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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS Análise proteômica em Listeria monocytogenes Nadielly Xavier de Medeiros Orientadora: Cíntia Silva Minafra e Rezende GOIÂNIA 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

Disciplina: SEMINÁRIOS APLICADOS

Análise proteômica em Listeria monocytogenes

Nadielly Xavier de Medeiros

Orientadora: Cíntia Silva Minafra e Rezende

GOIÂNIA 2011

ii

NADIELLY XAVIER DE MEDEIROS

Análise proteômica em Listeria monocytogenes

Seminário apresentado junto à Disciplina Seminários Aplicados do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás. Nível: Mestrado

Área de Concentração:

Sanidade Animal, Higiene e Tecnologia de Alimentos

Linha de Pesquisa:

Controle de qualidade de alimentos

Orientador:

Profª. Drª. Cíntia Silva Minafra e Rezende – EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Albenones José de Mesquita – EVZ/UFG

Prof. Dr. Cristiano Sales Prado – EVZ/UFG

GOIÂNIA 2011

iii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 2

2.1 Listeria monocytogenes ............................................................................. 2

2.1.1 Classificação ........................................................................................... 2

2.1.2 Habitat ..................................................................................................... 4

2.1.3 A doença ................................................................................................. 5

2.1.4 Fatores de virulência ............................................................................... 7

2.1.5 Mecanismo de invasão na célula hospedeira ......................................... 8

2.2 Análise proteômica................................................................................... 10

2.2.1 Proteômica ............................................................................................ 11

2.2.2 Métodos utilizados ................................................................................ 12

2.2.3 Preparação da amostra ......................................................................... 13

2.2.4 Eletrofore bidimensional (2-DE) ............................................................ 13

2.2.5 Espectrometria de massa ..................................................................... 14

2.2.6 Aplicações para Listeria monocytogenes .............................................. 15

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 19

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 20

iv

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Ocorrência de casos de listeriose por grupo de idade, Áustria

1997-2007................................................................................................ 7

FIGURA 2: Localização aproximada de genes de virulência L. monocytogenes

no cromossomo (3 Mb) e a localização de produtos de genes no meio

extracelular, da parede celular (tom escuro), membrana e citoplasma (tom

claro). ............................................................................................................... 9

FIGURA 3: Mecanismo ―ziper‖ usado por L. monocytogenes para entrada na

célula. ............................................................................................................. 10

FIGURA 4: Processo de infecção celular ....................................................... 11

FIGURA 5: Processo de formação da proteína. ............................................. 12

FIGURA 6: Fluxograma do processo da eletroforese bidimensional ............. 15

v

LISTA DE TABELA

TABELA 1. Classificação de Listeria monocytogenes com base em padrões

de impressões digitais genômicas e associação com surtos epidêmicos ........ 3

vi

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Proteínas associadas à virulência em L. monocytogenes ........... 7

QUADRO2: Número de proteínas específicas e comuns de EGD e F2365....16

vii

LISTA DE ABREVIATURAS

DNA Ácido desoxirribonucleico

pH Potencial hidrogeniônico

pI Ponto isoelétrico

RNAm Ácido ribonucleico mensageiro

1

1 INTRODUÇÃO

A Listeria monocytogenes é um importante patógeno veiculado em

alimentos. Ocorrem descrições de que está amplamente distribuída no ambiente e

que pode ser encontrada em grande variedade de alimentos tanto frescos como

processados, principalmente de origem animal (MENA et al., 2004).

Listeriose é a doença de origem alimentar causada pela L. monocytogenes.

Surtos de listeriose são raros, mas sempre envolvem mortalidade, sobretudo em

grupos de riscos como pessoas imunodeprimidas, gestantes, neonatos e idosos

(BORGES, et al., 2009).

Uma forma de estudar as doenças e qualquer problema biológico complexo

é analisando as proteínas. Inicialmente é preciso compreender o que é a proteína

e como ela opera celularmente para entender a regulação dos mecanismos da

doença e posterior tratamento (CIERO et al., 2002).

O termo proteoma significa o conjunto de proteínas codificadas pelo

genoma de um organismo. Proteômica é definido como a compreensão da

estrutura, função e interações das proteínas. A análise proteômica é o estudo das

proteínas expressas por um genoma. O desenvolvimento desta técnica está

trazendo um melhor entendimento das vias bioquímicas e os papéis de interações

das proteínas ( MISHRA et. al., 2010).

Diversas proteínas estão relacionadas ao ciclo intracelular da L.

monocytogenes e estão associadas a importantes fatores de virulência como o

processo de adesão e invasão celular (CORSSANT, 2008).

