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Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel, PR 2017

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Universidade Estadual do Oeste do Paraná Cascavel, PR

2017

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Semana Acadêmica de Biologia (25. : 2016 : Cascavel-PR)

S471a Anais da 25 Semana Acadêmica de Biologia, 21 a 25 de novembro de

2016: Biólogos ao trabalho. / Organização de Celso Aparecido Polinarski e Miryam Coracini. – Cascavel: 2016.

ISBN:

1. Integração. 2. Conhecimento. 3. Aprendizagem. 4. Biologia. I. Polinarski, Celso Aparecido, org. II. Coracini, Miryam, org. III. Universidade Estadual do Oeste do Paraná. IV. Título. CDD

22.ed.574.0711

CIP-NBR 12899

Ficha catalográfica elaborado por Helena Soterio Bejio CRB-9/965

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Anais da

XXV Semana Acadêmica de Biologia

Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE

21 a 26 de novembro de 2016

Editado por:

Neucir Szinwelski

Vanessa Marieli Ceglarek

Realização

Os trabalhos publicados aqui são de inteira responsabilidade de seus autores.

Cascavel – PR

2017

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Organização

Coordenação geral Celso Aparecido Polinarski

Miryan Denise Araújo Coracini

Comissão científica Neucir Szinwelski

Wellington de Almeida

Comissão de avaliação Ana Tereza Bittencourt Guimarães

Luciano Lazzarini Wolff

Rafaela Maria Moresco

Comissão organizadora Aline Nardelli

Anahie Bortoncello Prestes

Camila Maria Toigo de Oliveira

Jennifer Ulrich

Mara Cristina Baldasso

Marcos Fianco

Natani Ribeiro de Marco

Oliver Christovão Pedroso

Vanessa Ceglarek

Wellington de Almeida

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1

BIOLOGIA CELULAR 8

AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE DO INSETICIDA NOVALUROM EM BOMBYX MORI (LEPIDOPTERA: BOMBYCIDAE) 9 VIRULÊNCIA DE DOIS ISOLADOS GEOGRÁFICOS DO BOMBYX MORI NUCLEOPOLYHEDROVIRUS (BMNPV) 14

CAPÍTULO 2

BOTÂNICA 19

AVALIAÇÃO DA SIMILARIDADE ENTRE PARCELAS QUANTO À COMPOSIÇÃO DE ESPÉCIES EM UM FRAGMENTO FLORESTAL

URBANO DE PALOTINA, PARANÁ 20 EFEITO ALELOPÁTICO DO EXTRATO AQUOSO DE PANICUM MAXIMUM (JACQ.) B.K.SIMON & S.W.L.JACOBS SOBRE O

CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INICIAL DE PHASEOLUS VULGARIS L. 25 GOMPHONEMA (BACILLARIOPHYCEAE) NO RIACHO TENENTE JOÃO GUALBERTO, SÃO MIGUEL DO IGUAÇU, PR, BR 30 LEVANTAMENTO FLORÍSTICO DE ESPÉCIES DO SUB-BOSQUE EM FRAGMENTO DO RIO GONÇALVES DIAS, PARANÁ 35 TRATAMENTOS DE SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA COM ÁGUA AQUECIDA EM SEMENTES DE PELTOPHORUM DUBIUM

(SPRENGEL) TAUBERT 39

CAPÍTULO 3

ECOLOGIA 43

COMPARAÇÃO DOS PARÂMETROS ABIÓTICOS D’ÁGUA ENTRE TRÊS PONTOS NA BACIA DO RIO CASCAVEL 44 GRUPOS TRÓFICOS FUNCIONAIS DA ENTOMOFAUNA DE OITO RIACHOS DA BACIA DO BAIXO RIO IGUAÇU NO OESTE DO

ESTADO DO PARANÁ 49 JERIVÁ (SYAGRUS ROMANZOFFIANA) UM RECURSO-CHAVE PARA MASTOFAUNA NA FLORESTA OMBRÓFILA MISTA 53 LEVANTAMENTO DA MACROFAUNA ASSOCIADA A REGIÃO LITORÂNEA DE DOIS AMBIENTES LÊNTICOS DA REGIÃO

OESTE DO PARANÁ 57 PARTIÇÃO DE RECURSOS ALIMENTARES ENTRE DUAS ESPÉCIES CONGÊNERES DE SILURIFORMES EM UM RIO

SUBTROPICAL 61 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO RÁPIDA DE HABITATS EM RIACHOS NA REGIÃO OESTE DO PARANÁ 65 RAZÃO SEXUAL DE QUATRO ESPÉCIES DE GRILOS (ORTHOPTERA: GRYLLOIDEA) DO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU 70 RELAÇÃO DA ENTOMOFAUNA AQUÁTICA COM DIFERENTES SUBSTRATOS DE AMBIENTES LÓTICOS 75 REMOÇÃO SECUNDÁRIA DE FRUTOS DE PALMITO-JUÇARA (EUTERPE EDULIS) NO PARQUE NACIONAL DO IGUAÇU 80 SOBREPOSIÇÃO ALIMENTAR ENTRE CINCO ESPÉCIES DE PEIXES CARNÍVOROS DA BACIA DO BAIXO IGUAÇU – PR 85 USO DE ÍNDICES BIOLÓGICOS COMO AVALIAÇÃO DA INTEGRIDADE AMBIENTAL DE OITO RIOS DA BACIA DO BAIXO

IGUAÇU NO OESTE DO PARANÁ 90 USO DE SALVINIA MOLESTA (D.S. MITCHELL) PARA DEPURAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS PROVENIENTES DE

AQUICULTURA 95 VARIAÇÃO ESPACIAL NA DIETA DE OLIGOSARCUS LONGIROSTRIS MENEZES & GÈRYNA BACIA DO BAIXO RIO IGUAÇU

100

CAPÍTULO 4

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ENSINO E EDUCAÇÃO 104

ANÁLISE DE TEXTOS DE DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA COM CONTEÚDOS DA GERAÇÃO DE ENERGIA PELA FOTOSSÍNTESE 105 ALTERNATIVAS PARA A REDUÇÃO DO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA NOS BANHEIROS FEMININOS DOS BLOCOS DE

SALA DE AULA DA UNIOESTE - CAMPUS CASCAVEL 110 AULAS TEÓRICO-PRÁTICAS DE BIOLOGIA CELULAR PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE UM COLÉGIO DA ZONA

RURAL DE CASCAVEL-PR: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA 115 UTILIZAÇÃO DE JOGOS DIDÁTICOS NA CLASSIFICAÇÃO DE ANIMAIS VERTEBRADOS NO ENSINO DE CIÊNCIAS: UMA

EXPERIÊNCIA NOS ANOS INICIAIS 120

CAPÍTULO 5

FISIOLOGIA 124

RELAÇÕES ENTRE NUTRIENTES INGERIDOS PELA LACTANTE E A QUALIDADE DE SEU LEITE MATERNO 125

CAPÍTULO 6

GENÉTICA 129

DESEMBARALHANDO O SISTEMA ABO 130

CAPÍTULO 7

HISTOLOGIA 134

EFEITOS DA CIRURGIA DE DERIVAÇÃO DUODENO-JEJUNAL SOBRE CÉLULAS CLARAS DA CAUDA DO EPIDÍDIMO DE RATOS

WISTAR OBESOS 135 MODELO EXPERIMENTAL DE PARALISIA CEREBRAL ALTERA A LOCOMOÇÃO SEM AFETAR A ESTRUTURA DA MEDULA

ESPINAL DE RATOS 140

CAPÍTULO 8

MICROBIOLOGIA 145

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO ETANÓLICO DE CINNAMOMUM AMOENUM (NESS E MART) FRENTE A

DIFERENTES SOROTIPOS DE SALMONELLA SPP. DE IMPORTÂNCIA AVÍCOLA 146 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO EXTRATO ETANÓLICO DE BALFOURODENDRON RIEDELIANUM FRENTE A CEPAS

PATOGÊNICAS 150 ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DO ÓLEO ESSENCIAL DE CINNAMOMUM AMOENUM (NESS) KOSTERN FRENTE A

BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA MÉDICA 154 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DOS RIOS SÃO JOÃO E TAMANDUÁ NA PROXIMIDADE DO PARQUE NACIONAL DO

IGUAÇU 159 EFEITOS DE PRODUTOS FITOSSANITÁRIOS SOBRE PARÂMETROS BIOLÓGICOS DE BEAUVERIA BASSIANA (BALS.) VUILL

164 INFLUÊNCIA DO EXTRATO AQUOSO DE EUPHORBIA MILII SOBRE PARÂMETROS BIOLÓGICOS DE FUNGOS

ENTOMOPATOGÊNICOS 169

CAPÍTULO 9

ZOOLOGIA 173

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL DE DOIS RIACHOS ATRAVÉS DA UTILIZAÇÃO DE MACROINVERTEBRADOS 174

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Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

Capítulo 1

BIOLOGIA CELULAR

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9 Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste

Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

Avaliação da toxicidade do inseticida Novalurom em Bombyx mori (Lepidoptera: Bombycidae)

Oliver C. Pedroso1*, Marilucia Santorum2, Juliana Souza dos Santos1, Luiz Gustavo

V. Machado1, Rose Meire C. Brancalhão1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel/PR. 2Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho’’/Departamento de Morfologia, IBB- Botucatu-SP

Palavras-chave: alteração morfológica, bicho-da-seda, tecido gorduroso. Introdução

No Brasil e em diversos países, formas alternativas de controle de pragas são focos de pesquisas a fim de substituir o uso de substâncias químicas, que embora reduzam a população de insetos pragas, seu uso indiscriminado tem causado danos à saúde humana e ao meio ambiente (Fischer, 1993; Olivera-Silva et al., 2001).

O Brasil, na primeira década do século XXI, apresentou um crescimento de terra cultivada em 4,4%, porém, o uso de agrotóxico cresceu 44,6% no mesmo período, isto não somente aumentou as taxas de intoxicação por substâncias químicas na zona rural, mas, consequentemente, resultou em maior número de cânceres na população exposta, maior contaminação do solo e de recursos hídricos. Essas substâncias químicas são utilizadas em diversos ambientes na área rural para diferentes fins, de tal maneira, que contribuem para o controle de doenças, pragas, plantas invasoras em plantações. Inevitavelmente, no em torno do ambiente agrícola, são encontrados também os barracões de criação de lagartas do bicho-da-seda (Filho, 2002; Londres, 2011).

No Paraná, a situação não é diferente, e o território rural é compartilhado entre agricultores, agropecuaristas e sericicultores. A produção de seda no Brasil é umas das mais rentáveis do mundo, sendo que o maior produtor de seda do ocidente localiza-se no noroeste do estado do Paraná, o Vale da Seda, uma região que reúne 29 municípios produtores de casulos do bicho-da-seda (Bombyx mori). Entretanto, a combinação do uso irregular e indiscriminado de agrotóxicos no campo, a proximidade dos barracões de sericicultura com plantações, e o próprio uso de inseticidas nas plantações de amoreira (folha alimento para lagartas B. mori), são fatores que demonstram um impacto na produção de casulos de seda devido a vulnerabilidade das lagartas aos efeitos nocivos desses venenos (Filho, 2002; Instituto Vale da Seda, 2010).

Um dos inseticidas aplicados em plantações para o controle químico de insetos é o Novalurom, que atua como regulador de crescimento acelerando a ecdise e inibindo a síntese de quitina. O inseto se intoxica via ingestão na fase de lagarta, e em algumas espécies pode ter efeito ovicida e causar diminuição da fecundidade, fertilidade e longevidade do adulto (Tunaz & Uygun, 2004; Sáenz-de-Cabezón et al., 2006).

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10 Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste

Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

Desta forma, o presente estudo objetivou verificar os efeitos tóxicos do inseticida regulador de crescimento, Novalurom, sobre o tegumento e hemócitos de lagartas Bombyx mori em diversas concentrações a fim de aprofundar o conhecimento científico das alterações e danos causados aos tecidos deste inseto de grande importância econômica. Materiais e Métodos

O experimento foi realizado em outubro de 2015, no laboratório de Biologia Celular da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus Cascavel-PR.

As lagartas de B. mori foram obtidas de empresa de fiação de seda, que produz lagartas para fins comerciais no Estado do Paraná, Brasil. Estas foram criadas em caixas de polietileno com dimensões de 28 x 20,5 x 10 cm, mantidas em sala de criação, com temperatura de 23°C e umidade de 70%, sendo alimentadas com folhas frescas de amoreira (Morus sp.), três vezes ao dia (Hanada et al., 1986).

As lagartas foram separadas aleatoriamente em seis grupos experimentais: um grupo controle, e cinco grupos tratamento, cada grupo tratado com uma concentração diferente de inseticida Novalurom (formulação comercial Rimon Supra, Adama Brasil). Para cada tratamento, constituíram-se 6 repetições de 20 lagartas cada, totalizando 720 lagartas. O grupo controle (T1) foi exposto a folhas imersas somente em água mineral.

Previamente ao fornecimento às lagartas, folhas de amoreira foram imersas em solução aquosa de água mineral nas seguintes concentrações do inseticida: 0,003 mL/1L (T2), 0,3 mL/1L (T4), 0,4 mL/1L (T5) e 0,5 mL/1L (T6) e água mineral. Após secagem em temperatura ambiente, na ecdise do 2° para o 3° instar, as lagartas foram alimentadas por 24 horas ad libitum com as folhas tratadas.

A fim de avaliar a toxicidade das diferentes concentrações do inseticida Novalurom em lagartas B. mori, foram coletadas 6 lagartas de cada tratamento para realizar a análise histológica. Seis dias (144 horas) após a exposição ao inseticida, as lagartas foram coletadas inteiras fixadas em Dubosq Brasil e processadas em banhos sucessivos de álcool e xilol em concentrações crescentes, a fim de desidratar e diafanizar o material. Em seguida, o material biológico processado foi incluído em parafina e confeccionadas lâminas com secções de 7 μm, e então coradas por hematoxilina-eosina (HE) (Michalany 1990). A análise histológica foi realizada em microscópio ótico Olympus BX 30 e as imagens produzidas em fotomicroscópio Olympus BX 60. Resultados e Discussão

Verificou-se que todas as concentrações do inseticida Novalurom demonstraram efeito tóxico em todos os tratamentos, e apesar de não ter sido realizada a quantificação, o número de hemócitos se apresentou maior que o observado no controle. Também, houve a desestruturação pontual das células do epitélio, porém, em graus de agressividade diferentes. Além disso, constatou-se que, devido à desorganização das células do epitélio nessas regiões, foram observadas

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alterações na estrutura da cutícula (Figura 1C), com formações de lamelas na camada de quitina. Estudos como Correia et al. (2009), demonstraram a eficácia da ação de inseticidas reguladores de crescimento para o controle de pragas, entretanto, estudos morfológicos de efeitos de Novalurom e outros inseticidas de mesma categoria em insetos da família Bombycidae são escassos na literatura.

As lagartas que foram expostas as menores concentrações de Novalurom (T2, T3 e T4) apresentaram alterações morfológicas similares, ao passo que as lagartas expostas nas concentrações mais altas (T5 e T6), também apresentaram respostas semelhantes entre si. Observou-se que as lagartas que se alimentaram de folhas expostas ao inseticida em concentrações iguais ou menores que 0,3`mL/L demostraram desorganização das células epiteliais em regiões específicas do tegumento e desagregação pontual da lâmina basal, um aumento do número de hemócitos também foi notado principalmente próximos ao tegumento e outros órgãos alterados pela ação do inseticida (Figura 1A). Essas alterações também foram relatadas por Keddir & Volkman (1989) demonstrando que as lagartas são vulneráveis a altas concentrações de inseticida.

Quando expostas a concentrações de inseticida maiores que 0,4 mL/L, as lagartas tiveram grande parte de seu tegumento danificado, as células cúbicas do epitélio não somente estavam desorganizadas mas sofreram alterações em sua forma, e em muitas delas, evidenciou-se núcleo basal ao invés de estar posicionado centralmente no citoplasma (Figura 1B). A fragilização excessiva do tegumento foi observada mais frequentemente em lagartas de T5 e T6, enquanto baixas concentrações não foram suficientes para causar o mesmo efeito. Esses dois sintomas também foram exibidos pelas lagartas nos grupos T5 e T6, porém, as concentrações mais altas de Novalurom foram mais agressivas ao tegumento, e a presença de hemócitos foi ainda maior. O grupo controle, visto na figura 1D, não apresentou nenhuma forma de alteração da monocamada de células do epitélio, a cutícula apresentou-se unida com o epitélio, a lâmina basal em todos os momentos agregada a região inferior das células.

A soma dos eventos observados nesse estudo, a desorganização das células do epitélio, desestruturação da cutícula, a consequente fragilização do tegumento em combinação com a incapacidade de locomoção e alimentação das lagartas, aparentemente, ocasionou um número maior de mortes em T5 e T6 em relação aos outros tratamentos, sendo assim, mais letal a estes insetos.

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Figura 1. Fotomicrografias do tegumento de lagartas de B. mori, 5º instar tratadas com Novalurom. A (0,003 mL/1L), B (0,03 mL/1L), e C (0,003 mL/1L) e controle (D). Evidencia-se o número elevado de hemócitos (H), a lâmina basal (LB) desagregada do epitélio (E) e endocuticula desorganizada (EC). Em D (controle), as estruturas apresentam-se sem alterações morfológicas. Fonte: Elaborado pelo autor.

Conclusão

Conclui-se com o presente estudo que a ingestão de folhas de amoreira expostas a mínima concentração de Novalurom é capaz de causar danos ao tegumento das lagartas de B. mori e elevar o número de hemócitos, e que quando expostas à concentrações maiores do inseticida, o tegumento e o número de hemócitos ficam mais suscetíveis à alterações agressivas em sua forma e quantidade, respectivamente. Agradecimentos

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Paraná - Fundação Araucária pelo financiamento de pesquisa.

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Referências Correia, A.A., Wanderley-Teixeira, V., Teixeira, Á.A.C., Oliveira, J.V. de, & Torres, J. B. (2009). Morfologia do canal alimentar de lagartas de Spodoptera frugiperda (J E Smith) (Lepidoptera: Noctuidae) alimentadas com folhas tratadas com nim. Neotropical Entomology 38, 83–91. Filho, J.P.A. (2002). Uso de agrotóxicos no Brasil: controle social e interesses corporativos. São Paulo: Annablume. Fischer, G.R. (1993). Menos veneno no prato: alternativas aos agrotóxicos. Florianópolis: Paralelo 27. Hanada, S., Watanabe, S., & Izumi, O. (1986). Deformation behavior of recrystallized Ni3Al. Journal of Materials Science 21, 203-210.

Instituto Vale da Seda. (2010). Produção de seda no Brasil. http://www.valedaseda.org.br/?page=main. Acesso em 15 de Setembro de 2016. Londres, F. (2011). Agrotóxicos no Brasil: um guia para ação em defesa da vida. Rio de Janeiro: Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa. Michalany, J. (1990). Técnica histológica em anatomia patológica. São Paulo, Editora Michalany. Oliveira-Silva, J.J., Alves, S.R., Meyer, A., Perez, F., Sarcinelli, P.D.N., Mattos, R. C.O.C., & Moreira, J.C. (2001). Influência de fatores socioeconômicos na contaminação por agrotóxicos. Revista Brasileira de Saúde Pública 35, 130-5. Pérez-moreno, I., Zalom, F.G., & Marco, V. (2006). Effects of lufenuron on Lobesia botrana (Lepidoptera: Tortricidae) egg, larval, and adult stages.Journal of Economic Entomology 99, 427-431. Tunaz, H., & Uygun, N. (2004). Insect growth regulators for insect pest control. Turkish Journal of Agriculture and Forestry 28, 377-387.

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Virulência de dois isolados geográficos do Bombyx mori nucleopolyhedrovirus (BmNPV)

Juliana Souza dos Santos*1, Oliver C. Pedroso1, Pedro André L. de Souza1, Luiz

Gustavo V. Machado1, Ana Claudia F. Poncio1, Rose Meire C. Brancalhão1, Lucineia de Fátima C. Ribeiro1

*email: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. Palavras-chave: Sintomatologia; baculovírus; bicho-da-seda. Introdução A sericicultura é uma importante atividade agroindustrial no Brasil e sua cadeia produtiva abrange desde o cultivo da amoreira (Morus sp.), criação do inseto (Bombyx mori), até o comércio da seda (Watanabe et al., 2000). Entretanto, a produtividade da seda pode ser afetada por uma série de fatores, como as doenças de etiologia viral. Dos vírus que acometem as lagartas de B. mori, o gênero Alphabaculovirus (AlphaBV), em especial Bombyx mori nucleopoliedrovirus (BmNPV) são bastante representativos (Brancalhão, 2002).

Os NPVs são formados por DNA dupla fita envoltos pelo capsídeo e inclusos em uma matriz proteica de poliedrina que forma o poliedro viral, o qual confere proteção quando os vírus estão no meio externo. Estudos revelam que quando os vírus são utilizados inúmeras vezes em condições de laboratório, podem ocorrer mutações que levam a alterações na estrutura viral, bem como modificações em sua virulência, ocasionados pela ausência de pressão seletiva do meio (Chen et al., 2003).

O inóculo viral do BmNPV utilizado nos experimentos de infecção ao B. mori pelo grupo de pesquisa da Unioeste/Campus de Cascavel, foi coletado do campo na região noroeste do estado do Paraná, Brasil, em 1996 (20 anos de sucessivas passagens in vivo em condições laboratoriais). Assim, o objetivo deste estudo foi comparar a virulência através da sintomatologia do isolado viral BmNPV96 com um inóculo selvagem, BmNPV14, coletado na mesma região geográfica. Materiais e Métodos Sintomatologia

O isolado viral do NPV foi obtido do campo no ano de 1996 (BmNPV96) em barracões de criação do bicho-da-seda na cidade de Nova Esperança, Paraná, Brasil. Desde então, este inóculo viral tem sido utilizado em vários estudos citopatológicos, de resistência a produtos químicos e de biologia molecular no grupo de pesquisa na Unioeste/Campus de Cascavel. Na realização destes estudos, o inóculo passou por inúmeras passagens em lagartas de B. mori em condições laboratoriais. Considerando a possibilidade de mutações deste isolado geográfico, o mesmo foi

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15 Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste

Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

comparado com um novo isolado, coletado no ano de 2014 (BmNPV14), no mesmo local de obtenção do isolado BmNPV96.

Os bioensaios foram realizados no laboratório de Biologia Celular da Unioeste, Campus de Cascavel, onde lagartas híbridas de B. mori foram obtidas de empresa de fiação de seda e separadas aleatoriamente em 3 grupos, com 4 repetições cada, sendo: G96, grupo BmNPV96, composto por lagartas inoculadas com o isolado de 1996, obtidos a partir vários ciclos sucessivos de infecção de B. mori em laboratório; G14, grupo BmNPV14, composto por lagartas que foram inoculadas com o isolado de 2014, obtidos a partir de 1 ciclo de infecção realizado nas mesmas condições do inoculo 96; e GC, grupo controle, constituído por lagartas que não foram expostas ao vírus. Os lotes foram compostos por 20 lagartas cada, totalizando 80 insetos por grupo.

A inoculação foi realizada logo após a muda para o 5º instar larval, na concentração de 2,4x107COPs/ mL (COPs = Corpos de Oclusão Poliédricos). Os inóculos foram colocados em discos foliares de amoreira e fornecidos na alimentação das lagartas, que estavam em jejum prévio. Posteriormente, os insetos permaneceram recebendo folhas de amoreira isentas do BmNPV, até o fim do experimento. A análise da sintomatologia foi realizada diariamente com a utilização de fichas próprias e conforme Ribeiro et al. (2009). Análise estatística

As associações entre a proporção de sintomas provocados pelos diferentes isolados e os dias de infecção foram avaliados por meio do coeficiente de correlação de Pearson e sua significância avaliada pelo teste t de correlação.

Para análise dos sintomas das lagartas foi criado um modelo linear, baseado no método dos mínimos quadrados, relacionando a proporção de sintomas em função do número de dias de infecção, para cada grupo infectado com os isolados geográficos BmNPV96 e BmNPV14. Os ajustes dos modelos foram avaliados pelo critério de Akaike (AIC) e pelo coeficiente de determinação (r2).

A comparação dos modelos dos isolados geográficos foi realizada por meio da análise da variância assumindo uma distri 2

Para a análise do número de mortes das lagartas infectada com cada um dos isolados foi executado o teste de c2 para k proporções. Os testes foram realizados no programa R (R Core Team, 2016). Resultados e Discussão

Os sintomas manifestados pelas lagartas de B. mori, 5º instar, foram condizentes com a infecção viral causada pelo BmNPV, que não foram encontradas nas lagartas do grupo controle. A diminuição na alimentação e alteração na coloração do tegumento foram observadas no grupo G14 no terceiro dia após inoculação, enquanto os mesmos sintomas se tornaram evidentes no grupo G96 apenas no quinto dia após inoculação (Tabela 1). O inchaço das membranas intersegmentares foi percebido no quarto dia após inoculação no grupo G14, e no mesmo dia, lagartas do

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16 Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste

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grupo G96 começaram a expelir um rastro de líquido leitoso pela boca, sintoma observado apenas no sexto dia no grupo G14. Alterações comportamentais, como andar a esmo na caixa de criação e geotropismo negativo foram percebidas em ambos os grupos no sexto dia pós-inoculação e a ruptura do tegumento no sétimo dia pós-inoculação, para ambos os grupos. A mortalidade no grupo G14 iniciou-se no sexto dia, enquanto no grupo G96 o início se deu no sétimo dia pós-inoculação.

Tabela 1. Sintomas das lagartas de B. mori, nos diferentes dias após inoculação com BmNPV.

Dias após inoculação Sintomas observados

G96 G14 5 3 - Diminuição da alimentação 5 3 - Alteração na coloração do tegumento 6 4 - Inchaço das membranas intersegmentares 6 6 - Alterações comportamentais 4 6 - Rastro de líquido leitoso 7 7 - Ruptura ou lesão do tegumento 7 6 - Morte

Os dados sintomatológicos apresentados se assemelharam ao descrito por

vários autores que descrevem os sinais de infecção de lagartas do bicho-da-seda (Peter 2016; Zhang, 2016). Rahman & Gopinathan (2004) acrescentaram que quando a infecção viral ocorre nos primeiros instares, as lagartas podem morrer entre o primeiro e segundo dia pós-inoculação, mas a partir de o terceiro instar, os sintomas demoram alguns dias para tornarem-se perceptíveis e a morte se dá em torno de dois dias.

No presente estudo, os primeiros sintomas foram perda de apetite e alteração na coloração do tegumento em G14, dados que corroboram com os estudos de Torquato (2006). A alteração na coloração do tegumento ocorre devido ao acúmulo de poliedros nas células gordurosas e sua lise, liberando lipídeos e BmNPV na hemocele (Brancalhão & Ribeiro, 2003). No grupo G96, o primeiro sintoma foi a presença de rastro de líquido leitoso, alteração que se associa a infecção e ruptura das células do intestino, portanto um sintoma considerado agressivo e normalmente apresentado um pouco antes da morte do inseto (Aizawa, 2012). Nos últimos dias pós-inoculação (6º e 7º), foram observados em ambos os grupos a ruptura e lesão tegumentar, devido a ação de enzimas que degradam o tegumento (Adams & McClintock, 1991); bem como o início da morte das lagartas.

A evolução da doença, ao longo dos diferentes dias após inoculação com BmNPV, foi similar nos dois isolados estudados, confirmada pela forte e positiva correlação entre os sintomas e os números de dias de infecção das lagartas de ambos os grupos (r=0.98 e r=0.98, p<0,05).

Na análise dos modelos lineares (Figura 1), para BmNPV96 foi equivalente a sintomas = 0,19 x dias – 0,3061 (AIC=12,79) e para BmNPV14, sintomas = 0,17 x dias – 0,10 (AIC=12,43). A demonstração da regressão linear pelo coeficiente de determinação para ambos modelos lineares corroborou com alta intensidade de

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associação entre os sintomas observados em função dos dias de análise sintomatológica (BmNPV96 r2= 0.9613764; BmNPV-2014 r2= 0.9633333).

Figura 1. Modelos lineares da proporção de sintomas em função dos dias. Em A, BmNPV96 e em B, BmNPV14.

A análise da variância apresentou diferença significativa entre os dois modelos

(p=0,0547), podendo-se interpretar, portanto, que o inóculo BmNPV14 promoveu sintomas mais rapidamente que o BmNPV96, ou seja, maior infectividade pois as lagartas apresentavam os sintomas já no segundo dia após inoculação, enquanto as lagartas inoculadas com BmNPV96 exibiram sintomas de poliedrose apenas a partir do terceiro dia.

Foram constatadas 19 mortes no grupo BmNPV96 (15%) e 12 mortes no BmNPV14 (23,75%). A comparação do número de mortes entre os dois grupos não revelou diferença si 2= 1.44; p=0.2301).

Mesmo que o inóculo BmNPV14 tenha causado os sintomas mais rapidamente que o BmNPV96, as lagartas infectadas com essa amostra viral apresentaram sintomas bem mais agressivos, que normalmente tornam-se perceptíveis nos últimos estágios de infecção. Portanto, ao se comparar a virulência e infectividade dos inóculos do BmNPV na mesma região geográfica, foi verificado que o BmNPV14 exibe seus sintomas de forma mais precoce que BmNPV96; porém, este inóculo revela uma maior agressividade.

Agradecimentos

À professora Ana Tereza Bittencourt Guimarães pelo esclarecimento dos

resultados estatísticos.

Referências Aizawa, O. (2012). The nature of infections caused by nuclear-polyhedrosis viruses. Insect Pathology, an Advanced Treatise 1, 381-412.

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Brancalhão, R. M. C., Souza, V. B. V., Soares, V. A. M. (2002). Infecção causada por nucleopolyhedrovirus nas células gordurosas de Bombyx mori L., 1758 (Lepidoptera: Bombycidae). Arquivos do Instituto Biológico 69, 57-63. Chen, K., Yao, Q., Wang, Y., & Cheng, J. (2003). Genetic basis of screening of molecular markers for nuclear polyhedrosis virus resistance in Bombyx mori L. International Journal of Industrial Entomology 7, 5-10. Peter, A., Patil, P., Shamprasad, P., Chandramohan, J., Shantala, J., Venkatesh, S. C., Gowda, K. S. M. (2016). Molecular diversity of Bombyx mori nuclear polyhedrosis Virus (BmNPV) isolates using AFLP markers. Indian Journal 43, 119-123. R Core Team (2016). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. URL https://www.R-project.org/. Rahman, M., Gopinathan, P. (2004). Systemic and in vitro infection process of Bombyx mori nucleopolyhedrovirus. Virus Research 101, 109-118. Ribeiro, L., Zanatta, D., Bravo, J., Brancalhao, R., Fernandez, M. A. (2009). Molecular markers in commercial Bombyx mori (Lepidoptera: Bombycidae) hybrids susceptible to multiple nucleopolyhedrovirus. Genetics and Molecular Research 8, 144-153. Torquato, E. F., Neto, M., Brancalhão, R. C. (2006). Nucleopolyhedrovirus infected central nervous system cells of Bombyx mori (L.) (Lepidoptera: Bombycidae). Neotropical Entomology 35, 70-74. Watanabe, J. K., Yamaoka, R. S., Baroni, S. A. (2000). Cadeia produtiva da seda: diagnóstico e demandas atuais. Londrina: IAPAR. Zhang, P. M. D., Zhang, Y., Wang, M. Hu. Z., Lü, P., Yao, Q. (2016). Cloning and rescue of the genome of Bombyx mori bidensovirus, and characterization of a recombinant virus. Virology Journal 13, 126.

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Capítulo 2

BOTÂNICA

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Avaliação da similaridade entre parcelas quanto à composição de espécies em um fragmento florestal urbano de Palotina, Paraná

Jhéssica Leticia Bald1, Jéssica Sabatini Ribeiro1, Juliano Cordeiro2

e-mail: [email protected] 1 Universidade Federal do Paraná/Curso de Ciências Biológicas/Palotina, PR. 2 Universidade Federal do Paraná/Departamento de Ciências Agronômicas/Palotina, PR.

Palavras-chave: Remanescente, Agrupamento, Similaridade. Introdução

A Floresta Estacional Semidecidual (FES) é uma das formações florestais existentes dentro do domínio da Mata Atlântica no Estado do Paraná. Ocorre naturalmente nas regiões Oeste, Norte e Nordeste do estado e se caracteriza principalmente pela dupla estacionalidade climática e caducifólia. Cerca de 20% a 50% do conjunto da floresta é formado por árvores caducifólias (IBGE, 2012).

Semelhante ao ocorrido ao longo de toda a área de abrangência da Mata Atlântica, as florestas primárias paranaenses que cobriam mais de 80% do território estadual, foram intensamente devastadas em função da expansão das atividades agropecuárias e, atualmente, se restringem a menos de 5% do original, distribuídos irregularmente na forma de fragmentos florestais (Ferreti et al., 2006).

A conservação em fragmentos é um processo desafiador que exige manejo e monitoramento, e para tal, requer a obtenção de conhecimentos sobre o conjunto florestal antes da elaboração de qualquer plano de gestão, o que requer a realização de estudos florísticos, fitossociológicos e ecológicos, que podem fornecer informações inclusive sobre seu grau de perturbação (Chaves et al., 2013).

Este trabalho teve a intenção de, com base em inventário quali-quantitativo do componente arbóreo, tentar descrever relações de similaridade entre a composição de espécies visando reconhecer microhabitats dentro de um remanescente de Floresta Estacional Semidecidual em Palotina, Paraná. Materiais e Métodos

O remanescente florestal estudado tem cerca de 4 ha, e se localiza no Setor Palotina da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no perímetro urbano de Palotina, Oeste do Estado do Paraná. A região de Palotina se situa a aproximadamente 330 de altitude. Pertence ao Terceiro Planalto Paranaense. O relevo tende a ser suave ou suave ondulado (IAP, 2006). O tipo de solo encontrado é o Latossolo Vermelho Eutroférrico de textura argilosa. O clima é do tipo Cfa conforme a classificação de Köppen (IAP, 2006). A vegetação é classificada como Floresta Estacional Semidecidual Submontana - FESS (IBGE, 2012). A área já foi submetida à alterações num passado recente.

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Foram demarcadas 10 parcelas de 10m x 10m para o levantamento quali-quantitativo dos indivíduos arbóreos com diâmetro a altura do peito (DAP) igual ou superior a 5 cm. Também foram tomados dados de altura. O material botânico coletado, após herborização, foi alocado no Laboratório de Plantas Daninhas da UFPR, Setor Palotina e posteriormente identificado.

Foram calculados os parâmetros fitossociológicos de densidade, frequência, dominância, valor de cobertura e valor de importância. A diversidade foi quantificada através a aplicação do Índice de Diversidade de Shannon (H’) e a equabilidade por meio do Índice de Equabilidade de Pielou (J’). Com o auxílio da Plataforma R, procedeu-se a análise de agrupamento (Cluster Analysis) com o método UPGMA visando à representação gráfica na forma de dendrograma das relações de semelhança de composição de espécies das parcelas. A métrica de distância empregada foi o Índice de dissimilaridade de Bray-Curtis. O Coeficiente de Correlação Cofenética (CCC) foi utilizado para avaliar a representatividade do agrupamento. Resultados e Discussão

Foram mensurados e demarcados 137 indivíduos arbóreos, que totalizaram 43 espécies, e uma morfoespécie, distribuídas em 20 famílias botânicas, representadas juntamente com os seus respectivos parâmetros fitossociológicos na Tabela 1.

Tabela 1. Variáveis fitossociológicas calculadas para as espécies arbóreas do remanescente florestal da UFPR, Setor Palotina. N=número de indivíduos.

Nome científico Família N

Guarea kunthiana A. Juss. Meliaceae 25 Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl. Sapotaceae 14 Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan Fabaceae 12 Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Meliaceae 5 Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. Rutaceae 6 Endlicheria cf. paniculata (Spreng. ) J. F. Macbr. Lauraceae 2 Calliandra foliolosa Benth. Fabaceae 2 Trichilia elegans A. Juss. Meliaceae 5 Trichilia catigua A. Juss. Meliaceae 6 Allophyllus edulis (A. St.-Hil., A. Juss. & Cambess.) Hieron. ex Niederl.

Sapindaceae 4

Cordia ecalyculata Vell. Boraginaceae 4 Inga marginata Willd. Cf Fabaceae 3 Dalbergia frutescens (Vell. ) Britton Fabaceae 3 Guarea macrophylla Vahl. Meliaceae 2 Eugenia uniflora L. Myrtaceae 3 Annona cacans Warm. Annonaceae 2 Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Arecaceae 2 Nectandra cf. lanceolata Nees & Mart. Lauraceae 2 Esenbeckia febrifuga (A. St.-Hil.) A. Juss. ex Mart. Rutaceae 3 Astronium graveolens Jacq. Anacardiaceae 2

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Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna Malvaceae 1 Chrysophyllum microphyllum A. DC. Sapotaceae 2 Cedrela fissilis Vell. Meliaceae 2 Caesalpinia peltophoroides Benth. Fabaceae 2 Lonchocarpus cf. muehlbergianus Hassl. Fabaceae 2 Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Fabaceae 2 Machaerium sp. Fabaceae 1 Campomanesia xanthocarpa Mart. ex O. Berg Myrtaceae 1 Miconia pusilliflora (DC.) Naudin Melastomataceae 2 Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Euphorbiaceae 1 Jacaranda puberula Cham. Bignoniaceae 1 Diatenopteryx sorbifolia Radlk. Sapindaceae 1 Bauhinia forficata Link Fabaceae 1 Myrsine umbellata Mart. Myrsinaceae 1 Citrus aurantium L. cf Rutaceae 1 Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. Apocynaceae 1 Prunus sellowii Koehne Rosaceae 1 Tabernaemontana hystrix Steud. Cf Apocynaceae 1 Persea americana Mill. Lauraceae 1 Xylosma pseudosalzmannii Sleumer Rutaceae 1 Inga cf. striata Benth. Fabaceae 1 Aegiphila sellowiana Cham. Lamiaceae 1 Casearia decandra Jacq. Salicaceae 1 Eugenia pyriformis Cambess. Myrtaceae 1

137

As espécies encontradas no presente levantamento se assemelham aos resultados de Zama et al. (2012) e Barddal et al. (2004).

O Índice de Diversidade de Shannon resultante foi H’=3,26 nats/indivíduo, se aproximando do obtido em outros levantamentos de FESS no PR, como o de Del Quiqui et al., (2014) H’=3,32 e Souza (2015), H’=3,37, ambos realizados em unidades de conservação. O valor da Equabilidade de Pielou foi J’=0,86, o que indica que os indivíduos se distribuem de forma uniforme no remanescente. A métrica de Bray-Curtis foi empregado para estimar as distâncias entre as parcelas por considerar também a abundância das espécies, além da presença e ausência, que é um dado importante a se considerar haja vista o enfoque do presente estudo. Considerando que a análise de agrupamento busca reunir objetos de acordo com um dado grau de similaridade entre estes, seu uso foi interessante para representar as relações de semelhança entre as unidades amostrais quanto à composição de espécies. A representação se dá na forma de dendrograma. O CCC visa avaliar a representatividade do cluster em relação à matriz de dados original. O resultado é dado por “r”, que varia de 0 a 1 e quanto mais próximo de 1 menor a distorção e maior a acurácia (Valentin, 1995). Resultou em r=0,85, correlação forte, comprovando que o agrupamento representa bem os dados.

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A parcela mais dissimilar em relação às demais foi a número 4. Já as mais similares entre si foram, 2 e 3 com 0,38 de distância. Se fixada uma linha de corte na altura 0.8 da Figura 1, têm-se três grupos.

Figura 1. Dendrograma de agrupamento das unidades amostrais do remanescente florestal da UFPR, Setor Palotina em relação à composição de espécies de arbóreas.

O Grupo 1 engloba a parcela 4, o Grupo 2 as unidades amostrais 1 e 8, e o Grupo 3 as parcelas 2, 3, 5, 6, 7, 9 e 10. Tais resultados indicam que dentro do mesmo remanescente, diferentes fatores ambientais auxiliam na determinação de distintas combinações de espécies e abundância. Há uma semelhança florística e de abundância entre 1 e 8 (Grupo 2), que embora encontrem-se relativamente distantes uma da outra, descrevem ambientes onde a flora arbórea se organiza de modo similar. O Grupo 3 representa uma área relativamente contínua e engloba parcelas próximas entre si, descrevendo um conjunto de fatores ambientais determinantes que se estende ao longo da maior parte da área amostrada. Percebe-se que há diferentes microhabitats dentro do remanescente florestal. A área do Grupo 1 é uma clareia, na do Grupo 2 há lianas lenhosas que sombreiam o solo. Ao longo do contínuo do Grupo 3, predomina uma hemiepífita não abordada neste estudo que propicia sombreamento e possivelmente interfere na regeneração natural. Cada uma das áreas dos três grupos se encontra sob diferentes tipos de pressão ambiental. Ações de manejo que levem em conta as peculiaridades de cada uma destas áreas são de suma importância para a conservação do remanescente estudado. Conclusões

A florística coincide outros estudos realizados no Estado do Paraná. Embora a área como um todo apresente diversidade de espécies razoavelmente elevada, estas se organizam de formas distintas nas unidades amostrais. A semelhança entre parcelas descreve áreas do remanescente com certa homogeneidade de abundância e composição de espécies. Considerando a necessidade de conservação dos fragmentos florestais restantes no Paraná, estes resultados podem repercutir em

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futuras ações de manejo e conservação mais adequadas a cada microhabitat do remanescente. Referências Barddal, M.L., Roderjan, C.V., Galvão, F. & Curcio, G.R. (2004). Caracterização florística e fitossociológica de um trecho sazonalmente inundável de floresta aluvial em Araucária, PR. Ciência Florestal 2, 37-50. Chaves, A.D.C.G., Santos, R.M.D.S., Santos, J.O.D., Fernandes, A.D.A. & Maracaja, P.B. (2013). A importância dos levantamentos florístico e fitossociológico para a conservação e preservação das florestas. Agropecuária Científica No Semiárido 2, 43-48. Del Quiqui, E.M., Borghi, W.A., Possenti, J.C., Hora, R.C. da & Leite, F. (2014). Florística e fitossociologia de um trecho de mata ciliar do Rio Paranapanema na Estação Ecológica do Caiuá, Diamante do Norte, PR. Journal of Agronomic Sciences 2, 130-142. Ferreti, A.R., Borges, R.S. & Britez, R.M. (2006). Os estados da Mata Atlântica: Paraná. In Campanili, M., Prochnow, M. Mata Atlântica - uma rede pela floresta (pp.58-76). Brasília: RMA. Instituto Ambiental do Paraná – IAP. (2006). Plano de Manejo do Parque Estadual de São Camilo. http://www.iap.pr.gov.br/pagina-1216.html. Acesso em 21 de Setembro de 2016. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. (2012). Manual Técnico da Vegetação Brasileira. http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv63011.pdf. Acesso em 20 de Setembro de 2016. Souza, R.F. de. (2015). Fitossociologia e dinâmica da vegetação arbórea no Parque Nacional do Iguaçu. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná. Valentin, I.L. (1995). Agrupamento e Ordenação. In Peres-Neto, P.R.; Valentin, I.L. & Fernandes, F.A.S. (Eds). Tópicos em Tratamento de Dados Biológicos (pp. 27-55). Rio de Janeiro: Oecologia Brasiliensis. Zama, M.Y., Bovolenta, Y.R., Carvalho, E. de S., Rodrigues, D.R., Araujo, C.G. Sorace, M.A da F. & Luz, D.G. (2012). Florística e síndromes de dispersão de espécies arbustivo-arbóreas no Parque Estadual Mata São Francisco, PR, Brasil. Hoehnea 3, 369-378.

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Efeito alelopático do extrato aquoso de Panicum maximum (Jacq.) B.K.Simon & S.W.L.Jacobs sobre o crescimento e desenvolvimento inicial de Phaseolus

vulgaris L.

Henrique Roberto Gattermann Mittelstaedt*1, Fernanda Aragão Costa1, Maiara Iadwizak Ribeiro1, Erly Carlos Porto1, Andréa Maria Teixeira Fortes1, Jaqueline

Malagutti Corsato1

*e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Alelopatia, espécie invasora, Poaceae. Introdução

Nos vegetais, além do metabolismo primário, responsável por sintetizar moléculas como lipídeos, carboidratos, nucleotídeos e aminoácidos que são comuns a todas as outras plantas, existe o metabolismo secundário. Os metabólitos secundários, também chamados de produtos naturais, representam uma gama de compostos orgânicos que desempenham função de proteger a planta contra herbivoria e agentes patogênicos, atração de polinizadores e dispersores de sementes, sustentação, reprodução e interação com outras espécies (García & Carril, 2009).

Os metabólitos secundários estão presentes em diferentes concentrações e em partes diferentes das plantas durante seu ciclo de vida, e podem ser liberados para o meio pela parte aérea da planta, pelas raízes ou por decomposição de material orgânico sobre o solo. Quando no ambiente em quantidades suficientes, podem ou não causar efeitos alelopáticos em outras plantas. Esses efeitos são observados na germinação, no crescimento e/ou desenvolvimento de plantas já estabelecidas (Rezende et al., 2003).

Uma das primeiras definições do termo alelopatia foi proposta por Rice (1984), o qual definiu esse processo como qualquer efeito direto ou indireto, danoso ou benéfico que uma planta (incluindo microrganismos) exerce sobre outra pela produção de compostos químicos liberados no ambiente.

