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i UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM GESTÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL - NÍVEL DE MESTRADO KELLERMAN AUGUSTO LEMES GODARTH FATORES DISCRIMINANTES DE MORTALIDADE E SOBREVIVÊNCIA DE MICRO E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE DE FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ FRANCISCO BELTRÃO 2015

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i

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE

CAMPUS DE FRANCISCO BELTRÃO

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM GESTÃO E

DESENVOLVIMENTO REGIONAL - NÍVEL DE MESTRADO

KELLERMAN AUGUSTO LEMES GODARTH

FATORES DISCRIMINANTES DE MORTALIDADE E SOBREVIVÊNCIA DE

MICRO E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE DE FRANCISCO BELTRÃO -

PARANÁ

FRANCISCO BELTRÃO

2015

ii

KELLERMAN AUGUSTO LEMES GODARTH

FATORES DISCRIMINANTES DE MORTALIDADE E SOBREVIVÊNCIA DE

MICRO E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE DE FRANCISCO BELTRÃO -

PARANÁ

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação stricto sensu em Gestão e

Desenvolvimento Regional- nível de Mestrado da

Universidade Estadual do Oeste do Paraná –

UNIOESTE – campus de Francisco Beltrão, como

requisito obrigatório para obtenção do Título de

Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional,

Área de concentração Gestão e Desenvolvimento

Regional.

Linha de Pesquisa: Gestão Organizacional

Orientador: Prof. Dr. Edison Luiz Leismann

FRANCISCO BELTRÃO

2015

Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte.

iii

iv

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho às mulheres e homens de

minha vida: Terezinha, Neusa e Alvaro, que

me deram (ou emprestaram) o dom da vida;

Cleusa, Kellerman e Kenny, sem os quais esta

vida não valeria a pena!

v

AGRADECIMENTOS

À Deus, por ser tão bom e amável;

À minha amada esposa, Cleusa, merecedora de 50% ou mais deste título; exemplo de

mulher, companheira, esposa, mãe, profissional......... Só tenho a agradecer Papai do Céu por

ter colocado você no meu caminho;

Meus filhos Kellerman e Kenny, por simplesmente existirem, e me fazerem um ser

humano melhor;

Minha mãe Terezinha, que sem ter me dado a vida, tem me guiado nos caminhos

corretos desta caminhada, com amor e dedicação;

Meus pais Alvaro e Neusa (in memoriam), eu sei que vocês estão aqui, me dando o

suporte espiritual nesta árdua tarefa, e sempre, por toda a vida;

Meus irmãos Amelia, Mariane e Alvaro, minha afilhada Isabela e minha sobrinha

Juliana, a quem amo sem precisar de motivos, e a quem sempre poderei correr nas horas de

precisão;

A meus familiares postiços, Germilede, Neusa, Jaquelini e Angela, que sem eu ter do

seu sangue, me sinto parte integral da família;

A todos meus familiares das famílias Godarth, Lemes, Dallastra, Poloni e Caciamani,

obrigado por me acolherem entre os seus;

A todos os meus inúmeros amigos, são tantos e tão bons que não quero correr o risco

de ser injusto e esquecer de alguém. Mas posso representá-los pela Turma dos Sete, eternos

amigos de Curitiba, amizade de mais de 30 anos. Meu caráter foi moldado nessas relações de

amizade, e por isso agradeço a cada um que vem e fica na minha vida;

A todos os meus professores, de toda a vida, cada um participou de forma decisiva

para que eu possa ser, a cada dia mais, uma melhor pessoa e um melhor profissional, aqui

representados de forma honrosa por um dos melhores entre os melhores, Prof. Edison Luiz

Leismann, com orgulho, meu orientador;

A todas as Instituições de Ensino onde ministrei aulas, por me deixarem praticar o

que nasci para fazer!

A todos meus coautores de artigos científicos, por partilhar comigo o desejo de

melhorar a ciência da administração, afim de termos melhores organizações a serviço das

pessoas;

À UNIOESTE e todo seu corpo docente e técnico-administrativo, por possibilitarem

esta formação acadêmica tão importante em minha carreira;

vi

E finalmente a todos aqueles que se envolveram mais diretamente neste trabalho,

meu agradecimento infinito: Professores Edison Luiz Leismann; Claudio Mioranza, Claudio

Rojo e Ivete Inês Pastro; minha esposa Cleusa, minha cunhada Neusa, minhas sobrinhas

Isabela, Angela e Jaquelini, meus colegas professores Lucas Gomes de Oliveira e André Luiz

Comunelo, minha ex-aluna Adriana Mellk Picagewski; minha irmã e revisora Amelia, minha

‘chefa’ Dianalu de Almeida Caldato, Projeto Bom Negócio Paraná, Prefeitura Municipal de

Francisco Beltrão, Secretário Luiz Geremia, todos os empresários e empresárias que se

dispuseram a responder o questionário, e espero não ter esquecido de ninguém!!!!!!!!!!!!!

MEU MUITO OBRIGADO A TODOS!!!!!!!!!!

vii

Saber todo mundo sabe

Querer todo mundo quer

Mais fácil falar do que fazer....

Nem sempre faço o que é

Melhor pra mim

Mas nunca faço o que eu

Não tô afim de fazer....

Sei que parecem idiotas

As rotas que eu traço

Mas tento traçá-las eu mesmo....

O tempo vai passando, o passado vai pesando

O futuro ninguém sabe, ninguém vê

Vai abrir uma janela de oportunidade

Esteja pronto de verdade pra saltar....

Já vivi tanta coisa, tenho tantas a viver

Tô no meio da estrada e nenhuma derrota vai

me vencer....

Não quero ser o que eu não sou, eu não sou

maior que o mar....

Tenho muito mais dúvidas do que certezas....

Humberto Gessinger

viii

RESUMO

GODARTH, Kellerman Augusto Lemes. Fatores Discriminantes de Mortalidade e

Sobrevivência de Micro e Empresas de Pequeno Porte de Francisco Beltrão – Paraná.

2015. 113 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco

Beltrão, 2015.

As Micro e Empresas de Pequeno Porte (MPE) são reconhecidamente peças importantes no

tabuleiro do Desenvolvimento Regional. Tem papel importante na geração de emprego e

renda, contribuindo fortemente para o tal desenvolvimento. Não é exclusividade do município

de Francisco Beltrão/PR, lócus desta pesquisa, pois este fato acontece em qualquer região do

país. Contudo, o alto índice de mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte (MPE)

no Brasil tem sido destaque na imprensa ao longo dos anos. Não é diferente no estado do

Paraná, e infere-se que também não o seja no município de Francisco Beltrão. Tal fato tem

sido estudado em diversas áreas do conhecimento humano, principalmente pelos estudiosos

do Empreendedorismo, mas também da Administração, das Ciências Econômicas, da Gestão

Pública, do Desenvolvimento Regional, entre outros. Este estudo tem como tema a

Mortalidade de Empresas, relacionado como efeito de competitividade, perfil de liderança,

ferramentas utilizadas para a tomada de decisão e formação do gestor e sua consequência para

o desenvolvimento regional. O objetivo apresentado é identificar fatores discriminantes para a

sobrevivência e mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte de Francisco Beltrão -

Paraná. Esta pesquisa pode ser classificada de diversas formas. Primeiramente quanto ao

método de abordagem, caracteriza-se pelo método hipotético-dedutivo, pois utiliza-se da

racionalização do método dedutivo e da experimentação do método indutivo. O método de

procedimento foi o estatístico, relacionado à abordagem de pesquisa quantitativa, A pesquisa

é ainda de natureza aplicada. Quanto ao objetivo, distingue-se como exploratória. Já nos

procedimentos técnicos foram utilizadas a Estatística Descritiva, através da verificação da

frequência e do cruzamento de dados (CrossTabs), que geraram inferências para o uso da

Regressão Logística Binária, ferramenta da Análise Multivariada de Dados, com uso da

ferramenta computacional SPSS 18.0. Foram pesquisadas uma amostra de 315 empresas de

Francisco Beltrão, sendo 266 ativas e 49 descontinuadas. Os resultados encontrados

respondem à questão problema desta dissertação, estatisticamente ficaram comprovados que 7

variáveis foram identificadas e caracterizam um conjunto de fatores discriminantes, sendo

elas 3 para mortalidade: a permissão para que a equipe resolva problemas sem intervenção do

gestor; a realização de pesquisas de satisfação dos clientes; e o estabelecimento de metas; e 4

para a sobrevivência: o controle de estoque; o cálculo da rentabilidade; o uso do fluxo de

caixa como fonte de informação para tomada de decisão; e a quantidade de cursos realizados

pelo gestor.

Palavras-chave: Fatores Discriminantes. Mortalidade. Sobrevivência. Micro e Empresas de

Pequeno Porte. Francisco Beltrão.

ix

ABSTRACT

GODARTH, Kellerman Augusto Lemes. Discriminant factors Mortality and Survival of

Micro and Small Enterprises Francisco Beltran – Paraná. 2015. 113 f. Dissertação

(Mestrado) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Francisco Beltrão, 2015.

The Micro and Small Enterprises (MSEs) are known to be important pieces on the board of

the Regional Development. Plays an important role in generating employment and income,

strongly contributing to such development. It is exclusive of the city of Francisco Beltrão /

PR, locus of this research, as it actually happens in any region of the country. However, the

high rate of mortality of Micro and Small Enterprises (MSEs) in Brazil has been featured in

the press over the years. It's no different in the state of Paraná, and it appears that is also not in

the municipality of Francisco Beltrão. This has been studied in several areas of human

knowledge, especially by the Entrepreneurship scholars, but also the Government,

Economics, Public Management, Regional Development, among others. This study has as its

theme the Company Mortality related to competitiveness effect, leadership profile, tools used

for decision making and training manager and its consequences for regional development. The

presented objective is to identify discriminating factors for survival and mortality of Micro

and Small Enterprises Francisco Porte Beltrão - Paraná. This research can be classified in

various ways. First as to the method of approach, characterized by the hypothetical-deductive

method because it uses the rationalization of the deductive method and experimentation of the

inductive method. The method of procedure was the statistician, related to quantitative

research approach, the research is still applied nature. As for the goal, distinguishes itself as

exploratory. Have the technical procedures were used to descriptive statistics, by checking the

frequency and data crossing (crosstabs), generating inferences for the use of Binary Logistic

Regression, Data Multivariate Analysis tool, using the computational tool SPSS 18.0. We

investigated a sample of 315 companies of Francisco Beltrao, with 266 active and 49

discontinued. The results answer the question problem of this dissertation, were statistically

proven that 7 variables were identified and characterized a set of discriminating factors, which

were 3 for mortality: permission for the team to solve problems without management

intervention; conducting customer satisfaction surveys; and goal setting; and 4 for survival:

inventory control; the calculation of profitability; the use of cash flow as a source of

information for decision making; and the number of courses taken by the manager.

Keywords: Discriminant factors. Mortality. Survival. Micro and Small Businesses. Francisco

Beltrão.

x

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Linha do tempo das pesquisas sobre mortalidade de MPE no Brasil ...................... 22

Figura 2 - Assuntos abordados na Fundamentação Teórica ..................................................... 34

Figura 3 - O modelo da dinâmica da competitividade.............................................................. 45

Figura 4 - A Busca da Competitividade ................................................................................... 46

Figura 5 - Fases do crescimento até envelhecimento vivido pelas empresas ........................... 49

Figura 6 - Teorias sobre Liderança ........................................................................................... 52

Figura 7 - Gênero do entrevistado * O empreendimento continua em atividade

Crosstabulation ......................................................................................................................... 71

Figura 8 - Em média, sua empresa mantém/manteve quantos pessoas trabalhando, incluindo

membros da família * O empreendimento continua em atividade Crosstabulation ................. 72

Figura 9 - Permite que sua equipe resolva problemas sem sua intervenção * O

empreendimento continua em atividade Crosstabulation ......................................................... 73

Figura 10 - Permite que a equipe estabeleça seu próprio ritmo de trabalho * O

empreendimento continua em atividade Crosstabulation ......................................................... 74

Figura 11 - Estabelece metas de vendas * O empreendimento continua em atividade

Crosstabulation ......................................................................................................................... 75

Figura 12 - Realiza pesquisa formal de satisfação dos clientes * O empreendimento continua

em atividade Crosstabulation ................................................................................................... 75

Figura 13 - O estoque é controlado em formulário e/ou planilha próprios * O empreendimento

continua em atividade Crosstabulation ..................................................................................... 76

Figura 14 - A rentabilidade (Lucro ÷ (Capital Próprio=Patrimônio Líquido)) é calculada

mensalmente * O empreendimento continua em atividade Crosstabulation ............................ 77

Figura 15 - Para tomada de decisão, utiliza como fonte de informação o Fluxo de Caixa * O

empreendimento continua em atividade Crosstabulation ......................................................... 78

Figura 16 - Nos últimos 5 (cinco) anos, o principal Gestor da Empresa participou de cursos

realizados pelo SEBRAE, Associação Comercial, SENAI, SENAC e/ou outras instituições *

O empreendimento continua em atividade Crosstabulation ..................................................... 79

Figura 17 - Classification Tablea,b ............................................................................................ 84

Figura 18 - Variables in the Equation ....................................................................................... 84

Figura 19 - Omnibus Tests of Model Coefficients ................................................................... 85

Figura 20 - Model Summary .................................................................................................... 85

Figura 21 - Hosmer and Lemeshow Test.................................................................................. 86

xi

Figura 22 - Classification Tablea .............................................................................................. 86

xii

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, evolução no Brasil ....................... 41

Gráfico 2 - Taxa de mortalidade de empresas de 2 anos, evolução no Brasil .......................... 42

Gráfico 3 - Perfil de Idade ........................................................................................................ 64

Gráfico 4 - Gênero dos entrevistados ....................................................................................... 64

Gráfico 5 - Média de número de colaboradores ....................................................................... 65

Gráfico 6 - Método de Precificação .......................................................................................... 67

Gráfico 7 - Número de Ações Trabalhistas .............................................................................. 68

Gráfico 8 - Nível de Escolaridade do Gestor ............................................................................ 69

Gráfico 9 - Quantidade de participação em cursos pelo gestor ................................................ 69

Gráfico 10 - Observações por grupo e predição das probabilidades ........................................ 90

xiii

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Impostos e contribuições que estão e os que não estão unificados no SIMPLES .. 37

Quadro 2 - Classificação do porte da empresa considerando o número de funcionários ......... 38

Quadro 3 - Classificação do porte da empresa utilizada pelas instituições .............................. 38

Quadro 4 - Dois estilos básicos de liderança ............................................................................ 52

Quadro 5 - Frequências sintetizadas das variáveis da pesquisa................................................ 63

Quadro 6 - Resumo dos principais Cross Tabs ........................................................................ 80

Quadro 7 - Variáveis da Equação ............................................................................................. 88

Quadro 8 - Serviços disponibilizados no Centro Empresarial .................................................. 92

Quadro 9 - Cruzamento das variáveis discriminantes com os serviços oferecidos .................. 94

xiv

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 16

1.1 TEMA ........................................................................................................................ 19

1.2 PROBLEMA ............................................................................................................. 19

1.3 OBJETIVOS .............................................................................................................. 20

1.3.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 20

1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................... 20

1.4 JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 20

2 REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 22

2.1 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................. 22

2.1.1 Pesquisas realizadas de 1999 a 2002 ...................................................................... 22

2.1.2 Pesquisas realizadas de 2003 a 2008 ...................................................................... 25

2.1.3 Pesquisas realizadas de 2009 a 2012 ...................................................................... 29

2.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 33

2.2.1 Empreendedorismo ................................................................................................. 34

2.2.2 As Micro e Empresas de Pequeno Porte (MPE) ................................................... 35

2.2.2.1 Aspectos Legais ......................................................................................................... 36

2.2.2.2 Características de Gestão de MPE ............................................................................. 38

2.2.3 Taxa de Mortalidade de MPE ................................................................................ 40

2.2.4 Fatores Discriminantes para a Mortalidade de Empresas .................................. 42

2.2.4.1 Competitividade......................................................................................................... 43

2.2.4.1.1 Análise estrutural das indústrias ............................................................................... 47

2.2.4.1.2 Tempo de Vida (Mercado) ......................................................................................... 48

2.2.4.2 Perfil de Liderança .................................................................................................... 50

2.2.4.2.1 Teorias Sobre Liderança ........................................................................................... 51

2.2.4.2.2 Teorias sobre Estilos de Liderança ........................................................................... 52

2.2.4.3 Ferramentas para Tomada de Decisão ....................................................................... 53

2.2.4.4 Formação do Gestor................................................................................................... 54

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 57

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA .................................................................... 57

3.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................ 58

3.2.1 População e Amostra ............................................................................................... 58

3.2.2 Sujeitos de Pesquisa ................................................................................................. 59

xv

3.3 ESTRATÉGIA DE COLETA E TRATAMENTO DE DADOS .............................. 59

3.3.1 Estratégia de Coleta de Dados ................................................................................ 59

3.3.2 Tratamento dos Dados ............................................................................................ 59

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO .................................................................................. 61

4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................ 62

4.1 ANÁLISE DA FREQUÊNCIA ................................................................................. 62

4.1.1 Dados gerais ............................................................................................................. 62

4.1.2 Competitividade ....................................................................................................... 64

4.1.3 Estilo de Liderança .................................................................................................. 65

4.1.4 Ferramentas para Tomada de Decisão .................................................................. 66

4.1.5 Formação do Gestor ................................................................................................ 68

4.2 CROSS TABS ............................................................................................................. 70

4.3 REGRESSÃO LOGÍSTICA ...................................................................................... 83

4.4 POLÍTICAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO

REGIONAL ............................................................................................................... 91

4.4.1 SEMDETEC ............................................................................................................. 91

4.4.2 Legislação Municipal ............................................................................................... 95

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES ................................................. 97

5.1 RECOMENDAÇÕES ................................................................................................ 99

5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................ 99

5.3 SUGESTÕES DE CONTINUIDADE ..................................................................... 100

REFERENCIAS .................................................................................................... 101

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos empresários .................................. 108

16

1 INTRODUÇÃO

É constante ao longo de toda a história da humanidade o surgimento de novos

produtos, serviços e formas de organização e administração. Assim, a economia sempre se

transforma, tendo constantemente nova aparência. Desta forma, comumente surgem empresas

com conhecimento cada vez mais especializado, que tem como consequência a redução de

empregos em empresas grandes, levando as pessoas a abrirem seu próprio negócio, ocorrendo

o crescimento do número de micro e empresas de pequeno porte (MPE). Estas empresas se

moldam rapidamente às condições de mercado, podendo suprir suas demandas em curto

prazo, pois sua estrutura simplificada permite novas experiências, flexibilização e capacidade

de adaptação rápida às mudanças tecnológicas (LACORTE, 2006). Assim, destaca-se a

importância das Micro e Empresas de Pequeno Porte para suprir rapidamente as demandas do

mercado, fato relevante para a economia.

Para Dornelas (2014), o papel do empreendedor sempre foi fundamental na sociedade,

com destaque mais recentemente devido aos avanços tecnológicos, que requerem um número

maior de empreendedores. A economia e os meios de produção se sofisticaram, exigindo

formalização de conhecimentos, que antigamente eram obtidos empiricamente. Para o autor, a

competitividade na economia também força novos empresários a adotar novas formas de agir.

Portanto, o atual contexto é propício para o surgimento de novas MPE, e a capacitação dos

futuros empreendedores vem sendo prioridade em muitos países, inclusive no Brasil, com a

criação de cursos e matérias específicas de empreendedorismo como alternativa aos

estudantes que venham a ser criadores de novos negócios.

As MPE em conjunto tornam-se relevantes para o país, isso pode ser verificado com as

contribuições oferecidas, como a geração de novos empregos, inserção de inovações,

estipulam competição, concedem auxílio às grandes empresas e produzem bens e serviços

com eficiência (LONGENECKER; MOORE; PETTY, 2001). No Brasil, as empresas de

pequeno porte complementam as áreas de atuação das organizações de maior porte e

empregam boa parte da mão de obra que entra no mercado de trabalho (MORELLI, 19941

apud VIAPIANA, 2001). Logo, as Micro e Empresas de Pequeno Porte mostram-se

importantes para o desenvolvimento do país, do estado do Paraná, como também para o

município de Francisco Beltrão.

1 MORELLI, G. H. de F. Micro e pequenas empresas: a necessidade de prioridade na política econômica. São

Luiz: Sebrae, 1994.

17

Alguns exemplos da importância do empreendedorismo são explorados por Dornelas

(2014), que destaca as ações desenvolvidas relacionadas ao tema, como programas de

incubação de empresas e parques tecnológicos, desenvolvimento de currículos integrados que

estimulem o empreendedorismo em todos os níveis de educação, programas e incentivos

governamentais para promover a inovação e a transferência de tecnologia, os subsídios

governamentais para a criação e desenvolvimento de novas empresas, criação de agências de

suporte ao empreendedorismo e à geração de negócios, programas de desburocratização e

acesso ao crédito para empresas de pequeno porte, e o desenvolvimento de instrumentos para

fortalecer o reconhecimento da propriedade intelectual.

Também como exemplo, em 2009 no Fórum Econômico Mundial de Davos

(DORNELAS, 2014), ocorreu a reunião denominada “Educando a próxima onda de

empreendedores” que recomendou como forma de potencializar o empreendedorismo

desenvolver habilidades de liderança e conhecimento do mundo e do ambiente, enfatizar a

educação empreendedora na educação formal de forma transversal e não apenas disciplinar,

utilizar a interatividade com foco na experimentação, na ação e na análise e solução de

problemas.

Contudo, o alto índice de mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte (MPE)

no Brasil tem sido destaque na imprensa ao longo dos anos. Não é diferente no estado do

Paraná, e infere-se que também não o seja no município de Francisco Beltrão. Tal fato tem

sido estudado em diversas áreas do conhecimento humano, principalmente pelos estudiosos

do Empreendedorismo, mas também da Administração, das Ciências Econômicas, da Gestão

Pública, do Desenvolvimento Regional, entre outros, como nos estudos de Bonacim, Cunha e

Corrêa (2009); Brasil (2012); Dutra (2002); Ferreira (2006); Ferreira et al. (2012); IBPT

(2013); Iglésias (2009); Lins (2011); Lopes (2012); Lucato (2003); Moreira (2013); Nunes,

Miranda e Ferreira (2010); Pelissari et al. (2011); Riche (2009); Sebrae (2013).

Os motivos que podem levar uma MPE a encerrar as atividades são vários, e têm sido

explorados em pesquisas das áreas citadas. Destarte, o assunto não é novo, mas busca-se nesta

pesquisa identificar variáveis específicas, e sobretudo analisar o município definido como

foco, seja ele Francisco Beltrão, localizado na região Sudoeste do Paraná. Conforme os

estudos citados acima, pode-se exemplificar como fatores discriminantes para sobrevivência e

mortalidade das MPE, faturamento, investimentos, endividamento, competitividade,

inovação, desafios, a participação de mercado, o crescimento de vendas, o retorno sobre o

patrimônio líquido, o índice de liquidez corrente, o índice de liquidez geral, o índice de

endividamento geral, a existência efetiva de um sistema de qualidade certificado conforme as

18

normas ISO 9000, a utilização de técnicas just-in-time na produção, a prática efetiva de, pelo

menos, 5 princípios básicos da gestão moderna de recursos humanos, a existência efetiva de

um sistema de gestão ambiental em linha com as exigências da norma ISO 14001, uma

atuação permanente, estruturada e em constante evolução no comércio internacional, possuir

um site na internet que seja, pelo menos, de terceira geração. Também a estrutura financeira

empresarial, preparação para empreender, forma de empreender, avanço da legislação, o

aumento na escolaridade dos empreendedores, forte crescimento do mercado consumidor

interno, falta de clientes, capital, concorrência, burocracia, impostos, falta de planejamento,

de técnicas de marketing, de avaliação de custos, de fluxo de caixa, escolaridade,

concorrência, competências de liderança, mensuradas a partir da percepção dos gestores, das

respectivas equipes de trabalho, horas de treinamento, utilização de estratégias de

aprendizagem no trabalho, efeito moderador da motivação para aprender, estilo de liderança,

falta de planejamento prévio, escassez de linhas de crédito, baixa demanda por seus produtos

e serviços, elevada carga tributária, falta de planejamento e informações do mercado,

complexidade tributária e burocracias, dificuldade no acesso a crédito financeiro e a

investimentos, tecnologias de gestão complexas e de alto custo, brigas familiares ou de sócios,

falência, encerramento espontâneo de atividades, doença, morte, falta de estímulo à

manutenção do negócio, desatualização tecnológica, política econômica, qualificação,

organização, dedicação e a capacidade de assumir riscos e de inovar no negócio, planejamento

do negócio, falta de foco e identidade, ausência de planejamento do negócio, pouco

conhecimento do mercado, legislação favorável aos negócios de pequeno porte, com menos

tributos e burocracia, o aumento da escolaridade no país, e por consequência também nas

empresas, o mercado nacional fortalecido, planejamento, as finanças em dia, a inovação, o

uso de indicadores, a prospecção de novos clientes, a formação empresarial, a análise de

mercado, análise do sistema de informação presente nas empresas extintas, ambiente interno e

externo.

As Micro e Empresas de Pequeno Porte são reconhecidamente peças importantes no

tabuleiro do Desenvolvimento Regional. Tem papel importante na geração de emprego e

renda, contribuindo fortemente para o tal desenvolvimento. Não é exclusividade do município

escolhido como foco, pois este fato acontece em qualquer região do país. A questão é verificar

se os índices nacionais e estaduais se repetem, e se influenciam na dinâmica econômica e

social da região.

Foram utilizados métodos estatísticos para inferência dos fatores discriminantes, com

destaque para a Regressão Logística, de forma a definir dois grupos de empresas: as que

19

sobreviveram e as que encerraram atividades. Partiu-se do pressuposto inicial, a partir da

literatura explorada, de que são fatores discriminantes a competitividade, o perfil de liderança,

as ferramentas utilizadas para a tomada de decisão e a formação do gestor.

A competitividade foi estudada em termos da escala, mensurada pelo número de

funcionários.

O perfil de liderança foi definido à luz da “Teoria dos Estilos de Liderança” de Kurt

Lewin, que classifica esses estilos em autoritário, democrático e liberal.

Já as ferramentas utilizadas para a tomada de decisão foram estudadas com base no

uso de informações gerenciais e/ou sistematizadas (DRE – Demonstrativo do Resultado do

Exercício, fluxo de caixa, BP – Balanço Patrimonial, e outros), e informais (conversa com

vendedores, fornecedores, funcionários).

Mensurou-se a formação do gestor em termos de seu estudo formal (Ensino

Fundamental, Médio, Superior, Pós-Graduação), e quantidade de cursos livres por diferentes

instituições (SEBRAE, Associação Comercial, SENAC, entre outros), mensurados em escala

(nenhum, 1 a 5 por ano, 6 ou mais).

1.1 TEMA

Mortalidade e Sobrevivência de Micro e Empresas de Pequeno Porte e sua importância

no Desenvolvimento Regional do município de Francisco Beltrão/PR.

Mortalidade de Empresas, relacionado como efeito de competitividade, perfil de

liderança, ferramentas utilizadas para a tomada de decisão, formação do gestor e sua

consequência no desenvolvimento regional.

1.2 PROBLEMA

Diante de vários estudos e pesquisas citadas nos capítulos vindouros, apresenta-se

como problema de pesquisa:

Competitividade, perfil de liderança, ferramentas utilizadas para a tomada de

decisão e formação do gestor são fatores discriminantes para a sobrevivência e

mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte?

20

1.3 OBJETIVOS

Os objetivos da pesquisa dão norte às atividades a serem realizadas durante o estudo,

com o fim de atingir o que se propõe com a pergunta de pesquisa.

1.3.1 Objetivo Geral

Inferir se competitividade, perfil de liderança, ferramentas utilizadas para a tomada de

decisão e formação do gestor são fatores discriminantes para a sobrevivência e mortalidade

das Micro e Empresas de Pequeno Porte de Francisco Beltrão - Paraná.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) levantar informações sobre as empresas descontinuadas e sobreviventes buscando

inferir sobre os fatores discriminantes para a sobrevivência e mortalidade das empresas;

b) caracterizar os principais gestores e grupos de empresas sobreviventes e que foram

descontinuadas, buscando aspectos que permitam apontar características desses gestores;

c) identificar, caracterizar e relacionar os fatores discriminantes com as políticas

públicas relacionadas ao desenvolvimento regional.

1.4 JUSTIFICATIVA

O setor privado vem sendo a mola propulsora de desenvolvimento e geração de

qualidade de vida a muito tempo, mas principalmente após a vitória do modelo capitalista

com a derrocada do modelo comunista, no fim da década de 90 do século passado. Sendo

assim, as empresas privadas representam papel importante na sociedade contemporânea, pois

através destas que os indivíduos vêm alcançando seus objetivos próprios, e senão for para este

fim, qual seria a razão da existência das empresas?

Evidenciada a importância das empresas, há de se destacar que as Micro e Empresas

de Pequeno Porte (MPE) representam em termos quantitativos a grande maioria daquelas, mas

também em termos de geração de emprego e renda estas têm papel central, principalmente

fora das capitais, metrópoles e centros industriais de grande porte. É assim que as MPE

ganham relevância no município a ser estudado, qual seja o município Francisco Beltrão, que

fica a 470 quilômetros da capital do estado, Curitiba.

21

Estudar os fatores que podem discriminar entre empresas encerradas nos primeiros

anos de vida daquelas que sobrevivem no mercado no mesmo período torna-se importante

neste contexto, como forma de proporcionar qualidade de vida às pessoas que vivem na

região, pela potencialização do emprego e da renda.

A presente pesquisa pretende demonstrar causas da mortalidade e sobrevivência das

MPE, e consequências para o desenvolvimento regional. Partindo de pressupostos

identificados na literatura pertinente, testar-se-á tais variáveis como fatores discriminantes. As

consequências para o desenvolvimento regional serão analisadas também à luz da literatura

estudada, mas de forma qualitativa, a partir dos resultados quantitativos estatísticos

encontrados.

Outro resultado plausível da pesquisa é de que, sabedores das causas de mortalidade

das MPE, pode-se estimular novos empresários a evitá-las, através de campanhas,

capacitação, informação em geral. Desta forma, pode-se desenvolver materiais de divulgação,

cursos, palestras, treinamentos e outras formas de informação de forma a alertar os futuros e

atuais empreendedores a não errarem nos mesmos erros de outros.

E quanto ao relacionando com o desenvolvimento regional, torna-se útil para

estabelecimento de estratégias estimuladoras do próprio desenvolvimento regional, pois

cientes dos fatores que causam a sobrevivência das MPE, pode-se estabelecer tais estratégias

regionais.

Pessoal e profissionalmente, este estudo trará possibilidades de desenvolvimento, na

carreira acadêmica, para qual a titulação de mestre se faz muito importante, além de que esta

pesquisa foi uma paixão e opção particular. O assunto também surgiu como tema de interesse

pela atuação profissional, ao longo dos anos, junto às MPE, sendo como funcionário,

consultor e proprietário.

22

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo está dividido em duas partes. A primeira tratará da revisão de literatura,

que traz as pesquisas mais atualizadas realizadas sobre o assunto no Brasil. A segunda

explorará a fundamentação teórica, que discorre sobre os conteúdos necessários ao

conhecimento do assunto ora tratado.

2.1 REVISÃO DE LITERATURA

O assunto referente à mortalidade das MPE sempre esteve presente na literatura

especializada. A figura 1 a seguir demonstra os trabalhos realizados entre 1999 e 2012, que

serão detalhados na sequência.

Figura 1 - Linha do tempo das pesquisas sobre mortalidade de MPE no Brasil

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

2.1.1 Pesquisas realizadas de 1999 a 2002

Para Labes (1999), apesar da grande expansão das Micro e Empresas de Pequeno

Porte no Brasil, há uma taxa de mortalidade elevada destas empresas, principalmente nos

primeiros anos de vida. Neste sentido, maiores esforços são necessários para torna-las mais

competitivas. Os fatores de competitividade e do sucesso das empresas são amplamente

discutidos e fundamentados na literatura especializada sobre o tema. Dentre os diversos

fatores considerou-se na pesquisa o estudo dos propósitos organizacionais, das principais

práticas de gestão, dos fatores chave de sucesso, da orientação das forças competitivas, da

agregação de valores e da reputação presumida do negócio. Desta forma, o objetivo do estudo

foi identificar quais estratégias de competitividade são adotadas pelas novas e empresas de

pequeno porte e verificar onde elas se apoiam para tornarem-se empresas bem-sucedidas. A

relevância do estudo consiste em identificar as limitações e potencialidades da incorporação

de estratégias de competitividade em novas e empresas de pequeno porte bem-sucedidas, bem

23

como a entender os fatores formadores da sua competitividade e assim disponibilizar

informações úteis a novos empreendimentos. Através de indicadores, mediu-se na pesquisa

essencialmente o grau de incidência dos fatores da competitividade e identificou-se as

estratégias de competitividade adotadas pelas novas e empresas de pequeno porte bem-

sucedidas. A análise e a interpretação dos dados mostram um resultado positivo quanto aos

propósitos do trabalho e permitiu identificar as estratégias de competitividade adotadas pelas

novas e empresas de pequeno porte bem-sucedidas.

Silva (1999) realizou uma pesquisa focalizando a população de micros e pequenos

empresários da área metropolitana de Natal/RN, com o objetivo de identificar quais os

principais fatores determinantes da mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte

industriais de criação e abate de aves, localizadas na Grande Natal/RN, no triênio 1995/1997.

Utilizando-se um formulário especialmente elaborado para a pesquisa, foram levantados os

dados que permitiram que fosse feita uma caracterização das empresas avícolas pesquisadas,

levando-se em consideração o grau de instrução dos empresários, o tempo de existência das

empresas, o número de empregados, o porte e a distribuição das mesmas na área

metropolitana de Natal. Em seguida foram identificados os fatores determinantes da

mortalidade empresarial, tais como: concorrência acirrada no ramo e uso de tecnologia

inferior, estratégias de preço, distribuição e promoção; relacionamento difícil com

fornecedores, alto poder de exigência da clientela e dificuldades de caixa.

Coelho (2000) elaborou um estudo com o objetivo de verificar se os fatores gerenciais

(fatores mercadológicos, fatores da administração contábil-financeira, fatores de recursos

humanos, fatores da tecnologia da informação e fatores de planejamento) da forma como

utilizados pelos proprietários-gerentes, contribuíram para a mortalidade das Micro e Empresas

de Pequeno Porte comerciais de Manaus, no período de 1995 a 1997. A taxa de mortalidade

de Micro e Empresas de Pequeno Porte na cidade de Manaus foi de 61% no primeiro ano de

funcionamento (1995), alcançando 68% e 73%, no segundo (1996) e terceiro (1997) anos de

funcionamento, respectivamente. Após a realização das análises dos dados obtidos na

pesquisa concluiu-se que os referidos fatores gerenciais influenciaram de forma significativa

para a mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte comerciais de Manaus, no período

de 1995 a 1997.

Silva (2001) investigou as causas de mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno

Porte no município de Rio Verde (GO) no período de 1998 a 2000. Identificou a abertura de

1.352 MPE e o fechamento de 297 MPE no período. Pôde-se concluir que, de um modo geral,

a taxa de mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte de Rio Verde foi de 35% nos

24

três anos em referência, sendo 39% em 1998 e 1999, e 24% em 2000. Um dado revelador do

resultado apresentado na pesquisa é que a taxa de mortalidade das empresas no último ano

reduziu-se fortemente. Segundo o autor, este fato pode estar relacionado com o dinamismo da

economia local, pois foi justamente neste período que o processo de implantação de grandes

empresas no município se consolidou, determinando taxas elevadas de crescimento

econômico. Quanto ao tempo de permanência no mercado, pôde-se concluir que das MPE de

Rio Verde pesquisadas, 47% permaneceram em atividade até um ano, 30% até dois anos e

23% ultrapassaram dois anos em atividade. Os motivos mais frequentes apontados pelos

empresários como causa de falência foram: falta de capital de giro, carga tributária elevada,

alta inadimplência e falta de clientes. Outros problemas também foram citados - falta de

conhecimentos gerenciais, concorrência muito forte, despesas administrativas e financeiras,

instalações inadequadas, etc. As reivindicações mais frequentes dos empresários para reverter

tal quadro são: necessidade de linhas de crédito com taxas de juros mais favoráveis, assessoria

gerencial e redução da carga tributária. Observou-se que a falta de capital de giro poderia ser

sanada com linhas de créditos que fossem de encontro com as necessidades e a realidade

econômica do pequeno empreendedor, principalmente no primeiro ano de existência. A

pesquisa também deixa claro que as dificuldades relativas à falta de capital de giro não podem

ser solucionadas independentemente de encaminhamentos que atuem sobre a deficiência de

gerenciamento, tendo em vista o desconhecimento por parte de alguns empresários das ações

que poderiam ser utilizadas para amenizar esta deficiência, e ainda, devido ao fato do auto

reconhecimento dessa deficiência.

Dutra (2002) resgata um histórico das ações empreendedoras e políticas de estímulo ao

empreendedorismo, nas principais regiões do mundo ocidental, no Brasil e em Londrina,

destacando dois campos de estudo na área que podem conduzir ao sucesso empresarial: a

pesquisa do comportamento humano; o domínio do conjunto de conhecimentos e

instrumentos da função gerencial ou administrativa. O objetivo do estudo foi identificar e

analisar o perfil socioeconômico do empreendedor das Micro e Empresas de Pequeno Porte

que não sobreviveram entre 1995 e 2000 no município de Londrina e prováveis fatores

condicionantes desta mortalidade. O universo da pesquisa compreendeu 9754 empresas

londrinenses. A amostra é composta por 262 dirigentes das organizações que foi possível

identificar. Além do perfil socioeconômico dos dirigentes e de suas empresas, os resultados

evidenciaram que estes indivíduos não possuem o perfil do empreendedor bem-sucedido,

conforme os autores consultados, e não conheciam ou não souberam utilizar e aplicar

conhecimentos importantes para a gestão empresarial. Concluiu-se, também, que apesar do

25

grande avanço nos programas pró-empreendedorismo nacional, existem obstáculos, dentre os

quais as barreiras culturais, que as instituições coordenadoras não conseguiram superar.

Propôs-se que essas organizações busquem novas estratégias para estimular os potenciais

empreendedores a considerar a capacitação gerencial, pré-requisito para a abertura e condução

de novos negócios. O estudo apresenta novos indícios desses fatores e consolida outros.

Ramos (2002) explana que a eliminação das fronteiras econômicas teve grandes

reflexos nas empresas, sendo mais acentuado nas MPE, principalmente pela falta de

qualificação e capacitação dos recursos humanos e ausências de recursos financeiros e

tecnológicos compatíveis com suas necessidades, elevando o grau de mortalidades destas

empresas. O estudo objetivou conhecer a visão dos empresários e dirigentes quanto a

importância, utilização e avaliação da Consultoria Organizacional em seus negócios.

Volpato (2002), a partir de uma pesquisa elaborada pelo SEBRAE-SP, apontando

algumas causas que levam as empresas de pequeno porte no Estado de São Paulo a

encerrarem suas atividades prematuramente, analisou os problemas de acesso ao sistema

tradicional de crédito, via instituições financeiras, e o factoring como alternativa de captação

de recursos pelas empresas de pequeno porte. Elaborou alguns modelos estatísticos,

correlacionando variáveis macroeconômicos para justificar os resultados da pesquisa.

2.1.2 Pesquisas realizadas de 2003 a 2008

Greatti (2003), considerando a necessidade de sobrevivência das empresas e a

influência que o empreendedor exerce sobre ela, analisou e comparou o perfil dos

empreendedores das Micro e Empresas de Pequeno Porte, ativas e inativas, da cidade de

Maringá-PR. Através da comparação e análise dos dados coletados, pôde-se perceber que os

empreendedores das empresas em atividade apresentaram praticamente todas as

características analisadas em proporções maiores do que os empreendedores das empresas

extintas. A consideração que se pode fazer é que a falta de características empreendedoras

pode ter sido um dos fatores que impulsionou o encerramento de tais empreendimentos, pois

empresas abertas nos mesmos anos, com as mesmas condições de mercado tiveram destinos

totalmente contrários. Não se pode dizer que o perfil empreendedor é o fator condicionante da

mortalidade dessas empresas, pois são inúmeras as variáveis internas e externas, que

influenciam na longevidade empresarial. Entretanto, fica evidente que, quando empresas são

colocadas nas mesmas condições externas e tomam rumos diferentes, o causador pode ser um

dos fatores internos. O fato é que este fator interno que influencia no sucesso e no fracasso do

26

empreendimento pode estar relacionado com as características individuais que formam o

perfil do empreendedor.

Oliveira (2003) apresenta uma discussão sobre as taxas de mortalidade das Pequenas e

Médias Empresas brasileiras. A discussão ocorre em três estágios sucessivos. O primeiro

discute as características do ambiente em que a MPE se insere na economia e seus efeitos

sobre as taxas de mortalidade das MPE. Vê-se que as condições de inserção das MPE são

desfavoráveis o que determina suas elevadas taxas de mortalidade. No segundo estágio, os

cálculos das taxas de mortalidade das MPE brasileiras no período 1992-2000. Quase metade

das empresas morre nos primeiros quatro anos de atividade. No terceiro estágio analisou-se

quais características dos empresários e das empresas são determinantes para a probabilidade

de sobrevivência das empresas. Os principais fatores que contribuem para a mortalidade das

empresas são as restrições financeiras, os erros de avaliação e a falta de preparo específico

dos empresários. Os fatores que contribuem para reduzir a taxa de mortalidade são: o

crescimento econômico, o tamanho da empresa, abrir a empresa com base em experiência

passada no setor privado, dedicação exclusiva à empresa, pertencer à indústria e ter idade

entre 30 e 39 anos.

Paiva (2003) objetivou averiguar quais fatores sistemáticos, dentre os analisados, mais

contribuíram para o fracasso das Micro e Empresas de Pequeno Porte na Região

Metropolitana de Londrina - RML. O problema surgiu em meio à preocupação com os

elevados índices de mortalidade verificados entre os pequenos empreendimentos da região,

apesar da relevante importância desse segmento econômico como empregador de mão-de-

obra e fomentador do desenvolvimento econômico. Traçou também um panorama geral da

atividade econômica da Região Metropolitana de Londrina - RML- e abordou a importância

das forças exógenas ao empreendimento, em razão da relativa estabilidade econômica, da

abertura do mercado interno e, principalmente, em virtude do irreversível processo de

globalização. Finalmente, elaborou alguns modelos econométricos, correlacionando variáveis

macroeconômicas para justificar os resultados da pesquisa.

Mendes (2006) reata que a mentalidade empreendedora é fundamental para o

desenvolvimento econômico de qualquer país. O estudo objetivou identificar os fatores

condicionantes de sucesso das MPE na RMC (Região Metropolitana de Curitiba) e avaliar sua

contribuição para o desenvolvimento local. Um estudo mais aprofundado da atividade

empreendedora no país, tomando-se por base Curitiba e Região Metropolitana, composta por

25 municípios, apontou um grande número de empreendedores que, a despeito de todas as

dificuldades encontradas em sua trajetória de vida pessoal e profissional, transformaram

27

simples ideias em empreendimentos de sucesso. A pesquisa teve a finalidade de identificar e

descrever os fatores condicionantes de sucesso das empresas de pequeno e médio porte na

Região Metropolitana de Curitiba e sua contribuição para o desenvolvimento local.

Ribeiro (2006) avalia níveis de maturidade da gestão das Micro e Empresas de

Pequeno Porte. O enfoque dado a esta proposta está relacionado à busca dos requisitos

necessários para a sobrevivência da empresa. O exame das características de empresas

sobreviventes a este período fornece o contexto da maturidade da gestão buscada. Essa

maturidade relaciona-se às condições da boa gestão e sua identificação proporciona maiores

possibilidades de continuidade e desenvolvimento do negócio. Investigou-se a maturidade da

gestão a partir do constructo econômico, financeiro, gestão de projetos, qualidade e

estratégias. O conhecimento das particularidades dos níveis de maturidade denota alternativas

realizáveis para a continuidade do negócio.

Almeida (2007) aborda os fatores condicionantes de sobrevivência das empresas

participantes do Arranjo Produtivo Local de Tecnologia da Informação (APL-TI) da Região

Metropolitana de Salvador e Feira de Santana, como também os pilares para seu crescimento

e longevidade. A premissa é que a gestão é o diferencial de sobrevivência, que se não a

garante, colabora decisivamente para isso, sendo pressuposto que esse diferencial é válido

para pequenas e médias empresas de qualquer segmento de negócio, inclusive Tecnologia da

Informação.

Para Cardoso (2007), uma das características das Micro e Empresas de Pequeno Porte

está relacionada à sua alta taxa de mortalidade principalmente verificada nos três primeiros

anos de funcionamento. O estudo tem como objetivo verificar quais são as variáveis

pertinentes aos empresários que impactam na continuidade de suas Micro e Empresas de

Pequeno Porte, observadas em um escritório contábil. Pesquisou-se 56 empresas, sendo 27

empresas paralisadas e 29 empresas em continuidade. Por meio da tabulação das respostas dos

questionários e com auxílio da regressão logística, dentre todas as variáveis que foram

submetidas ao teste estatístico, as variáveis pertinentes aos empresários que se mostraram

mais relevantes para a continuidade de suas Micro e Empresas de Pequeno Porte foram: os

empresários pertencerem ao sexo masculino, o empresário procurou a assessoria do contador

não somente em época de fiscalização e a busca de entendimento pelo empresário dos

cálculos tributários e fiscais incidentes em sua atividade empresarial.

Borges (2008) identificou quais são as variáveis endógenas dos micro e pequenos

empresários que podem impactar na continuidade dos empreendimentos. Para alcançar este

objetivo, foram elaborados dois questionários, um para o empresário e o outro para o

28

contador. A amostra escolhida é um escritório no município de Aracruz que tem em sua

carteira 66 empresas devidamente constituídas, sendo 37 empresas em continuidade e 29

empresas paralisadas. Após o levantamento dos dados utilizaram-se análise da estatística

descritiva e regressão logística (logit) para identificar quais os fatores relacionados aos

empresários são relevantes para a continuidade de suas Micro e Empresas de Pequeno Porte.

As variáveis que se destacaram para a continuidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte

foram: idade; ter concluído o 2° grau em escola pública; capital inicialmente investido na

empresa acima de R$ 10.000,00; não atrasar os pagamentos de honorários contábeis; não

enviar documentação desorganizada.

Marques (2008) informa que o papel desempenhado pelas Micro e Empresas de

Pequeno Porte na economia nacional tem sido de grande importância, como principais

geradoras de emprego e renda no país. Aborda os principais aspectos das MPE que auxiliam a

essas empresas a se estabelecerem, sobreviverem e agregarem valor para continuidade no

mercado atual, como o fluxo de caixa, que é demonstrado conceitualmente como um dos

principais controles para a gestão das microempresas, pois registra as entradas e saídas da

capital da empresa, facilitando as análises e as decisões com relação a sua aplicação.

Demonstram-se alguns modelos de caixa existentes na literatura e, por fim, é proposto um

modelo de fluxo de caixa simplificado para auxiliar o processo de tomada de decisões nas

Micro e Empresas de Pequeno Porte, considerando suas principais características.

No estudo de Silva (2008), buscou-se identificar e analisar as causas internas e

externas que podem influenciar o sucesso ou o fracasso das Micro e Empresas de Pequeno

Porte sediadas em Belo Horizonte, estado de Minas Gerais. Este tipo de empresa representa

um pilar fundamental para a economia de todos os países. No Brasil, sua importância social e

econômica é confirmada pelos índices estatísticos, que refletem o grande percentual de mão-

de-obra ocupada e de empresas registradas. Entretanto, a maioria dos novos empreendimentos

não completa os primeiros dois anos de atividade. Foram analisadas trinta Micro e Empresas

de Pequeno Porte, buscando maiores informações sobre as causas citadas. A pesquisa

identificou várias causas que interferem na gestão das Micro e Empresas de Pequeno Porte e

concluiu que a causa da mortalidade prematura ocorre devido a vários fatores que,

acumulados, aceleram esse fenômeno, sendo os quatro principais: a falta de clientes, a falta de

capital de giro, a carga tributária elevada e a localização inadequada.

29

2.1.3 Pesquisas realizadas de 2009 a 2012

Iglésias (2009) pesquisou fatores discriminantes da sobrevivência e mortalidade de

Micro e Empresas de Pequeno Porte, e os impactos destas nas políticas públicas pró-

empreendedorismo no Estado do Rio Grande do Norte. Os dados incluem empreendimentos

registrados em 2000, 2001 e 2002. De acordo com o arcabouço teórico, foram definidos 3

grupos de fatores: Estrutura Financeira Empresarial, Preparação para Empreender e Forma de

Empreender, e os fatores foram estudados para se determinar se são discriminantes ou não

para a sobrevivência e mortalidade de empresas. Chegou-se a determinar funções que

explicam parcialmente a sobrevivência e mortalidade em função dos fatores e grupos de

fatores. A análise permitiu, também, a avaliação das políticas públicas pró-empreendedorismo

e verificou-se que estas políticas se mostraram pouco efetivas para evitar a mortalidade de

empresas.

Oliveira (2009) destaca que os estudos sobre desenvolvimento regional vêm dedicando

um olhar especial sobre a importância socioeconômica de Micro e Empresas de Pequeno

Porte (MPE). Para o autor não são raros os exemplos a associar positivamente o desempenho

de MPE com o desenvolvimento regional endógeno. Com base em fundamentos teóricos mais

gerais, a pesquisa sustenta, como premissa inicial, a centralidade do apoio às MPE para o

desenvolvimento regional endógeno. Em que pese, porém, os bons exemplos de padrões

organizativos dos pequenos negócios em algumas regiões do globo, as MPE ainda lutam

contra grandes adversidades ambientais, institucionais e estruturais, além das conhecidas

desvantagens de escala. A viabilidade dos pequenos negócios e o combate às causas de sua

mortalidade precoce têm sido alvo de estudos desde a primeira metade do século passado.

Vários estudos são convergentes quanto à necessidade de melhoria da gestão das MPE com

vistas a sua sustentabilidade econômica. Entretanto a “cultura do empreendedorismo”,

massivamente difundida pela literatura e eventos do gênero, privilegia a definição do perfil e

características pessoais do empreendedor, associando o sucesso empresarial a padrões

comportamentais dignos de alguns poucos. Diante deste cenário, o estudo procurou

demonstrar que a adoção de um sistema de gestão é fator decisivo na sustentabilidade das

MPE e, sem ser o único determinante, é um fator que pode ser alavancado por políticas

públicas com elevada relação benefício / custo. A principal contribuição da pesquisa foi a

elaboração de um modelo heurístico de gestão para MPE de base local passível de difusão e

adaptação às especificidades regionais a partir de políticas públicas de extensão empresarial.

Dessa forma, a região deixaria de se resignar com o “natural perecimento” de suas MPE,

30

assumindo, por meio de políticas geridas localmente, um papel ativo na potencialização do

desenvolvimento do território com base nos pequenos negócios. Concluiu-se, assim, que

apoiar as MPE em seus processos de gestão não apenas aprofunda a sua sustentabilidade

como permite que elas tomem consciência dos riscos sistêmicos colocados sobre uma região e

elaborem estratégias que, ao libertá-las da excessiva dependência de um setor relativamente

estagnado (ou mesmo decadente), liberta também a região como um todo desta dependência.

Bertolami (2011) escreve que em ambientes dinâmicos, altamente competitivos, a

gestão de Micro e Empresas de Pequeno Porte é mais complexa e por isso a taxa de

mortalidade destas empresas recém inseridas no mercado é alta. Assim, muitas empresas não

sobrevivem ao período inicial após sua abertura. Esta teoria é conhecida como a

“desvantagem de ser jovem” e pode ser consequência de problemas de gestão do negócio,

falta de conhecimento do mercado e pouca experiência do empreendedor. O estudo analisa,

como principais fatores responsáveis pela sobrevivência destas empresas, capital humano,

capital social e práticas gerenciais. Os resultados sugerem que a adoção de práticas gerenciais

e alguns aspectos ligados ao capital humano do empreendedor podem auxiliar na

sobrevivência da empresa. Assim, um conjunto de fatores como, por exemplo, investimento

em educação através de cursos voltados para a gestão de Micro e Empresas de Pequeno Porte,

equipe estruturada, e levantamentos de informações importantes para executar estratégias

capazes de garantir o sucesso da empresa podem auxiliar no desenvolvimento da empresa e

assim garantir a sobrevivência em um mercado turbulento e incerto. Além disso, tem-se que o

efeito destes fatores varia de acordo com o gênero do empreendedor. Isto se deve ao fato de

que as motivações individuais, comportamentos e papéis de homens e mulheres na sociedade

são distintos. Assim, a existência de competências superiores apresentou efeito mais elevado

do que no caso de homens. Isto é, o capital humano apresentou maior impacto na

sobrevivência de empresas para empreendedoras mulheres comparadas a empreendedores

homens. Além disso, a variável de capital social “alguém na família tinha negócio similar”

apresentou relação negativa com a probabilidade de encerramento da empresa indicando que a

experiência adquirida com familiares é importante na sobrevivência das empresas.

Costa (2011) destaca a relevância das Micro e Empresas de Pequeno Porte na

sustentabilidade de um país, o acompanhamento do seu ciclo de vida, sua estrutura de capital,

e, essencialmente, suas perspectivas de evolução em função das políticas governamentais de

fomento.

Ghilardi (2011) constata que as MPE são essenciais para o crescimento e o

desenvolvimento econômico de qualquer nação. No entanto, grande parte das novas empresas

31

encerra suas atividades nos primeiros anos de funcionamento. O estudo aponta os principais

motivos que levam à mortalidade precoce as MPE no Brasil, bem como os fatores

condicionantes da sustentabilidade econômica e do sucesso empresarial. A pesquisa

identificou fatores, desde conceituais até estruturais, como as principais dificuldades que

normalmente são responsáveis por reduzir o tempo de permanência dessas empresas no

mercado. Na opinião do autor, essas empresas que morreram poderiam não ter sido abertas e

assim não teriam sido expostas, pelas condições impostas para a sua abertura e

funcionamento, a um estado de vulnerabilidade tal que, além de não propiciarem o seu

desenvolvimento, provocaram, na maior parte dos casos, a perda total dos recursos nelas

aplicados na abertura ou na tentativa de reversão do quadro de dificuldade. Os principais

motivos para o fechamento, a princípio destacados por este estudo, são: abertura sem

conhecimento do negócio (preços, mercado, concorrência); abertura sem pesquisa de mercado

para o ramo (planejamento prévio); início da atividade com limitação de recursos financeiros

(capital insuficiente); falta de conhecimento de custo, formação de preço de venda e

gerenciamento; falta de aptidão ou capacitação do empreendedor para a gestão empresarial;

falta de consultoria e assessoria desde o estudo para abertura da empresa; e, volume de vendas

insuficiente e/ou número escasso de clientes. Além de destacar os motivos, a pesquisa foi

além. Comprova que o mercado não é sensível à abertura de uma empresa, não sendo esse ato

suficiente à criação da fatia de mercado necessária à sua sustentação. Assim, o mercado passa

a ser o principal fator de análise, cujo desdobramento envolve desde o contexto econômico, a

existência dessa fatia de mercado, o número de clientes em potencial e a projeção de vendas e

do lucro. Em não obtendo a viabilização dessas perspectivas, explica-se o fato de muitas

pequenas empresas não prosperarem.

Gomes (2011) informa que responsáveis por grande parte da produção e geração de

riqueza do Brasil as MPE compõem um cenário nada satisfatório: o de um alto índice de

mortalidade empresarial. No município de Palmas, Tocantins, este cenário agrava-se ainda

mais, uma vez que se estima uma mortalidade de 65% das MPE nos primeiros dois anos de

existência, enquanto no Brasil, a estatística é para o mesmo período de 49,4%. Com a

finalidade de promover a sustentabilidade e longevidade desses empreendimentos em Palmas,

buscou-se por meio da pesquisa analisar a gestão das Micro e Empresas de Pequeno Porte

naquele município, avaliando o grau de sistematização e utilização de ferramentas

administrativas, tendo como referência as melhores práticas da gestão de empreendimentos.

Para tal, foram abordados pensamentos e conceitos de diversos autores que corroboraram para

o desenvolvimento e compreensão do assunto estudado, sob a luz da estratégia empresarial,

32

planejamento estratégico e gestão empresarial, desdobradas em gestão de pessoas, marketing,

finanças, processos, inovação e gestão ambiental. Conclusões apresentadas no trabalho,

destacam que o perfil de gestão dos empresários das Micro e Empresas de Pequeno Porte de

Palmas não se sustentam na sua totalidade em conhecimentos técnicos de gestão empresarial.

Observou-se que os empresários e empreendimentos têm como base os aprendizados

adquiridos dia-a-dia com o trabalho, onde muitas vezes se apoiam em técnicas mal elaboradas

ou executadas comprometendo a longevidade dos negócios.

Nascimento (2011) constata que no Brasil as MPE representavam 97,5% do total de

empresas constituídas no país, contribuindo diretamente para a economia gerando postos de

trabalho e renda. Porém 22% destas empresas decretam falência antes de completar os dois

primeiros anos de existência. Embora essas MPE tenham grande participação na economia

nacional, é possível verificar altos índices de mortalidade precoce de Micro e Empresas de

Pequeno Porte gerados por vários fatores. Neste contexto, o autor analisou sob a ótica do

contador os fatores determinantes para a mortalidade precoce das Micro e Empresas de

Pequeno Porte na cidade de Florianópolis. Para a coleta de dados foram aplicados um

questionário junto a 141 contadores de escritórios da região metropolitana de Florianópolis.

Foi possível identificar que a maioria dos fatores citados pelas literaturas especializadas são

os mesmos citados sob a ótica do contador. Porém dois fatores citados nas literaturas não

foram cruciais sob a ótica do contador para a falência das MPE, entre os que não estão

relacionados diretamente com a falência: o nível de escolaridade do empreendedor e a carga

tributária.

Alvarenga (2012) procedeu à busca pela identificação dos fatores que determinaram o

encerramento das atividades, bem como a descrição das características dos proprietários das

MPE do estado do Maranhão. A amostra estudada foi de 3.752 empresas, frente a uma

população total de 39.039 empresas. Foi possível aceitar ou refutar as hipóteses conforme a

participação de cada uma no processo de falência das empresas estudadas. Assim, foi possível

confirmar as seguintes hipóteses positivas: Hipótese H0,1 – Experiência na Gestão

Empresarial; Hipótese H0,2 – Experiência Anterior; Hipótese H0,3 – Baixo nível de

escolaridade; Hipótese H0,5 – Acesso ao crédito; Hipótese H0,9 – Inovação dos produtos e

serviços; Hipótese H0,10 – Planejamento estratégico; Hipótese H0,11 – Exigências fiscais,

legais e tributárias; Hipótese H0,12 – Manutenção de clientes; Hipótese H0,15 – Relação com

os concorrentes. E refutar as seguintes hipóteses: Hipótese H0,4 – Relação com os sócios;

Hipótese H0,6 – Mão de obra qualificada; Hipótese H0,7 – Apoio jurídico e contábil;

Hipótese H0,8 – Qualidade dos produtos e serviços; Hipótese H0,13 – Relação com parceiros

33

comerciais; Hipótese H0,14 – Manutenção de impostos e tributos; Hipótese H0,16 –

Mudanças no ambiente.

Cunha (2012) estudou o segmento farmacêutico de micro e pequenas farmácias da

região da Baixada Santista, em relação aos fatores determinantes da mortalidade no segmento,

sob o olhar dos proprietários e gestores das farmácias, visto que nos últimos anos o segmento

vem sofrendo um encolhimento, além da migração das farmácias de micro e pequeno porte

para as zonas mais periféricas das cidades da região da Baixada Santista. Realizou entrevistas

aplicada a gestores e proprietários de sete farmácias na região da Baixada Santista. Cinco

delas em atividade e duas fechadas, nos municípios de Santos, São Vicente, Guarujá e Praia

Grande. A análise dos dados foi feita com base em categorias analíticas criadas a partir da

literatura que embasa esse estudo, chegando a dois blocos de análise: um relacionado

diretamente aos fatores mercadológicos das farmácias, e outro relacionado a fatores

administrativos e de custo. A análise dos dados comprovou existir fatores determinantes para

a mortalidade das micro e pequenas farmácias da região, separados em dois blocos. No bloco

mercadológico, estão relacionados os fatores determinantes que afetam diretamente a parte

comercial das micro e pequenas farmácias, como o crescimento das grandes redes de

farmácias, programa Farmácia Popular e falta de poder de compra por parte das farmácias. No

bloco administrativo e de custos, estão relacionados a deficiência na gestão empresarial,

custos operacionais, tributação e problemas pessoais. Através da pesquisa se conclui que esses

fatores determinantes têm enfraquecido o segmento de micro e pequenas farmácias,

ocasionando a mortalidade de diversas farmácias, não poupando nem mesmo as tradicionais

da região da Baixada Santista

2.2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Esta seção traz a produção científica sobre os assuntos teóricos, conforme figura 2,

que dão alicerce à pesquisa, servindo de base exploratória e como instrumento para posterior

análise, quando da interpretação dos resultados estatísticos dos dados coletados e tabulados.

34

Figura 2 - Assuntos abordados na Fundamentação Teórica

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

2.2.1 Empreendedorismo

Karl Marx já destacava a importância dos empreendedores para a economia, como

agentes de mudança econômicas e tecnológicas (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL,

2000). O empreender em si dinamiza a economia, com consequências positivas como a

geração de riquezas, circulação de moeda e criação de empregos. Schumpeter (1984) destaca

que o empreendedorismo leva a destruição da ordem econômica existente, através de produtos

e serviços originais, formas de organização diferentes e exploração de recursos e materiais

novos.

Ter um negócio próprio tem sido a opção de muitos jovens recém-formados,

profissionais já estabelecidos e até mesmo aposentados, baseado em eventos pessoais e

contingenciais, por vontade, ideal ou necessidade. Mas estabelecer um negócio é só parte do

processo, e a continuidade do empreendimento passa a ser a questão central (SALIM et al.,

2003).

35

Assim, o empreendedorismo tem sido considerado uma revolução silenciosa, que será

para o século XXI o que a revolução industrial foi para o Século XX (TIMMONS, 1994).

Para Dolabela (1999), o empreendedorismo reflete uma sociedade em busca do auto emprego

e da autonomia profissional.

2.2.2 As Micro e Empresas de Pequeno Porte (MPE)

Segundo o Sebrae (2009), as Micro e Empresas de Pequeno Porte são fundamentais

para o desenvolvimento do Brasil, fazendo-se necessário um ambiente institucional que

potencialize a criação de novas empresas formais, competitivas e sustentáveis. Não haverá

desenvolvimento efetivo no país sem a criação de emprego e geração de renda, capitaneados

pelo empreendedorismo.

As Micro e Empresas de Pequeno Porte (MPE) têm grande importância

socioeconômica no Brasil no que diz respeito à distribuição de empregos e renda. Segundo

estudo realizado em 2014 pelo SEBRAE/PR, as MPE representam 99% das empresas do

Brasil, sendo 8,9 milhões destas optantes pelo Supersimples (Regime especial de tributação

para pequenos negócios). Metade (50%) das MPE brasileiros atuam no comércio. O PIB

(Produto Interno Bruto) do conjunto destas empresas passou de 21% do total do país, em

1985, para 27% em 2011, sendo a área de serviços responsável por 10%, o comércio por 9,1%

e a indústria por 7,8%. Ainda geram 52% dos empregos formais do Brasil, e 40% da massa

salarial, com acréscimo de 70% das vagas geradas no país todo mês, totalizando no ano de

2013 mais de 839.000 novas vagas preenchidas. A média salarial aumentou nas MPE, nos

últimos 10 anos, 33% acima da inflação, diminuindo a diferença para as grandes empresas,

que e, 1999 era de 44%, e em 2012 chegou a 38,2% (Sebrae, 2014).

Segundo Longenecker, Moore e Petty (1997), as empresas de pequeno porte

contribuem para o bem-estar econômico da nação, pois produzem parte significante do total

de bens e serviços, sendo similar uma contribuição econômica, semelhantes das grandes

empresas. Elas fornecem novos empregos, introduzem inovação, estipulam competição,

auxiliam as grandes empresas e produzem com eficiência bens e serviços.

Morelli (19942 apud VIAPIANA, 2001) considera relevante também destacar a

importância das Micro e Empresas de Pequeno Porte brasileiras quanto a formação de uma

classe empresarial nacional, com absorção de uma tecnologia gerencial produzida em seu

2 Ibid.

36

próprio ambiente, possibilitando a promoção de interiorização, de modo a fortalecer as

economias municipais, pois utilizam matéria-prima e mão-de-obra local. Deste modo, evitam

as imigrações para os grandes centros e proporcionam, ao mesmo tempo, uma melhor

distribuição de renda e do desenvolvimento entre as regiões e os estados.

A importância da pequena e média empresa em alguns países tem sido significativa,

pois representam o maior número de empresas, são responsáveis pela geração de empregos e

distribuição da renda e com uma participação considerável do PIB. Por isso, no mundo todo, a

empresa de pequeno porte tem recebido medidas de apoio (VIAPIANA, 2001).

Para classificação das empresas, de forma a enquadrá-las como MPE, utilizar-se-á o

critério adotado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Empresas de Pequeno Porte

(SEBRAE), qual seja o Estatuto da Micro e Pequena Empresa e o número de funcionários.

2.2.2.1 Aspectos Legais

O favorecimento para as Micro e Empresas de Pequeno Porte está previsto na

Constituição Federal de 1988, nos artigos 170 e 179, onde é apresentado sobre o tratamento

favorecendo a empresa de capital brasileiro e de pequeno porte. O artigo 179 trata

especificamente sobre o tratamento jurídico diferenciado, para favorecê-las, estimulando o

desenvolvimento, isentando de algumas de suas obrigações.

A Lei 9.317/1996 criou o SIMPLES que estipula o tratamento fiscal diferenciado e

privilegiado para Micro e Empresas de Pequeno Porte, reduzindo a carga tributária e

simplificando os procedimentos de recolhimento. A empresa que estiver no SIMPLES terá

pagamento mensal unificado dos impostos e contribuições indicados no quadro 1.

Em 1999 é criada a Lei 9.841, sendo o novo Estatuto Nacional das Micro e Pequenas

Empresas, conhecida também como Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. Os valores

previstos no decreto 5.028/2004 modificam quanto a classificação das empresas, que podem

ser micro e pequenas, ou seja, são alterados os valores para a classificação. Esta foi revogada

pela Lei Complementar 123 de 2006, onde para microempresa a receita bruta deve ser igual

ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais), para empresa de pequeno porte, a

receita bruta deve ser superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou

inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais).

37

Quadro 1 - Impostos e contribuições que estão e os que não estão unificados no SIMPLES

Impostos e contribuições unificados no SIMPLES:

- Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas - IRPJ;

- Contribuição para Financiamento da Seguridade Social - COFINS;

- Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público -

PIS/PASEP;

- Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI;

- Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL;

- Contribuições para a Seguridade Social, a cargo da pessoa jurídica.

Não exclui a incidência dos seguintes impostos ou contribuições:

- Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários -

IOF;

- Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR;

- Imposto sobre Importação de Produtos Estrangeiros - II;

- Imposto sobre Exportação, para o Exterior, de Produtos Nacionais ou Nacionalizados - IE;

- Contribuição para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço - FGTS;

- Imposto de Renda, relativo aos pagamentos ou créditos efetuados pela pessoa jurídica e aos rendimentos

ou ganhos líquidos auferidos em aplicações de renda fixa ou variável, bem assim relativo aos ganhos de

capital obtidos na alienação de ativos;

- Contribuição para a Seguridade Social, relativa ao empregado.

Fonte: Adaptado de Lei 9.317/1996 (2015)

Não existe critério único aceito para definir as microempresas e MPE, podem ser

utilizados vários indicativos para a classificação nas categorias de micro, pequena, média ou

grande empresa, porém eles não podem ser considerados completamente apropriados e

definitivos para todos os tipos de contexto. Também se encontra uma grande variação de

definições entre países, cada um apresenta uma conjuntura específica quanto aos tipos de

empresa, são levadas em consideração seu papel socioeconômico e às prioridades

governamentais na promoção do desenvolvimento (LIMA, 2001).

Ercolin (2007) comenta que essa variedade de critérios para uma definição ocorre

tanto por parte da legislação específica, como por parte das instituições oficiais e órgãos

representativos do setor, alguns baseiam-se no faturamento, outros no número de

funcionários, ou ainda em ambos.

Conforme apresentado no quadro 2, o Sebrae realiza a classificação por número de

funcionários, utilizando dados do IBGE como critério de classificação, e divide a indústria do

comércio e da prestação de serviços. Na indústria, para ser microempresa ela deve ter até 19

empregados; já para ser considerada pequena, deve ter entre 20 e 99 empregados; para ser

média empresa deve possuir de 100 a 499 empregados, e para ser classificada como grande

empresa, deve ter mais de 500 empregados. Já no comércio e serviço, as microempresas são

de até 9 empregados; a pequena deve possuir entre 10 a 49 empregados; a média empresa

deve empregar de 50 a 99 funcionários, e é considerada grande empresa a que apresenta mais

de 100 empregados (Sebrae, 2011).

38

Quadro 2 - Classificação do porte da empresa considerando o número de funcionários

Porte/setor da empresa Quant. pessoas indústria Quant. pessoas comércio e serviço

Micro Até 19 Até 9

Pequena 20 até 99 10 até 49

Média 100 até 499 50 até 99

Grande 500 ou mais 100 ou mais

Fonte: Sebrae (2011)

Já a classificação de porte de empresa adotada pelo Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) conforme Circular nº 34, de 06 de setembro

de 2011, para as Micro e Empresas de Pequeno Porte baseia-se na receita operacional bruta,

que para microempresa deve ser menor ou igual a R$ 2,4 milhões e para pequena empresa

maior que R$ 2,4 milhões e menor ou igual a R$ 16 milhões.

Considerando a lei complementar 139/2011, o Governo Federal reestabeleceu os

valores limites de receita bruta, para poder fazer parte do Simples Nacional, validos a partir de

2012, para microempresa a receita bruta deve ser igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos

e sessenta mil reais), para empresa de pequeno porte, a receita bruta deve ser superior a R$

360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a 3.600.000,00 (três milhões e

seiscentos mil reais).

Quadro 3 - Classificação do porte da empresa utilizada pelas instituições

BNDES SIMPLES LEI DAS MPE IBGE E SEBRAE

(Quantidade de funcionários)

Indústria Comércio/

serviços

MICRO <= R$ 2,4 milhões <= R$ 360 mil <= R$ 360 mil Até 19 Até 9

PEQUENA < R$ 2,4 milhões e

>= R$ 16 milhões

<R$ 360 mil e >=

R$ 3,6 milhões

< 360 mil e >=

R$ 3, 6 milhões

20 até 99 10 até 49

MÉDIA < R$ 16 milhões e

>= R$ 90 milhões

- - 100 até 499 50 até 99

MÉDIA

GRANDE

< R$ 90 milhões e

>= R$ 300 milhões

- - - -

GRANDE < R$ 300 milhões - - 500 ou mais 100 ou mais

Fonte: Dados da pesquisa, 2014

2.2.2.2 Características de Gestão de MPE

O planejamento no ambiente da Micro e Empresas de Pequeno Porte em muitas vezes

é avaliado como nulo ou informal, sendo considerado não organizado adequadamente. A

importância do planejamento deve ser levada a sério também pela Micro e Empresas de

Pequeno Porte brasileira (LOURENÇO, 2006).

39

O mesmo autor classifica o gestor das MPE como sendo uma pessoa de espírito

empreendedor que um dia desejou sair da informalidade. O encerramento de tal atividade não

resultaria em grandes perdas financeiras ou morais, e se obter êxito em sua atividade, manterá

em atividade. Havendo problemas, são buscadas soluções, e desta forma administra a

empresa, tendo o conhecimento adquirido pela experiência obtida em anos de trabalho, e não

de forma acadêmica. Os que têm formação acadêmica, não na área da administração, mas que

são, por exemplo, médicos, engenheiros, advogados, fisioterapeutas, veterinários,

nutricionistas, entre outros, montam seus negócios e é a sua experiência no empreendimento

que o faz prosseguir.

