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Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
Maria Cristina Basílio Crispim da Silva
(Orientadora)
Jane Enisa Ribeiro Torelli de Souza
(Coorientadora)
João Pessoa
2015
FOMENTANDO UM OLHAR SUSTENTÁVEL NO COTIDIANO
ESCOLAR: Implantação de uma horta com sistema integrado
Lázaro Fialho da Cruz Ribeiro
2
Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas
FOMENTANDO UM OLHAR SUSTENTÁVEL NO COTIDIANO
ESCOLAR: Implantação de uma horta com sistema integrado
Lázaro Fialho da Cruz Ribeiro
Maria Cristina Basílio Crispim da Silva
(Orientadora)
Jane Enisa Ribeiro Torelli de Souza
(Coorientadora)
Monografia apresentada ao Curso de
Ciências Biológicas (Trabalho de
conclusão de curso), como requisito
parcial à obtenção do grau de Licenciado
em Ciências Biológicas.
João Pessoa
2015
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
LÁZARO FIALHO DA CRUZ RIBEIRO
FOMENTANDO UM OLHAR SUSTENTÁVEL NO COTIDIANO
ESCOLAR: Implantação de uma horta com sistema integrado
LÁZARO FIALHO DA CRUZ RIBEIRO
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FOMENTANDO UM OLHAR SUSTENTÁVEL NO COTIDIANO ESCOLAR:
Implantação de uma horta com sistema integrado
Monografia apresentada ao Curso de
Ciências Biológicas (Trabalho de conclusão
de curso), como requisito parcial à obtenção
do grau de Licenciado em Ciências
Biológicas da Universidade Federal da
Paraíba.
Data:_______________________________
Resultado:__________________________
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dra. MARIA CRISTINA BASÍLIO CRISPIM DA SILVA- DSE/CCEN/UFPB
Orientadora
Prof. Dra. ELIETE LIMA DE PAULA ZARETE- DSE/CCEN/UFPB
1ª Examinadora
Prof. Dra. MARIA DE LOURDES PEREIRA-CE/DME/UFPB
2ª Examinadora
Prof. EAD. FLÁVIA MARTINS FRANCO DE OLIVEIRA -CE/DME/UFPB
3ª Examinadora - Suplente
6
Dedico: A todos aqueles que amo e que
direta ou indiretamente contribuíram
para meu crescimento profissional e
como pessoa.
Muito obrigado!
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus primeiramente, por me dar forças e proteção ao longo de
minha caminhada, só Ele sabe das dificuldades trilhadas e Nele todas as vezes que
minhas forças se esgotavam busquei refúgio e revigoro. À minha família por estar
sempre me apoiando, embora não entendesse, confiavam em minhas escolhas, dando-
me créditos os quais fiz questão de fazer jus; à minha mãe, Cilene, que sempre lutou
para que seus filhos fossem pessoas dignas; às minhas irmãs, que sempre me mostraram
por quem vale a pena lutar; aos meus sobrinhos, Letícia, Ítalo, Matheus, Leonardo e
Caleb, por me mostrarem a serenidade de um carinho e, fomento ao desejo de contribuir
na construção um futuro mais justo, estes mesmo tão jovens e até mesmo, não tendo a
chance de continuar trilhando o caminho (meu anjo Caleb) nesse mundo, me fazem
querer e buscar o melhor sempre.
A Willian, por toda a motivação, companheirismo e créditos em mim
depositados, que essa parceria perdure por muitos e muitos anos.
Agradeço a todos os meus amigos, irmãos e irmãs, que Deus colocou em meu
caminho: Juliete Lima, André Sousa, Ana Claúdia, Josilene Luz, Fernanda França,
Lucivaldo Cordeiro, Regiane Maia, Jéssica Machado, Aline Rodrigues, Suzanny
Lemos, Laryssa Melo, Pryscilla Lacerda, Maria Andrade, Josélia Francisco, aos meus
colegas de quarto do eterno CAVN (André, Cláudio, Antônio, Germano, Hibernon,
Alexandre, Cleodon, Robson, Sidney) e tantos outros que são luz em meu caminho e
mesmo que o curso da vida nos distancie geograficamente os terei sempre comigo, são
parte de mim.
Aos amigos e colegas do LABEA- Laboratório de Ecologia Aquática: Cynthya,
Flávia, Emile, D. Francisca, pelo respeito e harmonia no convívio estabelecido em
nosso laboratório. À Dr.ª Cristina Crispim, minha orientadora, pessoa esta
extremamente competente e comprometida com as ações voltadas para o
desenvolvimento sustentável.
Aos amigos da Assessoria de Extensão do CCEN: Pablo Cirineu, Rayssa
Praxedes, Marília Cristina, Maria Marcolina, com estes trabalhei duro em busca das
metas que nossas atividades exigiam, não apenas pelo exercício da atividade, mas
porque acreditávamos em cada uma delas. Em especial, gostaria de agradecer à Bióloga
Dr.ª Jane Torelli, minha eterna coordenadora, parceira de atividades e amiga, prometo
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continuar no exercício daquilo que acreditamos, trabalhando pela valorização dos
aspectos sociais no contexto científico.
Agradeço também à equipe das escolas onde foram executadas as atividades, por
acreditarem na proposta e pelo empenho em sua execução. Às escolas municipais Dom
Marcelo Pinto Carvalheira e Índio Piragibe, sob as direções de Lourdes e Ailma,
respectivamente.
Aos funcionários e professores das citadas escolas, que contribuíram para o
sucesso das atividades, em especial: Seu Jal, por sua simplicidade, comprometimento e
por toda a credibilidade depositada nas ações e à professora Ana, sua companheira a
qual posso aplicar os mesmos adjetivos. À Sandra, que carrega consigo o desejo da
mudança.
Agradeço também ao Programa Mais Educação, na esfera municipal,
representado pela professora Odaisa, da escola Dom Marcelo, pelo empenho e parceria
na execução da atividade na escola, mostrando que ainda há iniciativas governamentais
em busca da melhoria dos espaços e ações pedagógicas nas escolas.
À Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba/EMEPA, pelo apoio
logístico e técnico para execução das atividades.
À Empresa Alcon, pelo fornecimento dos kits colorimétricos de análise e
controle de qualidade da água do tanque.
Ao PROBEX (Programa de Bolsas de Extensão) da Universidade Federal da
Paraíba pela concessão das bolsas de fomento as atividades executadas.
Muito obrigado!
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RESUMO
A horta inserida no ambiente escolar caracteriza-se como um laboratório vivo para o
desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas, fortalecendo preceitos de
educação ambiental e desenvolvimento sustentável, unindo teoria à prática de forma
contextualizada. O presente trabalho objetivou fomentar um olhar sustentável no
cotidiano escolar a partir da instalação e manejo de hortas escolares com sistemas de
produção integrados. As atividades foram desenvolvidas em duas escolas de periferia na
cidade de João Pessoa/PB, no período de maio a dezembro de 2014, tendo como público
alvo estudantes do 4º e 5º anos, sendo o espaço aberto para toda a comunidade escolar.
Esta intervenção teve como preceitos metodológicos os fundamentos da pesquisa
qualitativa apoiados na pesquisa-ação. Na comunidade escolar, primeiramente, foram
desenvolvidas dinâmicas de interação entre pesquisador e atores sociais, seguido do
levantamento das concepções prévias acerca da sustentabilidade ambiental através da
aplicação de questionários pré-estruturados quanto à temática. Com os dados de
percepção prévia dos atores foi possível elaborar estratégias de ação visando o
aprimoramento dos conhecimentos em relação à sustentabilidade ambiental, por meio
de palestras, dinâmicas, aulas expositivas dialogadas, trabalhadas formas alternativas de
ambientes sustentáveis com a prática de reutilização de materiais descartados (resíduos
sólidos), além da construção da horta como um todo. Foram realizados 28 encontros,
para cada uma das escolas, e desenvolvidas as mesmas ações didático-pedagógicas.
Com os questionários constatou-se que 35% dos atores associam “Meio Ambiente” a
elementos do Reino vegetal e 32% ao Reino Animal, demonstrando uma visão
fragmentada do termo. Quanto aos tipos de problemas ambientais, responderam de
forma diversificada, sendo mais recorrentes as seguintes respostas: “Desmatamento”
(21%), “Poluição das águas” (20%), “Poluição do solo” (10%) e “Poluição do ar”
(15%), demonstrando uma apropriação da temática, e evidenciado como principal
responsável por estes problemas o Homem (90%). Em relação às ações que poderiam
ser tomadas em prol de melhorias para o meio ambiente foi destacado, dentre as
atitudes, a destinação correta do lixo (41%). Em relação ao termo horta, obtiveram-se
respostas diversificadas e coerentes, destacando-se alguns tipos de cultivo: “Plantação
de verduras” (16%), “Plantação de legumes” (11%) e “Plantação de frutas” (11%).
Quanto à participação em atividades de horta, a maioria (84%) respondeu não ter
participado de nenhuma. Dos estudantes que responderam positivamente a essa questão,
destacam-se comentários de satisfação e das respostas negativas, o desejo de participar.
A capacitação dos atores sociais consistiu em orientações teóricas, seguida de práticas
de instalação e manejo da horta. Os atores foram capacitados quanto ao conhecimento
teórico-prático de técnicas de plantio e manejo de hortaliças orgânicas (legumes,
verduras, plantas medicinais, frutas, etc.), conferindo a estes, conhecimentos de
alimentação mais saudáveis bem como a importância das boas práticas alimentares e
ambientais, assim como também, no cultivo de peixe, do tanque da horta e produção de
estufas de mudas, demonstrando sensibilização quanto às ações de preservação do meio
ambiente e satisfação na execução das atividades. As Hortas implantadas nas escolas
apresentam grande potencial para o desenvolvimento de atividades multi e
interdisciplinares e, assim também, servem como laboratórios vivos para
experimentações didáticas.
Palavras-chaves: Sensibilização ambiental. Prática pedagógica. Sustentabilidade.
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ABSTRACT
The garden included in the school environment is characterized as a living laboratory
for the development of several educational activities, strengthening principles of
environmental education and sustainable development, linking theory to practice in
context. This study aimed to foster sustainable look in everyday school life from the
installation and management of school gardens with integrated production systems. The
activities were conducted in two schools in the outskirts of the city of João Pessoa / PB,
from May to December 2014, with the target audience of students 4 and 5 years, and the
open space for the whole school community. This intervention had the methodological
principles the foundations of qualitative research supported in action research. The
school community, first, was developed dynamics of interaction between researcher and
social actors, followed by the lifting of preconceptions about environmental
sustainability through the application of pre-formulated questionnaires, as the theme.
With the perception of data provided the actors was possible to develop action strategies
aimed at improving the knowledge on environmental sustainability, through lectures,
dynamics, dialogued lectures, worked alternative forms of sustainable environments
with the practice of reusing discarded materials (garbage), and the garden of the
building as a whole. 28 meetings were held for each of the schools, and developed the
same didactic-pedagogical actions. With the questionnaires it was found that 35% of the
actors associate "Environment" the plant kingdom elements and 32% to the Animal
Kingdom, showing a fragmented view of the term. As for environmental problems
types, responded in a diversified manner, being more applicants the following answers:
"Deforestation" (21%), "Water pollution" (20%), "Soil pollution" (10%) and "Air
pollution "(15%), demonstrating a thematic appropriation, and shown to be primarily
responsible for these problems Man (90%). With regard to actions that could be taken
and support improvements to the environment was highlighted, among attitudes, proper
disposal of waste (41%). Regarding the term garden, were obtained diversified and
consistent answers, especially some types of farming, "vegetables plantation" (16%),
"Planting vegetables" (11%) and "Planting fruit" (11 %). Regarding the participation in
garden activities, the majority (84%) reported having not participated in any. Of the
students who responded positively to this question, we highlight comments of
satisfaction and negative responses, a desire to participate. The training of social actors
consisted of theoretical orientations, followed by installation and management of the
garden practices. The actors were trained on the theoretical and practical knowledge of
planting and management techniques of organic vegetables (vegetables, medicinal
plants, fruits, etc.), giving the latter, more healthy eating knowledge and the importance
of good eating habits and environmental, as well as in fish farming, the tank of the
garden and greenhouse seedling production, demonstrating awareness about the
preservation actions of the environment and satisfaction in carrying out activities. The
gardens implemented in schools have great potential for the development of
multidisciplinary activities and thus also serve as living laboratories for teaching trials.
Keywords: Environmental awareness. Pedagogical practice. Sustainability.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 01
Modelo esquemático para construção da horta......................... 28
Figura 02
Aplicação dos questionários em ambas as escolas, quanto aos
conhecimentos prévios dos atores, referentes à sustentabilidade
ambiental com foco na produção agroecológica de hortaliças....
29
Figura 03
Respostas dos alunos sobre: o que é uma horta?....................... 30
Figura 04
Respostas dos alunos sobre se já tinham participado de alguma
atividade de horta antes..........................................................
31
Figura 05
Resposta dos alunos sobre o que entendem por alimento
orgânico................................................................................
34
Figura 06
Respostas dos alunos sobre: o que é Meio Ambiente?................. 35
Figura 07
Respostas dos alunos sobre: o que são problemas ambientais?.. 35
Figura 08
Respostas dos alunos sobre: quem são os responsáveis pelo
surgimento dos problemas ambientais?...................................
36
Figura 09
Respostas dos alunos sobre: quais as ações que tem sido feitas
para melhorar e/ou conservar o ambiente?...............................
37
Figura 10
(A/B) Aplicação de dinâmicas. (C) Apresentação de fabula com
temática de horta e (D) Sensibilização por meio de apresentação
de palestras............................................................................
38
Figura 11
Espaços escolares antes e depois da limpeza e delimitação das
áreas das hortas. (A/B/C) Escola Índio Piragibe. (D/E/F) Escola
Dom Marcelo.........................................................................
40
Figura 12
(A/B) Materiais de entulho utilizados na elaboração da estufa.
(C) Montagem da estrutura da estufa a partir de descartes de
madeira de construção. (D) Colocação da tela de sombrite. (E)
Disposição das bancadas elaboradas a partir de portas quebradas.
(F/G) Colocação das garrafas Pet/Sementeiras suspensas. (I) aula
de plantio de sementes...........................................................
41
Figura 13
(A) Atores auxiliando na construção dos canteiros e na (B)
construção da estufa com sementeiras suspensas de garrafas PET.
42
Figura 14
(A) Horto da escola Dom Marcelo. (B) Estufa da escola Índio
Piragibe..................................................................................
42
Figura 15
Atividades da escola Índio Piragibe, (A) preparação das garrafas
PET, (B) atividade interativa, com explicações das atividades do
12
dia, (C) canteiros prontos para plantio. Atividades da escola Dom
Marcelo, (D) medição das áreas dos canteiros, (E) Inserção das
garrafas no canteiro e, (C) canteiros prontos para plantio...........
43
Figura 16
(A) soltura dos peixes no tanque. (B) espécie de peixe utilizada –
Tilápia. (C) plantio de mudas medicinais. (D/E) transplantio de
mudas da estufa para os canteiros. (F) Plantio de mudas
frutíferas.................................................................................
44
Figura 17
(A) Água do tanque com características adequadas para o cultivo.
(B) Colaborador da escola realizando o teste de qualidade da
água – Níveis de oxigênio dissolvido/OD. (C) resultado positivo
do teste de OD, comparados com a tabela. (D) Eliminação de
ervas daninha. (E) Transplante de mudas. (F) Produção de mudas
nas estufas..............................................................................
45
Figura 18
(A) Horta da escola Don Marcelo. (B/D) Flores cultivadas no
horto. (C) Frutos do tomateiro. (E) Quiabos prontos para
colheita. (F) Melancia cultiva da no horto e pronta para colheita...
46
Figura 19
Apresentação do projeto para a equipe docente da escola Dom
Marcelo.......................................................................................
47
13
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 Para você quais os vegetais produzidos em uma horta?............... 32
14
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DDT – Diclorodifeniltricloroetano;
EA - Educação Ambiental;
EMEPA - Empresa Estadual de Pesquisa Agropecuária da Paraíba S.A.;
FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura;
FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação;
GNF - Global Footprint Network;
MEC - Ministério da Educação;
OD - Oxigênio dissolvido;
PAIS - Produção Agroecológica Integrada e Sustentável;
PCNs - Planos Curriculares Nacionais;
PET - Politereftalato de etileno;
UFPB - Universidade Federal da Paraíba;
PROBEX – Programa de Bolsa de Extensão.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.............................................................
2.1 Mas o que é Sustentabilidade?........................................................
2.2 Sobre a Educação Ambiental..........................................................
2.3 Educação Ambiental no âmbito escolar..........................................
2.4 Quanto à Percepção Ambiental.......................................................
18
18
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24
3 OBJETIVOS..............................................................................................
3.1 Objetivo geral.................................................................................
3.2 Objetivos específicos......................................................................
25
25
25
4 MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................
4.1 Pressupostos Teórico-Metodológicos.............................................
4.2 Período e Local das Atividades......................................................
4.3 Materiais e recursos necessários à implantação da horta de
sistema integrado na escola...................................................................
4.4 Público Alvo...................................................................................
4.5 Mobilização da Comunidade Escolar.............................................
4.6 Aprimoramento do Conhecimento dos Atores Acerca da
Temática de Sustentabilidade Ambiental..............................................
4.7 Capacitação dos Atores para a Instalação e Manejo da Horta........
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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................
5.1 Mobilização da Comunidade Escolar.............................................
5.2 Aprimoramento do Conhecimento dos Atores Acerca da
Temática de Sustentabilidade Ambiental..............................................
5.3 Capacitação dos Atores para a Instalação e Manejo da
Horta....................................................................................................
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29
38
39
6 CONCLUSÕES......................................................................................... 48
Considerações finais................................................................................. 49
REFERÊNCIAS
APÊNDICES
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1 INTRODUÇÃO
A horta no espaço escolar caracteriza-se como uma estratégia que possibilita o
desenvolvimento de atividades abrangendo educação ambiental e consequentemente a
sustentabilidade ambiental, pois além de relacionar conceitos teóricos a práticos, auxilia
no processo de ensino-aprendizagem, assim sendo e, concordando com as ideias de
Serrano (2003) a horta escolar é capaz de auxiliar no desenvolvimento dos conteúdos
curriculares de forma inter e multidisciplinar, distribuídos em temas transversais.
A horta com sistema integrado surge na perspectiva de desenvolvimento
sustentável para com o uso dos recursos naturais, assim como, para o consumo de
alimentos mais saudáveis, que vem reafirmar a segurança alimentar e nutricional das
comunidades, assim assegurada pela lei Nº 11.346 em seu artigo de Nº 02/2006, a qual
regulamenta o acesso permanente e regular de alimentos de qualidade como um direito
do cidadão.
Segundo Feiden, (2006), os alimentos orgânicos são produzidos a partir de um
sistema que não se reduz a uma única cultura, mas leva em conta o conjunto das
explorações da unidade produtiva, as interações entre si e o ambiente do entorno. A
horta escolar na forma de sistema integrado vem reforçar as proposições da alimentação
saudável, pautada na produção orgânica, assim como também, desenvolver um espaço
que integra a produção de hortaliças em policultivo aliadas a produção de piscicultura,
promovendo um maior aproveitamento da área assim como uma otimização do uso da
água.
A horta escolar de sistema integrado tem suas bases no sistema de produção
mandala que associa a piscicultura à produção de vegetais, onde uma grande parte dos
minerais, como o cálcio, fósforo e potássio, presentes na ração, é eliminada nas fezes
dos peixes, juntamente com outros metabólitos da digestão de proteínas, como a
amônia, que é altamente tóxica para os peixes. Esta, porém, quando transformada pelas
bactérias em nitrito ou nitrato (TAIZ, 2004), torna-se essencial ao desenvolvimento das
plantas. Também apresenta os fundamentos da Tecnologia de produção PAIS (Produção
Agroecológica Integrada e Sustentável) metodologia construída pelo engenheiro
agrônomo Aly Ndiaye em 1999, na região de Petropólis/RJ.
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A Pais é montada em torno de um sistema de anéis, cada um destinado a uma
determinada cultura, que complementa a que vem a seguir. O centro do sistema de
agricultura familiar ecológica é utilizado para criação de pequenos animais como
galinhas caipiras e patos.
Fundamentando-se nesses dois sistemas de produção agroecológicos e por meio
de adaptações para o espaço escolar surge à proposta de horta de sistema integrado de
produção que agrega a piscicultura ao cultivo convencional de hortaliças, utilizando de
materiais descartados para produção de sua estrutura física e caracteriza-se como um
laboratório didático vivo para experimentações pedagógicas.
Em outro aspecto, justifica-se a necessidade da elaboração e desenvolvimento da
horta na escola, visando à valorização das dimensões de aprendizagens múltiplas e
significativas, tanto para a comunidade acadêmica no que se refere ao ensino e pesquisa,
quanto para a comunidade escolar, buscando metodologias diferenciadas que promovam
a interdisciplinaridade do plano curricular das escolas, de forma a sensibilizar os atores
sociais para uma aprendizagem significativa, e ainda para a preservação dos recursos
naturais.
Segundo Morgado e Santos (2008), a horta inserida no ambiente escolar torna-se
um laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades
pedagógicas em educação ambiental e alimentar. Pode unir-se teoria e prática de forma
contextualizada, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem e estreitando relações
através da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais
envolvidos.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Mas o que é Sustentabilidade?
O termo tem sido amplamente difundido, e aplicado de diferentes formas:
crescimento sustentável, políticas sustentáveis, economia sustentável, agricultura
sustentável, etc. A sua utilização virou uma forma de expressão de politicamente correto
no que se refere às relações homem-natureza. Mas afinal do que trata a
sustentabilidade?
Partindo de uma análise etimológica, a palavra sustentabilidade tem suas origens
do Latim “sustentare” e significa sustentar, conservar, manter em bom estado. Deste
modo sustentabilidade trata-se de manter, conservar o elemento ou situação ao qual se
exerce uma ação de exploração e/ou uso.
Para Sachs (1990), a sustentabilidade deve ser encarada como uma dinâmica
levando-se em conta as necessidades das populações humanas em contra partida ao seu
crescimento. Divide ainda a sustentabilidade em cinco esferas, sendo elas: a
sustentabilidade social, a econômica, a ecológica, a geográfica e a cultural. Sendo a
sustentabilidade social uma redução das desigualdades sociais e uma melhor
distribuição de capital. A sustentabilidade econômica diz respeito à dinâmica dos
setores públicos e privados, e a uma melhor qualidade de vida humana e a relação com
aa administração dos recursos naturais. A ecológica refere-se ao uso dos recursos
naturais existentes, nos mais variados ecossistemas, de modo a causar o menor dano
possível ao ambiente ou até mesmo que este seja nulo. A geográfica refere-se a uma
melhor distribuição dos espaços rurais/urbanos, de modo a respeitar o equilíbrio
ambiental. Já a sustentabilidade cultural refere-se à valorização cultural em meio às
mudanças na sociedade, de modo a preservar a sua diversidade. Em 2002, acrescentou
mais quatro esferas, sendo elas: A sustentabilidade Ambiental, territorial (Eliminando a
geográfica), política nacional, e a política internacional. A sustentabilidade Ambiental
permitiria que ecossistemas naturais realizassem autodepuração (SACHS 2002).
Outros autores sugerem uma correlação da sustentabilidade com como os
recursos disponíveis são utilizados e gerenciados de modo a preservar a subsistência das
populações. Para Karr (1993), a sustentabilidade deve ser direcionada com foco para a
sociedade e não para o desenvolvimento. A GNF (2006), analisa a sustentabilidade sob
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a ótica das taxas de produção x consumo dos recursos naturais, de modo que a pressão
exercida pela sociedade sobre os recursos naturais não deve ultrapassar os limites que
esta tem de resposta, no sentido de recuperação, devendo-se então harmonizar as ações
de extração dos recursos com base na capacidade de reposição natural do sistema. Caso
contrário os recursos serão escassos gerando um desequilíbrio da cadeia.
Em síntese o principal desafio para o desenvolvimento sustentável está atrelado
ao estilo de vida das populações humanas, devendo estes adequarem-se à
disponibilidade de recursos naturais e não o contrário. Usar os recursos ambientais de
forma consciente e regrada é contribuir para o fortalecimento do desenvolvimento
sustentável.
2.2 Sobre a Educação Ambiental
Diariamente têm-se notícias de informações relacionadas com a educação
ambiental (EA), ou a preservação do meio ambiente/recursos naturais, etc. Mas antes
que estas questões fizessem parte das notícias diárias dos telejornais, revistas e demais
meios de comunicação há registros no Brasil que estas inquietações já se faziam
presentes, de acordo com os textos citados em Lazzarotto et al. (2004, p17-18):
Baltazar da Silva Lisboa em 1786, “é incompreensível a imensa
quantidade de lenha que inutilmente consome a feitura do açúcar pela
construção das suas fornalhas, pois para uma carrada de cana se requer
outra de lenha”.
Manuel Ferreira da Câmara Bittencourt e Sáem 1789, “Portando creio
que interessará muito ao estado expedir não ordens meramente,
porque algumas já as tem expedido, se bem que sem proveito, mas
ministros que vigiem e regulem o corte de madeiras indistintamente,
obrigando os proprietários dos terrenos marítimos a conservar ilesas
as de construção, que ocupando uma parte pequena do seu terreno não
danificam por certo a sua cultura”.
José Vieira Couto, em 1799, “O agricultor olha ao redor de si para
duas ou mais léguas de matas, como para um nada, e ainda não as tem
bem reduzidas a cinzas já estende ao longe a vista para levar a
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destruição para outras partes. Não conserva apego nem amor ao
território que cultiva, pois conhece muito bem que ele talvez não
chegará aos seus filhos”.
Manoel Arruda da Câmara, em 1809, “Daqui se vê a necessidade de
proibir-se as derrubadas de matas virgens, nas que são abundosas e
almecegas, como também a de vedar-se o soltarem fogos, o que não
poderá conseguir sem fulminar alguma combinação de penas contra os
agressores”.
José Bonifácio de Andrade e Silva, em 1825, “Se os senhores de terras
não tivessem uma multidão de escravos, eles mesmos aproveitariam
terras já abertas e livres de matos, que hoje jazem abandonadas como
maninhas. Nossas matas preciosas em madeiras de construção civil e
náutica não seriam destruídas pelo machado assassino do negro e
pelas chamas devastadoras da ignorância”.
José Severino Maciel da Costa, em 1821, “São raros os cultivadores
que escolhem o terreno, nele se fixam e procuram tirar dele, por meio
do estudo e da experiência, o partido possível; os mesmos que obtêm
sesmarias, enquanto que há matas que derribar fazem todos os anos
roçados. Por tal método jamais a cultura se aperfeiçoará, porque o
homem não emprega diligência alguma e tudo é obra da natureza, e
em poucos anos o país apresentará um estado cadavérico, se nos
podemos explicar assim, como já acontece em algumas capitanias”.
Segundo Dias (2004), um dos fatores iniciais para a discussão da problemática
ambiental como encaramos hoje, foi dado a partir das questões levantadas em 1962 nos
Estados Unidos da América, com o lançamento do livro Primavera Silenciosa de
Raquel Carson, a partir de então as discussões e inquietações quanto às politicas
internacionais foram estimuladas. No livro a autora evidencia como o DDT
(diclorodifeniltricloroetano) tem características de bioacumulação na cadeia alimentar,
além de reunir narrativas quanto a desastres ambientais ocorridos em várias partes do
mundo.
Foi em março de 1965, na Conferência de Educação da Universidade de Keele,
localizada na Inglaterra, que foi utilizada pela primeira vez a expressão Educação
Ambiental, sendo esta uma recomendação de que deveria tomar parte da educação de
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todos os cidadãos, mas sendo vista apenas como uma conservação ou ecologia aplicada
(DIAS, 2004).
Em 1972 foi publicado o livro Limites do crescimento, pelo “Clube de Roma”,
neste livro os cientistas, tendo como lider Dennis Meadows, argumentavam que dentro
de poucas décadas a sociedade chegaria aos limites de seu crescimento, devido ao
esgotamento dos recursos naturais (JACOBI, 2005).
No mesmo ano, em Estocolmo na Suécia, na Conferência das Nações Unidas
sobre o Ambiente Humano, foram estabelecidos, de modo geral, os princípios para
orientação de todos os povos quanto à preservação e melhorias do ambiente. Foi nessa
conferência que surgiu a proposta de “crescimento zero” (SILVA,1997).
Em 1977, foi realizada em Tbilisi, Geórgia, a I Conferência Intergovernamental
sobre EA, nela abordada em nível mundial, caracterizando-se como um marco histórico
para a educação ambiental. Nessa conferência ficou definido que:
A Educação Ambiental é o resultado de uma reorientação e
articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que
facilitam a percepção integrada do meio ambiente, tornando possível
uma ação, mais radical e capaz de responder às necessidades sociais.
(SILVA, 1997, p 395).
Para Sato (2002), a Conferência de Tbilisi definiu a EA como sendo um
processo de reconhecimento de valores e esclarecimento do conceito, este visando o
desenvolvimento de habilidades no caminho da mudança de atitudes em relação ao meio
ambiente, para entender e apreciar as inter-relações entre os seres humanos, sua culturas
e seus meios biofísicos.
Na década de 90, foi realizada no Rio de Janeiro, Brasil, a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Eco 92), nela foi explicitado
que a questão ambiental para o século XX ultrapassaria os limites de ações isoladas,
para uma preocupação mundial. Um dos resultados dessa conferência foi a elaboração
da Agenda 21, documento que consiste em estratégias e compromissos para a
preservação e melhoria da qualidade ambiental, tratando também de questões
econômicas e sociais; da conservação e manejo de recursos naturais; do fortalecimento
da comunidade (TOMAZELLO e FERREIRA, 2001).
22
Desde então, muitos outros autores buscam conceituar e discorrer sobre o
conceito de educação ambiental, todavia é necessário que as ações propostas como
resultados desses debates não fiquem instituídos apenas nas questões teóricas e no
âmbito acadêmico-científico e distante da prática. Para Jacobi (2005), a fim de que
ocorra a realização das ações, tão discutidas e apresentadas nos encontros científicos é
necessário aumentar o acesso à informação e potencializar o papel indutivo do poder
público nos conteúdos escolares, como caminhos para alterar o quadro atual de
degradação socioambiental, promovendo a sensibilização das pessoas frente à
problemática ambiental.
2.3 Educação Ambiental no âmbito escolar
No contexto escolar, a Educação Ambiental deve desenvolver a formação
integral dos estudantes, suas relações interpessoais e suas atitudes perante a sociedade.
Segundo Zabala (1998), educar significa formar cidadãs e cidadãos que não estão
parcelados em compartimentos isolados, estimular e orientar experiências educacionais,
a fim de estabelecer vínculos e relações que condicionem e definam as concepções
individuais sobre si, sobre os demais, sobre o coletivo e a sociedade.
Na legislação relacionada com a Política Nacional de Educação Ambiental Lei
nº 9.795 (BRASIL, 1999), a Educação Ambiental é definida como “os processos por
meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,
habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente”,
evidenciando a visão holística que a EA deve transmitir, sendo este também, de acordo
com a referida lei, um dos princípios básicos e objetivos do ensino da EA. Na mesma
legislação também encontra-se a definição de Meio Ambiente como “a
interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural, sob o enfoque da
sustentabilidade” estabelecendo mais uma vez a importância da comprensão de
totalidade. A lei também incorpora como objetivos principais da EA o desenvolvimento
da coletividade e a inseparável relação entre cidadania e respeito ao meio ambiente,
como destacados nos itens IV e VII do art. 5º:
IV - O incentivo à participação individual e coletiva, permanente e
responsável na preservação do equilíbrio do meio ambiente,
23
entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor
inseparável do exercício de cidadania;
VII - O fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade
(BRASIL, 1999).
Segundo Philippi Jr e Pelicioni (2005), a EA deve preparar o educando para o
exercício da cidadania por meio da participação ativa individual e, sobretudo coletiva,
considerando os processos naturais, socioeconômicos, políticos e culturais que o
influenciam. O desafio de ensinar cidadania exige do educador novas estratégias de
fortalecimento da consciência crítica que gerem a práxis (ação-reflexão-ação) e a EA,
nessa perspectiva, preparam o educando para a participação social.
No que se refere ao Ensino formal, a EA é entendida como “um componente
essencial e permanente da educação nacional”, que deve estar presente em todos os
níveis de educação, do Ensino Básico ao Superior. Nessas instituições a EA deve ser
desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente, ou seja, é
importante que a EA seja abordada tanto do ponto de vista teórico como atitudinal
(comportamental) de forma contínua e transversal aos conteúdos curriculares (não só
para Biologia como também para as demais áreas do conhecimento) (BRASIL, 1999).
Os Planos Curriculares Nacionais (PCNs) estabelecem que a Educação
Ambiental deva ser inserida como Tema Transversal, proporcionando um eixo em torno
do qual deve girar a temática das áreas curriculares, que adquirem assim, tanto para o
corpo docente como para os discentes, o valor de instrumentos necessários para a
obtenção das finalidades desejadas (BUSQUETS, 2001).
Ainda segundo estabelecido pelos PCNs, a EA deve contribuir para a formação
de cidadãos conscientes e críticos da realidade do Meio Ambiente que vivem e
interagem, isto é, caso o educando viva no bioma Caatinga, deve conhecer a dinâmica
natural, social e cultural dessa região e a partir desse conhecimento participar de forma
ativa e reflexiva das atividades de sua escola, de seu bairro, de sua cidade. Com isso as
atenções da EA transitam entre conteúdos e atitudes, comportamentos “ambientalmente
corretos” que devem ser trabalhados no cotidiano escolar com uma prática docente
dialética, despertando percepções através do diálogo entre professor e estudantes
(BRASIL, 1997).
24
2.4 Quanto à Percepção Ambiental
Uma das formas de entender como são dados os comportamentos sociais
existentes em relação, não apenas às questões ambientais, mas todas as ações nas
demais esferas sociais de interação do homem, é como se percebe e atribui significância
a tal informação. Concordando com as ideias de Menghini (2005), que afirmava que os
comportamentos humanos derivam de suas percepções do mundo, cada um reagindo de
acordo com as suas concepções e relações com o meio, dependendo de suas
representações anteriores, desenvolvidas durante toda a sua vida.
Uma vez que as ações exercidas pelo homem estão relacionadas com essa forma
de perceber, os estudos de percepção ambiental apresentam uma diagnóstico dessa
situação, a partir de então é possível levantar questionamentos e compreender a inter-
relação estabelecida. Percepção ambiental é conceituada por Fagionatto (2007), como
sendo uma tomada de consciência do ambiente pelo homem.
Ao ser confrontado com uma nova situação ou meio o indivíduo recorre a uma
associação dos conhecimentos adquiridos ao longo de cada vivência, interpreta com
base nessas informações e responde positiva ou negativamente, deste modo:
A cognição ambiental é concebida como um processo mediante o qual
as pessoas compreendem, estruturam e aprendem sobre seu ambiente e
utilizam mapas cognitivos para se orientarem e deslocarem nos
diversos ambientes. A percepção ambiental é entendida como a
expressão sensorial direta do ambiente em um dado momento, não
sendo considerado um processo passivo de mera percepção e
interpretação da estimulação ambiental pelas pessoas (BASSANI,
2001, p.52).
É preciso levar os sujeitos, por meio de processos de sensibilização, à tomada de
consciência, para que estes atuem ativamente no processo de construção do
conhecimento. Nesta consciência está a possibilidade de uma leitura do mundo mais
realista e menos mistificada, gerando segurança, o que possibilita desvendar o mundo e
criar condições de melhorá-lo (RUCHEINSKY, 2001, p. 37).
25
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Trabalhar junto à comunidade escolar os princípios da sustentabilidade
ambiental com o desenvolvimento de uma horta com sistema de produção integrado,
contribuindo assim, na formação de cidadãos conscientes, responsáveis e atuantes, e ao
mesmo tempo, fortalecendo as atividades pedagógicas voltadas para a educação
ambiental no espaço escolar.
3.2 Objetivos Específicos
Fomentar no âmbito escolar a sensibilização quanto ao uso sustentável dos
recursos.
Preparar nas escolas uma horta de sistema de produção integrado com a
participação ativa dos alunos;
Acompanhar o desenvolvimento dos vegetais e peixes, mediante os tratos na
horta;
Estimular a socialização (trabalho em equipe), vivência ambiental e consciência
cidadã;
Sensibilizar o alunado quanto à importância dos alimentos produzidos sem
agrotóxicos;
Estimular a interdisciplinaridade, criando a alternativa de um laboratório prático
para aulas.
26
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Pressupostos Teórico-Metodológicos
Para garantir a qualidade na elaboração deste trabalho, a primeira etapa consistiu em
um levantamento bibliográfico que segundo Amaral (2007), é a etapa fundamental para o
início do desenvolvimento do trabalho, pois proporciona o levantamento, seleção,
fichamento e arquivamento das informações relacionadas com a pesquisa. Fundamentando
as ações, utilizaram-se como pressupostos teórico-metodológicos a Pesquisa Qualitativa e
os embasamentos da Pesquisa-Ação.
Para Marconi (2004) e Moreira (2004) a Pesquisa Qualitativa apresenta as seguintes
características: foco na interpretação que os próprios participantes têm da situação em
estudo; ênfase na subjetividade, no sentido de que o comportamento das pessoas e a
situação ligam-se intimamente na formação da experiência; reconhecimento do impacto do
processo de pesquisa sobre a situação de pesquisa, dentre outros.
Para Thiollent (1988), a Pesquisa-Ação é um tipo de investigação social com base
empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a
resolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e os participantes
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo. Para Tripp (2005) tal pesquisa no âmbito educacional representa,
principalmente, uma estratégia para o desenvolvimento de professores e pesquisadores de
modo que eles possam utilizar suas pesquisas para aprimorar seu ensino e, em decorrência,
o aprendizado de seus alunos.
4.2 Período e Local das Atividades
O presente trabalho foi executado em duas escolas da rede pública de ensino
fundamental do município de João Pessoa, PB, sendo estas: a Escola Municipal Índio
Piragibe, localizada no bairro de Mangabeira VII e a Escola Dom Marcelo Pinto
Carvalheira, localizada na comunidade da Torre de Babel, bairro do Paratibe e, tendo as
atividades desenvolvidas no período de 20 de maio a 20 de dezembro de 2014.
As atividades são resultantes das ações realizadas junto ao PROBEX (Programa
de Bolsas de Extensão) da Universidade Federal da Paraíba. Na vigência do projeto de
extensão (Edital/2014), Despertando um olhar sustentável no cotidiano escolar:
27
implantação de uma horta mandala. Sob Coordenação da Bióloga Jane Enisa Ribeiro
Torelli de Souza.
4.3 Materiais e recursos necessários à implantação da horta de sistema
integrado na escola
Enxadas, pás, carro de mão, ciscadores, garrafas PET de 2L, arames, madeira,
trena, estacas, esterco, sementes, kit de irrigação (mangueiras, aspersores, etc.), Kit de
jardinagem (pás de transplante, escarificadores, luvas, etc.) caixa d’água, água, plâncton
(Fito plâncton e zoo plâncton) e peixes.
4.4 Público Alvo
Em ambas as escolas, o público alvo foi composto por estudantes dos 4º e 5º
anos, além da comunidade escolar (professores e funcionários).
4.5 Mobilização da Comunidade Escolar
Inicialmente, a comunidade escolar foi mobilizada para a apresentação do
projeto e dos seus objetivos, seguida, de dinâmicas aplicadas visando à interação da
equipe e dos atores sociais envolvidos. Posteriormente, foram aplicados questionários
semi estruturados com questões subjetivas e objetivas com uma linguagem de fácil
entendimento (FERNADES et al., 2003), como forma de registrar as concepções
prévias acerca da sustentabilidade ambiental voltada para a produção agroecológica.
Os questionários foram avaliados qualitativamente e, de acordo com as
informações obtidas com as suas respostas, categorizados para facilitar o entendimento.
Com base nas informações de conhecimentos prévios dos atores pode-se planejar
melhor as ações a serem executadas. O registro dos conhecimentos adquiridos foi dado
pela participação dos atores ao longo das atividades e por observações realizadas pela
equipe do projeto.
As atividades no espaço escolar eram desenvolvidas com visitas semanais a cada
uma das escolas, tendo sempre a supervisão de professores e colaboradores das
respectivas unidades de ensino.
28
4.6 Aprimoramento do Conhecimento dos Atores Acerca da Temática de
Sustentabilidade Ambiental
O aprimoramento dos conhecimentos dos atores envolvidos acerca da temática
de sustentabilidade ambiental, implantação e manejo da horta foram dados por meio de
visitas semanais num processo contínuo consistindo de orientações teóricas a partir de
exposições dialogadas e palestras, apresentação de vídeos e atividades práticas. Assim
como também, e em vistas a continuidade das ações de manejo da horta integrada, se
faz necessário à elaboração de um manual. O manual consiste em um resumo de todo o
processo de elaboração, manejo e tratos com a horta.
4.7 Capacitação dos Atores para a Instalação e Manejo da Horta
Consistiu em atividades de orientações teórico-práticas para a demarcação da
área, construção dos canteiros e tanques, preparo da terra para o plantio, produção de
mudas, construção da estufa e manejo da horta, sob a responsabilidade da equipe de
execução do trabalho, as orientadoras, docentes colaboradores, seguindo o modelo de
esquemático abaixo para a implantação das hortas nas escolas (Figura 1).
Como uma forma de integralizar o corpo docente na atividade proposta foi
sugerido aos docentes das escolas trabalhar através de práticas interdisciplinares a
temática referente à horta, na forma de sistema integrado e segurança alimentar, tendo
como foco, alimentação saudável, utilizando-se o espaço da horta para desenvolver as
atividades do currículo obrigatório escolar.
Figura 1. Modelo esquemático para a construção da horta.
Fonte: Dados da pesquisa, 2014.
29
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o desenvolvimento das atividades os estudantes mostraram interesse e
engajamento no desenvolvimento das atividades de implantação, assim como, no
manejo da horta e a ter esse maior contato com a natureza, levando, inclusive, sementes
plantadas por eles para cuidar em casa. O tempo que os estudantes dedicaram a cuidar
da horta não foi visto como uma obrigação, por eles, mas como uma atividade
prazerosa.
5.1 Mobilização da Comunidade Escolar
Foi mobilizado um total de 150 estudantes, que apresentavam uma faixa etária
de 9 a 12 anos, estando os mesmos entre os 4º e 5º anos. Sendo duas turmas de 5º ano da
escola Dom Marcelo e quatro turmas, duas do 5º e duas do 4º ano, da escola Índio
Piragibe. Além dos estudantes, o projeto contou com a participação de professores e
funcionários em ambas as escolas, sendo trabalhadas as atividades de acordo com a
disponibilidade dos professores.
Os questionários aplicados foram respondidos sem que houvesse nenhuma
coação, ficando a critério dos atores sociais responderem ou não. Não sendo estipulado
tempo de término. Durante a aplicação foi evitado a comunicação direta e indireta dos
estudantes, a fim de minimizar quaisquer interferência/influência nas respostas. Destes,
80 foram respondidos (Figura 02), para as duas escolas. Os questionários foram
tabulados e categorizados por respostas, utilizando como ferramenta o Excel-2010, este
utilizado para elaboração dos gráficos e tabela.
A B
Figura 02: Aplicação dos questionários em ambas as escolas, quanto aos conhecimentos
prévios dos atores, referentes à sustentabilidade ambiental com foco na produção
agroecológica de hortaliças
Fotos: Lázaro Fialho, 2014.
30
Uma horta é um terreno com estrutura para plantio de hortaliças, verduras,
legumes e frutíferas. Segundo Magalhães (2003) é possível utilizar a horta escolar como
estratégia para o estímulo no que se refere ao consumo de hortaliças, por parte dos
alunos, possibilitando a reeducação alimentar.
Quando questionado aos atores o que seria uma horta, obtiveram-se respostas
diversificadas e coerentes com os princípios do que seria uma horta. Foi possível
destacar nas respostas dos estudantes a predominância de alguns tipos de cultivo, sendo
os mais citados: “Plantação de verduras” 16%, “Plantação de legumes” 11% e
“Plantação de frutas” 11%, como pode ser observado na Figura 03.
É interessante destacar essa diversidade de respostas que fazem conexões com os
princípios do que seja uma horta, pois estes evidenciam o interesse dos atores por parte
do tema o que já seria um passo importante para o desenvolvimento das atividades.
Deve então ser aproveitado esse interesse, como agente precursor para o ensino de
botânica, educação alimentar, dentre outros temas pertinentes.
Quando questionados quanto à participação em atividades de horta, a maioria
(84%) respondeu não ter participado de nenhuma, como ilustrado na Figura 04 abaixo:
Figura 03: Respostas dos alunos sobre: o que é uma horta?
Fonte: Pesquisa, 2014.
11%
16%
11%
8% 6%
3%
19%
1%
14%
11%
Plantação de legumes
Plantação de verduras
Plantação de frutas
plantação de ervas
Plantação de temperos
Plantação de alimentos
Plantação
Não sabem
Não responderam
Incoerente
31
Dos estudantes que responderam positivamente a essa questão, destacam-se
alguns comentários quanto a participações anteriores em atividades de horta:
-Muito legal amo cuidar das plantas e mexer com terra, é tão
bom!
-Sim, foi difícil e sujo, mas conseguimos!
-Eu achei muito interessante, por que tem que colocar várias
coisas para a planta nascer e precisa de várias coisas para a
planta crescer.
Dos que responderam negativamente, mesmo não sendo solicitados comentários,
um estudante respondeu:
-Gostaria muito de participar da construção da horta.
Na visão de Fernandes (2009), uma horta também proporciona momentos de
distração, de vida ao ar livre, oportunidade de realizar trabalhos manuais e satisfação de
ver o desenvolvimento das plantas.
Figura 04: Respostas dos alunos sobre se já tinham participado de alguma
atividade de horta antes
Fonte: Pesquisa, 2014.
16%
84%
Sim
Não
32
Quando perguntado quanto aos vegetais produzidos em uma horta, os atores
sociais responderam desde verduras, hortaliças, legumes, ervas e frutas. Os vegetais que
apareceram com maior frequência nas respostas foram: tomate, alface, cebola, cenoura,
coentro, pimentão e chuchu. Estes mais citados podem apresentar algum tipo de relação
com os costumes da alimentação diária dos estudantes, além de estarem muito
relacionados com os costumes alimentares da região (Quadro 01). Mas também houve
respostas que se contrapunham à hipótese de hábitos alimentares regionais, quando
surgiu entre as respostas vegetais, tais como: alcachofra, acelga, abobrinha, dentre
outros, estes se não relacionados com os costumes alimentares, podem ser encarados
como interesse dos alunos pela temática.
Quadro 01: Para você quais os vegetais produzidos em uma horta?
Quais os vegetais produzidos na horta?
Tomate 13,73% Agrião 0,35%
Cebola 9,85% Alcachofra 0,35%
Alface 13,73% Alho-Poró 0,35%
Coentro 5,28% Brócolis 0,35%
Couve-Flor 3,16% Quiabo 0,35%
Cenoura 8,80% Kiwi 1,40%
Pepino 3,87% Banana 0,35%
Rabanete 0,70% Laranja 0,70%
Pimentão 5,63% Goiaba 0,35%
Pimenta 2,46% Maçã 0,35%
Abobrinha 0,35% Melancia 0,70%
Batatinha 1,05% Acerola 0,70%
Alho 0,35% Romã 0,35%
Chuchu 4,22% Morango 0,35%
Repolho 1,05% Abacaxi 0,35%
Abóbora 2,11% Frutas 1,40%
Couve 0,70% Ervas 1,05%
Cebolinha 0,35% Verduras 1,40%
Batata-Doce 1,05% Hortaliças 0,35%
Beterraba 1,76% Legumes 1,05%
33
Milho 0,35% Não Responderam 4,57%
Feijão 0,35%
Incoerente 1,40% Acelga 0,35%
Total de Respostas 284
Fonte: Pesquisa, 2014.
Uma vez que o sistema de horta escolar aplicado pelo projeto consistiu em
fundamentos da agroecologia, foi solicitado aos atores sociais que respondessem o que
seria alimento orgânico. De acordo com as respostas, foi possível identificar várias
características do alimento orgânico (Figura 05), como por exemplo:
-Alimentos orgânicos são alimentos bons para a saúde.
-Alimentos orgânicos são alimentos saborosos.
-Alimentos orgânicos são alimentos sem agrotóxico.
Os alimentos orgânicos são definidos como aqueles alimentos in natura ou
processados, oriundos de sistema no qual se adotam técnicas que buscam a oferta de
alimentos livres de contaminantes intencionais, que respeitam e protegem o meio
ambiente, visando à sustentabilidade ecológica e à maximização dos benefícios sociais e
econômicos (BRASIL, 2003a). Esses alimentos tendem a ser livres de contaminantes
intencionais, pelo não uso de agrotóxicos (pesticidas), fertilizantes sintéticos, de
organismos geneticamente modificados, aditivos alimentares, de radiações ionizantes e
de hormônios, e pelo uso estritamente controlado de drogas veterinárias (BRASIL,
2003b).
34
Vale ressaltar as informações fornecidas com as respostas dos atores quanto a
alimentos orgânicos, tais informações, para aqueles que responderam positivamente, são
coerentes com os aspectos referentes à alimentação orgânica, como o fato de que a
produção agroecológica tem as suas bases no respeito à natureza, sendo este um dos
fatores para não utilização de agrotóxicos, e como consequência temos alimentos mais
saudáveis, bons para a saúde. Assim como também afirmado por consumidores de
produtos orgânicos que os mesmos seriam mais saborosos.
Analisando ainda o questionamento quanto à alimentação orgânica é preciso
destacar que apenas 46% forneceram informações positivas em relação ao conceito,
sendo necessário, dada a importância do tema, trabalhar tais informações em sala de
aula.
O modelo produtivo proposto pela Revolução Verde, à chamada agricultura
moderna, baseado no cultivo intensivo do solo, na monocultura, na irrigação, na
aplicação de fertilizantes inorgânicos, no controle químico de pragas e na manipulação
genética de plantas cultivadas (GLIESSMAN, 200, p.34), contrapõe-se aos princípios
da agroecologia, provocando danos ao solo e água, além de respostas indesejadas no
que se refere às características organolépticas dos alimentos.
No que diz respeito ao conceito de Meio Ambiente, a maioria dos atores fez
alusão a elementos voltados para o Reino vegetal (35%) e o Reino Animal (12%),
demonstrando assim uma visão parcial do que o conceito abrange (Figura 06).
Figura 05: Respostas dos alunos sobre que entendem por alimento orgânico.
1%
8%
15%
12%
10% 20%
34%
Alimento que respeita anaturezaAlimento sem agrotóxico
Alimento bom para saúde
Alimentos saboroso
Não sabe
Não responderam
Incoerente
Fonte: Pesquisa, 2014.
35
.
Quando questionados quanto aos tipos de problemas ambientais, os atores
sociais responderam de forma diversificada, sendo mais recorrentes as seguintes
respostas: “Desmatamento” 21%, “Poluição das águas” 20%, “Poluição do solo” 10% e
“Poluição do ar” 15% (Figura 07).
É possível destacar com base nos dados obtidos que as informações referentes aos
problemas ambientais têm-se destacado e que é crescente a tomada de consciência no
que se refere aos mesmos. Os comportamentos humanos derivam de suas percepções do
Figura 06: Respostas dos alunos sobre: o que é Meio Ambiente?
35%
12% 11%
4% 3%
32%
3%
Reino vegetal Reino animal Onde vivemos Vida
Natureza Incoerentes Não responderam
Fonte: Pesquisa, 2014.
Figura 07: Respostas dos alunos sobre: o que são problemas ambientais?
Fonte: Pesquisa, 2014.
20%
10%
15%
6%
1% 2% 3% 3%
4%
21%
14%
1%
Poluição das águas
Poluição do solo
Poluição do ar
Poluição
Poluição sonora
Pragas
Lixo
Extinsão
Queimadas
Desmatamento
Incoerentes
Não responderam
36
mundo, cada um reagindo de acordo com suas concepções e relações com o meio,
dependendo de suas representações anteriores, desenvolvidas durante a vida toda
(MENGHINI, 2005).
Ao serem questionados quanto a quem são os responsáveis pelos problemas
ambientais, a resposta foi quase unânime, 90% responderam que o maior responsável
pelo surgimento dos problemas ambientais é o Ser Humano (Figura 08).
A qualidade ambiental está relacionada com uma série de conceitos que refletem
as ações das pessoas nos diversos ambientes por eles usados, bem como com as
percepções elaboradas sobre tais ambientes (BASSANI, 2001,p.52). Fica evidente que
os atores sociais têm consciência das ações negativas do homem para com o meio
ambiente. A tomada de consciência é uma etapa extremamente importante para que haja
a mudança.
.
Em contrapartida, segundo Menghini (2005), as escolas utilizam-se de trabalhos
em sua maioria tradicionais, desenvolvendo um ensino de simples passagem de
conhecimento, um ensino teórico e distante da prática, com pouca compreensão e
envolvimento com a realidade do aluno, deixando de lado a inter-relação e a percepção
do indivíduo em relação ao meio ambiente.
As hortas escolares nessa perspectiva surgem para desenvolver todo esse
potencial perceptivo quanto aos assuntos voltados ao desenvolvimento ambiental
sustentável aliada a uma prática diferencia e interativa.
90%
5%
5%
Homem
Incoerente
Não Respondeu
Figura 08: Respostas dos alunos sobre: quem são os responsáveis pelo surgimento dos
problemas ambientais?
Fonte: Pesquisa, 2014
37
Quando questionados os atores sociais quais as ações que poderiam ser tomadas
em prol de realizar melhorias no ambiente em que vivem foi destacado, dentre as
atitudes, a destinação correta do lixo (41%). A questão dos resíduos sólidos é um
assunto muito trabalhado nas escolas, mas deve ser abordado com mais profundidade.
É preciso destacar que apenas 12% dos entrevistados, apresentaram respostas
negativas, incluindo entre estes as categorias: nada, não responderam e incoerentes.
Sendo que a maioria apresentou ao menos uma ação a ser realizada que contribuísse
para a melhoria do ambiente. Nota-se então que os processos de sensibilização nesses
espaços escolares podem ocorrer de maneira mais eficiente.
De acordo com as respostas dos alunos é possível desenvolver várias ações
pedagógicas que venham a fortalecer esse interesse apresentado por eles, de tal modo
que ofereçam motivação para que esses se tornem multiplicadores destas atividades.
Essa diversidade de sugestões quanto às possíveis atitudes em prol do meio
ambiente só caracteriza o quanto essas informações têm sido divulgadas e que de certo
modo apresentaram significância para esses atores.
Fonte: Pesquisa, 2014.
Figura 09: Respostas dos alunos sobre: quais as ações que tem feito para melhorar e/ou
conservar o ambiente?
41%
12%
2% 4%
6%
5%
2%
1%
13%
2% 1%
6% 5%
Lixo no Lixo
Coleta seletiva
Reutilizar materiais
Reciclar materiais
Economizar água
Não poluir as águas
Não poluir o ar
Não ligar som alto
Cuidar das plantas
Cuidar dos animais
Nada
Não responderam
Incoerente
38
5.2 Aprimoramento do Conhecimento dos Alunos Acerca da Temática de
Sustentabilidade Ambiental
O aprimoramento dos conhecimentos dos atores envolvidos, acerca da temática
de sustentabilidade ambiental, implantação e manejo da horta foram dados por meio de
encontros semanais e em um processo contínuo, consistindo de orientações teóricas a
partir de exposições dialogadas e palestras, apresentação de vídeos e atividades práticas
(Figura 10). Todas as atividades foram pensadas e executadas de modo que o
aprendizado fosse dado de forma lúdica, acredita-se que esta é uma das formas mais
eficientes de se trabalhar os conteúdos, uma vez que as dinâmicas e vídeos estão
atrelados a formas de conhecimento, visto pelos atores como mais divertidos, chamando
mais a atenção dos estudantes e aumentando a motivação.
Foi realizado um total de 28 encontros, para cada uma das escolas e, em ambas
foram realizadas as mesmas intervenções, tendo sempre o apoio da equipe das escolas
para a execução das atividades.
Figura 10. (A/B) Aplicação de dinâmicas. (C) Apresentação de fábula com temática de horta e
(D) Sensibilização por meio de apresentação de palestras.
A B
C D
Fotos: Jane Torelli, 2014.
39
5.3 Capacitação dos Atores para a Instalação e Manejo da Horta
A capacitação dos atores envolvidos ocorreu em um processo contínuo durante a
execução do projeto, realizadas nos encontros estabelecidos da equipe e publico alvo,
com orientações teóricas seguida de práticas para a demarcação da área, construção dos
canteiros e tanques, preparo da terra para o plantio, produção de mudas, construção da
estufa e manejo da horta, sob a responsabilidade da equipe de execução do trabalho, a
coordenadora, os colaboradores docentes, funcionário da escola. Neste momento, foi
aplicada a interdisciplinaridade com outras disciplinas como a aplicação de medições e
cálculos para a delineação dos círculos da mandala, foi mostrado que podem ser
reusados resíduos sólidos descartáveis como garrafas pet, contribuindo com a gestão
ambiental destes, etc.
Esse processo é muito importante uma vez que os atores interagem diretamente com
os objetivos da ação, desse modo podem relacionar todas as informações teóricas a
práticas, por eles vivenciada, aprendendo os processos, as dificuldades, trabalhando em
equipe, fortalecendo assim o processo de ensino-aprendizagem e a socialização.
Etapa A: Limpeza e Delimitação da área para instalação da horta
Depois de escolhidas as áreas para implantação das hortas, nas duas escolas,
seguiram-se as orientações do Caderno 2: Orientações para Implantação e
Implementação da Horta escolar (FERNANDES, 2009). Foi realizado o processo de
limpeza do terreno escolhido e posteriormente delimitada a área de implantação dos
canteiros, tanques e estufa, no formato de um sistema integrado, fundamentada em
preceitos dos sistemas Mandala e PAIS (Produção agroecológica integrada e
sustentável). A junção desses sistemas e a adaptação para o espaço escolar apresenta
uma maior integração entre diversos organismos, criando um laboratório vivo para a
realização de diversas atividades pedagógicas e segurança alimentar, unindo a teoria e a
prática de forma contextualizada e interdisciplinar.
40
Etapa B: Produção de mudas na estufa vegetal
Concomitantemente à construção dos canteiros e, juntamente com a comunidade
escolar, a equipe implantou também um viveiro (Figura 12/I), em ambas as escolas, para
a produção de mudas, suprindo assim a demanda no horto, elaborada com estrutura de
madeira, tela sombrite e garrafas de Politereftalato de etileno (PET).
A escola que dispunha de recurso para a execução do projeto, julgou mais viável, em
termos de andamento das atividades, comprar a parte de madeiramento para a estufa e
demais materiais para a construção. Já na outra escola, que não dispunha de nenhum tipo
de verba para execução da atividade a equipe do projeto angariou materiais de resto de
obras de construção na própria Universidade Federal da Paraíba (UFPB), além de
materiais que estavam presentes na escola e subutilizados (Figura 12/ A e B).
Consequentemente em uma das escolas o andamento das atividades, em relação à outra,
estava mais limitado, todavia há um fator positivo nessa situação uma vez que utilização
de materiais que seriam descartados (lixo), para a construção da estufa só fortaleceu as
ideias fundamentais do uso sustentável dos recursos, isso sendo trabalhado e vivenciado
pelos atores sociais, à medida que as atividades foram realizadas.
Figura 11: Espaços escolares antes e depois da limpeza e delimitação das áreas das hortas.
(A/B/C) Escola Índio Piragibe. (D/E/F) Escola Dom Marcelo.
A
F E D
C B
Fotos: Rayssa Praxedes, 2014.
41
Etapa C: Implantação da horta integrada
Para a implantação da horta, assim como do viveiro, foi necessário a realização
de mutirões de coleta de garrafas PET. Estas foram utilizadas para a construção dos
canteiros e na estrutura da estufa. Utilizou-se grande quantidade de garrafas PET de 2L
(3.600 unidades) para ambas as escolas. Essa ação só foi possível devido à mobilização
da comunidade para a coleta e arrecadação desse material para a construção dos
referidos canteiros (Figura 13). Desse modo também foi possível trabalhar questões
referentes a problemas ambientais, ocasionados pelo excesso de resíduos no ambiente e
dando a um desses materiais que seriam descartados como lixo, uma utilidade.
A B C
D E F
G I H
Figura 12: (A/B) Materiais de entulho utilizados na elaboração da estufa. (C) Montagem da
estrutura da estufa a partir de descartes de madeira de construção. (D) Colocação da tela de
sombrite. (E) Disposição das bancadas elaboradas a partir de portas quebradas. (F/G) Colocação
das garrafas Pet/Sementeiras suspensas. (I) aula de plantio de sementes.
Fotos: Pablo Cirineu, 2014.
42
A implantação da horta nas escolas contou com a participação da comunidade
escolar e da equipe, bem como, com a parceria da Empresa Estadual de Pesquisa
Agropecuária da Paraíba S.A. (EMEPA) e do Projeto “Mais Educação” através da
Gestão Municipal da Escola Dom Marcelo Pinto Carvalheira, seguindo as orientações
para implantação de hortas escolares do projeto “Educando com a horta escolar
(FNDE/MEC/FAO)”, foram construídos o tanque e os leirões cíclicos, assim como o
sistema de irrigação.
Na execução das atividades foram utilizadas direta e indiretamente conteúdos de
diversas disciplinas, principalmente a matemática, uma vez que foram trabalhados
princípios de métrica e simetria (Figura 15/D), todo o momento. Assim como também
foram trabalhados interpretação textual, com a apresentação da “Fabula- A horta do
senhor Lobo”; história com o levantamento histórico da origem da manda; geografia
Figuras 13: (A) Alunos auxiliando na construção dos canteiros e na (B)
construção do viveiro com sementeiras suspensas de garrafas PET.
C
B A
D
Fotos: Pablo Cirineu, 2014.
Figuras 14: (A) Horto da escola Dom Marcelo. (B) Estufa da escola Índio Piragibe.
Fotos: Lázaro Fialho, 2014.
A B
43
como as questões referentes aos tipos de solos para plantio e principalmente biologia
com o desenvolvimento dos organismos no espaço da horta.
Tais ações fortalecem ainda mais os princípios de interdisciplinaridade
educacional, havendo ainda muitas outras possibilidades a serem exploradas pelos
professores com a criação deste espaço no âmbito escolar.
Os tanques (Figura 15-C/F) consistem em uma representação de lago, neles está
água que será utilizada na irrigação dos canteiros e, concomitantemente, introduzidos
peixes, no nosso caso da espécie Tilápia nilótica (Oreochromis niloticus) pelo fácil
manejo. Com isso ocorre uma otimização na utilização da água além da promoção de
fertilizantes naturais oriundos da alimentação e excretas dos peixes. Para tal
representação de lago foram utilizadas caixas d’água e de acordo com o tamanho delas
foi calculado a quantidade de peixes que a mesma comporta, sendo respeitada a
quantidade de 3 a 4 indivíduos por m3
(Torelli et al., 2010).
Nos canteiros foram plantadas hortaliças (coentro, alface, cebolinha, couve-
flor, entre outros), legumes e tubérculos, plantas medicinais (boldo, capim santo, erva
cidreira, etc.).
Figuras 15: Atividades da escola Índio Piragibe, (A) preparação das garrafas PET, (B) atividade
interativa, com explicações das atividades do dia, (C) canteiros prontos para plantio. Atividades da
escola Dom Marcelo, (D) medição das áreas dos canteiros, (E) Inserção das garrafas no canteiro e,
(C) canteiros prontos para plantio.
A B C
D E F
Fotos: Lázaro Fialho, 2014.
44
Etapa D: Rotina e manejo da horta
Após a implantação da horta com sistema integrado, foram estabelecidos grupos de
participantes da comunidade escolar, assim como, membros da equipe, que ficaram
encarregados da rotina e manejo do horto, monitorando a irrigação dos círculos
produtivos, otimizando o uso da água, uma vez que a mesma foi utilizada tanto para a
irrigação, quanto para o cultivo de peixes, promovendo assim, a produção de peixes
(Torelli et al., 2010) e, reduzindo custos com adubação do solo, uma vez que a água é
fertilizada pelos peixes. Tendo assim uma produção concomitantemente às hortaliças
(Oliveira et al., 2007).
Para que houvesse um resultado positivo em relação ao desenvolvimento da
piscicultura (no tanque central da horta) foi necessário manter alguns parâmetros no
ambiente, a exemplo: pH, amônia, oxigênio dissolvido (OD), tais parâmetros foram
aferidos fazendo uso do kit colorimétrico ALCON, fornecido por essa empresa parceira
da atividade, bem como cuidados com a alimentação, entre outros. Com base no
treinamento fornecido aos colaboradores das escolas, foi solicitado esse
acompanhamento nos viveiros, conforme mostrado abaixo (Figura 17).
Figuras 16: (A) soltura dos peixes no tanque. (B) espécie de peixe utilizada – Tilápia. (C)
plantio de mudas medicinais. (D/E) transplantio de mudas da estufa para os canteiros. (F)
Plantio de mudas frutíferas.
Fotos: Pablo Cirineu, 2014.
45
Figura 17: (A) Água do tanque com características adequadas para o cultivo. (B) Colaborador
da escola realizando o teste de qualidade da água – Níveis de oxigênio dissolvido/OD. (C)
resultado positivo do teste de OD, comparados com a tabela. (D) Eliminação de ervas daninha.
(E) Transplante de mudas. (F) Produção de mudas nas estufas.
Fotos: Lázaro Fialho, 2014.
O desempenho dos peixes nos viveiros foi dado a partir do acompanhamento do
crescimento e ganho de peso. Para poder calcular a quantidade necessária de ração a ser
administrada em cada viveiro, Torelli et al. (2010) afirmaram ser necessário a realização
de biometria (processo de medição e pesagem de uma amostra do organismos), com
base no ganho de peso e quantidade de indivíduos nos viveiros (biomassa) é feita uma
correção de 3% de ração em relação à biomassa total do tanque.
Etapa E: Colheita das primeiras hortaliças
Como resultado dos esforços conjuntos e trabalho desenvolvido nas escolas já é
possível colher os frutos no nosso trabalho. Dentre os vegetais agora presentes no
espaço escolar, destacam-se: plantas medicinais (Cidreira, capim santo, malva,
sabugueiro, hortelã, babosa, boldo), frutíferas (tomateiro, pimenteira, pimentão,
quiabeiro, pitangueira, romã, acerola, mamoeiro, cajueiro, maracujá, melancia) e flores
e plantas ornamentais (girassol, rosas, samambaia, etc.) legumes (feijão e fava),
verduras (couve, couve-flor, repolho), tubérculos e raízes (cenoura, beterraba,
batatinha), além do peixe cultivado no tanque (Figura18).
A B C
F E D
46
Etapa F: Semeando a interdisciplinaridade nas escolas
Como uma forma de integralizar o corpo docente na atividade proposta foi
sugerido pela equipe no período de planejamento das atividades escolares, trabalhar
através de praticas interdisciplinares a temática referente à horta na forma de sistema
integrado e segurança alimentar, tendo como foco, alimentação saudável, utilizando o
A B
C D
E F
Figura 18: (A) Horta da escola Don Marcelo. (B/D) Flores cultivadas no horto. (C) Frutos
do tomateiro. (E) Quiabos prontos para colheita. (F) Melancia cultiva da no horto e pronta
para colheita.
Fotos: Lázaro Fialho, 2014.
47
espaço da horta para desenvolver as atividades do currículo obrigatório escolar (Figura
16).
Aproveitou-se o momento de apresentação das propostas do projeto no planejamento
dos professores para reafirmar a ideia de que a horta no espaço escolar é um laboratório
multidisciplinar, onde se pode aprender de forma lúdica.
Juntamente com as atividades realizadas nas escolas, foi elaborado um manual para a
implantação de hortas no espaço escolar (Apêndice – B), com o intuito de disseminar o
conhecimento dessa vivência experimentada referentes ao manejo e às ações
executadas, com o objetivo de que as mesmas ultrapassem as barreiras do espaço
escolar, influenciando a utilização responsável dos recursos naturais, com propostas de
atividades multidisciplinares a serem desenvolvidas na vivência de manejo da horta.
Figura 19: Apresentação do projeto para a equipe docente da escola Dom Marcelo.
Foto: Lázaro Fialho, 2014.
48
6 CONCLUSÕES
Os atores foram capacitados quanto ao conhecimento teórico-prático de técnicas
de plantio e manejo de hortaliças orgânicas, conferindo a estes, conhecimentos
de alimentação mais saudáveis bem como a importância das boas práticas
alimentares e ambientais;
É evidente, isso como retrato da realidade vivenciada nos espaços escolares, que
há uma necessidade de se trabalhar de forma prática, atividades voltadas ao
desenvolvimento sustentável e a horta escolar surge na perspectiva de suprir essa
carência;
As ações desenvolvidas no projeto provocaram mudanças no espaço escolar e os
espaços verdes não ficaram restritos apenas às hortas, mas disseminados nas
demais áreas das escolas no formato de jardins;
Os atores foram capacitados para o desenvolvimento do sistema integrado de
horta com base na tecnologia Mandala e PAIS, podendo ser considerados
multiplicadores da ideia;
Os atores demonstraram sensibilização quanto às ações de preservação do meio
ambiente, consumo consciente e produção orgânica;
O público alvo demonstrou muita satisfação e interesse em trabalhar os
conteúdos relacionados com a conservação do meio ambiente aliadas à produção
eficiente de hortaliças, demonstrando a importância de aplicar atividades práticas
nas escolas;
As Hortas implantadas nas escolas apresentam grande potencial para o
desenvolvimento de atividades multi e interdisciplinares e, assim também,
servem como laboratórios vivos para experimentações didáticas.
49
Considerações Finais
O projeto pode ser considerado exitoso, visto que além dos alunos terem
participado ativamente de todas as atividades, estiveram em contato direto com muitas
ações que se transformaram em transmissão de conhecimento para estes, revelando que
a pesquisa-ação é uma estratégia adequada para a transmissão de conhecimentos
visando a sustentabilidade, de forma a que os envolvidos sejam capazes de reproduzir os
processos apreendidos ao longo deste projeto.
Comparando entre as duas escolas, verificou-se que, por questões logísticas, a
escola que Dom Marcelo desenvolveu as atividades com maior eficiência, pois teve
como disponibilizar monitores para os tratos com a horta, que mesmo no período de
recesso, comprometeram-se em executar as atividades de manejo. Tal comparação,
todavia não desmerece as questões pedagógicas executadas, mas caracteriza-se como
uma questão de gestão e disponibilidade de recursos.
Ambas as escolas comprometeram-se em dar continuidade às atividades de horta
escolar, seguindo como guia referencial o manual produzido além de orientações,
quando solicitadas.
Esta atividade foi de grande importância no que diz respeito à formação de
profissional docente, estas só fortalecem as bases para um bom professor. Já é muito
discutido a importância das atividades praticas para construção do conhecimento,
principalmente no nosso campo, educação, as informações fornecidas nas academias
confrontam-se com as diversas realidades encontradas no campo, escola. Esses fluxos
de informações paralelas nos possibilita criar uma opinião critica reflexiva a respeito do
processo educativo e nos possibilita posicionarmos diante desta dinâmica realidade.
A realidade educacional não é tão poética quanto os discursos tão debatidos e
assimilados na academia, mas também não pode ser encarada como jogo perdido. É
preciso que acreditemos e sejamos a mudança que o processo educativo necessita. É
preciso avaliar a situação sem poesia e sem catastrofismo, mas de modo a contribuir
com a mudança que esta necessita.
50
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55
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
PROJETO:
FOMENTANTO UM OLHAR SUSTENTÁVEL NO COTIDIANO ESCOLAR:
IMPLANTAÇÃO DE UMA HORTA COM SISTEMA INTEGRADO
Prezado (a) estudante,
Estamos realizando um levantamento sobre Percepção Ambiental. Neste sentido,
solicitamos sua contribuição para que responda este questionário como forma de validar
o desenvolvimento de nosso trabalho. O nome dos participantes não será divulgado.
Agradecemos, antecipadamente, sua valiosa contribuição!
Escola:_______________________________________________________________
Idade: _________
Série/Ano: ____________________________________
QUESTIONÁRIO
1) A educação ambiental é fundamental para uma melhor sensibilização das pessoas em
relação ao mundo em que vivem, para que possam ter cada vez mais qualidade de vida,
sem desrespeitar o meio ambiente. PARA VOCÊ, o que é meio ambiente?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
__________________________
2) Infelizmente nosso planeta é afetado por vários problemas ambientais, estes
problemas afetam a fauna, flora, solo, águas, ar e etc. NO SEU ENTENDER, o que são
problemas ambientais? Dê três exemplos!
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
__________________________________
3) A preocupação com o meio ambiente tomou conta dos meios de comunicação, das
escolas e até mesmo das indústrias. Mas, apesar de toda a discussão, a natureza ainda
56
está sofrendo grandes desgastes. PARA VOCÊ quem são os responsáveis pelo
surgimento de problemas ambientais?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____________________________________
4) A natureza é um bem gratuito, mas que deve ser respeitada e também deve ser muito
bem cuidada. O QUE VOCÊ tem feito para melhorar e/ou conservar o ambiente em que
vive?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_______________________________________
5) A produção de alimentos orgânicos tem sido muito estimulada nos últimos anos. O
que você entende por alimento orgânico?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
________________________________________________
6) Para você o que é uma horta?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
____________________________________________________________
7) Para você quais os vegetais produzidos em uma horta?
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_________________________________________
57
8) Você já tinha participado de alguma atividade de horta antes?
(__) Sim (__) Não
Se SIM fale um pouco sobre ela:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
_______________________________________
59
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE SISTEMÁTICA E ECOLOGIA
LABORATORIO DE ECOLOGIA AQUÁTICA
ASSESSORIA DE EXTENSÃO DO CCEN
MANUAL DE IMPLANTAÇÃO E MANEJO DE HORTAS
ESCOLARES, SEGUINDO OS FUNDAMENTOS DOS
SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGROECOLÓGICAS
Este manual foi elaborado com objetivo na
implantação e manejo de hortas escolares,
desenvolvido a partir do projeto de extensão
PROBEX 2014: Despertando um olhar
sustentável no cotidiano escolar: “implantação
de uma horta mandala”.
COORDENADORA: Jane Enisa Ribeiro Torelli de Souza
PROFESSOR COLABORADOR: Mª. Cristina Basílio Crispim da Silva.
DISCENTES COLABORADORES: Lázaro Fialho; Rayssa Praxedes;
Marília Carolina; Pablo Cirineu.
João Pessoa, 2014
O QUE É UMA HORTA NA FORMA DE SISTEMA
INTEGRADO/ECOLÓGICA?
Esta horta possui sua fundamentação no Sistema “Mandalla”,
palavra de origem Indiana, que significa círculo, simbolizando a
totalidade, a integração e a harmonia e, no Sistema PAIS (Produção
Agroecológica Integrada e Sustentável).
Construir uma horta em formato de sistema integrado é construir
uma horta Ecológica (plantando alimentos de forma orgânica, com
esterco ou adubo de compostagem); sustentável, utilizando o
máximo de materiais reutilizados (como as garrafas PET) e
aproveitando o espaço e a água para irrigação; e de forma coletiva,
em que todos participam da construção dos canteiros e manejo das
plantas, até a colheita e consumo dos alimentos produzidos na horta
(Figura. 01).
Figura 01: Horta escolar na forma de sistema integrado. Foto:
Marilia Carolina Paz, (2014).
01
60
QUAL A IMPORTÂNCIA DA HORTA NA ESCOLA?
A horta seguindo os fundamentos da Mandalla e do PAIS possui
importância ecológica inestimável: não agride o solo, pois a
plantação é diversificada (em contraponto da monocultura, que
cultiva uma única planta); NÃO HÁ UTILIZAÇÃO de agrotóxicos,
consequentemente, fornece alimentos benéficos para os animais,
incluindo os seres humanos, que venham a consumir os alimentos
gerados na horta, que são 100% ORGÂNICOS!
Na horta os alunos vivenciam o meio ambiente sustentável
(Figura 02), dado pelo baixo consumo da água, pois possui sistema
de irrigação que visa o máximo de aproveitamento dos recursos
naturais, além de ser um espaço para o desenvolvimento de várias
atividades pedagógicas voltadas a boas práticas ambientais.
QUAIS OS ANIMAIS QUE PODEM ESTAR
PRESENTES NA HORTA?
Quase todos os animais são bem vindos à horta, desde peixes,
galinhas, minhocas e insetos polinizadores. Porém, deve-se manter a
atenção a pequenos animais que possam se tornar pragas na
horta, como por exemplo, de acordo com Watanabe e Melo (2006),
as espécies mais importantes que atacam as hortaliças, são as
lagartas, minadores, vaquinhas, formigas, gafanhotos, pulgões,
percevejos, moscas brancas, tripés, cochonilhas e ácaros. Esses
animais podem comer a plantação, ou até mesmo causar doenças.
O QUE FAZER PARA QUE ESSES ANIMAIS NÃO APAREÇAM?
Ainda de acordo com Watanabe e Melo (2006), através de
controle biológico, ou seja, da inserção de inimigos naturais,
podem ser combatidos os animais que são parasitas na horta, tais
como, as joaninhas, tesourinhas, vespinhas parasitóides, aranhas,
entre outros.
Além dos animais, as próprias plantas podem ser capazes de
repelir essas pragas, como por exemplo, o alecrim, que repele a
borboleta da couve e as moscas da cenoura, além de ser planta
companheira da sálvia; a hortelã, que repele formigas, ratos e
Figura 02: Vivência escolar na horta. Foto: Lázaro Fialho,
(2014).
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borboleta da couve; a capuchinha, que repele nematoides e
insetos; o coentro, controla pulgões e ácaros; o alho repele as
pragas do tomates (CLUBE DO JARDIM, 2008), (Figura 03).
Assim, a natureza se encarrega do equilíbrio, basta ter paciência e
agir com sabedoria!
PASSO A PASSO PARA CONSTRUIR A HORTA E A
ESTUFA PARA PRODUÇÃO DE MUDAS!
Materiais utilizados:
Enxadas, pás, ciscadores, Garrafas PET de 2L, arames,
madeira, trena, estacas, esterco, sementes, kit de irrigação
(mangueiras, aspersores, etc.), caixa d’água, água, plâncton e
peixes.
ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DA HORTA (SISTEMA
INTEGRADO)
Conforme a figura (4/A), primeiramente, é importante limpar
o terreno para uma melhor manipulação do solo, em seguida
retirar toda a vegetação e pedras presentes, e posteriormente, a
delimitação dos canteiros (Figura 4/B), medindo com uma trena
e sendo marcado com estacas de madeira.
Figura 3: Diversidade de plantas na horta. Foto: Lázaro
Fialho, (2015)
05 04
Figura 04: (A) Limpeza do terreno. (B) Participação dos alunos na
preparação dos canteiros utilizando garrafas PET. (C). Foto: Rayssa
Praxedes, (2014).
A B
C D
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Realizada as etapas anteriores, agora é necessário fofar o solo
com a utilização de enxadas e escavar (Figura. 4/C) no centro da
horta um tanque e/ou colocar a caixa d’água (se houver) para a
inserção da água para a irrigação do horto.
Para delimitar os canteiros se faz necessário à utilização de
garrafas PET 2L cheias de água ou de areia, tampadas e viradas
para baixo, cavando com pequenas pás e enterrando o gargalo
das garrafas. Em outra parte do terreno, com a utilização de pás e
enxadas, misturam-se areia preta com o esterco (Figura. 4/D).
Após, a delimitação dos canteiros é necessário enchê-los com
a areia misturada com adubo, no nosso caso, esterco bovino, uma
vez que a produção de adubos oriundos da composteira demanda
cerca de 90 dias para ficar pronto.
A água do tanque (caixa d’água) será utilizada para irrigação,
nela introduz-se o plâncton (fito e zooplâncton) e os peixes, que
darão o equilíbrio ecológico da água, evitando proliferações de
animais vetores e promovendo a nutrição das plantas.
Posteriormente, é só manter a terra bem adubada e irrigar a
horta diariamente, através de aspersores ou até mesmo por
gotejamento (Figura 5).
ETAPAS PARA IMPLANTAÇÃO DA ESTUFA PARA
PRODUÇÃO DE MUDAS
Paralelamente à atividade da horta, pode ser construída uma
estufa com uma estrutura de madeira e revestida por tela de
sombrite e/ou garrafas PET 2L, fazendo uso de diversos
materiais que foram citados na lista acima (martelo, serrote,
tesoura, etc.) (Figura 6 A, B, C).
O plantio das mudas na estufa pode ser em fundos de garrafas
PET de todos os tamanhos ou em caixas de ovos (de isopor).
07 06
Figura 05: Irrigação da horta. Foto: Marília Paz, (2015).
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As mudas devem ser transferidas para o solo do canteiro,
assim que estiverem apresentando de 3 a 4 folhas por planta.
Prontas as mudas e a horta, agora é a hora do plantar!
Lembrando que AMOR, CUIDADO, PACIÊNCIA e
PERSEVERANÇA são chaves para o SUCESSO da sua horta
e da vida!
MONITORAMENTO E MANEJO DA HORTA
Algumas tarefas são muito importantes para que a horta fique
sempre em boas condições de produção:
Adubação de cobertura: serve para manter o desenvolvimento
das hortaliças que ficam mais tempo no canteiro, como um
complemento a adubação feita no momento do plantio.
Amontoa: verificar se as plantas estão bem cobertas no solo,
fazendo montinhos de terra ao redor do caule pra fixá-las ao solo.
Capina: Como todas as plantas competem por água,
nutrientes, luz, o ideal é retirar plantas indesejadas do canteiro
para que as hortaliças plantadas tenham mais recursos (água, luz,
adubo).
Cobertura do solo: Quando as hortaliças estiverem já bem
fixas e se desenvolvendo no solo, é interessante distribuir palhas
ou outros resíduos (folhas secas) sobre o solo, assim, retêm a
umidade e dificulta o crescimento de ervas daninhas.
Desbaste: retirar o excesso de plantas que possa se
desenvolver no canteiro, respeitar o espaçamento entre cada uma
das plantas.
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Figura 06: (A, B, C, D) - Estrutura da Estufa. Fotos: Marília Paz, (2014).
A B
C D
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Escarificação: consiste em afofar a terra com certa frequência
melhorando assim, a entrada de oxigênio no solo e de água.
Estaqueamento: Colocar estacas em plantas que crescem
indeterminadamente, tais como: tomate, feijão, entre outras.
Regar: fornecer água para as hortaliças, o ideal é que seja
feito nos horários de temperaturas mais frescas e que seja feito
lentamente, evitando que a água escorra. Pouca água é ruim,
assim como também, muita água.
Rotação de cultura: depois de colher determinadas hortaliças
de uma determinada área, devera fazer o plantio de outro tipo de
hortaliça no lugar. Porque cada tipo de planta exige do solo,
certos nutrientes, e desse modo, deve-se intercalar as culturas,
fazendo com que seja feito um balanço dessa exigência. É
indicado que ao se plantar alguma hortaliça folhosa depois se
deve plantar alguma do tipo de raiz.
COMO CONTROLAR AS PRAGAS (BICHINHOS)?
Como nossa horta se trata de uma produção orgânica, nada de
agrotóxico, é possível combater esses bichinhos com algumas
receitas caseiras, serão apresentadas abaixo:
Controle de lesmas e caracóis
Colocar cascas de chuchu em um local úmido, próximo às
áreas com infestação de lesmas e caracóis. Com uma luva recolher
todos os bichinhos e elimina-los.
Controle de borboletas e lagartas
Para atrair e eliminar as borboletas, misturar 50 ml de melaço
e 10 ml de detergente neutro e biodegradável em um litro de água
e colocar em garrafas PET cortadas ao meio.
Para eliminar lagartas, fazer um chá de losna (tipo de erva)
com um litro de água fervente sobre 30 g de folhas secas,
deixando em infusão por 10 minutos. Dilua o preparo em 10 litros
de água e pulverize sobre as plantas.
Controle de insetos (pragas) em geral
Esmagar quatro dentes de alho e deixar de molho em um litro
de água por 12 dias, após, dilua em 10 litros de água e pulverize
nos canteiros.
Fazer um chá de folhas de arruda com água fervente por 10
minutos. Após coar e depois de frio pulverize em regiões com
pragas.
11 10
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Picar 20 cm de fumo de rolo, aproximadamente 15 g e deixar
de molho em um litro de água, após dois dias, coar e diluir em 10
litros de água e pulverizar sobre as plantas.
Controle de Fungos
Misturar 300 ml de leite ou soro de leite em um litro de água e
pulverizar sobre plantas afetadas.
Misturar cal apagada em pó (3,5 kg) e flor de enxofre (6,5 kg)
e espalhar nas plantas de manhã bem cedo.
SEMEANDO A INTERDISCIPLINARIDADE COM
AUXÍLIO DA HORTA NA ESCOLA
É POSSÍVEL TRABALHAR O TEMA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL EM TODAS AS
DISCIPLINAS DO CURRÍCULO ESCOLAR.
EXEMPLOS:
• HISTÓRIA: O professor pode trabalhar o contexto histórico
da agricultura no estado ou país.
• EDUCAÇÃO FÍSICA: Dinâmicas de coleta de lixo no espaço
escolar e do horto;
• PORTUGUÊS: O professor ao trabalhar exercícios de
gramática ou interpretação de textos pode fazer uso da temática
como tema gerador. Facilitando assim a absorção de conceitos;
• MATEMÁTICA: Ao serem trabalhadas as operações
matemáticas, fazer uso de questões como gasto de água na
irrigação, proporção da área a ser cultivada, etc. Unindo a
realizada vivenciada pelos estudantes com o conteúdo em sala,
promovendo assim a aprendizagem significativa;
• INGLÊS/ESPANHO: Ao serem feitas traduções de palavras
voltadas ao tema. Quando efetuar tarefas de tradução e
interpretação de textos, fazer uso da temática, dessa forma além
de serem aprendidas as questões inerentes a matéria, estarão
sendo fortalecidas as inter-relações com a horta.
• GEOGRAFIA: O professor pode trabalhar a temática da horta
ao aborda os conteúdos referentes à composição do solo, estudos
de paisagem, etc.
• CIÊNCIAS: discursões em sala, acerca da problemática
ambiental, apresentação de trabalhos pelos estudantes, etc.
(principal parceira).
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66
PRODUÇÃO FINAL DA HORTA
A produção final da horta constou de diversas hortaliças, plantas
medicinais, leguminosa, fruteiras em geral e jardinagem (Figura 7 A,
B, C, D, E, F).
Agradecimentos:
Á comunidade acadêmica das Escolas Dom Marcelo P.
Cavalheira e Escola Índio Piragibe, ao Programa Mais Educação na
esfera municipal da Escola Dom Marcelo, a EMEPA/PB, a Prefeitura
da UFPB, o Centro de Ciências Exatas e da Natureza da UFPB, a
Empresa Alcon, a Assessoria de Extensão do CCEN e os
extensionistas colaboradores, pelo apoio na execução das atividades e
empenho resultantes na confecção deste manual.
REFERÊNCIAS
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Disponível em: <http://propi.ifto.edu.br/ocs/index.php/connepi/vii/pa-
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BRASIL, Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em
assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras
providências. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para
Assuntos Jurídicos. Disponível em: < http://www.planal-
to.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm>. Acesso em 08 de
mar 2014.
CLUBE DO JARDIM. Manual Clube do Jardim: Horta Orgânica
Doméstica. Disponível em: <
https://permacoletivo.files.wordpress.com/2008/06/manual-horta-organica-
domestica.pdf>. Acesso em 12 de dez 2014.
Figura 07: (A) Visão parcial da Horta (B, C) Plantio de Hortaliças. (D)
Plantas medicinais. (E) Plantio de leguminosa. (F, G) Jardinagem. Foto:
Lazaro Fialho, (2015).
A
B C
D E
F G
15 14
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DÍAZ, A. P. Educação Ambiental Como Projeto. Porto Alegre:
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FEIDEN, A.; SILVA, D.J. Alimentos orgânicos: melhor para vida.
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FERNANDES. M. C. A. Caderno 2: Orientações para Implantação e
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