universidade estadual paulista “julio de mesquita … · estrutura. 4. solos – micromorfologia....

110
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CAMPUS DE BOTUCATU ANÁLISE MICROMORFOLÓGICA E RELAÇÃO COM ATRIBUTOS DE UM SOLO SOB DIFERENTES USOS E MANEJOS FERNANDA COELHO GONÇALVES Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP - Campus de Botucatu, para obtenção do título de Doutor em Agronomia (Agricultura) BOTUCATU-SP Dezembro de 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CAMPUS DE BOTUCATU

ANÁLISE MICROMORFOLÓGICA E RELAÇÃO COM ATRIBUTOS DE UM SOLO

SOB DIFERENTES USOS E MANEJOS

FERNANDA COELHO GONÇALVES

Tese apresentada à Faculdade de Ciências

Agronômicas da UNESP - Campus de Botucatu,

para obtenção do título de Doutor em Agronomia

(Agricultura)

BOTUCATU-SP

Dezembro de 2011

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CAMPUS DE BOTUCATU

ANÁLISE MICROMORFOLÓGICA E RELAÇÃO COM ATRIBUTOS DE UM SOLO

SOB DIFERENTES USOS E MANEJOS

FERNANDA COELHO GONÇALVES

Orientador: Profa Dr

a Maria Helena Moraes

Tese apresentada à Faculdade de Ciências

Agronômicas da UNESP - Campus de Botucatu,

para obtenção do título de Doutor em Agronomia

(Agricultura)

BOTUCATU-SP

Dezembro de 2011

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO

DA INFORMAÇÃO – SERVIÇO TÉCNICO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - UNESP - FCA

- LAGEADO - BOTUCATU (SP)

Gonçalves, Fernanda Coelho, 1983-

G635a Análise micromorfológica e relação com atributos de um

solo sob diferentes usos e manejos / Fernanda Coelho

Gonçalves. – Botucatu : [s.n.], 2011

ix, 97 f. : il. color., gráfs., tabs., fots.

Tese (Doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Fa-

culdade de Ciências Agronômicas, Botucatu, 2011

Orientador: Maria Helena Moraes

Inclui bibliografia

1. Análise de imagens. 2. Física do solo. 3. Solos –

Estrutura. 4. Solos – Micromorfologia. 5. Solos – Uso.

I. Moraes, Maria Helena. II. Universidade Estadual

Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Campus de Botucatu).

Faculdade de Ciências Agronômicas. III. Título.

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I

Aos meus pais, Luiz Fernando e Cleusa, e minhas irmãs, Katherine e Aline.

OFEREÇO E DEDICO

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II

AGRADECIMENTOS

À Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP, Campus de

Botucatu, e ao Programa de Pós- Graduação em Agronomia – Agricultura, pela oportunidade

de realização deste curso.

Ao Departamento de Recursos Naturais – Ciência do Solo e à Fazenda

de Ensino, Pesquisa e Produção da Faculdade de Ciências Agronômicas da UNESP pela infra-

estrutura oferecida para o desenvolvimento deste trabalho.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-

CNPq pela concessão da bolsa de estudos.

À Coordenadoria de Aperfeiçoamentos de Pessoal de Nível Superior –

CAPES, pela concessão da bolsa de estudos que tornou possível a realização do estágio de

doutorado no exterior.

À Profa. Dra. Maria Helena Moraes, pela orientação e pelo tempo que

generosamente me dedicou transmitindo-me os melhores e mais úteis ensinamentos, sempre

com paciência e confiança.

À Profa. Dra. Rosa Maria Poch Claret, da Universitat de Lleida (ES),

pela orientação durante o estágio de doutorado.

À Profa. Dra. Kátia Luciene Maltoni, ao Dr. Sandro Roberto

Brancalião, ao Prof. Dr. José Eduardo Corá e à Profa. Dra. Maria de Fátima Guimarães pelas

importantes contribuições para a melhoria deste trabalho.

Ao Prof. Sílvio José Bicudo, pela concessão da área experimental para

a realização deste trabalho.

Aos professores da Faculdade de Ciências Agronômicas, pelo convívio

e pelos ensinamentos transmitidos ao longo do curso.

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III

Aos funcionários das Fazendas de Ensino, Pesquisa e Produção, pelo

auxílio técnico durante a realização do experimento.

Aos funcionários do Departamento de Recursos Naturais – Ciência do

Solo, pela atenção, amizade e auxílios prestados.

A todos os colegas e amigos pelos momentos de descontração,

amizade e troca de experiências.

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IV

SUMÁRIO

pag

1 RESUMO................................................................................................................... 01

2 SUMMARY………………………………………………………………………... 03

3 INTRODUÇÃO........................................................................................................ 05

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................. 07

4.1 Preparo do solo................................................................................................ 07

4.2 Micromorfologia do solo................................................................................. 09

4.2.1 Conceitos básicos das organizações micromorfológicas......................... 10

4.2.2 Uso da micromorfologia no estudo da estrutura e da porosidade do

solo........................................................................................................

13

4.2.3 Aplicações da micromorfologia em estudos de manejo do solo.............. 14

4.3 Dinâmica da água no solo................................................................................. 16

4.3.1 Infiltração de água no solo....................................................................... 16

4.3.2 Retenção de água no solo......................................................................... 18

4.3.3 Disponibilidade de água para as plantas.................................................. 19

4.4 Dinâmica da matéria orgânica........................................................................... 20

4.4.1 Acúmulo de matéria orgânica no solo...................................................... 21

4.4.2 Frações da matéria orgânica..................................................................... 22

4.4.3 Matéria orgânica e as propriedades físicas do solo.................................. 24

5 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................... 27

5.1 Localização e caracterização da área experimental.......................................... 27

5.2 Histórico da área experimental.......................................................................... 28

5.3 Delineamento experimental e tratamentos........................................................ 29

5.4 Coleta das amostras de solo.............................................................................. 29

5.5 Análises micromorfológicas e micromorfométricas......................................... 30

5.5.1 Análise de lâminas delgadas e de blocos impregnados............................ 30

5.6 Análises físicas.................................................................................................. 35

5.6.1 Argila dispersa em água........................................................................... 35

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V

5.6.2 Curva de retenção de água e conteúdo de água no solo entre as tensões

0,006 e 1,5 MPa......................................................................................

35

5.6.3 Densidade do solo.................................................................................... 36

5.6.4 Distribuição de agregados por tamanho e diâmetro médio ponderado.... 36

5.6.5 Infiltração de água no solo....................................................................... 37

5.6.6 Porosidade total, macroporosidade e microporosidade............................ 37

5.6.7 Resistência do solo à penetração.............................................................. 37

5.7 Análises químicas.............................................................................................. 38

5.7.1 Carbono orgânico total do solo................................................................ 38

5.7.2 Fracionamento químico da matéria orgânica do solo.............................. 38

5.8 Análise estatística.............................................................................................. 40

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................... 41

6.1 Descrição micromorfológica das lâminas delgadas.......................................... 41

6.2 Análise micromorfométrica.............................................................................. 46

6.3 Infiltração de água no solo................................................................................ 53

6.4 Curva de retenção de água no solo.................................................................... 55

6.5 Conteúdo de água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa............................ 59

6.6 Carbono orgânico total do solo......................................................................... 61

6.7 Fracionamento químico da matéria orgânica do solo....................................... 62

6.8 Densidade do solo............................................................................................. 66

6.9 Porosidade total do solo.................................................................................... 68

6.10 Macroporosidade do solo................................................................................ 69

6.11 Microporosidade do solo................................................................................. 71

6.12 Resistência do solo à penetração..................................................................... 72

6.13 Argila dispersa em água.................................................................................. 75

6.14 Distribuição de agregados por tamanho e diâmetro médio ponderado........... 77

7 CONCLUSÃO........................................................................................................... 82

8 REFERÊNCIAS......................................................................................................... 83

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VI

TABELAS

Tabelas pag

1 Caracterização granulométrica das camadas 0,0 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m do solo

da área experimental e da área de mata................................................................

28

2 Descrição micromorfológica dos tratamentos e camadas estudados.................... 42

3 Análise da variância para os valores de porosidade (% de área) quantificados

pelo programa ImageJ, para 20 repetições por bloco..........................................

46

4 Valores médios de porosidade (% de área) quantificados pelo programa

ImageJ para os tratamentos e camadas estudados................................................

47

5 Análise da variância para a distribuição da porosidade total segundo a forma

dos poros...............................................................................................................

52

6 Comparação entre as médias de distribuição da porosidade total segundo a

forma de poros......................................................................................................

52

7 Valores de velocidade básica de infiltração (VIB) de água no solo para os

tratamentos estudados...........................................................................................

53

8 Análise da variância para os valores de conteúdo de água nas diferentes

tensões...................................................................................................................

55

9 Valores médios de conteúdo de água no solo (dm3 dm

-3) nas diferentes tensões

para os tratamentos e camadas estudados.............................................................

57

10 Análise da variância para os valores de conteúdo de água no solo entre as

tensões 0,006 e 1,5 MPa.......................................................................................

59

11 Valores médios de conteúdo de água (dm3 dm

-3) no solo entre as tensões 0,006

e 1,5 MPa para os tratamentos e camadas estudados............................................

60

12 Análise da variância para os teores de carbono orgânico total do solo................ 61

13 Teores médios de carbono orgânico total do solo (g dm-3

) para os tratamentos e

camadas estudados................................................................................................ 61

14 Análise da variância para os teores de carbono ligado aos ácidos fúlvicos (C–

AF), aos ácidos húmicos (C–AH), à fração humina (C–HU) do solo e para a

relação C-AH/C-AF..............................................................................................

62

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VII

15 Teores de carbono ligado aos ácidos fúlvicos (C–AF), ácidos húmicos (C–

AH), à fração humina (C–HU) do solo e relação C-AH/C-AF para os

tratamentos e camadas estudados.........................................................................

63

16 Análise da variância para os valores de densidade do solo.................................. 66

17 Valores médios de densidade do solo (kg dm-3

) para os tratamentos e camadas

estudados...............................................................................................................

67

18 Análise de variância para os valores de porosidade total do solo......................... 68

19 Valores médios de porosidade total do solo (dm3 dm

-3) para os tratamentos e

camadas estudados................................................................................................

69

20 Análise de variância para os valores de macroporosidade do solo....................... 69

21 Valores médios de macroporosidade do solo (dm3 dm

-3) para os tratamentos e

camadas estudados................................................................................................

70

22 Análise de variância para os valores de microporosidade do solo....................... 71

23 Valores médios de microporosidade do solo (dm3 dm

-3) para os tratamentos e

camadas estudados................................................................................................

71

24 Análise da variância para os valores de resistência do solo à penetração............ 72

25 Valores médios de resistência do solo à penetração (MPa) para os tratamentos

e camadas estudados.............................................................................................

73

26 Análise da variância para os valores de umidade do solo no momento da

medição da resistência do solo à penetração........................................................

74

27 Valores médios de umidade do solo (%) no momento da medição da

resistência do solo à penetração para os tratamentos e camadas estudados.........

74

28 Análise da variância para os valores de argila dispersa em água......................... 75

29 Valores médios de argila dispersa em água (g kg-1

) para os tratamentos e

camadas estudados................................................................................................

76

30 Análise da variância para os valores de distribuição de agregados em classes

de tamanho (mm) e para os valores de diâmetro médio ponderado dos

agregados..............................................................................................................

77

31 Comparação entre as médias de diâmetro médio ponderado dos agregados

(mm) entre os tratamentos estudados....................................................................

79

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VIII

FIGURAS

Figuras pag

1 Localização da área experimental e da área de mata............................................... 27

2 Sistema hidráulico de coleta de amostras indeformadas de solos........................... 30

3 Máquina com disco rotatório utilizada para o polimento das amostras (a), disco

com carboreto de silício (b) e realização do polimento (c).....................................

32

4 Máquina de corte do Laboratório de confecção de lâminas delgadas da

Universidade de Lleida (a) e realização do corte dos blocos impregnados (b)....... 32

5 Máquina de polimento Rectifieuse Multiplaques, modelo 1.03.12P, da marca

francesa BROT®

(a) e blocos impregnados sendo polidos (b).................................

33

6

Re-impregnação dos blocos para correção de falhas (a) e blocos re-impregnados

(b).............................................................................................................................

33

7 Laboratório de micromorfologia e análise de imagens da Universidade de

Lleida. Descrição morfológica das lâminas delgadas (a) e aquisição das imagens

dos blocos em ambiente escuro sob luz ultravioleta................................................

34

8 Mesa de tensão (a) e câmaras de pressão de Richards (b)....................................... 36

9 Equipamentos instalados no campo para a determinação da infiltração de água

no solo......................................................................................................................

37

10 Etapas do fracionamento da matéria orgânica: centrifugação e coleta do

sobrenadante (a); filtração e separação dos extratos contendo as frações AF e

AH (b)......................................................................................................................

39

11 Microestrutura do solo sob (a) mata, (b) semeadura direta e (c) arado de disco na

camada 0,0 – 0,10 m................................................................................................

43

12 Porosidade do solo sob (a) pousio e (b) sob preparo com grade pesada................. 43

13 Feições pedológicas na camada 0,0 – 0,10 m do solo sob mata. (a) secção de

tecido vegetal, (b) presença de preenchimento de canal por agregados e

excrementos, (c) excrementos produzidos por ácaros e (d) excremento produzido

por minhoca (d)........................................................................................................

45

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IX

14 Fragmentos de carvão observados nas lâminas delgadas de solo............................ 46

15 Distribuição do número total de poros do solo sob mata, semeadura direta,

pousio, arado de discos e grade pesada segundo a forma (Arr: arredondados;

Along: alongados; Comp: complexos) e o tamanho de poros.................................

49

16 Distribuição da porosidade do solo sob mata, semeadura direta, pousio, arado de

discos e grade pesada segundo a forma (Arr: arredondados; Along: alongados;

Comp: complexos)...................................................................................................

51

17 Capacidade de infiltração de água no solo para os sistemas de manejo

estudados..................................................................................................................

53

18 Porosidade do solo sob (a) semeadura direta, (b) arado de discos, (c) pousio e (d)

grade pesada, na camada 0,0 – 0,10 m....................................................................

54

19 Curvas de retenção de água no solo para os tratamentos estudados........................ 56

20 Microestrutura do solo sob pousio na camada 0,0 – 0,10 m, com poros do tipo

cavidades e fissuras..................................................................................................

58

21 Distribuição do carbono ligado às substâncias húmicas (%) nos tratamentos e

camadas estudadas...................................................................................................

65

22 Comparação entre as médias de distribuição de agregados em diferentes classes

de tamanho (%) entre os tratamentos estudados......................................................

78

23 Comparação entre as médias de diâmetro médio ponderado (DMP) dos

agregados do solo entre as camadas estudados........................................................

80

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1

1 RESUMO

As modificações antrópicas, causadas por atividades como cultivo e

tráfego de máquinas, afetam diretamente a estrutura do solo, causando diminuição da

estabilidade de agregados, aumento da densidade, alterações na porosidade e menor

disponibilidade de água e aeração e, conseqüentemente, diminuição do desenvolvimento

normal das plantas. A observação da morfologia do solo possibilita visualização da estrutura e

do espaço poroso do solo em sua forma natural, tornando a micromorfologia e a análise de

imagens ferramentas importantes na interpretação dos efeitos do manejo. O trabalho teve por

objetivo avaliar o efeito dos sistemas de uso e manejo sobre os atributos de um Nitossolo

Vermelho distroférrico, com auxílio da micromorfologia do solo. O delineamento

experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro repetições, com os seguintes

tratamentos empregados por 19 anos consecutivos: arado de discos com atuação até a

profundidade de 0,20 a 0,25 m + duas gradagens niveladoras, grade pesada com atuação até a

profundidade de 0,15 a 0,18 m + duas gradagens niveladoras, semeadura direta, pousio com

vegetação espontânea e mata. Foram determinados os seguintes atributos: curva de retenção de

água, infiltração de água no solo, matéria orgânica, fracionamento químico da matéria

orgânica, densidade do solo, porosidade, resistência do solo à penetração, argila dispersa em

água, distribuição de agregados por tamanho e diâmetro médio ponderado. Além disso, foi

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2

realizada a análise de imagens dos blocos, para a determinação da macroporosidade, e a

análise de âminas delgadas para o estudo da porosidade e estrutura do solo. As amostras

indeformadas e deformadas foram coletadas nas camadas de 0,0-0,10 m e 0,10-0,20 m. A

análise micromorfológica e micromorfométrica do solo permite caracterizar o efeito do uso e

manejo do solo sobre a estrutura e sobre a forma e o tamanho dos poros. Solos sob preparo

com arado de discos, grade pesada e sob pousio condicionam um arranjo mais denso da

estrutura, com conseqüente alteração na forma e no tamanho dos poros que influenciam a

infiltração e a retenção de água no solo. Há diminuição do teor de matéria orgânica na camada

superficial do solo sob pousio, semeadura direta, preparo com arado de discos e grade pesada

em comparação com o solo sob mata. Os sistemas de uso e manejo afetam a evolução da

matéria orgânica do solo. O estudo micromorfológico e micromorfométrico do solo mostra-se

mais eficiente na identificação de estágios iniciais de compactação do que os dados obtidos

pela análise de rotina. A técnica da micromorfologia é eficiente para identificar diferenças na

porosidade do solo entre sistemas de uso e manejo.

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3

MICROMORPHOLOGICAL ANALYSIS AND RELATIONS WITH SOIL

ATTRIBUTES UNDER DIFFERENT USES AND MANAGEMENTS

Botucatu, 2011. 97f. Tese (Doutorado em Agronomia/Agricultura) – Faculdade de Ciências

Agronômicas, Universidade Estadual Paulista

Author: Fernanda Coelho Gonçalves

Adviser: Maria Helena Moraes

2 SUMMARY

The anthropogenic changes caused by activities such as farming and machinery traffic directly

affect soil structure, causing a decrease in aggregate stability, increased in soil bulk density,

changes in porosity, permeability, lower availability of water and aeration and, consequently,

the decrease in the normal development of plants. The observation of soil in its natural form

provides better visualization of the structure and behavior of the soil pore space, making the

micromorphology and image analysis tools important in interpreting effects of management.

This study had as objective to evaluate the effect of the use and management systems on the

attributes of a dystroferric Red Nitosol, with the aid of soil micromorphology. The experiment

was analysed as a completely randomized design with four replications, and the following

treatments employed for 19 consecutive years: disc plow acting to a depth from 0.20 to 0.25 m

+ two soft harrowings, heavy disc harrow acting to a depth from 0.15 to 0.18 m + two soft

harrowings, no tillage, fallow with natural vegetation and forest. The following soil attributes

were determined: water retention curve, water infiltration, organic matter, quantification of the

humic fractions, bulk density, porosity, resistance to penetration, dispersed clay, distribution

of aggregates by size classes and mean weight diameter. The block image analysis were

performed to determine the macroporosity, and the analysis of thin sections to study the

porosity and soil structure. The undisturbed and disturbed samples were collected in two

layers, between 0.0 to 0.10 m and 0.10-0.20 m. The soil micromorphological and

micromorfometric analysis allows to characterize the effect of soil use and management on the

structure and the shape and size of pores. The soil tillage with disk plow, heavy disc harrow

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4

and under fallow condition a denser arrangement of the structure, with consequent change in

shape and size of pores that influence infiltration and soil water retention. There is a decrease

of the organic matter content in the surface layer of soil under fallow, no tillage, tillage with

disk plow and heavy disc harrow compared with the soil under forest. The use and

management systems affect the evolution of soil organic matter. The study of soil

micromorphology and micromorphometric show to be more effective in identify early stages

of compression than the data obtained by routine analysis.

