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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS CATALÃO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL FÁBIO SOARES RODRIGUES GESTÃO DA PRODUTIVIDADE DA MÃO DE OBRA E DO CONSUMO DE MATERIAIS EM CANTEIROS DE OBRA: Estudo de caso obra John Deere. CATALÃO GO MARÇO/2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CAMPUS CATALÃO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

FÁBIO SOARES RODRIGUES

GESTÃO DA PRODUTIVIDADE DA MÃO DE OBRA E DO CONSUMO DE

MATERIAIS EM CANTEIROS DE OBRA:

Estudo de caso – obra John Deere.

CATALÃO – GO

MARÇO/2013

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FÁBIO SOARES RODRIGUES

GESTÃO DA PRODUTIVIDADE DA MÃO DE OBRA E DO CONSUMO DE

MATERIAIS EM CANTEIROS DE OBRA:

Estudo de caso – obra John Deere.

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado à Universidade Federal de

Goiás – Campus Catalão, como requisito

parcial para a obtenção do título de bacharel

em Engenharia Civil.

Orientador: Prof. Ricardo Cruvinel

Dornelas.

CATALÃO – GO

MARÇO/2013

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Dedico este trabalho primeiramente a

Deus, pela saúde, fé e perseverança que tem

me dado. A Karla Caroline, minha fiel

companheira na hora da tribulação e a meus

pais, a quem honro pelo esforço com o qual

mantiveram três filhos na escola pública,

permitindo-lhes condições de galgar êxito na

sociedade letrada.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha família, meu pai Osvaldo, minha mãe

Angelita e meus irmãos Fabricio e Brenda, por estarem a postos sempre que

precisei e por todo o esforço que me permitiu estar nesta cidade.

À minha namorada Karla pela pessoa maravilhosa que é

e de diversas formas ajudou a mim e a este trabalho, pelos

inúmeros momentos agradáveis e pela compreensão da minha

ausência e cansaço em vários momentos.

Aos meus amigos, Antônio, Marcos, Rhuan, Vinicius Veroneze, Leandro,

Matheus, Rafael, Alessandro entre outros, que aguentaram minha

falta de bom humor durante este trabalho e que me levaram para tomar

umas cervejas quando era necessário me distrair.

Ao meu orientador Prof. Ricardo Cruvinel Dornelas pela paciência e

auxílio, e por tanto ter se dedicado neste trabalho.

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RESUMO

A indústria brasileira apresenta grande evolução tecnológica, porém o setor da

Construção Civil não vem aproveitando esse avanço. Fatores como a resistência dos

profissionais envolvidos em assumir os riscos de uma mudança e a falta de uma política forte

de recursos humanos para empreendedores da construção civil fazem com que o setor

caminhe lentamente na busca por grande crescimento na sua produção. O objetivo desse

estudo é identificar alguns dos diferentes fatores que afetam diretamente a produtividade da

mão de obra e o consumo de materiais nos canteiros de obra. Um estudo de caso foi realizado,

analisando dois serviços frequentemente realizados na construção civil, alvenaria e

revestimento argamassado, em uma obra industrial em Catalão/GO, onde, durante mais de

seis meses, cada serviço foi acompanhado, sendo apontados fatores que influenciaram

diretamente na produtividade e no consumo de materiais dos serviços. Os resultados das

análises realizadas mostraram que em relação à mão de obra, ocorrem grandes variações na

produtividade, devido principalmente, a fatores relacionados à forma (por exemplo: data de

pagamento de funcionários) e conteúdo (por exemplo: características do projeto). Já em

relação ao consumo de materiais, a falta de treinamento dos trabalhadores também é uma das

características predominantes que aumentam suas perdas. Neste sentido, o acompanhamento

da produtividade da mão de obra e do consumo de materiais em canteiros de obra é de

fundamental importância para que as falhas que fazem com que tais fatores aconteçam sejam

identificadas e solucionadas o quanto antes.

Palavras-chave: Produtividade. Mão de obra. Consumo de materiais.

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ABSTRACT

The Brazilian Industry presents great technological evolution, however the Civil

Construction sector has not enjoying this advancement. Factors such as the strength of the

professionals involved in assuming the risks of a change and the lack of a strong policy of

human resources for entrepreneurs in the construction sector make the walk slowly in search

of great growth in its production. The aim of this study is to identify some of the different

factors that directly affect the productivity of labor and materials consumption at construction

sites. A case study was conducted by analyzing two services often performed in construction,

masonry and flooring in the industrial work in Catalan / GO, where, for more than six months,

each service was followed, and pointed directly at the factors that influenced productivity and

material consumption services. The results showed that in relation to labor, there are large

variations in productivity due mainly to factors related to the form (example, date of payment

of employees) and content (example, project characteristics). In relation to the consumption of

materials, lack of trained workers is also one of the predominant features that increase its

losses. In this sense, monitoring the productivity of labor and consumption of materials in

construction sites is of fundamental importance for the failures that cause such factors occur

are identified and resolved as soon as possible.

Keywords: Productivity. Labor productivity. Consumption of materials.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Metodologia de desenvolvimento da pesquisa. ....................................................... 13

Figura 2 - Demanda potencial por horas de um operário para execução de uma unidade de

serviço. ...................................................................................................................................... 17

Figura 3 - Visão do processo de produção. .............................................................................. 22

Figura 4 - Aspectos a padronizar quanto à mensuração da RUP.............................................. 25

Figura 5 - Alvenaria de vedação. .............................................................................................. 33

Figura 6 - Alvenaria Estrutural. ................................................................................................ 33

Figura 7 - Materiais e ferramentas utilizados na execução de alvenaria de blocos de concreto.

.................................................................................................................................................. 34

Figura 8 - Marcação de alvenaria com fio traçante. ................................................................. 35

Figura 9 - Execução de alvenaria em blocos de concreto......................................................... 36

Figura 10 - Distinção entre revestimento argamassado executado em uma e duas camadas. .. 39

Figura 11 - Materiais e ferramentas utilizados na execução de reboco. ................................... 40

Figura 12 - Chapando massa em parede taliscada. ................................................................... 41

Figura 13 - Sarrafeamento com régua de alumínio. ................................................................. 42

Figura 14 - Projeto arquitetônico - Planta. ............................................................................... 45

Figura 15 - Gráfico representativo - RUPof - Alvenaria. ......................................................... 51

Figura 16 - Faixa de variação da produtividade - RUPof - Alvenaria. ..................................... 52

Figura 17 - Gráfico representativo - RUPdir - Alvenaria. ........................................................ 54

Figura 18 - Gráfico representativo - RUPof - Reboco.............................................................. 54

Figura 19 - Gráfico representativo - RUPdir - Reboco. ........................................................... 54

Figura 20 - Faixa de variação da produtividade - RUPof - Reboco. ........................................ 55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa. ................................. 12

Tabela 2 - Distâncias que devem ser obedecidas na execução de vigas e pilares de amarração.

.................................................................................................................................................. 37

Tabela 3 - Dados coletados em campo (CUM) - Alvenaria. (Continua) .................................. 45

Tabela 4 - Dados coletados em campo (RUP) - Alvenaria....................................................... 46

Tabela 5 - Dados coletados em campo (CUM) - Reboco. ........................................................ 47

Tabela 6 - Dados coletados em campo (RUP) - Reboco. ......................................................... 47

Tabela 7 - Produtividade dos oficiais (RUPof) - Alvenaria. .................................................... 48

Tabela 8 - Produtividade direta (RUPdir) - Alvenaria. ............................................................ 49

Tabela 9 - Produtividade dos oficiais (RUPof) - Reboco. (Continua)...................................... 49

Tabela 10 - Produtividade direta (RUPdir) - Reboco. .............................................................. 50

Tabela 11 - Produtividade ligada a fatores (contexto ou conteúdo) e anormalidades -

Alvenaria. (Continua) ............................................................................................................... 52

Tabela 12 - Produtividade ligada a fatores (contexto ou conteúdo) e anormalidades - Reboco.

.................................................................................................................................................. 56

Tabela 13 - CUM - Alvenaria. .................................................................................................. 58

Tabela 14 - Consumo total - Alvenaria. ................................................................................... 58

Tabela 15 - CUM - Reboco. ..................................................................................................... 58

Tabela 16 - Consumo total - Reboco. ....................................................................................... 58

Tabela 17 - Diferença entre CUMR e CUMT - Percentual gasto a mais - Alvenaria. ............... 59

Tabela 18 - Diferença entre CUMR e CUMT - Percentual gasto a mais - Reboco. ................... 59

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11

1.1 Objetivo ........................................................................................................... 12

1.2 Metodologia ..................................................................................................... 12

2 A PRODUTIVIDADE DA MÃO DE OBRA ..................................................... 15

2.1 A evolução da produtividade na construção civil ............................................ 15

2.2 Tecnologias apropriadas na construção civil ................................................... 18

2.3 Produtividade da mão de obra ......................................................................... 20

2.4 Eficiência e eficácia no processo de produção ................................................ 22

2.5 Razão Unitária de Produção (RUP). ................................................................ 23

3 CONSUMO DE MATERIAIS ............................................................................ 27

3.1 A perda dos materiais na construção civil ....................................................... 27

3.2 Classificação das perdas .................................................................................. 30

3.3 Consumo Unitário de Materiais (CUM). ......................................................... 31

4 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS: EXECUÇÃO DE ALVENARIA E REBOCO33

4.1 Alvenaria .......................................................................................................... 33

4.1.1 Materiais, equipamentos e condições necessárias- Alvenaria ...................... 34

4.1.2 Método executivo - Alvenaria ...................................................................... 35

4.1.3 Métodos de inspeção .................................................................................... 37

4.2 Reboco ............................................................................................................. 38

4.2.1 Materiais, equipamentos e condições necessárias - Reboco ........................ 39

4.2.2 Método executivo - Reboco ......................................................................... 41

4.2.3 Método de inspeção ...................................................................................... 42

5 ESTUDO DE CASO: OBRA DA JOHN DEERE .............................................. 44

5.1 Definição do caso ............................................................................................. 44

5.2 Dados coletados ............................................................................................... 45

5.3 Determinação da produtividade ....................................................................... 48

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5.4 Avaliação da produtividade da mão de obra .................................................... 50

5.5 Determinação do consumo de materiais .......................................................... 57

5.6 Avaliação do consumo de materiais ................................................................ 59

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 63

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1 INTRODUÇÃO

A grande evolução tecnológica em todos os setores de produção avaliada nas duas

últimas décadas é realmente impressionante quando comparada com aquela ocorrida até o

final dos anos 80. Porém essa evolução não vem sendo aproveitada da mesma forma quando o

foco é a indústria da construção civil, que vê outros ramos da indústria caminharem a passos

largos rumo a uma linha de produção cada vez mais rápida, prática e sólida, porém não

consegue obter o mesmo desempenho devido, principalmente, à resistência dos profissionais

envolvidos em assumir os riscos da incerteza em mudar a situação de produção atual.

Esse fator atinge diretamente o índice de produção no setor, fazendo com que obras

levem o dobro, às vezes o triplo do tempo para serem concluídas e gastem quantidades

exorbitantes de materiais apenas pelo fato de não se estenderem os horizontes, unindo a

racionalização à tecnologia disponível para obter maiores lucros.

A falta de uma política de recursos humanos para empreendedores da construção civil

é outro fator que não acelera o crescimento do avanço tecnológico e profissional no setor. Isso

gera pouca força de motivação e a praticamente uma inexistência de benefícios aos operários

da construção civil que, normalmente, é composta por migrantes de outras cidades ou do

campo, que veem na “obra” uma opção de trabalho por não requerer nível de instrução

elevado. Essa falta de incentivo também gera uma acomodação por parte dos trabalhadores

que por muitas vezes passam a vida toda como simples ajudantes.

Tendo que na indústria da construção civil a qualidade final da obra depende de muitas

variáveis como orçamento, prazo, planejamento e mão de obra, a presença de um profissional

capacitado em gestão de obras que se responsabilize por todas as etapas do processo,

garantindo o bom andamento da operação é de fundamental importância. Esse profissional

deve acompanhar, supervisionar, gerenciar, criticar, detectar problemas e buscar soluções que

aproveitem da melhor forma todos os recursos disponíveis (materiais, mão de obra, etc.) para

que o produto final, a obra ou parte dela, seja executada no prazo previsto, com a qualidade

desejada e o menor custo final possível.

