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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA GEIZA PEREIRA DOS SANTOS SANTOS RELAÇÃO ENTRE ASPECTOS DA MORFOLOGIA DE ESPODOSSOLOS EM UNIDADES DA PAISAGEM DO LITORAL NORTE-BA Salvador BA 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

GEIZA PEREIRA DOS SANTOS SANTOS

RELAÇÃO ENTRE ASPECTOS DA MORFOLOGIA DE ESPODOSSOLOS EM

UNIDADES DA PAISAGEM DO LITORAL NORTE-BA

Salvador – BA 2016

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GEIZA PEREIRA DOS SANTOS SANTOS

RELAÇÃO ENTRE ASPECTOS DA MORFOLOGIA DE ESPODOSSOLOS

EM UNIDADES DA PAISAGEM DO LITORAL NORTE-BA

Monografia apresentada ao curso de Geografia da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do título de bacharel em Geografia. Orientadora: Prof. Dr. Maria Eloisa Cardoso da Rosa

Salvador – BA 2016

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TERMO DE APROVAÇÃO

RELAÇÃO ENTRE ASPECTOS DA MORFOLOGIA DE ESPODOSSOLOS EM

UNIDADES DA PAISAGEM DO LITORAL NORTE-BA

GEIZA PEREIRA DOS SANTOS SANTOS

Banca Examinadora:

Dra. Maria Eloisa Cardoso da Rosa (Orientadora) Instituto de Geociências, Departamento de Oceanografia, UFBA, Brasil.

Dr. Alisson Duarte Diniz

Instituto de Geociências, Departamento de Geografia, UFBA, Brasil.

Dr. Fabio Carvalho Nunes Departamento de Geografia, IFBAIANO, Brasil.

Aprovada em Sessão Pública de 17/10/2016

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AGRADECIMENTOS

Agradeço em primeiro lugar à minha família, em especial meus pais Denícia e

Ananias, tios Luciana e Wellington e Avós, por todo apoio, compreensão e esforço

empreendido, me permitindo a possibilidade de trilhar meu caminho em uma

universidade pública,

Ao Prof. André Rodrigues Netto pelos ensinamentos nos estudos de solos e

todas as oportunidades concedidas. Muitas palavras não seriam suficientes para

expressar o tamanho da minha gratidão, obrigado pela nossa parceria e amizade.

Não se livrará tão cedo de mim, estarei sempre por perto querendo seus conselhos;

À Professora Maria Eloisa por ter aceitado essa orientação com tanto carinho e

dedicação. As discussões, os conselhos, seu incentivo e apoio foram essenciais

para que chegasse ao final, meu sincero obrigado;

Ao Professor Alisson Diniz pelas sugestões e apoio;

Ao Laboratório de Estudos Ambientais e Gestão do Território LEAGET - IGEO

e ao CNPq pela viabilização das atividades de campo. Em Especial, a pós-

graduanda Jéssica Lima pela parceria na realização das atividades de campo, do

laboratório e das discussões.

À Sérgio pelas longas horas de estudos dedicadas juntos comigo e pelo grande

incentivo, essenciais para a conclusão deste trabalho.

Ao meu companheiro e parceiro Mateus por todo carinho, amizade e

compreensão. Em especial, por toda contribuição, incentivo e paciência durante a

elaboração deste trabalho e, mais que isso, por sempre acreditar que era possível.

Sua participação está presente em cada etapa e será lembrada com eterna gratidão.

Aos colegas do Laboratório de Pedologia - IGEO pela boa convivência e apoio.

Em especial à Leonardo pela sua grande contribuição nas discussões e por toda

ajuda nos momentos necessários.

Agradeço também pelas boas amizades que conquistei ao longo do curso e

que, de uma maneira ou de outra, deram a sua contribuição para fechamento desse

ciclo (sem grandes amizades, o caminho seria mais difícil). Em especial a Davi (in

memorian) – por sempre ressaltar o que realmente importa na vida – à Evelen,

Renata, Fabrine, Ilo, Lizandra, Rainer, Vinicius, Liz, Giovanni, João e a muitas outras

pessoas importantes.

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“Nada se cria, tudo se transforma”.

Antoine Lavoisier

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi verificar a relação entre atributos morfológicos e sedimentológicos de Espodossolos em dois segmentos da vertente (topo e encosta) do Litoral Norte baiano. Para isso foram realizados os seguintes procedimentos metodológicos: 1. atividades de escritório de caráter bibliográfico, que consistiram na coleta, análise e seleção das informações pré-existentes; 2. atividades de campo, com a finalidade de prospecção e reconhecimento da área estudada e descrição completa de quatro perfis de Espodossolos, conforme Santos (2013); e 3. análise sedimentológica da fração areia realizada com base em Suguio (1973), considerando as propriedades dos grãos relacionadas ao tamanho e a forma. Os resultados apontaram que para os Espodossolos estudados, os atributos morfológicos referentes aos segmentos da vertente, topo e encosta, apresentaram diferenças em suas características. Essas diferenças foram atribuídas: (i) à atuação do processo de podzolização; (ii) à posição e o tipo de segmento da paisagem em que esses solos foram encontrados; e (iii) aspectos do material de origem. Referente à análise sedimentológica foram obtidas cinco faixas granulométricas: areia muito grossa (AMG), areia grossa (AG), areia média (AM), areia fina (AF) e areia muito fina (AMF). Nesta análise foram avaliadas propriedades relacionadas ao tamanho do grão, obtendo como resultado o diâmetro médio dos perfis entre as faixas de 1,82 e 2,41ϕ (areia média e areia fina) e todas as amostras classificadas como moderadamente selecionadas. Quanto a forma dos grãos as amostras apresentaram baixo grau de arredondamento e alta esfericidade. A interpretação dos resultados da análise sedimentológica da fração areia permitiu a comparação entre os perfis, uma interpretação geológica dos resultados e o estabelecimento de inferências sobre o material de origem. Palavras-chaves: Morfologia dos solos; Espodossolos; Paisagem; Análise granulométrica; Litoral Norte baiano.

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ABSTRACT

The goal of this research was to verify the relationship between morphological and sedimentological attributes of Spodosols in two segments of the hillsides (top and slope) in Litoral Norte, Bahia. The main methodological procedures were: 1. a literature review, which consisted in collection, analysis and selection of pre-existing information; 2. fieldwork, with the purpose of prospecting and reconnaissance of the studied area and also to make a complete description of four Spodosoils profiles, based on Santos (2013); and 3. a sedimentological analysis of sand fraction based on Suguio (1973), considering the grain properties related to size and shape. In spodossoils studied, the results shows that the morphological attributes related to the segments of the hillsides, top and slope, showed differences in their characteristics. These differences were attributed to: (i) the action of podzolization process; (ii) the position and segment type in landscape that these soils were founded; (iii) the aspects of parent material. Concerning about sedimentological analysis, it was obtained five granulometric ranges: very coarsed sand (AMG), coarsed sand (AG), medium sand (AM), fine sand (AF), very fine sand (AMF). In this analysis were evaluated properties related to grain size, obtaining as a result the average diameter of the profiles between 1.82 and 2.41 ϕ (medium sand and fine sand) and all samples were classified as moderately selected. The interpretation of the sedimentological analysis of the sand fraction allowed the comparison between the soil profiles studied, a geological interpretation of the results and the establishment of inferences about the parent material. Keywords: Soil morphology; Spodosoils; Landscape; Granulometric analisys; Litoral Norte baiano.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Pluviosidade média mensal do município de Itanagra – BA (1964 –1994)

25

Figura 2 Gráfico do balanço hídrico segundo Thornthwaite e Mather, 1955, do município de Itanagra (1964-1994)

26

Figura 3 Mapa geológico da área de estudo 31

Figura 4 Mapa de localização dos perfis estudados 38

Figura 5 Distribuição das frações areias (AMG, AG, AM,AF,AMF) 40

Figura 6 Tabela-padrão para grau de arredondamento segundo Russel e Taylor (1937; apud SUGUIO, 1973). Do topo para base: angular, subangular, subarredondada, arredondada e bem arredondada

42

Figura 7 Escala de comparação para grau de esfericidade bidimensional de Rittenhouse (1941 apud SUGUIO, 1973)

43

Figura 8 Mapa digital de elevação do terreno da área de estudo, evidenciando os perfis amostrados

45

Figura 9 Figura 9 – Perfil 1: Espodossolo encontrado em área de topo com seus respectivos horizontes

48

Figura 10 Perfil 2: Espodossolo encontrado em área de topo com seus respectivos horizontes

49

Figura 11 Perfil 3: Espodossolo encontrado na encosta côncava e seus horizontes

51

Figura 12 Perfil 4: Espodossolo encontrado em encosta côncava com seus respectivos horizontes

52

Figura 13 Gráfico da distribuição percentual das frações granulométricas nos perfis estudados

56

Figura 14 Gráfico de frequência acumulada da distribuição granulométrica dos perfis estudados

57

Figura 15 Fotografias dos grãos retidos na malha 0,5 mm (areia média) 58

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Balanço hídrico mensal e anual de Itanagra-BA para o período de 1964-1994 segundo metodologia de Thornthwaite e Mather, 1955

27

Quadro 2 Classificação verbal para grau de Seleção (σ Φ), segundo Folk e Ward (1957 apud SUGUIO, 1973)

41

Quadro 3 Valores de medidas estatísticas de acordo com os parâmetros de Folk e Ward (1957 apud SUGUIO, 1973) realizadas nas partículas da fração areia

56

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Características morfológicas dos solos estudados 47

Tabela 2 Distribuição das frações granulométricas em percentual (%) 55

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 12

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 15

2.1. SOLOS E PAISAGEM ......................................................................... 15

2.2. GÊNESE E CARACTERIZAÇÃO DOS ESPODOSSOLOS ................. 18

2.3. SIGNIFICADO DOS PARÂMETROS ESTATÍSTICOS E DA

MORFOMETRIA NA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DAS AREIAS ..... 23

2.4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO .............................................. 26

2.4.1. Clima ............................................................................................... 26

2.4.2. Geologia ......................................................................................... 28

2.4.2.1. Geologia regional ....................................................................... 28

2.4.2.2. Geologia local ............................................................................ 29

2.4.3. Geomorfologia ............................................................................ 33

2.4.4. Vegetação .................................................................................... 34

2.4.5. Hidrografia ................................................................................... 34

2.4.6. Solos ............................................................................................ 35

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 37

3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................. 37

3.2. ESCOLHA DA ÁREA E DOS LOCAIS DE COLETA ............................ 37

3.2.1. Seleção dos pontos de amostragem ............................................ 38

3.3. COLETA E PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS .................................... 40

3.4. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DA FRAÇÃO AREIA ......................... 40

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 45

4.1. ATRIBUTOS MORFOLÓGICOS DOS ESPODOSSOLOS E SUA

RELAÇÃO COM A PAISAGEM .............................................................. 45

4.2. ANÁLISE SEDIMENTOLÓGICA DA FRAÇÃO AREIA DOS PERFIS .. 55

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 61

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 64

ANEXOS ........................................................................................................... 70

Anexo A: Descrições morfológicas dos quatro perfis de Espodossolos ..... 71

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1. INTRODUÇÃO

O solo é um elemento natural dotado de valor incomensurável para o homem,

por desempenhar funções vitais para sua sobrevivência. Ele recobre a maior parte

do manto superficial do planeta e atua como suporte básico para a vida no planeta,

decorrente da sua capacidade de armazenar água, de reciclar nutriente – importante

função ecológica para a manutenção dos vegetais –, de proteger contra enchentes,

sequestrar carbono, além de abrigar cerca de 25% da biodiversidade do planeta

(SBCS, 2015).

Esta pesquisa teve o intuito de colaborar para o reconhecimento do solo

enquanto componente ambiental no litoral. Buscou-se, deste modo, contribuir para a

compreensão e discussão dos processos relacionados à gênese e evolução dos

Espodossolos encontrados no Litoral Norte baiano, por meio de seus atributos

morfológicos e sobre sua relação com os demais elementos ambientais. Dentre

esses elementos, destaca-se a influência da litologia e do relevo na ocorrência desta

classe de solos. Isto torna possível fazer inferências quanto à gênese desses solos a

partir da comparação entre a sua morfologia, as características do relevo (forma e

posição) em que se encontram e o material de origem. Este último, investigado a

partir da análise das propriedades sedimentológicas dos grãos de areia.

Os Espodossolos englobam solos que possuem características marcantes,

relacionado ao seu processo de evolução natural. São solos que apresentam,

predominantemente, textura arenosa a comumente média, possuem drenagem

variável (presença de horizontes endurecidos), baixa fertilidade (pouca reserva de

nutriente e baixa saturação por bases) e são de moderados a fortemente ácidos. Do

ponto de vista ambiental, essas características limitam/condicionam o

desenvolvimento da vegetação principalmente quando relacionados à baixa

fertilidade e deficiência de água no solo, impactando também a produção agrícola.

Observa-se a ocorrência desses solos ao longo do litoral, desenvolvidos

predominantemente sobre ambientes de restinga como aponta Coellho et al. (2010

apud OLIVEIRA et al., 1992) e onde se concentram a maior parte desses estudos.

Entretanto, em relação aos estudos referentes aos Espodossolos ao longo do litoral

baiano, foi observada a carência de estudos dedicados à ocorrência e à distribuição

espacial desta classe de solo.

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Ao longo da costa baiana, similar ao que ocorreu nas áreas litorâneas

brasileiras, a intensificação do processo de urbanização ao longo dessas áreas

gerou uma concentração populacional e, consequentemente, ocasionou maiores

pressões nos sistemas ambientais costeiros.

Considerando tais aspectos mencionados foi selecionado o local para

desenvolver este estudo, que está inserido na Área de Proteção Ambiental do Litoral

Norte (Decreto Estadual nº 1.046 de 17 de março de 1992), mais especificamente,

na porção sul desta APA, delimitada pelos rios Pojuca e Imbassaí. Em linhas gerais,

esta unidade de conservação abrange ambientes costeiros bastante sensíveis

(dunas, terraços marinhos, brejos e manguezais) relacionados à sua dinâmica

complexa. Isto decorre da influência fluviomarinha que interfere nos processos

geomorfológicos, pedológicos e na biota.

Com a dinamização da ocupação urbana, intensificada a partir dos anos 90,

com a ampliação da rodovia BA-099 (Linha Verde) até o estado de Sergipe, surge

uma preocupação com esses ambientes costeiros. Essa dinâmica advém de dois

aspectos relevantes que são: a atual configuração do Litoral Norte em um importante

pólo turístico do estado da Bahia, decorrente das suas potencialidades paisagísticas

compostas de ecossistemas fluvio-marinhos; o segundo aspecto, está relacionado à

crescente expansão urbana ocorrida na região, incentivada pela especulação

imobiliária. Estes fatores consistem nas principais motivações para a criação da APA

devido ao elevado risco desses ambientes serem suprimidos.

Esta preocupação tem desdobramentos na política de planejamento de uso e

manejo do solo dessas áreas. Nesse sentido, a melhor forma de promover um

planejamento racional, que priorize a sustentabilidade desses ambientes em

consonância com as atividades humanas, pressupõe um reconhecimento de seus

aspectos físico-ambientais e sociais, como sugere o Projeto de Gerenciamento

Costeiro do Litoral Norte - BA (BAHIA, 2005a).

Neste panorama, esta pesquisa auxilia complementar as informações sobre a

cobertura pedológica encontrada na área. Visando contribuir para a discussão sobre

a gênese dos Espodossolos, assim como para a elaboração do levantamento e

mapeamento de solos em escala de detalhe para área, uma vez que trata da

distribuição espacial desses solos.

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Portanto, este trabalho teve como objetivo verificar a relação entre atributos

morfológicos e sedimentológicos de Espodossolos em dois segmentos da vertente

do Litoral Norte baiano. Para tanto, os objetivos específicos definidos foram:

Selecionar e descrever quatro perfis de Espodossolos representativos

da área de estudo, dois localizados em área de topo e dois localizados

na encosta;

Comparar os seguintes atributos morfológicos dos quatros perfis

selecionados: horizontes (arranjamento, espessura e profundidade), cor,

textura, estrutura, consistência;

Analisar e comparar as propriedades sedimentológicas da fração areia

desses perfis;

Compreender a influência da posição da paisagem e do material de

origem na gênese desses solos.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. SOLOS E PAISAGEM

Durante a atuação dos fatores ambientais na formação do solo é estabelecida

a sua fase inicial através das “características do material de origem, enquanto os

fatores clima e organismos, ambos representando a adição de energia que

impulsiona o desenvolvimento do solo, têm sua ação alterada pelo relevo local”

como destaca Kampf e Curi (2012, p. 240). Deste modo, a compreensão da

diferenciação vertical do solo (perfil) ocorre a partir do entendimento da sua gênese,

possível através do detalhamento sobre a interação entre os fatores de formação,

estes que condicionam as principais características e propriedades dos solos como

aponta Solokov (1996 apud KAMPF e CURI, 2012).

Resende et al. (2007) pontua que os processos de pedogênese estão ligados

ao tempo, e estes controlados pelo relevo. Desta forma, a atuação do relevo como

fator na formação dos solos é verificado, principalmente, na sua interferência nos

aspectos referentes à dinâmica da água, na escala de paisagem1.

Boulet et al. (1982) citado por Queiroz Neto (2002) propõe a partir dessas

relações relevo-solo, uma compreensão da cobertura pedológica baseada na

concepção do solo como um meio organizado e estruturado, constituindo em uma

cobertura contínua ao longo das vertentes. Observa-se então, que a percepção da

influência do relevo na pedogênese é tanto nos processos que causam a

diferenciação vertical quanto lateral ao longo da encosta (QUEIROZ NETO, 2002).

Oliveira (2011), Kampf e Curi (2012) detalham sobre os efeitos do relevo na

gênese do solo. Esses autores compreendem que as formas do terreno que

compõem a paisagem (relevo) refletem na distribuição espacial dos solos, a partir da

sua interferência direta nos processos de formação associados ao regime hídrico.

Destaca-se a topografia como o elemento de maior influência nesses processos,

pois condicionam a drenagem superficial e subsuperficial. Entende-se, portanto, que

essas mudanças são atribuídas à variação de drenagem subsuperficial, ao

transporte diferencial e deposição de sedimentos erodidos, lixiviação, translocação e

1 O conceito de paisagem adotado neste trabalho “referem-se basicamente àquelas que são vistas

como expressão das relações entre relevo, solos e substrato geológico” (VIDAL-TORRADO et al., 2005, p. 146).

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redeposição de materiais solúveis via superfície ou subsuperfície. Assim, esses

fluxos de material (fluxos lineares, convergentes e divergentes) variam de acordo

com a topografia e forma do relevo.

Sobre a dinâmica da água no solo Kampf e Curi (2012) discutem a ação do

relevo interferindo tanto no fluxo superficial quanto no subsuperficial e os fenômenos

associados a tais condições. O fluxo superficial (escoamento) é responsável pela

erosão – (transporte) e, consequente, deposição do material erodido nas partes mais

baixas da paisagem – em que sua intensidade depende, dentre outros fatores da

declividade do terreno. Já o fluxo subsuperficial trata-se dos processos relacionados

à infiltração e das condições de drenagem dos solos. Esses fluxos estão ligados a

fenômenos pedogenéticos como: lixiviação de solutos, transportes de partículas

coloidais em suspensão e nas reações do intemperismo (hidrólise, hidratação,

dissolução).

Referente à posição da paisagem e a dinâmica da água influenciando nos

atributos do solo, observa-se que:

Em terrenos aplainados, a eliminação da água pelo escorrimento superficial é diminuta, oferecendo, portanto, condições ideais para que a água que cai sobre o terreno se infiltre e percole através do perfil, favorecendo a lixiviação. Quando as condições intrínsecas dos solos favorecem o fluxo interno da água ao longo do perfil, nesses terrenos eles apresentam-se em geral mais cromados, avermelhados ou vermelho-amarelados do que solos que possuem alguma restrição interna que diminua o fluxo de água (OLIVEIRA, 2011, p.54-55).

Oliveira (2011) ressalta a posição do lençol freático na paisagem e sua

influência nos processos pedogenéticos. Assim, os solos situados nas posições mais

baixas da paisagem podem sofrer com encharcamento temporário ou permanente,

devido à variação do nível freático. Esses poros do solo saturados por água

favorecem a ocorrência de fenômenos denominados de hidromorfismo (gleização e

plintização), que estão relacionados às condições de redução do ambiente (ausência

de oxigênio). No solo esse fenômeno é visualizado na ocorrência de matiz de

coloração acinzentada, azulada, esverdeada, acompanha ou não de mosqueados,

formação de plintita/petroplintita (KAMPF e CURI, 2012).

O relevo ainda interfere na quantidade e no tipo de matéria orgânica que

constitui os solos. Silva et al. (2007) discute sobre as relações entre a matéria

orgânica do solo e declividade de vertentes em topossequência de Latossolos do Sul

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de Minas Gerais, apresentando com um dos resultados, que a acumulação e o grau

de humificação orgânica do solo estão fortemente correlacionados com a declividade

da vertente. Para tanto, esses autores partem da ideia de que “em áreas de boa

drenagem e mantidos constantes os demais fatores de formação dos solos, quanto

menor a declividade, maior a taxa de acúmulo e o grau de humificação da matéria

orgânica” (SILVA et al., 2007, p. 1060).

Nesse sentido, destacam-se os estudos que procuram correlacionar processos

e solos às posições da paisagem. Desta percepção estabelecem-se conceitos

importantes como catena2 e topossequência3. Nesses estudos, são considerados

tanto os elementos (ex. interflúvio, encosta, sopé) da vertente, que interferem na

dinâmica da água predominante (escoamento ou infiltração), quanto às formas

desses elementos (côncava, convexa e retilínea) que condicionam o fluxo de

material.

Para Boulet (1992) e Queiroz Neto (2002) é com o conceito da catena proposto

por Milne em 1935, que os perfis verticais de solos são observados se diferenciando

à medida que varia a posição da vertente em que se encontram. Desde então, são

estabelecidas análises com base na ideia de sucessão dos solos ao longo da

vertente. Posteriormente, foram desenvolvidas análises baseada no entendimento

sobre a diferenciação lateral dos solos. Esta percepção se propõe abarcar todos os

processos dinâmicos atuantes na evolução dos solos, ao considerar o papel crucial

do relevo - formas do terreno que compõem a paisagem (QUEIROZ NETO, 2000;

VIDAL-TORRADO et al., 2005).

Desses estudos que investigam a relação solo-paisagem, ou, solos-superfície

geomórficas, no qual a vertente (relevo) está em evidência no desenvolvimento dos

processos pedogenéticos, destacam-se os estudos preconizados por Bocquier em

1972. Esse autor buscou dar um enfoque mais detalhado sobre a organização lateral

dos solos e isso resultou no modelo de análise estrutural da cobertura pedológica

(BOULET, 1988; 1992). Esses estudos ampliaram a discussão sobre a gênese e

dinâmica dos solos, para além da análise de diferenciação vertical (perfil, pedon),

pois consideraram uma perspectiva bidimensional e tridimensional, ou, sistemas em

2 Entende-se por Catena como conceito utilizado para designar sucessão lateral de solos que teve

sua formação afetada pelos movimentos de matéria ao longo da topografia de acordo com Milne (1935, apud VIDAL-TORRADO et al.,2005). 3 Topossequência “representa uma hidrossequência onde a mudança de cores (vermelha, amarela,

cinzenta, etc.) dos solos é usada como indicadora de variação na altura do lençol freático” (KAMPF e CURI, 2012, p. 227).

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transformação, ao mesmo tempo em que, esta análise fomentou uma discussão que

perpassa a pedologia e adentra a geomorfologia, quando possibilita observar “que

existem redistribuições internas de matéria ao longo da vertente, que podem ter um

papel essencial na evolução do relevo”, como sugere Boulet et. al (1972 apud

BOULET, 1992, p.2).

Assim, os trabalhos realizados a partir dessa metodologia possibilitam como

aponta Boulet (1992), analisar o papel dos processos superficiais sobre a

diferenciação lateral da cobertura pedológica, no que tange a pedogênese e como a

evolução do relevo está diretamente associada aos processos geoquímicos e

pedológicos. Nesse sentido, baseados nesses pressupostos teóricos, destacam-se

estudos de caracterização e discussão sobre gênese, evolução dos sistemas

pedológicos e dos processos de morfogênese.

Essa compreensão também é utilizada para a cartografia dos solos, a exemplo

no Manual Técnico de Pedologia (BRASIL, 2015) que utiliza o método da

topossequência como um modelo aplicado nos procedimentos de levantamento

detalhado de solos. Consistindo no método de prospecção que visa à coleta de

dados, descrição de características dos solos no campo e a verificação de limites

entre unidades de mapeamento. Para tanto, considera-se os solos e suas variações

(classes de solos, textura, drenagem, profundidade, etc.) correlacionadas com as

superfícies geomórficas em que ocorrem, por exemplo, declive, comprimento e

forma de pendentes, posição e exposição dos solos em relação às encostas. Os

mapeamentos pedológicos também utilizam da catena para delimitação das

unidades de mapeamento utilizadas na representação das coberturas pedológicas.

2.2. GÊNESE E CARACTERIZAÇÃO DOS ESPODOSSOLOS

Para o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2013), a

classe dos Espodossolos compreende solos constituídos por material mineral com

horizonte B espódico imediatamente abaixo de horizonte E, A ou horizonte hístico,

dentro de 200 cm ou de 400 cm de profundidade (quando A+E ultrapassar 200 cm).

Apresentam, predominantemente, textura arenosa a comumente média e possuem

drenagem variável, relacionada aos seguintes fatores: profundidade, grau de

desenvolvimento e endurecimento ou cimentação do B espódico. Caracterizam-se,

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em geral, por serem de baixa fertilidade (pouca reserva de nutriente e baixa

saturação por bases), moderados a fortemente ácidos, podendo apresentar fragipã,

duripã, horizonte plácico ou ortistein.

Nos Espodossolos predominam a atuação do processo de podzolização com

eluviação de materiais compostos, dentre eles a matéria orgânica (MO) humificada e

alumínio, podendo ou não conter ferro, e consequente acumulação iluvial desses

constituintes (EMBRAPA, 2013). Na gênese desta classe de solos, o processo de

podzolização refere-se à migração de Al e Fe (complexados) ou MO, produzindo um

horizonte eluvial (E) e iluvial, como os espódicos (Bs, Bh, Bhs) (KAMPF e CURI,

2012).

Lundstrom et al. (2000) ao discutir sobre as condições de desenvolvimento dos

Espodossolos, aponta que estes ocorrerem em condições climáticas variadas, sendo

frequente em climas mais frios e sob vegetação de coníferas e ericáceas, como

ocorre no hemisfério norte e em regiões tropicais, esses solos costumam ocorrer

associados ao material de origem quartzosos. Aliado a esta condição, Silva et al.

(2012) acrescenta que o impedimento subsuperficial através do lençol freático

elevado e/ou horizonte cimentado, também representam condições comum para a

formação do horizonte espódico nesses ambientes.

Lundstron et al. (2000) cita duas teorias que tem sido propostas para explicar o

processo de podzolização: a primeira, trata da formação e transporte de ácidos

orgânicos com Al e Fe – relacionada a gênese dos Espodossolos; e a segunda, o

intemperismo do silicato seguido pelo transporte de Al e Si como colóides

inorgânicos – processo que ocasiona o acúmulo de argila mineral em profundidade.

Enquanto que Sauer et al. (2007) citado por Coelho et al. (2010), em sua revisão

sobre o referido processo, apresenta três teorias que explicam os mecanismos

relacionados à mobilização e translocação de compostos: 1) formação de complexos

solúveis em água de ácidos orgânicos com íons de Fe, Al e Si; 2) redução do Fe por

ácidos orgânicos e migração de complexos organometálicos; e 3) translocação de

Al, Si e Fe juntamente com ácidos orgânicos em complexos organometálicos.

Diniz (2011) sobre a dinâmica do processo de podzolização e formação dos

Espodossolos na região Amazônica, identifica que inicialmente alguns estudos

relacionavam a origem desta classe na baixa vertente naquela região, à ocorrência

de deposição de sedimentos nas bordas de vales. E posteriormente, outros autores

associavam a ocorrência dos Espodossolos à degradação das coberturas

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pedológicas lateríticas. Nascimento e Bueno (2001) constatam além da

podzolização, os processos de laterização e hidromorfia na formação do sistema

pedológico amazônico.

Lucas et al. (1984) discutiram sobre a transição Latossosolos-Espodossolos na

região de Manaus - Amazônia, desenvolvidos sobre os sedimentos detríticos da

Formação Barreiras. Utilizando-se da metodologia de análise estrutural da cobertura

pedológica, aliado a identificação dos elementos da paisagem: os platôs planos,

áreas intermediárias e fundos de vales. Nesse trabalho, os Espodossolos tiveram

seu aparecimento associado às áreas de abatimento, que aparecem a jusante das

áreas intermediárias mais desenvolvidas.

As características visualizadas no trabalho de Lucas et al. (1984), no sentido

montante a jusante da sequência estudada, foram: a diminuição do percentual de

argila; o acúmulo de MO em subsuperfície; aparecimento de horizontes arenosos, do

horizonte Bh com coloração mais escurecidas e de material cimentado. Estas

características evidenciam um processo de evolução pedológica com o

aparecimento de Espodossolos a partir da degradação de coberturas lateritícas.

Esses autores concluíram que a evolução dessa cobertura está relacionada à

evolução topográfica e, do ponto de vista textural, também está relacionada a

dissoluções, migrações em solução e processos de neoformação in situ.

Mafra et al. (2002) estudando a pedogênese numa sequência Latossolo-

Espodossolo na região do Alto Rio Negro – Amazonas, verificaram que a ocorrência

dos Espodossolos nessa área está relacionados a transformação dos Latossolos, a

partir da degradação das argilas em subsuperfície (acidólise) e predomínio de

material arenoso onde se desenvolvem, posteriormente os Espodossolos,

concordando com o processo descrito por Lucas et al. (1984). Para esses autores,

esse processo evolutivo é autóctone sobre material de origem granítico e exerce

papel preponderante na evolução do modelado através do aplainamento geral do

relevo, formação de depressões fechadas e as diferenciações pedológicas verticais

e laterais.

No Litoral Norte baiano alguns estudos abordam sobre a ocorrência de

Espodossolos na área. Ucha (2000) em sua pesquisa realizada no município de

Entre Rios (Litoral Norte-BA) tratou dos processos de evolução entre Latosssolo

Amarelo, Argissolo e Espodossolo ocorridos nos sedimentos Barreiras. Através da

metodologia de topossequência estudou os processos de diferenciação lateral dos

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solos ou “sistemas de transformação pedológica”. Este autor constatou que a

evolução dessas classes de solo está relacionada a um sistema morfopedogenético

associado a mudanças climáticas (alternância de umidade) e à ação da neotectônica

(ocorrência de fraturas na Formação Barreiras e a formação de depressões), que

propiciaram a gênese dos horizontes endurecidos e dos horizontes espódicos.

Concordando com esse estudo, Fortunato (2004) e Costa Júnior (2008)

ressaltaram a influência desses fatores, determinando diferentes ritmos de

processos ou ao desenvolvimento de sistemas pedológicos (pedogênese), assim

como exercendo influência no controle estrutural para o entalhamento dos vales e

desenvolvimento da rede de drenagem (evolução da paisagem).

Ribeiro et al. (2005) explicita que os “sistemas de podzolização” existentes

sobre os tabuleiros costeiros têm sua gênese promovida pelo abatimento do relevo,

seguido da formação de horizontes cimentados (duripãs e fragipãs) e da

consequente manutenção de hidromorfia por vários meses durante o ano, que por

sua vez alimenta o processo de formação dos fragipãs e duripãs que crescem e se

estendem à medida que a hidromorfia se estabelece.

Ucha (2000), citando Barbeiro (1995) ao discutir sobre a transformação do

domínio latossólico em domínio hidromórfico, relaciona esta evolução com uma

mudança na topografia. Esta mudança ocorre através da existência de depressões

fechadas nos tabuleiros costeiros que produziram os horizontes endurecidos. A

existência desses horizontes ocasiona o acúmulo de água durante o período de

chuvas com a formação de lagoas sazonais. Após a instalação de lençol freático

suspenso ocorre o processo de hidromorfismo temporário, com isso, favorece a

circulação hídrica lateral que propicia os processos de ferrólise e a argiluviação,

resultando na formação de pequenas áreas rebaixadas por subsidência, e posterior

acumulação em horizontes iluviais. Esse processo de evolução topográfica é

também descrito por Filizola et al. (2001) para descrever o processo de evolução

dos fragipãs e duripãs, além da ocorrência do processo de podzolização como

formação de horizonte álbico nos baixos platôs costeiros do Nordeste.

Além das condições de hidromorfismo, a condição para a intensificação do

processo de podzolização está relacionada a diferenças na composição e na forma

que os materiais sedimentares estão depositados (BARBEIRO, 1995 apud UCHA,

2000). Essa condição é característica dos sedimentos do Grupo Barreiras e,

portanto, atua como agente inicial do processo de transformação superficial. Essa

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grande variação granulométrica (diferença textural), com camadas argilosas,

arenosas e cascalhenta, podem provocar alterações acentuadas na dinâmica da

água, afetando as migrações internas, promovendo a disposição de elementos e

gerando os lençóis suspensos, instalando os processos secundários de

transformação, empacotamento de estruturas e erosão lateral interna.

Costa Júnior (2008) ao estudar a cobertura pedológica que se desenvolve nos

Leques Aluviais, verificou a ocorrência de Espodossolos no Litoral Norte. A

topossequência estudada por esse autor é formada por Espodossolos e Neossolos

Quartzarênicos e Litólicos nas baixadas e baixa encosta, Argissolos na média/alta

encosta e Latossolo Amarelo nos topos. Este autor conclui que as transformações

Espodossolo/Latossolo se dão a partir do processo de podzolização, que causa a

erosão regressiva da vertente em direção ao centro da colina e causa o

desenvolvimento de vertentes côncavas suaves no sopé da encosta e o progressivo

rebaixamento do perfil de solo e do relevo, na parte alta.

Em áreas de restinga da planície costeira, Coelho et al. (2010) realizaram a

caracterização dos Espodossolos desses ambientes e procuraram investigar sobre

os mecanismos relacionados a sua gênese no estado de São Paulo. Esses autores

verificaram que estes solos possuíam textura essencialmente arenosa e

predominância de areia fina e destacaram que os atributos dos referidos solos são

influenciados em sua gênese, pelo material de origem silicoso e pelo processo de

podzolização, tendo o Al como o principal cátion envolvido.

Silva et al. (2012) trataram dos processos de podzolização em solos de áreas

de depressão de topo dos tabuleiros costeiros do Nordeste, desenvolvidas sob

sedimentos do Barreiras e observaram que à medida que se aproxima dessas

depressões há variação da textura desses solos, tornando-os mais arenosos e com

ocorrência de hidromorfismo mais acentuado até o aparecimento dos Espodossolos.

Nesse contexto, os autores relatam que esses solos tendem a apresentar processos

e feições associadas ao excesso de água e horizontes cimentados.

Carvalho et al. (2013) sobre os Espodossolos ocorridos nos tabuleiros costeiros

na região Nordeste, realizou a caracterização destes solos em perfis localizados nos

estados da Paraíba e Pernambuco. Estes solos estavam inseridos na faixa úmida

(litoral e mata), sobre relevo plano, sendo um deles em área de restinga e os demais

nos tabuleiros. Sobre os atributos morfológicos, os perfis estão situados entre

declividades de 0 a 2,5% e em encostas suaves (2,5% a 5,0%). Em geral

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apresentaram a sequência de horizontes: E álbico, B espódico com cimentações em

graus variados, e alguns com presença de fragipã, com drenagem de moderada a

imperfeitamente drenada e alguns com lençol freático aparente. Do ponto de vista

físico, os perfis apresentam textura arenosa, característico do material de origem

pobre em argila. Quanto às características químicas, observaram acidez elevada,

baixa saturação por base, baixa CTC e alta saturação por Al3+, características

também encontradas por Coelho et al. (2010).

Silva et al. (2012) e Carvalho et al. (2013) concluíram que não houve diferença

nas características entre os Espodosssolos desenvolvidos nos tabuleiros e da

restinga, exceto pela presença de fragipã/horizontes cimentados, comuns no

primeiro. Esses autores identificaram na mineralogia, a caulinita como o mineral

principal na fração argila e a fração areia, formada essencialmente pelo quartzo.

Em pesquisas mais recentes sobre a temática, Andrade (2015) em seu estudo

pedogeomorfológico, identificou a ocorrência de Espodossolo, através de tradagens

em uma vertente no Litoral Norte-BA, ao longo de uma topossequência. Esse autor

destaca que após a ocorrência de um Neossolo quartzarênico no topo da vertente,

começa a aparecer bandamentos de matéria orgânica em profundidade que para ele

é o inicio do processo de podzolização que culminará na formação do Espodossolo,

encontrado logo na sequência. Segundo o referido autor, essa podzolização pode ter

ocorrido com à migração de MO através do material silicoso. Este solo foi

encontrado no ponto de maior ruptura de declive que gerou uma leve concavidade

na vertente.

2.3. SIGNIFICADO DOS PARÂMETROS ESTATÍSTICOS E DA MORFOMETRIA NA ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DAS AREIAS

A análise granulométrica para Suguio (1973) possui múltiplas finalidades tanto

para a sedimentologia quanto para os estudos pedológicos, no qual destacam-se:

caracterizar e classificar os sedimentos com o mínimo de subjetividade;

correlacionar sedimentos de áreas diferentes por meio de tratamentos estatísticos

adequados, inferir ideias relativas à gênese dos sedimentos, em relação ao modo de

transporte e deposição; e na pedologia, caracterizar e classificar os tipos de solos,

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por vezes permitindo prever certos comportamentos, além de correlacioná-los.

Sendo possível ainda inferir sobre processos genéticos e de evolução desses solos.

Segundo Suguio (1973) e Netto (1980) a análise das propriedades dos grãos

isolados, como tamanho, forma e textura superficial é importante porque tais

características retratam direta ou indiretamente todas as mudanças pelas quais

passaram os sedimentos. Esses autores destacam que o tamanho pode estar

relacionado ao meio de transporte e velocidade. Enquanto que a forma além de

estar relacionada ao tipo de transporte, também pode indicar sobre a distância e ao

rigor do transporte. Já a textura superficial pode fornecer indicações sobre o método

de transporte (rolamento, saltação e suspensão).

Camargo (2006) baseado em outros autores discute que o tamanho das

partículas é umas das principais propriedades dos sedimentos e essa característica

indica sobre as condições deposicionais e de transporte (vento, rio,corrente de

turbidez, etc).

A discussão dos parâmetros (atributos derivados estatisticamente da

distribuição granulométrica) é usada como espécie de resumo na descrição dos

sedimentos e na comparação entre eles (SUGUIO, 1973). Dentre os quatro

parâmetros existentes que são: medidas de tendência central, grau de dispersão,

grau de assimetria e curtose, nesse trabalho serão analisados dois, tendência

central e grau de dispersão como discutidos por Suguio (1973) e Netto (1980).

As medidas de tendência central caracterizam a classe granulométrica Φ mais

frequente, denominadas em médias, medianas e moda. A média ou diâmetro médio

(Ø) consiste no tamanho médio das partículas. Medianas é a medida da tendência

central que considera apenas a posição. A moda representa o valor mais frequente

da distribuição. A granulação média indica a ordem de magnitude dos tamanhos das

partículas e é útil na comparação entre amostras.

As medidas de grau de dispersão ou espalhamento tratam do grau de

dispersão dos dados em torno da tendência central. Nesse parâmetro é observado o

selecionamento ou grau de seleção dos sedimentos e é representado pelo desvio

padrão da distribuição de tamanho. Assim, é observado que sedimentos bem

selecionados implicam em grãos com pequena dispersão dos seus valores

granulométricos. Sendo possível inferir sobre os agentes geológicos quanto aos

aspectos de tipo de agente, intensidade e densidade dos grãos para a ocorrência de

maior ou menor selecionamento dos grãos.

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Jesus e Andrade (2013) ao citar Friedman (1967); Gao e Collins (1994),

afirmam que os parâmetros estatísticos refletem os processos de transporte e

deposição dos sedimentos, como: deposição seletiva, abrasão, remoção seletiva e

mistura de sedimentos, em especial que os parâmetros texturais refletem o modo e

a intensidade do agente de transporte. Sendo, deste modo, a análise do tamanho

dos grãos é útil na distinção dos ambientes sedimentares.

A análise morformétrica dos grãos é baseada no grau de arredondamento e

esfericidade (forma) e têm sido usadas para indicar sobre os depósitos sedimentares

que fazem parte (SUGUIO, 1973). Os fatores analisados em relação às formas estão

relacionados a três aspectos: os comprimentos dos eixos principais, angularidade ou

arredondamento das partículas. Os comprimentos dos eixos controlam parcialmente

os sedimentos durante o transporte e deposição, enquanto que o arredondamento

ou angularidade reflete a distância e o rigor do transporte. Durante a observação dos

grãos, o arredondamento é em relação à forma das arestas, enquanto que a

esfericidade é o quão o formato desse grão se aproxima de uma esfera perfeita.

O arredondamento do grão é um bom índice de maturidade4 de um sedimento.

Assim poderá ser observado que somente areias retrabalhadas em vários ciclos

sucessivos é que deverão apresentar grãos com graus de moderado à bem

arredondados. Outra interpretação possível trata de quando esses sedimentos não

foram derivados de outros preexistentes e onde o transporte ocorreu por uma

distância muito curta, será observado uma homogeneidade das classes

granulométricas quanto ao grau de arredondamento. Enquanto a esfericidade reflete

muito as condições de deposição no momento da acumulação, embora em grau

mais limitado, os grãos poderão ser modificados também por abrasão (SUGUIO,

1973; NETTO, 1980).

4 O conceito de maturidade para a sedimentologia significa “a medida da aproximação dos

sedimentos clásticos de um tipo final estável, que é ocasionada por processos de formação agindo sobre os mesmos” (SUGUIO, 1973, p.176).

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2.4. CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO

2.4.1. Clima

O município de Mata de São João possui o clima segundo sistema de

classificação de Koppen, caracterizado pelo tipo Af - tropical chuvoso de floresta,

definido como: tropical chuvoso de floresta sem estação seca; pluviosidade média

mensal superior a 60 mm e anual superior a 1500mm; temperatura do mês mais frio

acima de 18ºC; verões longos e quentes com temperatura média do mês mais

quente superior a 22ºC (SEI, 1998a).

Os aspectos climáticos da área são definidos pela sua posição latitudinal (13°

de latitude sul), que caracteriza sua tropicalidade (quente e úmido). A pluviosidade

possui média anual superior a 1500 mm (SEI, 2003), bem distribuída ao longo do

ano. O período mais chuvoso vai dos meses de abril a agosto (outono-inverno) e os

meses mais secos de dezembro a março (verão). O gráfico representativo da

distribuição das chuvas mensal, obtidos para o município de Itanagra5 entre os anos

de 1964 a 1994, que está localizada a aproximadamente 40 km de Mata de São

João (Figura 1).

Figura 1: Pluviosidade média mensal do município de Itanagra – BA (1964 – 1994)

Fonte: ANA, 2015. Org. Geiza Santos, 2015.

5 Utilizou-se os dados do município de Itanagra, pois não foram encontrados dados pluviométricos

disponíveis para o município de Mata de São João necessários para compor um normal climatológico.

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A partir dos dados de temperatura e pluviosidade obtidos para o município de

Itanagra (1964-1994) foi realizada a análise climática, segundo o Sistema de

Classificação Climática de Thornthwaite e Mather de 1955, baseado no método de

Balanço Hídrico Climatológico (VIANELLO, 1991).

Conclui-se que a área possui tipo climático úmido (SEI, 1998b), demonstrado

no Quadro 1. Desta forma, verifica-se que a pluviosidade total anual, considerando

os valores médios mensais, é de 2094,9 mm. Observa que a evapotranspiração

potencial (ETP) possui total acima de 1.400 mm/ano, com valores constantes ao

longo do ano, como evidenciado pelo regime hídrico positivo (Figura 2). A

evapotranspiração real (ETR), que se refere à quantidade de água que retorna a

atmosfera através da transpiração das plantas, é elevada entre os meses de

outubro/maio resultante das maiores temperaturas nesse período.

Figura 2 - Gráfico do balanço hídrico segundo Thornthwaite e Mather, 1955, do município de Itanagra (1964-1994)

Fonte: Quadro 1. Org. Geiza Santos, 2015

Os meses que concentram os maiores volumes de chuvas, de abril a agosto

(outono-inverno), registram a ocorrência de armazenamento máximo de água no

solo (capacidade de campo adotada para efeito de calculo foi de 125 mm). Nesses

referidos meses são registrados excedente hídrico com total anual de 734,1 mm.

Esse excedente tem influência, principalmente, na dinâmica superficial da água

(processos de morfogênese) e na dinâmica subsuperficial (infiltração, recarga de

aquífero) que afeta diretamente os processos pedogenéticos. Em contraponto tem-

se o baixo déficit hídrico, associado aos meses mais secos (verão-primavera),

totaliza 77,9 mm/ano (Quadro 1).

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Quadro 1 – Balanço hídrico mensal e anual de Itanagra-BA para o período de 1964-1994 segundo metodologia de Thornthwaite e Mather, 1955

Meses T

(°C) P

(mm) ETP (mm)

P-ETP (mm)

NEG-AC

(mm)

ARM (mm)

ALT (mm)

ETR (mm)

DEF (mm)

EXC (mm)

Jan 26,8 97 150 -53 -136 42 -22 119 31 0

Fev 26,9 112 140 -27 -163 34 -8 121 19 0

Mar 26,5 136 144 -8 -171 32 -2 138 6 0

Abr 26,1 283 128 155 0 125 93 128 0 62

Mai 24,9 336 110 227 0 125 0 110 0 227

Jun 23,8 264 89 175 0 125 0 89 0 175

Jul 24,1 229 96 134 0 125 0 96 0 134

Ago 23,0 187 83 104 0 125 0 83 0 104

Set 24,2 131 98 33 0 125 0 98 0 33

Out 25,7 114 128 -14 -14 112 -13 127 1 0

Nov 25,9 119 131 -12 -25 102 -10 129 2 0

Dez 26,2 86 143 -57 -82 65 -37 124 20 0

TOTAIS 304 2095 1439 656 − 1137 0 1361 78 734

MÉDIAS 25 175 120 55 − 95 − 113 6 61

T- Temperatura média compensada; P – Precipitação média; ETP – Evapotranspiração Potencial; NEG AC – Negativa Acumulada; ARM – Armazenamento; ALT – Alteração; ETR – Evapotranspiração Real; DEF- Deficiência hídrica; EXC – Excedente hídrico. Fonte: CEPLAB, 1976. ANA, 2015. Org. Geiza Santos, 2015.

2.4.2. Geologia

2.4.2.1. Geologia regional

A geologia regional consiste no embasamento cristalino representado pelo

Cinturão Itabuna-Salvador-Curaçá (CISC), que bordeja a Zona Costeira do Litoral

Norte e pertence ao Cratón São Francisco, datada do Arqueano. Sua litologia é

composta por rochas graníticas gnáissicas, por vezes migmatizadas, ricas em

minerais silicáticos e em Al (DOMINGUEZ e BITTENCOURT, 2012). São

encontrados afloramentos deste material às margens dos rios Pojuca e Imbassaí,

entre cotas de 5 a 20 m, com vários graus de alteração e associados a relevo

predominantemente de colinas ou rampas, dissecadas pelas drenagens ou em

forma de lajedos (ALMEIDA JÚNIOR et al., 2013).

Os cinturões metamórficos são cortados pela Bacia do Recôncavo-Tucano-

Jatobá, um sistema de bacias do tipo rift orientada N30°-40°, originada a partir de

um processo de rifteamento abortado no Mesozóico. Este processo ocorreu durante

a separação Brasil-África e, concomitantemente, a propagação de sul para nordeste

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do oceano Atlântico Sul, entre 230 Ma e 98 Ma, portanto no Cretáceo (CORRÊA-

GOMES e DESTRO, 2012).

Recobrindo algumas áreas tanto do embasamento cristalino quanto da bacia

sedimentar, encontram-se os depósitos relacionados à Formação Barreiras, termo

litoestratigráfico adotado segundo Rossetti e Dominguez (2012). Estes autores,

baseado em um vasto referencial bibliográfico sobre o tema, definem que a

Formação Barreiras é resultante da “sedimentação tipicamente continental,

consistindo principalmente em coalescência de leques aluviais e em sistemas

fluviais entrelaçados desenvolvidos sob condições climáticas quentes e secas”

(ROSSETTI e DOMINGUEZ, 2012, p. 365). A ocorrência da Formação Barreiras é

registrada ao longo do litoral brasileiro, estendendo-se desde a região amazônica e

por toda a região costeira do Norte, Nordeste e Sudeste até o estado do Rio de

Janeiro. A geologia regional que abrange a área de estudo está representada na

Figura 3.

2.4.2.2. Geologia local

Dentre as unidades geológicas que compõem a área de estudo, destacam-se

as seguintes unidades: a Formação Barreiras, depósitos dos Leques Aluviais,

depósitos Eólicos e Fluvio-lagunares (MARTIN et al., 1980; ALMEIDA JÚNIOR et al.,

2013).

A Formação Barreiras é considerada a sedimentação detrítica mais importante

datada do Plioceno (MARTIN et al. 1980). Rossetti e Dominguez (2012) detalham

que esta formação é oriunda de sedimentação tipicamente continental,

desenvolvidos a partir da coalescência de leques aluviais e em sistemas fluviais

entrelaçados, em condições climáticas quentes e secas. Segundo esses autores,

esta interpretação fundamenta-se com base, principalmente, na constituição arenosa

e conglomerática e na abundância de depósitos com geometria de canais.

Quanto à distribuição geográfica ao longo da área de estudo e sobre o ponto

de vista geológico, a Formação Barreiras forma um onlap6 costeiro sobre rochas do

embasamento cristalino arqueano-paleoproterozóico, bem como sobre rochas

6 Onlap consiste no “termo utilizado quando uma sequência estratigráfica de base discordante termina

progressivamente contra uma superfície inicialmente inclinada, ou quando estratos inicialmente inclinados terminam progressivamente up dip contra uma superfície originalmente de grande inclinação” (IBGE, 1999, p.143).

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jurássicas e cretáceas associadas às várias bacias sedimentares formadas durante

o processo de abertura do oceano Atlântico, no momento da separação dos

continentes sulamericano e africano (ROSSETTI e DOMINGUEZ, 2012). Essa

sedimentação obedeceu a um conjunto de fatores ambientais que envolveram,

principalmente, mudanças climáticas, oscilações do nível do mar e movimentos

tectônicos, que ocorreram em uma sequência de eventos determinantes à

elaboração da configuração atual do litoral brasileiro (COSTA JÚNIOR, 2008).

São identificadas uma ampla variedade de associações faciológicas que

podem ser reconhecidas, apesar da ocorrência frequente de areias grossas e

conglomeráticas – mal selecionadas e maciças – e depósitos que são comumente

integrados a uma variedade de outros estratos de granulometria fina, como aponta

Rossetti e Dominguez (2012). Sua mineralogia, geralmente, é composta por uma

sequência de sedimentos detríticos, siliciclásticos, de origem fluvial e marinha,

pouco ou não consolidados, mal selecionados, de cores variegadas, variando de

areias finas a grossas – predominando grãos angulosos, argilas cinza-

avermelhadas, com matriz caulinítica e pouca ocorrência de estrutura sedimentar,

como aponta Nunes et al. (2011) a partir de estudos como o de Vilas Boas (1996);

Vilas Boas, Sampaio e Pereira (2001); Arai (2006); Mabessone et al. (1972);

Bigarella (1975); e Lima (2002).

A associação faciológica do Barreiras comum na região do Litoral Norte da

Bahia, segundo Fortunato (2004), é composta basicamente por argilitos, arenitos e

diamictitos. Essas formações possuem diversos graus de coesão, apresentando

uma estrutura em planos paralelos, associadas às camadas de deposição dos

sedimentos.

Nunes et al. (2011) a partir de revisões das últimas cinco décadas sobre a

Formação Barreiras, que incluem os autores Jacomine (1996), Ribeiro (2001),

Moraes Neto e Alkimin (2001), indicam que os sedimentos do Barreiras ocorrem, em

geral, em cotas de 20 a pouco acima de 200 metros.

Os Depósitos de Leques Aluviais Pleistocênicos são encontrados

preferencialmente no sopé das elevações ou de antigas falésias e tem como

principal origem, apontados por Dominguez e Bittencourt (2012), deposição em

sistemas aluviais que retrabalharam os sedimentos Barreiras em clima mais árido

que o atual. E em alguns pontos esses depósitos são encontrados normalmente em

cotas de 15 a 20 metros acima do nível atual do mar (VILAS BOAS et al., 1985).

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A composição mineralógica dos leques aluviais, considerando a rocha-fonte

dos sedimentos (Barreiras) é, em grande parte, constituída de areias quartzosas

com percentagens variadas de argila, que podem conter seixos de quartzo (MARTIN

et al., 1980). As areias são de média a grossa, mal selecionadas e angulosas, os

minerais de quartzo e feldspato alterados são os predominantes nesta fração,

contendo grânulos e seixos tanto organizados em lentes como dispersos

aleatoriamente, suportados por matriz argilosa, sem evidências de estruturas

sedimentares (ALMEIDA JÚNIOR et al., 2013).

Vilas Boas et al. (1985) distingue os depósitos de leques através das seguintes

características: material não apresenta estratificação, baixo selecionamento, ampla

variação na sua composição e por vezes apresenta estrutura maciça. Esse autor

salienta que a formação desses leques aluviais coalescentes está ligada ao clima.

Em climas úmidos, esses processos são predominantemente fluviais e em clima

árido e semiárido são formados pelo fluxo de detritos. Já os Depósitos

Pleistocênicos na Costa baiana, foram formados predominantemente por processos

de fluxos de detritos, em condições mais secas que a atual. O relevo é representado

por morros e colinas suavemente ondulados.

Os depósitos eólicos arenosos ou dunas são representados por três gerações:

Dunas Pleistocênicas, Dunas Holocênicas e cordões Arenosos Litorâneos. A partir

da faixa de praia com cotas inferior a 3 metros encontram-se os Cordões Arenosos.

Posterior têm-se as Dunas Holocênicas com granulometria variando de média a fina,

arredondadas e de coloração branca com cotas de 3 a 6 m. Os Depósitos

Pleistocênicos possui as cotas mais elevadas de 5 a 40 m, superpondo cotas da

Formação Barreiras, constituídos de material quartzoso, de textura média a grossa e

de coloração esbranquiçada (MARTIN et al., 1980; ALMEIDA JÚNIOR et al., 2013).

Os depósitos aluvionares são compostos por sedimentos tipicamente argilo-

siltosos, de coloração que varia de cinza a preta, ricos em matéria orgânica e

contendo conchas marinhas e lagunares. Já os depósitos flúvio-lagunares

(mangues, brejos e pântanos) são encontrados nas regiões mais baixas, margeando

os rios e drenagens, composto por areias finas e sedimentos argilosos (ALMEIDA

JÚNIOR et al., 2013). Estes foram formados desde o inicio da última transgressão

atual, sendo encontrados preferencialmente na costa em uma série de depósitos nas

zonas baixas margeando os rios (MARTIN et al., 1980).

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Figura 3 - Mapa geológico da área de estudo

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2.4.3. Geomorfologia

O Litoral Norte é um setor da costa baiana que possui características

morfoesculturais intrinsecamente relacionadas aos depósitos de sedimentos

ocorridos nessas áreas. Nesse sentido, grandes extensões desses ambientes são

formados pela presença dos depósitos do Grupo Barreiras próximos ao litoral, que

constituem os chamados Tabuleiros Costeiros (MARTIN et al.,1980). São

encontradas na base das falésias do “Barreiras” a planície costeira, formada pelos

depósitos quaternários, com dimensões que podem variar de dezenas a centenas de

metros de largura. Sobre a planície costeira, Suguio et al. (1985) constata que as

oscilações do nível marinho foram de fundamental importância na sua evolução.

Para Brasil (1981) a área é representada pelos domínios de depósitos

sedimentares e dos planaltos inumados. Os depósitos sedimentares são

constituídos pelos sedimentos do Quaternário, pouco consolidados ou

inconsolidados, que dentro da região das planícies litorâneas compõe a unidade

geomorfológica das planícies marinhas e fluviomarinhas. Nessas planícies são

encontradas faixas de praias, bancos de arenitos, formações dunares, cordões

litorâneos, além da ocorrência de terraços reelaborados pelas ações fluviais. Essa

unidade se apresenta com um desnível de 10 a 20 metros em média, em relação a

outras unidades litorâneas.

Enquanto, o domínio dos planaltos inumados que engloba a região dos baixos

planaltos refere-se a formas tabulares, descontínuas e rebaixadas, com altitude de

até aproximadamente 200 metros. A unidade geomorfológica, que representa a área

é dos Tabuleiros Costeiros, não ultrapassa 100 metros de altitude. Essa forma é

coincidente com os depósitos da Formação Barreiras, como mencionado no

subcapítulo anterior. Caracterizam-se por interflúvios que sofrem um intenso

processo de dissecação homogênea, possuindo formas com topos tabulares, com

alta densidade de canais de drenagem, como discutido anteriormente baseado em

Martin et al. (1980).

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2.4.4. Vegetação

A cobertura vegetal primária que recobre a área é composta pelas regiões

fitoecológicas: Áreas das formações pioneiras e de Floresta Ombrófila Densa

(BRASIL, 1981).

As áreas de formações pioneiras são formadas pela vegetação situada ao

longo dos rios e praias, com ocorrência principalmente nas planícies costeiras.

Essas áreas se caracterizam pela influência fluvial e marinha e do ponto de vista

pedológico são instáveis, pelo constante rejuvenescimento dos solos, resultado dos

processos de erosão/redeposição dos sedimentos. São encontradas espécies

herbáceas campestres até a florestal de manguezal (BRASIL, 1981).

A região fitoecólogica de Floresta Ombrófila Densa recobre principalmente as

áreas dos tabuleiros costeiros, por não ultrapassarem cotas altimétricas de 100

metros e são classificadas como Floresta do tipo Ombrófila Densa de Terras baixas.

Além da faixa altimétrica, a distribuição desse tipo de formação está intrinsecamente

associada à quantidade e à distribuição das chuvas, neste caso trata-se de volumes

superiores a 1.500 mm bem distribuídos ao longo do ano. Outro aspecto do meio

físico que se relaciona a esse tipo de cobertura são as condições edáficas, em que

há predomínio de solos profundos, de fertilidade baixa a mediana, consequência do

forte processo de lixiviação (BRASIL, 1981). Essa vegetação tem sido

sistematicamente substituída por culturas diversas, pastagens e vegetações

secundárias, pouco restando das formações originais.

2.4.5. Hidrografia

A área de estudo está inserida na Região de Planejamento e Gestão das águas

(RPGA) do Recôncavo Norte, como apresentado pelo Instituto do Meio Ambiente e

Recursos hídricos (INEMA) – órgão responsável pelo planejamento e gestão das

águas no estado da Bahia. Essa RPGA é composta por diversas bacias

hidrográficas, sendo as mais expressivas: Bacia do Rio Pojuca, Bacia do Rio Subaé,

Bacia do Rio Jacuípe; Bacia do Rio Joanes, Bacia do Rio Ipitanga, Bacia do Rio

Jaguaribe (BAHIA, 2015).

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Nessa RPGA, a bacia hidrográfica do rio Pojuca consiste em uma das mais

importantes, pois com base no Bahia (2005b) este curso d’água possui a maior

extensão e área de drenagem, com cerca de 4.341 km² em área e percorre 200km.

Sua nascente está localizada no município de Santa Barbara e sua foz no oceano

atlântico fica entre a vila de Praia do Forte e Itacimirim. O Pojuca constitui no divisor

natural entre os municípios de Camaçari e Mata de São João.

Em função da melhor intensidade e distribuição das precipitações, esta bacia

caracteriza-se por afluentes mais efetivos (perenes), onde a maior parte deles

possui descargas durante todo o ano, apesar de apresentarem menor porte (rede

dendrítica). As condições de pluviosidade são caracterizadas pelos elevados

volumes ao longo de todo o ano, com totais superiores a 1500 mm/ano, elevado

excedente hídrico e diminuta deficiência hídrica do solo. A vegetação é composta

pela Floresta Ombrófila Densa, além da ocorrência de áreas de influência marinha e

fluviomarinha (mangues e restingas) nas zonas próximas à costa. Essa área é

marcada por uma grande variação litológica, onde são encontradas rochas do

embasamento, da Formação Barreiras e depósitos Quaternários. Assim, as

condições de escoamento superficial estão associados ao comportamento geoídrico

das diferentes unidades litoestratigráficas do que da própria atmosfera (BRASIL,

1999).

A região é caracterizada pela presença de pequenas fazendas com criação de

gado, distrito florestal e minifúndios de subsistência, tendo como principal recurso

hídrico, o rio Pojuca (BAHIA, 2005b). Este relatório aponta como principais usos da

água no rio, são: consumo doméstico e abastecimento público; lazer, pesca e

esportes náuticos; dessendentação de animais; diluição de efluentes; irrigação; e

abastecimento industrial.

2.4.6. Solos

As classes de solos encontradas na área, segundo EMBRAPA (1976; 1977) e

atualizadas segundo Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos - SiBCS

(EMBRAPA, 2013) são predominantemente as associações entre os Argissolos

Vermelho-amarelo Tb, A fraco a moderado e textura média/argilosa até arenosa e os

Latossolos Vermelho-amarelos Distróficos, A moderado, textura média. Esses solos

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podem apresentar caráter plíntico, concrecionário e não concrecionário. Esse tipo de

cobertura pedológica é característico dos baixos platôs costeiros (tabuleiros

costeiros) relacionados com sedimentos da Formação Barreiras.

São encontrados também associação entre os Espodossolos (Podzois com A

moderado e proeminente, textura arenosa), as Areias Quartzosas distróficas A fraco

e moderado (Neossolos Quartzarênicos) e os Solos hidromórficos indiscriminados

que englobam as classes dos Gleissoslos, Organossolos e Plintossolos. Outras

áreas são recobertas pelas Areias Quartzosas marinhas distróficas com A fraco

(Neossolos). Esses últimos são encontrados principalmente nas planícies litorâneas,

referente aos depósitos do Quaternário.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo está situada no município de Mata de São João, localizado no

litoral nordeste do estado da Bahia. Esse litoral também é também chamado como

Litoral Norte e engloba, além de Mata de São João, os municípios de Entre Rios,

Esplanada, Conde e Jandaíra até o limite do estado de Sergipe. Toda essa região

consiste em uma Área de Proteção Ambiental, através do Decreto estadual Nº 1.046

de 17 de março de 1992 (APA - Litoral Norte/BA). Assim, Mata de São João

corresponde ao limite Sul da APA – Litoral Norte/BA pelo curso do rio Pojuca.

O referido município delimita-se na porção leste pelo oceano Atlântico e faz

divisa com os municípios de Itanagra, Entre Rios, Camaçari, Dias D’ávila, São

Sebastião do Passé e Pojuca. Encontra-se a uma distância aproximada de 65 km da

capital Salvador-BA, e tem como principal via de acesso a BA-099, com o primeiro

trecho conhecido como “estrada do coco” e seu prolongamento até a divisa com

Sergipe como “linha verde”. O acesso à área de estudo foi realizado através de

estradas vicinais (pavimentadas e não pavimentadas) a partir da BA-099 (FIGURA

4).

3.2. ESCOLHA DA ÁREA E DOS LOCAIS DE COLETA

Para a escolha da área considerou-se como critérios a localização e a

necessidade de aprofundamento dos estudos ambientais na região. A área está

situada em uma Área de Proteção Ambiental (APA – Litoral Norte/BA) e apesar da

proximidade com a capital do estado e da intensificação do fluxo turístico ao longo

do Litoral Norte, possui muitos ambientes ainda conservados, sendo está uma

característica importante para o desenvolvimento de estudos relacionados à gênese

e evolução dos solos, que requer áreas com menor influência antrópica ou

degradação possível. Ressalta-se que a vegetação (Mata Atlântica) em muitas locais

está em avançado grau de degradação devido aos usos atuais advindos da

expansão urbana, extrativismos e agropecuária (BAHIA, 2005b).

A ampliação dos estudos ambientais decorre do reconhecimento da

importância do componente ambiental solos como auxiliar no planejamento racional

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do uso dessas áreas litorâneas, onde há necessidade de compatibilizar as

atividades humanas com recursos muitas vezes frágeis, como é o caso de classes

de solos como os Espodossolos. Especialmente para essa classe de solos, percebe-

se uma escassez de informações, sobretudo, àqueles situados ao longo do litoral

nordestino.

Este estudo também se propõe a contribuir com a elaboração do levantamento

e mapeamento de solos em escala de detalhe para a área, como parte das

atividades realizadas pelo Projeto aprovado no Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) intitulado “Solos e Paisagens na

Área de Proteção Ambiental - APA - Litoral Norte do Estado da Bahia”.

3.2.1. Seleção dos pontos de amostragem

A partir da interpretação dos mapas temáticos e da base cartográfica utilizada

realizou-se uma atividade de prospecção com o objetivo de selecionar os pontos de

amostragem. Esta etapa serviu para o reconhecimento da paisagem da área de

estudo, para identificar os aspectos ambientais e aferir as informações de campo

com as obtidas no escritório.

Destaca-se como essencial nesse momento, o reconhecimento da distribuição

espacial da litologia (material de origem) como: o Grupo Barreiras, os Leques

Aluviais, os Terraços Marinhos e os Depósitos fluvio-lagunares/aluvionares

destacados por Almeida Júnior et al., (2013) e das formas do relevo.

Para a identificação e seleção dos locais de coleta dos solos representativos

para este estudo, o critério utilizado baseou-se no mapeamento preliminar de formas

de relevo (LIMA e DINIZ, 2016), no qual foram delimitados os seguintes segmentos

da paisagem: topo, sopé e encosta – além da sua morfometria (plana, convexa e

côncava). A partir da identificação desses segmentos, aliada à interpretação dos

mapas de declividade e hipsométrico (escala 1: 25.000) foi possível estabelecer

relações entre as variáveis: formas do relevo e classes de solos. Esses aspectos,

em conjunto com as informações sobre a litologia local e o entendimento sobre a

gênese e evolução dos solos, foram utilizados como critério para a identificação e

seleção dos quatro perfis de Espodossolos representativos.

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Assim, os quatros perfis identificados foram coletados em catena em dois

segmentos da paisagem, topo e encosta côncava. Nas áreas de topo localizam-se

os perfis 1 e 2, sendo P1 (8.620.149 m N e 606.094 m E) e P2 (8.621.633 m N e

605.092 m E) e nas encostas côncavas estão os perfis 3 e 4, sendo P3 (8.619.220 m

N e 606.226 m E) e o P4 (8.610.896 m N e 604.466 m E), como pode ser visualizado

na Figura 4.

Figura 4 - Mapa de localização dos perfis estudados

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3.3. COLETA E PREPARAÇÃO DAS AMOSTRAS

A descrição morfológica e a coleta das amostras de solos seguiram os critérios

do Manual de Descrição e Coleta de Solos no Campo (SANTOS et. al., 2013). Para

essa etapa foram selecionados quatro perfis de Espodossolos considerados

representativos desta classe encontrados ao longo da área. Dos solos trabalhados,

três deles estão localizados em trincheiras e um em corte de estrada. Estes perfis

foram descritos e registrados quanto aos aspectos do meio físico e morfologia.

Os atributos morfológicos examinados, por perfil, consistiram primeiramente na

identificação e separação dos horizontes (arranjamento, espessura e transição) e

posteriormente na descrição da cor, textura, estrutura, porosidade, cerosidade,

consistência, cimentação e coesão dos solos, para cada horizonte delimitado. A

coleta das amostras foi realizada em todos os horizontes o que resultou em 23

amostras, embaladas em sacolas plásticas e devidamente etiquetadas com

informações do perfil, horizonte e profundidade correspondente.

O preparo das amostras seguiu as orientações do Manual de Métodos de

Análise Solo (EMBRAPA, 1997), onde cada amostra foi devidamente espalhada

para secagem ao ar (temperatura ambiente) e posteriormente destorroada e

peneirada para a separação da Terra Fina Seca ao Ar (TFSA) – frações menores

que 2 mm (areia, argila e silte).

3.4. ANÁLISE GRANULOMÉTRICA DA FRAÇÃO AREIA

Para a análise granulométrica da fração areia dos quatro perfis de

Espodossolos foi utilizada a metodologia descrita por Suguio (1973) para a análise

de sedimentos. Foram analisadas as propriedades dos grãos de areia relacionados

ao tamanho e a forma. Quanto ao tamanho através de parâmetros estatísticos foram

avaliadas medidas de tendência central como diâmetro médio, e para a forma dos

grãos foram avaliadas o grau de arredondamento e esfericidade, como explicitado

no subcapítulo 2.3. A amostragem segundo a metodologia citada é do tipo pontual e

simples, sendo, portanto, amostras representativas.

As amostras foram coletadas nos horizontes cujas características genéticas

são similares em todos os perfis. Nos Espodossolos estudados, optou-se pela

escolha do horizonte E ou transicional na sua ausência, pois a formação deste

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horizonte possui significado intrínseco a evolução da referida classe de solo. Santos

et al. (2013) define as características do horizonte E cuja principal origem decorre da

translocação dos sesquióxidos de Fe e Al ou MO, com concentração residual das

frações mais grosseiras e mais resistentes ao intemperismo, a exemplo das areias,

comuns nas classes dos Espodossolos.

Para o perfil 1 (P1) e perfil 3 (P3) foram analisadas amostras correspondente

ao horizonte E situadas, respectivamente, entre 5 e 16 cm e 23 e 40 cm de

profundidade. Para o perfil 2 (P2) foi analisado o horizonte EBh localizado entre 13 e

35 cm profundidade e para o perfil 4 (P4), a amostra referente ao horizonte E1

situado entre as profundidades 55 e 80 cm.

Para está analise utilizou-se 50 g de cada amostra, como propõe Suguio

(1973), obtidas através da homogeneização e posteriormente do quarteamento

(quarta parte) do volume total de material coletado no horizonte. Em seguida, esse

material foi submetido ao método peneiramento a seco, realizado através de mesa

agitadora durante 3 minutos e peneiramento manual por 1 ½ minutos (SUGUIO,

1973). A separação das frações baseou-se na escala de Wentworth (com

modificações), obtendo as seguintes subdivisões: areia muito fina (AMF) - 0,06 mm a

0,10 mm; areia fina (AF) - 0,10 mm a 0,25 mm; (AM) areia média - 0,25 mm a 0,5

mm; (AG) areia grossa 0,5 mm a 1,19 mm; e (AMG) areia muito grossa 1,19 mm a

2,0 mm.

Figura 5 – Distribuição das frações areias (AMG, AG, AM, AF, AMF)

Fonte: Acervo da autora, 2016.

Após a separação das frações, obtendo a distribuição das amostras em classes

granulométricas, foi efetuado o cálculo dos parâmetros estatísticos através da

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utilização do programa Sistemas de Análises Granulométricas – SYSGRAN

(CAMARGO, 2006). Para efeito desses cálculos, foram desprezadas as frações silte

e argila (menores que 0,06 mm) e os teores de areias, recalculados a 100%.

O programa Sysgran reconhece as subdivisões das frações granulométricas

através da escala phi (Φ)7 e os resultados dos parâmetros foram obtidos de acordo

com Folk e Ward (1957) como detalhado por Suguio (1973). Dentre os quatro

parâmetros estatísticos existentes que são: medidas de tendência central, grau de

dispersão, grau de assimetria e curtose, nesse trabalho foram analisados dois,

tendência central através do valor médio (diâmetro médio) e o grau de dispersão ou

selecionamento (desvio padrão), como discutidos por Suguio (1973) e Netto (1980).

Para o diâmetro médio (M Φ) e grau de seleção (σ) as fórmulas utilizadas para

cálculo, foram respectivamente:

Diâmetro médio: M Φ= Φ16+ Φ50+ Φ84/3

Seleção: σ Φ= (Φ84 - Φ16/4) + (Φ95 - Φ5/6,6)

Quadro 2 – Classificação verbal para grau de Seleção (σ Φ), segundo Folk e Ward (1957 apud SUGUIO, 1973):

Muito bem selecionado <0,35

Bem selecionado 0,35 – 0,5

Moderadamente selecionado 0,5 –1,0

Pobremente selecionado 1,0 – 2,0

Muito pobremente selecionado 2,0 – 4,0

Extremamente mal selecionado >4,0 Fonte: Suguio, 1973.

Os referidos dados foram representados através de gráfico de curva de

frequência acumulativa. Na construção do referido gráfico são identificados no eixo

das abscissas, os valores das unidades Φ que crescem da esquerda para direita e

no eixo das ordenadas é usada à frequência acumulativa, em percentual,

aumentando os valores para cima.

A forma dos grãos foi analisada qualitativamente a partir da observação dos

grãos individuais com Lupa com 2x de aproximação. Para tanto, foram examinados

100 grãos, de acordo com Dias (2004), da faixa granulométrica mais frequente em

7 O programa Sysgran considera os limites dados em valores de phi (Φ) obtidos pela fórmula abaixo

a partir de valores em milímetros: (phi)( ljJ)(fi) = -log2 d(mm) (CAMARGO, 2006)

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cada amostra (moda). Nessa etapa foram investigados aspectos da forma das

partículas.

As propriedades observadas relacionadas à forma dos grãos foram o grau de

arredondamento e esfericidade através do método de comparação visual dos grãos.

O grau de arredondamento, segundo definição estabelecida por Wadell (1932 apud

NETTO, 1980), representa a razão entre o raio de curvatura médio das arestas e o

raio de maior circulo inscrito nos grãos, onde procura-se observar o contorno desses

grãos. Para essa avaliação utilizou-se a tabela-padrão proposta por Müller (1967

apud SUGUIO, 1973), que distingue cinco graus de arredondamento: (i) angular; (ii)

subangular; (iii) subarredondado; (iv) arredondado; e (v) bem arredondado (Figura

6).

Figura 6 – Tabela-padrão para grau de arredondamento segundo Russel e Taylor (1937; apud SUGUIO, 1973). Do topo para base: angular, subangular, subarredondada, arredondada e bem arredondada.

Fonte: SUGUIO, 1973

O grau de esfericidade compara a forma do grão com a forma de uma esfera

de mesmo volume. Para a avaliação dos grãos através do método de comparação

visual para o grau de esfericidade, utilizou-se a tabela-padrão de esfericidade

bidimensional (Figura 7), segundo Rittenhouse (1941 apud SUGUIO, 1973). Essa

escala comparativa desconsidera a dimensão volume e corresponde a uma variação

entre 0 e 1, em que quanto mais próximo a 1 maior esfericidade dos grãos.

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Figura 7 – Escala de comparação para grau de esfericidade bidimensional de Rittenhouse (1941 apud SUGUIO, 1973)

Fonte: SUGUIO, 1973

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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. ATRIBUTOS MORFOLÓGICOS DOS ESPODOSSOLOS E SUA RELAÇÃO

COM A PAISAGEM

Observou-se durante as atividades de prospecção, apoiadas nos estudos

bibliográficos, que a área de estudo apresenta aspectos ambientais diferenciados,

desde a costa até o limite oeste. Estes aspectos estão relacionados principalmente a

forma e evolução do relevo, a litologia e a cobertura pedológica. Essas

diferenciações possuem estreitas relações com a distribuição espacial, a gênese e a

evolução da classe dos Espodossolos.

Os Espodossolos estudados estão situados sob a mesma unidade climática –

úmido, caracterizado por pluviosidade superior a 1500 mm/ano – e fazem parte da

unidade geomorfológica dos tabuleiros costeiros formados sobre os sedimentos da

Formação Barreiras. Os quatro perfis estão localizados em duas posições distintas

da paisagem, topo e encosta. Observa-se que aqueles perfis (P1 e P2) localizados

no topo, fazem parte de uma mesma unidade de paisagem, caracterizada por

apresentar interflúvios tabulares e largos (Figura 5). Ambos os perfis estão em área

plana, o P1 situa a 0% de declividade e o P2 em 2,5%, e em altitude de 71 e 79

metros, respectivamente. Estas condições de paisagem descritas são similares as

encontradas nos Espodossolos estudados por Carvalho et al. (2013).

Os perfis P3 e P4 estão situados em encostas côncavas, diferindo entre si

quanto às unidades de paisagem onde se encontram. O P3 está localizado no terço

inferior da encosta suave com 0% de declividade, a uma altitude de 46 metros. Esta

área caracteriza-se por apresentar formas mais preservadas do relevo, resultado da

menor atuação do processo de dissecação. O P4 localizado no terço superior da

encosta apresenta declividade de 12%, maior do que o perfil anterior. Nesse setor,

observa-se um desnível maior entre as áreas de topo e vale, vertentes mais

íngremes e um processo de dissecação mais intenso. Estas últimas características,

se assemelham com as encontradas por Silva et al. (2012), para áreas onde

ocorrem uma maior incisão da drenagem em litofácies do Barreiras que se

aparentam mais friáveis. Essas diferenciações entre os setores da paisagem podem

ser visualizada através da configuração do relevo (interflúvios amplos e estreitos) e

da rede de drenagem (padrão e densidade dos canais de drenagem) evidenciadas

no mapa de elevação do terreno (Figura 8).

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Figura 8 – Mapa digital de elevação do terreno da área de estudo, evidenciando os perfis amostrados.

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47

Nos solos, seus atributos morfológicos (horizontes e seu arranjamento, cor,

textura, profundidade, estrutura e consistência) são formados como consequência

da sua constituição e dos processos pedogenéticos atuantes. Assim, nos

Espodosssolos estudados, a morfologia evidenciou a distinção entre a intensidade e

as características do processo de podzolização ocorridos nestes solos.

Um dos primeiros fatores evidenciados na pesquisa foi a relação entre a

posição da paisagem (topo ou encosta) e as características destes solos, indicando

processos diferenciados na sua formação e evolução. Observou-se que, além do

tempo de formação desses solos parecerem distintos, a posição do relevo e as

características dos segmentos influenciam diretamente na dinâmica da água e

consequentemente na intensidade dos processos.

Os atributos morfológicos presentes no Anexo A foram sistematizados na

Tabela 1, de modo a permitir uma visualização e comparação entre os perfis.

O perfil 1 – localizado no topo plano largo com 0% de declividade – possui a

seguinte sequência de horizontes: A, E, EB, Bh1, Bh2 e Bhs. A espessura deste perfil

é de 80 cm já alcançando o horizonte espódico, diagnóstico da classe. Observa-se

entre os horizontes mais superficiais A, E, EB e Bh1 uma transição plana e clara e a

partir do Bh1 para o Bhs a transição passa ser plana e abrupta, denotando uma

mudança drástica entre os atributos desses referidos horizontes.

A cor dos horizontes varia de bruno acinzentado (entre os matizes 2,5Y 5/2 e

7/2) nos horizontes mais superficiais e à medida que aumenta a profundidade, estes

se tornam mais escuros a muito escuro ressaltado pelo valor 4 e 3 que ocorre no Bh1

e Bh2 (2,5Y 4/2 e 5Y 3/2). Esta coloração mais escura possui intrínseca relação com

maior presença de MO, que conferiu o sufixo h a estes horizontes. No horizonte Bhs

é observado presença de mosqueado vermelho escuro (10R 3/6). A ocorrência

deste mosqueado está relacionada ao processo de podzolização com a migração de

complexos organometálicos incluindo o Fe e aos ciclos de umidecimento e secagem

do solo, que modifica o potencial redox do ambiente.

A estrutura do P1 apresentada nos cinco primeiros horizontes (contando a

partir da superfície) é de grão simples. Já a consistência destes horizontes é do tipo

solta, tanto em condições seca e úmida, e quando molhado estes, incluindo o Bhs

(último), apresentam-se como não plástica e não pegajosa. Ambos os atributos,

estrutura e consistência, refletem a matriz de textura arenosa. A exceção destas

características está no horizonte Bhs, que apresenta estrutura maciça e consistência

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muito dura quando seca e muito firme quando úmida. A textura desse horizonte

continua bastante arenosa, mas percebe-se que houve um incremento de material

argiloso, proveniente dos horizontes mais superficiais (Figura 9).

Tabela 1 - Características morfológicas dos solos estudados

Horizonte Profundidade

(cm)

Cor Estrutura Consistência Transição

úmida mosqueado

seca úmida molhada

PERFIL 1 - topo

A 0 - 5 2,5Y 5/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e clara

E 5 - 16 2,5Y 7/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e clara

EBh 16 - 35 2,5Y 5/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e clara

Bh1 35 - 62 2,5Y 4/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e abrupta

Bh2 62 - 80 5Y 3/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e gradual

Bhs 80 cm + 10YR 3/3 10R 3/6 maciça Md Mfi NP e NPe −

PERFIL 2 – topo

A1 0 - 13 10YR 3/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e clara

EBh 13 - 35 2,5Y 4/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e clara

Bh 35 - 70 2,5Y 3/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e abrupta

Bhs 70 - 130 2,5Y 5/2 2,5Y 7/6 maciça desfaz 1PBls

dura firme NP e NPe −

PERFIL 3 - encosta

A1 0 - 11 10YR 3/1 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e difusa

A2 11 - 23 2,5Y 2,5/1 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e difusa

E 23 - 40 10YR 2/1 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e difusa

Bh1 40 - 60 10YR 2/1 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e difusa

Bh2 60 + 10YR 3/1 − 1MeBls solta solta NP e NPe −

PERFIL 4 – encosta

A1 5 - 12 7,5YR 2,5/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e clara A2 12 - 30 7,5YR 3/1 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e clara AE 30 - 55 7,5YR 3/2 − Gr.simples solta solta NP e NPe plana e clara

E1 55 - 80 7,5YR 4/2

− Gr.simples solta solta NP e NPe plana e gradual

E2 80 - 10 7,5YR 5/2

− Gr.simples solta solta NP e NPe plana e gradual

EBhs 110 -147 (147-

167) 7,5YR 5/4 − Gr.simples solta solta NP e NPe

ondulada e clara

Bhs 167-180 7,5YR 3/4

− 1MeBls solta solta NP e NPe ondulada e

clara Bh 180+ 7,5YR2,5/2 − 1MeBls solta solta NP e NPe −

Estrutura: Gr. simples – Grão simples; 1 - fraca; P - pequena; Me - média. Bls - blocos subangulares. Consistência: MD - muito dura; MFi - muito firme; NP - não plástico; NPe - não pegajoso. Fonte: Descrição morfológica dos perfis (ANEXO A). Org. Geiza Santos, 2016.

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Figura 9 – Perfil 1: Espodossolo encontrado em área de topo com seus respectivos horizontes

Fonte: Geiza Santos e Jéssica Lima, 2016.

O perfil 2 (P2) também situado em topo, tem características similares ao P1(

Figura 10). Este perfil localiza-se a uma declividade de 2,5%, possuindo a sequência

de horizontes: A1, A2, Bh e Bhs dentro dos 130 cm de espessura. A cor observada

dos horizontes está entre bruno acinzentado escuro a muito escuro, referente aos

A

EBh

Bh1

Bh2

Bhs

E

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matizes situados entre 10YR 3/2 e 2,5Y 4/2 a 3/2. No horizonte Bhs a cor descrita foi

de bruno acinzentado (2,5Y 5/2) com presença de mosqueado amarelo (2,5Y 7/6) e

se difere dos demais por apresentar estrutura maciça, que se desfaz em grau fraco e

tamanho pequeno de blocos subangulares, e com consistência dura (seca) e firme

(úmida).

Os horizontes A1, A2 e Bh se caracterizam por apresentar estrutura em grão

simples e consistência solta (seca e úmida), enquanto que a consistência não

plástica e não pegajosa (molhada) se aplica para todos os horizontes. Assim como

identificado no P1, essas características refletem a matriz arenosa, que retrata a

textura areia franca identificado no exame morfológico.

Figura 10 – Perfil 2: Espodossolo encontrado em área de topo com seus respectivos horizontes

Fonte: Geiza Santos e Jéssica Lima, 2016.

Nos topos, segmento onde estão situados P1 e P2, caracterizados por uma

declividade menor que 2,5%, planos e largos, em geral, espera-se um predomínio do

movimento vertical da água (infiltração). Neste caso, porém, foi observado nos perfis

a presença de horizonte Bhs a menos de 130 cm da superfície, endurecido e de

A

EBh

Bh

Bhs

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baixa permeabilidade, impossibilitando a infiltração da água e favorecendo seu

movimento lateral.

Assim, como identificado por Carvalho et al. (2013), a ocorrência de horizontes

endurecidos bloqueiam a percolação da água e no período chuvoso, devido aos

elevados volumes forma-se um lençol freático suspenso. Assim, com está água

acumulada o ambiente se torna redutor, promovendo a dissolução dos sesquióxidos

e liberando Fe+2 em solução. Essa condição evolutiva, concorda com a descrita por

Filizola et al. (2001), onde as condições de hidromorfismo, que aumenta com a

ampliação e aprofundamento da depressão, tem papel preponderante na evolução

desta cobertura pedológica, pois acelera a dissolução e a migração do ferro.

Os Espodossolos encontrados nos topos dos tabuleiros costeiros, tem sua

ocorrência em áreas abaciadas como investigado por Carvalho et al. (2013), Ucha

(2000), Filizola et al. (2001). Essas características estão relacionadas a processos

localizados de evolução da paisagem nesses tabuleiros, resultando na formação

desses horizontes espódicos. Esses autores destacam, que dentre esses processos,

a ocorrência de entrecruzamento de falhas resultam em zonas de convergência de

fluxos e depressões fechadas são as responsáveis pelo desenvolvimento de solos

arenosos. O surgimento dessas depressões decorrentes de falhamento estão

associadas a neotectônica como apontadas por Fortunato (2004)

Filizola et al. (2001) destaca com a formação das depressões começa a ocorrer

a circulação lateral da água em direção ao centro dessas depressões,

estabelecendo condições oxidantes (áreas não deprimidas topograficamente) e

aumento das condições redutoras para as áreas deprimidas. Esses aspectos

relacionados a instalação de lençóis suspensos e a aceleração dos processos de

dissolução de ferro e hidrólise da caulinita.

Nesse sentido, evidencia que a ocorrência dos Espodossolos em áreas de

topos está associada a um processo evolutivo da paisagem. Uma hipótese

levantada a partir das observações apontadas anteriormente, é que a atual

paisagem também pode ter sua evolução influenciada pela cobertura pedológica.

Pois verifica-se que nos topos largos e planos estão presentes os horizontes

endurecidos e estes de alguma forma podem retardar o processo de erosão

promovida pela rede de drenagem.

Na área de encosta estão situados os perfis 3 e 4. O P3 (Figura 11) situa-se no

terço inferior da vertente com declividade suave e apresenta sequência de

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horizontes: A1, A2, E, Bh1 e Bh2. Observa-se que a distinção entre os horizontes está

associada a diferenças na impregnação de MO ao longo do perfil, identificados

através da coloração. Salienta-se que a condição de umidade em que se encontrava

o perfil dificultou a análise da morfologia e a partir do qual, é imprescindível

complementar com os resultados das análises de laboratório. No SiBCS (2013) são

admitidos Espoddossolos formados em ambientes encharcados e essa

característica aparece no terceiro nível categórico (hidromórfico). A espessura desse

perfil é de 60 cm com afloramento do lençol freático, sendo este o único perfil

estudado nesta condição.

Figura 11 – Perfil 3: Espodossolo encontrado na encosta côncava e seus horizontes

Fonte: Geiza Santos e Jéssica Lima, 2016.

O perfil 4, localizado em área de encosta do tipo côncava, está situado a 12%

de declividade, a maior entre os demais. Esta maior declividade reflete o setor da

paisagem em que se encontra, pois trata de uma área mais dissecada com

interflúvios mais estreitos e vertentes mais íngremes. Na Figura 12 observa-se a

distribuição dos horizontes que possuem a sequência: A1, A2, AE, E1, E2, EBhs, Bhs

e Bh encontrados nos 180 cm de profundidade.

Figura 12 – Perfil 4: Espodossolo encontrado em encosta côncava com seus respectivos horizontes

A1

A2

E

Bh1

Bh2

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Fonte: Geiza Santos e Jéssica Lima, 2016.

Nesse perfil são encontrados horizontes transicionais que caracterizam um

estágio de evolução desses solos. Destaca-se a presença do horizonte E com 55 cm

de espessura (E1 e E2), o mais espesso entre os entre os perfis estudados e os

horizontes espódicos (Bhs e Bh) só aparecem a partir dos 167 cm. A transição entre

os horizontes A1, A2 e AE é plana e clara, sendo sua distinção relacionada à

diminuição de MO em profundidade até sua ausência no horizonte E. Entre E1 e E2 a

transição é plana e gradual, ressaltando a homogeneidade destes horizontes. Esta

homogeneidade é provocada pela migração de material em suspensão e/ou

lixiviados e pela preservação do quartzo, que caracteriza a gênese desses

horizontes. Para os horizontes subsuperficiais, neste caso o transicional EBhs e os

espódicos Bhs e Bh, a transição é do tipo ondulada e clara, como observado na

Figura 12.

A coloração é mais escura nos três primeiros horizontes, que vai de bruno

escuro e muito escuro (7,5YR 3/4 e 7,5YR 2,5/5). Enquanto os horizontes

subsequentes ficam mais claros, valor entre 4 e 5, devido a predominância de

A2

A1

AE

E1

BhS

E2

EBhs

Bh

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quartzo. Em profundidade, os horizontes voltam a ficar mais escuros, o Bhs é bruno

escuro (7,5YR 3/4) e Bh é bruno muito escuro (7,5YR 2,5/2). O horizonte iluvial Bhs

consiste no horizonte mais cromado (croma 4) entre os identificados nesse perfil,

refletindo a presença de sesquióxidos que podem ter migrado tanto lateralmente

quanto verticalmente.

A textura arenosa é verificada ao longo de todo o perfil, possuindo estrutura de

grão simples e consistência solta, não plástica e não pegajosa similar aos demais

perfis discutidos. Entretanto, os horizontes espódicos Bhs e Bh apresentam um fraco

desenvolvimento de estrutura de blocos subangulares de tamanho médio, propiciado

pelo incremento de argila e matéria orgânica em relação aos demais horizontes.

A encosta apresenta-se como um segmento da paisagem em há um predomínio

do processo erosional (transporte lateral de material e de água) que poderá ser mais

pronunciado à medida que a declividade se acentua, de acordo a discussão

promovida por Kampf e Curi (2012). Esses autores tratam que no caso das encostas

com formato côncavo – onde se encontram os perfis (P3 e P4) – apresentam linhas

de fluxos de material convergente devido a esse tipo de curvatura. Esse aspecto da

vertente influência diretamente no movimento e distribuição da água, tanto nos

fluxos superficiais quanto nos subsuperficiais e isso interfere na evolução da

cobertura pedológica e da própria vertente. Essa influência se deve porque nesse

tipo de vertente há uma tendência na concentração dos fluxos de forma menos

dispersa do que acontece em fluxos divergentes.

Constatou-se que nos perfis da encosta há condições de evolução

diferenciadas, pois apesar de estarem situadas em um mesmo tipo de segmento as

posições são diferenciadas. O perfil 3 localizado no terço inferior da encosta e

próximo a transição para o sopé, apresenta zona de acúmulo de água, evidenciado

nesse perfil através do afloramento do lençol freático. Essa condição de umidade é

um dos fatores preponderantes para o acúmulo de MO encontrado nesse perfil.

Já o perfil 4 localizado no terço superior da encosta possui a maior declividade

entre os perfis estudados, está condição descrita associada a textura desses solos

favorecem a ocorrência do horizonte E álbico (E2). A formação desse horizonte é

decorrente da remoção subsuperficial lateral da argila, silte fino e Fe, como discute

Kampf e Curi (2012) baseado em outros autores (HUGGETT, 1976; DALSGAARD et

al., 1981). Ao observar a Figura 12, o arranjamento dos horizontes do P4, em

especial a transição entre o horizonte EBhs e o Bhs (transição ondulada e clara),

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sugere a ocorrência de um transporte lateral de material, pois está ondulação possui

o mesmo sentido de inclinação da vertente em direção ao sopé (considerar a direção

das setas contidas no perfil para a separação dos horizontes).

Sobre a ocorrência de Espodossolos em área de encosta, Andrade (2015)

discute que o início do processo de podzolização que origina este solo está

relacionado à migração de MO através do material silicoso. Salienta-se que este

autor através de tradagem trabalhou com o Espodossolo que neste trabalho é o

mesmo descrito no perfil 4 através de abertura em trincheira. Esse autor identificou

que a ocorrência deste solo coincide com o aparecimento de ruptura de declive, a

maior encontrada ao longo da vertente estudada por ele.

Com isso, concorda-se com a hipótese levantada por Andrade (2015) de que o

processo de podzolização ocorreu através da migração de complexos organo-

métalicos (por lixiviação ou em suspensão) e sua acumulação nos horizontes

superficiais foi facilitada pela textura arenosa. Essa textura possivelmente

proveniente um material de origem mais arenoso. Acrescenta-se ainda que a

origem da ruptura de declive ou concavidade, encontrada por Andrade (2015) pode

estar relaciona a perda de material decorridas do processo de podzolização, por

exemplo, através da migração das argilas para os horizontes mais subsuperficiais ou

por sua dissolução.

4.2. ANÁLISE SEDIMENTOLÓGICA DA FRAÇÃO AREIA DOS PERFIS

Através do método de análise de sedimentos descrita por Suguio (1973), foi

realizada a separação da fração areia de uma amostra representativa para cada

perfil de solo. Foram obtidas cinco faixas granulométricas: areia muito grossa (AMG),

areia grossa (AG), areia média (AM), areia fina (AF) e areia muito fina (AMF). Os

resultados desta distribuição em gramas e em percentual estão apresentados na

Tabela 2.

Tabela 2 – Distribuição das frações granulométricas em percentual (%)

AMOSTRA PESO INICIAL AMOSTRA (g)

FRAÇÕES (%) PERDA (%) TOTAL (%)

AMG AG AM AF AMF SILTE/ARGILA

P1 50 0,34 3,96 34,08 47,12 12,18 2,32 100,00

P2 50 3,16 11,16 31,68 43,14 8,18 2,68 100,00

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P3 50 1,26 21,62 41,32 31,82 3,38 0,60 100,00

P4 50 0,60 13,00 47,66 32,28 4,36 2,10 100,00

AMG – Areia muito grossa; AG- areia grossa; AM - Areia média; AF – Areia fina, AMF – Areia muito fina Org. Geiza Santos, 2016.

Nos perfis 1 e 2, a areia fina foi a fração mais frequente, representando

respectivamente em percentual, aproximadamente 47,1% e 43,1% do total, sendo

quase metade da amostra composta desta fração. Em ambos os perfis, a segunda

fração mais frequente foi areia média com 34,08% e 31,08%. Observa-se que as

frações areia fina e areia média representam mais de 75% quando somadas.

Já nos perfis 3 e 4 a areia média foi a fração predominante das amostras, na

amostra do P3, a areia média representa 41,3%, enquanto no P4 equivale a 47,6%.

A segunda fração mais frequente nestes perfis foi a areia fina, com 32,8% e 32,3%.

A fração areia grossa foi a terceira fração mais frequente nos P2, P3 e P4 com

valores respectivos de 11,2%, 21,6% e 13,0%, como está representado na Figura

13.

Figura 13 – Gráfico da distribuição percentual das frações granulométricas nos perfis estudados.

Fonte dos dados: Geiza Santos, 2016. Elaboração própria da autora.

1%

4%

34%

47%

12% 2%

Perfil 1 Areia muito grossa

Areia grossa

Areia média

Areia fina

Areia muito fina

3% 11%

32% 43%

8%

3% Perfil 2

Areia muito grossa

Areia grossa

Areia média

Areia fina

Areia muito fina

1%

22%

41%

32%

3%

1% Perfil 3 Areia muito grossa

Areia grossa

Areia média

Areia fina

Areia muito fina

1%

13%

48%

32%

4%

2% Perfil 4 Areia muito grossa Areia grossa

Areia média

Areia fina

Areia muito fina

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Os resultados dos parâmetros estáticos, de acordo com Folk e Ward (1957

apud SUGUIO, 1973), da fração areia foram tratados a partir do programa Sysgram

(CAMARGO, 2006). Foram determinados os parâmetros relacionados a tendência

central (tamanho dos grãos) e grau de dispersão.

Sobre a tendência central das areias, foi avaliado o quesito diâmetro médio

das partículas. Assim, os resultados obtidos dos perfis mostram que o diâmetro

médio (Mz) variou entre 1,82 e 2,41ϕ, o que situa esses sedimentos entre as frações

de areia média e areia fina. Os perfis localizados no topo, P1 e P2, possuem

diâmetro médio respectivamente 2,41 e 2,32ϕ. Enquanto que P3 e P4, situados na

encosta possuem 1,82 e 2,07ϕ, como demonstrado no Quadro 3.

Quadro 3 – Valores de medidas estatísticas de acordo com os parâmetros de Folk e Ward (1957 apud SUGUIO, 1973) realizadas nas partículas da fração areia

Amostra Mz Classificação σI Classificação

P1 2,14 Areia fina 0,671 Moderadamente selecionado

P2 2,32 Areia fina 0,822 Moderadamente selecionado

P3 1,82 Areia média 0,853 Moderadamente selecionado

P4 2,07 Areia fina 0,678 Moderadamente selecionado

Mz= diâmetro médio na escala ϕ; σI = desvio padrão inclusivo; Org. Geiza Santos, 2016.

A comparação entre as frequências acumuladas dos perfis indica uma

similaridade no padrão de distribuições granulométricas entre dos quatros perfis. Em

especial é observado que essa similaridade é ainda maior entre os valores dos perfis

que estão no mesmo tipo segmento da vertente, P1 e P2 no topo, e entre os P3 e o

P4 situados na encosta. No topo, os solos apresentam um percentual maior de

frações mais finas enquanto os perfis da encosta possuem uma quantidade maior de

frações mais grosseiras, como demonstrado na Figura 14.

Figura 14 – Gráfico de frequência acumulada da distribuição granulométrica dos

perfis estudados

Fonte dos dados: Geiza Santos, 2016.

Elaboração própria da autora com utilização do software SYSGRAN versão 3.0

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O grau de dispersão ou espalhamento obtido através do cálculo do desvio

padrão classifica as partículas quanto ao selecionamento. Os valores de desvio

padrão variaram entre 0,671 e 0,853, dessa maneira as areias foram classificadas

em todos os perfis como moderadamente selecionadas (Quadro 3). Isso significa

que as amostras tiveram certo índice de selecionamento.

A forma dos grãos foi observada através das características de grau de

arredondamento e de esfericidade. A avaliação realizada por comparação visual

apontou a predominância de grãos subangulares em todos os perfis com

esfericidade alta. Na visualização desses grãos predominantes foram observados

ocorrência de saliências e reentrâncias arredondadas, porém com suas formas

originais preservadas, o que caracteriza a forma subangular (Figura 15).

Figura 15 – Fotografias8 dos grãos retidos na malha 0,5 mm (areia média)

Fonte: Geiza Santos e Sérgio Magarão Júnior, 2016.

Em todos os perfis, verificou-se que os grãos subangulares estão em maior

quantidade do que os grãos subarredondados e arredondados. Nos perfis 1 e 2,

localizados em áreas de topo, observou-se que 1/4 das observações representam

grãos subarredondados e arredondados. Enquanto que nos perfis 3 e 4, localizados

em encostas côncavas, os grãos subarredondados representam 1/3 da população.

Observou-se que os grãos menores possuem maior grau de arredondamento, sendo

encontrados grãos bem arredondados. Neste caso, não se deve desconsiderar que

8 Fotografias retiradas através da utilização de câmera fotográfica em lupa com aproximação de 2x.

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durante a formação dos Espodossolos poderá ocorrer a erosão química dos grãos

devido ao processo de acidólise também responsável pela destruição das argilas.

O grau de esfericidade dos perfis foi classificado como alto. Os valores

encontrados foram: P1 e P2 com 0,83; P3 com 0,79; e o P4 com 0,81. Observa-se

que houve distinção entre os perfis, aqueles localizados em área de topo (P1 e P2)

tem esfericidade maior do que aqueles das encostas (P3 e P4).

A morfoscopia realizada, principalmente no que tange ao arredondamento dos

grãos, concorda com os resultados encontrados por Costa júnior (2008) e para os

sedimentos do Pós-Barreiras, discutidos por Souza (2014). Estes autores em suas

analises enquadraram os sedimentos analisados entre angular e subangular,

portanto, com baixo grau de arredondamento.

As características do material de origem dos Espodossolos é um ponto

importante de discussão sobre a gênese destes solos na área de estudo. Ao

considerar a litologia local discutida no item 2.4.2 referente à geologia, a área possui

depósitos sedimentares de várias naturezas e com características deposicionais

diferenciadas. Tem-se desde aqueles sedimentos pertencentes à Formação

Barreiras, depósitos eólicos e fluviais. Assim, compreender sobre as características

do material de origem em que esses solos se desenvolveram serve para dar indícios

sobre o processo evolutivo desses solos. Essa inferência foi realizada a partir da

análise e comparação dos atributos sedimentológicos da fração areia para os perfis

estudados.

A bibliografia consultada (KAMPF e CURI, 2012; OLIVEIRA, 2011) mostra que

as características da litologia que influenciam nos atributos da cobertura pedológica

são: o grau de consolidação, a granulometria e a composição dos depósitos

sedimentares (predomínio de sílica). No Litoral Norte a evolução de determinados

processos pedogenéticos tem intrínseca relação com a grande variação

granulométrica (diferença textural) encontradas no Barreiras, que é composto de

camadas argilosas, arenosas e cascalhos (UCHA, 2000). Ainda são encontradas

sobrepostos ao Barreiras ou na sua base, sedimentos oriundos deste, retrabalhados

por ação eólica, marinha ou fluivial. Essas variações granulométricas e de coesão

provocam alterações acentuadas na dinâmica da água, afetando as migrações

internas, formação de lençóis suspensos e a instalação de processos secundários

de transformação (ferrólise, argiluviação), de empacotamento de estruturas e de

erosão lateral interna.

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A interpretação dos resultados da análise sedimentológica da fração areia

permitiu a comparação entre os perfis, a partir de parâmetros estatísticos e

morfometria. Essa análise possibilita uma interpretação geológica dos dados

permitindo inferir sobre as condições deposicionais e as características do transporte

(agente, intensidade, distância). A seguir as relações estabelecidas se baseiam em

Suguio (1973) e Netto (1980).

Para as frações analisadas ficou evidenciado que todos os perfis são

decorrentes do mesmo material de origem, pois as características dos grãos são

similares. Em todas as amostras, a ocorrência de grãos subangulares e

subarredondados aliados a uma esfericidade alta indica que houve retrabalhamento.

Este resultado permite inferir que esses sedimentos passaram por poucos ciclos de

sedimentação, considerando que existe uma tendência: quanto maior a quantidade

de ciclos passados pelos grãos, maior o seu grau de arredondamento. Além disto, a

angularidade destes revela a baixa intensidade e a pequena distância percorrida

durante o transporte.

O tamanho do grão, avaliado através do diâmetro médio, enquadrou os perfis

entre as faixas de 1,82 e 2,41ϕ (areia média e areia fina). Esse aspecto indica

prevalecer a baixa energia de sedimentação durante a deposição desses

sedimentos, pois quanto maior a energia, maior o tamanho dos grãos depositados.

Quanto ao grau de selecionamento, todas as amostras foram classificadas como

moderadamente selecionadas. Essa propriedade demonstra a baixa eficiência do

agente de transporte para seleção.

Apesar da generalização realizada acima é importante ressaltar que foram

observadas diferenças entre os perfis localizados no topo e na encosta quanto ao

tamanho dos grãos. Nos Perfis 1 e 2 a areia fina foi a fração mais frequente,

apresentando o percentual de 47,1% e 43,1% do total e nos perfis 3 e 4 a areia

média foi a fração predominante 41,3% e 47,6%.

As propriedades sedimentológicas explicitadas acima, referente a

predominância de grãos subangulares, se alinham com as características

encontradas para os sedimentos do Barreiras. Este depósito se caracteriza pela

angularidade dos grãos, mal selecionamento e granulometria variando de areias

finas a grossas, como descritas por Rossetti e Dominguez (2012). Entretanto, essas

características também são descritas para os Depósitos de Leques Aluviais e Pós-

Barreiras, que tem como fonte os sedimentos do próprio Barreiras retrabalhados.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como principal objetivo verificar a relação entre os atributos

morfológicos e sedimentológicos de Espodossolos em dois segmentos da vertente

do Litoral Norte baiano. A morfologia dos solos é reflexo da sua constituição e de

suas condições de formação, assim, seus atributos permitem realizar inferências

sobre os processos pedogenéticos e as condições ambientais. Nos Espodossolos, a

caracterização morfológica fornece indícios sobre a atuação do processo de

podzolização na formação destes solos e é de fundamental importância para a sua

classificação. Apesar desta pesquisa tratar sobre a morfologia dos Espodossolos,

não se despreza a importância das analises laboratoriais para a complementação

dos estudos.

Os atributos morfológicos utilizados na comparação entre os solos estudados

foram: horizontes (arranjamento, espessura e profundidade), cor, textura, estrutura e

consistência. Foi identificado que há diferenças nas características dos quatro

Espodossolos quando comparados. Essas diferenças foram atribuídas: (i) à atuação

do processo de podzolização; (ii) à posição e o tipo de segmento da paisagem em

que esses solos foram encontrados; e (iii) aspectos do material de origem.

Nos perfis foram identificados os horizontes espódicos Bh e Bhs, que

permitiram enquadrar os solos no primeiro nível categórico na classe dos

Espodossolos de acordo com o SiBCS (EMBRAPA, 2013). A identificação desses

horizontes foi realizada por meio da sua coloração, pois este atributo reflete a

acumulação iluvial de compostos (MO, organo-metálicos Fe e Al), resultado do

processo de podzolização.

Os perfis descritos diferem quanto à espessura. Os perfis 1 e 2, localizados no

topo, possuem 80 cm e 130 cm, respectivamente, alcançando o horizonte espódico.

Já os perfis 3 e 4, localizados na encosta, apresentaram uma maior disparidade de

espessura. O perfil 3 teve o afloramento do lençol freático como limitante aos 60 cm

de profundidade. No perfil 4 ocorreu o maior desenvolvimento do horizonte E com 55

cm e o aparecimento do horizonte espódico a partir dos 167 cm.

Observou-se que a textura arenosa é prevalente em todos os solos e isto

afetou a estrutura e a consistência destes. A estrutura predominante encontrada é o

tipo grão simples e a consistência é solta (seca e úmida), não plástica e não

pegajosa (molhada). À exceção dessas características, foram os horizontes Bhs

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presente nos perfis 1 e 2, que apresentaram estrutura maciça e consistência muito

dura (seca), muito firme (úmida). Quanto ao perfil 3, o incremento de material mais

argiloso no Bhs conferiu uma estrutura fraca de blocos subangulares.

Os quatro perfis estão localizados em duas posições distintas da paisagem,

topo e encosta. Nisso, procurou-se observar a atuação do relevo na formação

desses solos, sendo constatada sua interferência na dinâmica da água e na

intensidade dos processos pedogenéticos. Constatou-se também uma intrínseca

relação entre os processos de evolução da paisagem e da cobertura pedológica.

A interpretação dos resultados da análise sedimentológica da fração areia

permitiu a comparação entre os perfis, uma interpretação geológica dos resultados e

o estabelecimento de inferências sobre o material de origem. Esta análise

evidenciou que todos os perfis são decorrentes do mesmo material de origem, uma

vez que as características relacionadas ao tamanho e a forma dos grãos avaliados

são similares nos quatros solos.

O estudo das características morfológicas abriu outras perspectivas de

discussão, permitindo a realização de inferências sobre as condições ambientais e

as limitações referentes às práticas de manejo e uso dos solos.

Estes solos, por possuírem textura arenosa, apresentam como fatores

limitantes: a baixa capacidade de armazenamento de água e a baixa fertilidade

(pouca reserva de nutrientes e de sítios de troca). Esse tipo de textura associada à

presença de horizonte de baixa permeabilidade também influencia na maior

susceptibilidade a erosão, principalmente, dos horizontes superficiais. A presença

destes horizontes endurecidos dificulta a penetração de raízes e influencia na

drenagem, propiciando o acúmulo de água em algumas épocas do ano. Todas estas

condições são adversas para muitas espécies de plantas.

Nesse sentido, o entendimento sobre as características morfológicas dos solos

são essenciais para a compreensão dos aspectos genéticos, de evolução e de

distribuição espacial.

A realização desta pesquisa permitiu compreender as propriedades qualitativas

dos solos, consistindo em um entendimento de ampla utilidade e de relevância para

os estudos ambientais e sociais. Este tipo de estudo tem o potencial de servir como

material teórico-prático para a elaboração, a execução e a revisão de políticas

públicas referentes ao planejamento ambiental, realizado em suas diversas escalas,

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de modo a priorizar práticas compatíveis com as necessidades humanas e com a

preservação do meio ambiente.

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ANEXOS

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Anexo A: Descrições morfológicas dos quatro perfis de Espodossolos

PERFIL 1 PROJETO: Dissertação/PIBIC-UFBA DATA: 27/05/2016 CLASSIFICAÇÃO: ESPODOSSOLO LOCALIZAÇÃO: Estrada após a fazenda Santa Maria. Barranco localizado no lado direito da estrada. Município de Mata de São João- BA. COORDENADAS: 8.620.149m N, 606.094m E (Fuso 24 L – Datum WGS-84) SITUAÇÃO E DECLIVE: Topo tabular largo, com 0 % de declive. ALTITUDE: 71m LITOLOGIA: Sedimentos do Grupo Barreiras. FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Grupo Barreiras. PERÍODO: Plioceno. MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto da alteração do material supracitado PEDREGOSIDADE: Não pedregosa ROCHOSIDADE: Não rochosa RELEVO LOCAL: Plano RELEVO REGIONAL: Suave ondulado EROSÃO: Laminar ligeira DRENAGEM: Bem drenado VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Floresta tropical perenifólia USO ATUAL: Vegetação suprimida/Área degradada CLIMA: As (Köppen), clima tropical chuvoso de floresta, com pluviosidade média anual superior a 1500mm DESCRITO E COLETADO POR: Fábio Nunes, Maria Eloisa, Alisson Diniz, Jéssica Lima e Geiza Santos.

A 0 – 5 cm, bruno acinzentado (2,5Y 5/2, úmida); areia; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara. E 5 – 16 cm, cinzento claro (2,5Y 7/2, úmida); areia; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara. EBh 16 - 35 cm, bruno acinzentado (2,5Y 5/2, úmida); areia; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara. Bh1 35 – 62 cm, bruno acinzentado escuro (2,5Y 4/2, úmida); areia; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e gradual Bh2 62 - 80 cm, bruno acinzentado muito escuro (5Y 3/2, úmida); areia; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e abrupta. Bhs 80 cm +, bruno escuro (10YR 3/3, úmida), mosqueado vermelho escuro (10R 3/6, úmida); areia franca; maciça; muito dura, muito firme, não plástico e não pegajoso.

RAÍZES: Poucas finas nos horizontes A e E; raras finas nos horizontes EB, Bh1 e Bh2. OBSERVAÇÕES: - Lençol freático não aparente no perfil. - POROS: muitos pequenos e médios nos horizontes A, E, EB.

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PERFIL 2 PROJETO: Dissertação/PIBIC-UFBA DATA: 27/05/2016 CLASSIFICAÇÃO: ESPODOSSOLO LOCALIZAÇÃO: Estrada após a fazenda Santa Maria. Barranco localizado no lado direito da estrada. Município de Mata de São João- BA. COORDENADAS: 8.621.633m N, 605.092m E (Fuso 24 L – Datum WGS-84) SITUAÇÃO E DECLIVE: Topo tabular largo, com 2,5 % de declive. ALTITUDE: 79m LITOLOGIA: Sedimentos do Grupo Barreiras. FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Grupo Barreiras. PERÍODO: Plioceno MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto da alteração do material supracitado PEDREGOSIDADE: Não pedregosa ROCHOSIDADE: Não rochosa RELEVO LOCAL: Plano RELEVO REGIONAL: Suave ondulado EROSÃO: Laminar ligeira DRENAGEM: Fortemente drenado VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Floresta tropical perenifólia USO ATUAL: Vegetação suprimida/Área degradada CLIMA: As (Köppen), clima tropical chuvoso de floresta, com pluviosidade média anual superior a 1500mm DESCRITO E COLETADO POR: Fábio Nunes, Maria Eloisa, Alisson Diniz, Jéssica Lima e Geiza Santos.

A1 0 – 13 cm, bruno acinzentado muito escuro (10YR 3/2, úmida); areia franca; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara. EBh 13 – 35 cm, bruno acinzentado escuro (2,5Y 4/2, úmida); areia franca; grãos simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara. Bh 35 – 70 cm, bruno acinzentado muito escuro (2,5Y 3/2, úmida); areia franca; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e abrupta. Bhs 70 – 130 + cm, bruno acinzentado (2,5Y 5/2, úmida), mosqueado amarelo (2,5Y 7/6, úmida); areia franca; maciça que se desfaz em fraca pequena blocos subangulares; dura, firme, não plástico e não pegajoso.

RAÍZES: Muitas finas nos horizontes A1, A2 e Bh1. OBSERVAÇÕES: - Lençol freático não aparente no perfil. - POROS: muitos pequenos e médios nos horizontes A1, A2 e Bh1.

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PERFIL 3 PROJETO: Dissertação/PIBIC-UFBA DATA: 26/05/2016 CLASSIFICAÇÃO: ESPODOSSOLO LOCALIZAÇÃO: Estrada em direção à BA-099 partindo do povoado de Olhos d’água. Barranco à esquerda da estrada. Município de Mata de São João- BA. COORDENADAS: 8.619.220m N, 606.226m E (Fuso 24 L – Datum WGS-84) SITUAÇÃO E DECLIVE: Terço inferior da encosta côncava, com 0% de declive. ALTITUDE: 46m LITOLOGIA: Cobertura laterítica-concrecionária. Grupo Barreiras. FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Grupo Barreiras. PERÍODO: Plioceno MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto da alteração do material supracitado PEDREGOSIDADE: Não pedregosa ROCHOSIDADE: Não rochosa RELEVO LOCAL: Plano RELEVO REGIONAL: Ondulado EROSÃO: Excessivamente drenado DRENAGEM: Bem drenado VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Floresta tropical perenifólia USO ATUAL: Carrasco CLIMA: As (Köppen), clima tropical chuvoso de floresta, com pluviosidade média anual superior a 1500mm DESCRITO E COLETADO POR: Fábio Nunes, Maria Eloisa, Alisson Diniz, Jéssica Lima e Geiza Santos. A1 0 – 11 cm, cinzento muito escuro (10YR 3/1, úmida); areia franca; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e difusa. A2 11 – 23 cm, preto (2,5Y 2,5/1, úmida); areia franca; grão simples; solta, solta, não plástica e não pegajoso; transição plana e difusa. E 23 - 40 cm, preto (10YR 2/1, úmida); areia franca; grão simples; solta, solta, não plástica e não pegajoso; transição plana e clara. Bh1 40 - 60 cm, preto (10YR 2/1, úmida); areia franca; fraca média blocos subangulares; solta, solta, não plástica e não pegajoso; transição plana e difusa. Bh2 60 + cm, cinzento muito escuro (10YR 3/1, úmida); areia franca; fraca média blocos subangulares; solta, solta, não plástica e não pegajoso. RAÍZES: Muitas finas no horizonte A1, A2 e E; poucas finas e médias Bh1 e Bh2. OBSERVAÇÕES: - Lençol freático aparente no perfil. - POROS: muitos pequenos, pequenos e médios nos horizontes A1, A2, E, Bh1 e Bh2.

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PERFIL 4 PROJETO: Dissertação/PIBIC-UFBA DATA: 05/03/2016 CLASSIFICAÇÃO: ESPODOSSOLO FERRI-HUMILÚVICO Órtico LOCALIZAÇÃO: Reserva Sapiranga, trincheira localizada na trilha das Bromélias ponto 12. Município Mata de São João-BA. COORDENADAS: 8.610.896.mN 604.466m E (Fuso 24 L – Datum WGS84). SITUAÇÃO E DECLIVE: Terço superior da encosta, 12% de declividade. ALTITUDE: 41m LITOLOGIA: Depósito de aluvionares recentes FORMAÇÃO GEOLÓGICA: Depósitos aluvionares recentes PERÍODO: Quaternário MATERIAL ORIGINÁRIO: Produto da alteração do material supracitado PEDREGOSIDADE: Não pedregosa ROCHOSIDADE: Não rochosa RELEVO LOCAL: Ondulado RELEVO REGIONAL: Ondulado EROSÃO: Laminar ligeira DRENAGEM: Excessivamente drenado VEGETAÇÃO PRIMÁRIA: Floresta tropical perenifólia USO ATUAL: Vegetação secundária CLIMA: As (Köppen), clima tropical chuvoso de floresta, com pluviosidade média anual superior a 1500mm DESCRITO E COLETADO POR: Maria Eloisa, Samir Abdalla e Geiza Santos A1 5 - 12 cm, bruno muito escuro (7,5YR 2,5/2, úmida); areia; fraca pequena granular; macia, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara. A2 12 - 30 cm, cinzento muito escuro (7,5YR 3/1, úmida); areia; fraca pequena blocos subangulares; macia, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara. AE 30 - 55 cm, bruno-escuro (7,5YR 3/2, úmida); areia; grão simples; macia, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e clara. E1 55 - 80 cm, bruno (7,5YR 4/2, úmida); areia; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e gradual. E2 80 - 110 cm, bruno (7,5YR 5/2, úmida); areia; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição plana e gradual. EBhs 110 – 147 (147-167) cm, bruno (7,5YR 5/4, úmida);areia; grão simples; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição ondulada e clara. Bhs 167 – 180 cm, bruno escuro (7,5YR 3/4, úmida); areia; fraca média blocos subangulares; solta, solta, não plástico e não pegajoso; transição ondulada e clara. Bh 180 +cm, bruno muito escuro (7,5YR 2,5/2, úmida); areia; fraca média blocos subangulares; solta, solta, não plástico e não pegajoso.

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RAÍZES: Abundantes muito finas, finas e médias nos horizontes A1 e A2; Comuns muito finas e finas E2; Abundantes finas e médias EBhs e Bhs; Abundantes grossas no Bhs e Bh; e comuns médias e grossas no Bh. OBSERVAÇÕES: - Presença de horizonte O com espessura de 5 cm, profundidade de 0 - 5 cm. - Lençol freático não aparente no perfil. - Abundantes poros pequenos e médios nos horizontes A1, A2, AE, E1, E2, EBhs e Bh. Poros pequenos comuns no Bhs.