____________________________

Keywords: management systems, physical attributes, image analysis.

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5

3 INTRODUÇÃO

O termo estrutura do solo refere-se ao arranjo espacial das partículas

primárias do solo em agrupamentos secundários denominados agregados. A estrutura do solo

resulta das interações entre a parte sólida e os poros do solo.

O cultivo causa modificações na estrutura do solo, principalmente nos

horizontes superficiais. Essas modificações se dão pela quebra dos agregados maiores em

agregados menores e pela diminuição do teor de matéria orgânica do solo, resultando em

alterações na densidade do solo, na porosidade, na resistência do solo à penetração, na

infiltração, na retenção de água no solo, no conteúdo de água disponível para as plantas, na

aeração e no crescimento e desenvolvimento das plantas. A magnitude com que as alterações

ocorrem depende do tipo de solo e dos sistemas de manejo utilizados.

Sistemas de manejo com revolvimento intensivo do solo e com baixa

adição de resíduos orgânicos podem ser nocivos à estrutura do solo, pois afetam o teor de

matéria orgânica do solo que é um dos principais agentes de formação e estabilização de

agregados.

A micromorfologia do solo vem sendo utilizada em estudos ligados ao

manejo e conservação do solo e da água, pois permite a observação dos componentes

estruturais do solo na sua forma natural, facilitando a visualização da estrutura e do espaço

poroso do solo.

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6

Aliada a técnicas de processamento e análise de imagens, a

micromorfologia é capaz de fornecer resultados precisos sobre a porosidade, além de

possibilitar a visualização de modificações estruturais. Logo, as informações obtidas a partir

do estudo micromorfológico do solo, quando relacionados a outros indicadores de qualidade

do solo, possibilitam melhor interpretação e compreensão dos efeitos do manejo do solo.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito dos sistemas de uso e

manejo sobre os atributos de um Nitossolo Vermelho distroférrico, com auxílio da

micromorfologia do solo.

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7

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1 Preparo do solo

O preparo do solo tem por objetivo melhorar as condições do solo para

favorecer a germinação das sementes e o crescimento e desenvolvimento das plantas, facilitar

o movimento de água e ar, controlar plantas indesejáveis e, em alguns casos, auxiliar no

manejo dos resíduos culturais. Por outro lado, também apresenta efeitos negativos, pois

interfere na estrutura e no grau de cobertura do solo, o que pode ocasionar alterações em seus

atributos físicos e hídricos (BERTOL; SANTOS, 1995). Entre os aspectos negativos do

preparo intensivo, pode-se destacar a redução da estabilidade de agregados, formação de

camadas compactadas, aumento da taxa de decomposição de matéria orgânica e exposição do

solo à chuva, intensificando a erosão hídrica (ALEGRE et al., 1991).

Convencionou-se denominar sistema de preparo convencional a todas

as modalidades que utilizam operações de preparo primário com inversão das camadas do solo

e conseqüente incorporação dos resíduos, através de arados ou de grades pesadas, seguidas por

uma ou mais operações de preparo secundário. A grade pesada é um implemento muito

utilizado no preparo de solo. Em função dos discos mobilizarem o solo trabalhado em direções

opostas há uma tendência de pulverização dos solos, promovendo sua desagregação em

intensidade superior à dos arados em geral. A grade pesada apresenta alto rendimento de

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trabalho, pois realiza, em uma mesma operação, a lavração e a gradagem. Onde existe grande

quantidade de massa vegetal, esta grade também trabalha bem, pois pica esse material, mas a

incorporação é mais superficial do que a realizada com arados. Normalmente, a grade trabalha

o solo a pouca profundidade e apresenta alto rendimento de campo, porém o uso contínuo

desse implemento pode levar à formação de camadas compactadas, chamadas “pé-de-grade”

(SILVA, 1992).

Fazendo comparações entre as operações executadas entre os arados e

as grades, Silveira (1988) salienta que, em muitas regiões, o arado de disco está em desuso,

sendo substituído pelas grades aradoras médias ou pesadas e que, de um modo geral, são

utilizadas duas operações de grade pesada seguidas de uma ou mais passadas de grade

niveladora. As grades pesadas são preferidas no lugar dos arados de discos, devido a maior

largura e velocidade de deslocamento, o que aumenta sensivelmente a capacidade efetiva de

trabalho, porém, com perdas na profundidade de trabalho, resultando num tipo de preparo

raso.

Carvalho Filho et al. (2008), avaliando a mobilização do solo causada

por equipamentos de preparo em um Latossolo Vermelho, observaram que a grade pesada

causa maior empolamento do solo. O empolamento é a expansão volumétrica com

conseqüente redução da densidade do solo, quando mobilizado mecanicamente, o mesmo gera

benefícios no momento da semeadura, no entanto o solo se torna desagregado, propicio ao

encrostamento e a erosão.

O sistema de semeadura direta pode ser uma alternativa ao sistema

convencional de preparo do solo e contribuir para a sustentabilidade de sistemas agrícolas

intensivos, por manter o solo coberto por restos culturais, minimizando os efeitos da erosão e,

ainda, manter o conteúdo de matéria orgânica (ALBUQUERQUE et al., 1995). O sistema de

semeadura direta pode contribuir para uma melhor condição físico-hídrica do solo, pela não

formação de crostas superficiais, aumento da estabilidade de agregados devido ao acúmulo de

matéria orgânica, estabelecimento de porosidade contínua (bioporos) pela atividade biológica

da fauna edáfica e de raízes e o equilíbrio entre os valores de macro e microporosidade, que

por sua vez podem contribuir para um maior volume de água disponível (SALTON;

MIELNICZUK, 1995).

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Para o pousio, que consiste em deixar o solo intocável durante um

período de tempo, permitindo a regeneração da vegetação a partir das sementes existentes no

solo ou trazidos pelo vento e animais, a reestruturação do sistema ocorre devido à matéria

orgânica que vai sendo depositada no solo ao longo do período de descanso. Atualmente, solos

mantidos em pousio são raros e, conseqüentemente, são escassas as possibilidades de estudá-

los em relação à reorganização estrutural decorrente do seu uso (COUTINHO et al., 2004).

Os efeitos diferenciados sobre os atributos físicos, devido ao tipo de

preparo de solo adotado em cada sistema de manejo, são dependentes da intensidade de

revolvimento, do trânsito de máquinas, do tipo de equipamento utilizado, do manejo dos

resíduos vegetais e das condições de umidade do solo no momento do preparo (VIEIRA;

MUZILLI, 1995).

4.2 Micromorfologia do solo

A micromorfologia do solo destina-se ao estudo das organizações

microscópicas, também chamadas de microorganizações pedológicas, ou microestruturas,

trabalhando com constituintes e organizações na ordem de medida dos milímetros e dos

micrômetros (BREWER, 1976; BULLOCK et al., 1985). Ela contempla o estudo detalhado

dos constituintes dos agregados dos horizontes de solo e de suas relações, seu grau de

preservação face às adições ou perdas, contribuindo para importantes deduções a respeito dos

processos pedológicos envolvidos, sejam eles naturais ou resultantes dos usos e manejos

(BREWER, 1976; BULLOCK et al., 1985; MIEDEMA, 1997; CASTRO et al., 2003).

Conseqüentemente, a micromorfologia é importante para as investigações na área de manejo,

classificação e gênese dos solos (STOOPS, 2003).

A técnica requer amostras adequadamente coletadas, previamente

impregnadas com resinas, finamente cortadas e coladas em lâminas delgadas similares às

petrográficas, podendo ser produzidas também em tamanho médio ou “mamute”

(JONGERIUS; HEINTZBERGER, 1975). As lâminas assim preparadas são observadas com

auxílio de lupas e microscópios ópticos polarizadores, podendo ainda ser submetidas à

microscopia eletrônica e microanálise, após tratamentos adequados (STOOPS, 2003). Por ser

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uma técnica de análise microscópica, os constituintes sólidos são identificados por suas

propriedades ópticas, admitindo-se também o uso de reagentes auxiliares na sua observação

(CASTRO et al., 2003).

Trata-se de uma técnica de observação que, por si só, não responde a

todas as questões levantadas numa pesquisa e, por isso, necessita dos resultados analíticos

obtidos pelo emprego de outras técnicas (MIEDEMA, 1997).

4.2.1 Conceitos básicos das organizações micromorfológicas

A União Internacional de Ciência do Solo, com o objetivo de

uniformizar a terminologia utilizada na descrição de lâminas, criou no final da década de 1960

a subcomissão de Micromorfologia do Solo. A idéia desse grupo era desenvolver um sistema

que fosse o mais amplo possível e aceito por toda a comunidade científica internacional que

trabalhasse com micromorfologia de solos. São reconhecidos cinco conceitos básicos

utilizados na análise microscópica e descrição dos solos (STOOPS, 2003):

Componentes básicos: minerais (quartzo, feldspatos, micas, calcita, argilas silicatadas, etc.) e

outras unidades básicas (tecidos de plantas, matéria orgânica etc.). Constituem a base de

formação da micromassa, fundo matricial, feições pedológicas, estrutura e fábrica. São

partículas herdadas do material de origem ou formadas pela alteração de minerais primários

herdados ou pelo acúmulo de material orgânico na superfície ou dentro do solo. São divididos

em fração grosseira e fração fina.

Relação C/F (conceito G/F): razão entre a parte ocupada pelo material grosseiro (G) e pelo

material fino (F), que define a relação G/F. A separação entre o material grosseiro e o fino,

neste caso, não é fixa e depende da granulometria do solo estudado, da natureza das partículas

nas diferentes classes granulométricas, da espessura da lâmina e do poder de resolução do

microscópio no maior aumento utilizado. Para a descrição sistemática da relação G/F é

adotada a classificação denominada distribuição relativa G/F, que contém cinco padrões

baseados nas relações G/F das partículas. Padrões de distribuição relativa G/F: mônica:

unidades de fábrica com partículas de um só grupo de tamanho ou ainda material amorfo (por

exemplo, areia, silte, cascalho); gefúrica: as unidades grosseiras são ligadas por pontes de

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material fino; quitônica: as unidades grosseiras estão rodeadas de material fino (por exemplo,

areia recoberta por argila ou agregados recobertos por argila); enáulica: material grosseiro e

agregados de material fino (microagregados) nos espaços intersticiais, sem preenchê-los

completamente e porfírica: as partículas grosseiras distribuem-se numa massa densa de

material fino (por exemplo, argila) e não existem os poros intersticiais.

Fundo matricial e micromassa: fundo matricial é o termo geral usado para descrever o

arranjo do material grosseiro e fino que forma a base do solo, sem incluir as feições

pedológicas. Micromassa é o termo geral utilizado para descrever o material fino do fundo

matricial. A descrição da micromassa é baseada na caracterização da fábrica do material fino

que a compõe, observada sob luz polarizada. Esta fábrica é denominada fábrica birrefringente

ou b-fabric, e é descrita pelos padrões de orientação e distribuição das cores de interferência e

pela sua natureza. A fábrica birrefringente do material fino pode ser subdividida em três

grupos principais: fábrica indiferenciada que é caracterizada pela ausência de cores de

interferência; fábrica cristalítica: caracterizada pela presença de pequenos cristalitos

birrefringentes (por exemplo, calcita), ou fragmentos de minerais (por exemplo, mica) que

causam as cores de interferência do material fino e fábrica estriada, salpicada e estrial:

caracterizada pela presença de zonas de argilas birrefringentes. Aquelas compostas por zonas

mais alongadas são descritas como estriadas. Se as zonas consistirem de domínios isolados, a

fábrica é denominada salpicada. Se todo o material fino exibir orientação paralela preferencial,

a fábrica é denominada estrial.

Estrutura e poros: arranjo das partículas primárias do solo em unidades chamadas agregados,

sendo o tamanho, forma e arranjo das partículas primárias e dos poros associados em materiais

agregados e não agregados e o tamanho, forma e arranjo de quaisquer agregados presentes,

também chamada microestrutura. Em materiais agregados, a microestrutura é caracterizada

pela descrição dos agregados junto aos poros associados entre e dentro dos agregados; em

materiais não-agregados, a microestrutura é descrita pelo arranjo da porosidade presente.

Quatro tipos de agregados são descritos para caracterizar a microestrutura: esferoidais, em

blocos, laminares e em prismas. O grau de desenvolvimento da estrutura é determinado pelo

grau de pedalidade. Stoops (2003) descreve três tipos de pedalidade: bem desenvolvida,

moderadamente desenvolvida e fracamente desenvolvida.

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Os poros são espaços desprovidos de matéria sólida; podem ocorrer em quatro posições dentro

do fundo matricial: entre os agregados (interagregados), dentro dos agregados (intra-

agregados), atravessando os agregados (transagregados) e dentro de materiais não-agregados.

Os poros são classificados em seis tipos:

- Poros de empacotamento ou empilhamento: poros resultantes do empacotamento de grãos de

material grosseiro ou agregados. Estes poros são irregulares, orientados ao acaso e fortemente

interconectados. Este tipo de poro pode ser subdividido em: poros de empacotamento simples,

que resultam do empacotamento de grãos de material grosseiro; poros de empacotamento

composto, que resultam do empacotamento de agregados cujas faces não apresentam

acomodação; e poros de empacotamento complexo, que resultam do empacotamento de grãos

de material grosseiro e agregados.

- Cavidades: poros relativamente grandes que apresentam formas esféricas a alongadas, às

vezes irregulares. Estes poros não estão interconectados com outros.

- Canais: poros alongados com formas mais ou menos cilíndricas e que apresentam paredes

relativamente lisas. O diâmetro é praticamente constante na maior parte do seu comprimento.

- Câmaras: são poros cavitários interconectados por canais.

- Vesículas: poros semelhantes às cavidades, diferenciando-se destas pelo alisamento das

paredes e sua forma bem arredondada e regular.

- Fissuras: poros nos quais um dos seus eixos geométricos é muito menor que os outros dois.

São formados pela contração do solo, resultando em rachaduras.

Feições pedológicas: unidades discretas de fábrica que se diferenciam do material adjacente

por diferenças na concentração de um ou mais componentes, por exemplo, uma fração

granulométrica, matéria orgânica, cristais, componentes químicos ou fábrica interna diferente.

Fábricas birrefringentes estão excluídas das feições pedológicas. As feições pedológicas são

classificadas em sete grupos principais: feições pedológicas texturais, que consistem no

acúmulo de partículas de qualquer tamanho e em proporções variáveis relacionados ao

transporte mecânico; feições pedológicas de depleção, que são formadas pela perda de

componentes, não-texturais, da matriz do solo adjacente à superfície natural (poro ou

agregado); feições pedológicas cristalinas, que são constituídas por cristais, formados in situ,

de tamanhos variáveis sob o microscópio petrográfico; feições pedológicas amorfas ou

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criptocristalinas, que são isotrópicas em luz polarizada, com exceção de inclusões de materiais

orgânicos ou minerais birrefringentes; nódulos, que são as feições pedológicas amorfas mais

comuns encontradas nas lâminas delgadas, são formadas pela concentração de Fe, Mn, oxi-

hidróxidos de Al etc.; feições pedológicas de fábrica ou contextura, que diferenciam-se do

material adjacente por uma diferença na fábrica interna (por exemplo, slickensides); e feições

pedológicas de excremento, que refletem a atividade biológica (passada ou presente) e

freqüentemente são componentes essenciais para a estrutura do solo. A fauna do solo é

responsável pela sua existência e pode consistir de materiais puramente orgânicos (feitos por

animais que comem plantas), terrosos (inorgânicos, formados por animais que comem solo) e

mistos.

4.2.2 Uso da micromorfologia no estudo da estrutura e da porosidade do

solo

Com o desenvolvimento de métodos de morfologia matemática

(SERRA, 1982; HORGAN, 1998) e da informática, o estudo micromorfológico da estrutura e

da porosidade do solo ganhou dimensão quantitativa. A partir da análise de imagens pode-se

medir a estrutura em seções 2-D de amostras indeformadas de solo. As imagens podem ser

preparadas em várias escalas, desde imagens obtidas em microscópios eletrônicos no modo de

elétrons retroespalhados, fotografias de lâminas delgadas (MURPHY et al., 1977 a, b) e

imagens fluorescentes de faces polidas de blocos impregnados, até imagens de monólitos

retirados de perfis do solo impregnados in situ (FITZPATRICK et al., 1985).

Após a obtenção das imagens, o espaço poroso pode ser medido

utilizando programas de análise de imagens em computador. O que mais desperta o interesse

nessa técnica, é a possibilidade de caracterizar o espaço poroso do solo de maneira

morfológica quantitativa. O estudo do espaço poroso com a utilização da análise de imagens

sobre lâminas delgadas de solo tem sido realizado por vários autores (JONGERIUS et al.,

1972; MURPHY et al., 1977 a,b; PAGLIAI et al., 1983; RINGROSE-VOASE, 1996; SILVA

et al., 1998, SOARES et al., 2005; LIMA et al., 2005; SOUZA et al., 2006; JUHÁSZ et al.,

2007).

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A análise de imagens permite apenas medidas mono ou

bidimensionais, entretanto, essas medidas fornecem dados úteis do espaço poroso, permitindo

que esses sejam associados às características funcionais do solo (ZIDA, 1998). É possível,

também, estimar variáveis tridimensionais a partir de medidas bidimensionais utilizando a

estereologia (WEIBEL, 1980) ou utilizando a reconstrução de cortes seriados (VOGEL, 1997).

Ringrose-Voase (1991) classificou variáveis utilizadas para a descrição

quantitativa do espaço poroso em dois tipos: variáveis da imagem, que se referem ao conjunto

do espaço poroso na imagem, e variáveis do objeto, que se referem às entidades discretas

sobre a imagem. As variáveis da imagem encontradas em estudos quantitativos da porosidade

do solo são a porosidade total, a densidade de perímetro, a densidade de comprimento e o

número de objetos que aparecem na imagem. A porosidade total é a estimativa da porosidade

de uma imagem (HALLAIRE; COINTEPAS, 1993) obtida da relação entre o número de

pixels da fase porosa e o número total de pixels da imagem binária. A densidade de perímetro

é o valor do perímetro dos poros por unidade de área e a densidade de comprimento é o

comprimento de uma linha posicionada no centro dos poros por unidade de área.

