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1 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO CAMPUS DE BAURU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENHO INDUSTRIAL Claudemilson dos Santos O DESIGN PARA A MICRO E PEQUENA EMPRESA NA REGIÃO DE BAURU: A ABORDAGEM DO PROJETO PELO DESENHO Bauru 2003

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE ARQUITETURA, ARTES E COMUNICAÇÃO

CAMPUS DE BAURU PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENHO INDUSTRIAL

Claudemilson dos Santos

O DESIGN PARA A MICRO E PEQUENA EMPRESA NA REGIÃO DE BAURU: A ABORDAGEM DO PROJETO PELO DESENHO

Bauru 2003

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Claudemilson dos Santos

O DESIGN PARA A MICRO E PEQUENA EMPRESA NA REGIÃO DE BAURU: A ABORDAGEM DO PROJETO PELO DESENHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenho Industrial da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, como requisito à obtenção do título de Mestre em Desenho Industrial, (área de concentração: desenho de produto) sob a orientação da prof.a Dr.a Marizilda dos Santos Menezes.

Bauru 2003

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Claudemilson dos Santos

O DESIGN PARA A MICRO E PEQUENA EMPRESA NA REGIÃO D E BAURU: A ABORDAGEM DO PROJETO PELO DESENHO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenho Industrial da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, como requisito à obtenção do título de Mestre em Desenho Industrial, área de concentração: desenho de

produto. Banca Examinadora Orientadora: Prof.a Dr.a Marizilda dos Santos Menezes Examinador 1: Prof. Dr. Sylvio Guilherme de Melo Examinador 2: Prof. Dr. Henrique Antunes Cunha Júnior

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que colaboraram para a elaboração desta dissertação,

direta ou indiretamente. Agradecimentos especiais à Sr.a Leocláudia, pela

compreensão e incentivo; à Caroline Zanardo, pelo apoio prestado nos

momentos mais difíceis desse trabalho; à prof.a Marizilda, pelo árduo trabalho

de orientação; aos professores do Departamento de Artes e Representação

Gráfica, que sempre acreditaram neste trabalho e às empresas CIEL e OM

Design, pela receptividade manifestada.

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SANTOS, Claudemilson dos. O design na micro e pequena empresa na região de Bauru: a abordagem do projeto pelo desenho. 2003. 112f. Dissertação (Mestrado em Desenho Industrial). Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, UNESP, Bauru, 2003. Orientadora: Prof.a Dr.a Marizilda dos Santos Menezes

RESUMO A Micro e Pequena Empresa (MPE), tem um papel fundamental na economia do país, conseqüentemente, o aumento da competitividade destas pode trazer benefícios diretos à coletividade. Uma das formas de se obter aumento de competitividade é através do desenvolvimento constante de novos produtos, que requer um método adequado à realidade das MPE's. O processo denominado Design Estratégico, consiste em adotar-se um método de desenvolvimento de projetos no plano estratégico da empresa. Assim, para se alcançar esse objetivo, foram realizados estudos envolvendo os aspectos históricos da representação gráfica no desenvolvimento de projetos; as características gerais e o contexto atual das empresas de pequeno porte; e por fim, os aspectos metodológicos do desenvolvimento de projetos, visando adequá-los à realidade das MPE's. O estudo desse tipo de empresa, permitiu a observação de suas características principais, positivas e negativas, que se concretizou na investigação de duas empresas localizadas na região de Bauru – SP. Como resultado final, obteve-se um método de projeto, bem como as condições gerais consideradas adequadas para implantação do Design Estratégico e operacional nessas indústrias. É possível estender os resultados para as empresas com características semelhantes às abordadas e também ao ensino de projeto nos cursos de Desenho Industrial.

Palavras-chave: Metodologia do Projeto; Micro e Pequena Empresa; Design;

Representação Gráfica.

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SANTOS, Claudemilson dos. The design in micro and small business on Bauru region: the approach of the project by drawing. 2003. 112f. Dissertação (Mestrado em Desenho Industrial). Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação, UNESP, Bauru, 2003. Orientadora: Prof.a Dr.a Marizilda dos Santos Menezes

ABSTRACT The small business (MPE), plays a fundamental part of the country economy, consequently, the increase of it competitively can bring direct benefits of the collectivity. Upon the way of achieve that increase, is through constantly development of new products. It’s request a suitable method of the MPE's reality. The process called Strategic Design, consist in accept a project development method in the company strategic plane. Thus, for reach this goal, were realized studies involving historical point of view of graphic representation in project development; the general feature and actual context of the small business; finally, the methodological features of the project development, to intend adapt for MPE's reality. The study of this business kind, enabled the observation of it’s main feature, positive or negative, that realized on investigation from two companies, placed in Bauru – SP region. As final result, had got a project method, as well the general conditions considered suitable for Strategic and work Design establishing on those business. It can to extend the results to companies with same aspects at the companies approached, and yet for project teaching on the Design courses.

Key-words: Design Methodology; Small Business; Design; Graphic

Representation.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estátua do Rei Gudea de Lagash e detalhe do desenho sobre suas pernas 19

Figura 2 Desenho típico de Vitruvius 21 Figura 3 Páginas típicas do caderno de anotações de Honnecourt 22 Figura 4 Desenho de Leonardo da Vinci 24 Figura 5 Desenho da máquina a vapor Watt – 1781 26 Figura 6 O método de Monge 27 Figura 7 O Palácio de Cristal 30 Figura 8 Desenhos Técnicos do início do século XVIII 31 Figura 9 Desenhos mais parecidos com os atuais, limpos e diretos 31 Figura 10 Funil de decisões 62 Figura 11 Funil de desenvolvimento 76 Figura 12 Modelo ideal do funil de desenvolvimento 78 Figura 13 Mapa de localização das cidades 81 Figura 14 Aspectos operacionais da metodologia 101

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LISTA DE TABELAS

Figura 15 O papel das MPE's na economia mundial 16 Figura 16 O papel das MPE's na economia mundial 37 Figura 17 Classificação das MPE's segundo o número de empregados 37 Figura 18 Classificação das MPE's segundo o faturamento bruto anual 38 Figura 19 Distribuição dos empregados e dos estabelecimentos formais no

Estado de São Paulo, por setores de atividade 39 Figura 20 Principais segmentos da Indústria em SP – Empregos 40 Figura 21 Principais segmentos da Indústria em SP – Estabelecimentos 40 Figura 22 Perfil Econômico da Região de Governo (RG) de Bauru 43 Figura 23 Natureza das Estratégias competitivas da Indústria 46 Figura 24 Utilização das técnicas, métodos e programas de gestão da produção 47 Figura 25 Características gerais das empresas pesquisadas 80 Figura 26 Grau de escolaridade nas empresas 82 Figura 27 Conhecimento de desenho técnico nas empresas 83 Figura 28 Utilização de desenhos nas empresas 85 Figura 29 Participação dos setores da empresa no desenvolvimento de projetos 87 Figura 30 Execução das tarefas em atividades de projeto 87 Figura 31 Estratégias de competitividade 90 Figura 32 Técnicas de gestão 93 Figura 33 Projetos desenvolvidos 95 Figura 34 Documentação nas informações dos produtos 96

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SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS 4 RESUMO 5 ABSTRACT 6 LISTA DE FIGURAS 7 LISTA DE TABELAS 8 1. INTRODUÇÃO 11 1.1. Campo temático 11 1.2. Objetivos 12 1.3. Delimitação do objeto 13 1.4. Problemática 13 1.5. Justificativa 15 1.6. Hipóteses 16 1.7. Metodologia 16

2. HISTÓRICO DA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA E DO PROJETO 17 2.1. Primeiros desenhos 17 2.2. Idade Média 20 2.3. Renascimento 23 2.4. Revolução Industrial 25 2.5. O método de Monge 27 2.6. Evolução e aperfeiçoamento 29 2.7. Conceituações 33 3. A COMPETITIVIDADE DA MICRO E PEQUENA EMPRESA 36 3.1. Caracterização das MPE's 36 3.1.1. Caracterização das MPE's no Estado de São Paulo 38 3.1.2. Caracterização das MPE's na região de Bauru 43 3.2. Estratégias competitivas utilizadas na indústria 45 3.2.1. Técnicas, métodos e programas de gestão da produção 47 3.3. Importância da incorporação do Design ao planejamento estratégico 47

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3.3.1. Outras dificuldades das MPE's 49 3.4. Implantando o Design Estratégico 52 3.4.1. Aspectos favoráveis das MPE's para a introdução do Design Estratégico 52 3.4.2. Estratégias de inovação 53 3.5. Design nas MPE's 54 4. METODOLOGIA DE PROJETO E O DESENHO 55 4.1. Projeto 55 4.1.1. História recente 55 4.1.2. Conceito 56 4.1.3. Tipos de projeto 57 4.1.4. Importância do projeto 57 4.2. Metodologia do projeto 58 4.2.1. Fundamentos 58 4.2.2. Método de referência 60 4.2.3. Problemas no estudo da metodologia em MPE's 62 4.3. O desenho no desenvolvimento de projetos 63 4.3.1. O desenho analítico 63 4.3.2. O desenho criativo 66 4.3.3. O suporte para o raciocínio e extensão da memória 67 4.3.4. Desenho como ferramenta de comunicação de idéias e precisão da

fabricação 68 4.3.5. A terceirização e a mundialização da economia 70 4.4. Alternativas para as MPE's 70 4.4.1. Projeto agregado à estratégia da empresa 71 4.4.2. Imperativos estratégicos em desenvolvimento de produtos 71 4.4.3. Gestão do Design 73 4.4.4. Aplicação da gestão 74 4.4.4.1. Funções do gestor 74 4.4.4.2. Modelo de gestão: o funil de desenvolvimento 75 5. ESTUDO DE CASO 79 5.1. Perfil das empresas 80

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5.1.1. Escolaridade dos funcionários 81 5.1.2. O desenho técnico 82 5.1.3. Equipes de projeto 86 5.1.4. Gestão estratégica de projetos nas empresas 87 5.1.5. Tipos de projetos desenvolvidos 93 5.1.6. Documentação dos projetos 95 5.2. Procedimentos metodológicos recomendados 96 5.2.1. Recomendações gerais- aspectos gerenciais e estratégicos 97 5.2.1.1. Definição do tipo de estratégia 97 5.2.1.2. Definição do tipo de projeto 97 5.2.1.3. Funções do gestor 98 5.2.2 Recomendações gerais – aspectos operacionais 100 6. CONCLUSÃO 102 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 104 Apêndice A 110

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1. Introdução

A presente dissertação, caracteriza-se como um estudo da Metodologia de

Projeto com foco na Representação Gráfica aplicado ao contexto das Micro e

Pequenas Empresas (MPE's) na região de Bauru - SP. Pretende-se ressaltar o

desenvolvimento de projetos como fator de aumento da competitividade das MPE's,

através da metodologia adequada ao perfil deste tipo de empresa, possibilitando a

incorporação do Design à estratégia da empresa.

O estudo teve início com o resgate histórico do projeto, desde o início do

Renascimento, passando pela Revolução Industrial até alcançar os conceitos atuais do

ato de projetar. Em seguida, procurou-se caracterizar o posicionamento das MPE's no

atual cenário econômico globalizado, bem como descrever suas características

estruturais e funcionais. Na seqüência, desenvolveu-se um estudo procurando

caracterizar a Metodologia do Projeto vinculada à sua técnica mais fundamental: o

desenho. A conclusão da pesquisa deu-se com a verificação dos conceitos analisados,

em duas empresas de pequeno porte, na região do município de Bauru, cujas

características e potencialidades para o Design estratégico foram levantadas e

discutidas.

1.1 Campo temático

O tema da pesquisa que apresentamos neste trabalho pode ser dividido em duas

áreas: a Metodologia do Projeto e as Micro e Pequenas Empresas. O estudo da

Metodologia de Projeto foi realizado sob o enfoque do Desenho, ou Representação

Gráfica, pois possui importância histórica para o desenvolvimento de projetos.

Baseou-se no princípio de que um dos principais fatores para que as MPE's obtenham

competitividade, é a adoção de estratégia de desenvolvimento e lançamento constante

de novos produtos. Para tanto é necessário o desenvolvimento do projeto desses

produtos, amparados por metodologia adequada aos seus perfis. Esse processo foi

denominado como Design Estratégico.

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As MPE's foram estudadas a partir de dados de pesquisas publicadas pelo

SEBRAE e por um estudo de campo envolvendo duas pequenas empresas da região de

Bauru – SP. Do universo das MPE's, que envolve muitas atividades, desde as

comerciais e de prestação de serviços, até as consideradas espontâneas ou artesanais;

focalizou-se as empresas de atividades industriais, produtoras de bens de consumo e

que dominam um certo grau de tecnologia que possibilite o desenvolvimento de

projetos.

Certos procedimentos de gestão de projetos, tais como planejamento e

avaliação, também foram considerados, uma vez que contribuem para a diminuição do

tempo de desenvolvimento, aumento da qualidade e melhoria na eficiência do projeto,

colaborando para que este seja considerado uma estratégia de negócios das empresas

para aumento da competitividade.

Vários artigos e publicações estrangeiros desenvolvidos nos últimos anos

estudam esse tema (WHEELWRIGTH & CLARK, 1992; CLAUSING, 1994; PUGH,

1996). Porém, tais estudos são voltados às grandes organizações em países centrais,

em que geralmente se desenvolvem as tecnologias e produzem inovações radicais. Nos

países periféricos, o desenvolvimento tecnológico tende a ser incremental e derivado

das inovações realizadas nos países centrais. (FRANSMAN, 1986 apud TOLEDO,

1998).

No Brasil, a abertura às importações e retração de mercado realizada no início

da década de noventa, levaram as empresas a movimentos de reestruturação e busca da

competência na manufatura, relegadas a segundo plano nas décadas de 70 e 80.

(NAKANO & FLEURY, 1998). Nas Micro e Pequenas Empresas (MPE's), essa

situação é mais complexa, por um conjunto de características próprias que dificultam o

alcance da competitividade.

1.2. Objetivos

Esta dissertação tem como objetivos gerais, estabelecer uma base conceitual

para justificar a implantação do Design Estratégico nas MPE's, bem como caracterizar

o processo de desenho vinculado à metodologia de projeto em todas as suas etapas.

Mais especificamente, pretende-se estabelecer princípios metodológicos que

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possibilitem o desenvolvimento de projetos nas MPE's que apresentem um perfil

predeterminado.

1.3. Delimitação do objeto

A tentativa de buscar a caracterização das MPE's como ambiente propício para

o desenvolvimento do Design, será localizada na região do município de Bauru – SP

(335 km a Noroeste de São Paulo – Capital). Observa-se na região de Bauru, as

condições favoráveis para a criação de um pólo de desenvolvimento de produtos

através da metodologia do design, devido aos fatores abaixo:

- Possui 02 (dois) cursos superiores de Design, além de outras duas

Universidades que oferecem cursos em diversas áreas da Engenharia,

possibilitando ampla mão de obra capacitada ao desenvolvimento de produtos.

- Transporte facilitado, pois está localizado próximo à hidrovia Tietê-Paraná,

além de ser considerado o maior entroncamento rodo-ferroviário do país. Além

disso, encontra-se em construção um moderno aeroporto internacional, com

inauguração prevista para o ano de 2003.

- Sua localização geográfica estratégica, próxima ao centro do Estado de São

Paulo, torna o acesso facilitado aos maiores municípios do estado, que é

considerado o 2º maior mercado consumidor do país.

- Relativamente próximo a um dos mais importantes pólos de tecnologia do país -

o município de São Carlos - SP (244 km ao Norte de São Paulo - SP)

A região de Bauru possui cerca de 1.100 indústrias, destas, 570 localizam-se

em Bauru. Os cinco maiores setores são, em ordem decrescente: Construção Civil;

Produtos Alimentícios; Vestuário; Metalúrgico e Mobiliário (BRUNSTEIN &

MELLO, 1997).

1.4. Problemática

Ao mesmo tempo em que a presença maciça de MPE's na economia local pode

representar força, analisando-se particularmente cada caso, nota-se a fragilidade destas

empresas. Pesquisas recentes demonstram existir elevada taxa de falência desse tipo de

empresa, durante o primeiro ano de atuação. Porém, as causas dessas falências nos

primeiros anos de funcionamento são, em sua maioria, financeiras. Num período

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maior, as falências podem ser atribuídas à ausência de estratégia de produto, que

envolve a gestão dos produtos existentes e daqueles em desenvolvimento.

O Desenvolvimento de Produto requer recursos que podem, ou não, estar de

acordo com a capacidade da pequena empresa, tornando incerto e arriscado incorporar

o desenvolvimento de projetos como estratégia de negócios da empresa. Faz-se

necessário, portanto, localizar e quantificar os recursos disponíveis e considerá-los no

planejamento da estratégia.

Além disso, o mercado atual mostra-se altamente competitivo, exigindo que as

empresas desenvolvam estratégias para crescer ou simplesmente manter-se no

mercado. Entretanto, as MPE's demonstram um certo despreparo gerencial, para

enfrentar a concorrência, tanto local como global. Pesquisas do SEBRAE demonstram

que poucas empresas adotam estratégias empresariais que visam aumentar a

competitividade, como por exemplo, o desenvolvimento de novos produtos.

A igualdade de condições tecnológicas e de política de preço no mercado atual,

exige que as empresas adotem políticas de produção constante de inovação, em todos

os aspectos. Porém, se por um lado existe a facilidade da pequena empresa em lançar

produtos inovadores, devido à sua força de atuação regional e baixa complexidade

funcional, por outro, a ausência de planejamento e investimentos, o baixo nível de

organização, a falta de orientação para o mercado e de capacitação para o projeto,

impedem que se transforme a situação inovadora em vantagem competitiva.

Existem inúmeros problemas culturais internos nas empresas e demais fatores

negativos, que devem ser considerados, pois tornam o processo de mudança

extremamente difícil. Portanto, esse processo deve ser criteriosamente adequado às

características particulares de cada empresa, principalmente as MPE's, que geralmente

possuem uma cultura tradicionalista muito arraigada, por sua característica de gestão

centralizada. A estratégia do design favorece o rompimento dessas e de outras

barreiras, por diversas características, entre elas, o poder de persuasão do bom design e

a fácil adaptação às estruturas organizacionais simples das MPE's.

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1.5. Justificativa

A execução dessa pesquisa justifica-se pela importância das MPE's para a

economia local, regional e nacional devido à sua presença majoritária em diversos

setores. O papel das MPE's é de extremo significado na economia mundial, conforme

o quadro a seguir, que mostra a participação das pequenas empresas na economia de

alguns países desenvolvidos em comparação com o Brasil, embora os critérios que

classificam as MPE's variem de um país para outro:

Tabela1. O papel das MPE's na economia mundial

País No. de MPE's (%) Empregos (%) Contribuição das MPE's ao PIB (%)

França 99,9 69,0 61,8

Alemanha 99,7 65,7 34,9

Japão 99,5 73,8 57,0

Estados Unidos 99,8 53,1 48

Brasil (SEBRAE, 1995) 89,6 79,5 21

Fonte: Globalization of Economic Activities and the Development of SME's (1996) (apud CANDIDO,2000)

Em todos os países relacionados, a quantidades de MPE's é maioria absoluta e

sua participação no quadro de empregos é muito expressiva. Nota-se em países como a

França, Japão, Portugal e Espanha, uma participação no PIB (Produto Interno Bruto)

superior a 50%. Nos demais países relacionados, sua participação no PIB é

considerável. No Brasil, embora número de MPE's seja maioria e a quantidade de

empregos gerados seja considerável, sua participação no PIB é muito baixa quando

comparada aos outros países, o que pode denotar ineficiência, baixa competitividade,

mas também uma baixa distribuição de renda no país.

Toledo (1994) aponta dois fatores são determinantes para a capacidade

competitiva das empresas: o lançamento de novos produtos e a melhoria de produtos

existentes. Ambos caracterizam o desenvolvimento de produto, que vem se firmando

como o principal elemento no contexto econômico atual, caracterizado pela intensa

concorrência em nível global, pela emergência de mercados fragmentados, com

consumidores cada vez mais sofisticados e exigentes, por mudanças tecnológicas mais

rápidas, diversificadas e transformadoras e ainda, por exigências legais mais rigorosas.

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1.6. Hipóteses

Uma das principais bases para a atividade projetual em todas as etapas

metodológicas, ão as técnicas de desenho. Pelas características das MPE's, o desenho

também é o processo mais adequado à sua estrutura e capacidade de desenvolvimento,

por ser capaz de produzir resultados com a máxima eficiência a um custo acessível,

desde que implantado de forma consciente, amparado por um diagnóstico

particularizado das reais limitações e possíveis aspectos favoráveis à implantação da

estratégia do design.

1.7. Metodologia

O desenvolvimento da pesquisa se dará em três etapas distintas. A primeira

consiste numa fundamentação teórica promovida pelo resgate das bases históricas e

conceituais do processo de desenho e representação gráfica e da metodologia de

projeto. Num segundo momento, serão estabelecidos os meios de se efetivar a

aplicação dos conceitos teóricos apontados anteriormente e análise das implicações

práticas perante a compreensão da realidade das Micro e Pequenas Empresas. Por

último, será realizada uma avaliação das condições para adoção de uma estratégia

voltada ao desenvolvimento de novos produtos, em duas empresas de pequeno porte

visando a possibilidade de implementação experimental de tal estratégia.

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2. Histórico da Representação Gráfica e do Projeto

Neste capítulo será mostrado como o desenho e as representações gráficas

acompanharam a evolução tecnológica ao longo dos tempos, destacando sua

importância neste processo. Desde a Grécia antiga até os dias atuais, passando pelos

períodos do Renascimento, da Revolução Industrial e da Bauhaus; o desenho se mostra

como ferramenta básica de desenvolvimento de todo tipo de projeto construtivo, mas

sujeito a uma profunda revisão com o advento dos meios eletrônicos de produção de

desenhos.

Através dos tempos, o desenho sempre foi parte importante em qualquer

processo projetual. Porém, atualmente está em curso uma verdadeira revolução no

processo de projeto de produtos como nunca visto antes, através do uso de

computadores. É difícil antecipar os efeitos desta revolução a médio e longo prazo, por

haver uma quantidade enorme de variáveis a se considerar, além disso as ferramentas

computacionais vão muito além de um simples auxílio na representação.

O efeito imediato dessa tecnologia, sem dúvida alguma foi a considerável

redução no tempo de desenvolvimento de projetos e conseqüentemente o aumento na

qualidade e precisão dos mesmos. Entretanto, Borges (apud NAVEIRO, 2001) afirma

que “para um projetista ser um bom operador de CAD1, não se pode desprezar o

aprendizado de elaboração de projetos no sistema tradicional”.

De fato, historicamente o desenho sempre acompanhou o desenvolvimento

tecnológico. Resgatar o desenho sob o ponto de vista histórico pode ajudar a

reconhecer a importância deste na atividade de projeto, nos dias atuais e num futuro

próximo, apesar da revolução da informática estar em pleno curso.

