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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CÂMPUS DE BOTUCATU DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM SISTEMA ELETROMECÂNICO PARA DETERMINAÇÃO DO TORQUE NAS RODAS MOTRIZES DE TRATORES AGRÍCOLAS DIEGO AUGUSTO FIORESE Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp - Câmpus de Botucatu, para obtenção do título de doutor em Agronomia (Energia na Agricultura) BOTUCATU-SP Abril - 2014

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CÂMPUS DE BOTUCATU

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM SISTEMA

ELETROMECÂNICO PARA DETERMINAÇÃO DO TORQUE NAS

RODAS MOTRIZES DE TRATORES AGRÍCOLAS

DIEGO AUGUSTO FIORESE

Tese apresentada à Faculdade de Ciências

Agronômicas da Unesp - Câmpus de

Botucatu, para obtenção do título de doutor

em Agronomia (Energia na Agricultura)

BOTUCATU-SP

Abril - 2014

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CÂMPUS DE BOTUCATU

DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM SISTEMA

ELETROMECÂNICO PARA DETERMINAÇÃO DO TORQUE NAS

RODAS MOTRIZES DE TRATORES AGRÍCOLAS

DIEGO AUGUSTO FIORESE

Orientador: Professor Doutor Kléber Pereira Lanças

Tese apresentada à Faculdade de Ciências

Agronômicas da Unesp - Câmpus de

Botucatu, para obtenção do título de doutor

em Agronomia (Energia na Agricultura)

BOTUCATU-SP

Abril - 2014

III

DEDICATÓRIAS

Às forças Divinas que fortalecem a vida no

planeta Terra, e desta forma propiciam à

realização de todos os trabalhos técnicos e

científicos.

Dedico com imensa gratidão à minha mãe,

Clarice Candiago Fiorese, pelo incansável

apoio durante todas as etapas dedicadas ao

trabalho e estudos, e pela imensa

compreensão frente à distância dos membros

de sua família, ao saber que o propósito é nos

tornarmos pessoas com alto nível

educacional.

Ao meu Pai, Gelson Fiorese (in

memorian)... Sua ausência forçada me faz

refletir o quão bela é a vida, mesmo

enfrentando as maiores dificuldades. Com

certeza estás olhando por sua família,

guiando-nos para o melhor caminho.

Aos irmãos Flávia Fiorese, Flávio

Henrique Fiorese e Eduarda Fiorese, pela

confiança e pelo apoio dado durante todo

tempo.

Dedico ainda a todos que, de forma direta

ou indireta, participaram e colaboraram para

a realização de cada uma das etapas deste

estudo.

IV

AGRADECIMENTOS

Aos pais, amigos, parentes e colegas, pelo apoio e incentivo ao crescimento didático e profissional,

especialmente à minha família pela presença em diversos momentos, bem como sua compreensão

pela ausência ao longo dos anos dedicados à evolução intelectual.

À Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

- FCA/UNESP, em especial ao Programa de Pós-Graduação em Energia na Agricultura e ao

Departamento de Engenharia Rural.

A uma distinta pessoa e profissional, Prof. Dr. Kléber Pereira Lanças, orientador, amigo, conselheiro,

e verdadeiro entusiasta do potencial científico de nosso país, especialmente para o setor de máquinas agrícolas. Agradeço, principalmente, a confiança depositada ao longo dos últimos anos.

À Capes, pela concessão da bolsa de estudos e apoio financeiro para publicações e participação em eventos.

Ao NEMPA - Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais e seus membros, composto

por professores, pós-graduandos, técnicos, estagiários e demais, que como uma verdadeira família sempre manteve o espírito de equipe.

Ao colega, Engenheiro Mecânico André Bender da UFSM, por uma grande amizade formada em anos passados e que, pelo presente, colocou-se à disposição voluntariamente, para aplicação de seus

conhecimentos técnicos em Engenharia.

Aos senhores membros da banca examinadora, pelo gentil aceite na avaliação deste trabalho, e pela honrada presença, contribuindo com correções, sugestões e demais comentários.

À todos os professores que, de forma sucinta ou detalhada, lançaram as diretrizes para o alcance do sucesso, neste, e em outros trabalhos.

Agradeço à minha noiva Francielle Morelli Ferreira pelo apoio, grande companheirismo, conselhos e pela compreensão acerca das dificuldades enfrentadas.

Aos colegas de trabalho e amigos, Emanuel R. Spadim, Indiamara Marasca, Luiz Balestrin, Marcelo

S. Denadai, Prof. Dr. Saulo P. S. Guerra, Prof. Dr. Paulo R. Arbex, Prof. Fabrício Campos Masiero, Guilherme Oguri, Felipe de Córdova Machado, Fernando Camargo, João Vitor Testa, Gabriel Lyra,

Renato Guedes Ramos, Murilo B. Martins, Marília Hellmeister, Edward Victor Aleixo, Prof. Thiago

Machado, Thiago Hendler, Gustavo Montanha, Prof. Fernando Henrique Campos, Bárbara Barreto Fernandes, Éric Cunha, Miguel Osório Pascucci, Jefferson Sandi, Fellippe Damasceno, Lucas

Doimo, José Renato Leite Barbosa, Walter Puga e Ronilson de Souza Santos, que colaboraram

significativamente nos trabalhos realizados.

Ao amigo Sandro Lugão e a STB Aeronáutica, parceiros no desenvolvimento dos componentes

mecânicos.

Aos colegas de lar e amigos, Laerte Pivetta, Tiago Zoz, Ismael Fernando, João Vitor Testa, Edward

Victor Aleixo e Vinícius, pela parceria e amizade.

A todos os funcionários do Departamento de Engenharia Rural e da Fazenda Experimental da FCA.

V

EPÍGRAFE

“Nada façais por contenda ou por vanglória,

mas por humildade; cada um considere

os outros superiores a si mesmo.”

(Filipenses, 2:3)

VI

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS.............................................................................................................VIII

LISTA DE FIGURAS........... ...................................................................................................... X

LISTA DE APÊNDICES ........................................................................................................XIV

RESUMO.............................. ....................................................................................................... 1

SUMMARY……………….. ....................................................................................................... 3

INTRODUÇÃO.............. ...................................................................................................... 5

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................. 7

2.1 Projeto de componentes e de máquinas agrícolas ............................................................ 7

2.2 Motores de combustão interna ciclo Diesel ..................................................................... 8

2.2.1 Reserva de torque ................................................................................................... 9

2.3 Tratores agrícolas ........................................................................................................... 11

2.3.1 Transmissões dos tratores ..................................................................................... 12

2.3.2 Distribuição de forças no trator ............................................................................ 13

2.3.3 Rodados motrizes e pneus agrícolas para tratores ................................................ 16

2.3.4 Deformação dos pneus e raio dos rodados ........................................................... 17

2.4 Teoria da tração.......... .................................................................................................... 18

2.4.1 Interação rodado-superfície trativa ....................................................................... 18

2.4.2 Teorias preditivas para tração ............................................................................... 21

2.4.3 Eficiência trativa ................................................................................................... 24

2.5 Ensaios de tratores e rodados ......................................................................................... 28

2.5.1 Ensaios dinamométricos ....................................................................................... 29

2.5.2 Ensaios de tração .................................................................................................. 30

2.5.3 Ensaios de rodados e de torque ............................................................................. 33

2.5.4 Instrumentação para aquisição de dados............................................................... 36

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 38

3.1 Fases de projeto do torsiômetro ..................................................................................... 39

3.2 Projeto e simulações virtuais.......................................................................................... 40

3.3 Construção do torsiômetro (protótipo) ........................................................................... 40

3.4 Trator utilizado...............................................................................................................41

3.4.1 Ensaios de deformação dos pneus traseiros .......................................................... 43

3.4.2 Ensaios da tomada de potência (TDP) do trator em dinamômetro ....................... 45

3.4.3 Relação de transmissão e tração bruta teórica do trator........................................ 46

VII

3.5 Instrumentação utilizada para ensaios de tração ............................................................ 47

3.6 Unidade Móvel para Ensaio na Barra de Tração - UMEB............................................. 52

3.7 Ensaios para validação do torsiômetro........................................................................... 53

3.7.1 Pistas de ensaio ..................................................................................................... 53

3.7.2 Marchas ensaiadas e rotação de trabalho do trator ............................................... 54

3.7.3 Delineamento experimental para o fator marcha .................................................. 55

3.7.4 Delineamento experimental para o fator TDA ligada e desligada ........................ 55

3.7.5 Delineamento experimental para o fator superfície trativa ................................... 56

3.7.6 Obtenção das máximas eficiências ....................................................................... 56

3.7.7 Parâmetros avaliados e procedimento de cálculos ................................................ 57

RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 58

4.1 Resultados do projeto (virtual) ....................................................................................... 58

4.1.1 Custo de desenvolvimento do torsiômetro ........................................................... 64

4.2 Resultados construtivos do torsiômetro ......................................................................... 64

4.3 Calibração da célula de carga......................................................................................... 68

4.4 Calibração do torsiômetro .............................................................................................. 68

4.5 Resultados dos ensaios preliminares .............................................................................. 69

4.5.1 Deformação vertical dos pneus traseiros .............................................................. 69

4.5.2 Ensaio dinamométrico via TDP ............................................................................ 71

4.5.3 Relação de transmissão e tração bruta e líquida teórica do trator ......................... 72

4.5.4 Primeiros ensaios de tração e obtenção de torque pelo torsiômetro ..................... 73

4.6 Resultados dos ensaios de tração em pista ..................................................................... 75

4.6.1 Fator marcha (velocidade de deslocamento) ........................................................ 75

4.6.1.1 Torque e potência ......................................................................................... 75

4.6.1.2 Coeficiente de tração líquida (CTL) ............................................................. 79

4.6.1.3 Eficiência trativa (ET) .................................................................................. 81

4.6.2 Fator TDA ligada e desligada ............................................................................... 84

4.6.2.1 Torque e potência ......................................................................................... 85

4.6.3 Fator superfície trativa .......................................................................................... 87

4.6.4 Máximas potências e eficiência ............................................................................ 89

CONCLUSÕES............. ..................................................................................................... 91

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................ 92

APÊNDICE........................... ................................................................................................... 101

VIII

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Coeficientes de resistência ao rolamento e de tração para distintas superfícies. . 21

Tabela 2. Características técnicas de catálogo do trator SLC/John Deere 6600. ................ 41

Tabela 3. Características técnicas e ponderais do trator determinadas no Nempa. ............. 41

Tabela 4. Dimensões dos rodados traseiros do trator para a condição estática. .................. 42

Tabela 5. Parâmetros técnicos e teóricos para determinação das forças atuantes no trator e

no torsiômetro para a condição sem lastro. ....................................................... 42

Tabela 6. Especificações da célula de carga utilizada no torsiômetro. ............................... 48

Tabela 7. Descrição dos equipamentos e sensores instalados na UMEB, utilizados para o

controle variável da carga imposta na barra de tração. ...................................... 52

Tabela 8. Fatores de avaliação com o conjunto trator-UMEB ensaiados sobre pista de

concreto e com a TDA desligada. .................................................................... 55

Tabela 9. Fatores de avaliação com o conjunto trator-UMEB ensaiados sobre pista de

concreto e com a TDA ligada e desligada. ....................................................... 56

Tabela 10. Fatores de avaliação com o conjunto trator-UMEB ensaiados sobre pista de

concreto e pista de solo firme com a TDA ligada. .......................................... 56

Tabela 11. Descrição e quantidade dos itens que compõem o torsiômetro......................... 61

Tabela 12. Custo de todos os itens envolvidos no desenvolvimento e fabricação do

torsiômetro. ................................................................................................. 64

Tabela 13. Massa dinâmica traseira, deformação, e raio dinâmico dos rodados em função da

tração líquida. ................................................................................................. 70

Tabela 14. Relação de transmissão e velocidade teórica para as marchas avaliadas........... 72

Tabela 15. Relação de transmissão, torque e tração bruta e líquida teórica para as marchas

avaliadas do trator, na rotação nominal do motor. ........................................... 73

Tabela 16. Valores médios dos tratamentos e obtidos nos ensaios, para tração líquida, tração

bruta e resistência ao rolamento para três marchas. .......................................... 77

Tabela 17. Valores da patinagem, do coeficiente de tração líquida (CTL) e bruta (CTB) na

condição de máxima eficiência trativa, e para média geral, em função da marcha

utilizada. .......................................................................................................... 82

Tabela 18. Torques obtidos no eixo traseiro do trator (TET) em função da tração líquida (TL)

e da tração dianteira auxiliar (TDA) ligada e desligada e redução percentual do

torque obtido com a TDA ligada para a marcha B2. ......................................... 86

IX

Tabela 19. Máximas potências encontradas, na TDP (PTDP), no eixo traseiro (PET) e na

barra de tração (PBT) para quatro marchas. ..................................................... 89

Tabela 20. Máximas eficiências encontradas, considerando as máximas potências obtidas na

tomada de potência (PTDP), no eixo traseiro (PET), e na barra de tração

(PBT). ............................................................................................................. 89

X

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Curvas de potência e torque de um motor agrícola moderno de 190 cv. ............. 10

Figura 2. Esquema de forças e dimensões de um trator submetido à tração. ...................... 15

Figura 3. Esquema básico do torque transmitido do motor para as rodas motrizes. ........... 17

Figura 4. Esquema básico da atuação de forças em um rodado sobre o solo. ..................... 22

Figura 5. Coeficientes da tração em função da patinagem das rodas motrizes. .................. 25

Figura 6. Equipamento para ensaio dinâmico de rodado agrícola individual desenvolvido por

Nagaoka (2001). .............................................................................................. 34

Figura 7. Componentes para medição do torque aplicado ao eixo cardan na saída do

motor. .............................................................................................................. 36

Figura 8. Fases de desenvolvimento do trabalho. .............................................................. 38

Figura 9. Pneu 23.1-30 montado na prensa hidráulica para ensaio de deformação vertical

sobre superfície rígida. ..................................................................................... 43

Figura 10. Detalhe do potenciômetro instalado na estrutura da prensa para determinação da

deformação vertical do pneu em função da carga. ............................................ 44

Figura 11. Trator acoplado ao dinamômetro NEB400 para ensaios da TDP. ..................... 45

Figura 12. Máximas potências no sistema mecânico de tratores agrícolas, segundo a norma

EP496.2 (ASAE, 2003b). ................................................................................. 46

Figura 13. Trator suspenso com as quatro rodas livres e com sensores acoplados nas rodas

para determinação da relação de transmissão de todas as marchas avante. ........ 46

Figura 14. Célula de carga cilíndrica DTS20T-especial, montada nos suportes “U” para ser

acoplada no torsiômetro. .................................................................................. 47

Figura 15. Conector rotativo com esquema básico de funcionamento. .............................. 48

Figura 16. Calibração do torsiômetro com uso de macaco hidráulico. ............................... 49

Figura 17. Sensor instalado na roda traseira direita para determinação da rotação do eixo

traseiro. ........................................................................................................... 50

Figura 18. Vista lateral do esquema de ligação da instrumentação utilizada no trator. ....... 51

Figura 19. Vista superior do esquema de montagem da instrumentação utilizada em cada

posição do trator. ............................................................................................. 51

Figura 20. Trator instrumentado acoplado a UMEB através da barra de tração. ................ 53

Figura 21. Vista aérea da pista de concreto utilizada nos ensaios de tração. ...................... 54

Figura 22. Pista de solo firme utilizada para os ensaios de tração. .................................... 54

XI

Figura 23. Desenhos dos principais componentes mecânicos do torsiômetro. ................... 59

Figura 24. Desenho do torsiômetro montado, elaborado a partir do princípio do braço de

alavanca........................................................................................................... 60

Figura 25. Visão explodida dos componentes do torsiômetro. .......................................... 60

Figura 26. Vista lateral do sistema montado, detalhando dimensões e ângulos (dimensões

em mm). .......................................................................................................... 61

Figura 27. Representação da atuação de forças no torsiômetro ao centro da roda motriz. .. 62

Figura 28. Representação em plano cartesiano do formato geométrico que representa a

atuação de forças no torsiômetro ao centro da roda motriz. .............................. 62

Figura 29. Peças usinadas e rolamentos aguardando montagem. ....................................... 65

Figura 30. Detalhe do acoplamento entre a flange do eixo traseiro esquerdo do trator, e a

flange do eixo do torsiômetro. ......................................................................... 65

Figura 31. Detalhe do acoplamento e o centro da roda montado entre as flanges. ............. 66

Figura 32. Centro da roda preso axialmente entre as flanges interna e externa através dos

rolamentos e porca M100................................................................................. 66

Figura 33. Aperto final da porca M100, aplicando carga axial nos rolamentos interno e

externo, e nas flanges interna e externa. ........................................................... 67

Figura 34. Torsiômetro com a parte mecânica e eletrônica montadas no rodado traseiro

esquerdo, de forma completa, e pronto para os ensaios. ................................... 67

Figura 35. Calibração da célula de carga ligada ao conector rotativo para obtenção do fator

de conversão a ser utilizado pelo sistema de aquisição de dados....................... 68

Figura 36. Resultados da calibração do torsiômetro com duas retas, sendo uma com o torque

real (conhecido) aplicado na roda, e outra com o torque calculado obtido pelo

produto entre força da célula de carga do torsiômetro (Fcc), do braço de alavanca

do torsiômetro e o seno do ângulo de torque (Sen 53,17°). ............................... 69

Figura 37. Deformação vertical em função da carga atuante sobre o pneu (individual) para

pressão de insuflagem de 124,1 kPa. ................................................................ 70

Figura 38. Curvas de consumo, potência e torque na TDP obtidas nos ensaios

dinamométricos. .............................................................................................. 71

Figura 39. Trator travado com torsiômetro montado, para teste estático de resistência e

funcionalidade executando tração com velocidade de deslocamento zero. ........ 73

Figura 40. Teste de campo, para verificar a funcionalidade e resistência da parte mecânica

do torsiômetro e a para verificar a mobilidade do trator.................................... 74

XII

Figura 41. Histograma da distribuição obtida nas medições de torque no eixo traseiro. .... 74

Figura 42. Tração bruta (TB) e tração líquida (TL) em função do torque no eixo para marcha

B1. .................................................................................................................. 76

Figura 43. Tração bruta (TB) e líquida (TL) em função do torque no eixo para marcha

B2. .................................................................................................................. 76

Figura 44. Tração bruta (TB) e tração líquida (TL) em função do torque no eixo para marcha

C1. .................................................................................................................. 77

Figura 45. Potência no eixo traseiro (PET) e na barra de tração (PBT) em função da

patinagem para a marcha B1. ........................................................................... 78

Figura 46. Potência no eixo traseiro (PET) e na barra de tração (PBT) em função da

patinagem para a marcha B2. ........................................................................... 78

Figura 47. Potência no eixo traseiro (PET) e na barra de tração (PBT) em função da

patinagem para a marcha C1. ........................................................................... 79

Figura 48. Potência no eixo traseiro (PET) em função do coeficiente de tração líquida para

as três marchas. ............................................................................................... 80

Figura 49. Potência na barra de tração (PBT) em função do coeficiente de tração líquida para

as três marchas. ............................................................................................... 80

Figura 52. Eficiência trativa para pista de concreto, em função da patinagem. .................. 81

Figura 53. Eficiência trativa em função do coeficiente de tração líquida para as três marchas.

