímulos
IL-2
3 n
g/m
L
BMCD
ct
LPS 1ug
LPs 0,2u
g
E. c
oli 1
0^8
E.col
i 10^
7
0
2
4
6
820
40
60
80
D
**
Estímulos
IL-1
2p
40 n
g/m
L
ct
LPS 1ug
LPs 0,2u
g
E. c
oli 1
0^8
E.col
i 10^
7
0
50
100
150
E BMDC
ND
ND
ND
ND
**
Estímulos
IL-1
2p
70 p
g/m
L
ct
LPS 1ug
LPs 0,2u
g
E. c
oli 1
0^8
E.col
i 10^
7
0.0
0.5
1.0
1.510
15
20
25
30
F BMDC
ND
ND
Estímulos
IL-2
3 n
g/m
L
Figura 6: Análise da produção de IL-12p40, IL-12p70 e IL-23 por células AP284 e BMDCs
após o estímulo com LPS e Escherichia coli mortas pelo calor. IL-12p40 (A,D) IL-12p70
(B,E) IL-23 (C,F) produzidas pelas células AP284 (A,B,C) ou BMDC (D,E,F). Produção de
citocinas avaliada pela técnica de ELISA. As barras representam a média da produção de
citocinas entre os grupos e ± SD de três experimentos independentes. *Os valores considerados
significativos quando p˂0,05.
5.5 Avaliação da produção IL-12p40, IL-12p70 e IL-23 por células AP284 e
BMDCs após estímulo com IFN-γ
Como células AP284 não produziram IL-12p70 com nenhum dos
estímulos utilizados anteriormente, as células foram então primadas com IFN-γ
por um período de 2 h antes da adição dos demais estímulos, uma vez que esta
citocina favorece a expressão da subunidade p35 e consequentemente a
produção de IL-12p70. AP284 continuou a produzir IL-12p40 quando
estimuladas com LPS, porém, surpreendentemente, houve uma inibição da
produção de IL-12p40 quando as células foram primadas com IFN-γ e
33
estimuladas com LPS ou E. coli (Figura 7A). A produção de IL-12p70 continuou
não sendo detectada quando as células AP284 foram primadas com IFN-γ
(Figura 7B)
Ao contrário do que ocorreu com células AP284, IFN-γ potencializou a
produção de IL-12p40 e IL-12p70 por BMDCs, (Figura 7D e 7E). A produção de
IL-12p70 por BMDCs foi significativamente maior quando BMDCs foram
estimuladas com LPS mais IFN-γ ou E.coli e quando comparado à produção de
IL12-p70 por AP284 (p˂0,001) com os mesmos estímulos (dados não
mostrados).
Como demonstrado anteriormente, LPS e E.coli estimulou a produção de
IL-23 por células AP284, contudo observou-se que também houve uma inibição
desta citocina após primagem das células com IFN-γ, (Figura 7C). A produção de
IL-23 por BMDCs manteve-se em torno de 0,5ng/ml quando estimuladas com
LPS, porém a primagem das células com IFN-γ também inibiu a produção de IL-
23 por BMDCs, onde com a adição deste estímulo IL-23 não foi detectada
(Figura 7F).