A análise proteômica da Listeria monocytogenes pode identificar os

mecanismos de adaptação deste microrganismo quando está exposto a algum

tipo de estresse. Por este tipo de análise pode-se compreender as possíveis

diferenças entre as cepas virulentas e não virulentas. Diante do exposto,

objetivou-se com este trabalho, a abordagem sobre a análise proteômica de

Listeria monocytogenes.

2

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Listeria monocytogenes

O gênero Listeria compreende oito espécies, classificadas como

patogênicas e não patogênicas. De acordo com GERMANO & GERMANO (2008),

dentre as espécies patogênicas, pode-se apontar Listeria monocytogenes que é a

de maior importância em saúde pública e as espécies Listeria weshimeri, Listeria

seeligeri e Listeria ivanovii que raramente acometem o homem. No entanto,

considerando as espécies não patogênicas, menciona-se Listeria innocua e

Listeria grayi, Listeria marthii e Listeria rocourtiae, sendo que estas duas últimas

foram apontadas recentemente por GRAVES et al. (2010) e LECLERCQ no

mesmo ano.

Listeria monocytogenes é um bacilo Gram-positivo, não formador de

esporos, psicrotrófico, catalase positiva e anaéróbio facultativo, medindo entre 0,4

a 0,5 μm de diâmetro por 0,5 a 2,0 μm de comprimento. Apresenta mobilidade a

25°C devido a flagelos e movimento característico denominado tombamento

(GERMANO & GERMANO, 2008).

O agente etiológico da listeriose difere em muitos aspectos de outros

patógenos de origem alimentar por ser resistente a condições ambientais

adversas, como baixo pH e alta concentração de NaCl, sendo resistente a

temperaturas baixas (MARZOCCA, 2004).

2.1.1 Classificação

L. monocytogenes tem 13 sorovariedades denominados por 1/2a, 1/2b,

1/2c, 3a, 3b, 3c, 4a, 4b, 4c, 4d, 4e, 4ab, e 7. Destaca-se que os sorotipos

1/2a, 1/2b, e 4b são responsáveis por 98% dos surtos e o sorotipo 4b é

considerado o mais virulento. Este patógeno é agrupado em três linhagens com

base em sua ribotipagem e associação com surtos (Tabela 2). A linhagem I tem o

maior potencial patogênico e os sorotipos pertencentes a este grupo estão mais

envolvidos em surtos. A linhagem II tem potencial patogênico intermediário e,

possivelmente, responsável por surtos esporádicos, enquanto a linhagem III

3

relaciona-se a risco de baixa patogenicidade e raramente causa infecção humana

(BHUNIA, 2008).

TABELA 1. Classificação de Listeria monocytogenes com base em padrões de impressões digitais genômicas e associação com surtos epidêmicos .

Grupos Surtos Potencial patogênico Sorotipos

predominantes

Linhagem I

Responsável pelo

maior número de

casos

Alto

1/2b, 3b, 4b, 4d, 4e

Linhagem II Casos esporádicos

de listeriose

Médio 1/2a, 1/2c, 3c, 3a

Linhagem III Raramente causam

doença em

humanos

Baixo 4a, 4c

IIIA (Rham +)

4a (não virulenta) e

4c (virulenta)

IIIB (Rham -)

4a , 4c; 7

IIIC (Rham -)

Virulenta 4c

Fonte: Adaptado de BHUNIA, 2008.

Pesquisadores como ROBERTS et al., (2006) e ORSI et al., (2008)

indicaram que a linhagem III pode ser dividida em três subgrupos (IIIA, IIIB, e

IIIC). O subgrupo IIIA é composto por cepas típicas ramnose positivo, com

predominância do sorovar 4a e cepas virulentas do sorovar 4c; o subgrupo IIIB é

composto por cepas não virulentas, ramnose negativa dos sorovares 4a e 4c,

alguns dos quais podem estar relacionados com sorotipo 7; e o subgrupo IIIC é

composto por cepas virulentas, ramnose negativa, do sorovar 4c (LIU, 2006).

4

2.1.2 Habitat

Os membros do gênero Listeria normalmente são encontrados em

mamíferos, peixes, anfíbios, aves e insetos, na maioria dos casos portadores

assintomáticos que liberam a bactéria nas fezes, sem desenvolver infecção. O

reservatório primário parece ser o solo e a vegetação mas estão amplamente

distribuídos no ambiente e têm sido isolados de solo, água, ração animal, plantas

em decomposição, resíduos de matadouros e nas fezes de animais saudáveis,

incluindo seres humanos (SILVA et al., 2007). Estes microrganismos podem se

tornar endêmicos em ambientes de processamento de alimentos (MCLAUCHLIN

et al., 2004).