........................................................................................................................ 83

Figura 54. Eficiência trativa em função do coeficiente de tração bruta. ............................. 83

Figura 55. Potência obtida no eixo traseiro do trator para as três marchas sobre pista de

concreto e com a TDA desligada em função da rotação do motor. .................... 84

Figura 56. Torque no eixo traseiro do trator, em função da tração líquida (TL), para a

condição de TDA ligada e desligada com a marcha B2. ................................... 85

Figura 57. Potência no eixo traseiro do trator, em função da tração líquida (TL), para a

condição de TDA ligada e desligada com a marcha B2. ................................... 85

Figura 58. Redução do torque no eixo traseiro em função da tração líquida, utilizando a TDA

ligada, comparativamente ao torque com a TDA desligada. ............................. 87

Figura 59. Torque no eixo traseiro para pista de concreto e de solo firme com a TDA ligada,

em função da carga na barra de tração para a marcha B2.................................. 88

XIII

Figura 60. Potências obtidas no eixo e na barra de tração, em pista de concreto e de solo

firme, com a TDA ligada, em função da tração líquida (TL), para a marcha

B2. .................................................................................................................. 88

XIV

LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE 1. Desenhos detalhados do eixo principal do torsiômetro. ........................... 102

APÊNDICE 2. Desenhos detalhados da flange interna. ................................................. 103

APÊNDICE 3. Desenhos detalhados da flange externa. ................................................. 104

APÊNDICE 4. Desenhos detalhados do braço de alavanca móvel. ................................ 105

APÊNDICE 5. Desenhos detalhados da base para apoio da célula de carga. .................. 106

APÊNDICE 6. Desenhos detalhados da chapa fixadora para transporte. ........................ 107

APÊNDICE 7. Desenhos detalhados da porca M80. ...................................................... 108

APÊNDICE 8. Desenhos detalhados da porca M100. .................................................... 109

APÊNDICE 9. Desenhos detalhados da chapa lateral para suporte da célula de carga. ... 110

APÊNDICE 10. Desenhos detalhados do braço da flange externa.................................. 111

APÊNDICE 11. Desenhos detalhados do suporte da célula de carga montado. .............. 112

APÊNDICE 12. Desenhos detalhados do torsiômetro, montado e em corte. .................. 113

APÊNDICE 13. Desenhos detalhados em 3D do torciômetro explodido. ....................... 114

APÊNDICE 14. Simulação em software específico para posterior usinagem. ................. 115

APÊNDICE 15. Resultados da simulação da força torcional limite aplicado ao eixo. ..... 116

1

RESUMO

As transmissões dos tratores agrícolas transferem energia do motor

para as rodas motrizes, e o torque disponível nos rodados é convertido em tração bruta, que

é responsável por vencer a resistência ao rolamento do trator e pela tração disponível

(líquida) na barra de tração do trator. Este trabalho teve por objetivo desenvolver um sistema

eletromecânico para determinação do torque no eixo das rodas motrizes de tratores agrícolas,

denominado torsiômetro, e validá-lo através de ensaios de tração com auxílio de um carro

dinamométrico equipado com instrumentação eletrônica para aquisição de dados. A pesquisa

foi conduzida no Núcleo de Ensaios de Máquinas e Pneus Agroflorestais (NEMPA) da

Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA/UNESP), Botucatu-SP. O protótipo foi

concebido utilizando programas computacionais específicos para projeto mecânico, e

construído para ser instalado no eixo traseiro de tratores agrícolas de até 90 kW. O

torsiômetro foi confeccionado com estrutura metálica, apta a resistir a grandes demandas de

torque, podendo ser adaptado a qualquer outro trator com características similares, de igual

ou menor potência. O dispositivo baseia-se em um braço de alavanca (momento torsor), onde

obtém-se os valores de força com uma célula de carga e os valores de torque por uma equação

matemática. Após a conclusão do projeto e construção do protótipo, foram realizadas

avaliações funcionais e de resistência, e em seguida realizaram-se ensaios de tração em pista,

para sua validação. Nos ensaios em pista, foram realizadas as avaliações em duas superfícies

(concreto e solo firme), três marchas, oito cargas na barra de tração e com a tração dianteira

auxiliar (TDA) ligada e desligada. Os resultados obtidos para validar o equipamento foram

analisados estatisticamente através de equações de regressão, com destaque para a

2

linearidade entre o torque no eixo e a tração líquida, obtendo-se uma máxima eficiência

trativa de 91%, em pista de concreto, com 4,3% de patinagem, não havendo diferença

significativa entre as marchas avaliadas. Na carga mais alta (30 kN), a distribuição de torque

foi de aproximadamente 70% nas rodas traseiras e 30% nas rodas dianteiras, e a demanda de

torque foi maior em pista de solo firme, quando comparada com pista de concreto. As

máximas eficiências foram de 95% entre a potência no eixo traseiro e a TDP, 92% entre a

potência na barra de tração e o eixo traseiro, e 88% entre a potência na barra de tração e a

potência na TDP. Os resultados dos ensaios permitiram a validação do torsiômetro, sendo

possível utilizá-lo para a avaliação de tratores agrícolas nas mais diversas condições

operacionais.

3

DEVELOPMENT AND VALIDATION OF AN ELECTROMECHANICAL SYSTEM

FOR DETERMINING THE TORQUE ON DRIVE WHEELS OF AGRICULTURAL

TRACTORS. Botucatu, 2014. 116 f.

Tese (Doutorado em Agronomia/Energia na Agricultura) - Faculdade de Ciências

Agronômicas, Universidade Estadual Paulista.

Author: DIEGO AUGUSTO FIORESE

Adviser: KLÉBER PEREIRA LANÇAS

SUMMARY

The transmissions of agricultural tractors transfer the engine power

to the drive wheels and the torque, available in the rotated, is converted into gross traction,

which is responsible for overcoming the rolling resistance of the tractor and for the net

traction on the drawbar. Based on these premises, this research aims to develop an

electromechanical system, which we designate “torque meter” or “torque transducer”, to

determine the torque and power on the axle of the driving wheels in agricultural tractors, and

validate it through traction tests, with the support of a dynamometer car, and electronic

instrumentation for data acquisition. The work was conducted at the Agro Forestry Machine

and Tire Testing Center (NEMPA) at the College of Agronomic Sciences, São Paulo State

University (FCA/UNESP), Botucatu-SP, Brazil. The torque meter was developed using

specific software for mechanical design, and was built to be installed on rear axle of tractors

of up to 90kW. The equipment was made with robust metal structure, able to withstand high

demands of torque, and possible to be adapted to any tractor with similar features with equal

or less power, simply by meeting the dimensional peculiarities of each model. The torque

meter is based on a lever arm (torsional moment) from which it is obtained the strength

values with a load cell and the torque values using a mathematical equation. After

completion of the development and construction of the prototype, the functional and

resistance evaluations were conducted and followed by dynamic tests for the validation of

the torque meter. During traction tests, it was performed evaluations on two surfaces

(concrete and firm soil), three gears, up to eight drawbar pull and evaluations with the wheel

assist drive on and off. The results for the validation of the equipment were statistically

analyzed using regression equations, highlighting the linearity between the axle torque and

the net traction, obtaining the maximum tractive efficiency of 91% on concrete surface with

4

4,3% of slip and no significant difference between the assessed gears. At the highest loading

(30kN), the torque distribution was approximately 70% on the rear wheels and 30% on the

front wheels, and the demand torque was greater on firm soil as compared to the concrete

track. The maximum efficiencies were 95% of the power on the rear axle and the PTO, 92%

of the drawbar power and rear axle, and 88% of the drawbar power and PTO. The testing

results allowed the validation of the torque meter, making it possible the usage for the

assessment of agricultural tractors in several operating conditions.

________________________

Keywords: torque meter, traction, tractor test, axle power, tractive efficiency.

5

INTRODUÇÃO

Para executar sua principal função, que é a transmissão de força de

tração, os tratores agrícolas dependem diretamente do torque do motor, o qual é

multiplicado, e na maioria dos modelos é transmitido mecanicamente até as rodas motrizes

através do conjunto de transmissão do trator, onde se incluem a embreagem, a caixa de

mudança de marchas, o diferencial e as reduções finais.

Existem perdas ao longo dessas transmissões que reduzem a

eficiência do sistema. Sabendo-se o torque desenvolvido pelo motor e a relação de

transmissão de uma determinada marcha, é possível estimar a velocidade e o torque recebido

pelos eixos motrizes, considerando as perdas existentes em todo o trajeto da potência até os

pneus, previstas por teorias ou normas técnicas. Porém, são considerações e valores teóricos,

que apresentam aproximações e erros.

Poucos trabalhos com medição direta de torque nos eixos motrizes

de tratores agrícolas têm sido realizados, tanto em pistas de ensaio como em campo. A maior

ênfase tem sido para ensaios com rodados individuais e que utilizam equipamentos

específicos.

Ao avaliar a força na barra de tração, a velocidade do trator e

calculando-se a potência disponível na barra de tração, é possível detectar quais são as

condições de trabalho que oferecem maior e menor eficiência, entretanto, sem obter onde

estão ocorrendo as perdas de torque e potência. Ao quantificar o torque nas rodas motrizes,

utilizando um torsiômetro específico, torna-se possível avaliar de forma eficaz, qual é a

relação entre o torque de entrada e os demais parâmetros energéticos e de desempenho, como

6

tração líquida, coeficiente de tração, patinagem, velocidade, potência, entre outros. É

possível ainda, a determinação acurada da eficiência trativa, diretamente relacionada com o

tipo de superfície e características do rodado, sendo o parâmetro mais importante para avaliar

o desempenho geral de um trator.

Os equipamentos disponíveis no mercado utilizados com a

finalidade de medição de torque, denominados torquímetros, torsiômetros ou ainda

transdutores de torque, são utilizados para aplicações bastante específicas, atrelados a

mecanismos estáticos, sendo difícil adaptá-los às aplicações agrícolas dinâmicas. São de alto

custo de aquisição e com risco de danificações prematuras quando aplicado às máquinas

agrícolas, as quais são submetidas a condições adversas no campo.

O desenvolvimento de um torsiômetro para grandes demandas de

torque, propicia a realização de estudos complementares aos já realizados por diversos

pesquisadores, para melhor compreender os fenômenos ligados à transmissão e a capacidade

de tração dos tratores agrícolas, possibilitando comparar, com mais precisão, diferentes tipos

de sistemas mecânicos, transmissões, marchas ou velocidades, pneus e pressões de inflação,

distintas condições de superfície, entre outras que caracterizam e explicam o comportamento

dos tratores agrícolas em tração.

O objetivo deste trabalho foi desenvolver um sistema

eletromecânico, protótipo de um torsiômetro, a ser acoplado ao eixo e à roda motriz de

tratores agrícolas, para determinação do torque e da potência de entrada, e validação através

de ensaios de tração, com um trator agrícola de 89 kW, sobre pista de concreto e de solo

firme, variando marchas de trabalho, cargas na barra de tração e com a tração dianteira

auxiliar ligada e desligada.

7

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Projeto de componentes e de máquinas agrícolas

De acordo com Back et al. (2008), um produto refere-se a um objeto

concebido, produzido industrialmente com características e funções, comercializado e

usado, de modo a atender aos desejos ou necessidades das pessoas e organizações. O autor

define novos produtos de acordo com a tipologia de projeto, podendo estes ser variantes dos

produtos existentes, inovativos ou criativos. Independente da tipologia de projeto, o

desenvolvimento de máquinas agrícolas passa por diversas etapas, incluindo o

desenvolvimento projetual, a construção de um protótipo e a concepção do produto no

mercado, de acordo com a necessidade de oferta e demanda.

A criação de um produto novo pode seguir algumas metodologias,

embora isso não aconteça frequentemente no mercado brasileiro (Romano, 2003). O autor

criou o Modelo de Referência para o Processo de Desenvolvimento de Máquinas Agrícolas

(MR-PDMA), que pode ser utilizado para gerenciar o projeto de máquinas neste setor. De

acordo com Romano (2003), a fase de projeto pode ser dividida em quatro subfases, sendo

elas, o projeto informacional, o projeto conceitual, o projeto preliminar e o projeto detalhado.

Embora de uso reduzido no meio científico, alguns autores têm utilizado de metodologias

para realização de projetos, semelhantes ao MR-PDMA.

Frabetti et al. (2011), no desenvolvimento e avaliação de uma

semeadora, projetaram o equipamento iniciando pela elaboração de uma lista de requisitos

que a máquina deveria atender, seguido do projeto conceitual do corpo da máquina e do

projeto detalhado de todas as partes e conjuntos, para posterior construção do protótipo. Por

8

fim, o trabalho foi concluído com a realização de ensaios em laboratório para avaliação do

desempenho do protótipo.

Já Albiero et al., (2011), elaboraram um projeto de uma máquina

para uso na agricultura familiar, mas não chegaram a construir o protótipo. Neste trabalho,

os autores iniciaram realizando estudos bibliográficos para o auxílio às tomadas de decisão

de forma simplificada, seguindo de cálculos e confecção de desenhos. Os pesquisadores

utilizaram de ferramentas de engenharia para o dimensionamento dos elementos

constituintes, e de desenhos detalhados dos elementos da máquina.

Outros estudos de projetos de máquinas são desenvolvidos no intuito

de buscar melhorias de produtos existentes. Volpato et al. (2005), utilizaram sistema CAD

(“computer-aided design”) e processo de otimização matemática no projeto de um cortador

de base para colhedora de cana-de-açúcar. Visando a obtenção de informações para

otimização do projeto, Alonso et al. (2006), realizaram ensaios em um protótipo fabricado

por terceiros, onde foram observados os parâmetros de funcionalidade e de segurança.

Segundo Reis e Forcellini (2002), a análise funcional é uma

ferramenta de projeto que tem como característica permitir uma formulação abstrata da

função do sistema técnico, o que a torna de grande utilidade no projeto de produtos e na

análise de produtos já existentes. Com a análise funcional, é possível identificar as várias

concepções e, dentro destas, quais as funções foram, ou estão sendo implementadas

adequadamente, tendo em vista as aplicações principais da máquina.

2.2 Motores de combustão interna ciclo Diesel

Atualmente, a maioria das máquinas agrícolas utilizam os motores

de combustão interna ciclo diesel como propulsores. De acordo com Stone (1999), os

motores a diesel apresentam eficiência superior aos motores de ignição por centelha (ciclo

Otto), e são mais recomendados para máquinas ou veículos que necessitam de força, tendo

em vista que são projetados para operar em baixas rotações, e assim proporcionam maior

torque.

Explica Mialhe (1996), que o rendimento do motor define a

eficiência com que o calor é transformado em trabalho. Assim, sob esse conceito de

indicador de eficiência, podem-se definir diversos rendimentos, a saber: rendimento

termomecânico ou global; rendimento térmico; rendimento mecânico; rendimento

9

volumétrico. O rendimento global expressa a eficiência total do motor, como conversor da

energia do combustível (potência teórica) em energia mecânica no volante (potência efetiva),

calculada de acordo com a potência de entrada e saída.

Para efeitos da avaliação energética de um determinado conjunto

motriz, a eficiência pode ser calculada em qualquer ponto onde se esteja medindo potência,

como na tomada de potência (TDP), eixos motrizes e barra de tração, similar aos trabalhos

realizados por Barbosa et al. (2008), Gabriel Filho et al. (2010) e Masiero (2010).

As principais informações relacionadas ao desempenho de um motor

de combustão interna e, consequentemente, ao desempenho da máquina que o utiliza, são as

curvas de torque e potência. No caso dos tratores agrícolas, a potência do motor fornece uma

prévia de sua capacidade de trabalho em campo (SOUZA FILHO, 2001).

O desempenho de motores Diesel, obtidos através das curvas de

torque, potência e consumo específico de combustível, tem sido avaliado em trabalhos

técnico-científicos (SCHLOSSER et al., 2004a; CASTELLANELLI et al., 2008;

MACHADO, 2008) e também a partir de ensaios dinamométricos mediante uso da TDP

(BARBOSA et al., 2008; NIETIEDT et al., 2011; FIORESE et al., 2012; RUSSINI, 2012).

2.2.1 Reserva de torque

Segundo Ferreira (2001), o torque motor é o momento de torção que

o virabrequim ou árvore de manivelas consegue produzir no motor. Este torque é variável,

de acordo com o tipo de motor, ou seja, é função do projeto deste. Já a reserva de torque é

uma característica que define a sua versatilidade, relacionada com a capacidade de aumentar

o torque à medida que ocorre a diminuição na rotação do motor, se adequando ao uso nas

tarefas agrícolas.

Para Mialhe (1996), a reserva de torque é calculada pelos valores

extremos de torque e de potência máxima, na chamada faixa de utilização do motor em plena

carga. Nesta faixa, o motor apresenta funcionamento estável, se autorregulando, e o cálculo

da reserva é realizado pela Equação 1.

Com a evolução dos motores, houve mudanças nas curvas de

desempenho, e hoje deve-se considerar que o cálculo também utilize a rotação nominal como

referência (rotação nominal é a rotação de trabalho fornecida pelo fabricante), tendo em vista

que em muitos casos a máxima potência não coincide com a rotação nominal. Neste caso, a

10

elevação da força que o trator será capaz de fazer é fornecida a partir da rotação de trabalho

(nominal), conforme Equação 2.

∆T = (Tmáx.

TPmáx− 1) . 100 (1)

∆T = (Tmáx.

TPn− 1) . 100 (2)

Onde:

∆T = Reserva de torque ou capacidade de sustentação (%)

Tmáx = Torque máximo (Nm)

TPmáx = Torque na rotação de potência máxima (Nm)

TPn = Torque na rotação nominal (potência nominal) (Nm)

Na Figura 1, observa-se as curvas de um motor agrícola atual e com

bom padrão tecnológico. Algumas indicações demonstram os principais parâmetros que são

relevantes quanto ao seu desempenho.

Figura 1. Curvas de potência e torque de um motor agrícola moderno de 190 cv.

Fonte: Adaptada de Fiorese et al. (2013).

300

400

500

600

700

800

900

100

110

120

130

140

150

160

170

180

190

200

1300 1400 1500 1600 1700 1800 1900 2000 2100 2150

Torq

ue

no

mo

tor

(Nm

)

Po

tên

cia

no

mo

tor

(cv)

rpm

cv motor Nm motor

Faixa de utilização, ∆T= 32,3%

Rotação de torque máximo

Rotação de potência máxima

Rotação nominal (de trabalho)

Faixa de rotação paraReserva de potência

11

As curvas de um motor são bastante utilizadas, pois em cada faixa

de rotação, o motor tem uma capacidade de gerar trabalho, sendo extrapolada para as rodas

motrizes e para os demais pontos de extração de potência (FIORESE et al., 2013).

2.3 Tratores agrícolas

A origem da palavra trator ou “tractor”, em primeiro lugar, remete a

algo que produz tração. Desde o começo da agricultura motorizada, trator se considera como

um veículo com motor próprio, aplicado na realização de tarefas agrícolas e dirigido à

substituição dos animais. Conforme já foi citada diversas vezes na bibliografia, o trator é a

principal fonte móvel de potência utilizada para realizar as diversas tarefas necessárias nos

processos de produção agrícola.

Segundo Schlosser (1997), o conceito de trator agrícola é descrito

como uma unidade móvel de potência composta por motor, transmissão, sistema de direção

e de sustentação, e componentes complementares, onde se acoplam implementos e máquinas

com diversas funções. A função prioritária dos tratores agrícolas desde sua concepção

inicial, segundo Márquez (2012), é de exercer esforços de tração sobre as máquinas que

realizam um determinado trabalho agrícola. Conforme o autor, em meados do começo do

século XX, o trator tinha como principal característica estrutural, o modelo contendo as rodas

motrizes traseiras e diretrizes dianteiras, com distribuição de massa estática nos eixos

traseiro e dianteiro em cerca de 70 e 30%, e motores de baixa potência.

Sintetizando a evolução dos tratores agrícolas, destaca-se o

incremento de potência nos motores, o emprego de pneumáticos (pneus agrícolas), e a

implantação do sistema de engate três pontos com controle automático de carga, junto com

a generalização da tração dianteira com rodas de diferentes tamanhos em cada eixo,

buscando melhorar a eficiência de tração. Sempre fora observado que o trator deve ser uma

máquina que atenda a versatilidade demandada por outras operações agrícolas, como

acionamento direto de máquinas, mecânica ou hidraulicamente, além de estar vinculado com

transporte em curta e média distância (MÁRQUEZ, 2012).

Segundo Silveira et al. (2008), no mercado existem diversos

modelos de tratores, e a escolha do agricultor no momento da compra, baseia-se na potência,

conforto, manutenção, facilidade de manobra e o preço de aquisição. Os autores afirmam

12

que o conhecimento da eficiência energética poderia ser mais um item a ser considerado em

sua seleção, apoiado em resultados de ensaios padronizados.

De acordo com Zoz e Grisso (2003), o principal ponto a ser

observado nos tratores agrícolas é o desempenho na barra de tração, definido pelo produto

entre a força desenvolvida e a velocidade de deslocamento. Este desempenho é influenciado,

entre outros fatores, pelo tipo construtivo do trator, podendo ser do tipo 4x2, 4x2 com tração

dianteira auxiliar (TDA), 4x4 ou com esteiras.

Os tratores agrícolas com TDA possuem uma ligação mecânica entre

os eixos, dianteiro e traseiro, com acionamento facultativo a cada operação. Em função do

menor diâmetro dos rodados dianteiros, estes possuem maior rotação e, quando conectados

(tração ligada), tem-se o avanço cinemático, de forma a permitir a velocidade periférica dos

quatro rodados aproximadamente iguais (LINARES et al., 2006).

Segundo Schlosser et al. (2004c), a relação cinemática entre os eixos

do trator depende da relação de transmissão, fixado pelo projeto do fabricante e dos raios

das rodas dianteira e traseira, que por sua vez podem ser alterados pelo usuário por meio da

troca dos pneus, pela variação da pressão de inflação ou pela variação da lastragem do trator.

A partir de estudos de campo, os autores constataram que com o aumento da relação

cinemática houve uma diminuição importante da eficiência em tração.