Ct
Ct+
IFN-
LPS
LPS +
IFN-
E.c
oli
E.c
oli +
IFN-
0
5
10
15
40
50
60
70
A AP284
**
Estímulos
IL-1
2p
40 n
g/m
L
Ct
Ct +
IFN-
LPS
LPS +
IFN-
E.c
oli
E.c
oli +
IFN-
0
50
100
150200
300
400
500
B AP284
ND
ND
ND
ND
ND
Estímulos
IL-1
2p
70 p
g/m
L
Ct
Ct +
IFN-
LPS
LPS +
IFN-
E.c
oli
E.c
oli +
IFN-
0
10
20
30
40
C
******
AP284
Estímulos
IL-2
3 n
g/m
L
BMDC
Ct
Ct+
IFN-
LPS
LPS +
IFN-
E.c
oli
E.C
oli+
IFN-
0
5
10
1540
50
60
70
D
*** ***
Estímulos
IL-1
2p
40 n
g/m
L
Ct
Ct +
IFN-
LPS
LPS +
IFN-
E.c
oli
E.c
oli +
IFN-
0
50
100
150200
300
400
500
E BMDC
**
Estímulos
IL-1
2p
70 p
g/m
L
BMDC
Ct
Ct +
IFN-
LPS
LPS +
IFN-
E.c
oli
E.c
ol i+
IFN-
0.0
0.5
1.0
1.510
20
30
40
F
ND
ND
ND
ND
ND
Estímulos
IL-2
3 n
g/m
L
Figura 7: Produção de IL-12p40, IL-12p70 e IL-23 por células AP284 e BMDC após o
34
estímulo com LPS, Escherichia coli mortas pelo calor e IFN-γ. IL-12p40 (A,D) IL-12p70 (B.E)
IL-23 (C,F) produzidas pelas células AP284 (A,B,C) ou BMDC (D,E,F). Produção de citocinas
avaliada pela técnica de ELISA. As barras representam a média da produção de citocinas entre
os grupos e ± SD de três experimentos independentes. *Os valores considerados significativos
quando p˂0,05.
5.6 Avaliação da viabilidade de células AP284 após estímulo com IFN-γ
Como os dados anteriores mostraram que houve uma inibição de IL-
12p40 e IL-23 após primar as células com IFN-γ, surgiu a hipótese de que as
células poderiam estar morrendo após a adição deste estímulo. Desta forma,
resolveu-se avaliar a viabilidade das células AP284 após adição de IFN-γ
através do teste de MTT.
Após análise foi verificado que as células continuaram viáveis após a
adição dos estímulos, não havendo diferença significativa entre a viabilidade das
células estimuladas com LPS a 1µg, LPS a 0,2µg primadas ou não com INF-γ,
sendo que a viabilidade das células com todos os estímulos foi de 100%. As
células que foram mortas pelo calor não tiveram nenhuma viabilidade (Figura 8).
MTT
0
50
100
150AP CT
AP Morta pelo calor
LPS 1ug
LPS 0,2ug
LPS 1ug +
LPS 0,2ug +
** * **
Estímulos
% V
iab
ilid
ad
e c
elu
lar
Figura 8: Viabilidade de células AP284 após estímulos com LPS 1µg, LPS 0,2µg com ou
sem INF-γ. As células foram cultivadas por um período de 24h e após este prazo adicionado
20µl de MTT às culturas, onde permaneceram por 6h. Após este período, foram adicionados
100µl de SDS 10% para dissolução de cristais e a placa foi incubada por um período de 12 h. A
figura representa a porcentagem de três experimentos independentes.
35
5.7 Avaliação da produção de NO por células AP284 e BMDCs
Como foi verificado que as células AP284 continuaram viáveis após a
primagem com INF-γ, e sabendo que esta citocina induz a produção de NO,
questionou-se se uma alta produção desta substância poderia estar inibindo a
produção de IL-12p40 e IL-23 por AP284.
Foi verificada uma grande produção de NO por AP284 e BMDCs após os
estímulos utilizados. Na figura 9A pode ser verificado que células AP284
produziram 13µM (±1,32) de NO quando estimuladas com LPS a 0,2µg e houve
uma produção em torno de 12µM quando estimuladas com E.coli 1x107 ou E.coli
1x108 (p˂0,05). A primagem com IFN-γ induziu um aumento na produção de NO,
que variou de 13µM (±1,32) para 54µM (±6,05) quando estimuladas com LPS e
IFN-γ e de 12µM para 76µM (±19,96) com E.coli (Figura 9B).
BMDCs produziram maiores quantidades de NO quando estimuladas com
E.coli, produzindo em torno de 30µM. Esta produção foi dose dependente, pois
houve uma maior produção de NO com E.coli a 1x108 quando comparado com
E.coli 1x107 (Figura 9C). BMDCs também produziram maiores quantidades de
NO quando primadas com IFN-γ (Figura 9D). A diferença entre os estímulos
também foram significativos quando comparados à produção de NO com LPS ou
E.coli sem IFN-γ.
