universidade ceuma prÓ-reitoria de pÓs-graduaÇÃo, … mrcia melo... · prÓ-reitoria de...

84
UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA MARTINA MÁRCIA MELO COQUEIRO Identificação e diferenciação molecular pela Análise de Restrição de DNA Ribosomal Amplificado (ARDRA-PCR) das espécies de Acinetobacter isoladas de pacientes de hospitais de São Luis-MA SÃO LUIS 2014

Upload: lethien

Post on 14-Dec-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

UNIVERSIDADE CEUMA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA PARASITÁRIA

MARTINA MÁRCIA MELO COQUEIRO

Identificação e diferenciação molecular pela Análise de

Restrição de DNA Ribosomal Amplificado (ARDRA-PCR)

das espécies de Acinetobacter isoladas de pacientes de

hospitais de São Luis-MA

SÃO LUIS

2014

Page 2: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

MARTINA MÁRCIA MELO COQUEIRO

Identificação e diferenciação molecular pela Análise de Restrição de DNA

Ribosomal Amplificado (ARDRA-PCR) das espécies de Acinetobacter isoladas

de pacientes de hospitais de São Luis-MA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Biologia Parasitária da

Universidade CEUMA, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de Mestre

em Biologia Parasitária.

Orientadora: Drª Maria Rosa Quaresma

Bomfim

Coorientador: Dr. Valério Monteiro-Neto.

SÃO LUIS 2014

Page 3: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

MARTINA MÁRCIA MELO COQUEIRO

Identificação e diferenciação molecular pela Análise de Restrição de DNA

Ribosomal Amplificado (ARDRA-PCR) das espécies de Acinetobacter isoladas

de pacientes de hospitais de São Luis-MA

A Comissão julgadora da Defesa do Trabalho Final de Mestrado

em Biologia Parasitária, em sessão pública realizada no dia / / ,

considerou o(a) candidato(a)

( ) APROVADA ( ) REPROVADA

1) Examinador __________________________________

2) Examinador ___________________________________

3) Examinador ___________________________________

4) Presidente (Orientador)_____________________________

Page 4: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

A DEUS por sempre guiar e iluminar o meu caminho.

Aos meus pais, Edvaldo e Socorro, pelo exemplo, dedicação e amor.

À minha irmã e sobrinha pelo amor e carinho.

Page 5: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

Agradecimentos

À minha querida orientadora, Prof. Drª. Maria Rosa Quaresma Bomfim, por

todo o apoio, incentivo e disposição, serei sempre grata.

Ao meu noivo, Fabrício da Ascensão Lima Pinheiro, por todo carinho,

dedicação, amor e por sempre estar ao meu lado.

À amiga Patrícia Cristina Saldanha Ribeiro pela fundamental ajuda na

realização deste trabalho.

A Margareth Penha que sempre está disposta a nos ajudar no Laboratório de

Pesquisa.

Ao Laboratório Cedro por ceder as amostras clínicas utilizadas neste estudo.

À Universidade Ceuma por fornecer a infraestrutura necessária para a

execução da parte experimental desta pesquisa.

Page 6: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

RESUMO

Acinetobacter é um patógeno oportunista que tem causado sérias infecções em

pacientes hospitalizados, principalmente àqueles lotados em Unidades de Terapia

Intensiva. A espécie Acinetobacter baumannii se destaca como um dos mais

importantes patógenos clínicos no ambiente hospitalar, caracterizado por apresentar

resistência à maioria dos antimicrobianos utilizados na prática clínica. Estudos têm

demonstrado que Acinetobacter apresenta resistência a diferentes antimicrobianos

devido à presença de genes intrínsecos e adquiridos que lhes confere a capacidade

de produzir a enzima β-lactamase, o mais prevalente mecanismo de resistência aos

fármacos β-lactâmicos. Algumas espécies de Acinetobacter têm emergido como

importantes patógenos hospitalares, dentre elas àquelas conhecidas por formarem o

complexo A. calcoaceticus-A.baumanii. O grande problema na atualidade com

relação à identificação das espécies envolvidas nestes processos infecciosos é que

os métodos fenotípicos não diferenciam as espécies infectantes. Neste aspecto, no

presente estudo foi avaliada a técnica de ARDRA-PCR (Análise de Restrição de

DNA Ribosomal Amplificado) para identificar as espécies de Acinetobacter em 142

isolados oriundos de 119 pacientes internados em 12 hospitais de São Luis-MA. Os

resultados obtidos mostraram que o método automatizado Vitek®2 (Biomerieux,

França) identificou 138 (97.2%) isolados como sendo A. baumannii, 2 (1.4%) como

A. ursingii e 2 (1.4%) como A. lwoffii. A investigação da presença de quatro

subgrupos de carbapenemases pela técnica de PCR multiplex mostrou um maior

número de isolados apresentando simultaneamente os genes blaOXA-51 e blaOXA-23. O

gene blaOXA-51, foi o segundo mais observado. Além disso, os genes blaOXA-24 e

blaOXA-58 foram também detectados. A reação de PCR específica detectou o gene

blaOXA-51 em 140 (98.6%) isolados. A técnica de ARDRA-PCR detectou diferenças

intraespecíficas entre os 142 isolados, demonstrando ser uma ferramenta molecular

útil para o estudo da diversidade genética das espécies de Acinetobacter spp.

Palavras chave: Identificação/diferenciação; ARDRA-PCR; Acinetobacter spp.

Page 7: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

ABSTRACT

Acinetobacter is an opportunistic pathogen that has caused serious infections in

hospitalized patients, especially those admitted to intensive care units. The

Acinetobacter baumannii species stands out as one of the most important clinical

pathogens in the hospital environment, characterized by presenting resistance to

most antimicrobial agents used in clinical practice. Studies have shown that

Acinetobacter is resistant to different antimicrobial due to the presence of intrinsic

and acquired gene that confers them the ability to produce the enzyme β-lactamase

the most common mechanism of resistance to β-lactam drugs. Some Acinetobacter

species have emerged as important nosocomial pathogens, among them those

known to form A. calcoaceticus-A.baumani complex. The major problem today with

identification of the species involved in these infectious processes is that the

phenotypic methods do not differentiate the infecting species. In this respect, the

present study evaluated the technique ARDRA-PCR (Restriction Analysis of

Amplified Ribosomal DNA) to identify 142 species of Acinetobacter isolates from 119

patients admitted to 12 hospitals in São Luis-MA. The results obtained using the

automated method Vitek®2 (Biomerieux, France) revealed that 138 (97.2%) isolates

were A. baumannii, 2 (1.4%) as A. ursingii and 2 (1.4%) and A. lwoffii. Investigating

the presence of four subgroups of carbapenemase by multiplex PCR technique found

a higher number of isolates with both the blaOXA-51 and blaOXA-23 genes. The blaOXA-51

gene was the second most prevalent. Furthermore, blaOXA-24 and blaOXA-58 genes

were also detected. The specific PCR detected the blaOXA-51 gene in 140 (98.6%)

isolates. The technique of PCR-ARDRA intraspecific differences detected between

the 142 isolates demonstrated to be a useful tool for studying the molecular genetic

diversity of the species Acinetobacter spp.

Keywords: Differentiation/identification; ARDRA-PCR; Acinetobacter spp.

Page 8: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Lista de espécies do gênero Acinetobacter com nomes válidos...

19

Tabela 2 -

Perfis ARDRA-PCR das 32 espécies de Acinetobacter constantes do Genbank utilizadas na digestão in silico e construção da matriz fenotípica para a geração do dendrograma.................................................................................

39

Tabela 3 - Sequência de iniciadores usados para detecção por Multiplex-PCR dos genes blaOXA nos isolados de Acinetobacter spp.................................................................................................

41

Tabela 4 - Características gerais dos 142 pacientes provenientes de hospitais públicos e privados de São Luís-MA..............................

44

Tabela 5 - Distribuição por hospital dos espécimes clínicos de onde os isolados foram recuperados..........................................................

45

Tabela 6 - Distribuição setorial dos 142 isolados recuperados de espécimes clínicos de pacientes atendidos em doze hospitais de São Luis-MA.............................................................................

45

Tabela 7 - Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos avaliados pelo Vitek2.....................................................................

46

Tabela 8 - Frequência de detecção dos genes para oxacilinase (OXA) por mPCR nos isolados avaliados......................................................

48

Tabela 9 - Análise comparativa entre perfil fenotípico de susceptibilidade aos antibióticos e presença de genes para oxacilinases...................................................................................

49

Tabela 10 - Perfis obtidos no ARDRA-PCR para os 142 isolados de Acinetobacter avaliados no presente estudo.................................

53

Tabela 11 - Resultado da análise de similaridade genética entre as sequências obtidas dos isolados quando submetida ao Blastn do Genbank...................................................................................

57

Page 9: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Perfis representativos dos resultados obtidos pela mPCR para a detecção simultânea dos genes tipo blaOXA-51, blaOXA-23, blaOXA-24 e blaOXA-58 em alguns isolados do estudo...........................................

47

Figura 2 - Gel de agarose 2% mostrando o produto de amplificação por PCR específica do gene blaOXA-51 de alguns isolados do estudo..............................................................................................

51

Figura 3 - Gel de agarose 1% mostrando o produto de amplificação por PCR específica para o gene da região 16S ribossomal de alguns isolados do estudo...........................................................................

52

Figura 4 - Gel de poliacrilamida 6% representando os produtos da digestão enzimática de alguns isolados identificados do estudo...................

53

Figura 5 - Dendrograma de similaridade genética derivado do coeficiente de similaridade DICE implementado pelo programa NTSYS mostrando as relações filogenéticas entre os 142 isolados do estudo e as 32 espécies de referência de Acinetobacter do Genbank..........................................................................................

55

Figura 6 - Árvore filogenética construída pelo programa Mega versão 5.2 usando o algoritmo de neighbor joining com valor de bootstrap de 1000 replicatas. A árvore foi baseada na sequência nucleotídica do fragmento de 1.432bp de 28 isolados que foram sequenciados e 32 sequências de diferentes espécies de Acinetobacter provenientes do Genbank........................................

57

Page 10: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACB Complexo Acinetobacter calcoaceticus-Acinetobacter baumannii

AFLP Polimorfismo no comprimento de fragmentos amplificados (do

inglês, Amplified fragment length polymorphism)

AMI Amicacina

AMP Ampicilina

AmpC Enzima cefalosporinase cromossomal β-lactamase de classe C

ARDRA Análise de restrição do DNA ribossomal amplificado (do inglês,

Amplified ribosomal DNA restriction analysis

ARI-1 Acinetobacter resistente ao imipenem (do inglês, Acinetobacter

resistant imipenem)

ASB Ampicilina/sulbactam

Bap Proteína associada ao biofilme (do inglês, biofilm associated

protein)

BHI Brain Heart Infusion

CAZ Ceftazidima

CIM Concentração inibotória mínima

CIP Ciprofloxacina

CHDL β-lactamases da classe D que hidrolisam carbapenêmicos (do

inglês, Carbapenem-Hydrolyzing Class D β-Lactamase)

CLSI Clinical Laboratory Standards Institute

CPM Cefepime

CT Cefoxitina

dATP Desoxiadenosina trifosfatado

dCTP Desoxicitidina trifosfatado

dGTP Desoxiguanosina trifosfatado

DNA Ácido desoxiribonucléico (do inglês, DeoxyriboNucleic Acid)

dNTP Desoxiribonuleotídeo trifosfatado

dTTP Desoxitimidina trifosfatado

EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético (do inglês,

Ethylenediaminetetraacetic acid)

ESBL β-lactamase de amplo espectro (do inglês, Expended-Spectrum β-

Page 11: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

lactamases)

FDA Food and Drug Administration

GEN Gentamicina

IMI Imipenem

Kb Kilobase

KPC Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase

MBLs Metalo-β-lactamases

MER Meropenem

Mpcr Reação em cadeia pela polimerase multiplex

OMP Proteína de membrana externa (do inglês, outer membrane protein)

OXA Oxacilinase

Pb Pares de base

PBP Proteína ligadora de penicilina (do inglês, penicillin binding protein)

PBS Solução salina tamponada com fosfato (do inglês, phosphate-

buffered saline)

PCR Reação em cadeia pela polimerase (do inglês, Polymerase Chain

Reaction)

RFLP Polimorfismo de tamanho do fragmento de restrição

PFGE Eletroforese em gel de agarose em campo pulsado (do inglês,

Pulsed Field Gel Electrophoresis)

POL Polimixina B

RAPD Amplificação randômica do DNA polimórfico

REP-PCR PCR das sequências palindrômicas extragênicas repetidas (do

inglês, Repetitive Extragenic Palindromic elements)

Rpm Rotação por minuto

TBE Tris-Borato-EDTA

TE Tris-EDTA

TGC Tigeciclina

TSA Ágar de soja tríptica (do inglês,Tryptic Soy Agar)

TSB Caldo de soja tríptica (do inglês, Tryptic Soy Broth)

TZP Piperacilina/tazobactam

UTI Unidade de terapia intensiva

Page 12: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

LISTA DE SÍMBOLOS

ºC Grau Celsius

µg Micrograma

µL Microlitro

µM Micromolar

HCl Ácido Clorídrico

L Litro

MG Miligrama

MgCl2 Cloreto de magnésio

mL Mililitros

mM Milimolar

mV Milivolt

nº Número

Ng Nanograma

pH Potencial hidrogeniônico

Pmol Picomol

V Volts

Page 13: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................. 14 2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................. 18

2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GÊNERO Acinetobacter............ 19 2.2 PATOGENICIDADE E FATORES DE VIRULÊNCIA......................... 22 2.2.1 Mecanismos de resistência a antimicrobianos............................ 24 2.2.2 Produção de β-Lactamases............................................................ 27

2.2.2.1 β-Lactamases do tipo OXA............................................................... 27 2.3 MÉTODOS MOLECULARES NA IDENTIFICAÇÃO E

CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA DO GÊNERO Acinetobacter....... 30

3 JUSTIFICATIVA................................................................................ 33 4 OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................ 34 4.1 OBJETIVO GERAL............................................................................ 34 4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................. 34 5 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................. 35

5.1 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA............................................... 35 5.2 ISOLADOS BACTERIANOS....................................................................... 35

5.3 AVALIAÇÃO FENOTÍPICA DOS ISOLADOS.................................... 35 5.4 ANÁLISE MOLECULAR.................................................................... 36 5.4.1 Extração do DNA Genômico Para Amplificação........................... 36 5.4.2 Ensaios de PCR Para a Detecção do Gene blaOXA-51.................... 37 5.4.3 Desenho dos Iniciadores e Ensaios de PCR................................. 37 5.4.4 Escolha da Enzima de Restrição e Ensaio de ARDRA-PCR........ 38 5.4.5 Aferição do Tamanho Molecular dos Fragmentos Gerados

pelo ARDRA-PCR e Confecção do Dendrograma........................ 40

5.4.6 Ensaios de Multiplex-PCR (mPCR) Para a Detecção de Genes blaOXA................................................................................................

41

5.5 PURIFICAÇÃO E SEQUENCIAMENTO DOS PRODUTOS DE PCR DE ALGUNS ISOLADOS..........................................................

41

5.6 ANÁLISE COMPUTACIONAL DAS SEQUÊNCIAS PARA INFERÊNCIAS FILOGENÉTICAS........................................................................................

42

5.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS............................................................... 43 6 RESULTADOS.................................................................................. 44 7 DISCUSSÃO..................................................................................... 59 8 CONCLUSÃO..................................................................................... 68

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 69

Page 14: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

14

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas tem sido observado um aumento significativo no número

de casos de infecções hospitalares causadas por Acinetobacter spp., e vários surtos

têm sido registrados em todo o mundo. As espécies envolvidas nessas infecções

são difíceis de serem erradicadas porque frequentemente apresentam

multirresistência à maioria dos antimicrobianos disponíveis (YABUMOTO;

OLIVEIRA, 2011).

As bactérias pertencentes ao gênero Acinetobacter spp., têm se tornado

patógenos predominantes no ambiente hospitalar, sendo isolado principalmente de

pacientes imunodeprimidos e lotados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI’s), e

provavelmente, essas infecções estão relacionadas a procedimentos invasivos

utilizados em pacientes nestas unidades (BERGOGNE-BÉRÉZIN; TOWNER, 1996;

TOWNER, 1997).

Algumas espécies do gênero Acinetobacter têm emergido como importantes

patógenos hospitalares, dentre elas aquelas conhecidas por formarem o complexo

A. calcoaceticus-A. baumannii constituído pelas espécies A. calcoaceticus, A.

baumannii, A. nosocomialis (conhecido como Acinetobacter genoespécie 13TU), e

A. pittii (conhecido como Acinetobacter genoespécie 3) (YABUMOTO; OLIVEIRA,

2011). Estudos têm apontado as três últimas espécies como as mais comumente

associadas com infecções humanas. Destas, A. baumannii tem sido a mais isolada

em diferentes tipos de infecções oportunistas, incluindo septicemia, pneumonia,

endocardite, meningite, peritonite em pacientes submetidos à diálise peritoneal,

infecção de pele e tecidos, e infecção do trato urinário (YABUMOTO; OLIVEIRA,

2011).

Assim, o controle das infecções causadas por A. baumannii se tornou um

problema de saúde pública em muitos países devido à capacidade que esse micro-

organismo apresenta de adquirir genes de resistência de forma muito rápida levando

à multirresistência (BERGOGNE-BÉRÉZIN; TOWNER, 1996; LANDMAN et al.,

2002).

Além das espécies que formam o complexo A. calcoaceticus-A. baumannii,

outras espécies como A. junii, A. johnsonii, A. ursingii e A. schindleri podem estar,

acidentalmente, associadas a infecções (DIJKSHOORN et al., 2007; Di NOCERA et

al., 2011).

Page 15: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

15

Por outro lado, ressalta-se a importância do conhecimento das espécies que

estão emergindo e acometendo os pacientes, principalmente aqueles em estado

crítico com alto risco de vida (YABUMOTO; OLIVEIRA, 2011). Atualmente, a

identificação em laboratório de microbiologia clínica das espécies de Acinetobacter é

difícil de ser realizada porque estas bactérias apresentam características fenotípicas

semelhantes e também devido ao seu metabolismo pouco ativo (LA ESCOLA et al.,

2006). Além disso, um clone da mesma linhagem pode expressar características

diferentes (LUPSKI, 1987). Neste aspecto, a diferenciação entre as espécies deste

complexo é feita apenas por métodos genotípicos, metodologia esta ainda restrita

aos laboratórios de referência.

Diferentes técnicas de tipagem molecular têm sido utilizadas para o estudo da

epidemiologia dos surtos das infecções causadas por Acinetobacter, tais como:

fagotipagem, eletroforese de proteínas, análise do conteúdo total plasmidial,

Polimorfismo de tamanho do fragmento de restrição (PCR-RFLP), Ribotipagem,

Eletroforese em gel de agarose em campo pulsátil (PFGE), amplificação randômica

do DNA polimórfico (RAPD), PCR das sequências palindrômicas extragênicas

repetidas (REP-PCR), entre outras. Por outro lado, algumas destas técnicas têm

baixo poder discriminatório, enquanto outras são demoradas e complexas

necessitando de equipamentos sofisticados e profissionais qualificados para

executar (VILA et al., 1996; WOODFORD; FAGAN; ELLINGTON, 2006; PELEG;

SEIFERT; PATERSON, 2008).

A diferenciação entre os isolados do complexo A. calcoaceticus-A. baumannii

é clinicamente importante uma vez que as espécies pertencentes a este complexo

apresentam características biológicas e patogênicas distintas, o que pode ser

relevante na eficácia do tratamento. Há uma necessidade de realização de estudos

moleculares epidemiológicos para que se possa entender melhor a relação

filogenética entre as genoespécies. Os resultados serão úteis para um melhor

tratamento clínico e controle da infecção (SEIFERT et al., 1993; DIEZ et al., 2004;

IDZENGA et al., 2006).

A compreensão dos mecanismos fundamentais das infecções causadas por

Acinetobacter, incluindo as fontes originais dos organismos infecciosos, sua

clonalidade e distribuição geográfica, é importante para o desenvolvimento de

medidas apropriadas de controle da infecção. A identificação genotípica permite a

Page 16: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

16

investigação da expansão clonal podendo ser utilizada também para identificar a

fonte da infecção (ECKER et al., 2006).

Nos últimos anos inúmeras técnicas moleculares têm sido utilizadas para

detectar genes específicos em algumas espécies de Acinetobacter, como por

exemplo, a Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR), que geralmente é aplicada

para a detecção de genes de resistência à antimicrobianos que expressam β-

lactamases de amplo espectro (ESBL-Extended-spectrum β-lactamase), as metalo-

β-lactamases (MBLs) e também as carbapenemases (KPCs) (TENOVER et al.,

1995; NEELEMAN et al., 2004; WALSH et al., 2010).

Variações na técnica tradicional de PCR têm sido implementadas por

pesquisadores em todo o mundo para o diagnóstico de doenças infecciosas

causadas por diferentes patógenos. Entre essas variações destaca-se a Multiplex-

PCR (mPCR). Esta permite a amplificação de vários alvos em um único ensaio de

PCR. Neste caso, mais de uma sequência alvo é amplificada pela utilização de

múltiplos pares de iniciadores em um único tubo de reação. Esta metodologia tem o

potencial de promover economia de tempo e de trabalho laboratorial sem

comprometer o desempenho do experimento (ELNIFRO et al., 2000). A mPCR tem

sido utilizada com sucesso para a detecção e diferenciação de clones de diferentes

espécies bacterianas, inclusive para Acinetobacter, com perfil de resistência aos

antimicrobianos β-lactâmicos (WOODFORD; FAGAN; ELLINGTON, 2006;

WOODFORD et al., 2006).

Além das aplicações na área de diagnóstico, técnicas moleculares baseadas

na PCR têm sido aplicadas também para fins taxonômicos, tais como o ARDRA-

PCR (Polymerase chain reaction - Amplified ribosomal DNA restriction analysis).

Este método consiste da amplificação por PCR do DNA ribossomal, em seguida o

produto amplificado é digerido com uma enzima de restrição e o resultado é

observado em gel. Até o momento, cinco enzimas (CFOI, AluI, Mbol, RsaI e MspI)

têm sido as mais utilizadas em análises por ARDRA-PCR para a diferenciação das

linhagens de Acinetobacter spp. Padrões de restrição são examinados visualmente e

comparados com uma biblioteca de perfis de estirpes de referência das espécies

descritas (NEMEC et al., 2009). Ressalta-se que, a análise de restrição da região do

DNA ribossomal amplificado tem sido muito utilizada para estudos da diversidade

genética intraespécie para diferentes micro-organismos.

Page 17: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

17

O valor do método ARDRA-PCR está na sua rapidez e capacidade para

avaliar diferenças entre grupos filogenéticos, efetuando análises em vários níveis de

classificação, inclusive em estudos de evolução, gerando novos marcadores para

estudos de genética de populações (JORGENSEN; CLUSTER, 1989). Além disso,

os resultados obtidos por ARDRA-PCR com um grande número de linhagens

bacterianas de diferentes espécies têm demonstrado uma boa correlação com

aqueles obtidos pela técnica de hibridização, considerada padrão ouro para a

classificação taxonômica de vários micro-organismos, incluindo os pertencentes ao

gênero Acinetobacter (DIJKSHOORN et al., 1998; JAWAD et al., 1998a).

Neste cenário, e devido ao aumento no número de infecções hospitalares

causadas por diferentes espécies de Acinetobacter, é de suma importância a

identificação rápida e correta da espécie infectante, bem como o conhecimento do

perfil de resistência dos isolados frente aos antimicrobianos β-lactâmicos,

especialmente os carbapenêmicos, considerados as drogas de escolha para o

tratamento de infecções causadas por bactérias que expressam β-lactamases de

amplo espectro.

A identificação das espécies de Acinetobacter é fundamental a fim de se

averiguar se as linhagens epidemiologicamente relacionadas são também

geneticamente relacionadas. Além disso, o conhecimento do perfil de resistência das

linhagens deste micro-organismo que estão circulando no ambiente hospitalar

poderá ajudar os profissionais de saúde na escolha de antimicrobianos mais efetivos

na prática clínica.

Page 18: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

18

2 REVISÃO DE LITERATURA

A história do gênero Acinetobacter teve início em 1911 quando Beijerinck, um

microbiologista holandês, utilizando meio mínimo enriquecido com acetato de cálcio,

isolou este micro-organismo a partir do solo, denominando-o de Micrococcus

calcoaceticus. Nas décadas seguintes vários micro-organismos similares foram

descritos. Em 1954, Brisou e Prevot, propuseram a formação do gênero

Acinetobacter (oriundo do grego akinetos, não móveis) para separar as bactérias

imóveis daquelas que apresentam motilidade e pertencentes ao gênero

“Achromobacter”. Baumann et al. (1968), propôs que diversas bactérias oxidase-

negativas classificadas no grupo Moraxella na verdade pertenciam ao gênero

Acinetobacter e que a subclassificação em espécies baseada em características

fenotípicas era impossível.

No ano de 1971, o gênero Acinetobacter foi oficialmente reconhecido pelo

Subcomitê em Taxonomia de Moraxella e outras bactérias afins (PELEG; SEIFERT;

PATERSON, 2008). Em 1974, este gênero foi listado pela primeira vez no Manual

Bergey de Bacteriologia Sistemática e a linhagem A. calcoaceticus foi considerada a

cepa padrão para o gênero e espécie. Posteriormente, Bouvet e Grimont (1986),

baseados em estudos de hibridização DNA-DNA, descreveram 12 genoespécies de

Acinetobacter, que podiam ser diferenciadas por vinte e oito testes fenotípicos,

algumas destas receberam denominação: Acinetobacter calcoaceticus, A. lwofii, A.

haemolyticus, A. baumannii, A. johnsonii e A. junii. Posteriormente foram incluídas

mais espécies genômicas a este esquema, pois apesar dos diversos estudos de

hibridização já realizados, sempre surgem novas variedades não classificadas

sugerindo que a variedade deste gênero vai além dos grupos já descritos (NEMEC

et al., 2001).

Atualmente, o gênero Acinetobacter compreende 34 espécies com

denominações formalmente definidas (Tabela 1) (KIM et al., 2014). O gênero

Acinetobacter apresenta uma grande diversidade que pode ser observada pela

variedade de grupos fenotípicos e de grupos de DNA homólogos que têm sido

definidos (LUIZ, 2006; POIREL et al., 2010).

Page 19: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

19

Tabela 1 – Lista de espécies do gênero Acinetobacter com nomes válidos

A. baumannii A. brisouii A. junii A. schindleri

A. nosocomialis A. gerneri A. kookii A. soli

A. pittii A. grimontii A. lwoffii A. tandoii

A. calcoaceticus A. guillouiae A. nectaris A. tjernbergiae

A. baylyi A. gyllenbergii A. parvus A. towneri

A. beijerinckii A. haemolyticus A. puyangensis A. ursingii

A. bereziniae A. harbinensis A. qingfengensis A. venetianus

A. boissieri A. indicus A. radioresistens

A. bouvetii A. johnsonii A. rudis

Fonte: Adaptada de Kim et al. (2014)

As espécies A. calcoaceticus, A. baumannii, A. genoespécie 3 e A.

genoespécie 13TU são intimamente relacionadas sendo difícil diferenciá-las através

das suas características fenotípicas. Assim, em 1992, foi proposto o agrupamento

dessas espécies no complexo Acinetobacter calcoaceticus-Acinetobacter baumannii

(ACB) (GERNER-SMIDT; TJERNBERG; URSING, 1991; GERNER-SMIDT, 1992).

Ou seja, o conhecimento da biologia e ecologia das espécies deste gênero

bacteriano ainda é limitado, isso porque a identificação em nível de espécie também

é limitada (VANEECHOUTTE; DE BAERE, 2007). Por outro lado, o sistema de

identificação fenotípica, composto por diferentes testes bioquímicos (biotipagem),

padrões de susceptibilidade a antimicrobianos, reações sorologias, tipagem de fagos

e de perfis de proteínas tem sido amplamente utilizados, mas alguns estudos têm

mostrado que este esquema não cobre a variabilidade genômica de todas as

espécies do gênero Acinetobacter (GERNER-SMIDT; TJERNBERG; URSING, 1991;

VANEECHOUTTE; DE BAERE, 2007). Estes métodos têm sido gradativamente

substituídos por métodos moleculares (PELEG; SEIFERT; PATERSON, 2008).

2.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GÊNERO Acinetobacter

As espécies do gênero Acinetobacter são morfologicamente do tipo coco

bacilos, gram-negativos, pleomórficos, aeróbios estritos, não fermentadores de

açúcares, imóveis, oxidase-negativos e catalase positivos que pertencem à família

Moraxellaceae. Podem ser cultivadas in vitro em meios comumente utilizados na

Page 20: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

20

rotina dos laboratórios onde formam colônias planas, por vezes mucóides de

coloração branco-acinzentada com diâmetro de 1,5 a 3mm em temperatura de 37ºC

e que apresentam um conteúdo de G + C em seu DNA de 39% a 47% (PELEG;

SEIFERT; PATERSON, 2008).

O número de genes, nas espécies já sequenciadas de Acinetobacter, varia de

3690 em A. baumannii a 2874 em A. radioresistens. As espécies que formam o

complexo A. calcoaceticus-A.baumannii possuem os maiores genomas (3.94Mb) e

estão mais intimamente relacionadas, já A. radioresistens possui o menor genoma

(3.16Mb) (PELEG et al., 2012; SAHL et al., 2013). A filogenia do sequenciamento do

gene 16S rRNA demonstrou que A. radioresistens é o clado mais basal entre

Acinetobacter spp., previamente sequenciadas (SAHL et al., 2013).

As espécies pertencentes a este gênero apresentam uma elevada

versatilidade nutricional e metabólica adaptando-se facilmente a diferentes

ambientes, assim, são amplamente distribuídas na natureza e encontradas em água,

solo, lama, vegetais, fezes animais e colonizando a pele humana sendo geralmente

consideradas não patogênicas em indivíduos saudáveis (BERLAU et al., 1999;

DIJKSHOORN et al., 2005). Algumas linhagens são isoladas de alimentos e outras

são capazes de sobreviver em diversos equipamentos médicos e até mesmo na pele

humana saudável (YABUMOTO; OLIVEIRA, 2011). Além disso, este agente pode

sobreviver em condições ambientais adversas tais como a dessecação, soluções

desinfetantes e variações de temperatura, podendo ser encontrado no ambiente

hospitalar em equipamentos de diálise, ventiladores mecânicos, no sistema de

ventilação, nas fontes de água, nas preparações medicamentosas e em

desinfetantes (McDONALD et al., 1998; GUSTEN et al., 2002; LANDMAN et al.,

2002; BERNARDS et al., 2004). Devido a sua capacidade de sobreviver em diversas

superfícies (úmidas e secas) tornaram-se importantes fontes de infecção no

ambiente hospitalar para pacientes debilitados (YABUMOTO; OLIVEIRA, 2011).

Algumas espécies do gênero Acinetobacter são clinicamente mais

importantes do que outras, talvez isso seja explicado pela presença de determinados

genes apenas em espécies patogênicas e ausentes nas demais. Peleg et al. (2012)

identificaram 51 genes, incluindo 12 supostos operons, presentes apenas em

linhagens patogênicas de A. baumannii, A. pittii e A. nosocomiallis. Um desses

operons é o csu que inclui os genes CsuA/BABCDE e codifica proteínas envolvidas

Page 21: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

21

em uma chaperona que parece ser importante na montagem do pilli, aderência a

superfícies abióticas e formação de biofilme (PELEG et al., 2012).

A espécie A. baumannii é considerada clinicamente a mais importante e com

o maior número de surtos e relatos de multirresistência aos antimicrobianos. Esta

espécie é o segundo bacilo Gram-negativo não fermentador mais prevalente em

infecções hospitalares, sendo superado apenas pelo gênero Pseudomonas

(DIJKSHOORN et al., 2007; PELEG; SEIFERT; PATERSON, 2008). Na grande

maioria das infecções causadas por este patógeno, o tratamento é difícil de ser

realizado devido à expressão do fenótipo de resistência às várias classes de

antimicrobianos, incluindo os carbapenêmicos, o que se torna uma grande

preocupação pela falta de terapias eficazes e assim uma urgência clínica e

epidemiológica global (PELEG; SEIFERT; PATERSON, 2008). Recentemente, como

consequência do desenvolvimento das técnicas de identificação laboratoriais, A. pittii

e A. nosocomialis também emergiram como espécies clinicamente importantes, com

cada vez mais relatos de surtos e resistência aos antibióticos (PELEG et al., 2012).

As genoespécies do complexo ACB diferem nas suas características

biológicas e patogênicas, por exemplo, A. calcoaceticus é considerado um patógeno

ambiental sendo raramente apontado como causa de doenças graves, foi observada

também diferenças entre as genoespécies na sua capacidade de colonizar a pele

humana, susceptibilidade a antimicrobianos e mecanismos de resistência

(TJERNBERG, 1990; GERNER-SMIDT, 1992; SEIFERT et al., 1997; BERLAU et al.,

1999; RIBERA et al., 2004; LIM; SHIN; KIM, 2007; KO et al., 2008; PELEG;

SEIFERT; PATERSON, 2008; SHENG et al., 2009).

As espécies A. lwoffii, A. ursingii e A. parvus são regularmente encontradas

em isolados clínicos e estão associadas a infecções mais graves, sendo

considerados patógenos emergentes. Outras espécies como A. johnsonii e A.

radioresistens foram identificadas apenas como colonizadoras da pele humana ou

raramente causando doenças em humanos. Até o momento, segundo a literatura, a

espécie A. calcoaceticus ainda não foi identificada como causador de doenças

humanas graves (PELEG; SEIFERT; PATERSON, 2008; TURTON et al., 2010).

Alguns fatores de virulência que permitem a sobrevivência e adaptação de

Acinetobacter spp., no ambiente hospitalar são a sua habilidade em captar o ferro do

meio ambiente, resistência à dessecação, produção de uma cápsula polissacarídica

em algumas linhagens e a capacidade de aderir a diferentes superfícies pela

Page 22: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

22

formação de biofilmes e aderência às células do epitélio respiratório através de pili

(FOURNIER; RICHET, 2006; LEE et al., 2006).

2.2 PATOGENICIDADE E FATORES DE VIRULÊNCIA

As bactérias pertencentes ao gênero Acinetobacter causam, principalmente,

infecções oportunistas em pacientes críticos internados em UTI (DIJKSHOORN;

NEMEC; SEIFERT, 2007). No passado estas espécies eram consideradas

organismos de baixa virulência (JOLY-GUILLOU, 2005). Apesar da grande

quantidade de estudos envolvendo as espécies do gênero Acinetobacter, pouco se

sabe sobre o seu verdadeiro potencial patogênico e fatores de virulência (HOWARD

et al., 2012).

O maior número de isolados obtidos de secreção respiratória e urina

demonstra que a colonização é mais comum do que a infecção, isto enfatiza

também que a patogenicidade dessas espécies é baixa, no entanto, uma vez

desenvolvida a infecção esta pode ser grave. Tem sido observado que a maioria das

infecções envolve órgãos com elevada quantidade de fluido, como o trato

respiratório e urinário, mas também no peritônio. O acúmulo de fluido peritoneal

pode estar associado aos dispositivos de longa permanência (FOURNIER; RICHET,

2006; DIJKSHOORN; NEMEC; SEIFERT, 2007).

Ao contrário de muitas bactérias Gram-negativas que não resistem à

dessecação e não sobrevivem em ambiente seco, os membros do gênero

Acinetobacter, principalmente A. baumannii, podem sobreviver em ambiente

inanimado por longos períodos de tempo, o que contribui para a sua permanência e

transmissibilidade em ambiente hospitalar (BEGGS et al., 2006).

A capacidade que as espécies de Acinetobacter apresentam de sobreviver

em superfícies secas e na pele é uma característica importante na sua

epidemiologia. Essa resistência à dessecação pode explicar também o motivo de

espécies que apresentam uma baixa resistência como A. johnsonii, A. junii e A.

lwoffii não serem comumente relacionadas a surtos hospitalares, ao contrário do que

acontece com A. baumannii que, devido a sua patogenicidade e capacidade de

sobreviver em superfícies secas, é a espécie mais importante do gênero sendo

responsável por cerca de 80% dos surtos hospitalares (FORSTER et al., 1998;

AYGUN et al., 2002; BEGGS et al., 2006). Foi demonstrado por Jawad et al. (1998b)

Page 23: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

23

que A. baumanni é capaz de sobreviver por uma média de 27 dias em ambiente com

umidade relativa de 31%. Um estudo realizado por Wendt et al. (1997) mostrou que

linhagens de A. baumannii isoladas de fontes secas (fronhas e bancada de trabalho)

apresentaram maiores taxas de sobrevivência do que as linhagens isoladas de

fontes molhadas (urina e esgoto). Alguns isolados de Acinetobacter podem

sobreviver por mais de quatro meses sob condições secas. Essa característica

parece estar mais relacionada com a linhagem do que com a espécie (WENDT et al.,

1997).

Outros fatores de virulência implicados no sucesso do estabelecimento de

infecções em algumas espécies de Acinetobacter, principalmente A. baumannii, são

a formação de biofilme e a capacidade de aderência às células epiteliais,

consideradas uma etapa essencial e o primeiro passo na colonização do hospedeiro

(BEACHEY, 1981).

O biofilme é constituído de comunidades microbianas caracterizadas por

células ligadas, irreversivelmente, a um substrato e incorporadas em uma matriz

polimérica extracelular produzida por elas próprias. A formação de biofilme parece

ser uma característica patogênica importante principalmente na pneumonia

associada à ventilação mecânica e infecções intravasculares (COSTERTON;

STEWART; GREENBERG, 1999). Um estudo realizado por Lee et al. (2008)

demonstrou uma alta capacidade de linhagens de A. baumannii em formar biofilme e

aderir a células epiteliais do trato respiratório. Essa característica juntamente com a

resistência a vários antimicrobianos podem contribuir para a sobrevivência e

disseminação desse micro-organismo no ambiente hospitalar. Gurung et al. (2013),

utilizando o método do teste em tubo, demonstraram que 50% dos isolados de A.

baumannii foram produtores de biofilme, além disso, a resistência a amicacina,

ceftazidima, ciprofloxacino, ceftriaxona e ofloxacino foi maior nos isolados

produtores do que nos isolados não produtores de biofilme. Assim, a formação de

biofilme é importante na patogênese de algumas infecções causadas por A.

baumannii (RODRÍGUEZ-BAÑO et al., 2008).

A proteína associada ao biofilme (Bap) é um componente essencial na

formação e maturação do biofilme em diversas superfícies, incluindo as encontradas

em ambiente hospitalar. Esta proteína, encontrada em A. baumannii, parece

contribuir para a aderência às células eucarióticas devido a sua propensão em

aumentar a hidrofobicidade da superfície da bactéria (BROSSARD; CAMPAGNARI,

Page 24: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

24

2012). A formação de biofilme por A. baumannii permite o seu crescimento em

condições e ambientes desfavoráveis (HOWARD, 2012).

Outro importante fator de virulência de A. baumannii é a proteína de

membrana externa (OMP). Um estudo realizado por Choi et al. (2005) demonstrou

que a Omp38 é uma potente citotoxina que induz a apoptose em células epiteliais

nas infecções causadas por este micro-organismo. Esta apoptose pode romper a

mucosa e permitir o acesso das bactérias ou dos produtos bacterianos para os

tecidos profundos (CHOI et al., 2005).

Nos últimos anos, as fosfolipases C e D têm sido consideradas importantes

fatores de virulência em A. baumannii. A fosfolipase D permite que essa bactéria

sobreviva no soro humano e invada células epiteliais pulmonares, já a fosfolipase C

aumenta a toxicidade para células epiteliais (CARMARENA et al., 2010; JACOBS et

al., 2010).

2.2.1 Mecanismos de resistência a antimicrobianos

A resistência antimicrobiana é um problema crescente percebido desde o

início do uso dos primeiros antimicrobianos e reflete a seleção Darwiniana, uma vez

que essas drogas matam ou impedem o crescimento das bactérias suscetíveis, mas

permitem a sobrevivência e multiplicação das linhagens bacterianas resistentes

(LIVERMORE; DUDLEY, 2000; TENOVER, 2006).

Apesar da resistência a antimicrobianos não ser um fato novo, o número e a

amplitude de micro-organismos resistentes, juntamente com a grande quantidade de

localizações geográficas atingidas, é algo alarmante e sem precedentes (LEVY;

MARSHALL, 2004).

Nas últimas décadas, o uso indiscriminado de antimicrobianos e de

quimioterápicos tem exercido uma pressão seletiva sobre vários gêneros de micro-

organismos levando ao surgimento de espécies resistentes ou até mesmo

multirresistentes. Atualmente, observa-se que um grande número de espécies tem

desenvolvido resistência à maioria dos antimicrobianos convencionais (PERES-

BOTA et al., 2003; PITTET, 2005; DEPARDIEU et al., 2007).

Alguns micro-organismos podem utilizar várias formas para escapar da ação

letal de um determinado antimicrobiano, tais como: (i) diminuição do acúmulo

intracelular da droga, alteração da permeabilidade da membrana externa e ativação

Page 25: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

25

da bomba de efluxo; (ii) alteração do sítio de ação da droga e (iii) degradação

enzimática da droga, este é o principal e mais frequente mecanismo de resistência.

A existência de vários destes mecanismos no mesmo micro-organismo pode explicar

a multirresistência (DEPARDIEU et al., 2007).

As bactérias podem apresentar mecanismos de resistência intrínsecos ou

extrínsecos (adquiridos). Os intrínsecos são naturais da espécie, como por exemplo,

sistemas de efluxo e β-lactamases do tipo AmpC. Os adquiridos estão relacionados

a mutações cromossomais ou aquisição de genes de resistência de outros micro-

organismos através da transferência horizontal. Essa transferência é o principal

mecanismo de disseminação de resistência bacteriana e pode ocorrer por

transformação, transdução ou conjugação. Os genes de resistência podem ainda,

ser incorporados ao cromossomo por recombinação (DZIDIC; SUSKOVIC; KOS,

2008).

A seleção e vantagens adquiridas pelas linhagens resistentes; a transferência

e disseminação de genes de resistência entre as bactérias através de plasmídeos,

transposons e integrons; e a propagação epidêmica dos isolados resistentes entre

pacientes, hospitais e países são fatores que contribuem para o aumento da

resistência. A relativa importância desses processos varia de acordo o patógeno e o

antimicrobiano (LIVERMORE; DUDLEY, 2000).

Nos últimos anos têm aumentado os relatos de casos de infecções

hospitalares causadas por linhagens multirresistentes de Acinetobacter. O termo

multirresistente não apresenta uma definição padrão, geralmente é utilizado na

caracterização de isolados resistentes a três ou mais classes de antimicrobianos

usados em tratamentos (PEREZ et al., 2007).

Até o início da década de 70 as infecções causadas por A. baumannii eram

tratadas com sucesso com ampicilina, gentamicina, ácido nalidíxico ou minociclina. A

partir de 1975 vários surtos demonstraram o aumento da resistência em isolados

clínicos das espécies de Acinetobacter (BERGOGNE-BÉRÉZIN; TOWNER, 1996).

Atualmente uma elevada proporção de linhagens pertencentes a este gênero tornou-

se clinicamente resistente à maioria dos antibióticos utilizados na clínica. Uma das

características mais alarmantes desse patógeno é a sua capacidade de desenvolver

resistência a todos os antimicrobianos disponíveis, incluindo os carbapenêmicos que

são considerados agentes antimicrobianos de escolha no tratamento de infecções

graves causadas por este micro-organismo (POIREL; NORDMANN, 2006;

Page 26: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

26

GARNACHO-MONTERO; AMAYA-VILLAR, 2010). O rápido surgimento de linhagens

de A. baumannii com esta característica demonstra a capacidade que esse micro-

organismo possui em responder rapidamente às pressões seletivas do ambiente

(PELEG; SEIFERT; PATERSON, 2008).

Os carbapenêmicos pertencem à classe dos antimicrobianos β-lactâmicos de

amplo espectro derivados da tienamicina, possuem estabilidade frente à maioria das

beta-lactamases de amplo espectro (ESBL), por isso são utilizados no tratamento de

infecções causadas por bactérias Gram-negativas multirresistentes (RODLOFF;

GOLDSTEINM; TORRES, 2006). No entanto, a elevação dos índices de resistência

a estes antimicrobianos tem sido observada em todo o mundo, inclusive no Brasil,

isto representa um sério problema, uma vez que, os carbapenêmicos são

considerados um dos últimos recursos para o tratamento de infecções causadas por

isolados multirresistentes (WALSH et al., 2002). Assim, para o tratamento das

infecções causadas por Acinetobacter spp., resistentes aos carbapenêmicos restam

apenas antibióticos potencialmente mais tóxicos, como a polimixina ou ampicilina-

sulbactam para o qual muitos isolados já são resistentes (GALES et al., 2003).

A resistência aos β-lactâmicos está associada a uma variedade de

mecanismos que incluem β-lactamases, diminuição da permeabilidade de

membrana devido à perda ou redução na expressão de porinas, alteração nas

proteínas ligadoras de penicilina (PBPs) e superexpressão de bombas de efluxo. A

combinação de vários destes mecanismos pode estar presente no mesmo micro-

organimo (CLARK, 1996; FERNÁNDEZ-CUENCA et al., 2003). No entanto, o

mecanismo mais comum de resistência aos antibióticos β-lactâmicos, em A.

baumannii, é a presença de β-lactamases que são enzimas capazes de hidrolisar o

anel β-lactâmico, transformando os antibióticos correspondentes em produtos

inativos (ZARRILLI et al., 2009). Em especial, as β-lactamases da classe B de

Ambler (também denominadas de metalo-β-lactamases, MBLs) e da classe D de

Ambler (OXA-carbapenemases), têm sido identificadas mundialmente em isolados

de A. baumannii resistentes aos carbapenêmicos. (AFZAL-SHAH; WOODFORD;

LIVERMORE, 2001; NAAS et al., 2005).

Page 27: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

27

2.2.2 Produção de β-Lactamases

As β-Lactamases são enzimas que protegem as bactérias da ação letal dos

antibióticos β-lactâmicos (MEDEIROS, 1997). A sua produção é o principal e mais

comum mecanismo de resistência aos antimicrobianos β-lactâmicos. Uma vez que,

as penicilinas, cefalosporinas e carbapenêmicos são os antimicrobianos mais

utilizados no tratamento de várias infecções, a presença de tais enzimas

desempenha um papel fundamental na escolha do melhor tratamento (BUSH;

JACOBY, 2010). As β-lactamases são consideradas também o mais diverso grupo

de enzimas relacionadas à resistência em bactérias Gram-negativas. Mais de

cinquenta diferentes tipos já foram identificados em A. baumannii (DIJKSHOORN;

NEMEC; SEIFERT, 2007).

A classificação das β-lactamases pode ser feita de acordo com suas

propriedades funcionais (classificação de Bush) ou características moleculares

(classificação de Ambler). A classificação de Ambler foi feita de acordo com a

homologia de aminoácidos e resultou em quatro classes (A, B, C, D), as enzimas

pertencentes às classes moleculares A, C e D possuem serina no seu sítio ativo, já

as pertencentes à classe B são metalo-β-lactamases e possuem zinco no seu sítio

ativo. A classificação de Bush foi feita baseada no grupo específico de substrato e

perfil de inibição em uma tentativa de agrupar essas enzimas de acordo com o seu

fenótipo em isolados clínicos (AMBLER, 1980; BUSH; JACOBY; MEDEIROS, 1995;

BUSH; JACOBY, 2010).

As carbapenemases são β-lactamases que possuem a peculiar capacidade

de hidrolisar os mais potentes β-lactâmicos, os carbapenêmicos, sendo

responsáveis pelo aumento da concentração inibitória mínima (CIM) detectada em

ensaios de susceptibilidade (QUEENAN; BUSH, 2007; POIREL; PITOUT;

NORDMANN, 2007).

2.2.2.1 β-Lactamases do tipo OXA

As OXA-carbapenemases são enzimas pertencentes à classe D de Ambler

(CHDLs) e têm sido consideradas mundialmente como as mais comuns, sendo o

principal mecanismo de resistência aos carbapenêmicos em espécies de

Acinetobacter (BROWN; AMYES, 2006; POIREL; NAAS; NORDMANN, 2010). Essas

Page 28: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

28

enzimas são codificadas pelos genes blaOXA e podem ser classificadas em oito sub-

grupos dos quais OXA-23, OXA-24/40, OXA-51, OXA-58 e OXA-143 já foram

identificados em A. baumannii (HIGGINS et al., 2009; HIGGINS et al., 2010a). As

enzimas do tipo OXA que apresentam um elevado grau de similaridade genética são

agrupadas no mesmo subgrupo. Essa classificação foi feita de acordo com a

identidade entre as sequências de aminoácidos das variantes dessas enzimas

(BROWN; AMYES, 2006; FEIZABADI et al., 2008). A denominação dessas enzimas

se deve ao fato de hidrolisarem a oxacilina mais eficientemente do que as

benzilpenicilinas. As oxacilinases hidrolisam também a meticilina, amoxicilina,

cefaloridina e, até certo ponto, cefalotina. Apenas algumas destas enzimas

hidrolisam as cefalosporinas de amplo espectro, já a propriedade de hidrolisar os

carbapenêmicos parece ser intrínseca a elas (POIREL; NORDMANN, 2006).

A eficiência hidrolítica das oxacilinases contra os carbapenêmicos é menor do

que a capacidade das MBLs, porém foi demonstrado que as enzimas do tipo OXA

podem ser superexpressadas quando associadas com elementos móveis como o

ISAba1 resultando na diminuição da suscetibilidade a estes antimicrobianos

(POIREL; NORDMANN, 2006; TURTON et al., 2006a). Essas enzimas são

resistentes a inibição por clavulanato e tazobactam (POIREL; NORDMANN, 2006).

É elevada a incidência das linhagens bacterianas resistentes aos

carbapenêmicos associadas às oxacilinases, essas linhagens estão relacionadas a

surtos infecciosos e contribuem para o óbito dos pacientes (BROWN; AMYES,

2006). A grande maioria das oxacilinases tem sido descobertas em A. baumannii

(QUEENAN; BUSH, 2007).

O mecanismo de ação das oxacilinases se inicia pela ligação não covalente

da enzima ao antibiótico formando um complexo intermediário. Em seguida o anel β-

lactâmico é atacado pelo grupo hidroxila ligado ao resíduo de serina do sítio ativo da

enzima formando um grupo acil-éster. A hidrólise desse éster resulta na liberação da

droga inativa (LIVERMORE, 1995).

A primeira oxacilinase foi identificada em um isolado clínico de A. baumannii

em 1985 na Escócia. Esta enzima, que é codificada por plasmídeo, foi inicialmente

denominada ARI-1. Posteriormente, com o sequenciamento do seu gene, a enzima

recebeu o nome de OXA-23 (PATON et al., 1993; SCAIFE et al., 1995; DONALD et

al., 2000).

Page 29: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

29

Outras enzimas fazem parte do sub-grupo da OXA-23, tais como: OXA-27 e

OXA-49, ambas identificadas em isolados de A. baumannii, a primeira em Singapura

e a segunda na China (AFZAL-SHAH; WOODFORD; LIVERMORE, 2001; POIREL;

NORDMANN, 2006). Entre as oxacilinases, as variantes que fazem parte do sub-

grupo da OXA-23 têm sido detectadas em todo o mundo e são apontadas como as

carbapenemases predominantes em espécies de Acinetobacter de muitas regiões

geográficas (CORRÊA et al., 2012). No Brasil, o primeiro relato de linhagens de A.

baumannii produtoras dessa enzima foi em um trabalho realizado por Dalla-Costa et

al. (2003) na cidade de Curitiba-PR. Depois, outros relatos de isolados clínicos de

espécies de Acinetobacter produtores de OXA-23 foram feitos em Porto Alegre-RS,

Rio de Janeiro-RJ, Niterói-RJ, São Paulo-SP, Belo Horizonte-MG, Blumenau-SC e

São Luís-MA (CARVALHO et al., 2009; FURTADO et al., 2011).

Poirel et al. (2008) identificaram o gene blaOXA-23 em cinco isolados de A.

radioresistens sensíveis aos carbapenêmicos, esta espécie apresenta uma baixa

virulência e é considerada comensal da pele de indivíduos saudáveis. Os autores

sugerem que esta espécie é a progenitora dos genes blaOXA-23 que estão surgindo

como fontes de resistência a estes antimicrobianos em A. baumannii de todo o

mundo. A disseminação deste gene pode estar associado com elementos de

inserção, como ISAba1 (POIREL et al., 2008).

O segundo grupo de oxacilinase é representado pelo sub-grupo OXA-24 que

apresenta cerca de 60% de similaridade com o sub-grupo OXA-23. Esta enzima foi

identificada em isolados multirresistentes de A. baumannii e tem sido descrita como

endêmica na Espanha onde é responsável por vários surtos (BOU et al., 2000;

ACOSTA et al., 2011; TENA et al., 2013).

Dados da literatura têm mostrado que a enzima OXA-51 é encontrada em

todos os isolados de A. baumannii e parece ser um componente intrínseco desta

espécie, sugerem também que a detecção do gene blaOXA-51 pode ser usado como

um método simples e confiável para a identificação dessa espécie (TURTON, 2006b;

MOROVAT et al., 2009; NOWAK; PALUCHOWSKA; BUDAK, 2012).

O sub-grupo da enzima OXA-58 apresenta 59% de similaridade com o sub-

grupo de OXA-51 e menos de 50% de identidade com as outras oxacilinases

(POIREL; NORDMANN, 2006). Esta enzima foi primeiramente identificada em um

isolado de A. baumannii resistente aos carbapenêmicos em Tolouse, França

(POIREL et al., 2005). Atualmente já foi demonstrado a sua ocorrência em vários

Page 30: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

30

países como Argentina, Kuwait, Reino Unido e Grécia demonstrando a ampla

distribuição desse gene (COELHO et al., 2006; POURNARAS et al., 2006). No Brasil

o gene blaOXA-58 foi identificado no Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo (ANTONIO et

al, 2011; FIGUEIREDO et al, 2011; GUSATTI et al., 2012).

A disseminação dos genes blaOXA em espécies de Acinetobacter é uma

preocupação crescente uma vez que, as linhagens que possuem estes genes,

apresentam resistência a quase todos os antibióticos com exceção das polimixinas e

tigeciclina (COELHO et al., 2006).

2.3 MÉTODOS MOLECULARES NA IDENTIFICAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

TAXONÔMICA DO GÊNERO Acinetobacter

Devido às limitações apresentadas pelos métodos fenotípicos utizados na

rotina de identificação e diferenciação das espécies do gênero Acinetobacter, uma

variedade de métodos genotípicos têm sido explorados e aplicados para investigar a

diversidade ou filogenia deste micro-organismo (VANEECHOUTTE; DE BAERE,

2007). Entre estes métodos pode-se citar: (1) DNA “fingerprinting” como AFLP

(polimorfismo no comprimento de fragmentos amplificados) que se baseia na

amplificação seletiva por PCR de um subconjunto de fragmentos derivados da

digestão total do DNA genômico pelo uso de uma combinação de enzimas de corte

raro e de corte frequente que clivam a molécula em sítios específicos. A técnica

envolve três passos: (i) restrição do DNA genômico e ligação a iniciadores

adaptadores, (ii) amplificação seletiva de conjuntos de fragmentos da restrição

enzimática e, (iii) a análise em gel dos fragmentos amplificados (VOS et al.,1995). As

técnicas que utilizam a PCR seguida de hibridização apresentam algumas limitações

tais como: requerem o isolamento do agente; o perfil gerado depende da qualidade

do DNA isolado; a disponibilidade de sondas preparadas a partir do DNA de cada

espécie dificulta ou impossibilita a detecção de espécies mais distanciadas

filogeneticamente; a utilização de sondas marcadas radioativamente e a

necessidade de utilização de estrutura laboratorial mais complexa. Por isso, essas

técnicas são difíceis de ser padronizadas (MEYER et al., 1995); (2) Polimorfismo de

tamanho do fragmento de restrição (RFLP) é um método fácil de executar e tem sido

utilizado para fins filogenéticos e taxonômicos. Por esta abordagem, sequências

conservadas (DNA ribossomal 16-23s, gene recA e da região intergênica

Page 31: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

31

espassadora 16S-23S e etc.) são amplificadas por PCR e os produtos amplificados

são digeridos com uma ou várias enzimas de restrição. Os fragmentos da digestão

enzimática são separados por eletroforese em géis de agarose ou de poliacrilamida

e os padrões de restrição podem ser utilizados para criar uma biblioteca de

identificação (DIJKSHOORN; NEMEC, 2008) e (3) o sequenciamento completo do

gene 16s rRNA (de aproximadamente 1500pb) tem sido utilizada para a

diferenciação de Acinetobacter, entretanto, o sucesso deste método depende da

padronização de um método de identificação das espécies, uma vez que o

sequenciamento poderá fornecer dados sobre a diversidade e relações filogenéticas

intraespécies (VANEECHOUTTE; DE BAERE, 2007).

Ressalta-se que, apesar de diversos métodos já terem sido avaliados para a

identificação genotípica de Acinetobacter spp., apenas o sequenciamento da região

16S-23 ITS tem sido considerado o padrão ouro para a diferenciação entre as

espécies que formam o complexo A. calcoaceticus-A. baumannii. Entretanto, o

sequenciamento é um método caro e ainda não disponível em laboratórios de rotina,

ficando ainda restrito aos laboratórios de pesquisa (PELEG; SEIFERT; PATERSON,

2008).

Por outro lado, a técnica de mPCR tem sido utilizada para detectar a

presença de diferentes genes de resistência a diferentes antimicrobianos, em

especial aos β-lactâmicos do tipo OXA. Tem sido preconizado na literatura que a

presença do gene blaOXA-51 pode ser usado como um método simples e confiável

para a identificação da espécie A. baumannii. Segundo Mostachio et al. (2009) a

mPCR apresenta resultados consistentes com os da PCR tradicional, sendo assim,

uma ferramenta útil para a detecção de genes que codificam as oxacilinases.

A proposta de utilizar o ARDRA-PCR se deve ao fato de ser uma técnica

simples, de fácil execução e que não necessita de equipamentos caros e

especializados. A grande vantagem da utilização deste método é o uso de DNA da

região que codifica o gene 16s rRNA, considerada conservada entre as bactérias,

mas que, ao mesmo tempo, apresenta variabilidade e quantidade de informações

suficientes que podem revelar, claramente, as relações filogenéticas entre as

espécies de Acinetobacter (VANEECHOUTTE; DE BAERE, 2007). Assim, o ARDRA-

PCR poderá se constituir em um método extremamente útil para a identificação e

diferenciação entre as espécies de Acinetobacter oriundas de amostras clínicas.

Pelas vantagens apresentadas acima, neste trabalho a eficiência da técnica de

Page 32: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

32

ARDRA-PCR será avaliada em função da detecção e diferenciação de Acinetobacter

spp., em isolados clínicos de pacientes internados em diferentes hospitais públicos e

privados de São Luis-Maranhão.

Page 33: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

33

3 JUSTIFICATIVA

Nos últimos anos tem havido um aumento significativo no número de

infecções hospitalares causadas por diferentes espécies do gênero Acinetobacter

mostrando que este micro-organismo é um grave problema de saúde pública em

todo o mundo. Estudos epidemiológicos têm demonstrado a necessidade da

utilização de técnicas capazes de distinguir as espécies que fazem parte do

complexo A. calcoaceticus-A. baumannii, porque estas são as mais envolvidas em

infecções humanas.

A identificação das espécies circulantes de Acinetobacter é de fundamental

importância epidemiológica a fim de se averiguar se as linhagens

epidemiologicamente relacionadas são também geneticamente relacionadas. A

análise clonal deste patógeno poderá auxiliar na identificação da fonte (ambiental ou

pessoal) dos isolados e na distinção de linhagens com potencial infeccioso.

Por outro lado, a demonstração do perfil de resistência das linhagens

circulantes em pacientes hospitalizados poderá influenciar na tomada de decisões e

adoção de medidas terapêuticas mais eficazes no tratamento das infecções

hospitalares que envolvam as diferentes espécies do gênero Acinetobacter. Além

disso, a diferenciação molecular por ARDRA-PCR dessas espécies poderá contribuir

para o conhecimento da prevalência deste micro-organismo em hospitais públicos e

privados da cidade de São Luis-MA.

Neste contexto, no presente estudo foram utilizadas as técnicas de PCR

específica para a detecção do gene blaOXA-51, gene intrínseco à espécie A.

baumannii; o ensaio de mPCR para detectar a presença de diferentes genes de

resistência do tipo OXA e o ARDRA-PCR, com iniciadores especialmente

desenhados para este trabalho, para identificar e diferenciar as espécies de

Acinetobacter.

Page 34: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

34

4 OBJETIVOS DA PESQUISA

4.1 OBJETIVO GERAL

Determinar e diferenciar, por ARDRA-PCR, as espécies de Acinetobacter em

isolados clínicos de pacientes procedentes de hospitais da rede pública e privada de

São Luis-Maranhão.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar o perfil de susceptibilidade dos isolados a diferentes antimicrobianos

usados na prática clínica.

Estudar a prevalência de espécies de Acinetobacter não baumannii nas

amostras clínicas dos pacientes.

Pesquisar pela técnica de Multiplex-PCR a presença de genes de resistência

às β-Lactamases do tipo oxacilinase (blaOXA-23, blaOXA-24, blaOXA-51 e blaOXA-58) nos

isolados bacterianos.

Confirmar os resultados fenotípicos obtidos pela automação frente a Reação

em Cadeia pela Polimerase dos isolados pertencentes à espécie Acinetobacter

baumannii pela amplificação do gene blaOXA-51.

Avaliar a capacidade de um ensaio ARDRA-PCR em identificar e diferenciar

espécies de Acinetobacter envolvidas em infecções de pacientes procedentes de

hospitais da rede pública e privada de São Luis-Maranhão.

Averiguar pelo sequenciamento, de alguns isolados, se a técnica de ARDRA-

PCR é capaz de demonstrar se as linhagens são geneticamente relacionadas entre

si.

Page 35: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

35

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

Em atendimento às exigências da Resolução 466/2013 do Conselho Nacional

de Saúde, que norteia a pesquisa envolvendo seres humanos, este projeto foi

submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do

CEUMA, parecer consubstanciado nº. 249.579 de 25/03/2013.

5.2 ISOLADOS BACTERIANOS

Neste estudo foram avaliados 142 isolados de Acinetobacter spp., oriundos

de 119 pacientes internados em 10 hospitais públicos (H1 a H10) e dois da rede

privada (H11 e H12) situados em São Luis – MA, no período de junho de 2012 a

junho de 2013.

Os isolados bacterianos foram provenientes dos seguintes espécimes

clínicos: secreção traqueal, swab nasal, sangue, swab anal, fragmento de ferida,

urina, líquido pleural e secreção ocular. Os setores de internação dos pacientes

foram a Unidade de Terapia Intensiva, unidade semi-intensiva, emergência, clínica

médica, unidade intermediária, centro cirúrgico, oncologia, UTI-Neo e ambulatório.

Os dados coletados dos pacientes foram idade, gênero, acomodação ou setor

de origem e sua unidade hospitalar de procedência (pública ou privada).

5.3 AVALIAÇÃO FENOTÍPICA DOS ISOLADOS

As linhagens bacterianas foram previamente isoladas pela utilização de

Protocolos Operacionais Padrões e depois foram identificadas pelo método

automatizado Vitek® 2 (Biomerieux, França) com o cartão para identificação de

Gram negativo (GN TEST KIT VITEK II).

Todos os isolados foram submetidos ao teste de susceptibilidade aos

antimicrobianos segundo as recomendações do Clinical and Laboratory Standards

Institute (CLSI 2014) pelo método de microdiluição em equipamento de automação

Vitek® 2 (Biomerieux, França) com o cartão AST N239. Os resultados de resistência

foram confirmados pelo método de dico difusão (Kirby-Bauer) e método

Page 36: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

36

epsilométrico (E-test). Os antimicrobianos avaliados foram os seguintes: amicacina

(AMI), ampicilina (AMP), ampicilina/sulbactam (ASB), cefepime (CPM), cefoxitina

(CT), ceftazidima (CAZ), ciprofloxacina (CIP), gentamicina (GEN), imipenem (IMI),

meropenem (MER), piperacilina/tazobactam (TZP), polimixina B (POL) e tigeciclina

(TGC).

O Food and Drug Administration (FDA) e o CLSI ainda não estabeleceram

critérios interpretativos para Acinetobacter spp. à tigeciclina. Alguns autores

sugerem a CIM ≤ 2 μg/mL para susceptibilidade (JONES et al., 2007;

KARAGEORGOPOULOS et al., 2008).

Durante os estudos, os isolados bacterianos foram estocados em freezer a -

80ºC, no meio líquido Brain Heart Infusion BHI-DIFCO (OXOID®, Basingstoke,

ENGLAND) acrescido de 15% de glicerol. Alíquotas destes 142 isolados bacterianos

foram gentilmente cedidos pelo Laboratório Cedro, São Luis - MA. No Laboratório de

Biologia Molecular de Micro-organismos Patogênicos do UNICEUMA, os isolados

foram recuperados em placa contendo o meio de cultura TSA (Tryptic Soy Agar) e

incubados por um período aproximado de 16 horas a uma temperatura de 37°C em

estufa bacteriológica. Posteriormente uma colônia foi passada para o caldo TSB

(Tryptic Soy Broth) e incubada nas mesmas condições supracitadas. Uma alíquota

de 2 mL de cada cultivo foi utilizada para a extração do DNA a ser utilizado como

molde nos experimentos de biologia molecular.

5.4 ANÁLISE MOLECULAR

Os estudos de biologia molecular (extração do DNA, amplificações pela

Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), digestão enzimática, detecção de genes

de resistência as oxicilinases por mPCR e análise por eletroforese dos produtos

amplificados para a identificação e diferenciação dos isolados) foram realizados no

Laboratório de Biologia Molecular de Microrganismos Patogênicos da Universidade

CEUMA.

5.4.1 Extração do DNA Genômico Para Amplificação

O DNA genômico dos isolados foi extraído utilizando-se o kit “Wizard®

Genomic DNA Purification Kit” (Promega®) seguindo-se o protocolo original do

Page 37: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

37

fabricante. A concentração e a pureza do DNA extraído foram verificadas por

eletroforese em gel de agarose 0,8%, em tampão TBE 0,5X (Tris-borato-EDTA) [100

mM Tris-base; 2,0 mM de solução 0,5 EDTA (pH 8,0) e 50 mM ácido bórico] a 85 mV

durante 1 hora (MANIATS; FRITCH; SAMBROOK, 1989). Após a corrida, os géis

foram corados em uma solução de brometo de etídio e água destilada (1:1000),

durante 20 minutos e observados em transiluminador ultravioleta comparando-se a

intensidade de banda com um padrão comercial de massa molecular (Mass DNA

Ladder, BioLabs New England).

5.4.2 Ensaios de PCR Para a Detecção do Gene blaOXA-51

Inicialmente, a fim de se confirmar quais isolados pertenciam a espécie A.

baumannii, o DNA de todas os isolados foi submetido à PCR específica para a

detecção do gene blaOXA-51, com o par de iniciadores previamente descritos por

Woodford et al. (2006) e mostrados na Tabela 2. Cada tubo de reação teve um

volume final de 25 µL, contendo 1 µL de cada iniciador específico (10 pmol/L),

acrescidos de 12,5 µL de PCR Master Mix - Promega® [Taq DNA polimerase

(dNTPs, MgCl2, tampão de PCR [pH 8,5]), 1,5 µL de água livre de nuclease e 3 µL

do molde DNA, correspondendo à aproximadamente 100 ng. A reação de

amplificação foi feita em termociclador Mycycler Bio rad modelo 580BR3578 sob as

seguintes condições: 94ºC por 5 minutos (desnaturação inicial) seguidos de 30 ciclos

de 94ºC por 1 minuto, 62ºC por 1 minuto e 72ºC por 1 minuto e um passo de

extensão final a 72ºC por 7 minutos. Os produtos amplificados foram submetidos a

eletroforese em gel de agarose 2%, segundo Maniats; Fritch; Sambrook (1989).