Quando uma amostra de solo é selecionada, esta revela, no plano de

corte, poros que aparecem individualizados. Assim, Moran et al. (1988) propuseram o termo

poróide para designar as zonas correspondentes à interseção da rede tridimensional de poros

com o plano de corte da lâmina. As variáveis do objeto são medidas para cada poróide. As

variáveis de objeto mais comuns são: perímetro, área, perímetro convexo, forma, diâmetros de

Feret e número de interceptos. Uma vez determinadas, as variáveis de imagem e dos objetos

podem ser classificadas segundo classes de tamanhos, tipos de forma ou combinações de tipos

de forma com classes de tamanhos (COOPER, 1999).

4.2.3 Aplicações da micromorfologia em estudos de manejo do solo

A descrição e quantificação detalhada de feições, utilizando técnicas

micromorfológicas e de análise de imagens, permitem obter evidências acerca das mudanças

contínuas nos atributos físicos, químicos e biológicos do solo, bem como sobre o grau e a

direção dessas modificações a partir do estado original do solo, ajudando na interpretação do

comportamento e da dinâmica do solo. A principal vantagem dos estudos micromorfológicos,

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tanto qualitativos como quantitativos, em relação a outras técnicas, talvez seja a avaliação

visual dos processos de transformação e gênese dentro da massa do solo, permitindo a

comparação entre estruturas de solos e horizontes diferentes, e também comparação dos

efeitos de diferentes sistemas de manejo sobre o solo (CASTRO et al., 2003).

O estudo dos efeitos do uso, cultivo e manejo do solo sobre a estrutura

tem sido uma das principais aplicações da micromorfologia e da análise de imagens de solos

(MIEDEMA, 1997). Encontram-se estudos sobre compactação do solo (MURPHY et al.,

1977b; GUPTA et al., 1998); sistemas de cultivo e manejo (PAGLIAI, 1994; MORAES, 2006;

ENCIDE, 2005; GOMES, 2008:); matéria orgânica (BENITES et al., 2001);ciclos de

umedecimento e secagem (VIANA et al., 2004; PIRES et al., 2009) e aplicação de

fertilizantes, estercos e outros materiais orgânicos (PAGLIAI et al., 1983; MORAES et al.,

2007; TOMA, 2008; ALMEIDA, 2009). Em trabalhos de erosão e conservação de solos, os

estudos micromorfológicos têm sido usados nos estudos de encrostamento superficial (USÓN;

POCH, 2000; CASTILHO, 2010).

Informações quantitativas do espaço poroso, obtidas por análise de

imagens, têm sido utilizadas para explicar o funcionamento hídrico de solos (BULLOCK;

THOMASSON, 1979; BOUMA; KOOISTRA, 1987; LIPIEC et al., 2006; SOUZA et al.,

2006; JUHÁSZ et al., 2007; KODESOVA et al., 2011). A micromorfologia, aliada a análise

de imagens, permite estabelecer relações entre a estrutura do solo e o tamanho e distribuição

dos poros com a taxa de infiltração de água e sua capacidade de retenção nos distintos

horizontes do solo (MIEDEMA, 1997). Estudos sobre a continuidade de poros no solo

utilizando técnicas de esteoroscopia e de tomografia computadorizada para a reconstrução 3-D

da porosidade do solo foram realizados por Bouma (1992) e Heijs et al. (1995). Atualmente, a

tendência dos estudos sobre o funcionamento hídrico dos solos é utilizar informações obtidas

de seções delgadas para o desenvolvimento de modelos de predição da estrutura e da

porosidade do solo (COOPER, 1999).

Outras técnicas mais modernas de análise de imagens, como a

tomografia computadorizada e a ressonância magnética, já são empregadas na ciência do solo

para a análise 3-D da porosidade e estrutura do solo (ELLIOT; HECK, 2007;

KRAVCHENKO et al., 2011; PIRES, 2011). Essas técnicas vêm ganhando mais resolução, o

que favorece as pesquisas futuras sobre a formação e dinâmica da estrutura do solo.

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As técnicas micromorfológicas e de análise de imagens associadas a

análises químicas, mineralógicas e físicas fornecem informações importantes para estudos

agronômicos e ecológicos, nos quais a avaliação da dinâmica da estrutura do solo, em

diferentes escalas, é muito importante (CASTRO et al., 2003).

4.3 Dinâmica da água no solo

A dinâmica da água no solo envolve desde o movimento da água no

solo, determinado pela infiltração ou pela condutividade hidráulica, a armazenagem e retenção

da água, até a disponibilidade de água para as plantas.

4.3.1 Infiltração de água no solo

Infiltração é definida como a entrada de água no solo através da sua

superfície, isto é, através da interface solo-atmosfera. A quantidade de água que atravessa uma

unidade de área da superfície do solo por unidade de tempo é denominada taxa de infiltração

(LIBARDI, 2005). A capacidade de infiltração de água no solo é afetada por vários fatores,

tais como: a porosidade (PERROUX; WHITE, 1988; EVERT; KANWAR, 1992), a densidade

do solo (SALES et al., 1999), a cobertura do solo (ROTH et al., 1985; SIDIRAS; ROTH,

1987), a textura e o grau de agregação do solo (BERTONI; LOMBARDI NETO, 1990), o

selamento superficial (REICHERT et al., 1992; CHAVES et al., 1993), a umidade inicial

(ARAÚJO FILHO; RIBEIRO, 1996), a matéria orgânica, a estrutura e a variabilidade espacial

do terreno (KLAR, 1984). Desse modo, o conhecimento desse processo e das suas relações

com as propriedades do solo é de fundamental importância para o eficiente manejo do solo e

da água nos cultivos agrícolas (REICHARDT, 1996).

A teoria que rege a infiltração explica que a entrada de água no solo é

determinada, primeiramente, pelo gradiente de potencial mátrico, que está associado à

umidade do mesmo. Ao mesmo tempo, a entrada de água é controlada pela geometria do

espaço poroso. Em função disso, inicialmente, a taxa de infiltração é elevada, respondendo ao

gradiente de potencial matricial , e com o tempo, diminui até se tornar constante quando o solo

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satura. Neste momento, a infiltração passa a ser função, quase que exclusivamente, da

macroporosidade do solo e é denominada de infiltração básica, a qual pode ser definida como

a quantidade máxima de água que o solo pode conduzir (HILLEL, 1973).

Estudos sobre o efeito dos sistemas de manejo na infiltração de água

mostram que, geralmente, a infiltração é maior em sistemas conservacionistas, como o plantio

direto, do que em sistemas convencionais de cultivo (CENTURION; DEMATTÊ, 1985; ELTZ

et al., 1989; BARCELOS et al., 1999; GHUMAN; SUR, 2001; FRANZLUEBBERS, 2002;

ALVES SOBRINHO et al., 2003). Isso é observado apesar do plantio direto apresentar,

geralmente, menor macroporosidade e maior umidade do solo, o que contribui para a menor

infiltração, quando comparado com o manejo convencional, no qual a umidade é menor e a

macroporosidade é maior. Entretanto, no sistema plantio direto fatores como o não

revolvimento e a presença de resíduos na superfície também são determinantes da dinâmica

desse processo (SCHICK et al., 2000).

A manutenção dos resíduos na superfície do solo é uma das principais

causas do aumento da infiltração de água no sistema plantio direto, pois os resíduos absorvem

o impacto da gota de chuva e assim reduzem o selamento superficial (BAUMHARDT et al.,

1993; BARCELOS et al., 1999). O selamento causa restrição à entrada de água no solo, por

obstruir poros importantes para o fluxo, principalmente macroporos, oriundos do rearranjo

natural do solo. Em sistemas de manejo convencional o selamento superficial acaba

restringindo a entrada de água no solo, sendo, na maioria das vezes, o responsável pela menor

infiltração observada nesses sistemas de manejo. (BARCELOS et al., 1999)

A infiltração também é influenciada pela presença dos canais formados

pela fauna e pelo apodrecimento de raízes e pela continuidade desses poros, que não é

destruída pelo preparo do solo. Esses bioporos proporcionam uma taxa de infiltração e um

volume final de água infiltrado maior em plantio direto do que em manejo convencional

(ELTZ et al., 1989; AZOOZ; ARSHAD, 1996), devido a manutenção da continuidade dos

poros, que é quebrada pelas operações de preparo em manejo convencional (MAULÉ; REED,

1993; BARCELOS et al., 1999). Por conta da presença de bioporos e da manutenção da

continuidade dos poros, Roth et al. (1988) observaram que uma precipitação de 60 mm

infiltrou completamente no solo sob plantio direto, enquanto que, no solo sob manejo

convencional, a infiltração foi de apenas 20%, mesmo esse apresentando maior porosidade do

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que o solo sob plantio direto. Isso mostra a importante contribuição da atividade radicular e da

fauna do solo na alteração e manutenção da dinâmica dos fluxos de água no solo.

4.3.2 Retenção de água no solo

A retenção de água no solo é explicada por dois processos: a

capilaridade e a adsorção. Na capilaridade a retenção ocorre nos microporos dos agregados, e

está sempre associada a uma interface curva ar-água dependente do tamanho do poro. Na

adsorção, a retenção ocorre nas superfícies dos sólidos do solo como filmes presos a elas.

Logo após a drenagem livre de um solo saturado no campo, as forças capilares são

dominantes, e à medida que o solo seca a adsorção vai adquirindo maior importância.

No solo, a energia de retenção da água e seu conteúdo são expressos

pela curva característica de retenção de água. A curva característica de retenção de água no

solo é descrita pelo teor de água e pelo potencial mátrico, com decréscimo lento e contínuo

dessas variáveis durante a drenagem do solo (MACHADO et al., 2008). O conteúdo de água

retido em um determinado potencial é resultante da estrutura e da distribuição de poros do solo

(BEUTLER et al., 2002). Rawls et al. (1991) observaram que em elevados potenciais, a curva

de retenção é influenciada por poros estruturais associados ao efeito da matéria orgânica na

formação e estabilidade da estrutura do solo e, em baixo potencial, a composição

granulométrica e a mineralogia do solo tornam-se mais importantes devido à superfície

disponível para a adsorção de água (GUPTA; LARSON, 1979).

Rojas (1998) e Rojas e Van Lier (1999), comparando curvas

características de retenção de água de um Argissolo Vermelho, em sistema plantio direto e

manejo convencional, observaram diferenças significativas entre os sistemas de manejo, com

maior retenção de água no manejo convencional, em praticamente todos os potenciais

avaliados e camadas de solo. Diferenças entre curvas características de água também foram

observadas por Dalmago et al. (2009) em um Argissolo Vermelho, porém, o solo sob plantio

direto apresentou maior retenção de água nas camadas mais próximas à superfície. Por outro

lado, Cavalieri et al. (2006) não observaram influência significativa dos sistemas de manejo no

ajuste das curvas características de água de um Latossolo Vermelho.

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A diferença na retenção de água de um solo sob plantio direto em

relação a outro sob manejo convencional se deve as alterações nas propriedades físicas dos

mesmos. A elevação na capacidade de retenção de água em sistema plantio direto,

normalmente, ocorre como resultado de um aumento na porosidade de retenção (meso e

microporosidade) (ROJAS; VAN LIER, 1999). O aumento do teor de matéria orgânica na

camada superficial do solo também contribui para elevar o teor de umidade, devido à sua alta

capacidade de hidratação e de retenção de água (MODEL et al., 1995) e seu efeito nas

propriedades físicas (CARPENEDO; MIELNICZUK, 1990).

4.3.3 Disponibilidade de água para as plantas

A armazenagem e a disponibilidade de água estão relacionadas com o

tamanho dos poros, isto é, com os macroporos e microporos. Os macroporos têm diâmetro

maior e por isso perdem água com maior facilidade pela ação da gravidade. Já os microporos

estão dispostos em forma de capilares contínuos de pequeno comprimento que se dirigem em

muitas direções diferentes, e por terem diâmetro menor em relação aos macroporos,

apresentam maior capacidade de resistir à perda de água. Esses espaços livres conferidos pelos

poros do solo permitem que a água seja armazenada em certa quantidade que varia de acordo

com a proporção entre macroporos e microporos (SAAD; LIBARDI, 1992).

A água disponível as plantas é apenas uma parte do volume total de

água armazenada pelo solo. A quantidade de água que as plantas podem dispor encontra-se

dentro de dois limites de umidade, o limite superior que é chamado de capacidade de campo

(CC) e o limite inferior, chamado de ponto de murcha permanente (PMP).

A CC é definida como a quantidade de água retida pelo solo após a

drenagem de seu excesso, quando a velocidade do movimento descendente praticamente

cessa, o que usualmente ocorre dois ou três dias depois de uma chuva ou irrigação em solos

permeáveis de textura e estrutura uniformes. A umidade do solo na capacidade de campo deve

corresponder ao potencial mátrico de -0,006 ou -0,01 MPa, para solos característicos de

regiões tropicais (REICHARDT, 1988) . O PMP é definido como a umidade do solo na qual

uma planta murcha não restabelece turgidez, mesmo quando colocada em atmosfera saturada

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por 12 horas, é comumente identificado pela umidade do solo que corresponde ao potencial de

-1,5 MPa (VEIHMEYER; HENDRICKSON, 1949).

Esses limites dependem de fatores intrínsecos ao solo, como a textura e

o tipo de argila, e de outros que são modificados pelo manejo, como a estrutura e a porosidade

(SAAD; LIBARDI, 1992). Considerando que os limites de CC e PMP dependem das

propriedades físicas do solo e, que essas são alteradas pelo sistema de manejo, é fácil supor

que sua variação, para um mesmo solo, ocorre apenas em função do manejo adotado. Logo,

dependendo do grau em que as propriedades físicas são afetadas pelo manejo, a superioridade

de manejos conservacionistas, em garantir melhor retenção de água, pode não refletir em

maior disponibilidade as plantas se a quantidade adicional de água armazenada encontra-se em

potenciais menores do que aqueles que as plantas conseguem extrair. Tollner et al. (1984)

observaram que a disponibilidade de água para as plantas foi menor em solo sob plantio direto

apesar deste sistema ter apresentado maior armazenamento de água do que o manejo

convencional. Já, Van Ouwerkerk e Boone (1970) verificaram que a disponibilidade de água

as plantas foi semelhante entre os sistemas de manejo, embora o plantio direto tenha

apresentado maior retenção de água do que o convencional.

A falta de relação direta entre a retenção e a disponibilidade de água

está ligada a diferenças na estrutura e porosidade do solo (relação macroporos e microporos)

entre os sistemas de manejo. Essas diferenças nas propriedades físicas podem aumentar a

quantidade de poros numa faixa cuja água retida não se encontrará disponível para as plantas.

4.4 Dinâmica da matéria orgânica

Em solos tropicais e subtropicais altamente intemperizados, a matéria

orgânica tem grande importância no fornecimento de nutrientes as culturas, na retenção de

cátions, na complexação de elementos tóxicos e de micronutrientes, na estabilidade da

estrutura, na infiltração e retenção de água, na aeração, na atividade e diversidade microbiana,

constituindo assim, um componente fundamental de sua capacidade produtiva (STEVENSON,

1994).

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Normalmente em solos sob vegetação nativa, os teores de matéria

orgânica do solo se mantêm estáveis no tempo, à medida que as adições de carbono orgânico

via resíduos de vegetais e sua conversão em matéria orgânica do solo são da mesma

magnitude que as perdas de carbono orgânico pela mineralização da matéria orgânica

promovidas pela atividade microbiana (SANCHEZ, 1976).

O uso agrícola altera o teor de matéria orgânica do solo, ocasionando,

normalmente, uma redução acentuada quando utilizados métodos de preparo com intenso

revolvimento do solo e sistemas de culturas com baixa adição de resíduos vegetais

(PALADINI; MIELNICZUK, 1991). Nessa situação, é estabelecido um processo de

degradação das condições químicas, físicas e biológicas do solo, além da perda da

produtividade das culturas.

4.4.1 Acúmulo de matéria orgânica no solo

O teor de matéria orgânica do solo é determinado pela diferença entre

as quantidades de carbono adicionadas e perdidas. A fração do carbono orgânico adicionado,

efetivamente retido no solo na forma de matéria orgânica, e a fração do carbono na matéria

orgânica do solo, perdido pela decomposição microbiana, erosão e lixiviação, são afetadas

pela temperatura, umidade, textura e mineralogia do solo e práticas de manejo, especialmente

o grau de revolvimento do solo. Segundo Bayer (1996), solos argilosos e mais intemperizados,

com predomínio de minerais de carga variável, como os Latossolos, apresentam menores taxas

de decomposição da matéria orgânica, além disso, essas taxas são menos influenciadas pelos

sistemas de preparo do solo, em comparação a solos arenosos e menos intemperizados. O

autor observou em um Latossolo Bruno (620 g kg-1

de argila e 211 g kg-1

de Fe2O3), em

preparo convencional, uma taxa de decomposição de 1,4%, a qual diminuiu para 1,2% no solo

em plantio direto. Por outro lado, em um Argissolo Vermelho Distrófico (220 g kg-1

de argila

e 103 g kg-1

de Fe2O3), a taxa de decomposição foi de 5,4% em preparo convencional, e de

2,9% no sistema plantio direto.

Nas regiões tropicais, de maneira geral, os solos apresentam um grau

mais avançado de intemperismo, havendo predomínio, na fração argila, de minerais, como

óxidos de ferro e alumínio e de argilosilicatos, como a caulinita. A elevada área de superfície

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específica e os grupos funcionais dispostos na superfície determinam a grande interação desses

minerais com a matéria orgânica do solo, resultando em uma maior estabilidade da fração

orgânica a decomposição pelos microrganismos (PARFITT et al., 1997).

Considerando que um mesmo sistema de manejo de solo afeta de

forma semelhante os regimes de temperatura e umidade, bem como o fracionamento e

incorporação dos resíduos vegetais em ambos os solos, o efeito diferenciado dos sistemas de

preparo na taxa de decomposição deve-se, provavelmente, a aspectos relacionados à diferente

capacidade de proteção da matéria orgânica a ação decompositora dos microrganismos. No

Latossolo, além da mais alta proteção física da matéria orgânica pela maior capacidade de

formação de agregados, a matéria orgânica encontra-se, em grande parte, associada a

superfícies minerais de óxidos de ferro, a qual é pouco afetada pelos preparos do solo, devido

à sua alta estabilidade química (OADES et al., 1989).

4.4.2 Frações da matéria orgânica

A matéria orgânica do solo é composta por palhada (resíduo vegetal na

superfície do solo), fração leve (resíduos em vários estágios de decomposição), biomassa

microbiana (bactérias, fungos, algas, protozoários e nematóides), compostos orgânicos

solúveis e matéria orgânica humificada. Cada constituinte da matéria orgânica possui suas

características moleculares e interage de maneira diferente nos processos que ocorrem no solo.

A quantidade e proporção com que cada constituinte é encontrado no solo têm sido utilizadas

como indicadores da qualidade do solo.

A degradação ou mineralização e a humificação são os processos

responsáveis pela evolução da matéria orgânica e ocorrem sob influência do meio. A

mineralização constitui a fase de perdas ocorridas durante a decomposição dos compostos

orgânicos, e é dividida em primária e secundária. Na primária ocorre a tranformação de 70-

80% da matéria orgânica em moléculas simples como CO2, H2O, permanecendo no solo uma

pequena fração de compostos fenólicos solúveis e compostos lignificados parcialmente

transformados; na secundária ocorre a degradação da matéria orgânica já estabilizada, da qual

os microrganismos utilizam, no seu metabolismo, o nitrogênio presente em cadeias alifáticas

de moléculas orgânicas pouco condensadas, como as que ocorrem em ácidos fúlvicos e

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húmicos castanhos. Os compostos fenólicos solúveis e os tecidos lignificados pouco

transformados que permanecem no solo após a mineralização da matéria orgânica fresca, são

estabilizados por processos bio-físico-químicos que ocorrem nas condições pedoclimáticas,

formando as frações ou substâncias humificadas. A humificação pode ocorrer de três formas:

pela herança, que se dá pela evolução direta de compostos lignificados pouco transformados

que se acumulam em ambientes desfavoráveis a atividade microbiana (turfas e solos

hidromórficos); pela via de síntese microbiana, que descreve a insolubilização de

polissacarídeos provenientes de microrganismos mortos, em meio biologicamente muito ativo,

formando a humina microbiana; pela via de insolubilização, que forma de substâncias húmicas

em solos aerados, pela oxidação de compostos fenólicos solúveis a quinonas, que polimerizam

em compostos dímeros e trímeros (ácidos crêmicos e himatomelânicos) que sofrem

policondensação dos núcleos aromáticos formando as substâncias húmicas. A importância

relativa de cada processo é governada pelos fatores pedogenéticos, que determinaram, em

função do tipo de ecossistema dominante, tipos morfológicos e diferenciados de húmus,

podendo ser facilmente modificados por alterações ambientais provocadas pelo uso do solo,

conduzindo a perdas quantitativas e qualitativas do húmus em solos cultivados (GUERRA et

al., 2008).

As substâncias húmicas são um grupo de compostos orgânicos de alta

complexidade química e estrutural. Consideradas os principais componentes da matéria

orgânica, constituem 85% a 90% da reserva total do carbono orgânico (SANTOS;

CAMARGO, 1999). Essas substâncias podem ser divididas em diferentes frações, de acordo

com as características físico-químicas de cada grupo de substâncias húmicas, em função dos

procedimentos de separação e extração (GUERRA; SANTOS, 1999). Considerando a

solubilidade em meio ácido e alcalino e o peso molecular, as substâncias húmicas podem ser

divididas em: ácidos fúlvicos (solúvel em qualquer pH e de baixo peso molecular), ácidos

húmicos (insolúvel em meio ácido e de maior peso molecular) e humina (material húmico com

elevado conteúdo de carbono e insolúvel em meio alcalino) (STEVENSON, 1994).

Os ácidos húmicos representam a fração intermediária entre a

estabilização dos compostos pela interação com a matéria mineral e a ocorrência de ácidos

orgânicos oxidados livres na solução do solo. Os ácidos húmicos são, portanto, indicadores da

direção do processo de humificação e refletem a condição de gênese e também de manejo do

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solo. Solos de ambientes temperados, naturalmente férteis, apresentam teores relativos de

ácidos húmicos e valores da relação C-ligado aos ácidos húmicos/C-ligado aos ácidos fúlvicos

maiores que 1,0 (KONONOVA, 1982). A fração orgânica dos solos tropicais é dominada

pelas huminas e, tanto a intensa mineralização dos resíduos, como restrições edáficas a

atividade biológica, torna os valores da relação C-ligado aos ácidos húmicos/C-ligado aos

ácidos fúlvicos menores do que 1,0 (DABIN, 1981; ORTEGA, 1982; CANELLAS et al.,

2000).

Fontana et al. (2008), estudando solos de várias regiões do Brasil,

encontraram padrões diferenciados das substâncias húmicas. Nos Latossolos, a humina

predominou, tanto nos horizontes superficiais como subsuperficiais, seguida dos ácidos

fúlvicos. O valor da relação C-ligado aos ácidos húmicos/C-ligado aos ácidos fúlvicos foi um

pouco maior nos horizontes superficiais, porém, de maneira geral, inferior a 1,0 em ambos os

horizontes. Nesses solos houve um aumento do C-ligado aos ácidos fúlvicos e diminuição

significativa do C-ligado aos ácidos húmicos nos horizontes subsuperficiais. De acordo com

Anjos et al. (2008), as variações nas substâncias húmicas, entre classes de solos e horizontes,

resultam de diferenças nos processos pedogenéticos e dos pedoambientais.

4.4.3 Matéria orgânica e as propriedades físicas do solo

A principal propriedade física do solo influenciada pela matéria

orgânica é a agregação. A partir do seu efeito sobre a agregação do solo, são afetadas as

demais características, como a densidade, a porosidade, a aeração, a capacidade de retenção e

a infiltração de água, que são fundamentais à capacidade produtiva do solo.

A formação dos agregados, unidades básicas da estrutura do solo, é

atribuída, primeiramente, às forças físicas envolvidas no umedecimento e secamento,

congelamento e descongelamento, e ação de compressão pelas raízes. Após a aproximação das

partículas minerais, a matéria orgânica apresenta importância fundamental como um dos

fatores determinantes da estabilização dos agregados. Campos et al. (1995) demonstraram a

relação entre diâmetro médio geométrico dos agregados e os teores de carbono orgânico em

um Latossolo Vermelho escuro. Outros autores, observaram que a importância da matéria

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orgânica do solo na estabilidade dos agregados é variável com a textura e mineralogia dos solo

(ROTH et al., 1991; ANGERS, 1992; SILVA; MIELNICZUK, 1997).

Na formação e estabilização de agregados várias formas de ligação

ocorrem concomitantemente. As macromoléculas húmicas apresentam uma grande quantidade

de radicais orgânicos, que interagem de forma distinta com a superfície do mineral.

Adicionalmente às ligações eletrostáticas, coordenação e ponte de cátions, a alta resistência

dos agregados organominerais se deve a outras formas de atração, como pontes de hidrogênio,

forças de van der Waals e aumento da entropia do sistema. Este é causado pelo deslocamento

de um grande número de moléculas de água, quando da adsorção de macromoléculas húmicas

à superfície dos minerais.

Outra categoria de compostos orgânicos importantes na estabilização

de agregados são os polissacarídeos. Eles fazem parte do grupo dos carboidratos, os quais

representam 5-25% da matéria orgânica do solo (GUERRA et al., 2008). Os polissacarídeos

do solo são mucilagens provenientes do metabolismo microbiano (STEVENSON, 1994) e da

decomposição de raízes, resíduos vegetais e animais e da exsudação radicular (OADES,

1984).

A rizosfera é também um importante sitio de produção de mucilagens.

Materiais orgânicos liberados pelas raízes no solo podem atingir de 40 a 79% do seu peso seco

(BARBER; MARTIN, 1976), e são considerados como substâncias estabilizadoras de

agregados (OADES, 1978). Além do efeito direto das excreções radiculares na estabilização

dos microagregados, devido à ação cimentante, poderá ocorrer influência indireta, já que esses

compostos orgânicos representam uma importante fonte de carbono e energia para os

microrganismos heterotróficos do solo, e através de sua decomposição, ocorre liberação de

polissacarídeos de origem microbiana.

Em relação à estabilidade dos macroagregados, formados a partir da

união de microagregados, os componentes orgânicos mais importantes são os polissacarídeos e

as hifas de fungos. No caso das hifas de fungos, a sua atuação na estabilização dos

macroagregados é mecânica. Os micélios distribuídos por todo o solo contribuem para enlaçar

e unir os microagregados. Como para os polissacarídeos, a agregação através desse

mecanismo é efêmera, e a estabilidade dos agregados depende da manutenção de alto

conteúdo de hifas de fungos (EASH et al., 1994).

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A manutenção ou recuperação dos teores de matéria orgânica e da

qualidade do solo pode ser alcançada pela utilização de métodos de preparo sem revolvimento

ou com mínima mobilização do solo e por sistemas de cultura com alta adição de resíduos

vegetais, resultando, em menores taxas de perda e maiores taxas de adição de matéria orgânica

ao solo.

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5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Localização e caracterização da área experimental

O trabalho foi realizado em um experimento de longa duração,

estabelecido em 1989, na Fazenda Experimental Lageado da Faculdade de Ciências

Agronômicas, Campus de Botucatu – UNESP, no município de Botucatu – SP, situada a

22º51 ̓de latitude sul, 48º26 ̓de longitude oeste (Figura 1).

Figura 1. Localização da área experimental e da área de mata.

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De acordo com a classificação de Köeppen, o clima predominante na

região é do tipo Cwa, que se caracteriza pelo clima tropical de altitude, com inverno seco e

verão quente e chuvoso (LOMBARDI NETO; DRUGOWICH, 1994).

O solo da área experimental foi classificado, anteriormente, como

Terra Roxa Estruturada, textura argilosa (CARVALHO et al., 1983), atualmente Nitossolo

Vermelho distroférrico, que se caracteriza por uma baixa saturação por bases (V < 50%) na

maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA), de acordo com o Sistema

Brasileiro de Classificação de Solos (EMBRAPA, 2006).

Na Tabela 1 encontra-se a caracterização granulométrica do solo da

área experimental e da área de mata.

Tabela 1. Caracterização granulométrica das camadas 0,0 – 0,10 e 0,10 – 0,20 m do solo da

área experimental e da área de mata.

Frações granulométricas Textura

Areia Silte Argila

_______________________________________ g kg-1

______________________________________

Área experimental

0,0 – 0,10 m 220 239 541 argilosa

0,10 – 0,20 m 215 247 538 argilosa

Mata

0,0 – 0,10 m 550 106 344 média

0,10 – 0,20 m 450 123 427 argilosa

5.2 Histórico da área experimental

A área experimental é conduzida desde 1989 em oito arranjos de

preparo e manejo do solo, dos quais foram escolhidos quatro para compor o presente estudo.

Os preparos do solo são aplicados às parcelas a cada ciclo agrícola. Até 1996 a área foi

manejada com sucessões de trigo e soja e, a partir de 1996, com rotações de aveia preta,

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triticale ou trigo no inverno. No inverno de 2007 a área foi cultivada com aveia preta e no

verão foram aplicados os preparos do solo às parcelas que receberam a cultura da mandioca.

Em 2008, um ano após a aplicação dos preparos do solo, foram coletadas as amostras e

realizadas as determinações de campo.

5.3 Delineamento experimental e tratamentos

O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados, com

cinco tratamentos e quatro repetições, em parcelas de 150 m2. Os tratamentos estudados foram

empregados por 19 anos consecutivos: arado de discos atuando até a profundidade de 0,20 a

0,25 m + duas gradagens niveladoras atuando à profundidade de 0,10 a 0,13 m (AD+G), grade

pesada atuando até a profundidade de 0,15 a 0,18 m + duas gradagens niveladoras atuando à

profundidade de 0,10 a 0,13 m (GP+G), semeadura direta (SD), pousio (PS) com vegetação

espontânea e mata (MA).

5.4 Coleta das amostras de solo

A coleta de amostras foi realizada nos meses de outubro e novembro

de 2008. Na ocasião das coletas a cultura da mandioca estava instalada nas parcelas que

compõem o experimento. As amostras indeformadas destinadas à confecção das lâminas

delgadas foram coletadas nas camadas de 0,0-0,10 m e 0,10-0,20 m, em tubos PVC de seis

polegadas, cortados com 0,10m de altura, com duas repetições. Para a determinação da curva

de retenção de água, água disponível e densidade do solo foram coletadas amostras

indeformadas em cilindros de inox, com 0,05 m de altura e 0,05 m de diâmetro, nas camadas

de 0,0-0,10 m e 0,10-0,20 m, com quatro repetições. A coleta de amostras indeformadas foi

realizada em cada parcela nas paredes de trincheiras de 1,00 m de largura por 0,30m de

profundidade, com o auxílio de um macaco hidráulico (Figura 2).

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Figura 2. Sistema hidráulico de coleta de amostras indeformadas de solo.

Foram coletadas amostras com auxílio de enxada e pá de corte, nas

camadas de 0,0-0,10m e 0,10-0,20m, com quatro repetições. Essas amostras foram utilizadas

para caracterização da matéria orgânica do solo, da distribuição de agregados por tamanho e

diâmetro médio ponderado, da distribuição das partículas do solo por tamanho e argila

dispersa em água.

5.5 Análises micromorfológicas e micromorfométricas

5.5.1 Análise de lâminas delgadas e de blocos impregnados

As amostras indeformadas, para análises micromorfológicas e

micromorfométricas, foram coletadas em trincheiras de 1,00 m de largura por 0,30 m de

profundidade, nas camadas 0,00 – 0,10 m e 0,10 – 0,20 m, com duas repetições para cada

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tratamento. Foram utilizados tubos de PVC de seis polegadas, cortados com 0,10 m de altura,

que foram introduzidos no solo com auxílio de um macaco hidráulico.

Depois de coletadas as amostras foram levadas ao Laboratório de

Pesquisa do Departamento de Ciência do Solo da Faculdade de Ciências Agronômicas da

Unesp/Botucatu, onde foram secas ao ar por 15 dias e, em seguida, em estufa a 40 ºC por 24 h.

A impregnação foi realizada com resina de poliéster “cristal” pré-acelerada, segundo

metodologia apresentada por Murphy (1986). A viscosidade da resina foi reduzida com a

adição de monômero de estireno, para facilitar a penetração da resina no interior da amostra

(CASTRO et. al., 2003). Para definir a proporção que melhor se adequaria às amostras foram

feitos testes, e a que mostrou-se mais satisfatória foi a de meia parte de monômero para uma

de resina (ambos distribuídos por Redealease®). O pigmento fluorescente Uvitex OB (Ciba -

Geigy®

) (MURPHY, et al., 1977a) foi utilizado na proporção de 5 g de pigmento por litro de

monômero de estireno. Como catalizador, que é responsável pelo controle do endurecimento

da amostra (RINGROSE – VOASE, 1991), foram empregadas 5 gotas do Peróxido orgânico

(Butanox M50, distribuído por Redealease®) por litro da mistura.

Para facilitar a penetração da resina nas amostras de solo, e assim,

aumentar a eficiência de impregnação, foi utilizado um sistema de vácuo, conforme Castro et

al. (2003). Esse sistema é composto por um dessecador, no qual as amostras eram colocadas,

ligado à uma bomba de vácuo. A solução de impregnação foi adicionada, aos poucos, às

amostras para evitar o aprisionamento de ar. Após a primeira adição da solução, a bomba foi

ligada e aguardou-se até que metade da quantidade adicionada de solução fosse absorvida

pelas amostras para fazer uma nova adição de solução. Repetiu-se o procedimento para cada

preenchimento, até o total recobrimento das amostras, mantendo-as sob vácuo por no mínimo

6 horas.

Depois de endurecidos os blocos foram cortados, usando serra de

diamante, aproximadamente 30 dias após a impregnação. Foi realizado um corte fino por

bloco, destinado à confecção de lâminas delgadas. Esse bloco fino teve uma das faces polida,

para a obtenção de uma superfície plana, que foi colada, com cola Araldite®, a uma lâmina de

vidro de tamanho 50 x 76 mm. Após ter sido colado à lâmina de vidro o bloco teve sua outra

face polida, até atingir espessura de aproximadamente 25 µm, desejável para a observação das

características ópticas de minerais e solos ao microscópio óptico. Esse polimento foi realizado

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sobre camada abrasiva, em disco rotatório com adição de carbureto de silício,

progressivamente mais fino, mantendo a amostra sempre úmida em contato com o material

abrasivo (Figura 3). O polimento final foi feito, manualmente, com a utilização de abrasivos,

controlando a espessura em microscópio pela extinção padrão do quartzo presente. Todos os

procedimentos para a confecção das lâminas foram realizados no Laboratório de Física do

Solo do Departamento de Ciência do Solo da Faculdade de Ciências Agronômicas da

Unesp/Botucatu.

Figura 3. Máquina com disco rotatório utilizada para o polimento das amostras (a), disco com

carboreto de silício (b) e realização do polimento (c).

As duas faces restantes de cada bloco foram levadas ao Laboratório de

Confecção de Lâminas Delgadas da Universidade de Lleida (Espanha), onde foram cortadas

em quatro fatias de 50 x 100 mm, também chamadas de blocos, totalizando quatro repetições

por tratamento (Figura 4).

Figura 4. Máquina de corte do Laboratório de confecção de lâminas delgadas da Universidade

de Lleida (a) e realização do corte dos blocos impregnados (b).

(a) (b)

(a) (b) (c)

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Os blocos tiveram uma de suas faces polida em máquina (Rectifieuse

Multiplaques, modelo 1.03.12P, da marca francesa BROT®

) (Figura 5), foram re-impregnados

para correção de algumas falhas de impregnação (Figura 6) e, novamente polidos, para a

realização da análise de imagens.

Figura 5. Máquina de polimento Rectifieuse Multiplaques, modelo 1.03.12P, da marca

francesa BROT®

(a) e blocos impregnados sendo polidos (b).

Figura 6. Re-impregnação dos blocos para correção de falhas (a) e blocos re-impregnados (b).

As lâminas delgadas de solo também foram levadas ao Laboratório de

Micromorfologia e Análise de Imagens da Universidade de Lleida (Espanha), onde foram

realizadas as descrições micromorfológicas das lâminas, com o auxílio de um microscópio

ótico polarizante OLYMPUS®, modelo BX51, conforme os critérios e terminologia propostos

por Stoops (2003) (Figura 7a). A descrição foi feita através do preenchimento de fichas de

(a) (b)

(a) (b)

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descrição. A análise micromorfológica compreendeu as seguintes etapas: identificação dos

constituintes do fundo matricial e sua freqüência aproximada; estudo do sistema poral;

identificação da micromassa e da b-fabric; e identificação das feições pedológicas. Os passos

descritos foram repetidos para cada lâmina.

Figura 7. Laboratório de micromorfologia e análise de imagens da Universidade de Lleida.

Descrição morfológica das lâminas delgadas (a) e aquisição das imagens dos blocos

em ambiente escuro sob luz ultravioleta (b).

Para procedimento de análise de imagens, foram adquiridas 20

imagens por bloco, totalizando 80 imagens (fotomicrografias) aleatórias por tratamento,

adquiridas com câmera digital em cores (OLYMPUS®, modelo SC20), conectada a um

microscópio OLYMPUS®

, modelo BX51 (Figura 7b).

Os poros foram quantificados a partir de imagens adquiridas sobre a

face polida dos blocos de solo, como sugerido por Mermut (1992). Sob luz ultravioleta e em

ambiente escuro, o espaço poroso (mais claro) foi destacado da matriz do solo (mais escura)

pelo pigmento fluorescente utilizado. As imagens foram digitalizadas em 1596 x 1196 pixels,

com resolução espectral de 255 tons de cinza, em aumento de 2x. A identificação dos poros da

imagem foi feita pela delimitação da limiarização (“Thresholding”) de tons de cinza para cada

conjunto de imagens. Uma vez feita a aquisição da imagem, esta foi binarizada e os poróides

individualizados, utilizando o programa de análise de imagens ImageJ (RASBAND, 2008).

A porosidade foi calculada como a soma das áreas de todos os poros

dividida pela área total da imagem, em porcentagem. A expressão utilizada para a

(a) (b)

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35

classificação dos poros de acordo com sua forma foi: Área / Perimetro2

(BOUMA et al. 1977).

Os poros foram divididos em três grupos: arredondados (A/Pe2 > 0,04), complexos (A/Pe

2

0,015-0,04) e alongados (A/Pe2 < 0,015). Dentro de cada classe de formato os poros foram

classificados por tamanho: muito pequenos (área < 156 µm2), pequenos (área entre 156 –

15600 µm2), médios (área entre 15600 – 156000 µm

2) e grandes (área > 156000 µm

2).

5.6 Análises físicas

5.6.1 Argila dispersa em água

A argila dispersa em água foi determinada pelo método da pipeta

descrito por Gee e Bauder (1986).

5.6.2 Curva de retenção de água e conteúdo de água no solo entre as tensões

0,006 e 1,5 MPa

Para a determinação das curvas de retenção de água no solo foram

utilizadas câmaras de pressão de Richards para as tensões maiores (0,03; 0,1 e 1,5 MPa) e a

mesa de tensão para a tensão menor (0,006 MPa), segundo Embrapa (1997) (Figura 8). Os

dados da relação umidade volumétrica e potencial mátrico foram ajustados pelo programa

computacional SWRC de Dourado Neto et al. (2000), que utiliza o modelo de Van Genuchten

(1980). Para determinação do conteúdo de água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa foi

utilizada a seguinte expressão:

CA = (θ0,006 – θ1,5)

Sendo:

CA = conteúdo de água (dm3dm

-3)

Θ0,006 = teor de água na tensão de 0,006 MPa (dm3dm

-3);

Θ1,5 = teor de água na tensão de 1,5 MPa (dm3dm

-3).

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36

Figura 8. Mesa de tensão (a) e câmaras de pressão de Richards (b).

5.6.3 Densidade do solo

Para a determinação da densidade do solo (Ds) utilizou-se o método do

anel volumétrico segundo Embrapa (1997).

5.6.4 Distribuição de agregados por tamanho e diâmetro médio ponderado

A distribuição dos agregados por tamanho foi obtida pelo método por

via seca (EMBRAPA,1997). O diâmetro médio ponderado (DMP) dos agregados retidos nas

peneiras de 4-2 mm; 2-1 mm; 1- 0,5 mm; 0,5-0,25 mm; 0,25-0,10 mm; 0,10-0,05 mm e < 0,05

mm foi calculado utilizando a expressão:

n

DMP = Σ mi/m Di

i=1

Sendo:

n é o número de classes de agregados;

mi é a massa da classe i;

m é a massa total; e

Di é a média aritmética dos limites inferior e superior da classe.

(a) (b)

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37

5.6.5 Infiltração de água no solo

Para a determinação de infiltração da água no solo foi utilizado o

método dos anéis concêntricos (BOUWER, 1986), com anéis de 0,15 e 0,30 m de diâmetro.

Foram realizadas duas repetições em cada parcela, totalizando 8 medições por tratamento.

Figura 9. Equipamentos instalados no campo para a determinação da infiltração de água no

solo.

5.6.6 Porosidade total, macroporosidade e microporosidade

A porosidade total, macro e microporosidade foram determinadas

utilizando o método da mesa de tensão (EMBRAPA,1997).

5.6.7 Resistência do solo à penetração

A determinação da resistência do solo à penetração foi realizada na

parede de trincheiras de 1,0 m x 0,30 m em cada parcela, com quatro repetições, totalizando

16 medições por tratamento em cada camada. A avaliação foi feita utilizando-se um

penetrômetro de bolso marca DIK, com leituras em kg cm-2

. Simultaneamente a esta operação,

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38

foram retiradas amostras de solo para determinação do teor de água atual pelo método

gravimétrico (EMBRAPA, 1997).

5.7 Análises químicas

5.7.1 Carbono orgânico total do solo

O teor de carbono orgânico total (C) foi determinado pelo método

Walkley Black (RAIJ et al. 2001), baseado na oxidação do carbono orgânico pelo dicromato

de potássio.

5.7.2 Fracionamento químico da matéria orgânica do solo

Foram determinadas as frações carbono ligado aos ácidos fúlvicos

(AF), carbono ligado aos ácidos húmicos (AH) e carbono ligado à humina (HU) da matéria

orgânica do solo (Figura 10). A extração alcalina da matéria orgânica e a separação das

frações húmicas foram realizadas conforme método descrito por Kumada (1987), enquanto a

determinação dos AF e AH de acordo com a metodologia de Tatsukawa (1966).

As amostras de solo foram colocadas em tubos de centrífuga

resistentes ao calor, previamente identificados. Adicionou-se 30 mL de solução de NaOH 0,1

M e os tubos foram aquecidos em banho maria a 100ºC durante 30 minutos. Logo após a

retirada dos tubos do banho maria, acrescentou-se 1 g de Na2SO4 e deixou-se esfriar em cuba

com gelo. Depois do resfriamento os tubos foram levados à centrifuga por 5 minutos a 7000

rotações por minutos. Após a centrifugação, o sobrenadante foi transferido para erlenmeyer de

250 mL, devidamente identificado. Ao tubo contendo a terra sedimentada adicionou-se 20 mL

de uma solução mista de Na2SO4 e NaOH (30,0 + 4,0 g L-1

, respectivamente), agitou-se com

bastão de vidro para promover um melhor contato entre a terra e a solução. Centrifugou-se,

novamente, sob o mesmo tempo e rotação da primeira centrifugação, e o sobrenadante

transferido para o mesmo erlenmeyer. Repetiu-se o procedimento a partir da adição da solução

mista mais uma vez. Ao extrato coletado no erlenmeyer adicionou-se mais 10 mL da solução

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mista e, imediatamente, mais 0,8 mL de H2SO4 concentrado. Agitou-se bem, tampou-se,

deixou-se descansar por 5 horas. Decorrido o período de repouso, o extrato foi filtrado

utilizando papel filtro qualitativo Whatman número 6, passando para balão volumétrico de 100

mL a fração solúvel em meio ácido, o C-AF e, ficando retidos no filtro os resíduos insolúveis

em meio ácido correspondentes às frações C-AH e C-HU. Completou-se o volume do balão

volumétrico contendo AF com solução 0,18 M de H2SO4. O filtro contendo os resíduos

insolúveis em meio ácido foi colocado em erlenmeyer de 250 mL ao qual adicionou-se 80 mL

de solução de NaOH 0,1 M, agitou-se bem e filtrou-se, novamente, passando o extrato para

balão volumétrico de 100 mL. Completou-se o volume, obtendo-se dessa maneira, a fração C-

AH.

Figura 10. Etapas do fracionamento químico da matéria orgânica: centrifugação e coleta do

sobrenadante (a); filtração e separação dos extratos com as frações C-AF e C-AH

(b) (Fotos: adaptado de PELÁ, 2005).

Foi realizada a leitura em absorbância, em espectrofotômetro a 645 nm

de comprimento de onda. Com soluções de glicose (0, 50, 100, 250 e 500 ppm de C)

construiu-se a reta padrão. Foram pipetados 1,5 mL de alíquota, tanto dos pontos da reta

padrão, quanto dos extratos contendo as frações C-AF e C-AH, transferiu-se para becker de

vidro de 50 mL, adicionou-se 3 mL de H2SO4 + K2Cr2O7 (3,175 g de K2Cr2O7 em 500mL de

H2SO4), aguardou-se desenvolver cor e diminuir a temperatura da amostra, para proceder a

leitura. A fração C-HU foi obtida pela diferença entre o C-total e C-AF + C-AH.

(a) (b)

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40

5.8 Análise estatística

Os resultados foram submetidos à análise de variância e a comparação

entre as médias foi feita pelo teste de Tukey, a 5% de significância, utilizando o Sistema de

Análise Estatística – Winstat (MACHADO, 2001).

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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Descrição micromorfológica das lâminas delgadas

Na Tabela 2 é apresentada a descrição micromorfológica das lâminas

delgadas dos tratamentos e camadas estudados.

A análise micromorfológica das lâminas delgadas permitiu observar a

presença de estruturas modificadas pelo uso agrícola, principalmente em subsuperfície, com

alterações estruturais na geometria dos poros.

A camada superficial do solo sob mata apresentou microestrutura com

pedalidade moderada, formada por macro e microagregados granulares. Esses macroagregados

têm origem ligada aos altos teores de matéria orgânica presente nessa camada, sendo de

ocorrência comum em horizonte superficial de solos sob mata (SILVA et al. 1998). A camada

superficial dos tratamentos, semeadura direta e arado de discos, apresentou microestrutura

semelhante a do solo sob mata, com exceção da presença de macroagregados (Figura 11). Já,

na camada subsuperficial desses tratamentos, observa-se a coalescência de microagregados,

que resulta na modificação do espaço poroso, aumentando as cavidades e diminuindo os poros

de empacotamento, conforme o sugerido por Ringrose-Voase; Bullocck (1984).

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Tabela 2. Descrição micromorfológica dos tratamentos e camadas estudadas.

Tratamentos

Atributos

Camada (m) Distribuição

Relativa c/f* Microestrutura Porosidade

Feições

Pedológicas

Mata 0,0 – 0,10 Porfiro -

enáulica

Microagregados

granulares e formação

de estrutura secundária

(macroagregados/2-3

mm). Pedalidade

moderada.

Poros de

empacotamento,

canais,

cavidades e

fissuras.

Preenchimento

por agregados

e excrementos

solto contínuo

e descontínuo.

Mata 0,10 – 0,20 Porfiro -

enáulica

Microagregados

granulares e

microagregados

coalescidos.

Pedalidade moderada.

Poros de

empacotamento,

canais,

cavidades e

fissuras.

Preenchimento

por agregados

e excrementos

solto contínuo

e descontínuo.

Semeadura

direta 0,0 – 0,10 Enáulica

Microagregados

granulares. Pedalidade

forte.

Poros de

empacotamento,

canais, câmaras

e fissuras.

Preenchimento

por agregados

solto contínuo.

Semeadura

direta 0,10 – 0,20

Porfiro -

enáulica

Microagregados

granulares e

microagregados

coalescidos.

Pedalidade moderada.

Poros de

empacotamento,

canais,

cavidades e

fissuras.

Preenchimento

por agregados

solto contínuo.

Arado de

discos 0,0 – 0,10

Porfiro -

enáulica

Microagregados

granulares e

microagregados

coalescidos.

Pedalidade moderada.

Poros de

empacotamento,

canais,

cavidades e

fissuras.

Preenchimento

por agregados

solto contínuo.

Arado de

discos 0,10 – 0,20 Porfírica

Microagregados

coalescidos.

Pedalidade fraca.

Cavidades e

fissuras. Não apresenta.

Grade pesada 0,0 – 0,10 Porfiro -

enáulica

Microagregados

granulares e

predomínio de

microagregados

coalescidos.

Pedalidade fraca.

Cavidades e

fissuras. Não apresenta.

Grade pesada 0,10 – 0,20 Porfírica

Microagregados

coalescidos.

Pedalidade fraca.

Cavidades,

fissuras. Não apresenta.

Pousio 0,0 – 0,10 Porfiro -

enáulica

Microagregados

granulares e

predomínio de

microagregados

coalescidos.

Pedalidade fraca.

Canais,

cavidades e

câmaras.

Preenchimento

por agregados

solto contínuo.

Pousio 0,10 – 0,20 Porfírica

Microagregados

coalescidos.

Pedalidade fraca.

Canais,

cavidades e

fissuras.

Não apresenta

*c/f: relação entre o material grosseiro e fino, do inglês coarse/fine.

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Figura 11. Microestrutura do solo sob (a) mata, (b) semeadura direta e (c) arado de discos, na

camada 0,0 – 0,10 m.

Em solos compactados ocorre deformação dos agregados originais,

parcial ou total e, dependendo do grau de compactação, agregados podem passar de uma

forma granular pequena a muito pequena, para uma estrutura mais contínua, ou seja, maciça

(CASTRO et al., 2003). Esse processo resulta na modificação da forma e do tamanho dos

agregados originais, pela sua coalescência crescente, e redução da porosidade original.

No solo sob pousio e no preparado com grade pesada, a coalescência

dos microagregados é predominante e observada desde a camada superficial. Os tipos de poros

predominantes nesses tratamentos passam a ser as cavidades e os planares, ou fissuras, sendo

ainda possível observar os contornos originais dos microagregados (Figura 12). Palocci et al.

(1999) afirmam que quanto mais evoluída a compactação, menos se reconhecem esses

contornos, e os poros policôncavos desaparecem pela transformação do material em uma

massa contínua.

Figura 12. Porosidade do solo sob (a) pousio e (b) sob preparo com grade pesada na camada

0,0 – 0,10 m.

(a) (b) (c)

1000µm 1000µm 1000µm

1000µm 1000µm

(a) (b)

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Quando a compactação sobre microagregados arredondados é menos

evoluída, é possível identificar parte dos contornos originais dos microagregados, em razão do

menor grau de coalescência, evidenciado por uma porosidade policôncava fina, que resulta

numa distribuição relativa porfírica ou porfírica-enáulica, conforme Castro et al. (2003).

O desenvolvimento inicial de compactação, nos horizontes superficiais

com o cultivo de cana-de-açúcar, também foi observado por Silva et al. (1995), estudando as

modificações micromorfológicas ocorridas em Latossolos Amarelos argilosos.

Soares et al. (2005), avaliando as condições micromorfológicas de

perfis de Latossolo Vermelho submetidos a sistema de manejo tradicional intensivo, com as

culturas de citros e cana-de-açúcar , observaram que o uso agrícola do solo promoveu

alterações na forma e no tamanho dos agregados, fazendo com que um ambiente,

originalmente com forte pedalidade e porosidade conectada, apresente uma distribuição

relativa porfírica, com redução da macroporosidade, pela coalescência de agregados.

A compactação e a degradação da microestrutura granular de

Latossolos como, conseqüência do cultivo, têm sido frequentemente relatadas. Em solos

cultivados, os principais processos envolvidos na formação de uma microestrutura maciça são

a destruição de agregados maiores e a aproximação mecânica de agregados menores formando

grandes blocos. Além disso, mudanças no uso do solo também afetam a estrutura do mesmo,

devido à indução de mudanças na composição da macrofauna do solo (MARCELINO et al.,

2010).

No solo sob mata, a porosidade foi caracterizada principalmente por

poros de empacotamento e por canais. Alguns desses canais estão preenchidos por raízes em

vários estádios de decomposição, ocorrendo ainda preenchimentos relacionados à atividade da

fauna do solo (Figura 13).

Além disso, foi verificada a presença de excrementos, também

chamados de pelotas fecais, que se encontravam frescos, ou seja, praticamente intactos no

solo, indicando grande atividade da fauna do solo. Foram observados excrementos de dois

tipos (Figura 13), uns são organo-minerais, elipsoidais, lisos, produzidos por ácaros em poros

do tipo canais próximos de restos vegetais; outros são maiores, organo-minerais, com tecidos

vegetais reconhecíveis e são produzidos por minhocas, conforme descrição de Kooistra e

Pulleman (2010).

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Figura 13. Feições pedológicas encontradas na camada 0,0 – 0,10 m do solo sob mata. (a)

secção de tecido vegetal, (b) presença de preenchimento de canal por agregados e

excrementos, (c) excrementos produzidos por ácaros e (d) excremento produzido

por minhoca.

Em todos os tratamentos também foram observados fragmentos

carbonizados (Figura 14). O carvão resulta da queima incompleta de resíduos vegetais e se

origina de material orgânico queimado na superfície do solo ou de materiais orgânicos

carbonizados em outros ambientes, e aplicado ao solo na forma de cinzas, sua incorporação é

realizada por bioturbação ou pelo preparo do solo (STOLT; LINDBO, 2010). Fragmentos de

carvão também podem ser depositados pela água ou pelo vento. Conforme Stolt e Lindbo

(2010), a cor preta, aparência opaca e bordas nítidas ajudam a diferenciar os fragmentos de

carvão de outros materiais orgânicos, e os fragmentos de tamanho grande permitem a

visualização da estrutura celular do material, o que foi observado no presente estudo.

(a)

(c)

(b)

(d)

500µm 500µm

500µm 500µm

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Figura 14. Fragmentos de carvão observados nas lâminas delgadas de solo.

Curmi et al. (1994), estudando o efeito do uso agrícola na modificação

da estrutura e da porosidade do solo, verificaram que a compactação induzida pelo cultivo

afetou, de forma diferencial, cada classe de poro, sendo os poros oriundos da fauna e flora os

mais afetados. Resultados semelhantes foram observados no presente trabalho, pois o solo

preparado com grade pesada apresentou menos canais que o solo sob mata e semeadura direta.

6.2 Análise micromorfométrica

Na Tabela 3 é apresentada a análise da variância para os valores de

porosidade (% de área) quantificados pelo programa ImageJ.

Tabela 3. Análise da variância para os valores de porosidade (% de área) quantificados pelo

programa ImageJ, para 20 repetições por bloco.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 12835.172 3208.793 26,849*

Bloco 3 1434.1796 478.0599 4,001*

Camada (B) 1 26440.801 26440.8 221,24*

A x B 4 4331.2356 1,082.809 9,0602*

Resíduo 787 94056.261 119.5124 -

Total 799 139097.65 - -

Coeficiente de variação = 46,6 Desvio padrão = 10,9

* significativo a 5% de probabilidade.

1000µm

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Com base nos resultados obtidos (Tabela 4), verificou-se que o

tratamento mata apresentou maior valor de porosidade na camada 0 – 0,10 m, porém não

diferindo do tratamento semeadura direta.

Tabela 4. Valores médios de porosidade (% de área) quantificados pelo programa ImageJ para

os tratamentos e camadas estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

Pesada

m ______________________________________

% ______________________________________

0,00 - 0,10 34,09 a A 13,70 c A 30,19 ab A 27,16 b A 13,67 c A

0,10 - 0,20 25,15 a B 10,90 b A 14,84 b B 22,76 a B 14,41 b A

Média 29,62 a 12,30 c 22,51 b 24,96 b 14,04 c

Diferença mínima significativa (tratamento) = 5,66; Diferença mínima significativa (camada) = 4,06. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente pelo Teste de

Tukey a 5% de probabilidade.

A porosidade do solo sob preparo com grade pesada foi

estatisticamente menor que a porosidade do solo que sofreu preparo com arado de discos, nas

duas camadas. Esse resultado se deve a ação do implemento agrícola utilizado, que pulveriza

os horizontes superficiais promovendo desagregação com intensidade superior à do arado,

aumentando a densidade de acomodação do solo. Schaefer et al. (2001), estudando

características morfométricas da porosidade de um Argissolo Vermelho-Amarelo, também

encontraram diminuição da porosidade nos sistemas de preparo do solo que envolveram o uso

de grade pesada. Kamimura et al. (2009), estudando propriedades físicas de um Latossolo

Vermelho textura argilosa, também observaram que o preparo com grade pesada + grade

niveladora proporcionou menor macroprosidade e porosidade total.

Na camada 0,10 – 0,20 m o solo sob mata apresentou o maior valor de

porosidade (25,15%), não diferindo do tratamento arado de discos (22,76%). Albuquerque et

al. (2001) também verificaram maior valor para porosidade total em solo sob floresta

subtropical, em comparação aos tratamentos sob ação antrópica. Na condição de floresta

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natural ou mata, o solo permanece constantemente coberto por material vegetal, ocorrendo

intensa atividade biológica, resultando em maior formação e estabilização de agregados.

A porosidade diminuiu da camada de 0,0 – 0.10 m para a camada de

0,10 – 0,20 m nos tratamentos mata, semeadura direta e arado de discos, indicando degradação

da estrutura do solo. O maior valor de porosidade na camada superficial (0,0-0,10 m) reflete

menor densidade do solo e pode ser atribuída ao acúmulo de material orgânico nessa camada

superficial, considerando o manejo do solo sem revolvimento.

O solo sob mata se enquadra na categoria de solos altamente porosos

(25-40%), enquanto que os solos manejados seriam classificados como moderadamente

porosos (10-25%), conforme classificação proposta por Pagliai (1988).

Na Figura 15, observa-se que o aumento do número total de poros da

camada superficial para a subsuperficial não refletiu em aumento da porosidade e sim em

redução, comportamento observado em todos os tratamentos estudados. Resultados

semelhantes foram encontrados por Pagliai et al. (1983), estudando o efeito do manejo sobre a

porosidade, ou seja, maior número de poros e menor porosidade total no solo sob semeadura

direta, quando comparado ao solo sob manejo convencional.

Com relação a distribuição do número de poros segundo a forma e

tamanho nota-se que os poros do tipo arredondado predominaram em todos os tratamentos e

nas duas camadas estudadas (Figura 15). A proporção desses poros arredondados variou entre

81,3% e 75,3%. A classe de poros complexos apresentou a segunda maior proporção entre os

tratamentos, variando de 20,7% a 16,4%, enquanto que a classe de poros alongados apresentou

a menor proporção, entre 4,2% e 1,9%.

Dentre os poros arredondados predominam os de tamanho < 156 µm2

(muito pequeno) e os entre 156 e 15600 µm2 (pequeno). Já dentre os alongados predominam

os de tamanho entre 15600 e 156000 µm2 (médio) e os > 156000 µm

2 (grande), enquanto que

dentre os complexos predominam os de tamanho entre 156 e 15600 µm2 (pequeno).

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Mata (0,0 - 0,10 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 151

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Mata (0,10 - 0,20 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 219

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Semeadura direta (0,0 - 0,10 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 173

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Semeadura direta (0,10 - 0,20 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 178

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Pousio (0,0 - 0,10 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 195

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Pousio (0,10 - 0,20 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 219

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Arado de discos (0,0 - 0,10 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 232

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Arado de discos (0,10 - 0,20 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 239

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Grade pesada (0,0 - 0,10 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 224

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Arr. Along. Comp.

Po

rcen

tag

em d

e p

oro

s

Grade pesada (0,10 - 0,20 m)

< 156 µm2 156 - 15600 µm2 15600 - 156000 µm2 > 156000 µm2

Número total de poros = 206

Figura 15. Distribuição do número total de poros do solo sob mata, semeadura direta, pousio,

arado de discos e grade pesada segundo a forma (Arr: arredondados; Along:

alongados; Comp: complexos) e o tamanho de poros.

(a)

(c)

(b)

(d)

(e) (f)

(g) (h)

(i) (j)

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50

Os poros alongados representam maior porção da porosidade, em

todos os tratamentos e camadas (Figura 16). Além disso, quando se comparam as camadas e

os tratamentos, com exceção do tratamento com grade pesada, nota-se que a porosidade está

diretamente relacionada à área ocupada por poros alongados, pois quanto maior essa área,

maior é a porosidade. Segundo Pagliai et al. (1983), poros alongados são importantes do ponto

de vista agronômico pois são tipicamente poros de transmissão.

O solo sob preparo com grade pesada apresentou comportamento

distinto dos demais, pois a porosidade foi maior na camada subsuperficial (Figura 16i, j), o

que deve estar relacionado com pequenos aumentos na área ocupada por poros arredondados e

complexos ocorridos na camada 0,10 – 0,20 m.

Na Tabela 5 é apresentada a análise da variância para distribuição da

porosidade segundo a forma dos poros.

Comparando os tratamentos, a porção da porosidade ocupada por

poros arredondados, na camada superficial, foi maior para a mata e o arado de discos,

enquanto que na camada subsuperficial não houve diferenças entre os tratamentos (Tabela 6).

Os poros classificados como arredondados compreendem os canais e câmaras formados pela

atividade biológica (crescimento de raízes e movimento da fauna do solo) e as vesículas

formadas por ar aprisionado no solo.

Os tratamentos mata e semeadura direta apresentaram maior porção de

poros alongados que os demais tratamentos na camada superficial, enquanto que na camada

subsuperficial houve predominância desses poros nos tratamentos mata e arado de discos.

Quanto aos poros complexos, a porção da porosidade total ocupada por

eles na camada superficial foi menor no solo sob pousio. Na camada subsuperficial não houve

diferenças entre os tratamentos.

A compactação diminui a área ocupada por poros alongados e

complexos, ocasionando perda da conectividade dos poros.

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51

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Mata (0,0 - 0,10 m)

Porosidade = 34,09%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Mata (0,10 - 0,20 m)

Porosidade = 25,15%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Semeadura direta (0,0 - 0,10 m)

Porosidade = 30,19%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Semeadura direta (0,10 - 0,20 m)

Porosidade = 14,84%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Pousio (0,0 - 0,10 m)

Porosidade = 13,70%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Pousio (0,10 - 0,20 m)

Porosidade = 10,90%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Arado de discos (0,0 - 0,10 m)

Porosidade = 27,16%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Arado de discos (0,10 - 0,20 m)

Porosidade = 22,76%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Grade pesada (0,0 - 0,10 m)

Porosidade = 13,67%

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

22

24

26

Arr. Along. Comp.

Po

ro

sid

ad

e (

%)

Grade pesada (0,10 - 0,20 m)

Porosidade = 14,41%

Figura 16. Distribuição da porosidade do solo sob mata, semeadura direta, pousio, arado de

discos e grade pesada segundo a forma (Arr: arredondados; Along: alongados;

Comp: complexos).

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

(g) (h)

(i) (j)

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52

Tabela 5. Análise da variância para distribuição da porosidade segundo a forma dos poros.

Fontes de variação Valores do teste F

Arredondados Alongados Complexos

Trat. (A) 4,793* 32,84* 3,877*

Camada (B) 1,543ns

33,991* 0,231ns

A x B 10,861* 5,550* 0,605ns

Coeficiente de variação (%) 60,8 73,8 77,7

Desvio padrão 0,93 9,99 4,37

* significativo a 5% de probabilidade.

Tabela 6. Comparação entre as médias de distribuição da porosidade total segundo a forma

dos poros.

Tratamento Arredondado Alongado Complexo

______________________________________ %

______________________________________

Camada 0,0 - 0,10 m

Mata 2,33 a A 24,73 a A 7,04 a A

Pousio 1,29 b B 8,45 c A 3,94 b A

Semeadura direta 1,33 b A 23,04 ab A 5,81 ab A

Arado de discos 1,91 a A 18,54 b A 6,71 a A

Grade pesada 1,09 b A 7,43 c A 5,13 ab A

Camada 0,10 - 0,20 m

Mata 1,15 a B 17,88 a B 6,12 a A

Pousio 1,67 a A 4,60 c A 4,62 a A

Semeadura direta 1,19 a A 8,73 bc B 4,87 a A

Arado de discos 1,68 a A 14,71 ab A 6,37 a A

Grade pesada 1,69 a A 7,10 c A 5,61 a A

DMS (trat.) 0,57 6,12 2,68

DMS (cam.) 0,41 4,39 1,92

DMS: Diferença mínima significativa. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, dentro da mesma

camada, e médias seguidas de mesma letra maiúscula, entre as camadas, não diferem significativamente entre si

pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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53

6.3 Infiltração de água no solo

Na Figura 17 são apresentadas as curvas de capacidade de infiltração

de água no solo para os tratamentos estudados.

0

10

20

30

40

50

60

70

0 1 2 3 4Ca

pa

cid

ad

e d

e in

filt

ra

ção (

mm

h-1

)

Tempo (h)

Pousio

Semeadura direta

Arado de discos

Grade pesada

Figura 17. Capacidade de infiltração de água no solo para os sistemas de manejo estudados.

A velocidade de infiltração básica de água no solo para os tratamentos estudados pode

ser observada na Tabela 7.

Tabela 7. Valores de velocidade de infiltração básica (VIB) de água no solo para os

tratamentos estudados.

Tratamento

Pousio

Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

VIB (mm h-1

) 17,88 b 29,20 a 19,01 b 19,92 b

Diferença mínima significativa = 5,27. Médias seguidas de mesma letra minúscula não diferem

significativamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os valores obtidos para VIB, maiores no solo sob semeadura direta

(29,20 mm h-1

), podem ser explicados pelo tipo de microestrutura presente nesse solo e pela

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54

nesse solo e pela porosidade resultante. Segundo a descrição micromorfológica, dos solos

manejados, o solo sob semeadura direta é o que apresenta melhor microestrutura com

pedalidade forte e distribuição relativa c/f enáulica, principalmente na camada superficial, com

poros do tipo empacotamento que promovem movimento de água ao longo do perfil do solo,

pois possuem alta conectividade (Figura 18a). Além disso, ocorrem feições pedológicas de

excrementos e agrotúbulos que evidenciam a atividade biológica contribuindo para a melhor

estruturação desse solo. O predomínio de poros alongados grandes e médios, observado na

análise micromorfométrica, também pode favorecer o maior movimento de água ao longo do

perfil, conforme o observado por Fox et al. (2004).

Figura 18. Porosidade do solo sob (a) semeadura direta, (b) arado de discos, (c) pousio e (d)

grade pesada, na camada 0,0 – 0,10 m.

A cobertura do solo proporcionada pelo sistema de semeadura direta

também resultou em condições mais favoráveis à infiltração de água no solo, reduzindo o

selamento superficial. Os valores encontrados estão de acordo com os obtidos por Schick et al.

(a) (b)

)

(c) (d)

1000µm 1000µm

1000µm 1000µm

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55

(2000) confirmando que a presença de resíduos na superfície afeta positivamente a infiltração

de água no solo.

Os demais tratamentos apresentaram valores de VIB estatisticamente

menores que o tratamento semeadura direta, embora os valores de porosidade total e

macroporosidade desses tratamentos não tenham diferido estatisticamente da semeadura

direta. Porém, segundo a análise micromorfométrica, a porosidade do solo sob pousio e com

preparo com grade pesada foi estatisticamente menor que a porosidade do solo sob semeadura

direta, com diminuição de poros complexos e principalmente dos poros alongados. Já a

porosidade do solo sob arado de discos não diferiu estatisticamente da porosidade do solo sob

semeadura direta, mas o solo preparado com arado de discos apresentou diminuição da

porcentagem da porosidade ocupada por poros alongados, o que pode ter influenciado

negativamente a infiltração de água no solo, visto que esses poros são poros tipicamente de

transmissão.

6.4 Curva de retenção de água no solo

Na Tabela 8 é apresentada a análise da variância para os valores de

conteúdo de água nas diferentes tensões.

Tabela 8. Análise da variância para os valores de conteúdo de água nas diferentes tensões.

Fontes de variação Valores do teste F

Saturado 0,006 MPa 0,03 MPa 0,1 MPa 1,5 MPa

Trat. (A) 2,467ns

35,277* 13,526* 10,488* 8,1367*

Bloco 2,9929* 0,6356ns

2,2979ns

1,7613ns

0,89763ns

Camada (B) 29,273* 5,6365* 23,646* 22,022* 15,994*

A x B 2,0356ns

3,0542* 1,1879ns

1,9827ns

1,4441ns

Coeficiente de variação (%) 6,45 6,57 9,17 9,91 10,44

Desvio padrão 0,035 0,024 0,025 0,024 0,023

* significativo a 5% de probabilidade.

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56

As diferenças entre as curvas de retenção de água, sob diferentes

tensões, evidenciam a influência dos sistemas de manejo neste atributo (Figura 19).

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0.45

0.50

0.55

0.60

0.65

0 0.3 0.6 0.9 1.2 1.5

Co

nte

úd

o d

e á

gu

a d

m3

dm

-3

Tensão (MPa)

Camada 0,0 - 0,10 mMata

Pousio

Semeadura direta

Arado de discos

Grade pesada

0.15

0.20

0.25

0.30

0.35

0.40

0.45

0.50

0.55

0.60

0.65

0 0.3 0.6 0.9 1.2 1.5

Co

nte

úd

o d

e á

gu

a d

m3

dm

-3

Tensão (MPa)

Camada 0,10 - 0,20 mMata

Pousio

Semeadura direta

Arado de discos

Grade pesada

Figura 19. Curvas de retenção de água no solo para os tratamentos estudados.

O conteúdo de água variou de 0,598 a 0,494 dm dm-3

na condição de

solo saturado, não ocorrendo diferença entre os tratamentos estudados (Tabela 9) .

O solo sob mata, que apresentou o mais alto teor de matéria orgânica na camada 0,0 – 0,10 m,

apresentou também a menor retenção de água, em todas as tensões, quando comparado com a

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57

camada inferior e com os demais manejos com menores teores de matéria orgânica. Esse

resultado pode ser atribuído à classe de textura do solo sob mata, na camada superficial, que é

média e, assim, possui maior teor de areia que o solo da área experimental, o que confere uma

menor porosidade de retenção de água no solo. Todavia, os demais manejos e a camada

inferior do solo sob mata apresentam maior densidade, o que promoveu um efeito positivo e

superior ao da matéria orgânica na retenção de água, conforme observado por Beutler et

al.(2002).

Tabela 9. Valores médios de conteúdo de água no solo (dm3 dm

-3) nas diferentes tensões para

os tratamentos e camadas estudados.

Tratamento Tensões MPa

Saturado 0,006 0,03 0,1 1,5

__________________________________ dm

3 dm

-3 __________________________________

Camada 0,0 - 0,10 m

Mata 0,589 a A 0,253 c B 0,212 b A 0,196 b A 0,179 b A

Semeadura direta 0,598 a A 0,370 b A 0,258 ab B 0,224 ab B 0,204 ab B

Arado de discos 0,579 a A 0,425 a A 0,258 ab A 0,221 ab B 0,203 ab B

Grade pesada 0,582 a A 0,364 b B 0,257 ab A 0,226 ab A 0,204 ab A

Pousio 0,541 a A 0,387 ab A 0,295 a A 0,268 a A 0,246 a A

Camada 0,10 - 0,20 m

Mata 0,496 a B 0,310 a A 0,234 b A 0,210 b A 0,192 b A

Semeadura direta 0,494 a B 0,381 a A 0,330 a A 0,298 a A 0,258 a A

Arado de discos 0,541 a A 0,402 a A 0,294 a A 0,265 a A 0,245 a A

Grade pesada 0,558 a A 0,400 a A 0,289 a A 0,257 ab A 0,235 ab A

Pousio 0,496 a A 0,396 a A 0,326 a A 0,287 a A 0,252 a A

DMS (trat.) 0,073 0,050 0,052 0,050 0,048

DMS (cam.) 0,035 0,035 0,037 0,035 0,034

DMS: Diferença mínima significativa. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, dentro da mesma

camada, e médias seguidas de mesma letra maiúscula, entre as camadas, não diferem significativamente entre si

pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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58

Na tensão 0,006 MPa (CC), o conteúdo de água variou de 0,425 a

0,253 dm dm-3

na camada superficial, e de 0,402 a 0,310 dm dm-3

na camada subsuperficial,

sendo esse maior no solo sob preparo com arado de discos, com diferença significativa apenas

na camada superficial, indicando que para os demais tratamentos houve menor retenção de

água após a drenagem natural. Rojas (1998) e Rojas e Van Lier (1999) também observaram

maior retenção de água no manejo convencional.

Na camada 0,0 – 0,10m, o solo sob pousio apresentou retenção de água

estatisticamente maior que o solo sob mata nas tensões mais altas. Para o solo sob pousio foi

observada uma microestrutura mais maciça decorrente da coalescência dos microagregados

com poros predominantes do tipo cavidades e fissuras (Figura 20), indicativos de processo de

compactação, que resultou em um maior desenvolvimento de microporos, que favorecem os

processos de retenção de água no solo.

Figura 20. Microestrutura do solo sob pousio na camada 0 – 0,10 m, com poros do tipo

cavidades e fissuras.

A mata apresenta retenção de água menor que todos os demais

tratamentos na camada de 0,10 – 0,20 m. O solo sob mata apresenta, na camada 0,10 – 0,20 m,

maior teor de areia (450 g kg-1

) e menor teor de argila (427 g kg-1

) que o solo da área

experimental, o que explica a menor capacidade de retenção de água desse solo.

1000µm

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59

6.5 Conteúdo de água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa

Na Tabela 10 encontram-se os valores da análise da variância para os

valores de conteúdo de água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa, os quais foram

significativos para os tratamentos estudados.

Tabela 10. Análise da variância para os valores de conteúdo de água no solo entre as tensões

0,006 e 1,5 MPa.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 0,0374 0,0093 10,953*

Bloco 3 0,0025 0,0008 0,973ns

Camada (B) 1 0,0012 0,0012 1,443ns

A x B 4 0,0145 0,0036 4,247*

Resíduo 27 0,0231 0,0008 -

Total 39 0,0787 - -

Coeficiente de variação % = 19,90 Desvio padrão = 0,03

* significativo a 5% de probabilidade.

O conteúdo de água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa variou de

0,07 a 0,22 dm3dm

-3 (Tabela 11). Considerando que a capacidade ideal de armazenamento de

água entre essas tensões situa-se entre 0,15 e 0,20 dm3dm

-3, conforme sugerido por Reynolds

et al. (2002), o solo sob pousio, mata e a camada subsuperficial do sistema semeadura direta

apresentam armazenamento abaixo do considerado como ideal.

Os solos manejados com semeadura direta, grade pesada e pousio

apresentaram valores de água disponível intermediários, enquanto que o maior conteúdo de

água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa foi observado no solo preparado com arado de

discos. Os resultados de conteúdo de água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa estão

relacionados com os resultados de microporosidade. O solo preparado com arado de discos foi

o que apresentou maior microporosidade, o que resultou em maior teor de água disponível.

Rojas e Van Lier (1999) também observaram maior retenção de água na camada 0,0 – 0,20 m

de profundidade do solo em preparo convencional em relação à semeadura direta, resultado

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60

que foi relacionado com ao aumento da microporosidade do solo. O solo sob pousio apesar de

ter apresentado maior retenção de água, conforme o observado pela curva de retenção de água

no solo, não apresentou maior conteúdo de água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa,

graças à maior tensão com que essa água está retida.

Tabela 11. Valores médios de conteúdo de água (dm3 dm

-3) no solo entre as tensões 0,006 e

1,5 MPa para os tratamentos e camadas estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m ________________________________________

dm3 dm

-3 ________________________________________

0,00 - 0,10 0,08 c B 0,14 b A 0,17 ab A 0,22 a A 0,16 b A

0,10 - 0,20 0,12 a A 0,14 a A 0,12 a B 0,16 a B 0,17 a A

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 0,06; Diferença mínima significativa (Camada) = 0,04. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na camada 0,00 – 0,10 m, o solo sob mata apresentou conteúdo de

água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa significativamente menor que os demais

tratamentos, o que é explicado pelo menor teor de argila e maior teor de areia dessa camada.

Já na camada 0,10 – 0,20 m, não houve diferença significativa entre os

tratamentos estudados. No solo sob mata o conteúdo de água no solo entre as tensões 0,006 e

1,5 MPa na camada superficial foi significativamente menor que na camada subsuperficial,

que deve estar relacionado com o maior conteúdo de argila nessa camada aumentando a

microporosidade desse solo e, consequentemente, a retenção de água.

No solo manejado com arado de discos e semeadura direta ocorreu o

contrário, os conteúdos de água no solo entre as tensões 0,006 e 1,5 MPa foram maiores na

camada superficial.

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61

6.6 Carbono orgânico total do solo

Na Tabela 12 é apresentada a análise da variância para os teores de

carbono orgânico total do solo.

Tabela 12. Análise da variância para os teores de carbono orgânico total do solo.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 138,15 34,5375 26,361*

Bloco 3 0,875 0,2917 0,223ns

Camada (B) 1 308,025 308,025 235,1*

A x B 4 237,35 59,3375 45,327*

Resíduo 27 35,375 1,3102 -

Total 39 719,775 - -

Coeficiente de variação% = 8,28 Desvio padrão = 1,14

* significativo a 5% de probabilidade.

Na camada 0,0 – 0,10 m, o teor de carbono orgânico total do solo sob

mata foi significativamente maior que o teor de carbono orgânico total dos demais tratamentos

(Tabela 13).

Tabela 13. Teores médios de carbono orgânico total do solo (g dm-3

) para os tratamentos e

camadas estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m __________________________________________

g dm-3 __________________________________________

0,00 - 0,10 25 a A 13 b A 15 b A 15 b A 14 b A

0,10 - 0,20 10 a B 11 a B 11 a B 12 a B 11 a B

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 2,36; Diferença mínima significativa (Camada) = 1,66. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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62

Na camada 0,10 – 0,20 m, não houve diferenças entre os tratamentos

estudados. A substituição da mata pelos sistemas de manejo e preparo do solo levou a uma

redução no teor de carbono orgânico total do solo, pois o uso agrícola altera o teor de carbono

orgânico do solo, ocasionando, normalmente, sua redução (PALADINI; MIELNICZUK,

1991). No entanto, em solos argilosos e mais intemperizados, como o Nitossolo estudado, as

taxas de decomposição da matéria orgânica são menos influenciadas pelos sistemas de preparo

do solo (BAYER, 1996).

Os tratamentos mata, arado de discos e semeadura direta apresentam

teores de carbono orgânico total altos na camada superficial, já o solo com preparo com grade

pesada e sob pousio apresentam teores médios, de acordo com a classificação apresentada por

Kiehl (1979). Na camada subsuperficial todos os tratamentos apresentam teores médios de

carbono orgânico.

6.7 Fracionamento químico da matéria orgânica do solo

Na Tabela 14 é apresentada a análise da variância para as frações

húmicas do solo.

Tabela 14. Análise da variância para os teores de carbono ligado aos ácidos fúlvicos (C–AF),

ácidos húmicos (C–AH), à fração humina (C–HU) do solo e para a relação C-

AH/C-AF.

Fontes de variação Valores do teste F

C-AF C-AH C-HU C-AH/C-AF

Trat. (A) 5,229* 6,412* 6,181* 10,575*

Bloco 2,982ns

0,322ns

0,468ns

0,621ns

Camada (B) 5,538* 0,002ns

1,398ns

1,078ns

A x B 8,959* 0,501ns

3,312ns

0,435ns

Coeficiente de variação (%) 13,25 74,16 7,62 74,99

Desvio padrão 1,98 5,79 5,92 0,44

* significativo a 5% de probabilidade.

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63

Pelos resultados da Tabela 15, pode-se observar que houve efeito dos

sistemas de manejo e preparo do solo sobre os teores de carbono ligados aos ácidos fúlvicos

(C–AF), ácidos húmicos (C–AH) e humina (C–HU) nas camadas estudadas.

Tabela 15. Teores de carbono ligado aos ácidos fúlvicos (C–AF), ácidos húmicos (C–AH), à

fração humina (C–HU) do solo e relação C-AH/C-AF para os tratamentos e

camadas estudados.

Tratamento C-AF C-AH C-HU C-AH/C-AF

---------------------- % ---------------------

Camada 0,0 - 0,10 m

Mata 8,87 c B 15,07 a A 75,72 a A 1,74 a A

Pousio 14,01 b A 5,74 a A 79,58 a A 0,40 b A

Semeadura direta 18,87 a A 8,02 a A 74,46 a A 0,42 b A

Arado de discos 14,34 b A 4,58 a A 82,88 a A 0,32 b A

Grade pesada 14,10 b A 5,85 a A 81,39 a A 0,44 b A

Camada 0,10 - 0,20 m

Mata 16,42 a A 18,74 a A 62,31 b B 1,25 a A

Pousio 13,97 a A 3,75 b A 81,98 a A 0,27 b A

Semeadura direta 14,97 a B 4,48 b A 80,77 a A 0,31 b A

Arado de discos 15,96 a A 4,13 b A 82,04 a A 0,25 b A

Grade pesada 16,15 a A 7,73 ab A 75,84 a A 0,51 ab A

DMS (trat.) 4,04 11,97 12,23 0,91

DMS (cam.) 2,84 8,40 8,59 0,64

DMS: Diferença mínima significativa. Médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna, dentro da mesma

camada, e médias seguidas de mesma letra maiúscula, entre as camadas, não diferem significativamente entre si

pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na camada 0,0 – 0,10 m, o teor de C-AF do solo sob semeadura direta

foi maior do que o encontrado para os demais tratamentos. A fração C-AF é solúvel tanto em

meio ácido como em meio alcalino, podendo migrar para camadas inferiores do solo, o que é

dificultado quando a camada 0,0 – 0,10 m se torna mais densa, retardando o caminhamento

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64

através dessa camada para a camada 0,10 – 0,20 m. Assim, essa fração ficaria, em sua maior

parte, retida na camada superficial. O solo sob semeadura direta apresentou aumento

significativo da densidade na camada subsuperficial, que pode ter ocasionado o maior

acúmulo dessa fração na camada superficial. A mata também apresentou aumento significativo

da densidade na camada subsuperficial, e ao contrário do solo sob semeadura direta, o teor de

C-AF foi o menor entre os tratamentos. Isso tem haver com a passagem mais rápida da fração

C-AF para a fração C-AH devido às condições mais favoráveis, sendo a mata o tratamento

com os maiores teores de C-AH. Não houve diferenças entre os sistemas de manejo para os

teores de C-AF na camada 0,10 – 0,20 m.

Os teores de C-AH apresentados pelos sistemas de manejo foram

menores em relação ao apresentado pelo solo sob mata, com diferença significativa apenas na

camada subsuperficial. O que ocorre, normalmente, é a degradação destas frações quando o

solo é submetido ao cultivo intensivo e, principalmente, ao revolvimento (MENDONÇA et al.,

1991).

Na camada superficial, os tratamentos não diferiram quanto aos teores

de carbono ligado à fração humina. O solo sob mata apresentou o menor teor de carbono

ligado à fração humina na camada subsuperficial.

Labrador Moreno (1996) propõe a utilização da relação C-AH/C-AF

na interpretação do fracionamento químico da matéria orgânica. A relação C-AH/C-AF é um

indicador de condensação da matéria orgânica, e seus valores normais seriam superiores a 1.

Para os resultados encontrados, as relações C-AH/C-AF foram menores do que 1, na maioria

dos tratamentos, o que também foi observado por Fontana et al. (2008) em Latossolos (Tabela

15). Valores de relação C-AH/C-AF menores do que 1 podem indicar evolução limitada da

matéria orgânica devido a fatores edáficos ou de manejo (LABRADOR MORENO, 1996). O

solo sob mata foi o único que apresentou relação C–AH/C-AF maior que 1 nas duas camadas

estudadas, correspondendo a 1,74 na camada 0,0 – 0,10 m e 1,25 na camada 0,10 – 0,20 m.

As proporções do carbono orgânico total distribuídas nas frações da

matéria orgânica, em cada uma das profundidades estudadas, permitem distinguir a fração

húmica predominante em cada camada (Figura 21).

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65

cb

ab ba

a aa a

aa

a

aa

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade pesada

Dis

trib

uiç

ão

do

ca

rb

on

o lig

ad

o à

s

sub

stâ

ncia

s h

úm

ica

s (%

)

Camada 0,0 - 0,10 m

C - AF

C - AH

C - HU

aa a a aa

b b bab

b

aa a

a

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade pesada

Dis

trib

uiç

ào

do

ca

rb

on

o lig

ad

o à

s

sub

stâ

ncia

s h

úm

ica

s (%

)

Camada 0,10 - 0,20 m

C - AF

C - AH

C - HU

Médias seguidas de mesma letra minúscula dentro de cada fração do carbono orgânico não diferem

significativamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Figura 21. Distribuição do carbono ligado às substâncias húmicas (%) nos tratamentos e

camadas estudados.

A fração humina predomina em todos os tratamentos e camadas

estudadas. Este acúmulo de humina pode ser devido a sua insolubilidade, a ligação mais

estável com a fração mineral do solo e a maior resistência a biodegradação (STEVENSON,

1994; SANTOS, 2003). O predomínio da fração humina, tanto nas camadas superficiais como

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66

subsuperficiais, seguida dos ácidos fúlvicos também foi observada por Fontana et al. (2008)

quando estes autores estudavam Latossolos de várias regiões do Brasil.

Lichtfouse (1999) propõe que seus resultados acerca dos maiores

níveis de humina estão intimamente relacionados à suas estruturas estarem encapsuladas,

covalentemente ligadas, o que explica sua maior persistência nos solos.

O solo sob mata apresenta a distribuição das frações húmicas

diferenciada dos demais tratamentos, sendo a segunda fração predominante a fração

constituída por ácidos húmicos e não por ácidos fúlvicos como observado nos demais

tratamentos estudados. Segundo Cunha et al. (2005), os ácidos húmicos constituem a fração

intermediária no processo de humificação e, portanto, são marcadores da direção do processo

de humificação, refletindo a condição de manejo do solo. O predomínio dos ácidos húmicos

sobre os ácidos fúlvicos indica maior equilíbrio do sistema, pois a matéria orgânica se

encontra em formas mais estáveis.

6.8 Densidade do solo

Na Tabela 16, onde encontra-se a análise da variância para os valores

de densidade do solo, pode-se observar que não foram obtidas diferenças significativas entre

os tratamentos, apenas entre as camadas de solo estudadas.

Tabela 16. Análise da variância para os valores de densidade do solo.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 0,0852 0,0213 2,433ns

Bloco 3 0,0753 0,0251 2,868ns

Camada (B) 1 0,2544 0,2544 29,070*

A x B 4 0,0731 0,0183 2,089ns

Resíduo 27 0,2363 0,0088 -

Total 39 0,7243 - -

Coeficiente de variação % = 7,80 Desvio padrão = 0,09

* significativo a 5% de probabilidade.

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67

Os valores de densidade do solo variaram de 1,06 a 1,22 kg dm-3

na

camada de 0,0 – 0,10 m e de 1,17 a 1,34 kg dm-3

na camada 0,10 – 0,20 m. Na camada

superficial os valores de densidade são considerados adequados, de acordo com os limites

médios sugeridos por Kiehl (1979) para solos argilosos de 1,0 a 1,25 kg dm-3

(Tabela 17). Já

na camada subsuperficial, os valores de densidade dos solos sob mata, semeadura direta e

pousio estão acima dos limites sugeridos.

Tabela 17. Valores médios de densidade do solo (kg dm-3

) para os tratamentos e camadas

estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m __________________________________

kg dm-3

____________________________________

0,00 - 0,10 1,09 a B 1,22 a A 1,06 a B 1,12 a A 1,11 a A

0,10 - 0,20 1,34 a A 1,34 a A 1,34 a A 1,21 a A 1,17 a A

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 0,19; Diferença mínima significativa (Camada) = 0,14. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Não houve diferença significativa entre os tratamentos nas duas

camadas estudadas. Em muitos estudos são observados maiores valores de densidade do solo

na superfície do solo sob semeadura direta, em relação ao preparo convencional, sendo esses

relacionados ao adensamento natural devido à ausência de revolvimento, como também, à

compactação ocasionada pelo tráfego de máquinas (FALLEIRO et al., 2003). Entretanto, esse

comportamento não foi observado no solo em questão.

Os tratamentos de mata e semeadura direta apresentaram aumento

significativo de densidade do solo da camada 0,0 – 0,10 m para a camada 0,10 – 0,20 m,

correspondendo a 23% e 26% respectivamente, o que se deve aos maiores teores de matéria

orgânica na superfície que contribuem para melhor estruturação do solo. Resultados

semelhantes também foram observados por Assis e Lanças (2005) quando estudavam os

atributos físicos de um Nitossolo Vermelho distroférrico sob mata nativa, preparo

convencional e semeadura direta. A uniformidade dos valores de densidade em profundidade

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68

dos solos preparados com arado de discos e grade pesada reflete a ação de revolvimento mais

profundo dos implementos.

6.9 Porosidade total do solo

Conforme pode ser observado na Tabela 18, houve diferença

significativa entre os valores de porosidade total do solo para as camadas estudadas.

Tabela 18. Análise da variância para os valores de porosidade total do solo.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 0,0117 0,0029 2,282ns

Bloco 3 0,0114 0,0038 2,970*

Camada (B) 1 0,0366 0,0366 28,589*

A x B 4 0,0105 0,0026 2,057ns

Resíduo 27 0,0346 0,0013 -

Total 39 0,1048 - -

Coeficiente de variação % = 6,54 Desvio padrão= 0,04

* significativo a 5% de probabilidade.

Os valores de porosidade total do solo variaram de 0,54 a 0,60 dm3

dm-3

na camada de 0,0 – 0,10 m e de 0,49 a 0,56 dm3 dm

-3 na camada de 0,10 – 0,20 m

(Tabela 19). Estes valores estão dentro dos limites de 30% e 60%, que contêm o intervalo

considerado adequado para solos minerais, não comprometendo o desenvolvimento das

culturas (HILLEL, 1980).

Os tratamentos mata e semeadura direta apresentaram diminuição

significativa da porosidade total da camada 0,0 – 0,10 m para a camada 0,10 – 0,20 m. A

porosidade total diminuiu 15% e 18% da camada superficial para a camada subsuperficial para

os tratamentos mata e semeadura direta, respectivamente. Segundo Spera et al. (2004), esse

maior valor de porosidade total na camada superficial reflete menor densidade do solo. O que

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foi comprovado neste trabalho, pois a diminuição da porosidade total foi acompanhada por um

aumento na densidade dos solos sob mata e semeadura direta na camada subsuperficial.

Tabela 19. Valores médios de porosidade total do solo (dm3 dm

-3) para os tratamentos e

camadas estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m ________________________________________

dm3 dm

-3 ________________________________________

0,00 - 0,10 0,59 a A 0,54 a A 0,60 a A 0,58 a A 0,58 a A

0,10 - 0,20 0,50 a B 0,50 a A 0,49 a B 0,54 a A 0,56 a A

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 0,07; Diferença mínima significativa (Camada) = 0,05. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

6.10 Macroporosidade do solo

Na Tabela 20 encontram-se os valores da análise da variância para os

valores de macroporosidade do solo, os quais foram significativos para os tratamentos e

camadas estudados.

Tabela 20. Análise da variância para os valores de macroporosidade do solo.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 0,0880 0,0220 9,854*

Bloco 3 0,0140 0,0047 2,088ns

Camada (B) 1 0,0601 0,0601 26,899*

A x B 4 0,0226 0,0057 2,533ns

Resíduo 27 0,0603 0,0022 -

Total 39 0,2450 - -

Coeficiente de variação % = 26,51 Desvio padrão = 0,05

* significativo a 5% de probabilidade.

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70

O solo sob mata apresentou macroporosidade significativamente maior

que os demais tratamentos na camada superficial devido à ausência de tráfego de máquinas e

também ao maior teor de matéria orgânica (Tabela 21), o que também foi observado por Silva

et al. (2008). Além disso, o fato desse solo apresentar textura média contribui para sua maior

macroporosidade. Na camada subsuperficial os tratamentos não diferiram significativamente

entre si, o que também foi verificado por Falleiro et al. (2003) em um Argissolo Vermelho-

Amarelo submetido por 16 anos a seis sistemas de preparo O efeito do preparo sobre os

valores de porosidade do solo pode ser pouco evidente, sendo mais comuns os efeitos na

forma e distribuição dos poros, ao longo do perfil do solo (SCHAEFER et al., 2001).

Tabela 21. Valores médios de macroporosidade do solo (dm3 dm

-3) para os tratamentos e

camadas estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m ________________________________________

dm3 dm

-3 ________________________________________

0,00 - 0,10 0,34 a A 0,15 b A 0,23 b A 0,15 b A 0,22 b A

0,10 - 0,20 0,19 a B 0,10 a A 0,11 a B 0,14 a A 0,16 a A

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 0,10; Diferença mínima significativa (Camada) = 0,07. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Os tratamentos de mata e semeadura direta apresentaram valores de

macroporosidade significativamente menores na camada 0,10 – 0,20 m, o que está relacionado

aos menores teores de matéria orgânica presentes nesta camada. A macroporosidade diminuiu

44% e 52% da camada superficial para a camada subsuperficial para os tratamentos mata e

semeadura direta, respectivamente.

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71

6.11 Microporosidade do solo

Conforme pode ser observado na Tabela 22, houve diferença

significativa entre os valores de microporosidade do solo para os tratamentos e para as

camadas estudados.

Tabela 22. Análise da variância para os valores de microporosidade do solo.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 0,0839 0,0210 35,041*

Bloco 3 0,0010 0,0003 0,551ns

Camada (B) 1 0,0032 0,0032 5,413*

A x B 4 0,0075 0,0019 3,137*

Resíduo 27 0,0162 0,0006 -

Total 39 0,1118 - -

Coeficiente de variação % = 6,62 Desvio padrão = 0,02

* significativo a 5% de probabilidade.

Na camada 0,00 – 0,10 m, o solo sob mata apresentou

microporosidade significativamente menor que os demais tratamentos (Tabela 23).

Tabela 23. Valores médios de microporosidade do solo (dm3 dm

-3) para os tratamentos e

camadas estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m ________________________________________

dm3 dm

-3 ________________________________________

0,00 - 0,10 0,25 c B 0,39 ab A 0,37 b A 0,43 a A 0,37 b A

0,10 - 0,20 0,31 b A 0,40 a A 0,38 a A 0,40 a A 0,40 a A

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 0,05; Diferença mínima significativa (Camada) = 0,04. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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72

O maior conteúdo de areia apresentado por esse solo, em comparação

com o solo da área experimental, contribui para uma menor microporosidade.

O solo preparado com grade pesada e sob semeadura direta

apresentaram microporosidade maior que a do solo sob mata, porém menor que a do solo

preparado com arado de discos. A maior microporosidade foi observada no solo manejado

com arado de discos.

O solo sob mata também apresentou microporosidade

significativamente menor que os demais tratamentos na camada 0,10 – 0,20 m. Os demais

tratamentos não diferiram entre si nesta camada. A microporosidade do solo sob mata

apresentou aumento significativo da camada superficial para a subsuperficial, diferença que

não foi observada para os demais tratamentos. Isso pode ser explicado pelo aumento do teor de

argila e pelo menor teor de matéria orgânica na camada subsuperficial do solo sob mata.

6.12 Resistência do solo à penetração

Na Tabela 24 pode-se observar que houve significância em todas as

fontes de variação para a variável resistência do solo a penetração (RP).

Tabela 24. Análise da variância para os valores de resistência do solo à penetração.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 2,6722 0,6681 15,406*

Bloco 3 0,4003 0,1334 3,077*

Camada (B) 1 3,3931 3,3931 78,246*

A x B 4 0,7061 0,1765 4,070*

Resíduo 27 1,1708 0,0434 -

Total 39 8,3425 - -

Coeficiente de variação % = 27,39 Desvio padrão = 0,21

* significativo a 5% de probabilidade.

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73

Os valores de RP variaram de 0,16 MPa a 0,82 MPa na camada

superficial (Tabela 25), valores que se encontram na classe de resistência baixa (ARSHAD et

al., 1996). O solo sob mata apresentou a menor RP na camada 0,0 – 0,10 m (0,16 MPa),

diferindo estatisticamente do solo preparado com arado de discos (0,82 MPa), que apresentou

a maior RP nesta camada. Os valores de RP do solo sob mata e sob preparo com arado de

discos não diferiram dos demais tratamentos.

Tabela 25. Valores médios de resistência do solo à penetração (MPa) para os tratamentos e

camadas estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m ________________________________________

MPa ________________________________________

0,00 - 0,10 0,16 b A 0,48 ab B 0,40 ab B 0,82 a B 0,49 ab B

0,10 - 0,20 0,43 c A 1,51 a A 1,10 ab A 1,20 ab A 1,03 b A

DMS (Tratamento) = 0,43; DMS (Camada) = 0,30. Médias seguidas de mesma letra, minúscula na linha e

maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Na camada 0,10 – 0,20 m, a RP variou de 0,43 MPa a 1,51 MPa, sendo

o menor valor apresentado pelo solo sob mata (0,43 MPa). Segundo Arshad et al. (1996), esses

valores de resistência do solo à penetração encontram-se na classe de resistência baixa à

moderada.

O solo sob pousio apresentou RP significativamente maior que a

observada para o solo preparado com grade pesada e para o solo de mata. Os tratamentos

arado de discos e semeadura direta apresentaram valores próximos dos tratamentos pousio e

grade pesada, não diferindo estatisticamente destes. Com exceção do solo sob mata, todos os

tratamentos apresentaram aumento significativo na resistência da superfície para a

subsuperficie.

Usualmente, maiores valores de resistência do solo à penetração têm

sido verificados em solos sob semeadura direta em relação ao preparo convencional

(TORMENA et al., 1999), o que não foi verificado no presente estudo.

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74

Na Tabela 26 é apresentada a análise de variância para os valores de

umidade do solo no momento da medição da resistência do solo a penetração. Observa-se que

houve significância apenas para o fator camada.

Tabela 26. Análise da variância para os valores de umidade do solo no momento da medição

da resistência do solo à penetração.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 76,4053 19,1013 1,223ns

Bloco 3 29,3499 9,7833 0,627ns

Camada (B) 1 340,8808 340,8808 21,837*

A x B 4 65,7837 16,4459 1,053ns

Resíduo 27 421,4851 15,6106 -

Total 39 933,9048 - -

Coeficiente de variação % = 27,45 Desvio padrão = 3,95

* significativo a 5% de probabilidade.

Os valores de umidade do solo não variaram entre os tratamentos

estudados, as variações ocorreram apenas entre as camadas (Tabela 27).

Tabela 27. Valores médios de umidade do solo (%) no momento da medição da resistência do

solo à penetração para os tratamentos e camadas estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m ________________________________________

% ________________________________________

0,00 - 0,10 11,16 a A 10,24 a B 12,19 a A 10,20 a B 13,60 a B

0,10 - 0,20 13,15 a A 18,19 a A 16,49 a A 19,39 a A 19,36 a A

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 8,16; Diferença mínima significativa (Camada) = 5,73. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

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75

Na camada subsuperficial os tratamentos arado de discos, pousio e

grade pesada apresentaram maiores valores de umidade, enquanto que os tratamentos

semeadura direta e mata não apresentaram variação da umidade em profundidade.

6.13 Argila dispersa em água

Para a argila dispersa em água houve significância em todas as fontes

de variação (Tabela 28).

Tabela 28. Análise da variância para os valores de argila dispersa em água.

Fontes de variação G.L. S.Q. Q.M. F

Trat. (A) 4 7610,900 19027,22 59,412*

Bloco 3 4752,275 1584,0920 4,946*

Camada (B) 1 4730,625 4730,6250 14,771*

A x B 4 3930 982,5000 3,068*

Resíduo 27 8646,975 320,2583 -

Total 39 98168,775 - -

Coeficiente de variação % = 7,53 Desvio padrão = 17,90

* significativo a 5% de probabilidade.

Os valores de argila dispersa em água variaram de 135,75 a 286 g kg-1

e de 173,25 a 281,50 g kg-1

, respectivamente, nas camadas de 0,0 – 0,10 e de 0,10 – 0,20 m

(Tabela 29). O solo sob mata apresentou o menor valor de argila dispersa em água tanto na

camada superficial quanto na subsuperficial. Isso pode ser explicado pela ausência de

revolvimento do solo, que é responsável pelo aumento da dispersão da argila (LEVY et al.,

1993), e pelos maiores teores de matéria orgânica no solo sob mata. Além disso, a matéria

orgânica apresenta-se mais humificada tendo efeito de cimentação mais pronunciado que o de

dispersão pelo aumento da carga líquida. O efeito da matéria orgânica sobre a floculação da

argila, em áreas de vegetação nativa, foi constatado por Carvalho Júnior et al. (1998).

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Tabela 29. Valores médios de argila dispersa em água (g kg-1

) para os tratamentos e camadas

estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m ________________________________________

g kg-1 ________________________________________

0,00 - 0,10 134 c B 286 a A 236 b B 238 b B 238 b A

0,10 - 0,20 173 b A 278 a A 282 a A 265 a A 246 a A

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 36,97; Diferença mínima significativa (Camada) = 25,96. Médias

seguidas de mesma letra, minúscula na linha e maiúscula na coluna, não diferem significativamente entre si pelo

Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

O solo sob mata apresentou o menor valor de argila dispersa em água

tanto na camada superficial quanto na subsuperficial. Esse resultado pode ser explicado pela

ausência de revolvimento do solo, que é responsável pelo aumento da dispersão da argila

(LEVY et al., 1993), e pelos maiores teores de matéria orgânica no solo sob mata. Além disso,

a matéria orgânica apresenta-se mais humificada, tendo efeito de cimentação mais

pronunciado que o de dispersão, pelo aumento da carga líquida. O efeito da matéria orgânica

sobre a floculação da argila, em áreas de vegetação nativa, foi constatado por Carvalho Júnior

et al. (1998).

Na camada superficial, os tratamentos semeadura direta, arado de

discos e grade pesada apresentaram valores intermediários, e o tratamento pousio apresentou o

maior valor de argila dispersa em água. Já na camada subsuperficial, não houve diferenças

entre os sistemas de preparo e manejo do solo, apenas o solo sob mata diferiu dos demais

tratamentos.

Os valores de argila dispersa em água aumentaram em profundidade

na maioria dos tratamentos, com exceção do solo sob pousio e do preparado com grade

pesada, provavelmente devido à ausência de preparo do solo, no caso do pousio, e do manejo

mais uniforme dos fertilizantes nas camadas, no tratamento com grade pesada. Em geral,

espera-se diminuição dos valores de argila dispersa em água com o aumento da profundidade

dos solos, conforme observado por Alleoni e Camargo (1994), devido à maior contribuição

dos óxidos de ferro em maiores profundidades nos solos mais intemperizados.

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77

6.14 Distribuição de agregados por tamanho e diâmetro médio ponderado

Na Tabela 30 é apresentada a análise da variância para os valores de

distribuição de agregados em classes de tamanho e para os valores de diâmetro médio

ponderado dos agregados.

Tabela 30. Análise da variância para os valores de distribuição de agregados em classes de

tamanho (mm) e para os valores de diâmetro médio ponderado dos agregados.

Fontes de

variação

Valores do teste F

4,0-2,0 2,0-1,0 1,0-0,5 0,5-0,25 0,25-0,1 0,1- 0,05 < 0,05 DMP

Trat. (A) 10,391* 5,722* 18,078* 20,009* 10.730* 7,141* 9,395* 15,604*

Bloco 1,559ns

1,221ns

2,328ns

3,118* 1.816ns

0,382ns

0,512ns

1,888ns

Camada(B) 3,700ns

4,575* 7,022* 0,704ns

2.921ns

0,938ns

0,3951ns

2,033ns

A x B 5,732* 4,729* 5,007* 12,810* 6.687* 4,326* 4,785* 9,597*

C.V. (%) 17,33 17,27 10,95 14,86 20,10 38,41 25,80 8,79

D.P. 5,51 3,55 1,97 2,64 1,57 0,49 0,75 0,13

DMS (A) 11,38 7,33 4,07 5,45 3,25 1,01 1,59 0,27

DMS (B) 7,99 5,15 2,86 3,83 2,28 0,71 1,09 0,19

C.V.: Coeficiente de variação; D.P.: Desvio padrão; DMS: Diferença mínima significativa

* significativo a 5% de probabilidade.

Houve predomínio de macroagregados (> 0,25 mm) em todos os

tratamentos e camadas estudadas (Figura 22). Na camada superficial, o solo sob mata

apresentou 92% de macroagregados, o pousio 92%, a semeadura direta 89%, o arado de discos

84% e a grade pesada 84% de macroagregados. Na camada subsuperficial, o solo sob mata

teve a proporção de macroagregados diminuída para 86%, enquanto que nos demais

tratamentos esta proporção foi aumentada. O pousio aumentou para 93% de macroagregados,

a semeadura direta para 90%, o arado de discos para 88% e a grade pesada para 89% de

macroagregados.

Os tratamentos mata, pousio e semeadura direta apresentaram maior

proporção de agregados maiores que 2,00 mm. Esses tratamentos foram os que mostraram

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maior atividade biológica, conforme relatado na descrição micromorfológica do solo. Para

Tisdall e Oades (1982), a concentração de agregados estáveis em água, na faixa de tamanho

superior a 2,00 mm, consiste de agregados e partículas mantidos juntos, principalmente, pela

rede fina de raízes e hifas, além da ação mecânica das raízes, que aproxima as partículas

unitárias do solo de produtos da excreção da fauna, com reconhecido poder cimentante.

0

10

20

30

40

50

4,00 - 2,00 2,00 - 1,00 1,00 - 0,50 0,50 - 0,25 0,25 - 0,10 0,10 - 0,05 < 0,05

Dis

trib

uiç

ão

de a

greg

ad

os

(%)

Classes de tamanho (mm)

Camada 0,0 - 0,10 m Mata

Pousio

Semeadura direta

Arado de discos

Grade pesada

0

10

20

30

40

50

4,00 - 2,00 2,00 - 1,00 1,00 - 0,50 0,50 - 0,25 0,25 - 0,10 0,10 - 0,05 < 0,05

Dis

trib

uiç

ão

de a

greg

ad

os

(%)

Classes de tamanho (mm)

Camada 0,10 - 0,20 m Mata

Pousio

Semeadura direta

Arado de discos

Grade pesada

Médias seguidas de mesma letra minúscula dentro de cada classe de tamanho não diferem significativamente

entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Figura 22. Comparação entre as médias de distribuição de agregados em diferentes classes de

tamanho (%) entre os tratamentos estudados.

Comparando-se as classes de agregados do solo sob mata, pousio e

semeadura direta com o solo preparado com arado de discos e grade pesada, nas duas camadas

estudadas, verifica-se, que para o solo sob os preparos convencionais, os agregados maiores

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que 1,00 mm foram fracionados pelo cultivo em agregados com diâmetros menores, enquanto

a melhor estrutura do solo sob mata, pousio e semeadura direta pode ser comprovada por meio

da menor percentagem de agregados nas classes de menor diâmetro e maior nas de maior

diâmetro, para todas as camadas. Esses resultados concordam com os obtidos por Carpenedo e

Mielniczuk (1990), Campos et al. (1995) e Beutler et al. (2001).

Os tratamentos arado de discos e grade pesada não apresentaram

diferenças entre as quantidades de agregados menores que 1,00 mm, contrariando o resultado

encontrado por Carvalho Filho et al. (2007). Esses autores observaram que a grade pesada,

quando comparada com o arado de discos, proporciona maior quantidade de agregados de

pequenas dimensões, podendo gerar maior degradação nos solos.

Na Tabela 31 é apresentada a comparação entre as médias de diâmetro

médio ponderado (DMP) dos agregados (mm) entre os tratamentos estudados.

Tabela 31. Comparação entre as médias de diâmetro médio ponderado dos agregados (mm)

entre os tratamentos estudados.

Tratamento

Camada Mata Pousio Semeadura

direta

Arado de

discos

Grade

pesada

m ________________________________________

mm ________________________________________

0,00 - 0,10 1,83 a 1,75 ab 1,49 bc 1,25 cd 1,21 d

0,10 - 0,20 1,33 bc 1,57 ab 1,66 a 1,27 c 1,40 abc

Diferença mínima significativa (Tratamento) = 0,27. Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha não

diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Observa-se que, na camada 0,0 – 0,10m, o solo sob mata apresentou o

maior DMP, que foi semelhante ao do solo sob pousio, diferindo de todos os demais

tratamentos. O DMP do solo sob pousio também foi semelhante ao DMP do solo sob

semeadura direta, diferindo dos tratamentos com arado de discos e grade pesada. O solo sob

semeadura direta apresentou DMP diferente, estatisticamente, do DMP do solo sob mata e do

solo preparado com grade pesada, sendo este último o tratamento que apresentou menor DMP

na camada superficial. Na camada 0,10 – 0,20m, para o solo sob semeadura direta observou-se

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o maior DMP, que foi semelhante ao do solo sob pousio e ao do solo preparado com grade

pesada, diferindo do solo sob mata e do solo preparado com arado de discos, que apresentaram

os menores DMPs desta camada.

O fato do solo sob pousio estar entre os tratamentos que apresentaram

maior DMP pode não estar relacionado a uma estabilidade natural e sim originada pela

compactação, que forma agregados artificiais, pois esse solo apresentou microestrutura mais

maciça, conforme o estudo micromorfológico. Klein et al. (2006), ao realizarem um

experimento sobre compactação de um Latossolo Vermelho, para determinar a estabilidade

dos agregados oriundos de núcleos compactados, demonstraram que há, efetivamente, uma

maior estabilidade dos agregados quanto maior for a densidade do solo.

Na Figura 23 é apresentada a comparação entre as médias de diâmetro

médio ponderado (DMP) dos agregados do solo entre as camadas estudadas.

AA

A

A BB

AA

AA

0

0.5

1

1.5

2

Mata Pousio Semeadura direta Arado de discos Grade pesada

DM

P (

mm

)

0,0 - 0,10 m

0,10 - 0,20 m

Diferença mínima significativa (camada) = 0,19. Médias seguidas de mesma letra maiúscula dentro do tratamento

não diferem significativamente entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Figura 23. Comparação entre as médias de diâmetro médio ponderado (DMP) dos agregados

do solo entre as camadas estudadas.

O DMP do solo sob mata diminuiu 27% em profundidade, condição

que pode ser atribuída ao maior acúmulo de material orgânico na camada superficial.

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Inúmeros trabalhos mostram a importância da matéria orgânica para elevação do DMP dos

agregados estáveis em água (CARPENEDO; MIELNICZUK, 1990 e PALMEIRA, 1999).

O DMP do solo preparado com grade pesada aumentou 16% na

camada subsuperficial, resultado que pode ser atribuído a uma ação mais superficial do

implemento no solo. O solo sob pousio, semeadura direta e preparado com grade pesada não

apresentaram diferenças entre os DMPs das camadas estudadas.

De maneira geral, os solos apresentaram índices de agregação (DMP)

superiores a 0,5 mm, que, de acordo com Kiehl (1979), são relativamente mais resistentes ao

esboroamento e à dispersão, logo, pouco susceptíveis às alterações de suas características

pedológicas quando submetidos a um manejo bem conduzido.

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7 CONCLUSÕES

A análise micromorfológica e micromorfométrica do solo permite

caracterizar o efeito do uso e manejo do solo sobre a estrutura e sobre a forma e o tamanho dos

poros, sendo eficiente para identificar diferenças na porosidade do solo entre sistemas de uso e

manejo.

Solos sob preparo com arado de discos, grade pesada e sob pousio

condicionam um arranjo mais denso da estrutura, com conseqüente alteração na forma e no

tamanho dos poros que influenciam a infiltração e a retenção de água no solo.

Há diminuição do teor de matéria orgânica na camada superficial do

solo sob pousio, semeadura direta, preparo com arado de discos e grade pesada em

comparação com o solo sob mata.

Os sistemas de uso e manejo afetam a evolução da matéria orgânica do

solo.

O estudo micromorfológico e micromorfométrico do solo mostra-se

mais eficiente na identificação de estágios iniciais de compactação do que os dados obtidos

pela análise de rotina.

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