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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL ADAPTAÇÕES DO MÚSCULO GLÚTEO MÉDIO EM EQÜINOS SUBMETIDOS A TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA E SUPLEMENTADOS COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE ÓLEO DE SOJA Carla Braga Martins Orientador: Prof. Dr. José Corrêa de Lacerda Neto Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias UNESP, Câmpus de Jaboticabal - como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Medicina Veterinária - área de concentração em Medicina Veterinária (Clínica Médica Veterinária). JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL Janeiro de 2007

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS

CÂMPUS DE JABOTICABAL

ADAPTAÇÕES DO MÚSCULO GLÚTEO MÉDIO EM EQÜINOS SUBMETIDOS A TREINAMENTO DE

RESISTÊNCIA E SUPLEMENTADOS COM DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE ÓLEO DE SOJA

Carla Braga Martins

Orientador: Prof. Dr. José Corrêa de Lacerda Neto

Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias UNESP, Câmpus de Jaboticabal - como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Medicina Veterinária - área de concentração em Medicina Veterinária (Clínica Médica Veterinária).

JABOTICABAL - SÃO PAULO - BRASIL

Janeiro de 2007

SUMÁRIO

Página LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................iii LISTA DE FIGURAS ............................................................................................. IV

LISTA DE TABELAS.............................................................................................. V

RESUMO .............................................................................................................. VII SUMMARY ......................................................................................................... VIII I. INTRODUÇÃO......................................................................................................1

II. REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................3

2.1. CARACTERÍSTICAS DOS CAVALOS PURO SANGUE ÁRABE (PSA).........................3

2.2. ESTRUTURA DO MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO ............................................4

2.3. GENERALIDADES DAS FIBRAS MUSCULARES.......................................................5

2.4. CARACTERÍSTICAS DAS PROTEÍNAS CONTRÁTEIS................................................6

2.5. CONTRAÇÃO MUSCULAR...................................................................................8

2.6. CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES..........................................9

2.7. ADAPTAÇÕES DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA................................................14

2.8. CARACTERÍSTICAS DO MÚSCULO GLÚTEO MÉDIO ..............................................22

2.9. FONTES DE ENERGIA PARA A CONTRAÇÃO MUSCULAR ......................................22

2.10. PRODUÇÃO DE LACTATO ..............................................................................24

2.11. CAUSAS DE LIMITAÇÃO NO DESEMPENHO .......................................................26

2.12. IMPORTÂNCIA DA TÉCNICA DE BIÓPSIA PERCUTÂNEA.......................................26

III. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................29

3.1. ANIMAIS ........................................................................................................29

3.2. TESTE PARA DETERMINAÇÃO DA CURVA VELOCIDADE-LACTATO.........................31

3.3. PROGRAMA DE TREINAMENTO .........................................................................32

3.4. DETERMINAÇÃO DO PESO E ESCORE CORPORAL ...............................................33

3.5. COLHEITA DE AMOSTRAS MUSCULARES ...........................................................33

ii

3.6. PROCESSAMENTO DAS AMOSTRAS MUSCULARES .............................................38

3.7. ANÁLISES HISTOQUÍMICAS..............................................................................39

3.8. ANÁLISES MORFOMÉTRICAS............................................................................41

3.9. DETERMINAÇÃO DO GLICOGÊNIO TOTAL...........................................................42

3.10. ANÁLISE ESTATÍSTICA...........................................................................43

IV. RESULTADOS.................................................................................................44

4.1. PESO E ESCORE CORPORAL............................................................................44

4.2. TÉCNICA DE BIÓPSIA MUSCULAR .....................................................................45

4.3. IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES .........................................46

4.4. MORFOMETRIA DAS FIBRAS MUSCULARES........................................................50

4.5. QUANTIFICAÇÃO DO GLICOGÊNIO TOTAL ..........................................................53

4.6. RELAÇÃO TREINAMENTO X TIPO DE FIBRA X METABOLISMO ENERGÉTICO ............54

V. DISCUSSÃO .....................................................................................................56

VI. CONCLUSÕES ................................................................................................67

VII. REFERÊNCIAS...............................................................................................68

VIII. APÊNDICE.........................................................................................................I

iii

LISTA DE ABREVIATURAS

ADP - adenosina difosfato ATP - adenosina trifosfato

CPM - cadeia pesada de miosina

EE - extrato etéreo

EPM - erro padrão da média

mATPase - adenosina trifosfatase miofibrilar ou miosina adenosina trifofatase

MS - matéria seca

NADH - nicotinamida adenina dinucleotídeo reduzida

PSA - Puro Sangue Árabe

Pi - ortofosfato inorgânico

iv

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Agulha de biópsia muscular tipo Bergström 6,0mm (Kruise). (a) agulha

guia contendo uma abertura; (b) cilindro cortante; (c) mandril...............34

Figura 2. Procedimentos para colheita da amostra muscular. (a) Local da

tricotomia (área de 25 cm2 aproximadamente), (b) infiltração do

anestésico local, (c) botão anestésico, (d) incisão de pele, (e) local

incisado, (f) inserção da agulha de biópsia muscular na incisão de

pele. A agulha possui marcações externas para auxiliar na colheita da

amostra na profundidade adequada....................................................36

Figura 3. Ilustração da ferida cirúrgica. (a) lesão imediatamente após a colheita

das amostras; (b) curativo realizado subseqüentemente.......................37

Figura 4. Amostra muscular no interior da abertura da agulha..............................38

Figura 5. Ilustração da evolução da cicatrização da ferida cirúrgica. (a) 0, (b) 1, (c)

2 e (d) 7 dias após a colheita da amostra...............................................46

Figura 6. Fotomicrografia de cortes transversais do músculo glúteo médio corados

mediante técnicas histoquímicas. a. mATPase após pré incubação ácida

(pH 4,5) e incubação alcalina (pH 10,5). b. NADH-TR. Observar o

padrão de organização em mosaico dos diferentes tipos de fibras. Obj.

20x..........................................................................................................48

Figura 7. Cortes histológicos transversais seriados do músculo glúteo médio

corados com as técnicas: a. mATPase, b. NADH-TR. Observam-se

fibras tipo I, IIA e IIAX (células grandes com reação na periferia) e IIX

................................................................................................................49

Figura 8. Curva velocidade-lactato de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a

treinamento de resistência durante sete semanas..................................55

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição dos animais em grupos experimentais com base na dieta

alimentar fornecida (0, 6, 12, 18 e 24% de adição de óleo....................30

Tabela 2. Protocolo de treinamento dos eqüinos na esteira rolante......................32

Tabela 3. Médias ± erro padrão da média (EPM) do peso e escore corporal de

eqüinos cruza Árabe e Puro Sangue Árabe (PSA) submetidos à

suplementação com diferentes concentrações com óleo de soja..........44

Tabela 4. Médias ± EPM do peso e escore corporal de eqüinos cruza Árabe e

PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete

semanas...............................................................................................44

Tabela 5. Colorações histoquímicas observadas nas fibras musculares

avaliadas.................................................................................................47

Tabela 6. Efeito da suplementação com óleo de soja sobre a freqüência (%) ±

EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza

Árabe e PSA .......................................................................................50

Tabela 7. Freqüência (%) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de

eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência

durante sete semanas............................................................................51

Tabela 8. Efeito da suplementação com óleo de soja ± EPM sobre a área média

de secção transversal dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de

eqüinos cruza Árabe e PSA ...................................................................51

Tabela 9. Área média de secção transversal (µm2) ± EPM dos tipos de fibras do

músculo glúteo médio de eqüinos PSA, submetidos a treinamento de

resistência durante sete semanas..........................................................52

vi

Tabela 10. Efeito da suplementação com óleo de soja ± EPM sobre a área relativa

dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e

PSA .....................................................................................................52

Tabela 11. Área relativa (%) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio

de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de

resistência durante sete semanas.......................................................53

Tabela 12. Médias ± EPM do glicogênio total presente nas fibras do músculo

glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a diferentes

concentrações de óleo de soja............................................................53

Tabela 13. Médias ± EPM do glicogênio total presente nas fibras do músculo

glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento

de resistência durante sete semanas...................................................54

Tabela 14. Freqüência e área relativa das fibras oxidativas e glicolíticas antes e

após o período de treinamento............................................................55

Tabela 15. Composição percentual e química dos concentrados experimentais....II

Tabela 16. Escala de avaliação do escore corporal...............................................III

vii

ADAPTAÇÕES DO MÚSCULO GLÚTEO MÉDIO EM EQÜINOS SUBMETIDOS A TREINAMENTO DE RESISTÊNCIA E SUPLEMENTADOS COM ÓLEO DE SOJA

RESUMO - Objetivou-se avaliar o efeito da suplementação com diferentes

concentrações de óleo de soja e do treinamento de resistência nas adaptações do

músculo glúteo médio de 20 eqüinos da raça Puro Sangue Árabe. Os animais

foram distribuídos em cinco grupos, cada grupo foi composto por quatro cavalos.

O grupo controle não recebeu óleo e os demais foram suplementados com 6, 12,

18 e 24% de óleo. Os animais foram submetidos a sete semanas consecutivas de

exercício em esteira rolante e trilha. Analisou-se a influência do treinamento e da

suplementação com óleo sobre o peso e escore corporal, concentração de

glicogênio muscular e características das fibras do músculo glúteo médio. Os

resultados demonstraram que as diferentes concentrações de óleo na dieta não

influenciaram as variáveis estudadas. Houve redução significativa do peso

corpóreo após o treinamento, no entanto o escore corporal permaneceu constante.

O músculo glúteo médio expressou três tipos de fibras puras: I, IIA, IIX. O

treinamento não induziu hipertrofia das fibras do músculo glúteo médio. O

treinamento ocasionou aumento na proporção e na área relativa das fibras tipo IIA

em detrimento das fibras IIX, melhorando a capacidade oxidativa muscular. Tanto

as dietas com óleo como o treinamento não aumentaram as concentrações de

glicogênio muscular.

Palavras-chave: Eqüinos, músculo glúteo médio, biópsia muscular, glicogênio

muscular.

viii

GLUTEUS MEDIUS MUSCLE ADAPTATIONS OF ARABIAN HORSES SUBMITTED TO ENDURANCE TRAINING AND SUPPLEMENTED WITH TO

SOY OIL

SUMMARY – The aim of this study was evaluate the effects of

supplementation with different concentrations of soy oil and endurance training on

gluteus medius muscle adaptations in twenty Arabian horses. The horses were

randomized in five groups (four horses each group). The control group did not

receive the oil and the other groups were supplemented with 6%, 12%, 18% and

24% of soy oil. The animals were submitted to seven weeks of exercise on

treadmill and track. The influence of training and oil supplementation on body

weight, corporal score, muscular glycogen stores and characteristics of the gluteus

medius muscular fibers were analyzed. The results showed that the

supplementation of soy oil in diet was not significantly effective on the studied

parameters. There was a significant reduction of the body weight after the end of

training; however the corporal score showed no changes. The gluteus medius

muscle expressed three types of pure fibers: I, IIA and IIX. The training induced a

increase in the proportion and relative area of the type IIA fibers in detriment of

type IIX fibers, improving the oxidative capacity muscular. No hypertrophy of the

muscular fibers was observed. There were no significant changes in the values of

the total glycogen after the training period.

Keywords: Equine, gluteus medius muscle, muscular biopsy, muscular glycogen.

I. INTRODUÇÃO

A utilização do cavalo para a prática de esportes vem aumentando no Brasil

e no mundo. Nos últimos anos muitas pesquisas sobre fisiologia do exercício têm

sido realizadas em eqüinos, estudando a resposta desta espécie a diferentes

estímulos, como o treinamento e a dieta alimentar.

Cada vez mais os cavalos são vistos como atletas e submetidos a

protocolos de treinamento que visam a melhoria de seu desempenho. Dentre os

esportes eqüestres mais praticados se destaca o enduro, caracterizado por ser

uma prova de resistência. Esta modalidade de esporte hípico surgiu nos Estados

Unidos em 1955, se expandiu pela Europa e chegou ao Brasil em 1989, onde

desde então, apresenta crescimento relevante.

Os animais que participam desta atividade estão sujeitos a inúmeros tipos

de estresse, quer pelo treinamento excessivo quer pela natureza exaustiva da

modalidade. Para isso, a adequada preparação física é fundamental e diminui os

riscos de exaustão. É do interesse de cavaleiros e técnicos que os cavalos

possam desempenhar da melhor forma possível o seu papel durante a

competição, sem comprometimento de sua saúde. Com isso, torna-se

imprescindível condicionar os animais, destacando as qualidades de resistência,

sem causar-lhes transtornos físicos.

O sistema muscular possui participação primordial no exercício, pois todo

movimento é o resultado da contração de músculos esqueléticos por meio de uma

articulação móvel. As fibras musculares exibem alta capacidade de adaptar-se

estruturalmente frente ao trabalho muscular aos quais os animais são submetidos.

Tais adaptações envolvem trocas estruturais e metabólicas, que determinam a

capacidade de locomoção e trabalho de um cavalo e, portanto, seu desempenho

em programas de treinamento. Algumas dessas respostas adaptativas envolvem,

entre outras coisas, características relacionadas à demanda energética em função

do trabalho muscular desempenhado.

2

Com a evolução dos estudos foram desenvolvidas técnicas para se

pesquisar o efeito do exercício sobre as fibras musculares. O uso combinado

dessas diferentes técnicas de análise muscular fornece informação suficiente para

identificar corretamente o fenótipo miofibrilar; determinar o tipo de metabolismo

que o músculo utiliza para obter a energia química e transformá-la em mecânica e

proporciona informação à cerca do tamanho dos diferentes tipos de fibras dos

músculos. Desta forma, este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos do

treinamento orientado pela curva velocidade-lactato e da suplementação alimentar

com diferentes concentrações de óleo de soja sobre as características

morfológicas e bioquímicas do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e

PSA submetidos a treinamento de resistência em esteira rolante e trilha.

3

II. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Características dos cavalos Puro Sangue Árabe (PSA) A mais antiga raça de cavalos no mundo foi registrada nos hieróglifos

egípcios 1800 anos antes de Cristo. O cavalo Árabe foi apreciado durante 3500

anos devido a sua extraordinária capacidade como animal de montaria, pela

velocidade, resistência, agilidade e inteligência. Foram necessários mais de três

milênios de seleção para se obter o cavalo de guerra do deserto, capaz de resistir

a prolongados períodos de trabalho intenso com o mínimo de cuidado e

alimentação. Essas qualidades persistem em seu fenótipo e são reconhecidas até

hoje, por meio de competições de longo percurso nos Estados Unidos da América

e na Europa. No Brasil, onde essas provas também são realizadas, o PSA se

destaca sempre nas primeiras colocações. No trabalho da fazenda, os criadores

se surpreendem com a produtividade diária, capaz de pronta recuperação após

um dia inteiro de atividade (PERROY, 2006).

Os três mil anos de seleção e aprimoramento do cavalo Árabe

proporcionaram-lhe qualidades genéticas incomparáveis. A partir da Idade Média,

garanhões árabes foram exportados para quase todas as partes do mundo, dando

origem a outras raças e regenerando plantéis inteiros de cavalos. Dentre suas

aptidões, o PSA participa de esportes hípicos como salto, adestramento em

categorias intermediárias, hipismo rural, enduro e trabalho agropecuário, se

destacando em provas de longa distância devido a sua resistência (PERROY,

2006).

4

2.2. Estrutura do músculo estriado esquelético

O músculo esquelético, assim denominado porque se insere no esqueleto,

é o tecido mais abundante do corpo, compreendendo cerca de 40% do peso

corporal dos mamíferos. No cavalo da raça Puro Sangue Inglês, a musculatura

esquelética constitui 52% do peso corpóreo, comparada com 42% em outras raças

(GOLL, 1996).

