universidade federal de alfenas instituto de ciências ... · 1 universidade federal de alfenas...

71
Universidade Federal de Alfenas Instituto de Ciências Sociais Aplicadas ANA LUISA PADUAN DE MELLO MATTOS Dinâmica da balança comercial brasileira de 1999 a 2014 Varginha/MG 2015

Upload: vuthuy

Post on 16-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1

Universidade Federal de Alfenas

Instituto de Ciências Sociais Aplicadas

ANA LUISA PADUAN DE MELLO MATTOS

Dinâmica da balança comercial brasileira de 1999 a 2014

Varginha/MG

2015

2

ANA LUISA PADUAN DE MELLO MATTOS

Dinâmica da balança comercial brasileira de 1999 a 2014

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de colação de

grau pela Universidade Federal de Alfenas- campus

Varginha.

Orientadora: Alinne Alvim Franchini.

Varginha/MG

2015

3

ANA LUISA PADUAN DE MELLO MATTOS

Dinâmica da balança comercial brasileira de 1999 a 2014

Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção de colação de

grau pela Universidade Federal de Alfenas- campus

Varginha.

Orientadora: Alinne Alvim Franchini

Aprovado em: 14/12/2015

Profº

Instituição: Assinatura:

Profº

Instituição: Assinatura:

Profº

Instituição: Assinatura:

4

RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo avaliar a dinâmica da balança comercial

brasileira no período de 1999 a 2014 e quais variáveis a afetaram diretamente. Para tal,

foram identificados os maiores parceiros do Brasil nas relações comerciais, além da análise

do comportamento dos produtos com maior participação relativa nas pautas de exportação e

importação. A análise do desempenho também foi realizada por meio do estudo do

movimento da taxa de câmbio e de alguns coeficientes do comércio internacional. Como

uma das principais conclusões encontradas, tem-se que, mesmo que as exportações de

produtos primários ainda possuam forte inserção no comércio mundial, os bens de consumo

durável na balança comercial ganham bastante destaque, o que não sustenta a ideia do

senso comum de que as exportações brasileiras são excepcionalmente agrícolas.

PALAVRAS-CHAVE: balança comercial, taxa cambial, produtos

5

Sumário

Introdução 6

2. Referencial teórico 8

2.1. O Balanço de pagamentos 8

2.2. Mercado Cambial 18

2.3. Breve histórico do processo de abertura comercial brasileira 24

3. Metodologia 29

4. A dinâmica da balança comercial brasileira 30

Considerações finais 48

Referências bibliográficas 50

Anexos 54

6

Introdução

Do início dos levantamentos da contabilização do balanço de pagamentos brasileiro

em 1947 até o começo da década de 1970, o saldo em transações correntes tem sido

predominantemente deficitário, o que pode ser considerado normal em economias

dependentes de poupança externa. Porém, a balança comercial costumava ser superavitária,

e além das conjunturas doméstica e internacional, esta também foi influenciada por

mudanças na política de promoção às exportações, pela entrada de firmas estrangeiras e

pelas próprias estratégias das firmas que atuam no comércio exterior (PICCININI; PUGA,

2001).

Todo o processo de abertura comercial brasileira desde a década de 50 seguiu as

políticas econômicas adotadas em cada período – ora liberais, ora protecionistas – afim de

ditá-las de acordo com as questões internas do país. Mesmo com a vulnerabilidade

encontrada em alguns setores da economia nacional, o processo de abertura na década de

90 foi de suma importância por conduzir o país à ganhos de produtividade e competividade

e ainda por levá-lo à um maior crescimento econômico. Além disso, a formação do

Mercosul, Alca e acordos com a União Européia constituíram pontos fundamentais para o

comércio e permanência do Brasil no mercado mundial (AVERBURG, 1999).

Baumann et al (2004) explica que “em janeiro de 1999, o Brasil mudou seu regime

cambial, permitindo à taxa de câmbio flutuar mais livremente, e poucos meses depois

houve uma desvalorização de quase 60%”.

De acordo com Oliveira e Turolla (2003), a ancoragem cambial adotada no primeiro

governo de Fernando Henrique Cardoso nos anos 90 foi essencial na estabilização de

preços, e como resultado, juntamente com a apreciação do câmbio, o saldo das transações

reais apresentou uma deterioração contínua durante a execução do Plano Real. Estes

autores explicam claramente que:

“Durante esse período, o ritmo de crescimento das exportações e

importações foi ainda mais díspar que no período anterior (...).

Comparando-se o ano de 1998 com os doze meses termnados em junho de

1994, portanto o período que vai do lançamento do Real até sua flutuação,

as exportações de bens e serviços apresentaram um crescimento de

7

32,3%, enquanto as importações expandiram-se em 105,1% (...). O

sistema de bandas cambiais deu lugar a um regime de flutuação suja. A

principal consequência postivia da introdução do regime flexível a partir

de 1999 foi a possibilidade de ajuste na conta corrente. A reversão do

déficit em conta corrente deu-se não apenas em função do câmbio real

mais depreciado, mas também pela reversão do crescimento das remessas

de rendas ao exterior no novo regime de política econômica”

(OLIVEIRA; TUROLLA, 2003, p. 8-9).

Assim, quando o Brasil passou a adotar o regime cambial de taxas flutuantes em

1999 (durante o segundo mandato do então presidente Fernando Henrique Cardoso), o país

experimentou três períodos diferentes no histórico da balança comercial. Um período

marcado por exportações e importações à níveis muito próximos, outro período com uma

expansão das exportações e grandes ganhos na balança comercial, e um outro que teve

destaque devido ao aumento das importações.

Para ressaltar tais posturas econômicas adotadas pelo país, o presente trabalho tem

por objetivo avaliar a dinâmica da balança comercial brasileira no período de 1999 a 2014 e

quais variáveis podem afetá-la diretamente. Primeiramente, para tal estudo, na seção 2

serão assimilados conceitos sobre o processo de abertura comercial brasileiro, o balanço de

pagamentos nacional e mercado cambial para que seja possível traçar um paralelo entre as

variáveis que os compõem e quais seus efeitos sobre a balança comercial do país ao longo

dos últimos anos. Na seção 3 é apresentada a metodologia utilizada nas análises deste

estudo. A seção 4, diante desta perspectiva, evidencia a pesquisa, cuja qual tentará explicar

o comportamento da pauta comercial através da taxa de câmbio, de alguns coeficientes do

comércio internacional e nacional, do comportamento dos bens comercializados, dos

principais comércios bilaterais do país, e dos choques internos e externos.

8

2. Referencial teórico

2.1. O Balanço de Pagamentos

No balanço de pagamentos encontram-se registradas todas as transações dos

residentes de um país com os não-residentes para um determinado período de tempo,

geralmente um ano. São considerados agentes nacionais todos aqueles indivíduos residentes

no país, independentemente de sua nacionalidade, e agentes estrangeiros são todos aqueles

não-residentes do país em questão (FEIJÓ; RAMOS, 2003).

Seu objetivo principal é informar às autoridades monetárias sobre a posição

internacional das nações e auxiliá-las na formulação de políticas monetárias, além de

consultar regularmente o balanço de pagamento de seus parceiros comerciais ao tomar

decisões acerca de políticas a serem implantadas. Inclui também as transações nas quais os

indivíduos de nações estrangeiras não participam diretamente como, por exemplo, quando o

Banco Central de uma determinada nação vende uma parcela de seu ativo em moeda

estrangeira aos bancos comerciais (SALVATORE, 1998).

A partir de 2001, o Banco Central passou a empregar a metodologia da 5ª edição do

Manual de Balanço de Pagamentos do Fundo Monetário Internacional na elaboração do

Balanço de Pagamentos brasileiro. Paulani e Braga (2007), as diferenças básicas entre as

versões de apresentação são os critérios de classificação das transações e a nomenclatura

das contas.

Em 1947 teve início a contabilização do balanço de pagamentos do Brasil, cuja qual

era realizada pelo Banco do Brasil e pela Fundação Getúlio Vargas, mas atualmente essa é

uma função do Banco Central do Brasil.

Desde o início dos levantamentos no país, as transações correntes têm sido

predominantemente deficitárias, o que é considerado natural para economias em

desenvolvimento, que dependem da poupança externa para se financiar (CARVALHO;

SILVA, 2007).

9

Conforme apresentado abaixo pela Quadro 1, considera-se duas grandes contas

balanço de pagamentos brasileiro (BP): transações correntes (TC), ou conta corrente, e os

movimentos de capitais (MK) e, portanto:

BP = TC + MK + EO (Eq. 1)

Quadro 1: Estrutura do Balanço de Pagamentos

1. BALANÇA COMERCIAL (BC)

1.1 Exportações

1.2 Importações

2. BALANÇA DE SERVIÇOS (BS)

2.1 Transportes: fretes, seguros, etc

2.2 Turismo e viagens internacionais

2.3 Renda de capital: remessas de lucros, lucros reinvestidos e juros

2.4 Serviço governamental

2.5 Diversos

3. TRANSAÇÕES UNILATERAIS (TU)

4. Saldo do balanço de pagamentos em transações correntes (TC): 1 + 2 + 3

5. MOVIMENTOS DE CAPITAIS (MK)

5.1 Investimentos diretos

5.2 Reinvestimento

5.3 Empréstimos e Financiamentos

5.4 Amortizações de empréstimos

5.5 Capitais de curto prazo

5.6 Empréstimos de regularização

5.7 Outros capitais

6. ERROS E OMISSÕES (EO)

7. Saldo total do balanço de pagamentos (BP): 4 + 5 + 6

8. VARIAÇÃO DAS RESERVAS (VR) Fonte: PAULANI e BRAGA (2007).

Quando se registra uma transação internacional de uma nação é utilizado o método

contábil conhecido por registro de dupla entrada, onde cada transação é registrada duas

vezes e com montantes exatamente iguais, uma como débito e outra como crédito. Além

disso, é valido lembrar que toda transação econômica é registrada pelo seu valor de

mercado à taxa de câmbio vigente na data da operação.

10

Todas as transações da conta corrente e de movimentos de capitais são denominadas

transações autônomas por ocorrerem em detrimento a negócios ou lucros, exceto as

transferências unilaterais. A Quadro 2, na sequência, indica a natureza dos lançamentos das

contas em cada tipo de operação.

Quadro 2: Natureza dos lançamentos no Balanço de Pagamentos

BALANÇA COMERCIAL

Exportações: crédito

Importações:débito

BALANÇA DE SERVIÇOS

Operação dá origem a entrada de recursos: crédito

Operação dá origem a saída de recursos: débito

Lucros reinvestidos: débito

TRANSAÇÕES UNILATERAIS

Operação dá origem a entrada de recursos: crédito

Operação dá origem a saída de recursos: débito

Operação dá origem a entrada de mercadoria: crédito

Operação dá origem a saída de mercadoria: débito

MOVIMENTO DE CAPITAIS

Operação dá origem a entrada de recursos: crédito

Operação dá origem a saída de recursos: débito

VARIAÇÃO DAS RESERVAS

Redução das reservas: crédito

Acréscimo nas reservas: débito

Fonte: PAULANI e BRAGA (2007).

As transações internacionais se classificam em débitos e créditos. Importações de

bens e serviços, transferências unilaterais efetuadas para estrangeiros e a evasão de capital

são registradas como transações de débito, ou seja, são operações que envolvem

pagamentos à estrangeiros, e recebem um sinal negativo no balanço de pagamento da

nação. Já as exportações de bens e serviços, transferências unilaterais recebidas de

estrangeiros, e a entrada de capital no país são transações de crédito, pois envolvem o

recebimento de pagamentos de estrangeiros e recebem um sinal positivo (PAULANI;

BRAGA, 2007).

Se o total de débitos exceder o de créditos nas contas corrente e de capital, ou o

total de créditos na conta da reserva oficial exceder os débitos, tem-se um déficit no

11

balanço de pagamentos (BP<0), o que implica na diminuição das reservas do país. Ainda,

como relatado por estes mesmo autores, um país pode tentar obter os recursos que faltam

por meio de operações de investimento, empréstimos ou financiamentos, ou de capitais de

curto prazo, podendo pedir auxílio a instituições como o FMI, ou no pior dos casos, não

honrar com seus compromissos.

E por outro lado, tem-se um superávit no balanço de pagamentos (BP>0) quando os

créditos totais excedem o total de débitos nas contas corrente e de capital resultando em um

aumento de reservas.

BP = -VR (Eq. 2)

Para uma melhor análise dos quadros observados, faz-se necessário conceituar e

compreender as contas do balanço de pagamentos brasileiro como mostradas a seguir.

A conta corrente abrange todas as movimentações de bens, serviços e rendas entre

residentes e não residentes, sendo subdividida em balança comercial (BC), balanço de

serviços (BS), e transferências unilaterais correntes (TU). Dessa forma:

TC = BC + BS + TU (Eq. 3)

Quando um superávit em transações correntes é registrado, ele estimula a renda

doméstica, e o contrário ocorrerá quando for registrado um déficit nesta mesma conta.

Na balança comercial são registrados os saldos de exportações e importações de

bens tangíveis pelo valor free on board (FOB), onde todas as despesas ficam por conta do

vendedor, incluindo os riscos de perdas e danos, até o momento de colocação da

mercadoria a bordo do navio indicado pelo comprador. Seu saldo é dado pela diferença

entre exportações e importações (FEIJÓ; RAMOS, 2003).

O balanço de serviços registra os serviços prestados e recebidos pelos residentes de

um determinado país. Tal conta é composta por: a) despesas com transportes, incluindo

fretes de mercadorias, passageiros e serviços auxiliares; b) viagens internacionais,

englobando gastos com bens e serviços para turismo adquiridos no exterior em viagens com

duração inferior a um ano; c) rendas de capital, denominadas pelas remessas e recebimento

de juros e lucros, como por exemplo, serviços de seguros, serviços financeiros, e aluguel de

12

equipamentos; d) gastos com serviços governamentais, como manutenção dos militares

efetivos em outros países e gastos com embaixadas e consulados; e e) outras receitas e

gastos, como royalties e licenças, que englobam autorizações para uso de ativos não-

financeiros intangíveis e direitos de propriedade (PAULANI; BRAGA, 2007).

Todos os registros da balança de serviços ainda podem ser divididos em duas

categorias: serviços de fatores e de não fatores. A primeira delas corresponde a pagamentos

e recebimentos em função do uso de fatores de produção e a segunda categoria engloba

aqueles que não envolvem qualquer transação relacionada com fatores de produção, como

viagens internacionais e fretes (PAULANI; BRAGA, 2007). Apesar de não estar explícita

na estrutura da conta esta divisão, tais autoras citam que “ela é extremamente importante do

ponto de vista do cálculo dos agregados, pois a utilização de fatores de produção de

propriedade de não residentes obriga a que se faça uma distinção entre a renda e o produto

nacional e a renda e o produto interno”.