A rápida capacidade de adesão em superfícies faz com que a L.

monocytogenes seja um risco para saúde pública e indústrias de alimentos. Uma

vez presente na matéria-prima este microrganismo pode aderir rapidamente à

superfície de equipamentos em aço inoxidável e utensílios, sendo capaz de se

multiplicar, formando biofilmes, favorecendo a contaminação do produto final

(OLIVEIRA et al., 2010).

LIMA et al. (2005) observaram que a disseminação da L. monocytogenes

na planta de indústria produtora de linguiça frescal, promove a contaminação do

produto final. ROSSI et al. (2011) isolaram L. monocytogenes em 3,75% das

amostras de linguiça do tipo frescal.

A presença de L. monocytogenes no trato intestinal de animais possibilita a

contaminação dos criatórios e dos abatedouros e assim, podendo atuar como

uma fonte de introdução deste patógeno na linha de abate o que reforça a

possibilidade de contaminação de alimentos de origem animal (NALÉRIO et. al,

2009).

RIVOAL et al. (2010) relataram a presença de L. monocytogenes em

17,36% dos ovos crus e 2,1% em ovos pasteurizados. Eles também observaram

que a ocorrência no verão foi maior do que no inverno e no outono.

Ao analisar amostras de pele e intestino de peixe, CHEN et al. (2010) não

detectaram Listeria monocytogenes, mas observaram a presença deste patógeno

em 76,7% dos peixes refrigerados.

5

GEBRETSADIK et al. (2011) detectaram L. monocytogenes em 13% das

amostras de leite cru, 4,3% das amostras de ovo líquido, 2,6% em carne crua e

1 % em queijo tipo cottage.

2.1.3 A doença

BUENO et al. (2010) relataram a forte associação genética entre as

estirpes de Listeria monocytogenes isoladas de alimentos e de espécimes clínicos

do Brasil, o que indica uma possível ligação de transmissão de L. monocytogenes

de alimentos para seres humanos.

Manifestações de listeriose incluem septicemia, meningite (ou

meningoencefalite), encefalite e infecções intra-uterinas ou cervical em mulheres

grávidas, o que pode resultar em aborto espontâneo. O início dos distúrbios

mencionados é geralmente precedido por sintomas de gripe, incluindo febre

persistente. Foi relatado que os sintomas gastrointestinais, como náuseas,

vômitos e diarréia podem preceder as formas mais graves de listeriose ou podem

ser os únicos sintomas expressos. O início do tempo às formas graves de

listeriose é desconhecido, mas pode variar de poucos dias a três semanas. O

tempo de início de sintomas gastrointestinais é desconhecido, mas provavelmente

é maior do que 12 horas (FDA, 2009).

Em 1929 o ocorreu o caso índice de listeriose sendo identificado e desde

então ficou comprovado que esta enfermidade apresenta-se esporadicamente,

em todo o mundo. L. monocytogenes é o agente etiológico de aproximadamente

98% dos casos que ocorrem em pessoas e 85% dos casos que ocorrem nos

animais (MANTILLA, 2007).

No geral, a taxa de letalidade devido à infecção é de cerca de

20-30%, com uma expectativa de 500 óbitos anualmente nos Estados Unidos. A

dose infectante para este patógeno não é conhecida, no entanto, é estimada em

cerca de 102-106 células, dependendo do estado imunológico do hospedeiro

(BHUNIA, 2008).

De acordo com as descrições de KASPER (2009), outro fator que maximiza

a listeriose relaciona-se às doenças associadas. O risco é aumentado para

indivíduos imunocomprometidos, gestantes e idosos. Pode-se mencionar que de

136 casos de listeriose na Áustria, 99 apresentavam uma ou mais doenças

6

associadas, como exemplo diabetes, câncer, doença renal crônica e

transplantados. Outro fator observado, é que entre os doentes a faixa etária mais

acometida relacionou-se a pessoas acima de 65 anos, o que pode ser visualizado

na Figura 1.

FIGURA 1: Ocorrência de casos de listeriose por grupo de idade, Áustria 1997-2007. Fonte: KASPER, 2009.

Nos Estados Unidos, Nova Zelândia, Itália, França e Inglaterra já foram

diagnosticados vários casos de listeriose humana (MCLAUCHLIN et al., 2004). No

Brasil, não há informações sobre surtos de listeriose relacionados ao consumo de

alimentos contaminados, mas há várias pesquisas que relataram a presença de L.

monocytogenes em alimentos (MELLO, 2008), e também há relatos de casos

clínicos em humanos ocorridos em diferentes regiões do Brasil (REIS et al.,

2011).

BENNION et. al. (2008) analisaram 1178 casos de mortes causados por

listeriose nos Estados Unidos e verificaram que 52% foram casos relacionados a

homens e 48% a mulheres. Entre as raças, a branca foi a que teve mais

incidência, 80,1%, seguido pela negra, 10,7%. Entre as idades, a cima de 65 anos

foi a que teve mais casos, 67,8%..

Nos Estados Unidos, a contaminação por L. monocytogenes nem sempre

resulta em surtos, pois o recolhimento de produtos contaminados é rotineiramente

7

feitos. O custo estimado associados à contaminação por Listeria é

aproximadamente 2 bilhões de dólares por ano (BHUNIA, 2008).

2.1.4 Fatores de virulência

Cada etapa do ciclo de vida intracelular da L. monocytogenes depende da

produção e ação dos fatores de virulência. Diversas proteínas têm sido

reconhecidas como importantes fatores de virulência em L. monocytogenes por

estarem envolvidas no ciclo intracelular desta bactéria, incluindo a adesão,

entrada na célula hospedeira, movimento intracelular, lise celular, e para escapar

do sistema imunológico (Tabela 4) (BHUNIA, 2008).

QUADRO 1. Proteínas associadas à virulência em L. monocytogenes Proteínas Função

Fator proteína reguladora (Prfa) Regulador central de virulência

Internalina A (InlA) Entrada em células que expressam seu

receptor, a caderina-E

Internalina B (InlB) Entrada em células que expressam um dos

receptores, gC1qR HGF-SF, ou Met eo

glicoaminoglicanas (GAGs)

p60 (hidrólise da parede celular) Adesão e invasão celular

Proteína de adesão de Listeria (LAP) Adesão em células epiteliais intestinal

Fosfolipase (plcA -PI-PLC; plcB – PC-

PLC)

Lise da membrana do vacúolo

Listeriolisina O (LLO) Necessários para escapar do vacúolo por

lise da membrana do fagossomo

Proteína de virulência (Vip) Invasão em células epiteliais

Proteína polimerizadora de actina (ActA) Proteína de superfície necessária para

montagem da cauda de actina, que está

envolvida no movimento bacteriano no

interior do citoplasma

Fonte: adaptado de BHUNIA, 2008.

8

As principais proteínas para as etapas sucessivas desta bactéria no

processo infeccioso incluem a proteína de superfície Internalina A (InlA) e InlB,

para o processo de entrada, a toxina listeriolisina O (LLO) e a fosfolipases C (PI-

PLC), associadas ao processo de fuga do vacúolo, e a proteína de superfície

ACTA, responsável pela produção da cauda de actina (Figura 2) (CORSSANT,

2008).

FIGURA 2: Localização aproximada de genes de virulência L. monocytogenes no cromossomo (3 Mb) e a localização de produtos de genes no meio extracelular, da parede celular (tom escuro), membrana e citoplasma (tom claro). Fonte: BHUNIA, 2008.

2.1.5 Mecanismo de invasão na célula hospedeira

A L. monocytogenes é na maior parte, intracelular. Sua internalização

inicia-se com a adesão do microrganismo à superfície da célula, posteriormente

se tem a interação entre os ligantes da superfície bacteriana com os respectivos

receptores celulares, mecanismo conhecido como ―zíper‖ (figura3) (CORSSANT,

2008).

9

FIGURA 3: Mecanismo ―ziper‖ usado por L. monocytogenes para entrada na célula. Fonte: Adaptado de ALONSO et al., 2004.

FIGURA 4: Processo de infecção celular

Fonte: COSSART, 2008.

Posteriormente ocorre o processo de espalhamento célula a célula, que é

ilustrado na Figura 4.

Após a entrada nas células, as bactérias são aprisionadas em um vacúolo,

a partir do qual elas escapam depois de cerca de 30 minutos. Uma vez dentro do

citosol elas se multiplicam com um tempo de geração de uma hora,

posteriormente começam a polimerizar actina, gerando uma rede de ramificações

de filamentos, a cauda de actina. Este processo de polimerização em um pólo da

10

bactéria produz energia para impulsionar as bactérias que se movem no

citoplasma a uma velocidade de cerca de 10 mm por minuto (CORSSANT, 2008).

Quando a bactéria alcança a membrana plasmática da célula infectada,

ocorre sua projeção e indução de formação de saliências, permitindo a invasão

nas células vizinhas, gerando um vacúolo com duas membranas, em seguida a

bactéria escapa deste vacúolo, iniciando-se um novo ciclo de replicação

(CORSSANT, 2008).

Acredita-se que esse fenômeno de invasão por célula direto permita

disseminação da bactéria em vários tecidos infectados e que esta bactéria fique

protegida dos mecanismos de defesas do hospedeiro (CORSSANT, 2008).

2.2 Análise proteômica

Antibióticos desempenham papel importante no combate às doenças

infecciosas. No entanto, a resistência à maioria dos antibióticos e o surgimento de

cepas altamente virulentas ameaça o tratamento de doenças que hoje são

curáveis. Os mecanismos determinantes da virulência bacteriana, do grau de

patogenicidade e resistência a antibióticos podem estar ligados à variabilidade

genética e à pressão evolutiva, que favorecem a adaptação dos microrganismos

sobreviventes, constituindo maior ameaça para a saúde humana uma vez que as

estratégias de defesa contra eles se tornam inúteis (MALMSTRO, 2011).

O genoma é o todo o conjunto de ácido desoxirribonucleico (DNA) de uma

célula. A sequência do genoma serve como um excelente começo para aumentar

a compreensão de como bactérias causam a doença e adaptam-se à pressão

evolutiva exercida pelo hospedeiro e pelo uso de antibióticos (MALMSTRO,

2011).

Atualmente onze genomas de Listeria monocytogenes estão disponíveis:

Listeria monocytogenes 08-5578, Listeria monocytogenes 08-5923 1/2a, Listeria

monocytogenes EGD-e 1/2a, Listeria monocytogenes HCC23 4a, Listeria

monocytogenes M7, Listeria monocytogenes str. 4a L99, Listeria monocytogenes

Clip81459 4b, Listeria monocytogenes strain 4b F2365, Listeria monocytogenes

J0161 1/2a, Listeria monocytogenes Finland 1988, Listeria monocytogenes FSL

R2-561 e Listeria monocytogenes 10403S (NCBI, 2011).

11

A sequência dos aminoácidos das proteínas pode ser deduzida a partir da

sequência do genoma. O ácido ribonucleico mensageiro (RNAm) é usado como

um modelo para montar a cadeia de aminoácidos que formam uma proteína

(Figura 5) CLANCY & BROWN, 2008).

FIGURA 5: Processo de formação da proteína. Fonte: SILVA et al., 2007

2.2.1 Proteômica

O termo proteoma se origina das palavras proteínas e genoma. O

proteoma representa todas proteínas codificadas pelo genoma de um organismo.

Proteômica, portanto, é definido como o teor de proteína total de uma célula ou de

um organismo. Proteômica é o entendimento da estrutura, função e interações

das proteínas do organismo. Proteínas controlam o fenótipo de uma célula

através da realização de todas as funções em uma célula (MISHRA et. al., 2010).

O estudo da proteômica tem implicações diretas em vários campos da

biologia e da biotecnologia. Dentre suas vertentes comprova-se a descoberta de

vias metabólicas nas diversas etapas celulares, favorecendo o conhecimento na

biologia celular e da bioquímica, viabilizando a identificação de moléculas

bioativas. Por conseqüência há o desenvolvimento de novos medicamentos, e

identificação e caracterização de moléculas exógenas ou endógenas específicas

a doenças (ROCHA et al., 2005).

12

2.2.2 Métodos utilizados

A análise proteômica é realizada por duas técnicas, a de separação das

proteínas e a de identificação. As tecnologias mais usadas para a análise de

proteoma são a eletroforese de duas dimensões (2-DE), que pode ser vista na

Figura 6, a qual realiza a separação das proteínas, e a espectrometria de massa,

usada para a identificação das proteínas (CIERO et. al, 2002).

FIGURA 6: Fluxograma do processo da eletroforese bidimensional Fonte: Adaptado de SILVA et al., 2007.

13

As principais etapas da eletroforese bidimensional são: preparação da

amostra; primeira dimensão; segunda dimensão e detecção das proteínas

(ROCHA et al., 2005).

2.2.3 Preparação da amostra

As proteínas devem ser parcialmente purificadas, completamente

solubilizadas, desagregadas, desnaturadas e reduzidas (ROCHA et al., 2005).

Primeiramente as amostras devem ser lavadas com tampões, depois

deverá ser feita a precipitação desta proteína. Após a lavagem das células, o

conteúdo protéico é extraído (SANTOS et al., 2004). Para a extração da proteína

é necessário que se faça a ruptura da parede celular e para isto vários métodos

podem ser utilizados, como a lise enzimática ou inibição da síntese da parede

celular, choque osmótico, aquecimento, congelamento e descongelamento,

secagem, em vórtex, com esferas de vidros, ultra-som, moinho de bolas, prensa

francesa e homogeneizador de alta pressão (PESSOA JÚNIOR et al., 2005).

O extrato bruto obtido no rompimento celular, geralmente contém outros

componentes celulares além da proteína tais como ácidos nucléicos, lipídios e

hidratos de carbono. Para eliminar ou reduzir a quantidade destes contaminantes

deve-se precipitar seletivamente as proteínas presentes nos extratos brutos,

usando, por exemplo, kits comerciais (SANTOS et al., 2004).

Para realizar a focagem isoelétrica, as amostras deverão ser solubilizadas

em uma solução desnaturante, não iônica, que permita a separação das proteínas

conforme o seu ponto isoelétrico (pI). Normalmente, estas soluções são

compostas por uréia, para desnaturar as proteínas, um agente redutor, para evitar

a oxidação das proteínas, um detergente não iônico para solubilizar as proteínas

e anfólitos para facilitar a focagem isoelétrica (SANTOS et al., 2004).

2.2.4 Eletrofore bidimensional (2-DE)

As proteínas são separadas de acordo com duas das suas propriedades: o

ponto isoelétrico, em uma primeira dimensão e massa molecular, numa segunda

14

dimensão. A primeira dimensão é denominada focalização isoelétrica (IEF),

processo no qual as proteínas são separadas de acordo com a carga, pois elas

migram até quando o potencial hidrogeniônico (pH) for igual ao seu ponto

isoelétrico (pI). Na segunda dimensão, as proteínas são separadas de acordo

com suas massas moleculares (SANTOS, 2004).

Os parâmetros usados na primeira dimensão e na segunda dimensão são

independentes, então a separação tem um alto nível de resolução e isto permite a

visualização de centenas de proteínas diferentes ao mesmo tempo (SILVA et al.,

2007).

Para visualizar as proteínas, após a eletrofore 2-DE faz-se a coloração das

proteínas com corantes ou reagentes fluorescentes. A coloração mais usada é a

coloração por Azul de Coomassie e coloração por prata (CIERO et al., 2002).

Após a coloração obtém-se um perfil bidimensional de pontos, denominados de

spots, os quais contêm múltiplas cópias de uma proteína (SILVA et al., 2007).

As principais limitações da técnica 2-DE estão relacionadas com a baixa

detecção de classes específicas de proteínas, incluindo aquelas com pouca

abundância, baixa solubilidade, alta ou baixa massa molecular e com pI muitos

alcalinos (GYGI, et al., 2000).

2.2.5 Espectrometria de massa

A espectrometria de massa consiste em identificar as proteínas de

interesse. Esta técnica determina a massa molecular de fragmentos peptídicos

obtidos da digestão das proteínas com uma enzima proteolítica, como a tripsina.

O padrão de massas obtidos denomina-se ―peptide mass fingerprinting‖

(impressão digital da proteína). Para identificar a proteína deve-se fazer o

cruzamento dessa informação com informações disponíveis nas bases de dados

genômicas (SANTOS et al., 2004).

Nas últimas décadas grandes avanços foram obtidos na identificação das

proteínas por meio do uso da espectrometria de massa. Uma das principais

técnicas espectrométricas para a análise de proteínas é a espectrometria de

massa com base na dessorção e ionização das proteínas com laser, auxiliado por

15

uma matriz (MALDI, matrix assisted laser desorption/ionization), que analisa a

massa através do tempo de vôo dos íons no tubo de análise (ToF – Time of

Flying) (ROCHA, 2005).

MALDI é uma alternativa valiosa para identificação de proteínas e é

frequentemente utilizada para complementar resultados de análise de proteínas

obtidos por outras técnicas, por ser mais sensível e mais tolerante à presença de

contaminantes, como sais ou pequena quantidade de detergente (DOMON, et al.,

2006).

A técnica MALDI baseia-se na absorção da radiação ao comprimento de

onda do laser por uma solução saturada de uma matriz, que é misturada em

solução com quantidades muito pequenas de proteínas (o analito). Esta matriz

tem a função de absorver a radiação do laser para possibilitar uma transferência

eficiente da energia do pulso de radiação para o analito e isolar as moléculas de

analito umas das outras, para diminuir as ligações intermoleculares e permitir a

dessorção intacta das moléculas (FERNANDEZ-LIMA, et al., 2005).

