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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA ERNANDES DA SILVA FILHO Desenvolvimento de teste rápido para detecção de Listeria monocytogenes em alimentos Goiânia 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA

TROPICAL

E SAÚDE PÚBLICA

ERNANDES DA SILVA FILHO

Desenvolvimento de teste rápido para detecção de

Listeria monocytogenes em alimentos

Goiânia

2018

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ERNANDES DA SILVA FILHO

Desenvolvimento de teste rápido para detecção de

Listeria monocytogenes em alimentos

Or

Orientador: Prof.ªDr.ªSamira Bührer

Co-orientador: Prof.Dr. André Kipnis

Goiânia

2018

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina

Tropical e Saúde Pública da Universidade

Federal de Goiás para qualificação e futura obtenção do Título de Mestre em Medicina

Tropical e Saúde Pública.

Área de concentração: Imunologia.

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL E

SAÚDE PÚBLICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

BANCA EXAMINADORA DA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aluno: Ernandes da Silva Filho

Orientador: Samira Bührer

Membros:

1. Profa. Dra. Samira Bührer

2. Prof. Dr. Guilherme Rocha Lino de Souza

3. Prof. Dr. Rodrigo Scaliante de Moura

Data: 27/02/2018

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AOS MEUS PAIS, ERNANDES DA SILVA E ANA MARIA DA SILVA, POR

SEMPRE TEREM ME INSPIRADO E APOIADO EM MINHA VIDA

ACADÊMICA. POR TODOS OS ESFORÇOS QUE FIZERAM PARA QUE EU

ME DEDICASSE AOS ESTUDOS E REFORÇOS NECESSÁRIOS PARA MEU

SUCESSO PESSOAL E PROFISSIONAL.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus primeiramente, que em sua magnificente grandeza me concedeu

tudo o que foi necessário para conseguir toda a sabedoria que adquiri em todos esses

anos. Devemos sempre pedir a Deus toda sabedoria do mundo para lidar com todas

as situações.

À minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Samira Bührer, por ter confiado em mim e me

capacitado aos estudos e experimentos durante o período de pesquisa, transmitindo-

me sua inenarrável consistência no que se propõe a realizar. Agradeço ainda por me

conceder oportunidades jamais experimentadas por mim, e por me levar ainda mais

profundamente ao mundo acadêmico, de forma honesta, objetiva e com

perseverança.

Ao meu co-orientador, Prof. Dr. André Kipnis, pela parceria nos experimentos, por

ceder totalmente seu laboratório (Bacteriologia Molecular) para a realização do

estudo, pela hospitalidade, pela sabedoria e atenção em todos os momentos

necessários.

À Prof.ª Dr.ª Mariane Martins de Araújo Stefani, chefe do Laboratório de Imunologia

da AIDS e da Hanseníase (LIAH), pela gentileza de nos permitir trabalhar em

parceria, pela sabedoria e ajuda com as atividades acadêmicas e por contribuir no

meu crescimento profissional.

Aos professores que compuseram minha banca de qualificação: Prof.ª Dr.ª Maria

Cláudia Dantas Porfirio Borges, Prof. Dr. Guilherme Rocha Lino de Sousa, Prof.ª

Dr.ª Ludimila Paula Vaz, que contribuíram significativamente para a melhoria deste

trabalho. E especialmente ao Dr. Rodrigo Scaliante Moura que sempre está presente

tirando nossas dúvidas referentes ao nosso precioso ouro coloidal.

A todos meus colegas de laboratório, Dienny Rodrigues, João Pedro Torres

Guimarães, Tatiana Galvez Sanchés, Adriana Crespo, Mônica da Guarda Reis, Aline

do Carmo Gonçalves, Aline Araújo, Déborah Goerck, Rayanny de Andrade, Fábio,

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Muriel, Petain, Monalisa, e Danilo, pelos bons momentos dentro e fora do

laboratório.

Ao Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade Federal de Goiás, pelas

amostras cedidas gentilmente, análises realizadas, pela hospitalidade e parceria

estabelecidas.

Ao Laboratório de Imunologia Aplicada do Núcleo de Biotecnologia da

Universidade Federal de Pelotas, principalmente ao Dr. Fabrício Conceição e Dr.

Marcelo Mendonça pela parceria e pelas cepas e anticorpos cedidos gentilmente para

a realização do estudo.

Ao Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública – IPTSP, por me incentivar

principalmente no meio acadêmico e de pesquisa, despertando minha paixão pela

ciência e pela docência.

A todos os servidores técnico-administrativos, em especial, Zezinho, Kariny, Elaine,

Valéria, Alex e Sr. Fernando, pela disponibilidade, competência e gentileza em

resolver nossos problemas.

À minha família, mas principalmente a meus pais, por serem meu porto seguro, meus

guias, meus companheiros em todas as circunstâncias, inclusive nos momentos mais

difíceis, me mostrando o caminho a ser seguido e a nunca desistir, me transmitindo

virtudes extremamente necessárias para construção do meu eu, me apoiando de

forma inigualável em meus projetos, o que me faz ter força espiritual, psicológica e

física. Sempre confiarei e agradecerei pelo incentivo.

Ao Maurício Moreira da Cruz pela ajuda psicológica, emocional e também com o

português. Uma das grandes conquistas do ano de 2016 foi tê-lo conhecido na

faculdade.

À Dienny por sempre me ajudar na produção do nosso bendito ouro coloidal. Por

sempre estar à frente na liderança dos experimentos com ideias especiais e

inovadoras. Uma grande amiga que ficará para sempre em meu coração.

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À Adriana Crespo pela oportunidade e confiança em deixar que eu fizesse parte do

time de professores lecionando Imunologia durante o estágio docência. Agradeço

também por todos os macarons que me ofereceu.

À Monica Reis e Aline Gonçalves por todo o conhecimento teórico prático

compartilhado e agilidade nos experimentos. Por me fazerem ter um olhar mais

apurado diante das questões que envolvem laboratório, pesquisa e equipamentos a

serem utilizados. Por tornarem meus dias mais alegres. Por todo o conhecimento

partilhado, cardápios e dietas a serem experimentados e a filmes e séries a serem

assistidos.

Menção especial de agradecimento ao Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPQ) pelo auxilio financeiro.

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SUMÁRIO

Sumário ............................................................................................................................. vii

Tabelas, figuras e anexos ..................................................................................................... x

Símbolos, siglas e abreviaturas ........................................................................................... xii

Resumo............................................................................................................................. xiv

Abstract ............................................................................................................................ xvi

1. Introdução/Revisão de Literatura ...................................................................................... 1

1.1 O agente Listeria monocytogenes ............................................................................... 1

1.2 Antígenos .................................................................................................................. 2

1.3 Características gerais ................................................................................................. 2

1.4 Disseminação no organismo ....................................................................................... 2

1.5 Mecanismos de infecção ............................................................................................. 4

1.6 Contaminação ............................................................................................................ 7

1.7 A doença ................................................................................................................... 8

1.8 Vigilância Sanitária ................................................................................................... 9

1.9 Estudo de surtos ....................................................................................................... 10

1.9.1 Surto em produtos cárneos e embutidos ........................................................... 32

1.9.1 Contaminação de leite e derivados ................................................................... 32

1.10 Legislação e controle na produção produtos de origem animal ................................ 11

1.11 Métodos de detecção de L.monocytogenes.............................................................. 12

1.11.1 Cultura .......................................................................................................... 32

1.11.2 Provas bioquímicas ........................................................................................ 32

1.11.3 Testes imunoenzimáticos ............................................................................... 32

1.11.4 Testes por imunohistoquimica ....................................................................... 32

1.11.5 Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) ........................................................ 32

1.11.6 Testes imunocromatográficos ........................................................................ 32

1.12 Legislação e controle na produção de produtos de origem animal ............................ 13

1.13 Métodos de detecção .............................................................................................. 15

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1.14 Produção de materias microbiológicos .................................................................... 18

1.15 Importância dos testes rápidos ................................................................................ 19

1.16 Desenvolvimento de testes rápidos ......................................................................... 20

2. Justificativa ................................................................................................................... 24

3. Objetivos ....................................................................................................................... 26

3.1.1 Objetivo geral ....................................................................................................... 26

3.1.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 26

4. Métodos ......................................................................................................................... 27

4.1 Cepas utilizadas........................................................................................................ 27

4.2 Cultivos bacterianos ................................................................................................. 28

4.3 Caracterização bacteriana ......................................................................................... 28

4.4 Eletroforese em gel de poliacrilamida ....................................................................... 30

4.6 Anticorpos monoclonais e proteínas recombinantes .................................................. 30

4.7 Preparo de partículas de ouro coloidal ...................................................................... 31

4.8 Conjugação do ouro coloidal a anticorpos ................................................................. 32

4. 9 Padronização dos protótipos .................................................................................... 32

4.9.1 Padronização da membrana de NC e filtro absorvente da amostra .................... 32

4.9.2 Padronização da quantidade de amostra, volume a ser usado e estimativa do

tempo de leitura ....................................................................................................... 33

4.9.3 Bloqueio da membrana do conjugado .............................................................. 33

4.9.4 Escolha da concentração do conjugado ............................................................ 33

4.9.5 Padronização do tipo de amostra a ser testado .................................................. 34

4.9.6 Padronização das concentrações de anticorpo policlonal Anti-Internalina A e

Anti Internalina B .................................................................................................... 34

4.10 Composição do teste rápido para detecção de Listeria sp ........................................ 34

4.11 População de estudo utilizada para o desenvolvimento e avaliação dos testesc ........ 35

4.12 Protocolo de preparo das amostras das culturas de bactérias em amostras de leite.... 35

4.13 Protocolo de execução do teste ............................................................................... 36

4.14 Interpretação do teste .............................................................................................. 36

5. Resultados ..................................................................................................................... 38

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5.1 Culturas de Listeria monocytogenes .......................................................................... 38

5.2 Testes confirmatórios para identificação de Listeria monocytogenes ......................... 38

5.3 Preparo dos protótipos .............................................................................................. 41

5.3.1 Produção de ouro coloidal ............................................................................... 41

5.3.2 Conjugação de anticorpo MAb 2D12 ao ouro coloidal ..................................... 41

5.3.3 Sensibilização das membrana de nitrocelulose ................................................. 42

5.4 Avaliação do desempenho dos lotes de Poli Anti-InlA e Poli Anti-InlB .................... 42

5.5 Estudo de processamento visando melhora na detecção ............................................ 44

5.5.1 Sonicação ........................................................................................................ 44

5.5.2 Lise bacteriana ................................................................................................ 44

5.5.3 Lavagerm ........................................................................................................ 44

5.5.4 Conjugado – aumento na concentração de conjugado ....................................... 45

5.6 Capacidade de detecção do teste ............................................................................... 45

5.7 Capacidade de detecção em amostras de leite contaminadas com Listeria

monocytogenes ............................................................................................................... 47

6. Discussão ....................................................................................................................... 49

7. Conclusões ..................................................................................................................... 52

Referências ........................................................................................................................ 53

Anexos .............................................................................................................................. 63

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TABELAS, FIGURAS E ANEXOS

Tabela 1: Bactérias Cultivadas ........................................................................................... 36

Tabela 2: Correlação entre turbidez e UFC/mL de cultura de Listeria monocytogenes........ 36

Quadro 1: Visão geral dos experimentos com Linhas Teste e Conjugado ............................ 16

Gráfico 1: Curva bacteriana baseada no crescimento da bactéria através da turbidez do meio

de cultura e a contagem de Unidades Formadoras de Colônias/mL ..................................... 46

Figura 1: Patogênese da Listeria monocytogenes ................................................................. 6

Figura 2: Representação esquemática de um teste rápido de fluxo lateral ............................ 21

Figura 3: Card adesivo e disposição dos componentes de montagem de um teste rápido de

fluxo lateral ....................................................................................................................... 23

Figura 4: Esquema de diluição seriada com amostras de Leite infectadas experimentalmente

com Listeria monocytogenes .............................................................................................. 35

Figura 5: Culturas de Listeria monocytogenes crescidas em caldo TSB por 20 horas em

estufa shaker 37ºC +/-1 ...................................................................................................... 38

Figura 6: Tubos de meio TSB fermentação de carboidratos (xilose e ramnose) ................... 39

Figura 7: Microscopia ótica objetiva de 1000x mostrando coco-bacilos gram positivos,

sugerindo presença de Listeria monocytogenes................................................................... 40

Figura 8: Ágar Sangue de Cavalo sem presença de bactérias formadoras de beta-hemólise e

Ágar Sangue de Cavalo com presença sugestiva de Listeria monocytogenes com beta-

hemólise ............................................................................................................................ 40

Figura 9: Ágar ALOA com crescimento sugestivo de Listeria monocytogenes em 12 horas

(Figura A) e crescimento de 48 horas com presença de halo ao redor das colônias (Figura B)

.......................................................................................................................................... 41

Figura 10: Etapas de produção de ouro coloidal de 20nm e 40nm ....................................... 42

Figura 11: Resultado em duplicata de protótipo com Conjugado MAb 2D12 concentração X,

e linha teste Poli Anti-InlB concntração D. Amostra Listeria monocytogenes ATTCC 746625

Figura 12: Avaliação do desempenho de lotes de concentrações de Poli Anti InlB nas

concentrações B, C, D, E. Conjugado MAb2D12 concentração X – Amostras Listeria 1 A e 1

B com 2 lavagens de PBS .................................................................................................. 46

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Figura 13: Avaliação do desempenho de lotes e concentrações de Poli Anti InlA nas

concentrações A, B, C, D. Conjugado MAb2D12 concentração X – Amostras Listeria 1 A e

1B com 2 lavagens de PBS 1X ........................................................................................... 43

Figura 14: Testagem com Listeria monocytogenes após processo de sonicação da cultura.

Testes Poli Anti-InlB concentração D e Conjugado concentração X ................................... 44

Figura 15: Testagem Listeria monocytogenes após uso de tampão fosfato de potássio. Testes

Poli Anti-InlB concentração D e Conjugado concentração X .............................................. 44

Figura 16: Avaliação do desempenho de lotes e concentrações de Poli Anti InLB na

concentração D. Conjugado MAb2D12 concentração X – Amostras Listeria 1A e 1B com

lavagens de PBS 1X ........................................................................................................... 44

Figura 17: Amostra Lm 1B controle positivo detectada na concentração Conjugado –

MAb2D12 concentração X ................................................................................................ 45

Figura 18: Amostra Lm 1B controle positivo fracamente detectada após o aumento de

Conjugado – MAb2D12 concentração Y ........................................................................... 45

Figura 19: Resultados obtidos em diluição seriada, fator 1:5, com amostra Lm 1B ATTCC

7644, cultura D.O. 1,381. Protótipos Poli Anti InlB concentração D – Conjugado MAb

2D12 concentração X ......................................................................................................... 47

Figura 20: Resultados obtidos em diluição seriada, fator 1:5, com amostra de leite infectado

com Lm 1B ATTCC 7644, cultura D.O. 1,270. Protótipos Poli Anti InlB concentração D –

Conjugado MAb 2D12 concentração X .............................................................................. 47

Figura 21: Resultados obtidos em diluição seriada, fator 1:5, com controle negativo Listeria

innocua, Enterobacter cloacae e Bacillus cereus, cultura D.O. 0,830. Protótipos Poli Anti

InlB concentração D – Conjugado MAb 2D12 concentração X ........................................... 48

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SÍMBOLOS, SIGLAS E ABREVIATURAS

APC – Antigen Presenting Cells

BSA – Bovine Serum Albumin

CPA – Centro de Pesquisa em Alimentos

DC – Dendritic Cell

DIPOA – (Diretora do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal)

DNA – Deoxyribonucleic Acid

D.O. – Densidade óptica

ELISA – Ensaio imunoabsorvente ligado à enzima ou Ensaio imunoenzimático

EPS – Extracellular Polymeric Substances – substâncias poliméricas extracelulares

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

IgG – Imunoglobulina G

IgM – Imunoglobulina M

IPTSP – Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública

JUQV – Juquitiba vírus

LDTR – Laboratório de Desenvolvimento de Testes Rápidos

LIA – Laboratório de Imunologia Aplicada

LIAH – Laboratório da Imunologia da AIDS e Hanseníase

μg – Microgramas

MHC – Major Histocompatibility Complex

μL – Microlitros

mL – Mililitros

mm – Milímetros

NC – Nitrocelulose

PAMPs – Pathogen-Associated Molecular Patterns

PNCP – Programa Nacional de Controle de Patógenos

PBS – Tampão fosfato-salina

PCR – Polymerase Chain Reaction

PEG – Polietilenoglicol

SIF – Serviço de Inspeção Federal

SP – São Paulo

UFC – Unidades Formadoras de Colônias

UFG – Universidade Federal de Goiás

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UFPel – Universidade de Pelotas

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xvi

RESUMO

Desenvolvimento de teste rápido para detecção de Listeria monocytogenes em

alimentos.

A listeriose é uma infecção bacteriana, provocada por Listeria monocytogenes, uma

bactéria transmitida principalmente pela ingestão de alimentos contaminados. É o

principal agente responsável pelas infecções alimentares com baixa taxa de

morbidade, porém quando a infecção ocorre em imunodeprimidos os índices de

mortalidade são elevados, representando um importante problema de saúde pública.

Os métodos disponíveis para a identificação da presença de Listeria monocytogenes

incluem o isolamento da bactéria através de cultivo convencional, que consiste em

um método laborioso, demorado e de baixa sensibilidade e métodos moleculares e/ou

imunológicos, normalmente complexos, de custo elevado, requerendo equipamentos

e pessoal treinado. Portanto, a busca por métodos alternativos, rápidos, sensíveis e

específicos para a detecção da presença de Listeria monocyogenes em alimentos, é

útil e necessária para prevenção da infecção e de grande valia para reduzir a taxa de

mortalidade nos imunodeprimidos, bem como, viabilizar a vigilância epidemiológica

desta enfermidade. Os objetivos do trabalho foram: Desenvolver teste

imunocromatográfico de fluxo lateral para identificação de L. monocytogenes em

alimentos; Avaliar o desempenho do teste imunocromatográfico de fluxo lateral

utilizando amostras de alimentos naturalmente e artificialmente contaminados com L.

monocytogenes. Como agente de detecção, foi impregnado à fibra de vidro o

monoclonal MAb-2D12 anti-internalina-A conjugado ao ouro coloidal. Como agente

de captura, foi sensibilizado, em papel de nitrocelulose, a linha teste com anticorpo

policlonal anti-internalina-B, e na linha controle com proteína A, para validar a

atividade do agente de detecção. Inóculos de cepas padrões de Listeria

monocytogenes foram utilizados para avaliação da detecção Listeria no teste

proposto. Como controle negativo, utilizamos cepas de Listeria innocua,

Enterobacter sp. e Bacillus cereus. Foi obtido positividade em protótipos de testes

rápidos sensibilizados com policlonal anti-InlB. Observou-se positividade em

amostras contendo meio de cultura e a bactéria recém cultivada, validando a

metodologia empregada no desenvolvimento do teste. A capacidade de detecção do

teste foi de 2x104 UFC/mL.

