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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DE PEÇAS ANATÔMICAS DO SISTEMA CIRCULATÓRIO DE CRANIADOS, COM ÊNFASE EM MAMÍFEROS: UMA ALTERNATIVA. Patrícia Almeida Pessoa Pereira Eulâmpio José da Silva Neto Robson Tamar Costa Ramos João Pessoa - 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DE PEÇAS ANATÔMICAS DO SISTEMA CIRCULATÓRIO DE

CRANIADOS, COM ÊNFASE EM MAMÍFEROS: UMA ALTERNATIVA.

Patrícia Almeida Pessoa Pereira

Eulâmpio José da Silva Neto

Robson Tamar Costa Ramos

João Pessoa - 2014

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DE PEÇAS ANATÔMICAS DO SISTEMA CIRCULATÓRIO DE

CRANIADOS, COM ÊNFASE EM MAMÍFEROS: UMA ALTERNATIVA.

Patrícia Almeida Pessoa Pereira

Eulâmpio José da Silva Neto

Robson Tamar Costa Ramos

Trabalho - Monografia apresentada ao

Curso de Ciências Biológicas (Trabalho

Acadêmico de conclusão de Curso), como

requisito parcial à obtenção do grau de

Bacharel em Ciências Biológicas.

João Pessoa – 2014

PEREIRA, PAP. Técnica de preparação de peças anatômicas do

sistema circulatório de craniados, com ênfase em mamíferos:

Uma alternativa - 2014.52f. :il.

Monografia (Bacharelado em Ciências Biológicas) –

Universidade Federal da Paraíba – 2014.

Orientação :Prof.Dr. Eulâmpio José da Silva Neto.

Prof.Dr.Robson Tamar Costa Ramos

1.Sistema circulatório. 2 .mamíferos. 3. Técnica anatômica.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Patrícia Almeida Pessoa Pereira

TÉCNICA DE PREPARAÇÃO DE PEÇAS ANATÔMICAS DO SISTEMA CIRCULATÓRIO DE

CRANIADOS, COM ÊNFASE EM MAMÍFEROS: UMA ALTERNATIVA.

Trabalho – Monografia apresentada ao Curso de Ciências Biológicas, como requisito parcial à

obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas.

Data:_________________________________

Resultado: ____________________________

BANCA EXAMINADORA:

Prof.Dr: Eulâmpio José da Silva Neto DM/CCS/UFPB)

Prof. Me: Amira Rose Costa Medeiros (DM/CCS/UFPB)

Prof. PhD: Pedro Cordeiro Estrela de Andrade Pinto (DSE/CCEN/UFPB)

Prof.Dr. Eliete Lima de Paula Zarate (DSE/CCEN/UFPB)

Dedico este trabalho aos meus pais, meu

namorado e a todos os que acompanharam e

me ajudaram em minha jornada acadêmica.

AGRADECIMENTOS

A Deus por todas as conquistas ao longo da minha vida e pelo cuidado comigo em todo o

tempo.

Aos meus pais que sempre estiveram ao meu lado me incentivando, me ajudando, me

aguentando e sempre entendendo todos os meus momentos alegres e tristes. Vocês me

tornaram quem eu sou hoje e saibam que essa conquista também é de vocês.

Ao meu namorado por toda a paciência comigo e pelo apoio. Além de toda a ajuda na

elaboração das fotos deste trabalho e da companhia nas minhas idas ao laboratório. Você foi

com certeza um grande colaborador no meu projeto.

Aos meus orientadores, por toda paciência e dedicação comigo e por todas as críticas

construtivas na elaboração e aprimoramento deste trabalho.

A toda a minha família, que distantes ou não, incentivaram a realização do meu sonho.

A todas as meninas lindas da minha célula que me escutaram nos momentos de desespero e

que sempre torceram para que tudo desse certo.

A todos da família IBB que oraram e me apoiaram durante toda a realização desse projeto.

A toda a turma da Biologia 2010.1 que durante esses quatro anos estiveram presentes na

minha construção acadêmica. Todas as noites de sono e desesperos em finais de período

com certeza valeram a pena.

A todos os professores da Universidade Federal da Paraíba do curso de Ciências Biológicas

por me ensinarem um pouco do conhecimento de vocês sobre a ciência mais bonita do

mundo.

E a todos aqueles que direta ou indiretamente marcaram e influenciaram minhas escolhas e

me ajudaram no caminho de formação acadêmica desde o ensino básico até a formação

superior.

RESUMO

Os Craniados, grupo de animais comumente conhecido como Vertebrados,

compreendem o grupo de animais melhor conhecido, dado o fato de que os humanos

são parte desse grupo e que importantes grupos dos animais utilizados como alimento

pelos humanos e como animais domésticos são também craniados. O sistema

circulatório dos vertebrados é bem conhecido e descrito pela ciência, e o seu ensino

praticado nas universidades. Os objetivos do presente estudo foram os de apresentar

uma técnica de dissecação do coração dos vertebrados e de exibição de sua anatomia e

fluxo hemodinâmico, e discutir brevemente os atuais métodos de ensino da anatomia

do coração humano e dos principais vasos a ele conectados. O estudo tratou da

descrição de certas técnicas do ensino da anatomia do sistema circulatório na

Universidade Federal da Paraíba, a partir do dia-a-dia dos cursos de Anatomia

Humana e Anatomia Comparada dos Vertebrados. Uma técnica alternativa de

preparação de peças anatômicas do sistema circulatório de vertebrados foi proposta

utilizando órgãos de caprinos (Bode, Capra Hircus) e suínos (Porco, Sus scrofa

domesticus).O material se encontra depositado na coleção didática de anatomia animal

da UFPB. O trabalho representa um ponto inicial para outros estudos que serão

realizados com outros grupos de vertebrados e com outros sistemas orgânicos para

reforçar a sua aplicabilidade e viabilidade dentro dos diversos laboratórios de

Anatomia Animal e Humana da UFPB.

Palavras-chave: sistema circulatório; mamíferos; técnica anatômica.

ABSTRACT

The Craniates, group of animals commonly known as Vertebrates, comprise the best

known group of animals, given the fact that humans are part of that group and that a

significant proportion of animals used as food by humans and as pets are also

craniates. The circulatory system of vertebrates is well known and described by

science and its teaching practiced in universities. The objectives of this study were to

present a technique of dissection of the vertebrate heart and display their anatomy and

hemodynamic flow, and briefly discuss the current methods of teaching anatomy of

the human heart and major vessels connected to it. The study dealt with the description

of certain techniques of teaching the anatomy of the circulatory system at the Federal

University of Paraíba, from the day - to-day courses of Human Anatomy and

Comparative Anatomy of Vertebrates. An alternative technique for the preparation of

anatomical parts of the circulatory system of vertebrates has been proposed using the

organs of goat ( Goat , Capra Hircus ) and porcine ( pig , Sus scrofa domesticus ) .The

pieces are at the didactic collection of animal anatomy in UFPB.The work represents

a starting point for a series of other studies that will be conducted with other groups of

vertebrates and other organic to strengthen its applicability and feasibility within the

various Animal Anatomy and Human laboratories systems ..

Keywords: circulatory system; mammals; anatomic technique.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Desenhos esquemáticos da anatomia do coração de representantes dos Vertebrados

(modificado de Kardong, 2010). 19

Figura 2 –Coração de bovino em vista ântero-lateral direita e póstero-lateral esquerda . 24

Figura 3 - Cavidades e estruturas dos ventrículos direito e esquerdo de um bovino. 25

Figura 4 – Cavidade e estruturas internas dos átrios direito e esquerdo de um bovino. 25

Figura 5 – Conjunto de órgãos de caprino (a, em fresco) e coração fixado em vista

posterior(b) . 31

Figura 6 - Preenchimento da câmara do átrio com gaze. 33

Figura 7 - Processo de suturamento da peça anatômica preenchida com gaze 34

Figura 8 - Coração totalmente preenchido e suturado. 34

Figura 9 - Comparação das peças a fresco com as peças fixadas no formol 35

Figura 10 - Peça anatômica de caprino fixada com formol a 10%. 36

Figura 11- Recipientes de vidro contendo as peças conservadas 36

Figura 12 - Lavagem com água corrente de uma estrutura fixada com formol a 10%. 37

Figura 13 – Retirada da linha de sutura 38

Figura 14 - Remoção de gazes do átrio esquerdo de um coração de caprino; observar corte

no ventrículo direito ainda obliterado pela linha de costura e corte na artéria pulmonar

parcialmente aberto. 38

Figura 15 – Remoção da gaze da artéria aorta de um caprino. 39

Figura 16 - Corte realizado na parede do ventrículo direito e da artéria pulmonar do

coração de um suíno. 40

Figura 17 – Peça anatômica de um suíno em vista ventral e dorsal. 41

Figura 18 – Cavidade dos ventrículos direito e esquerdo de um suíno. 41

Figura 19- Peça anatômica de um suíno em vista ventral e dorsal 42

Figura 20 – Cortes realizados no ventrículo direito e esquerdo do coração de um suíno. 43

Figura 21– Cavidade dos ventrículos direito e esquerdo do coração de um suíno. 43

Figura 22– Coração de um caprino em vista anterior e posterior. 44

Figura 23 –Valvas do coração de caprino em vista cranial. 44

Figura 24– Cavidade do átrio direito e dos ventrículos direito e esquerdo. 45

Figura 25 – Peça anatômica de um caprino em sua visão ventral e dorsal . 46

Figura 26 - Abertura total dos ventrículos e visualização de suas delimitações. 47

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela comparativa das características das técnicas de glicerinação, plastinação e

formolização com a técnica proposta. 50

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CCEN Centro de Ciências Exatas e da Natureza

CCS Centro de Ciências da Saúde

DSE Departamento de Sistemática e Ecologia

IARC Agência Internacional de Pesquisa do Câncer

LAH Laboratório da Anatomia Humana

LASEP Laboratório de Sistemática e Morfologia de Peixes

LDZ Laboratório Didático de Zoologia

UFPB Universidade Federal da Paraíba

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS 6

RESUMO 7

ABSTRACT 8

LISTA DE FIGURAS 9

LISTA DE TABELAS 11

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 12

SUMÁRIO 13

1. INTRODUÇÃO 15

1.1 OS CRANIADOS – DEFINIÇÃO E DIVERSIDADE 15

1.2A ESTRUTURA DO CORAÇÃO DOS VERTEBRADOS 15

1.3 CONTEXTO HISTÓRICO DA MOTIVAÇÃO DESTE TRABALHO 21

1.3.1 EXPERIÊNCIA NA ASSISTÊNCIA AO ENSINO DA ANATOMIA DO SISTEMA

CIRCULATÓRIO HUMANO 21

1.3.2 EXPERIÊNCIAS DURANTE O CURSO DA DISCIPLINA OPTATIVA ANATOMIA

COMPARADA DOS VERTEBRADOS. 23

1.4TÉCNICAS DE PREPARAÇÃO ANATÔMICA DE ÓRGÃOS 26

1.5 A CONSTRUÇÃO DO PLANO INICIAL DE TRABALHO 27

2. OBJETIVOS 28

2.1 OBJETIVOS GERAIS 28

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS. 28

3. MATERIAL E MÉTODOS 29

3.1 LOCAIS DE REALIZAÇÃO DO ESTUDO 29

3.2 MATERIAL E PROCESSOS METODOLÓGICOS 29

4. RESULTADOS 30

4.1 RESUMO DA TÉCNICA 30

4.2 PROCEDIMENTOS DE PREPARAÇÃO DAS PEÇAS E DISSECÇÃO 31

4.2.1 LAVAGEM E DISSECÇÃO INICIAL 31

4.2.2 INCISÕES DAS CÂMARAS E VASOS 32

4.2.3 PREENCHIMENTO E SUTURA DAS CAVIDADES 32

4.2.4 FIXAÇÃO E CONSERVAÇÃO 35

4.2.5 REMOÇÃO DAS GAZES E DAS SUTURAS 37

4.2.6 REALIZAÇÃO DOS CORTES ANATÔMICOS DESTINADOS AOS CURSOS DE

ANATOMIA HUMANA 39

5. DISCUSSÃO 47

5.1DIFICULDADES ENCONTRADAS AO LONGO DO ESTUDO. 47

5.2 PREPARAÇÃO E CORTE DAS PEÇAS 48

5.3 COMPARAÇÃO ENTRE AS TÉCNICAS 48

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 50

7. REFERÊNCIAS 51

15

1. Introdução

1.1Os Craniados – definição e diversidade

O grupo de animais comumente referidos como Vertebrados é aqui denominado

‘Craniados’ (Craniata) e compreende os Cordados que possuem um crânio. O grupo é

considerado como a composição de dois subgrupos: os Hiperotreti (Feiticeiras, cujo esqueleto

axial é composto pelo conjunto do crânio e da notocorda) + Vertebrata (Vertebrados sensu

estrito). Os Vertebrata incluem os craniados que possuem vértebras ou seus primórdios

(primitivamente, elementos cartilaginosos associados à notocorda) (POUGH, JANIS,

HEISER, 2008), e é composto pelos subgrupos denominados Hiperoartria (Lampreias) e

Gnathostomata(vertebrados com maxilas) (POUGH, JANIS, HEISER, 2008), Os

Gnathostomata são um grupo formado pelos subgrupos Chondrichthyes e Osteichthyes

(peixes ósseos + Tetrapoda). Os Craniados compreendem o grupo de animais melhor

conhecido, dado o fato de que os humanos são parte desse grupo e que uma parte importante

dos animais utilizados como alimento pelos humanos e como animais domésticos são também

craniados.

1.2 A estrutura do coração dos Craniados

O coração dos Craniados é primitivamente constituído de uma estrutura básica de

quatro câmaras sequenciais denominadas de seio venoso, átrio, ventrículo e cone arterioso.

Entretanto, a última câmara apresenta divergências acerca de sua nomenclatura sendo por

alguns denominado de cone arterioso e por outros, de bulbo cardíaco. Na linhagem dos

Sarcopterygii, que deu origem aos Tetrapoda, estas câmaras sofreram divisão ou fusão

resultando em um conjunto de cinco ou quatro câmaras, dependendo do grupo de tetrápodes

em questão.

Para Kardong (2010) o bulbo cardíaco é o quarto compartimento do coração

encontrado nos embriões. Nos adultos o termo correto para essa câmara seria cone arterioso,

caso seja composta por músculo cardíaco, seja contrátil e contiver várias válvulas do cone

internamente.

16

Para Parson e Romer (1985), o cone arterioso é frequentemente confundido com o

bulbo arterioso desenvolvido como uma parte proximal da aorta ventral logo na frente do

coração. O termo bulbo cardíaco frequentemente é usado para o equivalente embrionário do

cone arterioso nos mamíferos.

O coração se situa ventralmente em relação ao tubo digestório, logo atrás do aparelho

branquial, quando se considera o estado pisciforme, e na altura da cintura peitoral, quando se

consideram os tetrápodes. Este órgão é suprido por vasos coronários, que nutrem as suas

paredes musculares.

Num vertebrado ancestral hipotético este órgão bombearia o fluxo sanguíneo em um

único sentido. Seria um tubo praticamente reto com quatro câmaras sequenciais que se

contrairiam também sequencialmente (Kardong, 2010).

As feiticeiras, também denominadas de peixe-bruxa, possuem um coração situado na

região anterior do tronco. Este difere um pouco do padrão ancestral, pois é formado por três

câmaras: seio venoso, átrio e ventrículo. Este coração é denominado de coração branquial por

sua posição, ser composto por músculos cardíacos e divergir, assim, dos outros corações

encontrados ao longo do corpo deste animal, os quais são denominados de acessórios por

terem a capacidade de contração, mas não possuem musculatura cardíaca.

No padrão craniado primitivo, um estado representado pela condição exibida pela

Feiticeira, o sangue segue um fluxo de direção única e retorna ao coração através das duas

cardinais comuns e do fígado, a partir dos quais alcança o seio venoso. Desta cavidade, passa

ao átrio e dele ao ventrículo, e dai para a aorta ventral. Entre as câmaras do coração, há

válvulas que impedem que o sangue retorne. Não há presença de nenhuma inervação para

estimular a contração do coração. Entretanto o reflexo de Frank–Starling é estimulado pelo

enchimento do seio venoso, o qual tem por consequência a estimulação de contrações que se

assemelham a um marca-passo (KARDONG, 2010).

O coração das lampreias (Figura1-A) representa a condição basal dos Vertebrados,

sendo composto de quatro câmaras indivisas (seio venoso, átrio, ventrículo e cone arterioso).

O sangue flui em uma direção única, chegando ao seio venoso e sendo sequencialmente

contraído para átrio, ventrículo e cone arterioso. Válvulas separam os compartimentos e

suprem o sistema de vasos, evitando o retorno do fluxo sanguíneo. A partir dos arcos aórticos,

o sangue segue seu fluxo em direção as brânquias. O cone arterioso é muscular, embora este

17

seja um músculo liso fino e não uma musculatura cardíaca. As paredes do lúmen são providas

de dobras em folhetos que impedem o fluxo sanguíneo inverso. Todos os compartimentos

possuem válvulas de direção única. O coração se situa abaixo e um pouco atrás das brânquias

mais caudais, e tem forma de S: seio venoso e átrio em posição dorsal ao ventrículo e cone

arterioso, um padrão geral dos vertebrados pisciformes (Kardong, 2010) (ver figuras 1A-C).