Yanai et al. (1999) avaliaram a eficiência do uso da TDA em solo

agrícola, e observaram redução da patinagem dos rodados e, influências significativas e

positivas para a velocidade de deslocamento e potência obtida na barra de tração, quando

utilizando a TDA ligada. Com o uso da TDA, o trator divide o esforço tratório em seus dois

eixos motrizes.

2.3.1 Transmissões dos tratores

Modificar simultaneamente o torque e a rotação que vem do motor é

a função específica das transmissões. De modo simplista, o caminho da transmissão, quando

o objetivo é realizar tração, passa pela embreagem, caixa de câmbio, diferencial, reduções

finais e por fim chega aos rodados, sob força tangencial aos pneus ou esteiras (LINARES,

2002).

O conjunto que compõe a transmissão é formado por elementos que

garantem a transferência da potência produzida no motor para os distintos mecanismos do

13

trator agrícola (MÁRQUEZ, 2004a). De acordo com Ribas et al. (2010), as transmissões

podem ser divididas, basicamente, em três categorias: mecânicas, hidrostáticas e

hidrodinâmicas.

Partindo da origem da geração de forças, nos motores Diesel, há uma

eficiência próxima a 35%, em virtude de apresentarem muitas perdas, principalmente por

calor e atrito (MÁRQUEZ, 2012; FIORESE et al., 2012). Considerando apenas a energia

disponível fornecida pelo motor, ainda há a necessidade de avaliar a eficiência da

transmissão, verificar quanto do torque e potência chega às rodas motrizes, e quanto deste é

efetivamente aproveitado para conversão em tração.

Considerando que o intervalo de velocidade de deslocamento de um

trator agrícola está entre 1 e 30 km h-1, as relações de transmissão variam entre valores de

mais de 500:1 até menos de 30:1, mostrando a complexidade do conjunto de transmissão do

trator (MÁRQUEZ, 2012). A multiplicação do torque é equivalente à redução da velocidade,

menos as perdas ocasionadas, principalmente por atrito. Segundo Márquez (2010), a perda

de potência varia para cada tipo de transmissão, e de modo geral, são maiores nas

transmissões hidrostáticas e menores nas mecânicas.

As perdas de potência tem sido alvo de estudos em muitos trabalhos

científicos nos últimos anos. A eficiência encontrada pode variar de 60 a 90%, dependendo

do desempenho do motor e das condições de operação em que o trator se encontra (RYU et

al., 2003). Em transmissões variáveis contínuas (CVT), as perdas podem ser ainda maiores

(RENIUS e VAHLENSIECK, 1996).

De modo geral, na transmissão do motor até a barra de tração,

ocorrem perdas que, dependendo das condições de operação (principalmente superfície de

apoio), distribuição de peso sobre as rodas motrizes e tipo de acoplamento, podem atingir

níveis bastante comprometedores (SILVEIRA et al., 2008), com aproveitamento de menos

de 60% (BOWERS, 1978; ASAE D497.4, 2003a; ASAE EP496,2, 2003b; ASABE D497.7,

2011a).

2.3.2 Distribuição de forças no trator

Em função de sua versatilidade e das adversidades do meio

operacional a que são submetidos os tratores agrícolas, muitos são os componentes atuantes

nos pontos de extração de potência e nos rodados. Para estudo das forças que influem no

14

equilíbrio, considera-se o trator como um corpo livre no espaço. Devido à ação da gravidade,

o trator está sujeito a uma força “W” denominada peso, cujo ponto de aplicação é o centro

de gravidade (CG). O equilíbrio estático é satisfeito com o surgimento das forças de reação

ao peso, representadas por R1 e R2, ou eixo traseiro e dianteiro respectivamente (MIALHE,

1980).

Para a condição dinâmica, ao termo “P(y/x)” dá-se o nome de

transferência de peso, decorrente do desenvolvimento de uma força de tração, e é um

fenômeno intrínseco de qualquer trator (MIALHE, 1980). Utilizam-se as Equações 3 e 4

para determinação das cargas dinâmicas nos rodados (R1 e R2).

R1 = W1 + (Py

x) (3)

R2 = W2 − (Py

x) (4)

Onde:

R1 = peso dinâmico traseiro (kN)

W1 = peso estático traseiro (kN)

P = força na barra de tração (kN)

y = altura da barra de tração (mm)

x = distância entre eixos (mm)

R2 = peso dinâmico dianteiro (kN)

W2 = peso estático dianteiro (kN)

De forma teórica, a Figura 2 adaptada de Linares et al. (2006),

esquematiza as forças atuantes no trator quando submetido à tração, sendo influenciada por

todas as variáveis citadas anteriormente por Mialhe (1980), acrescentadas ao momento de

resistência ao rolamento (MK = P.K.r). Desta forma, os pesos dinâmicos do eixo traseiro e

dianteiro podem ser mais detalhadamente calculados pelas Equações 5 e 6, respectivamente.

R1y = (P. (L − Xg)

L) + (

P. K . r

L) + (

Q . hQ

L) (5)

15

R2y = (P. Xg

L) − (

P. K . r

L) − (

Q . hQ

L) (6)

Onde:

R1y = peso dinâmico no eixo traseiro (kN)

R2y = peso dinâmico no eixo dianteiro (kN)

P = peso total do trator (kN)

L = distância entre eixos (mm)

Xg = distância do eixo traseiro ao centro de gravidade (mm)

K = coeficiente de resistência ao rolamento (adimensional)

r = raio da roda traseira (mm)

Q = força de tração na barra de tração (kN)

hQ = altura da barra de tração (mm)

R1x - reação superfície pneu, traseiro

R2x - reação superfície pneu, dianteiro

Cg - centro de gravidade

Figura 2. Esquema de forças e dimensões de um trator submetido à tração.

Fonte: Adaptado de Linares et al. (2006).

A expressão “P.k.r” é igual à Mk, cujo significado é momento

resistente ao rolamento global do trator. O valor de Mk é individual para cada um dos eixos,

16

sendo: traseiros (Mk1); e eixos dianteiros (Mk2), logo, este valor para os tratores com simples

tração (4x2) é representado apenas pelos dados da roda traseira (Mk1).

As teorias sobre transferência de massa dos dois autores citados

anteriormente mostram que, na condição estática, há uma distribuição de massa entre os

rodados traseiros e dianteiros. Na condição dinâmica (trabalhando), há transferência de

massa para os rodados traseiros, sendo função da força de tração, diretamente ligado ao

torque aplicado às rodas (principalmente traseiras), e da quantidade de lastro nas rodas

dianteiras.

Ao avaliar o desempenho de um trator agrícola 4x2 TDA de 88 kW

em ensaios de tração, em três condições superficiais do solo e quatro velocidades de

deslocamento, Gabriel Filho et al. (2010), verificaram que houve variação significativa da

transferência de peso para as rodas traseiras, onde observaram interação entre os tratamentos

e as condições de solo.

2.3.3 Rodados motrizes e pneus agrícolas para tratores

O uso de rodas é, sem dúvida, o meio mais utilizado para resolver os

problemas de deslocamento terrestre, proporcionando sustentação, direcionamento e tração,

e referente ao uso de pneus, o amortecimento de impactos. No caso dos solos agrícolas, esse

deslocamento sofre maiores limitações, tendo em vista que os rodados se adaptam melhor

em superfícies rígidas ou indeformáveis (MÁRQUEZ, 2012).

O rodado pneumático é construído no formato de tubo circular, de

maneira que, ao se inflar com uma determinada pressão, resiste, dentro dos limites

permitidos de trabalho, às cargas nele aplicadas e às solicitações dinâmicas e estáticas que

agem sobre o mesmo (MIALHE, 1980; GOODYEAR, 2004).

Segundo a Associação Latino Americana de Pneus e Aros (ALAPA,

1994), existem três tipos distintos de configuração estrutural de pneus agrícolas para tração,

sendo: diagonal, radial e, baixa pressão e alta flutuação (BPAF). O mais comum é o de

construção diagonal, também conhecido como “convencional”. Vários trabalhos publicados

relatam que atualmente tem se difundido o uso dos pneus radiais devido à algumas

vantagens, porém, o número ainda é pequeno.

A capacidade de tração e fornecimento de potência utilizada para

desempenhar as operações agrícolas, depende, em parte, do tipo de dispositivo de tração.

17

Para os dispositivos pneumáticos, o tamanho, a pressão de inflação, a carga aplicada sobre

o eixo motriz, a transferência de peso, entre outros, interferem diretamente na capacidade de

tração do trator (ZOZ e GRISSO, 2003).

2.3.4 Deformação dos pneus e raio dos rodados

A deformação dos pneus bem como o raio dinâmico, em condições

operacionais de tração, são originados pela distribuição e transferência de massa sobre os

eixos, sendo estes dependentes da força de tração executada, da distância entre eixos, da

altura da barra de tração, massa total do trator, centro de gravidade, raio da roda traseira e

da resistência ao rolamento (MACMILLAN, 2002; LINARES et al., 2006), podendo ainda

acrescentar o tipo construtivo e pressão dos pneus. A Figura 3, adaptada de Macmillan

(2002), esquematiza as forças atuantes no trator quando submetido à tração e que necessitam

de estudos detalhados.

Figura 3. Esquema básico do torque transmitido do motor para as rodas motrizes. TM = torque do motor; T = torque no rodado motriz; TL = tração líquida ou força de tração; r = raio dinâmico

da roda, quando submetido a tração; TB = tração bruta ou força tangencial.

Mazetto et al. (2004), ao realizar estudos com três tipos construtivos

de pneus, inflados com pressões ideais, observaram que o pneu diagonal possui a menor

deformação elástica, quando comparado com pneu radial e BPAF. Segundo os autores, o

pneu diagonal submetido a cargas variadas sobre o solo, apresentou maior recalque,

influenciando na área de contato do pneu sobre o solo e consequentemente, quando em

condições operacionais, na resistência ao rolamento do trator e na compactação do solo.

P

TTMMotor

TB

TLr

18

Segundo Zoz e Grisso (2003), em pneus para tratores, considera-se

três raios: o raio carregado estático (slr), definido entre o eixo central e uma superfície rígida;

o raio de rolamento (rr) derivado a partir da circunferência de rolamento, e usado para

cálculos da velocidade; e o raio de torque (rt), utilizado efetivamente na tração bruta (GT ou

TB) e na resistência do movimento (MR). Ela não pode ser medida diretamente, mas pode

ser determinada através de cálculos.

Para um pneu agrícola corretamente inflado, o raio de rolamento é

cerca de 6% maior do que o raio estático carregado. Para cálculos de força ou momento, é

mais apropriado utilizar o raio estático carregado, e o raio de rolamento apenas para cálculos

de velocidade (ZOZ e GRISSO, 2003).

2.4 Teoria da tração

Com relação às forças atuantes e à predição da capacidade de tração

dos tratores agrícolas, muitos estudos já foram realizados, inicialmente, buscando

informações sobre características e condições da superfície trativa e a interação rodado-

superfície de apoio (ZOZ e BRIXIUS, 1979; BRIXIUS, 1987; WULFSOHN et al., 1988;

UPADHYAYA et al., 1993; LANÇAS, 1996; UPADHYAYA et al., 1997; GARCIANO et

al., 2010). Outros trabalhos vislumbrando conhecimentos acerca do tipo, pressão de inflação

e carga atuante sobre pneus (LANÇAS, 1996; NEUJAHR e SCHLOSSER, 2001; LOPES et

al., 2003; GABRIEL FILHO et al., 2010; SHINONE et al., 2010), também contribuem para

o entendimento do sistema trativo.

2.4.1 Interação rodado-superfície trativa

O desempenho operacional dos tratores agrícolas é dependente da

interação do pneu e da superfície de apoio ou de contato, tendo como parâmetros de maior

importância, a seleção do tipo de pneu, pressão de inflação e lastragem, em função das

diversas operações agrícolas (MAZETTO, 2005). Gabriel Filho et al. (2004) acrescentam

que além dos parâmetros citados, há de se considerar a condição superficial do solo, e que o

conjunto que envolve a interação rodado-solo ou rodado-superfície é bastante complexo.

Segundo Márquez (2012), na locomoção em superfícies não

pavimentadas, o solo sofre deformações que produzem fricções entre a roda e a superfície

19

de apoio, e necessitam de estudos específicos. Ao analisar esse problema em seu aspecto

geral, os fenômenos que se produzem na zona de contato, são consequência do afundamento

do terreno e que necessita de energia para o rompimento da superfície, além de deformações

muito grandes produzidas de forma instantânea. No caso do uso dos pneus, há uma melhoria

no comportamento da roda ao deslocar-se sobre o solo natural.

Focalizando na dinâmica do solo, Balastreire (1990) enfatiza várias

características mecânicas de importância para as relações solo-máquina, a saber: tensões no

solo e sua distribuição; deformações no solo e sua distribuição; relações tensão-deformação;

resistência do solo; escoamento do solo (cisalhamento, compressão, tração, fluxo plástico);

movimento do solo como corpo rígido (atrito, adesão, abrasão); e parâmetros compostos.

É sabido, que na superfície de apoio, existem muitos fatores que

influenciam no desenvolvimento de tração de uma máquina, podendo estes, reduzir o

desempenho dos tratores em tração (SORANSO, 2006; GABRIEL FILHO et al. 2010). A

redução da eficiência de tração em função das adversidades superficiais demonstra com

maior veemência a importância da interação rodado-superfície.

A patinagem é a denominação dada ao movimento relativo entre a

superfície da banda de rodagem e o solo. Segundo Gamero e Lanças (1996), a patinagem é

um fator determinante para que ocorra tração. Cordeiro (2000) enfatiza que o tipo de pneu,

a lastragem e a velocidade de deslocamento, alteram significativamente na interação e na

capacidade de tração do trator agrícola e consequentemente na conversão energética final.

Outro fator influente na interação rodado-solo é a resistência ao

rolamento ou resistência ao movimento, que tem como principais ocasionadores, a

deformação do solo e do próprio rodado, além do raio de rolamento e a inclinação do terreno.

Para Bekker (1969), a resistência ao rolamento é definida pela Equação 7.

Rs =T

ro− Fb (7)

Onde:

Rs = resistência ao rolamento (N)

T = torque de entrada = torque na roda motriz (Nm)

ro = raio de rolamento = raio deformado da roda (m)

Fb = tração líquida = força na barra de tração (N)

20

A resistência ao rolamento pode ser determinada matematicamente,

segundo Brixius (1987) e ASABE D497.7 (2011a), conforme Equação 8.

RR = Ft . [(1

Bn) + 0,04 + (

0,5 . Pat

√Bn)] (8)

Onde:

RR = resistência ao rolamento (kN)

Ft = força de tração (kN)

Pat = patinagem das rodas (%)

Bn = índice adimensional

De acordo com Linares et al. (2006), para o trator vencer a

resistência ao rolamento e para tracionar um determinado equipamento, o motor fornece um

torque às rodas, sendo transformado em força tangencial (tração bruta). Para os autores a

resistência ao rolamento pode ser expressa de acordo com a Equação 9.

Rtk = P.k (9)

Onde:

Rtk = resistência ao rolamento (kN)

P = massa do trator (kN)

k = coeficiente de resistência ao rolamento (adimensional)

A interação rodado-solo também tem influência no coeficiente de

tração, variável relacionada com o peso aderente sobre os rodados motrizes. A partir do

exposto na Tabela 1, Linares et al. (2006) apresentam o valor da resistência ao rolamento

equivalente a 2 e 5% da massa do trator, para pista de concreto e para solo firme,

respectivamente.

Gabriel Filho et al. (2010), ao realizarem ensaios de tração com um

trator agrícola 4x2 TDA, em distintas condições superficiais do solo, verificaram variação

significativa na resistência ao rolamento (calculada), e para a condição de solo firme, esta

21

foi equivalente a 3% do peso total do trator (0,03). No mesmo experimento, os autores

encontraram interação significativa entre a velocidade de deslocamento (marcha) e a

condição do solo, para diversas variáveis, incluindo a resistência ao rolamento e o coeficiente

de tração.

Tabela 1. Coeficientes de resistência ao rolamento e de tração para distintas superfícies.

Superfície Coeficiente de resistência ao

rolamento (k)

Coeficiente dinâmico

de tração

Pista de concreto 0,02 1 - 0,85

Solo firme 0,05 0,8

Solo seco 0,07 0,6

Solo úmido 0,1 0,5

Solo argiloso úmido 0,2 0,2

Fonte: Linares et al. (2006).

Na publicação de Márques (2008), o autor apresenta coeficientes de

resistência ao rolamento para superfícies de terra usadas como estrada ou caminhos (firme),

que variam de 0,02 a 0,06. Para solos arados, o valor do coeficiente de resistência ao

rolamento varia de 0,10 a 0,20; e para areia e solo muito solto, variantes entre 0,15 e 0,30.

2.4.2 Teorias preditivas para tração

Conhecimentos acerca das especificações técnicas dos tratores

agrícolas, como potência e torque do motor, dados ponderais e dimensionais, tipos de

rodados, condição do solo, entre outros, permitem a predição de seu desempenho em tração.

A capacidade de tração de um trator é resumida pela Equação 10, de Brixius (1987).

Entretanto, ressalta-se que o torque real aplicado na roda, é um valor de difícil medição,

sendo na maioria dos ensaios de tração, não obtido, ou simplesmente estimado (torque

teórico).

P = Q

r− M (10)

Onde:

P = força de tração líquida (N)

Q = torque aplicado na roda (Nm)

22

r = raio da roda (m)

M = resistência ao rolamento (N)

A Figura 4, de Zoz e Grisso (2003), esquematiza as dimensões e

forças atuantes em um rodado motriz, quando em deslocamento sobre solo agrícola. Estes

parâmetros são fundamentais dentro da teoria da tração.

Figura 4. Esquema básico da atuação de forças em um rodado sobre o solo.

Fonte: ZOZ e GRISSO (2003). W = massa estática; Wd = massa dinâmica; slr = raio estático carregado (entende-se por raio da roda apoiada

à superfície, parada); rr = raio de rolamento; rt = raio do torque; Va = velocidade real; T = torque no eixo; GT

= tração bruta; NT = tração líquida; MR = resistência ao rolamento; ω = velocidade angular; ev = deslocamento

vertical; eh = deslocamento horizontal.

Zoz (1970) publicou um trabalho na reunião anual da Sociedade

Americana de Engenheiros Agrícolas, no qual foi apresentado metodologias com equações

para prever o desempenho do trator em campo. O trabalho foi publicado novamente dois

anos seguintes (ZOZ, 1972) e atualizado em 1987 (ZOZ, 1987).

As clássicas teorias preditivas para tração são a Cn, Bn e MN,

amplamente utilizadas por pesquisadores da área. Na primeira teoria, de Wismer e Luth

(1972), também publicado em 1973 (Wismer e Luth, 1973) e em 1974 (Wismer e Luth,

1974), a relação entre solo e veículo é determinada por um parâmetro denominado Número

Característico da Roda (Cn), o qual reúne valores dos três elementos principais: solo,

23

informado pelo índice de cone; veículo, com o peso dinâmico; e o pneu, com as medidas

características, permitindo assim as simulações. A teoria Bn, de Brixius (1975), e a teoria

MN, de Gee-Clough et al. (1977), são baseadas na teoria anterior, em ensaios realizados pela

Companhia Deere e em outros centros de investigação, e buscam o aprimoramento dos

modelos, no intuito de melhorar a precisão das simulações (SCHLOSSER et al., 2004c).

Brixius (1987) publicou um artigo com revisões ao trabalho de Wismer e Luth (1972) e de

Brixius (1975), com objetivo de melhorar as predições do desempenho de tratores em tração,

e aumentar a amplitude de utilização em solos agrícolas.

Sharma e Pandey (1997) investigaram o comportamento de pneus

agrícolas para tração, realizado em duas etapas, sendo uma com ensaios, utilizando um

equipamento para ensaios individuais de rodados (single wheel tester) munido de um

transdutor de torque, e outra a partir da modelagem matemática. A relação entre o torque

calculado e o torque obtido foi de 96%.

No Brasil, as teorias anteriormente citadas, já foram utilizadas em

pesquisas (ACUNA et al., 1995; SCHLOSSER et al., 2004c; SANTOS et al., 2011), com o

objetivo de comparação de dados teóricos e experimentais, ou, no intuito de validar o

comportamento destas teorias para os solos de algumas regiões do Brasil.

Acuna et al. (1995), após comparações de dados experimentais com

valores simulados pela teoria de Wismer e Luth (1972), verificaram uma correlação de 74%

entre os valores observados e calculados para a variável força de tração, o que para os

autores, indica que a equação é adequada para estimar a força na barra de tração de tratores

agrícolas de pneu em trabalhos agrícolas.

Os autores Schlosser et al. (2004c) buscaram o desempenho das três

teorias clássicas de simulação, mediante simulações matemáticas, obtenção de dados em

campo com um trator 4x2, e a comparação de ambos. Verificaram que a teoria Cn possui

uma faixa de utilização mais restrita do que as teorias Bn e MN, sendo o índice de cone a

variável que determina essas condições de uso. Concluem que, as teorias, são ferramentas

bastante úteis na simulação do comportamento do trator agrícola e que, trabalhos sobre

teorias de predição devem ter continuidade.

Santos et al. (2011), buscando a validação das teorias Cn, Bn e MN,

para operação de escarificação sobre solo argiloso, com simulações e ensaios de campo,

observaram que as teorias foram significativamente diferentes dos resultados obtidos em

campo, para os parâmetros força de tração e patinagem, demonstrando tendências de

24

superestimação, ocasionando um dimensionamento do trator, superior ao realmente

necessário para operação de escarificação.

Segundo Dwyer e Heigho (1984), em seus estudos, as relações

empíricas desenvolvidas com base na resistência à penetração, não proporcionaram uma boa

previsão do desempenho dos pneus para tração mais largos, mas foi satisfatório para

conjuntos mais estreitos (13.6-38) e duplos.

Os resultados dos autores, abordados neste tópico, demonstram a

importância das teorias preditivas para tração, entretanto, expõe a necessidade do

aprofundamento de estudos para as condições de nosso país, tanto em simulações

matemáticas quanto em ensaios de campo e em pista, com equipamentos e sensores que

propiciem resultados mais precisos.

2.4.3 Eficiência trativa

A eficiência trativa, descrita por alguns autores como eficiência

tratória ou eficiência de tração, é a razão entre a potência de saída na barra de tração e a

potência nos eixos motrizes (DWYER e HEIGHO, 1984; BALASTREIRE, 1990;

UPADHYAYA e WULFSOHN, 1990; ZOZ e GRISSO, 2003; TIWARI et al., 2010).

Na Figura 5, estão plotadas curvas que representam a resultante das

forças aproveitadas e perdidas, principalmente pela redução do espaço percorrido

(patinagem) e pela resistência ao rolamento (ZOZ e GRISSO, 2003). Neste caso, a principal

informação a ser buscada, em um sistema onde a tração é a principal variável, é justamente

a eficiência trativa (TE), que pode ser calculada pela Equação 11.

TE =Potencia de saída

Potência de entrada=

NT. Va

Potência no eixo=

NT. Va

GT. Vt (11)

Onde (para Equação 11 e Figura 5):

TE = eficiência trativa (adimensional)

NT = tração líquida (N)

NTR = relação de tração líquida (adimensional)

GT = tração bruta (N)

GTR = relação de tração bruta (adimensional)

25

Va = velocidade real (m s-1)

Vt = velocidade teórica (m s-1)

Figura 5. Coeficientes da tração em função da patinagem das rodas motrizes.

Fonte: Adaptado de Zoz e Grisso (2003).

Upadhyaya (1989) propôs as Equações 12 e 13 para o cálculo da

eficiência trativa. A ASABE (2011a), através da norma D497.7, apresenta a Equação 14.

TE =Po

Pi. 100 =

NT. Va

T. ω. 100 (12)

TE =

NTWT

r. W

(1 − i). 100 =CTL

CTB− (1 − i). 100 (13)

TE = (1 − S) NT

GT (14)

Onde:

TE = eficiência trativa (%)

Po = potência líquida de saída na roda (kW)

Pi = potência bruta de entrada na roda (kW)

NT = tração líquida (N)

GT = tração bruta (N)

Va = velocidade de translação da roda (m s-1)

Relação de Velocidade (va/vt)

Relação de Tração (NTR/GTR)

Relação de Tração Líquida

Relação de tração bruta

Relação de resistência ao rolamento (GTR-NTR)

Eficiência Trativa

Redução do deslocamento (patinagem %)

Rel

açã

o d

e D

esem

pen

ho

da

Tra

ção

26

T = torque na roda (Nm)

ω = velocidade angular da roda (rad s-1)

W = carga dinâmica sobre o rodado (N)

r = raio dinâmico do rodado (m)

CTL = coeficiente de tração líquida (adimensional)

CTB = coeficiente de tração bruta (adimensional)

i = patinagem (decimal)

S = patinagem (decimal)

Devido à falta de equipamentos para determinação da potência de

saída nos eixos motrizes, Acuna et al., (1995) calcularam a eficiência trativa como o

quociente entre a potência na barra de tração e a potência na TDP. Já Schlosser et al. (2004b)

determinaram a eficiência de tração através de índices da eficiência da transmissão, da

resistência ao rolamento e da patinagem, conforme a Equação 15.

ηBT = ηt .ηk .ηδ (15)

Onde:

ηBT = eficiência de tração

ηt = índice de eficiência da transmissão

ηk = índice de eficiência da resistência ao rolamento

ηδ = índice da eficiência da patinagem

Segundo a norma ASAE EP496.2 (2003b), para um trator operar

com máxima eficiência de tração, a patinagem do rodado motriz deve estar entre 4 e 8% para

superfície de concreto, 8 e 10% em solos não mobilizados ou firmes, 11 e 13% em solos

mobilizados e 14 e 16% em solos soltos ou arenosos. Esses valores são diretrizes teóricas

para muitos trabalhos científicos de campo, nos quais, são buscadas essas condições para se

obter os melhores resultados. Corrêa et al. (1999) relatam que o índice de 10% de patinagem

situa-se na faixa de obtenção de máxima eficiência trativa em algumas condições de solo

agrícola.

27

Acuna et al. (1995), utilizando-se de um trator 4x2 TDA, verificaram

eficiência trativa na ordem de 80% para a condição de solo preparado e não preparado,

entretanto, os autores a consideram como relativa a potência na TDP.

Estudos realizados em outros países mostram que, em suas

respectivas condições de solo, a eficiência trativa apresentou os melhores índices, nas

condições de tração em que a patinagem ficou entre 5 e 10% (BRIXIUS, 1987; WULFSOHN

et al., 1988; UPADHYAYA et al., 1989; LANÇAS, 1996; UPADHYAYA et al., 1997;

ELWALEED et al., 2006). Os resultados destes trabalhos foram encontrados em

experimentos muito específicos, em laboratório ou com equipamentos adaptados para

medição das variáveis desejáveis. Serão de grande importância para incorporação de

conhecimentos e para comparativos aos resultados encontrados nesta pesquisa; porém,

buscando-se os resultados ligados às condições brasileiras.

Teorias desenvolvidas por Zoz e Brixius (1979), para condição de

pista de concreto, mostraram que a máxima eficiência trativa foi encontrada com patinagens

entre 2 e 4% (e em alguns casos com 6 %). O limite de eficiência trativa observado ficou em

torno de 94%. A curva de máxima eficiência trativa (entre 90 e 95%) ficou entre os

coeficientes de tração dinâmicos de 0,25 e 0,60 (aproximadamente).

No que diz respeito ao uso de diferentes tipos construtivos de pneus,

Lanças (1996), em ensaios com equipamento para ensaio individual de rodados, verificou

que a pressão de inflação usual dos pneus radiais (mais baixa que para os diagonais),

apresentou melhores resultados nos coeficientes de tração líquida e bruta e na eficiência

trativa, em função da carga no rodado. Nas conclusões apresentadas por Lanças (1996), o

mesmo descreve que não houve diferença significativa entre os modelos de pneus radiais

avaliados.

Em síntese, nos ensaios realizados por Lanças (1996) em solos

agrícolas, a patinagem que representou os melhores resultados de eficiência trativa (TE),

compreendia a faixa percentual entre 5 e 10%. Foram obtidos os seguintes valores para

máxima TE: para o efeito da pressão de inflação dos pneus, entre 70 e 90%; para o efeito da

carga vertical no pneu, cerca de 70%; para o efeito do tipo de solo, encontrou-se a TE

máxima situada entre 70 e 80%; com relação ao efeito da condição do solo (firme ou solto),

entre 70 e 80%; e para o efeito do teor de água no solo, entre 70 e 75%. Na média geral foi

obtido a TE máxima de 71,1% com patinagem de 8,3%.

28

Nagaoka (2001), a partir de ensaios realizados com um equipamento

para ensaio dinâmico de rodado agrícola individual, desenvolvido pelo próprio autor,

observou médias de eficiência trativa de 64 e 66%, utilizando pneu diagonal e radial,

respectivamente, para a condição de solo mobilizado.

Dwyer e Heigho (1984), avaliando diferentes conjuntos de pneus

diagonais, ensaiados de forma individual e sobre variadas condições do solo, verificaram

que a eficiência trativa máxima foi na ordem 85%, e que pneus de menores larguras

obtiveram melhor desempenho para uma mesma carga.

Gabriel Filho et al. (2004) avaliaram o desempenho operacional de

um trator agrícola em operação de escarificação sobre solo agrícola com diferentes tipos de

cobertura vegetal, e concluíram que a maior quantidade de matéria seca na superfície do

solo, aumentou os índices de patinagem e, assim, diminuiu a eficiência de tração. Os

resultados do experimento mostraram uma eficiência trativa na ordem de 72%, devendo ser

observado que o trator permaneceu com a TDA desligada durante os ensaios e a eficiência

trativa foi obtida através de cálculos matemáticos sugeridos por Wismer e Luth (1973).

Em ensaios de tração com um trator 4x2 TDA, para três condições

de solo, quatro velocidades (quatro marchas) e utilizando-se de procedimentos teóricos de

Brixius (1987) e da ASAE D497.4 (ASAE, 1999) para determinação da eficiência de tração,

Gabriel Filho et al. (2010), encontraram eficiência trativa de 75%, 84% e 89%, para as

condições de solo mobilizado, solo firme com cobertura vegetal e solo firme sem cobertura

vegetal, respectivamente. Nos resultados apresentados pelos autores verificou-se que a

eficiência trativa (calculada por equações) não apresentou diferenças significativas entre as

quatro marchas avaliadas.

2.5 Ensaios de tratores e rodados

Os ensaios constituem importantes etapas no desenvolvimento de

máquinas agrícolas, tendo em vista principalmente, os intensos esforços a que são

submetidas. Segundo Alonso et al. (2006), testar e ensaiar máquinas agrícolas consiste,

fundamentalmente, em obter informações visando uma tomada de decisão. Na realização de

ensaios são avaliadas inúmeras variáveis, as quais são expressas em valores e grandezas das

mais diversas ordens, resultantes de medidas e avaliações (MIALHE, 1996).

29

O estudo do desempenho de um trator tem sido abordado em

aspectos práticos e experimentais, de forma que este é operado sob condições descritas em

normas de ensaio e seu rendimento medido e registrado. Um desempenho similar pode ser

esperado de outro trator de mesmo modelo, quando ensaiado sob condições similares, ou de

um modelo diferente, desde que sejam proporcionadas condições apropriadas, minimizando

quaisquer diferenças (MACMILLAN, 2002).

Silva e Benez (1997), relatam que o monitoramento do desempenho

do trator objetiva otimizar a eficiência de utilização do combustível, no intuito de maximizar

a quantidade de trabalho produzido por unidade de energia consumida. Os tratores agrícolas

têm seu desempenho avaliado pela força e potência desenvolvida na barra de tração, torque

e potência desenvolvida na tomada de potência (TDP), eficiência de tração, patinagem das

rodas motrizes e consumo de combustível.

O conhecimento da capacidade de desempenho do trator, permite aos

fabricantes desenvolverem produtos mais eficientes, de tal forma que os usuários obtenham

melhor proveito das características operacionais dessa máquina (GABRIEL FILHO et al.,

2008), e os ensaios são o principal meio para obtenção de conhecimentos acerca da máquina

avaliada.

Para conhecer a eficiência energética e comparar os diversos

modelos de tratores, é necessário basear-se em ensaios normalizados, que sejam executados

de forma padrão para todos os modelos. Os únicos ensaios realizados na maioria das estações

mundiais são estabelecidos pelos códigos OECD (SILVEIRA et al., 2008).

2.5.1 Ensaios dinamométricos

O dinamômetro consiste em um equipamento que tem por função a

geração de uma carga resistente para o motor utilizado. A execução do trabalho baseia-se

em ensaios com rigor avaliativo, utilizando-se de métodos laboratoriais sobre bancada

dinamométrica como instrumento principal na geração dos dados necessários (NIETIEDT,

2010).

De acordo com Stone (1999), o dinamômetro é o item mais

importante num banco de provas de motores, e é utilizado para medir a potência, o torque e

o consumo específico de combustível de um motor. O uso de dinamômetros para avaliação

de desempenho pode ser utilizado diretamente no volante do motor, ou com o uso da TDP

30

dos tratores agrícolas. Atualmente as normas nacionais que podem ser seguidas são a NBR

ISO 1585 (ABNT, 1996) que é bastante usual pelos fabricantes para ensaios de motores, e a

NBR 13400 (ABNT, 1995) para ensaio da TDP.

Um dos principais objetivos de se utilizar a dinamometria é analisar

a eficiência da conversão energética química de combustíveis em energia mecânica, na

forma de potência. Para Soranso (2006), essa conversão de energia influi no rendimento

global do trator, considerando inclusive todas as perdas no motor.

Os ensaios vinculados ao desempenho do motor com o uso de

dinamometria denotam significativa importância, pois a partir destes se tem conhecimentos

sobre a capacidade do motor em gerar torque e potência, atrelado ao fato de que quanto maior

o valor destas duas variáveis, maior poderá ser a capacidade de se produzir tração. Russini

(2012) enfatiza que os ensaios dinamométricos podem substituir os ensaios de campo e em

pista.

Dentre os principais parâmetros avaliados em ensaios

dinamométricos, sendo que algumas normas de ensaio consideram obrigatório (OECD,

2012), destaca-se a determinação de potência, consumo específico de combustível e energia

específica. Para o caso da potência utiliza-se a Equação 16, já conceituada na bibliografia.

P =T . n

973,76 . 9,81 (16)

Onde:

P = potência no eixo do motor, eixo da TDP ou eixo da roda (kW)

T = torque no eixo (Nm)

n = rotação no eixo (rpm)

973,76 e 9,81 = constantes para conversão de unidades

2.5.2 Ensaios de tração

Operações agrícolas, principal atividade a que são submetidos os

tratores, impreterivelmente são executadas em superfícies com pouca aderência, geralmente

em solos mobilizados ou com cobertura vegetal, sendo que em ambas as condições, na

31

interface solo-pneu, há perdas de potência devido à patinagem do rodado motriz (MIALHE,

1996; SOUZA FILHO, 2001; GABRIEL FILHO et al., 2004; CORTEZ et al., 2009).

Segundo Souza Filho (2001), o estudo de desempenho de tratores

agrícolas em campo é uma tarefa bastante complexa, pois a quantidade de variáveis a serem

controladas e analisadas é muito grande, e o conjunto mecânico possui diversos pontos que

devem ser monitorados, seja por instrumentação ou metodologias específicas de controle.

Atualmente com o auxílio da informática, as informações podem ser coletadas de forma

direta e precisa, além de serem rapidamente obtidas e armazenadas.

O rendimento na barra de tração (potência na BT dividida pela

potência do motor) é frequentemente usado para avaliar tratores, porém, considerando que a

potência é uma função de velocidade e força na barra de tração, pode-se afirmar que o

rendimento na barra de tração descreve em parte a habilidade de um trator para tracionar, já

que o rendimento máximo é o critério de desempenho mais útil para tratores agrícolas

(LILJEDAHL, et al., 1996).

A potência desenvolvida por um veículo automotriz, é função da

força de tração e da velocidade de deslocamento (linear), calculada pela Equação 17 e 18,

adaptadas de Lopes et al. (2005); Serrano (2007); Gabriel Filho et al. (2010); Márquez

(2012).

PBT = FT . V (17)

Onde:

PBT = potência (kW)

FT ou TL = força de tração ou tração líquida (kN)

V = velocidade (m s-1)

PBT =FT . V

270 (18)

Onde:

PBT = potência (cv)

FT ou TL = força de tração ou tração líquida (kgf)

V= velocidade (km h-1)

32

Usualmente nos ensaios de tração em superfície padrão, a patinagem

é limitada no máximo a 15% (ZOZ e BRIXIUS, 1979; CENEA, 1985; OECD, 2012). Acima

deste limite há muitas perdas de potência, em função da redução da velocidade de avanço do

trator (MÁRQUEZ, 2012), além de haver dispêndio energético desnecessário e desgaste

prematuro de pneus e demais componentes do trator. A patinagem pode ser determinada pela

Equação 19, ou conforme ASAE (2003b) pela equação 20. Nas duas equações o resultado é

o mesmo.

Pat =N1 − N0

N1. 100 (19)

Onde:

Pat = patinagem (%)

N0 = número de voltas das rodas motrizes sem carga para uma distância padrão

N1 = número de voltas das rodas motrizes com carga para uma distância padrão

100 = constante para expressar o valor em percentual

Pat =An − A1

An. 100 (20)

Onde:

An = espaço percorrido por volta da roda motriz sem carga (m)

A1 = espaço percorrido por volta da roda motriz com carga (m)

Uma forma de comparar o desempenho de tratores agrícolas

distintos, seja pelo tamanho, marca, modelo ou qualquer outra característica que os diferem,

é pelo coeficiente de tração, podendo ser coeficiente de tração bruta (CTB), coeficiente de

tração líquida dinâmico (CTL) ou coeficiente de tração líquida estático (CTLe),

respectivamente determinados pelas equações 21 e 22, conforme Upadhyaya et al., (1989)

(também utilizada por Lanças, 1996), e pela Equação 23 (adaptada de Zoz e Grisso, 2003).

33

CTB =T

r. W=

GT

W (21)

Onde:

CTB = coeficiente de tração bruta (adimensional)

GT ou TB = tração bruta ou força tangencial (kN)

W = massa dinâmica aderente sobre o eixo (pneus) (kN). A massa dinâmica aderente quando

utilizando tratores 4x2, é a massa estática sobre o eixo ou rodados traseiros mais a

transferência de massa sobre estes. Quando utilizar tratores com TDA ou 4x4 (desde que

estejam com a tração ligada), a massa aderente é a massa total do trator.

T = torque no eixo dos rodados motrizes (kN.m)

r = raio dinâmico do rodado (m)

CTL =NT

W (22)

Onde:

CTL = coeficiente de tração líquida dinâmico (adimensional)

NT ou TL = tração líquida na barra de tração (kN)

W = massa dinâmica aderente sobre o eixo (kN)

CTLe =NT

We (23)

Onde:

CTLe = coeficiente de tração líquida estático (adimensional). Para tratores com TDA ou 4X4

(desde que estejam com a tração ligada) o CTLe é o mesmo que CTL.

NT ou TL = tração líquida na barra de tração (kN)

We = massa estática do trator (kN)

2.5.3 Ensaios de rodados e de torque

No ano de 1986 foi construído no Agricultural and Biological

Engineering Department, na University of California (UC), Davis, California, um

34

equipamento para avaliação individual de rodados de tratores agrícolas. Denominado de

Unique, Mobile, Single Wheel Traction Testing Machine (SWT), o sistema media a

velocidade de deslocamento, rotação da roda, força de tração, carregamento vertical e o

torque aplicado à roda (UPADHYAYA et al., 1986). O equipamento que, segundo os

autores, poderia ser utilizado para distintas condições do solo, incluindo as condições

naturais, detinha grande utilidade para avaliações relativas à interação solo e pneus e, para

determinação da eficiência trativa. Outros trabalhos na mesma linha de pesquisa foram

desenvolvidos por Shmulevich et al. (1996), Kawase et al. (2006) e Way et al. (2009).

Nagaoka (2001) desenvolveu um equipamento para ensaio dinâmico

de rodado agrícola individual, cujo acoplamento era dado através dos três pontos de um trator

agrícola, e o acionamento dos mecanismos ativos através da TDP (Figura 6). O torque era

obtido através de um torsiômetro comercial, acoplando entre a TDP do trator e a transmissão

do equipamento.

Figura 6. Equipamento para ensaio dinâmico de rodado agrícola individual desenvolvido por

Nagaoka (2001).

Outros pesquisadores desenvolveram trabalhos para obtenção de

dados sobre o torque nos eixos motrizes, em condições dinâmicas e estáticas, como Khalid

e Stan (1981) com tratores 4x4 de pequeno porte para aplicações especiais; Culshaw (1988)

com o trator na condição estática e os eixos acoplados em dinamômetro; Miszczak (2005)

com máquinas específicas de preparo de solo; Elwaleed et al. (2006) com equipamentos

específicos em laboratório; Yamakawa e Watanabe (2006) com veículo elétrico e;

Yamakawa et al. (2007) e Senatore e Sandu (2011) com veículos fora de estrada (off-road).