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1.1 Objetivo

Esse trabalho propõe o estudo da produtividade da mão de obra e do consumo de

materiais em uma obra industrial na cidade de Catalão. Este estudo visa detectar e analisar os

aspectos que influenciam a qualidade, a eficiência e principalmente a eficácia da execução

dos serviços de alvenaria e revestimento argamassado.

1.2 Metodologia

Para iniciar e estruturar o estudo deve-se encontrar e escolher uma estratégia de

pesquisa. Segundo Yin (2001) essa escolha depende principalmente de três fatores:

a) Do tipo de questão de pesquisa proposto;

b) Da extensão de controle que o pesquisador tem sobre eventos comportamentais

efetivos;

c) Do grau de enfoque em acontecimentos históricos em oposição a

acontecimentos contemporâneos.

As principais estratégias de pesquisa e suas situações relevantes são apresentadas na

Tabela 1:

Tabela 1 - Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa.

Estratégia

Forma da questão de

pesquisa

Exige controle sobre

eventos

comportamentais?

Focaliza

acontecimentos

contemporâneos?

Experimento Como, por que Sim Sim

Levantamento Quem, o que, onde,

quantos, quanto Não Sim

Análise de

arquivos

Quem, o que, onde,

quantos, quando Não Sim/Não

Pesquisa histórica Como, por que Não Não

Estudo de Caso Como, por que Não Sim

Fonte: YIN, 2001.

As questões do tipo “como” e “por que” são do tipo exploratória e vem de encontro

com o objetivo deste trabalho: entender “como e porque” variações na eficiência da mão de

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obra e no consumo de materiais em canteiros de obra. Neste sentido o estudo de caso passa a

ser uma estratégia mais apropriada.

Outro fator que enfatiza essa escolha é a necessidade de se comparar os dados obtidos

com acontecimentos contemporâneos, pois assim os resultados podem ser mais bem

analisados devido às condições de trabalho serem parecidas. Portanto nesse trabalho será

utilizado para fins de pesquisa o método de estudo de caso.

A empresa que irá disponibilizar os dados para o estudo é a Conel Construtora Ltda,

na obra da John Deere Brasil Ltda, na cidade de Catalão/GO. A empresa certificada pelo

PBQP-H e pelo ISO 9001, disponibiliza instruções de trabalho para as pessoas responsáveis

pelo acompanhamento da produção para que o mesmo tenha padronização em sua execução.

Escolhida a estratégia, pode-se traçar toda a estrutura metodológica de

desenvolvimento da pesquisa conforme a Figura 1.

Figura 1 - Metodologia de desenvolvimento da pesquisa.

Fonte: Autor.

A metodologia utilizada, representada na Figura 1, mostra como foi realizada todo o

estudo, onde, primeiramente foi revisada toda a bibliografia referente ao tema proposto,

abrangendo os conteúdos de produtividade dos materiais e da mão de obra e também dos

serviços acompanhados no estudo de caso (alvenaria e revestimento argamassado). Após

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14

obter o referencial teórico do assunto, foi feito o estudo de caso onde os serviços foram

acompanhados por um período de 15 dias cada, sendo que todos os dados referentes à

produtividade da mão de obra e ao consumo de materiais foram registrados, juntamente com

as características relevantes detectadas no dia a dia da obra. Por fim foi feito um diagnóstico

de todos os dados coletados e também dos valores de RUP e CUM calculados, relacionando

os mesmos com as características de influência nos serviços detectadas durante o estudo.

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15

2 A PRODUTIVIDADE DA MÃO DE OBRA

A indústria da construção civil ocupa um papel importantíssimo na economia nacional,

segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBICi), o setor vem registrando

crescimento desde 2004, atingindo seu recorde em 2010 com variação positiva de 11,6%,

contribuindo para que o Produto Interno Bruto (PIB) do país atingisse alta de 7,5%, valores

esses referentes à comparação com o ano anterior. Ainda segundo a CBIC o setor continua

crescendo, onde, em 2011 atingiu alta de 4,8%, já em 2012 apesar de pequena queda no

último trimestre, 0,2% em relação ao ano anterior, o setor atingiu crescimento de 1,4% em

comparação a 2011. Apesar da alta não ter atingido as expectativas do inicio do ano, cujo

crescimento esperado era de 5,2%, a construção civil contribuiu para que os resultados da

indústria não fossem piores, onde, com queda de 0,8% em relação a 2011, a economia do país

viu os recuos da Extrativa mineral (-1,1%) e da Indústria de transformação (-2,5%) frearem o

crescimento no setor (IBGE, 2013).

A construção civil, que também é um dos setores que mais empregam no país, onde,

segundo o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCSii), gera emprego para cerca

de 15 milhões de trabalhadores, tem imensa contribuição na economia nacional aquecendo

vários outros setores e aumentando a demanda por diversos produtos, até mesmo os produtos

gerados pela própria construção civil, como casas e apartamentos. Dada a importância do

setor para a economia do país, é necessário maior investimento no aprimoramento do uso da

mão de obra na construção civil.

2.1 A evolução da produtividade na construção civil

Quando se fala em produtividade do trabalho da população brasileira uma pergunta

sempre aparece, porque a produtividade do trabalhador brasileiro tem tanta dificuldade em

crescer? Uma matéria publicada no Jornal Estadão em 23 de outubro de 2011iii

informa que:

“O trabalho no Brasil não se tornou mais produtivo ao longo

dos últimos 30 anos. A produtividade do trabalho, fator fundamental

do crescimento econômico sustentado, caiu entre 1980 e 2008. De lá

para cá, o indicador recuou na crise global, depois se recuperou

rapidamente, mas parou de crescer a partir do segundo semestre de

2010”.

i www.cbic.org.br – acesso em 01/03/13

ii www.cbcs.org.br – acesso em 01/03/2013

iii www.estadao.com.br – acesso em 19/12/2012, publicado em 23 de outubro de 2011

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16

De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil, SindusCon-DF (2012)iv

,

“em 1980, um trabalhador brasileiro produzia em média o

equivalente a US$ 21 mil por ano. Em 2008, esse número havia caído

para US$ 17,8 mil. Houve, portanto, queda de 15% no período. Esses

dados fazem parte da Penn World Table, banco de dados do Centro

para Comparações Internacionais de Produção, Renda e Preços da

Universidade da Pensilvânia, com indicadores econômicos de 189

países e territórios.”

Os números vão até 2008 para a maioria dos países, inclusive para o Brasil. Os valores

da Penn World Table sobre a produtividade do trabalho são todos convertidos para dólares de

2005, com Paridade de Poder de Compra (PPP). Isso significa que a diferença de custo de

vida entre os diferentes países é eliminada.

Pior é saber que estamos regredindo a índices da metade do século passado. Ainda

segundo o SindusCon-DF (2012), o Brasil convergiu na direção dos Estados Unidos entre

1950 e 1980, e depois recuou de novo até 1988. Assim, a produtividade do trabalho no Brasil

era 18% da americana em 1950, avançou até 40% em 1980 e voltou para 21% em 2008. Em

comparação, a Coreia saiu de 14% da produtividade do trabalho americano em 1953 (primeiro

ano com dados na Penn World Table) para 27% em 1980 e 60% em 2008. É interessante notar

que, entre 1950 e 1980, o Brasil avançou mais rápido do que a Coreia.

Avaliando outras economias, entre os 150 países da Penn World Table com dados

completos de produtividade do trabalho entre 1980 e 2008, o Brasil está em 130º em termos

de desempenho neste período. O Brasil ganha apenas de 20 países, entre eles 11 africanos.

Partindo das razões descritas pode-se fazer um paralelo com a Construção civil onde, a

má performance brasileira deve-se a deficiências de educação e infraestrutura, a integração

ainda baixa com a economia global, a baixa absorção de tecnologia, a falta de inovação em

muitos setores e as dificuldades burocráticas para formalizar ou aumentar o tamanho das

empresas (SINDUSCON-DF, 2012).

Em Souza (2006) temos que além do analfabetismo, fatores como a má formação dos

operários, baixa atratividade para ingressantes e baixos salários também são fatores que tem

grande impacto nesses números.

O fato de ser o único setor da indústria que aceita trabalhador de baixa escolaridade, e

sem qualificação técnica, pode tornar a construção civil brasileira “presa eterna” da baixa

produtividade. Para agravar o quadro, ainda servimos de “regulador social”, pois absorvemos

a grande parte dos trabalhadores advindos das classes urbanas menos favorecidas, muitos

iv www.sinduscondf.org.br/noticias.phd - acesso em 03/07/2012

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17

destes que deixaram de ser absorvidos pela agricultura, outrora nossa “parceira” de

ineficiência (SINDUSCON-DF, 2012).

O forte crescimento experimentado pela indústria da construção recentemente fez com

que a perspectiva de falta de insumos básicos obrigaria as construtoras a começarem a

contratar tecnologias mais avançadas, porém, tal perspectiva, de forma geral, não se

confirmou e, com o novo abrandamento previsto do ritmo do setor, a probabilidade de tornar

as práticas padrões menos produtivas e mais sujeitas a falhas, é real. Segundo SindusCon-DF

(2012), em entrevista com Samuel Pessoa, da consultoria Tendências,

“uma série de fatores interrompeu o bom desempenho da

produtividade do trabalho no Brasil a partir do início da década de

80. Um dos mais básicos foi a evolução da tecnologia a partir de

meados dos anos 70, que começou a exigir trabalhadores com melhor

qualidade educacional. Aquele milagre brasileiro no pós-guerra, em

um país de baixíssima escolaridade, sem nenhum investimento em

educação, se dissipou, porque a tecnologia mudou na direção de

requerer capital humano, que era exatamente o que não tínhamos e

ainda não temos.”

Tentando mostrar que a culpa da má produtividade não é apenas dos operários, Souza

(2006) fez levantamentos no Brasil e fora do país e trouxe informações relativas à

produtividade referente aos serviços de fôrmas e armação em obras de edificações americanas

(casos A1 e A2) e brasileiras (casos B1 e B2) como mostra a Figura 2.

Figura 2 - Demanda potencial por horas de um operário para execução de uma unidade de serviço.

a) Execução de forma b) Execução de armação

Hh/m² = Homem x hora/m² Hh/t = Homem x hora/tonelada

0,8 Hh/m² 43 Hh/t

0,45 Hh/m²

10 Hh/t

Obra A1

Obra B1

Obra A2

Obra B2

Fonte: SOUZA, 2006.

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18

Analisando a Figura 2, na medida em que os operários das obras A2 e B1 tiveram

melhor desempenho que os das A1 e B2, seria razoável deduzir que os carpinteiros brasileiros

são melhores que os americanos e os armadores piores? Segundo Souza (2006) a resposta é:

nem uma coisa nem outra! Existem, sim, várias razões que podem tornar um trabalho mais ou

menos produtivo, que devem ser analisadas antes de se poder comparar, pura e simplesmente,

o desempenho mensurado. Por exemplo, há que se analisar: o projeto do produto sendo

executado; o nível de pré-fabricação e de mecanização vigentes; a qualidade da organização

do trabalho; em casos mais específicos a quantidade de serviço a ser executado influencia

diretamente no desempenho da produção, dentre outras.

Souza (2006) acredita que, embora seja necessário melhorá-la muito, a construção

brasileira tem dado grandes passos na direção de trabalhar com boa produtividade. É claro que

existe uma distância muito grande entre situações encontradas nas empresas líderes do

mercado formal e aquelas encontradas na construção informal.

Quando se busca a gestão da qualidade, o principal objetivo é o aumento da

produtividade, treinando a mão de obra, tendo como consequência o aumento da eficiência e a

minimização do desperdício com materiais e serviços inadequados. Segundo Limmer (1997)

“uma gestão de qualidade resulta obrigatoriamente em

melhoria de produtividade, visto que a mão de obra terá de ser

treinada para realizar as tarefas com maior eficiência, e cada

integrante da equipe de trabalho terá melhor definida sua função no

sistema de produção. Com isso, diminuem também as perdas por

operações mão de obra”.

A falta de qualidade também gera custos que surgem devido à perda de consumidores,

que ficam insatisfeitos, e também pelo desperdício, pois quanto maior a qualidade, menores

serão as perdas.

2.2 Tecnologias apropriadas na construção civil

Todos os anos importantes expositores do segmento da construção civil lançam

produtos e serviços com o intuito de agilizar o trabalho no setor. Eventos como a Feira

Internacional da Indústria da Construção (FEICON BATIMAT), que é o principal evento do

setor da construção na América Latina, trazem produtos como a máquina de fazer reboco, que

chega a produzir até 13 vezes mais que um profissional, com qualidade contínua e causando

pouco esforço físico para sua execução, sendo ergonomicamente melhor. Porém produtos

como esse não são de fácil aceitação no mercado, principalmente nas pequenas construções,

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devido ao conservadorismo das pessoas que comandam o setor, outro fator que dificulta a sua

utilização é o fato da mão de obra, apesar do fabricante dizer que apenas dois ajudantes

conseguem conduzir o equipamento durante a execução do serviço, inicialmente é necessário

um treinamento para que esses funcionários estejam realmente aptos a executar a tarefa com

essa ferramenta de forma que não danifique a máquina e obtenha qualidade no reboco.

Segundo Abiko (2003), esse processo de modernização do setor da construção

necessita de capital intenso, pois faz uso de equipamentos de produção transporte e montagem

e com relativa facilidade, reduz-se a perda de tempo ocasionada por mau tempo e por

condições improvisadas de trabalho ao fazer uso de elementos pré-fabricados. Uma

característica importante deste processo é sua dependência do consumo contínuo e de escala.

A tecnologia apropriada na construção não se apoia no retorno às velhas tradições do

construir e também não se apoia na construção em escala que tem produzido

empreendimentos monótonos, com uma qualidade projetual duvidosa, pouco agradável de se

ver e de se conviver. O processo apropriado utiliza recursos existentes nas comunidades e

com os mesmos, capital, materiais e mão de obra procura criar uma forma construída que

esteja ao alcance desta comunidade e que haja em sua elaboração uma efetiva participação

dos elementos desta mesma comunidade. O solo é um exemplo de material da construção que

pode ser apropriado de acordo com a abundância do mesmo em cada região, além do custo e

da facilidade de aplicação (ABIKO, 2003).

Apesar do sucesso obtido em outras áreas do conhecimento, a tecnologia apropriada

não obteve muito sucesso no ramo da construção civil (SPENCE, 1993). Entre as razões que

explicam esse fato estão a dificuldade de introduzir qualquer inovação tecnológica na

construção civil, pois esse setor é refratário a mudanças.

Como exemplo pode-se citar a valorização no Brasil de uma casa construída com

alvenaria de tijolos maciços, em contraposição com casas construídas com painéis pré-

fabricados de qualquer material que o seja. Apesar de não haver uma comprovação científica

pode-se também constatar uma desconfiança em relação ao comportamento dos novos

materiais. Isto porque o material convencional e tradicional já demonstrou seu desempenho ao

longo de inúmeros anos.

Algumas exceções a esta ideia devem ser registradas: os tubos de PVC que vieram

substituir os tubos de aço galvanizado e as lajes do tipo Pré-moldadas que substituem com

vantagens as lajes moldadas “in loco”.

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20

2.3 Produtividade da mão de obra

Para discutir sobre produtividade na construção civil, primeiramente deve-se definir o

que vem a ser produtividade.

Costa (1983) indica que a definição de produtividade varia conforme a pessoa

consultada:

Um Engenheiro de produção diria ser a quantidade produzida por unidade de

tempo;

Um administrador de empresas provavelmente falaria na relação entre o lucro e

o investimento total;

Um ecologista ressaltaria que o controle da poluição é produtivo e a fabricação

de armas é improdutiva (claro que o fabricante de armas não concorda com

isso);

Já segundo Sink (1985), o conceito de produtividade para um sistema físico de

produção, é definido como a relação entre o que é obtido na saída e o que é consumido na

entrada desse sistema. Moreira (1996), argumenta que a produtividade esta ligada à eficácia

de um sistema produtivo, sendo a eficácia relativa a melhor ou pior utilização dos recursos.

Uma visão mais clássica sobre produtividade é analisada por Filho (1999) ao tomar

como referência três definições:

a) Produtividade de Fator simples: quando relaciona alguma medida de produção a,

apenas, um dos insumos usados no processo produtivo, tais como: capital, máquina, energia,

homem, sendo este último o mais referenciado nas medidas de produtividade parcial.

b) Produtividade de Valor Agregado: baseado no conceito de agregação de valor, cujo

desempenho produtivo é medido pela relação entre o valor agregado e os diversos recursos de

produção utilizados. Como utiliza em seus cálculos somente valor monetário, elimina a

possibilidade de determinar a produtividade técnica dos fatores, daí, seus indicadores serem

utilizados no âmbito de produtividade econômica.

c) Produtividade de Fator Total: quando são considerados simultaneamente mais de

um insumo (geralmente mão de obra e capital) combinados. Kendrick apud Filho (1999)

ampliou a abrangência dessa medida, criando o conceito de produtividade múltipla dos fatores

para designar a relação entre alguma medida de produção e todos os possíveis fatores de

produção: capital, trabalho, matérias-primas, energia etc.

Associando as várias interpretações ao termo produtividade, Palliari e Souza (2008)

definem a produtividade como sendo a combinação entre a efetividade (quão bem os

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21

resultados são alcançados) e a eficiência (quão bem os recursos são utilizados na busca dos

resultados) de um determinado sistema produtivo. Numa forma mais direta, a produtividade

consiste na relação entre as entradas de um processo (materiais, mão de obra, etc.) e as saídas

do mesmo (m² de alvenaria, metros de tubulações, etc.).

Basicamente diz-se que, se todas as características relativas ao serviço que está sendo

executado se mantivessem uniformes, não existiria razão para a variação da produtividade.

Mas diferentemente do que acontece na indústria seriada, a indústria da construção civil traz

processos produtivos com pequena estabilidade, quando comparada com montadoras de

veículos, indústrias farmacêuticas, fábricas de equipamentos eletroeletrônicos, etc. Existem

mudanças quando comparado o mesmo serviço, de uma obra em relação à outra e de um dia

em relação ao outro na mesma obra. Portanto quando se varia uma característica, varia a

produtividade. Essas características que influenciam a produtividade são os denominados

fatores.

Tais fatores também variam, e em cada caso esses fatores trazem influências diferentes

para a produtividade. Segundo Souza (2006) Esses fatores podem ser observados de alguns

pontos de vista como:

Da obra em estudo (por exemplo, as condições climáticas a cada dia, a

existência ou não de frentes de trabalho suficiente ao longo do transcorrer do

serviço, etc.);

Da comparação da obra com outras obras (por exemplo, se usa ou não grua

para transporte de blocos paletizados, a forma e o valor da remuneração dos

operários, etc.);

Da comparação entre diferentes regiões de localização de conjunto de obras

(por exemplo, o nível de emprego vigente na região, a postura do sindicato

local, etc.).

A Figura 3 faz uma representação do processo de produção de uma obra qualquer que

seja estudada, indicando no seu centro a “transformação”, representada pela agregação dos

materiais e seus componentes (“recursos transformados”) pelo uso da mão de obra e dos

equipamentos (“recursos de transformação”) e sob a influência das interpéries, nível de

emprego na região. etc (“condições externas”).

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Figura 3 - Visão do processo de produção.

Fonte: Autor.

Com base na observação da figura 3 e na tentativa de classificar os principais fatores

que alteram a produtividade nas várias partes do processo mostrado, segundo Souza (2006),

pode-se dizer que a produtividade pode ser influenciada por fatores ligados ao conteúdo e por

fatores ligados ao contexto do serviço em estudo, ou também quando anormalidades

acontecem. Com base nisso temos que:

Condições normais

o Fatores ligados ao conteúdo – Dizem respeito às características do

“produto” sendo executado e dos “recursos transformados”;

o Fatores ligados ao contexto – Dizem respeito aos “recursos de

transformação” e as “condições externas”.

Anormalidades – “afastamentos” acentuados quanto às características regulares

do conteúdo e contexto citados.

2.4 Eficiência e eficácia no processo de produção

Dentro do que já foi citado, o termo produtividade na construção civil está ligado ao

tempo que o operário gasta para executar certa quantidade de um determinado serviço.

Para a execução desse serviço o trabalhador irá transformar o seu esforço em produto

de construção, sendo esse produto a obra como um todo ou etapas desta a serem cumpridas.

Quanto maior a eficiência dessa transformação, maior sua produtividade. Porém a produção

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não deve ser apenas eficiente, a eficácia do serviço é um fator importante que deve ser

considerado.

Alguns exemplos podem ilustrar a diferença entre a eficiência e a eficácia de um

determinado serviço.

Um pedreiro pode realizar uma quantidade grande de alvenaria num dia de trabalho,

porém não no lugar certo do pavimento, podendo atrapalhar a execução de serviços de outras

equipes. Foi eficiente, porém não foi eficaz;

Um pintor executa a pintura de uma casa somente após todos os outros serviços que

podem vir a sujar a sua pintura já foram finalizados. Esse pintor foi eficaz;

Uma alvenaria foi executada em tempo recorde, porém a parede ficou fora do prumo,

fazendo com que o revestimento tenha que cobrir a falha, trazendo gastos maiores de material

e mão de obra, causando maiores custos e desperdícios desnecessários; Os pedreiros foram

eficientes na execução, porém não foram eficazes.

O “trocadilho” abaixo explica a distinção entre eficiência e eficácia:

a) Fazer Rapidamente Certas Coisas

b) Fazer Rapidamente Coisas Certas

Definição de a) Eficiência; b) Eficácia.

Fonte: SOUZA, 2006.

2.5 Razão Unitária de Produção (RUP).

Segundo Souza (2006), as várias interpretações que diferentes pessoas dão à razão de

entrada e saída do processo que se deseja avaliar, mensurando às vezes a produtividade de

formas diferentes, leva a várias dúvidas, quando o termo produtividade é discutido em

debates, sobre como foram calculados os indicadores que estão sendo utilizados. Segundo o

mesmo autor deve-se definir uma linguagem padronizada para o assunto para que se possa

discutir o termo de maneira proveitosa.

Neste trabalho assim como na Indústria da construção civil, a produtividade é medida

por um indicador denominado razão unitária de produção (RUP), relacionando o esforço

humano, avaliado em Homens x hora (Hh), com a quantidade de serviço (QS) realizado.

Avaliando essa relação e levando-se em consideração que quanto menor a quantidade de

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trabalho realizado (ENTRADA) para a execução de uma determinada quantidade de serviço

(SAÍDA) melhor será a produtividade, ou seja, quanto menor a razão unitária de produção

maior a produtividade do serviço. A equação 2.1 representa o cálculo da RUP.

(2.1)

Supondo que em uma determinada obra, duas equipes (A e B) de 3 homens cada, estão

realizando assentamento de alvenaria de bloco de concreto (14x19x39cm). Analisando um

período de 15 dias em que as duas equipes trabalharam nas mesmas condições de serviço,

observou-se que a equipe A executou uma quantidade de 212,00 m² e a equipe B executou

uma quantidade de 235,00 m². Considerando que a jornada de serviço diária foi de 8 horas

nesse período, chegou-se ao valor de 360,00 Hh para execução das quantidades citadas. Sendo

assim a equipe A teve uma produtividade de 1,70 Hh/m² já a da equipe B foi de 1,53 Hh/m²,

ou seja, a RUP menor da equipe B indica uma maior produtividade.

Porém normalmente as comparações não são tão fáceis de serem feitas onde, segundo

Souza (2006), vários fatores podem influenciar na produtividade do serviço como:

a) Característica do projeto – As características de cada projeto devem ser

conhecidas e levadas em consideração na etapa de levantamento de

produtividade de mão de obra;

b) Materiais e componentes – A grande variedade de materiais e componentes,

possibilitando várias combinações aumenta o grau de diversificação da maneira

de se executar o mesmo serviço;

c) Equipamentos e ferramentas - a escolha da ferramenta/equipamento deve levar

a uma maior racionalização do serviço e garantir a melhora ergonômica quanto

às atividades do trabalhador;

d) Mão de obra – Existem várias estruturas de equipes destinadas à execução dos

vários serviços, não existindo uma equipe ideal. Sendo assim as diferentes

formações podem influenciar na produtividade;

e) Organização da produção – As formas de organizar a produção, dentro das

obras, completam o entendimento dos serviços, fatores relacionados ao

contexto do trabalho podem influenciar diretamente na produtividade, tendo

em vista que incidem no serviço como um todo.

Esses e outros fatores afetam diretamente na análise da produtividade de cada serviço.

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Segundo Souza (2006), quando se for avaliar a RUP de qualquer serviço, a

padronização de quatro aspectos se faz necessária, são eles:

A definição de quais Homens estão inseridos na avaliação;

A quantificação das horas de trabalho a considerar;

A quantificação do serviço;

A definição do período de tempo o qual as mensurações de entradas e saídas se

referem.

Figura 4 - Aspectos a padronizar quanto à mensuração da RUP.

H x hQS

RUP =

Quem

incluir?

Quaisconsiderar?

O que

contemplar?A que período

se refere?

Fonte: Souza, 2006. Analisando a Figura 4 é fácil perceber que para o estudo da produtividade física da

mão de obra de produção, em um determinado serviço, deve-se detectar quem está envolvido

no serviço, se está envolvido no objetivo-fim (por exemplo, assentar os tijolos compondo a

parede de alvenaria) ou em atividades-meio (por exemplo, transportando os tijolos que serão

usados na composição da parede).

Segundo Souza (2006), cria-se, portanto algumas possibilidades para a mão de obra

contemplada:

Oficiais: Quando somente se considera os oficiais diretamente envolvidos;

Mão de obra direta: quando se acrescenta os ajudantes diretos ao grupo de oficiais;

Mão de obra global: quando o esforço de apoio é acrescido ao da mão de obra direta.

Sendo assim, pode-se mensurar a produtividade com diferentes abrangências da mão

de obra:

RUPof, que avalia a produtividade dos oficiais;

RUPdir, que se associa à produtividade da mão de obra direta;

RUPglob, que avalia a produtividade da mão de obra global.

Outro fator importante que deve ser considerado são as horas de trabalho. Essas horas

são aquelas em que o operário está disponível para o trabalho, sendo o tempo total que o

operário está no canteiro pronto para trabalhar.

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A quantidade de saída de serviço que deve ser considerada também se torna

importante, pois a quantidade líquida de serviço é a que deve ser considerada, ou seja, aquilo

que realmente foi realizado, no caso de alvenaria por exemplo, deve-se considerar toda a área

realmente executada descontando todos os vãos existentes.

E por fim o período de tempo a que se refere à RUP, onde segundo Souza (2006)

propõe os seguintes tipos:

RUPd: que é a RUP diária. Acontece quando a cada dia útil de serviço, medem-

se entradas e saídas calculando assim a RUP;

RUPcum: que é a RUP cumulativa. É considerada quando as quantidades de

entrada e saída são aquelas acumuladas desde o primeiro dia de estudo até a

data de avaliação;

RUPcic: que é a RUP cíclica. É adotada para representar o período de tempo

envolvido na produção de algum produto utilizado em algum serviço. Um

exemplo seria a produção de fôrmas de um pavimento;

RUPper: que é a RUP periódica. Refere-se à RUP de um período pré-

determinado.

A partir de todas as definições citadas, será realizado um estudo de caso para analisar

alguns fatores que influenciam na produtividade de serviços dentro da construção civil.

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3 CONSUMO DE MATERIAIS

A cultura brasileira pode ser representada como a cultura do desperdício, de uma

população acostumada com a fartura dos recursos naturais e hábitos de esbanjamento. Exigir

contenção por parte das elites é tão importante quanto superar o paradoxo que envolve os

mais pobres, que por vezes falta comida na mesa, mas mesmo na pobreza pode-se observar

que o desperdício continua (AGENDA 21 [2], 2004).

Mudar os padrões de consumo e combater a cultura do desperdício podem ser as

soluções para esse e outros problemas semelhantes.

3.1 A perda dos materiais na construção civil

Segundo a Agenda 21 [1] (2004), existem dois aspectos distintos a serem tratados no

combate ao desperdício:

Mudança dos padrões de consumo;

Destinação dos resíduos.

O combate ao desperdício ainda durante o processo produtivo, pela adoção de

tecnologias menos intensivas em energia e que requeiram menos matérias-primas, deve ser

aplicado. A construção civil é um setor que tem muito a contribuir, principalmente buscando

alternativas para diminuir o desperdício em canteiros de obras.

Segundo Souza (2005), a construção civil é tida como uma grande geradora de

resíduos, desde as pequenas e grandes construções, mas também as reformas que podem ser

notadas pela grande quantidade de caçambas espalhadas nas ruas das cidades.

Apesar da geração de entulho ser maior na construção informal que na formal, não se

deve esquecer as grandes construções quando se fala em geração de resíduos. Os técnicos que

se inserem na construção civil formal tem a obrigação de combater a geração de resíduos,

tanto para melhorar a eficiência do processo de produção quanto para influenciar a postura do

mercado informal.

Segundo Souza (2005), o termo perda na construção civil está ligado à perda de todo

material que ocorre toda vez que se utiliza uma quantidade, do mesmo, maior que a

necessária. Quantidades essas que são previamente determinadas para cada serviço que será

executado dentro de uma construção, de forma que atinja o seu fim, demonstrando melhor

qualidade, desempenho, segurança e conforto em sua utilização.

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Outra definição de perda dada por Souza (2005) diz que perda é toda quantidade de

material consumida além da quantidade teoricamente necessária, que é aquela indicada no

projeto e seus memoriais, ou demais prescrições do executor, para o produto sendo executado.

Esta definição limita o projeto como sendo a referência a ser buscado no processo de

produção e, caso essa quantidade fosse excedida no momento da execução, a quantidade

superior gasta seria a perda considerada.

Segundo Souza (2005), a quantidade de materiais teoricamente necessária pode ser

descrita através da equação 3.1.

(3.1)

Onde:

QMT = quantidade de material teoricamente necessária,

QS = quantidade de saídas (ou serviços) executada,

QM = quantidade de material (único ou composto) demandada,

QMS = quantidade de material simples demandada.

Um exemplo claro para ilustrar essa equação seria a execução de reboco em alvenaria.

A quantidade de material teoricamente necessária (QMT) seria calculada primeiramente

definindo a área líquida que irá ser revestida. Será utilizada uma área de 1.000 m².

Portanto a quantidade de reboco (QS) considerada será de 1.000 m².

Para conseguir a quantidade de argamassa que será utilizada em cada metro quadrado

de reboco deve ser definida a espessura do mesmo. Para o exemplo em questão será

considerada a espessura de 2 cm. Sendo assim a quantidade de argamassa por m² seria

calculada da seguinte forma utilizando a equação 3.2.

(3.2)

Finalmente calcula-se a quantidade de materiais simples necessários para a produção

da argamassa, no caso a quantidade de cal, cimento e areia. Para conseguir tais valores deve-

se primeiramente definir qual o traço que será utilizado para produção dessa argamassa na

obra. O traço em volume considerado será o de 1:2:8, em cimento, cal e areia (CONEL

,2005). A partir desse traço calcula-se a quantidade de materiais por litro de argamassa.

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Segundo o TCPO (2010) para o traço adotado, a quantidade de materiais necessários para

1,00 m³ de argamassa é:

Cimento = 182,00 kg;

Cal = 182,00 kg;

Areia lavada tipo média = 1,122 m³ (considerando a densidade da areia sendo 1640

kg/m³ DNPM (2008)) ou 1.840,00 kg.

Portanto a quantidade total de materiais para a produção de 1,00 m³ de argamassa seria

de 2.204,00 kg. Sendo assim, utilizando a equação 3.3 temos que:

(3.3)

Com isso, utilizando a equação 3.1, a quantidade de material teoricamente necessário

para 1.000 m² de reboco é:

Separadamente temos que serão utilizados 3.640 kg (72,80 sacos de 50 kg) de

cimento, 3.640 kg (182,00 sacos de 20 kg) de cal e 36.800 kg (22,44 m³) de areia.

Tendo a quantificação total da quantidade teoricamente necessária de materiais,

qualquer quantidade gasta acima da necessária é considerada perda.

Segundo Souza (2005), para se expressar essas perdas em termos percentuais, aplica-

se a equação 3.4.

(

)

(3.4)

Onde:

IP (%) = indicador de perdas expresso percentualmente,

QMR = quantidade de material realmente necessária,

QMT = quantidade de material teoricamente necessária.

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Calculando assim o percentual de perdas em relação ao teoricamente necessário.

3.2 Classificação das perdas

Para o melhor entendimento do processo de perdas de materiais nos canteiros de obras

é preciso definir o que realmente são essas perdas identificando suas principais características

como causas, consequências.

Segundo Souza (2005) as perdas são classificadas segundo:

O tipo de recurso consumido seja ele físico (mão de obra, equipamentos,

material) ou financeiro (pagamentos dos recursos físicos a preços acima do

orçado ou pela perda dos mesmos);

A unidade para sua medição, com as principais sendo massa, volume e

unidades monetárias;

A fase do empreendimento em que ocorre, seja na concepção, produção da

obra (caso deste trabalho) ou em sua utilização;

O momento de incidência na produção, podendo ser no recebimento dos

materiais e componentes, na sua estocagem, processamento intermediário,

processamento final ou na movimentação entre essas etapas;

Sua natureza, sendo elas furto ou extravio, entulho ou incorporação;

A forma de manifestação, formas essas que são várias como, por exemplo:

o Saco de cimento, cal, gesso etc. com peso real inferior ao nominal;

o Aço desbitolado;

o Sacos de cimento empedrados;

o Viga mais larga do que aquela especificada no projeto;

o Revestimento com espessura superior à prescrita;

o Etc.

Sua causa, que pode ser, entre outras, a falha na verificação qualitativa no

recebimento de materiais na obra;

Sua origem, podendo ser desde a falta de compatibilização modular entre as

dimensões das paredes e a dos componentes da alvenaria, de forma a

minimizar os cortes, até a falta de treinamento dos operários no momento de

cortar um bloco;

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Seu controle, quando normalmente ocorre negligência na coordenação dos

processos.

A partir do momento em que se identifica o tipo de perda, onde, como e porque está

acontecendo, fica mais fácil criar planos de ação para combatê-las. Segundo SOUZA (2005)

os indicadores de natureza percentual aumentam a explicação dos motivos que podem ter

levado a um certo nível de perdas, na medida em que indicam as parcelas de perdas

encontradas sob cada natureza: furto, entulho ou incorporação.

Segundo estudos realizados por Souza (2005) a perda por incorporação, ou seja,

aquela em que é gasto material a mais em determinado serviço sem a necessidade, como a

execução de um reboco com 3 cm enquanto fora previsto com 2 cm, em muitos dos casos são

percentualmente maiores do que as perdas por entulho, e as vezes as perdas por furto não

representam relevância digna de nota. Ainda segundo esses mesmos estudos, as perdas do

ponto de vista físico são bastante elevadas, cerca de 25 % em massa de materiais, enquanto a

perda financeira decorrente da perda física gira em torno de 10%. Portanto deve-se ter

contínua intervenção na produção visando alcançarem-se níveis eficientes de utilização dos

materiais.

3.3 Consumo Unitário de Materiais (CUM).

O CUM (Consumo Unitário de Materiais) é um dos indicadores que subsidiam a

gestão dos materiais. Comparando esse indicador com a produtividade na mão de obra (RUP),

o esforço seria a quantidade de materiais demandada para se concluir uma unidade de serviço

SOUZA (2005).

No geral o consumo de materiais para determinado serviço é a soma dos materiais

realmente necessários para realiza-lo com suas respectivas perdas. Quanto maior forem as

perdas, maior será a quantidade gasta de material e pior será a produtividade. Portanto para

melhorar essa produtividade devem-se combater as perdas.

Segundo SOUZA (2005) a Produtividade Real (PR) é dada pela equação 3.5.

(

)

(3.5)

Onde:

Pref = Produtividade de referência;

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IP(%) = Indicador de perdas expresso percentualmente.

Sendo assim define-se o Consumo Unitário de Materiais (CUM) sendo a quantidade

de material necessária para se produzir uma unidade de produto resultante do serviço em que

este material está sendo utilizado. Utilizando-se os termos: consumo unitário de material real

(CUMR) e consumo unitário de material teoricamente necessário (CUMT) para definir as

quantidades real e teoricamente necessárias.

Nesse trabalho em específico será utilizado o CUM como indicador da gestão dos

materiais, pois o interessante é ter baixo CUM e não somente perdas baixas, já que o objetivo

é gastar-se menos material.

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4 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS: EXECUÇÃO DE ALVENARIA E REBOCO

Para a aplicação dos conceitos da RUP (Razão Unitária de Produção) e da CUM

(Consumo Unitário de Materiais) em um estudo de caso, o conhecimento da execução dos

serviços se torna necessário. Neste sentido serão detalhados, a seguir, os serviços de execução

de alvenaria em bloco de concreto (14x19x39) cm e execução de revestimento em alvenaria

com argamassa em camada única.

4.1 Alvenaria

A alvenaria pode ser considerada nos tempos modernos como sendo um sistema

formado pela união de blocos ou tijolos, com ou sem argamassa de ligação, em fiadas

horizontais se sobrepondo umas sobre as outras. Diversos elementos construtivos como

paredes, sapatas, muros tem a alvenaria como seu elemento principal. As funções exercidas

pela alvenaria são principalmente as de vedação e estrutural, conforme ilustra as figuras 5 e 6.

Figura 5 - Alvenaria de vedação. Figura 6 - Alvenaria Estrutural.

Fonte: Autor Fonte: CONEL, 2005.

Existem grandes diferenças entre esses dois tipos de alvenaria, principalmente em

relação à sua função e ao processo construtivo, onde dentro da alvenaria estrutural o

planejamento que contempla projeto de produção, padronização de execução, controle de

qualidade, treinamento contínuo e responsabilidades definidas levam a melhores

produtividades minimizando o desperdício. Referindo-se à alvenaria de vedação, onde,

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comparando-se os dois modelos é aquela produzida em maior escala dentro da indústria da

construção civil, será aquela que terá realizado um estudo de caso nesse trabalho.

4.1.1 Materiais, equipamentos e condições necessárias- Alvenaria

De acordo com Conel (2005), durante a execução da alvenaria de vedação com blocos

de concreto os principais equipamentos e materiais necessários para o início do serviço estão

ilustrados na Figura 7.

Figura 7 - Materiais e ferramentas utilizados na execução de alvenaria de blocos de concreto.

Fonte: Autor.

1) Canaleta de concreto tipo “U”;

2) Blocos de concreto;

3) Fio traçante ou similar;

4) Argamassa de assentamento (o traço da argamassa deve ser adequado para

assentamento de blocos de concreto) e colher de pedreiro;

5) Prumo de face;

6) Nível de mangueira ou nível alemão;

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7) Trena;

8) Esquadro;

9) Andaime tubular ou cavaletes;

10) Linha de Nylon;

11) Carrinho de mão;

12) Masseiras;

13) Escantilhão;

14) Furadeira.

Com todos os materiais necessários à disposição pode-se iniciar o serviço, onde, o

método utilizado para a execução do serviço de alvenaria será o apresentado pela construtora.

4.1.2 Método executivo - Alvenaria

O ponto inicial para este serviço é a correta locação de todos os painéis de alvenaria

obedecendo as disposições definidas em projeto arquitetônico. Ao se definir o local onde será

levantada uma alvenaria, marca-se o alinhamento da mesma no piso com auxílio de “fio

traçante” (Figura 8) ou produto similar (CONEL, 2005).

Figura 8 - Marcação de alvenaria com fio traçante.

Fonte : CONEL, 2005.

Deverá ser verificada e obedecida de forma bastante precisa, a perpendicularidade

(quando existir) entre os painéis, sendo que o esquadrejamento entre eles poderá ser

conferido, no momento da locação, com auxílio da montagem prática do triângulo retângulo

com catetos 3 e 4 e hipotenusa 5, ou com o uso do esquadro. Verificada a perpendicularidade,

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marca-se com o fio o eixo da alvenaria. No momento da marcação, deverão ser definidos

também os vãos para assentamento de esquadrias.

Após a marcação quando aplicável é feita a instalação dos gabaritos para assentamento

das portas e a fixação dos escantilhões. Para assentamento dos blocos os escantilhões deverão

estar prumados para permitir alvenarias com prumo e planicidade adequados. Para alvenarias

erguidas entre pilares, os mesmos servirão como gabarito.

Coloca-se sobre os escantilhões ou pilares, o nível referente a 1 m a partir do piso.

Toma-se a medida do pé direito da construção e subtrai-se dela a espessura que será dada ao

encunhamento. O restante deverá ser divido pela altura do bloco acrescido da junta

determinando assim o número de fiadas a se assentar. Os locais onde passará cada junta

deverão ser determinados e marcado no gabarito.

A argamassa deverá ser utilizada em tempo hábil, sendo 2,5 horas para argamassa

comum sem aditivos e para argamassas prontas o tempo dependerá do aditivo usado. No caso

de argamassas industrializadas de cal e areia, deverão ser depositadas em masseiras

apropriadas para mistura.

Figura 9 - Execução de alvenaria em blocos de concreto.

Fonte: Autor.

A amarração das paredes aos pilares deverá ser feita a cada 2 ou 3 fiadas com

utilização de telas soldadas tipo “ancofix” ou similar. Para fixação do “ancofix”, a face do

pilar deverá estar limpa e tratada com chapisco. A posição da tela deve ser estabelecida com

auxílio de nível e galga para garantir que a mesma esteja no centro da junta horizontal

determinada. A tela é fixada à estrutura por meio de uma cantoneira ou chapa metálica

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atravessa por dois pinos (cravados com finca pinos) ou por dois parafusos. A junta horizontal

de argamassa deve estar plenamente preenchida na posição onde as telas serão colocadas.

Neste momento faz-se o posicionamento da tela sobre a junta possibilitando a penetração da

argamassa na malha.

Na impossibilidade de utilização das telas “ancofix”, realizar amarração com barra de

aço de comprimento entre 40 e 50 cm fixados com adesivo epóxi ao furo executado

previamente no pilar. Esta amarração deverá ser feita entre 2 ou 3 fiadas.

A utilização de sarrafo para marcação da galga poderá ser realizada na ausência de

escantilhões. Nesse caso a marcação deverá ser repassada aos pilares entre os quais a

alvenaria será executada.

Para portas, janelas e outros tipos de vãos, deve-se utilizar vergas e contra-vergas em

concreto moldadas em canaletas cerâmicas/concreto onde serão dispostas as ferragens e

concreto permitindo uma maior compatibilização no contato entre os diferentes materiais

(bloco cerâmico e concreto) e assim diminuir as trincas que surgem da diferença de dilatação

entre eles. As vergas e contra-vergas devem ultrapassar o comprimento dos vãos de portas e

janelas em no mínimo 30 cm em cada extremidade. A Tabela 2 mostra as distâncias que

devem ser obedecidas nas execuções de vigas e pilares de amarração.

Tabela 2 - Distâncias que devem ser obedecidas na execução de vigas e pilares de amarração.

Espaçamento mínimo (m) Espaçamento máximo (m)

Vigas de amarração 2,00 2,50

Pilaretes de amarração 2,50 3,00

Fonte: CONEL, 2005.

Para execução de encunhamento deverá ser utilizada massa fraca (traço 1:8 a 1:12).

Deverá ser prevista a colocação de tela de estuque nos encontros de alvenarias com vigas e

pilares para que sejam evitadas fissuras (CONEL, 2005).

4.1.3 Métodos de inspeção

Para total aceitação, o serviço deve ser 100% inspecionado dando ênfase para os

seguintes itens:

a) Marcação das alvenarias – Se está marcada de acordo com o projeto (tolerância

máxima de 1 cm);

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b) Instalação de gabarito para alvenaria e esquadrias – Prumo ( 2 mm a cada

metro);

c) Verificar prumo a cada metro ( 2 mm a cada metro);

d) Verificar galga (tolerância máxima de 2 mm);

e) Com a trena, conferir a espessura das juntas (aceitar erro de no máximo 2 mm).

Aceitar se as posições, o prumo e o alinhamento das juntas estiverem corretos e a

alvenaria limpa. Todos os serviços devem ser inspecionados e liberados caso estejam dentro

do intervalo de aceitação de cada item.

4.2 Reboco

A definição relativa ao reboco é condicionada principalmente à região em que se

realizam os estudos. Vários autores costumam definir o reboco como sendo uma camada de

revestimento utilizada para cobrimento do emboço, revestimento esse que propicia uma

superfície que permita receber o revestimento decorativo (por exemplo, pintura) ou até

mesmo que se constitua no acabamento final.

Já o emboço, citado anteriormente, seria uma camada de revestimento executada para

cobrir e regularizar a base, propiciando a superfície receber a camada de reboco ou de

revestimento decorativo (por exemplo, cerâmica).

Existe também a chamada massa única, que nesse trabalho em específico será tratada

como o reboco, devido a usual utilização do termo na região quando se refere ao revestimento

argamassado realizado de uma só vez, que regulariza a base e ao mesmo tempo dá o

acabamento superficial necessário propiciando receber qualquer tipo de acabamento, seja ele

pintura, cerâmica, entre outros (CONEL, 2005).

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Figura 10 - Distinção entre revestimento argamassado executado em uma e duas camadas.

Fonte: Autor.

O reboco é um tipo de revestimento, interno ou externo, que utiliza argamassa que,

segundo Sabbatini (1990), é realizada basicamente para exercer três funções:

Proteger as vedações e a estrutura contra a ação de agentes agressivos e, por

consequência, evitar a degradação precoce das mesmas, aumentar a

durabilidade e reduzir os custos de manutenção dos edifícios;

Auxiliar as vedações a cumprir com as suas funções, tais como: isolamento

termo-acústico, estanqueidade à água e aos gases e segurança ao fogo. Por

exemplo, um revestimento externo normal de argamassa (30 a 40% da

espessura da parede) pode ser responsável por 50% do isolamento acústico,

30% do isolamento térmico e 100% responsável pela estanqueidade de uma

vedação de alvenaria comum;

Funções estéticas, de acabamento e aquelas relacionadas com a valorização da

construção ou determinação do padrão do edifício.

4.2.1 Materiais, equipamentos e condições necessárias - Reboco

O reboco deve ser aplicado sobre uma superfície rugosa (chapisco) ou pelo menos em

uma superfície um pouco áspera (bloco rústico) quando o plano a ser aplicado não for muito

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grande. Se possível todos os batentes e contramarcos devem estar chumbados e as instalações

hidráulicas e elétricas concluídas antes de iniciar o serviço (CONEL, 2005).

Figura 11 - Materiais e ferramentas utilizados na execução de reboco.

Fonte: Autor.

Conforme mostra a Figura 11, os principais equipamentos e materiais necessários para

o inicio da execução do serviço de reboco são (CONEL, 2005):

1) Argamassa (cimento, areia, água, aditivos) e colher de pedreiro;

2) Régua de alumínio;

3) Trena;

4) Esquadro;

5) Desempenadeira;

6) Betoneira;

7) Masseira;

8) Andaimes e cavaletes;

9) Prumo de face;

10) Linha de Nylon;

11) Carrinho de mão;

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41

Com todos os materiais necessários à disposição pode-se iniciar o serviço, onde, o

método utilizado para a execução do serviço de alvenaria será o apresentado pela construtora.

4.2.2 Método executivo - Reboco

Para se executar o reboco, deve-se antes verificar os esquadros e níveis no local de ser

aplicado fazendo os ajustes necessários através da distribuição das taliscas de forma que

fiquem espaçadas entre si cerca de 1,50 m a 1,80 m. Conferir a distância de 30 cm das taliscas

em relação às bordas de paredes, tetos, pisos e detalhes de acabamento.

Figura 12 - Chapando massa em parede taliscada.

Fonte: Autor.

Antes da aplicação dos revestimentos de argamassa deve-se verificar a qualidade da

mesma, conferindo se o traço executado foi o mesmo especificado (em condições normais, o

traço em volume deverá ser 1:2:8 de cimento, cal e areia fina), sendo que toda superfície a ser

revestida deverá ser molhada com água limpa, curada e isenta de poeira, partículas soltas,

cavidades e manchas de tintas, óleo ou graxa.

Em casos em que a espessura total necessária seja superior a 50 mm, deve-se utilizar

mais de uma camada, fazendo um desengrosso antes da aplicação da camada final. Sendo esta

com espessura mínima de 5 mm. Recolher o excesso de argamassa para ser reaproveitada

enquanto se aguarda o ponto de sarrafeamento. Este deve ser feito com régua de alumínio de

baixo para cima.

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Figura 13 - Sarrafeamento com régua de alumínio.

Fonte: Autor.

Para o acabamento final, fazer o desempeno em movimentos circulares que ocorrerá

em duas fazes: primeiramente com madeira e depois com aço e espuma. Para o reboco

externo em altura a argamassa deverá ter no mínimo 2 cm de espessura. A fachada deverá ser

protegida com tela de nylon (malha de 2 mm). Para a execução de reboco poderão ser

utilizados balancins ou andaimes fachadeiros, sendo previsto também a instalação de bandejas

de proteção, conforme exigências da NR 18.

4.2.3 Método de inspeção

Para total aceitação, o serviço deve ser 100% inspecionado dando ênfase para os

seguintes itens:

a) Verificar planeza na superfície passando a régua de alumínio (tolerância

máxima de 2 mm/metro);

b) Verificar esquadro (tolerância máxima de 2 mm/metro);

c) Verificar prumo (tolerância máxima de 2 mm/metro);

d) Verificar se o reboco apresenta aspecto uniforme;

e) Verificar taliscas (Espaçamentos de 1,5 m a 1,8 m com tolerância de 5cm e

30cm em relação ás bordas de paredes, tetos, pisos e detalhes com espessura

mínima de 5mm evitando o engrossamentos desnecessários);

f) Verificar desvio plano (tolerância de 1,5 mm/2,5 metro);

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g) Verificar espessura do reboco (não superior a 5 cm);

h) Verificar se a argamassa está “choca”, pelo som:

o Som forte, vibrante – OK!

o Som abafado – argamassa “choca”

i) Verificar as dimensões do ambiente (tolerância 1 cm/metro).

Todos os serviços devem ser verificados e liberados caso estejam dentro do intervalo

de aceitação de cada item.

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5 ESTUDO DE CASO: OBRA DA JOHN DEERE

Para realizar o estudo de caso, as seguintes etapas foram seguidas (YIN, 2001):

Definir o caso que está sendo estudado;

Determinar os dados relevantes que devem ser coletados;

Determinar o que será feito com os dados após a coleta.

Foi feito um levantamento de 15 dias referente a cada serviço (alvenaria e reboco).

Dados referentes à RUP e ao CUM foram registrados juntamente com as características

relevantes que influenciaram nos serviços analisados.

5.1 Definição do caso

O caso que será estudado refere-se à produtividade e consumo de materiais na

execução de alvenaria e revestimento argamassado (reboco) realizado pela Conel Construtora

Ltda, na obra de reforma e ampliação do escritório da Fábrica John Deere Brasil Ltda, na

cidade de Catalão/GO.

A empresa foi contratada para executar serviços de fundação, estrutura em concreto

armado, estrutura metálica, forro, instalações hidrossanitárias, vedação e acabamentos em

geral. Instalações elétricas, ar-condicionado e montagem de móveis não fazem parte do

escopo.

O projeto contempla uma área total de 1.718,36 m² sendo que 968,70 m² são referentes

à área a ser reformada e 749,66 m² são referentes à área de ampliação.

A alvenaria de vedação será de blocos em concreto de 19x19x39 cm em área externa e

de 14x19x39 cm em área interna. A área em que o serviço foi realizado durante a etapa de

coleta de dados foi interna. O revestimento argamassado utilizado foi o reboco, ou massa

única, executado em uma única camada com espessura inicial prevista de 20 mm, também em

área interna.

Todos os serviços executados são previamente inspecionados pela equipe de

segurança, tanto do cliente quanto da construtora, para diminuir os riscos de acidentes.

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Figura 14 - Projeto arquitetônico - Planta.

Fonte: (CONEL, 2012)

5.2 Dados coletados

Para definir quais dados devem ser coletados deve-se primeiramente saber o objetivo

final. A partir disso é possível saber quais dados são necessários para alcança-lo. No caso da

RUP, os dados necessários são referentes a determinadas quantidades de serviços executados

que demandaram Homens trabalhando por algumas horas. Já no caso do CUM, os dados se

referem à quantidade de materiais gastos para executar determinada quantidade de serviço.

Foram realizados estudos com duas equipes, cada uma realizando serviços distintos.

As equipes estudadas serão nomeadas da seguinte forma: A Equipe 01 será a responsável por

realizar os serviços de alvenaria, já a Equipe 02 será aquela responsável por realizar o serviço

de revestimento argamassado (reboco). Para o serviço de alvenaria realizado pela Equipe 01

temos nas tabelas 3 e 4 os dados coletados referentes ao consumo de materiais e produtividade

da mão de obra, respectivamente.

Tabela 3 - Dados coletados em campo (CUM) - Alvenaria. (Continua)

Data Areia

(m³)

Cimento

(saco 50 kg)

Bloco de concreto

(14x19x39cm)

Aditivo

plastificante (lt)

19/12/2012 0,165 0,50 145,00 0,05

20/12/2012 0,328 1,00 162,00 0,10

21/12/2012 0,165 0,50 137,00 0,05

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Tabela 3 - Dados coletados em campo (CUM) - Alvenaria. (Conclusão)

Data Areia

(m³)

Cimento

(saco 50 kg)

Bloco de concreto

(14x19x39cm)

Aditivo

plastificante (lt)

22/12/2012 0,328 1,00 161,00 0,10

26/12/2012 0,165 0,50 146,00 0,05

27/12/2012 0,165 0,50 162,00 0,05

28/12/2012 0,328 1,00 175,00 0,10

29/12/2012 0,165 0,50 164,00 0,05

02/01/2013 0,328 1,00 181,00 0,10

03/01/2013 0,328 1,00 174,00 0,10

04/01/2013 0,328 1,00 199,00 0,10

07/01/2013 0,328 1,00 175,00 0,10

08/01/2013 0,165 0,50 140,00 0,05

09/01/2013 0,165 0,50 163,00 0,05

10/01/2013 0,165 0,50 125,00 0,05

Fonte: Autor

Tabela 4 - Dados coletados em campo (RUP) - Alvenaria.

Data Quantidade de

pedreiros

Quantidade de

serventes

Horas

trabalhadas Área (m²)

19/12/2012 1,00 1,00 9,00 11,00

20/12/2012 1,00 1,00 9,00 12,58

21/12/2012 1,00 1,00 8,00 10,11

22/12/2012 1,00 1,00 8,00 12,60

26/12/2012 1,00 1,00 9,00 11,50

27/12/2012 1,00 1,00 9,00 12,13

28/12/2012 1,00 1,00 8,00 13,42

29/12/2012 1,00 1,00 8,00 12,15

02/01/2013 1,00 1,00 9,00 13,77

03/01/2013 1,00 1,00 9,00 13,30

04/01/2013 1,00 1,00 8,00 14,91

07/01/2013 1,00 1,00 9,00 13,41

08/01/2013 1,00 1,00 9,00 10,88

09/01/2013 1,00 1,00 9,00 12,45

10/01/2013 1,00 1,00 9,00 9,31 Fonte: Autor.

Os serventes envolvidos no estudo são apenas os que estavam envolvidos no apoio

direto à execução do serviço, portanto os resultados de RUP obtidos serão apenas referentes à

RUPof e RUPdir, não tendo assim o estudo referente à RUPglob devido ao envolvimento

dessa mão de obra em outros serviços, fatores esses que poderiam mascarar os resultados,

tornando assim o estudo menos confiável. Foi considerado o tempo gasto em toda a execução

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do serviço, desde a marcação até a execução da ultima fiada (não havendo encunhamento

nesse serviço).

As tabelas 5 e 6 se referem, respectivamente, ao consumo de materiais e produtividade

da mão de obra referentes ao serviço de reboco realizado pela Equipe 02.

Tabela 5 - Dados coletados em campo (CUM) - Reboco.

Data Areia

(m³)

Cimento

(saco 50 kg) Aditivo plastificante (l)

02/01/2013 1,000 3,000 0,300

03/01/2013 0,800 2,500 0,250

04/01/2013 0,700 2,000 0,200

05/01/2013 0,750 2,000 0,200

07/01/2013 1,000 3,000 0,300

08/01/2013 0,800 2,500 0,250

09/01/2013 0,750 2,000 0,200

10/01/2013 0,750 2,000 0,200

11/01/2013 0,700 2,000 0,200

12/01/2013 0,700 2,000 0,200

14/01/2013 0,850 2,500 0,250

15/01/2013 0,750 2,000 0,200

16/01/2013 0,850 2,500 0,250

17/01/2013 0,750 2,000 0,200

18/01/2013 0,800 2,000 0,200 Fonte: Autor.

Tabela 6 - Dados coletados em campo (RUP) - Reboco.

Data Quantidade de

pedreiros

Quantidade de

serventes

Horas

trabalhadas Área (m²)

02/01/2013 1,00 1,00 9,00 35,07

03/01/2013 1,00 1,00 9,00 29,06

04/01/2013 1,00 1,00 8,00 27,07

05/01/2013 1,00 1,00 8,00 25,50

07/01/2013 1,00 1,00 9,00 38,27

08/01/2013 1,00 1,00 9,00 31,97

09/01/2013 1,00 1,00 9,00 27,10

10/01/2013 1,00 1,00 9,00 27,04

11/01/2013 1,00 1,00 8,00 21,79

12/01/2013 1,00 1,00 8,00 19,17

14/01/2013 1,00 1,00 9,00 26,30

15/01/2013 1,00 1,00 9,00 24,03

16/01/2013 1,00 1,00 9,00 33,22

17/01/2013 1,00 1,00 9,00 22,43

18/01/2013 1,00 1,00 8,00 21,76

Fonte: Autor.

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Em relação à RUP, foram considerados os esforços relativos tanto à aplicação e

acabamento das camadas de argamassa quanto o trabalho prévio de se definirem as

referências para a superfície final sendo executada (execução de taliscas e mestras).

5.3 Determinação da produtividade

A partir dos dados coletados obtém-se a RUP referente a cada serviço. Primeiramente

serão determinadas as RUP’s diárias, cumulativas e potenciais referentes ao serviço de

alvenaria realizado pela Equipe 01

A RUP potencial (RUPpot), que seria a RUP diária (RUPd) associada à sensação de

bom desempenho e que, ao mesmo tempo, torna-se factível de se realizar em condições

normais em função dos valores de RUPd detectados SOUZA (2006). A RUPpot é calculada

como o valor da mediana das RUPd inferiores à RUPcum detectadas ao final do estudo.

Para o cálculo da RUPd será utilizada a equação 2.1, já para a RUPcum a equação a ser

utilizada será a 5.1, cujos resultados estão na Tabela 7.

(5.1)

Tabela 7 - Produtividade dos oficiais (RUPof) - Alvenaria.

Data Quantidade de

pedreiros

Horas

trabalhadas

Área

(m²)

RUPd

(Hh/m²)

RUPcum

(Hh/m²)

RUPpot

(Hh/m²)

19/12/2012 1,00 9,00 11,00 0,82 0,82

0,65

20/12/2012 1,00 9,00 12,58 0,72 0,76

21/12/2012 1,00 8,00 10,11 0,79 0,77

22/12/2012 1,00 8,00 12,60 0,63 0,73

26/12/2012 1,00 9,00 11,50 0,78 0,74

27/12/2012 1,00 9,00 12,13 0,74 0,74

28/12/2012 1,00 8,00 13,42 0,60 0,72

29/12/2012 1,00 8,00 12,15 0,66 0,71

02/01/2013 1,00 9,00 13,77 0,65 0,70

03/01/2013 1,00 9,00 13,30 0,68 0,70

04/01/2013 1,00 8,00 14,91 0,54 0,68

07/01/2013 1,00 9,00 13,41 0,67 0,68

08/01/2013 1,00 9,00 10,88 0,83 0,69

09/01/2013 1,00 9,00 12,45 0,72 0,69

10/01/2013 1,00 9,00 9,31 0,97 0,71 Fonte: Autor.

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Observando que a RUPcum ao final do estudo foi de 0,71 Hh/m², basta calcular a

mediana de todos os valores de RUPd abaixo desse valor e obteve-se o valor da RUPpot de

0,65 Hh/m².

Da mesma forma foram calculados os valores da RUPdir para o serviço de alvenaria e

as RUPof e RUPdir para o serviço de reboco. Seguem os respectivos resultados nas Tabelas 8,

9 e 10.

Tabela 8 - Produtividade direta (RUPdir) - Alvenaria.

Data Quantidade de

pedreiros+serventes

Horas

trabalhadas

por cada

Área

(m²)

RUPd

(Hh/m²)

RUPcum

(Hh/m²)

RUPpot

(Hh/m²)

19/12/2012 2,00 9,00 11,00 1,64 1,64

1,31

20/12/2012 2,00 9,00 12,58 1,43 1,53

21/12/2012 2,00 8,00 10,11 1,58 1,54

22/12/2012 2,00 8,00 12,60 1,27 1,47

26/12/2012 2,00 9,00 11,50 1,57 1,49

27/12/2012 2,00 9,00 12,13 1,48 1,49

28/12/2012 2,00 8,00 13,42 1,19 1,44

29/12/2012 2,00 8,00 12,15 1,32 1,42

02/01/2013 2,00 9,00 13,77 1,31 1,41

03/01/2013 2,00 9,00 13,30 1,35 1,40

04/01/2013 2,00 8,00 14,91 1,07 1,37

07/01/2013 2,00 9,00 13,41 1,34 1,37

08/01/2013 2,00 9,00 10,88 1,65 1,38

09/01/2013 2,00 9,00 12,45 1,45 1,39

10/01/2013 2,00 9,00 9,31 1,93 1,42 Fonte: Autor.

Tabela 9 - Produtividade dos oficiais (RUPof) - Reboco. (Continua)

Data Quantidade de

pedreiros

Horas

trabalhadas

Área

(m²)

RUPd

(Hh/m²)

RUPcum

(Hh/m²)

RUPpot

(Hh/m²)

02/01/2013 1,00 9,00 35,07 0,26 0,26

0,28

03/01/2013 1,00 9,00 29,06 0,31 0,28

04/01/2013 1,00 8,00 27,07 0,30 0,29

05/01/2013 1,00 8,00 25,50 0,31 0,29

07/01/2013 1,00 9,00 38,27 0,24 0,28

08/01/2013 1,00 9,00 31,97 0,28 0,28

09/01/2013 1,00 8,00 27,10 0,33 0,28

10/01/2013 1,00 8,00 27,04 0,33 0,29

11/01/2013 1,00 9,00 21,79 0,37 0,30

12/01/2013 1,00 9,00 19,17 0,42 0,30

14/01/2013 1,00 8,00 26,30 0,34 0,31

15/01/2013 1,00 9,00 24,03 0,37 0,31

16/01/2013 1,00 9,00 33,22 0,27 0,31

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50

Tabela 9 - Produtividade dos oficiais (RUPof) - Reboco. (Conclusão)

Quantidade

de

pedreiros

Horas

trabalhadas Área (m²)

RUPd

(Hh/m²)

RUPcum

(Hh/m²)

RUPpot

(Hh/m²)

17/01/2013 1,00 9,00 22,43 0,40 0,31 0,28

18/01/2013 1,00 9,00 21,76 0,37 0,32

Fonte: Autor.

Tabela 10 - Produtividade direta (RUPdir) - Reboco.

Data Quantidade de

pedreiros+serventes

Horas

trabalhadas

por cada

Área

(m²)

RUPd

(Hh/m²)

RUPcum

(Hh/m²)

RUPpot

(Hh/m²)

02/01/2013 2,00 9,00 35,07 0,51 0,51

0,56

03/01/2013 2,00 9,00 29,06 0,62 0,56

04/01/2013 2,00 8,00 27,07 0,59 0,57

05/01/2013 2,00 8,00 25,50 0,63 0,58

07/01/2013 2,00 9,00 38,27 0,47 0,55

08/01/2013 2,00 9,00 31,97 0,56 0,56

09/01/2013 2,00 8,00 27,10 0,66 0,57

10/01/2013 2,00 8,00 27,04 0,67 0,58

11/01/2013 2,00 9,00 21,79 0,73 0,59

12/01/2013 2,00 9,00 19,17 0,83 0,61

14/01/2013 2,00 8,00 26,30 0,68 0,62

15/01/2013 2,00 9,00 24,03 0,75 0,63

16/01/2013 2,00 9,00 33,22 0,54 0,62

17/01/2013 2,00 9,00 22,43 0,80 0,63

18/01/2013 2,00 9,00 21,76 0,74 0,63

Fonte: Autor.

A partir dos resultados expostos avaliações e analises dos mesmos foram realizadas e

discutidas na próxima seção.

5.4 Avaliação da produtividade da mão de obra

Com os dados expostos, várias analises podem ser feitas de forma a confrontar os

valores obtidos, buscando entender o porquê de suas variações, quais fatores interferem nessa

variação e principalmente se pode ser feito algo que melhore a produtividade e que diminua o

consumo de materiais quando os mesmos não atingem valores satisfatórios.

Para analisar quais fatores foram os determinantes na grande oscilação observada na

produtividade, o acompanhamento diário dos serviços e a busca de informações junto à

equipe responsável pela execução da obra (Engenheiro, mestre de obras, encarregado e

almoxarife), foram de fundamental importância para analise e entendimento de cada caso.

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51

Primeiramente, os dados serão tratados em forma de gráfico para melhor representar

os picos da produtividade. Esses picos demonstram os dias em que a produtividade alcançou

seus máximos e seus mínimos valores. Para iniciar as analises abaixo temos o gráfico

referente à RUPof da Equipe 01, alvenaria.

Figura 15 - Gráfico representativo - RUPof - Alvenaria.

Fonte: Autor.

Através do acompanhamento diário dos serviços, podem-se observar vários fatores

que impactam de forma positiva e principalmente de forma negativa durante sua execução.

Analisando os picos demonstrados na Figura 15 e ilustrando os mesmos em forma de faixa de

variação, Figura 16, percebe-se que na primeira faixa de produtividade realizada pelo autor,

existe grande diferença entre a pior produtividade (maior valor da RUP) e a melhor

produtividade (menor valor da RUP). A diferença encontrada entre as RUP’s (máxima e

mínima) foi de 80%, o que significa um consumo adicional de mão de obra na mesma

proporção.

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

19

-de

z

20

-de

z

21

-de

z

22

-de

z

23

-de

z

24

-de

z

25

-de

z

26

-de

z

27

-de

z

28

-de

z

29

-de

z

30

-de

z

31

-de

z

1-j

an

2-j

an

3-j

an

4-j

an

5-j

an

6-j

an

7-j

an

8-j

an

9-j

an

10

-jan

RU

P (

Hh

/m²)

Período

Rupof

RUPdia

RUPcum

RUPpot

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52

Figura 16 - Faixa de variação da produtividade - RUPof - Alvenaria.

Fonte: Autor.

Já na segunda faixa de variação de produtividade, realizada pelo TCPO (2010), a

variação do serviço de alvenaria de blocos para vedação vai da sua melhor produtividade com

o valor de 0,51 Hh/m² até a pior alcançando um valor de 0,98 Hh/m², onde a mediana

calculada é de 0,71 Hh/m². O valor sugerido pelo TCPO (2010) e adotado pela Construtora na

etapa de orçamento foi o de 0,70 Hh/m². Comparando esse valor com a RUPcum ao final do

levantamento que foi de 0,71 Hh/m² observa-se que a produtividade foi igual a mediana

calculada pelo TCPO e com valor menos de 2% acima daquele considerado pela Construtora.

Isso mostra que a produtividade do serviço estudado atingiu as expectativas, porém sem

nenhum ganho, já que a meta sempre é atingir valores de produtividade cada vez melhores

visando menores gastos com mão de obra.

A Tabela 11 indica os valores diários de produtividade, apurados em campo,

juntamente com eventuais comentários sobre fatores que ocorreram nos picos demonstrados

pelo gráfico. Nota-se que alguns fatores foram detectados nos dias 19, 21, 26/12 e nos dias 08,

10/01, fatores esses que comprometeram negativamente a RUP desses dias.

Tabela 11 - Produtividade ligada a fatores (contexto ou conteúdo) e anormalidades - Alvenaria.

(Continua) Data RUPd Comentários

19/12/2012 0,82 Encarregado responsável pelo acompanhamento da equipe falta.

20/12/2012 0,72

21/12/2012 0,79 Falta de pagamento do vale previsto para dia 20 gera insatisfação.

22/12/2012 0,63 Pagamento efetuado, parede de grande dimensão, sem vãos.

26/12/2012 0,78 Falta de energia por 2 horas.

27/12/2012 0,74

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53

Tabela 11 - Produtividade ligada a fatores (contexto ou conteúdo) e anormalidades - Alvenaria.

(Conclusão)

Data RUPd Comentários

28/12/2012 0,60 Parede de grande dimensão, sem vãos e quinas.

29/12/2012 0,66

02/01/2013 0,65 Parede de grande dimensão, sem vãos e quinas.

03/01/2013 0,68

04/01/2013 0,54 Promessa de antecipação de pagamento do dia 08 para o dia 04.

07/01/2013 0,67

08/01/2013 0,83 Viga baldrame liberada para iniciar alvenaria apenas às 11:00.

09/01/2013 0,72

10/01/2013 0,97 Falta de material - Bloco de concreto.

Fonte: Autor.

Dentre os fatores que causaram queda na produtividade estão algumas anormalidades,

anormalidades essas que mostram claramente que o acompanhamento da equipe de produção,

a preocupação com a remuneração do pessoal, a liberação de frente de serviço e o

acompanhamento do estoque de materiais são fatores que afetam diretamente a produtividade,

fazendo com que, caso não sejam executados da forma correta ou no tempo certo, os gastos

com a mão de obra se elevem drasticamente.

Analisando ainda os comentários da Tabela 11, vale ressaltar que fatores detectados

nos dias 22, 28/12 e nos dias 02, 04/01 influenciaram positivamente a produtividade, trazendo

a mesma para valores abaixo da RUPpot. Pode-se observar que quando não ocorreu nenhum

fator negativo, mesmo não ocorrendo nenhum fator caracteristicamente positivo a RUP

chegou a valores próximos da RUPpot.

O fato da RUPpot da mão de obra da Equipe 01, 0,65 Hh/m², ser quase 10% menor que

a RUP considerada em orçamento leva-se a crer que o combate aos fatores prejudiciais à

produtividade poderia também reduzir os gastos com a execução desse serviço. A princípio

uma melhora na produtividade pode parecer não trazer nenhuma redução nos custos da obra,

isso pode ser verdade caso o gerenciamento não seja eficaz ao ponto de reduzir custos em

tudo que abrange a obra, desde compra de materiais até o controle do consumo do mesmo em

cada serviço.

Em relação à RUPdir do serviço de alvenaria, pode-se observar a semelhança no

gráfico da Figura 17, em relação à RUPof, isso se deve ao fato de ter dobrado a quantidade de

homens, dobrando assim o valor da produtividade, porém, mantendo a sua variação. O mesmo

acontece no serviço de reboco. Com isso se observa que aumentar a quantidade de homens

para execução de determinado serviço não quer dizer necessariamente que irá aumentar sua

produtividade.

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54

As figuras 17, 18 e 19 demonstram, respectivamente, os gráficos das seguintes RUPs:

RUPdir do serviço de alvenaria, RUPof e RUPdir do serviço de reboco.

Figura 17 - Gráfico representativo - RUPdir - Alvenaria.

Fonte: Autor.

Figura 18 - Gráfico representativo - RUPof - Reboco.

Fonte: Autor.

Figura 19 - Gráfico representativo - RUPdir - Reboco.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

19

-de

z

20

-de

z

21

-de

z

22

-de

z

23

-de

z

24

-de

z

25

-de

z

26

-de

z

27

-de

z

28

-de

z

29

-de

z

30

-de

z

31

-de

z

1-j

an

2-j

an

3-j

an

4-j

an

5-j

an

6-j

an

7-j

an

8-j

an

9-j

an

10

-jan

RU

P (

Hh

/m²)

Período

Rupdir

RUPdia

RUPcum

RUPpot

0,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

2-j

an

3-j

an

4-j

an

5-j

an

6-j

an

7-j

an

8-j

an

9-j

an

10

-jan

11

-jan

12

-jan

13

-jan

14

-jan

15

-jan

16

-jan

17

-jan

18

-jan

RU

P (

Hh

/m²)

Período

RUPof

RUPdia

RUPcum

RUPpot

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55

Fonte: Autor.

Analisando os gráficos referentes ao serviço de reboco realizado pela Equipe 02,

observa-se, assim como aconteceu no serviço de alvenaria, picos de produtividade e grande

variação diária, a maior delas observada ao se comparar os picos dos dias 07 e 12 de janeiro.

As faixas de variação de produtividade mostram claramente essa variação, onde a maior delas

é demonstrada nas extremidades da faixa, sendo o maior valor 75% maior do que o valor do

dia de melhor produtividade, sendo necessários os mesmos 75% a mais de mão de obra.

Figura 20 - Faixa de variação da produtividade - RUPof - Reboco.

Fonte: Autor.

Vendo dessa forma pode-se pensar que nos dias de pior produtividade algum fator

influenciou negativamente na produção, porém comparando a produtividade desse serviço

com a segunda faixa de variação da Figura 20, TCPO (2010), observa-se que a produtividade

foi excelente todos os dias, onde, a melhor produtividade do TCPO, 0,41 Hh/m², é 46% maior

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

2-j

an

3-j

an

4-j

an

5-j

an

6-j

an

7-j

an

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an

9-j

an

10

-jan

11

-jan

12

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13

-jan

14

-jan

15

-jan

16

-jan

17

-jan

18

-janRU

P (

Hh

/m²)

Período

RUPdir

RUPdia

RUPcum

RUPpot

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56

que a mediana da produtividade do oficial da Equipe 02 que é de 0,28 Hh/m². Esse valor não

pôde ser comparado com o valor do orçamento, pois no mesmo foi considerado o serviço de

reboco sendo por empreitada e a contratação do serviço seguiu o mesmo padrão, diferente do

serviço de execução de alvenaria, onde os funcionários receberam por hora e não por

produtividade.

O fato do pagamento do serviço de reboco ser por produtividade é a maior

característica dessa diferença, porém alguns fatores também foram detectados no

acompanhamento do serviço, fatores esses que influenciam na variação diária da

produtividade.

Tabela 12 - Produtividade ligada a fatores (contexto ou conteúdo) e anormalidades - Reboco. Data RUPd Comentários

02/01/2013 0,26 Paredes de grandes dimensões.

03/01/2013 0,31

04/01/2013 0,30

05/01/2013 0,31

07/01/2013 0,24 Paredes de grandes dimensões.

08/01/2013 0,28

09/01/2013 0,33

10/01/2013 0,33

11/01/2013 0,37 Paredes de pequenas dimensões, várias quinas.

12/01/2013 0,42 Paredes de pequenas dimensões e com vãos de portas.

14/01/2013 0,34

15/01/2013 0,37 Espessura alta para acompanhar espessura existente.

16/01/2013 0,27

17/01/2013 0,40 Espessura alta para acompanhar espessura existente.

18/01/2013 0,37 Espessura alta para acompanhar espessura existente.

Fonte: Autor.

Dentre os fatores que diferenciaram a produtividade diária (Tabela 12), dois fatores se

destacaram negativamente, onde, a alta espessura de revestimento necessária em algumas

paredes para acompanhar o revestimento existente demandou mais de uma cheia na parede

antes do acabamento final, solicitando tempo a mais para execução do serviço. Já algumas

paredes de dimensões menores e com vários vãos também contribuíram para diminuir a

produtividade em alguns dias.

Apesar de tais fatos terem ocorrido, os fatores positivos que foram os destaques do

serviço de reboco. Além do fato do serviço ser por empreitada, outros fatores, identificados

durante toda a pesquisa também contribuíram para que a produtividade alcançasse números de

produtividade tão bons, destacando-se:

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57

Existência de grande frente de trabalho;

Cronograma apertado - data de entrega do serviço bem próxima;

Material sempre disponível;

Sistema de transporte de materiais sempre disponível;

Serviço em condições favoráveis;

Pouco retrabalho;

Baixa rotatividade;

Operários satisfeitos.

Como a execução do serviço de reboco foi realizada por empreitada, o custo não

variaria independentemente do tempo gasto para sua execução, porém foi gasto menos tempo

do que havia sido programado, devido a grande cobrança por parte do cliente para entrega do

serviço. Caso o serviço não fosse entregue em tempo, iria gerar transtornos como desgastes

com a fiscalização, desgastes com o cliente e atraso de cronograma geral, esses transtornos

poderiam gerar, além de custos posteriores no restante dos itens do cronograma, desgastes

irreparáveis para a imagem da construtora. Portanto a produtividade está ligada não somente

aos fatores físicos da obra, mas também àqueles que geram desgastes entre todas as partes

envolvidas, elevando ainda mais a sua importância dentro de todo o contexto que abrange

uma obra.

5.5 Determinação do consumo de materiais

Para determinar o consumo de materiais referente aos serviços executados é muito

simples, basta fazer uma analogia com a quantidade de materiais gastos para realizar o serviço

e a quantidade de serviço executado.

Nos serviços estudados, alvenaria e reboco, foram executados traços diferentes, para

as argamassas de assentamento e revestimento, daqueles que haviam sido especificados no

orçamento. A sugestão do orçamento era a utilização de traço em volume de 1:2:8, com

cimento, cal e areia respectivamente, tanto para a argamassa de assentamento quanto para a

argamassa de revestimento. Porém, a obra adotou um traço diferente, utilizando 1:8 com

cimento e areia, adicionando um aditivo plastificante em substituição à cal, 100 ml para cada

saco de 50 kg de cimento. A utilização desse aditivo, segundo o Engenheiro responsável, é

diminuir ou até mesmo eliminar o calor de hidratação, calor esse devido à reação do hidróxido

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58

com a água, para que possa evitar futuras trincas e fissuras, trazendo plasticidade, resistência e

trabalhabilidade à argamassa.

Com os dados das Tabelas 3 e 5, referentes ao consumo de materiais, e com as

quantidades totais de serviço executadas diariamente (Tabelas 4 e 6), pode-se calcular o

consumo unitário de material real (CUMR) e compará-lo com o consumo de material

teoricamente necessário (CUMT) de duas fontes, o orçamento fornecido pela empresa

executora do serviço e o TCPO (2010). As Tabelas 13 e 14 apresentam o comparativo do

consumo referente ao serviço de alvenaria, já as Tabelas 15 e 16 traçam um comparativo entre

o consumo referente ao serviço de reboco.

Tabela 13 - CUM - Alvenaria.

Cimento

(kg/m²)

Cal

(kg/m²)

Aditivo plastificante

(l/m²)

Areia

(m³/m²)

Blocos

(un/m²)

CUMR 2,997 - 0,006 0,020 13,127

CUMT (Construtora) 2,750 2,720 - 0,018 12,146

CUMT (TCPO) 2,020 2,020 - 0,016 12,900

Fontes: Autor, CONEL, 2005, TCPO, 2010.

Tabela 14 - Consumo total - Alvenaria.

Área

(m²)

Cimento

(saco 50 kg)

Cal

(saco 20 kg)

Aditivo plastificante

(l)

Areia

(m³)

Blocos

(un)

Real

183,520

11,000 - 1,100 3,616 2409,00

Construtora 10,094 24,959 - 3,303 2229,00

TCPO 7,415 18,536 - 3,001 2367,00

Fontes: Autor, CONEL, 2005, TCPO, 2010.

Tabela 15 - CUM - Reboco.

Cimento

(kg/m²) Cal (kg/m²)

Aditivo plastificante

(l/m²) Areia (m³/m²)

CUMR 4,149 - 0,008 0,0290

CUMT (Construtora) 3,650 3,640 - 0,0240

CUMT (TCPO) 3,640 3,640 - 0,0244

Fontes: Autor, CONEL, 2005, TCPO, 2010.

Tabela 16 - Consumo total - Reboco.

Área

(m²)

Cimento

(saco 50 kg) Cal (saco 20 kg)

Aditivo

plastificante (l) Areia (m³)

Real

409,780

34,000 - 3,400 11,950

Construtora 22,538 55,730 - 7,376

TCPO 16,557 41,388 - 6,700

Fontes: Autor, CONEL, 2005, TCPO, 2010.

Os dados das tabelas 13,14,15 e 16 serão avaliados na próxima seção.

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59

5.6 Avaliação do consumo de materiais

Para avaliar o CUM dos serviços estudados primeiramente será adotada a variação

percentual entre o CUMR e o CUMT para melhor entender os fatores que causam consumos

maiores, conforme mostra as Tabelas 17 e 18.

Tabela 17 - Diferença entre CUMR e CUMT - Percentual gasto a mais - Alvenaria.

Cimento

(kg/m²) Cal (kg/m²)

Aditivo plastificante

(l/m²)

Areia

(m³/m²)

Blocos

(un/m²)

Orçado 8,98% - - 9,44% 8,08%

TCPO 48,35% - - 20,49% 1,76%

Fontes: Autor, CONEL, 2005, TCPO, 2010.

Tabela 18 - Diferença entre CUMR e CUMT - Percentual gasto a mais - Reboco.

Cimento

(kg/m²)

Cal

(kg/m²)

Aditivo plastificante

(l/m²) Areia (m³/m²)

Orçado 13,67% - - 20,83%

TCPO 13,98% - - 18,85%

Fontes: Autor, CONEL, 2005, TCPO, 2010.

Em relação ao consumo da cal e do aditivo não se tem uma variação quantitativa, pois

o aditivo foi utilizado em substituição à cal, ambos têm consumos mensurados de forma

diferente. Porém segundo o Engenheiro da obra em questão, a utilização do aditivo em

substituição à cal gera uma redução de aproximadamente 3,10 R$/m² do reboco e 2,30 R$/m²

da alvenaria.

Analisando a variação percentual, observa-se que o CUMR foi sempre maior que o

CUMT, tanto em relação ao orçamento quanto ao TCPO. As principais características

observadas durante o estudo que podem explicar essa variação são:

Quando a alvenaria foi o serviço analisado detectou-se:

o Perda por incorporação – O filete de argamassa utilizado tem volume

maior do que o que foi executado em outros estudos, esse fato acontece

devido à falta de treinamento referente à quantidade de materiais, no

caso argamassa, realmente necessária para a execução de determinado

serviço;

o Entulho;

Falta de treinamento dos operários no momento de cortar o

bloco;

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Descarte de grandes quantidades de argamassa ao final do dia

(argamassa feita em excesso por falta de controle);

Já quando o serviço era o reboco, detectou-se:

o Perda por incorporação – Revestimento com espessura maior do que a

que foi especificada (local de encontro de paredes novas com paredes

existentes já revestidas);

Outros fatores, como a perda de argamassa no transporte ou durante a aplicação,

também foram detectados durante o estudo, porém sua contribuição quantitativa não foi tão

significativa.

Durante todo o estudo pôde-se observar que não foi dada tanta importância às perdas

de materiais pela equipe responsável pela execução da obra. O consumo de materiais não é

acompanhado durante a obra de forma que obedeça ao que foi especificado. O fato da

administração da obra achar que perdas refletem pouco em relação ao custo total da obra faz

com que o assunto não seja abordado com a frequência que deveria ser.

O estudo referente ao CUM sendo feito pela obra faz enxergar o que está sendo gasto

sem necessidade e as perdas que acontecem, gerando ações para diminuir o consumo e

inserindo no dia a dia da equipe o hábito de consumir apenas quantidade realmente necessária,

fazendo com que diminua custos e quantidade de materiais descartados (entulho).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização deste estudo permitiu analisar a produtividade da mão de obra e o

consumo de materiais nos serviços de alvenaria de blocos de concreto e revestimento feito

com argamassa.

Através do estudo de caso realizado em uma obra industrial, pôde-se observar uma

grande variação da RUP (Razão Unitária de Produção) quando comparados os dados diários

da obra (exemplo: diferença de 80% entre a melhor e a pior produtividade no serviço de

alvenaria dentro do período estudado) e quando comparados estes dados com os dados de

orçamentação e do TCPO (exemplo: a melhor produtividade no TCPO para o serviço de

reboco foi 46% maior que a mediana da equipe avaliada).

Acompanhando o dia a dia da obra observou-se que essa variação, na maioria das

vezes, é influenciada por fatores positivos e negativos. Os fatores positivos, identificados, são

em grande parte fruto de um bom trabalho de planejamento, onde a previsão antecipada das

várias fases, de cada serviço, faz com que o andamento do mesmo seja facilitado. Já os fatores

negativos, como a falta de pagamento e de materiais, quando detectados, devem ser

combatidos o quanto antes, para que o mesmo fator não afete novamente a produtividade.

Esse acompanhamento é de suma importância tanto para a obra em andamento quanto para

obras futuras.

Quando o foco é o CUM (Consumo Unitário de Materiais), observou-se uma grande

falta de acompanhamento em obra, por parte do gestor, embora a empresa tenha programas de

qualidade em nível de certificação (PBQP-H e ISO 9001). No estudo, foram detectadas perdas

de materiais, como por exemplo, a perda por incorporação ao se utilizar filetes de argamassa

de assentamento maiores do que o necessário, que representam consumos excessivos de

materiais que, além de trazerem custos desnecessários à obra, o seu desperdício gera perdas

incorporadas e entulho, prejudicando o meio ambiente.

A presença de profissionais na construção civil que busquem mudar o quadro atual,

onde na grande maioria das obras não se aproveita o máximo dos recursos disponíveis, é de

extrema importância, uma vez que ao buscar soluções que otimizem a produção do setor,

podem espalhar a ideia de que se pode fazer mais, gastando menos e com maior velocidade,

mantendo e até melhorando a qualidade.

Como na construção civil existe uma grande diversidade de serviços, o

acompanhamento da produtividade da mão de obra e o estudo do consumo de materiais deve

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sempre ser feito de forma a obter dados mais confiáveis e com isto subsidiar o gestor no

processo de decisão. O entendimento da RUP e do CUM pode contribuir neste sentido.

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