5.4.3 Desenho dos Iniciadores e Ensaios de PCR

Os ensaios de ARDRA-PCR para diferenciar as espécies de Acinetobacter

nos isolados clínicos de pacientes procedentes de hospitais da rede pública e

privada de São Luis-Maranhão foram conduzidos da seguinte forma: desenho de

iniciadores específicos e a escolha da enzima de restrição.

Para diferenciar os isolados de Acinetobacter spp., pelo método ARDRA-

PCR, inicialmente um par de iniciadores foi especialmente desenhado a partir da

região do DNA ribossomal 16S. Os iniciadores foram denominados como:

Page 38: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

38

Acin01FW: 5’-CGGCGGACGGGTGAGTAATGCTTAG-3’ e Acin01RV: anti-senso:

5’-GATCCAGCCGCAGGTTCCCCTACG-3’. Estes iniciadores amplificam um

fragmento de 1432 nucleotídeos que, após o processo de digestão enzimática, gera

fragmentos que permitem diferenciar as espécies de Acinetobacter. As amplificações

por PCR específica foram feitas em termociclador Mycycler Bio rad modelo

580BR3578, em um volume final de 25 µL, contendo 20 picomoles de cada iniciador

(senso e anti-senso), 12,5 μL do Master Mix PCR-kit, contendo 500 units/mL de Taq

DNA polimerase, 400 µM de dATP, dGTP, dCTP, dTTP e 3 mM de MgCl2,

(PROMEGA, MADISON - WI USA) acrescido de 2 µL de DNA molde (mais ou

menos 100 ng). A reação de amplificação seguiu as seguintes condições: 94ºC por 5

minutos (desnaturação inicial) seguidos de 30 ciclos de 94ºC por 1 minuto, 62ºC por

1 minuto e 72ºC por 1 minuto e um passo de extensão final a 72ºC por 7 minutos.

A fim de verificar a eficiência da PCR e determinar o tamanho do fragmento de

DNA amplificado foram aplicados em gel de agarose 1%, em torno de 5 µL do

produto da PCR acrescido de 2 µL de tampão de amostra (Blue/Orange 6X Loading

Dye, Promega, EUA). O marcador de tamanho molecular 1 Kb DNA ladder

(INVITROGEN, Life Technologies, EUA) foi usado como padrão comparativo na

interpretação dos resultados.

O gel foi submetido à eletroforese em tampão TBE 0,5X (Tris-borato-EDTA)

[100 mM Tris-base; 2,0 mM de solução 0,5 EDTA (pH 8,0) e 50 mM ácido bórico] a

100 V durante 1 hora (MANIATIS; FRITCH; SAMBROOK, 1989). Após a

eletroforese, foi feita a coloração do gel com brometo de etídio durante 20 minutos e

em seguida foi observado em transiluminador de luz ultravioleta.

5.4.4 Escolha da Enzima de Restrição e Ensaio de ARDRA-PCR

A determinação da enzima de restrição que melhor diferenciasse os isolados

de Acinetobacter por ARDRA-PCR foi feita através de digestões in silico utilizando-

se o programa de informática NebCutter, http://tools.neb.com/NEBcutter2/. Foram

utilizadas 124 sequências da região 16S RNA ribossomal de 32 diferentes espécies

de Acinetobacter disponíveis no Genbank conforme descrito na Tabela 2.

Page 39: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

39

Tabela 2 - Perfis ARDRA-PCR das 32 espécies de Acinetobacter constantes do Genbank utilizadas na digestão in silico e construção da matriz fenotípica para a geração do dendrograma

Espécie Bacteriana Número

Genbank

Perfil ARDRA-PCR in silico

A. baumannii NC-011595 39-94-95-146-173-175-182-222-306 A. calcoaceticus EU513394.1 74-81-95-146-175-182-222-438 A. genomosp. 13TU FJ860879.1 86-88-95-149-175-182-222-519 A. pittii HE651911.1 81-95-102-175-182-222-235-438 A. ursingii KB849719.1 81-146-175-189-404-437 A. junii HE651918.1 39-146-173-175-199-306-404 A. schindleri AJ275040.2 22-149-163-175-404-519 A. johnsonii KC904088.1 81-147-166-175-180-224-440 Acinetobacter sp. JF710649.1 76-149-151-175-404-518 Acinetobacter sp JQ039977.1 47-81-151-156-175-404-437 A. septicus EF611419.1 81-146-175-188-404-437 A. haemolyticus KC329832.1 66-81-149-169-175-181-222-438 A. lwoffii KC178575.1 146-169-175-404-519 A. bereziniae HE651922.1 81-149-175-189-404-437 A. towneri HQ180191.1 37-107-150-175-404-519 A. oleivorans NR_102814.1 81-94-95-146-175-182-222-438 A. guillouiae KC904086.1 81-148-173-175-404-437 A. gerneri HE651926.1 94-95-146-175-182-334-404 A. radioresistens GU145275.1 146-175-189-194-210-518 A. brisouii DQ832256.1 24-81-95-146-175-404-438 A. rudis

EF204258.3 13-39-81-89-151-163-173-175-181-210-225

A. antiviralis DQ314740.1 11-43-81-95-144-175-182-184-211-253 A. boissieri JQ771141.1 146-166-175-184-334-404 A. nectaris JQ771132.1 11-146-166-175-182-184-211-334 A. seohaensis AY633608.1 81-147-175-180-404-437 A. marinus AY633607.1 146-175-180-182-222-518 A. tjernbergiae HE651928.1 81-146-175-181-189-223-438 A. rhizosphaerae AY364536.1 81-146-175-187-405-438 A. kyonggiensis A. venetianus

FJ527818.1 81-111-148-175-404-438

KJ545603.1 34-39-81-112-148-173-175-195-209-228

Uncultured acinetobacter

KC011150.1 72-95-146-175-182-222-518

Uncultured acinetobacter

JQ885539.1 54-147-149-397-698

Experimentalmente, objetivando-se diferenciar entre si as espécies de

Acinetobacter que foram isoladas a partir dos espécimes clínicos, foram feitas

digestões enzimáticas do fragmento específico de 1432pb obtido por PCR para cada

um dos isolados. A enzima de restrição BfaI (INVITROGEN-BRL), previamente

Page 40: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

40

selecionada pelo NebCutter foi usada em todas as digestões. Em cada tubo de

reação de digestão, contendo 25 μL do produto amplificado (com aproximadamente

1 μg de DNA) foi adicionado 1 Unidade da enzima BfaI, 5 μL do NEBuffer 10X, mais

1x de soro albumina bovina acetilada (INVITROGEN-BRL). Foi acrescentada água

Mili-Q estéril até completar o volume final de 50 μL. O tubo de reação foi colocado

em banho Maria a 37ºC por 1 hora e 20 minutos. Em seguida, foi colocado a 80ºC

por 20 minutos e armazenado a -20ºC até a análise eletroforética em gel de

poliacrilamida.

5.4.5 Aferição do Tamanho Molecular dos Fragmentos Gerados pelo

ARDRA-PCR e Confecção do Dendrograma

Para a análise do perfil de migração dos fragmentos gerados pela digestão

enzimática, o produto digerido foi aplicado em gel de agarose 2,5% da seguinte

forma: em uma das canaletas do gel foi aplicado o padrão de tamanho molecular,

100pb DNA Ladder (INVITROGEN-BRL). Para uma melhor interpretação dos perfis

obtidos, em uma das canaletas foi aplicado 10 μL da mesma amostra não digerida e

a seguir 10 μL do produto digerido. A eletroforese para a completa separação dos

fragmentos foi feita a 80 volts em TBE 1X por 2 horas. Após a corrida o gel foi

corado com brometo de etídio (10µg/mL) e a visualização do perfil eletroforético feita

sob luz ultravioleta e o gel fotografado. Para a confecção do dendrograma, os perfis

apresentados no gel de poliacrilamida foram medidos usando-se o programa

LabImage version 2.7.0 (Kapelan GmbH, 1999-2003). O tamanho dos fragmentos

em pares de base (pb) obtido para cada perfil apresentado no gel foram dispostos

em tabelas para a confecção da matriz fenotípica baseada na presença (1) ou

ausência (0) de cada fragmento. Para a análise do agrupamento dos fragmentos foi

utilizado o Software de taxonomia numérica e sistema de análise multivariada

(NTSYS versão 2.1, Exeter Software, New york, NY, EUA). As linhagens foram

correlacionadas entre si pela apresentação de um coeficiente de correlação de

Sorensen-Dice maior que 90 calculado pelo programa NTSYS (ROHLF, 2000).

Page 41: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

41

5.4.6 Ensaios de Multiplex-PCR (mPCR) Para a Detecção de Genes blaOXA

A técnica de multiplex-PCR foi utilizada a fim de detectar a presença de genes

codificadores de resistência às oxacilinases (blaOXA-23, blaOXA-24, blaOXA-51 e blaOXA-58)

mais frequentes em Acinetobacter spp. As reações de mPCR foram feitas em

termociclador Mycycler Bio rad modelo 580BR3578 em um volume final de 25 µL,

contendo 1 µL de cada iniciador específico (10 pmol/L) descritos na Tabela 3,

acrescidos de 12,5 µL de PCR Master Mix - Promega® [Taq DNA polimerase

(dNTPs, MgCl2, tampão de PCR [pH 8,5]), 1,5 µL de água livre de nuclease e 3 µL

do molde DNA, correspondendo à aproximadamente 100 ng de DNA. A reação de

amplificação seguiu as seguintes condições: 94ºC por 5 minutos (desnaturação

inicial) seguidos de 30 ciclos de 94ºC por 1 minuto, 62ºC por 1 minuto e 72ºC por 1

minuto e um passo de extensão final a 72ºC por 7 minutos. Os produtos da mPCR

foram mensurados em gel de agarose 2% e corado com brometo de etídio

(10µg/mL), como previamente descrito (MANIATIS; FRITCH; SAMBROOK, 1989).

Tabela 3 - Sequência de iniciadores usados para detecção por Multiplex-PCR dos genes blaOXA nos isolados de Acinetobacter spp.

Gene Tamanho

(pb)

Iniciadores

5’ -3’

Autores

Woodford et al.

(2006)

blaOXA-23 501 GATCGGATTGGAGAACCAGA

ATTTCTGACCGCATTTCCAT

blaOXA-24 246 GGTTAGTTGGCCCCCTTAAA

AGTTGAGCGAAAAGGGGATT

blaOXA-51 353 TAATGCTTTGATCGGCCTTG

TGGATTGCACTTCATCTTGG

blaOXA-58 599 AAGTATTGGGGCTTGTGCTG

CCCCTCTGCGCTCTACATAC

5.5 PURIFICAÇÃO E SEQUENCIAMENTO DOS PRODUTOS DE PCR DE

ALGUNS ISOLADOS

Os isolados bacterianos que deram perfis diferentes entre si, pela análise de

ARDRA-PCR, tiveram seu DNA novamente amplificado por PCR específica a fim de

se verificar por sequenciamento a eficiência da metodologia de ARDRA-PCR em

Page 42: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

42

diferenciar os isolados de Acinetobacter spp. Além disso, foram escolhidos

aleatoriamente 24 isolados, entre aqueles que mostraram perfil ARDRA-PCR para A.

baumannii. Para tal, o fragmento específico de 1432pb, amplificado pela PCR com o

par de iniciadores desenhados para este estudo, foi purificado com o Kit comercial

Wizard® SV Gel and PCR Clean-Up System (Promega), seguindo-se as instruções

do fabricante. Após a purificação, a qualidade dos produtos foi verificada por

eletroforese em gel de agarose 1%, quantificando-se através de comparação com

um padrão de massa molecular (N3237S Mass DNA Ladder da New England

BioLabs).

O sequenciamento de cada produto purificado foi feito pelo método da

terminação da cadeia por dideoxinucleotídeos (SANGER; NICKELEN; COULSON,

1977), em ambas as direções da dupla fita (senso positivo e senso negativo) com o

“Kit ABI Prism BigDye” no sequenciador automático ABI 3130 Genétic Analyser

(Applied Biosystems). As amostras foram sequenciadas pelo menos três vezes em

cada sentido da fita perfazendo um total de seis sequências da mesma amostra.

Todos os sequenciamentos foram feitos pela empresa Myleus Biotecnologia Ltda,

sediada em Belo Horizonte-MG.

5.6 ANÁLISE COMPUTACIONAL DAS SEQUÊNCIAS PARA INFERÊNCIAS

FILOGENÉTICAS

Para as análises computacionais das sequências, os eletroferogramas obtidos

durante o sequenciamento foram analisados no programa ChromasPro

(TechnelysiumPty. Ltd. http://www.technelysium.com.au/chromas.html). A

similaridade das sequências nucleotídicas obtidas foi verificada com o auxílio do

programa BLASTn do pacote BLAST 2.0 (Basic AlignmentSearch Tool –

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/BLAST/) (ALTSCHUL et al., 1997). Para as análises

comparativas foram selecionadas aleatoriamente 32 sequências de isolados de

referências de diferentes espécies de Acinetobacter, constantes do Genbank. As

sequências foram alinhadas e analisadas pelo programa MEGA (Molecular

Evolutionary Genetics Analysis, versão 5.2), http://www.megasoftware.net/. O nível

de reprodutibilidade da árvore filogenética foi garantido pela análise de bootstrap de

1000 repetições.

Page 43: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

43

5.7 ANÁLISES ESTATÍSTICAS

Os dados foram analisados pelo programa estatístico SPSS (v.18). O

desfecho representou o perfil de sensibilidade aos antibióticos testados. A variável

de exposição principal foi a detecção de genes para oxacilinases do tipo blaOXA-23,

blaOXA-24, blaOXA-51 e blaOXA-58 nos isolados. As covariáveis englobaram o perfil do

paciente, origem do material coletado e espécie bacteriana.

Inicialmente foi realizada a estatística descritiva dos dados por meio de

frequência absoluta, percentual, médias e desvio padrão. As medidas de associação

diferença do risco (DR) e o teste Exato de Fisher foram utilizados para análise da

associação entre as prevalências dos genes nos isolados. A extensão de Freeman-

Halton para o teste Exato de Fisher foi utilizada para analisar a associação entre

detecção de oxacilinases nos micro-organismos isolados e o padrão de sensibilidade

aos antibióticos testados. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0.05).

Page 44: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

44

6 RESULTADOS

Com relação à identificação das espécies de Acinetobacter recuperados dos

espécimes clínicos, o método automatizado Vitek®2 (Biomerieux, França) identificou

138 (97.2%) isolados como sendo A. baumannii, 2 (1.4%) como A. ursingii (isolados

30 e 71) e 2 (1.4%) como A. lwoffii (isolados 126 e 142).

A média de idade dos pacientes variou de 50,03 ± 24,62 anos. A Tabela 4

mostra os dados gerais dos pacientes que foram agrupados em diferentes grupos

etários. Observou-se que a maioria tinha mais de 60 anos, representando esta faixa

etária 40,3% dos pacientes, seguidos pelos pacientes com idades entre 41 a 60

anos (26,1%). No que diz respeito ao gênero, homens e mulheres representaram,

respectivamente, 56,3% e 43,7% dos pacientes (Tabela 4). Os setores de origem do

material clínico que representaram as maiores frequências no estudo foram: UTI

(adulto e neonatal) (58%), Emergência (10,1%) e Clínica Médica (9,2%) (Tabelas 3 e

5). Além disso, observou-se que 95,8% dos exames eram provenientes de unidades

públicas de saúde (Tabela 4).

Tabela 4 - Características gerais dos 142 pacientes provenientes de hospitais

públicos e privados de São Luís-MA

Variáveis F (%)

Faixa etária (em anos) ≤10 9 (7,6) 11-20 10 (8,4) 21-40 21 (17,6) 41-60 31 (26,1) >60 48 (40,3)

Gênero Masculino 67 (56,3) Feminino 52 (43,7)

Acomodação (Setor de origem) UTI 64 (53,8) Emergência 12 (10,1) Clínica Médica 11 (9,2) Unidade Semi-intensiva 8 (6,7) Unidade Intermediária 7 (5,9) UTI Neonatal 5 (4,2) Centro Cirúrgico 3 (2,5) Oncologia 3 (2,5) Ambulatório 6 (5,0) Procedência dos pacientes Hospital Público 114 (95,8) Hospital privado 5 (4,2)

f = frequência absoluta. % = frequência relativa.

Page 45: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

45

É possível observar a distribuição dos diferentes tipos de espécimes clínicos

obtidos em cada hospital, bem como o setor hospitalar de atendimento e ou

alocação dos pacientes (Tabelas 5 e 6). Ressalta-se que, em alguns casos foram

utilizados mais de um espécime clínico provenientes do mesmo paciente, obtidos de

diferentes sítios e coletados em diferentes períodos de tempo da infecção.

Observou-se que secreção traqueal, swab nasal e sangue representaram,

respectivamente, 54,9%, 16,9% e 11,2% do total da amostragem (Tabela 5).

Tabela 5 - Distribuição por hospital dos espécimes clínicos de onde os isolados

foram recuperados

Hospitais Nº de

isolados

Secreção Traqueal

%

Swab nasal

%

Sangue %

Swab anal %

Fragmento de ferida

%

Urina %

Liquido pleural

%

Secreção Ocular

%

H01 44 27(61,4) 12(27,2) 3(6,8) 1(2,3) 1(2,2 ) - - - H02 45 27(60,0) 1(2,2) 7(15,6) - 4(8,9) 5(11,1) 1(2,2) - H03 11 5(45,5) 2(18,1) - - 3(27,3) 1( 9,1) - - H04 3 1(33,3) 1(33,3) 1(33,3) - - - - - H05 7 1(14,3) 1(14,3) 2(28,6 ) 2(28,6) - 1(14,3) - - H06 5 1(20) 3(60) 1(20) - - - - - H07 17 8(47,0) 4(23,5) 1(5,9) 1(5,9) - 2(11,7) - - H08 2 - - 1(50) - - - - 1(50) H09 1 1(100) - - - - - - - H10 1 1(100) - - - - - - - H11 5 5(100) - - - - - - - H12 1 1(100) - - - - - - -

Total 142 78(54,9) 24(16,9) 16(11,2) 4(2,8) 8(5,6) 9(6,3) 1(0,7) 1(0,7)

Tabela 6 - Distribuição setorial dos 142 isolados recuperados de espécimes clínicos de pacientes atendidos em doze hospitais de São Luis-MA

Hospital Setor

UTI %

SI %

EM %

CM %

UI %

CC %

ON %

UTI N %

AM %

H01 30(75) 4(10) - 6(15) - - - - - H02 20(55,6) - 1(2,7) 3(8,3) 6(16,7) 3(8,3) 3(8,3) - - H03 3(42,9) - 4(57,1) - - - - - - H04 - - 3(100) - - - - - - H05 2(33,3) - - 2(33,3) - - - 1(16,7) 1(16,7) H06 1(20) - 1(20) - - - - 2(60) - H07 4(36,4) - 2(18,2) - - - - - 5(45,4) H08 - 1(33,3) - - 1(33,3) - - 1(33,3) - H09 - 1(50) 1(50) - - - - - - H10 - 2(66,6) - - - - - 1(33,3) - H11 3(100) - - - - - - - - H12 1(100) - - - - - - - -

Total 64(53,8) 8(6,7) 12(10,1) 11(9,2) 7(5,9) 3(2,5) 3(2,5) 5(4,2) 6(5,0)

UTI: Unidade de Terapia Intensiva; SI: Semi Intensiva; EM: Emergência; CM: Clínica Médica; UI:

Unidade Intermediária; CC: Centro Cirúrgico, ON: Oncologia; UTI N: Unidade de Terapia Intensiva

Neonatal; AM: Ambulatório

Page 46: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

46

Com relação à identificação fenotípica do perfil de resistência dos isolados

frente a diferentes antimicrobianos, o método de microdiluição no Vitek® 2

(Biomerieux, França) mostrou que a maioria dos isolados apresentou resistência

simultânea a diferentes drogas testadas (Tabela 7). Nesse aspecto, adotou-se a

definição de multirresistência para o isolado que demonstrou resistência a pelo

menos três antimicrobianos de diferentes classes, como sugerido pela Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2010).

Tabela 7 - Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados bacterianos avaliados pelo Vitek2

Agente antimicrobiano

Perfil de Sensibilidade

Sensível Intermediário Resistente

Amicacina 107 (75,4%) 5 (3,5%) 30 (21,1%)

Ampicilina - - 142 (100%)

Ampicilina/Sulbactam 18 (12,7%) 30 (21,1%) 94 (66,2%)

Cefepime 12 (8,5%) 3 (2,1%) 127 (89,4%)

Cefoxitina - 1 (0,7%) 141 (99,3%)

Ceftazidima 9 (6,3%) 2 (1,4%) 131 (92,3%)

Ciprofloxacina 12 (8,5%) 2 (1,4%) 128 (90,1%)

Polimixina B 142 (100%) - -

Gentamicina 66 (46,4%) 6 (4,2%) 70 (49,3%)

Imipenem 13 (9,3%) 1 (0,7%) 128 (90,1%)

Meropenem 13 (9,2%) 1 (0,7%) 128 (90,1%)

Piperacilina/Tazobactam 10 (7,0%) 1 (0,7%) 131 (92,3%)

Tigeciclina 133(93,7%) 9 (6,3%) -

Os resultados da triagem fenotípica para a detecção do perfil de

susceptibilidade a diferentes antimicrobianos foram também avaliados por métodos

moleculares. A investigação da presença de quatro subgrupos de carbapenemases

do tipo oxacilinase (OXA) foi feita pela técnica de PCR multiplex para a detecção

simultânea dos genes blaOXA-51, blaOXA-23, blaOXA-24 e blaOXA-58, nos 142 isolados. A

Figura 1 mostra o perfil genético representativo obtido para essas oxacilinases com

alguns dos isolados bacterianos. Tamanho dos fragmentos para cada gene: blaOXA-

23=501pb; blaOXA-24=246pb, blaOXA-51=353pb, blaOXA-58=599pb.

Analisando-se a distribuição dos quatros genes do tipo OXA detectados nos

isolados, observou-se um maior número de isolados apresentando simultaneamente

os genes blaOXA-51 e blaOXA-23. O gene blaOXA-51, isoladamente, foi o segundo mais

Page 47: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

47

observado. Além disso, os genes blaOXA-24 e blaOXA-58 foram também detectados

(Tabela 8).

Analisando-se a Figura 1, que mostra representativamente os perfis de

resistência para essas oxacilinases, é importante notar que o isolado 30, identificado

pelo Vitek2, como A. ursingii apresentou perfil de resistência para três tipos de

oxacilinases (blaOXA-23, blaOXA-24 e blaOXA-51). Além disso, nesta amostra observou-se,

um fragmento adicional de aproximadamente 320pb, amplificado inespecificamente

durante a reação de mPCR. No isolado 71, identificado como A. ursingii foram

observados fragmentos de 501pb e 353pb, compatíveis com os genes blaOXA-23 e

blaOXA-51. E nos isolados 126 e 142, foram identificados perfis de blaOXA-24 e blaOXA-58,

com fragmentos de 246 e 599pb, respectivamente. Estes dois isolados haviam sido

identificados pelo Vitek2 como pertencentes à espécie A. lwoffii.

Figura 1 - Perfis representativos dos resultados obtidos pela mPCR para a

detecção simultânea dos genes tipo blaOXA-51, blaOXA-23, blaOXA-24 e blaOXA-58 em

alguns isolados do estudo

Legenda: Canaleta 01: 100 pb DNA ladder (Promega); Can30 (blaOXA-23,24,51); Can34 (blaOXA-24,51);

Can37 (blaOXA-51) Can38 (blaOXA-51); Can51 (blaOXA-23,51); Can63 (blaOXA-24,51); Can71(blaOXA-23,51);

Can126 (blaOXA-24); Can142 (blaOXA-58); Can55 (blaOXA-51); Can56 (blaOXA-23,51); Can88 (blaOXA-23,51);

Can61 (blaOxa-51); CN : controle negativo dos reagentes usados na mPCR.

Page 48: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

48

Tabela 8 - Frequência de detecção dos genes para oxacilinase (OXA) por

mPCR nos isolados avaliados

Genes Frequência

blaOXA-23, blaOXA-51 130 (91,6%)

blaOXA-51 7 (4,9%)

blaOXA-24, blaOXA-51 2 (1,4%)

blaOXA-23, blaOXA-24, blaOXA-51 1 (0,7%) blaOXA-24 1 (0,7%)

blaOXA-58 1 (0,7%)

O perfil comparativo entre os resultados da análise fenotípica (Tabela 7) com

o perfil de amplificação por mPCR (Tabela 8) dos genes para as oxacilinases está

demonstrado na Tabela 8. Dos 128 isolados resistentes ao imipenem e meropenem,

127 apresentaram o gene bla-OXA23 (p<0,001). Enquanto que dos 13 isolados que

foram sensíveis a esses antimicrobianos apenas dois apresentaram este gene

(Tabela 9).

Todos os 94 isolados resistentes a ampicilina/sulbactam foram positivos para

a presença dos genes blaOXA-23 (p<0,001) e blaOXA-51 (p<0,015). Entre os 18 isolados

sensíveis a este antimicrobiano, 16 apresentaram o gene blaOXA-51 e em apenas 6

foram detectados o gene blaOXA-23 (Tabela 9).

Entre os 127 isolados resistentes ao cefepime, 126 foram positivos para o

gene blaOXA-23 (p<0,001). Dos 12 isolados sensíveis, 2 foram positivos para esse

gene. Todas os isolados resistentes apresentaram também o gene blaOXA-51

(p<0,003) (9).

Em relação à ceftazidima, 128 dos 131 isolados resistentes apresentaram o

gene blaOXA-23 (p<0,001) e 2 dos 9 isolados sensíveis também apresentaram esse

gene. 130 dos 131 isolados resistentes possuíam o gene blaOXA-23 (p<0,031) (Tabela

9).

Entre os 128 isolados resistentes a ciprofloxacina, 124 foram positivos para o

gene blaOXA-23 (p<0,001). Dos 12 isolados sensíveis a esse antibiótico, quatro

apresentaram esse gene (Tabela 9).

Page 49: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

49

Tabela 9 - Análise comparativa entre perfil fenotípico de susceptibilidade aos antibióticos e presença de genes para

oxacilinases (n=142)

Padrão de sensibilidade

OXA 23 OXA 24 OXA 51 OXA 58

Presença Ausência Presença Ausência Presença Ausência Presença Ausência

F (%) f (%) f (%) f (%) f (%) F (%) f (%) f (%)

Amicacina Sensível 96 (73,8) 11 (91,7) 3 (75,0) 104 (75,4) 106 (75,7) 1 (50,0) 1 (100) 106 (75,2) Intermediário 5 (3,8) 0 (0) 0 (0) 5 (3,6) 5 (3,6) 0 (0) 0 (0) 5 (3,5) Resistente 29 (22,4) 1 (8,3) 1 (25,0) 29 (21,0) 29 (20,7) 1 (50,0) 0 (0) 30 (21,3)

P =0,657 P =1,000 P =0,433 P =1,000 Ampicilina

Sensível 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) Intermediário 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) Resistente 130 (100) 12 (100) 4 (100) 138 (100) 140 (100) 2 (100) 1 (100) 141 (100)

P =1,000 P =1,000 P =1,000 P =1,000 Ampicilina/ Sulbactam

Sensível 6 (4,6) 12 (100) 4 (100) 14 (10,1) 16 (11,4) 2 (100) 1 (100) 17 (12,1) Intermediário 30 (23,1) 0 (0) 0 (0) 30 (21,7) 30 (21,4) 0 (0) 0 (0) 30 (21,3) Resistente 94 (72,3) 0 (0) 0 (0) 94 (68,1) 94 (67,1) 0 (0) 0 (0) 94 (66,7)

P <0,001* P <0,001* P =0,015* P =0,126 Cefepime

Sensível 2 (1,5) 10 (83,4) 4 (100) 8 (5,8) 11 (7,9) 1 (50,0) 0 (0) 12 (8,5) Intermediário 2 (1,5) 1 (8,3) 0 (0) 3 (2,2) 2 (1,4) 1 (50,0) 1 (100) 2 (1,4) Resistente 126 (97,0) 1 (8,3) 0 (0) 127 (92,0) 127 (90,7) 0 (0) 0 (0) 127 (90,1)

P <0,001* P <0,001* P =0,003* P =0,021* Cefoxitina

Sensível 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) Intermediário 0 (0) 1 (8,3) 1 (25,0) 0 (0) 1 (0,7) 0 (0) 0 (0) 1 (0,7) Resistente 130 (100) 11 (91,7) 3 (75,0) 138 (100) 139 (99,3) 2 (100) 1 (100) 140 99,3)

P =0,085 P =0,028* P =1,000 P =1,000 Ceftazidima

Sensível 2 (1,5) 7 (58,3) 3 (75,0) 6 (4,3) 9 (6,4) 0 (0) 0 (0) 9 (6,4) Intermediário 0 (0) 2 (16,7) 0 (0) 2 (1,4) 1 (0,7) 1 (50,0) 1 (100) 1 (0,7) Resistente 128 (98,5) 3 (25,0) 1 (25,0) 130 (94,2) 130 (92,9) 1 (50,0) 0 (0) 131 (92,9)

P <0,001* P =0,001* P =0,031* P =0,014*

Page 50: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

50

Tabela 9 - Análise comparativa entre perfil fenotípico de sensibilidade aos antibióticos e presença de genes para oxacilinases (n=142) (continuação)

Padrão de sensibilidade

OXA 23 OXA 24 OXA 51 OXA 58

Presença Ausência Presença Ausência Presença Ausência Presença Ausência

F (%) f (%) f (%) f (%) f (%) F (%) f (%) f (%)

Ciprofloxacina Sensível 4 (3,1) 8 (66,7) 3 (75,0) 9 (6,5) 12 (8,6) 0 (0) 0 (0) 12 (8,5) Intermediário 2 (1,5) 0 (0) 0 (0) 2 (1,4) 2 (1,4) 0 (0) 0 (0) 2 (1,4) Resistente 124 (95,4) 4 (33,3) 1 (25,0) 127 (92,0) 126 (90,0) 2 (100) 1 (100) 127 (90,1)

P <0,001* P =0,003* P =1,000 P =1,000 Gentamicina

Sensível 57 (43,8) 9 (75,0) 2 (50,0) 64 (46,4) 65 (46,4) 1 (50,0) 1 (100) 65 (46,1) Intermediário 6 (4,6) 0 (0) 0 (0) 6 (4,3) 6 (4,3) 0 (0) 0 (0) 6 (4,3) Resistente 67 (51,5) 3 (25,0) 2 (50,0) 68 (49,3) 69 (49,3) 1 (50,0) 0 (0) 70 (49,6)

P =0,163 P =1,000 P =1,000 P =0,507 Imipenem

Sensível 2 (1,5) 11 (91,7) 3 (75,0) 10 (7,3) 11 (7,9) 2 (100) 1 (100) 12 (8,5) Intermediário 1 (0,8) 0 (0) 0 (0) 1 (0,7) 1 (0,7) 0 (0) 0 (0) 1 (0,7) Resistente 127 (97,7) 1 (8,3) 1 (25,0) 127 (92,0) 128 (91,4) 0 (0) 0 (0) 128 (90,8)

P <0,001* P =0,002* P =0,009* P =0,098 Meropenem

Sensível 2 (1,5) 11 (91,7) 3 (75,0) 10 (7,2) 11 (7,9) 2 (100) 1 (100) 12 (8,5) Intermediário 1 (0,8) 0 (0) 0 (0) 1 (0,7) 1 (0,7) 0 (0) 0 (0) 1 (0,7) Resistente 127 (97,7) 1 (8,3) 1 (25,0) 127 (92,0) 128 (91,4) 0 (0) 0 (0) 128 (90,8)

P <0,001* P =0,002* P =0,009* P =0,098 Piper/tazob

Sensível 2 (1,5) 8 (66,7) 2 (50,0) 8 (5,8) 10 (7,1) 0 (0) 0 (0) 10 (7,1) Intermediário 0 (0) 1 (8,3) 1 (25,0) 0 (0) 0 (0) 1 (50,0) 0 (0) 1 (0,7) Resistente 128 (98,5) 3 (25,0) 1 (25,0) 130 (94,2) 130 (92,9) 1 (50,0) 1 (100) 130 (92,2)

P =0,505 P <0,001* P =0,018* P =1,000 Tigeciclina

Sensível 122 (93,1) 11 (100) 4 (100) 129 (93,5) 131 (93,6) 2 (100) 1 (100) 132 (93,6) Intermediário 9 (6,9) 0 (0) 0 (0) 9 (6,5) 9 (6,4) 0 (0) 0 (0) 9 (6,4) Resistente 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0) 0 (0,0) 0 (0) 0 (0) 0 (0)

P =0,630 P =1,000 P = 0,999 P =1,000

f = frequência absoluta. % = frequência relativa. *Diferenças estatisticamente significantes (P <0,05) através do teste de probabilidade de Exato de Fisher (Freeman-Halton extension).

Page 51: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

51

A reação de PCR utilizada para confirmar a identificação fenotípica dos

isolados, pela amplificação do gene blaOXA-51, mostrou um fragmento especifico de

353pb em 140 (98.6%) isolados. Nesta investigação, somente dois isolados (126 e

142) não apresentaram o gene blaOXA-51, que é considerado intrínseco em A.

baumannii e serve para a identificação dessa espécie. O fragmento específico do

gene blaOXA-51 em alguns dos isolados é mostrado na Figura 2.

Figura 2 - Gel de agarose 2% mostrando o produto de amplificação por PCR específica do gene blaOXA-51 de alguns isolados do estudo

Legenda: CN (controle o reagentes utilizados no mPCR; 100 pb DNA ladder (Promega);

Isolados nºs: 61, 71, 88, 89, 105 e 122, respectivamente.

A técnica de ARDRA-PCR foi feita, não somente para confirmar os resultados

fenotípicos obtidos, mas também com o intuito de detectar diferenças

intraespecíficas entre os 142 isolados. Para tal, o DNA foi submetido a ensaios de

PCR com um par de iniciadores específicos, desenhados para esta finalidade. Este

par de iniciadores amplificou um fragmento de tamanho de1432pb, como esperado,

em todos os isolados. A Figura 3 mostra um perfil representativo para o DNA de

alguns desses isolados amplificados.

Page 52: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

52

Figura 3 - Gel de agarose 1% mostrando o produto de amplificação por PCR específica para o gene da região 16S ribossomal de alguns isolados do estudo

Legenda: Isolados nºs: 30; 100 pb DNA ladder (Promega); Isolados nºs: 34, 37, 38, 56, 63, 71, 26,

142, 55, 51, 61 e 88, respectivamente.

A fim de se constatar se o método ARDRA-PCR teria capacidade de

diferenciar os isolados entre si, o produto amplificado de cada isolado foi submetido

à digestão enzimática com a endonuclease BfaI. Os perfis eletroforéticos mostrados

em gel foram medidos visualmente de forma comparativa, tendo-se um padrão

molecular de uso comercial amplamente utilizado para estes fins. Observaram-se

perfis homogêneos para 138 (97,1%) isolados com fragmentos de 31-39-95-146-

167-173-189-281-306, previamente identificados fenotipicamente e genotipicamente,

como sendo A. baumannii (Tabela 10). É importante notar que fragmentos muito

pequenos (entre 01 e 100 pares de base) frequentemente não aparecem no gel de

poliacrilamida.

É possível observar, em gel de poliacrilamida 6%, o resultado representativo

da digestão enzimática/ARDRA-PCR do perfil para alguns isolados, previamente

identificados pelos métodos automatizado e PCR específica para a detecção do

gene blaOXA-51 (Figura 4). No referido gel a espécie A. baumannii está representada

por dois isolados (14 e 72), uma A. ursingii (isolado 71) dois A. lwoffii (isolados 126 e

142). Os perfis de restrição obtidos para o isolado 71 foram fragmentos de 81-146-

175-189-404-437 pb, correspondendo ao perfil de uma amostra sob número de

acesso no Genbank KB849719.1 depositada como A. ursingii (Tabela 10).

Ressalta-se que os perfis de restrição ARDRA-PCR de três isolados

identificados pelo Vitek2 como sendo: A. ursingii (isolado 30) e dois como A. lwoffii

(isolados 126 e 142) não corresponderam ao perfil in silico obtido para estas

espécies com sequências do Genbank. Os perfis com fragmentos de 76-149-151-

Page 53: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

53

175-404-518pb obtidos para os isolados 30 e 126 foram semelhantes àqueles

obtidos para um Acinetobacter sp., com o número de acesso no Genbank

JF710649.1. Enquanto o perfil obtido para o isolado 142, identificado como A. lwoffii

fenotipicamente, foi compatível com Acinetobacter sp., número de acesso no

Genbank JQ039977.1 e apresentando fragmentos de 47-81-151-156-175-404-

437pb (Figura 4 e Tabela 10). Ou seja, a identificação obtida pelo método

automatizado foi cordante da molecular no gênero, porém em relação à espécie

houve discordância.

Figura 4 - Gel de poliacrilamida 6% representando os produtos da digestão enzimática de alguns isolados identificados no estudo

Legenda: ND = Não digerido; Dig = Digerido; CN=Controle negativo dos reagentes amplificados e

digeridos.

Tabela 10 - Perfis obtidos no ARDRA-PCR para os 142 isolados de Acinetobacter avaliados no presente estudo Isolado nº. Sequencia de referência

do Genbank Perfil ARDRA-PCR

Genbank Perfil ARDRA-PCR

isolados

1 ao 29; 31 ao 70; 72 ao125; 127 ao 141

Acinetobacter baumannii gi|215481761:18347-19871

39-94-95-146-173-175-182-222-306

39-94-95-146-173-175-182-222-306

Total 138

30-126 Acinetobacter sp. JF710649.1

76-149-151-175-404-518 76-149-151-175-404-518

71 Acinetobacter ursingii KB849719.1

81-146-175-189-404-437 81-146-175-189-404-437

142 Acinetobacter sp. JQ039977.1

47-81-151-156-175-404-437

151-156-175-404-437

Page 54: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

54

Para a construção de um dendrograma mostrando os perfis ARDRA-PCR dos

142 isolados, foram feitas digestões in silico com 124 diferentes sequências

pertencentes a 32 espécies Acinetobacter spp., constantes no Genbank. Entre os

resultados destas digestões encontrou-se o perfil obtido para 138 (97,1%) isolados

como pertencentes às espécies A. baumannii, de três isolados como pertencentes a

duas diferentes linhagens da espécie Acinetobacter sp., e uma como sendo da

espécie A. ursingii.

Utilizando-se os perfis mostrados dos produtos da PCR, em gel de agarose

após digestão com a enzima BfaI, foi construída uma matriz binária baseada na

presença (1) ou ausência (0) de cada fragmento digerido dos isolados. Com relação

às espécies de referência, utilizou-se àquelas que apresentaram o perfil semelhante

ao obtido para os isolados, bem como, 28 diferentes espécies escolhidas

aleatoriamente, utilizou-se o resultado da digestão in silico obtida pelo programa

NEBcutter 2.0, entre as 124 linhagens previamente analisadas (Tabela 2). A matriz

foi construída pelo programa NTSYS v. 2.1 (ROHLF, 2000) que gerou um

dendrograma onde foram mostrados os resultados do agrupamento dos perfis dos

isolados e de 32 diferentes espécies de referência com base na média aritmética

ponderada (Unweighted Pair Group Method algorithm-UPGMA). O grau de

similaridade genotípica entre ambos os perfis de ARDRA-PCR, para os

isolados/amostras de referência, foi estabelecido pelo coeficiente Sorensen-Dice

calculado pelo programa NTSYS (ROHLF, 2000).

Na análise dos agrupamentos formados no dendrograma foi possível

perceber o alto grau de similaridade entre os perfis ARDRA-PCR obtidos pela

digestão in silico das sequências das espécies de referência existentes no Genbank,

mostrando diferenciar as espécies entre si. Além disso, esta metodologia foi capaz

de agrupar os isolados, em conformidade com a espécie identificada pelo perfil

ARDRA (Figura 5).

Page 55: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

55

Figura 5 - Dendrograma de similaridade genética derivado do coeficiente de similaridade DICE implementado pelo programa NTSYS mostrando as relações filogenéticas entre os 142 isolados do estudo e as 32 espécies de referência de Acinetobacter do Genbank

Legenda: Isolados nºs: 71 – A. ursingii; 30 e 126 – Acinetobacter sp.; 142 – Acinetobacter sp.; 1-29,

31-70, 72-125, 127-141 – A. baumannii

Page 56: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

56

A fim de confirmar os resultados obtidos no ARDRA-PCR, bem como verificar

a eficiência dessa metodologia em diferenciar entre si os isolados de Acinetobacter

spp., o produto da PCR dos 04 isolados (30,71, 126 e 142), que mostraram um perfil

diferenciado no ARDRA-PCR, e de outros 24 isolados, descritos na Tabela 11 e que

foram escolhidos aleatoriamente, entre aqueles identificados por PCR como A.

baumannii, tiveram o seu produto amplificado purificado e sequenciado.

Obteve-se pelo sequenciamento do fragmento específico de 1432pb, com os

iniciadores especialmente desenhados para o presente estudo, sequências de

tamanhos variados, ou seja, de 922 a 1423pb (Tabela 11). A busca de similaridade

entre as sequências dos 28 isolados com as sequências existentes no Genbank foi

feita com o auxílio do programa BLASTn do pacote BLAST 2.0 (BASIC ALIGNMENT

SEARCH TOOL) desenvolvido pelo NCBI (ALTSCHUL et al., 1997) e mostrou um

grau de similaridade que variou de 98 a 100%.

Foi observado neste estudo que os 24 isolados, escolhidos aleatoriamente

entre aqueles identificados como A. baumannii, eram na maioria de secreção

traqueal de pacientes de UTI, mostrando assim a importância do envolvimento

desse patógeno nas infecções hospitalares (Tabela 11).

As sequências nucleotídicas obtidas foram editadas para a remoção de

ambiguidades e a qualidade de cada base foi avaliada utilizando o CLUSTALW

software package (EMBL-EBI) (http://www.ebi.ac.uk/clustalw/) de modo que somente

as bases de alta confiabilidade, repetidas em série nos diferentes sequenciamentos

foram utilizadas para a montagem de uma fita consenso final, para cada isolado.

Estas sequências estão em processo de depósito no GenBank.

Análises filogenéticas foram feitas alinhando-se as sequências nucleotídicas

obtidas para os 28 isolados e mais as 32 sequências de diferentes espécies de

Acinetobacter existentes no Genbank, como mostrado na Tabela 11 e na Figura 6. O

resultado mostrou e confirmou a similaridade genética entre os isolados e as

amostras de referência do Genbank, confirmando também o perfil mostrado no

dendrograma.

Na árvore filogenética, resultante do alinhamento implementado pelo

programa de bioinformática Mega com o algorítmo Neighbor-Joining e 1000

replicatas de bootstrap, foi possível perceber que, mesmo não se fechando o

sequenciamento do fragmento todo (1432pb) para os 28 isolados analisados, o

resultado do alinhamento mostrou a diferenciação, não somente das espécies de

Page 57: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

57

Acinetobacter de referência oriundas do Genbank, mas também os isolados foram

topograficamente alocados com as respectivas amostras de referência com as quais

elas foram identificadas no ARDRA-PCR (Figura 6).

Tabela 11 - Resultado da análise de similaridade genética entre as sequências obtidas dos isolados quando submetida ao Blastn do Genbank

Lege

nda:

UTI: Unidade de Terapia Intensiva; CM: Clínica Médica; SI: Semi Intensivo; EM: Emergência. ST:

Secreção traqueal; FO: Ferida operatória; SN: Swab Nasal; S: Sangue.

Isolado nº.

Hospital/Setor Espécime clínico

Tamanho sequenciado

(pb)

Identidade Similaridade %

01 H01/UTI/ST 922 A. baumannii 99% 02 H01/UTI/ST 1018 A. baumannii 99% 06 H03/UTI//ST 1020 A. baumannii 99% 08 H01/UTI//ST 996 A. baumannii 99% 11 H03/UTI//ST 1011 A. baumannii 99% 12 H02/CM/FO 1376 A. baumannii 99% 13 H05/UTI/ST 1001 A. baumannii 99% 14 H02/UTI/ST 998 A. baumannii 99% 16 H01/UTI/ST 1026 A. baumannii 99% 30 HO1/CM/SN 1376 Acinetobacter sp 99% 71 H06/UTI/ S 1357 A. ursingii 99% 84 HO7/ UTI/ST 1334 A. baumannii 99% 88 H12/UTI/ S 1353 A. baumannii 99% 91 H01/UTI/SN 1344 A. baumannii 99% 92 HO7/ UTI/ST 1374 A. baumannii 99% 93 HO7/ UTI/ST 1350 A. baumannii 99% 94 H01/UTI/ST 1000 A. baumannii 100% 95 H02/UTI/ST 1029 A. baumannii 99% 96 HO7/UTI/ST 1000 A. baumannii 100% 97 H01/SI/SN 1370 A. baumannii 99% 98 HO7/ SI/S 1005 A. baumannii 99% 100 HO7/ SI/ST 1372 A. baumannii 99% 101 H01/UTI/ST 1353 A. baumannii 99% 103 H04/EM/ST 1333 A. baumannii 99% 104 H08/UTI/S 1363 A. baumannii 99% 105 H09/SI/ST 1352 A. baumannii 99% 126 H10/UTI/ST 1415 Acinetobacter sp 98% 142 H11/UTI/ST 1423 Acinetobacter sp 99%

Page 58: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

58

Figura 6 - Árvore filogenética construída pelo programa Mega versão 5.2 usando o algoritmo de neighbor joining com valor de bootstrap de 1000 replicatas. A árvore foi baseada na sequência nucleotídica do fragmento de 1.432bp de 28 isolados que foram sequenciados e 32 sequências de diferentes espécies de Acinetobacter provenientes do Genbank

‘’

Page 59: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

59

7 DISCUSSÃO

As espécies pertencentes ao gênero Acinetobacter são uma importante causa

de infecção no ambiente hospitalar e têm sido associadas a uma grande variedade

de enfermidades em pacientes internados, principalmente naqueles em Unidades de

Terapia Intensiva (SINHA; SRINIVASA; MACADEN, 2007; PELEG; SEIFERT;

PATERSON, 2008; NOWAK; PALUCHOWSKA; BUDAK, 2012).