O sistema circulatório dos peixes gnatostomados em geral (excetuando os dipnoicos),

como na condição basal exibida pela lampreia, apresenta uma circulação única, na qual

somente o sangue não oxigenado passa pelo coração. Sendo assim, o coração desses peixes

varia muito pouco. Nos Chondrichthyes (Figura1-B), no entanto, vários conjuntos de

cartilagens são encontrados no cone arterioso, os quais impedem o fluxo sanguíneo de voltar

para o coração. Nas raias, de acordo com Kobelkowsky (2012), o coração apresenta um grau

de assimetria com uma curvatura do cone arterial para o lado direito e um deslocamento do

átrio em maior proporção para a esquerda.

Nos teleósteos (Figura 1-C), a quarta câmara é denominada de bulbo arterioso, sendo

sua estrutura elástica e não contrátil (KARDONG, 2010). O átrio é proporcionalmente grande,

ao passo que o seio venoso varia de tamanho. O ventrículo possui uma câmara cônica e

voltada para trás e sua camada interna é esponjosa, podendo exibir três formas distintas,

denominadas de sacular, tubular ou piramidal (SIMÕES ET AL, 2002; SIEBERT ET AL,

2006).

O cone varia desde longo e ativo até ausente (teleósteos). Os teleósteos possuem um

bulbo arterioso no interior da cavidade pericárdica, na mesma posição que o cone dos outros

peixes. O sangue chega ao seio venoso e, em seguida, é pulsado para o átrio que, ao se encher,

sofre contração e impulsiona o sangue ao ventrículo. O átrio relaxa e diminui a pressão

interna presente nele e no seio venoso e, assim, se inicia o efeito de aspiração responsável

pelo enchimento das câmaras do seio venoso e atrial. O ventrículo se contrai para dirigir o

sangue para o cone arterioso e para a aorta ventral.

18

Ao longo da história evolutiva dos Sarcopterygii – a linhagem de peixes ósseos que

deu origem aos Tetrapoda, o sistema circulatório sofreu modificações que geraram variações

diversas do coração nos grupos irradiados na linhagem. A condição mais basal que se pode

observar no sarcopterígios atuais pulmonados é aquela dos Dipnoi, chamados ‘peixes

pulmonados’. O átrio dos Dipnoi é em parte dividido por dividido por um septo

interatrial(prega pulmonar) em câmaras direita grande e esquerda pequena

(Kardong,2010;ORR,1986). O seio venoso libera o sangue desoxigenado para a câmara

direita ao passo que as veias pulmonares bombeiam o sangue para a câmara esquerda do átrio.

O ventrículo é parcialmente dividido por um septo interventricular e recebe, no lado direito, o

sangue não oxigenado que será bombeado para o pulmão. O cone também é parcialmente

dividido por uma válvula espiral.

Os anfíbios (Figura 1-D) possuem diferentes modos de realização de trocas gasosas: a

respiração branquial (encontrada em muitas formas larvais), a respiração pulmonar

(encontrada na maioria dos sapos e rãs), a respiração cutânea (as Salamandras

Plethondontidae não possuem pulmão), e os três combinados presentes na grande maioria dos

anfíbios considerando a respiração na fase larvar e os dois outros modos nos adultos.

A estrutura do coração dos anfíbios, assim como as estruturas de trocas gasosas

também varia. Nos grupos que possuem um pulmão funcional, a morfologia do coração é

apresentada da seguinte forma: um seio venoso, um átrio dividido completamente por um

septo, em partes direita e esquerda; um ventrículo de câmara única e um cone arterioso com

uma estrutura interna denominada de válvula espiral. Nas Salamandras do gênero Siren, o

ventrículo é parcialmente dividido por um septo interventricular parcial, sendo uma exceção

neste grupo de animais.

Com o átrio dividido totalmente em câmaras direita e esquerda (RODRIGUES .ET

AL,1999) o sangue da câmara esquerda é oxigenado enquanto que o da direita não o é. O

sangue que retorna da pele se mistura ao que se encontra na câmara direita, vindo do tronco e

apêndices, através das veias. O ventrículo, embora uma câmara única, separa os dois tipos de

sangue devido à sua topografia trabeculada. O cone, que sai do lado direito do ventrículo,

possui uma válvula espiral que direciona o sangue oxigenado para a carótida e arcos

sistêmicos, e o sangue não oxigenado para o arco pulmonar (YOUNG, 1981).

19

Figura 1. Desenhos esquemáticos da anatomia do coração de representantes dos Vertebrados

(modificado de Kardong, 2010).

Lampreia (A), tubarão (B), teleósteo (C), rã (D), lagarto (E), jacaré (F), ave (G), mamífero (H).

Nos répteis, encontramos dois tipos de corações: o dos quelônios e escamados e o dos

crocodilianos. O coração dos quelônios/escamados (Figura 1-E) possui um seio venoso

reduzido em relação ao dos anfíbios. O átrio se encontra completamente dividido (NAVEGA-

GONÇALVES,2009). O cone se divide em três bases (tronco pulmonar, troncos sistêmicos

esquerdo e direito). O tronco pulmonar é torcido de forma que a abertura da aorta esquerda se

encontre em frente ao lado direito do ventrículo (YOUNG, 1981). Nas serpentes, há um

forâmen interaórtico com válvula que conecta as bases das aortas (suas porções direita e

esquerda, a partir dos troncos sistêmicos). Entretanto, a importância desse forâmen no desvio

de sangue ainda é incerta. O ventrículo é uma câmara única (VEIGA ET AL, 2012), porém

internamente podemos observar uma divisão composta de três compartimentos (pulmonar,

venoso e arterial). O pulmonar e o venoso são separados por uma crista muscular, ao passo

que o arterial se conecta ao venoso por um canal interventricular.

20

O coração dos crocodilianos (Figura 1-F) possui um cone arterioso também dividido

em três bases (tronco pulmonar e troncos sistêmicos esquerdo e direito). O seio venoso é

reduzido e o sangue que chega nele passa para o átrio direito. O átrio é dividido em câmaras

direita e esquerda. O ventrículo é dividido em câmaras direita e esquerda por um septo

interventricular(TAVANO,2007). Há a presença de uma abertura que conecta os troncos

aórticos esquerdo e direito logo após saírem do ventrículo, denominada de forâmen de

Panizza. O sangue que sai do ventrículo esquerdo corre para o arco aórtico direito, mas,

devido a uma alta pressão, este também entra no arco aórtico esquerdo.

Nas aves (Figura 1-G), o seio venoso é vestigial, sendo reduzido a uma área pequena.

O átrio é septado (RODRIGUES .ET AL,1999) e menor do que o de muitos peixes. O

ventrículo é dividido e com uma musculatura mais forte do lado

esquerdo(SOARES,OLIVEIRA, BARALDI-ARTONI, 2010). O cone embrionário se divide

em um tronco pulmonar unido ao ventrículo direito e em um tronco sistêmico unido ao

ventrículo esquerdo. O arco sistêmico no adulto é único e faz uma alça para a direita neste

grupo. A válvula atrioventricular direita é formada por uma única valva semelhante a uma

aba, enquanto a da esquerda é uma valva bicúspide, assim como encontrado nos mamíferos

(YOUNG,1981).

Nos mamíferos (Figura 1-H), assim como nas aves, o coração diverge do padrão basal,

sendo as cavidades do átrio e ventrículo totalmente septadas, o que garante quatro cavidades à

estrutura cardíaca deste grupo(ÁVILA E MACHADO E OLIVEIRA,2010).. O seio venoso é

reduzido a uma porção de fibras de Purkinje ou nódulo sinoatrial situado na parede do átrio

direito (KARDONG, 2010). O cone embrionário se divide em um tronco pulmonar unido ao

ventrículo direito e um tronco sistêmico unido ao ventrículo esquerdo (HILDEBRAND ET

AL , 2006). O átrio possui um tamanho reduzido, quando comparado ao dos peixes; a

musculatura do ventrículo esquerdo é desproporcionalmente mais desenvolvida em relação ao

direito. O arco sistêmico no adulto é único e faz uma alça para a esquerda. Uma valva

atrioventricular separa o átrio direito do ventrículo direito, enquanto a valva similar separa o

ventrículo esquerdo e o átrio esquerdo. Como as aves, esses animais possuem uma circulação

dupla na qual não há mistura de sangue venoso com sangue arterial. Essa bomba cardíaca,

assim como nas aves, é uma estrutura bastante estável e funciona de modo extremamente

eficiente, uma característica associada à alta taxa metabólica necessária típica desses animais.