Acoplamento

ao trator (três pontos e TDP)

Rodado individual

para ensaio

Rodados para

transporte do equipamento

35

Shmulevich e Osetinskya (2003), do Instituto de Tecnologia de

Israel (“Israel Institute of Technology”) realizaram ensaios de rodados sobre pista de

concreto, utilizando um equipamento específico, acoplado e acionado hidraulicamente por

um trator. O equipamento de ensaios estava equipado com sensores (transdutores) para

avaliação do desempenho do rodado, incluindo força de tração líquida e torque no eixo. Os

resultados mostraram grande precisão entre o torque medido no eixo versus a força de tração

líquida, com excelente ajuste linear (R2 = 0,998).

Procedimentos normalizados para medir o torque e potência dos

eixos das rodas motrizes são estabelecidos pela norma ISO 789-7:1991 (ABNT, 2014b).

Segundo Márquez (2012), o procedimento de ensaio consiste em unir todas as rodas motrizes

do trator a dinamômetros, que possam medir o torque que chega a cada roda nas relações de

transmissão que representam velocidades entre 3 e 16 km h-1. O procedimento consiste em

aumentar o torque absorvido nos eixos até que se atinja o torque máximo do motor,

semelhante aos ensaios realizados diretamente no motor e que possuem várias normas de

ensaios (SAE J1995, 1995; ABNT NBR ISO 1585, 1996; ISO 14396, 2002, entre outras), e

na TDP que também são normalizados (ABNT NBR 13400, 1995; OECD - Code 2, 2012;

ABNT NBR ISO 789-1, 2014a).

Embora sejam desenvolvidos equipamentos específicos para

avaliações de rodados individuais e sistemas de tração, e que possibilitem a medição de

torque como o de Upadhyaya et al. (1986) e os citados por Way et al (2009), ou pelos

procedimentos da norma ISO 789-7 de 1991 (ABNT, 2014b), ainda há informações que não

serão obtidas, pois são peculiares dos próprios tratores agrícolas. Ao avaliar-se o torque

diretamente nos eixos motrizes dos tratores e nas distintas operações de campo a que podem

ser submetidos, melhores serão as respostas sobre os fenômenos ligados à tração.

Thomas (2010) analisou o comportamento do torque do motor para

situações de campo, utilizando extensômetros de resistência elétrica, fixado ao eixo cardan

na saída do volante do motor do trator (Figura 7). O componente possui dimensões de cerca

de 35x18x12mm e massa de 13 gramas, e foi configurado para transferência de dados através

de um sistema digital de telemetria modelo TEL1-PCM-STG marca KMT.

Os trabalhos realizados por Thomas (2010) foram bastante úteis para

a verificação da demanda de torque do motor em trabalhos de campo. Segundo o autor, o

sistema mostrou eficácia para avaliação de conjuntos mecanizados, enfatizando que o

procedimento possui muitas potencialidades.

36

Figura 7. Componentes para medição do torque aplicado ao eixo cardan na saída do motor.

Fonte: Thomas (2010).

Métodos indiretos para determinação da potência disponível, e para

estimativa do desempenho em campo de tratores agrícolas, foram utilizados por Russini

(2012). O autor, através de dados obtidos em ensaios dinamométricos via TDP, executou

procedimentos de cálculos com metodologias conceituadas, para prever o desempenho de

um trator agrícola de rodas em pista e a campo, sem recorrer aos ensaios diretos. Ainda,

verificou elevado coeficiente de correlação entre a potência de tração observada em pista e

no campo, em relação à potência estimada.

Khalid e Smith (1981) estudaram a distribuição de torque de um

trator 4x4 para uso experimental. Os resultados mostraram que a relação de distribuição de

torque foi afetada pela posição do engate de tração, pela distribuição de peso estático, pelas

cargas verticais e horizontais na barra de tração e pelas condições do solo. A eficiência trativa

não foi afetada pela relação de distribuição de torque entre rodas dianteiras e traseiras.

Segundo Sharma e Pandey (1997), através de estudos com pneus

diagonais de tração, observaram que, para condição de superfícies duras (sem afundamento

do pneu), a carga por eixo, a deformação dos pneus, e o tamanho do pneu (largura e diâmetro)

afetam significativamente o requerimento de torque.

2.5.4 Instrumentação para aquisição de dados

Com o emprego de máquinas e implementos agrícolas, tornou-se

preocupação dos pesquisadores e empresas, a quantificação dos esforços atuantes, além do

37

consumo de combustível em função das características dos sistemas de produção. Desta

forma, o objetivo da instrumentação agrícola para realização de ensaios, é gerar informações

que possibilitem dimensionar e racionalizar o uso de conjuntos motomecanizados na

agricultura (SILVA et al., 1999).

Mantovani et al. (1999) enfatiza que o uso da instrumentação

eletrônica, permite uma grande capacidade de trabalho em razão da facilidade de

programação e operação da cadeia de medições. A partir dos dados coletados é possível obter

curvas de desempenho operacional do conjunto, e um relatório de avaliação completo, o qual

pode servir como recomendação para o usuário e para os fabricantes.

O desenvolvimento de uma instrumentação eletrônica através da

instalação de sensores, conectados a um sistema de aquisição, fornece dados referentes ao

desempenho do trator durante as operações, tendo-se assim dados suficientes para

caracterizar o desempenho desta máquina (RUSSINI, 2009).

Segundo Serrano (2007), um sistema de medição de parâmetros

físicos de desempenho de tratores agrícolas, depende fundamentalmente dos tipos de

sensores que o constitui. Os sistemas mais habituais, de concepção relativamente simples e

normalmente de custo reduzido, desenvolvidos à fácil adaptação em qualquer trator, nas

diversas condições de trabalho, têm como sensores: um radar (velocidade real), uma célula

de carga (força de tração), um medidor de fluxo (consumo de combustível) e sensores

magnéticos de proximidade (rotação e patinagem).

38

MATERIAL E MÉTODOS

A metodologia utilizada, bem como o material e recursos

empregados no trabalho, foi definida por pesquisas informacionais e pelo desenvolvimento

projetual, seguido da construção do protótipo (I), dos testes e ensaios preliminares (II), dos

ensaios em pistas para validação do equipamento (III) e da análise de dados (IV). A

nomenclatura utilizada no título “sistema eletromecânico para determinação do torque nas

rodas motrizes de tratores agrícolas” terá como sinônimo o substantivo torsiômetro. A Figura

8 sintetiza as fases de desenvolvimento do trabalho.

Figura 8. Fases de desenvolvimento do trabalho.

I

• Ensaios preliminaresII

• Ensaios para validaçãoIII

IV • Análise de dados

• Projeto

39

3.1 Fases de projeto do torsiômetro

O projeto seguiu a metodologia descrita por Romano (2003), que

sugere o atendimento de quatro fases para que o produto gerado tenha concepção adequada,

viabilidade, qualidade e desempenho satisfatório, sendo ainda útil para a organização

sequencial do projeto. As quatro fases são: projeto informacional, projeto conceitual, projeto

preliminar e projeto detalhado.

No projeto informacional, foram estabelecidos os fatores de

influência no projeto, a partir de pesquisas exploratórias, observando parâmetros mecânicos,

econômicos e outros conhecimentos específicos. Foram levadas em conta as características

funcionais, de segurança, de confiabilidade e de aparência, tanto dos tratores agrícolas

quanto do equipamento que foi desenvolvido.

Na segunda fase, no projeto conceitual, foi estabelecida a estrutura

funcional e concluída a concepção estrutural do torsiômetro, tendo ainda, o início dos

estudos voltados aos processos de fabricação.

Na fase de projeto preliminar, estabeleceu-se o leiaute final, com

determinação da viabilidade técnica e econômica. Foi criado um modelo virtual em sistema

CAE/CAD, com estabelecimento das dimensões, forma, massa, material e melhor processo

de fabricação. Obteve-se um protótipo virtual, onde foram realizadas simulações

computacionais para verificação da funcionalidade dos componentes, estudos de forma,

posicionamento e resistência. Esta fase foi concluída com a aprovação do modelo do leiaute

final, material, elaboração dos desenhos técnicos em 3D e 2D e o melhor processo de

fabricação de cada item.

A última fase, de projeto detalhado, destinou-se a construção física

do protótipo. Na sequência, o equipamento foi submetido a testes, ensaios de laboratório, e

ensaios de campo, no intuito de validar sua função, medir o torque. A construção do protótipo

permitiu a melhor compreensão da funcionalidade e demais características do torsiômetro,

incluindo sua otimização e melhorias de alguns componentes.

Devido à aplicação inicial, direcionada a tratores agrícolas, e com

fixação em local de alto nível de esforço, houve o desenvolvimento de um equipamento

altamente robusto, com toda estrutura mecânica produzida em aço, evitando ao máximo o

uso de junções e soldas. Por se tratar de um protótipo, e com aplicação inicial direcionada

exclusivamente à pesquisa, o equipamento foi estruturado para atender tratores de pequeno

40

e médio porte (até 90 kW), de maneira que possa receber adaptações conforme

peculiaridades de cada marca ou modelo. O princípio de funcionamento é por braço de

alavanca, com medição de força através de uma célula de carga e transmissão de sinal através

de um conector rotativo a base de vapor de mercúrio, montado no centro da roda.

3.2 Projeto e simulações virtuais

Em software específico para desenhos de engenharia (CAE/CAD), e

com auxílio de profissionais da área, foram elaborados os desenhos, simultaneamente às

simulações para verificação da resistência dos materiais utilizados e das dimensões adotadas,

de acordo com esforços pré-calculados para os diferentes pontos. As simulações foram

realizadas em função do torque máximo teórico disponível no eixo motriz.

3.3 Construção do torsiômetro (protótipo)

A confecção das peças foi realizada em parceria com empresas

especializadas em tornearia, usinagem e soldagem, utilizando-se de ferramentas de alta

precisão, e mantendo com eficiência as dimensões estabelecidas nos desenhos virtuais. O

material utilizado para a construção da parte mecânica foi selecionado em função dos

esforços teóricos calculados, pelo custo benefício e pela disponibilidade no mercado,

optando-se pelo aço AISI 1045.

De acordo com o manual de aços (GERDAU, 2003), pela

codificação dos aços segundo designação AISI/SAE, o tipo AISI 1045 é composto por aços-

carbono comuns, cuja composição química contém o percentual entre 0,43 - 0,50% de

Carbono, 0,60 e 0,90% de Manganês, máximo de 0,03% de Fósforo e o máximo 0,05% de

Enxofre.

Os rolamentos utilizados (2 unidades) foram adotados em função da

capacidade de carga e da qualidade do material. Utilizou-se de rolamentos cônicos de roletes,

tendo em vista que durante a montagem e nas aplicações do torsiômetro em campo, o

conjunto recebe cargas axiais e radiais. Trata-se do modelo 33020, com as seguintes

dimensões fornecidas pelo fabricante: 100 mm de diâmetro interno (d), 150 mm de diâmetro

externo (D), 39 mm de largura total e 224 kN de carga dinâmica máxima (C).

41

3.4 Trator utilizado

O trator utilizado era equipado de fábrica com tração dianteira

auxiliar (TDA), transmissão com câmbio sincronizado de 12 velocidades, distribuídos em 4

grupos (A, B, C, D) e 3 marchas (1, 2, 3) que variam a velocidade entre 2,2 e 29,6 km h-1 na

rotação nominal do motor (2300 rpm), conforme informação do fabricante. Na Tabela 2,

observa-se as principais características de catálogo do trator, e na Tabela 3 as informações

determinadas no Nempa.

Tabela 2. Características técnicas de catálogo do trator SLC/John Deere 6600.

Especificações do motor

Marca (modelo) John Deere (6059T)

Número de cilindros (cm3) 6 (5900)

Aspiração Turbo alimentado

Bomba injetora (Marca) Rotativa (Lucas)

Potência máxima (kW/cv) 89/121

Reserva de torque (%) 27

Rotação nominal (rpm) 2300

Especificações da transmissão

Denominação do cambio SyncroPlusTM

Tipo de cambio Engrenagens helicoidais

sincronizadas

N° de marchas 12 a frente e 4 a ré

Velocidades (km h-1) 2,2 a 29,6 @ 2300 rpm

Bloqueio do diferencial Eletrohidráulico

Embreagem Mecânica hidráulica

Tabela 3. Características técnicas e ponderais do trator determinadas no Nempa.

Informações do motor

Rotação máxima livre (rpm) 2450

Rotação de potência máxima (rpm) 2200

Rotação do motor equivalente a 540 na TDP (i) 2143/540 (3,969)

Características pondero dimensionais, em ordem de marcha* (sem lastro)

Altura da barra de tração (mm) 505

Massa estática total, kN (kg) 44,0 (4485)

Massa estática sobre eixo traseiro, kN (kg) % 27,6 (2815) 62,8%

Massa estática sobre eixo dianteiro, kN (kg) % 16,4 (1670) 37,2%

Avanço cinemático das rodas dianteiras (%) 1,50

Pneus traseiros - Modelo (pressão psi/kPa) 23.1-30 (18 psi/ 124,1 kPa)

Pneus dianteiros - Modelo (pressão psi/kPa) 14.9-26 (18 psi/ 124,1 kPa)

* pronto para o trabalho com todos os reservatórios abastecidos; i = relação de transmissão.

42

Na Tabela 4 encontram-se as dimensões dos rodados traseiros, os

quais eram de construção diagonal (convencional) modelo 23.1-30, para a condição estática

e sem lastro, na pressão de 124,2 kPa (18 psi).

Tabela 4. Dimensões dos rodados traseiros do trator para a condição estática.

Perímetro do rodado sem carga: mm (m) 5378 (5,38)

Diâmetro do rodado sem carga: mm (m) 1712 (1,71)

Raio estático sem carga: mm (m) 856 (0,86)

Raio estático carregado: mm (m) 810 (0,81)

Os valores da Tabela 5 foram usados como referência no projeto, em

função da máxima capacidade de tração teórica, e também ajudam a quantificar teoricamente

os esforços dinâmicos nos eixos motrizes, de acordo com a Equação 3 citada na revisão

bibliográfica (MIALHE, 1980; GABRIEL FILHO et al., 2004), para transferência de massa.

Tabela 5. Parâmetros técnicos e teóricos para determinação das forças atuantes no trator e

no torsiômetro para a condição sem lastro.

Massa total, kN 46,6

Força de tração máxima, kN (coeficiente de tração = 0,9) 41,9

Massa dinâmica traseira, kN (%) 37,0 (79,5)

Massa dinâmica dianteira, kN (%) 9,6 (20,5)

Tração bruta individual traseira, kN 16,7

Tração bruta individual dianteira, kN 4,3

Raio estático do rodado traseiro, m 0,81

Raio estático do rodado dianteiro, m 0,59

Torque teórico roda traseira, Nm 13.491

Torque teórico roda dianteira, Nm 2.534

Força teórica no braço de alavanca do

torsiômetro com 0,25 m e ângulo de 90°, kN 53,9

Força teórica na célula de carga do torsiômetro

com braço de alavanca de 0,25 m e ângulo (α)

de aplicação de forças em 53,17°, kN

43,1

Os cálculos são apenas teóricos, para auxiliar no dimensionamento

do torsiômetro, com valores utilizados para condições extremas, os quais não substituem a

medição por equipamentos calibrados, tendo em vista a alta diversidade que se encontra nos

solos agrícolas e nos ensaios de tração.

43

3.4.1 Ensaios de deformação dos pneus traseiros

Os rodados, em virtude da sua característica pneumática, possuem

elasticidade e apresentam deformação em função da carga vertical atuante sobre os mesmos.

Esta deformação, altera o raio dos rodados, em função da carga dinâmica (vertical) fornecida

pela transferência de massa sobre o eixo traseiro. O quociente entre o torque aplicado no

eixo, e o raio dinâmico do rodado resulta na tração bruta, e desta forma, a variação do raio

dinâmico tem influência na capacidade de tração do trator, e também tem influência no

cálculo da eficiência trativa.

No intuito de verificar a deformação elástica (conforme menciona

MAZETTO et al., 2004) dos pneus traseiros, modelo 23.1-30, utilizados no trator, foram

conduzidos ensaios com aplicações de cargas verticais controladas, utilizando uma prensa

hidráulica com controle computadorizado (Figura 9).

Figura 9. Pneu 23.1-30 montado na prensa hidráulica para ensaio de deformação vertical

sobre superfície rígida.

O pneu foi pressionado sobre superfície rígida (chapa de aço), com

controle da carga e registro da mesma. Os tratamentos utilizados foram 20 cargas verticais e

uma pressão de inflação de 124,1 kPa (18 psi), com três repetições. Foram adotadas 20 cargas

crescentes e equidistantes de 0 a 26,5 kN. A carga máxima definida (26,5 kN) refere-se a

44

máxima carga possível que o pneu poderá receber verticalmente em condição de máximo

lastreamento do trator, considerando a massa estática mais a transferência de massa.

Para determinação da deformação, foi utilizado um potenciômetro

eletrônico interligado ao sistema de aquisição de dados (Figura 10). Os resultados da

deformação vertical do pneu foram convertidos em uma reta e uma equação de regressão.

Figura 10. Detalhe do potenciômetro instalado na estrutura da prensa para determinação da

deformação vertical do pneu em função da carga.

O raio dinâmico dos pneus foi o resultado da subtração entre o raio

estático e a deformação observada, conforme Equação 24.

r = ro – def (24)

Onde:

r = raio dinâmico usado no cálculo da tração bruta (m ou mm)

ro = raio estático sem carga ou indeformado (m ou mm)

def = deformação do pneu (m ou mm)

Potenciômetro

45

3.4.2 Ensaios da tomada de potência (TDP) do trator em dinamômetro

Mediante uso da TDP, na configuração 540 rpm, foram

determinadas as curvas de torque e potência, com a alavanca de aceleração manual

totalmente acionada (rotação máxima). Foi utilizado um dinamômetro com frenagem

mecânica por atrito, modelo NEB 400 da fabricante Norte Americana AW (Figura 11). Além

do dinamômetro, foram utilizados os demais equipamentos e sensores para caracterização

do ensaio, monitorando assim: temperatura do óleo do motor (cárter); temperatura da água

do sistema de arrefecimento do motor; temperatura do combustível, na entrada e no retorno;

temperatura ambiente, umidade relativa do ar (UR) e pressão atmosférica; e sensores de

rotação. Utilizou-se ainda fluxômetros para determinação do consumo de combustível.

Maiores detalhes da instrumentação, ver o item 3.5.

Figura 11. Trator acoplado ao dinamômetro NEB400 para ensaios da TDP.

O torque e potência equivalentes no motor foram encontrados

considerando as perdas da transmissão de acordo com a norma EP496.2 da ASAE (2003b),

conforme ilustra a Figura 12. Foi utilizada esta norma para comparação em função do ano

de publicação ser próximo do ano de fabricação do trator (mais próxima disponível para

consulta), e conforme a norma adotou-se 13% de perdas na transmissão entre o motor e a

TDP.

46

Figura 12. Máximas potências no sistema mecânico de tratores agrícolas, segundo a norma

EP496.2 (ASAE, 2003b).

3.4.3 Relação de transmissão e tração bruta teórica do trator

A tração bruta teórica ou força tangencial nas rodas (TB) depende

do torque do motor (Tm), da relação de transmissão (i) e da eficiência na transmissão (ηt).

A relação de transmissão foi determinada para todas as marchas avante, com a utilização de

“encoder” (sensores de rotação) acoplados no centro dos rodados (traseiro e dianteiro), e um

tacômetro digital no volante do motor. Este método foi executado de forma estática, com o

trator suspenso por levantes hidráulicos, e com bloqueio do diferencial ligado (Figura 13).

Figura 13. Trator suspenso com as quatro rodas livres e com sensores acoplados nas rodas

para determinação da relação de transmissão de todas as marchas avante.

0,87 a 0,90 0,75 a 0,81

0,85 a 0,89

0,94 a 0,96

0,86 a 0,89

Potência liquida do motor

0,96 a 0,98

Transmissão

TDP

Barra de tração (BT)

Eixo

0,92 a 0,93

0,90 a 0,92

“Encoder”

47

A predição do torque de entrada nas rodas motrizes pode ser

considerada como o torque da TDP, multiplicado pela relação de transmissão equivalente

entre a TDP e o eixo, deduzindo-se as perdas na transmissão que, segundo a ASAE (2003b),

variam de 4 a 6% (conforme se verifica na Figura 12). Essa norma da ASAE é utilizada para

a previsão da potência, entretanto, considerando que não há perda de velocidade por

patinagem dentro da transmissão, as perdas até chegar ao eixo da roda são por perdas de

torque, em função principalmente pelo atrito interno entre as engrenagens, mancais e

rolamentos. Para estimar a tração bruta nos rodados, foi feito uso do torque encontrado na

TDP, e o raio estático carregado dos rodados traseiros (0,81 m), conforme recomenda Zoz e

Grisso (2003). O quociente entre o torque teórico de entrada nos eixos motrizes e o raio

estático carregado dos rodados, é considerado como a tração bruta (teórica), sendo esta,

responsável pela tração líquida, e pelo vencimento da resistência ao rolamento do trator.

3.5 Instrumentação utilizada para ensaios de tração

Para captação de dados no torsiômetro foi utilizado uma célula de

carga, confeccionada especialmente para as dimensões mecânicas estabelecidas. Adotou-se

o modelo cilíndrico DTS20T-especial, em aço, produzida pela MK controle, com as

dimensões de 100x56 mm (Figura 14), e cujas especificações estão na Tabela 6.

Figura 14. Célula de carga cilíndrica DTS20T-especial, montada nos suportes “U” para ser

acoplada no torsiômetro.

Os sinais emitidos pela célula de carga, que posteriormente são

convertidos em força (kgf ou kN), foram conduzidos por um conector elétrico rotativo a base

de mercúrio, modelo 430, produzido pela Mercotac®. O conector possui 4 polos, dois de 4A

e dois de 30A. Esse instrumento foi empregado devido à captação de sinal feita dentro da

Célula

de carga

48

roda, onde se tem movimento de rotação, necessitando de um conector com lado fixo e outro

com lado rotativo (Figura 15).

Tabela 6. Especificações da célula de carga utilizada no torsiômetro.

Características Especificação

Marca/Modelo MK Controle/DTS-20T

Capacidade 196,2 kN (20.000 kgf)

Sentido de trabalho Tração e compressão

Alimentação* 10 a 15 Vcc

Sinal de saída 2mV/V +-10%

Sobrecarga admissível 1,50 x F.E.

Não linearidade 0,03%

Rosca M30

Altura 100 mm

Diâmetro maior 56 mm

*Durante os ensaios utilizou-se 12 Vcc com estabilizador de tensão.

Figura 15. Conector rotativo com esquema básico de funcionamento.

Fonte: Mercotac® (2013).

A calibração da célula de carga no sentido de compressão, já ligada

ao conector rotativo e com a interface de coleta de dados, foi feita mediante uso de uma

prensa hidráulica marca EMIC, munida de uma célula de carga aferida. A calibração do

49

torsiômetro montado no eixo foi feita com auxílio de um macaco hidráulico e com uma

célula de carga aferida, acoplada entre o macaco e uma extremidade da roda (Figura 16).

Figura 16. Calibração do torsiômetro com uso de macaco hidráulico.

Para obtenção da rotação no eixo, e da patinagem, foi instalado um

“encoder” (sensor de pulso), marca S&E, modelo E2A1A de 60 pulsos por volta, acoplado

no centro da roda traseira direita (Figura 17). Ao obter a rotação do lado direito, foi possível

calcular a potência desenvolvida no eixo traseiro, tendo em vista que o diferencial

permaneceu bloqueado durante os ensaios, e desta forma, a rotação das duas rodas eram

iguais. Outros dois sensores idênticos foram instalados no centro das duas rodas dianteiras

(eixo com diferencial autoblocante), porém, foi utilizado apenas para obtenção da

Força na célula de carga

em ângulo reto (Fccr)

Braço de torque reto (bT)

Torque real: T = Fccr x bT

Torque no torsiômetro (calculado):

T = Fcc x b x sen 53,17°

Força na célula de carga

do torsiômetro (Fcc)

Braço de torque do

torsiômetro (b)

50

patinagem. A rotação do motor foi determinada através da captação de dados por um

‘encoder” similar (marca S&E, modelo E2A1A), adaptado para 2 pulsos por volta, acoplado

na TDP do trator.

Figura 17. Sensor instalado na roda traseira direita para determinação da rotação do eixo

traseiro.

Para determinação do consumo horário de combustível (diesel),

foram utilizados dois fluxômetros modelo OVAL M-III LSF41L0-M2, sendo um instalado

na entrada de combustível antes da bomba injetora e outro no retorno para o tanque,

antecedidos por um filtro de combustível e um sensor de temperatura.

Semelhante ao ensaio da TDP em dinamômetro monitorou-se a

temperatura do óleo do cárter utilizando um sensor do tipo termopar. Para obtenção da

temperatura da água do sistema de arrefecimento do motor e da temperatura do combustível,

foram utilizados sensores do tipo pt100. Detalhes do esquema de ligação e da posição dos

instrumentos utilizados são mostrados na Figura 18 e na Figura 19.

A temperatura ambiente e umidade relativa do ar (UR) foram obtidas

no banco de dados da estação meteorológica da FCA/UNESP. A pressão atmosférica foi

registrada com um barômetro digital, modelo Impac PCE-THB 38. A célula de carga

utilizada para medição da tração líquida está descrita no item relacionado à UMEB (3.6).

51

Figura 18. Vista lateral do esquema de ligação da instrumentação utilizada no trator.

Figura 19. Vista superior do esquema de montagem da instrumentação utilizada em cada

posição do trator.

Célula de carga(força de tração)

Central de ligação dos

sensores

Motor

pt 100

(Temp. da água e combustível)

fluxômetro

(consumo de combustível)

Termopar(Temp. do óleo do motor)

Encoder

(patinagem)

Encoder

(patinagem)

Célula de

carga e

conector

rotativo

(torque)

Encoder

(patinagem)

(rotação do eixo)

Encoder(rotação TDP/MOTOR)

52

3.6 Unidade Móvel para Ensaio na Barra de Tração - UMEB

Os ensaios de tração têm necessidade de utilização de um freio para

aplicar cargas controladas na barra de tração, podendo assim, encontrar o desempenho de

cada marcha de trabalho e em diferentes cargas. O NEMPA possui a Unidade Móvel de

Ensaios na Barra de Tração (UMEB), descrita por Gabriel Filho et al. (2008), munida de seis

rodados com freios pneumáticos, controlados manualmente ou por computador, para

aplicação da carga desejada na barra de tração do trator, em concreto ou em qualquer

superfície de solo. Na Tabela 7, encontram-se maiores informações dos itens principais que

compõem a UMEB, os quais prestam auxílio durante os ensaios; e na Figura 20 a UMEB

acoplada ao trator sobre pista de concreto.

Tabela 7. Descrição dos equipamentos e sensores instalados na UMEB, utilizados para o

controle variável da carga imposta na barra de tração.

Item/sensor Descrição

Sistema de aquisição de dados

Para captar e registrar os dados de ensaio: Interface

eletrônica para conexão dos cabos dos sensores e um

computador portátil com software para controle e

registro de dados.

Sensor de força Para determinar a força tração (tração líquida): tipo

célula de carga marca Lider capacidade de trabalho entre

0 e 100 kN, instalada entre o trator e a UMEB.

Roda odométrica

Para determinar a distância percorrida e a velocidade real

de deslocamento: rodado pneumático, com “encoder”

marca S&E modelo E2A1A de 60 pulsos por volta,

acoplado ao centro do eixo da roda odométrica.

Sistema de frenagem

Para aplicação de carga resistente ao trator: Freio

pneumático, com controle de carga ajustável e

capacidade de frenagem de até 80 kN

(aproximadamente).

Regulador de pressão

(Válvula eletrônica pneumática)

Para controle da carga na barra de tração: Pressão

máxima de 800 kPa (8 bar), marca Festo, modelo VPPE-

3-1/5-6-010, conectada no sistema de frenagem

pneumático através de mangueiras e conectada no

computador portátil através de cabo elétrico.

53

Figura 20. Trator instrumentado acoplado a UMEB através da barra de tração.

3.7 Ensaios para validação do torsiômetro

Os ensaios para validação do torsiômetro foram realizados nas pistas

do NEMPA. O trabalho foi dividido em quatro etapas, a fim de facilitar a condução dos

ensaios e a análise dos resultados. Dentro de cada condição, utilizou-se os tratamentos de

carga na barra de tração (ou tração líquida - TL). Cada uma das etapas foi separada em

função da condição do ensaio e descrita como: (1) fator marcha (velocidade de

deslocamento); (2) fator TDA ligada e desligada; (3) fator superfície trativa; e (4) obtenção

das máximas eficiências, melhor detalhados dos tópicos 3.7.3 a 3.7.6.

3.7.1 Pistas de ensaio

Foram utilizadas as pistas de concreto e de solo firme do NEMPA,

localizadas na Fazenda Experimental Lageado da FCA/UNESP, em Botucatu-SP. A pista de

concreto (coordenadas: 22°50’18.47”S e 48°25’22.21”O) estava disposta na forma de duas

retas paralelas, cada uma com 200 metros de comprimento e 4 metros de largura. Os

extremos apresentam formato elipsoidal para permitir as manobras (Figura 21). A pista de

solo firme (coordenadas: 22°50’21.27”S e 48°25’18.30”O) possuía as dimensões de 400 m

de comprimento por 30 m de largura, com estrutura superficial e subsuperficial compactada,

e superfície sem palhada e nivelada por uma lamina agrícola (Figura 22). O solo é

classificado como Nitossolo Vermelho Distroférrico com textura argilosa (superior a 50%

54

de argila), de acordo com a EMBRAPA (1999). O teor de água do solo nos ensaios era de

9,11%.

Figura 21. Vista aérea da pista de concreto utilizada nos ensaios de tração.

Figura 22. Pista de solo firme utilizada para os ensaios de tração.

3.7.2 Marchas ensaiadas e rotação de trabalho do trator

As marchas utilizadas para os ensaios foram selecionadas em função

da frequência de utilização em atividades de campo, as quais compreendem velocidades de

deslocamento do trator dentro de uma ampla faixa de utilização nas diversas operações

agrícolas (são mais usuais). O Código 2 (“Code 2”) da OECD (2012), também preconiza

ensaio detalhado da marcha mais próxima de 7,5 km h-1.

55

Para os ensaios de tração em pista, foi adotada a máxima rotação do

motor, seguindo a recomendação do Código 2 da OECD (2012), obtendo, nesta condição o

máximo desempenho do trator, e de forma padronizada. Utilizou-se a rotação de arranque

máxima (2450 rpm) e coletou-se a rotação final com sensores de pulso ligado na TDP, em

cada parcela de ensaio de 25 m.

3.7.3 Delineamento experimental para o fator marcha

A primeira etapa dos ensaios com o torsiômetro foi realizada sobre

pista de concreto, e com a TDA desligada, com delineamento inteiramente casualizado

(DIC), avaliando os fatores marcha (três velocidades) e oito cargas na BT, com cinco

repetições (Tabela 8), totalizando 120 unidades experimentais.

O delineamento adotado (DIC) é utilizado em experimentos onde as

unidades experimentais são uniformes ou homogêneas, e a variação entre as unidades

experimentais é irrelevante (STORCK et al., 2004). Neste caso, compreende-se que material

(trator, pista de ensaio, pneus, entre outros) e ambiente não possuem variações relevantes.

As cargas adotadas na barra de tração (TL) variaram de 4 em 4 kN,

partindo de 4 kN até 30 kN, e assim permitiram a construção de curvas comparativas para

todas as condições. A carga máxima de 30 kN, foi utilizada em função de ser o limite de

tração com cerca de 15% de patinagem, conforme recomenda a OECD (2012).

Tabela 8. Fatores de avaliação com o conjunto trator-UMEB ensaiados sobre pista de

concreto e com a TDA desligada.

-----------------------------------------Fatores de avaliação-----------------------------------------

Marcha Carga (kN)

B1 (5 km h-1) 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28 e 30

B2 (7 km h-1) 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28 e 30

C1 (8 km h-1) 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28 e 30

3.7.4 Delineamento experimental para o fator TDA ligada e desligada

A segunda etapa dos ensaios com o torsiômetro, também foi

realizada sobre pista de concreto. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado (DIC),

atendendo as premissas de experimentação recomendadas por Storck et al. (2004); foram

avaliados os fatores: TDA ligada e desligada; e oito cargas na barra de tração (Tabela 9).

56

Utilizou-se apenas uma marcha (B2) e foram feitas cinco repetições cada tratamento,

totalizando 80 unidades experimentais.

Tabela 9. Fatores de avaliação com o conjunto trator-UMEB ensaiados sobre pista de

concreto e com a TDA ligada e desligada.

------------------------------------------Fatores de avaliação-----------------------------------------

-

TDA Marcha Carga (kN)

Ligada B2 (7 km h-1) 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28 e 30

Desligada B2 (7 km h-1) 4, 8, 12, 16, 20, 24, 28 e 30

3.7.5 Delineamento experimental para o fator superfície trativa

Para o fator superfície, foi usado o delineamento inteiramente

casualizado em esquema de faixas, similar ao experimento realizado por Gabriel Filho et al.

(2010). As faixas foram definidas pelas condições superficiais, sendo: pista de concreto e

pista de solo firme sem cobertura vegetal. Os tratamentos foram definidos por duas

superfícies e sete cargas na BT (Tabela 10). Foram realizadas cinco repetições para pista de

concreto e seis repetições para pista de solo firme, totalizando 77 unidades experimentais.

Utilizou-se apenas uma marcha (B2) e a TDA ligada.

Tabela 10. Fatores de avaliação com o conjunto trator-UMEB ensaiados sobre pista de

concreto e pista de solo firme com a TDA ligada.

------------------------------------------Fatores de avaliação-----------------------------------------

-

Superfície Marcha Carga (kN)

Concreto B2 (7 km h-1) 4, 8, 12, 16, 20, 24 e 28

Solo firme B2 (7 km h-1) 4, 8, 12, 16, 20, 24 e 28

3.7.6 Obtenção das máximas eficiências

A fim de obter os máximos valores de eficiência, foi feita a

comparação das potências obtidas na barra de tração, no eixo traseiro e na TDP. Além das

marchas citadas anteriormente, acrescentou-se a marcha B3 (9 km h-1), a fim de melhor

explorar a faixa de rotação de maior potência do motor (em pista de concreto).

Foram aproveitados os resultados obtidos das marchas B1, B2 e C1

(itens 3.7.3 a 3.7.5) mais os resultados encontrados com a marcha B3. Neste item, a soma

57

das unidades experimentais para obtenção das máximas eficiências (pista de concreto)

resultaram de: quatro marchas, oito cargas para a condição de TDA desligada, e nove cargas

para condição de TDA ligada, com cinco repetições, totalizando 340 observações. Os

resultados obtidos foram comparados com a ASAE EP496.2 (2003b) e ASABE D497.7

(2011a).

3.7.7 Parâmetros avaliados e procedimento de cálculos

Os parâmetros avaliados nos ensaios de pista foram: torque no eixo

traseiro (TET), tração bruta (TB), tração líquida (TL), potência no eixo traseiro (PET),

potência na barra de tração (PBT), coeficiente de tração líquida dinâmico (CTL), coeficiente

de tração bruta (CTB), patinagem (Pat), e eficiência trativa (ET). As equações utilizadas para

cada parâmetro podem ser localizadas no texto conforme as identificações que se seguem:

TET (Equação 25); TB (Equação 26); TL (Medida diretamente por uma célula de carga);

PET (Equação 16); PBT (Equação 17); CTL (Equação 22); CTB (Equação 21); Pat (Equação

19); e ET (Equação 14).

A análise estatística foi realizada conforme descrição de Storck et al.

(2004), que recomenda usar regressões quando se tem tratamentos quantitativos, e assim

procurar a equação que expresse matematicamente o comportamento dos tratamentos.

Através de um programa computacional para análise estatística, procedeu a análise de

variância (ANAVA), bem como testes de regressões (P≥5%), conforme modelo de melhor

ajuste.

Os gráficos foram elaborados com uso de planilha eletrônica e as

equações, coeficiente de variação (CV), coeficiente de determinação (R2) e nível de

significância, inseridos manualmente dentro dos gráficos de acordo com a análise estatística.

58

RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Resultados do projeto (virtual)

Antes da construção do protótipo do torsiômetro, iniciando por

buscas informacionais e indo até a concepção do leiaute final, foram obtidos os desenhos

técnicos, os quais são a base para o entendimento do funcionamento do equipamento. Na

Figura 23 observa-se os desenhos em 3D dos componentes principais, projetados no intuito

de receber o torque do eixo traseiro e transferir para a roda, permitindo a montagem de

mecanismos para medição do torque.

A tipologia do projeto pode ser classificada de acordo com Back et

al. (2008), como inovativo ou criativo, pois não é variação de nenhum outro modelo existente

no mercado e que seja utilizado para determinação de torque em eixos de rodados motrizes.

Os itens “b” e “d” mostrados na Figura 23 também exercem a função

de mancal, para alojamento e fixação dos dois rolamentos utilizados. A fixação dos

rolamentos foi feita através da capa ou anel externo dos mesmos. O eixo principal (item “a”)

foi utilizado para apoio e fixação do anel interno dos rolamentos, mantendo-os sem folgas.

Os componentes menores foram utilizados para montagem junto aos

componentes principais. A montagem virtual, representando a estrutura final do torsiômetro,

pode ser compreendida observando a Figura 24.

59

Figura 23. Desenhos dos principais componentes mecânicos do torsiômetro.

c) Porcas M100 e M80

para fixação no eixo (a)

f) Suporte para travamento

da célula de carga

i) Rolamento

a) Eixo principal para ser acoplado

ao eixo original do trator

b) Flange e mancal interno

para fixação na roda

d) Flange e mancal externo, e

suporte para braço de alavanca

e) Braço de alavanca para

fixação à flange (d) e a roda

g) Braço de alavanca móvel

h) Suporte para fixação

da célula de carga

60

Figura 24. Desenho do torsiômetro montado, elaborado a partir do princípio do braço de

alavanca.

Uma demonstração ampla, com todos os componentes e que

representa a estrutura de montagem, é mostrada na Figura 25 e descrita de acordo com a

numeração dos itens na Tabela 11.

Figura 25. Visão explodida dos componentes do torsiômetro.

61

Tabela 11. Descrição e quantidade dos itens que compõem o torsiômetro.

N° do item Descrição Quantidade

1 Eixo e flange principal 1

2 Suporte "U" para fixação da célula de carga 2

3 Braço de alavanca móvel 1

4 Flange e mancal interno 1

5 Suporte para travamento da célula de carga* 1

6 Porca M80 1

7 Porca M100 1

8 Flange e mancal externo 1

9 Braço para fixação à flange e mancal externo 1

10 Célula de carga 1

11 Parafuso M30 x 3,5 x 160 2

12 Porca M30 x 3,5 2

13 Contra porca M30 x 3,5 2

14 Parafuso M30 x 3,5 x 45 2

15 Rolamentos de rolos cônicos 2

16 Parafuso 3/4" - 16 x 5" 8

17 Parafuso 3/4" - 16 x 2 3/4" 8

18 Parafuso M20 x 2,5 x 150 2

* Utilizado quando não estiver em ensaio, para proteção da célula de carga.

Na Figura 26 e na Figura 27, podem ser visualizadas as principais

dimensões e ângulos do torsiômetro. Na Figura 28 tem-se a representação em plano

cartesiano do formato geométrico da atuação de forças no torsiômetro ao centro da roda.

Figura 26. Vista lateral do sistema montado, detalhando dimensões e ângulos (dimensões

em mm).

62

Figura 27. Representação da atuação de forças no torsiômetro ao centro da roda motriz. T = torque na roda motriz traseira (Nm); FTorc. = força no braço do torsiômetro com ângulo reto (N); FCC = força

na célula de carga (N); r = raio estático carregado do rodado (m); TB = tração bruta (força tangencial à

superfície) (N); θ = 36,83°;α = 53,17°.

Figura 28. Representação em plano cartesiano do formato geométrico que representa a

atuação de forças no torsiômetro ao centro da roda motriz.

73,67

α α

FTorc.FCC

T

θ

r

TB

63

Ao se fazer uma análise isolada, baseada no formato geométrico e

nos ângulos e dimensões formados pelos componentes do torsiômetro, consegue-se explicar

a atuação de forças com base nas teorias trigonométricas. Visualizando as duas figuras

anteriores e com base no formato geométrico, nas dimensões e nos ângulos, consegue-se

calcular a proporção de forças que a célula de carga irá receber (FCC), e na sequência

consegue-se calcular o torque real no eixo e a tração bruta (TB). Assim, pelas regras

matemáticas da trigonometria têm-se as seguintes expressões:

Pitágoras: a2 = b2 + c2

Logo: 2502 = b2 + 1502 b = 200 mm

Seno = cateto oposto/hipotenusa

Logo: Seno = 200/250 = 0,8

Pela mesma teoria: Seno α = Seno 53,17° = 0,8 ou,

Cosseno θ = Cosseno 36,83° = 0,8

Por estas expressões, evidencia-se que a equação para o cálculo do

torque de saída no eixo motriz (torque obtido pelo torsiômetro), deve ser calculado pela

Equação 25. Já para o cálculo da tração bruta (TB) utiliza-se a Equação 26.

T = FCC. b. senα = FCC. 0,250 . 0,8 = FCC . 0,2 (25)

Onde:

T = torque (kN.m) (pode ser representado por “TET”: torque no eixo traseiro)

FCC = força na célula de carga obtida pelo sistema de aquisição de dados (kN)

b = comprimento do braço de alavanca (m)

senα = seno do ângulo alfa (α = 53,17°)

TB = T

r (26)

Onde:

TB = Tração bruta (kN)

T ou TET = Torque no eixo traseiro (kN.m)

r = raio dinâmico do rodado traseiro (m)

64

4.1.1 Custo de desenvolvimento do torsiômetro

O custo foi separado em custos efetivos registrados e custos

estimados, conforme detalha a Tabela 12.

Tabela 12. Custo de todos os itens envolvidos no desenvolvimento e fabricação do

torsiômetro.

Item Valor (R$)

------------------------------------- Custos efetivos registrados -------------------------------------

Serviços terceirizados em CAE/CAD 650,00

Material e fabricação 9.000,00

Rolamentos 770,00

Parafusos e porcas principais 333,40

Célula de carga + postagem 2.006,00

Conector rotativo + postagem 1.964,89

Sistema de aquisição de dados 1.000,00

Outros - Espaçador de bitola, arruelas, parafusos, entre outros de pequeno

valor e que foram identificados após a construção do torsiômetro. 291,34

Subtotal (R$) 16.015,63

------------------------------------- Outros custos (estimados)-------------------------------------

Estimativa de custo para o desenvolvimento do projeto e simulações virtuais,

obtidos com auxílio de profissionais de engenharia (100 horas/homem). 5000,00

Estimativa de custos relacionados ao acompanhamento do projeto

hora/homem (500 horas/homem). 5800,00

Subtotal (R$) 10.800,00

Total (R$) 26.815,00

O custo efetivo registrado pode ser separado em três partes: material

(Aço AISI 1045) e prestação de serviços (na FCA/UNESP e em empresas parceiras) em

tornearia, usinagem e soldagem; aquisição de periféricos (rolamentos, parafusos, porcas e

demais); e aquisição de instrumentos eletrônicos (célula de carga, conectores e sistema de

aquisição de dados).

4.2 Resultados construtivos do torsiômetro

Os componentes metálicos foram construídos com equipamentos de

usinagem, manuais e com controle computadorizado, permitindo a obtenção correta das

dimensões projetadas e excelente acabamento (Figura 29).

65

Figura 29. Peças usinadas e rolamentos aguardando montagem. (Descrição dos itens: ver numeração e Tabela 11 na página 61).

Da Figura 30 a Figura 34, observa-se com maiores detalhes os

componentes do torsiômetro e da montagem no trator. Ressalta-se que após a montagem,

ajustou-se a bitola traseira para que as duas rodas ficassem equidistantes em relação ao centro

do trator.

Figura 30. Detalhe do acoplamento entre a flange do eixo traseiro esquerdo do trator, e a

flange do eixo do torsiômetro.

1

3

34

2

2

5

6

7 8

9

15

15

66

Figura 31. Detalhe do acoplamento e a parte central da roda montado entre as flanges.

Figura 32. Centro da roda preso axialmente entre as flanges interna e externa através dos

rolamentos e da porca M100.

67

Figura 33. Aperto final da porca M100, aplicando carga axial na flange interna e externa e

no rolamento interno e rolamento externo.

Figura 34. Torsiômetro com a parte mecânica e eletrônica montadas no rodado traseiro

esquerdo, de forma completa, e pronto para os ensaios.

68

4.3 Calibração da célula de carga

Os resultados da calibração da célula de carga do torsiômetro,

através do uso de uma prensa hidráulica aferida, foram bastante precisos, mostrando um

excelente ajuste linear entre a carga conhecida, aplicada à célula de carga do torsiômetro, e

a tensão de saída (V), conforme Figura 35. Esses resultados mostram que a construção da

célula de carga e a resistência elétrica dos fios e do conector rotativo, não interferiram na

precisão dos dados.

Figura 35. Calibração da célula de carga ligada ao conector rotativo para obtenção do fator

de conversão a ser utilizado pelo sistema de aquisição de dados.

A partir da calibração foram obtidos os seguintes valores médios

para utilização no sistema de aquisição de dados: 22,554 kN V-1; 0,0226 kN mV-1 ou 2,299

kgf mV-1. Utilizando-se a equação do gráfico, também é possível obter o fator de conversão.

4.4 Calibração do torsiômetro

Na calibração do torsiômetro, ao aplicar as cargas conhecidas com

um macaco hidráulico e com ângulo reto na roda, obteve-se o torque real e o torque no

torsiômetro ou calculado (Figura 36).

y = 0,0441x + 0,0093R² = 0,9999

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

0 10 20 30 40 50 60 70 80

Ten

são

de

sa

ída

(V

)

Carga na prensa aferida (kN)

69

Figura 36. Resultados da calibração do torsiômetro com duas retas, sendo uma com o torque

real (conhecido) aplicado na roda, e outra com o torque calculado obtido pelo

produto entre força da célula de carga do torsiômetro (Fcc), do braço de alavanca

do torsiômetro e o seno do ângulo de torque (Sen 53,17°).

O torque no torsiômetro foi obtido pela Equação 25 do item 4.1, e

comparado com o torque real. Houve proximidade entre as duas retas de torque (real e

calculado), mostrando que a equação utilizada está correta.

4.5 Resultados dos ensaios preliminares

4.5.1 Deformação vertical dos pneus traseiros

Foi possível determinar o raio dinâmico, considerando a

transferência de massa para os rodados traseiros e a partir da quantificação da deformação

do pneu obtida nos ensaios com a prensa hidráulica. O comportamento da deformação do

pneu sobre superfície rígida, para a pressão utilizada (124,1 kPa) foi linear, conforme o ajuste

da regressão e equação vistas na Figura 37, considerando a carga sobre apenas um pneu

(individual).

Torque real = torque aplicado na roda com macaco hidráulico.Torque calculado = torque obtido a partir da Equação 25.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Torq

ue

(Nm

)

Força no macaco hidráulico (kN)

Torque calculado Torque real

70

Figura 37. Deformação vertical em função da carga atuante sobre o pneu (individual) para

pressão de insuflagem de 124,1 kPa.

Na Tabela 13 observa-se os valores referente à massa dinâmica

traseira, total (nos dois pneus) e individual (apenas um pneu); a deformação obtida conforme

a equação de regressão; e o raio dinâmico utilizado para o cálculo da tração bruta. Os

resultados mostram uma baixa deformação do pneu e uma pequena alteração no raio

dinâmico. Mazetto et al. (2004), também observou que os pneus convencionais (diagonais)

possuem pouca deformação elástica.

Tabela 13. Massa dinâmica traseira, deformação, e raio dinâmico dos rodados em função da

tração líquida.

Tração líquida

(kN)

Massa dinâmica

traseira (kN)*

Massa dinâmica

traseira individual (kN)

Deformação

(mm)**

raio dinâ-

mico

(m)

4 29,89 14,95 47,46 0,81

8 30,62 15,31 48,43 0,81

12 31,36 15,68 49,41 0,81

16 32,09 16,05 50,39 0,81

20 32,81 16,41 51,34 0,80

24 33,62 16,81 52,42 0,80

28 34,32 17,16 53,34 0,80

30 34,91 17,46 54,14 0,80 *Calculada em função da massa estática traseira, da tração líquida, da altura da barra de tração e da distância entre eixos (Equação 3);** Deformação em relação ao raio estático sem carga = 856 mm (0,86 m).

y = 2,6621x + 7,668R² = 0,9949

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Def

orm

açã

o v

erti

cal (

mm

)

Carga vertical individual (kN)

124,1 kPa

71

Comparando o raio sem carga (0,86 m), e o raio estático carregado

(0,81 m), observa-se que a diferença entre ambos fica próxima a 6%, concordando com o

valor citado por Zoz e Grisso (2003).

4.5.2 Ensaio dinamométrico via TDP

Na Figura 38 tem-se as curvas de torque, potência e consumo horário

obtidas em ensaio dinamométrico do trator mediante uso da TDP na configuração 540 rpm.

Figura 38. Curvas de consumo, potência e torque na TDP obtidas nos ensaios

dinamométricos.

A potência máxima na TDP foi de 71 kW a 2200 rpm e a potência

na rotação nominal (2300 rpm) foi de 65,7 kW. Os valores equivalentes para o motor, foram

calculados levando-se em consideração um aumento de 13% para compensar as perdas na

transmissão, conforme ASAE EP496.2 (2003b) mostrado na Figura 12. O torque máximo

no motor foi de 461 Nm na rotação de 1400 rpm, indicando que nesta condição, o torque nos

eixos motrizes também será maior e consequentemente, maior será a capacidade de tração.

A potência máxima equivalente do motor (81,6 kW @ 2200 rpm) ficou abaixo da potência

de catálogo, indicada como 89 kW (121 cv). A curva de torque e potência foi utilizada para

cálculos teóricos no tópico a seguir.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

0

10

20

30

40

50

60

70

80

1400 1600 1800 2000 2200 2400To

rqu

e n

a TD

P (

Nm

)

Po

tên

cia

na

TDP

(kW

)C

on

sum

o h

orá

rio

(L

h-1

)

rotação no motor (rpm)

Potência (kW) Consumo horário (L/h) Torque (Nm)

72

4.5.3 Relação de transmissão e tração bruta e líquida teórica do trator

Como descrito no item material e métodos, a relação de transmissão

foi determinada para estimar a transferência de torque até os eixos, e consequentemente a

tração bruta nos rodados e tração líquida na barra de tração. Na Tabela 14 estão tabulados os

valores encontrados nas relações de transmissão para as quatro marchas avaliadas no trator,

entre a TDP e os eixos motrizes, e entre o motor e os eixos motrizes, além das velocidades

teóricas do trator na rotação nominal. Vale ressaltar que as velocidades teóricas estão de

acordo com os valores fornecidos pelo fabricante.

Tabela 14. Relação de transmissão e velocidade teórica para as marchas avaliadas.

TDP - Tomada de potência; RT – roda traseira; RD – roda dianteira;

A norma EP496.2 da ASAE (2003b), estima que a potência nos eixos

motrizes pode variar entre 4 a 6% a menos que a potência encontrada na TDP. Considerando

tratar-se de uma transmissão mecânica (sem patinagem das engrenagens), a perda de torque

é equivalente à perda de potência, ou seja, cerca de 5%. Para estimar o torque no eixo e a

tração líquida, adotou-se uma eficiência média de 95% entre os resultados encontrados na

TDP e os valores teóricos nos eixos motrizes, e uma resistência ao rolamento de 2% em

relação à massa total.

Como é observado na Tabela 15, o trator possui os valores de tração

bruta e líquida teóricos, mais altos para as marchas de menor velocidade, e que são limitados

em função do coeficiente de tração máximo. Nestes casos, a tração bruta e também a tração

líquida, ficam limitadas a máxima aderência que os rodados irão ter sobre a superfície de

apoio.

Marcha Relação de transmissão (i) Velocidade teórica

km h-1 @ 2300 rpm

TDP/RT TDP/RD Motor/RT Motor/RD RD/RT RT RD

B1 37,71 27,91 149,9 110,9 1,35 4,6 4,6

B2 27,09 19,97 107,7 79,4 1,36 6,4 6,4

C1 23,20 17,14 92,2 68,1 1,35 7,4 7,5

B3 20,46 15,17 81,3 60,3 1,35 8,4 8,5

73

Tabela 15. Relação de transmissão, torque e tração bruta e líquida teórica para as marchas

avaliadas do trator, na rotação nominal do motor.

Torque na TDP @ 2300 rpm = 1085 Nm

Eficiência entre TDP e eixos motrizes = 95%

Marcha i TDP/RT Torque teórico

nos eixos (kN.m) Tração bruta teórica

@ 2300 rpm

Tração líquida teórica

@ 2300 rpm

kN kgf kN kgf

B1 37,71 38,87 48,0 4891 47,1 4796

B2 27,09 27,92 34,5 3514 33,5 3419

C1 23,20 23,91 29,5 3009 28,6 2914

B3 20,46 21,09 26,0 2654 25,1 2559

i – relação de transmissão; TDP – tomada de potência; RT – roda traseira;

4.5.4 Primeiros ensaios de tração e obtenção de torque pelo torsiômetro

Antes de dar início aos ensaios de tração em pista, tomou-se o

cuidado de testar a parte mecânica e eletrônica do protótipo, já montado no trator e na

condição estática em laboratório, sobre superfície de alta aderência (concreto). Através da

barra de tração fez-se o acoplamento do trator de ensaios a outro trator de maior tamanho,

utilizando uma barra metálica que visava travar o conjunto (Figura 39). Com o trator travado

e utilizando-se da menor marcha (A1) e baixa rotação do motor, manteve-se os rodados

patinando durante alguns segundos (velocidade de deslocamento zero), aplicando assim a

máxima carga possível no torsiômetro.

Figura 39. Trator travado com torsiômetro montado, para teste estático de resistência e

funcionalidade executando tração com velocidade de deslocamento zero.

74

Um segundo teste, visando verificar se não haveria alteração na

mobilidade do trator, bem como se haveria necessidade de alguma correção ou adaptação,

foi realizado em campo, em área plana coberta com capim brachiária e com o trator acoplado

através da barra de tração a uma plaina niveladora (Figura 40).

Figura 40. Teste de campo para verificar a mobilidade do trator e funcionalidade da parte

mecânica do torsiômetro.

Figura 41. Histograma da distribuição obtida nas medições de torque no eixo traseiro.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

5000 5250 5500 5750 6000 6250 6500 6750

mer

o d

e p

on

tos

cole

tad

os

Torque (Nm)

75

Após o segundo teste, foram realizados ensaios de tração

objetivando a coleta de dados, para assim verificar a funcionalidade do conjunto completo

em situações de campo. Na Figura 41, tem-se o histograma da distribuição do número de

pontos coletados para cada faixa de torque. O comportamento do gráfico foi similar com os

resultados publicados por Way (2009) e Thomas (2010).

4.6 Resultados dos ensaios de tração em pista

4.6.1 Fator marcha (velocidade de deslocamento)

Os resultados apresentados foram ajustados por regressões. Dentro

das figuras (gráficos), são apresentadas as equações da regressão, o coeficiente de variação

(CV), o nível de significância, sendo P≥5% representado por “*” e P≥1% representado por

“**”, e por fim, o coeficiente de determinação (R2) que indica o ajuste das regressões (linhas

de tendências). Para o fator marcha, os ensaios foram realizados com a TDA desligada.

4.6.1.1 Torque e potência

A seguir, da Figura 42 até a Figura 44, serão apresentados os

gráficos que representam a linearidade entre o torque obtido no eixo traseiro do trator (TET)

e as variáveis, tração líquida (TL) e tração bruta (TB), que por sua vez foi calculada a partir

do próprio torque. O torque (TET) e a potência no eixo (PET), apresentados ao longo dos

resultados, referem-se ao valor obtido com o torsiômetro no eixo da roda traseira esquerda,

multiplicado por dois, que assim representa o valor das duas rodas motrizes.

76

Figura 42. Tração bruta (TB) e líquida (TL) em função do torque no eixo para marcha B1.

Figura 43. Tração bruta (TB) e líquida (TL) em função do torque no eixo para marcha B2.

y**= 1,2497x - 0,0888CV(%) = 1,38 R² = 0,9999

y**= 1,2669x - 1,2834CV(%)= 0,91 R² = 0,9998

0

5

10

15

20

25

30

35

0 5 10 15 20 25 30

TB e

TL

(kN

)

Torque no eixo (kN.m)

TB (marcha B1) TL (marcha B1)

y** = 1,2495x - 0,0878CV(%) = 1,34 R² = 0,9999

y** = 1,2819x - 1,4732CV(%)= 0,92 R² = 0,9999

0

5

10

15

20

25

30

35

0 5 10 15 20 25 30

TB e

TL

(kN

)

Torque no eixo (kN.m)

TB (marcha B2) TL (marcha B2)

77

Figura 44. Tração bruta (TB) e líquida (TL) em função do torque no eixo para marcha C1.

A partir da observação das três Figuras anteriores, consegue-se

afirmar que a medição do torque no eixo traseiro está dentro do esperado, já que houve

linearidade entre os torques obtidos e as variáveis TL e TB, uma vez que são diretamente

dependentes do torque aplicado ao eixo motriz. Resultados semelhantes foram encontrados

por Shmulevich e Osetinskya (2003), pesquisadores que avaliaram um rodado equipado com

torsiômetro, de forma individual e sobre pista de concreto. A TB foi calculada a partir do

próprio torque, e assim resultou em coeficientes de determinação (R2) igual a 0,9999.

Tabela 16. Valores médios dos tratamentos e obtidos nos ensaios, para tração líquida, tração

bruta e resistência ao rolamento para três marchas.

Marcha TL - Tratamento

(kN)

TL - Real

(kN)

TB

kN

Diferença

TB-TL (kN)

Resistência ao

rolamento (%)

B1 (5 km h-1) 17,75 17,61 18,54 0,94 2,0

B2 (7 km h-1) 17,75 17,54 18,45 0,90 1,9

C1 (8 km h-1) 17,75 17,53 18,27 0,74 1,6

Média geral 17,75 17,56 18,42 0,86 1,8

TL – tração líquida; TB – Tração bruta; RR – Resistência ao rolamento.

A diferença média entre a TB e a TL para as três marchas, foi de 0,86

kN, equivalente a 1,8% da massa total do trator (Tabela 16). Esta diferença representa a

resistência ao rolamento, e está próxima de 2%, valor tido como referência na bibliografia

y** = 1,2501x - 0,0939CV(%) = 1,17 R² = 0,9999

y** = 1,2976x - 1,5354CV(%) = 0,78 R² = 0,9998

0

5

10

15

20

25

30

35

0 5 10 15 20 25 30

TB e

TL

(kN

)

Torque no eixo (kN.m)

TB (marcha C1) TL (marcha C1)

78

(LINARES et al., 2006; MÁRQUES, 2008; e GABRIEL FILHO et al., 2010). As Figuras

45, 46 e 47, mostram o comportamento da potência no eixo (PET) e na barra de tração (PBT)

em função da patinagem dos rodados motrizes.

Figura 45. Potência no eixo traseiro (PET) e na barra de tração (PBT) em função da

patinagem para a marcha B1.

Figura 46. Potência no eixo traseiro (PET) e na barra de tração (PBT) em função da

patinagem para a marcha B2.

Y** = - 0,1907x2 + 5,4989x + 1,8470CV(%)= 1,38 R² = 0,9996

Y** = -0,2070x2 + 5,3756x + 0,5380CV(%)= 1,52 R² = 0,9990

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0 2 4 6 8 10 12 14 16

PET

e P

BT

(kW

)

Patinagem (%)

PET (marcha B1) PBT (marcha B1)

Y** = -0,3148x2 + 8,3712x + 0,0936CV(%) = 1,20 R² = 0,9967

Y** = -0,3367x2 + 8,2794x - 1,9625CV(%) = 0,92 R² = 0,9949

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16

PET

e P

BT

(kW

)

Patinagem (%)

PET (marcha B2) PBT (marcha B2)

79

Figura 47. Potência no eixo traseiro (PET) e na barra de tração (PBT) em função da

patinagem para a marcha C1.

As Figuras que comparam a potência no eixo (PET) e na barra de

tração (PBT) em função da patinagem, apresentam um comportamento em que há um maior

afastamento entre as curvas (com ajuste quadrático), para os valores mais altos de patinagem.

Este afastamento é obtido devido à redução da velocidade de avanço do trator e

consequentemente da redução de potência na barra de tração, conforme relata Márquez

(2012). Como era de se esperar, para as três marchas a potência no eixo foi sempre maior

que a potência na barra de tração, ficando a menor diferença entre os valores das duas curvas,

entre 8 e 9% (eficiência de 91 e 92%) em conformidade com a ASAE EP496.2 (2003b).

4.6.1.2 Coeficiente de tração líquida (CTL)

Uma forma de comparar tratores ou configurações de tratores é a

partir de seu coeficiente de tração, que é determinado a partir da força de tração executada

(TL) e da massa aderente à superfície de apoio. Desta forma, a partir da massa dinâmica e

dos valores dos tratamentos adotados como cargas na barra de tração, de 4, 8, 12, 16, 20, 24,

28 e 30 kN, converteu-se em valores de coeficientes de tração líquida dinâmicos (CTL),

permitindo melhores comparações com dados da bibliografia. Na Figura 48 e Figura 49,

Y** = -0,3784x2 + 9,7204x - 0,2340CV(%) = 1,20 R² = 0,9982

Y** = -0,3998x2 + 9,6242x - 2,5103CV(%) = 0,69 R² = 0,9973

0

10

20

30

40

50

60

70

0 2 4 6 8 10 12 14 16

PET

e P

BT

(kW

)

Patinagem (%)

PET (marcha C1) PBT (marcha C1)

80

estão expostos os gráficos com as regressões que representam o comportamento das

variáveis respostas: potência no eixo traseiro (PET) e potência na barra de tração (PBT).

Figura 48. Potência no eixo traseiro (PET) em função do coeficiente de tração líquida para

as três marchas.

Figura 49. Potência na barra de tração (PBT) em função do coeficiente de tração líquida para

as três marchas.

B1: y** = 46,1478x + 0,3354CV(%) = 1,38 R² = 0,9983

B2: y** = 62,3161x + 1,0128CV(%) = 1,20 R² = 0,9990

C1: y** = -28,0497x3 + 41,8914x2 +52,2845x + 3,6268CV(%) = 1,20 R² = 0,9998

0

10

20

30

40

50

60

70

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

PET

(kW

)

CTL (adimensional)

B1 (5 km/h) B2 (7 km/h) C1 (8 km/h)

B1: y** = 39,9481x + 0,5705CV(%) = 1,52 R² = 0,9941

B2: y** = 56,0308x + 0,5327CV(%) = 0,62 R² = 0,9967

C1: y** = -53,6745x3 + 65,4374x2 + 44,9317x + 1,7050CV(%) = 0,69 R² = 0,9994

0

10

20

30

40

50

60

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

PB

T (

kW)

CTL (adimensional)

B1 (5 km/h) B2 (7 km/h) C1 (8 km/h)

81

A potência no eixo e na barra de tração foi maior conforme o

aumento do coeficiente de tração líquida (CTL), e também aumenta nas marchas de maior

velocidade de deslocamento, com ajuste linear crescente para as marchas B1 e B2, e cúbica

com tendência de redução para a marcha de maior velocidade (C1). Comportamento similar

é encontrado na publicação de Márquez (2012).

4.6.1.3 Eficiência trativa (ET)

A eficiência trativa (ET) será apresentada como variável resposta

em função da patinagem dos rodados motrizes (Pat), do coeficiente de tração líquida

dinâmico (CTL) e do coeficiente de tração bruta (CTB). A equação utilizada foi da ASABE

(2011a): ET=TL/TB.(1-Pat).

A patinagem onde houve detecção dos maiores valores de ET, foi

de 4,3% para as marchas B1 e B2, e de 4,4% para a marcha C1 (Figura 50).

Figura 50. Eficiência trativa para três marchas, em pista de concreto, e em função da

patinagem dos rodados motrizes.

Os valores de patinagem onde se obteve maior ET ficaram dentro

do recomendado pela ASAE EP496.2 (2003b) e ASABE D497.7 (2011b), que é de 4 a 8%,

e concordam com Zoz e Grisso (2003), que apontam maior ET com patinagem entre 4 e 6%

para tratores de pneus sobre pista de concreto.

0,70

0,73

0,76

0,79

0,82

0,85

0,88

0,91

0,94

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

ET (

adim

ensi

on

al)

Patinagem (%)

B1 (5 km/h) B2 (7 km/h) C1 (8 km/h)

82

Quanto ao máximo valor da ET encontrado neste trabalho (0,91),

os resultados foram similares com os valores apresentados nas divulgações da ASAE

(2003b) (0,92 a 0,93) e Zoz e Grisso (2003) (0,91).

Os valores da eficiência trativa máxima, da média geral, e da

respectiva patinagem, não diferiram estatisticamente entre as três marchas utilizadas (Tabela

17). Os resultados são similares com relatos de Gabriel Filho et al. (2010), que utilizando

cálculos a partir de teorias conhecidas (clássicas), não observou diferença significativa da

eficiência trativa em função da alteração das marchas.

Tabela 17. Valores da patinagem, do coeficiente de tração líquida (CTL) e bruta (CTB) na

condição de máxima eficiência trativa, e para média geral, em função da marcha

utilizada.

Valores para eficiência trativa máxima

Marcha CTL CTB Patinagem (%) Eficiência trativa

B1 0,49 0,52 4,3a 0,91a

B2 0,49 0,52 4,3a 0,90a

C1 0,49 0,52 4,4a 0,90a

Valores para média geral

B1 0,53 0,56 6,2a 0,86a

B2 0,53 0,56 6,1a 0,86a

C1 0,53 0,55 6,1a 0,87a

Médias com letras iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05).

Na Figura 51, observa-se as curvas ajustadas da ET em função do

coeficiente de tração líquida (CTL). Os resultados corroboram com Zoz e Brixius (1979),

que relatam melhores resultados de ET, entre os coeficientes de tração dinâmicos de 0,25 e

0,6 (aproximadamente). Os valores encontrados ficaram próximos do recomendado por Zoz

e Grisso (2003), que apontam como média geral, os picos de ET com o CTL de 0,4.

Para os resultados da ET em função do coeficiente de tração bruta

(CTB) (Figura 52), o ajuste das curvas foi semelhante com os valores obtidos na Figura 51,

compreendendo os melhores resultados entre 0,4 e 0,7 (aproximadamente).

83

Figura 51. Eficiência trativa em função do coeficiente de tração líquida para três marchas.

Figura 52. Eficiência trativa em função do coeficiente de tração bruta para três marchas.

Zoz e Grisso (2003), em sua publicação sobre desempenho de

tratores agrícolas em tração, mostram curvas onde a ET maior, é obtida com o CTB de 0,52;

exatamente no mesmo valor encontrado neste trabalho. A faixa compreendida entre 0,4 e 0,7

B1: y* = -2,1036x4 + 4,5171x3 – 4,1479x2 + 1,8490x + 0,5866CV(%) = 1,38 R² = 0,9988

B2: y** = -6,2009x4 + 13,4798x3 – 10,8843x2 + 3,8731x + 0,3848CV(%) = 1,97 R² = 0,9971

C1: y** = -4,0845x4 +9,2176x3 – 7,8547x2 + 2,9950x + 0,4722CV(%) = 1,20 R² = 0,9969

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

0,95

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

ET (

adim

ensi

on

al)

CTL (adimensional)

B1 (5 km/h) B2 (7 km/h) C1 (8 km/h)

B1: Y** = -3,0189x4 + 6,7684x3 – 6,1362x2 + 2,6339x + 0,4651CV(%)= 1,38 R² = 0,9980

B2: Y** = -8,2192x4 + 18,6159x3 – 15,5964x2 + 5,7312x + 0,1176CV(%)= 2,21 R² = 0,9956

C1: Y** = -4,7901x4 + 11,0007x3 – 9,5441x2 + 3,7146x + 0,3553CV(%)= 1,20 R² = 0,9953

0,70

0,75

0,80

0,85

0,90

0,95

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0

ET (

adim

ensi

on

al)

CTB (adimensional)

B1 (5 km/h) B2 (7 km/h) C1 (8 km/h)

84

de CTB, onde se tem as melhores eficiências, também são confirmadas por Zoz e Grisso

(2003).

A potência desenvolvida no eixo traseiro apresentou ajustes nas

curvas (Figura 53) que mostraram maior obtenção de potência para uma mesma rotação do

motor, nas marchas de maior velocidade. As curvas são confirmadas por Márquez (2012), o

qual menciona que em relações mais curtas (menores velocidades) as perdas são maiores.

Zoz e Grisso (2003), também mencionam que marchas superiores apresentam uma maior

produção de potência, seja na entrada do eixo, ou na barra de tração do trator.

A curva de potência no eixo para a marcha C1 (Figura 53) possui um

comportamento com a mesma tendência obtida na curva de potência da TDP, e que já era

esperado, tendo em vista que a maior potência ficou próximo de 2200 rpm.

Figura 53. Potência obtida no eixo traseiro do trator para as três marchas sobre pista de

concreto e com a TDA desligada em função da rotação do motor.

4.6.2 Fator TDA ligada e desligada

Os ensaios realizados em pista de concreto, para o fator tração

dianteira auxiliar (TDA), foram tratados como ligada e desligada, e utilizou-se das mesmas

cargas do fator marcha. Foram realizadas cinco repetições com a marcha B2 (7 km h-1), a

qual é bastante usual em operações agrícolas.

Y** = -0,00099x2 + 4,2809x - 4546,1CV(%) = 1,38 R² = 0,9964

Y** = -0,0006x2 + 2,4579x – 2411,22CV(%) = 1,20 R² = 0,9978

Y** = -0,0019x2 + 8,4939x – 9556,9CV(%) = 1,20 R² = 0,9906

0

10

20

30

40

50

60

70

2250 2300 2350 2400 2450

PET

(kW

)

Rotação do motor (rpm)

B1 (5 km/h) B2 (7 km/h) C1 (8 km/h)

85

4.6.2.1 Torque e potência

Avaliando o torque e a potência no eixo traseiro, através da

observação da Figura 54 e Figura 55, fica nítida a redução da demanda de esforço no eixo

traseiro para a condição onde houve o uso da TDA (C-TDA).

Figura 54. Torque no eixo traseiro do trator em função da tração líquida (TL), para a

condição de TDA ligada (C-TDA) e desligada (S-TDA) com a marcha B2.

Figura 55. Potência no eixo traseiro do trator em função da tração líquida (TL), para a

condição de TDA ligada (C-TDA) e desligada (S-TDA) com a marcha B2.

Y** = 0,5897x - 1,7337CV(%)= 3,06 R² = 0,990

Y** = 0,7797x + 1,1547CV(%) = 1,34 R² = 0,9999

0

5

10

15

20

25

30

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32

Torq

ue

no

eix

o (

kN.m

)

TL (kN)

Marcha B2 C-TDA Marcha B2 S-TDA

Y** = 1,3234x - 3,5538CV(%) = 3,05 R² = 0,9920

Y** = 1,7369x + 3,4946CV(%) = 1,20 R² = 0,9995

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32

Po

tên

cia

no

eix

o (

kW)

TL (kN)

Marcha B2 C-TDA Marcha B2 S-TDA

86

A diferença de torque e potência entre as duas condições (com e sem

uso da TDA), está associada evidentemente, ao uso do eixo dianteiro para auxiliar na

execução da tração líquida (TL). Conforme Yanai et al. (1999), nessa condição o trator

divide o esforço tratório em seus dois eixos motrizes. As variáveis torque e potência no eixo,

mostraram ajuste linear em relação à tração líquida (TL).

Comparando o torque no eixo traseiro, entre as duas situações (TDA

ligada e desligada), é possível verificar, como demonstrado na Tabela 18, as reduções

percentuais da demanda de torque no eixo traseiro para executar a TL imposta à barra de

tração.

Tabela 18. Torques obtidos no eixo traseiro do trator (TET) em função da tração líquida (TL)

e da tração dianteira auxiliar (TDA) ligada (C-TDA) e desligada (S-TDA) e

redução percentual do torque obtido com a TDA ligada para a marcha B2.

TL S-TDA TL C-TDA TET S-TDA TET C-TDA Redução de TET

(kN) (kN) (kN.m)1 (kN.m)2 C-TDA (%)*

4,0 3,9 4,25 1,23 71,2

7,9 7,9 7,19 3,10 56,9

11,8 11,8 10,36 4,88 52,9

15,7 15,7 13,38 7,19 46,3

19,6 19,6 16,62 8,85 46,7

23,6 23,6 19,59 12,05 38,5

27,6 27,5 22,58 14,58 35,4

30,2 30,5 24,69 16,98 31,2

* Redução do torque no eixo traseiro (TET) com a TDA ligada (C-TDA) = (1 - 2/1) x 100

Nas cargas menores (TL menor) abaixo de 16 kN, observa-se uma

redução do torque aplicado à roda traseira, maior que 50% (Figura 56), ou seja, mais da

metade do torque necessário para fazer a TL está sendo fornecido pelas rodas dianteiras.

Esse comportamento se deve ao avanço cinemático das rodas dianteiras, que nesta condição

era equivalente a 1,5%, e portanto, possuem velocidade periférica dos rodados 1,5% maior

que as rodas traseiras. Já nas cargas maiores, o percentual de torque passa a ser maior nas

rodas traseiras, equivalendo a cerca de 70% para a maior carga (30 kN).

87

Figura 56. Redução do torque no eixo traseiro em função da tração líquida, utilizando a TDA

ligada, comparativamente ao torque com a TDA desligada.

4.6.3 Fator superfície trativa

Ao realizar um comparativo entre as duas superfícies trativas (de

apoio) que foram avaliadas, pista de concreto e de solo firme, observa-se nos resultados

expressos nos gráficos (Figura 57 e Figura 58), que o torque e a potência no eixo traseiro em

função da tração líquida na barra de tração, foi maior em solo firme do que em concreto e

ambas as curvas com ajuste linear crescente. Esse resultado se deve ao fato de haver uma

maior resistência ao rolamento na condição de solo firme, conforme indica Zoz e Grisso

(2003); Linares et al. (2006); e Gabriel Filho et al. (2010), demandando assim, maiores

potências para manutenção da mesma carga na barra de tração.

y = -1,3378x + 70,849R² = 0,9411

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 4 8 12 16 20 24 28 32

Red

uçã

o d

e to

rqu

e (%

)

Tração líquida (kN)

88

Figura 57. Torque no eixo traseiro para pista de concreto e de solo firme com a TDA ligada,

em função da carga na barra de tração para a marcha B2.

A potência na barra de tração (PBT) na pista de concreto se manteve

com ajuste linear no sentido de aumento da tração líquida, já para a superfície de solo firme,

observa-se a tendência na diminuição da potência na barra de tração (PBT) nas cargas mais

altas. Nesta condição há um aumento da patinagem e portanto, queda de velocidade de

deslocamento e queda de potência (Figura 58).

Figura 58. Potências obtidas no eixo e na barra de tração, em pista de concreto e de solo

firme, com a TDA ligada e em função da tração líquida (TL), para a marcha B2.

Y** = 0,5637x - 1,4348CV(%) = 3,63 R² = 0,9911

Y** = 0,7065x - 1,5964CV(%) = 5,03 R² = 0,9910

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Torq

ue

no

eix

o (

kN.m

)

TL (kN)

Concreto C-TDA Solo firme C-TDA

(1)Y** = 1,2723x - 2,9653CV(%) 3,65 = R² = 0,9928

(2) Y** = 1,5891x – 3,1956CV(%) = 4,89 R² = 0,9931

(3)Y** = 1,7429x + 1,2662CV(%) = 0,43 R² = 0,9991

(4)Y** = -0,0054x3 + 0,1923x2 - 0,1953x + 6,1487CV(%) = 4,50 R² = 0,9913

0

10

20

30

40

50

60

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30

Po

tên

cia

(kW

)

TL (kN)

(1) PET concreto (2) PET solo firme

(3) PBT concreto (4) PBT solo firme

89

4.6.4 Máximas potências e eficiência

Ao longo dos ensaios, preliminares e de tração para validação,

determinou-se as máximas potências na TDP, no eixo traseiro e na barra de tração. Além das

três marchas avaliadas anteriormente, foi incluída em ensaio a marcha B3, de maior

velocidade (9 km h-1), a fim de explorar uma faixa de rotação do motor que desenvolvesse

maior potência. Os resultados de máximas potências estão na Tabela 19.

Tabela 19. Máximas potências encontradas, na TDP (PTDP), no eixo traseiro (PET) e na

barra de tração (PBT) para quatro marchas.

Marcha

B1 B2 C1 B3

-------------------------------------------- S-TDA --------------------------------------------

PTDP (kW) 71,0

PET (kW) 41,2 55,6 62,2 67,2

PBT (kW) 34,1 47,5 54,5 58,1

-------------------------------------------- C-TDA --------------------------------------------

B1 B2 C1 B3

PTDP (kW) 71,0

PET (kW) 28,3 38,2 44,3 43,6

PBT (kW) 38,2 52,8 59,6 61,9

S-TDA: Sem tração dianteira (desligada); C-TDA: Com tração dianteira (ligada).

A partir dos valores de máxima potência, permite-se comparar e

calcular a eficiência entre a TDP, eixo traseiro e a barra de tração. Os resultados encontrados

(Tabela 20) são confirmados pela ASAE (2003b) e ASABE (2011a), mostrando que as

condições dos ensaios (Material e métodos) foram adequadas aos objetivos propostos.

Tabela 20. Máximas eficiências encontradas, considerando as máximas potências obtidas na

tomada de potência (PTDP), no eixo traseiro (PET), e na barra de tração (PBT).

PET/PTDP PBT/PET PBT/PTDP

0,95 0,92 0,88

Os resultados obtidos permitiram a validação do torsiômetro para

medição de torque e potência. Para explorar melhor as potencialidades do equipamento em

trabalhos futuros, recomenda-se a avaliação de diferentes tipos e pressões de inflação de

pneus, diferentes variações do avanço cinemático das rodas dianteiras, um número maior de

marchas, diferentes rotações de arranque do motor, ensaios em solo mobilizado e com

90

cobertura vegetal, ensaios em superfícies com diferentes declividades (lateral e

longitudinal), e alterações na lastragem do trator.

Recomenda-se ainda, a avaliação da demanda de torque e eficiência

trativa, em operações de campo, comparando sistemas tracionados pelos três pontos do trator

e pela barra de tração, podendo também, variar a altura da barra de tração. O

desenvolvimento de um torsiômetro para uso nas rodas dianteiras também é recomendado,

permitindo a obtenção de dados de forma mais completa.

O uso do torsiômetro em outros tratores é possível, desde que se

façam adaptações adequadas para o acoplamento entre o eixo e a roda, e não seja utilizado

em tratores de mais de 90 kW ou com massa total maior que 60 kN. Tratores de diferentes

tamanhos e diferentes tipos de transmissão poderão ser ensaiados, no intuito de entender

melhor o comportamento destes e suas respectivas transmissões quando submetidos à tração.

91

CONCLUSÕES

O projeto foi adequado, o protótipo mostrou-se funcional e o custo

ficou abaixo dos equipamentos disponíveis no mercado e que são possíveis de serem

adaptados em eixos motrizes de tratores agrícolas.

Observou-se linearidade entre o torque obtido no eixo motriz traseiro

e a tração líquida. A tração bruta apresentou comportamento dentro do esperado,

apresentando valor médio 1,8% superior à tração líquida.

A máxima eficiência trativa foi de 91%, em condição de pista de

concreto, com 4,3% de patinagem e coeficiente de tração líquida de 0,49. Não houve

diferença significativa entre as marchas ensaiadas para a eficiência trativa.

A distribuição de torque entre os eixos depende da carga na barra de

tração (tração líquida -TL). Na carga mais alta, a distribuição de torque foi de

aproximadamente 70% para o eixo traseiro e de 30% no eixo dianteiro.

Houve maior demanda de torque nos eixos motrizes para superfície

de solo firme, quando comparada com pista de concreto.

A relação entre as máximas potências encontradas (eficiência) foi de

95% entre a potência no eixo traseiro e a potência na TDP, 92% entre a potência na barra de

tração e a potência no eixo traseiro, e 88% entre a potência na barra de tração e a potência

na TDP.

Os resultados dos ensaios se enquadram dentro de valores tidos

como referência, e portanto, torna o torsiômetro válido, destacando que é possível utilizá-lo

para a avaliação de tratores agrícolas nas mais diversas condições operacionais.

92

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46 p.

101

APÊNDICE

102

APÊNDICE 1. Desenhos detalhados do eixo principal do torsiômetro.

103

APÊNDICE 2. Desenhos detalhados da flange interna para fixação na roda.

104

APÊNDICE 3. Desenhos detalhados da flange externa para fixação na roda.

105

APÊNDICE 4. Desenhos detalhados do braço de alavanca móvel.

106

APÊNDICE 5. Desenhos detalhados da base para apoio da célula de carga.

107

APÊNDICE 6. Desenhos detalhados da chapa fixadora para transporte.

108

APÊNDICE 7. Desenhos detalhados da porca M80.

109

APÊNDICE 8. Desenhos detalhados da porca M100.

110

APÊNDICE 9. Desenhos detalhados da chapa lateral para suporte da célula de carga.

111

APÊNDICE 10. Desenhos detalhados do braço da flange externa.

112

APÊNDICE 11. Desenhos detalhados do suporte da célula de carga montado.

113

APÊNDICE 12. Desenhos detalhados do torsiômetro, montado e em corte.

114

APÊNDICE 13. Desenhos detalhados em 3D do torsiômetro explodido.

115

APÊNDICE 14. Simulação em software específico para posterior usinagem.

116

APÊNDICE 15. Resultados da simulação da força torcional limite aplicado ao eixo.