O capim-colonião (Panicum maximum Jacq.), pertencente à família Poaceae, foi trazido ao Brasil pelos navios negreiros que usavam a espécie como forragem de cama para os escravos (Freitas & Pivello, 2005). Espécies da família Poaceae são invasoras em potencial, sendo o capim-colonião uma das mais agressivas e resistentes, apresentando fácil dispersão de sementes e afetando significativamente as culturas infestadas (Porto, 2015). Hartmann (2015) demonstrou a presença de grupos aleloquímicos nos extratos de capim-colonião, como taninos, esteroides e triterpenoides, flavonoides, saponina espumidica e alcaloides.

Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o possível efeito alelopático do extrato aquoso de capim-colonião sobre o crescimento e desenvolvimento inicial de

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feijão (Phaseolus vulgaris) através da análise do comprimento médio de raiz e parte aérea, bem como a massa seca das plântulas.

Materiais e Métodos

Foi instalado um teste de pré-germinação com 50 sementes de P. vulgaris para

cada uma das 12 repetições. As sementes foram pré-germinadas entre papel Germitest previamente autoclavados e umedecidos com água destilada na proporção de 2,5x o peso seco do papel. As sementes permaneceram por 3 dias em câmara de germinação do tipo B.O.D. com temperatura de 25ºC e fotoperíodo de 12h luz/escuro.

As folhas de P. maximum foram coletadas no período da manhã em áreas degradadas nos arredores da UNIOESTE, e foram transportadas até o Laboratório de Fisiologia Vegetal, no CCBS – Campus Cascavel, Paraná. Em seguida, foram trituradas 20, 50, 100, 150 e 200g de folhas frescas de capim-colonião em 500mL de água destilada para obter, respectivamente, os extratos aquosos nas proporções de 1%, 2,5%, 5%, 7,5% e 10% p/v.

Para a instalação do experimento de crescimento e desenvolvimento foram utilizadas 10 sementes de feijão pré-germinadas apresentando entre 1 e 3 cm de raiz primária por repetição em papéis Germitest previamente autoclavados e umedecidos com as diferentes concentrações do extrato de P. maximum na proporção de 2,5 vezes o peso seco do papel, além de um controle com água destilada, totalizando seis tratamentos. Em garrafas PET, foram adicionadas as mesmas proporções do extrato utilizadas para umedecer os papéis Germitest, onde os mesmos foram acondicionados. Foi realizada a troca dos extratos aquosos no 3º dia de experimento por uma nova solução, a fim de evitar a oxidação dos mesmos. Os tratamentos permaneceram por 6 dias em câmara do tipo B.O.D. com temperatura de 25ºC e fotoperíodo de 12h luz/escuro.

Ao final de 6 dias do experimento de crescimento e desenvolvimento, foram realizadas as medições da parte aérea e do comprimento médio de raiz com o auxílio de um paquímetro. Em seguida foram selecionadas três plântulas de feijão por repetição para determinação da massa seca. As plântulas foram secas em estufa com temperatura de aproximadamente 45ºC por 48 horas até que atingissem massa constante e pesadas em balança de precisão.

Os dados foram submetidos à teste de normalidade (Shapiro-Wilk) e análise de variância (ANOVA – Teste F), sendo ajustados no modelo de regressão.

Resultados e Discussão Os resultados observados em relação à raiz demonstram que houve uma

redução gradativa do comprimento médio (CMR) à medida que o extrato aquoso de capim-colonião se tornou mais concentrado, onde o CMR foi reduzido quase pela metade no extrato na proporção de 5% (5,7 cm) quando comparado à testemunha (11,1 cm), obtendo o menor valor na proporção de 10% (3,1 cm). O mesmo comportamento é observado para os valores de massa seca para essa variável, evidenciando um efeito alelopático negativo sobre o crescimento da raiz (Fig. 1).

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Resultados semelhantes foram obtidos por Porto (2015) que demonstrou em seu estudo com extrato aquoso de capim-colonião sobre sementes de tomate (Solanum lycopersicum) uma diminuição evidente do comprimento médio da raiz (CMR), onde o extrato mais concentrado (10%) apresentou redução de aproximadamente 16 cm em relação a testemunha. Por estar em maior contato com a solução de aleloquímicos, em geral, a raiz apresenta uma resposta mais expressiva ao efeito alelopático, sendo o comprimento médio e valor de massa seca ótimos índices para avaliar efeitos alelopáticos com extratos aquosos (Souza Filho et al., 1997).

Já em relação à parte aérea, observou-se um maior valor do comprimento médio e de massa seca nas proporções de 1% e 2,5% quando comparadas a testemunha, evidenciando um efeito alelopático positivo sobre o crescimento da parte aérea em baixas concentrações. Porém em concentrações mais elevadas houve uma redução gradativa em ambos os índices avaliados quando comparados à concentração de 2,5%, que apresentou o maior valor de CMPA e massa seca, 13,2 cm e 253 mg, respectivamente (Fig. 2). Os efeitos alelopáticos podem variar quanto a sua intensidade, visto que são influenciados por fatores como temperatura, valor de pH e concentração dos aleloquímicos. Em geral, os efeitos tendem a ser mais expressivos quanto maior a concentração de aleloquímicos, o que pode explicar o estímulo no crescimento da parte aérea nas concentrações mais baixas com posterior decréscimo no valor, devido a possível toxicidade causada pela maior quantidade de aleloquímicos presentes (Maraschin-Silva & Aqüila, 2006).

Figura 1. A: comprimento médio da raiz (CMR); B: massa seca da raiz de plântulas de feijão (Phaseolus vulgaris sp.) submetidas aos extratos aquosos de capim-colonião (Panicum maximum) nas concentrações de 1%, 2,5%, 5%, 7,5% e 10%, além do controle com água destilada (0%).

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Figura 2. A: comprimento médio da parte aérea (CMPA); B: massa seca da parte aérea de plântulas de feijão (Phaseolus vulgaris sp.) submetidas aos extratos aquosos de capim-colonião (Panicum maximum) nas concentrações de 1%, 2,5%, 5%, 7,5% e 10%, além do controle com água destilada (0%).

Conclusões

Conclui-se que o capim-colonião (Panicum maximum Jacq.) exerce um efeito alelopático negativo sobre o comprimento de raiz e massa seca, porém apresenta um estímulo no crescimento da parte aérea em baixas concentrações, com posterior diminuição do comprimento e massa seca conforme o extrato tornou-se mais concentrado, evidenciando um efeito alelopático negativo sobre o crescimento inicial de feijão (Phaseolus vulgaris sp.). Agradecimentos

Ao CNPq/UNIOESTE pelo financiamento da pesquisa e à UNIOESTE pelo espaço e auxílio durante o estudo. Referências Freitas, G.K. & Pivello, V.R. (2005). O Desafio da Conservação dos Recursos Naturais na Região. A Ameaça das Gramíneas Exóticas à Biodiversidade. http://ecologia.ib.usp.br/lepac/conservacao/Artigos/cap22.pdf. Acesso em: 17 de abril de 2016. García, A.A. & Carril, E.P.U. (2009). Metabolismo secundário de plantas. Reduca (Biología). Serie Fisiología Vegetal 2, 119-145. Hartmann, K.C.D. (2015). Efeitos alelopáticos das gramíneas exóticas Brachiaria spp e Megathyrsus maximum (jacq) B.K. Simon & S.W.L. Jacobs sobre germinação, desenvolvimento e crescimento de mudas de Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Conservação e Manejo de Recursos Naturais, Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

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Maraschin-Silva, F., Aqüila, M.E.A. (2005). Potencial alelopático de espécies nativas na germinação e crescimento inicial de Lactuca sativa L. (Asteraceae). Acta Botanica Brasilica 20, 61-69. Porto, E.C. (2015). Estresse oxidativo em espécies bioindicadoras após aplicação do extrato aquoso de capim colonião Megathyrsus maximus. Trabalho de Conclusão de Curso, Graduação em Ciências Biológicas – Bacharel, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Rezende, C.P., Pinto, J.C., Evangelista, A.R., Santos, I.P.A. (2003). Alelopatia e suas interações na formação e manejo de pastagens. Boletim Agropecuário 54, 1-55. Rice, E.L. (1984). Allelopathy. Orlando: Academic Press. Souza Filho A.P.S. et al. (1997) Efeitos do potencial alelopático de três leguminosas forrageiras sobre três invasoras de pastagens. Pesquisa Agropecuária Brasileira 32, 165-170.

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Gomphonema (Bacillariophyceae) no riacho Tenente João Gualberto, São Miguel do Iguaçu, PR, BR

Mailor W. W. Amaral1, Cinthia Coutinho Rosa Favaretto1, Gabriela Medeiros1, Norma

Catarina Bueno1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Autoecologia, diatomáceas, taxonomia. Introdução

O gênero Gomphonema Ehrenberg (Ordem Pennales) compreende espécies com valvas lineares a linear-lanceoladas, mais ou menos heteropolares, extremidades apicais rostradas a capitadas e extremidades basais estreitas (Round et al., 1990). Rafe central reta ou delicadamente sinuosa, com terminações proximais expandidas e retas, e terminações proximais ligeiramente curvadas (Bicudo & Menezes, 2006). Apresentam ainda estrias unisseriadas ou ocasionalmente bisseriadas, estigma simples e às vezes presente na região central da valva (Round et al., 1990). As frústulas coloniais ficam aderidas ao substrato por um filamento de mucilagem secretado por uma estrutura localizada na extremidade basal da valva (Round et al., 1990; Wojtal, 2003), característica essa que as definem como organismos perifíticos.

Considerando-se que Gomphonema é um gênero cosmopolita e que o Paraná possui grande extensão de redes hidrográficas, o conhecimento da flórula de diatomáceas perifíticas é, ainda, relativamente baixo para a região oeste do estado.

Materiais e Métodos

O presente estudo foi realizado no riacho Tenente João Gualberto (Fig. 1), localizado em área adjacente à Unidade de Conservação, no município de São Miguel do Iguaçu (25º28'36.3"S; 54º19'40.9"W). O clima regional é do tipo Cfa, subtropical úmido mesotérmico, com períodos de verão e inverno bem definidos e chuvas distribuídas durante o ano (Álvares et al., 2014). O riacho estudado possui a maior parte do curso de sua nascente entre campos de cultivo agrícola com trecho estreito (3,4 m de largura entre margens e profundidade média em torno de 0,21cm).

As coletas foram realizadas no período entre setembro de 2012 e agosto de 2013, totalizando 12 amostras. Para a realização da coleta das diatomáceas foi utilizado o espremido manual da macrófita aquática Eleocharis minima Kunth (Cyperaceae). O material coletado foi acondicionado e fixado em solução de Transeau (Bicudo & Menezes, 2006), sendo posteriormente oxidado pela técnica proposta por Simonsen (1974) modificada por Moreira-Filho & Valente-Moreira (1981). Lâminas foram confeccionadas utilizando-se Naphrax® como meio de inclusão (IR= 1,73), sendo analisadas e fotografadas em fotomicroscópio Olympus BX60 com câmera de captura DP71 acoplada e depositadas no Herbário UNOP-Algae, Cascavel Campus.

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A identificação dos táxons seguiu Round et al. (1990), bem como literatura especializada.

Figura 1. Mapa do riacho Tenente João Gualberto, localizado a oeste do Paraná, e respectiva estação de coleta.

Resultados e Discussão

A análise do material resultou na identificação de seis (6) táxons em nível específico:

Gomphonema auritum A.Braun ex Kützing 1849: 68 Valvas heteropolares, naviculóides, rômbico-lanceoladas a clavado-

lanceoladas. Extremidades atenuado-arredondadas; área axial estreita; rafe ondulada com extremidades proximais levemente arredondadas e curvadas para o lado do estigmóide. Estrias paralelas a levemente radiadas no sentido das extremidades; e área central formada por uma estria alongada. Comprimento: 23,7-42,3 µm; larg.: 4,7-7,1 µm; 10-14 estrias em 10 µm. Material examinado: UNOP- ALGAE 3943, 4081, 4093, 4116, 4126.

Gomphonema exilissimum (Grunow) Lange-Bertalot & E.Reichardt in Lange-Bertalot & Metzeltin 1996: 70, pl. 62.

Valvas elíptico-lanceoladas com a área central mais larga. Apresenta estrutura simétrica a ligeiramente assimétrica próxima ao eixo apical. Os ápices são sub-capitados a rostrados. A rafe é levemente ondulada e algumas vezes com terminações centrais suavemente arredondadas. Área axial estreita e assimétrica. Área central formada por uma estria encurtada em um dos lados, e uma estria levemente encurtada no lado oposto com presença de um estigma. As estrias centrais são mais espaçadas, de radiais a paralelas. Comprimento: 20,3-31,3 μm; larg.: 4,3-6,7 μm; 10,14 estrias em

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10 μm. De acordo com a literatura, os indivíduos desse gênero são frequentemente confundidos com G. parvulum. Assim, para diferencia-los utilizou-se como parâmetro de comparação a razão entre comprimento e largura, onde: razão ≥ 4 e ≤ 6 µm foram agrupados como G. cf. exilissimum, enquanto as valvas com razão comprimento/largura ≤ 4 e ≥ 6 µm foram identificadas como G. parvulum. Esta separação, porém, não é uma regra para identificação de ambos os táxons, embora auxilie na análise de diatomáceas para biomonitoramento de ambientes dulcícolas. Material examinado: UNOP-ALGAE 3930, 3943, 4102, 4116, 4126.

Gomphonema lagenula Kützing 1844: 85, pl. 30: fig. 60 Valvas lanceoladas a elíptico-lanceoladas com ápice e base capitados a sub-

capitados. Área axial linear e estreita. Área central retangular, delimitada pelo encurtamento de uma estria mediana. Estigma presente. Rafe reta, extremidades proximais fletidas para o lado em que o estigma está presente. Estrias paralelas a levemente radiadas, mais espaçadas na região mediana areolação inconspícua. Comprimento: 21,5-32,6 μm; larg.: 5,1-7,7 μm; 10-15 estrias em 10 μm. Material examinado: UNOP-ALGAE – 3930, 3943, 3976, 4093, 4102, 4116, 4126.

Gomphonema naviculoides W. Smith 1856: 98 Gomphonema naviculoides pode ser claramente atribuído à descrição de

Grunow em 1878 como uma variedade de G. gracile, e a publicação da ilustração em Van Heurck (1880 pl. 24/13). Dessa forma, o autor estabeleceu as bases para conceitos generalizados atuais de G. gracile.

Possui valvas lanceoladas a rombo-lanceoladas com ápices e bases atenuados. Área axial linear, estreita. Área central unilateral, formada pelo encurtamento de uma estria mediana. Estigma presente. Rafe reta a levemente sinuosa, com extremidades proximais flexionadas em direção ao estigma. Estrias paralelas a levemente radiadas, sendo visível um espaçamento maior das mesmas na região central. Comprimento: 33,2-72,9 µm; larg.: 7,5-10,7 µm; 9-14 estrias em 10 µm. Material examinado: UNOP- ALGAE 3943, 3962, 3976, 4044, 4093, 4102, 4116, 4126.

Gomphonema parvulum (Kützing) Kützing, Spec. Alg., p. 65, 1849. Valvas lanceoladas a elíptico-lanceoladas nas formas menores, com ápices

sub-rostrados a atenuados e bases atenuado-arredondadas. Área axial linear, estreita. Área central irregular e estreita, delimitada pelo encurtamento irregular de uma estria mediana. Estigma presente. Rafe reta a levemente sinuosa, extremidades proximais fletidas para o lado do estigma. Estrias paralelas a levemente radiadas nas extremidades, aréolas inconspícuas. Comprimento: 19,2-28,3 μm; larg.: 4,9-6,9 μm; 12-15 estrias em 10 μm. Material examinado: UNOP- ALGAE 3943, 4116, 4126.

Gomphonema subtile Ehrenberg, Abhandlungen der Königlichen Akademie der

Wissenschaften zu Berlin 1841: 416. 1841 (1843).

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Valvas levemente heteropolares, amplamente clavado-lanceoladas, margem central convexa, extremidade apical rostrada a capitada, extremidade basal atenuado-arredondada; área axial estreita, linear, levemente alargada na área central, delimitada por 1 estria encurtada. Rafe levemente ondulada; extremidades proximais da rafe ligeiramente arredondadas e curvadas para o lado do estigmóide. Comprimento. 52,8 μm; larg.: 7,3 μm; 8-10 estrias em 10 μm. Material examinado: UNOP- ALGAE 3930.

Os indivíduos identificados correspondem às descrições observadas em literaturas base para a taxonomia das diatomáceas. No entanto, algumas características como, por exemplo, o comprimento total e a quantidade de estrias, apresentaram pequenas variações.

Figura 2. Espécies do gênero Gomphonema (Bacillariophyceae) encontradas no rio Tenente João Gualberto, região oeste do Paraná: 1-3. Gomphonema lagenula Kützing; 4-6. G. exilissimum (Grunow)

Lange-Bertalot & E.Reichardt; 7-10. G. parvulum (Kützing) Kützing; 11-13. G. auritum A.Braun ex

Kützing; 14. G. subtile Ehrenberg; 15-18. G. naviculoides W. Smith. Escalas em 10 µm.

Considerações finais

Todos os seis táxons já foram registrados no Paraná, entretanto, as características encontradas nas populações ampliam o conhecimento das diatomáceas perifíticas para o estado. Sugere-se, contudo, que estudos com MEV (Microscopia Eletrônica de Varredura) sejam realizados a fim de se obter resultados mais concretos sobre a identificação das referidas espécies.

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Agradecimentos

Ao CNPq pela da bolsa de iniciação científica cedida ao primeiro autor e a CAPES pela bolsa de mestrado da terceira autora. Referências Álvares, C.A., Stape, J.L., Sentelhas, P.C., Gonçalves, J.L.M. & Sparovek, G. (2014). Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift 22, 711–728. Bicudo, C.E.M. & Menezes, M. (2006). Gêneros de algas de águas continentais do Brasil. São Paulo: Editora RiMa. Moreira-Filho H. & Valente-Moreira IM. (1981). Avaliação taxonômica e ecológica das diatomáceas (Bacillariophyceae) epífitas em algas pluricelulares obtidas nos litorais dos Estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Boletim do Museu Botânico Municipal 47, 1-17. Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. (1990). The Diatoms: biology and morphology of the genera. New York: Cambridge University Press. Smith, W. (1856). A Synopsis of the British Diatomaceae. London: John Van Voorst. Wojtal, A. (2003). Diatoms of the genus Gomphonema Ehr. (Bacillariophyceae) from a karstic stream in the Krakowsko-Czestochowska upland. Acta Societatis Botanicorum Poloniae 72, 213-220.

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Levantamento florístico de espécies do sub-bosque em fragmento do rio Gonçalves Dias, Paraná

Ana Laura Topanott Nunes1, Elmar José Hentz Júnior1, Janaíne Kunrath Hammes2,

Lívia Godinho Temponí2 *e-mail: [email protected]

1Graduação em Ciências Biológicas na Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Programa de Pós-Graduação em Conservação e Manejo de recursos naturais na Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Semidecidual, Parque Nacional do Iguaçu. Introdução

A Mata Atlântica correspondia a maior parte do estado do Paraná, porém atualmente foi altamente reduzido. Uma grande área preservada encontra-se no Parque Nacional do Iguaçu, com 185.262,5 hectares, e é representada principalmente pela Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista (IBAMA, 1999).

Estudos comprovam que há grande diversidade de espécies não-arbóreas nas florestas tropicais americanas (Prance, 1989; Andreata et al., 1997). No entanto, a maior parte dos estudos florísticos é realizada com enfoque nas espécies arbóreas, mesmo que estudos comprovem que as espécies subarbustivas e herbáceas têm grande importância, com funções específicas na comunidade vegetal das florestas (Andrade, 1992; Laska, 1997). Materiais e Métodos

A área que foi estudada corresponde a um fragmento de Floresta Ombrófila Mista, no entorno do rio Gonçalves Dias, que margeia a fronteira leste do Parque Nacional do Iguaçu, localizado nas coordenadas 25°12’56”S, 53°39’05”O.

Foram realizadas visitas mensais agosto de 2015 a julho de 2016 na área de estudo e os indivíduos encontrados nas trilhas percorridas foramcoletados quando férteis, para possibilitar uma precisa identificação (Bridson & Forman, 1999). Os nomes dos autores das espécies foram conferidos de acordo com a Lista de Espécies da Flora do Brasil (Forzza et al., 2013) e para espécies exóticas do Brasil está sendo utilizado o International Plant Name Index (IPNI, 2016)

O material coletado está sendo identificado com literatura específica e comparado concomitantemente com amostras presentes no herbário da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNOP) e em herbários de outras instituições.

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Resultados e Discussão

Foram encontradas 23 espécies, pertencentes a oito famílias (Tabela 1). Melastomataceae, Poaceae e Pteridaceae apresentaram duas espécies, enquanto Rubiaceae e Asteraceae foram as mais ricas com três espécies. As demais famílias foram representadas por apenas uma espécie.

A riqueza das famílias de sub-bosques difere muito de trabalhos na região de Florestas Ombrófilas Mista. As famílias Asteraceae e Melastomataceae mostraram grande representatividade na área estudada, dado também presente no trabalho de Kozera et al. (2006). Tabela 1. Lista de espécies de presentes no sub-bosque do fragmento nas margens do rio Gonçalves Dias, PR.

Famílias Espécies Hábito Figura

Anemiaceae Anemia phyllitidis (L.) Sw. Erva Fig. 1A Araliaceae Hydrocotyle leucocephala Cham. &

Schltdl. Erva Fig. 1B

Asteraceae

Centratherum punctatum Cass. Subarbusto -

Elephantopus mollis Kunth Calyptocarpus brasiliensis (Nees & Mart.) B. Turner

Erva Erva

Fig. 1C Fig. 1D

Blechnaceae Bromeliaceae Cyperaceae Dennstaedtiaceae Commelinaceae

Blechnum brasiliense Desv. Bromelia balansae Mez Scleria latifolia Sw. Pteridium aquilinum (L) Kuhn Mutis Commelina obliqua Vahl

Erva Erva Erva Erva Erva

Fig. 1E Fig. 1F - Fig. 1G -

Euphorbiaceae Bernardia pulchella (Baill.) Müll. Subarbusto - Melastomataceae Poaceae

Tibouchina cerastifolia Cogn. Miconia cinerascens Miq. Leandra xanthocoma (Naudin) Cogn.

Subarbusto Subarbusto Subarbusto

Fig. 1H - Fig. 1I

Megathyrsus maximus (Jacq.) B.K.Simon & S.W.L.Jacobs Oplismenus hirtellus (L.) P.Beauv.

Erva Erva

- -

Pteridaceae Rubiaceae Selaginelaceae Thelypteridaceae

Adiantopsis radiata (L.) Fée Erva Fig. 1J Doryopteris pentagona Pic.Serm Galianthe hispidula (A.Rich. ex DC.) E.L.Cabral & Bacigalupo Galianthe laxa (Cham. & Schltdl.) E.L.Cabral Coccocypselum hasslerianum Chodat Selaginella sulcata (Desv. ex Poir.) Spring Thelypteris hispidula (Decne.) C.F.Reed

Erva Erva Erva Erva Erva Erva

- - - - - -

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Figura 1. Algumas espécies do sub-bosque em fragmento do rio Gonçalves Dias, Paraná. (A) Anemia phyllitidis; (B) Hydrocotyle leucocephala; (C) Elephantopus mollis; (D) Calyptocarpus brasiliensis; (E) Blechnum brasiliense; (F) Bromelia balansae; (G) Pteridium aquilinum; (H) Tibouchina cerastifolia; (I) Leandra xanthocoma; (J) Adiantopsis radiata.

Conclusões

A quantidade de espécies desta área de estudo foi considerada baixa em comparação com outros trabalhos e embora seja uma área de entorno do Parque Nacional do Iguaçu, sua riqueza pode ter sido influenciada pela turística. Além disso, por ser um fragmento pequeno, fator que influencia diretamente na riqueza de famílias e espécies vegetais. Agradecimentos

Agradecemos principalmente a Capes, CNPq e a Fundação Araucária pela concessão das bolsas, permitindo que esse trabalho fosse realizado.

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Referências Andrade, P.M. (1992). Estrutura do estrato herbáceo de trechos da Reserva Biológica Mata do Jambreiro, Nova Lima, MG. Trabalho de Conclusão de Curso Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Campinas. Andreata, R.H.P., Gomes, M. & Baumgratz, J.F.A. (1997). Plantas herbáceo-arbustivas terrestres da Reserva Ecológica de Macaé de Cima. In Lima, H.C., Guedes-Bruni, R.R. (Eds.), Serra de Macaé de Cima: Diversidade florística e conservação em Mata Atlântica (pp. 65-73). Rio de Janeiro, Brasil: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio. Bridson, D. & Forman, L. (1999). The Herbarium Handbook. Kew: Royal Botanic Gardens. Flora do Brasil 2020 em construção. (2016). Jardim Botânico do Rio de Janeiro http://floradobrasil.jbrj.gov.br. Acesso em 14 de Maio de 2016. IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (1999). http://www.cataratasdoiguacu.com.br/manejo/siuc/planos_de_manejo/pni/html/index.htm. Acesso em 11 de Maio de 2015. INPI - The International Plant Names Index. (2016) http://www.ipni.org. Acesso em 13 de Agosto de 2015. Kozera, C., Dittrich, V.A. de O. Silva, S.M. (2006). Composição florística da floresta ombrófila mista montana do parque municipal do Barigui. Revista Floresta 36, 45-58. Laska, M.S. (1997). Structure of understory shrub assemblages in adjacent secondary and old growth tropical wet forest, Costa Rica. Biotropica 29, 29-37. Prance, G.T. (1989) American tropical forest. In Lieth, H., Werger, M.A.J. (Eds.), Tropical rain forest ecosystems: biogeographical and ecological studies (pp.99-136). Amsterdam: Elsevier.

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Tratamentos de superação de dormência com água aquecida em sementes de Peltophorum Dubium (Sprengel) Taubert

Maiara Iadwizak Ribeiro*¹, Henrique Roberto Gattermann Mittelstaedt¹, Fernada

Aragão¹, Flavia Cassol¹, Andrea Maria Teixeira Fortes¹, Jaqueline Malagutti Corsato¹ *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: espécie nativa, germinação, produção de mudas.

Introdução

A recuperação de áreas degradadas (RAD) vem sendo cada vez mais utilizada

devido os danos crescentes causados pela ação antrópica. A RAD é um complexo sistema, constituído por ações que tentam restabelecer as condições de volta a forma natural (Pereira & Rodrigues, 2012). Para que isso ocorra, é necessária a chegada de mudas na área a ser recuperada, especialmente de espécies arbóreas nativas (Almeida, 2002).

Entretanto cerca de um terço das sementes de espécies nativas apresentam dormência, atrapalhando a produção de mudas sincronizadas para o viveirista. A dormência é um estado da semente que mesmo se encontrando em um ambiente com todas as características favoráveis para que ocorra a germinação, tais como: luz, temperatura, oxigênio, porém a semente acaba não germinando, sendo considerada uma semente dormente (Oliveira, 2013).

Uma espécie nativa que é muito empregada em reflorestamento misto, restauração de áreas degradadas e arborização urbana é a Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert, conhecida popularmente como canafístula. As sementes de P. dubium apresentam dormência física. Para que essas sementes nativas germinem, são empregados vários tratamentos de superação de dormência, como o uso de escarificação ácida, escarificação mecânica, uso de água aquecida (Monteiro & Castilho, 2014)

Um dos métodos mais utilizados para superação de dormência, por viveiristas é o uso de água aquecida, devido ao baixo custo do tratamento, facilidade de manuseio e diminuição de riscos para o viveirista. Porém não são todas as sementes que germinam utilizando esse tratamento.

Com isso nosso objetivo foi verificar se as sementes de P. dubium germinam após submetidas à diferentes temperaturas para a superação de dormência visando a indicação de técnicas adequadas para a produção de mudas em viveiros. Materiais e Métodos

O experimento foi realizado no Laboratório de Fisiologia Vegetal da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, campus de Cascavel – PR.

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Utilizando sementes de Peltophorum dubium, doadas para pesquisa do Viveiro Florestal da Itaipu Binacional - Ciudad del Este – Hernandarias (Paraguai).

Essas sementes de P. dubium passaram por um processo de assepsia de acordo com (Brasil, 2013) sendo submersas em 100 ml de água destilada com cinco gotas de detergente durante 5 minutos e posteriormente lavadas em água destilada até retirada totalmente dos resíduos do detergente.

Após a assepsia as sementes foram submetidas aos tratamentos de superação de dormência, utilizando as temperaturas: 25°C, 50°C, 75°C e 95°C, constituindo um experimento com delineamento inteiramente casualizado (DIC) com 4 tratamentos e de 4 repetições com 25 sementes por parcela. As sementes passaram por 24 horas de embebição em água aquecida nas respectivas temperaturas e posteriormente foram acondicionadas em rolos de papel "Germitest", em câmara de germinação do tipo B.O.D, com temperatura constante de 25°C e fotoperíodo de 12 horas de luz e 12 horas de escuro.

A contagem de sementes germinadas foi realizada diariamente até o 14° dia após a instalação do teste (Brasil, 2013), sendo consideradas como germinada as sementes que apresentaram comprimento de raiz primária igual ou superior a 2 mm (Laboriau, 1983). Os parâmetros analisados foram: Porcentagem de germinação (G), tempo médio de germinação (TMG) índice de velocidade de germinação (IVG) e a frequência e sincronização da germinação (U).

Os dados foram submetidos aos testes de normalidade (Shapiro-Wilk) e homocedasticidade (Teste de Levene) e submetidos à análise de variância (ANOVA – Teste F). As médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizado o programa RStudio 3.2.2.

Resultados e Discussão Os resultados de todas as variáveis atenderam os pressupostos de

normalidade segundo o teste de Shapiro-Wilk a 5% de probabilidade Em relação a condutividade elétrica (µS. cm-1.g-1), (Tabela 1), verificamos que

as sementes de P. dubium submetidas as diferentes temperaturas como tratamento pré-germinativo não houve diferença estatística para essa variável. Esse resultado é satisfatório, pois altos valores de condutividade elétrica refletem uma lixiviação dos solutos o que não é positivo para a germinação das sementes (Martins & Nakagawa, 2008).

Na germinação, a exposição à água aquecida levou um aumento gradativo da porcentagem de germinação, as sementes de P. dubium, submetidas ao tratamento com água a 95°C apresentaram um aumento de 26% da germinação em relação a menor temperatura (25C°) (Tabela 1). Resultados semelhantes foram encontrados por Azeredo et al., 2010, em sementes de Piptadenia moniliformis Benth, onde o aumento da temperatura para 80°C ou 90°C aumentou a quantidade de sementes germinadas, cerca de 74%.

Em relação ao TMG (dias) não houve diferença significativa entre os tratamentos, em média as sementes levaram 2,5 dias para finalizar o processo germinativo (tabela 1). Para a variável IVG, as sementes de P. dubium submetidas ao

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tratamento de 95° apresentaram maiores velocidades de germinação refletindo também em uma maior porcentagem de germinação. Essa é uma característica muito favorável para as sementes, devido à formação da plântula rápida em um ambiente em que pode estar sobre estresse. Os melhores tratamentos para a germinação obtiveram um IVG alto em comparação com a menor temperatura (tabela 1). Tabela 1. Variáveis fisiológicas, condutividade elétrica, germinação (%), tempo médio de germinação (TMG), índice de velocidade de germinação (IVG), das sementes de Peltophorum dubium (Spregel) Taubert submetidas aos tratamentos utilizando água á 25,50,75 e 95°C.

T °C C. E. µS. cm-1.g-1 Germinação (dias) TMG (dias) IVG

25°C 121,95 a 59 b 2,54 a 38,58 ab

50°C 134,80 a 58 b 2,41 a 36,22 b

75°C 146,79 a 79 ab 2,1 a 54,27 a

95°C 179,59 a 85 a 2,69 a 54,97 a

C.V (%) 18.43% 12.43% 16.93% 22.28% Médias seguidas da mesma letra para as diferentes temperaturas, letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Em relação à frequência e sincronização observamos que a germinação das

sementes de P. dubium se mostrou sincronizada e uniforme independente a qual temperatura da água utilizada para a embebição foi submetida, verificamos também

0

50

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Frequência Relativa

0

50

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Frequência Relativa

0

50

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Frequência Relativa

0

50

100

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14

Frequência Relativa 4

Figura 1. Frequência e sincronização da germinação das sementes de Peltophorum dubium (Spregel) Taubert, submetidas aos fatores sem escarificação prévia e com escarificação prévia, com os tratamentos utilizando água a 25°,50°,75° e 95°C.

25°C U:1,75 a

50°C U:1,90 a

75°C U:1,51 a

95°C U:1,96 a

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que o aumento da temperatura teve uma tendência a cada vez mais sincronizar a germinação (Figura 1). Conclusões

Concluímos que, as maiores temperaturas em que as sementes de P. dubium foram submetidas, apresentaram os melhores índices de germinação. Consequentemente 70°C e 95°C são as temperaturas mais indicadas para a superação de dormência. Referências Almeida, R.O.P.O. (2002). Revegetação de áreas mineradas: estudo dos procedimentos aplicados em minerações de areia. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Engenharia Mineral, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Azeredo, G.A., De’Paula, R.C., Valeri, S.V. & Moro, F.V. (2010). Superação de dormência de sementes de Piptadenia moniliformis Benth. Revista Brasileira de Sementes 32, 49-58. Brasil. (2013). Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MAPA/DAS/ CGAL. Regras para análise de sementes. Brasília. Labouriau, L.G. (1983). A germinação de sementes. Washington: Organização dos Estados Americanos. Martins, C.C. & Nakagawa, J. (2008). Germinação de sementes de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville de diferentes origens submetidas a tratamentos para superação de dormência. Revista Árvore 32, 1059-1067. Monteiro, L.N.H. & Castilho, R.M.M. (2014). Semeadura direta de canafístula Peltophorum dubium Sprengel Taubert no enriquecimento de capoeiras. Tecnologia e Ciência Agropecuária 8, 57-60. Oliveira, J.D. (2013). Superação de dormência em sementes de mucuna preta (Stizolobium aterrimum). Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal do Acre. Pereira, J.S. & Rodrigues, S.C. (2012). Crescimento de espécies arbóreas utilizadas na recuperação de área degradada. Caminhos de Geografia 13, 12-17. Santos, J.L., Luz, I.S., Matsumoto, S.N., D’arêde L.O. & Viana, A.E.S. (2014). Superação da dormência tegumentar de sementes de Piptadenia viridiflora (Kunth) benth pela escarificação química, Bioscience Journal 30, 1642-1651.

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Capítulo 3

ECOLOGIA

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Comparação dos parâmetros abióticos d’água entre três pontos na bacia do rio Cascavel

Gabriela Medeiros*1Marília M. Favalesso1, Camila A. N. Aquino1, Cinthia C. R.

Favaretto¹, Norma C. Bueno² *e-mail: [email protected]

1Mestrandas do programa de pós-graduação em Conservação e Manejo de Recursos Naturais, Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2 Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, PR.

Palavras-chave: Limnologia, Qualidade d’água, ambiente lótico. Introdução

A água tornou-se um bem escasso graças à poluição dos recursos hídricos provocado pelo homem, principalmente pelas atividades industriais e agrícolas, sendo o impacto antrópico mais intenso nas águas superficiais (Pes, 2012). Como a disponibilidade de água depende do grau de contaminação desta, a sua oferta irá depender de redes de monitoramento confiáveis e constantes, gerando dados sobre as variáveis de interesse e garantindo a sua qualidade para distribuição (Buss et al., 2003).

A avaliação do meio físico de um rio é definida como a avaliação da estrutura do ambiente físico que influencia a qualidade da água e a condição das comunidades aquáticas, assim, medidas mitigatórias poderão ser elaboradas para conter atuais ou futuras degradações da qualidade da água (Nascimento et al., 2011).

A bacia hidrográfica do rio Cascavel, Paraná abrange uma área de drenagem de 117,5 km2, sendo responsável por 80% do abastecimento de água potável da cidade de Cascavel (Tosin, 2005). O rio Cascavel tem suas nascentes praticamente dentro do perímetro urbano da cidade. Nesse sentido, estudos caracterizando as condições abióticas locais são justificados. Para isto, os trabalhos de pesquisa realizados nesta bacia devem ser contínuos e efetivos.

Dessa forma, faz-se necessário o conhecimento das reais condições dos mananciais superficiais que abastecem a cidade de Cascavel, a fim de contribuir significativamente com o entendimento de planejamentos que busquem melhorar a qualidade dos mesmos. Portanto o objetivo deste estudo é o de caracterizar a condição abiótica da água em três estações de amostragem na microbacia do rio Cascavel. Materiais e Métodos

O presente estudo foi conduzido em três pontos dentro da bacia hidrográfica do rio Cascavel: Ponto 1 (P1) - Ambiente de riacho (presença de muitos seixos e profundidade reduzida), dentro do perímetro urbano, mas em área de proteção ambiental (Rio Cascavel), Ponto 2 (P2) - Rio de terceira ordem com características semi-lóticas dentro de ambiente urbano (Rio cascavel), e Ponto 3 (P3) - Rio de terceira

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ordem com recebimento de afluentes oriundos de estação de tratamento (Rio Quati). O clima local é do tipo temperado mesotérmico superúmido, com temperatura média anual em torno de 21ºC (Tosin, 2005).

Para caracterização dos pontos amostrais foram mensuradas as seguintes variáveis: Temperatura, pH, oxirredução (m/V), condutividade elétrica, turbidez, oxigênio dissolvido, sólidos totais, profundidade estimada (m) e salinidade. As variáveis foram medidas in situ com auxílio de uma sonda multiparâmetro da marca HORIBA, modelo U-5000, entre o período de Fevereiro de 2015 a Janeiro de 2016.

Os dados obtidos para cada uma das variáveis foram analisados verificando o padrão de normalidade (teste de Shapiro-Wilk) e homocedasticidade (Teste de Bartlett) dos resíduos (α = 0,05). Caso esses pressupostos tenham sido atendidos, os pontos eram comparados através de um teste paramétrico ANOVA one-way (α= 0,05), do contrário foi utilizado o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, seguido do teste de Dunn (α = 0,05).

Foi realizada uma PCA (“Análise de Componentes Principais”) não-paramétrica com a intenção de reduzir as variáveis abióticas amostradas e assim identificar os padrões que descrevem cada um dos pontos. Foi considerada tal análise em razão dos dados não estarem em distribuição normal multivariada (P<0,05). A PCA foi realizada em cima de uma matriz de associação realizadas pelo índice de correlação de Spearman. Todas as análises foram feitas pelo software R (R CORE TEAM, 2016) através do aplicativo RStúdio. Resultados

As variáveis condutividade elétrica, turbidez, sólidos totais, profundidade estimada (m) e salinidade foram significativamente maiores no P3 do que em P1 e P2 (P<0,05, figura 1). Para essas variáveis, P1 e P2 foram considerados estatisticamente iguais (P>0,05, figura 1). Cerca de 75% das amostras de P3 apresentaram valores superiores aos valores do limite superior de P1 e P2 para condutividade elétrica, turbidez e sólidos totais (Figura 1). Já a variável salinidade apresentou valores > 0 em P3, ao contrário de P1 e P2 (Figura 1). A variável oxigênio dissolvido foi significativamente maior no P1 do que em P2 e P3 (P<0,05, figura 1). Não foram encontradas diferenças estatísticas significativas entre os pontos P1, P2 e P3 para as variáveis temperatura, pH e ORMPmV (P>0,05).

Na PCA vemos a associação do P3 com altos valores de condutividade, turbidez, sólidos totais, profundidade e o sal (Figura 2), bem como P1 associado com valores mais altos de oxigênio dissolvido (Figura 2).

Discussão

A bacia do Rio Cascavel está diretamente exposta às atividades urbanas e aos poluentes originados pela ação antrópica, onde a urbanização tem gerado impactos diretos no ciclo hidrológico. O rio Cascavel é, em grande parte, impermeabilizado com edificações e pavimentos e são introduzidos condutos para escoamento pluvial, gerando inúmeras alterações locais. Tal fato ocorre com intensidade em P3, onde o

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lançamento de efluentes é acentuado, sendo constatadas altas concentrações de condutividade, turbidez, sólidos totais e salinidade. Através da PCA (figura 2) observou-se o P3 individualizado de P1 e P2, ambientes com características mais preservadas (sem ação antrópica próxima).

Figura 1. Box-plot para cada umas das variáveis amostrados nos pontos P1, P2 e P3. O box-plot é composto por mediana (traço mais escuro), 1º e 3º quartil (caixa), valores mínimo e máximo (hastes) e outliers (pontos fora do boxplot).

O P1 apresentou características físicas de riacho de ordem 1, visualmente

preservado e com destaque pelos valores elevados de oxigênio dissolvido. Em ambientes onde a zona eufótica tende a ser dominante sobre a afótica, como o P1 (riacho), ocorre uma considerável produção de oxigênio através da fotossíntese (Esteves, 1998). Em locais onde os recursos hídricos são mais profundos e as zonas eufóticas tendem a dominar, a produção de oxigênio é consideravelmente reduzida (como P2 e P3) (Esteves, 1998).

Outro fator que pode influenciar a quantidade de oxigênio dissolvido é a interferência pela introdução de despejos. As baixas concentrações de OD em P3 coincidem com a alta turbidez neste ponto, presumivelmente decorrente do lançamento de efluentes pela estação de tratamento, o que provavelmente elevou a carga de sólidos totais. Quando a água possui alta concentração de material suspenso, torna mais difícil a penetração da luz por consequência da elevação da turbidez causada, o que reduz a zona eufótica do ambiente e consequentemente o desenvolvimento de organismos produtores (Braga et al., 1999).

A variável salinidade foi identificada apenas no P3, sendo está associada pela PCA com as variáveis condutividade, sólidos totais e a profundidade estimada (m). De maneira geral, quanto maior a quantidade de sais dissolvidos na água, maior será a condutividade elétrica do ambiente (Brandão & Lima, 2002). A condutividade elétrica, por sua vez, é representada por sólidos dissolvidos em água, além de estar

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diretamente ligada a salinidade. A variável “salinidade” possui grande importância na caracterização da qualidade de água, uma vez que altos níveis de sais podem não apenas prejudicar a saúde humana como limitar o desenvolvimento de algumas culturas vegetais (Pimentel da Silva, 2015). Dessa forma, a presença de sais em P3 deve ocorrer em razão do lançamento de poluentes neste ponto, decorrente da quantidade de sólidos totais e com consequente aumento da condutividade local.

Figura 2. Resultado da Análise de Componentes Principais (PCA) com respectivos pontos amostrais ligados por polígonos. O polígono cinza claro refere-se ao P1, o cinza escuro ao P2 e o cinza médio ao P3. Os números entre 1-12 referem-se aos meses do ano (janeiro-dezembro), e as siglas correspondem a: ORPmV = Potencial de oxirredução, NTU= Turbidez, Cond= Condutividade, TDS=Sólidos totais dissolvidos, M= Profundidade estimada (m), temp=Temperatura, OD= Oxigênio reduzido.

O Potencial de oxirredução (ORP) demonstra o estado de redução da oxidação

da água. Muitos metais tóxicos se tornam solúveis nas condições de oxirredução, tornando o potencial de redução uma medida importante para a determinação da qualidade da água. Por ser mensurado de maneira similar ao pH (porém sendo log -10 negativo da atividade dos elétrons), seus valores geralmente são inversamente proporcionais (Pimentel da Silva, 2015), o que explica a correlação inversa entre essas variáveis na PCA (Figura 2). Não foi constatado variação significativa do pH e

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do ORP entre os pontos, e as medianas estão dentro dos parâmetros impostos pela resolução do CONAMA (n°357/2005) para tais variáveis (PH entre 6,0-9,0). Conclusões

A partir do presente estudo é possível identificar o P3 como local de maior risco a degradação da qualidade da água, em razão dos elevados valores de variáveis abióticas danosas ao ambiente. Dessa forma, torna-se necessário estudos mais aprofundados relacionados a sua condição atual, buscando o planejamento e aplicação de medidas mitigatórias que contenham a contínua introdução de poluentes oriundos da estação de tratamento.

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Brandão, S. L., Lima, S.C. (2002). pH e condutividade elétrica em solução do solo, em áreas de pinus e cerrado na chapada , em uberlândia (mg). Caminhos da Geografia 3, 46–56.

Buss, D.F., Baptista, D.F. & Nessimian, J.L. (2003). Bases conceituais para a aplicação de biomonitoramento em programas de avaliação da qualidade da água de rios. Cadernos de Saúde Pública 19, 465–473.

Esteves, F.A. (1998). Fundamentos de Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência.

Nascimento, G.F., Zuffo, C.E. & Gouveia, G.R. (2011). Qualidade de águas subterrâneas da bacia do alto e médio rio Machado-RO. In Anais Simpósio de Recursos Hídricos da Zona da Mata, Roraima, Brasil.

Pes, J.H.F. (2012). Água potável e a teoria dos bens fundamentais de Luigi Ferrajoli. Publica Direito 1, 1–23.

Pimentel da Silva, L. (2015). Hidrologia. Rio de Janeiro: Elsevier/Campus.

RCore, T. (2016). R: A language and environment for statistical computing. Vienna, Australia: R Foundation for Statistical Computing. https://www.r-project.org/.

Tosin, G.A.S. (2005). Caracterização física do uso e ocupação da bacia hidrográfica do rio Cascavel. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola. Universidade Estadual do Oeste do Paraná.

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Grupos tróficos funcionais da entomofauna de oito riachos da Bacia do Baixo rio Iguaçu no Oeste do Estado do Paraná

Jaqueline Celante*1, Jéssica Sabatini Ribeiro1,

Luciano Lazzarini Wolff2, Ana Tereza Bittencourt Guimarães2, Lucíola Thais Baldan1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Federal do Paraná/Departamento de Biodiversidade/Palotina, PR

2Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Guilda alimentar, heterogeneidade, insetos aquáticos. Introdução

Root (1967) define guilda alimentar como um grupo de espécies que exploram semelhantes recursos alimentares. No entanto, quando os organismos são separados em categorias de guildas tróficas chamam-se de grupos tróficos funcionais - GTF. Nesse caso, considera-se a forma de obtenção de alimento e os mecanismos morfológicos e comportamentais na obtenção desses recursos (Merritt & Cummins, 1996).

Segundo Merrit & Cummins (1996), os GTF dos insetos aquáticos são classificados em fragmentadores, coletores, raspadores, predadores, parasitas e perfuradores de macrófitas. Para Vannote et al. (1980) na Teoria do Rio Contínuo, há uma variação gradativa dos GTF da nascente (cabeceira) à foz (trecho inferior). Assim, nos trechos superiores (rios de ordem 1ª a 3ª) ocorre a dominância dos organismos coletores e fragmentadores, nos trechos médios (rios de ordem 4ª a 7ª) predominância dos coletores e raspadores e nos trechos inferiores (rios com ordem superior a 7ª), predominância dos coletores filtradores.

O conhecimento sobre os diferentes grupos funcionais dos insetos aquáticos facilita a compreensão das interações desses grupos com o ambiente, sendo possível avaliar dinâmica de nutrientes, transformação da matéria e fluxo de energia. Mais especificamente, a matéria assimilada por grupos funcionais específicos pode ser convertida em biomassa para consumo de outros organismos aquáticos, assim como a fragmentação da matéria orgânica pode auxiliar no processo de decomposição (Allan, 1995; Esteves, 1998; Paula, 2008).

Entretanto, diferentes composições e relações de interações intra e interespecíficas podem sofrer modificações. Tais alterações podem ocorrer devido a mudanças no ambiente em que os insetos vivem, como por exemplo a retirada da vegetação ripária, uso das margens dos rios com atividades agrícolas e pastoris, assim como o despejo de esgoto doméstico nos corpos de água. Dessa maneira, os grupos funcionais tróficos podem fornecer uma base de dados importante em programas de conservação do ecossistema, pois modificações no ambiente podem refletir na abundância, riqueza e alterações morfológicas desses grupos funcionais (Callisto et al., 2001; Tundisi, 2006; Hamada et al., 2014). Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo conhecer os grupos tróficos funcionais presentes em oito riachos da Bacia do Baixo Iguaçu, no Oeste do Estado do Paraná.

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Materiais e Métodos

A coleta foi efetuada em oito riachos de segunda e terceira ordem: Arquimedes (P1), Bom Retiro (P2), Jumelo (P3), Manoel Gomes (P4), Nene (P5), Pedregulho (P6), Rio da Paz (P7) e Tormenta (P8), todos pertencentes à Bacia do Baixo rio Iguaçu, no Oeste do Estado do Paraná. As coletas foram realizadas em maio de 2016. Em cada riacho foram coletadas três réplicas de substratos fino (5-30mm de diâmetro), grosso (<30mm) e folhiço, totalizando um esforço amostral igual a 72.

O material biológico foi coletado com amostrador tipo Surber (30X30 cm e abertura de malha de 500 μm), depositado em sacos plásticos devidamente etiquetados e fixados com formol a 4%. No Laboratório de Qualidade de Água e Limnologia (LAQAL) - UFPR, o material foi triado, identificado até família e conservado em álcool 70%. Para a caracterização trófica dos insetos aquáticos, o estudo baseou-se na classificação proposta por Merritt & Cummins (1996).

Os valores de frequência absoluta dos grupos funcionais foram obtidos para cada um dos rios. A família Chironomidae foi excluída das análises uma vez que abrange um número diverso de grupos tróficos funcionais em diferentes gêneros e que se encontraram em todos os rios com altas abundâncias, permanecendo apenas as demais famílias dos insetos aquáticos. Resultados e Discussão

A abundância total registrada de insetos aquáticos foi de 12.115 indivíduos. A família Chironomidae contribui com 7.928 indivíduos, restando 4.187 para as demais famílias coletadas. Foram identificadas oito ordens (Coleoptera, Diptera, Ephemeroptera, Heteroptera, Megaloptera, Odonata, Plecoptera, Trichoptera) e 40 famílias. A retirada da família Chironomidae nas análises permite melhor visualização real do ambiente a ser estudado, uma vez que os valores de frequência dos grupos tróficos se tornam exageradamente elevados quando considerada a família em questão, mascarando de fato a verdadeira composição do ambiente.

Considerando a classificação em família, a maior riqueza foi encontrada entre predadores (19 famílias, N=127), seguido por coletor-catador (8 famílias, N=167), raspador (6 famílias, N=49), coletor-filtrador (5 famílias, N=68) e cortador (2 famílias, N=70). Embora o número de famílias tenha sido maior no GTF predador, o número de indivíduos mais elevado ocorreu no grupo trófico coletor-catador. De acordo com a teoria proposta por de Vannote et al. (1980), rios de ordem 1ª, 2ª e 3ª apresentam maior frequência relativa de organismos coletores e coletores-fragmentadores (coletores-catadores). A alta riqueza em famílias presentes no grupo dos predadores é algo relevante, porém pode ser explicada uma vez que se generalizou os grupos funcionais dentro de uma mesma família, isto é, considerou-se o grupo funcional predominante para a família segundo a definição de Merritt & Cummins (1996).

A Teoria do Rio Contínuo ainda fornece bases para explicar a representatividade dos grupos funcionais tróficos em cada um dos rios. Com exceção do P7, o grupo mais representativo nos demais pontos foi o coletor-catador (P1 = 35%,

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P2 = 68%, P3 = 48%, P4 = 63%, P5 = 32%, P6 = 56%, e P8 = 46%) (Tabela 1). P7 obteve maior frequência relativa para os grupos funcionais predadores e cortadores, ambos com 37%. Essa predominância se deve ao fato de que, embora exista pouca vegetação nas margens, ainda há matéria orgânica sustentando as atividades dos grupos funcionais cortadores, evidenciado pela ocorrência nesse ponto de Leptoceridae. A presença dos predadores pode ser explicada pela predominância da família Gomphidae.

Tabela 1. Porcentagem dos grupos funcionais tróficos encontrados nos diferentes rios Arquimedes (P1), Bom Retiro (P2), Jumelo (P3), Manoel Gomes (P4), Nene (P5), Pedregulho (P6), Rio da Paz (P7) e Tormenta (P8), 2016

P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8

Coletor Catador 35% 68% 48% 63% 32% 56% 21% 46%

Coletor Filtrador 15% 8% 13% 1% 13% 5% 17% 12%

Cortador 26% 6% 25% 22% 24% 15% 37% 42%

Predador 26% 6% 25% 22% 24% 15% 37% 42%

Raspador 10% 1% 3% 4% 2% 1% 0% 0%

Total Indivíduos 1243 432 746 578 319 706 267 161

Comparando os GTF entre os rios, observou-se diferença significativa (p<0,05)

na composição trófica. Assim, por mais que estes rios sejam de cabeceira (2ª e 3ª ordem), não são corpos de água semelhantes, por exemplo, o riacho Manoel Gomes está situado dentro do Parque Nacional do Iguaçu em uma área considerada mais preservada, assim como o riacho Pedregulho que está dentro de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), e os demais pontos estudados estão situados em áreas agrícolas.

A baixa frequência do grupo trófico funcional raspador nos oito rios se deve ao fato desse grupo funcional ser mais encontrado em trecho médio de rios, ou seja, rios de 4ª a 7 ª ordem, nos quais são encontrados maior quantidade de matéria orgânica particulada fina, também considerados ambientes mais homogêneos.

Conclusões

Os grupos tróficos funcionais apresentam a conformação estabelecida pela Teoria do Rio Contínuo. Mesmo que a maioria dos rios se encontre sob efeito da ação antrópica, com retirada de grande parte da vegetação de suas microbacias hidrográficas, os dados de distribuição dos GFT foram representativos para os diferentes riachos. Vale ressaltar que existe diferença de composição dos grupos tróficos em cada um dos rios e que isso se deve as peculiaridades existentes neles. Agradecimentos

Ao Laboratório de Qualidade de Água e Limnologia da Universidade Federal do Paraná- Setor Palotina, bem como a Universidade Estadual do Oeste do Paraná- Campus Cascavel, pelo apoio financeiro e disponibilidade dos equipamentos

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utilizados nas coletas e no processamento do material, bem como o ambiente físico fornecido para a realização do trabalho no decorrer do projeto. Referências

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Esteves, F. A. (1998). Fundamentos da Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência.

Hamada, N., Nessimian, J. L., Querino, R. B. (2014). Insetos Aquáticos na Amazônia Brasileira Taxonomia, Biologia e Ecologia. Manaus:INPA. Merritti, R. W. & Cummins, K.W. (1996). An introduction to the aquatic insects of North America. California: Kendall/Hunt Publishing company. Paula, P. M. S. (2008). Macroinvertebrados bentônicos como ferramenta na avaliação da qualidade ambiental da bacia hidrográfica do Rio das Velhas (MG). Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais. Root, R. B. (1967). The niche exploitation pattern of the blue–gray gnatcatcher. Ecological Monographs 37, 317-350. Tundisi, J. G. (2006). Novas perspectivas para gestão de recursos hídricos. Revista Universidade Federal de São Paulo 70, 24-35. Vannote, R. L., Minshall, G. W., Cummins, K. W., Sedell J. R., Cushing, C. E. (1980). The River Continuum Concept. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences 37, 130-137.

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Jerivá (Syagrus romanzoffiana) um recurso-chave para mastofauna na Floresta Ombrófila Mista

Larissa Inês Squinzani*¹, Patrick Luiz Bola Gonsales¹, Carlos Rodrigo Brocardo²,³

*e-mail: [email protected] 1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual Paulista, Pós-graduação em Zoologia/Rio Claro, SP. ³ Instituto Neotropical: Pesquisa e Conservação/Curitiba, PR.

Palavras-chave: dispersão de sementes, frugivoria, ecologia. Introdução

A comunidade animal de uma área é fortemente afetada pela existência de

recursos capazes de sustentá-la. Determinadas espécies vegetais tem papel de destaque no fornecimento desses recursos à fauna, e por isso são apontadas como espécies chave (Galetti & Aleixo, 1998; Peres, 2000; Pagno et al., 2015).

Espécies chave no fornecimento de recursos têm como característica um alto número de espécies animais que a utilizam, produção de recursos em época de escassez de outros alimentos e alta previsibilidade (produzem frutos todos os anos, sem grandes alterações na quantidade produzida) (Peres, 2000).

O jerivá (Syagrus romanzoffiana) possui características de uma espécie chave na Floresta Ombrófila Mista, por produzir anualmente frutos ao longo do inverno, período de escassez de outros recursos, além ter sido relatado o seu consumo por diversas espécies (Mendes et al., 2016), contudo a sua importância no âmbito de uma comunidade animal ainda não foi avaliada. No presente estudo buscou-se verificar se o jerivá poderia ser considerado uma espécie chave para a mastofauna, com base na seguinte premissa: os seus frutos serão consumidos por mais de 50% das espécies de mamíferos frugívoros capturadas durante a amostragem (Peres, 2000). Materiais e Métodos

Syagrus romanzoffiana (jerivá) possui ampla distribuição que se estende entre

a Bolívia, Uruguai, Argentina, estando presente no Brasil em maior abundância nas regiões sul e leste (Bernacci et al., 2008). Apresenta inflorescência na forma de cachos pendentes, com frutos globosos com um mesocarpo fibroso, suculento e adocicado, cada fruto possui apenas uma única semente. O jerivá apresenta infrutescências maduras entre os meses de abril e agosto, quando maduros esses frutos se desprendem dos cachos caindo e se acumulando próximos à planta-mãe (Luca, 2010).

O presente trabalho foi desenvolvido na área norte do Parque Nacional do Iguaçu, nas coordenadas geográficas S 25° 06' 55.6'' W53º 43' 30.0'', em área de ecótono entre a Floresta Ombrófila Mista e a Florestal Estacional Semidecidual. O

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Parque possui mais de 180 mil hectares de área protegida, constituindo o maior remanescente de Floresta Atlântica da região sul do Brasil (ICMBIO, 2016).

Para a análise da remoção dos frutos no solo (remoção secundária) foram usadas 10 armadilhas fotográficas (Modelo NatureView CamHD Essential, Bushnell Outdoor Products, Overland Park, Kansas, EUA) imediatamente abaixo de jerivás frutificando, a uma distância mínima de 350 metros entre pontos amostrais, por um mês consecutivo. As máquinas foram fixadas em troncos de árvores a altura entre 20 e 30 centímetros do solo, usadas na função vídeo (10 s) com intervalo de 1 segundo. Aproximadamente a 1,7 m a frente da máquina, foram disponibilizados frutos de jerivá colhidos no local.

Resultados e Discussão

Foram capturadas 16 espécies de mamíferos durante a amostragem, dessas, 13 eram espécies que incluem frutos em sua dieta. Das 13 espécies de frugívoros, nove espécies foram registradas consumindo frutos de jerivá, ou seja, 69%, o que indica um recurso com alta generalidade de consumidores (Peres, 2000), o que permite caracterizar o jerivá como uma espécie chave, corroborando a hipótese inicial.

Obteve-se um de absoluto de 1.293 interações de animais com o fruto do jerivá. A cutia (Dasyprocta azarae) foi a espécie que mais interagiu com esse fruto, correspondendo a um total de 76,6% das interações. O esquilo (Guerlinguetus ingrami), um pequeno roedor, apresentou 6,1% das interações, e mamíferos de médio e grande porte (Procyon cancrivorus, Pecari tajacu, Eira barbara, Cuniculus paca, Didelphis aurita e Tapirus terrestris) somaram 12,5% (Figura 1). Além dos mamíferos, aves (Penelope superciliaris, Baryphthengus ruficapillus, Cyanocorax chrysops e passeriformes) foram responsáveis por 4,9% das interações (Figura 1). A alta proporção de interações com cutias em relação às outras espécies, provavelmente reflete a maior abundância dessa espécie no local (Brocardo, CR, dados não publicados).

A cutia (Dasyprocta azarae) consumiu a polpa em 95% das vezes, enterrou o fruto em 2,2% das vezes e removeu o fruto do local em 2,2% das vezes. Cutias apresentam comportamento de enterrar o fruto para época de escassez busca-lo, porém muitas vezes esse fruto não é encontrado e assim esses animais acabam auxiliando para a dispersão dessas plantas (Forget, 1990). O esquilo (Guerlinguetus ingrami) realizou o consumo da polpa em 34,2% de suas interações e em 5,1% consumiu tanto a polpa, quanto predou a semente. Porém na maior parte das interações removeu o fruto de solo (60,8%), o que está ligado ao hábito da espécie predar as sementes acima do solo, sob galhos de árvores (Mendes & Cândido-Jr, 2014).

Os mamíferos de médio e grande porte de forma geral consumiram os frutos inteiros, preservando assim a semente que depois será eliminada, esse comportamento é de extrema importância para a dispersão dessas sementes e para a diminuição de predação por pequenos roedores, ocasionada pelo processo de defaunação (Mendes et al., 2016; Galetti et al., 2015).

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Figura 1. Porcentagens de interações de animais do Parque Nacional do Iguaçu com frutos de jerivá

Quanto aos passeriformes, os mesmos consumiram em sua maioria somente a polpa, 87,3% das interações, e 9,1% das vezes removeram os frutos. A jacupemba engoliu o fruto em 100% das vezes, proporcionando que a semente continue viável e seja excretada em lugares mais distantes da planta-mãe.

Conclusões

Este trabalho demonstrou que o jerivá constitui um importante recurso alimentar para a maior parte das espécies de mamíferos frugívoros da Floresta Ombrófila Mista, além de aves, o que somada à produção de frutos durante o inverno (período de escassez de outros recursos) e a alta previsibilidade temporal e quantitativa, possibilita sua classificação como espécie chave no fornecimento de recursos à fauna. Assim o plantio dessa palmeira deve ser considerado em programas de recuperação de áreas degradadas, para atrair e manter a fauna, que será responsável não só pela dispersão dessa espécie, como de outras árvores, acelerando a regeneração natural. Agradecimentos

Agradecemos ao ICMBio e a direção do Parque Nacional do Iguaçu pelas autorizações ambientais e auxílio à pesquisa. C.R.B. é bolsista de doutorado do CNPq. A Universidade Estadual do Oeste do Paraná, através do laboratório de Ecologia e Conservação por ter apoiado a efetuação deste trabalho.

0 20 40 60 80 100

Aves

Esquilo

Mamíferos de médioe grande porte

Cutia

Porcentagem de interações com o fruto do jerivá

76,6%

12,5%

6,1%

4,9%

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Referências Bernacci, L.C., Martins, F.R. & Dos-Santos, F.A.M. (2008). Estrutura de estádios ontogenéticos em população nativa da palmeira Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman (Arecaceae). Acta Botanica Brasilica 22, 119-130. Forget, P-M. (1990). Seed-dispersal of Vouacapoua americana (Caesalpiniaceae) by caviomorph rodents in French Guiana. Journal of Tropical Ecology 6, 459-468. Galetti, M., Bovendorpa, R.S. & Guevarab, R. (2015). Defaunation of large mammals leads to an increase in seed predation in the Atlantic forests. Global Ecology and Conservation 3, 824-830. Galetti, M. & Aleixo, A. (1998). Effects of palm heart harvesting on avian frugivores in the Atlantic rain forest of Brazil. Journal of Applied Ecology 35, 286-293. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio. (2016). Parque Nacional do Iguaçu. http://www.icmbio.gov.br/parnaiguacu/. Acesso em 25 de Setembro de 2016. Luca, J.R. (2010). Seleção de frutos do jerivá Syagrus romanzoffiana (Arecaceae) por besouros predadores de sementes. http://ecologia.ib.usp.br/curso/2010/ pages/pdf/PI/relatorios/juliana.pdf. Acesso em: 25 de Setembro de 2016. Mendes, C.P., Ribeiro, M.C. & Galetti, M. (2016). Patch size, shape and edge distance influence seed predation on a palm species in the Atlantic forest. Ecography 39, 465-475. Mendes, C.P. & Cândido-Jr, J.F. (2014). Behavior and foraging technique of the Ingram's squirrel Guerlinguetus ingrami (Sciuridae: Rodentia) in an Araucaria moist forest fragment. Zoologia 31, 209-214. Pagno, L., Cândido-Jr, J.F. & Brocardo, C.R. (2015). Seed predation of Araucaria angustifolia by Sapajus nigritus. Neotropical Primates 22, 1-6. Peres, C.A. (2000). Identifying keystone plant resources in tropical forests: the case of gums from Parkia pods. Journal of Tropical Ecology 16, 287-317.

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Levantamento da macrofauna associada a região litorânea de dois ambientes lênticos da região Oeste do Paraná

Tielli de Fatima Nunes*1, Lucíola Thais Baldan1

*e-mail: [email protected]

1Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina.

Palavras-chave: Invertebrados aquáticos, bioindicadores, vegetação marginal. Introdução

As atividades antrópicas vêm alterando significativamente os ambientes aquáticos, para isso os estudos de monitoramento ambiental e organismos indicadores da biodiversidade podem nos mostrar o quão é importante monitorar diferentes parâmetros para avaliar diferentes situações (McAllister et al., 1997).

Os Macroinvertebrados bentônicos dulciaquícolas (bentos, do Grego, fundo) fazem parte do grupo de animais invertebrados que apresentam tamanho maior que 0,2 ou 0,5 mm e habitam o fundo dos ecossistemas aquáticos continentais, como rios, córregos, nascentes, lagos e represas. Apresentam uma grande variedade de grupos taxonômicos, como larvas de insetos, anelídeos, crustáceos e moluscos (Ligeiro et al., 2014).

Segundo Souza (2001), os macroinvertebrados proporcionam uma indicação da qualidade do ambiente, levando em conta a sua estrutura e comunidade, pois as interações acontecem de forma diferente para cada ambiente, sendo, portanto, considerados bioindicadores.

O objetivo desse trabalho foi realizar o levantamento da macrofauna presente em dois ambientes lênticos, os lagos municipais localizados na cidade de Marechal Candido Rondon e de Palotina, PR. Material e Métodos

O presente estudo faz parte de um projeto em desenvolvimento, com coletas mensais previstas por um período de seis meses, sendo a etapa aqui apresentada tendo sido desenvolvida no período de julho a agosto de 2016. As coletas foram realizadas em dois lagos da região, um situado na cidade de Marechal Cândido Rondon, o Lago Municipal Rodolfo Rieger (LMCR) e outro no Lago Municipal de Palotina (LMP), PR. Em cada lago, o local para coleta dos substratos foi escolhido aleatoriamente.

Os macroinvertebrados foram coletados amostrando a vegetação submersa usando peneira de aço galvanizado de 40x45 cm, com abertura de malha de 0,5mm, usando como unidade de esforço amostral 10 peneiradas em cada local, totalizando três réplicas por ambiente, seis réplicas por campanha e 12 nas duas coletas. Todo o material biológico foi fixado em campo com formalina a 5%. No LaQaL (Laboratório de Qualidade de Água e Limnologia), UFPR, Setor Palotina, os organismos foram

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triados em caixas de luz e identificados até família a partir de chaves de identificação especializadas. Fora avaliadas a abundância absoluta e relativa, riqueza, riqueza rarefeita e diversidade de Shannon-Wiener (H.=Σ(Pi*log(Pi)))1 utilizando o programa PAST (Paleontological Statistics). Também usado o índice BMWP’ para avaliar a qualidade da água. Resultados e Discussão

Foram coletados 621 indivíduos, distribuídos em 15 táxons diferentes, entre eles Ancilidae, Baetidae, Chironomidae, Coenagrionidae, Dytiscidae adulto, Elmidae (adulto), Gomphidae, Hirudinea, Hydrophilidae, Lymnaeidae, Oligochaeta, Physidae, Platyhelminthes, Polycentropodidae e Protoneuridae, sendo Chironomidae a família mais abundante em todas as coletas (Figura 1).

Figura 1. Abundância relativa de macroinvertrados do Lago Municipal de Palotina (LMP) e Lago Municipal de Marechal Candido Rondon (LMCR).

Como representado na Figura 1, as famílias Ancilidae, Gomphidae e

Coenagrionidae tiveram ocorrência exclusiva no Lago Municipal de Palotina, já a família Physidae ocorreu somente no lago de Marechal Candido Rondon. Chironomidae ocorreu em todas as coletas nos dois lagos, com uma abundância alta comparando com as outras famílias variando entre 80,11% (MCR1) e 14% (LMP1).

O Lago Municipal de Palotina os valores de riqueza e diversidade foram os maiores, apresentando valores de 9 e 8 para riqueza e 1,92 e 1,30 para diversidade nas coletas um e dois, respectivamente (Tabela 1). O teste de rarefação também apresentou um valor alto de riqueza do Lago Municipal de Palotina em relação ao Lago Municipal de Marechal Candido Rondon (Tabela 1).

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

LMP 1 LMCR 1 LMP 2 LMCR 2

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Tabela 1. Classificação dos lagos de acordo com o índice BMWP’. (N= Abundância ; S=Riqueza; H’= Índice de Shannon; LMP=Lago Municipal de Palotina; LMCR= Lago Municipal de Marechal Candido Rondon; TR=Teste de Rarefação).

Lago N S H’ TR

BMWP

Classificação Pontuação

LMP 1 42

9 1,92 8,93(±0,26) Crítica 28

LMCR 1 186 10 0,81 4,91(±1,15) Crítica 29

LMP 2 119 8 1,30 6,10(±0,7) Crítica 24

LMCR 2 275 6 0,78 4,39(±0,83) Crítica 21

As famílias mais abundantes ocorreram na segunda coleta, provavelmente

devido ao período mais seco, o que vai de encontro com a exposição de Nessimian et al. (1997), onde durante o período de chuva o ambiente fica propício para os invertebrados aquáticos, que se adaptam melhor e sua sobrevivência é alta, no entanto, dificultando a captura dos mesmos.

O Lago de Marechal Candido Rondon obteve os menores valores de riqueza e diversidade, embora tenha o maior número de indivíduos (Tabela 1). Tal fato pode ser consequência da falta de vegetação ciliar e presença de tilápia em alta densidade, mesmo havendo a retirada de peixes anualmente, segundo a prefeitura. O resultado é a redução de macroinvertebrados, uma vez que estes servem de alimentos para os peixes que, como Uieda (1995) cita, os macroinvertebrados são uma importante fonte de alimento para ictiofauna, contribuindo na cadeia alimentar. Também há presença de animais, como patos e gansos, que se alimentam da vegetação da marginal do lago, além dos próprios invertebrados, reduzindo área de refúgio e alimento dos invertebrados.

Para avaliar a qualidade da água foi usado o BMWP’ (Biological Monitoring Work Party System), ao qual é avaliado o total de famílias com uma respectiva pontuação e nível de tolerância, que são classificadas com uma pontuação desde níveis sensíveis (com 10 pontos), tolerantes e resistentes a poluição (chegando a 1 ponto) (Brigante et al., 2003). Neste trabalho os dois lagos se caracterizaram na classe V, com Qualidade Crítica. Segundo o BMWP’, isso significa que são águas muito poluídas (sistemas muito alterados), pois as quantidades de táxons e indivíduos encontrados foram baixas, fato que, são lagos localizados em regiões urbanizadas, com bastante atividades antrópicas e falta de mata ciliar, o mesmo descrito por Rezende et al. (2012) quanto citam que ambientes como esse possuem pouca quantidade de macroinvertebrados bentônicos e com baixa riqueza de táxons. Conclusão

Ambos os lagos apresentam uma baixa complexidade para comunidade de invertebrados aquáticos, sendo que o Lago Municipal de Palotina ainda assim

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apresenta maior diversidade e abundância de táxons. No Lago Municipal de Marechal Candido Rondon, com menores riqueza e diversidade, esses números são afetados principalmente pela grande densidade de peixes e aves aquáticos que usam invertebrados como presas, além de desestabilizar a vegetação marginal. Cabe ressaltar que nenhum dos ambientes apresenta vegetação ripária densa, o que pode contribuir com a entrada de material alóctone e produtividade nos ambientes aquáticos. O baixo valor do Índice BMWP’ não foi satisfatório, porém esse corresponde a baixa riqueza encontrada nos ambientes, não refletindo necessariamente as condições locais e mostrando que esse índice deve ser usado com cautela em ambientes lênticos.

Estes são apenas os resultados parciais referentes a duas coletas, uma vez que os demais resultados estão sendo processados para a realização do trabalho final.

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Partição de recursos alimentares entre duas espécies congêneres de Siluriformes em um rio subtropical

Mara Cristina Baldasso*1, Bruna Caroline Kotz Kliemann², Sergio Makrakis3,

Rosilene Luciana Delariva¹ *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Departamento de Biologia e Zootecnia/ Ilha Solteira, SP. 3Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus de Toledo, PR, Grupo de Pesquisa em Tecnologia em Ecohidráulica e Conservação de Recursos Pesqueiros e Hídricos.

Palavras-chave: peixes, dieta, sobreposição trófica. Introdução

O rio Iguaçu possui a maior bacia hidrográfica do Paraná, abrangendo uma área de 72000 km² sendo conhecido por apresentar relevo com elevado desnível e inúmeras cachoeiras. Considerando suas características geomorfológicas essa bacia é subdividida em três regiões: alto Iguaçu, médio Iguaçu e baixo Iguaçu. Este rio é considerado importante ecologicamente pelo elevado grau de endemismo da ictiofauna. Esse processo foi decorrente do isolamento desse rio do restante da fauna da bacia do rio Paraná, pela elevação das Cataratas do Iguaçu (Baumgartner et al., 2012).

Siluriformes é uma das ordens de peixes que possuem vários representantes na bacia do baixo Iguaçu, se destacando por apresentar uma fauna endêmica. Dentre as espécies mais abundantes nessa ordem, destacam-se Pimelodus ortmanni e Pimelodus britskii, popularmente conhecidos como mandi e mandi-pintado, respectivamente. Essas espécies são consideradas endêmicas e exibem elevada abundância na bacia (Baumgartner et al., 2012). Espécies congenéricas e que apresentam caracteres morfológicos semelhantes, constituem excelentes modelos para estudos de partição de recursos e coexistência (Gerking, 1994; Alves, 2011; Pianka, 1974; Schoener, 1974; Ross, 1986). Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a dieta e sobreposição alimentar de P. ortmanni e P. britskii, partindo da hipótese de que por serem similares morfologicamente e co-ocorrentes partilham os recursos alimentares.

Materiais e Métodos

A área de estudo compreende a bacia do Baixo Rio Iguaçu, abrangendo o rio Iguaçu e os tributários Andrada e Santo Antônio, na área de influência da UHE Baixo Iguaçu, no trecho entre a jusante da barragem de Salto Caxias e a foz do Rio Santo Antônio – Parque Nacional do Iguaçu.

As coletas de Pimelodus ortmanni e Pimelodus britskii foram realizadas mensalmente de 2014 a 2016, utilizando diversos métodos de captura, como redes

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de espera, tarrafas, espinhel e pesca elétrica. Os peixes foram eutanasiados com benzocaína a 250mg/l, de acordo com os procedimentos aprovados pelo comitê de ética de experimentação animal nº 62/09, congelados e transportados para o laboratório de Ictiologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, para identificação e mensuração do comprimento padrão e peso. Os indivíduos tiveram seus estômagos retirados e seus conteúdos examinados sob estereomicroscópio óptico, quantificados de acordo com o método volumétrico.

Para testar possíveis diferenças na composição da dieta entre as espécies, foi utilizada a PERMANOVA oneway. Posteriormente, a fim de verificar quais os itens alimentares foram responsáveis pelas diferenças, foi aplicado o método de porcentagem de similaridade (SIMPER).

Para analisar o padrão de sobreposição alimentar das espécies foi calculado para cada amostra (ponto), com base na matriz de volume dos itens alimentares, o índice de sobreposição alimentar de Pianka. Os valores de sobreposição variam de 0 (nenhuma sobreposição) a 1 (sobreposição total) e foram definidos nos seguintes níveis: baixa (0 - 0,39), intermediária (0,4 - 0,6) e alta (0,61 -1). A significância do índice de Pianka foi testada utilizando o modelo nulo.

Resultados e Discussão

P. britskii foi mais abundante nas capturas e apresentou dieta composta principalmente por vegetal terrestre, Molusca e peixes, enquanto que P. ortmanni, se alimentou basicamente de Mollusca, insetos e vegetal aquático (Tab.1).

Tabela 1. Itens alimentares consumidos pelas duas espécies de Pimelodus entre 2014 e 2016, na bacia do baixo rio Iguaçu, Sul do Brasil. Valores baseados nos dados de volume em porcentagem dos itens alimentares. Asteriscos indicam valores menos do que 0.01%. Valores em negrito representam itens que mais contribuíram na dieta das espécies.

Pimelodus ortmanni

Pimelodus britskii

Número de estômagos analisados 34 282

Itens alimentares Volume (%)

Detrito 1,80 10,1

Alga 0,79 2,0

Vegetal aquático 17,04 2,0

Vegetal terrestre 5,14 31,7

Inseto aquático 23,54 2,7

Inseto terrestre 3,26 2,4

Mollusca 48,08 24,4

Peixe 0,33 17,5 Outros

invertebrados * 6,0

Outros vertebrados 0,02 1,3

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Amplo espectro alimentar (Tab.1), bem como diferenciação na dieta entre as espécies foram observadas (PERMANOVA, F=4,14; p=0,0002), evidenciando a ocorrência de segregação trófica. Os itens alimentares que mais contribuíram para essa diferença foram Mollusca (30,9%), mais abundante para P. ortmanni e vegetal terrestre (23,88%) para P. britskii (SIMPER).

Estudos demonstraram que espécies de Pimelodus spp. se alimentam de ampla gama de itens alimentares, explorando diferentes níveis tróficos (Delariva et al., 2007). Essa tendência foi verificada neste estudo, onde ambas as espécies apresentaram hábito alimentar onívoro, devido à alta variedade de itens consumidos, tanto vegetal quanto animal, em suas dietas. O mesmo hábito foi registrado para P. ortmanni em estudos realizados no reservatório de Segredo – Pr (Abujanra et al.,1999) e para P. britskii no reservatório de Salto Caxias -PR (Delariva et al., 2013).

Embora tenham apresentado hábitos semelhantes, a sobreposição alimentar entre as duas espécies foi baixa (< 0.4). Observou-se valores de alta sobreposição alimentar somente no rio Iguaçu (Fig. 1). De acordo com o modelo nulo do índice de Pianka, os valores de sobreposição da dieta em cada local não foram significativos (p>0,05), mostrando evidências de que não ocorreu partilha de recursos.

Figura 1. Proporção dos valores de sobreposição alimentar entre as duas espécies de Pimelodus em cada local de amostragem de co-ocorrência entre as espécies, entre 2014 e 2016, na bacia do baixo rio Iguaçu, sul do Brasil, usando o índice de Pianka. Sobreposição alimentar: baixa (0 – 0.39), intermediária (0.4 – 0.6) ou alta (0.61 - 1).

Considerando que espécies congêneres tendem a ter exigências ambientais e

ou tróficas semelhantes (Gerking, 1994), a partilha de recursos alimentares constitui um dos principais mecanismos que permitem a coexistência de espécies similares. Adicionalmente, a segregação espacial e diferenças na dinâmica das populações, contribuem para amenizar efeitos competitivos entre as espécies (Pianka, 1974; Schoener, 1974; Ross, 1986; Chase & Leibold, 2003). Assim, as diferenças de forrageamento permitiu que as espécies congêneres pudessem partilhar o mesmo ambiente. Conclusões

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Andrada Iguaçu SantoAntonio

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Nossos resultados demonstram que ocorreu diferenciação na dieta com segregação trófica, indicando que esses fatores foram importantes na interação e coexistência das espécies.

Agradecimentos

Grupo de Pesquisa em Tecnologia em Ecohidráulica e Conservação de Recursos Pesqueiros e hídricos – GETECH. Apoio Financeiro: Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (CEBI). Referências Abujanra, F., Russo, M.R. & Hahn, N.S. (1999). Variações espaço-temporais na alimentação de temporais na alimentação de Pimelodus ortmanni (Siluriformes, Pimelodidae) no reservatório de Segredo e áreas adjacentes (PR). Acta Scientiarum 21, 283-289. Alves, G.H.Z., Tófoli, R.M., Novakowski, G.C. & Hahn, N.S. (2011). Food partitioning between sympatric species of Serrapinnus (Osteichthyes, Cheirodontinae) in a tropical stream. Acta Scientiarum. Biological Sciences 33, 153-159. Baumgartner, G., Pavanelli, C.S., Baumgartner, D., Bifi, A. G., Debona, T. & Frana, V. A. (2012). Peixes do Baixo Rio Iguaçu. Maringá: Eduem. Chase, J.M. & Leibold, M.A., (2003). Ecological niches: linking classical and contenporary approaches. Chicago: University of Chicago. Delariva, R.L., Hahn, N.S. & Gomes, L.C. (2007). Diet of a Catfish before and after Damming of the Salto Caxias Reservoir, Iguaçu River, Brazilian Archives of Biology and Technology 50, 767-775. Delariva, R.L., Hahn, N.S. & Kashiwaqui, E.A. (2013). Diet and trophic structure of thefish fauna in a subtropical ecosystem: impoundment effects. Neotropical Ichthyology 11, 891-904. Gerking, SD. (1994). Feeding ecology of fishes. San Diego: Academic Press. Pianka, E.R. (1974). Niche overlap and diffuse competition. Proceedings of the National Academy of Sciences 71, 2141-2145. Ross, S.T. (1986). Resource partitioning in fish assemblages: a review of field studies. Copeia 2, 352-388. Schoener, T.W. (1974). Resource partitioning in ecological communities. Science 185, 27-39.

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Protocolo de avaliação rápida de habitats em riachos na região Oeste do Paraná

Nathiely Catharine de Moraes Silveira*1, Alexandre Leandro Pereira1

*e-mail:[email protected] 1 Universidade Federal do Paraná / Setor Palotina/Palotina; Curso de Ciências Biológicas Palavras-chave: urbanização; monitoramento ambiental, mudança no uso do solo. Introdução

Os múltiplos impactos sobre os ecossistemas aquáticos têm sido responsáveis pela deterioração da qualidade ambiental de bacias hidrográficas extremamente importantes no território brasileiro. Em decorrência dos impactos ambientais ocasionados pelas ações antrópicas sobre rios e riachos, por exemplo, a construção de barragens, reservatórios e canalização de cursos d’água, é necessário então que haja uma avaliação e monitoramento para verificar se está ocorrendo alterações ambientais e suas possíveis consequências (Rodigues et al., 2008).

Segundo Cionek (2011), trechos considerados urbano-rurais são aqueles que drenam áreas em que as atividades urbanas e/ou áreas agricultáveis e destinadas à pecuária sejam predominantes, e trechos conservados são aqueles inseridos em locais com vegetação contínua ou em Unidades de Conservação.

No monitoramento e avaliação destes riachos os procedimentos de avaliação rápida têm se mostrado eficientes uma vez que o principal objetivo é a redução de custos na avaliação ambiental, sem privar os estudos do rigor técnico-científico.

No Protocolo de Avaliação Rápida (PAR), é estabelecido, a priori, um limite considerado normal, baseado em valores obtidos de locais minimamente perturbados, ou seja, locais de referência. As diferenças entre os valores observados e os valores esperados em locais controle ou a partir de condições de referência são uma medida do nível da saúde ambiental (Silveira, 2004).

Um ponto positivo que o PAR proporciona é a possibilidade de adaptação do mesmo, para que possa abranger diferentes tipos de biomas ou regiões. O protocolo pode ser modificado para atender os diferentes tipos de vegetação, solo, clima, altitude, abrangendo essas características de cada região. Possui também outro ponto positivo que é o baixo custo financeiro para a sua aplicação, sendo somente necessário o treinamento adequado para a compreensão do protocolo e da área de estudo em que será feita a aplicação (Bizzo et al., 2014).

O objetivo do trabalho é avaliar, através de PAR, os impactos em riachos com predominância urbano-rural, tendo como referência um riacho com entorno florestado.

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Materiais e Métodos

A área de estudo está localizada no município de Palotina, na região Oeste do estado do Paraná. Para a realização do estudo foram escolhidos três riachos do município, o rio Pioneiro, riacho Santa Fé e riacho Quati.

O riacho Quati passa por dentro de uma unidade de conservação (UC) paranaense, o Parque Estadual de São Camilo (PESC), local escolhido como referência para o estudo. Segundo IAP (2006), o Parque Estadual de São Camilo tem como um de seus objetivos a preservação dos rios e nascentes da região.

Os outros dois riachos escolhidos para o estudo, Pioneiro e Santa Fé, sofrem com influência agrícola e urbana. Ressalta-se que a agricultura é apontada como a maior fonte de poluição difusa em rios.

De acordo com as características da região, o período chuvoso compreende os meses de outubro a março, enquanto o período de estiagem se estende de abril a setembro. Considerando essas características, o PAR foi aplicado nos meses de janeiro, fevereiro e março de 2016 para o período chuvoso e nos meses de junho e julho de 2016 para o período de estiagem. Foram realizadas coletas nos três riachos, nos pontos cabeceira, meio e foz.

Em cada riacho foi demarcado um trecho de 50 metros onde um avaliador, munido de planilha de avaliação, fazia um transecto, no sentido jusante-montante, observando atentamente as caraterísticas do local e anotando a pontuação de cada parâmetro do PAR. Após a aplicação do PAR foram calculados os valores de cada parâmetro, obtendo a somatória dos atributos por rio.

Resultados e Discussão

Os riachos Pioneiro e Santa Fé são os que sofrem com a influência agrícola e

urbana, obtendo menor pontuação no PAR. Estes riachos receberam menor pontuação nos parâmetros 1 e 2, que compreendem os parâmetros do substrato de fundo e complexidade do habitat submerso, apesar do destaque destes dois parâmetros, em todos os outros a pontuação destes riachos foi menor quando comparada ao riacho Quati.

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Tabela 1. Descrição dos parâmetros avaliados no PAR para riachos da região oeste do Paraná.

Parâmetro Descrição

1 Substrato de fundo: avalia a presença de areia, deposição de material orgânico e vegetal aquática submersa

2 Complexidade do habitat submerso: avalia a presença de vegetação aquática, galhos e folhas caídos na água, vegetação marginal inclinada sobre o canal

3 Variação de profundidade e velocidade: avalia os quatro tipos de regime que são rápido-raso, rápido-fundo, lento-raso ou lento-fundo

4 Sinuosidade do canal: avalia a ocorrência de curvas 5 Condições do escoamento do canal: avalia a proporção do nível da água que

preenche o canal 6 Alterações do canal: avalia a presença de alterações tais como canalizações,

dragagens, pontes, diques, aterros e barragens 7 Estabilidade dos barrancos: avalia os processos erosivos e a presença de

vegetação no entorno 8 Proteção vegetal das margens: avalia a proporção da cobertura por vegetação

natural 9 Cobertura vegetal original das margens: avalia presença de espécies vegetais

nativas e exóticas no entorno do riacho

Ressalta-se que a agricultura é apontada como a maior fonte de poluição difusa

em rios e lagos, em função da movimentação de grandes volumes de solos para a preparação do cultivo, da criação de trilhas pelo gado nas pastagens, do pisoteio das margens protegidas dos rios e do risco potencial natural do solo à erosão (Bacchi, 2007).

Segundo Barbour et al. (1999) o parâmetro relativo ao substrato de fundo inclui a quantidade e a variedade relativa de estruturas naturais no rio, tais como seixos, matacões, troncos e galhos de árvores caídos, as margens escavadas que servem como refúgio, alimento e local de desova para a biota aquática. Comparando a estação de estiagem e a chuvosa é possível observar que no período de chuva houve menor pontuação em relação ao substrato de fundo, a influência das chuvas pode levar a lavagem do substrato e causar a alteração do hábitat onde vivem os organismos aquáticos (Amorim et al., 2004).

A menor pontuação no parâmetro de complexidade do habitat de fundo para os riachos urbano-rurais se deve à ausência de habitats em potencial, como a presença de vegetação aquática, galhos e folhas caídos no canal, vegetação marginal inclinada sobre o canal, presença de remansos, pequenas cachoeiras e margens escavadas.

Os riachos Pioneiro e Santa Fé receberam baixa pontuação nos parâmetros 7, 8 e 9, que são estabilidade dos barrancos, proteção vegetal das margens e cobertura vegetal original das margens. No parâmetro referente a estabilidade dos barrancos, sua baixa pontuação refere-se à evidência dos processos erosivos presentes nas margens dos rios, onde há exposição de raízes e pouca vegetação. O assoreamento resulta na perda de habitats aquáticos, já que o rio torna-se cada vez mais raso, estreito e canalizado.

Sendo rios que não apresentam preservação da vegetação marginal, em função da influência do processo de urbanização e da agricultura, recebem baixa pontuação nos parâmetros 8 e 9. Com a presença da cobertura vegetal ripária, a

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infiltração da água no solo ocorre de forma gradativa. Já na ausência da mesma a água da chuva passa a infiltrar com maior velocidade, causando assim a saturação dos poros do solo, o que pode acarretar em grande escoamento superficial (Mascarenhas et al., 2009).

O Rio Quati, que está inserido em um Parque Estadual, recebeu as maiores pontuações no PAR, devido ao fato de se encontrar num local mais preservado. Foi possível observar que a vegetação do entorno é natural, sem evidências de áreas de cultivo, pastagens e/ou urbanização nas proximidades. O mesmo não foi observado nos demais rios. Ainda pode-se considerar que sua vegetação é composta por espécies nativas e em bom estado de conservação, o que permite maior cobertura ao longo da extensão de todo o rio. Sua somatória foi a única que obteve pontuação ótima nos três pontos, os demais obtiveram situação boa e regular.

Figura 1. Somatória da pontuação do PAR nos riachos Quati, Pioneiro e Santa Fé no período chuvoso e de estiagem de 2016 na região oeste do estado do Paraná. As linhas pontilhadas indicam os limites das categorias na qual se encontram os riachos. Conclusões

Com a realização deste estudo foi possível averiguar o atual estado de conservação em que se encontram os três diferentes corpos hídricos da região de Palotina. A avaliação demonstrou que estes se encontram em estados de conservação que variam de ótimo a regular, e nenhum dos rios estudados apresentou condições péssimas, mesmo encontrando-se em regiões de intensa exploração. Tais resultados demonstram que, apesar do uso acentuado das terras da região para fins agronômicos, as matas ciliares e os habitats do entorno desses rios não vêm sofrendo danos irreparáveis. Contudo é essencial que haja o manejo adequado e o

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monitoramento dos rios e ecossistemas do entorno, para que a longo prazo, eles não venham a ser impactados de forma irremediável devido as atividades humanas.

Referências

Amorim, R.M., Henriques, O., Ana, L., Nessimian, J.L. (2004). Nova Friburgo, Rio de Janeiro, Brasil. Instituto de Ciências Biológicas 2, 119-117. Bachi, C.G.V (2007). Análise de modelos matemáticos na estimativa da produção de sedimentos em bacias com o auxílio de um sig. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Barbour, M.T., Gerristsen, J., Snyder, B.D. & Stribling, J.B. (1999). Rapid bioassessment protocols for use in streams and wadeable rivers: periphyton, benthic macroinvertebrates and fish. Washington, DC.; USEPA/EPA. Bizzo, M.R.O., Menezes, J., Andrade, S.F. (2014). Protocolos de avaliação rápida de rios (PAR). Caderno de Estudos Geoambientais Cadegeo 04, 5-13. Cionek, V.M., Beaumord, A.C., Benetido, E. (2011). Protocolo de avaliação rápida do ambiente para riachos inseridos na região do arenito Caiuá – Noroeste do Paraná. Tese Doutorado – Programa de Pós-graduação em Biologia, Universidade Estadual de Maringá. Instituto Ambiental do Paraná (IAP). (2006). Contextualização da unidade de conservação.http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Plano_de_Manejo/Parque_Estadual_de_Sao_Camilo/5encarte1contextualizacaodauc.pdf. Acesso em: 10 de fevereiro de 2016. Mascarenhas, L.M.A., Ferreira, M.E., Ferreira, L.G. (2009). Sensoriamento remoto como instrumento de controle e proteção ambiental: análise da cobertura vegetal remanescente na bacia do rio Araguaia. Sociedade & Natureza 5, 5-18.

Silveira, M.P. (2004) Aplicação do biomonitoramento para avaliação da qualidade da água em rios. Embrapa Meio Ambiente. https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/14518/aplicacao-do-biomonitoramento-para-avaliacao-da-qualidade-da-agua-em-rios. Acesso em: 15 de fevereiro de 2016.

Rodrigues, A.S.L., Castro, P.T.A. (2008). Protocolos de avaliação rápida: instrumentos complementares no monitoramento dos recursos hídricos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos 13, 161-170.

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Razão sexual de quatro espécies de grilos (Orthoptera: Grylloidea) do Parque Nacional do Iguaçu

Marcos Fianco*1, Suzana Magro1, Fernando de Farias Martins1, Jéssica Ricci¹,

Edison Zefa2, Neucir Szinwelski1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Federal de Pelotas/Departamento de Zoologia e Genética/Pelotas, RS.

Palavras-chave: Phalangopsidae, Eneopterinae, Seleção sexual.

Introdução

A seleção sexual é um tipo de seleção natural que atua na habilidade de um

indivíduo acasalar-se com um parceiro sexual. Em seu livro “A origem do homem e a seleção sexual”, Darwin mostrou que as diferenças na intensidade da seleção sexual são causadas por características sexuais secundárias, podendo ser morfológicas, fisiológicas, ecológicas, comportamentais ou de razão sexual. Desde então, alguns estudos têm contribuído para o entendimento da influência dessas características sobre a seleção sexual (Emlen & Oring, 1977; Gwynne, 1984; Gray & Cade, 1999).

A intensidade da seleção sexual é fortemente afetada pela razão sexual operacional entre fêmeas e machos de uma espécie em um determinado ambiente (Gwynne, 1984; Gray & Cade, 2000). Quando a razão sexual é muito alterada e um dos sexos está menos disponível na população, o resultado é o aumento na competição intraespecífica entre os indivíduos do sexo oposto por parceiros do sexo limitado (Emlen & Oring, 1977; Heller & von Helversen, 1991). Quando a razão sexual é equivalente (1:1), ocorre competição intraespecífica entre os machos, que disputarão as fêmeas disponíveis. Em espécies monogâmicas a seleção sexual ocorre apenas uma vez, enquanto nas poligâmicas a seleção sexual ocorre muitas vezes ao longo do tempo (Darwin, 1871; Emlen & Oring, 1977). A seleção sexual selecionará indivíduos que apresentarem os melhores atributos às fêmeas, os quais deixarão mais descendentes para a próxima geração (Emlen & Oring, 1977; Heller & von Helversen, 1991).

Entre os insetos são raros os casos de monogamia. Os registros científicos destacam a monogamia das fêmeas de algumas espécies de grilos Sul-americanos por meio de plugues sexuais ou secreções que as impedem de copular novamente (De Mello, 2007). A poligamia é comum, e a escolha das fêmeas leva em conta características do macho, como o tamanho do corpo, peso, repertório acústico (nas espécies estridulantes), comportamento reprodutivo e presentes nupciais (Gwynne, 1984; Gray & Cade, 2000). Em Grylloidea (Orthoptera) geralmente são os machos que disputam as fêmeas. Em espécies cujos machos possuem o aparelho estridulatório desenvolvido, as fêmeas utilizam o som de chamado como critério de escolha, porque por meio do som o macho passa informações sobre suas qualidades físicas e genéticas, bem como sobre o ambiente onde ele está. Em espécies que não possuem

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o aparelho estridulatório, as vias de informação e comunicação ocorrem por meio de feromônios sexuais, vibrações do corpo e do substrato, tamborilamento dos palpos, entre outros. As fêmeas também podem competir por machos quando a razão sexual operacional favorecer as fêmeas, e os machos escolherão as fêmeas pelos mesmos critérios, exceto estridulação. Entretanto, mesmo que a razão sexual seja 1:1, pode haver disputa por machos entre as fêmeas. Um macho grande e pesado possui, por exemplo, uma glândula metanotal maior ou oferece um presente nupcial maior. Tanto as secreções da glândula metanotal como os presentes nupciais são vistos pela fêmea como investimento parental, que levam, em último caso, a um maior sucesso reprodutivo (Heller & von Helversen, 1991; Rillich et al., 2009).

Embora se encontre literatura que relate os padrões de seleção sexual baseado na razão sexual em Grylloidea, tais trabalhos não avaliaram a razão sexual das espécies estudas, descrevendo apenas relatos empíricos do pesquisador. Adicionalmente, os trabalhos de comportamento reprodutivo tampouco relatam a razão sexual das espécies estudadas. Nesse trabalho, descrevemos a razão sexual de quatro espécies de grilos do Parque Nacional do Iguaçu, e discutimos os resultados sob a ótica da seleção sexual.

Materiais e Métodos

Para a determinação da razão sexual foram realizadas seis coletas ativas manuais no Parque Nacional do Iguaçu, nos municípios de Foz do Iguaçu (25º62’62,77’’S, 54º46’84,56’’W) e Céu Azul (25º14’19,91’’S, -53º83’55,87’’W), entre os meses de setembro de 2015 e março de 2016. As espécies amostradas foram Eidmanacris meridionalis, Endecous sp., Laranda meridionalis (Phalangopsidae) e Eneoptera surinamensis (Gryllidae). As três primeiras foram coletadas durante a noite, por coleta manual. As coletas de E. surinamensis foram diurnas, com auxílio de puçás. Após as coletas, os indivíduos foram identificados, sexados e mantidos em terrários no Laboratório de Biotecnologia (Biotec) da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, sob umidade (75%), temperatura (24ºC) e fotoperíodo (12/12) controlados.

Resultados e Discussão

Foram coletados 405 indivíduos adultos, sendo 121 indivíduos de E. meridionalis, 101 de Endecous sp., 120 de L. meridionalis e 63 de E. surinamensis. A razão sexual (macho:fêmea) encontrada em E. meridionalis foi de 0,45:1, em Endecous sp. foi de 0,63:1, em L. meridionalis e E. surinamensis foi de 0,91:1 (Tabela 1).

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Figura 1. Machos das espécies. A: Eidmanacris meridionalis, B: Endecous sp., C: Laranda meridionalis, D: Eneoptera surinamensis. Fotos: Edison Zefa.

Tabela 1. Relação das espécies coletadas, número de indivíduos de cada sexo e total de indivíduos coletados. A partir da quantidade de machos e fêmeas coletados por espécie foi calculado a razão sexual

Espécies Sexo Total Razão Sexual

Machos Fêmeas

Eidmanacris meridionalis 38 83 121 0,45:1 Endecous sp. 41 60 101 0,63:1 Laranda meridionalis 57 63 120 0,91:1 Eneoptera surinamensis 30 33 63 0,91:1

Considerando que as espécies L. meridionalis e E. surinamensis apresentaram

razão sexual muito próxima a 1:1, sugerimos que a seleção sexual ocorra pela fêmea. Em E. surinamensis isso se justifica pelo fato do macho possuir tégminas bem desenvolvidas que produzem som para atrair as fêmeas para o acasalamento. Por meio do som de chamado dos machos, as fêmeas poderiam escolher seus parceiros identificando os melhores atributos físicos e genéticos (Heller & von Helversen, 1991; Gray & Cade, 1999). A seleção sexual pela fêmea pode ser corroborada pela observação, em campo e laboratório, do comportamento dos machos de E. surinamensis. Em campo, os machos estridulam intermitentemente para atrair as fêmeas. No laboratório, ficam constantemente com as asas erguidas estridulando ou não, ao que parece ser uma exibição para a fêmea.

Em L. meridionalis, por outro lado, pode haver duas etapas de seleção sexual, primeiro das fêmeas e depois dos machos. Os machos e as fêmeas dessa espécie são ápteros, e a comunicação provavelmente ocorra por meio de feromônios. A emissão de feromônios exige uma estrutura especializada em produzir compostos químicos, e recentemente, foi descoberta uma glândula abdominal em machos dessa espécie que pode desempenhar essa função. Por meio dos feromônios, os machos

1 cm

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também poderiam passar para as fêmeas as informações sobre suas qualidades físicas e genéticas e sobre o ambiente que ocupam. Portanto, as fêmeas exerceriam, primeiramente, o papel de escolha dos machos. Entretanto, em coletas realizadas para este estudo, verificamos que muitos machos estavam rodeados por duas ou mais fêmeas. Em geral, esses machos eram maiores do que os machos que estavam sozinhos ou apenas com uma fêmea. Após atrair a fêmea, portanto, o macho pode selecionar a fêmea com a qual vai se acasalar. Adicionalmente, há registros de cópulas subsequentes nessa espécie, ou seja, o macho pode acasalar com outras fêmeas, imediatamente após terminar a cópula anterior.

Em Endecous sp. a razão sexual poderia indicar uma escolha do macho. Porém, em encontros realizados para avaliar o comportamento reprodutivo dessa espécie, verificamos que em mais de 50% dos encontros realizados, a fêmea rejeitou o macho. Adicionalmente, fêmeas quando em contanto com dois ou mais machos, tenderam a realizar a escolha do macho mais rapidamente. Desse modo, a seleção sexual parece ser feita pela fêmea, sem interferência da razão sexual.

Em E. meridionalis a razão sexual é a mais díspar entre as espécies estudadas, e seria esperado que a seleção sexual fosse predominantemente masculina. Em experimentos para avaliar o comportamento reprodutivo dessa espécie, o macho rejeitou a fêmea em alguns casos. Porém, a maioria das rejeições foi realizada pela fêmea. Em fêmeas virgens a rejeição é ainda maior, indicando que esta escolhe o macho ou que ela ainda não está receptiva. No campo, a razão sexual é evidente, sendo encontrado muito mais fêmeas do que machos, e é comum encontrar três ou mais fêmeas ao redor do macho. Entretanto, as fêmeas maiores sempre estavam posicionadas mais próximas ao macho do que as demais. Isso pode indicar seleção sexual feita tanto por machos quanto por fêmeas. Isso pode ser explicado pelo comportamento de agregação dessa espécie. Em locais com muitos machos a escolha seria predominantemente da fêmea, e em locais onde os machos são escassos, são eles quem escolheriam as fêmeas.

Conclusões

Conhecer a razão sexual é de extrema importância, visto que as variações existentes entre os machos e fêmeas das espécies determinam a história de vida destes insetos, e a seleção sexual é dependente da razão sexual e da história de vida. Estudos adicionais de comportamento, bioacústica, e seleção sexual esclarecerão as relações entre a razão sexual destas espécies e a seleção sexual existente.

Agradecimentos

Ao Parque Nacional do Iguaçu, representado pelo chefe de pesquisa Raphael Xavier, por todo o apoio técnico necessário para a realização deste trabalho. A Universidade Estadual do Paraná pela concessão de transportes. Ao Projeto de Extensão Café no CEU pelo apoio financeiro.

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Referências Alexander, R.D. (1975). Natural selection and specialized chorusing behavior in acoustical insects. In Pimental, D. (Eds.), Insects, Science, and Society (pp. 35–77). New York: Cornell University: Academic Press. Darwin, C. (1871). The descent of man and selection relation to sex. London: Appleton. De Mello, F.A.G. (2007). Female monopolization and paternity assurance in South American crickets (Orthoptera, Grylloidea): mating plugs, extra claspers and forced copulation. Papéis Avulsos de Zooogia 47, 245–257. Eades, D.C., Otte, D., Cigliano, M.M. & Braun, H. (2016). Orthoptera Species File. Version 5.0/5.0. http://orthoptera.speciesfile.org. Emlen, S.T. & Oring, L.W. (1977). Ecology, sexual selection, and the evolution of mating systems. Science 197, 215–223. Gray, D.A. & Cade, W.H. (2000). Sexual selection and speciation in field crickets. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 97, 14449–14454. Gray, D. a. & Cade, W.H. (1999). Sex, death, and genetic variation: natural and sexual selection on cricket song. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences 266, 707. Gwynne, D.T. (1984). Sexual selection and sexual differences in mormon crickets (Orthoptera: Tettigoniidae, Anabrus simplex). Evolution Elsevier Ltd 38, 1011–1022. Heller, K.-G. & von Helversen, D. (1991). Operational sex ratio and individual mating frequencies in two bushcricket species (Orthoptera, Tettigonioidea, Poecilimon). Ethology 89, 211–228. Rillich, J., Buhl, E., Schildberger, K. & Stevenson, P.A. (2009). Female crickets are driven to fight by the male courting and calling songs. Animal Behaviour Elsevier Ltd 77, 737–742.

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Relação da entomofauna aquática com diferentes substratos de ambientes lóticos

Jaqueline Celante*1, Jessica Sabatini Ribeiro1, Ana Tereza Bittencourt Guimarães2

Luciano Lazzarini Wolff2 Lucíola Thais Baldan1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Federal do Paraná/Departamento de Biodiversidade/Palotina, PR

2Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Insetos aquáticos, conservação, riqueza. Introdução

As comunidades aquáticas sofrem a influência de diferentes fatores, tais como variações químicas e físicas da água, bem como a entrada de material alóctone. Além desses, a presença de diferentes substratos e ação da correnteza da água contribuem para a formação dos diferentes microhabitats (Tundisi et al., 2006).

Os substratos possuem grande importância na distribuição e sobrevivência da entomofauna aquática. Os substratos são divididos em orgânicos (troncos, galhos, folhas, vegetação em geral, filamentos de alga, de musgos e cadáveres de organismos aquáticos e terrestres), e inorgânicos (pedras, pedregulhos, cascalhos, seixos, areias e siltes). Os inorgânicos servem de abrigo para os insetos em face da ação da correnteza, assim como proteção contra predadores, enquanto que os orgânicos inorgânicos além de servirem como abrigo e proteção, são fontes de alimento para macroinvertebrados (Allan, 1995; Carvalho, 2004; Negri, 2013). A diversidade e abundância dos insetos aquáticos é afetada pela heterogeneidade ambiental, a qual está diretamente relacionada com a disponibilidade de recursos alimentares, abrigos e refúgios. No entanto, em função de impactos negativos ao ambiente, ocorre a homogeneização ambiental e alguns grupos mais sensíveis a mudanças, ou que exigem condições de substratos específicos, podem desaparecer. Os organismos aquáticos possuem diferentes graus de tolerância as mudanças que ocorrem no ambiente em que vivem, isso os tornam bons indicadores de qualidade de água. (Brandimarte et al., 2004; Townsed et al., 2006). Apresentada a importância dos substratos para a entomofauna aquática, o presente trabalho tem como objetivo comparar a comunidade dos insetos aquáticos em diferentes tipos de substratos (fino, grosso e folhiço) em oito riachos da Bacia do Baixo rio Iguaçu, no Oeste do Estado do Paraná, que apresentam diferentes graus de cobertura vegetal. Materiais e Métodos

A coleta foi efetuada em oito riachos de 2ª e 3ª ordem: Arquimedes, Jumelo Manoel Gomes e Pedregulho possuem cobertura florestal em suas microbacias acima de 50%, enquanto que Bom Retiro, Nene, Paz e Tormenta possuem menos de 50%

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de cobertura vegetal. Todos os riachos citados pertencem à Bacia do Baixo rio Iguaçu, no Oeste do Estado do Paraná.

As coletas foram realizadas em maio de 2016. Em cada riacho, três réplicas de cada um dos substratos fino (5-30mm de diâmetro), grosso (<30mm) e folhiço foram coletados, totalizando um esforço amostral igual a 72 amostras.

O material biológico foi coletado com Surber (30X30 cm e abertura de malha de 500 μm), depositado em sacos plásticos devidamente etiquetados e com formol a 4%. No Laboratório de Qualidade de Água e Limnologia (LaQaL) - UFPR, o material foi triado, identificado até família e conservado em álcool 70%. Para a análise dos resultados, valores de abundância, riqueza, diversidade e o número total de cada táxon para cada substrato em todos os rios foram calculados. Os programas utilizados foram, Microsoft ® Excel ® 2016 MSO e PAST 3 (Paleontological Statistic Software) versão 2.17 (Hammer, Harper & Ryan 2001).

Resultados e Discussão

No total foram coletados 12.417 indivíduos de insetos aquáticos, distribuídos em oito ordens (Coleoptera, Diptera, Ephemeroptera, Heteroptera, Megaloptera, Odonata, Plecoptera, Trichoptera) e 45 famílias. A quantidade de famílias encontrada em cada um dos riachos, sem diferenciar os substratos foi: Manoel Gomes S=31, Pedregulho e Bom Retiro S=28, Jumelo S=27, Arquimedes S=26, Nene S=25, Tormenta S=19 e Rio da Paz S=17. A diminuição do número de famílias conforme a redução da cobertura vegetal dos riachos pode estar atrelada a entrada de sedimentos. Fato este que pode diminuir a integridade e a heterogeneidade ambiental, assim reduzindo a variabilidade de hábitats para os insetos aquáticos.

Os menores valores de riqueza foram encontrados no substrato tipo fino para sete rios, exceto no Tormenta. O que explica a baixa riqueza no substrato fino é que ele é considerado pobre no que se refere a abrigo ou oferta de alimento e instável, levando a baixa colonização de organismos (Allan, 1995).

O substrato do tipo folhiço foi o que obteve a maior riqueza em seis rios Bom Retiro (S=27), Jumelo (S=24), Arquimedes (S=22), Nene (S=22), Tormenta (S=21), Rio da Paz (S=18) (Tabela 1). Os substratos do tipo folhiço tem como característica deposição em lugares de remanso, com baixo fluxo de água, em alguns casos também podem ficar retidos à obstáculos como pedras e galhos em lugares com maior fluxo de água. Em ambos os casos ocorre acúmulo de material vegetal, o que proporciona um microhabitat para colonização dos insetos aquáticos (Yokoyama, 2012).

Todos os riachos, com exceção do rio da Paz, apresentaram maiores valores de diversidade no substrato grosso. Na maioria dos locais, o substrato grosso esteve presente em corredeiras, ou seja, em lugares com maior velocidade da água e maior concentração de oxigênio. Este substrato é considerado o mais resistente ao movimento dá água, pois quanto maior o tamanho da partícula mais estável é o habitat para a colonização das comunidades.

Apesar da riqueza ter sido maior em praticamente todos os rios no substrato do tipo folhiço, a diversidade de Shannon-Weaver fora maior no substrato tipo grosso, exceto no Rio da Paz (Tabela 1). O rio Manoel Gomes e o rio Pedregulho foram os

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que apresentaram maior valor de diversidade no substrato grosso (H’=2,45 e H’=2,10, respectivamente). Ao desconsiderar a abundância da família Chironomidae, percebeu-se que no substrato fino, em seis riachos diferentes, a família Gomphidae predominou. A família Gomphidae compreende organismos denominados fossadores, que vivem em substratos do tipo inorgânico, mais especificamente areia, o que explica a dominância de tal família no substrato fino em praticamente todos os rios.

No substrato grosso, as famílias que predominaram foram Glossosomatidade (Arquimedes), Philopotamidae (Bom Retiro), Leptoceridae (Jumelo e Manoel Gomes), Hydropsychidae (Nene, Pedregulho e Rio da Paz), e Elmidae (Tormenta). No substrato folhiço, a família Elmidae predominou em cinco rios (Arquimedes, Jumelo, Manoel Gomes, Pedregulho e Tormenta), Caenidae no Bom Retiro, Calamoceratidae no Nene e Leptoceridae no Paz. A grande representatividade da ordem Trichoptera no substrato grosso se deve a exigência biológica desses organismos a lugares com água bem oxigenada. Para garantir sua permanência em lugares de corredeiras, os Trichoptera podem produzir uma seda que os auxiliam na fixação ao substrato A família Elmidae predominou no substrato folhiço. Essa associação pode estar relacionada com a flora microbiana presente nas folhas, servindo como fonte de alimento, assim como abrigo (Reice, 1980). A ocorrência das famílias Calamoceratidae e Leptoceridae no substrato folhiço, está relacionada com a biologia desses organismos, uma vez que utilizam dos pedaços de folhas para a construção de suas casas.

Tabela 1. Valores de abundância absoluta, riqueza, diversidade de Shannon-Weaver H’, nos diferentes substratos (fino, grosso e folhiço) para oito riachos da Bacia do Baixo rio Iguaçu.

Rios Substrato Abundância Riqueza Diversidade H’

Arquimedes Fino 420 15 0,54

Grosso 254 16 2,04 Folhiço 2944 22 0,57

Bom Retiro Fino 144 8 0,62

Grosso 501 14 1,96 Folhiço 3,320 27 1,06

Jumelo Fino 105 15 1,97

Grosso 331 20 2,07 Folhiço 343 24 1,99

Manoel Gomes Fino 80 12 1.57

Grosso 509 28 2,45 Folhiço 359 21 1,47

Nene Fino 19 4 0,55

Grosso 227 16 1,85 Folhiço 336 22 1,82

Pedregulho Fino 189 11 1

Grosso 760 26 2,1 Folhiço 438 16 1,54

Rio da Paz Fino 8 3 0,73

Grosso 178 9 1,30 Folhiço 429 18 1,42

Tormenta Fino 101 10 1,28

Grosso 49 9 1,42 Folhiço 373 21 1,28

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Conclusão

Foi possível perceber um padrão na distribuição das espécies conforme o tipo de substrato, devido as especializações de organismos para determinado habitat. O substrato grosso e folhiço apresentaram maior abundância e riqueza de táxon quando comparado ao substrato fino (areia e silte), fator atrelado a complexidade de cada um dos substratos. Além disso, notou-se que em riachos com maior cobertura vegetal, como o rio Manoel Gomes e o rio Pedregulho, a diversidade de táxons foi maior. Isso provavelmente ocorreu em função de que esses ambientes, dada a conservação dos seus entornos sejam mais heterogêneos, o que por consequência ofereceria maior disponibilidade de alimento, abrigo e proteção. Agradecimentos

Ao Laboratório de Qualidade de Água e Limnologia da Universidade Federal do

Paraná (UFPR) -Setor Palotina, bem como a Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) - Campus Cascavel pelo apoio financeiro e logístico. Referências Allan, J. D. (1995). Stream ecology, structure and function of running waters. London: Chapman & Hall. Brandimarte, A.L.; Shimizu, G.Y.; Anaya, M.; Kuhlmann, M.L. (2004). Amostragem de invertebrados bentônicos, p. 213-230. In: Bicudo, C.E.M.; Bicudo, D.C. (Org.). Amostragem em limnologia. São Carlos: Editora, Rima. Carvalho, E. M. de.; Uieda, V. S. Colonização por macroinvertebrados bentônicos em substrato artificial e natural em um rio da serra de Itatinga, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 21, 287-293. Elisa Yokoyama Yokoyama, E. (2012). Macroinvertebrados aquáticos associados ao folhiço em riachos da Mata Atlântica. Tese de Doutorado Programa de Ciências: área entomologia, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto. Hammer Ø, Harper, D.A.T. & Ryan, P.D. (2001) PAST: Paleontological Statistics Softwarepackage for education and data analysis. Palaeontologia Electronica, 4, 1-9. Negri, D. D. B. (2013). O efeito de diferentes substratos sobre a riqueza dos macroinvertebrados aquáticos. Dissertação de Mestrado Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Universidade de São Paulo, São Paulo.

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Reice, S.R. (1980). The role of substratum in benthic macroinvertebrate microdistribution and litter decomposition in a woodland stream. Durham: Ecology 61, 580-590. Townsend, C.R.; Begon, M.; Harper, J.L. (2006). Fundamentos em Ecologia. Artmed Editora. Tundisi, J.G.; Tundisi, T. M.; Abe, D.S.; Rocha, O.; Starling, F. (2006). Limnologia de águas interiores: impactos, conservação e recuperação de ecossistemas aquáticos. In: REBOUÇAS, A. da C.; BRAGA; B. TUNDISI, J.G. Águas Doces no Brasil. São Paulo: Escrituras, p. 203- 240.

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Remoção secundária de frutos de palmito-juçara (Euterpe edulis) no Parque Nacional do Iguaçu

Patrick Luiz Bola Gonsales*¹, Larissa Squinzani¹, Carlos Rodrigo Brocardo²,³

*e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual Paulista, Pós-graduação em Zoologia/Rio Claro, SP. ³ Instituto Neotropical: Pesquisa e Conservação/Curitiba, PR.

Palavras-chave: Predação de sementes, dispersão de sementes, Mata Atlântica. Introdução

A dispersão e predação de sementes constituem etapas críticas no ciclo de vida de plantas vasculares, sendo os animais de essencial importância na dispersão das sementes de frutos zoocóricos, pois as removem das proximidades da planta-mãe, local sujeito à intensa predação, tanto pela ação de insetos como de vertebrados, garantindo assim o sucesso reprodutivo individual das plantas. Por outro lado, os predadores de sementes ao controlarem o recrutamento local favorecem a diversidade florestal. Portanto, o papel dos dispersores e predadores de sementes torna-se fundamental para a dinâmica das populações e comunidades vegetais (Lambert et al., 2004).

Porém vale ressaltar que a dificuldade de observações diretas de interações ecológicas, sobretudo para espécies de hábitos elusivos, como mamíferos e aves de sub-bosque florestal, faz com que esses processos permaneçam insuficientemente mensurados. Assim métodos indiretos como o uso de armadilhas fotográficas emergem como uma alternativa para avaliação de interações ecológicas como a frugivoria e dispersão de sementes (Prasad et al., 2010).

No presente buscou-se avaliar o papel da fauna na remoção de frutos de palmito-juçara (Euterpe edulis) utilizando armadilhas-fotográficas. Materiais e Métodos Espécie de estudo

O palmito-juçara (Euterpe edulis) ocorre na Mata Atlântica, desde o Rio Grande do Norte até a metade do Rio Grande do Sul, habitando principalmente a Floresta Ombrófila Densa e parte da Floresta Estacional (Henderson, 2000). Segundo Reis & Kageyama (2000) Euterpe edulis desempenha papel importante na floresta, onde cada planta adulta pode gerar entre 8.000 e 10.000 frutos por ano, servindo, como recurso alimentar para aves e mamíferos. Área de estudo

Este trabalho foi desenvolvido no Parque Nacional do Iguaçu (PNI), localizado no extremo oeste do Paraná nas coordenadas S 25° 22' 24" ; O 54° 2' 33", abrigando uma das maiores florestas do Paraná, com cerca de 185.000 hectares, Unidade de

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Conservação do tipo proteção integral, instituído através do Decreto Federal n° 1.035, de 10 de janeiro de 1939. O experimento foi desenvolvido na porção norte do parque, área de ocorrência de um ecótono entre a Floresta Ombrófila Mista e a Florestal Estacional Semidecidua. Metodologia

Para avaliar a remoção secundária (remoção de frutos do solo) foi usado o método de armadilha fotográfica (Prasad et al., 2010). Este método consiste na distribuição de câmeras fotográficas especialmente desenhadas para, mediante passagem de animais (sensor de movimento e calor) em um raio pré-determinado, disparar e obter registros.

Foram posicionadas 12 armadilhas (Modelo Nature View CamHD Essential, Bushnell Outdoor Products, Overland Park, Kansas, EUA) imediatamente abaixo de palmiteiros frutificando, a uma distância mínima de 350 metros entre pontos amostrais. As máquinas foram fixadas em troncos de árvores a uma altura entre 20 e 30 centímetros do solo, usadas na função vídeo (10 s) com intervalo de 1 segundo. Aproximadamente a 1,7 m a frente da máquina, foram disponibilizados frutos de palmito colhidos no local (50-500 frutos, de acordo com a disponibilidade obtida no entorno). Resultados e Discussão

Registrou-se um total de 1.703 interações de animais com frutos de palmito. A espécie com maior número de interações foi a cutia (Dasyprocta azarae) correspondendo a 68,4% do total de interações, seguida por pequenos roedores (família Cricetidae, agrupados devido à incerteza de identificação das espécies por meio dos vídeos) com 27,1%. Outros mamíferos de médio e grande porte (Didelphis aurita, Cuniculus paca, Mazama americana, Mazama nana, Pecari tajacu) juntos somaram apenas 2,3% das interações, aves de solo (Odontophorus capueira e Crypturellus sp.) 1,9% e outras aves (Turdus rufiventris e Baryphthengus ruficapillus) apenas 0,2%.

Figura 1. Porcentagem de interações de animais com frutos de Euterpes edulis no Parque Nacional do Iguaçu.

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Quando cutias interagiram com os frutos, em 86,7% das vezes o fruto (incluindo a semente) foi predado por completo, em 6,9% houve a estocagem do fruto no solo e em 6,2% dos eventos, os frutos foram removidos do local, provavelmente para serem estocados. A estocagem de frutos por essa espécie, reforça o seu papel fundamental na composição florestal, onde dispersam sementes a grandes distâncias da planta-mãe, fazendo a estocagem de cada semente individualmente no solo, gerando uma distribuição espalhada das espécies estocada (conhecida em inglês como scatter-hoarding).

O segundo grupo com maior número de interações, os pequenos roedores, removeram 69,5% das sementes e predaram 30,5% no local. Embora a remoção não signifique que todas as sementes sejam predadas, a probabilidade de sementes removidas por esses animais virem a estabelecer novos indivíduos é baixa, já que as estocam em tocas a grande profundidade (Brocardo, C.R., dados não publicados.).

Quando mamíferos de médio e grande porte (exceto cutias) interagiram, houve consumo do fruto inteiro mediante mastigação, o que resulta na destruição das sementes, inviabilizando a dispersão das mesmas. Contudo a interação com esse grupo foi muito menor quando comparada a outras áreas de Mata Atlântica (Galetti et al., 2015), provavelmente refletindo a menor abundância dessas espécies na área de estudo (Brocardo, C.R., dados não publicados). Por exemplo, o queixada (Tayassu pecari), a principal espécie de grande porte predadora de frutos de palmito (Galetti et al., 2015), só recentemente recolonizou a área, apresentando assim uma população ainda pequena (Brocardo et al., 2014). Aves como T. rufiventris e B. ruficapillus engoliram o fruto inteiro, o que possibilitaria a dispersão viável das sementes via regurgito (De Barros Leite et al., 2012), embora esse grupo que teve a menor proporção de interações, o que contrasta com o elevado número de interações que mantém na remoção primária de frutos de palmito (remoção diretamente dos cachos) (Galetti et al., 2013). Já para aves de solo houve dois tipos de interação, pequenos tinamídeos (Crypturellus sp.) engoliram os frutos inteiros (o que resulta na destruição da semente pela moela adaptada para quebrar sementes), e urus (Odontophorus capueira) consumiram apenas a polpa sem remover as sementes do local.

O presente estudo demonstrou que o Parque Nacional do Iguaçu segue características de áreas não defaunadas, com predação de sementes por mamíferos de médio e grande porte consideravelmente alta (70,7%), em comparação à predação por mamíferos de pequeno porte (ratos, esquilos), relação mais comum em áreas mais defaunadas, onde estudos anteriores demonstram que esse tipo de área afeta positivamente a predação de sementes por pequenos roedores (Galetti et al., 2015). Conclusões

Os resultados demonstraram que remoções secundárias de frutos (caídos no chão abaixo do palmiteiro) resultam principalmente em interações negativas para a planta (predação de sementes), o que pode evitar o predomínio de plântulas de palmito imediatamente abaixo das plantas mães e contribui para a manutenção da diversidade florestal.

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Embora a interação com cutias tenha demonstrado que estes animais também podem atuar como dispersoras de palmito, fato esse ainda não observado, o mesmo tem efeito positivo sobre a regeneração dessa espécie de palmeira (Galetti et al., 2015).

O predomínio de interações com cutias na área amostrada em relação ao predomínio de interações com pequenos roedores que ocorre em áreas defaunadas, indica que esta área possui características de uma floresta relativamente preservada, ainda que seja necessário que haja um aumento na população de queixadas para o reestabelecimento das interações perdidas. Agradecimentos

Ao Instituto Neotropical: pesquisa e conservação, pela concessão da oportunidade de estágio; a Universidade Estadual do Oeste do Paraná, através do laboratório de Ecologia e Conservação por ter apoiado a execução deste trabalho. Referências Brocardo, C.R. & Delgado, L.E.S. (2014). Records and conservation of white-lipped peccary in the region of Iguaçu National Park, Brazil. Asian Wild Pig News 13, 38-43. De Barros Leite, A., Brancalion, P.H., Guevara, R. & Galetti, M. (2012). Differential seed germination of a keystone palm (Euterpe edulis) dispersed by avian frugivores. Journal of Tropical Ecology 28, 615-618. Galetti, M., Bovendorp, R.S. & Guevara, R. (2015). Defaunation of large mammals leads to an increase in seed predation in the Atlantic forests. Global Ecology and Conservation 3, 824-830. Galetti, M., Guevara, R., Côrtes, M.C., Fadini, R., Von Matter, S., Leite, A.B. & Pires, M.M. (2013). Functional extinction of birds drives rapid evolutionary changes in seed size. Science 340, 1086-1090. Henderson, A. (2000). The Genus Euterpe in Brazil. In Reis, M.S., Reis, A. (Eds.), Euterpe edulis Martius (Palmiteiro): biologia, conservação e manejo. (p. 1-22). Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues. Lambert, J.E., Hulme, P.E. & Vander Wall, S.B. (2004). Seed fate: predation, dispersal, and seedling establishment. CABI. Prasad, S., Pittet, A. & Sukumar, R. (2010). Who really ate the fruit? A novel approach to camera trapping for quantifying frugivory by ruminants. Ecological Research 25, 225-231.

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Reis, A. & Kageyama, P.Y. (2000). Dispersão de sementes de Euterpe edulis Martius Palmae. In Reis, M.S., Reis, A. (Eds.), Euterpe edulis Martius (Palmiteiro): biologia, conservação e manejo. (p. 60-92). Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues.

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Sobreposição alimentar entre cinco espécies de peixes carnívoros da bacia do baixo Iguaçu – Pr

Mara Cristina Baldasso*1, Bruna Caroline Kotz Kliemann², Maristela

CavicchioliMakrakis3, Rosilene Luciana Delariva¹ *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Departamento de Biologia e Zootecnia/ Ilha Solteira, SP. 3Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus de Toledo, PR, Grupo de Pesquisa em Tecnologia em Ecohidráulica e Conservação de Recursos Pesqueiros e Hídricos.

Palavras-chave: ictiofauna, dieta, partição de recursos. Introdução

O rio Iguaçu posssui a maior bacia hidrográfica do Paraná, compreendendo cerca de 72.000 km2 (Baumgartner et al., 2012), sendo considerada de grande importância ecológica por possuir elevado grau de endemismo de sua fauna de peixes. Dentre sua ictiofauna encontram-se várias espécies preferencialmente carnívoras, as quais são consideradas predadoras de topo, exercendo importante papel biológico como reguladores na dinâmica dos ecossistemas (Novakowski et al., 2007).

A dieta de uma espécie de peixe é influenciada pela interação entre a preferência alimentar e sua disponibilidade no ambiente. Assim, o estudo da alimentação é fundamental para a compreensão das interações entre espécies e da dimensão e caracterização do nicho (Lowe-MacConnell, 1991). Assim, espécies que compartilham a mesma guilda trófica, como as carnívoras, por exemplo, podem apresentar elevado grau de sobreposição no uso dos recursos alimentares.

Nesse contexto, o objetivo desse trabalho foi avaliar a dieta de cinco espécies de peixes carnívoras e verificar o grau de sobreposição trófica entre elas, partindo da hipótese de que ocorra partilha de recursos entre espécies co-ocorrentes.

Materiais e Métodos

A área de estudo compreende o Baixo rio Iguaçu, abrangendo o rio Iguaçu (canal principal) e os tributários Andrada, Capanema, Cotejipe, Gonçalves Dias, Monteiro, Santo Antônio e Silva Jardim, no trecho entre a jusante da barragem de Salto Caxias e a foz do Rio Santo Antônio – Parque Nacional do Iguaçu, como parte dos estudos de monitoramento da ictiofauna da UHE Baixo Iguaçu.

Foram realizadas coletas mensais entre setembro de 2013 a março de 2016 (Autorização do Instituto Ambiental do Paraná-IAP - Licença No.37788 e do ICMBio - Autorização no 003/2014). Utilizou-se diversas técnicas de captura como redes de espera, tarrafas, espinhel e pesca elétrica. Os peixes foram eutanasiados com benzocaína a 250mg/l, de acordo com os procedimentos aprovados pelo Comitê de

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Ética em Experimentação Animal n° 62/09. Posteriormente foram congelados e transportados para o laboratório de Ictiologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná para identificação e mensuração do comprimento padrão e peso.

Os indivíduos de cinco espécies carnívoras (Crenicichla iguassuensis, Hopliassp1, Hopliassp2, Rhamdia branneri e Rhamdia voulezi) tiveram seus estômagos retirados e seus conteúdos examinados sob estereomicroscópio e quantificados de acordo com o método volumétrico (Hyslop, 1980).

A fim de testar possíveis diferenças na composição da dieta entre as espécies foi utilizada a PERMANOVA oneway. Para verificar quais os itens alimentares foram responsáveis por essas diferenças, foi aplicado o método de porcentagem de similaridade (SIMPER).

Para analisar o padrão de sobreposição alimentar entre as espécies foi calculado para cada amostra (ponto/mês), com base na matriz de volume dos itens alimentares, o índice de sobreposição alimentar de Pianka (1973). Os valores de sobreposição variam de 0 (nenhuma sobreposição) a 1 (sobreposição total) e foram definidos nos seguintes níveis: baixa (0 - 0,39), intermediária (0,4 - 0,6) e alta (0,61 -1) (Grossman, 1986; modificado por Corrêa et al., 2011).

As análises estatísticas foram realizadas no programa PAST (PaleontologicalStatistic Software) versão 2.08 (Hammer et al., 2001).

Resultados e Discussão

Com base na análise de 98 estômagos pertencentes as cinco espécies, foi possível verificar que todas incluíram peixes em sua dieta. Entretanto, houve uma diferenciação de itens consumidos, sendo que C. iguassuensis, Hoplias sp2 e R. branneri tiveram incremento de invertebrados aquáticos e terrestres. R. voulezi consumiu também insetos terrestres. As espécies de Rhamdia foram as únicas a incluírem vertebrados terrestres em sua dieta, apresentando entre todas, os maiores espectros alimentares. Por outro lado, Hoplias sp1 teve uma dieta exclusivamente piscívora (Tabela 1).

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Tabela 1. Itens alimentares consumidos pelas cinco espécies carnívoras da bacia do baixo Iguaçu, Sul do Brasil. Valores baseados nos dados de volume em porcentagem dos itens alimentares. Valores em negrito representam itens que mais contribuíram na dieta das espécies.

N° estômagos Itens alimentares

C. iguassuensis Hopliassp1 Hopliassp2 R.branneri R.voulezi

20 18 22 15 23

Volume %

Detrito 4,8 0 0,01 0,01 0,11

Bacilariophyta (alga) 0 0 0,06 0,15 0,14

Vegetal aquático 0,01 0 0 0,09 0,03

Vegetal terrestre 0,04 0 0,02 0,28 0,90

Semente/fruto 0 0 0 0,01 0,47

Inseto aquático 0,82 0 0 2,68 0,04

Inseto terrestre 0 0 0 3,22 2,18

Invertebrados aquáticos 25,27 0 14,21 25,89 23,99

Invertebrados terrestres 14,04 0 1,11 7,42 0,79

Peixe 54,99 100 84,56 42,06 61,74

Vertebrados terrestres 0 0 0 18,19 9,63

Apesar das cinco espécies consumirem peixe como item principal, a dieta foi

estatisticamente diferente (PERMANOVA, F= 4,58; p=0,0001). Os itens que mais contribuíram para as diferenças foram peixe e Invertebrados aquáticos (Tabela 2).

Tabela 2. Valores da Análise de SIMPER e os recursos alimentares que mais contribuíram para as diferenças da dieta das cinco espécies carnívoras da bacia do baixo Iguaçu.

Dissimilaridade média

geral

Maioria dos recursos influentes

(> 50%)

Contribuição

Contribuição

cumulativa

C. iguassuen

sis

Hoplias sp1

Hoplias sp2

R. brann

eri

R. voule

zi

84,4

Peixes 59,81 59,81 0,42 12,4 13 1,4 6,34

Invertebrados Aquáticos

21,17 80,98 0,22 0 3,19 3,15 2,42

No geral, a sobreposição alimentar entre as espécies foi baixa (< 0,4), para 70% dos pares analisados. Valores altos de sobreposição (> 0,6) ocorreram somente em pares de espécies que co-ocorreram no rio Iguaçu (Figura 1).

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Figura 1.Proporção dos valores de sobreposição alimentar entre as cinco espécies carnívoras em cada local de amostragem, entre 2013 e 2016, na bacia do baixo Iguaçu, sul do Brasil, usando o índice de Pianka. Sobreposição alimentar: baixa (0 – 0.39), intermediária (0.4 – 0.6) ou alta (0.61 - 1).

Apesar das cinco espécies estudadas serem carnívoras e todas

compartilharem preferencialmente o mesmo recurso (peixe), a sobreposição foi baixa, o que nos permite inferir que a nítida segregação no uso dos recursos, deva possibilitar a coexistência dessas espécies. Assim, diferenças no modo de forragear, bem como, características morfológicas, possibilitam a exploração de diferentes compartimentos do ambiente. Essas distinções, conjuntamente com variações espaciais na disponibilidade de recursos, são fatores essenciais que permeiam as interações entre competidores (Pianka, 1994). Conclusões

Os resultados mostraram que apesar das espécies compartilharem preferencialmente o mesmo recurso(peixe), houve baixa sobreposição, indicando diferenciação e segregação das espécies carnívoras na dimensão trófica. Agradecimentos

Grupo de Pesquisa em Tecnologia em Ecohidráulica e Conservação de Recursos Pesqueiros e Hídricos – GETECH.

Apoio Financeiro: Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (CEBI). Referências Baumgartner, G., Pavanelli, C.S., Baumgartner, D., Bifi, A.G., Debona, T. & Frana, V.A. (2012). Peixes do baixo rio Iguaçu. Maringá: Eduem.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Andrada Capanema Cotejipe Floriano Iguaçu Monteiro SantoAntônio

0,6 - 1

0,4 - 0,6

0 - 0,39

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Corrêa, C.E., Albrecht, M.P & Hahn, N.S. (2011). Patterns of niche breadth and feeding 544 overlap of the fish fauna in the seasonal Brazilian Pantanal, Cuiabá River basin. Neotropical Ichthyology 9, 637-646. Hammer, D.A., Harper, T. & Ryan, P.D. (2001). PAST: Paleontological Statistics Software package for education and data analysis. Paleontologia Electronica 4, 1-9. Hyslop, E.J. (1980). Stomach content analysis: a review of methods and their application. Journal fish biology 17, 411-429. Grossman, G.D. (1986). Food resources partitioning in a rocky intertidal fish assemblage. Journal of Zoology 1, 317-355. Lowe-McConnell, R.L. (1991). Fish communities in tropical freshwaters. London: Longman. Novakowski, G.C., Hahn, N.S & Fugi, R. (2007). Alimentação de peixes piscívoros antes e após a formação do reservatório de Salto Caxias, Paraná, Brasil. Biota neotropical 7, 149-157. Pianka, E. R. (1973). The structure of lizard communities. Annual Review of Ecology and Systematics 4, 53-74. Pianka, E.R. (1994). Evolutionary ecology. New York: Harper Collins College.

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Uso de índices biológicos como avaliação da integridade ambiental de oito rios da Bacia do Baixo Iguaçu no Oeste do Paraná

Jéssica Sabatini Ribeiro*1, Jaqueline Celante1, Ana Tereza Bittencourt Guimarães²,

Luciano Lazzarini Wolff², Lucíola Thais Baldan¹ *e-mail: [email protected]

1Universidade Federal do Paraná/Setor Palotina, PR. ²Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Índices Bióticos, EPT, Indicadores biológicos. Introdução

Os insetos são o grupo mais diversos de organismos existente no mundo, distribuindo-se em praticamente todos os ambientes existentes na natureza. Este grupo pode ser dividido em terrestres e aquáticos. Os insetos aquáticos podem ainda ser subdivididos em organismos que permanecem todo seu desenvolvimento na água ou apenas a fase larval.

Os índices bióticos e multimétricos fazendo uso de insetos estão cada vez mais sendo utilizados para classificar ambientes aquáticos de acordo com sua integridade ambiental. Existem diversos índices bióticos que podem ser utilizados para tal, como índice EPT, BMWP’, HFBI entre outros. O EPT (Porcentagem de Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera) utiliza a abundância geral e a abundância relativa das ordens EPT em relação às demais ordens de macroinvertebrados. Os Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera (EPT) são considerados grupos taxonômicos importantes para o ambiente aquático devido a sua ampla distribuição, alta abundância e riqueza de espécies (Righi-Cavallaro et al., 2010). O BMWP’ (Biological Monitoring Work Party System) (Toniolo et al., 2001) possui várias modificações do original para ser utilizado no Brasil. Este índice pontua as famílias de macroinvertebrados de acordo com a sua tolerância a alterações no ambiente variando a pontuação de 1-10, sendo que os valores mais altos são atribuídos às famílias com maior sensibilidade à poluição orgânica e os menores às mais resistentes.

O índice HFBI (Hilsenhoff Field Biotic Index) também pontua os organismos baseado no sistema saprobiótico, porém de maneira inversa ao BMWP’, organismos mais sensíveis apresentam pontuações mais baixas (Baldan, 2006).

Já o SOMI (Serra dos Órgãos Multimetric Index) utiliza de diferentes métricas para pontuar e classificar os corpos d’água, sendo elas abundância relativa de Coleoptera e Diptera, fragmentadores, riqueza de famílias de macroinvertebrados e riqueza de famílias de EPT. De acordo com esse índice, uma tabela foi estabelecida atribuindo valores (1, 3 e 5) a estas métricas, depois é somada a pontuação e classifica-se o corpo d’água (Baptista et al., 2007)

O objetivo deste trabalho foi determinar a classificação da água a partir do cálculo dos diferentes índices bióticos acima citados em oito rios da Bacia do Baixo Iguaçu, região Oeste do Paraná, com diferentes graus de perturbação.

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Materiais e Métodos

As amostragens foram feitas em oito rios de 2ª e 3ª ordem da Bacia do Baixo Iguaçu, no Oeste do Estado do Paraná no mês de maio de 2016, respeitando período de pelo menos três dias após a chuva. Os rios amostrados receberam classificação em relação ao seu entorno: rios rurais, quando a região da microbacia à montante do ponto de coleta apresentara mais de 50% da área caracterizada por lavoura e cultivo; e minimamente impactados, quando mais de 50% da área à montante do ponto de coleta apresentara mata ciliar e ausência de cultivo ou criação. Foram amostrados três sedimentos diferentes: folhiço, substrato grosso (matacão e cascalho) e substrato fino (areia e seixo). O material foi coletado com auxílio de um amostrador do tipo Surber (30x30cm e malha de 0,5mm) e fixado em campo com formol 4%. O material coletado foi triado e identificado nível taxonômico de família a partir de chaves específicas no Laboratório de Qualidade de Água e Limnologia (LaQaL), da Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina. Os índices bióticos EPT, BMWP’ HFBI e SOMI foram aplicados com auxílio do Microsoft® Excel® 2016 MSO, classificando os rios usando como base as classificações demonstradas a seguir: EPT (Gonçalves, 2007) - 75%-100% = Muito Bom; 50%-74% = Boa; 25%-49% = Regular; 24%-0% = Ruim; BMWP’ (Baldan, 2006) - >150 = Ótimo; 101-120 = Bom; 61-100 = Aceitável; 36-60 = Duvidosa; 16-35 = Crítica; <15 = Muito crítica; HFBI (Hilsenhoff, 1988) - 0,00-3,50 = Excelente; 3,51- 4,50 = Muito bom; 4,51-5,50 = Bom; 5,51- 6,50 = Moderado; 6,51- 7,50 = Moderadamente pobre; 7,51-8,50 =Pobre; 8,51-10 = Muito pobre; SOMI (Baptista et al., 2007) - 6-12 = Pobre; 13-18 = Ruim; 19-24 = Bom; 25-30 = Muito Bom Resultados e Discussão

A abundância geral foi de 12.378 indivíduos, de oito ordens diferentes, divididos em 45 famílias. Os valores de abundância e riqueza individual de cada rio estão representados na Tabela 1.

No índice HFBI e SOMI, os rios que obtiveram melhores pontuações foram Jumelo, Manoel Gomes e Pedregulho, classificados com qualidade da água sendo muito boa. Estes mesmos rios foram os que receberam as mais altas pontuações no BMWP’, sendo classificados como rios com qualidade da água ótima, condizendo com sua classificação inicial de distribuição de vegetação e uso e ocupação do solo, ou seja, ambientes minimamente impactados. Os rios que receberam menores pontuações e piores classificações quanto à qualidade da água foram Arquimedes, Tormenta e Paz, classificados como bom no índice HFBI. De acordo com o índice BMWP’, os rios com piores classificações foram o da Paz e Tormenta, categorizados com qualidade boa. No SOMI os resultados obtidos foram de água boa para os rios Arquimedes e Tormenta e água regular para o rio da Paz, como é apresentado na tabela 1.

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Tabela 1. Valores de abundância (N), riqueza (S) e classificação dos rios de acordo com os índices EPT, BMWP’, HFBI e SOMI. (C=Classificação; P= Pontuação; %= Porcentagem de EPT)

RIO N S EPT HFBI BMWP’ SOMI

C % C P C P C P

Arquimedes 3.619 27 RU 5,83 BM 5,43 OT 155 BM 20 Bom Retiro 3.920 30 RG 24,23 BM 4,58 OT 166 BM 24

Jumelo 780 28 RG 26,28 MB 3,90 OT 170 MB 28 Manoel Gomes 949 31 RG 31,40 MB 4,05 OT 181 MB 26

Nene 583 25 RG 26,59 MB 4,34 OT 159 BM 24 Paz 615 18 RG 30,08 BM 4,67 BM 104 RU 18

Pedregulho 1.387 28 RG 26,75 MB 4,14 OT 162 MB 28 Tormenta 525 21 RU 7,43 BM 4,83 BM 111 BM 22

Sendo: BM=Bom, MB=Muito Bom, OT=Ótimo, RG= Regular e RU=Ruim.

O índice EPT é muito aceito por trabalhar com a proporção de EPTs em relação

ao total de indivíduos amostrados. Neste índice considera-se que quanto maior for sua proporção, melhor será a qualidade da água (Gonçalves et al. ,2007). No presente estudo, o rio Manoel Gomes apresentou maior valor na proporção de EPT (31,40%), refletindo a boa conservação do ambiente, pois é o rio que está localizado no Parque Nacional do Iguaçu e possui a maior cobertura vegetal, maior disponibilidade de habitats e melhores condições observadas. O rio com menor proporção foi o Arquimedes (5,83%), porém é um rio que ao ser selecionado foi considerado como minimamente impactado, e este resultado demonstra que suas águas não estão com qualidade adequada para a manutenção dos EPTs.

Quando fazemos a comparação do índice EPT com os demais índices, podemos observar uma classificação diferente entre os ambientes. Tal diferença deve-se ao fato do índice EPT utilizar apenas a abundância relativa dos indivíduos das três ordens consideradas sensíveis. Isso pode ser o ideal, pois existem algumas famílias que são mais resistentes e generalistas que podem ter elevada abundância e, consequentemente, aumentar a abundância geral dos EPT. Esse é o caso da família Caenidae (Ephemeroptera), que é considerada uma família tolerante e possui ampla distribuição nos substratos amostrados. O índice BMWP’ não foi um bom índice por não considerar as abundâncias de cada família, apenas presença e ausência das mesmas.

Dos índices apresentados, o que mais se assemelhou com a classificação inicial de uso e ocupação do solo foi o SOMI. A classificação mais próxima da realidade deve-se ao fato de este ser um índice multimétrico, que utiliza de diferentes organismos e diferente métricas para realizar a classificação dos corpos d’água. Segundo Bonada et al. (2006), os índices multimétricos têm capacidade de diagnosticar diferentes tipos de impacto antrópicos.

Houve uma discrepância, no entanto, quanto ao rio Arquimedes. Isto se deve ao fato de que, recentemente, nas proximidades do rio iniciou-se atividade extensiva de criação de suínos e caprinos, tendo os animais livre acesso ao rio, degradando assim seu entorno e consequentemente também a qualidade da água.

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Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

Conclusões

Para este trabalho o índice que melhor representou a realidade observada em campo e a classificação inicial de uso e ocupação do solo foi o índice SOMI, pois esse é um índice multimétricos e, assim sendo, possui mais características abordadas para representação do seu resultado. Ressalta-se que para resultados mais efetivos na avaliação da qualidade ambiental devem ser utilizados índices bióticos conciliando com outras ferramentas, como variáveis físicas e químicas e de diversidade biológica. Agradecimentos

Agradecemos ao Laboratório de Qualidade de Água e Limnologia da Universidade Federal do Paraná- Setor Palotina, bem como a Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Campus Cascavel pelo apoio financeiro concedido no decorrer do projeto. Referências Baldan, L.T. (2006). Composição e diversidade da taxocenose de macroinvertebrados bentônicos e sua utilização na avaliação de qualidade de água no rio do Pinto, Morretes, Paraná, Brasil. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal do Paraná. Baptista, D.F., Buss, D., Egler, M., Giovanelli, A., Silveira, M.P. & Nessimian, J.L. (2007). A multimetric index based on benthic macroinvertebrates for evaluation of Atlantic Forest streams at Rio de Janeiro State, Brazil. Hydrobiologia 575, 83-94. Bonada, N., Prat, N., Resh, V.H. & Statzner, B. (2006). Developments in aquatic insect biomonitoring: a comparative analysis of recent approaches. Annual Review of Entomology 51, 495-523. Gonçalves, F.B. (2007). Análise comparativa de índices bióticos de avaliação de qualidade de água, utilizando macroinvertebrados, em um rio litorâneo do estado do Paraná. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal do Paraná. Hilsenhoff, W.L. (1988). Rapid field assessment of organic pollution with a Family level biotic index. Journal of the North American Benthological Society 7, 65-68. Righi-Cavallaro, K.O., Spies, M.R & Siegloch, A.E. (2010) Ephemeroptera, Plecoptera e Trichoptera assemblages in Miranda River basin, Mato Grosso do Sul State, Brazil. Biota Neotropica 10, 253-260. Toniollo, V.; Mattiello, I; Caetano, J.A. & Wosiack, A.C. (2001). Macroinvertebrados bentônicos como indicadores de impacto na qualidade de água do Rio Sagrado (Bacia

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Litorânea, PR), causada pelo rompimento do Poliduto OLAPA. In Anais do VIII Congresso Brasileiro de Limnologia, João Pessoa, Paraíba, Brasil.

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Uso de Salvinia molesta (D.S. Mitchell) para depuração de águas residuais provenientes de aquicultura

Gabriela Suana Rio*1, Luana Cagol², Izabel Volkweis Zadinelo², Lilian Dena dos

Santos1, Lucíola Thais Baldan1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Federal do Paraná/SETOR Palotina, PR. 2Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus Marechal Cândido Rondon, PR.

Palavras-chave: qualidade de água, macrófita, remoção. Introdução

A qualidade da água dentro da aquicultura é imprescindível e deve ser monitorada constantemente, devido aos impactos negativos que podem ser provocados (Signor et al., 2012). O excesso de nutrientes é um dos impactos, vindo principalmente do arraçoamento e de fertilizações excessivas e a produção de efluentes e o lançamento dos mesmos, tem causado grandes preocupações, pois esses são enriquecidos com nitrogênio, fósforo, matéria orgânica e material particulado em suspensão (Biudes & Camargo, 2010; Anh et al., 2010).

Para conservar a água, é necessário buscar opções para o tratamento dos efluentes que priorizem a manutenção, a qualidade ambiental, a qualidade de vida do ser humano e o uso racional dos recursos naturais, fundamentados nos princípios e conceitos da sustentabilidade (Fagundes & Scherer, 2009). Uma alternativa viável para o tratamento de efluentes seria o uso de macrófitas aquáticas que exercem um papel importante na remoção de nutrientes por assimilação (Brix, 1997). Dentro deste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar a eficiência da macrófita Salvinia molesta (D.S. Mitchell) no tratamento de efluentes da aquicultura. Materiais e Métodos

O experimento foi desenvolvido na Universidade Federal do Paraná, Setor

Palotina, no Laboratório de Qualidade de Água e Llimnologia (LAQAL) durante 15 dias. O sistema foi constituído por nove unidades experimentais, compostas por caixas plásticas de polietileno com as seguintes dimensões: 34 cm de comprimento, 28 cm de largura e 13 cm de profundidade.

O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 3 tratamentos e 3 repetições. Um tratamento foi composto de um efluente de piscicultura (P1, P2 e P3) coletado de um tanque de criação de tilápia-do-Nilo em sistema de recirculação com as concentrações de 0 mg/L de amônia, 0,01 mg/L de nitrito, 0 mg/L de nitrato e 0,13 mg/L de ortofosfato.

O segundo tratamento era composto por um efluente sintético (S1, S2 e S3) formulado no próprio laboratório da universidade, com as concentrações de 0,65 mg/L de amônia, 5,22 mg/L de nitrito, 4,93 mg/L de nitrato e 5,75 mg/L de ortofosfato.

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O terceiro tratamento foi com um efluente de frigorifico de peixes (E1, E2 e E3) coletada em uma empresa de abate de peixes (Copisces®) situado na cidade de Toledo, PR. Nessa indústria ocorre o processamento de aproximadamente dezesseis toneladas de tilápias por dia. O efluente continha as concentrações de 0,12 mg/L de amônia, 0,16 mg/L de nitrito, 13,28 mg/L de nitrato e 6,46 mg/L de ortofosfato.

As macrófitas foram devidamente medidas e pesadas e alocadas nas unidades experimentais, que continham 5 litros de volume total, onde foram alocadas 50g da macrófita S. molesta provenientes da piscicultura Sgarbi, da cidade de Palotina PR, a biomassa das macrófitas preencheu aproximadamente 10% da superfície das unidades experimentais.

Coletou-se diariamente pela manhã, amostras de água para determinação de nitrito (N-NO2), nitrato (N-NO3) e ortofosfato (P-PO4

3-), de acordo com APHA (2005), enquanto as concentrações de N-amoniacal (N-NH3 + N-NH4

+) foram determinadas pelo método proposto por Koroleff (1976).

Ao final do experimento, as macrófitas de cada unidade experimental, foram novamente pesadas e medidas as áreas superficiais ocupadas, para verificar se houve alteração na biomassa, e os resultados diários dos parâmetros de qualidade de água foram plotados em gráficos para visualizar a eficiência de absorção de nutrientes pelas macrófitas.

Resultados e Discussão

As macrófitas aquáticas possuem capacidade de acumular e acelerar a ciclagem de nutrientes, acumulando em biomassa (Tabela 1). Tabela 1. Biomassa inicial e final das macrófitas.

Tratamentos Biomassa inicial

média (g) por repetição

Biomassa final média (g) por repetição

Ganho de biomassa em média (g) por

repetição

Efluente de piscicultura 50 78 28

Efluente de frigorífico de peixes

50 54 4

Efuente sintético 50 55 5

A macrófita apresentou aumento médio de 28g, até o 15° dia, para o tratamento

com efluente de piscicultura. As macrófitas podem apresentar uma baixa remoção de nutrientes quando atingem a capacidade de suporte, ocorrendo perda da biomassa ou baixa produção da mesma, o que pode explicar a baixo ganho de biomassa nos tratamentos com efluente de frigorifico de peixes e efluente sintético. Alguns autores indicam a remoção de parte da biomassa das macrófitas periodicamente, para retirar da água os nutrientes já estocados na biomassa, com o objetivo de aumentar a área para que o restante das macrófitas possam crescer e consequentemente estocar mais nutrientes (Biudes & Camargo, 2010).

Foi observada remoção de 64% de amônia no efluente sintético após o 15ᵒ dia de exposição a macrófita, enquanto no efluente de piscicultura não foi observada remoção. No efluente do frigorifico de peixes, houve um pico nas concentrações de

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amônia no 8ᵒ dia, devido a decomposição dos resíduos sólidos presentes no efluente (Figura 1). Foi observado que os resíduos gerados na indústria de pescado são constituídos principalmente de água, escamas, gordura, sangue, fluidos viscerais e pequenos descartes do peixe, gerando em torno de 5,4 m3 de efluente líquidos por tonelada de peixe processado (Souza et al., 2008).

Figura 1. Efeito da macrófita S. molesta sobre os níveis de amônia de três efluentes expostos a um período de 15 dias.

Redding et al. (1997) citam que macrófitas flutuantes tem menor capacidade de

absorção de amônia e nitrato quando comparadas as submersas e emersas, para efluente de piscicultura.

Foi observada remoção de 19% de nitrito no efluente de frigorifico de peixes, e 82% no efluente sintético após o 15ᵒ dia de exposição a macrófita, enquanto no efluente de piscicultura não foi observada remoção, provavelmente devido as baixas concentrações disponíveis (Figura 2).

Figura 2. Efeito da macrófita S. molesta sobre os níveis de nitrito de três efluentes expostos a um período de 15 dias.

Foi observada remoção de 89% de nitrato no efluente de frigorifico de peixes

após o 15ᵒ dia de exposição a macrófita, enquanto no efluente de piscicultura foi observada ausência de nitrato (Figura 3). No efluente sintético houve um incremento de 61% nas concentrações de nitrato, resultante do processo de nitrificação.

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Figura 3. Efeito da macrófita S. molesta sobre os níveis de nitrato de três efluentes expostos a um período de 15 dias.

Foi observada remoção de 17% de ortofosfato no efluente sintético após o 15ᵒ

dia de exposição a macrófita, enquanto no efluente de piscicultura foi observada pequena remoção (3%). No efluente do frigorifico de peixes houve um incremento de 22%, devido a decomposição dos resíduos sólidos presentes no efluente. A não retirada das macrófitas já envelhecidas pode justificar a baixa remoção de fósforo, pois ao se decomporem, acabam liberando os nutrientes retidos (Arantes, 2002).

Figura 4. Efeito da macrófita S. molesta sobre os níveis de ortofosfato de três efluentes expostos a um período de 15 dias.

Para estudos futuros, buscando uma maior remoção nas concentrações dos

parâmetros analisados pode-se aumentar a quantidade de macrófitas ou a troca delas no 15° dia avaliando o efeito pelos próximos dias.

Conclusão

O processo de uso de macrófitas aquáticas reduz a carga de nutrientes

melhorando consideravelmente a qualidade da água. As principais vantagens dos

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sistemas de tratamento com macrófitas aquáticas são o baixo custo de implementação e manutenção, e a comprovada eficiência no tratamento de diversos tipos de efluentes. Referências American Public Health Association (APHA ). (2005). Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater. 21ª ed. New York. Anh, P.T., Kroeze, C., Bush, S.R., & Mol, A.P.J.N. (2010). Water pollution by intensive brackish shrimp farming in south-east Vietnam: Causes and options for control. Agricultural Water Management 97, 872-882. Biudes, J.F.V., Camargo, A.F.M. (2010). Uso de macrófitas aquáticas no tratamento de efluentes de aquicultura. Acta Limnologica Brasiliensia 38, 1-10. Brix, H. (1997). Do macrophytes play a role in constructed treatment wetlands?. Water Science Technology 35, 11-17. Fagundes, R.M., Scherer, M.J. (2009). Sistemas alternativos para o tratamento local dos efluentes sanitários. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas 10, 53-65. Koroleff, F. (1976). Determination of nutrients. In Methods of seawater analysis (K. Grasshoff, ed.). Verlag Chemie Weinheim, New York, 117-181. Signor, A.A., Nunez, E.O.L., Reidel, A., Coldebella, A., Gentelini, A.L., Souza, B.E. (2012). Qualidade de água em cultivo de peixes em tanques-rede no reservatório da Hidrelétrica de Itaipu. In: IV encontro nacional dos núcleos de pesquisa aplicada em pesca e aquicultura. Foz do Iguaçu. Paraná. Brasil. Souza, M.A., Vidotti, R.M., Neto, A.L.O. (2008). Redução no consumo de efluente gerado em abatedouro de tilápia do nilo através da implantação de conceitos de produção mais limpa (P+L); Boletim do Instituto de Pesca, São Paulo 34, 289 - 296.

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Variação espacial na dieta de Oligosarcus longirostris Menezes & Gèryna bacia do Baixo rio Iguaçu

Flavia Begnini*1, Bruna Caroline Kotz Kliemann², Mara Cristina Baldasso¹, Sérgio

Makrakis³, Rosilene Luciana Delariva¹ *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Departamento de Biologia e Zootecnia/ Ilha Solteira, SP. 3Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Campus de Toledo, PR, Grupo de Pesquisa em Tecnologia em Ecohidráulica e Conservação de Recursos Pesqueiros e Hídricos.

Palavras-chave: peixes, dieta, variação espacial. Introdução

Os ecossistemas estão em constantes alterações. Mudanças climáticas e geológicas, variações espaciais interferem na forma como os organismos vivem e interagem (Chase & Leibold, 2003). Assim, estudar a ecologia trófica da fauna de peixes possibilita verificar de que maneira as alterações no ambiente influenciam na alimentação de uma espécie, já que a disponibilidade dos recursos alimentares pode ser resultado de diferenciações ambientais espaciais (Schoener, 1974; Ross, 1986; Prejs & Prejs, 1987). Além disso, permite conhecer qual é o espectro alimentar e como as espécies utilizam e partilham esses recursos disponíveis no ambiente.

Oligosarcus longirostris, pertencente à família Characidae, possui hábito carnívoro (Gealh & Hahn, 1998) e é endêmica da bacia do rio Iguaçu. Este curso hídrico tem como característica, um relevo com elevados desníveis, o que favorece a formação cachoeiras que funcionam como barreiras naturais para as populações de peixes, bem como elevado potencial para a instalação de empreendimento hidrelétricos (Baumgartner et al., 2012). Os barramentos são considerados um dos principais fatores antrópicos que provocam alterações na disponibilidade de recursos para a fauna de peixes, além de outros impactos indiretos. Diante disso, o objetivo desse estudo foi avaliar a dieta de O. longirostris em uma região do Baixo Iguaçu e verificar possíveis variações espaciais na composição de seu espectro trófico.

Materiais e Métodos

As coletas foram realizadas mensalmente entre os anos 2013 a 2016, na área de influência da UHE Baixo Iguaçu, no trecho entre a jusante da barragem de Salto Caxias e a foz do Rio Santo Antônio – Parque Nacional do Iguaçu, abrangendo o rio Iguaçu em dois pontos, (Iguamed e Iguasalto), e os tributários Andrada, Capanema, Gonçalves Dias, Monteiro, Santo Antônio e Silva Jardim.

Como métodos de captura foram utilizadas redes de espera, tarrafas, espinhel e pesca elétrica. Os peixes foram eutanasiados com benzocaína a 250mg/l de acordo com os procedimentos aprovados pelo comitê de ética de experimentação animal nº

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62/09, congelados e transportados para o laboratório de Ictiologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, para identificação e mensuração do comprimento padrão e peso.

Os indivíduos tiveram seus estômagos retirados e seus conteúdos examinados sob estereomicroscópio, e quantificados de acordo com o método volumétrico.

A fim de testar possíveis diferenças na composição da dieta entre os locais, foi utilizada uma PERMANOVA oneway. Posteriormente, a fim de verificar quais os itens alimentares foram responsáveis por essas diferenças, foi aplicado o método de porcentagem de similaridade (SIMPER).

Resultados e Discussão

Os conteúdos estomacais de 88 indivíduos foram analisados. A principal fonte alimentar de O. longirostris foi peixe (76%), tanto para o canal principal quanto para os tributários, com exceção do rio Gonçalves Dias onde predominou Rodentia, o que pode ser explicado devido ao seu grande volume (45 ml), bem superior aos demais itens (Fig. 1).

Figura 1.Porcentagem volumétrica dos recursos consumidos pela espécie entre 2013 a 2016,nos diferentes pontos de coleta na Bacia do baixo rio Iguaçu, Sul do Brasil.

A dieta entre o canal principal e os tributários foi estatisticamente diferente (PERMANOVA, F=2,58; p=0,0001) e o item que mais contribui para essa diferença foi peixe (Tab. 1) (SIMPER). Nos rios tributários houve incremento de insetos, invertebrados aquáticos, bem como vegetal, demonstrando amplo espectro trófico. Assim, ocorreu variação espacial, especialmente em relação aos itens complementares da dieta, o que pode ser explicado por diferenças na disponibilidade de ofertas desses alimentos entre locais distintos, explicando o predomínio de peixes no canal principal, Monteiro, Santo Antônio, Silva Jardim, Andrada e a maior variedade de itens no Gonçalves Dias e Capanema. Essa flexibilidade trófica é comum para a

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Músculo de vertebrado

Rodentia

Molusca

Peixe

Inseto terrestre

Inseto aquático

Vegetal terrestre

Vegetal aquático

Alga

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maioria das espécies de peixes neotropicais (Abelha et al., 2001), mesmo tratando-se de espécies cujas morfologias indicam maior especialização da dieta. Dessa forma, confirmou-se o hábito alimentar carnívoro/piscívoro para essa espécie, assim como registrado no reservatório de Salto Segredo-PR (Gealh & Hahn, 1998), no reservatório de Salto Caxias (Novakowski et al., 2007) e na bacia do baixo Iguaçu (Baumgartner et al., 2012). Tabela 1. Resultados da análise de similaridade SIMPER referente a dieta de Oligosarcus longirostris entre os rios da Bacia do baixo Iguaçu, sul do Brasil.AD= Andrada, CA= Capanema, GD= Gonçalves Dias, IG=Iguamed, IS= Iguasalto, MO= Monteiro, SA= Santo Antônio, SJ= Silva Jardim.

Volume médio

Itens Dissimilaridade

média geral Contribuição

Contribuição cumulativa

AD CA GD IG IS MO SA SJ

Peixe

78,1

65,8 65,8 0,8 2,8 1,9 6,1 9,0 2,5 2,8 4,0

Vegetal terrestre

12,8 78,6 0,3 0,4 1,5 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0

Conclusões

Nossos resultados demonstraram que ocorreu variação espacial na proporção

do item preferencial (peixe) entre os ambientes analisados, bem como a adição de diferentes recursos alimentares de acordo com a disponibilidade local, como por exemplo, no canal principal, itens de origem autóctone como peixes, crustáceos, vegetais e insetos aquáticos, vertebrados aquáticos e nos canais tributários, itens alóctones, como vegetais e insetos terrestres, vegetal terrestre, vertebrados terrestres.

Agradecimentos

Grupo de Pesquisa em Tecnologia em Ecohidráulica e Conservação de Recursos Pesqueiros e hídricos – GETECH.

Apoio Financeiro: Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (CEBI). Referências

Abelha, M.C.F., Agostinho, A. A. & Goulart, E. (2001) Plasticidade trófica em peixes de água doce. Acta Scientiarum Maringá 23, 425-434. Baumgartner, G., Pavanelli, C.S., Baumgartner, D., Bifi, A.G., Debona, T. & Frana, V. A. (2012). Peixes do Baixo Rio Iguaçu. Maringá: Eduem. Chase, J.M. & Leibold, M.A., 2003. Ecological niches: linking classical and contenporary approaches. Chicago: University of Chicago.

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Gealh, A.M. & Hahn, N.S. (1998). Alimentação de Oligosarcus longirostris Menezes & gery (Osteichthyes, Acestrorhynchinae) do reservatório de salto segredo, Paraná, Brasil. Revista Brasileira Zoologia 15, 985-993. Novakowski, G.C., Hahn, N.S. & Fugi, R. (2007). Alimentação de peixes piscívoros antes e após a formação do reservatório de Salto Caxias, Paraná, Brasil. Biota Neotropica 7, 149-157. Prejs, A. & Prejs, K. (1987). Feeding of tropical freshwater fishes: seasonality in resource availability and resource use. Oecologia 71, 397-404. Ross, S.T. (1986). Resource partitioning in fish assemblages: a review of field studies. Copeia 1986, 352-388. Schoener, T.W. (1974). Resource partitioning in ecological communities.Science 185, 27-39.

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Capítulo 4

ENSINO e EDUCAÇÃO

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Análise de textos de Divulgação Científica com conteúdos da geração de energia pela fotossíntese

Isabela Fetter¹, Wellington Soares de Lima1, Kamilla Zabotti1

e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Textos de divulgação científica, meios de divulgação, energia renovável. Introdução

A Divulgação Científica (DC) se caracteriza por ser um discurso próprio, sendo este, a união de dois gêneros discursivos: o científico e o jornalístico. Essa mesclagem tem como intuito, transpor conceitos e termos científicos por meio de uma linguagem coloquial e acessível ao leitor leigo. Posto isto, "o objetivo da atividade de DC é justamente o de permitir ao grande público adentrar neste universo cujo acesso até então lhe fora impedido pela opacidade de seu discurso" (Leibruder, 2003).

Nesse sentido, observa-se que a DC pode ser abordada de diferentes maneiras e meios (revistas, documentários, rádio, blogs), e comumente é rodeada e financiada pela mídia. Essa forte influência da mídia na DC, acaba por interferir na linguagem e conteúdo presente em cada discurso, fator que acarreta certa resistência da ciência em relação à mídia devido ao conflito de interesses (Ivanissevich, 2001).

De acordo com Albagli (1996), a DC promove a disseminação da ciência na sociedade, pois aproxima a ciência do cotidiano e busca o interesse da comunidade sobre o seu papel social. Entretanto, o processo de tornar a ciência acessível pode promover outros problemas como defasagem de conteúdo, simplismo, distorções e até mesmo mistificar a ciência.

Apesar disso, Rojo (2008) expressa que os Textos de Divulgação Científica (TDCs) devem ser trabalhados em sala de aula, de forma que os alunos realizem leituras com criticidade, ou seja, além de observarem o conteúdo do texto trabalhado, os aspectos de produção e circulação também devem ser considerados. Dessa forma, é possível desenvolver um olhar crítico ao que está sendo produzido na ciência e o que está sendo divulgado, bem como suas ideologias sociais, políticas e econômicas.

Nessa perspectiva, com o intuito de constatar o conteúdo e ideologia presentes no discurso da DC, foram analisados dois TDCs que abordam o mesmo conteúdo: a invenção de um dispositivo que capta a energia química da fotossíntese, para o uso como forma de energia alternativa e renovável. A questão da energia renovável é um tema extremamente significativo na atualidade, tanto ambiental como socialmente, devido a fatores como a crise hídrica e a energia hidrelétrica ser a principal fonte de energia utilizada pelo homem.

Nesse sentido, o presente estudo teve por objetivo a análise de dois TDC, sob enfoque dos fatores discutidos anteriormente (influência da mídia, público alvo,

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relevância social, científica e econômica da temática) e a interferência e aplicação de cada fator em cada texto. Materiais e Métodos

A metodologia utilizada neste trabalho pauta-se na abordagem qualitativa. De

acordo com Flick (2009) o método qualitativo de pesquisa é recente e teve um surgimento simultâneo em diversas áreas do conhecimento, onde cada uma possui seu embasamento teórico específico e próprias metodologias. Segundo o mesmo autor, a análise de conteúdo dentro da pesquisa qualitativa tem por essência a interpretação dos seus dados coletados.

Como método de análise foi utilizado a análise de conteúdo que, segundo Bardin (2000) consiste em um conjunto de técnicas de análise de comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens. Este método de análise abrange três etapas principais:

A primeira delas é a pré-análise, no qual complementa a coleta dos dados e sua organização. Ao qual, ambos os TDCs, o primeiro da revista Galileu e o segundo do jornal BBC Brasil, foram identificados pela sigla R, seguidos da numeração cardial: 1 e 2.

Na segunda etapa, a descrição analítica, os dados são submetidos à um tratamento aprofundado das informações contidas nos TDC, norteadas por eixos e categorias que emergem da própria análise, sendo que algumas categorias foram definidas previamente, como a presença delinguagem científica; linguagem coloquial; equívocos conceituais e, presença de termos técnicos.

E por último, a interpretação inferencial, que de acordo com Bardin (2000) visa ir além do conteúdo manifesto dos TDCs, consistindo na reflexão e discussão aprofundada do conteúdo presente nos TDCs. Resultados e Discussão

Constatou-se que o título e subtítulo de ambos os TDCs (R1 e R2) possuem uma similaridade, no qual, expressam que se pode fazer uso de plantas para carregar celular. Entretanto, a revista R1 destaca que a energia é captada pelo processo da fotossíntese, o que não pode ser concluído durante o decorrer do texto, pois não existem explicações suficientemente concretas para considerar tal afirmação.

De acordo com Ivanissevich (2001), estes equívocos podem ser decorrentes da pressão proveniente da mídia a qual busca uma abordagem para a vida da pessoa, ou seja, eles procuram vender sua informação por meio da relevância social do tema, deixando de lado, muitas vezes, a presença de elementos científicos para sustentação de suas afirmações.

Na análise de R1, devido esta ser destinada a um público mais aberto e jovem, percebe-se uma compactação e simplificação do processo de captação de energia a partir da fotossíntese. A reportagem apresenta o uso abundante de gírias como “pegaram pesado”, “entraram em ação” demonstrando que o vocabulário utilizado

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procura propiciar uma linguagem mais familiar ao leitor como citado por Leibruder (2003).

Constatou-se também, que em alguns trechos, o jornalista-divulgador, utiliza de uma linguagem sensacionalista, o que garante, muitas vezes, o interesse do leitor, como evidenciado no trecho: “um artista havia sido preso ao carregar seu celular em uma tomada no metrô”.

Ainda em R1, observa-se que além de apontar sucintamente o processo de produção de energia, a matéria apresenta também o uso de imagens para auxiliar na explicação do processo. Entretanto, tanto na imagem como no decorrer do texto, alguns fragmentos podem levar a uma compreensão equivocada e até errônea quanto a esse processo biológico.

No trecho: “Prótons e elétrons são formados pela própria fotossíntese e pela digestão das bactérias”, entretanto, é notório que, essas formas iônicas já estão presentes no solo e podem ser absorvidos pela planta através da capacidade absortiva das raízes (Ricklefs, 2001). Esse trecho pode ocasionar uma idealização de que esses produtos iônicos (prótons, elétrons e nutrientes) são gerados exclusivamente pela fotossíntese, o que é uma informação equivocada, afinal, muitos desses produtos já estão presentes no próprio solo e na água constituinte dele.

Nota-se também outro equívoco presente em R1 no seguinte excerto: “A ideia é usar os elétrons gerados pela fotossíntese como se fossem um painel solar”. Este trecho induz a informação de que de que todo o produto gerado pela fotossíntese seria usado para proporcionar energia elétrica ao aparelho e dar carga ao celular, mas, questiona-se quanto a sobrevivência do vegetal. De acordo com Ricklefs (2001), parte da produção bruta de energia da planta é utilizada pela mesma para suprir suas necessidades e o resto acumulado, denominado energia primária líquida, está disponível para consumidores sem ser prejudicial a planta, e essa energia líquida que poderia ser utilizada pelo aparelho de obtenção de energia. Verificou-se que em R2, diferente do que foi observado em R1, há uma linguagem mais formal, sem a presença de jargões e com conteúdo científico mais aprofundado bem como aspectos econômicos relacionados ao conteúdo científico.

Nesse sentido, a revista R2 apresenta o processo de desenvolvimento e importância do aparelho, o fato de outros países e outras empresas estarem desenvolvendo projetos semelhantes e a amplitude que essa forma alternativa de energia pode alcançar. É notório também que o autor desenvolveu parágrafos tratando a questão de custos e inclusão no mercado, o que novamente remete a autora Ivanissevich (2001) quanto à influência da mídia nos textos de divulgação científica em sua necessidade da venda de informação.

Diante dessa análise feita acerca de R2, nota-se também que é muito marcante a perspectiva CTS (ciência, tecnologia e sociedade) no decorrer do texto, inter-relacionando explicação científica, planejamento tecnológico e importância social (Santos & Mortimer, 2002). Essa relação possui grande relevância, pois auxilia a desconstrução de ideias acerca da ciência, como sendo algo abstrato, inalcançável e neutra. Além disso, atribui conceitos científicos e tecnológicos ao nosso cotidiano e suas aplicações e importâncias no meio social, aproximando assim o homem da ciência.

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Conclusões

É notória a relevância dos saberes científicos no sentido de abrangerem toda a população, indo além da disseminação dos conhecimentos científicos, que se restringe somente à comunidade científica. Posto isto, reflete-se a importância dos TDCs no processo de divulgar a ciência. Apesar disso, necessita-se exercer constantemente uma vigilância epistemológica quanto aos conteúdos presentes nos TDCs, devido às transposições e mudanças de discurso que ocorrem quando um saber científico passa a ser divulgado. Entretanto, nesse processo de mudança do discurso, além das modificações quanto a linguagem, por vezes, pode acarretar em concepções errôneas ou simplistas do conhecimento científico, podendo ser compreendidas de forma equivocada pelo público-alvo.

Além disso, verifica-se que a fotossíntese é um processo bioquímico complexo e os jornalistas-divulgadores ao tentarem expressar o funcionamento de tal processo, não o explicaram de forma clara e correta. Diante disso, conclui-se que um mesmo tema pode ser abordado sob diferentes enfoques pelas mídias (formal,sensacionalista, etc.) e até serem explicados de formas variadas (tabelas, desenhos, etc.), mas independente destas diferenças, o jornalista-divulgador deve ter o cuidado em transpor os conteúdos a serem apresentados, buscando sempre a veracidade das informações em fontes cientificas confiáveis e ao procurar simplificar a informação para uma linguagem mais coloquial (característica da DC), possibilitar não ocultar informações essenciais a respeito do conteúdo científico.

Por fim, debates e discussões são essenciais acerca da DC, visto que o leitor pode fazer uma análise crítica das informações, principalmente por meio dos TDCs, que este estudo abordou. A partir disso, ver-se-á a necessidade de se compreender que o conhecimento científico passa por uma série de modificações e simplificações, que por vezes, é realizado por um jornalista e não um cientista. Diante disso, pela abrangência que estes TDCs tomaram nos últimos anos, deve-se desenvolver uma postura crítica em relação à maneira que o conhecimento científico é veiculado pelas diferentes mídias.

Agradecimentos

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) entidade do Governo Brasileiro voltada para a formação de recursos humanos. Referências Albagli, S. (1996). Divulgação científica: Informação científica para cidadania, Ciência da Informação, 25, 396-404. Bardin, L. (2000). Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70.

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Flick, U. (2009). Introdução à pesquisa qualitativa. São Paulo: Artmed. Ivanissevich, A. (2001). A divulgação científica na mídia. Ciência e ambiente – divulgação científica 23, 71-77. Leibruder, A.P. (2003). O discurso de divulgação científica. In: Brandão, H.N. (Coord.),Gêneros do discurso na escola (pp. 229-253). São Paulo: Cortez. Ricklefs, R.E. (2001). A economia da natureza. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Rojo, R. (2008). O letramento escolar e os textos da Divulgação Científica – a apropriação dos gêneros de discurso na escola, Linguagem em Discurso, 8, 581-612. Santos, W.L.P. & Mortimer, E. F. (2002). Uma análise de pressupostos teóricos da abordagem C-T-S (Ciência-Tecnologia-Sociedade) no contexto da educação brasileira. Revista Ensaio– pesquisa em educação em ciências 2, 1-23.

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Alternativas para a redução do consumo de energia elétrica nos banheiros femininos dos blocos de sala de aula da Unioeste - Campus Cascavel

Aline Nardelli*¹, Neucir Szinwelski¹, Anahiê Bortoncello Prestes¹, Camila M.T. de Oliveira¹, Camila Vogt dos Santos¹, Maiara Iadwizak Ribeiro¹, Milara Bruna Moi¹,

Simone Poliana Bergmann¹ *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Lâmpadas de LED, sensor de presença, lúmens. Introdução

Após a Revolução Industrial, o impacto das atividades antrópicas sobre o meio ambiente ganhou proporções imensuráveis. Isto, aliado ao aumento populacional humano, vem ocasionando um crescimento exponencial do uso e consequente degradação dos recursos ambientais (Fouto, 2005). As fontes de energia, principalmente as não renováveis, foram e são consideradas vastas. De acordo com esse pensamento, o meio ambiente é um grande e inesgotável reservatório de recursos energéticos. Todavia, a degradação ambiental e a necessidade de mais energia, ressalta a importância do pensar sustentável, e a sustentabilidade envolve a busca de métodos que visem a redução do consumo de energia, sobretudo dentro e com apoio das Instituições de Ensino Superior (IES) (USE, 2016).

Uma alternativa viável na redução do consumo de energia elétrica é a substituição de lâmpadas incandescentes e fluorescentes por lâmpadas de LED. As lâmpadas de LED compreendem uma tecnologia ambientalmente correta, pois necessitam de menos energia e matéria prima em todas as etapas do seu ciclo de vida (fabricação, uso e descarte). Essas lâmpadas não possuem metais tóxicos, como o mercúrio, tornando seu descarte facilitado e reduzindo os riscos à saúde. Além disso, as lâmpadas LED não emitem raios IV ou UV, o que favorece seu uso na iluminação de obras de arte e não agride a pele (Ferreira, 2014). Adicionalmente, lâmpadas LED não possuem filamentos, o que evita que parte da energia elétrica seja convertida em calor, gerando uma economia de mais de 50% de energia em relação às fontes luminosas tradicionais (Novicki, 2008).

Um dos principais obstáculos para a popularização da tecnologia LED ainda é seu alto custo no varejo. Entretanto, estes valores vêm diminuindo muito ao longo dos anos, pois o aprimoramento da tecnologia LED tem reduzido o custo da matéria prima, especialmente os lúmens. Entretanto, apesar das lâmpadas LED serem mais caras do que as fluorescentes e incandescentes, sua vida útil é cerca de 500% maior. Adicionalmente, a frequência em que a lâmpada de LED é ligada e desligada não altera sua vida útil, (Ferreira, 2014), o que viabiliza seu uso concomitante à sensores de presença, reduzindo ainda mais o consumo de energia elétrica em locais com fluxo moderado de pessoas.

O objetivo desse trabalho foi realizar um estudo sobre a viabilidade, em termos de economia financeira, da troca de lâmpadas fluorescentes por LED nos banheiros

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femininos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Campus de Cascavel. Materiais e Métodos

Para avaliar a economia financeira decorrente da troca de lâmpadas

fluorescentes por lâmpadas de LED, foram coletados dados de fluxo de pessoas durante o horário de aulas nos banheiros femininos, por andar, dos blocos de salas de aula da Unioeste. Entre os dias 16 de maio e 30 de junho de 2016, foram estimados o número de pessoas nos banheiros femininos e o tempo em que essas pessoas permaneciam no banheiro. Foram feitas 4 amostras de 5 minutos nos banheiros do primeiro andar, 7 amostras de 5 minutos nos banheiros do segundo andar, e 9 amostras de 5 minutos nos banheiros do terceiro andar.

A partir desses dados, calculou-se o fluxo médio de pessoas por hora e o tempo médio de permanência no banheiro. Estes dados foram usados para calcular o tempo que as lâmpadas ficam acesas e o tempo que os banheiros estão ocupados. Como as lâmpadas dos banheiros ficam ligadas ininterruptamente, sugerimos a utilização de sensores de presença, com temporizador. Dessa forma, as lâmpadas ficariam ligadas somente quando houvesse pessoas no ambiente.

Foi realizada a tomada de preços de lâmpadas de LED e sensores de presença. Estes dados foram usados para calcular o custo e a economia gerada com troca de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de LED e ainda o custo e a economia gerada com a utilização de sensores de presença. O valor da tarifa energética usado foi de R$ 0,60, que corresponde a Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição aplicado pela Copel para classe A4, vigente no momento.

A metodologia para determinar a economia gerada pela troca de lâmpadas fluorescentes por lâmpadas de LED seguiu Ferreira, 2014. Através dos dados de tarifa energética, potência das lâmpadas - indicadas pelo fabricante - e o tempo em que elas permanecem ligadas, foi possível estipular o gasto por dia, por mês e por ano de cada lâmpada. Estes valores foram extrapolados para a quantidade de lâmpadas por banheiro, somados a quantidade total de banheiros femininos. Em seguida foi realizada a análise do tempo em que o investimento é pago através da economia oriunda da substituição das lâmpadas.

Através da coleta de dados foi observado que os sensores de presença poderiam gerar maior economia. O mesmo método foi utilizado para inferir o gasto por dia, por mês e por ano de acordo com o andar, devido a elevada disparidade de tempo médio em que a luz permanece ligada sem a presença de pessoas. Em seguida foi realizada a análise do tempo em que o investimento é pago através da economia gerada pela troca das lâmpadas por LED conjuntamente com os sensores de presença. Resultados e discussão

O fluxo de pessoas variou entre os banheiros femininos do primeiro, segundo e terceiro andares do prédio de salas de aulas da Unioeste. Durante o período de uma

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hora entraram, em média, 30 pessoas nos banheiros do primeiro andar, 26 pessoas nos banheiros segundo andar e três pessoas nos banheiros do terceiro andar. O tempo médio em que as lâmpadas ficaram ligadas, com presença de pessoas, durante o horário de aulas foi de 10h46m, 8h43m, 1h07m, respectivamente.

O valor gasto atualmente com as 28 lâmpadas fluorescentes nos nove banheiros é de R$ 3.783,63 ao ano, e somente através da troca por lâmpadas LED a economia de energia seria de R$ 2.303,08 no ano. O investimento a ser feito para a substituição de todas as lâmpadas fluorescentes por lâmpadas LED nos banheiros é de R$ 825,16, que somado ao consumo energético mensal, corresponde a R$ 948,54 no mês em que houver a troca. Com a troca, têm-se um saldo negativo de R$ 678,28 no primeiro mês, quando comparado ao valor mensal gasto com lâmpadas fluorescentes. Entretanto, a partir do sexto mês, observa-se um saldo mensal positivo de R$ 146,88. Sabendo que os banheiros ficam em média 17h com a luz acesa, a implantação de sensores de presença aumentará o saldo positivo. Considerando a grande discrepância entre os tempos que as luzes dos banheiros estão acesas entre os andares, analisamos estes dados isoladamente. No primeiro andar há quatro banheiros com três lâmpadas cada. Nesse andar o custo mensal com energia elétrica é de R$ 135,13 com o uso de lâmpadas fluorescentes, e esse custo seria reduzido para R$ 34,21 com a implantação de sensores de presença associados às lâmpadas LED. No segundo andar há dois banheiros com três lâmpadas e um banheiro com quatro lâmpadas. O valor atual gasto com energia elétrica é de R$ 112,61, e cairia para R$ 23,33. No terceiro andar há dois banheiros com três lâmpadas, e o gasto com energia elétrica atual de R$ 67,56 diminuiria para R$ 1,56 com a implantação de sensores de presença e lâmpadas LED. O investimento, somado ao consumo energético no mês da troca, corresponderia a R$ 1.036,38, mas, a partir do quinto mês, o valor gasto com energia elétrica passaria a ser de R$ 59,10, para todos os banheiros analisados.

O levantamento de dados contemplando a média de vida útil, de acordo com o fabricante, e o preço das lâmpadas tubulares fluorescentes (utilizadas atualmente nos banheiros) e das lâmpadas tubulares de LED, revelou que estas, apesar de custarem quase três vezes mais, possuem um tempo de vida útil cerca de seis vezes maior. Dentre as vantagens da utilização de lâmpadas LED destaca-se a maior eficiência e custo de manutenção reduzidos em virtude da longa vida útil (Souza & Ferrari 2012). Conforme observado por Ferreira, (2014), o tempo de vida útil da lâmpada de LED é de cerca de 6,25 vezes maior que as lâmpadas fluorescentes. Apesar do custo elevado de implantação, Silva et al., (2015) sugere que devido ao custo benefício da instalação, as lâmpadas LED podem ser substituídas gradualmente, de forma que a economia gerada pode ser usada para as próximas instalações.

As lâmpadas de LED consomem menos da metade do observado para as lâmpadas fluorescentes. Se todas as lâmpadas dos banheiros femininos dos blocos de salas de aula fossem substituídas por lâmpadas de LED, considerando a tarifa de energia atual de R$ 0,60kW/h, em um ano, a economia seria de aproximadamente R$ 2.000,00. Com o uso de sensores de presença a economia aumentaria para aproximadamente R$ 2700,00. Um estudo comparativo entre lâmpadas fluorescentes e de LED, em uma cozinha da Universidade Federal do Paraná, mostrou que as

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lâmpadas LED se tornariam vantajosas em cinco anos (Ferreira, 2014). Esta discrepância se justifica, sobretudo, pelo avanço das tecnologias de produção, e ao barateamento dos lúmens com o passar dos anos. Nesse período, as lâmpadas LED já superariam os gastos da fluorescente em três anos e atualmente esse investimento pode ser pago em um tempo muito menor.

A viabilidade em uso comercial de lâmpadas LED é mais frequente do que o uso residencial (Bley, 2012). Entretanto, foi observado em estudo realizado por Utrila (2015) que de um a 11 meses já é possível pagar o investimento, e que há um retorno econômico devido a longa vida útil do produto. Na universidade, lugar de crítica e pensamento, é fundamental a adoção de medidas sustentáveis, especialmente àquelas que trarão economia em curto espaço de tempo. Se todas as lâmpadas fluorescentes do campus de Cascavel fossem trocadas por LED, a economia, com certeza, seria gritante, e o dinheiro economizado poderia ser utilizado em obras ou projeto fundamentais na Unioeste.

Conclusões

Avaliando alternativas para minimizar o consumo de energia elétrica na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Campus Cascavel, a substituição das lâmpadas fluorescentes convencionais por lâmpadas de LED traz muitas vantagens, visto que estas lâmpadas não possuem gases tóxicos em seu interior, apresentam um longo tempo de vida útil e consomem cerca de 50% menos energia do que as lâmpadas utilizadas atualmente. Seu uso concomitante a sensores de presença demonstrou resultados ainda mais positivos, reduzindo o consumo em até cinco vezes. Portanto, embora o custo de investimento inicial ainda seja relativamente alto, em pouco tempo (cerca de quatro meses), a economia se torna evidente. E considerando a necessidade de alternativas mais sustentáveis, que minimizem os danos ao meio ambiente, o uso de lâmpadas de LED pode ser considerado ambientalmente correto. Adicionalmente, este estudo permite a reflexão sobre o custo benefício de substituição de lâmpadas em outros setores, além de buscar outras alternativas que possam trazer benefícios econômicos bem como ambientais para a universidade.

Agradecimentos

À Unioeste por possibilitar a realização da pesquisa. Referências Bley, F.B. (2012). LEDs versus Lâmpadas Convencionais: Viabilizando a troca. Revista Online Especialize – Ipog. Ferreira, J.Z. (2014). Estudo comparativo entre lâmpadas fluorescentes tubulares T8 e tubulares de LED. Monografia de Especialização, Programa de Pós Graduação em Construções sustentáveis, Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

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Fouto, A.R.F. (2002). O papel das universidades rumo ao desenvolvimento sustentável: das relações internacionais às práticas locais. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós Graduação em Gestão e Políticas Ambientais Relações Internacionais do Ambiente, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Novicki, J.M. & Martinez, R. (2008). LEDS para iluminação pública. http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/Ilumina%E7%E3o%20P%FAblica/Pesquisa/leds_para_iluminacao_publica.pdf. Acesso em 10 de julho de 2016. Silva, A.L., Silva, C.G., Silva, J.H.R., Silva, W.L. & Costa, M.M.S. (2015). Viabilidade da transição fluorescente para led para o IFCE – Campus Cedro. In: Anais do XI Congresso Nacional de Excelência em Gestão, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Souza, T.C. & Ferrari, L.C.B. (2012). Análise econômica da substituição de lâmpadas fluorescentes por tecnologia led em uma empresa de manutenção de máquinas. In: Anais do XXXII Encontro Nacional de Engenharia de produção. Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul, Brasil. USE – Uso Sustentável da Energia: Manual de Economia de Energia. http://www.pucrs.br/biblioteca/manualuse.pdf. Acesso em 10 de julho de 2016. Utrila, D.P.M.O. & Ferreira, V.R. (2015). Sustentabilidade: viabilidade econômica na utilização de iluminação Led para o consumidor. In: Anais da Semana de Estudos Contábeis e de Administração, Paranavaí, Paraná, Brasil.

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Aulas teórico-práticas de biologia celular para alunos do ensino fundamental de um colégio da zona rural de Cascavel-PR: um relato de experiência

Edilene Carolina Zanotto*1, Luciana Milena de Vergines1, Stéfani Fernanda Debiase1

Juliana Moreira Prudente de Oliveira1

*email: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Ensino, Aprendizagem, Célula. Introdução

A aprendizagem do conteúdo de ciências/biologia muitas vezes acaba se

tornando demasiadamente cansativa, sendo as aulas expositivas as mais utilizadas pelos docentes e isso faz com que os discentes percam o interesse na matéria. Krasilchik (2008) afirma que a forma como o professor trabalha o conteúdo pode torná-lo atraente ou insignificante.

Nesse sentido, a inserção de aulas teórico-práticas pode despertar maior interesse dos alunos, contribuindo para uma melhor compreensão do conteúdo. Visto que, no ensino de ciências/biologia, é fundamental que o aluno consiga relacionar o conhecimento trabalhado em sala de aula com o seu dia a dia, este tipo de aula permite isso, ao se realizar associação entre teoria e prática (Reginaldo et al., 2012). Muitos especialistas afirmam que a troca do verbalismo por atividades mais experimentais é de suma importância e alcança maiores resultados (Keller et al., 2011).

Porém, não é somente a realização de experiências, e sim uma reflexão, uma nova maneira de pensar o mundo. Fazer com que essas práticas estimulem algo novo no aluno como a observação do mundo ao seu redor, a experimentação de como isso ou aquilo ocorre, pode despertar neles a vontade de saber o porquê das coisas (Moco, 2010).

Partindo destes pressupostos, neste trabalho objetiva-se relatar e analisar a implementação de um projeto cujo propósito foi realizar aulas teórico-práticas de ciências e verificar o interesse e a participação dos alunos.

Materiais e Métodos

O projeto que originou este trabalho foi desenvolvido por três acadêmicas, em

duas disciplinas didático-pedagógicas do curso de Ciências Biológicas-Licenciatura da Unioeste do 2º e 3º ano. Esta atividade das disciplinas visa à inserção dos acadêmicos na realidade escolar em outros momentos do curso e não somente no estágio supervisionado. Essa inserção no ambiente escolar é de extrema importância, pois permite vivenciar a realidade onde serão profissionais futuramente (Reginaldo et al., 2012), ao longo do curso.

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A implementação envolveu 34 alunos do ensino fundamental, de duas turmas do7° ano (matutina e vespertina) de um colégio estadual da zona rural do município de Cascavel-Paraná. As atividades realizadas tiveram a duração de duas horas/aulas para cada turma e os seguintes encaminhamentos:

Introdução da aula: apresentação dos discentes e de algumas noções acerca de como se comportar no laboratório, normas e manuseio do microscópio. Nesse início da aula destacou-se a importância dos diferentes tipos de microscópio, de luz e eletrônico, explicando suas diversas aplicações e histórico. Falou-se também sobre o cuidado ao manusear o microscópio, devido ao seu alto valor e a dificuldade de comprar um equipamento como esse.

Introdução ao conteúdo de célula baseado no livro de Brancalhão (2010) “Biologia Celular Básica técnica e atlas”: para falar sobre as organelas foram distribuídos desenhos esquemáticos delas para os alunos e solicitou-se que imaginassem uma célula, destacando quais organelas deveriam estar presentes.

Observações de lâminas no microscópio: foram realizadas duas atividades, sendo a primeira, a produção de uma lâmina de mucosa oral e observação da célula do catafilo da cebola (lâmina fixada). Para observar as células da mucosa oral, a sala foi dividida em três grupos. Cada grupo foi orientado por uma acadêmica. Nos seus respectivos grupos foi demonstrado como se produzia uma lâmina para observação da célula da mucosa oral (mucosa oral de cada acadêmica), conforme orientações de Brancalhão (2010). Cada acadêmica raspou a mucosa bucal com o auxílio de uma espátula de madeira. Com o material colhido, foi feito um esfregaço fino e transparente sobre uma lâmina seca. Depois, deixou-se a lâmina secar movimentando-a no ar. O material foi corado com azul de metileno durante cinco minutos. Cobriu-se com lamínula e os alunos observaram ao microscópio com objetivas de 10x e 40x. A lâmina do catafilo da cebola estava pronta, porém também se relatou como foi produzida. Após, discutiu-se as diferenças vistas ao microscópio e nas imagens de livros.

Para finalizar foi entregue um questionário aos alunos, com questões sobre como tinha sido a experiência de observar no microscópio, se a atividade tinha colaborado para a compreensão do conteúdo, se as acadêmicas tinham se expressado de forma coerente, o que mais tinham gostado, entre outros assuntos.

A análise dos dados foi realizada de forma qualitativa, que segundo Vaini et al. (2013) é rica em detalhes e características importantes para contextualizar a realidade que é complexa.

Resultados e Discussão

No início da implementação observou-se que ao relatar que a aula seria no laboratório, os alunos ficaram muito empolgados, pois mencionaram nunca ter ido ao local. Porém, com medo do mau comportamento dos alunos, o professor achou melhor realizar as práticas em sala. Da mesma forma, quando observaram as lâminas (cada grupo observou a lâmina que a acadêmica responsável elaborou) todos ficaram impressionados.

Destaca-se que havia dois microscópios no colégio, mas nunca tinham sido utilizados com as turmas em questão. Segundo Reginaldo et al.(2012) a formação dos

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professores de ciências interfere diretamente na realização ou não de atividades práticas. E, nesse caso, pode-se inferir que talvez o despreparo do professor possa ser o motivo, já que elencou como barreira o temor em relação à indisciplina, o que não observamos. Claro, que éramos pessoas externas ao colégio, o que acabou empolgando mais os alunos, porém, se as aulas práticas se tornarem rotina, os alunos poderão aprender a se comportar no laboratório de forma segura e responsável.

Durante todo o tempo da aula, os alunos foram questionados sobre os assuntos, o que gerou bastante interação e participação. Ao discutir as organelas as acadêmicas as associaram ao cotidiano dos alunos, por exemplo, comparando o citoesqueleto coma coluna de uma casa, pois dá forma e suporte para a estrutura da célula, entre outros exemplos. Corroborando assim com o que Krasilchik (2008) afirma, pois para ela o ensino de Ciências se torna demasiadamente cansativo quando não se relaciona com o dia a dia dos alunos. Antes de tecer essas relações os alunos aparentavam não entender o que se estava discutindo, mas após isso passaram a interagir, demonstrando que estavam interessados e conseguindo compreender.

Quando visualizaram no microscópio, foi possível discutir as diferenças vistas neste equipamento e nas imagens comumente observados em livros. Também foi possível abordar a diferença entre a célula vegetal e animal, que antes era definida pelos alunos apenas pela cor, mas após eles conseguiram diferenciá-las. Dessa forma, contribuiu-se para o processo de ensino e aprendizagem dos alunos, uma vez que as aulas teórico-práticas permitiram um momento de discussão e reflexão. Esse resultado ficou ainda mais perceptível ao serem analisadas as questões do questionário, as quais apontaram os dados sistematizados e apresentados nas figuras 1, 2, 3 e 4:

Figuras 1 e 2. Respostas dos alunos às questões acerca da contribuição das atividades para o aprendizado.

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Figuras 3 e 4. Respostas dos alunos às questões acerca da realização de atividades práticas.

As respostas às questões um e dois mostram que a maioria dos alunos afirmou

que as atividades práticas contribuíram para a aprendizagem, visto que possibilitou melhor compreensão do conteúdo. A questão três evidencia que quase todos nunca tinham feito observações no microscópio. Percebe-se a falha do professor, uma vez que a escola possui laboratório amplo e equipado. Para Vasconcelos et al. (2002, p. 1) “a formação científica de nossos futuros professores tem deixado muito a desejar”, mas verifica-se que há lacunas em todas as formações, por isso deve ser entendida como um processo. E, uma vez identificadas as fragilidades é necessário buscar superá-las.

Pode-se perceber que todos os alunos ficaram empolgados com a atividade e a maioria afirmou que “aprenderam mais”. Segundo Leite et al. (2005, p. 177) “[...] as aulas práticas no laboratório não são apenas uma forma de constatar a teoria explicada na sala de aula pelo professor”, mas deve-se buscar que o aluno discuta, reflita, analise e compreenda, e não que somente manipule corretamente os instrumentos utilizados em aula.

Conclusões

Constatou-se que as aulas práticas são extremamente almejadas pelos alunos.

E, quando são trabalhadas de forma relacionada à teoria, o interesse deles pode ser vantajoso ao docente culminando em construção de conhecimento pelo aluno. Desta forma, as aulas teórico-práticas podem contribuir para uma aprendizagem mais significativa.

Não desconsiderando que existem diversas barreiras para a implementação deste tipo de aula na escola, é imprescindível que os professores não desistam de realizar aulas nesse formato, tendo em vista os resultados que poderão ser alcançados. Portanto, é necessário dar condições aos professores para a realização das atividades práticas nas escolas, valorizando o potencial individual de cada docente e discente.

0

5

10

15

20

Sim, pois é muitolegal

Sim, poisaprendemos mais

Questão 4: você gostaria de ter mais atividades práticas? Por

quê?

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Utilização de jogos didáticos na classificação de animais vertebrados no ensino de ciências: uma experiência nos anos iniciais

Luana de Abreu Lemos*1, Debora Grando1, Juliana Moreira Prudente de Oliveira1

*e-mail: [email protected] 1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Lúdico, Recursos Didáticos, Ensino de Zoologia. Introdução

Sabendo que os animais estão presentes em nosso cotidiano e interagimos

com eles de diversas formas, é necessário conhecê-los melhor. Conteúdos relacionados ao ensino de zoologia estão presentes desde o início da escolarização. Porém, como torná-los mais compreensíveis aos alunos é um desafio constante.

O ensino de ciências e biologia apresenta diversos conteúdos abstratos e nem sempre de fácil compreensão. Diante dessa situação, muitos professores passaram a desenvolver materiais pedagógicos alternativos, utilizando recursos simples, que proporcionassem aulas motivadoras ao aprendizado. Visando com isso, que os alunos solucionem problemas, apresentando não só argumentos advindos de suas próprias experiências, mas principalmente do meio científico.

Nesse contexto, os jogos apresentam grande papel, por proporcionarem aos alunos desenvolverem tais capacidades através de uma experiência lúdica, divertida e que possibilita relacionar o conteúdo realidade, ainda que de forma virtual.

É visível a responsabilidade dos professores com o conteúdo proposto pela disciplina, porém, nem sempre os alunos apresentam interesse, fazendo com que muitos profissionais se sintam desmotivados. Contudo, a utilização de jogos didáticos pode atrair os alunos, envolvendo os mesmos de forma prazerosa, promovendo ao mesmo tempo socialização entre eles (Menegazzi, 2003; Silva et al., 2014), além de incentivar a imaginação, criatividade e as percepções do contexto ao seu redor (Silva et al., 2014).

A utilização de jogos didáticos é uma estratégia interessante, pois proporciona aos alunos preencherem as lacunas que podem ocorrer durante o processo de aprendizagem. O uso deste recurso proporciona um aspecto lúdico, sem deixar de ter objetivos pedagógicos específicos. Configura-se como uma alternativa para os docentes na busca por um melhor desempenho dos alunos em determinados conteúdos, pois, permite que eles relacionem seus conhecimentos prévios aos novos conhecimentos apresentados pelos professores, proporcionando entusiasmo e motivação durante as aulas, gerando resultados significativos de aprendizagem (Campos et al., 2003).

Os jogos são extremamente importantes no processo de aprendizagem, pois rompe eventuais bloqueios criados pelos alunos, quando temem e sentem-se incapacitados compreender certos conceitos. Para isso, é essencial que os

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professores tenham domínio do assunto e busquem jogos que de fato explorem o conteúdo abordado, não apenas suscitem diversão (Ferreira, 2006).

Diante desses pressupostos, elaboramos uma proposta que objetivava trabalhar com jogos didáticos junto aos alunos de terceiros anos do ensino fundamental, mais especificamente em relação à classificação de animais vertebrados.

Materiais e Métodos

A implementação da proposta de trabalho ocorreu em uma turma de 3° ano do

Ensino Fundamental na rede pública de Cascavel-PR, estando presentes 19 alunos. Teve duração de aproximadamente 3 horas/aulas e utilizamos recursos diversos como: imagens impressas, multimídia e os jogos, os quais foram confeccionados tendo como base modelos já publicados e também de própria autoria.

Para iniciar o trabalho, o tema foi introduzido por meio de uma discussão, na qual questionamos os motivos da ciência classificar os animais. Em seguida, com o auxílio do multimídia, foram discutidas as características básicas que agrupam os animais vertebrados nos respectivos grupos. Ressalta que pelo fato de esse conteúdo estar presente no Currículo Municipal de Cascavel somente como introdução básica para 3° ano, tendo uma complementação durante o 4° ano, discutiu-se então, apenas as principais características de cada grupo animal, associando ao conhecimento prévio dos alunos, visto que a professora de ensino regular já havia trabalhado esse conteúdo com eles. Porém, ela destacou que seria importante uma atividade complementar, uma vez que havia trabalhado apenas de forma teórica e os alunos ainda apresentavam muitas dúvidas.

Após ampla discussão e esclarecimentos de dúvidas fez-se possível a aplicação dos jogos com os alunos. Sendo estes confeccionados anteriormente pelas acadêmicas L.A. Lemos e D. Grando, utilizando imagens coloridas impressas, recortes de figuras de livros e revistas, cartolina, cola branca, tesoura, e papel auto-adesivo (Con-Tact®). Utilizamos os seguintes jogos:

1- Agrupando os animais: s alunos foram divididos em grupos, os quais receberam um kit de imagens de animais vertebrados variados (cachorro, gato, cavalo, elefante, tigre, galinha, pato, tucano, sapo, salamandra, jacaré, cobra, tartaruga, tubarão, golfinho, etc.); em seguida solicitou-se que agrupassem os animais de acordo com as características abordadas anteriormente;

2- Jogo de bichos: Formado por 3 conjuntos de 10 (30 no total), sendo que cada uma apresenta de um lado uma figura e do outro uma informação referente a um dos cinco grupos de animais; um aluno embaralhou as peças e distribuiu 5 delas para cada um do grupo; o restante das peças permaneceu para “compra”; e por sorteio eles decidiram quem começaria o jogo. O jogo seguiu com a formação dos pares, ou seja, cada ave, por exemplo, deveria parear com um aspecto referente ao grupo das aves conforme o proposto por Nascimento et al., (2015);

3- Trilha dos vertebrados: Em duplas, e trios, os alunos jogaram o dado e com os pinos andaram pelas casas de acordo com o número sorteado pelo dado, seguindo

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as regras escritas no tabuleiro; o jogo acabava quando o primeiro aluno cruzasse a chegada (Ensino Fundamental 1: Jogos-Ciências, 2016);

Após os jogos serem executados, foi distribuída aos alunos uma atividade contento uma tabela com três colunas: a primeira coluna trazia os nomes de cada grupo; a segunda as características abordadas durante as atividades, com lacunas nas quais deveriam ser preenchidas; e a terceira apresentava um espaço em branco, no qual os alunos deveriam recortar as figuras entregues e colar no local correspondente o.

Ressalta-se que foi utilizada a abordagem qualitativa que segundo Minayo (2002) “responde a questões muito particulares”, nas quais predomina a descrição e interpretação.

Resultados e Discussão

Em todos os jogos propostos observa que houve atenção e motivação dos

alunos na execução das atividades, eles se envolveram, questionando e interagindo com os colegas e com os mediadores, potencialidades já mencionadas por Silva et al. (2014) e Campos et al. (2003).

Em relação à tabela que preencheram no final, do total de 19 alunos, 17 completaram corretamente a categoria PEIXES. As categorias ANFÍBIOS e RÉPTEIS foram respondidas de forma correta por 14 dos 19 alunos. Quanto às AVES, 11 alunos completaram corretamente a tabela. Já na categoria dos MAMÍFEROS 16 alunos acertaram. No aspecto geral do preenchimento, 7 dos 19 alunos completaram a tabela inteira corretamente. Em relação às figuras, todos os alunos colaram o representante corretamente na tabela.

Visualiza que os conteúdos, muitas vezes abstratos, ficaram muito mais fáceis de serem compreendidos quando relacionados às figuras. Foi possível observar também que há um interesse maior das crianças por aqueles animais que já conhecem nesse caso peixes e mamíferos, os mais destacados. Embora, as aves (menor número de acertos) estejam presentes no dia a dia ainda que sejam alunos do meio urbano, percebe que eles não têm o hábito de observá-las. Em relação aos anfíbios e répteis há certa aversão dos alunos, o que os afasta um pouco do conteúdo.

Também podes destacar o fato de que alguns termos foram trabalhados pela primeira e/ou segunda vez, o que gera certo estranhamento por parte deles. Por isso, a necessidade de um currículo em espiral que vá retomando e aprofundando os conceitos científicos.

Ao final de todas as atividades realizadas percebe-se que os alunos gostariam de passar mais tempo realizando os jogos e tendo suas dúvidas esclarecidas. Assim como abordado por Menegazzi (2003), a utilização dos jogos didáticos gera motivação e fascínio aos alunos, os envolvendo e proporcionando aprendizado de maneira prazerosa, o que foi perceptível nesta atividade. Durante a saída dos alunos do Laboratório de Ciências (onde foram realizadas as atividades) ouviu-se frases como: “Já é hora do recreio?” “Ah, eu queria ficar mais aqui...” Deixando claro que eles se envolveram e gostaram das atividades realizadas.

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Conclusões As discussões ocorridas durante a implementação do trabalho foram de suma

importância para os alunos, assim como a realização dos jogos didáticos. Após as atividades foi evidente o entusiasmo e o anseio dos alunos por mais aulas nesse formato. Em relação aos erros e os acertos, considera que o ensino é processual, logo uma atividade pontual não poderia suprir todas as necessidades dos alunos, mas evidenciou dificuldades que devem ser retomadas em outros momentos.

Os jogos didáticos foram recursos importantes para promover um aprendizado com participação ativa dos alunos, motivando interação e diversão aliadas ao trabalho com o conhecimento científico. Destacamos sta foi uma experiência valiosa para as acadêmicas L.A. Lemos e D. Grando que vivenciaram de perto um pouco do cotidiano da escola, permitindo reflexões contundentes à sua formação e a aproximação entre universidade e escola de educação básica.

Referências Campos, L.M.L.; Bortoloto, T.M. & Felício, A.K.C. (2003). A produção de jogos didáticos para o ensino de ciências e biologia: uma proposta para favorecer a aprendizagem. Cadernos dos Núcleos de Ensino, (pp. 35–48), http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2002/aproducaodejogos.pdf. Acesso em: 07 de Junho de 2016. Ensino Fundamental 1: Jogos-Ciências. (2016). https://ensfundamental1. wordpress.com/407-2/jogos-ciencias/. Acesso em: 13 de Maio de 2016. Ferreira, H.S. (2006). As lutas na educação física e escolar. Revista de Educação Física 1, 36-44. Nascimento, M.L.; Batista, D.E..; Souza, P.C.N. & Camarotti, M.F. (2015). Estratégias docentes no ensino de ciências: Inovação e aprendizagem a partir do uso de atividades lúdicas. In: Anais 2o Congresso Nacional de Educação, Campina Grande, Paraíba, Brasil. Minayo, M.C.S. (2002). Pesquisa social: teoria método e criatividade. Petrópolis: Vozes. Menegazzi, C.S. (2003). O professor e o ensino de ciências no Jardim Zoológico. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e inclusão social. Universidade Federal de Minas Gerais. Silva, T.R.; Medeiros, T.J. & Aranha, E.H.S. (2014). Jogos digitais para ensino e aprendizagem de programação: uma revisão sistemática de literatura. In Anais do XXV Simpósio Brasileiro de Informática na Educação, Natal, Rio Grande do Norte, Brasil.

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Capítulo 5

FISIOLOGIA

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Relações entre nutrientes ingeridos pela lactante e a qualidade de seu leite materno

Emanoelly Mariana da Cruz1, Eanangeli Fernanda Acksenen1, Maristela Jorge

Padoin1, Helaine Maruska Vieira da Silva1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Aleitamento materno, alimentação, controle de qualidade.

Introdução

O leite materno é formado por cerca de 87% de água e 13% por uma poderosa

combinação de elementos, fundamentais para o crescimento e desenvolvimento da criança como gordura, minerais, vitaminas, enzimas e imunoglobulinas (Silva & Gioielli, 2009). Portanto, tem sido a principal fonte disponível de nutrientes das lactentes. Segundo Andrade (1981) e Rezende & Montenegro (2005), dentre os benefícios trazidos pela prática da amamentação, podemos citar: prevenção contra doenças infecciosas e diarreicas, proteção contra alergias, favorecimento no crescimento e desenvolvimento intelectual, entre outros, além de intensificar as relações da mãe com o neonato. Por esses motivos a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento exclusivamente até os 6 primeiros meses de vida e mantendo até os 2 anos de idade. O leite materno é, indiscutivelmente, a melhor e mais adequada fonte de nutrientes e fatores de proteção para o lactente durante o seu primeiro ano de vida (Vitolo, 2008). Por isso, são muitas as preocupações das mulheres com a alimentação durante esse período. Sem dúvida, uma alimentação adequada na gestação e amamentação é de extrema importância à saúde do bebê e da mãe. Após o nascimento, a mulher que amamenta seu bebê, torna-se uma nutriz, e precisa seguir orientações fundamentais para que o aleitamento materno transcorra com tranquilidade e qualidade pelo menos até os 6 meses de vida da criança, assim o objetivo deste trabalho foi verificar possíveis relações entre o tipo de nutrientes ingeridos pela mãe com a qualidade do leite materno.

Contudo, o objetivo deste estudo foi verificar possíveis relações entre o perfil alimentar da nutriz com a qualidade do leite materno oferecido pela mesma a um Banco de Leite Humano (BLH). Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo quanti-qualitativo transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos – CEP da Unioeste (Parecer nº 1254881). Foi aplicado um questionário de anamnese das nutrizes e inquérito alimentar recordatório de 24 horas (IR24) para estabelecer o perfil do consumo alimentar. O estado nutricional foi classificado com base no Índice de Massa Corporal (IMC). A partir dos dados obtidos pelo IR24 foi realizada análise dos valores do consumo

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energético e de macro e micronutrientes utilizando AVANUTRI® versão 3.1.1. Os resultados foram comparados aos valores de referências estabelecidos pelo Institute of Medicine para a ingestão dietética diária recomendada. O leite humano doado foi avaliado através de dois testes físico-químicos, acidez titulável pelo método de Dornic e crematócrito, para qualificação do leite em aceitável para consumo (abaixo de 8◦Dornic) e para obtenção do teor de gordura e valor calórico, respectivamente. A análise de normalidade foi realizada por meio do teste de Shapiro Wilk utilizando coeficiente de correlação de Pearson ou Spearman dependendo da distribuição dos dados. O nível de significância adotado foi p<0,05. Resultados e Discussão

Participaram do estudo 21 nutrizes cadastradas no BLH que doaram leite no período de setembro a novembro de 2015. As nutrizes apresentaram idade média de 29 anos. Do total, 07 doadoras (35%) estavam com IMC acima do peso normal, 1 abaixo do peso e 13 eutróficas. Em termos de valor calórico total a ingestão proteica (15,74%±0,87) (média em ± EPM), lipídica (25,63%±1,58) e de carboidratos (58,61%±1,86) foram consideradas adequadas. Ao avaliar o perfil lipídico ingerido pelas nutrizes foram observados um consumo de colesterol (203,7mg±25,3) e de gorduras saturadas (20,47g±3,9) no limite máximo recomendado. O consumo de micronutrientes foi considerado abaixo do recomendado para as vitaminas A (376RE±77), D (1,09µg±0,26), B1 (0,85mg±0,13), B2 (0,84mg±0,08), B5 (2,33mg±0,26), B9 (57,7µg±7) e E (6,3mg±1,3), as vitaminas B3 (14,1mg±1,12), B6 (0,86mg±0,08), B12 (2,77µg±0,56) e C (767mg±57) alcançaram os valores recomendados para ingestão diária. Quanto aos minerais: Ca (572,4mg±82), Mg (132mg±13,5), Cu (0,37µg±0,04), I (9µg±4), Mn (1,6mg±0,27), K (1202mg±81,6) e Na (1238mg±142) ficaram abaixo das recomendações e Fe (58,06mg±46,8), Zn (8,15mg±1,36) e Se (55,3µg±14) alcançaram as recomendações diárias. Em relação à qualidade do leite materno, todas as amostras foram consideradas desejáveis, com acidez entre 3,15 a 7,7º D (5,26±0,32) e teor de gordura 0,86 a 4,78g% (2,43±0,23). Ao realizar análise estatística foi observada correlação entre acidez do leite materno e consumo de vitamina E (r= 0,4658), vitamina D (r=0,5101), gordura poliinsaturada (r=0,5265) e do iodo (r=0,6258).

Figura 1: Relação entre a acidez do LH e a ingestão de gordura polinsaturada.

0 2 4 6 8 100

5

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Acidez

Go

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(g)

Figura 2: Relação entre a acidez do LH e a ingestão de vitamina E.

0 2 4 6 8 100

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Acidez

Vit

am

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)

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Acidez

Vit

am

ina D

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5

Conclusões

Os dados mostraram que em relação aos macronutrientes não houve relação direta da porcentagem de consumo de cada um com os dados que foram analisados. Em relação aos micronutrientes, evidenciou-se que a diminuição da ingesta de vitamina E e D, e do mineral I, demonstrou relação com o nível de acidez do leite materno, bem como a ingesta aumentada de gordura poliinsaturada. Agradecimentos

Agradeço ao Banco de Leite do Hospital Universitário de Cascavel, PR. Referências Almeida, J.A.G., Guimarães, V., Novak, F.R. (2005). Normas e Técnicas Rede BLH-BR para Bancos de Leite Humano: Determinação de Acidez Titulável – Método Dornic. http://www.redeblh.fiocruz.br/media/seleclas.pdf. Acesso em 23 de setembro de 2016. Bueno, L. & Czepielewski, M.A. (2010). O recordatório de 24 horas como instrumento na avaliação do consumo alimentar de cálcio, fósforo e vitamina D em crianças e adolescentes de baixa estatura. Revista de Nutrição 23, 65-73. Escobar, A.M.U., Ogawa, A.R., Hiratsuka, M., kawashitak, M.Y., Teruya, P.Y., Grisi, S. & Tomikawa, S. (2002). O aleitamento materno e condições socioeconômico-culturais: fatores que levam ao desmame precoce. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil 2, 253-261. Hosoi, A.T. & Abreu, S.M. (2006). Hábitos alimentares de nutrizes. Revista de Enfermagem UNISA 7, 5-8.

Figura 4: Relação entre a acidez do LH e a ingestão de iodo.

0 2 4 6 8 100

5

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25

Acidez

Iod

o

(mcg

)

Figura 3: Relação entre a acidez do LH e a ingestão de vitamina D.

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Institute of Medicine (1998). Dietary Reference Intakes for Thiamin, Riboflavin, Niacin, Vitamin B6, Folate, Vitamin B12, Pantothenic Acid, Biotin, and Choline. Washington: National Academy Press. Institute of Medicine (2000). Dietary Reference Intakes for Vitamin C, Vitamin E, Selenium, and Carotenoids. Washington: National Academy Press. Rezende, J., Montenegro, C.A.B. (2005). Mamas. Lactação. In Rezende, J. (Organizador). Obstetrícia. (pp. 400-403). Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.

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Capítulo 6

GENÉTICA

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130 Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste

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Desembaralhando o sistema ABO

Natani Ribeiro Demarco*1, Leyr Sevioli Sanches Rodrigues2, Luciana Paula Grégio d’Arce Rodrigues1

*e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Palavras-chave: Jogo, Genética, Educação. Introdução

Pesquisas demonstraram que no ensino de Biologia os estudantes da etapa

final de ensino básico têm dificuldade na construção de pensamentos biológicos, confundem conceitos e apresentam conhecimentos pouco definidos sobre temas importantes (Cabeller & Jiménez, 1993; Giordan & Vecchi, 1996; Pedrancini et al., 2007). Talvez isso ocorra porque o ensino de Biologia, não raramente, enfatiza apenas as compreensões de linguagens, conceitos e métodos de trabalho, não dando muita ênfase ao entendimento dos fenômenos biológicos propriamente ditos e as vivências práticas desses conhecimentos. Devido a isso, a ciência é pouco utilizada como instrumento para interpretar a realidade ou para nela intervir e os conhecimentos acabam sendo abordados fora de contexto (PCNEM, 2002).

O ensino dos conteúdos de Genética, em geral, é quase sempre atrelado à resolução de exercícios. Exemplificando essa situação, há uma pesquisa realizada por Nunes et al. (2006) em que mostraram que em uma aula do Ensino Médio, o conteúdo de mecanismos de herança mendeliana foi ensinado pelo docente com o uso restrito ao quadro. Para mudar esse cenário, torna-se necessário que o professor tenha a sua disposição outras ferramentas que viabilizem o ensino destes conteúdos.

Na visão de (Krasilchik, 2008) “O ensino prático é componente essencial na formação de professores de ciências que devem aprender a lidar com equipamento mais elaborado e também improvisar quando as escolas não dispuserem de materiais” É nesse sentido que a utilização de jogos didáticos pode suprir a necessidade e a ausência de laboratórios nas escolas públicas. Nesse contexto a elaboração de um jogo visa desmistificar e assim facilitar a compreensão dos alunos sobre a forma de transmissão da herança do sistema sanguíneo ABO. Materiais e Métodos

A metodologia escolhida para este trabalho foi a elaboração de um jogo de

cartas que abordasse o tema sobre os Sistemas ABO: sua constituição genotípica, seu tipo de herança genética e sua transmissão ao longo das gerações.

Foi utilizado para a elaboração do jogo um baralho comum do qual foram separadas trinta e seis cartas. Estas foram separadas da seguinte forma: oito cartas

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para o alelo IA, oito cartas para o alelo IB, oito cartas para o alelo IO, oito cartas para a aglutinina Anti-A e oito cartas para a aglutinina Anti-B.

Com o auxílio de um programa de edição de imagens foram feitas cartas específicas para o jogo como demonstrado (Figura 1).

Figura 1. Cartas confeccionadas para o jogo, respectivamente, representando os alelos IA, IB, IO, Aglutinina anti-A e Aglutinina anti-B.

Podem jogar de dois a quatro participantes ou de duas a quatro equipes por partida. Inicialmente, as cartas do baralho devem ser separadas, de modo que haja predefinição de quais representarão as aglutininas (Anti-A e Anti-B), assim como qual representará cada alelo (IA, IB e IO). Cada jogador recebe cinco cartas no início da partida, o restante das cartas deverá ser colocado no centro da mesa para formar o monte de compra. Após sorteio ou "dois ou um", define-se quem iniciará o jogo, o qual transcorrerá em sentido horário. Por exemplo, se determinado que "dama" (Q) seja IA, "valete" (J) seja IB e "rei (K) seja IO, "as" (A) seja Anti-A e "dois" (2) seja Anti-B (cabe ao professor anotar nas cartas, logo abaixo do número, ou escolher se somente vai anotar no quadro).

O primeiro jogador deverá colocar na mesa uma carta com um dos alelos (Q, J ou K). Em seguida o segundo jogador deverá jogar na mesa também um alelo (Q, J ou K), que complete o genótipo. Caso ele não tenha uma carta correspondente a um alelo, ele deverá comprar no monte, até encontrar uma.

Na sequência, terceiro jogador analisará o genótipo formado, chegará à conclusão de a qual fenótipo corresponde, qual aglutinogênio (conceituar previamente que aglutinogênio é sinônimo de antígenos e localiza-se na membrana das hemácias) foi formado e deverá encontrar a carta com a aglutinina (conceituar previamente que aglutinina é sinônimo de anticorpos e localiza-se no plasma) correspondente. Se ele não tiver a carta, também compra no monte até encontrar. Encontrando, ele pega as cartas de alelos e de aglutinina, e faz seu monte pessoal. E assim, sucessivamente.

Sempre que um jogador não tiver a carta necessária (correspondentes a alelos ou aglutininas) ele deverá comprar do monte. Se o fenótipo formado for “O”, não há aglutinina. Nesse caso, as cartas permanecem na mesa e o próximo jogador tem a vez. Se for “AB”, o jogador deverá ter ambas as aglutininas (A e B). Caso não tenha uma delas ou ambas, deverá comprar do monte. Caso acabem as cartas do monte,

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os jogadores, caso não tenham as cartas necessárias dentro da rodada, ficarão sem jogar.

Finaliza-se o jogo acaba quando um dos jogadores conseguir ficar sem cartas na mão ou quando não há mais condições de formar genótipos ou ainda, quando não houver mais anticorpos. Ganha quem acabar primeiro as cartas da mão. Se não for esse o caso, ganha quem tiver o maior monte, após descontar-se a quantidade de cartas da mão.

Antes de o jogo iniciar é importante que o professor já tenha abordado em sala o tema proposto, de modo a ter conceituado e contextualizado o assunto. O professor deverá ficar atento e intervir quando necessário para dirimir qualquer dúvida que surja durante as partidas.

Resultados e Discussão

O presente trabalho resultou na criação do jogo “Desembaralhando o Sistema ABO”.

O material utilizado é fácil de ser adquirido ou confeccionado, tendo um baixo custo. O jogo é de fácil aplicabilidade, podendo-se trabalhar com vários grupos por sala. O número de alunos por grupo também pode ser adaptável. Entretanto, não se recomenda que os grupos sejam muito grandes, para que todos os alunos possam opinar nas respostas e não haja dispersão da concentração.

Segundo Almeida (1981), o jogo é uma ferramenta didática importante, pois, muito mais que um passatempo, é uma maneira de promover a assimilação do conteúdo e auxiliar na formação da personalidade dos alunos.

O jogo proposto ajuda o aluno a entender como é feita a tipagem sanguínea, não precisando usar os anticorpos monoclonais Anti-A e anti-B em sala de aula, bem como não havendo a necessidade da retirada de sangue em escolas.

O jogo foi proposto como uma forma de socializar, motivar e estimular a cognição entre os alunos. Desse modo, além de divertir, ele pode, com certeza, explorar conceitos básicos da genética, como genótipo, fenótipo, alelos, genes, etc, como já descrito anteriormente, de modo divertido e dinâmico. Para Krasilchik (2004), “o entusiasmo, o benefício e o comprometimento dos alunos compensam todo empenho e a sobrecarga de trabalho para o professor que possa advir das aulas práticas”.

É importante que o aluno consiga associar o conhecimento prévio sobre os tipos celulares, morfologia de membrana plasmática, glicocálice, ou seja, conteúdos em geral pertencentes à Biologia celular, ensinados na primeira série do ensino médio com o conteúdo da terceira série, Sistema sanguíneo ABO. Associar a relação antígeno-anticorpo com aglutinogênio-aglutinina. Entender como ocorre esta relação e o que é aglutinação.

Outra abordagem biológica a ser trabalhada pelo professor em sala é quanto às transfusões de sangue. A correlação entre um doador com sangue tipo A para um receptor com sangue tipo B, relacionando aglutinogênios das hemácias com aglutininas do plasma. A partir disso, estabelecer quem é o doador universal e o porquê, bem como quem é o receptor universal, e também, o porquê.

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Conclusões

Quando se utiliza em sala materiais didáticos alternativos, principalmente o lúdico, permite-se que os alunos interajam com o professor e entre si, de modo divertido, estimulando o aprendizado e a busca pelo conhecimento. O jogo é um estímulo mais palpável que o livro didático. A competição estimula os alunos a obterem respostas mais rápidas. Se equipes forem montadas, estimula o indivíduo a integrar-se com o coletivo, a dividir ocupações e a solucionar problemas juntos, facilitando assim, a socialização.

Dessa forma, acredita-se que após explicação teórica sobre o Sistema sanguíneo ABO, o jogo seria uma alternativa para tornar a aprendizagem eficaz e divertida para alunos do Ensino Médio. Referências Almeida, P.N. (1981). Dinâmica Lúdica e Jogos Pedagógicos para Escolares de 1º e 2º Grau. São Paulo: Loyola. Caballer, M.J. & Jiménez, I. (1993). Las ideas del alumnado sobre el concepto de célula al finalizar la Educación General Básica. Enseñanza de las Ciencias 11, 63-68. Giordan, A. & Vecchi, G. (1996). As origens do saber: das concepções dos aprendentes aos conceitos científicos. Porto Alegre: Artes Médicas. Krasilchik, M. (2008). Formação de professores para o ensino médio. Campinas. Krasilchik, M. (2004). Prática de Ensino de Biologia. São Paulo: Edusp. Nunes, M.J.C., Pedrancini, V.D., Galuch, M.T.B., Moreira, A.L.O.R. & Ribeiro, A.C. (2006). Implicações da Mediação Docente nos Processos de Ensino e Aprendizagem de Biologia no Ensino Médio. http://www.saum.uvigo.es/reec. Acesso em: 15 de maio de 2015. Pcnem. (2002). PCN+ Ensio Médio: Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Ministério da Educação do Brasil, Brasília. Pedrancini, V. D., Corazza-Nunes, M.J., Galuch, M.T.B., Moreira, A. L. O. R. & Ribeiro, A. C. (2007). Ensino e aprendizagem de Biologia no ensino médio e a apropriação do saber científico e biotecnológico. http://www.saum.uvigo.es/reec. Acesso em: 15 de maio de 2015.

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Capítulo 7

HISTOLOGIA

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Efeitos da cirurgia de derivação duodeno-jejunal sobre células claras da cauda do epidídimo de ratos Wistar obesos

Ana Caroline Barbosa Retameiro*1, Célia Cristina Leme Beu2, Suellen Scarton3

*e-mail: [email protected]

1Discente de Ciências Biológicas - bacharelado da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/ Cascavel, PR. 2Docente da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/ Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas /Cascavel, PR. 3Discente do Mestrado de Biociências e Saúde da Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/ Cascavel, PR.

Palavras-chave: células claras, cirurgia bariátrica, epitélio epididimário. Introdução

A cirurgia de derivação duodeno-jejunal (DDJ) foi utilizada, a princípio, em

estudos clínicos para tratar o diabetes mellitus tipo II em pacientes não obesos mórbidos e só posteriormente começou a ser testada com relação à obesidade (Rubino, 2008) cuja prevalência cada vez mais crescente e efeitos negativos, nos indivíduos da população, em geral, motiva a busca e o desenvolvimento de métodos de combate e tratamento.

Os efeitos negativos da obesidade estão associados a doenças crônicas e alterações, inclusive, endócrinas com repercussões sobre processos reprodutivos. No homem, a obesidade está associada ao perfil hipogonadotrófico, hipoandrogênico e hiperestrogênico (Crujeiras & Casanueva, 2015). O sistema genital masculino é androgênio-dependente; assim o desequilíbrio hormonal causado pela obesidade pode afetar vários de seus órgãos, inclusive o epidídimo. O qual desempenha papel crucial na aquisição da mobilidade espermática progressiva e habilidade potencial de fertilização através da síntese, secreção e metabolismo de substâncias específicas pelo seu epitélio (Hermo & Robaire, 2002). Entre os seis tipos de células epiteliais deste órgão (principal, basal, apical, narrow, clara e halo), a célula clara, é o tipo celular que tem mais alterações em várias condições experimentais (Trasler et al., 1988). As células claras têm importante papel endocítico e podem estar envolvidas na modificação da membrana plasmática dos espermatozoides (Hermo & Robaire, 2002). Materiais e Métodos

Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética na Experimentação Animal e Aulas Práticas (CEEAAP), da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) sob o protocolo nº 44/09. Para realizar este trabalho foram utilizadas amostras de epidídimo de 24 ratos Wistar, mantidos no Biotério Setorial do Laboratório de Fisiologia Humana e Metabolismo (LAFEM) da UNIOESTE, Campus Cascavel, em ambiente com temperatura controlada (26º ± 1º C). Os ratos receberam dieta padrão e água ad libitum por oito semanas. Ao final deste período, eles foram separados

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aleatoriamente nos grupos: 1) controle (CON, n=6) que recebeu dieta padrão e água durante todo o experimento; 2) cafeteria (CAF, n=6); 3) pseudocirurgia (PC, n=6) e 4) duodeno-jejunal (DDJ, n=6). Os grupos CAF, PC e DDJ receberam dieta de cafeteria por 34 semanas. Após, os grupos PC e DDJ sofreram pseudocirurgia e cirurgia, respectivamente; seis semanas depois, os animais de todos os grupos foram mortos em câmara de gás carbônico. No momento da morte, foram avaliados a massa corpórea e o comprimento naso-anal (CNA) para a obtenção do índice de Lee, parâmetro para avaliação da obesidade. As gorduras perigonadais e retroperitoneais foram retiradas e pesadas para a avaliação de acúmulo de gordura nessas regiões.

Os epidídimos foram coletados para obtenção da cauda, que foi fixada em formol 10%. Após fixação, as amostras foram submetidas à rotina histológica e incluídas em parafina para obtenção de secções (7μm) coradas com hematoxilina/eosina. As secções obtidas foram analisadas quanto a altura do epitélio e fotodocumentadas (três lâminas de cada animal/dez secções de túbulo/lâmina) em fotomicroscópio Olympus BX60. Medidas da altura epitelial foram realizadas em objetiva de 10X (Programa AxioVision) e a contagem de células claras foi realizada em objetiva de 20X (Programa Image Pro Plus 6.0 ®). Os dados paramétricos foram expressos em média ± desvio padrão da média e foi utilizado o teste estatístico one way ANOVA de uma via com teste posterior de Tukey para comparação entre os grupos experimentais, p<0,05. Os dados não paramétricos foram expressos em mediana ± desvio padrão, e para avaliação estatística foi utilizado o teste Kruskal-Wallis com teste posterior de Dunn’s, p<0,05; o software utilizado foi o GraphPad Prism 6®.

Resultados e Discussão

As análises de massa corpórea, de gorduras periepididimária, retroperitoneal e do índice de Lee indicam que a dieta de cafeteria induziu obesidade nos animais dos grupos CAF, PC e DDJ. (Tabela 1).

Os resultados de morfometria da cauda (Figura 1A) mostraram que houve aumento da altura do epitélio nos animais dos grupos CAF e PC, cujas medianas foram 21,47 ± 1,67 µm e 21,25 ± 0,63 µm, respectivamente (p<0,05). Os resultados da contagem de células claras (Figura 1B) mostraram que houve aumento do número das mesmas nos animais dos grupos CAF e PC, cujas medianas foram 48,75 ± 9,99 µm e 31,97 ± 7,22 µm, respectivamente (p<0,05). Tais resultados mostram que a obesidade induzida por dieta de cafeteria promoveu alterações na cauda do epidídimo de ratos Wistar. Possivelmente, tais resultados ocorreram devido ao aumento de células alteradas ou degradadas presentes no lúmen da cauda do epidídimo dos animais.

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Tabela 1. Análise dos parâmetros corporais. Os dados estão expressos como média ± desvio padrão da média. Letras diferentes indicam diferenças significativas p<0,05. CON – controle, CAF – cafeteria, PC- pseudocirurgia e DDJ – derivação duodeno-jejunal.

Figura 1. Letras diferentes representam diferenças significativas (p<0,05) Mediana ± SD. CON – Grupo Controle, CAF – Grupo Cafeteria, PC- Grupo pseudocirurgia e DDJ – Grupo Duodeno-jejunal. 1A: Altura do epitélio (μm) da Cauda do epidídimo de ratos dos quatro grupos experimentais.1B: Quantidade de células claras na cauda do epidídimo de ratos dos quatro grupos experimentais.

Sabendo-se que as células claras têm atividade endocítica e, assim, retiram do lúmen não só o conteúdo de gotas citoplasmáticas liberadas pelos espermatozoides (Robaire & Hermo, 1988), mas também produtos de degradação de espermatozoides anormais (Trasler et al., 1988), é possível que o aumento de sua quantidade seja associado a maior atividade deste tipo celular e influência da obesidade na qualidade e quantidade de espermatozoides, podendo-se inferir que a alteração desta está ligada à fagocitose de produtos de degradação de espermatozoides anormais. Em diversas condições experimentais, tais como tratamento com acetato de ciproterona (Flickinger et al., 1978) ou com ciclofosfamida (Trasler et al., 1988), observou-se que as células claras da cauda do epidídimo estavam distendidas e vacuolizadas com grandes massas de material membranoso ou distendidas contendo muitos corpos densos semelhantes a lisossomos (Flickinger et al., 1978). Trasler et al. (1988)

COM CAF PC DDJ

Massa corpórea (g,

dia da cirurgia)

488,8± 16,13a

573 ±53,68b 601,3± 28,53 b 604,3 ± 63,94 b

Índice de Lee 300,6 320,6 314,9 321,6 Gordura

periepididimária (g)

6,305±0,94a 14,39±3,88b 15,83±2,29 b 13,05±4,52 b

Gordura retroperitoneal

(g)

5,87±1,18 a 28,79±6,08 b 35,90±9,9 b 24,65±8,4 b

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sugeriram que o aumento do tamanho das células claras era devido à grande quantidade de espermatozoides anormais após o tratamento com ciclofosfamida.

Nas condições experimentais do presente trabalho, as alterações morfométricas ocorridas no epidídimo dos animais obesos, foram revertidas pela DDJ, o que indica que a cirurgia foi eficiente em reverter os efeitos da obesidade induzida por dieta de cafeteria. Conclusões

É possível concluir que, dentro dos parâmetros avaliados, a obesidade tem influência negativa em relação aos aspectos morfométricos do epidídimo, e que a DDJ pode ser sim um tratamento viável para a melhora de parâmetros de altura do epitélio e número de células claras.

Referências Araujo, A.C.F. (2009). Efeitos da derivação duodenojejunal em ratos Wistar portadores de obesidade induzida pela dieta de cafeteria. Tese de doutorado, Programa de pós-graduação em Clínica Cirúrgica do Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná. Crujeiras, A.B. & Casanueva, F.F. (2015). Obesity and reproductive system disorders: epigenetics as a potential bridge. Human Reproduction Update 21, 249-261. Ferreira, L.E. (2013). Expressão de aquaporinas (AQPs 1 e 9) nos ductos eferentes e epidídimo de ratos Wistar com obesidade induzida por dieta de cafeteria. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Biociências e Saúde do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Flickinger, C.J., Howards, S.S. & English, H.F. (1978). Ultrastructural differences in efferent ducts and several regions of the epididymis of the hamster. The American Journal of Anatomy 152, 557–586. Hermo, L. & Robaire, B. (2002). Epididymal cell types and their functions. In Robaire B, Hinton B.T. (Eds), The epididymis – from molecules to clinical practice (pp. 81-102) New York: Kluwer Academic/Plenum Publisher. Robaire, B. & Hermo, L. (1988). Efferent ducts, epididymis and vas deferens: structure, functions and their regulation. In Knobil, E., Neill, J. (Eds.), The Physiology of Reproduction (pp. 999–1080). New York: Raven Press. Rubino, F. (2008). Is type 2 diabetes an operable intestinal disease? A provocative yet reasonable hypothesis. Diabetes Care 31, 290-296.

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Serre, V. & Robaire B. (1998). Segment- Especific Morphological Changes in Aging Brown Norway Rat Epididymis. Biology of Reproduction 58, 497-513. Trasler, J.M., Hermo, L. & Robaire, B. (1988). Morphological changes in the testis and epididymis of rats treated with cyclophosphamide: a quantitative approach. Biology of Reproduction 38, 463–479.

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Modelo experimental de paralisia cerebral altera a locomoção sem afetar a estrutura da medula espinal de ratos

Wellington de Almeida*1, Adriana Souza dos Santos1, Marina Gonçalves Pietsh1, Marcelo Alves de Souza3, Bruno Marques Sbadelotto2, Lígia Aline Centenaro2,

*e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Médicas e Farmacêuticas/Cascavel, PR. 3Universidade Federal do Paraná/Campus Toledo/ Toledo, PR.

Palavras-chave: Lipopolissacarídeo, restrição sensório-motora, anóxia. Introdução

A paralisia cerebral (PC) resulta de lesões encefálicas não progressivas que ocorrem durante o desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC). Tais lesões podem levar a um prejuízo no controle dos movimentos e da postura, além de déficits cognitivos. Atualmente, considera-se como principais fatores de risco para o desenvolvimento da PC a prematuridade, a asfixia, anóxia, hipóxia e infecções maternais durante a gravidez (Coq et al., 2016).

No âmbito experimental, modelos animais atuais de PC baseiam-se na combinação de agressões ambientais nos períodos embrionário e pós-natal. Stigger et al (2011) desenvolveram um modelo de PC que associa injeções pré-natais de lipopolissacarídeo (LPS), anóxia perinatal e restrição sensório-motora em ratos. O LPS é um constituinte da membrana celular externa de bactérias gram-negativas, que promove uma sensibilização do encéfalo imaturo a eventos agressores subsequentes. A anóxia perinatal, por sua vez, pode causar um fenômeno chamado de excitotoxicidade, com subsequente necrose neuronal. Aliada a esses eventos, a restrição sensório-motora produz uma inatividade motora semelhante àquela observada em pacientes com PC, prejudicando o desenvolvimento das habilidades motoras (Stigger et al., 2011). Desta maneira, o presente estudo buscou caracterizar possíveis alterações motoras e morfológicas ao nível da medula espinal em ratos submetidos a esse modelo de PC que associa a exposição pré-natal ao LPS, anóxia perinatal e restrição sensório-motora. Materiais e Métodos

O presente estudo foi aprovado para execução pelo Comitê de Ética no Uso de Animais da UNIOESTE – CEUA (nº 24/16). Para a realização do experimento, foram estabelecidos dois grupos experimentais: 1) Controle (CT) - filhotes machos de ratas injetadas com solução salina durante a gestação e 2) Paralisia Cerebral (PC) - filhotes machos de ratas injetadas com LPS durante a gestação, submetidos à anóxia neonatal e a restrição sensório-motora durante 30 dias. A atividade locomotora dos filhotes foi examinada 29 e 45 dias após o nascimento através da avaliação do

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comprimento da passada, tamanho da base de suporte e rotação dos membros posteriores durante a marcha. Aos 48 ou 49 dias de idade foi realizada a eutanásia dos animais, seguida pela dissecação da intumescência lombar e coleta de amostras. As mesmas foram crioprotegidas em sacarose, congeladas em nitrogênio líquido e armazenadas a -80°C. Posteriormente, parte das amostras foram seccionadas e coradas utilizando-se o método de Nissl, o qual permite a contagem do número de motoneurônios e células da glia. O restante das amostras também foram seccionadas e coradas através do método descrito por Pal-Weigert, Erhart (1951), que permite a avaliação da área da substância branca na medula espinal.

Os dados relativos às avaliações foram expressos como média ± erro padrão da média e valores de p<0,05 foram considerados significativos. Resultados e Discussão

No P45 foi observada uma redução no comprimento da passada do grupo PC em comparação ao CT (10,70 ± 0,44 e 12,63 ± 0,65, respectivamente, p= 0,0007). Por outro lado, houve uma redução significativa da base de suporte no grupo PC (3,63 ± 0,13) em relação ao CT (4,47 ± 0,26) no P29 (p= 0,009). Também ocorreu um aumento na base de suporte do grupo PC no P45 em comparação ao P29. Quanto à rotação dos membros posteriores, não houve diferenças entre os grupos PC e CT nas duas avaliações realizadas (p= 0,405) (Figura 1).

Figura 1 – Comprimento da passada (A), base de suporte (B) e rotação das patas posteriores (C) nos animais controle e submetidos a um modelo experimental de paralisia cerebral. CT 29 - grupo controle avaliado aos 29 dias de idade; CT 45 – grupo controle avaliado aos 45 dias de idade; PC 29 – grupo paralisia cerebral avaliado aos 29 dias de idade; PC 45 – grupo paralisia cerebral avaliado aos 45 dias de idade. aRepresenta p<0,05 quando comparado ao CT 29; bRepresenta p<0,05 quando comparado ao CT 45. cRepresenta p<0,05 quando comparados PC 29 e PC45. Dados representam a média ± erro padrão da média. ANOVA de uma via para medidas repetidas.

O número de motoneurônios no corno ventral da medula espinal foi semelhante entre os grupos PC e CT (76,40 ± 6,48 e 70,67 ± 4,50, respectivamente, p= 0,474). Também não foi observada diferença em relação ao número de células da glia na mesma região da medula espinal entre os grupos estudados (CT - 61,80 ± 4,65; PC - 76,67 ± 10,7; p= 0,299; Figura 2).

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Figura 2- Fotomicrografias de cortes histológicos do corno ventral da medula espinal de ratos controle (A) e submetidos ao modelo de paralisia cerebral (B). Setas indicam motoneurônios e cabeças de seta indicam células da glia. Método de Nissl. A barra de escala representa 50µm. Número de motoneurônios (C) e de células da glia (D) no corno ventral da medula espinal. O grupo controle (CT) está representado pela barra branca, enquanto o grupo paralisia cerebral (PC) está representado pela barra escura. Dados representam a média ± erro padrão da média. Teste t de student.

Com relação à análise da área da substância branca da medula espinal,

também não houve diferença entre os grupos PC e CT (60,61 ± 38,79 e 56,81 ± 38,64 respectivamente, p= 0,509) (Figura 3).

A combinação de uma infecção pré-natal, anóxia perinatal e restrição sensório-motora reduziu o comprimento da passada e a base de suporte nos animais do grupo PC aos 45 e 29 dias de idade, respectivamente. Em estudos anteriores, ratos expostos à restrição sensório-motora apresentaram uma diminuição do comprimento da passada, extensão anormal dos membros posteriores, ciclos irregulares da marcha e redução dos movimentos articulares, fatores que limitam as habilidades motoras (Strata et al., 2004; Stigger et al., 2011). Nesse contexto, o modelo de PC proposto nesse estudo mimetiza, em parte, os déficits locomotores observados em pacientes com essa patologia.

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Figura 3 - Fotomicrografias de cortes histológicos da medula espinal de ratos controle (A) e submetidos ao modelo de PC (B), corados pelo método de Pal-Weigert. A barra de escala representa 50 µm. Em (C) o grupo Controle (CT) está representado pela barra branca, enquanto o grupo paralisia cerebral (PC) está representado pela barra escura. Dados representam a média ± erro padrão da média. Teste t de Student.

Não foram observadas alterações no número de motoneurônios, células da glia

e na área total da substância branca no corno ventral da medula espinal no grupo PC. Cabe salientar que as avaliações da estrutura da medula espinal foram realizadas somente 15 dias após a retirada da restrição sensório-motora, período em que os animais ficaram livres para explorar suas caixas moradia. Esse intervalo entre a retirada da restrição e a avaliação histológica da medula espinal, pode ter favorecido o re-estabelecimento estrutural da mesma.

Em um estudo prévio que avaliou pacientes que sofreram Acidente Vascular Cerebral (AVC), foi relatado que após lesão cerebral hemisférica ocorre perda de motoneurônios na medula espinal (Li et al., 2011). Entretanto, outros estudos não apontam evidências de degeneração de motoneurônios após uma lesão no neurônio superior, indicando que uma danificação no trato corticospinal pode não resultar em alterações neuronais na medula espinal (Terao et al., 1997). Em relação a substância branca, a ausência de uma redução nesse parâmetro pode estar relacionada ao período em que foi realizado o procedimento de anóxia, uma vez que lesões na substância branca são mais comuns em modelos animais de isquemia pré-natal (Coq et al., 2016). Uma análise mais específica de cada trato ou fascículo da medula espinal, especialmente do trato corticospinal, seria importante para um melhor entendimento das repercussões da indução desse modelo de PC sobre a função motora.

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Conclusões

O modelo de PC utilizado no presente estudo produziu alterações sutis na marcha, porém, sem repercussões sobre o número de motoneurônios, células da glia e área da substância branca na intumescência lombar da medula espinal. Agradecimentos

Os autores agradecem a Fundação Araucária e a UNIOESTE pela concessão de bolsa de iniciação científica e infraestrutura disponibilizada para a realização dos experimentos. Referências Coq, J.O., Delcour, M., Massicotte, V.S., Baud, O. & Barbe, M.F. (2016). Prenatal ischemia deteriorates white matter, brain organization, and function: implications for prematurity and cerebral palsy. Developmental Medicine Child Neurology 58, 7-11. Erhart, E.A.A simple, fast, controllable modification of Pal-Weigert's stain of myelin sheaths. (1951). Zeitschrift fur wissenschaftliche Mikroskopie und mikroskopische Technik 60 155-156. Li, X., Wang, Y.C., Suresh, N.L., Rymer, W.Z. & Zhou, P. (2011). Motor unit number reductions in paretic muscles of stroke survivors. Transactions on information technology in biomedicine 15, 505-512. Stigger, F., do Nascimento, P.S., Dutra, M.F., Couto, G.K., Ilha, J., Achaval, M. & Marcuzzo, S. (2011). Treadmill training induces plasticity in spinal motoneurons and sciatic nerve after sensorimotor restriction during early postnatal period: new insights into the clinical approach for children with cerebral palsy. International Journal of Developmental Neuroscience 29, 833-838. Stigger, F., Felizzola, A.L., Kronbauer, G.A., Couto, G.K., Achaval, M. & Marcuzzo, S. (2011). Effects of fetal exposure to lipopolysaccharide, perinatal anoxia and sensorimotor restriction on motor skills and musculoskeletal tissue: implications for an animal model of cerebral palsy. Experimental Neurology 228, 183-191. Strata, F., Coq, J.O., Byl, N. & Merzenich, M.M. (2004). Effects of sensorimotor restriction and anoxia on gait and motor cortex organization: implications for a rodent model of cerebral palsy. Neuroscience 129, 141-156. Terao, S., Li, M., Hashizume, Y., Osano, Y., Mitsuma, T. & Sobue, G. (1997). Upper motor neuron lesions in stroke patients do not induce anterograde transneuronal degeneration in spinal anterior horn cells. Stroke 28, 2553-2556.

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Capítulo 8

MICROBIOLOGIA

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Atividade antimicrobiana do extrato etanólico de Cinnamomum amoenum (Ness e Mart) frente a diferentes sorotipos de Salmonella spp. de importância

avícola

Camila Vogt dos Santos*1, Ana Paula Mallmann1, Juliete Gomes de Lara de Souza1, Adrieli Gorlin Toledo1, Camila Beatriz Santana1, Fabiana Gisele da Silva Pinto1

*Email: [email protected] 1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Salmonella, atividade antimicrobiana, extrato etanólico. Introdução

A avicultura tem crescido rapidamente nas últimas décadas, sendo que em 2015 o Brasil assumiu o segundo lugar mundial, produzindo 13,1 milhões de toneladas de frango, e encerrou o ano com recordes na produção e exportação, atingindo um total de 25 bilhões de reais (ABPA, 2016). Devido ao crescimento do setor avícola, as aves passaram a ter produtos antimicrobianos incorporados em sua alimentação. Estes produtos, chamados promotores de crescimento, além de serem utilizados como tratamento de doenças serve também para melhorar o desempenho animal, fazendo com que ganhem peso rapidamente, diminuindo assim o tempo de produção.

Com o crescimento do setor avícola no país houve um aumento da quantidade de promotores de crescimento adicionado nas rações animais e isso tem contribuído para potencializar a distribuição de Salmonella resistentes nas aves, além disso, os níveis de resistência indicam que tais produtos devem ser utilizados nos aviários com cautela, visando minimizar a disseminação de cepas resistentes.

A espécie Salmonella enterica possui diversos sorotipos os quais são os causadores da salmonelose, uma das mais importantes zoonoses que resultam em severas perdas econômicas devido à alta mortalidade, baixa produtividade, gastos elevados com medicamentos, piora na qualidade e grandes gastos na sua erradicação e controle. Além disso, a salmonelose é considerada uma das principais doenças de origem alimentar no mundo todo.

Diante disto é sugerida a utilização de produtos que sejam alternativos aos antimicrobianos sintéticos comumente utilizados e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) as plantas são a melhor fonte para obtenção de moléculas ativas por possuírem compostos com a mesma atividade dos antimicrobianos utilizados, porém, com menor toxicidade, mais eficazes contra a resistência bacteriana e com menor impacto ambiental. A planta Cinnamomum amoenum (Ness e Mart) conhecida popularmente como “canela-alho-miuda” é pertencente à família Lauraceae a qual suas espécies possuem desempenho variado contra diversas doenças. Desta forma o presente trabalho buscou avaliar o potencial antimicrobiano do extrato etanólico das folhas de C. amoenum contra diferentes sorotipos de Salmonella de importância avícola, buscando uma alternativa aos antimicrobianos sintéticos.

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Material e Métodos

As coletas das folhas de Cinnamomum amoenum foram realizadas no parque

ecológico Paulo Gorski, que está localizado no município de Cascavel na região oeste do Paraná.

As folhas foram secas em estufa a 35ºC e moídas em moinho de facas do tipo Willye até granulometria inferior a 0,42 milímetros dessa forma foi obtido um pó fino, que ficou armazenado em recipiente de vidro ao abrigo da luz até a produção do extrato. A produção dos extratos foi de acordo com a metodologia proposta por Pandiniet al. (2015) com modificações. Dez gramas do material vegetal triturado foi adicionado a 100 mL do solvente etanol, essa solução foi mantida em agitador rotativo (shaker) a 220 rpm durante 24 horas. Após isso foi filtrada a vácuo com papel filtro Whatman nº 1 e em seguida centrifugada a 5000 rotações durante 15 minutos. O sobrenadante foi coletado e o solvente rotoevaporado, obtendo o extrato bruto que foi armazenado em freezer a 4ºC.

Os microorganismos testados foram cedidos pelo Laboratório Veterinário MercoLab de Cascavel, sendo eles os 5 sorotipos de Salmonella de maior ocorrência na região oeste do Paraná: Salmonella enterica Enteritidis, Salmonella enterica Infantis, Salmonella enterica Tiphymurium, Salmonella enterica Heidelberg, Salmonella enterica Gallinarum. Para preparação do inóculo os microorganismos foram recuperados em caldo de enriquecimento Brain Heart Infusion (BHI) e incubados por 24 horas a 37ºC. As concentrações finais das bactérias foram padronizadas a 1x105 UFC/mL em solução salina a 0,85%, agitadas em vortex, a comparação foi feita de acordo com a escala de MacFarland a 0,5.

A determinação da concentração inibitória mínima (CIM) foi realizada conforme as normas Clinical and Laboratory Standards Institute (2007). Em placas de microdiluição de 96 poços onde foi adicionado 150 μL de caldo Muller-Hintonem todos os poços e em seguida 150 μL do extrato etanólico apenas no primeiro poço com diluições seriadas de 200-0,09 mg/mL. Em cada poço ainda foi adicionado 10 μL do inóculo do microorganismo que foi preparado anteriormente. Após isso as placas foram incubadas por 24 horas a 37ºC. Após este período 2 μL de cada poço será transferido para placa de petri contendo Muller-Hinton ágar para determinação da concentração bactericida mínima (CBM) e incubadas por 24 horas. Após a transferência foi adicionado em cada poço da placa de microdiluição 10 μL de solução de cloreto de trifeniltetrazolium (CTT) a 1% incubados por 3 horas. A coloração vermelha indicará a presença de microorganismo vivo, ou seja, o extrato não conseguiu inibir o crescimento bacteriano. Como controle positivo foi utilizado gentamicina na concentração de 200mg/mL. Resultados e Discussão

Foi possível observar que o extrato etanólico de C. amoenum teve atividade antimicrobiana sobre todos os microorganismos testados. Apresentando atividade inibitória CIM de 25 mg/mL e CBM de 50 mg/mL para S. Infantis, S. Tiphymurium, S.

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Heidelberg e S. Enteritidis. Já para S. Gallinarum o extrato apresentou a maior concentração com CIM e CBM de 50 mg/mL e 100 mg/mL, respectivamente. Tabela 1. Concentração Inibitória Mínima (CIM) e Concentração Bactericida Mínima (CBM) frente a Salmonella spp. de importância avícola

Microorganismo CIM CBM

S. Infantis 25 mg/mL 50 mg/mL S. Tiphymurium 25 mg/mL 50 mg/mL S. Gallinarum 50 mg/mL 100 mg/mL S. Heidelberg 25 mg/mL 50 mg/mL S. Enteritides 25 mg/mL 50 mg/mL

As pesquisas com a espécie Cinnamomum amoenum são iniciais, por isso, não

são encontrados na literatura sobre a atividade antimicrobiana da espécie. Mas é necessário ressaltar que estudos buscando uma alternativa nos aviários estão sendo realizados freqüentemente, Pandini et al. (2015) testaram diferentes extratos de Guarea kunthiana A. Juss obtendo resultados positivos contra os mesmos sorotipos testados neste trabalho, onde seus resultados mais expressivos foi contra Infantis e Gallinarum, apresentando CIM e CBM de 0,39 mg/mL e 0,78 mg/mL respectivamente. Weber et al. (2014) testou extrato de acetato de etila das folhas de Prunus myrtifolia e obteve CIM e CBM de 150 mg/mL contra S.Tiphymurium. Conclusões

Diante do estudo foi possível observar que o extrato etanólico das folhas de Cinnamomum amoenum possui potencial antimicrobiano, podendo ser uma alternativa nos aviários, tendo assim uma forma natural e menos nociva ao consumidor, que estará livre das super dosagens dos antimicrobianos sintéticos que são comumente utilizados. Ademais, é imprescindível que novos estudos referentes às suas atividades biológicas sejam realizados, para assim validar seu uso no controle destas Salmonellas. Referências ABPA (2016). Associação Brasileira de Proteína Animal Relatório anual de 2016.http://abpa-br.com.br/setores/avicultura/publicacoes/relatorios-anuais. Acesso em 22 de Setembro de 2016. Bona, E.A.M., Pinto, F.G.S., Borges, A.M.C., Weber, L.D., Fruet, T.K., Alves, L.F.A. & Moura, A.C. (2010). Avaliação da atividade antimicrobiana de erva-mate (Ilexparaguariensis) sobre sorovares de Salmonellaspp. de origem avícola. Unopar Cientifica. Ciências Biológicas e da Saúde 12, 45-48. Pandini, J.A. (2014). Composição química, atividade antimicrobiana, inseticida e antioxidante do óleo essencial e extratos de GuareaKunthiana A. Juss.Dissertação de

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mestrado, Programa de Pós-Gradução Stricto Sensu em Conservação e Manejo de Recursos Naturais, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Pandini, J.A., Pinto, F.G.S., Scur, M.C., Alves, L.F.A. & Martins, C.C. (2015). Ocorrência e perfil de resistência antimicrobiana de sorotipos de Salmonella spp. isolados de aviários do Paraná, Brasil. Instituto Arquivo Biológico 82,1-6. Weber, L.D., Pinto, F.G.S., Scur, M.C., Souza, J.G.L., Costa, W.F. & Leite, W.C. (2014).Chemical composition and antimicrobial and antioxidante activity of essential oil and various plant extratcs from Prumusmyrtifolia. African Journal of Agricultural Research 9, 846-853.

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Atividade antimicrobiana do extrato etanólico de Balfourodendron riedelianum frente a cepas patogênicas

Henrique Roberto Gattermann Mittelstaedt*1, Gabriele Larissa Mathias1, Gabriella

Crystina Marafon1, Kelly Cristina Lima Defacci1, Fabiana Gisele da Silva Pinto2 *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR. 2Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Laboratório de Biotecnologia/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Antimicrobianos, Staphylococcus aureus, Escherichia coli. Introdução

O problema de resistência microbiana vem aumentando devido ao uso

extensivo e indevido de antimicrobianos. Registra-se um aumento significativo na frequência de bactérias resistentes, que antes eram reconhecidamente sensíveis a drogas rotineiramente usadas. Hoje, estas bactérias apresentam-se resistentes aos vários fármacos disponíveis no mercado (Kasper & Fauci, 2015). Devido a esta realidade, os óleos essenciais ganham destaque, uma vez que podem substituir os antimicrobianos sintéticos diminuindo os riscos de resistência microbiana (Santana, 2011).

Algumas famílias de plantas, como a Rutaceae, são fortemente aromáticas devido a presença de óleos essenciais (Perveen et al., 2005). Devido a estes compostos, são muito utilizados na formulação de drogas inibidoras do crescimento de parasitas e no tratamento de infecções (Jacquemond-Collet et al., 2002). Porém o potencial antimicrobiano de espécies desta família, foram pouco estudados. Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a atividade antimicrobiana do óleo essencial das folhas de Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl, membro da família Rutaceae, sobre as cepas patogênicas Staphylococcus aureus (ATCC 25923) e Escherichia coli (ATCC 25922).

Materiais e Métodos Secagem e obtenção do material vegetal

As folhas foram secas a 40º C e moídas em moinho de facas do tipo Willye até

granulometria inferior a 0,42mm, obtendo-se um pó fino que foi armazenado em recipientes de vidro hermeticamente fechados, até seu uso na elaboração do extrato etanólico (Ceyhan et al., 2012; Weber et al., 2014). Obtenção do extrato etanólico

Utilizamos a metodologia proposta por Pandini et al. (2015) com modificações. Dez gramas do material vegetal foram triturados e adicionados a 100 mL de álcool etílico (100%). Esta solução foi mantida em agitador rotativo (shaker) a 220 rpm durante 24h. A solução foi filtrada em papel filtro Whatman nº 1 e centrifugada a 5000

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rotações durante 15 minutos. O sobrenadante foi coletado e o solvente rotoevaporado. O extrato foi diluído em álcool metílico obtendo-se uma concentração de 200mg/mL. O extrato foi armazenado em freezer a 4º C.

Preparação dos microrganismos

O extrato etanólico de B. riedelianum foi testado frente a E. coli e S. aureus.

Os microrganismos foram recuperados em caldo de enriquecimento Brain Heart Infusion (BHI) e incubados por 24h a 37 º C. As concentrações finais das bactérias foram padronizadas 1x105 UFC/mL em solução salina a 0,85%. As soluções foram homogeneizadas em vortex e comparadas com a cor da escala de MacFarland a 0,5. Concentração Inibitória Mínima (CIM)

A CIM é a menor concentração do extrato capaz de inibir o crescimento dos microrganismos.

O CIM será realizado conforme as normas do Clinical and Laboratory Standards Institute (2007). Em placas de microdiluição de 96 poços serão adicionados 150 µl caldo Müller-Hinton (MH) em todos os poços, 150 µl dos extratos vegetais no primeiro poço com diluições seriadas de 200-0,09 mg/mL nos poços posteriores. Em cada poço foi adicionado 10 µl do inóculo dos microrganismos (preparado anteriormente). As placas foram levemente homogeneizadas e levadas a incubação por 24h a 37 º C.

Depois deste período as microplacas foram incubadas a 37ºC/15h. Posteriormente foi adicionado 10 µL de solução de cloreto de trifenil tetrazolium (CTT) a 1% em cada poço das microplacas e estas foram re-incubadas por mais três horas na mesma temperatura. A presença de coloração vermelha nos poços foi interpretada como prova negativa do efeito inibitório do extrato, enquanto a ausência da coloração foi considerada prova positiva da ação inibitória do extrato, ou seja, o extrato inibiu o crescimento dos microrganismos presentes nas microplacas.

Como controle positivo foi utilizado solução de gentamicina 30mg/mL em caldo MH mais uma alíquota do microrganismo; e para o controle negativo apenas caldo MH e os microrganismos.

Concentração Bactericida Mínima (CBM)

A CBM é a menor concentração do extrato capaz de ter efeito bactericida sobre os inóculos (Santurio et al., 2007).

Antes de adicionar o CTT nos poços, foi retirado 10 µL do inóculo de cada poço, incluindo os controles, estes inóculos foram adicionados a placas de Petri contendo Ágar MH. As placas foram incubadas por 24h a 37 º C.

Resultados e Discussão

O extrato de B. riedelianum mostrou potencial antimicrobiano para as duas bactérias testadas (Tabela 1). Apresentou um CIM de 12,5 mg/mL e um CBM de 50 mg/mL tanto para E. coli quanto para S. aureus. Os resultados semelhantes foram também observados por Orlanda (2011) que realizou testes com extrato de Ruta

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graveolens Linneau, pertencente também a família Rutaceae, mostrando grande inibição frente a S. aureus e parcialmente ativa frente a E. coli.

Cepas CIM (mg/mL) CBM (mg/mL)

E. coli 12,5 50 S. aureus 12,5 50

Tabela 1. CIM (mg/mL) e CBM (mg/mL) do extrato de Balfourodendron riedilianum sobre as bactérias Escherichia coli e Staphylococcus aureus.

Conclusões

Conclui-se que o óleo essencial de B. riedilianum possui compostos ativos eficientes contra os microrganismos patogênicos testados, sendo necessárias novas investigações com os constituintes presentes no óleo essencial experimentados isoladamente. Referências Acquemond-Collet I., Benoit-Vical F., Valentin A., Stanislas E., Mallie M., Fouraste I. (2012). Antiplasmodial and citotoxic activity of galipine and other tetrahydroquinolines from Galipea officinalis. Planta Medica 68, 68-69. Ceyhan, N., Keskin, D., Ugur, A. (2012). Antimicrobial activities of different extracts of eight plant spices from four different family against some pathogenic microorganisms. Journal Food Agriculture 10, 193-197. Kasper, D.L. & Fauci, A.S. (2015). Doenças Infecciosas de Harrison. Porto Alegre: Artmed. Orlanda, J.F.F. (2011). Estudo da composição química e atividade biológica do óleo essencial de Ruta graveolens Linneau (Rutaceae). Dissertação de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Química, Universidade Federal da Paraíba. Pandini, J.A. (2015). Composição química, atividade antimicrobiana, inseticida e antioxidante do óleo essencial e extratos de Guarea Kunthiana A. Juss. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Conservação e Manejo de Recursos Naturais, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Perveen, A. & Qaiser M. (2005). Pollen Flora of Pakistan-XlV Rutaceae. Pakistan Journal of Botany 37, 495-501. Santana, E.S., Mendes, F.R., Barnabé, A.C.S., Oliveira, F.H., Andrade, A.A. (2011). Uso de produtos alternativos aos antimicrobianos na avicultura. Enciclopédia Biosfera 7, 985-1009.

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Santurio, J.M., Santurio, D.F., Pozzatti, P., Moraes, C., Franchin, P.R., Alves, S.H. (2007). Atividade antimicrobiana dos óleos essenciais de orégano, tomilho e canela frente à sorovares de Salmonella de origem avícola. Ciência Rural 37, 803-808. Weber, L.D., Pinto, F.G.S., Scur, M.C., Souza, J.G.L., Costa, W.F., Leite, C.W. (2014). Chemical composition and antimicrobial and antioxidante activity of essential oil and various plant extratcs from Prumus myrtifolia. African Journal of Agricultural 9, 846-853.

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Atividade antimicrobiana do óleo essencial de Cinnamomum amoenum (Ness) Kostern frente a bactérias de importância médica

Ana Paula Mallmann*¹, Fabiana Gisele da Silva Pinto¹, Camila Vogt dos Santos¹, Adrieli Gorlin Toledo¹, Juliete Gomes de Lara Souza¹, Camila Beatriz Santana¹

*e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: antibactericida, produtos naturais, Lauraceae. Introdução

Diversidade biológica, ou biodiversidade, é o que se define por variedade de vida encontrada na Terra. O Brasil possui a maior diversidade genética do mundo, com cerca de 55 mil espécies que já são reconhecidas e catalogadas (de um total estimado entre 350 a 550 mil), e conta com grande tradição, por meio da população, do uso das plantas medicinais relacionadas ao conhecimento popular transmitido entre gerações (Joly et al., 2010).

O uso de produtos naturais derivados de plantas vem sendo amplamente estudados e tem tido um aumento significativo nos últimos tempos devido à grande variedade de plantas nativas, havendo uma crescente demanda para os bioativos naturais.

Nos dias atuais houve um grande aumento no número de infecções provenientes de fungos e bactérias, assim como houve aumento sucessivo a resistência desses microrganismos aos antibióticos e antifúngicos (Santana et al., 2016). As bactérias têm adquirido certa resistência, o que intensifica o uso de antimicrobianos, que são encontrados nos metabólitos secundários, e também a elaboração de medicamentos mais fortes capazes de combater esses microrganismos.

O desenvolvimento de resistência bacteriana aos antimicrobianos ocorre de forma natural e é resultante da pressão seletiva exercida pelo uso destes compostos, mas que tem sido expandida de forma muito abrupta recorrente da utilização inadequada de fármacos. Existe uma correlação evidente entre um maior consumo de antimicrobioanos e níveis mais elevados de resistência microbiana (Loureiro et al., 2016).

O aumento de pesquisas relacionadas ao potencial bioativo de plantas está diretamente relacionado com a resistência a antimicrobianos convencionais que foi adquirido por diversos microrganismos. Esses compostos orgânicos bioativos são de extrema importância por apresentarem diversas atividades biológicas. Dentre esses compostos bioativos produzidos por vegetais apresentam-se os óleos essenciais e os extratos. Os óleos essenciais, também chamado de óleos odoríferos voláteis, são líquidos oleosos aromáticos que pode ser extraído de diferentes partes de plantas, por exemplo, folhas, cascas, flores, brotos, sementes, e entre outros. Eles podem ser extraídos através de vários métodos, como destilação a vapor, expressão, e assim por diante (Freitas et al., 2014).

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Uma das famílias de plantas relatadas como produtoras de óleo é a família Lauraceae, que são geralmente arbustos ou árvores, raramente encontradas na forma de erva. Estão localizadas na distribuição tropical ou subtropical, concentradas em florestas pluviais, também conhecida como floresta ombrófila, da Ásia e Américas. No Brasil, são encontradas em especial na Mata Atlântica e em florestas da região sul. Essa família possui cerca de 50 gêneros e 2500 espécies, sendo que no Brasil são encontradas cerca de 24 gêneros e 400 espécies (Lorenzi & Souza, 2012).

Dentro de Lauraceae encontramos o gênero Cinnamomum, característico por ser encontrado em forma de arbusto ou árvore, de substrato terrícola e de origem nativa do Brasil. A espécie Cinnamomum amoenum nativa do Brasil, é encontrada principalmente em florestas ombrófilas, ocorrentes na Mata Atlântica, comumente nos estados do Sul (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina). O óleo essencial de Cinnamomum sp. possui componentes que são utilizados para fins comerciais e medicinais. Dentre as espécies de Cinnamomum, encontramos a Cinnamomum amoenum, porém, os estudas relacionados a fitoquímica e as atividades biológicas do seu óleo essencial são escassas (Lacerda, 2014). Materiais e Métodos

A coleta das folhas de Cinnamomum amoenum foi realizada no parque ecológico Paulo Gorski localizado no município de Cascavel, região do estado do Paraná. Após a coleta o material vegetal foi secado em estufa a 35ºC e, quando seco, moído em aparelho tipo moinho de facas do tipo Willye com malha de menos 0,42 milímetros granulometria. O pó obtido foi armazenado em recipientes envoltos por papel alumínio.

O óleo essencial foi obtido conforme o método proposto em Weber et al. (2014). Para sua obtenção foi utilizado aparelho do tipo Clevenger, seguindo a metodologia de arraste à vapor, onde é utilizado 60 gramas do pó das folhas em 700 ml de água destilada que é aquecido até alcançar a temperatura de 100ºC, em cerca de 4 à 5 horas. Após a obtenção do óleo o mesmo foi armazenado em tubo de fundo cônico e ao abrigo de luz permanecendo em refrigeração até o momento do experimento.

Os ensaios experimentais foram realizados no Laboratório de Biotecnologia Agrícola da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel. Foram utilizados organismos padrões (ATCC), sendo eles: Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella Enteretidis, Bacillus subtilis.

A determinação da concentração inibitória mínima (CIM) foi realizada de acordo com Weber et al. (2014). A CIM do óleo essencial foi determinada usando o método de microdiluição em caldo. Foram utilizadas placas de 96 cavidades e foi adicionado 150 ml de óleo essencial de Cinnamomum amoenum a uma concentração de 7000 µg/ml de Mueller Hunton caldo (MH), após a homogeneização foram realizadas diluições sucessivas para obtenção final de 7000-13,67 µg/ml. Foram distribuídas alíquotas de 10 µl com microrganismos em cada poço. As placas ficaram incubadas a 36ºC durante 24 horas. Depois foi observado a turbidez e cada poço recebeu uma alíquota de 10 µl de cloreto de trifenil tetrazólio (TTC).

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A determinação da concentração bactericida mínima (CBM) foi realizada de acordo com método de Weber et al. (2014). A partir dos poços que não foi observado o crescimento bacteriano no ensaio CIM, antes da adição de cloreto de trifenil tetrazólio (TTC), foi retirado uma alíquota de 10 µl e inoculado em Mueller-Hinton ágar. As placas foram incubadas durante 24 horas a temperatura de 36º C e após esse procedimento o CBM foi definido qual a concentração mais baixa de óleo essencial capaz de causar a morte do inoculo. Água destilada, etanol e acetato de etilo serão utilizados como controle negativo e gentamicina foi utilizada como controle positivo para as bactérias.

Resultados e Discussão

O óleo essencial de C. amoenum apresentou atividade antimicrobiana com contrações entre 7.000 mg/mL e 1.750 mg/mL.

Para B. subtilis e S. aureus a concentração bactericida mínima foi de 7.000 mg/mL, e a concentração inibitória mínima foi de 1.750 mg/mL e 3.500 mg/mL, respectivamente. Para S. Enteretidis a concentração bactericida mínima foi de 3.500 mg/mL e a concentração inibitória mínima foi de 1.750 mg/mL.

Para P. aeruginosa e E. coli o óleo essencial não apresentou atividade (N.A.). Os resultados da atividade antimicrobiana estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1. Concentração inibitória mínima (CIM) e concentração bactericida mínima (CBM) frente aos organismos testados.

Microrganismos CIM (mg/mL)

CBM (mg/mL)

S. Enteritidis

B. subtilis

S. aureus

P. aeruginosa

E. coli

1750 1750 3500 N.A. N.A.

3500 7000 7000 N.A. N.A.

Vários autores já relataram a ação antimicrobiana de algumas espécies de

Cinnamomum. Castro (2010) e Tomazoni et al. (2013) relataram atividade antifúngica, sobre cepas de Candida e de fungos fitopatogenicos, respectivamente, com a faixa de concentração variando entre 0,1 microlitros à 2,0 microlitros da concentração do óleo essencial de uma espécie de Lauraceae, a Cinnamomum zeylanicum. Souza et al. (2016) testou dezesseis diferentes óleos essenciais sobre cepas de Escherichia coli e dentre elas uma espécie de Lauraceae, Cinnamomum cassia, foi a que apresentou melhor atividade bactericida, apresentando concentração bactericida mínima de 0,12% (percentagem em volume). Poucos trabalhos sobre Cinnamomum amoenum são encontrados na literatura. De acordo com Lacerda (2014), o óleo essencial da C. amoenum apresentou atividade antioxidante frente aos

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microrganismos testados, entretanto não apresentou atividade antifúngica frente a cepas de Candida. Conclusões

Com os resultados observados pode-se concluir que o óleo essencial das folhas de C. amoenum apresentou atividade antimicrobiana frente aos microrganismos testados, com exceção a P. aeruginosa e E. coli, o que confirma a necessidade para maior conhecimento das propriedades biológicas desta planta. Referências Castro, R.D. (2010). Antifungal activity of the essential oil of Cinnamomum zeylanicum Blume (cinnamon) and its combination with synthetic antifungals on Candida species. Tese de Doutorado, Programa de Pós Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, Universidade Federal da Paraíba. Freitas, R.C., Azevedo, R.R.S., Souza, L.I.O., Rocha, T.J.M. & Dos Santos, A.F. (2014). Avaliação da atividade antimicrobiana e antioxidante das espécies Plectranthus amboinicus (lour.) e mentha x villosa (huds.). Revista de Ciências Farmacêuticas Básicas e Aplicada 35, 113-118. Joly, C.A., Rodrigues, R.R., Metzger, J.P., Haddad, C.F.B., Verdade, L.M., Oliveira, M.C. & Bolzani, V.S. (2010). Biodiversity Conservation Research Training, and Policy in São Paulo. Science 328, 1358-1359. Lacerda, C.P. (2014). Óleo volátil de folhas de Cinnamomum amoenum (Nees) Kosterm: análise química e atividades antiquimiotáxica, antifúngica e antioxidante; XXVI Salão de Iniciação Cientifica, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Lorenzi, H. & Souza, V.C. (2012). Botânica Sistemática, Nova Odessa: Instituto Plantarum. Loureiro, R.J., Roque, F., Rodrigues, A.T., Herdeiro, M.T. & Ramalheira, E. (2016). O uso de antibióticos e as resistências bacterianas: breves notas sobre a sua evolução. Revista Portuguesa de Saúde Pública 34, 77-84. Santana, P.D.S., Andreza, R.S., Leite, V.I., De Souza, P.C.V., Alves, A.A., Tintino, S.R., De Oliveira, C.D.M., Figueredo, F.G., Rocha, G.G.G, Martin, A.L.A.R., Pereira, B.S., Da Costa, R.O., Rodrigues, F.A.P., Leandro, L.M.G. & De Aquino, P.E.A. (2016). Efeito antimicrobiano e antifungico de extratos etanólicos, hexânico e metanólico a partir de folhas de Kalanchoe pinnata (Lam.) Pers (Malva corama) contra cepas multi-resistentes a drogas. Biota Amazonia Open Journal System 6, 64-69.

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Souza, A.A., Dias, N.A.A., Piccoli, R.H. & Bertlolucci, S.K.V. (2016). Composição química e concentração mínima bactericida de dezesseis óleos essenciais sobre escherichia coli enterotoxigênica. Revista Brasileira de Plantas Medicinais 18, 105-112. Tomazoni, E.Z., Giani, S.G., Ribeiro, R.T.S., Pauletti, G.F. & SCHWAMBACH, J. (2013). Antifugal activity of Cinnamomum zeylanicum Ness essential oil againts pathogenic fungi of tomato (Lycopersicon esculentum Mill); Resumos do VIII Congresso Brasileiro de Agroecologia, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Weber, L.D., Pinto, F.G.S., Scur, M.C., De Souza, J.G.L., Da Costa, W.F. & Leite, C.W. (2014). Chemical composition and antimicrobial and antioxidant activity of essential oil and various plant extracts from Prunus myrtifolia (L.) Urb. African Journal Agricultural Research 9, 846-853.

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Avaliação Microbiológica dos rios São João e Tamanduá na proximidade do Parque Nacional do Iguaçu

Ariadne Barbosa1, Igor Y. P. Fernandes1, Jennifer Ulrich1*, Mylena Campos1, Oliver

C. Pedroso1, Thomas K. Fruet1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Bioindicadores, Qualidade da água, Coliformes.

Introdução

A água é um bem natural de grande importância para os seres humanos, pois

apresenta diversas funções em nosso organismo tais como a regulação da temperatura corporal e a manutenção do funcionamento normal de órgãos e vísceras, dentre outras. A água só é considerada potável quando ela se encontra dentro dos limites estabelecidos pela vigilância sanitária, caso eles estejam fora, esta é considerada impropria, pois se torna um possível meio de propagação de doenças (Ratti et al., 2011).

A utilização de microrganismos como bioindicadores de qualidade hídrica constitui-se como ferramenta fundamental na classificação e enquadramento de rios e córregos em classes de qualidade e potabilidade de água (Godoi et al., 2009).

Estudos sobre a contaminação que ocorre por microrganismos indicadores de presença fecal, possibilita de forma indireta e com baixo custo, a inferência da transmissão de doenças pela água, através de organismos indicadores de contaminação fecal (Mormul et al., 2006). A Escherichia coli (E.coli) é um microorganismo membro do grupo dos coliformes, sua presença em amostras de água pode indicar a contaminação por outros patógenos intestinais, sendo que ela é o único biótipo da família Enterobacteriaceae que pode ser considerado exclusivamente de origem fecal (Vasconcellos et al., 2006).

Levando em consideração a importância da água para os seres vivos e o risco que sua contaminação trás, principalmente quando consumida sem tratamento prévio, o objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade microbiológica do rio São João e do rio Tamanduá nas proximidades do Parque Nacional do Iguaçu – ParNaIguaçu - no município de Foz do Iguaçu - PR.

Materiais e Métodos

Para o presente estudo foram analisadas amostras de água coletadas em 3

pontos (P) no dia 21 de julho de 2016, sendo P1 - Rio São João antes do mesmo ingressar o ParNaIguaçu, P2 - Rio São João dentro do ParNaIguaçu e P3 do Rio Tamanduá antes do ParNaIguaçu (Fig 1). Após o procedimento de coleta as amostras foram encaminhadas ao laboratório de microbiologia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE campus Cascavel, onde foram realizadas as análises

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microbiológicas utilizando o método do Número Mais Provável - NNP (American Public Health Association, 1999).

Figura 1. O mapa acima mostra a região de coleta antes e dentro do Parque Nacional do Iguaçu, no estado do Paraná. Os pontos 1 e 2 são referentes aos pontos de coleta no Rio São João (Localização do ponto 1: 25°32’46.17’’S 54°25’29.57’’O; Localização do ponto 2: 25°37’13.38’’S 54°28’35.17’’O) e o ponto 3 é referente ao Rio Tamanduá (Localização do ponto 3: 25°34’18.92’’S 54°30’16.16’’O).

A técnica utilizada para a análise de coliformes totais e foi a de tubos múltiplos, baseada no Stardard Methods for the examination of water and wastewater (APHA, 2005). Esta técnica permite determinar a quantidade por número mais provável (NMP) de microrganismos por ml de água, sendo dividida em duas etapas consecutivas (presuntiva e confirmativa). Sendo assim, para a primeira etapa da técnica de NMP foram retirados do frasco de coleta 25mL da amostra e acrescentados em um Erlenmeyer já contendo 200mL de água peptonada totalizando 225mL, dessa concentração pegou-se 1mL adicionando-se em um tubo já com 9mL de água peptonada, denominada diluição 10-¹, dessa pegasse 1ml acrescentado em um tubo com 9ml de água peptonada fez se a diluição 10-², a diluição 10-³ provem da junção de 1ml da diluição 10-² acrescentada em um tudo 9ml , obtendo-se assim tem se três diluições ((10-¹), (10-²), e (10-³)).

A fim de confirmar a presença de coliformes totais, para cada diluição foram utilizados três tubos contendo 9mL de Caldo Lauril Sulfato de Sódio (LST) com tubos de Durhan invertidos. Uma alíquota de 1mL foi adicionada a cada um dos três tubos de cada diluição e então incubados de 35ºC por 48 horas. Para a leitura da primeira etapa os tubos que foi observado turbidez e a formação de gás no LST foram classificados como positivos. Somente os tubos positivos passam da etapa presuntiva para a etapa confirmatória que foram realizados em dois meios sendo eles: Escherichia coli (EC) e o Caldo verde brilhante 2% (VB) devidamente esterilizados. Observado que para cada tubo de LST positivo foram preparados um tubo com 9mL do meio EC e outro tubo com o meio VB, com tubo de Durhan invertido. Após a

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enumeração dos tubos, em uma bancada contendo bico de Bunsen, álcool areia iniciasse a etapa confirmatória passando uma alçada do tudo positivo LST para o tubo contendo 9ml do meio EC e outro com o meio VB com a mesma numeração. Os tubos com E.C são colocados em banho maria de 48ºC durante 24 horas, os tubos com VB, vão para estufa a 35ºC/48h. A leitura dos resultados e a mesma do LST. Para os tubos positivos para o meio EC, amostras foram distribuídas com estrias descontinuas em placas de Petri contendo meio de cultura Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB) e posteriormente incubada de 35ºC por 24 horas. Observando a presença de colônias com centros mais enegrecidos e com brilho verde brilhante é caracterizados como coliformes termotolerantes.

Resultados e Discussão

Os pontos de coleta P1 e P3 apresentaram as amostras positivas para os testes

presuntivos e confirmativos para coliformes totais (Cto) e termotolerantes (Cte), enquanto o ponto P2 apresenta amostra positiva para teste confirmativo apenas para os coliformes totais, conforme a tabela abaixo.

Tabela 1: Número mais provável de Coliformes totais e termotolerantes das amostras do rio São João e Tamanduá pertencentes ao município de Foz do Iguaçu – PR.

Pontos de Coleta Cto Cte

P1 2,1 x 10 1,1 x 10 P2 1,5 x 102 < 3 P3 3.9 x 10 2,4 x 102

Cto - Número mais provável de coliformes totais (UFC/ml), Cte - Numero mais provável de coliformes termotolerantes ( UFC/ml), P1 e P2 – Rio São João, P3 – Rio Tamanduá.

Segundo Yamanaka et al. (2010) a contaminação bacteriana por coliformes

totais e termotolerantes, deve-se, a presença de fezes humanas e de animais, despejadas de esgotos irregulares e por contaminação dos lençóis superficiais de água devido a inexistência de fossas sépticas adequadas, como foi observado em análise visual nas proximidades de P1 e P3, onde ocorre presença de moradias na proximidade nos pontos de coleta.

A portaria vigente nº 518, da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Brasil, 2004), estabelece a ausência de bactérias do grupo coliformes fecais como padrão de potabilidade para uso humano. Entretanto, apesar de terem sido positivos os testes presuntivos e confirmativos para Cto e Cte, com exceção do teste presuntivo para P2, os corpos de água amostrados são utilizados apenas para fins recreativos. Além disso, não foi observado nos pontos de coleta nenhuma forma de tratamento sanitário da água que viabilizasse o uso humano das águas de P1, P2 e P3. Assim, as águas de ambos os rios, São João e Tamanduá, são classificadas segundo a Resolução nº 357/05, conforme seu uso preponderante como Classe II, ou seja, destinada apenas para uso do consumo humano, depois da realização do tratamento convencional ou para recreação de contato primário como esqui aquático, natação e mergulho (Conama, 1986). No caso dos rios, São João e Tamanduá, ambos são usados para a recreação.

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O artigo 26 da Resolução nº 20 estabelece para uso de águas Classe II, quatro categorias de qualidade com relação a presença de coliformes: Excelente, Muito boa, Satisfatória e Imprópria (Conama, 2005). As amostras P1 e P2 foram classificadas como excelente para recreação de contato primário, pois apresentaram níveis abaixo de 250 coliformes fecais por 100 mililitros. A amostra de P3 para Cto, foi a única que apresentou concentração de coliformes acima da estabelecida para esta categoria, se enquadrando, portanto, na categoria Muito Boa.

Com a análise dos dados obtidos, observa-se a ausência de Cte no ponto 2, esse resultado pode ter ocorrido devido a influência que o ParNaIguaçu exerce sobre esse trecho do rio.

Portanto, vale ressaltar a importância de parques na proximidade de rios, visto que à ausência de moradias e de circulação de pessoas, o que reduz o escoamento de fezes humanas e de animais (Alessio et al., 2009).

Conclusões

De acordo com esse estudo os valores obtidos dos bioindicadores sinaliza que

a água coletada no Rio São João e no Rio Tamanduá estão de acordo com a finalidade do conselho nacional do meio ambiente quanto a Classe II, ou seja, destinada apenas para uso do consumo humano, depois da realização do tratamento convencional ou para recreação de contato primário como esqui aquático, natação e mergulho.

Referências

Alessio, C.E. Pinto, F.G.S. Moura, A.C. (2009). Avaliação Microbiológica das Águas das Principais Fontes de Praças e Parques de Cascavel – PR. Unopar Cientifica. Ciências Biológicas e da Saude 11, 41-4 American Public Health Association; American Water Works Association; Water Environment Federation (2005). Standart methods for the examination of water and wastewater. Washington: American Public Health Association. Brasil (2004). Ministério da Saúde. Portaria nº 518, de 25 de março. 2004, Norma de qualidade para água de consumo humano. Diário Oficial da União nº59, Brasília, 8-30. Conselho Nacional do Meio Ambiente (1986). Classificação das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. Resolução nº 20, de 18 de junho de 1986. Diário Oficial da União, seção 1, 30 de março de 1986, Brasília, 11356 – 11360. Conselho Nacional do Meio Ambiente (2005). Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências. Resolução 357, de 17 de Março de 2005. Diário Oficial da União nº 053, Brasilía, 58-63.

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Mormul, R.P., Kwiatkowski, A., Zerbini, D.L.N., Freitas, A.A., Almeida, A.C.G. (2006). Avaliação da qualidade da água em nascentes da favela São Francisco de Campo Mourão/PR. SaBios: Revista Saúde e Biologia 1, 36-41. Ratti, B.A., Brustolin, C.F., Siqueira, T.A. & Torquato, A.S. (2011). Pesquisa de Coliformes Totais e Fecais em Amostras de Água Coletadas no Bairro Zona Sete, na Cidade de Maringá-PR. In Anais do 7º Encontro Internacional de Produção Científica, Maringá, Paraná, Brasil. Vasconcellos, F.C.S., Iganci, J.R.V. & Ribeiro, G.A. (2006). Qualidade microbiológica da água do rio São Lourenço. Arquivos do Instituto Biológico 73, 177-181. Yamanaka E.H.U., Beux M.R., Monteiro C.S.L.B., Favaro C., Murakami A.M.U., Macuco A.L.B. (2010). Pesquisa de Indicadores Bacterianos em Águas de Consumo de Fontes Alternativas. In Anais: Internacional Congress on Bioprocess in Food Industries, Curitiba, Paraná, Brasil.

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Efeitos de produtos fitossanitários sobre parâmetros biológicos de Beauveria bassiana (Bals.) Vuill

Marina Martins Nascimento*1, Luis Francisco Angeli Alves1, Camila Vogt dos

Santos1, Rafaela Barbosa Pares1 *e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Laboratório de Biotecnologia Agrícola/Cascavel, PR.

Palavras-chave: Interação, fungos entomopatogênicos, compatibilidade. Introdução

Por serem de ocorrência natural sobre pragas presentes no agroecossistema e, portanto, considerados patógenos naturais, os fungos entomopatogênicos têm sido utilizados no controle biológico de artrópodes, destacando-se o fungo B. bassiana devido à fácil produção em larga escala.

Ainda assim, atualmente os produtos químicos são amplamente utilizados para o controle de pragas agrícolas e apesar de eficientes, as consequências do uso indiscriminado são inúmeras sobre o ambiente, os homens e os animais de modo geral. Outro fator importante que chama a atenção é que muitos desses produtos influenciam nos parâmetros biológicos dos fungos entomopatogênicos como, o crescimento vegetativo, a viabilidade, esporulação e até mesmo na sua composição genética, tendo como consequência alteração na sua virulência.

Dentro deste contexto, o teste de compatibilidade proporciona o conhecimento de produtos que podem atuar em conjunto com o fungo B. bassiana, a fim de evitar a inviabilização do fungo presente no ambiente. Além disso, os microorganismos podem atingir o seu maior potencial de contribuição quando protegidos ou associados a produtos compatíveis.

Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo testar a compatibilidade de 11 produtos fitossanitários comerciais, sendo eles 4 herbicidas e 7 inseticidas, sobre parâmetros biológicos do fungo entomopatogênico B. bassiana, conforme estudos desenvolvidos por Alves et al. (1998).

Materiais e Métodos

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Biotecnologia Agrícola da

UNIOESTE, Campus Cascavel/PR. Foi utilizado o isolado Unioeste 04 da espécie B. bassiana, obtido da coleção de fungos do próprio laboratório.

Produtos fitossanitários Foram testados os herbicidas Callisto (Mesotiona), Poquer (Cletodim), Fusilad (Fluazine-P-Butílico) e Gamit (Clomazine) e inseticidas Curyom (Profenofós + Lufenuron), Gaucho (Imidacloprido), Actara 250 WG (Tiametoxan), Standak Top

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(Piraclostrobina + Tiofanatometílido + Fipronil), Tiger (Piriproxifem), Nomolt (Teflubenzurom) e Cipermetrina (Cipermetrina), visando conhecer o efeito sobre parâmetros biológicos de B. bassiana. Fungo O isolado Unioeste 04 de B. bassiana foi multiplicado em Meio de cultura para produção de conídios (ME) e incubado à 25 ± 1º C, durante 10 dias. Em seguida, foi realizada a raspagem da superfície do meio de cultura para coleta dos conídios, que foram transferidos para tubos de vidro, para realização das diluições seriadas com

solução de água destilada esterilizada + Tween® 80 0,01% e padronização da

concentração de conídios em câmara de Neubauer (Alves, 1998). Avaliação dos parâmetros biológicos

Germinação: No centro de Rodak foram inoculados 300 µL da suspensão do fungo contendo 1,65 ×106 conídios/mL sob meio BDA, utilizando-se um pipetador automático. Em seguida, pulverizou-se os produtos através de um pulverizador acoplado a um compressor de ar, sendo 250 µL para cada repetição. As placas foram mantidas em câmara climatizada (16 ºC e 12 h de fotofase) para posterior contagem do número de conídios germinados e não-geminados sob microscópio óptico.

Unidades Formadoras de Colônia (UFC): Foram inoculados 100 µL da suspensão dos isolados (1 × 103 conídios/mL) em BDA. Em seguida, o produto foi pulverizado como descrito no item anterior. As placas permaneceram em câmara

climatizada durante cinco dias em 26 C e 12 h de fotofase, para a contagem das colônias formadas.

Crescimento vegetativo: o fungo foi inoculado com uma alça de platina em 3 pontos na superfície do meio de cultura BDA. A pulverização dos produtos foi feita após 48 h a fim de evitar a remoção dos conídios. As placas foram incubadas a 26ºC e 12 h de fotofase, durante 7 dias. Foram realizadas duas medidas perpendiculares das colônias, visando-se obter o diâmetro médio destas.

Produção de conídios: após a avaliação do crescimento vegetativo, duas colônias de cada uma das placas foram recortadas e transferidas individualmente para tubos de vidro de fundo chato estéril, onde foram adicionados 10 mL de água destilada com Tween® 80 0,01% para agitação, até o desprendimento dos conídios. Em seguida, foi realizada a contagem dos conídios em câmara de Neubauer. Foi realizada uma média da contagem das duas colônias recortadas.

Para cada um dos tratamentos foram preparadas cinco placas, cada uma considerada uma repetição. Foi preparada ainda, a Testemunha, que consiste apenas da inoculação da suspensão do fungo em meio de cultura BDA e da pulverização de água destilada sobre ele.

Os dados obtidos dos parâmetros biológicos foram analisados quanto à variância (teste F) e as médias comparadas pelo teste de Scott Knott, ambos com 5% de significância, utilizando o programa Sisvar (Ferrreira, 2007).

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Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

A compatibilidade entre os tratamentos e o fungo foram analisados de acordo com o cálculo de toxicidade proposto por Rossi-Zalaf et al. (2008):

100

GER10ESP43CV47IB

, onde:

IB= Índice Biológico; CV= porcentagem do crescimento vegetativo da colônia após 7 dias, em relação à testemunha; ESP= porcentagem da esporulação das colônias após 7 dias, em relação à testemunha; GER= porcentagem de germinação dos conídios após 16 h, visto que os valores de CV, ESP e GER devem ser previamente corrigidos em relação às respectivas testemunhas. Os valores do IB (p=0,05) para a classificação dos produtos foram: Tóxico 0-41; Moderadamente Tóxico 42-66 e Compatível > 66.

Resultados e Discussão

Com relação aos herbicidas utilizados, os produtos Callisto, Poquer e Fusilad afetaram a viabilidade dos conídios. A preservação da viabilidade dos conídios é de extrema importância, pois são essas estruturas responsáveis pela ocorrência da doença nas populações de insetos (Silva et al., 2005). No parâmetro UFC, os tratamentos Callisto e Fusilad apresentaram valores maiores que a testemunha. O Diâmetro médio das colônias não foi afetado por nenhum produto e a produção de conídios foi significativamente menor no tratamento com Fusilad. O único herbicida que não afetou nenhum parâmetro biológico do fungo foi o Gamit (Tabela 1). No entanto, com base no teste de compatibilidade todos os produtos aqui testados são compatíveis com o fungo B. bassiana. Ao contrário destes resultados, Botelho & Monteiro (2011), afirmam que produtos à base de clomazone+ametrina foram classificados como tóxicos para B. bassiana.

Na análise dos inseticidas, tanto o parâmetro de viabilidade, quando UFC, obtiveram valores estatisticamente diferentes dos valores da Testemunha apenas no tratamento com o produto Cipermetrina, com redução de 38,62% na viabilidade e 55% na UFC. Na avaliação do crescimento vegetativo e produção de conídios, observou-se que nenhum produto em questão obteve valor estatisticamente diferente ao encontrado na Testemunha (Tabela 1). Quanto ao teste de compatibilidade, todos os inseticidas utilizados mostraram-se compatíveis com o isolado de B. bassiana.

Resultados semelhantes foram encontrados por Neves et al. (2001) e Andaló et al. (2004), segundo os quais onde os produtos com ingredientes ativo à base de Imidacloprido e Tiametoxan mostraram-se compatíveis com o fungo B. bassiana. Da mesma forma, estudos realizados por Cavalcanti et al. (2002) e Almeida et al. (2003) também apresentaram compatibilidade entre B. bassiana e produtos à base de Imidacloprido e Tiametoxan, respectivamente.

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Tabela 1. Médias de viabilidade, UFC, diâmetro, produção de conídios, valores de compatibilidade e compatibilidade do isolado Uni 04 de Beauveria bassiana submetido a diferentes produtos.

Herbicida Viabilidade (%) UFC Diâmetro Conídios/ML IB

Testemunha 91,37 a 441.75 bc 4.33 a 49.81 b -

Callisto 78.66 b 557 a 4.78 a 88.8 a 136,41

Gamit 96 a 375 c 5.03 a 34.27 bc 93,78

Poquer 73.75 bc 349.25 c 4.02 a 55.75 ab 99,14

Fusilad 71.12 c 519 ab 4.20 a 10.87 c 62,15

Inseticida Viabilidade (%) UFC Diâmetro Conídios/ML Testemunha 90,12 a 441,75 a 2,35 a 49,81 abc -

Cipermetrina 51,5 b 244 b 2,38 a 56,04 ab 101,13

Curyon 77 ab 349 ab 2,35 a 41,34 b 90,39

Tiger 79,55 a 462 a 2,36 a 52,6 abc 100,56

Gaucho 79,85 a 400 a 2,39 a 55,76 abc 123,92

Actara 84,25 a 439 a 2,51 a 63,42 a 113,37

Standak Top 93,87 a 355 ab 2,41 a 43,72 bc 80,89

Nomolt 94 a 381 ab 2,37 a 26,99 c 94,54 Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de significância.

De forma contrária ao aqui observado, Tamai et al. (2002) observaram que

inseticidas à base de Cipermetrina foram classificados como muito tóxicos para o fungo B. bassiana, assim como os produtos à base de Piriproxifem e Profenofós. Tais resultados diferem dos dados apresentados neste trabalho. Isolados de fungos entomopatogênicos da mesma espécie apresentam grande variabilidade genética natural para diversos parâmetros biológicos, sendo uma característica importante para explicar as diferentes respostas que a literatura apresenta de B. bassiana para um mesmo produto químico (Tamai et al., 2002). Conclusões

Apesar de afetar alguns dos parâmetros biológicos do fungo, todos os produtos avaliados no presente estudo mostraram-se compatíveis com B. bassiana.

Agradecimentos

Agradecemos ao CNPq pelo apoio à pesquisa. Referências Almeida, J.E.M., Batista Filho, A., Lama, C., Leite, L.G., Trama, M. & Sano, A.H. (2003). Avaliação da compatibilidade de defensivos agrícolas na conservação de

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168 Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste

Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

microrganismos entomopatogênicos no manejo de pragas do cafeeiro. Arquivos do Instituto Biológico 70, 79-84. Alves, S.B. (1998). Fungos entomopatogênicos. In Alves, S.B. (Eds.), Controle Microbiano de Insetos (pp. 289-381). Piracicaba: FEALQ. Andaló, V., Moino Jr, A., Santa-Cecília, L.V.C. & Souza, G.C. (2004). Compatibilidade de Beauveria bassiana com agrotóxicos visando o controle da Cochonilha-da-raiz-do-cafeeiro Dysmicoccus texensis Tinsley (Hemiptera: Pseudococcidae). Neotropical Entomology 33, 463-467. Botelho, A.A.A. & Monteiro, A.C. (2011). Sensibilidade de fungos entomopatogênicos a agroquímicos usados no manejo da cana-de-açúcar. Bragantina 70, 361-369. Cavalcanti, R.S., Moino Jr, A., Souza, G.C. & Arnosti, A. (2002). Efeito dos produtos fitossanitários Fenpropatrina, Imidaclopride, Iprodione e Tiametoxam sobre o desenvolvimento do fungo Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. Arquivos do Instituto Biológico 69, 17-22. Ferreira, D.F. (2007). Sistema Sisvar para análises estatísticas. http://www.dex.ufla.br/~danielff/softwares.htm. Acesso em: 20 de julho de 2016. Neves, P.M.O.J., Hirose, E., Tchujo, P.T. & Moino Jr, A. (2001). Compatibility of entomopathogenic fungi with neonicotinoid insecticides. Neotropical Entomology 30, 263-268. Rossi-Zalaf, L.S., Alves, S.B., Lopes, R.B., Silveira Neto, S. & Tanzini, M.R. (2008). Interação de microrganismos com outros agentes de controle de pragas e doenças. In Alves, S.B. & Lopes, R,B. (Eds.), Controle Microbiano de Pragas na América Latina: avanços e desafios (pp. 279-299). Piracicaba: FEALQ. Silva, Z.R., Neves, J.O.M.P. & Santoro, H.P. (2005). Técnicas e parâmetros utilizados nos estudos de compatibilidade entre fungos entomopatogênicos e produtos fitossanitários. Ciências Agrárias 26, 305-312. Tamai, M.A., Alves, S.B., Lopes, R.B., Fion, M. & Padulla, L.F.L. (2002). Toxicidade de produtos fitossanitários para Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. Arquivos do Instituto Biológico 69, 89-96.

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Influência do extrato aquoso de Euphorbia milii sobre parâmetros biológicos de fungos entomopatogênicos

Marina Martins Nascimento*1, Luis Francisco Angeli Alves1, Jovana Silva Guedes

Filizari1, Mayara Fabiana da Silva1, Andréia Kusumota Bonini1, Tiago Tavares Ferreira1

*e-mail: [email protected]

1Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Laboratório de Biotecnologia Agrícola/Cascavel, PR.

Palavras-chave: interação, produtos fitossanitários alternativos, patógenos naturais. Introdução

O cenário atual da produção agrícola está diretamente vinculado ao uso de produtos fitossanitários sintéticos em larga escala e, muitas vezes, de forma indiscriminada. Tais ações têm levado ao surgimento de diversas consequências à saúde humana, além de acarretar em desequilíbrio ecológico.

Por outro lado, pesquisas com produtos fitossanitários alternativos (PFA) têm sido desenvolvidas a fim de minimizar estes problemas. Dentre os PFA podemos destacar os extratos de plantas que possuem ação inseticida, antimicrobiana e de repelência. Neste contexto, também se destacam os fungos entompatogênicos, que são patógenos naturais de insetos-praga presentes no agroecossistema e, portanto, têm sido utilizados no controle biológico de artrópodes.

Estudos in vitro avaliam a interação de produtos fitossanitários sobre fungos entomopatogênicos, determinando estratégias adequadas para o controle de pragas, visto que estes produtos em relação à produção agrícola mostram ser mais seguros e viáveis do ponto de vista da sustentabilidade. Além disso, são mais seletivos aos inimigos naturais, preservando, desta forma, o controle biológico natural.

Espécies da família Euphorbiaceae possuem grande importância econômica e vêm sendo alvo de estudos, devido ao seu potencial inseticida. Dentre as espécies desse grupo, Ricinus comunnis (Mamona) é uma das mais estudadas, na qual foi verificado esse potencial. Por outro lado, a espécie Euphorbia milii (Coroa-de-Cristo), também desta família, é pouco estudada quanto à essas características inseticidas e atividades microbianas.

Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de extrato aquoso de Euphorbia milii sobre parâmetros biológicos dos fungos Beauveria bassiana (Bals.) Vuill. (Uni 88), Metarhizium anisopliae (Uni 22) e Nomurae rileyi Vuill. (Uni 74). Materiais e Métodos

Os experimentos foram realizados no Laboratório de Biotecnologia Agrícola da

UNIOESTE, Campus Cascavel/PR. Foram utilizados os isolados Uni 88, Uni 22 e Uni

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170 Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste

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74 das espécies B. bassiana, M. anisopliae e N. rileyi, respectivamente, obtidos da coleção de fungos do próprio laboratório.

Obtenção de extrato aquoso

Folhas mais novas, livres de patógenos e deformações da espécie E. milii

(Euphorbiaceae), foram coletadas no período da manhã em área localizada no interior da cidade de Cascavel. Logo após a coleta, as folhas foram higienizadas em água corrente e adicionadas em estufa, a 40C° durante 168horas para secagem. Após esse período, o material foi triturado em moinho de facas e logo após, o pó resultante armazenado em recipiente de vidro abrigado da luz e da umidade.

Os extratos utilizados foram do tipo aquoso, obtidos a partir de uma diluição de 10g e 5g do pó das folhas em 100 ml de água destilada, correspondendo a extratos de 10% e 5%. As soluções foram mantidas em agitação durante 24 horas, e logo após, filtradas em filtros de papel, obtendo-se assim os extratos nas concentrações pretendidas.

Fungo

Os isolados foram multiplicados em meio de cultura para produção de conídios (ME) e incubado à 25 ± 1º C, durante 10 dias. Em seguida, foi realizada a raspagem da superfície do meio de cultura para coleta dos conídios, que foram transferidos para tubos de vidro, para realização das diluições seriadas com solução de água destilada

esterilizada, acrescido de Tween® 80 0,01% e padronização da concentração de

conídios em câmara de Neubauer (Alves, 1998).

Avaliação dos parâmetros biológicos

Germinação: No centro de Rodak foram inoculados 150 µL da suspensão do fungo contendo 1 ×106 conídios/mL sob meio BDA, utilizando-se um pipetador automático. Em seguida, pulverizou-se os extratos através de um pulverizador acoplado a um compressor de ar, sendo 250 µL para cada repetição. As placas foram mantidas em câmara climatizada (16 ºC e 12 h de fotofase) para posterior contagem do número de conídios germinados e não-geminados sob microscópio óptico.

Unidades Formadoras de Colônia (UFC): Foram inoculados 250 µL da suspensão dos isolados (1 × 103 conídios/mL) em BDA. Em seguida, os extratos foram pulverizados 300 µL dos extratos como descrito no item anterior. As placas

permaneceram em câmara climatizada durante cinco dias em 26 C e 12 h de fotofase, para a contagem das colônias formadas.

O delineamento foi inteirairamente casualizado em esquema fatorial, onde o fator principal foram os tratamentos com fungos e o secundário as concentrações 5, 10 e o Controle. Para cada um dos tratamentos foram preparadas três placas, sendo cada placa considerada uma repetição. Foi preparado ainda, o Controle, que consiste apenas da inoculação da suspensão do fungo em meio de cultura BDA e da pulverização de água destilada sobre ele.

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Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

Os dados obtidos dos parâmetros biológicos foram analisados quanto à variância (teste F) e as médias comparadas pelo teste de Scott Knott, ambos com 5% de significância, utilizando o programa Sisvar (Ferreira, 2007). Resultados e Discussão

Avaliando os resultados de UFC entre os tratamentos com fungo (Tabela 1), verificou-se que Uni 74 apresentou menor contagem de UFC no controle e nas concentrações 5 e 10 %, o qual diferiram estatisticamente do Controle. O isolado Uni 22 apresentou maior UFC quando submetido a concentração de 10% do extrato e comparado com o Controle. Por outro lado, Mamprim (2011), utilizando o extrato aquoso de mamona (Ricinus comunis L.) (Euphorbiaceae) encontrou resultados divergentes, onde houve redução de UFC em isolado de M. anisopliae em relação ao Controle.

Tabela 1. Médias de UFC dos isolados de fungos entomopatogênicos submetidos a diferentes concentrações de extrato aquoso de Euphorbia milii.

Tratramentos Uni 22 Uni 88 Uni 74

Controle 5% 10%

504 Ab 500,33 Ab 618,67 Aa

489,33 Aa 218,67 ABb 443,67 Bc

381 Ba 147 Bab 117,67 Cb

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de significância.

Verificou-se que após 16 horas não houve diferença significativa quanto à

viabilidade para o isolado Uni 88, de modo que, em ambas as concentrações, foram maior que 90% (Tabela 2).

Estudos conduzidos por Rondelli et al. (2011) obtiveram resultado de sinergismo entre um isolado de B. bassiana e óleo de mamona, além de apresentar mortalidade significativa quando aplicado no controle biológico de Plutella xylostella, indicando que o princípio ativo desta planta da família Euphorbiaceae não afetou a patogenicidade (também considerado parâmetro biológico) do fungo.

Por outro lado, o isolado Uni 22 não apresentou germinação em ambas as concentrações do extrato de E. milii. Resultados semelhantes foram observados por Mamprim (2011), onde a viabilidade de M. anisopliae foi afetada quando submetido ao extrato aquoso de R. comunis.

O isolado Uni 74 não apresentou germinação nas concentrações 5 e 10%, indicando que, de alguma forma, o extrato pode ter afetado sua viabilidade.

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Tabela 2. Porcentagem de germinação dos isolados de fungos entomopatogênicos submetidos a diferentes concentrações de extrato aquoso de Euphorbia milii.

Tratramentos Uni 22 Uni 88 Uni 74

Controle 5% 10%

85,06 Ab 0,00 Bb 0,00 Bb

95,67 Aa 93,50 Aa 97,53 Aa

81 Ab 0,00 Bb 0,00 Bb

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de significância.

Conclusões

O Uni 74 foi o isolado com parâmetros mais afetados pela pulverização do extrato, sendo eles germinação e UFC. Algumas espécies da família Euphorbiaceae apresentam estudos escassos sobre suas atividades inseticidas e antimicrobianas, como é o caso de E. milii. Esta espécie é amplamente utilizada na ornamentação e medicina popular, porém, com estudos escassos em relação a outras atividades. Sendo assim, há a necessidade de novos estudos e pesquisas acerca da interação de extratos botânicos sobre os fungos entomopatogênicos para utilização desta associação em cultivos.

Referências

Alves, S.B. (1998). Fungos entomopatogênicos. In Alves, S.B. (Eds.), Controle Microbiano de Insetos (pp. 289-381). Piracicaba: FEALQ. Ferreira, D.F. (2007). Sistema Sisvar para análises estatísticas. http://www.dex.ufla.br/~danielff/softwares.htm. Acesso em 20 de julho de 2016. Mamprim, A.P. (2011). Efeitos de defensivos agrícolas naturais e extratos vegetais sobre parâmetros biológicos de Metarhizium anisopliae (Metsch.) Sorok. Dissertação de mestrado, Programa de pós-graduação em Agronomia, Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Rondelli, V.M., Pratissoli, D., Polanczyk, R.A., Marques, E.J., Sturm, G.M. & Tiburcio, M.O. (2011). Associação do óleo de mamona com Beauveria bassiana no controle da traça-das-crucíferas. Pesquisa Agropecuária Brasileira 46, 212-214.

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Capítulo 9

ZOOLOGIA

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Avaliação da qualidade ambiental de dois riachos através da utilização de Macroinvertebrados

Julio Cesar Cargnelutti Junior1, Luciano Lazzarini Wolff1, Andressa Bach1, Jéssica

Sabatini Ribeiro2, João Ricardo Vanzella de Assis1, Larissa Roberts Peters2, Lucíola Thais Baldan2, Paulo Affonso Dalla-Lana Forcelini1

*email: [email protected] 1 Universidade Estadual do Oeste do Paraná/Centro de Ciências Biológicas e da Saúde/Cascavel-PR 2 Universidade Federal do Paraná/Palotina-PR

Palavras-chave: biomonitoramento, qualidade ambiental, poluição. Introdução

Ecossistemas aquáticos têm sido alterados significativamente por diversas ações antrópicas, tais como despejo de agroquímicos e uso inadequado do solo. Consequentemente, ocorrem alterações físico-químicas na água, como baixo teor de oxigênio dissolvido, fatores que interferem diretamente na estrutura da fauna aquática (Callisto et al., 2005). Os macroinvertebrados dulcícolas são animais amplamente influenciados por tais mudanças, logo respondem em diversidade e composição de acordo com as condições ambientais, principalmente o grau de poluição. Desta maneira, podem ser classificados como sensíveis, tolerantes e resistentes. Em razão disso, há uma crescente tendência em utilizá-los como bioindicadores de qualidade de água, pois além de possuírem uma resposta rápida ao ambiente também se enquadram em todos os requisitos para biomonitoramento (Gimenes, 2015).

Os macroinvertebrados sensíveis são aqueles que necessitam de grandes concentrações de oxigênio dissolvido e, geralmente, colonizam ambientes diversificados. Seus principais representantes são Ephemeroptera, Trichoptera, Plecoptera – conhecidos como EPT’s. Mollusca, Bivalvia, Odonata e Coleoptera são exemplos de indivíduos tolerantes, caracterizam-se por viver em locais menos diversificados que o primeiro grupo, sem a necessidade de altas concentrações de oxigênio dissolvido. Enquanto os táxons resistentes abrangem especialmente Chironomidae e Oligochaeta, são capazes de viver na ausência total de oxigênio por várias horas e possuem hábito fossorial, por isso não exigem grande diversidade de micro-habitat (Goulart & Callisto, 2003).

Para esse estudo foram escolhidos dois riachos localizados na bacia do baixo Iguaçu, oeste do estado do Paraná, região com intensa atividade agropecuária, especialmente no plantio de culturas sazonais, como milho e soja. Entretanto essa caracterização não corresponde a 100% da bacia (Sema, 2010). Segundo Gimenes (2015), podemos encontrar na área de drenagem riachos rurais minimamente impactados, classificação feita de acordo com a porcentagem de cobertura vegetal dentro da área de drenagem. A qualidade ambiental dos riachos foi testada através da comparação de índices bióticos da fauna de macroinvertebrados.

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175 Anais da XXV Semana Acadêmica de Biologia – Unioeste

Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

Materiais e Métodos Foram realizadas duas coletas de macroinvertebrados durante os meses de

maio e agosto de 2015, em dois riachos de terceira ordem (Allan & Castillo, 2007), pertencentes à bacia do baixo Rio Iguaçu. De acordo com a porcentagem de cobertura vegetal de suas microbacias, os riachos foram classificados em rural (Rio da Paz, 20%) e minimamente impactado (Rio Jumelo, 62%). Tal caracterização foi realizada através do programa Google Earth Pro, sendo a área das microbacias (Km²) delimitadas através de um ponto de inserção, onde a elevação do solo começa a declinar; criando um polígono da área das microbacias com os pontos demarcados (Gimenes, 2015).

As capturas dos macroinvertebrados foram realizadas em cinco tipos de substratos de acordo com o tamanho de granulação, segundo Gordon et al., (2004): areia (<15 mm), cascalho (5 – 15 mm), seixo (25 – 50 mm), matacão (>50 mm) e folhiço (matéria orgânica alóctone).

As capturas foram realizadas em cada tipo de substrato com um amostrador tipo Surber (30X30 cm) com malha de 500µm. Ainda no local da coleta o material foi revolvido de dentro da malha para uma bandeja e, posteriormente, para recipientes plásticos com formol 5% para fixação. Além disso, foram realizadas as análises físicas e químicas utilizando a sonda multiparâmetros Horiba®. O material foi levado ao Laboratório de Zoologia de Invertebrados da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, onde foi realizada a triagem e identificação dos indivíduos até o nível de família quando possível. Para chegar ao nível de família foram utilizadas chaves específicas, além do auxílio de especialistas do Laboratório de Qualidade da Água e Limnologia da UFPR de Palotina.

Os índices de diversidade, riqueza e equitabilidade foram calculados a partir dos dados de abundância dos táxons (famílias de macroinvertebrados), utilizando o software PAST (Paleontological Statistic Software) versão 2.08 (Hammer et al., 2001). Para testar as diferenças de fauna de macroinvertebrados entre os riachos foi realizada uma análise de variância (ANOVA) aplicada sobre os índices ecológicos, por meio do software Statistica, versão 7.0, assumindo os pressupostos de normalidade e homocedasticidade.

Resultados e Discussão

A condutividade tendeu a ser maior no riacho Rio da Paz, enquanto que outras

variáveis oscilaram pouco entre os rios (Tabela 1).

Tabela 1 – Média e desvio padrão das variáveis abióticas. Temp. = Temperatura (°C); OD = Oxigênio dissolvido (mg.L-1); pH; Cond. = Condutividade (µS.cm-1); Sólidos = Sólidos totais (ml.L-1); Prof. = Profundidade média (cm); Larg. = Largura (m); Fluxo (m.s-1).

Foram encontrados ao todo 52 táxons, totalizando 3606 indivíduos. Dentre estes,

Temp. OD mg/L pH Cond. Sólidos Prof. (cm) Larg. (m) Fluxo

Paz 17,17±0,28 9,78±0,33 7,00±0,14 0,30±0,01 0,02±0,01 20,34±2,33 3,78±0,19 0,33±0,05 Jumelo 18,83±1,29 9,47±0,71 6,57±0,19 0,03±0,01 0,02±0,01 20,94±9,45 3,41±0,68 0,30±0,11

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Cascavel, PR – 21 a 26 de novembro de 2016.

destacaram-se insetos das ordens Diptera (Chironomidae e Simuliidae), Coleoptera (Elmidae), Plecoptera (Gripopterygidae), Trichoptera (Hydropsychidae) e Ephemeroptera (Leptophlebidae) (Figura 1). Chironomidae predominou em ambos os riachos, enquanto que os táxons Elmidae, Gripopterygidae, Odonata, Leptophlebidae, Calamoceratidae e Hydroptilidae predominaram no riacho Jumelo e Simuliidae, Nematoda, Hydropsychidae e Glossosomatidae no Rio da Paz.

Figura 1. Log da abundância dos principais táxons de macroinvertebrados dos riachos Jumelo e Rio da Paz

A riqueza e a diversidade foram significativamente maiores no Jumelo, onde F=5,67; p=0,03 e F=14,96; p=0,001, respectivamente; enquanto que a abundância (F=0.29; p=0,59) e equitabilidade (F=1,41; p=0,25) não diferiram entre os riachos (Figura 2).

É notável a importância dos fatores abióticos para a estruturação dos ecossistemas aquáticos, influenciando na distribuição e composição da fauna doe macroinvertebrados. Embora as variáveis abióticas foram relativamente semelhantes entre os dois riachos, a condutividade tendeu a ser maior no riacho Rio da Paz, o que pode ser resultado da baixa porcentagem de cobertura vegetal sendo assim corrobora o fato de que determinar alterações nas comunidades biológicas através de parâmetros físico-químicos de forma isolada pode ser insuficiente (Goulart & Callisto, 2003).

A abundância da família Chironomidae em ambos os riachos pode ser explicada pelo fato destes animais serem generalistas e possuírem diversas adaptações fisiológicas e morfológicas que os permitem tolerar ambientes em condições desfavoráveis (Trivinho-Strixino & Strixino, 2005). No geral, foi observado que a riqueza e diversidade foram comparativamente maiores no riacho minimamente impactado do que no rural. Provavelmente isso se deve ao fato de que a heterogeneidade do ambiente no riacho com maior porcentagem de cobertura vegetal favorece o estabelecimento da fauna de macroinvertebrados (Vannote et al., 1980). A

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

Log

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Principais táxons

Jumelo

Paz

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relação inversa é observada no riacho rural, onde a maior homogeneidade do ambiente faz com que a fauna seja menos diversificada.

Jumelo Paz100120140160180200220240260280300320340360380

me

ro d

e in

div

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os

Média

Média ± EP

F(1;17) = 0,2919

p = 0,5960

LEGENDA

A

Jumelo Paz6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

Riq

ue

za

de

xo

ns (

S)

F(1;17) = 5,6754

p = 0,0292B

Jumelo Paz0,44

0,46

0,48

0,50

0,52

0,54

0,56

0,58

0,60

0,62

0,64

0,66

0,68

0,70

Eq

uita

bili

da

de

de

Pie

lou

(J)

F(1;17) = 1,4084

p = 0,2516D

Figura 2. Gráficos ilustrativos das médias e erro padrão dos índices: A) Abundância; B) Riqueza de táxons; C) Diversidade de Shannon; D) Equitabilidade de Pielou.

Conclusões

Diante dos dados obtidos, pode-se concluir que o riacho minimamente impactado apresentou maior diversidade e riqueza de táxons, além de uma incidência superior dos táxons sensíveis, especialmente EPT. Desta maneira, podemos inferir que o riacho Jumelo possui uma melhor qualidade quando comparado com o Rio da Paz. Infere-se que seja em razão da maior disponibilidade de recursos e micro-habitat proveniente da matéria orgânica alóctone, fator este que pode estar correlacionado a porcentagem de cobertura vegetal. Referências Allan, J.D. & Castillo, M.M. (2007). Stream ecology: Structure and function of running waters: Londres, Chapman and Hall. Callisto, M., Gonçalves Jr., J.F. & Moreno, P. (2005). Invertebrados aquáticos como aioindicadores. In Goulart, E.M.A (Eds.), Navegando o Rio da Velhas das minas aos gerais (pp. 557–566 ). Belo Horizonte: UFMG.

Jumelo Paz0,8

0,9

1,0

1,1

1,2

1,3

1,4

1,5

1,6

1,7

Div

ers

ida

de

de

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an

no

n (

H)

F(1;17) = 14,9654

p = 0,0012C

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