No presente estudo os resultados dos métodos de identificação fenotípica e

molecular demonstraram que a espécie A. baumannii foi a mais detectada

corroborando dados da literatura recente que tem registrado o A. baumannii como a

principal espécie do gênero relacionada a infecções hospitalares (NOWAK;

PALUCHOWSKA; BUDAK, 2012; ZHENG; YUAN; LI, 2013).

Dos 142 isolados utilizados no estudo, três foram identificados incorretamente

quanto à espécie, pelo sistema automatizado Vitek 2, um foi identificado como A.

ursingii e dois isolados como A. lwoffii. Os métodos moleculares identificaram estes

isolados como sendo Acinetobacter sp. Os sistemas automatizados têm sido

utilizados com grande frequência para a identificação e perfil de susceptibilidade de

bactérias, esses sistemas diminuem o trabalho e o tempo de realização desses

testes o que possibilita a liberação de resultados com mais rapidez (DONAY et al.,

2004), no entanto, prováveis erros desses sistemas podem implicar em sérios

problemas na evolução clínica dos pacientes (KULAH et al., 2009). Estudo realizado

por Higgins et al. (2010b) demonstrou erro na identificação por esse sistema, uma

amostra identificada como A. lwoffii era na verdade A. baumannii. Segundo Sung et

al. (2000) o A. lwoffii foi uma das espécies identificadas incorretamente com maior

frequência. Recentemente, Guo et al. (2014) efetuou um estudo comparativo entre

métodos de identificação de diferentes micro-organismos e constatou erros de

identificação no Vitek2.

Tem sido descrito que infecções causadas por isolados de Acinetobacter

multirresistentes apresentam taxas extremamente elevadas de mortalidade

ocorrendo frequentemente em pacientes graves internados em unidades de terapia

intensiva e em uso de ventilação mecânica (MARAGAKIS; PERL, 2008; JOSHI;

LITAKE, 2013). Os procedimentos invasivos, como a ventilação mecânica, são um

dos maiores fatores de risco para as infecções causadas por A. baumannii

(FOURNIER et al., 2006).

Page 60: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

60

Em relação ao setor de internação, a UTI (adulto e neonatal) se confirmou

como o setor com o maior número de amostras 69 (58%), este resultado está de

acordo com os outros trabalhos. Em um estudo realizado no Brasil por CORRÊA et

al. (2012) a UTI também foi responsável pela maior parte dos isolados, 57,1%. Na

Arábia Saudita 56% das amostras foram isoladas de pacientes internados na

unidade de terapia intensiva (ABDALHAMID et al., 2014). Pacientes internados em

UTI geralmente apresentam quadro clínico mais grave por passarem longos

períodos de tempo internados. Biglari et al. (2013) sugerem que esses pacientes têm

uma maior chance de serem colonizados ou infectados por Acinetobacter spp.,

principalmente através de feridas de tecidos moles e trato respiratório.

Quanto ao tipo de espécime clínico, assim como em outros estudos, a

secreção traqueal foi o espécime clínico mais frequente neste estudo. Safari et al.

(2013) relataram que 74% dos seus isolados eram provenientes de aspirado

traqueal. Em outro estudo realizado por Abdalhamid et al. (2014) o trato respiratório

foi responsável por 52% das amostras. No Brasil, em trabalho realizado no Rio de

Janeiro, 47,3% dos isolados foram provenientes do trato respiratório (CARVALHO et

al., 2009).

A média de idade neste estudo foi de 50,03 anos sendo que a maior parte dos

pacientes (40,3%) apresentou mais de 60 anos. Em um estudo realizado em

Curitiba, os pesquisadores observaram que os pacientes que foram a óbito eram em

média 13,5 anos mais velhos e que a idade teve valor significativo para mortalidade.

Estes dados mostram que a equipe médica deve ter um cuidado redobrado com os

pacientes idosos a fim de minimizar possíveis colonizações ou infecções por A.

baumannii, bem como os índices de mortalidade causados por este patógeno

(MEDEIROS; YABUMOTO; MOTA, 2008).

As espécies do gênero Acinetobacter têm ganhado destaque devido a sua

resistência intrínseca a antibióticos e capacidade de adquirir novos genes de

resistência, o que as torna resistentes a várias classes de antibióticos (SHEHATA,

2012). A. baumannii é considerado um importante patógeno no ambiente hospitalar

principalmente devido a sua resistência contra múltiplas classes de antimicrobianos

(PEREZ et al., 2007), constatando-se nos últimos anos um aumento continuo da

prevalência de linhagens multirresistentes (NOWAK; PALUCHOWSKA; BUDAK,

2012; ZHENG; YUAN; LI, 2013).

Page 61: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

61

Sobre o perfil de resistência dos isolados analisados no presente estudo os

resultados mostraram altas taxas de resistência aos antibióticos testados, não só

aos β-lactâmicos, mas também a outras classes de antimicrobianos. Para alguns

antibióticos não foi observada nenhuma linhagem sensível, como foi o caso da

ampicilina e da cefoxitina. A polimixina B e a tigeciclina foram os antimicrobianos

mais efetivos, apresentando 100% e 93,66% de sensibilidade, respectivamente.

A resistência aos antimicrobianos restringe as opções de tratamento,

principalmente quando os isolados são resistentes aos carbapenêmicos que são

considerados os fármacos de primeira escolha no tratamento das infecções

causadas por bactérias do gênero Acinetobacter (CORRÊA et al., 2012). No entanto,

nos últimos anos, tem sido observado em todo o mundo o aumento de isolados

resistentes ao carbapenêmicos, restando apenas a polimixina B e tigeciclina como

as últimas drogas com atividade in vitro (AL-AGAMY et al., 2014).

Os perfis de 90,14% de resistência aos carbapenêmicos observados nos

isolados aqui analisados concordam com os resultados de CORRÊA et al. (2012)

que encontraram altas taxas de resistência entre isolados brasileiros de

Acinetobacter spp. Neste mesmo estudo, as taxas de resistência ao imipenem e

meropenem foram de 71,4% e 69,7%, respectivamente. Em estudo realizado no

Maranhão, 86,6% dos isolados de A. baumannii foram resistentes ao imipenem

(FONSECA et al., 2013). Pequisadores do Iran encontraram elevados índices de

resistência ao imipenem (79,8%) e meropenem (75%) e baixa resistência a

tigeciclina (2,9%) (MOHAJERI et al., 2014). Altas taxas (63,6%) de resistência ao

imipenem foram também encontradas na Arábia Saudita (AL-AGAMY et al., 2014).

Assim, devido à falta de novas drogas, os médicos têm considerado a

tigeciclina como opção contra infecções causadas por Acinetobacter spp.,

multirresistentes (ROSSI, 2011). Com exceção da polimixina B e tigeciclina, as

maiores taxas de susceptibilidade no presente estudo foram da amicacina (75,4%) e

gentamicina (46,4%). No Teerã a polimixina B e tigeciclina apresentaram boa

atividade antimicrobiana, sendo 91,2% dos isolados de A. baumannii sensíveis a

estes antibióticos (MOROVAT et al., 2009). No Brasil, Corrêa et al (2012)

encontraram a maior taxa de susceptibilidade para amicacina (58,8%), tetraciclina

(55,4%) e gentamicina (42,9%), porém eles não utilizaram polimixina B e tigeciclina.

As oxacilinases são o principal mecanismo de resistência ao carbapenêmicos

entre linhagens de A. baumannii (NOWAK; PALUCHOWSKA; BUDAK, 2012). A

Page 62: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

62

resistência a outras classes de antimicrobianos, diferentes dos carbapenêmicos,

pode estar relacionada a múltiplos mecanismos de resistência que também são

encontrados em Acinetobacter spp., mas que não foram pesquisados no presente

estudo. Entre esses mecanismos pode-se citar a perda ou alteração estrutural de

proteínas de membrana do tipo porinas, presença de bombas de efluxo que

reduzem a concentração do agente antimicrobiano no interior da bactéria,

diminuição da permeabilidade da membrana externa, expressão da cefalosporinase

do tipo AmpC (intrínseca em A. baumannii) e metalo-β-lactamases (MBLs) (PELEG;

SEIFERT; PATERSON, 2008; FIGUEIREDO et al., 2012).

As enzimas carbapenemases do tipo OXA são as mais difundidas em A.

baumanii, elas são capazes de hidrolisar os carbapenêmicos conferindo a este

micro-organismo a capacidade de resistência aos antimicrobianos desta classe de

fármacos (FOUAD et al., 2013). A produção da enzima OXA-23, uma beta-lactamase

da classe D de Ambler, representa um importante mecanismo de resistência em

isolados de A. baumannii e tem sido detectada com frequência em diferentes países

(SUNG et al., 2008; CORRÊA et al., 2012; CIESLINSKI et al., 2013; FOUAD et al.,

2013; AL-AGAMY et al., 2014).

Neste estudo, a presença do gene blaOXA-51 foi confirmada em 140 (98,6%)

isolados, todos os 138 isolados de A. baumanni foram positivas para este gene.

Além disso, blaOXA-51 foi também detectado em dois isolados não-baumannii. Estes

resultados estão em concordância com a literatura, onde vários autores afirmam que

este gene é intrínseco à espécie A. baumannii (TURTON et al., 2006b; POIREL;

NORDMANN, 2006; ABDALHAMID et al. 2014). Por outro lado, o gene blaOXA-51 foi

também detectado em outras espécies não-baumannii (LEE, Y. T. et al., 2009;

2012). Estes resultados demonstram que a enzima OXA-51 é a mais prevalente em

isolados de A. baumannii não só do Brasil, mas em várias partes do todo o mundo.

A alta frequência dos genes blaOXA-51 e blaOXA-23 nos isolados resistentes e a

baixa frequência dos mesmos nos isolados sensíveis sugere que as enzimas

codificadas por estes genes podem estar relacionadas à resistência aos

carbapenêmicos. Estes resultados concordam com resultados obtidos na Korea

(LEE et al., 2009), Arábia Saudita (FOUAD et al., 2013) e em Taiwan (CHAN et al.,

2014) onde estes genes foram detectados na maioria dos isolados de A. baumanni

estudados e relacionados diretamente à resistência a estes dois carbapenêmicos.

No Maranhão o gene blaOXA-23 foi recentemente detectado em 86,6% dos isolados de

Page 63: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

63

A. baumannii resistentes a carbapenêmicos e o blaOXA-51 em 100% (FONSECA et al.,

2013). Um estudo realizado em Niterói, Rio de Janeiro, também detectou uma alta

frequência do blaOXA-23 e blaOXA-51 em 95,4% e 100%, respectivamente dos isolados

de A. baumanni resistentes ao imipenem (CORRÊA et al., 2012). Em Belo Horizonte,

MARTINS et al. (2014) encontraram estes dois genes em 93,7% e 84,3% dos

isolados de A. baumanni multirresistentes.

Apesar da resistência aos carbapenêmicos não poder ser atribuída somente à

presença do gene blaOXA-51, a presença dos genes blaOXA-23, blaOXA-24 e blaOXA-58

foram consistentemente associados à resistência ou à diminuição da

susceptibilidade (WOODFORD et al., 2006). No presente estudo um isolado

apresentou os genes blaOXA-23, blaOXA-24 e blaOXA-51. Woodford et al. (2006), também

identificaram dois isolados, provavelmente oriundas do Paquistão e Tailândia, que

possuíam três genes blaOXA simultaneamente.

A investigação da presença de quatro subgrupos de carbapenemases do tipo

oxacilinase (OXA) foi feita com a finalidade de detectar os genes blaOXA-51, blaOXA-23,

blaOXA-24 e blaOXA-58 nos 142 isolados estudados. Foi observado que dos 138 isolados

identificados como A. baumannii, 130 (94.2%) apresentaram simultaneamente o

genes blaOXA-23 e o blaOXA-51, destas 127 (97,7%) foram resistentes ao imipenem e

meropenem. Além disso, isolados com perfil intermediário apresentaram também

estes genes.

O gene blaOXA-24 foi detectado em 4 (2,8%) isolados e o blaOXA-58 foi detectado

em apenas 1 (0,7%), estes resultados estão de acordo com outros estudos que

também apresentaram baixa frequência desses genes, Sohrabi et al. (2012) em um

estudo realizado no Irã detectaram o gene blaOXA-24 em 1,6% dos isolados e o gene

blaOXA-58 em 3,2% dos isolados de A. baumannii. Al-Agamy et al. (2014) encontraram

o gene blaOXA-24 em dois isolados enquanto o gene blaOXA-58 não foi encontrado em

nenhum isolado. O gene blaOXA-58 foi isolado pela primeira vez no Brasil na cidade de

São Paulo (ANTÔNIO et al., 2011).

A rápida detecção de isolados de Acinetobacter resistentes a carbapenêmicos

e seus mecanismos de resistência é de suma importância para evitar a sua

disseminação no ambiente hospitalar (CORRÊA et al., 2012). Neste aspecto, os

resultados desse estudo, juntamente com os de outros pesquisadores, mostram que

os elevados índices de resistência são um problema não só do Brasil, mas de todo o

Page 64: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

64

mundo despertando maior atenção para o perigo da disseminação de linhagens

multirresistentes de Acinetobacter spp.

A espécie A. baumannii tem sido considerada a mais importante do gênero,

do ponto de vista clínico, constituindo-se atualmente, um dos principais problemas

enfrentados pelos profissionais de saúde devida sua resistência a múltiplas drogas

(BIGLARI et al., 2013). Por outro lado, infecções causadas por outras espécies de

não-baumannii Acinetobacter spp., têm aumentado na comunidade e em hospitais.

Tem sido descrito que as infecções causadas por estas outras espécies,

consideradas menos patogênicas, raramente são graves porque estes micro-

organismos ainda são suscetíveis a vários antimicrobianos (PELEG; SEIFERT;

PATERSON, 2008; FIGUEIREDO et al., 2011). Neste sentido, sua rápida

diferenciação das outras espécies que raramente causam infecções é de suma

importância (TURTON et al., 2006a).

O gênero Acinetobacter tem sofrido mudanças taxonômicas ao longo da

história e até o presente, 33 diferentes genoespécies foram definidas através de

métodos de hibridização de DNA-DNA genômico (ESPINAL; ROCA; VILA, 2011).

Apesar de ser considerado o padrão ouro, essa metodologia é laboriosa e de difícil

aplicação na rotina clínica (ESPINAL; ROCA; VILA, 2011). Por isso, o sistema de

identificação fenotípico tem sido amplamente utilizado para identificar ou diferenciar

novos isolados, entretanto estes métodos são imprecisos, apresentam baixa

capacidade de discriminação entre espécies de Acinetobacter, são complexos de

executar e demorados (ESPINAL; ROCA; VILA, 2011). Alguns métodos de

identificação comerciais disponíveis são conseguem separar as espécies

pertencentes ao complexo A. calcoaceticus – A. baumannii, as três espécies

clinicamente relevantes desse complexo são identificadas como A. baumannii pela

maioria desses sistemas (PAUL; MARYAN; DANNIE, 2007; PELEG; SEIFERT;

PATERSON, 2008).

Entre os métodos recentemente desenvolvidos para identificar os isolados de

A. baumannii incluem-se a detecção por PCR do gene blaOXA-51, que codifica uma

carbapenemase intrínseca a esta espécie, Espectrometria de Massa com Ionização

por PCR-electrospray, e uma nova metodologia de PCR que analisa as diferenças

nos respectivos genes gyrB permitindo diferenciação entre A. baumannii e

Acinetobacter genoespecie 13TU (NOWAK; PALUCHOWSKA; BUDAK, 2012).

Page 65: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

65

No presente estudo o gene blaOXA-51 foi detectado em todos os isolados

identificados fenotipicamente como A. baumannii e em dois isolados não-baumannii,

sendo uma amostra de A. ursingii (71), e outra de Acinetobacter spp. (isolado 30),

sugerindo que a presença deste gene pode identificar até o nível de gênero, mas

não ao de espécie. Este resultado concorda com aqueles obtidos por Lee, Y. T. et al.

(2009, 2012) que identificaram pela primeira vez o gene blaOXA-51 em isolados

clínicos de Acinetobacter genoespécie 13TU e A. nosocomialis. Apesar de alguns

autores considerarem que a detecção do gene blaOXA-51 pode ser usada como a

forma mais simples e confiável para identificação de A. baumannii (TURTON et al.,

2006b; NOWAK; PALUCHOWSKA; BUDAK, 2012; ABDALHAMID et al., 2014) a

somatória dos resultados obtidos neste trabalho mais os obtidos por Lee Y. T. et al.

(2009; 2012) colocam em dúvida a utilização da identificação deste gene como

forma de identificação e diferenciação de A. baumannii de outras espécies de

Acinetobacter. Os resultados obtidos aqui são sugestivos de que, apesar de

intrínseco a A. baumannii. este gene não é exclusivo desta espécie.

Outra metodologia que tem sido muito utilizada é a análise de restrição de

DNA ribossomal amplificado (ARDRA-PCR) que apresenta muitas vantagens na

identificação de espécies de Acinetobacter em relação à identificação fenotípica,

uma vez que, esse método é confiável e valioso também nos estudos filogenéticos e

taxonômicos (VANEECHOUTE et al., 1995; GUNDI et al., 2009; SKLARZ et al.,

2009).

No presente estudo, a utilidade do ensaio de ARDRA-PCR foi avaliada para a

diferenciação das espécies genômicas de 142 isolados de Acinetobacter spp. Os

perfis obtidos experimentalmente através da digestão enzimática destes isolados

foram coincidentes com os perfis in silico obtidos com diferentes sequências do

Genbank e pertencentes a 32 espécies de Acinetobacter. Além disso, a obtenção

dos perfis ARDRA do fragmento de 1432pb da região 16S do RNA ribossomal, teve

um importante diferencial, em relação ao que existe na literatura, pela utilização de

apenas uma enzima de restrição para a execução do ARDRA-PCR. Neste método

comumente são utilizadas várias endonucleases de restrição, para identificar e ou

diferenciar entre si diferentes tipos de micro-organismos patogênicos, inclusive de

Acinetobacter spp.

Vaneechoutte et al. (1995) demonstraram que o ARDRA-PCR usando cinco

enzimas de restrição é uma eficiente técnica para diferenciar as espécies do

Page 66: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

66

complexo A. calcoaceticus-A. baumannii. Tien et al. (2012) conseguiram identificar

as espécies de Acinetobacter utilizando a técnica de ARDRA-PCR com três

enzimas. Kong et al. (2011) também obteve sucesso ao utilizar o ARDRA-PCR na

identificação e diferenciação de linhagens de A. baumannii. O presente estudo

demonstrou que a identificação dessas espécies pode ser realizada com o uso de

apenas uma enzima de restrição, previamente selecionada in silico.

O ARDRA-PCR tem sido um dos métodos mais aceitos e validados para a

identificação de espécies de Acinetobacter com um grande acervo de perfis

disponíveis (PELEG; SEIFERT; PATERSON, 2008). Esta técnica apresenta várias

vantagens, é um método econômico que fornece resultados de forma rápida, além

disso, os equipamentos necessários para a sua execução, como termocicladores e

equipamentos para eletroforese, são de fácil acesso na maioria dos laboratórios de

microbiologia clínica. Todas essas características fazem dessa técnica uma das

melhores alternativas na identificação de espécies do gênero Acinetobacter (CHANG

et al., 2005; KONG et al., 2011). Também foi demonstrado que o ARDRA-PCR é

uma importante ferramenta no estudo da diversidade genética o que pode contribuir

para o melhor entendimento da epidemiologia e importância clínica das espécies de

Acinetobacter principalmente às pertencentes ao complexo A. calcoaceticus-A.

baumannii (VANEECHOUTTE et al., 1995; TIEN et al., 2012).

É importante ressaltar que o sequenciamento genômico do fragmento

específico correspondente a toda região 16S do RNA ribossômico tem sido utilizado

para a identificação parcial ou quase completa das espécies de Acinetobacter

(CHANG et al., 2005). No presente estudo, o sequenciamento do fragmento

específico de 1432pb de 24 isolados, escolhidos aleatoriamente entre os isolados

identificados fenotipicamente como A. baumannii mostrou similaridade genética de

98 a 100% com A. baumannii, confirmando a identificação molecular obtido no

ARDRA-PCR, e com isso, validando os resultados obtidos para os demais isolados.

Além disso, o sequenciamento do produto da PCR dos quatro isolados identificados

pelo Vitek 2 como sendo: A. ursingii (isolados 30 e 71) e dois como A. lwoffii

(isolados 126 e 142) mostrou que apenas o isolado 71 era realmente A. ursingii, os

demais foram identificados como Acinetobacter spp. Esses achados estão de acordo

com a literatura a respeito da identificação fenotípica das espécies do gênero

Acinetobacter, ou seja, que a mesma é insuficiente para identificar Acinetobacter em

nível de espécie (CHANG et al., 2005). Os resultados do presente estudo não

Page 67: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

67

somente suportam a aplicação do ARDRA-PCR para a determinação das espécies

de Acinetobacter, mas também sugere que a maioria das espécies genômicas

podem ser identificadas para considerações clínicas usando-se apenas uma enzima,

nesse caso a enzima BfaI.

Page 68: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

68

8 CONCLUSÃO

A exemplo do que está descrito na literatura, os resultados obtidos no

presente estudo mostraram que a espécie A. baumannii é a mais importante

do gênero, e que o número de infecções causadas por espécies não-

baumannii tem aumentado no ambiente hospitalar; demonstrando a sua

importância clínica, uma vez que estas podem apresentar resistência

antimicrobiana e características potenciais de virulência;

A resistência bacteriana a antimicrobianos avaliada pelo método

automatizado Vitek2 mostrou que são altos os índices de resistência em A.

baumannii, considerando quase todas as classes de antimicrobianos, com

exceção da polimixina B e Tigeciclina, que ainda são efetivas contra A.

baumannii;

Os genes codificadores de Oxacilinases (blaOXA-23 e blaOXA-51) foram

detectados em quase totalidade dos isolados de A. baumannii estudadas;

A presença do gene blaOXA-51 em isolados de Acinetobacter spp.,

apresentados neste estudo, demonstrou que este gene necessariamente não

os identifica como A. baumannii.