2.1. Primeiros desenhos

Os primeiros desenhos elaborados com o intuito de planejamento e antecipação

de uma construção nasceram com os trabalhos de arquitetura, devido à complexidade

deste tipo de obra. Uma das primeiras evidências disto data de 2450 a.C., trata-se de

uma placa de pedra com desenhos gravados, posicionada no colo de uma estátua, que

1 CAD – Computer Aided Design (Projeto Auxiliado por Computador)

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lembram uma planta arquitetônica. A estátua em bronze, denominada “O Arquiteto”,

representa o Rei sumério Gudea (Figura 1), foi encontrada na região da antiga

Babilônia e mostra a existência de um nível de desenvolvimento tecnológico razoável,

somado a um bom conhecimento da geometria.

Figura 1. Estátua do Rei Gudea de Lagash e detalhe do desenho sobre suas pernas Fonte: BARRIS (s/d).

Pode-se supor que era prática comum a elaboração de desenhos pelos arquitetos

daquela época, pois neste período realizaram-se grandes obras arquitetônicas e os

princípios da geometria, que eram conhecidos também pelos egípcios, ainda que de

forma empírica, estão implícitos nestas obras. Mais tarde, os conhecimentos da

geometria foram transferidos aos gregos que enfim, realizaram a sistematização deste

conhecimento, culminando na obra “Os Elementos” de Euclides (300 a.C.).

Na antiga Grécia havia forte desenvolvimento científico, o que pode explicar as

grandiosas obras arquitetônicas, dos templos às fortificações. Fica difícil acreditar,

assim como nos templos egípcios, que elas foram realizadas sem qualquer estudo

prévio através de desenhos e maquetes, embora não tenham sido encontrados até hoje,

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qualquer vestígio de tais desenhos. Zocco (2001) atribui este fato à aversão pelas

“ciências aplicadas” daquele período clássico. Arquimedes, considerado o pai da

mecânica, e seus seguidores, sofriam um terrível preconceito por pregarem que a

ciência não é um fim em si mesma e deveria ser aplicada para a satisfação das

necessidades humanas. Plutarco chegou a considerá-los “culpados por converter a

magnífica e imaterial ciência da geometria no mundo corrupto do trabalho

mecânico”. Mesmo discriminado, Arquimedes desenvolveu mais de quarenta

inventos, considerados revolucionários para a época, como a roda dentada e a rosca

sem fim.

Mesmo sem registros, o conhecimento técnico dos gregos teve continuidade

com os romanos. O arquiteto romano Vitruvius (~27 a.C.), descreveu em sua obra “De

Architetura” alguns capítulos sobre materiais, geometria euclidiana, estilos

arquitetônicos e astronomia, constituindo a base de toda a tecnologia romana (Figura

2). Outro conhecimento dos gregos negligenciado, é a representação em perspectiva.

Não é possível afirmar que eles já conheciam os princípios teóricos da perspectiva

exata, pois se conhecem apenas os tratados de Apolônio (240 a.C.) sobre seções

cônicas, sem relação aparente sobre a prática do traçado em perspectiva. Porém,

Vitruvius descreve o amplo uso de perspectivas nos cenários dos teatros gregos e nos

afrescos de Pompéia, sem no entanto relatar o processo de traçado utilizado.

Do período do império romano pode-se destacar incríveis avanços na técnica de

construção de aquedutos, estradas e obras arquitetônicas colossais, podendo se supor o

amplo uso do desenho. Em 97 d.C., Sextus Julius Frontinus descreve na sua obra “De

Aquarum urbis Romae” todo o sistema hidráulico de Roma. Naquela época, existiam

591 fontes públicas em Roma. (Netto, 1984).

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Figura 2. Desenho típico de Vitruvius fonte: http://ccat.sas.upenn.edu/george/vitruvius/VIT03.GIF

2.2. Idade Média Após a queda do império romano, sucedeu-se longo período de estagnação da

Europa, caracterizado por muitas guerras, falta de mercado e comércio com outros

continentes. Não há registro de desenvolvimento tecnológico significativo amparado

por desenho técnico naquele continente, do qual deriva a cultura ocidental. Isso pode

ser explicado pelo fato de que as obras e artefatos eram produzidos por artesãos,

pedreiros e carpinteiros, cujo conhecimento era transmitido do mestre para o aprendiz,

oralmente, sem que se fizesse uso de escolas especializadas ou qualquer registro

escrito ou desenhado. O ambiente de aprendizado eram as próprias oficinas e os

canteiros de obras, seguindo o simples princípio da imitação (ensinar fazendo -

aprender imitando).

Os artesãos da Idade Média diferenciavam-se dos arquitetos antigos por não

demonstrarem possuir conhecimentos científicos de geometria, nem o hábito de

registrarem suas criações e o conhecimento desenvolvido em suas obras. Executavam-

nas como haviam aprendido com seu mestre e assim sucessivamente, com pequenos

avanços obtidos empiricamente. Assim, o progresso era demasiadamente lento.

Uma das prováveis razões da ausência de registro dos “segredos” da atividade

era a de evitar concorrentes naquela atividade específica. Isso garantia proteção e

domínio em determinada especialidade, porém impedia que outros artesãos

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incorporassem prováveis inovações e a aperfeiçoassem. A baixa complexidade da

maioria dos objetos aliada à alta especialização em um único material permitia que

todo conhecimento para executá-lo fosse armazenado na memória. Mas em alguns

casos verifica-se a existência de alguns desenhos realizados na parede e no chão das

oficinas, à semelhança de projeções diédricas. Com isso se preservariam algumas

dimensões e detalhes construtivos de móveis, possibilitando uma certa uniformidade

da produção, que em alguns casos já apresentavam algumas características de

produção em série.

Em torno do século XII, as construções de grandes obras, geralmente catedrais,

eram realizadas por grupos altamente especializados, subordinados a um mestre, onde

a hierarquia e a distribuição de funções era claramente definida. Chamadas de

Bauhütten (WICK, 1989), estas comunidades de trabalho reuniam diversas

especialidades de artesãos, mas o trabalho individual era absolutamente dependente

das exigências do trabalho artístico coletivo.

Ao final da Idade Média, alguns artesãos passaram a realizar pequenos esboços

das suas idéias em pequenos papéis, pedaços de madeira, ou em placas de barro, o que

foi considerado uma inovação e representou um avanço para a época, marcando o

início de uma nova cultura tecnológica (ZOCCO, 2001). No século XI, os “pedreiros e

carpinteiros” mais dotados construíram esplêndidas catedrais, porém com métodos

arcaicos. Existem registros em tetos arqueados desta época onde são evidentes

especificações prévias de detalhes e cálculos técnicos utilizados posteriormente, em

sua construção. Surge então o uso do desenho caracterizando por antecipação o objeto

representado. (SILVA, 2001).

Um pioneiro desta nova cultura foi Villard de Honnecourt (cerca de 1245), que

se destacou como arquiteto-engenheiro na sua época, mas seu feito mais notável foram

suas anotações com desenhos e cálculos com base na triangulação e quadratura de

abóbadas, desenhos e elementos de mecânica e ainda, um capítulo sobre geometria

(Figura 3).

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Figura 3. Páginas típicas do caderno de anotações de Honnecourt fonte: Woodrow (2000)

Na mesma época foi dado o passo inicial para a retomada da investigação

científica pelo inglês Roger Bacon (1214-1294), que através das suas investigações do

passado e raciocínio lógico, previu diversos avanços tecnológicos chegando a imaginar

várias máquinas que seriam construídas no futuro. Bacon rechaçava a idéia corrente de

que a ciência fosse perfeita e que o conhecimento seria o mesmo para sempre, como

era considerado no passado. Com esta postura foi contra o establishment, chegando a

ficar um longo período encarcerado.

Outra revolução tomava forma através da pintura com a (re) descoberta do

desenho em perspectiva. Ainda que apenas nas artes, o desenho começava a retratar os

objetos com realismo. A introdução da perspectiva se deu pelo pintor florentino Giotto

di Bondane (1266-1337), embora os princípios matemáticos da perspectiva fossem

formulados somente no século seguinte. O processo do renascimento científico e

cultural desencadeou-se a partir de então, principalmente com a emancipação do

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indivíduo das rígidas normas sociais e espirituais, mas também pela mudança do

ambiente de ensino-aprendizado, que passou gradualmente das oficinas para as

academias, fundadas especialmente para esta finalidade, por volta do século XIV.

(WICK, 1989).

2.3. O Renascimento A partir de 1400, floresceram por toda a Europa inúmeros livros e tratados a

respeito de Arquitetura e Mecânica. A maioria tratava de máquinas de guerra; alguns

eram repletos de desenhos e ilustrações, mas certos autores também se interessavam

por máquinas de uso civil.

Em “Tratado della pintura” de 1436, Leon Baptista Alberti descreve os sistemas

de representação com sólida base científica, apoiado pelas descobertas do importante

engenheiro e arquiteto Fillipo Brunelleschi (1377-1440) a quem é atribuída a

descoberta da convergência das linhas paralelas para um ponto de fuga, nos desenhos

em perspectiva. Brunelleschi também utilizava desenhos claros e precisos em projeção

ortogonal, para a execução das suas obras. Alberti e seu sucessor, Piero della

Francesca (1420-1492) foram responsáveis pela formulação da técnica da perspectiva

que dominou a pintura até o século XX. (SILVA, 2001).

Os desenhos de Brunelleschi demonstravam apurada técnica e beleza, refletindo

um pensamento comum na época, que segundo Silva (2001), as representações se

organizavam em dois sentidos:

(...) um sentido artístico, que pretendia representar na tela de forma

mais realista possível cenas e objetos tridimensionais; e um sentido

técnico de aplicação prática, em que se pretendia representar em

desenho, objetos, edifícios, fortificações, com tal rigor que fosse

possível depois, com base nele, fabricar ou construir efetivamente

estes objetos e edifícios.

Dessa forma, os desenhos já apresentavam o sentido de simular a realidade,

antecipando todos os problemas construtivos e técnicos advindos da sua execução,

bem como a comunicação para terceiros das idéias e dos planos de construção. A

difusão das idéias, conhecimentos e inovações tornaram-se constantes, graças à

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enorme quantidade de publicações e escolas, o que provocou uma aceleração contínua

no progresso científico e técnico.

Um conjunto de obras de destaque neste sentido, foi elaborado pelos artistas e

engenheiros de Siena, Mariano di Iacopo (1381-1458) conhecido como “il Taccola” e

Francesco di Giorgio (1439-1501). Suas obras traziam consideráveis revisões dos

conhecimentos clássicos e desenhos das inovações tecnológicas, e garantiram a

continuidade das descobertas dos próximos séculos, pois foram muito difundidas.

Foram responsáveis também pela difusão da importância do desenho em todas as

atividades construtivas (ZOCCO, 2001).

Por deixar uma grande quantidade de registros científicos, Leonardo da Vinci

(1452-1519) tornou-se figura de destaque do período do Renascimento. Suas valiosas

contribuições à ciência, encontram-se em apurados desenhos e esquemas com elevada

precisão e esmero (Figura 4), pois possuía um talento inato para desenhar em

perspectiva.

Foi pioneiro na elaboração de perspectivas explodidas e demais desenhos de

construção, elevando pela primeira vez o desenho como uma importante e

indispensável ferramenta de comunicação técnica. Leonardo fazia com que se

entendessem suas mais ousadas intenções de forma inequívoca e exata. Alguns autores

atribuem o desenvolvimento desta habilidade ao fato da sua dificuldade de se

expressar em Latim, o idioma corrente no meio científico da época.

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Figura 4. Desenho de Leonardo da Vinci fonte: Biblioteca Ambrosiana, Milan

É possível notar outro aspecto nos desenhos de Leonardo - a sua utilização

como ferramenta para o raciocínio projetual. Alguns desenhos se mostram

incompletos, tendo na seqüência outros desenhos com um grau de definição maior, o

que demonstra que se buscava uma forma adequada através de vários esboços. Pode se

considerar portanto, que o desenho já era utilizado como suporte para o raciocínio e

também como extensão da memória de curto prazo, em atividades de projeto.

De uma forma geral, no período do Renascimento os profissionais tinham uma

formação diversificada, podendo atuar em diversas áreas. O ensino técnico era atrelado

ao ensino artístico das academias, incluindo estudos científicos de Geometria,

Perspectiva e Matemática, no entanto a arte e o artesanato continuavam pertencendo

ao modelo de ensino com mestres. Muitas academias surgiram em diversos pontos da

Europa e diversas áreas se desenvolveram paralelamente, mas foi a arquitetura e a arte

que constituíram a base de grande número de profissionais formados até meados do

século XVII. Ao final do período do Renascimento, passou a existir a diferença entre a

arte das academias, a arte e o artesanato das oficinas e a engenharia em geral e a

divisão das atividades profissionais passaram a ficar mais nítidas.

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2.4. Revolução Industrial

O início do século XVIII foi marcado por um desenvolvimento acelerado da

ciência e da tecnologia, somado às transformações sociais e econômicas motivadas em

parte pelo uso da força motriz do vapor para gerar riqueza. A primeira máquina a

vapor a obter sucesso econômico foi desenvolvida por Thomas Newcomen em 1712,

aplicando-a em minas de carvão, porém seu processo de construção ainda era

empírico. As primeiras máquinas a vapor tiveram influência do desenho arquitetônico,

pois apresentavam elementos que lembram colunas Dóricas e Jônicas na tentativa de

adorná-las, pois tinham aspecto visual negativo, chegando a receber a alcunha de

máquinas diabólicas. Nesse período, com o uso crescente de novos materiais e o

desenvolvimento da indústria e da ciência, alteraram totalmente as relações

profissionais na elaboração de projetos.

A ampliação da utilização do vapor levou a um aperfeiçoamento dos

mecanismos por James Watt em 1769 (Figura 5), destacando-se a presença do

engenheiro e o projeto sistemático dos equipamentos. O aumento da complexidade dos

artefatos, com a inclusão da força motriz do vapor, tornou essencial o uso de um meio

mais preciso e de se representar os projetos. A Escola Politécnica da França (1791),

pioneira na formação de engenheiros, garantiu a capacitação de profissionais para

atuar neste mercado emergente, mas principalmente para servir aos propósitos

militares de Napoleão Bonaparte. Assim, o desenho ganhava racionalidade pelo

suporte do cálculo, caracterizando o surgimento da engenharia como é praticada nos

dias atuais.

A escola Politécnica também serviu de base para o desenvolvimento da

Matemática moderna e da criação do sistema métrico de pesos e medidas (19 de março

de 1791), disseminados por toda a Europa pela Revolução Francesa. Nesta escola, em

1796, Gaspard Monge, alegando tirar a nação francesa do domínio tecnológico das

outras nações 2, sistematizou a Geometria Descritiva e iniciou uma nova maneira de

comunicar e apresentar os objetos. Sua técnica foi aprofundada e aperfeiçoada por seu

discípulo Poncelet (1822), o qual formulou os teoremas e postulados da Geometria

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Projetiva. A importância da Geometria Descritiva pode ser ilustrada pelo fato de que

Napoleão a considerava segredo de Estado, sendo difundida por espiões e desertores.

Figura 5 - Desenho da máquina a vapor Watt – 1781 Fonte: http://www.history.rochester.edu/steam/thurston/1878/f27p104.gif

2.5. O Método de Monge

A Geometria Projetiva permitiu um avanço não só no campo do Desenho

Técnico e da representação dos objetos, mas foi precursora da matemática moderna.

Entre outros avanços, permitiu-se a representação dos objetos com precisão

matemática, tanto no campo figurativo como no descritivo, fornecendo à Indústria a

ferramenta ideal para o desenvolvimento em curso. A necessidade de manufaturar

peças intercambiáveis, a introdução do método de reprodução conhecido por

blueprinting e a economia proporcionada pelos desenhos, que dispensavam a

construção de inúmeros modelos, são fatores que contribuíram para a solidificação da

prática de execução de desenhos durante o projeto.

2 Da obra original de Monge, em Francês: "Tirer le nation française de la dépendence ou ele a été jusqu'a presént L'industrie étrangère".

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O sistema de projeções mongeanas mostrou-se como o método mais eficaz para

a realização de desenhos nos projetos, por agregar os requisitos básicos exigidos pelas

técnicas em desenvolvimento durante os séculos XVIII e XIX: precisão, exatidão das

formas, relações matemáticas no projeto. Consiste em transpor objetos tridimensionais

em planos bidimensionais, através de projeção paralela, o que garante a precisão das

medidas (Figura 6).

Figura 6. O método de Monge fonte: Enciclopédia Britânica

Muitos avanços em áreas diversas possibilitaram a solidificação da prática de

execução de Desenhos Técnicos. Da criação do sistema métrico (1791) ao

aperfeiçoamento do grafite para uso em desenhos por Conté (1795), as contribuições

em áreas diversas, da prática à teoria, dos materiais às técnicas, somadas à crescente

demanda da indústria por precisão, economia, simplicidade, severidade e restrição ao

essencial - exigências da máquina e qualidades inerentes à Geometria Descritiva -

completaram o ambiente propício ao assentamento do Desenho Técnico como

procedimento obrigatório em qualquer atividade de projeto e disciplina obrigatória em

qualquer curso de formação técnica.

Assim como a Revolução Industrial disseminou a divisão do trabalho, o projeto

também sofreu uma modificação, surgindo a profissão do desenhista e do engenheiro e

a divisão entre projeto e execução, ou seja, a separação definitiva entre arte e o

artesanato. O desenho simulava perfeitamente o objeto real e proporcionava a

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antecipação do seu funcionamento. A execução poderia ser feita por qualquer operário

em qualquer local, porém, a interpretação dos desenhos em projeções ortogonais

necessitava de treino além de não ser muito fácil e intuitiva.

Nesse sentido, os desenhos elaborados no século XVIII e XIX ainda continham

um elevado número de adornos, cores e sombreamento para facilitar o processo de

leitura. Somente com a popularização do conhecimento, com o aumento significativo

de escolas de engenharia, é que os desenhos passaram a perder os adornos e tornarem-

se mais simplificados. A ciência desenvolvida por Monge tem uma abrangência maior

que a simples aplicação técnica. Sua característica descritiva torna-o um veículo para

investigação da realidade ou da verdadeira natureza dos objetos industrializados,

quanto à sua dimensão e forma. Tal conceito vai de encontro ao método científico, por

ter o caráter de reduzir a incerteza relativa aos projetos. Sobre isso, o próprio Monge

adverte:

Esta arte tem dois objetivos principais. ... O primeiro é representar com exatidão os desenhos sobre duas dimensões os objetos que possuem três, e que são suscetíveis de uma determinação rigorosa. ...A partir deste ponto de vista é uma língua necessária desde ao homem genioso que concebe um projeto, aos que devem dirigir sua execução, e enfim aos artesãos que por si mesmos devem executar suas partes diferentes. ...O segundo objetivo da geometria descritiva é deduzir a descrição exata dos corpos tanto quanto se refere às suas formas quanto às suas posições respectivas. Neste sentido é um meio de investigar a verdade (Gaspard Monge).

2.6. Evolução e Aperfeiçoamento

Outra aplicação para o Desenho Técnico, não menos importante, é a

documentação e registro de patentes dos inventos. Por seu caráter comercial,

precisavam ser protegidos nos seus mínimos detalhes contra cópias ilegais. Aliás, a

documentação dos projetos também era a garantia da reprodutibilidade dos

equipamentos nos mínimos detalhes, por qualquer operário e em qualquer lugar com

condições técnicas suficientes.

O Desenho Técnico teve papel fundamental na elaboração de padrões e normas,

com a proliferação da tecnologia por toda a Europa e também a América, tornou-se

necessário estabelecer padrões internacionais que permitissem a intercambiabilidade,

ou seja, partes das máquinas devem se encaixar perfeitamente, mesmo que tendo sido

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feitas em locais diferentes, ou momentos diferentes. Assim, em meados do século XIX

os desenhos já continham informações sobre ajustes e tolerâncias.

Em 1839, Joseph Whitworth criou uma rosca para parafuso padronizada, tendo

em vista a disseminação da tecnologia por toda a Europa e alguns países da América.

Deu início então a um processo de padronização dos elementos de máquinas através

de normas e convenções que visavam facilitar a fabricação e baratear os custos de

produção. As técnicas construtivas relacionadas ao uso do ferro traziam em si a

necessidade de uma representação precisa das dimensões e formatos dos objetos, tanto

arquitetônicos como de uso cotidiano.

Ainda no século XIX, destaca-se como exemplo de padronização de elementos

e ampla utilização do desenho técnico, o pavilhão da exposição Industrial de Londres,

em 1851, conhecido como Palácio de Cristal (Figura 7) que se utilizou amplamente da

padronização de elementos, introduzindo o conceito de construção pré-fabricada e as

obras arquitetônicas como objeto (Pevsner, 1994). Em 1883 os fabricantes alemães

criam formatos normalizados de papel, dando início a um processo que culminou no

surgimento de diversos sistemas de normas, como a DIN, a ISO e outras, já no século

XX.

figura 7. O Palácio de Cristal

Fonte: http://soa.syr.edu/faculty/bcoleman/ARC523/images/crystalpalace/CP-connector.gif Desenho Técnico de detalhe padronizado de encaixe das estruturas (esq.); Esboço da fachada e corte do Palácio de Cristal (dir.)

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Com o surgimento das normas, tanto para execução dos desenhos como para a

fabricação das máquinas, estes passaram a ser entendidos em qualquer parte do mundo

e em qualquer idioma. A partir de então, os Desenhos Técnicos começam a perder a

quantidade excessiva de adornos (Figura 8), comuns até meados do século XIX, para

se tornarem mais codificados, limpos e práticos (Figura 9).

Tais características permanecem até os dias atuais, sofrendo pequenas

mudanças com o passar dos anos, de acordo com a tecnologia da época. A profissão de

desenhista passou a fazer parte da atividade de projeto e em 1857, Willians Binns

acrescentou a terceira vista aos desenhos, de modo a representar superfícies mais

complexas. O método de Monge previa originalmente, apenas dois planos de projeção

(PIPES, 1990).

Figura 8. Desenhos Técnicos do início do século XVIII. Observa-se a aplicação excessiva de adornos,

sombreamento e caligrafia manuscrita.

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Figura 9. Desenhos mais parecidos com os atuais, limpos e diretos.

Paralelamente ao desenvolvimento da Engenharia e da Arquitetura, onde se

destaca o uso de aço e vidro nas construções, uma reforma na formação artística

começou a se formar em meados do século XIX, o que ficou conhecido como o

movimento Artes e Ofícios, surgido da consciência da necessidade de se promover a

educação estética dos produtores e ao mesmo tempo, elevar o artesanato ao status de

arte para recuperar sua posição de mercado, ameaçado pelos produtos produzidos

mecanicamente. A (re)união da arte e artesanato e sua inclusão no processo mecânico

de produção foram aspectos negligenciados das tradicionais academias de ensino, ao

contrário da Escola de Artes e Indústria, fundada na Alemanha em 1868, onde se

pregava a primazia do arquiteto como mestre encarregado de influir na elevação da

arte industrial. Nas aulas dessa escola, buscava-se uma interpretação do livre aspecto

artístico e da finalidade condicionada na produção de um objeto que atendesse a uma

necessidade concreta, ou seja, uma junção do belo ao necessário (Wick,1989).

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Já no início do século XX, as escolas buscavam a reunião da arte livre das

antigas academias e os trabalhos criativos aplicados das novas escolas de arte. A

escola que mais se aproximou desta síntese foi a Bauhaus, fundada por Walter Gropius

em 1919, que entre diversos aspectos pedagógicos, destaca-se o resgate do artesanato

através da formação em oficinas. A Bauhaus teve profunda influência na estética do

objeto industrial e na arquitetura, fazendo-se sentir até os dias atuais. Foi responsável

pela criação e difusão do termo Design para nomear a atividade de configuração dos

objetos industriais e dos meios de comunicação.

No decorrer do século XX, a atividade de desenho foi definitivamente atrelada

ao projeto e rapidamente se chegou a um patamar de desenvolvimento semelhante ao

atual, principalmente pela padronização nacional e internacional com o surgimento de

normas específicas para desenho. Portanto, os desenhos de engenharia passaram a

conter um elevado grau de abstração com a inclusão de diversos tipos de simbologia,

onde somente “iniciados” em desenho técnico poderiam entender. Dessa forma, os

projetos que necessitavam transitar por setores onde não se conheciam os códigos

específicos, nem mesmo o processo de projeções ortogonais, passaram a ser

desenvolvidos com características realistas. Houve um retorno aos processos de

desenho anteriores à Revolução Industrial passando a existir como uma nova categoria

de desenhos de projetos, os desenhos de apresentação.

A perspectiva realista, ilustrações técnicas, “renderings” e outras formas de

apresentação de projetos, passaram a fazer parte do cotidiano dos designers. Os

desenhos de apresentação são elaborados para se comunicar de forma mais fiel e

convincente possível, o conceito do produto que está se desenvolvendo. Técnicas

artísticas são utilizadas para aumentar a expressividade do desenho e o poder de

convencimento. Entretanto para não haver ambigüidade na interpretação das formas,

também são utilizados os métodos de projeção ortogonal acrescidos de aspectos

volumétricos através da aplicação de sombras e texturas.

Somente nos anos 70 é que uma nova revolução nas técnicas de desenho

começou a se formar, com o advento dos programas de computador voltados à

execução dos desenhos. A princípio, o maior auxílio do computador foi no sentido de

automatizar tarefas repetitivas, facilitar modificações e organizar projetos. Mas essa

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ferramenta também torna o processo de construção geométrica das formas muito mais

fácil, acelera o ciclo de projeto, uma vez que unifica o processo de projeto, aumenta a

precisão dos desenhos e facilita a transmissão de informações entre os diversos setores

envolvidos no projeto, entre outros fatores.

2.7. Conceituações

As transformações no pensamento, iniciadas no século XVIII, pela transição de

um meio natural para um meio técnico, podem ser analisadas do ponto de vista do

desenho, como a passagem da representação natural do espaço - através da perspectiva

- para a representação através de projeções ortogonais, o que leva o observador ao

infinito. Isto implica em transformações do ponto de vista filosófico, pois se retira do

desenho a posição privilegiada do observador e o lança num espaço irracional, num

ponto impróprio ao desenho.

A desumanização do trabalho através da organização racional do trabalho, da

disponibilidade de energia, da mecanização da produção - resultado da Revolução

Industrial - levou a reflexos no processo de projeto, evidenciando a importância crucial

do desenho. Conseqüentemente, um produto não é mais apenas um exemplar e sim,

um conceito expresso por um projeto; é ele que determina sua qualidade e o torna um

produto, portanto o objeto é resultado do seu meio, seja natural ou técnico, fruto de

quem o produziu.

O Desenho contribuiu para o progresso da técnica e consequentemente para a

evolução dos objetos à medida em que se tornou ciência através da formulação da

Geometria Descritiva. O raciocínio projetual suportado pelo desenho conduz à

conclusão de que o avanço da técnica foi amparado pelo avanço do desenho como

ciência.

Nos dias atuais, as transformações ocorridas em função da revolução digital,

alteraram os meios de produção de novos produtos, desde o projeto até a produção. O

desenho, que desempenhou um papel fundamental durante a Revolução Industrial até

os dias atuais, também vem sofrendo transformações radicais, porém, sua importância

no processo de desenvolvimento e fabricação de produtos ainda é de extrema

importância, pois cumpre a função de documentação, comunicação e o mais

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importante, é uma ferramenta de estruturação do raciocínio projetual, sem o qual não

se obtém a eficiência funcional exigida pelos produtos e artefatos da atualidade.

Pode-se concluir que o desenho teve um papel fundamental no desenvolvimento

tecnológico por estar intrinsecamente ligado ao processo de projeto, desde os tempos

mais remotos. Os aspectos mais importantes desse processo podem ser resumidos da

seguinte forma:

Desenho como ferramenta de raciocínio: a atividade de desenhar, assim

como de projetar, são antes de tudo atividades mentais. Surgem primeiro as

idéias que depois são expressas principalmente através do desenho,

dependendo do tipo de projeto. Os objetos e mecanismos mais complexos

requerem um esforço maior do raciocínio lógico e diversos fatores são

processados simultaneamente. Assim, a expressão na forma de desenho

oferece um suporte para a memória de curto prazo, ao transferir as idéias para

o papel e cumulativamente promover alterações que facilitam a busca por

soluções.

Desenho como forma de evitar ambigüidades na comunicação:

normalmente o projeto é concebido e executado por pessoas diferentes, visto

como um trabalho de equipe, que requer uma maneira de promover a

comunicação entre os membros, sem ambigüidades. Em determinada fase do

projeto, somente o desenho pode garantir que o resultado final seja exatamente

como o planejado ou idealizado, tornando-se indispensável à partir de então.

Desenho como forma de transmissão de conhecimento: as informações

referentes aos projetos são registradas principalmente na forma de desenho,

entre outras formas de registro. Isto é fundamental para que a transferência dos

conhecimentos adquiridos no processo sejam transmitidos para as futuras

gerações. Nas empresas atuais, o conhecimento acumulado tem maior valor do

que o próprio patrimônio material.

Desenho como documentação: o caráter documental atribuído ao desenho

pode fornecer a proteção aos direitos autorais do projeto através do processo

de patente do mesmo, onde é fundamental a existência de um desenho técnico.

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Desenho como processo de solução de problemas: tanto a geometria plana

como a descritiva, fornecem uma base teórica e matemática para resolução de

problemas construtivos em todo tipo de projeto. Problemas de montagem,

aproveitamento de espaço, estruturação, entre outros, podem ser mais bem

resolvidos quando amparados pelo desenho.

Desenho como forma de simular a realidade: a simples execução de um

desenho pode prever os problemas que surgiriam na construção do produto

propriamente dito, reduzindo consideravelmente o custo de desenvolvimento

de projetos.

Desenho como forma de expressão: a concepção de um produto em equipe

requer a defesa de idéias por convencimento de diversos membros dessa

equipe, para garantir uniformidade de pensamento. Posteriormente, o

convencimento estende-se aos diversos setores da empresa. Além disso, o

resultado final quanto ao estilo do produto, é influenciado de certa maneira

pela capacidade de representação do desenhista, ou seja, pela expressão do

desenho.

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3. A Competitividade da Micro e Pequena Empresa

Neste capítulo, descreve-se as Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) em seus

aspectos principais, caracterizando a sua importância para a economia e para a

sociedade, suas potencialidades e dificuldades, mas principalmente, fundamentar a

hipótese de que as MPE’s podem e devem acrescentar o Design ao seu planejamento

estratégico.

Ao se analisar a realidade das MPE's, pode-se demonstrar que este tipo de

empresa possui ambiente propício e algumas vantagens em relação às grandes

empresas, quando se trata de produzir inovação e portanto, implementar o Design no

seu processo, com o objetivo de tornar-se competitiva. Além disso, ao se abrirem as

portas das MPE's para o Design, a oportunidade de emprego para profissionais recém

formados também aumenta consideravelmente, já que a procura por esta profissão tem

crescido nos últimos anos, ao contrário da oferta de emprego.

Muitas outras vantagens para a economia nacional podem ser obtidas através de

apoio às MPE's. No Brasil, a maioria das empresas são de porte pequeno, mas

proporcionalmente não são as que mais contribuem para o PIB (Produto Interno Bruto)

nacional (Tabela 2). Entretanto, com o desenvolvimento das MPE’s nos aspectos de

produtividade, rentabilidade, competitividade entre outros, o acréscimo ao PIB poderá

ser consistente e duradouro, independentemente de quantidade, devido aos seus

aspectos de diversidade, flexibilidade e sinergia.

3.1. Caracterização das MPE’s

Existem diversas maneiras de classificar uma empresa pelo porte, são muitos

critérios que podem ser usados. Segundo Longenecker (1997), os critérios podem

variar de acordo com o propósito, podendo ser conforme:

a) número de empregados;

b) volume de vendas;

c) valor dos ativos;

d) seguro da força de trabalho;

e) volume de depósitos;

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No entanto, Logenecker demonstra preferência em classificar as pequenas

empresas com os seguintes critérios:

- Financiamento obtido por um grupo pequeno ou um indivíduo apenas;

- Operações localizadas geograficamente;

- Comparando-se com as maiores empresas do mesmo setor; e

- Pelo número de empregados.

Tabela 2. O papel das MPE's na economia mundial

No. de MPE's Empregos Contribuição das MPE's ao PIB País

% % % França 99,9 69,0 61,8 Alemanha 99,7 65,7 34,9 Itália 99,7 48,9 40,5 Japão 99,5 73,8 57,0 Portugal 99,0 79,0 66,0 Espanha 99,9 70,5 70,6 Reino Unido 99,9 66,0 33,3 Estados Unidos 99,8 53,1 48,0 Brasil (SEBRAE, 1995)

89,6 79,5 21,0

Fonte: Globalization of Economic Activities and the Development of SME's(1996) apud CANDIDO (2000).

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE

(1998), adota a classificação do porte das empresas pelo número de empregados e pelo

faturamento bruto anual, conforme tabelas 3 e 4. Para efeito de convenção, esse será o

critério utilizado neste trabalho, uma vez que a maior parte dos dados estatísticos deste

estudo, provém da base de dados do SEBRAE.

Essa base de dados não possui classificações pormenorizadas das MPE's, por

não existir um critério mensurável que determine, por exemplo, o nível de

desenvolvimento tecnológico, imprescindível para este estudo. A diferenciação das

empresas espontâneas ou artesanais, das tecnológicas, é possível obter-se de forma

aproximada pela análise das práticas de gestão e estratégias adotadas por estas e pelas

áreas de atuação.

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Tabela 3. Classificação das MPE's segundo o número de empregados

Empregados

Porte Comércio e Serviços Indústria

Microempresa até 09 empregados até 19 empregados

Empresa de Pequeno Porte de 10 a 49 empregados de 20 a 99 empregados

Empresa de Médio Porte de 50 a 99 empregados de 100 a 499 empregados

Empresa de Grande Porte mais de 99 empregados mais de 499 empregados Fonte: SEBRAE (classificação utilizada pela área de Pesquisas do SEBRAE)

Tabela 4. Classificação das MPE's segundo o faturamento bruto anual

Porte Faturamento Bruto Anual

Micro empresa Até R$ 244.000,00

Empresa de Pequeno Porte de R$ 244.000,00 a R$ 1.200.000,00 Fonte: SEBRAE (Lei Federal no. 9.841, de 05/10/99 - Estatuto da Micro e Pequena Empresa)

3.1.1. Caracterização das MPE’s no Estado de São Paulo

É necessário quantificar a presença das MPE's na economia do estado de São

Paulo e na Região de Bauru através do número de estabelecimentos e número de

empregados e identificar os setores mais expressivos em que aparecem as MPE's. Os

dados que expressam esse panorama provém de pesquisas desenvolvidas pelo

SEBRAE.

Considerando o Estado de São Paulo como um todo, verifica-se que a Indústria

responde pela maior parte dos empregos gerados no setor formal da economia (40,7%

do total), seguida pelo setor de Serviços (34,1%) e pelo Comércio (16,2%). A despeito

da maior importância econômica da Indústria no Estado em termos de número de

empregados formais, quando se considera o número de estabelecimentos (variável que

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41

melhor expressa a presença das MPE's), verifica-se que a ordem dos setores se altera

substancialmente (Tabela 4). O Comércio responde por 36,6% dos estabelecimentos

formais existentes no Estado de São Paulo, os Serviços por 32,8% e a Indústria por

18,4%. Assim, apesar da maior importância da indústria para a economia do Estado

em relação à geração de empregos, são nos setores Comércio e Serviços onde estão

localizadas a maior parte dos estabelecimentos das MPE's (Tabela 5).

Com relação ao total de empregados, as indústrias que mais se destacam no

conjunto do Estado de São Paulo são a de construção civil, de alimentos e bebidas,

automobilística, metalúrgica de equipamentos, têxtil e química (Tabela 6) que, em

conjunto, respondem por cerca de 50% dos empregos formais gerados na indústria

paulista. Porém, as indústrias que apresentam um número maior de MPE's são as

indústrias de construção civil, vestuário, alimentos e bebidas, metalúrgica de não-

equipamentos, móveis e edição. Em conjunto, essas indústrias específicas respondem

por cerca de 60% do total de estabelecimentos industriais do Estado de São Paulo. São

consideradas áreas com forte potencial para aplicação do Design.

Tabela 5 – Distribuição dos empregados e dos estabelecimentos formais no Estado de São Paulo, por setores de atividade

Setores Empregados (%)

Estabelecimentos (%)

Indústria 40,7 18,4

Serviços 34,1 32,8

Comércio 16,2 36,6

Outros 9,0 12,2 Fonte: adaptado de SEBRAE (1998)

As principais diferenças entre as variáveis emprego e estabelecimentos se

devem às indústrias automobilística, de máquinas e equipamentos, química e têxtil,

que apresentam grande participação no número de empregados formais do Estado.

Entretanto essas indústrias não aparecem entre os 6 segmentos com maior número de

estabelecimentos, o que denota a elevada incidência de indústrias de grande porte

nestes segmentos.

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Tabela 6 – Principais segmentos da Indústria em SP – Empregos

Segmentos Empregos

Construção civil 13,4 % Alimentos e bebidas 10,5% Automobilística 7,8% Metalúrgica de equipamentos 6,3% Têxtil 6,3% Química 5,8% Outros 49,9% TOTAL 100,0%

Fonte: SEBRAE (1998)

Tabela 7 – Principais segmentos da Indústria em SP - Estabelecimentos

Segmentos Estabelecimentos

Construção civil 21,6% Vestuário 12,2% Alimentos e bebidas 8,3% Metalúrgica de não-equipamentos 7,2% Móveis 6,1% Edição 5,0% Outros 39,6% TOTAL 100,0%

Fonte: SEBRAE (1998)

Embora a maior parte dos empregados formais no Estado de São Paulo esteja

alocada na Indústria, são nos setores do Comércio e Serviços que está o maior número

de MPE's. Em conjunto, os setores de Comércio e Serviços respondem por quase 70%

do total de estabelecimentos formais existentes no Estado de São Paulo. Embora o

foco deste trabalho esteja nas MPE's industriais, vale notar que nestes setores, o

Design também se mostra estratégico, uma vez que pode ser responsável pela

configuração da comunicação visual com o cliente, fornecedores e comunidade em

geral.

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Assim, nem sempre os setores em que existe uma presença significativa de MPE's

são os que determinam o perfil econômico das regiões analisadas na pesquisa do

SEBRAE. Em algumas regiões o que determina o perfil econômico regional são as

grandes e médias empresas.

Na pesquisa desenvolvida pelo SEBRAE, pode-se verificar pelo menos três

padrões diferentes em termos de perfil econômico regional. Um primeiro padrão

aparece nas Regiões de Governo de São Paulo e de Campinas, maiores mercados

consumidores do Estado e tem as seguintes características principais:

a- grande aglomeração de empresas.

b- estrutura produtiva completa e variada.

c- presença de grandes empresas na indústria (em especial nos setores

automobilístico, químico e de máquinas e equipamentos).

d- presença das MPE's nas indústrias da construção civil, têxtil, vestuário e

metalurgia (não-equipamentos).

e- presença das MPE's é forte também no comércio varejista e nas diversas

atividades de apoio do setor de Serviços.

O segundo padrão observado, em que Bauru está enquadrado, diz respeito às

regiões onde há a presença das MPE's nos setores que caracterizam a especialização

regional. Também atuam no comércio varejista e em diversas atividades de apoio do

setor Serviços e apresentam as seguintes características:

a- nível menor de aglomeração de empresas,

b- vocações econômicas muito fortes em setores específicos, em torno dos quais

giram boa parte das atividades dessas regiões.

Fazem parte deste grupo as seguintes regiões:

- Franca e Araçatuba (com especialização na indústria do couro),

- Araraquara, Barretos e São João da Boa Vista (agropecuária),

- São José dos Campos (automobilística, material eletrônico e transportes),

- Votuporanga (indústria de móveis),

- Ourinhos, Ribeirão Preto e Bauru (cultura de cana e indústria de alimentos e

bebidas),

- Marília (cultura do café e indústria de alimentos e bebidas),

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- Santos e Caraguatatuba (comércio e serviços),

- Itapeva (exploração florestal e mineral).

Um terceiro e último grupo de regiões, apresenta um perfil intermediário entre os

dois tipos de regiões citados anteriormente. As regiões deste terceiro grupo possuem

as seguintes características:

a- apresentam algumas especializações setoriais, porém, menos marcantes que as

regiões do item anterior.

b- apresentam estruturas produtivas variadas.

Podemos citar nesse grupo as seguintes regiões de Governo:

- Sorocaba e Jundiaí (com alguma especialização na metalurgia),

- Piracicaba (indústrias de máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas),

- São Carlos (máquinas e equipamentos, alimentos e bebidas e cultura da cana),

- Botucatu (agropecuária e indústria da madeira),

- Guaratinguetá (indústria química),

- Registro e Presidente Prudente (agropecuária);

- São José do Rio Preto (indústria de móveis e agropecuária).

Por último, pode-se dizer que, em todas as regiões analisadas na pesquisa do

SEBRAE, as MPE's aparecem complementando a estrutura produtiva local. Além

disso, independentemente das especializações de cada região específica, a presença das

MPE's é comum em um grande conjunto de atividades que não exigem escalas de

produção muito elevadas. Um resumo dessas atividades é apresentado no Quadro 01.

Quadro 1 – Atividades mais comuns das MPE's Industriais no Estado de São Paulo, por setor de atividade

- Construção; - Vestuário e acessórios; - Alimentos e bebidas; - Produtos de metal; - Móveis; - Edição e impressão;

- Produtos de minerais não-metálicos - Artigos de borracha e plástico; - Produtos têxteis; - Máquinas e equipamentos; - Produtos químicos; - Artefatos de couro.

fonte: SEBRAE (1998).

3.1.2. Caracterização das MPE’s na região de Bauru

Os setores mais importantes na Região de Bauru são a Indústria e os Serviços,

cada um com cerca de 31% do total de empregados formais da região. Na Indústria, os

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segmentos de alimentos e bebidas e construção civil se destacam, respectivamente com

9,8% e 4,2% do total de empregados formais da região. Estes também se destacam

como os segmentos com maior número de estabelecimentos industriais e, portanto, de

Micro e Pequenas Empresas do setor industrial (Tabela 8).

Tabela 8 – Perfil Econômico da Região de Governo (RG) de Bauru3

INDÚSTRIA

Empregados Estabelecimentos

Principais divisões CNAE4 % na RG QL5 Principais divisões CNAE % na RG QL6

1 ind. alim. beb. 9,8 2,3 1 Ind. const. civil 4,6 1,2

2 ind. const. civil 4,2 0,8 2 Ind. alim. beb. 1,9 1,3

3 eletr. gás água 2,1 2,9 3 Ind. móveis 1,1 1,0

4 ind. máq. equip. 1,6 0,6 4 Ind. vestuário 1,1 0,5

(II) Total Indústria 31,0 0,8 (II’) Total Indústria 16,1 0,9

COMÉRCIO

Empregados Estabelecimentos

Principais classes CNAE % na RG QL Principais classes CNAE % na RG QL

1 supermercados 2,2 1,5 1 Var. diversos 6,6 1,4

2 var. vestuário 1,5 1,3 2 Var. vestuário 4,4 1,1

3 var. diversos 1,5 1,1 3 Var. mat. constr. 3,9 1,4

4 atac. art. escrit. 1,5 10,0 4 Prod. farma/perfum. 2,9 1,2

(III) Total Comércio 18,3 1,1 (III’) Total Comércio 42,9 1,2

SERVIÇOS 7

Empregados Estabelecimentos

Principais divisões CNAE % na RG QL Principais divisões CNAE % na RG QL

1 transp. Terrestre 8,6 1,8 1 Saúde/serv. sociais 5,0 1,2

2 serv. Prest às empr. 6,4 0,7 2 Aloj./alimentação 4,4 0,8

3 saúde/serv. sociais 4,0 1,0 3 Serv. prest às empr. 4,4 0,7

4 interm. financeira 3,6 1,1 4 Transp. terrestre 2,5 1,1

(IV) Total Serviços 30,9 0,9 (IV’) Total Serviços 27,4 0,8

(V) Ignorados 4,8 - (V’) Ignorados 2,8 -

Total Geral 100,0 - Total Geral 100,0 - Fonte: SEBRAE, 1998 – elaborado à partir da RAIS/94 – Ministério do Trabalho.

3 Municípios da RG de Bauru: Agudos, Arealva, Avaí, Balbinos, Bauru, Borebi, Cabrália Paulista, Duartina, Iacanga, Lençóis Paulista, Lucianópolis, Macatuba, Pederneiras, Pirajuí, Piratininga, Presidente Alves, Reginópolis e Ubirajara. 4 CNAE: Classificação Nacional das Atividades Econômicas 5 Quociente de Localização de Empregados = (% empregados no setor na RG ÷ % empregados do setor no Estado de SP). Ver apêndice 1. 6 Quociente de Localização de Estabelecimentos = (% estabelecimentos no setor na RG ÷ % estabelecimentos do setor no Estado de SP). 7 Exclusive serviços de administração pública

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Em relação às MPE's, com base no número de estabelecimentos existentes na

região, excluindo-se o setor agropecuário, pode-se dizer que sua presença tende a ser

maior no comércio (42,9% dos estabelecimentos da região), em especial no comércio

varejista, nas indústrias da construção civil e de alimentos e bebidas, nas unidades

rurais de produção mista (lavoura/pecuária), nos serviços de saúde, de alojamento e

alimentação e nos serviços prestados às empresas (SEBRAE, 1998).

Embora a região de Bauru possua presença maciça de MPE's no comércio

varejista e de serviços, não deixa de ser importante focar este estudo na indústria, que

é expressiva quanto ao número de pessoas por ela empregadas e muito significativa

para a economia do Estado. Nota-se em Bauru, o mesmo padrão do Estado de São

Paulo com relação aos setores que concentram maior quantidade de MPE's. Contudo,

não é possível incluir nos objetivos deste trabalho, o desenvolvimento de metodologias

para a implantação do Design Estratégico no comércio, por divergências muito

significativas em relação às estratégias empregadas por estes setores da economia.

É possível concluir que existe compatibilidade dos setores da atividade industrial

em relação à atividade de Design,. Em outras palavras, as atividades econômicas

principais do Estado de São Paulo (Quadro 1) e da Região de Bauru (Tabela 8), são

áreas típicas para a implantação do Design. Analisando-se a Região de Bauru, apenas

como ilustração, temos o seguinte quadro de possibilidades, para as três principais

atividades industriais:

- Indústria da construção civil: Design de acessórios para Banheiros;

Esquadrias, portas e janelas; Componentes padronizados em concreto;

Acessórios de lazer (piscinas em Fiberglass, churrasqueiras em alvenaria,

etc.); Interiores de um modo geral; etc.

- Indústria de alimentos e bebidas: Caracteriza-se principalmente pelo design

de embalagens, muito amplo por si só, mas que pode ser maior ao

considerar-se, por exemplo, o projeto da forma do próprio alimento, o

formato das massas alimentícias, etc.

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- Indústria de Móveis: Setor igualmente amplo, dispensa exemplos. Hoje é

visto como um dos setores com maior possibilidade de expansão e

exportação, desde que haja investimentos em design.

Portanto, os dados apresentados neste tópico, apresentaram o panorama geral da

atuação das MPE's no Estado de São Paulo e em Bauru. Assim, demonstra-se a

importância desse tipo de empresa para a economia do Estado e do País, e caracteriza

os setores de maior expressão.

Embora a implantação do design na empresa não dependa da sua área de atuação,

o design praticado na região poderia ser relacionado às áreas de maior expressão por

uma questão de concentração de especialidades. Torna-se imperativo criar uma

estratégia que fortaleça as MPE's , pois assim se fortaleceria a economia nacional,

estadual e local. O Design pode ser a estratégia adequada para esse objetivo, porém,

poucas indústrias o adotam ou sequer o desenvolvimento constante de novos produtos

como estratégia competitiva, conforme a pesquisa apresentada a seguir.

3.2. Estratégias competitivas utilizadas na indústria As indústrias de um modo geral, adotam estratégias de atuação no mercado,

mas poucas consideram o desenvolvimento de produto em suas estratégias. Segundo o

SEBRAE (1996) as estratégias competitivas da indústria são bastante diversificadas.

Utilizadas em alto grau por metade ou mais das empresas destacam-se três estratégias:

1) aumentar o atendimento às necessidades dos clientes;

2) assegurar a produção dentro das especificações técnicas; e

3) melhorar a utilização dos insumos.

Embora não seja citado o Design entre as três principais estratégias

competitivas, estas são diretamente relacionadas às práticas básicas do Design, mas

consideradas isoladamente não podem ser assim compreendidas. Agregando-se o

Design à estratégia competitiva da empresa, as três estratégias mais utilizadas passam

a ser automaticamente incorporadas.

Outras estratégias também podem ser mais eficientes ou até dependentes do

Design, como por exemplo atuar no mercado externo, desenvolver instrumentos de

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propaganda e marketing, e aumentar ou diminuir o número de linhas de produtos, mas

são relativamente poucas as empresas interessadas nestas estratégias (Tabela 9).

Tabela 9. Natureza das Estratégias competitivas da Indústria (%)

Porte A b c d E f g h i j k l Micro 32 36 26 44 65 48 25 22 3 13 4 11 Pequenas 25 36 33 57 61 49 19 12 2 21 8 10

Fonte: Elaboração própria adaptado de BNDES/CNI/SEBRAE (1995) Observação: Questão permite múltiplas respostas Legendaa. Diminuir o preço; b. Reduzir o prazo de entrega; c. Elevar a eficiência da assistência técnica; d. Assegurar a conformidade dos produtos às especificações técnicas; e. Aumentar o atendimento às necessidades dos clientes; f. Melhorar a utilização dos insumos; g. Lançar novos produtos com maior freqüência; h. Aumentar o número de linhas de produtos; i. Diminuir o número de linhas de produtos; j. Desenvolver o conteúdo tecnológico; k. Atuar no mercado externo; l. Desenvolver instrumentos de propaganda e marketing.

3.2.1. Técnicas, métodos e programas de gestão da produção

A maior parte das técnicas, métodos e programas pesquisados pelo SEBRAE

não é utilizada pela maioria das empresas. Entre as mais difundidas estão a gestão pela

qualidade total, planejamento estratégico, utilização de equipamentos automáticos,

terceirização e multifuncionalidade (Tabela 10).

Tabela 10. Utilização de técnicas, métodos e programas de gestão da produção (%) Porte a b c d e f g h i j l m n o p q Micro 18 14 5 28 28 12 5 5 11 5 5 5 7 6 12 23 Pequenas 25 21 10 29 29 16 11 12 16 12 9 11 9 9 18 31 Médias 31 29 20 37 34 36 24 32 24 24 13 19 23 22 31 43 Grandes 58 49 48 60 41 52 35 50 22 35 19 23 43 43 52 67

0

10

20

30

40

50

60

70

a b c d e f g h i j k l

Micro

Pequenas

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Fonte: Elaboração própria adaptado de BNDES/CNI/SEBRAE – 1995 Nota: Questão permite múltipla respostas

Legenda: a. Gestão da qualidade total; b. Controle estatístico de processo; c. ISO 9000; d. Multifuncionalidade; e. Redução do "Lead time"; f. Terceirização; g. Manufatura assistida por computador – CAM; h. Projeto assistido por computador – CAD; i. Sistema ABC de custeio (custo baseado em atividade); j. Uso de mini-fábricas / rearranjo em células; l. Engenharia simultânea; m. Reengenharia; n. Uso de "Benchmarking"; o. Programas de P&D; p. Programa de gestão ambiental; q. Planejamento estratégico

3.3. Importância da incorporação do Design ao Planejamento Estratégico

As Micro e Pequenas Empresas (MPE’s) representam um papel significativo na

economia do país. A capacidade de gerar postos de trabalho rapidamente, entre outros

fatores, tornam as MPE’s uma alternativa para economias em desenvolvimento e fonte

de vitalidade para economias industriais desenvolvidas (OLIVEIRA, 2001). Além

disso, representam elevado grau de diversidade, fator benéfico para economias

regionais, e ainda, são mais flexíveis às mudanças.

Entretanto, no ambiente econômico atual de alta competitividade, as MPE’s são

constantemente ameaçadas por situações que normalmente não ameaçariam a maiorias

das médias e grandes empresas. Tal fato é demonstrado pela elevada taxa de falências

observada entre as MPE’s nos três primeiros anos de existência. Segundo o SEBRAE

(1999), na média do Estado de São Paulo, a taxa de mortalidade (falência) das

empresas com 1 ano de atividade é de 35% e, em termos acumulados, é de 46% no

segundo ano e 56% no terceiro ano. Isso implica dizer que 3 anos após sua

constituição, cerca de 44% das empresas paulistas continuam em atividade. Esses

0

10

20

30

40

50

60

70

a b c d e f g h i j l m n o p q

Micro

Pequenas

Médias

Grandes

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50

dados indicam também que, após o primeiro ano de atividade, as chances de a empresa

fechar são menores.

Em outra pesquisa mais recente, verificou-se que cerca de 71% das empresas

encerram suas atividades antes de concluírem o quinto ano de atividade. Projetando os

índices de mortalidade obtidos sobre a série histórica do número de empresas abertas

na Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP), chegou-se a uma estimativa de

1 milhão de empresas fechadas, entre 1990 e 2000, contra um total de 1,5 milhão de

registros de novas empresas no mesmo período.

As empresas do comércio são as que apresentam maior taxa de mortalidade,

cerca de 39% fecham antes de completar seu primeiro ano de atividade. Na indústria, a

mortalidade no primeiro ano de atividade atinge 32% das empresas. São números

bastante significativos, porém o impacto na sociedade sobre o fechamento de uma

MPE geralmente se limita apenas à sua região de atuação. Por outro lado, quando

ocorre o fechamento de uma grande empresa, o impacto pode ser de nível nacional ou

até mundial. Assim, nas economias baseadas em MPE's, as conseqüências são mais

facilmente diluídas, bem como outros tipos de danos sociais. Os principais fatores que

afetam a mortalidade são:

a) o tempo e a qualidade do planejamento feito antes da abertura,

b) a dedicação à empresa no primeiro ano do negócio,

c) A gestão do negócio (em especial a administração do fluxo de caixa),

d) a adaptação do produto/serviço às necessidades do mercado consumidor, e

e) a conjuntura econômica. (SEBRAE-SP, 2001).

Portanto, não investir em aperfeiçoamento de produto aparece como um dos fatores que em combinação com outros, podem determinar a falência da empresa. Esse fato pode ser parcialmente explicado pela falta de investimento em Design ou pela sua

ausência no planejamento estratégico da empresa. Muitas empresas começam suas atividades baseadas no lançamento de um

produto específico no mercado, porém sem considerar que todo produto possui um

ciclo de vida limitado. Ao se encerrar o ciclo de vida do produto, caso não haja um

aperfeiçoamento que prolongue sua permanência no mercado ou exista um novo

produto à ser lançado, a empresa encerra também suas atividades.

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Peter Drucker (1997, pg. 214) coloca a análise do ciclo de vida de um produto

como diretriz essencial na administração empreendedora, ao se estabelecer o “raio X”

da necessidade de inovação da empresa. Portanto, incorporar o Design como fator

principal na gestão de produtos pode tornar as empresas mais competitivas e capacitá-

las a permanecer atuantes por mais tempo.

3.3.1. Outras dificuldades das MPE's

As MPE's podem tornar-se mais competitivas ao incluir o Design em sua

estratégia de mercado, entretanto diversos fatores fazem com que este processo seja

dificultado. O maior problema reside no desconhecimento, por parte dos empresários,

a respeito do significado do Design e o que se pode mudar na empresa, além de alguns

preconceitos, como por exemplo, de que o Design é caro.

Algumas áreas que não tem o desenvolvimento e fabricação de produtos de

consumo como atividade, talvez não favoreçam a inclusão do Design, por

características inerentes ao negócio, mas são minoria na região de Bauru. Mesmo

empresas do comércio podem ser beneficiadas com o Design, pelo menos no que diz

respeito à comunicação com os clientes. O investimento em Design Gráfico para

configuração dessa comunicação geralmente se faz somente durante o processo de

abertura da empresa, quando se elabora a programação visual da imagem em vários

aspectos da empresa. Entretanto, o cuidado com a imagem da empresa deveria ser

constante, e isso não se faz por desconhecimento do empresário das vantagens de se

considerar o Design como estratégia da empresa, mesmo na área de programação

visual.

As MPE's industriais, de um modo geral, estão começando a compreender os

benefícios que o Design pode trazer para o seu negócio. Programas de governo,

aliados a uma ampla divulgação do Design em imprensa especializada, estão

conseguindo fornecer ao empresário de pequenas empresas, as informações

necessárias para implementar o Design na sua empresa. Porém as dificuldades existem

e são várias. Alguns autores (CÂNDIDO, 2000; RODRIGUES & ESCRIVÃO Filho,

2000; BRUNSTEIN & MELLO 1997) enumeram fatores considerados como

principais dificuldades das MPE's brasileiras, que podem dificultar a adoção do Design

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como estratégia:

a) Descapitalização: a falta de capital não permite que se invista em empreendimentos

com retorno a médio e longo prazo. Nem sempre o design fornece retorno em curto

prazo, mas mesmo que seja possível realizar este retorno, ainda não existe

confiabilidade por parte de alguns empresários, suficiente para decidir investir.

b) Carência de tecnologia no parque industrial e escassez de recursos para

readaptação: esta carência não deve ser barreira aos investimentos em Design, pois

nos projetos sempre se leva em conta a tecnologia disponível no parque industrial.

Nesse sentido, geralmente se aproveita melhor a tecnologia disponível e quando é

necessário adquirir tecnologia, se faz de modo equacionado pelo Design. Entretanto,

essa carência pode também ser minimizada pela parceria entre empresas e

Universidades, mais fácil de ser realizada em MPE's.

c) Despreparo gerencial de boa parte dos empresários para enfrentar a

concorrência internacional: as empresas estrangeiras de um modo geral, possuem

estratégias competitivas desconhecidas por boa parte dos pequenos empresários. No

início dos anos noventa, quando o mercado brasileiro se abriu para diversos produtos

importados, mesmo as grandes empresas se mostraram despreparadas para enfrentar

este tipo de concorrência.

d) Falta de conhecimento, em muitos segmentos, dos custos reais de seus produtos

industrializados: a indefinição dos custos reais dos seus produtos impossibilita a

comparação ou previsão com produtos novos, dificultando a tomada de decisões

estratégicas.

e) Aspectos macroeconômicos desfavoráveis: as MPE's são mais susceptíveis às

variações da economia. Em períodos de instabilidade econômica e política, este tipo de

empresa pode não ter fôlego para absorver as variações bruscas da economia.

f) Alta taxa de falência: são diversos fatores que levam à falência de uma MPE's,

melhor descrito anteriormente. A falta de desenvolvimento de novos produtos é um

dos fatores determinantes.

g) São pouco competitivas: geralmente as MPE's caracterizam-se como empresas

seguidoras das tendências de um modo geral. Uma maneira de tornar-se competitiva é

adotar uma estratégia de produção sistemática de inovação, já que sua estrutura

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favorece esta estratégia em muitos aspectos, que serão tratados mais à frente.

h) As políticas de treinamento são de um modo geral, ineficientes e inadequadas:

de um modo geral, durante a implantação de novos produtos, é importante que todos

os setores envolvidos, desde a produção até a distribuição e vendas, estejam

capacitados a atender novos procedimentos, o que é possível somente através de

treinamento.

i) Falta de orientação para o mercado: geralmente, as competências gerenciais do

pequeno empresário estão apenas no processo produtivo, ou administrativo ou

financeiro. O posicionamento do produto no mercado depende do conhecimento

profundo do consumidor. Em um processo de gestão do produto, o acompanhamento

do mercado e da tecnologia devem ser constantes.

j) Poucos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento (P & D): o fator de risco

envolvido em desenvolvimento de novos produtos intimida os empresários a investir

em Pesquisa e Desenvolvimento, pois os recursos são escassos. Além disso, o capital

da empresa pode não ser suficiente para absorver os períodos de altos e baixos que a

pesquisa pode apresentar.

l) Ausência de planejamento: uma das principais causas de fracasso de uma MPE é a

ausência de planejamento antes da abertura da empresa ou até durante o seu

funcionamento. As atividades de planejar, executar da melhor forma possível e

verificar o que foi executado, são práticas da qualidade total.

As dificuldades apresentadas acima, interferem na implantação do Design na

estratégia da empresa, entretanto, algumas delas podem ser causadas justamente por

esta ausência, conforme discutido anteriormente, em relação à alta taxa de mortandade

das empresas. O Design pode mudar este quadro, produzindo mudanças em cada setor

da empresa, pois o Design se faz com conhecimento do mercado, da tecnologia,

aspectos ecológicos e econômicos.

Apesar de representar uma situação real, este panorama não pode ser

generalizado. Tais dificuldades não são encontradas em todas as MPE's, podendo

apresentar apenas alguns dos aspectos mencionados acima. Portanto, é necessário que

se realize um diagnóstico preciso, tendo como referência os itens acima, para

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identificar o potencial de determinada empresa em relação ao uso do Design como

diferencial competitivo.

3.4. Implantando o Design Estratégico

3.4.1. Aspectos favoráveis das MPE’s para a introdução do Design Estratégico

Entre os aspectos das MPE's que favorecem a introdução do Design como fator

estratégico, são listados abaixo os mais significativos. Esses fatores favorecem o

surgimento de inovações, pois estão relacionados à agilidade na implementação de

decisões, flexibilidade na adaptação às mudanças, orientação para as necessidades dos

clientes, entre outros. São estes os aspectos:

a) Gestão centralizada: favorece a tomada de decisão de forma rápida e

desburocratizada. O controle sobre o encaminhamento de tarefas é mais eficiente,

entre outros aspectos

b) Estrutura leve, sem complexidade: as mudanças são incorporadas mais

facilmente, o que favorece o surgimento de inovações.

c) Estreito contato pessoal entre direção, empregados, fornecedores e

clientes: a comunicação entre os setores envolvidos em um projeto é mais ágil e

horizontal. Existe um número menor de hierarquias.

d) Integração relativamente forte na comunidade à qual pertencem os

proprietários, empregados, fornecedores e clientes: dependendo da abrangência de

mercado da empresa, é possível estabelecer uma orientação precisa para o mercado.

3.4.2. Estratégias de inovação

A ocorrência de inovações pode ser atribuída ao surgimento de uma

oportunidade para o novo e o diferente, a partir de mudanças. Segundo Drucker (1987,

p.334), “a inovação sistemática consiste na busca deliberada e organizada de

mudanças e na análise sistemática das oportunidades que tais mudanças podem

oferecer para a inovação econômica ou social.” Para isso, existem diversas estratégias

empresariais em que se visa a introdução de uma inovação. É possível identificar

algumas classes gerais de estratégias favoráveis ao desenvolvimento de produtos, que

segundo Baxter (1998), são quatro:

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a) Estratégias ofensivas: são adotadas pelas empresas que desejam manter a

liderança de mercado. Trabalham com perspectiva de retorno dos investimentos a

longo prazo, além de necessitarem de uma forte cultura inovadora dentro da empresa e

uma elevada produção de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e

produtos. É fundamental possuírem capital suficiente para compensar os custos

decorrentes das falhas inevitáveis de alguns produtos.

b) Estratégias defensivas: são usadas por empresas seguidoras das empresas

líderes. Investem em produtos e tecnologias já desenvolvidos, sem arcar com os

elevados custos deste processo. Apesar dos riscos menores, essa estratégia proporciona

menor lucratividade.

c) Estratégias tradicionais: geralmente as empresas pouco susceptíveis a

mudanças adotam essa estratégia. São empresas que atuam em mercados estáticos, em

que as poucas mudanças visam apenas reduzir custos, facilitar a produção ou aumentar

a confiabilidade do produto. Caracterizam-se por possuir baixa competitividade e são

mais sujeitas ao fechamento por não resistir à pressão das mudanças do mercado e da

tecnologia.

d) Estratégias dependentes: estratégia típica de empresas que não possuem

autonomia para lançar seus próprios produtos, pois dependem de seus clientes para

introduzir inovações. Geralmente trabalham sob encomenda ou são fabricantes de

peças e componentes para uma grande montadora. As inovações costumam ocorrer na

forma de melhorias no processo.

3.5. Design nas MPE's

Nem todas as MPE's desconhecem a importância do Design para a sua

estratégia empresarial. Alguns casos de sucesso são relatados em revistas

especializadas do setor e através de pesquisas da Confederação Nacional das Indústrias

(CNI). O SEBRAE lançou em 2002, o seu programa de Design, com o objetivo de dar

suporte aos micro e pequenos empresários para inovarem em seus produtos e

embalagens, para buscarem uma identidade própria e para aplicar conceitos modernos

de mercado, como os “produtos ecologicamente corretos”.

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Entretanto, os programas de apoio ao desenvolvimento do Design pela MPE's,

se limitam a orientar o empresário a respeito de linhas de crédito, intercâmbios,

indicação de profissionais e outros assuntos administrativos. Não existe nenhum

estudo ou metodologia de desenvolvimento de produtos fornecida por estas

instituições, devido à complexidade da situação. É portanto, inviável para estas

instituições, desenvolver produtos para as MPE's, pois seriam necessárias várias

equipes de projeto para cada unidade de atendimento.

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4. Metodologia de Projeto e o Desenho

Neste capítulo são apresentados os principais aspectos da Metodologia do

Design, definindo-se os elementos que mais se adequam às características das MPE's

industriais. Pretende-se fixar alguns conceitos a respeito de projeto e de metodologia,

que servirão de base ao se propor formas de análise e prescrição da metodologia

correta para as empresa que desejam desenvolver projetos. Pretende-se demonstrar que

a representação gráfica tem papel importante em todas as etapas do projeto e por esta

razão, é uma ferramenta indispensável no desenvolvimento de projetos. Dependendo

da metodologia e do tipo de projeto, o uso do desenho (ou imagem) torna-se

fundamental, podendo considerá-lo como o principal elemento no desenvolvimento de

projetos e base da metodologia projetual.

São abordados primeiramente, alguns aspectos sobre o passado e o presente da

Metodologia do Projeto, bem como o estabelecimento de alguns conceitos

fundamentais para o desenvolvimento deste estudo. Em seguida procurar-se-á

caracterizar o desenho como técnica indispensável de projeto em MPE's industriais.

Por último, será apresentado um modelo de gestão do processo de desenvolvimento de

produtos, como forma de equacionar as atividades de desenvolvimento de produtos

com a realidade das MPE's através de um diagnóstico correto.

4.1. Projeto

4.1.1. História recente

Após a separação entre a concepção e a produção dos produtos, ocorrida

durante a Revolução Industrial, passou a existir com maior ênfase a profissão de

engenheiro e de desenhista e surgiram práticas consagradas de desenvolvimento de

projetos. Porém, somente no decorrer do século XX a atividade de desenvolvimento de

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projetos se sofisticou, passou a incorporar conhecimentos e métodos científicos na

resolução de problemas de projeto, motivado principalmente pelo avanço da técnica e

o aumento da complexidade dos produtos. A Bauhaus foi a primeira escola que

enfrentou os problemas de projeto metodologicamente. Nomes como Josef Alberts,

Hannes Meyer e Marcel Breuer, consideravam o resultado de seus trabalhos, como

produto dos métodos de trabalho.

Os métodos de projeto posteriores foram possíveis em grande parte, devido às

técnicas e ferramentas desenvolvidas com finalidades logísticas na II Guerra Mundial,

que aos poucos foram se adaptando a usos civis. Tecnologias como informática,

cibernética, a investigação das operações e a teoria dos sistemas, passaram a fazer

parte dos métodos de projeto (PÉREZ, 2002) e por volta da década de 60, os estudos

sobre metodologia de projeto se consolidaram.

4.1.2. Conceito

É necessário esclarecer o que realmente se quer dizer quando se utiliza a

palavra projeto e design, diferenciando-se do senso comum. Assim como a palavra

design, o termo projeto caiu em uso popular e possui vários significados, conforme o

profissional que o utiliza. Neste trabalho, o termo tem significado muito próximo às

áreas de Engenharia e Arquitetura, que o utilizam como forma de denominar o

trabalho de configurar algo novo, ou estabelecer parâmetros descritivos e construtivos

de objetos, máquinas e equipamentos, ou edificações. Nesse sentido, algumas vezes a

palavra projeto pode significar tanto o trabalho de executá-lo, como o próprio objeto

projetado. Da mesma forma, o termo pode significar tanto o ato de projetar, como a

qualidade do objeto projetado.

A tradução da palavra design no Brasil foi adotada como sendo Desenho

Industrial por não existir nenhum termo apropriado no período de implantação dos

primeiros cursos de Design por volta da década de sessenta. No entanto, a palavra que

mais se corresponde a design em português é o termo projeto. Atualmente, o sentido

da palavra design já foi incorporado na língua portuguesa e não é mais necessário

traduzi-la.

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4.1.3. Tipos de projeto

O processo de desenvolvimento de projetos pode ser desencadeado de várias

maneiras: de acordo com as necessidades empresariais e do mercado, pelas

oportunidades geradas por avanços tecnológicos e científicos ou por mudanças

culturais na sociedade. Sempre é possível caracterizar o projeto em alguma categoria,

Back (1984) apresenta dois tipos essenciais de projeto:

a) Projeto por evolução: caracterizado por aperfeiçoamentos em produtos

existentes, proporcionados por avanços na tecnologia e explorações de

novas possibilidades. Esse tipo de projeto proporciona menor risco de

falhas, por se conhecer o desempenho do produto anterior, mas apresenta

menor possibilidade de competição no mercado.

b) Projeto por inovação: são projetos baseados em descobertas científicas

ou idéias ainda não experimentadas, proporcionando um rompimento

com as práticas tradicionais. São altos os riscos de cometer erros e toda a

perícia da equipe de projeto não é suficiente para minimizar este risco.

Beitz (1977), considera que os tipos de projeto são três, definindo-os da

seguinte maneira:

a) Projeto original: envolve a elaboração de um princípio original de

solução;

b) Projeto adaptativo: consiste na adaptação de um sistema conhecido para

uma tarefa diferente, pode ser conseqüência do item anterior; e

c) Projeto variante: trata-se da variação de tamanhos ou arranjo de certos

aspectos do produto, sem alterar as funções ou o princípio de

funcionamento.

4.1.4. Importância do projeto

Alguns aspectos dos produtos, como qualidade, custo, ocorrência de falhas,

entre outros, dependem diretamente do projeto. Durante o desenvolvimento, ocorrem

modificações ao longo do projeto. Quanto maior a quantidade de modificações e

quanto mais tarde forem efetuadas, maior influência terão sobre os custos do projeto e

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sobre o tempo de lançamento no mercado. O retorno dos investimentos depende

exclusivamente da venda do produto, portanto, quanto mais cedo este produto estiver à

venda, mais rápido será o retorno.

Porém o desenvolvimento do projeto se mostra como uma atividade complexa e

ao mesmo tempo fundamental para a empresa. Para se executar todas as atividades,

com a máxima eficiência, é necessário que se invista nas fases iniciais do projeto, onde

possíveis modificações têm impacto menor. Assim, devido à sua importância, o

projeto deve ser desenvolvido amparado por um método que minimize os riscos

envolvidos em todo o processo.

4.2. Metodologia do Projeto

Para se alcançar um bom resultado de forma rápida e segura é que se faz uso

dos métodos de projeto. Um método de projeto pode ser comparado a uma estrada. O

que se sabe é onde se quer chegar, mas é necessário escolher uma direção a ser

tomada. Alguns caminhos já percorridos levam aos resultados mais rapidamente,

embora não existam caminhos totalmente seguros. O grau de incerteza é elevado em

qualquer atividade de projeto e o que se espera é que ela diminua progressivamente à

medida que se percorre o caminho da metodologia.

4.2.1. Fundamentos

Muitos autores já desenvolveram estudos diversos em Metodologia de Projetos,

gerando uma grande multiplicidade de métodos, técnicas e procedimentos. Os métodos

existentes podem variar quanto ao tipo de projeto, escola de pensamento, contexto

histórico, entre outros fatores. Contudo, todos os métodos consideram procedimentos

baseados em métodos científicos, onde predomina o pensamento racionalista e o

processo de redução da complexidade. Assim, o fio condutor da metodologia clássica é

o pensamento cartesiano .

Alguns esclarecimentos a respeito de terminologia fazem-se necessários, para

garantir a precisão dos estudos posteriores. Pode-se dizer que o conjunto de

procedimentos seqüenciados logicamente, para se atingir objetivos predeterminados

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em projetos de produtos, denomina-se genericamente como Método. Contudo, o

termo Metodologia freqüentemente é usado para o mesmo fim, mas está mais

associado ao estudo ou reflexões sobre os métodos, às análises do conjunto de

processos e métodos que se seguem no projeto de produtos, à sua validação, à análise

de seus usos e às condições de elaboração de novos métodos (PÉREZ et al., 2002).

Pérez sintetiza o conceito de Metodologia como “... um esforço para

exteriorizar de maneira gráfica ou literária o processo de projeto, em função de: uma

verificação e controle do processo em cada etapa, um estímulo constante à intuição

criadora e a ordenação das necessidades contemporâneas do trabalho em equipe.” A

questão metodológica pode ser resumida em alguns tópicos, apresentados por Pérez:

- Nenhum método é infalível em termos absolutos;

- O mesmo método pode ser correto em algumas situações e incorreto em

outras;

- Os métodos experimentados em outros projetos podem ser reutilizados,

com a condição de serem avaliados positivamente em função desta

nova situação;

- Existem diversos métodos de projetar, segundo o designer e o tipo de

projeto;

- Qualquer método pode ser enriquecido com novos métodos;

- Sempre se pode desenvolver um novo método perante um novo projeto;

- Pode incrementar-se a partir de modificações de antigos métodos ;

- A criatividade é aplicável ao processo e aos próprios instrumentos

metodológicos;

- O conjunto de métodos possíveis não é um número finito, assim como

tampouco não o são os conjuntos de processos nem seus resultados

possíveis.

Assim, torna-se inviável abranger todas as variedades sobre este assunto. Mais

importante do que descrever todos os métodos já definidos em obras completas e que

tratam exclusivamente de metodologia, é reunir os aspectos principais e comuns à

maioria dos estudos nesta área, para que se tenha uma referência uniforme, que sirva

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de base ao desenvolvimento dos métodos mais adequados ao tipo de produto em

desenvolvimento.

4.2.2. Método de referência

Segundo LÖBACH (2001), o processo de design é tanto um processo criativo

como processo de solução de problemas. É subentendida portanto, a existência de um

problema que pode ser bem definido. São reunidas todas as informações sobre o

problema, analisadas e relacionadas criativamente entre si. Criam-se em seguida,

alternativas de soluções para o problema, que são julgadas segundo critérios

estabelecidos. Por último, desenvolve-se a alternativa mais adequada. Todo esse

processo pode ser dividido em quatro fases distintas, embora na prática elas ocorram

simultaneamente, com constantes avanços e retrocessos.

O quadro abaixo (quadro 2), mostra em detalhes as etapas descritas por Löbach.

Esse método é considerado bastante abrangente por envolver muitas etapas e descrever

os aspectos operacionais do desenvolvimento de projeto. Dessa forma, esse modelo

pode ser usado como referência pela facilidade em sofrer adaptações conforme a

necessidade do projeto. Contudo, esse método não aborda as questões de marketing e

gestão estratégica.

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Quadro 2. Etapas de um projeto de design

Processo criativo Processo de solução do

problema Processo de design - desenvolvimento

do produto Análise do problema

Conhecimento do problema Coleta de informações Análise das informações

Análise do problema de design Análise da necessidade Análise da relação social (homem-produto) Análise da relação com ambiente (produto-ambiente) Desenvolvimento histórico Análise do mercado Análise da função (funções práticas) Análise estrutural (estrutura de construção) Análise da configuração (funções estéticas) Análise de materiais e processos de fabricação Patentes, legislação e normas Análise de sistema de produto (produto-produto) Distribuição, montagem, serviço a clientes, manutenção

1. Fase de preparação

Definição do problema, clarificação do problema,, definição de objetivos

Descrição das características do novo produto Exigências para com o novo produto

2. Fase da geração Alternativas do problema Escolha dos métodos de solucionar problemas, Produção de Idéias, geração das alternativas

Alternativas de design Conceitos de design Alternativas de solução Esboço de idéias Modelos

3. Fase de avaliação Avaliação das alternativas do problema Exame das alternativas Processo de avaliação

Avaliação das alternativas de design Escolha da melhor solução Incorporação das características ao novo produto

4. Fase da realização Realização da solução do problema Realização da solução do problema Nova avaliação da solução

Solução de design Projeto mecânico Projeto estrutural Configuração dos detalhes Desenvolvimento de modelos Desenhos técnicos e de representação Documentação do projeto, relatórios

fonte: LÖBACH, 2001

Segundo Baxter (1998), o desenvolvimento de novos produtos é um problema

de difícil solução, que deve envolver diversos setores da empresa. Para isso é

necessário abordar fatores gerenciais durante o projeto. Esse autor apresenta um

modelo denominado Funil de Decisões, que consiste em reduzir as incertezas e riscos

ao longo do processo de projeto. A Figura 10 abaixo demonstra como é aplicado o

Funil de Decisões ao longo do desenvolvimento do projeto.

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Funil de decisões Atividades de projeto Inovar: sim ou não

Estratégia de negócios Todas as oportunidades de inovação possíveis

Melhor oportunidade de negócios Todos os produtos possíveis Especificação do projeto

Melhor oportunidade de produto

Asp

ecto

s es

trat

égic

os

Todos os conceitos possíveis Projeto conceitual

Melhor conceito Todas as configurações possíveis Projeto de configuração

Melhor configuração Todos os detalhes possíveis Projeto detalhado

Protótipo Novo produto A

spec

tos

oper

acio

nai

s

Projeto para fabricação

Figura 10. Funil de Decisões Fonte: Adaptado de Baxter (1998)

4.2.3. Problemas no estudo da Metodologia em MPE's

A generalização e uma posterior implantação de um método em uma empresa

devem levar em conta diversos aspectos, inclusive culturais. Um método que foi

sucesso em uma empresa pode ser um fracasso em outra. As situações de projeto são

muito variáveis, somado à diversidade cultural encontrada nas empresas. Neste

sentido, a característica de gestão centralizada das MPE's é um aspecto positivo.

O ideal é descobrir-se a fórmula mais adequada para cada situação. Portanto,

deve-se incentivar a empresa a descobrir sua própria metodologia e cuidar para que

seja implementada. Em outras palavras, é necessário à empresa, aprender a projetar a

partir da implantação ou desenvolvimento de uma metodologia e aprender com o

processo gradual de adaptação.

Nesse processo, a constante busca pela metodologia “ideal” leva a

aperfeiçoamentos graduais, mas constantes e conscientes, sem nunca estabelecer uma

metodologia definitiva e rígida, mas ao contrário, que aceite mudanças de

procedimentos, desde que justificados, durante o desenvolvimento. Assim, durante o

planejamento estratégico da empresa, é necessário que se estabeleça uma estreita

relação com o processo de desenvolvimento do produto e se especifique as diretrizes

metodológicas deste processo, que deverão ser aperfeiçoados ao longo do tempo.

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4.3. O desenho no desenvolvimento de projetos

A maioria dos autores coloca o desenho como atividade secundária no

desenvolvimento de projetos, remetendo-o a apenas algumas das etapas da

metodologia. Todas as metodologias indicam as etapas a se cumprir, mas poucos

autores especificam como as etapas podem ser efetuadas. O desenho pode ser o meio

de concretizar todas as etapas da metodologia com eficiência, rapidez, precisão e a um

custo baixo. Bonsiepe (1984) atribui ao desenho, um papel importante no processo

projetual, relacionando todas as etapas de um projeto ao desenho.

O desenho tem estreita ligação com a atividade de desenvolvimento de projetos,

em todas as suas etapas. É visto como forma de externalizar idéias, de persuasão e

como um método de comunicação, tarefas comuns em todo processo de projeto. E

ainda, é um importante meio de instruir o usuário final sobre como operar o produto

(PIPES, 1990).

Uma grande parte do tempo de desenvolvimento de projetos é gasto em

atividades de desenho. BEITZ (1977) estima que 35% da mão-de-obra é empregadas

no desenvolvimento de layouts preliminares na fase conceitual de desenvolvimento de

projetos. BACK (1984) também atribui uma taxa elevada de emprego de mão-de-obra

em atividades de desenho, chegando à cerca de 30% quando se consideram juntas, as

tarefas de rascunhar, aperfeiçoar e desenhar.

Serão demonstradas a seguir, diversas visões a respeito do desenho e seu

envolvimento com o processo de projeto. Em sua maioria, são reflexões resultantes de

vários anos de atuação profissional em desenvolvimento de produtos e na atividade de

docência de projetos, amparadas por pesquisas diversas em referências bibliográficas

de autores consagrados.

4.3.1. O desenho analítico

Nas etapas iniciais do projeto, quando já se determinou quais as oportunidades,

ou quais as necessidades do consumidor ou do usuário, normalmente é necessário ao

projetista, conhecer mais a respeito dos produtos existentes que atingem o mesmo

mercado. Podem tratar-se de produtos similares e diretamente relacionados ao produto

que se pretende projetar ou produtos que não são específicos para o mesmo mercado,

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mas possuem sistemas similares, diferenciando-se em alguns aspectos como escala,

dimensões, utilização principal. E ainda, alguma situação que possa ser considerada

similar ao problema de projeto, porém já possuindo alguma forma de solução

encontrada na Natureza.

Através da análise desses sistemas, o Designer pode vir a conhecer muito mais

sobre o problema, gerando inúmeras formas de solucioná-lo. Entretanto, para que essa

quantidade elevada de informação possa se processar e se tornar conhecimento, é

necessário um estudo aprofundado de tais sistemas. Normalmente esse estudo baseia-

se em imagens do sistema de produto, obtido através de levantamento fotográfico,

vídeo, ou em observações in loco, através de desenhos e levantamento de medidas.

O fato de possuir-se boas imagens não garante que a informação principal que

se deseja obter, tenha sido registrada em tais imagens. Mesmo que a informação esteja

presente, é necessário purificá-la, ou seja, resumir a informação ao essencial, sem

desprezar nenhum detalhe e sem sobrecarregá-la de informações desnecessárias e

“ruidosas”, pois a fotografia registra todas as imagens do local, sem distinção. O

registro fotográfico pode também apresentar outro tipo de situação, em que para se

obter alguma informação importante é necessário observar pequenos detalhes

simultaneamente em todo o sistema. Portanto, mesmo com um excelente equipamento

fotográfico, ao se registrar o conjunto do objeto estudado, perdem-se os detalhes e ao

se concentrar nos detalhes, perde-se o contexto. Não é possível através de fotografia

ou vídeo, exagerar alguma escala ou distorcer alguma proporção em benefício da

compreensão dos princípios fundamentais do sistema. Porém, tanto a fotografia como

o vídeo podem desempenhar um papel fundamental como complemento de

informações na fase analítica do projeto.

Assim, o desenho mostra-se como uma ferramenta eficiente de análise de

problemas de projeto. O desenho de observação permite conhecer tanto os aspectos

gerais dos sistemas como as suas particularidades. Suas características mais

importantes são o processo de observação em primeiro lugar, que quanto mais

demorado mais apurado e eficiente, e em segundo lugar, o registro das imagens

observadas, que pode apresentar características próprias da percepção do indivíduo ao

objeto de estudo e restrição ao essencial. A busca da verdade pode ser potencializada

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pelo uso de medidas precisas e representação ortogonal do objeto, buscando confirmar

hipóteses formuladas durante o processo de observação. Verificações embasadas em

conceitos da geometria descritiva podem proporcionar valor científico às conclusões

que poderão fundamentar as decisões futuras.

Segundo FARUQUE (1984), o processo de percepção dos objetos dá-se

primeiramente por uma varredura visual. A visão percorre todos os aspectos dos

objetos e a varredura acontece em diversos sentidos e direções, captando rapidamente

quantas formas ou estímulos forem possíveis. Dependendo dos interesses pessoais, a

atenção se concentra em diferentes detalhes durante a varredura mas, raramente,

percebe-se os objetos integrados ao ambiente, como foi fabricado, como funciona,

como as partes se relacionam ao todo, sua organização, composição e proporção. A

varredura visual permanece em um nível de “aparências” e a observação permanece

incompleta.

Quando começamos a desenhar algo, somos forçados a nos elevar de um mero nível de [percepção das] aparências para um nível de observação. O ato de desenhar faz com que concentremos nossa atenção sobre o objeto que estamos desenhando. Nós começamos então a descobrir uma totalidade de informações a respeito do objeto que nós não tínhamos pensado ou experimentado antes. Nós entramos em um novo mundo de percepção, e nossa percepção visual do objeto se altera. Nós começamos a reparar em suas proporções, materiais, texturas, cores, detalhes e as razões por trás do seu jeito de ser (FARUQUE, 1984, p. 88).

A compreensão do problema de projeto ocorre a partir do momento em que se

pode memorizar a informação essencial e compará-la a outras informações ou ao

próprio repertório do projetista, tornando-se um conceito claro e preciso; e portanto,

verdadeiro e útil aos propósitos do projeto. Nas fases posteriores do projeto, o designer

recorre a imagens visuais mentais para efetuar comparações, cruzamentos e outras

operações projetuais mentais, que só podem existir caso tenha ocorrido uma fase

anterior de memorização seletiva de imagens visuais. O desenho cumpre o papel de

reunir a informação essencial, ao mesmo tempo em que o processo de observação para

se executar o desenho, favorece a assimilação das informações por parte do projetista.

Assim permite-se que comunique as conclusões e os resultados das observações para

uma equipe de projeto, durante o processo de análise.

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4.3.2. O desenho criativo Embora o computador seja desejável no desenvolvimento de projetos,

alguns profissionais divergem quanto ao uso de computadores na fase de execução de

esboços criativos. Nelson Graubart, em palestra proferida em 25 de outubro de 2002,

diz que o computador tende a prender o projetista por muito tempo em alguma idéia

inicial antes que se possa criar variações ou até mesmo descartar uma idéia que não se

mostrou promissora. Adelmo Barreira, em palestra proferida em 05 de novembro de

2002, afirma que se utiliza prioritariamente de computadores em todas as etapas de

elaboração das suas ilustrações, porém admite que, em determinados momentos, sem

dizer o porque, prefere começar um trabalho utilizando-se de papel e lápis e demais

materiais tradicionais. Não é possível definir um modo ideal de desenhar

criativamente, pois esta tarefa é extremamente pessoal. Portanto, cada indivíduo deve

estabelecer, ao longo do aprendizado, qual é a técnica e o tipo de desenho que melhor

resultado dá, de acordo com sua aptidão e capacidade pessoal.

Os tipos de desenhos adequados para essa etapa não são apenas desenhos

livres, feitos no papel ou no computador. Também é possível realizar-se desenhos

criativos através de representações ortogonais, desenhos geométricos, operações

booleanas com figuras geométricas, poliedros, etc., ou até criar as formas diretamente

sobre meios de expressão tridimensionais.

Portanto, representações tridimensionais também são usadas como técnica de

prospecção de formas, mas sempre o que se busca é um “desenho” de uma nova

forma. O uso da palavra “desenho” para expressar “forma” denota que mesmo

manipulando-se objetos tridimensionais, o processo de raciocínio para obtenção da

forma é muito semelhante à execução de desenhos, manipulando-se imagens mentais

bidimensionais expressos em superfícies planas (papel, tablets, ou outras).

Ao se modelar objetos tridimensionais, outros sentidos são acionados e

combinados de maneira indissolúvel, tornando impossível isolar apenas um aspecto

deste processo, e analisá-lo separadamente durante o processo de criação. Mas uma

vez finalizada a forma, é a visão – em seu aspecto bidimensional – que realiza a

verificação das proporções. Entretanto, o ato de realizar explorações de formas em

meios tridimensionais, geralmente é precedido por estudos em suporte bidimensional

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE … · momentos mais difíceis desse trabalho; ... aos professores do Departamento de Artes e Representação ... Figura 27 Conhecimento

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(desenho), por se apresentar como atividade menos trabalhosa e menos onerosa que a

modelagem tridimensional. O tato é mais determinante que a visão, nos sentidos

envolvidos na modelagem tridimensional criativa, mas se considerarmos apenas a

visão neste processo, temos um método semelhante ao desenho, pois a noção de

proporção atribuída à visão é bidimensional – comparamos tamanhos através de eixos

cartesianos bidimensionais. Talvez não enquanto se cria, mas enquanto se avalia,

embora freqüentemente a avaliação e criação possam ser simultâneas.

4.3.3. O suporte para o raciocínio e extensão da memória Pode-se dizer que o raciocínio projetual consiste em criar e aprimorar

constantemente formas e conceitos de objetos. As criações dão-se através de imagens

mentais, onde os primeiros conceitos são gerais e vão ganhando detalhes e tomando

forma, à medida que se reflete e se raciocina sobre o objeto. Mesmo que o projetista

seja dotado de um imenso talento e uma memória espetacular, não é possível ter plena

consciência da totalidade do objeto que se pretende criar, apenas com imagens

mentais. São todos os aspectos funcionais, espaciais, formais, materiais, construtivos,

dinâmicos, de equilíbrio (estáticos), de interfaces, que se deve registrar e aprimorar

gradualmente à medida que o conceito surge em forma de imagens mentais. A

memória de curto prazo não é suficiente para operar todas essas implicações e as

imagens mentais, geralmente, não conseguem configurar quantidades grandes de

detalhes das criações. O valor simbólico do desenho acaba surgindo

inconscientemente, ao contrário dos aspectos funcionais, que são conscientes. Isso

explica por que o designer somente consegue explicar o valor simbólico do seu

desenho, após este estar concluído há algum tempo, ou então, outras pessoas

conseguem interpretar seus desenhos e perceber significados que nem mesmo o

próprio designer havia notado.

Raramente uma idéia nos é dada através de uma imagem mental completa e rica

de detalhes completos, mas quando acontece, o projetista deve ter habilidade suficiente

para registrar rapidamente a maior quantidade possível de detalhes. O pensamento é

mais rápido do que o registro de idéias. Portanto, geralmente se concentram esforços

apenas em questões fundamentais do projeto e outros detalhes, que não são

considerados em primeira instância, tendem a ser esquecidos ou menosprezados. Mas,

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE … · momentos mais difíceis desse trabalho; ... aos professores do Departamento de Artes e Representação ... Figura 27 Conhecimento

70

geralmente, um pequeno detalhe tal como um pequeno risco, pode despertar a

memória para a idéia completa, como surgiu na primeira vez.

Quando se cria algum objeto, portanto, deve-se utilizar o desenho como suporte

para o raciocínio projetual, como forma de registro simultâneo da imagem mental

criativa. Isso permite aliviar a memória de curto prazo para operações complexas,

enquanto os detalhes são registrados para posterior análise e reflexão, e então retornar

a novas imagens mentais complementares. Sem o desenho esse ciclo de operações

simultâneas quebra-se e o resultado, em geral, é pobre de detalhes e por vezes, nem o

próprio projetista é capaz de compreender com exatidão e plenitude a idéia gerada.

4.3.4. Desenho como ferramenta de comunicação de idéias e precisão da

fabricação

Externalizar um conceito de modo fiel ao imaginado através do desenho, torna a

comunicação de idéias mais eficiente. Uma das principais características do processo

de desenvolvimento de produtos atualmente, é o trabalho em equipes

multidisciplinares. A linguagem comum a todas as especialidades deve ser o desenho

por várias razões. Uma decisão coletiva deve ser bem fundamentada, muitas vezes os

argumentos verbais não são suficientes para expressar ou convencer os participantes

do projeto. O próprio Leonardo da Vinci utilizava o desenho para compensar sua

dificuldade de se expressar em latim e assim, o seu gênio pode ser conhecido até os

dias atuais graças ao seu talento artístico.

O processo de evolução do projeto e gradual configuração, que vai do conceito

aos detalhes, passam obrigatoriamente pela comunicação entre os diversos setores

envolvidos. Cálculos são executados a partir de dados retirados dos desenhos.

Sistemas novos ou existentes são aplicados e adaptados através de estudos que

envolvem desenhos de layout, ou arranjo geral das partes, numa busca da melhor

maneira de se adaptar os elementos do produto.

A persuasão é uma característica do desenho que pode ser utilizada na apresentação

das idéias a um grupo de hierarquia superior. O conhecimento de conceitos de

composição, pode ressaltar os aspectos positivos de alguma idéia. Concepções

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE … · momentos mais difíceis desse trabalho; ... aos professores do Departamento de Artes e Representação ... Figura 27 Conhecimento

71

artísticas freqüentemente são utilizadas, para auxiliar a decisão sobre determinado

projeto, e os aspectos visuais do desenho contribuem para este propósito.

O desenho possui a característica de simular a realidade através da sua

interpretação. Desenhos precisos podem substituir onerosos modelos tridimensionais

ou protótipos, na antecipação de muitos problemas, possibilitando resolvê-los antes

que aconteçam. Esse foi um dos aspectos que ajudaram o desenvolvimento da

tecnologia durante a Revolução Industrial.

Entretanto, o tipo de desenho que se executa com esta finalidade, muitas vezes

só pode ser entendido por profissionais capacitados para isso, por apresentarem-se

técnicos demais. Contudo, os aspectos estéticos e formais também podem ser

simulados para a verificação de conceitos e testes de preferência, antes mesmo de se

construir algum modelo, através de desenhos com acabamento realista. Só então, as

idéias mais promissoras são encaminhadas para os testes envolvendo modelos

tridimensionais, pois o desenho não é capaz de transmitir todos os aspectos do objeto.

O desenho técnico é a linguagem utilizada nos processos de fabricação.

Baseado na geometria descritiva de Monge (1796), é uma ferramenta indispensável

para garantir que o produto será manufaturado de acordo com o planejado, em todos os

seus aspectos formais e dimensionais, reunindo ainda, considerações a respeito dos

materiais, acabamentos e ajustes entre as peças. São elaborados a partir do momento

em que já se têm informações

Problemas na comunicação de projeto para a manufatura, podem gerar altos

custos e atrasos na produção. Além disso, a importância do desenho técnico está em

diagnosticar as causas do problema, caso aconteçam.

A aplicação da tecnologia a um custo acessível, só é possível graças aos

elementos padronizados. Diversos componentes de máquinas, equipamentos e

produtos, são padronizados internacionalmente. O desenho é fundamental no processo

de padronização de elementos construtivos, pois não é possível na maioria dos casos,

manter um modelo tridimensional que sirva de referência, o que de fato não garantiria

que sempre se executasse o mesmo produto sem interpretações divergentes sobre

medidas, pois estaria sujeito a tomadas de medidas diretamente no objeto. O desenho

traz as medidas escritas.

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE … · momentos mais difíceis desse trabalho; ... aos professores do Departamento de Artes e Representação ... Figura 27 Conhecimento

72

4.3.5. A terceirização e a mundialização da manufatura

Se na Revolução Industrial a separação entre a concepção e a produção já

existia, hoje em dia esta separação é bem maior do que simplesmente trabalhar em

setores diferentes de uma mesma empresa. Pode-se projetar um produto em qualquer

lugar do planeta, inclusive com os membros da equipe de projeto separados

fisicamente, podendo se encontrar até em países diferentes.

A tecnologia da comunicação encurtou distâncias e uniu pessoas, mas este tipo

de atividade só é possível, graças ao desenho executado em computadores. Através de

sistemas CAD, duas pessoas podem trabalhar simultaneamente em um mesmo

desenho, mesmo que estejam em locais distintos.

Conclui-se desta forma, que o desenho ainda é a ferramenta presente em

quase todas as etapas do projeto. Dos estágios iniciais da concepção, onde são mais

atuantes os designers, até a fabricação e lançamento, onde a engenharia tem maior

influência, o desenho aglutina todas as etapas, documentando todo o processo e

favorecendo o processo de feedback característico em desenvolvimentos de novos

produtos.

Além disso, o processo de aprendizagem organizacional, faz-se através

da memória que se tem sobre projetos anteriores, e a análise de desenhos anteriores é

fundamental neste processo, embora não seja o único fator envolvido.

4.4. Alternativas para as MPE's Um dos principais motivos para se estudar a implantação do design na

estratégia das MPE’s ocorre pela proximidade entre projeto e produção, se

considerarmos a estruturação do quadro funcional destas empresas. Essa característica

aproxima as MPE’s em termos conceituais das corporações artesanais européias do

início do Renascimento. A comparação, a princípio anacrônica, permite compreender

o relacionamento entre projeto e produção, bem como as relações pessoais entre os

envolvidos no processo.

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE … · momentos mais difíceis desse trabalho; ... aos professores do Departamento de Artes e Representação ... Figura 27 Conhecimento

73

4.4.1. Projeto agregado à estratégia da empresa

Por questões estratégicas e gerenciais e fatores como a adequação às

necessidades da empresa, tecnologia e recursos disponíveis entre outros, antes de

iniciar o processo de projeto é necessário definir que abordagem de projeto será

desenvolvida, em função da espécie de produto, para assim se determinar a

metodologia mais adequada. Atualmente, novos conceitos de produtos são originados

por mudanças rápidas no mercado e na tecnologia, entre outros fatores que levam à

novas abordagens metodológicas quanto aos tipos de produtos.

Além disso, para impedir disparidades entre o que se planeja e o que

efetivamente acontece, deve-se evitar alguns problemas que ocorrem durante o

processo. Conhecer esses problemas comuns tornam possível evitá-los, utilizando-se

de ferramentas gerenciais e estratégicas. Tais problemas estão diretamente

relacionados ao desenvolvimento de produtos e são descritos da seguinte forma,

segundo WHEELWRIGHT & CLARK (1992):

a) mercado alvo que se movimenta;

b) má combinação entre os setores da empresa, envolvidos no projeto;

c) falta de exclusividade do mercado, ou ineditismo do produto;

d) problemas técnicos imprevistos;

e) atrasos na solução de problemas;

f) política interna da empresa mal resolvida.

4.4.2. Imperativos estratégicos em desenvolvimento de produtos

Um importante estudo realizado nos Estados Unidos, comprova a crescente

ênfase que as empresas estão atribuindo ao desenvolvimento de novos produtos como

fator de aumento da competitividade. Esse fato é explicado pela globalização dos

mercados e a estratificação do mercado em nichos menores. Embora seja um estudo

voltado a grandes empresas, reflete uma situação que pode ser aproveitada num

ambiente de Pequenas Empresas. Nesse contexto, as empresas que adotam o

desenvolvimento de novos produtos como fator estratégico, devem seguir dois

objetivos críticos:

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a) minimizar o time-to-market, ou seja, o tempo decorrido no desenvolvimento

do projeto, da concepção ao lançamento no mercado;

b) maximização do ajuste entre as necessidades do consumidor e as

características dos produtos (SCHILLING; HILL, 1998).

Esses objetivos podem ser conquistados através de atitudes gerenciais perante o

processo de desenvolvimento de produtos, através de quatro (4) itens considerados

imperativos no processo de gestão do desenvolvimento de produtos:

a) estratégia tecnológica;

b) contexto organizacional;

c) formação da equipe; e

d) ferramentas.

Esses imperativos são divididos em fatores estratégicos, descritos abaixo, e

podem servir de orientação para a elaboração de recomendações para a implantação do

desenvolvimento de produtos estratégicos.

a) Estratégia tecnológica

- Articulação da intenção estratégica da empresa.

- Mapeamento do portfólio de pesquisa e desenvolvimento da empresa.

b) Contexto organizacional.

- Usar alianças estratégicas para obter acesso rápido a tecnologias

disponíveis.

- Escolher e monitorar parcerias muito cuidadosamente.

- Envolver implicações estratégicas do desenvolvimento de tecnologias na

seleção do projeto e processo de triagem.

- Usar processo de desenvolvimento simultâneo.

- Usar executivos “campeões”.

c) Equipe

- Usar uma extensão diversificada de especialidades na equipe de projeto.

- Envolver consumidores e fornecedores no processo de desenvolvimento.

- Adequar a equipe ao tipo de projeto.

- Estabelecer missões, direitos e deveres através de contrato com a equipe

de projeto.

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE … · momentos mais difíceis desse trabalho; ... aos professores do Departamento de Artes e Representação ... Figura 27 Conhecimento

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d) Ferramentas

- Usar ferramentas adequadas para melhorar a eficácia do

desenvolvimento do novo produto. Pode se considerar o desenho como

uma das principais nas MPE's.

4.4.3. Gestão do Design

O desenvolvimento de novos produtos, conforme já discutido no capítulo

anterior, vem assumindo um papel decisivo na administração das empresas. Entre as

décadas de 40 e 60, a ênfase das empresas estava focada na produção e produtividade,

já que os produtos encontravam mercado independentemente da sua qualidade. Entre

1960 e 1975, o foco passou a ser o Marketing, pois a atenção do consumidor estava no

preço, tempo de execução e qualidade básica do produto. A partir de meados da

década de 70, as empresas começaram a se equiparar em termos de qualidade e preço,

bem como aspectos tecnológicos, então o foco passou a ser o visual dos produtos, a

amplitude da oferta de usos específicos, ou seja, atributos definidos pelo Design.

(BONSIEPE, 1997).

Atualmente o processo de projeto passou a ter caráter decisivo na colocação de

produtos no mercado, tornando-se um fator estratégico das empresas, impulsionados

por fatores como ambiente de alta competitividade e equiparação tecnológica. Assim,

é necessário incorporar os avanços tecnológicos e as necessidades de mercado aos

produtos desenvolvidos, de forma muito rápida, para se alcançar vantagens

competitivas.

Entretanto, esse processo mostra-se complexo, devido a diversos fatores como:

- velocidade das transformações, tanto tecnológicas como mercadológicas;

- aumento da complexidade dos produtos;

- necessidade de introdução permanente de inovações;

- aumento da qualidade;

- redução do tempo de desenvolvimento de projetos;

- natureza dinâmica do processo de projeto;

- grande interação com todas as atividades da empresa; entre outros.

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O desempenho das empresas está diretamente relacionado à capacidade de gerir

o processo de desenvolvimento de produtos, interagindo com o mercado e as fontes de

inovações tecnológicas. (VIEIRA, 2001). Diante desse panorama, a inclusão do

Design como estratégia de mercado exige um processo específico de gestão de

desenvolvimento de produtos. Entende-se por modelo de gestão, um conjunto de

práticas e ferramentas administrativas que obedecem a uma determinada coerência ou

uma determinada ordem ou princípio.

4.4.4. Aplicação da Gestão

A maioria dos estudos realizados em relação à gestão do desenvolvimento de

produtos provêm de grandes empresas. A realidade em MPE's é bem diferente.

Entretanto se faz necessário conhecer alguns conceitos em relação à gestão de

projetos. A gestão de desenvolvimento de produtos consiste em manter permanente

vigilância e observação das mudanças no mercado e na tecnologia, e garantir a

incorporação destes aspectos no desenvolvimento de produtos em coerência com a

estratégia da empresa. Ocorre em dois níveis: estratégico e operacional.

a) Nível estratégico: criar um clima favorável na organização, para o

nascimento de novos produtos, envolvendo atividades relativas à administração,

viabilização e estruturação.

b) Nível operacional: consiste em gerenciar os recursos (materiais e humanos)

para o projeto; realizar avaliações; acompanhar a concepção do projeto bem como todo

seu processo de desenvolvimento.

4.4.4.1. Funções do gestor

O processo de gestão de projetos pode ser mais bem compreendido ao se

especificar as funções do gerente, ou gestor, de projetos. Minuzzi (2002) cita treze

atividades típicas do gestor:

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1. fazer a conexão com a estratégia da empresa

2. avaliar os problemas de projeto

3. prever os recursos necessários

4. planejar o projeto

5. selecionar a equipe de trabalho

6. contatar e selecionar os especialistas externos

7. definir a forma de atuação da equipe

8. organizar o processo

9. documentar o processo

10. administrar o manual do produto

11. acompanhar e administrar o processo

12. realizar avaliações parciais

13. realizar avaliação final

4.4.4.2. Modelo de gestão: o funil de desenvolvimento

Em síntese, o papel do gestor é de planejar, executar conforme o planejado,

realizar verificações e correções, tomar decisões. Isso pode ser implementado através

de um modelo de gestão. O Funil de Desenvolvimento é representado por uma

estrutura gráfica (Figura 11) a qual permite compreender o processo de

desenvolvimento de produto, que por sua vez caracteriza-se por uma situação em que

deve fluir uma grande quantidade de informações, com o objetivo de convergir num

produto. Ao contrário do Funil de decisões de Baxter, esse apresenta somente os

aspectos da gestão do projeto.

Essa representação é descrita de forma minuciosa por Wheelwright and Clark

(1992), que apresentam a importância e o real significado da gestão do Funil de

Desenvolvimento, uma vez que assim permite-se gerar e revisar alternativas, observar

a seqüência de decisões críticas e avaliar a natureza da tomada de decisão. Para Baxter

(1998), o Funil de Desenvolvimento é considerado um "Funil de Decisões" pois

permite "... visualizar as variações do risco e a incerteza, ao longo do processo de

desenvolvimento do novo produto". Para a efetivação do Funil de Desenvolvimento,

três tarefas básicas são apresentadas nesta seqüência:

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a) ampliar a abertura do Funil para a entrada de informações e conhecimentos,

decorrendo numa maior variedade e número de propostas de produtos e

processos;

b) estreitar o gargalo do funil, através da análise das propostas geradas,

observando os recursos sobre as oportunidades mais lucrativas;

c) garantir aos projetos a satisfação dos objetivos organizacionais.

Na prática, os Funis de Desenvolvimento são representados de modo disforme,

caracterizando aquelas empresas em que o processo de desenvolvimento do produto

apresenta-se ineficiente. Uma planificação correta do Funil de Desenvolvimento

possibilita a fluência das idéias e do desenvolvimento do projeto e a concentração e

capacitação de esforços para alcançar os objetivos.

Existem três parâmetros para avaliação dos Funis de Desenvolvimento:

- a criação de projetos (estimulo às fontes de novas idéias e seleção das que

darão suporte aos projetos de desenvolvimento);

- - a convergência do conceito ao projeto detalhado (procedimentos de

tomada de decisão, revisão e controle); e

- - o compromisso com o mercado (através de testes, exames e planos de

introdução no mercado).

Investigações Desenvolvimento Produto

Figura 11. Funil de desenvolvimento Fonte: Adaptado de WHEELWRIGHT and CLARK (1992).

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Wheelwright & Clark (1992), apresentam um modelo ideal de Funil de

Desenvolvimento (Figura 12), caracterizado por três fases, intercaladas por dois

filtros:

Fase 01 - Desenvolvimento do Conceito e geração de idéias do produto

(alargamento máximo da entrada; observação e identificação da possibilidade

de aplicação prática dos conceitos);

Filtro 01 - Primeiro procedimento de avaliação, caracterizado pela identificação

da integridade de alternativas pela gerência de nível médio; periodicidade nesta

avaliação; revisão dos conceitos filtrados até atingir os objetivos; apresenta

distintos critérios; identifica conceitos concorrentes e determina seqüência de

atividades da Fase 02;

Fase 02 - Inicia-se o detalhamento do projeto e especificação do nível de

conhecimento necessário para seu desenvolvimento. Objetiva organizar

informações para avaliação da gerência superior no Filtro 02;

Filtro 02 - Possibilita a revisão do desenvolvimento do processo / produto; após

este filtro, os projetos recebem meios (equipe e recursos) para condução até a

introdução no mercado;

Fase 03 - Etapa de execução, apresentando uma ou no máximo duas

plataformas (projeto original); podem apresentar projetos derivativos;

combinam recursos e alta probabilidade de desenvolver estratégias e alcançar

objetivos específicos.

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Filtro 01

Revisão doNível de Integridade

Filtro 02

Revisão deDecisão

Lançamento

FASE 01Desenvolvimento do

conceito e geração daidéia do produto

(também PDA, identificaçãoe revisão)

FASE 02Detalhamento dos

limites do projeto eespecificação dos

conhecimentosnecessários

FASE 03Execução do

Projeto de múltiplos tipos,de modo rápido

e focalizado

Figura 12. Modelo ideal do Funil de Desenvolvimento Fonte: Adaptado de WHEELWRIGHT & CLARK (1992)

Neste capítulo foi possível conhecer os aspectos essenciais da Metodologia de

Projeto de produtos, observando como é utilizado o desenho em todas as suas

etapas, caracterizado como ferramenta aglutinadora de todos os outros processo

envolvidos no processo de desenvolvimento de novos produtos. Formam-se assim,

as bases para a análise e implantação do design estratégico, através de estudo de

caso implementado em pequena empresa da região de Bauru, que será descrito no

próximo capítulo.

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5. Estudo de caso

Atualmente, as MPE's são consideradas essenciais para o crescimento do país.

Diversas pesquisas indicam que um pequeno crescimento nas MPE's, em especial as

industriais, pode provocar um aumento expressivo no nível de emprego e

conseqüentemente, um crescimento expressivo na economia do país. Esse crescimento

está associado ao aumento da competitividade das MPE's. Uma das formas de obter-se

crescimento é através de investimentos em desenvolvimento de novos produtos,

adotando-se o Design estratégico como ferramenta. Para tanto, é necessário conhecer

as limitações e as potencialidades de tais empresas, para em seguida elaborar-se um

método eficaz para atingir tais objetivos.

Neste capítulo, foi elaborado um estudo de caso em duas empresas semelhantes,

localizadas na região de Bauru, com o objetivo de averiguar suas atitudes em relação

ao processo de desenvolvimento de projetos. Foram levantados dados que determinam

o perfil da empresa e seu potencial para desenvolvimento de projetos, ou seja, para a

implementação do Design estratégico.

É importante ressaltar que esta análise não trouxe como resultado uma

metodologia de projetos apropriada para as MPE's em geral, pois a abrangência da

pesquisa é limitada apenas às duas empresas. O resultado alcançado consiste em uma

metodologia da qual somente as empresas de caráter semelhante àquelas pesquisadas

poderão usufruir, caso seja diagnosticada uma condição favorável à implantação do

Design estratégico. A análise crítica do processo pode ainda, fornecer um conjunto de

atributos desejáveis nas MPE's que desenvolvem ou participam do desenvolvimento de

projetos em geral. Por outro lado, a grande variedade de tipos de empresas de pequeno

porte, bem como a diversidade de tipos de projetos, dificultam qualquer tentativa de

aplicação de métodos teóricos padronizados. Portanto, a aplicabilidade de uma

metodologia é maior à medida que for mais generalizada, abrangente e flexível, desde

que exista ambiente favorável.

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Os dados foram levantados através de uma entrevista concedida por um dos

diretores das duas empresas, seguindo o mesmo roteiro em ambas (Apêndice A), para

que se mantivesse a uniformidade da abordagem. Não se pretende comparar as duas

empresas no sentido de se determinar qual é mais bem estruturada ou possui maior

competitividade, nem tampouco diagnosticar problemas administrativos. A intenção é

verificar como o mesmo assunto é tratado por empresas distintas, que atuam em áreas

semelhantes, complementando o repertório teórico para a formulação de uma

metodologia de projetos aplicável nestas empresas.

5.1 Perfil das empresas

As duas empresas pesquisadas pertencem à região de Bauru, uma delas,

denominada empresa “A”, localizada neste município e a outra, chamada de empresa

“B”, localizada em Macatuba - SP. Ambas são classificadas como empresas de

pequeno porte e foram selecionadas pela semelhança da área de atuação. A empresa

"A" produz artigos em Plástico Reforçado com Fibra de Vidro (PRFV), ou Fiberglass.

A empresa "B" produz artefatos em plástico termoformável (Tabela 11).

O perfil destas empresas é considerado adequado ao tema do estudo por

possuírem alguma atividade de desenvolvimento de produtos, entre outras. São

consideradas, de um modo geral, fornecedoras de alguns componentes para outras

empresas, que em alguns casos podem ser desenvolvidos em parceria com os clientes

ou realizar desenvolvimento independentemente ou ainda, receber o projeto pronto e

apenas executá-lo. Apesar disso, o tipo de atividade já indica grande potencial para

desenvolvimento de linhas próprias de produtos de consumo, em que o Design torna-

se fundamental para o aumento das chances de sucesso.

Tabela 11. Características gerais das empresas pesquisadas

Empresa A Empresa B Área de atuação Artigos em PRFV Artefatos de plástico N.º total de funcionários 13 (treze) 17 (dezessete) Faturamento anual ≈ R$ 900.000,00 ≈ R$ 1.400.000,00 Localização Bauru – SP Macatuba – SP Data de abertura Junho de 1986 (17 anos) Março de 1995 (08 anos)

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Bauru

Embora as duas empresas pertençam à região de Bauru (ver figura 13), as áreas

de atuação de ambas, divergem das principais áreas desta região, conforme tabela 08

(página 43). Entretanto, a importância do Design para essas empresas é tão

significativa quanto para empresas de outras áreas, independente do seu grau de

concentração regional.

Figura 13 – Mapa de localização das cidades Fonte: Embrapa monitoramento por satélite

5.1.1. Escolaridade dos funcionários

A formação escolar dos funcionários das empresas pode determinar as chances

de se formar uma equipe capacitada, já que isto influencia em diversos aspectos

operacionais e também na implementação de políticas administrativas. Nas empresas

pesquisadas, observou-se que os níveis primário e secundário concentram-se nos

setores produtivos das empresas, em que as tarefas cumpridas requerem

prioritariamente, habilidades motoras, ainda que, na empresa "B" encontre-se apenas o

nível secundário ou maior de escolaridade. O setor administrativo, onde se enquadram

a maioria das atividades relacionadas ao projeto, possui grau de escolaridade superior

em ambas as empresas, com alguns indivíduos pós-graduados (Tabela 12).

Pode-se observar que na empresa "A", o nível de escolaridade dos funcionários

em geral é mais baixo, podendo dificultar a extensão das atividades de

desenvolvimento de projetos aos setores da empresa com baixa escolaridade. Dessa

forma, justifica-se que a atividade de projeto seja terceirizada. Na empresa "B", o nível

São Paulo

Macatuba

Bauru

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de escolaridade é mais alto, mesmo nos setores produtivos, portanto existem maiores

chances de envolver estes últimos em atividades de desenvolvimento. Embora esse

fato seja relativo, pois não determina a criatividade ou a capacidade produtiva do

indivíduo; é um fator que deve ser considerado no momento de se planejar as

atividades de projeto, que envolvem questões teóricas de maior complexidade.

Tabela 12. Grau de escolaridade nas empresas

Escolaridade Número de funcionários (completo ou cursando) Empresa A Empresa B

1º grau 07 54% 00 00% 2º grau 02 15% 06 35% 3º grau 03 23% 04 24% Técnico 00 00% 05 29% Pós-graduação 01 08% 02 12% Total 13 100% 17 100%

5.1.2. O desenho técnico

Foi enfatizado em capítulos anteriores, que o desenho possui uma importância

histórica no processo de desenvolvimento de projetos. A metodologia de projeto é

composta por diversas etapas em que o desenho é fundamental para seu

desenvolvimento, estando presente praticamente do início ao fim do processo. Nas

empresas pesquisadas, faz-se uso do desenho de forma bastante intensa, no entanto, o

número de funcionários que domina a linguagem do desenho técnico é diferente em

cada empresa, conforme tabela 13, a seguir.

Na empresa "A", notou-se que uma pequena parte dos sujeitos pertencentes aos

setores de produção e diretoria domina essa ferramenta, os outros setores possuem

conhecimento mínimo ou até inexistente. Para esta empresa, a importância do

54%

15%23%

0%8%

0%

35%24%

29%

12%

0%10%20%30%40%50%60%

1º Grau 2º Grau 3º Grau Técnico Pós-grad.

Empresa A

Empresa B

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conhecimento do desenho técnico por muitos funcionários é relativa, já que terceiriza

boa parte das atividades de desenho e projeto. Recomenda-se que os desenhos

destinados ao setor produtivo sejam acompanhados de ilustrações e perspectivas para

compensar as dificuldades de leitura e interpretação.

Por outro lado, na empresa "B" existe um número maior de funcionários que

conhecem desenho técnico, de forma mais distribuída por todos os setores da empresa.

Apenas no setor de produção aparecem sujeitos que possuem baixo conhecimento de

desenho técnico. Esse dado reflete como o projeto é desenvolvido nas duas empresas,

em relação aos funcionários que participam do desenvolvimento, mais bem

apresentado no tópico “equipes de projeto”.

Tabela 13. Conhecimento de desenho técnico nas empresas

Empresa A Empresa B

Setores Diretoria

Administrativo

Produção

Direção

Administrativo

Produção

Bom Regular Baixo Bom Regular Baixo Grau de conhecimento

15% 15% 70% 35% 12% 53% Execução dos desenhos Terceirizada Própria

A utilização de desenhos pelas empresas em diversas operações, apresentada na

tabela 14, demonstra um cenário em relação à forma de encaminhamento dos projetos,

melhor compreendido se analisada cada operação separadamente.

a) Projeto: aqui entendido como adaptação do projeto do cliente ao processo

produtivo da empresa, além das atividades de desenvolvimento, normalmente

acompanhadas pelo desenho.

b) Orçamento: Todas as atividades de cálculo de custos e definição de preços

do produto são efetuadas antes da execução deste e necessárias para a negociação com

o cliente. Sendo assim, as informações sobre o produto são transmitidas na forma de

desenho na maioria dos casos. A exatidão dos cálculos depende da correta transmissão

de informações e o desenho ainda é o melhor meio para isso, mesmo porque tais

empresas não dispõem de recursos informatizados para automatizar este processo a

partir de, por exemplo, um modelo computadorizado do produto.

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c) Apresentação: Trata-se de representações gráficas destinadas a visualização

do produto de forma persuasiva, em que geralmente são utilizadas ilustrações,

renderings ou concepções artísticas. Esse tipo de desenho só é utilizado pela empresa

"A", pois a empresa "B" é mais voltada à execução de produtos já desenvolvidos pelo

cliente.

d) Aprovação: É a formalização que marca o término e o início das etapas de

desenvolvimento de projetos. O prosseguimento do projeto envolve responsabilidades,

especialmente sobre os recursos investidos, que são negociadas entre a empresa, o

cliente e até os fornecedores. Os registros das aprovações devem ser incontestáveis e

devem ser documentados em todos os seus aspectos. No que diz respeito aos aspectos

construtivos e formais do produto, a melhor forma de realizá-lo é com a utilização do

desenho técnico, expediente utilizado por ambas as empresas.

e) Execução de protótipos ou modelos: Embora não se fabriquem protótipos de

todos os produtos de linha, quando executados, utilizam-se desenhos de forma intensa

pelas duas empresas em questão.

f) Solicitação de compra: Pode ser entendido como compras de matéria-prima

ou serviços de terceiros, enviadas aos fornecedores. Nesse sentido, apenas na empresa

“B” ocorre esse tipo de situação. Porém, esse procedimento pode variar de acordo com

o cliente, podendo deixar de ocorrer a qualquer momento e vice-versa, em qualquer

uma das empresas.

g) Fabricação (também de moldes ou matrizes): Nesta atividade o uso de

desenhos é empregado durante a fabricação das matrizes em ambas as empresas,

embora possam ocorrer situações em que a matriz é extraída de um modelo ou de um

exemplar do produto, sem a necessidade de construí-la a partir de um desenho. Pode

ser entendido como uma etapa decisiva em relação à fabricação propriamente dita,

pois nas duas empresas, uma vez de posse do molde, o processo produtivo não

necessita mais de desenhos e o produto passa a ser uma cópia exata das formas

estabelecidas pela matriz. Em alguns casos apenas, em que se acrescentam

complementos inseridos na peça, é que se recorre a desenhos que indicam a correta

localização destes complementos.

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h) Resolução de problemas: Em situações em que há divergência entre o que foi

fabricado e o especificado, recorre-se aos desenhos para verificação da origem do

problema. Nesse caso, o desenho torna-se um importante documento de registro e

avaliação das atividades produtivas, procedimento adotado pelas duas empresas.

i) Comunicação interna e externa: Nenhuma das duas empresas afirmou utilizar

desenhos em atividades de comunicação. Essa atividade seria mais intensa caso os

projetos fossem desenvolvidos utilizando-se de conceitos da engenharia simultânea.

Assim, nota-se o indício de que a estrutura de desenvolvimento de projetos em ambas

as empresas é linear e seqüencial.

j) Solicitação de serviço: Entendendo-se como um pedido de fabricação emitido

pelo cliente, somente na empresa “A” ocorre esta situação, embora esta variável

dependa do cliente.

k) Documentação: O arquivamento das informações referentes ao

desenvolvimento de projetos é fundamental para conservação do conhecimento

adquirido pela empresa. Este procedimento também é conhecido por aprendizagem

organizacional. Entre as formas de registro, o desenho se destaca pela objetividade

inerente a este tipo de documento – e também pela capacidade de integrar todos os

outros tipos de informação. Independente da forma como são conservadas todas as

informações, ambas as empresas pesquisadas alegam possuir desenhos como forma de

documentação dos projetos.

Tabela 14. Utilização de desenhos nas empresas

Empresa A Empresa B Tarefa Sim Não Sim Não

a) Projeto b) Orçamento c) Apresentação d) Aprovação e) Execução de protótipo ou modelo f) Solicitação de compra g) Fabricação h) Resolução de problemas i) Comunicação interna ou externa j) Solicitação de serviço k) Documentação

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5.1.3. Equipes de projeto

As empresas em geral, formam equipes de projeto de diversas maneiras.

Algumas destacam funcionários de setores diversos, para atuarem no desenvolvimento

de novos produtos, incluindo esta atividade entre as atividades cotidianas da sua

função. Outras possuem um departamento próprio, incumbido apenas da tarefa de

desenvolver produtos, envolvendo outros setores conforme se necessite. Há ainda,

empresas que contratam outras empresas especializadas em desenvolvimento de

projetos. Todos estes casos são possíveis de se aplicar nas empresas pesquisadas, o que

determina a escolha por um método ou outro, entre outros fatores é o custo previsto

para o projeto e o retorno possível deste investimento.

Como se tratam de empresas de pequeno porte, o capital disponível sempre é

muito limitado para um processo constante de desenvolvimento de novos produtos. É

necessário portanto, formas alternativas de se estruturar equipes de projetos. Na

empresa "A", a maior parte de tarefas relacionadas a projetos, é terceirizada. Quando

se desenvolvem novos produtos, quase sempre se envolve apenas a diretoria que

coordena o processo e alguns profissionais terceirizados, responsáveis pelas tarefas de

desenho e projeto (Tabela 15). Pode-se dizer que essa empresa possui estrutura

verticalizada e centralizada na diretoria, o que possibilita decisões rápidas,

principalmente por possuir poucos graus de hierarquia.

Na empresa "B", são envolvidos diversos setores no desenvolvimento de

projetos, além da própria diretoria. O pessoal responsável pela execução de desenhos

pertence ao próprio quadro de funcionários, estando os setores produtivo e

administrativo também comprometidos com o projeto. Clientes e fornecedores

possuem grande participação no processo. Nessa empresa então, considera-se que

existe multifuncionalidade na equipe de desenvolvimento de projetos, e é

hierarquicamente horizontal.

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Tabela 15 – Participação dos setores da empresa no desenvolvimento de projetos

Participação da Diretoria no desenvolvimento de projetos

Empresa A 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Empresa B 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Participação do setor de produção no desenvolvimento de projetos Empresa A 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Empresa B 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Participação do setor comercial e administrativo no desenvolvimento de projetos Empresa A 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Empresa B 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Participação dos clientes no desenvolvimento de projetos Empresa A 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Empresa B 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Participação dos fornecedores no desenvolvimento de projetos Empresa A 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Empresa B 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Participação dos usuários e consumidores no desenvolvimento de projetos Empresa A 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Empresa B 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

00 = pouco / 10 = muito

Tabela 16 – Execução das tarefas em atividades de projeto

Setores envolvidos Atividades desenvolvidas

Empresa A Empresa B Execução de desenhos Terceirizado Administrativo Execução de cálculos Diretoria - Execução de protótipos Produção / Diretoria Produção Aprovação para desenvolvimento Diretoria Cliente / Produção / Diretoria Aprovação do protótipo Diretoria / Produção / Cliente - Aprovação para lançamento Diretoria / Produção / Cliente Cliente Acompanhamento da produção Diretoria Produção

5.1.4. Gestão estratégica de projetos nas empresas

Por estarem atuando em uma área onde a competitividade é alta, as empresas

pesquisadas necessitam adotar estratégias diversas que as mantenham no mercado.

Assim, foram levantadas quais estratégias de competitividade são adotadas e quais

técnicas de gestão empregam.

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Os tópicos levantados foram baseados na pesquisa do Sebrae (1996) que

procurou identificar quais as estratégias de competitividade que as MPE's industriais

mais adotam, já apresentados no Capítulo 3. Na tabela 17, constam os dados extraídos

de tal pesquisa em comparação aos dados levantados nas duas empresas abordadas,

uma vez que ambas as empresas também são de pequeno porte. Todas as estratégias

abaixo, podem ser consideradas tentativas de se obter vantagens em relação à

concorrência, portanto, uma questão de sobrevivência. Alguns dos itens abaixo, são

analisadas como práticas administrativas que envolvem setores com pouca relação

com o desenvolvimento de produtos, tais como os itens: - reduzir o prazo de entrega; -

elevar a eficiência da assistência técnica; - diminuir o número de linhas de produtos; -

atuar no mercado externo; e - desenvolver instrumentos de propaganda e marketing.

Os demais fatores, podem estar diretamente relacionados ao setor de projetos e serão

analisados a seguir.

- Diminuir o preço: Este é um fator essencial na decisão de compra de um

produto, tanto por parte do cliente como pelo consumidor final. Cerca de 25% das

empresas adotam a estratégia de reduzir em níveis cada vez mais competitivos o preço

final do seu produto. A empresa “A” enquadra-se nesse padrão, já a empresa “B”,

procura reduzir seu preço durante o desenvolvimento do projeto, através da adequação

do produto ao processo produtivo.

- Assegurar a conformidade dos produtos às especificações técnicas: mais da

metade (57%) das pequenas empresas afirmam adotar esta estratégia. A empresa “A”

tem dificuldade de implementar esta estratégia, embora seja uma prática passível de

ser aplicada, dependendo do nível de exigência do cliente. A empresa “B” adota esta

estratégia regularmente. É importante notar que o conhecimento do desenho técnico é

essencial a essa prática, pois geralmente as especificações técnicas são

complementadas por desenhos, ou até totalmente transmitidas na forma de desenhos.

- Aumentar o atendimento às necessidades dos clientes: esta estratégia pode ser

implementada em diversos setores da empresa, porém durante a fase de projeto pode

ser ainda mais decisiva para o posicionamento da empresa no mercado. Muitas vezes

os atributos desejados pelo cliente são incorporados ao produto durante a fase de

conceituação do projeto. Ambas as empresas adotam essa estratégia. Entre as

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estratégias aceitas pelas pequenas empresas, essa é uma das que mais se destaca

adotada por 61% das empresas.

- Melhorar a utilização dos insumos: entende-se por insumo, a soma de todos as

despesas (matéria-prima, horas trabalhadas, energia, etc.) que ocorrem na obtenção de

um produto industrializado. Vista como estratégia, a otimização da utilização dos

insumos deve ser planejada principalmente durante o projeto. Ambas as empresas

pesquisadas adotam esta estratégia. Em nível nacional, 49% das pequenas empresas

também afirmam adotar esta estratégia.

- Lançar novos produtos com maior freqüência: nenhuma das duas empresas

pesquisadas adota esta estratégia, embora seja a que mais se aproxima da hipótese de

que o desenvolvimento de novos produtos seja um meio eficaz de aumentar a

competitividade e promover o crescimento da economia. Poucas empresas têm

adotado essa tática, segundo o Sebrae, apenas 19% das pequenas empresas o fazem.

Não é possível afirmar com exatidão os motivos desse baixo índice. Podem ser os altos

custos envolvidos no processo, ou simplesmente o fato das empresas não conhecerem

como proceder para se desenvolver o projeto dos produtos.

- Aumentar o número de linhas de produtos: assim como no tópico anterior, um

número ainda muito baixo de empresas de pequeno porte (12%) costuma aumentar sua

linha de produtos como estratégia empresarial. Apesar disso, a empresa “A” afirma

adotar tal estratégia, ao contrário da empresa “B”, que não o faz.

- Desenvolver o conteúdo tecnológico: é possível desenvolver o conteúdo

tecnológico de um produto, através de parcerias e consultorias, no aperfeiçoamento de

materiais e processos de fabricação, porém, quando se trata de um produto novo, é

durante a fase de projeto que esta estratégia deve se manifestar, a princípio. As duas

empresas afirmam que usam essa estratégia e dominam a tecnologia do processo

produtivo, o que indica uma predisposição em acompanhar as inovações tecnológicas e

incorporá-las ao seu processo na medida do possível. Esse aspecto também favorece

que produtos inovadores sejam mais facilmente aprovados.

Lembrando que o fato de uma empresa não adotar determinada tática, não

significa que ao longo da sua existência não tenha desenvolvido alguma atividade

relacionada às estratégias citadas acima. Ao afirmar que adota alguma das estratégias

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mencionadas, pode-se dizer que a empresa possui atividades desenvolvidas

regularmente e que podem se enquadrar entre as estratégias apresentadas.

Tabela 17. Estratégias de competitividade

Pequena Empresa

Empresa A Empresa B Estratégias de competitividade adotadas

% Sim Não Sim Não a. Diminuir o preço 25 b. Reduzir o prazo de entrega 36 c. Elevar a eficiência da assistência técnica 33 d. Assegurar a conformidade dos produtos às especif. técnicas. 57 e. Aumentar o atendimento às necessidades dos clientes 61 f. Melhorar a utilização dos insumos 49 g. Lançar novos produtos com maior freqüência 19 h. Aumentar o número de linhas de produtos 12 i. Diminuir o número de linhas de produtos 2 j. Desenvolver o conteúdo tecnológico 21 k. Atuar no mercado externo 8 l. Desenvolver instrumentos de propaganda e marketing 10

As técnicas de gestão listadas na tabela 18 (pág. 93), foram extraídas de uma

pesquisa do SEBRAE (1996), consideradas como as mais comuns entre as empresas

industriais de pequeno porte brasileiras, conforme já apresentado em capítulos

anteriores. Os princípios básicos de gestão de projetos são analisados considerando as

várias dificuldades das MPE's. No levantamento realizado nas empresas "A" e "B",

foram notadas a presença de algumas dessas técnicas, descritas a seguir.

a) Gestão da qualidade total: Essa técnica, muito em voga na década passada, é

empregada por 25% das pequenas empresas brasileiras e também pela empresa "A",

entretanto, pode ocorrer uma variação no tratamento dos itens de produção, conforme

a exigência do cliente . A empresa "B", embora se preocupe com a qualidade dos seus

produtos, afirma não possuir a qualidade total como técnica gerencial.

b) Controle estatístico de processo: Ferramenta essencial para mensuração dos

ítens de controle de uma empresa, ambas as empresas pesquisadas adotam esse

procedimento. Das pequenas empresas brasileiras, 21% também realizam esse

controle.

c) ISO 9000: A certificação da empresa de acordo com esta norma, representa

um custo muito alto para a maioria das pequenas empresas e de fato, nenhuma das

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duas empresas abordadas possui tal certificação, bem como em nível nacional, em que

apenas 10% das pequenas empresas a possuem.

d) Multifuncionalidade: No Brasil, 29% das empresas de pequeno porte adotam

esta prática. Das empresas entrevistadas, apenas a empresa "A" também adota. Essa

característica indica um aspecto positivo quando se trata de desenvolvimento de

produtos, pois pode ser mais fácil formar equipes multifuncionais para trabalhar num

projeto, além de cumprirem outras tarefas. Sendo assim, o repertório mais amplo de

conhecimentos da equipe, favorece o surgimento de inovações, tanto no processo

como no próprio produto.

e) Redução do “Lead-time”: Esta prática está relacionada à agilidade das ações,

em função das decisões tomadas. Em se tratando de projetos, o tempo total entre a

decisão de iniciar o desenvolvimento e o lançamento do produto, é de fundamental

importância para se atingir o resultado esperado, principalmente no contexto atual, em

que ocorrem mudanças bruscas no comportamento do mercado e da tecnologia. A

empresa "B" não possui essa preocupação, devido a sua forma de atuação, que na

maior parte das suas atividades, apenas produz elementos que farão parte do produto

do cliente. Já a empresa "A", afirma realizar esse processo, assim como 29% das

pequenas empresas nacionais.

f) Terceirização: Esta prática implica na diminuição dos custos gerais, em

especial os encargos sociais, bem como um aumento no empenho na execução das

tarefas. A empresa "A" costuma terceirizar, total ou parcialmente, as atividades de

projeto e execução de desenhos, além dos transportes e alguns itens da produção. A

empresa “B”, terceiriza a execução de modelos e moldes, a manutenção e os

transportes. Em escala nacional, 16% das pequenas empresas terceirizam alguma

atividade.

g) Manufatura assistida por computador – CAM: Apenas 11% das pequenas

empresas a adotam. O motivo deste baixo índice pode ser o alto custo deste tipo de

tecnologia torne inviável sua utilização, ou a ocorrência de um tipo de produção que

simplesmente não necessite dessa tecnologia. Aparentemente, esse último é o caso das

duas empresas entrevistadas.

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h) Projeto assistido por computador – CAD: A empresa "A", por terceirizar este

tipo de atividade, não possui esta ferramenta, assim como a grande maioria das

pequenas empresas, pois apenas 12% delas a possuem. A empresa "B", quando

necessário, executa seus próprios desenhos em CAD.

i) Uso de mini-fábricas / rearranjo em células: Este tipo de organização da

produção, aplicável também em setores administrativos, só é utilizado por 12 % das

pequenas empresas. Nos casos estudados, apenas a empresa "B" utiliza esta prática.

j) Engenharia simultânea: Nenhuma das empresas analisadas adotam essa

prática, assim como a grande maioria das pequenas empresas (apenas 12% praticam

engenharia simultânea). Isso confirma que a estrutura do desenvolvimento de projetos

nessas empresas é linear e as atividades são seqüenciais, executadas em momentos

separados e por indivíduos diferentes.

l) Reengenharia: Se aplicada corretamente, pode contribuir bastante para o

aumento da competitividade da empresas. Essa prática é adotada pela empresa "B",

mas não pela "A". Somente 9% das pequenas empresas empregam os conceitos da

reengenharia. Consiste na implementação de mudanças radicais que, ao redesenhar os

processos de trabalho, visam melhorar, de forma drástica, a eficácia da empresa, em

todos os seus aspectos tais como custos, qualidade, serviço e velocidade. Sua principal

característica é a de se colocar ênfase na satisfação dos clientes.

m) Uso de “Benchmarking”: A observação de práticas de sucesso, já

experimentadas por outras empresas, geralmente concorrentes; e a posterior adaptação

para sua realidade, pode ser considerada uma prática essencial num mercado

competitivo. Apesar disso, apenas 9% das pequenas empresas a executam. Das

empresas consultadas, somente a empresa "B" adota esta prática.

n) Programas de P&D: Os programas de Pesquisa e Desenvolvimento

caracterizam-se pelo desenvolvimento de tecnologia básica. Não é uma prática comum

entre as pequenas empresas, por demandar alto custo e risco, apesar de proporcionar

maiores chances de inovação. Nenhuma das duas empresas abordadas realiza algum

tipo de pesquisa e desenvolvimento e apenas 9% das pequenas empresas brasileiras

afirmam realizar. Uma forma de viabilizar este tipo importante de atividade, pode ser o

estabelecimento de parcerias entre pequenas empresas que se baseiam em tecnologias

semelhantes.

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o) Programa de gestão ambiental: Cerca de 18% das pequenas empresas

brasileiras realizam tal gestão. Apesar da importância da questão ambiental, nenhuma

das duas empresas entrevistadas possui um programa voltado a esse tema. Ambas

possuem processos produtivos que geram resíduos sólidos passíveis de serem

reciclados, sendo esse o único fator expressivo em relação ao meio ambiente.

p) Planejamento estratégico: Um número considerável, mas ainda pequeno, de

pequenas empresas planeja estrategicamente suas atividades (31%). Das empresas

abordadas, somente a empresa "B" afirma executar planejamento estratégico. Esta

atividade pode ser decisiva em relação à adoção do Design estratégico como

ferramenta de obtenção de competitividade e permanência no mercado. A empresa que

não planeja estrategicamente suas atividades, geralmente as baseia no negócio original

da empresa, que motivou a abertura da mesma. Esse negócio pode se desgastar ao

longo do tempo e não haver tempo para o estabelecimento de novos negócios, podendo

até provocar o fechamento da empresa.

Tabela 18. Técnicas de gestão

Pequena empresa

Empresa A Empresa B Técnicas, métodos e programas adotados

% Sim Não Sim Não

a. Gestão da qualidade Total 25

b. Controle estatístico de processo 21

c. ISO 9000 10

d. Multifuncionalidade 29

e. Redução do “Lead time” 29

f. Terceirização 16

g. Manufatura assistida por computador – CAM 11

h. Projeto assistido por computador – CAD 12

i. Uso de mini-fábricas / rearranjo em células 12

j. Engenharia simultânea 9

l. Reengenharia 11

m. Uso de “Benchmarking” 9

n. Programas de P&D 9

o. Programa de gestão ambiental 18

p. Planejamento estratégico 31

5.1.5. Tipos de projetos desenvolvidos

Ao se verificar quantos projetos são desenvolvidos pelas empresas pesquisadas,

é necessário estabelecer quais tipos de projetos são desenvolvidos, de um modo geral,

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pelas duas empresas. A tabela 19 demonstra alguns tipos variados de projetos e a

ocorrência destes nessas empresas, que serão analisados a seguir. É importante

salientar que pode ocorrer, esporadicamente, qualquer um dos tipos de projeto citados

adiante ou alguma combinação entre eles, mas os tipos a seguir são os que aparecem

com maior freqüência. Através da verificação dos tipos de projetos desenvolvidos

pelas empresas, fica evidente a principal característica do perfil dessas empresas.

Empresa A: O único tipo de projeto desenvolvido por esta empresa, consiste

em projetos por evolução (BACK, 1984), em que apenas realizam-se modificações em

produtos existentes, procurando aperfeiçoá-los. A quantidade de projetos iniciados, em

torno de dez (10), é considerada baixa, mas todos os projetos iniciados são levados até

o fim, ocasião em que o produto é lançado no mercado. Em nenhum dos projetos

desenvolvidos, o resultado alcançado é plenamente satisfatório. Possivelmente, a causa

para tal fato seja justamente a dedicação a um único tipo de projeto, que tipicamente

não se traduz em altos retornos financeiros.

Os tipos de projetos que podem alcançar altos índices de retorno, são aqueles

aos quais esta empresa não se dedica – o projeto por inovação, que se destina a

produtos totalmente novos; o projeto adaptativo, que programa novos usos para os

produtos existentes; e o projeto variante, que procura novas categorias de produtos.

Esses tipos envolvem maiores riscos, pois implicam em mercados desconhecidos

Outro fator que pode resultar em baixos índices de retorno, é a quantidade de

produtos lançados em relação ao número de projetos iniciados. Na empresa "A", todos

os projetos iniciados são completados, mas sabe-se que ao longo do desenvolvimento é

necessário realizar constantes avaliações das chances de sucesso do produto, e

abandonar o projeto tão logo se demonstre a inviabilidade deste. A situação ideal é a

oposta, onde se deve aumentar radicalmente a quantidade de projetos iniciados,

descartando aqueles que se mostrem inviáveis ao longo do desenvolvimento, para que

ao final, somente os produtos com grandes chances de sucesso sejam lançados no

mercado.

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Empresa B: Esta empresa desenvolve uma variedade maior de tipos de

projetos. Dos tipos apresentados na tabela 19, somente o projeto adaptativo não é

desenvolvido, o qual consiste em atribuir utilizações novas para produtos existentes.

Essa variabilidade reflete-se na quantidade total de projetos desenvolvidos. São

iniciados anualmente, cerca de 50 projetos, dos quais 90% chegam a ser produzidos.

Uma pequena quantidade dos projetos iniciados (10%) não chega a ser lançado, mas

70% dos produtos lançados atingem resultados satisfatórios, compensando as perdas

dos recursos investidos em projetos de retorno aquém do esperado.

Os tipos de projetos desenvolvidos por esta empresa são: projetos por evolução,

que consiste em realizar aperfeiçoamento em produtos existentes; projeto por

inovação, ou seja, de produtos totalmente novos e idéias ainda não experimentadas;

projeto variante, onde se lançam produtos já experimentados, mas em categorias

diferentes; e projeto de adequação, em que se busca novas alternativas de produto com

materiais, e processos produtivos ainda não experimentados na categoria.

Tabela 19 – Projetos desenvolvidos

Empresa A Empresa B Tipos de projetos

Sim Não Sim Não

Projeto por evolução (aperfeiçoamento de produtos existentes) Projeto por inovação (idéias ainda não experimentadas) Projeto adaptativo (produto existente – utilização nova) Projeto variante (mesma utilização em categorias diferentes) Projeto de adequação (adaptação de projeto para processo produtivo disponível) Possui departamento próprio de desenvolvimento de projeto? Conhece o custo de desenvolvimento de projetos ? Quantidade de projetos iniciados (anual ) 10 50 Quantidade de projetos concluídos (anual ) 10 45 Quantidade de projetos lançados no mercado (anual ) 10 45 Quantidade de projetos que produziram o retorno esperado (anual ) 0 35

5.1.6. Documentação dos projetos

O aprendizado organizacional é outro aspecto que pode se concretizar em um

diferencial importante para o desenvolvimento de novos produtos. A maneira como o

projeto foi desenvolvido, com erros e acertos, deve servir de referência para

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desenvolvimentos futuros. As empresas consultadas realizam um certo grau de

documentação dos projetos, apresentados a seguir (tabela 20), e será considerado na

metodologia recomendada.

Tabela 20 - Documentação das informações dos produtos

Empresa A Empresa B Tipo de informação

Arquivo Físico

Arquivo Digital

Arquivo Físico

Arquivo Digital

Data-sheet - - Memorial descritivo - - - - Desenho técnico - - Fotografia - - - Exemplar de amostra - - - Matriz, molde, ferramenta - -

5.2. Procedimentos metodológicos recomendados

Existem muitas maneiras de se desenvolver um projeto e são incontáveis os

métodos encontrados em prática e na literatura. Não é possível portanto, estabelecer

um único método que contemple todas as possibilidades previsíveis e imprevisíveis

num processo de desenvolvimento. O mais correto é estabelecer uma metodologia

básica a princípio e num processo contínuo de aprendizado e aperfeiçoamento,

estabelecer o método mais adequado ao perfil da empresa. Mesmo porque, o próprio

perfil das empresas se altera ao longo do tempo, bem como a tecnologia e as

necessidades de mercado. Assim, é mais coerente estabelecer procedimentos

metodológicos básicos em consonância com a estratégia, para que estes naturalmente

se ajustem à realidade das empresas.

Apesar das diferenças essenciais existentes entre as duas empresas, é possível

adotar procedimentos metodológicos semelhantes entre elas com pequenas variações,

para se adequar ao perfil de cada uma delas, já que é proposto o mesmo objetivo final

– a implementação do Design estratégico. Essa proposta pode ser entendida como uma

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nova estratégia de negócios para as empresas e parte-se do princípio de que se deseja

adotá-la. A intenção é não provocar mudanças drásticas na estrutura atual, mas

possibilitar crescimento econômico e incremento da competitividade.

A metodologia básica pode possuir as mesmas etapas gerais, mas para cada

empresa, o pessoal envolvido nas tarefas, bem como as técnicas e ferramentas

empregadas devem ser diferenciadas. A forma como o projeto avança também deve

possuir algumas diferenças.

Os autores que serviram de referência para a elaboração dos procedimentos

metodológicos recomendados foram Löbach (2000), Wheelwright & Clark (1992) e

Baxter (1998). O primeiro traz os aspectos operacionais de forma bastante detalhada, o

segundo aborda os aspectos gerenciais e o terceiro, faz a união entre os aspectos

operacionais com os gerenciais, caracterizando-se como o mais próximo do objetivo

deste trabalho. Serão apresentadas as recomendações para as empresas pesquisadas,

primeiramente do ponto de vista gerencial e estratégico, para em seguida descrever os

aspectos operacionais.

5.2.1. Recomendações gerais – aspectos gerenciais e estratégicos

Antes de apresentar a metodologia básica proposta, é importante realizar uma

breve discussão sobre alguns conceitos já debatidos, em relação à realidade das

empresas abordadas. São apresentados a seguir, alguns procedimentos gerais,

considerados como práticas usuais que devem ser implementadas nos níveis

estratégicos e gerenciais nas duas empresas.

5.2.1.1. Definição do tipo de estratégia

É necessário que se defina com muita clareza e consciência, qual a estratégia

que se adota ou pretende adotar, para então determinar como poderá ser agregado o

Design aos planos da empresa. A estratégia atual da empresa "A" pode ser considerada

como defensiva, assim denominada porque costuma realizar projetos de

aperfeiçoamento de produtos existentes e mercados já definidos, que é menos

arriscado. A empresa "B" é caracterizada como dependente, pois quase não desenvolve

produtos próprios, atuando como fornecedora de componentes a outras empresas.

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5.2.1.2. Definição do tipo de projeto

Para as MPE's em geral, é muito difícil realizar projetos de novos produtos para

novos mercados e ainda por cima, inovadores. Mesmo nas grandes empresas, de todos

os projetos produzidos, a maioria é de aperfeiçoamento e quando lançam um produto

inovador, este passa a ser aprimorado em futuros projetos. A maior ocorrência de

projetos, em todo tipo de empresa, é de produtos que sofrem aperfeiçoamentos

constantes, nos quais pequenas inovações acumuladas ao longo do tempo passam a ser

consideradas grandes inovações.

Para a empresa "A", a necessidade de inovação pelo Design é mais evidente.

Mesmo produzindo apenas projetos para aperfeiçoamento dos produtos existentes,

estes devem se diferenciar no mercado. A empresa "B", por sua estratégia dependente,

necessita produzir mais inovações em relação ao processo de produção, de forma

intimamente ligada ao projeto. Os produtos novos e inovadores são em maioria

projetados pelas empresas que adquirem sua produção. Esse know-how pode ser

utilizado em benefício próprio, realizando projetos de aperfeiçoamento, além dos

outros tipos que já desenvolve, incorporando as inovações técnicas em produtos

existentes, para assim obter vantagem competitiva.

5.2.1.3. Funções do gestor

A prática da gestão de projetos em MPE's geralmente é executada pelos

proprietários da empresa, que ocupam os cargos de gerência, direção ou presidência,

conforme a empresa. São responsáveis pelo encaminhamento do projeto, nos pontos

decisivos e devem possuir a visão geral de todo o processo. As principais tarefas do

gestor, considerando as empresas analisadas, são descritas a seguir.

- Fazer a conexão entre o projeto e a estratégia da empresa: No decorrer do

projeto, é possível que ocorram variações que podem se desviar da estratégia da

empresa. Através da gestão, devem ser estabelecidas as metas a cumprir, para que não

haja este desvio. Sugere-se adotar o seguinte ciclo: planejar as atividades; executar as

tarefas; conferir o que foi realizado; atuar para corrigir os desvios.

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- Criar clima organizacional: O projeto pode influenciar as atividades cotidianas

em todos os setores da empresa. Assim, cada setor deve contribuir para a eficácia da

estratégia, mas nem sempre os setores atuam em consonância. Portanto, o gestor deve

evitar a má combinação entre os setores da empresa envolvidos direta ou indiretamente

no projeto, acarretada por política interna da empresa mal resolvida.

- Organização da equipe/participantes do projeto: A formação da equipe de

projeto varia de acordo o tipo de projeto. Cabe ao gestor adotar melhor forma de

estruturar a equipe e também planejar e monitorar seu desempenho. Na empresa "A",

devido o seu perfil, recomenda-se montar uma equipe externa, já na empresa "B",

existem condições para que a equipe seja formada a partir do próprio quadro de

funcionários. Em ambos os casos, é importante elaborar compromissos contratuais

para o cumprimento das metas.

- Alocar recursos: O investimento dispensado ao projeto deve ser administrado

de acordo com a evolução deste. De um modo geral, devem ser baixos nas fases

iniciais, quando o grau de incerteza é elevado e as propostas são muito variadas. À

medida que o projeto se concretiza e o risco diminui, os valores investidos devem

aumentar progressivamente.

- Estabelecimento de parcerias estratégicas: Fornecedores e clientes cumprem

um papel importante no desenvolvimento de um projeto, em especial, na pequena

empresa. Assim, é possível partilhar os custos e riscos envolvidos ao se formalizar

parcerias no desenvolvimento. Cabe ao gestor realizar tais parcerias visando fortalecer

prováveis pontos vulneráveis do projeto.

- Realizar avaliações parciais e finais: O cumprimento de cada etapa do projeto

pode ser acompanhado através do estabelecimento de metas e sua posterior

verificação. Essa tarefa pode ser entendida como a formalização do término de uma

etapa e o início da próxima. O gestor pode recorrer a ferramentas de avaliação e

realizá-las em conjunto com a equipe de desenvolvimento. Atrasos na solução de

problemas podem ser evitados com a sistematização deste procedimento.

- Acompanhar o mercado: Dependendo do mercado que se pretende atingir, é

necessário um acompanhamento atento das variações deste, pois num curto intervalo

de tempo podem ocorrer mudanças bruscas que chegam a inviabilizar o projeto. A

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ligação entre as variações de mercado detectadas e a incorporação destas no projeto

deve ser feito pelo gestor, pois os designers e projetistas envolvidos no projeto podem

estar tão imersos em atividades operacionais a ponto de perder o foco no mercado.

Falta de exclusividade do mercado ou ineditismo do produto, são problemas que

podem ser então minimizados, evitando surpresas no lançamento do produto.

- Acompanhar os avanços tecnológicos: Assim como o mercado alvo, a

tecnologia envolvida também se movimenta rapidamente, podendo alterar

drasticamente os rumos do projeto. Portanto, o gestor deve estar atento às mudanças

para possibilitar sua incorporação ao produto. Problemas técnicos imprevistos podem

ser rapidamente resolvidos quando se tem conhecimento atualizado sobre a tecnologia

envolvida e seus avanços.

5.2.2. Recomendações gerais – aspectos operacionais

A forma mais simples de apresentar o método de desenvolvimento de produtos

é enumerar as etapas gerais do desenvolvimento, que servirão de referência para se

concretizar as operações e tomar as decisões; e detalhar as operações em cada etapa.

Dentro do modelo a ser seguido, já apresentado no capítulo anterior, é possível

retroceder ou avançar as etapas, desde que se cumpra o objetivo de reduzir a incerteza

progressivamente, para aumentar o investimento no projeto com o menor risco

possível.

A forma de apresentação de método, aparentemente, demonstra que o projeto

seja desenvolvido linearmente, mas na prática, algumas etapas podem ocorrer

simultaneamente, sofrer retrocessos ou saltar para etapas mais avançadas, sem

descaracterizar tal método. Portanto, a seqüência das etapas não segue,

necessariamente, uma ordem linear.

De um modo geral, todas as etapas envolvem a elaboração de desenhos,

variando o tipo conforme a etapa, assim como a aplicação de ferramentas de estímulo

à criatividade. À medida que se avança, a multiplicidade converge em direção à

especificidade, aspectos gerais passam a ser mais bem definidos, até que haja

detalhamento suficiente para tomada de decisão. Esse processo repete-se em todas as

etapas (Figura 14).

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103

1.º Fase do funil de decisões Inovar: sim o u não? > estratégia de negócios

Tarefas Desenhos Pesquisa de mercado Decisões estratégicas

Análise e interpretação de desenhos de patentes, sistemas de produtos, coleta de dados, etc.

2.º Fase do funil de decisões Todas as possibilidades de inovação > melhor oportunidade de negócios

Tarefas Desenhos Análise de mercado e das necessidades;

Conhecimento do problema, especificação da oportunidade

Desenho analítico, registro de informação, Produção de conhecimento

3.º Fase do funil de decisões Todos os produtos possíveis > melhor oportunidade de produto

Tarefas Desenhos Análise de similares; Produção de idéias

Especificações de projeto Desenho criativo, ilustrações

Modelos, esboços e desenhos preliminares 4.º Fase do funil de decisões

Todos os conceitos possíveis > melhor conceito Tarefas Desenhos

Utilização de ferramentas de criatividade Projeto conceitual

Desenhos de conceitos Ilustrações

5.º Fase do funil de decisões Todas as configurações possíveis > melhor configuração Tarefas Desenhos

Projeto de configuração Escolha de materiais e processos de fabricação

Desenhos de conjunto e montagem Desenhos de componentes

6.º Fase do funil de decisões Todos os detalhes possíveis > protótipo

Tarefas Desenhos Projeto detalhado; Construção do protótipo

Avaliação e correção do protótipo Desenho construtivo Revisão de desenhos

7.º Fase do funil de decisões Novo produto> projeto para fabricação

Tarefas Desenhos Planejamento da produção

Planejamento da distribuição e vendas Desenhos ilustrativos para catálogos, boletins, instruções de montagem e

operação. Figura 14 – Aspectos operacionais da metodologia

Este trabalho se encerra com a apresentação da metodologia na figura acima,

onde um designer experiente, que conheça as recomendações gerais descritas no

decorrer deste trabalho, pode se orientar no decorrer do projeto. Estão reunidas as

etapas gerais, do ponto de vista gerencial e operacional, de forma sintética,

funcionando como uma ferramenta fácil de se consultar e ao mesmo tempo,

abrangente no seu alcance.

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6. Conclusão

A metodologia apresentada ao final deste trabalho é uma importante

contribuição para as MPE's que pretendam implantar o Design estratégico como forma

de aumento da competitividade. A apresentação do perfil de duas empresas onde isso é

possível, serve de parâmetro para demonstrar como pode ser viabilizada tal

implantação. Por apresentarem características distintas, pode-se concluir que o Design

Estratégico é acessível a diversas empresas, desde que se faça uma análise do perfil

desta e se adapte o método básico às suas características.

O ensino de projetos em cursos superiores de Desenho Industrial, também pode

ser favorecido por desta dissertação. Devido seu caráter de aplicação da teoria à

realidade das empresas, aproxima o mundo acadêmico da prática projetual, tornando-

se uma referência para reflexão e posterior exercício de aplicação. Outro aspecto é o

resgate da importância histórica do uso do desenho técnico, que pode abrir novas

possibilidades para o ensino de projeto de forma indissociável do desenho. Podem ser

realizadas experiências no sentido de estabelecer a união das disciplinas de Projeto e

Desenho Técnico. Nos cursos atuais, são ministradas em separado no tempo e no

espaço, o que leva a dificuldades por parte dos estudantes em efetivar os exercícios de

projeto.

O intercâmbio entre a empresa e Universidade pode ser facilitado, embora não

tenha sido este o objeto de estudo. Os recursos limitados das MPE's e a necessidade de

estabelecer uma equipe externa de projeto, propicia a adoção de parcerias entre as

empresas e a Universidade, numa relação simbiótica.

Assim, a abertura das MPE's para o Design Estratégico, pode alavancar o

mercado de trabalho para o designer de produtos, que atualmente encontra poucas

chances de colocação profissional, em especial aqueles recém formados. Os recursos

limitados desse tipo de empresa, leva à busca de alternativas de baixo custo em relação

à mão-de-obra para desenvolvimento de projetos, o que possibilitaria o ingresso dos

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profissionais recém formados no mercado de trabalho, caracterizado-o como o recurso

humano capaz de alavancar o Design Estratégico nas MPE's.

Alguns aspectos das MPE's devem ser aprofundados em estudos posteriores,

como por exemplo, a classificação completa desse tipo de empresa, onde se considere

sua estrutura e nível tecnológico, bem como a extensão da análise desenvolvida para

uma amostragem significativa das empresas brasileiras.

Por fim, a futura efetivação do Design Estratégico por parte das empresas

pesquisadas, caracterizada como o experimento da metodologia proposta, é

considerada a continuidade imediata deste trabalho. A viabilização desse experimento

demanda tempo e recursos que fogem da esfera deste trabalho, porém, pode ser

implementada à medida que haja interesse por parte das empresas e se estabeleçam

parcerias entre estas e a Universidade.

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106

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112

APÊNDICE A

O presente questionário tem por objetivo recolher dados para o desenvolvimento de dissertação de Mestrado em Desenho Industrial, do programa de Pós-Graduação da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da UNESP, campus de Bauru.

Caracterização da empresa

001 Razão social:

002 Endereço:

Telefone:

003 Data de abertura da empresa

004 Ramo de atividade

005 Faturamento bruto anual R$

006 Número de funcionários

Produção Administração Diretoria Total

007 Grau de instrução (C= concluído / I= incompleto ou cursando)

Área primário Secundário médio Técnico superior pós-grad.

C I C I C I C I C I C I

Produção

Administração

Diretoria

Total

008 Cursos superiores dos funcionários graduados:

009 Conhecimento de desenho técnico por parte dos funcionários

Bom suficiente regular insuficiente

Proj Prod Dir Proj Prod Dir Proj Prod Dir Proj Prod Dir

Leitura / interpretação

Execução

010 Possui alguma atividade terceirizada? Sim Não Quais? (descreva abaixo)

011 Possui algum tipo de assessoria Sim Não Quais? (descreva abaixo)

012 Grau de automação (informatização) do processo administrativo

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

013 Grau de automação (informatização) do processo comercial

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

014 Grau de automação (informatização) do processo produtivo

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

015 Grau de domínio da tecnologia principal

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Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

016 Estratégias de competitividade que adota

a. Diminuir o preço Sim Não

b. Reduzir o prazo de entrega

c. Elevar a eficiência da assistência técnica

d. Assegurar a conformidade dos produtos às especificações técnicas.

e. Aumentar o atendimento às necessidades dos clientes

f. Melhorar a qualidade dos insumos

g. Lançar novos produtos com maior freqüência

h. Aumentar o número de linhas de produtos

i. Diminuir o número de linhas de produtos

j. Desenvolver o conteúdo tecnológico

k. Atuar no mercado externo

l. Desenvolver instrumentos de propaganda e marketing

017 Utilização de técnicas, métodos e programas de gestão de produtos

a. Gestão da Qualidade Total Sim Não

b. Controle estatístico de processo

c. ISO 9000

d. Multifuncionalidade

e. Redução do "Lead time"

f. Terceirização

g. Manufatura assistida por computador - CAM

h. Projeto assistido por computador - CAD

i. Uso de mini-fábricas / rearranjo em células

j. Engenharia simultânea

l. Reengenharia

m. Uso de "Benchmarking"

n. Programas de P&D

o. Programa de gestão ambiental

p. Planejamento estratégico

Informações sobre o processo de desenvolvimento de produtos

018 Quantidade de projetos iniciados (anual )

019 Quantidade de projetos concluídos (anual )

020 Quantidade de projetos lançados no mercado (anual )

021 Quantidade de projetos que produziram o retorno esperado (anual )

022 Possui departamento próprio de desenvolvimento de projeto? Sim Não

023 Conhece o custo de desenvolvimento de projetos ?

024 Tipos de projetos desenvolvidos

Projeto por evolução (aperfeiçoamento de produtos existentes)

Projeto por inovação (idéias ainda não experimentadas)

Projeto adaptativo (produto existente – utilização nova)

Projeto variante (mesma utilização em categorias diferentes)

Projeto de adequação (adaptação de projeto para processo produtivo disponível)

Outro:

Page 114: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE … · momentos mais difíceis desse trabalho; ... aos professores do Departamento de Artes e Representação ... Figura 27 Conhecimento

114

025 Setor onde se origina o processo de projeto (pode assinalar mais de um)

Consumidor Setor de produção Setor de administração

Cliente Setor de projeto Diretoria

Fornecedor Setor de marketing ou vendas Outro (descrever abaixo)

026 Quem, ou que setor participa das seguintes atividades?

Pesquisa de opinião Setor:

Execução de desenhos Setor:

Execução de cálculos Setor:

Execução de protótipos Setor:

Aprovação para desenvolvimento Setor:

Aprovação do protótipo Setor:

Aprovação para lançamento Setor:

Acompanhamento da produção Setor:

027 Utilização de desenhos pela empresa

Tarefa Sim Não Tarefa Sim Não

Projeto Fabricação

Orçamento Resolução de problemas

Apresentação Comunicação interna ou externa

Aprovação Solicitação de serviço

Execução de protótipo ou modelo Documentação

Solicitação de compra Auditoria

Outros:

028 Participação da Diretoria no desenvolvimento de projetos

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

029 Participação do setor de produção no desenvolvimento de projetos

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

030 Participação do setor comercial e administrativo no desenvolvimento de projetos

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

031 Participação dos clientes no desenvolvimento de projetos

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

032 Participação dos fornecedores no desenvolvimento de projetos

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

033 Participação dos usuários e consumidores no desenvolvimento de projetos

Nenhum 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Máximo

034 Como são armazenadas as informações dos projetos dos produtos em produção ou fora de linha

Arquivo Físico

Arquivo Digital

Arquivo Físico

Arquivo Digital

Data-sheet Fotografia

Memorial descritivo Exemplar de amostra

Desenho técnico Matriz, molde, ferramenta

Outro: