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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
COLEGIADO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
MARIANA DIAS ALVES
CARACTERIZAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO DO ANTÔNIO, BAHIA.
Salvador – Bahia
2016
1
MARIANA DIAS ALVES
CARACTERIZAÇÃO SÓCIOAMBIENTAL DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO
RIO DO ANTÔNIO, BAHIA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de
Graduação em Geografia como requisito parcial para
obtenção do Grau de Bacharel em Geografia pela
Universidade Federal da Bahia.
Orientadora: Profª Drª Gisele Mara Hadlich
Salvador - Bahia
2016
2
FICHA CATALOGRÁFICA
__________________________________________________________________
Alves, Mariana Dias
Orientadora: Profa. Dra.: Gisele Mara Hadlich
Caracterização Socioambiental da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia. / Mariana Dias
Alves. – Salvador, 2016.
1. Sub-bacia. 2. Uso da terra 3. Setores censitários. 4. rio do Antônio. I. Hadlich, Gisele Mara
___________________________________________________________________________
Elaborada pela Biblioteca do Instituto de
Geociências da Universidade Federal da Bahia
3
TERMO DE APROVAÇÃO
MARIANA DIAS ALVES
CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
DO ANTÔNIO, BAHIA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso
de Graduação em Geografia como requisito parcial para
obtenção do Grau de Bacharel em Geografia pela
Universidade Federal da Bahia.
APROVADO EM: 30 de maio de 2016.
Banca Examinadora:
Gisele Mara Hadlich, Orientadora______________________________________________
Profa Dra em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina
Antônio Puentes Torres, Membro ______________________________________________
Prof Dr em Hidrologia Florestal - Universidad de Córdoba
Dária Maria Cardoso Nascimento, Membro _________________________________________
Profa Dra em Geologia, Universidade Federal da Bahia
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AGRADECIMENTOS
Agradeço а Deus, pela força, proteção е coragem durante toda esta longa caminhada e em
todos os dias de minha vida. Agradeço aos meus pais, Geraldo e Maria Zélia pelo amor, dedicação, exemplo de humildade,
bondade, por terem me dado as melhores referencias de caráter e que cоm muito carinho е
apoio nãо mediram esforços para qυе еu chegasse аté esta etapa dе minha vida. Agradeço às minhas irmãs irmãs, Graça, Geze e Ana, pela preocupação e pelos conselhos que
contribuíram para minha formação , além do carinho e torcida extendidos aos meus
sobrinhos, Marissol, Willian, Antônio e Miguel. A todos os meus tios e tias, primos e primas, em especial a minha tia Marlene e meus primos
Pedro e Heitor pela acolhida no início da minha caminhada aqui em Salvador. Não poderia
deixar de agradecer e homenagear também ao meu tio Dandão (em memória) por seu exemplo
de vida, dedicação a família e educação e que com toda certeza estaria vibrando neste
momento comigo. Ao meu namorado João Gabriel e toda sua família pelo carinho de sempre, apoio e toda
tranquilidade que me passaram nos momentos da execução desse trabalho. À minha orientadora, Professora Drª Gisele Mara, por me acompanhar boa parte da
graduação, por todo conhecimento compartilhado desde o período em que fui monitora em
geomorfologia até a orientação deste trabalho, com paciência, consideração e
reconhecimento. Aos colegas da cartografia e geodésia do IBGE, unidade estadual da Bahia, assim como
também aos colegas da coordenação de licenciamento ambiental da SUCOM, pela
compreensão e palavras de apoio. Enfim, a todos que contribuiram direta e indiretamente nessa trajetória, meu muito obrigada!
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RESUMO
A sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio faz parte da bacia do rio de Contas e
localiza-se no centro sul do estado da Bahia, entre as coordenadas geográficas 14º0’0’’ a
14º56’0’’ S e 41º28’0’’ a 42º48’0’’ W, região fisiográfica do semiárido. Este trabalho tem
como objetivo geral fazer uma caracterização socioambiental da sub-bacia do rio do Antônio,
abordando seus aspectos físicos e socioeconômicos. Desta forma, foram realizadas as
seguintes etapas: caracterização do meio físico da bacia hidrográfica no que se refere a
aspectos hidrográficos, climáticos, geológicos, geomorfológicos e pedológicos; caracterização
do uso e cobertura da terra na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio; verificação de dados
sobre os setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do censo
demográfico de 2010, que se encontram dentro da sub-bacia hidrográfica e, a partir da seleção
de variáveis socioeconômicas e de infraestrutura básica, fazer uma caracterização relacionada
aos aspectos sociais, econômicos e ambientais. Para fazer a análise dos dados foram utilizadas
ferramentas de geoprocessamento e conhecimento prévio de campo. No uso da terra
obtiveram-se cinco classes: áreas urbanas não agrícolas, áreas com vegetação natural, cultivo
- pastagem, água e outras áreas. Em relação aos dados socioeconômicos, foram analisados os
setores censitários com variáveis acerca de infraestrutura básica e sociais. A precariedade
socioambiental na sub-bacia vai além dos problemas enfrentados pelos sucessivos e longos
períodos de seca, incluindo a carência por falta de acesso aos serviços de infraestrutura básica.
Na relação das classes de relevo com o uso e cobertura da terra, notou-se que nos locais onde
há a presença mais concentrada de vegetação natural são as áreas que apresentam maior
declividade, logo são áreas de menos impactos gerados por uso antrópico, sendo que a
ocupação do homem, tipicamente nas áreas urbanas, encontra-se nas áreas de classes de
declividade mais baixa. Na caracterização dos aspectos físicos e socieconômicos não foi
observada uma relação clara entre eles, porém foi observado que as áreas mais carentes em
relação à infraestrutura básica são as áreas rurais.
Palavra-chave: Sub bacia hidrográfica, uso da terra, setores censitários, rio do Antônio.
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ABSTRACT
The sub-basin of the Antonio River, is part of the basin of the Contas River and is
located in the south center of Bahia state, between the geographical coordinates 14º0'0 '' to
14º56'0 '' S and 41º28'0 '' the 42º48'0 '' W, physiographic region of semiarid region. This work
has as main objective to make a social and environmental characterization of the sub-basin of
the river Antonio, addressing their physical and socioeconomic aspects. Thus, the following
steps were taken: characterization of the physical environment of the river basin in relation to
hydrographic aspects, climatic, geological, geomorphological and pedological;
characterization of land use and land cover in the watershed of the River Antonio; Data
verification of the census sectors of the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE)
the census of 2010 are within the watershed and, from the selection of socioeconomic
variables and basic infrastructure, do a related characterization social, economic and
environmental aspects. To make the data analysis were used geoprocessing tools and prior
knowledge of the field. Land use were obtained five classes: non-agricultural urban areas,
areas with natural vegetation, crop - pasture, water and other areas. In relation to
socioeconomic data, census tracts with variable about basic and social infrastructure were
analyzed. The environmental insecurity in the sub-basin goes beyond the problems faced by
successive and long periods of drought, including the lack of lack of access to basic
infrastructure services. In respect of the relevant classes with the use and land cover, it was
noted that where there is the most concentrated presence of natural vegetation are the areas
with the greatest slope, then are areas of least impact generated by anthropic use, and the
occupation of man, typically in urban areas, is in the areas of lower slope classes. In the
characterization of the physical and Socieconomic aspects it was observed a clear relationship
between them, but it was observed that the most deprived areas compared to basic
infrastructure are the rural areas.
Key-words: Sub-basin, land use, census tracts, river of the Antônio.
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SUMARIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 14
2.1 Geral ................................................................................................................................... 14
2.2 Específicos .......................................................................................................................... 14
3 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 15
3.1 BACIAS HIDROGRÁFICAS ............................................................................................ 15
3.1.1 Caracterização de bacias hidrográficas e rede de drenagem ........................................... 17
3.2 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS ................................ 21
3.2.1 Clima ............................................................................................................................... 21
3.2.2 Geomorfologia ................................................................................................................. 21
3.2.3 Geologia .......................................................................................................................... 23
3.3 ESTUDOS AMBIENTAIS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS: CONSIDERAÇÕES
PARA A SUB-BACIA DO RIO DO ANTÔNIO ......................................................... 24
3.3.1 Análise de dados socioeconômicos ................................................................................. 25
3.3.2 Análise do uso da terra .................................................................................................... 26
4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 28
4.1 TRABALHO DE CAMPO ................................................................................................. 28
4.3 USO DA TERRA ............................................................................................................... 28
4.4 MAPA DE HIPSOMETRIA E DECLIVIDADE ............................................................... 30
4.5 SETORES CENSITÁRIOS ................................................................................................ 30
5 CARACTERIZAÇÃO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO ANTÔNIO
.................................................................................................................................................. 33
5.1 CLIMA ............................................................................................................................... 33
5.2 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS ................................................................. 36
8
5.3 HISTÓRICO E OCUPAÇÃO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO
ANTÔNIO .................................................................................................................... 41
6 USO E COBERTURA DA TERRA E CARACTERÍSTICAS SÓCIOECONÔMICAS
.................................................................................................................................................. 46
6.1. USO E COBERTURA DA TERRA .................................................................................. 46
6.2 SETORES CENSITÁRIOS ................................................................................................ 52
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 69
REFERENCIAS ..................................................................................................................... 71
APÊNDICE 1 .......................................................................................................................... 75
9
1 INTRODUÇÃO
A crescente demanda pelo uso dos recursos naturais foi acompanhada nas décadas
recentes pela preocupação com a quantidade e a qualidade desses recursos para as futuras
gerações. No Brasil, os estudos ambientais foram mais impulsionados durante a década de 80,
quando o levantamento de características para este tipo de estudos foram importantes para dar
suporte ao reconhecimento das atividades humanas causadoras de impactos (CUNHA, 2012).
A partir da década de 1990 os estudos se intensificaram, tendo sido a Rio 92
(Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento) um marco
para o ambientalismo, pois reuniu muitos chefes de Estados em busca de soluções para o
desenvolvimento sem degradação nas populações pobres em todo o mundo. As bases para a
Rio 92 tiveram força desde a Conferência em Estocolmo, na Suécia, organizada pela
Organização das Nações Unidas (ONU) em 1972. A visibilidade e repercusão deste evento foi
grande devido às discussões em torno das questões ambientais e encaminhamentos
norteadores visando uma reflexão sobre um crescimen9to econômico e progresso das nações
de forma mais sustentável.
Assim, sobretudo a partir da segunda metade dos anos 1990, iniciou um período
caracterizado pela grande produção de estudos ambientais, mais especificamente relacionadas
ao uso da terra e aos recursos hídricos. A conscientização, cada vez maior por parte da
sociedade em relação aos elementos essenciais para obter uma melhor qualidade de vida e
causar menos impactos ao meio, estimulou o desenvolvimento de estudos ambientais e a
busca gradativa de conhecimentos sobre os recursos disponíveis em suas respectivas áreas de
estudo (CUNHA, 2012).
Consequentemente, ascendeu de forma considerável a aplicação dos estudos
ambientais em bacias hidrográficas e também a sua importância como unidade de
planejamento e análise ambiental. A bacia hidrográfica é reconhecida como unidade espacial
na Geografia desde o fim dos anos de 1960. Contudo, durante a década de 1990 a 2000 ela foi
requisitada por profissionais além da Geografia, abrangendo a grande área das Geociências e
Ciências Ambientais em trabalhos, pesquisas e projetos:
Cresceu enormemente o valor da bacia hidrográfica como unidade de análise
e planejamento ambientais. Nela é possível avaliar de forma integrada as
ações humanas sobre o ambiente e seus desdobramentos sobre o equilíbrio
hidrológico, presente no sistema pela bacia de drenagem. (BOTELHO;
SILVA, 2012, p.155)
10
O conceito de bacia hidrográfica envolve, de uma forma geral e simples, o conjunto de
terras drenadas superficialmente por um rio principal e seus afluentes (DELL PRETTE et al.,
2002, p. 17). Ainda pode ser chamada de bacia de drenagem ou bacia fluvial e também ser
definida como uma área da superfície que drena água, sedimentos e materiais dissolvidos para
uma saída comum, em um determinado ponto de um canal fluvial (TORRES; MARQUES
NETTO et al., 2012, p. 170). Na mesma linha, a bacia hidrográfica é uma área de captação
natural da água de precipitação que faz convergir o escoamento para um único ponto de saída
e compõe-se de um conjunto de superfícies vertentes e de uma rede de drenagem formada por
cursos de água que confluem até resultar em um leito único no seu exutório (TUCCI 1997,
citado por PORTO; PORTO, 2008, p. 48).
A adoção da unidade espacial bacia hidrográfica, não somente para estudos
ambientais, mas também como unidade de gestão, tornou-se mais evidente com a chamada
Lei dos Recursos Hídricos, Lei 9.433 de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH) e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
(SINGREH) (BRASIL, 1997). A Lei das Águas, como também é conhecida, surgiu em uma
circunstância em que a água vinha se tornando cada vez mais escassa considerando seu uso
para diversas finalidades, com a preocupação de que a sua distribuição fosse equitativa.
Apesar do território brasileiro conter grande quantidade de água doce em relação a outros
países, os seus recursos hídricos são mal distribuídos. A água não chega para todos na mesma
quantidade e regularidade devido às diferenças geográficas de cada região e as mudanças de
vazão dos rios causadas pelas variações climáticas ao longo do ano afetam a distribuição; há
também o uso indiscriminado tanto dos mananciais superficiais quanto dos subterrâneos.
Ainda de acordo com a Lei 9.433/1997, o Estado deve compartilhar com os diversos
segmentos da sociedade uma participação ativa nas decisões. Cabe à União e aos Estados,
cada um em suas respectivas esferas, implementar o SINGREH, legislar sobre as águas e
organizar, a partir das bacias hidrográficas, um sistema de administração de recursos hídricos
que atenda as necessidades regionais.
Baseada na lei federal citada acima e ainda na lei estadual 11.612/09, o estado da
Bahia está aperfeiçoando o processo de planejamento e gestão das águas no território baiano,
tendo como unidade de planejamento a bacia hidrográfica, através de Regiões Planejamento e
Gestão das Águas, RPGAs (BAHIA, 2005).
Muitos fatores podem ser considerados em um estudo de bacias hidrográficas. A
abordagem, a perspectiva e a aplicação a ser utilizada neste recorte espacial varia na medida
11
das características escolhidas para serem levantadas, o que se modifica de acordo com as
diferentes análises feitas por profissionais e pesquisadores de diversas áreas. Portanto, apesar
de uma abordagem de cunho hidrológico ser essencial para o entendimento das características
da bacia em uma análise preliminar, necessita-se recorrer a outos fatores para compreender a
sua dinâmica.
Devido a essa dinâmica, à diversidade e à riqueza de informações que a bacia pode
oferecer, é muito recorrente utilizar uma abordagem interdisciplinar para retratá-la. Neste
sentido o enfoque amplia-se, ´´... envolvendo o conhecimento da estrutura biofísica da Bacia
Hidrográfica, bem como das mudanças nos padrões de uso da terra e suas implicações
ambientais...´´ (DELL PRETTE et al., 2002, p. 17).
Posto isso, os estudos sobre bacias hidrográficas podem considerar fatores como
vegetação, clima, geologia, solos, geomorfologia e as ações antrópicas que são
imprescindíveis na definição de parâmetros para diagnóstico do meio físico, social e
econômico. Esses fatores sofrem influências ao longo do tempo, modificando assim a
morfologia e dinâmica dessas áreas. Levando em consideração a dinâmica do recorte espacial
da bacia hidrográfica e o interesse de múltiplas áreas em tê-la como objeto de estudo
interdisciplinar, coloca-se a bacia hidrográfica em um patamar de importante e interessante
área de pesquisa, pois reúne elementos essenciais de um ecossistema, despertando o interesse
e a necessidade de diagnosticar os impactos socioambientais nessas áreas, cada vez mais
recorrentes à medida que os processos antrópicos se intensificam das mais variadas formas.·.
Os estudos de caracterização socioambiental, por exemplo, permitem a amplitude de
eleger elementos diferenciados, sejam eles físicos sociais e econômicos que podem ilustrar
uma série de informações e facilitam a possibilidade de uma análise preliminar do perfil da
bacia, além de viabilizar um conhecimento mais amplo sobre as características da área a ser
pesquisada.
Para este estudo foi eleita a sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio que está
localizada entre as coordenadas geográficas 14º0’0’’ a 14º56’0’’ S e 41º28’0’’ a 42º48’0’’ W,
na Macroregião do Nordeste brasileiro, Região Fisiográfica do Semi-Árido, Mesoregião do
Centro-Sul do Estado da Bahia e, hidrologicamente, no Alto da Bacia do rio de Contas (figura
1).
A escolha da sub-bacia do rio do Antônio decorreu dos problemas enfrentados pela
região, em função do clima semiárido que, por suas características, traz consequências
negativas acarretando em sucessivos e longos períodos de estiagem, consequentemente de
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falta de água e de conflitos pelo seu uso. Além disso, existem poucos registros de pesquisas e
estudos desta bacia resultando na carência de informações de cunho científico para respaldar a
caracterização da área, o que impede uma gestão organizada, podendo prejudicar a qualidade
ambiental e de vida da população que nela vive.
Por um lado mesmo a sub-bacia hidrográfica não constituindo em uma unidade
politico administrativa do poder executivo e muitas vezes corresponder a áreas de
superposição de jurisdição em diferentes níveis, o que gera uma dificuldade em compatibilizar
a sua administração, por outro pode proporcionar uma maior integração das políticas públicas
locais e/ou regionais.
Figura 1 – Sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio localizada na bacia hidrográfica do rio de Contas, no
Estado da Bahia.
Dessa forma busca-se apresentar ao longo dessa pesquisa elementos sócioambientais
que visam caracterizar a área em questão.
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Este trabalho de conclusão de curso apresenta inicialmente, após os “objetivos”, um
capítulo de “revisão de literatura” onde são expostos conceitos, linhas e autores que
subsidiaram teoricamente o desenvolvimento desta pesquisa. Segue um capítulo de
“materiais e métodos” no qual são dispostos as ferramentas e os procedimentos para a
execução do estudo, sendo dividida em seções que expõem as etapas, a execução e o método
da pesquisa. Posteriormente é mostrado um capítulo de caracterização da área de estudo, com
informações gerais da área, como hidrografia, clima, geologia, geomorfologia e solos. A partir
disso, são expostas no capítulo “Uso da terra e características socioeconômicas’ as descrições
do uso da terra e de dados censitários da área da bacia que compreendem, dessa forma, os
resultados e discussões do presente estudo. Por fim, as considerações finais sobre os
resultados apresentados.
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2 OBJETIVOS
2.1 GERAL
O objetivo geral deste estudo é apresentar uma caracterização socioambiental da sub-
bacia hidrográfica do rio do Antônio, localizada no Estado da Bahia, contemplando aspectos
do meio físico e dados socioeconômicos.
2.2 ESPECÍFICOS
São objetivos específicos:
- caracterizar o meio físico da BH no que e refere a aspectos hidrográficos, climáticos,
geológicos, geomorfológicos e pedológicos;
- caracterizar o uso da terra na sub-bacia hidrográfica;
- verificar dados sobre os setores censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) que se encontram dentro da sub-bacia hidrográfica e, a partir da seleção de variáveis
socioeconômicas e de qualidade de vida, realizar uma caracterização relacionada a aspectos
sociais e econômicos;
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3 REVISÃO DE LITERATURA
Como destacado no capítulo anterior, o objetivo principal desta pesquisa é levantar
elementos que possam vir a subsidiar um estudo de caracterização socioambiental na sub-
bacia hidrográfica do rio do Antônio, visando auxiliar no conhecimento das características
desta área de estudo enfatizando a importância da escolha de fatores que podem viabilizar um
diagnóstico para esse tipo de pesquisa.
Os elementos serão analisados através da utilização de geotecnologias. Os
procedimentos e processamento dos dados serão descritos no capítulo de materiais e métodos,
porém, para a compreensão e interpretação desses elementos, são necessários conceitos
apresentados nesta revisão de literatura.
Para compreender as questões associadas à caracterização socioambiental da sub-bacia
hidrográfica do rio do Antônio, esta pesquisa recorreu a estudos e teorias que visam discutir,
fundamentar e explicar os elementos elegidos. Nesse contexto, esse capítulo apresentará além
dos conceitos básicos necessários à pesquisa, elementos de discussão de modo a enriquecê-la.
3.1 BACIAS HIDROGRÁFICAS
O objeto de estudo e unidade de abrangência desta pesquisa é uma sub-bacia
hidrográfica. Um estudo utilizando este recorte como enfoque poderá ter diversas
interpretações e aplicações, dependendo da perspectiva, área de formação e interesse do
pesquisador.
Os primeiros questionamentos que envolvem as bacias hidrográficas, além das suas
características ambientais, estão relacionados à classificação das suas divisões e subdivisões
as quais geram dúvidas a respeito do emprego adequado dos termos bacia, sub-bacia e
microbacia, uma vez que as bacias hidrográficas são unidades espaciais de dimensões
variadas, surgindo as derivações da nomenclatura.
A Bacia de drenagem pode desenvolver-se em diferentes tamanhos, que
variam desde a bacia do rio Amazonas até bacias com poucos metros
quadrados que drenam para a cabeça de um pequeno canal erosivo ou,
simplesmente, para o eixo de um fundo de vale não canalizado. (COELHO
NETTO, 1995, p. 98).
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Na literatura técnico-científica, os critérios para diferenciação das divisões podem ser
desde unidades de medida, aspectos hidrológicos e ou ecológicos.
Em relação aos critérios relacionados à unidade de medidas, tem-se que as sub-bacias,
para Faustino (1996), possuem áreas maiores que 100 km² e menores que 700 km²; já para
Rocha (1997, citado por MARTINS et al., 2005) são áreas entre 20.000 ha a 30.000 ha (200
km² a 300 km²). A microbacia, por sua vez, “possui toda sua área com drenagem direta ao
curso principal de uma sub-bacia, várias microbacias formam uma sub-bacia, sendo a área de
uma microbacia inferior a 100 km²” (FAUSTINO, 1996). Mas para Botelho e Silva (2002), a
dimensão espacial da microbacia não está fixada e não há um consenso sobre a sua
distribuição.
Do ponto de vista dos aspectos hidrológicos, a classificação de bacias hidrográficas
em grandes e pequenas considera, além da superfície total, os efeitos de alguns fatores
dominantes na geração do escoamento superficial, tendo as microbacias como características
distintas uma grande sensibilidade tanto às chuvas de alta intensidade (curta duração) como
também ao fator uso do solo (cobertura vegetal), ou seja, qualquer alteração do uso da terra
reflete rapidamente no rio local. Sendo assim, as alterações na quantidade e qualidade da água
do escoamento superficial, em função de chuvas intensas e ou em função de mudanças no uso
do solo, são detectadas com mais sensibilidade nas microbacias do que nas grandes bacias
(LIMA; ZAKIA, 2000).
Outro conceito importante atribuído a microbacias é o ecológico, que considera a
menor unidade do ecossistema onde pode ser observada a delicada relação de
interdependência entre os fatores bióticos e abióticos, sendo que perturbações podem
comprometer a dinâmica de seu funcionamento. Esse conceito visa à identificação e ao
monitoramento de forma orientada dos impactos ambientais (MOSCA, 2003; LEONARDO,
2003) citado por (TEODORO, 2007; TEIXEIRA, 2007). Calijuri e Bubel (2006) adotam
unidades hidrológicas e ecológicas para conceitualizar o termo microbacia hidrográfica. Para
os autores, são áreas formadas por canais de 1ª e 2ª ordem hierárquica (segundo a
hierarquização fluvial proposta por Strahler, 1952) e, em alguns casos, de 3ª ordem, definida
como base na dinâmica dos processos hidrológicos, geomorfológicos e biológicos. As
microbacias são áreas frágeis e frequentemente ameaçadas por perturbações, nas quais as
escalas espacial, temporal e observacional são fundamentais (TEODORO, 2007; TEIXEIRA,
2007).
17
Para este estudo foi considerado que todos estes termos são relacionados entre si, pois
as bacias podem ser desmembradas em um número qualquer de sub-bacias, dependendo do
ponto de saída considerado ao longo do seu eixo-tronco ou canal coletor. Cada bacia
hidrográfica interliga-se com outra de ordem hierárquica superior, constituindo, em relação à
última, uma sub-bacia. Portanto, os termos bacia e sub-bacias hidrográficas são relativos
(SANTANA, 2004).
As grandes bacias são compostas por várias sub-bacias, estas por outras
tantas sub-bacias, e assim sucessivamente, até chegar às microbacias. Na
realidade, todas são bacias hidrográficas (...) O que vai classificá-las como
sub-bacias é o fato de estarem ou não inseridas em outra bacia com maior
área de drenagem, ou ainda, se seu curso d’água principal for afluente
(tributário) do rio principal da bacia maior. (ANA, 2011, p. 21)
A bacia hidrográfica, portanto, pressupõe múltiplas dimensões e expressões espaciais
(bacias de ordem zero, microbacias, sub-bacias) e que não necessariamente guardam entre si
relações de hierarquia. A funcionalidade implícita na escolha de uma bacia hidrográfica para a
realização de determinado estudo é o grande benefício advindo de uma seleção criteriosa
(BOTELHO; SILVA, 2004).
Para entender o meio físico da bacia hidrográfica é necessário recorrer à
geomorfologia fluvial e à hidrografia e à hidrologia, que englobam o estudo dos cursos de
água e das bacias hidrográficas, considerando as principais características que condicionam o
regime hidrológico. Essas características ligam-se aos aspectos geológicos, às formas de
relevo e aos processos pedológicos e geomorfológicos, às características hidrológicas e
climáticas, à biota e à ocupação do solo (CUNHA, 2012).
Na caracterização da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio foi preciso buscar o
conceito de alguns termos que envolvem a geomorfologia fluvial.
3.1.1 Caracterização de bacias hidrográficas e rede de drenagem
Na bacia hidrográfica, diversos parâmetros podem ser identificados. Considerando a
estrutura hidrológica, é possível compreender que os processos hídricos são formados pela
relação de vários elementos, expressos em diversas características morfométricas de uma
bacia; deste modo, algumas características e definições morfométricas que irão ser utilizadas
mais adiante são apresentadas a seguir.
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A análise linear de uma bacia hidrográfica refere-se aos índices e relações ao longo do
fluxo da rede de drenagem, como relação entre o comprimento médio dos canais de cada
ordem, relação de bifurcação e comprimento do rio principal. Esses elementos compreendem
a fisiografia fluvial, que pode ser entendida sob o ponto de vistas dos tipos de leito (que
corresponde ao espaço ocupado pelo escoamento das águas), de canal e rede de drenagem.
A rede de drenagem por sua vez está relacionada com a conectividade dos canais entre
si e que drenam a água da chuva, dependendo, além do regime das precipitações, das perdas
por evapotranspiração e infiltração, podendo ser chamada também de rede hidrográfica.
Segundo Cunha (2012b), o leito fluvial corresponde ao espaço ocupado pelo escoamento das
águas. Já os padrões dos canais constituem a fisionomia que o rio exibe ao longo do seu perfil
longitudinal e é descrita como retilínia, anostomosada e meândrica.
A ordenação dos canais fluviais é o primeiro passo para a análise morfométrica das
bacias hidrográficas. O grau de ramificação e bifurcação dentro de uma bacia é refletido
através da classificação da ordem dos canais ou rios, dessa forma, entende-se por hierarquia
fluvial o processo de se estabelecer a classificação de determinado curso d´água (ou da área
drenada que lhe pertence) no conjunto total da bacia hidrográfica na qual se encontra
(CRISTOFOLETTI, 1981).
O sistema de hierarquia fluvial que é o mais utilizado e se destaca nos estudos de
caracterização de bacias hidrográficas, foi introduzido por Arthur Strahler. Para ele, os
menores canais, sem tributários, são considerados como de primeira ordem, estendendo-se
desde a nascente até a primeira confluência com outro canal qualquer; os canais de segunda
ordem surgem da confluência dos canais de primeira ordem, e só recebem afluentes de
primeira ordem; os canais de terceira ordem surgem da confluência de dois canais de segunda
ordem, podendo receber afluentes de segunda e primeiras ordens; os canais de quarta ordem
surgem da confluência de dois canais de terceira ordem, podendo receber tributários das
ordens inferiores, e assim sucessivamente (figura 2). Nessa ordenação, elimina-se o conceito
de que o rio principal deva ter o mesmo número de ordem em toda a sua extensão
(MACHADO; TORRES, 2012 citado por MENEZES; MARQUES NETTO, 2012, p. 165).
19
Figura 2 - Hierarquia fluvial representada pelo sistema de Sthraller
Fonte: Adaptado pela própria autora a partir de Christofoletti (1981)
De acordo com o escoamento fluvial, segundo Cunha (2012, p. 223), as bacias podem
ser classificadas em:
- exorréica: quando a drenagem se dirige para o mar;
- endorréica: quando a drenagem se dirige para uma depressão ou dissipa-se nas areias
do deserto ou se perde em depressões cársticas;
Já a classificação dos padrões de drenagem é baseada na geometria dos canais e
apresenta os seguintes tipos fundamentais (CUNHA, 2012, p.225):
- dendrítica: é conhecida como arborescente pela sua semelhança com os galhos de
uma árvore; esse padrão desenvolve-se sobre rochas de resistência uniforme ou em rochas
estratificadas horizontais;
- retangular: está adaptada às condições estruturais e tectônicas que originam
confluências em ângulos quase retos;
- paralela: os rios são poucos ramificados e mantêm espaçamento regular entre si,
originado pelos controles estruturais;
- radial: desenvolve-se em diferentes embasamentos e estruturas;
20
- radial centrífuga: quando os rios nascem próximos de um ponto comum e se irradiam
para todas as direções;
-radial centrípeta: quan/do a drenagem converge para um ponto comum, em posição
baixa;
-anelar: é típica de áreas dômicas profundamente entalhadas;
-irregular: surge em áreas de recente sedimentação, erosão ou levantamento, onde a
drenagem não teve tempo suficiente para se organizar.
De acordo a exposição dos principais tipos de padrão de drenagem, anteriormente,
pode-se identificar alguns desses padrões na figura 3 de acordo classificação adaptada por
Bigarella e extraída de Cunha e Teixeira (2012).
Figura 3 - Principais padrões de drenagem
Fonte: Cunha e Teixeira (2012, p. 226).
21
Para Cunha e Guerra (1998), a bacia hidrográfica constitui-se num elemento formador
de paisagens e relevos, resultados de mecanismos erosivo-deposicionais, resultantes da
interação de diversos fatores bióticos (fauna e flora), abióticos (clima, rocha, solo e posição
topográfica) e antrópicos que, na atualidade, é o fator mais proeminente modificador do meio
ambiente, causando grandes impactos à paisagem e ao equilíbrio dos sistemas ambientais.
Dessa forma, buscou-se neste estudo abordar fatores abióticos, bióticos e antrópicos
para ilustrar o trabalho e compreender as suas funcionalidades diante deste recorte espacial.
3.2 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO EM BACIAS HIDROGRÁFICAS
A bacia hidrográfica tem a sua funcionalidade determinada pelo ciclo da água sendo
dinamizado por diversos fatores físicos, como o clima, a geomorfologia, geologia e solos.
Neste capítulo será feita a descrição desses aspectos e a contribuição de cada um para a
dinâmica da bacia.
3.2.1 Clima
Os processos atmosféricos se apresentam influentes em uma série de sucessões de
estados ou de mudanças que ocorrem em outras partes do ambiente, principalmente na
biosfera, hidrosfera e litosfera. Logo, os estudos climáticos são extremamente importantes em
estudos de cunho ambiental, visto que os mesmos apresentam-se integrados à maioria dos
fenômenos observados nos ecossistemas existentes e, particularmente, em bacias
hidrográficas, já que essas bacias são definidas espacialmente pela hidrologia de superfície
(escoamento das águas de precipitação) (LORANDI; CANÇADO, 2002).
É de extrema importância, portanto, conhecer o clima da região que afeta uma bacia
hidrográfica pois a precipitação define o escoamento superficial, definindo assim a unidade
espacial bacia hidrográfica, e define também alimentação de lençóis que podem vir a
alimentar os rios de uma bacia, o que pode ser verificado somente por estudos hidrológicos
subterrâneos.
3.2.2 Geomorfologia
Por serem capazes de modificar grandes extensões da superfície e por sua relação com
o aprofundamento de vales e reflexo no recuo de vertentes, os cursos d’água constituem-se no
22
processo morfogenético mais atuante na esculturação da paisagem terrestre. Destaca-se a
abordagem apresentada por Casseti (1991) que, discutindo a apropriação do relevo pelo
homem, explicita a evolução geomorfológica de cada vertente em relação ao seu nível local
de base definido pelo rio (talvegue).
Dentre a grande quantidade de variáveis geomorfológicas que podem ser analisadas,
destaca-se a morfometria utilizada com o objetivo de encontrar ligações entre parâmetros
tradicionalmente descritivos de uma bacia e seus possíveis condicionamentos. Usada por
geólogos e pedólogos, em estudos de zoneamento geotécnico e classificação de solos,
respectivamente, a caracterização morfométrica apresenta as seguintes variáveis, sintetizadas
por Christofoletti (1999) quando se estuda:
• uma bacia: área e perímetro, forma, amplitude altimétrica, comprimento,
comprimento total dos canais, quantidade de rios, densidade de drenagem, densidade de rios,
relação de bifurcação, índice de dissecação e índice de rugosidade;
• uma vertente: altura, comprimento, declividade, largura, área ocupada,
granulometria, rugosidade, espessura, densidade de sulcos ou ravinamentos, áreas ocupadas
por matas ou tipos de uso do solo, vegetação, proporcionalidade de recobrimento, conteúdo de
umidade do solo ou do manto decomposto, porosidade do solo ou manto decomposto e
conteúdo orgânico do solo.
A questão da Geomorfologia vai alem da morfometria, a depender do tamanho e forma
das vertentes e da organização da rede de drenagem que compõe a bacia, condicionadas por
fatores climáticos, geológicos e geomorfo-pedológicos; o escoamento superficial vai ser
diferenciado e consequentemente influenciará nas variações dos fluxos e comportamento dos
rios na bacia. Quanto maior a área e a declividade, tanto maior deverá ser a vazão máxima de
escoamento superficial que ocorrerá na sua seção de deságüe. Além disso, a declividade de
um relevo pode expressar a vulnerabilidade de uma vertente e a velocidade do escoamento
superficial e o quanto que determinado fluxo influencia na erosão, pois é um dos principais
fatores que condiciona o transporte de sedimentos.
Neste estudo, a declividade das vertentes da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio
será avaliada e classificada como fator importate para caracterizá-la. Nos estudos ambientais
em bacias hidrográficas este é um importante fator para diagnóstico, principalmente com a
facilidade das novas tecnologias aplicados aos modelos digitais de terreno (MDT) que
permitem a avaliação da declividade, hipsometria, compartimentação geomorfológica,
delimitação de divisores de águas de forma automatizada e prática.
23
Recentemente, a Embrapa Monitoramento por Satélite desenvolveu uma metodologia
para gerar um novo produto de grande interesse para a sociedade brasileira. A base são os
dados numéricos de relevo e da topografia do Brasil, obtidos pela nave espacial americana
durante a missão conhecida como SRTM (Shuttle Radar Topography Mission). Para cada área
de 90 metros por 90 metros do território nacional, dispõe-se de uma medida altimétrica
precisa. Esse gigantesco arquivo de base foi recuperado e tratado matematicamente através de
modelos que permitem reconstituir o relevo do Brasil, como nas cartas topográficas, só que de
forma digital e homogênea. Neste trabalho serão utilizadas imagens SRTM para extração das
classes de declividade e correção da delimitação da bacia.
3.2.3 Geologia
Os fatores geológicos que influenciam na dinâmica de uma bacia de drenagem são
representados pelo tipo de substrato rochoso e por alguns dos processos exógenos e
endógenos que se desenvolvem na crosta terrestre:
- processos exógenos: relacionados à dinâmica superficial, os processos mais
influentes no desenvolvimento de canais de drenagem são: erosão, transporte e deposição,
influenciando na distribuição espacial de áreas em diferentes estágios de erosão, transporte e
deposição (assoreamento) numa bacia hidrográfica; esses mecanismos estão diretamente
relacionados ao intemperismo que é o conjunto de alterações físicas (desagregação) e
químicas (decomposição) que as rochas sofrem quando ficam expostas na superfície da Terra.
É um processo importante porque é o início de um processo maior que continua com a erosão
e a deposição do material por ele formado, com a posterior diagênese, que leva à formação
das rochas sedimentares. Segundo Branco (2009), os tipos de intemperismo podem ser físicos,
químicos e/ou biológicos, sendo que a ação do intemperismo dá-se através de modificações
nas propriedades físicas e químicas dos minerais e rochas. Quando predominam as primeiras,
fala-se em intemperismo físico; se predominam as segundas, fala-se em intemperismo
químico; quando há participação de seres vivos e de matéria orgânica, é classificado em
físico-biológico ou químico-biológico;
- processos endógenos: através da observação dos padrões de drenagem, pode-se
identificar o controle estrutural (falhas, juntas ou lineamentos) nos traçados dos canais, que
pode variar entre muito baixo (modelo dendrítico) a muito alto (modelo angular, treliça).
24
3.2.4 Solos
O tipo de solo interfere diretamente na velocidade de infiltração da água no solo e na
capacidade de retenção de água sobre sua superfície.
As características do padrão de drenagem repercutem no comportamento hidrológico e
litológico de cada unidade de solo. Em locais onde a infiltração é mais dificultada, ocorre
maior escoamento superficial, sendo possível maior esculturação da rede hidrográfica, tendo
como conseqüência uma densidade de drenagem mais alta.
3.3 ESTUDOS AMBIENTAIS EM BACIAS HIDROGRÁFICAS: CONSIDERAÇÕES
PARA A SUB-BACIA DO RIO DO ANTÔNIO
Através da literatura já apresentada pode-se perceber que a importância da bacia
hidrográfica como unidade de análise é inquestionável e o seu campo de observação e
abordagem é bastante vasto:
Entendida como célula básica de análise ambiental, a bacia hidrográfica
permite conhecer e avaliar seus diversos componentes e os processos e
interações que nela ocorrem. A visão sistêmica e integrada do ambiente está
implícita na adoção desta unidade fundamental. (BOTELHO; SILVA, 2004,
p. 153).
Apesar de este ser um estudo descritivo, o fato de estar analisando uma bacia
hidrográfica e a grandiosidade de recursos que as ela fornece, é necessário frisar a sua
dinamicidade e o seu caráter sistêmico, considerando as trocas de energia deste ambiente que
é considerado uma unidade ecológica.
Segundo Tricart (citado por ROSS, 2006), o ambiente é analisado sob o prisma da
Teoria dos Sistemas que pressupõe que na natureza as trocas de energia e matéria se
processam por relações de equilíbrio dinâmico. Esse equilíbrio, entretanto, é frequentemente
alterado pelas intervenções do homem nos diversos componentes da natureza, gerando um
estado de desequilíbrio temporário ou permanente. Diante disso, Trticart (1977) definiu que
os ambientes, quando estão em equilíbrio dinâmico, são estáveis:
As unidades ecodinâmicas instáveis são aquelas em que as intervenções
antrópicas modificaram intensamente os ambientes naturais por meio dos
desmatamentos e das práticas de atividades, enquanto as unidades
ecodinâmicas estáveis são as que estão em equilíbrio dinâmico e foram
poupadas da ação humana, encontrando-se portanto, em seu estado natural,
como, por exemplo, um bosque de vegetação natural. (ROSS, 2008, p. 150).
25
Neste estudo é considerada a importância desta análise sistêmica e a importância de
reconhecer a dinâmica da bacia hidrográfica, porém para o estudo foi abordado o
levantamento de características gerais da bacia para futuramente aprofundar a análise nesta
forma de abordagem.
As aplicações e os métodos para estudos ambientais em bacias hidrográficas são
diversos, mas para este trabalho será utilizado o levantamento de uso da terra e a análise de
setores censitários para o levantamento de características socioambientais e demográficas,
procedimentos que serão detalhados no próximo capítulo, referente aos Materiais e Métodos.
Em relação às características socioambientais e demográficas, foi necessário considerar dados
dos setores censitários porque expressam informações mais precisas em relação a outras
unidades que foram pesquisadas (municípios, microoregiões), pois a seleção de setores
censitários apresentou melhor expressividade na bacia do que limites administrativos
municipais.
3.3.1 Análise de dados socioeconômicos
Para análise dos setores foi necessário buscar alguns conceitos de termos baseados na
base territorial de informações do IBGE (2011) para compreender melhor a interpretação dos
dados:
- setor censitário: unidade territorial de controle cadastral da coleta, constituída por
áreas contíguas, respeitando-se os limites da divisão político-administrativa, do quadro urbano
e rural legal e de outras estruturas territoriais de interesse, além dos parâmetros de dimensão
mais adequados à operação de coleta;
- domicílio: é o local estruturalmente separado e independente que se destina a servir
de habitação a uma ou mais pessoas, ou que esteja sendo utilizado como tal;
- domicílio particular permanente: domicílio construído para servir, exclusivamente, à
habitação e, na data de referência, tinha a finalidade de servir de moradia a uma ou mais
pessoas;
- população residente: constituída pelos moradores em domicílios na data de referência
da pesquisa;
- situação do domicílio: segundo a sua área de localização, o domicílio foi classificado
em situação urbana ou rural. Em situação urbana, consideraram-se as áreas, urbanizadas ou
não, internas ao perímetro urbano das cidades (sedes municipais) ou vilas (sedes distritais) ou
26
as áreas urbanas isoladas, conforme definido por Lei Municipal vigente em 31 de julho de
2010. Para a cidade ou vila em que não existia legislação que regulamentava essas áreas, foi
estabelecido um perímetro urbano para fins de coleta censitária, cujos limites foram
aprovados pelo prefeito local. A situação rural abrangeu todas as áreas situadas fora desses
limites. Este critério também foi utilizado na classificação da população urbana e da rural;
- banheiro: cômodo que dispunha de chuveiro (ou banheira) e vaso sanitário (ou
privada) e de uso exclusivo dos moradores, inclusive os localizados no terreno ou na
propriedade;
- energia elétrica: existência, no domicílio particular permanente, de energia elétrica e,
para o domicílio que possuía, investigou-se a sua origem: de companhia distribuidora ou de
outra fonte (eólica, solar, gerador etc.);
- pessoa responsável pelo domicílio: para a pessoa (homem ou mulher), de 10 anos ou
mais de idade, reconhecida pelos moradores como responsável pela unidade domiciliar;
- alfabetização: considerou-se alfabetizada a pessoa capaz de ler e escrever um bilhete
simples no idioma que conhecesse.
3.3.2 Análise do uso da terra
Entre as metodologias voltadas ao estudo de bacias hidrográficas estão aquelas que
empregam o uso das geotecnologias e seus elementos, destacando-se os Sistemas de
Informações Geográficas (SIGs) e a análise de imagens orbitais para auxiliar na determinação
do diagnóstico e apreciação da área a ser estudada. Os SIGs têm sido muito utilizados devido
à sua flexibilidade e disponibilidade, consistindo de sistemas computadorizados que permitem
sobrepor diversos informações espaciais da área estudada. O uso de métodos associados aos
SIGs oferece ainda a possibilidade de executar modelagem para prever padrões espaciais de
processos ecológicos, com relação a possíveis cenários decorrentes do tipo de ocupação/uso
dos recursos naturais; possibilita também auxiliar os tomadores de decisão na definição de
diretrizes a respeito de usos da terra em uma bacia hidrográfica:
O geoprocessamento, por intermédio de suas ferramentas computacionais,
apresenta-se como uma ótima técnica de análise espacial de dados
geográficos, tal fato tem feito com que seja aplicado nas diversas esferas do
conhecimento para a tomada de decisões. (COLATIVE; BARROS, 2006)
Para este estudo, o uso de um SIG foi imprescindível, pois auxiliou na maioria das
análises, tanto qualitativas, como no caso do uso da terra, como quantitativas, como no caso
dos setores censitários ou quantificação (área ocupada) de diferentes usos da terra. Os
27
princípios de sensoriamento remoto (SR) e as imagens de satélite, que são elementos do
geoprocessamento, são de grande relevância para este estudo.
Para realizar o processamento do mapa de uso da terra foram utilizadas duas cenas de
imagens de satélite, o Landsat 8, o mais moderno da família Landsat.
O programa Landsat (Land Remote Sensing Satellite) foi desenvolvido pela NASA
(National Aeronautics and Space Administration) no final da década de 60 com o objetivo de
coletar dados sobre os recursos naturais renováveis e não renováveis da superfície terrestre.
Após lançamento e aquisição e disponibilização de imagens dos satélites Landsat 1, 2, 3, 5 e
7, foi lançado o Landsat 8 em fevereiro de 2013.
O Landsat 8 apresenta órbita praticamente polar, posicionando-se de maneira
heliossíncrona a uma altitude de aproximadamente 705 km. Existem dois sensores
embarcados no satélite Landsat-8, o OLI (Operacional Land Imager) e o TIRS (Thermal
Infrared Sensor). Os sensores a bordo do satélite em questão possuem faixa de imageamento
de 170 km norte-sul por 185 km leste-oeste, resolução temporal de aproximadamente 16 dias,
resolução espacial de 30 m para as bandas do visível, 15m para banda pancromática e 100 m
para as bandas termais (TIRS).
28
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Para atingir os objetivos propostos, foram desenvolvidas diversas etapas de pesquisa.
Inicialmente foi feita uma revisão de literatura que buscou conceitos básicos para o
desenvolvimento do trabalho, apresentados no capítulo anterior. Para a caracterização da
bacia hidrográfica do rio do Antônio, realizou-se revisão de literatura mais específica sobre a
área, buscando informações sobre o meio físico já existentes (hidrografia, geologia, clima
etc.) e sobre características antrópicas. Assim, a revisão foi feita através de obras, teses e
artigos de conteúdo que envolveu caracterização de bacia e estudos ambientais.
Seguem a descrição das outras etapas da pesquisa.
4.1 TRABALHO DE CAMPO
Foi realizada observação de campo da área de estudo no mês de fevereiro de 2014,
quando foram feitos o reconhecimento da área e registros fotográficos através de máquina
fotográfica e GPS (Sistema de Posicionaento Global) Garmin para coleta de coordenadas dos
locais visitados.
4.2 BASES CARTOGRÁFICAS
Para representar a área de estudo nos mapas foram utilizados nas bases cartográficas
os arquivos vetoriais na extensão shape file no sistema de referência geodésico SIRGAS
2000: Hidrografia e Localidades 1:100.000, SEI, 2013; hidrografia 1:1.000.000.000, BAHIA,
2005; limites municipais e limites dos setores censitários foi feito download da base territorial
com todos os arquivos referentes ao censo demográfico do IBGE, 2010.
No mapa de uso da terra foi utilizada a escala de abrangência do estudo de 1:250.000,
mas sua representação foi feita na escala 1:320.000. Da mesma forma todos os cartogramas
com as informações dos setores censitários, mapas de hidrografia e classes de declividade,
este último elaborado através de imagens SRTM com articulação compatível com 1:250.000.
4.3 USO DA TERRA
Para elaborar o mapa de uso da terra adquiriu-se, por meio de download no banco de
dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), duas imagens orbitais do satélite
Landsat 8, com resolução espacial de 30 m (órbita 217, ponto 70, de set/2015 e órbita 218, ponto
70, de out/ 2015) referentes a mesma estação anual e aos meses de menor precipitação. Este
29
satélite é equipado com dois sensores, Operational Land Imager (OLI) e Thermal Infrared Sensor
(TIRS), sendo que os produtos OLI consistem de 9 bandas multiespectrais (bandas 1 a 7 e 9) com
resolução espacial de 30 metros e a oitava banda, pancromática, com resolução de 15 m. As
bandas do TIRS não foram utilizadas, pois fornecem dados para análise de temperatura da
superfície.
Após a obtenção das imagens, no software Spring (CAMARA et al., 1996) versão 5.2, um
SIG, combinaram-se as bandas 6, 5 e 7 na ordem RGB para obter uma composição colorida que
possibilitasse a interpretação dos alvos existentes na superfície terrestre, distinção dos tipos de
cobertura vegetal e outras coberturas.
No mesmo software manipulou-se o contraste, alterando-se o histograma, dos canais das
cores primárias correspondentes às bandas ativadas no momento da execução 6R5G7B.
Na etapa de segmentação a imagem foi dividida em regiões referentes a um conjunto de
pixels contíguos, uniformes e bidirecionais, viabilizando a extração de objetos relevantes para a
pesquisa. Apenas as regiões adjacentes foram agrupadas por meio de um cálculo que utiliza
determinado critério de similaridade, baseado em uma hipótese estatística que testa a média entre
elas. Neste trabalho foi utlizada similiaridade de 20 e área mínima de 200 pixels.
Em seguida a imagem foi classificada supervisionada por meio do classificador
Bathacharya. Este método de classificação, partindo de uma imagem segmentada, envolve
uma fase de aquisição e análise de amostras fornecidas, visando aperfeiçoar o mapeamento
final. A rotina de classificação envolve o fornecimento de amostras de cada classe temática
para posterior análise e classificação. Como existiu um conhecimento de campo preliminar,
permitiu-se a identificação da classe temática de algumas regiões geradas pelo segmentador.
Após isso, foi feito o mapeamento das classes, ajustando os temas gerados
anteriormente. Através disso foi transformada a imagem classificada em um mapa temático
raster e exportado em format tiff.
O mapa em formato tiff foi importado para o software Arcgis 10.2, outro SIG, e após
isso foi novamente ajustado finalizando o layout.
A interpretação das classes além de ser feita através de conhecimento prévio de
campo, também teve como base o manual técnico de uso da terra do IBGE (2007), baseada
no nível I :
O nível I (classes), que contém cinco (5) itens, indica as principais categorias
da cobertura terrestre no planeta, que podem ser discriminadas a partir da
interpretação direta dos dados dos sensores remotos. Atendem aos usuários
interessados em informações nacionais ou inter-regionais. (IGBE, 2007, p.
45).
30
4.4 MAPA DE HIPSOMETRIA E DECLIVIDADE
Para o mapa de hipsometria foi utilizado o shape de altimetria fornecido pelo INEMA
do Plano Estadual de Recusos Hídricos (PERH, 2013), com as curvas de nível variando de
1000 a 400. Esse shape foi importado para o Arcgis 10.2, ajustando a simbologia e das cores
finalizando o layout.
Para analisar os aspectos de declividade, tomou-se como base para processamento o
Modelo Numérico de Terreno (MNT) SRTM. A partir do endereço eletrônico <http:
http://www.relevobr.cnpm.embrapa.br/download/ba/ba.htm> foi realizado o download de
duas imagens cobrindo a área da bacia do Rio do Antônio, equivalentes às folhas SD23ZB e
SD24YA. Estas imagens, no sistema de projeção UTM (WGS-84) e articulação compatível
com a escala 1: 250.000, foram importadas para o programa ArcGis 10.2.
A partir desse MNT, foram elaborados os mapa de declividade, utilizando a
ferramenta do Arctoolbox Slope com definição das declividades em porcentagem. A função
Slope calcula a taxa máxima de variação entre cada célula e seus vizinhos, ou ainda, a
variação máxima da altitude que ocorre na distância dada entre aquela célula e seus oito
vizinhos. Cada célula do raster de saída tem um valor de declividade (COSTA, FIDALGO,
SCHULER, 2011).
Para o mapa de declividade foram adotados os limites de classe apresentados por
IBGE (2007), expressos no quadro 2.
Quadro 1 - Limites de classe de declividade adotados por IBGE (2007)
Declividade (%) Relevo
0 < 3 Plano
3 < 8 Suave ondulado
8 < 20 Ondulado
20< 45 Forte ondualdo
45< 75 Montanhoso
> 75 Escarpado
4.5 SETORES CENSITÁRIOS
Para caracterização socioeconômica e demográfica da sub-bacia hidrográfica do rio do
Antônio, foram utilizadas as informações da base de dados territorial dos setores censitários
do IBGE, publicação de 2011. Foram selecionados 252 setores compreendendo setores rurais
e urbanos, envolvendo municípios, com ou sem a sede dentro da bacia (Apêndice 1). O
31
código do setor é composto pela numeração UFMMMMMDDSDSSSS, onde: UF – Unidade
da Federação; MMMMM – Município; DD – Distrito; SD – Subdistrito; SSSS – Setor (IBGE,
2011).
As variáveis foram escolhidas buscando evidenciar algumas informações sobre a
população, renda, alfabetização e infraestrutura, considerando que variáveis como “existência
de banheiros” ou “destino do lixo” refletem condições ambientais. Assim, foram selecionados
os dados de:
Planilha Domicilio01_UF:
V002: Domicílios particulares permanentes.
V038 Domicílios particulares permanentes com lixo queimado na propriedade
V039 Domicílios particulares permanentes com lixo enterrado na propriedade
V041 Domicílios particulares permanentes com lixo jogado em rio, lago ou mar.
V046 Domicílios particulares permanentes sem energia elétrica.
Planilha Domicílio02_UF:
V002 Moradores em domicílios particulares permanentes
Planilha Responsável02:
V093 Pessoas Responsáveis alfabetizados.
Planilha Pessoa03_UF:
V001 Pessoas Residentes
Planilha Domicíliorenda_uf:
V005 Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de
até 1/8 salário mínimo.
V008 Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de
mais de 1/2 a 1 salário mínimo.
V012 Domicílios particulares com rendimento nominal mensal domiciliar per capita de
mais de 5 a 10 salários mínimos.
Planilha Entorno 01_uf:
V050 Domicílios particulares permanentes próprios – Existe esgoto a céu aberto.
V052 Domicílios particulares permanentes alugados – Existe esgoto a céu aberto.
V054 Domicílios particulares permanentes cedidos – Existe esgoto a céu aberto.
32
Após a seleção dos setores e variáveis a serem analisadas, foi organizado um banco de
dados em tabela no programa Excel (Microsoft) que foi importado para o SIG Arcgis e
relacionado com o gráfico dos setores na extensão shape file com Projeção UTM no Sistema
de Referência Geodésico SIRGAS 2000. Depois os dados foram processados para a geração
dos mapas.
Vários dados absolutos foram convertidos para porcentagem, haja vista a grande
disparidade no que se refere à área delimitada por cada setor.
33
5 CARACTERIZAÇÃO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO ANTÔNIO
A sub-bacia do rio do Antônio, com área de 6.540 km², faz parte da bacia hidrográfica
rio de Contas, situada na região centro sul do Estado da Bahia. Os principais afluentes do rio
do Antônio são os rios do Salto e do Paiol, que se encontram formando o rio do Antônio
(Figura 4), mas ainda se destacam na sub-bacia os rios Cachoeirão, Batalhão, São Domingos,
Barreiro e os riachos Fundo e Tamboril.
O percurso do rio do Antônio (rio principal) se estende por cerca de 120 km e sua
vazão é de 7 m³/s, banhando diversas localidades, entre as quais se encontram as sedes
municipais de Licínio de Almeida, Caculé, Rio do Antônio, Guajerú, Malhada de Pedras e
Brumado (BAHIA, 2002b) e ainda parte do território dos municípios de Condeúba, Jacaraci,
Presidente Jânio Quadros, Ibiassucê e Pindaí.
Trata-se de uma sub-bacia exorreica, com hierarquia fluvial na foz de 12 ordem
(considerando a escala 1:100.000), O regime dos cursos dos rios é intermitente, e o padrão de
drenagem predominantemente na sub-bacia é o dendrítico, mas com variações de densidade.
Alongada de O-SO a NE, a maior densidade de drenagem é encontrada nas cabeceiras da sub-
bacia a oeste e na parte central, e a menor densidade encontra-se na área do centro à foz da
sub-bacia, a NE. Em alguns locais encontram-se rios retilíneos, denunciando controle
estrutural na área.
5.1 CLIMA
Segundo o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado da Bahia,
(INEMA, 2016), o clima predominante nesta área é o Semiárido, com precipitações médias
anuais são inferiores a 700 mm. O Semiárido tem como traço principal as frequentes secas
que podem ser caracterizadas pela ausência, escassez, alta variabilidade espacial e temporal
das chuvas, sendo comum a sucessão de longos períodos seguidos de seca. Além disso,
apresenta insolação média de 2.800 h/ano, temperaturas médias anuais 23º a 27º C e o
domínio do ecossistema da Caatinga (SUDENE 2016).
34
Figura 4 – Hidrografia da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia
Fonte: PERH, 2013; SEI, 2013. Elaboração: Mariana Dias Alves, 2016.
35
O balanço hídrico na estação meteorológica de Caetité, estação mais próxima da sub-
bacia com dados disponíveis no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), mostra que o
período de maior precipitação, quando ocorre reposição de água no solo e excesso hídrico, vai
de novembro a fevereiro, sendo que de março a outubro ocorre déficit hídrico, com
armazenamento de água no solo abaixo do máximo (figura 5).
Figura 5 – Balanço hídrico climatológico para a estação meteorológica de Caetité, Bahia
Fonte: INMET (2016)
A área da sub-bacia do rio do Antônio é considerada uma Unidade de Balanço (UB)
dentre um total de 77 UB´s divididas através das 13 ou regiões hidrográficas do Estado da
Bahia. Essas unidades são distinguidas por regiões com características relativamente
36
homogêneas, nas quais as disponibilidades e demandas hídricas são conhecidas e suficientes
para efetuar o balanço hídrico (BAHIA,2005).
Um dos problemas existentes na sub-bacia do rio do Antônio é a pouca
disponibilidade de água para os diversos usos. O balanço hídrico feito para o ano de 2002, por
exemplo, mostra que a vazão regularizada útil nas cinco principais barragens era de 473 L/s e
o total das demandas para abastecimento humano, animal, irrigação e industrial era de 509
L/s. Somando-se às demandas as perdas por infiltração e evaporação, estimadas em 50 L/s,
teve-se, naquele ano, um déficit de água potencialmente existente na sub-bacia da ordem de
86 L/s (Quadro 2).
Quadro 2 - Balanço hídrico preliminar para o ano de 2002, sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, entre as
barragens de Truvisco e de Brumado
Fonte: BAHIA (2002a).
5.2 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E SOLOS
As unidades geomorfológicas presentes na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio
são o Pediplano Sertanejo e Pedimentos funcionais ou retocados por drenagem incipientes,
pertecentes a região geomorfológica das Depressões periféricas interplanálticas em grande
parte, envolvidas pela unidade das Serras Marginais pertencente
à região geomorfológica do Planalto Sul Baiano. As unidades Patamares Marginais e
Pedimentos Cimeiro pertencem à região geomorfológica da Serra Geral do Espinhaço
(MONTEIRO, 1980).
A geologia da área da sub-bacia encontra-se em linhas gerais na província São
Francisco, no domínio central da Bahia. Nas áreas de pediplanação, que ocupa a maior porção
da sub-bacia, existe uma predominância de rochas muitos antigas e intemperizadas que datam
37
do Arqueano, migmáticas e intrusivas diversas, inclusive nos Pedimentos funcionais. Nas
Serras Marginais, predominam rochas do Proterozóico Inferior, contemplando o Coplexo
Ibitira-Brumado, com, no topo, coberturas arenosas e detríticas do Terciário-Quaternário. Na
área da Serra Geral do Espinhaço, encontram rochas do Proterozóico médio e inferior, filitos,
quartizitos, e rochas do Complexo Lícinio de Almeida (INDA, 1978).
As altitudes na sub-bacia variam em 1250 metros, área mais elevada, até a 400 metros
nas áreas menos elevadas, onde se localiza a foz do rio do Antônio. Portanto, tem-se uma
amplitude altimétrica de 850 metros, conforme se pode observar no mapa de hipsometria
(figura 5, próxima página).
No oeste da sub-bacia estão as maiores concentrações das curvas com altitudes de 900
a 1250 metros, com altimetria mais elevadas representadas pelas cores mais quentes,
vermelho, laranja. Essas curvas também se expressam espalhadas pelas bordas ao longo de
toda sub-bacia , indicando assim, os divisores de águas. Ao centro predominam as curvas
entre 880 a 600 metros representadas pelos tons de amarelo, e do centro em direção a porção
nordeste se encontram as curvas de 500 a 400 metros, com tons de verde, caracterizando ás
altidudes mais baixas da área da sub-bacia, mais próxima da foz do rio do Antonio.
Para se ter uma visão vertical foi inferido na área da sub-bacia um seguimento A-B ,
para analisar o perfil vertical topográfico e ilustrar as altitudes verificadas acima (figura 6).
Figura 6 - Perfil topográfico de seguimento A-B na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia
Elaborado por: Mariana Dias Alves, 2016, a partir do Google Earht Pro.
38
Figura 5: Hipsometria da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio
Elaboração: Mariana Dias Alves, 2016.
39
O ponto inicial (A) representa uma altitude máxima do segmento com 1240 metros; a
partir deste ponto até os primeiros 25 km da reta verifica-se uma variação maior na altitude,
descrescendo até 750 metros. Entre 25 km e pouco mais de 75 km são observadas altitudes
entre 700 e 500 metros. Um pouco depois do km 75 ao km 110 é observado uma
homogeneidade em relação à altitude. Após 110 km ao final do segmento, ponto B, são
apresentadas altitudes de 500 a 417 metros, representando a área mais baixa do perfil
equivalente à proximidade da foz do rio do Antônio.
A hipsometria, além de mostrar a variação de altitude do relevo, é um indicativo para
diagnosticar as áreas mais declivosas ou planas de uma área, que no caso de uma sub-bacia
hidrográfica, são informações diretamente ligadas à velocidade do escoamento superficial.
Desta forma foi feito mapeamento das classes de declividade da sub-bacia hidrográfica
do rio do Antônio (figura 7). Foram reconhecidas as seguintes classes de relevo na sub-bacia
na área de estudo:
Plano - superfície de topografia lisa ou horizontal, onde os desnivelamentos são muito
pequenos, com declividades inferiores a 3%. É classe que predomina na sub-bacia, na cor
verde, sendo mais contíguas no terço final da sub-bacia, onde a densidade de drenagem é
menor; são vastas áreas, o que diminui a velocidade do escoamento superficial. Essas áreas
representam a unidade geomorfológica Pediplano Sertanejo, com solos Latossolos Vermelho-
Amarelo com características que apresentam cores vermelho-amareladas, elevada
profundidade, boa drenagem e normalmente baixa fertilidade natural (IBGE, 2007);
Suave Ondulado - superfície de topografia ligeiramente movimentada, constituída por
conjunto de pequenas colinas ou outeiros, ou sucessão de pequenos vales pouco encaixados
(rasos), configurando pendentes ou encostas com declives entre 3 até 8%. É a segunda classe
com maior incidência na sub-bacia, mas bastante moderada uma vez que a sub-bacia não
apresenta uma brusca mudança de relevo, ainda com vestígios de incidência do Pediplano
Sertanejo. São encontrados nesta faixa também uma maior incidência de Argissolos
Vermelho-Amarelos Eutróficos, com uma profundidade variável, mas pouco expressiva;
Ondulado - superfície de topografia relativamente movimentada, constituída por
conjunto de medianas colinas e outeiros, ou por interflúvios de pendentes curtas, formadas por
vales encaixados, configurando em todos os casos pendentes ou encostas com declives
maiores que 8% até 20%. As unidades geomorfológicas presentes nesta classe são as Serras
Marginais que apresentam Cambissolos háplicos, que apresentam variação de profundidade e
denagem variando de acentuada a imperfeita.
40
Figura 7 - Mapeamento das classes de declividade da sub-bacia hidrográfica do Rio do Antônio, Bahia
41
Forte Ondulado - superfície de topografia movimentada, com desníveis fortes,
formadas por conjunto de outeiros ou morros, ou por superfície entrecortada por vales
profundos, configurando encostas ou pendentes com declives maiores que 20 até 45%.
Essa classe apresenta-se com pouca expressividade na sub-bacia, mais localizada ao oeste
da sub-bacia e nas extremidades. As unidades geomorfológicas que se apresentam nesta
classe da sub-bacia são os Patamares Marginais da Serra Geral do Espinhaço, Pediplano
Cimeiro da Chapada Diamantina nas áreas elevadas mais planas e Pedimentos Funcionais
ou Retocados por Drenagem Incipiente nas áeas de sopé das vertentes. Os solos com
predominância nesta área são os Neossolos litólicos, que são rasos. Embora sem constituir
representatividade espacial expressiva, ocorrem de forma dispersa em ambientes
específicos como relevos muito acidentados de morrarias e serras.
5.3 HISTÓRICO E OCUPAÇÃO DA SUB-BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO
ANTÔNIO
Para entender a história e ocupação da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, é
necessário buscar informações sobre os municípios que possuem sede urbana dentro da sub-
bacia, uma vez que a ocupação nas margens do rio principal desta sub-bacia foi muito comum
para a origem de urbanização dessa área. No mapa de divisão da sub-bacia pode-se observar a
sobreposição da malha de municípios que integram a área da sub-bacia (Figura 8).
São 11 os municípios com áreas abrangidas pela sub-bacia: Brumado, Caculé,
Condeúba, Guajeru, Licínio de Almeida, Ibiassucê, Malhada de Pedras, Pindaí, Presidente
Jânio Quadros e Rio do Antônio. Porém apenas seis possuem sede municipal urbana dentro da
área da sub-bacia (quadro 3). Estas sedes estão interligadas pelas rodovias estaduais BA 030,
BA 026, BA 262, BA 263, BA 156 e BA 614.
A maioria dos municípios com área nesta sub-bacia possuem histórico de ocupação
similar, desta forma foi levantada informações apenas dos municípios com sede dentro da
sub-bacia para conhecer um pouco da história dessas localidades que fazem parte da sub-
bacia.
Em Licínio de Almeida os primeiros desbravadores do território foram os bandeirantes
portugueses a procura de ouro e pedras preciosas. No começo do século XIX, agricultores de
outros municípios ali se fixaram e desenvoveram a agropecuária.
42
Figura 8 – Recorte da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio sobre os municípios por ela abrangidos
Quadro 3 - Municípios com área abrangida pela sub-bacia do Rio do Antônio, Bahia
Município Parcial Total Sede
Brumado X X Caculé X X
Condeúba X
Guajerú X X
Ibiassucê
Jacaraci
X
X
X
Licínio de Almeida X X
Malhada de Pedras X X
Pindaí X
Presidente Jânio Quadros X
Rio do Antônio X X
Elaboração: Mariana Dias Alves, 2016.
Originou-se do povoado formado em torno da fazenda Gado Bravo, da família Soares.
Com a chegada dos trilhos da Rede Ferroviária Federal Leste Brasileiro na década de 40,
formou-se o povoado Gado Bravo. Este povoado foi elevado a distrito em 1953 pela Lei
43
Estadual nº 628, já com o nome de Licínio de Almeida, engenheiro da Rede Ferroviária
Federal que ali residira e falecera. Emancipou-se finalmente em 1962, pela Lei Estadual nº
1.670, como território desmembrado dos municípios de Urandi e Jacaraci, (IBGE, 2016).
Nas terras que hoje integram o município de Caculé existiu primeiro a Fazenda Jacaré,
de propriedade de Dona Rosa Prates: estendiam-se elas de Jacaré, povoado do distrito de
Ibiassucê, até os atuais limites do distrito de Caculé. Em 1860, a senhora Rosa doou um
terreno para ser construída uma capela sob a invocação religiosa dos moradores do local,
correspondente ao local onde atualmente se ergue a cidade. A tradição registra que um
escravo da fazendeira Manoel Caculé, após a abolição da escravatura, passou a morar à
margem de uma lagoa existente no local. Os viajantes que tomavam aquela direção, ao se
cruzarem pelo caminho, perguntavam, uns aos outros, de onde vinham e para onde iam, e a
resposta era sempre a mesma: lagoa do Caculé. Este nome passou assim a designar o acidente
geográfico, depois o povoado e mais tarde estendeu-se a todo o município (IBGE, 2016).
O município de Guajeru teve suas origens históricas no início do século XIX. Tudo
indica que nessa época houve a exploração sertão no centro sul da Bahia. A seca fez do sertão
um lugar difícil de se morar, os sertanejos acabaram se tornando nômades. É provável que na
região onde se situa a cidade de Guajeru, um grupo de familias resolveram fixar moradia no
local que hoje e chamada “Rua Velha", como o próprio nome justifica. Esse é o lugar onde
foram edificadas as primeiras habitações da cidade atual. Durante muitos anos, várias famílias
viveram neste lugar, trabalhavam na agricultura e na criação de animais, principalmente de
gado, galinha e cabra. Relacionavam-se com os povoados vizinhos e viviam com costumes
sertanejos, herdados dos índios. Nos povoados vizinhos, que hoje é a zona rural do munícipio,
a maneira de viver era a mesma, mas ambos enfrentaram um grande problema: a seca. O
povoado no lugar onde hoje é conhecido por " Rua Velha", deve ter durado cerca de 100 anos,
mas na época das chuvas esse lugar ficava inundado as casas caíam e era preciso reconstruí-
las novamente; assim, as pessoas que moravam nesse povoado naquela época resolveram
mudar suas casas para um lugar mais alto. Essa mudança deve ter ocorrido por volta de 1920.
O chefe do povoado, Eugenio Bispo de Souza era contra a mudança. Quando ele mudou para
Condeúba, Jesuino Pereira de Souza convidou o povo para mudar, o povo aceitou e a
mudança foi feita. Em pouco tempo essas casas foram construídas ao redor da Igreja, que foi
erguida quando o povoado era ainda "Rua Velha". Eram duas ruas de casas que formavam o
povoado de Santa Rosa do Panasco, nome dado pelos moradores à cidade em homenagem a
44
padroeira. O nome Panasco figurou na denominação porque na região havia uma espécie de
capim conhecido por Panasco, (IBGE, 2016).
Malhada de Pedras vive da agricultura de subsistência e da pecuária. A área que
integra o atual município pertencia, antes da sua emancipação, ao município de Brumado. A
origem de seu nome, segundo antigos moradores, deu-se em razão de existir no local grande
quantidade de pedras onde os gados eram reunidos em lotes para dormir. Até o ano de 1915, o
território do município era coberto por vegetação tipicamente de caatingas e ainda
inexploradas. Nessa época existiam no lugarejo somente três casas formando a comunidade,
de propriedade dos senhores Benedito José Bernardes Santos, José Rodrigues e João Ferreira.
Pouco tempo depois os primeiros moradores doaram suas terras a várias famílias que ali se
fixaram concorrendo com seu trabalho para o progresso e conseqüentemente evolução da
localidade. Aos poucos a povoação foi crescendo, surgindo pequenas casas. Em 1944
surgiram os primeiros trilhos VFFLB, na extensão do trecho Malhada de Pedras a
Umburanas. Somente em 11 de setembro de 1948 inaugurava-se a estação ferroviária com a
comitiva chefiada pelo então Ministro da Viação Dr. Clóvis Pestana de Castilho, sendo
nomeado o primeiro Agente de Estação o senhor Catarino dos Santos Pereira, data em que
ligava o então Povoado a capital do Estado, acontecimento este que marcou época, trazendo
consigo progresso para o desenvolvimento da localidade onde se efetuava o embarque de
gado bovino, vindo de diversas partes com destino à capital. Em 1945, com ajuda material de
grande número de moradores, iniciou-se a construção de uma capela, sob invocação religiosa,
cuja obra foi concluída em 1950. Por força da Lei Estadual nº 1710, de 12 de julho de 1962, o
povoado de Malhada de Pedras foi desmembrado do município de Brumado. O município foi
formado com fração de terras dos distritos de Brumado e Ubiraçaba. Instalado em 7 de abril
de 1963, compunha-se de único distrito do mesmo nome. Malhada de Pedras teve Benevides
José Bernardes como primeiro morador, o qual construiu sua residência nas imediações da
Praça Monsenhor Antônio Fagundes, atual praça da Matriz, sendo seu exemplo seguido por
outros. Assim surgiu um povoado, Malhada de Pedras, cujo nome tem origem pela grande
quantidade de pedras existente no local (IBGE, 2016).
Rio do Antônio surgiu com seus primeiros habitantes no ano de 1874, na Fazenda do
Senhor Bemardo José Dias, onde o mesmo, com seus filhos, construiu uma Capela em louvor
à Nossa Senhora do Livramento, que atualmente é a Padroeira do Município. Formou-se um
povoado e, como se situava próximo à Fazenda do nativo Antônio, e na referida fazenda
passava um rio, denominou-se o Povoado de Rio do Antônio. Em ocasiões mais tarde passou-
45
se a Vila de Rio do Antônio, com a administração pública e a jurisprudência, pertenceu ao
município vizinho de Caculé. A sua emancipação política foi oficializada em 27 de julho de
1962, publicado no Diário Oficial do estado da Bahia em 1 de agosto do mesmo ano, na Lei
vigente n° 1759. A sua situação socioeconômica era relativamente baixa, com pequenos
produtores/agricultores, com os seus principais produtos agrícolas para rendimentos e
consumo próprio da mandioca, feijão, milho, algodão e cana-de-açúcar, também com
pequenos rebanhos de aves, suínos, bovinos, eqüinos e caprinos, além do comércio diverso.
Na extensão do leito do rio havia pequenas olarias no fabrico artesanato de tijolos e telhas e
uma pequena cerâmica, também com pequenos alambiques no fabrico de aguardente (IBGE,
2016).
Brumado era primitivamente habitada por indígenas. Em 1813 o capitão Francisco de
Sousa Meira, seguido de turmas de aventureiros, procedente de Minas do Rio de Contas,
atravessou o rio Brumado, chegando à foz do rio do Antônio, sendo constituída a fazenda
Bom Jesus do Campo Seco. Mais tarde formou-se um povoado com a denominação de Bom
Jesus dos Meiras, distante três léguas aproximadamente da citada fazenda. Com o
desenvolvimento da agricultura e pecuária, a povoação passou a ser freguesia no ano de
1869. Em 1877, recebeu a categoria de Vila. Teve o topônimo mudado para Brumado em
1931, por ser o Município banhado pelo rio do mesmo nome. Atualmente é o munícipio mais
desenvolvido da sub-bacia do rio do Antônio e possui um comércio bastante variado e a
presença da Mineradora Magnesita que explora Talco para exportação (IBGE, 2016).
46
6 USO E COBERTURA DA TERRA E CARACTERÍSTICAS SÓCIOECONÔMICAS
Inicialmente será apresentada neste capítulo o uso e cobertura das terras da sub-bacia
hidrográfica do rio do Antônio, visando descrever os tipos de uso presentes na área de estudo.
Depois de descrever os usos, será apresentado posteriormente um item de caracterização
socioeconômica através da análise das variáveis de infraestrutura básica e social dos setores
censitários do IBGE (2011) selecionados da área da sub-bacia.
6.1. USO E COBERTURA DA TERRA
Os usos e cobertura da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio foram identificados
através do mapeamento do uso da terra apresentado na figura 9. As seguintes classes foram
mapeadas através de classificação, conforme descrito na metodologia (capítulo 4): áreas
antrópicas não agrícolas, áreas naturais, água, cultivo e outras áreas.
As áreas antrópicas não agrícolas estão associadas a todos os tipos de uso da terra de
natureza não agrícola, florestal ou água, tais como áreas urbanizadas, industriais, comerciais,
redes de comunicação e áreas de extração mineral (IBGE, 2007). As áreas identificadas por
essas classes foram as sedes urbanas espalhadas por todo o segmento do rio do Antônio e as
atividades de mineração na porção do extremo nordeste da sub-bacia, equivalentes às áreas
do município de Brumado, com a extração de minerais como Magnesita, dolomita e talco.
As áreas de vegetação natural compreendem um conjunto de estruturas florestais e
campestres, abrangendo desde florestas e campos originais (primários) e alterados até
formações florestais espontâneas secundárias, arbustivas, herbáceas e/ou gramíneo-lenhosas,
em diversos estágios sucessionais de desenvolvimento, distribuídos por diferentes ambientes e
situações geográficas (IBGE, 2007). Na sub-bacia, essas áreas incluem boa parte de sua área e
compreendem a vegetação da caatinga; algumas espécies mais comuns da área são a
emburana, a aroeira, o umbu, a baraúna, a maniçoba, a macambira, o mandacaru e o juazeiro.
As áreas nas bordas da bacia, onde se encontram as áreas com maior variação altimétrica, são
encontradas áreas com vegetação de transição.
A classe água inclui todas as classes de águas interiores e costeiras, como cursos de
água e canais (rios, riachos, canais e outros corpos de água lineares), corpos d’água
naturalmente fechados, sem movimento (lagos naturais regulados) e reservatórios artificiais
(represamentos artificiais d’água construídos para irrigação, controle de enchentes,
fornecimento de água e geração de energia elétrica), além das lagoas costeiras ou lagunas,
47
Figura 9 - Mapeamento de uso e cobertura da terra da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia
48
estuários e baías (IBGE, 2007). Na sub-bacia essa classe foi identificada no mapa como as
represas e barragens presentes na área de estudo como as barragem do Truvisco, do
Comocoxico, do Coelho, do rio Brumado, da Magnesita, entre outras que a escala de
mapeamento não considerou, como a barragem do rio do Antônio.
As áreas de cultivo, que são expressivamente a maior mancha representada no mapa
de uso e cobertura na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, foram adaptadas dentro da
classificação adotada observando a necessidade de representá-la, uma vez que dentro do nível
1 da classificação do IBGE não teria como incluí-las, pois são áreas que representam os
cultivos e as pastagens naturais, com atividades da agricultura familiar e de subsistência
(agricultura de sequeiro), assim como também áreas cultivos temporários, dessa forma teria
como agrupá-la como uma área natural ou área urbanizada. Nas margens do rio do Antônio
são observadas as pastagens naturais de animais de pequeno porte e cultivo principalmente de
milho, mandioca e batata doce para a subsistêcia.
Nas áreas que não foi identificada nenhum tipo de uso, verificadas no momento da
classificação e processamento digital da imagem como áreas descobertas, foram incluídas na
classe “outras áreas”, pois são áreas em que se percebeu a falta de vegetação e sem cobertura
aparente.
A partir do mapeamento e a identificação das classes do uso e cobertura da terra da
sub-bacia do rio do Antônio foi possível mensurar e espacializar o entendimento da dinâmica
antrópica da área. No quadro 4 é possível verificar as proporções de cada classe de uso na
sub-bacia.
Quadro 4 - Mensuração das classes de uso e cobertura da terra na sub-bacia do Rio do Antônio.
Uso e cobertura da terra Área (km²) Área (%)
Áreas antrópicas não agrícolas
(sobretudo áreas urbanas) 14,6 0,22
Áreas de Cultivo/Pastagem 4062,1 62,11
Áreas de Vegetação Natural 2420,9 37,02
Água (sobretudo barragens) 4,15 0,06
Outras áreas 38,3 0,59
Total 6.540 100 Elaboração: Mariana Dias Alves, 2016.
49
Através da análise quantitativa das classes de uso e cobertura da terra na sub-bacia, foi
observado que as áreas com mais expressividade é a classe de cultivo, apresentando uma área
de 4062,13 km² e com um percentual proporcional a 62%. Na figura 10 pode-se observaqr
pastagem natural que está incluída nessa classe (figura 10).
Figura 10 - Pastagem natural, com acúmulo de água no período de chuvas, no município de rio do Antônio,
Bahia
Fonte: Trabalho de campo, 2014
As áreas não agrícolas urbanizadas, apesar de ser o uso mais impactante da sub-bacia,
representando as áreas urbanas, industriais e de extração de minerais, representam uma área
muito pequena em relação à proporção da sub-bacia , com seu uso apresentando área de 14,59
km² de área e percentual de apenas de 0,22%. Nessas áreas classificadas no mapeamento
foram identificadas também áreas de extração mineral, como o caso da empresa Magnesita
que faz todo trabalho de extração de magnesita, dolomita e talco em Brumado, executando a
transformação da matéria prima na mesma área de exploração. Em campo percebe-se a grande
quantidade de fumaça colorida expelida pelas chaminés da fábrica, além dos desejos e
resíduos sólidos que afetam não só o solo da área, como também os corpos hídricos, pois em
Brumado, segundo Modera (2007), o rio do Antônio está bastante degradado, pois além de
Brumado ser a sede mais desenvolvida dentro da sub-bacia, sua urbanização se expande mais
e as atividades minerais e industriais são bastante intensas (figura 11). Na figura 12 é ilustrada
a área urbana da sede do município de Caculé que, depois de Brumado, é a sede mais
urbanizada da sub-bacia e mais desenvolvida.
50
Figura 11 - Vista da Magnesita S.A., empresa de extração mineral na zona rural de Brumado, Bahia
Fonte: Trabalho de Campo 2014.
Figura 12: Vista, ao longe, da área urbana do município de Caculé, Bahia
Fonte: Trabalho de Campo 2014.
As áreas de vegetação natural apresentaram a segunda maior área de cobertura na sub-
bacia do rio do Antônio, com área de 2420,86 km² e percentual de 37,2%. Bastante
considerável, levando em consideração os impactos que ocorrem de forma crescente,
queimadas e desmatamento de ávores, as áreas de vegetação natural encontram-se
principalmente nas áras mais declivosas da sub-bacia, a oeste e no norte próximo à sede de
Brumado, além de estar presente de forma fragmentada no restante da sub-bacia. Na figura 13
visualiza-se a caracterização de uma área natural na sub-bacia.
A classe de menor representatividade na sub-bacia é a “água”, com uma área de 4,15
km² e baixo percentual de ocupação. Como já foi citado anteriormente essa classe
compreende sobretudo as barragens que, ao longo do percurso do rio do Antônio, podem ser
encontradas (figuras 14, 15 e 16).
51
Figura 13 - Área de vegetal naturalna sub-bacia do Rio do Antônio, Bahia
Fonte: Trabalho de Campo, 2014
Figura 14- Barragem do Truvisco na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia
Fonte: Trabalho de campo, 2014.
Figura 15 - Barragem do Comocoxico na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Ba
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
52
Figura 16 - Barragem da cidade de Rio do Antônio, Bahia
Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
A classe “outras áreas” que não foi identificada o uso e cobertura no mapeamento,
apresentando áreas descobertas, tem um percentual de 0,75% e área de 38,27 km².
6.2 SETORES CENSITÁRIOS
A sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio é dividida em 252 setores censitários
distribuídos entre setores urbanos e setores rurais de acordo IBGE (2011). Desta forma, para
uma análise mais refinada e com a finalidade de localizar cada setor de acordo o tipo e a sua
identificação, foi elaborado um mapa que mostra a situação desses setores identificados por
seu pertencimento as suas recpectivas localidades (figura 17).
Os setores rurais das localidades de Ibiassucê, Presidente Jânio Quadros, Jacaraci e
Condeúba e Pindaí possuem setores rurais dentro da área da sub-bacia, mas os setores urbanos
dessas localidades encontram-se fora da área. Tantos os setores rurais e urbanos da localidade
de Malhada de Pedras e Licíniode Almeida encontram-se totalmente dentro da área de estudo.
Já Caculé, Rio do Antônio, Guajerú e Brumado apresentam todos os seus setores urbanos
dentro da sub-bacia, mas seus setores rurais encontram-se apenas parcialmente na área.
53
Figura 17 - Situação dos setores censitários da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio, Bahia
A partir da seleção dos setores e sua discriminação quanto à sua tipologia, urbano ou rural,
e ainda com suas respectivas localizações, ilustrou-se a pesquisa de forma a facilitar o trabalho de
análise dos dados, o que foi de grande importância para a análise dos padrões ligados às variáveis
escolhidas para este trabalho.
Diante da grande diversidade de variáveis encontradas na base de dados territorial dos
setores censitários do IBGE (2011), foram escolhidas aquelas mais representativas para este
estudo, como já citado no capítulo 4, ligadas à infraestrutura de condições de moradia e sanitária,
assim como a renda e educação. Exceto alfabetização, as análises das variávéis foram feitas por
amostra de domícilio.
As questões associadas à infraestrutura dos domicílios devem ser analisadas para se ter
um maior conhecimento da realidade e assim sinalizar as medidas que precisam ser
desenvolvidas para atender suas necessidades. Nesse sentido, é preciso observar as áreas que
apresentam domicílios sem banheiro, domicílios com esgoto a céu aberto, domicílios com lixo
jogado ao rio, jogado em propriedade e queimado, domicílios sem energia elétrica, pessoas
alfabetizadas e faixas de renda por domicílio.
54
Em relação às condições de infraestrura sanitária dos domicílios da sub-bacia hidrográfica
do rio do Antônio, verificou-se que no total de domicílios por setor censitário referente aos
domicílios sem banheiro (figura 18) há uma concentração maior nos setores rurais equivalentes às
localidades de Guajeru, Malhada de Pedras, Brumado e Rio do Antônio, pois em relação à
totalidade de domicílio por setor. Essas localidades apresentaram uma concentração de 25,7% a
55, 5% de domicílios sem banheiro, expressando no mapa um contraste moderado do centro ao
leste da sub-bacia. A porção oeste da sub-bacia predomina concentrações no interval de 0 a 8,6%
e de 8,6 a 25,7%.
Outro fator para analisar o perfil da sub-bacia em relação à infraestrutura sanitária, foi
a proporção de domicílios com esgoto a céu aberto. Quando os esgotos não são coletados em
redes ou adequadamente tratados nas estações de tratamento (ETEs), ficando expostos ou
lançados em estado bruto nos cursos d´água, podem gerar uma série de problemas, desde
estético a problemas de saúde. Além da aparência desagradável o esgoto bruto correndo a céu
aberto pelas ruas, aumenta a proliferação de mosquitos e fonte de doenças. Quando os esgotos
domésticos ficam retidos por algum tempo, geram odores desagradáveis, por conta de gases
como o sulfídrico e outros. Já os esgotos industriais, por conterem substâncias odorantes,
também têm o seu cheiro característico. Ao serem lançados sem tratamento nos cursos d´água,
uma característica marcante dos esgotos, sejam domésticos ou de outro tipo, é o consumo de
oxigênio da água desses mananciais, causando prejuízos aos peixes e elevando o custo do
tratamento da água para consumo. Os esgotos domésticos são provenientes das habitações e
gerados através de usos como lavagem de utensílios, pias, banheiros, roupas, instalações
sanitárias, entre outros. Os resíduos líquidos das atividades comerciais e industriais variam em
maior ou menor quantidade, dependendo do porte da cidade. Os esgotos domésticos
apresentam uma composição praticamente homogênea, variando em função da concentração
(que depende do consumo de água), dos hábitos da população, do tipo de sistema de
esgotamento e de outras contribuições, além das domiciliares.
Na sub-bacia do rio do Antônio a maior concentração de domicílios com esgoto a céu
aberto é verificada no leste da sub-bacia, mais especificamente nos setores urbanos das
localidades de Malhada de Pedras e Brumado, apresentando valores proporcionais em relação
ao total de domicílio de cada setor de 17 a 42 % com esgoto a céu aberto. A porção leste
predomina valores inexpressivos de 0 a 3% e apenas dois setores urbanos da porção central da
sub-bacia nas localidades de Guajerú e Caculé apresentam proporções intermediárias de 3 a
17% (figura 19).
55
É muito comum, em áreas urbanas, observar-se a disposição inadequada do lixo nos
corpos hídricos. Esse tipo de prática resulta, segundo Fonseca (1999), em quatro tipos de
poluição das águas, poluição física, química, biológica e bioquímica. Através do lançamento
dos resíduos sólidos residenciais e industriais nos corpos d’água pode ocasionar uma série de
perturbações no meio aquático e no ambiente circunvizinho, dentre as quais se citam: o
aumento da temperatura da água, aumento da turbidez, formação de obstáculos inertes, lodo e
alteração na cor. A disposição de resíduos sólidos industriais e tóxicos (detergentes não
biodegradáveis, substâncias tóxicas, defensivos agrícolas) causam malefícios à saúde humana.
Tais compostos comprometem uma série de funções do corpo humano, principalmente as
relacionadas com o sistema nervoso.
Em relação à proporção de domicílios com resíduos sólidos jogados ao rio (figura 20)
na sub-bacia do rio do Antônio, a maior concentração é na porção centro- norte da sub-bacia,
mais especificamente em um setor rural da localidade de Rio do Antônio expressando no
universo total de número de domicílios neste setor a proporção de 1,8 a 4,6% de domicílios
com lixo jogado no rio. No noroeste, centro-norte, centro, centro-sul e nordeste da sub-bacia,
são as porções que apresentam proporções de 0,6 a 1,8% domicílios com lixo jogado no rio, a
maior predominância está na faixa de 0 a 0,6% na maioria dos setores de todas as localidades
da sub-bacia, observado um mapa sem muito contraste. Ainda referente aos resíduos sólidos,
foi analisada a proporção de domicílios com lixo jogado na própria propriedade.
Como podemos observar na figura 21, há um grande contraste, pois há uma
predominância na grande maioria dos setores rurais com a concentração de domicílios com
lixo jogado na propriedade, de 82,3 a 100% em relação à totalidade de domicílios por cada
setor; isto é observado em praticamente todas as porções da sub-bacia.
56
Figura 18 - Proporção de domicílios sem banheiro em relação ao número total de domicílios por setores censitários, na sub-bacia do rio do Antônio, Bahia.
57
Figura 19 - Proporção de domicílios com esgoto a céu aberto em relação ao número total de domicílios por setores censitários, na sub-bacia do rio do Antônio, Bahia
58
Já a proporção de 27% a 82,3% apresenta-se em alguns setores rurais localizados nas
extremidades de toda a sub-bacia. As menores concentrações são apresentadas nos setores
urbanos ao longo de toda a sub-bacia, com proporções de 0,0 a 27% de domicílios com lixo
jogado na propriedade.
Como as maiores proporções foram representadas pelos setores rurais em praticamente
toda a área da sub-bacia e menores proporções nos setores urbanos, podemos concluir que a
falta de coleta de lixo nas áreas rurais é decisiva para que estas apresentem maiores índices
desta variável, pois se não há coleta, os domicílios destinam os resíduos sólidos nas próprias
propriedades.
Outra variável que foi analisada sobre essa temática foi a de lixo queimado na
propriedade, pois se o lixo jogado entra em contato com o solo já causa impacto, a sua queima
agrava ainda mais a situação. Desta forma foi obsevado na figura 22 que não houve uma
concentração tão grande como no mapa anterior, mas alguns setores rurais, a exemplo do
mapa anterior, apresentaram grandes proporções com domicílios com lixo jogado na
propriedade. Os setores rurais de Licínio de Almeida (noroeste, centro-oeste e sudoeste da
sub-bacia), Caculé (três setores no centro e centro sul), Rio do Antônio (três setores no centro-
norte), Guajerú (apenas um setor) e Malhadas de Pedras (três setores no nordeste) mostram
concentração de 4,7 a 18,4% de domicílios com lixo queimados na propriedade. Todos os
setores urbanos continuaram com baixa concentração nesta variável, apresentando a
proporção de 0,0 a 1,4%, seguidos também de alguns setores rurais. Os remanescentes
apresentaram resultado intermediário entre 1,4 a 4,7%. Todos os setores que apresentaram
este resultado, na variável anterior (lixo jogado na propriedade) apresentaram proporção
máxima. Assim, os setores que apresentaram resultados com as mesmas proporções nos
respectivos setores nas últimas duas variáveis apresentadas, referentes à destinação do lixo,
indicam que o lixo é queimado nas próprias propriedades. Todos os setores que apresentaram
maiores proporções foram os setores rurais, com o indicativo que não há uma coleta nessas
áreas, estando mais propícias ao impactos dos resíduos sólidos.
Em relação à infraestrutura básica, foi analisada a variável que indica a proporção de
domicílios sem energia elétrica (figura 23). Já a análise acerca do acesso à energia elétrica
justifica-se por essa variável também condizer com um indicador para o desenvolvimento e para a
qualidade de vida. Quando se implanta um sistema de distribuição de energia elétrica, a população
local passa a dispor de inúmeros benefícios ligados a um maior conforto doméstico e a melhores
possibilidades de emprego e produção e acesso à informação e comunicação.
59
Figura 20 - Proporção de domicílios com lixo jogado no rio em relação ao número total de domicílios por setores censitários, na sub-bacia do rio do Antônio, Bahia
60
Figura 21: Proporção de domicílios com lixo jogado na propriedade em relação ao número total de domicílios por setores censitários, na sub-bacia do rio do Antônio, Bahia
61
Ao observamos a temática da proporção de domicílios sem energia elétrica, percebe-se
claramente através do mapa que todos os setores urbanos de todas as localidades apresentam baixa
quantidade ou nenhuma de domicílios sem energia elétrica, seguidos também por grande maioria
dos setores rurais com 0,00 a 9,4% de concentração de domicílios sem energia elétrica.
Os domicílios que apresentaram incidência intermediária de 9,4 a 27,7% estão em maior
concentração nos setores rurais da localidade de Rio do Antônio, seguidos por Guajeru e
Presidente Jânio Quadros; nas outras localidades da sub-bacia essa porcentagem não se repete por
mais de três setores rurais. A maior proporção de domicílios sem energia elétrica se encontra ao
noroeste da sub-bacia, em um setor rural da localidade de Licínio de Almeida e um de Pindaí, ao
centro e centro-sul em um setor rural da localidade de Rio do Antônio e três setores rurais de
Guajeru, e ao sudeste em um setor de Presidente Jânio Quadros e no sentido nordeste em um setor
Rural de Brumado.
Depois de analisadas as variáveis de infraestrutrura básica, foram analisadas as variáveis
sociais ligadas à alfabetização e renda na sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio.
A taxa de alfabetização é utililizada como critério para vários indicadores sociais. Desta
forma foi selecionada para esse trabalho a variável de pessoas resposáveis alfabetizadas.
Analisando dados sobre a alfabetização dos responsáveis pelos domicílios (IBGE, 2011),
nota-se que na maioria dos setores urbanos de todas as localidades da sub-bacia apresentam
proporções entre 69,3 a 100% de pessoas responsáveis alfabetizadas, ainda seguidas de alguns
setores rurais como a localidade de Licínio de Almeida, Caculé, Condeúba, Malhada de
Pedras, Presidente Jânio Quadros e Brumado. A maior representatividade da sub-bacia são de
domicílios com a proporção de 34,6 a 69,3%, verificada na maioria dos setores rurais da sub-
bacia e ainda em alguns setores urbanos nas localidades de Caculé, Rio do Antônio, Malhada
de Pedras e Brumado. A proporção de 0 a 34,6% de domicílios com pessoas alfabetizadas está
espacializada de forma isolada e pouco expressiva em alguns setores rurais inclusive em um
setor urbano da localidade de Malhada de Pedras (figura 24).
Outro fator social que foi considerado para este estudo foi a renda, assim foram
selecionadas três classes de renda para analisar: domicílios com renda mensal até 1/8 do salário
mínimo, domicílios com renda mensal de ½ a 1 salário mínimo e domicílios com renda mensal de
até 5 a 10 salários mínimos. Considerando que o ano do levantamento dos dados do censo IBGE
foi 2010 , neste ano o salário mínimo era equivalente a R$ 510, 00 (quinhentos e dez reais).
Logo, na primeira faixa de renda, equivalente à proporção de domicílios com renda mensal de até
1/8 do salário mínimo, levando em consideração os valores vigentes em 2010, 1/8 de 510 reais era
equivalente a R$ 63,75 (sessenta e três reais e setenta e cinco centavos). Na figura
62
Figura 22: Proporção de domicílios com lixo queimado na propriedade em relação ao número total de domicílios por setores censitários, na sub-bacia do rio do Antônio,
Bahia
63
Figura 23: Proporção de domicílios sem energia elétrica em relação ao número total de domicílios por setores censitários.
64
25 é observada a espacialização desta renda, que apresenta maior concentração nas porções
centro-norte, nordeste e centro sul da sub-bacia, mais especificamente nas localidades dos setores
rurais da localidade de Rio do Antônio, Guajeru, Malhada de Pedras, Brumado e Caculé, com
proporções de 22,8 a 44,9% de domicílios com renda mensal de até R$ 63,75 em relação do total
de municípios por cada setor. A maioria dos setores rurais na área da sub-bacia representam
proporções de 9,6 a 22,8% e, isoladadamente, um setor urbano de Brumado, de Guajeru e
Malhada de Pedras. A menor ocorrência está localizada nos setores urbanos da sub-bacia,
seguidas de alguns isolados setores rurais apresentando proporção de 0,0 a 9,6% domicílios com
renda mensal de até 1/8 do salário mínimo.
Na faixa de renda equivalente à proporção de domicílios com renda mensal de até ½ a 1
salário mínimo, também levando em considerando os valores vigentes no ano que foi coletado os
dados pelo IBGE, esses valores equivalem a 255 e 510 reais, respectivamente. Na figura 26 o
mapa apresenta a maior concentração da proporção dos domicílios com essa faixa de renda
espacializadas nas porções noroeste, sudoeste, centro, centro sul e nordeste da sub-bacia apresenta
31,1% a 57,1% em relação ao total de domicílios por setor. Percebe-se no mapa que quase a outra
metade dos setores apresentam 10,2% a 31,1% , concentradas em maior grau na porção centro
norte sudoeste da sub-bacia. Já com a proporção de 0,0 a 10,2% encontram-se apenas alguns
setores isolados entre o a porção noroeste em alguns setores da localidade de Licínio de Almeida e
no centro norte em um setor rural da localidade de Ibiassucê e um em Rio do Antônio.
Nos mapas anteriores visualisa-se uma considerável heteregeonidade, porém, no mapa da
proporção de domicílios com renda mensal de 5 a 10 salários mínimos (equivalentes a 2550 a
5.100 reais, respectivamente) (figura 27) é observada uma considerável homogeinidade. Nesta
faixa apenas alguns setores urbanos na porção nordeste da sub-bacia apresentam proporções de
4,6 a 17,3% mais pecisamente na localidade de Brumado, seguidos por 1 a 4,6% que também
estão localizados em Brumado e em Caculé, pois a maioria dos setores apresentam proporções de
apenas 0,0 a 1%.
65
Figura 24: Proporção de pessoas alfabetizadas em relação ao número de pessoas residentes por setores censitários, na sub-baciaq hidrográfica do rio do Antônio, Bahia
66
Figura 25: Proporção de domicílios com renda mensal até 1/8 do salário mínimo em relação ao número total de domicílios dos setores censitários, na sub-bacia hidrográfica
do rio do Antônio, Bahia.
67
Figura 26: Proporção de domicílios com renda mensal de até ½ a 1 salário mínimo em relação de número total de domicílios dos setores censitários, na sub-bacia hidrográfica
do rio do Antônio, Bahia.
68
Figura 27: Proporção de domicílios com renda mensal até 5 a 10 salários mínimos em relação ao total de domicílios por setor censitário, na sub-bacia hidrográfica do rio do
Antônio, Bahia
69
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A caracterização ambiental da sub-bacia do rio do Antônio, proposta por esse trabalho
incialmente, não foi apenas uma caracterização ou uma descrição. Foi um trabalho muito
denso, difícil, principalmente em se tratando de uma área de estudo que existem poucas
pesquisas para se ter como parâmetro. Espera-se que este trabalho possa ser um parâmetro e
fonte para futuras pesquisas em relação à sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio.
Ao realizar esta pesquisa, percebeu-se que o fator clima, citado no início como fator
primordial de acarretar os problemas para essa área pela falta de chuva e todas as
características que descrevem o semiárido desta região, é apenas um dos problem asno meio
de muitos.
Aprofudando nos seus aspectos físicos e principalmente nos socioecômicos, percebe-
se que a carência é ainda maior. Ao analisar as variáveis de infraestrutura básica e social os
números proporcionais revelam muita precaridade, falta de assistência e saneamento básico,
por apresentar, ainda na época da pesquisa do IBGE em 2010, muitos domicílios com esgoto
a céu aberto e lixo queimado nas propriedades, principalmente nas áreas rurais da sub-bacia.
Se nas áreas urbanas ocorre uma melhor condição de vida, mais acesso aos serviços de
coleta de lixo, saneamento e infraestura domiciliar adequada, o impacto da urbanização e das
atividades consequentes do crescimento nas sedes urbanas gera um maior conflito com os
recursos naturais e a preservação do meio ambiente. Ao mesmo tempo, existem áreas rurais
que não são afetadas pelos malefícios da urbanização, mas não possuem uma infraestrura
domicilar adequada, possuem renda mensal muito baixa e não têm acesso a serviço de energia
elétrica, por exemplo.
Nesse sentido temos a Geografia como uma disciplina chave capaz de subsidiar estudos
nessa direção, em função da sua característica multidisciplinar, sendo sua maior contribuição
auxiliar no desenvolvimento de estudos pautado na análise de variáveis distintas, buscando um
enfoque que abarque a análise do espaço no seu sentido mais amplo calcado na compreensão da
relação Homem – Espaço e seu reflexo na sociedade.
Importante destacar que as áreas acessíveis para grupos sociais de alta renda são
assistidas rapidamente pelo poder público no que diz respeito à implantação de serviços
básicos, como o saneamento básico, segurança, saúde, educação, lazer e também pelos
serviços prestados por empresas privadas, a exemplo da Coelba (fornecimento de energia
elétrica) e Embasa (fornecimento de água potável) que fazem seus serviços de forma que
70
atende as necessidades da população. Sabe-se que a ausência ou a inadequação desses
serviços e itens podem contribuir para o aumento da vulnerabilidade das populações uma vez
que pode deixar esses grupos mais susceptíveis a doenças ou a prejuízos na sua qualidade de
vida.
Os indicadores facilitam a tomada de decisão, pois, pelos processos de quantificação e
simplificação da informação, informam/formam a opinião pública, teoricamente de
importância vital em sistemas democráticos.
71
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75
APÊNDICE 1
Quadro A.1 - Setores censitários considerados no recorte da sub-bacia hidrográfica do rio do Antônio
e classificação segundo urbano ou rural e município pertinente
NM_MICRO NM_MUNICIP NM_DISTRIT TIPO CD_GEOCODI
BRUMADO BRUMADO UBIRAÇABA RURAL 290460520000003
BRUMADO BRUMADO UBIRAÇABA RURAL 290460520000004
BRUMADO BRUMADO UBIRAÇABA RURAL 290460520000005
BRUMADO BRUMADO UBIRAÇABA RURAL 290460520000006
BRUMADO BRUMADO UBIRAÇABA RURAL 290460520000007
BRUMADO BRUMADO UBIRAÇABA RURAL 290460520000008
BRUMADO BRUMADO UBIRAÇABA RURAL 290460520000009
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000001
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000002
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000003
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000004
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000005
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000006
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000007
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000008
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000009
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000010
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000011
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000012
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000013
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000014
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000015
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000016
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000017
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000018
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000019
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000020
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000021
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000022
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000023
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000024
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000025
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000026
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000027
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000028
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000029
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000030
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000031
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000032
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000033
76
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000034
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000035
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000036
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000037
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000038
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000039
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000040
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000041
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000042
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000043
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000044
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000045
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000046
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000051
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000052
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000053
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000054
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000055
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000056
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000057
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000058
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000059
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000060
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000061
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000062
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000063
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000064
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000065
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000066
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000067
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000068
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000069
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000070
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000071
BRUMADO BRUMADO BRUMADO RURAL 290460505000072
BRUMADO BRUMADO BRUMADO URBANO 290460505000073
BRUMADO BRUMADO ITAQUARAÍ RURAL 290460515000002
BRUMADO BRUMADO ITAQUARAÍ RURAL 290460515000003
BRUMADO BRUMADO ITAQUARAÍ RURAL 290460515000004
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000024
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000025
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000026
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000027
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000028
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000029
77
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000030
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000031
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000032
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000033
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000034
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000035
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000036
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000037
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000038
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000039
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000040
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000001
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000002
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000003
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000004
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000005
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000006
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000007
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000008
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GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000010
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GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000012
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000013
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ URBANO 290500805000014
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000015
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GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000017
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000018
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000019
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000020
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000021
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000022
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000023
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000041
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000044
GUANAMBI CACULÉ CACULÉ RURAL 290500805000045
BRUMADO CONDEÚBA CONDEÚBA RURAL 290870505000008
BRUMADO CONDEÚBA CONDEÚBA RURAL 290870505000010
BRUMADO CONDEÚBA CONDEÚBA RURAL 290870505000016
BRUMADO CONDEÚBA CONDEÚBA RURAL 290870505000017
BRUMADO CONDEÚBA CONDEÚBA RURAL 290870505000018
BRUMADO CONDEÚBA CONDEÚBA RURAL 290870505000019
BRUMADO GUAJERU GUAJERU URBANO 291165905000001
BRUMADO GUAJERU GUAJERU URBANO 291165905000002
78
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000003
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000004
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000005
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000006
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000007
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000008
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000009
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000010
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000011
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000012
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000013
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000014
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000015
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000016
BRUMADO GUAJERU GUAJERU URBANO 291165905000017
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000018
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000019
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000020
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000021
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000022
BRUMADO GUAJERU GUAJERU RURAL 291165905000023
GUANAMBI IBIASSUCÊ IBIASSUCÊ RURAL 291200405000010
GUANAMBI IBIASSUCÊ IBIASSUCÊ RURAL 291200405000015
GUANAMBI IBIASSUCÊ IBIASSUCÊ RURAL 291200405000016
GUANAMBI IBIASSUCÊ IBIASSUCÊ RURAL 291200405000022
GUANAMBI IBIASSUCÊ IBIASSUCÊ RURAL 291200405000025
GUANAMBI IBIASSUCÊ IBIASSUCÊ RURAL 291200405000026
GUANAMBI IBIASSUCÊ IBIASSUCÊ RURAL 291200405000028
GUANAMBI JACARACI JACARACI RURAL 291740905000003
GUANAMBI JACARACI JACARACI RURAL 291740905000005
GUANAMBI JACARACI JACARACI RURAL 291740905000006
GUANAMBI JACARACI JACARACI RURAL 291740905000010
GUANAMBI JACARACI IRUNDIARA RURAL 291740910000004
GUANAMBI JACARACI IRUNDIARA RURAL 291740910000006
GUANAMBI JACARACI IRUNDIARA RURAL 291740910000007
GUANAMBI JACARACI PAIOL URBANO 291740915000001
GUANAMBI JACARACI PAIOL RURAL 291740915000002
GUANAMBI JACARACI PAIOL RURAL 291740915000003
GUANAMBI JACARACI PAIOL RURAL 291740915000004
GUANAMBI JACARACI PAIOL RURAL 291740915000005
GUANAMBI JACARACI PAIOL RURAL 291740915000006
GUANAMBI JACARACI PAIOL RURAL 291740915000007
GUANAMBI JACARACI PAIOL RURAL 291740915000008
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA URBANO 291940505000001
GUANAMBI LICÍNIO DE LICÍNIO DE URBANO 291940505000002
79
ALMEIDA ALMEIDA
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA URBANO 291940505000003
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA URBANO 291940505000004
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA URBANO 291940505000005
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA RURAL 291940505000006
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA RURAL 291940505000007
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA RURAL 291940505000008
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA RURAL 291940505000009
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA URBANO 291940505000010
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA
LICÍNIO DE
ALMEIDA RURAL 291940505000011
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE URBANO 291940510000001
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE URBANO 291940510000002
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000003
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000004
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000005
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000006
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000007
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000008
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000009
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000010
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000011
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000012
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000013
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000014
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000015
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000016
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000017
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000018
GUANAMBI
LICÍNIO DE
ALMEIDA TAUAPE RURAL 291940510000019
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS URBANO 292030405000001
80
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS URBANO 292030405000002
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000003
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000004
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000005
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000006
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000007
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000008
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000009
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000010
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000011
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS URBANO 292030405000012
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS URBANO 292030405000013
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000014
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000015
BRUMADO
MALHADA DE
PEDRAS
MALHADA DE
PEDRAS RURAL 292030405000016
GUANAMBI PINDAÍ GUIRAPÁ RURAL 292450410000005
GUANAMBI PINDAÍ GUIRAPÁ RURAL 292450410000006
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000007
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000008
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000009
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000010
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000017
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000020
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000021
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000023
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000024
BRUMADO
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS
PRESIDENTE
JÂNIO QUADROS RURAL 292570905000025
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO URBANO 292680605000001
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO URBANO 292680605000002
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO URBANO 292680605000003
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000004
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000005
81
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000006
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000007
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000008
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000009
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000010
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000011
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000012
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000013
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000014
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO RIO DO ANTÔNIO RURAL 292680605000015
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO IBITIRA RURAL 292680610000004
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO IBITIRA RURAL 292680610000007
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO IBITIRA RURAL 292680610000009
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO IBITIRA RURAL 292680610000010
BRUMADO RIO DO ANTÔNIO IBITIRA RURAL 292680610000011