Palavras-chave: Listeria spp.. Imunocromatografia. Alimentos.

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xvii

ABSTRACT

Rapid test development for detection of Listeria monocytogenes in food.

Listeriosis is a bacterial infection caused by Listeria monocytogenes, a bacterium

transmitted mainly by the ingestion of contaminated food. It is the main responsible

for food infections with low morbidity rate, but when contamination occurs in

immunosuppressed the mortality rates are high, representing an important public

health problem. Methods available for identification of the presence of Listeria

monocytogenes include isolation of the bacterium through conventional culture,

laborious, time-consuming and low sensitivity method, and usually complex and

costly molecular and / or immunological methods requiring trained personnel and

equipment. Therefore, the search for rapid, sensitive and specific methods for

detecting the presence of Listeria monocyogenes in foods is useful and necessary for

infection prevention and great value to reduce the mortality rate in the

immunocompromised as well as to enable the epidemiological surveillance of this

disease. The objectives of the study were: To develop lateral flow

immunochromatographic test for the identification of L. monocytogenes in foods; To

evaluate the performance of the lateral flow immunochromatographic test using food

samples naturally and artificially contaminated with L. monocytogenes. As the

detection agent, were impregnated glass fiber with anti-internalin-A MAb-2D12

conjugated to colloidal gold. As a capture agent, were sensitized, on nitrocellulose

paper, the test line with polyclonal anti-internalin-B antibody, and in the control line

with protein A, to validate the activity of the detection agent. Inoculations of

standard strains of Listeria monocytogenes were used for evaluation of the Listeria

detection in the proposed test. As a negative control, we used strains of Listeria

innocua, Enterobacter sp. and Bacillus cereus. Positivity was obtained in prototypes

of rapid tests sensitized with Polyclonal Anti-InlB. Positivity was observed in

samples containing culture medium and newly cultured bacteria, validating the

methodology used in the development of the test. The detection capacity of the test at

D concentration is 2x104 CFU / mL.

Key words: Listeria spp.. Immunochromatography. Food.

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1

1 INTRODUÇÃO / REVISÃO DA LITERATURA

O patógeno alimentar Listeria monocytogenes é o agente causador da

listeriose, uma doença severa que cursa com baixas taxas de morbidade, porém com

altas taxas de mortalidade em pessoas suscetíveis à infecção, representando um

importante problema de saúde pública (ALLERBERGER, 2010).

1.1 O agente

A bactéria foi relatada pela primeira vez em 1924 por Murray, Webb e

Suann, com a denominação de Bacterium monocytogenes, por conta da monocitose

observada. Em 1927, após seu isolamento de fígado de roedores, Pirie, a nomeou de

Listerella hepatolytica em homenagem ao britânico Sir Joseph Lister, um famoso

cirurgião. Em 1940 foi denominado Listeria monocytogenes, após estudos mais

específicos sobre o patógeno infeccioso (Pirie, 1940 apud STAVRU;

ARCHAMBAUD; COSSART, 2011, MURRAY; WEBB; SWANN, 1926;

BREED; MURRAY; HITCHENS, 1948).

O gênero Listeria é constituído por dezenove espécies: L. monocytogenes,

L. inoccua, L. seeligeri, L. welshimeri, L. ivanovii, L. gray, L. marthii e L.

rocourtiae, L. fleischmannii, L. weihenstepha-nensis, L. booriae, L. newyorkensis,

L. floridensis, L. aquatica, L. cornellensis, L. riparia L. grandensis, L. denitrificans

e L. murrayi (BERTSCH et al., 2013; HALTER; NEUHAUS; SCHERER, 2013;

DEN BAKKER et al., 2014; WELLER et al., 2015). Destas, apenas a L.

monocytogenes é patogênica ao homem e animais, e a L. ivanovii aos animais.

Porém, já foram relatados alguns casos de listeriose em humanos por L.ivanovii,

mostrando que essa espécie também pode apresentar caráter oportunista entérico

nos seres humanos (GUILLET et al., 2010). Até o momento, são conhecidos 13

sorotipos de L. monocytogenes (1/2a, 1/2b, 1/2c, 3a, 3b, 3c, 4a, 4ab, 4b, 4c, 4d, 4e e

7) (TAMBURRO et al., 2010). No entanto, os sorotipos 1/2a, 1/2b e 4b estão

relacionados com mais de 90% dos casos e surtos de listeriose (VAZQUEZ-

BOLAND et al., 2001; TORRES et al., 2005).

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2

1.2 Características do agente

L. monocytogenes é caracterizada por apresentar-se como um coco-bacilo

curto (6 a 20 µm), flagelado, Gram-positivo, anaeróbio facultativo, não

apresentando esporos, mostrando-se catalase positivo, fermentando carboidratos

como ramnose, sendo móvel, resistente ao congelamento e capaz de sobreviver

entre 3 ºC a 45 ºC, também podendo suportar a inúmeros congelamentos e

descongelamentos, sendo que essas peculiaridades lhe conferem proteção e maior

virulência frente ao hospedeiro (DEVER, 1993; DONELLY, 1992; FRANCO,

2008).

Na presença de cloreto de sódio (NaCl), a taxa de sobrevida é de 11%

quando incubada a 37°C por 15 dias e 13% em 10 dias. Pode sobreviver a 4°C por

aproximadamente 130 dias em caldo tripticase soja contendo NaCl na concentração

25%, com atividade de água por volta de 0,83 (FRANCO, 2008).

1.3 Antígenos do agente

Várias proteínas de superfície e algumas secretadas pela L. monocytogenes

têm sido descritas como relevantes fatores de virulência bacteriana. Muitas dessas

proteínas representam um ponto crítico na persistência desse microorganismo no

trato gastrointestinal, na aderência e entrada na célula do hospedeiro, na

movimentação de célula para célula e no escape do sistema imunológico do

hospedeiro. A maioria dos genes associados à virulência da bactéria estão

agrupados em uma mesma região de 9 kb denominada de ilha de patogenicidade de

Listeria-1 (LIPI-1). Os genes estão organizados da seguinte forma: prfA, plcA, hly,

mpl, actA, plcB. Esses genes em conjunto com os genes de internalinas A e B (inlA

e inlB), bilE e hpt, são diretamente regulados e controlados pelo gene prfA, que

codifica a proteína PrfA (fator regulador positivo) (BIERNE; COSSART, 2007).

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Figura 1: Interação entre Internalina e E-Caderina (Adaptado de Wolf-Dieter

Schubert, 2002)

1.4 Disseminação do agente

L. monocytogenes é um microorganismo que está em grande parte da

natureza e pode sobreviver e se desenvolver em variadas condições ambientais.

Pode ser encontrado em diversos locais, como solo, água, vegetação, silagem e trato

intestinal de animais domésticos, principalmente em ruminantes (ovinos, bovinos,

caprinos). Tem tropismo por ambientes úmidos e ricos em nutrientes, que auxiliam

e propiciam o seu desenvolvimento. (NIGHTINGALE; WINDHAM;

WIEDMANN, 2005)

No ambiente de indústrias de alimentos, L. monocytogenes pode ser

encontrada em pisos, ralos, equipamentos instalados nas fábricas, sistemas de

refrigeração, sistemas de tratamento de ar entre outros, exigindo extremo cuidado

na limpeza dos equipamentos pois, apresentam a possibilidade de colonizar e se

multiplicar em várias superfícies, incluindo aço inoxidável, borracha, vidro e

polipropileno, podendo se manter nestes locais por um prolongado tempo

(MONTVILLE; MATTHEWS, 2008; VAID; LINTON; MORGAN, 2010).

Portanto, a bactéria está amplamente distribuída no ambiente doméstico (BRANCO

et al., 2003), no ambiente de plantas de processamento de alimentos (AGUADO et

al., 2004, VON LAER et al., 2009, NALÉRIO et al., 2009) e em diversos alimentos

(HOFER et al., 2006, FDA, 2017).

L. monocytogenes pode colonizar superfícies e formar biofilmes, esses

permitem ao microrganismo persistir a condições adversas, tais como a dessecação,

exposição à luz ultravioleta, tratamento com antimicrobianos e agentes sanitizantes,

representando assim grande fonte de contaminação aos produtos alimentícios que

entram em contato com os mesmos. Sua persistência pode ocorrer por vários fatores

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que já foram estudados sobre diferentes parâmetros, como superfície de contato,

variações entre as cepas, meio, temperatura e morfologia. (KALMOKOFF et al.,

2001; BORUCKI et al., 2003; HEFFORD et al., 2005; DI BONAVENTURA et al.,

2008; AMALARADJOU; NORRIS; VENKITANARAYANAN, 2009; KUMAR et

al., 2009).

A resistência da Listeria pode ser explicada pela proteção mecânica devido

à síntese de exopolissacarídeos (EPS = Extracellular Polymeric Substances =

substâncias poliméricas extracelulares) com a formação do biofilme a situações de

estresse bacteriano (CLOETE, 2003; GANDHI; CHIKINDAS, 2007;

POIMENIDOU et al., 2009; CHAITIEMWONG; HAZELEGER; BEUMER,

2010).

Esse microrganismo pode contaminar uma grande diversidade de

alimentos crus ou processados, inclusive carnes, leite e derivados, peixes e frutos

do mar. Isolados de L. monocytogenes podem persistir em uma superfície qualquer,

mesmo após desinfecção, tornando-se parte da microbiota do ambiente por meses

ou até mesmo anos. Por isso, o patógeno faz parte dos microrganismos que mais

preocupam as autoridades no que se refere à contaminação cruzada pós-

processamento de produtos prontos para consumo (WHO/FAO, 2004). A extensa

disseminação do patógeno, aliada à tolerância a altas concentrações de sal, acidez,

atmosfera modificada, bem como sua capacidade de multiplicação sob temperaturas

de refrigeração, torna difícil a obtenção de alimentos totalmente livres desse

patógeno (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001, VON LAER et al., 2009). Não sendo

possível erradicar Listeria sp. dos alimentos, nos Estados Unidos, é necessário se

concentrar em prevenção conforme medidas profiláticas descritas no guia para

indústria FBA/USA (FDA, 2017).

1.5 Contaminação

O consumo de produtos alimentícios contaminados é o maior responsável

pela maioria dos casos de listeriose em humanos, sendo que a dose infectante

ingerida é possivelmente influenciada pela susceptibilidade do hospedeiro e

também pela linhagem envolvida da bactéria. No que se refere à quantidade de

microrganismos ingeridos necessários para o aparecimento da doença, pode variar

de 102 a 10

9 UFC (Unidades Formadoras de Colônias), sendo que isto depende do

estado imunológico do indivíduo (MCLAUCHLIN et al., 2004; JEMMI;

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STEPHAN, 2006). A ingestão de alimentos contaminados se agrava em pessoas

que tem o sistema imune comprometido como gestantes, idosos, recém nascidos,

indivíduos com síndrome de imunodeficiência adquirida, cirrose, carcinoma e

outras doenças que atacam o sistema imune (SOUZA, 2017).

1.6 Mecanismos de infecção

O patógeno L. monocytogenes contamina um significativo número de

alimentos, mas grande parte dos surtos e casos esporádicos de listeriose estão

geralmente ligados aos produtos prontos para consumo. Devido ao fato de serem

consumidos sem cozimento prévio são mais propensos ao risco de doenças

transmitidas por alimentos. (BRITO et. al., 2008)

Os alimentos são fonte primária de infecção por L. monocytogenes. A

bactéria pode infectar uma variedade de espécies de animais e diferentes tipos de

células. Para causar sua infecção, pode ultrapassar três barreiras importantes:

epitélio intestinal, hemato-encefálica e placentária. Sendo que a primeira e principal

rota de infecção por L. monocytogenes é a passagem através do epitélio intestinal,

sendo um pré requisito para haver infecção (BHUNIA, 2008). A Listeria pode

infectar as células por dois diferentes mecanismos: invasão direta da célula ou

invasão célula-célula, utilizando uma variedade de mecanismos para escapar e

resistir à resposta imune do hospedeiro, incluindo a sobrevivência intracelular.

(POSFAY-BARBE; WALD, 2009)

No trato gastrointestinal, mais precisamente no intestino delgado, a L.

monocytogenes exposta ao estresse ocasionado pelo aumento da temperatura e

exposição ao baixo pH, estimula o aumento da produção de proteínas, promovendo

o início do estágio de virulência da bactéria. Esta infecção primária progride para a

translocação através da barreira da mucosa para a circulação sanguínea ou linfática

e posteriormente para uma disseminação sistêmica. As proteínas da parede

bacteriana levam à internalização da bactéria em células não fagocíticas, com

multiplicação no citoplasma como um patógeno intracelular facultativo e invadir

células vizinhas (RAENGPRADUB; WIEDMANN; BOOR, 2008). Depois que

alcança a corrente sanguínea, a maioria das bactérias atinge os linfonodos, baço e

fígado, em especial por causa do transporte através de macrófagos e células

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dendríticas que facilitam a entrada da bactéria nos órgãos (PRON et al., 2001;

DREVETS; BRONZE, 2008).

No momento em que L. monocytogenes chega ao intestino delgado, utiliza

principalmente as proteínas InlA e InlB para iniciar o processo de aderência e

invasão dos enterócitos. A internalização da bactéria ocorre por um sistema de

engolfamento chamado de mecanismo tipo zíper (zipper mechanism), que em um

processo de fagocitose leva a bactéria para o interior da célula hospedeira. No

interior do fagossomo, com as baixas concentrações de ferro e carboidratos, acabam

reprimindo a expressão das internalinas e fazem com que as proteínas listeriolisina

O (LLO) e fosfatidilinositol fosfolipase C (PI-PLC) sejam expressas pela ativação

dos genes hlya e plcA, respectivamente. Ambas as proteínas agem lisando a

membrana do vacúolo fagocítico, fazendo com que a bactéria seja liberada no

citoplasma celular, em que é produzida uma alta quantidade de PrfA, promovendo a

expressão da proteína polimerizadora de actina (ActA), que acaba permitindo com

que a bactéria polimerize a actina citoplasmática da célula hospedeira e seja

impulsionada para células adjacentes (CABANES et al., 2002; COSSART;

PIZARRO-CERDA; LECUIT, 2003; PENTECOST et al., 2010).

No método de passagem para outra célula ocorre a formação de um

vacúolo com dupla membrana e nesse momento a bactéria expressa outra

fosfolipase C, a fosfatidilcolina (PCPLC, gene plcB), que quando é clivada por uma

metaloprotease (Mpl) fica na sua forma ativa. Assim, o escape da dupla membrana

é realizado mais uma vez pela proteína LLO com a ajuda de PC-PLC e por fim,

inicia-se o processo de multiplicação intracelular na nova célula (LECUIT, 2003,

GRAY; FREITAG; BOOR, 2006, HAMON; BIERNE; COSSART, 2006).

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Figura 1: Patogênese da Listeria monocytogenes: (1) Ingestão, (2) Passagem do

intestino para a circulação, (3) Processo de engolfamento da bactéria por APC’s

(Células Apresentadoras de Antígeno) macrófagos, polimorfonucleares células

dendríticas entre outras, (4) Bactéria inserida em vacúlos intracelulares, (5) Ação da

proteína listeriolisina da L. monocytogenes, propiciando o escape do vacúolo

fagocítico, (6) L. monocytogenes se multiplica e forma uma cauda de filamentos de

actina que permitem sua movimentação, (7) A bactéria migra para a parede da

célula e empurra a membrana formando estrutura similar a pseudópodes, (8) O

pseudópode é fagocitado pela célula vizinha, (9) A célula fagocitária forma uma

dupla membrana e internaliza o vacúolo. Adaptado de: (SOUZA, 2017)

Como o sistema imune dos seres humanos possui barreiras protetoras

iniciais, nos casos em que o microrganismo consegue escapar da primeira linha de

defesa, a sobrevivência do hospedeiro depende diretamente de uma resposta do

sistema imune adaptativo, principalmente ligada à resposta de linfócitos T

citotóxicos dependente de CD8+. A habilidade da bactéria replicar-se no citosol da

célula hospedeira e migrar diretamente para células adjacentes, impossibilita uma

resposta humoral efetiva (STAVRU; ARCHAMBAUD; COSSART, 2011).

Quando a L. monocytogenes invade a corrente sanguínea, dissemina-se pelo

organismo e continua se espalhando para outros órgãos, em alguns casos pode

atingir cérebro e placenta. Para que isso não aconteça é necessário que a replicação

da bactéria seja controlada rapidamente. Por se tratar de um patógeno intracelular

facultativo, a imunidade inata é de importância na defesa.

Existe uma vasta diversidade de receptores envolvidos nas respostas

imunológicas. Sabe-se que a L. monocytogenes é reconhecida por receptores TLR2,

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TLR5, NOD1 e NOD2, resultando na cascata de ativação de intermediários

bioquímicos como de NFkB e genes de mediadores pró inflamatórios que

auxiliarão na redução de bactérias no organismo. No entanto, existem outros

receptores que desempenham papéis importantes na detecção da bactéria, como o

caso do TLR10 (KOBAYASHI et al., 2005, OPITZ et al., 2006 MACHATA et al.,

2008, MOSA et al., 2009).

Regan et al., (2013) desenvolveram o primeiro estudo do papel essencial

do TLR10 em mediar resposta inflamatória a L. monocytogenes em macrófagos.

identificando o TLR10 como mediador chave na resposta imune inata pois quando

ocorre sua depleção a quantidade de bactérias nas células aumenta

consideravelmente. Também concluíram que o TLR2 sozinho não desempenha

papel crítico em resposta à infecção epitelial. Porém, quando associado ao TLR10,

em resposta à L. monocytogenes, a combinação deles se torna um receptor

funcional para ativação da cascata bioquímica para produção de NFkB (REGAN et

al., 2013). Quando ocorre a depleção de TLR10, a quantidade de L. monocytogenes

nas células aumenta consideravelmente, favorecendo a hipótese do envolvimento

do TLR10 na proteção contra a bactéria. (KIM et al., 2010, REGAN et al., 2013)

1.7 A doença

A listeriose é uma infecção grave que merece atenção especial pelos

sistemas de saúde porque é um sério problema de saúde pública, apresentando altas

taxas de mortalidade entre os indivíduos infectados e susceptíveis às infecções. As

condições que podem predispor a listeriose englobam neoplasias, leucemias, AIDS,

alcoolismo, diabetes (tipo 1, principalmente), doenças cardiovasculares,

transplantes renais e terapias com corticoides (FRECE et al., 2010 apud LIU, 2006;

SWAMINATHAN; GERNER-SMIDT, 2007; VANEGAS et al., 2009;

FORSYTHE, 2010).

A listeriose é um termo genérico para uma variedade de síndromes

causada por Listeria monocytogenes e as complicações mais frequentes em

humanos ocorrem na corrente circulatória, no sistema nervoso central e no útero de

mulheres grávidas (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001). Quando há a ingestão da

bactéria, a sintomatologia se assemelha com outras doenças como gripe, que vem

acompanhada de diarreia e febre. Em alguns casos, os sintomas são imperceptíveis,

fazendo com que o paciente não desenvolva nenhum sinal aparente. Em adultos, os

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sintomas mais comuns são fadiga, febre, mal-estar, náuseas, vômitos e diarreia. Se

houver comprometimento do sistema nervoso central, pode desenvolver meningite

(recém-nascidos e idosos) e encefalite, causando em casos mais raros endocardite e

osteomelite (FRANCO, 2008). Os agravos observados são a septicemia,

gastrenterite e, em mulheres grávidas infectadas no segundo ou terceiro mês de

gestação, pode causar aborto, nascimento prematuro ou nascimento do bebê já

morto (SANT’ANA et al., 2012, YDE et al., 2010).

Existe diferença entre os surtos de gastrenterite e os surtos por Listeria em

sua forma invasiva. Os surtos estão relacionados a pessoas que não são do grupo de

risco, sendo preciso uma dose infectante maior para causar doença. Os sintomas

iniciais podem ser observados algumas horas após a exposição ao patógeno, ao

contrário da listeriose invasiva, em que os sintomas podem ser notados depois de

algumas semanas do contato com a bactéria. Os humanos podem ser portadores

assintomáticos de Listeria, sendo difícil definir a frequência que ocorrem casos de

listeriose gastrintestinal não-invasiva (MONTVILLE; MATTHEWS, 2008).

Há relatos de casos esporádicos em que sinais e sintomas da listeriose

associados com infecção sistêmica ocorrem após um período de ingestão do

patógeno que varia entre 3 e 70 dias, dificultando o rastreamento e isolamento da

fonte de contaminação. Em uma análise de 512 vegetais prontos para consumo, foi

relatado que 16 desses alimentos estavam contaminados com Listeria

monocytogenes correspondendo a 3,1% do total. Tal fato é considerado de elevada

importância visto que o patógeno é oportunista podendo gerar óbito em organismos

susceptíveis (WHO/FAO, 2004; LECUIT, 2007;, SANT’ANA et al., 2012, YDE et

al., 2010).

1.8 Vigilância sanitária

O reconhecimento e intensificação da fiscalização pelos órgãos

reguladores e indústria de alimentos são ações de grande importância para prevenir

e controlar casos e surtos de listeriose (WHO/FAO, 2004; LECUIT, 2007). Na

Europa e nos Estados Unidos, é exigida a ausência (Zero tolerance) de L.

monocytogenes em alimentos prontos para o consumo (WHO/FAO, 2004). Mesmo

com tanto esforço para estabelecer a eliminação da contaminação em alimentos,

tem sido observados surtos nos Estados Unidos e Europa com elevadas taxas de

mortalidade. O Centers for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados

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Unidos estimou que a listeriose foi a terceira maior causa de doenças acarretadas

por patógenos alimentares naquele país entre os anos de 2000 e 2011, com uma

taxa de mortalidade de 19% (SCALLAN et al., 2011).

No Brasil, a legislação vigente exige a avaliação desse microrganismo em

produtos lácteos, cárneos e pescados, da mesma forma que nos países europeus e

nos EUA, para que esses alimentos estejam próprios para o consumo, é necessária a

ausência da bactéria em análise de amostras de aproximadamente 25 g do produto

(BRASIL, 2009, BRASIL, 2013).

Existem poucos relatos de surtos e casos isolados de listeriose no Brasil,

alguns têm sido associados ao consumo de alimentos contaminados (CRUZ et al.,

2008). Isso pode ser devido à baixa eficiência dos métodos de diagnóstico

empregados (cultura, ELISA, testes imunocromatográficos), assim como a

negligência ou ineficiência do sistema de vigilância epidemiológica do país, o qual

não consegue estabelecer um rastreamento adequado dos patógenos alimentares.

Isto pode significar que casos isolados e surtos de listeriose no Brasil são

subdiagnosticados, consequentemente subnotificados pelo sistema de vigilância

(BUENO et al., 2010). Reforçando esta hipótese, L. monocytogenes vem sendo

isolada em uma ampla variedade de alimentos em diversos estados do Brasil

(BARROS et al., 2004; NÁLERIO et al., 2009; BUENO et al., 2010).

1.9 Estudos de surtos

O primeiro surto de L. monocytogenes ocorreu em 1981 no Canadá após o

consumo de salada de repolho contaminada, 41 pessoas foram vítimas, 18

morreram (SCHLECH et al., 1983). Em seguida, diversos surtos foram reportados,

sendo que entre os anos 1998 e 1999, salsichas contaminadas foram a causa de

listeriose em 108 pessoas, levando 14 à morte, além de provocar quatro abortos em

mulheres grávidas (GRAVES et al., 2010).

Em 2011, o CDC reportou que ao menos 25 pessoas morreram nos Estados

Unidos por consumirem melões contaminados por L. monocytogenes. Este surto foi

um dos maiores e considerado um dos mais letais da última década por doenças

transmitidas por alimentos, e devido ao longo período de incubação da bactéria, o

número de indivíduos acometidos chegou a 123, com casos distribuídos em 23

estados durante os meses de agosto e setembro. Em decorrência do aumento de

casos e surtos de listeriose, a legislação alimentar de diversos países tem

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especificado limites rigorosos para Listeria spp. e/ou L. monocytogenes (CDC,

2011). As estatísticas do evento permaneceram atrás do surto ocorrido, em Los

Angeles nos Estados Unidos, com queijo feito no estilo mexicano (mexican-style)

relatado por Linnan et al. (1988), em que 142 pessoas ficaram doentes e 48

morreram, dentre eles 20 fetos, 10 recém nascidos e 18 adultos.

Segundo o ultimo levantamento feito pelo CDC em 2017, ocorreram 8

casos de listeriose sendo que a princípio, todos foram hospitalizados incluindo os

dois casos em que houve morte, em Connecticut e Velmont. Dentre os 8 casos

relatados, um era recém nascido e cinco eram mulheres. Após a investigação

epidemiológica, eles concluíram que a causa da infecção foi a ingestão de queijo a

partir de leite cru produzido pela indústria Vulto Creamery de Walton. Foram

coletadas três amostras do lote referido e submetidas a análises laboratoriais e

identificaram a cepa de Listeria presente nas três amostras coletadas. Em março de

2017, a indústria retirou do mercado todos os queijos produzidos do leite cru

referentes aos lotes contaminados. Todo ano cerca de 1.600 pessoas são

contaminadas com L. monocytogenes nos Estados Unidos (CDC, 2017).

1.9.1 Surto em produtos cárneos e embutidos

Um surto ocorrido pelo consumo de embutido de carne de peru

contaminado comprometeu 30 pessoas, sendo que quatro foram a óbito e três

sofreram aborto (OLSEN et al., 2005). No Canadá, em 2008, foi registrado um

surto de listeriose pelo consumo de produtos de carne prontos para o consumo.

Dessa vez, dos 57 indivíduos acometidos, 22 morreram O sorotipo da bactéria

encontrado nesse caso foi o 1/2a (GILMOUR et al., 2010).

A presença de Listeria sp, em amostras de produtos cárneos foi investigada

por testes imunológicos rápidos (Tecra® Listeria VIA, Tecra® Listeria UNIQUE e

BioControl VIP® para Listeria) e pelo método clássico (Health Protection Branch,

Canadá). A concordância entre o método clássico e os testes rápidos foi

determinada com limite de 95% de confiança. Constatou-se que os testes VIA e

VIP® são de fácil execução e rápidos, além de apresentarem desempenho

comparável ao do método clássico, independentemente do alimento avaliado. O

teste UNIQUE apresentou desempenho variável com a amostra e gerou um número

elevado de resultados falsos positivos, o que dificulta seu emprego (ARAGON-

ALEGRO, 2014).

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Foi analisada a ocorrência de Listeria spp. e L. monocytogenes na

produção de salsichas em dois estabelecimentos inspecionados pelo Serviço de

Inspeção Federal (SIF), sendo que em um deles as ferramentas de autocontrole

estavam implantadas. Os resultados das análises microbiológicas de 106 amostras,

entre matéria-prima cárnea, produto acabado e pools de swabs do ambiente pós-

cozimento, quando submetidos ao programa @Risk, apresentaram valores médios

que indicaram que 7% a 9% das salsichas continham L. monocytogenes.

Obtiveram-se 88 isolados de L. monocytogenes a partir de 106 amostras, sendo que

destas, 76 foram coletadas nas indústrias que participaram do experimento e 30

eram provenientes do varejo. Identificou-se 95% dos sorotipos como 4b, 1/2a e

1/2b. Diante destes achados, pode-se afirmar que além de apresentar fatores de

risco desconhecidos quanto à presença desse patógeno nas salsichas consumidas no

Brasil, a situação preocupa pela escassez de dados epidemiológicos, ausência de

padrões e falta de informação ao consumidor, tanto no que diz respeito à

possibilidade da presença de L. monocytogenes, especialmente para grupos de risco,

como a importância do aquecimento antes do consumo. Houve menor frequência de

L. monocytogenes na matéria-prima cárnea utilizada no preparo de salsichas,

ressaltando a importância do controle contínuo, com cumprimento dos

monitoramentos e verificações pré-estabelecidos. L. monocytogenes, sorotipo 4b,

estava presente em amostra de salsicha com registro no SIF, comercializada a

granel, em supermercado da cidade de Goiânia, a manipulação para granelização

deveria ser permitida apenas em condições especiais, contendo práticas sanitárias

que garantam a segurança do alimento (CESAR et al., 2011).

1.9.2 Contaminação de leite e derivados

A listeriose desperta preocupação das autoridades governamentais e da

comunidade científica da área de alimentos devido à capacidade de multiplicação

da bactéria em produtos lácteos sob refrigeração. O leite cru é uma fonte de

contaminação por L. monocytogenes, isto porque o seu consumo está intimamente

relacionado aos surtos registrados de listeriose. Vale ressaltar que produtos lácteos

em geral têm sido observados como fonte de surtos alimentares (MONTVILLE;

MATTHEWS, 2008; LATORRE et al., 2009). Por esses motivos, o consumo de

leite cru e produtos feitos a partir dele desperta atenção quando o assunto é a

segurança dos alimentos (KABUKI, 2004; ORAVCOVÁ et al., 2008). De acordo

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com a Organização Mundial da Saúde (OMS), “a pasteurização é um processo

seguro que reduz o número de células de L. monocytogenes no leite cru até níveis

que não representem risco significativo para a saúde humana”. Contudo, L.

monocytogenes é capaz de crescer de forma satisfatória no leite pasteurizado

quando ocorre contaminação pós-processo, por deficiência na higienização, falta de

vigilância e treinamento ineficaz.

A capacidade de contaminar produtos lácteos, durante as etapas do

processo de produção, leva a diversos surtos de listeriose, portanto, o

monitoramento dessa bactéria em laticínios é importante (CHAICUMPA et al.,

2007; CAGRI-MEHMETOGLU et al., 2010).

De acordo com o Food and Drug Administration (FDA), casos de listeriose

relacionados a leite cru e queijos são registrados desde 1980, nos Estados Unidos.

Segundo dados do European Food Safety Authority (EFSA), o consumo de queijos

contaminados foi responsável por 0,4% do total de surtos alimentares ocorridos em

2006 na Europa (MONTVILLE; MATTHEWS, 2008; VANEGAS et al., 2009;

KOUSTA et al., 2010).

Em coletas realizadas em um laticínio do sul da Itália e em dois laticínios

do sul do Brasil, após a higienização dos equipamentos e utensílios utilizando-se

swabs estéreis, as amostras foram analisadas quanto à presença de Listeria spp., e

as colônias suspeitas foram identificadas através de métodos bioquímicos descritos

na ISO 11290-2:1998, Kit API Listeria® (BioMérieux) e BAX System (DuPont®).

Das 106 amostras analisadas provenientes da Itália, sete foram positivas para

Listeria spp. e uma foi identificada com Listeria monocytogenes. Entre as duas

amostras coletadas no Brasil, de uma iogurteira e de um recipiente de queijo

retirado de tanque com solução clorada, foi identificada Listeria innocua. Os

estudos identificaram a presença de Listeria spp. em equipamentos e utensílios de

indústrias de produtos lácteos tanto no Brasil como na Itália. Esses resultados

propiciaram ações corretivas importantes, pois foi a primeira vez que L.

monocytogenes foi isolada na indústria italiana. Sendo que foi detectada em pontos

de difícil higienização do equipamento, demonstrando a necessidade de melhorias

nos procedimentos de higienização (PIETA, 2012).

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1.10 Legislação e controle na produção de produtos de origem animal

Países como Brasil, França e Itália já estabeleceram legislações que

possibilitam a produção de queijos utilizando o leite cru, sem nenhum tratamento

térmico. No Brasil, no dia 25 de janeiro de 2013, por meio da Portaria SDA nº

17/2013, foi criada a Comissão Científica Consultiva em Microbiologia de

Produtos de Origem Animal que possibilita a melhora no sistema de inspeção

brasileiro a garantir qualidade do produto a ser comercializado (BRASIL, 2013).

Os Programas Nacionais de Controle de Patógenos (PNCP’s), sob jurisdição

da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, permitem identificar a prevalência dos patógenos em produtos de

origem animal, produzidos pelos estabelecimentos brasileiros, registrados junto ao

SIF. Com isso, será possível a Diretoria do Departamento de Inspeção de Produtos

de Origem Animal (DIPOA) identificar e estabelecer medidas de controle para o

perigo, implantar essas medidas de controle e monitorar os resultados obtidos a fim

de garantir a segurança alimentar do consumidor frente a L. monocytogenes,

Salmonella e Escherichia coli (BRASIL, 2009; BRASIL, 2013).

A instrução normativa nº 9, de 8 de abril de 2009 institui os procedimentos

de controle de L. monocytogenes em produtos de origem animal prontos para o

consumo, tendo como objetivo monitorar e assegurar a inocuidade dos produtos

(BRASIL, 2009)

A norma interna DIPOA/SDA nº 1, de 9 de agosto de 2013 aprova os

procedimentos operacionais complementares à Instrução Normativa nº 9, de 8 de

abril de 2009, definindo os procedimentos para coleta oficial de amostras para o

controle de L. monocytogenes em produtos de origem animal prontos para o

consumo a serem adotados pelo SIF. A lei descreve todos os produtos a serem

monitorados que incluem produtos cárneos, lácteos e pescados. As análises são

realizadas e encaminhadas para laboratórios oficiais descritos na lei que incluem

pH, atividade de água, concentração de NaCl, agentes antimicrobianos (nitritos e

nitratos, por exemplo) e umidade (BRASIL, 2013).

No Brasil foi publicado, em 7 de Março de 1996, a Portaria nº 146, que

permite a fabricação de queijo a partir do leite cru, desde que o produto final seja

maturado, ou seja, processos físicos, bioquímicos e microbiológicos que cada tipo

de queijo pode sofrer, dependendo de sua característica. A respeito da produção do

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15

Queijo Minas Artesanal, foi revogada a Lei Estadual nº 14.185 de 31 de Janeiro de

2002, (BRASIL, 2003).

A nova lei 20549 de 18 de Dezembro de 2012 que permite a fabricação

deste queijo com leite cru, no Estado de Minas Gerais foi regulamentada pela

aprovação da normativa Nº 30 de 7 de agosto de 2013 que dispõe sobre o processo

de produção de Queijo Minas Artesanal. O artigo 1º permite que os queijos

artesanais tradicionalmente elaborados, a partir de leite cru, sejam maturados por

um período inferior a 60 (sessenta) dias, quando estudos técnico-científicos

comprovem que a redução do período de maturação não compromete a qualidade e

a inocuidade do produto. (BRASIL, 2013)

Existem também duas portarias que estabelecem algumas normas referentes

à produção destes queijos mineiros: a Portaria n° 517, que estabelece as normas de

defesa sanitária para os rebanhos que fornecem leite para elaboração do Queijo

Minas; e a Portaria n° 518, que dispõe sobre requisitos básicos de instalações,

materiais e equipamentos para fabricação dos queijos artesanais de Minas Gerais.

Mesmo com a existência dessas legislações, um controle eficaz quanto ao

cumprimento das normas estabelecidas depende de educação de pequenos

produtores de queijos de leite cru no país pois aqueles que não estão registrados não

são inspecionados. Portanto, o consumo destes queijos é preocupante devido às

diversas fontes de contaminação por Listeria spp. (BRASIL, 2009).

1.11 Métodos de detecção de L. monocytogenes

Existem testes para identificação de Listeria monocytogenes que estão

disponíveis no mercado e em sua grande maioria, dependem de cultivo prévio do

material a ser analisado. Dentre os métodos de detecção estão incluídos: cultura,

provas bioquímicas, testes imunoenzimáticos, imunohistoquímica, PCR e

imunocromatográfico.

1.11.1 Cultura

A eficiência dos diferentes procedimentos propostos para o isolamento de

L. monocytogenes a partir de queijos está associada a inúmeros fatores como

características intrínsecas da amostra analisada (pH, atividade de água, potencial de

óxido-redução, conteúdo em nutrientes, microbiota presente e a sua distribuição no

alimento), seletividade dos meios de cultura e tipo de incubação (temperatura e

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atmosfera) (SILVA; VILARDI; TIBANA, 1998). A identificação da Listeria

depende do cultivo prévio das amostras a serem testadas sendo que alguns são mais

seletivos favorecendo o crescimento da bactéria. A eficiência dos meios seletivos

indicadores testados variou em função do grau de contaminação do queijo, sendo o

ágar MOX (Modified Oxford Ágar) mais sensível e mais seletivo que o Palcam

para as amostras de queijos que apresentaram elevado nível de contaminação. Já

para os demais queijos analisados, ambos apresentaram a mesma eficiência. Das

103 amostras analisadas, 11 (10.8%) estavam contaminadas com L. monocytogenes,

evidenciada em amostras de queijos gorgonzola, roquefort e minas frescal (SILVA;

VILARDI; TIBANA, 1998).

1.11.2 Provas bioquímicas

MICRO-ID® Listeria é um teste para provas bioquímicas que consiste em

uma bandeja moldada com estireno com cobertura articulada que inclui quinze

câmaras de reação. Cada câmara contem discos de papel filtro impregnados com

reagentes capazes de detectar enzimas específicas e/ou produtos finais metabólicos

produzidos pela Listeria spp. A reação dos reagentes com esses produtos

bioquímicos bacterianos produz uma coloração facilmente identificável. São

realizadas diversas provas bioquímicas: glicose, nitrato, ácido sulfurico, indol,

ornitina, lisina, VP (Vogues-Proskauer), ONPG (β-galactosidase), malonato, ureia,

esculina, xilose, ramnose, manitol e sorbitol. Todas as provas são visualizadas

através de mudança na coloração da bandeja de estireno. (ANEXO V)

1.11.3 Testes imunoenzimáticos

O sistema TECRA conta com ensaios intitulados Listeria Visual

Immunoassay (LISVIA) que consiste no enriquecimento primário utilizando 20g de

amostra em meio de cultura LEB incubado a 30ºC por 24hr. Em seguida, transfere-

se 1mL da cultura em 9mL de meio Fraser e incuba a 30ºC por 24hr. No ensaio de

ELISA, são retirados 50 microlitros de tubos rotulados provenientes do kit que

contem amostra aditivada e são colocados na placa. Com 1mL da cultura em meio

Fraser é realizada ELISA que utiliza controles positivo e negativo. O fabricante não

menciona qual conjugado é utilizado na técnica. Todo o processo de ELISA leva

aproximadamente 72 horas e os resultados são fornecidos através da leitura de

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absorbância a 450nm Sensibilidade: 1-5 UFC/25 g de amostra. Especificidade:

99%. (ANEXO VI)

Foram analisadas 84 amostras de diferentes marcas de queijo coalho de

Fortaleza-CE, sendo que pelos métodos clássicos 16 (19%) estavam contaminadas

com Listeria monocytogenes, 5 (5,9%) com Listeria innocua e 1 (1,2%) com

Listeria grayi. Listeria monocytogenes foi isolada na faixa de pH de 5,75 a 6,37 e

em atividade de água entre 0,949 e 0,970. O teste TECRA Listeria Visual

Immunoassay (LISVIA) avaliado detectou a presença de Listeria spp. em 9 (10,7%)

amostras. O plaqueamento das amostras negativas na leitura visual do teste rápido

permitiu o isolamento de Listeria spp. em 8 amostras e em 7 foi detectada a

presença de Listeria monocytogenes. Também foram avaliadas as condições de pH

e de atividade de água nas amostras contaminadas com espécies de Listeria.

Também avaliaram o TECRA Listeria Visual Immunoassay modificado que não

detectou a presença de Listeria spp. em 7 (46,2%) das amostras contaminadas

(BRANCO et al., 2003).

Estudo utilizando os testes imunoenzimáticos Listeria Visual Imunoassay

(Lis-VIA), Listeria Immunoprecipitate Assay (VIP®) e UNIQUE foram

comparados com métodos convencionais para detecção de L. monocytogenes em

produtos cárneos. O teste UNIQUE, apresentou, em geral, baixa capacidade de

detecção tendo melhor desempenho com amostras de presunto. Nas 16 amostras de

salsicha, o método clássico detectou presença de L. monocytogenes em todas as

amostras, porém, o VIP® detectou em 11 (68,8%), o Lis-VIA em 10 (62,5%) e o

teste UNIQUE detectou em 7 (43,8%) das amostras (Aragon-Alegro, 2004).

Kit API Listeria® (BioMérieux) é um teste imunoenzimático realizado no

sistema automático, conhecido como VIDAS®, para detecção de patógenos

alimentares. A detecção de Listeria monocytogenes utiliza anticorpos específicos.

Pode-se usar swabs estéreis para coleta de amostras de alimentos com suspeita de

contaminação. A amostra é adicionada ao meio de enriquecimento LPT Broth e

mantida a 30º por 30 horas. Após incubação da amostra são adicionados 5

microlitros do meio em barretes, que deve ser ligado durante cinco minutos para o

aquecimento. Em seguida aguarda-se esfriamento por dez minutos e assim

adicionar a amostra no barrete e proceder a análise que ocorre por sessenta e dois

minutos. O barrete contém anticorpos específicos fixos na parede em que é

colocada a amostra. Em seguida, adiciona-se anticorpo conjugado com fosfatase

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alcalina seguido de lavagem. Após, adiciona-se substrato que reage com a enzima.

Em seguida, a luz ultravioleta incide sobre a amostra (370nm) e ocorre leitura

fluorescente automatizada a 450nm. Absorbância superior a 0,05 confirma a

presença de Listeria monocytogenes. Sensibilidade: 96.7%. Especificidade: 98.3%.

(ANEXO VII)

1.11.4. Testes por imunohistoquimica

No método de Imunohistoquímica realizado por Schwab e Edelweiss

(2003), observou que cinco dos dez blocos de placentas provenientes de abortos ou

partos prematuros ocorridos no ano de 2000 foram positivas para presença de

Listeria monocytogenes, indicando que essa bactéria pode ser encontrada nos fetos

mesmo depois de serem expulsos do ventre materno.

1.11.5. Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)

BAX System (DuPont®) é um sistema de PCR, com enriquecimento das

amostras por 24 horas no meio de cultura LEB. Durante o experimento, são usados

tubos de cluster específicos para o aparelho. Após incubação inicial, os reagentes de

lise são combinados e transferidos para tubos onde adiciona-se 50 µL da amostra

enriquecida e incuba por 30 minutos a 37 ° C. É adicionado protease ao buffer de

lise e cinco microlitros da solução lisada é transferida para os tubos de cluster que

são aquecidos a 55ºC por 30 minutos e 95º por 10 minutos. A solução é resfriada

por cinco minutos, e colocado no termociclador em aparelho que contém software

para a leitura dos resultados. Sensibilidade: 91.0%. Especificidade: 91.2%

(ANEXO VIII)

Envirologix DNAble® é um teste para detecção qualitativa do DNA de

Listeria monocytogenes como indicador da presença da bactéria na amostra. É uma

tecnologia isotérmica que permite amplificação de um alvo específico de DNA que

é detectado em tempo real e os resultados mostrados e interpretados em até 15

minutos com auxílio do Leitor DNAble®. São utilizados três produtos para permitir

a detecção qualitativa do DNA de Listeria monocytogenes: o caldo de

enriquecimento Oxoid Novel (ONE) para facilitar o crescimento de organismos; o

conjunto de Extração de Amostras DNAble® que inclui reagentes e protocolos para

preparação da amostra e agentes liofilizados para amplificação de DNA.

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1.11.6 Testes imunocromatográficos

Para avaliarmos a sensibilidade dos testes imunocromatográficos é

importante conhecer a quantidade mínima de bactéria necessária para que apresente

positividade, porém a maior parte deles não informa. Brunelli et al. (2004)

descreveu um teste de imunocromatografia de fluxo lateral para detecção

qualitativa de L. monocytogenes em alimentos capaz de detectar o mínimo de 6,25

x 106 UFC/mL na amostra analisada, porém não informou a marca estudada.

BioControl VIP® para Listeria é um ensaio de imunocromatografia de

fluxo lateral que utiliza enriquecimento em meio de cultura e anticorpos específicos

para a detecção de Listeria sp. O fabricante alega ter sido validado para alimentos e

amostras ambientais mas não apresenta dados sobre a pesquisa e nem menciona a

sensibilidade e especificidade do teste (ANEXO IX).

O teste rápido produzido pela Merck® Singlepath® Listeria é um teste de

imunocromatografia de fluxo lateral que se baseia no enriquecimento da amostra

suspeita de contaminação com Listeria sp. É feito o enriquecimento inicial em meio

Fraser e logo após plaqueamento. Assim que é visualizado colônias suspeitas, deve-

se repicar a colônia e ressuspender em caldo seletivo (BHI ou PALCAM). Após

mudança na turbidez do meio (~ 18 horas) são pipetados 150µL nos cassetes

plásticos com 5 gotas do reagente de corrida e utilizado com amostra nos testes

rápidos. O resultado é visualizado após 30 minutos. Capacidade de detecção do

teste: 5 x 106 CFU/mL (ANEXO X).

1.14 Produção dos materiais microbiológicos para desenvolvimento de

testes

Mendonça et al. (2012) conseguiram produzir anticorpos monoclonais

(MAb) e policlonais específicos para Listeria monocytogenes. Dentre os anticorpos

produzidos, o MAb 2D12 anti-Internalina A obteve melhores resultados nos ensaios

de detecção. Assim como os policlonais anti-Internalinas A e B se mostraram

eficientes na detecção específica deste patógeno alimentar.

Na produção dos MAbs, camundongos BALB/c foram imunizados com

uma proteína recombinante InlA (rInlA) concomitantemente com L. monocytogenes

inativadas por fervura. Os MAbs gerados demonstraram excelente reatividade por

ELISA indireto, Western blot e imunofluorescência (MENDONÇA et al., 2012). O

MAb anti-InlA 2D12 marcado com Cy5 foi usado como anticorpo de detecção de

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L. monocytogenes, no sistema tipo sanduíche de sensor de fibra óptica. Usando

MAb-2D12 como anticorpo de captura nas fibras ópticas, obteve-se um limite de

detecção de ~3 x 102 CFU.mL, e um limite de detecção de ~1 x 10

5 CFU.mL-1 foi

visualizado com MAb-3F8 como captura. Os MAbs anti-InlA MAb-2D12 e anti-

Listeria MAb-3F8 foram posteriormente utilizados para sensibilizar esferas

paramagnéticas e testados na separação imunomagnética (IMS) de L.

monocytogenes em culturas puras, e em queijo e salsichas tipo hotdog

artificialmente contaminados. Após a captura por IMS, as bactérias foram liberadas,

incubadas com a fibra óptica ou plaqueadas em ágar para contagem. Em paralelo, a

confirmação da captura de L. monocytogenes foi realizada por PCR quantitativo em

tempo real e por light-scattering technology (BARDOT). Utilizando IMS para

separar e concentrar L. monocytogenes, seguido da utilização em plataforma de

fibra óptica, foi possível realizar a detecção em menos de 22 horas, de

aproximadamente 40 UFC/g de L. monocytogenes em presença de L. innocua, em

queijo e salsicha artificialmente contaminados. Além disso, a proteína alvo do

MAb- 3F8 foi identificado como frutose 1,6-bifosfato aldolase através de

espectrometria de massa (MALDI-TOF-MS). Isto significa que a utilização em

conjunto dos sistemas de IMS e fibra óptica com os MAb-2D12 e MAb- 3F8 foram

confiáveis e rápidos, podendo ser empregados em imunoensaios de rotina para

detecção de L. monocytogenes em alimentos. Contudo, ambos possuem ainda

grande potencial para serem mais explorados em outras plataformas de

biossensores, assim como em outros imunoensaios de detecção e funcionalidade de

InlA e FBA em Listeria (MENDONÇA, 2011, MENDONÇA et al., 2012,

MENDONÇA et al., 2016).

1.15 Importância dos Testes rápidos

Métodos rápidos de diagnóstico, sensíveis e específicos, são ferramentas

valiosas para incrementar a detecção de agentes patogênicos em geral. Dentre os

métodos imunológicos para diagnóstico rápido, destacam-se o ensaio

imunoenzimático do tipo ELISA e o ensaio imunocromatográfico de fluxo lateral.

O ELISA apresenta além de rapidez na execução (3h em média), vantagens como a

possibilidade de automação, disponibilidade de reagentes quimicamente estáveis e

capacidade de analisar simultaneamente um grande número de amostras

(CHAICUMPA et al., 1995). Por sua vez, o ensaio imunocromatográfico de fluxo

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lateral apresenta operação rápida e simples, com obtenção de resultados imediatos

(15 min), baixo custo e o não requerimento de técnicos qualificados ou

equipamentos sofisticados e caros (LIN et al., 2010; ZHANG et al., 2011). Este

método tem sido utilizado para o diagnóstico de muitas doenças contagiosas em

humanos e animais e para detecção de moléculas bioativas, hormônios, haptenos,

entre outros (HEESCHEN et al., 1998; WATANABE et al., 2001; LIN et al., 2010).

A presença de Listeria monocytogenes particularmente indica condições de

higiene críticas no processo de produção, com possibilidade da presença da bactéria

na sua forma patogênica. Contudo, o aumento na incidência de contaminação de

alimentos causada por L. monocytogenes implica também o incremento e busca por

métodos de detecção rápidos e confiáveis com o objetivo de prevenção da doença

(CDC, 2011).

Além destes fatores, os testes rápidos utilizam pequena quantidade e

variados tipos de amostra. Atualmente, os testes rápidos disponíveis visam a análise

de eletrólitos, avaliação do uso de drogas, análise de contaminação e/ou qualidade

dos alimentos, definição de gravidez, até no diagnóstico de diversas doenças

infecciosas, como sífilis, dengue e HIV. Apesar da simplicidade no uso dos testes, o

desenvolvimento é complexo. Há parâmetros a serem padronizados durante a

fabricação, tais como a escolha do melhor antígeno alvo, a concentração do

antígeno alvo, espessura da fita de nitrocelulose, espessura dos filtros absorventes,

o tipo de teste rápido (lateral flow, dipstick, ou dual path platform - DPP) entre

outros (MABEY et al., 2004; PAI et al., 2012)

1.16 Desenvolvimento dos testes rápidos

Para o desenvolvimento de um teste de diagnóstico existem barreiras a

serem enfrentadas, destacando a disponibilidade de recursos. O desenvolvimento de

novas tecnologias diagnósticas deve incluir análise de desempenho do diagnóstico

em ambientes clínicos, a viabilidade operacional do teste, a padronização do

modelo do teste, além dos ajustes necessários para se assegurar a adoção e

execução efetiva do ensaio. Reconhecer estas barreiras é importante, para entender

a importância do desenvolvimento de tecnologias inovadoras que satisfaçam as

necessidades atuais e as emergentes de diagnóstico clínico (PRICE; KRICKA,

2007).

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Alguns passos importantes devem ser tomados, desde a identificação do

antígeno ou anticorpo a ser reconhecido à otimização/padronização dos reagentes e

materiais que serão utilizados neste teste. Após desenvolver um protótipo, estudos

iniciais devem ser realizados para verificar se o alvo está sendo reconhecido, para

tanto, utilizando amostras conhecidas que permitam determinar a sensibilidade e a

especificidade do novo teste. Para determinar se o teste é viável, é preciso saber a

capacidade de detecção e os limites mínimos de concentração bacteriana que o teste

consegue detectar (LUPPA et al., 2011; PAI et al., 2012).

Os componentes de um teste imunocromatográfico rápido incluem:

almofada da amostra, membrana do conjugado, membrana de nitrocelulose,

almofada absorvente e o cassete. Durante o desenvolvimento do teste, parâmetros

devem ser avaliados para melhor escolha destes componentes (ver figura 2). A

almofada da amostra é responsável por absorver a amostra e a solução tampão de

corrida, portanto é necessário escolher a melhor espessura que viabilize esta

absorção e auxilie na retenção de possíveis elementos presentes na amostra que

possam interferir no teste (MILLIPORE, 2008; MILLIPORE, 2015).

Figura 2: Representação esquemática de um teste rápido de fluxo lateral.

MILLIPORE, 2008 (adaptado)

A membrana que absorve a solução de conjugado ouro coloidal-anticorpo

pode ser de microfibra de vidro ou poliéster, sendo responsável por manter a

estabilidade do conjugado e permitir sua liberação homogênea e reprodutível. Para

tanto, é necessário que o material escolhido para impregnar o conjugado, seja

bloqueado adequadamente. Um bloqueio heterogêneo resultará em liberação

ineficiente do conjugado (MILLIPORE, 2008; MILLIPORE, 2015).

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O conjugado ouro coloidal-anticorpo deve permitir a formação de

imunocomplexo com a amostra em teste com base em suas propriedades físico-

químicas. O ouro coloidal possui capacidade de se ligar avidamente a outras

moléculas, como os anticorpos no processo de conjugação. Ao se ligar na linha

teste ou controle proverá uma coloração rubra, característica de positividade neste

tipo de teste. Portanto, a concentração e volume de conjugado impregnando a

membrana precisam ser definidos e padronizados (MILLIPORE, 2008;

MILLIPORE, 2015).

A membrana de nitrocelulose possibilita a fixação de proteínas utilizadas

como alvos, de detecção ou captura. Estas são impregnadas em regiões definidas,

a(s) linha(s) teste(s) e controle. O material é adequado para proporcionar fluxo

constante e homogêneo durante a passagem do complexo formado pela amostra e

conjugado, carreados pela adição de uma solução tamponada. Esta membrana pode

ser encontrada em diversas espessuras, uma membrana mais fina permite um fluxo

mais rápido e uma mais grossa um fluxo mais lento. Durante o desenvolvimento

será definida a velocidade necessária do fluxo, uma vez que um fluxo rápido

demais pode interferir na reação e formação dos imunocomplexos entre o antígeno

ou anticorpo sensibilizado e a amostra, inviabilizando a reação. Além disso, a

padronização da espessura da linha de sensibilização e a concentração destes

antígenos ou anticorpos serão definidas, levando em consideração a intensidade de

coloração obtida com amostras positivas (MILLIPORE, 2008; MILLIPORE, 2015).

A almofada absorvente é constituída de papel de celulose de alta

densidade/gramatura, responsável por absorver e reter o excesso da amostra/tampão

utilizados no teste. Definir o tamanho e espessura deste componente é importante

para que o fluxo do teste seja estimulado e para evitar que o excesso de líquido vaze

ou não seja corretamente absorvido ao final do fluxo (MILLIPORE, 2008;

MILLIPORE, 2015).

O cassete é a estrutura que comporta a tira do teste rápido e exerce pressão

em vários pontos proporcionando que o fluxo ocorra adequadamente. Uma pressão

inadequada pode bloquear a passagem da amostra e tampão da almofada da amostra

até a membrana de nitrocelulose (MILLIPORE, 2008; MILLIPORE, 2015).

Todos os componentes acima descritos ficam interligados pela sobreposição

dos materiais e são fixados por fita adesiva em um cartão plástico. A montagem

(figura 3) deve ser criteriosa, caso contrário, impedirá que a associação entre

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amostra e conjugado e o fluxo na membrana ocorram adequadamente,

inviabilizando a utilização do teste que certamente não passará no controle de

qualidade (MILLIPORE, 2008; MILLIPORE, 2015).