A energia absorvida faz com que a matriz evapore e o analito passe para a

fase gasosa. A formação dos íons ocorre pela transferência de carga das

moléculas da matriz para o composto, assim sendo, os íons são separados no

analisador de massas Time-of-flinght (TOF) de acordo com o tempo de vôo de

cada um deles até atingir o detector, calculando-se então a massa molecular do

composto (MARQUEZ, 2006).

2.2.6 Aplicações para Listeria monocytogenes

A análise proteômica em L. monocytogenes permite identificar as proteínas

expressas ou reprimidas com diversos estímulos externos e diversas condições,

como a presença de NaCl, ácidos e baixas temperaturas (ESTEVES, 2009);

também é possível fazer comparação de variedades da mesma espécie (GIOTIS

al., 2008) e de espécies diferentes (CALVO et al. 2005).

Para compreender as diferenças entre as linhagem I e II de L.

monocytogenes, DONALDSON et al. (2009) analisaram as proteínas de

expressão do sorotipo 1/2a, cepa EGD, linhagem II e a cepa F2365, sorotipo 4b

pertencente à linhagem I. Os autores observaram um número surpreendente de

16

diferentes proteínas expressas entre as duas linhagens (Tabela 5) e relataram

que houve diferença entre elas na expressão de proteínas no envelope celular e

proteínas flagelares. De acordo com estes autores, estas diferenças entre estes

dois sorotipos podem ajudar a explicar por quê o sorotipo 4b está associado com

surtos de listeriose humana, enquanto o sorotipo 1/2a causa casos esporádicos

de listeriose humana.

No envelope celular e processos celulares foram identificadas proteínas

envolvidas na divisão celular, membrana bioenergética, mobilidade e quimiotaxia,

secreção de proteínas, transporte e ligação de proteínas. No metabolismo

intermediário foram identificadas proteínas relacionadas ao metabolismo de

carboidratos e moléculas relacionadas, metabolismo dos aminoácidos,

metabolismo de lipídeos, metabolismo de coenzimas metabolismo de fosfato, etc.

Nas vias de informações foram identificadas proteínas envolvidas na replicação

de DNA, recombinação de DNA, síntese de RNA, síntese de proteínas,

enovelamento de proteínas; proteínas ribossomais; restrição, modificação e

reparação do DNA (DONALDSON et al., 2009).

QUADRO 2: Número de proteínas específicas e comuns de EGD e F2365.

Função EGD F2365 Comum

Envelope celular e processos celulares 141 73 240

Metabolismo intermediário 132 73 286 Vias de informações 107 49 224

Fonte: DONALDSON et al., 2009

GIOTIS et al. (2008) analisaram o estudo das proteínas em Listeria

monocytogenes 10403S, pertencente ao sorotipo 1/2a. Neste estudo, os autores

analisaram cepas controle (exposição em pH 7,4 por uma hora) e cepas

adaptadas (exposição a pH 9,5 por uma hora). Em comparação com a cepa

controle, eles verificaram que 113 proteínas não foram expressas em bactérias

em estágio de estresse e oito proteínas foram recém sintetizadas. Entre as

proteínas identificadas como reguladoras, os autores encontraram duas proteínas

de choque térmico GroEL e DnaK, as quais também estão relacionadas à

tolerância ao estresse. Eles relataram uma forte evidência de que a proteína

17

encontrada, ALTR, minimiza a alcalinização excessiva e gastos de energia,

relacionados à mobilização de fontes de carbono disponível. Os autores

concluíram que, o pH alcalino proporciona múltiplo estresse de resistência em L.

monocytogenes, isto pode ser vital para a sobrevivência no trato gastrintestinal

humano, bem como no sistema de processamento de produtos alimentares, onde

as condições alcalinas prevalecem.

Analisando a parede celular da L. monocytogenes EGD-e e L. innocua

CLIP11262, CALVO et al. (2005) observaram que as proteínas P60, e a P45

estão presentes nas duas espécies. Já as proteínas PbpA e MurA/Nam estão

presentes somente em L. monocytogenes, resultados que podem explicar porquê

L. monocytogenes está mais envolvida em surtos.

ESTEVES (2009) analisou proteínas de quatro cepas de L. monocytogenes

pertencentes aos sorotipos 1/2a, 4b, 4c e 4d/4e, sob estresse nutricional (meio

mínimo – MWB, a baixa temperatura (11ºC), estresse ácido (pH 5,5) e estresse

salino (11% NaCl – w/v). No meio mínimo (MWB), a 37°C, foram identificadas as

proteínas p60, internalina C e listeriolisina O. Em MWB a 11°C a proteína p60 foi

identificada em todas as cepas, enquanto a listeriolisina O e a internalina C não

foi detectada em nenhuma cepa. A flagelina foi identificada nas cepas 4c e 4d/4e

e, com particular abundância, na cepa 1/2a, mas não foi encontrada na cepa 4b.

Na presença de 11% (m/v) de NaCl ou a pH 5,5 foram visualizadas, pelo menos,

duas proteínas sob expressas. A autora concluiu que a identificação de proteínas

diferencialmente expressas por L. monocytogenes poderá contribuir para o

controle efetivo deste patógeno.

Realizando a análise proteômica de cepas de L. monocytogenes cultivadas

a 37°C e 4°C, CACACE et al. (2010) observaram que houve um padrão

semelhante de proteínas expressas com uma média de 540 ± 10, das quais 134

teveram uma mudança significativa na intensidade. Os autores relataram que a

Listeria monocytogenes exerce uma regulação hierárquica para controlar as taxas

de reação glicolítica para compensar o efeito da temperatura baixa.

Utilizando a metodologia de análise proteômica, GUILBAUD et al. (2008)

observaram que a fumaça líquida inibiu o crescimento e a sobrevivência de L.

monocytogenes. Esta bactéria não desenvolveu uma resposta fisiológica

adaptativa e diferentes vias metabólicas foram afetadas. Fumaça líquida,

18

provavelmente, atuou sobre a membrana celular e, diretamente ou indiretamente,

sobre a estabilidade de LLO; isso poderia resultar em atenuação da virulência de

L. monocytogenes presentes em alimentos com fumaça líquida.

L. monocytogenes, em ambiente intracelular, sofre adaptações

metabólicas, tornando um meio mais favorável para sua sobrevivência do que

meio extracelular (VELDE et. al. 2009).

Ao avaliar a atividade da proteína σB em L. monocytogenes após a

exposição à vancomicina SHIN et al. (2010) observaram que esta proteína é

significativamente induzida pela adição deste princípio antimicrobiana, concluindo

que estes resultados sugerem que esta proteína pode contribuir para o

monitoramento da integridade da parede celular.

Pelo exposto, considerando a abrangência, versatilidade e dinamicidade

das sequências protéicas e sua interface com os microrganismos, a análise

proteômica permite uma série de avaliações tendo em vista os mecanismos de

patogenicidade destes agentes veiculados por alimentos.

19

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As sequências de aminoácidos definem as proteínas, as quais são ricas em

informação e estão envolvidas em todos os processos biológicos. Propriedades

destas biomoléculas, como a expressão biológica e química, a atividade

específica, estado de modificação e associação a outras moléculas são

essenciais para a descrição da diversidade do sistema biológico

A proteômica veio para revolucionar os estudos do genoma. Com a análise

proteômica, pode-se obter dados sobre a organização e funções das proteínas e

então, compreender a função do gene.

Na busca de caracterizar o proteoma de uma determinada célula ou

organismo, deve-se lembrar que o proteoma é dinâmico, por refletir o ambiente

imediato em que é estudado. Em resposta a estímulos internos ou externos, as

proteínas podem ser modificadas por pós-traducionais. Assim, a análise

proteômica de determinada célula permite saber quais proteínas estão sendo

expressas em um certo momento.

A proteômica define informações importantes sobre L. monocytogenes,

destacando que com esta análise é possível compreender a alta resistência deste

patógenos a diversas condições ambientais, tais como baixas temperaturas, alta

concentração de NaCl, acidificação do meio e quais os mecanismos utilizados

para resistência a alguns antibióticos.

A comparação de proteínas em cepas patogênicas e não patogênicas de

microrganismos, permite identificar quais proteínas são expressas ou a ausência

de expressão e com isto pode-se entender o papel da proteína em associação ao

desencadeamento da doença e, por consequência, o seu controle. A identificação

das proteínas relacionadas a cepas virulentas auxilia no desenvolvimento de

métodos de diagnósticos da listeriose e assim, facilita o tratamento e cura dos

pacientes.

Por sua amplitude, estima-se que a aplicação deste tipo de análise

possibilitará enormes avanços ao diagnóstico laboratorial e conhecimento mais

específico e pontual de agentes patogênicos.

20

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