21

A literatura descreve toda a estrutura do coração e a evolução que esse órgão teve ao

longo da história dos vertebrados. As ilustrações trazidas pelos livros aliam-se ao

conhecimento escrito e mostram aos leitores a estrutura deste órgão e seu funcionamento

hemodinâmico. As representações esquemáticas do coração disponíveis nestes livros

preservam a sua integridade e todas as figuras mostram a imagem tridimensional do órgão,

que pode ser visualizado em diferentes ângulos. Analisar este órgão em diferentes

perspectivas faz perceber a disposição de suas câmaras o que auxilia a entender o seu

funcionamento.

1.3 Contexto histórico da motivação deste trabalho

1.3.1 Experiência na assistência ao ensino da anatomia do sistema circulatório humano

Ao longo da vida acadêmica da autora no curso de ciências biológicas, esta teve o

privilégio de despender cerca de dois anos dedicados ao trabalho no Departamento de

Morfologia da Universidade Federal da Paraíba, onde por cerca de um ano exerceu a função

de monitora da disciplina Anatomia Humana Básica, para alunos de biologia e farmácia.

As aulas ministradas nessa disciplina seguem uma metodologia teórico-prática na qual

os alunos têm seu primeiro contato com o sistema a ser estudado primeiramente na teoria, em

explanações didáticas e, em um segundo momento, vivenciam o contato com as peças

existentes no Departamento, fixadas e conservadas em formol. Nas aulas práticas de anatomia

humana, o material didático, em sua maioria, são corações com cortes sagitais, nos quais se

visualiza uma estrutura dividida em duas porções que se assemelham a uma imagem

especular. O coração, neste tipo de corte, perde sua forma e, ao separar suas metades, se

obtém uma imagem fragmentada deste órgão. Neste tipo de corte, as quatro câmaras do

coração são divididas ao meio e, dessa maneira, perdem sua integridade e suas valvas se

encontram localizadas em apenas um dos lados do corte.

Durante as atividades da autora deste trabalho na assistência ao ensino, que consistia

em revisar com os alunos o assunto que havia sido ministrado nas aulas expositivas, era

observado uma dificuldade que os alunos sentiam ao tentar entender como funcionava o

coração, como eram os tipos de circulação (sistêmica e pulmonar), e suas diferenças. Por

diversas vezes as mesmas perguntas eram realizadas a autora, como: “Mas como o sangue

chega ao átrio direito?” “Como ele vai do ventrículo direito para o pulmão?” “Como pode ele

voltar para o átrio esquerdo ser bombeado para o ventrículo esquerdo e seguir para a aorta, se

22

a aorta se encontra do lado oposto ao ventrículo esquerdo?”. No inicio da experiência como

monitora, a autora considerava essas perguntas descabidas, por considerar que estas

informações eram obvias a partir da observação das peças, que os alunos apenas não

prestavam atenção ao que eram ministradas pela professora e reforçadas pela autora.

Entretanto, a autora começou a analisar que nem todos possuem um interesse pela anatomia

como ela possuía e muito menos que nem todos os alunos tinham a mesma facilidade para

aprender sobre esse assunto. Iniciou assim a se colocar no lugar dos alunos e tentar entender

de onde surgiam essas perguntas, tidas outrora por ela como irrelevantes. Passou a reavaliar

esse tipo de perguntas e indagar o porquê de tanta dificuldade.

Desenvolveu, então, um diálogo com eles sobre o assunto. Os alunos relatavam que,

ao observar aquelas estruturas, eles não conseguiam fixar quais eram as câmaras, olhavam

para a peça e viam apenas as câmaras de átrio ou ventrículo divididas e que não conseguiam

esclarecer para si as suas formas e o seu funcionamento. O início dos grandes vasos não era

para eles algo definido; eles não entendiam como o sangue saia do ventrículo direito para a

artéria pulmonar e/ou como o sangue saia do ventrículo esquerdo e ia para a artéria aorta, pois

da maneira como os corações lhes eram apresentados, estas estruturas se encontravam em

locais diferentes.

Muitos afirmavam que, por mais que soubessem que era preciso estudar as estruturas

na aula prática para realizarem as provas e que por mais que também achassem importante,

preferiam estudar pelos livros, pois lá o assunto era melhor abordado e mais fácil de

compreender a partir das ilustrações dos órgãos íntegros. A percepção da autora : prática e a

teoria não tinham conexão.

Para melhorar o estudo e tentar ajudar a compreender, muitas vezes não era iniciado a

assistência prática exibindo um coração disponível no laboratório. Primeiramente, explicava a

eles como a estrutura do coração estava disposta através de desenhos esquemáticos, através do

uso do quadro negro, e até o uso das mãos para demonstração. Explicava–se que aquela

estrutura deformada que era visualizada no laboratório estava assim devido ao desgaste

resultante de muito tempo de uso aliada ao tipo de técnica de conservação. Quando os alunos

entendiam como funcionava o coração, assim como a circulação sistêmica e pulmonar,

escolhia algumas estruturas melhor conservadas para demonstrar a eles quais eram as partes

que existiam no interior de cada câmara. Pedia que eles esquecessem que aquele órgão estava

fragmentado e que por conta disso poderia nos dar a impressão de que se tratava de duas

23

partes distintas que, aparentemente, não se relacionavam; pedia que eles visualizassem o

coração em sua totalidade, mesmo sendo necessário estudar suas câmaras individualmente e

que a forma observada por eles, na prática, não retratava o estado real do órgão.

O que os livros mostram são imagens dinâmicas, não desprezam a forma do conjunto

em função de uma única estrutura interna, ao contrário, aliam a forma do órgão a seus

componentes internos. Ao passo que, nas aulas práticas, a forma do órgão em si é

negligenciada, é colocada em último plano. As estruturas internas, os componentes de cada

câmara se tornam a prioridade no momento de preparar uma peça anatômica, mas não facilita

a percepção do conjunto do órgão, seja anatomicamente ou hemodinamicamente.

A técnica de dissecção é realizada de forma impecável na grande maioria das vezes,

entretanto, a preocupação sobre como os alunos vão compreender aquela estrutura não parece

ser considerada com cuidado, os alunos têm que se adequar e alcançar a compreensão com

aquilo que estão vendo, mesmo que as estruturas que estão lhes sendo apresentadas, estejam

fragmentadas e estáticas, não informem suficientemente sua integridade anatômica e não

representem sua funcionalidade dinâmica. Por outro lado, o entendimento deve ir além de

acertos e erros em uma prova, ele deve partir de uma curiosidade do porquê, deve partir da

dúvida, da pergunta e da investigação, e o papel do material de estudo apresentado aos alunos

deve ser o de despertar o interesse e a curiosidade, ao mesmo tempo em que facilite a

compreensão. A julgar pela grande dificuldade de compreensão que se pode observar nos

alunos, o material que é disponibilizado não parece estar cumprindo adequadamente o seu

papel. O objetivo das técnicas anatômicas e da técnica de dissecção que são conhecidas deve

ser o de unir os conhecimentos adquiridos através da leitura e projetá-los em estruturas

palpáveis e de fácil visualização para alunos, futuros professores e pesquisadores.

1.3.2 Experiências com a disciplina optativa Anatomia Comparada dos Vertebrados.

Após a motivação e interesse pela Anatomia Humana, foi dada a continuidade com a

disciplina optativa Anatomia Comparada dos Vertebrados, com o objetivo inicial de saber se

as estruturas encontradas nos seres humanos possuíam a mesma nomenclatura e/ou

morfologia em outros animais. Entretanto, ao longo da disciplina, dois fatos foram marcantes

para o inicio da elaboração desse trabalho. A visão que a disciplina fornece através do

Professor Robson Tamar, difere de todas as já cursadas. O primeiro fato é que foi

compreendido que um animal ou grupo animal não é mais evolutivo que outro, mas sim parte

de seus corpos (estruturas em particular) é que podem ser mais evoluídas, mais adaptadas para

24

o modo de vida de cada um deles. A anatomia comparada foi mostrada como uma historia

evolutiva na qual cada grupo havia se iniciado a partir de um plano basal comum e construído

sua historia evolutiva independente dos outros e guardando elementos do plano basal que os

identifica como grupo, ao mesmo tempo em que produziram suas particularidades, relativas

ao seu modo de vida.

A disciplina foi ministrada em aulas nas quais cada sistema era tratado separadamente.

O outro fato marcante é que, durante uma aula teórico-prática do sistema circulatório dos

vertebrados, o professor apresentou uma estrutura de um coração de bovino (Bos taurus)

conservado em álcool (Figuras 2, 3, 4). O coração estava conservado em solução alcoolica,

estava íntegro – não havia sido seccionado em corte sagital, como era conhecida

habitualmente, e guardava um aspecto próximo do natural. O modo de fixação e conservação,

e os cortes que expunham os caracteres principais de um coração de mamífero com todos os

principais vasos claramente expostos era resultado de uma técnica desenvolvida pelo próprio

professor. Além de apresentar um coração íntegro, a preparação referida permitia a

visualização das cavidades do coração, das estruturas internas de cada cavidade, dos vasos a

ela associados e permitia a fácil compreensão do fluxo hemodinâmico.

Figura 2- Coração de bovino em vistas ântero-lateral direita e póstero-lateral esquerda .

Vistas ântero-lateral direita (A) e póstero-lateral esquerda (B).

Foto: Richelieu Costa,2014.

25

Figura 3- Cavidades e estruturas dos ventrículos direito e esquerdo de um bovino.

Ventrículo direito (A) e ventrículo esquerdo (B).

Foto: Richelieu Costa, 2014.

Figura 4 – Cavidade e estruturas internas dos átrios direito e esquerdo de um bovino.

Átrio direito (A) e átrio esquerdo(B).

Foto: Richelieu Costa, 2014.

Com essa peça pode-se obter uma visão diferenciada do coração, uma visão do órgão

como um todo e ao mesmo tempo cada estrutura que o compõe. A partir desse período passei

as indagações sobre as diferenças que essa técnica elaborada pelo professor tinha em relação à

técnica de preparação das peças que são utilizadas no curso de Anatomia Humana e de como

essa peça poderia auxiliar na compreensão dos alunos.

26

1.4 Técnicas de preparação anatômica de órgãos

A glicerinação, a plastinação e a formolização são três das muitas técnicas anatômicas.

Elas se utilizam de substâncias químicas para manter as estruturas conservadas (SILVA ET

AL,2011) e são amplamente estudadas e avaliadas quanto à sua eficiência. Cada uma delas

possui aspectos positivos e negativos.

A formalina (comumente conhecida como formol) é uma substância química com um

efeito desinfetante, antisséptico e germicida. Sua forma comercial é apresentada como uma

solução aquosa de aspecto físico liquido e incolor, com 3,0 a 5,6% de formaldeído, seu PH

variando entre 2,8 a 4,0. Os seus efeitos, juntamente com seu baixo custo e baixa necessidade

de manutenção, fazem dele a substância mais utilizada na fixação e conservação de peças

anatômicas humanas. Entretanto, o formol possui cheiro desagradável, é tóxico e desencadeia

reações adversas a saúde, tendo seu uso questionado e sua comercialização restrita. Por outro

lado, o formol pode ser utilizado apenas como veículo fixante, deixando ao álcool o papel de

conservação.

A técnica de formolização é a utilizada atualmente na preparação das peças

anatômicas no Laboratório de Anatomia Humana, no Departamento de Morfologia.

A glicerinação utiliza a glicerina como substância de conservação, tendo o formol

como substância fixadora nesta técnica. A glicerina é o nome dado ao glicerol em sua forma

comercial e com pureza acima de 95%( SILVA ET AL,2008). As peças glicerinadas são mais

leves e mais fáceis de serem manuseadas se comparadas aquelas apenas formolizadas (CURY,

CENSONI, AMBRÓSIO, 2013; GIGEK ET AL, 2009). Contudo, ela exige maiores cuidados

que a formolização por necessitar de uma maior quantidade de tempo submersa na solução

(GIGEK ET AL,2009). As peças glicerinadas tendem a ficar escuras com o passar do tempo.

A plastinação é uma técnica que surgiu no ano de 1977 pelas mãos do professor e

médico Gunther Von Hagens, da Universidade de Heidelberg, na Alemanha (JONES,

2002;ANDREOLI ET AL, 2012.). De acordo com Gunther Von Hagens

(HAGENS,1979;HAGENS,1987), nela os fluidos dos tecidos do corpo são substituídos por

polimeros plásticos que pode ser borracha de silicone(BAPTISTA, CONRAN,1989) ou resina

de poliéster. Porém antes do inicio da plastinação, o cádaver é submerso em formaldeido para

evitar a degradação do mesmo. Essa técnica envolve muitas etapas específicas, o que requer

27

um laboratório adaptado para tal prática, além de pessoas e/ou funcionários qualificados para

sua elaboração. Consequentemente, ela demanda um alto custo de preparação.

1.5 A construção do plano de trabalho.

Após o término dessa disciplina e contato com o professor Robson Tamar para

explanar para os questionamentos oriundos da experiência na academia e exposição da ideia

inicial a qual era tentar trazer para a disciplina Anatomia Humana a visão geral do sistema

circulatório dos vertebrados. Pois as aulas práticas de sistema circulatório ministradas pelo

referido professor, mostra uma visão mais holística e compreensiva das estruturas, podendo

assim expandir esses conhecimentos para outros alunos que ao longo da observação como

monitoria descritas anteriormente, demonstraram muitas dificuldades.

O professor Robson Tamar, então, relatou que há muito tempo pensava em estender

para outros grupos animais e para outros cursos a técnica que ele desenvolveu, e propôs então

a realizaçãoda preparação de peças similares e, posteriormente, ministração de assistências de

ensino em aulas práticas com estas peças aos alunos de anatomia humana, de forma a avaliar a

efetividade da técnica por ele desenvolvida em relação à técnica tradicional. A proposta para

elaboração do presente trabalho incluía também unir a experiência do Prof. Robson Tamar

com a anatomia e a evolução do sistema circulatório dos vertebrados e a nova técnica por ele

desenvolvida, com a experiência do anatomista, Prof. Eulâmpio José, com a anatomia do

sistema circulatório dos humanos e de seu ensino acadêmico – um professor e pesquisador

que possui o conhecimento para definir os cortes exatos e adequados à ministração do curso

de anatomia do sistema circulatório humano. Desse modo, teria à disposição dois orientadores

para que fosse aprendida a técnica proposta, a preparação das peças com essa técnica e

discussão do método de ensino e as técnicas anatômicas usadas na anatomia do coração

humano, com o auxilio das bagagens acadêmicas de ambos.

O sistema circulatório dos vertebrados é bem conhecido e descrito pela ciência e o seu

ensino praticado nas universidades. O presente estudo trata da descrição de certas técnicas do

ensino da anatomia do sistema circulatório na Universidade Federal da Paraíba, a partir do

dia-a-dia dos cursos de Anatomia Humana e Anatomia Comparada dos Vertebrado,como uma

proposta alternativa para um futuro próximo, tendo em vista a adição desse material para a

coleção didática de anatomia da UFPB.

28

2. Objetivos

2.1 Objetivos Gerais

Apresentar uma técnica de dissecção do coração dos vertebrados e de exibição de sua

anatomia e fluxo hemodinâmico,

Discutir brevemente os atuais métodos de ensino da anatomia do coração humano e

dos principais vasos a ele conectados.

2.2 Objetivos Específicos

Descrever os procedimentos técnicos utilizados no ensino da anatomia do coração na

disciplina Anatomia Humana na Universidade Federal da Paraíba, com base na

experiência de assistência ao ensino praticada pela autora;

Descrever uma técnica de dissecção do coração dos vertebrados e de descrição de sua

anatomia e funcionamento;

Comparar a técnica anatômica proposta no estudo com a tradicionalmente utilizada

(formolização) na disciplina Anatomia Humana na Universidade Federal da Paraíba.

29

3. Materiais e métodos

3.1 Locais de realização do estudo

O estudo foi realizado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Campus I,

localizado na cidade de João Pessoa – Paraíba. O material utilizado no estudo foi obtido por

meio de compra em um abatedouro situado na cidade de Bayeux, região metropolitana da

cidade de João Pessoa, Paraíba. A preparação das peças foi realizada em três laboratórios da

UFPB, sendo dois localizados no Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN) e um no

Centro de Ciências da Saúde (CCS). O primeiro deles foi o Laboratório de Anatomia Humana

(LAH, -7.137513, -34.840874), localizado no Departamento de Morfologia, no CCS. Neste

foram realizadas a dissecção inicial das peças, e os cortes – após a preparação e dissecção

final, de forma a permitir a visualização das estruturas de interesse. No laboratório de

Sistemática e Morfologia de Peixes (LASEP, -7.138766, -34.845187), Departamento de

Sistemática e Ecologia (DSE), CCEN, foram armazenadas as peças durante o trabalho de

dissecção, inicialmente em congelamento (durante o processo de dissecção, corte e preparação

final) e, posteriormente, durante a etapa de fixação. O processo de dissecção e preparação das

peças foi realizado no laboratório Didático de Zoologia (LDZ, -7.138835, -34.845431), do

DSE CCEN, o qual possui os equipamentos necessários.

3.2 Materiais e processos metodológicos

O presente trabalho tratou de uma técnica inédita de preparação de peças anatômicas

do sistema circulatório de vertebrados. A técnica apresentada no estudo foi desenvolvida pelo

Professor Robson Tamar, e ainda não publicada, sendo utilizada neste estudo pela autora, com

órgãos de mamíferos, e descrita no corpo de resultados do estudo.

Para a realização do estudo foram utilizados órgãos de caprino (Bode, Capra Hircus) e

suíno (Porco, Sus scrofa domesticus), por serem mamíferos de médio porte e facilmente

encontrados em abatedouros próximos à área de realização do estudo. Adicionalmente, o

coração do porco possui uma similaridade com o coração humano (SWINDLE E

SMITH,1998;MOREIRA,2007), sendo assim, as semelhanças anatômicas fornecem uma

instrução efetiva. Foram utilizados, inicialmente, dois corações (um suíno e um caprino), com

os quais foram realizados os procedimentos experimentais e de ajustes da técnica.

Posteriormente, dois conjuntos de órgãos viscerais contendo coração, fígado, rins, pulmões e

vasos sanguíneos que conectam esses órgãos foram utilizados para a preparação das peças. Os

30

conjuntos de vísceras foram obtidos de animais mortos em abatedouros,obtidos através de

recursos financeiros do professor Robson Tamar Costa Ramos e da aluna realizadora do

estudo e foram retiradas sob a supervisão dos mesmos..

Para a realização do trabalho foram utilizadas cinco peças anatômicas do sistema

circulatório de caprinos e suínos e para a preparação dessas peças, os seguintes materiais

foram necessários: equipamentos de proteção individual(luvas e jaleco);rolo de gaze; linha de

costura de algodão(cor branca),tesoura de secção,agulha de número 6,pinça anatômica,pinça

anatômica de ponta fina, fita isolante Silver Tape(marca 3M),sacos plásticos transparentes de

20 litros, recipientes de vidros transparentes, bandejas plásticas,luzes dos iluminadores das

lupas do laboratório didático de Zoologia, substância alcoólica a 70% e substância de

formaldeído a 10%.

Em todas as etapas foram feitos registros fotográficos.

4. Resultados

4.1 Resumo da técnica.

A técnica consiste em procedimentos que visam conservar o aspecto das peças

anatômicas o mais próximo possível de seu estado natural, e segue os seguintes princípios:

1. Manutenção da integridade do coração – cortes são realizados nos átrios e

ventrículos de forma a permitir acesso às suas estruturas internas e aos vasos

conectados a estas cavidades; vasos maiores são também sujeitos a cortes, se

necessários para acessar seu interior;

2. Preenchimento das cavidades e vaso com tecido (gaze) que ocupe o lugar do

sangue, de maneira a manter a forma original do órgão;

3. Após o preenchimento de todas as estruturas, efetuar obliteração de câmaras e

vasos associados por intermédio de costura com linha de algodão;

4. Fixação do órgão em Formalina a 10%, durante 24 horas;

5. Lavagem em água corrente para retirada do excesso de formol;

6. Retirada da linha de cozimento e do tecido de preenchimento das cavidades e

vasos;

7. Conservação da peça em solução hidroalcóolica a 70%.

31

Após a preparação, as peças estão prontas a realização de cortes anatômicos vários,

segundo o objetivo desejado

4.2 Procedimentos de preparação das peças e dissecção.

4.2.1. Lavagem e dissecção inicial

No LDZ, as peças foram lavadas em água corrente, tanto externamente quanto

internamente, para eliminar os traços de sangue, sendo, então, acondicionadas em saco

transparente e congeladas em freezer a -18° C, de forma que as peças fossem descongeladas

uma a uma para a realização das dissecções. Várias lavagens foram necessárias para retirar

todos os traços de sangue, em alguns casos sendo necessária retomar a lavagem após o

descongelamento para a realização da dissecção e preparação das peças.

No LAH, as peças foram descongeladas por meio de exposição à água corrente para a

realização da dissecção. A dissecção foi realizada pelo professor Eulâmpio José da Silva Neto

e acompanhada pela aluna realizadora do estudo e pelo professor Robson Tamar. A dissecção

eliminou gorduras, excessos de tecido conjuntivo, mesentérios, omentos e estruturas sem

interesse para o estudo, de forma a facilitar o acesso e a visualização do coração e dos vasos e

troncos que compõem o sistema (Figura 5). Após o processo de retirada dos tecidos sem

interesse, foram realizadas pequenas incisões nas câmaras do coração e em parte da aorta

(como será descrito à frente).

Figura 5 – Conjunto de órgãos de caprino (a, em fresco) e coração fixado em vista posterior(b).

Figura a: Coração de caprino (A), um segmento do pulmão (B), o fígado (C), Diafragma (D), traqueia

(E), língua (F), artéria pulmonar (H), e tecidos adiposos (G) e uma porção do fígado (C), considerados

tecidos sem interesse.Figura b : Incisões indicadas por setas no átrio esquerdo(A) e ventrículo

esquerdo(B).

Foto: Patrícia Almeida. 2013.

32

4.2.2 Incisões das câmaras e vasos.

Em cada um dos átrios foi efetuada uma incisão de pequeno tamanho ao longo da

superfície externa mais longa da câmara (um corte horizontal, Figura 5b). A incisão é feita

delicadamente, do centro para os extremos da câmara, tomando-se o cuidado de interromper o

corte logo após haver ultrapassado a parede da câmara, de forma a não dilacerar qualquer

estrutura interna ou deformar a estrutura natural do órgão.

De maneira similar, em cada um dos ventrículos foi realizada um incisão, esta vertical,

seguindo o eixo longitudinal do coração. No ventrículo direito, foi feita uma incisão

aproximadamente equidistante às marcas externas do septo interventricular; no ventrículo

esquerdo, uma incisão foi realizada nos dois terços a direita das marcas externas do septo

interventricular.

Grandes vasos, como a aorta e a artéria pulmonar, sofreram incisão, mas apenas o

suficiente para se ter acesso ao seu interior a fim de se realizar o preenchimento com a gaze.

4.2.3 Preenchimento e sutura das cavidades

No dia anterior ao trabalho de dissecção, a peça a ser trabalhada era retirada do freezer

e mantida em temperatura ambiente para iniciar o descongelamento. No Laboratório didático

de Zoologia (LDZ), cada peça a ser submetida ao processo de incisão, preenchimento e sutura

foi exposta a água corrente para finalizar o descongelamento. O uso da água corrente foi

escolhido por ser um processo relativamente rápido e que não degrada o material.

As suturas das câmaras e vasos foram realizadas sobre uma bancada no LDZ e sob

foco de luz dos iluminadores das lupas do laboratório. O enchimento foi realizado em todas as

câmaras do coração e vasos sanguíneos presentes nas peças, com gaze. Nessa etapa foram

utilizadas: tesoura para cortar a gaze em pequenos tamanhos, um rolo de gaze, pinça

anatômica e pinça de ponta fina, além do equipamento de proteção individual (luvas de látex e

jaleco). Para facilitar a inserção das peças de gaze, elas foram umedecidas em água limpa.

Uma pinça anatômica era usada de apoio para manter a abertura do local da incisão

enquanto outra pinça era utilizada para inserir a gaze dentro da cavidade (Figura 6). Era

tomado cuidado com as estruturas internas para que estas não fossem cortadas nem

deformadas.

33

Figura 6 - Preenchimento da câmara do átrio com gaze.

A região do ventrículo já estava preenchida e suturada.

Foto: Richelieu Costa, 2013.

Os ventrículos foram as primeiras cavidades a ser preenchidas. Todo espaço interno da

câmara foi preenchido; o primeiro passo foi preencher os espaços entre a parede do ventrículo

e cada uma das valvas atrioventriculares, de forma a manter a valva fixa no estado fechado,

no sentido ventrículo-átrio, com o cuidado de não deformar sua estrutura; este procedimento

visa manter as valvas em seu estado natural durante o preenchimento dos átrios, impedindo

que seu preenchimento altere a disposição das valvas. O preenchimento da porção do

ventrículo esquerdo que dá acesso à aorta foi preenchido de maneira a não forçar a válvula

tricúspide contra o espaço interno da aorta. O mesmo cuidado foi tomado durante o

preenchimento do restante do ventrículo, não deixando espaço sem preenchimento nem

permitindo excesso, de maneira a manter a forma original do coração.

Em seguida aos ventrículos, os vasos comunicados com os átrios foram parcialmente

preenchidos, até o limite que era possível acessá-los através da câmara e realizar este

procedimento sem alterar a forma do vaso ou do átrio; em seguida, os átrios foram

preenchidos, de sua periferia para o centro. Do mesmo modo que nos ventrículos, as gazes

foram dispostas de modo a não deformar a estrutura original do coração e nem a colapsar ou

deformar qualquer estrutura interna. Tendo sido as câmaras totalmente preenchidas, estas

eram suturadas (Figura 7). Após este procedimento, os vasos foram totalmente preenchidos

com gases a partir de seus extremos distais em relação ao coração ou outros vasos dos quais

34

derivassem; os vasos mais longos, nos quais o acesso era difícil, foi realizada uma pequena

incisão de forma a preenchê-lo completamente.

As incisões realizadas foram suturadas com linha 10 de cor branca e com o auxilio de

uma agulha de número 6. A sutura foi realizada de modo que na porção externa ao coração

formassem linhas paralelas e aquelas internas, linhas diagonais aos pontos de inserção da

agulha; estes distaram 1,5 a 2,0 centímetros entre si (Figura 8).

Figura 7 – Processo de suturamento da peça anatômica preenchida com gaze.

Foto: Richelieu Costa, 2013.

Figura 8 - Coração totalmente preenchido e suturado.

Foto: Richelieu Costa, 2013

35

4.2.4 Fixação e conservação

O conjunto de órgãos (coração, vasos e órgãos a estes relacionados) foram fixados em

formolina a 10%, acondicionados em um saco plástico de 20 litros previamente testado para

descartar a existência de furos, e apoiado sobre uma bandeja plástica. Este procedimento

permite que os órgãos sejam fixados separados um dos outros e com seus pesos relativizados

pelo líquido, não provocando deformação como amassamento ou impressão de um órgão

sobre outro. O tempo de fixação foi de 24 horas.

Uma das peças permaneceu fixada em formol por cerca de 48 horas devido à falta de

álcool no laboratório. O álcool foi utilizado para conservar as peças após a fixação e sua falta

acarretava num atraso do processo didático da preparação das peças. A diferença apresentada

por esse intervalo de tempo foi visualizada na marca de costura ter se tornado mais evidente

na musculatura da peça que permaneceu mais tempo no formol.

As peças tiveram a coloração pouco alterada do que quando estas estavam frescas

(Figura 9).

Figura 9 - Comparação das peças a fresco com as peças fixadas no formol.

Peças a fresco (A) e peças fixadas no formol(B).

Foto: Patrícia Almeida, 2013.

36

Figura 10 - Peça anatômica de caprino fixada com formol a 10%.

Língua (A), Veia cava inferior (B), Coração(C), Fígado (D), Diafragma (E),

Parte do pulmão (F) e Traqueia (G).

Foto: Richelieu Costa, 2013.

Todas as peças foram colocadas em recipientes de vidro com solução de álcool a

70%para sua conservação (Figura 11).

Figura 11- Recipientes de vidro contendo as peças conservadas.

Foto: Patrícia Almeida, 2014.

37

4.2.5 Remoção das gazes e das suturas

Após a fixação as peças foram lavados abundantemente em água corrente (Figura 12)

para a retirada das suturas e gazes. A lavagem abundante reduz o contato com o formol

durante o procedimento de retiradas do preenchimento.

Figura 12 - Lavagem com água corrente de uma estrutura fixada com formol a 10%.

Fígado (A), o coração(B) e artéria pulmonar (C).

Foto: Richelieu Costa, 2013.

A sutura foi retirada delicadamente para que não houvesse dano da musculatura

robusta ou delicada do coração e/ou os vasos a ele associados (Figura 13). Após a retirada da

sutura de cada região, foi realizada a retirada da gaze que preenchia as câmaras (Figura14) e

vasos sanguíneos (Figura 15).

38

Figura 13 - Retirada da linha de sutura.

Figura A: Fígado ( A), Ventrículo esquerdo (B) e átrio esquerdo(C).

Figura B : Fígado (A), Traquéia (B), artéria carótida comum (C).

Foto: Richelieu Costa,2013.

Figura 14 - Remoção de gazes do átrio esquerdo de um coração de caprino; observar corte no ventrículo

direito ainda obliterado pela linha de costura e corte na artéria pulmonar parcialmente aberto.

Artéria pulmonar (A), Ventrículo esquerdo (B) e Átrio esquerdo (C).

Foto: Richelieu Costa, 2013.

39

Figura 15 – Remoção da gaze da artéria aorta de um caprino.

Artéria aorta (A) e Veia cava inferior (B).

Foto: Richelieu Costa, 2013.

Após a remoção das gazes e linhas, as peças foram acondicionadas em recipientes de

vidro contendo uma solução de álcool a 70 % para a sua conservação. Todas as peças

anatômicas foram preparadas seguindo os mesmos procedimentos citados acima. O material

resultante foi depositado no LASEP.

4.2.6 Realização dos cortes anatômicos destinados aos cursos de Anatomia Humana

Passado o período de um mês, as peças foram deslocadas para o Laboratório de

Anatomia do CCS para serem dissecadas de maneira a terem cortes anatômicos destinados à

instrução em aulas práticas (Figura 16), procedimento realizado sob a orientação do Professor

Eulâmpio José.

40

Figura 16 - Corte realizado na parede do ventrículo direito e da artéria pulmonar do coração de um

suíno.

O coração (A), os rins(B), e os vasos da base.

Foto: Patrícia Almeida, 2014.

Anteriormente ao preparo da peça, foram estabelecidos, com base em imagens de

livros de anatomia e da experiência obtida na prática tanto pela aluna realizadora do projeto

quanto pelo professor Eulâmpio José da Silva Neto, quais seriam os pontos mais adequados

para se realizar os cortes.

Cada peça teve um corte anatômico diferente. A primeira peça, de um suíno (Figura

17), foi composta pelo coração e vasos da base. Para a realização da secção desta peça foram

utilizadas as incisões já existentes nas peças da etapa de preenchimento. Foram feitos cortes

no ventrículo esquerdo e direito na mesma linha da incisão e um corte perpendicular ao da

incisão. Os átrios não foram cortados, pois as incisões realizadas durante a preparação já eram

suficientes para a visualização das cavidades dos átrios.

41

Figura 17 – Peça anatômica de um suíno em vista ventral e dorsal.

Vista anterior (A) e vista posterior(B).

Foto: Patrícia Almeida,2014.

Figura 18 – Cavidade dos ventrículos direito e esquerdo de um suíno.

Cavidade do ventrículo direito (A) e ventrículo esquerdo (B)

Foto: Patrícia Almeida e Richelieu Costa,2014.

42

A segunda peça é um coração de suíno, a ele mantidos conectados pelos vasos

sanguíneos uma porção do fígado e os rins. O corte foi realizado continuando a incisão

realizada previamente no sentido da artéria pulmonar, no ventrículo direito; no ventrículo

esquerdo, foi realizado um corte ampliando o tamanho da incisão já existente (Figura 20).

Figura 19- Peça anatômica fixada de um suíno em vista anterior e posterior

Vista ventral (A) e dorsal(B).

Foto: Richelieu Costa,2014.

43

Figura 20 – Cortes realizados no ventrículo direito e esquerdo do coração de um suíno.

Foto: Richelieu Costa,2014.

Figura 21– Cavidade dos ventrículos direito e esquerdo do coração de um suíno.

Cavidade do ventrículo direito e artéria pulmonar (A) e do ventrículo esquerdo (B).

Foto: Patrícia Almeida e Richelieu Costa,2014.

Nesse tipo de secção (Figura 21) se observa a raiz da artéria pulmonar, as válvulas

pulmonares, as cordas tendíneas, os músculos papilares e cavidade do ventrículo direito. A

estrutura dissecada dessa forma facilita o entendimento da saída do sangue do ventrículo

direito para o pulmão.

44

A terceira peça do estudo é um coração de caprino em conjunto com seus vasos da

base. Esse coração foi dissecado de forma a permitir a visualização das valvas

atrioventriculares e valva aórtica e pulmonar, para isso os vasos das bases foram recortados

com uma tesoura de secção rentes às suas raízes (Figura 22,23).

Figura 22– Coração de um caprino em vista ventral e dorsal.

Vista ventral (A) e vista dorsal (B).

Foto: Patrícia Almeida,2014.

Figura 23 –Valvas do coração de caprino em vista cranial .

Válvulas em destaque (A) e valvas demonstradas em uma vista cranial (B).

Foto: Patrícia Almeida,2014.

45

Figura 24– Cavidade do átrio direito e dos ventrículos direito e esquerdo.

Cavidade do átrio e ventrículo direito (A) e cavidade do ventrículo esquerdo (B).

Foto: Richelieu Costa,2014.

As incisões realizadas nas peças para o preenchimento das mesmas facilitaram a

visualização das cavidades do átrio direito e dos ventrículos direito e esquerdo (Figura 24).

Apesar do tamanho reduzido que este coração apresenta quando relacionado com um coração

de outros mamíferos de maior porte (suíno, bovino ou até humano) as estruturas são

facilmente observadas (Figuras 23,24).

A última peça do estudo é constituída do coração e vasos da base e de um conjunto de

órgãos e vasos de um caprino. Para essa peça foi decidido uma secção anatômica que consiste

em recortar toda a parede muscular cardíaca dos ventrículos passando pelo ápice do coração e

seguindo em direção ao outro ventrículo (Figura 25,26).

Nesta peça todas as estruturas internas dos ventrículos (direito e esquerdo), as válvulas

atrioventriculares e a musculatura cardíaca são visualizadas.

46

Figura 25 – Peça anatômica de um caprino em sua visão ventral e dorsal.

Vista ventral (A) e vista dorsal(B).

Foto:Richelieu Costa,2014

47

Figura 26 - Abertura total dos ventrículos e visualização de suas delimitações.

Foto: Richelieu Costa.

5. Discussão

5.1 Dificuldades encontradas ao longo do estudo.

O resultado do estudo deveria conter cinco peças didáticas, contudo, isso não foi

possível. A primeira peça a ser preparada, a qual, não apareceu nos resultados era o coração

de um suíno com os vasos da base. As incisões foram realizadas nesta peça no mesmo local e

tamanho que foram realizadas nas peças descritas e fotografadas. Todavia, uma rígida

estrutura muscular dificultava à visualização e o acesso às cavidades das câmaras e

consequentemente a preparação delas. Essa dificuldade foi solucionada ao se realizar um

segundo congelamento e descongelamento dessa peça anatômica para realização do trabalho

de dissecção, o que favoreceu o manuseio das estruturas dos corações de porcos. Notou-se

uma melhora na maleabilidade das câmaras do coração para que fosse realizado o

preenchimento das mesmas.

Outro ponto crítico na realização da técnica era a escolha de qual meio iria ser

utilizado para o fechamento das incisões antes da fixação da peça. A utilização de linha de

costura era cogitada para ser substituída por outro material, tendo em vista que na peça de

bovino preparada pelo professor Robson a linha deixava marcas de costura na estrutura

muscular do mesmo. Uma fita isolante denominada de Silver Tape da marca 3M foi então

adquirida para testar sua eficiência frente a linha de costura, entretanto, o que se observou é

que mesmo sendo uma fita resistente a meios líquidos, esta não conseguiu manter o coração

48

preenchido em seu formato natural e o que se observou foi uma alteração do estado natural da

peça.

Portanto, se optou por permanecer com a linha de costura que mesmo realizando

pequenas marcas na musculatura cardíaca não altera a forma do órgão, diferentemente da fita

testada.

5.2 Preparação e corte das peças

Com a simples etapa do preenchimento antes da fixação, o coração e os vasos

presentes nas estruturas mantiveram seu estado natural, não se observando câmaras ou vasos

colapsados, como visto na técnica de formolização. Diferente da técnica aqui descrita, a peça

formolizada normalmente não passa por nenhum preparo prévio antes de sua fixação, o que

ocorre é que a estrutura é recebida nos laboratórios e formolizadas imediatamente. Com isso

um coração, por exemplo, perde a sua forma real, tendo sua estrutura colapsada.

A última peça apresenta um corte no qual se forma uma abertura no coração ao meio e

o transforma em duas metades semelhantes a uma imagem especular. Essa peça poderia

receber muitas criticas, ao apresentar um órgão repartido em dois, o que tornaria o

entendimento do coração dificultado. Entretanto a peça preparada não apresenta separação

entre os ventrículos e átrios estando estes conectados pelas suas estruturas (cordas tendíneas e

válvulas). Em adicional o estado real da peça é mantido podendo se observar a peça

internamente e armazená-la fechada sem alterações, além de que, devido ao preenchimento

das estruturas durante a preparação da peça, o coração e seus vasos não perdem a forma à

medida que vai sendo manuseado.

5.3 Comparação entre as técnicas

A técnica proposta apresentou resultados bastante satisfatórios quanto ao esperado

pela autora e seus orientadores. Em uma tabela comparativa com outras três técnicas, ela

apresenta muitos aspectos favoráveis (Tabela 1). Essa técnica se diferencia da técnica da

formolização pelo fato de que o formol é utilizado apenas como substância fixadora, cabendo

ao álcool a função de substância conservante.

49

O formol é amplamente utilizado como uma substância fixadora e conservadora em

todas as universidades do Brasil e do mundo devido ao seu baixo custo e pouca demanda de

manutenção. Entretanto, é uma substância química com uma alta toxicidade que ao ser

ingerida, inalada ou em contato direto ocasiona reações que variam de irritação de mucosas e

olhos, borramento da visão, dermatites, bronquite asmáticas, podendo, em casos mais graves,

ocasionar uma agressão à retina, perda de consciência, efeitos teratogênicos e/ou cancerígenos

e até o óbito (VERONEZ ETAL;VIEIRA ETAL,2013; FORTUNATO,J.J.;CITTADIN-

SOARES,E.C; SILVA ET AL,2011;KRUG. ET AL, 2011).

A Agência Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC) realizou diversos estudos para

comprovar a carcinogenicidade do formaldeído, porém, somente em 2006, esse fato foi

comprovado, devido à reação do aldeído fórmico com ácido clorídrico que forma o bis

(clorometil) éter, produto que é reconhecidamente cancerígeno (VIEIRA ETAL,2013).

O álcool é uma substância química que ao contrário do formol não apresenta uma

reação adversa a olhos e mucosas e a qualquer outro órgão, e não é tão toxico quanto o

segundo. A peça conservada dessa maneira mantém sua estrutura próxima àquela do estado

real apresentando uma leve descoloração e se mantém por um longo tempo em perfeita

condições (a primeira peça preparada pelo Professor Robson, quando do desenvolvimento da

técnica (figura 2,3), há, aproximadamente, 15 anos).

Entretanto se faz necessário a reposição do álcool periodicamente, pois o álcool é uma

substância que evapora à medida que a peça for sendo manuseada. Outro ponto negativo desta

técnica é a limitação de tamanho das peças as quais devem ser de pequeno e médio porte.

Caso seja aplicada a corpos de animais e/ou humanos inteiros, o tanque deve ser

hermeticamente fechado para que o álcool não evapore e os gastos com a manutenção

aumentem.

A plastinação é uma técnica onde as peças são mais leves e mais semelhantes ao

estado natural, entretanto, é uma técnica patenteada, que demanda muitos equipamentos

especializados e profissionais altamente qualificados. Com isso, o seu custo é altamente

elevado em comparação a qualquer uma das técnicas presentes na tabela 1 e,

consequentemente, à técnica proposta.

50

A técnica proposta se sobressai em relação à glicerinação pelo fato de que as peças

apresentadas se assemelham ao estado natural, diferentemente das peças glicerinadas, que

ficam escurecidas ao passar do tempo.

Tabela 1 – Tabela comparativa das características das técnicas de glicerinação, plastinação e

formolização com a técnica proposta.

Técnica

anatômica Plastinação Glicerinação Formolização

Técnica

proposta

Custo Elevado Médio- baixo Baixo Baixo

Fixação Formol Formol Formol Formol

Substância

Conservante

Polímeros

plásticos Glicerina Formalina

Solução

alcoólica

Manutenção Esporádica Periódica Periódica Periódica

Durabilidade Longa Longa Longa Longa

Tempo de

preparo Demorado Rápido Rápido Rápido

Coloração das

peças

Peças

semelhantes

ao estado

natural

Peças claras (coloração

da glicerina) no

momento do preparo

que escurecem com o

passar do tempo

Peças escuras

Peças

semelhantes

ao estado

natural

Consistência Semelhantes

ao natural Semelhante ao natural Ressecadas

Semelhantes

ao natural

Meio de

conservação Nenhum

Meio líquido(Glicerina)

e/ou nenhum

Meio líquido

(Formalina)

Meio líquido

(álcool)

Toxicidade da

substância

conservante

Não Não Sim Não

Laboratório

específico para

realização da

técnica

Sim Não Não Não

6. Considerações finais

O estudou apresentou resultados bastante satisfatórios ao esperado e teve sua

efetividade observada, sendo assim, se mostrou uma alternativa viável para a preparação de

peças anatômicas do sistema circulatório. As peças preparadas nesse estudo se encontram

disponíveis na coleção didática de anatomia comparada no Laboratório de Morfologia e

Sistemática de Peixes (LASEP).

51

O próximo passo no estudo dessa técnica é realizar o seu uso em aula práticas em

disciplinas de Anatomia Comparada, Animal e Humana e realizar questionários com os

alunos quanto à efetividade e adequação didática das peças. O trabalho representa um ponto

inicial para uma série de outros estudos que irão ser realizados com outros grupos de

vertebrados e com outros sistemas orgânicos para reforçar a sua aplicabilidade e viabilidade

dentro dos diversos laboratórios de Anatomia Animal e Humana.

7. Referências

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