Figura 3: Card adesivo e disposição dos componentes de montagem de um

teste rápido de fluxo lateral (MILLIPORE, 2008) (adaptado).

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2 JUSTIFICATIVA

A listeriose é uma infecção grave que merece atenção especial dos órgãos

responsáveis porque é um sério problema de saúde pública, apresentando altas taxas

de mortalidade entre os indivíduos infectados e susceptíveis às infecções. O

reconhecimento e intensificação da fiscalização pelos órgãos reguladores e

indústria de alimentos são ações de grande importância para prevenir e controlar

casos e surtos de listeriose. Na Europa e nos Estados Unidos, é exigida a ausência

absoluta de L. monocytogenes em alimentos prontos para o consumo (WHO/FAO,

2004).

Os métodos disponíveis para o diagnóstico de Listeria incluem isolamento

da bactéria através de cultivo convencional usando métodos clássicos que tornam a

rotina para a detecção laboriosa e demorada (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001),

métodos imunológicos e/ou moleculares, normalmente complexos, de custo

elevado, requerendo equipamentos e pessoas treinadas (HUDSON et al., 2001).

Existem alguns kits comerciais baseados no ensaio imunocromatográfico de fluxo

lateral ou ELISA para diagnóstico rápido de listeriose, entretanto todos são

importados e de custo bastante elevado. Além disso, muitos deles apresentam

eficácia duvidosa, provavelmente porque os insumos utilizados são preparados com

antígenos ou cepas isoladas em outros países.

Durante a fase de replicação bacteriana dentro do organismo, é difícil

estabelecer imunidade humoral por conta do mecanismo de escape dificultando as

formas de diagnóstico da listeriose. Sendo assim, a utilização de um protótipo que

detecte a bactéria nos alimentos antes da ingestão, ajudaria no diagnóstico e na não

infecção das pessoas suscetíveis (GALLEGO et al., 2015).

O número de testes rápidos disponíveis no mercado internacional são

poucos e não existe nenhum teste desenvolvido no Brasil e com insumos também

desenvolvidos no território nacional. Portanto, o desenvolvimento de teste rápido

simples, baseado em imunocromatografia, que não requer equipamentos de leitura e

pode ser utilizado após treinamento rápido de qualquer pessoa, é uma boa opção

como ferramenta diagnóstica para doenças causadas por Listeria monocytogenes ou

para a identificação da presença deste patógeno em alimentos. Um teste simples

para auxiliar na prevenção da listeriose contribuiria para a queda nos índices de

mortalidade.

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No Brasil, a legislação vigente exige a avaliação desse microrganismo

apenas em queijos de média e de alta umidade e para que esses alimentos estejam

próprios para o consumo, é necessária a ausência da bactéria em análise de

amostras de 25 g do produto. Porém, as análises não são obrigatórias para a maioria

dos alimentos. Com o desenvolvimento de um teste rápido, sensível, específico e

barato espera-se que o uso do teste pela indústria alimentícia seja incentivado,

resultando em segurança nos alimentos e consequentemente garantia de qualidade

para seus produtores e consumidores, aumentando a segurança dos produtos

colocados no mercado nacional.

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3 OBJETIVOS

3.1. Objetivo geral

Contribuir para a independência tecnológica na área de diagnóstico

laboratorial, melhorando o desenvolvimento e a disponibilidade de kits diagnósticos

para diagnosticar ou prevenir doenças consideradas prioritárias pelo Ministério da

Saúde.

3.2. Objetivos específicos

Desenvolver teste imunocromatográfico de fluxo lateral para detecção da

presença de Listeria monocytogenes em alimentos;

Determinar a capacidade de detecção do teste imunocromatográfico de fluxo

lateral utilizando amostras de culturas de L. monocytogenes e amostras de leite

artificialmente contaminadas com L. monocytogenes.

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4 MÉTODOS

Este é um estudo de pesquisa aplicada, exploratória e experimental para o

desenvolvimento de um teste rápido para detecção de Listeria monocytogenes em

alimentos.

Em 2006, o laboratório de Imunologia Aplicada do Centro de

Desenvolvimento Tecnológico do Núcleo de Biotecnologia da Universidade

Federal de Pelotas (CDTec/Biotecnologia da UFPel), juntamente com o Laboratório

de Microbiologia de Alimentos da UFPel, iniciaram uma série de estudos visando o

desenvolvimento de testes rápidos de diagnóstico de listeriose e para a detecção da

presença de L. monocytogenes em alimentos. Com isso, permitiu a produção de

insumos biotecnológicos indispensáveis para a manufatura de testes rápidos de

diagnóstico para este patógeno (MENDONÇA, 2011; MENDONÇA et al., 2012).

Estudos preliminares, visando o desenvolvimento destes testes foram

iniciados no Laboratório de Imunologia da AIDS e Hanseníase (LIAH)/Laboratório

de Desenvolvimento de Testes Rápidos (LDTR)/Instituto de Patologia Tropical e

Saúde Pública (IPTSP/ UFG) em 2014. Dos estudos preliminares participaram

Rodrigo Scaliante de Moura e Tatiana M. Galvez Sánchez. Tatiana intensificou os

estudos preliminares durante 3 meses, o que acelerou o processo de

desenvolvimento.

Utilizando a imunocromatografia, o teste deste estudo foi desenhado para

detecção direta de antígenos pelos anticorpos policlonais anti Internalinas A e B,

proteínas presentes somente na espécie L. monocytogenes, fixados na linha teste. Os

agentes de captura, anticorpos monoclonais (MAbs) anti-InlA (MAb-2D12)

específicos contra Listeria monocytogenes, foram conjugados ao ouro coloidal e

utilizados como marcador da reação antígeno-conjugado. Como amostra,

inicialmente foram utilizadas culturas de bactérias.

4.1 Cepas Bacterianas

Foram utilizadas cepas de L. monocytogenes, L. innocua, Enterobacter

cloacae, Bacillus cereus, que possuem capacidade de infectar alimentos,

similaridade com a bactéria alvo e ainda por serem linha de pesquisa do Dr.

Marcelo Mendonça. Todas as cepas de Listeria spp., os sorotipos de L.

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29

monocytogenes e controles negativos foram cedidos pelo Laboratório de

Microbiologia de Alimentos da UFPel.

4.2 Cultivos Bacterianos

As bactérias recebidas em ágar Infusão de Cérebro-Coração (BHI) foram

mantidas em Caldo Fraser com glicerol a 20% em -20ºC durante a condução dos

experimentos e testagem dos kits. Os inóculos de culturas frescas de L.

monocytogenes e outras espécies de Listeria foram preparadas em caldo BHI, caldo

Triptona de Soja com 6% de extrato de levedura (TSB-YE) ou caldo de

Enriquecimento de Listeria (LEB) por aproximadamente 20 horas a 37oC em

agitador orbital (200 rpm). As outras bactérias não pertencentes ao gênero Listeria

foram cultivadas exclusivamente em caldos BHI e TSB-YE nas mesmas condições.

Os cultivos bacterianos foram realizados no Laboratório de Bacteriologia

Molecular (LBM) sob supervisão do Prof. Dr. André Kipnis, IPTSP/UFG.

4.3. Caracterização Bacteriana

Como metodologia de identificação morfológica e bioquímica para

avaliação, checagem de contaminação cruzada e confirmação das cepas, foram

realizados ensaios com a cepa analisada a cada experimento. Segundo a Norma ISO

11290-1:2017 da ANVISA, foram utilizados os caldos Demi-Fraser ou HalF-Fraser

e Fraser, além do ágar seletivo ALOA (Agar Listeria acc. da To Ottaviani &

Agosti). A fase confirmativa foi determinada usando fermentação de carboidratos

(Xilose e Raminose), presença de Beta-Hemólise (Ágar Sangue de Cavalo), Gram e

catalase, eletroforese em gel de poliacrilamida e utilização do equipamento VIDAS

para leitura e confirmação da presença da cepa de Listeria monocytogenes

plaqueada. Os ensaios foram realizados no Laboratório de Bacteriologia Molecular

coordenado pelo Dr. André Kipnis.

Um dos métodos mais usados para a visualização de bactérias Gram

positivas ou negativas é o método de coloração de GRAM. Como a Listeria é um

coco-bacilo Gram positivo, foi feito o método de coloração e posterior análise

microscópica da lâmina.

O ágar sangue contém vários nutrientes que a bactéria usa para o seu

crescimento. Como L. monocytogenes é uma bactéria promotora de hemólise, se as

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30

hemácias presentes no ágar sangue forem lisadas, há presença de halo de inibição

ao redor das cepas caracterizando possível presença da mesma.

O ágar ALOA é um meio cromogênico seletivo usado na identificação de

Listeria monocytogenes em amostras de alimentos. A identificação ocorre por meio

da diferenciação de halos rodeando as colônias. A justificativa da presença de halo

de precipitação se dá pela caracterização do meio, em que baseia seu

funcionamento na combinação de substratos cromogênicos para detecção da

atividade de ß-glucuronidase comum a todas as espécies de Listeria e a da

fosfolipase presente especificamente em L. monocytogenes.

Foi realizado teste de fermentação de carboidratos que consiste na

inoculação da bactéria em dois caldos que são feitos em púrpura de bromocresol

base (indicador de pH acrescido com 0,5% do açúcar) a ser verificado, no caso

ramnose e xilose. A partir de tubos de caldo TSB, foi inoculado com alça nos tubos

de caldo púrpura base. Após 24 horas de incubação a 35ºC foi observado produção

de ácido, pela mudança de roxo pra amarelo. L. monocytogenes fermenta a ramnose

alterando a cor, mas, não fermenta a xilose deixando o tubo na cor púrpura.

O teste VIDAS® Listeria monocytogenes II é um teste qualitativo

automatizado, para ser utilizado nos aparelhos da família VIDAS®, que permite a

detecção específica de L. monocytogenes nos produtos alimentares e nas amostras

ambientais pela técnica ELFA (Enzyme Linked Fluorescent Assay). Essa técnica

consiste em várias etapas de aspiração e dispensação de meios líquidos no cone

situado dentro do aparelho e são utilizados para detecção da bactéria anticorpos

anti-Listeria. Na etapa final de revelação, o substrato (4-metilumbeliferil fosfato) é

aspirado e dispensado no cone, logo após a enzima do conjugado catalisa a reação

deste substrato obtendo um produto (4-metil-umbeliferona) sendo assim, a

fluorescência emitida é medida a 450 nm. Ao fim do teste, os resultados são

analisados automaticamente pelo aparelho que fornece um valor de teste para cada

amostra.

Para a exclusão de hipóteses de contaminação da amostra, reações

cruzadas nos testes rápidos e critérios de identificação bacteriana, a cada nova cepa

analisada, os testes confirmatórios foram realizados excluindo a leitura no

equipamento VIDAS® que foi feita apenas uma vez.

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31

4.4 Eletroforese da cultura de L. monocytogenes para confirmação da

presença de proteína Internalina-A e Internalina-B em gel de

poliacrilamida a 10%

A integridade e a concentração da proteína internalina das bactérias

estocadas foram avaliadas por eletroforese em gel de poliacrilamida à 10%, durante

40 minutos, a 80 volts (gel de empilhamento) e durante 1 hora, a 100 volts (gel de

corrida). Sob agitação constante, o gel foi posteriormente corado com solução de

Comassie Blue durante 1 hora e descorado por solução descorante durante 16 horas.

Para o desenovelamento da proteína internalina-A antes de serem aplicadas no gel,

as amostras foram submetidas a aquecimento de 100ºC, durante 5 minutos. Foram

utilizadas três cepas de Listeria monocytogenes, uma cepa de Listeria innocua, uma

cepa de Enterobacter e uma cepa de Bacillus cereus, e para referência da proteína

internalina-A e internalina-B de 80 e 50 kDa, respectivamente, foi utilizado padrão

molecular - Precision Plus ProteinTM Standards All Blue/BIO-RAD Lote: #161-

0373.

4.5 Determinação da correlação entre turbidez de cultura de L.

monocytogenes e concentração bacteriana

Foi utilizada uma alíquota da cepa de Listeria monocytogenes ATCC 7644

cultivada em meio TSB e conservadas a -20ºC com glicerina para conservação.

Foram realizados testes para correlacionar a concentração bacteriana contida no

meio TSB com a turbidez de cultura obtida através de leitura de densidade ótica em

espectrofotômetro. Para tanto, 50uL da cepa congelada foi retirada e adicionada ao

caldo TSB e colocada na estufa 37ºC sob agitação de 200rpm e deixado por 20

horas. Ao final da incubação, 500uL foram retirados e transferidos para 20mL de

caldo TSB os quais foram incubados em estufa com agitação foi deixado por 10

horas. A cada 2 horas, 1mL era retirado da cultura e procedido leitura no

espectrofotômetro em comprimento de onda de 600nm para obtenção da densidade

ótica do caldo com bactéria. Ao mesmo tempo foram retirados 5uL da cultura e

transferidos para um tubo contendo 500uL de meio TSB, correspondendo a uma

diluição 1:100 (10-2

). Desta diluição, foram transferidos 5uL para outro tubo

contendo 500uL de meio TSB, correspondendo a uma diluição 1:10.000 (10-4

).

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Cinquenta microlitros de cada uma das diluições seriadas (10-2

e 10-4

) semeados

placas contendo meio TSA com auxílio da alça de drigalski. As placas foram

incubadas durante a noite a 37oC e no dia seguinte as colônias crescidas em cada

placa foram quantificadas. A determinação da concentração de unidade formadoras

de colônias por mL (UFC/mL) de cultura foi determinada usando a seguinte

fórmula: UFC/mL = N x FD x 200, onde N corresponde ao número de colônias da

placa, FD o inverso da diluição usada para semear a placa e 20 o fator de correção

do volume semeado (1000 µL/50µL). Os valores de UFC/mL obtidos em cada

momento da cultura foram plotados no eixo Y de um gráfico Excel e usando-se a

densidade ótica lida em cada momento como no eixo X. Com os dados inseridos no

gráfico, foi calculado a correlação entre as variáveis UFC/mL e OD da cultura

através de regressão linear, que permitiu determinar uma equação de reta para ser

usada posteriormente nas demais culturas de Listeria monocytogenes para

determinar a concentração celular em UFC/mL a partir da leitura da densidade ótica

da cultura.

4.6 Anticorpos monoclonais e proteínas recombinantes

Foram utilizados na produção dos kits anticorpos monoclonais produzidos

pelo Laboratório de Imunologia Aplicada da UFPel. O MAb-2D12 contra a

proteína internalina A e policlonal contra internalina B de L. monocytogenes foram

utilizados para elaboração do sistema de fluxo lateral (MENDONÇA et al., 2012).

Anticorpos monoclonais e proteínas recombinantes foram cedidos pelo Laboratório

Imunologia Aplicada do Núcleo de Biotecnologia – UFPel.

4.7 Preparo de partículas de ouro coloidal

Foram produzidas nanopartículas de ouro coloidal de 40nm a partir de

protocolo padronizado no LIAH/LDTR-IPTSP/UFG. As partículas de ouro coloidal

são produzidas com o uso de solução de cloreto áurico que após etapas de

aquecimento e resfriamento, a solução obtida é mantida ao abrigo da luz e posterior

leitura em espectrofotômetro e leitor de nanopartículas. Para garantir a integridade,

tamanho e qualidade das partículas, são realizadas leituras em espectrofotômetro,

no intervalo de 400 a 600nm. O pico de leitura e a absorbância devem estar entre

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524 e 526nm e 1,2 e 1,3 O.D., respectivamente. O tamanho e a porcentagem de

partículas de ouro neste, é confirmado em leitor de nanopartículas (Zetasizer

Malvern®). Nestas condições, a solução de ouro coloidal produzida foi então

armazenada a 4ºC protegida da luz para posterior conjugação com anticorpos.

4.8 Conjugação do ouro coloidal à anticorpos

Para a produção do conjugado, foi utilizado protocolo padronizado no

LIAH/LDTR-IPTSP/UFG. A partir do ouro coloidal 40nm foi realizada a

conjugação aos anticorpos murinos MAb 2D12. A conjugação de anticorpos ao

ouro coloidal ocorre a partir do momento em que a solução de ouro coloidal a 40nm

está pronta. Reagentes específicos para a conjugação são produzidos e após etapas

de centrifugação, o precipitado obtido é submetido à leitura no espectrofotômetro.

Para verificar a qualidade da conjugação foi realizada leitura em espectrofotômetro

no intervalo de 450 a 650nm. O conjugado utilizado apresentou valores entre 528 e

530nm, com O.D. de aproximadamente 0,3. Nestas condições, o conjugado está

pronto para ser impregnado na membrana de fibra de vidro do conjugado.

4.9 Padronização dos protótipos

Os componentes utilizados na padronização dos protótipos foram: (1)

membrana de nitrocelulose e papel absorvente da amostra, (2) concentrações do

anticorpo Policlonal anti-Internalina-A e B na sensibilização da nitrocelulose, (3)

bloqueio da membrana do conjugado (4) concentração do conjugado MAb 2D12

para impregnação na fibra de vidro.

4.9.1 Padronização da membrana de NC e filtro absorvente da

amostra

Para verificar a velocidade do fluxo da passagem dos fluidos na NC e a

liberação da amostra, após adição do tampão no papel absorvente, uma membrana

de NC e duas espessuras da almofada da amostra foram escolhidas para ser

testadas. Como a velocidade de corrida influencia diretamente no resultado do teste,

foram considerados o tempo necessário para ocorrer a formação do complexo

conjugado-antígeno e a absorção da amostra, pois a espessura do papel absorvente

pode impedir a passagem do fluido. Foram utilizadas três combinações, sendo

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utilizada uma densidade de membrana de NC (HF 135) e três espessuras de

almofada da amostra (1660, 1661 e 1662). Nesta fase da padronização foi utilizada

cepa pura de Listeria monocytogenes em caldo TSB e solução tampão.

4.9.2 Padronização da quantidade de amostras, volume a ser

usado nos testes e estimativa do tempo de leitura

A princípio, para definir a quantidade ideal de amostra a ser colocada,

foram testados quatro volumes da amostra de Listeria monocytogenes. Como não

foi observada diferença na mudança da intensidade de coloração da linha teste,

modificamos a quantidade de amostra a ser colocada (5µL, 10µL, 15µL e 20µL),

optamos por usar o buffer a 130µL. Os protótipos com as quantidades 15µL e 20µL

apresentaram intensidade de coloração aceitável na proteína A e foram escolhidas

para o desenvolvimento dos experimentos nos protótipos.

Para o tempo de leitura, momento em que o profissional irá definir o

resultado do teste rápido foram considerados 10 e 20 minutos. Nesta fase, foram

utilizadas amostras de bactérias com meio de cultura.

4.9.3 Bloqueio da membrana do conjugado

O bloqueio eficaz da membrana do conjugado evita que ocorram ligações

inespecíficas de outros componentes além do conjugado. Foi utilizada solução de

bloqueio contendo Trizma Sigma® (Lote 31K54339), BSA Sigma® (Lote

SLBK0462V), Tween 20 (Lote 822184) e água Milli-Q. Quando a fibra de vidro é

bloqueada é iniciado a preparação para o spray do conjugado. Foi usado

monoclonal anti-Internalina MAb 2D12 (1,36mg/mL) para produção do conjugado.

4.9.4 Escolha da concentração do conjugado

Durante o processo de impregnação do conjugado na membrana de fibra de

vidro, duas concentrações foram testadas (6µL e 12µL) utilizando o XYZ Airjet

3050 Dispenser®, com a finalidade de verificar a quantidade de conjugado mais

adequada e suficiente para interação entre a amostra e as linhas teste e controle.

Nesta fase da padronização foi usado anticorpo monoclonal anti-Internalina MAb

2D12 1,36mg/mL.

4.9.5 Padronização do tipo de amostra a ser testado

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Após o enriquecimento com Meio TSB, as bactérias foram centrifugadas a

sete mil rotações por minuto (RPM) durante cinco minutos. Foi adicionado 200 µL

de PBS 1x e procedida nova centrifugação. Foram feitas duas, três e quatro

lavagens e a cada lavagem, as bactérias foram testadas nos cassetes com teste

rápido de diagnóstico.

Tendo em vista que o tamanho da Listeria poderia influenciar na capacidade

de detecção do teste, podendo dificultar a interação dos reagentes e a passagem

pelas fibras da NC, usamos bactérias sonicadas e inteiras. No processo de

sonicação, foram realizadas três séries de um minuto de sonicação e um minuto de

descanso. O processo foi feito com todos os isolados do estudo.

4.9.6 Padronização das concentrações de Anticorpos Policlonais Anti

Internalina A e Anti Internalina B

Para avaliarmos o desempenho dos anticorpos policlonais anti Internalina A

e B, sensibilizamos na linha teste os anticorpos nas concentrações de A, B, C e D

para Poli anti-InlA e, B, C, D e E para Poli anti-InlB.

4.10. Composição do teste rápido de detecção de Listeria

O teste é composto por uma fita de nitrocelulose (NC) para detecção. Esta

fita é composta por uma extremidade contendo uma zona receptora de amostra

constituída por fibra de celulose e uma membrana do conjugado contendo os

anticorpos IgG anti-Internalina ligados ao ouro coloidal, e na outra extremidade por

uma zona de absorção. O anticorpo policlonal anti Internalina, específico da

bactéria, é impregnado na forma de uma linha na membrana de nitrocelulose e atua

como agente de captura. Proteína A é impregnada em linha posterior paralela à do

antígeno e funciona como controle validando a reatividade do conjugado. A

composição é apoiada por um suporte e cortada em fitas de cinco mm de largura

para encaixar no cassete plástico. O cassete utilizado possui um receptáculo circular

posicionado sobre a almofada da amostra, onde se aplica a amostra e uma janela

retangular posicionada sobre a área de leitura.

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4.11. População de estudo utilizada para o desenvolvimento e avaliação dos

testes

Na padronização da concentração de antígeno na linha teste foram utilizadas

cepas de Listeria monocytogenes ATCC 7644 e 19117 como controles positivos e

Listeria innocua CLIP 12612, Enterobacter cloacae e Bacillus cereus como

controles negativos (ver Tabela 1). Ressaltando que todas as cepas, antes do uso,

estavam em Ágar TSA-YE e Ágar Conservação.

4.12. Protocolo de preparo das amostras das culturas de bactérias em

amostras de leite

Para os testes usando amostras de leite foram procedidas dez diluições

seriadas utilizando 800µL de leite e 200µL de cultura de bactéria em meio TSB na

concentração de 5 x 1011

UFC/mL, como mostra a figura 4. Cento e trinta

microlitros de cada diluição seriada foram testados nos protótipos de testes

sensibilizados a 1mg/mL.

Figura 4: Esquema de diluição seriada com amostras de leite contaminadas

experimentalmente com Listeria monocytogenes.

200µL 200µL 200µL 200µL

800µL

Leite

800µL

Leite

800µL

Leite 800µL

Leite

800µL

Leite

Controle

Negativo 100 10

-1 10

-2 10

-3 10

-4

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Tabela 1. Lista de bactérias cultivadas para uso no estudo

* ID = identificação das amostras

Todas as cepas acima foram acondicionadas em freezer -20ºC em eppendorfs identificados, no

Laboratório de Bacteriologia Molecular

4.13. Protocolo de execução do teste

Foram adicionados 20μL de amostra, e 130μL de tampão para iniciar o

fluxo do teste. Neste procedimento observa-se o fluxo através de uma linha de

coloração rubi movendo-se em direção das linhas teste e controle. A leitura dos

resultados foi realizada visualmente após vinte minutos.

4.14. Interpretação do teste;

O resultado do protótipo é validado se houver coloração da linha controle.

Quando a linha teste corar o teste é positivo, indicando a presença de Listeria

monocytogenes, detectada pelo anticorpo monoclonal MAb 2D12 conjugado ao

Amostras ID* n Conservados à - 20ºC

Listeria monocytogenes ATCC 7644 1A 1 Ágar TSA-YE

Listeria monocytogenes ATCC 7644 1B 1 Ágar Conservação

Listeria monocytogenes ATCC 19117 2A 1 Ágar TSA-YE

Listeria monocytogenes ATCC 19117 2B 1 Ágar Conservação

Listeria innocua CLIP 12612 3A 1 Ágar TSA-YE

Listeria innocua CLIP 12612 3B 1 Ágar Conservação

Listeria innocua SP8 (isolado UFPel) 4A 1 Ágar TSA-YE

Listeria innocua SP8 (isolado UFPel) 4B 1 Ágar Conservação

Enterobacter cloacae 5A 1 Ágar TSA-YE

Enterobacter cloacae 5B 1 Ágar Conservação

Bacillus cereus ATCC 11778 6A 1 Ágar TSA-YE

Bacillus cereus ATCC 11778 6B 1 Ágar Conservação

Total 12

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ouro coloidal e capturada pelo policlonal Anti-Internalina na linha teste. O

resultado negativo é indicado pela ausência da linha teste (BÜHRER-SÉKULA et

al., 2003).

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5 RESULTADOS

5.1. Culturas de Listeria monocytogenes

As cepas de L. monocytogenes foram incubadas em meio TSB por 20

horas e ao final da incubação foi observado que dependendo do tempo de cultivo e

quantidade do inóculo o crescimento das cepas difere como pode ser avaliado

qualitativamente pela turbidez distinta visualizada nas amostras 3 e 6 em

comparação com as amostras 4 e 5. (Figura 5)

Figura 5: Culturas de Listeria monocytogenes crescidas em caldo TSB por 20

horas em estufa shaker 37°C +/-1

5.2. Testes confirmatórios para identificação de Listeria

monocytogenes

As cepas usadas no presente estudos foram submetidas a testes

bioquímicos para confirmação da espécie de Listeria monocytogenes. As culturas

foram analisadas pela coloração de Gram para verificar a morfologia e tipo de

coloração assim como testadas para as provas bioquímicas de fermentação da

ramnose e fermentação da xilose (figura 6). Como esperado para a espécie, as cepas

se apresentaram na morfologia de coco-bacilo Gram positivo (figura 7),

fermentadoras de ramnose e incapazes de fermentar a xilose. Adicionalmente foi

analisada a capacidade de lise das hemácias presentes no meio Ágar sangue (figura

8), pela presença de colônias em meio ALOA cor azul apresentando halo de

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precipitação opaco (figura 9). Finalmente a identificação de Listeria

monocytogenes foi confirmada pelo ensaio VIDAs (Anexo I).

Cultivos de bactérias sonicadas foram analisados por eletroforese em gel

poliacrilamida a 10% e pressupondo ser a presença de bandas de massa aparente

compatíveis com bandas das proteínas internalina-A e internalina-B características

de 80 e 65 kDa, respectivamente.

Figura 6 A: Tubos contendo 5mL de meio TSB, controles Negativo e Positivo.

Tubo límpido contendo apenas o meio (Controle Negativo) e Tubo turvo

contendo cepa de Listeria monocytogenes. B: Tubos Xilose e Ramnose

indicando não fermentação da xilose tornando o meio roxo e fermentando a

ramnose deixando o meio amarelo, sugerindo presença de Listeria

monocytogenes.

A B

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Figura 7: Microscopia ótica objetiva de 1000x mostrando coco-bacilos Gram-

positivos, sugerindo presença de Listeria monocytogenes.

Figura 8: Ágar Sangue de Cavalo sem presença de bactérias formadoras de

beta-hemólise e Ágar Sangue de Cavalo com presença sugestiva de Listeria

monocytogenes com beta-hemólise

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Figura 9: Ágar ALOA com crescimento sugestivo de Listeria monocytogenes

em 12 horas (Figura A) e crescimento de 48 horas com presença de halo ao

redor das colônias (Figura B)

5.3. Preparo dos protótipos

5.3.1 Produção do ouro coloidal

Na produção de ouro coloidal a 20nm, 97% das partículas estavam a 22nm

(Figura 10). Na produção de ouro coloidal a 40nm 95% das partículas estavam a

40,64nm. (Anexo II)

5.3.2 Conjugação de anticorpo MAb 2D12 ao ouro coloidal

Para a conjugação com anticorpos, foi observado pico entre 450 a 650nm,

com absorbância de 0,607. A concentração do MAb 2D12 sensibilizado na fibra de

vidro foi preparada nas concentrações X* e Y*. * informações confidenciais

(Anexo II)

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43

Figura 10: Etapas de produção de ouro coloidal de 20nm e 40nm.

5.3.3 Sensibilização das membrana de nitrocelulose

Anticorpos policlonais Anti InlA e Anti InlB foram sensibilizados em NC

utilizando cinco concentrações, representadas pelas letras de A* a E*.

Foi detectada presença em amostras de Listeria monocytogenes nos

protótipos sensibilizados com Poli Anti-InlA e Poli Anti-InlB. O volume escolhido

para as análises foi de 20µL.(Figura 11)

Figura 11: Resultado em duplicata de protótipo com Conjugado MAb 2D12

concentração X, e linha teste Poli Anti-InlB concentração D. Amostra Listeria

monocytogenes ATCC 7466.

5.4 Avaliação do desempenho dos lotes de Poli Anti-InlA e Poli Anti-

InlB

O desempenho dos lotes de policlonais foram avaliados nos testes rápidos

usando cultura de L. monocytogenes com duas lavagens em PBS. (Figura 12 e 13)

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Figura 12: Avaliação do desempenho de lotes e concentrações de Poli Anti InlB

nas concentrações B, C e D. Conjugado MAb2D12 concentração X – Amostras

Listeria 1 A e 1 B com 2 lavagens de PBS

Figura 13: Avaliação do desempenho de lotes e concentrações de Poli Anti InlA

nas concentrações A, B, C, D. Conjugado MAb2D12 concentração X –

Amostras Listeria 1 A e 1B com 2 lavagens de PBS 1X

Observou-se que testes sensibilizados com de Poli anti-InlB na

concentração D detectaram a presença de L. monocytogenes. Os testes

sensibilizados com Poli anti-InlA não detectaram a presença da bactéria (Figura

12).

Como critérios de escolha final, optamos pelo protótipo: utilizando InlB

como agente de captura com detecção comprovada pela visualização da linha teste,

InlB 1 A concentr. B

InlB 1 B concentr. B

InlB 1 A concentr. C

InlB 1 B concentr. C

InlB 1 A concentr. D

InlB 1 B concentr. D

InlA Lm 1 A concentr. A

InlA Lm 1 B concentr. A

InlA Lm 1 A concentr. B

InlA Lm 1 B concentr. B

InlA Lm 1 A concentr. C

InlA Lm 1 B concentr. C

InlA Lm 1 A concentr. D

InlA Lm 1 B concentr. D

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com agente de detecção sendo liberado completamente da fibra de vidro, sem

ocorrência de ligações inespecíficas, sendo a leitura realizada após 20 minutos.

Os controles negativos (Listeria innocua, Bacillus cereus e Enterobacter

cloacae) foram testados em 100% dos protótipos de Poli anti-InlA e Poli anti-InlB,

a linha teste não apresentou coloração em nenhum deles, confirmando a

especificidade dos anticorpos utilizados no desenvolvimento do teste.

5.5 Estudo de processamento visando melhora na detecção da bactéria

5.5.1 Sonicação

A sonicação das amostras bacterianas não melhorou a intensidade da

banda nos protótipos de teste rápido. (Figura 14)

Figura 14: Teste com Listeria monocytogenes após processo de sonicação da

cultura. Testes Poli Anti-InlB concentração D e Conjugado concentração X.

5.5.2 Lise bacteriana

Com o uso de tampão fosfato de potássio para lise bacteriana, não foi

observado melhora na intensidade da coloração da linha teste dos protótipos.

(Figura 15)

Figura 15: Teste com Listeria monocytogenes após uso de tampão fosfato de

potássio na cultura. Testes Poli Anti-InlB concentração D e Conjugado

concentração X.

5.5.3 Lavagem

Uma vez que o meio de cultura possui fatores que podem atrapalhar a

detecção, foram realizadas lavagens com PBS no intuito de purificar a amostra.

(Figura 16)

Figura 16: Avaliação do desempenho de lotes e concentrações de Poli Anti

InLB na concentração D. Conjugado MAb2D12 concentração X – Amostras

Listeria 1B com lavagens de PBS 1X.

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46

Após os processos, de lise bacteriana (sonicação), uso de solução fosfato

de potássio ou lavagem, não foi observada melhora na capacidade de detecção do

teste. (Figura 16)

5.5.4 Conjugado – aumento da concentração de conjugado

Com o objetivo de aumentar a capacidade de detecção do teste, foi decidido

testar com Listeria monocytogenes e avaliar se a mudança na concentração do

conjugado MAb-2D12 sensibilizado na fibra de vidro melhoraria o desempenho do

teste. A concentração de conjugado Y corresponde ao dobro da X, observamos que

a concentração mais elevada não melhorou o desempenho do teste. (Figura 17 e 18)

Figura 17: Amostra Lm 1B controle positivo detectada na concentração

Conjugado – MAb2D12 concentração X.

Figura 18: Amostra Lm 1B controle positivo fracamente detectada após o

aumento de Conjugado – MAb2D12 concentração Y.

5.6 Capacidade de detecção do teste

Para determinar o limite mínimo de detecção da presença de L.

monocytogenes na amostra pelo teste, foi determinado primeiro uma correlação

entre a turbidez de cultura de bactérias e concentração em Unidades Formadoras de

Colônia por mL (UFC/mL). Para tanto o crescimento de uma cultura de L.

monocytogenes foi monitorada através da leitura da densidade ótica e ao mesmo

tempo diluições seriadas de cada tempo foram plaqueadas em meio TSA e as

colônias crescidas foram quantificadas para determinar o UFC/mL da cultura em

cada tempo. Os resultados obtidos (Tabela 2) foram usados para construção de uma

reta após plotagem em gráfico e determinação da regressão linear da reta (Gráfico

1). A equação da reta obtida pela regressão linear foi usada para determinar a

concentração das amostras de cultura de L. monocytogenes obtidas por

espectrometria.

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47

Tabela 2. Correlação entre turbidez e UFC/mL de cultura de L. monocytogenes

** UFC/mL Unidades Formadoras de Colônias por mL

Gráfico 1: Curva bacteriana baseada no crescimento da bactéria mediante a

turbidez do meio de cultura e a contagem de Unidades Formadoras de

Colônias / mL.

Foi visualizado resultado positivo até a nona diluição, com cultura D.O

1,381 com fator de diluição 1:5, correspondendo a diluição 1:9.765.625. Portanto, a

capacidade de detecção do teste sensibilizado com Poli Anti InlB na concentração

D é 2 x 104 UFC/mL (Figura 19).

Horário Densidade Ótica

(nm)

Colônias

isoladas

UFC/mL**

(10-9

)

6 horas 0,318 3408 6 x 109

8 horas 0,416 4720 9 x 109

10 horas 0,528 7152 10 x 109

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Figura 19: Resultados obtidos em diluição seriada, fator 1:5, com amostra Lm

1B ATTCC 7644, cultura D.O. 1,381. Protótipos Poli Anti InlB concentração

D – Conjugado MAb 2D12 concentração X.

5.7 Capacidade de detecção em amostras de leite contaminadas com

Listeria monocytogenes

Utilizando cultura da amostra Lm 1B ATCC 7644, cultura D.O. 1,270,

diluição seriada com fator 1:5, foi observado positividade até a nona diluição,

correspondendo a 1:9.765.625. A capacidade de detecção do teste sensibilizado na

concentração D foi de 1 x 105 CFU/mL (Figura 20).

Figura 20: Resultados obtidos em diluição seriada, fator 1:5, com amostra de

leite contaminada com Lm 1B ATTCC 7644, cultura D.O. 1,270. Protótipos

Poli Anti InlB concentração D – Conjugado MAb 2D12 concentração X.

5 x 1010

UFC/mL

1 x 1010

UFC/mL

2 x 109 UFC/mL

4 x 108 UFC/mL

8 x 107 UFC/mL

1 x 107 UFC/mL

3 x 106 UFC/mL

6 x 105 UFC/mL

1 x 105 UFC/mL

2 x 104 UFC/mL

5 x 103 UFC/mL

4 x 1010

UFC/mL

9 x 109 UFC/mL

1 x 109 UFC/mL

3 x 108 UFC/mL

7 x 107 UFC/mL

1 x 107 UFC/mL

3 x 106 UFC/mL

6 x 105 UFC/mL

1 x 105 UFC/mL

5 x 104 UFC/mL

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Os controles negativos (Listeria innocua, Bacillus cereus e Enterobacter

cloacae,) foram testados nos protótipos de Poli anti-InlA e Poli anti-InlB nas

mesmas concentrações e em condições semelhantes às culturas positivas. A linha

teste não apresentou coloração em nenhum deles, confirmando a especificidade dos

anticorpos utilizados durante o desenvolvimento do teste. (Figura 21)

Figura 21: Exemplo dos resultados obtidos em diluição seriada, fator 1:5, com

controle negativo Listeria innocua, Enterobacter cloacae e Bacillus cereus

cultura D.O. 0,830. Protótipos Poli Anti InlB concentração D – Conjugado

MAb 2D12 concentração X.

Objetivou-se desenvolver um teste rápido e de fácil execução, sendo assim,

foi definido utilização de amostras sem lavagem, utilizando o Poli Anti-InlB como

agente de captura e MAb 2D12 como agente de detecção. O protótipo foi capaz de

detectar uma fração de bactérias presentes na amostra de 2 x 104 CFU/mL,

capacidade mínima para a detecção do teste de imunocromatografia de fluxo lateral

desenvolvido neste estudo.

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6 DISCUSSÃO

Alimentos contaminados por Listeria monocytogenes podem provocar

infecção de caráter agudo grave, e em muitos casos levando pacientes imuno

deprimidos, a óbito e aborto em grávidas. A listeriose é uma doença de difícil

diagnóstico que depende da clínica do paciente associada a dados epidemiológicos

e investigação alimentar. Portanto, o desenvolvimento de um teste rápido e simples,

visando a implementação de controle de qualidade dos alimentos, pode ser de

grande valor. Testes rápidos possuem vantagens e desvantagens, porém, neste caso

um teste aplicável deverá ter sensibilidade elevada para detectar uma fração mínima

de bactérias por grama/mililitros de alimento, ser de fácil manuseio e aplicação, não

necessitar de técnicos especializados, ser específico para o alvo em questão, e ser

rápido.

Para o desenvolvimento do teste por imunocromatografia foram cultivadas

diversas cepas de Listeria. Como controle de qualidade das cepas utilizamos os

ensaios clássicos para detecção de L. monocytogenes e observou-se que

apresentaram positividade em todos os testes. Seguindo a Norma da ANVISA, as

amostras também foram positivas confirmando que eram culturas puras de L.

monocytogenes. Além disto, a presença de internalina-A e internalina-B nas

bactérias cultivadas foi observada através de bandas de peso molecular semelhante

por eletroforese em gel de poliacrilamida a 10%. Observamos que o tempo gasto,

nos procedimentos de identificação através dos métodos convencionais de detecção

da bactéria, é muito superior ao tempo na realização de testes rápidos, o que

confirma a necessidade de metodologia mais descomplicada para a detecção de

Listeria em alimentos.

Observamos que todos os protótipos, utilizando o policlonal Anti InlB

como agente de captura, apresentaram positividade para detecção de L.

monocytogenes. Porém, não foi encontrada positividade nos protótipos com

policlonal Anti InlA como agente de captura. Esta ausência de ligação talvez possa

ser explicada pelo fato do agente de detecção ser o monoclonal MAb 2D12,

específico para a proteína InlA. Sendo que usando o policlonal Anti InlA, na linha

teste, tanto o agente de detecção quanto o de captura tinham como alvo a mesma

proteína, fato que pode ter ocasionado competição ou impedimento espacial.

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Ausência desta competição pode ser a razão pela qual, ao combinarmos no

protótipo anticorpos policlonais anti-InlB e monoclonais anti InlA, foram

observados resultados positivos. Não foi possível testarmos esta hipótese pois um

monoclonal anti InlB não está disponível. Como a InlA está em abundância na

bactéria, as chances de detecção talvez poderiam ser aumentadas.

Visto que reações inespecíficas são um dos problemas enfrentados no

processo de desenvolvimento de testes, foram cultivadas como controle Listeria

innocua, Bacillus cereus e Enterobacter cloacae, por apresentarem semelhança à L.

monocytogenes. Os protótipos testados não apresentaram nenhum resultado falso

positivo quando testados com culturas destas bactérias. Porém ainda será necessário

ampliar o número de controles negativos para avaliarmos melhor a especificidade

do protótipo desenvolvido, a exemplo dos resultados obtidos em estudo realizado

com amostras de produtos cárneos avaliando o teste UNIQUE, que demonstrou

apresentar resultados falso positivo.

Tentamos aumentar a capacidade de detecção do teste com aumento da

concentração de conjugado, procedimento que não resultou em melhor

desempenho, observado pela ausência de aumento na intensidade de coloração da

linha teste.

Para avaliar as condições ideais de execução do teste, foi estudada a

influência da lavagem prévia das culturas de Listeria, na capacidade de detecção do

teste através da positividade. Observa-se que a sensibilidade é reduzida quando

aumentamos o número de lavagens das amostras. Utilizando cultura de L

monocytogenes sem lavagem observamos intensidade de coloração semelhante à

amostra com uma lavagem, o que é uma vantagem para a comercialização dos

testes, pois a necessidade de lavagens das amostras seria um passo a mais na

execução do mesmo. Já a ausência de positividade após três e quatro lavagens

provavelmente indica queda no número de bactérias na amostra testada, ficando em

número menor que a capacidade de detecção do teste.

A tentativa de aumento de resposta por lise bacteriana, através de

sonicação ou uso de tampão, não apresentou melhora na positividade dos

protótipos. Fator positivo para a execução do teste, pois acrescentaria mais uma

etapa em sua execução.

Com a adição do leite artificialmente contaminado, mimetizando o uso do

teste em amostra de leite, o tempo de corrida aumentou. Este aumento provocou a

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apresentação de manchas densas avermelhadas com um arraste do conjugado.

Provavelmente os componentes contidos no leite influenciaram negativamente na

execução do teste. Mais experimentos deverão ser realizados para otimizar o fluxo,

como por exemplo a utilização de uma membrana de nitrocelulose com malha

menos densa. Portanto, estima-se que a técnica possa ser aperfeiçoada sem perda da

capacidade de detecção do teste.

A capacidade que o protótipo possui em detectar a presença de L.

monocytogenes depende da quantidade desta na amostra. Portanto conhecer a

menor quantidade bacteriana, necessária para o teste positivar determina a

capacidade de detecção deste. Para o protótipo linha teste Poli Anti-InlB e

conjugado MAb2D12, o limite mínimo de bactérias para detecção foi de 2 x 104

UFC/mL. Quando o protótipo foi testado com amostras de leite contaminadas

experimentalmente a capacidade de detecção aumentou o número de bactérias

necessárias para 1 x 105 UFC/mL.

O teste desenvolvido, utiliza o mesmo princípio que o teste de Brunelli et

al. (2004) porém apresenta um limite de detecção mais baixo, ou seja, necessita de

menos bactérias presentes. Embora esta capacidade de detecção seja superior a de

Brunelli, ainda precisamos melhorar o protótipo pois, para causar doença, é

suficiente que os alimentos estejam contaminados por 102 a 10

9 UFC/mL

(MCLAUCHLIN et al., 2004; JEMMI; STEPHAN, 2006).

O protótipo desenvolvido, além de ter uma capacidade de detecção

superior em relação ao teste da Merck, detecta a presença de L. monocytogenes e

não apenas Listeria spp.. Portanto, é esperado que a médio prazo o teste possa ser

utilizado em pesquisas e avaliações relacionadas a detecção de L. monocytogenes

em alimentos.

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53

7 CONCLUSÕES

Foi escolhido protótipo baseado no desempenho e capacidade de detecção

utilizando Poli Anti-InlB associado ao MAb-2D12. O protótipo não apresentou

ligações inespecíficas e o tempo de corrida está dentro dos parâmetros almejados.

Foi observada uma variação na intensidade de coloração que está relacionada com a

capacidade de detecção do teste e a quantidade de bactérias na amostra examinada.

Também foi observado que o tratamento e/ou manipulação da amostra interferem

nitidamente na positividade. Portanto, foi desenvolvido um teste rápido baseado em

imunocromatografia que permite a detecção de Listeria monocytogenes em

alimentos com limite de detecção mínimo de 2 x 104 UFC/mL a 1 x 10

5 UFC/mL,

observados, respectivamente, em amostra de cultura e leite artificialmente

contaminado..

O protótipo desenvolvido apresenta potencial significativo para ser

utilizado como ferramenta qualitativa rápida, útil e específica para a detecção da

presença de L. monocytogenes pelo MAb-2D12 e capturadas pelo policlonal anti-

Internalina B.

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64

ANEXOS

ANEXO I: MANUSCRITO DO ARTIGO A SER SUBMETIDO

ANEXO II: Laudo do resultado Sistema VIDAS para detecção de Listeria

monoctogenes

ANEXO III: Leitura do tamanho e porcentagem das partículas de ouro

coloidal/conjugado produzidas

ANEXO IV - Kit API Listeria® (BioMérieux)

ANEXO V - BAX System (DuPont®)

ANEXO VI - Sistema TECRA®

ANEXO VII - BioControl VIP®

ANEXO VIII - Merck® Singlepath®

ANEXO IX - MICRO-ID® Listeria

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65

ANEXO I – Manuscrito a ser submetido.

DESENVOLVIMENTO DE TESTE RÁPIDO PARA DETECÇÃO DE

Listeria monocytogenes EM ALIMENTOS

Ernandes da Silva Filho1; Rodrigo Scaliante de Moura

2; Ludimila Paula Vaz

Cardoso3; Marcelo Mendonça

4; Fabricio Rochedo Conceição

4; Dienny Rodrigues

de Sousa1; Mariane Martins de Araújo Stefani

1; André Kipnis

1; Samira Bührer-

Sékula1.

1- Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO,

Brasil.

2- Associação Educativa Evangélica, Anápolis, GO, Brasil.

3- Universidade Federal de Goiás, Jataí, GO, Brasil.

4- Centro de Desenvolvimento e Laboratório de Imunologia Aplicada de Biotecnologia,

Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil

Autor correspondente: [email protected]

RESUMO

A listeriose é uma infecção bacteriana, provocada por Listeria monocytogenes,

transmitida principalmente pela ingestão de alimentos contaminados ou pelo

contato direto com animais e/ou indivíduos infectados. Principal responsável pelas

infecções alimentares, apresenta baixa taxa de morbidade, porém quando a

contaminação ocorre em imunodeprimidos os índices de mortalidade são elevados,

representando um importante problema de saúde pública. Os métodos disponíveis

para a identificação da presença de Listeria sp. incluem o isolamento da bactéria

através de cultivo convencional, método laborioso, demorado e de baixa

sensibilidade, e métodos moleculares e/ou imunológicos, normalmente complexos,

de custo elevado, requerendo equipamentos e pessoas treinadas. Mendonça et. al

identificaram anticorpos monoclonais anti-Internalina A (Mab2D12) e policlonal

anti-internalina B (PoliAnti-InlB), presentes na membrana da Listeria

monocytogenes. Portanto, o desenvolvimento de um teste rápido, sensível e

específico para a detecção da presença da Listeria sp. em alimentos é o objetivo do

estudo. Em membrana de nitrocelulose foi impregnado PoliAnti-InlB, como agente

de captura, e proteína A como controle. Como agente de detecção, impregnamos

fibra de vidro com IgG anti-MAb-2D12 conjugada ao ouro coloidal para

visualização do resultado. Inóculos de cepas padrões de Listeria spp. são utilizados,

como amostra positiva, para avaliação da detecção Listeria no teste proposto. Como

controle negativo, foram cultivadas cepas de Listeria innocua, Enterobacter sp. e

Bacillus cereus, Escherichia coli e Salmonella spp. Foi obtido positividade nos

protótipos sensibilizados com PoliAnti-InlB nas concentrações D e E. Também

observou-se positividade em amostras de leite artificialmente contaminadas em

diluição seriada. A capacidade de detecção do teste na concentração D foi de 2x104

UFC/mL (Unidades Formadoras de Colônias por mililitros).

Palavras-chave: Listeria spp.. Imunocromatografia. Alimentos.

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66

INTRODUÇÃO

O patógeno alimentar Listeria monocytogenes é o agente causador da

listeriose, uma doença severa que cursa com baixas taxas de morbidade, porém com

altas taxas de mortalidade em pessoas suscetíveis à infecção, representando um

importante problema de saúde pública (ALLERBERGER, 2010).

O gênero Listeria é constituído por dezenove espécies e até o momento, são

conhecidos 13 sorotipos de L. monocytogenes. No entanto, os sorotipos 1/2a, 1/2b e

4b estão relacionados com mais de 90% dos casos e surtos de listeriose

(VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001; TORRES et al., 2005; BERTSCH et al., 2013;

HALTER; NEUHAUS; SCHERER, 2013; DEN BAKKER et al., 2014; WELLER

et al., 2015).

Várias proteínas de superfície e algumas secretadas pela L. monocytogenes

têm sido descritas como relevantes fatores de virulência bacteriana e principalmente

que, a Internalina A e Internalina B, proteínas produzidas pela bactéria, possuem

papéis importantes como antígenos de superfície responsáveis pela caracterização

do agente (BIERNE; COSSART, 2007).

Esse microrganismo pode contaminar uma grande diversidade de produtos

cárneos, lácteos e derivados, incluindo peixes e frutos do mar. Devido ao fato de

serem consumidos sem cozimento prévio, os alimentos são mais propensos ao risco

de doenças embora existam legislações vigentes para o controle dos alimentos

contaminados (BRASIL, 2013; BRITO et. al., 2008).

No Brasil, a legislação vigente exige a avaliação desse microrganismo em

produtos lácteos, cárneos e pescados, da mesma forma que nos países europeus e

nos EUA, para que esses alimentos estejam próprios para o consumo, é necessária a

ausência da bactéria em análise de amostras de aproximadamente 25 g do produto

(BRASIL, 2009, BRASIL, 2013).

Segundo o ultimo levantamento feito pelo CDC em 2017, ocorreram 8 casos

de listeriose. Dentre os 8 casos relatados, um era recém nascido e cinco eram

mulheres. Após a investigação epidemiológica, concluíram que a causa da infecção

foi a ingestão de queijo a partir de leite cru produzido pela indústria Vulto

Creamery de Walton. Em março de 2017, a indústria retirou do mercado todos os

queijos produzidos do leite cru referentes aos lotes contaminados (CDC, 2017).

Os Programas Nacionais de Controle de Patógenos (PNCP’s), sob jurisdição

da Secretaria de Defesa Agropecuária, do Ministério da Agricultura, Pecuária e

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Abastecimento, permitem identificar a prevalência dos patógenos em produtos de

origem animal, produzidos pelos estabelecimentos brasileiros, registrados junto ao

Sistema de Inspeção Federal (SIF) conferindo a eles o poder de análise dos

produtos a serem coletados (BRASIL, 2009; BRASIL, 2013).

Existem testes para identificação de Listeria monocytogenes que são

aplicados pelos órgãos regulatórios e até mesmo disponíveis no mercado e em sua

grande maioria, dependem de cultivo prévio do material a ser analisado. Dentre os

métodos de detecção estão incluídos: cultura, provas bioquímicas, testes

imunoenzimáticos, imunohistoquímica, PCR e imunocromatográfico. (SILVA;

VILARDI; TIBANA, 1998). Como são métodos que incluem isolamento da

bactéria através de cultivo convencional usando métodos clássicos, que tornam a

rotina para a detecção laboriosa e demorada, o trabalho tem como objetivo

desenvolver um protótipo de teste imunocromatográfico rápido capaz de detectar a

presença da bactéria em alimentos (VAZQUEZ-BOLAND et al., 2001).

Por ser um microrganismo intracelular facultativo, durante a fase de

replicação bacteriana dentro do organismo, é difícil estabelecer imunidade humoral,

por conta do mecanismo de escape, dificultando as formas de diagnóstico da

listeriose. Sendo assim, a utilização de um protótipo que detecte a bactéria nos

alimentos antes da ingestão, ajudaria no diagnóstico e na não infecção das pessoas

suscetíveis (GALLEGO et al., 2015).

MATERIAIS E MÉTODOS

O desenvolvimento do teste foi realizado em plataforma tecnológica

implementada no Laboratório de Imunologia da AIDS e Hanseníase (LIAH)/

Laboratório de Desenvolvimento de Testes Rápidos (LDTR)/Instituto de Patologia

Tropical e Saúde Pública (IPTSP/ UFG).

Utilizando a imunocromatografia, o teste deste estudo foi desenhado para

detecção direta de antígenos pelos anticorpos policlonais anti Internalinas A e B,

proteínas presentes somente na espécie L. monocytogenes, fixados na linha teste. Os

agentes de captura, anticorpos monoclonais (MAbs) anti-InlA (MAb-2D12)

específicos contra Listeria monocytogenes, foram conjugados ao ouro coloidal e

utilizados como marcador da reação antígeno-conjugado. Como amostra,

inicialmente foram utilizadas culturas de bactérias posteriormente leite

artificialmente contaminado.

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Na padronização da concentração de antígeno na linha teste foram utilizadas

cepas de Listeria monocytogenes ATCC 7644 e 19117 como controles positivos e

Listeria innocua CLIP 12612, Enterobacter cloacae e Bacillus cereus como

controles negativos (Tabela 1).

Tabela 1. Lista de bactérias cultivadas para uso no estudo

* ID = identificação das amostras Todas as cepas acima foram acondicionadas em freezer -20ºC em eppendorfs identificados, no

Laboratório de Bacteriologia Molecular

Cultivos bacterianos

As bactérias recebidas em ágar Infusão de Cérebro-Coração (BHI) foram

mantidas em Caldo Fraser com glicerol a 20% em -20ºC durante a condução dos

experimentos e testagem dos kits. Os inóculos de culturas frescas de L.

monocytogenes e outras espécies de Listeria foram preparadas em caldo BHI, caldo

Triptona de Soja com 6% de extrato de levedura (TSB-YE) ou caldo de

Enriquecimento de Listeria (LEB) por aproximadamente 20 horas a 37oC em

agitador orbital (200 rpm). As outras bactérias não pertencentes ao gênero Listeria

foram cultivadas exclusivamente em caldos BHI e TSB-YE nas mesmas condições.

Amostras ID* n Conservados à - 20ºC

Listeria monocytogenes ATCC 7644 1A 1 Ágar TSA-YE

Listeria monocytogenes ATCC 7644 1B 1 Ágar Conservação

Listeria monocytogenes ATCC 19117 2A 1 Ágar TSA-YE

Listeria monocytogenes ATCC 19117 2B 1 Ágar Conservação

Listeria innocua CLIP 12612 3A 1 Ágar TSA-YE

Listeria innocua CLIP 12612 3B 1 Ágar Conservação

Listeria innocua SP8 (isolado UFPel) 4A 1 Ágar TSA-YE

Listeria innocua SP8 (isolado UFPel) 4B 1 Ágar Conservação

Enterobacter cloacae 5A 1 Ágar TSA-YE

Enterobacter cloacae 5B 1 Ágar Conservação

Bacillus cereus ATCC 11778 6A 1 Ágar TSA-YE

Bacillus cereus ATCC 11778 6B 1 Ágar Conservação

Total 12

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Os cultivos bacterianos foram realizados no Laboratório de Bacteriologia

Molecular (LBM) IPTSP/UFG.

Caracterização bacteriana

Como metodologia de identificação morfológica e bioquímica para avaliação,

checagem de contaminação cruzada e confirmação das cepas, foram realizados

ensaios com a cepa analisada a cada experimento. Segundo a Norma ISO 11290-

1:2017 da ANVISA, foram utilizados os caldos Demi-Fraser ou HalF-Fraser e

Fraser, além do ágar seletivo ALOA (Agar Listeria acc. da To Ottaviani & Agosti).

A fase confirmativa foi determinada usando fermentação de carboidratos (Xilose e

Raminose), presença de Beta-Hemólise (Ágar Sangue de Cavalo), Gram e catalase,

eletroforese em gel de poliacrilamida e utilização do equipamento VIDAS para

leitura e confirmação da presença da cepa de Listeria monocytogenes.

Determinação da correlação entre turbidez de cultura de L. monocytogenes e

concentração bacteriana

Foi utilizada uma alíquota da cepa de Listeria monocytogenes ATCC 7644

cultivada em meio TSB e conservadas a -20ºC com glicerina para conservação.

Foram realizados testes para correlacionar a concentração bacteriana contida no

meio TSB com a turbidez de cultura obtida através de leitura de densidade ótica em

espectrofotômetro. Para tanto, 50uL da cepa congelada foi retirada e adicionada ao

caldo TSB e colocada na estufa 37ºC sob agitação de 200rpm e deixado por 20

horas. Ao final da incubação, 500uL foram retirados e transferidos para 20mL de

caldo TSB os quais foram incubados em estufa com agitação foi deixado por 10

horas. A cada 2 horas, 1mL era retirado da cultura e procedido leitura no

espectrofotômetro em comprimento de onda de 600nm para obtenção da densidade

ótica do caldo com bactéria. Ao mesmo tempo foram retirados 5uL da cultura e

transferidos para um tubo contendo 500uL de meio TSB, correspondendo a uma

diluição 1:100 (10-2

). Desta diluição, foram transferidos 5uL para outro tubo

contendo 500uL de meio TSB, correspondendo a uma diluição 1:10.000 (10-4

).

Cinquenta microlitros de cada uma das diluições seriadas (10-2

e 10-4

) semeados

placas contendo meio TSA com auxílio da alça de drigalski. As placas foram

incubadas durante a noite a 37oC e no dia seguinte as colônias crescidas em cada

placa foram quantificadas. A determinação da concentração de unidade formadoras

de colônias por mL (UFC/mL) de cultura foi determinada usando a seguinte

fórmula: UFC/mL = N x FD x 200, onde N corresponde ao número de colônias da

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placa, FD o inverso da diluição usada para semear a placa e 20 o fator de correção

do volume semeado (1000 µL/50µL). Os valores de UFC/mL obtidos em cada

momento da cultura foram plotados no eixo Y de um gráfico Excel e usando-se a

densidade ótica lida em cada momento como no eixo X. Com os dados inseridos no

gráfico, foi calculado a correlação entre as variáveis UFC/mL e OD da cultura

através de regressão linear, que permitiu determinar uma equação de reta para ser

usada posteriormente nas demais culturas de Listeria monocytogenes para

determinar a concentração celular em UFC/mL a partir da leitura da densidade ótica

da cultura.

Anticorpos monoclonais e proteínas recombinantes

Foram utilizados na produção dos kits anticorpos monoclonais produzidos

pelo Laboratório de Imunologia Aplicada da UFPel. O MAb-2D12 contra a

proteína internalina A e policlonal contra internalina B de L. monocytogenes foram

utilizados para elaboração do sistema de fluxo lateral (MENDONÇA et al., 2012).

Anticorpos monoclonais e proteínas recombinantes foram cedidos pelo Laboratório

Imunologia Aplicada do Núcleo de Biotecnologia – UFPel.

Produção de ouro coloidal conjugado a anticorpos

O ouro coloidal conjugado a anticorpos foi preparado em três etapas.

Primeiramente, partículas de ouro coloidal a 20nm foram preparadas a partir de

cloreto áurico e, após etapas de aquecimento e resfriamento, foram obtidas

partículas no tamanho de 40nm, que foram conjugadas com anticorpo monoclonal

MAb2D12 e impregnados em fibra de vidro para posterior montagem.

Padronização dos protótipos

Os componentes utilizados na padronização dos protótipos foram: membrana

de nitrocelulose, papel absorvente da amostra, concentrações do anticorpo

Policlonal anti-Internalina-A e B na sensibilização da membrana, tipo de amostra a

ser testado, volumes a serem adicionados no teste, bloqueio da fibra de vidro e

concentração do conjugado MAb 2D12 para impregnação na fibra de vidro.

Protocolo de preparo das amostras das culturas de bactérias em amostras de

leite

Para os testes usando amostras de leite foram procedidas dez diluições

seriadas utilizando 800µL de leite e 200µL de cultura de bactéria em meio TSB na

concentração de 5 x 1011

UFC/mL, (figura 1). Cento e trinta microlitros de cada

diluição seriada foram testados nos protótipos de testes sensibilizados a 1mg/mL.

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Figura 1: Esquema de diluição seriada com amostras de leite contaminadas

experimentalmente com Listeria monocytogenes.

RESULTADOS

As cepas usadas no presente estudos foram submetidas a testes

bioquímicos para confirmação da espécie de Listeria monocytogenes. As culturas

foram analisadas pela coloração de Gram para verificar a morfologia e tipo de

coloração assim como testadas para as provas bioquímicas de fermentação da

ramnose e fermentação da xilose. Como esperado para a espécie, as cepas se

apresentaram na morfologia de coco-bacilo Gram positivo, fermentadoras de

ramnose e incapazes de fermentar a xilose. Adicionalmente foi analisada a

capacidade de lise das hemácias presentes no meio Ágar sangue, pela presença de

colônias em meio ALOA cor azul apresentando halo de precipitação opaco.

Finalmente a identificação de Listeria monocytogenes foi confirmada pelo ensaio

VIDAs. Cultivos de bactérias sonicadas foram analisados por eletroforese em gel

poliacrilamida a 10% e pressupondo ser a presença de bandas de massa aparente

compatíveis com bandas das proteínas internalina-A e internalina-B características

de 80 e 65 kDa, respectivamente.

Sensibilização das membranas de nitrocelulose (NC)

Anticorpos policlonais Anti InlA e Anti InlB foram sensibilizados em NC

utilizando cinco concentrações, representadas pelas letras de A a E.

Avaliação do desempenho de lotes de Poli Anti-InlA e Poli Anti-InlB

Observou-se que testes sensibilizados com de Poli anti-InlB na concentração

D e E detectaram a presença de L. monocytogenes. Os testes sensibilizados com

Poli anti-InlA não detectaram a presença da bactéria.

Atribuindo processos de aumento de concentração de conjugado, sonicação

das amostras bacterianas, uso de tampão fosfato de potássio para lise, purificação

200µL 200µL 200µL 200µL

800µL

Leite

800µL

Leite

800µL

Leite 800µL

Leite

800µL

Leite

Controle

Negativo

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das cepas usando PBS/tampão de lavagem e tampão de lise bacteriana, não foi

observado melhora na intensidade da coloração da linha teste dos protótipos.

Como critérios de escolha final, optamos pelo protótipo: (1) utilizando InlB

como agente de captura com detecção comprovada pela visualização da linha teste,

(2) com agente de detecção sendo liberado completamente da fibra de vidro, (3)

sem ocorrência de ligações inespecíficas, (4) sendo a leitura realizada após 20

minutos.

Foi determinado uma correlação entre a turbidez de cultura de bactérias e

concentração em Unidades Formadoras de Colônia por mL (UFC/mL). Para tanto,

o crescimento de uma cultura de L. monocytogenes foi monitorada através da

leitura da densidade ótica e ao mesmo tempo diluições seriadas de cada tempo

foram plaqueadas em meio TSA e as colônias crescidas foram quantificadas para

determinar o UFC/mL da cultura em cada tempo. Os resultados obtidos (Tabela 2)

foram usados para construção de uma reta após plotagem em gráfico e

determinação da regressão linear da reta (Gráfico 1). A equação da reta obtida pela

regressão linear foi usada para determinar a concentração das amostras de cultura

de L. monocytogenes obtidas por espectrometria.

Tabela 2. Correlação entre turbidez e UFC/mL de cultura de L. monocytogenes

** UFC/mL Unidades Formadoras de Colônias por mL

Gráfico 1: Curva bacteriana baseada no crescimento da bactéria mediante a turbidez do meio

de cultura e a contagem de Unidades Formadoras de Colônias / mL.

Horário Densidade Ótica

(nm) Colônias isoladas UFC/mL** (10

-

9)

6 horas 0,318 3408 6 x 109

8 horas 0,416 4720 9 x 109

10 horas 0,528 7152 10 x 109

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Foi visualizado resultado positivo até a nona diluição, com cultura D.O 1,381

com fator de diluição 1:5, correspondendo a diluição 1:9.765.625. Portanto, a

capacidade de detecção do teste sensibilizado com Poli Anti InlB na concentração

D é 2 x 104 UFC/mL.

Utilizando cultura da amostra Lm 1B ATCC 7644, cultura D.O. 1,270,

diluição seriada com fator 1:5, foi observado positividade até a nona diluição,

correspondendo a 1:9.765.625. A capacidade de detecção do teste sensibilizado na

concentração D foi de 1 x 105 CFU/mL.

Os controles negativos (Listeria innocua, Bacillus cereus e Enterobacter

cloacae,) foram testados nos protótipos de Poli anti-InlA e Poli anti-InlB nas

mesmas concentrações e em condições semelhantes às culturas positivas. A linha

teste não apresentou coloração em nenhum deles, confirmando a especificidade dos

anticorpos utilizados durante o desenvolvimento do teste.

DISCUSSÃO

Alimentos contaminados por Listeria monocytogenes podem provocar infecção

de caráter agudo grave, e em muitos casos levando pacientes imunodeprimidos, a óbito e

aborto em grávidas. A listeriose é uma doença de difícil diagnóstico que depende da clínica

do paciente associada a dados epidemiológicos e investigação alimentar. Portanto, o

desenvolvimento de um teste rápido e simples, visando a implementação de controle de

qualidade dos alimentos, pode ser de grande valor.

Como controle de qualidade das cepas, utilizamos os ensaios clássicos

para detecção de L. monocytogenes e observou-se que apresentaram positividade

em todos os testes. Seguindo a Norma da ANVISA, as amostras também foram

positivas confirmando que eram culturas puras de L. monocytogenes. Além disto, a

presença de internalina-A e internalina-B nas bactérias cultivadas foi observada

através de bandas de peso molecular semelhante por eletroforese em gel de

poliacrilamida a 10%. Observamos que o tempo gasto, nos procedimentos de

identificação através dos métodos convencionais de detecção da bactéria, é muito

superior ao tempo na realização de testes rápidos, o que confirma a necessidade de

metodologia mais descomplicada para a detecção de Listeria em alimentos.

Observamos que todos os protótipos, utilizando o policlonal Anti InlB como

agente de captura, apresentaram positividade para detecção de L. monocytogenes.

Porém, não foi encontrada positividade nos protótipos com policlonal Anti InlA

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como agente de captura. Esta ausência de ligação talvez possa ser explicada pelo

fato do agente de detecção ser o monoclonal MAb 2D12, específico para a proteína

InlA. Sendo que usando o policlonal Anti InlA, na linha teste, tanto o agente de

detecção quanto o de captura tinham como alvo a mesma proteína, fato que pode ter

ocasionado competição ou impedimento espacial. Ausência desta competição pode

ser a razão pela qual, ao combinarmos no protótipo anticorpos policlonais anti-InlB

e monoclonais anti InlA, foram observados resultados positivos. Não foi possível

testarmos esta hipótese pois um monoclonal anti InlB não está disponível. Como a

InlA está em abundância na bactéria, as chances de detecção talvez poderiam ser

aumentadas.

A tentativa de aumento de resposta por lise bacteriana, através de sonicação

ou uso de tampão, não apresentou melhora na positividade dos protótipos. Fator

positivo para a execução do teste, pois acrescentaria mais uma etapa em sua

execução.

Também houve a tentativa de aumentar a capacidade de detecção do teste

com aumento da concentração de conjugado, procedimento que não resultou em

melhor desempenho, observado pela ausência de aumento na intensidade de

coloração da linha teste.

Observa-se que a sensibilidade é reduzida quando aumentamos o número de

lavagens das amostras. Utilizando cultura de L monocytogenes sem lavagem

observamos intensidade de coloração semelhante à amostra com uma lavagem, o

que é uma vantagem para a comercialização dos testes, pois a necessidade de

lavagens das amostras seria um passo a mais na execução do mesmo. Já a ausência

de positividade após três e quatro lavagens provavelmente indica queda no número

de bactérias na amostra testada, ficando em número menor que a capacidade de

detecção do teste.

Com a adição do leite artificialmente contaminado, mimetizando o uso do

teste em amostra de leite, o tempo de corrida aumentou. Este aumento provocou a

apresentação de manchas densas avermelhadas com um arraste do conjugado.

Provavelmente os componentes contidos no leite influenciaram negativamente na

execução do teste. Mais experimentos deverão ser realizados para otimizar o fluxo,

como por exemplo a utilização de uma membrana de nitrocelulose com malha

menos densa. Portanto, estima-se que a técnica possa ser aperfeiçoada sem perda da

capacidade de detecção do teste.

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A capacidade que o protótipo possui em detectar a presença de L.

monocytogenes depende da quantidade desta na amostra. Portanto conhecer a

menor quantidade bacteriana, necessária para o teste positivar determina a

capacidade de detecção deste. Para o protótipo Poli Anti-InlB e MAb2D12, o limite

mínimo de bactérias para detecção foi de 2 x 104 UFC/mL. Quando o protótipo foi

testado com amostras de leite contaminadas experimentalmente a capacidade de

detecção aumentou o número de bactérias necessárias para 1 x 105 UFC/mL.

O teste desenvolvido, utiliza o mesmo princípio que o teste de Brunelli et al.

(2004) porém apresenta um limite de detecção mais baixo, ou seja, necessita de

menos bactérias presentes. Embora esta capacidade de detecção seja superior a de

Brunelli, ainda precisamos melhorar o protótipo pois, para causar doença, é

necessário que os alimentos estejam contaminados por 102 a 10

9 UFC/mL

(MCLAUCHLIN et al., 2004; JEMMI; STEPHAN, 2006).

O protótipo desenvolvido apresenta potencial significativo para ser utilizado

como ferramenta qualitativa rápida, útil e específica para a detecção da presença de

L. monocytogenes pelo MAb-2D12 e capturadas pelo policlonal anti-Internalina B.

AGRADECIMENTOS

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) pelo

auxilio financeiro.

CONFLITO DE INTERESSE

Os autores declaram que não existem conflitos de interesse associado ao

manuscrito.

REFERÊNCIAS

ALLERBERGER, F.; WAGNER, M. Listeriosis: a resurgent foodborne infection.

Clin.Microbiol.Infect., v.16, n.1, p.16-23, 2010.

BERTSCH, D. et al. Listeria fleischmannii sp. nov., isolated from cheese.

International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 63, n.

PART2, p. 526–532, 2013.

BIERNE, H.; COSSART, P. Listeria monocytogenes surface proteins: from

genome predictions to function. Microbiology and Molecular Biology Reviews, v.

71, n. 2, p. 377–397, 2007.

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76

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. INSTRUÇÃO

NORMATIVA nº 9, de 8 de abril de 2009. Brasília, DF, 2009.

BRASIL, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. NORMA

INTERNA DIPOA/SDA nº 1, de 9 de agosto de 2013. Brasília, DF, 2013.

BRITO, J. R. F. et al. Retail Survey of Brazilian Milk and Minas Frescal Cheese

and a Contaminated Dairy Plant to Establish Prevalence, Relatedness, and Sources

of Listeria monocytogenesIsolates. Applied and Environmental Microbiology.

Washington, D.C., v. 74, n. 15, p. 4954-4961, agosto 2008.

CDC, 2017. Multistate Outbreak of Listeriosis Linked to Soft Raw Milk Cheese

Made by Vulto Creamery - United States, March - 2017(Final Update). Disponível

em: < https://www.cdc.gov/listeria/outbreaks/soft-cheese-03-17/index.html>

DEN BAKKER, H. C. et al. Listeria floridensis sp. nov., Listeria aquatica sp. nov.,

Listeria cornellensis sp. nov., Listeria riparia sp. nov. and Listeria grandensis sp.

nov., from agricultural and natural environments. International Journal of

Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 64, n. PART 6, p. 1882–1889, 2014.

HALTER, E. L.; NEUHAUS, K.; SCHERER, S. Listeria weihenstephanensis sp.

nov., isolated from the water plant Lemna trisulca taken from a freshwater pond.

International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 63, n.

PART2, p. 641–647, 2013.

TORRES, K; SIERRA, S.; POUTOU, R.; CARRASCAL, A.; MERCADO, M.

Patogenesis de Listeria monocytogenes, microorganismo zoonotico emergente.

MVZ-Córdoba. v. 10, p. 511-543, 2005.

VAZQUEZ-BOLAND, J.A.; KUHN, M.; BERCHE P.; CHAKRABORTY T.;

DOMINGUEZ-BERNAL G.; GOEBEL W.; GONZALEZ-ZORN B.; WEHLAND

J.; KREFT J. Listeria pathogenesis and molecular virulence determinants.

Clin.Microbiol.Rev., 14: 584-640, 2001.

WELLER D, ANDRUS A, WIEDMANN M, DEN BAKKERHC(2015) Listeria

booriae sp. nov. and Listeria newyor- kensis sp. nov., from food processing

environments in the USA. Int J Syst Evol Microbiol 65: 286–292. doi:

10.1099/ijs.0.070839-0 PMID: 25342111

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77

ANEXO II: Laudo do resultado Sistema VIDAS para detecção de Listeria

monoctogenes

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78

ANEXO III:

Leitura do tamanho e porcentagem das partículas de ouro coloidal/conjugado

produzidas

Ouro 20nm

Comprimento de onda (nm): 519

Abs. (O.D): 0,966

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Ouro 40nm

Comprimento de onda (nm): 525,9

Abs. (O.D): 1,241

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Ouro 20nm

Tamanho: 22nm

Porcentagem: 97,2%

Ouro 40nm

Tamanho: 40,64nm

Porcentagem: 94,6%

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Conjugado:

Ouro coloidal 40nm + IgM MAb 2D12

Comprimento de onda (nm): 532

Abs. (O.D): 0,607

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