Estes dados sugerem que provavelmente o NO não está inibindo a
produção de citocinas por células AP284, pois tanto AP284 como BMDCs
produziram quantidades semelhantes de NO após primagem com IFN-γ e
BMDCs continuaram a produzir as citocinas naturalmente.
36
AP284
ct
LPS 1
ug
LPs
0,2u
g
E. c
oli 10
^8
E.c
oli 10
^7
0
10
20
30
40
* **
A
Estímulos
NO
uM
Ct
ct+
LPS
LPS+
E.c
oli
E.c
oli+
0
20
40
60
80
100*
*
B AP284
Estímulos
NO
uM
BMDC
ct
LPS 1
ug
LPs 0,
2ug
E. coli
10^8
E.coli
10^7
0
10
20
30
40
*
C
Estímulos
BMDC
Ct
ct+
LPS
LPS+
E.c
oli
E.c
oli+
0
20
40
60
80
100
**
D
Estímulos
NO
uM
Figura 9: Avaliação da produção de óxido nítrico por AP284 e BMDC após estímulos com
LPS e E.coli e. Células AP284 e BMDC foram estimulas na presença (B e D) ou ausência de
IFN-γ (A e C). Avaliação realizada pelo método de Griess. Os valores considerados significativos
quando p˂0,05.
5.8 Avaliação da produção de TNF por células AP284 após estímulos com
LPS e IFN-γ
Após verificar que a produção de NO provavelmente não influenciou na
produção de citocinas por AP284, foi então verificado a produção de TNF-α por
esta linhagem, uma vez que estudos anteriores relatam que TNF-α pode inibir a
produção de IL-12 em macrófagos de camundongos estimulados com IFN-γ e
LPS.
37
Células AP284 foram novamente primadas com IFN-γ e posteriormente
estimuladas com LPS por 24 h para posterior analise da produção de TNF-α. Foi
verificado uma produção significativa de TNF-α após os estímulos com LPS a
1µg e a 0,2µg em relação às células não estimuladas, com uma produção de
76ng/ml (± 27,88), e 65ng/ml (±22,81) respectivamente (Figura 10).
Assim como havia sido visto em relação à produção de IL-12p40 e IL-23,
a primagem das células com IFN-γ, também inibiu a produção de TNF-α, onde
com os estímulos de LPS a 1µg ou 0,2µg mais IFN-γ células AP284 passaram a
produzir em torno de 35ng/ml.
Estes dados sugerem que provavelmente a produção de TNF-α não está
influenciando na produção de IL-12 por células AP284, pois também houve uma
inibição desta citocina ao se adicionar IFN-γ às culturas.
AP284
CT
LPS 1
ug
LPS 0
,2ug
LPS 1
ug+IFN
-
LPS 0
,2ug+I
FN-
0
50
100
150
**
*
Estímulos
TN
F
ng
/ml
Figura 10: Produção de TNF-α por células AP284 após estímulos com LPS e IFN-γ. Células
AP284 foram estimuladas na presença ou ausência de IFN-γ. Produção da citocina avaliada pela
38
técnica de ELISA. A média da produção de citocinas entre os grupos e ± SD de três
experimentos independentes. *Os valores considerados significativos quando p˂0,05.
5.9 Capacidade fagocítica de células AP284
Os resultados até o momento demonstraram que células AP284 não são
capazes de produzir IL-12p70 e que provavelmente a IL-12p40 produzida está
relacionada principalmente a IL-23. Sabendo que a IL-23 está ligada ao perfil
Th17, levantou-se a hipótese de que AP284 poderia favorecer este perfil de
resposta in vivo após utilizar leishmânia como modelo de infecção.
Porém, antes de partir para esta etapa, uma questão essencial seria se as
células AP284 eram capazes de fagocitar leishmânias para poder apresentá-las
aos linfócitos T. Sendo assim, formas promastigotas do parasito foram cultivadas
por um período de 24 h juntamente com as células para avaliar a sua
capacidade fagocítica.
A figura 11 demonstra que após o período de cultivo, houve a
internalização dos parasitos pelas células, sendo assim possível avançar para
outros experimentos.
39
Figura 11- Internalização de L. major por células AP284. 5x105 de AP284 foram cultivadas
com 5X106 de L. major em fase promastigota. Após 24 horas, as células foram lavadas com PBS
para remoção dos parasitas não internalizados. As setas indicam formas amastigotas de L.
major fagocitadas.
5.10 Avaliação da produção de IL-12p40 por células AP284 infectadas por
L. major
Outra questão importante para ser verificada antes da realização de
experimentos in vivo, seria se após a infecção das células com L. major
ocorreria à produção de IL-12p40 e IL-23. Assim, células AP284 foram
infectadas por 24 h com um ou cinco parasitos por célula para posterior
avaliação da produção de IL-12p40.
L. major não foi capaz de induzir a produção de IL-12p40 (nem IL-23) in
vitro com nenhuma das infecções, não havendo diferença significativa das
células não infectadas com as células infectadas. (Figura12, dados não
mostrados).
Figura 12:
IL-12p40
CT
AP +
L. m
ajor 5
:1
AP +
L. m
ajor 1
:1
0
2
4
6
8
10
IL-1
2p
40 n
g/m
L
40
Produção de IL-12p40 por células AP284 após infeção com Leishmania major. As células
foram infectadas com o parasito por um período de 24 h e o sobrenadante coletado para analise
da produção da citocina.
5.11 Avaliação da produção de IL-17 e IFN-γ in vivo após inoculação de
células AP284 infectadas com L. major
Embora não tenha sido verificado um aumento na produção de IL-12p40 e
IL-23 in vitro após infecção das células com L. major, foram realizados
experimentos in vivo, já que as interações das moléculas e fatores solúveis
presentes in vivo poderiam favorecer a produção destas citocinas. Após o
cultivo do parasito com AP284 por 24 h, os animais foram inoculados com
células AP284 portando L. major.
As células de camundongos infectados apenas com L. major foram
capazes de produzir IL-17, porém, as células dos animais que não foram
infectados com o parasito não produziram esta citocina. As células dos
camundongos infectados com AP284 e BMDCs portando leishmânias não
alteraram a produção de IL-17 mesmo após o reestimulo das células com conA.
Estes dados sugerem que AP284 não interferiu na produção de IL-17 quando
estimuladas com L. major (Figura 13A).
Não havendo aumento na produção de IL-17 in vivo, foi então verificado a
produção de IFN-γ a partir dos mesmos experimentos. Da mesma forma,
células de camundongos infectados apenas com L. major, foram capazes de
produzir IFN-γ, além disto, as células dos camundongos inoculadas sem a
presença do parasito não interferiu na produção desta citocina. Assim como
para IL-17, a produção de IFN-γ por células dos camundongos infectados com L.
major na presença de células AP284 ou BMDCs não sofreu alteração mesmo
após o reestimulo das células com conA. Estes dados também sugerem que
AP284 não interferiu na produção de IFN-γ quando inoculadas juntamente com
L. major (Figura 13B).
41
IL-17
Contr
ole
L.maj
or
AP28
4
AP28
4 + L
.maj
or
BM
DC
BM
DC +
L.m
ajor
0
2000
4000
6000
8000CT
Ext
ConA
A
IL-1
7 p
g/m
L
IFN-g
Contr
ole
L.maj
or
AP28
4
AP28
4 + L
.maj
or
BM
DC
BM
DC +
L.m
ajor
0
2
4
6
8
B
IFN
g n
g/m
L
Figura 13- Produção de IL-17 e INF-γ in vivo após infecção de camundongos com L. major,
AP284 e BMDC. 3x106 de células AP284 e BMDC foram cultivadas por 24 h individualmente e
juntas com L.major para posterior infecção de camundongos C57Bl/6. Os camundongos foram
eutanasiados após 20 dias de infecção para obtenção das células dos linfonodos. As culturas
das células foram ou não estimuladas com extrato de leishmânias e ConA.
42
6 DISCUSSÃO
Apesar de existirem vários estudos em laboratórios sobre o uso
terapêutico das DCs, muitos aspectos biológicos sobre estas células ainda
precisam ser esclarecidos. Isso devido às dificuldades técnicas encontradas
para obtenção de DCs em quantidades significativas para estudos in vitro a
partir dos métodos convenconais (van Helden et al. 2008).
DCs murinas imortalizadas derivadas de células tumorais já foram
descritas, como a linhagem SRDC (Ruiz et al. 2005). Outras descrições são a
linhagem SVDC e a linhagem DC 2.4 derivada de medula óssea de
camundongos C57BL/6 (Shen et al. 1997) e também a linhagem MUTZ-3
humana (Gibbs et al. 2013; Santegoets et al. 2008). Células AP284 foram
isoladas a partir de um tumor espontâneo murino e no presente estudo foi
demonstrado que elas podem ser uma nova linhagem de DC.
‘ DCs têm sido classificadas em diferentes subpopulações (Guilliams et al.
2010) e uma das questões avaliadas para esta diferenciação é a expressão de
marcadores específicos na superfície dessas células (Chopin et al. 2012), como
por exemplo, as DCs dermais, caracterizadas por expressarem classe MHCII,
CD11b, CD11c e CD301 (Dupasquier et al. 2004; Ziegler-Heitbrock et al. 2010) e
também DCs inflamatórias, que expressam MHC II, CD11b, CD11c, DC-SIGN,
CD107b (MAC-3) e Ly6Clow (Chopin et al. 2012; Ziegler-Heitbrock et al. 2010).
Nossos dados mostraram que a linhagem AP284 possuem uma alta
expressão dos marcadores CD11c, MAC1, MAC3 moléculas MHC classe II (ER-
TR3), e também expressam o marcador 33D1, onde este marcador está
presente em DCs localizadas na polpa vermelha e na zona marginal do baço.
(Dudziak et al. 2007). Assim, provavelmnete as células AP284 são cDCs órgão
específica, pois apresentam marcadores de células dendríticas convencionais
CD11c e MHC classe II e também possuem o marcador 33D1 e não expressam
o marcador CD301 (ER-MP23), sendo este último expresso em DCs dermais
(Dupasquier et al. 2004).
A maturação de DCs após o reconhecimento de antígenos é
caracterizada pela expressão de moléculas co-estimuladoras como CD40 e
CD80 (Merad & Manz 2009; Shortman & Naik 2007) e nossos dados mostraram
43
que células AP284 também expressam estas moléculas, sugerindo que elas já
estão em um estágio mais avançado de maturação e têm um grande potencial
para apresentar antígenos para células T virgens.
Células epiteliais, células fagocíticas e os subconjuntos de DCs
expressam diferentes TLRs em suas superfícies, além de outros PRRs (Iwasaki
& Medzhitov 2004), estes receptores irão permitir que estas células respondam a
grupos específicos de micro-organismos. TLR4 é caracterizado pelo
reconhecimento de LPS presente na superfície de bactérias Gram-negativas
(Kawai & Akira 2010). Em nossos estudos, foi verificado que a linhagem AP284
expressa em sua superfície TLR4 e respondem a LPS de bactérias Gram-
negativas.
Em camundongos, todas as DCs esplênicas expressam TLR4, além dos
TLRs 1, 6, 8 e 9 (Edwards et al. 2003), porém, pDCs de camundongos não
expressam TLR3 e DCs CD8α+ de camundongos não expressam TLRs 5 e 7
(Doxsee et al. 2003; Edwards et al. 2003). Atualmente DCs CD11c+ CD11b+
derivadas de precursores de medula óssea foram identificadas com alta
expressão de TLR4 e capazes de responderem fortemnete a LPS (Boonstra et
al. 2003). Provavelmente Células AP284 podem expressar outros tipos de TLRs
e assim, responder a outros estímulos, porém são necessárias novas análises
para esta confirmação.
Estudos mostram que a expressão de genes e a secreção de citocinas
como TNF-α, IL-1β, IL-6, IL-10, IL-12, IL-23 foram fortemente induzidas em DCs
estimuladas com diferentes agonistas de TLRs, sendo que a utilização de
combinações destes agonistas induzem maiores quantidades destas citocinas
(Gautier et al. 2005). A IL-12 e a IL-23 fazem parte de uma mesma família, pois
possuem subunidades em comum, por exemplo, a cadeia p40 mais a p35
formam a IL-12p70 em sua forma ativa, a subunidade p40 mais a subunidade
p19 formam a IL-23 ativa (Vignali & Kuchroo 2012) e a produção de IL-12p70 e
IL-23 se da principalmente por DCs.
Em nossos estudos, BMDCs produziram quantidades significativas de IL-
12p70 quando estimuladas com LPS e E.coli, sendo que uma das principais
ações da IL-12p70 é a de intensificar a produção de IFN-γ importante na
diferenciação de linfócitos T para Th1, produtores desta citocina (Goriely et al.
2008; Trinchieri et al. 2003). O perfil Th1 é fundamental para a eliminação de
44
patógenos intracelulares, onde IFN-γ é importante para a ativação de
macrófagos, pois atua nestas células aumentando a sua atividade microbicida
(Luckheeram et al. 2012; Oestreich & Weinmann 2012).
Entretanto, nossos dados demonstraram que a linhagem AP284 com os
mesmos estímulos, não produziu IL-12p70, mas sim, grandes quantidades de IL-
12p40 e IL-23. A IL-23 é importante para potencializar o perfil de resposta do
tipo Th17, e este perfil possui uma importante participação na resposta imune
contra fungos e bactérias extra e intracelulares (Espinosa & Rivera 2012; Khader
& Gopal 2010). Assim, nossos dados suportam a ideia de que células AP284
estão relacionas com um perfil de resposta do tipo Th17, sugerindo que a IL-
12p40 produzida por estas células está relacionada com a produção ativa da IL-
23.
IFN-γ participa da ativação transcricional que codifica a subunidade p35 e
consequentemente a produção de IL-12p70 (Liu et al. 2004). Quando as células
AP284 foram estimuladas com IFN-γ novamente não houve a produção de IL-
12p70 e de forma supreendente, foi visto uma inibição da IL-12p40 e da IL-23
quando as células foram previamente primadas IFN-γ e posteriormente
estimuladas com LPS e E.coli.
IFN-γ aumenta a atividade microbicida de fagócitos devido à indução de
NO (Chu 2013) e é descrito que algumas propriedades químicas do NO
liberadas durante uma resposta inflamatória pode causar danos a células
normais (Megson & Webb 2000). Desta forma, surgiu a hipótese de que a
grande produção desta substância poderia ter sido tóxica para as células,
ocasionando a morte das mesmas e consequente diminuição da produção das
citocinas. Contudo, após a análise da viabilidade das células primadas com IFN-
γ não foi confirmada esta hipótese, uma vez que 100% das células continuaram
viáveis após primagem com IFN-γ.
Alguns estudos relatam que a produção de NO pode inibir a síntese de IL-
12 em macrófagos peritoneais de camundongos, onde foi visto in vivo que
células camundongos deficientes da enzima iNOS produzem mais IL-12 que
células de camundongos selvagens após estímulos com LPS e IFN-γ (Huang et
al. 1998). Outros estudos também relatam que NO pode inibir a expressão do
mRNA da IL-12p40 em macrófagos derivados da medula óssea, DCs e por
RAW264, uma outra linhagem de macrófago (Xiong et al. 2004).
45
Entretanto, uma questão relevante é que tanto as células AP284 e
BMDCs produziram quantidades significativas de NO após terem sido primadas
com IFN-γ, porém, BMDCs continuaram a produzir IL-12p70 em grandes
quantidades, e também não foi alterada a produção de IL-12p40 por estas
células após este estímulo. Assim, nossos dados sugerem que o NO
provavelmente não influenciou na produção de IL-12 e IL-23 por BMDCs e
provavelmente também não influenciou na produção de IL-12p40 por AP284,
porém, mais estudos devem ser feitos para confirmação desta hipótese.
Estudos relatam que TNF-α coopera com IFN-γ para ativar fagócitos e
assim, auxilia na destruição de parasitas intracelulares, como no caso de
L.major (Birkland et al. 1992; Green et al. 1990; Liew et al. 1990; Theodos et al.
1991). Outros estudos demostram que TNF-α pode inibir a produção de IL-12
em macrófagos de camundongos estimulados com IFN-γ e LPS (Ma 2001).
Portanto, outra hipótese que sugerimos, é que a produção de TNF-α poderia ter
influenciado na produção de IL-12p40 e IL-23, sendo que estudos também
mostram que estímulos via TLR4 juntamente com outros TLRs podem induzir
grandes quantidades de TNF-α (Beutler et al. 2001).
Em nossos dados foi demostrado uma alta produção de TNF-α por
células AP284 após estímulos com LPS, porém nas culturas em que as células
foram primadas com IFN-γ e estimuladas com LPS também houve uma inibição
da produção de TNF-α, indicando que não é um aumento na produção de TNF-α
que está influenciando na produção de IL-12p40 e IL-23 por células AP284. A
partir destes dados outras análises devem ser feitas a fim de verificar outras
questões que podem estar influenciando na inibição de citocinas por células
AP284.
Estudos mostram que IL-10 pode inibir a produção de citocinas pró-
inflamatórias por monócitos e macrófagos como IL-12, IL-6 e IL-8 (D'Andrea et
al. 1993). Outros estudos relatam que IL-10 pode inibir a produção de IL-12p40 e
expressão do gene p35 em monócitos humanos após estímulos das células com
Staphylococcus aureus ou LPS (Aste-Amezaga et al. 1998). Assim, outra
hipótese seria que células AP284 produzem uma elevada quantidade de IL-10 e
que assim a IL-10 poderia estar inibindo a produção de IL-12 por estas células,
porém mais estudos devem ser realizados para avaliar esta questão.
46
Uma das principais funções das DCs é a capacidade de fagocitar e
apresentar antígenos a linfócitos T, e com isso induzir diferentes perfis de
respostas imunes (Heuze et al. 2013). No atual projeto foi visto que células
AP284 foram capazes de fagocitar L. major após um período de 24 h em co-
cultura com o parasito, porém o estímulo com leishmania não foi capaz de
induzir a produção de IL-12 por células AP284.
Nossos dados até o momento sugeriram que células AP284 podem estar
comprometidas com o perfil de resposta Th17, já que houve uma grande
produção de IL-12p40 por estas células e nenhuma produção de IL-12p70.
Assim, provavelmente a produção de IL-12p40 por células P284 podem estar
relacionada com a produção da IL-23 em sua forma ativa. Sabe-se que a IL-23
não é um fator essencial para a diferenciação do perfil Th17, porém uma
resposta bem estabelecida deste perfil é sustentada apenas na presença desta
citocina, onde após a indução de células Th17, a IL-23 é responsável por
determinar se o perfil se manterá durante uma resposta imune inflamatória
(Veldhoen et al. 2006).
Mesmo que os resultados in vitro tenham sugerido que as células AP284
possam ser indutoras de uma reposta com perfil Th17, nossos estudos in vivo,
não confirmaram a indução deste perfil induzido pelas células AP284. O perfil
Th17 é caracterizado pela produção de IL-17A, IL-17F e IL-22, onde estas
citocinas induzem a produção de numerosas quimiocinas e peptídios
antimicrobianos em células epiteliais que recrutam neutrófilos e estes por sua
vez, são importantes para o controle de infecções extracelulares (Ouyang et al.
2008). Na atual pesquisa, células de animais infectados com L.major induziram
IL-17, porém células de camundongongos infectados com AP284 portando
leishmânias não alteraram a produção desta citocina.