Para Martens (2001), uma Empresa de Pequeno Porte, geralmente, é composta por

uma equipe limitada de pessoas e, muitas vezes, em termos de qualidade. Como a empresa

não tem condições de contratar especialistas para suprir as necessidades, o próprio empresário

torna-se polivalente, passando a atender problemas de produção, de compras, de marketing,

de vendas e de recursos humanos, entre outros.

Drucker (20033 apud Raza, 2005) estabelece algumas das diferentes características

segundo o porte da empresa: nas microempresas, não existe separação de níveis hierárquicos,

onde o dirigente utiliza a maior parte do tempo em tarefas operacionais do empreendimento, o

que resta é usado em funções do empreendimento, como compras, contabilidade, etc. Na

Micro e Empresa de Pequeno Porte já necessita de uma organização administrativa, exige um

nível administrativo entre o gestor e os trabalhadores. O dirigente acumula as funções, na

maior parte do tempo, em áreas funcionais, como finanças, vendas, compras, etc., e o restante

do tempo são direcionados à função de direção e a tarefas operacionais.

Essas características são de notáveis diferenças em relação às médias e grandes

empresas. Em empresa média, o cargo de cúpula exige dedicação em tempo integral e os

objetivos empresariais globais não podem ser estabelecidos pelo ocupante deste cargo. A

inaptidão na resolução dos problemas de organização administrativa é uma das causas mais

frequentes e graves de dificuldades deste estágio. Já nas empresas grandes, a função de

direção supera a capacidade de uma pessoa, dividindo-se em coordenação de níveis médios e

estabelecimento de objetivos empresariais.

Já para Adizes (2001), as organizações passam por alguns estágios durante sua

existência, e o autor faz uma analogia, comparando com as fases vividas pelas pessoas,

classificando as empresas pelas fases do crescimento, que envolve o namoro, infância ou

3 DRUCKER, P. Práticas de administração de empresas. São Paulo: Pioneira, 2003.

40

criança, toca-toca, o segundo nascimento; e a maioridade, que inclui a adolescência e

plenitude; e o envelhecimento, que envolve a organização estável, aristocracia, burocracia

incipiente, burocracia e morte.

Segundo o autor, na fase do namoro a empresa ainda não nasceu fisicamente, é uma

ideia, está em estágio de desenvolvimento. O fundador ainda é um apaixonado pela ideia do

negócio. As empresas na fase da infância apresentam como característica poucas regras, tudo

é realizado em busca de resultados, que podem ser inconsistentes devido a maturidade da

empresa, sendo altamente centralizada e dependente do seu fundador. Não existe muita

hierarquia, falta planejamento para a contratação de pessoal sendo contratadas quando

necessário. Não há experiências em processos, o fundador também não pode esperar

resultados imediatos, gerenciando através das crises e para sobreviver depende do aporte de

dinheiro e de seu compromisso (ADIZES, 2001).

Conforme o autor, a próxima fase é toca-toca, quando uma empresa criança avançar

para esta, o fundador muitas vezes utiliza um gerente profissional, a partir de então, já deixam

de ser Micro e Empresas de Pequeno Porte. Nos primeiros estágios de uma organização faz

necessário empenho financeiro, injetando recursos na empresa e conforme vai amadurecendo,

a análise econômica tem que ser uma realidade, pois será a mola propulsora para o

crescimento da empresa (ADIZES, 2001).

2.2.3 Taxa de Mortalidade de MPE

Desde o estudo primordial de Davis (1939), as elevadas taxas de mortalidade das

empresas vem sendo estudas em todo o mundo, que chegaram a 77,6% ao final do terceiro

ano de existência em algumas cidades dos Estados Unidos. À época, foram indicados

possíveis fatores: falta de mão-de-obra especializada, falta de infraestrutura, instabilidade

política e econômica, e rápida mudança de demanda.

Cochran (1981) questionou os métodos utilizados até então, demonstrando as

polêmicas em torno do assunto, e a complexidade do estudo do tema. A começar pela

definição de falência, segundo o qual existem pelo menos 5 definições diferentes.

Conforme apresentado por Nunes, Miranda e Ferreira (2010), a extinção de uma

empresa causa não só prejuízos para os empresários e empregados envolvidos diretamente,

mas indiretamente para toda a sociedade que sofre os efeitos desse fenômeno na economia.

Esse fechamento prematuro de empresas no País tem sido uma das preocupações da

sociedade.

41

As Micro e Empresas de Pequeno Porte apresentam um número elevado de

mortalidade se comparar com empresas de maior porte. Os empreendedores justificam que

dentre as dificuldades encontradas, estão causas decorrentes de problemas financeiros,

condições econômicas adversas, motivos internos e elevada carga tributária (PUGA, 2000).

O grande desafio para sobrevivência das Micro e Empresas de Pequeno Porte está em

constituir um diferencial para a empresa, na qualidade oferecida e no preço compatível com o

mercado (TACHIZAWA; FARIA, 2002).

Segundo pesquisa realizada pelo Sebrae (2013), com referência as empresas brasileiras

constituídas em 2007, a taxa de sobrevivência das empresas com até 2 anos de atividade foi de

75,6%. Essa taxa foi superior à taxa calculada para as empresas nascidas em 2006 (75,1%) e

nascidas em 2005 (73,6%), conforme apresentadas no Gráfico 1.

Gráfico 1 - Taxa de sobrevivência de empresas de 2 anos, evolução no Brasil

Fonte: Sebrae (2013)

Como a taxa de mortalidade é complementar à da sobrevivência, pode-se dizer que a

taxa de mortalidade de empresas com até 2 anos caiu de 26,4% para as nascidas em 2005,

para 24,9% as nascidas em 2006 e para 24,4% as nascidas em 2007, conforme apresentado no

Gráfico 2 (Sebrae, 2013).

42

Gráfico 2 - Taxa de mortalidade de empresas de 2 anos, evolução no Brasil

Fonte: Sebrae (2013)

2.2.4 Fatores Discriminantes para a Mortalidade de Empresas

Diversos são os fatores que podem ser impactantes e influenciar o fato do encerramento

da atividade das MPE. O pressuposto utilizado parte de quatro itens, expostos a seguir:

- Competitividade: através da pesquisa da escala das empresas, pode-se determinar o

nível de concorrência, e estabelecer este fator como discriminante ou não para a mortalidade

das empresas.

- Perfil de Liderança: os métodos e estratégias adotados pelos superiores hierárquicos no

comando dos subordinados e nas tomadas de decisão também são considerados fatores que

podem discriminar as empresas de sucesso ou não.

- Ferramentas Utilizadas para a Tomada de Decisão: a forma de administrar as empresas

também impacta na mortalidade das mesmas, ou no seu sucesso. Não há um modelo único ou

pronto para todas as empresas. Estas devem analisar e escolher aquele que melhor se adequa à

cultura organizacional, estratégias e objetivos da empresa.

- Formação do gestor: a capacitação e qualificação profissional tem se mostrado como

um diferencial para o sucesso nos negócios. Gestores mais bem preparados, treinados e

atualizados tem demonstrado melhores resultados. A formação formal em um curso superior

também pode trazer bons resultados para aqueles que efetivamente demonstram vontade de

aprender.

43

2.2.4.1 Competitividade

Um jogo. Com outros jogadores adversários, onde não há fim, mas há vencedores

diários, que são aqueles que alcançam o objetivo máximo da organização, a missão. Missão

esta que está fundamentada no atendimento aos requisitos dos stakeholders, principalmente

dos clientes, que são em última instância a razão de ser da organização, que lhe dão

sustentabilidade e prospecção de futuro. Assim podemos ilustrar o que é competitividade. Em

suma, buscar uma rentabilidade superior aos seus concorrentes, antes que eles o façam.

Para Porter (1989), competir está na essência do negócio, pois a concorrência na

indústria, seja qual for, é uma constante. E concorrer não somente com outras empresas do

mesmo ramo, mas também disputar espaço no mercado com potenciais entrantes, substitutos,

fornecedores e clientes. Uma disputa sistêmica, contra todos e contra si mesmo. Assim

apresenta-se o mercado contemporâneo, uma arena de contendas onde ter um diferencial

competitivo, que lhe traga vantagem competitiva, é a busca incessante necessária à

sobrevivência do negócio. Assim sendo, competir é a causa e consequência para a existência

das firmas.

Chiavenato e Sapiro (2003) confirmam que competir está no cerne das organizações de

mercado, que o novo século trouxe consigo excitantes e dinâmicos desafios competitivos,

respondidos com geração de margens e retornos superiores. Os autores afirmam que há uma

nova natureza da competitividade, nos ciclos econômicos, na velocidade das mudanças, na

transnacionalidade do mundo, na globalização, na tecnologia da informação, num ambiente de

trabalho mutável e na inovação, e em todas as consequências que vieram a borla de tudo isso.

A competição, tem diversas formas de ser explicada e entendida. A competição

biológica, dependente da seleção natural de Darwin; a competição militar, mãe do conceito

moderno, escrita e imortalizada nos meios empresariais por Sun Tzu (e sua obra A Arte da

Guerra) e por Von Clausewitz (e sua obra Da Guerra); a competição política de Maquiavel,

pejorativamente suja e desonesta; passando pela competição esportiva, está limpa e saudável,

encorajadora de atitudes agonísticas de vitórias e gratificação; até a competição nos negócios,

tema deste estudo, herdeira de todas as características de suas coirmãs descritas

(CHIAVENATO; SAPIRO, 2003).

Diferentes fases permearam a competição nos negócios. Desde a revolução industrial,

onde iniciou-se na disputa do mercado de commodities, passando pelo início do século XX e

sua produção em massa, onde Henry Ford, Alfred Sloan Jr. e Chester Barnard, empírica ou

teoricamente impulsionaram o conhecimento sobre competição. A década de 1950 pós-guerra

44

é marcada pela introdução do planejamento estratégico como ferramenta para a

competitividade, enquanto que na década seguinte desenvolve-se a análise SWOT. Ansoff e

Steiner sistematizam o planejamento estratégico, dinamizando-o e inserindo a noção de UEN

(Unidades Estratégicas de Negócio). Hamel e Prahalad (1995) adotam o conceito de

competências essenciais para criação de vantagem competitiva, e mais atualmente a

flexibilização dos planejamentos dão a tônica para a competitividade (CHIAVENATO;

SAPIRO, 2003).

Para os autores, quando se fala em competitividade nas empresas sente-se uma pressão

pela geração de lucros a qualquer custo, sendo nas pequenas ou nas grandes empresas, essas

são fortalecidas pelo desafio de ser diferente e maior no mercado em que atuam.

Ferraz, Kupfer e Haguenauer (19954 apud QUARTUCCI, 2007, p. 32) conceituam

competitividade como “A capacidade da empresa formular e implementar estratégias,

concorrências (sic), que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição

sustentável no mercado.”

Maramaldo (2000) define competitividade como “a melhor combinação possível entre

satisfazer o mercado e ganhar dinheiro”, o que dá a indicação necessária para o processo

decisório das organizações. Porém são metas conflitantes, e atendê-las equitativamente passa

a ser o desafio competitivo.

Para visualizar o nível de competitividade de uma empresa, Maramaldo (2000) aponta

que é essencial um comparativo com seus principais concorrentes. Para a realização desse

comparativo são necessários dois indicadores básicos:

a) satisfação de mercado: define a expansão da empresa em relação a seus concorrentes

e o crescimento no faturamento dos últimos cinco anos;

b) ganhar dinheiro: resultados líquidos comparado com os últimos cinco anos se houve

crescimento significativo.

Tendo em vista esses dois indicadores é possível identificar se a empresa é competitiva,

ou seja, é necessário relacionar o desempenho da empresa sob quaisquer condições externas

de mercado e assim determinará o seu sucesso ou fracasso.

O Modelo da Dinâmica da Competitividade, apresentado pelo autor, indica que esta

busca pode resultar em quatro possibilidades diferentes, conforme a figura 3.

O quadrante da falência é representado pelas organizações que não satisfazem o

mercado e nem ganham dinheiro, isto é, não sobreviverão às exigências competitivas do

4 FERRAZ, J. C.; KUPFER, D.; HAGUENAUER, L. Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria.

Rio de Janeiro: Campus, 1995.

45

mercado. Já empresas que procuram atender os requisitos dos clientes e consequentemente

estão satisfazendo o mercado, podem estar saindo da situação do quadrante anterior, e ainda

não ganhar dinheiro, mas estarão caminhando nesta direção. Outro caminho a ser adotado é o

da diminuição repentina de custos, que podem impactar negativamente na satisfação do

mercado e positivamente no ganhar dinheiro, pelo aumento da margem de contribuição,

reposicionando à empresa para o quadrante do lucro. Este quadrante, segundo o autor, é

arriscado, pois pode levar a perda de clientes, e em curto prazo a insustentabilidade da

condição de caixa positivo.

Figura 3 - O modelo da dinâmica da competitividade

Fonte: Adaptado de Maramaldo (2000)

O quadrante ideal e satisfatório é o da competitividade, onde as duas metas, apesar de

conflitantes, são atendidas, proporcionando a condição de competitividade desejada.

Prahalad e Hamel (2005) apresentam outra possibilidade pela busca da

competitividade, conforme figura 4. Ela pode vir por três meios diferentes, qual sejam a

reestruturação do portfólio e downsizing, a reengenharia de processos e melhoria contínua, e

por último a reinvenção do setores e regeneração de estratégias. Cada uma destas alternativas

apresenta vantagens e desvantagens, como qualquer outra alternativa que haja ou venha a

surgir.

Satisfazer o mercado

Ganhar dinheiro

Quadrante da

competitividade

Quadrante da

qualidade

Quadrante da

falência Quadrante do lucro

46

A perda da liderança por diversas empresas que não acompanharam as mudanças,

principalmente tecnológicas, vieram acompanhadas da necessidade de transformação

organizacional, que por sua vez carregavam em seu bojo o downsinzing, redução de despesas

administrativas, empowerment, redesenho de processos e racionalização de portfólio. Apesar

de importantes, nenhuma destas iniciativas é capaz de angariar novamente posição de

liderança, nem no presente, nem no futuro.

Problemas de competitividade como estagnação, diminuição das margens de lucro e

do market share, quando se demonstram inevitáveis, levam a cortes brutais, eliminando

processos e negócios não rentáveis em busca de maior produtividade. Quase sempre ‘a corda

arrebenta para o lado mais fraco’, com redução do número de funcionários. Os autores

argumentam que esta não é a melhor alternativa na busca pela competitividade, pois uma

empresa mais enxuta não é necessariamente mais saudável, como uma pessoa com anorexia e

consequentemente mais magra também não o é.

Figura 4 - A Busca da Competitividade

Fonte: Adaptado de Prahalad e Hamel (2005)

Como alternativa à busca da competitividade pela reestruturação, empresas mais

antenadas iniciaram a reengenharia de processos, erradicando trabalho desnecessário,

apontando os processos para a satisfação do cliente, redução do tempo do ciclo e para a

qualidade total. A desvantagem associada a este processo é que em geral o mesmo leva

alcançar os concorrentes, e não superá-los. Assim, “embora tentem frequentemente

transformar a imitação em virtude e vesti-la com as cores modernas da capacidade de

A Busca da Competitividade

Reestruturação do

portfólio e

downsizing

Reengenharia de

processos e

melhoria contínua

Reinvenção do

setores e

regeneração de

estratégias

Menor Melhor Diferente

47

adaptação, muitas vezes os gerentes estão se adaptando a estratégias de concorrentes mais

criativos.” (PRAHALAD; HAMEL, 2005, p. 16). Emparelhar-se aos concorrentes é

necessário, porém não levará nenhuma organização à liderança.

Porém, não é suficiente que as empresas sejam menores e/ou melhores, diminuindo

seu tamanho ou aumentando sua eficiência e rapidez. A capacidade de regenerar-se e

reinventar-se é que faz a diferença, isto é, a empresa também precisa ser diferente, pois ela

perde seus atuais negócios quando diminui mais rápido do que melhora sua eficiência, e perde

seus futuros negócios quando melhora sua eficiência sem mudar. Para os autores, a disputa

competitiva não é entre distância geográficas, com seu vizinho ou com o outro lado do

mundo, mas sim com os negócios não-tradicionais. A competição é entre retardatários versus

desafiantes, líderes versus inovadores, inerciais e copiadores versus criativos.

2.2.4.1.1 Análise estrutural das indústrias

As indústrias que estão se mantendo ativas no mercado enfrentam o poder da

concorrência influenciando seus negócios. De acordo com Porter (1986), o crescimento da

concorrência traz queda nas margens de lucro das indústrias, consequentemente a

rentabilidade reduz e seus ganhos diminuem impactando na competitividade. Essa influência

traz para o mercado um conceito de concorrência perfeita para o consumidor, que pode

usufruir de opções, escolhendo preço mais baixo.

Costa et al. (2007) destaca que o ingresso de novas empresas no mercado acarreta

mudanças para várias organizações, obrigando seus administradores a se adaptarem aos

setores econômicos mundiais. Os mesmos autores ainda destacam que:

[...] a concorrência em uma indústria tem raízes em sua estrutura econômica básica e

vai além do comportamento dos concorrentes. O maior objetivo de qualquer

empresa é ter uma forte posição competitiva, elevar barreiras à entrada de novos

competidores, ter um perfil maior e melhor que seus concorrentes, aumentar o poder

de barganha em relação aos fornecedores e intermediários e ter uma alta participação

no seu segmento de mercado. (COSTA et al., 2007, p. 5).

Segundo Porter (1989), o que determina o grau de concorrência dentro de qualquer

empresa, seja ela do mercado nacional ou internacional, está concentrada em cinco forças

básicas:

a) ameaças de novas empresas;

b) ameaças de novos produtos;

48

c) poder de barganha dos fornecedores;

d) poder de barganha dos compradores;

e) rivalidade entre os competidores existentes.

Porter (1989) afirma também que esse conjunto de forças determina o poder de

mercado da indústria, podendo justificar seus lucros a longo prazo. O poder de cada força

mostrada por Porter varia de acordo com a estrutura de cada indústria, podendo serem

favoráveis ou negativas, mudando de acordo com que cada força pressiona a indústria. É

necessário estar ciente destas forças, pois de acordo com Mintzberg et al. (2006, p. 96):

O conhecimento dessas fontes implícitas de pressão competitiva garante a

infraestrutura para um programa estratégico de ação. Elas destacam os pontos fortes

e os pontos fracos críticos da empresa, motivam o posicionamento da empresa em

seu setor, revelam as áreas nas quais as mudanças estratégicas podem gerar maiores

retornos e destacam os locais em que as tendências do setor prometem ter maior

importância, seja como oportunidade ou como ameaça.

O objetivo das cinco forças é mostrar para as empresas o fator ou fatores que

determinam a rentabilidade, pois estes influenciam diretamente no custo dos produtos

elaborado pelas empresas, elemento essencial para determinar o lucro e por consequência a

competitividade.

2.2.4.1.2 Tempo de Vida (Mercado)

Conforme já apresentado por Adizes (2001), existem organizações que estão na fase

de crescimento, como também em envelhecimento, as quais mantêm características diferentes,

além de outros níveis entre esses dois termos. As empresas passam pelas fases do crescimento

com o namoro, infância ou criança, toca-toca, o segundo nascimento e a maioridade que

incluem adolescência e plenitude e envelhecimento que envolve a organização estável,

aristocracia, burocracia incipiente, burocracia e morte, conforme ilustrado na Figura 5.

49

Figura 5 - Fases do crescimento até envelhecimento vivido pelas empresas

Fonte: Adizes (2001)

Para o autor, nas organizações que estão na fase de crescimento as pessoas são

contratadas e promovidas por causa de sua contribuição; a menos que algo seja provado que

algo está errado pressupõe que está certo; assumem riscos; não consegue prever resultados e

quanto consegue o real atingido varia muito, tanto para menos quanto para mais. As empresas

que estão em envelhecimento as pessoas são contratadas e promovidas por causa de sua

personalidade; a menos que algo seja comprovadamente certo, pressuponha que está errado;

evita riscos; prevê resultados e os atinge com excelência.

Conforme Adizes (2001), na fase do toca-toca, o fundador já utiliza gerentes

profissionais, com características de um empreendedor, capaz de tomar decisões e ao mesmo

tempo ter uma visão do todo da empresa, mas o dono ainda continua no comando. Na

adolescência as empresas já têm vários gerentes específicos. A contratação de um gerente

profissional modifica a liderança da empresa, isto faz a empresa passar de um estágio do ciclo

de vida ao próximo (ADIZES, 2001).

Para o autor, a plenitude é o ponto mais favorável na curva do ciclo de vida, quando a

organização atinge um equilíbrio de autocontrole e de flexibilidade, as empresas sabem o que

estão fazendo, para onde estão indo e como chegar lá. São características das empresas

sistemas e estrutura organizacional funcionais; visão e criatividade institucionalizadas;

orientação para os resultados; a organização satisfaz as necessidades dos clientes; planeja e

segue seus planos; supera suas expectativas de desempenho, previsivelmente; é capaz

simultaneamente de manter o crescimento das vendas e o aumento da lucratividade; a empresa

passa a gerar novas organizações criança. Se a empresa continuar capitalizando-o ao invés de

fomentá-lo, perceberá baixar a seu crescimento e ela passará então à fase denominada Estável,

que é o fim do crescimento e o começo do seu declínio. O grande desafio da organização

plena é permanecer na plenitude.

50

Na fase estável, os investimentos da empresa passam a ser direcionados a aperfeiçoar

os produtos que já existem, esquecendo muitas vezes de criar novos produtos para atacar em

novas frentes no mercado. Caso a criatividade permaneça estagnada, se instala um novo ciclo,

a Aristocracia, a qual é um grande desafio do administrador, voltar as decisões essenciais, tem

que reaprender a lutar para enfrentar os adversários. A organização tem que identificar qual é

o seu negócio e qual é o seu valor para os clientes. Neste estágio o esvaziamento do espírito

empreendedor traz uma falsa sensação de tranquilidade. Quando terceiros apontam que o

caminho da ruína está se aproximando, isso é visto como um ato falho ou enganoso, pois, a

vida da organização sempre foi bem-sucedida e a decadência não irá chegar. Logo as receitas

começam a diminuir, e para resolver isto é feito reajustes dos preços. A rentabilidade e o

faturamento crescem na mesma proporção que as quantidades de produtos negociados caem.

Em dado momento esta atitude volta-se contra a empresa já que a participação no mercado

também ocorre paralelamente (ADIZES, 2001).

Conforme o autor, a pré-burocracia é um grande desafio, pois a empresa entra na

paranoia gerencial, pois os maus resultados tornam-se evidentes, os gerentes começam a lutar

entre si, ao invés de lutarem contra os concorrentes. É a sobrevivência pessoal, o desafio

consiste em substituir as pessoas que são ineficazes, e uma única pessoa assumir o controle,

levando a empresa à sua essência lucrativa.

Na burocracia e morte o administrador não tem autoridade e nem responsabilidade,

não há mais mudança, a organização deixa de reagir às mudanças ao meio ambiente; torna-se

um grande desafio ao administrador mudar o sistema organizacional, mas neste momento

mudar a liderança gerencial não levará à cura, é importante reativar o empreendedorismo e o

comprometimento das pessoas (ADIZES, 2001).

2.2.4.2 Perfil de Liderança

A liderança consiste no poder e na autoridade de influenciar, ajudando o grupo num

todo a atingir seus objetivos e satisfazer as suas necessidades, para isso o líder precisa estar

atento a natureza humana e seu comportamento. Dentro das organizações, em virtude de

muitos aspectos e das evoluções que vão acontecendo no dia a dia, é necessária a participação

da liderança em todos os departamentos.

Segundo Maximiano (2000, p. 379) “Liderança é o uso da influência não coercitiva

para dirigir as atividades dos membros de um grupo, e levá-los a realização dos objetivos do

grupo.”

51

Em relação a diversas situações ocorridas no decorrer dos anos, a liderança começou a

ser avaliada em três fatores, Minicucci (2001, p. 169) destaca-os como: o líder, os liderados e

a situação, onde a situação cria o líder e a maneira como os liderados irão atender a estas

colocações, na qual o líder se torna mais eficaz onde melhor satisfazer as necessidades de seus

subordinados.

Segundo Chiavenato (2006, p. 19), a liderança pode ser visualizada sobre diversos

ângulos.

- Liderança como um fenômeno de influência interpessoal: este conceito destaca a

liderança como um fenômeno social, onde sua influência ocorre principalmente em grupo,

com o propósito de obter a execução de um ou mais objetivos.

- Liderança como um processo de redução da incerteza de um grupo: neste aspecto a

liderança não se define apenas pelas características do líder, mas sim pela situação que ele se

encontra, o líder precisa atribuir ao grupo que o compõe segurança, e certeza nas decisões a

serem tomadas.

- Liderança como uma relação funcional entre líder e subordinados: o relacionamento

entre líderes e subordinados, tende a ser a melhor possível, buscando satisfazer as

necessidades pessoais de ambas às partes, e visando com isso o bom andamento e a eficiência

nas tarefas desempenhadas, é necessário manter o equilíbrio, para que tudo isso seja possível.

- Liderança como um processo em função do líder, dos seguidores e de variáveis da

situação: Este aspecto define que a liderança existe para solucionar as necessidades ocorridas

em cada situação.

2.2.4.2.1 Teorias Sobre Liderança

São vários os estudos realizados sobre liderança no qual se destacam algumas teorias

que acompanham o desenvolvimento da teoria administrativa, podendo segundo Chiavenato

(2000, p. 136) ser classificado em três grupos, tais como se destaca na figura 6 a seguir:

52

Figura 6 - Teorias sobre Liderança

Fonte: Chiavenato (2000, p. 136)

2.2.4.2.2 Teorias sobre Estilos de Liderança

A teoria dos estilos de liderança acredita que as pessoas podem ser preparadas para

exercer o papel de líder, para isso há necessidade de estudar e de construir as formas do

exercício de poder, baseada nas crenças básicas sobre o homem e a natureza.

Maximiano (2000) descreve dois estilos de liderança: a orientada para a tarefa e a

orientada para as pessoas.

A liderança orientada para a tarefa compreende os comportamentos classificados

dentro do modelo autocrático do uso da autoridade, que se preocupa muito mais com a tarefa

do que com o grupo que a executa, focaliza o trabalho do subordinado, insiste na necessidade

de cumprir as metas, superar a concorrência e designar tarefas as pessoas específicas. São

também classificados em autocrático, diretivo e socialmente distante.

Quadro 4 - Dois estilos básicos de liderança

ESTILO ORIENTADO PARA AS PESSOAS

(DEMOCRÁTICO)

ESTILO ORIENTADO PARA A TAREFA

(AUTOCRÁTICO)

Estilo pessoas Estilo tarefa

Liderança orientada para as pessoas Liderança orientada para a tarefa

Liderança orientada para as relações

humanas

Liderança orientada para a produção, para a

produtividade ou eficiência

Liderança orientada para a consideração

ou para o grupo

Liderança orientada para o planejamento e a

organização

Fonte: Maximiano (2000, p. 389)

53

A liderança orientada para as pessoas compreende os comportamentos classificados

dentro do modelo democrático do uso da autoridade, onde procura-se criar um clima para que

as pessoas se sintam confortáveis. Dentro deste estilo de liderança, alguns comportamentos

podem ser visualizados, como a focalização do próprio funcionário ou grupo, enfatizando as

relações humanas e o desenvolvimento da capacidade de trabalhar em equipe; ouve e presta

atenção; é amigável; apoia os funcionários, também podem ser classificados em democrático,

consultivo-participativo e preocupado com o funcionário.

2.2.4.3 Ferramentas para Tomada de Decisão

Entre as inúmeras possibilidades de ferramentas de gestão que dão base para as

empresas melhorarem seu processo de tomada de decisão, as empresas utilizam planos

financeiros para direcionar suas ações para atingir seus objetivos imediatos e de longo prazo.

O planejamento financeiro é importante para o funcionamento da empresa, pois oferece

roteiros para dirigir, coordenar e controlar suas ações na realização de seus objetivos

(GITMAN, 2002).

Para o planejamento financeiro é importante apresentar alguns conceitos como capital

de giro, fluxo de caixa, gestão de estoques, preço de venda, viabilidade econômico-financeiro

de projetos, lucratividade e rentabilidade, balanço patrimonial e demonstrativo de resultado de

exercício.

O capital de giro está associado à tomada de decisão financeira de curto prazo, e de

acordo com Ross, Westerfield e Jaffe (2002) representa a diferença entre ativos circulantes e

passivos circulantes. As finanças de curto prazo envolvem uma análise de ativos e passivos

circulantes no prazo de um ano.

A administração de capital de giro abrange processo de tomada de decisões

direcionadas para a preservação da liquidez da empresa, que afeta sua rentabilidade. O capital

de giro corresponde aos recursos investidos no ativo circulante da empresa, formado pelos

estoques, contas a receber e disponibilidades. Em uma abordagem mais ampliada, envolve

também os passivos circulantes (BRAGA, 1989).

Para Assaf Neto (2012), o capital de giro envolve a forma de identificar os recursos

que giram diversas vezes em um determinado período. É constituído por uma parcela de

capital aplicada pela empresa em seu ciclo operacional, à curto prazo, assumindo diversas

formas ao longo do processo produtivo e de vendas. O ciclo operacional abrange desde a

produção até a venda dos produtos. A importância do capital de giro varia de acordo com a

54

forma de atuação de cada empresa, desempenho da conjuntura econômica, relação de risco e

rentabilidade desejada.

Para Lemes Jr, Rigo e Cherobim (2002), o caixa ou disponível representam os ativos

que possuem liquidez imediata. Junto aos valores do caixa, são somados os recursos, eventual

e momentaneamente ociosos, que estão aplicados no mercado financeiro, ou seja, os títulos

negociáveis.

Para os autores, a gestão do caixa tem como objetivo a otimização dos recursos

financeiros. São as atividades que acompanham os reflexos das políticas de investimentos,

vendas, créditos, compras e de estoques. Os gestores de caixa definem as políticas, cuidado

para que não ofereçam problemas de liquidez para a empresa. Este profissional controla os

fluxos de entrada e saída de caixa, procurando orientar pessoas ou áreas que tomam decisões

que podem afetar este processo.

A administração de estoques envolve componentes importantes dos ativos circulantes

nas empresas comerciais e industriais, representam grandes volumes de investimentos

aplicados com relação aos demais ativos circulantes. Representam os ativos de menor

liquidez. Os estoques são representados por matérias primas, insumos, produtos em processo

e produtos acabados (LEMES JR; RIGO; CHEROBIM, 2002).

O montante de estoques tem influência pelo comportamento e volume previsto da

atividade da empresa e pelo nível de investimentos exigidos. Sempre que possível é

importante evitar o estoque em excesso, pois deste modo, imprimem maior lentidão ao giro

dos ativos e reduzem a rentabilidade da empresa (ASSAF NETO, 2012).

2.2.4.4 Formação do Gestor

O processo de formação pode ser desenvolvido pelo constituir, compor, ordenar,

fundar, criar, instruir, colocar-se ao lado de, desenvolver-se, dar-se um ser.

No entanto, quando tratamos da formação de um indivíduo, em que concepção ela se

encaixa? Para Severino (2006, p. 621), é "aquela do alcance de um modo de ser, mediante um

devir, modo de ser que se caracterizaria por uma qualidade existencial marcada por um

máximo possível de emancipação, pela condição de sujeito autônomo. Uma situação de plena

humanidade". Ou seja, é o modo como o indivíduo torna-se humano ou humanizador.

Quanto ao processo de formação do indivíduo pela educação, Severino (2006, p. 621)

destaca: "A educação não é apenas um processo institucional e instrucional, seu lado visível,

55

mas fundamentalmente um investimento formativo do humano, seja na particularidade da

relação pedagógica pessoal, seja no âmbito da relação social coletiva."

Demo (1994, p. 47), ao retratar a educação, comenta:

Educação [...] no lado formal, instrumenta a pessoa com a habilidade crucial de

manejar a arma mais potente de combate, que é o conhecimento e, no lado político,

alimenta a cidadania. Sociedade educada é aquela composta de cidadãos críticos e

criativos, capazes de indicar o rumo histórico, coletivamente pretendido, sobretudo

desenvolver, maximamente, a oportunidade histórica disponível.

A citação de Demo faz menção ao papel da educação na formação de homens críticos

e sensatos. Nesse sentido, Martins (2005) assevera que a educação é um processo de

socialização e aprendizagem direcionado ao desenvolvimento intelectual e ético de um

indivíduo. Quando esse processo se dá nas escolas, denomina-se ensino.

Para Adorno (1995), a educação não pode ser conceituada como modelagem de

pessoas, pois não se tem o direito de moldar indivíduos a partir de seu exterior.

Para o autor, educar não é meramente repassar conhecimentos, mas auxiliar na

formação de pessoas com uma consciência verdadeira. Nesse sentido, a educação vem

desenvolver, contemplar e libertar os seres, pois o manejo correto dessa ferramenta alimentará

o senso crítico e o poder de argumentação, fazendo com que eles se desenvolvam e tornem-se

conscientes de seus direitos e deveres como cidadãos.

Deve-se destacar, no processo de formação dos indivíduos, a proposição de Platão,

para quem educar é formar um homem virtuoso. O autor compara o mundo sensível a uma

caverna onde homens se encontram acorrentados e ofuscados pelas sombras projetadas nas

paredes. O homem no interior da caverna caracteriza o seu próprio estado de ignorância, e a

educação consiste em aplicar todos os meios possíveis para dar boa direção à sua alma,

conduzindo-o para fora da caverna.

Morim (2000), ao tratar dos sete saberes necessários à educação do futuro, analisa o

conhecimento pertinente, ou seja, a necessidade do indivíduo de conhecer a realidade, possuir

uma visão capaz de situar o conjunto e, acima de tudo, estimular a capacidade de colocar a

realidade e o conhecimento dentro do conjunto/contexto, pois não é a quantidade de

informação nem a sofisticação em uma área específica que conduz à educação moderna.

O autor chama a atenção ainda para a necessidade de interação com a vida social,

cultural e política do indivíduo, a qual denomina de identidade humana, pois, segundo ele, os

indivíduos fazem parte de uma sociedade e esta faz parte das suas vidas, já que, desde o

56

nascimento, a cultura o orienta. Assim sendo, a educação não pode desconsiderar o

relacionamento entre indivíduo e sociedade.

Nesse sentido, Zabala (1998, p. 28) destaca que ensinar é "formar cidadãos e cidadãs,

que não estão parcelados em compartimentos estanques em capacidades isoladas".

Paralelamente a essa visão, Perrenoud (2000, p. 70) afirma que "o ato de ensinar é estimular o

desejo de saber e, ainda, reforçar a decisão de aprender".

Complementando, Adorno (1995, p. 6) argumenta:

[...] educação aparenta, hoje, como uma função social global, intimamente associada

à ideia de cultura, presa dentro de sua acepção antropológica mais ampla, visando

desenvolver a transformação e o progresso social, [...], mais que a adaptação e a

integração, [...] exercidas por numerosas e variadas instâncias. Porque ela é

aculturação, através da tradição de conhecimentos e da aquisição de um saber-fazer

e de um saber-ser; e ela expressa o que é mais fundamental ainda, "visões de

mundo", uma "cosmogonia" [...]

Os avanços da sociedade e a vivência de um momento marcado por grandes

transformações, decorrentes sobretudo do avanço tecnológico, nas diversas esferas de sua

existência; a produção econômica dos bens naturais e as relações políticas da vida fazem com

que a educação desponte como chave importante no enfrentamento desse cenário de

incertezas que o futuro fomenta. Almeida (2008, p. 43) escreve que a educação deverá passar

por uma reforma na maneira de pensar e "ultrapassar a fragmentação dos conhecimentos,

religar saberes e transpor as deficiências da sociedade da informação [...]", configurando,

assim, um norte para o conhecimento complexo. A autora relembra as afirmações de Edgar

Morim, para quem o "educar para a vida" passa a ser o papel e a missão da educação afinada

com uma ecologia das ideias.

A educação na vida dos cidadãos não deve pautar-se, única e exclusivamente, pela

tradição do saber-fazer, baseado somente na solução de problemas. Ela deve pregar também o

saber-viver e o saber-ser, por meio dos quais o cidadão, além de resolver os problemas, terá o

discernimento de se inserir na sociedade e saber qual o seu lugar no contexto, assumindo uma

educação não fragmentada, realizada mediante a interação com outros indivíduos e a troca de

conhecimento e vivência social e cultural.

57

3 METODOLOGIA

Este capítulo apresenta a caracterização e os procedimentos metodológicos que foram

utilizados para execução da pesquisa.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Esta pesquisa pode ser classificada de diversas formas. Primeiramente quanto ao

método de abordagem, caracteriza-se pelo método hipotético-dedutivo, pois utiliza-se da

racionalização do método dedutivo e da experimentação do método indutivo. A partir da

literatura da pesquisa, foram inferidos os fatores, que serão submetidos a diversos testes

estatísticos a fim de testá-los, e por fim comprová-los se são discriminantes ou não.

O método de procedimento foi o estatístico, relacionado à abordagem de pesquisa

quantitativa, que forneceu uma base sólida de informações para análise, com caráter

matemático. A pesquisa é ainda de natureza aplicada, que como o próprio nome indica tem

interesse prático, com aplicabilidade dos resultados em situações reais.

Quanto ao objetivo, distingue-se como exploratória, pois houve um aprofundamento

sobre os dados de forma à melhor se conhecer o assunto estudado, que posteriormente poderá

dar razão a novas pesquisas, doravante explicativas.

Já nos procedimentos técnicos foram utilizadas a Estatística Descritiva, através da

verificação da frequência e do cruzamento de dados (CrossTabs), sendo que os dados

analisados foram apresentados em gráficos e quadros, que geraram inferências para o uso da

Regressão Logística, ferramenta da Análise Multivariada de Dados, com uso da ferramenta

computacional SPSS 18.0. Esta técnica é utilizada quando a variável dependente é binária e as

variáveis independentes métricas ou não métricas. Ou seja, “destina-se a investigar o efeito

das variáveis pelas quais os indivíduos, objetos ou sujeitos estão expostos sobre a

probabilidade de ocorrência de determinado evento de interesse” (FÁVERO et al., 2009, p.

440).

Nesta pesquisa a variável dependente binária é representada pelas empresas

descontinuadas (que determinam a mortalidade) ou continuadas (que determinam a

sobrevivência). Como pressupostos a serem testados exigem-se a “relação linear entre o vetor

das variáveis explicativas X e a variável dependente Y; valor esperado de resíduos igual a

zero; ausência de autocorrelação, de correlação entre resíduos e variáveis explicativas e de

58

multicolinearidade.” (FÁVERO et al., 2009, p. 443). Destaca-se que estes pressupostos são

testados automaticamente pela ferramenta SPSS.

Além disso, foi desenvolvida uma pesquisa bibliográfica que procurou abordar o

problema de pesquisa baseando-se em referências teóricas publicadas anteriormente em

artigos, livros, dissertações e teses.

3.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

A seguir, apresenta-se a delimitação da pesquisa para este trabalho.

3.2.1 População e Amostra

Para Vergara (2003), população é o conjunto de elementos que possui as

características que são objeto de estudo. Nessa pesquisa considerou-se população o conjunto

de Micro e Empresas de Pequeno Porte do município de Francisco Beltrão, existentes entre os

anos de 2000 a 2013, totalizando 13.800 empresas. Destas, 4.800 estavam em atividade no

mês de julho de 2013, enquanto que 9.000 haviam sido baixadas ou estavam inativas (sem

recolhimento de impostos).

Considerando que o tamanho da população objeto do estudo é extenso, a coleta de

dados foi realizada por meio da utilização de uma amostra. Conforme Vergara (2003, p. 50), a

“amostra é uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério de

representatividade”. Assim, para o propósito deste estudo, utilizou-se uma amostra

probabilística de 315 empresas, acima da amostra de 262 empresas, conforme o cálculo a

seguir (SANTOS, 2015), selecionadas pelo critério de acessibilidade, observando-se como

requisito apenas a disponibilidade da empresa para participação no estudo.

Onde:

n - amostra calculada = 262 empresas

N – população = 13.800 empresas

Z - variável normal padronizada associada ao nível de confiança = 95%

p - verdadeira probabilidade do evento = 50%

e - erro amostral = 6%

59

3.2.2 Sujeitos de Pesquisa

De acordo com Vergara (2003), os sujeitos de pesquisa são as pessoas que nos

fornecem os dados de que necessitamos. Nessa pesquisa foram sujeitos os proprietários e ou

responsáveis pela gestão das empresas pesquisadas.

3.3 ESTRATÉGIA DE COLETA E TRATAMENTO DE DADOS

A seguir, apresenta-se a estratégia de coleta e tratamento de dados empregada neste

estudo.

3.3.1 Estratégia de Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada através da aplicação de questionários estruturados (ver

Apêndice A) a gestores que atuam ou atuaram no município de Francisco Beltrão/PR. Antes

da realização da pesquisa de campo, o questionário foi validado através da realização do pré-

teste, tendo em vista verificar a adequação do instrumento de pesquisa ao público-alvo. A

coleta de dados em campo foi realizada primeiramente através de survey on-line, construída

na ferramenta Lime Survey, e comunicada ao público alvo por e-mail, através do qual o

respondente recebia um link para acesso ao questionário, tendo ocorrido entre os meses de

agosto de 2014 a janeiro de 2015. Posteriormente, devido à baixa adesão de respondentes, os

questionários foram coletados in loco, em visitas às empresas, no mês de janeiro de 2015.

Para as empresas descontinuadas, depois das diversas tentativas por e-mail, foram realizadas

ligações telefônicas e coletadas as respostas ao questionário.

Foram assim coletados 266 questionários de empresas em atividade e 49 questionários

de empresas descontinuadas, totalizando 315 respondentes.

3.3.2 Tratamento dos Dados

A Regressão Logística Binária é um modelo de regressão em que a variável

dependente é dicotômica. Assim, Y assume apenas dois valores, 1 para representar a resposta

considerada sucesso e 0 para a considerada insucesso (HAIR et al., 2005). No presente

trabalho, a variável dependente assumiu o valor 1, se a empresa foi descontinuada (baixada ou

inativa); e 0, se ela estiver em atividade. Uma das vantagens da regressão logística é que se

60

necessita apenas saber se um evento ocorreu para usar um valor dicotômico como variável

dependente, valor a partir do qual a equação prediz, informando a probabilidade de o evento

ocorrer ou não. Se o valor da probabilidade for superior a 0,50, o caso será classificado como

sucesso (grupo das ativas); em caso contrário, como insucesso (grupo das descontinuadas).

Neste estudo foram respeitadas premissas da técnica de regressão logística. Apesar

desta técnica não exigir normalidade das variáveis, recomenda-se o mínimo de 5 observações

por variável explicativa, o que foi atendida. Da mesma forma, verificou-se o valor de Hosmer-

and-Lemeshow. A fim de prever um comportamento das variáveis dependentes e um modelo

que seja capaz de identificar se uma determinada MPE é propensa a ser descontinuada;

verifica-se a significância das variáveis, observando a matriz de classificação da técnica.

Deve ser ressaltado, entretanto, que quando a transformação logística é utilizada, a

interpretação dos coeficientes da regressão é diferente daquela utilizada quando a variável

dependente é métrica. O modelo de regressão logística integra a classe dos modelos lineares

generalizados, ou seja, aqueles que se tornam lineares por meio da aplicação de algum tipo de

transformação (HAIR et al., 2005).

Considere o modelo abaixo, o qual utiliza apenas uma variável independente X1:

Ao se obter o logaritmo neperiano da expressão anterior, tem-se o seguinte modelo

linear:

Para o modelo de regressão logística, Y é dado por:

Dessa forma, tem-se o modelo do tipo:

Generalizando para um número qualquer de variáveis, o modelo de regressão logística

pode ser escrito da seguinte forma:

Sendo:

61

. p = a probabilidade de ocorrência de inadimplência;

.β0 = constante do modelo;

. β x = efeitos (parâmetros) associados com as variáveis explicativas;

. x = as covariáveis para cada empresa estudada.

O parâmetro do modelo indica a mudança que ocorre no logito, dada uma mudança

unitária na variável independente. A exponencial do parâmetro fornece as razões de chance

(odds ratio), que medem a força da associação entre determinado fator e a variável

dependente. A razão de chance menor que um significa que a variável atua reduzindo a

possibilidade de descontinuidade da empresa. Por sua vez, quando a razão de chance é maior

do que um, a variável está atuando como fator maior possibilidade de descontinuidade.

A análise dos dados foi realizada, utilizando o pacote estatístico Statistical Package

for the Social Sciences [SPSS], versão 18.0. Os resultados do modelo foram apresentados

como razões de chance (odds ratio). Foram considerados os resultados em nível de

significância de 5% (p-value < 0,05) (HAIR et al., 2005).

3.4 LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Apesar dos cuidados quando da seleção dos métodos e procedimentos adotados e da

crença de que estes foram os mais adequados para realização do estudo, estes apresentaram

algumas limitações, tais como:

a) recusa, por uma parte dos respondentes, em participar da pesquisa;

b) omissão de informações ou obtenção de respostas que não traduzam a realidade, por

parte dos respondentes, por razões conscientes ou não;

c) tempo para a realização do estudo.

62

4 DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Para apresentação dos resultados, referentes aos 315 respondentes, dividiu-se em três

partes consecutivas, visando construir uma análise mais linear e lógica. Partiu-se das

frequências tabuladas de todos os questionamentos, para a seguir cruzar dados através de

Cross Tabs, e finalizando com a aplicação da Regressão Logística Binária. Uma quarta parte

trata das políticas públicas municipais de desenvolvimento regional, no que tange ao apoio às

MPE.

4.1 ANÁLISE DA FREQUÊNCIA

Para esta análise, foram gerados no software SPSS 18.0 as tabelas de frequência,

sintetizadas no quadro 5 e nos gráficos a seguir. O resultado desta análise gerou possibilidades

de entendimento do contexto das respostas, que auxiliarão nas análises mais aprofundadas da

Regressão Logística Binária, apresentada em seção posterior deste trabalho.

4.1.1 Dados gerais

Do total das 315 empresas respondentes, 84,4% são de empresas ainda ativas, 86,3%

tem na empresa sua principal renda, e 80,6% se mantém no mesmo ramo de atividade. Estes

dados confirmam que a amostra corresponde às características das Micro e Empresas de

Pequeno Porte, que segundo o Sebrae (2013) tem na condução do negócio o próprio sócio,

com dedicação integral à empresa, e ainda não há procura pela diversificação no ramo de

atuação, que para Adizes (2001) caracteriza empresas nas fases da infância e do toca-toca.

Somente 2,2% dos entrevistados afirmaram que abriram um novo negócio, o que também

corrobora com Adizes (2001) que asseverou e seus estudos que as empresas classificadas

como micro e pequenas pouco investem em inovação e desenvolvimento de seus negócios.

No gráfico 3, que apresenta o perfil de idade dos empresários, percebe-se que em

grande maioria os mesmos estão classificados entre 31 e 40 anos (26,7%) e 41 a 50 anos

(21,6%). Estes dados correspondem à estatística nacional, que também atribui a estas duas

faixas de idade a maior quantidade de empresários em estudo do Sebrae (2013), somente

invertendo entre elas a maior quantidade, sendo que na faixa de 31 a 40 anos são 24,12%, e na

faixa de 41 a 50 anos são 26,32%.

63

Quanto ao gênero, a amostra do empresariado de Francisco Beltrão surpreende,

conforme gráfico 4, em relação ao estudo do Sebrae (2013), com dados do IBGE do ano de

2011. Apesar da ascensão do número de mulheres donas de negócio, que passaram de 29% no

ano de 2001 para 31% em 2011, ainda é um número abaixo da quantidade percentual de

mulheres no país. Na amostra coletada em Francisco Beltrão, este número corresponde a

48,6%, muito acima do percentual nacional.

Quadro 5 - Frequências sintetizadas das variáveis da pesquisa

Questões Sim Não S/R

Dados Gerais e Competitividade

A- Esta empresa do CNPJ informado é ou era sua fonte de renda

principal?

86,3% 13,7%

B- O empreendimento continua em atividade? 84,4% 15,6%

Caso a empresa ainda está em atividade: B1-Está no mesmo ramo? 80,6% 3,8% 15,6%

Se descontinuou a empresa: B2-Abriu um novo negócio? 2,2% 84,1% 13,7%

Dimensão 1 – Estilo de liderança

C- Considera as sugestões da equipe para a tomada de decisão? 89,2% 10,8%

D- Confia na capacidade de julgamento da equipe para realizar

tarefas?

93% 7%

E- Permite que sua equipe resolva problemas sem sua intervenção? 57,1% 42,9%

F- Permite que a equipe estabeleça seu próprio ritmo de trabalho? 53% 47%

G- Você tem a última palavra nas decisões? 77,8% 22,2%

H- Insiste para que a equipe melhore seu desempenho? 95,2% 4,8%

I- Ajuda a equipe a aumentar seu potencial? 94,6% 5,4%

Dimensão 2 – Ferramentas para tomada de decisão

J- Estabelece metas de vendas? 49,2% 50,8%

K- Realiza pesquisa formal de satisfação dos clientes? 48,3% 51,7%

L- Obtém informações da concorrência, como preço, produtos,

localização?

73,3% 26,7%

M- As funções das pessoas estão definidas formalmente? 75,6% 24,4%

N- O estoque é controlado em formulário e/ou planilha próprios 62,9% 37,1%

O- Ao iniciar o negócio e/ou ao realizar ampliação ou compra de

equipamentos de médio/alto valor, realiza análise formal de

viabilidade econômico-financeira do projeto?

65,4% 34,6%

P- A necessidade de capital de giro é calculada? 78,1% 21,9%

Q- A Lucratividade (Lucro ÷ Faturamento) é calculada

mensalmente?

68,6% 31,4%

R- A rentabilidade (Lucro ÷ (Capital Próprio=Patrimônio Líquido))

é calculada mensalmente?

60,0% 40,0%

S- Para a tomada de decisão, utiliza como fonte de informação a

DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício)?

32,4% 67,6%

T- Para tomada de decisão, utiliza como fonte de informação o

Fluxo de Caixa?

83,8% 16,2%

U- Para tomada de decisão, utiliza como fonte de informação o

Balanço Patrimonial?

37,1% 62,9%

64

V- Para a tomada de decisão, utiliza como fonte de informação

conversas informais com fornecedores:

57,1% 42,9%

W- Para a tomada de decisão, utiliza como fonte de informação

conversas informais com clientes:

72,4% 27,6%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Gráfico 3 - Perfil de Idade

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Gráfico 4 - Gênero dos entrevistados

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

4.1.2 Competitividade

Para a análise da competitividade das empresas, utilizou-se como fator discriminante o

número de colaboradores das empresas, sendo que somente uma empresa (0,3%) não se

enquadra como Micro e Empresas de Pequeno Porte, que segundo o Sebrae são aquelas que

65

tem até 49 funcionários. Outros trabalhos já analisaram a competitividade desta forma, como

Oliveira (2003), Silva (1999) e Alvarenga (2012), que corroboraram que a empresa é mais

competitiva quanto maior for, e por consequência mais colaboradores tiver. Na amostra

analisada, a grande maioria das empresas tem até 5 colaboradores, sendo 32,1% com 1 ou 2

colaboradores, e 36,8% de 3 a 5 colaboradores.

Gráfico 5 - Média de número de colaboradores

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

4.1.3 Estilo de Liderança

As questões da dimensão 1 do questionário (Apêndice A), demonstradas no quadro 5,

correspondem à variável estilo de liderança. Maximiano (2000) considera que o estilo de

liderança mais adequado é o democrático, onde as pessoas estão no centro das decisões, o que

leva as empresas a melhores resultados. Das 7 questões apresentadas, 4 tiveram resultados

fortemente altos quanto à democracia no estilo de liderança, como aceite das sugestões da

equipe (89,2%), confiança na capacidade de julgamento dos colaboradores (93,0%), melhora

do desempenho (95,2%) e aumento do potencial (94,6%).

Sobre a centralização das decisões, analisada quanto a última palavra nas decisões,

77,8% dos empresários se mostraram centralizadores. Em duas questões os resultados foram

menos expressivos, no que se refere à possibilidade de os colaboradores resolverem

problemas por si só (57,1%) e o auto estabelecimento do ritmo de trabalho por parte dos

mesmos, com 53%. Com estes dados, pode-se entender que a maioria dos empresários

pesquisados tem o estilo democrático de liderança. Dornelas (2014) já afirmava que para

66

potencializar o empreendedorismo e a sobrevivência das MPE, desenvolver habilidades de

liderança são eficazes.

4.1.4 Ferramentas para Tomada de Decisão

Para Marques (2008), fluxo de caixa e o processo de tomada de decisão são fatores

que auxiliam as MPE a se estabelecerem, sobreviverem e agregarem valor para continuidade

no mercado. O comprometimento da longevidade dos negócios foi estudado por Gomes

(2011), que indicou que a sistematização e utilização de ferramentas administrativa é fator de

influência, além dos conhecimentos técnicos de gestão empresarial. Almeida (2007) informa

que a gestão é o diferencial de sobrevivência nestas empresas. Já para Dutra (2002), o

domínio do conjunto de conhecimentos e instrumentos da função gerencial ou administrativa

podem conduzir ao sucesso empresarial. Ainda Ribeiro (2006), Oliveira (2009), Bertolami

(2011), Cunha (2012) e Coelho (2000) corroboram com a inferência de que a utilização de

ferramentas administrativas discrimina empresas sobreviventes das empresas descontinuadas.

Dentre as 16 questões da Dimensão 2 do questionário, apresentada no quadro 5, que

indagaram sobre o uso de informações para a tomada de decisão, em somente 5 delas houve

resultado acima de 70%: conversas informais com clientes (72,4%), fluxo de caixa (83,8%),

necessidade do capital de giro (78,1%), concorrência (73,3%) e funções das pessoas (75,6%).

Isto é, estas informações são de domínio do empresário no momento da tomada de decisão.

Com menos impacto percentual, o controle de estoque (62,9%), análise de viabilidade

econômico-financeira (65,4%), lucratividade (68,6%), rentabilidade (60%) e conversas

informais com fornecedores (57,1%). Assim, 10 das 16 questões apresentam percentuais

positivos para o uso da informação na tomada de decisão. Informações financeiras e de

mercado (concorrência, clientes e fornecedores) destacam-se entre elas. Para Gitman (2002),

as primeiras permitem que o planejamento financeiro das organizações dê condições de

sustentabilidade no mercado, enquanto que Porter (1989) afirma que o grau de concorrência

dentro de qualquer empresa, seja ela do mercado nacional ou internacional, está concentrada

nestas forças (concorrência, clientes e fornecedores).

Com percentual de uso abaixo de 50%, isto é, a maioria dos entrevistados não usa da

informação na tomada de decisão, estão o estabelecimento de metas (49,2%), pesquisa de

satisfação dos clientes (48,3%), DRE (32,4%) e Balanço Patrimonial (37,1%). Informações de

estratégia da empresa e de cunho contábil são as menos consideradas pelos inqueridos. Para

67

Ferraz, Kupfer e Haguenauer (19955 apud QUARTUCCI, 2007), a competitividade das

organizações depende de a capacidade da empresa formular e implementar estratégias

concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição

sustentável no mercado. Portanto, o fato das empresas não utilizarem estas informações na

tomada de decisão pode influenciar na tendência de descontinuidade da empresa.

Gráfico 6 - Método de Precificação

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Já o método de precificação mais utilizado é o método 4, “Utiliza sistema próprio de

custo e precificação, considerando impostos, mark-up, ou outras fórmulas”, com 45,7%, e o

método 1, “Acrescenta x% sobre o custo”, com 40,3%. A maioria dos empresários tem forma

própria de cálculo do preço de venda, o que pode ser positivo, no sentido de personalizar o

método, ou negativo, se não houver um método, e sim uma forma não técnica para formar o

preço. Muito próximo em percentual, a precificação baseada no custo e margem de

contribuição também é amplamente utilizada.

5 FERRAZ, J. C.; KUPFER, D.; HAGUENAUER, L., op. cit.

68

Gráfico 7 - Número de Ações Trabalhistas

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Para finalizar esta dimensão 2, percebe-se pelo gráfico 7 que são poucas as empresas

que já sofreram ações trabalhistas, somando 5,4% das mesmas. Possivelmente este índice é

baixo em consequência da característica desta amostra, de ter poucos colaboradores, e

acredita-se que em grande parte sejam pessoas da própria família.

4.1.5 Formação do Gestor

A dimensão 3 do questionário investigou a formação do gestor, quanto o mesmo foi

capacitado formalmente para agir em prol da empresa. Morim (2000) escreveu que a

educação gera uma visão capaz de situar o conjunto e, acima de tudo, estimular a capacidade

de colocar a realidade e o conhecimento dentro do conjunto/contexto.

69

Gráfico 8 - Nível de Escolaridade do Gestor

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A partir dos dados coletados, apresentados no gráfico 8, percebe-se que a formação em

nível médio é a mais tabulada, com 49,2%, praticamente metade dos questionados. A

formação em nível superior surge com 27,3 %, num percentual razoável, e os demais níveis

de ensino tem porcentagens muito inferiores. Assim conclui-se que os gestores da amostra

têm um nível médio de formação formal.

Gráfico 9 - Quantidade de participação em cursos pelo gestor

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

70

De a 1 a 5 cursos é a quantidade de cursos e capacitações que o principal gestor da

empresa respondente fez nos últimos 5 anos, isto para 55,2% da amostra. Somente 7,6% fez

mais de 6 cursos neste período. Já o percentual de empresários que não tiveram qualquer

capacitação no período chega a 37,1%, demonstrando que existe uma parte dos empresários

que não tem dado à educação formal o valor devido, para sua formação e consequente melhor

atuação na gestão dos negócios.

Diversos estudos anteriores demonstraram a importância da qualificação dos gestores

para a sobrevivência das MPE, levando à inferência de que este é um fator discriminante para

este fim. Gomes (2011), Oliveira (2003), Borges (2008), Dutra (2002), Silva (1999), Iglesias

(2009), Alvarenga (2012), Bertolami (2011) e Nascimento (2011) concluíram em seus estudos

que este fator discriminante, qual seja a formação do gestor, é discriminante.

Finalizando esta seção da análise de frequência da amostra estudada, conclui-se que o

perfil médio das MPE é o de que a empresa é a fonte de renda principal do empresário,

continua no mesmo ramo deste o início das atividades, não abriu novo negócio, tem de 31 a

40 anos, há um empate técnico sobre os gêneros masculino e feminino, e tem de 3 a 5

colaboradores. Quanto ao estilo de liderança, considera as sugestões da equipe, confia na

capacidade de julgamento dela, permite resolução de problemas sem sua intervenção, permite

que a equipe determine seu próprio ritmo de trabalho, insiste e ajuda no aumento do potencial

da equipe, porém tem a última palavra nas decisões.

Na dimensão das ferramentas para tomada de decisão, o grupo de respondentes em

média tem informações da concorrência, define as funções das pessoas, controle o estoque,

mas um empate técnico quanto ao estabelecimento de metas de venda e de pesquisar a

satisfação dos clientes. Define o preço de venda de maneira própria, não sofreu processos

trabalhistas, realiza análise formal de viabilidade econômico-financeira, calcula a necessidade

do capital de giro, a lucratividade e a rentabilidade. Utiliza para a tomada de decisão o fluxo

de caixa e conversas informais com fornecedores e clientes. Porém não leva em conta a DRE

e o Balanço Patrimonial. Na dimensão da formação do gestor, tem ensino médio e fez de 1 a 5

cursos livres nos últimos 5 anos.

4.2 CROSS TABS

Após a análise das frequências, que trouxe o conhecimento generalizado das

características das empresas da amostra, gerou-se através do software SPSS o cruzamento

(cross tabs) das diversas variáveis estudadas, diferenciadas quanto à empresa estar em

71

atividade ou não. Foram realizados 28 cruzamentos. Porém somente 10 destes cruzamentos

serão analisados, sendo aqueles em que a diferença de percentual entre as empresas em

atividade ou descontinuadas superou a casa dos 15% ou foram inversamente superiores entre

si.

Figura 7 - Gênero do entrevistado * O empreendimento continua em atividade

Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

Gênero do entrevistado Sem resposta 2,6% 2,2%

Masculino 47,7% 57,1% 49,2%

Feminino 49,6% 42,9% 48,6%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

O gênero dos empresários respondentes variou inversamente, apesar da diferença ser

pouco significativa. Entre as empresas em atividade, houve uma leve diferença entre os

gêneros, sendo que houve predominância das mulheres com 1,9% a mais do que homens. Já

nas empresas descontinuadas, houve um percentual de 14,2% a mais de homens no comando

do que de mulheres. Inferencialmente, pode-se rematar que a uma tendência de empresas

gerenciadas por homens terem maior probabilidade de serem descontinuadas. Bertolami

(2011) já havia chegado a resultados similares a este. Já Cardoso (2007) concluiu que

empresas gerenciadas por homens tinham maior chance de sobreviverem, discordando dos

resultados desta pesquisa.

72

Figura 8 - Em média, sua empresa mantém/manteve quantos pessoas trabalhando,

incluindo membros da família * O empreendimento continua em atividade

Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

Em média, sua empresa

mantém/manteve quantos

pessoas trabalhando, incluindo

membros da família

51 ou mais ,4% ,3%

21 a 50 5,3% 4,4%

11 a 20 9,0% 14,3% 9,8%

6 a 10 16,9% 14,3% 16,5%

3 a 5 38,3% 28,6% 36,8%

1 ou 2 30,1% 42,9% 32,1%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A quantidade de colaboradores também variou inversamente, sendo que entre as MPE

ativas a maior frequência esteve entre 3 a 5 colaboradores, com 38,3%, seguida da faixa de 1

ou 2 colaboradores, com 30,1%. Nas MPE descontinuadas, também foram estas duas faixas as

mais indicadas, porém invertidas entre si. São mais empresas com 1 ou 2 colaboradores, com

42,9%, enquanto que de 3 a 5 colaboradores são 28,6%. Constata-se que as empresas com

mais trabalhadores têm mais probabilidade de se manterem no mercado, enquanto que

empresas com menos funcionários tem maior tendência de descontinuar. Corroboram com

este resultado as pesquisas de Oliveira (2003) e Silva (1999), que também concluíram que

empresas maiores tem maior sustentabilidade no mercado.

73

Figura 9 - Permite que sua equipe resolva problemas sem sua intervenção * O

empreendimento continua em atividade Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

Permite que sua equipe resolva

problemas sem sua intervenção

Não 45,5% 28,6% 42,9%

Sim 54,5% 71,4% 57,1%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

No campo da dimensão do estilo de liderança, a questão que verificou se o gestor

permite que sua equipe resolva problemas sem sua intervenção, apesar de as empresas ativas e

não ativas darem maior percentual à permissão, com a resposta sim, 54,5% foi o resultado das

empresas ativas, percentual este pouco acima da metade dos respondentes, enquanto que entre

as descontinuadas são 71,4%. Esses números levam a crer que essa permissão reflete

negativamente na sobrevivência das empresas, isto é, neste quesito empresas mais

democráticas são menos permanentes no mercado.

O mesmo acontece quanto à questão se o empresário permite que a equipe estabeleça

seu próprio ritmo de trabalho. Empresas mais democráticas são representadas por 71,4% das

descontinuadas, e por 49,6% das empresas sobreviventes, que por sua vez tem 50,4% de

empresários que não permitem à equipe determinar seu próprio ritmo. Sendo assim, há empate

técnico entre as ativas, e um percentual representativo a favor da permissão nas empresas

descontinuadas. Estes números corroboram com o resultado da questão anterior, maculando o

estilo de liderança democrático.

74

Figura 10 - Permite que a equipe estabeleça seu próprio ritmo de trabalho * O

empreendimento continua em atividade Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

Permite que a equipe estabeleça

seu próprio ritmo de trabalho

Não 50,4% 28,6% 47,0%

Sim 49,6% 71,4% 53,0%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Vale lembrar que nas outras 5 questões houve igual maioria de indicações nas

respostas que levam ao estilo democrático de liderança, tanto nas empresas ativas quanto nas

descontinuadas.

Nas questões que levantaram dados sobre as ferramentas para tomada de decisão,

dimensão 2 do questionário do apêndice A, são 5 os cruzamentos representativos, sendo eles o

estabelecimento de metas de vendas, a pesquisa sobre satisfação dos clientes, o controle de

estoque, o cálculo da rentabilidade e o uso do fluxo de caixa. Nas outras 11 questões, os

percentuais das respostas foram positivos quanto à tomada de decisão baseadas em

informações retiradas com o uso das ferramentas administrativas, tanto no grupo das empresas

sobreviventes quanto nas descontinuadas. Exceção foram as informações contábeis do

Balanço Patrimonial e do DRE, que foram em sua maioria ignoradas tanto pelas empresas

ativas como nas não ativas.

É inversamente provável a descontinuidade de empresas quanto ao uso do

estabelecimento de metas de vendas. Porém, surpreendentemente as empresas descontinuadas

tem maior percentual de empresas que estabelecem metas, com 57,1% das respostas, enquanto

que nas empresas sobreviventes 52,3% não o fazem. Infere-se então que empresas que

planejam seu futuro de forma mais formal, tem maior probabilidade de fechar as portas do

que aquelas que não planejam. Esta conclusão merece maior dedicação de pesquisa a fim de

esclarecer uma resposta não esperada.

75

Figura 11 - Estabelece metas de vendas * O empreendimento continua em atividade

Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

Estabelece metas de vendas Não 52,3% 42,9% 50,8%

Sim 47,7% 57,1% 49,2%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Tal fato repete-se na questão da realização de pesquisa formal de satisfação dos

clientes. Também a maioria das empresas ativas (53,4%) não fazem a pesquisa, enquanto que

(57,1%) das empresas encerradas faziam tal pesquisa. Este número é espantoso e inesperado,

pois a inferência inicial é de que empresas preocupadas com sua imagem perante a clientela

existam por mais tempo do que aquelas que não valorizam esta informação. Esta é outra

questão de pesquisa a ser mais explorada, a fim de entender essa inversão de valores.

Figura 12 - Realiza pesquisa formal de satisfação dos clientes * O empreendimento

continua em atividade Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

Realiza pesquisa formal de

satisfação dos clientes

Não 53,4% 42,9% 51,7%

Sim 46,6% 57,1% 48,3%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

O resultado mais expressivo entre todas as cross tabs é o controle de estoque. Esta

questão teve a maior diferença percentual entre as respostas de empresas ativas e não ativas,

além de serem inversamente diferentes. Porém é um resultado que confirma a inferência

76

inicial, com base em Lemes Jr, Rigo e Cherobim (2002), Gitman (2002), Braga (1989) e

Assaf Neto (2012), em que se infere que as empresas que controlam estoque sobrevivem,

percentual este corroborado por 69,2% dos respondentes, e empresas que não controlam

encerram atividades, representadas por 71,4% das empresas descontinuadas.

Figura 13 - O estoque é controlado em formulário e/ou planilha próprios * O

empreendimento continua em atividade Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

O estoque é controlado em

formulário e/ou planilha

próprios

Não 30,8% 71,4% 37,1%

Sim 69,2% 28,6% 62,9%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Outro dado também inversamente tabulado que confirma a inferência inicial é o

cálculo da rentabilidade, informação esta com ampla base na literatura estudada e citada

anteriormente, como Porter (1986, 1989), Mintzberg et al. (2006), Adizes (2001), Gitman

(2002), Maramaldo (2000), Braga (1989) e Assaf Neto (2012) que afirmam a importância da

rentabilidade para a sobrevivência das empresas. Nesta amostra de 315 empresas

beltronenses, 63,2% das sobreviventes o fazem, valor este esperado, e 57,1% das empresas

descontinuadas não o fizeram, valor também esperado. São dados inversos e esperados, porém

com um impacto percentual menor do que aquele apresentado na questão do controle de

estoque.

77

Figura 14 - A rentabilidade (Lucro ÷ (Capital Próprio=Patrimônio Líquido)) é

calculada mensalmente * O empreendimento continua em atividade

Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

A rentabilidade (Lucro ÷

(Capital Próprio=Patrimônio

Líquido)) é calculada

mensalmente

Não 36,8% 57,1% 40,0%

Sim 63,2% 42,9% 60,0%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Fechando os cruzamentos com percentual representativos da dimensão referente à

tomada de decisão, e com produto que autentica os resultados alcançados por Marques (2008)

e Silva (1999) em suas pesquisas, a utilização do fluxo de caixa foi amplamente indicada nas

respostas desta enquete por 88,7% das empresas ativas. Apesar de não ser inverso nas

empresas descontinuadas, um percentual muito menor de 57,1% o indicou, demonstrando que

estas últimas têm nesta ferramenta de gestão menor apoio em suas decisões. Estes resultados

confirmam a teoria apresentada no capítulo de referencial teórico, conforme os autores Lemes

Jr, Rigo e Cherobim (2002), Maramaldo (2000) e Gitman (2002).

Rematando os cruzamentos (cross tabs) realizados no SPSS, e em desencontro com o

estudo de Mellk (2014) que teve como base os mesmos dados desta pesquisa, a dimensão 3 do

questionário (apêndice A) referente a formação do gestor, foi pouco significativa na

discriminação dos grupos, sendo que o nível de estudo nem sequer variou acima dos 15% para

ser analisado nesta seção.

78

Figura 15 - Para tomada de decisão, utiliza como fonte de informação o Fluxo de

Caixa * O empreendimento continua em atividade Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

Para tomada de decisão, utiliza

como fonte de informação o

Fluxo de Caixa

Não 11,3% 42,9% 16,2%

Sim 88,7% 57,1% 83,8%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Já a quantidade de cursos realizados pelo principal gestor da MPE nos últimos 5 anos

teve uma leve diferença intra e entre grupos, qual sejam as empresas ativas e descontinuadas,

porém merecem análise por terem percentuais inversamente tabulados. Conforme esperado e

fundamentado na importância da educação asseverado no capítulo de fundamentação teórica

por Dornelas (2014), Severino (2006), Demo (1994), Martins (2005), Adorno (1995) e

Almeida (2008), 57,5% dos gestores das empresas ativas participaram de um a cinco cursos, e

9% de seis ou mais cursos, enquanto que nas empresas não ativas 57,5% dos gestores por sua

vez não participaram de nenhum curso.

Estes números confirmam a inferência da qualificação como fator discriminante para a

sobrevivência das MPE, embora de forma fraca perante o que era esperado na inferência

inicial.

79

Figura 16 - Nos últimos 5 (cinco) anos, o principal Gestor da Empresa participou de

cursos realizados pelo SEBRAE, Associação Comercial, SENAI, SENAC

e/ou outras instituições * O empreendimento continua em atividade

Crosstabulation

% within O empreendimento continua em atividade

O empreendimento continua em

atividade

Total Sim Não

Nos últimos 5 (cinco) anos, o

principal Gestor da Empresa

participou de cursos realizados

pelo SEBRAE, Associação

Comercial, SENAI, SENAC

e/ou outras instituições

Seis ou mais cursos 9,0% 7,6%

Um a cinco cursos 57,5% 42,9% 55,2%

Nenhum 33,5% 57,1% 37,1%

Total 100,0% 100,0% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Resume-se no quadro 6 a seguir os 10 cruzamentos realizados via cross tabs no SPSS,

agora em ordem decrescente de percentuais, de forma a poder melhor visualizar os dados

coletados, tabulados e analisados. Destaca-se que 8 deles foram inversos nos seus resultados

discriminando as empresas ativas e descontinuadas, e 2 dos mesmos tiveram a mesma

alternativa com percentual maior, porém numa variação entre os grupos acima de 15%.

Analisa-se primeiramente os resultados com inversão, e posteriormente aqueles destacados

somente por causa do percentual significativo, listados por ordem de maior percentual de

diferença, independente da dimensão de análise a que pertence.

80

Quadro 6 - Resumo dos principais Cross Tabs

Questões Alternativas Empresas

ativas

Empresas

Desconti-

nuadas

Análise /

Diferença

O estoque é controlado em

formulário e/ou planilha próprios

Sim 69,2% 28,6% Inverteu

40,6% Não 30,8% 71,4%

Nos últimos 5 (cinco) anos, o

principal Gestor da Empresa

participou de cursos realizados pelo

SEBRAE, Associação Comercial,

SENAI, SENAC e/ou outras

instituições:

Seis ou mais

cursos

9,0% 0,0% Inverteu

23,6%

Um a cinco

cursos

57,5% 42,9%

Nenhum 33,5% 57,1%

Permite que a equipe estabeleça seu

próprio ritmo de trabalho?

Sim 49,6% 71,4% Inverteu

21,8% Não 50,4% 28,6%

A rentabilidade (Lucro ÷ (Capital

Próprio=Patrimônio Líquido)) é

calculada mensalmente?

Sim 63,2% 42,9% Inverteu

20,3% Não 36,8% 57,1%

Em média, sua empresa

mantém/manteve quantas pessoas

trabalhando, incluindo membros da

família?

51 ou mais 0,4% 0,0% Inverteu

parcial

12,8%

21 a 50 5,3% 0,0%

11 a 20 9,0% 14,3%

6 a 10 16,9% 14,3%

3 a 5 38,3% 28,6%

1 ou 2 30,1% 42,9%

Realiza pesquisa formal de

satisfação dos clientes?

Sim 46,6% 57,1% Inverteu

10,5% Não 53,4% 42,9%

Gênero do entrevistado: Masculino 47,7% 57,1% Inverteu

9,4% Feminino 49,6% 42,9%

Sem Resposta 2,6% 0,0%

Estabelece metas de vendas? Sim 47,7% 57,1% Inverteu

9,4% Não 52,3% 42,9%

Para tomada de decisão, utiliza

como fonte de informação o Fluxo

de Caixa?

Sim 88,7% 57,1% 31,6%

Não 11,3% 42,9%

Permite que sua equipe resolva

problemas sem sua intervenção?

Sim 54,5% 71,4% 16,9%

Não 45,5% 28,6%

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

1º) Controle de estoque: As empresas sobreviventes têm claramente maior controle de

estoque, pois 69,2% das mesmas o utilizam, enquanto que entre as descontinuadas eram

71,4% que não utilizavam. Essa variável surge como a quem tem maior peso discriminante

entre os grupos, e o resultado permite afirmar que controlar o estoque é preponderante para a

continuidade da empresa, confirmando a inferência inicial.

81

2º) Quantidade de cursos frequentados: Enquanto que 57,5% dos empresários das

empresas ativas participaram pelo menos de um curso nos últimos 5 anos, e somente 33,5%

declararam não ter participado de nenhum curso, entre as empresas descontinuadas a maioria

dos empresários, 57,1%, não participou de nenhum curso. Esta variável surge fortemente

como fato discriminante dos grupos de empresas, permitindo confirmar que a qualificação do

empresário também determina sua sobrevivência no mercado, igualmente confirmando a

inferência inicial.

3º) Permitir que a equipe determine seu ritmo de trabalho: Nas empresas ativas há

empate técnico entre os que permitem e os que não permitem à equipe determinar seu próprio

ritmo, com percentuais de 49,6% e 50,4% respectivamente. Porém, entre as empresas

desativadas, 71,4% dava esta permissão. Esse percentual elevado leva a conclusão que esta

característica da liderança democrática tem sido contraproducente nas empresas, levando ao

seu fechamento, e negando a inferência inicial. Tal situação pode ser ligada à uma falta de

controle do empresário sobre a equipe, deixando a mesma sem supervisão ou direção, porém

esta possibilidade precisaria ser estudada para poder ser considerada em trabalhos posteriores.

4º) Cálculo mensal da rentabilidade: Este cálculo é realizado por 63,2% das empresas

sobreviventes, enquanto que entre as empresas encerradas 57,1% não o faziam. Conhecer o

retorno que seu negócio está proporcionando sobre o investimento realizado torna-se desta

forma uma variável decisiva na sobrevivência das empresas, conforme a inferência de

pesquisa já previa e foi assim confirmada.

5º) Quantidade de colaboradores: Enquanto que nas empresas descontinuadas o maior

percentual (42,9%) mantinha 1 ou 2 colaboradores, entre as empresas ativas são 38,3% que

mantém de 3 a 5 colaboradores que representa o maior percentual, confirmada assim a

inferência de que uma empresa mais competitiva, aqui representada por seu porte, calculado

pelo tamanho da sua equipe, tem maior chance de sobrevivência.

6º) Pesquisa de satisfação dos clientes: Não confirmando a inferência inicial, realizar

pesquisa de satisfação dos clientes foi realizada por 57,1% das empresas não ativas, enquanto

que somente 46,6% das empresas ativas o fizeram. Esses índices denotam que saber a opinião

dos clientes é fator de mortalidade, e não de sobrevivência das MPE. Esse resultado também é

merecedor de maior atenção em futuras pesquisas, pois causa estranheza. Uma possibilidade é

de que fazer a pesquisa de satisfação não necessariamente garanta a satisfação, e as empresas

que fecharam podem ter tido resultados negativos naquelas pesquisas.

7º) Gênero: A inferência inicial é de que o gênero do gestor discrimina entre empresas

sobreviventes e descontinuadas, porém sem definir qual dos dois gêneros leva a qual situação.

82

Em comparação com os estudos de Mellk (2014), Cardoso (2007) e Bertolami (2011), estes

demonstraram que o gestor ser do gênero masculino leva a empresa a ter maior probabilidade

de sobrevivência. Esta informação é refutada neste estudo, pois se entre as empresas

estudadas ativas há um empate técnico, com leve percentual superior para o gênero feminino

(49,6% a 47,7%), entre as empresas descontinuadas o gênero masculino predomina (57,1%).

8º) Estabelecer metas de venda: outra inferência inicial negada, pois de forma

inesperada as empresas descontinuadas estabeleciam metas em percentual superior às

empresas ativas, sendo que mais da metade daquelas (57,1%) o fizeram, e menos da metade

(47,7%) destas estabelecem metas de vendas. Possível explicação é de que estabelecer a meta

não representa necessariamente alcançá-la, ou mesmo que alcançada, pode não ter sido

estabelecida a meta de forma tecnicamente correta. Mas estas possibilidades são somente

ilações, necessitando de rigor científico para serem consideradas verdadeiras.

9º) Fluxo de caixa: Apesar de nos dois grupos de empresas a maioria delas tomarem

decisões considerando o fluxo de caixa como fonte de informação, o que já corrobora com a

inferência definida, o percentual de empresas ativas (88,7%) que utilizam é muito superior ao

percentual de empresas desativadas que utilizavam (57,1%), ratificando a importância desta

ferramenta para a sobrevivência das MPE.

10º) Permissão para a equipe resolver problemas: Apesar da inferência inicial estar

confirmada, pois tanto nas empresas ativas como não ativas, a maioria delas permite que a

equipe resolva problemas sem intervenção do gestor (54,5% e 71,4% respectivamente),

denotando uso de característica da liderança democrática, surpreende o percentual de

empresas desativadas que o fazem ser razoavelmente superior daquelas ativas. Igualmente ao

item 3º) acima, tal situação pode ser ligada à uma falta de controle do empresário sobre a

equipe, deixando a mesma sem supervisão ou direção.

Após a análise pormenorizada dos 10 itens que percentualmente foram impactantes

nos cruzamentos, podem-se listar aqueles que tiveram a inferência inicial validada ou não. No

primeiro caso está o controle de estoque, a quantidade de cursos realizados, cálculo da

rentabilidade, quantidade de colaboradores e fluxo de caixa. A inferência inicial não foi

validade para permissão do ritmo de trabalho, permissão para resolver problemas, pesquisa de

satisfação, estabelecimento de metas e gênero.

Analisando as dimensões propostas no questionário, tem-se que sobre os dados de

caracterização da empresa, o gênero não é fator discriminante. Quanto à dimensão da

competitividade, a quantidade de colaboradores confirmou-se que é fator discriminante. Na

dimensão da liderança, duas questões são discriminantes para mortalidade, e nenhuma se

83

demonstrou discriminante para sobrevivência. A dimensão da formação do gestor teve a

quantidade de cursos realizados confirmada. E por fim, a dimensão das ferramentas para

tomada de decisão teve duas questões são discriminantes para mortalidade (pesquisa de

satisfação e estabelecimento de metas) e 3 questões são discriminantes para a sobrevivência

(controle de estoque, cálculo da rentabilidade e fluxo de caixa).

Todas estas análises, realizadas sobre dados estatísticos de frequência e cruzamento de

dados, serão mais fortemente testadas com utilização da análise multivariada, com o uso da

regressão logística, pelo software SPSS, a ser apresentado na próxima sessão.

4.3 REGRESSÃO LOGÍSTICA

Empregando o software SPSS, utilizou-se a ferramenta de Regressão Logística,

integrando todas as variáveis coletadas. Os resultados, trabalhados desta forma, foram

insignificantes, visto que na tabela “Variables in the Equation” todas as variáveis

apresentaram nível de significância muito acima de 0,05. Porém tal resultado era esperado,

segundo Corrar et al. (2012), visto a quantidade de variáveis envolvidas (32), que para os

autores implicaria numa amostra de 30 vezes as mesmas variáveis, resultando em 960

observações.

Para adequação às suposições do modelo logístico, e utilizando-se dos resultados das

duas seções anteriores (frequência e cross tabs), em um segundo ensaio integrou-se somente

aquelas variáveis que apresentavam valores significativos no cruzamento dos dados. São 10

variáveis, que multiplicados pelas 30 vezes necessárias ao atendimento das suposições do

modelo, necessitaria de aproximadamente 300 observações, o que é superado pela amostra de

315 empresas que responderam à pesquisa.

A figura 17 informa como estariam classificadas as MPE caso o modelo se deixasse

guiar apenas pela situação em que se enquadra a maioria dos casos observados. Assim, agindo

conforme explicado na metodologia para construção da variável dependente, a amostra foi

dividida em dois grupos: 266 observações foram classificadas no grupo das empresas ativas e

49 observações no grupo de empresas descontinuadas. De acordo com a figura 17, o modelo

classificaria corretamente as empresas que continuam em atividade. Nesse caso, o percentual

geral de acerto nas classificações seria de aproximadamente 84,4%. Esse quadro de

classificação anterior à análise atua, portanto, como uma referência para avaliar a eficácia do

modelo quando ele passa a operar com as variáveis independentes para predizer a que grupo

pertence certa observação.

84

Figura 17 - Classification Tablea,b

Observed Predicted

O empreendimento continua em

atividade Percentage

Correct Sim Não

Step 0 O empreendimento continua

em atividade

Sim 266 0 100,0

Não 49 0 ,0

Overall Percentage 84,4

a. Constant is included in the model. b. The cut value is ,500

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

A figura 18 exibe o quadro da estatística Wald, que nesse primeiro momento está

avaliando a significância da constante incluída na função de regressão. Do exposto, conclui-se

que seria conveniente formular predições em função desse critério de classificação, visto que

o nível de significância foi zerado, por consequência abaixo de 0,05. O objetivo dessa

estatística foi fornecer uma base de comparação que permita verificar se as variáveis

independentes podem melhorar a qualidade das predições. É importante considerar que sem

incluí-las no modelo já se alcança um nível de acerto aproximado de 84,4% na classificação

dos casos. Acrescentando-as, espera-se um percentual mais elevado.

Figura 18 - Variables in the Equation

B S.E. Wald df Sig. Exp(B)

Step 0 Constant -1,692 ,155 118,414 1 ,000 ,184

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Como evidencia a figura 19, uma das primeiras providências é testar a validade do

modelo. Na regressão linear esse procedimento é realizado por meio da estatística F, cujo

objetivo é testar a hipótese de que todos os coeficientes da equação são nulos (FÁVERO et

al., 2009). Como se sabe, a confirmação dessa hipótese sugere que o modelo não serve para a

estimação de valores para a variável dependente em função de valores conhecidos das

independentes, porque nesse caso nenhum dos coeficientes seria significativamente diferente

de zero.

O modelo Chi-square testa a hipótese de que todos os coeficientes da equação logística

são nulos. O valor do modelo, como mostrado na figura 19 foi de 106,877. O Likelihood (-

2LL) e a diferença entre os valores iniciais e finais desse indicador expressam a capacidade

85

preditiva do modelo. Esse número corresponde à diferença entre o valor de -2LL obtido

quando se inclui apenas a constante no modelo e o -2LL calculado após a inclusão das

variáveis independentes. Com a inclusão das variáveis preditoras, espera-se que o Likelihood

Value sofra uma redução estatisticamente significativa. De acordo com as significâncias das

estatísticas demonstradas na figura 19, pode-se concluir que pelo menos um dos coeficientes

da regressão logística é diferente de zero. Portanto, pode-se rejeitar a hipótese de que todos os

parâmetros estimados são nulos. Em outras palavras, pode-se afirmar que eles contribuem

para melhorar a qualidade das predições.

Figura 19 - Omnibus Tests of Model Coefficients

Chi-square df Sig.

Step 1 Step 106,877 11 ,000

Block 106,877 11 ,000

Model 106,877 11 ,000

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Na figura 20, os testes Cox & Snell e Nagelkerke são considerados pseudos-R². Eles

procuram indicar a proporção das variações ocorridas no log da razão de chance (odss ratio)

que é explicada pelo conjunto das variáveis independentes. Assim, o teste de Cox & Snell está

indicando que 28,8%% das variações ocorridas no log da razão de chance são explicadas pelo

conjunto das variáveis independentes. Com significado semelhante ao coeficiente de

determinação, o teste de Nagelkerke considera que o modelo é capaz de explicar 49,7% das

variações registradas na variável dependente.

Figura 20 - Model Summary

Step

-2 Log likelihood

Cox & Snell R

Square

Nagelkerke R

Square

1 165,425a ,288 ,497

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Na figura 21, tem-se o indicador denominado teste Hosmer e Lemeshow. Trata-se de

um teste Qui-quadrado, cujo objetivo é testar a hipótese de que não há diferenças

significativas entre os resultados preditos pelo modelo e os observados.

Seguindo uma distribuição Qui-quadrado, o cálculo leva a uma estatística de 13,111 e

um nível de significância de 10,8%. Isso indica que os valores preditos não são

86

significativamente diferentes dos observados. Como o teste pretende aceitar a hipótese de que

não existem diferenças entre valores preditos e observados, tem-se mais um indicativo que o

modelo pode ser utilizado para estimar a probabilidade de sobrevivência e mortalidade em

função das variáveis independentes.

Figura 21 - Hosmer and Lemeshow Test

Step Chi-square df Sig.

1 13,111 8 ,108

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Sem incluir as variáveis independentes, o percentual de acertos era de 84,4%,

conforme figura 17. Como a figura 22 a seguir demonstra, incluindo as variáveis

independentes, o modelo passa a ter um percentual de acerto de 87,9% com um nível de

confiança de 5%. Assim, estatisticamente, é viável incluir as variáveis no modelo apesar do

ganho percentual ser mínimo, em vista de que o dado inicial já se mostrava com um potencial

de acerto elevado.

Figura 22 - Classification Tablea

Observed Predicted

O empreendimento continua em

atividade Percentage

Correct Sim Não

Step 1 O empreendimento continua

em atividade

Sim 249 17 93,6

Não 21 28 57,1

Overall Percentage 87,9

a. The cut value is ,500

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Como visto anteriormente, todos os testes sugerem que, de forma geral, o modelo pode

ser utilizado para estimar a probabilidade de a empresa manter-se ativa ou não no mercado.

Resta ainda verificar a significância de cada coeficiente em particular. Afinal, é necessário

verificar se cada um deles realmente pode ser utilizado como estimador de probabilidades.

Para tanto, recorre-se novamente à estatística Wald. Trata-se de um mecanismo equivalente

ao teste T, cujo objetivo é testar a hipótese nula de que um determinado coeficiente não é

significativamente diferente de zero.

87

Como a variável independente tem apenas um grau de liberdade, para cada coeficiente

procede-se ao seguinte cálculo:

Onde,

b, simboliza o coeficiente de uma variável incluída no modelo

S.E, o erro padrão a ele associado.

Como se observa no quadro 7, nem todas as variáveis podem ser aproveitadas na

composição do modelo, já que algumas possuem o coeficiente não diferente de zero, por

causa de um nível de significância maior que 5%. Dentre todas as variáveis utilizadas, 7

destas (controle de estoque, quantidade de cursos, cálculo da rentabilidade, pesquisa de

satisfação dos clientes, estabelecimento de metas de vendas, fluxo de caixa e permissão para

resolução de problemas) mostraram coeficientes estatisticamente diferentes de zero para

compor a função de probabilidade. Em outras palavras, pode-se afirmar que cada um deles

exerce efeito sobre a probabilidade de uma empresa ser descontinuada, pelo menos a um nível

de significância de 5%.

Analisando-se estes resultados de cada variável, agora se considerando as dimensões

pesquisadas, e conforme se observa no quadro 7, as informações de caracterização das

empresas testadas nesta regressão, qual sejam o gênero e a quantidade de colaboradores, não

obtiveram nível de significância que justifica-se sua inclusão no modelo de regressão logística

que explique a classificação nos grupos.

Quanto à dimensão de estilo de liderança, a permissão para a equipe estabelecer seu

próprio ritmo de trabalho não é significativa. Porém a permissão para que a equipe resolva

problemas sem sua intervenção tem significância, e a variação positiva aumenta a

probabilidade da empresa ser desativada. Conforme já analisado na seção anterior, é um

resultado que surpreende se comparado ao que a teoria apresenta (MAXIMIANO, 2000), pois

uma atitude de liderança democrática como esta deveria, em tese, diminuir a possibilidade de

encerramento das empresas. Porém o modelo logístico trará o aumento dessa autonomia

democrática como fator de aumento do risco de encerramento.

Na dimensão das ferramentas para tomada de decisão, duas das cinco variáveis

aproveitadas nesta análise logística, pois apresentaram significância abaixo de 5%, variam

88

inversamente ao esperado nas inferências iniciais. São os casos de se realizar pesquisa formal

de satisfação dos clientes e estabelecer metas de vendas. Conforme apresentado no quadro 7,

variações positivas nestas variáveis aumentam a probabilidade da empresa ser descontinuada,

o que vai de encontro das inferências levantadas nos dois casos. Ilações diversas podem ser

feitas sobre os motivos que levam a esta estranha e reversa ligação, mas todas dependeriam

necessariamente de pesquisas mais aprofundadas para explicá-las.

Ainda na dimensão das ferramentas para tomada de decisão, outras três variáveis vão

ao encontro das inferências iniciais delas. Isto é, o valor negativo apresentado no quadro 07

indica que a redução do uso da ferramenta aumenta a chance de encerramento do negócio.

Pensando-se inversamente, a utilização destas ferramentas explica estatisticamente a

sobrevivência das organizações estudadas, e farão parte do modelo logístico que ilustra tal

sobrevivência.

Quadro 7 - Variáveis da Equação

Variables in the Equation B S.E. Wald Sig.

A. Gênero do entrevistado (sem resposta) ,087 ,957

B. Gênero do entrevistado (feminino) 17,407 14444,369 ,000 ,999

C. Gênero do entrevistado (masculino) 17,541 14444,369 ,000 ,999

D. Em média, sua empresa mantém/manteve quantos pessoas trabalhando,

incluindo membros da família?

-,315 ,207 2,300 ,129

E. Permite que a equipe estabeleça seu próprio ritmo de trabalho? ,779 ,471 2,740 ,098

F. Permite que sua equipe resolva problemas sem sua intervenção? 1,129 ,501 5,082 ,024

G. Realiza pesquisa formal de satisfação dos clientes? 1,186 ,574 4,267 ,039

H. Estabelece metas de vendas? 3,318 ,706 22,061 ,000

I. O estoque é controlado em formulário e/ou planilha próprios -2,419 ,547 19,576 ,000

J. A rentabilidade (Lucro ÷ (Capital Próprio=Patrimônio Líquido)) é

calculada mensalmente?

-1,048 ,526 3,970 ,046

K. Para tomada de decisão, utiliza como fonte de informação o Fluxo de

Caixa?

-2,724 ,613 19,734 ,000

L. Nos últimos 5 (cinco) anos, o principal Gestor da Empresa participou

de cursos realizados pelo SEBRAE, Associação Comercial, SENAI,

SENAC e/ou outras instituições:

-1,480 ,471 9,875 ,002

Constant -16,222 14444,369 ,000 ,999

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

O controle de estoque é técnica importante nas empresas, principalmente industriais e

comerciais, pois uma política ou prática de estoque mal estabelecida ou realizada impacta

89

fortemente nos resultados financeiros da empresa, muitas vezes de forma despercebida pelos

empresários. O cálculo da rentabilidade denota a preocupação de quem o faz com o resultado

final do seu negócio, pois mais que calcular o faturamento ou a lucratividade da empresa, a

rentabilidade mostra ao investidor se aquele montante alocado está gerando rendimentos em

forma de lucro e retorno financeiro. E o uso do fluxo de caixa pode ser exemplificado em sua

importância de conhecer a realidade da empresa no dia-a-dia, nos seus valores mais básicos e

detalhados, sem os quais quaisquer outros indicadores seriam impossíveis de serem

calculados.

Finalizando a análise das dimensões, a formação do gestor é representada pela variável

sobre a quantidade de cursos realizados pelo principal gestor nos últimos cinco anos. O valor

negativo gerado na regressão logística explica a relação inversa da diminuição de cursos

frequentados que aumenta a chance de descontinuidade da empresa. Portanto, quanto mais

cursos frequentados, maior a probabilidade de continuação das atividades das empresas.

O gráfico 10 mostra como foram classificadas cada empresa da amostra na previsão.

Ao observar os pontos no gráfico, percebem-se quais indivíduos foram classificados

corretamente ou não, dentro da previsão. Cada S (sim), que representa as empresas em

atividade, e N (não), que representa as empresas que não estão mais em atividade,

corresponde à aproximadamente 10 observações. Percebe-se que todos os S foram alocados

eficazmente no devido grupo, o que já não acontece com todos os N. Vale lembrar que a

Regressão Logística resultou em um poder de predição de 87,9%, o que corrobora com estes

dados.

90

Gráfico 10 - Observações por grupo e predição das probabilidades

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Submetido a todos os testes, verifica-se que o modelo está estatisticamente apto a ser

utilizado na solução do problema de investigar a probabilidade de previsão de sobrevivência e

mortalidade das MPE. Desta forma, pode-se esboçar a equação da regressão logística com boa

margem de segurança. Com os coeficientes referidos anteriormente, a equação pode ser

representada por:

Z = -16,222 + 1,129 F + 1,186 G + 3,318 H – 2,419 I – 1,048 J -2,724 K – 1,480 L

Onde:

F. Permite que sua equipe resolva problemas sem sua intervenção?

G. Realiza pesquisa formal de satisfação dos clientes?

H. Estabelece metas de vendas?

I. O estoque é controlado em formulário e/ou planilha próprios.

J. A rentabilidade (Lucro ÷ (Capital Próprio=Patrimônio Líquido)) é calculada

mensalmente?

K. Para tomada de decisão, utiliza como fonte de informação o Fluxo de Caixa?

L. Nos últimos 5 (cinco) anos, o principal Gestor da Empresa participou de cursos

realizados pelo SEBRAE, Associação Comercial, SENAI, SENAC e/ou outras

instituições.

91

Conclui-se desta forma que é possível identificar e caracterizar um conjunto de fatores

discriminantes para a sobrevivência e mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte,

sendo estas 7 variáveis acima. E cada uma delas com um maior ou menor poder de

discriminação. Com uma constante negativa de 16,222, a seguir tem maior poder preditivo as

metas de vendas, numa relação direta de 3,318, e o fluxo de caixa e o controle de estoque,

numa relação inversa de 2,724 e 2,419 respectivamente.

Em resumo, podemos discriminar o grupo das empresas com tendência a serem

descontinuadas da seguinte forma: quanto mais permitir resolução de problemas sem

intervenção do principal gestor; quanto mais realizar pesquisa formal de satisfação dos

clientes; quanto mais estabelecer metas de vendas; quanto menos controlar o estoque; quanto

menos calcular a rentabilidade; quanto menos utilizar o fluxo de caixa como fonte de

informação para tomada de decisão; e quanto menos cursos o principal gestor participar.

4.4 POLÍTICAS PÚBLICAS MUNICIPAIS DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO

REGIONAL

Para analisar o formato de atuação do município em apoio ao Desenvolvimento

Regional, esta seção apresentará informações referentes a atuação da Secretaria Municipal de

Desenvolvimento Econômico e Tecnológico (SEMDETEC), órgão responsável pela

operacionalização de tais políticas, e também a legislação municipal relacionada ao tema.

4.4.1 SEMDETEC

O site da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico

(FRANCISCO BELTRÃO, 2015), apresenta de forma extensa e detalhada as políticas

públicas municipais adotadas para apoiar as MPE, que por sua vez refletem no

desenvolvimento do município e da região. As frentes de trabalho são definidas em Indústria;

Comércio; Serviços; Inovação e Tecnologia; Turismo; e Cooperativismo.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico (SEMDETEC)

mantém diversas parcerias a fim de praticar as políticas públicas definidas, agrupando em

local físico diversos serviços às empresas, local este denominado Centro Empresarial. Os

serviços prestados estão resumidos no quadro 8 a seguir:

92

Quadro 8 - Serviços disponibilizados no Centro Empresarial

Entidade Parceira Serviços disponibilizados no Centro Empresarial

Conselho Municipal do

Emprego e Relações do

Trabalho

- Comitê Gestor da Lei Geral;

- Fiscalizador das ações da Secretaria, dentre elas as

concessões de uso e incentivos;

Secretaria de Estado do

Trabalho, Emprego e

Economia Solidária –

IFPR – SME - Agência do

Trabalhador

- Capacitação constante da equipe da Agência do

Trabalhador;

- Polo IFPR;

- SME – Alfabetização de Jovens e Adultos

- Redução do Seguro Desemprego;

- Maior empregabilidade – 1º Lugar no Sudoeste

SINDIMADMOV - Parceria em palestras, capacitação e orientação aos

empresários do setor;

- Reestruturação do Laboratório de Marcenaria na UPMO,

para um novo formato, juntamente com o SENAI

APL do Alumínio

- Capacitação para certificação do INMETRO em parceria

com SEBRAE e SENAI.

OAB - Palestras aos empresários, conforme demanda

Receita Estadual - Orientação quanto a emissão de notas fiscais eletrônicas

Receita Federal

- Orientações, informações e auxilio nas declarações de

Imposto de Renda

SINVESPAR - Promoção do Sudoeste Mostra Moda

- Capacitação das mulheres de Nova Concórdia –

Confecção, juntamente com SENAI

Junta Comercial

- Auxílio no planejamento estratégico do Centro

Empresarial;

- Implantação REDESIM

UNIOESTE - Projeto: Gestão Estratégica para o 1º Emprego em

Francisco Beltrão

- Programa Bom Negócio Paraná

SINCOBEL

- Palestras sobre a Legislação do MEI;

- Assessoria através de informações e demais atendimentos

necessários

Correios - Palestra: Comércio Exterior e a participação dos Correios

como meio de desburocratizar e facilitar o envio de

produtos para o exterior, atendendo todos os segmentos

empresariais.

Instituições Financeiras - Café com Crédito

3º Subgrupamento de

Bombeiros Independente

- Atendimento no Centro Empresarial agilizando a emissão

dos Certificados de Vistoria.

UTFPR - Participação na organização e planejamento das ações do

CIT;

- Interação com Empresas através do programa:

Desenvolvimento da Indústria Utilizando Fundos do

Governo através da parceria com a Universidade Federal.

93

Entidade Parceira Serviços disponibilizados no Centro Empresarial

Banco do Empreendedor -

Fomento Paraná

- 92 Projetos aprovados;

- Liberação de R$ 1.099.600,00 (Um Milhão e Cem Mil

Reais);

- 294 pessoas beneficiadas;

- 90% dos projetos aprovados foram para MEI’s.

SENAR - Curso de jardinagem para os integrantes do Turismo Rural

EMATER - Parceria na organização da Caminhada na Natureza;

- Participação no Conselho Mun. do Turismo.

- Criação da Associação do Turismo Rural Caminhos do

Marrecas, com o objetivo de fortalecimento do grupo

SENAC - Curso de Oratória

- Curso Op. de Computador

- Curso Taxistas

- Pronatec

ACEFB - Participação através dos núcleos:

- NUCAD – assessoria e orientação jurídica aos nossos

empresários;

- NUBETEC – ações de planejamento e organização das

ações do CIT.

SESI/SENAI – Sistema

FIEP

- Laboratório Eletroeletrônica – UPMO

- Laboratório de Construção Civil – UPMO

- Laboratório de Mecânica de Automóveis - parceria com

SINDIREPA - UPMO;

- Laboratório de Informática – UPMO

- Laboratório de Desenho e Metrologia - UPMO;

- Laboratório de Marcenaria – modernização das máquinas e

ferramentas em parceria com o SINDIMADMOV -

UPMO;

- Consultoria em Saúde e Segurança do Trabalho;

SEBRAE - Consultorias, palestras, plano de negócios, e capacitações

empresariais;

- Workshop de planejamento estratégico do Turismo Rural e

do CIT (Centro de Inovação e Tecnologia);

- Programa Cidade Empreendedora;

- 1ª Feira do MEI;

Fonte: Francisco Beltrão (2015)

Compreende-se que tais serviços estão focados em três principais linhas: crédito,

serviços operacionais e qualificação. Dentre as dimensões estudadas nesta pesquisa, quais seja

a competitividade, o estilo de liderança, as ferramentas para tomada de decisão e a formação

do gestor, transparece que são mais fortemente trabalhadas a formação do gestor,

principalmente o que está relacionado aos cursos de qualificação, e menos fortemente as

ferramentas para tomada de decisão, como por exemplo, na atuação do SINCOBEL

(Sindicato dos Contabilistas de Francisco Beltrão).

94

Mais precisamente, sobre as 7 variáveis confirmadas como discriminantes para a

sobrevivência e mortalidade das MPE, o quadro 9 a seguir estabelece relação com os serviços

oferecidos apresentados no quadro 8:

Quadro 9 - Cruzamento das variáveis discriminantes com os serviços oferecidos

Variáveis Discriminantes Serviços oferecidos

Permite que sua equipe resolva problemas

sem sua intervenção?

Aparentemente nenhum, mas as

qualificações podem incluir o assunto

Realiza pesquisa formal de satisfação dos

clientes?

Aparentemente nenhum, mas as

qualificações podem incluir o assunto

Estabelece metas de vendas? SEBRAE oferece consultoria para plano de

negócios, em que possivelmente o assunto

deve ser abordado

O estoque é controlado em formulário e/ou

planilha próprios

Aparentemente nenhum, mas as

qualificações podem incluir o assunto

A rentabilidade (Lucro ÷ (Capital

Próprio=Patrimônio Líquido)) é calculada

mensalmente?

SINCOBEL presta atendimento aos

empresários, e pode orientá-los neste cálculo

Para tomada de decisão, utiliza como fonte

de informação o Fluxo de Caixa?

Aparentemente nenhum, mas as

qualificações podem incluir o assunto

Nos últimos 5 (cinco) anos, o principal

Gestor da Empresa participou de cursos

realizados pelo SEBRAE, Associação

Comercial, SENAI, SENAC e/ou outras

instituições:

Oferecem cursos de qualificação:

- Secretaria de Estado do Trabalho,

Emprego e Economia Solidária – IFPR –

SME - Agência do Trabalhador

- SINDIMADMOV

- OAB

- SINVESPAR

- UNIOESTE

- SINCOBEL

- SENAR

- SENAC

- SESI/SENAI – Sistema FIEP

- SEBRAE

Fonte: Dados de pesquisa, 2015

Uma atuação da SEMDETEC mais focada nos fatores discriminantes poderia vir a

apresentar resultados mais eficazes. Preparação de líderes melhor qualificados, orientação

para foco no cliente/mercado, orientação e apoio no planejamento do negócio, cursos

específicos de controle de estoque e fluxo de caixa, e também uma atuação mais forte do

SINCOBEL e também dos demais parceiros na orientação para cálculo da rentabilidade e

outros indicadores. Estas são as recomendações pontuais que se pode elencar a partir das

relações apresentadas no quadro 9.

95

4.4.2 Legislação Municipal

São 3 as leis municipais afeitas às MPE: A Lei Orgânica, a Lei Geral da Micro e

Pequena Empresa e a lei que cria o Programa de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico

de Francisco Beltrão – PRODETEC.

Primeiramente a Lei Orgânica do município de Francisco Beltrão prevê, em seu Art.

99 “As micro empresas e as empresas de pequeno porte assim diferenciadas, visando ao

incentivo de sua criação, preservação e desenvolvimento, serão beneficiadas, através da

eliminação, redução ou simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias e

creditícias, por meio da lei.” Essa previsão legislativa, apesar de ser muito ampla e pouco

específica, torna-se importante por estar na lei maior do município, que corresponde à

Constituição do mesmo. Porém refere-se somente aos benefícios fiscais e/ou burocráticos,

sem tratar de termos mais operacionais, como os verificados e indicados pelos fatores

discriminantes desta pesquisa.

A Lei Nº 3906/2011, de 01 de dezembro de 2011:

Institui o tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e

as empresas de pequeno porte no âmbito do Município, na conformidade das normas

gerais previstas no Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno

Porte instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.

Tal lei é uma legislação proforma, para fazer valer a Lei Geral da Micro e Pequena

Empresa, esta de nível federal. Esta lei também é ligada às questões fiscais e burocráticas, e

pouco ao desenvolvimento das empresas. A lei foca em aspectos de desenvolvimento

regional, mas não se traduz em termos de políticas públicas claras impactantes para as MPE.

A Lei N.º 4.149, de 13 de fevereiro de 2014, determina em seu Art. 1º:

Fica criado o Programa de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico de Francisco

Beltrão – PRODETEC, cujo objetivo é fomentar o desenvolvimento econômico do

Município por meio de incentivos e ações voltadas ao setor da indústria e serviços,

priorizando a geração de empregos, renda e o aumento da arrecadação tributária, em

consonância com o Plano Diretor do Município e o Conselho de Desenvolvimento

Econômico Municipal.

Apesar de trazer em seu caput a intenção de fomentar o desenvolvimento econômico,

o que traria o desenvolvimento regional em seu bojo, complementa-se citando a forma de se

operacionalizar, priorizando novamente questões fiscais e burocráticas, mesmo no bom

intento citado na mesma de geração de empregos e renda.

96

Sendo assim, fica claro na análise das legislações que não há ainda estabelecida, no

município de Francisco Beltrão, políticas públicas efetivas de apoio às MPE como ferramenta

para o desenvolvimento regional. Há sim uma boa intenção, e um começo de caminho a ser

percorrido. As 3 leis supracitadas dão início a um movimento que pode vir a estabelecer mais

claramente tais políticas públicas vindouras.

Os fatores discriminantes surgidos nesta pesquisa podem servir de consulta aos órgãos

responsáveis, de forma a suscitar programas de atuação que venham ao encontro dessas

demandas, através de atividades e tarefas mais francamente direcionadas a sanar as

dificuldades indicadas.

97

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

Esta dissertação pretende demonstrar causas da mortalidade e sobrevivência das MPE,

e consequências para o desenvolvimento regional. Partindo de pressupostos identificados na

literatura pertinente, pretendeu-se testar variáveis como fatores discriminantes. As

consequências para o desenvolvimento regional foram analisadas também à luz da literatura

estudada, mas de forma qualitativa, a partir dos resultados estatísticos encontrados.

Os resultados encontrados e apresentados no capítulo 5 respondem à questão problema

desta dissertação, que foi “É possível identificar e caracterizar um conjunto de fatores

discriminantes para a sobrevivência e mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte?”

Estatisticamente ficaram comprovados que 7 variáveis foram identificadas e caracterizam um

conjunto de fatores discriminantes, sendo elas: a permissão para que a equipe resolva

problemas sem intervenção do gestor; a realização de pesquisas de satisfação dos clientes; o

estabelecimento de metas; o controle de estoque; o cálculo da rentabilidade; o uso do fluxo de

caixa como fonte de informação para tomada de decisão; e a quantidade de cursos realizados

pelo gestor.

As inferências iniciais foram em parte confirmadas e em parte não. A competitividade

como fator discriminante, mensurada pelo porte da empresa a partir o número de

colaboradores, foi negada. O estilo de liderança, que teve 7 questões analisadas, somente a

permissão para resolução de problemas foi confirmada como fator discriminante, e as demais

6 variáveis não. Ainda tal questão que confirmou como fator discriminante foi de encontro à

teoria estudada, pois mostrou na regressão logística que uma liderança mais democrática leva

a empresa a ser descontinuada. É importante ressaltar que esse resultado merece ser mais

estudado, a fim de ser confirmado ou não. A inferência das ferramentas utilizadas para

tomada de decisão teve 5 das 16 variáveis pesquisadas confirmadas, e consequentemente 11

variáveis não. Mas também esta dimensão surpreendeu, pois duas importantes variáveis

invertem o que se esperava das mesmas à luz da teoria. A Regressão Logística demonstrou

que quanto mais se estabelece metas e se pesquisa a satisfação do cliente, maior a chance de a

empresa ser descontinuada. Essas variáveis também podem ser objeto de estudos mais

aprofundados, a fim de confirmar os resultados desta dissertação. Já as variáveis de controle

de estoque, cálculo de rentabilidade e uso do fluxo de caixa como informação para tomada de

decisão corroboram com a teoria e foram identificadas como fator discriminante inverso à

probabilidade de encerramento das atividades das empresas, isto é, quanto mais se uso, menos

chance de encerramento. Concluindo a análise das inferências iniciais, a dimensão da

98

formação do gestor teve uma variável confirmada como discriminante. A educação formal

não foi identificada como discriminante, isto é, um diploma não garante a continuidade dos

negócios. Já a formação continuada em cursos livres foi confirmada fator discriminante, e

confirma a teoria de que quanto mais qualificado o gestor, maiores as chances de perpetuidade

do negócio.

Os objetivos, geral e específicos, foram alcançados. Como relatado acima, foram

identificados fatores discriminantes para a sobrevivência e mortalidade das Micro e Empresas

de Pequeno Porte de Francisco Beltrão entre os anos de 2000 e 2013, que foi o objetivo geral.

O primeiro objetivo específico era levantar informações sobre as empresas descontinuadas e

sobreviventes buscando inferir sobre os fatores discriminantes para a sobrevivência e

mortalidade das empresas. Isso foi alcançado no capítulo 5, de resultados e análises, e também

relatado no parágrafo anterior a este. O segundo objetivo específico foi o de caracterizar os

gestores e grupos de empresas sobreviventes e que foram descontinuadas, buscando aspectos

que permitam apontar características dessas empresas. Isto foi apresentado nas seções 5.2

Frequência e 5.3 Cross Tabs, onde os grupos foram caracterizados amplamente. E o terceiro

objetivo específico, qual seja relacionar os fatores discriminantes com o desenvolvimento

regional, foi alvo da seção 5.4 Políticas Públicas Municipais de apoio ao Desenvolvimento

Regional.

Conclui-se desta forma que é possível identificar e caracterizar um conjunto de fatores

discriminantes para a sobrevivência e mortalidade das Micro e Empresas de Pequeno Porte,

sendo estas 7 variáveis acima. E cada uma delas com um maior ou menor poder de

discriminação. Com uma constante negativa de 16,222, a seguir tem maior poder preditivo as

metas de vendas, numa relação direta de 3,318, e o fluxo de caixa e o controle de estoque,

numa relação inversa de 2,724 e 2,419 respectivamente.

Em resumo, podemos discriminar o grupo das empresas com tendência a serem

descontinuadas da seguinte forma: quanto mais permitir resolução de problemas sem

intervenção do principal gestor; quanto mais realizar pesquisa formal de satisfação dos

clientes; quanto mais estabelecer metas de vendas; quanto menos controlar o estoque; quanto

menos calcular a rentabilidade; quanto menos utilizar o fluxo de caixa como fonte de

informação para tomada de decisão; e quanto menos cursos o principal gestor participar.

99

5.1 RECOMENDAÇÕES

Resultado plausível da pesquisa é de que, sabedores das causas de mortalidade das

MPE, pode-se estimular novos empresários a evitá-las, através de campanhas, treinamentos,

informação em geral. Desta forma, pode-se desenvolver materiais de divulgação, cursos,

palestras, treinamentos e outras formas de informação de forma a alertar os futuros e atuais

empreendedores a não errarem nos mesmos erros de outros.

E quanto ao relacionando com o desenvolvimento regional, torna-se útil para

estabelecimento de estratégias estimuladoras do próprio desenvolvimento regional, pois

cientes dos fatores que causam a sobrevivência das MPE, pode-se estabelecer tais estratégias

regionais.

5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Muitos são as questões limitantes de uma pesquisa como esta, mesmo não se

encontrando na literatura específica indicações de limitações ao método de Regressão

Logística, que é amplamente indicado pelos autores, como Fávero et al. (2009) e Corrar et al.

(2012), outras questões quanto à amostra, escolha da ferramenta estatística e aplicação da

mesma limitam os resultados.

Num primeiro cálculo da amostra, com erro amostral de 5%, chegou-se a um total de

400 observações necessárias. Essa quantidade de questionários a serem aplicados tornou-se

inviável, o que fez com que uma nova amostra, com erro amostral de 6% fosse calculada,

chegando ao total de 262 observações. Vale relatar que se buscou alcançar a primeira amostra,

mas não foi possível. A estratégia de coleta de dados partiu de um questionário on-line,

disponível na internet através da ferramenta Lime Survey. Até então, era considerada a melhor

opção de estratégia de coleta de dados. Utilizando-se da base de dados do programa Bom

Negócio, da UNIOESTE e de escritórios de contabilidade, foram enviados aproximadamente

1.000 e-mails com o link da pesquisa, para empresários de Francisco Beltrão. O retorno foi de

menos de 100 respostas, sendo que mais da metade foi descartada por erros de preenchimento

ou preenchimento incompleto.

Uma próxima tentativa foi de divulgar o link em redes sociais, mas também sem o

devido retorno em respostas válidas. Foram impressos cartões com o endereço eletrônico e

distribuídos em empresas da cidade, mas também sem retorno significativo. A partir dessas

dificuldades, os questionários foram realizados pessoalmente com os empresários, em visitas

100

in loco às empresas ativas, e por telefone nas empresas descontinuadas. Essa forma de coleta

de dados demandou muito tempo, treinamento dos coletadores e investimento financeiro, que

podem agora serem expostos como os principais limitantes da pesquisa.

Também se pode inferir que nem todas as respostas correspondem à verdade, visto que

dependem da boa intenção do empresário em responder o questionário com veracidade.

5.3 SUGESTÕES DE CONTINUIDADE

A principal sugestão para continuidade desta pesquisa refere-se às variáveis que,

mesmo sendo consideradas fatores discriminantes, seus resultados foram de encontro à

literatura existente. Faz-se necessário confirmar estes resultados, a fim de verificar se esta

pesquisa ou a teoria vigente devem ser reformuladas. Os itens merecedores desta verificação

são o estilo de liderança democrático, principalmente a variável sobre a liberdade dada aos

colaboradores para resolver problemas sem intervenção do gestor, a prática do

estabelecimento de metas de vendas, e a realização de pesquisas de satisfação dos clientes.

Esta pesquisa também pode ser replicada em outras cidades e regiões, a fim de

comparações entre as mesmas.

101

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108

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos empresários

CAMPUS FRANCISCO BELTRÃO

PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Caro(a) Empresário(a),

O presente questionário faz parte de um trabalho de pesquisa para o Mestrado do aluno

Kellerman Augusto Lemes Godarth, que procura identificar fatores que determinam a

sobrevivência das empresas em Francisco Beltrão/PR. Sua participação será de grande valia

para a realização desta pesquisa. Todos os dados serão confidenciais.

Contato: (46) 3055-5605 / (46) 8807-1911 – [email protected]

Agradeço antecipadamente a sua importante colaboração!

CNPJ da empresa: __________________________________________________________

Razão Social da empresa:_____________________________________________________

X- Esta empresa do CNPJ informado é ou era sua fonte de renda principal? 1( ) Sim

2 ( ) Não

Y- O empreendimento continua em atividade ? 1( ) Sim 2 ( ) Não

Caso a empresa ainda está em atividade:

B1-Está no mesmo ramo? ( ) Sim ( ) Não

Se descontinuou a empresa:

B2-Abriu um novo negócio? ( ) Sim ( ) Não

Z- Para identificar o perfil de idade dos empresários das empresas pesquisadas, qual a sua

data de nascimento? ___/___/_______

AA- Gênero do entrevistado: 1( )Feminino; 2( )Masculino;

BB- Em média, sua empresa mantém/manteve quantos pessoas trabalhando, incluindo

membros da família? ________

A partir da próxima questão, caso a empresa tenha sido baixada e/ou desativada, responda de

acordo como ocorria enquanto em funcionamento:

109

Dimensão 1

CC- Considera as sugestões da equipe para a tomada de decisão? 1( ) Sim

2( )Não

DD- Confia na capacidade de julgamento da equipe para realizar tarefas? 1( ) Sim

2( )Não

EE- Permite que sua equipe resolva problemas sem sua intervenção? 1( ) Sim

2( )Não

FF- Permite que a equipe estabeleça seu próprio ritmo de trabalho? 1( ) Sim

2( )Não

GG- Você tem a última palavra nas decisões? 1( ) Sim 2( )Não

HH- Insiste para que a equipe melhore seu desempenho? 1( ) Sim 2( )Não

II- Ajuda a equipe a aumentar seu potencial? 1( ) Sim 2( )Não

Dimensão 2

JJ- Estabelece metas de vendas? 1( ) Sim 2( )Não

KK- Realiza pesquisa formal de satisfação dos clientes? 1( ) Sim 2( )Não

LL- Obtém informações da concorrência, como preço, produtos, localização?

1( ) Sim 2( )Não

MM- As funções das pessoas estão definidas formalmente? 1( ) Sim 2( )Não

NN- O estoque é controlado em formulário e/ou planilha próprios 1( ) Sim

2( )Não

OO- Como define o preço de venda? (método predominante)

( ) Acrescenta x% sobre o custo (método 1)

( ) Usa tabela de sugestão de preço do fornecedor (método 2)

( ) Acompanha preço da concorrência (método 3)

( ) Utiliza sistema próprio de custo e precificação, considerando impostos, markup,

ou outras fórmulas (método 4)

PP-Nos últimos 5 anos de existência do negócio, sofreu ações trabalhistas de

funcionários?

1 ( ) Não 2 ( ) Sim, uma. 3 ( ) Sim, 2 a 5. 4 ( ) Sim, 6 ou mais.

QQ- Ao iniciar o negócio e/ou ao realizar ampliação ou compra de equipamentos de

médio/alto valor, realiza análise formal de viabilidade econômico-financeira do

projeto? 1( ) Sim 2( )Não

RR- A necessidade de capital de giro é calculada? 1( ) Sim 2( )Não

SS-A Lucratividade (Lucro ÷ Faturamento) é calculada mensalmente? 1( ) Sim

110

2( )Não

TT- A rentabilidade (Lucro ÷ (Capital Próprio=Patrimônio Líquido)) é calculada

mensalmente?

1( ) Sim 2( )Não

UU- Para a tomada de decisão, utiliza como fonte de informação a DRE

(Demonstrativo de Resultados do Exercício)?: 1( ) Sim 2( )Não

VV- Para tomada de decisão, utiliza como fonte de informação o Fluxo de Caixa?

1( ) Sim 2( )Não

WW- Para tomada de decisão, utiliza como fonte de informação o Balanço

Patrimonial?:

1( ) Sim 2( )Não

XX- Para a tomada de decisão, utiliza como fonte de informação conversas informais

com fornecedores: 1( ) Sim 2 ( )Não

YY- Para a tomada de decisão, utiliza como fonte de informação conversas informais

com clientes:

1 ( ) Sim 2 ( )Não

Dimensão 3:

ZZ- O principal Gestor da Empresa estudou até: 1( ) Ensino Fundamental 2 ( )

Ensino Médio 3( )Ensino Técnico 4( ) Ensino Superior 5( ) Pós-

Graduação

No caso de Ensino superior e/ou pós-graduação, qual curso?

Ensino Superior:______________________________________

Pós-graduação:_______________________________________

AAA- Nos últimos 5 (cinco) anos, o principal Gestor da Empresa participou de cursos

realizados pelo SEBRAE, Associação Comercial, SENAI, SENAC e/ou outras

instituições:

1( ) Nenhum 2( ) Um a cinco cursos 3( ) Seis ou mais cursos.