O músculo esquelético eqüino é um tecido heterogêneo, composto por

diferentes tipos de fibras musculares, capaz de realizar ampla variedade de

atividades físicas devido a grande diversidade celular, molecular, especialização

funcional e capacidade plástica. Essa característica proporciona ao tecido

muscular a capacidade de gerar um amplo tipo de atividades de contração, a qual

se traduz em maior eficiência mecânica e termodinâmica do organismo

(GOLDSPINK,1998). As variedades de funções desempenhadas pelos músculos

requerem diferentes proporções de tipo de fibra, acarretando assim diferenças na

composição de fibras entre os músculos, as quais exibem propriedades mecânicas

e metabólicas distintas (LUTZ et al., 1998).

Os músculos esqueléticos dos mamíferos são compostos por fascículos de

fibras musculares unidos por meio de tecido conectivo. A camada mais externa

que envolve o músculo é denominada epimísio. O perimísio é o tecido conectivo

que envolve feixes individuais de fibras musculares denominados fascículos. Cada

fibra muscular é revestida por tecido conectivo denominado endomísio. A unidade

morfofuncional do músculo esquelético é a fibra muscular. Essas fibras

representam o resultado coordenado da expressão de distintas proteínas

estruturais e enzimas metabólicas (POWERS & HOWLEY, 2000).

O padrão de inervação estabelecido determina as propriedades fisiológicas

das fibras musculares, culminando com a formação das unidades motoras,

elemento funcional constituído pelo neurônio motor e fibras musculares

associadas (GONZALES & SARTORI, 2002).

5

Um dos aspectos microscópicos mais distintos nos músculos esqueléticos é

sua aparência estriada. Tais estriações são produzidas pela alternância entre

bandas claras e escuras que aparecem ao longo do comprimento da fibra devido a

distribuição ordenada dos filamentos longitudinais de diferentes espessuras, os

quais correspondem às proteínas contrateis, actina e miosina (POWERS &

HOWLEY, 2000; BLANCO & PÉREZ, 2004).

2.3. Generalidades das fibras musculares

As fibras musculares são células altamente especializadas, apresentam

inúmeras organelas, são multinucleadas, cujos núcleos estão localizados ao redor

da periferia da célula e abaixo do sarcolema (POWERS & HOWLEY, 2000). De

acordo com SNOW & VALBERG (1994), as fibras do músculo esquelético dos

eqüinos contêm de 100 a 200 núcleos. Entre o sarcolema e a membrana basal

encontram-se as células satélites, importantes na reparação de injúrias

musculares. Uma quantidade variável de retículo endoplasmático liso e rugoso,

aparelho de Golgi e lisossomos estão normalmente localizados próximo dos

núcleos das células musculares. Numerosas proteínas, incluindo a mioglobina e

enzimas envolvidas na glicólise estão distribuídas no sarcoplasma. Grânulos de

glicogênio e variável quantidade de gotículas de lipídeos também estão

distribuídos pelo sarcoplasma entre os miofilamentos e sob o sarcolema. Enzimas

envolvidas no metabolismo oxidativo estão localizadas dentro das membranas

mitocondriais. As mitocôndrias dos músculos dos eqüinos estão concentradas

abaixo do sarcolema, particularmente associadas aos capilares, embora também

sejam encontradas entre as miofibrilas.

No sarcoplasma do músculo, existe uma extensa rede de canais

membranosos que envolvem cada miofibrila e correm paralelamente a elas. Esses

canais são denominados de retículo sarcoplasmático e armazenam cálcio, o qual

6

possui grande importância para a contração muscular (POWERS & HOWLEY,

2000).

As fibras musculares estão organizadas em numerosas estruturas

fusiformes presentes no sarcoplasma, denominadas miofibrilas, caracterizadas por

apresentar composição molecular diversa e constituir as estruturas intracelulares

que durante a contração muscular convertem a energia química em mecânica. As

miofibrilas são compostas por dois filamentos protéicos, os filamentos espessos

de miosina e finos de actina (POWERS & HOWLEY, 2000; BLANCO & PÉREZ,

2004).

Cada espécie possui uma distribuição fibrilar característica na musculatura

esquelética. Nos eqüinos, assim como na maioria dos mamíferos, as fibras

musculares seguem o padrão de distribuição denominado mosaico, devido as

fibras tipo I, IIA e IIX pertencentes a diferentes unidades motoras se entremearem

umas com as outras (RIVERO & PIERCY, 2004).

2.4. Características das proteínas contráteis 2.4.1 Miosina

A miosina é uma proteína constituída por seis cadeias polipeptídicas, sendo

quatro cadeias leves e duas cadeias pesadas (POWERS & HOWLEY, 2000). É

considerada a proteína contrátil mais abundante do músculo esquelético e

representa um terço do total das proteínas musculares (PICARD et al., 2002),

constitui a molécula motora da contração muscular. É o componente principal dos

filamentos grossos das miofibrilas (SELLERS, 2000).

As isoformas de cadeia pesada de miosina (CPM) constituem proteínas

com pequenas diferenças entre si. A molécula da miosina apresenta dois

extremos terminais, um corresponde à porção amino e o outro a porção carboxil. A

porção amino forma a cabeça da miosina, componente essencial que atua como

7

motor durante o sistema de geração de forças do músculo, devido aos sítios ativos

que possui para a união com a actina e com a enzima mATPase, responsável pela

hidrólise do ATP em difosfato de adenosina e fosfato inorgânico (GALLER et al.,

1997; KARLSSON et al., 1999). O terminal carboxil das cadeias pesadas de

miosina se enrola sobre si mesmo, para formar a cauda da miosina (LENNINGER,

1981).

As proteínas que caracterizam a célula muscular esquelética são

codificadas por uma família multigênica, denominada isoformas (SCHIAFFINO &

REGGIANI, 1996; EDDINGER, 1998, BOTTINELLI & REGGIANI, 2000). Essas

apresentam características bioquímicas, estruturais e fisiológicas comuns, mas

demonstram distinções na seqüência de aminoácidos, manifestando ligeiras

diferenças nas atividades biológicas, como a atividade da mATPase e a afinidade

ao cálcio. E, ademais, constituem parte essencial do sistema contrátil do músculo

(PERRY, 1985).

As isoformas de miosina de cadeia pesada e leve dos músculos

esqueléticos possuem como função a regulação das propriedades contráteis das

fibras musculares, determinando a velocidade máxima de contração muscular. A

velocidade e a força de contração muscular dependem da quantidade de fibras

musculares ativas, de suas propriedades contráteis e metabólicas. A velocidade

máxima de encurtamento de uma única fibra muscular está correlacionada com as

isoformas de CPM que predominam nas fibras musculares (SCHIAFFINO &

REGGIANI, 1996; McKOY et al., 1998; RIVERO & PIERCY, 2004).

A expressão e o desenvolvimento das diferentes isoformas de miosina no

músculo esquelético são regulados pela interação de múltiplos mecanismos de

controles, dentro dos quais se destacam os fatores neuronais, hormonais e

mecânicos (SCHIAFFINO & REGGIANI, 1996; TALMADGE, 2000; LEFAUCHEUR,

2001).

Nos mamíferos, incluindo o homem, se conhecem nove isoformas de

cadeia pesada de miosina, e cada uma delas é codificada por um gene diferente,

8

apresentando atividade mATPase particular (BOTTINELLI & REGGIANI, 2000;

ALLEN & LEINWAND, 2001; DA COSTA et al., 2002).

2.4.2 Actina

Os filamentos delgados são formados principalmente pela actina, a nebulina

e proteínas reguladoras (tropomiosina e troponina) que possuem importante papel

na regulação do processo contrátil. A actina constitui a principal proteína desse

grupo (EDDINGER, 1998). As fibras musculares dos mamíferos expressam duas

isoformas de actina, a esquelética e a cardíaca. A parte terminal amino (NH2) da

actina interage com a cabeça da miosina (SCHIAFFINO & REGGIANI, 1996) e

conjuntamente formam a unidade contrátil do músculo (BOTTINELLI & REGGIANI,

2000).

2.5. Contração muscular

A energia para a contração muscular é oriunda da degradação do ATP pela

enzima mATPase presente na cabeça da miosina, originando difosfato de

adenosina e fosfato inorgânico e liberando energia que irá energizar as pontes

cruzadas de miosina, ocorrendo a união da cabeça da miosina ao filamento de

actina. Como resultado, ocorre alteração conformacional da molécula da miosina e

parte da energia liberada é utilizada para produção de movimento entre os

filamentos, onde os filamentos de actina deslizam sobre os filamentos de miosina.

Ao final dessa seqüência, os produtos da hidrólise do ATP são liberados e se

unem novamente reconstituindo a molécula de ATP (POWERS & HOWLEY,

2000).

O fator desencadeante da contração muscular é a chegada de um impulso

nervoso à junção neuromuscular. A geração de um potencial de ação num

9

motoneurônio provoca a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, essa

se liga aos receptores da placa motora, causando despolarização na membrana

celular, a qual é conduzida através dos túbulos transversos profundamente na

fibra muscular, resultando na liberação do cálcio do retículo sarcoplasmático. O

cálcio se liga à troponina, alterando a posição da tropomiosina e descobrindo os

sítios ativos da actina. A ponte cruzada da miosina energizada forma uma ligação

forte no sítio ativo da actina. Esse ciclo da contração é repetido enquanto houver

cálcio e ATP presentes e se rompe quando cessam os potenciais de ação e o

retículo sarcoplasmático remove ativamente o cálcio do sarcoplasma (POWERS &

HOWLEY, 2000).

2.6. Classificação dos tipos de fibras musculares

Ao longo do tempo, para o estudo das características fibrilares, tanto em

músculos de animais como em humanos, vem se aplicando diversas

classificações, fundamentadas em técnicas que avaliam parâmetros bioquímicos,

estruturais, funcionais e histoquímicos da fibra muscular. A diferenciação clássica

dos tipos de fibras se baseava na coloração que conferiam ao músculo, vermelho

ou branco, segundo o seu conteúdo de mioglobina. Dessa forma, os músculos

com mais de 40% de fibras vermelhas foram denominados vermelhos. Ao

contrário, os que possuíam mais de 40% de fibras pálidas, recebiam o nome de

músculos brancos (BEECHER et al., 1965).

Atualmente, o sistema de classificação das fibras musculares mais

comumente empregado é o histoquímico, que consiste no tratamento do tecido

muscular com técnicas histoquímicas ou histoenzimáticas que permitem identificar

de forma simples e rápida os diferentes tipos de fibras. A análise histoquímica

mais utilizada se baseia nas propriedades contráteis das fibras, a partir da

determinação do grau de reatividade da atividade da enzima adenosina

trifosfatase miofibrilar (mATPase) presente na fibra muscular em meio ácido ou

10

alcalino, proposto por PADYKULA & HERMAN (1955) citado por BOTTINELLI &

REGGIANI (2000).

ENGEL (1962) aplicou as análises mencionadas em músculo humano

definindo as fibras tipos I e II. BROOKE & KAISER (1970), melhorando a técnica

da atividade mATPase mediante pré-incubação ácida, demonstraram na

musculatura humana a subdivisão do tipo II em subtipos IIA, IIB e IIC.

Outra técnica histoquímica amplamente utilizada para a identificação fibrilar

se fundamenta na determinação das propriedades metabólicas e proporciona

informações sobre o substrato utilizado pela fibra muscular para obter energia. Por

meio desta técnica é possível diferenciar as fibras com baixa capacidade

oxidativa, as quais contêm elevadas concentrações de enzimas sarcoplasmáticas

das fibras com alta capacidade oxidativa, que contêm por sua vez, elevadas

concentrações de enzimas mitocondriais dentre as quais a succinato

desidrogenase (RIVERO et al., 1993b).

GAUTHEIR (1969) citado por KLONT et al. (1998), determinou a

capacidade oxidativa da fibra muscular utilizando como marcador do padrão

oxidativo a enzima succinato desidrogenase (SDH), e identificou três tipos de

fibras, as quais denominou segundo a tonalidade predominante como fibras

vermelhas, intermediárias e brancas. ASHMORE & DOERR (1971), associaram

técnicas histoquímicas de atividade da mATPase e da enzima succinato

desidrogenase (SDH) e descreveram três tipos de fibras: mATPase resistente e

metabolismo oxidativo, mATPase ácido lábil e metabolismo oxidativo-glicolítico e

mATPase ácido lábil e metabolismo glicolítico.

A caracterização morfológica, bioquímica e fisiológica das fibras musculares

esqueléticas de mamíferos foram aperfeiçoadas com a utilização de técnicas

histoquímicas e imunohistoquímicas por PETER et al. (1972); SNOW et al. (1982);

RIVERO (1993b).

PETER et al. (1972), estudaram as propriedades motoras e metabólicas

das fibras musculares, objetivando identificar as características fibrilares segundo

as propriedades contráteis e o grau de resistência à fadiga. Para tanto, tais

11

pesquisadores utilizaram como marcador do padrão oxidativo da fibra muscular a

enzima nicotinamida adenina dinucleotideo desidrogenase (NADH). Esta enzima

se encontra na face interna da membrana mitocondrial e sua função é catalizar a

transferência de elétrons do NADH2 a compostos citocromos, e por último ao

oxigênio, na cadeia de transporte de elétrons (DUBOTWITZ & BROOKE, 1973).

Essas técnicas possibilitaram a identificação de unidades motoras com proteínas

contráteis e metabólicas peculiares, dentre as quais destacaram-se as fibras

oxidativas de contração lenta, que possuem unidades motoras resistentes à fadiga

e metabolismo oxidativo; fibras rápidas glicolíticas-oxidativas, com atividade

metabólica tanto glicolítica como oxidativa, média resistência à fadiga; e as fibras

rápidas glicolíticas, as quais se caracterizam por apresentarem unidades motoras

facilmente fatigáveis e metabolismo glicolítico.

Apesar do uso extensivo e simplicidade de execução, as técnicas

histoquímicas apresentam certas limitações para a identificação correta do

fenótipo fibrilar, devido a grande variabilidade da atividade mATPase entre os

diversos tipos de fibras presentes no músculo esquelético (GORZA, 1990). Dessa

forma, para reduzir a porcentagem de erro na identificação deve-se associar

técnicas mais sensíveis que permitam determinar a heterogeneidade das fibras

musculares. Entre essas técnicas se destacam a eletroforese, imunohistoquímica,

hibridação in situ e reação da cadeia de polimerase (PCR). O princípio básico

dessas provas consiste em definir as isoformas específicas das cadeias pesadas e

leves de miosina, já que cada tipo de fibra muscular expressa uma isoforma

diferente que demonstra divergências em atividades contráteis, atividade

mATPase, velocidade de contração e produção de força. A atividade da mATPase

está intimamente relacionada ao predomínio do tipo de isoformas, que

determinará as propriedades contráteis das fibras musculares (CHIKUNI et al.,

2001).

RIVERO et al. (1996, 1999), através da técnica de ELISA e eletroforese

identificaram três tipos de isoformas MHC presentes em diferentes músculos de

cavalos, uma lenta (MHC-I) e duas rápidas (MHC-IIA e MHC-IIX). Através da

12

imunohistoquímica definiram três tipos de fibras puras I, IIA e IIX e duas híbridas

IIC e IIAX. Estes métodos integrados demonstraram que o músculo esquelético

eqüino não expressa isoforma tipo IIB e fibras assim denominadas deveriam

receber a denominação de fibras IIX (RIVERO et al., 1999; SERRANO & RIVERO,

2000; ETO et al., 2003).

As fibras híbridas também são denominadas intermediárias, pois são

consideradas resultados do estado de transição fenotípica entre dois tipos de

fibras puras que pode ser estimulado pelo treinamento ou destreinamento, ou pelo

envelhecimento (PEUKER & PETTE, 1997; LEFAUCHEUR et al., 1998; PICARD

et al., 2002). Essas fibras possuem alto potencial de adaptação, já que são

capazes de alterar o fenótipo das isoformas de cadeia pesada de miosina quando

a demanda funcional do músculo necessita (BALDWIN & HADDAD, 2001).

As fibras híbridas podem ser identificadas com a utilização de anticorpos

específicos, os quais reagem com as isoformas de cadeia pesada de miosina das

fibras musculares esqueléticas (PICARD et al., 2003). Essas fibras são

caracterizadas por expressar mais de uma isoforma de cadeia pesada de miosina

(STARON et al., 1999; PICARD et al., 2002; STRBENC et al., 2004).

As fibras tipo IIC são encontradas em quantidades relativamente grandes

em animais muito jovens, porém são raras no eqüino adulto, no qual geralmente

são citadas como fibras de transição (SANTOS, 2002).

2.6.1 Fibras tipo I A isoforma de cadeia pesada de miosina expressada por essas fibras é a

tipo I. Foram primeiramente denominadas células vermelhas devido a coloração

avermelhada que conferiam ao músculo dada a grande concentração de

mioglobina presente no seu citoplasma. Posteriormente, considerando suas

características funcionais e metabólicas foram classificadas como fibras de

contração lenta e metabolismo oxidativo. Apresentam baixas concentrações da

13

enzima mATPase (BOTTINELLI et al., 1994), a qual lhes confere baixa

capacidade para hidrolisar o ATP (ROSE, 1986). Possuem metabolismo oxidativo,

consumindo glicose e ácidos graxos através do metabolismo aeróbio. Utilizam a

oxidação dos ácidos graxos que estão distribuídos amplamente nos espaços

miofibrilares do interior da fibra muscular como fonte preferencial de energia. Para

que ocorra o processo de oxidação é necessário amplo fornecimento sangüíneo

para o transporte de oxigênio e ácidos graxos. Por isso, essas células são

altamente vascularizadas e possuem elevado conteúdo mitocondrial. Nas

mitocôndrias ocorrem as reações do ciclo de Krebs com a utilização do oxigênio

para a produção de energia, indispensável para a contração muscular.

Apresentam número expressivo de núcleos, os quais lhes conferem grande

atividade metabólica, capacitando-as para a síntese e o desdobramento rápido de

suas próprias proteínas (POWERS & HOWLEY, 2000). Possuem pequeno

tamanho, o que facilita a difusão rápida do oxigênio e de substratos à mitocôndria.

Apresentam elevada resistência à fadiga muscular, pois são dotadas estrutural e

bioquimicamente para gerar força muscular durante um período prolongado de

tempo, realizar movimentos repetitivos lentos e manter uma força isométrica a

custa da produção de elevada taxa de energia a partir das rotas aeróbias (SIECK

et al., 1995; PICARD et al., 2002).

2.6.2 Fibras tipo IIA

Essas fibras expressam a isoforma de cadeia pesada de miosina tipo IIA e

apresentam características entre as fibras do tipo I e IIX. São designadas como

células de contração rápida, possuem muitas mitocôndrias e são irrigadas por

grande número de vasos sangüíneos, apresentam elevado conteúdo de

mioglobina, o que lhes confere tonalidade avermelhada. Armazenam mais

oxigênio e lipídeos, e menos glicogênio do que as fibras IIX, podendo, portanto,

apresentar metabolismo glicolítico e oxidativo. Estão adaptadas ao metabolismo

14

aeróbio devido ao conteúdo intermediário de mitocôndrias, que lhes proporciona

resistência à fadiga e capacidade glicolítica moderada a baixa. Sua contração é

rápida e sustentável por razoável período de tempo (PICARD et al., 1995;

QUIROZ-ROTHE & RIVERO, 2001).

2.6.3 Fibras tipo IIX As fibras IIX possuem metabolismo energético glicolítico e expressam a

isoforma de cadeia pesada de miosina tipo IIX. Consomem glicose por meio do

metabolismo anaeróbio com desenvolvimento de força maior do que aquela

descrita para as fibras tipo I. A velocidade de contração das fibras tipo IIX é rápida,

similar às fibras tipo IIA, porém não conseguem sustentar esta contração por muito

tempo (BOTTINELLI et al., 1991). Segundo SWASH & SCHWARTZ (1981) e

HILDEBRAND (1995), as fibras glicolíticas tipo IIX são pouco vascularizadas,

apresentam baixa concentração de mioglobina e poucas mitocôndrias, pois o

metabolismo aeróbio é menos importante.

Com relação ao tamanho, são geralmente maiores que as fibras tipo I e IIA

(PICARD et al., 1995). Apresentam extenso retículo sarcoplasmático que lhes

permite rápida liberação de íons cálcio. Estão bem adaptadas para saltos, corridas

e outros movimentos vigorosos e breves (PICARD et al., 1995; QUIROZ-ROTHE &

RIVERO, 2001).

2.7. Adaptações da musculatura esquelética O músculo pode ser considerado, dentre todos os tecidos, como um dos

sistemas de maior capacidade adaptativa. Devido a sua plasticidade o tecido

muscular é capaz de modificar suas características morfológicas e funcionais

como resposta a diversos estímulos. Dentre os fatores que exercem influência

15

sobre as características do tecido muscular destacam-se a idade, sexo,

alimentação, função do músculo, hormônios, inervação, exercício, raça e genética

(KARLSSON et al., 1999; BROCKS et al., 2000; LEFAUCHEUR et al., 2003).

A capacidade máxima de interconversão entre os diferentes tipos de fibras

é limitada, e depende de um estímulo adequado. Desta forma, o estímulo pode

fazer uma fibra muscular, inicialmente adaptada para a contração rápida passar a

expressar isoformas de contração lenta, tornando-se de contração lenta, e vice-

versa (GONDIM, 2005).

2.7.1 Alimentação Segundo HAMBLETON et al. (1980) a adição de óleo como fonte de

energia e a adaptação dos animais ao metabolismo lipídico produz efeito

poupador de glicogênio, importante para o animal persistir no exercício. JONES et

al. (1992) relataram que a suplementação com óleo promove aumento do

armazenamento e redução da mobilização do glicogênio. Segundo estes

pesquisadores, isto pode ser conseqüência da maior utilização dos ácidos graxos

como substrato para a produção de energia, favorecendo a melhora da

performance aeróbia e anaeróbia.

2.7.2 Genética e Raça Durante o desenvolvimento embrionário dos mamíferos, as células

musculares iniciais começam a expressar proteínas contráteis específicas antes

do músculo ser inervado. Dessa forma, o fenótipo da fibra muscular aparenta ser

uma propriedade geneticamente determinada da célula (HAYS &

ARMBRUSTMACHER, 1999).

16

Nos eqüinos, as diferenças individuais existentes em uma mesma raça,

referentes à composição das fibras musculares, estão relacionadas com as

características genéticas e fenotípicas (HODGSON et al., 1986; RIVERO et al.,

1993a; SNOW & VALBERG, 1994; ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1980).

As variedades na composição fibrilar de músculos podem ser observadas

entre as raças. Essas diferenças estão relacionadas às características de

desempenho, para as quais a raça foi selecionada. No cavalo, a distinção é mais

evidente no músculo glúteo médio, um dos maiores e mais importantes músculos

para a produção de força propulsora. Existem também variações na área das

fibras e na capacidade oxidativa entre as raças e dentro delas (PETTE &

STARON, 1997). Cada cavalo possui propensão genética para determinado tipo

de atividade, que pode ser mais bem aproveitada se houver treinamento

apropriado (LEWIS, 1995).

As proporções das fibras do tipo I e do tipo II são estáveis dentro de uma

raça (RIVERO et al., 1989). Segundo esses mesmos autores, a proporção média

das fibras do tipo II é menor nos cavalos das raças American Trotter, Árabe e

Andaluz em relação a animais da raça Puro Sangue Inglês.

2.7.2 Inervação As propriedades de uma fibra em particular, são determinadas pela sua

inervação, sendo que todas as fibras relacionadas com o mesmo neurônio motor

possuem propriedades similares, mas não idênticas (SNOW & VALBERG, 1994).

A inervação do músculo pode alterar os tipos de miofibrilas, como exemplo,

após lesão de desnervação, a reinervação de fibras de contração lenta por

neurônio motor de fibras de contração rápida faz com que as fibras lentas recém-

inervadas assumam as características de contração rápida. Acredita-se que o

padrão ou o índice de descarga do neurônio motor inferior desempenhe papel

importante nesse processo (HAYS & ARMBRUSTMACHER, 1999).

17

2.7.3 Função do músculo Os músculos esqueléticos de eqüinos são compostos por diferentes tipos

de fibras. As fibras musculares que realizam atividades em condições aeróbias se

mesclam com as fibras de caráter metabólico anaeróbio ou intermediário. Em

conseqüência, a distribuição e a proporção dessas fibras determinam o grau de

especialização do músculo. Devido a este fato, as diferenças entre os músculos

esqueléticos e função são determinadas pela presença e distribuição dos

diferentes tipos de isoformas de proteínas contráteis e regulatórias das miofibrilas

(PERRY, 1985).

As fibras tipo I, de contração lenta, são ativadas em atividades que

requerem a manutenção de atividade durante períodos prolongados, como as

funções posturais ou exercício de resistência. Em contrapartida, as fibras tipo IIA

estão associadas com atividades que requerem o desenvolvimento de forças

rápidas e prolongadas. Enquanto que as fibras tipo IIX são ativadas quando se

requer o desenvolvimento de forças rápidas e breves, portanto são recrutadas em

exercícios de alta intensidade e curta duração (ALECKOVIC et al., 1989).

Os músculos propulsores estão situados proximalmente à coxa e atuam em

curtos períodos de tempo, possuem poucas fibras tipo I e maior porcentagem de

fibras tipo II com grande velocidade de contração (ESSÉN-GUSTAVSSON et al.,

1994; MAYORAL et al., 1999).

2.7.4 Exercício ou treinamento As adaptações da musculatura esquelética durante o exercício e após um

período de treinamento físico podem ser observadas de forma macroscópica,

microscópica e bioquímica (ERIKSON, 1996).

O exercício físico, espontâneo ou induzido, dependendo da duração,

freqüência e intensidade, e pode gerar modificações na estrutura do tecido

18

muscular (ESSÉN-GUSTAVSSON & LINDHOLM, 1985; RIVERO et al., 1993a,

SUCRE et al., 1999).

O exercício espontâneo é aquele que o animal realiza no desenvolvimento

normal de suas atividades sem estar submetido a nenhum treinamento. Esse tipo

de atividade física parece exercer efeito positivo sobre todos os músculos

implicados no exercício, já que tende a incrementar ligeiramente o metabolismo

oxidativo, aumentando a proporção das fibras oxidativas e conferindo maior

tolerância ao estresse físico (ESSÉN-GUSTAVSSON & JENSEN WAERN, 1993).

Outros pesquisadores afirmam que o exercício espontâneo não é suficiente para

modificar as proporções dos diferentes tipos de fibras musculares (GENTRY et al.,

2002).

O efeito do exercício induzido, aquele produzido pela aplicação de

treinamentos durante um período de tempo determinado, sobre a composição

fibrilar é variável. Alguns pesquisadores relatam que o exercício de resistência,

moderado e aeróbio produz aumento da capacidade aeróbia do músculo para

gerar ATP (ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1983; DEMIREL et al., 1999). Esta

modificação ocorre mediante adaptações metabólicas fibrilares associadas ao

aumento da atividade de enzimas implicadas no metabolismo oxidativo como,

citrato sintetase (CS) e 3-OH-Acil-Coa desidrogenase (HAD), além do incremento

na proporção de fibras oxidativas (ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1983; RIVERO et

al., 1999). Quando o exercício é anaeróbio ou de força, ocorre hipertrofia fibrilar

(SALTIN & GOLLNICK, 1983), embora alguns autores não tenham encontrado

evidencias de tal efeito (UHRIN & LIPTAJ, 1992).

Os efeitos do exercício sobre a composição fibrilar são complexos e

variáveis, dependem de vários fatores, incluindo o tipo de exercício (força e

resistência), a intensidade e duração, o condicionamento físico prévio do

indivíduo, o músculo estudado e a constituição genética.

As alterações bioquímicas e fisiológicas produzidas resultam da adaptação

dos componentes miofibrilares aos novos requerimentos de energia como

resposta ao estresse metabólico que se origina nos músculos que participam

19

ativamente no exercício. Entre essas adaptações se destaca o incremento da

capacidade oxidativa das fibras musculares, através do aumento da atividade das

enzimas que intervêem na β oxidação dos ácidos graxos, aumento da densidade

mitocondrial e da capilarização (ESSÉN-GUSTAVSSON, 1996; SUCRE et al.,

1999). GUYTON (2002) ressalta ainda, a hipertrofia e hiperplasia; aumento das

enzimas mitocôndriais; aumento nos componentes do sistema metabólico do

fosfanogênio (ATP e fosfocreatina); aumento das reservas de glicogênio e

triglicerídeos. Como conseqüência ocorre melhoria na capacidade dos sistemas

metabólicos, tanto anaeróbio como aeróbio, aprimorando especialmente a

velocidade máxima de oxidação e a eficiência do sistema metabólico oxidativo.

Segundo LINDNER et al. (2003), dentre os principais efeitos fisiológicos que

o treinamento induz no músculo esquelético eqüino, se destacam a hipertrofia das

fibras musculares, aumento da proporção de determinado tipo de fibras,

conversão dos tipos de fibras, aumento da atividade das enzimas oxidativas,

aumento da densidade mitocondrial, aumento da densidade capilar, aumento da

atividade da enzima AMP desaminase, nulo ou pequeno efeito na atividade das

enzimas anaeróbias, aumento moderado do conteúdo de glicogênio intramuscular,

aumento do número de transportadores de glicose na membrana, aumento do

número de transportadores de ácidos graxos livres na membrana, melhoria no

transporte iônico através de membrana, aumento da capacidade de

tamponamento do músculo.

HENCKEL (1983) relata que o treinamento pode aumentar

significativamente a área e o número médio de fibras. Admite-se que um número

pequeno de fibras musculares que apresentam aumento da sua área possa

fender-se ao meio, por todo comprimento, formando fibras inteiramente novas,

aumentando assim, também o número de fibras (GUYTON, 2002).

A realização de exercícios de alta velocidade, assim como o salto, requer

potência, a qual está associada a presença de grandes massas musculares.

Exercícios prolongados necessitam de oxigênio para o metabolismo energético,

uma característica de músculos contendo elevada proporção de fibras pequenas

20

(tipo I). O aumento da musculatura para obter maior potência é conseqüência do

aumento no número e tamanho de fibras, estas alterações são controladas por

fatores genéticos e pela intensidade de treinamento (LEWIS, 1995).

LINDNER et al. (2003) observaram que as adaptações celulares

corresponderam às alterações ultra-estruturais. Tais alterações têm sido

interpretadas no cavalo como indicativos de aumento na capacidade aeróbia e de

melhoria da resistência. Numerosos estudos têm demonstrado aumento da

densidade mitocondrial no cavalo associado com diferentes tipos de treinamento e

uma correlação positiva entre o número de fibras musculares com elevada

capacidade oxidativa e o êxito competitivo em atividades de resistência (RIVERO,

1997).

As mensurações sangüíneas de lactato imediatamente após o exercício

durante o treinamento mostraram que as concentrações deste metabólito são

reduzidas com o desenvolver do treinamento. LINDNER et al. (2001),

demonstraram que além do deslocamento para a direita da curva de lactato, à

medida que ocorre melhoria do condicionamento físico em animais treinados em

esteira rolante, também ocorrem modificações nas fibras musculares.

A capacidade para realizar exercícios de baixa intensidade e longa duração

está correlacionada com elevadas percentagens de fibras musculares de tipo I e

IIA (RIVERO et al., 1993a), enquanto que exercícios de curta duração e alta

velocidade estão relacionados a elevadas porcentagens de fibras tipo II (BARREY

et al., 1999). Cavalos de resistência de elite apresentaram porcentagens mais

altas de fibras do tipo I e IIA e porcentagens mais baixas de fibras do tipo IIX no

músculo glúteo médio quando comparado a competidores comuns. Em eventos de

resistência humana, diversos relatos equacionam uma alta proporção de fibras de

contração lenta em músculos ativos em atletas competidores com desempenho

superior. Ao contrário, os atletas corredores de curtas distâncias geralmente

apresentam porcentagem maior de fibras musculares tipo IIB em seus músculos

locomotores (BLANCO & PÉREZ, 2004).

21

Animais submetidos a treinamento de resistência utilizam em maior

proporção o metabolismo aeróbio para produção de energia (RONÉUS et al.,

1994), o que mostra o papel preponderante das fibras oxidativas musculares na

performance desses animais. Entretanto, as fibras glicolíticas também participam

desta atividade, uma vez que, a medida que o trabalho se torna mais intenso,

cada vez mais energia é fornecida por meio anaeróbio (WHITE & SNOW, 1987;

SCHUBACK & ESSÉN-GUSTAVSSON, 1998).

SERRANO et al. (2000) estudaram os efeitos de um programa de

treinamento sobre os tipos de fibras musculares do músculo glúteo médio por

meio de técnicas de eletroforese, histoquímica, imunohistoquímica e bioquímica.

Após três meses de treinamento observaram diminuição significativa de fibras tipo

IIX e aumento das fibras tipo IIA, enquanto a freqüência de fibras tipo I não foi

alterada. A diminuição das fibras tipo IIX foi ainda maior após oito meses de

treinamento.

Exercícios de resistência em cavalos evocam significante transição dos

tipos de fibras de contração rápidas para lenta (SERRANO et al., 2000). Segundo

GONDIM (2005), quanto maior a porcentagem de isoformas dos tipos I e IIA,

melhor poderá ser o desempenho em longas distâncias.

Segundo ROSE (1986), uma das maiores e mais importantes adaptações

ao treinamento de resistência é o aumento, no músculo esquelético, das

concentrações de enzimas das vias associadas a β oxidação. Como resultado

ocorre o aumento da capacidade de trabalho devido à grande oxidação das

gorduras e a pequena utilização de glicogênio. Entretanto a duração do período de

treinamento e a intensidade do exercício podem influenciar no perfil de atividade

destas enzimas.

22

2.8. Características do músculo glúteo médio O músculo glúteo médio, objeto de estudo no presente trabalho, está

localizado na região da garupa do cavalo. Sua função é estender a articulação

coxofemoral e abduzir a coxa (SISSON, 1986).

No cavalo, o músculo glúteo médio possui grande importância na

locomoção e tem sido utilizado em estudos da performance atlética para avaliar o

grau de adaptação muscular ao treinamento, por ser o mais ativo em todos os

andamentos. Sua localização facilita o acesso e o volume de sua massa é

representativo (LINDHOLM & PIEHL, 1974; LINDHOLM & SALTIN, 1974; ESSÉN-

GUSTAVSSON et al., 1989; BAYLY & HODGSON, 1991; RIVERO et al., 1993b).

Apresenta grande atividade propulsora nos andamentos durante o exercício e

ausência de grandes artérias, veias e nervos (HENCKEL, 1983; RIVERO et al.,

1989).

2.9. Fontes de energia para a contração muscular A energia para a contração muscular é oriunda da degradação do ATP pela

mAPTase localizada na cabeça da miosina. A degradação do ATP em ADP + Pi e

a liberação de energia servem para energizar as pontes cruzadas de miosina, que

por sua vez deslocam as moléculas de actina sobre a miosina, encurtando o

músculo (POWERS & HOWLEY, 2000).

A manutenção da contração muscular requer o fornecimento de uma

quantidade de energia química cerca de quatro vezes maior durante o exercício do

que no repouso. Esta demanda energética é suprida pela síntese de ATP

realizada principalmente a partir da fosfocreatina, glicólise anaeróbia, β oxidação e

fosforilação oxidativa (BALDISSERA, 1997; POWERS & HOWLEY, 2000).

Todos os exercícios utilizam em primeiro momento a energia armazenada

nos estoques intramusculares de ATP e creatina fosfato, fase esta chamada de

23

alática da produção anaeróbia de energia. Inicialmente estes estoques de ATP

são restabelecidos pela via glicolítica e posteriormente pela via aeróbia, sendo que

esta última utiliza primeiramente o glicogênio e em seguida os lipídeos como

substratos (SPURWAY, 1992).

A via predominante em determinado momento depende em parte da

intensidade do exercício e em parte da duração do mesmo. MUÑOZ et al. (1999)

ressaltam que a via glicolítica é um mecanismo importante para geração de

energia muscular durante o exercício em eqüinos, principalmente em esforços de

alta intensidade e curta duração.

Nos exercícios de longa duração e baixa intensidade o fornecimento de

energia é realizado preferencialmente pelas vias do ácido tricarboxílico e β

oxidação pelas vias metabólicas aeróbias e, alternativamente, pela via glicolítica,

anaeróbia (HODGSON et al., 1985, ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1989).

Animais submetidos a treinamento de resistência utilizam em maior

extensão o metabolismo aeróbio para produção de energia (RONÉUS et al.,

1994), o que mostra serem as fibras oxidativas musculares de papel

preponderante na performance desses animais. Entretanto, as fibras glicolíticas

também o são, já que em trabalhos mais intensos também utilizam o metabolismo

anaeróbio como fonte de energia (WHITE & SNOW, 1987; SCHUBACK & ESSÉN-

GUSTAVSSON, 1998).

As fibras tipo I tendem a depender amplamente do metabolismo aeróbio da

glicose e de ácidos graxos para obtenção de energia. As fibras do tipo II derivam

energia principalmente da glicose anaeróbia tendo o glicogênio como substrato

principal. Tais fibras se tornam fatigadas mais rapidamente, porém são capazes

de realizar contrações rápidas e, portanto, são encontradas em elevadas

proporções nos grupos musculares que movem rapidamente os membros

(SANTOS, 2002).

SNOW et al. (1981) estudando o glicogênio em um grupo de cavalos

participantes de uma competição de enduro, relacionaram o desempenho dos

animais e a composição das fibras musculares do músculo glúteo médio.

24

Observaram que, os animais com alta proporção de fibras tipo I e adequado

estoque de glicogênio muscular apresentaram melhor desempenho na competição

de enduro de 80km.

2.10. Produção de Lactato Com o aumento da intensidade do exercício há primeiramente elevação

discreta das concentrações sangüíneas ou plasmáticas de lactato, mas ao se

atingir determinada intensidade de esforço ocorre repentina elevação do lactato,

formando um ponto de inflexão na curva lactato-velocidade. Este ponto é referido

como limiar anaeróbio ou início do acúmulo de lactato no sangue, e geralmente

ocorre quando a concentração de lactato alcança entre 2 e 4mmol/L (NIMMO &

SNOW, 1982).

O lactato produzido pela via glicolítica e não aproveitado pela fosforilação

oxidativa mitocondrial possui dois destinos no organismo, acumula-se no próprio

músculo ou se difunde para o sangue. Difundido para o sangue, o lactato é

carreado para o fígado, coração e outras fibras musculares, onde é metabolizado

aerobiamente ou ressintetizado a novas unidades de carboidratos (SPURWAY,

1992). O lactato que não é dissipado das fibras acumula-se continuamente,

excedendo a capacidade de tamponamento físico-químico e de transporte de íons

H+ das células. Sendo assim, o pH intracelular diminui, afetando tanto o processo

de contração como mecanismos que regulam a remoção de ADP nos sítios das

pontes cruzadas, localizadas entre a actina e a miosina. A falência da homeostase

ATP/ADP é o maior desafio para a continuidade da excitação, e a conseqüente

contração muscular. O mesmo autor ressalta que, não se sabe ao certo se a

queda de pH dentro da fibra muscular é o único mecanismo da fadiga muscular,

entretanto, sabe-se que esta queda contribui decisivamente para a parada do

exercício.

25

O limiar anaeróbio vem sendo utilizado para a determinação da intensidade

do exercício em programas de treinamento de cavalos atletas (EVANS et al.,

1993; TRILK et al., 2002). O limiar anaeróbio individual se baseia na cinética do

lactato plasmático durante exercício com cargas progressivas (STEGMANN et al.,

1981).

O Ponto de Lactato Mínimo (Lacmin) consiste do momento em que a

concentração de lactato plasmática é mínima antes de um exercício com cargas

progressivas e após indução de acidose lática. Inicialmente, estimula-se acidose

láctica colocando o animal para percorrer 4km em velocidade intensa. Quando a

concentração de lactato estiver alta, a intensidade do exercício é diminuída. O

lactato vai sendo metabolizado e sua concentração começa a diminuir. O animal é

submetido a teste de velocidades progressivas, a velocidade na qual a

concentração de lactato (que está caindo após a acidose provocada) apresentar

uma inflexão e voltar a subir é considerado o limiar anaeróbio (TEGTBUR et al.,

1993).

A metabolização acentuada de glicose, durante a glicólise; assim como a

mobilização acentuada de fibras do tipo IIX acaba produzindo quantidade

excessiva de lactato superando a capacidade de remoção. Cavalos de enduro

apresentam elevações de apenas duas a três vezes no lactato após uma

competição de intensidade submáxima (ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1984);

enquanto aumentos de até 40 vezes foram registrados após exercício de máxima

intensidade (LINDHOLM & SALTIN, 1974).

Há alguns anos pensava-se que o aumento da intensidade do exercício

levaria ao ponto no qual uma quantidade insuficiente de oxigênio estaria

disponível para a fosforilação oxidativa e moléculas de NADH2 seriam reoxidadas

através da transformação do piruvato em lactato, gerando acúmulo deste último no

músculo e posteriormente no sangue. Este modelo apontava o déficit de oxigênio

como principal fator para o acúmulo de lactato muscular e sanguíneo (MYERS &

ASHLEY, 1997). Apesar de alguns pesquisadores sustentarem tal modelo

(WASSERMAN et al., 1999), trabalhos recentes apontam não somente a falta de

26

oxigênio, mas o aumento do fluxo da glicose e o recrutamento de fibras

musculares que produzem energia pela via anaeróbia como mecanismos

responsáveis pelo acúmulo de lactato (ANTONUTTO & DI PRANPERO, 1995;

BILLAT, 1996).

2.11. Causas de limitação no desempenho São inúmeras as causas de exaustão que se desenvolvem em cavalos que

realizam provas de resistência. As diminuições nas reservas de energia

constituem fatores importantes de exaustão que se manifestam no transcorrer dos

eventos eqüestres. A fadiga pode ocorrer devido à diminuição das reservas de

glicogênio das fibras musculares e não ao declínio de glicose circulante (ESSÉN-

GUSTAVSSON et al., 1984, VALBERG, 1986).

A acidose muscular decorrente do acúmulo de lactato pode impedir a

glicólise e a capacidade respiratória da mitocrôndria e, ambas podem estar

associadas ao declínio do ATP muscular (NIMMO & SNOW, 1982).

A fadiga muscular está diretamente relacionada ao desajuste entre a

produção e a metabolização do ATP (POWERS & HOWLEY, 2000).

Os problemas musculares são causas comuns de déficit no rendimento

atlético do cavalo. Os músculos mais freqüentemente afetados em cavalos de

esporte são os glúteos e a musculatura lombar (RIVERO et al., 1999).

2.12. Importância da técnica de biópsia percutânea A técnica de biópsia por agulha percutânea foi introduzida por Bergström

em 1962 e desde 1974 tem sido aplicada para o músculo esquelético de cavalos

(LINDHOLM & PIEHL, 1974). As informações adquiridas em análises do músculo

esquelético têm auxiliado no diagnóstico e prognóstico de afecções musculares,

27

na avaliação do treinamento atlético e na compreensão das adaptações que

ocorrem em decorrência do treinamento (WHITE & SNOW, 1987; SNOW &

VALBERG, 1994).

A técnica de biópsia muscular utilizando a agulha percutânea é simples e

pode ser realizada durante o período de treinamento sem causar complicação ou

efeito negativo no rendimento do cavalo, sendo bem aceita pelo proprietário do

animal (LINDHOLM & PIEHL, 1974; SNOW & GUY, 1976; SNOW & VALBERG,

1994; RIVERO et al., 1999). Essa técnica constitui excelente ferramenta na

avaliação do potencial atlético do cavalo, sendo bastante utilizada na medicina

esportiva eqüina (ESSÉN-GUSTAVSSON et al., 1984; HODGSON & ROSE, 1987;

RIVERO et al.,1995a,b).

Investigações realizadas em diferentes raças têm demonstrado que regiões

mais profundas do músculo glúteo médio possuem maior porcentagem de fibras

tipo I, enquanto as regiões mais superficiais têm maior porcentagem de fibras do

tipo II (KLINE et al., 1987; RIVERO et al., 1993b, ISLAS et al., 1996). Segundo

SERRANO & RIVERO (2000) regiões profundas (proximais) do músculo possuem

grande porcentagem de fibras tipo I que são recrutadas para postura e

manutenção e, altas proporções são encontradas em atividades de longa duração.

Em contrapartida, maiores proporções de fibras tipo IIX, de partes superficiais

(distais) do músculo, indicam que esta região é mais envolvida com exercícios de

curta duração e alta intensidade.

LEXELL et al. (1983) relataram que para se ter representação adequada do

músculo e minimizar os erros, é necessário realizar biópsia em diferentes

profundidades e analisar no mínimo 150 fibras por amostra.

RIVERO et al. (1993b) não encontraram diferenças quanto às

características musculares contra laterais em cavalos.

Para superar o problema da grande variação na percentagem dos tipos de

miofibrilas, o ideal é que a coleta do músculo glúteo médio seja feita sempre na

mesma profundidade (SNOW & GUY, 1980; RIVERO et al., 1993a,b; RIVERO et

al., 1995b). De acordo com SERRANO & RIVERO (2000), as variações que

28

existentes nesta profundidade podem ser provocadas pelo efeito do treinamento

de baixa intensidade e longa duração.

Para examinar o efeito de coletas repetidas no mesmo local do músculo,

LINDNER et al. (2002) coletaram fragmentos do músculo glúteo médio direito e

esquerdo nas profundidades de 20 e 60 mm, utilizando a técnica descrita por

LINDHOLM & PIEHL (1974). Cada lado do músculo foi biopsado três vezes em um

intervalo de sete semanas. Esses autores comprovaram que, quando se coleta

várias amostras nesse intervalo permite-se à constituição completa do músculo.

Dessa forma, não há prejuízo para avaliação das variáveis musculares. Após a

ocorrência de injúria, observa-se que o tecido muscular apresenta excelente

capacidade de reparação. Esta habilidade de regeneração está relacionada à

extensão da necrose, a preservação da inervação e do suprimento sanguíneo na

área e o grau de integridade do sarcolema da fibra muscular. Quando o trauma

não danifica a lâmina basal e o plasmalema das miofibrilas, é possível a reparação

completa (RIVERO et al., 1999; LINDNER et al., 2002).

29

III. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Animais

Foram utilizados 20 eqüinos PSA e cruza Árabe, 13 éguas e sete machos

castrados, com peso entre 314 e 418kg e idades variando entre quatro e 11 anos,

pertencentes a propriedades particulares e ao Departamento de Clínica e Cirurgia

Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) - UNESP,

campus de Jaboticabal.

Os animais permaneceram confinados em baias individuais no Setor de

Eqüideocultura desta faculdade, dispondo de sal mineral e água à vontade, e feno

de Cynodon dactylon de acordo com a proporção 60:40 (volumoso:concentrado)

para um consumo de matéria seca de 2% do peso vivo. Adicionalmente,

receberam concentrados em cochos individuais duas vezes ao dia, formulados

com 0, 6, 12, 18 e 24% de óleo de soja refinado, fubá de milho, farelo de soja,

fosfato bicálcico, calcário e premix mineral e vitamínico (Apêndice -Tabela 15). O

consumo de energia e nutrientes foi proporcional ao peso metabólico (P0,75kg) de

cada animal, seguindo a exigência para cavalo de 370kg submetidos a exercício

moderado de acordo com o NRC (1989). Os animais foram soltos em piquetes de

Cynodon dactylon uma vez por semana.

Antes do período experimental os animais foram submetidos a exame

físico para avaliação da higidez, dando-se destaque à integridade do sistema

locomotor (TAYLOR & HILLYER, 1997). Utilizou-se eqüinos sadios, em boas

condições nutricionais e após passarem por programas de desverminação,

combate a ectoparasitas e vacinação.

Os animais foram submetidos a treinamento de equitação e adaptação ao

manejo e a esteira, durante período de 15 dias consecutivos. Neste período foi

fornecido o concentrado experimental com 0% de óleo. Posteriormente, os 20

eqüinos foram distribuídos em cinco grupos de acordo com a dieta alimentar,

30

sendo cada grupo composto de quatro cavalos. O critério de distribuição foi feito

em função do sexo e idade, na tentativa de formar grupos homogêneos. O grupo

controle não recebeu óleo e os demais grupos foram suplementados com 6, 12, 18

e 24% de óleo de soja (Tabela 1). O óleo foi adicionado aos concentrados no

momento do fornecimento, evitando-se assim a possível rancificação na

armazenagem devido ao alto teor de extrato etéreo (EE). A composição dos

concentrados experimentais utilizados está relacionada na Tabela 15 (Apêndice).

Tabela 1. Distribuição dos animais em grupos experimentais com base na dieta alimentar fornecida (0, 6 12, 18 e 24 % de adição de óleo).

Grupos Animal Óleo (%) Sexo Idade (anos) 1 0 F 6 2 0 F 7 3 0 M 11 0

4 0 F 4

5 6 F 6 6 6 F 7 7 6 M 9 6 8 6 M 8

9 12 F 6 10 12 F 6 11 12 M 7 12 12 12 M 11

13 18 F 6 14 18 F 6 15 18 M 12 18 16 18 F 8

17 24 F 5 18 24 F 5 19 24 M 7 24

20 24 F 11

F; fêmea, M: macho.

31

3.2. Teste para determinação da curva velocidade-lactato Com o propósito de avaliar o condicionamento físico dos animais e

determinar a intensidade do treinamento em esteira1 foram realizados dois tipos

de exercícios testes, denominados velocidade-lactato e Lacmim.

O teste velocidade-lactato consistiu em um período de aquecimento de dois

minutos a 1,7 m/s e cinco minutos a 4,0 m/s com 0% inclinação. Em seguida a

esteira foi inclinada a 10%, com velocidade inicial de 4,0 m/s e, a cada 2 minutos a

velocidade foi acrescida em 1,0 m/s. A velocidade final foi determinada pelo

momento no qual o animal demonstrava sinais de fadiga, como desconcentração,

sudorese intensa, abaixamento da cabeça e cansaço tendendo a não acompanhar

a esteira rolante, se deslocando para trás. Após este período, o animal foi

submetido ao desaquecimento durante 15 minutos a 1,7 m/s, objetivando sua

recuperação.

Foi realizado também o teste para a determinação do limiar anaeróbio pelo

Ponto de lactato mínimo - Lacmim (TEGTBUR et al., 1993). Este teste consistia de

5 minutos de aquecimento a 4m/s com a esteira sem inclinação, depois, galope a

9m/s com inclinação de 10% até que a concentração sangüínea de lactato

atingisse 8mmol/L. Para esta determinação foi realizada a coleta de sangue a

cada minuto. Após esta etapa, foi realizado o desaquecimento a velocidade de

3,5m/s até que concentração sangüínea de lactato reduzisse em 50% do pico

máximo. Na fase seguinte, inclinava-se a esteira a 5% na velocidade de 4m/s. A

cada dois minutos a velocidade foi aumentada em 1m/s e mensurado o lactato

sangüíneo até ocorrer dois aumentos consecutivos na lactacidemia. Teste

finalizado, realizou-se novo desaquecimento de 3 minutos a 3,5m/s, seguido de

5min a 1,7m/s. O limiar anaeróbio foi calculado no ponto mínimo da curva da

concentração sangüínea de lactato. O valor obtido no teste de Lcmim determinou

a velocidade no estágio 5 do protocolo de treinamento em esteira (Tabela 2).

________________________________ 1Esteira Galloper 5500 - Sahinco LTDA, Palmital, SP, Brasil.

32

3.3. Programa de treinamento

Os cavalos trabalharam seis dias por semana, intercalando exercício na

esteira rolante e na trilha em dias alternados. Metade dos animais foi treinado pela

manhã na esteira rolante e a outra metade, montados no período da tarde, em

trilha.

O protocolo de treinamento na esteira rolante está descrito na tabela 2. No

estágio 5 do trabalho na esteira utilizou-se 80% da velocidade correspondente ao

limiar anaeróbio, observado para cada cavalo no teste de Lacmim.

O exercício em trilha foi realizado a velocidade média de 9km/h durante

duas horas consecutivas, em que os animais realizavam sempre o mesmo

percurso. O programa de treinamento foi o mesmo para todos os animais. No dia

de descanso permaneciam soltos em piquete.

Tabela 2. Protocolo de treinamento dos eqüinos na esteira rolante.

Estágio Tempo (min) V (m/s) Espaço (m) 1 2 1,7 204 2 4 5 1200 3* 10 4 2400 4 2 4 480 5* 10 (6-7) # 3600-4200 6 2 3 360 7 7 5 2100 8 3 1,7 306

Total 35 10650-11250 * inclinação de 5% # 80% da velocidade encontrada para o limiar anaeróbio no Teste de Lacmim

33

3.4. Determinação do peso e escore corporal

O peso corporal foi mensurado em balança específica para grandes

animais1. A avaliação do escore corporal foi realizada segundo HENNEKE et al.

(1983), a partir da visualização e palpação das regiões zootécnicas tais como:

pescoço, costela, cernelha, paleta, escápula, processos espinhosos lombares,

glúteos e base da cauda; atribuindo valores através de uma escala pontuada de 1

a 9, onde 1 é considerado extremamente magro e 9, extremamente gordo (Tabela

15), independente do tamanho e conformação do animal. Ambos os parâmetros

foram determinados antes e após o término do treinamento de sete semanas.

3.5. Colheita de amostras musculares

Para a análise muscular foi selecionado o músculo esquelético glúteo

médio, por participar ativamente da locomoção e ser um dos mais importantes

músculos para a produção de força propulsora.

Amostras do músculo glúteo médio foram colhidas dos animais em tronco

de contenção específico para eqüinos, em posição quadrupedal. As colheitas

foram efetuadas de acordo com a metodologia preconizada por LINDHOLM &

PIEHL (1974) e VALETTE et al. (1999), utilizando a agulha de biópsia percutânea

do tipo Bergström nº 6.0 (Figura 1). As amostragens foram realizadas no lado

esquerdo da garupa dois dias antes do início do treinamento e ao término deste

(sete semanas após).

_____________________ 1 Perfecta, São Paulo.

34

Figura 1. Agulha de biópsia muscular tipo Bergström 6,0mm ( Kruise). (a) agulha guia contendo uma abertura; (b) cilindro cortante; (c) mandril.

O local de inserção da agulha adotado foi o sugerido por LINDHOLM &

PIEHL (1974), o qual se localiza no terço médio cranial de uma linha imaginária

que se estende da tuberosidade coxal à base da cauda. Para tanto, realizou-se

tricotomia de uma área de aproximadamente 5cm2, correspondente à região do

músculo glúteo médio. Foi realizada a limpeza da região, utilizando gaze estéril

embebida em solução de iodopovidine1 e posteriormente embebida em solução de

álcool iodado. Em seguida, foi realizado o bloqueio anestésico local, mediante a

infiltração de 1mL de Cloridrato de lidocaína 2% sem vasoconstrictor2 por via

subcutânea. Dois minutos após a realização da anestesia local, realizou-se a anti-

sepsia com solução de álcool-iodado e procedeu-se uma incisão na pele, tecido

subcutâneo e fáscia glútea, utilizando lâmina de bisturi descartável nº 22, em

seguida promoveu-se hemostasia compressiva utilizando gaze estéril.

_____________ 1Asteriodine, ASTER, São Paulo, SP. 2Lidostesim® SV, DENSPLY, Catanduva, SP.

b

c

a

35

Introduziu-se a agulha acoplada ao cilindro cortante com a janela fechada,

ambos previamente esterilizados, em um ângulo de 90º, na incisão promovida

pela lâmina de bisturi, até aproximadamente 6,0 cm de profundidade, para atingir

o músculo glúteo médio. Em seguida, o cilindro cortante foi suspenso, permitindo a

abertura da janela de corte e procedeu-se o deslocamento lateral na agulha,

pressionando lateralmente contra a massa muscular descrevendo um ângulo de

45º, então, introduziu-se o cilindro cortante para a realização do corte do

fragmento muscular (Figura 2).

b

36

Figura 2. Procedimentos para colheita da amostra muscular. (a) Local da tricotomia (área de 25cm2 aproximadamente), (b) infiltração do anestésico local, (c) botão anestésico, (d) incisão de pele, (e) local incisado,

(f)* inserção da agulha de biópsia muscular na incisão de pele. A agulha possui marcações externas para auxiliar na colheita da amostra na profundidade adequada.

__________ *Foto cedida por D’ANGELIS, 2004.

a

c

a

e

b

f

d

37

Foram coletadas duas amostras consecutivas do músculo glúteo médio

através da mesma incisão no lado esquerdo da garupa de cada animal. As

amostras destinadas às análises histoquímicas foram colhidas com a abertura da

agulha direcionada medialmente e amostras destinadas à análise bioquímica

foram colhidas com a abertura direcionada lateralmente. Após a colheita da

amostra, a agulha foi retirada cuidadosamente e realizou-se a hemostasia

comprimindo-se manualmente a ferida cirúrgica com gaze estéril. A lesão foi

tratada com pomada cicatrizante e repelente1 uma vez ao dia, até a cicatrização

(Figura 3).

Figura 3. Ilustração da ferida cirúrgica.

a. lesão imediatamente após a colheita das amostras; b. curativo realizado subseqüentemente.

_________________ 1Ungüento Person®, Saúde Animal Ltda, Rio de Janeiro, RJ.

b a

38

3.6. Processamento das amostras musculares As amostras musculares obtidas do músculo glúteo médio (Figura 4)

destinadas à análise histoquímica foram resfriadas dois minutos após a colheita,

mediante a imersão em hexano2 por 30 segundos, em seguida imersas em

nitrogênio líquido a -196ºC. As amostras destinadas à quantificação de glicogênio

na fibra muscular, foram imediatamente imersas em nitrogênio líquido. Ambas

foram armazenadas em freezer a -70°C até o momento da análise laboratorial.

Figura 4. Amostra muscular no interior da abertura da agulha.

_____________ 2Hexano P.A. Synth, Diadema, SP.

39

3.7. Análises Histoquímicas

Foram realizadas quatro secções transversais seriadas com 12µm de

espessura das amostras musculares, em criostato1 à -20°C. Os cortes foram

dispostos em lâminas histológicas, as quais permaneceram armazenadas em

freezer a temperatura de -20°C até o momento da realização das análises

musculares no laboratório de Farmacologia do Departamento de Morfologia e

Fisiologia Animal da FCAV - UNESP, campus de Jaboticabal, São Paulo.

3.7.1. Adenosina Trifosfatase Miofibrilar (mATPase)

A atividade enzimática da mATPase foi utilizada para identificar e distinguir

os tipos de fibras musculares puras por meio da velocidade de contração destas.

A técnica utilizada para essa análise foi uma adaptação do método de coloração

metacromática da atividade ATPase em miofibras, descrito por OLGIVIE &

FEEBACK (1990), utilizando alguns passos recomendados por GUTH & SAMAHA

(1970) e ENNION et al. (1995) e, empregada com sucesso por D’ANGELIS et al.

(2005).

As lâminas contendo os cortes musculares foram mantidas à temperatura

ambiente durante 35 minutos, para secagem e aderência dos mesmos à lâmina

histológica. Os cortes foram fixados por 6 minutos à temperatura de 22 a 24°C em

solução de formalina tamponada a 5% e pH 7,3 contendo 0,17M de cloreto de

sódio, 336 mm de sacarose e 0,13M de cacodilato de sódio. Posteriormente,

foram lavados três vezes em solução tampão Tris base 21 mM pH 7,8 contendo

3,4 mM de cloreto de cálcio (GUTH & SAMAHA, 1970). Em seguida, foram pré-

incubados em meio ácido (pH 4,50 a 4,55) contendo 52 mM de acetato de

potássio e 17,7 mM de cloreto de cálcio durante 5 minutos à temperatura de 22 a

24°C (OLGIVIE & FEEBACK, 1990). Os cortes foram lavados, utilizando o mesmo

____________ 1 Mícron GmbH – H1599 OM, 69190, Walldorf, Alemanha.

40

tampão conforme descrito anteriormente, e incubados segundo o procedimento

descrito por ENNION et al. (1995), em meio alcalino (pH 10,50 a 10,55) contendo

40 mM de glicina, 20 mM de cloreto de cálcio e 2,5 mM de ATP1 em estufa a 37°C

durante 25 minutos. Após esses procedimentos, foram lavados rapidamente em

água destilada e incubados em solução aquosa de cloreto de cálcio 1% por três

minutos. Em seguida, foram novamente lavados em água destilada, corados com

azul de toluidina 1% durante 10 segundos, desidratados em séries crescentes de

etanol (70, 80, 90, 100 e 100%), diafanizados em três séries de xilol 100% e

montados em lamínulas com entelan (OLGIVIE & FEEBACK, 1990).

3.7.2 Nicotinamida adenina dinucleotídeo tetrazólio redutase

A NADH-TR foi realizada para determinar o metabolismo oxidativo-

glicolítico dos diferentes tipos de fibras musculares de eqüinos.

Utilizou-se como marcador do padrão oxidativo, a enzima nicotinamida

adenina dinucleotideo desidrigenase (NADH). A técnica consiste em incubar a

amostra muscular em solução que contêm a enzima NADH e NBT (Nitro blue

tetrazolium) para formar o complexo NADH-TR (RYAN, 1992).

As lâminas contendo os cortes musculares foram mantidas à temperatura

ambiente durante 20 minutos, para secagem e aderência dos mesmos a lâmina

histológica. Os cortes foram incubados durante 40 minutos em estufa a 37°C em

solução contendo 8 mg de NADH-TR, 10 mg NBT e 10 mL de tampão Tris 0,2M

pH 7,4 (1,2114g Tris em 50 mL de água destilada). Em seguida, foram lavados em

água destilada três vezes. Posteriormente, foram fixados em formol 5%

tamponado pH 7,0, durante cinco minutos. Seguido de lavagem em água

destilada, desidratação em etanol, diafanização em xilol e montagem com

entelam, conforme descrito anteriormente para mATPase.

____________ 1Sigma Aldrich, Química do Brasil Ltda, São Paulo, SP.

41

3.8. Análises morfométricas

As análises morfométricas foram realizadas no laboratório de análises de

imagens do Departamento de Anatomia da Faculdade de Veterinária,

Universidade de Córdoba, Córdoba, Espanha.

Dois cortes histológicos corados mediante as técnicas histoquímicas, foram

digitalizados em campos idênticos a partir da realização de fotomicrografias de

cada secção utilizando o sistema de processamento de imagens computadorizado

equipado com microscópio Leica DMLS1 acoplado a câmara Leica ICC A de alta

resolução1.

A freqüência e área média de secção transversal de cada tipo de fibra

foram obtidas utilizando o programa de análises de imagens2.

A freqüência média foi considerada como a porcentagem do número total

de fibras. A área média de secção transversal das fibras foi medida em µm2, a

partir da mensuração de cada tipo de fibra muscular. Foram mensuradas entre

100 e 200 fibras por amostra (total de dois campos analisados).

A área relativa (%) que cada tipo de fibra ocupa em uma amostra de

músculo foi calculada multiplicando por 100, o resultado da divisão entre a

porcentagem do tipo de fibra multiplicada pela área média de secção transversal

deste tipo de fibra e a somatória resultante ao aplicar a fórmula para todos os tipos

de fibras (SULLIVAN & ARMSTRONG, 1978; RIVERO et al., 1993a).

____________ 1Leica Microsistemas, Barcelona, Espanha 2Visiolog 5, Noemi, Microptic, Barcelona, Espanha.

42

001,0,1..][

% XXXxxPesoFígado

AmostraLeitxPLeit

P

∑∑=

3.9. Determinação do glicogênio total

A quantificação do glicogênio total presente nas fibras musculares foi

realizada segundo a metodologia preconizada por MOON et al. (1989) com

algumas adaptações.

Adicionou-se 1ml de solução de ácido perclórico 6% à 50-100mg da

amostra muscular. Homogeneizou-se imediatamente utilizando-se o sonicador,

assegurando-se que todo tecido estivesse macerado. Em seguida, foi realizada a

neutralização pela adição de X µL* de K2CO3 3M. As amostras neutralizadas foram

centrifugadas a 3000g por 15 minutos a 10-12oC em centrífuga refrigerada1. O

sobrenadante foi desprezado, agitou-se e retirou-se 100µL do homogeneizado

neutralizado. Realizou-se o mesmo procedimento com o branco (tampão citrato) e

com os padrões (P50, P150, P300 e P600). Acrescentou-se 200µL de

amiloglicosidase e incubou-se à temperatura ambiente por 1 hora. Em seguida,

adicionou 300µL de ácido perclórico 6%. Agitou e neutralizou pela adição de YµL*

de K2CO3 2,25M, agitando-se novamente. Centrifugou em centrífuga refrigerada a

2250xg por 10 minutos a 10-12oC. Adicionou-se 1ml do meio de análise de glicose

(Kit Labtest) à 20µL do sobrenadante neutralizado (amostras e padrões) e

incubou-se por 18 minutos. A leitura foi realizada em espectofotômetro a 505 nm.

O cálculo do glicogênio presente nas amostras musculares foi efetuado a

partir da fórrmula abaixo:

O valor de XXX = volume de K2CO3 3M utilizado para neutralização.

1Centrífuga ALC, PK121K , Itália.

O volume de K2CO3 3M ou 2,25M a ser adicionado depende do momento do preparo do reagente. Ao se preparar uma nova solução de ácido peclórico e/ou K2CO3, o volume para a neutralização deve ser checado e o cálculo refeito, se necessário.

Peso músculo Leitura amostra ∑ [ padrões] x Leitura amostra x 1, XXX x 0,001 ∑ Leitura padrões Peso músculo

43

Para as formulações dos reagentes utilizou-se: tampão citrato (21,0g de

ácido cítrico em 1000mL de água deionizada; 5,5 a 6,0g de NaOH em pastilhas pH

para 4,0-4,4); ácido perclórico 6% (10mL de ácido perclórico a 70%, diluído em

107mL de água deionizada); carbonato de potássio (K2CO3) 3M (41,4g de K2CO3

em 100mL de água destilada) e K2CO32,25M (31,1g K2CO3 em 100mL de água

destilada).

3.10. ANÁLISE ESTATÍSTICA

As variáveis estudadas foram analisadas mediante o programa estatístico

SAS – Statistical Analysis System (SAS, 2002). Realizou-se a Análise de

Variância (ANOVA) para avaliar o efeito da dieta e do treinamento sobre as

variáveis estudadas. Utilizou-se o teste de Tukey para a comparação das médias

entre os diferentes grupos de dieta alimentar. Aplicou-se o t de “student” quando

as comparações foram realizadas entre os grupos de treinamento, e o teste de

Wilcoxon para comparações referentes ao escore corporal. Para todas as análises

realizadas estabeleceu-se o nível de significância igual a p≤0,05 (SAMPAIO,

1998). Os resultados foram apresentados como valores médios ± erro padrão da

média (EPM), na forma de tabelas e figuras.

44

IV. RESULTADOS 4.1. Peso e escore corporal Mediante análise dos dados é possível observar que não houve efeito

significativo da suplementação com óleo de soja sobre o peso e escore corporal

dos animais (Tabela 3). Desta forma, os animais foram comparados em função do

treinamento realizado (Tabela 4).

Tabela 3. Médias ± erro padrão da média (EPM) do peso e escore corporal de eqüinos cruza Árabe e Puro Sangue Árabe (PSA) submetidos à suplementação com diferentes concentrações com óleo de soja.

Variáveis Fisiológicas Grupos Peso corpóreo (kg) Escore corporal I (n=4) 388,5 ± 20,6 5

II (n=4) 389,5 ± 15,2 5

III (n=4) 399,7 ± 11,3 6

IV (n=4) 380,2 ± 15,1 5

V (n=4) 392,6 ± 19,0 6 Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelos testes de Tukey e Wilcoxon (p≤0,05).

Tabela 4. Médias ± EPM do peso e escore corporal de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete semanas.

Variáveis Fisiológicas Grupos Peso corpóreo (kg) Escore corporal

Pré (n=20) 398,4ª ± 8,91 5

Pós (n=20) 381,9b ± 5,74 6 Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento. Médias na mesma coluna seguidas de letras iguais não diferem significativamente pelo teste t de student e Wilcoxon (p≤0,05).

O valor médio do peso corpóreo diminuiu significativamente (p≤0,05) após o

período de sete semanas de treinamento. O treinamento não exerceu efeito

significativo (p>0,05) sobre o escore corporal.

45

4.2. Técnica de biópsia muscular A técnica de biópsia preconizada por Bergström permitiu a colheita de

amostras musculares de tamanho adequado e em condições apropriadas para as

análises histoquímicas. Neste caso a profundidade escolhida, 6,0 cm, permitiu a

colheita de amostras homogêneas.

O local determinado para a colheita apresentou fácil acesso. A

administração de 1,0 ml de cloridrato de lidocaína suprimiu a sensibilidade

cutânea e permitiu a realização da incisão sem qualquer reação por parte dos

animais. A introdução da agulha de biópsia no músculo glúteo médio se deu de

forma tranqüila, sem necessidade adicional de anestésico. Os animais não

apresentaram sensibilidade muscular e não mostraram reflexo nociceptivos

durante a retirada de espécimes do músculo.

As feridas cirúrgicas cicatrizaram por segunda intenção. Observou-se que

as bordas das feridas cirúrgicas dos animais apresentaram-se coaptadas no dia

seguinte da realização da biópsia muscular e a cicatrização evoluiu naturalmente,

estando a ferida cicatrizada e apresentando crescimento de pêlos após sete dias

(Figura 5).

46

Figura 5. Ilustração da evolução da cicatrização da ferida cirúrgica. (a) 0, (b) 1, (c) 2 e (d) 7 dias após a colheita da amostra.

4.3. Identificação dos tipos de fibras musculares 4.3.1 mATPase O músculo glúteo médio dos eqüinos estudados apresentou três tipos de

fibras puras: I, IIA e IIX, segundo o grau de reatividade da enzima mATPase após

a pré-incubação ácida (pH 4,5) e incubação alcalina (pH 10,5).

Os diferentes tipos de fibras demonstraram o padrão de organização em

mosaico. As fibras tipo I foram ácido estáveis e alcalino lábeis, demonstrando

coloração azul claro. As fibras tipo IIA foram ácido lábeis a pré-incubação ácida e

a

a

d

b

d c

47

alcalino resistentes à incubação alcalina, assumindo coloração intermediária entre

as fibras tipo I e IIX (azul intermediário). As fibras tipo IIX mostraram-se ácido

lábeis e alcalino resistentes, corando-se fortemente quando submetidas à

incubação alcalina, assumindo coloração azul escuro (Tabela 5 e Figura 6a).

4.3.2. Atividade metabólica das fibras musculares As fibras musculares foram classificadas em oxidativas e/ou glicolíticas

segundo a intensidade da reação utilizando a técnica NADH-TR que determina

seu metabolismo energético.

As fibras tipo I demonstraram reação fortemente positiva, assumindo

coloração roxo intenso, indicando metabolismo energético oxidativo. As fibras tipo

IIA reagiram moderadamente, mostrando coloração moderada a intensa,

intermediária entre as fibras tipo I e IIX, com intensa reação na periferia da célula.

As fibras tipo IIX reagiram fracamente à técnica NADH-TR, assumindo coloração

clara, mostrando-se glicolíticas (Tabela 5 e Figura 6b).

Mediante a comparação das técnicas mATPase e NADH-TR foi possível

distinguir ainda, as fibras híbridas tipo IIAX (intermediária entre IIA e IIX), as quais

demonstraram coloração intermediária entre as fibras IIA e IIX, e reação na

periferia da célula após a coloração com a técnica de NADH-TR (Figura 7).

A tabela 5 caracteriza o resultado da reação dos diferentes tipos de fibras

às técnicas histoquímicas mATPase e NADH-TR para o músculo glúteo médio de

eqüinos.

Tabela 5. Colorações histoquímicas observadas nas fibras musculares avaliadas. mATPase alcalina NADH- TR Tipos de fibra Reação Coloração Reação Coloração

I + azul claro +++ roxo escuro IIA ++ azul intermediário ++ roxo intermediário

IIAX +++ azul escuro ++ lilás IIX +++ azul escuro + lilás

+++: reação positiva forte; ++: reação moderada; +: reação fraca.

48

Figura 6. Fotomicrografia de cortes transversais do músculo glúteo médio corados mediante técnicas histoquímicas. a. mATPase após pré incubação ácida (pH 4,5) e incubação alcalina (pH 10,5). b. NADH-TR. Observar o padrão de organização em mosaico dos diferentes tipos de fibras. Obj. 20x.

b

a

IIA

IIX

I

I

IIA IIX

IIX

IIX

IIX

IIX

IIA

IIA

IIA

IIA

I

I

I

I IIX

IIX

IIX

IIX

49

As fibras foram identificadas a partir da análise comparativa dos campos

corados mediante as técnicas de mATPase e NADH-TR impressos em preto e

branco (Figura 7).

Figura 7. Cortes histológicos transversais seriados do músculo glúteo médio corados com as técnicas: a. mATPAse, b. NADH-TR. Observam-se fibras tipo I, IIA, IIAX (células grandes com reação na periferia) e IIX.

I I

IIX IIX

IIX

IIA

IIX

IIX

IIAX IIX IIA

IIX

IIX

I

I

I

IIX

IIA

I

IIA

I

I

IIA

IIX

b

a

IIA

IIAX

50

4.4. Morfometria das fibras musculares

Para os estudos quantitativos não foram incluídas as fibras híbridas (IIAX),

uma vez que sua proporção foi muito pequena (3,4 e 0,6% pré e pós-treinamento,

respectivamente). Portanto, estas fibras foram consideradas como IIX.

4.4.1. Freqüência dos tipos de fibras (%) Determinou-se a freqüência ou percentual de cada tipo de fibra muscular

em relação à dieta alimentar baseada nas diferentes concentrações de óleo de

soja (Tabela 6).

Tabela 6. Efeito da suplementação com de óleo de soja sobre a freqüência (%) ± EPM dos tipos de fibras no músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA.

Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05).

Como não houve diferenças em decorrência dos tratamentos com óleo,

podemos desconsiderar a hipótese desta variável influenciar na freqüência dos

diferentes tipos de fibras no músculo glúteo médio dos eqüinos. Assim sendo, os

animais foram distribuídos em dois grupos em função do treinamento (Tabela 7).

Freqüência dos tipos de fibras (%) I IIA IIX Grupos de

dietas Pré Pós Pré Pós Pré Pós

I (n=4) 21,5 ± 0,71 22,7 ± 1,31 49,7 ± 1,38 58,5 ± 4,87 28,8 ± 1,56 18,8 ± 3,62

II (n=4) 21,7 ± 1,60 21,7 ± 1,93 48,7 ± 1,65 50,2 ± 5,19 29,6 ± 4,21 28,1 ± 3,42

III (n=4) 19,7 ± 2,32 21,2 ± 1,18 41,0 ± 2,20 53,5 ± 0,87 39,3 ± 0,85 25,3 ± 2,17

IV (n=4) 25,5 ± 2,72 26,5 ± 1,31 40,5 ± 4,05 55,5 ± 2,96 34,0 ± 6,01 18,0 ± 3,88

V (n=4) 18,5 ± 3,93 19,7 ± 1,38 45,7 ± 1,54 58,2 ± 1,80 35,8 ± 5,78 22,1 ± 1,85

51

Tabela 7. Freqüência (%) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete semanas.

Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento. Letras maiúsculas representam comparações na mesma coluna (entre treinamentos) e letras minúsculas representam comparações na mesma linha (entre tipos de fibras). Letras diferentes diferem significativamente pelo teste t de student (p≤0,05).

Observou-se aumento significativo nas fibras tipo IIA (p≤0,05) e diminuição

significativa (p≤0,05) nas fibras tipo IIAX e IIX após o período de treinamento de

sete semanas. Houve predomínio das fibras IIA pré e pós treinamento em relação

às demais.

4.4.2. Área total de secção transversal (µm2)

A dieta (Tabela 8) e o treinamento (Tabela 9) não ocasionaram alteração

significativa (p>0,05) na área de secção transversal em nenhum dos tipos de

fibras musculares.

Tabela 8. Efeito da suplementação com de óleo de soja ± EPM sobre a área média de secção transversal (µm2) dos tipos de fibras no músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA.

Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05). Letras minúsculas representam comparações na mesma linha (entre tipos de fibras). Letras diferentes diferem significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05).

Freqüência dos tipos de fibras (%) Grupos de treinamentos I IIA IIX

Pré (n=20) 20,7Ac ± 1,19 44,2Ba ± 1,47 35,1Ab ± 2,09

Pós (n=20) 22,4Ab ± 0,76 55,2Aa ± 1,58 22,4Bb ± 1,56

Área de secção transversal (µm2) I IIA IIX Grupos de

dietas Pré Pós Pré Pós Pré Pós

I (n=4) 3851 ± 139 3921 ± 356 4863 ± 199 5154 ± 678 7861 ± 348 8894 ± 1762

II (n=4) 3601 ± 129 4139 ± 442 4392 ± 412 4965 ± 534 7020 ± 466 8711 ± 865

III (n=4) 2608 ± 312 4491 ± 227 3437 ± 364 5276 ± 207 6308 ± 646 8869 ± 426

IV (n=4) 4634 ± 351 3751 ± 563 6724 ± 693 4754 ± 652 10524 ± 957 7688 ± 1029

V (n=4) 3914 ± 453 3380 ± 407 4806 ± 555 4362 ± 463 7267 ± 989 7200 ± 983

52

Tabela 9. Área média de secção transversal (µm2) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete semanas.

Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento. Letras maiúsculas representam comparações na mesma coluna (entre treinamentos) e letras minúsculas representam comparações na mesma linha (entre tipos de fibras). Letras diferentes diferem significativamente pelo teste t de student (p≤0,05).

Em relação ao tamanho dos diferentes tipos de fibras, conforme observado

na Tabela 9, a área de secção transversal das fibras tipo IIX foi significativamente

maior (P≤0,05) que a área correspondente às fibras tipo I e IIA, obedecendo a

seguinte ordem da maior para a menor: IIX >IIA > I.

4.4.3. Área Relativa (%) Como não houve efeito dos tratamentos com óleo sobre a área relativa dos

tipos de fibras musculares (Tabela 10), os animais foram distribuídos em dois

grupos em função do treinamento (Tabela 11).

Tabela 10. Efeito da suplementação com de óleo de soja sobre a área relativa (%) ± EPM dos tipos de fibras no músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA.

Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05).

Área de secção transversal (µm2) Grupos de treinamentos I IIA IIX

Pré (n=20) 3766Ac ± 212,3 4824Ab ± 335,8 7451Aa ± 512,7

Pós (n=20) 3936Ac ± 185,4 4902Ab ± 225,0 8273Aa ± 465,9

Área relativa (%) I IIA IIX Grupos de

dietas Pré Pós Pré Pós Pré Pós

I (n=4) 15,4 ± 1,15 16,5 ± 0,5 44,7 ± 1,55 54,7 ± 5,74 39,9 ± 1,83 28,8 ± 5,69

II (n=4) 15,7 ± 0,85 15,5 ± 0,5 43,2 ± 3,97 43,2 ± 4,33 41,1 ± 5,36 41,3 ± 3,88

III (n=4) 11,8 ± 1,70 16,0 ± 0,81 32,5 ± 2,25 47,1 ± 1,41 55,7 ± 2,39 36,9 ± 1,89

IV (n=4) 16,7 ± 3,45 20,0 ± 1,22 36,2 ± 4,27 53,0 ± 3,67 47,1 ± 7,84 27,0 ± 4,49

V (n=4) 13,5 ± 2,33 14,2 ± 1,31 41,2 ± 1,93 53,5 ± 2,63 45,3 ± 5,43 32,3 ± 3,29

53

Tabela 11. Área relativa (%) ± EPM dos tipos de fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete semanas.

Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento. Letras maiúsculas representam comparações na mesma coluna (entre treinamentos) e letras minúsculas representam comparações na mesma linha (entre tipos de fibras). Letras diferentes diferem significativamente pelo teste t de student (p≤0,05).

Conforme observado na Tabela 11, houve aumento significativo (p<0,05) na

área relativa das fibras tipo IIA decorrente do treinamento. Em contrapartida,

ocorreu diminuição significativa (p<0,05) na área ocupada pelas fibras IIX. A área

ocupada pelas fibras IIA foi significativamente maior (p<0,05) que a área ocupada

pelas fibras tipos I e IIX, tanto nos animais treinados como nos inativos.

4.5. Quantificação do glicogênio total A dieta alimentar não influenciou na concentração de glicogênio total nas

fibras musculares (Tabela 12).

Tabela 12. Médias ± EPM do glicogênio total presente nas fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a diferentes concentrações de óleo de soja.

Grupos de dietas Glicogênio total (g/100g)

I (n=4) 1,46 ± 0,17

II (n=4) 1,51 ± 0,16

III (n=4) 1,54 ± 0,25

IV (n=4) 1,15 ± 0,14

V (n=4) 1,27 ± 0,32 Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste de Tukey (p≤0,05).

Área relativa (%) Grupos de treinamentos I IIA IIX

Pré (n=20) 14,4Ac ± 0,94 39,1Bb ± 1,78 46,5Aa ± 2,57

Pós (n=20) 16,4Ac ± 0,58 51,1Aa ± 1,84 32,5Bb ± 2,09

54

Não houve alteração significativa (p>0,05) no glicogênio total presente no

músculo glúteo médio dos animais estudados após o período de treinamento de

sete semanas (Tabela 13).

Tabela 13. Médias ± EPM do glicogênio total presente nas fibras do músculo glúteo médio de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete semanas. Grupos de treinamentos Glicogênio total (g/100g)

Pré (n=20) 1,41 ± 0,11

Pós (n=20) 1,37 ± 0,07 Pré: antes do treinamento, Pós: após o treinamento. Médias na mesma coluna não diferiram significativamente pelo teste t de student (p<0,05).

4.6. Relação treinamento x tipo de fibra x metabolismo energético

As curvas velocidade-lactato médias dos animais, assim como, as

proporções das fibras oxidativas e glicolíticas do músculo glúteo médio antes e

após o período de treinamento estão apresentadas na Figura 8 e Tabela 14,

respectivamente. Observa-se que houve deslocamento da curva velocidade-

lactato para a direita, aumentando a velocidade necessária para atingir o limiar

anaeróbio considerado como 4mmol de lactato sanguíneo (VLac4). Os animais

apresentaram aumento significativo no percentual de fibras oxidativas (I+IIA) e

diminuição das fibras glicolíticas (IIX) após o treinamento.

55

Figura 8. Curva velocidade-lactato de eqüinos cruza Árabe e PSA, submetidos a treinamento de resistência durante sete semanas.

Tabela 14. Freqüência e área relativa das fibras oxidativas e glicolíticas antes e após o período de treinamento.

IIX

IIX IIA

IIX

a

Variáveis Fibras PRÉ PÓS oxidativas 64,9Ab 77,6Aa

Freqüência (%) glicolíticas 35,1Ba 22,4Bb

oxidativas 53,5Ab 67,5Aa Area relativa (%) glicolíticas 46,5Ba 32,5Bb

Oxidativas (I + IIA), glicolíticas (IIX). Letras maiúsculas representam comparações na mesma coluna (entre fibras) e letras minúsculas representam comparações na mesma linha (entre treinamentos). Letras diferentes diferem significativamente pelo teste t de student (p≤0,05).

Velocidade (m/s)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Con

cent

raçã

o de

lact

ato

(mm

ol/L

)

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10 Pré-treinamentoPós-treinamento

VLac4 PRÉ: 7,71b

VLac4 PÓS: 8,80a

56

V. DISCUSSÃO

A alimentação, assim como, o tipo de exercício desenvolvido são fatores

que influenciam a adaptação das fibras musculares (RIVERO & PIERCY, 2004).

Neste estudo a suplementação alimentar com base nas diferentes concentrações

de óleo de soja durante sete semanas não influiu significativamente sobre

nenhuma das variáveis estudadas, sendo o treinamento responsável pelas

adaptações ocorridas no músculo glúteo médio dos animais em questão. Esses

resultados deferiram dos encontrados por Dunnett et al. (2002), que observaram

aumento da capacidade oxidativa muscular em animais submetidos a exercício de

baixa e moderada intensidade, suplementados com óleo durante 10 semanas.

Embora o peso dos animais tenha diminuído significativamente ao final do

treinamento; o escore corporal aumentou, entretanto esse aumento não foi

considerado significativo. Esse fato pode ser explicado porque o grupo de animais

utilizado não apresentava homogeneidade quanto ao estado corporal no início do

treinamento. Dessa forma, os animais magros adquiriram peso enquanto os

obesos perderam, formando um grupo aparentemente mais homogêneo que

demonstrou uma condição corporal adequada no decorrer do treinamento. Notou-

se ainda, que ambos adquiriram massa muscular e melhoria na capacidade física

para realização dos exercícios, adquirindo maior resistência à fadiga. De acordo

com SERRANO et al. (2000) a resistência à fadiga está relacionada ao aumento

do número de mitocôndrias e capilares, da atividade oxidativa das enzimas

musculares, e a menor mobilização de glicogênio endógeno devido a utilização da

oxidação dos lipídeos como fonte de energia.

Conforme relatado por inúmeros pesquisadores (ESSÉN-GUSTAVSSON et

al., 1984; RIVERO et al., 1995a; 1995b; LINDNER et al., 2002; D’ANGELIS, 2004),

o método de biópsia muscular por agulha percutânea tipo Bergström adotado

nesta pesquisa demonstrou ser uma técnica de fácil aplicação, causando lesões

de pequena proporção, cuja cicatrização evoluiu de forma rápida sem a ocorrência

57

de complicações, podendo ser aplicada em animais que estejam participando de

programas de treinamento.

A profundidade de 6,0 cm adotada para a colheita propiciou amostras

homogêneas. Considera-se que amostras coletadas em eqüinos nesta

profundidade apresentam maior homogeneidade dos tipos de fibras. Enquanto, na

profundidade de 8,0 cm, observa-se maior proporção de fibras do tipo I e em

regiões superficiais do músculo (4,0 cm) encontra-se maior predomínio de fibras

tipo IIX (RIVERO et al., 1995a; SERRANO & RIVERO, 2000).

Conforme descrito em estudos prévios na espécie eqüina, os resultados

obtidos a partir da técnica de mATPase permitiu confirmar a existência de três

tipos de fibras puras no músculo glúteo médio de eqüinos, as fibras tipo I, IIA e IIX.

Mediante a utilização da técnica metabólica do NADH-TR observou-se que as

fibras tipo I e IIA reagiram intensamente, demonstrando, portanto, serem

oxidativas, enquanto as fibras IIX reagiram fracamente por apresentarem

metabolismo glicolítico. A associação das técnicas mATPase e NADH-TR,

possibilitou ainda, identificar as fibras híbridas IIAX (IIA + IIX) que representaram

3,4% e 0,6% antes e após o treinamento respectivamente. Para a identificação

adequada das fibras híbridas é indicada a utilização de técnicas mais precisas

como a eletroforese e a imunohistoquímica (RIVERO & PIERCY, 2004), entretanto

tais técnicas não foram realizadas neste estudo e dessa forma pode-se inferir que

a freqüência de fibras tipo IIAX foram subestimadas. Não foram identificadas fibras

híbridas tipo C, tal fato pode ser justificado porque estas são geralmente

encontradas em animais jovens, sendo raras em adultos.

GONDIM et al. (2005) identificaram fibras puras I, IIA e IIX, e fibras híbridas

IIAX em amostras do músculo glúteo médio de cavalos árabes com idades entre

sete e 11 anos submetidos a treinamento para enduro. Observaram ainda que as

fibras híbridas IIAX representavam uma porcentagem inferior a 10% do total de

fibras quantificadas, e apresentavam área de secção transversal muito variada.

Estes autores também não identificaram fibras tipo C nas suas amostras.

58

As fibras musculares apresentaram o padrão de distribuição em mosaico no

músculo glúteo médio, corroborando com estudos precedentes realizados em

eqüinos (RIVERO & PIERCY, 2004).

As fibras tipo IIX apresentaram área de secção transversal

significativamente maior que as fibras tipo IIA. Por sua vez, nestas últimas a área

de secção transversal foi maior que a das fibras tipo I nos períodos pré e pós

treinamento, esses achados corroboram os encontrados por GONDIM et al.

(2005). Segundo RIVERO et al. (1999) e SERRANO & RIVERO (2000) as fibras

IIX são maiores em tamanho que as fibras tipo I e IIA, especialmente em eqüinos

sem treinamento prévio.

O treinamento de resistência realizado no período de sete semanas

resultou em modificações nas propriedades contráteis e metabólicas do músculo

glúteo médio, aumentando a capacidade oxidativa das fibras musculares a partir

do aumento na proporção das fibras tipo IIA em detrimento das fibras tipo IIX; do

aumento da área relativa ocupada pelas fibras oxidativas (I + IIA) e da diminuição

da área ocupada pelas fibras glicolíticas (IIX). Os diferentes tipos de fibras

apresentaram diferenças quanto a porcentagem da área ocupada por cada uma

dela, obedecendo a seguinte proporção da maior para a menor: IIX>IIA>I e

IIA>IIX>I antes e após o treinamento, respectivamente. O somatório da área

ocupada pelas fibras I e IIA atingiu 64,9 e 77,6% nos períodos pré e pós

treinamento, respectivamente, confirmando a melhoria na capacidade oxidativa do

músculo. Entretanto, não se observou hipertrofia das fibras musculares,

possivelmente devido ao tempo de duração e intensidade do treinamento utilizado.

Inúmeros estudos utilizando treinamento de resistência em eqüinos têm

demonstrado aumento na freqüência das fibras IIA e concomitante diminuição das

fibras IIX (ESSÉN-GUSTAVSSON & LINDHOLM, 1985; ESSÉN-GUSTAVSSON et

al., 1989; RIVERO et al., 1989; 1991; 1995b; RIVERO, 1996). As pesquisas têm

reportado ainda, o aumento de fibras híbridas IIAX e fibras tipo I (RIVERO et al.,

1995b; RONÉUS et al., 1987; SERRANO et al., 2000). Em contrapartida, os

treinamentos de alta intensidade e curta duração têm ocasionado diminuição das

59

fibras tipo I e aumento das fibras tipo IIX (LOVELL & ROSE, 1991; RIVERO et al.,

2002).

SERRANO et al. (2000) relataram que dependendo da natureza do estímulo

induzido, a resposta adaptativa pode ocasionar hipertrofia nas fibras musculares

e/ou alteração das propriedades metabólicas e estruturais. A correlação entre a

duração do programa de treinamento e a magnitude das alterações induzidas no

âmbito molecular tem demonstrado a ocorrência da transição de fibras IIX para IIA

durante a fase precoce do treinamento e conversão de fibras IIA em I mais

tardiamente (SERRANO & RIVERO, 2000; SERRANO et al., 2000). Dessa forma a

fibra é capaz de alterar completamente suas propriedades contráteis e

metabólicas como resposta ao estímulo recebido (RIVERO & PIERCY, 2004).

O efeito do treinamento sobre a área das fibras musculares de eqüinos é

controverso (RIVERO & PIERCY, 2004). As pesquisas vêm apresentando

resultados diversificados, tal fato pode ser explicado pelos diferentes tipos de

exercício que os cavalos são submetidos, pela diferença na proporção de fibras

em cada raça e pelas diferentes respostas que esta diferença pode apresentar

após um período de treinamento. Cavalos adultos sob um programa de

treinamento aeróbio apresentam normalmente pequeno aumento da área das

fibras musculares. Esta resposta está relacionada à conversão de fibras de baixa

capacidade oxidativa em fibras de alta capacidade oxidativa, que possuem área

menor. A redução na área da fibra quando esta está se tornando mais adaptada

ao metabolismo aeróbio é uma alteração favorável, pois permite rápida difusão de

oxigênio para o interior da fibra e remoção de produtos do metabolismo, como o

CO2. Estudos realizados em cavalos de corrida de idades similares verificaram

maior área de fibra para os animais inativos do que nos cavalos em atividade,

apesar de uma aparentemente maior massa muscular nos cavalos de alta

performance (SNOW & VALBERG,1994). Segundo RIVERO (1996) as respostas

musculares adaptivas ao treinamento são mais pronunciadas em cavalos jovens e

inativos que em cavalos maduros e treinados regularmente. Tais respostas

60

geralmente são mantidas por um período de cinco a seis semanas de inatividade

(FOREMAN et al., 1990; TYLER et al., 1998).

RIVERO et al. (1995b) encontraram hipertrofia das fibras tipo I e IIA em

amostras colhidas na profundidade de 6,0 cm do glúteo médio em PSA

submetidos a programa de treinamento de resistência por três meses. Notaram

ainda, que os animais que possuíam maiores porcentagens e áreas das fibras tipo

I e IIA apresentaram melhor resposta ao teste ergométrico. RIVERO et al. (1993c)

observaram que cavalos competidores em enduro que apresentavam performance

atlética excelente possuíam alta porcentagem de fibras de contração lenta e

metabolismo oxidativo, com maior área que cavalos considerados de performance

moderada. Enquanto TYLER et al. (1998) observaram hipertrofia dos três tipos de

fibras em resposta ao treinamento de alta intensidade.

SERRANO & RIVERO (2000) verificaram hipertrofia de fibras tipo I após

três meses de treinamento aeróbio de éguas da raça Andaluz, utilizando 50% da

vlac2 (velocidade correspondente a 2mmol/L de lactato sangüíneo). Argumentaram

que esse período de treinamento não foi suficiente para converter fibras IIX em IIA

e estas em I. SERRANO et al. (2000) aplicando metodologia semelhante a

SERRANO & RIVERO (2000) em garanhões Andaluzes observaram hipertrofia

das fibras IIA após três meses de treinamento. Segundo os mesmos autores, esse

tipo específico de hipertrofia é explicado pela conversão de fibras IIX em IIA, já

que as fibras IIX possuem área maior que as fibras tipo IIA.

D’ANGELIS et al. (2005) observaram que o treinamento aeróbio em PSA

realizado por 90 dias utilizando 80% do Vlac4 (velocidade em que a concentração

de lactato sangüínea atingiu 4mmol/L) não alterou significativamente a freqüência

das fibras tipo I e IIA, entretanto reduziu significativamente a porcentagem das

fibras tipo IIX. Verificaram ainda hipertrofia das fibras tipo I, IIA e IIX, e aumento da

área relativa das fibras tipo I.

Existe possível relação entre o tamanho dos diferentes tipos de fibras

musculares com os padrões que regem a ativação das mesmas durante o

exercício muscular, já que são recrutadas de acordo com a intensidade e duração

61

do trabalho muscular. Dessa forma, as respostas musculares ao treinamento

dependerão das características do estímulo (tipo, intensidade e duração) e do

estado do músculo antes do início do treinamento (RIVERO, 1996). Para a

manutenção da postura e exercícios de baixa intensidade, geralmente, são

ativadas as fibras tipo I. Quando a atividade requer o desenvolvimento de forças

rápidas e prolongadas são recrutadas as fibras IIA (ARMSTRONG & PHELPS,

1984; ALECKOVIC et al., 1989) e quando o trabalho muscular gera movimentos

rápidos e breves, são ativadas as fibras IIX (RIVERO & CLAYTON, 1996).

De acordo com SERRANO et al. (2000), exercícios de resistência

ocasionam transição de fibras de contração rápida para contração lenta. O

organismo, no seu mecanismo de adaptação ao estresse metabólico, modifica a

expressão das isoformas de cadeia pesada de miosina (SERRANO & RIVERO,

2000; BALDWIN & HADDAD, 2001). Isso pode explicar o incremento das fibras

musculares com tendência ao metabolismo aeróbio, devido a transformação das

fibras tipo IIX em IIA e destas em I (ESSÉN-GUSTAVSSON e LINDHOLM, 1985;

RIVERO et al., 1993a; BALDWIN & HADDAD, 2001; LEFAUCHER, 2001).

Como ressalta MUÑOZ et al. (1999), o desempenho atlético do eqüino está

intimamente ligado à relação entre a capacidade oxidativa e glicolítica do

indivíduo. D’ANGELIS et al. (2005) observaram que os animais apresentando

maiores freqüências e área ocupada pelas fibras tipo I e IIA, após três meses de

treinamento aeróbio, também, foram os melhores em desempenho atlético nos

testes ergométricos. Contrariamente, os cavalos que mostraram menores

freqüências e área ocupada pelas fibras tipo I e IIA apresentaram baixo

desempenho no exercício teste. Esses dados confirmam que cavalos com

excelente desempenho atlético em programas de treinamento aeróbio apresentam

maiores freqüências de fibras oxidativas. No entanto, no presente estudo tal fato

não foi observado, pois não houve diferença significativa na freqüência e área

ocupada pelas fibras oxidativas entre os animais que obtiveram melhor e pior

desempenho nos testes ergométricos.

62

As adaptações celulares e ultra-estruturais musculares observadas têm

sido interpretadas no homem (HOPPELER et al., 1973; ANDERSEN &

HENRIKSSON, 1977; INGJER, 1979) e no cavalo (RIVERO, 1997) como

indicativos de incremento da capacidade aeróbia e melhoria da capacidade de

resistência. Numerosos estudos têm demonstrado no cavalo um incremento da

densidade mitocondrial associado com diferentes tipos de treinamento e uma

correlação positiva entre o número de fibras musculares com elevada capacidade

oxidativa e o êxito competitivo em atividades de resistência (RIVERO, 1997).

Segundo LINDNER et al. (1997), o treinamento realizado em dias

alternados durante seis semanas em intensidades equivalentes a vlac1,5 ou vlac2,5

durante 45 minutos possuíram maior efeito sobre os parâmetros celulares e ultra-

estruturais do músculo glúteo médio que o treinamento em maior intensidade

(vlac4) durante apenas 25 minutos. Dessa forma, concluíram que o treinamento

delineado com sessões de intensidade relativamente baixa e duração prolongada

é mais efetivo para melhorar a capacidade de resistência individual que o

treinamento com exercícios de intensidade mais alta e de menor duração. Esses

resultados corroboram com nossos achados e confirmam as observações que

vêm sendo realizadas na fisiologia do exercício eqüino por D’ANGELIS et al.

(2005) e MARTINS et al. (2006).

SERRANO et al. (2000) concluíram que a magnitude das alterações

ocorridas em função do treinamento, como a conversão de fibras de contração

rápida em lenta, depende da duração do mesmo. A maioria das adaptações

induzidas com o treinamento é reversível quando o estímulo cessa e que as

alterações em resposta ao treinamento não ocorrem de forma homogênea no

tecido muscular, sendo mais marcantes em determinadas regiões do músculo.

A produção e a utilização apropriada de energia são essenciais para o

eqüino atleta, representando o ponto crítico para o desempenho máximo (EATON,

1994; LINDNER et al., 1997; HARRIS & HARRIS, 1998). Em cavalos de enduro, a

principal via energética utilizada é a aeróbia (SLOET et al., 1991; HOFFMAN et al.,

2002), sendo os lipídeos a principal fonte energética (BERGERO et al., 2005).

63

PRINCE et al. (2002) demonstraram que eqüinos da raça PSA possuem

predisposição racial para a utilização de ácidos graxos livres durante exercícios de

baixa intensidade.

Em exercícios de baixa intensidade e longa duração ocorre ativação do

metabolismo oxidativo que utiliza principalmente da oxidação de lipídeos como

fonte de energia. O condicionamento aeróbio ocasiona aumento das

concentrações de enzimas das vias associadas a β-oxidação no músculo

esquelético resultando no aumento da capacidade de trabalho devido à grande

oxidação das gorduras e a pequena utilização de glicogênio (ROSE, 1986) e

aumento da capacidade oxidativa, aumento da vascularização, redução da

glicogenólise muscular e do metabolismo anaeróbio (GEOR et al., 1999; TYLER et

al., 1998). Como conseqüência ocorre melhoria do mecanismo de produção e

metabolização do lactato, retardando o seu acúmulo (BAYLY, 1985; VALBERG,

1986). De acordo com RIVERO & PIERCY (2004) essas adaptações são

acompanhadas pela melhoria da capacidade de tamponamento muscular e maior

eficiência do complexo excitação contração.

Alguns pesquisadores consideram que o organismo como mecanismo de

compensação ao aumento dos ácidos graxos no sangue, modifica as vias

metabólicas responsáveis pela produção de ATP no músculo esquelético em

direção as vias oxidativas, especialmente, as implicadas na degradação dos

ácidos graxos. Essa adaptação metabólica direcionada ao metabolismo aeróbio

parece gerar alterações na estrutura do fenótipo fibrilar, como diminuição do

tamanho da fibra muscular e possui a vantagem de facilitar a difusão do oxigênio e

substratos necessários para o metabolismo oxidativo (SIECK et al., 1995; PICARD

et al., 2002).

Embora os lipídeos sejam os substratos energéticos predominantes para a

realização de exercícios submáximos, a fadiga nesses casos tem sido associada

ao esgotamento de glicogênio intramuscular (VALBERG, 1986). BERGSTRÖM et

al. (1967) relataram que atletas com maior concentração de glicogênio muscular

apresentaram maior desempenho físico e dessa forma, o aumento das reservas

64

de glicogênio muscular adquiridas com o treinamento tem sido interpretado como

benéfico.

De acordo com DUNNETTT et al. (2002) a vantagem de utilizar dietas

hiperlipídicas concomitante ao treinamento físico é favorecer a utilização de ácidos

graxos como substrato para o metabolismo energético. Como conseqüência desta

alteração metabólica ocorre a economia de outros substratos como a glicose

plasmática, aminoácidos e o glicogênio muscular. Entretanto, nesse trabalho, as

reservas de glicogênio muscular dos animais se mantiveram constantes após o

período de treinamento. Tal fato pode ser justificado pela duração do período

experimental ter sido insuficiente para ocasionar tais adaptações. A grande

divergência dos resultados dos estudos nos quais é avaliado o efeito de gordura

animal ou óleos vegetais sobre a resposta metabólica e o desempenho de cavalos

atletas parece depender da disparidade dos protocolos experimentais utilizados,

podendo ser atribuída a vários fatores, como, idade, condição corporal, raça,

intensidade e duração do condicionamento físico, composição e período de

administração da dieta e a técnica de determinação do glicogênio.

D’ANGELIS (2004) também não observou alterações nas reservas de

glicogênio muscular após o período de treinamento de 90 dias. Em contrapartida,

SERRANO et al. (2000) encontraram aumento significativo no conteúdo de

glicogênio muscular após três e oito meses de treinamento para enduro. Esses

mesmos autores constataram também que o treinamento aeróbio induziu menor

mobilização de glicogênio endógeno, utilizando a oxidação de lipídeos como fonte

de energia.

GANSEN et al. (1999) avaliaram o efeito de três programas de treinamentos

diferentes sobre as reservas de glicogênio muscular e verificaram que durante

todo período de condicionamento as concentrações de glicogênio permaneceram

constantes para as amostras colhidas na profundidade de 2,0 e 6,0 cm. Nove dias

após o término do treinamento observaram aumento de 47 e 48% respectivamente

nas concentrações de glicogênio dos animais submetidos aos treinamentos

delineados na vlac1,5 ou vlac2,5 durante 45 minutos e essas concentrações

65

permaneceram elevadas até cinco semanas após o fim do condicionamento. Já o

treinamento de maior intensidade e menor duração utilizando a vlac4 por 25 minutos

não exerceu efeito significativo sobre a variável estudada. Os mesmos autores

relataram ainda que as amostras colhidas na profundidade de 6,0 cm

apresentaram maiores concentrações de glicogênio quando comparada às

colheitas efetuadas na profundidade de 2,0 cm.

SERRANO et al. (2000) detectaram aumento do conteúdo de glicogênio

intramuscular após três meses de treinamento aeróbio e observaram que esse

substrato diminuiu significativamente após três meses de destreinamento. No

entanto, ainda foi considerado significativamente mais elevado que antes do início

do treinamento.

Considerando que as fibras tipo I e IIA possuem metabolismo oxidativo, os

resultados obtidos indicaram que o programa de treinamento utilizado promoveu o

aumento do potencial aeróbio no músculo glúteo médio em detrimento do

potencial glicolítico do mesmo.

De acordo com RIVERO (1996) a análise de biópsias musculares extraídas

antes e após o programa de treinamento pode comprovar a efetividade do mesmo.

Embora sejam numerosos os estudos que investigam a resposta muscular ao

exercício e como o treinamento modifica esta resposta (SNOW & VALBERG 1994;

RIVERO & PIERCY, 2004), são poucos os pesquisadores que empregam esses

conhecimentos básicos em aplicações práticas para avaliar a capacidade

competitiva e controlar o treinamento aplicado ao cavalo.

A importância da musculatura esquelética no sistema locomotor, sua

grande capacidade adaptativa e sua íntima relação com a performance nas

diversas atividades eqüestres, devem servir de estímulo para busca de

conhecimentos estruturais e metabólicos deste tecido para que possamos

manipular o desenvolvimento muscular de forma adequada, obtendo o máximo

desempenho e evitando afecções musculares, entre outras. É importante enfatizar

que embora a literatura disponha de inúmeras pesquisas relacionadas ao estudo

das características musculares em eqüinos, novos estudos se fazem necessários

66

para determinar as características metabólicas, bioquímicas e estruturais das

fibras nas diversas raças submetidas a diferentes programas de treinamento,

especialmente os realizados à campo. Faz-se também necessário a difusão e a

aplicação prática dos conhecimentos adquiridos com as pesquisas visando auxiliar

os programas de treinamentos realizados nas diversas modalidades de esportes

eqüestres.

67

VI. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos no presente trabalho permitiram concluir que:

As diferentes concentrações de óleo na dieta não influenciaram as variáveis

estudadas.

O treinamento não induziu hipertrofia das fibras do músculo glúteo médio.

O treinamento ocasionou aumento na proporção e na área relativa das

fibras tipo IIA em detrimento das fibras IIX, melhorando a capacidade oxidativa

muscular.

Tanto as dietas com óleo como o treinamento não aumentaram as

concentrações de glicogênio muscular.

O treinamento melhorou a capacidade aeróbia dos animais.

68

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*Referências citadas segundo as normas da Associação Brasileira de Normas

Técnicas - ABNT - NBR 6023, agosto de 2002.

IX. APÊNDICE

II

Tabela 15. Composição percentual e química e energética dos concentrados experimentais.

Ingredientes (%) 0% 6 % 12% 18% 24%

Fubá de milho 84,45 73,50 59,85 47,70 38,25 Farelo de soja 13,20 17,75 25,00 30,75 34,00 Óleo de soja1 0,00 6,00 12,00 18,00 24,00 Calcário 0,95 1,00 1,05 1,00 1,00 Fosfato 0,20 0,30 0,40 0,65 0,65 Sal comum 0,80 1,00 1,20 1,30 1,40 Premix2 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 Total 100,00 100,05 100,10 100,10 100,10 Valores Calculados

ED*

Mcal/kg 3,141 3,380 4,022 4,390 4,500

PB* (%) 12,00 12,90 15,35 16,76 17,20 EE* (%) 2,89 8,57 14,18 19,83 25,55

FB* (%) 2,35 2,46 2,68 2,84 2,89 MM* (%) 4,52 4,84 5,26 5,68 5,70 Ca (%) 0,46 0,52 0,59 0,65 0,66 P (%) 0,34 0,35 0,37 0,42 0,45

1Óleo de soja refinado ; 2Premix: P-72g, Ca-191g, Na-68,25, Cl-105,00, Mg-27,5, S-14,963g, Zn-1500,00mg, Cu-250,00mg, Mn-1000,00mg, Fe-1000,00, Co-12,24mg, I-20,00mg, Se-2,25mg, Fl(max)-0,72, Vit A 1600000UI,Vit D3 200000UI, Vit E 3000UI, Vit K3 636mg, Vit B1 1200mg, Vit B2 1600mg, Vit B12 3300mg, Ác. Pantotênico 3300mg, Biotina 20mg, Ác. Nicotínico-6000mg, Ác. Fólico-200mg, Colina 40g, L-lisina 25g, Antioxidante 200mg. *Energia digestível (ED), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), matéria mineral (MM).

Como não foi possível a formulação de concentrados isoenergéticos e

isoproteicos, devido a grande adição de óleo nos grupos 18 e 24%, o ajuste foi

realizado através da quantidade de concentrado fornecido para que o consumo de

nutrientes e energia fosse o mesmo.

III

Tabela 16. Escala de avaliação do escore corporal.

Condição Pontuação Descrição

Pobre 1 Animal extremamente emaciado; saliências ósseas aparecendo, especialmente vértebras cervicais e lombares.

Muito magro 2 Animal emaciado; saliências ósseas ainda visíveis na paleta e pelve; vértebras cervicais discretamente visíveis.

Magro 3 Pescoço magro; junção acentuada do pescoço, cernelha e paleta; estrutura pélvica ainda acentuada.

Moderadamente magro 4 A espinha ainda aparece, mas as vértebras não são individualizadas; linha da costela ainda visível.

Moderado 5 Lombo relativamente achatado; costelas não visíveis, porém facilmente palpáveis.

Levemente gordo 6

Pescoço, paleta e cernelha com formas arredondadas; área do lombo pode ter leve depressão ao longo da espinha; base da cauda e costelas com consistência macia.

Moderadamente gordo 7

Gordura depositada ao longo da cernelha e pescoço; base da cauda macia; costelas cobertas por gordura; dobras sobre a espinha podem ser visíveis.

Gordo 8 Pescoço engrossado; acúmulo de gordura nas nádegas; dobras evidentes ao longo da espinha; difícil palpação das costelas.

Extremamente gordo 9 Pescoço, cernelha e paleta inchadas de gordura; dobras proeminentes nas costas; bolsas de gordura sobre as costelas.

Fonte: HENNEKE et al. (1983).