O sequenciamento do fragmento amplificado com os iniciadores

especialmente desenhado para o presente trabalho permitiu a identificação

dos 28 isolados sequenciados;

O ARDRA-PCR demonstrou ser uma ferramenta molecular útil para o estudo

da diversidade genética das espécies de Acinetobacter spp., pois permitiu

identificar e diferenciar todos os isolados entre si, pela utilização de apenas

uma enzima de restrição.

O dendrograma construído a partir dos perfis ARDRA-PCR, obtidos para os

isolados mostrou alto grau de similaridade com os perfis obtidos pela digestão

in silico das sequências de referência de Acinetobacter spp., existentes no

Genbank, suportando a aplicabilidade do ARDRA-PCR para a determinação

das espécies de Acinetobacter.

Page 69: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

69

REFERÊNCIAS

ABDALHAMID, B.; HASSAN, H.; ITBAILEH, A.; SHORMAN, M. Characterization of

carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii clinical isolates in a tertiary care

hospital in Saudi Arabia. New Microbiologica, v. 37, p. 65-73, 2014.

ACOSTA, J.; MERINO, M.; VIEDMA, E.; POZA, M.; SANZ, F.; OTERO, J. R.; CHAVES, F.; BOU, G. Multidrug-Resistant Acinetobacter baumannii Harboring OXA-24 Carbapenemase, Spain. Emerging Infectious Diseases, v. 17, n. 6, p. 1064-1067, 2011. AFZAL-SHAH, M.; WOODFORD, N.; LIVERMORE, D. M. Characterization of OXA-25, OXA-26, and OXA-27, molecular class D beta-lactamases associated with carbapenem resistance in clinical isolates of Acinetobacter baumannii. Antimicrobial Agents Chemotherapy, v. 45, p. 583-588, 2001. AL-AGAMY, M. H.; SHIBL, A. M.; ALI, M. S.; KHUBNANI, H.; RADWAN, H. H.; LIVERMORE, D. M. Distribution of β-lactamases in carbapenem-non-susceptible Acinetobacter baumannii in Riyadh, Saudi Arabia. Journal of Global Antimicrobial Resistance, v. 2, n. 1, p. 17-21, 2014.

ALTSCHUL, S. F.; MADDEN, T. L.; SCHÄFFER, A. A.; ZHANG, J.; ZHANG, Z.; MILLER, W.; LIPMAN, D. J. Gapped BLAST and PSI-BLAST: a new generation of protein database search programs. Nucleic Acids Research, v. 25, n. 17, p. 3389-3402, 1997.

AMBLER, R. P. The structure of β-lactamases. Philos Trans R Soc Lond B Bio Sci,

v. 289, p. 321-31, 1980. ANTONIO, C. S.; NEVES, P. R.; MEDEIROS, M.; MAMIZUKA, E. M. High Prevalence of Carbapenem-Resistant Acinetobacter baumannii Carrying the blaOXA-

143 Gene in Brazilian Hospitals. Antimicrobial Agents Chemotherapy, v. 55, n. 3, p. 1322-1323, 2011. ANVISA/Agência Nacional de Vigilância Sanitária 2010. Nota técnica Nº 1/2010: Medidas para identificação, prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde por micro-organismos multirresistentes. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home/serviçosdesaude> Acessado em 05 de Abril de 2014. AYGUN, G.; DEMIRKIRAN, O.; UTKU, T.; METE, B.; URKMEZ, S.; YILMAZ, M.; YASAR, H.; DIKMEN, Y.; OZTÜRK, R. Environmental contamination during a carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii outbreak in an intensive care unit. Journal of Hospital Infection, v. 52, p. 259-262, 2002. BAUMANN, P.; DOUDOROFF, M.; STANIER, R. Y. A study of the Moraxella group. II. Oxidative-negative species (genus Acinetobacter). Journal of Bacteriology, v.

95, p. 1520–1541, 1968.

Page 70: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

70

BEACHEY, E. H. Bacterial adherence: adhesion-receptor interactions mediating the attachment of bacteria to mucosal surface. The Journal of Infectious Disease, v. 143, p. 325-345, 1981. BEGGS, C. B.; KERR, K. G.; SNELLING, A. M.; SLEIGH, P. A. Acinetobacter spp. and the Clinical Environment. Indoor and Built Environment, v. 15, n. 1, p. 19-24, 2006. BEIJERINCK, M. Pigmenten als oxydatieproducten gevormd door bacterien.Versl.

Koninklijke Akad. Wetensch. Amsterdam, v. 19, p. 1092–1103, 1911. BERGOGNE-BÉRÉZIN E.; TOWNER, K. J. Acinetobacter spp. as Nosocomial Pathogens: Microbiological, Clinical, and Epidemiological Features. Clinical Microbiology Reviews, v. 9, n. 2, p. 148-165, 1996. BERLAU, J.; AUCKEN, H.; MALNICK, H.; PITT, T. Distribution of Acinetobacter species on skin of healthy humans. European Journal Clinical Microbiology & Infectious Diseases, v. 18, p. 179–183, 1999. BERNARDS, A. T.; HARINCK, H. I.; DIJKSHOORN, L.; van der REIJDEN, T. J.; van den BROEK, P. J. Persistent Acinetobacter baumannii? Look inside your medical equipment. Infection Control and Hospital Epidemiology, v. 25, n. 11, p. 1002-1004, 2004. BIGLARI, S.; HANAFIAH, A.; RAMLI, R.; RAHMAN, M.; KHAITHIR, T. M. N. Clinico-epidemiological nature and antibiotic susceptibility profile of Acinetobacter species. Pakistan Journal of Medical Sciences, v. 29, n. 2, p. 469-473, 2013.

BOU, G.; CERVERÓ, G.; DOMÍNGUEZ, M. A.; QUEREDA, C.; MARTÍNEZ-BELTRÁN, J. Characterization of a Nosocomial Outbreak Caused by a Multiresistant Acinetobacter baumannii Strain with a Carbapenem-Hydrolyzing Enzyme: High-Level Carbapenem Resistance in A. baumannii Is Not Due Solely to the Presence of β-Lactamases. Journal of Clinical Microbiology, v. 38, n. 9, p. 3299–3305, 2000.

BOUVET, P. J. M.; GRIMONT, P. A. D. Taxonomy of the genus Acinetobacter with the recognition of Acinetobacter baumannii sp. nov., Acinetobacter haemolyticus sp. nov., Acinetobacter johnsonii sp. nov., and Acinetobacter junii sp. nov. and emended descriptions of Acinetobacter calcoaceticus and Acinetobacter lwoffii. International Journal of Systematic Bacteriology, v. 36, p. 228–240, 1986.

BROSSARD, K. A.; CAMPAGNARI, A. A. The Acinetobacter baumannii Biofilm-Associated Protein Plays a Role in Adherence to Human Epithelial Cells. Infection and Immunity, v. 80, n. 1, p. 228-233, 2012.

BRISOU, J.; PREVOT, A. R. Etudes de systematique bacterienne. X. Revision des especes réunies dans le genere Achromobacter. Annales de Institut Pasteur (Paris), v. 86, p. 722-728, 1954.

BROWN, S.; AMYES, S. OXA β-lactamases in Acinetobacter: the story so far. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v. 57, p. 1-3, 2006.

Page 71: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

71

BUSH, K.; JACOBY, G. A.; MEDEIROS, A. A. Functional Classification Scheme for β –Lactamases and Its Correlation with Molecular Structure. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 39, p. 1211–1233, 1995. BUSH, K.; JACOBY, G. A. Updated Functional Classification of β-Lactamases. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 54, n. 3, p. 969–976, 2010.

CARMARENA, L.; BRUNO, V.; EUSKIRCHEN, G.; POGGIO, S.; SNYDER, M. Molecular mechanisms of ethanol-induced pathogenesis revealed by RNA-sequencing. PLOS Pathogens, v. 6, n. 4, e1000834, 2010.

CARVALHO, K. R.; CARVALHO-ASSEF, A. P. D.; PEIRANO, G.; SANTOS, L. C. G.; PEREIRA, M. J. F.; ASENSI, M. D. Dissemination of multidrug-resistant Acinetobacter baumannii genotypes carrying blaOXA-23 collected from hospitals in Rio de Janeiro, Brazil. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 34, p. 25–28, 2009. CHAN, M. C.; CHIU, S. K.; HSUEH P. R.; WANG, N. C.; WANG, C. C.; FANG, C. T.

Risk Factors for Healthcare-Associated Extensively Drug-Resistant Acinetobacter

baumannii Infections: A Case-Control Study. Plos One, v. 9, n. 1, p. 1-7, 2014.

CHANG, H. C.; WEI, Y. F.; DIJKSHOORN, L.; VANEECHOUTTE M.; TANG, C. T.; CHANG, T. C. Species-level identification of isolates of the Acinetobacter calcoaceticus-acinetobacter baumannii complex by sequence analysis of the 16S-23S rRNA gene spacer region. Journal of Clinical Microbiology, v. 43, n. 4, p. 1632-1639, 2005. CHOI, C. H.; LEE, E. Y.; LEE, Y. C.; PARK, T. I.; KIM, H. J.; HYUN, S. H.; KIM, S. A.; LEE, S. K.; LEE, J. C. Outer membrane protein 38 of Acinetobacter baumannii localizes to the mitochondria and induces apoptosis of epithelial cells. Cellular Microbiology, v. 7, n. 8, p. 1127-1138, 2005. CIESLINSKI, J. M.; AREND, L.; TUON, F. F.; SILVA, E. P.; EKERMANN, R. G. S.; DALLA-COSTA, L. M.; HIGGINS, P. G.; SEIFERT, H.; PILONETTO, M. Molecular epidemiology characterization of OXA-23 carbapenemase-producing Acinetobacter baumannii isolated from 8 Brazilian using repetitive sequence-based PCR. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, v. 77, p. 337-340, 2013. CLARK, R. B. Imipenem resistance among Acinetobacter baumannii: association with reduced expression of a 33-36 kDa outer membrane pro protein. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v.38, p.245-251, 1996. COELHO, J.; WOODFORD, N.; AFZAL-SHAH, M.; LIVERMORE, D. Occurrence of OXA-58-Like carbapenemases in Acinetobacter spp. collected over 10 years in three continents. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 50, n. 2, p. 756–758, 2006. CORRÊA, L. L.; BOTELHO, L. A. B.; BARBOSA, L. C.; MATTOS, C. S.; CARBALLIDO, J. M.; de CASTRO, C. L. T.; MONDINO, P. J. J.; de PAULA, G. R.; de

Page 72: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

72

MONDINO, S. S. B.; de MENDONÇA-SOUZA, C. R. V. Detection of blaOXA-23 in Acinetobacter spp. isolated from patients of a university hospital. Brazilian Journal of Infectious diseases, v. 16, n. 6, p. 521-526, 2012.

COSTERTON, J. W.; STEWART, P. S.; GREENBERG E. P. Bacterial biofilms: a common cause of persistent infections. Science, v. 84, p. 1318-1322, 1999. DALLA-COSTA, L. M.; COELHO, J. M.; SOUZA, H. A.; CASTRO, M. E.; STIER, C. J.; BRAGAGNOLO, K. L.; REA-NETO, A.; PENTEADO-FILHO, S. R.; LIVERMORE, D. M.; WOODFORD, N. Outbreak of carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii producing the OXA-23 enzyme in Curitiba, Brazil. Journal of Cinical Microbiology,

v. 41, n. 7, p. 3403-3406, 2003. DEPARDIEU, F.; PODGLAJEN, I.; LECLERCQ, R.; COLLATZ, E.; COURVALIN, P. Modes and Modulations of Antibiotic Resistance Gene Expression. Clinical Microbiology Reviews, v. 20, n. 1, p. 79-114, 2007. DÍEZ, A. I. D.; PÉREZ, M. A. B.; BOUZA, J. M. E.; GÓMEZ, A. A.; RODRÍGUEZ, P. G.; GÓMEZ, M. A. M.; DOMINGO, A. O.; RODRÍGUEZ-TORRES, A. Susceptibility of the Acinetobacter calcoaceticus-A. baumannii complex to imipenem, meropenem, sulbactam and colistin. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 23,

p.487–493, 2004. Di NOCERA, P. P.; ROCCO, F.; GIANNOULI, M.; TRIASSI, M.; ZARRILLI, F. Genome organization of epidemic Acinetobacter baumannii strains. Microbiology, v.

11, p. 224-240, 2011. DIJKSHOORN L.; van HARSSELAAR, B.; TJERNBERG I.; BOUVET P. J. M.; VANEECHOUTTE M. Evaluation of amplified ribosomal DNA restriction analysis for identification of Acinetobacter genomic species. Systematic and Applied Microbiology, v. 21, p. 33–39, 1998.

DIJKSHOORN, L.; VAN AKEN, E.; SHUNBURNE, L.; van der REIJDEN, T. J.; BERNARDS, A. T.; NEMEC, A.; TOWNER, K. J. Prevalence of Acinetobacter baumannii and other Acinetobacter spp. in faecal samples from non-hospitalised individuals. Clinical Microbiology and Infection, v. 11, p. 329–332, 2005. DIJKSHOORN, L.; NEMEC, A.; SEIFERT H. An increasing threat in hospitals: multidrug-resistant Acinetobacter baumannii. Nature Reviews Microbiology, v. 5, p.

939–951, 2007. DIJKSHOORN, L.; NEMEC, A. The diversity of the genus Acinetobacter, p. 1-34. In U. Gerischer (ed.), Acinetobacter molecular microbiology. Caister Academic Press, Norfolk, United Kingdom, 2008. DONALD, H. M.; SCAIFE, W.; AMYES, S. G.; YOUNG, H. K. Sequence analysis of ARI-1, a novel OXA beta-lactamase, responsible for imipenem resistance in Acinetobacter baumannii 6B92. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v.44, p.196–199, 2000.

Page 73: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

73

DONAY, J. L.; MATHIEU, D.; FERNANDES, P.; PRÉGERMAIN, C.; BRUEL, P.; WARGNIER, A.; CASIN, I.; WEILL, F. X.; LAGRANGE, P. H.; HERRMANN, J. L. Evaluation of the automated Phoenix system for potential routine use in the clinical microbiology laboratory. Journal of Clinical Microbiology, v. 42, n. 4, p. 1542-1546, 2004. DZIDIC, S.; SUSKOVIC, J.; KOS, B. Antibiotic resistance mechanisms in bacteria: biochemical and genetic aspects. Food Technology Biotechnology, v. 46, n. 1, p. 11-21, 2008. ECKER, J. A.; MASSIRE, C.; HALL, T. A.; RANKEN, R.; PENNELLA, T. T.; AGASINO, I. C.; BLYN, L. B.; HOFSTADLER, S. A.; ENDY, T. P.; SCOTT, P. T.; LINDLER, L.; HAMILTON, T.; GADDY, C.; SNOW, K.; PE, M.; FISHBAIN J.; CRAFT, D.; DEYE, G.; RIDDELL, S.; MILSTREY, E.; PETRUCCELLI, B.; BRISSE, S.; HARPIN, V.; SCHINK, V.; ECKER, D. J.; SAMPATH, R.; ESHOO, M. W. Identification of Acinetobacter species and genotyping of Acinetobacter baumannii by multilocus PCR and mass spectrometry. Journal of Clinical Microbiology, v. 44, n.

8, p. 2921-2932, 2006. . ELNIFRO, E. M.; ASHSHI, A. M.; COOPER, R. J.; KLAPPER, E. PAUL. Multiplex PCR: Optimization and application in diagnostic virology. Clinical Microbiology Reviews. v. 13, p.559-570, 2000. ESPINAL, P.; ROCA, I.; VILA, J. Clinical impact and molecular basis of antimicrobial resistance in non-baumannii Acinetobacter. Future Microbiology, v. 6, n. 5, p. 495-

511, 2011. FEIZABADI, M. M.; FATHOLLAHZADEH, B.; TAHERI-KALANI, M.; RASOOLINEJAD, M.; SADEGHIFARD, N.; ALIGHOLI, M. Antimicrobial susceptibility patterns and distribiution of blaOXA genes among Acinetobacter spp. isolated from patients at Tehran hospital. Japanese Journal of Infectious Diseases, v. 61, p.

274-278, 2008. FERNÁNDEZ-CUENCA, F.; MARTÍNEZ-MARTÍNEZ, L.; CONEJO, M. C.; AYALA, J. A.; PEREA, E. J.; PASCUAL, A. Relationship between beta-lactamase production, outer membrane protein and penicillin-binding protein profiles on the activity of carbapenems against clinical isolates of Acinetobacter baumannii. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v. 51, p. 565-574, 2003. FIGUEIREDO, D. Q.; SANTOS, K. R. N dos; PEREIRA, E. M.; SCHUENCK, R. P.; MENDONÇA-SOUZA, C. R. V.; TEIXEIRA, L. M.; MONDINO, S. S. B. First Report of the blaOXA-58 gene in a clinical isolate of Acinetobacter baumannii in Rio de Janeiro, Brazil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 106, n. 3, p. 368-370, 2011.

FIGUEIREDO S.; BONNIN R. A.; POIREL L.; DURANTEAU J.; NORDMANN P. Identification of the naturally occurring genes encoding carbapenem-hydrolysing oxacillinases from Acinetobacter haemolyticus, Acinetobacter johnsonii, and Acinetobacter calcoaceticus. Clinical Microbiology and Infection, v. 18, p. 907–913, 2012.

Page 74: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

74

FONSECA, E. L.; SCHEIDEGGER, E.; FREITAS, F. S.; CIPRIANO, R.; VICENTE, A.

C. P. Carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii from Brazil: role of carO alleles

expression and blaOXA23 gene. BMC Microbiology, v. 13, p. 1-7, 2013.

FORSTER, D. H.; DASCHNER, F. D. Acinetobacter species as nosocomial pathogens. European Journal of Clinical Microbiology & Infectious Diseases, v.

17, p. 73-77, 1998. FOUAD, M.; ATTIA, A. S.; TAWAKKOL, W. M.; HASHEM, A. M. Emergence of carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii harboring the OXA-23 carbapenemase in intensive care units of Egyptian hospitals. International Journal of Infectious Diseases, v. 17, n. 12, p. 1252-1254, 2013.

FOURNIER, P. E.; RICHET, H. The Epidemiology and Control of Acinetobacter baumannii in Health Care Facilities. Clinical Infectious Diseases, v. 42, n. 5, p. 692-699, 2006. FURTADO, G. H.; CAVALCANTE, A. C.; MEDEIROS, E. A.; GALES, A. C.; OLIVEIRA, V. G.; GIRARDELO, R. Bloodstream infections with OXA-23-producing Acinetobacter baumannii isolates in a university-affiliated hospital in Brazil: epidemiology and clinical outcomes. American Journal of Infection Control, v. 39, p. 706–708, 2011. GALES, A. C.; TOGNIM, M. C.; REIS, A. O.; JONES, R. N.; SADER, H. S. Emergence of an IMP-like metallo-enzyme in an Acinetobacter baumannii clinical strain from a Brazilian teaching hospital. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, v. 45, p. 77-79, 2003. GARNACHO-MONTERO, J.; AMAYA-VILLAR, R. Multiresistant Acinetobacter baumannii infections: epidemiology and management. Current Opinion Infectious Disease, v. 23, p. 332-339, 2010.

GERNER-SMIDT, P.; TJERNBERG, I.; URSING, J. Reliability of phenotypic tests for identification of Acinetobacter species. Journal of Clinical Microbiology, v. 29, p.

277–28, 1991. GERNER-SMIDT, P. Ribotyping of the Acinetobacter calcoaceticus-Acinetobacter baumannii complex. Journal of Clinical Microbiology, v. 30, n. 10, p. 2680-2685,

1992. GUNDI, V. A. K. B.; DIJKSHOORN, L.; BURIGNAT, S.; RAOULT, D.; LA SCOLA, B. Validation of partial rpoB gene sequence analysis for the identification of clinically important and emerging Acinetobacter species. Microbiology, v. 155, p. 2333-2341, 2009. GUO, L.; YE, L.; ZHAO, Q.; MA, Y.; YANG, J.; LUO, Y. Comparative study of MALDI-TOF MS and VITEK 2 in bacteria identification. Journal of Thoracic Disease, v. 6, n. 5, p. 534-538, 2014. GURUNG, J.; KHYRIEM, A. B.; BANIK, A.; LYNGDOH, W. V.; CHOUDHURY, B.; BHATTACHARYYA, P. Association of biofilm production with multidrug resistance

Page 75: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

75

among clinical isolates of Acinetobacter baumannii and Pseudomonas aeruginosa from intensive care unit. Indian Journal of Critical Care Medicine, v. 17, n. 4, p. 214-218, 2013. GUSATTI C. S.; BERTHOLDO, L. M.; OTTON, L. M.; MARCHETTI, D. P.; FERREIRA, A. E.; CORÇÃO, G. First occurrence of blaOXA-58 in Acinetobacter baumannii isolated from a clinical sample in southern Brazil. Brazilian Journal of Microbiology, v. 43, n. 1, p. 243-246, 2012. GUSTEN, W. M.; HANSEN, E. A.; CUNHA, B. A. Acinetobacter baumannii pseudomeningitis. Heart Lung, v. 31, p. 76, 2002.

HIGGINS, P. G.; POIREL, L.; LEHMANN, M.; NORDMANN, P.; SEIFERT, H. OXA-143, a novel carbapenem-hydrolyzing class D β-lactamase in Acinetobacter baumannii. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 53, n. 12, p. 5035-5038,

2009. HIGGINS, P. G.; DAMMHAYN, C.; HACKEL, M.; SEIFERT, H. Global spread of carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v. 65, n. 2, p. 233-238, 2010a. HIGGINS, P. G.; SCHNEIDERS, T.; HAMPRECHT, A.; SEIFERT, H. In Vivo Selection of a Missense Mutation in adeR and Conversion of the Novel blaOXA-164 Gene into blaOXA-58 in Carbapenem-Resistant Acinetobacter baumannii Isolates from a Hospitalized Patient. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 54, n. 12, p.

5021-5027, 2010b. HOWARD, A.; O’DONOGHUE, M.; FEENEY, A.; SLEATOR, R. D. Acinetobacter baumannii an emerging opportunistic pathogen. Virulence, v. 3, p. 243-250, 2012.

IDZENGA, D.; SCHOUTERN, M. A.; van ZANTEN, A. R. Outbreak of Acinetobacter genomic species 3 in a Dutch intensive care unit. The Journal of Hospital Infection, v.63, n. 4, p. 485-487, 2006. JACOBS, A. C.; HOOD, I.; BOYD, K. L.; OLSON, P. D.; MORRISON, J. M.; CARSON, S.; SAYOOD, K.; IWEN, P. C.; SKAAR, E. P.; DUNMAN, P. M. Inactivation of phospholipase D diminishes Acinetobacter baumannii Pathogenesis. Infection and Immunity, v. 78, n. 6, p. 1952-1962, 2010. JAWAD, A.; SNELLING, A. M.; HERITAGE J.; HAWKEY, P. M. Comparison of ARDRA and recA-RFLP analysis for genomic species identification of Acinetobacter spp. FEMS Microbiology Letters, v. 165, n. 2, p. 357–362, 1998a. JAWAD, A.; SEIFERT, H.; SNELLING, A. M.; HERITAGE, J.; HAWKEY, P. M. Survival of Acinetobacter baumannii on dry surfaces: comparison of outbreak and sporadic isolates. Journal of Clinical Microbiology, v. 36, n. 7, p. 1938-1941, 1998b. JOLY-GUILLOU, M. L. Clinical impact and pathogenicity of Acinetobacter. Clinical Microbiology and Infection, v. 11, p. 868-873, 2005.

Page 76: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

76

JONES, R. N.; FERRARO, M. J.; RELLER, L. B.; SCHRECKENBERGER, P. C.; SWENSON, J. M.; SADER, H. S. Multicenter Studies of Tigecycline Disk Diffusion Susceptibility Results for Acinetobacter spp. Journal of Clinical Microbiology, v. 45, n. 1, p. 227-230, 2007. JORGENSEN, R. A.; CLUSTER, P. D. Modes and temps in the evolution of nuclear ribossomal DNA: new characters for evolutionary studies and new markers for genetic and population studies. Annual Missouri Botanical Garden, v. 75, p. 1238-

1247, 1989. JOSHI, S. G.; LITAKE, G. M. Acinetobacter baumannii: An emerging pathogenic threat to public health. World Journal of Clinical Infectious Diseases, v. 3, n. 3, p.

25-36, 2013. KARAGEORGOPOULOS, D. E.; KELESIDIS, T.; KELESIDIS, I.; FALAGAS, M. E. Tigecycline for the treatment of multidrug-resistant (including carbapenen-resistant) Acinetobacter infections: a review of the scientific evidence. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v. 62, n. 1, p. 45-55, 2008.

KIM, U. J.; KIM, H. K.; AN, J. H.; CHO, S. K.; PARK, K-H.; JANG, H-C. Update on the epidemiology, treatment, and outcomes of carbapenem-resistant Acinetobacter infections. Chonnam Medical Journal, v. 50, p. 37-44, 2014.

KO, W. C.; LEE, N. Y.; SU, S. C.; DIJKSHOORN, L.; VANEECHOUTTE, M.; WANG, L. R.; YAN, J. J.; CHANG, T. C. Oligonucleotide array-based identification of species in the Acinetobacter calcoaceticus-A. baumannii complex in isolates from blood cultures and antimicrobial susceptibility testing of the isolates. Journal of Clinical Microbiology, v. 46, p. 2052-2059, 2008.

KONG, B. H.; HANIFAH, Y. A.; YUSOF, M. Y.; THONG, K. L. Application of amplified ribosomal DNA restriction analysis in the identification of Acinetobacter baumannii from a Tertiary Teaching Hospital, Malaysia. Tropical Biomedicine, v. 28, n. 3, p.

563-568, 2011. KULAH, C.; AKTAS, E.; COMERT, F.; OZLU, N.; AKYAR, I.; ANKARALI, H. Detecting imipenem resistance in Acinetobacter baumannii by automated systems (BD Phoenix, Microscan WalkAway, Vitek 2); high error rates with Microscan WalkAway. BMC Infectious Diseases, v. 9, n. 30, p. 1-7, 2009.

LA SCOLA, B.; GUNDI, V. A.; KHAMIS, A.; RAOULT, D. Sequencing of the rpoB gene and flanking spacers for molecular identification of Acinetobacter species. Journal of Clinical Microbiology, v. 44, p. 827-832, 2006.

LANDMAN, D.; QUALE, J. M. MAYORGA, D.; ADEDEJI, A.; VANGALA, K.; RAVISHANKAR, J.; FLORES, C.; BROOKS, S. Citywide clonal outbreak of multiresistant Acinetobacter baumannii and Pseudomonas aeruginosa in Brooklyn, NY: the preantibiotic era has returned. Archives of Internal Medicine, v. 162, p. 1515-1520, 2002. .

Page 77: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

77

LEE, J. C.; KOERTEN, H.; van den BROEK, P.; BEEKHUIZEN, H.; WOLTERBEEK, R.; van den BARSELAAR, M.; van der REIJDEN, T.; van der MEER, J.; van de GEVEL, J.; DIJKSHOORN, L. Adherence of Acinetobacter baumannii strains to human bronchial epithelial cells. Research in Microbiology, v. 157, n. 4, p. 360-366, 2006. LEE, H. W.; KOH, Y. M.; KIM, J.; LEE, J. C.; LEE, Y. C.; SEOL, S. Y.; CHO, D. T.; KIM, J. Capacity of multidrug-resistant clinical isolates of Acinetobacter baumannii to form biofilm and adhere to epithelial cell surfaces. Clinical Microbiology and Infection, v. 14, n. 1, p. 49-54, 2008. LEE, K.; KIM, M. N.; CHOI, T. Y.; CHO, S. E.; LEE, S.; WHANG, D. H.; YOUNG, D.;

CHONG, Y.; WOODFORD, N.; LIVERMORE, D. M.; KONSAR GROUP. Wide

dissemination of OXA-type carbapenemases in clinical Acinetobacter spp. isolates

from South Korea. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 33, p. 520-

524, 2009.

LEE, Y. T.; TURTON, J. F.; CHEN, T. L.; WU, R. C.; CHANG, W. C.; FUNG, C. P.;

CHEN, C. P.; CHO, W. L.; HUANG, L. Y.; SIU, L. K. First identification of blaOXA-51-

like in non-baumannii Acinetobacter spp. Journal of Chemotherapy, v. 21, n. 5, p.

514-520, 2009.

LEE, Y. T.; KUO S. C.; CHIANG, M. C.; YANG, S. P.; CHEN, C. P.; CHEN T. L.; FUNG, C. P. Emergence of Carbapenem-Resistant Non-baumannii Species of Acinetobacter Harboring a blaOXA-51-Like Gene That Is Intrinsic to A. baumannii. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 56, n. 2, p. 1124-1127, 2012. LEVY, S. B.; MARSHALL, B. Antibacterial resistance worldwide: causes, challenges and responses. Nature Medicine Supplement, v. 10, n. 12, p. 122-129, 2004.

LIM, Y. M.; SHIN, K. S.; KIM, J. Distinct antimicrobial resistance patterns and antimicrobial resistance-harboring genes according to genomic species of Acinetobacter isolates. Journal of Clinical Microbiology, v. 45, p. 902-905, 2007.

LIVERMORE, D. M. β-Lactamases in laboratory and clinical resistance. Clinical Microbiology Reviews, v. 8, n. 4, p. 557–584, 1995. LIVERMORE, D. M.; DUDLEY, M. N. Antimicrobials: better use, better drugs, or both? Current opinion in Microbiology, v. 3, p. 487-488, 2000.

LUIZ, S. O. Caracterização da Resistência de amostras de Acinetobacter baumannii isoladas no Hospital de Clínicas de Curitiba. 2006. 79 f. Dissertação (Mestrado em Microbiologia, Parasitologia e Patologia)-Faculdade de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Paraná, 2006. LUPSKI, J. R. Molecular mechanisms for transposition of drug-resistance genes and other movable genetic elements. Reviews of Infectious Diseases, v. 9, n. 2, p.

357-368, 1987.

Page 78: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

78

McDONALD, L. C.; WALKER, M., CARSON, L.; ARDUINO, M.; AGUERO, S. M.; GOMEZ, P.; McNEIL, P.; JARVIS, W. R. Outbreak of Acinetobacter spp. bloodstream infections in a nursery associated with contaminated aerosols and air conditioners. Pediatric Infectious Disease Journal, v. 17, n. 8, p. 716, 1998. MANIATIS, T.; FRITCH, E. E. F.; SAMBROOK, J. Molecular Cloning: a Laboratory Manual. New York. Cold Spring Harbor Laboratory, Cold Spring Harbor, 1989, 2nd

ed. 3 volumes. MARAGAKIS, L. L.; PERL, T. M. Acinetobacter baumannii: Epidemiology,

Antimicrobial Resistance, and Treatment Options. Clinical Infectious Diseases, v.

46, p. 1254-1263, 2008.

MARTINS, H. S. I.; BOMFIM, M. R. Q.; FRANÇA, R. O.; FARIAS, L. M.; CARVALHO,

M. A. R.; SERUFO, J. C.; SANTOS, S. G. Resistance Markers and Genetic Diversity

in Acinetobacter baumannii Strains Recovered from Nosocomial Bloodstream

Infectious. International Journal of Environmental Research and Public Health,

v. 11, n. 2, p. 1465-1478, 2014.

MEDEIROS, A. A. Evolution and dissemination of β-lactamases accelerated by generations of β-lactam antibiotics. Clinical Infectious Diseases, v. 24, p. 19-45, 1997. MEDEIROS, F. de; YABUMOTO, R.; MOTTA, F. A. Fatores de Mortalidade em Pacientes de UTI de Trauma de um Hospital Terciário de Referência Colonizados e/ou Infectados por Acinetobacter baumannii. Newslab, v. 86, p. 124-138, 2008. MEYER, R.; HÖFELEIN, C.; LÜTHY, J.; CANDRIAN, U. Polymerase chain reaction-restriction fragment length polymorphism analysis: a simple method for species identification in food. Journal of AOAC International, v. 78, n. 6, p. 1542-1551, 1995. MOHAJERI, P.; FARAHANI, A.; FEIZABADI, M. M.; KETABI, H.; ABIRI, R.; NAJAFI,

F. Antimicrobial susceptibility profiling and genomic diversity of Acinetobacter

baumannii isolates: A study in western Iran. Iranian Journal of Microbiology, v. 5,

n. 3, p. 195-202, 2013.

MOSTACHIO, A. K.; van der HEIDJEN I.; ROSSI, F.; LEVIN, A. S.; COSTA, S. F. Multiplex PCR for rapid detection of genes encoding oxacillinases and metallo-β-lactamases in carbapenem-resistant Acinetobacter spp. Journal of Medical Microbiology, v. 58, n. 11, p. 1522-1524, 2009. MOROVAT T.; BAHRAM, F.; MOHAMMAD, E.; SETAREH, S.; MEHDI, F. M. Distribution of different carbapenem resistant clones of Acinetobacter baumannii in Tehran Hospitals. New Microbiologica, v. 32, n. 3, p. 265-271, 2009. NAAS, T.; LEVY, M.; HIRSCHAUER, C.; MARCHANDIN, H.; NORDMANN, P. Outbreak of carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii producing the

Page 79: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

79

carbapenemase OXA-23 in a tertiary care hospital of Papeete, French Polynesia. Journal of Clinical Microbiology, v. 43, n. 9, p. 4826-4829, 2005. NEELEMAN, C.; KLAASSEN, C. H.; DE VALK, H. A.; DE RUITER, M. T.; MOUTON, J. W. Amplified fragment length polymorphism fingerprinting is an effective technique to distinguish Streptococcus pneumoniae from other Streptococci and an efficient alternative to pulsed-field gel electrophoresis for molecular typing of pneumococci. Journal of Clinical Microbiology, v. 42, n. 1, p. 369-371, 2004. NEMEC, A.; BAERE, T.; TJERNBERG, I.; VANEECHOUTTE, M.; van der REIJDEN, T. J. K.; DIJKSHOORN, L. Acinetobacter ursingii sp nov. and Acinetobacter schindleri sp nov., isolated from human clinical specimens. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 51, p. 1891–1899, 2001.

NEMEC, A.; MUSÍLEK, M.; MAIXNEROVÁ, M.; BAERE, T.; van der REIJDEN, T. J. K.; VANEECHOUTTE, M.; DIJKSHOORN, L. Acinetobacter beijerinckii sp. nov. and Acinetobacter gyllenbergii sp. nov., haemoytic organisms isolated from humans. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 59, p. 118–124, 2009. NOWAK, P.; PALUCHOWSKA, P.; BUDAK, A. Distribution of blaOXA genes among carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii nosocomial strains in Poland. New Microbiologica, v. 35, p. 317-325, 2012.

PATON, R.; MILES, R. S.; HOOD, J.; AMYES, S. G. B. ARI-1: β-lactamase mediated imipenem resistance in Acinetobacter baumannii. International Journal of Antimicrobial Agents, v.2, n. 2, p.81–88, 1993.

PAUL, C. S.; MARYAN, I. D.; DANNIE, G. H. Acinetobacter, Alcaligenes, Chryseobacterium, Moraxella, and other nonfermentative gram-negative rods, p. 770-802. In MURRAY, P. R.; BARON, E. J.; JORGENSEN, J. H.; LANDRY, M. L.; PFALLER, M. A. Manual of clinical microbiology, 9th ed. ASM Press, 2007, Washington, DC. PELEG, A. Y.; SEIFERT, H.; PATERSON, D. L. Acinetobacter baumannii: emergence of a successful pathogen. Clinical Microbiology Reviews, v. 21, n. 3, p. 538–82, 2008. PELEG, A.Y; BREIJ, A. de; ADAMS, M. D.; CERQUEIRA, G. M.; MOCALI, S.; GALARDINI, M.; NIBBERING, P. H.; EARL, A. M.; WARD, D. V.; PATERSON D. L.; SEIFERT, H.; DIJKSHOORN, L. The Success of Acinetobacter Species; Genetic, Metabolic and Virulence Attributes. PLOS One, v.7, n.10, e46984, 2012. PERES-BOTA D.; RODRIGUEZ H.; DIMOPOULOS G.; DAROS, A.; MÉLOT, C.; STRUELENS, M.; VINCENT, J. Are infections due to resistant pathogens associated with a worse outcome in critically ill patients? Journal of infection, v. 47, n. 4, p.307-316, 2003.

Page 80: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

80

PEREZ, F.; HUJER, A. M.; HUJER, K. M.; DECKER, B. K.; RATHER, P.N.; BONOMO, R.A. Global challenge of multidrug-resistant Acinetobacter baumannii. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 51, n. 10, p. 3471-3484, 2007.

PITTET, D. Infection control and quality health care in the new millennium. American Journal of infection Control, v. 33, n. 5, p. 258-267, 2005. POIREL, L.; MARQUÉ, S.; HÉRITIER, C.; SEGONDS, C.; CHABANAN, G.; NORDMANN, P. OXA-58, a Novel Class D β-Lactamase Involved in Resistance to Carbapenems in Acinetobacter baumannii. Antimicrobial Agents and Chemoterapy, v. 49, n. 1, p. 202-208, 2005.

POIREL, L.; NORDMANN P. Carbapenem resistance in Acinetobacter baumannii: mechanisms and epidemiology. Clinical Microbiology and Infection, v. 12, n. 9, p. 826-36, 2006. POIREL, L.; PITOUT, J. D.; NORDMANN, P. Carbapenemases: molecular diversity and clinical consequences. Future Microbiololy, v. 2, n. 5, p. 501-512, 2007. POIREL, L.; FIGUEIREDO, S.; CATTOIR, V.; CARATTOLI, A.; NORDMANN, P. Acinetobacter radioresistens as a Silent Source of Carbapenem Resistance for Acinetobacter spp. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 52, n. 4, p. 1252-1256, 2008. POIREL, L.; NAAS, T.; NORDMANN, P. Class D β-lactamases: diversity, epidemiology and genetics. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 54, p. 24-38, 2010. POURNARAS, S.; MARKOGIANNAKIS, A.; IKONOMIDIS, A.; KONDYLI, L.; BETHIMOUTI, K.; MANIATIS, A. N.; LEGAKIS, N. J.; TSAKRIS, A. Outbreak of multiple clones of imipenem-resistant Acinetobacter baumannii isolates expressing OXA-58 carbapenemase in an intensive care unit. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v. 57, n. 3, p. 557–561, 2006.

QUEENAN, A. M.; BUSH, K. Carbapenemases: the Versatile β-lactamases. Clinical Microbiology Reviews, v. 20, n. 3, p. 440-458, 2007. RIBERA, A.; FERNÁNDEZ-CUENCA, F.; BECEIRO, A.; BOU, G.; MARTÍNEZ-MARTÍNEZ, L.; PASCUAL, A.; CISNEROS, J. M.; RODRÍGUEZ-BAÑO, J.; PACHÓN, J.; VILA, J. Antimicrobial Susceptibility and Mechanisms of Resistance to Quinolones and β-Lactams in Acinetobacter Genospecies 3. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 48, n. 4, p. 1430-1432, 2004. RODLOFF, A. C.; GOLDSTEINM, E. J.; TORRES, A. Two decades of imipenem therapy. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v.58, p. 916-929, 2006.

RODRÍGUEZ-BAÑO, J.; MARTÍ, S.; SOTO, S.; FERNÁNDEZ-CUENCA, F.; CISNEROS, J. M.; PACHÓN, J.; PASCUAL, A.; MARTÍNEZ-MARTÍNEZ, L.; McQUEARY, C.; ACTIS, L. A.; VILA, J. Biofilm formation in Acinetobacter baumannii:

Page 81: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

81

associated features and clinical implications. Clinical Microbiology and Infection,

v. 14, n. 3, p. 276-278, 2008.

ROHLF, F. J. NTSYS-pc: numerical taxonomy and multivariate analysis system, version 2.1. Exeter Software, New York, 98p, 2000. ROSSI, F. The Challenges of Antimicrobial Resistance in Brazil. Antimicrobial

Resistance, v. 52, p. 1138-1143, 2011.

SAHL, J. W.; GILLECE, J. D.; SCHUPP, J. M.; WADDELL, V. G.; DRIEBE, E. M.;

ENGELTHALER, D. M., KEIM, P. Evolution of a Pathogen: A Comparative Genomics

Analysis Identifies a Genetic Pathway to Pathogenesis in Acinetobacter. Plos One,

v. 8, n. 1, e54287, 2013.

SAFARI, M.; SAIDIJAM, M.; BAHADOR, A.; JAFARI, R.; ALIKHANI, M. Y. High

Prevalence of Multidrug Resistance and Metallo-beta-lactamase (MβL) producing

Acinetobacter baumannii Isolated from Patients in ICU Wards, Hamadan, Iran.

Journal of Research in Health Sciences, v. 13, n. 2, p. 162-167, 2013.

SANGER, F.; NICKELEN, S; COULSON, A. R. DNA sequencing with chain-terminating inhibitors. Proceedings of the National Academy of Science of the United States of America, v. 74, n. 12, p. 5463-5467, 1977. SCAIFE, W.; YOUNG, H. K.; PATON, R. H.; AMYES, S. G. Transferable imipenem-resistance in Acinetobacter species from a clinical source. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v. 36, n. 3, p.585–586, 1995. SEIFERT, H.; BAGINSKI, R.; SCHULZE, A.; PULVERER, G. Antimicrobial susceptibility of Acinetobacter species. Antimicrobial Agents and Chemotherapy,

v. 37, n. 4, p. 750-753, 1993. SEIFERT, H.; DIJKSHOORN, L.; GERNER-SMIDT, P.; PELZER, N.; TJERNBERG, I.; VANEECHOUTTE, M. Distribution of Acinetobacter species on human skin: comparison of phenotypic and genotypic identification methods. Journal of Clinical Microbiology, v. 35, n. 11, p. 2819-2825, 1997.

SHEHATA, A. I. Phenotypic and Genotypic Typing of Multidrug-resistant

Acinetobacter baumannii by Plasmid Profiles and Multiplex-PCR Typing. Science

Journal of Microbiology, v. 2012, p. 1-7, 2012.

SHENG, W. H.; LIN, Y. C.; WANG. J. T.; CHEN, Y. C.; CHANG, S. C.; HSIA, K. C.; WU, R. J.; LI, S. Y. Identification of distinct ciprofloxacin susceptibility in Acinetobacter spp. by detection of the gyrA gene mutation using real-time PCR. Molecular and Cellular Probes, v. 23, p. 154-156, 2009. SINHA, M.; SRINIVASA, H.; MACADEN, R. Antibiotic resistance profile and extended spectrum beta-lactamase (ESBL) production in Acinetobacter species. Indian Journal of Medical Research, v. 126, n. 1, p. 63-67, 2007.

Page 82: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

82

SKLARZ, M. Y.; ANGEL, R.; GILLOR, O.; SOARES, M. I. M. Evaluating amplified rDNA restriction analysis assay for identification of bacterial communities. Antonie Van Leeuwenhoek, v. 96, n. 4, p. 659-664, 2009. SOHRABI, N.; FARAJNIA, S.; AKHI, M. T.; NAGHILI, B.; PEYMANI, A.; AMIRI, Z.; REZAEE, M. A.; SAEEDI, N. Prevalence of OXA-type β-lactamases among Acinetobacter baumannii isolates from Northwest of Iran. Microbial Drug Resistance, v. 18, n. 4, p. 385-389, 2012.

SUNG, L. L.; YANG, D. le; HUNG, C. C.; HO, H. T. Evaluation of autoSCAN-W/A and the Vitek GNI+ AutoMicrobic System for Identification of Non-Glucose-Fermenting Gram-Negative Bacilli. Journal of Clinical Microbiology, v. 38, n. 3, p. 1127-1130,

2000. SUNG, J. Y.; KWON, K. C.; PARK, J. W.; KIM, Y. S.; KIM, J. M.; SHIN, K. S.; KIM, J.

W.; KO, C. S.; SHIN, S. Y.; SONG, J. H.; KOO, S. H. Dissemination of IMP-1 and

OXA Type β-Lactamase in Carbapenem-resistant Acinetobacter baumannii. Korean

Journal of Laboratory Medicine, v. 28, n. 1, p. 16-23, 2008.

TENA, D.; MARTÍNEZ, N. M.; OTEO, J.; SÁEZ, D.; VINDEL, A.; AZAÑEDO, M. L.; SÁNCHEZ, L.; ESPINOSA, A.; COBOS, J.; SÁNCHEZ, R.; OTERO, I.; BISQUERT, J. Outbreak of Multiresistant OXA-24 and OXA-51-Producing Acinetobacter baumannii in an Internal Medicine Ward. Japanese Journal of Infectious Diseases,

v. 66, n. 4, p. 323-326, 2013. TENOVER, F. C.; ARBEIT, R. D.; GOERING, R. V.; MICKELSEN, P. A.; MURRAY, B. E.; PERSING, D.H.; SWAMINATHAN, B. Interpreting chromosomal DNA restriction patterns produced by pulsed-field gel electrophoresis: criteria for bacterial strain typing. