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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
FACULDADE DE ECONOMIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS ECONÔMICAS
DANIEL SANTANA RÉGIS DA SILVA
O SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO E A CRISE DA MOBILIDADE URBANA
EM SALVADOR: UMA ABORDAGEM INTERMODAL
SALVADOR
2014
DANIEL SANTANA RÉGIS DA SILVA
O SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO E A CRISE DA MOBILIDADE URBANA
EM SALVADOR: UMA ABORDAGEM INTERMODAL
SALVADOR
2014
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de
Ciências Econômicas da Universidade Federal da Bahia,
requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em
Ciências Econômicas.
Área de concentração: Economia dos Transportes,
Economia Urbana, Planejamento de Transportes.
Orientador: Professor Ihering Guedes Alcoforado
S586 Silva, Daniel Santana Régis da
O sistema de transporte público e a crise da mobilidade
urbana em Salvador: uma abordagem intermodal/ Daniel
Santana Régis da Silva. – Salvador, 2014.
61 f.: Il.
TCC (Graduação) – Universidade Federal da Bahia,
Faculdade de Economia. Orientador: Profº Ihering Guedes
Alcoforado.
1. Salvador – transporte público. 2. Mobilidade urbana. 3.
Sistemas de transportes – custos. 4. Transporte – integração. I.
Universidade Federal da Bahia. II. Alcoforado, Ihering Guedes.
III. Título.
CDD: 388.049
DANIEL SANTANA RÉGIS DA SILVA
O SISTEMA DE TRANSPORTE PÚBLICO E A CRISE DA MOBILIDADE URBANA
EM SALVADOR: UMA ABORDAGEM INTERMODAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no curso de Ciência Econômicas da
Universidade Federal da Bahia, requisito parcial à obtenção do grau de Bacharel em Ciências
Econômicas.
Aprovada em 09 de Dezembro de 2014.
Banca Examinadora
__________________________________________________
Orientador: Prof. Ihering Guedes Alcoforado
Universidade Federal da Bahia – UFBA
__________________________________________________
Prof. Antônio Ricardo Dantas Caffe
Universidade Federal da Bahia – UFBA
__________________________________________________
Henrique Oliveira de Azevedo
Universidade Salvador – Unifacs
AGRADECIMENTOS
Ao longo destes cinco anos muitas pessoas fizeram-se importantes para a minha formação e
desenvolvimento deste trabalho, aos quais devo eternos agradecimentos. Primeiramente à
minha Deusa, rainha e mãe, Clara, muito obrigado por todo o apoio e confiança, por ser esta
guerreira que nunca titubeou frente às adversidades da vida e me guiou no caminho da
honradez, este trabalho é pra você. A Rosana, minha menina, por estar sempre ao meu lado
em qualquer situação, por ser minha amiga, companheira, confidente, meu amor. Obrigado
por toda a ajuda e por me apontar em meio à multidão. Ao meu mestre Ihering, pelas
intervenções precisas e ensinamentos, sem sua ajuda este trabalho não existiria. As minhas
tias Mara, por sempre ser minha mãe reserva e saber que posso contra contigo sempre que
precisar e Edileuza por acreditar e confiar em mim sempre, você me mostrou que pela
educação poderia mudar minha realidade. E por fim, mas não menos importantes, a todos os
amigos que acompanharam e vivenciaram essa trajetória, em especial ao Filipe, por todos os
rangos nos fins de tarde, você é o irmão que pude escolher.
“Se tempo é dinheiro, por que a lentidão?”
Engarrafamento – Dead Fish
RESUMO
Este estudo destina-se a analisar as estruturas econômicas do sistema de transporte público
por passageiros na cidade do Salvador, Bahia. Abordando as principais características do
transporte nesta localidade, caracterizando os principais aspectos que direcionam a cidade à
crise da mobilidade urbana. Os aspectos intermodais são inseridos com o objetivo de fomentar
os possíveis modelos de intervenção frente à crise da mobilidade. Desta forma o trabalho se
orienta tendo como primeira parte, o problema do transporte a partir das características da
oferta e demanda dos seus serviços analisando os fatores que incentivam o uso do transporte
individual em detrimento do transporte público abordando os fundamentos das suas formas de
organização e de institucionalização. Na segunda são apresentadas as principais características
da intermodalidade passando por seus aspectos técnicos, operacionais e econômicos, na
terceira é avaliada a problemática do transporte na cidade identificando suas características de
transporte em rede e prospectando as possíveis intervenções pelo sistema de transporte
intermodal.
Palavras-chave: Crise da Mobilidade. Intermodalidade. Monomodalidade. Transporte Público.
ABSTRACT
This study is intended to analyze the economic structures of the public transport system for
passengers in the city of Salvador, Bahia. Addressing the main characteristics of transport in
this city, featuring the main aspects that drive the city to urban mobility crisis. Intermodal
aspects are entered with the aim of promoting the possible models of intervention the mobility
of the crisis. In this way the work is oriented having as first part, the transportation problem
from the details of the offer and demand of their services by analyzing the factors that
encourage the use of private transport over public transport addressing the fundamentals of
their organization and of institutionalization. In the second are the main characteristics of
intermodal through its technical, operational and economic, in the third evaluates the
transportation problem in the city identifying their network transport characteristics and
prospecting possible interventions for intermodal transport system.
Keywords: Mobility Crisis. Intermodality. Monomodality. Public Transportation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1- Evolução da Quantidade Total de Passageiros para Salvador, 2004 – 2013. (Em Mil). 18
Gráfico 2- Índice de Passageiros Por Quilometro para Salvador 2004 – 2013 19
Gráfico 3 – Média Mensal de Viagens Realizadas para Salvador 2004 – 2013 20
Gráfico 4 – Média Mensal de Quilômetros Rodados para Salvador 2004 – 2013 21
Gráfico 5 – Idade Média da Frota para Salvador 2004 – 2013 22
Gráfico 6 – Frota de Ônibus Salvador 2004 – 2013 23
Gráfico 7 – Distribuição dos modais por tipo de viagem 25
Gráfico 8 – Crescimento da Frota de Automóveis, Salvador, 2004 - 2013 27
Gráfico 9 – Crescimento da Frota de Motocicletas, Salvador, 2004 - 2013 28
Gráfico 10 – Evolução da tarifa de ônibus em Salvador 2003 - 2012 30
Quadro 1 – Custos do Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus 32
Gráfico 11 – Média de Passageiro Por Viagem, Trem do Subúrbio, 2014 34
Figura 1 – Mapa das Linhas de Metrô de Salvador 35
Gráfico 12 – Média Diária de Passageiros, Metro, 2014 36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Dez Municípios com as maiores frotas de automóveis do Brasil em 2014 26
Tabela 2 – Tarifa das Passagens de Ferry Boat, Salvador, 2014. Em R$. 39
LISTA DE SIGLAS
ANTP Associação Nacional de Transportes Público
BRT Bus Rapid Transit
CCR Companhia de Concessões Rodoviárias
CIP Centro de Inteligência Padrão
CTB Companhia de Transportes do Estado da Bahia
DENATRAN Departamento Nacional de Trânsito
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPK Índice de Passageiros Por Quilometro
NTU Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos
POF Pesquisa de Orçamento Familiar
SEINFRA Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia
SETPS Sistema de Transporte Público de Salvador
SIT-FOR Sistema Integrado de Fortaleza
STCO Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus
STPP Sistema de Transporte Público de Passageiros
STU Secretaria de Transportes Urbanos
TRANSALVADOR Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador
VLT Veículos Leves Sobre Trilhos
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 12
2 MOBILIDADE URBANA EM SALVADOR 14
2.1 A HISTÓRIA DO TRANSPORTE PÚBLICO EM SALVADOR 16
2.2 A SITUAÇÃO DO TRANPORTE EM SALVADOR 17
2.2.1 Transporte Coletivo 17
2.2.2 Transporte Individual 23
2.3 CUSTOS COM TRANSPORTE 28
2.4 DEMAIS SISTEMAS DE TRANSPORTE PÚBLICO EM SALVADOR 33
2.4.1 Ferroviário e Metroviário 33
2.4.2 Ascensores 36
2.4.3 Hidroviários 38
2.4.4 Mototaxismo e Subsistemas 39
3 REDES INTEGRADAS DE TRANSPORTE PÚBLICO 41
3.1 OS ASPECTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS DA INTERMODALIDADE 41
3.1.1 Integração Operacional 42
3.1.2 Integração Tarifária 44
3.1.3 Integração Física 46
3.2 TRANSFERÊNCIA: O PAPEL DAS ESTAÇÕES DE TRANSBORDO 47
3.2.1 As Barreiras às Transferências de Modais 47
3.2.2 Gestão Econômica e Operacional 49
4 MODELAGEM DO STPP INTREMODAL EM SALVADOR 53
4.1 REDES DE TRANSPORTE EM SALVADOR 53
5 CONCLUSÃO 58
REFERÊNCIAS 61
12
1 INTRODUÇÃO
A intermodalidade não é somente um termo técnico para um tipo específico de viagem,
incluindo vários modos de transporte é um princípio de política e também uma tendência
social, levando em consideração a postura que a sociedade vem assumindo, devido à
globalização e os avanços tecnológicos. Assumindo essas características torna-se difícil
discutir um sistema de transporte eficiente que não passe pela discussão de um modelo que
seja interligado com os demais. No Brasil é percebida uma precariedade no sistema de
transporte que pode ser denominada como “crise da mobilidade urbana”.
Neste trabalho parto do sistema de transporte público como sendo fundamental para o
dinamismo da economia local, tal sistema tem como função a mobilidade dos agentes
econômicos e a garantia desta mobilidade tende a gerar impactos positivos para a economia
local, porém a restrição da mesma consistira em impactos contrários. Desta forma parto do
problema como uma falha de mercado. O sistema de transporte caracteriza-se por uma
demanda diferenciada e derivada das necessidades dos mais diversos setores e segmentos da
sociedade e, por uma oferta, baseada num sistema técnico complexo que envolve tanto os
modais individuais como a interação entre eles por meio da intermodalidade.
Em função disso é necessário que tal mercado funcione de forma eficiente e a mobilidade
urbana é um indicador da sua efetividade, a qual depende da efetividade e da eficiência do
sistema intermodal. Sendo este sistema utilizado com o objetivo de melhorar o desempenho
da mobilidade urbana através das suas múltiplas possibilidades sendo este capaz de incorporar
os modais mais adequados a cada localidade.
Os custos estimados com transporte podem vir a ser elevados para os mais diversos extratos
da sociedade, chegando a ocupar 15,17% da renda familiar ficando atrás apenas de habitação
e alimentação e com o aumento da renda esse percentual tende a aumentar. Um dos pontos a
ser analisado no trabalho passa pela questão dos custos com transporte e os prováveis
impactos da intermodalidade nos custos. Além de traçar análises acerca dos impactos com
tempo gasto com viagem dentro de sistemas multimodais em comparativo com os
monomodais.
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O objetivo deste trabalho é duplo. De um lado, apresentar os princípios econômicos que
fundamentam a intermodalidade, tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista
organizacional e institucional. Com este propósito o trabalho conta desta introdução mais três
partes e uma conclusão.
Na primeira parte, introduzo o problema do transporte a partir das características da oferta e
demanda dos seus serviços o que incentiva o uso do transporte individual em detrimento do
transporte público e discuto os fundamentos das suas formas de organização e de
institucionalização. Na segunda apresento as principais características da intermodalidade
passando por seus aspectos técnicos, operacionais e econômicos, na terceira analiso a
problemática identificando suas características de transporte em rede e prospectando uma
intervenção pelo sistema de transporte intermodal.
14
2 MOBILIDADE URBANA EM SALVADOR
Nas últimas décadas com os avanços tecnológicos a sociedade tem aumentado tanto em níveis
populacionais como em expectativa de vida, além disso, há uma grande concentração da
população em zonas urbanas, isso em decorrência de uma maior concentração de serviços
essenciais, nestes centros, que por sua vez trazem mais comodidade e bem-estar. Em
contrapartida o excesso de pessoas residindo nestas localidades forma o chamado inchaço
urbano. O aumento da população nos centros urbanos faz com que exista uma ineficiência do
transporte público a partir do momento em que este não é capaz de suprir sua demanda não
somente por ter um número de meios de transporte que comporte todos que demandam, como
também por não atender a expectativa dos usuários.
Ao demandar transporte o usuário não espera somente se deslocar do ponto A ao ponto B, mas
também que este deslocamento ocorra no menor tempo possível e que o veículo de transporte
lhe ofereça conforto e comodidade. Desta forma pode-se dizer que no Brasil não possuí a total
satisfação dos usuários de transporte público, por não encontrarem conforto nos veículos,
como também estes não oferecerem o menor tempo de deslocamento possível, em alguns
casos, como o ônibus, por não conseguir realizar o menor tempo possível em razão de não
haver horários programados e de trens e metrôs por não oferecerem o conforto adequado em
razão do número inferior a real demanda. Isso leva a um aumento da demanda por automóveis
privados, pois estes tendem a oferecer mais conforto e comodidade.
Um sistema de transporte público que seja estruturado por um único modal será ineficiente,
não somente por gerar uma ineficiência econômica, pois em determinadas áreas estes gerarem
custos muitos elevados como geram transtornos sociais, pois em outras áreas eles não são
capazes de suprir a demanda gerando altos custos para os consumidores.
Salvador é uma cidade estruturada por um sistema de transporte público com fortes
características monomodais. Não pode-se afirmar que em essência Salvador possui uma
estrutura monomodal, pois há algumas linhas de trem e metrô, além de sistemas hidroviários,
mas se for analisada frente as suas praticas operacionais a cidade possui uma concentração do
ônibus em sua estrutura de transporte público que por vezes não atende a sua demanda, em
15
principal nos chamados “horários de pico”, e não trazem conforto para os usuários. Esta
ineficiência do ônibus aliada a algumas políticas fiscais tornam a escolha por automóveis
privados mais interessantes, também por este trazer mais conforto e facilitar o acesso a certos
pontos da cidade.
A monomodalidade é em essência insustentável para as grandes cidades, pois além de
concentrar uma demanda excessiva e incapaz de ser atendida ela não traz opções em casos
emergenciais provocados por greves dos trabalhadores desta categoria ou fatores climáticos,
como é muito consistente em Salvador.
Nestes pontos a multimodalidade é a mais eficiente, pois a possibilita migra entre os modais,
além de possibilitar maior mobilidade manter a dinâmica dos agentes econômicos.
Considerando que o trabalhador é um dos principais agentes produtivos e que este depende
essencialmente dos meios de transporte para chegarem ao seu local de trabalho ou aos centros
de consumo, a ineficiência do transporte em uma cidade pode gerar problemas na dinâmica da
economia local.
As integrações entre os diferentes modais de transporte existentes em uma determinada
localidade recebem o nome de intermodalidade, porém este sistema não pode ser somente um
modelo de transporte onde os modais conversem, mas sim uma política de tratamento do
sistema de transporte tanto público como privado. É necessário que os proprietários de
automóveis privados possam utilizá-los de forma integral ou beneficiando-se da estrutura
intermodal por meio dos estacionamentos. Também é importante que demais usuários possam
acessar esses sistemas sem muitas dificuldades e em principal, o usuário cativo possa se sentir
confortável e satisfeito nos modais para não haver uma fuga para os meios de transporte
privado, como vem ocorrendo. O sistema intermodal deve integrar não somente os modais
como a tarifa e em razão da essencialidade deste serviço ele deve possuir uma taxa de
utilização acessível a todas as classes socioeconômicas.
16
2.1 A HISTÓRIA DO TRANSPORTE PÚBLICO EM SALVADOR
Segundo o SETPS (2012) os primeiros modais de transporte público em Salvador foram
implantados em meados 1845 por meio de lei municipal que autorizava a atuação de
companhias de ônibus ou gôndolas (espécie de carroças puxadas por quatro animais).
Somente em 1851 foi iniciado o serviço regular em duas linhas: uma da Cidade Alta até a
Barra e outra das Pedreiras até o Bonfim. No ano de 1864 foram criadas linhas de veículos
sobre trilhos e aprovadas concessões para o funcionamento dos serviços de passageiros entre a
Cidade Alta e a Cidade Baixa. Tais concessões foram transferidas para o então empresário
Antônio Francisco de Lacerda, que decidiu implantar um elevador ligando as duas partes da
cidade e em dezembro de 1873 foi inaugurado o Elevador Lacerda, que atualmente além de
ser um modal de integração entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa é um dos principais pontos
turísticos da cidade. Com o processo de eletrificação, em 1897, houve a possibilidade de
substituir a os veículos de tração animal (gôndolas) pelos bondes, veículos de tração elétrica.
O bonde não foi somente uma inovação tecnológica no período, que até então só era
conhecido no Rio de Janeiro então capital federal, como também ditou o direcionamento da
expansão da cidade. Aproximadamente 67 anos após a implantação da lei municipal de
concessão de privilégios para a instalação de companhias de ônibus em 1912 se inicia a
operação dos ônibus em Salvador, de modo precário. Pois nesta época os bondes eram a
melhor alternativa de transporte na cidade. Em 1930, após uma serie de protestos populares
que culminaram na queima de cerca de 60 bondes, Salvador torna-se uma das cidades mais
mal servidas de transportes urbanos do Brasil, pois, com aval governamental, a companhia
responsável pelos bondes não repôs novos bondes em serviço culminando em sua extinção
por meio de decreto da Prefeitura Municipal sendo substituídos pelos ônibus. O sistema de
transporte público por ônibus foi se consolidado com o passar do tempo a partir de 1971
passaram a serem desenvolvidos diversos Estudos, Planos e Projetos de Transporte para a
cidade. No ano de 1981 foi iniciada a construção Estação da Lapa e em novembro deste
mesmo ano a Secretaria de Transportes Urbanos – STU e estabelecida à tarifa única para o
serviço de ônibus. O transporte público deste momento em diante sofreu diversas
transformações contando com inaugurações de estações de transbordo como a Estação Pirajá,
a renovação de frotas e entrada de novas empresas na oferta de novas linhas e Em 1996 o
SETPS iniciou o processo de bilhetagem eletrônica, implantando a tecnologia do cartão
inteligente - Smart Card, inicialmente utilizado pelos estudantes que têm direito à meia
17
passagem escolar e todas as categorias beneficiadas pela gratuidade no sistema de transporte
por ônibus. Em 1998 é iniciado o subsistema operado por vans (topiques) e em 1999 foi
realizada Concorrência Pública para a construção do Metrô de Salvador, atualmente operando
em fase de teste.
2.2 A SITUAÇÃO DO TRANPORTE EM SALVADOR
2.2.1 Transporte Coletivo
Não é necessário nenhum conhecimento técnico para perceber que a cidade de Salvador
atravessa um período com graves problemas de mobilidade urbana. Salvador é a 3º cidade
mais populosa do Brasil contando com uma população estimada de 2.902.927 habitantes
ficando atrás somente de São Paulo e Rio de Janeiro (IBGE, 2014). O Sistema de Transporte
Público de Passageiros – STPP conta com uma limitada gama de modais tendo o ônibus como
o principal modal. Os deslocamentos por ônibus representam 31,5% das viagens na RMS
segundo a última pesquisa de origem e destino domiciliar, sendo que deste percentual
Salvador é responsável por aproximadamente 70% das viagens (BAHIA, 2012), em
comparação com a pesquisa O/D realizada em 2002 é percebida uma queda na demanda por
este serviço, quando neste período as viagens por ônibus representavam 52% da demanda
(MURÇA; MULLER, 2014). Um dado curioso fica por conta da grande concentração da
mobilidade à pé que representa 35% das viagens, em terceiro lugar aparecem as viagem por
com veículos particulares com 19,1%, os modais ferroviários e hidroviários representam
menos de 1%. (BAHIA, 2012).
O problema da baixa diversificação de modais existentes em Salvador faz com que as
empresas de ônibus exerçam um monopólio deste setor resultando na oferta de veículos
sucateados e altos custos tarifários além da superlotação dos veículos em razão do
desequilíbrio entre oferta e demanda que torna ainda mais oneroso os custos de utilização do
transporte.
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Com base nos dados extraídos do site da Transalvador sobre a situação dos ônibus da cidade,
pode-se realizar um estudo mais detalhado do ultimo decênio. Para a análise foi feito um
recorte histórico entre o período de 2004 a 2013.
Os dados mostram que o número de passageiros reduz a cada ano. Entre os períodos de 2004
a 2008 houve oscilações de alta no número total de passageiros, porém a partir de 2009 passa
a reduzir havendo uma queda pouco significativa para o ano de 2010, porém em 2011 até o
termino do recorte há uma tendência de queda com uma leve recuperação em 2012, mas não
muito alta, apresentando em 2013 a sua maior queda chegando ao valor médio no ano de
33.758.948 passageiros totais por mês. A redução no número de passageiros associado faz
com que os ônibus passem a operar com um custo variável mais alto, tornando, desta forma,
as tarifas mais altas.
Gráfico 1- Evolução da Quantidade Total de Passageiros para Salvador, 2004 – 2013. (Em Mil).
Fonte: Elaboração Própria com base nos dados da TRANSALVADOR, 2014
Está redução é um reflexo da falta de credibilidade que o ônibus tem como meio de transporte
para os usuários além de fatores já citados. A redução do número de passageiros é um dado
preocupante, pois estes tendem a migrar para outros modais, porém como a cidade possui uma
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concentração do ônibus frentes aos modais de transporte público estes usuários tendem a
buscar como bem substituto os veículos privados.
Ao analisar o Índice de Passageiros por Quilometro – IPK é reforçada a idéia de declínio da
demanda por ônibus. O IPK é a proporção entre o número de passageiros relativos e a
quilometragem total rodada pela frota. A princípio este dado sendo analisado isoladamente
nos leva a acreditar que o número de passageiros por quilometro vem aumentando com o
passar dos anos, porém este dado mostrar uma distorção ao frente ao número total de
passageiros, mas ficará mais claro quando analisado a evolução da curva de quilometragens
total, pois por o IPK ser o resultado da razão entre passageiros e quilometro uma redução da
quilometragem representará um aumento no valor do IPK. Assim também pode-se perceber
que além de haver uma redução da demanda por ônibus os mesmos estão percorrendo menos
quilômetros isso pode ser um reflexo do aumento dos congestionamentos como também da
redução da frota e itinerários.
Gráfico 2- Índice de Passageiros Por Quilometro para Salvador 2004 – 2013
Fonte: Elaboração Própria com base nos dados da TRANSALVADOR, 2014
O número de viagens apresenta baixas oscilações no período compreendido entre os anos de
2004 a 2008 chegando ao seu maior índice no ano de 2009, mas a partir deste momento ela
20
vai reduzindo significativamente. O ano de 2013 apresenta o menor valor entre as viagens
médias mensais nos anos estudados mostrando uma variação absoluta negativa de -97.054 no
número total de viagens entre os anos de 2004 a 2013.
A variável “Viagens” compreende o número de vezes que o ônibus cumpriu seu itinerário.
Supondo um ônibus que tem como roteiro Cajazeiras 11 – Lapa, cada vez que ele cumpre este
roteiro, seja no percurso de ida como de volta, este é contabilizado. Ao apresentar uma
redução neste número podem-se apresentar duas possibilidades. Em primeiro o aumento dos
engarrafamentos fazem com que haja uma redução das viagens diárias, em segundo a redução
da oferta de veículos vai impactar diretamente no total de viagens realizadas. Em ambos os
casos se pode afirmar que esta situação ocorre em decorrência da falta de credibilidade do
serviço de transporte público na cidade, que gera um aumento da demanda por veículos
particulares em conseqüência aumentando os congestionamentos e reduzindo a demanda por
ônibus.
Gráfico 3 – Média Mensal de Viagens Realizadas para Salvador 2004 – 2013
Fonte: Elaboração Própria com base nos dados da TRANSALVADOR, 2014
21
A curva de quilômetros rodados repete a tendência apresentada nos demais gráficos, pode-se
perceber que o há uma variação negativa ao correr dos anos alcançando o seu menos índice no
ano de 2013. A redução da quilometragem também pode ser visto como uma conseqüência
dos mesmos fatores que afetaram a variável “Viagens”. Em 2007 é possível observar que há
uma tendência de recuperação do aumento da quilometragem que permanece crescendo e se
estabiliza entre o período de 2008 a 2009, mas desde então volta a declinar uma redução total
na ordem de -3.819.970,24 entre o período de 2009 a 2013. Sendo 2009 o ano onde pode ser
observado maior volume de quilômetros por viagem e 2013 o último ano estudado. Quando
comparado com o período entre 2004 a 2013 percebemos uma variação relativa de -18,05%.
Gráfico 4 – Média Mensal de Quilômetros Rodados para Salvador 2004 – 2013
Fonte: Elaboração Própria com base nos dados da TRANSALVADOR, 2014
A idade média da frota desde 2004 apresenta uma tendência de alta. Com a redução do
número de passageiros os ônibus atuam com custos operacionais mais altos, este fato induz
numa redução do número de viagens, refletindo num aumento do tempo de espera para os
usuários o que aumenta a insatisfação dos mesmos e gera a fuga para meios de locomoção
alternativos configurando-se em um “ciclo vicioso”. Além de implicar na utilização de
veículos sucateados, pois o aumento da idade média da frota representa o aumento da
22
utilização do veículo sendo ofertado, desta forma, ônibus velhos e sucateados, que tendem a
gerar maiores desconfortos aos usuários, tornado as viagens mais desconfortáveis.
Gráfico 5 – Idade Média da Frota para Salvador 2004 – 2013
Fonte: Elaboração Própria com base nos dados da TRANSALVADOR, 2014
A frota representa o número total de veículos destinados ao transporte coletivo municipal na
cidade de Salvador. Pode-se perceber a tendência de crescimento na frota de ônibus no
período estudado, mas com base nos dados analisados até o momento pode-se perceber que
não há um aumento da oferta de ônibus e que esse aumento da frota se dá predominantemente
em razão do aumento da idade média da frota, ou seja, não há uma reposição de novos
veículos e sim um prolongamento do seu tempo de uso. Esta pratica reforça a precariedade do
STPP na cidade ao ofertar veículos sucateados. Não é necessário nenhum dado técnico para
observar que há uma baixa manutenção, pois é comum encontrar assentos danificados e pode-
se afirmar que todo usuário já teve que descer do ônibus em razão do mesmo parar por pane
mecânica no percurso.
23
Gráfico 6 – Frota de Ônibus Salvador 2004 – 2013
Fonte: Elaboração Própria com base nos dados da TRANSALVADOR, 2014
Com base nos dados apresentado pode-se chega a algumas conclusões a cerca do STPP de
Salvador. Primeiramente observa-se que a cidade está atravessando um processo de crise de
mobilidade urbana, a redução da demanda por transportes públicos em função da falta de
credibilidade do transporte coletivo faz com que o sistema seja operado com custos mais
elevados que são repassados para os usuários por meio da tarifa. Esta prática além de tornar a
opção pelo automóvel mais agradável tende a excluir a população com baixos níveis de renda
tornando o ingresso impeditivo em decorrência dos altos custos.
2.2.2 Transporte Individual
O automóvel individual está preconizado na sociedade não somente como instrumento de
locomoção, mas principalmente como elemento de estratificação social.
O caráter individualista dos automóveis tende a se inserir na sociedade dentro dos seus mais
diversos segmentos. Ao adquirir um carro este usuário não está somente resolvendo um
problema de mobilidade urbana ou externalizando a sua falta de credibilidade frente ao
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sistema de transporte público, mas também realizando um desejo pessoal. O automóvel
penetra no subconsciente da sociedade ao se valer das divisões de classes socioeconômicas,
pois este pode indicar uma posição social. Desta forma ele não está para o usuário como um
simples instrumento de locomoção e redução das distâncias percorridas, mas muito mais
como um objeto de realização e estratificação social, ou seja, a escolha pelo automóvel
individual está muitas vezes ligada ao fetichismo inerente ao objeto.
Levando o caráter do automóvel em consideração devem-se pensar quais os fatores que
levariam aos indivíduos substituírem o transporte individual pelo coletivo. A distribuição
entre os motivos/destinos pelos quais se mais se deslocam se destacam os motivos “trabalho”,
com 43,2% das viagens, seguido por “estudo”, com 25,8%. Os dois motivos juntos
correspondem a 69% do total dos deslocamentos, como acontece na maioria das sociedades
contemporâneas (SEINFRA, 2012).
Também se pode perceber que a maioria das viagens realizadas segundo os motivos trabalho e
estudo se dão por meio do transporte coletivo. Claro que este dado não da pra ser observado a
“olho nu”, pois um dos fatores que causam a crise da mobilidade urbana em Salvador é o
excesso de automóveis privados nas vias, porém se formos analisar as dimensões dos veículos
podem perceber que existe um excesso de uso das vias por alguns em detrimento do uso de
outros. Um carro de passeio convencional possui em média 9m² com uma capacidade máxima
de 5 passageiros, enquanto os ônibus para transporte metropolitano possuem uma média de
32m² com capacidade média de 70 passageiros. Desta forma o carro ocupa 1,8 metros
quadrados por passageiro enquanto o ônibus utiliza aproximadamente 0,46 metros quadrados
por passageiro.
Neste ponto cabe um adendo. É possível perceber que é uma tendência que os carros,
principalmente quando se locomovem com o destino “trabalho” e “estudo”, possua somente
um passageiro o que elevaria o número de metros por passageiro. E em relação ao ônibus é
também é fácil encontrar veículos com superlotação ultrapassando a sua capacidade máxima,
resultando em uma redução do número de metros quadrados por passageiro, além de aumentar
o desconforto da viagem e reduzir a segurança.
25
Gráfico 7 – Distribuição dos modais por tipo de viagem
Fonte: Pesquisa de Origem e Destino, SEINFRA, 2012
Desta forma, com base nestes dados associados aos apresentados no Gráfico 1, pode-se
perceber que existe uma substituição clara do modal coletivo pelo individual em função da
ineficiência do mesmo, pois é percebido que para os deslocamentos casa/trabalho e
casa/escola eles são mais utilizados, além de podermos perceber, sem necessidade de maiores
informações técnicas, que nos horários onde esses deslocamentos se concentram é onde se
encontra os maiores índices de congestionamentos. Assim, devem-se tecer propostas para que
haja uma substituição do transporte individual pelo coletivo, principalmente para estas duas
situações. Tais propostas serão mais bem desenvolvidas nos capítulos 3 e 4.
Salvador estar entre os 10 municípios com a maior frota de automóveis do Brasil. Contando
com um total de 545.349 automóveis representando 67,55% da frota total de automóveis do
município, além de uma participação de 109.537 motocicletas. O aumento desta demanda por
estes automóveis representa, essencialmente, uma redução pela demanda de veículos coletivos
fazendo com que os mesmos operem com custos variáveis mais altos. (DENATRAN, 2014).
26
Tabela 1 – Dez Municípios com as maiores frotas de automóveis do Brasil em 2014
Rank
2014MUNICÍPIO AUTOMÓVEIS MOTOCICLETA ÔNIBUS FROTA TOTAL
TAXA
PERCENTUAL DE
AUTOMÓVEIS
1º SAO PAULO 5.096.852 821.448 42.221 7.216.515 70,63%
2º RIO DE JANEIRO 1.870.284 254.029 17.581 2.533.504 73,82%
3º BRASILIA 1.130.312 160.098 11.725 1.560.780 72,42%
4º BELO HORIZONTE 1.114.562 202.456 9.110 1.625.633 68,56%
5º CURITIBA 1.025.791 130.842 7.154 1.468.087 69,87%
6º PORTO ALEGRE 580.610 86.152 4.964 820.914 70,73%
7º GOIANIA 574.305 211.794 6.468 1.070.799 53,63%
8º CAMPINAS 573.466 106.368 5.367 837.458 68,48%
9º SALVADOR 545.349 109.537 8.382 807.290 67,55%
10º FORTALEZA 526.070 240.621 6.586 941.917 55,85%
Fonte: Elaboração Própria com Base nos Dados do DENATRAN, 2014
Obs.: Os valores da Frota Total contam com outros modais como micro-ônibus, caminhões, reboques, etc.
Para possibilitar uma melhor comparação com os dados referentes à evolução do transporte
coletivo foi feito uma análise da evolução da demanda por transporte individual entre o
período de 2004 a 2014 para os modais automóveis e motocicletas.
Os automóveis apresentam uma taxa de variação percentual que oscila sendo 4,29% a menor
taxa e 7,29% a maior ao longo dos 10 anos. Pode-se perceber que existe a tendência de
crescimento constante da frota de automóveis que acompanhada por uma tendência de baixa
da demanda de passageiros por transporte coletivo. Este fato induz o aumento dos
congestionamentos que gera um aumento do tempo de deslocamento. O crescimento da
demanda por automóveis não se dá somente pela ineficiência do transporte público, mas
também em razão de políticas de incentivo ao consumo de automóveis e aumento da renda
das famílias. As políticas de incentivo ao consumo de automóveis podem acontecer de forma
direta e indireta. De forma direta ao possibilitar que haja um aumento da oferta de créditos
com possibilidades de parcelamentos do pagamento da divida em até 60 meses ou redução de
impostos como o IPI. E indireta ao tentar resolver o problema da mobilidade urbana com a
expansão das vias trafegáveis.
27
Gráfico 8 – Crescimento da Frota de Automóveis, Salvador, 2004 - 2013
Fonte: Elaboração Própria com Base nos Dados do DENATRAN, 2014
Ao se deparar com constantes congestionamentos e aumento do tempo de deslocamento, com
base nos dados apresentados no Gráfico 9, pode-se concluir que um dos pontos de escape foi
a aquisição de motocicletas. Este modal apresenta-se viável nesta situação, pois devido a sua
estrutura física é possível “driblar o congestionamento”. O aumento da demanda por
motocicletas nos período observado foi de aproximadamente 351%.
O aumento das motocicletas não influência, assim como o automóvel, diretamente no
problema do congestionamento, mas tem um grande impacto na crise da mobilidade urbana,
pois o aumento da demanda deste modal afetará a demanda pelo STPP incorrendo no já
mencionado problema dos custos operacionais variáveis.
28
Gráfico 9 – Crescimento da Frota de Motocicletas, Salvador, 2004 - 2013
Fonte:
Elaboração Própria com Base nos Dados do DENATRAN, 2014
Logo, percebemos que o grande problema do transporte individual não está no seu caráter
fetichista e sim na sua substituição com a finalidade de se locomover para fins rotineiros
como os fatores trabalho e escola. Assim o ataque a tal cultura não deve partir da redução da
aquisição de transporte privados e sim da redução da sua utilidade. Um sistema de transporte
intermodal possibilita esta ação não somente por prever em sua estrutura uma redução do
tempo de deslocamento como também a integração dos modais individuais no sistema por
meio de “park & ride”.
2.3 CUSTOS COM TRANSPORTE
Os gastos com transporte no Brasil chegam a ocupar 15,7% da renda familiar sendo superada
apenas por habitação e alimentação dentro das famílias com renda superior a R$ 6000,00 este
valor chega a alcançar os 17% (IBGE, 2010).
Os fatores que implicam no aumento dos gastos com transporte que acompanha o aumento da
renda não são explicados diretamente, mas pode-se perceber que existe uma tendência social
29
de rejeitar os serviços públicos quando possuem uma elevação da sua renda. Este fato pode
ser percebido, na educação, na saúde, assim com no transporte. O aumento pode ser
explicado, mesmo sem dado técnico, por uma substituição do transporte público pelo
transporte privado. A priori, o custo de aquisição de um automóvel representará um impacto
negativo na renda do individuo, pois além do próprio custo do utilitário existem custos
secundários como manutenção, combustível e seguro.
De acordo com o NTU (2014) na grande totalidade das cidades do Brasil o transporte público
é 100% custeado pelos consumidores, não contando com nenhum subsidio do governo. Nas
principais cidades européias, o usuário paga menos de 50%. De acordo com o mais recente
levantamento da associação de autoridades metropolitanas de transporte da Europa, em Berlin
(Alemanha) e Barcelona (Espanha), os passageiros pagam 46% dos custos da tarifa; em Paris
(França), 40%; em Turim (Itália), 32%; e, na charmosa cidade de Praga (República Tcheca),
26%. Segundo pesquisa realizada pelo Centro de Inteligência Padrão – CIP e pelo Instituto
Data Popular 32% dos entrevistados afirmaram que metade do transporte público deveria ser
custeada pelo estado contra os 10% que defendem que a população deveria arcar com o
transporte público. Além disso, 56% acreditam que o transporte público deveria ser gratuito,
número ainda inferior quando comparados com os 91% que acreditam que a saúde deveria ser
100% financiada pelo estado.
Os custos com transporte não podem ser associados somente a custos monetários, deve-se
considerar custos que são mais difíceis de mensurar em função da sua intangibilidade como os
custos com tempo. Segundo Batista (2002) os atributos mais usuais nas redes de transporte
coletivo expressos em unidade de tempo, são tempo de acesso, que representa o tempo de
caminhada da origem até a rede de transporte público; Tempo de espera, representando o
tempo em que o usuário fica esperando pelo veículo no ponto de parada ou estação; Tempo
dentro do veículo, que representa o tempo efetivamente em deslocamento; Tempo de
transbordo, representando a penalidade relativa ao transbordo; e, Tempo de difusão, que
representa o tempo de caminhada entre a rede de transporte e o destino final.
Os custos tarifários com transporte público em Salvador são relativamente altos quando se
comparado aos fatores intangíveis, pois existe uma deficiência na mobilidade em função das
30
altas taxa de tempo de deslocamento necessário para se cumprir roteiros com o transporte
público. No ano de 2014 o transporte público por ônibus custava R$ 2,80, levando-se em
consideração que os deslocamentos são realizados com percursos de ida e volta eram
necessários um valor mínimo de R$ 5,60. Como pode ser visto no Gráfico 10 entre o período
de 2003 a 2012 a tarifa do transporte público sofreu um aumento nominal de 115%,
aproximadamente, sendo no período inicial no valor de R$ 1,30 passando por sucessivos
aumentos até alcançar o valor de R$ 2,80.
Gráfico 10 – Evolução da tarifa de ônibus em Salvador 2003 - 2012
F
onte: Elaboração Própria com Base nos Dados do TRANSALVADOR, 2012a
Ao longo do capitulo foram sendo apresentados dados que corroboravam a dependência dos
custos de transporte com a variação do número de passageiros. A Tabela 2 apresenta a
planilha de custos do Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus – STCO é possível perceber
que os preços são rateados com base na razão entre o preço em reais e a quilometragem
rodada. Levando em consideração os dados apresentados no Gráfico 2 percebemos que existe
uma tendência a redução da quilometragem rodada, sendo essa uma possível afetada da
redução da demanda de passageiros que por sua vez é diretamente influenciada pelo aumento
da frota de automóveis. O que se pode perceber é que a redução da quilometragem afetará no
31
aumento dos custos e que o aumento dos custos operacionais será repassado para o consumido
com o aumento da tarifa.
32
Quadro 1 – Custos do Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus
Fonte: TRANSALVADOR, 2012
33
2.4 DEMAIS SISTEMAS DE TRANSPORTE PÚBLICO EM SALVADOR
2.4.1 Ferroviário e Metroviário
O sistema de transporte sobre trilho da cidade do Salvador conta com o sistema ferroviário e
metroviário. Ambos possuem uma expressividade muito baixa frente à dinâmica da
mobilidade urbana da cidade isso ocorre em função da sua localização.
O sistema ferroviário, conhecido na cidade como trem do subúrbio, conta com uma única
linha com a extensão de 13,5 quilômetros que vai desde o bairro da Calçada à Paripe,
distribuídos em 10 estações ferroviárias. Com uma das menores tarifas do transporte público
soteropolitano, R$ 0,50, os trens transportam cerca de 19.000 passageiros diariamente,
segundo dados da Companhia de Transportes do Estado da Bahia – CTB, com uma frota de 7
veículos, cada veículo tem a capacidade de transportar 750 passageiros e suas viagens duram
cerca de 30 minutos entre a estação da Calçada à estação de Paripe, porém a média de
passageiros transportados por viagem teve o seu maior índice no mês de maio alcançando o
número de 314 passageiros um valor que não alcança 50% da capacidade total. Com base
nesses dados pode-se analisar a localização e percursos do modal não atender as reais
necessidades da cidade, incorrendo em uma baixa demanda. O sistema ferroviário, devido ao
seu baixo custo operacional, deveria sobrelevar o ônibus no STPP em Salvador, não somente
em função do seu baixo custo como também em razão da sua agilidade divido a falta de
competitividade com os automóveis nas vias públicas por possuir vias exclusivas. E tendo em
vista essa perspectiva já é estudada a possibilidade de transformação dos trens do subúrbio
para o modelo de veículos leves sobre trilhos – VLT, visando à possibilidade de haver uma
convergência com o BRT e o metrô.
34
Gráfico 11 – Média de Passageiro Por Viagem, Trem do Subúrbio, 2014
Fonte: Elaboração Própria Com base na CTB 2014
O sistema metroviário de Salvador é composto por duas linhas, sendo que somente metade do
projetado para ser a linha1 está em funcionamento, até o momento da confecção deste
trabalho. O projeto prevê a construção de 31 km de linhas metroviárias, sendo 11,5 km
pertencentes à linha 1 das quais 7,5 km foram construídas e encontram-se em operação
assistida e 19,5 km pertencentes a linha 2 do metrô. A linha 1 se estenderá da estação da Lapa
até a estação Pirajá. O projeto do Sistema Metroviário de Salvador e Lauro de Freitas prevê
ainda a expansão da Linha 1, de Pirajá até Cajazeiras/Águas Claras e, da Linha 2, da Estação
Aeroporto até o município de Lauro de Freitas. (CCR, 2014).
35
Figura 1 – Mapa das Linhas de Metrô de Salvador
Fonte: CCR Metro Bahia, imagem adaptada
Desde 11 de junho de 2014 a primeira parte da linha 1 do metrô de Salvador, intitulada de
fase 1, está em operação assistida, tal operação implica na operacionalização do sistema de
forma experimental e aberta ao público. Nesta fase o metrô opera com tarifa gratuita e
somente em dias úteis. No período de inauguração do metrô o sistema obteve a sua menor
demanda. Segundo dados da CTB o mês de Junho obteve uma média diária de 5.112
passageiros. Fato curioso desde dado é que quando comparado aos dias de jogos da Copa
Mundial de Futebol realizados na cidade a média sobe para 10.287. Tal fato pode ser visto
como falta de credibilidade ou incerteza dos usuários soteropolitanos frente ao sistema de
metro, devido ao seu histórico. Considerando que nos períodos de jogos da copa havia um
número elevado de turistas na cidade, pode-se concluir que tal fator elevou a média nos dias
de jogos. Porém percebe-se que o sistema de metrô vem ganhando credibilidade e expandindo
a sua demanda diária de passageiros, quando comparado o mês de inauguração com o mês de
setembro observa-se uma variação de 236% na média diária de passageiros, ou seja, a
consolidação do sistema apresenta resultados positivos frente aos usuários soteropolitanos.
36
Gráfico 12 – Média Diária de Passageiros, Metro, 2014
Fonte: Elaboração Própria Com base na CTB 2014
2.4.2 Ascensores
Entre os transportes ascensores Salvador conta com 1 elevador e 3 planos inclinados que
interligam a cidade baixa com a cidade alta, uma falha geomorfológica que divide a cidade
em dois níveis. Tal modal propicia uma agilidade nos deslocamentos entre os pontos da
cidade separados geologicamente. A utilização dos modais apresenta-se de grande valia para a
cidade, tendo base a grande demanda oriunda não somente do turismo, mas dos próprios
residentes da cidade, tal fato se dá em função da sua eficiência que possibilitou a expansão
dos investimentos no modal, com a revitalização de alguns, além da proposta da Prefeitura
Municipal de Salvador e do Governo do Estado da Bahia conhecida como Nova Cidade
Baixa.
De autoria dos escritórios A&P Arquitetura e Urbanismo (Salvador) e Brasil
Arquitetura (São Paulo), o projeto Nova Cidade Baixa previa, dentre diversas
outras ações, a recuperação do Elevador do Taboão – único dos ascensores urbanos
de Salvador então desativado – e a implantação de quatro novos equipamentos
destinados a articular a Cidade Baixa com a Cidade Alta e a intensificar o fluxo de
pedestres entre os dois níveis: um teleférico localizado cerca de 1,3 quilômetro a
sudoeste do Elevador Lacerda, ligando o Largo dos Aflitos, na Cidade Alta, ao
Museu de Arte Moderna (MAM), na Cidade Baixa; um plano inclinado situado 400
metros a sudoeste do Elevador Lacerda, conectando a Praça Castro Alves, na
37
Cidade Alta, ao sopé da Ladeira da Preguiça e à Rua da Conceição, na Cidade
Baixa; um teleférico implantado cerca de 570 metros a nordeste do Plano Inclinado
do Pilar, articulando o Largo de Santo Antônio Além do Carmo, na Cidade Alta,
com um terminal intermodal proposto no mesmo projeto para o imenso terreno
atualmente ocupado pelos Fuzileiros Navais, na Cidade Baixa; e um teleférico
situado a meio caminho entre esse último e o Plano Inclinado Liberdade-Calçada,
articulando os populosos bairros da Soledade, Lapinha e Liberdade, na Cidade Alta,
com o Terminal Marítimo e a Feira de São Joaquim, na Cidade Baixa.
(ANDRADE, 2013, p. 15)
O Elevador Lacerda, inaugurado em 1873, com o nome de Elevador Hidráulico da Conceição
teve como objetivo não somente ligar a parte baixa e alta da cidade, mas facilitar o transporte
para o sul, sentido em que a cidade se expandia, articulando o elevador com as linhas de
bonde (TRANSALVADOR, 2014). O modal se mostra não somente como um instrumento de
locomoção entre dois pontos, como também uma atrativo turístico, sendo tombado pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 07 de dezembro de 2006.
Atualmente o elevador opera com 4 cabines, com a capacidade máxima de 32 passageiros em
uma viagem de aproximadamente 22 segundos. Diariamente o elevador transporta em média
28 mil passageiros com a tarifa de R$ 0,15 (TRANSALVADOR, 2014). Em 2009 o elevador
sofreu um ajuste em sua tarifa, que no momento era de R$ 0,05, passando a custar os atuais
R$ 0,15, representando um ajuste de 200% no valor da tarifa, mas mesmo havendo esse ajuste
o sistema continua a receber uma parcela muito alta de passageiros diariamente, reafirmando-
se como um instrumento necessário para o transporte público local.
O Plano Inclinado Gonçalves foi concebido pelo Engenheiro João Ramos de Queiroz, da
Escola Politécnica da Bahia, inaugurado no ano de 1889. Tendo a capacidade de transportar
36 passageiros em suas cabines o Plano Inclinado Gonçalves chega a realizar 200 viagens por
dia com a tarifa de R$ 0,05 por passageiros, chegando a transportar em média cerca 196 mil
passageiros por mês. Atuando com importante representatividade para a revitalização do
Centro Histórico e do bairro do Comércio o plano inclinado propicia uma maior comodidade
para a realização dos acessos entre a cidade alta e cidade baixa.
O Plano Inclinado Pilar foi construído no século passado pelo engenheiro Júlio Brandão a
pedido do comerciante Antônio Araújo Porto. Interligava o próspero bairro do Pilar aos
38
bairros do Santo Antônio Além do Carmo e do Barbalho. Suas cabines têm a capacidade de
transportar 20 pessoas por viagem, além de dispor de condições para transportar pessoas
portadoras de deficiência física facilitando a acessibilidade dos mesmos (TRANSALVADOR,
2014).
O Plano Inclinado da Liberdade liga o bairro da Liberdade com o bairro da Calçada,
inaugurado no ano de 1981, atualmente o atua com 2 veículos com a capacidade de
transportar 36 passageiros por viagem à uma tarifa de R$ 0,15 em um trajeto com duração
aproximada de 2 minutos, o plana inclinado chega a transportar uma média mensal de 235 mil
passageiros.
2.4.3 Hidroviários
O sistema de transporte público hidroviário de passageiros em Salvador conta com duas
estações realizando o trajeto Salvador – Ilha de Itaparica. Tendo a Estação São Joaquim -
Bom Despacho, como ponto de embarque e desembarque. O Ferry boat é o principal meio de
transporte hidroviário, mas também pode-se contar com as balsas e catamarã.
Salvador conta com uma frota de 9 Ferry boats e 1 catamarã. O catamarã tem a capacidade de
transporta 449 passageiros por viagem, com uma velocidade de 35 nós o catamarã cumpre o
percurso em aproximadamente 20 minutos sendo o veiculo mais rápido da frota. Entre os
ferry boats existem variações de suas capacidades, os ferry boats Pinheiro e Paraguaçu
possuem a menor capacidade e podem transportar 1000 passageiros e 50 veículos, já o ferry
boats Dorival Caymmi e Zumbi dos Palmares juntos possuem a capacidade de transportar
2450 passageiros e 350 veículos por viagem. Com uma velocidade entre 10 e 14 nós os ferry
boats realizam o percurso em um tempo médio de 50 minutos. As tarifas do ferry boats
variam de acordo com o tipo de utilização que será feita, ou seja, se será somente para o
transporte de pessoas ou para o transporte de veículos, as tarifas diversificam conforme pode
ser visto na tabela 2.
39
Tabela 2 – Tarifa das Passagens de Ferry Boat, Salvador, 2014. Em R$.
Classe/Passageiros Dias ÚteisSab. , Dom.
e Feriado
Classe 1
Auto Pequeno 33,30 46,70
Auto Grande 42,40 59,55
Reboque 32,55 45,20
Utilitário/Micro Ônibus 60,60 85,30
Classe 2
Caminhão Simples 100,25 141,30
Ônibus 135,65 191,35
Caminhão Trucado 135,65 191,35
Jamanta 196,75 277,65
Classe 3
Motocicleta/Lambreta 13,80 19,15
Bicicleta/Carro de Mão 10,55 14,55
Passageiros
Normal 3,95 5,20
Tarifa Social 2,00 2,60
Fonte: AGERBA, 2014
O processo de integração entre o modal hidroviário e os automóveis é o único que ocorre em
Salvador com esse caráter, ele possibilita uma integração física ao possibilitar que o usuário
proceda a trajetória sem a necessidade de se desvincular do automóvel, realizando desta forma
a travessia e podendo continuar a viagem no seu próprio veículo ao concluir a o percurso com
o ferry boat. A estação do bom despacho, localizada na região de Itaparica, conta com
integração física entre o sistema de transporte hidroviário e o sistema de transporte rodoviário
intermunicipal, porém não possibilita a integração tarifária.
2.4.4 Mototaxismo e Subsistemas
Regulamentada pela lei 12.009 no ano de 2009, o mototaxismo vem ganhando espaço nas
atividades de mobilidade urbana. Tal atividade vem expandindo-se devido à fatores
conjunturais e estruturais. Os principais motivos da expansão deste modal pode ser analisado
em função da inexistência de serviços de transporte público em algumas áreas das cidades e
pelo desemprego, nas metrópoles urbanas. Em razão do desemprego, o caráter informal da
atividade tende a abraçar trabalhadores com menores níveis de especialização profissional.
40
Desta forma a aquisição de um veículo automotor sobre duas rodas (moto), aliada a falha de
mercado do STPP possibilita a expansão desta atividade. Vale analisar que em determinadas
localidade da cidade de Salvador não existe um serviço de transporte eficiente, podendo ser
citado os terminais rodoviários, conhecidos como “fins de linha”, nos quais o percurso do
ônibus é interrompido pelo termino do itinerário. Tal fato possibilita a criação de subsistemas
de transporte público, a exemplo do mototaxismo, para fomentar a demanda pelo serviço
existente nestas localidades.
A sua expansão deste serviço pode inferir reflexos positivos para o sistema de transporte na
cidade, mas para a sua integração aos demais sistemas torna-se impeditiva em caráter da sua
informalidade. Para que tal serviço, que vem mostrando-se eficiente, convirja aos demais
modais será necessário torna-lo formal e regulamentado de acordo com os demais.
41
3 REDES INTEGRADAS DE TRANSPORTE PÚBLICO
3.1 OS ASPECTOS TÉCNICOS E OPERACIONAIS DA INTERMODALIDADE
As redes integradas de transportes, ou simplesmente intermodalidade, consistem em integrar
os mais diversos modais de transporte em um sistema eficiente no qual possam convergir
operacionalmente, para isso o sistema tem que garantir aos usuários conforto, confiabilidade e
segurança, além de operar de modo a garantir a acessibilidade (tanto em razão dos custos
como da mobilidade), agilidade nos deslocamento e transparência das informações. Além de
possuir uma qualidade nas transferências de passageiros entre os modais, garantindo o menor
tempo possível de espera. Isso se torna possível devido aos avanços tecnológicos e
desenvolvimentos de softwares de gestão podendo coordenar o tempo de deslocamento
realizado pelos modais.
Intermodality is both a technical term for a specific type of journey including several modes
of transport and a policy principle. Intermodality describes coordinated interchanges
between two or more transportation modes to complete a movement. In this light,
intermodal movements involve either the physical transfer of people or individual items
from one mode to another, or the transfer of one loaded transport vehicle or container from
one mode to another to continue the journey. Numerous studies have been carried out on
advantages (mainly quality of service) and disadvantages (costs, technical problems) of
intermodal transportation systems. These are a number of barriers which prevent the
advancement of intermodal passenger transportation (institutional, system integration,
interoperability requirements) (EZZEDINE, 2008, p. 283)
É importante que o modal seja compatível com a localidade onde esteja situado, pois nem
todos os modais são eficientes em certos locais, tanto em razão da estrutura da cidade como
da demanda pelo transporte público. Segundo Portal (2003) em cada nível, as linhas devem
ser caracterizadas como ligações principais ou como serviços locais. Sendo as ligações
principais entendidas como modais estruturantes, ou seja, os que sustentam a mobilidade
urbana por possuí maior capacidade de passageiro e menor tempo de deslocamento, como os
trens e metros, e os locais seriam os responsáveis por alimentar os modais estruturantes. E
para que seja possível que esses diferentes níveis sejam operacionais dependerá da
organização.
42
A intermodalidade também necessita da gestão da mobilidade para a plena funcionalidade da
integração dos modais, está deve ser voltada para a integração da tarifa, gestão dos horários e
rigor nas informações aos passageiros, mas também não deve ficar voltada somente para o
âmbito operacional, deve passar pelas perspectivas físicas, além de atingir questões políticas e
econômicas.
Para tornar-se eficiente, atendendo aos seus reais objetivos, o sistema de transporte intermodal
deve levar em consideração a integração operacional, física e tarifária. Alguns autores
discutem a importância da integração institucional tendo em vista a necessidade de integração
das mais diversas esferas governamentais: federal, estadual e municipal. A integração
institucional determinará os parâmetros de integração dos modais dentro dos municípios ou de
regiões naturais como o caso da Região Metropolitana de Salvador com a possível conexão
entre os modais que são pertencentes ao município de Salvador com os de Lauro de Freitas ou
Simões Filho, por exemplo. Porém a discussão à cerca da perspectiva institucional será
apresentada em conjunto com a questão operacional e física. Também é discutida entre os
mais diversos autores a integração da informação, porém este princípio é mais bem
apresentado quando trabalhado junto à integração operacional.
3.1.1 Integração Operacional
A integração dos modais dentro dos seus aspectos operacionais se dará pela coordenação dos
horários, roteiros e frequências evitando desequilíbrios entre demanda e oferta e na
informação e gestão da mobilidade para otimizar a utilização dos modais nos processos de
troca entre os modais ingresso de pessoas não adaptadas aquela estrutura.
A gestão dos horários e frequências dos modais são de grande importância para a eficiência do
sistema intermodal, pois são fatores determinantes na demanda pelo sistema de transporte
público de passageiros – STPP, além do fator conforto que será determinado pela estrutura e
manutenção dos veículos de transporte e estações de transbordo.
43
Deve-se operacionalizar os modais levando em consideração que cada modal possui
características especificas em relação ao tempo de deslocamento e capacidade máxima de
usuários por viagem. Em determinadas localidades e horários certos modais devem ser
ofertados em intervalos de tempo que condizem com a demanda para que não haja
superlotação o que pode levar a uma perda de demanda em favorecimento aos automóveis
privados ou que não haja uma baixa demanda para não haver aumento dos custos.
Os roteiros também necessitam ser pensados de forma a garantir a eficácia de seus
deslocamentos, atendendo de forma plena não somente as os bairros localizados nos centros
urbanos como também em suas periferias, pois um sistema de transporte intermodal necessita
atrair uma demanda maior que as dos monomodais, isso devido aos custos variáveis e sua
característica de operacionalização em rede e para tornar possível a integração tarifária.
A informação é a chave para o sistema de transporte em redes, pois o sistema deve ser
pensado não somente para os usuários habituais acostumados com aqueles roteiros ou com o
próprio sistema, mas também para os usuários esporádicos e não acostumados ao sistema,
pois a facilidade de ingresso em qualquer modal do sistema irá atrair os mais diversos
usuários. É necessário que ao utilizar os terminais de transbordo os usuários possa se deslocar
de forma simples com o menor gasto de tempo possível, sem a necessidade de recorrer a
demais usuários para serem informados do funcionamento como de declinar para modais de
caráter privado como taxi.
Os principais meios de informação são placas, pessoal de apoio, painéis eletrônicos, alto-
falantes, panfletos e sites. Dentre as informações necessárias em primeira instancia
encontram-se as relativas a horários, roteiros, locais de integração, tarifa e dos modais
disponíveis. Com os avanços tecnológicos e a expansão do acesso dos usuários à smartphones
e tablets a elaboração de aplicativos que possibilitem o acesso dos usuários a todas as
informações referentes ao sistema de forma interativa e ágil seriam de grande ajuda para os
usuários, não somente planejarem o seu roteiro antecipadamente, podendo elaborar estratégias
de viagens que reduzisse o prejuízo com tempo, pois o processo de troca dos devem ocorrer
no menor tempo possível e conseqüentemente reduzir o tempo de deslocamento final.
44
A gestão da mobilidade segundo Portal (2003) é, em primeira instância, uma abordagem,
orientada pela procura, relativa ao transporte de carga e passageiros, que envolve novas
parcerias e um conjunto de ferramentas que apóiam e encorajam uma mudança de atitude e
comportamentos em relação aos modos sustentáveis de transporte. Estas ferramentas,
geralmente, são baseadas na informação, organização e coordenação e requerem promoção.
Um dos papeis da gestão da mobilidade se dará no processo de concepção dos sistemas dentro
das cidades. Estes devem ocorrer tentando atender a reais demandas daquela sociedade.
3.1.2 Integração Tarifária
A integração tarifária compreende a utilização de todos os modais com uma tarifa unitária.
Esta integração deve ocorre, não somente com a fixação de uma tarifa igual para todos os
modais, como a unificação da tarifa por viagem, ou seja, o usuário deve poder completar o seu
roteiro sem a taxação de uma tarifa a cada troca de modal.
A integração da tarifa é um dos fatores mais importantes da estrutura intermodal, pois este
formato possibilita uma redução dos gastos com transporte, sendo este o terceiro maior
segundo a Pesquisa de Orçamento Familiar – POF do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE do ano de 2010, além de compreender um atrativo aos usuários de
automóveis privados, sendo levada em consideração a execução das outras integrações.
A princípio a integração tarifária é mais bem executada com a utilização de terminais
fechados, pois estes possibilitam o ingresso nos veículos com o pagamento da tarifa
anteriormente, ao acessarem as estações de transbordo, mas os avanços tecnológicos
permitiram que esta integração não ocorresse somente com terminais fechados. Com o
desenvolvimentos de cartões eletrônicos, como o SalvadorCard, a possibilidade de integrar a
tarifa dos modais por meio desta tecnologia. Estes cartões devem permitir que o usuário
acesse os modais com o prévio pagamento da tarifa, em postos de recarga, que poderiam ser
encontrados nos próprios terminais ou nos mais diversos locais, como postos especializados,
como ocorrem em Salvador com a experiência do SalvadorCard, ou em locais mais simples,
45
como mercados de bairros ou qualquer outro estabelecimento que esteja disposto a adquirir
uma maquina de recarga, em parceria com o órgão governamental que irá regularizar tal
tarefa, como ocorre com o Bilhete Único no estado de São Paulo.
A experiência de Salvador, em relação aos postos de recarga, não é a ideal, pois ela onera a
recarga do transporte a pontos estabelecidos, que por vezes incubem custos excedentes com o
processo de compra de passagens, isso afeta diretamente a demanda pelo transporte e pela
possibilidade de integração fora de terminais fechados, pois o custo e a incumbência do
deslocamento até tais postos apresentam-se com empecilhos aos usuários por demandarem o
transporte público. Vale ressaltar que o transporte público deve fazer com que os usuários
sintam-se confortáveis com a sua utilização, eles necessitam passar para os passageiros dentro
do processo pré-viagem e durante a mesma, o conforto e confiabilidade evitando todo e
qualquer tipo de transtorno desnecessário para que o transporte público torne-se mais atraente
que o privado.
Um problema da integração tarifaria fica por conta da remuneração das operadoras dos
transportes, levando-se em conta que existam distintas empresas atuando neste mercado,
como acontece em Salvador. Este problema ocorre, pois com a unificação da tarifa o mesmo
usuário em uma única viagem deve possuir a possibilidade de ingressar em outro modal se a
taxação de uma nova tarifa, mas esta operação irá provocar um déficit para a segunda ou
terceira empresa ao qual este usuário ingressar. Segundo Batista (2002) a integração tarifária
normalmente leva à necessidade de mecanismos de compensação financeira para que se
proceda à justa remuneração das empresas. Os mecanismos mais utilizados nos sistemas
integrados são as Câmaras de Compensação.
Segundo Batista (2002) um exemplo de câmara de compensação é a utilizada no Sistema
Integrado de Fortaleza – SIT-FOR, na qual as operadoras são remuneradas por um mix de
quilometragem rodada, frota alocada e passageiro transportado. A receita é arrecadada pelas
empresas e nos terminais de integração. Posteriormente, o órgão gestor realiza a compensação
financeira entre as empresas superavitárias, ou seja, as que arrecadaram em seus veículos
receitas superiores à que lhe é devida, e as deficitárias, que obtiveram receitas inferiores.
46
3.1.3 Integração Física
A integração física é a reestruturação das linhas e itinerários do STPP que se entrecruzam, de
forma a facilitar o acesso aos usuários. Reduzindo a sua distância de acesso ao sistema. Esta
integração é de grande importância quando se pretende realizar uma integração tarifaria, pois
os modais necessitam de convergência em determinados pontos, geralmente nos transbordos,
de forma que o usuário continue a utilizar um espaço pertencente ao STPP e não necessitem
recorrer aos modais de integração fomentados pela utilização de cartões inteligentes como o
SalvadorCard, atualmente utilizado na cidade do Salvador, porém sem o caráter intermodal.
A integração física também deve ser pensada de maneira a evitar a existência de modais com
itinerários paralelos para que não haja a geração de competitividade entre os modais havendo
a fuga dos usuários de um modal para o outro, pois a intermodalidade tem como principio a
cooperação entre os modais do STPP e não a possível competitividade entre eles.
A integração física deve ocorrer preferencialmente nos terminais de transbordo, recorrendo à
utilização de cartões somente em localidades onde a instalação de centros de transferência
seja inviável. Os terminais de transbordo podem ser determinados como abertos ou livre e
fechados. Os abertos ou livres são elaborados para atender aos usuários e veículos de modo
que a cobrança da tarifa para a utilização do transporte ocorra no próprio veículo e
possibilitando o livre acesso dos usuários em suas dependências, Salvador tem como exemplo
as estações de transbordo da Lapa, do Iguatemi e da Barroquinha. As estações Fechadas são
aquelas que buscam atender pessoas ou veículos permitindo acesso apenas aos usuários que já
pagaram antecipadamente a tarifa para a utilização do transporte, sendo esta tarifa igual à
paga diretamente nos veículos. Estes modais tendem a restringir a livre circulação dos
usuários sem o prévio pagamento, podendo ser tomados como exemplo as estações Pirajá e
Mussurunga, localizadas em Salvador-BA. (ANTP, 1996).
47
3.2 TRANSFERÊNCIA: O PAPEL DAS ESTAÇÕES DE TRANSBORDO
3.2.1 As Barreiras às Transferências de Modais
O processo de transferência entre os modais ocorre principalmente em duas frentes, por meio
de estações de transbordo ou com a utilização de cartões inteligentes. As estações de
transbordo são os meios mais complexos de implantação, em função dos efeitos externos que
implicam em políticas de uso do solo, além de demandar gestão organizacional e estudo de
localização. Já os cartões inteligentes excluem qualquer discussão acerca de políticas de uso
do solo ou localização, porém o uso desta tecnologia incide em problemas operacionais
ligados ao processo de troca entre os modais tornando a utilização do transporte público
desconfortável para os usuários.
As transações intermodais no STPP não devem permear todas as viagens, pois cabe saber se o
usuário realmente quer realizar a troca do modal que esta utilizando por outro, ou prefere
seguir a viagem no mesmo modal. Segundo Portal (2003) a maioria dos modelos multimodais
reduzem a sua demanda de 30% a 50% quando é introduzida uma transferência extra,
mantendo as outras condições inalteradas. Este fato pode induzir o usuário a utilizar modais
que lhe permitam efetuar o trajeto sem a necessidade de realizar transferências, a exemplo do
automóvel. A percepção de tempo do usuário ao realizar a troca tende a ser de duas ou três
vezes maiores que o real tempo utilizado para a troca ou passado no veículo. Assim, é
percebido que tal situação trata-se de uma sensação de conforto em uma viagem sem
intervalos ou quebras com as transferências ou confiança no sistema de transporte público.
Na realização de uma transferência deve existir um ganho de tempo para o usuário,
considerando a realização total do trajeto sendo incluso o tempo gasto com a troca do modal.
As estações de transbordo imprimem importante papel frente a esta problemática, pois a sua
estrutura permite uma melhor organização dos modais, pois o sucesso de uma transferência
dependerá da otimização da acessibilidade aos destinos, estes centros permitem que haja uma
melhor distribuição de informações referentes ao processo de troca, como horários e
itinerários dos modais ali presentes, assim como possibilitam maior controle operacional do
48
sistema. O sucesso das transferências também se dará quando tais trocas forem bem claras
para os usuários, e não ocorrerem entre modais de iguais características, assim será necessário
que as trocas sejam prioritariamente realizadas entre modais alimentadores e estruturantes
para que estes possam oferecer uma maior agilidade na viagem do que os modais
anteriormente utilizados, mas não excluindo a comunicação entre modais de iguais
características, quando esta for conveniente ao usuário.
Os efeitos do uso do solo podem incidir, por vezes, de forma mais negativa na determinação
da utilização do STPP que as transferências entre modais. O processo de alargamento urbano
com a criação de vias de transito rápido ou viadutos tendem a estimular o aumento do
consumo de automóveis privados, pois em um primeiro momento, com a criação de tais vias o
tempo de deslocamento tenderá a reduzir, mas o aumento do consumo de automóveis privados
implica, em um segundo momento, em maiores congestionamentos que para serem sanados
necessitariam de um novo processo de alargamento urbano implicando em ciclos infindáveis.
Os modais atuantes no STPP não são capazes de atender a todas as demandas de Origem-
Destino de seus usuários e este é um dos fatores que tornam o automóvel privado um modal
mais flexível que os demais. Frente a esta problemática os sistemas de transportes intermodais
podem incorporara em suas estações de transbordo o sistema de “park-and-ride”, ou seja, a
incorporação de estacionamentos onde os usuários possam deixar o seu automóvel e concluir
a viagem por meio do transporte público. Além deste modelo existe também a necessidade de
inserir subsistemas de transporte, como o mototaxismo, no STPP, pois tais modais
possibilitam a atuação do transporte público em locais mais remotos das cidades onde os
demais sistemas não conseguem ter acesso, tanto em função de suas características físicas
como econômicas.
A localização das estações de transbordo é de suma importância para que o sistema seja
eficiente, pois elas influenciarão a forma como os usuários chegarão por meio do sistema
multimodal. Segundo Portal (2003) as estações de transbordo são pontos focais dos mapas
mentais que as pessoas fazem da cidade, é impossível isolá-las das áreas circundantes; elas
devem ser vistas como parte da comunidade uma vez que tem impactos mesmo para fora do
edifício propriamente dito. As estações podem gerar externalidades tanto no ramo imobiliário,
49
com a valorização de imóveis com na estrutura comercial do local. A localização desta área
pode ser utilizada para revitalização de uma área existente ou para apoiar um novo
empreendimento, desta forma as estações devem ser integradas ao seu ambiente urbano tendo
em vista não somente a demanda de transporte como a de atividades tanto em seu interior
como nas áreas circundantes. Em todos os casos, a remoção de barreiras à transferência modal
será condição necessária para o sucesso do sistema intermodal de forma que o transporte
público possa competir como privado.
3.2.2 Gestão Econômica e Operacional
A gestão econômica das estações de transbordo é de grande importância para o seu pleno
funcionamento. As estações de transbordo devem ir além de um simples local onde se realiza
a troca entre modais e atuar como um centro capaz de atuar em outras atividades pertinentes à
rotina dos usuários. Os planejamentos econômicos das estações devem ocorrer desde sua fase
inicial com a elaboração do projeto. Deve-se levar em consideração quais serão os agentes
envolvidos no processo de financiamento, considerando tanto os públicos como os privados,
além das atividades que poderão ocorrer no ambiente das estações, que deverão visar não tão
somente os operadores de transporte como demais atividades, como lojas comerciais, de lazer
e de alimentação.
O modelo de financiamento das estações será importante para a sua operacionalização e
gestão. A participação dos agentes públicos e privados será determinado pelo porte das
estações, em locais onde encontrará um pequeno número de ligações entre modais
caracterizando-se como estações de pequeno porte a participação privada não será necessária,
em principal por que estas estações não serão economicamente rentáveis para os agentes
privados, restringindo-se a participação pública em sua concepção. As estações de maior
porte, não somente em função de suas ligações entre os modais, como da sua demande por
usuários devem ser abertas a participação privada em seu financiamento, a participação dos
mais diversos agentes envolvidos pode gerar uma diversidade de interesses e objetivos, sendo
normais as contradições entre eles. Estas variedades de agentes aumentam e potenciam as
oportunidades de investimentos.
50
As estações de transbordo podem ser economicamente suficientes, gerando receitas pela sua
utilização. A geração de receita pode advir por meio da cobrança às empresas operadoras de
transporte pela utilização do espaço, além do aluguel de espaços destinados ao comercio,
possibilitando que lojas de alimentação, lazer e comercio operem dentro das estações.
Segundo Portal (2003) existe indicadores de que estas zonas podem ser operadas de forma
rentável, com receitas significativas vindas dos operadores de transportes e fornecedores de
serviços. Sendo elas estruturadas de forma a que possa refletir o crescimento das atividades
comerciais por meio da gestão da intermodalidade e expansão da demanda pelo transporte
público.
A gestão operacional deverá fomentar a viabilidade econômica das estações, pois estas serão
responsáveis pela atração e fidelidade dos usuários. Para que as estações operem de forma
eficiente os gestores devem focar nos elementos que possibilitarão que o pleno
funcionamento, promovendo a intermodalidade e otimizando a experiência de troca dos
modais, eliminando as barreiras, para torná-lo um meio competitivo com os automóveis
privados. Os elementos são:
Os Clientes. Este é um fator importante, pois deve-se atentar aos tipos de clientes que
utilizarão as estações. Tais clientes podem ser usuários acostumados com aquela
estação, ou mesmo com o sistema, e assim eles necessitam que suas trocas ocorram de
forma mais rápida possível, evitando todos os tipos de barreiras que os afastem do
sistema. E os clientes que não estão habituados com o sistema incorrendo em possíveis
perdas do dinamismo da trocas, levando mais tempo para efetuar a transição. Para
esses clientes é de crucial importância que haja informações visíveis e de fácil acesso
para que não ocorra um maior desgaste de tempo.
Segurança e Vigilância. A criminalidade é um dos fatores que impulsionam a queda
da demanda por transporte público. A presença de policiais, tanto nas áreas internas
das estações como em suas regiões circundantes, inclusive nos bicicletário e
estacionamentos, trará uma sensação de segurança aos usuários que possibilitará uma
maior afinidade com o sistema. É importante mudar sensação de insegurança dentro
das estações de transbordo para que possam atrair mais usuários.
51
Manutenção e Limpeza. A conservação das estações é um fator primordial para a
fidelidade dos usuários. É de grande importância que existam equipes responsáveis
pela manutenção e limpeza das estações, pois o número de usuários que utilizarão
diariamente as estações será responsável por grandes quantidades de detritos. Além da
boa apresentação das estações ser um grande chamariz para os usuários.
Bilhete ou Tarifa. O fato do sistema intermodal operar por meio de estações de
transbordo não exclui a utilização dos cartões inteligentes, pois estes são um dos
melhores meios de ocorrer a integração tarifária. É importante que a compra do bilhete
ou recarga do crédito nos cartões, possam ocorrer também dentro das próprias
estações. Por pensar que este é o momento e ambiente em que está sendo realizada a
utilização do serviço é importante que todas as atividades relacionadas possam ser
resolvidas dentro deste ambiente sem que haja o prejuízo de deslocamento a outras
regiões para que seja realizada a compra dos bilhetes. Mas a compra dos bilhetes não
deve restringir-se às estações de transbordo.
Informação. Os sistemas de informações aos passageiros refletem em ganhos de
tempo, pois estes serão responsáveis pela plena utilização do sistema intermodal por
parte dos usuários. É necessário que haja painéis informativos, além de canais que
possibilitem o acesso a informações de todos os modais atuantes nesses centros. Por
meios de sites, softwares, letreiros, caixas de auto-atendimento e pessoal
especializado.
Serviços Complementares. É necessário que ocorra a possibilidade de serviços que
vão além da simples transferência entre os modais. A existência de serviços básicos
como banheiros, telefones e bilheterias são imprescindíveis para a existência das
estações, mas a inclusão de outros serviços como caixas de auto-atendimento de
bancos, lojas e praças de alimentação podem ser um diferencial de grande importância
para as estações. O papel exercido por estes serviços vão além da simples satisfação
dos usuários, tais lojas podem auferir receitas para as estações com o pagamento de
alugueis pela utilização do espaço. Cabe avaliar se a região onde as estações estão
sendo instaladas não é uma região de intensivo comércio, pois a existência de
52
comércios pode refletir na inviabilidade de manter as lojas dentro das estações de
transbordo.
A gestão operacional eficiente das estações pode tornar o STPP confortável e confiável,
podendo, dentro de um transporte público ideal, competir igualitariamente com o automóvel
privado.
53
4 MODELAGEM DO STPP INTREMODAL EM SALVADOR
A estrutura do STPP em Salvador é incrustada de características monomodais, muito em
razão da predominância do ônibus realizando a maiorias das viagens. Como já apresentado,
Salvador conta com outros modais, mas estes com menor expressividade, em razão da sua
localização e área de cobertura. Esta estrutura conduziu a cidade à chamada crise da
mobilidade sendo marcada por grandes congestionamentos, perda de eficiência dos modais e
fuga dos usuários do transporte coletivo para o individual.
Para balizar os impactos da crise da mobilidade algumas atitudes foram tomadas pelos órgãos
governamentais, algumas de caráter operacional, outras de caráter estrutural. Alguns
desfavorecem a eficácia do STPP como a construção de viadutos e ampliação de vias de
transito rápido, outras tentam atrair o usuário para o transporte coletivo como a cobrança de
meia tarifa aos domingos e a implantação do bilhete único. Além da ampliação das ciclovias,
como modo de transportes complementares, implantação de bicicletários e inauguração das
estações de metrô.
Este capítulo busca analisar as medidas governamentais com que focam nas integrações do
sistema de transporte em seus mais diversos aspectos, além de apontar as possíveis
integrações praticáveis dentro do sistema de transporte de Salvador. Algumas das integrações
já atuantes no transporte público de Salvador e outras partem de proposições analíticas frente
a real situação da cidade.
4.1 REDES DE TRANSPORTE EM SALVADOR
A implantação do sistema de cartões inteligentes “SalvadorCard” é um dos principais fatores
que proporcionam a impulsão de sistemas de transportes integrados, tanto em razão da
integração tarifária quanto da operacional. A existência de um sistema que seja capaz de
conversar com os mais diversos modais existentes na cidade simplifica o processo de
integração.
54
A implantação do Bilhete Único, sistema de integração aberta e temporal, se elencou como
uma expansão da participação do sistema de transporte de Salvador frente a uma característica
de transporte em rede, sendo que já existia a possibilidade de integração nas estações Pirajá e
Mussurunga. O Bilhete Único foi implantado com base no decreto que se segue seguindo
determinadas características.
DECRETO Nº 24.088 de 25 de julho de 2013.
Art. 1º Fica alterada, a partir do dia 28 de julho de 2013, a Integração Aberta e
Temporal no Sistema de Transporte Coletivo por Ônibus de Salvador - STCO,
estabelecida pelo Decreto nº 17.119, de 12 de janeiro de 2007, abrangendo todas as
linhas do Serviço Convencional, inclusive Operação Pernoitão, Minibus e Operação
Praia, ficando excluídas dessa integração as linhas do Serviço Seletivo.
Art. 2º A Integração Aberta e Temporal atualmente operacionalizada por meio do cartão
eletrônico Salvador Card passa a ter a característica de Bilhete Único, podendo ser
realizada em todos os pontos de parada, terminais e estações de ônibus da cidade do
Salvador, observando-se as seguintes restrições:
I - O tempo permitido para a integração será de 02 (duas) horas, contado a partir do 1º
registro de passagem do Salvador Card na catraca pelo usuário, e limitada a 01 (um)
transbordo entre linhas;
II - O passageiro portador do Salvador Card pagará o valor total equivalente a 01 (uma)
tarifa para a integração realizada conforme o inciso anterior.
Parágrafo Único - Para a Integração nas linhas do STCO, será respeitada a atual divisão
da Cidade em 04 (quatro) Regiões, conforme disposto no art. 3º da Portaria nº 012/2007,
de 18/01/2007, da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador -
TRANSALVADOR, cujos ônibus são identificados através de uma letra e uma cor, de
acordo com a programação visual existente e cujos limites das Regiões e detalhes são
apresentados no seu Anexo I.
(SALVADOR, 2013).
O pratica explicita no Parágrafo Único foi alterada com a implantação da FASE 2 do projeto,
possibilitando maior integração e utilização do sistema.
DECRETO Nº 24.088 de 25 de julho de 2013.
Art. 5º A implantação do Bilhete Único no STCO de Salvador, no que se refere à
delimitação das áreas e sentidos de viagem ocorrerá em duas fases:
I - FASE 01, com início em 28 de julho de 2013, Integração Aberta e Temporal restrita
às áreas constantes no art. 3º, da Portaria nº 012/2007 de 18/01/2007;
II - FASE 02, com início em 03 de novembro de 2013, Integração Aberta e Temporal,
extinção da restrição por áreas e implantação de restrição por sentido da viagem inicial
do passageiro.
(SALVADOR, 2013).
A implantação do Bilhete Único possibilita a redução do tempo de espera nos pontos de
ônibus e terminais de transbordo, pois a medida amplia o “leque de opções” dos usuários.
Apesar de esbarrar na problemática do processo de troca entre um ônibus e outro, incorrendo
55
em uma perda de eficiência frente à percepção dos usuários devido ao tempo de espera do
próximo veículo, ao se comparar com a situação anterior do sistema da cidade o projeto se
mostra favorável.
No segundo semestre de 2013, outra política adotada pela prefeitura de Salvador, foi a
implantação de bicicletários em diversas regiões da cidade. Em parceria com o Banco Itaú o
projeto Bike Salvador, disponibiliza, por meio de estações fixas, bicicletas para toda a
população da cidade, por meio de um cadastro prévio e uma tarifa anual de R$ 10,00 o
usuário tem a possibilidade de utilizar gratuitamente o sistema por 45 minutos com intervalo
de 15 minutos entre para a nova utilização ou pagar a taxa de R$ 5,00 por cada 30 minutos
que exceder os 45 minutos regulamentar.
O serviço era exclusivo para a utilização por meio do cadastro no site e utilização do
aplicativo para smartphones ou pela central telefônica. Através destes canais o usuário poderia
retirar as bicicletas para a utilização. Desde setembro de 2014 houve um processo de
integração com o SalvadorCard que possibilitou a utilização do sistema por meio da utilização
do cartão inteligente. Tal possibilidade configura-se como um processo intermodalidade com
a convergência entre os modais ônibus e bicicleta. Além da integração entre os modais há
uma integração tarifária no momento que a utilização das bicicletas não incube em custos
tarifários além da taxa anual.
Com a operacionalização das estações de metrô, pode-se analisar algumas possibilidades de
integração física nestas estações. Em principal as estações da Lapa e Pirajá, compartilham de
espaços físicos, muito próximos ou simplesmente separados por catracas, como é o caso da
estação da Lapa. Como pode ser visto na Figura 1, o projeto das estações de metrô da Linha 1
conta com 5 estações de metrô integradas a estações de ônibus, sendo duas ativas, Lapa e
Pirajá, e 3 em expansão ou construção, Bonocô, Acesso Norte e Retiro. Além dessas o projeto
da Linha 2 possui 3 estações com integração 1 ativa, Rodoviária, e 2 em construção,
Aeroporto e Pituaçu.
56
O sistema hidroviário compartilha de uma integração física na estação do Bom Despacho,
com o sistema rodoviário. A estação conta com uma área reservada para o serviço de ônibus
que faz o processo de distribuição para os demais municípios, além de toda a região de
Itaparica. É de fácil observação a troca de viagens diretas por meio da estação rodoviária pela
integração do ferry-boat com os ônibus disponíveis na estação do Bom Despacho. Em
percursos como Salvador – Santo Antônio de Jesus é preferível para o passageiro se deslocar
de ferry-boat até município de Itaparica e lá pegar um ônibus até Santo Antônio de Jesus a
usar um ônibus que parte direto da estação rodoviária de Salvador. O mesmo ocorre com o
deslocamento Salvador – Camamu. Algumas destas decisões partem dos fatores custo e
tempo de deslocamento. O processo de integração hidroviário – rodoviário possibilita uma
redução nos custos com passagem e do tempo gasto com a viagem em função do
encurtamento da distância total percorrida.
A integração com o mototaxismo e os demais subsistemas torna possível somente nos caráter
físico e operacionais por estes poderem alimentar as estações de transbordo substituindo a
caminhada até tais locais ou demais modais alimentadores, mesmo o caráter operacional não
sendo legalmente integrado ao sistema intermodal que gerencia o STPP na cidade. Porém a
integração física torna-se mais difíceis de serem realizadas nestes modais, pois o seu caráter
informal impede que haja uma ligação entres os meios de compensação para distribuir o
faturamento deste modal junto aos demais modais.
As integrações das estações de transbordo podem direcionar o transporte público da cidade a
modelos mais agradáveis para os usuários, havendo uma gestão eficiente destas áreas
fomentadas por políticas que priorizem a mobilidade urbana por meio de transportes
coletivos. A análise histórica do sistema de transporte de Salvador, assim com do sistema
metroviário, em particular, torna a análise de integração operacional excessivamente otimista,
por ela contradizer a realidade factual.
A intermodalidade é percebida de forma fragmentada na cidade do Salvador, não somente por
ser uma tendência global, mas pelas suas principais vantagens; tempo; custo; comodidade;
confiabilidade. Esta tendência se mostra de forma muito sucinta na cidade, mas não deixam
de ser chamarizes para a necessidade de investimento no sistema. No modelo ideal o sistema
57
de transporte público deve atender aos usuários de forma tão eficiente como o transporte
privado. E a intermodalidade é um dos meios de se estruturar esse modelo ideal.
58
5 CONCLUSÃO
O sistema de transporte público de Salvador tem como alicerce da sua precariedade a forte
concentração da sua oferta em um único modal, o ônibus. Este caráter monomodal faz com
que se conduzam problemas estruturas e operacionais para o sistema. A princípio esta
concentração impede que haja um modelo de competitividade entre os transportes públicos
fazendo com que o automóvel privado configure-se como bem substituto para o ônibus.
A substituição do transporte público pelo privado faz com que o sistema público não consiga
operar de forma eficiente, acarretando em altos custos operacionais que são, por sua vez,
repassados ao público por meio da tarifa, além de ofertar veículos sucateados que não
proporcionam conforto para os usuários. Toda esta ação tem como resultado maior fuga para
o transporte privado.
O que se percebe dentro das políticas de intervenção à crise da mobilidade urbana, são
modelos de contenção baseados em políticas de incentivo à aquisição de automóveis, dando-
se de forma direta e indireta. Porém o grande problema da aquisição de tais automóveis não é
necessariamente a posse ou não deste bem por parte dos usuários do sistema e sim o método
de utilização que lhe é feito. Sendo necessário que tais políticas busquem também a
reeducação da utilização dos automóveis privados.
A troca do sistema de transporte público pelo privado não ocorre em todos os extratos
econômicos da sociedade, sendo destinada aos extratos com menores parcelas de renda a
utilização de um sistema ineficientes, desconfortável e caro. Os gastos com transporte chegam
a terceira maior participação na renda. Tornando o transporte inacessível a alguns usuários em
função do seu custo. Sabendo que o sistema de transporte é essencial para a dinâmica dos
agentes econômicos, tal ineficiência configura-se como uma falha de mercado que incorre em
perda de eficiência econômica, sendo prejudicial para o comercio local, além de afetar toda a
dinâmica social.
59
O sistema de transporte intermodal tem como objetivo tornar possível a comunicação entre os
mais diversos modais. Assumindo que o automóvel privado é o meio de transporte mais
eficiente, em função da sua garantia de comodidade, confiabilidade e por ser o transporte mais
flexível, por poder atender as mais diversas localidades, reduzindo o tempo entre os percursos
de origem e destino. Para que um transporte público possa competir com este modal ele
precisa garantir a seus usuários todos estes recursos. A intermodalidade busca atender tais
demandas ao possibilitar que haja uma integração entre os modais de forma a possibilitar
maior flexibilidade entre os deslocamentos, atendendo o maior número de destinos possíveis.
A intermodalidade posiciona-se frente às novas demandas da sociedade não somente como
uma tendência, mas como uma estrutura necessária em função dos seus impactos sociais,
ambientais e econômicos. A eficaz gestão dos seus aspectos técnicos e operacionais garante a
eficiência do transporte público e estrutura o sistema de transporte público de forma
competitiva com o transporte privado.
Salvador possui uma multiplicidade de modais, porém estes são relativamente inoperantes,
não em função de uma inércia técnica, mas em função de uma inércia operacional. As
operacionalizações dos modais em Salvador são fracamente utilizadas frente aos seus
verdadeiros potenciais, pode-se dizer que Salvador estagnou-se no tempo e não desenvolveu
seu sistema de transporte público de forma competente. Os sistemas ferroviários, e
hidroviários não são utilizados como deveriam ser, em função da sua capacidade, muito em
razão das suas localidades e seus itinerários que não condizem com as verdadeiras demandas
da cidade não podendo atender a um dos principais objetivos da locomoção, o trabalho. Pois
os itinerários não são direcionados aos centros comerciais urbanos, onde esta concentrada a
maior parcela de usuários que se deslocam com esta finalidade.
Porém Salvador possui uma estrutura que possibilita a instalação de sistemas de transporte
intermodal, podendo ser observado alguns vestígios de integração no STPP. Isso se da em
função das localizações de suas estações de transbordo, da incorporação dos cartões
inteligentes e da multimodalidade instalada.
60
Desta forma pode-se concluir que a crise da mobilidade urbana deve ser atacada a partir de
ações que estimulem a utilização do sistema de transporte público de passageiros, garantindo
a fidelidade dos usuários frente ao sistema de transporte público tornando o mesmo
competitivo com o transporte privado. Estruturada por políticas públicas de incentivo ao
transporte público, sendo uma delas a intermodalidade.
61
REFERÊNCIAS
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transporte público: gerenciamento de transporte público urbano. São Paulo: ANTP,
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