A conta correspondente às transferências unilaterais correntes consiste nas

transações que não possuem contrapartida, mas que afetam o nível de renda disponível e

podem influenciar o consumo, como, por exemplo, remessas de recursos por parte de

pessoas que trabalham no estrangeiro aos seus familiares no país de origem, doações (em

dinheiro ou espécie), medicamentos, alimentação, etc.

Na contabilidade brasileira, como explicado por Carvalho e Silva (2007), esta conta

foi separada em transferências governamentais e privadas a fim de evidenciar a participação

do setor público e do privado.

Portanto, a partir destas três contas analisadas, se o país envia mais recursos do que

recebe, ele apresentará um déficit em suas transações correntes, o que significa dizer que se

produziu uma quantidade de divisas insuficiente para pagar as despesas contraídas durante

o período. E o contrário representaria um superávit: quando a quantidade da venda de bens

e serviços e recebimentos de transferências forem suficientes para sanar as despesas

(CARVALHO; SILVA, 2007).

13

A conta de movimentos de capitais, também conhecida como conta capital e

financeira, registra os direitos adquiridos e as obrigações assumidas nas transações entre os

agentes nacionais e estrangeiros de um país, como investimentos, financiamentos e

empréstimos. Seguindo o modelo explanado por Paulani e Braga (2007), esta conta é

composta basicamente por sete categorias: investimentos diretos, reinvestimentos,

empréstimos e financiamentos, amortizações de empréstimos, capitais de curto prazo,

empréstimos de regularização, e outros capitais.

Na primeira conta, de investimentos diretos, são contabilizadas as compras e vendas

de capital feitas por agentes estrangeiros em determinado período, tais como: aquisições e

vendas de empresas nacionais (privadas ou estatais), aquisições ou vendas de participações

societárias, e a ampliação ou criação de capacidade produtiva no país por iniciativa de

estrangeiros. Nos países subdesenvolvidos, como é o caso do Brasil, o saldo líquido desta

conta tende a ser positivo devido aos investimentos no país constituírem uma fonte de

obtenção de divisas, cujas quais podem ser utilizadas para fazer frente à compromissos

externos registrados na conta corrente (FEIJÓ; RAMOS, 2003)

Desde os anos 90, esta conta tem ganhado importância no balanço brasileiro em

função do acelerado e intenso processo de privatização e das inúmeras aquisições de

empresas de capital privado nacional por parte de grupos estrangeiros. No primeiro caso

tratou-se da realização de um objetivo intencionalmente buscado pelo governo de Fernando

Henrique Cardoso (1995-2002). No segundo caso a política utilizada para rápida abertura

comercial colocou muitas empresas nacionais em uma situação não muito agradável,

deprimindo seus preços e estimulando sua aquisição pelo capital estrangeiro (PICCININI;

PUGA, 2001).

Os rendimentos do capital estrangeiro no país que são reinvestidos e que, portanto,

estão sob forma de moeda doméstica, encontram-se na conta de reinvestimentos. A conta

de empréstimos e financiamentos registra todos os empréstimos contraídos no exterior e

também os financiamentos externos obtidos por agentes nacionais. Como exemplos de

lançamentos nesta conta, podemos considerar, assim como exemplificado por Feijó e

Ramos (2003) “uma empresa que obtém empréstimos em dólares de um agente estrangeiro

viabilizando a entrada de divisas no país, e um importador nacional que compra uma

14

grande quantidade de mercadorias através de um financiamento”. Também são

contabilizados nesta conta os empréstimos e financiamentos concedidos por agentes

residentes à não residentes e, portanto, o saldo líquido desta conta é indicado pelo resultado

dessas operações. O Brasil geralmente apresenta este saldo líquido positivo por ser um

tomador de empréstimos e financiamentos externos (FEIJÓ; RAMOS, 2003).

Todos os pagamentos ocorridos no período, referentes ao principal dos empréstimos

externos contraídos por residentes, são alocados na conta de amortizações de empréstimos,

e nela não estão inclusos os pagamentos de juros incidentes, já que esses são contabilizados

na balança de serviços (FEIJÓ; RAMOS, 2003).

A quinta conta, capitais de curto prazo, diz respeito às obrigações de curto prazo do

país em poder de agentes estrangeiros, ou seja, moeda nacional e títulos internos de curto

prazo. Esta tem sido uma importante fonte de divisas para os países dependentes de capital

externo, como é o caso do Brasil, por configurar uma forma de financiamento do déficit em

transações correntes do balanço de pagamentos (FEIJÓ; RAMOS, 2003).

A conta empréstimos de regularização especifica as divisas que entram no país em

função de acordos efetuados entre os países e o Fundo Monetário Internacional (FMI). Um

lançamento dessa natureza nada mais representa que uma decretação de moratória pelo país

(PAULANI; BRAGA, 2007). Apesar de ser uma situação não muito agradável, estas

autoras explicam que “o país pode, eventualmente, escolher decretá-la em vez de se

submeter às exigências impostas para a obtenção de recursos de organismos internacionais

de ajuda”.

Como é normal que existam discrepâncias entre as somas das transações correntes,

movimentos de capital, e das variações das reservas monetárias do país verificadas ao final

do período, o balanço de pagamentos possui a conta de erros e omissões que identifica

exatamente às transações que não foram registradas pelas autoridades monetárias, mas que

levaram à uma variação das reservas internacionais do país (FEIJÓ; RAMOS, 2003).

15

A conta de variação de reservas corresponde a contrapartida do resultado global do

balanço de pagamentos (-BP), ou seja, ela apenas demonstra o resultado obtido como saldo

do balanço.

Dessa forma, se o saldo do balanço de pagamentos for positivo, as reservas do país

devem ter se elevado neste mesmo valor de montante, o qual será registrado como resultado

devedor na conta de variação das reservas. Analogamente, um saldo negativo no balanço de

pagamentos significa que, em determinado período, o país teve que utilizar de parte de suas

reservas para saldar o déficit. Esta última situação pode ter sido consequência de o país não

ter conseguido atrair capitais ou obter empréstimos e financiamentos necessários para

quitar seus compromissos no exterior (BAUMANN et al, 2004).

A soma desta conta juntamente com os movimentos de capitais explicará como o

país resolveu seu problema de déficit em transações correntes, e no caso de um superávit,

esta mesma soma mostrará qual destino que o país escolheu para os recursos adicionados

obtidos durante um certo período.

Quando há um déficit nas contas externas do balanço de pagamentos não significa,

necessariamente, que tal país obteve um desempenho econômico negativo. Esse déficit

pode ser uma tentativa de elevação da eficiência econômica do país, como por exemplo, de

uma importação de um grande número de máquinas e equipamentos, tecnologia, e outros

serviços relativos ao comércio. Ele só pode ser considerado um problema quando for

contínuo e não houver perspectiva de reversão prevista, e neste tipo de situação, a

autoridade econômica deve propor alguma medida de ajuste. Paulani e Braga (2007)

explica sete daquelas que considera as mais importantes enumeradas a seguir.

1) Uma desvalorização cambial, que atuaria principalmente sobre as transações

correntes estimulando as exportações, desestimulando as importações e

deixando mais caras as viagens dos agentes nacionais ao exterior. No entanto,

tal medida provoca desajustes nos preços relativos, o que fará uma elevação nos

preços dos bens nacionais do país, e ainda resultar em um processo

inflacionário.

16

2) Elevação das tarifas de importação e o estabelecimento de cotas de importação

são ações que, assim como a primeira medida, oferecem resultados a curtíssimo

prazo, e têm como objetivo conter as importações atuando sobre a balança

comercial. Elas reduzem o grau de abertura comercial do país, pois elevam o

preço dos bens importados em moeda nacional, além das cotas estabelecerem

limites em relação à quantidade de produtos importados no país.

A desvantagem de ambas acima é que podem não ser bem vistas no comércio

internacional e gerar retaliações, isto é, outros países podem adotar essas medidas em

relação aos produtos brasileiros exportados.

3) Concessão de subsídios às exportações como forma de isenção fiscal, afim de

tornar os produtos exportados mais competitivos e melhorar o saldo da balança

comercial. Seus efeitos não são imediatos, e ele necessita de auxílio dos recursos

públicos que estão cada vez mais escassos na maioria dos países.

4) A prática das medidas do terceito tópico pode ser vista como dumping por parte

dos concorrentes do país no setor beneficiado pelos subsídios.

5) Imposição de restrições às saídas de capitais e à remessa de recursos ao exterior.

A primeira delas tem por objetivo elevar o saldo da conta de movimentos de

capitais atuando sobre os capitais de curto prazo - um superávit nesta conta

ajuda a financiar eventuais déficits nas transações correntes. E a restrição às

remessas de rendas enviadas ao exterior, sob forma de lucros e juros, têm por

finalidade melhorar o quadro da balança de serviços. O lado negativo é que estas

imposições geram certa desconfiança por parte dos investidores internacionais,

que terão maior cautela ao tomar decisões de investimentos nos países que as

adotam.

6) A redução no nível de atividade da economia como tentativa de reverter um

déficit na balança comercial e atuando em prol das exportações. Com um

desaquecimento do mercado interno, a produção nacional tende a procurar

17

alternativas de vendas no mercado externo. A grande dificuldade desta medida

seria ela mesma, pois ela resulta em um maior nível de desemprego.

7) A elevação da taxa interna de juros que atua na conta de movimentos de

capitais, a fim de atrair capitais estrangeiros de curto prazo. Porém, a aplicação

dessa medida também reduz o nível de atividade econômica interna e trazendo

consequências diretas à demanda agregada. Se a taxa de juros interna estiver

muito elevada, ela exigirá um retorno muito alto dos investimentos, além de

desestimular o consumo por tornar mais caras as compras a crédito. O uso

intensivo dessa medida, além de gerar os resultados acima, as autoras explicam

que isso também “implica em deixar o país em estado de vulnerabilidade com

relação aos movimentos especulativos de capital internacional porque aumenta a

dependência do país por capitais de curto prazo”.

Portanto, nas palavras das autoras, qualquer que seja a política utilizada para ajuste

do balanço de pagamentos, cabe ao governo participar de forma efetiva da economia, afim

de “estimular o crescimento da produtividade e da qualidade dos bens e serviços

produzidos domesticamente, viabilizando o crescimento das exportações e desestimulando

as importações”.

18

2.2. Mercado Cambial

Formado por agentes econômicos que transferem recursos de um país para outro, o

mercado cambial, ou mercado de divisas, utiliza a taxa cambial como seu instrumento,

possibilitando a realização de operações de arbitragem que ocorrem nos centros financeiros

de diversos países. Essas operações são feitas por transações internacionais em contas

mantidas em bancos comerciais.

O Banco Central de cada país é a autoridade monetária que realiza o controle dos

fluxos de moedas estrangeiras, além disso ele deve ser notificado de todas as operações dos

bancos comerciais que envolvam a entrada e saída de moeda estrangeira no país

(CARVALHO; SILVA, 2007).

A taxa de câmbio é definida como o preço de uma unidade de dólar transformada

em moeda nacional. Vale ressaltar que toda entrada de divisas no país tem de ser convertida

em moeda doméstica, assim como toda saída de divisas implica na conversão da moeda

doméstica em moeda norte americana. Logo, as informações necessárias para a decisão de

exportar ou importar levam em conta: os preços domésticos, preços externos, e a taxa de

câmbio. As mudanças na taxa de câmbio afetam diretamente os preços relativos dos

produtos internos e estrangeiros induzindo a uma oscilação na balança comercial

(BAUMANN et al, 2004).

Uma valorização da taxa cambial significa que houve uma queda na taxa, indicando

que a moeda nacional vale mais do que antes, já que agora é preciso de uma menor

quantidade de moeda doméstica para adquirir uma unidade de dólar (US$ 1). As

valorizações cambiais tendem a estimular as importações e a desestimular as exportações,

já que os preços dos produtos importados estão mais atraentes do que daqueles produtos do

mercado interno, e os bens que o país residente exporta estão encarecidos.

Quando ocorre uma desvalorização cambial, a moeda nacional passa a valer menos

que no período exatamente anterior. As desvalorizações estimulam as exportações por

tornar os bens importados mais caros e aumentar a renda dos exportadores.

19

A divulgação das taxas de câmbio das mais diferentes moedas ocorre diariamente

por jornais econômicos, e seus valores estão dispostos em uma tabela de compra e venda.

Geralmente, os compradores e vendedores são os bancos, e que por sua vez fazem o papel

de intermediários nas operações que ofertam e demandam divisas. Carvalho e Silva (2007)

explica que, por essa razão, “a taxa de compra será menor que a de venda, e a diferença

entre elas é conhecida como spread, que engloba os custos de transação e a comissão dos

bancos”.

A taxa de câmbio real leva em conta a inflação interna, cuja qual encarece os

produtos exportados e torna os produtos estrangeiros mais baratos. Já a inflação externa

possui o efeito oposto.

Segundo modelo apresentado por Paulani e Braga (2007), tem-se que a variação

percentual da taxa de câmbio real o pode ser obtida pelas variações percentuais da taxa de

câmbio nominal (∆𝐸), da inflação interna e da externa.

∆𝑒 = [ (1 + ∆𝐸) ∗ 1+ ∆𝑃′

1+ ∆𝑃 ] − 1 (Eq. 4)

A taxa de câmbio efetiva real exibe as variações reais do câmbio, pois considera o

peso relativo de cada país no comércio, assim como sua respectiva taxa de câmbio.

Exemplificada por Carvalho e Silva (2007), na equação abaixo para calcular a taxa de

câmbio efetiva real (e), n representa o número de parceiros comercial do Brasil, wi é o peso

relativo do i-ésimo país no comércio, Ei é a taxa de câmbio do i-ésimo parceiro:

e = ∑ [(𝑤𝑖 ∗ 𝐸𝑖 ∗ 𝑃𝑖´)/𝑃]𝑛𝑖=1 (Eq. 5)

Quando este índice acima aumenta, significa que a moeda nacional sofreu uma

desvalorização, e quando diminui, a moeda sofre uma valorização.

A principal referência para a determinação da taxa de câmbio é a paridade do poder

de compra da moeda. Para mantê-la, a expressão rearranjada dada por Carvalho e Silva

(2007), diz que a variação da taxa de câmbio (ΔE) deve ser igual à razão entre a variação do

índice de preços nacionais (ΔP) e a variação do índice de preços estrangeiros (ΔP´), entre o

momento inicial e o final da seguinte forma:

20

ΔE = [(1 + ΔP)/(1 + ΔP´)] – 1 (Eq. 6)

A aplicação prática vai depender das prioridades da política econômica. Segundo as

mesmas autoras:

“O que é bom para as trocas internacionais não o é para o

controle de preços. Se a prioridade do governo for de reduzir a

inflação, a escolha da base de cálculo poderia recair em um

momento exatamente oposto, isto é, aquele em que a taxa de

câmbio favorecesse a importação e inibisse a exportação”

(CARVALHO; SILVA, 2007, p ).

Assim como a maioria dos países, a taxa de câmbio no Brasil é ancorada ao dólar,

porém, também são realizadas importantes transações com outros parceiros comerciais.

Se a moeda de qualquer desses países varia em relação ao dólar, os preços relativos

entre o Brasil e o país em questão são afetados, interferindo na rentabilidade dos negócios

recíprocos (CARVALHO; SILVA, 2007). Sempre que uma moeda tiver apreciação em

relação ao dólar, esta terá depreciação em relação ao real, e vice-versa.

A paridade do poder de compra (PPC) é baseada na “Lei do preço único”, segundo a

qual, na ausência de barreiras ao fluxo comerciais, não é possível que um mesmo bem seja

vendido a um preço diferente, e o processo de arbitragem assegura o cumprimento da lei.

Tal abordagem do PPC é utilizada para avaliar o equilíbrio de longo prazo para a taxa de

câmbio. Segundo Carvalho e Silva (2007), tal lei “só é válida no comércio internacional se

não houver barreiras ao comércio, e mesmo em condições de livre comércio, os custos de

transporte e de seguros devem ser considerados”.

Se essa lei entrasse em vigor, e o Brasil fosse o único país importador, por exemplo,

o preço nacional (P) de uma mercadoria seria dada pela relação entre a taxa de câmbio (E) e

o preço (P´) da mercadoria em dólares:

P = E * P´ (Eq. 7)

Ainda segundo as autoras, “quando se considera o conjunto de bens comerciáveis de

dois países, não pode mais utilizar os preços individuais, mas sim um índice de preços dado

pela média ponderada dos preços dos bens em determinado período”. Assim, P passa a ser

21

o índice de preços domésticos e P´o índice de preços estrangeiros, e como cada um deles é

expresso em sua moeda de origem, faz-se necessário determinar uma taxa de câmbio (E)

para comparar os dois preços, e uma taxa de paridade real (q):

P = q * E * P´ (Eq. 8)

Se q for igual à 1, a arbitragem é perfeita, ou seja: o nível de preços domésticos é

igual ao dos preços estrangeiros vezes a taxa de câmbio nominal. Mas no que diz respeito

da economia real, com imperfeições existentes no mercado internacional, esta arbitragem

nunca será perfeita por motivos inspecionados na pesquisa deste trabalho logo adiante.

Paulani e Braga (2007) afirmam que “existe uma série de argumentos que torna

frágil a relação proposta como sendo uma teoria de determinação da taxa de câmbio de

longo prazo, mas que a relação é bem útil quando utilizada nas comparações de dados das

contas nacionais entre países”.

É sabido que a taxa de câmbio é uma variável econômica de suma importância por

ser a intermediária das transações entre os agentes nacionais e estrangeiros de um país, da

mesma forma que suas alterações influenciam todas as contas do balanço de pagamentos e

têm reflexos sobre o mercado interno.

Nas palavras de Carvalho e Silva (2007)

“Uma desvalorização da taxa de câmbio aumenta a

competitividade dos produtos brasileiros no exterior, fazendo

crescer as importações, a produção e o emprego, mas também

pode levar à um aumento dos preços internos, provocando

inflação, que, além dos problemas já conhecidos, pode trazer

feitos distributivos perversos” (CARVALHO; SILVA, 2007,

p.97).

Entretanto, o nível dessa taxa pode ser determinado pelas forças de mercado ou a

partir da interferência do governo no mercado cambial (PAULANI; BRAGA, 2007).

No regime de câmbio fixo, o Banco Central atribui um preço fixo à moeda

estrangeira em valores nacionais, e todas as transações devem obedecer à taxa de câmbio

fixa para converter as moedas. A adotação do câmbio fixo também significa dizer que o

22

valor de uma moeda está “ancorada” em outra, e pode ocorrer de três formas segundo

Carvalho e Silva (2007):

1) A ancoragem unilateral é de responsabilidade do país ancorado. Normalmente,

os países que utilizam esse sistema ancoram sua moeda à de um país de forte

presença econômica.

2) O currency board é uma versão radical da primeira, onde o país ancorado além

de estabelecer unilateralmente uma taxa de câmbio fixa, deve vincular o volume

de moeda local à quantidade de moeda estrangeira de referência existente no

país. Todo país que adota esse regime perde a capacidade de executar a política

monetária, e o controle da liquidez de sua economia passa a depender

exclusivamente das entradas e saídas de divisas no país. Carvalho e Silva (2007)

explicam que, em geral, “os países que adotam tal medida são aqueles em

desenvolvimento e com dificuldades em transmitir credibilidade na sua política

cambial”.

3) O arranjo cambial cooperativo, onde todos os países ficam responsáveis pela

manutenção das paridades cambiais entre as respectivas moedas.

O regime de câmbio fixo era prática comum adotado pelos países filiados ao Fundo

Monetário Internacional, e continua sendo por muitos deles, destacando-se a União

Europeia.

Já em um regime cambial flexível, a taxa pode oscilar por conta própria. A oferta

neste regime é determinada por aqueles que recebem renda e outros recursos de agentes

estrangeiros, e a demanda, por sua vez, é determinada pelos que transferem renda e outros

recursos para agentes não residentes no país.

O Banco Central de um país permite que o mercado cambial estabeleça o preço da

moeda estrangeira, e o governo atua comprando e vendendo divisas como se fosse qualquer

outro agente. Quando a autoridade monetária não interfere no mercado de divisas, constitui-

se as chamadas flutuações “limpas”, porém elas raramente ocorrem porque o governo perde

o controle sobre a oferta monetária (CARVALHO; SILVA, 2007).

23

O mais comum então é que o Banco Central intervenha no mercado cambial afim de

estabelecer um controle para que o preço da moeda estrangeira não se distancie muito de

um valor que o governo julga conveniente, caracterizando assim um regime de flutuações

“sujas”. Este é o tipo de regime praticado no Brasil desde 1999.

Países que administram sua política cambial por meio das flutuações “sujas”, como

é o caso do Brasil, estabelecem intervalos dentro dos quais a taxa de câmbio pode flutuar

livremente conhecidos como bandas cambiais. Se, por acaso, o mercado estabelece um

preço para a moeda estrangeira que esteja fora dos limites das bandas cambiais, a

autoridade monetária deve interferir vendendo divisas, caso o câmbio atinja o limite

máximo permitido, ou comprando-as, caso o câmbio atinja o limite mínimo da banda

cambial (CARVALHO; SILVA 2007).

Outro ponto que também se faz importante para compreender as políticas cambiais

adotadas é a balança comercial de cada nação. A seguir, um breve histórico para que se

possa entender as medidas adotadas pela balança comercial brasileira.

24

2.3. Breve histórico do processo de abertura comercial da economia brasileira

Como descrito por Baumann et al (2004), a experiência brasileira com política

comercial externa até meados de 1960 foi fortemente influenciada pela predominância da

ênfase na proteção da produção nacional contra produtos importados competitivos, isso

porque acreditava-se em uma tendência ao desequilíbrio externo, que só seria reduzida com

a redução da dependência de produtos importados via barreiras ao comércio e estímulo à

produção substitutiva interna. Assim, a partir de 1965 que os primeiros incentivos às

exportações começaram a ser concedidos sob forma de isenção de Impostos sobre

Circulação de Mercadorias e de Impostos sobre Produtos Industrializados na atividade

exportadora.

Averbug (1999) destaca que a proposta do Novo Regionalismo1 do final da década

de 1980 tentava compreender se as áreas preferenciais de comércio representavam uma

dificuldade ou um impulso no caminho da liberalização do comércio internacional. E diante

deste contexto, o autor relata que a formação do Mercosul foi a resposta às exigências da

nova dinâmica da economia mundial, uma vez que os países participantes (Brasil,

Argentina, Uruguai e Paraguai) perderiam oportunidades de crescimento caso

permanecessem isolados.

A reforma de 1987 estabeleceu um cronograma para redução de alíquotas, cujo qual

foi elaborado a partir de diagnósticos de competitividade de diversos produtos nacionais

comparando-os com produtos no mercado internacional que fossem semelhantes à eles. Já a

reforma de 1990 consistiu em eliminar regimes especiais de importação e as barreiras não

tarifárias (BAUMANN et al 2004).

Ainda segundo tais autores, por três décadas a política de importação2 no Brasil foi

baseada na Lei 3244/57, que definiu a sua estrutura tarifária básica e criou uma agência de

governo encarregada por sua implementação, o Conselho de Política Aduaneira (CPA).

1 Começou a emergir nos anos 80. São os agrupamentos de áreas ou regiões mundiais com objetivos e

propostas comerciais semelhantes.

2 Processo que leva ao aumento da produção interna do país e à diminuição das importações. Entrou em vigor

no Brasil após a crise de 1929, com intuito de desenvolver o setor manufatureiro e tentar resolver o problema

da dependência de capital externo.

25

Esse sistema vigorou até 1990 quando a Lei do Comércio Exterior modificou toda a

institucionalidade da política comercial externa, dispondo de isenção ou redução de

impostos sobre as importações.

O Plano Collor provocou uma grande desaceleração da economia, quando o PIB

real sofreu uma queda nos primeiros anos da década de 1990, e por causa da tendência de

desvalorização que o câmbio real sofria, o processo de abertura comercial favoreceu o

volume de importações. Desta forma, a desvalorização cambial começou a desempenhar

um papel fundamental para reter o avanço das importações para o país, e foi considerada

um elemento central para as medidas adotadas no início de um processo de liberalização

comercial. E neste sentido, todos os regimes especiais sobre às importações e que não

possuíam vínculos com as exportações, acordos internacionais ou à Zona Franca de

Manaus, foram eliminados (AZEVEDO; PORTUGAL, 1998).

Miranda (2001) relata que em 1993, o balanço dos primeiros anos constatou que

mesmo que os ajustes empreendidos tivessem aumentado a eficiência da indústria

brasileira, não tinham sido ainda capazes de motivar a modernização significativa do

parque industrial.

Azevedo e Portugal (1998) analisam que, após a balança comercial apresentar

saldos negativos e por isso acabar por constituir um quadro desfavorável ao financiamento

de seus deficits, marcado pela crise cambial Mexicana3 pelo aumento das taxas de juros

mundiais, a política econômica teve de ser alterada, que por sua vez afetou também a

política de importação brasileira. Logo, apareceram dificuldades em manter os acordos

comerciais junto ao Mercosul e à Organização Mundial do Comércio (OMC), além da

necessidade de um retrocesso no processo de abertura comercial, e como alternativa para

esse problema, o governo tratou de elevar as tarifas sob às importações de certos produtos,

e geralmente os incluía na lista de exceção à tarifa comum externa ou impunha quotas de

importação sobre eles.

3 Mais conhecida como “Efeito Tequila”, ocorreu em 1994 e tratou-se de uma crise na balança de pagamentos

provocada pela falta de reservas internacionais, levando à uma desvalorização do peso.

26

A opção do governo brasileiro até agosto de 1994 foi de procurar neutralizar as

pressões que a entrada massiva de recursos estava exercendo sobre a taxa de câmbio real

acumulando reservas e dívida pública. Esta última, para neutralizar o impacto da compra de

reservas sobre a expansão monetária. Apesar dos esforços, o governo não conseguiu evitar

a apreciação cambial (MOREIRA; CORREA, 1997).

Estes mesmos autores relatam que, até 1995, a estrutura de proteção nacional passou

novamente por alterações provocadas pelo programa de estabilização de preços e pelos

compromissos do país com relação ao Mercosul, onde ambos ampliaram a redução tarifária,

além dos efeitos provocados pelas oscilações da pauta comercial e das demandas por

proteção de setores prejudicados pela abertura comercial.

Entre 1988 a 1997 as importações brasileiras quadruplicaram e exportações

aumentaram mais que 50%, fato este que transformou o superávit alcançado em 1988 de

mais de US$ 19 bilhões em um déficit em 1997 de quase US$ 8,5 bilhões. E, devido à crise

mundial, impulsionada pela crise asiática em 1998, as exportações e importações tiveram

queda de 3,5% e 6,2%, respectivamente, e o déficit da balança comercial passou para US$

6,4 bilhões (AVERBUG, 1999).

No segundo semestre deste mesmo ano, o governo retomou sua postura

liberalizante, devido às pressões exercidas pelo Mercosul, pelo risco de retaliação junto à

OMC, e pela solução da crise externa. Durante a segunda metade de 1994 até final de 1995

houve a maior elevação exponencial das importações, algo em torno de 100%, cuja qual foi

considerada a maior variação desde o ínicio da liberalização comercial (AZEVEDO;

PORTUGAL, 1998).

Por este fato, tais autores destacam uma série de fatores que colaboraram para que

as importações apresentassem este desempenho: “1) o crescimento econômico verificado;

2) a acentuada valorização nominal e real da taxa de câmbio; 3) a manutenção da queda das

alíquotas de importação; e 4) o maior acesso a financiamentos externos para as

importações”.

O Quadro 3 a seguir mostra a evolução do comércio exterior brasileiro de forma

agregada.

27

Quadro 3: Fluxo Comercial Brasileiro por Destino (US$ Milhões) 1992 - 1998

América

Latina e

Caribe

Ásia União

Europeia Nafta Resto

1992 Exportação 8.148 7.116 10.730 8.591 951

Importação 4.236 5.104 5.262 6.298 1.438

Saldo 3.912 2.012 5.468 2.293 -487

1993 Exportação 9.764 7.556 9.962 9.458 1.555

Importação 5.303 5.927 6.459 7.337 2.262

Saldo 4.461 1.629 3.503 2.121 -707

1994 Exportação 10.598 8.276 11.812 10.441 1.504

Importação 7.281 6.643 9.760 9.453 2.368

Saldo 3.317 1.633 2.052 988 -864

1995 Exportação 10.724 9.660 12.912 9.555 2.767

Importação 11.323 9.563 14.980 14.812 3.050

Saldo -599 97 -2.068 -5.257 -283

1996 Exportação 11.690 8.679 12.836 10.497 4.722

Importação 11.723 9.263 13.945 13.913 4.377

Saldo -33 -584 -1.109 -3.416 345

1997 Exportação 14.711 8.765 14.513 10.818 5.009

Importação 13.498 10.583 16.316 16.978 5.139

Saldo 1.213 -1.818 -1.803 -6.160 -130

1998 Exportação 14.313 6.795 14.744 11.411 4.859

Importação 12.504 8.724 16.819 15.862 4.615

Saldo 1.809 -1.929 -2.075 -4.451 244

Fonte: Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) e Secex in Averbug

(1999).

