universidade federal da paraíba centro de ciências humanas ... · teste stroop na condição de...

208
Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências Humanas e Letras Departamento de Psicologia Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social Doutorado em Psicologia INGESTÃO AGUDA E CRÔNICA DE ETANOL NO FUNCIONAMENTO AUDITIVO E NEUROCOGNITIVO Jandilson Avelino da Silva João Pessoa, Fevereiro de 2015

Upload: others

Post on 05-Nov-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Universidade Federal da Paraíba

Centro de Ciências Humanas e Letras

Departamento de Psicologia

Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social

Doutorado em Psicologia

INGESTÃO AGUDA E CRÔNICA DE ETANOL NO FUNCIONAMENTO

AUDITIVO E NEUROCOGNITIVO

Jandilson Avelino da Silva

João Pessoa,

Fevereiro de 2015

i

JANDILSON AVELINO DA SILVA

INGESTÃO AGUDA E CRÔNICA DE ETANOL NO FUNCIONAMENTO

AUDITIVO E NEUROCOGNITIVO

Tese apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Psicologia Social

da Universidade Federal da Paraíba,

Doutorado em Psicologia, como

requisito para obtenção do título de

Doutor em Psicologia.

Orientação: Prof. Dr. Natanael

Antonio dos Santos

João Pessoa,

Fevereiro de 2015

ii

iii

iv

“Liberdade! Liberdade!

Abre as asas sobre nós

E que a voz da igualdade

Seja sempre a nossa voz (...)”

(Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir).

“Se A é o sucesso, então A é igual a X mais Y mais Z.

O trabalho é X; Y é o lazer; e Z é manter a boca fechada”

(Albert Einstein).

v

Aos meus avós (Assis e Marli, João e Idalina) aos meus pais (Jandir e Irene), ao meu

irmão (Janilson), e aos meus tios e primos com todo meu amor, pela construção de

quem sou, pelas orações, pela torcida e por todo apoio verdadeiro de sempre.

vi

Sumário

Certificado de aprovação..........................................................................................

Epígrafe......................................................................................................................

Dedicatória.................................................................................................................

Sumário......................................................................................................................

Lista de Símbolos, Siglas e Abreviaturas................................................................

iii

iv

v

vi

viii

Lista de Tabelas......................................................................................................... xii

Lista de Figuras......................................................................................................... xiv

Lista de Apêndices....................................................................................................

Lista de Anexos..........................................................................................................

Resumo.......................................................................................................................

xviii

xix

xx

Abstract...................................................................................................................... xxi

Resumen..................................................................................................................... xxii

1. Introdução...............................................................................................................

1.1. Caracterização da ingestão moderada de etanol..............................................

1

4

1.2. Caracterização da ingestão crônica de etanol.................................................. 5

1.3. Implicações biológicas da ingestão de etanol.................................................... 8

1.4. Alterações psicológicas relacionadas à ingestão de etanol.............................. 9

1.4.1. Funcionamento auditivo decorrente ao uso do etanol..................................

1.4.1.1. Consequências do etanol sobre as funções

auditivas.................................................................................................................

1.4.2. Funcionamento neuropsicológico decorrente ao uso do etanol...................

9

11

12

1.4.2.1. Memória e sua relação com o uso do etanol............................................... 13

1.4.2.2. Atenção e sua relação com o uso do etanol................................................. 17

1.4.2.3. Funções executivas e sua relação com o uso do etanol...............................

1.4.2.4. Consequências do etanol sobre as funções

neuropsicológicas...................................................................................................

19

22

2. Método.....................................................................................................................

2.1. Aspectos Éticos....................................................................................................

2.2. Instrumentos e equipamentos utilizados...........................................................

25

25

25

vii

2.2.1. Controle da amostra........................................................................................

2.2.2. Experimento de ingestão moderada de álcool...............................................

2.2.3. Experimento de ingestão crônica de álcool....................................................

2.2.4. Testagem psicofísica da audição.....................................................................

2.2.5. Testagem neuropsicológica da memória, atenção e funções executivas......

2.3. Caracterização da amostra................................................................................

2.3.1. Critérios de inclusão e exclusão.......................................................................

2.3.2. Descrição da amostra.......................................................................................

2.4. Procedimento geral do estudo............................................................................

3. Resultados...............................................................................................................

25

27

29

30

33

37

37

39

42

44

3.1. Estudo 1: Efeitos da ingestão moderada e crônica de etanol na

discriminação entre as diferentes notas musicais de uma escala ocidental

padrão.....................................................................................................................

3.1.1. Hipóteses...........................................................................................................

3.1.2. Objetivos...........................................................................................................

3.1.2.1. Geral...............................................................................................................

3.1.2.2. Específicos......................................................................................................

3.1.3. Resultados.........................................................................................................

3.2. Estudo 2: Efeitos da ingestão moderada e crônica de etanol na

performance neuropsicológica da memória, da atenção, e das funções

executivas...............................................................................................................

3.2.1. Hipóteses...........................................................................................................

3.2.2. Objetivos...........................................................................................................

3.2.2.1. Geral...............................................................................................................

3.2.2.2. Específicos......................................................................................................

3.2.3. Resultados.........................................................................................................

4. Discussão Geral......................................................................................................

5. Considerações Finais..............................................................................................

6. Referências..............................................................................................................

7. Apêndices................................................................................................................

8. Anexos.....................................................................................................................

45

46

47

47

48

48

64

65

70

70

71

72

133

148

150

175

185

viii

Lista de Símbolos, Siglas, e Abreviaturas

+ – Aproximadamente

σ – Desvio-padrão

X – Média

% - Porcentagem

χ2 – Qui-quadrado

5-HT – Serotonina

Ʃ – Somatório

A1, A2, A3, A4, A5, A6, e A7 – Primeira, segunda, terceira, quarta, quinta, sexta, e

sétima repetições da lista de palavras A do RAVLT

AA – Alcoólicos Anônimos

AAV – Aprendizagem Auditivo-verbal (ƩA1A5) no RAVLT

Ach – Acetilcolina

AD – Adrenalina

ADH – Álcool Desidrogenase Gástrica

ALT – Aprendizagem ao Longo das Tentativas [ƩA1A5-(5xA1)] no RAVLT

ALDH – Aldeído Desidrogenase

AUDIT – Alcohol Use Disorder Identification Test (Teste para Identificação das

Desordens pelo Uso do Álcool)

B1 – Repetição da lista de palavras B do RAVLT

BAC – Blood Alcohol Concentration (Concentração de Álcool no Sangue)

BDI – Beck Depression Inventary (Inventário de Depressão de Beck)

BFD-50 – Modelo de etilômetro

CANTAB – Cambridge Neuropsychological Test Automated Battery

ix

CCS – Centro de Ciências da Saúde

CEP – Comitê de Ética em Pesquisa

DA – Dopamina

DOD – Teste Dígitos Ordem Direta

DOI – Teste Dígitos Ordem Inversa

EEG – Eletroencefalografia

ERP – Event Related Potencial (Potencial Evocado)

FE – Funções Executivas

g/Kg – Grama por quilograma

GABA – Ácido Gama Aminobutírico

GC – Grupo Controle

GC-H – Grupo Controle formado por homens

GC-M – Grupo Controle formado por mulheres

GD – Game of Dice

GE – Grupo Experimental

GE1, GE2, GE3, GE4, e GE5 – Grupos Experimentais de Alcoolistas Abstêmios

GE-H – Grupo Experimental formado por homens

GE-M – Grupo Experimental formado por mulheres

Glu – Glutamato

Hz – Hertz

IG – Iowa Gambling

IGT – Iowa Gambling Task

IP – Interferência Proativa (B1/A1)

IR – Interferência Retroativa (A6/A5)

ISO – International Organization for Standardization

x

MAO B – Monoamina Oxidase

MCP – Memória de Curto Prazo

MEG – Magnetoencefalografia

MLP – Memória de Longo Prazo

MMN – Mismatch Negativity (Potencial de Disparidade)

MR – Memória de Reconhecimento

NA – Noradrenalina

Nac – Núcleo Accumbens

NAC – Controles não alcoólicos

NS – Neurociência Social

PET 18-FDG – Tomografias por Emissão de Pósitrons

RAVLT – Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey

DAS – Síndrome da Dependência do Álcool

SN – Sistema Nervoso

SRAA – Sistema Ativador Reticular Ascendente

ST – Spondee Test

SW – Shapiro-Wilk (Teste de normalidade para amostra < 50)

TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TNDA – Indivíduos dependentes do álcool nunca tratados

TE – A7/A6: Taxa de Esquecimento

TR-A – Taxa de Reconhecimento de palavras da lista A

TR-AB – Taxa de Reconhecimento de palavras das listas A e B

TR-B – Taxa de Reconhecimento de palavras da lista B

VI – Variável Independente

VD- Variável Dependente

xi

WAIS-III – Wechsler Adult Intelligence Scale (Escala de Inteligência Adulta de

Wechsler, terceira versão)

WAIS-III – Wechsler Adult Intelligence Scale-III

WAIS-R – Wechsler Adult Intelligence Scale-Revised

WCS – Wisconsin Card Sorting

xii

Lista de Tabelas

Tabela 1.

Tabela 2.

Tabela 3.

Tabela 4.

Tabela 5.

Tabela 6.

Tabela 7.

Tabela 8.

Tabela 9.

Tabela 10.

Tabela 11.

Tabela 12.

Tabela 13.

Tabela 14.

Tabela 15.

Notas testes e distratoras em quarta oitava utilizadas no experimento de

discriminação de notas musicais................................................................

Número e porcentagem de participantes alcoolistas abstêmios por tipo

de grupo experimental (GE).......................................................................

Número total de respostas corretas obtidas pelos participantes tomados

em conjunto no teste de discriminação para cada uma das notas

musicais por condição experimental..........................................................

Quantidades de acertos obtidos pelas mulheres no teste de

discriminação das notas musicais por condição experimental.................

Número total de respostas corretas obtidas pelos homens no teste de

discriminação para cada uma das notas musicais por condição

experimental...............................................................................................

Quantidades de acertos no teste de discriminação das notas musicais

para mulheres e homens após ingestão de placebo...................................

Quantidades de acertos obtidos no teste de discriminação das notas

musicais pelas mulheres e homens após ingestão de etanol......................

Número total de respostas corretas obtidas pelos participantes no teste

de discriminação para cada uma das notas musicais por condição

experimental...............................................................................................

Quantidade de acertos dos participantes nas tarefas neuropsicológicas

de memória após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE)...................

Valores totais obtidos pelos participantes nas tarefas neuropsicológicas

de atenção após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE).....................

Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte A, nas condições

controle (placebo) e experimental (álcool)................................................

Teste de homocedasticidade para o teste das Trilhas, parte A, nas

condições controle (placebo) e experimental (álcool)...............................

Valores totais obtidos pelos participantes nas tarefas neuropsicológicas

de funções executivas (FE) após ingestão de placebo (GC) e de etanol

(GE)............................................................................................................

Teste de normalidade para as possíveis variáveis paramétricas do Teste

Stroop na condição de ingestão de placebo...............................................

Teste de homocedasticidade para as possíveis variáveis paramétricas do

Teste Stroop na condição de ingestão de placebo......................................

32

41

49

51

52

54

55

57

73

83

87

88

93

94

95

xiii

Tabela 16.

Tabela 17.

Tabela 18.

Tabela 19.

Tabela 20.

Tabela 21.

Tabela 22.

Tabela 23.

Tabela 24.

Tabela 25.

Teste de normalidade para as possíveis variáveis paramétricas do Teste

Stroop na condição de ingestão de álcool..................................................

Teste de homocedasticidade para as possíveis variáveis paramétricas do

Teste Stroop na condição de ingestão de álcool.........................................

Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte B, nas condições

controle (placebo) e experimental (álcool)................................................

Teste de homocedasticidade para o teste das Trilhas, parte B, nas

condições controle (placebo) e experimental (álcool)...............................

Número total de acertos obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-

GE3-GE4-GE5)* e pelo grupo controle (GC) nas tarefas

neuropsicológicas de memória...................................................................

Valores totais obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-

GE5)* e pelo grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de

atenção........................................................................................................

Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte A, nas condições

controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)........................

Valores totais obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-

GE5)* e pelo grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de

funções executivas (FE)..............................................................................

Teste de normalidade para a média de tempo de execução do teste

Stroop, nas condições controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-

GE4-GE5)...................................................................................................

Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte B, nas condições

controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)........................

95

96

103

103

105

117

119

122

123

131

xiv

Lista de Figuras

Figura 1.

Figura 2.

Figura 3.

Figura 4.

Figura 5.

Figura 6.

Figura 7.

Figura 8.

Figura 9.

Figura 10.

Figura 11.

Figura 12.

Figura 13.

Figura 14.

Figura 15.

Funções neuropsicológicas avaliadas relacionadas às suas

subfunções e aos seus respectivos testes........................................

Discriminação entre as notas musicais pelos participantes

agrupados após a ingestão de placebo e de etanol (N = 40, *p <

0,05)................................................................................................

Discriminação entre as notas musicais por mulheres após a

ingestão de placebo e de etanol (N = 20, *p < 0,05)......................

Discriminação entre as notas musicais por homens após a

ingestão de placebo e de etanol (N = 20, *p < 0,05)......................

Discriminação entre as notas musicais por mulheres e homens

após a ingestão de placebo (N = 40, *p < 0,05).............................

Discriminação entre as notas musicais por mulheres e homens

após a ingestão de etanol (N = 40, *p < 0,05)................................

Comparação entre si dos grupos de alcoolistas divididos pelo

tempo de abstinência em função da discriminação entre as notas

musicais (*p < 0,05).......................................................................

Alcoolistas em abstinência de 1-3 anos (GE1) comparados ao

grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)...............

Alcoolistas em abstinência de 4-6 anos (GE2) comparados ao

grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)...............

Alcoolistas em abstinência de 7-9 anos (GE3) comparados ao

grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)..............

Alcoolistas em abstinência de 10-12 anos (GE4) comparados ao

grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)...............

Alcoolistas em abstinência de 13-15 anos (GE5) comparados ao

grupo controle (GC) para cada nota musical (*p < 0,05)...............

Comparação das curvas de aprendizagem dos homens (N = 20) e

mulheres (N = 20) após a ingestão de placebo (GC) (*p < 0,05)...

Comparação das curvas de aprendizagem dos homens (N = 20) e

mulheres (N = 20) após a ingestão de etanol (GE) (*p < 0,05)......

Curvas de aprendizagem elaboradas pelo agrupamento de todos

os participantes após a ingestão de placebo (GC) e etanol (GE)

(N = 40; *p < 0,05).........................................................................

34

50

52

53

55

56

58

59

60

61

62

63

76

77

78

xv

Figura 16.

Figura 17.

Figura 18.

Figura 19.

Figura 20.

Figura 21.

Figura 22.

Figura 23.

Figura 24.

Figura 25.

Figura 26.

Comparação entre as taxas de interferência proativa (IP) após

ingestão de placebo (GC) e etanol (GE) para os participantes

agrupados (N = 40), homens (N = 20), e mulheres (N = 20) (*p <

0,05) ...............................................................................................

Comparação entre as taxas de interferância retroativa (IR) após

ingestão de placebo (GC) e etanol (GE) para os participantes

agrupados (N = 40), homens (N = 20), e mulheres (N = 20) (*p <

0,05)................................................................................................

Comparação entre a quantidade de acertos no teste de recordação

a longo prazo (A7) para todos os participantes agrupados (N =

40), para os homens (N = 20), e para as mulheres (N = 20) após

ingestão de placebo (GC) e de alcool (GE)....................................

Comparação dos grupos de ingestão de placebo (GC) e de álcool

(GE) respectivamente para todos os participantes agrupados (N

= 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) no

teste dos Códigos – WAIS-III (*p < 0,05).....................................

Comparação dos grupos de ingestão de placebo (GC) e de álcool

(GE) respectivamente para todos os participantes agrupados (N

= 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) no

teste Procurar Símbolos – WAIS-III (*p < 0,05)...........................

Comparação dos grupos de ingestão de placebo (GC) e de álcool

(GE) respectivamente para todos os participantes agrupados (N

= 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) no

teste dos Dígitos, ordem direta – WAIS-III (*p < 0,05)................

Diferenças entre a duração de execução do teste das Trilhas,

parte A, nos grupos de ingestão de placebo (GC) e álcool (GE)

respectivamente para todos os participantes agrupados (N = 40),

para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) (*p < 0,05)

Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e de álcool (GE)

pelo total de participantes agrupados em função do número de

erros de omissão e confusão no Teste do A (N = 40; *p < 0,05)...

Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e de álcool (GE)

pelos homens em função do número de erros de omissão e

confusão no Teste do A (N = 20; *p < 0,05)..................................

Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e de álcool (GE)

pelas mulheres em função da quantidade de erros

respectivamente de omissão e confusão no Teste do A (N = 40;

*p < 0,05) ......................................................................................

Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três

fases entre homens (N = 20) e mulheres (N = 20) após ingestão

80

80

81

85

85

86

89

90

91

91

xvi

Figura 27.

Figura 28.

Figura 29.

Figura 30.

Figura 31.

Figura 32.

Figura 33.

Figura 34.

Figura 35.

Figura 36.

Figura 37.

Figura 38.

de placebo (GC) (*p < 0,05) ..........................................................

Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três

fases entre homens (N = 20) e mulheres (N = 20) após ingestão

de etanol (GE) (*p < 0,05) ............................................................

Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três

fases entre homens após ingestão de placebo (GC) e de etanol

(GE) (N = 20; *p < 0,05) ...............................................................

Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três

fases entre mulheres após ingestão de placebo (GC) e de etanol

(GE) (N = 20; *p < 0,05) ...............................................................

Comparação do tempo de execução do Teste Stroop em suas três

fases entre o conjunto de participantes agrupados após ingestão

de placebo (GC) e de etanol (GE). (N = 40; *p < 0,05).................

Diferenças entre a duração de execução do teste das Trilhas,

parte B nos grupos de ingestão de placebo (GC) e álcool (GE)

respectivamente para todos os participantes agrupados (N = 40),

para os homens (N = 20) e para as mulheres (N = 20) (*p < 0,05)

Comparação entre os grupos de alcoolistas divididos pelo tempo

de abstinência (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e o grupo

controle (GC) (N = 30) no teste dos Dígitos, ordem inversa –

WAIS-III (*p < 0,05) ....................................................................

Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas

com tempo de abstinência de 1-3 anos (GE1) (N = 30) e do

grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................

Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas

com tempo de abstinência de 4-6 anos (GE2) (N = 30) e do

grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................

Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas

com tempo de abstinência de 7-9 anos (GE3) (N = 30) e do

grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................

Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas

com tempo de abstinência de 10-12 anos (GE4) (N = 30) e do

grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................

Comparação entre as curvas de aprendizagem dos alcoolistas

com tempo de abstinência de 13-15 anos (GE5) (N = 30) e do

grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)......................................

Comparação entre as taxas de interferência proativa dos grupos

experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e controle

97

98

99

100

101

104

107

108

109

110

110

111

xvii

Figura 39.

Figura 40.

Figura 41.

Figura 42.

Figura 43.

Figura 44.

Figura 45.

Figura 46.

Figura 47.

Figura 48.

(GC) (N = 30) (*p < 0,05)..............................................................

Comparação entre as taxas de interferência retroativa dos grupos

experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e controle

(GC) (N = 30) (*p < 0,05)..............................................................

Comparação entre a quantidade de acertos no teste de recordação

a longo prazo (A7) de alcoolistas divididos pelo tempo de

abstinência (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e do grupo

controle (GC) (N = 30; *p < 0,05).................................................

Comparação entre as taxas de reconhecimento de palavras da

lista A (TR-A) para os diferentes grupos experimentais (GE1-

GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e para o grupo controle (GC) (N

= 30) (*p < 0,05)............................................................................

Comparação entre o tempo médio de execução do teste das

Trilhas, parte A, para os grupos experimentais (GE1, GE2, GE3,

GE4, GE5) (N = 30) e controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)...........

Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas

três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência

de 1-3 anos (GE1) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)

(*p < 0,05)......................................................................................

Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas

três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência

de 4-6 anos (GE2) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)

(*p < 0,05)......................................................................................

Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas

três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência

de 7-9 anos (GE3) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)

(*p < 0,05)......................................................................................

Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas

três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência

de 10-12 anos (GE4) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)

(*p < 0,05)......................................................................................

Comparação entre o tempo de execução do Teste Stroop em suas

três fases para o grupo de alcoolistas com tempo de abstinência

de 13-15 anos (GE5) (N = 30) e o grupo controle (GC) (N = 30)

(*p < 0,05)......................................................................................

Comparação entre o tempo médio de execução do teste das

Trilhas, parte B, para os grupos experimentais (GE1, GE2, GE3,

GE4, GE5) (N = 30) e controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)...........

112

113

114

115

120

125

126

127

128

129

132

xviii

Lista de Apêndices

Apêndice A.

Apêndice B.

Apêndice C.

Termo de Consentimento Livre e esclarecido................................

Questionário Sócio-Bio-Demográfico 1.........................................

Questionário Sócio-Bio-Demográfico 2.........................................

175

177

181

xix

Lista de Anexos

Anexo 1.

Certificado de liberação para realização do estudo pelo Comitê

de Ética em Pesquisa......................................................................

185

xx

Silva, J. A. (2014). Ingestão aguda e crônica de etanol no funcionamento auditivo e

neurocognitivo. Tese de Doutorado (185 p.). Universidade Federal da Paraíba, João

Pessoa, Brasil.

Resumo

Sabe-se que o etanol, presente nas bebidas alcoólicas, ingerido de forma aguda

ou crônica, em seus vários níveis, leva a uma série de alterações orgânicas que podem

interferir em processos cognitivos e comportamentais básicos. Nesse sentido, o presente

estudo teve como objetivo avaliar a influência da ingestão aguda e crônica de etanol na

percepção auditiva e no funcionamento neuropsicológico. Manipulou-se a ingestão

aguda em estudantes universitários, de 18 a 30 anos, os comparando consigo mesmos

em duas condições diferentes. Em uma delas, solicitava-se que os participantes

ingerissem uma quantidade de álcool proporcional ao seu peso corporal para que no

momento dos testes possuíssem 0,08 % de etanol no sangue. Na outra, ingeriam apenas

uma bebida placebo. Avaliou-se a ingestão crônica do álcool em participantes de

Alcoólicos Anônimos, com idades de 40 a 60 anos, que possuíam de 1 a 15 anos de

abstinência, sendo que se avaliaram estes em grupos separados pelo tempo de três anos

de abstinência em comparação a um grupo controle formado por parentes em primeiro

grau. Avaliou-se a percepção auditiva por meio de um teste de discriminação de

frequências sonoras correspondentes às notas musicais de um escala ocidental padrão.

Já o funcionamento cognitivo avaliou-se por meio de testes neuropsicológicos relativos

aos processos de memorização, atenção, e de funcionamento executivo. Os resultados

mostraram que ambas as formas de ingestão do álcool ocasionam prejuízos perceptivos

na audição, bem como em algumas das subfunções neuropsicológicas avaliadas,

sugerindo que o uso do etanol pode ser um demarcador de determinadas deficiências

cognitivas.

Palavras-chave: Ingestão aguda de etanol; ingestão crônica de etanol; percepção

auditiva; discriminação de notas musicais; avaliação neuropsicológica

xxi

Silva, J. A. (2014). Acute and chronic ethanol on auditory and neurocognitive

functioning and intake. Ph.D. Thesis (185 pp.). Federal University of Paraíba, João

Pessoa, Brazil.

Abstract

It is known that ethanol present in the alcoholic beverages, of acute or chronic

ingestion in its various levels, leave to a variety of organic alterations that can interfere

with more basic behavioral and cognitive processes. In this sense, the present study

aimed to evaluate the influence of acute and chronic ethanol intake in the auditory

perception and neuropsychological functioning. Acute ingestion was experimentally

manipulated in college students with 18 to 30 years old compared with themselves in

two different sessions. In one of days, they had to ingest a quantity of alcohol

proportional to their body weight and when they possessed 0.08% of ethanol in the

blood they were evaluated. In another day, they drank just a placebo drink. The chronic

ingestion of alcohol was evaluated in Alcoholics Anonymous participants, aged 40-60

years, who had 1-15 years of abstinence. They were evaluated in separate groups of

three years of abstinence and were compared to a control group of first degree relatives.

The auditory perception was evaluated by means of a test for discrimination of musical

notes corresponding to standard Western scale sound frequencies. Cognitive functioning

was evaluated by means of neuropsychological tests for the processes of memory,

attention, and executive functioning. The results showed that both forms of alcohol

intake cause perceptual hearing loss as well as the some neuropsychological

subfunctions evaluated, suggesting that the use of ethanol may be a path of some

cognitive impairment.

Keywords: Acute moderate intake of ethanol; chronic ethanol ingestion; auditory

perception; discrimination of musical notes; neuropsychological assessment

xxii

Silva, J. A. (2014). La ingestión aguda y crónica de etanol en funcionamiento auditivo y

neurocognitivo. Tesis de Doctorado (185 p.). Universidad Federal de Paraíba, João

Pessoa, Brasil.

Resumen

Se sabe que el etanol presente en las bebidas alcohólicas, ingerido aguda o

crónica en sus varios niveles, conduce a una variedad de alteraciones orgánicas que

pueden interferir con los procesos cognitivos y conductuales más básicos. En este

sentido, el presente estudio tuvo como objetivo evaluar la influencia de la ingesta aguda

y crónica de etanol en la percepción auditiva y en el funcionamiento neuropsicológico.

Se manipuló experimentalmente la ingestión aguda en estudiantes universitarios de 18 a

30 años, comparados con ellos mismos en dos sesiones diferentes. En uno de los

xxiieur, se les pidió ingesta de una cantidad de alcohol proporcional a su peso corporal

hasta que poseían 0,08% de etanol en la sangre. En otro dia, bebieron sólo una bebida

placebo. Se evaluó la ingestión crónica de alcohol en los participantes de Alcohólicos

Anónimos, con edades entre 40 a 60 años que tenían 1-15 años de abstinencia, los

cuales fueron evaluados en grupos independientes de abstinencia en el tiempo de tres

años en comparación con un grupo control de parientes de primer grado. Se evaluó la

percepción auditiva por medio de una prueba para la discriminación de las notas

musicales correspondientes a una frecuencia estándar de sonido en la escala occidental.

El funcionamiento cognitivo se evaluó mediante pruebas neuropsicológicas para los

procesos de memoria, la atención y la función ejecutiva. Los resultados mostraron que

ambas formas de la ingesta de alcohol causan pérdida de percepción de audición, así

como en algunas de las subfunciones neuropsicológicas evaluadas, lo que sugiere que el

uso de etanol puede ser un camino de cierto deterioro cognitivo.

Palavras clave: Ingesta aguda de etanol; ingestión crónica de etanol; percepción

auditiva; discriminación de las notas musicales; evaluación neuropsicológica

___________________ 1.INTRODUÇÃO______________________

2

A Neurociência Social (NS) trata-se de uma perspectiva recente e promissora da

Psicologia Social que está envolvida no estudo complementar a outras explicações dos

fenômenos psicossociais (Ferreira, 2010). A NS utiliza-se de explicações

neurofisiológicas (biológicas) para a interpretação que é dada para as informações

sociais, incluindo os comportamentos, ou seja, para a NS as alterações do sistema

nervoso (SN) seriam a causa dos comportamentos sociais, aqueles que ocorrem dentro

de um dado contexto (Cacioppo & Cacioppo, 2014; Grande-García, 2009; McEwen &

Akil, 2011). Em meio a esses comportamentos estão os processos psicológicos básicos

(Cacioppo & Cacioppo, 2014), bem como também estão inseridas as suas alterações

devido a vários fatores, entre os quais, o uso ou abuso de substâncias químicas por

serem condutas que interferem nas interações sociais (McEwen & Akil, 2011).

A ingestão de substâncias químicas farmacológicas psicoativas, legais ou ilegais,

podem acarretar mudanças estruturais e funcionais em todo o organismo, inclusive e

principalmente no SN que possivelmente tendem a gerar como consequências prejuízos

em muitos âmbitos para os indivíduos (Fernández-Serrano, Pérez-García, Río-Valle, &

Verdejo-García, 2010; Ferreira, 2010). Entre essas substâncias, o etanol (álcool etílico,

ou simplesmente álcool), uma das mais utilizadas (Ferreira, 2010), pode influenciar

negativamente nas variadas manifestações comportamentais sociais (Duning, Kugel,

Menke, & Knecht, 2008; Green et al., 2010; Lyvers & Tobias-Webb, 2010).

O etanol é um composto químico orgânico, utilizado a partir de sua fermentação

para produção principalmente de combustíveis e bebidas. A elaboração de cada uma

dessas substâncias se dá por processos diferenciados (outras informações mais

detalhadas acerca da caracterização e produção das bebidas alcoólicas podem ser

obtidas em Cavalcanti, 2007; Silva, 2011). Como bebida, o etanol é usado desde 6000 a.

3

C. em vários contextos distintos. A grande aceitação social do seu consumo pode ter

sido derivada desses longos anos de uso de diversas formas (Ferreira, 2010).

Embora seja aceita e amplamente consumida, a bebida alcoólica ocasiona um

grande número de implicações para a sociedade. Os custos sociais vinculados à

utilização de bebidas alcoólicas são amplamente preocupantes, envolvendo desastres

automobilísticos, acidentes laborais, internamentos hospitalares em clínicas gerais e

psiquiátricas, ampliação do número de episódios ligados aos comportamentos violentos

(Bresighello, 2005; Nascimento & Justo, 2000). Além disso, o álcool pode facilitar o

uso de outras substâncias psicotrópicas (Bresighello, 2005). Essas consequências sociais

do uso de bebidas alcoólicas devem-se a atuação bioquímica do etanol no organismo

(Planeta & Graeff, 2012). Consequências psicofísicas e neuropsicológicas do etanol

serão testadas no presente trabalho, que ora apresenta-se dividido em três partes

principais.

A primeira parte dessa tese corresponde à fundamentação teórico-literária dos

principais efeitos/consequências da utilização de etanol, na forma de bebidas alcoólicas,

apresentando estudos relacionados a alterações neurocognitivas, nos âmbitos da

audição, memória, atenção e funções executivas. A segunda parte descreve o método de

execução de dois estudos diferentes relacionados ao uso agudo e crônico de etanol nas

funções neuropsicológicas. A terceira parte trás o relato separado dos dois referidos

estudos. A quarta, a quinta, a sexta, a sétima e a oitava partes apresentam

respectivamente uma discussão geral da presente tese, as considerações finais, as

referências dos estudos, apêndices e anexos.

4

2.2. Caracterização da ingestão moderada de etanol

O uso do etanol de forma aguda, de leve a moderada, ou seja, a frequência e

quantidade utilizada pelas pessoas que dizem “beber socialmente”, é considerado pela

World Health Organization (1994), como sendo o limite alcoólico que não ocasiona

agravos à saúde. Contudo, segundo Brick (2006) e Edwards et al. (2005), o nível de

ingestão “moderado” não possui consonância científica ou clínico-médica. As questões

políticas e culturais estão envolvidas na quantificação desse limiar podendo variar de 8-

20 g de etanol puro por semana (o que corresponde em média a três doses diárias de

bebidas destiladas, duas latas de cerveja ou dois cálices de vinho) (Andrade & Oliveira,

2009; Grinfeld, 2009; Klatsky, 2003).

Os estudos a respeito das consequências da ingestão moderada de etanol ainda

são bastante controversos, sendo que alguns indicam o surgimento de decorrências

clínicas positivas como os efeitos tensiolíticos, orexígenos, coronarianos,

cerebrovasculares, arteriais, e protetivos contra a diabetes mellitus do tipo II e as

demências (Almeida & Barbosa Filho, 2006; Andrade & Oliveira, 2009; Clemente &

Fonseca, 2002; Edwards et al., 2005; Glória, 2002; Klatsky, 2003; Meyer, Nicastri,

Bordin, Nisenbaum, & Ribeiro, 2004; Planeta & Graeff, 2012). Por outro lado, outros

estudos propõem que ocorram alterações orgânicas graves principalmente referentes aos

sistemas digestório (principalmente danos hepáticos), cardíaco (arritmias e aumentos da

pressão arterial) e nervoso (comprometimentos neuropsicológicos) (Clemente &

Fonseca, 2002; Ferreira, 2010; Figueira, 2002; Glória, 2002).

Todas essas implicações fisiológicas gerais decorrem porque a ingestão de

bebidas alcoólicas apresenta absorção e distribuição rápidas em todos os tecidos e

fluidos do organismo devido ao seu transporte fácil para o interior das membranas

celulares que são altamente permeáveis ao etanol (Yonamine, 2004). Para qualquer

5

quantidade de etanol, aproximadamente metade é absorvida em 15 minutos, a

concentração máxima no sangue é atingida em 30 minutos e a absorção total ocorre em

cerca de duas horas. Variáveis como a alimentação ou a realização de exercícios físicos

antes ou durante o processo pode retardar esses valores de tempo (Drummer & Odell,

2001; Leyton, Ponce, & Andreuccetti, 2009).

1.2. Caracterização da ingestão crônica de etanol

Segundo Laranjeira e Pinsky (2001), a ingestão crônica do etanol pode partir de

uma ingestão moderada inicial por se desenvolver gradativamente do uso ao abuso das

bebidas alcoólicas, podendo chegar à dependência. O uso é qualquer consumo

esporádico com finalidade de experimentar não associado com problemas biológicos ou

sociais (Bordin, Figlie, & Laranjeira, 2004). O abuso trata-se de um consumo recorrente

e nocivo relacionado a problemas orgânicos, sociais e/ou legais (Planeta & Graeff,

2012). A dependência está relacionada à doença do alcoolismo, e consiste na

necessidade do consumo ininterrupto, causada pela tolerância, para impedir a ocorrência

da abstinência (Hales & Yudofsky, 2006).

Segundo a American Psychiatric Association (2002), a tolerância está ligada a

atenuação progressiva dos efeitos das drogas, devido ao uso contínuo, impelindo o

indivíduo a ingeri-las em quantidades cada vez maiores para atingir a intoxicação. A

abstinência incide em um conjunto de sintomas comportamentais decorrentes de

alterações fisiológicas ocasionadas pela diminuição ou retirada da substância do

organismo.

A abstinência pode iniciar-se aproximadamente de 4 a 12 horas após a

interrupção do uso do álcool, tendo intensidade máxima no segundo dia e melhora

acentuada no quarto ou quinto dia, podendo persistir em intensidades inferiores de até 3

6

a 6 meses depois. Seus sintomas compreendem a ansiedade, a sudorese, o aumento da

frequência cardíaca, tremores das mãos, náusea e vômitos, alucinações ou ilusões

perceptuais diversas transitórias, agitação psicomotora, convulsões e insônia.

(American Psychiatric Association, 2002).

As consequências do alcoolismo, diferente do uso moderado de etanol,

geralmente não são consideradas positivas pela literatura (Edwards et al., 2005; Harper

& Matsumoto, 2005; Wegner, Günthner, & Fahle, 2001). A maioria dos estudos

sugerem alterações orgânicas gerais prejudicadas pela ingestão crônica do álcool, como

a presença de doenças e eventos cardiovasculares (hipertensão e acidente vascular

encefálico), respiratórias (infecções pulmonares), digestivas (hepatite, cirrose,

pancreatite, gastrite), ósseas (osteoporose), podendo ainda desenvolver anemias e até

mesmo o câncer (Edwards et al., 2005).

O alcoolismo pode comprometer também estruturas e funções celulares do

sistema nervoso, seja por meio de deficiência nutricional (malnutrição, deficiências

vitamínicas e redução do metabolismo cerebral) ou por distúrbios ocasionados nos

sistemas imune e hormonal (Figueira, 2002; Wong et al., 2003). Estruturalmente, os

alcoolistas apresentam cérebro e corpo caloso (responsável pela comunicação entre os

hemisférios cerebrais) diminuídos (Hommer, 2003; Wong et al., 2003) e irregularidades

na substância branca (extensões axonais indicadoras do enfraquecimento da relações

neuronais (Wong et al., 2003).

Funcionalmente, o alcoolismo aumenta a estimulação da dopamina (DA) e da

serotonina (5-HT), neurotransmissores excitatórios presentes respectivamente no

Núcleo Accumbens (Nac), envolvido no reforço e na motivação, e dessa forma na

experiência subjetiva de recompensa e prazer, e no núcleo da rafe, relacionado à

emoção, motivação e atenção, sugerindo aumento da ansiedade e agressividade na

7

abstinência, bem como da tolerância a droga, fazendo alcoolistas sentirem a necessidade

de quantidades gradativamente maiores da substância para obter a sensação de prazer

agregada a ela (Di Chiara, 1997; Lovinger, 1997; Wong et al., 2003).

Segundo Meyer et al. (2004), o alcoolismo é um problema de saúde de difícil

tratamento. Desse modo, existem diversos âmbitos de intervenção, que podem ser

psicológicos, farmacológicos, ou por grupos de apoio, que servem principalmente para

o alívio dos sintomas da abstinência e diminuição da vontade de ingerir álcool.

Segundo Oliveira, Freire e Laranjeira (2011), no tratamento psicológico, as

terapias cognitivas e comportamentais (TCC’s) têm se mostrado efetivas por meio do

uso de técnicas de psicoeducação, para o paciente aprender o funcionamento do

transtorno aditivo e assim adquirir a capacidade de identificar situações de risco, e

realizando treinamentos de novas habilidades sociais, como dos comportamentos

assertivos, para aprender, por exemplo, a recusar convites para eventos que representem

riscos de recaídas e para auxiliar na criação de redes de apoio social.

Além disso, as TCC’s têm auxiliado ensinando a manejar a fissura, a partir do

comportamento de lidar com as emoções negativas, e elaborando reestruturações

cognitivas dos indivíduos com alcoolismo, para fortalecer as crenças de controle e

enfraquecer as crenças permissivas (Oliveira, Freire, & Laranjeira, 2011).

Nas intervenções farmacológicas são utilizados principalmente sensibilizantes ao

álcool e agentes anti-craving (anti-fissura). Os sensibilizantes (por exemplo,

Dissulfiram) acionam a enzima aldeído desidrogenase (ALDH) que aumenta a

concentração de acetato, uma substância tóxica que produz sintomas desagradáveis

como cafaléia, náuseas e vômitos, tontura, turvação da visão, sonolência, taquicardia e

dores pulmonares que terminam por provocar reação aversiva a droga. Os agentes anti-

craving (exemplos: Naltrexona, antagonista opióide que age na sedação e Acamprosato,

8

estimulante GABAérgico que inibe sintomas da abstinência) reduzem a vontade de

consumir álcool (Castro & Baltieri, 2004).

A integração aos grupos de apoio são formas auxiliares de tratamento, nas quais

os indivíduos se identificam como dependentes alcoolistas, compartilham suas

experiências e buscam mudanças no estilo de vida e na forma de lidar com o álcool

(Silva, Viana, Andrade, & Gadelha, 2013). O mais popular deles trata-se dos Alcoólicos

Anônimos (AA), fundado nos Estados Unidos, em 1935, e instalado no Brasil em 1947

(Zaluar, 1994). Esse programa baseia-se na abstinência total ao álcool.

1.3. Implicações biológicas da ingestão de etanol

O etanol trata-se de uma substância que desestabiliza as células nervosas

refletindo em alterações inespecíficas na transmissão de impulsos elétricos e na

liberação de neurotransmissores (Clemente & Fonseca, 2002; Ferreira, 2010; Figueira,

2002; Glória, 2002). Fatores como a concentração sanguínea, a espécie de bebida, a

quantidade e velocidade da ingestão, os atributos individuais do consumidor e o

contexto social no qual está inserido, influenciam quantitativa e qualitativamente nos

efeitos ocasionados (Andrade & Oliveira, 2009). As mulheres, por exemplo, por

possuírem maior quantidade relativa de gorduras e menor volume de água por peso

corporal, bem como menor atividade da Álcool Desidrogenase Gástrica (ADH), terão

sempre concentrações sanguíneas maiores, ainda que a mesma quantidade de álcool seja

consumida por ambos, homens e mulheres (Andrade et al., 2009). A ADH é uma das

enzimas mais importantes para o metabolismo do etanol. As mulheres só a possuem no

fígado. Os homens a possuem no fígado e no estômago (Edwards, Marschall, & Cook,

2005; Ramchandani, Bosron, & Li, 2001).

9

Sua atuação neurológica se dá tanto no sistema excitatório quanto no inibitório,

mediados respectivamente pelo glutamato (Glu), e pelo ácido gama aminobutírico

(GABA). Dessa forma, o uso do álcool pode aumentar a liberação dos

neurotransmissores dopaminérgicos, além de estimular os receptores opióides, gerando

a liberação de endorfinas, ocasionando respectivamente as sensações de prazer e de

bem-estar nos indivíduos (Carvalho, 2008; Ferreira, 2010; Yonamine, 2004). Ao mesmo

tempo, pela ingestão dessa substância pode-se inibir a liberação de acetilcolina (Ach),

fato contribuidor para instalação de prejuízos nos mecanismos colinérgicos influentes

em aspectos psicológicos perceptivos, como a audição (Harkrider & Hedrick, 2005;

Lustig, 2006; Sahley, Nodar, & Musiek, 1997), e neurocognitivos, como a memória

(Blokland, 1996; Gold, 2003; Hasselmo, 1999; Hasselmo, 2006), a atenção (Botly & De

Rosa, 2008; Sarter, Bruno, & Turchi, 1999) e as funções executivas (Robbins, 2000;

Robbins & Roberts, 2007). Todas essas problemáticas decorrentes do uso de álcool

também estão conectadas à forma de ingestão, seja aguda, em seus vários níveis: leve,

moderado e intenso (Green et al., 2010), ou crônica (utilização longitudinal), que está

ligada as síndromes de dependência (Lyvers, 2000).

1.4. Alterações psicológicas relacionadas à ingestão de etanol

1.4.1. Funcionamento auditivo decorrente ao uso do etanol

A percepção auditiva trata-se do resultado final de um processo que se inicia

com a vibração dos objetos no ambiente alterando a pressão atmosférica do ar e tem seu

término com a modulação cortical referente ocorrida no encéfalo (Costamilan, 2004;

Mendes, 2008; Moore, 2007; Puggina, da Silva, Gatti, Graziano, & Kimura, 2005;

Samelli & Schochat, 2008). De forma geral, o som adentra o pavilhão auditivo na orelha

externa, atravessando a membrana timpânica, o que possibilita a movimentação dos três

10

ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo), equilibrando a entrada de ar/som.

Esses ossículos estão ligados a uma membrana chamada janela oval que recobre um

pequeno orifício do crânio, e está conectada a cóclea, na orelha interna, onde é feita a

primeira separação e interpretação dos sinais sonoros (Bear, Connors, & Paradiso, 2008;

Moore, 2005; Paulucci, 2005; Rui & Steffani, 2007).

A cóclea é uma estrutura espiralada que possui em seu interior um líquido

chamado linfa que se movimenta pelas vibrações externas ocasionando potenciais de

ação nas células ciliadas: quinecílios (mais longas) e estereocílios (mais curtas). Quando

a linfa oscila em direção aos quinecílios as células são despolarizadas ocasionando o

aumento da excitação neuronal. Já quando a oscilação se dá em direção aos estereocílios

elas são hiperpolarizadas, acarretando a inibição neuronal (Bear et al., 2008; Hudspeth,

1997; Schiffman, 2005; Vollrath, Kwan, & Corey, 2007).

Essas informações processadas perpassam por meio dos nervos vestíbulo-

cocleares por uma série de estruturas até chegarem no córtex, região organizada

tonotopicamete. Isso significa dizer que essas áreas possuem representações

proporcionais, como mapas, das localizações dos neurônios específicos para a

interpretação das diferentes frequências sonoras (Bilecen, Scheffler, Schimid, Tschopp,

& Seelig, 1998; Formisano et al., 2003; Joris, Schreiner, & Rees, 2004; Langers,

Backes, & Dijk, 2006; Machado, 2005; Schiffman, 2005; Schönwiesner, Cramon, &

Rübsamen, 2002).

As células da região mais espessa da cóclea, chamada base, são acionadas por

sons de frequência alta, enquanto que na região mais fina dessa estrutura, chamada

ápice, os sons de frequência baixa são os que ativam as células nervosas (Dallas, 1992;

Gold, 1948; Robles & Ruggero, 2001). Outras informações mais específicas em termos

de estruturas e processamento da audição podem ser obtidas em Silva (2011).

11

Frequências sonoras específicas são relacionadas individualmente aos diferentes

tons, que são atributos sonoros correspondentes diretos das notas musicais. Por esse

motivo, tarefas de discriminação de notas musicais são utilizadas para avaliação da

percepção das frequências de som (Lecanuet, Graniere-Deferre, Jacquet, & Decasper,

1999; Silva, Bezerra, Gadelha, Andrade, Andrade, Torro-Alves, & Santos, 2014; Silva,

Cavalcanti-Galdino, Gadelha, Andrade, Santos, 2013; Silva, Cavalcanti-Galdino, Simas,

& Santos, 2015).

Todo o funcionamento físico e químico da audição pode ser alterado em função

da ingestão alcoólica. Estudos apresentam alterações neurofisiológicas, psicofísicas,

cognitivas e comportamentais da audição devido às interferências do etanol (Kähkönen,

Rossi, & Yamashita, 2005; He et al., 2013; Vanneste & De Ridder, 2012; Meerton,

Andrews, Upile, Drenovak, & Graham, 2005; Maurage, Campanella, Philippot, Pham,

& Joassin, 2007; Maurage, Campanella, Philippot, Charest, Martin, & de Timary,

2009). A audição pode ser prejudicada, por exemplo, no que se trata da distinção entre

as diferentes frequências de som (Bellé, Sartori, & Rossi, 2007; He et al., 2013;

Pearson, Dawe, & Timney, 1999; Rossi, Bellé, & Sartori, 2010).

1.4.1.1. Consequências do etanol sobre as funções auditivas

Estudos com potencial auditivo evocado relatam alterações eletrofisiológicas na

audição, por exemplo, Kähkönen, Rossi e Yamashita (2005) sugeriram ocorrer

prejuízos no processamento auditivo de novos sons e de mudanças de frequência

combinando MEG e EEG. Eles avaliaram 11 indivíduos destros por meio de um estudo

duplo-cego controlado por placebo (0,8 g/kg de etanol ou suco). Segundo os autores, o

álcool prejudica o processamento de tons, a mudança de frequência, e a percepção de

novos sons originados dos sons padrões, em diferentes fases do processamento auditivo,

12

de forma semelhante em ambos os hemisférios. Da mesma forma, He, Li, Guo,

Näätänen, Pakarinen e Luo (2013) avaliaram os efeitos do etanol no processamento pré-

atentivo da audição em quatro características do som: frequência, intensidade,

localização e duração. Observaram-se 12 participantes sob a condição de ingestão

alcoólica (0,65 g/kg) comparados à condição sem álcool. As amplitudes de todos os

quatro tipos de onda MMN diminuíram significativamente após a ingestão de etanol.

Um pouco mais semelhante ao presente estudo, Pihkanen e Kauko (1962)

analisaram as consequências do álcool para a discriminação auditiva de frequências

sonoras utilizando três pessoas com deficiência visual que eram afinadoras de pianos.

Dois dos três participantes apresentaram uma diminuição estatisticamente significante

da sua capacidade de discriminar frequências.

Do mesmo modo, nos estudos de Pearson (1997) e Pearson, Dawe, Timney

(1999), investigaram-se os efeitos do 12euroc sobre a audição. Eles testaram o limiar de

identificação das frequências sonoras. Em ambos os estudos, a ingestão de álcool a

0,08% BAC alterou negativamente apenas a percepção das frequências mais altas

(acima de 1.000 Hz).

1.4.2. Funcionamento neuropsicológico decorrente ao uso do etanol

A Neuropsicologia é uma subárea das Neurociências que está integrada a

Psicologia e que tem se estabelecido nos últimos anos na tentativa de relacionar o

funcionamento encefálico ao funcionamento psicológico básico. Dessa forma, regiões

específicas do cérebro e de outras áreas do sistema nervoso têm sido ligadas ao

processamento funcional e disfuncional perceptivo e de outros sistemas cognitivos

(Andrade & Santos, 2004; Ellis & Young, 2014; Gil, 2010; Kristensen, Almeida, &

Gomes, 2001; Luria, 1984).

13

A Neuropsicologia está dividida em duas grandes modalidades gerais que se

tratam da avaliação e reabilitação neuropsicológica (Abrisqueta-Gomez, 2006; Gil,

2010; Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011; Pontes & Hübner, 2007). A primeira delas diz

respeito à elaboração, validação e execução de testes, a partir da descrição do

funcionamento habitual do sistema nervoso (SN), podendo ser útil para diagnosticar

prováveis defeitos em campos encefálicos responsáveis pelas funções cognitivas

específicas (Mäder-Joaquim, 2010; Gil, 2010; Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011).

A segunda modalidade da Neuropsicologia, baseada na ideia da plasticidade

neural, trata-se da prática de exercícios que forçam o desempenho neurocognitivo e

consequentemente habilitam os indivíduos para sua reintegração social, intervindo

assim no melhoramento de sua qualidade de vida (Gil, 2010; Haase & Lacerda, 2004;

Hamdan, Pereira, & Riechi, 2011; Muszkat & Mello, 2012; Thompson, 2000; Wilson,

1996).

As alterações cognitivas estão vinculadas a lesões do encéfalo que podem

ocorrer pelos mais diversos motivos, entre os quais o uso de substâncias químicas como

o álcool. Uma série de estudos tem se voltado para o desenvolvimento de testes e

protocolos de intervenção que possam ser utilizados na avaliação e reabilitação

neuropsicológicas dos variados atributos neuropsicológicos (perceptivos e cognitivos)

decorrentes do uso do álcool (Cunha & Novaes, 2004; Kolling, da Silva, Carvalho,

Cunha, & Kristensen, 2007; Salgado, Malloy-Diniz, Campos, Abrantes, Fuentes,

Bechara, & Correa, 2009; Scheffer, Pasa, & Almeida, 2010).

1.4.2.1. Memória e sua relação com o uso do etanol

A memória é um processo cognitivo instituído pela unificação de diversas

estruturas neurofuncionais inter-relacionadas com o papel de reter informações (Abreu

14

& Mattos, 2010; Tomaz, 1993; Tulving, 1985). De forma geral, a memória constitui-se

de um sistema operativo que perpassa pelos estágios de codificação, armazenamento, e

recuperação dos dados informativos cotidianos (Atkinson & Shiffrin, 1968; Thompson,

1986). Esse sistema geral é organizado em diferentes módulos neurocognitivo-

funcionais que são responsáveis pelo registro diferenciado dos diversos elementos do

conhecimento (Squire, 1986).

Uma primeira divisão desses subsistemas da memória pode ser feita em termos

da capacidade e tempo de armazenamento dos dados. Esses subsistemas são a memória

de curto prazo e memória de longo prazo (Baddeley, 2011; Squire, 1986). Além disso,

pode-se atribuir ainda outro tipo de memória chamada sensorial, que se refere ao

armazenamento temporário das informações que são captadas pelos órgãos sensores

antes que elas se encaminhem para a memória de curto prazo. Essas diferentes

modalidades perceptivas são processadas, moduladas e associadas no neocórtex, região

cerebral que apresenta muitas camadas celulares e várias subáreas sensoriais e motoras

(Baddeley, 2011; Squire, 1986; Thompson, 1986; Tomaz, 1993).

A memória de curto prazo tem uma capacidade de armazenamento limitada que

se restringe aos valores mínimo e máximo respectivamente de 5 a 9 itens ou grupo de

itens, ao passo que retém informações por uma quantidade mínima de tempo que está

em torno de alguns minutos (Ebbinghaus, 1885/1913; Miller, 1956; Yu, Zhang, Jing,

Peng, Zhang & Simon, 1985). Dentro desse subsistema de memória encontra-se ainda a

memória operacional ou de trabalho que tem por função armazenar itens necessários

para o desempenho de uma determinada tarefa específica enquanto se está executando a

mesma (Baddeley & Hitch, 1974).

No geral, a memória de curto prazo ativa regiões mais frontais do encéfalo sendo

que a memória de trabalho aciona particularmente de forma mais efetiva a área

15

dorsolateral do córtex pré-frontal, o cerebelo, os gânglios da base, e o córtex motor

(Squire, 1986; Thompson, 1986; Tomaz, 1993). Por outro lado a memória de longo

prazo possui uma capacidade ilimitada de armazenamento de uma grande quantidade de

informações por longos períodos de tempo, ativando principalmente determinadas áreas

do sistema límbico como o hipocampo e a amígdala (Baddeley, 2011).

A memória de longo prazo é subdivida em duas categorias principais que são as

de memória implícita (não declarativa) e explícita (declarativa) (Baddeley, 2011;

Squire, 1986). Esta última subdivide-se ainda em duas outras categorias: memória

explícita episódica e memória explícita semântica (Tulving, 1985).

A memória implícita diz respeito ao registro de informações utilizadas para

realização automática de habilidades motoras, como tocar um instrumento musical ou

simplesmente amarrar o cadarço de um sapato. Ela atua basicamente no estriado

(habilidades), na amígdala e cerebelo (condicionamento comportamental, um tipo de

aprendizagem associativa), no neocórtex (priming, um melhoramento na capacidade de

identificar ou processar determinada informação, como resultado de uma experiência

anterior com um mesmo estímulo), e nas vias reflexas (habituação e sensitização, tipos

de aprendizagem não associativa) (Baddeley, 2011; Schacter, 1992; Schacter, Chiu, &

Ochsner, 1993).

A memória explícita trata-se da capacidade de representação interna de fatos e

eventos do mundo perceptualmente não presentes no momento. Sua atuação encefálica

liga-se ao córtex temporal medial, ao diencéfalo e ao córtex pré-frontal (Schacter,

1992). A memória explícita episódica (atuante no lobo frontal) diz respeito à capacidade

de armazenamento e recuperação de informações relativas às experiências pessoais

subjetivas contextualizadas, enquanto que a memória explícita semântica (atuantes nos

lobos temporais mediais e parietal esquerdo) refere-se ao registro de fatos que não

16

podem ser re-experienciados nos contextos nos quais eles originalmente ocorreram, ou

seja, fatos descontextualizados (Baddley, 2000).

A recuperação das informações registradas nos sistemas de memória podem

ocorrer por meio de reconhecimento ou recordação. O procedimento de reconhecimento

é aquele no qual se tem que resgatar uma informação que já está posta dentre outras,

envolvendo o circuito dorsolateral do encéfalo. O procedimento de recordação se dá

quando se tem que resgatar uma informação de forma relativamente completa com ou

sem ajuda de elementos auxiliares, envolvendo regiões dos córtices pré-frontal lateral,

temporal, parieto-occiptal medial, do cíngulo anterior e do cerebelo (Cabeza & Nyberg,

2000; Lockhart & Craik, 1990; Pinto, 2001).

Esse processo de recuperação pode ser prejudicado por um processo de

interferência de informações que podem se dá no âmbito proativo ou retroativo. A

interferência proativa é aquela na qual uma informação antiga pode intervir na

memorização de uma nova informação. Já a interferência retroativa diz respeito à

intervenção de uma nova informação em uma informação já registrada (Müller &

Schumann, 1894; Pergher & Stein, 2003; Underwood, 1957).

De forma geral, os procedimentos de memorização envolvem o fortalecimento

ou enfraquecimento das sinapses por meio das quais ocorre a liberação do

neurotransmissor acetilcolina (Tomaz, 1993). A ingestão do álcool pode interferir nesse

processo ocasionando alterações em várias estruturas relacionadas com os sistemas de

memorização, como o hipocampo, corpos mamilares, tálamo e córtex cerebelar

(Rosenbloom, Sullivan, & Pfefferbaum, 2004). Haper e Matsunoto (2005) sugerem a

ocorrência de déficits na aprendizagem viso-espacial e verbal, bem como na memória

de curto-prazo devidos ao uso de etanol na forma de bebida.

17

1.4.2.2. Atenção e sua relação com o uso do etanol

A atenção é um domínio neuropsicológico importante para nossa interação

social e para organização de nosso processamento cognitivo, que se refere à capacidade

que se tem de selecionar e focar em determinados estímulos do ambiente (James, 1890;

Lima, 2005; Posner, 1990; Sternberg, 2010). Grande parte da literatura toma esse

atributo cognitivo como sendo um aglomerado de capacidades que atuam em conjunto

para a tarefa de focalizar sinais internos e externos aos organismos (Petersen & Posner,

2012; Posner, 1990; Shipp, 2004). Essa forma complexa de considerar a atenção é

devida a existência dos vários subtipos desse processo cognitivo, cada um a seu modo

envolvendo tarefas diferenciadas que envolvem consequentemente desempenhos

cognitivos direcionados a objetivos particulares relacionados de forma geral a regiões

encefálicas distintas (Gil, 2010; Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010).

A circuitaria da atenção está eminentemente envolvida com os estados de vigília

e de consciência, necessários para manutenção da responsividade geral dos indivíduos

por meio do acionamento do sistema ativador reticular ascendente (SRAA), um

agrupamento de neurônios localizados no tronco cerebral que projetados para várias

regiões do encéfalo exercem função excitatória sobre o córtex de forma total ou

específica quando necessário (Gil, 2010; Dalgalarrondo, 2008; Ramachandran &

Blakeslee, 2002). A manutenção desse estado de alerta é modulada principalmente pela

neurotransmissão de acetilcolina nessas regiões, contudo as diversas catecolaminas

(dopamina [DA], noradrenalina [NA], e adrenalina [AD]) estão envolvidas na excitação

ou inibição do encéfalo sinalizando respectivamente para o surgimento/conservação dos

focos e para a desatenção para determinados estímulos (Lima, 2005; Mello, 2006;

Sternberg, 2010).

18

O sistema atencional é basicamente constituído em termos de suas propriedades

principais que são a seletividade, a sustentação, a alternância, e a divisão. Essas

características são correspondentes aos diferentes tipos de atenção encontrados na

literatura (Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010; Dalgalarrondo, 2008; Petersen & Posner,

2012; Posner, 1990; Shipp, 2004; Sternberg, 2010). Na maioria das vezes, um ou mais

desses tipos de atenção atuam de forma integrada (Sisto, Castro, Cecilio-Fernandes, &

Silveira, 2010).

A atenção seletiva diz respeito à seleção de parte dos estímulos disponíveis em

detrimento a outros estímulos considerados distratores (Coutinho, Mattos, & Abreu,

2010; Sternberg, 2010). Dessa forma, sua ativação neural depende da modalidade

sensorial envolvida, abrangendo, assim, diferentes regiões ligadas aos diferentes

atributos dos estímulos. Contudo, de forma geral, compreende os córtices associativos,

parietais e pré-frontais (Lima, 2005).

A atenção sustentada está ligada a capacidade de manutenção do foco em certo

estímulo por um período de tempo mais prologado com o mesmo padrão de consistência

(Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010). No geral, esse tipo de atenção possibilita uma

diminuição global da atividade elétrica encefálica, sendo que em contraposição ocorre

um maior fluxo sanguíneo nos lobos frontal e parietal, principalmente no hemisfério

direito (Lima, 2005).

A atenção alternada se refere à capacidade de alternar o foco entre estímulos

específicos ou grupo de estímulos (Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010). Essa alternância

deve-se a um processo que envolve o desengajamento de um primeiro foco, o que

aciona o lobo parietal posterior, principalmente do hemisfério direito; a mudança de

foco, que ativa os colículos superiores; e a localização e engajamento em um novo foco,

o que intensifica a atuação do tálamo, principalmente no núcleo pulvinar (Lima, 2005).

19

A atenção dividida corresponde à capacidade de focar ao mesmo tempo em dois

estímulos diferentes (Coutinho, Mattos, & Abreu, 2010; Sternberg, 2010). Para tanto,

ocorre um processamento diferenciado para os dois estímulos atentados. Para um deve

ocorrer um processamento automático (lobo pré-frontal dorso lateral), enquanto que

para o outro ocorre um processamento controlado (giro cingulado anterior) (Lima,

2005).

O álcool pode influenciar os processos atencionais (Coutinho, Mattos, & Abreu,

2010). Smith e Oscar-Berman (1992) sugeriram que medidas de tempo de reação de

alcoolistas abstinentes foram maiores quando solicitados a realizar uma tarefa de

detecção de estímulos visuais, de formas aleatórias, espacialmente distribuídos. Já o

estudo de Kopera et al. (2012) demonstrou que alcoolistas abstinentes há menos de um

ano cometeram mais erros em tarefas de mudança atencional do que controles saudáveis

e/ou alcoolistas com períodos mais longos de abstinência.

1.4.2.3. Funções executivas e sua relação com o uso do etanol

Segundo Luria (1973), o processamento de informações se dá pela atuação

integrada de três campos diferentes de regulação básica das ações cognitivas e

comportamentais ligadas a estruturas encefálicas específicas, sendo um deles regulador

fisiológico basilar, atuando no tônus do córtex e na vigília (ligado às estruturas

subcorticais), outro responsável pela captação de informações sensoriais (relacionado às

áreas posteriores do cérebro, incluindo regiões parietal, temporal e occipital) e um final

que realiza programação, monitoramento e regulação das atividades intelectuais (lobos

frontais). Este último está ligado a um processamento administrador neurocognitivo

amplamente estudado que é chamado de Funções Executivas (FE) (Barkley, 2001;

Robbins, 2000; Robbins & Roberts, 2007; Royall et al., 2002).

20

Apesar de ainda não se ter um conceito final formado a respeito, devido a sua

complexidade em termos de processamento de diferentes domínios, as FE tratam-se de

um sistema neuropsicológico composto por um conjunto de habilidades cognitivas

complexas e especializadas voltadas para o gerenciamento das atividades mentais.

Dessa forma, as FE servem ao planejamento, organização e monitoramento dos

comportamentos intencionais orientados a objetivos específicos (Uehara, Charchat-

Fichman, & Landeira-Fernandez, 2013).

Neste sentido, os diferentes recursos cognitivos, motivacionais, emocionais e

comportamentais são conservados, controlados e associados por esse sistema integrador

(Godoy et al., 2010), que é descrito como sendo composto por diversas esferas como os

diferentes tipos de atenção (exemplos: concentrada, seletiva), a capacidade de

abstração, a tomada de decisões, a memória operacional, o planejamento, organização e

sequenciamento cognitivos e comportamentais, o controle inibitório de impulsos, a

flexibilidade e controle cognitivos, a iniciativa de movimentos, a antecipação de

consequências, a modulação da excitação emocional e do humor, e as táticas auto

tranquilizadoras (Argimon et al., 2006; Barros & Hazin, 2013; Carvalho et al., 2012;

Corso et al., 2013; Ferreira et al, 2012; Godoy et al., 2010; Uehara et al., 2013). Dentre

todas essas funções acredita-se que o controle inibitório e a flexibilidade cognitiva

estejam entre as funções nucleares no desempenho de outras atividades mentais mais

complexas (Malloy-Diniz, Sedo, Fuentes & Leite, 2008).

O sistema das FE e seu conjugado de campos de habilidades é basicamente

subdividido em funções “quentes” e “frias” (Zelazo, Qu, & Müller, 2005). As funções

quentes dizem respeito ao monitoramento dos componentes emocionais, motivacionais

e interpretativos, além de está envolvido nos esquemas de 20eurocogniti e punições. Já

21

as funções frias, referem-se ao gerenciamento dos elementos cognitivos (Argimon et al.,

2006; Carvalho et al., 2012; Malloy-Diniz et al., 2008).

Zelazo, Qu e Müller (2005) afirmam que as FE sempre exigem uma combinação

dos componentes executivos “quentes” e “frios” em níveis diferentes. As funções

quentes estão ligadas às regiões ventromediais e orbitofrontais cerebrais. A região

ventromedial está ligada a demonstração e ao controle das emoções e comportamentos

instintivos; a área orbitomedial ao controle inibitório, a capacidade de inibir (bloquear)

respostas para as quais os indivíduos apresentem uma tendência forte para 21euroco-las

e reações a estímulos distratores que possam interferir no desempenho de uma ação.

Ambas as regiões estão envolvidas nos circuitos de neurotransmissão serotoninérgicos

(Barkley, 2001; Malloy-Diniz et al., 2008; Uehara et al., 2013). As funções frias estão

relacionadas à região pré-frontal dorsolateral, uma área de convergência multimodal

interconectada com outras áreas associativas corticais que está envolvida em atividades

mentais como a flexibilidade cognitiva, a capacidade de mudar o curso de pensamentos

ou comportamentos de acordo com as demandas ambientais. Essa região está ligada aos

circuitos de neurotransmissão dopaminérgicos (Argimon et al., 2006; Malloy-Diniz et

al., 2008).

De forma mais geral, o córtex frontal é a região cerebral mais relacionada às FE.

Isso se deve a grande quantidade de conexões com diversas outras áreas do encéfalo, o

que demonstra sua importância na integração e no controle das FE (Royall et al., 2002).

Goldberg (2002) afirma que as funções executivas atuem como um administrador das

funções mentais gerais por meio de uma maior ativação do lobo frontal do cérebro.

O uso de álcool ocasiona mudanças nos lobos frontais, em regiões envolvidas

principalmente na decisão, julgamento e solução de problemas (Rosenbloom, Sullivan,

& Pfefferbaum, 2004). Estudos utilizando humanos ou animais têm sugerido que as

22

partes frontais do cérebro (córtices frontal e pré-frontal) são particularmente sensíveis

ao alcoolismo (He & Crews, 2008). Harper e Matsunoto (2005) encontraram déficits na

solução de problemas abstratos. Feldens (2009) também encontrou comprometimento

do planejamento e da flexibilidade cognitiva de alcoolistas em abstinência de oito dias.

1.4.2.4. Consequências do etanol sobre as funções neuropsicológicas

Encontraram-se alguns estudos, a respeito dos efeitos do etanol sobre as funções

neuropsicológicas, como abordado na presente tese. Schreckenberger et al. (2004)

investigaram 20 voluntários saudáveis apenas do sexo masculino em três diferentes

condições experimentais (fases de influxo e de eliminação, e placebo) de forma

aleatória usando etanol por via intravenosa. Durante e após a infusão de etanol (ou

placebo), testes neuropsicológicos de atenção dividida com estímulos visuais e auditivos

foram realizados com posterior aquisição de imagens PET 18-FDG. As fases de influxo

e eliminação do etanol apresentaram ativações focais no estriado bilateral e córtex

frontal e desativações no córtex occipital. A comparação da fase de influxo versus a fase

de eliminação revelaram ativações no cingulado anterior e no córtex pré-frontal direito,

e desativações relevantes foram encontrados no córtex temporal superior esquerdo,

incluindo a área de Wernicke.

Os testes neuropsicológicos mostraram deficiência de atenção sob o influxo de

etanol em comparação com a eliminação de etanol e com o placebo, com uma

correlação inversa do desempenho da atenção para estímulos auditivos na atividade

occipital e para estímulos visuais para o córtex temporal esquerdo (incluindo o córtex

auditivo). Os resultados sugeriram, desse modo, que a administração aguda de etanol

em voluntários saudáveis estimula essas regiões estriadas que são consideradas de

relevância especial para o desejo de álcool (“sistema de recompensa”) e que o processo

23

de inibição recíproca específico da atividade do córtex sensorial parece ser relevante

para o desempenho da atenção durante o impacto agudo de álcool.

O estudo de Poltavski, Marino, Guido, Kulland e Petros (2011) examinou o

impacto do álcool na memória verbal em função da hora do dia em que foi

administrado. Os participantes ingeriram álcool ou placebo às 8 ou às 18 horas e

posteriormente tiveram que recordar quatro passagens de um texto em prosa. Os

resultados indicaram que a recordação declinou para os indivíduos que ingeriram álcool,

mas a hora do dia não influenciou esses efeitos.

O estudo de Ray e Bates (2006) examinaram os efeitos da intoxicação alcoólica

aguda usando uma tarefa de memória de reconhecimento de palavras e uma tarefa de

memória de repetição do tipo “priming” para a mesma informação, sem referência

explícita ao contexto do estudo. Vinte e dois bebedores sociais femininos e masculinos

(idades de 21-24 anos) realizaram versões equivalentes das tarefas de memória em duas

sessões contrabalanceadas (ingestão de álcool/ sem álcool). Eles encontraram que o

álcool afeta o processamento da memória de reconhecimento, mas não o “priming”,

apoiando a ideia de que ocorram efeitos dissociativos do álcool sobre os sistemas de

memória.

Wetherill e Fromme (2011) examinaram os efeitos do consumo de álcool sobre a

recordação narrativa e a memória contextual entre os indivíduos com e sem história de

apagões fragmentários, em uma tentativa de entender melhor por que alguns indivíduos

experimentam perda de memória induzida pelo álcool, enquanto outros não o fazem,

mesmo com concentrações de álcool no sangue comparáveis (BACs). Os resultados

indicaram que a intoxicação alcoólica aguda levou a deficiências na recordação livre,

mas não na recordação com pistas no dia seguinte.

24

Além disso, os participantes apresentaram desempenho de memória semelhante

quando sóbrios, mas os indivíduos que consumiram álcool e tinham um histórico

positivo de apagões fragmentários apresentaram maiores deficiências de memória

contextual do que aqueles que não haviam experimentado um apagão fragmentário

(Wetherill & Fromme, 2011). Assim, parece que alguns indivíduos podem ter uma

vulnerabilidade inerente ao álcool induzida pela perda de memória, devido aos efeitos

do álcool sobre os processos de memória contextual.

Por fim, Schweizer, Vogel-Sprott, Danckert, Roy, Skakum e Broderick (2006)

administraram uma bateria de testes neuropsicológicos para avaliar o grau em que o

aumento e a diminuição dos BACs durante uma dose aguda de álcool prejudicam nove

dos processos cognitivos básicos em adultos. Ao todo, 20 bebedores sociais saudáveis

do sexo masculino (estudantes universitários) foram designados para um dos dois

grupos (n = 10) que receberam uma bebida contendo placebo ou 0,65 g/kg de álcool.

Comparações entre os grupos de álcool e placebo revelaram prejuízos (respostas mais

lentas e/ou aumento de erros) em sete dos processos cognitivos: memória verbal de

longo prazo; processamento de informação; memória declarativa; controle inibitório;

memória visual de curto prazo; memória visual de longo prazo e memória de trabalho

visuo-espacial.

No entanto, Schweizer e colaboradores (2006) relataram que alguns desses

processos foram prejudicados apenas durante o aumento da concetração de álcool no

sangue (BAC), enquanto outros durante o seu declínio. Estes resultados mostraram que

tarefas cognitivas não são igualmente afetadas pelo aumento e declínio dos BACs, e

chamam a atenção para a importância de avaliar a velocidade e precisão em ambos os

componentes da curva BAC. Os processos cognitivos específicos diferencialmente

afetados pelo o aumento versus o declínio dos BACs levantou a possibilidade de que a

25

intoxicação aguda induzida por álcool pode prejudicar um hemisfério cerebral em maior

grau do que o outro.

3. Método

3.2. Aspectos Éticos

Todos os experimentos seguiram as recomendações em relação à realização de

pesquisas com seres humanos regidas pela Resolução Brasileira nº. 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde (Ministério da Saúde, Brasil). O prospecto geral do estudo foi

aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa local (CEP/CCS/UFPB) sob o protocolo

nº. 0330/11 antes que qualquer protocolo da pesquisa fosse inicializado (ver Anexo 1).

A participação na pesquisa se deu de forma voluntária, e mediante a assinatura

de um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE). No TCLE os voluntários

eram informados sobre os objetivos e método da pesquisa, sobre a possibilidade de

desistência em qualquer fase do estudo, sobre os possíveis riscos, benefícios e

ressarcimentos relacionados à sua participação nos testes, e sobre a garantia de

confidencialidade dos dados. Todos os dados foram avaliados em conjunto, sem a

identificação particular de quaisquer dos participantes. O TCLE pode ser melhor

observado no Apêndice A deste trabalho.

2.2. Instrumentos e equipamentos utilizados

2.2.1. Controle da amostra.

Utilizaram-se os instrumentos a seguir para triagem e caracterização da amostra

de todos os estudos:

Questionário Sócio-bio-demográfico e Clínico 1 – utilizado para triagem e

caracterização da amostra de estudantes (experimentos de ingestão moderada de

26

etanol), criado especificamente para o estudo e composto por questões sobre

idade, anos de escolaridade, raça, estado civil, religião, renda,

comprometimentos físicos e psicológicos, uso anterior ou atual de substâncias

tóxicas (por exemplo, o próprio etanol) e tópicos relacionados, como tempo de

consumo e tipo de substância (no caso do etanol, o tipo de bebida e quantidade

de doses ingeridas), ocorrência de treinamento musical, entre outras (Ver

Apêndice B);

Questionário Sócio-bio-demográfico e Clínico 2 – utilizado para triagem e

caracterização da amostra de alcoolistas (experimentos de ingestão crônica de

etanol), criado especificamente para o estudo e composto por questões sobre

idade, anos de escolaridade, raça, estado civil, religião, renda,

comprometimentos físicos e psicológicos, uso anterior ou atual de substâncias

tóxicas (por exemplo, o próprio etanol) e tópicos relacionados, como o tempo de

consumo crônico e de abstinência, bem como o tipo de substância (no caso do

etanol, o tipo de bebida e quantidade de doses ingeridas), histórico familiar de

alcoolismo, natureza do tratamento para o controle do alcoolismo

(psicofarmacológico, psicoterápico, grupos de autoajuda), ocorrência de

treinamento musical, entre outras (ver Apêndice C);

Questionário de Lateralidade de Edinburgh – criado por Oldfield (1971),

tendo sido usada a versão em português de Noffs et al. (2002), utilizou-se esse

teste para avaliar a lateralidade por meio da definição dos indivíduos sobre com

qual das mãos ele realizava 12 atividades diferentes (por exemplo escrever uma

carta, ou riscar um fósforo), tendo para cada opção cinco respostas possíveis que

variavam de “sempre direita”, equivalente ao número 1, a “sempre esquerda”,

equivalente ao número 5.

27

Inventário de Depressão de Beck (Beck Depression Inventary – BDI) –

criado por Beck & Beamesderfer (1974), versão em português de Cunha (2001),

constituído por 21 questões de múltipla escolha, tendo cada questão quatro itens

a respeito de como o indivíduo tinha se sentido afetivo e fisicamente na semana

de aplicação do teste. A variação de itens avaliava a presença e severidade dos

sintomas depressivos presentes nos indivíduos, com pontuação mínima de 10-18

pontos indicando depressão de leve a moderada. Todos os participantes

apresentaram pontuação não indicativa de quaisquer sintomas depressivos.

Teste para Identificação das Desordens pelo Uso do Álcool (Alcohol Use

Disorder Identification Test - AUDIT) – criado por Babor, Higgins-Biddle,

Saunders e Monteiro (1989), versão em português de Lima et al. (2005),

composto por 10 itens que abrangiam três domínios teóricos: 1- Frequência do

consumo de álcool (por exemplo, “Com que frequência você consome alguma

bebida alcoólica?”); 2- Dependência do consumo de álcool (por exemplo, “Com

que frequência você achou que não seria capaz de controlar a quantidade de

bebida depois de começar?”); e 3- Consequências negativas do consumo de

álcool (por exemplo, “Com que frequência você sentiu culpa ou remorso depois

de beber?”), possuindo de 8-15 como pontuação indicativa mínima de consumo

de risco. Todos os participantes apresentaram pontuação não indicativa de

quaisquer problemas relacionados ao álcool.

3.2.3. Experimento de ingestão moderada de álcool.

Os estudos que avaliaram a ingestão experimental moderada de etanol utilizaram

os seguintes instrumentos e equipamentos específicos:

28

Dosagem – um software desenvolvido pelo Laboratório de Percepção

Neurociências e Comportamento (Silva, 2011) para calcular a quantidade de

bebida alcoólica a ser ingerida levando em consideração o sexo dos voluntários

para se atingir o valor da porcentagem BAC pretendida no estudo. No Dosagem,

cálculos diferentes são realizados para homens e mulheres baseando-se na

quantidade de água corporal dos mesmos a partir de adaptações das fórmulas

sugeridas por Brick (2006). Utilizaram-se no programa as variáveis peso, altura,

e idade para definir a quantidade de álcool a ser ingerida pelos participantes. A

sequência de cálculos seguida para a obtenção da quantidade de álcool de cada

voluntário pode ser observada em Silva (2011) e Silva et al. (2015).

Etilômetro digital – marca “Instrutherm”, modelo “BFD-50”, que permitiu

aferir a quantidade de álcool no sangue ao longo de todo o protocolo

experimental. Para a realização das medidas o indivíduo deveria tomar bastante

fôlego e soprar em um bocal descartável presente no lado esquerdo do aparelho.

O valor era apresentado em um painel digital frontal.

Procedimento de ingestão experimental moderada de etanol

Solicitaram-se a todas as pessoas que aceitaram participar do estudo a não

consumirem quaisquer alimentos durante o período das duas horas anteriores ao

experimento e a não ingerirem álcool nas 24 horas que o antecediam (ainda assim, a

concentração de álcool no sangue foi aferida antes do início de cada sessão

experimental). Chegando ao laboratório, os participantes ofereciam dados pessoais

específicos para cálculo, por meio do software Dosagem, da quantidade de bebida

alcoólica a ser ingerida na ocasião do teste para a obtenção do valor pretendido de 0,08

% BAC. Escolheu-se esse valor baseado em estudos semelhantes e por referir-se a

29

média internacional permitida pelos 29euroc de regulamentação do trânsito para

condução de veículos.

O pico de álcool no sangue era alcançado em média após 30 minutos da ingestão

da bebida, quando esse valor era aferido por meio de etilômetro. Além dessa aferição,

três outras medidas também eram realizadas: ao chegar ao laboratório, para garantir que

realmente o indivíduo não havia ingerido álcool nas horas antecedentes ao estudo, logo

após a ingestão e ao final do experimento, realizando-se, por fim, uma média entre os

valores de BAC obtidos, devendo ela ser próxima ao valor total desejado.

Realizou-se a administração da bebida alcoólica sob a forma de vodca da marca

russa “Stolichinaya”, com concentração de 40 % de etanol, diluída em suco de

maracujá, na proporção de 1 : 3. Na condição placebo, substituiu-se a vodca por duas

colheres de sopa de suco de limão em pó sem açúcar. Acrescentou-se ainda uma

quantidade de 10 ml da vodca para disfarçar o aroma da bebida. Padronizou-se o tempo

médio para ingestão do conteúdo em 15 minutos.

3.2.4. Experimento de ingestão crônica de álcool.

Para os experimentos de ingestão crônica de álcool, contactaram-se grupos de

Alcoólicos Anônimos nos quais se solicitaram que alcoolistas de 1 a 15 anos de

recuperação (abstinência) realizassem os testes de discriminação auditiva e de

funcionamento neuropsicológico. Com os próprios alcoolistas solicitavam-se formas de

contato com algum parente em primeiro grau, de preferência irmãos do mesmo sexo,

que não fizessem uso de bebidas alcoolicas. Testaram-se também estes parentes

utilizando as mesmas tarefas psicofísicas e cognitivas avaliadas nos alcoolistas.

30

3.2.5. Testagem psicofísica da audição

Os estudos que avaliaram a percepção auditiva dos participantes utilizaram os

seguintes instrumentos e equipamentos específicos:

Venda de tecido – colocada sobre os olhos dos voluntários, para evitar que

estimulações visuais interferissem nas suas respostas auditivas.

Dois fones de ouvidos – sendo um para o experimentador, da marca “Nokia”,

modelo “WH102”, e outro para o participante, da marca “Sennheiser”, modelo

“HD 205”. O fone do experimentador era mais simples e utilizado apenas para

acompanhamento e controle da apresentação dos estímulos. O fone do

participante tinha por objetivo dar maior fidedignidade possível ao som

apresentado. Utilizou-se, também, um adaptador para a conexão dos fones em

conjunto à placa de som;

PsySounds – um software programado na linguagem JAVA, gerador de notas

musicais por meio do sequenciamento conjugado de áudio e MIDI (Musical

Instrument Digital Interface/Interface Digital para Instrumentos Musicais)

desenvolvido pelo Laboratório de Percepção, Neurociências e Comportamento.

Outras características e o funcionamento geral do programa está descrito na

literatura (Silva, 2011; Silva et al., 2013; Silva et al., 2015). Processou-se o

referente programa em um micro-computador desktop com sistema operacional

“Windows XP”, ao qual foram conectados uma placa de som externa da marca

“Creative”, modelo “X-Fi Surround USB 5.1 Sound Blaster” e um mouse, para

indicação das respostas dos voluntários aos estímulos apresentados;

31

Estímulos sonoros utilizados no PsySounds.

Apresentaram-se para cada participante em cada uma das sessões experimentais

(antes e após a ingestão de álcool) as frequências sonoras de 261.63 Hz, 293.67 Hz,

329.63 Hz, 349.29 Hz, 392 Hz, 440 Hz, e 490.55 Hz, com temperamento igual e razão

de semitom 21/12

:1. Essas frequências eram tons complexos apresentados em timbre de

piano habitualmente relacionados direta e respectivamente às notas musicais DÓ, RÉ,

MI, FÁ, SOL, LÁ, e SI na quarta oitava.

Embora essas notas musicais não tenham intervalos iguais entre elas (a saber,

elas possuem um ou dois semitons intercalando-as), elas correspondem às teclas brancas

em sequência que são as mais ouvidas e conhecidas pela população em geral, o que

impulsionou a escolha por elas para a realização do estudo. Já a quarta oitava, escolheu-

se devido sua localização na porção central dos sons possíveis dentro das escalas

musicais, fato esse que fez também a DAS (International Organization for

Standardization) considerar o padrão de 440 Hz (correspondente a nota LÁ central),

como referência apara afinação de qualquer instrumento musical (Ver Silva et al.,

2013).

Em cada sessão experimental selecionava-se apenas uma dessas notas na opção

“nota teste”, ao passo que na opção “notas distratoras” selecionavam-se suas duas notas

vizinhas na escala: as notas anterior e posterior a essa nota inicialmente escolhida. As

relações entre as notas teste e distratoras utilizadas no estudo apresentam-se na Tabela

1, a seguir.

32

Tabela 1

Notas testes e distratoras em quarta

oitava utilizadas no experimento de

discriminação de notas musicais

Nota Teste Nota Distratora

DÓ SI3 ou RÉ

RÉ DÓ ou MI

MI RÉ ou FÁ

FÁ MI ou SOL

SOL FÁ ou LÁ

LÁ SOL ou SI

SI LÁ ou DÓ5

Nota.: Além das notas da própria

escala, utilizaram-se ainda a nota SI

na terceira oitava (SI3 = 245.28 Hz) e

a nota DÓ na quinta oitava (DÓ5 =

523.25 Hz) para que todas as notas da

quarta oitava pudessem ser

comparadas.

Procedimento de avaliação da percepção auditiva

Obtiveram-se as medidas de percepção das frequências sonoras pelas respostas

dos participantes a uma tarefa de discriminação sonora realizada por meio do método

psicofísico da escolha forçada entre duas alternativas temporais (adaptado dos estudos

de percepção visual de Cornsweet, 1962; Levitt, 1971). Em cada sessão, apresentaram-

33

se aleatoriamente para cada participante sete grupos de 20 pares de estímulos, sendo

cada par constituído por um estímulo de teste e um estímulo distrator. Cada um dos sete

grupos tinha sempre uma das notas musicais (DÓ, RÉ, MI, FÁ, SOL, LÁ, ou SI) como

estímulo de teste, que deveria ser escolhida quando diferenciada das notas distratoras.

Essa nota teste foi sempre apresentada isoladamente ao participante por cinco vezes

consecutivas antes que a apresentação das duplas de estímulos fosse iniciada.

Os estímulos distratores foram sempre duas notas musicais diferentes da

escolhida como teste. Esses estímulos variavam randomicamente, em igual proporção,

entre as duas notas vizinhas a cada uma das notas teste, sendo uma localizada à direita e

outra à esquerda, considerando apenas as notas musicais correspondentes às teclas

brancas do piano, sendo todas elas simuladas no Psysounds. Maiores detalhes podem

ser obtidos na literatura (Silva, 2011; Silva et al., 2015).

3.2.6. Testagem neuropsicológica da memória, atenção e funções executivas

Para a realização dos estudos que empregaram testagem neuropsicológica dos

participantes utilizaram-se instrumentos específicos para cada uma das funções

neurocognitivas requeridas, como mostra a Figura 1 a seguir. Seguem descrições de

cada um deles.

34

Figura 1. Funções neuropsicológicas avaliadas relacionadas às suas subfunções e aos

seus respectivos testes

Teste Códigos (Weschsler, 1997) – Trata-se de um subteste não verbal da

Wechsler Adult Intelligence Scale, ou simplesmente WAIS-III, que é uma

bateria de testes multidimensional desenvolvida ao longo de várias décadas para

avaliação das habilidades cognitivas de adultos, mas que mede várias funções

psicológicas de forma independente por meio de suas subescalas. Nesse teste

apresenta-se ao participante como modelo uma série de dez números (de 0 a 9)

que correspondem a determinados símbolos. Abaixo desse modelo uma

quantidade maior de números é colocada com espaços nos quais a tarefa do

participante é colocar o símbolo correspondente, o mais rápido possível, durante

o período de 120 segundos. Esse teste mede a atenção seletiva.

35

Teste Procurar Símbolos (Weschsler, 1997) – Também é um subteste da

WAIS-III, que avalia a atenção seletiva. Nesse teste, a tarefa do participante

consiste em identificar durante 120 segundos, se um de dois símbolos mostrados

em um grupo alvo está presente entre outros cinco símbolos que compõem um

grupo de busca, marcando a resposta em um campo apropriado.

Teste Dígitos (Weschsler, 1997) – É outro subteste da WAIS-III que se

subdivide em outros mais dois subtestes: Dígitos Ordem Direta (DOD) e Dígitos

Ordem Inversa (DOI). No primeiro, a tarefa do participante era repetir séries

crescentes de números na mesma ordem que lhe são fornecidas. No segundo, o

participante tem que repetir séries de números na ordem contrária da que são

apresentados. O DOD avalia a atenção sustentada, enquanto que o DOI avalia a

memória de trabalho auditiva.

Teste das Trilhas – Foi um teste originalmente criado por Partington em 1938,

posteriormente integrado ao Army Individual Test Battery (1944), e

subsequencialmente incorporado à bateria Halstead-Reitan (Reitan & Wolfson,

1985). O teste possui duas partes. Na parte A, o voluntário tem por tarefa ligar o

mais rápido possível com lápis, sem que ele saia do papel, círculos

consecutivamente numerados em ordem crescente, distribuídos aleatoriamente

em uma folha de papel. Na parte B, o voluntário tem que intercalar, obedecendo

aos mesmos requisitos da parte A, entre números em sequência crescente e letras

em ordem alfabética. A parte A avalia atenção sustentada, enquanto que a parte

B avalia a função executiva de flexibilidade mental.

Teste do A (Strub & Black, 2000) – Conhecido também como “teste de série de

letras lidas”, trata-se de uma tarefa na qual várias letras aleatórias são lidas pelo

examinador em razão de uma letra por cada segundo, para que uma delas seja

36

destacada (a vogal “A”). Esse destaque é feito pelo participante ao dar uma

pancada na mesa cada vez que escuta a letra alvo. Ao final são contabilizados o

total de vezes que o participante deixou de bater (erros de omissão) ou que bateu

quando se falou uma letra diferente (erros de confusão). Esse teste avalia

atenção sustentada.

Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey (RAVLT) (Malloy-Diniz et

al., 2008) – Foi desenvolvido em 1958 pelo psicólogo e pedagogo suíço André

Rey e publicado em seu livro L’exame Clinique das Psychologie, em 1964

(Boake, 2000). No Brasil, o teste foi validado para população de adolescentes,

adultos e idosos por Malloy-Diniz, Cruz, Torres, & Cosenza (2000). O RAVLT

avalia as memórias de curto (MCP) e longo prazo (MLP), inclusive a memória

de reconhecimento (MR), além de outros processos como os de interferência

proativa (IP) e retroativa (IR). Ele é constituído por 15 substantivos (lista A)

lidos para o sujeito cinco vezes consecutivas (A1-A2-A3-A4-A5), cada uma

delas seguida por um teste de evocação, além de 15 outros substantivos

diferentes (lista B) posteriormente apresentados uma única vez e seguido

também por um teste de evocação. Logo após (A6), e 20 minutos depois (A7),

solicita-se ao sujeito a recordação da lista A. Finalmente, apresenta-se uma lista

de 50 palavras semelhantes semântica e foneticamente para testagem do

reconhecimento, no qual o participante tem que indicar as palavras lembradas

das listas A.

Teste Stroop (Versão Victória) (Regard, 1981) – É composto por três cartões

apresentados em sequência ao participante. Cada cartão é constituído por 24

itens divididos em seis linhas e quatro colunas. O primeiro cartão possui círculos

coloridos em quatro diferentes cores: verde, azul, amarelo e vermelho. O

37

segundo cartão possui palavras neutras escritas com as mesmas cores dos

círculos. O terceiro possui nomes das cores dos círculos do primeiro cartão

escritos, mas impressos em cores conflitantes. Para quaisquer dos cartões,

solicita-se ao indivíduo que verbalize sempre os nomes das cores impressas em

cada um deles o mais rápido possível. Registra-se a quantidade de erros e o

tempo que o sujeito leva para ler completamente cada um dos cartões

apresentados. Esse teste avalia a função executiva de inibição de respostas.

2.3. Caracterização da Amostra.

2.3.1. Critérios de inclusão e exclusão.

Para o experimento da ingestão aguda de etanol, incluíram-se na amostra adultos

jovens destros (estudantes universitários de graduação ou pós-graduação com idades

maiores ou iguais a 18 anos e menores que 30 anos, podendo ser homens ou mulheres)

sem experiência de estudo formal ou informal com música, como por exemplo, tocar

qualquer instrumento, que estavam em boa saúde física e mental e não faziam uso atual

ou anterior de fármacos ou de outras substâncias tóxicas (por exemplo, a nicotina

componente do cigarro), exceto etanol, de forma habitual moderada e contínua, sem

intercorrências pessoais e/ou familiares (como dependência à substância ou problemas

legais relacionados ao seu uso). No caso das mulheres, elas não poderiam estar grávidas,

nem ter a possibilidade de estarem.

Avaliaram-se esses critérios por meio do Questionário Sócio-bio-demográfico e

Clínico 1 (Apêndice C), e por escalas psicológicas como o Questionário de

Lateralidade de Edinburgh ( X = 1,70; σ = ± 1,47); o Inventário de Depressão de Beck

– BDI ( X = 1,20; σ = ± 0,40); e o Teste para Identificação das Desordens pelo Uso do

Álcool – AUDIT ( X = 1,80; σ = ± 0,99), os quais apresentaram valores resultantes

38

ajustados ao crivo de constituição da amostra. Escolheram-se os participantes por meio

de amostragem não probabilística acidental, excluindo-se voluntários que não atendiam

aos critérios de inclusão relatados.

Para o experimento da ingestão crônica de etanol, introduziram-se, por meio de

amostragem não probabilística acidental, apenas homens adultos abstêmios que, desse

modo, apresentavam a Síndrome da Dependência do Álcool (DAS) em remissão

completa mantida, com critérios para dependência e abuso não satisfeitos por um

período igual ou superior a um ano (APA, 2014). Esses participantes deveriam ser

frequentadores de grupos de Alcoólicos Anônimos (AA) que não estavam passando por

tratamento psicofarmacológico ou psicoterápico, e que não haviam feito uso de outras

substâncias tóxicas (por exemplo, a nicotina componente do cigarro) agregadas ao

etanol na sua época de uso, ou isoladas no atual momento. Ademais, por causa da

variação de tempo de consumo de álcool optou-se em integrar ao estudo apenas

indivíduos que haviam consumido álcool por 15 anos seguidos.

Acrescido ao grupo de alcoolistas abstêmios (GE: Grupo Experimental), o estudo

contou também com um grupo de indivíduos não alcoolistas (GC: Grupo Controle), que

deveriam ser irmãos dos componentes do grupo experimental para controlar os efeitos

de contexto, que provavelmente foram iguais entre eles em suas épocas de formação de

caraterísticas básicas psicofisiológicas. Excluíram-se automaticamente os abstêmios

cujos parentes não aceitaram participar do estudo. Além disso, os dois grupos foram

pareados em suas principais características. Assim, todos os participantes de ambos os

grupos eram destros, com idades maiores ou iguais a 40 anos e menores que 50 anos, e

estavam em boa saúde física e mental, na ocasião dos experimentos. Eles tinham pelo

menos nove anos de estudo completos (o que no Brasil corresponde ao fim do Ensino

39

Fundamental), e não possuíam experiência de estudo formal ou informal em música,

como por exemplo, tocar qualquer instrumento.

Avaliaram-se esses critérios por meio do Questionário Sócio-bio-demográfico e

Clínico 2 (Apêndice C), e por escalas psicológicas como o Questionário de

Lateralidade de Edinburgh (GE: X = 1,53; σ = ± 0,81 e GC: X = 1,60; σ = ± 1,65); o

Inventário de Depressão de Beck – BDI (GE: X = 1,13; σ = ± 0,51 e GC: X = 1,40; σ

= ± 0,62); e o Teste para Identificação das Desordens pelo Uso do Álcool – AUDIT

(GC: X = 1,40; σ = ± 1,04), os quais apresentaram valores resultantes apropriados a

constituição da amostra. Utilizou-se o AUDIT apenas para o grupo controle, já que se

trata de um teste de verificação dos índices de problemas de bebedores atuais de álcool,

e o grupo experimental estava em abstinência. Excluíram-se todos os voluntários que

não atendiam aos critérios de inclusão relatados.

3.2.7. Descrição da amostra.

No experimento da ingestão aguda de etanol, participaram do estudo 48

estudantes universitários, sendo que apenas 40 deles concluíram todo o protocolo de

estudo (20 mulheres e 20 homens). Estes se encontravam na faixa etária de 21 a 29 anos

de idade ( X = 23,95; σ = ± 1,92, tendo as mulheres: X = 23,75; σ = ± 2,07 e os

homens: X = 24,15; σ = ± 1,78), na sua maioria fazendo um curso de graduação (47,5

%). O curso de maior representatividade foi o de Psicologia (95 %), tendo maior

participação os estudantes do quarto semestre (27,5 %).

A maior parte da amostra era composta por brancos (60 %), solteiros (90 %),

católicos (85 %), com renda de três a cinco salários mínimos (65 %) que tomavam

bebidas alcoólicas há mais de cinco anos (50 %). Maior parte deles bebia pelo menos

40

uma vez por semana (90 %), sendo que em sua maioria costumavam beber vodca (60

%) ou cerveja (25 %), em grande parte das vezes de 1 a 5, respectivamente, doses ou

copos de bebida (65 %).

No experimento da ingestão crônica de etanol, participaram 192 alcoolistas em

remissão completa frequentadores de AA paraibanos, sendo que somente 150 deles

concluíram todo o protocolo do estudo, por se adequarem aos critérios de inclusão.

Devido a grande variabilidade de tempo de abstinência dos alcoolistas, dividiu-se o GE

em cinco diferentes grupos de 30 participantes unidos pelo tempo de abstinência de três

anos (GE1, GE2, GE3, GE4, e GE5). Por esse motivo, compararam-se cada um dos

grupos experimentais com um grupo controle constituído por 30 indivíduos não

alcoolistas. Parearam-se para ambos os grupos aspectos como idade, anos de estudo,

raça, estado civil, religião, e renda. A idade dos indivíduos estava na faixa etária dos 41

aos 49 anos de idade ( X = 44,80; σ = ± 2,26), tendo eles na sua maioria 12 anos de

estudo (73,3 %), o que corresponde no Brasil ao ensino médio completo. A maior parte

deles eram brancos (66,7 %), casados (66,7 %), católicos (80 %), com renda de um a

dois salários mínimos (80 %).

Além disso, caraterísticas particulares de cada um dos grupos também foram

avaliadas. O grupo de alcoolistas encontrava-se em abstinência total do álcool em

períodos que variaram de 1 a 15 anos, como pode ser observado na Tabela 2, e

iniciaram a ingerir bebidas alcoólicas em idades que foram de 12 a 22 anos ( X =

15,23; σ = ± 3,10), sendo que bebiam cerveja (77,3 %) ou cachaça (22,7 %). O grupo

controle também não estava fazendo uso de qualquer quantidade de bebida alcoólica nos

últimos 15 anos, começaram a beber em idades parecidas (variação de 11 a 20 anos,

tendo X = 15,63, e σ = ± 2,67), e bebiam do mesmo modo cerveja (16,7 %) e cachaça

(3,3%).

41

Tabela 2

Número e porcentagem de participantes alcoolistas abstêmios por tipo de Grupo

Experimental (GE)

Grupo

Anos de

Abstinência do

álcool

Frequência

Porcentagem em

relação ao total

de participantes

GE1

1 9 6

2 14 9,3

3 7 4,7

GE2

4 7 4,7

5 11 7,3

6 12 8

GE3

7 12 8

8 10 6,7

9 8 5,3

GE4

10 5 3,3

11 8 5,3

12 17 11,3

GE5

13 1 0,7

14 12 8

15 17 11,3

Total N = 150 % = 100

Nota.: Cada um dos Grupos Experimentais (GE1, GE2, GE3, GE4, e GE5) foi

composto por 30 participantes.

42

3.3. Procedimento geral do estudo.

No experimento da ingestão aguda de etanol, o mesmo grupo de voluntários

passou pelas condições de ingestão de álcool e de placebo. Cada um dos indivíduos

participou separadamente das duas fases do experimento em dois dias diferentes com

um espaço temporal de aproximadamente duas semanas entre as sessões. Utilizou-se a

técnica do contrabalanceamento para controlar o possível efeito de ordem na aplicação

das condições experimental e controle. Embora a literatura não sugira diferenças nos

efeitos consequentes à ingestão de álcool ao longo do dia (por exemplo, Poltavski,

Marino, Guido, Kulland, & Petros, 2011), preconizou-se que todas as sessões

experimentais fossem realizadas no período matutino, sempre às 10h00min.

Para garantir que os participantes estavam de acordo com os critérios de inclusão

do estudo, ao chegar ao laboratório, antes de cada sessão experimental, o participante

respondia ao Questionário Sócio-bio-demográfico, bem como a todas as escalas

descritas antes, utilizadas para triagem e controle de variáveis intervenientes. Em

seguida era iniciada a aplicação do protocolo de ingestão experimental moderada de

álcool. Logo após, as luzes do ambiente eram desligadas, solicitava-se ao participante

que vendasse seus olhos, quando então se dava início ao protocolo de avaliação da

percepção auditiva. Nesse protocolo, as respostas eram dadas de forma oral pelos

participantes, sendo que o próprio experimentador era quem apertava o botão de um

mouse para indicação da resposta, evitando desse modo que possíveis alterações

motoras ocasionadas pela ingestão de álcool interferissem nos resultados alcançados.

Testou-se a discriminação de cada nota musical, considerando-se as teclas brancas de

um piano, em comparação com suas notas vizinhas (à esquerda e à direita) dentro da

escala ocidental padrão, por 20 vezes consecultivas.

43

Para o experimento da ingestão crônica de etanol, inicialmente entrou-se em

contato com os dirigentes de cada um dos AA que integraram o estudo. Após liberação

institucional, apresentou-se a proposta de estudo ao grupo de alcoolistas abstêmios e

aqueles que concordaram em voluntariar-se a pesquisa participaram separadamente da

sessão experimental em salas do próprio grupo de AA, o que ocorreu em um único dia.

Nesse mesmo dia, solicitava-se ao voluntário uma forma de contato com um de seus

irmãos de mesmo sexo para proposição da realização dos testes e formação do grupo

controle. Os testes com os parentes realizaram-se também em salas dos próprios AA,

sempre em dias diferentes dos quais o alcoolista havia realizado. A diferença de tempo

entre as sessões experimental e controle foram de aproximadamente duas semanas.

Para garantir que os participantes estavam de acordo com os critérios de inclusão

do estudo, antes de cada sessão experimental, deveriam responder ao Questionário

Sócio-bio-demográfico 2, bem como as escalas psicológicas descritas anteriormente,

utilizadas para triagem e controle de variáveis intervenientes. Logo após a resolução dos

testes, as luzes do ambiente eram desligadas, solicitava-se ao participante que vendasse

seus olhos, quando então se dava início ao protocolo de avaliação da percepção

auditiva. Nesse protocolo, as respostas eram dadas de forma oral pelos participantes,

sendo que o próprio experimentador era quem apertava o botão de um mouse para

indicação da resposta.

Pra ambos os experimentos, a aplicação da bateria de testes neuropsicológicos

selecionados ocorreu na seguinte ordem: 1) Teste da Aprendizagem Auditivo-verbal de

Rey; 2) Teste das Trilhas, partes A e B em sequência; 3) Procurar Símbolos; 4) Teste do

A; 5) Teste Stroop; 6) Teste dos Códigos; 7) Teste dos Dígitos, nas ordens direta e

inversa em sequência. Toda a testagem durou o tempo aproximado de 30 minutos. A

seguir serão apresentados os estudos resultantes da presente tese.

44

4. Resultados

A seguir, serão apresentadas as descrições dos dois estudos realizados na

presente tese. Para ambos os estudos, realizaram-se avaliações separadas da ingestão

aguda e crônica de etanol que serão expostas em termos de hipóteses e objetivos dos

estudos, bem como da descrição dos resultados obtidos.

O estudo 1 está intitulado como “Efeitos da ingestão moderada e crônica de

etanol na discriminação entre as diferentes notas musicais de uma escala ocidental

padrão”, e trata-se da avaliação da percepção auditiva em termos dos atributos inerentes

ao processamento da discriminação de frequências sonoras correpondntes as notas

musicais. O estudo 2 tem por título “Efeitos da ingestão moderada e crônica de etanol

na performance neuropsicológica da memória, da atenção, e das funções executivas”, e

trata-se da avaliação 44eurocognitiva dessas funções psicológicas básicas referidas, por

meios de testes neuropsicológicos correspondentes.

45

4.2. ESTUDO 1: EFEITOS DA INGESTÃO MODERADA E CRÔNICA DE

ETANOL NA DISCRIMINAÇÃO ENTRE AS DIFERENTES NOTAS

MUSICAIS DE UMA ESCALA OCIDENTAL PADRÃO

46

3.1.1. Hipóteses

I) Considerando o etanol enquanto um depressor do sistema nervoso que

influencia a diminuição dos disparos neurais excitatórios (Ex. catecolaminas) ao passo

que aumenta os disparos neurais inibitórios (Ex. Acetilcolina), podendo rebaixar as

funções orgânicas, inclusive as perceptivas da audição (Bellé, Sartori, & Rossi, 2007;

He et al., 2013; Kähkönen, Rossi, & Yamashita, 2005; Meerton, Andrews, Upile,

Drenovak, & Graham, 2005; Maurage, Campanella, Philippot, Pham, & Joassin, 2007;

Maurage at al., 2009; Pearson, Dawe, Timney, 1999; Rossi, Bellé, & Sartori, 2010;

Vanneste, & De Ridder, 2012), espera-se que:

A ingestão aguda de bebidas alcoólicas na concentração de 0,08% BAC altera

negativamente a audição, dificultando a discriminação de frequências sonoras

correspondentes às notas musicais de uma escala padrão ocidental (Dó, Ré, Mi,

Fá, Sol, Lá, Si) apresentada na quarta oitava de um piano;

II) Supondo que o alcoolismo pode afetar a percepção auditiva, principalmente

no que diz respeito à discriminação (comparação) de frequências sonoras, sejam baixas

e/ou altas, com especial atuação sobre as frequências mais altas (Bellé et al., 2007;

Hermann et al., 2006; Hienz, Bowers, Spear, & Brady, 1992; Hienz, Brady, Bowers, &

Ator, 1989; Marco, Fuentemilla, & Grau, 2005;Marinkovic, Halgren, & Maltzman,

2001; Maurage et al., 2007; Maurage et al., 2009; Pearson et al., 1999; Pekkonen et al.,

1998; Ribeiro et al., 2007; Verma, Panda, Basu, & Raghunathan, 2006), espera-se que:

47

A ingestão crônica de bebidas alcoólicas altera negativamente

a discriminação de frequências sonoras correspondentes as notas musicais de

uma escala padrão ocidental (Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, Si), na quarta oitava de

um piano, dificultando a identificação e comparação entre as mesmas;

III) Além disso, pressupondo que o tempo de abstinência do álcool pode reverter

parte dos danos auditivos ocasionados aos alcoolistas (Durazzo et al., 2010; Junghanns

et al., 2004; Loeber et al., 2010; Mann, Günther, Stetter, & Ackermann, 1999; Soto,

O’Donnell, & Soto, 1989), espera-se que:

Quanto mais anos de abstinência do álcool os indivíduos possuam, no

intervalode 1 a 15 anos, menos serão os danos auditivos encontrados, podendo

ser percebidos numa melhor discriminação das frequências sonoras

correspondentes as notas musicais, gerando uma maior quantidade de acertos

na comparação entre as mesmas.

3.1.2. Objetivos

3.1.2.1. Geral:

• Avaliar em estudantes universitários, homens e mulheres adultos jovens, as

consequências da ingestão moderada de etanol (0,08% BAC), bem como em

homens alcoolistas adultos com abstinência de 1 a 15 anos as consequências da

ingestão crônica de etanol para a percepção de frequências sonoras

correspondentes as notas musicais ligadas às teclas brancas da quarta oitava do

piano (DÓ4, RÉ4, MI4, FÁ4, SOL4, LÁ4, SI4) na escala ocidental padrão.

48

4.2.3.1.Específicos:

• Aferir em estudantes universitários a quantidade de acertos no processo de

discriminação entre cada uma das notas musicais e suas duas notas vizinhas após

ingestão de etanol;

• Aferir em estudantes universitários a quantidade de acertos no processo de

discriminação entre cada uma das notas musicais e suas duas notas vizinhas após

ingestão de uma bebida placebo;

• Comparar em estudantes universitários a quantidade de acertos na tarefa de

discriminação das duplas de notas musicais obtidas pelos mesmos indivíduos

antes e após a ingestão de etanol.

• Avaliar em alcoolistas abstêmios a quantidade de acertos no processo de

discriminação entre cada uma das notas musicais e suas duas notas vizinhas;

• Avaliar em indivíduos não consumidores de álcool, irmãos de alcoolistas em

abstinência, a quantidade de acertos no processo de discriminação entre cada

uma das notas musicais e suas duas notas vizinhas;

• Comparar os resultados da discriminação de notas musicais entre indivíduos

alcoolistas e não alcoolistas.

4.2.4. Resultados

Resultados referentes ao experimento de ingestão aguda de etanol

Todos os participantes apresentaram valor de BAC pretendido ( X = ± 0,084; σ

= ± 0,015, tendo os homens X = ± 0,081; σ = ± 0,017, e as mulheres X = ± 0,087; σ

= ± 0,012). Desse modo, iniciaram-se as análises dos dados agrupados de acordo com

49

cada nota musical em função das condições experimental e controle, como apresentado

na Tabela 3.

Tabela 3

Número total de respostas corretas obtidas pelos participantes tomados em conjunto no

teste de discriminação para cada uma das notas musicais por condição experimental

De forma geral, como pode ser visto na Tabela 3, na avaliação global dos

participantes agrupados, observou-se maior quantidade de acertos na condição placebo.

Contudo, conduziram-se análises estatísticas para confirmação dessas diferenças entre

os grupos. Para essas análises tinham-se como variável independedente (VI) de dois

níveis as condições experimental e controle, e como variáveis dependentes (VD) as

quantidades de acertos obtidos no teste de discriminação sonora para cada uma das

notas musicais. Como se tratava da avaliação de frequências de valores discretos e

dicotômicos (acerto/erro), realizaram-se testes Qui-quadrado (χ2) de aderência para cada

uma das notas utilizadas no estudo.

Como pode ser visto na Figura 2, todas as notas musicais apresentaram

diferenças estatisticamente significantes: Dó [χ2 (90) = 124,4; p = 0,010], Ré [χ

2 (121) =

166,5; p = 0,004], Mi [χ2 (121) = 194,1; p = 0,001], Fá [χ

2 (132) = 212,2; p = 0,001],

Sol [χ2 (110) = 235,4; p = 0,001], Lá [χ

2 (100) = 164,1; p = 0,001], e Si [χ

2 (156) = 242;

p = 0,001]. Essa análise sugere que a discriminação das frequências sonoras de + 262, +

NOTAS MUSICAIS

DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI

Placebo

541 544 521 576 598 532 542

Álcool

469 466 448 476 438 441 464

50

294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz foi melhor nos indivíduos que não ingerirem

etanol (Condição Placebo).

Figura 2. Discriminação entre as notas musicais pelos

participantes agrupados após a ingestão de placebo e de etanol

(N = 40, *p < 0,05)

Além disso, para melhor visualização dos dados, agruparam-se também os

acertos obtidos pelos participantes, tomando-se como VI as condições experimental e

controle em função do sexo dos participantes, como pode ser visto a seguir. A Tabela 4

apresenta os dados relativos às respostas das mulheres nas diferentes condições. Nessa

forma de organização dos dados, pode-se perceber que as mulheres apresentaram

maiores quantidades de acertos quando haviam ingerido apenas placebo.

0

100

200

300

400

500

600

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Placebo

Álcool

51

Tabela 4

Quantidades de acertos obtidos pelas mulheres no teste de discriminação das notas

musicais por condição experimental

Para essa análise, do mesmo modo que na avaliação anterior, todas as notas

musicais observadas (Dó [χ2 (56) = 82,4; p = 0,012], Ré [χ

2 (72) = 150,71; p = 0,001],

Mi [χ2 (90) = 158,9; p = 0,001], Fá [χ

2 (56) = 113; p = 0,001)], Sol [χ

2 (63) = 132,7; p =

0,001], Lá [χ2 (80) = 168,6; p = 0,001], e Si [χ

2 (90) = 198,6; p = 0,001]) apresentaram

diferenças estatisticamente significantes. Isso pode ser melhor observado na Figura 3,

sugerindo que as mulheres discriminam melhor as frequências sonoras de + 262, + 294,

+ 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz quando não estão alcoolizadas.

NOTAS MUSICAIS

DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI

Placebo 258 269 244 277 313 263 248

Álcool 226 215 200 239 208 213 210

52

Figura 3. Discriminação entre as notas musicais por mulheres

após a ingestão de placebo e de etanol (N = 20, *p < 0,05)

Da mesma forma, avaliaram-se também os homens antes e após a ingestão de

etanol. Estes também tiveram maior quantidade de acertos para todos os estímulos

quando haviam ingerido apenas placebo. O número total de acertos obtidos na

discriminação de cada nota musical é apresentado na Tabela 5.

Tabela 5

Número total de respostas corretas obtidas pelos homens no teste de discriminação

para cada uma das notas musicais por condição experimental

0

100

200

300

400

500

600

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Placebo

Álcool

NOTAS MUSICAIS

DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI

Placebo

283 275 277 299 285 269 294

Álcool

243 251 248 237 230 228 254

53

As análises estatísticas realizadas demonstraram diferenças significantes para as

notas musicais Dó [χ2 (64) = 69,6; p = 0,029], Ré [χ

2 (70) = 62,6; p = 0,007], Mi [χ

2 (70)

= 77,6; p = 0,002], Fá [χ2 (81) = 95,6; p = 0,012], Sol [χ

2 (80) = 81,7; p = 0,004], Lá [χ

2

(48) = 59,1; p = 0,001], e Si [χ2 (64) = 64,7; p = 0,004]. Isso pode ser observado na

Figura 4, e sugere que os homens, do mesmo modo que as mulheres, discriminam

melhor as frequências sonoras de + 262, + 294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz

quando não estão alcoolizados.

Figura 4. Discriminação entre as notas musicais por homens após a

ingestão de placebo e de etanol (N = 20, *p < 0,05)

Realizaram-se também análises intrasexo de acordo com as condições

experimental e controle separadamente. A Tabela 6, a seguir, apresenta os valores

relativos à condição placebo em função de cada um dos grupos separados pelo sexo dos

participantes.

0

100

200

300

400

500

600

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Placebo

Álcool

54

Tabela 6

Quantidades de acertos no teste de discriminação das notas musicais para mulheres e

homens após ingestão de placebo

Como pode ser observado na Figura 5, na condição placebo, as notas musicais

Dó [χ2 (9) = 22; p = 0,009], Mi [χ

2 (11) = 40,4; p = 0,001], Fá [χ

2 (11) = 46,8; p =

0,001], Sol [χ2 (10) = 36,1; p = 0,001], e Si [χ

2 (13) = 73; p = 0,001] apresentaram-se

estatisticamente significantes, sendo que para todos os estímulos os homens tiveram

maior quantidade de acertos, com excessão da nota Sol, para a qual as mulheres

apresentaram um número maior de acertos do que os homens). Isso pode sugerir que os

homens discriminam melhor do que as mulheres as frequências sonoras de + 262, +

330, + 349, 392, e + 491 Hz sem a ingestão de etanol.

NOTAS MUSICAIS

DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI

Mulheres

258 269 244 277 313 263 248

Homens

283 275 277 299 285 269 294

55

Figura 5. Discriminação entre as notas musicais por mulheres

e homens após a ingestão de placebo (N = 40, *p < 0,05)

Avaliaram-se também os participantes após a ingestão de etanol. Para todos os

estímulos, quando alcoolizados, os homens tiveram um número total de acertos maior,

como pode ser visto na Tabela 7.

Tabela 7

Quantidades de acertos obtidos no teste de discriminação das notas musicais pelas

mulheres e homens após ingestão de etanol

0

100

200

300

400

500

600

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Mulheres

Homens

NOTAS MUSICAIS

DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI

Mulheres

226 215 200 239 208 213 210

Homens

243 251 248 237 230 228 254

56

Com características semelhantes à análise anterior, nessa avaliação, quando os

indivíduos haviam ingerido etanol, as notas musicais Dó [χ2 (10) = 21; p = 0,021], Ré

[χ2 (11) = 35,2; p = 0,001], Mi [χ

2 (11) = 30,8; p = 0,001], Sol [χ

2 (12) = 36,6; p =

0,001], Lá [χ2 (11) = 20,8; p = 0,036], e Si [χ

2 (12) = 24,9; p = 0,015] mostraram

diferença estatística significante, como pode ser observado na Figura 6. Isso sugere que

os homens discriminam melhor do que as mulheres as frequências sonoras de + 262, +

294, + 330, 392, 440, e + 491 Hz quando estão sobre o efeito da ingestão aguda do

álcool.

Figura 6. Discriminação entre as notas musicais por mulheres

e homens após a ingestão de etanol (N = 40, *p < 0,05)

Resultados referentes ao experimento de ingestão crônica de etanol

Os alcoolistas avaliados no presente estudo tiveram uma variabilidade de 1 a 15

anos de abstinência do uso do álcool. Dessa maneira, inicialmente, agruparam-se o

conjunto de indivíduos por períodos de três anos de abstinência como forma de

controlar a variabilidade das alterações ocasionadas temporalmente após a retirada do

0

100

200

300

400

500

600

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Mulheres

Homens

57

álcool do organismo. Assim, formaram-se cinco grupos (GE1, GE2, GE3, GE4 e GE5)

que foram comparados separadamente a um grupo controle (GC). Organizaram-se a

quantidade de acertos obtidos pela discriminação das frequências sonoras (VD) por cada

um desses grupos (VI-1) em função de cada uma das notas musicais testadas (VI-2).

Descreveram-se esses valores na Tabela 8, na qual podem ser observados a seguir.

Tabela 8

Número total de respostas corretas obtidas pelos participantes no teste de

discriminação para cada uma das notas musicais por condição experimental

Os dados desse estudo eram compostos por valores discretos e dicotômicos

(acerto/erro), o que impeliu o uso de testes não paramétricos para comparação dos

resultados entre os grupos. Além disso, as medidas utilizadas eram independentes já que

os grupos testados eram diferentes.

Antes de qualquer outra avaliação, primeiramente analisou-se as diferenças entre

os grupos experimentais para cada uma das notas musicais utilizadas no estudo. Para

Notas musicais

DÓ RÉ MI FÁ SOL LÁ SI

Controle

412 378 361 391 400 379 469

GE1

265 274 252 234 301 309 233

GE2

255 279 279 217 311 262 237

GE3

264 294 288 224 280 265 213

GE4

243 286 289 259 252 262 206

GE5

243 277 292 266 236 237 196

58

tanto, empregou-se o teste estatístico de Kruskal-Wallis, na medida em que se pretendia

avaliar os efeitos da relação entre duas Vis (grupo e nota musical) sobre uma VD

(índice de discriminação sonora). Os resultados apresentaram diferença estatisticamente

significante apenas para as frequências sonoras de 392 e de +491 Hz, correspondentes

às notas musicais Sol (χ2(4) = 11,95; p = 0,018) e Si (χ

2(4) = 11,69; p = 0,020),

sugerindo que os diferentes grupos de alcoolistas discriminam melhor essas duas notas

musicais, como pode ser melhor observado na Figura 8.

Figura 7. Comparação entre si dos grupos de alcoolistas divididos pelo tempo de

abstinência em função da discriminação entre as notas musicais (*p < 0,05)

Em seguida, iniciaram-se as comparações de cada um dos grupos experimentais

com o GC para cada uma das notas musicais estudadas, começando pelo grupo de

alcoolistas que estavam de 1 a 3 anos em abstinência do álcool (GE1). Para estas

comparações utilizou-se o teste Mann-Whitney (medidas independentes) que

demonstrou diferença estatisticamente significante para todas as notas musicais: Dó (U

= 84; z = - 5,44; p = 0,001), Ré (U = 171; z = - 4,17; p = 0,001), Mi (U = 195; z = -

3,96; p = 0,001), Fá (U = 122,5; z = - 4,87; p = 0,001), Sol (U = 256; z = - 2,88; p =

0,004), Lá (U = 289,5; z = - 2,39; p = 0,001), e Si (U = 28; z = - 6,28; p = 0,001), sendo

0

100

200

300

400

500

600

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

GE1

GE2

GE3

GE4

GE5

59

que em todas elas os indivíduos do GE1 obtiveram uma quantidade menor de acertos.

Esses dados sugerem que alcoolistas em abstinência de 1 a 3 anos apresentaram

prejuízos na discriminação das notas musicais testadas correspondentes respectivamente

às frequências sonoras de + 262, + 294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz. Essas

informações podem ser observadas na Figura 9.

Figura 8. Alcoolistas em abstinência de 1-3 anos (GE1)

comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical (*p <

0,05)

Para o grupo de alcoolistas em abstinência de 4 a 6 anos (GE2), utilizando o

mesmo tipo de análise também demonstraram diferenças estatisticamente significantes

para todas as notas musicais: Dó (U = 46,5; z = -6; p = 0,001), Ré (U = 142; z = -4,61; p

= 0,001), Mi (U = 226; z = -3,33; p = 0,001), Fá (U = 84; z = -5,43; p = 0,001), Sol (U =

253,5; z = -2,92; p = 0,004), Lá (U = 199; z = -3,73; p = 0,001), e Si (U = 33,5; z = -

6,18; p = 0,001). Isso sugere que alcoolistas em abstinência de 4 a 6 anos apresentaram

prejuízos na discriminação de todas as notas musicais testadas correspondentes

0

100

200

300

400

500

600

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Controle

GE1

60

respectivamente às frequências sonoras de + 262, + 294, + 330, + 349, 392, 440, e +

491 Hz. Essas informações podem ser observadas na Figura 10.

Figura 9. Alcoolistas em abstinência de 4-6 anos (GE2)

comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical (*p

< 0,05)

Resultados semelhantes foram encontrados para o grupo de alcoolistas em

abstinência de 7 a 9 anos (GE3) que também demonstrou diferenças estatisticamente

significantes para todas as notas musicais: Dó (U = 65; z = -5,73; p = 0,001), Ré (U =

170; z = -4,19; p = 0,001), Mi (U = 236,5 z = -3,18; p = 0,001), Fá (U = 73; z = -5,61; p

= 0,001), Sol (U = 207,5; z = -3,62; p = 0,001), Lá (U = 204,5; z = -3,65; p = 0,001), e

Si = (U = 21,5; z = -6,36; p = 0,001). Esses dados sugerem que alcoolistas em

abstinência de 7 a 9 anos apresentaram prejuízos na discriminação de todas as notas

musicais testadas correspondentes respectivamente às frequências sonoras de + 262, +

294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz. Essas informações podem ser observadas na

Figura 11.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Controle

GE2

61

Figura 10. Alcoolistas em abstinência de 7-9 anos (GE3)

comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical (*p <

0,05)

A avaliação do grupo de alcoolistas em abstinência de 10 a 12 anos (GE4) por

meio do teste Mann-Whitney também demonstrou diferenças estatisticamente

significantes para todas as notas musicais: Dó (U = 65; z = -5,74; p = 0,001), Ré (U =

184; z = -3,97; p = 0,001), Mi (U = 238,5 z = -3,16; p = 0,001), Fá (U = 187; z = -3,92;

p = 0,001), Sol (U = 138; z = -4,65; p = 0,001), Lá (U = 206,5; z = -3,62; p = 0,001), e

Si = (U = 14,5; z = -6,47; p = 0,001). Esses dados sugerem que alcoolistas em

abstinência de 10 a 12 anos apresentaram prejuízos na discriminação de todas as notas

musicais testadas correspondentes respectivamente às frequências sonoras de + 262, +

294, + 330, + 349, 392, 440, e + 491 Hz. Essas informações podem ser observadas na

Figura 12.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Controle

GE3

62

Figura 11. Alcoolistas em abstinência de 10-12 anos (GE4)

comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical (*p

< 0,05)

Por fim, a avaliação do grupo de alcoolistas em abstinência de 13 a 15 anos

(GE5) também demonstrou diferenças estatisticamente significantes para todas as notas

musicais: Dó (U = 39,5; z = -6,10; p = 0,001), Ré (U = 135,5; z = -4,71; p = 0,001), Mi

(U = 254 z = -2,92; p = 0,003), Fá (U = 221; z = -3,40; p = 0,001), Sol (U = 110,5; z = -

5,04; p = 0,001), Lá (U = 145,5; z = -4,53; p = 0,001), e Si (U = 12,5; z = -6,50; p =

0,001). Esses dados sugerem que alcoolistas em abstinência de 13 a 15 anos

apresentaram prejuízos na discriminação de todas as notas musicais testadas

correspondentes respectivamente às frequências sonoras de + 262, + 294, + 330, + 349,

392, 440, e + 491 Hz. Essas informações podem ser observadas na Figura 13.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Controle

GE4

63

Figura 12. Alcoolistas em abstinência de 13-15 anos (GE5)

comparados ao grupo controle (GC) para cada nota musical

(*p < 0,05)

De forma geral, os resultados indicam que os alcoolistas apresentam uma menor

quantidade de acertos no processo de discriminação de todas as notas musicais

utilizadas no estudo independente da quantidade de anos de abstinência do álcool,

considerando a faixa temporal de 1 a 15 anos. Desse modo, sugere-se que

provavelmente prejuízos na percepção das frequências sonoras dos alcoolistas

permaneçam por até 15 anos após a retirada total da substância do organismo.

0

100

200

300

400

500

600

Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si

Controle

GE5

64

4.3. ESTUDO 2: EFEITOS DA INGESTÃO MODERADA E CRÔNICA DE

ETANOL NA PERFORMANCE NEUROPSICOLÓGICA DA

MEMÓRIA, DA ATENÇÃO, E DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

65

3.2.1. Hipóteses

I) Sabendo-se que a atuação do etanol na degradação do Glutamato (GLU), o

que inibe a ação da Acetilcolina (Ach), tem sido corriqueiramente relacionada a

deturpações nas estruturas corticais temporais, envolvidas no processo de memorização

de curto prazo (Por exemplo, Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:

A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08 % BAC afete

negativamente a capacidade de processar informações pela memória de curto prazo,

diminuindo o número de elementos recordados;

II) Do mesmo modo, sabendo que a memória de trabalho é um tipo de memória

de curto prazo, e que os mecanismos neurais estariam relacionados e seriam também

afetados pelo etanol (Por exemplo, Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se

que:

A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC diminua a

capacidade de processar informações pela memória de trabalho;

III) Além disso, considerando-se que por causa do consumo agudo de etanol

ocorram alterações neuronais relacionadas também a deturpações nas estruturas

hipocampais, límbicas, e da amígdala, envolvidas no processo de recordação, a longo

prazo (Por exemplo, Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:

66

A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete

negativamente a capacidade de recordar informações da memória de longo prazo,

diminuindo o número de informações que podem ser lembradas;

IV) Da mesma forma, considerando-se as mesmas alterações neuronais e

estruturais da memória de longo prazo, sabe-se que o processo de reconhecimento de

informações também pode ser alterado pelo consumo agudo de etanol (Por exemplo,

Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:

A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete

negativamente a capacidade de reconhecer informações registradas pela memória de

longo prazo, diminuindo o número de informações que podem ser lembradas;

V) Sabendo-se, ainda, que o etanol pode ocasionar alterações no córtex posterior

parietal, situado na conexão de regiões sensoriais, envolvidas na sustentação da atenção

(Por exemplo, Behrmann, Geng, & Shomstein, 2004), espera-se que:

A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete

negativamente a capacidade de sustentar atenção sobre as informações;

VI) Por conseguinte, considerando-se que a atuação do etanol no funcionamento

dos processos atencionais também pode ocasionar alterações na capacidade de

selecionar informações por meio da atenção (Por exemplo, Behrmann, Geng, &

Shomstein, 2004), espera-se que:

67

A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete

negativamente a capacidade de selecionar informações por meio da atenção;

VII) O etanol pode ainda ocasionar alterações na conectividade funcional do

córtex pré-frontal com as demais regiões encefálicas, relacionadas ao processo de

inibição de respostas, componente do funcionamento executivo (Por exemplo, Park et

al., 2011), e desse modo espera-se que:

A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete

negativamente o funcionamento executivo, no que diz respeito ao processo da inibição

de respostas prepotentes, diminuindo o controle sobre as mesmas;

VIII) Por fim, considerando-se que etanol pode ocasionar alterações nas

capacidades de flexibilidade e adaptação cognitivas ligadas também ao funcionamento

executivo (Por exemplo, Park et al., 2011), espera-se que:

A ingestão moderada de etanol na concentração de 0,08% BAC afete

negativamente o funcionamento executivo relativo a flexibilidade mental, dificultando o

processo de avaliação e apresentação de diferentes respostas;

IX) Em relação ao alcoolismo, sabendo-se que ele tem sido relacionado a

alterações nas estruturas corticais temporais, envolvidas no processo de memorização de

curto prazo (Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:

68

A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de processar

informações pela memória de curto prazo, diminuindo o número de elementos

recordados;

X) Do mesmo modo, sabendo que a memória de trabalho é um tipo de memória

de curto prazo, e que os mecanismos neurais estariam relacionados e seriam também

afetados pelo alcoolismo (Noffs, Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:

A ingestão crônica de etanol diminua a capacidade de processar informações

pela memória de trabalho;

XI) Além disso, considerando-se que por causa do alcoolismo ocorrem

alterações neuronais relacionadas também a deturpações nas estruturas hipocampais,

límbicas, e da amígdala, envolvidas no processo de recordação, a longo prazo (Noffs,

Magila, Santos, & Marques, 2002), espera-se que:

A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de recordar

informações da memória de longo prazo, diminuindo o número de informações que

podem ser lembradas;

XII) Da mesma forma, considerando-se as mesmas alterações neuronais e

estruturais da memória de longo prazo, sabe-se que o processo de reconhecimento de

informações também pode ser alterado pelo alcoolismo (Noffs, Magila, Santos, &

Marques, 2002), espera-se que:

69

A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de reconhecer

informações registradas pela memória de longo prazo, diminuindo o número de

informações que podem ser lembradas;

XIII) Sabendo-se, ainda, que o alcoolismo pode ocasionar alterações no córtex

posterior parietal, situado na conexão de regiões sensoriais, envolvidas na sustentação

da atenção (Behrmann, Geng, & Shomstein, 2004), espera-se que:

A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de sustentar

atenção sobre as informações;

XIV) Por conseguinte, considerando-se que a atuação do alcoolismo no

funcionamento dos processos atencionais também pode ocasionar alterações na

capacidade de selecionar informações por meio da atenção (Behrmann, Geng, &

Shomstein, 2004), espera-se que:

A ingestão crônica de etanol afete negativamente a capacidade de selecionar

informações por meio da atenção;

XV) O alcoolismo pode ainda ocasionar alterações na conectividade funcional

do córtex pré-frontal com as demais regiões encefálicas, relacionadas ao processo de

inibição de respostas, componente do funcionamento executivo (Park et al., 2011), e

desse modo espera-se que:

70

A ingestão crônica de etanol afete negativamente o funcionamento executivo, no

que diz respeito ao processo da inibição de respostas prepotentes, diminuindo o

controle sobre as mesmas;

XVI) Considerando-se também que o alcoolismo pode ocasionar alterações nas

capacidades de flexibilidade e adaptação cognitivas ligadas também ao funcionamento

executivo (Park et al., 2011), espera-se que:

A ingestão crônica de etanol afete negativamente o funcionamento executivo

relativo a flexibilidade mental, dificultando o processo de avaliação e apresentação de

diferentes respostas;

XVII) Por fim, sabendo-se que o tempo de abstinência do álcool pode reverter os

danos cognitivos ocasionados aos alcoolistas (Junghanns et al., 2004; Loeber et al.,

2010; Mann, Günther, Stetter, & Ackermann, 1999; Soto, O’Donnell, & Soto, 1989),

espera-se que:

Quanto mais anos de abstinência do álcool os indivíduos possuam, no

intervalode 1 a 15 anos, menos serão os danos neurocognitivos encontrados,

podendo ser percebidos em um melhor desempenho em tarefas de memória,

atenção e funções executivas.

3.2.2. Objetivos

3.2.2.1. Geral

• Avaliar em estudantes universitários, homens e mulheres adultos jovens, as

consequências da ingestão moderada de etanol (0,08% BAC), bem como em

71

homens alcoolistas adultos com abstinência de 1 a 15 anos as consequências da

ingestão crônica de etanol para as funções neurocognitivas de memória, atenção,

e funções executivas.

4.3.3.1.Específicos

• Aferir a memória de curto prazo após a ingestão moderada de etanol tendo como

parâmetro a concentração de 0,08 % BAC (Blood Alcohol Concentration);

• Avaliar a memória de trabalho após a ingestão moderada de etanol tendo como

parâmetro a concentração de 0,08 % BAC;

• Aferir a memória de longo prazo pelo procedimento de recordação após a

ingestão moderada de etanol tendo como parâmetro a concentração de 0,08 %

BAC;

• Aferir a memória de longo prazo pelo procedimento de reconhecimento após a

ingestão moderada de etanol tendo como parâmetro a concentração de 0,08 %

BAC;

• Estimar a atenção sustentada após a ingestão moderada de etanol tendo como

parâmetro a concentração de 0,08 % BAC;

• Estimar a atenção seletiva após a ingestão moderada de etanol tendo como

parâmetro a concentração de 0,08 % BAC;

• Medir o processo de inibição de respostas componente das funções executivas

após a ingestão moderada de etanol tendo como parâmetro a concentração de

0,08 % BAC;

• Medir a flexibilidade mental componente das funções executivas após a ingestão

moderada de etanol tendo como parâmetro a concentração de 0,08% BAC.

• Avaliar a memória de trabalho de alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;

72

• Aferir a memória de curto prazo de alcoolistas em abstinência e de não

alcoolistas;

• Aferir a memória de longo prazo pelo procedimento de recordação de alcoolistas

em abstinência e de não alcoolistas;

• Aferir a memória de longo prazo pelo procedimento de reconhecimento de

alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;

• Estimar a atenção sustentada de alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;

• Estimar a atenção seletiva de alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;

• Medir o processo de inibição de respostas componente das funções executivas

de alcoolistas em abstinência e de não alcoolistas;

• Medir a flexibilidade mental componente das funções executivas de alcoolistas

em abstinência e de não alcoolistas.

4.3.4. Resultados

Todos os participantes apresentaram valor de BAC pretendido ( X = ± 0,084; σ

= ± 0,015, tendo os homens X = ± 0,081; σ = ± 0,017, e as mulheres X = ± 0,087; σ

= ± 0,012). A seguir, são apresentados os dados relativos aos testes neuropsicológicos.

Resultados referentes ao experimento de ingestão aguda de etanol

• Resultados relacionados à memória:

A Tabela 9, a seguir, apresenta os valores relacionados aos testes de memória.

73

Tabela 9

Quantidade de acertos dos participantes nas tarefas neuropsicológicas de memória

após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE)

TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DA MEMÓRIA

GC GE GC-H GE-H GC-M GE-M

Memória de Trabalho (DOI):

226 208 130 118 96 90

Memórias de Curto e Longo Prazo (RAVLT):

A1 305 257 150 129 155 128

A2 357 315 178 169 179 146

A3 404 362 220 202 184 160

A4 434 412 237 222 197 190

A5 432 406 234 217 198 189

AAV 1910 1820 989 979 921 841

ALT 574 458 336 249 238 209

A7 368 316 197 179 171 137

IP 42 38 20 18 22 20

IR 40 35 20 15 20 17

TE 46 38 22 19 24 19

TR-A 514 484 278 241 236 243

TR-B 274 137 10 6 120 102

TR-AB 788 621 288 247 356 345

Nota.: GC: Todos os participantes agrupados após ingestão de placebo; GE: Todos os

participantes agrupados após ingestão de etanol; GC-H: Apenas homens após ingestão

de placebo; GE-H: Apenas homens após ingestão de etanol; GC-M: Apenas mulheres

74

após ingestão de placebo; GE-M: Apenas mulheres após ingestão de etanol; DOI:

Dígitos Ordem Inversa; RAVLT: Teste da Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey; A1:

Memória Imediata; AAV (ƩA1A5): Aprendizagem auditivo-verbal; ALT [ƩA1A5-

(5xA1)]: Aprendizagem ao longo das tentativa; A7: Memória de Longo Prazo; IP

(B1/A1): Interferência Proativa; IR (A6/A5): Interferência Retroativa; TE (A7/A6):

Taxa de esquecimento; TR-A: Taxa de Reconhecimento da Lista A; TR-B: Taxa de

Reconhecimento da Lista B; TR-AB: Somatório das Taxas de Reconhecimento das

Listas A e B.

Analisaram-se os presentes dados considerando-se a articulação entre

quantidades e tipos de variáveis, bem como entre os níveis escalares aos quais estavam

agregados. Além disso, reuniram-se os valores obtidos em função das comparações

entre condições experimental e controle, organizados pelo sexo dos participantes. A

análise inicial teve com objetivo comparar o número de acertos no teste dos Dígitos, em

sua ordem inversa, após ingestão de placebo e de etanol por homens, mulheres e por

todos os participantes agrupados independente do sexo a qual pertenciam. Essa análise

teve como Variável Independente (VI), de dois níveis, a ingestão de etanol, e como

Variável Dependente (VD) a quantidade de acertos atingida pelo grupo. Pela VD tratar-

se de uma variável discreta, procedeu-se a utilização de um teste não paramétrico.

Assim, empregou-se o teste de Wilcoxon, na medida em que os valores de comparação

tinham sido obtidos do mesmo grupo, o qual havia passado pelos dois níveis da VI:

Placebo e Etanol.

A comparação entre as condições experimental e controle no teste DOI, que

avaliava a memória de trabalho, apresentou diferença estatisticamente significante

(p<0,05) para todos os participantes agrupados (t(39) = 20,47; z = - 4,59; p = 0,001) e

75

para os homens (t(19) = 10,5; z = - 3,94; p = 0,001), sendo que em ambas as situações a

quantidade de acertos foi maior quando os indivíduos haviam ingerido apenas placebo

(GE). Sugere-se que o etanol pode influenciar negativamente a memória de trabalho dos

homens, mas não das mulheres.

Em seguida, realizaram-se avaliações dos resultados concernetes as memórias de

curto (MCP) e longo prazo (MLP). Todos os dados seguintes possuíam características

semelhantes a dos dados anteriores e analizaram-se tomando como parâmetros

separadamente o sexo dos participantes e as condições experimental e controle.

Inicialmente compararam-se entre homens e mulheres as curvas de aprendizagem

elaboradas pela união dos acertos obtidos em cada uma das repetições (A1, A2, A3, A4,

e A5) do grupo de palavras do Teste de Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey

(RAVLT).

Para essa análise, utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, na

medida em que se pretendia avaliar as curvas de grupos independentes: homens e

mulheres. Para a comparação entre as curvas de aprendizagem dos homens e mulheres

após ingestão de placebo a primeira (A2: χ2 (8) = 25,58; p = 0,001), a segunda (A3: χ

2

(9) = 22,59; p = 0,007), e a terceira (A4: χ2 (10) = 22,95; p = 0,011) repetições

apresentaram diferenças estatísticamente significantes (p < 0,05), sendo que os homens

lembraram de uma quantidade maior de palavras nos três casos. Esses dados sugerem

que, de forma geral, os homens parecem memorizar listas de palavras, com poucas

repetições, melhor que as mulheres quando ambos não estão alcoolizados. Esses dados

podem ser melhor visualizados na Figura 13, como segue.

76

Figura 13. Comparação das curvas de aprendizagem dos homens

(N = 20) e mulheres (N = 20) após a ingestão de placebo (GC) (*p

< 0,05)

Utilizando também o teste Kruskal-Wallis para a comparação entre as curvas de

aprendizagem dos homens e mulheres após ingestão de etanol, apenas a quarta (A4: χ2

(11) = 11,95; p = 0,038) e quinta (A5: χ2 (7) = 17,06; p = 0,017) repetições

apresentaram diferenças estatísticamente significantes (p < 0,05), sendo que os homens

lembraram de um número maior de palavras, como na análise anterior. Esses dados

sugerem que, ainda que os homens consigam memorizar listas de palavras melhor do

que as mulheres, ambos necessitam de uma quantidade maior de repetições para que

uma quantidade maior de palavras sejam memorizadas quando estão alcoolizados. Esses

dados podem ser observados na Figura 14.

77

Figura 14. Comparação das curvas de aprendizagem dos homens

(N = 20) e mulheres (N = 20) após a ingestão de etanol (GE) (*p

< 0,05)

Após comparação entre as respostas de homens e mulheres de forma separada,

analizaram-se as respostas agrupadas de todo os participantes, independente do sexo

deles, em função dos grupos experimental e controle. Para essa análise, como se

tratavam de medidas repetidas obtidas pelo mesmo grupo de pessoas, antes e após

intervenção experimental, utilizou-se o teste não paramétrico de Friedman.

A comparação das curvas de aprendizagem dos participantes agrupados depois

da ingestão de placebo e de etanol mostraram diferença estatisticamente significante na

primeira (A1: χ2 (1) = 8,76; p = 0,003), na segunda (A2: χ

2 (1) = 6,25; p = 0,012), e na

terceira (A3: χ2 (1) = 5,44; p = 0,020) repetições da lista de palavras, sendo que os

participantes lembraram de uma quantidade menor de palavras quando havia ingerido

etanol. Esses dados sugerem que o etanol pode dificultar o processo inicial de

memorização de listas de palavras tanto para homens quanto para mulheres. Esses dados

podem ser observados em seguida na Figura 15.

78

Figura 15. Curvas de aprendizagem elaboradas pelo agrupamento

de todos os participantes após a ingestão de placebo (GC) e etanol

(GE) (N = 40; *p < 0,05)

Após avaliação das curvas de aprendizagem inferiram-se outras informações a

respeito do conjunto de dados obtidos pelo RAVLT após ingestão de placebo e de

etanol. Avaliaram-se as taxas de aprendizagem auditivo-verbal (AAV) obtida pelo

somatório das cinco primeiras tentativas de memorização da lista de palavras A do

RAVLT (ƩA1A5). Para essa análise, utilizou-se o teste de Wilcoxon, que apresentou

diferença estatisticamente significante (N = 30; p < 0,05) para homens (t(19) = 9,91; z =

- 0,15; p = 0,008), mulheres (t(19) = 9,60; z = -1,46; p = 0,014) e para todos os

participantes agrupados (t(39) = 18,92; z = -1,10; p = 0,027). Como em todos os casos

as taxas de AAV foram menores quando os indivíduos haviam ingerido etanol, sugere-

se que o etanol influencie negativamente a AAV dos indivíduos. Esses valores podem

ser melhor visualizados na Tabela 9.

Avaliou-se também o nível de aprendizagem ao longo das tentativas (ALT)

obtido pelo cálculo da subtração da AAV menos a multiplicação da primeira recordação

79

da lista A de palavras do RAVLT [ƩA1A5-(5xA1)]. Para essa análise, utilizando o teste

de Wilcoxon, a comparação da ALT após ingestão de placebo e de etanol apresentou

diferença estatisticamente significante (N = 30; p < 0,05) para homens (t(19) = 10,04; z

= - 1,96; p = 0,005), mulheres (t(19) = 8,44; z = - 0,94; p = 0,034), e para todos os

participantes agrupados (t(39) = 17,93; z = - 2,11; p = 0,035). Como em todos os casos

as taxas de ALT foram menores quando os indivíduos haviam ingerido etanol,

sugerindo que o etanol influencie negativamente a ALT dos indivíduos. Esses valores

podem ser melhor visualizados na Tabela 9.

Além disso, avaliaram-se ainda os níveis de interferência no processo de

memorização. Conduziram-se testes de Wilcoxon para comparação dos valores de

interferência proativa – IP (B1/A1), quando uma informação antiga prejudica a

memorização de uma nova, e retroativa – IR (A6/A5), quando ocorre o inverso e uma

informação nova prejudica a recuperação de uma informação já memorizada. Ainda que

em ambos os processos de interferência, valores menores possam ser observados na

ocasião em que os indivíduos ingeriram apenas placebo, os dados não apresentaram

diferença estatisticamente significante (p < 0,05) para homens, mulheres, nem para

todos os participantes agrupados. Esses dados sugerem que o etanol pode não

influenciar a interferência proativa ou retroativa no processo de memorização. Eles

podem ser melhor visualizados nas Figuras 16 e 17 exibidas em seguida.

80

Figura 16. Comparação entre as taxas de interferência proativa

(IP) após ingestão de placebo (GC) e etanol (GE) para os

participantes agrupados (N = 40), homens (N = 20), e mulheres

(N = 20) (*p < 0,05)

Figura 17. Comparação entre as taxas de interferância retroativa

(IR) após ingestão de placebo (GC) e etanol (GE) para os

participantes agrupados (N = 40), homens (N = 20), e mulheres

(N = 20) (*p < 0,05)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Todos osparticipantes

Homens Mulheres

GC

GE

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Todos osparticipantes

Homens Mulheres

GC

GE

81

Avaliou-se a memória de longo prazo (MLP), obtida na sétima repetição da lista

de palavras A do RAVLT (A7), que ocorre 20 minutos após a sexta repetição, por meio

da comparação entre o número de palavras lembradas após ingestão de placebo e de

etanol. Essa análise, realizada por meio do teste de Wilcoxon, mostrou diferença

estatisticamente significante (p < 0,05) para homens (t(19) = 9; z = -1,07; p = 0,028),

mulheres (t(19) = 7,83; z = -1,13; p = 0,025) e para todos os participantes agrupados

(t(39) = 16,70; z = -1,69; p = 0,009). Esses dados sugerem que o etanol pode prejudicar

o processo de consolidação a longo prazo das informações na memória. Essas

informações podem ser conferidas a seguir na Figura 18.

Figura 18. Comparação entre a quantidade de acertos no teste de

recordação a longo prazo (A7) para todos os participantes

agrupados (N = 40), para os homens (N = 20), e para as

mulheres (N = 20) após ingestão de placebo (GC) e de alcool

(GE)

0

100

200

300

400

500

600

Todos osparticipantes

Homens Mulheres

GC

GE

82

Outro processo de memória avaliado pelo RAVLT é o de recuperação das

informações memorizadas por reconhecimento. Desse modo, o presente estudo também

comparou a quantidade de palavras reconhecidas pelos participantes após ingestão de

placebo e de etanol. Realizou-se essa comparação por meio do teste de Wilcoxon, o qual

apresentou diferença estatisticamente significante (p < 0,05) apenas para os homens

(t(19) = 9,5; z = -3,74; p < 0,001), sendo que encontraram-se valores menores quando os

indivíduos haviam ingerido etanol. Esses dados sugerem que os homens reconhecem

menos palavras memorizadas quando estão alcoolizados, enquanto que para as mulheres

está ou não está alcoolizada parece não influenciar nesse processo.

Por fim, compararam-se as taxas de esquecimento (TE) obtidas pela divisão da

quantidade de palavras lembradas na sétima e na sexta repetição de palavras da lista A

(A7/A6) do RAVLT após ingestão de placebo e de etanol. Realizou-se um teste de

Wilcoxon, para o qual se observaram diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05)

para homens (t(19) = 11,09; z = - 0,64; p = 0,005), mulheres (t(19) = 9,71; z = - 0,87; p

= 0,038), e para todos os participantes agrupados (t(39) = 20,78; z = - 1,23; p = 0,021).

Observaram-se maiores TE para os indivíduos, quando eles estavam alcoolizados. Esses

valores podem ser conferidos na Tabela 9. Sugere-se então, com base nesses dados, que

o etanol pode aumentar a TE de palavras memorizadas.

Assim, de forma geral, esses resultados obtidos com testes neuropsicológicos da

memória aludem que o etanol pode influenciar negativamente alguns aspectos da

memória ao passo que não intervém em outros. A memória de trabalho, as curvas de

aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal e ao longo das tentativas, a

memória de longo prazo, e a taxa de esquecimento parecem ter sido piores para o

conjunto de participantes agrupados independente do sexo deles.

83

Do mesmo modo, a memória de trabalho, as curvas de aprendizagem, as taxas

de aprendizagem auditivo-verbal e ao longo das tentativas, a memória de longo prazo, e

as taxas de reconhecimento e de esquecimento dos homens parecem ter sido piores. Já

para as mulheres apenas as curvas de aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-

verbal e ao longo das tentativas, a memória de longo prazo, e a taxa de esquecimento é

que parecem ter sido prejudicadas. Interferências proativa ou retroativa parecem não ter

sido prejudicadas pelo etanol para quaisquer dos grupos.

• Resultados relacionados à atenção:

Os valores dos testes neuropsicológicos relativos aos processos atencionais

podem ser observados na Tabela 10, exibida a seguir.

Tabela 10

Valores totais obtidos pelos participantes nas tarefas neuropsicológicas de atenção

após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE)

TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DA ATENÇÃO

GC GE GC-H GE-H GC-M GE-M

Atenção Seletiva

Códigos 2749 2578 1342 1331 1407 1247

Procurar

Símbolos

1301

1184

675

658

626

526

Atenção Sustentada

DOD 410 302 215 156 195 146

Trilhas A* 31,25 73,05 17,18 32,95 14,08 40,1

Teste do A:

84

Omissão** 10 25 3 8 7 8

Teste do A:

Confusão**

18

34

15

15

3

4

Nota.: GC: Todos os participantes agrupados após ingestão de placebo; GE: Todos os

participantes agrupados após ingestão de etanol; GC-H: Apenas homens após ingestão

de placebo; GE-H: Apenas homens após ingestão de etanol; GC-M: Apenas mulheres

após ingestão de placebo; GE-M: Apenas mulheres após ingestão de etanol; DOD:

Dígitos Ordem Direta; *Média de tempo em segundos levado para executar a tarefa;

**Contabilidade da quantidade de erros.

Para avaliação da atenção seletiva, realizaram-se os testes dos Códigos e

Procurar Símbolos da WAIS-III. Utilizou-se o teste de Wilcoxon para comparação do

resultante de ambos os testes (Códigos e Procurar Símbolos) após ingestão de placebo e

de etanol. Os dados apresentaram diferença estatisticamente significante (p < 0,05)

apenas para as mulheres tanto no teste dos Códigos (t(19) = 10; z = - 2,22; p < 0,027),

quanto no teste Procurar Símbolos (t(19) = 11,32; z = - 1,99; p < 0,046). Em ambos,

apresentaram-se valores maiores de acerto quando os indivíduos haviam ingerido

apenas placebo. Esses dados sugerem que o etanol pode prejudicar a atenção seletiva

das mulheres, mas não dos homens. Isso pode ser confirmado pela observação das

Figuras 19 e 20, expostas a seguir.

85

Figura 19. Comparação dos grupos de ingestão de placebo (GC)

e de álcool (GE) respectivamente para todos os participantes

agrupados (N = 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres

(N = 20) no teste dos Códigos – WAIS-III (*p < 0,05)

Figura 20. Comparação dos grupos de ingestão de placebo

(GC) e de álcool (GE) respectivamente para todos os

participantes agrupados (N = 40), para os homens (N = 20) e

para as mulheres (N = 20) no teste Procurar Símbolos –

WAIS-III (*p < 0,05)

0

1000

2000

3000

4000

5000

Todos os

participantes

Homens Mulheres

GC

GE

0

500

1000

1500

2000

Todos os

participantes

Homens Mulheres

GC

GE

86

Para avaliação da atenção sustentada realizaram-se os seguintes testes: Dígitos

(ordem direta) – DOD, Trilhas (parte A), e Teste do A (erros de omissão e de confusão).

Para avaliação do DOD, utilizou-se o teste de Wilcoxon para comparação dos

participantes após ingestão de placebo e de etanol. Os dados apresentaram diferença

estatisticamente significante (p < 0,05) para homens (t(19) = 10,23; z = - 2,97; p <

0,003), mulheres (t(19) = 10,62; z = - 2,30; p < 0,021), e para o conjunto de

participantes agrupados (t(39) = 20,32; z = - 3,72; p < 0,001). Em todos os casos,

apresentaram-se valores maiores de acerto quando os indivíduos haviam ingerido

apenas placebo. Esses dados sugerem que o etanol pode prejudicar a atenção sustentada

dos indivíduos, independente do sexo. Esses dados podem ser observado na Figura 21,

exposta a seguir.

Figura 21. Comparação dos grupos de ingestão de placebo

(GC) e de álcool (GE) respectivamente para todos os

participantes agrupados (N = 40), para os homens (N = 20) e

para as mulheres (N = 20) no teste dos Dígitos, ordem direta –

WAIS-III (*p < 0,05)

0

100

200

300

400

500

600

Todos os participantes Homens Mulheres

GC

GE

87

No teste das Trilhas, o resultante é o tempo de execução geral da tarefa

solicitada, que se trata da ligação, o mais rápido possível, em ordem alfabética, de letras

embaralhadas aleatoriamente em uma folha de papel. Desse modo, a variável a ser

analisada tem um perfil contínuo possibilitando a utilização de um teste paramétrico, a

depender da conjugação a outros requisitos.

Nesse sentido, para decisão sobre o tipo de teste estatístico a ser empregado,

além da retirada dos valores extremos, avaliaram-se também o conjunto dos dados em

termos dos requisitos de normalidade, por meio do teste de Shapiro-Wilk (SW: teste

para amostras < 50), e de homocedasticidade, por meio do teste de Levene. Como os

valores não mostraram diferença estatisticamente significante em ambos os testes, o que

significa dizer que os dados possivelmente são homogêneos, decidiu-se pela utilização

de um teste paramétrico. Os resultados obtidos podem ser consultados nas Tabelas 11 e

12 apresentadas a seguir.

Tabela 11

Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte A, nas

condições controle (placebo) e experimental (álcool)

Shapiro-Wilk (N = 40; p > 0,05)

Variáveis SW p

Placebo Homens 0,93 0,13

Mulheres 0,90 0,33

Álcool Homens 0,84 0,40

Mulheres 0,87 0,10

Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.

88

Tabela 12

Teste de homocedasticidade para o teste das Trilhas, parte A,

nas condições controle (placebo) e experimental (álcool)

Levene (N = 40; p > 0,05)

Variáveis F p

Placebo 0,53 0,47

Álcool 0,65 0,42

Nota.: F: Nível de igualdade entre as variâncias; p: valor de

significância associada.

Para comparação da média de tempo de execução do teste das trilhas, parte A,

entre as condições experimental e controle, utilizou-se um teste t para medidas pareadas,

no qual apresentaram-se diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05) para

homens (t(19) = 4,61; p < 0,001), mulheres (t(19) = 8,1; p < 0,001), e para todos os

participantes agrupados (t(39) = 8,5; p < 0,001). A média de tempo do grupo

experimental foi maior que a do grupo controle, o que significa que após ingestão de

etanol os indivíduos levaram muito mais tempo para execução total da tarefa. Isso

sugere que o etanol pode afetar negativamente a atenção sustentada dos indivíduos.

Esses dados podem ser melhor visualizados na Figura 22.

89

Figura 22. Diferenças entre a duração de execução do teste das

Trilhas, parte A, nos grupos de ingestão de placebo (GC) e

álcool (GE) respectivamente para todos os participantes

agrupados (N = 40), para os homens (N = 20) e para as mulheres

(N = 20) (*p < 0,05)

Para o teste do A, o teste de repetição de letras aleatórias que tinha como foco de

atenção a letra A, contabilizou-se a quantidade de erros cometidos pelos participantes.

Compararam-se a quantidade de vezes que o mesmo grupo de participantes não dava o

sinal após leitura da letra A pelo experimentador (erros de omissão), ou que dava o sinal

quando o experimentador havia lido uma outra letra (erros de confusão) após a ingestão

de placebo e de etanol. Desse modo, avaliaram-se os valores por meio do teste de

Wilcoxon para o qual encontraram-se diferenças estatisticamente significantes (p <

0,05) respectivamente para ambos os erros de omissão e confusão (t(39) = 14,5; z = -

2,36; p < 0,018 e t(39) = 20,6; z = - 2,44; p < 0,015) nos dados dos participantes

agrupados (Ver Figura 23). A quantidade dos dois tipos de erros possíveis no teste do A

foram maiores quando os indivíduos haviam ingerido etanol.

90

Figura 23. Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e de

álcool (GE) pelo total de participantes agrupados em função do

número de erros de omissão e confusão no Teste do A (N = 40;

*p < 0,05)

Entretanto quando avaliados separadamente em termos do sexo dos

participantes, o grupo dos homens apresentou diferença estatisticamente significante

apenas para os erros de omissão (t(19) = 0,00; z = -3,77; p < 0,001), tendo apresentado

maior quantidade de erros após ingestão de etanol, enquanto que as mulheres não

apresentaram qualquer diferença para os erros de omissão ou confusão (Ver Figuras 24

e 25). Essas informações sugerem que o etanol pode ocasionar prejuízos na atenção

sustentada, observada pelo aumento da quantidade de erros de omissão e/ou de confusão

diante dos estímulos. Os homens parecer ser os mais afetados, já que para as mulheres a

quantidade de erros é igual independe da ingestão ou não.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Teste do A: Omissão Teste do A: Confusão

GC

GE

91

Figura 24. Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e

de álcool (GE) pelos homens em função do número de erros

de omissão e confusão no Teste do A (N = 20; *p < 0,05)

Figura 25. Comparação entre a ingestão de placebo (GC) e

de álcool (GE) pelas mulheres em função da quantidade de

erros respectivamente de omissão e confusão no Teste do A

(N = 40; *p < 0,05)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Teste do A: Omissão Teste do A: Confusão

GC

GE

0

5

10

15

20

25

30

35

40

Teste do A: Omissão Teste do A: Confusão

GC

GE

92

De forma geral, os dados referentes aos testes neuropsicológicos da atenção

sugerem que o etanol altera negativamente tarefas de atenção sustentada para todos os

participantes agrupados independente do sexo deles (DOD; Trilhas, parte A; Teste do

A: Omissão e Confusão). Do mesmo modo, quando avaliados separadamente pelo sexo,

os homens sofrem prejuízos também na atenção sustentada (DOD; Trilhas, parte A;

Teste do A: Omisão). Já as mulheres apresentaram prejuizos relacionadas ao etanol,

tanto na atenção seletiva (Códigos; Procurar Símbolos) quanto na atenção sustentada

(DOD; Trilhas A).

• Resultados relacionados às funções executivas (FE):

Avaliaram-se as funções executivas (FE) em termos de seus componentes de

inibição de respostas e de flexibilidade mental, respectivamente pelo uso dos testes

Stroop (Versão Victória) e Trilhas, parte B. Avaliou-se o teste Stroop tanto em relação

ao tempo total de execução de cada uma das três fases da tarefa (círculos, palavras, e

cores), quanto em relação à quantidade de erros cometidos. Já no teste das Trilhas,

avaliou-se apenas o tempo total de execução da tarefa, na qual se tinha que ligar letras

em ordem alfabética intercaladas a números em sequência crescente (Ex. A-1-B-2-C-3)

postos de forma aleatória em uma folha de papel. Expuseram-se os valores obtidos para

esses testes neuropsicológicos ligados as funções executivas na Tabela 13.

93

Tabela 13

Valores totais obtidos pelos participantes nas tarefas neuropsicológicas de funções

executivas (FE) após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE)

TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

GC GE GC-H GE-H GC-M GE-M

Inibição de Respostas

Stroop: Círculos

Tempo 19,03 23,28 18,15 22 19,9 24,55

Erros 0 8 0 8 0 0

Stroop: Palavras

Tempo 20,65 24,45 19,4 23,6 21,9 26,3

Erros 0 4 0 4 0 0

Stroop: Cores

Tempo 25,85 31,7 24,55 28,35 27,15 32,05

Erros 4 12 2 4 2 8

Flexibilidade Mental

Trilhas B* 79,25 96,58 74,35 82,15 84,15 111

Nota.: GC: Todos os participantes agrupados após ingestão de placebo; GE: Todos os

participantes agrupados após ingestão de etanol; GC-H: Apenas homens após ingestão

de placebo; GE-H: Apenas homens após ingestão de etanol; GC-M: Apenas mulheres

após ingestão de placebo; GE-M: Apenas mulheres após ingestão de etanol; * Tempo

em segundos levado para executar a tarefa.

Como o tempo trata-se uma variável contínua de nível de razão, avaliou-se a

possibilidade de comparação entre os resultantes dos grupos experimental e controle na

94

execução das tarefas Stroop e Trilhas em termos dos requisitos para utilização de testes

paramétricos. Além da retirada dos valores extremos, testaram-se a normalidade (Teste

SW) e a homocedasticidade (Levene) dos dados dos grupos experimental e controle

para homens e mulheres nas três fases do teste Stroop e para o teste das Trilhas. Todas

as variáveis do teste Stroop apresentaram normalidade e homocedasticidade. Essa

informação pode ser confirmada observando-se as Tabelas 14, 15, 16, e 17.

Tabela 14

Teste de normalidade para as possíveis variáveis

paramétricas do Teste Stroop na condição de ingestão de

placebo

Shapiro-Wilk (N = 40; p > 0,05)

Variáveis SW p

Círculos Homens 0,89 0,52

Mulheres 0,92 0,88

Palavras Homens 0,95 0,43

Mulheres 0,92 0,11

Cores Homens 0,94 0,24

Mulheres 0,86 0,70

Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.

95

Tabela 15

Teste de homocedasticidade para as possíveis variáveis

paramétricas do Teste Stroop na condição de ingestão de

placebo

Levene (N = 40; p > 0,05)

Variáveis F p

Círculos 1,69 0,20

Palavras 0,77 0,39

Cores 2,66 0,11

Nota.: F: Nível de igualdade entre as variâncias; p: valor de

significância associada.

Tabela 16

Teste de normalidade para as possíveis variáveis

paramétricas do Teste Stroop na condição de ingestão de

álcool

Shapiro-Wilk (N = 40; p > 0,05)

Variáveis SW p

Círculos Homens 0,91 0,08

Mulheres 0,95 0,30

Palavras Homens 0,68 0,33

Mulheres 0,91 0,07

Cores Homens 0,59 0,41

Mulheres 0,94 0,23

Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.

96

Tabela 17

Teste de homocedasticidade para as possíveis variáveis

paramétricas do Teste Stroop na condição de ingestão de

álcool

Levene (N = 40; p > 0,05)

Variáveis F p

Círculos 0,45 0,51

Palavras 0,44 0,51

Cores 3,01 0,09

Nota.: F: Nível de igualdade entre as variâncias; p: valor de

significância associada.

Como se cumpriram os critérios para utilização de testes paramétricos,

procedeu-se inicialmente a testagem dos resultados do Stroop por meio da comparação

entre homens e mulheres após ingestão de placebo. Utilizou-se uma ANOVA Split plot,

tendo como comparação entre grupos o sexo dos participantes (medidas independentes)

e dentre grupos as três fases do teste Stroop (medidas repetidas).

Os dados apresentaram diferenças estatisticamente significante tanto para o sexo

dos indivíduos (F(1,114) = 8,68; p = 0,004) quanto para as fases do teste (F (2,114) =

22,67; p = 0,001), contudo não apresentou diferença estatisticamente significante para a

interação entre sexo e fases do teste. Esses dados sugerem que o tempo de execução da

tarefa Stroop, em qualquer de suas fases, não depende do sexo dos participantes, ou

seja, independente de ser homem ou mulher o indivíduo vai levar o mesmo tempo para

execução total do teste Stroop quando não tiver ingerido etanol. Porém, uma diferença

intragrupo pode ser encontrada na comparação entre as fases do Stroop.

97

Nesse sentido, devido à indicação de diferença de tempo entre as fases do

Stroop, realizou-se um teste Post hoc para análise da localização da diferença entre as

fases para cada um dos grupos (homens e mulheres). Utilizou-se o teste Tukey HSD (já

que os grupos comparados possuíam quantidades iguais de participantes), o qual

apresentou diferença estatisticamente significante para ambos, homens e mulheres, entre

as fases dos círculos e das cores (p = 0,001), das palavras e das cores (p = 0,001), mas

não entre as fases dos círculos e das palavras, ou seja, a fase das cores diferenciou-se

tanto da fase dos círculos como da fase das palavras. Esses dados sugerem que a maior

dificuldade encontrada no teste Stroop, seja por homens ou por mulheres, ocorreu na

fase das cores. Os dados podem ser observados na Figura 26.

Figura 26. Comparação do tempo de execução do Teste Stroop

em suas três fases entre homens (N = 20) e mulheres (N = 20)

após ingestão de placebo (GC) (*p < 0,05)

Conduziu-se também uma ANOVA Split plot, com as mesmas características da

análise anterior, para comparação dos homens e mulheres após a ingestão de etanol,

tendo como variável entre grupos o sexo dos participantes, e como variável dentre

98

grupos as fases do teste Stroop. Os dados apresentaram diferença estatisticamente

significante apenas para as fases do teste (F (2,114) = 8,52; p = 0,001). Esses dados

sugerem que o tempo de execução da tarefa Stroop, após ingestão de etanol, não

depende do sexo dos participantes, porém, está relacionado às fases diferentes do teste.

Semelhante a fase de ingestão apenas de placebo, após a ingestão de etanol o

post hoc Tukey HSD apresentou diferença estatisticamente significante entre as fases

dos círculos e das cores (p = 0,001), das palavras e das cores (p = 0,006), mas não entre

as fases dos círculos e das palavras. Esses dados sugerem que a maior dificuldade

encontrada no teste Stroop, após ingestão de etanol, ocorreu na fase das cores. A

visualização dessas informações pode ser obtida na Figura 27.

Figura 27. Comparação do tempo de execução do Teste Stroop

em suas três fases entre homens (N = 20) e mulheres (N = 20)

após ingestão de etanol (GE) (*p < 0,05)

Quando avaliaram-se apenas os homens por meio de uma ANOVA fatorial para

medidas repetidas com desenho 2 x 3 (grupos: ingestão de placebo e de etanol e fases do

teste: círculos, palavras e cores), encontraram-se diferenças estatisticamente

99

significantes para grupos (F (1,19) = 1,15; p = 0,030), para as fases do teste (F (1,21) =

14,91; p = 0,001), e para a interação entre grupos x fases do teste (F (2,21) = 0,15; p =

0,008). Por meio do uso do post hoc Bonferroni, no qual se divide o valor de p pelo

número de testes estatistísticos realizados, empregado devido a análise das medidas

repetidas, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes entre os grupos

experimental e controle (p = 0,003), bem como encontraram-se diferenças entre círculos

e cores (p = 0,004), palavras e cores (p = 0,001), e círculos e palavras (p = 0,001), sendo

que se gastou um tempo maior para todas as fases do teste após a ingestão de etanol.

Esses dados sugerem que o tempo de execução da tarefa Stroop pelos homens é

prejudicado pelo etanol em cada uma das diferentes fases do teste (círculos, palavras e

cores). Esses dados podem ser observados na Figura 28.

Figura 28. Comparação do tempo de execução do Teste Stroop

em suas três fases entre homens após ingestão de placebo (GC)

e de etanol (GE) (N = 20; *p < 0,05)

Quando avaliaram-se apenas as mulheres por meio de uma ANOVA fatorial para

medidas repetidas com desenho igual a análise anterior, encontraram-se diferenças

100

estatisticamente significantes para grupos (F (1,19) = 0,04; p = 0,008), para as fases do

teste (F (1,26) = 61,65; p = 0,001), e para a interação entre grupos x fases do teste (F

(2,31) = 1,97; p = 0,016). Por meio do uso do post hoc Bonferroni, encontraram-se

diferenças estatisticamente significantes entre os grupos experimental e controle (p =

0,008), bem como encontraram-se diferenças entre círculos e cores (p = 0,001), palavras

e cores (p = 0,001), e círculos e palavras (p = 0,001), sendo que se gastou um tempo

maior para todas as fases do teste após a ingestão de etanol. Esses dados sugerem que o

tempo de execução da tarefa Stroop pelas mulheres é prejudicado pelo etanol em cada

uma das diferentes fases do teste (círculos, palavras e cores). Esses dados podem ser

observados na Figura 29.

Figura 29. Comparação do tempo de execução do Teste Stroop

em suas três fases entre mulheres após ingestão de placebo

(GC) e de etanol (GE) (N = 20; *p < 0,05)

Quando avaliaram-se todos os participantes agrupados, independente do sexo,

por meio de uma ANOVA fatorial para medidas repetidas com o mesmo desenho

101

utilizado anteriormente, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes para

grupos (F (1,39) = 0,80; p = 0,003), para as fases do teste (F (1,45) = 51,40; p = 0,001),

e para a interação entre grupos x fases do teste (F (1,50) = 0,30; p = 0,009). Por meio do

uso do post hoc Bonferroni encontraram-se diferenças estatisticamente significantes

entre os grupos experimental e controle (p = 0,038), bem como entre círculos e cores (p

= 0,001), palavras e cores (p = 0,001), e círculos e palavras (p = 0,001), sendo que se

gastou um tempo maior para todas as fases do teste após a ingestão de etanol. Esses

dados sugerem que o tempo de execução da tarefa Stroop, dos participantes agrupados,

independente do sexo deles, é prejudicado pelo etanol em cada uma das diferentes fases

do teste (círculos, palavras e cores). Esses dados podem ser observados na Figura 30.

Figura 30. Comparação do tempo de execução do Teste

Stroop em suas três fases entre o conjunto de participantes

agrupados após ingestão de placebo (GC) e de etanol (GE).

(N = 40; *p < 0,05)

Além do tempo de execução da tarefa, avaliaram-se também a quantidade

de erros cometidos em todas as fases do teste Stroop. Para essas análises

102

conduziram-se testes de Wilcoxon, visto que as variáveis dessa análise (os erros)

eram discretas e dicotômicas (acertos/erros). Os resultados apresentaram

diferenças estatisticamente significantes para todos os participantes agrupados

(t(39) = 20; z = - 1,41; p = 0,016) e para os homens (t(19) = 180; z = - 1,43; p =

0,015) na fase dos círculos.

Do mesmo modo, na fase das palavras, todos os participantes agrupados

(t(39) = 5; z = - 2,32; p = 0,006) e os homens (t(19) = 155; z = - 2,38 p = 0,010)

apresentaram diferenças estatisticamente significantes. Já na fase das cores,

todos os participantes agrupados (t(39) = 5; z = -1,80; p = 0,007), homens (t(19)

= 198; z = -0,104; p = 0,017), e mulheres (t(19) = 140; z = -2,16; p = 0,031)

apresentaram diferenças estatisticamente significantes.

Esses dados expostos sugerem que o etanol possivelmente aumenta a

quantidade de erros no teste Stroop em todas as suas fases para homens e

mulheres. Contudo, na fase dos círculos e das palavras parece que apenas os

homens são prejudicados.

Por fim, avaliaram-se os resultantes do teste das Trilhas, parte B. Nesse

teste avaliou-se o tempo gasto para realização da tarefa, do mesmo modo que nas

análises anteriores, antes e após a ingestão de etanol. As características da

variável tempo indicaram uma possível utilização de teste paramétrico na

análise, possibilidade esta, testada em termos dos critérios de normalidade e

homocedaticidade dos dados. Os resultados sugeriram o cumprimento desses

requisitos, como pode ser avaliado nas Tabelas 18 e 19, como seguem.

103

Tabela 18

Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte B, nas

condições controle (placebo) e experimental (álcool)

Shapiro-Wilk (N = 40; p > 0,05)

Variáveis SW p

Placebo Homens 0,91 0,64

Mulheres 0,87 0,11

Álcool Homens 0,98 0,90

Mulheres 0,96 0,49

Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.

Tabela 19

Teste de homocedasticidade para o teste das Trilhas, parte B,

nas condições controle (placebo) e experimental (álcool)

Levene (N = 40; p > 0,05)

Variáveis F p

Placebo 0,13 0,72

Álcool 12,43 0,10

Nota.: F: Nível de igualdade entre as variâncias; p: valor de

significância associada.

Utilizou-se um teste t para medidas pareadas na comparação dos grupos

experimental e controle em função do tempo médio de execução da tarefa. Os resultados

apresentaram diferença estatisticamente significante para todos os participantes

agrupados (t(39) = 2,28; p < 0,028), e para as mulheres (t(19) = 2,24; p < 0,037), sendo

104

que o Grupo Experimental, que havia ingerido o etanol, demorou muito mais tempo

para execução do teste. Esses dados sugerem que o etanol aumenta o tempo de execução

do teste das Trilhas, parte B, sendo que as mais prejudicadas são as mulheres. Essas

informações podem ser conferidas na Figura 31, a seguir.

Figura 31. Diferenças entre a duração de execução do

teste das Trilhas, parte B nos grupos de ingestão de

placebo (GC) e álcool (GE) respectivamente para todos

os participantes agrupados (N = 40), para os homens (N

= 20) e para as mulheres (N = 20) (*p < 0,05)

De forma geral, a testagem neuropsicológica das FE indica, segundo avaliação

dos dados obtidos, que o etanol pode alterar negativamente o comportamento de

inibição de respostas de homens e mulheres (Teste Stroop, medidas de tempo e de erros

em suas três fases: círculos, palavras, e cores). Contudo, apenas a flexibilidade mental

das mulheres parece ser alterada pelo etanol (Teste das Trilhas, parte B).

105

Resultados referentes ao experimento de ingestão crônica de etanol

Encontrou-se uma variabilidade de 1 a 15 anos de abstinência do uso do álcool

entre os alcoolistas avaliados. Assim, agruparam-se os participantes por períodos de três

anos de abstinência para controlar a variação das mudanças ocasionadas devido ao

tempo após a remoção do álcool do organismo. Compuseram-se cinco grupos (GE1,

GE2, GE3, GE4, GE5), os quais se compararam isoladamente a um grupo controle (GC)

para todas as tarefas neuropsicológicas investigadas. A seguir, serão apresentados os

resultados da testagem neuropsicológica empregada neste estudo.

• Resultados relacionados à memória:

A Tabela 20, a seguir, apresenta os valores relacionados aos testes de memória

aplicados aos alcoolistas.

Tabela 20

Número total de acertos obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-

GE5)* e pelo grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de memória

TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DA MEMÓRIA

GE1 GE2 GE3 GE4 GE5 GC

Memória de Trabalho (DOI):

222 241 247 264 272 276

Memórias de Curto e Longo Prazo (RAVLT):

A1 77 120 124 138 141 145

A2 127 128 136 143 164 170

A3 139 146 148 167 172 180

A4 147 156 185 185 192 192

106

A5 190 190 203 209 214 223

AAV 680 740 796 842 883 910

ALT 295 140 176 152 178 185

A7 54 106 123 126 140 197

IP 98 77 70 33 32 26

IR 89 53 43 13 5 0

TE 128 100 58 52 42 14

TR-A 199 265 283 285 298 354

TR-B 188 193 201 204 239 256

TR-AB 387 466 476 502 524 610

Nota.: *Dividiram-se os alcoolistas abstêmios em grupos de acordo com o tempo de

abstinência congregados em intervalos de tempo de três anos (GE1:1-3; GE2: 4-6; GE3:

7-9; GE4: 10-12; GE5:13-15); GC: Grupo Controle formado por irmãos dos abstêmios.

DOI: Dígitos Ordem Inversa; RAVLT: Teste da Aprendizagem Auditivo-verbal de Rey;

A1: Memória Imediata; AAV (ƩA1A5): Aprendizagem Auditivo-verbal; ALT [ƩA1A5-

(5xA1)]: Aprendizagem ao longo das tentativas; A7: Memória de Longo Prazo; IP

(B1/A1): Interferência Proativa; IR (A6/A5): Interferência Retroativa; TE (A7/A6):

Taxa de esquecimento; TR-B: Taxa de Reconhecimento da Lista A; TR-B: Taxa de

Reconhecimento da Lista B; TR-AB: Somatório das Taxas de Reconhecimento das

Listas A e B.

Avaliaram-se as implicações desse estudo, atendendo-se sempre às relações

entre números e tipos de variáveis, e aos níveis escalares a que pertenciam.

Congregaram-se os valores alcançados em função das comparações entre condições

experimental e controle, agrupados pelo tempo de abstinência do álcool pelos

107

alcoolistas. A análise inicial comparou o número de acertos no teste dos Dígitos, ordem

inversa (DOI), entre alcoolistas e controle.

A comparação dos valores do teste DOI entre alcoolistas e controle teve como

Variável Independente (VI) de dois níveis, o alcoolismo (presença e ausência), e como

Variável Dependente (VD) a quantidade de acertos alcançada pelos grupos. Sendo a VD

discreta e dicotômica (acerto/erro) decidiu-se pela utilização de um teste não

paramétrico. Empregou-se o teste Mann-Whitney, já que as medidas a ser comparadas

pertenciam a grupos diferentes. Os resultados não apresentaram diferenças

estatisticamente significantes para quaisquer dos grupos, ainda que no geral o Grupo

Controle tenha obtido uma maior quantidade de acertos. Esses dados sugerem que o

alcoolismo pode não ter influenciado negativamente a memória de trabalho dos

indivíduos. Esse resultado pode ser melhor observado na Figura 32, a seguir.

Figura 32. Comparação entre os grupos de alcoolistas divididos

pelo tempo de abstinência (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e

o grupo controle (GC) (N = 30) no teste dos Dígitos, ordem

inversa – WAIS-III (*p < 0,05)

0

100

200

300

400

500

600

GE1(1-3 anos)

GE2(4-6 anos)

GE3(7-9 anos)

GE4(10-12 anos)

GE5(13-15 anos)

GE

GC

108

Por meio do RAVLT, realizaram-se estimativas das memórias de curto (MCP) e

longo prazo (MLP) dos alcoolistas. Compararam-se entre os grupos experimentais e

controle as curvas de aprendizagem resultantes do agrupamento de acertos conseguidos

em cada uma das repetições do grupo de palavras do referido teste (A1, A2, A3, A4, e

A5). Para tanto, utilizou-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, já que se

pretendia avaliar as curvas de grupos independentes. Encontraram-se diferenças

estatisticamente significantes (p < 0,05) entre as curvas do Grupo Controle e do grupo

de alcoolistas em abstinência de 1 a 3 anos (GE1 = [χ2(4) = 74,83; p = 0,001]). O grupo

controle teve uma maior quantidade de acertos em todas as fases de recordação dos

grupos de palavras. As curvas de aprendizagem de ambos os grupos podem ser

visualizadas na Figura 33.

Figura 33. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos

alcoolistas com tempo de abstinência de 1-3 anos (GE1) (N =

30) e do grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Do mesmo modo, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes (p <

0,05) entre as curvas do Grupo Controle e do grupo de alcoolistas em abstinência de 4 a

6 anos (GE2 = [χ2(4) = 31,92; p = 0,001]). O Grupo Controle teve uma maior

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

A1 A2 A3 A4 A5

GE1

GC

109

quantidade de acertos em todas as fases de recordação dos grupos de palavras (ver

Figura 34).

Figura 34. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos

alcoolistas com tempo de abstinência de 4-6 anos (GE2) (N =

30) e do Grupo Controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Utilizando da mesma maneira um teste Kruskal-Wallis, não encontraram-se

diferenças estatisticamente significantes (p < 0,05) entre as curvas do Grupo Controle e

do grupo de alcoolistas em abstinência de 7 a 9 anos (GE3), de 10 a 12 anos (GE4), nem

de 13 a 15 anos (GE5), ainda que em todas essas comparações o Grupo Controle tenha

obtido maior quantidade de acertos em todas as fases de recordação dos grupos de

palavras. Esses dados sugerem que o processo de aprendizagem de grupos de palavras

só seja alterada em alcoolistas nos períodos iniciais de abstinência, correspondentes a

períodos entre 1 a 6 anos. A observação das curvas de aprendizagem referentes a esses

grupos relatados podem ser visualizados respectivamente nas Figuras 35, 36 e 37.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

A1 A2 A3 A4 A5

GE2

GC

110

Figura 35. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos

alcoolistas com tempo de abstinência de 7-9 anos (GE3) (N =

30) e do grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Figura 36. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos

alcoolistas com tempo de abstinência de 10-12 anos (GE4) (N

= 30) e do grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

-50

50

150

250

350

450

A1 A2 A3 A4 A5

GE3

GC

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

A1 A2 A3 A4 A5

GE4

GC

111

Figura 37. Comparação entre as curvas de aprendizagem dos

alcoolistas com tempo de abstinência de 13-15 anos (GE5) (N

= 30) e do grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Compararam-se ainda nos alcoolistas as taxas de aprendizagem auditivo-verbal

(AAV), o somatório das cinco primeiras tentativas de memorização da lista de palavras

A do RAVLT (ƩA1A5), por meio do teste Mann-Whitney para os cinco grupos

experimentais. Essas comparações indicaram diferenças estatisticamente significantes

(N = 30; p < 0,05) para GE1 (U = 249; z = - 2,99; p = 0,003), GE2 (U = 292,5; z = -

2,35; p = 0,019), GE4 (U = 259; z = - 2,84; p = 0,005), e GE5 (U = 232,5; z = - 3,23; p

= 0,001). Em todos os casos, as taxas de AAV foram menores para os indivíduos

alcoolistas, sugerindo-se que o alcoolismo altera negativamente a AAV dos indivíduos,

independente do tempo de abstinência, com exceção do período dos 7 a 9 anos depois

da retirada do álcool. Esses valores podem ser visualizados na Tabela 20.

Avaliou-se também o nível de aprendizagem ao longo das tentativas (ALT),

subtração da AAV menos a multiplicação da primeira recordação da lista A de palavras

do RAVLT [ƩA1A5-(5xA1)], por meio de um teste Mann-Whitney. Essas comparações

apresentaram diferenças estatisticamente significantes (N = 30; p < 0,05) apenas para o

GE1 (U = 132; z = -4,78; p = 0,001), sendo que o Grupo Controle obteve uma taxa

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

A1 A2 A3 A4 A5

GE5

GC

112

maior de AAV. Dessa forma, sugere-se que apenas os alcoolistas em abstinência de 1 a

3 anos apresentem prejuízos relacionados ao nível de ALT. Esses valores podem ser

melhor visualizados na Tabela 20.

Por meio de testes Mann-Whitney compararam-se os valores de interferência

proativa - IP (B1/A1) e retroativa - IR (A6/A5) entre os grupos experimentais e

controle. Segundo avaliação da IP, as comparações apresentaram diferenças

estatisticamente significantes (p < 0,05) para o GE1 (U = 17; z = - 6,63; p = 0,001), o

GE2 (U = 35; z = - 6,28; p = 0,001), e o GE3 (U = 378; z = - 1,10; p = 0,027), enquanto

que a avaliação da IR apresentou diferença estatisticamente significante (p < 0,05) para

o GE1 (U = 273; z = - 2,70; p = 0,007), o GE2 (U = 280,5; z = - 2,61; p = 0,009), o GE3

(U = 311,5; z = - 2,12; p = 0,034), o GE4 (U = 314,5; z = - 2,41; p = 0,016), e o GE5 (U

= 280,5; z = - 3,25; p = 0,001). Esses dados sugerem que a IP permanece prejudicada

mesmo depois de 1 a 9 anos de abstinência, enquanto que a IR permanece prejudicada

mesmo depois de 1 a 15 anos de abstinência, informações que podem ser visualizadas

respectivamente nas Figuras 38 e 39, exibidas em seguida.

0

20

40

60

80

100

120

GE1 GE2 GE3 GE4 GE5

GE

GC

113

Figura 38. Comparação entre as taxas de interferência

proativa dos grupos experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-

GE5) (N = 30) e controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Figura 39. Comparação entre as taxas de interferência

retroativa dos grupos experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-

GE5) (N = 30) e controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Compararam-se a memória de longo prazo (MLP) de alcoolistas e controle,

obtida na sétima recordação da lista A de palavras do RAVLT (A7), que ocorre 20

minutos depois da sexta tentativa, por meio do teste Mann-Whitney. As comparações

mostraram diferença estatisticamente significante (p < 0,05) apenas para o GE1 = (U =

237,5; z = - 3,22; p = 0,001) e para o GE5 = (U = 240,5; z = - 3,21; p = 0,001).

Esses dados sugerem que as pessoas que têm alcoolismo podem apresentar

prejuízos no processo de consolidação a longo prazo das informações na memória nas

faixas de tempo de 1 a 3 anos e de 12 a 15 anos de abstinência do álcool, sendo que o

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

GE1 GE2 GE3 GE4 GE5

GE

GC

114

Grupo Controle lembrou de menos palavras que os grupos experimentais. Essas

informações podem ser conferidas a seguir na Figura 40.

Figura 40. Comparação entre a quantidade de acertos no teste de

recordação a longo prazo (A7) de alcoolistas divididos pelo

tempo de abstinência (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e do

grupo controle (GC) (N = 30; *p < 0,05)

Realizaram-se também a comparação da recuperação por reconhecimento de

informações já memorizadas, por meio do RAVLT, entre os grupos experimentais e

controle. O teste Mann-Whitney apresentou diferenças estatisticamente significantes (p

< 0,05) para o GE1 (U = 326; z = - 1,86; p = 0,006), o GE2 (U = 442; z = - 0,12; p =

0,009), GE3 (U = 403; z = - 0,71; p = 0,047), GE4 (U = 405; z = - 0,68; p = 0,004), e o

GE5 (U = 374; z = - 1,14; p = 0,025), sendo que encontraram-se menores taxas de

reconhecimento para os alcoolistas. Esses dados sugerem que os indivíduos que

possuem alcoolismo podem apresentar prejuízos no processo de reconhecimento de

0

100

200

300

400

500

600

GE1(1-3 anos)

GE2(4-6 anos)

GE3(7-9 anos)

GE4(10-12 anos)

GE5(13-15 anos)

GE

GC

115

informações memorizadas mesmo após de 1 a 15 anos de abstinência do álcool. Esses

dados podem ser melhor visualizados na Figura 41.

Figura 41. Comparação entre as taxas de reconhecimento de

palavras da lista A (TR-A) para os diferentes grupos

experimentais (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5) (N = 30) e para o

grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Por fim, compararam-se as taxas de esquecimento (TE) obtidas pela divisão da

quantidade de palavras lembradas na sétima e na sexta recordações de palavras da lista

A (A7/A6) do RAVLT para alcoolistas e controle por meio do teste Mann-Whitney.

Observaram-se diferenças estatisticamente significantes (N=30; p < 0,05) para o GE1

(U = 301; z = - 2,32; p = 0,020), o GE2 (U = 49; z = - 6,07; p = 0,001), o GE3 (U = 0; z

= - 6,83; p = 0,001), e o GE4 (U = 277; z = - 2,73; p = 0,006), sendo que se observaram

maiores TE para os indivíduos com alcoolismo. Desse modo, é possível sugerir-se que

os alcoolistas permaneçam com algum tipo de esquecimento mesmo depois de 1 a 12

anos de abstinência do álcool. Esses valores podem ser conferidos na Tabela 20.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

GE1 GE2 GE3 GE4 GE5

GE

GC

116

Portanto, no geral, apenas alguns aspectos da memória parecem ter sido

recuperados devido a abstinência do álcool. Além disso, o tempo de abstinência do

álcool parece ter tido algum tipo de influência nos resultados da tarefas de memória.

Assim, as curvas de aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal e

ao longo das tentativas, os indíces de interferência proativa e retroativa, a memória de

longo prazo, e as taxas de reconhecimento e de esquecimento parecem ainda prejudicar

os indivíduos alcoólicos mesmo com abstinência de 1 a 3 anos. As curvas de

aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os indíces de interferência

proativa e retroativa, e as taxas de reconhecimento e de esquecimento são funções que

permanencem prejudicadas mesmo depois de 4 a 6 anos de abstinência do álcool.

Os índices de interferência proativa e retroativa, e as taxas de reconhecimento e

de esquecimento permanencem prejudicados mesmo depois de abstinência de 7 a 9

anos. As taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os índices de interferência retroativa, e

as taxas de reconhecimento e de esquecimento permanencem prejudicados mesmo

depois de abstinência de 10 a 12 anos. E por fim, as taxas de aprendizagem auditivo-

verbal, os indíces de interferência retroativa, a memória de longo prazo, e as taxas de

reconhecimento, mesmo depois de 13 a 15 anos de abstinência do álcool parecem

permanecer prejudicados.

• Resultados relacionados à atenção:

Os valores dos testes neuropsicológicos relativos aos processos atencionais

podem ser observados na Tabela 21, exibida a seguir.

117

Tabela 21

Valores totais obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)* e pelo

grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de atenção

TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DA ATENÇÃO

GE1 GE2 GE3 GE4 GE5 GC

Atenção Seletiva

Códigos 371 426 442 478 513 825

Procurar

Símbolos

521

591

594

618

621

1124

Atenção Sustentada

DOD 222 241 247 264 272 276

Trilhas A** 89,77 87,96 64,93 51,6 45,07 34,27

Teste do A:

Omissão***

94

51

31

27

17

2

Teste do A:

Confusão***

80

75

27

34

34

18

Nota.: *Dividiram-se os alcoolistas abstêmios em grupos de acordo com o tempo de

abstinência congregados em intervalos de tempo de três anos (GE1:1-3; GE2: 4-6; GE3:

7-9; GE4: 10-12; GE5:13-15); GC: Grupo Controle formado por irmãos dos abstêmios;

DOD: Dígitos Ordem Direta; ** Média de tempo em segundos levado para executar a

tarefa; ***Contabilidade da quantidade de erros.

Para avaliação da atenção seletiva realizaram-se os testes dos Códigos e Procurar

Símbolos da WAIS-III. Utilizou-se o teste de Mann-Whitney para comparação dos

grupos de alcoolistas e controle em ambos os testes.

118

No teste dos Códigos, os dados apresentaram diferenças estatisticamente

significantes (N= 30; p < 0,05) para o GE1 (U = 118; z = - 4,92; p = 0,001), o GE2 (U =

164,5; z = - 4,23; p = 0,001), o GE3 (U = 169,5; z = - 4,16; p = 0,001), o GE4 (U = 201;

z = - 3,69; p = 0,001), e o GE5 (U = 237; z = - 3,16; p = 0,002).

Da mesma maneira, no teste Procurar Símbolos, os dados apresentaram

diferença estatisticamente significante (N = 30; p < 0,05) para o GE1 (U = 0; z = - 6,67;

p = 0,001), o GE2 (U = 9,5; z = - 6,53; p = 0,001), o GE3 (U = 15,5; z = - 6,43; p =

0,001), o GE4 (U = 15,5; z = - 6,43; p = 0,001), e o GE5 (U = 36; z = - 6,15; p = 0,001).

Em ambos os testes (Códigos e Procurar Símbolos), para as comparações GE x

GC em função de todos os grupos, os alcoolistas apresentaram-se menores quantidades

de acertos. Esses dados sugerem que a atenção seletiva dos alcoolistas, avaliada pelos

testes Códigos e Procurar Símbolos, pode permanecer prejudicada entre os indivíduos

mesmo depois de 1 a 15 anos de abstinência do álcool.

Para avaliação da atenção sustentada, realizaram-se os seguintes testes: Dígitos

(ordem direta) - DOD, Trilhas (parte A), e Teste do A (erros de omissão e de confusão).

Em relação a tarefa DOD, utilizou-se o teste Mann-Whitney para comparação dos

grupos experimentais e controle. Os dados apresentaram diferença estatisticamente

significante (N = 30; p < 0,05) para o GE1 (U = 296; z = - 2,36; p = 0,018), o GE2 (U =

298; z = - 2,30; p = 0,022), e o GE3 (U = 205; z = - 3,70; p = 0,001). Em todos os casos,

os alcoolistas apresentaram menores quantidades de acerto. Esses dados sugerem que a

atenção sustentada dos alcoolistas, avaliada pelo teste DOD, pode permanecer

prejudicada mesmo depois de 1 a 9 anos de abstinência do etanol.

No teste das Trilhas, avaliou-se o tempo total de efetivação da tarefa requerida

(ligar, o mais rápido possível, em ordem alfabética, de letras embaralhadas

119

randomicamente em uma folha de papel). Portanto, a variável era contínua permitindo o

emprego de um teste paramétrico, dependendo da junção com outros critérios.

Assim, para determinação do tipo de teste estatístico a ser realizado, além da

retirada dos valores extremos, avaliaram-se os dados em termos de normalidade, por

meio do teste de Shapiro-Wilk (SW: teste para amostras < 50). Como os valores para o

teste de normalidade indicaram diferença estatisticamente significante (p > 0,05) para os

dados, não foi necessária à realização da avaliação da homocedasticidade. Decidiu-se,

então, pela utilização de um teste não paramétrico. Os resultados obtidos nessa fase da

análise podem ser consultados na Tabela 22 apresentada a seguir.

Tabela 22

Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte A, nas

condições controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-

GE4-GE5)

Shapiro-Wilk (N = 30; p > 0,05)

Variáveis SW p

GE1 0,71 0,001

GE2 0,90 0,009

GE3 0,78 0,001

GE4 0,54 0,001

GE5 0,74 0,001

GC 0,90 0,010

Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.

120

Na comparação entre as médias de tempo de execução do teste das trilhas, parte

A, dos grupos experimental e controle, utilizou-se o teste Kruskal-Wallis. Este,

apresentou diferença estatisticamente significante (p < 0,05) para o GE1 (χ2 (1) = 9,35;

p = 0,002), GE2 (χ2 (1) = 2,86; p = 0,009), o GE3 (χ

2 (1) = 15,27; p = 0,001), o GE4 (χ

2

(1) = 12,33; p = 0,001), e o GE5 (χ2 (1) = 19,58; p = 0,001), sendo que a média de

tempo dos grupos de alcoolistas foram todas maiores que a do Grupo Controle, o que

significa que alcoolistas levaram mais tempo para o cumprimento da tarefa. Isso sugere

que a atenção sustentada dos alcoolistas, avaliada pelo teste das Trilhas, parte A, pode

permanecer prejudicada mesmo depois de 1 a 15 anos de abstinência do álcool. Esses

dados podem ser melhor visualizados na Figura 42.

Figura 42. Comparação entre o tempo médio de execução

do teste das Trilhas, parte A, para os grupos experimentais

(GE1, GE2, GE3, GE4, GE5) (N = 30) e controle (GC) (N =

30) (*p < 0,05)

No teste do A (tarefa de repetição de letras aleatórias que tinha como foco de

atenção a letra A), contabilizou-se o número de erros perpetrados pelos indivíduos.

121

Confrontaram-se para os grupos experimentais e controle a quantidade de erros de

omissão, quando os participantes não davam o sinal após leitura da letra A pelo

experimentador, bem como de erros de confusão, quando os participantes davam um

sinal quando o experimentador havia lido uma letra diferente do A. Desse modo,

utilizou-se o teste Mann-Whitney para avaliação dos dados.

Em relação aos erros de omissão, encontraram-se diferenças estatisticamente

significantes (N = 30; p < 0,05) para o GE1 (U = 225; z = - 4,13; p = 0,001), GE2 (U =

323; z = - 2,69; p = 0,007), GE3 (U = 207; z = - 4,35; p = 0,001), GE4 (U = 48; z = -

6,47; p = 0,001), e o GE5 (U = 67; z = - 6,26; p = 0,001). Em relação aos erros de

confusão, encontraram-se diferenças estatisticamente significantes (N = 30; p < 0,05)

para o GE1 (U = 324; z = -2,08; p = 0,001), GE2 (U = 429; z = -0,36; p = 0,001), o GE3

(U = 387; z = -1,02; p = 0,038), o GE4 (U = 186; z = -4,10; p = 0,003), e o GE5 (U =

234; z = -3,40; p = 0,007).

A quantidade dos dois tipos de erros possíveis no teste do A (omissão e

confusão) foram sempre maiores para os alcoolistas em todos os grupos avaliados.

Esses dados sugerem que erros de omissão e/ou de confusão diante dos estímulos

podem permanecer aumentados em alcoolistas mesmo depois de 1 a 15 anos de

abstinência do álcool, indicando desse modo, permanência de prejuízos na atenção

sustentada dos indivíduos dentro desse mesmo período de tempo.

Portanto, de forma geral, os dados referentes aos testes neuropsicológicos da

atenção sugerem que a atenção seletiva, avaliada pelos testes Códigos e Procurar

Símbolos, parecem prejudicadas nos indivíduos alcoólicos mesmo depois de 1 a 15 anos

de abstinência. Do mesmo modo, a atenção sustentada, avaliada pelo teste das Trilhas,

parte A, e pelo teste do A, tanto em termos dos erros de omissão, quanto de confusão,

parece permanecer também prejudicada mesmo com abstinência de 1 a 15 anos. O teste

122

DOD indica que a atenção sustentada está prejudicada apenas nos 9 primeiros anos de

abstinência.

• Resultados relacionados às funções executivas (FE):

Avaliaram-se os componentes de inibição de respostas (Testes Stroop, versão

Victória) e de flexibilidade mental (Trilhas, parte B) do funcionamento executivo. Para

o Stroop, tempo de execução e quantidade de erros cometidos para cada uma das três

fases da tarefa (círculos, palavras, e cores). Para o Trilhas, o tempo de cumprimento da

tarefa. Os resultados relativos às FE podem ser observados na Tabela 23.

Tabela 23

Valores totais obtidos pelos alcoolistas abstêmios (GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)* e pelo

grupo controle (GC) nas tarefas neuropsicológicas de funções executivas (FE)

TESTAGEM NEUROPSICOLÓGICA DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS

GE1 GE2 GE3 GE4 GE5 GC

Inibição de Respostas

Stroop: Círculos

Tempo 35 33,36 32,9 32,87 31,2 14,26

Erros 29 22 15 15 4 4

Stroop: Palavras

Tempo 44,07 43,9 43,63 42,23 37,67 16,27

Erros 33 23 22 22 15 6

Stroop: Cores

Tempo 67,67 66,53 59,8 58,96 54,87 21,7

123

Erros 50 33 24 20 14 8

Flexibilidade Mental

Trilhas B** 144,86 126,9 126,07 115,86 107,43 87,73

Nota.: *Dividiram-se os alcoolistas abstêmios em grupos de acordo com o tempo de

abstinência congregados em intervalos de tempo de três anos (GE1:1-3; GE2: 4-6; GE3:

7-9; GE4: 10-12; GE5:1315); GC: Grupo Controle formado por irmãos dos abstêmios;

** Tempo em segundos levado para executar a tarefa.

Sendo o tempo uma variável contínua, avaliou-se a possibilidade de comparação

entre as médias de tempo na execução das três fases da tarefa Stroop dos grupos

experimental e controle em termos da utilização de testes paramétricos. Assim, além da

retirada dos valores extremos, testaram-se a normalidade (Teste SW) do conjunto de

dados. As variáveis não apresentaram distribuição normal, não tendo sido, pois,

necessário realizar a avaliação da homocedasticidade. Essa informação pode ser

confirmada observando-se a Tabela 24.

Tabela 24

Teste de normalidade para a média de tempo de execução do

teste Stroop, nas condições controle (GC) e experimental

(GE1-GE2-GE3-GE4-GE5)

Shapiro-Wilk (N = 30; p > 0,05)

Variáveis SW p

GE1 Círculos 0,78 0,001

Palavras 0,83 0,001

124

Cores 0,83 0,001

GE2 Círculos 0,88 0,003

Palavras 0,86 0,001

Cores 0,89 0,004

GE3 Círculos 0,84 0,001

Palavras 0,86 0,001

Cores 0,83 0,001

GE4 Círculos 0,92 0,032

Palavras 0,86 0,001

Cores 0,90 0,010

GE5 Círculos 0,89 0,005

Palavras 0,87 0,002

Cores 0,84 0,001

GC Círculos 0,93 0,006

Palavras 0,89 0,004

Cores 0,92 0,020

Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.

Não se tendo cumprido os critérios para utilização de testes paramétricos,

procedeu-se a utilização do teste Kruskal-Wallis. Realizaram-se comparações separadas

entre os grupos de alcoolistas (segundo o tempo de abstinência) e o Grupo Controle nas

três fases do teste Stroop.

Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 1 a 3 anos

(GE1), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase dos

125

círculos (χ2 (1) = 45,02; p = 0,001), das palavras (χ

2 (1) = 44,80; p = 0,001), e das cores

(χ2 (1) = 44,98; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 43.

Figura 43. Comparação entre o tempo de execução do Teste

Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas com

tempo de abstinência de 1-3 anos (GE1) (N = 30) e o grupo

controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 4 a 6 anos

(GE2), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase dos

círculos (χ2 (1) = 44,74; p = 0,001), das palavras (χ

2 (1) = 44,60; p = 0,001), e das cores

(χ2 (1) = 42,83; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 44.

126

Figura 44. Comparação entre o tempo de execução do Teste

Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas com

tempo de abstinência de 4-6 anos (GE2) (N = 30) e o grupo

controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 7 a 9 anos

(GE3), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase dos

círculos (χ2 (1) = 44,72; p = 0,001), das palavras (χ

2 (1) = 44,59; p = 0,001), e das cores

(χ2 (1) = 43,77; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 45.

127

Figura 45. Comparação entre o tempo de execução do Teste

Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas com

tempo de abstinência de 7-9 anos (GE3) (N = 30) e o grupo

controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 10 a 12

anos (GE4), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase

dos círculos (χ2 (1) = 44,67; p = 0,001), das palavras (χ

2 (1) = 44,62; p = 0,001), e das

cores (χ2 (1) = 44,66; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 46.

128

Figura 46. Comparação entre o tempo de execução do

Teste Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas

com tempo de abstinência de 10-12 anos (GE4) (N = 30) e

o grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Nas comparações que envolveram os alcoolistas com abstinência de 13 a 15

anos (GE5), os dados apresentaram diferença estatisticamente significante para a fase

dos círculos (χ2 (1) = 44,75; p = 0,001), das palavras (χ

2 (1) = 44,52; p = 0,001), e das

cores (χ2 (1) = 44,62; p = 0,001). Esses dados podem ser observados na Figura 47.

129

Figura 47. Comparação entre o tempo de execução do Teste

Stroop em suas três fases para o grupo de alcoolistas com

tempo de abstinência de 13-15 anos (GE5) (N = 30) e o

grupo controle (GC) (N = 30) (*p < 0,05)

Como pode ser observado, encontraram-se diferenças estatísticas

significantes para todos os grupos experimentais do estudo em função das fases

dos círculos, das palavras, e das cores no teste Stroop. Esses dados referentes ao

tempo de execução do teste, sugerem que os prejuízos ligados ao comportamento

de inibição de respostas permaneçam inalterados nos alcoolistas mesmo depois

que tenham se passado de 1 a 15 anos de abstinência do álcool.

Avaliaram-se também a quantidade de erros cometidos em todas as fases do teste

Stroop por meio do teste Mann-Whitney, visto que as variáveis dessa análise (os erros)

eram discretas e dicotômicas (acertos/erros). Na fase dos círculos, os resultados

apresentaram diferenças estatisticamente significantes para as comparações em função

dos grupos de alcoolistas com abstinência de 1 a 3 anos (GE1: U = 280; z = - 3,11; p =

0,001), de 4 a 5 anos (GE2: U = 376; z = - 1,57; p = 0,001), de 7 a 9 anos (GE3: U =

408; z = - 0,96; p = 0,038), e de 10 a 12 anos (GE4: U = 376; z = - 1,57; p = 0,003).

130

Na fase das palavras, os resultados apresentaram diferenças estatisticamente

significantes para as comparações em função dos grupos de alcoolistas com abstinência

de 1 a 3 anos (GE1: U = 298; z = - 2,97; p = 0,003), de 4 a 5 anos (GE2: U = 368; z = -

1,87; p = 0,006), de 7 a 9 anos (GE3: U = 322; z = - 2,63; p = 0,009), de 10 a 12 anos

(GE4: U = 307; z = - 2,86; p = 0,004), e de 13 a 15 anos (GE5: U = 315; z = - 2,77; p =

0,006).

Do mesmo modo, na fase das cores, os resultados apresentaram diferenças

estatisticamente significantes para as comparações em função dos grupos de alcoolistas

com abstinência de 1 a 3 anos (GE1: U = 337; z = -1,92; p = 0,005), de 4 a 5 anos (GE2:

U = 361; z = -1,49; p = 0,013), de 7 a 9 anos (GE3: U = 388,5; z = -1,06; p = 0,028), de

10 a 12 anos (GE4: U = 252,5; z = -3,20; p = 0,001), e de 13 a 15 anos (GE5: U = 419; z

= -0,58; p = 0,005).

Os dados exibidos sugerem que possivelmente ocorre um aumento da

quantidade de erros no teste Stroop em todas as suas fases para os diversos

grupos de alcoolistas independente do tempo de abstinência em que estejam,

dentro da faixa de temporal de 1 a 15 anos. A única excessão ocorreu na fase dos

círculos na qual os alcoolistas aparentam permanecer prejudicados mesmo

depois de 1 a 12 anos de abstinência.

Por fim, avaliaram-se os resultantes do teste das Trilhas, parte B, no qual

observou-se também o tempo gasto para realização da tarefa. Embora as

características da variável (tempo) indicassem uma possível utilização de teste

paramétrico na análise. Os resultados não sugeriram o cumprimento do critério

de normalidade, como pode ser avaliado na Tabela 25.

131

Tabela 25

Teste de normalidade para o teste das Trilhas, parte B, nas

condições controle (GC) e experimental (GE1-GE2-GE3-

GE4-GE5)

Shapiro-Wilk (N = 30; p > 0,05)

Variáveis SW p

GE1 0,85 0,001

GE2 0,81 0,001

GE3 0,74 0,001

GE4 0,71 0,001

GE5 0,78 0,001

GC 0,80 0,001

Nota.: SW: Shapiro-Wilk; p: valor de significância associada.

Dessa forma, utilizou-se um teste Mann-Whitney para comparação dos grupos

experimental e controle em função do tempo médio de execução do teste das Trilhas. Os

resultados apresentaram diferenças estatisticamente significantes para o GE1 (U = 354;

z = - 1,43; p = 0,015), o GE2 (U = 348; z = - 1,51; p = 0,013), o GE3 (U = 324; z = -

1,87; p = 0,006), o GE4 (U = 420; z = - 0,45; p = 0,006), e o GE5 (U = 412; z = - 0,56;

p = 0,005), sendo que os alcoolistas demoraram sempre mais tempo para finalização do

teste. Esses dados sugerem que a flexibilidade mental dos alcoolistas, avaliada pelo o

tempo gasto para efetivação do teste das Trilhas, parte B, mesmo com abstinência de 1 a

15 anos do álcool, permaneça prejudicada. Essas informações podem ser conferidas na

Figura 48, a seguir.

132

Figura 48. Comparação entre o tempo médio de execução

do teste das Trilhas, parte B, para os grupos experimentais

(GE1, GE2, GE3, GE4, GE5) (N = 30) e controle (GC) (N =

30) (*p < 0,05)

Portanto, de forma geral, a testagem neuropsicológica das FE indica alterações

em ambos os componentes testados no presente estudo. Segundo avaliação dos dados

obtidos, o comportamento de inibição de respostas (Teste Stroop, medidas de tempo e

de erros em suas três fases: círculos, palavras, e cores), bem como a flexibilidade mental

(Teste das Trilhas, parte B), parecem permanecer prejudicadas, ainda que se tenha

manutenção da ausência de álcool no organismo de 1 a 15 anos depois.

133

4. Discussão Geral

No primeiro estudo realizaram-se dois experimentos relacionados à influência da

ingestão aguda e crônica de etanol na percepção auditiva. O primeiro experimento teve

como objetivo verificar as consequências da ingestão aguda de etanol para as

frequências sonoras correspondentes às notas musicais de uma escala ocidental padrão:

Dó (+ 262 Hz), Ré (+ 294 Hz), Mi (+ 330 Hz), Fá (+ 349 Hz), Sol (392 Hz), Lá (440

Hz), e Si (+ 491 Hz), na quarta oitava do piano, tendo como parâmetro a concentração

alcoólica sanguínea de 0,08 %. Os resultados obtidos confirmaram as hipóteses iniciais

de que as respostas dos indivíduos após a ingestão de etanol seriam afetadas

negativamente, e que desse modo, os participantes errariam mais vezes no processo de

discriminação (identificação e comparação) entre as notas musicais. Assim, os

resultados sugerem que existam alterações na percepção auditiva para notas musicais

consequentes ao uso de bebidas alcoólicas.

O presente estudo detectou que os participantes se diferenciaram em suas

respostas antes e após a ingestão de etanol em todas as notas musicais, sendo que após o

uso do etanol, eles cometeram uma quantidade maior de erros. Além disso, mulheres e

homens sem a ingestão de etanol também responderam diferenciadamente para todas as

notas, com a exceção das notas musicais Re e Lá, sendo que na maioria das vezes os

homens discriminaram melhor do que as mulheres. Do mesmo modo, após a ingestão de

etanol, mulheres e homens se diferenciaram em todas as notas musicais com exceção do

Fá, seguindo padrão semelhante ao da ingestão de placebo com mais acertos para os

homens.

Consideram-se ainda insuficientes as pesquisas relacionadas ao sistema auditivo

quando comparadas ao número de estudos voltados para outros sistemas como o visual.

A complexidade e detalhamento estrutural e funcional do sistema auditivo tem o

134

deixado em segundo plano pelos pesquisadores, impedido a realização de outras

investigações mais aprofundadas a respeito.

A compreensão dos estímulos sonoros, da captação externa ao processamento

mais central no encéfalo tem sido um objeto de difícil controle, o que tem também

possibilitado contradições nos resultados dos estudos encontrados, estejam eles

relacionados aos mais diversos atributos auditivos. Contudo o processamento auditivo é

um aspecto de grande importância para a interação dos indivíduos com seu meio,

necessitando de uma maior atenção.

Menos estudos ainda são encontrados quando se trata dos efeitos do etanol sobre

o processamento auditivo. Contudo, investigações em relação aos efeitos do álcool

sobre os mecanismos de inibição no sistema auditivo têm se mostrado importantes para

compreensão neural e comportamental da audição. Mecanismos fisiológicos podem ter

um efeito inibitório sobre as células aferentes. A estimulação dessas vias tem indicado

que essas conexões inibidoras de mecanismos aferentes são responsáveis por uma

redução da excitação que é equivalente a redução da intensidade dos estímulos (Fex,

1962).

Além disso, para chegar a um nível mínimo de atividade neural em um

determinado período de tempo, a amplitude relativa das respostas neurais é dependente

da frequência do som (Fex, 1962). Por conseguinte, estruturalmente, mesmo

estimulações diretas do Núcleo Geniculado Medial, por exemplo, resultam em respostas

visivelmente diminuídas do córtex auditivo após consumo de etanol (Teo & Ferguson,

1986). Nesse sentido, estudos têm sido realizados para avaliação dos efeitos do etanol

sobre a audição.

Os estudos de Kähkönen, Rossi e Yamashita (2005), bem como de He, Li, Guo,

Näätänen, Pakarinen e Luo (2013) que também avaliaram os efeitos do etanol no

135

processamento da audição apresentaram em consonância com a presente tese,

dimimuição nas habilidades auditivas dos indivíduos após a ingestão de etanol. Da

mesma forma, Pihkanen e Kauko (1962) encontraram diminuição nas capacidades de

discriminar frequências, o que corrobora os achados dessa tese. No entanto, a amostra

pequena e especializada utilizada na pesquisa impede que maiores comparações sejam

realizadas.

Nos estudos de Pearson (1997) e Pearson, Dawe e Timney (1999), um pouco

mais semelhantes ao presente estudo, encontraram-se alterações negativas apenas a

percepção das frequências mais altas (acima de 1.000 Hz). Ao contrário, a presente tese

desmonstrou que até mesmo a percepção de frequências mais baixas (todas com menos

de 500 Hz) podem ser prejudicada pela ingestão de etanol.

Contudo, o presente trabalho, diferente dos estudos relatados, não se deteve a

percepção de limiares auditivos, mas sim a diferenciação entre frequências de notas

musicais. Além disso, tem-se como vantagem nessa tese em relação aos estudos citados

anteriormente a avaliação de frequências sonoras com menores distâncias entre si, ainda

que tenha utilizado somente uma faixa específica de sons.

O presente estudo encontrou diferença estatisticamente significante para todas as

notas musicais utilizadas quando se comparou as condições controle (ingestão de

placebo) e experimental (ingestão da bebida alcoólica). Isso confirma a sugestão de

Pearson (1997) de que as tarefas de discriminação sonoras são mais suscetíveis aos

efeitos do álcool. Ratifica também estudos neurológicos como o de Jääskeläinen et al.

(2000), que apresentou supressão auditiva transitória, demonstrada em exames de

eletroencefalografia, ocasionada pela ingestão de álcool à 0,05 % BAC.

As diferenças de resultados encontradas pelos diversos pesquisadores para

experimentos de ingestão alcoólica geralmente podem ser explicadas, em parte, pelas

136

distintas formas com que são feitos o controle e medida da concentração alcoólica

(Capenter, 1962; Eggleton, 1941; Himwich, 1957; Hogan & Linfield, 1983; Levine,

Kramer & Levine, 1975; Wallgren & Barry, 1970). Neste estudo, tentaram-se

solucionar essas problemáticas por meio da utilização das formulas padronizadas por

Brick (2006) e pelos cuidados na elaboração do desenho do estudo.

As fórmulas de Brick (2006) se mostraram bastantes eficazes ao passo que o teor

alcoólico pretendido para as sessões experimentais foram alcançadas em todas as

ocasiões e por tempo suficiente para a execução dos testes necessários. Além disso, a

comparação dos participantes consigo mesmos, possibilitou a obtenção de resultados

mais precisos em relação às diferenças de condições experimentais planejadas.

Essa pesquisa dá continuidade a investigações em percepção auditiva iniciadas

em dissertação anterior, utilizando a discriminação de notas musicais para verificar o

desempenho de adultos jovens após ingestão de bebidas alcoólicas. Contudo, existe uma

ampla gama de possibilidades de avaliação auditiva dentro dos mesmos procedimentos

de discriminação de frequências sonoras para diversas condições. Entre as quais podem

ser inclusas diferentes faixas etárias, patologias e deficiências físicas, transtornos

psicológicos, e efeitos dos contatos com outras substâncias tóxicas.

Outra sugestão para estudos posteriores são o uso de diferentes oitavas musicais,

como forma de aumentar a caracterização do processamento auditivo por meio de outras

frequências de som. O uso de diferentes oitavas possibilita a estimulação de distintas

áreas da cóclea (ligadas às frequências sonoras baixas, médias e altas), podendo

melhorar a compreensão de possíveis alterações decorrentes de qualquer variável

experimental utilizada. Do mesmo modo, investigações das consequências dessas

variáveis relatadas em função do tempo de reação à presença de determinadas

137

frequências sonoras, como proporcionado pelo PsySounds, também podem ser

realizadas.

O segundo experimento teve como objetivo verificar as consequências da

ingestão crônica de bebidas alcoólicas observando se o alcoolismo altera negativamente

a discriminação de frequências sonoras correspondentes às notas musicais de uma

escala padrão ocidental: Dó (+ 262 Hz), Ré (+ 294 Hz), Mi (+ 330 Hz), Fá (+ 349 Hz),

Sol (392 Hz), Lá (440 Hz), e Si (+ 491 Hz), na quarta oitava de um piano, dificultando a

identificação e comparação entre as mesmas. Ao mesmo tempo, nesse estudo observou-

se a influência do tempo de abstinência do álcool, no intervalode 1 a 15 anos, na

manutenção dos danos autivos encontrados.

De forma geral, os resultados obtidos confirmaram as hipóteses iniciais de que

as respostas dos indivíduos com alcoolismo seriam afetadas negativamente, e que desse

modo, os participantes errariam mais vezes no processo de discriminação (identificação

e comparação) entre as notas musicais. Do mesmo modo, os prejuízos encontrados são

mais fortemente percebidos nos primeiros anos de abstinência, sendo que ao longo dos

anos os danos parecem ser amenizados.

Encontraram-se apenas dois estudos relacionados à influência do alcoolismo na

percepção auditiva, e ainda assim, estes não estão diretamente relacionados aos

objetivos da presente pesquisa. Maurage, Campanella, Philippot, Pham e Joassin (2007)

realizaram um estudo sobre os prejuízos da ingestão crônica de álcool no processamento

crossmodal (auditivo-visual) de estímulos faciais emocionais. Eles avaliaram o tempo

de reação de vinte pacientes que sofriam com alcoolismo em comparação a 20 controles

saudáveis. Os participantes tinham que detectar a emoção (de raiva ou de felicidade)

apresentada por meio de estímulos auditivos, visuais ou auditivo-visuais. Os autores não

encontraram efeito de facilitação auditivo-visual para os indivíduos com alcoolismo,

138

que segundo eles relaciona-se a deficiências leves no reconhecimento de expressão

faciais emocionais ocasionadas pelo alcoolismo.

Já o estudo de Maurage, Campanella, Philippot, Charest, Martin e Timary (2009)

avaliaram a decodificação das expressões emocionais em dezoito indivíduos com

alcoolismo desintoxicados por meio de um teste que consistia em avaliações da

intensidade emocional em vários tipos de estímulos (rostos, vozes, posturas corporais e

cenários descritos) que representavam diferentes emoções (raiva, medo, felicidade,

neutro, tristeza). A ameaça e a dificuldade também foram avaliadas para cada estímulo.

Os indivíduos alcoolistas tiveram um desempenho preservado para os estímulos de

felicidade, mas uma subestimação da tristeza e do medo, e uma superestimação geral da

raiva. Observaram-se essas dificuldades para rostos, vozes e posturas, mas não para os

cenários descritos.

Como pode ser percebido, ambos os estudos, apesar de tratarem das

interferências do alcoolismo na percepção auditiva, não se relacionam diretamente aos

objetivos desse estudo, impedindo uma comparação direta com a literatura. Contudo, de

qualquer forma, observaram-se prejuízos devidos ao alcoolismo na percepção tanto dos

estímulos auditivos quanto em outras modalidades. Além disso, o presente estudo

apresentou determinadas particularidades de controle que não se apresentaram no relato

dos estudos anteriores, como a avaliação de alcoolistas em uma ampla faixa de anos de

abstinência divididos em grupos de poucos anos (três anos). Além disso, o Grupo

Controle tendo sido realizado com parentes em primeiro grau auxilia nas conclusões a

respeito dos resultados na medida em que ambos os participantes dos grupos

experimental ou controle possuem características genéticas e contextuais semelhantes.

Essa pesquisa dá continuidade a investigações em percepção auditiva iniciadas

em dissertação anterior, utilizando a discriminação de notas musicais para verificar o

139

desempenho de adultos jovens após ingestão de bebida alcoólica. Contudo, existe uma

ampla gama de possibilidades de avaliação auditiva dentro dos mesmos procedimentos

de discriminação de frequências sonoras para diversas condições. Entre as quais podem

ser inclusas diferentes faixas etárias, patologias e deficiências físicas, transtornos

psicológicos, e efeitos dos contatos com outras substâncias tóxicas.

Outra sugestão para estudos posteriores são o uso de diferentes oitavas musicais,

como forma de aumentar a caracterização do processamento auditivo por meio de outras

frequências de som. O uso de diferentes oitavas possibilita a estimulação de distintas

áreas da cóclea (ligadas às frequências sonoras baixas, médias e altas), podendo

melhorar a compreensão de possíveis alterações decorrentes de qualquer variável

experimental utilizada. Do mesmo modo, investigações das consequências dessas

variáveis relatadas em função do tempo de reação à presença de determinadas

frequências sonoras, como proporcionado pelo PsySounds, também podem ser

realizadas.

No segundo estudo, realizaram-se dois experimentos relacionados à influência

da ingestão aguda e crônica de etanol no funcionamento neuropsicológico. O primeiro

experimento teve como objetivo avaliar as consequências da ingestão aguda de etanol

para as funções neurocognitivas de memória, atenção e funções executivas em mulheres

e homens adultos jovens, tendo como parâmetro a concentração alcoólica sanguínea de

0,08%. Os resultados obtidos confirmaram as hipóteses iniciais de que as respostas dos

indivíduos após a ingestão de etanol seriam afetadas negativamente, e que desse modo,

os participantes seriam prejudicados nas suas capacidades cognitivas.

Entre essas capacidades afetadas pelo etanol estão tanto as capacidades de

memorização, quanto de atenção e de funcionamento executivo. Com o presente estudo

pode-se perceber déficits no processamento das informações pela memória de curto

140

prazo, diminuindo o número de elementos recordados, e de trabalho, na resolução de

tarefas operacionais; na recordação de informações pela memória de longo prazo,

diminuindo o número de informações que podem ser lembradas; e no reconhecimento

de informações registradas pela memória de longo prazo, diminuindo o número de

informações que podem ser lembradas.

Além das disfunções em termos de memória, as capacidades de sustentar

atenção sobre as informações e de selecionar informações por meio da atenção também

foram afetadas. E quanto ao funcionamento executivo, observaram-se prejuízos no que

diz respeito ao processo da inibição de respostas prepotentes, diminuindo o controle

sobre as mesmas, e na capacidade de flexibilidade mental, dificultando o processo de

avaliação e apresentação de diferentes respostas.

Mais especificamente o estudo sugeriu que a memória de trabalho, as curvas de

aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal e ao longo das tentativas, a

memória de longo prazo, e a taxa de esquecimento foram piores para o conjunto de

participantes, homens ou mulheres, que haviam ingerido experimentalmente etanol. Do

mesmo modo, a memória de trabalho, as curvas de aprendizagem, as taxas de

aprendizagem auditivo-verbal e ao longo das tentativas, a memória de longo prazo, e as

taxas de reconhecimento e de esquecimento dos homens foram mais prejudicados,

enquanto que apenas as curvas de aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-

verbal e ao longo das tentativas, a memória de longo prazo, e a taxa de esquecimento

das mulheres é que foram mais atingidas pelo etanol.

Os dados referentes à atenção sugerem que o etanol altera negativamente tarefas

de atenção sustentada para todos os participantes agrupados (homens ou mulheres). Os

homens sofreram prejuízos apenas na atenção sustentada e as mulheres tanto na atenção

seletiva quanto na atenção sustentada. Já em relação as FE os dados obtidos sugeriram

141

que o etanol pode alterar negativamente o comportamento de inibição de respostas de

homens e mulheres. Contudo, apenas a flexibilidade mental das mulheres parece ter sido

alterada pelo etanol.

Assim, os resultados sugerem a existência de alterações no desempenho

neurocognitivo consequentes ao uso de bebidas alcoólicas. O presente estudo detectou

que os participantes se diferenciaram em suas respostas antes e após a ingestão de

etanol, sendo que após o uso do etanol, eles cometeram uma quantidade maior de erros,

concordando com outros estudos que avaliaram também a influência da ingestão de

etanol nas funções neuropsicológicas.

Schreckenberger et al. (2004), por exemplo, encontraram diminuição da atenção

dividida devido ao uso de etanol. A presente tese não avaliou a atenção dividida,

contudo diferente do estudo citado, no qual apenas homens participaram da amostra,

avaliaram-se homens e mulheres em diferentes tipos de atenção, como a sustentada e

seletiva.

Poltavski, Marino, Guido, Kulland e Petros (2011) encontraram diminuição na

quantidade de elementos recordados relativos à memória verbal de curto prazo dos

participantes que ingeriram álcool. Ray e Bates (2006) encontraram que o álcool afeta o

processamento da memória de reconhecimento, mas não o “priming”, apoiando a ideia

de que ocorram efeitos dissociativos do álcool sobre os sistemas de memória. Wetherill

e Fromme (2011) encontraram que a intoxicação alcoólica aguda levou a deficiências na

recordação livre, mas não na recordação com pistas. Por fim, Schweizer, Vogel-Sprott,

Danckert, Roy, Skakum e Broderick (2006) encontraram prejuízos devidos ao álcool

(respostas mais lentas e/ou aumento de erros) em sete dos processos cognitivos básicos:

memória verbal de longo prazo; processamento de informação; memória declarativa;

142

controle inibitório; memória visual de curto prazo; memória visual de longo prazo e

memória de trabalho visuo-espacial.

Embora todos esses estudos reforcem os resultados encontrados na presente tese

no que diz respeito à diminuição das respostas referentes ao processamento cognitivo

global, em seus mais diversos aspectos, eles não especificam por menores a respeito dos

procedimentos de ingestão do etanol. Da mesma maneira eles não padronizaram ou pelo

menos não detalharam suficientemente os elementos básicos de desenho desses estudos.

Além disso, nenhum dos estudos relatados avaliou de forma unívoca vários

processos psicológicos básicos de forma simultânea como na presente tese. Os estudos

apresentados avaliaram de forma separada apenas uma das funções neuropsicológicas,

sendo que esse estudo tratou-se de uma pesquisa, ainda que exploratória, que investigou

os efeitos do etanol sobre três das principais funções neurocognitivas básicas.

Dada à amplitude da perspectiva que essa tese tem por objetivo, existe ainda,

contudo, uma série de outras possibilidades de investigação que podem complementar

os experimentos que se realizaram. Diferentes faixas etárias, patologias e deficiências

físicas, transtornos psicológicos, e efeitos dos contatos com outras substâncias tóxicas,

bem como a avaliação de outras funções neuropsicológicas não efetivadas nesse

momento, são algumas das sugestões para futuros estudos que darão continuidade a essa

pesquisa.

O segundo experimento teve como objetivo avaliar as consequências da ingestão

crônica de etanol para as funções neurocognitivas de memória, atenção e funções. Os

resultados obtidos confirmaram as hipóteses iniciais de que as respostas dos indivíduos

alcoolistas seriam afetadas negativamente, e que desse modo, os participantes seriam

prejudicados na capacidade de processamento das informações.

143

Desse modo, observaram-se déficits nas capacidades de memorização, de

atenção e de funcionamento executivo. Em relação à memória de curto prazo, diminui-

se o número de elementos recordados devido ao alcoolismo; quanto a memória de

trabalho, diminuiu-se a capacidade de resolução de tarefas operacionais; e quanto a

capacidade de recordar e de reconhecer informações da memória de longo prazo,

diminuiu-se o número de informações que poderiam ser lembradas.

Observaram-se ainda prejuízos na capacidade de sustentar atenção sobre as

informações e na capacidade de selecionar informações por meio da atenção. E, além

disso, quanto ao funcionamento executivo, percebeu-se rebaixamento da capacidade de

inibição de respostas prepotentes, diminuindo o controle sobre as mesmas e de

flexibilidade mental, dificultando o processo de avaliação e apresentação de diferentes

respostas.

Portanto, no geral, apenas alguns aspectos da memória parecem ter sido

recuperados devido a abstinência do álcool. Além disso, o tempo de abstinência do

álcool parece ter tido algum tipo de influência nos resultados da tarefas de memória.

Assim, as curvas de aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal e ao longo

das tentativas, os indíces de interferência proativa e retroativa, a memória de longo

prazo, e as taxas de reconhecimento e de esquecimento parecem ainda prejudicada nos

indivíduos alcoólicos mesmo com abstinência de 1 a 3 anos. As curvas de

aprendizagem, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os indíces de interferência

proativa e retroativa, e as taxas de reconhecimento e de esquecimento são funções que

permanencem prejudicadas mesmo depois de 4 a 6 anos de abstinência do álcool.

Os índices de interferência proativa e retroativa, e as taxas de reconhecimento e

de esquecimento permanecem prejudicados mesmo depois de abstinência de 7 a 9 anos.

As taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os índices de interferência retroativa, e as

144

taxas de reconhecimento e de esquecimento permanencem prejudicados mesmo depois

de abstinência de 10 a 12 anos. E por fim, as taxas de aprendizagem auditivo-verbal, os

indíces de interferência retroativa, a memória de longo prazo, e as taxas de

reconhecimento, mesmo depois de 13 a 15 anos de abstinência do álcool parecem

permanecer prejudicados.

Em relação aos dados referentes aos testes neuropsicológicos da atenção sugere-

se que a atenção seletiva, avaliada pelos testes Códigos e Procurar Símbolos, parecem

ainda prejudicar os indivíduos alcoólicos mesmo depois de 1 a 15 anos de abstinência.

Do mesmo modo, a atenção sustentada, avaliada pelo teste das Trilhas, parte A, e pelo

teste do A, tanto em termos dos erros de omissão, quanto de confusão, parece

permanecer também prejudicada mesmo com abstinência de 1 a 15 anos. O teste DOD

indica que a atenção sustentada seja prejudicada apenas nos 9 primeiros anos de

abstinência.

Já a testagem neuropsicológica das FE indicou alterações tanto para a inibição

de respostas quanto para a flexibilidade mental. Segundo avaliação dos dados obtidos, o

comportamento de inibição de respostas (Teste Stroop, medidas de tempo e de erros em

suas três fases: círculos, palavras, e cores), bem como a flexibilidade mental (Teste das

Trilhas, parte B), parecem permanecer prejudicadas, ainda que se tenha manutenção da

ausência de álcool no organismo de 1 a 15 anos depois.

Diferente dos resultados obtidos no presente estudo, Pitel et al. (2009) mediram

as mudanças ocorridas na memória episódica e nas funções executivas ao longo de um

período de 6 meses em alcoolistas em abstinência e em recaída e verificaram se os

resultados neuropsicológicos do início do tratamento podem prever o resultado do

tratamento no follow-up. Os resultados de Pitel et al. (2009) mostraram que, durante o

intervalo de 6 meses, os desempenhos de memória episódica e funções executivas dos

145

abstêmios tinham voltado ao normal. A recuperação das funções executivas e da

memória episódica foi correlacionada, em abstêmios, com o histórico do

comportamento de beber e idade, respectivamente. Contudo, os autores não detalharam

suficientemente as medidas de controle do estudo tomadas para constituição as amostra

de participantes tanto do Grupo Experimental quanto do Grupo Controle.

Do mesmo modo, Scheurich et al. (2004) avaliando os efeitos das instruções na

definição de metas no desempenho neuropsicológico de pacientes dependentes de álcool

e indivíduos controle, encontraram que os alcoolistas demonstraram déficits em todos

os testes neuropsicológicos utilizados. Contudo, os pacientes sob instruções de

definição de metas demonstraram melhora significativamente maior em relação aos

pacientes com instruções padrão. Controles com instruções de definição de metas

demonstraram tendências de melhoria superior em relação aos controles com instruções

normais.

Segundo Scheurich et al. (2004), apesar dos déficits neuropsicológicos em

raciocínio e funcionamento psicomotor, os pacientes dependentes de álcool em início de

recuperação são sensíveis às instruções na definição de metas e capazes de aumentar o

desempenho cognitivo, dados não concordantes com os encontrados no presente estudo.

Contudo, a presente tese não tinha por objetivo avaliação dos efeitos das instruções no

desempenho neurocognitivo e desse modo, não podem ser comprados diretamente.

Por outro lado, concordando com o presente estudo, encontraram-se uma série

de outros estudos que tiveram como intuito avaliar o funcionamento neuropsicológico

sob os efeitos do alcoolismo. O estudo de Pombo, Levy, Bicho, Ismail e Cardoso

(2008), por exemplo, que explorou o funcionamento executivo em pacientes alcoólicos

encontrou rebaixamento das medidas neurocognitivas de raciocínio não verbal.

146

No mesmo sentido, os resultados de Park et al. (2011) que investigaram as

diferenças nas funções cerebrais durante o desempenho da memória verbal de trabalho

entre indivíduos com transtornos por uso de álcool (AUD), encontraram menor ativação

das regiões frontal bilateral e pré-central, temporal, parietal superior esquerdo, e córtex

cerebelar esquerdo durante a tarefa 2-back em relação a tarefa 0-back quando

comparados ao Grupo Controle, corroborando a ideia de deficiência nas funções

cognitivas devido ao alcoolismo proposta pelo presente estudo. Em contraste, o grupo

controle apresentou menor ativação apenas no uncus direito em relação ao grupo AUD,

sugerindo que indivíduos com AUD apresentam prejuízos no funcionamento do cérebro

durante a memória de trabalho verbal.

Pitel et al. (2007) tentaram especificar quais os processos de memória episódica

eram prejudicados no início da abstinência de álcool e determinar se eles devem ser

considerados como déficits de memória genuína, ou melhor, como consequências

indiretas dos déficits executivos. Eles também encontraram que pacientes alcoolistas em

recuperação não eram cognitivamente capazes de adquirir novos conhecimentos

complexos, dado seus déficits de memória episódica e de trabalho, concordando com os

dados encontrados na presente tese.

Ozsoy, Durak e Esel (2013) encontraram também que pacientes alcoolistas em

geral tiveram volumes do hipocampo direito significativamente menores do que os

controles saudáveis. A memória imediata, a memória de trabalho e a atenção dos

pacientes foram inferiores aos dos controles. O hipocampo direito foi significativamente

menor em alcoólicos adultos com início do uso na adolescência em comparação com os

controles e com o grupo de início tardio.

Chanraud et al. (2007) investigaram a relação entre as alterações regionais

cerebrais, o desempenho executivo e o histórico do comportamento de beber. Eles

147

encontraram alteração regional do volume de substância cinzenta e branca que foram

associadas com o comprometimento do funcionamento executivo. Além de envolver

regiões frontais, estes resultados são consistentes com modelo tálamo-cortical cerebelar

de funções executivas prejudicadas em indivíduos dependentes de álcool, que foi

também corroborado com os dados do presente estudo.

Zinn, Stein e Swartzwelder (2004) também encontraram que os grupos controle

e de dependentes de álcool divergem no raciocínio abstrato, na discriminação de

memória, e na eficácia de tarefas cronometradas. Os pacientes da amostra de

dependentes de álcool também foram mais propensos a perceber-se como

cognitivamente prejudicados. O tempo de uso do álcool não se relacionou com o

desempenho nos testes neuropsicológico, mas a quantidade consumida recentemente e

os dias de sobriedade foram associados com a capacidade de raciocínio abstrato não

verbal. Esses resultados concordam com os do presente estudo na observação de déficits

neurocognitivos para os participantes alcoolistas.

Por fim, concordando, da mesma forma, com os resultados encontrados na

presente tese, Noël et al. (2012), Noël, Bechara, Dan, Hanak e Verbanck (2007), Smith

e Fein (2010), Kim, Sohn e Jeong (2011), e Kopera et al. (2012) avaliaram velocidade

de processamento das informações, inibição de respostas, flexibilidade mental,

coordenação de dupla tarefa e encontraram que os pacientes alcoolistas demonstraram

funções executivas deficientes combinadas com desempenho abaixo da normalidade na

tarefa de recordação.

148

5. Considerações Finais

A ingestão de etanol, por meio de bebidas alcoólicas, promove uma série de

alterações orgânicas aos níveis neurobiológicos e comportamentais nos indivíduos.

Essas alterações podem levar a perturbações cognitivas em seus vários atributos.

A partir do primeiro experimento realizado nesse estudo pode-se concluir que a

ingestão aguda de bebidas alcoólicas na concentração de 0,08% BAC altera

negativamente a audição, dificultando a discriminação de frequências sonoras

correspondentes às notas musicais Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá, e Si. Já em relação ao

segundo experimento, pode-se concluir que a ingestão crônica de bebidas alcoólicas

pode também alterar negativamente a audição, dificultando a discriminação das mesmas

frequências sonoras relatadas. Além disso, o tempo de abstinência do álcool parece está

relacionado à quantidade dos déficits encontrados nos indivíduos com alcoolismo, ou

seja, quanto tempo de abstinência menos déficits encontrados dentro de um período de 1

a 15 anos.

No segundo estudo, observou-se o desempenho dos participantes em termos dos

procedimentos de memorização, dos processos atencionais, e do funcionamento

executivo, por meio de variados testes neuropsicológicos também em função da

ingestão aguda e crônica de etanol. O primeiro experimento sugeriu que a ingestão

aguda de bebidas alcoólicas na concentração de 0,08% BAC pode alterar negativamente

o funcionamento neurocognitivo de homens e mulheres. Do mesmo modo, os achados

do segundo experimento sugeriram que o alcoolismo pode alterar negativamente o

funcionamento neurocognitivo dos indivíduos e mais do que isso, que esses déficits

podem perdurar ao longo dos anos.

A caracterização do uso do álcool pela sociedade é relevante pelos seus aspectos

epidemiológicos e biopsicossociais. Os prejuízos acarretados aos indivíduos pelo

149

consumo do álcool estão relacionados diretamente as questões de saúde pública, o que

reafirma a abrangência dos possíveis efeitos que a ingestão do etanol pode ocasionar.

Desta tese foi possível concluir que a ingestão do etanol, presente nas bebidas

alcoólicas, seja em suas formas aguda ou crônica, pode de alguma maneira alterar tanto

a percepção das notas musicais e consequentemente das frequências sonoras auditivas

possíveis, quanto o desempenho neurocognitivo da memória, da atenção, e das funções

executivas.

150

6. Referências

Abreu, N., & Mattos, P. (2010). Memória. Em L. F. Malloy-Diniz, D. Fuentes, P.

Mattos, & N. Abreu, Avaliação neuropsicológica (pp. 76-85). Porto Alegre:

Artmed.

Abrisqueta-Gomez J. (2006). Reabilitação neuropsicológica: O caminho das pedras. Em

J. Abrisqueta-Gomez, & F. H. Santos, Reabilitação neuropsicológica: Da teoria à

prática. São Paulo: Artes Médicas.

Almeida, R. N., & Barbosa Filho, J. M. (2006). Drogas Psicotrópicas. Em Almeida, R.

N. (Org.). Psicofarmacologia: Fundamentos práticos (pp. 3-24). Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan.

American Psychiatric Association. (2014). DSM-V: Manual diagnóstico e

estatístico de transtornos mentais. (5 ed.). Porto Alegre: Artmed

Andrade, A. G., & Oliveira, L. G. (2009). Principais consequências em longo prazo

relacionadas ao consumo moderado de álcool. Em A. G. Andrade, J. C. Anthony,

& C. M. Silveira (Eds.), Álcool e suas consequências: Uma abordagem

multiconceitual (pp. 37-66). Barueri, SP: Minha Editora.

Andrade, L. H. S. G., Silveira, C. M., Martins, S. S., Storr, C. L., Wang, Y., & Viana,

M. C. (2009). Padrões de consumo do álcool e problemas decorrentes do beber

pesado episódico no Brasil. Em A. G. Andrade, J. C. Anthony, & C. M. Silveira

(Eds.), Álcool e suas consequências: Uma abordagem multiconceitual (pp. 103-

122). Barueri, SP: Minha Editora.

Andrade, V. M., & Santos, F. H. (2004). Neuropsicologia Hoje. O. F. Bueno, F. H.

Santos, & V. M. Andrade, Neuropsicologia hoje (pp.3-12). São Paulo: Artes

Médicas.

151

Argimon, I. I., Bicca, M., Timm, L. D. A., & Vivan, A. (2006). Funções executivas e a

avaliação de flexibilidade de pensamento em idosos. Revista brasileira de

ciências do envelhecimento humano, 3, 35-42. Retirado de

http://www.upf.tche.br/seer/index.php/rbceh/article/view/84/80

Atkinson, R. C., & Shiffrin, R. M. (1968). Human memory: A proposed system and its

control processes. Em K. W. Spence, & J. T. Spence (Eds.), The Psychology of

learning and motivation (Vol. 2, pp. 89-195). New York: Academic Press.

Baddeley, A. D. (2000). The episodic buffer: A new component of working

memory? Trends in Cognitive Sciences, 4, 417-423.

Baddeley, A. (2011). O que é a memória? Em A. Baddeley, M. C. Anderson, & M. W.

Eysenck, Memória (pp.13-30). Porto Alegre: Artmed.

Baddeley, A. D., & Hitch, G. J. (1974). Working memory. Em G. A. Bower (Ed.), The

Psychology of learning and motivation (Vol. 8, pp. 47-89). New York: Academic

Press.

Barkley, R. A. (2001). The executive functions and self-regulation: An evolutionary

neuropsychological perspective. Neuropsychology review, 11, 1-29. Retirado de

http://download.springer.com/static/pdf/720/art%253A10.1023%252FA%253A10

09085417776.pdf?auth66=1398281901_dacebd7f8b2b19be966b11f582a1e444&e

xt=.pdf

Barros, P. M., & Hazin, I. (2013). Avaliação das funções executivas na infância:

Revisão dos conceitos e instrumentos. Psicologia em Pesquisa, 7, 13-22. doi:

10.5327/Z1982-1247201300010003

Bear, M. F., Connors, B. W., & Paradiso, M. A. (2002). Os sistemas auditivo e

vestibular. Em M. F. Bear, B. W. Connors, & M. A. Paradiso, Neurociências:

Desvendando o sistema nervoso (2 ed.). Porto Alegre: Artmed.

152

Bellé, M., Sartori, A. S., & Rossi, A. G. (2007). Alcoolismo: Efeitos no aparelho

vestíbulo-coclear. Revista brasileira de Otorrinolaringologia, 73, 116-22.

Retirado de http://www.scielo.br/pdf/rboto/v73n1/a19v73n1.pdf

Bilecen, D., Scheffler, K., Schmid, N., Tschopp, K., & Seelig, J. (1998). Tonotopic

organization of the human auditory cortex as detected by BOLD-FMRI. Hearing

research, 126, 19-27. doi: 10.1016/S0378-5955(98)00139-7

Blokland, A. (1996). Acetylcholine: A neurotransmitter for learning and memory?

Brain Research Reviews, 21, 285-300. doi: 10.1016/0165-0173(95)00016-X

Boake, C. (2000). Édouard Claparède and the Auditory Verbal Learning Test. Journal

of Clinical and Experimental Neuropsychology, 22, 286-292. doi: 10.1076/1380-

3395(200004)22:2;1-1;FT286

Bordin, S., Figlie, N. B., & Laranjeira, R. (2004). Álcool. Em: N. B. Figlie, S. Bordin,

& R. Laranjeira (Orgs.). Aconselhamento em dependência química, (30-54). São

Paulo: Roca.

Botly, L. C., & De Rosa, E. (2008). A cross-species investigation of acetylcholine,

attention, and feature binding. Psychological science, 19, 1185-1193. doi:

10.1111/j.1467-9280.2008.02221.x

Bresighello, M. L. M. (2005). Jovens universitários e álcool: Conhecimentos e atitudes

(Dissertação de Mestrado). Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São

Paulo. Retirado de

http://www.bdae.org.br/dspace/bitstream/123456789/1888/1/tese.pdf

Brick, J. (2006). Standardization of alcohol calculations in research. Alcoholism:

Clinical and experimental research, 30, 1276-1287. doi: 10.1111/j.1530-

0277.2006.00155.x

153

Cabeza, R., & Nyberg, L. (2000). Imaging cognition II: An empirical review of 275

PET and fMRI studies. Journal of Cognitive Neuroscience, 12, 1-47.

doi:10.1162/08989290051137585

Cacioppo, J. T., & Cacioppo, S. (2014). Social Neuroscience. Perspectives on

psychological science, 8, 667–669. doi: 10.1177/1745691613507456

Carvalho, C. V. (2008). Alteração do limite máximo de teor alcoólico da lei seca.

Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados, Brasília-DF. Retirado de

http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/1230

Carvalho, J. C. N., Cardoso, C. O., Cotrena, C., Bakos, D. S., Kristensen, C., &

Fonseca, R. P. (2012). Tomada de decisão e outras funções executivas: um estudo

correlacional. Ciências e cognição, 17, 94-104. Retirado de

http://www.cienciasecognicao.org/revista/index.php/cec/article/view/764/528

Castro, L. A., & Baltieri, D. A. (2004). Tratamento farmacológico da dependência do

álcool. Revista brasileira de Psiquiatria, 26, 43-46. Retirado de

http://www.scielo.br/pdf/rbp/v26s1/a11v26s1.pdf

Cavalcanti, M. K. (2007). Efeito da ingestão de etanol na percepção visual da forma em

adultos (Dissertação de Mestrado não publicada). Universidade Federal da

Paraíba, João Pessoa, Paraíba.

Chanraud, S., Martelli, C., Delain, F., Kostogianni, N., Douaud, G., Aubin, H., …

Martinot, J. (2007). Brain morphometry and cognitive performance in detoxified

alcohol-dependents with preserved psychosocial functioning.

Neuropsychopharmacology, 32, 429–438. doi:10.1038/sj.npp.1301219

Chu, N. S. & Squires, K. C. (1980). Auditory brainstem response study in alcoholic

patients. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, 13, 241-244. Retirado de

http://www.downstate.edu/hbnl/pdf/1990-Begleiter-

154

Neuroelectric%20processes%20in%20individuals%20at%20risk%20for%20alcoh

olism.pdf

Clemente, S., & Fonseca, T. (2002). Qual o benefício e toxicidade do álcool no sistema

cardiovascular? Revista da Faculdade de Medicina de Lisboa, 7, 179-183.

Retirado de http://www.fm.ul.pt//FMLPortal/UserFiles/File/RFML_4_2002.pdf

Corso, H. V., Sperb, T. M., de Jou, G. I., & Salles, J. F. (2013). Metacognição e funções

executivas: Relações entre os conceitos e implicações para a aprendizagem.

Psicologia: Teoria e Pesquisa, 29, 21-29. Retirado de

http://www.scielo.br/pdf/ptp/v29n1/04.pdf

Costamilan, C. M. (2004). Processamento auditivo em escolares: Um estudo

longitudinal (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Santa Maria,

Santa Maria, Rio Grande do Sul). Retirado de

http://www.metododasboquinhas.com.br/Portals/0/EasyDNNNewsDocuments/92/

C%C3%ADntia%20-%20disserta%C3%A7%C3%A3o%20mestrado.pdf

Coutinho, G., Mattos, P., & Abreu, N. (2010). Atenção. Em L. F. Malloy-Diniz, D.

Fuentes, P. Mattos, & N. Abreu, Avaliação neuropsicológica (pp. 86-93). Porto

Alegre: Artmed.

Cunha, P. J., & Novaes, M. A. (2004). Avaliação neurocognitiva no abuso e

dependência do álcool: Implicações para o tratamento. Revista brasileira de

Psiquiatria, 26, 23-27. Retirado de

http://www.uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/publicacoes/suplemento/

Avaliacao%20Neurocognitiva.pdf

Czermainski, F.R. (2012). Avaliação neuropsicológica das funções executivas no

Transtorno do Espectro do Autismo. Dissertação de Mestrado, Universidade

Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil. Retirado de

155

https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/63201/000860693.pdf?sequen

ce=1

Dalgalarrondo, P. (2008). A atenção e suas alterações. Em P. Dalgalarrondo,

Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais (2 ed.). (pp. 102-108). Porto

Alegre: Artmed.

Dallas, P. (1992). The active cochlea. The Journal of Neuroscience, 12, 4575-4585.

http://www.jneurosci.org/content/12/12/4575.full.pdf+html

Di Chiara, G. (1997). Alcohol and dopamine. Alcohol health & research world, 21,

108-113. Retirado de http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/arh21-2/108.pdf

Domingues, S. C. A. (2009). Beber e dirigir: uma avaliação neuropsicológica das

funções executivas no uso agudo do álcool. Tese de Doutorado, Universidade

Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil. Retirado de

http://uniad.org.br/desenvolvimento/images/stories/publicacoes/Beber%20e%20di

rigir%20uma%20avaliacao%20neuropsicologica.pdf

Drummer, O. H., & Odell, M. (2001). Pharmacokinetics, metabolism and duration of

action. Em O. H. Drummer, & M. Odell (Eds.), The forensic pharmacology of

drugs of abuse (pp. 279-289). London: Arnold.

Duning, T., Kugel, H., Menke, R., & Knecht, S. (2008). Diffusion-weighted magnetic

resonance imaging at 3.0 Tesla in alcohol intoxication. Psychiatry research:

Neuroimaging, 163, 52–60. doi: 10.1016/j.pscychresns.2007.09.003

Ebbinghaus H. (1913). Memory: A contribution to experimental psychology. (3 ed.). (H.

A. Ruger, & C. E. Bussenius, Trads.). New York: Teachers College, Columbia

University (Trabalho original publicado em 1885).

Edwards, G., Marschall E. J., & Cook, C. C. H. (2005). O tratamento do alcoolismo:

Um guia para profissionais de saúde (4 ed.). Porto Alegre: Artmed.

156

Ellis, A. W., & Young, A. W. (2014). What is Cognitive Neuropsychology? Em A. W.

Ellis, & Young, A. W., Human Cognitive Neuropsychology: A Textbook with

Readings (Classic edition) (pp. 1-22). East Sussex: Psychology Press.

Feldens, A. C. M. (2009). Avaliação das funções executivas no dependente do álcool.

(Dissertação de Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,

Porto Alegre, Rio Grande do Sul). Retirado de

http://tardis.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/4774/1/000411475Texto%2bComple

to-0.pdf

Fernández-Serrano, M. J., Pérez-García, M., Río-Valle, J. S., & Verdejo-García, A.

(2010). Neuropsychological consequences of alcohol and drug abuse on different

components of executive functions. Journal of Psychopharmacology, 24, 1317–

1332. doi: 10.1177/0269881109349841

Ferreira, L. M., Barbosa, M. N. M., Ferreira, S. D. F. B., Brasil, M. D. G. N., &

Gervásio, F. M. (2012). Avaliação das funções executivas em pacientes pós-

acidente vascular cerebral. Movimenta, 5, 223-229. Retirado de

http://www.nee.ueg.br/seer/index.php/movimenta/article/view/586/469

Ferreira, M. C. (2010). A Psicologia Social contemporânea: Principais tendências e

perspectivas nacionais e internacionais. Psicologia: Teoria e pesquisa, 26, 51-64.

Retirado de http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a05v26ns.pdf

Ferreira, R. (2010). Alterações no processamento da informação sensorial auditiva

induzidas pela abstinência ao álcool em ratos: Importância dos mecanismos

GABAérgicos e glutamatérgicos do colículo inferior. (Dissertação de Mestrado,

Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, São Paulo). Retirado de

http://www.livrosgratis.com.br/arquivos_livros/cp140899.pdf

157

Figueira, I. (2002). Etanol e bebidas alcoólicas: Pode a atividade farmacológica do

álcool explicar a diversidade de efeitos nos diferentes sistemas? Revista da

Faculdade de Medicina de Lisboa, 7, 165-171. Retirado de

http://www.fm.ul.pt//FMLPortal/UserFiles/File/RFML_4_2002.pdf

Formisano, E., Kim, D. S., Di Salle, F., van de Moortele, P. F., Ugurbil, K., & Goebel,

R. (2003). Mirror-symmetric tonotopic maps in human primary auditory cortex.

Neuron, 40, 859-869. doi: 10.1016/S0896-6273(03)00669-X

Gil, R. (2010). Elementos de uma propedêutica de Neuropsicologia. Em R. Gil,

Neuropsicologia (4 ed.). (pp. 1-19). São Paulo: Santos.

Glória, H. (2002). A eupepsia é o único efeito benéfico gastrointestinal do álcool?

Revista da Faculdade de Medicina de Lisboa, 7, 173-178. Retirado de

http://www.fm.ul.pt//FMLPortal/UserFiles/File/RFML_4_2002.pdf

Godoy, S., Dias, N. M., Trevisan, B. T., Menezes, A., & Seabra, A. G.(2010).

Concepções teóricas acerca das funções executivas e das altas habilidades.

Cadernos de pós-graduação em distúrbios do desenvolvimento, 10, 76-85.

Retirado de http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/Pos-

Graduacao/Docs/Cadernos/caderno10/62118_8.pdf

Gold, P. E. (2003). Acetylcholine modulation of neural systems involved in learning

and memory. Neurobiology of learning and memory, 80, 194-210.

doi:10.1016/j.nlm.2003.07.003

Gold, T. (1948). Hearing. II. The physical basis of the action of the cochlea.

Proceedings of the Royal Society of London. Series B-Biological Sciences, 135,

492-498. doi: 10.1098/rspb.1948.0025

Goldberg, E. (2002). O cérebro executivo: Lobos frontais e a mente civilizada. Rio de

Janeiro: Imago.

158

Grande-García, I. (2009). Neurociencia social: El maridaje entre la psicología social y

las neurociencias cognitivas. Revisión e introducción a un nueva disciplina.

Anales de Psicologia, 25, 1-20. Retirado de

http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=16711594001

Green, A., Garrick, T., Sheedy, D., Blake, H., Shores, E. A., & Harper, C. (2010). The

effect of moderate to heavy alcohol consumption on neuropsychological

performance as measured by the repeatable battery for the assessment of

neuropsychological status. Alcoholism: Clinical and experimental research, 34,

443-450. doi: 10.1111/j.1530-0277.2009.01108.x

Grenell, R. G. (1972). Effects of alcohol on the neuron. Em B. Kissin & H. Begleiter

(Eds.), The biology of alcoholism: Clinical pathology (pp. 1-19). New York:

Plenum Press.

Grinfeld, H. (2009). Consumo nocivo de álcool durante a gravidez. Em A. G. Andrade,

J. C. Anthony, & C. M. Silveira (Eds.), Álcool e suas consequências: Uma

abordagem multiconceitual (pp. 179-199). Barueri, SP: Minha Editora.

Haase, V. G., & Lacerda, S. S. (2004). Neuroplasticidade, variação interindividual e

recuperação funcional em Neuropsicologia. Temas em Psicologia, 12, 28-42.

Retirado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v12n1/v12n1a04.pdf

Hales, R. E., & Yudofsky, S. C. (2006). Tratado de Psiquiatria Clínica. (4 ed.). Porto

Alegre: Artmed

Hamdan, A. C., de Pereira, A. P. A., & de Sá Riechi, T. I. J. (2011). Avaliação e

reabilitação neuropsicológica: Desenvolvimento histórico e perspectivas atuais.

Interação em Psicologia, 15, 47-58. Retirado de

http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/psicologia/article/view/25373/17001

159

Harper, C., & Matsumoto, I. (2005). Ethanol and brain damage. Current opinion in

pharmacology, 5, 73-78. doi: 10.1016/j.coph.2004.06.011

Harkrider, A. W., & Hedrick, M. S. (2005). Acute effect of nicotine on auditory gating

in smokers and non-smokers. Hearing research, 202, 114–128. doi:

10.1016/j.heares.2004.11.009

Hasselmo, M. E. (1999). Neuromodulation: Acetylcholine and memory consolidation.

Trends in cognitive sciences, 3, 351-359. doi: 10.1016/S1364-6613(99)01365-0

Hasselmo, M. E. (2006). The role of acetylcholine in learning and memory. Current

opinion in Neurobiology, 16, 710-715. doi:10.1016/j.conb.2006.09.002

He, J., Li, B., Guo, Y., Näätänen, R., Pakarinen, S., & Luo, Y. J. (2013). Effects of

alcohol on auditory pre-attentive processing of four sound features: Evidence

from mismatch negativity. Psychopharmacology, 225, 353-360. doi:

10.1007/s00213-012-2816-8

He, J., & Crews, F. T. (2008). Increased MCP-1 and microglia in various regions of the

human alcoholic brain. Experimental Neurology, 210, 349-358. doi:

10.1016/j.expneurol.2007.11.017

Hommer, D. W. (2003). Male and female sensitivity to alcohol-induced brain damage.

Alcohol research and health, 27, 181-185. Retirado de

http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/arh27-2/181-185.pdf

Hudspeth, A. J. (1997). How hearing happens. Neuron, 19, 947-950. Retirado de

http://ac.els-cdn.com/S0896627300803852/1-s2.0-S0896627300803852-

main.pdf?_tid=4bbcdd74-c7e9

11e39ce300000aacb35d&acdnat=1397929236_9d5732ff5ac8064ac0fa174ec38fbf

94

160

James, W. (1890). Attention. Em W. James, The principles of Psychology (pp. 402-

458). New York: Holt. Retirado de

https://archive.org/stream/theprinciplesofp01jameuoft#page/402/mode/2up/search

/402

Joris, P. X., Schreiner, C. E., & Rees, A. (2004). Neural processing of amplitude-

modulated sounds. Physiological reviews, 84, 541-578. doi:

10.1152/physrev.00029.2003

Kähkönen, S., Rossi, E. M., & Yamashita, H. (2005). Alcohol impairs auditory

processing of frequency changes and novel sounds: A combined MEG and EEG

study. Psychopharmacology, 177, 366-372. doi: 10.1007/s00213-004-1960-1

Kim, Y., Sohn, H., Jeong, J. (2011). Delayed transition from ambiguous to risky

decision making in alcohol dependence during Iowa Gambling Task. Psychiatry

research, 190, 297–303. doi:10.1016/j.psychres.2011.05.003

Klatsky, A. L. (2003). Alcohol and hypertension: Does it matter? Yes. European

journal of cardiovascular risk, 10, 21-24. doi: 10.1177/174182670301000105

Kolling, N., Silva, C., Carvalho, J., Cunha, S., & Kristensen, C. (2007). Avaliação

neuropsicológica em alcoolistas e dependentes de cocaína. Avaliação psicológica,

6, 127-37. Retirado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/avp/v6n2/v6n2a03.pdf

Kopera, M., Wojnar, M., Brower, K., Glass, J., Nowosad, I., Gmaj, B., & Szelenberger,

W. (2012). Cognitive functions in abstinent alcohol-dependent patients. Alcohol,

46, 665-671. doi:10.1016/j.alcohol.2012.04.005

Kristensen, C. H., Almeida, R. M. M., & Gomes, W. B. (2001). Desenvolvimento

histórico e fundamentos metodológicos da Neuropsicologia Cognitiva.

Psicologia: Reflexão e crítica, 14, 259-274. Retirado de

http://www.scielo.br/pdf/prc/v14n2/7853.pdf

161

Langers, D. R., Backes, W. H., & van Dijk, P. (2007). Representation of lateralization

and tonotopy in primary versus secondary human auditory cortex. Neuroimage,

34, 264-273. doi: 10.1016/j.neuroimage.2006.09.002

Laranjeira, R. & Pinsky, I. (2001). O alcoolismo. (7 ed.). São Paulo: Contexto

Lecanuet, J. P., Graniere-Deferre, C., Jacquet, A. Y., & DeCasper, A. J. (2000). Fetal

discrimination of low-pitched musical notes. Developmental Psychobiology, 36,

29-39. http://bellybuds.co.kr/research/Lecanuet.pdf

Leyton, V., Ponce, J. C., & Andreuccetti, G. (2009). Problemas específicos: Álcool e

trânsito. Em A. G. Andrade, J. C. Anthony, & C. M. Silveira (Eds.), Álcool e suas

consequências: Uma abordagem multiconceitual (pp. 163-177). Barueri, SP:

Minha Editora.

Lima, R. F.(2005). Compreendendo os mecanismos atencionais. Ciências & cognição,

6, 113-122. Retirado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cc/v6n1/v6a13.pdf

Lockhart, R. S., & Craik, F. I. (1990). Levels of processing: A retrospective

commentary on a framework for memory research. Canadian journal of

Psychology, 44, 87-112. Retirado de

http://psycnet.apa.org/journals/cep/44/1/87.pdf

Lovinger, D. M. (1997). Alcohols and neurotransmitter gated ion channels: Past, present

and future. Naunyn-Schmiedeberg's archives of Pharmacology, 356, 267-282.

Retirado de

http://download.springer.com/static/pdf/567/art%253A10.1007%252FPL0000505

1.pdf?auth66=1398048221_3cdd682a9e1d792a1a0171a4fd7813a7&ext=.pdf

Luria, A. (1973). El hombre con su mundo destrozado. Madrid: Garnica

Luria, A. R. (1984). Fundamentos da Neuropsicologia. São Paulo: Editora da

Universidade de São Paulo.

162

Lustig, L. R. (2006). Nicotinic acetylcholine receptor structure and function in the

efferent auditory system. Anatomical record, 288, 424-34. doi:

10.1002/ar.a.20302

Lyvers, M. (2000). "Loss of control" in alcoholism and drug addiction: A

neuroscientific interpretation. Experimental and clinical Psychopharmacology, 8,

225-249. doi:10.1037/1064-1297.8.2.225

Lyvers, M., & Tobias-Webb, J. (2010). Effects of acute alcohol consumption on

executive cognitive functioning in naturalistic settings. Addictive Behaviors, 35,

1021-1028. doi:10.1016/j.addbeh.2010.06.022

Machado, A. B. M. (2005). Grandes vias aferentes. Em A. B. M. Machado,

Neuroanatomia funcional (2 ed.)(pp. 287-308) São Paulo: Atheneu.

Mäder-Joaquim, M. J. (2010). O neuropsicólogo e seu paciente: Introdução aos

princípios da avaliação neuropsicológica. Em Malloy-Diniz, L. F., Fuentes, D.,

Mattos, P., & Abreu, N., Avaliação neuropsicológica (pp. 46-57). Porto Alegre:

Artmed.

Malloy-Diniz, L. F., Cruz, M. D. F., Torres, V. M., & Cosenza, R. M. (2000). O teste de

aprendizagem auditivo-verbal de Rey: Normas para uma população brasileira.

Revista brasileira de Neurologia, 36, 79-83. Retirado de

http://www.worldcat.org/title/teste-de-aprendizagem-auditivo-verbal-de-rey-

normas-para-uma-populacao-brasileira/oclc/69943013

Malloy-Diniz, L.F.M., Lasmar, V.A.P., Gazinelli, L.S.R., Fuentes, D., & Salgado, J.V.

(2007). The Rey Auditory-verbal Learning Test: applicability for the Brazilian

elderly population. Revista Brasileira de Psiquiatria, 29, 324-329.

Malloy-Diniz, L. F., Sedo, M., Fuentes, D., & Leite, W. B. (2008). Neuropsicologia das

funções executivas. Em D. Fuentes, L. F. Malloy-Diniz, C. H. P. Camargo, & R.

163

M. Cosenza (Eds.), Neuropsicologia: Teoria e prática (pp. 187-206). Porto

Alegre: Artmed

Malloy-Diniz, L. F., Fuentes, D., Mattos, P., & Abreu, N. (2010). Avaliação

Neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed.

Maurage, P., Campanella, S., Philippot, P., Charest, I., Martin, S., & Timary, P. (2009).

Impaired emotional facial expression decoding in alcoholism is also present for

emotional prosody and body postures. Alcohol & alcoholism, 44, 476–485. doi:

10.1093/alcalc/agp037

Maurage, P., Campanella, S., Philippot, P., Pham, T. H., & Joassin, F. (2007). The

crossmodal facilitation effect is disrupted in alcoholism: A study with emotional

stimuli. Alcohol & Alcoholism, 42, 552–559. doi:10.1093/alcalc/agm134

McEwen, B. S., & Akil, H. (2011). Introduction to Social Neuroscience: Gene,

environment, brain, body. Annals of the New York Academy of Sciences, 1231, 7-

9. doi: 10.1111/j.1749-6632.2011.06154.x

Meerton, L. J., Andrews, P. J., Upile, T., Drenovak, M., & Graham, J. M. (2005). A

prospective randomized controlled trial evaluating alcohol on loudness perception

in cochlear implant users. Clinical Otolaryngology, 30, 328-332. doi:

10.1111/j.1365-2273.2005.00998.x

Mello, M. J. G. (2006). O efeito da privação do sono no desempenho da atenção não

interativa (extrínseca) em estudantes universitários. (Dissertação de Mestrado,

Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campo dos Goytacazes, Rio de

Janeiro). Retirado de

www.pgcl.uenf.br/2013/pdf/COGNICAO_6587_1308249400.pdf

164

Mendes, L. C. (2008). Caracterização da percepção visual da forma em crianças

surdas e ouvintes (Dissertação de Mestrado não publicada), Universidade Federal

da Paraíba, João Pessoa, Paraíba.

Meyer, M., Nicastri, S., Bordin, S. L., Nisenbaum, E. B., & Ribeiro, M. (2004).

Cuidando da pessoa com problemas relacionados com álcool e outras drogas:

Guia para a família. São Paulo: Atheneu.

Miller, G. A. (1956). The magical number seven, plus or minus two: Some limits on our

capacity for processing information. Psychological review, 63, 81-97. Retirado de

http://psycnet.apa.org/journals/rev/63/2/81.pdf

Moore, B. C. J. (2007). Basic auditory processes. Em E. B. Goldstein (Ed.), Sensation

and perception (pp. 379-407). Oxford, UK: Blackwell Publishing.

Müller, G. E. & Schumann, F. (1894). Experimentalle Beiträge zu Untersuchung des

Gedächtnisses. Zsch. f. Psychol., 6, 81-190.

Muszkat, M., & Mello, C. B. (2012). Neuroplasticidade e reabilitação neuropsicológica.

Em J. Abrisqueta-Gomez (Ed.)., Reabilitação neuropsicológica: Abordagem

Interdisciplinar e modelos conceituais na prática clínica (pp. 56-71). Porto

Alegre: Artmed.

Nascimento, E. C., & Justo, J. S. (2000). Vidas errantes e alcoolismo: Uma questão

social. Psicologia: Reflexão e crítica, 13, 529-538. Retirado de

http://www.scielo.br/pdf/prc/v13n3/v13n3a20.pdf

Noël, X., Bechara, A., Dan, B., Hanak, C., & Verbanck, P. (2007). Response inhibition

deficit is involved in poor decision making under risk in nonamnesic individuals

with alcoholism. Neuropsychology, 21, 778–786. doi: 10.1037/0894-

4105.21.6.778

165

Noël, X., Linden, M. V., Brevers, D., Campanella, S., Hanak, C., Kornreich, C., &

Verbanck, P. (2012). The contribution of executive functions deficits to impaired

episodic memory in individuals with alcoholism. Psychiatry research, 198, 116–

122. doi:10.1016/j.psychres.2011.10.007

Oliveira, M. S., Freire, S. D., & Laranjeira, R. (2011). Abordagem cognitivo

comportamental no tratamento da dependência. Em B. Rangé (Org.),

Psicoterapias cognitivo-comportamentais: Um diálogo com a Psiquiatria (pp.

429-423). Porto Alegre: Artmed.

Ozsoy, S., Durak, A. C., & Esel, E. (2013). Hippocampal volumes and cognitive

functions in adult alcoholic patients with adolescent-onset. Alcohol, 47, 9-14.

doi:10.1016/j.alcohol.2012.09.002

Park, M.-S., Sohn, S., Park, J.-E., Kim, S.-H., Yu, I. K., & Sohn, J.-H. (2011). Brain

functions associated with verbal working memory tasks among young males with

alcohol use disorders. Scandinavian journal of Psychology, 52, 1–7.

doi:10.1111/j.1467-9450.2010.00848.x

Paulucci, B. P. (2005). Fisiologia da audição. Retirado de

http://www.forl.org.br/pdf/seminarios/seminario_28.pdf

Pearson, P. M. (1997). The effects of ethyl alcohol on visual and auditory thresholds.

Tese de Doutorado, The University of Western Ontario, London, Ontario.

Pearson, P., Dawe, L. A., & Timney, B. (1999). Frequency selective effects of alcohol

on auditory detection and frequency discrimination thresholds. Alcohol &

Alcoholism, 34, 741-749. Retirado de

http://alcalc.oxfordjournals.org/content/34/5/741.full.pdf+html

166

Pergher, G. K., & Stein, L. M. (2003). Compreendendo o esquecimento: Teorias

clássicas e seus fundamentos experimentais. Psicologia USP, 14, 129-155. doi:

10.1590/S0103-65642003000100008

Petersen, S. E., & Posner, M. I. (2012). The attention system of the human brain: 20

years after. Annual review of Neuroscience, 35, 73-89. doi:10.1146/annurev-

neuro-062111-150525

Pinto, A. C. (2001). Memória, cognição e educação: Implicações mútuas. Em B. Detry,

& F. Simas (Eds.), Educação, cognição e desenvolvimento: Textos de Psicologia

Educacional para a formação de professores (pp. 17-54). Lisboa: Edinova.

Pitel, A. L., Witkowski, T., Vabret, F., Guillery-Girard, B., Desgranges, B., Eustache,

F., & Beaunieux, H. (2007). Effect of episodic and working memory impairments

on semantic and cognitive procedural learning at alcohol treatment entry.

Alcoholism: Clinical and experimental research, 31, 238–248. doi:

10.1111/j.1530-0277.2006.00301.x

Pitel, A. L., Beaunieux, H., Witkowski, T., Vabret, F., Guillery-Girard, B., Quinette, P.,

… Eustache, F. (2007). Genuine episodic memory deficits and executive

dysfunctions in alcoholic subjects early in abstinence. Alcoholism: Clinical and

experimental research, 31, 238–248. doi: 10.1111/j.1530-0277.2006.00301.x

Pitel, A. L., Rivier, J., Beaunieux, H., Vabret, F., Desgranges, B., & Eustache, F.

(2009). Changes in the episodic memory and executive functions of abstinent and

relapsed alcoholics over a 6-month period. Alcoholism: Clinical and experimental

research, 33, 490–498. doi: 10.1111/j.1530-0277.2008.00859.x

Planeta, C. S., & Graeff, F. G. (2012). Abuso e dependência de substâncias psicoativas.

Em F. G. Graeff, & F. S. Guimarães (Orgs.), Fundamentos de Psicofarmacologia

(pp. 245-268). São Paulo: Atheneu.

167

Pombo, S., Levy, P., Bicho, M., Ismail, F., & Cardoso, J. M. N. (2008).

Neuropsychological function and platelet Monoamine Oxidase activity levels in

type alcoholic patients. Alcohol & alcoholism, 43, 423–430. doi:

10.1093/alcalc/agn021

Pontes, L. M. M., & Hübner, M. M. C. (2008). A reabilitação neuropsicológica sob a

ótica da psicologia comportamental. Revista de Psiquiatria Clínica, 35, 6-12.

Retirado de http://www.scielo.br/pdf/rpc/v35n1/v35n1a02.pdf

Posner, M. I. (1990). The attention system of the human brain. Annual review of

Neuroscience, 13, 25-42. doi: 10.1146/annurev.ne.13.030190.000325

Puggina, A. C. G., Silva, M. J. P. D., Gatti, M. F. Z., Graziano, K. U., & Kimura, M.

(2005). A percepção auditiva nos pacientes em estado de coma: Uma revisão

bibliográfica. Acta paulista de Enfermagem, 18, 313-19. Retirado de

http://www.scielo.br/pdf/ape/v18n3/a13v18n3.pdf

Ramachandran, V. S., & Blakeslee, S. (2002). Die blinde Frau, die sehen kann.

Reinbek: Rowohlt.

Ramchandani, V. A., Bosron, W. F., & Li, T. K. (2001). Research advances in ethanol

metabolism. Pathologie Biologie, 49, 676-682. Retirado de

http://www.sciencedirect.com/science/journal/03698114/49/9

Regard M. (1981). Cognitive rigidity and flexibility: A neuropsychological study (Tese

de Doutorado não publicada), University of Victoria, Victoria, British Columbia.

Reitan, R. M., & Wolfson, D. (1985). The Halstead-Reitan Neuropsycholgical Test

Battery: Therapy and clinical interpretation. Tucson, AZ: Neuropsychological

Press.

168

Robbins, T. W. (2000). Chemical neuromodulation of frontal-executive functions in

humans and other animals. Experimental brain research, 133, 130-138. doi:

10.1007/s002210000407

Robbins, T. W., & Roberts, A. C. (2007). Differential regulation of fronto-executive

function by the monoamines and acetylcholine. Cerebral cortex, 17, 151-160. doi:

10.1093/cercor/bhm066

Robles, L., & Ruggero, M. A. (2001). Mechanics of the mammalian cochlea.

Physiological reviews, 81, 1305. Retirado de

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3590856/pdf/nihms273156.pdf

Rosenbloom, M., Pfefferbaum, A., & Sullivan, E. V. (2004). Recovery of short-term

memory and psychomotor speed but not postural stability with long-term sobriety

in alcoholic women. Neuropsychology, 18, 589-597. doi:

10.1037/08944105.18.3.589

Rossi, A. G., Bellé, M., & Sartori, S. D. A. (2010). Avaliação audiológica básica em

alcoólicos. Revista de ciências médicas e biológicas, 5, 21-28. Retirado de

http://www.portalseer.ufba.br/index.php/cmbio/article/view/4567/3414

Royall, D. R., Lauterbach, E. C., Cummings, J. L, Reeve, A., Rummans, T. A., Kaufer,

D. I., …, Coffey, C. E. (2002). Executive control function: A review of its

promise and challenges for clinical research. Journal of Neuropsychiatry and

Clinical Neurosciences, 14, 377-405. doi:10.1176/appi.neuropsych.14.4.377

Rui, L. R., & Steffani, M. H. (2007, Janeiro/Fevereiro). Física: Som e audição humana.

Em A. J. S. Oliveira (Coordenador geral), XVII Simpósio Nacional de Ensino de

Física. Simpósio dirigido ao encontro da Sociedade Brasileira de Física, São Luiz,

Maranhão, Brasil. Retirado de

http://www.forl.org.br/pdf/seminarios/seminario_28.pdf

169

Sahley, T. L., Nodar, R. H., & Musiek, F. E. (1997). Efferent auditory system: Structure

and function. San Diego: Singular Publishing Group

Salgado, J. V., Malloy-Diniz, L. F., Campos, V. R., Abrantes, S. S. C., Fuentes, D.,

Bechara, A., & Correa, H. (2009). Neuropsychological assessment of impulsive

behavior in abstinent alcohol-dependent subjects. Revista brasileira de

Psiquiatria, 31, 4-9. Retirado de

http://www.scielo.br/pdf/rbp/v31n1/a03v31n1.pdf

Samelli, A. G., & Schochat, E. (2008). Processamento auditivo, resolução temporal e

teste de detecção de gap: Revisão da literatura. CEFAC: Speech, language,

hearing sciences and education journal, 10, 369-377. Retirado de

http://www.revistacefac.com.br/fasciculo.php?url=1&form=http://www.scielo.br/s

cielo.php?script=sci_arttext&pid=S151618462008000300012&lng=pt&nrm=iso&

tlng=pt

Sarter, M., Bruno, J. P., & Turchi, J. (1999). Basal forebrain afferent projections

modulating cortical acetylcholine, attention, and implications for neuropsychiatric

disorders. Annals of the New York Academy of Sciences, 877, 368-382. doi:

10.1111/j.1749-6632.1999.tb09277.x

Schacter, D. L. (1992). Understanding implicit memory: A cognitive neuroscience

approach. American psychologist, 47, 559. Retirado de

http://psycnet.apa.org/journals/amp/47/4/559.pdf

Schacter, D. L., Chiu, C. Y. P., & Ochsner, K. N. (1993). Implicit memory: A selective

review. Annual review of Neuroscience, 16, 159-182. Retirado de

http://www.annualreviews.org/doi/pdf/10.1146/annurev.ne.16.030193.001111

170

Scheffer, M., Pasa, G. G., & Almeida, R. M. M. D. (2010). Dependência de álcool,

cocaína e crack e transtornos psiquiátricos. Psicologia: Teoria e pesquisa, 26,

533-41. Retirado de http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26n3/a16v26n3.pdf

Scheurich, A., Müller, M. J., Szegedi, A., Anghelescu, I., Klawe, C., Lörch, B., Kappis,

B., Bialonski, H.-G., Haas, S., & Hautzinger, M. (2004). Neuropsychological

status of alcohol-dependent patients: Increased performance through goal-setting

instructions. Alcohol & alcoholism, 39, 119–125. doi:10.1093/alcalc/agh026

Schiffman, H. R. (2005). O sistema auditivo. Em H. R. Schiffman, Sensação e

percepção (pp. 230-252). Rio de Janeiro: LTC.

Schönwiesner, M., von Cramon, D. Y., & Rübsamen, R. (2002). Is it tonotopy after all?

Neuroimage, 17, 1144-1161. doi: 10.1006/nimg.2002.1250

Shipp, S. (2004). The brain circuitry of attention. Trends in cognitive sciences, 8, 223-

230. doi: 10.1016/j.tics.2004.03.004

Silva, J. A. (2011). Percepção de notas musicais após ingestão moderada de etanol por

mulheres e homens (Dissertação de Mestrado, Universidade Federal da Paraíba,

João Pessoa, Paraíba). Retirado de

http://bdtd.biblioteca.ufpb.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1495

Silva, J. A., Bezerra, P. C., Gadelha, M. J. N., Andrade, M. J. O., Andrade, L. M. M. S.,

Torro-Alves, N., & Santos, N. A. (2014). Mulheres e homens: Diferentes também

na percepção de notas musicais? Psicologia: Teoria e pesquisa, 30, 83-87. doi:

10.1590/S0102-37722014000100010.

Silva, J. A. , Cavalcanti-Galdino, M. K., Gadelha, M. J. N., Andrade, M. J. O., &

Santos, N. A. (2013). Revisão sobre o processamento neuropsicológico dos

atributos tonais da música no contexto ocidental. Avances en Psicología

171

Latinoamericana, 31, 86-96. Retirado de

http://www.redalyc.org/pdf/799/79928610007.pdf

Silva, J. A., Cavalcanti-Galdino, M. K., Simas, M. L. B., & Santos, N. A. (2015).

Consequências da ingestão moderada de etanol na discriminação de notas

musicais. Psicologia: Reflexão e Crítica, 28, 1-10. doi: 10.1590/1678-

7153.201528116.

Silva, J. A., Viana, D. N. M., Andrade, M. J. O., & Gadelha, M. J. N. (2013). Aspectos

psicossociais influentes na adesão ao tratamento do alcoolismo: Uma revisão.

Neurobiologia, 76, 105-112.

Sisto, F. F., de Castro, N. R., Cecilio-Fernandes, D., & Silveira, F. J. (2010). Atenção

seletiva visual e o processo de envelhecimento. Cadernos de pós-graduação em

distúrbios do desenvolvimento, 10, 93-102. Retirado de

http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/Pos-

Graduacao/Docs/Cadernos/caderno10/62118_10.pdf

Smith, S., & Fein, G. (2010). Cognitive performance in treatment-naïve active

alcoholics. Alcoholism: Clinical and experimental research, 34, 2097–2105. doi:

10.1111/j.1530-0277.2010.01306.x

Smith, M. E., & Oscar-Berman, M. (1992). Resource-limited information processing in

alcoholism. Journal of studies on alcohol, 53, 514-518. Retirado de

http://www.jsad.com/jsad/article/ResourceLimited_Information_Processing_in_A

lcoholism_/1839.html

Squire, L. R. (1986). Mechanisms of memory. Science, 232, 1612-1619. doi:

10.1126/science.3086978

Sternberg, R. J. (2010). Atenção e consciência. Em R. J. Sternberg, Psicologia cognitiva

(pp. 107-152). São Paulo: Cengage Learning.

172

Strub, R. L., & Black, F. W. (2000). The mental status examination in Neurology. (4

ed.). Philadelphia, Pa: FA Davis Company Publishers.

Thompson, A. J. (2000). Neurological rehabilitation: From mechanisms to management.

Journal of Neurology, Neurosurgery, and Psychiatry, 69, 718-722. Retirado de

http://jnnp.bmj.com/content/71/suppl_2/ii22.full.pdf+html

Thompson, R. F. (1986). The neurobiology of learning and memory. Science, 233, 941-

947. Retirado de http://www.sciencemag.org/content/233/4767/941.full.pdf

Tomaz, C. (1993). Psicobiologia da memória. Psicologia USP, 4, 49-59. Retirado de

http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicousp/v4n1-2/a04v4n12.pdf

Tulving, E. (1985). How many memory systems are there? American psychologist, 40,

385-398. Retirado de http://psycnet.apa.org/journals/amp/40/4/385.pdf

Uehara, E., Charchat-Fichman, H., & Landeira-Fernandez, J. (2013). Afinal, o que são

funções executivas? Um retrato das principais abordagens desse conceito.

Neuropsicologia Latinoamericana, 5, 25-37. Retirado de

http://neuropsicolatina.org/index.php/Neuropsicologia_Latinoamericana/article/vi

ew/145/119

Underwood, B. J. (1957). Interference and forgetting. Psychological review, 64, 49-60.

doi: 10.1037/h0044616

Vanneste, S., & De Ridder, D. (2012). Noninvasive and invasive neuromodulation for

the treatment of tinnitus: an overview. Neuromodulation: Technology at the

neural interface, 15, 350-360. doi: 10.1111/j.1525-1403.2012.00447.x

Vollrath, M. A., Kwan, K. Y., & Corey, D. P. (2007). The micromachinery of

mechanotransduction in hair cells. Annual review of Neuroscience, 30, 339.

doi: 10.1146/annurev.neuro.29.051605.112917

173

Wechsler, D. (1997). WAIS-III: Wechsler adult intelligence scale. San Antonio, TX:

Psychological Corporation.

Wegner, A. J., Günthner, A., & Fahle, M. (2001). Visual performance and recovery in

recently detoxified alcoholics. Alcohol & Alcoholism, 36, 171-179. doi:

10.1093/alcalc/36.2.171

Wilson, B. A. (1996). Reabilitação das deficiências cognitivas. Em R. Nitrini, P.

Caramelli, L. L. Mansur, Neuropsicologia: Das bases anatômicas à reabilitação

(pp. 314-343). São Paulo: Clínica Neurológica HC-FMUSP.

Wong, D. F., Maini, A., Rousset, O. G., & Brasic, J. R. (2003). Positron emission

tomography-a tool for identifying the effects of alcohol dependence on the brain.

Alcohol Research and Health, 27, 161-173. Retirado de

http://pubs.niaaa.nih.gov/publications/arh27-2/161-173.pdf

World Health Organization (1994). Lexicon of alcohol and drug terms. Genebra: Autor.

Retirado de http://whqlibdoc.who.int/publications/9241544686.pdf?ua=1

Yonamine, M. (2004). A saliva como espécime biológico para monitorar o uso de

álcool, anfetamina, metanfetamina, cocaína e maconha por motoristas

profissionais. (Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo, São Paulo).

Retirado de http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9141/tde-03072008-

093347/

Yu, B., Zhang, W., Jing, Q., Peng, R., Zhang, G., & Simon, H. A. (1985). STM capacity

for Chinese and English language materials. Memory & cognition, 13, 202-207.

Retirado de

http://download.springer.com/static/pdf/149/art%253A10.3758%252FBF0319768

2.pdf?auth66=1398144083_7350d5ab88ec7a394a0d8c6027a3b104&ext=.pdf

174

Zaluar, A. (1994). Drogas e cidadania: Repressão ou redução de riscos. São Paulo:

Brasiliense.

Zelazo, P. D., Qu, Li, & Müller, U. (2005). Hot and cool aspects of executive function:

Relations in early development. Em W. Schneider, R. Schumann-Hengsteler, & B.

Sodian (Eds.), Young children’s cognitive development: Interrelationships among

executive functioning, working memory, verbal ability, and theory of mind (pp.

71-93). Mahwah, NJ: Erlbaum.

Zinn, S., Stein, R., & Swartzwelder, H. S. (2004). Executive functioning early in

abstinence from alcohol. Alcoholism: Clinical and experimental research, 28,

1338–1346. doi: 10.1097/01.ALC.0000139814.81811.62

175

7. Apêndices

Apêndice A.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIBA

CENTRO DE CIENCIAS HUMANS E LETRAS

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Laboratório de Percepção, Neurociências, e Comportamento (LPNeC)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

A presente pesquisa está sendo desenvolvida por mim, Jandilson Avelino da Silva,

Psicólogo (CRP: 13-5730), Mestre, e Doutorando (UFPB). Este texto pode

eventualmente apresentar palavras ou frases não conhecidas por você. Caso isso

aconteça, por favor, diga-me para que eu possa esclarecer melhor suas dúvidas.

TÍTULO DA PESQUISA: Ingestão aguda e crônica de etanol no funcionamento

auditivo e neurocognitivo.

APRESENTAÇÃO: Esta pesquisa trata-se de um estudo de doutorado sobre os efeitos

da ingestão aguda e crônica de bebidas alcoólicas sobre o funcionamento auditivo e

neurocognitivo.

OBJETIVOS: Essa pesquisa se propõe a avaliar em adultos as consequências da

ingestão de bebidas alcoólicas na percepção auditiva das notas musicais e nas funções

neuropsicológicas de memória, atenção, e funções executivas.

PROCEDIMENTOS: Inicialmente, serão levantadas informações demográficas (idade,

sexo, escolaridade, entre outras) e clínicas (comprometimentos físicos e psicológicos,

uso de substâncias tóxicas, entre outras). Depois, a percepção auditiva será avaliada por

meio de um teste psicofísico em um computador, no qual se apresentará alguns sons

(notas musicais) que, de acordo com as instruções recebidas, devem ser diferenciados

pelo participante. Em seguida, será aplicada uma bateria neuropsicológica com testes

cognitivos em papel que deverão ser respondidos.

RISCOS E BENEFÍCIOS: A pesquisa trará grande benefício para o aprimoramento

dos procedimentos de avaliação e intervenção neuropsicológicas, principalmente no que

diz respeito às possíveis consequências resultantes do uso de bebidas alcoólicas. Além

disso, a aplicação de questionários e a avaliação da percepção de sons por meio de fones

de ouvido serão realizadas sem a possibilidade de dano algum para os indivíduos.

Mesmo assim, você poderá desistir em qualquer momento de participar da pesquisa sem

nenhuma penalidade.

RESSARCIMENTO: Não será feito nenhum pagamento para realizar a pesquisa. A

participação será de livre e espontânea vontade, contudo, caso haja algum custo

financeiro adicional referente a sua participação na pesquisa será feito o devido

ressarcimento.

176

CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Os resultados da pesquisa serão

agrupados e desse modo, tomados apenas em conjunto, não divulgando assim,

identificações particulares de quaisquer dos participantes. Os protocolos serão

arquivados de acordo com as exigências da Resolução nº 196/96 do Conselho Nacional

de Saúde, Ministério da Saúde, Brasil.

Diante dessas informações, solicito, além de sua participação voluntária durante as

avaliações, sua autorização para apresentar e publicar os resultados deste estudo em

eventos e revistas científicas. Por ocasião da publicação dos resultados, bem como em

todo o processo de avaliação seu nome será mantido sob o absoluto sigilo.

Em caso de dúvidas, favor entrar em contato com:

Jandilson A. da Silva ou Natanael A. dos Santos - Laboratório de Percepção,

Neurociência e Comportamento (LPNeC), Departamento de Psicologia, Centro de

Ciências Humanas e Letras, UFPB - Campus I, Cidade Universitária, João Pessoa,

Paraíba, Brasil. E-mail: [email protected]. Ou ainda com:

Comitê de Ética e Pesquisa/CCS/UFPB – Campus I – Ed. Arnaldo Tavares – Sala 812 –

CCS – Cidade Universitária, João Pessoa-PB. CEP.: 58051-900 Telefone/Fax: (83)

3216-7791. E-mail: [email protected].

Declaro está ciente e informado (a) sobre os procedimentos de realização desse estudo,

conforme explicitado acima, e aceito participar voluntariamente da pesquisa para a qual

assino abaixo confirmando meu consentimento livre e esclarecido:

João Pessoa, Paraíba.

Data: __________/__________/__________

______________________________________________________

Assinatura do participante

______________________________________________________

Assinatura do pesquisador

______________________________________________________

Assinatura da testemunha

Código de identificação utilizado para registro em todos os testes realizados:

_________________

177

Apêndice B.

QUESTIONÁRIO SÓCIO-BIO-DEMOGRAFICO 1

(PARA EXPERIMENTO DE INGESTÃO MODERADA DE ETANOL COM

ESTUDANTES)

Código de identificação:_______________

1. Data de Nascimento

(DD/MM/AAAA):

2. Idade: ________

3. Peso: _________

4. Altura: ________

5. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Para mulheres:

a) Possui ciclo menstrual regular?

( ) Não ( ) Sim

b) Qual a data da última menstruação?

________________________________

6. Lateralidade:

( ) Destro

( ) Canhoto

7. Raça/Cor da pele:

________________________________

8. Escolaridade:

( )Ensino fundamental incompleto

( )Ensino fundamental completo

( )Ensino médio incompleto

( )Ensino médio completo

( )Ensino superior incompleto

( )Ensino superior completo

( )Pós-graduação incompleta

( )Pós-graduação completa

Indicar Série (para escolares) ou

Curso/Período (para universitários):

________________________________

9. Profissão (Se não estuda ou já é

formado):

________________________________

10. Estado Civil:

( ) Solteiro

( ) Casado

( ) Separado

( ) Viúvo

( ) Outros:

________________________________

11. Renda familiar:

( ) De 1 à 2 salários mínimos

( ) De 3 à 5 salários mínimos

( ) De 6 à 8 salários mínimos

( ) 9 ou mais salários mínimos

178

12. Religião:

( ) Católico

( ) Evangélico

( ) Ateu

( ) Outras:

________________________________

13. Você toma café?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior responder as

questões de (a) à (c):

a) Há quanto tempo?

________________________________

b) Quantos dias por semana?

________________________________

c) Quantas vezes por dia?

________________________________

14. Você fuma?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior responder as

questões de (a) e (b):

a) Há quanto tempo?

________________________________

b) Quantos cigarros por dia?

________________________________

15. Você toma bebida alcoólica?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior responder as

questões de (a) à (d):

a) Há quanto tempo?

_______________________________

b) Qual o tipo de bebida que você mais

faz uso?

_______________________________

c) Quantas vezes por semana você faz

uso dessa bebida?

_______________________________

d) Você toma quantos copos ou doses

dessa bebida?

_______________________________

16. Você tem dificuldade em

controlar a quantidade de bebida

alcoólica que ingere?

( ) Não ( ) Sim

17. Você já recebeu tratamento

médico relacionado a problemas com

ingestão de álcool?

( ) Não ( ) Sim

18. Você tem histórico familiar de

alcoolismo (alguém de sua família é

alcoolista)?

( ) Não ( ) Sim

Qual o grau de parentesco com o

familiar?

________________________________

179

19. Você faz atualmente uso de

alguma droga ilícita (maconha,

craque, êxtase, LSD, etc.)?

( ) Não ( ) Sim

Qual?___________________________

20. Você tem alguma doença geral

crônica que necessite de tratamento

medicamentoso (diabetes,

hipertensão, etc.)?

( ) Não ( ) Sim

Qual?___________________________

21. Você tem alguma doença

neuropsiquiátrica que necessite de

tratamento medicamentoso

(depressão, epilepsia, esquizofrenia,

etc.)?

( ) Não ( ) Sim

Qual?___________________________

22. Você faz uso contínuo de algum

medicamento no momento?

( ) Não ( ) Sim

Qual

(is)?___________________________

______________________________

23. Você já foi a um

Otorrinolaringologista (Médico de

ouvido, nariz, e garganta)?

( ) Não ( ) Sim

Por que

razão?_________________________

24. Você já foi a um Fonoaudiólogo?

( ) Não ( ) Sim

Por que

razão?______________________

25. Você acha que escuta bem?

( ) Não ( ) Sim

Por

quê?___________________________

26. Você tem ou já teve algum

treinamento musical?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior, responda as questões

de (a) à (d):

a) O treinamento é (foi):

( ) atual ( )anterior

b) O treinamento é (foi):

( ) Formal (em escolas)

( ) Informal (aprendeu sozinho/alguém

próximo ensinou)

Especificar:______________________

c) Qual o tipo de treinamento? (por

exemplo, curso de canto ou de violão)

_______________________________

d) Quanto tempo durou esse

treinamento?

_______________________________

e) Que idade você tinha quando teve

esse treinamento?

________________________________

180

27. Você possui alguma habilidade

musical?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior, responda as questões

de (a) à (c):

a) Qual o tipo de habilidade?

( ) Canta ( ) Toca algum instrumento

Especificar:______________________

( ) Reconhece notas musicais isoladas

( ) Outra.

Especificar:______________________

b) Idade na qual começou a ter tal

habilidade?_______________________

c) Idade na qual se tornou fluente em tal

habilidade?_______________________

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO:________________

NOME:_______________________________________________________________

TELEFONES:_________________________________________________________

E-MAIL:______________________________________________________________

DATA:______/______/______

OUTRAS OBSERVAÇÕES:

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

181

Apêndice C.

QUESTIONÁRIO SÓCIO-BIO-DEMOGRÁFICO 2

(PARA EXPERIMENTO COM ALCOOLISTAS ABSTÊMIOS)

Código de identificação:_______________

1. Data de Nascimento

(DD/MM/AAAA):

2. Idade: ________

3. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Para mulheres:

a) Possui ciclo menstrual regular?

( ) Não ( ) Sim

b) Qual a data da última menstruação?

________________________________

4. Lateralidade:

( ) Destro

( ) Canhoto

5. Raça/Cor da pele:

________________________________

6. Escolaridade:

( )Ensino fundamental incompleto

( )Ensino fundamental completo

( )Ensino médio incompleto

( )Ensino médio completo

( )Ensino superior incompleto

( )Ensino superior completo

( )Pós-graduação incompleta

( )Pós-graduação completa

Indicar Série (para escolares) ou

Curso/Período (para universitários):

________________________________

________________________________

7. Profissão (Se não estuda ou já é

formado):

________________________________

8. Estado Civil:

( ) Solteiro

( ) Casado

( ) Separado

( ) Viúvo

( )

Outros:_________________________

9. Renda familiar:

( ) De 1 à 2 salários mínimos

( ) De 3 à 5 salários mínimos

( ) De 6 à 8 salários mínimos

( ) 9 ou mais salários mínimos

10. Religião:

( ) Católico

( ) Evangélico

182

( ) Ateu

( ) Outras:______________________

11. Você toma café?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior responder as

questões de (a) à (c):

a) Há quanto tempo?

________________________________

b) Quantos dias por semana?

________________________________

c) Quantas vezes por dia?

________________________________

12. Você fuma?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior responder as

questões de (a) e (b):

e) Há quanto tempo?

________________________________

f) Quantos cigarros por dia?

________________________________

13. Você está em abstinência do

álcool?

( ) Não ( ) Sim

Há quanto tempo?

________________________________

14. Com quantos anos você começou

a consumir bebidas alcoólicas?

________________________________

15. Por quanto tempo você consumiu

bebidas alcoólicas?

________________________________

16. Qual era o principal tipo de

bebida consumida?

________________________________

17. Que tipo de tratamento

relacionado aos problemas com

ingestão de álcool você recebeu?

( ) Grupos de Auto-Ajuda

( ) Psicólogo/Terapia

( ) Médico/remédios

Qual (is) remédios?

________________________________

18. O que o (a) levou a buscar

tratamento?

________________________________

________________________________

________________________________

19. Você tem histórico familiar de

alcoolismo (alguém de sua família é

alcoolista)?

( ) Não ( ) Sim

Qual o grau de parentesco com o

familiar?

________________________________

20. Você já fez uso de alguma droga

ilícita (maconha, craque, êxtase, LSD,

etc.)?

183

( ) Não ( ) Sim

Qual?___________________________

21. Você faz atualmente uso de

alguma droga ilícita (maconha,

craque, êxtase, LSD, etc.)?

( ) Não ( ) Sim

Qual?___________________________

22. Você tem alguma doença geral

crônica que necessite de tratamento

medicamentoso (diabetes,

hipertensão, etc.)?

( ) Não ( ) Sim

Qual?___________________________

23. Você tem alguma doença

neuropsiquiátrica que necessite de

tratamento medicamentoso

(depressão, epilepsia, esquizofrenia,

etc.)?

( ) Não ( ) Sim

Qual?___________________________

24. Você faz uso contínuo de algum

medicamento no momento?

( ) Não ( ) Sim

Qual (is)?________________________

________________________________

________________________________

________________________________

25. Você já foi a um

Otorrinolaringologista (Médico de

ouvido, nariz, e garganta)?

( ) Não ( ) Sim

Por que

razão?___________________________

________________________________

26. Você já foi a um Fonoaudiólogo?

( ) Não ( ) Sim

Por que

razão?___________________________

________________________________

27. Você acha que escuta bem?

( ) Não ( ) Sim

Por

quê?___________________________

28. Você tem ou já teve algum

treinamento musical?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior, responda as questões

de (a) à (d):

a) O treinamento é (foi):

( ) atual ( )anterior

b) O treinamento é (foi):

( ) Formal (em escolas)

( ) Informal (aprendeu sozinho/alguém

próximo ensinou)

Especificar:______________________

c) Qual o tipo de treinamento? (por

exemplo, curso de canto ou de violão)

________________________________

________________________________

184

d) Quanto tempo durou esse

treinamento?

________________________________

________________________________

e) Que idade você tinha quando teve

esse treinamento?

________________________________

________________________________

29. Você possui alguma habilidade

musical?

( ) Não ( ) Sim

Se respondeu afirmativamente a

pergunta anterior, responda as questões

de (a) à (c):

a) Qual o tipo de habilidade?

( ) Canta ( ) Toca algum instrumento

Especificar:______________________

( ) Reconhece notas musicais isoladas

( ) Outra.

Especificar:______________________

b) Idade na qual começou a ter tal

habilidade?_______________________

c) Idade na qual se tornou fluente em tal

habilidade?_______________________

-------------------------------------------------------------------------------------------------------

CÓDIGO DE IDENTIFICAÇÃO:________________

NOME:_______________________________________________________________

TELEFONES:_________________________________________________________

E-MAIL:______________________________________________________________

DATA:______/______/______

OUTRAS OBSERVAÇÕES:

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

______________________________________________________________________

185

8. Anexos

Anexo 1. Certificado de liberação para realização do estudo pelo Comitê de Ética em

Pesquisa