universidade estadual do ceará pró-reitoria de pós ... · pró-reitoria de pós-graduação e...

69
Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Faculdade de Veterinária Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose (IDGA) da lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil Mestrando: Jean Berg Alves da Silva Orientadora: Maria Fátima da Silva Teixeira Fortaleza – Ceará 2003

Upload: duonganh

Post on 25-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Universidade Estadual do Ceará

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Faculdade de Veterinária

Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias

Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose

(IDGA) da lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil

Mestrando: Jean Berg Alves da Silva

Orientadora: Maria Fátima da Silva Teixeira

Fortaleza – Ceará

2003

Page 2: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Universidade Estadual do Ceará

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Faculdade de Veterinária

Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias

Título:

Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose

(IDGA) da lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Veterinárias da Faculdade de

Veterinária da Universidade Estadual do Ceará, como

requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre em

Ciências Veterinárias.

Área de Concentração: Reprodução e Sanidade

animal

Orientadora: Maria Fátima da Silva Teixeira

Fortaleza – Ceará

Fevereiro de 2003

Page 3: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Universidade Estadual do Ceará

Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Faculdade de Veterinária

Programa de Pós Graduação em Ciências Veterinárias

Título: Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose

(IDGA) da lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil

Aluno: Jean Berg Alves da Silva

Aprovada em:

Banca Examinadora:

Prof. Dra. Maria Fátima da Silva Teixeira (Orientadora)

Prof. Dr. Francisco Selmo Fernandes Alves Prof. Dr. Roberto Soares de Castro Co-orientador/Examinador Co-orientador/Examinador

Fortaleza Fevereiro/2003

Page 4: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

“A ética não é uma etiqueta que a gente

põe e tira. É uma luz que a gente projeta

para segui-la com os nossos pés, do

modo que pudermos, com acertos e

erros, sempre, e sem hipocrisia.”

Herbert José de Souza (Betinho)

Page 5: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

A todos àqueles que acreditam que a

Educação é a única arma capaz de tirar um

povo da escuridão eterna, formada pela

miséria e pela ignorância.

E aos que acreditam que só quando

passarmos a fazer o que pregamos

conseguiremos vencer o obstáculo da

desigualdade social.

Dedico.

Page 6: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Agradecimentos

A Deus por estás sempre ao meu lado nos momentos mais difíceis

iluminando e guiando-me pelo caminho mais correto, mesmo quando este não

era o mais fácil a ser seguido.

Aos meus pais Francisca Alves da Silva e Sizenaldo da Silva, que nunca

deixaram de acreditar na minha potencialidade, e sempre investiram em

educação, legado maior que um pai pode deixar a seu filho.

A minha noiva Luzia Lidiane de Olvieira Moura, pela sua paciência,

dedicação e compreensão nestes anos de convivência.

Ao meu tio Francisco Celiton da Silva pela ajuda e paciência.

A minha orientadora Dra. Maria Fátima da Silva Teixeira, sempre tão

atenciosa e compreensiva, grande incentivadora neste início de carreira.

A Francisco Marlon Carneiro Feijó, orientador e amigo, que sempre

esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade.

Ao Prof. Dr. Roberto Soares de Castro, do qual, sem a ajuda a execução

deste trabalho poderia estar comprometida.

Ao Dr. Francisco Selmo Fernandes Alves pela colaboração e disposição

de nos ajudar sempre que precisamos.

Aos, mais que colegas, amigos de laboratório, Francisco Jarbas, Ney de

Carvalho Almeida, Cesarino de Lima Júnior Aprígio, Lívia Maria, Cristina,

Roberta, Jorge, Galileu Planck, Marcírio Frota, Isaac Neto.

Aos companheiros de apartamento Márcio César Vasconselos, Kilder

Dantas Filgueira, Edgar Pereira Neto que tantas lamentações suportaram.

Aos amigos Karlos Yuri Fernandes Pedrosa, Jailson José de Santana,

Policarpo Ademar Sales Júnior, Jeanne Souza e Silva, Raimundo Alves Barreto

Júnior e Marcelo Barbosa Bezerra, que tiveram importante participação na parte

inicial do experimento (coleta).

Aos caprino-ovinocultores do Rio Grande do Norte, que apesar de

sempre serem esquecidos, estão sempre aptos a colaborar com as pesquisas

universitárias. E contribuíram de forma decisiva para a realização desta

pesquisa.

Page 7: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Aos professores Marcos Fábio Gadelha e a Profª. Maria Isabel que

sempre estiveram dispostos a ajudar no que fosse preciso.

Aos professores que compõem o PPGCV/UECE que colaboraram para o

nosso crescimento acadêmico.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias – PPGCV, da

Universidade Estadual do Ceará – UECE.

À CAPES pelo apoio financeiro concedido, que apesar do curto período

de duração da bolsa, foi de suma importância para a continuação do trabalho.

Ao Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT que viabilizou a

realização deste trabalho com a liberação de recursos, que foi fundamental para a

realização da coleta de amostras.

Page 8: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Resumo

Maedi-Visna (MV) é uma enfermidade que provoca nos ovinos adultos uma

infecção multisistêmica, muitas vezes assintomática de evolução crônica, que leva o

animal a um quadro de definhamento progressivo com conseqüente queda da

produtividade, podendo levar à morte do mesmo. Com o objetivo de fazer um

levantamento sorológico da infecção pelo vírus Maedi/Visna no estado do Rio Grande

do Norte, foram coletadas amostras de sangue de 315 ovinos, pertencentes a 32

diferentes rebanhos de 13 municípios do estado. Os soros foram submetidos ao teste de

imunodifusão em gel de agarose utilizando um kit diagnóstico para Maedi/Visna

fornecido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Constatou-se que 21,3% dos

animais amostrados apresentavam-se positivos para o teste, e que a porcentagem de

animais positivos não variou entre as diferentes faixas etárias, nem entre os animais de

raça pura e os SRD. Com base nos resultados obtidos conclui-se que a infecção pelo

vírus Maedi/Visna está amplamente distribuída na região amostrada, afetando ovinos de

ambos os sexos, adultos e jovens, de diferentes raças.

Palavras-chave: lentivírus, ovinos e soro-diagnóstico

Page 9: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Abstract

Maedi-Visna (MV), it is an chronic disease of that causes in the adult sheep, a

subclinical infection, persistent virus-carrier state. It takes the animal to a progressive

weakening with consequent fall of the productivity, causing death of the animal. The

objective of this work was rising a serological test of the infection for the virus

maedi/visna sheep in the herds of state Rio Grande do Norte. Samples of blood of 315

sheep were collected, to 32 different flocks of 13 municipal districts of the state. The

serums were submitted to Immunodifusion Test in Agarose Gel (IDGA) using of a kit

diagnosis for Maedi/Visna supplied by the Rural Federal University of Pernambuco.

After the accomplishment of the tests it was verified that 21,3% of the animals resulted

positive for the test. It was proven although the percentage of positive animals no

change with the increase of the age.and with races. With base in the results was

concluded that the infection for the virus Maedi/Visna is thoroughly distributed in the

area of study, affecting adults and young sheep of both sexes and of different races.

Key-Words: sheep, immunodiagnostic, lentivirus

Page 10: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Sumário

1. Introdução ................................................................................................................ 01

2. Revisão de Literatura ............................................................................................... 03

2.1. Área de Coleta das Amostras ........................................................................... 03

2.2. Histórico e Importância da Ovinocultura Nordestina ....................................... 05

2.3. Maedi/Visna (MV) ........................................................................................... 07

2.3.1. Caracterização da enfermidade .............................................................. 07

2.3.2. Etiopatogenia da Maedi/Visna ............................................................... 08

2.3.3. Resposta Imune frente a infecção pelo MVV ........................................ 10

2.3.4. Sintomatologia ...................................................................................... 13

2.3.5. Diagnóstico da Infecção pelo MVV ...................................................... 15

2.3.6. Controle e Profilaxia .............................................................................. 18

2.3.7. Distribuição da infecção por Maedi/Visna vírus ................................... 19

3. Justificativa .............................................................................................................. 21

4. Hipótese Científica .................................................................................................. 22

5. Objetivos .................................................................................................................. 23

6. Material e Métodos .................................................................................................. 24

6.1. Amostras ........................................................................................................... 24

6.2. Local da Coleta ................................................................................................. 26

6.3. Técnica de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA) .................................... 27

6.4. Análise Estatística ............................................................................................ 28

7. Resultados e Discussão ............................................................................................ 29

8. Conclusões e Perspectivas ....................................................................................... 36

9. Artigo ....................................................................................................................... 37

10. Referência Bibliográficas ....................................................................................... 51

Page 11: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Introdução

O estado do Rio Grande do Norte está inserido na região nordeste do Brasil

contando com uma área correspondente a 53.308,8 Km 2 e uma população de 2.770.730

habitantes (IBGE – Censo 2000).

A criação de ovinos tem sido vista como uma atividade empreendedora, gerando

empregos e renda para as populações, funcionando como fixadora do homem no campo,

e como fonte de proteína pela população mais carente, uma vez que os animais são

utilizados tanto para a própria subsistência quanto como fonte de renda pela venda de

animais, carne e pele.

Embora tenha toda esta importância para a sobrevivência das famílias e para a

economia de alguns municípios, a maioria das criações de ovinos no sertão nordestino

ainda é feita de forma extensiva e rudimentar, sem que haja um adequado controle

sanitário, nutricional ou reprodutivo dos animais. Estes fatos associados levam à baixa

produtividade dos rebanhos, o que muitas vezes caracteriza-se como um entrave para o

crescimento desta atividade, tornando-se assim um negócio pouco lucrativo não

atraindo investimentos do setor privado nem do setor público. O que forma um círculo

vicioso, que se não há investimentos o atual quadro não muda.

Provavelmente uma das principais causas pela baixa produtividade, deste

rebanho, sejam as enfermidades infecto-contagiosas que acometem estes animais, dentre

estas afecções a lentivirose ovina, provocada pelo vírus Maedi-Visna (MVV), inspira

maiores cuidados com relação a sua possível ocorrência no rebanho potiguar, uma vez

que esta caracteriza-se por provocar nos animais uma pneumonia progressiva e/ou uma

infecção multisistêmica, muitas vezes assintomática de evolução crônica (Oliver et al,

1981a). Que leva o animal a um definhamento progressivo com conseqüente queda da

produtividade (Pritchett, 1994).

Durante muitos anos o semi-árido nordestino foi considerado livre desta

enfermidade, ou pelo menos não existiam dados que confirmassem a sua ocorrência

nesta região. Porém nos últimos anos algumas pesquisas vieram confirmar a sua

ocorrência em alguns estados nordestinos como no Ceará (Almeida et al, 2003) e

Pernambuco (Abreu et al, 1998), onde a sorologia positiva de um número significativo

Page 12: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

de animais indicaram a necessidade de uma melhor caracterização da atual situação dos

demais estados do Nordeste, para que possam ser tomadas as medidas necessárias

visando o controle de tal enfermidade que caracteriza-se por ser a região que possui o

maior plantel do Brasil com 7.762.475 animais, correspondendo a 52% do rebanho

nacional (Ministério da Agricultura, 2002).

A ovinocultura ocupa hoje a terceira posição em importância dentre as

atividades pecuárias do Rio Grande do Norte, perdendo em significatividade apenas

para a bovinocultura e para carcinicultura. Portanto dado o alto poder debilitante e a

facilidade de disseminação e a falta de pesquisas sobre a infecção pelo Maedi-Visna

Vírus neste Estado, se faz necessária a implementação de um trabalho de investigação

visando caracterizar a atual situação desta infecção no rebanho ovino norte-riograndense

para que possa ser montado um plano de ação visando o seu controle, caso seja

necessário ou a prevenção de sua introdução nas fronteiras deste estado.

Page 13: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Revisão de Literatura

1- Área de Coleta das Amostras

1.1- Rio Grande do Norte

Localizado próximo à linha do Equador, no hemisfério sul-ocidental, Nordeste

da Região Nordeste do Brasil, apresenta características climáticas bem específicas,

como o verão seco e a presença do sol durante, mais ou menos, 300 dias no ano. O Rio

Grande do Norte possui uma área com mais de 53.000 Km2, cerca de 0,62% do

território nacional, limitando-se a leste e ao norte com o Oceano Atlântico, a oeste com

o Ceará e ao sul com a Paraíba (SEBRAE, 2001a).

O clima norte-rio-grandense é caracterizado por dois tipos bem caracterizados

como descrito abaixo (Cidades Potiguares, 2002):

a) Tropical Quente, Úmido e Sub-úmido - Predominante no litoral leste, que

vai de Baía formosa até as proximidades do município de Touros, abrange

também alguns municípios vizinhos ao litoral, assim como as partes mais

elevadas das serras João do Vale, Martins e São Miguel. Uma das

características desse tipo de clima é a quantidade de chuvas, que varia de 800

a 1200 mm por ano, distribuídas entre os meses de fevereiro e julho. As

maiores precipitações ocorrem na região de Natal. Outra característica é a

temperatura média de 26º C, amplitude térmica variando de 18 à 38ºC.

b) Tropical Quente e Seco (semi-árido) - Predominante no restante do Estado,

apresenta características como: poucas chuvas, com médias precipitações

entre 400 e 600 mm anuais, distribuídas entre os meses de janeiro e abril. Os

lugares onde ocorre esse tipo de clima ficam sujeitos aos fenômenos das

secas. É nesta região onde encontra-se a maioria dos rebanhos ovinos do

estado. Nela também está inserida predominantemente a vegetação do tipo

caatinga que serve como alimento aos animais que na maioria das vezes são

criados extensivamente nesta região (SEBRAE, 2001C).

No campo econômico a agropecuária vem tendo uma participação bastante

variável no PIB potiguar, variação esta determinada principalmente pelos fatores

naturais, como a má distribuição das chuvas. Em 1996 a participação agropecuária no

PIB foi de 10,6% já em 2000 esta participação caiu para 7,0% (SEBRAE, 2001a).

Page 14: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Ainda de acordo com o SEBRAE (2001b) os pólos dinâmicos da agropecuária

do Estado estão associados, principalmente, à carcinicultura, à agricultura irrigada, à

cajucultura, à cana-de-açúcar e ao desenvolvimento da pecuária, sendo os principais

rebanhos, em ordem decrescente de efetivos, o bovino, ovino e caprino. No que diz

respeito à caprinovinocultura, o Rio Grande do Norte, através de entidades empresariais

e do Governo, vem dando amplo destaque a sua reestruturação, colocando o setor no

cenário de grande possibilidade econômica, pelas potencialidades que o Estado

apresenta em recursos naturais apropriados à atividade e às condições favoráveis de

mercado.

Com relação especificamente a ovinocultura o Rio Grande do Norte detém um

rebanho de 389.706 cabeças (Brasil, 2000). Observa-se que este rebanho é formado

principalmente por animais SRD, porém o número de animais mestiços vem

aumentando significativamente nos últimos anos devido a constante procura por raças

exóticas visando o melhoramento dos rebanhos (SEBRAE, 2001b).

Page 15: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

2. Histórico e Importância da Ovinocultura Nordestina

A ovinocultura vem se constituindo nos últimos anos como uma atividade de

alta rentabilidade, quando explorada de forma correta e sensata, o que não a

descaracteriza como uma das atividades responsáveis pela fixação do homem no meio

rural servindo como fonte de proteína e renda. Ao longo dos anos esta atividade foi

desenvolvida de forma extensiva sem que fosse realizado qualquer tipo de controle

sobre os animais dificultando assim o diagnóstico dos problemas responsáveis pela

baixa produtividade. Porém com o início da produção em larga escala alguns destes

problemas, passaram a atuar como verdadeiros entraves ao crescimento desta atividade,

dentre estes problemas podemos destacar os de ordem sanitária, especialmente as

doenças infecto-contagiosas que atuam diminuindo a produtividade e comprometendo a

lucratividade.

Os ovinos, possivelmente, fizeram parte dos primeiros animais domésticos

introduzidos pelos colonizadores portugueses no Brasil a partir de 1535 ( Araújo, 1980).

A medida que os sertões foram sendo desbravados em decorrência da expansão

das fronteiras agrícolas, os rebanhos ovinos foram sendo confinados em determinadas

áreas do Nordeste, onde, sendo submetidos à ação da seleção natural, formaram grupos

étnicos bem diferenciados e que foram adaptando-se às condições adversas do semi-

árido nordestino, os quais constituem o nosso rebanho ovino atualmente (Santana,

2002).

As constantes secas periódicas comuns do Nordeste, que ocasionam freqüente

escassez de água e pastagem, associados com o sistema ultra-extensivo de criação,

provocaram novos ajustamentos na relação animal/meio ambiente. Os grupos étnicos

originais sofreram, ao longo do tempo, redução no seu porte e características produtivas

(Santana, 2002).

A ovinocultura deslanada explorada, essencialmente, para carne e pele,

constitui-se em importante fonte de renda, amenizando a fome protéica que assola

grande parte do Brasil. Os cruzamentos industriais de ovelhas deslanadas do Nordeste

com machos de raças exóticas, aliados a outras tecnologias, tais como manejo, nutrição,

sanidade e reprodução, certamente possibilitarão maior produtividade numérica e

ponderal dos rebanhos (Nunes et al, 1997).

Page 16: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

A criação de caprinos e ovinos, na Região, é uma atividade básica e generalizada

que permeia a grande maioria das propriedades rurais, revestindo-se de grande

importância sócio-econômica para o homem do campo, sendo responsável pelo

fornecimento de 40% de toda proteína animal consumida pela população rural (Alves,

2002).

Page 17: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

3. Maedi/Visna (MV)

3.1 Caracterização da enfermidade

Dentre as principais doenças infecciosas que acometem os ovinos pode-se

destacar a virose provocada pelo vírus Maedi/Visna (MVV), que pertence à família

Retroviridae, subfamília Lentivirinae, gênero Lentivírus, que inclui além do MVV, o

vírus da Artrite Encefalite Caprina (CAEV) e os vírus das imunodeficiências em felinos

(FIV), bovinos (BIV), Símios (SIV) e humanos (HIV), além do vírus da Anemia

Infecciosa Eqüina (AIEV) (Small et al., 1989).

Maedi/visna ou pneumonia progressiva dos ovinos como também é conhecida, é

uma doença debilitante de ovinos adultos, que é causada por um grupo de retroviroses

não oncogênicas, estreitamente relacionadas conhecidas como lentiviroses, que têm

como principais órgãos alvo os pulmões, o sistema nervoso central, as articulações e as

glândulas mamarias (Ellis & DeMartini, 1985). Visna e o Maedi são respectivamente

enfermidades inflamatórias do sistema nervoso central e dos pulmões, e são

manifestações de uma mesma infecção vírica (Pritchett, 1994).

O Maedi/Visna vírus assim como os demais lentivírus causam uma doença de

característica crônica em ovinos, afetando principalmente os pulmões, além de outros

órgãos dos animais infectados. A pneumonia intersticial provocada pelo MVV é

bastante semelhante a que acomete humanos associada a infecção pelo vírus da

imunodeficiência humana tipo-1 (Mornex et al, 1994).

A Maedi/Visna, também conhecida como pneumonia progressiva dos ovinos

(PPO), assim como as demais lentiviroses tem por característica principal causar uma

doença crônica com um período de incubação longo (Shih et al., 1992). Uma

propriedade comum ao MVV e o CAEV é a persistência que têm estes vírus no

organismo do animal, mesmo na presença de resposta imunológica, devido a replicação

destes vírus ser bastante restrita (Gendelman et al, 1986).

Page 18: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

3.2 – Etiopatogenia da Maedi/Visna

Os lentivírus de pequenos ruminantes (MVV e CAEV) são partículas esféricas,

envelopadas com aproximadamente 100 nm de diâmetro com núcleo cônico e denso, no

qual estão inseridas duas moléculas idênticas de RNA fita simples, uma molécula de

transcriptase reversa dependente de Mg2+ e proteínas do nucleocapsídeo (Gonda et al.,

1986).

Os lentivírus em geral replicam-se bem em culturas de células (macrófagos,

linfócitos CD4 e/ou fibroblastos) oriundas do hospedeiro natural do vírus. In vitro todos

os lentivírus infectam macrófagos dos seus hospedeiros naturais, porém esta infecção

nem sempre resultam em uma replicação produtiva (Joag, 1996).

Uma característica importante dos lentivírus de pequenos ruminantes é a sua

capacidade de variação genética, que pode resultar no aparecimento de variantes mais

evoluídas e adaptadas ao hospedeiro, o que aumenta a dificuldade no controle da

enfermidade uma vez que a adaptação destes vírus pode se dar a tal ponto que eles

conseguem esquivar-se da defesa imunológica do animal com elevada destreza (Callado

et al, 2001).

Os vírus pertencentes a família Retroviridae, na qual estão inseridos os

Lentivírus, carregam a sua própria enzima polimerase que é uma DNA polimerase

dependente de RNA chamada de transcriptase reversa, assim denominada por que

executa uma reação (RNA Æ DNA) que é exatamente o inverso da conhecida

transcrição DNAÆ RNA. O DNA transcrito incorpora-se a DNA da célula hospedeira

podendo permanecer integrado de forma latente sendo passado para a geração seguinte

de células ou ser transcrito produzindo novos vírus que irão infectar células adjacentes

(Tortora et al, 2000).

O genoma dos lentivírus, está bastante relacionado com outras retroviroses,

sendo que os três principais genes funcionais são: pol, gag e env. O produto do gen gag

é uma proteína precursora que é posteriormente clivada em três proteínas: a proteína da

Matriz (MA), do capsídeo (CA) e do nucleocapsídeo (NC). A proteína MA é essencial

na produção de vírions infectantes, a proteína CA é a mais abundante do vírus e elicita a

produção de anticorpos durante a infecção e a proteína NC confere proteção ao RNA

viral. O gen pol codifica a proteinase viral (transcriptase reversa), codifica ainda as

Page 19: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

proteínas endonuclease, integrase e dUTPase. Já o gene env codifica as glicoproteínas

do vírus que irão ter papel principal na formação do envelope viral (Joag, 1996).

Inicialmente os vírus Maedi e Visna eram estudados separadamente sendo que o

primeiro considerado como o agente etiológico de uma pneumonia progressiva nos

ovinos e o segundo o agente e encefalomielites não supurativas que causam uma

paralisia progressiva. Tendo ficado comprovado que estes dois vírus apresentam uma

relação estreita tanto antigenicamente quanto nas suas propriedades físicas, químicas e

biológicas passando a ser denominado Maedi/Visna (Thormar & Helgadóttir, 1965).

O vírus Maedi/Visna possui ainda uma estreita relação com o vírus da artrite

encefalite caprina (CAEV), sendo que as proteína estruturais destas duas espécies são

geralmente muito similares, porém não idênticas, o que pode ser comprovado pela

reação de imunoprecipitação que é evidenciada quando o soro de um caprino infectado

com CAEV reage com antígenos oriundos de culturas de MVV ( Dahberg et al, 1981).

Banks et al (1983) comprovaram a infecção cruzada de caprinos com o MVV e de

ovinos com o CAEV através de infecções experimentais demonstrando que estes vírus

são capazes de infectar e reproduzir a enfermidade em outros hospedeiros, não sendo

portanto espécie-específico como os demais lentiviroses.

A principal via de infecção do MVV é a aerógena, uma vez no organismo do

animal o vírus tem como células de eleição para multiplicar e disseminar-se pelo

organismo os macrófagos ou monócitos (Lairmore et al, 1987). Porém podem

disseminar-se do local de infeção inicial até os linfonodos regionais através das células

dendríticas, que atuam não só como carreadoras de vírus, mas também como

amplificadoras do vírus uma vez que este é capaz de replicar-se nestas células (Ryan et

al, 2000). Tendo também especial importância a contaminação via colostro ou leite

principalmente em rebanhos onde o manejo não se dá de forma intensiva (Pritchett,

1994).

De acordo com Haase et al (1982), a infecção crônica característica apresentada

pelo MVV é derivada do crescimento restrito que este vírus apresenta in vivo. No

animal a produção de vírus acontece em taxas baixas, e consequentemente as alterações

patológicas associadas com a replicação do vírus também acontecerão de maneira lenta.

Page 20: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

3.3 – Resposta Imune frente a infecção pelo MVV

De acordo com Tizard (1985) a resposta imune contra os vírus pode ser

observada de duas formas principais ou esta resposta é contra as próprias proteínas do

vírus, principalmente às do capsídeo e as do envelope como no caso do MVV, ou

impedindo a infecção da célula alvo pelo vírus. Esse impedimento da infecção celular

pode ocorrer através do bloqueio da adsorção de um vírus recobrindo à célula alvo,

iniciando a virólise mediada pelo complemento, causando agrupamento dos vírus

reduzindo assim o número de unidades infectantes disponíveis, ou pela estimulação da

fagocitose dos vírus pelos macrófagos.

Alguns vírus têm a capacidade de se evadir da resposta do hospedeiro por

diversos mecanismos. Os lentivírus em especial fazem essa evasão principalmente pela

variação antigênica, conseqüência da variação genética que estes microrganismos

apresentam. Na infecção pelo MVV os anticorpos neutralizantes são produzidos apenas

lentamente. Como resultado, a seleção de novas variantes virais é ineficiente, e os vírus

antigenicamente diferentes só surgem de forma lenta. Esses anticorpos neutralizantes

são incapazes de reduzir a carga viral no ovino afetado, não ocorrendo assim recidivas

cíclicas como no caso da AIE (Tizard, 1998).

Tizard (1998) afirma, ainda, que outro fator que contribui para que o MVV

escape da destruição pelos anticorpos é o poder que ele apresenta de infectar

macrófagos e monócitos. E na maioria dessas células, a replicação do vírus pára após o

seu RNA ter sido reversamente transcrito em DNA pró-viral. Desta forma as células

ficam persistentemente infectadas pelo vírus sem expressar antígenos virais. O vírus

pode, portanto, persistir e se disseminar sem provocar um ataque imunológico.

Pritchett (1994) afirma que em infecções experimentais com MVV pode-se

observar, que os anticorpos fixadores do complemento aparecem algumas semanas

depois da inoculação, alcançando a concentração máxima por volta de dois meses PI,

permanecendo constantes durante todo o decorrer da enfermidade. Já os anticorpos

neutralizantes aparecem bem mais tarde, sendo que na maioria dos casos só alcançam a

Page 21: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

concentração máxima um ano PI, permanecendo constantes a partir de então até o fim

da enfermidade.

No caso das infecções por lentivírus tanto a resposta humoral quanto a celular

estão presentes. No início da infecção os anticorpos produzidos são contra as proteínas

de um grupo específicos e não protegem contra a infecção. Já os anticorpos produzidos

contra as proteínas do envelope são capazes de neutralizar os vírus. Mas de uma forma

geral os animais infectados com lentivírus produzem anticorpos que são capazes de

neutralizar amostras laboratoriais dos vírus, mas que na maioria das vezes são ineficazes

contra os vírus “selvagens” ( Joag, 1996).

Brodie et al (1992), afirmam que a infecção pelo MVV pode ocorrer sem que

haja a presença de uma resposta imune pelo menos no início da infecção, nestes casos

os vírus podem ser detectados por técnicas de PCR ou Imunoblot nas células

macrofágicas do animal infectado.

Jolly et al (1989), investigando a ação de anticorpos neutralizantes sobre a

replicação do MVV em culturas celulares de fibroblastos e de macrófagos, constataram

que quando acrescentava-se altas concentrações de anticorpos (Ac) neutralizantes nas

culturas a taxa de replicação do mesmo era bastante diminuída, porém este efeito era

bem mais significativo na cultura de fibroblastos, sendo que na cultura de macrófagos

os títulos do vírus permaneceram elevados. Este fato da ação menos eficiente dos Ac.

neutralizantes nos macrófagos pode ser considerado um dos motivos pelos quais haja

uma persistência da infecção in vivo mesmo na presença de grandes concentrações de

anticorpos neutralizantes circulantes.

Klein et al (1985) demostraram que a produção de anticorpos neutralizantes

ocorre de forma diferente dependendo da cepa de MVV envolvida na infecção, eles

observaram que na infecção com amostras líticas de MVV ocorre uma maior produção

de anticorpos neutralizantes do que quando a cepa envolvida na infecção é não lítica.

Este fato poderá ter influência no diagnóstico da enfermidade.

Com relação a resposta celular o MVV também apresenta algumas

particularidades como os demais lentivírus. Por exemplo, ao contrário do que ocorre na

Page 22: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

maioria das infecções víricas, a células T não tem papel preponderante na resposta

imune contra a infecção pelo MVV, apesar de ser comprovado que tanto linfócitos T do

grupo CD8 quanto do subgrupo CD4 estão presentes na Resposta Imune (RI) contra esta

infecção, o seu papel ainda não foi bem esclarecido deixando dúvidas sobre sua real

importância no combate a infecção, apesar das pesquisas indicarem que a resposta

antiviral é otimizada quando a concentração de CD4 e CD8 é elevada ( Reyburn et al,

1992).

Diferentemente das lentiviroses de primatas, que afetam primariamente os

linfócitos T CD4 e macrófagos, levando a uma diminuição da resposta imune

principalmente pela infecção das células CD4 com sua conseqüente morte, o MVV não

tem afinidade por este tipo celular, provavelmente pela ausência de receptores

moleculares na superfície destas células para que o vírus sofra aderência. Esta não

adesão às células CD4 pode explicar o fato de que a Maedi-Visna não acarreta uma

imunodepressão tão acentuada quanto nas lentiviroses de primatas e felinos (Gorrel et

al, 1992).

Page 23: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

3.4 – Sintomatologia

O vírus Visna causa uma doença progressiva envolvendo o sistema imune e o

sistema nervoso central (Small et al., 1989). A sintomatologia aparece de forma

progressiva e lenta, os primeiros sinais são uma ligeira alteração na forma de andar, que

afeta especialmente o trem posterior, tremor dos lábios e inclinação anormal da cabeça,

e raramente pode causar cegueira, estes sintomas podem ser creditados à ação do visna

no sistema nervoso central (Moojen, 1998).

Já o Maedi leva a uma perda de peso acentuada, com dificuldades na respiração

provocada por uma pneumonia intersticial progressiva, às vezes pode ocorrer tosse seca,

mas sem secreção, e geralmente o animal vem a óbito por infecções secundárias que

levam a um quadro de pneumonia aguda, mas não pela ação direta do maedi. A

enfermidade pode apresentar-se ainda sob a forma de mamite e artrite que podem ser

uni ou bilaterais (Moojen, 2001).

Além de uma sintomatologia respiratória, com dispnéia progressiva, o animal

afetado pode apresentar ainda aumento dos linfonodos, das articulações e tecido

periarticular e uma perda de peso acentuada (Lairmore et al, 1988). Alguns animais

podem apresentar ainda lesões no sistema nervoso central (Olivier et al, 1981b) e

mamite por infiltração linfocitária (Luján et al, 1991).

Na necropsia de animais infectados pode-se observar que os pulmões não

colabam no momento de abertura da cavidade torácica, apresentando-se firmes, pode-se

verificar ainda áreas de aderência entre a pleura e parede torácica. Microscopicamente

pode-se notar a presença de uma pneumonia intersticial com infiltração leucocitária e

hiperplasia de tecidos linfóides do animal (Luján et al, 1991).

Já nas glândulas mamárias pouca ou nenhuma lesão macroscopicamente é

observada, enquanto que microscopicamente pode-se observar obstrução parcial dos

ductos por proliferação de tecido linfóide (Luján et al, 1991).

A doença se manifesta principalmente em animais com mais de dois anos,

mesmo sendo comprovada a sua transmissão através do leite e colostro. Este fato deve-

se ao longo período de incubação que pode ter o vírus. Uma importante forma de

Page 24: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

transmissão é o contato direto do animal sadio com as secreções respiratórias do animal

infectado, sendo o reservatório os próprios animais doentes (Moojen, 1998).

Page 25: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

3.5 – Diagnóstico da Infecção pelo MVV

O início da infecção pela característica sintomatológica da enfermidade a MV

pode ser confundida com outras enfermidades do Sistema Nervoso Central (SNC),

como abscessos, traumatismos ou enfermidades parasitárias. Posteriormente o curso

cada vez mais prolongado, a ausência de febre e a pleosite no líquido céfalo-raquidiano

(LCR) são indicativos da infecção pelo MVV (Pritchett, 1994).

Entretanto pela própria característica da infecção persistente pelos lentivírus de

pequenos ruminantes (LVPR), a forma mais prática de diagnóstico é a sorologia, pois a

presença de anticorpos demonstra indiretamente a presença da infecção. Por outro lado,

o diagnóstico da infecção pelo isolamento e identificação do agente não é

rotineiramente empregado por ser demorado e bastante dispendioso (Callado et al.,

2001) .

Outro fator que contribui para a viabilidade deste imunodiagnóstico é que de

uma forma geral as infecções víricas, diferentemente da infecções bacterianas,

apresentam uma resposta imune de duração longa. Apesar das razões para que isto

ocorra não estejam completamente esclarecidas, mas uma explicação provável para tal

fato estaria ligada à persistência do vírus no interior das células, em forma latente ou

com uma replicação lenta (Tizard, 1998).

Tanto a artrite encefalite caprina quanto a MV são infecções persistentes que

podem ser diagnosticadas através da pesquisa de anticorpos. Mas apesar destas duas

viroses estarem relacionadas antigenicamente, o uso de seus antígenos para verificar a

infecção cruzada parece não apresentar bons resultados, sendo desaconselhado este uso

pela organização internacional de enpizootias (OIE). Para as lentiviroses de pequenos

ruminantes os antígenos virais de maior importância são a glicoproteína de envelope

gp135, e a proteína do capsídeo p28. (OIE, 2002). Sendo que a glicoproteína do

envelope gp135 é o maior sítio de ação dos anticorpos neutralizantes contra o MVV in

vivo (Carey, 1993)

Destas forma o diagnóstico do Maedi-Visna pode ser obtido através de exames

laboratoriais como: o ELISA, imunodifusão radial (RIA), Ensaio de Imunoblot e

imunodifusão em gel de agarose (IDGA) sendo este último recomendado pela OIE. Por

ser de fácil aplicabilidade e não exigir equipamentos nem instalações sofisticadas o

IDGA é a forma de diagnóstico mais utilizada em todo mundo, principalmente em

Page 26: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

programas de controle da doença que já são empregados em vários países (Moojen,

1998). Além da fácil aplicabilidade o IDGA tem alta especificidade o que acaba

credenciando-o para a realização dos diagnósticos de triagem nos programas de controle

da enfermidade(Varea et al, 2001).

Saman et al (1999) afirmam que apesar do grande número de métodos de

diagnóstico sorológicos que podem ser empregados na identificação da infecção pelo

MVV apenas dois são utilizados rotineiramente com sucesso o IDGA e o ELISA.

De acordo com Tortora et al (2000) a reações de precipitação envolvem a reação

de antígenos solúveis com anticorpos IgG e IgM na formação de agregados moleculares

grandes e entrelaçados semelhantes a uma tela de rede. Os testes de imunodifusão

consistem em reações de precipitação, realizadas em gel de ágar em uma placa de Petri

ou em uma lâmina de microscópio. Neste desenvolve-se uma linha de precipitação

visível entre os orifícios no ponto em que é alcançada a relação ótima entre antígeno e

anticorpo.

Para Tizard (1998) o teste de imunodifusão é um método simples de

demonstração de antígenos por parte dos anticorpos que pode ser utilizado com

facilidade na identificação de antígenos virais. O autor afirma ainda que o teste de

imunodifusão pode ser considerado de uma forma geral grupo específico desta forma

ele é mais indicado na tentativa de identificação do gênero a que o vírus pertence, não

sendo, portanto, algumas vezes possível fazer a identificação de que espécie viral está

envolvida na infecção.

Segundo Vitu (1982) o teste de IDGA é capaz de identificar animais

experimentalmente infectados com o MVV cerca de quatro a cinco meses após a

infecção, e afirma ainda que este teste mostrou-se mais sensível que o teste de fixação

do complemento, sendo que quando comparado com o ELISA mostrou resultados

bastante correlacionados, apesar de quando o teste utilizado é o ELISA a infecção poder

ser identificada de forma mais precoce (sete semanas PI). O que foi confirmado por

Larsen et al (1982), que infectando ovinos experimentalmente observaram que presença

de anticorpos precipitantes podia ser detectada de forma mais precoce e com maior

intensidade que a fixação do complemento.

Page 27: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

O teste de IDGA pode ser utilizado tanto para a detecção de anticorpos anti-

MVV no soro sangüíneo quanto no colostro de animais infectados, pode esta presença

de anticorpos no colostro ser utilizada na detecção da infecção no rebanho (Alkan &

Tan, 1998).

As técnicas sorológicas são as mais amplamente utilizadas no diagnóstico de

Maedi/Visna pela sua praticidade e possibilidade de realização de diagnósticos de

rebanhos com maior facilidade funcionando como testes de triagem. Porém técnicas

mais especificas de diagnóstico já foram desenvolvidas por laboratórios especializados,

visando a identificação do vírus pela presença do seu ácido nucléico em células de

animais infectados, sendo que o principais são a reação em cadeia de polimerase (PCR),

hibridização in situ e Southern blotting (Johnson et al, 1992). No entanto para a

realização destes testes é necessário o uso de equipamentos sofisticados o que muitas

vezes pode inviabilizar o uso dos mesmos em muitas regiões do país por conta dos altos

custos para a sua realização e pela própria falta de técnicos treinados para sua realização

(OIE, 2002).

Page 28: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

3.6 – Controle e Profilaxia

Métodos de controle da infecção pelo vírus Maedi/Visna incluem o sacrifício de

todos os ovinos soropositivos (algumas vezes incluindo seus cordeiros) e repetição de

testes a intervalos de aproximadamente seis meses, até que no mínimo três testes

negativos sejam obtidos. Como alternativa, os cordeiros podem ser isolados ao

nascimento, não tendo acesso ao colostro e leite de ovelhas positivas, e sendo

submetidos a aleitamento artificial (Mooojen, 2001).

Howers et al (1983) afirmam que a separação dos cordeiros no momento do

nascimento das mães infectadas, contribui para a redução da expansão de maedi/Visna,

e que este método de controle pode ser aplicado quando se trata de animais de alto valor

zootécnico pois os descarte das crias seria economicamente desaconselhado.

A técnica de PCR pode ser utilizada na rotina quando um controle mais rigoroso

da erradicação de Maedi/Visna está sendo almejado, de forma que, quando os animais

de determinado rebanho apresentarem sorologia negativa para enfermidade este controle

passe a ser feito com o PCR, que se constitui num método de diagnóstico mais eficaz na

detecção de falsos negativos (Knowles, 1997).

Page 29: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

3.7 – Distribuição da infecção por Maedi/Visna vírus

A infecção pelo MVV é endêmica em todo mundo, já tendo sido diagnosticada

em países como o Reino Unido (Watt et al.., 1992), Islândia (Sigurdson et al, 1954),

Etiópia (Tibbo et al, 2001), Brasil (Dal Pizzol et al, 1988) dentre outros países.

A Tabela 1 resume a situação atual da disseminação da Maedi/Visna no mundo

de acordo com os dados da Organização Internacional de Epizootia e traça a evolução

da enfermidade nos últimos anos segundo os dados da instituição.

Com relação a ocorrência de Maedi/Visna no Brasil esta teve seu diagnóstico

sorológico ou isolamento do vírus comprovado em vários estados como: Ceará

(Almeida et al, 2003), Pernambuco (Abreu, 1998), Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio

Grande do Sul e Paraná (Moojen, 2001)

Page 30: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Tabela 1. Evolução da infecção pelo Maedi/Visna Vírus nos principais países onde a

enfermidade já foi diagnosticada.

País 1996 1997 1998 1999 2000 2001 África do Sul + + + + + +

Alemanha + + + + + + Andorra ... - - - +?

Argentina 0000 0000 0000 0000 0000 +? Áustria + (1996)a (1996) (1996) (1996) (1996) Bélgica + + ... + + Brasil +? +?b ... ... ... ...

Bulgária 0000 0000 0000 0000 0000 + Canada + + + +? +? +? Chile 0000 0000 0000 0000 +() +() Ciprus +? +? +? +? +? +?

Dinamarca + + + + + + Eslováquia +? +? +? +? +? +?

Espanha + (1996) +() +() +() +() Estado Unidos 0000 0000 0000 + + +

Estônia 0000 0000 0000 0000 +? +? Etiópia + ... ... ... +

Finlândia + (1996) (1996) (1996) (1996) (1996) França + + + + + +

Grã Bretanha + + + + + + Grécia + +() +() +() +() +()

Holanda + + + + + + Hungria + + + + + + Irlanda (1986) (1986) (1986) (1986) (1986) (1986) Islândia (1965) (1965) (1965) (1965) (1965) (1965) Israel (1991) (1991) (1991) (1991) (1991) +

Luxemburgo +? +? + +? +? +? Noruega +() +() +() +?() +? + Polônia +? + (1997) (1997) (1997) (1997) Portugal 0000 0000 + + ... -

República Theca + + + + + + Suécia + + + + + + Suíça + + + + + +

Fonte: www.oie.int

(ano) Ano em que foi registrada a última ocorrência da enfermidade. +? Levantamentos sorológicos e isolamento do agente mas sem manifestação clínica da

enfermidade () Enfermidade restrita a certas zonas 0000 Enfermidade nunca registrada ..... Se dispõe de dados sobre a enfermidade - Enfermidade nunca registrada.

Page 31: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

4 – Justificativa

No estado do Rio Grande do Norte a criação de ovinos assume relevante

importância econômica para pequenos, médios e grandes criadores que começam a

despontar nesta atividade. O Rio Grande do Norte conta hoje com um rebanho de

361.387 cabeças (Brasil, 2000), porém nenhuma pesquisa a respeito da ocorrência de

Maedi/Visna no rebanho deste Estado foi realizada, o que preocupa dado o seu alto

poder debilitante, a doença pode provocar sérias perdas econômicas, comprometendo a

viabilidade da produção. Sendo assim o levantamento sorológico a ser feito no presente

trabalho se justifica, pela importância do rebanho ovino para o Estrado do Rio Grande

do Norte e pela gravidade potencial da infecção pelo vírus Maedi/Visna.

Page 32: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

5 – Hipótese Científica

A presença ou não do MVV no rebanho ovino do estado do Rio Grande do Norte

precisa ser estabelecida visando a implementação de medidas de controle desta

enfermidade, ou no caso de sua ausência para que sejam tomadas medidas profiláticas

visando a não entrada deste vírus no estado.

Page 33: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

6 – Objetivos

6.1 – Objetivo Geral

Realizar o levantamento sorológico da infecção por MVV no rebanho do Estado

do Rio Grande do Norte, através de teste de imunodifusão em gel de agarose (IDGA),

utilizando-se um antígeno nacional.

6.2 – Objetivos Específicos

Determinar a soro prevalência de Maedi/Visna pelo teste de Imunodifusão em

Gel de Agarose (IDGA) em diferentes cidades do Rio Grande do Norte.

Verificar o a influência do tipo de manejo, da idade dos animais e do padrão

zootécnico dos animais (raça pura ou SRD) na prevalência da doença entre os rebanhos.

Averiguar a necessidade de serem adotados providências visando o

esclarecimento do criador sobre os prejuízos causados pela Maedi/Visna e orientá-los

junto as entidades visando medidas profiláticas que controlem a disseminação da

enfermidade.

Page 34: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

7 – Material e Métodos

7.1 – Amostras

O número de amostras foi determinado com base nas orientações do Centro Pan

Americano de Zoonoses (1979), para estudo da prevalência de enfermidades crônicas

por amostragem e obedecendo as recomendações da Austudillo (1979), através da

fórmula abaixo:

n = p(100 – p)g2 (p.e/100)2

n = número de amostras a serem trabalhadas

p = prevalência estimada (25% obtida em pré-experimento)

g2 = fator determinante do grau de confiança de 95% (1,962≅ 4)

e = margem de erro admissível (20 %) da prevalência estimada

n = 25.(100 – 25).42 = 25.75.4 = 7500 = 300 (25.20/100)2 52 25

Desta forma foram coletadas 315 amostras de sangue ovino por venopunção

jugular utilizando-se tubos vacuntainer descartáveis não-heparinizados, sendo mantidas

sob refrigeração até chegarem ao laboratório de Microbiologia Veterinária da ESAM,

onde foram centrifugadas para a obtenção do soro, sendo este aliquotado em frascos

eppendorf, congeladas e mantidos a –20ºC até serem conduzidos ao Laboratório de

Virologia Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde foram

realizados os exames.

No momento da coleta alguns dados dos animais como sexo, grupo racial e

idade eram anotados visando posteriores análises epidemiológicas dos dados. A idade

era determinada de acordo com o desenvolvimento da dentição dos animais tendo em

vista a falta de dados cadastrais por parte dos criadores.

Eram coletadas em média dez amostras por propriedad, sendo que três eram

animais que ainda não haviam entrando no período de reprodução, um reprodutor e sei

Page 35: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

eram fêmeas em período reprodutivo. Esta distribuição foi feita tentando imitar as

distribuição característica dos rebanhos amostrados.

Com relação a distribuição racial foram coletadas amostras de animais da raças

Dopper, Somalis, Morada Nova, Santa Inêse animais sem padrão racial definido (SRD).

O que totalizou 44 animais com padrão racial definido e 271 SRD.

Page 36: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

7.2 – Local da Coleta

Os 315 animais utilizados no estudo pertenciam a 32 diferentes propriedades

localizadas em treze municípios do Estado do Rio Grande do Norte, concentrados

principalmente na região homogênea mossoroense que concentra a maior parte do

rebanho ovino do Rio Grande do Norte, Fig. 1. Sendo que esta região possuia em 1997

de acordo com dados do IBGE cerca de 48,8% do total de ovinos criados no Rio Grande

do Norte (SEBRAE, 2001).

O sistema de manejo nas propriedade era do tipo extensivo com os animais

pastando livremente na vegetação nativa.

O clima predominante na região onde foram coletadas as amostras é o BSwh’

(muito seco) segundo a classificação de Koppen. A vegetação predominante é a do tipo

caatinga arbustiva arbórea (SEBRAE, 2001a).

Figura 1 – Municípios com animais amostrados para o teste de IDGA para o diagnóstico de Maedi/Visna no Rio Grande do Norte.

Page 37: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

7.3 – Técnica de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA)

O levantamento sorológico para infecção pelo vírus Maedi Visna foi realizado

pelo método de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA), que consiste na detecção de

linhas de precipitação nos casos positivos, decorrentes da reação antígeno-anticorpo.

Para a execução do teste de IDGA utilizaram-se placas de Petri descartáveis de

90x15mm com agarose a 1%. Após a solidificação das mesmas as placas eram

perfuradas com roseta metálica padrão que possui sete perfurações. A disposição das

perfurações, bem como dos soros a serem testados, dos anticorpos padrões positivos e

do antígeno na placa estão representados na Fig.2. Eram depositados nos poços 25 �O�GH�cada componente (antígeno, soro padrão e soro teste).

Os Kits contendo o antígeno, soro padrão positivo e o ágar que foram utilizados

no teste diagnóstico foram gentilmente cedidos pelo Prof. Dr. Roberto Soares de Castro,

da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), sendo este confeccionado

nesta universidade (Abreu et al, 1998).

Após a deposição de todos os componentes nas placas estas foram

acondicionadas em câmara úmida, a temperatura ambiente (25ºC) durante o período de

realização dos exames.

A leitura era feita em duas etapas: a primeira 48h e a segunda 72h depois do

início do acondicionamento. A interpretação dos testes era feita de acordo com o

esquema representado na Fig.2.

Page 38: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

6

1

2

35

Ag

4

7.4 – Análise Estatística

Os resultados obtidos neste experimento serviram para avaliar a infecção pelo

maedi/visna vírus no rebanho ovino do Rio Grande do Norte. Os fatores como: faixa

etária, sexo e grupo racial foram submetidos a análise estatística com o teste de duas

proporções, com distribuição normal, adotando-se o nível de significância igual a cinco

porcento (valor crítico de Z = 1,96), conforme recomendado por Berquó et al (1981).

Figura 2 – Disposição dos soros na placa de imunodidfusão com as respectivas interpretações: Poços: 1 e 4 padrões positivos; 2 soro teste positivo, 6 reação inespecífica; 3 e 5 soros teste negativos

Page 39: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

8 – Resultados e Discussão

O levantamento sorológico para infecção pelo MVV, realizado através do teste

de imunodifusão em gel de agarose (IDGA), nos 315 ovinos, oriundos de 32 rebanhos

pertencentes a 13 municípios do estado do Rio Grande do Norte, revelaram um

percentual de 21,3% de animais soropositivos para a infecção pelo vírus Maedi/Visna.

Estes resultados foram inferiores a taxa de infecção encontrada por Almeida et al

(2001), em levantamento semelhante realizado no Estado do Ceará onde os autores

encontraram uma prevalência de 31% de animais soropositivos para a infecção pelo

MVV em animais que apresentavam algum tipo de sintomatologia respiratória.

Estes resultados foram ainda superiores aos encontrados por Schaller et al

(2000) Baumgartner et al (1990) que pesquisando a presença de anticorpos contra

Maedi/Visna na Suíça e na Alemanha encontraram uma prevalência de nove e 12 %,

respectivamente. Já Kita et al (1990) em pesquisa feita com 4.284 amostras de soro

ovino na Polônia encontraram resultados semelhantes aos nossos, com uma prevalência

em torno de 24% de animais infectados. Nossos resultados foram também semelhantes

aos encontrados por Simard & Morley (1991), que observaram uma prevalência ficando

em torno de 19% em média sendo que a prevalência entre as províncias canadenses

variou bastante.

21%

79%

Positivos

Negativos

Figura 3: Resultado do IDGA para Maedi/Visna em relação aos 315 animais amostrados no estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003.

Page 40: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Dos 32 rebanhos amostrados 28 (87%) apresentaram pelo menos um animal com

sorologia positiva para Maedi/Visna, o que caracteriza a ampla distribuição da infecção

por Maedi/Visna pelos rebanhos da área amostrada. Caporale et al (1983) estudando a

distribuição da infecção pelo MVV na Itália diagnosticaram 39 rebanhos infectados

num universo de 93 rebanhos estudados determinando uma prevalência de 41,3% dos

rebanhos naquele país.

Já Campbell et al (1994) encontraram 69,9% de rebanhos infectados em Ontário

no Canadá, e associaram esta alta prevalência ao tipo de manejo dos rebanhos uma vez

que estes autores observaram que havia uma correlação positiva entre a prevalência da

infecção e: o tempo de permanência dos animais na propriedade, o uso de reprodutores

de outras fazendas, a não separação dos cordeiros da mãe no momento do nascimento e

a idade dos animais. Estes fatores também podem ter sido determinantes nesta alta

prevalência encontrada em nosso estudo, tendo em vista que as práticas de manejo

adotadas na região amostrada são precárias, não havendo nenhum tipo de separação dos

animais por idade, sendo comum a aquisição de animais sem quaisquer atestado de

sanidade, não havendo na maioria das vezes descarte orientado dos animais o que

aumenta o tempo de permanência dos animais no plantel e sendo comum a manutenção

de animais de idade já avançada no rebanho (Costa et al, 2001).

Page 41: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Não se observou diferença estatiscamente significativa (p > 0,05) entre os

diferentes grupos etários (Tabela-2). Discordando, portanto do que foi afirmado por

Simard & Morley (1991) que afirmaram que a incidência de Maedi/Visna aumentou

com a idade nos rebanhos canadenses. O que também foi observado por Molitor et al

(1979) que encontraram 23% de ovinos jovens infectados, enquanto esta taxa

aumentava para 80% entre os animais acima de sete anos de idade, o que levou os

autores a afirmarem que os animais mais velhos apresentam maior incidência da

enfermidade.

Tabela 2 – Freqüência de ovinos soropositivos para Maedi/Visna, na população

amostrada de acordo com a faixa etária, em animais criados no Rio Grande

do Norte. Fortaleza, 2003.

Faixa Etária Freqüência de

soropositivos (%)

Número de animais

soropositivos

Número de animais

< 12 meses 10a 09 90

12 -| 42 meses 23 a 20 86

> 42 meses 27 a 38 139

Total - 67 315

a Letras iguais numa mesma coluna significa que não houve diferença estatística. Teste

de duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96 (p < 0,005).

Page 42: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Tabela 3: Análise estatística da taxas de prevalência dos ovinos soropositivos para

Maedi/Visna, de acordo com a faixa etária em animais criados no Estado do

Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003.

Faixa Etária

Contraste

(idade em meses)

Taxas de prevalência

dos grupos etários

Valor de Z

Significância

estatística do

contraste

< 12 x 12-| 42 10 x 23,25 0,9632 Não significante

< 12 x 12 -| 42 10 x 27,33 1,4052 Não significante

12 -| 42 x > 42 27,33 0,3438 Não significante

Teste de duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96. Nível de significância = 5%.

A distribuição da prevalência de anticorpos anti-MVV em todas faixas etárias

avaliadas neste experimento, pode ser explicada pelo tipo de manejo das propriedades.

Onde não era feito qualquer tipo de controle da enfermidade como, por exemplo, a

separação dos cordeiros das mães soropositivas. Este contato direto entre mães positivas

e cordeiros facilita a disseminação da enfermidade entre os animais jovens. Tal fato foi

comprovado por Leitold & Schuller (1990), que acompanhando um rebanho durante 30

meses observou que de 13 cordeiros filhos de mães com sorologia positiva, nove

soroconverteram, enquanto que entre os animais filhos de mães soronegativas apenas

um sofreu soroconversão para Maedi/Visna.

Page 43: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Quanto às características zootécnicas dos animais os animais de raça pura

apresentaram uma taxa de infecção de 34%, enquanto os animais sem raça definida

apresentaram 19% dos animais soropositivos para Maedi/Visna (Tabela 4). Não

sendo observada diferença estatisticamente significativa entre a proporção de

animais de raça pura e SRD (Tabela 4). Estes dados estão de acordo com os

apresentados por Almeida et al (2003) que afirmaram que a raça parece não afetar a

susceptibilidade dos ovinos deslanados do nordeste a infecção pelo MVV. Porém

Cultilip et al (1986), estudando a susceptibilidade de duas raças de ovinos a infecção

pelo MVV verificaram que, por algum motivo, ovinos da raça Border Leicester

foram mais susceptíveis a infecção que ovinos da raça Columbia.

Tabela 4 – Prevalência de ovinos soropositivos para Maedi/Visna, criados no

Estado do Rio Grande do Norte de acordo com as suas características

zootécnicas. Fortaleza, 2003.

Característica Zootécnica Freqüência de

animais

soropositivos (%)

Número de

animais

soropositivos

Número de

animais

Animais Puros 34a 15 44

Animais SRD 19a 52 271

Total - 67 315

a Letras iguais numa mesma coluna significa que não houve diferença estatística. Teste de

duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96 (p < 0,005).

Page 44: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Dos municípios amostradas, apenas a de Alto dos Rodrigues não apresentou

animais com sorologia positiva para Maedi/Visna (Tabela 4), o que comprova a ampla

disseminação da doença nesta região (Figura 4). Esta prevalência elevada

provavelmente é fruto da inexistência de práticas de manejo adequadas, bem como da

falta de implementação das técnicas de controle preconizadas para esta enfermidade

como: separação de mães infectadas dos filhotes no momento do parto (De Bôer et al,

1979), com aleitamento artificial destes cordeiros (Houwers et al, 1983), ou sorologia

com eliminação dos positivos (Prichet, 1994).

Tabela 4 - Ocorrência de anticorpos anti-MVV dos ovinos nos diferentes Municípios

amostrados no Estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003

Cidades

Prevalência de

animais positivos

(%)

Número de animais

Soropositivos

Número de animais

testados

Alto dos Rodrigues 00 00 10

Apodi 14 07 50

Assu 50 05 10

Caraúbas 6,45 02 31

Carnaubais 20 06 30

Felipe Guerra 20 04 20

Ipanguassu 10 01 10

Lajes 27,28 06 22

Macau 20 06 30

Mossoró 30 09 30

Rodolfo Fernandes 33,3 07 21

Santana do Matos 30 09 30

Severiano Melo 28,8 05 21

Total 21,26 67 315

Page 45: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Esta disseminação da enfermidade por toda área amostrada pode estar vinculada

à falta de barreiras sanitárias entre os municípios do Estado do Rio Grande do Norte, o

que facilita o transporte indiscriminado de animais e conseqüentemente a disseminação

de enfermidades infecto-contagiosas como a Maedi/Visna.

11

Figura 4 – Municípios com animais amostrados para o teste de IDGA para Maedi/Visna, no estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003.

Município s/ animais positivos

Municípios c/ animais Positivos

Page 46: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

9 – Conclusões e Perspectivas

A avaliação dos resultados do levantamento sorológico da infecção dos ovinos

criados no Estado do Rio Grande do Norte, pelo vírus Maedi/Visna, nos permite chegar

as seguintes conclusões:

1. A prevalência de infecção por Maedi/Visna nos rebanhos pesquisados foi de 21,3%,

o que caracteriza uma prevalência elevada.

2. A infecção pelo vírus Maedi/Visna pode ser considerada endêmica no Rio /Grande

do Norte uma vez que 87% dos rebanhos pesquisados apresentaram animais com

reação positiva.

3. Não houve diferença significativa entre a prevalência da infecção pelo MVV nas

diferentes faixas etárias pesquisadas.

4. Não houve diferença significativa entre a proporção de machos e fêmeas infectados.

5. Os ovinos nativos (SRD) mostraram ser tão susceptíveis quanto os ovinos

considerados exóticos, para a infecção por Maedi/Visna.

6. Ficou evidente no presente estudo a disseminação da Maedi/Visna no Estado do Rio

Grande do Norte, o que abre o precedente para a implantação de políticas sanitárias

que visem o controle da enfermidade.

Page 47: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Artigo

Levantamento sorológico pelo teste de imunodifusão em gel de agarose

(IDGA) de lentivirose ovina em rebanhos do Rio Grande do Norte, Brasil

Silva, J. B. A., Teixeira, M. F. S., Castro, R. S., Alves, F. S. F; Aprígio, C. J.,

Almeida, N. C.

Fortaleza

Fevereiro, 2003

Page 48: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Resumo

Maedi-Visna (MVV) é uma enfermidade que provoca nos ovinos adultos uma

infecção multisistêmica, muitas vezes assintomática de evolução crônica, que leva o

animal a um quadro de definhamento progressivo com conseqüente queda da

produtividade, podendo levar à morte do mesmo. Com o objetivo de fazer um

levantamento sorológico da infecção pelo vírus Maedi/Visna no estado do Rio Grande

do Norte, foram coletadas amostras de sangue de 315 ovinos, pertencentes a 32

diferentes rebanhos de 13 municípios do estado. Os soros foram submetidos ao teste de

imunodifusão em gel de agarose utilizando um kit diagnóstico para Maedi/Visna

fornecido pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Após a realização dos testes

constatou-se que 21,3% dos animais amostrados apresentavam-se positivos para o teste,

e que a porcentagem de animais positivos não variou entre as diferentes faixas etárias,

nem entre os animais de raça pura e os SRD. Com base nos resultados obtidos conclui-

se que a infecção pelo vírus Maedi/Visna está amplamente distribuída na região

amostrada, afetando ovinos de ambos os sexos, adultos e jovens, de diferentes raças.

Palavras-chave: lentivírus, ovinos e soro-diagnóstico

Page 49: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Abstract

Maedi-Visna (MV), it is an chronic disease of that causes in the adult sheep, a

subclinical infection, persistent virus-carrier state. It takes the animal to a progressive

weakening with consequent fall of the productivity, causing death of the animal. The

objective of this work was rising a serological test of the infection for the virus

maedi/visna sheep in the herds of state Rio Grande do Norte. Samples of blood of 315

sheep were collected, to 32 different flocks of 13 municipal districts of the state. The

serums were submitted to Immunodifusion Test in Agarose Gel (IDGA) using of a kit

diagnosis for Maedi/Visna supplied by the Rural Federal University of Pernambuco.

After the accomplishment of the tests it was verified that 21,3% of the animals resulted

positive for the test. It was proven although the percentage of positive animals no

change with the increase of the age.and with races. With base in the results was

concluded that the infection for the virus Maedi/Visna is thoroughly distributed in the

area of study, affecting adults and young sheep of both sexes and of different races.

Key-Words: sheep, immunodiagnostic, lentivirus

Page 50: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Introdução

A criação de ovinos vem sendo vista como uma atividade empreendedora,

gerando empregos e renda para as populações, funcionando como fixadora do homem

no campo, e como como fonte de proteína pela população mais carente, uma vez que os

animais são utilizados tanto para a própria subsistência da família quanto como fonte de

renda pela venda de animais, pele e carne.

Embora tenha toda esta importância para a sobrevivência das famílias e para a

economia de algumas cidades, a maioria das criações de ovinos no sertão nordestino

ainda é feita de forma extensiva e rudimentar, sem que haja qualquer controle sanitário,

nutricional ou reprodutivo dos animais.

E um dos maiores responsáveis por esta produtividade deficitária são as

enfermidades infecto-contagiosas que acometem estes animais, dentre estas, pode-se

destacar a lentivirose provocada pelo vírus Maedi-Visna (MVV), que provoca nos

animais uma infecção multisistêmica, muitas vezes assintomática de evolução crônica

(Oliver et al, 1981a). Que leva o animal a um definhamento progressivo com

consequente queda da produtividade (Pritchett, 1994). O MVV pertence à família

Retroviridae, da subfamília Lentivirinae que inclui além dele, o vírus da Artrite

Encefalite Caprina (CAEV) e os vírus das imunodeficiências em felinos (FIV), bovinos

(BIV), Símia (SIV) e humanos (HIV), além do vírus da Anemia Infecciosa Eqüina

(AIEV) (Small et al., 1989).

Durante muitos anos o semi-árido nordestino foi considerado livre desta

enfermidade, ou pelo menos não existiam dados que confirmassem a sua ocorrência

nesta região. Porém nos últimos anos algumas pesquisas vieram confirmar a sua

ocorrência em alguns estados nordestinos como no Ceará (Almeida et al, 2001) e

Pernambuco (Abreu et al, 1998), onde a sorologia positiva de um número significativo

de animais indicaram para a necessidade de uma melhor caracterização da atual situação

dos demais estados do Nordeste, para que possam ser tomadas as medidas necessárias

visando o controle de tal enfermidade nos rebanhos nordestinos que caracteriza-se por

ser a região que possui o maior plantel do Brasil com 7.762.475 animais,

correspondendo 52% do rebanho nacional.

Page 51: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Desta forma o objetivo do presente estudo foi estabelecer a prevalência da

infecçao pelo vírus Maedi/Visna no rebanho ovino do estado do Rio Grande do Norte,

esclarecendo alguns parâmetros epidemiológicos como faixa etária mais acometida e

etnia dos animais infectados.

Material e Métodos

Amostras

O número de amostras foi determinado com base nas orientações do Centro Pan

Americano de Zoonoses (1979), para estudo da prevalência de enfermidades crônicas

por amostragem e obedecendo as recomendações da Austudillo (1979), através da

fórmula abaixo:

n = 25(100 – p)g2 (p.e/100)2

n = número de amostras a serem trabalhadas

g2 = fator determinante do grau de confiança de 95% (1,962≅ 4)

p = prevalência estimada (25% obtida em pré-experimento)

e = margem de erro admissível (20 %)

n = 25.(100 – 25).42 = 25.75.4 = 7500 = 300 (25.20/100)2 52 25

Desta forma foram coletadas 315 amostras de sangue ovino por venopunção

jugular utilizando-se tubos vacuntainer descartáveis não-heparinizados, sendo mantidas

sob refrigeração até chegarem ao laboratório de Microbiologia Veterinária da ESAM,

onde foram centrifugadas para a obtenção do soro, sendo este aliquotado em frascos

eppendorf, congeladas e mantidos a –20ºC até serem conduzidos ao Laboratório de

Virologia Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde serão

realizados os exames.

Os animais amostrandos perteciam a 32 rebanhos distribuídos em 13 diferentes

municípios, todos criados de forma extensiva, no semi-árido nordestino.

No mento da coleta alguns dados dos animais como sexo, grupo racial e faixa

etáram eram anotados visando posteriores análises epidemilógicas dos dados. A faixa

Page 52: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

etária era determinada de acrodo com o desenvolvimento da dentição dos animais tendo

em vista a falta de dados cadastrais por parte dos criadores, a determinação da idade

pela dentição.

Local da Coleta

A coleta foi realizada em quatorze municípios do Estado do Rio Grande do

Norte concentrados principalmente na região homogênea mossoroense que concentra a

maior parte do rebanho ovino do Rio Grande do Norte, Fig. 2. Sendo que esta região

possuia em 1997 de acordo com dados do IBGE cerca de 48,8% do total de ovinos

criados no Rio Grande do Norte (SEBRAE, 2001).

O clima predominante na região onde foram coletadas as amostras é o BSwh’

(muito seco) segundo a classificação de Koppen. A vegetação predominante é a do tipo

caatinga arbustiva arbórea (SEBRAE, 2001).

Técnica de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA)

O levantamento sorológico para infecção pelo vírus Maedi Visna foi pelo

método de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA), que consiste na detecção de

linhas de precipitação nos casos positivos, decorrentes da reação antígeno-aniticorpo.

Para a execução do teste de IDGA utilizaram-se placas de Petri descartáveis de

90x15mm com gelose a 1%. Após a solidificação das mesmas as placas eram perfuradas

com roseta metálica padrão que possui sete perfurações. A disposição das perfurações,

bem como dos soros a serem testados, dos anticorpos padrões positivos e do antígeno na

placa estão representados na Fig.3. Eram depositados nos poços 25 �O� GH� FDGD�componente (antígeno, soro padrão e soro teste).

Os Kits contendo o antígeno, soro padrão positivo e o ágar que foram utilizados

no teste diagnóstico foram gentilmente cedidos pelo Prof. Dr. Roberto Soares de Castro,

da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), sendo este confeccionado

nesta universidade (Abreu et al, 1998).

Após a deposição de todos os componentes nas placas estas serão

acondicionadas em câmara úmida, a temperatura ambiente (25ºC) durante o período de

realização dos exames.

A leitura era feita em duas etapas: a primeira 48h e a segunda 72h depois do

início do acondicionamento, onde foram observadas a formação de uma linha de

Page 53: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

precipitação entre o antígeno e o anticorpo. A interpretação dos testes será feita de

acordo com o esquema representado na Fig.1.

6

1

2

35

Ag

4

Análise Estatística

Os resultados obtidos neste experimento serviram para avaliar a infecção pelo

maedi/visna vírus no rebanho ovino do Rio Grande do Norte. Os fatores como: faixa

etária, sexo e grupo racial foram subetidos a análise estatística com o teste de duas

proporções, com distribuição normal, adotando-se o nível de significância igual a cinco

porcento (valor crítico de Z = 1,96) Conforme recomendado por Berquó et al (1981).

Figura 1 – Disposição dos soros na placa de imunodidfusão com as respectivas interpretações: Poços: 1 e 4 padrões positivos; 2 soro teste positivos e 6 reação inespecífica; 3 e 5 soros teste negativos

Page 54: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Resultados e Discussão

O levantamento sorológico para infecção pelo MVV, realizado através do teste

de imunodifusão em gel de agarose (IDGA), nos 315 ovinos, oriundos de 32 rebanhos

pertencentes a 13 municípios do estado do Rio Grande do Norte, revelaram um

percentual de 21,3% de animais soropositivos para a infecção pelo vírus Maedi/Visna.

Estes resultados foram inferiores a taxa de infecção encontrada por Almeida et al

(2001), em levantamento semelhante realizado no Estado do Ceará onde os autores

encontraram uma prevalência de 31% de animais soropositivos para a infecção pelo

MVV em animais que apresentavam algum tipo de sintomatologia respiratória.

Estes resultados foram ainda superiores aos encontrados por Schaller et al

(2000) Baumgartner et al (1990) que pesquisando a presença de anticorpos contra

Maedi/Visna na Suíça e na Alemanha encontraram uma prevalência de nove e 12 %,

respectivamente. Já Kita et al (1990) em pesquisa feita com 4.284 amostras de soro

ovino na Polônia encontraram resultados semelhantes aos nossos, com uma prevalência

em torno de 24% de animais infectados. Nossos resultados foram também semelhantes

aos encontrados por Simard & Morley (1991), que observaram uma prevalência ficando

em torno de 19% em média sendo que a prevalência entre as províncias canadenses

variou bastante.

Dos 32 rebanhos amostrados 28 (87%) apresentaram pelo menos um

animal com sorologia positiva para Maedi/Visna, o que caracteriza a ampla distribuição

da infecção por Maedi/Visna pelos rebanhos da área amostrada. Caporale et al (1983)

estudando a distribuição da infecção pelo MVV na Itália diagnosticaram 39 rebanhos

infectados num universo de 93 rebanhos estudados determinando uma prevalência de

41,3% dos rebanhos naquele país.

Já Campbell et al (1994) encontraram 69,9% de rebanhos infectados em Ontário

no Canadá, e associaram esta alta prevalência ao tipo de manejo dos rebanhos uma vez

que estes autores observaram que havia uma correlação positiva entre a prevalência da

infecção e: o tempo de permanência dos animais na propriedade, o uso de reprodutores

de outras fazendas, a não separação dos cordeiros da mãe no momento do nascimento e

a idade dos animais. Estes fatores também podem ter sido determinantes nesta alta

prevalência encontrada em nosso estudo, tendo em vista que as práticas de manejo

Page 55: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

adotadas na região amostrada são precárias, não havendo nenhum tipo de separação dos

animais por idade, sendo comum a aquisição de animais sem quaisquer atestado de

sanidade, não havendo na maioria das vezes descarte orientado dos animais o que

aumenta o tempo de permanência dos animais no plantel e sendo comum a manutenção

de animais de idade já avançada no rebanho (Costa et al, 2001).

Não se observou diferença estatiscamente significativa (p > 0,05) entre os

diferentes grupos etários (Tabela-2). Discordando, portanto do que foi afirmado por

Simard & Morley (1991) que afirmaram que a incidência de Maedi/Visna aumentou

com a idade nos rebanhos canadenses. O que também foi observado por Molitor et al

(1979) que encontraram 23% de ovinos jovens infectados, enquanto esta taxa

aumentava para 80% entre os animais acima de sete anos de idade, o que levou os

autores a afirmarem que os animais mais velhos apresentam maior incidência da

enfermidade.

Tabela 2 – Freqüência de ovinos soropositivos para Maedi/Visna, na população

amostrada de acordo com a faixa etária, em animais criados no Rio Grande

do Norte. Fortaleza, 2003.

Faixa Etária Freqüência de

soropositivos (%)

Número de animais

soropositivos

Número de animais

< 12 meses 10a 09 90

12 -| 42 meses 23 a 20 86

> 42 meses 27 a 38 139

Total - 67 315

a Letras iguais numa mesma coluna significa que não houve diferença estatística. Teste

de duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96 (p < 0,005).

A distribuição da prevalência de anticorpos anti-MVV em todas faixas etárias

avaliadas neste experimento, pode ser explicada pelo tipo de manejo das propriedades.

Page 56: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Onde não era feito qualquer tipo de controle da enfermidade como, por exemplo, a

separação dos cordeiros das mães soropositivas. Este contato direto entre mães positivas

e cordeiros facilita a disseminação da enfermidade entre os animais jovens. Tal fato foi

comprovado por Leitold & Schuller (1990), que acompanhando um rebanho durante 30

meses observou que de 13 cordeiros filhos de mães com sorologia positiva, nove

soroconverteram, enquanto que entre os animais filhos de mães soronegativas apenas

um sofreu soroconversão para Maedi/Visna.

Quanto às características zootécnicas dos animais os animais de raça pura

apresentaram uma taxa de infecção de 34%, enquanto os animais sem raça definida

apresentaram 19% dos animais soropositivos para Maedi/Visna (Tabela 2). Não sendo

observada diferença estatisticamente significativa entre a proporção de animais de raça

pura e SRD (Tabela 2). Estes dados estão de acordo com os apresentados por Almeida

et al (2003) que afirmaram que a raça parece não afetar a susceptibilidade dos ovinos

deslanados do nordeste a infecção pelo MVV. Porém Cultilip et al (1986), estudando a

susceptibilidade de duas raças de ovinos a infecção pelo MVV verificaram que, por

algum motivo, ovinos da raça Border Leicester foram mais susceptíveis a infecção que

ovinos da raça Columbia.

Dos municípios amostradas, apenas a de Alto dos Rodrigues não apresentou

animais com sorologia positiva para Maedi/Visna (Tabela 3), o que comprova a ampla

disseminação da doença nesta região (Figura 4). Esta prevalência elevada

provavelmente é fruto da inexistência de práticas de manejo adequadas, bem como da

falta de implementação das técnicas de controle preconizadas para esta enfermidade

como: separação de mães infectadas dos filhotes no momento do parto (De Bôer et al,

1979), com aleitamento artificial destes cordeiros (Houwers et al, 1983), ou sorologia

com eliminação dos positivos (Prichet, 1994).

Esta disseminação da enfermidade por toda área amostrada pode estar vinculada

à falta de barreiras sanitárias entre os municípios do Estado do Rio Grande do Norte, o

que facilita o transporte indiscriminado de animais e conseqüentemente a disseminação

de enfermidades infecto-contagiosas como a Maedi/Visna.

Conclusões e Perspectivas

Page 57: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

A avaliação dos resultados do levantamento sorológico da infecção dos ovinos

criados no Estado do Rio Grande do Norte, pelo vírus Maedi/Visna, nos permiteconcluir

que a infecção pelo MVV está amplamente distribuída em toda áreas amostrada. Não

havendo diferença significativa entre a prevlência da infecção entre as diferentes faixas

etárias pesquisadas, nem entre os diferentes padrões zootécnicos analisados neste

trabalho.

Ficou evidente no presente estudo a disseminação da Maedi/Visna no Estado do

Rio Grande do Norte, o que abre o precedente para a implantação de políticas sanitárias

que visem o controle da enfermidade.

Page 58: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Tabela 2 – Prevalência de ovinos soropositivos para Maedi/Visna, criados no

Estado do Rio Grande do Norte de acordo com as suas características

zootécnicas. Fortaleza, 2003.

Característica Zootécnica Freqüência de

animais

soropositivos (%)

Número de

animais

soropositivos

Número de

animais

Animais Puros 34a 15 44

Animais SRD 19a 52 271

Total - 67 315

a Letras iguais numa mesma coluna significa que não houve diferença estatística. Teste de

duas proporções. Valor crítico de Z = 1,96 (p < 0,005).

Page 59: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Tabela 3 - Ocorrência de anticorpos anti-MVV dos ovinos nos diferentes Municípios

amostrados no Estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003

Cidades

Prevalência de

animais positivos

(%)

Número de animais

Soropositivos

Número de animais

testados

Alto dos Rodrigues 00 00 10

Apodi 14 07 50

Assu 50 05 10

Caraúbas 6,45 02 31

Carnaubais 20 06 30

Felipe Guerra 20 04 20

Ipanguassu 10 01 10

Lajes 27,28 06 22

Macau 20 06 30

Mossoró 30 09 30

Rodolfo Fernandes 33,3 07 21

Santana do Matos 30 09 30

Severiano Melo 28,8 05 21

Total 21,26 67 315

Page 60: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

Figura 4 – Municípios com animais amostrados para o teste de IDGA para Maedi/Visna, no estado do Rio Grande do Norte. Fortaleza, 2003.

Município s/ animais positivos

Municípios c/ animais Positivos

Page 61: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

10 – Bibliografia Citada

ABREU, S. R. O.; CASTRO, R. S.; NASCIMENTO, S. A. et al. Produção de antígeno

nucleoprotéico do vírus da artrite encefalite caprina e comparação com o do virus

maedi-visna para imunodifusão em ágar-gel. Pesquisa Veterinária Brasileira, v. 18, n.

2, p.57-60, 1998.

ALKAN, F. & TAN, M. T. A comparative study on the diagnosis of maedi-visna

infection in serum and colostrum samples using agar gel immunodiffusion (AGID)

technique. Dtsch Tierarztl Wochenschr, v. 105, n. 7, p. 276-278, 1998.

ALMEIDA, N. C. TEIXEIRA , M. F. S., FERREIRA, R. C. S., et al. M. Detecção de

ovinos soropositivos para Maedi/Visna destinados ao abate na região metroplitana de

Fortaleza. 2003 (Artigo ainda não publicado, aceito setembro de 2001) Veterinária

Notícias Ref. 010/01

ALVES, J. U. A tecnologia na convivência com a seca. Fonte Internet:

www.cnpc.embrapa.br/artigos. Acesso: 21/12/2002

ARAÚJO, A. B. de. Os caminhos da genética ovina e uma nomenclatura de pelagens

dos deslanados. Fortaleza: UFC/CCA/DZ, 49p, 1980.

ASTUDILLO, V. M. Encuestas por muestreo para estudios epidemiológicos en

populaciones animales. Série Manuales Didáticos, n.12. Centro Panamericano de

Fiebre Aftosa. Rio de janeiro, 60p, 1979.

BANKS, K L.; ADAMS, D. S.; MCGUIRE, T. C.; et al. Experimental infection of

sheep by caprine arhritis-encephalitis virus and goats by progressive pneumonia virus.

American Journal Veterinarian Reseach, v. 44, n12, p.2307-2311, 1983.

Page 62: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

BAUMGARTNER W,; RECKINGER M,; PERNTHANER A,; LEITOLD B. The

occurrence and distribution of maedi-visna virus infection in lower Austrian sheep

breeding establishments, Dtsch Tierarztl Wochenschr, v. 97, n. 11, p. 465-469, 1990

BERQUÓ, E. S.; SOUZA, J. M. P.; GOTLIEB, S. L. D. Bioestatística. São Paulo, Ed.

Pedagógica e Universitária, 489p., 1981.

BRODIE, S. J.; PEARSON, L. D.; SNOWDER, G. D.; DEMARTINI, J. C. Host-virus

interaction as defined by amplification of viral DNA and sorology in lentivirus-infected

sheep. Archive Virology, v. 130, p. 413-428, 1992.

CALLADO A. K. C.; CASTRO R. S.; NASCIMENTO, S. A.; et al., Caracterização

preliminar da infecção de células da membrana sinovial por amostras brasileira de

lentivírus de pequenos ruminantes Ciência Veterinária nos Trópicos, v.2 n.3: 152-

159, 1998.

CALLADO A. K. C.; CASTRO R. S.; TEIXEIRA M. F. S., Lentivírus de pequenos

ruminantes (CAEV e Maedi-Visna): revisão e perspectivas. Pesquisa Veterinária

Brasileira. v.21, n.3: p. 87-97, 2001

CAMPBELL, J. R.; MENZIES, P. I.; WALTNER-TOEWS, D.; et al. The

seroprevalence of maedi-visna in Ontario sheep flocks and its relationship

to flock demographics and management practices. Canadian Veterinarian

Journal, v. 35, n.1, p.34-44, 1994.

CAPORALE, V. P.; FOGLINI, A.; LELLI, R.; et al. Preliminary observations on the

presence of visna-maedi in Italy. Veterinary Reseach Commun. v. 6, n. 1, p. 31-

35, 1983

Page 63: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

CAREY, N.; ROY, D.J.; DALZIEL, R.G. Use of recombinant gpl35 to study epitope-

specific antibody responses to maedi visna virus Journal of Virological Methods, v.

43, p. 221-232. 1993

CIDADES POTIGUARES, Geografia do Rio Grande do norte: Clima, Fonte Internet:

http://www.cidadespotiguares.hpg.ig.com.br/geoclima.htm Acesso: 09/12/2002

COSTA, E. S.; VASCONSELOS, S. H. L.; ASSIS, J. P. A.; et al. Identificação da

demanda para a adoção de práticas de manejo a caprino-ovinocultura do Rio Grande do

Norte. Relatório de pesquisa, Mossoró – RN, 19p., 2001.

CUTLIP, R. C.; LEHMKUHL, H. D.; BROGDEN, K. A.; SACKS, J. M.;

Breed susceptibility to ovine progressive pneumonia (maedi/visna) virus. Veterinary

Microbiology, v. 12, n. 3, p. 283-288, 1986.

DAHBERG, J.; GASKIN, M.; PERK, K. Morphological and immunological of caprine

arthitis encephalitis and ovine progressive viruses. Journal of Virology, v. 39, n. 3, p.

914-919, 1981.

DAL PIZZOL, M., RAVAZZOLO, A. P.; GONÇALVES I. P. D.; et al.. Maedi-Visna:

evidência de ovinos infectados no Rio Grande do Sul, Brasil, 1987-1989. Arquivos da

Faculdade de Veterinária da UFRGS. v.17, p. 65-76, 1989

DE BOER, G. F.; TERPSTRA, C.; HOUWERS, D. J.; HENDRIKS, J.

Studies in epidemiology of maedi/visna in sheep. Reseach Veterinarian Science, v. 26,

n. 2, p. 202-208, 1979

ELLIS, J. A. & DeMARTINI, J. C. Imunomorphologic and morphometric chages in

pulmonary lymph nodes of sheep with progressive pneumonia. Veterinary Pathology,

v. 22, p.32-41, 1985.

Page 64: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

GEDELMAN, K. E.; NARAYAN, O.; KENNEDY-STOSKOPF, S. et al. Tropism of

sheep lentivirus for manocytes: susceptibility to infection and virus gene expression

increase during maturation of monocytes to macrofages. Journal of virology, v58, n. 1,

p. 67-74, 1986.

GONDA, M.A.; BRAUM, M..J.; CLEMENTS, J.E.; et al. Human T – cell lymphotropic

virus type III shares sequence homology with a family of pathogenic lentiviruses. Proc.

Natl. Academy. Science. USA, n. 83, 4007 – 4011, 1986.

GORREL, M. D., BRANDON, M. R., SHEFFER, D., ADAMS, R. J., NARAYAN, O.,

Ovine lentivirus is macrophagetropic and does not replicate productively in T

lymphocytes. Journal of Virology, v.66, n. 5, p.2679-1688, 1992.

HOUWERS, D. J.; KONIG, C. D.; DE BOER, G. F.; SCHAAKE, J. JR. Maedi-visna

control in sheep. I. Artificial rearing of colostrum-deprived lambs. Veterinary

Microbiology, v. 8, n. 02, p. 179-185, 1983.

JOAG, S. V., STEPHENS, E. B., NARAYAN, O. Lentiviruses. In: Fields Virology.

Ed. Lippincott-Raven Publishers. Philadelphia, p.1977-1996, 1996.

JOLLY, P. E., HUSO, D. L., SHEFFER, D., NARAYAN, O. Modulation of lentivirus

replication by antibodies: Fc portion of immunoglobulin molecule is essential for

enhancement of binding, internalization, and neutralization of Visna Virus im

macrophages. Journal of Virology, v. 63, n. 4, 1989

JONHSON, L. K.; MEYER, A. L. & ZINK, M. C. Detection of ovine ovine lentivirus

in soronegastive sheep by in situ hibridization, PCR and cocultivation with susceptible

cells. Clinical Immunology Immunopathology, v. 65, p. 254-260, 1992.

KITA, J.; CUTLIP R. C.; KEMPSKI, W,; SACKS, J.; Survey for antibodies against

maedi-visna in sheep in Poland. Pol. Arch. Weter., v. 30, n.1, p.05-11, 1990.

Page 65: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

KLEIN, J. R.; MARTIN, J.; GRIFFING, S.; et al. Precipitating antibodies in

experimental visna and natural progressive pneumonia of sheep. Reseach Veterinary

Science, v. 38, n. 2, p. 129-133, 1985.

KNOWLES, D. P. Laboratory diagnostic tests for retroviruses infections of small

ruminants. Veterinary Clinical. North American Food nim. Practice, v. 13, p.1-11,

1997.

LAIRMORE, M. D.; AKITA, G. Y.; RUSSEL, H. I.; DEMARTINE, J. C. Replication

and cytopathic effects of ovine lentivirus strains in alveolar macrophages correlate with

in vivo pathogenicity. Journal of Virology, v. 61, n.12, 1987

LAIRMORE, M. D.; POULSON, J. M.; ADDUCCI, T. A.; DeMARTINI, J. C.

Lentivirus- induced lymphoproliferative disease: comparative pathogenicity of

phenotypically distinct ovine lentivirus strains. American Journal of Pathology, v.

130, n.1, 1988

LARSEN, H. J.; HYLLSETH, B.; KROGSRUD, J.

Experimental maedi virus infection in sheep: cellular and humoral immune response

during three years following intranasal inoculation. Amererican Journal

Vetetrinarian Reseach, v. 43, n. 3, p. 384-389, 1982.

LEITOLD, B.; SCHULLER, W. Results of a serological study of the natural spread of

maedi-visna virus infection in a sheep herd during an observation period of 30 months.

Dtsch Tierarztl Wochenschr, v. 97, n. 1, p. 15-20, 1990.

LUJÁN, L.; GARCCIA MARINA, J. F.; FERNÁNDEZ DE LUCO, D.; et al.,

Pathological changes in lungs and mammary glands of sheep an their relatioship with

maedi-visna infection. Veterinary Record, v. 20, n. 129, p51-54, 1991.

BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA. Fonte Internet Site:

www.agricultura.gov.br/SPA/pagespa/index.html Data de acesso: 26/12/2002

Page 66: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

MOLITOR, T. W.; SCHIPPER I. A.; BERRYHILL D. L.; LIGHT, M. R. Evaluation of

the agar-gel immunodiffusion test for the detection of precipitating antibodies against

progressive pneumonia virus of sheep. Canadian Journal Comparative Medicine, v.

43, n.3, p. 280-287, 1979.

MOOJEN, V. Maedi-visna dos ovinos In: Doenças de Ruminantes e Equinos. Ed.

Universitária/UFPel, Pelotas-RS, 651p, 1998.

MOOJEN, V. Maedi-visna dos ovinos In: Doenças de Ruminantes e Equinos. Ed.

Varela, São Paulo-SP,v. 1, p.138-144, 2001.

MORNEX, J. F.; LENA, P.; LOIRE, R.; COZON, G.; et al. Lentivirus-induced

intersticial lung disease: pulmonary pathology in sheep naturally infected by the visna-

maedi virus. Veterinary Research, v. 25, n. 5, p.478-498, 1994.

NUNES, J. F., CIRÍACO, A. L. T., SUASSUNA, U. Produção e reprodução de

caprinos e ovinos. 2ª ed., Ed. Gráfica LCR, 199p., Fortaleza-CE, 1997

OLIVIER, R. E.; GORHAM. J. R.; PARISH, S. F.; HADLOW, W. J. Ovine

progeressive pneumonia: patholologic and virologic studies on the naturally ocurring

disease. American Journal Veterinarian Reseach, v 42, n. 9, p. 1554-1559, 1981a

OLIVIER, R. E.; GORHAM. J. R.; PARISH, S. F.; HADLOW, W. J. Ovine

progeressive pneumonia: experimental intrathoracic, intracerebral, and intra-articular

infections. American Journal Veterinarian Reseash, v 42, n 9, p. 1560-1564, 1981b.

PRITCHETT, R. F. Retroviridae. In: Tratado de Microbiología Veterinária. Ed.

Acribia S/A, Zaragosa - Epanha, 637-658p, 1994.

Page 67: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

REYBURN, H. T., ROY, D. J., BLACKAWS, B. A., et al. Characteristicis of the T

cell-mediated imunne response to Maedi-Visna Virus. Virology, v. 191, n.2, 1009-

1012, 1992

RYAN, S.; TILEY, L.; MCCONNELL, I.; BLACKLAWS, B., Infection of dendritic

cells by the Maedi-Visna. Journal of Virology, v. 74, n.21, p 10096-10103, 2000.

SAMAN, E.; EYNDE, G. V.; LUJAN, L.; EXTRAMIANA, B.; HARKISS, G.;

TOLARI, F.; GONZÁLEZ, L.; AMORENA, B.; WATT, N.; BADIOLA, J. A new

sensitive serological assay for detection of lentivirus infections in small ruminants.

Clinical and Diagnostic Laboratory Imunology, v. 6, n. 5, p.734-740, 1999

SANTANA, A. F. Ovinocultura do Nordeste Brasileiro, Fonte Internet:

www.geco.cjb.br/artigo.

SCHALLER, P.; VOGT H. R.; STRASSER, M.; et al. Seroprevalence of maedi-visna

and border disease in Switzerland. Schweiz Arch Tierheilkd, v. 142, n. 4, p. 145-153,

2000.

SEBRAE-RN, Diagnóstico da cadeia produtiva agroindustrial da caprinovinocultura do

Rio Grande do Norte: Comportamento da cadeia produtiva agroindustrial da

caprinovinocultura do Rio Grande do Norte. Natal – RN. Ed. SEBRAE-RN, v. 1, 98p.,

2001

SEBRAE-RN, Diagnóstico da cadeia produtiva agroindustrial da caprinovinocultura do

Rio Grande do Norte: Comportamento da cadeia produtiva agroindustrial da

caprinovinocultura do Rio Grande do Norte. Natal – RN. Ed. SEBRAE-RN, v. 2, 224p.,

2001

SEBRAE-RN, Diagnóstico da cadeia produtiva agroindustrial da caprinovinocultura do

Rio Grande do Norte: Comportamento da cadeia produtiva agroindustrial da

Page 68: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

caprinovinocultura do Rio Grande do Norte. Natal – RN. Ed. SEBRAE-RN, v. 3, 146p.,

2001

SHIH, D. S.; LUCY, M. C.; ANDERSON, M. E CLEMENTS, J. E. Envolviment of

FOS and JUN in the activation of Visna virus gene expression in macrophages trough

na AP-1 site in the viral LTR. Virology, v. 190, n. 1, p. 84-91, 1992

SIGURDSON, B. R., A chronic encephalitis of sheep, The British Veterinary

Journal. p. 341-355, 1954.

SIMARD, C.; & MORLEY, R. S. Seroprevalence of maedi-visna in Canadian

sheep. Canadian Journal Veterinary Reseach., v. 55, n. 3, p. 269-273, 1991.

SMALL, J. A., BIEBERICH, C.; GHOTBI, Z.; HESS, J.; SCANGOS, G. A.; E

CLEMENTS, J. E. . The Visna virus long terminal repeat directs expression of a

reporter gene in activated macrophages, lymphocytes, and the central nervous systems

of transgenic mice. Journal of Virology. v. 63, n 5, p. 1891-1896, 1989.

THORMAR, H. & HELGADÓTTIR, H., A comparasion of Visna and Maedi viroses –

II Sorological Raction. Reseach Veterinary Science, v. 6, n. 4, p.456-465, 1965

TIBBO M, WOLDEMESKEL M, GOPILO A. An outbreak of respiratory disease

complex in sheep in Central Ethiopia. Tropical Animal Health Prodution, v. 33, n.5,

p.355-365, 2001.

TIZARD, I. Imunologia Veterinária uma introdução, 5 ed., Editora Roca, São Paulo

– SP, 1998, 545p.

TIZARD, I. Introdução à Imunologia Veterinária, 2 ed., Editora Roca, São Paulo –

SP, 1985, 330p.

Page 69: Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós ... · Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa ... esteve pronto à ajudar nos momento de dificuldade. ... deste trabalho

TORTORA, G. J.; FUNKE, B. R.; CASE, C. L. Microbiologia, 5 ed., Editora

ARTMED, Porto Alegre, 2000, 827p.

VAREA R, MONLEON E, PACHECO C, LUJAN L, BOLEA R, VARGAS MA, VAN

EYNDE G, SAMAN E, DICKSON L, HARKISS G, AMORENA B, BADIOLA J. J.

Early detection of maedi-visna (ovine progressive pneumonia) virus seroconversion in

field sheep samples. Journal Veterinary Diagnostic Investigation. v. 13, n. 4, p. 301-

307. 2001

VITU, C.; RUSSO, P.; FILIPPI, P.; et al. An ELISA Test For Detection Of Maedi-

Visna antibodies. comparative study with Gel Immunodiffusion na complement fixation

test. Comparative Immunology and Microbiology Infectious. Disease, v. 5, n. 4, p.

469-481, 1982

WATT, N. J.; KING, T. J.; COLIIE, D. ; et al. Clinicopathological investigation of

primary, uncomplited maedi-visna virus infection. Veterinary Record, v. 14, n.131,

p.455-461, 1992.

WATT, N.J.; SCOTT,P.; COLLIE, D.D.S. Maedi – visna virus injfectious in practice,

In Practice September, p. 139 – 247, 1994.