Conforme defendido por Pereira (1997) apud Averbug (1999), esse cenário

comprova a extrema importância de se ampliar os laços comerciais com a União Europeia

paralelamente à Alca, a fim de reverter os saldos negativos encontrados após 1994.

Entretanto, destaca-se que embora a União Europeia seja o grande mercado

consumidor brasileiro, é também umas das regiões que mais impõem barreiras comerciais

sobre os produtos brasileiros, como por exemplo, no que diz respeito às questões acerca do

subsídio à agricultura, que prejudica as exportações de produtos primários do Mercosul.

Devido a esse protecionismo, à liberalização brasileira nos anos 90 e à intensificação do

comércio intra-Mercosul, entre 1992 e 1996 as exportações do Mercosul para a União

Europeia aumentaram apenas 25%, em contraste com um aumento de 274% das

importações provenientes desse bloco (AVERBUG, 1999).

28

Este mesmo autor explica que o Brasil atravessou um período de reformas desde a

implementação do Plano Real, que resultou na redução da inflação e na maior abertura ao

comércio e ao fluxo de capitais internacionais, e como consequência desse processo, busca-

se modernizar o setor industrial, assim como aumentar sua capacidade cada vez mais.

De um modo geral sobre o período até aqui descrito, no que se refere aos aspectos

externos, destaca-se que a grande liquidez internacional característica dos anos 90 permitiu

a retomada dos empréstimos e financiamentos pelos países emergentes no período. Quanto

ao crescimento das importações financiadas após 1994 pode ser explicado por

características nacionais, como por exemplo, pela discrepância entre as taxas de juros

domésticas e internacionais (AZEVEDO; PORTUGAL, 1998).

Baumann et al (2004) citam que desde 1997 o ritmo de crescimento das transações

sub-regionais sofreu uma inflexão de tal forma que o processo negociador entre os quatro

países do Mercosul começou a apresentar problemas associados a falta de definições

políticas em relação ao aprofundamento da integração, com o tratamento conjunto de temas

não-comerciais. Ainda explicam que aproximação destes países passou a conviver com um

cenário novo, derivado de negociações em nível hemisférico, para a criação da Área de

Livre Comércio das Américas (ALCA).

O objetivo da ALCA era de agregar o comércio de toda América eliminando suas

barreiras tarifárias e não tarifárias. Krugman (1991) apud Averbug (1999) sugere que,

embora as áreas de livre comércio sejam responsáveis pelo surgimento de desvios de

comércio, é pouco provável que o resultado líquido, em termos de eficiência mundial, seja

negativo, porque as relações comerciais são naturalmente estimuladas mesmo antes deste

processo.

Feitas estas considerações, na seção 4 são apresentados os resultados da pesquisa

de acordo com os métodos apresentados pela metodologia a seguir.

29

3. Metodologia

A metodologia deste trabalho partirá dos conceitos explanados no referencial

teórico para analisar a dinâmica da balança comercial de 1999 a 2014. Para tal, deve-se

identificar os maiores parceiros do Brasil nas relações comerciais e compreender o

comportamento dos produtos com maior participação relativa nas pautas de exportação e

importação, além de averiguar as flutuações da taxa cambial ao longo do período.

O método será dedutivo, pois os dados fornecidos de diversas fontes apresentadas

serão transformados em informações sólidas usando os artigos, livros e sites selecionados

como base para as conclusões de resultados. A abordagem será quantitativa, uma vez que

traduz, em números, informações relevantes à análise desejada. A finalidade da pesquisa

será evidenciar de forma descritiva a existência (ou ausência) da correlação entre as

variáveis escolhidas para avaliação, o que ainda pode servir para a realização de novas

pesquisas a respeito do tema.

30

4. A dinâmica da balança comercial brasileira

Com o objetivo de investigar a dinâmica de comportamento da balança comercial

brasileira e seus fluxos de comércio, faz-se necessário compreender e analisar os principais

componentes da pauta comercial e quais as consequências foram observadas na economia

do país. Para tal pesquisa, foram coletados dados acerca do tema e em seguida foram

agrupados nas tabelas e gráficos como forma de auxiliar na explicação dos resultados

encontrados.

O período de análise do trabalho inicia-se durante o segundo mandato de presidente

Fernando Henrique Cardoso, quando, após sucessivas crises externas e introdução da

política de âncora cambial4, começou a mudança na política cambial que tornava a taxa de

câmbio flutuante de acordo com as leis de mercado. Como consequência deste novo

cenário, houve uma desvalorização cambial, já que a taxa estava sobrevalorizada devido a

rigidez de controle exercida pelo governo anteriormente (MENDES, 2010).

Como denominado por CARNEIRO (2014), mudanças na taxa de câmbio podem

afetar o desempenho da balança comercial por meio do efeito nos preços relativos, isto é,

na taxa de câmbio real (Gráfico 1), que foi calculada com base no Índice Nacional de

Preços ao Consumidor Amplo e no Índice de Preços ao Consumidor norte-americano,

ambos tomando o ano de 1999 como base. Ainda para o cálculo, no que diz respeito à taxa

de câmbio nominal, os valores utilizados foram referentes ao fechamento do último dia de

cada ano.

4 O período entre julho de 1994 e janeiro de 1999, onde vigorou o Plano Real, é caracterizado pelo uso de

uma âncora nominal – inicialmente uma banda assimétrica dentro do qual o Banco Central determinava na

prática a taxa de câmbio dentro de uma mini-banda - para fins de estabilização de preços e pela

implementação de uma política monetária bastante apertada, que resultou em uma grande sobrevalorização

cambial e o consequente déficit comercial, financiado por entrada de capitais externos (DE PAULA et al,

2015).

31

Gráfico 1: Evolução da taxa de câmbio nominal e da taxa de câmbio real de 1999 -

2014

Fonte: elaboração própria a partir dos dados do IPEA DATA. Disponível em <www.ipeadata.gov.br>. Acesso

em novembro de 2015

É fundamental compreender a taxa de câmbio real como um preço relativo, pois ela

afeta as variáveis reais e os fluxos comerciais, medindo na prática o quão mais caro ou

barato um produto nacional está diante de seu concorrente internacional. Nota-se, portanto,

uma depreciação cambial real de 1999 a 2004 (ano base 1999=100), o que representa um

aumento de competividade nacional e um preço mais vantajoso internamente. Por outro

lado, uma apreciação cambial real, como ocorreu a partir do ano de 2005, significa uma

redução da competitividade e aumento nos preços nacionais em relação aos concorrentes

externos. De 1999 a 2014, a variação da taxa de câmbio real foi de 72%, enquanto a taxa

nominal teve uma mudança em 148,5%. Essas mudanças se devem à grande volatilidade do

câmbio frente às políticas econômicas adotadas no país. Além disso, deve-se levar em conta

que, as variações da taxa de câmbio nominal consideram a inflação do período corrente,

cuja qual apresentou grandes oscilações, chegando ao seu maior valor, dentro do período

analisado, de 12,53% em 2002.

Especificamente no que diz respeito aos picos apresentados em 2002 e 2008,

destaca-se:

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Taxa de câmbio nominal Taxa de câmbio real

32

“A desvalorização cambial ocorrida (...) e a adoção de um

sistema de câmbio flutuante contribuíram para reverter a

tendência de deterioração da situação externa do país, mas ainda

assim, em função de diversos choques externos e incertezas

geradas pelo quadro político interno ocorreu a forte crise cambial

em 2002, culminando nas taxas de câmbio mais desvalorizadas

da história recente do país. Este processo, em conjunto com uma

forte melhora do quadro internacional e de forte elevação do

preço das commodities, contribuiu para a emergência de

significativos superávits na Balança Comercial e em Transações

Correntes, com significativa redução do Passivo Externo Líquido

do País e melhoria dos indicadores de solvência e do risco-país.

A melhora dos indicadores externos e fiscais levou o país à

condição de grau de investimento. Com o sistema de câmbio

flutuante, a entrada de divisas, inicialmente em função dos

superávits em transações correntes e, posteriormente, com o

fluxo de capitais, levou a uma tendência constante de apreciação

cambial desde o final de 2002. Este processo só foi ligeiramente

interrompido com a crise financeira de 2008 (...)” (TONETO

JR., et al 2013, p. 7)

As oscilações cambiais e as mudanças incorridas nos fluxos comerciais também

podem agir interligadas por aquilo conhecido como real balance effect, ou seja, pelo

comportamento dos agentes às mudanças de seus estoques reais de moeda perante

alterações no nível geral dos preços justificadas por alterações na taxa cambial, que por sua

vez acarreta em modificações na absorção (aumento ou redução de gastos) a fim de

reestabelecer o estoque real de moeda que desejarem manter (CARNEIRO, 2014).

De acordo com Baldwin (1990) apud Pena et al (2011), quando há uma grande e

persistente valorização da moeda nacional isto é chamado de “efeitos de histerese”, um

conceito bastante usado a fim de explicar as mudanças no nível de equilíbrio externo

causadas por choques na taxa de câmbio da economia.

Depois que o Plano Real foi implementado, o país presenciou momentos bastante

distintos com relação ao comportamento da taxa cambial, como por exemplo, o regime de

câmbio semi-fixo adotado pelo Brasil de 1995 a 1999 que objetivava a estabilização de

preços (DE PAULA et al, 2015).

A desvalorização cambial presente em 2002 e 2003 associada com o crescimento da

renda mundial, resultou na reversão dos saldos negativos da conta de transações correntes

33

do balanço de pagamentos nacional, além de diminuir a necessidade deste de ser

financiado. Em 2006, os termos de troca ajudaram a estimular esta melhora nas contas

externas (MARQUES, 2012).

Nestas circunstâncias, torna-se importante estudar o “efeito histerese” dentro da

economia brasileira na medida em que ele se vincula ao fenômeno da Curva J, cuja qual

pretende explicar o comportamento inicial previsto pela curva na década de 90.

A abordagem teórica, conhecida como Curva J, surge de uma constatação empírica

de que o efeito de uma depreciação cambial sobre o saldo dos fluxos comerciais pode variar

ao longo do tempo, com uma piora no curto prazo, seguida de uma reversão ascendente

quando os efeitos-volume dominarem. Na realidade, a dinâmica de alteração da balança

comercial sofre esse tipo de comportamento de curto prazo, dado que preços e quantidades

não se ajustam de forma equivalente diante de uma mudança na taxa de câmbio (SCALCO

et al, 2012).

De acordo com Pena et al (2011), isto ocorre porque o resultado inicial de uma

desvalorização é um aumento nas importações, e mesmo que haja elevação do preço dos

produtos importados, a quantidade deste não se altera em função de compromissos

anteriores. Com o passar do tempo, o ajuste no volume vai se tornando relevante: ele irá

diminuir enquanto a quantidade de exportações se torna atraente para os agentes

internacionais, e com esse efeito, o saldo da balança comercial apresentará uma melhora.

O argumento plausível para esta hipótese da Curva J apontado por Carbaugh (2004)

apud Pena et al (2011) é que leva tempo para que novas informações a respeito dos efeitos

sobre o preço da desvalorização se disseminem pelas unidades econômicas e estas ajustem

seu comportamento correspondente. Mendes (2010) relata que essa dinâmica da curva J é

derivada da rigidez dos contratos comerciais vigentes no momento da desvalorização.

No Gráfico 2 elaborado a partir dos saldos da Balança Comercial dos anos

analisados, evidencia-se o formato de tal curva entre os anos de 1999 e 2005, e após este

período observa-se uma mudança oscilatória dos saldos.

34

Gráfico 2: Saldo da Balança Comercial Brasileira, US$ bilhões, (1999-2014) e a

"Curva J"

Fonte: Elaboração própria a partir dos dados do BANCO CENTRAL DO BRASIL – BC. Disponível em:

<http://www.bc.gov.br>. Acesso em: junho e outubro de 2015.

A recuperação das exportações se deu em 1999 e 2000 como consequência da

liberalização da taxa cambial, que por sua vez, teve uma pequena desvalorização5 nos anos

seguintes a flexibilização do câmbio. Portanto, tal comportamento justifica a ocorrência do

fenômeno da Curva J, já que, apesar da depreciação cambial, a balança comercial brasileira

gerou saldos negativos, e os saldos de superávit só vieram a aparecer de 2001 até 2013.

Em certas ocasiões deste período, as mudanças no desempenho da balança

comercial respondeu às oscilações da taxa de câmbio real, o que também foi essencial para

explicar as mudanças incorridas nas pautas de exportação e importação. E quando a taxa

5 De acordo com Blanchard (2001, p. 226) apud (DE PAULA et al., 2015), “os efeitos após a depreciação

tendem a se fazer sentir mais nos preços do que nas quantidades. A quantidade de importações e exportações

tende a se ajustar lentamente: os consumidores levam algum tempo para perceber que os preços relativos

mudaram e as empresas também demoram para procurar fornecedores mais baratos e assim por diante. A

depreciação, portanto, pode produzir uma deterioração inicial da balança comercial. À medida que o tempo

passa, os efeitos das variações nos preços relativos tanto das exportações como das importações tornam-se

mais fortes. As exportações aumentam, as importações diminuem”.

-10000

0

10000

20000

30000

40000

50000

Sal

do

da

Bal

ança

Co

mer

cial

Período

35

cambial não foi suficiente, elementos como renda mundial e nacional e os preços das

exportações prevaleceram para analisar tal comportamento (DE PAULA et al., 2015).

O resultado final e positivo da Curva J é explicado pela condição de Marshall-

Lerner, que parte da ideia de que uma variação da taxa de câmbio real tem dois efeitos

opostos na balança comercial: as exportações aumentam e as importações diminuem, e o

volume de ambas devem ser suficientemente elásticos em relação à taxa de câmbio real.

Desta maneira, a condição Marshall-Lerner é aquela em que uma depreciação real da

moeda leva a um superávit da balança comercial, caso a soma das elasticidades de preços

relativos da demanda de exportações e importações exceda a 1 (PENA et al, 2011)

Assim, nota-se uma melhora na pauta comercial brasileira devido à desvalorização

da taxa de câmbio nominal. Entretanto, esta melhora também pode ter sido resultado do

intenso comércio mundial, que a partir de 2002 com o considerável crescimento da

economia mundial, demandou maiores quantidades de produtos a preços crescentes

(SCALCO et al., 2012).

Em 2003 nota-se o crescimento dos saldos positivos da balança comercial, resultado

este da expansão para novos mercados da economia brasileira, das cotações favoráveis da

moeda americana, da alta dos preços de vários produtos agrícolas e do baixo desempenho

da economia, que inibiu as compras de importados (PENA et al, 2011).

Diante do exposto, a Tabela 1 mostra a interação do comércio brasileiro com o

comércio internacional, a fim de analisar sua participação no mercado mundial.

36

Tabela 1: Comércio Mundial e participação percentual do comércio brasileiro (US$

bilhões) – preços correntes - FOB de 1999 – 2014

Exportações Importações

Ano Mundiais Brasileiras % Mundiais Brasileiras %

1999 5.567 48 0,8622

5.926 49,21 0,8304

2000 6.279 55,08 0,8772

6.725 55,78 0,8294

2001 6.024 58,22 0,9664

6.484 55,57 0,857

2002 6.315 60,36 0,9558

6.743 47,24 0,7006

2003 7.381 73,08 0,9901

7.869 48,29 0,6137

2004 8.977 96,48 1,0747

9.574 62,83 0,6563

2005 10.237 118,3 1,1556

10.870 73,6 0,6771

2006 11.831 137,8 1,1647

12.461 91,35 0,7331

2007 13.692 160,6 1,173

14.330 120,6 0,8416

2008 15.807 197,9 1,252

16.572 173,1 1,0445

2009 12.242 152,99 1,2497

12.782 127,7 0,9991

2010 14.915 201,91 1,3537

15.511 181,76 1,1718

2011 17.894 256,04 1,4308

18.508 226,24 1,2224

2012 17.937 242,57 1,3523

18.615 223,18 1,1989

2013 18.310 242,03 1,3218

18.904 239,74 1,2682

2014 18.427 225,1 1,2216 19.024 229,06 1,2041 Fonte: elaboração própria com base nos dados da Organização Mundial do Comércio (OMC)

No que diz respeito ao comércio mundial, de 1999 a 2014 as exportações cresceram

num patamar de aproximadamente 331% enquanto as importações se elevaram 321%, e

desse total, no final do período analisado, o comércio brasileiro representou 1,22% e

1,20%, respectivamente, sendo que no começo do período sua participação era de,

aproximadamente, 0,86% e 0,83%.

Como já foi discutido anteriormente, antes de uma melhora na balança comercial,

pode ocorrer uma situação de declínio seguida de uma depreciação da taxa cambial. De

acordo com Salvatore (2001) apud PENA et al (2011), esta situação acontece, considerando

que o volume de produtos inicial não sofra alterações, devido à propensão dos preços de

importação em moeda nacional crescerem mais rapidamente do que os preços de

exportações depois de um cenário de depreciação cambial. Ao longo dos anos, o volume

exportado começa a aumentar em detrimento de uma redução da quantidade importada, e os

preços do primeiro alcançam este outro de certa forma que a deterioração encontrada

inicialmente na balança comercial seja revertida posteriormente.

37

Em suma, até 2002 o saldo da balança comercial tende à permanecer próximo de

zero e o movimento ocorrido nas exportações é semelhante ao ocorrido com as

importações. Depois desta data até meados de 2006, observa-se um crescimento da balança

comercial quando as exportações se mantém superiores às importações. E, a partir de 2007

houve uma queda do saldo da balança comercial, que favoreceu as importações devido à

apreciação cambial (SALVATO et al, 2008). Vale ressaltar que esta última afirmação é

baseada em dados e medidas.

A Tabela 2 representa os termos de troca brasileiros com média igual a 100 no ano

de 1999. O conceito de termos de troca remete ao valor do produto exportado em

detrimento daquele importado.

Tabela 2: Termos de troca brasileiros de 1999 a 2014 (média 100 = 1999)

Ano Termos de troca brasileiros

1999 100

2000 100,03

2001 100,03

2002 100,02

2003 100,00

2004 100,01

2005 100,02

2006 100,07

2007 100,10

2008 100,14

2009 100,11

2010 100,28

2011 100,38

2012 100,30

2013 100,28

2014 100,23 Fonte: elaboração própria a partir dos dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Embora seja observada uma pequena variação nos termos de troca, houve uma

propensão de ganhos ao longo dos anos apresentados. Esta tendência de crescimento se

deve à melhora dos preços mundiais das principais comodities exportadas pelo Brasil.

Contudo, Netto (2011) destaca que tal comportamento torna-se irrelevante diante da

38

volatilidade da série, consequência das características do comércio exterior brasileiro que

concentra na sua pauta de exportação produtos básicos.

De fato, conforme dados da Tabela 4, em 2014, do valor total exportado pelo país,

41,18% concentraram nos seguintes produtos: minérios de ferro e seus concentrados,

complexo de soja e de carnes, óleos de petróleo, açúcar.

Outro fator que deve ser levado em consideração com relação aos termos de troca é

a queda do preço de produtos industrializados exportados pela China, cuja qual é uma das

principais origens de importações de produtos manufaturados pelo Brasil.

O comportamento das exportações e das importações pode ser explicado pelos

indicadores Coeficientes de Exportação e Coeficiente de Penetração, conforme exibidos na

Tabela 3.

Tabela 3: Coeficientes de exportação e de penetração das importações - dados

trimestrais de 1999 -2014

Data Coeficiente de exportação (%) Coeficiente de penetração - (%)

1999 T4 17,6 19,2

2000 T4 16,7 17,9

2001 T4 19,3 19,7

2002 T4 22,1 18,9

2003 T4 21,8 16,6

2004 T4 22,9 17,4

2005 T4 22,4 16,3

2006 T4 22,0 16,7

2007 T4 17,0 20,1

2008 T4 19,0 19,5

2009 T4 16,6 17,3

2010 T4 17,5 17,5

2011 T4 18,7 18,8

2012 T4 19,0 20,0

2013 T4 19,0 21,4

2014 T3¹ 19,3 21,9

Fonte: elaboração própria com base nos dados da Confederação Nacional da Indústria

¹ O coeficiente de exportação de 2014 está baseado no terceiro trimestre, pois na data do presente estudo, os

valores do último trimestre do ano ainda não estava disponível para consulta.

39

O coeficiente de exportações indica o percentual do faturamento da indústria

advindo das exportações. E o coeficiente de penetração de importações relaciona à

participação dos produtos da pauta de importações no consumo doméstico de bens

industriais (Confederação Nacional da Indústria, 2014).

Segundo Levy e Serra (2002), o coeficiente de exportações foi calculado em relação

ao valor da produção, que resulta da agregação do valor da produção de diferentes produtos

nela gerados; e o coeficiente de penetração das importações refere-se ao consumo aparente

(oferta interna) atendido pelas importações do país.

Pode-se dizer que tanto o coeficiente de exportações quanto o coeficiente de

penetração das importações se mantiveram dentro de um intervalo de 16% a 23% ao longo

dos anos analisados, o que constata que o faturamento da indústria proveniente das

exportações brasileiras ao longo dos anos analisados não passou de 23%, assim como o

consumo doméstico de bens industriais.

A grande elevação do coeficiente de penetração das importações do último trimestre

de 2006 para o primeiro trimestre de 2007 pode ser reflexo de uma valorização cambial.

Analogamente, por exemplo, a maior queda registrada, do último trimestre de 2009

para o primeiro de 2010, resulta de efeitos de uma desvalorização cambial combinada à

certa desaceleração da atividade econômica. Estes dois resultados podem ser comprovados

pelas oscilações dos bens intermediários na pauta de 2008 a 2010 (Gráficos 3 e 4). Segundo

Levy e Serra (2002), o aumento da participação das importações se fez com queda de

preços em relação à produção doméstica.

No terceiro trimestre de 2014, o indicador de exportações foi de 19,3%, e esta

participação não mudou muito se comparada com os últimos trimestres de 2012 e 2013. O

indicador de importações no último trimestre de 2014 foi de 22%, maior valor se

comparado com os valores dos outros últimos trimestres analisados. Contudo, a

desvalorização do câmbio impediu a queda do coeficiente de exportações e favoreceu o

encarecimento dos produtos importados (Confederação Nacional da Indústria, 2014).

40

A participação dentro da pauta comercial exposta nos Gráficos 3 e 4, divide os bens

transacionados pelo país, classificados da seguinte forma: bens de capital, bens de consumo

durável, bens de consumo não durável, e bens de consumo intermediário.

Gráfico 3: Exportações por tipos de bens (FOB) - US$ (milhões) de 1999 a 2014

Fonte: elaboração própria a partir dos dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Disponível em http://www.funcex.com.br, acesso em novembro de 2015.

No que diz respeito às exportações, de 1999 a 2014, os bens intermediários

ascenderam em 481%, aproximadamente. Para o mesmo intervalo de tempo, os bens de

capital em 289%, os bens de consumo duráveis, 222%, e os bens de consumo não duráveis,

395%. Com relação às importações, de 1999 a 2014, os bens intermediários ascenderam em

438%, aproximadamente. No mesmo período, bens de capital em 326%, bens de consumo

duráveis, 622%, e bens de consumo não duráveis, 426%.

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

160.000

180.000

Bens de capital Bens de consumo duráveis

Bens de consumo não duráveis Bens intermediários

41

Gráfico 4: Importações por tipos de bens (FOB) - US$ (milhões) de 1999 a 2014

Fonte: elaboração própria a partir dos dados da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

Disponível em http://www.funcex.com.br, acesso em novembro de 2015.

Em ambas as pautas, os bens intermediários permanecem com a maior participação

ao longo dos anos, e de maneira análoga, os bens de consumo duráveis representam a

menor participação relativa. Os bens intermediários são aqueles manufaturados ou

definidos como matérias-primas processadas utilizadas na produção de outros bens, e de

modo geral, as comodities e os produtos derivados do ferro, aço e petróleo são os mais

procurados, principalmente pelos parceiros comerciais importadores do país. Em

contrapartida, a pequena participação de um bem de consumo durável, maior (representado

nas pautas pelos automóveis, tratores e máquinas) pode ser explicada pelo longo prazo de

validade que possuem, além dos preços desses produtos importados estarem bastante

elevados nos últimos anos devido às contínuas desvalorizações cambiais.

É sabido que, historicamente, o Brasil sempre foi um grande exportador de bens

intermediários, mas, devido a evolução industrial e tecnológica, produtos considerados bens

de capital, como máquinas e equipamentos, e aqueles de consumo não durável, como

0

20.000

40.000

60.000

80.000

100.000

120.000

140.000

Bens de capital Bens de consumo duráveis

Bens de consumo não duráveis Bens intermediários

42

medicamentos e carnes, veem ganhando peso, embora ainda pequeno, cada vez mais

significativo na balança comercial brasileira (vide Anexos 1 e 2).

A fim de constatar tal integração, as próximas tabelas foram estruturadas com base

nos dados fornecidos Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via

Internet com propósito de evidenciar a contribuição relativa dentro das pautas de 1999 a

2014.

O primeiro anexo concentra os dez principais produtos exportados pelo Brasil, de

1999 a 2014, com seus valores calculados pelo método free on board em bilhões de

dólares, assim como os produtos importados evidenciados no Anexo 2. Já os Anexos 3 e 4

salientam os dez principais destinos das exportações e origens das importações,

respectivamente.

Em 1999, 31,02% do total exportado pelo Brasil foi composto por, nessa ordem de

importância: complexo de soja (6,45%), minério de ferro e seus concentrados (5,72%), café

(4,64%), aviões (3,69%), calçados e componentes (2,80%), pastas químicas de madeira

(2,59%), suco de laranja congelado (2,57%) e partes e peças de automóveis e tratores

(2,56%). Do mesmo modo, e com poucas mudanças em relação a categoria de produtos

principais, em 2014, 47,88% do total exportado foi composto por, em ordem decrescente:

complexo de soja (13,45%), minério de ferro e seus concentrados (11,47%), óleos de

petróleo (7,27%), complexo de carnes (5,63%), açúcar (3,31%), café (2,68%), celulose

(2,35%), e milho em grãos (1,72%).

De maneira análoga, o Anexo 2 concentra os principais produtos importados, onde

em 1999, 24,09% do total importado para o Brasil foi composto por, nessa ordem de

importância: petróleo (4,40%), complexo de motores (3,92%), aparelhos transmissores e

receptores (3,57%), partes e peças de automóveis e tratores (2,89%), medicamentos

(2,66%), automóveis (2,46%), circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (2,15%), e

compostos heterocíclicos (2,04%). Já em 2014, 28,98% foi agrupado para os mais

significantes: complexo de petróleo (12,9%), automóveis (3,35%), partes e peças para

automóveis e tratores (3,12%), medicamentos (2,95%), circuitos integrados e

microconjuntos eletrônicos (1,98%), gás natural (1,67%), inseticidas (1,51%), e circuitos

impressos (1,50%).

43

Embora os Anexos 1 e 2 destaquem apenas os produtos com maior participação

relativa na pauta nacional, sabe-se que a pauta total de importações comporta muito mais

itens do que a pauta total de produtos exportados. Moreira e Melo (2003) explicam que,

mesmo com essa diferenciação com relação à quantidade de itens em cada pauta, o

indicador de concentração das exportações se mantém menor que o de importações devido

à disposição que esta primeira tem abrangendo mais setores da economia do que esta

última.

Os mesmos autores ainda explicam que grande parte das trocas do Brasil com o

mundo efetuam-se em sentido único, isto é, sob forma de importação ou exportação, sem

que o fluxo no sentido contrário tenha nível significativo. Neste sentido, faz-se necessário

compreender sobre comércio inter e intra-indústria para analisar sobre as relações

comerciais com os principais parceiros do Brasil.

O comércio intra-indústria consiste na exportação e importação simultâneas de

produtos classificados dentro de uma mesma indústria, já o comércio inter-indústria é

aquele onde as exportações e importações de produtos estão agrupados em indústrias

diferentes (KRUGMAN; OBSTFELD, 2008).

É válido ressaltar que, mesmo que as exportações de produtos primários ainda

possuam forte inserção no comércio mundial, os bens de consumo durável na balança

comercial ganham bastante destaque, o que não sustenta a ideia do senso comum de que as

exportações brasileiras são excepcionalmente agrícolas.

Entre 2002 e 2011, as exportações nacionais quadruplicaram, com destaque para o

minério, petróleo e seus derivados, soja, açúcar em bruto e carnes. O minério de ferro e

seus concentrados são a categoria de produto com maior participação relativa nesta pauta,

chegando a um patamar de 16,33% em 2011, e neste mesmo ano seus principais destinos

foram China (7,73%) e Japão (1,72%). Seu valor exportado chegou a se elevar em 940,24%

de 1999 a 2014, passando de US$ 2,7 bilhões para US$ 25,8 bilhões.

Quanto às importações, o principal produto foi o petróleo em bruto com

participação maior na pauta em 2008 com 9,46% provenientes primordialmente da Nigéria

(3,8%) e da Arábia Saudita (1,45%) neste mesmo ano. Além disso, aumentou em 465%,

aproximadamente, seu valor exportado entre 1999 a 2010.

44

Dentro de todo o período analisado, os principais países participantes da pauta

comercial brasileira (Gráficos 5 e 6), tanto nas exportações quanto importações foram os

Estados Unidos, China e Argentina. Esses resultados foram obtidos através dos saldos

totais dos países nas pautas de 1999 a 2014.

Gráfico 5: Principais destinos das exportações brasileiras (US$ bilhões – FOB) de

1999 a 2014

Fonte: elaboração própria a partir dos dados Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via

Internet (AliceWeb)

0

20.000.000.000

40.000.000.000

60.000.000.000

80.000.000.000

100.000.000.000

120.000.000.000

140.000.000.000

160.000.000.000

180.000.000.000

Argentina China Estados Unidos Saldo dos demais

45

Gráfico 6: Principais origens das importações brasileiras (US$ bilhões – FOB) de 1999

a 2014

Fonte: elaboração própria a partir dos dados Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via

Internet (AliceWeb)

Do saldo total das exportações de 1999 a 2014, o percentual representado pelos

Estados Unidos foi de 14%, China 12% e Argentina 8%, aproximadamente. De maneira

similar, no saldo total das importações de 1999 a 2014, o percentual representado pelos

Estados Unidos foi de 16%, China 12% e Argentina 8%, aproximadamente.

Os Anexos 5, 6 e 7 mostram as relações comerciais cada um desses países,

evidenciando a participação percentual deles dentro da pauta de exportação e importação

brasileira, os dois principais produtos comercializados em cada ano, e ainda, a participação

relativa dos mesmos dentro destes mercados.

Moreira e Melo (2003) observaram para 2001, que o maior número de itens

importados pelo Brasil vindos do Estados Unidos está concentrado em produtos com

intensidade fatorial baseada em tecnologia; e quanto às exportações, os itens mais

significativos foram os de baixa intensidade tecnológica.

No que diz respeito à relação bilateral Estados Unidos e Brasil, totalizou US$63,4

bilhões em 2008; com as exportações dos Estados Unidos para o Brasil aumentando em

0

20.000.000.000

40.000.000.000

60.000.000.000

80.000.000.000

100.000.000.000

120.000.000.000

140.000.000.000

160.000.000.000

Argentina China Estados Unidos Saldo dos demais

46

34% para US$32,9 bilhões e as importações dos Estados Unidos do Brasil aumentando em

19% para US$30,5 bilhões (SEELKE; MEYER, 2009 apud DA SILVA; SPOHR. 2015).

Pelos dois principais produtos apresentados no Anexo 5, nota-se que o comércio

com os Estados Unidos foi de inter-indústria nos anos de 1999, 2000 e 2010, já para os

outros anos prevaleceu o comércio entre as mesmas indústrias.

Após a crise asiática6 e com a evolução das relações comerciais com o Brasil, a

China se tornou um dos principais parceiros comerciais do Brasil, ultrapassando os estados

Unidos e Argentina em muitos dos anos analisados nos Gráficos 5 e 6.

As exportações brasileiras para a China aumentaram de maneira significativa a

partir de 2001, favorecidas tanto pela mudança da política cambial como pelo crescimento

demasiado da demanda chinesa por produtos brasileiros (MACHADO; FERRAZ, 2006).

Segundo Marques (2012), a aceleração do crescimento das economias emergentes a

partir de 2003, em especial, a chinesa, contribuiu para o forte aumento da demanda por

diversas commodities, com destaque para soja, minério de ferro e seus concentrados e óleos

brutos de petróleo. Desta forma, os elevados investimentos em infraestrutura requeridos

para atender o movimento de migração chinês do campo para a cidade intensificaram a

utilização de metais naquele país, o que justifica seu elevado saldo de minério de ferro e

seus concentrados provenientes das exportações brasileiras.

Por sua vez, as exportações chinesas têm os setores de máquinas e aparelhos

elétricos e mecânicos e suas partes como seu carro-chefe, seguidos de ferro, aço, químicos

orgânicos e automóveis de passageiros. No campo das importações realizadas pelo Brasil, é

oportuno citar que a mão de obra abundante e os baixos custos de produção na China têm

diminuído a competitividade da indústria brasileira, situação de difícil reversão face ao

mercado consumidor chinês (RODRIGUES; OLIVEIRA, 2015).

6 Canuto (1998) diz que “a crise asiática em 1997 foi disparada por um processo de fuga de capital e deflação

de ativos financeiros em certo conjunto de economias daquela região. Iniciando-se pelos "tigrinhos"

(Tailândia, Malásia, Indonésia e Filipinas), suas repercussões adquiriram amplitude global quando aquele

processo incorporou os "tigres" Coréia do Sul e Hong Kong, ameaçando também colocar em insolvência seus

credores japoneses. As moedas nacionais daqueles países mergulharam em queda livre em relação ao dólar,

com exceção de Hong Kong, onde a desvalorização cambial foi evitada a alto custo”.

47

Diante dos dois principais produtos apresentados no Anexo 6 pode-se comprovar

que, o comércio com a China foi predominantemente entre indústrias distintas, além dos

produtos apresentados serem praticamente os mesmos nas relações de exportação (soja e

minério de ferro) e de importação (máquinas e tecnologia) ao longo dos anos.

Pelos dados apresentados por Rodrigues e Oliveira (2015), as trocas comerciais

entre Brasil e China no início de 2014 registraram o maior crescimento percentual dos

últimos três anos, reportando à recuperação do comércio entre os dois países.

Desde a implantação do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), a relação bilateral

entre Brasil e Argentina aumentou consideravelmente, o que favoreceu ambas balanças

comerciais.

A relação entre os produtos apresentados no Anexo 7, pode-se dizer que o comércio

com a Argentina foi de intra-indústria e inter-indústria de 1999 a 2006, e que a partir de

2007 que prevaleceu o comércio entre mesmas indústrias, com grande destaque para a

indústria de automóveis.

A desvalorização cambial brasileira ocorrida em 1999 levou o comércio argentino a

uma preocupação de que os produtos brasileiros invadissem seu território (GREGORIO;

FERREIRA; SCHNEIDER, 2015). A Argentina possuía um regime monetário de

dolarização da economia interna, onde o dólar circulava livremente como moeda corrente.

Tudo isso contribui para tomada de diferentes políticas macroeconômicas entre os países

partes do Mercosul (BRAUN et al., 2012 apud GREGÓRIO et al., 2015).

De maneira geral, como apontado por Rodrigues e Oliveira (2015), a pauta de

exportações brasileira ainda tem as commodities como seu carro-chefe, o que pode acarretar

certo receio com relação à sua efetividade no sistema de trocas comerciais, pois qualquer

mudança de preços das matérias-primas causará desequilíbrio na balança comercial.

48

5. Considerações finais

Como descrito por Baumann et al (2004), a experiência brasileira com política

comercial externa até meados de 1960 foi fortemente influenciada pela predominância da

ênfase na proteção da produção nacional contra produtos importados competitivos, isso

porque acreditava-se em uma tendência ao desequilíbrio externo, que só seria reduzida com

a redução da dependência de produtos importados via barreiras ao comércio e estímulo à

produção substitutiva interna.

A série de reformas nas políticas de exportação e importação que sucederam o

processo de liberalização comercial estabeleceram mudanças na economia nacional, porém

só os regimes que possuíam vínculos com as exportações e com acordos internacionais

prevaleceram. Moreira e Correa (1997) relatam que até 1995, a estrutura de proteção

nacional passou novamente por alterações provocadas pelo programa de estabilização de

preços e pelos compromissos do país com relação ao Mercosul, onde ambos ampliaram a

redução tarifária, além dos efeitos provocados pelas oscilações da pauta comercial e das

demandas por proteção de setores prejudicados pela abertura comercial.

A partir dos dados coletados no site do Banco Central do Brasil, pode observar que

nos dois primeiros anos, 1999 e 2000, o Brasil apresentou déficit comercial devido à

política de valorização da moeda nacional do Plano Real. Em 2001 em diante, a balança

comercial voltou a apresentar resultados positivos e crescentes. Devido ao esforço das

exportações no ano de 2004, a balança comercial apresentou um saldo de aproximadamente

US$ 33,7 bilhões e continuou crescendo até 2006, e mesmo assim, o resultado foi

superavitário nos próximos anos, e só se mostrou deficitário em 2014, em

aproximadamente US$ 3,96 bilhões.

Em ambas as pautas, os bens intermediários, representados principalmente pelas

commodities, permanecem com a maior participação ao longo dos anos, e de maneira

análoga, os bens de consumo duráveis representam a menor participação relativa, que pode

ser explicada pelo longo prazo de validade que possuem, além dos preços desses produtos

importados estarem bastante elevados nos últimos anos devido às contínuas desvalorizações

cambiais.

49

Os principais parceiros comerciais do Brasil, Estados Unidos, China e Argentina,

foram obtidos através da soma de suas participações durante o período analisado. Do saldo

total das exportações de 1999 a 2014, o percentual representado pelos Estados Unidos foi

de 14%, China 12% e Argentina 8%, aproximadamente. De maneira similar, no saldo total

das importações de 1999 a 2014, o percentual representado pelos Estados Unidos foi de

16%, China 12% e Argentina 8%, aproximadamente.

Historicamente, o Brasil sempre foi um grande exportador de bens intermediários,

mas, devido a evolução industrial e tecnológica, produtos considerados bens de capital,

como máquinas e equipamentos, e aqueles de consumo não durável, como medicamentos e

carnes, veem ganhando peso, embora ainda pequeno, cada vez mais significativo na

balança comercial brasileira.

Com relação aos coeficientes calculados, pode-se dizer que tanto o coeficiente de

exportações quanto o coeficiente de penetração das importações se mantiveram dentro de

um intervalo de 16% a 23% ao longo dos anos analisados, o que constata que o faturamento

da indústria proveniente das exportações brasileiras ao longo dos anos analisados não

passou de 23%, assim como o consumo doméstico de bens industriais. Embora seja

observada uma pequena variação nos termos de troca, houve uma propensão de ganhos ao

longo dos anos apresentados. Esta tendência de crescimento se deve principalmente à

melhora dos preços mundiais das principais comodities exportadas pelo Brasil.

Este estudo foi capaz de agregar algumas das variáveis mais importantes para se

explicar sobre o comportamento da economia brasileira, essencialmente sobre a balança

comercial. No entanto, as análises aqui descritas ainda podem ser aprimoradas se inseridas

em modelos economométricos, por exemplo, a fim de tornar os resultados ainda mais

precisos acerca do assunto e ainda ser capaz de responder a perguntas mais complexas

sobre as políticas adotadas atualmente, como por exemplo, os impactos causados pela

política cambial de flutuação “suja” nas contas nacionais.

50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVERBUG, André. Abertura e integração comercial brasileira na década de 90. A

economia brasileira nos anos 90. v. 90, n. 1, 1999.

AZEVEDO, André Filipe Zago; PORTUGAL, Marcelo S. Abertura comercial brasileira e

instabilidade da demanda de importações. Nova Economia, v. 8, n. 1, p. 37-63, 1998.

BANCO CENTRAL DO BRASIL – BC. Disponível em: <http://www.bc.gov.br>. Acesso

em: junho e outubro de 2015.

BAUMANN, Renato; CANUTO, Otaviano; GONÇALVES, Reinaldo. Economia

internacional: teoria e experiência brasileira. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

CANUTO, Otaviano; CORECON-SP, Janeiro. A Crise Asiática. ______. Economia em

Perspectiva Carta de Conjuntura. CORECONSP, 1998.

CARNEIRO, Flavio Lyrio. A influência da taxa de câmbio sobre os fluxos de comércio

exterior. Texto para Discussão, nº 1967, Brasília, IPEA, 2014.

CARVALHO, Maria A. de; SILVA, César Roberto L. da. Economia internacional. São

Paulo: Saraiva, 4ª ed., 2007.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. Participação das importações no

consume mantém a trajetória de alta. Coeficientes de abertura comercial. Ano 4, n. 1,

2014. Disponível em <http://www.cni.org.br>. Acesso em novembro de 2015.

DA SILVA, André Luiz Reis; SPOHR, Alexandre Piffero. OS PERCALÇOS AO

DIÁLOGO ESTRATÉGICO: AS RELAÇÕES ENTRE O BRASIL E OS ESTADOS

UNIDOS DESDE 2003. Monções: Revista de Relações Internacionais da UFGD, v. 4, n.

7, p. 69-92, 2015.

DE PAULA, Luiz F.; PIRES, Manoel Carlos C.; MEYER, Tiago R. Taxa de câmbio de

balança comercial brasileira: uma análise recente. 2015.

FEIJÓ, Carmem A.; RAMOS, Roberto Luis O. Contabilidade Social: a nova referência

das Contas Nacionais do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 3ª ed., 2003.

51

FUNDAÇÃO CENTRO DE ESTUDOS DO COMÉRCIO EXTERIOR - Funcex.

Disponível em: <http://www.funcex.com.br>. Acesso em: novembro de 2015.

GREGORIO, Marcelo; FERREIRA, Jonathan Dias; SCHNEIDER, Mirian Beatriz. Brasil e

Argentina: uma análise do comércio de produtos da linha branca. Revista de Estudos e

Pesquisas sobre as Américas, v. 9, n. 1, p. 57-80, 2015.

GREMAUD, Amaury Patrick. Economia brasileira. São Paulo: Atlas, 2002.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA DATA. Disponível em

<http://www.ipeadata.gov.br/>. Acesso em outubro de 2015.

KRUGMAN, Paul R.; OBSTFELD, Maurice. Economia internacional: economia e

política. 6ª ed., 2007.

LEVY, Paulo Mansur; SERRA, Maria Isabel F. Coeficientes de importação e exportação na

indústria. Boletim de conjuntura, n. 58, 2002.

MACHADO, João Bosco Mesquita; FERRAZ, Galeno Tinoco. Comércio externo da

China: efeitos sobre as exportações brasileiras. Texto para discussão, nº 1182. Brasília.

IPEA. 2006.

MARQUES, Eduardo. O impacto da variação dos termos de troca sobre as contas

externas. Comentário Macroêconomico. 2012. Disponível em

<http://www.opportunity.com.br>. Acesso em novembro de 2015.

MENDES, Salomão Isaac. A Relação entre a Taxa de Câmbio e a Balança Comercial: Um

Teste Empírico Sobre a Curva J no Comércio Bilateral Brasil–EUA. Jovens

Pesquisadores-Mackenzie, v. 4, n. 2, 2010.

MESQUITA, Maurício; CORREA, Paulo G. Abertura comercial e indústria: o

que se pode esperar e o que se vem obtendo. Revista de Economia Política, v. 17, n. 2,

1997.

52

MIRANDA, José Carlos. Abertura Comercial, Reestruturação Industrial e

Exportações Brasileiras na Década de 1990. Texto para Discussão, nº 829, Brasília,

IPEA, 2001.

MOREIRA, Maurício Mesquita; CORREA, Paulo Guilherme. Abertura comercial e

indústria: o que se pode esperar e o que se vem obtendo. Revista de Economia Política,

vol. 17, nº 2 (66), 1997.

MOREIRA, Carlos Américo Leite; DE MELO, Maria Cristina Pereira. Comércio bilateral

Brasil-Estados Unidos: uma qualificação das pautas de exportação e

importação. Indicadores econômicos FEE, v. 31, n. 3, p. 71-96, 2003.

NETTO, João Henrique Dib. Termos de troca indicam que o comércio exterior corre

riscos desnecessários. Comex, 2011. Disponível em <http://www.comexdobrasil.com>.

Acesso em dezembro de 2015.

OLIVEIRA, Gesner; TUROLLA, Frederico. Política econômica do segundo governo FHC:

mudança em condições adversas. Tempo Social, USP. 2003.

PAULANI, Leda M.; BRAGA, Márcio B. A nova contabilidade social. São Paulo:

Saraiva, 3ª ed., 2007.

PENA, Heriberto Wagner Amanajás; LISBÔA, Educélio Gaspar; OLIVEIRA, Francisco de

Assis; CORDEIRO, Yvens Ely. Modelagem cambial e os efeitos histerese e curva “j”: uma

aplicaçâo na economia brasileira no período de 1992 a 2003. Observatorio de la

Economía Latinoamericana, n. 154, 2011.

PICCININI, Maurício Serrão; PUGA, Fernando Pimentel. A balança comercial

brasileira: desempenho no período 1997-2000. BNDES, Área de Planejamento, Gerência

Executiva de Análise Econômica – GEANE. 2001.

RODRIGUES, Letícia Fernanda; OLIVEIRA, Mario Luiz de. BALANÇA COMERCIAL

BRASIL–CHINA SOB A ÓTICA BRASILEIRA. V Encontro Estudantil Regional de

Relações Internacionais, 2015.

53

SALVATO, Márcio Antônio; SANT’ANNA, Pedro Henrique; DA SILVA, Leonardo

Augusto Gomes. Evolução da balança comercial brasileira no período de câmbio

flutuante. Revista Economia & Tecnologia, v. 4, n. 2, 2008.

SALVATORE, Dominick. Economía Internacional. Rio de Janeiro: LTC, 6ª ed., 1998.

SCALCO, Paulo Roberto; CARVALHO, Henrique Duarte; CAMPOS, Antonio Carvalho.

Choques na taxa de câmbio real e o saldo da balança comercial agropecuária brasileira:

evidências da Curva J entre 1994 e 2007. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 50,

n. 4, p. 595-610, 2012.

SISTEMA DE ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR via

INTERNET – ALICEWEB. Disponível em

<http://www.desenvolvimento.gov.br/sitio/interna/interna.php?area=5&menu=1985&refr=

1161>. Acesso em outubro de 2015.

TONETO, Rudinei Jr.; NAKABASHI, Luciano; LAURINI, Marcio; KANNEBLY, Sérgio;

BYRRO, Guilherme; ALBERTIN, Guilherme H.; MAUAD, Roberto. Estudos sobre a

taxa de câmbio no Brasil. Relatório Final apresentado ao DEPECON-FIESP, 2013.

54 Anexo 1: Principais produtos exportados (US$ bilhões- F.O.B) de 1999 a 2014

(continuação)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Açúcar de cana, em bruto 1.162

1.400

3.935 3.129

5.978 9.306 11.548 10.030 9.163 7.450

Aparelhos transmissores

ou receptores 1.635 1.761 1.782

2.731

Automóveis

1.768 1.951 2.005 2.655 3.351 4.395 4.597 4.653 4.915 3.244 4.416 4.375

5.484

Aviões 1.771 3.054 2.839 2.335 1.938 3.268 3.168 3.241 4.718 5.495 3.860 3.972

4.746

Café cru em grão 2.230 1.559

2.516 2.928 3.378 4.131 3.761 5.181 7.999 5.721

6.041

Calçados, e suas partes 1.342 1.617 1.684 1.516 1.622

Carne de frango

1.291

1.709 2.493 3.324 2.922

5.821 4.817 5.789 7.063 6.732 7.003 6.892

Carne bovina congelada,

fresca ou refrigerada 3.134 3.485 4.006

5.358 5.794

Celulose

5.290

Farelo e resíduos da

extração de óleo de soja 1.503 1.650 2.065 2.198 2.602 3.270 2.865

4.363 4.592 4.719 5.697 6.595 6.787 7.000

Milho em grãos

5.287 6.250 3.875

Minérios de Ferro e seus

concentrados 2.746 3.048 2.931 3.048 3.455 4.758 7.296 8.948 10.557 16.538 13.246 28.911 41.817 30.989 32.491 25.819

Motores para veículos

automóveis e suas partes 1.340 1.674 1.971

Óleos brutos de petróleo

1.691 2.121 2.527 4.164 6.894 8.905 13.555 9.152 16.151 21.603 20.305 12.956 16.356

Óleos combustíveis

5.039

Partes e peças para

automóveis e tratores 1.229

2.462 2.953 3.186

Pastas Químicas de

Madeira 1.243 1.601

1.743

3.012

3.308 4.750 4.984

Plataformas de perfuração

ou de exploração, dragas, 7.735

55

Fonte: elaboração própria a partir dos dados Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (AliceWeb)

(conclusão)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Produtos laminados

planos de ferro ou aços 2.006

Produtos

semimanufaturados, de

ferro ou aços

1.360 1.080 1.409

2.115

4.001

4.636

Soja mesmo triturada 1.593 2.187 2.725 3.031 4.290 5.394 5.345 5.663 6.709 10.952 11.424 11.042 16.327 17.455 22.812 23.277

Suco de laranja congelado 1.235

Saldo dos demais

produtos

31.957 35.606 38.495 40.006 49.275 65.322 80.042 92.254 108.917 124.165 89.612 107.678 129.990 129.680 125.994 117.306

Saldo dos principais

produtos

16.054 19.479 19.727 20.355 23.809 31.153 38.266 45.215 51.732 73.777 63.382 94.237 126.049 112.899 116.039 107.794

Saldo total dos produtos

exportados

48.011 55.085 58.222 60.361 73.084 96.475 118.308 137.46 160.649 197.942 152.994 201.915 256.039 242.579 242.033 225.100

56

Anexo 2: Principais produtos importados (US$ bilhões – F.O.B) de 1999 a 2014

(continuação)

Produtos 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Aparelhos eletricos

para telefonia,

telegrafia, com fios

1.349

Aparelhos

transmissores ou

receptores e

componentes

1.758 1.941

Automóveis de

passageiros 1.213 1.210 1.404

1.914 3.121 5.342 5.466 8.453 11.891 9.566 9.081 7.675

Circuitos impressos

e outras partes para

aparelhos de

telefonia

1.754

4.384

3.348

Circuitos integrados

e microconjuntos

eletrônicos

1.060 1.706 1.445 1.250 1.470 2.035 2.528 2.912 3.041 3.536 2.905 3.991

4.248 4.848 4.538

Cloreto de potássio

980

3.828 2.079

4.294 3.512

Compostos

heterocíclicos, seus

sais e sulfonamidas

1.002

1.036 884 929 1.301 1.261 1.382 1.872 2.387 2.287

Gás natural

2.715

3.336 3.990 3.827

Hulhas, mesmo em

pó, mas não

aglomeradas

1.304 1.486

2.782

2.926 3.503

57

(continuação)

Produtos 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Inseticidas,

herbicidas e

semelhantes

3.464

Instrumentos e

aparelhos de

medida, de

verificação, etc

844 862 1.104 1.235

1.764

1.887

Máquinas

automáticas para

processamento de

dados e unidades

1.036

Medicamentos para

medicina humana e

veterinária

1.311 1.253 1.333 1.352 1.397 1.630 1.842 2.385 3.195 3.916 4.088 5.369 5.873 6.113 6.705 6.755

Motores, geradores,

transformadores, etc 960

1.475 1.686 1.144

1.807

Motores de pistão,

suas partes e peças 972

Motores e turbinas

para aviação e suas

partes

1.085

2.067

58

(conclusão)

Produtos 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Motores para

veículos automóveis 1.115 1.858

953 1.154

Naftas

1.328

1.023 1.395 1.769 1.954

3.629 4.789 4.192 4.658 5.002

Óleos brutos de

petróleo

1.270

14.080 13.405 16.320 15.533

Óleos combustíveis

1.580 1.215 1.084 808

1.826 3.062 5.325

5.201 7.881 6.711 8.345 9.036

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

873 996 1.586 2.020 2.833

3.224 3.621 3.630 3.700

Partes e peças para

veículos automóveis

e tratores

1.423

1.502 1.365 1.500 2.041 2.474 2.491 3.572 4.982 3.653 5.232 6.318 6.771 8.296 7.143

Petróleo em bruto 2.169 3.190 3.194 3.303 3.780 6.758 7.672 9.086 11.988 16.390 9.185 10.097

Produtos laminados

planos de ferro ou

aços

3.397

Trigo em grãos

878 1.009

Veículos de carga

3.340

Saldo dos demais

produtos 36.288 39.390 40.555 33.712 34.396 43.370 50.720 63.311 85.294 121.993 92.298 130.129 159.611 161.665 170.464 162.739

Saldo dos

principais

produtos

12983 16393 15017 13519 13895 19411 22885 28084 35323 51203 35424 51519 66634 61484 69283 66321

Saldo total dos

produtos

exportados

49.271 55.783 55.572 47.231 48.291 62.781 73.605 91.395 120.617 173.196 127.722 181.648 226.245 223.149 239.747 229.060

Fonte: elaboração própria a partir dos dados Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (AliceWeb)

59

Anexo 3: Principais destinos das exportações brasileiras (US$ bilhões- F.O.B) 1999 a 2014

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Alemanha 2.544 2.525 2.501 2.536 3.135 4.035 5.023 5.675 7.211 8.850 6.174 8.138 9.039 7.277 6.551 6.632

Argentina 5.363 6.232 5.002 2.341 4.561 7.373 9.915 11.713 14.416 17.605 12.784 18.522 22.709 17.997 19.615 14.281

Bélgica 1.817 1.867 1.812 1.892

3.137

Chile

1.880 2.545 3.612 3.895 4.264 4.791

4.258 5.418 4.062 4.483 4.984

China

1.902 2.520 4.532 5.439 6.833 8.399 10.748 16.403 21.003 30.785 44.314 41.227 46.026 40.616

Coréia do Sul

4.719

Espanha 1.169

4.705

Estados

Unidos 10.674 13.180 14.189 15.354 16.692 20.038 22.472 24.431 25.065 27.423 15.601 19.307 25.804 26.700 24.653 27.027

França 1.199 1.731

2.189

Holanda 2.594 2.796 2.862 3.182 4.425 5.916 5.282 5.743 8.40 10.482 8.150 10.227 13.639 15.040 17.332 13.035

Índia

3.415

5.576

4.788

Itália 1.845

1.809 1.816 2.207 2.904 3.223 3.828 4.463 4.765

4.235 5.440 4.580

4.020

Japão 2.192 2.472 1.986 2.097 2.310 2.767 3.476 3.883 4.321 6.114 4.269 7.140 9.473 7.955 7.964 6.718

México

1.711 1.868 2.342 2.741 3.947 4.063 4.440

Panamá

4.423

Reino Unido 1.437 1.498

1.898

3.726 4.634 5.229

Rússia

2.917

3.741 4.652

4.152

Venezuela

3.525 4.723 5.150 3.610

5.056 4.849 4.632

Demais países 17.177 21.073 24.291 26.281 28.703 39.322 51.492 61.937 81.697 91.707 71.125 90.517 110.269 107.109 101.418 98.367

Saldo dos

principais

destinos

30.834 34.012 33.931 34.080 44.381 57.153 66.816 75.532 78.952 106.235 81.869 111.398 145.770 135.470 140.615 126.733

Saldo total das

exportações 48.011 55.085 58.222 60.361 73.084 96.475 118.308 137.469 160.649 197.942 152.994 201.915 256.039 242.579 242.033 225.100

Fonte: elaboração própria a partir dos dados Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (AliceWeb)

60

Anexo 4: Principais origens das importações brasileiras (US$ - F.O.B)

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Alemanha 4.748 4.420 4.811 4.398 4.205 5.071 6.144 6.502 8.669 12.025 9.868 12.552 15.213 14.208 15.183 13.837

Argélia 0.988 1.507

1.114 1.934 2.830

Argentina 5.814 6.843 6.206 4.747 4.672 5.572 6.241 8.056 10.404 13.257 11.281 14.426 16.906 16.444 16.462 14.143

Chile

2.907 3.462

China

1.554 2.147 3.709 5.354 7.989 12.621 20.040 15.911 25.593 32.790 34.248 37.303 37.340

Coréia do Sul 1.019 1.429 1.574 1.066

2.326 3.106 3.391 5.412 4.818 8.422 10.097 9.097 9.491 8.526

Espanha 1.179

Estados Unidos 11.738 12.864 12.898 10.285 9.565 11.337 12.666 14.691 18.723 25.626 20.032 27.039 33.969 32.357 36.018 34.999

França 1.990 1.886 2.083 1.747 1.767 2.287 2.699 2.836 3.524 4.678 3.615 4.799 5.465 5.909 6.498 5.698

Índia

4.242. 6.081

6.357 6.635

Itália 2.598 2.170 2.184 1.761 1.736 2.052 2.276 2.569 3.347 4.612 3.664 4.837 6.223 6.199 6.719 6.309

Japão 2.575 2.959 3.063 2.347 2.520 2.868 3.045 3.839 4.609 6.806 5.367 6.981 7.872 7.734 7.081 5.902

México

2.783

6.075

Nigéria

1.376 1.091

3.499 2.652 3.884 5.281 6.706 4.760 5.919 8.386 8.012 9.647 9.495

Reino Unido 1.221 1.232 1.235 1.341 1.204

Venezuela

1.329

Demais países

16.389 19.144 20.142 16.894 19.361 24.452 27.372 35.016 46.586 74.034 45.623 71.080 83.243 82.866 88.988 86.176

Saldo dos

principais

destinos 32.882 36.639 35.430 30.337 28.930 38.329 46.233 56.379 74.031 99.162 82.099 110.568 143.002 140.283 150.759 142.884

Saldo total das

exportações 49.271 55.783 55.572 47.231 48.291 62.781 73.605 91.395 120.617 173.196 127.722 181.648 226.245 223.149 239.747 229.060

Fonte: elaboração própria a partir dos dados Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior

61

Anexo 5: Comércio bilateral Estados Unidos – Brasil (US$ bilhões – F.O.B) de 1999 a 2014

(continuação)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

1999 22,23 Aviões 1.160.044.786 2,42 23,82 Aparelhos transmissores,

receptores e componentes 707.177.423 1,44

Calçados, suas partes e

componentes 879.437.848 1,83

Turborreatores e

turbopropulsores e suas

partes

520.475.629 1,06

2000 23,93 Aviões 1.701.891.886 3,09 23,06 Circuitos integrados e

microconjuntos eletrônicos 846.640.279 1,52

Calçados, suas partes e

componentes 1.080.742.824 1,96

Turborreatores e

turbopropulsores e suas

partes

677.425.665 1,21

2001 24,37 Aviões 1.990.293.255 3,42 23,21 Motores e turbinas para

aviação e suas partes 975.764.871 1,76

Aparelhos transmissores ou

receptores e componentes 1.136.413.148 1,95

Motores, geradores e

transformadores eletr.e suas

partes

727.219.433 1,31

2002 25,44 Aviões 1.849.574.497 3,06 21,78

Motores, geradores e

transformadores eletr. e suas

partes

1.025.234.179 2,17

Aparelhos transmissores ou

receptores e componentes 1.285.600.381 2,13

Motores e turbinas para

aviação e suas partes 672.474.536 1,42

62

(continuação)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

2003 22,84 Aviões 1.694.041.683 2,32 19,81 Motores e turbinas para

aviação e suas partes 611.707.529 1,27

Aparelhos transmissores ou

receptores e componentes 1.176.658.448 1,61

Instrumentos e aparelhos de

medida, de verificação, etc 308.318.464 0,64

2004 20,77 Aviões 2.381.016.207 2,47 18,06 Motores e turbinas para

aviação e suas partes 801.174.048 1,28

Calçados, suas partes e

componentes 1.026.280.057 1,06

Instrumentos e aparelhos de

medida, de verificação, etc 390.352.797 0,62

2005 18,99 Aviões 1.917.361.462 1,62 17,21 Motores e turbinas para

aviação e suas partes 958.387.993 1,3

Ferro fundido bruto e ferro

"spiegel" 1.330.143.468 1,12

Hulhas, mesmo em pó, mas

não aglomeradas 431.750.098 0,59

2006 17,77 Óleos brutos de petróleo 1.958.331.926 1,42 16,07 Motores e turbinas para

aviação e suas partes 1.167.701.598 1,28

Aviões 1.205.071.790 0,88 Medicamentos para medicina

humana e veterinária 564.453.296 0,62

2007 9,41 Óleos brutos de petróleo 3.138.674.417 1,95 15,52 Motores e turbinas para

aviação e suas partes 1.491.789.551 1,24

Aviões 1.812.305.170 1,13 Medicamentos para medicina

humana e veterinária 707.228.655 0,59

2008 13,85 Óleos brutos de petróleo 4.351.080.549 2,2 14,8 Motores e turbinas para

aviação e suas partes 1.971.314.961 1,14

Aviões 2.319.527.577 1,17 Hulhas, mesmo em pó, mas

não aglomeradas 1.007.844.260 0,58

63

(conclusão)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

2009 10,2 Óleos brutos de petróleo 2.385.615.951 1,56 15,68 Motores e turbinas para

aviação e suas partes 1.653.828.451 1,29

Café cru em grão 722.285.859 0,47 Hulhas, mesmo em pó, mas

não aglomeradas 1.035.130.134 0,81

2010 9,56 Óleos brutos de petróleo 3.849.581.403 1,91 14,89 Automóveis de passageiros 1.794.875.882 0,99

Café cru em grão 1.061.555.076 0,53 Naftas 1.497.014.342 0,82

2011 10,08 Óleos brutos de petróleo 5.780.232.398 2,26 15,01 Óleos combustíveis (óleo

diesel,"fuel-oil", etc.) 2.193.668.313 0,97

Café cru em grão 1.795.660.325 0,7 Hulhas, mesmo em pó, mas

não aglomeradas 1.860.980.614 0,82

2012 11,01 Óleos brutos de petróleo 5.577.677.018 2,3 14,5 Óleos combustíveis (óleo

diesel,"fuel-oil", etc.) 2.802.939.108 1,26

Produtos semimanufaturados

de ferro ou aços 1.943.730.604 0,8

Motores e turbinas para

aviação e suas partes 1.794.110.226 0,8

2013 10,19 Óleos brutos de petróleo 3.481.274.447 1,44 15,02 Óleos combustíveis (óleo

diesel,"fuel-oil", etc.) 2.794.084.670 1,17

Produtos semimanufaturados

de ferro ou aços 1.891.213.528 0,78

Partes de motores e turbinas

para aviação 1.242.853.215 0,52

2014 12,01 Óleos brutos de petróleo 3.407.143.867 1,51 15,28 Óleos combustíveis (óleo

diesel,"fuel-oil", etc.) 3.837.479.921 1,68

Produtos semimanufaturados

de ferro ou aços 2.205.554.394 0,98

Partes de motores e turbinas

para aviação 1.523.824.848 0,67

Fonte: elaboração própria com base nos dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet

64

Anexo 6: Comércio bilateral China - Brasil (US$ bilhões- F.O.B) de 1999 a 2014

(continuação)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

1999 1,41 Minérios de ferro e seus

concentrados 241.177.383 0,5 1,76

Aparelhos transmissores,

receptores e componentes 52.832.862 0,11

Soja mesmo triturada 111.289.569 0,23

Brinquedos, jogos e

artigos para diversão e

suas partes

49.349.210 0,1

2000 1,97 Soja mesmo triturada 337.350.321 0,61 2,19 Aparelhos transmissores,

receptores e componentes 111.333.105 0,2

Minérios de ferro e seus

concentrados 271.191.730 0,49

Coques e semicoques de

hulha, de linhita ou de

turfa,etc

58.008.908 0,1

2001 3,27 Soja mesmo triturada 537.663.759 0,92 2,39

Coques e semicoques de

hulha, de linhita ou de

turfa,etc

78.321.541 0,14

Minérios de ferro e seus

concentrados 482.633.256 0,83

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

63.115.675 0,11

2002 4,18 Soja mesmo triturada 825.474.522 1,37 3,29

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

124.224.265 0,26

Minérios de ferro e seus

concentrados 597.225.468 0,99

Coques e semicoques de

hulha, de linhita ou de

turfa, etc

102.688.465 0,22

65

(continuação)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

2003 6,2 Soja mesmo triturada 1.313.073.236 1,8 4,45

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

200.166.157 0,41

Minérios de ferro e seus

concentrados 764.857.259 1,05

Coques e semicoques de

hulha, de linhita ou de

turfa, etc

213.525.450 0,44

2004 5,64 Soja mesmo triturada 1.621.735.722 1,68 5,91

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

347.082.245 0,55

Minérios de ferro e seus

concentrados 1.114.955.800 1,16

Coques e semicoques de

hulha, de linhita ou de

turfa, etc

338.914.421 0,54

2005 5,78 Minérios de ferro e seus

concentrados 1.784.631.125 1,51 7,27

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

564.938.303 0,77

Soja mesmo triturada 1.716.921.127 1,45 Dispositivos de cristais

líquidos (lcd) 255.936.262 0,35

2006 6,11 Minérios de ferro e seus

concentrados 2.269.457.745 1,91 8,74

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

840.063.163 0,92

Soja mesmo triturada 2.431.569.314 1,77

Maquinas automáticas

p/process.de dados e suas

unidades

413.149.071 0,45

66

(continuação)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

2007 6,69 Minérios de ferro e seus

concentrados 3.710.286.660 2,31 10,46

Circuitos impressos e

outs. partes p/apars.de

telefonia

825.334.385 0,68

Soja mesmo triturada 2.831.860.767 1,76

Maquinas automáticas

para process.de dados e

suas unidades

590.648.397 0,49

2008 8,29 Soja mesmo triturada 5.324.052.177 2,69 11,57

Circuitos impressos e

outs. partes p/apars.de

telefonia

1.069.965.660 0,62

Minérios de ferro e seus

concentrados 4.886.119.931 2,47

Partes e acessórios de

maqs.automat.p/process.d

e dados

966.911.329 0,56

2009 13,73 Minérios de ferro e seus

concentrados 7.823.714.585 5,11 12,46

Partes e acessórios de

maqs.automat.p/process.d

e dados

766.549.330 0,6

Soja mesmo triturada 6.342.964.920 4,15

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

643.912.188 0,5

2010 15,75 Minérios de ferro e seus

concentrados 13.338.017.356 6,61 14,09

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

1.438.927.751 0,79

Soja mesmo triturada 7.133.440.544 3,53

Partes e acessórios de

maqs.automat.p/process.d

e dados

1.050.040.034 0,58

67

Fonte: elaboração própria com base nos dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (AliceWeb)

(conclusão)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

2011 17,31 Minérios de ferro e seus

concentrados 19.797.421 7,73 14,49

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

1.684.052.176 0,74

Soja mesmo triturada 10.957.102.929 4,28

Maquinas automáticas

p/process.de dados e suas

unidades

1.320.932.891 0,58

2012 17 Minérios de ferro e seus

concentrados 14.922.123.749 6,15 15,35

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

2.003.609.018 0,9

Soja mesmo triturada 12.028.317.833 4,96

Partes e acessórios de

maqs.automat.p/process.d

e dados

1.651.178.405 0,74

2013 19,02 Soja mesmo triturada 17.147.972.473 7,08 15,56

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

1.979.676.719 0,83

Minérios de ferro e seus

concentrados 15.933.123.916 6,58

Partes e acessórios de

maqs.automat.p/process.d

e dados

1.571.925.732 0,66

2014 18,04 Soja mesmo triturada 16.615.159.624 7,38 16,3

Circuitos impressos e

outs. partes p/apars.de

telefonia

1.761.166.403 0,77

Minérios de ferro e seus

concentrados 12.303.313.910 5,47

Partes de aparelhos

transmissores ou

receptores

1.591.598.615 0,69

68

Anexo 7: Comércio bilateral Argentina - Brasil (US$ bilhões- F.O.B) de 1999 a 2014

(continuação)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

1999 11,17 Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 362.679.216 0,76 11,8 Trigo em grãos 790.665.693 1,6

Automóveis de passageiros 341.478.132 0,71 Veículos automóveis de

passageiros, inclusive

os ckd

598.702.581 1,22

2000 11,31 Aparelhos transmissores ou

receptores e componentes 530.571.148 0,96 12,27 Petróleo em bruto 1.011.953.200 1,81

Automóveis de passageiros 421.950.958 0,77 Trigo em grãos 826.591.972 1,48

2001 8,59 Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 261.495.392 0,45 11,17 Trigo em grãos 847.376.507 1,52

Automóveis de passageiros 232.326.179 0,4 Automóveis de

passageiros 801.942.680 1,44

2002 3,88 Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 149.274.145 0,25 10,05 Trigo em grãos 723.734.124 1,53

Minérios de ferro e seus

concentrados 114.513.048 0,19

Automóveis de

passageiros 336.736.730 0,71

2003 6,24 Automóveis de passageiros 443.631.080 0,61 9,68 Trigo em grãos 864.666.803 1,79

Veículos de carga 193.440.693 0,26 Naftas 330.205.169 0,68

69

(continuação)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

2004 7,64 Automóveis de passageiros 949.733.178 0,98 8,88 Trigo em grãos 705.202.368 1,12

Veículos de carga 411.119.039 0,43 Naftas 547.252.739 0,87

2005 8,38 Automóveis de passageiros 1.239.513.329 1,05 8,48 Naftas 603.686.954 0,82

Aparelhos transmissores ou

receptores e componentes 730.022.064 0,62 Trigo em grãos 595.205.907 0,81

2006 8,52 Automóveis de passageiros 1.478.591.469 1,08 8,81 Trigo em grãos 909.685.706 1

Aparelhos transmissores ou

receptores e componentes 816.571.365 0,59

Automóveis de

passageiros 876.927.298 0,96

2007 8,97 Automóveis de passageiros 1.870.101.104 1,16 8,63 Automóveis de

passageiros 1.650.087.589 1,37

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 935.681.591 0,58 Naftas 1.171.130.849 0,97

2008 8,89 Automóveis de passageiros 2.564.751.417 1,3 7,65 Automóveis de

passageiros 2.387.685.276 1,38

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 1.284.877.610 0,65 Naftas 1.451.147.790 0,84

70

(continuação)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

2009 8,36 Automóveis de passageiros 1.755.076.259 1,15 8,83 Automóveis de

passageiros 2.587.062.004 2,03

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 1.111.401.406 0,73 Veículos de carga 1.075.978.478 0,84

2010 9,17 Automóveis de passageiros 2.880.578.523 1,43 7,94 Automóveis de

passageiros 3.741.108.522 2,06

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 1.831.605.081 0,91 Veículos de carga 1.564.136.146 0,86

2011 8,87 Automóveis de passageiros 3.616.595.258 1,41 7,47 Automóveis de

passageiros 4.284.045.597 1,89

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 2.239.714.075 0,87 Veículos de carga 1.739.344.586 0,77

71

(conclusão)

Ano

Part.

Exportações

(%)

Exportados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

Part.

Importações

(%)

Importados US$ (FOB)

Part.

relativa

(%)

2012 7,42 Automóveis de passageiros 3.079.574.508 1,27 7,37 Automóveis de

passageiros 3.890.631.206 1,74

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 2.021.168.144 0,83 Veículos de carga 2.474.117.750 1,11

2013 8,1 Automóveis de passageiros 4.799.356.393 1,98 6,87 Automóveis de

passageiros 3.977.725.603 1,66

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 1.848.087.112 0,76 Veículos de carga 2.888.540.932 1,2

2014 6,34 Automóveis de passageiros 2.623.889.510 1,17 6,17 Automóveis de

passageiros 2.942.560.009 1,28

Partes e peças para veículos

automóveis e tratores 1.389.431.947 0,62 Veículos de carga 2.722.650.538 1,19

Fonte: elaboração própria com base nos dados do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (AliceWeb)