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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E TURISMO CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM JORNALISMO PROGRAMA AMAURY JR: O COLUNISMO SOCIAL NA TELEVISÃO QUEM É COLUNÁVEL? MARIANNA VIEIRA DE MELO COELHO JOÃO PESSOA PB 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO E TURISMO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL

HABILITAÇÃO EM JORNALISMO

PROGRAMA AMAURY JR: O COLUNISMO SOCIAL NA TELEVISÃO – QUEM É

COLUNÁVEL?

MARIANNA VIEIRA DE MELO COELHO

JOÃO PESSOA – PB

2012

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MARIANNA VIEIRA DE MELO COELHO

PROGRAMA AMAURY JR: O COLUNISMO SOCIAL NA TELEVISÃO – QUEM É

COLUNÁVEL?

Monografia apresentada ao Curso de

Comunicação Social com Habilitação

em Jornalismo, da Universidade Federal

da Paraíba como pré-requisito para a

obtenção do Título de Bacharel em

Comunicação Social, sob a orientação do

Prof. Dr. Wilfredo Maldonado Dias.

JOÃO PESSOA – PB

2012

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MARIANNA VIEIRA DE MELO COELHO

PROGRAMA AMAURY JR: O COLUNISMO SOCIAL NA TELEVISÃO – QUEM É

COLUNÁVEL?

Aprovado em _____/ _____/ _____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________ ________

Prof. Dr. Wilfredo Maldonado Dias (Orientador) Nota

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

__________________________________________________________ _________

Prof. Ms. Carlos Magno Nota

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

___________________________________________________________ _________

Prof. Dr. Thiago Soares Nota

Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

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A todos os que desejaram e contribuíram para o meu sucesso, dedico este trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, Isanildo (também padrinho na Formatura da

Alfabetização) e Luciana, pela dedicação com que me criaram, educaram e formaram a

pessoa responsável e competente que sou. Aos meus pais também devo agradecer a todo

e qualquer patrocínio necessário para que meus estudos fossem concluídos.

Meu avô materno, Dácio (e padrinho de Crisma), recebe todo agradecimento que

eu puder dar. Pelo seu amor e carinho com que ajudou a me criar; pelos elogios e

sorrisos gratuitos que me dá diariamente, ao longo desses meus 22 anos de vida; por ter

atuado e estado presente também ao longo da minha formação como pessoa; pelo seu

(agora meu) prometido anel de formatura, que funcionou até mesmo como incentivo

para minha formação acadêmica.

Minha avó materna, Heloysa, não pode deixar de receber os meus

agradecimentos também por se dedicar e acompanhar toda a minha formação.

Agradeço ao meu irmão, Lucas.

Agradeço a Gibbran, que se dedicou à minha felicidade, me apoiou, incentivou e

me fez ser o seu orgulho.

Agradeço a todos os meus tios, cabe citar alguns, Homero, ou Mero, (pelo bom

humor e dedicação à primeira sobrinha), Paulo Adriano, ou Nano, (também pela

dedicação à primeira sobrinha e por toda cultura e informação que me transmitiu, me

tornando mais inteligente e culta), Pedro Alexandre (único comunicador da família e,

portanto, incentivador, mesmo à distância, a seguir também o rumo da Comunicação),

Maria de Jesus, ou Dudui (madrinha de Batismo).

Agradeço ao meu avô paterno, Izauro, hoje em memória, pela preocupação com

meu bem estar e futuro, mesmo à distância e sem externar, muitas vezes.

Agradeço a todos os primos pelo companheirismo, cabe citar alguns, Larissa e

Diego, Arinaldo Segundo, Mayara e Daniel, Kamylla e Alexandre.

Agradeço, é claro, aos demais parentes pelos demais incentivos.

Agradeço aos verdadeiros amigos, Luiz Felipe, Lucas, Talita, Telles, Thiago

pela amizade de longos anos.

Agradeço aos companheiros de Graduação João Lucas (mesmo que por pouco

tempo, sempre me incentivou rumo ao sucesso profissional), Luana (amiga que

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pretendo cultivar além da Universidade), e também Izabelle, Nayanne, Dayane e

Othacya.

Um agradecimento especial para Dayana e Juliana, do então Programa Universo

Acadêmico, que acreditaram e me deram a oportunidade de entrar no mercado de

trabalho do Jornalismo.

Também à equipe da TV Master, meus primeiros contatos da área da

comunicação, pelo companheirismo, diversão e aprendizado.

A todos do Sistema Correio de Comunicação, desde a Diretoria aos serventes,

passando pela Redação do Jornal Correio da Paraíba, e Departamentos Comercial e de

Marketing, que me receberam de braços abertos e até hoje me ensinam – muito – como

é o real trabalho numa grande empresa de comunicação.

Agradeço a todos os meus professores por todo o conhecimento e sabedoria

transmitido, desde Tia Valda – a primeira – ao orientador desta monografia, Wilfredo e

aos componentes da banca examinadora, Carlos e Thiago.

A todos aqueles que contribuíram para que eu chegasse até aqui.

E a Deus, sempre. Por ter me permitido chegar até esta fase da vida, sempre

vencendo, e concluí-la.

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“O jornalismo do Amaury vai do útil ao fútil. Mas nunca esbarra no inútil.”

Washington Olivetto

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COELHO, Marianna Vieira de Melo. Programa Amaury Jr: o colunismo social na

televisão – quem é colunável? João Pessoa, 84 Fls. Monografia (Graduação em

Comunicação Social, Habilitação em Jornalismo) – Universidade Federal da Paraíba,

2012.

RESUMO

Este trabalho monográfico partiu de uma pergunta-guia: quem é colunável no Programa

Amaury Jr? Para desenvolver o assunto e esclarecer a curiosidade primeira foram

utilizados conceitos como o de olimpianos, sem abrir mão das teorias do jornalismo, dos

valores-notícia e da análise de discurso para compor a metodologia do estudo. Com

base nas obras de diversos autores, declarações do próprio colunista Amaury Júnior e de

entrevistas com colunistas locais, foi possível entender o que é noticiável e o que não é

numa coluna social. Também é possível entender a história da coluna no jornalismo em

geral, no telejornalismo e, em especial, a própria trajetória do jornalista Amaury Júnior

e sua maneira de fazer colunismo social. Descobrimos, por fim, a construção de

sociedade feita pelo apresentador em seu programa. Parte trata-se de uma sociedade

colunável, a alta sociedade, que faz parte das notas veiculadas. A outra parte compõe

uma parcela da sociedade que se espelha nos colunáveis, como se eles fossem

olimpianos, que inspiram a construção do self.

Palavras-chave: Amaury Jr. Coluna social.

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COELHO, Marianna Vieira de Melo. Amaury Jr Program: the social colunismo on

TV – Socialite who is? João Pessoa, 84 sheets. Monograph (Graduation in Media,

Habilitation in Journalism) – Universidade Federal da Paraíba, 2012.

ABSTRACT

This monograph began with a guiding question: who is the Socialite Program Amaury

Jr? To clarify the issue and develop a curiosity first were used concepts such as

Olympians, without giving up the theories of journalism, the news values and discourse

analysis to compose the methodology of the study. Based on the works of several

authors,'s own statements columnist Amaury Junior and interviews with local

columnists, it was possible to understand what is newsworthy and what is not a gossip

column. It is also possible to understand the history of the column in journalism in

general, and in television journalism, in particular, the trajectory of the journalist

Amaury Junior and his way of doing social columns. We discover, finally, building

society made by the presenter on his show. Part of this is a society Socialite, high

society, which is part of the notes conveyed. The other part makes up a portion of

society that is reflected in colunáveis, as if they were Olympians, who inspired the

construction of the self.

Key-words: Amaury Jr. Social column.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Site do colunista social Ewerton Vieira 25

Figura 2 – Blog do colunista social Paulo Germano Coutinho 26

Figura 3 – Marianna Vieira e Amaury Júnior 36

Figura 4 – Marianna Vieira e Laura Wie 43

Figura 5 – CD As músicas do Programa Amaury Jr 53

Figura 6 – CD Programa Amaury Jr - Volume Dois 54

Figura 7 – CD Programa Amaury Jr - Volume Três 55

Figura 8 – CD Programa Amaury Jr - Volume Quarto 56

Figura 9 – Site do Programa Amaury Jr 57

Figura 10 – Amaury Júnior e Amaury Dumbo 58

Figura 11 – O colunista social Jorge Horácio, personagem inspirado em Amaury

Júnior no seu programa

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 11

2 COLUNA................................................................................................................ 12

3 COLUNA SOCIAL................................................................................................ 16

3.1 AS FONTES......................................................................................................... 19

3.2 OLIMPIANOS...................................................................................................... 27

3.3 MODA.................................................................................................................. 30

3.4 INTIMIDADE....................................................................................................... 31

4 COLUNISMO SOCIAL NATELEVISÃO.......................................................... 33

5 PROGRAMA AMAURY JR.................................................................................... 36

5.1 COMERCIALIZAÇÃO........................................................................................ 45

5.2 CLUB A................................................................................................................ 47

5.3 TV INTERNACIONAL........................................................................................ 48

5.4 PROJETO EDITORIAL....................................................................................... 49

5.5 PROJETO DISCOGRÁFICO............................................................................... 52

5.6 INTERATIVIDADE............................................................................................. 56

5.7 AUTO-REFERENCIALIDADE........................................................................... 57

6 ANÁLISE DAS EDIÇÕES DO PROGRAMA AMAURY JR.............................. 60

6.1 PROGRAMA AMAURY JR DE 02/11/2011.......................................................... 68

6.2 PROGRAMA AMAURY JR DE 29/12/2011.......................................................... 72

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 76

8 REFERÊNCIAS.....................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Aqueles que acompanham as colunas sociais, seja nos jornais impressos, nas revistas,

em sites ou na televisão, percebem uma vida glamorosa e sempre festiva de todos os que lá

aparecem. No entanto, também é claramente notável que não é qualquer pessoa ou

acontecimento que pode ser noticiado numa coluna de sociedade.

Referenciando-nos na obra de Edgar Morin (2009, p. 106), podemos entender que a

mídia faz com que artistas, atletas, modelos, governantes e outras personalidades que tenham

poder e influência sobre a sociedade sejam consideradas grandes estrelas, ressaltando seu

talento, qualidades e suas obras. Eles são os “novos olimpianos”, segundo o autor.

Ao noticiar a vida desses olimpianos, a coluna social tenta descobrir também suas

intimidades e apresentá-las ao público.

Na televisão brasileira, um dos principais programas de colunismo social, atualmente

em exibição, é o Programa Amaury Jr. Ele vai ao ar de terça a sexta-feira, à meia-noite, no

canal aberto RedeTV!. Os telespectadores do jornalista e colunista Amaury Júnior têm à sua

disposição, nas madrugadas da semana, detalhes de grandes eventos e festas, além de

entrevistas com pessoas do meio artístico e empresarial, cujas intimidades aquecem a

curiosidade do público.

Consegue-se descobrir com esta pesquisa o que e quem é colunável, e também o que é

ignorado, na produção da coluna social de Amaury Júnior. O programa analisado é voltado

para a alta sociedade e mostra aos telespectadores lugares e eventos no Brasil e no mundo

onde transitam personalidades das áreas artística, empresarial e política.

Para investigar e responder à questão proposta no título desta pesquisa foram

analisadas duas edições do Programa Amaury Jr, dos meses de novembro e dezembro de

2011, sendo uma edição de cada mês. As noções que norteiam a análise da pesquisa são o

conceito de olimpianos, de Morin (2009), de valor-notícia e da análise de discursos aplicada

às edições do Programa Amaury Jr, selecionadas – aleatoriamente –, para o trabalho

monográfico. Também foram feitas entrevistas com colunistas sociais paraibanos, a fim de

descobrir mais sobre a profissão, seu público e suas pautas.

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2 COLUNA

Os gêneros jornalísticos, segundo José Marques de Melo (1994, p. 28), são o

informativo – que subdivide-se em entrevista, notícia, perfil e reportagem – e o opinativo –

que subdivide-se em artigo, coluna, crônica e ensaio.

Melo (1994, p. 28) explica que no gênero informativo “a instituição jornalística

assume o papel de observadora atenta da realidade, cabendo ao jornalista proceder como

‘vigia’, registrando os fatos, os acontecimentos e informando-os à sociedade.” Já no gênero

opinativo, esse jornalista, além de informar a sociedade, “reage diante das notícias,

difundindo opiniões, seja as opiniões próprias, seja as que lê, ouve ou vê.” (MELO, 1994, p.

28)

Sobre a manifestação da opinião no jornalismo contemporâneo, Melo (1994, p. 92)

escreve que “não é um fenômeno monolítico”. Ou seja, mesmo que a empresa tenha uma

orientação ideológica ou política definida, em torno da qual pretende que o seu produto

jornalístico seja estruturado, existe, em meio à equipe, uma opinião contrária, ou uma

atribuição de valor diferente aos acontecimentos. “O monolitismo opinativo caracterizou a

vida dos primeiros jornais e revistas, que eram obra de uma só pessoa” (MELO, 1994, p. 92)

As condições atuais de produção jornalística fazem necessário o trabalho de equipes

numerosas. Isso impossibilita a empresa de deter o controle total do que se vai publicar.

Desde o momento em que a imprensa deixou de ser empreendimento individual e se tornou instituição, assumindo o caráter de organização complexa, que conta com

equipes de assalariados e colaboradores, a expressão de opinião fragmentou-se

seguindo tendências diversas e até mesmo conflitantes. (MELO, 1994, p. 93)

Os gêneros jornalísticos informativo e opinativo possuem, ainda, subdivisões. Melo

(1994, p. 94) detalha e acrescenta novas classificações à subdivisão do gênero opinativo

explicando que

a opinião da empresa, ademais de se manifestar no conjunto da orientação editorial

(seleção, destaque, titulação), aparece oficialmente no editorial. A opinião do

jornalista, entendido como profissional regularmente assalariado e pertencente aos quadros da empresa, apresenta-se sob a forma de comentário, resenha, coluna,

crônica, caricatura, e eventualmente artigo. A opinião do colaborador, geralmente

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personalidades representativas da sociedade civil que buscam os espaços

jornalísticos para participar da vida política e cultural, expressa-se sob a forma de

artigos. A opinião do leitor encontra a expressão permanente através da carta.

(MELO, 1994, p. 94)

Das subdivisões do gênero jornalístico opinativo, a coluna, de acordo com Melo

(2002), corresponde a um tipo de jornalismo pessoal, fortemente vinculado à personalidade do

jornalista responsável por ela. Entretanto, o autor explica que a caracterização do colunismo

brasileiro possibilita entendimentos ambíguos. Isso porque há uma tendência em denominar

“coluna” toda seção fixa dos jornais impressos. Dessa forma a coluna abrangeria o

comentário, a crônica e a resenha. Rabaça e Barbosa (2002) apud Melo (2002, p. 129) define

coluna como “a seção especializada de um jornal ou revista, publicada com regularidade,

geralmente assinada, e redigida em estilo mais livre e pessoal do que em noticiário comum”.

Trata-se de um local onde são encontradas as notas – unidades curtas de informação e

opinião, caracterizadas por sua agilidade.

É relevante dizer que esse subgênero jornalístico cumpre, nos dias de hoje, uma

função do antigo jornalismo impresso, na época anterior ao surgimento do rádio e da

televisão, que é o furo. Assim sendo, a coluna traz à tona fatos, julgamentos e ideias inéditos,

antecipando-se em relação às outras seções do jornal impresso.

A coluna tem como espaço privilegiado os bastidores da notícia, descobrindo fatos

que ainda vão acontecer e pinçando opiniões que ainda não se expressaram, ou

exercendo um trabalho sutil de orientação da opinião pública. (MELO, 2002, p. 129)

A designação do subgênero coluna vem da divisão da página do jornal impresso em

blocos de textos de determinada largura, que norteia sua diagramação. Elas estão localizadas

sempre na mesma página do jornal, com título e cabeçalho constantes. Isso facilita sua

localização pelos leitores.

Há colunas dos mais variados tipos e finalidades, de acordo com a pretensão de seus

colunistas ou das respectivas editorias. Atualmente, com a possibilidade de novos moldes de

diagramação dos jornais impressos, as colunas têm como se alargar pelo espaço lateral da

página, se esse for o caso. Por isso é tão comum também o uso do termo “seção” para

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denominar coluna. Mas o termo “coluna” ainda é, sem dúvidas, o mais usado, mesmo que

ocupe mais de uma coluna gráfica do jornal, ou até mesmo uma página inteira.

Originalmente a extensão das colunas não ultrapassava mil palavras, coincidindo com

a medida do jornal standard, tipo mais usado pelos grandes jornais. Depois começou a variar,

“reduzindo-se para 800 ou até para 500 palavras”, segundo Melo (2002, p. 129), ou mesmo

aumentando, a depender do tamanho da coluna.

Melo (2002, pgs. 129-130) divide as colunas em quatro tipos, de acordo com o

jornalismo norte-americano, que tanto orientou o brasileiro. São eles: a coluna padrão, que é

dedicada aos assuntos editoriais de menor importância, cada um deles tratados num espaço de

pouco mais de um parágrafo, sugerindo tendências ou propondo padrões de julgamento, já

que o tratamento é apenas superficial; a coluna miscelânea, que combina prosa e verso e, por

essa mistura de tipos, foge ao padrão tipográfico convencional, incluindo grande variedade de

temas com certa dose de humor e sarcasmo; a coluna de mexericos, centralizada em pessoas,

principalmente nas famosas e nas figuras da alta sociedade ou que se destacam na

comunidade. A coluna de mexericos divulga confidências, indiscrições e faz elogios; a coluna

sobre os bastidores da política situa o leitor no mundo do poder, mostrando-o em detalhes.

Além desses tipos, o autor faz referências a outros, como a coluna editorial assinada, a coluna

de verso, a coluna dos leitores e as de esporte, cinema e teatro.

Se enxergarmos a coluna sob o ponto de vista estrutural, percebemos que ela se trata

de um entrecruzamento de pequenas informações, com pequenas unidades informativas e

opinativas articuladas. Nela os fatos são relatados com brevidade e os comentários feitos pelo

colunista são rápidos.

Melo (1994, p. 26) reafirma que historicamente predominam as duas categorias no

jornalismo – o informativo e o opinativo –, mas acrescenta que, contemporaneamente, essas

duas dividem espaço com novas categorias,

que correspondem às mutações experimentadas pelos processos jornalísticos. Pelo

menos essa é a tendência corrente nos países capitalistas, onde o jornalismo torna-se

cada dia mais um negócio poderoso e suas formas de expressão buscam adequar-se aos desejos dos consumidores ou equiparar-se aos padrões das mensagens não-

jornalísticas que fluem através dos mass media. (MELO, 1994, p. 26)

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A coluna aparentemente tem caráter informativo, registrando o que está acontecendo

na sociedade, indica Melo (2002, p. 129), que completa:

explica Fraser Bond que a coluna surgiu na imprensa norte-americana, em meados

do século XIX, quando os jornais deixaram de ser doutrinários e adquiriram feição

informativa. O público começou a desejar matérias que escapassem do anonimato

redatorial e tivessem personalidade. Isso deu lugar ao aparecimento de seções sob a

responsabilidade de jornalistas conhecidos, superando a frieza e a impessoalidade do

corpo do jornal, e originando espaços dotados de valor informativo e de vigor

pessoal. (MELO, 2002, p. 129)

Na prática, a coluna é uma seção que emite juízos de valor. O próprio ato de selecionar

os fatos e as personagens a merecerem registro já revela o caráter opinativo desse subgênero

jornalístico. E não há limite em emitir opiniões. A coluna também é persuasiva e conduz a

opinião pública.

Por essa característica de formar opiniões, nota-se que há uma íntima ligação entre os

profissionais colunistas e os serviços de relações públicas e assessorias de imprensa. Explico:

como os profissionais de relações públicas e os assessores almejam sempre projetar a imagem

dos seus clientes, sejam artistas, empresas, marcas, políticos ou produtos, procuram usar as

colunas para isso. Ou seja, quanto mais vezes o nome do cliente for registrado nas colunas,

mais legitimação social ele passa a adquirir.

Sendo assim, percebemos que a imprensa confere status. Aparecer significa ganhar

projeção e essa utilização das colunas pelas relações públicas se formaliza numa espécie de

pacto não explícito entre o colunista e suas fontes de informação.

Além disso, o colunismo, já sabemos, lança ideias, sugere fatos e situações, com a

finalidade de avaliar as repercussões. Traduzindo para a linguagem jornalística, o colunismo

“planta notícias”. A partir da reação do público, estimulada por essas informações das

colunas, podem acontecer tomadas de decisões empresariais ou políticas.

Os tipos mais comuns de colunas na imprensa brasileira são a coluna de cultura, a

econômica, a esportiva, a policial, a política e a social.

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3 COLUNA SOCIAL

Não há como trabalhar o colunismo social sem pensar na imprensa, de uma maneira

geral. Jornais, revistas e televisão, exemplos de veículos que possuem colunas sociais, são

diretamente responsáveis por transmitir informações sobre a sociedade e para ela. Entretanto,

essa sociedade retratada pelas colunas sociais na mídia representa a alta camada, a mais

cobiçada.

Falando nas funções sociais dos veículos de comunicação, a imprensa – e

particularmente o colunismo social – possui um papel especial, que extrapola a sua função

primária de informar e opinar e assim, suscitar a opinião do público: o de atribuir status.

Tendo a capacidade de criar, distorcer, legitimar, ou até mesmo de destruir causas públicas,

conceitos morais, movimentos sociais, pessoas e organizações, a imprensa controla a opinião

pública conforme a sua ideologia. Podemos perceber, através da análise das colunas sociais,

que elas objetivam principalmente realizar a atribuição do status, aguçar o imaginário social

conferindo poderes simbólicos, mostrando estilos de vida e a representação de papéis.

De acordo com Mariana Teixeira Avvad (2005, p. 1), após a Segunda Guerra Mundial

houve o advento da chamada indústria cultural, cujo foco principal era a produção

cinematográfica de Hollywood, distrito de Los Angeles, Estados Unidos da América.

Hollywood é o local onde ficam, desde essa época até os dias atuais, os principais estúdios de

produção de cinema. “O otimismo e a alegria dos anos do pós-guerra encontraram no cinema

seu mais perfeito arquétipo e na imprensa glamorosa – nascia o colunismo social – sua mais

identificável contra-partida” (AVVAD, 2005, p. 1).

No Brasil, revistas como O Cruzeiro e Manchete foram precursoras do colunismo

social, quando começaram a disponibilizar cada vez mais espaços para os bastidores da vida

dos poderosos da época. Posteriormente, a revista Caras, publicada até os dias de hoje, leva

ao ápice esse tipo de colunismo, objetivando mostrar o retrato de uma realidade distante para

muitos que formam o seu público. As classes média e baixa sujeitaram-se aos detalhes da

classe alta no desejo de também reproduzir aquele modo de vida. O público cultivou, dessa

forma, a ilusão de pertencer a ela. E foi assim, ainda segundo Avvad (2005, p. 2), “que os

menos favorecidos passaram a ter a oportunidade de visitar os luxuosos ambientes que só

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conheciam da máquina hollywoodiana”. O colunismo social nasceu, então, consagrando o

sonho da ascensão social, o encontro do público com a beleza, o charme, o poder e a fama.

No final da década de 1990, a cobertura jornalística sobre pessoas famosas cresceu

consideravelmente no Brasil, tanto no meio impresso – mais tradicional nesse subgênero –,

quanto nos audiovisuais, como a televisão. E não demorou muito para a exposição da vida dos

famosos estar também na Internet. As revistas e jornais ganharam versões eletrônicas e os

próprios colunistas sociais já têm seus sites, onde expõem a intimidade dos colunáveis.

A evolução dos meios de comunicação não conduziu, de acordo com Fábia Angélica

Dejavite (2002, p. 4), ao desaparecimento do boato. Pelo contrário, o principal espaço para a

divulgação de boatos e rumores na imprensa continuou sendo as colunas sociais.

Atualmente, o colunismo social está presente em basicamente todos os meios de

comunicação no Brasil. Esse subgênero jornalístico se tornou, com o tempo, uma das sessões

mais procuradas nos meios de comunicação por todas as classes da sociedade. Não há jornal,

revista, programação de rádio ou televisão que não tenha seus profissionais especialistas em

falar da vida dos personagens de mais destaque na sociedade ou, ao menos, comentar grandes

festas e eventos.

Ibrahim Sued foi um colunista social – profissional responsável pelo desenvolvimento

desse tipo de coluna – brasileiro de grande importância na história. No jornal O Globo, ele

alimentou os sonhos das classes menos favorecidas. Depois vieram outros grandes nomes que

marcaram a transição do colunismo social para uma fase de maior amadurecimento. O

sucesso desses colunistas abriu as portas para uma atuação mais desenvolta, além das simples

fofocas de sociedade. Avvad (2005, p. 2) fala que aí, então,

o poder, gradativamente foi surgindo nas pautas das colunas sociais: economia e

política passaram a ser atores de primeira grandeza no cenário em que esses

bastidores projetavam uma classe média sonhadora, que ansiava por participar

daquele mundo. (AVVAD, 2005, p. 2)

Zózimo Barroso do Amaral foi também um nome de destaque no colunismo social

brasileiro. Foi ele quem mudou sutilmente o perfil das colunas sociais produzidas até então,

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agregando um pouco mais de jornalismo a uma atividade que se não proporcionava

prestígio nas redações, engordava contas bancárias com uma velocidade

surpreendente. Aos poucos, os colunistas tornaram-se verdadeiros lobistas,

traficando as informações obtidas com cada vez mais apetite. (AVVAD, 2005, p. 2)

Os colunistas sociais estão sempre atentos com o que acontece na vida das

personalidades que lhes interessam. Eles não medem esforços para divulgar as novidades

sobre essas personalidades nos seus espaços jornalísticos, por isso, muitas vezes são queridos

ou não pelo público. O bom relacionamento com a sociedade e a credibilidade, que são

fundamentais para um colunista social, muitas vezes dependem das notas que ele publica.

Atualmente, como sabemos, os meios de comunicação são grandes propagadores dos

boatos, dando-lhes créditos e permitindo que eles ganhem “status de informação, tornando-se

sinônimo de verdade, pautando as conversas, ou mesmo a imagem/reputação, que um

grupo/pessoa/instituição pode fazer do outro” (DEJAVITE, 2002, p. 5). Manuel Carlos

Chaparro (1994) apud Dejavite (2002, p. 5) admite que o boato

motiva as pautas, esconde e expõe fatos, amplia ou reduz a dimensão dos acontecimentos, altera-lhes o significado, atrai ou repele a curiosidade dos

repórteres, motiva ou inibe perguntas, direciona reportagens, gera ou elimina

manchetes, produz desmentidos ou confirmações.” (DEJAVITE, 2002, p. 5)

O colunista Amaury de Assis Ferreira Júnior (2005, p. 11), escreve que

fazer fofoca, intriga, fuxico, bisbilhotar, mexericar, que no fim, é tudo uma coisa só,

vem de tempos imemoriais. Hoje virou indústria, na tevê, na Internet, nas revistas,

no rádio e nos jornais, tamanho é o interesse das pessoas na vida dos outros. Os

famosos são o alvo predileto, afinal viraram celebridades por serem protagonistas,

subiram ao palco e se sujeitaram às avaliações. Ignácio de Loyola Brandão definiu bem o interesse cada vez mais crescente sobre as celebridades numa entrevista que

me concedeu: o público precisa das imagens dos vencedores, para sonhar. As

histórias dos perdedores servem para sofrer e se consolar. A fofoca, mesmo naquele

formato de mexerico no circuito inofensivo das vizinhas dependuradas nas janelas,

falando umas das outras, virou objeto de estudo e se revelou coisa séria. Uma

pesquisa do psicólogo Frank MacAndrew, da Universidade de Knox, nos Estados

Unidos, mostrou que ao saber da vida dos outros o homem consegue munição para

defender seus interesses. Conhecendo o comportamento de amigos e rivais, tem

mais subsídios para enriquecer sua vida e sair-se melhor na competição. A fofoca

funciona também como um mecanismo de controle social. É por medo de cair na

boca do povo que as pessoas acabam obedecendo as regras. (JÚNIOR, 2005, p. 11)

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3.1 AS FONTES

O boato circula em todas as áreas de interesse jornalístico, em especial na política, nos

negócios e no mundo das estrelas, noticiado pelas colunas sociais. Então, para realizar um

trabalho tão abrangente de captar a dinâmica da vida social e cultural da classe dominante da

sociedade, os colunistas necessitam contar com uma ampla rede de relacionamento. São as

suas fontes que os informam com agilidade o que aconteceu, ou um boato possível de se

concretizar.

Na cultura jornalística, a relação entre fonte e jornalista é sagrada [...] Para os jornalistas, qualquer pessoa pode ser uma fonte de informação. Uma fonte é uma

pessoa que o jornalista observa ou entrevista e que fornece informações. Pode ser

potencialmente qualquer pessoa envolvida, conhecedora ou testemunha de

determinado acontecimento ou assunto. Um dos aspectos fundamentais do trabalho

jornalístico é cultivar as fontes. O desenvolvimento da relação com a fonte é um

processo habilmente orientado com paciência, compreensão e capacidade de

conversação sobre interesses comuns, até formar um clima de confiança. (Nelson

TRAQUINA, 2004, pgs. 190 e 191)

Alguns colunistas, a exemplo de Amaury Júnior, contam até mesmo com o apoio de

equipes de repórteres e outros profissionais que o ajudam a cobrir os acontecimentos mais

recentes e saber exatamente o que divulgar. Em relação às fontes, ele alerta que não vale

veicular

informações que o entrevistado lhe deu em off, nas conversas fora do microfone. Nunca desrespeite um pedido de sigilo, pois você estará pondo em risco, talvez para

sempre, uma fonte preciosa. Agora, estando com ela diante das câmeras em on, aí

sim, saiba explorar ao máximo a situação perguntando e perguntando, sempre

apoiado (o quanto possível) em informações precisas que lhe deem todas as

aberturas possíveis. (JÚNIOR, 2005, p. 18)

Os colunistas da grande imprensa exibem um grau elevado de autonomia para

vasculhar a vida alheia e depois contar para todos na sua coluna. Eles também são capazes de

obter dados de relevância sobre a economia e a política do país. Nessa lógica, de acordo com

José Henrique Rollo Gonçalvez (1999, p. 9), “quanto melhor o colunista desempenhar esse

papel de alcoviteiro das grandes questões, maior sua autoridade”.

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Eles registram abundantemente fatos civis e religiosos (nascimentos, batizados, casamentos e, às vezes, falecimentos) que, dada a sua seletividade, podem fornecer

algumas pistas interessantes para a compreensão das alianças políticas e sociais

articuladas numa determinada cidade e/ou região. A ambientação espetacularizante

desses eventos – acompanhada de fotografias a granel – permite que se tenha uma

certa visibilidade ampliada de alguns meiose seus frequentadores mais ou menos

assíduos. Nas colunas sociais podemos observar a olho nu os sobrenomes que se

acomodam, as famílias que expandem seus domínios, as transferências patriarcais de

poder e prestígio. Sem elas, isso nos custaria semanas de trabalho em arquivos

cartoriais. Elas permitem a simulação de gradientes de status (e reputação

específica). O sobe e desce das pessoas, a aparição de alguns indivíduos em certos lugares, mas não em outros, a durabilidade e a periodicidade de sua exposição

colunável, são fatores seriais sujeitos ao manejo estatístico que visa, dentre outras

coisas, a determinação de regularidades. (GONÇALVEZ, 1999, p. 21)

Como Gonçalvez (1999, p. 21) mostrou, um aspecto saliente nas colunas sociais é a

supervalorização dos sobrenomes dos envolvidos nas notas. Além disso, outro fato

interessante de ser analisado é a exaltação do triunfo profissional e do sucesso dos

personagens envolvidos. Seja “a filha do promotor de justiça”, ou “o respeitado médico”, por

exemplo, essas exaltações estão presentes na maioria das publicações e funcionam para

enaltecer a aparência, na intenção de superdimensionar o status social dos personagens.

Os colunistas de sociedade têm um mundo festivo, de recepções, coquetéis, bailes e

diversos outros eventos para noticiar. As pessoas mais ricas, da chamada alta sociedade, são

elevadas à categoria de estrelas e as luxuosas festas são descritas em detalhes, desde o canapé

servido à decoração, passando pelo cerimonial, o local da festa e as pessoas que lá estiveram

presentes, assim como seus trajes, maquiagem, cabelos, acessórios, entre outros. É essencial

ressaltar que todos esses detalhes são descritos por meio de palavras como “elegância”,

“espetacular”, “impecável”, “perfeição”, “requinte”, “top”, “vip” e demais adjetivos, de

alguma forma, padronizados, que valorizam ao máximo o evento. Em momento algum se

fazem presentes termos que possam rebaixar o status do acontecimento. Se estiverem

descrevendo um matrimônio, por exemplo, os colunistas descrevem a imagem da noiva

informando a marca de seus sapatos, qual estilista assinou o vestido dela, quem foi o

cabeleireiro e o maquiador que cuidaram da beleza dela e assim por diante. O sistema

funciona com um equilíbrio de interesses: de um lado, a noiva ganha prestígio por ser

maquiada por tal profissional renomado, ou por usar o sapato de determinada marca, e por

outro lado, esse profissional e essa marca fazem, na coluna, os seus merchandisings, como já

havíamos falado antes nesta monografia sobre as relações comerciais. É como se não fosse

suficiente caracterizar o seleto gosto material dos personagens, também há a exaltação dos

produtos, profissionais e marcas.

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As colunas sociais ainda julgam as vestimentas dos astros e estrelas – o que tornou

famosas as listas como a dos “dez mais chiques do ano”, por exemplo. Ao produzir sua

coluna, o profissional colunista ultrapassa a sua atuação como apenas jornalista. Deixa de ser

somente um observador da realidade para registrá-la e valorá-la, assumindo o papel de

promotor social.

Aqueles que conseguem obter prestígio com a sua coluna aproveitam o

relacionamento que obtém dos ambientes que frequentam e passam a promover também

concursos, festas e premiações, que, se por um lado movimentam o conteúdo jornalístico das

informações que divulga, por outro lado, passa a construir uma fonte adicional de

rendimentos.

Gonçalvez (1999, p. 8) diz que, “seja como for, [...] exibicionismo e bisbilhotice

implicam relações clientelísticas bem definidas.” Muitos desses profissionais obtém bons

patrocínios das empresas locais e até mesmo nacionais. Os anúncios dessas empresas são bons

indicadores das expectativas de público desse subgênero do jornalismo, mas não devem ser

vistos ingenuamente.

Com frequência, os valores cobrados pelos anúncios dependem

do freguês, do grau de intimidade mantida ou desejada, das vantagens que o

colunista espera obter abrindo espaço para tal ou qual personagem, dos lucros

diretos ou indiretos que podem ser auferidos e, decerto, de um cálculo de riscos.

(GONÇALVEZ, 1999, p. 9).

Retomando o que já havia falado na relação com os profissionais de relações públicas

e assessorias de imprensa, é também praticamente inevitável que os colunistas recebam

presentes. Esses agrados são comuns nesse tipo de relacionamento deles com os colunáveis.

O sistema de troca de favores no colunismo social costuma ser uma prática natural. A

pessoa interessada em aparecer na coluna oferece algum tipo de benefício ao colunista, seja

para ter prestígio, ou por interesse comercial. O colunista, por sua vez, faz a sua parte e

publica na coluna algo sobre aquela pessoa. E o leitor, que não sabe da troca de favores, acaba

lendo e absorvendo a ideia que “o empresário acabou de voltar de viagem do exterior trazendo

novidades para sua loja”, por exemplo, ou que “tal doutora está comemorando o seu

aniversário”. A classe média, em geral, e uma fatia da classe mais baixa da sociedade, adoram

saber quem faz o que, quem está namorando quem, quem se casou, ou que casal divorciou,

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como é a residência de determinado empresário, como andam as personalidades na vida real,

qual é a raça da cadela de certa senhora, quais são os novos milionários e falidos, qual é a

nova moda para os cabelos nos salões de beleza e que tipo de roteiro turístico nacional e

internacional é a nova atração para planejar suas próximas férias. Esses são apenas exemplos,

evidentemente.

A dupla de repórteres cariocas do Programa Amaury Jr, André Ramos e Bruno

Chateaubriand, quando eram apenas colunáveis, profissionalizou-se praticamente no ramo da

autopromoção e davam diversos presentes e viagens aos colunistas para se tornarem notícias.

Segundo Daniela Pinheiro (2001, p. 3), no ano 2000, os dois convidaram um grupo de

colunistas de diversas cidades do Brasil para o aniversário de Bruno Chateaubriand, no Rio de

Janeiro, “com direito a suíte no Copacabana Palace, almoços e jantares”. Em troca, eles

noticiaram, em detalhes, a festa.

Em Rio Verde, interior de Goiás, o colunista social Wellington Tibeira escreve na

Folha do Sudoeste e na revista Society e ainda tem um programa de TV, em que

anuncia as festas da semana num raio de 100 quilômetros. De origem modesta, ele

diz que venceu na vida como colunista porque sempre adorou “vida de rico”. “Eu

amo festa. Colunista não vive sem luxo”, declara, numa espécie de resumo da

filosofia de vida da categoria. (PINHEIRO, 2001, p. 4)

Osmário Gilfrancisco (2007) apud Priscila de Abreu Silva (2008, p. 32) ressalta a

responsabilidade dos colunistas, que informam “a população através do seu texto, da sua voz

e imagem”. Existem pessoas que veem as colunas como fonte de informação e de confiança.

“A sociedade, como um todo, confia nos jornalistas que coletaram as notícias e as fornecem,

resumidas, classificadas, comentadas, aos leitores que, de outra forma, não teriam como

chegar aos fatos.” (SILVA, P., 2008, p. 32)

Como a coluna é um subgênero do jornalismo opinativo,

os colunistas têm a autonomia de escrever como querem, de usar a linguagem que acham mais adequada [...] Perspicácia, faro e boas relações são características que o

acompanham. O colunista circula nos grandes centros de decisão, nos bastidores,

reuniões sociais. É uma espécie de especialista polivalente. (SILVA, P., 2008, p. 33)

A partir de dados da Associação Brasileira dos Colunistas Sociais (Abracos) existem,

atualmente, 1074 profissionais em atividade no país. Número que representa quase o dobro de

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dez anos atrás. Alguns se destacam, como Ibrahim Sued e Zózimo Barroso do Amaral, já

citados nesta monografia, além de Joyce Pascowitch e o próprio Amaury Júnior. Na Paraíba,

temos Abelardo Jurema, Fábio Bernardo Vírginio, Gerardo Rabello, Messina Palmeira, que é

associada à Abracos, Paulo Germano Coutinho, Ewerton Vieira, Astrid Bakke, entre outros.

De tão influentes, os colunistas ganharam um dia no calendário. Em 8 de dezembro é

comemorado o Dia do Colunista Social no Brasil. Mas, apesar de todas as compensações,

trabalho de colunista social tem algumas dificuldades.

Com o tempo, ampliou-se o leque de assuntos da sociedade possíveis de serem

colunáveis. Hoje em dia, as colunas sociais influenciam e têm como leitores até mesmo

aqueles que antes não se interessavam, ou até mesmo as considerava como conteúdo fútil.

Sendo assim, é possível dizer que os seus leitores constituem um público bem diversificado.

A coluna social, sabemos, costuma trazer notas sobre personalidades da sociedade.

Além dos jornais, também são bastante veiculadas na televisão, através de programas em que

os repórteres, ou até mesmo os apresentadores, costumam fazer coberturas das festas da alta

sociedade, entrevistando as personalidades presentes nos eventos. Não raro as colunas sociais

são criticadas por alimentarem boatos, rumores e fofocas. Mas elas cobrem assuntos

relacionados à saúde – geralmente numa perspectiva social e coletiva, podem citar tipos de

tratamentos, métodos de prevenção, hábitos alimentares e exercícios físicos –, moda –

detalham desfiles, tipos de tecidos, cortes e costuras usados, comentam vestuários, estética, e

design –, culinária e gastronomia – inaugurações de restaurantes, novos pratos, festivais,

cursos, indicações de nutricionistas e outros eventos relacionados. Às vezes, essa cobertura é

associada ao turismo, noticiando a visita de chefs estrangeiros e, entre outras possibilidades,

proporcionando a apresentação de cozinhas estrangeiras, como quando Amaury Júnior faz

viagens internacionais e mostra cozinhas de várias partes do mundo aos seus telespectadores.

Ou seja, enquanto se informa, o público das colunas sociais se diverte. Naquela seção onde,

antigamente, eram publicados principalmente mexericos sobre figuras da sociedade, hoje, os

colunistas atraem o interesse das pessoas tratando sobre diversos assuntos.

Outra característica importante do subgênero jornalístico que está sendo estudado é a

de que o colunista trabalha com notícias exclusivas e antecipadas. Ele quer ser sempre o

primeiro a dar a notícia, quer ter o furo jornalístico, como havia sido falado no capítulo

anterior. O segredo para o fascínio das colunas sociais está justamente no ineditismo, na

antecipação das notícias, na revelação de bastidores a que só pessoas privilegiadas têm acesso,

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na atualização das idas e vindas de seus personagens colunáveis, nas dicas, em primeira mão,

das últimas tendências de moda, beleza e comportamento.

Indicado como o responsável por dinamizar o colunismo social brasileiro, Ibrahim

Sued, já citado neste trabalho monográfico, atualizou e sofisticou esse tipo de cobertura. Ele

buscou a fórmula para essa atualização na imprensa americana. Influenciado por dois

colunistas de lá, Walter Wintchel e Elza Maxwell, Ibrahim Sued aprendeu que o campo do

colunismo não se restringe apenas ao das pessoas deslumbradas, envolvendo os principais

setores da atividade de um país. Esse modelo de colunismo aperfeiçoado por ele continua a

influenciar outros colunistas até hoje.

Para investigar os sentidos atribuídos às colunas sociais por parte dos profissionais,

foram feitas entrevistas, no mês de agosto de 2011, com os jornalistas e colunistas sociais

paraibanos, Ewerton Vieira e Paulo Germano Coutinho, que mantêm suas colunas sociais no

jornal impresso, revistas e também na Internet.

Ewerton Vieira iniciou seu trabalho de colunista social no jornal impresso. Ele

trabalhou nos jornais O Momento e Click PB e, atualmente, tem uma coluna mensal no jornal

O Vip, de Campina Grande, Paraíba, onde é responsável pela parte de colunismo social da

capital João Pessoa. Ele também trabalha na sessão de colunismo social da revista Fashion

News e, há quase quatro anos, mantém o seu site de colunismo social, o

www.ewertonvieira.com.br.

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Figura 1: Site do colunista social Ewerton Vieira

Fonte: http://www.ewertonvieira.com.br

Para conseguir tanto reconhecimento dos internautas, Ewerton Vieira acredita que

mostrar pessoas da faixa etária dele – entre 20 e 30 anos – na coluna social faz muito sucesso.

“Sei que irão conferir a nota que tenha determinada foto”, completa. Ewerton Vieira crê que

“a função do colunista social não é, somente, falar de festas e eventos em geral. Também

aborda outros assuntos, dependendo da demanda diária de informações que se queira passar”.

Para ter sucesso e construir uma imagem de credibilidade, o colunista diz que o

profissional que mostra a sociedade para a própria sociedade deve “ter humildade, caráter,

honestidade e comprometimento com o trabalho”.

Já para aparecer numa nota na coluna Paulo Germano, no Jornal Correio da Paraíba,

ou no blog www.paulogermano.com.br, do colunista social Paulo Germano Coutinho, a

novidade deve ser “atrativa e que venha de pessoas conhecidas na cidade (João Pessoa)”, ou

nacional e mundialmente. O colunista se considera um formador de opinião, uma pessoa que

repassa notícias para as outras e conta que todos podem ser colunáveis na sua página impressa

e também on-line. “O meu blog não tem discriminação com raças, crenças e poder

aquisitivo”, explica.

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Figura 2: Blog do colunista social Paulo Germano Coutinho

Fonte: http://www.paulogermano.com

Paulo Germano Coutinho orienta que um colunista social deve “estar atualizado, ser

ousado e irreverente, procurando sempre fazer a sua parte”.

Silva P. (2008, pgs. 54-56) transcreveu, em sua obra, uma entrevista com o colunista

Gustavo César, da Coluna Geração 21, na Revista Encontro, de Minas Gerais. A entrevista

foi concedida à autora em maio de 2008 e é interessante para este trabalho monográfico

apresentá-la como forma de obter outra opinião profissional sobre as colunas sociais, em

geral, mas dessa vez, em outro estado brasileiro, que não a Paraíba. Essa é uma maneira de

reafirmar as características gerais desse subgênero jornalístico e do colunista.

Gustavo quais são os critérios que um jornalista tem ao fechar a pauta da sua

coluna? Cada jornalista imprime o perfil de notícias que quer entregar ao leitor. Sempre selecionei as notas das minhas colunas de acordo com o momento. Comecei

a escrever aos 17 anos e, tanto a maneira de escrever como o que escrever evoluiu

com o tempo e a experiência. Em relação ao conteúdo, acredito que quanto mais

variada melhor. Segundo José Marques de Melo, em “A opinião no jornalismo

brasileiro”, a coluna é uma seção que emite juízos de valor, valores sutis ou não e

seleciona fatos e personagens que merecem registro. Dessa forma a opinião já parece

claramente. Você entende que a coluna emite juízo de valor? Sem dúvida. Para o

jornalista de redação já é difícil a imparcialidade total, imagine para os que tem o

privilégio de expor seus pensamentos. Não só entendo que as colunas emitem juízo

de valor como acredito que seja fundamental quem escreve ter opinião. Quais são os

“tipos” de pessoas que dão mais ibope nas colunas? “Tipos”, como as informações, quanto mais variadas melhor. O ibope vem com o que aquela pessoa tem a oferecer.

Existe escolha de estética para que esses “famosos” sejam escolhidos para sair nas

colunas? Ser hipócrita e dizer que a beleza não é legal é mentira. Da mesma forma

que seria deplorável uma pessoa deixar de ser reconhecida por questões estéticas.

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Como você acha que a sociedade “vê” as colunas sociais? A imagem das colunas

como um todo mudou muito nos últimos anos. A ideia da coluna exclusivamente

social, de contar detalhes de roupas ou ficar só na fofoca já é passado. Nos grandes

veículos de comunicação do Brasil, estes espaços se transformaram em mini jornais,

com notícias de gente, política, comportamento, lugares, enfim, variedades. Este é o

caminho. Não é segredo que trata-se de uma parte exclusiva, de personagens

privilegiados e assuntos que se adequam a estes leitores e personagens. Como você

faz para escolher um evento a ser divulgado? No caso de mais eventos importantes

no dia, qual é seu método de eliminação? Os eventos são escolhidos basicamente por

dois motivos: a importância real, quem vai, impacto que gera entre convidados... E,

naturalmente, a ligação que cada colunista tem com o evento ou as pessoas responsáveis por ele. (SILVA P., 2008, pgs. 54-56)

Toda coluna tem acesso aos bastidores da notícia, descobrindo informações novas,

selecionando informações que ainda não se expressaram, ou exercendo um trabalho de

orientação da opinião pública. Ela oferece modelos de comportamento, estimula o modismo, e

assim sendo, alimenta a ideia do consumo. A coluna social serve ainda para alimentar a

vaidade das pessoas importantes.

3.2 OLIMPIANOS

Como uma parcela pequena da sociedade aparece nessas colunas sociais, os colunáveis

são dignos de serem considerados como inspiração e espelho para aquela outra parcela da

sociedade que apenas acompanha as publicações. Acontece aí um processo de identificação.

Quando detalhes da vida dessas personalidades, tidas como elite mais alta da sociedade, e até

mesmo de seus familiares, são noticiados nas colunas, passam a ser copiados, imitados, viram

modismo.

Percebe-se, então, uma via de mão dupla de sentidos: a coluna social exalta pessoas e

acontecimentos e, ao mesmo tempo, revela intimidades que os fazem pertencer à vida real. O

colunista social coloca essas pessoas e fatos no topo dos possíveis patamares de classe que

existem na sociedade, e ao mesmo tempo conta, em suas notas, segredos desses colunáveis, o

que permite a identificação por parte das classes mais baixas, que passam a considerá-los

como modelos – de vida, de conduta, de estilo – a seguir. Tudo isso porque o colunismo

atende a uma necessidade de satisfação existente no seu público. Já que a maioria das pessoas

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está excluída do círculo reduzido dos colunáveis, é através das palavras dos colunistas que

elas têm a sensação de participar desse mundo.

Monique Costa Gardingo Lacerda (2009, p. 2) diz que “como toda cultura produz

algo, a cultura de massa produz seus heróis, decompondo o que é belo, sagrado e único, para

construir celebridades que se tornam galãs, ídolos e campeões formados pela mídia”. Essas

personalidades que são criadas e sustentadas pelo imaginário ditam normas de consumo e

servem de modelos para vida das pessoas comuns.

O colunismo social nutre-se, portanto, de um fenômeno social que Morin (2009, p.

106) chama de “novo olimpismo”. Ele comparou as personalidades que estão sempre presente

na imprensa a olimpianos. São os “olimpianos modernos”, de acordo com o autor, que ainda

acrescenta: “a imprensa de massa, ao mesmo tempo que investe os olimpianos de um papel

mitológico, mergulha em suas vidas a fim de extrair delas a substância humana que permite a

identificação”. Ana Lúcia Medeiros (2009, p. 3) considera que os olimpianos “realizam os

fantasmas não alcançáveis pelos mortais, mas chamam os mortais para realizar o imaginário”.

Criando um mundo de sonhos para o público, os olimpianos, ou seja, as celebridades, levam

uma vida dupla, que mistura o fictício e o real.

O famoso seria aquele que possui um equilíbrio em beleza, heroísmo, sucesso

financeiro e carisma. [...] Os não famosos são os homens comuns, aqueles de vida

simples, que constroem os fatos, mas que não ganham títulos. Com pouca aparição

nos meios de comunicação, o homem comum vive idolatrando celebridades, vivendo de imitações, sempre copiando modelos impostos pelos famosos. Criam para si uma

nova vida, a vida imaginária. (LACERDA, 2009, p. 3).

Fazendo uma ligação entre o pensamento de Morin (2009) e o colunismo social, pode-

se entender que essa mídia faz com que artistas e outras personalidades sejam consideradas

grandes estrelas, ressaltando seu talento, qualidades e suas obras, mas ao mesmo tempo tenta

descobrir suas intimidades e apresentá-la ao público.

O “novo olimpismo” de Morin (2009, p. 106) significa um universo de novos deuses

criado pela indústria cultural. Zygmunt Bauman (2007) apud Medeiros (2009, p. 3): “na

sociedade contemporânea, o termo celebridade está associado a ‘heróis modernos’” e

completa afirmando que

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são vários as leituras e olhares que apontam para um mesmo lugar: o personagem

construído pela mídia na sociedade contemporânea e que geram reflexões sobre as relações humanas e sociais. [...] Mito, herói, olimpiano, famoso, estrela, astro,

mártir. (MEDEIROS, 2009, p. 7)

O Programa Amaury Jr se volta para a alta sociedade e mostra aos telespectadores

lugares e eventos no Brasil e no mundo onde transitam personalidades das áreas empresarial,

política e artística, cujas intimidades aquecem a curiosidade do público.

Os olimpianos são atores, cantores, desportistas, escritores e governantes e seus modos

de agir são sugeridos a toda a sociedade. “A pessoa famosa – seja da política, da arte ou do

esporte – perde mesmo a maior parte de sua privacidade. Sua vida fica, em certo sentido,

sendo também dos outros” (JÚNIOR, 2005, p. 13).

Camille Silva Sales Pessôa (2009, pgs. 25-26) completa a definição dos olimpianos

acrescentando que eles

encontram-se um degrau acima dos meros mortais, pois são figuras notórias que, em

meio a uma multidão de anônimos, conseguiram alcançar uma posição de destaque,

exercendo fascínio indiscutível que arrasta uma legião de fãs aonde quer que

estejam. (PESSÔA, 2009, pgs. 25-26)

Depois de descobrir detalhes de sua vida particular, a sociedade vai poder se

identificar com certos aspectos e hábitos da vida desses olimpianos. É a questão da

identidade, projeção e participação do público não colunável. Morin (2009, p. 107) fala que

“os olimpianos, e sobretudo as estrelas [...] são os grandes modelos que trazem a cultura de

massa”. O comportamento e os gostos dos olimpianos, e até mesmo de seus familiares,

influem na vida das pessoas de modo que certa parcela da sociedade passa a tê-los como

espelho e inspiração. É criado um sentimento de auto-semelhança.

As celebridades são geradas pelos meios de comunicação de massa e entretenimento,

como as colunas sociais. Elas são, principalmente, figuras da mídia. Essas pessoas fascinam

porque encarnam os anseios, os desejos, as expectativas, os sonhos e ideais das pessoas

comuns. Ferres (1998) apud Dejavite (2002, p. 8) afirma que "se as pessoas aderem

apaixonadamente às estrelas é pelo que estas têm de espelho. São o espelho em que se reflete

o inconsciente coletivo”.

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Os múltiplos modelos de conduta que dizem respeito a gestos, atitudes, modo de

andar, beleza se integram num grande modelo global, o de um estilo de vida baseado

na sedução, no amor, no bem-estar. Nesse sentido, as estrelas, em suas vidas de

lazer, de jogo, de espetáculo, de amor, de luxo, e na sua busca incessante de

felicidade simbolizam os tipos ideais da cultura de massa. Heróis e heroínas da vida

privada, os astros e estrelas são a ala ativa da grande corte dos olimpianos, que

animam a imagem da verdadeira vida. (MORIN, 2009, p. 108)

Morin (1989) apud Lígia Campos de Cerqueira Lana (2008, p. 2) aponta um breve

panorama histórico do início do cinema, onde mostra que,

até os anos 1930, as estrelas eram inacessíveis. Depois de 1930, as estrelas

aproximam-se da vida ordinária: “a evolução que degrada a divinidade da estrela

estimula e multiplica os pontos de contato entre estrelas e mortais. Longe de

eliminar o culto, incentiva-o. Mais presente, mais familiar, a estrela está quase à

disposição de seus admiradores”. (LANA, 2008, p. 2)

3.3 MODA

Goffman (1985) apud Aline Monique da Silva, Thalita de Freitas Silva e André

Azevedo da Fonseca (2009, p. 4), em sua obra, demonstra que “os indivíduos em sociedade

estão sempre representando um papel social, tal como atores”. Ou seja, os indivíduos

representam, tornam-se verdadeiros personagens sociais.

A representação desses indivíduos se efetiva frente a uma sociedade observadora e,

para que essa representação ocorra, ainda segundo Silva; Silva; Fonseca (2009),

o personagem social utiliza-se de recursos (equipamentos) intencionais ou

inconscientes, tal como a “fachada”. Essa fachada se efetiva por meio de

determinados estilos de vestuário, roupas de grifes e uniformes, além de cenários

especiais. (SILVA; SILVA; FONSECA, 2009, p. 4)

Esse indivíduo deve aprender um número suficiente de formas de expressão para se

tornar capaz de representar seu papel. “Para isso, é preciso evitar contradições da fachada (um

militar não aparece em público despenteado, um rebelde anarquista não convence ninguém

usando terno de grife)” (SILVA; SILVA; FONSECA, 2009, p. 4).

Há quem se refira às colunas sociais como um lugar onde os elegantes e famosos se

encontram. Podemos concordar, mas sabendo que elas – as colunas sociais – despertam nas

mais diferentes camadas populares um interesse bastante significativo. Elas são espaços

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informativos da dinâmica e da história de um povo, naquele tempo. Entre os ricos, elas

representam um informativo sobre os acontecimentos de seu meio e entre as classes mais

baixas são uma forma de aproximá-las de um mundo idealizado por meio da fama, do

glamour e do poder que são retratados pelos colunistas. Silva; Silva; Fonseca (2009, p. 1)

falam que a “preponderância das camadas dominantes está claramente registrada nas colunas

sociais” e classificam o subgênero jornalístico como

o grande mural simbólico desenvolvido para confirmar a superioridade de

determinados eventos e comemorações e enaltecer as pessoas que precisam se

apresentar como as mais influentes e prestigiosas em uma determinada sociedade.

(SILVA; SILVA; FONSECA, 2009, pgs. 1-2)

As colunas sociais, aliadas a grande influência dos meios de comunicação, têm essa

característica, segundo Monique Lacerda (2001, p. 2), “oferecem aos consumidores um

mundo de sonhos”. O consumidor se sente bem ao ver na televisão, por exemplo, algo ou

alguém com quem se identifica e, em contrapartida, também observa àqueles que não lhe

simpatizam, para ele que seja e que aja de maneira diferente.

Em todo caso, seja ainda em vida ou mesmo na morte, o poder da celebridade se

sujeita ao reconhecimento popular. Assim, o público – no sentido de multidão –

participa integralmente na consagração de personalidades públicas, sejam estas

pertencentes à classe teatral, musical, política ou ao jet set. (PESSÔA, 2009, p. 27)

Com as colunas sociais, cada momento da vida dos indivíduos colunáveis, de acordo

com Felipe Pena (2002, p. 3), é “superdimensionado, [...] consumido como um filme”. No

pensamento dele, as celebridades

tornaram-se o polo de identificação do consumidor-ator-espectador do espetáculo

contemporâneo. São elas que catalizam a atenção e preenchem o imaginário

coletivo. [...] As celebridades são as estrelas do cotidiano, o eu espetacularizado.

(PENA, 2002, p. 6)

3.4 INTIMIDADE

O que provoca interesse do público pela a vida das celebridades, principalmente a

privada, é o ideal que elas representam para essas pessoas. O público acredita que a vida das

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celebridades contém todos os componentes necessários da felicidade: fama, dinheiro, beleza,

carisma, entre outros. Então, a forma que encontra para adentrar esse mundo idealizado é

procurar saber muito além da vida profissional dos astros e estrelas, buscando aquilo que não

pertence à esfera do público: a intimidade.

As colunas de sociedade que vemos na televisão e lemos nos jornais, nas revistas e na

Internet, apresentam uma imagem da intimidade dos olimpianos de Morin (2009), que é

cobiçada pelo público que deseja viver também aquilo que vê. Para isso, os modos de vida das

celebridades são reproduzidos. Essa necessidade do público anônimo de consumir a vida dos

famosos permite que eles, por sua vez, também sejam vigiados pela mídia.

Concluímos, então, sabendo que a estrutura simbólica das colunas sociais possuem

três funções principais: evidenciar personagens, os olimpianos de Morin (2009), promover,

por meio dessas personagens, todo um setor de consumo e disfarçar para o público as suas

frustrações cotidianas, permitindo-o se identificar e se projetar nessas personagens.

A identidade da coluna social pode ser definida como uma espécie de montagem de

pequenas notícias que interessam aos leitores que são notícia, os colunáveis, àqueles que

gostariam de ser notícia – a massa – e àqueles que se interessam por demais assuntos

divulgados nas colunas, sejam culturais, econômicos ou políticos.

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4 COLUNISMO SOCIAL NA TELEVISÃO

Há 22 anos, quando apresentei à TV Gazeta uma proposta de coluna social na tevê,

houve espanto e relutância. Mesmo o colunista de jornal era visto com

patrulhamento e preconceito: como levar aquilo para a telinha? Num país de muita

pobreza não era aceitável um espaço que consagrasse as pessoas por seu patrimônio

ou visibilidade: poucos se apercebiam que as colunas passavam por um momento de

transformação, reconhecendo mais o talento do que o dinheiro. (JÚNIOR, 2005, p.

262)

Na década de 90, houve uma explosão dos programas de televisão que exploravam a

vida íntima das pessoas. Segundo Lacerda (2009, p. 1), eram denominados como

“superpopulares”. Até hoje, tal tipo de programa televisivo tem espaço na mídia e garante

bom índice de audiência.

Os meios de comunicação, como produtos da indústria cultural, oferecem aos

consumidores um mundo de sonhos. O telespectador se sente bem ao ver na televisão algo

com o qual se identifica, vimos isso anteriormente com as colunas sociais e o público em

geral.

Como a televisão consegue fazer parte do cotidiano das pessoas facilmente, as

informações transmitidas nela chegam prontas ao público e, assim, os modelos são criados. A

partir disso, voltamos nosso pensamento para a proliferação de notícias sobre celebridades,

que são divulgadas também na televisão.

Recorrente nos dias atuais, o termo “celebridade” é usado em diferentes contextos e

situações. Os meios de comunicação consolidam o imaginário popular em torno dos mitos de

nossa cultura. As celebridades têm os nomes mencionados nas transmissões públicas de

televisão, além das páginas de jornais e revistas, e na Internet. Seus nomes tornam-se

familiares.

Considerado por Pessôa (2009, p. 9) um dos principais fenômenos da atualidade na

sociedade pós-moderna, o termo “celebridade”

parece tilintar nos nossos ouvidos, ou melhor, nos ouvidos da indústria do

entretenimento que vem faturando com a grande repercussão desses indivíduos

notáveis na mídia. Embora tal fascínio não seja algo recente, evidenciou-se na

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contemporaneidade graças à tecnologia dos meios de comunicação, como TV,

revistas, jornais e internet. (PESSÔA, 2009, p. 9)

O público, para esse fenômeno, é caracterizado pelos consumidores ávidos em

conhecer um pouco mais a vida da celebridade. “Essa articulação entre bastidores, plateia e

atores resulta no fenômeno contemporâneo de visibilidade das celebridades” (PESSÔA, 2009,

p. 9).

Na grade de programas televisivos brasileiros existem diversos que exibem

curiosidades e notícias de celebridades. Vanessa Costa Trindade (2008, p. 1) diz que “para

saber das últimas basta ligar a televisão. Em quase todos os dias, emissoras e horários são

exibidos programas de fofoca sobre celebridades”.

Esses programas a que Trindade (2008, p. 1) se refere são como o A Tarde é Sua, da

RedeTV!, apresentado pela jornalista Sônia Abrão, semanalmente, o Estrelas, apresentado por

Angélica, na TV Globo, o TV Fama, conduzido pelo jornalistas Nelson Rubens e Flávia

Noronha, também na RedeTV! e, na mesma emissora, o Programa Amaury Jr, apresentado

pelo jornalista Amaury Júnior.

Mesmo que tais programas não sejam líderes de audiência, eles atraem um público

significativo, o que é legitimado pela grande parcela de tempo reservada em todos eles para o

merchandising de produtos e serviços diversos.

Ao refletirmos a respeito desses programas televisivos, percebemos que a difusão

dessa fórmula se torna evidente. É como se tudo o que fosse relacionado às personalidades,

principalmente o que é íntimo, provocasse interesse no público e tivesse que ser dado a ver.

De acordo com Morin (2009, p. 106), as pessoas famosas que ocupam um lugar

central na programação midiática são os “novos olimpianos”. O termo faz referência aos

deuses do Olimpo da mitologia grega, onipresentes e admirados – comparáveis, de certa

forma, aos famosos, que figuram em todos os canais, em todos os tipos de programas.

Morin (2009), como já vimos, explica que a imprensa age de duas formas em relação

às celebridades. Os meios de comunicação as colocam num altar mitológico e também sai a

procura de detalhes de suas vidas privadas a fim de extrair delas a substância humana que

gera a identificação com seu público. “Jornais, revistas e televisão transformam os ‘famosos’

em vedetes da atualidade, e o que acontece na vida particular deles pode-se tornar uma

verdadeira história de longa metragem” (SILVA, P., 2008, p. 21).

Júnior (2005, p. 261) evidencia, por meio de sua história, essa significativa audiência

de programas voltados em expor e divulgar a sociedade e seus olimpianos.

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Consegui, a muito custo na TV Gazeta, cinco minutos diários, a título de

experiência. Com tão pouco tempo, nasceu o nome Flash. Um flash sobre os

eventos. Em vinte dias, graças à audiência, já tinha triplicado esse tempo. Com

pouco tempo, a ideia de Flash se consolidou e em um ano, puxado por Fausto Silva,

fui para a Record [...] Contratado depois pela Bandeirantes, outra vez Fausto Silva

operou para que ficássemos na mesma casa. Ivan Magalhães fez na Band o que eu

sempre sonhava: o Flash em rede nacional. A Bandeirantes é uma poderosa rede em

todo país, com importantes repetidoras e afiliadas, e isso foi definitivo [...] Na

Bandeirantes fiquei mais de 16 anos e foi aí que o programa encontrou seu formato

definitivo e alcançou um sólido prestígio. (JÚNIOR, 2005, p. 261)

Atualmente, o Programa Amaury Jr é veiculado pela emissora de televisão nacional

mais jovem do Brasil, a RedeTV!, onde, segundo o próprio apresentador

corre sangue quente atrás de fórmulas novas. É proibido proibir, ousando e

estimulando o que deu certo [...] O crescimento da Rede TV! é espantoso e isso é

bom para todos nós, jornalistas. Ocupo, semanalmente, seis horas e meia na grade e

tenho feito de tudo para que essa contribuição seja significativa na consolidação da

emissora. Para isso fui contratado. (JÚNIOR, 2005, p. 263)

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5 PROGRAMA AMAURY JR

Figura 3: Marianna Vieira e Amaury Júnior

Foto: Ewerton Vieira

Amaury de Assis Ferreira Júnior é o nome completo de Amaury Júnior. Filho de um

casal de professores, nasceu no município de Catanduva, interior do Estado de São Paulo, em

28 de setembro de 1950.

Foi aos 15 anos que começou no jornalismo, em uma tradicional escola de São José do

Rio Preto, cidade onde cresceu, o Instituto de Educação Monsenhor Gonçalves, onde fazia

jornal mural. "Ficava esperando de longe a reação das pessoas", disse ele a Álvaro Leme

(2007, p. 1).

Em entrevista a Chico Barbosa (2008, p. 14), o próprio Amaury Júnior respondeu que

a rigor, comecei a trabalhar com notícias no colégio [...] Era o responsável pelo

espaço de divulgação que cabia à minha classe. Recortava piadas, matérias que eu

achava engraçadas e colocava uma foto instigante. E esse mural era sempre o mais

lido. Acho que isso, saber que a minha seleção agradava, me fez despertar para a

comunicação. (BARBOSA, 2008, p. 14)

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Dois anos depois, ainda adolescente, Amaury Júnior teve a oportunidade de assumir

um espaço fixo no Diário da Tarde Riopretano.

Meu pai era professor de português, filósofo, e ele sempre me estimulava a ler

muito, e eu sempre fui bom de redação, o melhor do colégio. Tanto que, quando o

colégio foi convidado a ter uma coluna no jornal da cidade, eles me chamaram para

ser o redator. (BARBOSA, 2008, p. 14)

Essa coluna logo se transformou em coluna social. Foi aí, ainda adolescente, que

percebeu já estar definida a sua carreira de colunista social. Ainda a Barbosa (2008, p. 14),

Amaury Júnior explicou que escrevia “assuntos de interesse da cidade, da comunidade, que

acabou virando uma coluna social. Não sei como isso se deu. Foi meio intuitivo”. Sobre sua

inspiração, Barbosa (2008, p. 14) transcreve:

na época, o grande colunista de São Paulo era o José Tavares de Miranda. Eu

gostava muito do que ele fazia. Eu percebi o poder de fazer uma coluna social: era

mais conhecido, namorava mais mulheres – porque eu colocava a foto delas no

jornal. (BARBOSA, 2008, p. 14)

Depois, passou pela Rádio Independência e pelo Diário da Região, um dos maiores

jornais do interior do Brasil, e, aos poucos, foi se tornando colunista social reconhecido. Em

pouco tempo, a sua Coluna Amaury Júnior se transformou em leitura obrigatória.

O pai de Amaury Júnior, o professor Amaury de Assis Ferreira, estudava a Língua

Portuguesa. Em entrevista a Aline Nunes (2012, p. 2), ele relatou detalhes da educação dada

pelo pai.

Ele tinha como lema que desrespeitar a língua era desrespeitar Deus. Ele me

obrigava, assim como a meu irmão, a ler, no mínimo, dois livros por mês. E ele

escolhia os títulos. Tudo de Monteiro Lobato! [...] Claro que não era tarefa

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agradável para um adolescente que queria namorar, passear, farrear... Mal sabia eu o

bem que ele estava me fazendo. (NUNES, 2012, p. 2)

Mais tarde, por influência de seu pai, Amaury Júnior estudou Direito em São José do

Rio Preto. “O sonho do meu pai era que eu fosse advogado, ele achava que jornalismo não era

profissão, na minha época. Então, eu me formei em Direito também para satisfazê-lo, mas

mesmo assim acabei vivendo o jornalismo”, contou o colunista em uma entrevista no Portal

Terra, em 2007. “Eu fiz o curso de direito, mas, paralelamente, tocava o meu trabalho. O fato

era que eu já estava dentro do jornalismo, não queria saber de advogar” (BARBOSA, 2008, p.

14).

Amaury Júnior ainda produziu um cinejornal e integrou a equipe para “fundar a TV

Rio Preto, subsidiária da Globo” (BARBOSA, 2008, p. 14). Na TV Rio Preto, ele apresentou

vários programas. “Fiz de tudo um pouco, cinema, jornal, revistas locais, entre outras coisas”

(BARBOSA, 2008, p. 14)

De acordo com o próprio Amaury Júnior apud Barbosa (2008, p. 14), sua base

profissional era mesmo o jornalismo.

Sempre. Fiquei o tempo suficiente para a cidade se encher de mim e eu não ter mais para onde me expandir. Até montei um jornal lá, em sociedade com um empresário.

Chamava-se Dia e Noite e, embora não tenha dado dinheiro, fez muito sucesso. O

diretor de redação, levado por mim, era o José Hamilton Ribeiro, um dos maiores

jornalistas brasileiros, que inclusive ganhou um Prêmio Esso quando trabalhava no

Dia e Noite. (BARBOSA, 2008, p. 14)

“Nós avançamos muito na área editorial, mas, por inexperiência, deixamos de lado a

comercial. Acabei vendendo a minha parte e, a convite do próprio José Hamilton, que saiu

antes, me juntei a ele na TV Tupi” (BARBOSA, 2008, p. 14).

Casado com a matemática Celina Ferreira e pai de dois filhos, Amaury e Maria

Eduarda, aos 25 anos, segundo ele, mudou-se para a capital São Paulo e passou a trabalhar na

TV Tupi. “Trabalhei como repórter, era uma época interessante, pois a TV estava interessada

em transformar os repórteres em telejornalistas”, revelou ao Portal Terra (2007).

Amaury Júnior, enquanto repórter da TV Tupi, teve a ideia de levar para a televisão o

colunismo social.

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Estava inspirado com o trabalho do Zózimo e do Ibrahim Sued. Eles revolucionaram

o colunismo social, trazendo seriedade para um meio que era rejeitado pela maioria.

As colunas sociais nasceram e cresceram chatíssimas. Limitavam-se a aniversários,

batizados, festas de debutante e falar de quem viajasse para a Europa, o maior status

da época. O Zózimo mudou isso. (BARBOSA, 2008, pgs. 14-15)

Para ele,

naquela época, em colunismo, a gente tinha que descrever um evento com todas as palavras, porque era o que o leitor exigia. Se você ia a uma festa tinha que detalhar a

decoração, o bufê, o toalete das mulheres. Pensei comigo: se isso fosse para TV, iria

abreviar tanto, porque você não precisa descrever nada. As pessoas estão vendo a

decoração. Propus para um diretor de TV da Tupi e ele me perguntou: ‘Mas o que

você vai fazer na festa? É um programa que não fala nada?’ Eu expliquei que ia

interagir com as pessoas que estão lá, que fazem a cidade acontecer. Mas a conversa

nem evoluiu, porque a TV Tupi fechou. (BARBOSA, 2008, p. 15)

Além disso, foi editor da Revista Fiesta, colunista da Revista Status e do Diário

Popular.

Entre uma e outra coisa, apareceu a oportunidade no Diário Popular, por indicação

de Audálio Dantas, que já conhecia meu trabalho em São José do Rio Preto. Foi

quando eu comecei efetivamente em São Paulo, com uma coluna diária, me

lançando na noite de uma cidade que eu mal conhecia. (BARBOSA, 2008, p. 15)

Em Nunes (2012, p. 2), Amaury Júnior detalha como era o trabalho no Diário

Popular. “Trabalhei na TV Tupi e no Diário Popular na época do Gallery (famosa casa

noturna dos anos 80), um campo de recolhimento de notícias. Saía de lá com cinco colunas,

mas não era moleza. Tinha de ralar”.

Depois, Amaury Júnior fez um programa na TV Gazeta, emissora onde lançou o

programa Flash, que era uma cobertura com duração de cinco minutos de festas importantes

da cidade e se tornou um sucesso.

A Gazeta me convidou para fazer um programa de rádio às 6 horas da tarde. Eu

entrevistava e tocava música. O programa pegou. Propus então para a TV Gazeta

aquela ideia que havia apresentando à Tupi, de programa de coluna social eletrônico.

Insisti tanto, tanto, que a Gazeta acabou me dando 5 minutos na madrugada, para eu

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fazer uns instantâneos de festas. Daí o nome Flash. Deu certo e fiquei um ano.

(BARBOSA, 2008, p. 15)

Com seis meses, o Flash foi transferido para a TV Record e, um ano depois, para a TV

Bandeirantes, quando ganhou prestígio nacional. Amaury Júnior passou a visitar mais festas e

eventos no Brasil, de tal modo que se tornou figura obrigatória em todos os grandes

acontecimentos.

O Paulo Machado de Carvalho me chamou para a Record. Era tarde da noite, eu

podia adotar uma linguagem mais descontraída, não tinha tanto problema de errar e

corrigir. Fui embora... De lá migrei para a Bandeirantes, onde fiquei 17 anos.

(BARBOSA, 2008, p. 15)

Mais tarde, o colunista passou a viajar também para o exterior, principalmente fazendo

coberturas em Miami, Las Vegas, Nova Iorque, nos Estados Unidos da América e Punta Del

Este, no Uruguai. Fora do país ele também conseguiu entrevistar personalidades como Bo

Derek, Charles Aznavour, o milionário Donald Trump, Grace Jones, Julio Iglesias, Lisa

Minelli, Luciano Pavarotti, Paul Anka, a rainha Silvia da Suécia, Shirley MacLaine, Tony

Bennet e tantos outros. Segundo falou o colunista no bate papo do Portal Terra (2007), a

cantora Celine Dion exigiu que o checassem “por inteiro para saber se valia a pena dar

entrevista. Ela queria saber se seria importante a entrevista para o Brasil, se eu não era um

terrorista disfarçado. No entanto, fui a segunda pessoa a entrevistá-la na temporada de

Vegas”.

Ao longo desse turbilhão de entrevistas internacionais, a gente foi conhecendo e

passando ao telespectador informações que ele talvez não tivesse em outro lugar.

Episódios da vida dos famosos que provocaram sentimentos contraditórios.

(JÚNIOR, 2005, p. 18)

Graças ao seu ofício, Amaury Júnior guarda passaportes carimbados de vários lugares

do mundo. Como as viagens são a trabalho, não paga por elas. Um de seus destinos mais

frequentes é, como já citei, Punta Del Este, onde fica um dos patrocinadores do seu atual

programa, o Conrad Punta Del Este Resort & Casino.

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Amaury Júnior é um dos grandes divulgadores do paraíso dos jogadores.

O nosso programa foi o primeiro da televisão brasileira a mostrar o universo e as

entranhas dos grandes cassinos do mundo. De Las Vegas a Atlantic City, passando

por Reno, Lake Tahoe, Sun City, incluindo também o pano verde nas Bahamas,

Argentina, Uruguai, Paraguai. (JÚNIOR, 2005, p. 254)

O apresentador já se referiu sobre saber tudo a respeito desse universo das apostas, que

pode conhecer graças à amizade com o empresário Ciro Batelli, quando era vice-presidente da

rede de hotéis Caesars.

Além de ser um colecionador de viagens e entrevistas, o colunista é também dono de

um acervo com mais de cinco mil DVDs, entre filmes, documentários e shows, como uma

coletânea de episódios de Tom & Jerry em LD (Laserdisc), além de uma coleção de cerca de

três mil miniaturas de personagens de todos os tipos, temas, tamanhos e nacionalidades, como

uma miniatura de Lois Lane, da história do Superman.

Todas as relíquias foram encontradas em sebos. Para Michelle Navarro (2011, p. 1),

Amaury Júnior revelou que “são os melhores lugares para se conseguir raridades. Tudo é fruto

de prospecção, de ir aos lugares, saber das liquidações… Como viajo muito, todo o tempo que

me sobra eu procuro saber onde tem essas coisinhas”.

As miniaturas são lembranças de suas muitas viagens.

Se for para trazer algum objeto dos lugares aos quais viajo, será uma miniatura.

Adoro! Só não tenho mais porque espaço para guardá-las é um problema [...] Se me

agrada visualmente, compro. Não importa se custa 2 dólares ou 200. (NAVARRO,

2011, p. 2)

O colunista afirmou que seus milhares de DVDs são uma fonte de pesquisas. Isso

porque Amaury Júnior utiliza grande parte do material que tem em casa para ilustrar as

reportagens que faz para o seu atual programa.

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Me orgulho da minha coleção de DVDs, porque tem coisas sensacionais, imagens

que não serão mais editadas… Compro às vezes nem sei bem por que, mas sei que

vai ter utilidade um dia, que vou acabar colocando no ar. (NAVARRO, 2011, p. 1)

No ano de 1993, o concurso de beleza Miss Brasil foi apresentado dentro do programa

Flash, sendo este o único programa de televisão a ter esse registro. Além dele, apenas a

revista Veja teve acesso ao evento.

Em 2001, Amaury Júnior voltou para a TV Record, mas não houve um bom

relacionamento com a emissora, definitivamente, o que o levou a ir para a RedeTV!, nova, na

época, no ano seguinte, em 19 de novembro de 2002, quando lançou o Programa Amaury Jr.

A partir daí o apresentador passa a trabalhar com grande equipe e dispõe de repórteres

para fazer também as coberturas dos eventos colunáveis. No último mês de fevereiro deste

ano de 2012, o presidente da Rede TV!, Amilcare Dallevo, o vice-presidente, Marcelo de

Carvalho e Amaury Júnior se reuniram na Sala Vip da sede da Rede TV!, em Osasco, São

Paulo, para a renovação do contrato do apresentador com a emissora por mais três

anos.Amigos, colaboradores, clientes e equipe estiveram presentes na ocasião.

Para o Portal Terra (2007), Amaury Júnior revelou que também recebeu convite para

a TV Globo. “Conversamos, mas eu não teria a titularidade do programa. Depois ficaram de

me chamar de volta e isso não ocorreu. Quem sabe me convidem novamente apesar de eu

estar muito feliz onde estou”, finalizou. Em um de seus livros, Bisbilhotices – Segredos e

curiosidades das celebridades de todos os tempos, Amaury Júnior falou sobre ir para a Rede

Globo.

Fausto Silva, sempre que pode, tenta me puxar para lá. No tempo de Boni, cheguei a

participar de uma reunião no Rio, mas minhas bases se tornaram muito sólidas em

São Paulo, junto a João Saad e seus filhos Johnny, Ricardo, Márcia e Nonô.

(JÚNIOR, 2005, p. 262)

A partir da década de 1980 muito aconteceu. Os cinco minutos de duração do Flash,

nos seus primeiros meses, transformaram-se no Programa Amaury Jr, que tem duração de

cerca de uma hora. “Antes, éramos eu e mais um câmera. Hoje, há 61 pessoas trabalhando

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comigo e uma estrutura que permite que eu viaje e vá a muitas festas”, afirmou Amaury

Júnior a Alan de Faria (2011, p. 2).

Com nove anos completados no último mês de novembro, o Programa Amaury Jr, que

é uma das principais atrações do canal de televisão aberta RedeTV!, exibe reportagens

externas e entrevistas em estúdio. Ele vai ao ar de terça à sexta-feira, a partir da meia-noite.

Além do apresentador Amaury Júnior, atuam no programa a ex-modelo e

apresentadora Laura Wie e a jornalista Maria Cândida, entrevistando os convidados em

estúdio junto ao apresentador. “Apostei nelas e tem sido recompensador”, comentou o próprio

colunista a Clarissa Frajdenrajch (2010, p. 1). Em eventos em que Amaury Júnior não pode

comparecer, alguma delas faz a matéria.

Em entrevistas externas, ele conta com os colunistas e repórteres Amir Slama, André

Ramos, Bruno Chateaubriand, Caio Fisher, Gisele Bolla, Heaven Delhaye e Rebeca Grisi. Na

Flórida, a correspondente é Raquel Affonso Ferreira, em Nova Iorque, é Ana Lúcia Souza e

em Paris, Marcelo Bongiovanni.

Figura 4: Marianna Vieira e Laura Wie

Foto: Ewerton Vieira

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No seu programa o apresentador leva ao público, com linguagem simples e direta,

curiosidades da vida pessoal e profissional das principais celebridades nacionais e

internacionais.

Amaury Júnior é tido como criador do colunismo social eletrônico no Brasil, uma

fórmula que está há algumas décadas no ar. Com o Programa Amaury Jr, ele considera que o

seu grande trunfo foi apostar que a audiência no horário da madrugada era mais seletiva e

assim caberia usar, no programa, uma linguagem mais informal, com depoimentos

descontraídos e espontâneos. “Mas claro que isso tudo não se sustentaria se não tivesse

jornalismo, com notícias quentes”, afirma o colunista para Barbosa (2008, p. 14). O

Programa Amaury Jr, além das entrevistas, apresenta comemorações empresariais,

confraternizações, desfiles de moda, eventos, feiras, inaugurações, lançamento de produtos,

premiações, salões, shows e viagens aos mais diversos lugares do mundo.

Alternando roteiros, o Programa Amaury Jr visita os locais frequentados pelos seus

colunáveis. Uma das características marcantes de Amaury Júnior é o jeito íntimo com que

trata seus entrevistados. Graças a isso, ele é capaz de conseguir revelações exclusivas e

convencer a falar entrevistados que, em princípio, rejeitam a ideia de conceder-lhe entrevista.

O colunista sempre elogia seus convidados e, de repente, desfere perguntas pelas quais eles

não esperavam. Segundo ele, a entrevista com João Gilberto foi

uma das entrevistas que mais prestígio conferiu ao meu programa [...]. Não pelo que se tenha dito, mas pela quebra de jejum. Fazia mais de uma década que o João não

falava e a imprensa considerou o fato uma proeza, a ponto de vários jornais

publicarem o que ele disse e noticiarem o acontecimento. Foi no Palace, em São

Paulo, no lançamento da campanha nº 1 da Brahma, para a qual João Gilberto tinha

feito um jingle. (JÚNIOR, 2005, p. 202)

O colunista que dá nome ao Programa Amaury Jr já possui milhares de entrevistas no

currículo. Durante toda a semana, as reportagens que ganham destaque nas exibições do

Programa Amaury Jr são reprisadas aos sábados no Amaury Jr Show, que vai ao ar no mesmo

canal, porém mais cedo que o programa diário, às 19h30.

De maneira geral minhas entrevistas são alegres, voltadas mais para o sucesso do

que para o drama e a dor [...] Aprendi também, nesses anos, que é preciso ser gentil

numa entrevista. Uma pergunta colocada de modo impróprio, com grosseria e

vulgaridade, pode por a perder a entrevista inteira. De outro lado, seja qual for a

questão, se delicadamente formulada, inspira respostas que acabam, no fim, trazendo

tudo (ou quase tudo) que você quer. Mesmo que o assunto seja negativo, a pergunta

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pode ser feita de forma que o entrevistado a acolha como uma oportunidade de

esclarecimento ou defesa. (JÚNIOR, 2005, pgs. 16-17)

Segundo Sandra Azedo (2007, p. 2) o Programa Amaury Jr atinge uma “média de dois

pontos de audiência”. E essa audiência sobe para três pontos, aos sábados, com o Amaury Jr

Show, uma espécie de resumo das principais matérias da semana. São cerca de duas horas de

programa falando de celebridades.

Amaury Júnior está sempre na lista de convidados de diversos eventos por todo Brasil,

o que faz com que o seu programa seja reconhecido por exibir, na televisão, as festas mais

exclusivas da alta sociedade brasileira. Disse o apresentador a Azedo (2007, p. 2) que

acontecem cerca de trinta eventos por dia em São Paulo. "Cinco valem a pena. Três a gente

descarta, dois investigamos e vou em um todos os dias", segundo ele. Portanto, quando é

perguntado sobre quantas horas trabalha por dia, o colunista é rápido na resposta e afirma:

"todas". “Nossa produção segue uma pauta que é sempre discutida, farejamos os eventos onde

teremos pessoas interessantes para entrevistas”, completa.

Amaury Júnior apud Nunes (2012, p. 2) explica que, hoje,

São Paulo se pulverizou em 300 diferentes tribos. A palavra “celebridade” hoje ficou banalizada. Celebridade é Ivo Pitanguy, Hebe... Com o fast famous, hoje em

dia, qualquer um é celebridade. Nem uso muito a palavra no meu programa. Uso

“famoso”, “celebutante”, algo assim. (NUNES, 2012, p. 2)

Ainda sobre celebridade, conhecido por frequentar festas promovidas por pessoas

importantes do meio político e empresarial do país, Amaury Júnior fala que “estando por 30

anos no ar, todo mundo me conhece. Mas eu não me considero. Para mim, estou começando a

minha carreira” (NUNES, 2012, p. 3). Ele analisa que “os eventos, hoje em dia, são mais

‘comportados’. Na década de 1980, a sociedade mais rica se expunha mais, não tinha tanto

tabu. Hoje, por outro lado, talvez por medo da violência, não usa e abusa do dinheiro que

tem” (FRAJDENRAJCH, 2010, p. 1). O apresentador afirma ser, atualmente, mais convidado

para ir a ainda mais festas sem a câmera do programa.

5.1 COMERCIALIZAÇÃO

O modo como o apresentador comercializa os espaços de seu programa é criticado por

algumas pessoas, que dizem que o seu conteúdo é pago. Entretanto, como afirma Traquina

(2004, p. 207),

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enquanto o polo ideológico define o jornalismo como um serviço público, o polo

econômico define o jornalismo como um negócio, que tem tendência para definir as notícias como uma mercadoria que vende jornais ou consegue um bom share da

audiência. (TRAQUINA, 2004, p. 207)

Isso porque, além de intervalos comerciais e merchandising, comuns para o meio

televisão, Amaury Júnior

faz o que chama de infocomercial. Por exemplo, pelo preço de tabela, o apresentador

cobra R$ 150 mil para cobrir um evento, com seis minutos de transmissão em seu

programa. Segundo ele, 80% do que vai ao ar é mídia espontânea e apenas 20%

infocomercial. (AZEDO, 2007, p. 1)

Ainda de acordo com Azedo (2007, p. 2) “os intervalos comerciais e cotas de

patrocínios vendidos em seu programa ficam 50% para a RedeTV!, 50% para Amaury - a

emissora, vale lembrar, não está envolvida em outros negócios do apresentador”.

Amaury Júnior esclarece que o infocomercial, da maneira como faz, “os americanos já

praticam há muito tempo: merchandising, vinheta-vitrine, top de cinco segundos e a cobertura

de eventos também está na tabela de preços". E continua: "tem patrocinador que só anuncia

no meu programa, está comigo há 22 anos. Começou com cinco lojas e hoje tem 50".

Nunes (2012, p. 2) mostra mais a opinião de Amaury Júnior sobre comercializar

espaços no seu programa:

eu tenho orgulho! Existe um grande equívoco no Brasil nessa história de patrocínios. Todo mundo é patrocinado por alguém. Eu assumo, então sou o crucificado? O

Conrad é meu patrocinador há 14 anos. Quer ver como é bom? Por contrato, todas

as atrações internacionais que passam por lá precisam me dar entrevista. Shakira,

Enrique Iglesias, Luis Miguel, Liza Minnelli. Nossa, já entrevistei mais de 200

artistas. (NUNES, 2012, p. 2)

Quando perguntado em entrevista pelo Portal Terra (2007) se conquistou amizades

verdadeiras com os artistas que já entrevistou em todos esses anos de carreira, Amaury Júnior

respondeu que “a maioria são conhecidos, dependem de mim a divulgação do trabalho deles,

assim como dependo deles para o brilho do meu trabalho. Tenho grandes amigos como o

Faustão e o Fúlvio”.

Uma marca registrada de Amaury Júnior é a elegância com que se veste. O

apresentador usa ternos bem cortados, sapatos sob medida e possui uma coleção de gravatas

em casa. Isso acontece porque é comum os colunistas sociais – e não acontece diferente com

Amaury Júnior – se vestirem com roupas de marca que lhe são presenteadas e conseguirem

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almoços e jantares em lugares que, posteriormente, citam nas colunas. Em troca da citação de

seus nomes no programa, marcas como Ricardo Almeida, Paul e Shark e Camargo

Alfaiataria fornecem peças a Amaury Júnior sem cobrar valor algum. O apresentador desfruta

de livre acesso em hotéis e restaurantes, graças ao seu trabalho. Outra permuta é com os

restaurantes A Bela Sintra, Catherine e La Tambouille. Esse acordo de permuta permite que o

colunista e alguns de seus funcionários façam suas refeições lá.

Amaury Júnior gosta de citar uma frase cunhada pelo reconhecido publicitário

Washington Olivetto, que define bem o estilo do seu trabalho: “Ele trafega do útil ao fútil,

nunca esbarrando no inútil”. A frase está no livro Bisbilhotices - Segredos e curiosidades das

celebridades de todos os tempos, do próprio apresentador.

O que parece ter sido apenas um elogio pode, na verdade, dizer muito sobre o negócio

do jornalismo de celebridades, da coluna social, no Brasil. Segundo Azedo (2007, p. 1), “as

pessoas torcem o nariz, mas no fundo assistem – nem que for, claro, só porque estão

zapeando. Isso, portanto, faz deste um negócio que vende. E bem.”

O apresentador Amaury Júnior fez surgir vários negócios a partir do seu programa na

televisão. "A TV é o que alavanca tudo, mas não estamos restritos a esta mídia", revelou à

Azedo (2007, p. 1), referindo-se à diversidade de negócios de sua produtora, a Callme

Comunicações. A sua própria empresa, que tem cerca de sessenta funcionários, é responsável,

além do programa da Rede TV!, por palestras – o apresentador é palestrante cadastrado no

time da Mix Palestras –, vídeos e reportagens institucionais. Na época, a Callme

Comunicações, que é administrada pela esposa do colunista, Celina Ferreira, deveria ter um

crescimento de 15%, em cima de um faturamento de sete milhões de reais, no ano de 2006.

A cobertura do universo das celebridades feita por Amaury Júnior e sua equipe está,

além da RedeTV!,

em 45 jornais e pode chegar às rádios – já esteve em revista, com a 'Flash', mas no

momento este é um imbróglio judicial. Além disso, há um projeto para lançar, na

TV paga, um canal dedicado, 24 horas, à vida de quem tem fama. (AZEDO, 2007, p.

1)

5.2 CLUB A

Em outubro de 2009, Amaury Júnior em sociedade com Amir Slama, Alexandre

Cerqueira, Danielle Glaz, Duda Ferreira – filha dele – e Vanessa Glaz, inaugurou o Club A.

Tendo como embaixadores Beth Szafir, Fernanda Rolim, Maria Cortez, Marina Mantega e

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Dimitri Musard, herdeiro da grife francesa Hermès, a casa noturna reúne gastronomia e festa e

funciona no Hotel Sheraton, na Zona Sul de São Paulo. O Club A é conhecido por usar alta

tecnologia em seus serviços – as mesas possuem uma tela touchscreen onde os clientes podem

fazer seus pedidos, receber informações sobre os produtos que vão pedir e até conversar com

a clientela de outras mesas – e pelos altos preços que as pessoas têm que pagar para se

tornarem sócias – entre mil e quinhentos a cinco mil reais.

Em julho de 2011, foi criado, dentro do Club A, um cenário onde Amaury Júnior reúne

até três convidados para conversar, como fazem David Letterman e Jô Soares. O ambiente

ainda comporta uma plateia de, em média, 120 pessoas. “Além disso, da bancada vou fazer o

link para as festas que cobrimos e que também servirão de assunto”, falou o apresentador a

Frajdenrajch (2010, p. 1).

Já em agosto de 2011, sempre às quartas-feiras, Amaury Júnior passou a organizar

festas no Club A, que são exibidas no sábado seguinte, no Amaury Jr Show. Segundo ele, “a

ideia, no futuro, é que elas sejam transmitidas ao vivo” (FRAJDENRAJCH, 2010, p. 1).

5.3 TV INTERNACIONAL

O canal E! Entertainment Television, que faz parte da grade das televisões a cabo, é

dedicado ao mundo do entretenimento, da moda e das celebridades. Amaury Júnior integra a

produção brasileira no canal com o programa E! Vip Brasil.

A atração, assim como o Programa Amaury Jr, tem entrevistas com famosos,

realizadas nos lugares frequentados pela alta elite do país. Os melhores eventos e festas são

mostrados pelo apresentador de maneira dinâmica. Amaury Júnior traz as informações mais

relevantes, curiosas, polêmicas e divertidas da cultura pop de acordo com quem respira TV,

cinema, música, moda e qualquer grande arte.

O programa E! Vip Brasil é exibido nas quintas-feiras, às 22 horas, e é reprisado toda

sexta-feira, às 5 horas e 15 minutos, da manhã, aos sábados, às 13 e 23 horas e também nas

segundas-feiras, a partir das 15 horas.

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5.4 PROJETO EDITORIAL

“É mais que colunismo. É jornalismo." Esse era o slogan do grupo da Revista Flash

que, como vimos, Amaury Júnior chegou a lançar pela Editora Escala, em parceria com

Wellington Amaral, em 2 de julho de 2003. O grupo incluía a Flash Casa, Flash Noiva e

Flash Viagem e se assemelhava à revista Caras, um semanário de celebridades. Mas em

novembro de 2006, por relações conturbadas com essas publicações, alegando desvirtuamento

do projeto original, Amaury Júnior deixou, então, o cargo de diretor editorial do grupo de

revistas. O contrato feito indicava que a saída dele determinaria o cancelamento dos títulos,

porém a Editora Escala, que havia registrado a marca Flash, seguiu com a publicação da

revista, mas dessa vez, com periodicidade quinzenal. Em fevereiro de 2007, Amaury Júnior

conseguiu uma liminar para recolher as revistas das bancas, entretanto, a publicação seguiu

com a marca original.

Meses depois, a revista concorrente, Caras, e o colunista se associaram para o

lançamento do DVD Guia de Orlando. Outros dois DVDs turísticos lançados por Amaury

Júnior foram para Dubai e Las Vegas.

Além de todos os trabalhos midiáticos, o colunista escreveu os livros Flash fora do ar

– Revelações e histórias dos 18 anos do programa Flash, Bisbilhotices – Segredos e

curiosidades das celebridades de todos os tempos, Alemanha – 100 Dicas de Amaury Jr,

África do Sul, Dubai – por Amaury Jr e Guia Amaury Jr de restaurantes em São Paulo 2009.

Outro livro na mesma linha de Bisbilhotices – Segredos e curiosidades das celebridades de

todos os tempos está previsto para ser lançado, mas dessa vez, com depoimentos de políticos e

celebridades sobre o próprio Amaury Júnior.

Em Flash fora do ar – Revelações e histórias dos 18 anos do programa Flash, o

apresentador revela histórias de bastidores que acumulou ao longo de mais de dezoito anos do

seu programa Flash. São situações divertidas e pitorescas contadas numa linguagem direta.

No livro são expostos casos engraçados, envolvendo nomes de famosos do show business

nacional e internacional.

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Em Bisbilhotices – Segredos e curiosidades das celebridades de todos os tempos, o

leitor encontra histórias vivenciadas pelo colunista ao longo da sua carreira. Apoiado em seus

mais de trinta anos de profissão, Amaury Júnior faz, no livro, registros e revelações de

bastidores, além de analisar as características da fofoca e do interesse universal pela vida dos

outros, particularmente dos famosos, como já vimos nesta monografia. Como ele mesmo

afirma na introdução da obra, falar da vida dos outros é, hoje, uma importante indústria que

ocupa grande espaço na televisão, na Internet, em revistas, rádios e jornais. Sobre o livro,

Amaury Júnior afirma que

procura entrar delicadamente na vida alheia de personagens conhecidos da vida do

país, com informações divertidas, curiosas, uma boa dose de pimenta e muitos

detalhes que sempre anoto antes, durante e após as centenas de entrevistas que tenho

feito na televisão. O livro tem a missão de agradar justamente a esse público ávido

em saber mais sobre as pessoas famosas. (JÚNIOR, 2005, p. 14)

Amaury Júnior, ao longo de suas entrevistas, selecionou para esse livro

histórias e momentos, a maioria dos quais não ocorreu diante das câmeras, mas no

intervalo, no antes e no depois das gravações, nos bastidores de transmissões ao vivo

ou na abertura de eventos no Brasil e fora dele. Afora o que anotei em minhas

conversas. (JÚNIOR, 2005, p. 263)

Ele fala que a obra contém “boa parte dos lances de minha carreira jornalística, assim

como uma homenagem aos meus mestres, de antes e de agora” (JÚNIOR, 2005, p. 263).

Para o público, na verdade, a vida das celebridades é uma importante referência. As

histórias pessoais dos famosos funcionam como indicadores dos caminhos a seguir ou a serem

evitados. Sob esta ótica, os capítulos do livro Bisbilhotices – Segredos e curiosidades das

celebridades de todos os tempos contam como eram algumas personalidades quando criança,

o que elas faziam antes da fama, os principais tropeços que cometeram em diversos momentos

da sua vida e suas gafes. São capítulos dedicados a astros e estrelas e, até mesmo, os papas.

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A cantora Marina Lima acabou desabafando em meu programa que é bissexual e

pediu para todos prestarem mais atenção à sua música. Sempre adivinhou no olhar

dos jornalistas o desejo dela se abrir quanto à sua sexualidade. Aproveitou a nossa

entrevista, fez a confissão e deu o caso por encerrado. [...] Tudo acaba vindo à tona,

quase sempre nos seus mínimos detalhe. Hoje e desde tempos remotos, o gossip

proibido é o mais saboroso. Há casos, como o de Marina, que o melhor é assumir e

admitir certas particularidades para não se falar muito mais disso. (JÚNIOR, 2005,

pgs. 166-167)

O livro é ilustrado com fotos e dividido em capítulos que revelam curiosidades como

os nomes reais de famosos, seus medos e superstições, suas relações com dinheiro, fama e

drogas, os noivados fracassados e as personalidades que nunca casaram, o fascínio dos

cassinos e as polêmicas sexuais.

No capítulo referente às fofocas políticas são feitas revelações sobre nomes públicos

de várias nacionalidades e épocas, mas principalmente do Brasil atual, com destaque para as

intimidades de vários presidentes da república, incluindo Fernando Henrique Cardoso e Luiz

Inácio Lula da Silva.

É importante saber tudo de um presidente ou de qualquer um de cujas decisões

dependemos, especialmente as suas preferências sexuais, pois suas atividades na

horizontal acabam explicando muitas de suas decisões na vertical [...] Queremos a

transparência total dos homens públicos. (JÚNIOR, 2005, p. 13)

Não escaparam, também, figuras como a agente de acompanhantes Jeany Mary

Corner, entrevistada na TV em primeira mão por Amaury Júnior.

Jeany Mary Corner inflamou a opinião pública nas recentes CPIs do governo Lula

com suas garotas contratadas para animar festas em Brasília. [...] Fui o primeiro a

mostrar seu rosto e entrevistá-la. Ganhei a confiança de seus advogados e de Jeany [...] num almoço a portas fechadas no Esplanada Grill. Foi um furo delicioso.

(JÚNIOR, 2005, p. 167-168)

Destaque para o cantor e compositor Chico Buarque, que já foi preso por roubar um

carro. Para Luísa Brunet e Hector Babenco que, antes de serem famosos eram,

respectivamente, empregada doméstica e vendedor de sepulturas. Para o bailarino Rudolf

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Nureyev, que compareceu a uma entrevista com a braguilha aberta. E o relato de Amaury

Júnior ao expor que sua equipe já foi agredida pelos seguranças do ator Eddie Murphy.

5.5 PROJETO DISCOGRÁFICO

Um dos grandes símbolos do Programa Amaury Jr são as vinhetas ao som de música

dançante intercaladas entre os quadros. No ano de 2007, o apresentador reuniu o repertório

que toca em suas vinhetas do programa da RedeTV! e lançou o CD As Músicas do Programa

Amaury Jr, com 14 faixas, incluindo músicas como Makin It, de David Naughton, I Can Hear

Music, dos The Beach Boys e Kathi Trocolli, Keep It Comin’ Love, dos KC & The Sunshine

Band, I’m So Happy, de Trio Galleta, Rock You Baby, de George McCrae, Never Knew Love

Like This Before, de Juliana Aquino, Driving Home To Christmas, de Cris Rea, What’s Going

On, de Johnny Boy, You Are Everything, de Double You e Freeway Flayer, da The Love

Unlimited Orchestra. No Portal Terra (2007) ele justificou a escolha das faixas:

fui eu mesmo que escolhi, sou apaixonado por música e vivi os grandes sucessos das

décadas passadas. E acho que acertei, as pessoas querem ouvir isso novamente com

um novo arranjo. Essas músicas tocam a juventude de hoje e as pessoas que já

curtiram. (TERRA, 2007)

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Figura 5: CD As músicas do Programa Amaury Jr

Fonte: http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-237847066-as-musicas-do-programa-amaury-

jr-cd-frete-gratis--_JM

Esse primeiro CD, que levou o nome do Programa Amaury Jr e tem foto de capa da

fotógrafa Lan Rodrigues, chegou a ficar algumas semanas como o mais vendido do país e já

superou a marca de cem mil cópias vendidas. O próprio Amaury Júnior avaliou as vendas

desse primeiro CD para Azedo (2007, p. 1): "percebemos que as músicas do programa

estavam sendo muito baixadas em nosso site. Então, fomos atrás dos direitos destas trilhas

para que elas saíssem todas juntas. Deu certo", orgulha-se, ao lembrar ainda de dois outros

CDs que já saíram com o seu nome, mas que não venderam tanto. "Não eram com as trilhas

do programa", disse ele. “Já sou disco de ouro, ficarei feliz se vender mais que o Roberto

Carlos”, comentou descontraidamente, no Portal Terra (2007).

O segundo CD, Programa Amaury Jr - Volume dois, é mais uma coletânea que traz

músicas escolhidas pelo apresentador e que tocam no seu programa. A capa, assim como no

primeiro álbum, também foi fotografada por Lan Rodrigues. Ao todo, esse segundo volume

possui 19 faixas, com destaque para Right Back Where We Started From, de Sinitta, Point Of

View, de DB Boulevard, Glamour Girl, de Louie Austen, Don’t Worry Baby, dos The Beach

Boys, Fullgas, de Marina Lima, e All Over The World, de Elo.

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Figura 6: CD Programa Amaury Jr - Volume Dois

Fonte: http://www.cdpoint.com.br/CD/AMAURY-JR---VARIOS-PROGRAMA-AMAURY-JR-

VOL-2+++7898302093386-1-2-L.html

O terceiro CD lançado foi o Programa Amaury Jr – Volume Três, com 17 faixas. Nele

destacam-se faixas como Supaconstellation, de Sosua & Mad, The Real Thing, de Brothers

Johnson, Stereo Love, de Edward Maya &Vika Jigulina e A Noite Vai Chegar, de Lady Zú.

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Figura 7: CD Programa Amaury Jr - Volume Três

Fonte: http://www.mp3mp4mp5players.net/baixar-cd-programa-amaury-jr-vol-3-

download.html

A capa do terceiro álbum com os hits mais tocados no Programa Amaury Jr, foi

assinada mais uma vez pela fotógrafa Lan Rodrigues, mas dessa vez o colunista não apareceu

sozinho. O cachorro de Amaury Júnior, Otto, um Golden Retriever, também foi fotografado.

"Ele é o meu cachorro musical. É só eu pôr a trilha que ele esboça um 'sorriso'", revelou o

apresentador, na época, durante a sessão de fotos para o CD, em São Paulo. A seleção das 17

músicas do álbum foi feita por Amaury Júnior e teve a “aprovação” de Otto. “Ouço as

músicas à exaustão e, a cada uma, ele gira em torno do corpo e abana o rabo. Otto até dançou

e, na dúvida de que músicas escolher, eu o elegi como o juiz final", disse ele. "O próximo

lance é levar Otto para as baladas", brincou Amaury Júnior.

Atualmente o CD com a coletânea musical do Programa Amaury Jr está em sua quarta

edição. Das quinze faixas desse mais recente lançamento, é possível destacar If It Wasn’t For

The Nights, do grupo ABBA, Peito Aberto, da banda brasileira Kid Abelha e Steal Away, de

Robbie Dupree.

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Figura 8: CD Programa Amaury Jr - Volume Quatro

Fonte: http://www.livrariascuritiba.com.br/cd-programa-amaury-jr-vol-4-

2011,product,AV081990,2856.aspx

5.6 INTERATIVIDADE

O Programa Amaury Jr se mostra ligado aos novos aspectos de como fazer televisão,

onde o público exige uma participação cada vez mais ativa e dinâmica na programação. Dessa

forma, a atração também busca, sutilmente, interagir com o público. Esta interação é feita

quando o apresentador e sua equipe frequentam os lugares que têm maior presença do público

da alta sociedade, ou quando a equipe se refere ao site do programa – www.amauryjr.com.br –

onde o telespectador pode rever as matérias e ter acesso a outros conteúdos.

Azedo (2007, p. 2) afirmou que a Internet “é um dos negócios que mais recebem a

atenção da Callme. Outro plano é fazer do site Amaury Jr. uma espécie de iTunes, guardadas

as devidas proporções”, pois o apresentador já revelou que tem o objetivo de vender músicas

e vídeos. “Tudo das celebridades. Hoje, por exemplo, dá até para baixar autógrafo de

famosos” (AZEDO, 2007, p. 2).

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Figura 9: Site do Programa Amaury Jr

Fonte: http://amauryjr.uol.com.br

O colunista paraibano Ewerton Vieira, um dos entrevistados para esta monografia,

começou a carreira no jornal impresso, assim como Amaury Júnior, porém a era digital

possibilitou um maior reconhecimento de seu trabalho. “A Internet abriu ainda mais meus

horizontes de trabalho, onde posso ser mais visto”, disse. O que talvez possa justificar a

atração dos jornalistas pelo meio Internet.

Quando perguntado sobre que características devem ter uma novidade para estar

presente na sua coluna on-line, Ewerton Vieira responde: “deve ser algo interessante para ser

publicado”. Segundo ele, “as atualizações do site, sendo diárias, precisam de bastante

conteúdo”, por isso o colunista realiza uma busca constante de novidades para publicar

diariamente em seu site.

Ewerton Vieira não crê no fim de nenhum tipo de mídia. Quando perguntado sobre o

crescente número de colunas sociais digitais, em formato de sites e blogs, como o dele, em

comparação ao jornal impresso, ele responde: “haverá renovação das mesmas (as mídias) para

a integração com a tecnologia”.

No site de Amaury Júnior o internauta tem a opção de rever matérias exibidas no

Programa Amaury Jr, no Amaury Jr Show e no E! Vip Brasil. Além disso, diariamente, em

destaque, são adiantados os temas das matérias do Programa Amaury Jr daquela noite.

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5.7 AUTO-REFERENCIALIDADE

Amaury Júnior é nome importante para a televisão brasileira e se notabilizou com um

dos principais colunistas social do Brasil. Com sua plena penetração na alta elite social

brasileira, é presença certa nos maiores acontecimentos nacionais. Sendo assim, já foi

parodiado algumas vezes, como o personagem Amaury Dumbo, do humorista Márvio Lúcio,

o Carioca do programa Pânico na Band, que comparece às festas e entrevista as celebridades.

Figura 10: Amaury Júnior e Amaury Dumbo

Foto: Ana Carolina Lopes

Na literatura, o autor Marcelo Mirisola declarou ter escrito o conto Basta um verniz

para ser feliz inspirado no colunista. Amaury Júnior serviu até mesmo de inspiração para

muitos personagens como o colunista social Jorge Horácio, do programa Minha nada mole

vida, da TV Globo, interpretado por Luiz Fernando Guimarães. O ator se inspirou nos gestos,

sorrisos e no estilo de apresentação do colunista da RedeTV! para compor o personagem.

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Figura 11: O colunista social Jorge Horácio, personagem inspirado em Amaury Júnior no seu

programa

Fonte: http://fabiotv.zip.net/arch2006-04-01_2006-04-15.html

Os trinta anos de carreira não fazem o apresentador acreditar que seja hora de

desacelerar. A aposentadoria não está nos planos dele, que está com 62 anos de idade. De

acordo com Nunes (2012, p. 1), “ele já aprendeu a lidar com o estresse. Ao som de ‘Keep It

Comin’ Love’, hit que o acompanha desde o começo, cria pautas, esvazia a mente e brinca

com seu companheiro, Otto”.

“A questão é que, se eu participo da pauta, a execução é mais fácil. Eu tenho uma boa

equipe, mas [...] participo de tudo” (NUNES, 2012, p. 2) Os eventos que merecem cobertura

são discutidos por toda a equipe, numa reunião de pauta, toda segunda-feira, no estúdio da

Callme Comunicações.

Em seu livro Bisbilhotices – Segredos e curiosidades das celebridades de todos os

tempos, Amaury Júnior (2005, p. 263) resume bem a sua satisfação pelo trabalho “é muito

tempo empunhando o microfone [...] Adoro o que faço, nenhuma outra profissão me

aproximaria de figuras humanas excepcionais como as que estiveram comigo”.

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6 ANÁLISE DAS EDIÇÕES DO PROGRAMA AMAURY JR

Partindo da questão norteadora que focaliza este trabalho, quem e o que é colunável no

Programa Amaury Jr, esta monografia objetiva constatar qual é a construção de sociedade

que o referido programa faz.

Vamos perceber quais são as temáticas mais comuns no programa, observar o

conteúdo das entrevistas e matérias feitas pelo apresentador, seus repórteres e colunistas e

encontrar, a partir do conceito de valor-notícia e análise de discurso, que lugares e eventos são

interessantes para entrarem na pauta do programa. Assim, faremos a descoberta de quem são

as pessoas e fatos possíveis de aparecer no colunismo social do Programa Amaury Jr.

Para tanto, tomamos como material de análise edições do programa escolhidas

aleatoriamente. De forma delimitada, focamos em duas edições veiculadas em novembro e

dezembro de 2011, respectivamente.

Com base na obra de Melo (2002, p. 130), percebemos que a coluna registra “o que

está ocorrendo na sociedade. Mas, na prática, é uma seção que emite juízos de valor, com

sutileza ou de modo ostensivo.” Então, se entendermos que a partir das colunas sociais temos

como estudar alguns aspectos do comportamento humano, compreendemos a construção do

social que o Programa Amaury Jr representa para seu público, “já que a maioria das pessoas

está excluída do círculo reduzido dos colunáveis (poder/estrelato), dá-se-lhe a sensação de

participar desse mundo” (MELO, 2002, p. 130).

Jornalisticamente, a coluna social é classificada como subgênero jornalístico.

Classificado como opinativo, esse subgênero, a partir de Melo (1994, p. 26) é a seção que

emite juízos de valor. O próprio ato de selecionar os fatos e personagens a merecerem registro

já revela o caráter opinativo dessa seção.

O público da coluna social, tomado pela agilidade da vida cotidiana, se identifica com

notas curtas e rápidas, construídas por informações atuais sobre destaques da sociedade. Mas

esse tipo de coluna não só possui o sentido de mostrar a alta sociedade, mas sim, variedades e

segmentações para sociedade em geral.

Para verificar as temáticas mais comuns no Programa Amaury Jr utilizaremos o

conceito de valor-notícia e, em seguida, de análise de discurso. A partir daí faremos a

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descoberta de quem são as pessoas, fatos, lugares e eventos possíveis de aparecer no

colunismo social de Amaury Júnior.

Segundo Gisleine Silva (2004, p. 4)

a necessidade de se pensar sobre critérios de noticiabilidade surge diante da

constatação prática de que não há espaço nos veículos informativos para a

publicação ou veiculação da infinidade de acontecimentos que ocorrem no dia-a-dia.

(SILVA, G., 2004, p. 4)

Dessa maneira, é preciso selecionar quais fatos serão noticiados.

Depois da seleção entre o que será publicado e o que ficará de fora será preciso

escolher novamente quais entre esses fatos merecem destaque. “A seleção, portanto, se

estende redação adentro, quando é preciso não apenas escolher, mas hierarquizar” (SILVA,

G., 2004, p. 5).

Os valores-notícia “são critérios para selecionar, do material disponível para a redação,

os elementos dignos de serem incluídos no produto final” e “funcionam como linhas-guia para

a apresentação do material, sugerindo o que deve ser enfatizado, o que deve ser omitido, onde

dar prioridade na preparação das notícias a serem apresentadas ao público” (SILVA, G., 2004,

p. 7).

Estudar as notícias é uma das maneiras de analisar que ideologias estão presentes na

mídia, já que estão sujeitas a filtros ideológicos. Segundo Eni Orlandi (2001, p. 41), “os

sentidos sempre são determinados ideologicamente. Não há sentido que não o seja. Tudo que

dizemos tem, pois, um traço ideológico em relação a outros traços ideológicos”.

Complementando esse pensamento, Milton José Pinto (1999, p. 51) afirma que

as ideologias poderiam assim ser representadas como esquemas mentais

constitutivos do grupo, reunindo categorias como Pertencimento (“Quem pertence

ao nosso grupo?”, “Como alguém pode ser admitido?”), Atividades (“O que nós

fazemos?”), Metas (“Por que fazemos isso?”), Valores (“Como devemos fazer

isso?”), Posição (“Onde estamos?”, “Qual é a nossa relação com os outros grupos?”)

e Recursos (“O que nós temos e o que não temos?”). (PINTO, 1999, p. 51)

Referenciando Traquina (2004, p. 150) sabemos que “é possível esboçar a existência

de várias teorias que tentam responder à pergunta porque as notícias são como são”. De

acordo o autor,

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o processo de produção da informação é concebido como uma série de escolhas

onde o fluxo de notícias tem de passar por diversos gates, isto é, “portões” que não

são mais do que áreas de decisão em relação às quais o jornalista, isto é o

gatekeeper, tem de decidir se vai escolher essa notícias ou não. Se a decisão for

positiva, a notícia acaba por passar pelo “portão”; se não for, a sua progressão é

impedida. (TRAQUINA, 2004, p.150)

O estudo da notícia faz parte da área de pesquisa em comunicação que se dedica a

examinar os processos de produção dos meios, a teoria do newsmaking. De acordo com Thaís

de Mendonça Jorge (2006, p. 2), “os conceitos correntes costumam definir a notícia sob três

pontos de vista: interesse, atualidade e verdade”.

Quanto ao interesse, Jorge (2006, p. 2) fala que as notícias veiculadas são “uma

compilação de fatos e eventos de interesse ou importância para os leitores do jornal que a

publica”, ou seja, para ser veiculada a novidade deve ser atraente e de interesse para uma

grande parcela do público. A atualidade é a condição daquilo que é novo, portanto,

interessante para ser veiculado. E a verdade é uma qualidade que a notícia deve ter para ser

veiculada. As notícias veiculadas nos meios de comunicação são, dessa forma, “uma adição

de fatores, dos quais cada conceito mencionado procurou estampar uma parte” (JORGE,

2006, p. 5).

Esses critérios que determinam a qualidade de uma notícia, nota, reportagem ou

entrevista publicados nos veículos e levam a índices de leitura variáveis, são os

valores-notícia, também chamados fatores de interesse da notícia ou valores

informativos. (JORGE, 2006, pgs. 5-6)

O jornalista deve avaliar os aspectos de cada fato e selecionar os que estão aptos para

serem veiculados. Os valores-notícia orientam esse trabalho do jornalista, regem as pautas e

determinam até a ordem da edição. “Se os valores-notícia são fracos – ou seja, se não têm

apelo –, tanto menos audiência terá o produto. Se são fortes, não existe como frear a

divulgação dos fatos: eles sobressaem, destacam-se” (JORGE, 2006, p. 8).

Os valores-notícia auxiliam na seleção do que vai ser veiculado. Eles são diferentes

combinações, critérios de relevância que estão espalhados por todo o processo de produção da

notícia até o produto final. Esses valores-notícia funcionam como guias para o jornalista

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sugerindo, implícita ou explicitamente, o que deve ser realçado, o que dever ser omitido e

mais, o que dever ser prioritário.

Para Nuno Filipe Pereira e Hugo Manuel Almeida (2002, p. 1) existem critérios que

justificam os valores-notícia. São os critérios substantivos – do produto –, os relativos aos

meios de comunicação, os relativos ao público e os relativos à concorrência.

A primeira categoria está relacionada com o acontecimento a transformar em

notícia; a segunda diz respeito ao conjunto de processos de produção e realização; a

terceira está relacionada com a imagem que os jornalistas têm acerca dos

destinatários e por fim a quarta consideração diz respeito as relações entre os mass

media existentes no mercado informativo. (PEREIRA; ALMEIDA, 2002, p. 2)

Existem quatro variáveis que determinam os critérios substantivos, segundo Pereira;

Almeida (2002, p. 3). Uma delas é o grau e nível hierárquico dos indivíduos envolvidos no

acontecimento noticiável, outra é o impacto sobre a nação e sobre o interesse nacional, ou

seja, a notícia é interessante se, de alguma forma, influir ou incidir sobre o público, “a

proximidade implica a partilha de pressupostos culturais comuns” (PEREIRA; ALMEIDA,

2002, p. 3). Outra variável é a quantidade de pessoas que o acontecimento – de fato ou

parcialmente – envolve. Assim sendo, “quanto maior for número de pessoas ou

personalidades que estiver relacionado com o acontecimento, maior é a visibilidade”

(PEREIRA; ALMEIDA, 2002, p. 3). A quarta variável dos valores-notícia, ainda segundo os

autores, é a relevância do acontecimento, isto é, a importância de uma notícia pode ser

realçada ou acentuada em relação à concorrência, como uma entrevista exclusiva, por

exemplo.

Os critérios relativos ao produto são as suas características específicas, sua

disponibilidade – “tem que se averiguar a acessibilidade do acontecimento e seus requisitos

técnicos (a sua estruturação de forma a ser coberto e a despesa necessária para o cobrir)”

(PEREIRA; ALMEIDA, 2002, p. 4), sua brevidade, sua ideologia.

As notícias devem ser o mais claras e concisas possível de forma a poderem

enquadrar-se nos valores-notícia e no mecanismo de produção. Esta necessidade de

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brevidade é verdadeiramente visível no mundo televisivo onde a quantidade de

material noticiável é tanta que para ser encaixada nos noticiários tem de ser bem

escolhida e esquematizada, (PEREIRA; ALMEIDA, 2002, p. 5)

Os critérios relativos ao meio de comunicação são a noticiabilidade, a frequência,

“quanto mais a frequência de um acontecimento se adaptar à do meio de comunicação mais

probabilidade tem de ser noticiado” (PEREIRA; ALMEIDA, 2002, p. 6) e o formato, “ou

seja, a quantidade de filmagens que há para apresentar num noticiário, a sua duração”

(PEREIRA; ALMEIDA, 2002, p. 6).

Os critérios relativos ao público dizem respeito à imagem que o jornalista tem do

público e ao papel que essa imagem desempenha. E os critérios relativos à concorrência,

segundo Pereira; Almeida (2002, p. 7), tendem a levar os meios de comunicação a quererem

se destacar perante os concorrentes e garantir exclusivos, inventar novas rubricas ou até

mesmo a agirem em função do outro, “ou seja, noticiar um acontecimento por achar que o

outro o irá fazer”. Os critérios que dão a um fato valor-notícia coincidem na maior parte dos

meios de comunicação social.

Assim, valor-notícia é um valor subjetivo que determina a importância que um fato

tem para ser noticiado. É por isso que também é designado por alguns autores como critério

de noticiabilidade. Mauro Wolf (2003) apud Jorge (2006, p. 9) elege os principais valores-

notícia como sendo a importância da notícia e o interesse do público nela.

A importância de um fato está, segundo ele, ligada a quatro valores: 1) Grau e nível

hierárquico dos indivíduos envolvidos no acontecimento noticiável; 2) Impacto

sobre a nação e sobre o interesse nacional; 3) Quantidade de pessoas que o

acontecimento (de fato ou potencialmente) envolve; 4) Relevância e

significatividade do acontecimento em relação aos desenvolvimentos futuros de uma

determinada situação. O interesse, por outro lado, está ligado a decisões subjetivas,

como, por exemplo, a imagem que o jornalista faz do público e sua capacidade de

lhe oferecer material valioso para a leitura. Nesta categoria, Wolf coloca o interesse

humano, valor-notícia cultuado desde os primórdios da profissão. (JORGE, 2006, p.

9)

A partir disso Jorge (2006, p. 10) propõe uma relação dos valores-notícia, numa

compilação entre os pensamentos de vários autores. Os valores fundamentais são a atualidade

(o que é imediato) e o impacto (o que atinge grande número de pessoas). Os valores da

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profissão são a notoriedade (pessoas importantes que compõem a elite e a inteligência do

país) e a proximidade – “o que está mais próximo do coração, da mente, dos olhos” (JORGE,

2006, p. 10).

Existem ainda os valores temáticos, que são o sexo (relações humanas, opções sexuais,

casamento, filhos, exploração e abusos), o poder (as disputas, os três poderes, organizações

comunitárias, sindicatos e associações, igrejas, aristocracia, elites), o amor (romance,

solidariedade, fraternidade, amizade, união), o mistério (aquilo que é desconhecido,

fantástico), o dinheiro (luxo, riqueza, bens e mercadorias, economia), a morte (tragédias

naturais e humanas, crimes e acidentes), a violência (disputas, guerras, segurança), o lazer

(esportes, prazer, viagens, festas, ócio), a saúde e a beleza (medicina, boa forma física e

mental, campanhas de vacinação e prevenção, qualidade de vida, descobertas científicas), o

meio ambiente (recursos naturais, conservação da natureza), a educação (ensino, escola,

cursos, cultura), a ciência (pesquisas, descobertas, invenções), a arte (cultura, decoração,

espetáculos, museus, patrimônio histórico e cultural), a moda (indústria do vestuário, desfiles,

lojas e marcas), o governo (administração e gestão pública, trabalho dos funcionários, órgãos

de planejamento e inteligência), o trabalho (mercado profissional, economia formal e

informal, bolsa de empregos, frentes de trabalho, desemprego), as confidências (vida pessoal,

intimidades e denúncias) e a religião (seitas e organizações religiosas, festas e datas sagradas,

cultos e ritos).

Esses assuntos estão cotidianamente na imprensa, trazendo informações,

preocupações ou entretenimento para a população. Os valores-notícia justificam

mesmo a existência de alguns veículos: são eles que provocam a criação, desde sites

sobre surfe até boletins sobre bastidores da política e do governo. (JORGE, 2006, p.

11)

Traquina (2004, p. 206) acredita que

os jornalistas têm poder, consoante a sua posição na hierarquia profissional. Quer

seja quer não, o jornalismo é um “Quarto Poder” que, sobretudo devido ao acesso

habitual às fontes oficiais, sustenta o poder instituído e o “status quo”.

(TRAQUINA, 2004, p. 206)

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Orlandi (2001, pgs. 39-40) chama de “relação de força” quando o emissor tem um

discurso capaz de influenciar mais o público devido à posição privilegiada em que está.

O lugar a partir do qual fala o sujeito é constitutivo do que ele diz. Assim, se o

sujeito fala a partir do lugar de professor, suas palavras significam de modo

diferente do que se falasse do lugar do aluno. O padre fala de um lugar em que suas

palavras têm uma autoridade determinada junto aos fiéis etc. Como nossa sociedade é constituída por relações hierarquizadas, são relações de força, sustentadas no poder

desses diferentes lugares, que se fazem valer na “comunicação”. A fala do professor

vale (significa) mais do que a do aluno. (ORLANDI, 2001, pgs. 39-40)

Assim, a escolha do discurso feita pelo jornalista não é inteiramente livre. É orientada

pelas convenções que moldam a percepção dele.

Os valores-notícia fornecem critérios nas práticas de rotina do jornalismo que

permitem aos jornalistas, diretoras e agentes noticiosos decidir rotineiramente e

regularmente sobre quais as “estórias” que são “noticiáveis” e quais não são, quais

as “estórias” que merecem destaque e quais as que são relativamente insignificantes,

quais as que são para publicar e quais as que são para eliminar. (TRAQUINA, 2004,

p. 176)

“Esta concepção de discurso como simulacro interesseiro [...] é um dos conceitos

centrais da análise de discursos contemporânea” (PINTO, 1999, p. 13). A prática da análise de

discurso também é interessante para este trabalho monográfico por nos permitir entender que

o conteúdo exibido no Programa Amaury Jr passa por um processo de peneiramento antes de

ser exibido. E, ao longo desse processo, o que chega a ser veiculado como produto final, o é

carregado de sentidos. Ainda segundo Pinto (1999, p. 22), “é na superfície do texto que

podem ser encontradas as pistas ou marcas deixadas pelos processos sociais de produção de

sentidos”.

A análise de discurso é um conjunto de procedimentos analíticos que busca entender a

dinâmica dos pensamentos e seus efeitos sociais de convencimento da produção do discurso.

Em outras palavras, “procura-se compreender a língua fazendo sentido, enquanto trabalho

simbólico, parte do trabalho social geral, constitutivo do homem e da sua história”

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(ORLANDI, 2001, p. 15). Pinto (1999, p. 30) fala que “o emissor de um enunciado põe em

cena um ou mais enunciadores”. E que “o lugar atribuído ao destinatário ou coenunciador é

também determinante do ideológico de um texto” (PINTO, 1999, p. 56). Então, sendo assim,

o autor completa: “definir os discursos como práticas sociais implica que a linguagem verbal

e as outras semióticas com que se constroem os textos são partes integrantes do contexto

sócio-histórico e não alguma coisa de caráter puramente instrumental, externa às pressões

sociais” (PINTO, 1999, p. 24).

Esse procedimento de análise não propõe a existência de apenas uma forma de leitura

de um texto. Mas sim, decodificar, atribuir sentidos e valores cognitivos a um código. Afinal,

“as palavras não têm um sentido nelas mesmas, elas derivam seus sentidos das formações

discursivas em que se inscrevem” (ORLANDI, 2001, p. 43). “Uma vez analisado, o objeto

permanece para novas e novas abordagens. Ele não se esgota em uma descrição” (ORLANDI,

2001, p. 64).

Pinto (1999, p. 27) afirma que “para a análise de discursos, todo texto é híbrido ou

heterogêneo quanto à sua enunciação, no sentido de que ele é sempre um tecido de ‘vozes’ ou

citações, cuja autoria fica marcada ou não, vindas de outros textos preexistentes,

contemporâneos ou do passado”. Um discurso sustenta o outro, o analista de discurso trabalha

com a língua no mundo, com maneiras de significar, com homens falando,

considerando a produção de sentidos enquanto parte de suas vidas, seja enquanto

sujeitos seja enquanto membros de uma determinada forma de sociedade [...]

relaciona a linguagem à sua exterioridade. (ORLANDI, 2001, pgs. 15-16)

Se aplicarmos essa teoria, especificamente, às colunas sociais, conseguimos perceber

que o processo de seleção dos discursos é particular e arbitrário.“As decisões do jornalista

eram altamente subjetivas e dependentes de juízos de valor baseados no ‘conjunto de

experiências, atitudes e expectativas do gatekeeper’” (TRAQUINA, 2004, p. 150). Assim,

como na teoria da “ação pessoal” que sugere Schudson (1989) apud Traquina (2004, p. 150)

“as notícias são explicadas como um produto das pessoas e das suas intenções”.

Vamos, a partir de agora, aplicar os conceitos e entender como se dá essa ação pessoal,

o que Gonçalvez (1999, p. 55) considera como “noção de peneiramento, que indica as formas

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de aprovação e reprovação predominantes” no colunismo social de Amaury Júnior, através

das duas edições selecionadas.

6.1 PROGRAMA AMAURY JR DE 02/11/2011

Por se tratar de uma edição do Programa Amaury Jr em que o apresentador viajou

para Tóquio, no Japão, logo na vinheta de abertura aparecem inscrições em japonês, que,

quando traduzidas, significam “Amaury Júnior”. É comum, entre o público das colunas

sociais, a valorização de línguas estrangeiras, assim como a possibilidade de viagens

internacionais. Sendo assim, a edição do programa, de início, já desperta a curiosidade do

espectador na cultura japonesa.

Na edição da quarta-feira, 2 de novembro de 2011, que dura cerca de cinquenta

minutos, Amaury Júnior mostra aos telespectadores o parque da Hello Kitty, empreendimento

que estava completando, na época, vinte anos. A Hello Kitty é a personagem japonesa mais

famosa no mundo inteiro. Como já foi exposto nos capítulos anteriores, os colunáveis são

famosos, reconhecidos pelo público, que, de alguma forma, se identifica e se interessa por

eles. Nesse caso, quando escolhe começar a edição de dentro do parque da personagem Hello

Kitty, Amaury Júnior tem a intenção de atribuir status ao seu programa. Poder estar no parque

da personagem japonesa mais famosa do mundo é privilégio de poucos. É o lazer como valor-

notícia.

Depois de anunciar que vai mostrar o parque, o apresentador faz um infocomercial,

como ele mesmo prefere denominar, da empresa Singapore Airlines, sugerindo, até mesmo,

aos telespectadores, um roteiro de viagens até o Japão. Aqui, de acordo com Pinto (1999, p.

63)

a interação consiste em interpelar e estabelecer relações de poder com o receptor, na

tentativa de cooptá-lo e de agir sobre ele ou sobre o mundo por seu intermédio. O

problema a ser resolvido aqui pelo emissor é o de reproduzir as hierarquias sociais reconhecidas no interior da instituição em que o processo de comunicação se dá,

reforçando-as, ou de tentar modificá-las segundo determinada estratégia persuasiva.

(PINTO, 1999, p. 63)

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Após o infocomercial, Amaury Júnior volta a explorar o interior do parque e comentar

as suas características. Enquanto isso acontece, ao invés das músicas tradicionais que

acompanham suas matérias, toca uma em japonês. É mais um recurso que possibilita

contextualizar o que está sendo vivenciado para o telespectador.

O colunista visita e apresenta diversas partes do parque. Em meio à matéria, para

evidenciar a fama da personagem Hello Kitty, ele cita, ao mesmo tempo em que a edição

inclui fotos, algumas celebridades que têm coleções da boneca, como Lady Gaga, Cristina

Aguilera, Britney Spears, Cameron Diaz, Paris Hilton e Mariah Carey. Posteriormente, fala

um pouco mais sobre a boneca, contando quem foi a sua idealizadora, o motivo de a

personagem não possuir boca e que ela já foi considerada embaixadora do Fundo das Nações

Unidas para a Infância, a Unicef, duas vezes. Em meio a isso, Amaury Júnior fotografa até

mesmo com os personagens que formam a família da Hello Kitty. A fama da personagem

infantil é associada à de grandes estrelas da música e do cinema internacionais – olimpianas –

exemplificando o valor-notícia da notoriedade, como sugere Jorge (2006, p. 10). Dessa

maneira, o processo de identificação do público fica mais estreito com essas pessoas que

compõem a elite mundial.

Na matéria, o apresentador visita também a Nakamise Street, uma rua em Tóquio onde

são comercializados diversos produtos japoneses. Nessa rua também fica o mais antigo

templo budista de Tóquio, o Sensoji. Visitando pontos turísticos famosos no Japão, Amaury

Júnior sugere o conhecimento de uma nova cultura. Para o público das colunas sociais viajar

também representa poder, valor-notícia temático. Além desse, podemos identificar também a

presenta de outros valores-notícia temáticos como a economia e a religião.

Amaury Júnior experimenta produtos e serviços e mostra a dança do dragão, que

também é exibida na Nakamise Street.

O apresentador visita uma das lojas mais tradicionais de quimono, vestimenta

tradicional japonesa, conversa com o proprietário, Goro, que também é o presidente da

Associação Japonesa de Karaokê, e se veste com uma das peças. Ele esclarece que o quimono

é usado por pessoas de qualquer idade e sexo, para diferentes ocasiões, que existem diversas

cores e estampas disponíveis e acessórios para usar com ele. A moda também é um valor-

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notícia temático, segundo Jorge (2006, p. 10). Todos os setores que compõem a indústria do

vestuário, desde tendências da moda às marcas e grifes mais famosas, interessa em demasia

ao público das colunas sociais. Ainda dentro da loja, Amaury Júnior explica o hábito que o

povo japonês tem de se curvar para cumprimentar, agradecer ou se desculpar.

Saindo da primeira loja, o apresentador passa para uma próxima que, segundo ele, é

uma das mais caras entre as que vendem quimonos, pois vende sob encomenda. Dessa vez,

ele comenta outras curiosidades a respeito da vestimenta e revela os valores de algumas. Mais

uma vez, o dinheiro tem valor de notícia no Programa Amaury Jr.

Ainda falando explorando a temática da moda, Amaury Júnior passa numa banca que

vende paletós coloridos e estampados. Ele veste uma das peças expostas, também entrevista o

proprietário e conta que é hábito dos artistas japoneses usarem cores extravagantes. Para

ajudar a situar a imaginação dos telespectadores, o colunista cita como referência de roupas

Cauby Peixoto.

Kitajima Saburo é o cantor japonês que, em reconhecimento, corresponde a Roberto

Carlos. Amaury Júnior fez questão de citá-lo e mostrar um vídeo dele, pois ele compra paletós

nessa banca também. Com esses dois exemplos, a referência aos cantores brasileiros é, mais

uma vez, a forma que o colunista encontra de fazer com que aconteça uma identificação do

seu público com o tema abordado na reportagem.

Enquanto andava na rua, o apresentador encontra dois artistas do Japão que fazem lá

um programa humorístico equivalente ao Pânico na Band, aqui do Brasil. Os três conversam

e se divertem.

Amaury Júnior visita depois um ateliê que vende frutas para presentear, um costume

entre os japoneses. Segundo ele, as frutas são selecionadas e manipuladas como joias, e

finaliza dizendo os valores de algumas e que lá é chique e de bom gosto alguém enviar um

presente como esse. Em meio às frutas, ele chama atenção para as mangas que vêm do Brasil.

Aqui, além do valor-notícia dinheiro estar presente, encontrar produtos brasileiros sendo

comercializados no Japão é uma oportunidade única de fazer o público primeiro do Programa

Amaury Jr, que é brasileiro, se orgulhar e valorizar sua nação. Mais uma vez há identificação

do receptor da mensagem, visto que o apresentador dá ênfase aos produtos vindos do Brasil.

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O colunista dedica a visita ao ateliê das frutas, segundo ele, a dois amigos do

Programa Amaury Jr: o estudioso em instrumentos musicais, Vitor Abud, e o empresário

paulista, Sérgio Kalil. A dedicatória é feita porque, de acordo com Amaury Júnior, ambos

valorizam as frutas nas refeições. Citando esses personagens ele nos mostra outros colunáveis,

dessa vez, não tão conhecidos pelo grande público, mas que têm sua importância no meio

social em que vivem. São as relações humanas como valor-notícia.

O apresentador faz observações sobre os costumes dos japoneses, comparando com

uma visita anterior que já havia feito.

Amaury Júnior, depois, convida o seu público a visitar um dos hotéis-cápsula de

Tóquio. Ele mostra as dependências, entra numa das cápsulas e entrevista um funcionário que,

por sua vez, detalha as acomodações, as opções de hospedagem e os valores.

Anoitece e Amaury Júnior visita um dos bairros mais movimentados de Tóquio, o

Shizuko. Lá ele vai a uma das lojas mais populares do Japão, a Don Quijote, onde entrevista o

gerente geral, que fala sobre a loja e os produtos vendidos. Amaury Júnior sobe para um andar

onde ficam as bolsas de marca vendidas nessa loja e garante que elas não são falsificadas.

O dinheiro e o trabalho – luxo, riqueza, bens, mercadorias e economia – são assuntos

presentes cotidianamente nas colunas sociais e, portanto, compõem valores-notícias de forma

a orientar e influenciar a opinião pública sobre determinados aspectos. Com a análise de

discurso, a partir de Pinto (1999, p. 22), consegue-se explicar que nesses textos podem ser

encontradas as marcas dos processos sociais de produção de sentidos. Nesse caso, a

mensagem do emissor colunista social substitui “a procura do conhecimento e da verdade pela

construção de simulacros verossímeis que escondiam interesses de indivíduos e grupos,

utilizando uma técnica de produção discursiva centrada mais na emoção do que na razão,

destinada à cooptação do público” (PINTO, 1999, p. 13).

O Cats Inn-Chatan também é visitado pelo Programa Amaury Jr. Se trata de um lugar

para contemplar gatos, já que no Japão não é permitido ter animais de estimação em casa.

Quando chega ao final da primeira parte do programa, Amaury Júnior faz uma

chamada para o seguinte, informando quais atrações terá. Uma dessas atrações será o tatuador

responsável pelas tatuagens de Lady Gaga.

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Na segunda parte é exibido um infocomercial da loja Perfumeland, em Orlando. Nessa

loja, o jornalista entrevista uma funcionária, chamada Patricia Martin. Eles conversam sobre

uma marca de produtos para cabelos, a Moroccanoil, que os reconhecidos hair stylits

brasileiros estão usando, como Marco Antonio De Biaggi e Miguel Pioli. Ele cita o site da

loja e informa que as compras podem ser feitas por lá também.

“O jornalismo foi definido como o preenchimento de certas funções na sociedade ou,

se preferirem, no cumprimento de papéis sociais bem precisos” (TRAQUINA, 2004, p. 128).

Assim, ao mencionar nomes de famosos, Amaury Júnior cumpre um papel social, pois

permite a identificação do seu público com esses personagens.

Na terceira e última parte é exibida a vinheta final do programa, com os créditos, ao

som da música All Over The World, de Elo – música que faz parte do primeiro CD do

Programa Amaury Jr.

6.2 PROGRAMA AMAURY JR DE 29/12/2011

Diferente da primeira edição analisada, esta, exibida na quinta-feira, 29 de dezembro

de 2011, já tem início com a cobertura de um evento em São Paulo.

Amaury Júnior disse a Azedo (2007, p. 2) que investigava, junto a sua equipe, em

quais das dezenas de eventos diários para os quais eram convidados, poderiam ir e entrevistar

pessoas interessantes para o programa. Sobre isso, Traquina (2004, p. 150) enfatiza que “a

comunicação de ‘notícias’ é extremamente subjetiva e dependente de juízos de valor buscados

na experiência, atitudes e expectativas do ‘gatekeeper’”.

O colunista abre a matéria entrevistando o presidente do Sindicato dos Delegados da

Polícia Federal em São Paulo, Amaury Portugal. Trata-se da festa de confraternização de fim

de ano do Sindicato e entrega do Troféu Mérito Policial Federal. O presidente falou sobre o

trabalho do Sindicato e algumas reivindicações dele.

Sempre cheio de elogios, posteriormente o apresentador entrevistou o Ministro da

Justiça, José Eduardo Cardozo, que também esteve presente na festa, que aconteceu no Hotel

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Chenet On. O Ministro falou sobre metas do Governo em 2011 e os planos para o ano de

2012.

O terceiro entrevistado pelo colunista é o jurista Ives Gandra Martins, que fala sobre

seu livro Uma visão do mundo contemporâneo, lançado em 1996 e cuja temática continua

atual, economia. Falam também sobre planos para 2012.

Na entrevista seguinte, Amaury Júnior relembra sua viagem para a Turquia e comenta

que foi para lá pela empresa Turkish Airlines. O próximo entrevistado é o diretor da Turkish

do Brasil, Atagun Kutluyutsel. Ao lado dele, está a diretora da Queensberry Operadora, Eby

Piaskowy, que também é entrevistada. O tema da entrevista são roteiros de viagens para

Turquia e Vietnã.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, em São Paulo, também foi

entrevistado pelo Programa Amaury Jr. Nessa entrevista, o colunista consegue fazer com que

Luiz Flávio D’Urso confirme, na época, sua candidatura a prefeito de São Paulo, em 2012, o

que interrompe seu mandato na OAB. Depois eles conversam sobre a importância da Ordem

para o Brasil e as pretensões dela. No fim da entrevista, Amaury Júnior conta ao presidente da

OAB que veio a João Pessoa no lançamento do Tour Geneve, da TWS Empreendimentos e o

convida para o lançamento que ocorrerá em São Paulo, em fevereiro de 2012. Segundo Pinto

(1999, p. 31)

ao autor empírico corresponde o seu público ou audiência (ouvintes, leitores,

espectadores, etc.), que são os indivíduos de carne e osso a quem caberá interpretar o texto produzido. Possivelmente, alguns entre eles se identificarão, no todo ou em

parte, com os personagens a quem o emissor se dirige, representando-o(s) pelos

pronomes “tu”, “você” e outras formas de segunda pessoa – em textos verbais –,

instituindo-o(s) assim como seu(s) receptor(es). (PINTO, 1999, p. 31)

Todas as entrevistas são intercaladas por curtos VTs com imagens gerais da festa e

seus convidados, com música dançante. Laura Wie, repórter do Programa Amaury Jr, foi a

mestre de cerimônias do evento e todos os entrevistados por Amaury Júnior foram

homenageados na noite.

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O entrevistado na sequência é o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária

do Estado de São Paulo, a Faesp, Fábio Meirelles. A conversa gira em torno do trabalho

executado pela Federação durante o ano de 2011.

Lígia e Waldemar Kogos são os últimos entrevistados da noite. O casal é amigo do

presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Federal em São Paulo, Amaury Portugal, e

foram convidados também para o evento. Juntos eles falam sobre o presidente, o Sindicato e

sobre a categoria dos delegados, em geral.

Com a análise dessa edição consegue-se mostrar que, mais uma vez, o poder (as

disputas, os três poderes, organizações comunitárias, sindicatos e associações, igrejas,

aristocracia, elites), as relações humanas, a fraternidade, amizade e união, o desconhecido, a

economia, viagens e festas, o governo (administração e gestão pública, trabalho dos

funcionários, órgãos de planejamento e inteligência), o trabalho e as confidências (vida

pessoal eintimidades) são valores-notícia que passam pelos gates (portões) e são veiculados

pelo Programa Amaury Jr.

Depois, o Programa Amaury Jr exibe parte da Retrospectiva 2011, com uma

entrevista com o Padre Juarez de Castro, feita na Churrascaria Vento Haragano, que é um

dos anunciantes do programa. O padre fala sobre os seus programas na televisão, seu livro e

seu CD. Eles comentam também sobre uma peça teatral que o Papa João Paulo II, antes de se

tornar Papa, escreveu. A peça é a primeira do mundo a ser escrita por uma entidade santa e foi

encenada em São Paulo com elenco formado por Eriberto Leão, Fúlvio Stefanini, Mariana

Rios, Marcelo Airoldi e Mayana Neiva. Outros assuntos abordados na entrevista foram o

casamento entre homossexuais, a Parada Gay em São Paulo, o assédio das mulheres ao padre,

o uso da camisinha e métodos contraceptivos nas relações sexuais, o possível atrito entre o

entrevistado e o Padre Marcelo Rossi e o celibato. Eles ainda incluem na entrevista Heaven

Delhaye, a repórter de gastronomia que integra a equipe do Programa Amaury Jr. Eles

sugerem a ela fazer algumas comidas contidas na Bíblia. No fim, Denise Severo, que também

integra a equipe do programa, mas na parte comercial, entrega ao padre um óculos da grife

Yves Saint Laurent de presente da Ótica Diniz, outro anunciante do programa.

Com a exibição dessa entrevista, entre outros, surge o valor-notícia religião dentre os

possíveis de serem veiculados no Programa Amaury Jr. Ao conversar com o Padre Juarez de

Castro, o apresentador faz perguntas incisivas sobre determinados assuntos que parecem pré-

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determinados. Acerca disso, Orlandi (2001, p. 64) esclarece que “todo discurso é parte de um

processo discursivo mais amplo que recortamos”.

Entrando na parte final do programa, um VT é exibido com imagens dos melhores

momentos das viagens de Amaury Júnior pelo mundo. Entre as imagens, infocomerciais da

Cotação, empresa do Grupo Rendimento. Este VT termina com a logomarca do Programa

Amaury Jr e a mensagem: “conhecer o mundo antes de deixá-lo”, que convida o telespectador

a viajar e, assim, representa mais um discurso com interesses de grupos a que Pinto (1999, p.

13) se refere. Afinal, “a análise de discursos defende a ideia de que qualquer imagem, mesmo

isolada de qualquer outro sistema semiótico, deve sempre ser considerada como sendo um

discurso” (PINTO, 1999, p. 33).

Logo em seguida tem início uma matéria, feita por Laura Wie, na loja de móveis

Empório La Poltrona. Segundo ela, se trata de um especial sobre curiosidades da área da

decoração. Ela entrevista a empresária Nádia Guimarães, que fala sobre a história e o uso dos

abajures na decoração. O valor-notícia decoração aparece aqui, pela primeira vez, na análise

das edições do Programa Amaury Jr escolhidos para o trabalho monográfico.

Dando continuidade a Retrospectiva 2011, Amaury Júnior e Laura Wie conversam

sobre a entrevista que a repórter Maria Cândida fez com o elenco da série americana The Big

Bang Theory, quando estiveram no Brasil. Em seguida a entrevista é exibida, intercalada com

partes de episódios da série. “A caracterização de personagens públicos, obtida por meio da

escolha das fotos, recorte, [...] colocação de textos e legendas com determinadas

características tipográficas, é uma constante na mídia” (PINTO, 1999, p. 34).

Assim como na edição anterior analisada, ao fim do programa, antes dos créditos,

aparece uma curta exibição da entrevista do programa seguinte, com a legenda “amanhã”.

“Esse intertexto consensual, assim como as regras formais de investimento, contribuem para

sustentar, de modo direto ou indireto, relações de poder desiguais, relativas às diferenças

sociais entre os participantes do evento” (PINTO, 1999, p. 41).

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que o objetivo de todo meio de comunicação é veicular assuntos

interessantes e significativos. As pautas possíveis são abundantes e é necessária a seleção do

que será veiculado e a hierarquização de como serão veiculadas.

Tendo por base o exposto até aqui sobre colunismo social e, especificamente, sobre o

Programa Amaury Jr, percebemos que ele expõe diversos elementos de interesse do público.

A atração televisiva possibilita identificações desse público, atribui valores sociais,

disponibiliza modelos de vida e, além disso, fornece entretenimento.

No Programa Amaury Jr, percebemos que os temas mais comuns veiculados são

referentes a pessoas que integram a elite brasileira e também do exterior. Nas duas edições

analisadas para esta monografia, de 02 de novembro e 29 de dezembro de 2011, observa-se a

cobertura de eventos, viagens e entrevistas com pessoas ricas, influentes e famosas. São essas,

portanto, as temáticas que recebem cobertura do colunista Amaury Júnior diariamente.

Ao mostrar os colunáveis – celebridades, artistas, políticos e pessoas das classes altas

da sociedade – e os seus corpos, carreiras, lazeres, famílias e relacionamentos, Amaury Júnior

realça o caráter mitológico – olimpiano – e humano desses colunáveis e isso interessa ao seu

público.

Para que algo adquira interesse do público, deve afetar a vida de pessoas além das que

estão diretamente envolvidas – os colunáveis. Em meio a tantos outros assuntos mediados, o

Programa Amaury Jr é um lugar onde o público pode colher “material para a construção do

self” (TRINDADE, 2008, p. 14). Ou seja, o programa cumpre o seu papel de informar, de

entreter e o papel social, ao construir uma sociedade inspiradora, composta por pessoas belas,

felizes, viajantes e poderosas.

Ao fim das descrições das duas edições do programa notamos que, independentemente

da mudança de personagens e das ocasiões, todas as notas no colunismo social de Amaury

Júnior são elaboradas num mesmo molde. As descrições são visivelmente percebidas, o que

permite reafirmar a atribuição do status social nesse tipo de coluna.

A representação desses personagens de classes ascendentes ou privilegiadas em

palcos públicos, tal como os jornais, exige um empenho consciente para efetuar a

realização dramática de modo a inspirar a admiração do leitor-espectador. Assim,

podemos observar que a citação de sobrenomes, profissões, grifes da moda, além

dos elogios gerais que caracterizam esse gênero jornalístico são, efetivamente, os

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instrumentos utilizados para a construção de um imaginário de uma sociedade

próspera, feliz, distinta e, acima de tudo, inatingível para a maioria da população.

(SILVA; SILVA; FONSECA, 2009, p. 7)

Ao assistir às duas edições vemos, claramente, a presença dos anunciantes, que fazem,

segundo Amaury Júnior, seus infocomerciais no programa. Muitas das vezes a propaganda

surge em meio à entrevista ou matéria, de forma sutil ou não. Sobre isso, Traquina (2004, pgs.

165-166) teoriza citando alguns fatores que explicam a submissão do jornalismo aos

interesses do sistema capitalista, que são, entre outros, a “natureza capitalista, isto é, a procura

do lucro e a importância da publicidade; [...] a dependência dos jornalistas nas fontes

governamentais e das fontes do mundo empresarial; [...] as ações punitivas dos poderosos”

(TRAQUINA, 2004, pgs. 165-166)

No Programa Amaury Jr, além de sabermos que são considerados os valores

fundamentais, ou seja, a atualidade e o impacto das notas, matérias, coberturas e entrevistas,

os valores da profissão, ou seja, a notoriedade e a proximidade, podemos enxergar alguns

valores-notícia temáticos, como sexo, poder, amor, dinheiro, lazer, saúde e beleza, arte e

moda.

Para exemplificar o valor-notícia lazer, aproveitando-nos das duas edições do

Programa Amaury Jr analisadas, citamos a viagem do apresentador para Tóquio e a sua visita

a diversos lugares na cidade, além da cobertura do evento em São Paulo. Quanto à arte,

identificamos quando Amaury Júnior, em Tóquio, apresenta aos telespectadores a dança do

dragão, ou quando ele entrevista um jurista, no evento em São Paulo, que fala sobre seu novo

livro, ou ainda quando entrevista o padre, que fala sobre seus programas na televisão, livro e

CD, além de comentar sobre uma peça teatral escrita pelo Papa. Quando o colunista cita

personalidades que possuem coleções de bonecas Hello Kitty, ou entrevista políticos no

evento em São Paulo, temos um claro exemplo de atribuição do valor-notícia poder. Já o

dinheiro e a moda podem ser exemplificados quando Amaury Júnior visita, em Tóquio, lojas

de vestimentas tradicionais caras, ou quando presenteia o padre entrevistado com um óculos

de grife famosa. Ainda na conversa com o padre identificamos o valor-notícia sexo, quando

falam em casamento entre homossexuais, uso de preservativo, entre outros.

Perpassando por esses distintos valores, com discursos carregados de sentidos, o

Programa Amaury Jr propõe modos de agir. São modos que já conhecemos, mas que, “ao

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afirmarem ou negarem determinado valor, acabam reforçando certos modelos” (TRINDADE,

2008, p. 13) do nosso cotidiano.

Sendo assim, com uma análise geral a fim de compreender o processo discursivo do

Programa Amaury Jr é possível perceber que o espectador – destinatário – dele é construído

de duas maneiras. Há aqueles a quem chamamos de olimpianos, que pertencem ao meio social

noticiado, e que, consequentemente, por exemplo, se identificam com as marcas citadas na

atração televisiva, reconhecem os lugares visitados e conhecem uns aos outros em festas e

eventos. Por outro lado, há uma parcela da sociedade que forma o grupo de receptores que

também, de alguma forma, se identificam com as temáticas pautadas pelo Programa Amaury

Jr. E isso, segundo Pinto (1999, p. 54) “não indica uma escolha totalmente livre e consciente

por parte dos participantes, pois trata-se de uma seleção entre alternativas que é condicionada

socialmente”. A diferença destes últimos para os primeiros é a distância que estão da vivência

do cotidiano glamoroso e privilegiado. De acordo com Pinto (1999, p. 64), essa

sedução consiste em marcar as pessoas, coisas e acontecimentos referidos com

valores positivos ou eufóricos e negativos ou disfóricos, e/ou ainda em demonstrar

uma reação afetiva favorável ou desfavorável a eles. (PINTO, 1999, p. 64)

Ainda sustentando a ideia, Pinto (1999, p. 32) afirma que essa relação entre o discurso

do enunciador e o destinatário

é o lugar onde se manifestam as relações de saber e poder em jogo e que se

denomina relação pragmática (p. ex. distância ou cumplicidade, imposição ou

liberdade, pedagogia ou compartilhamento de valores entre iguais, superioridade ou

nivelamento hierárquico, etc.), que tem papel primordial no estabelecimento ou

reprodução das relações e identidades sociais pelos discursos. (PINTO, 1999, p. 32)

Conceituando, ainda a partir da obra de Pinto (1999, p. 14), temos que os argumentos

que objetivam a aprovação do público pelo lado emocional, “criando imagens simpáticas e

empáticas do orador e seu público, respectivamente, no interior os textos, são hoje chamados

pelos analistas de efeitos de sentido”. E acerca desses efeitos de sentidos, Orlandi (2001, p.

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20) completa indicando que “as palavras simples do nosso cotidiano já chegam até nós

carregadas de sentidos que não sabemos como se constituíram e que no entanto significam em

nós e para nós”. As “notícias são como são porque a realidade assim as determina”

(TRAQUINA, 2004, p. 146).

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