Nossos dados mostraram que houve uma produção significativa de IL-17
por células infectadas e não infectadas, apenas quando elas foram
reestimuladas com ConA, principalmente as células do grupo controle, isso
provavelmente ocorreu devido ConA estimular a proliferção de linfócitos
(Fitzgerald et al. 2001) e isso provavelmente influenciol na produção das
citocinas.
Camundongos C57BL/6 são descritos como resistentes a infecção por
L.major, pois conseguem controlar a replicação dos parasitas e com isso curar
47
as lesões (Sacks & Noben-Trauth 2002). Nossos estudos demonstraram que
houve uma resposta clássica de camundongos C57BL/6 quando infectados com
L.major, pois houve a produção de IFN-γ por células destes camundongos.
Sabe-se que estes camundongos estão associados com uma reposta do tipo
Th1 com produção de IFN-γ frente a esta infecção (Barthelmann et al. 2012),
porém, assim como a produção de IL-17, células AP284 infectadas com L. major
também não aumentaram a produção de IFN-γ.
Os dados da atual pesquisa sugerem que a linhagem AP284 é um novo
tipo de DC e que esta nova linhagem pode ser um tipo de DC17 e assim estar
relacionada com a manutenção do perfil de resposta do tipo Th17. Apesar dos
nossos últimos resultados terem demonstrado que as células AP284 não foram
capazes de induzir esta resposta in vivo, outros estudos devem ser feitos para
confirmação destes dados.
Além do mais, esta linhagem pode ser utilizada como uma ferramenta
importante para melhorar a compreensão sobre os fatores solúveis e as
interações celulares responsáveis pela indução da IL-23 e poderá ser utilizada
para esclarecer as vias moleculares envolvidas na produção desta citocina. Esta
linhagem também poderá ser útil para o teste de novos fármacos potencialmente
inibidores ou estimuladores da IL-23.
48
7 CONCLUSÕES
Células AP284 foram caracterizadas como uma nova linhagem de DC,
pois expressam em suas superfícies marcadores que as classificam como
este tipo de célula, como CD11c, 33D1, moléculas co-estimuladoras
CD80 e moléculas MHC classe II (ER-TR3), onde estes marcadores
também são expressos por BMDCs;
A linhagem AP284 expressa em sua superfície TLR4, um importante
receptor para o reconhecimento de PAMPS da imunidade inata,
principalmente para o reconhecimento de LPS presente na superfície de
bactérias Gram-negativas, portanto células AP284 podem responder a
estímulos através deste receptor;
Após estímulos com LPS e E.coli células AP284 foram capazes de
produzir significativas quantidades de IL-12p40 e IL-23, mas não IL-
12p70;
Após primagem das células com IFN-γ, células AP284 tiveram uma
inibição da produção de IL-12p40 e IL-23 e continuaram a não produzir IL-
12p70;
Células AP284 continuaram viáveis após primagem com IFN-γ e houve
uma elevada produção de NO tanto por células AP284 e BMDCs após
adição deste estímulo, concluindo assim que a produção de NO
provavelmente não interferiu na produção de IL-12 por células AP284;
Células AP284 produziram grandes quantidades de TNF-α após
estímulos com LPS, porém também houve a inibição da citocina após
primagem das células com IFN-γ, desta forma, a produção de TNF-α
também não influenciou na produção de IL-12p40 por células AP284;
49
Os dados demonstrados no presente projeto indicam que a produção de
IL-12p40 por células AP284 provavelmente está relacionada com a IL-23
em sua forma ativa, uma vez que não houve a produção de IL-12p70.
Assim linhagem AP284 pode ser um tipo de DC17, já que a IL-23 é
responsável pela manutenção e estabilização do perfil Th17;
A relação de células AP284 com um perfil Th17 não foi confirmada em
experimentos in vivo, onde não houve uma produção significativa de IL-17
por estas células e outros estudos são necessários para melhor
esclarecer esta reposta;
Acredita-se que esta nova linhagem celular poderá ser muito importante
para uma melhor compreensão dos fatores e interações celulares
responsáveis pela indução da produção de IL-12 e IL-23 e poderá ainda
ser utilizada para testar novos fármacos potencialmente inibidores ou
estimuladores destas citocinas.
50
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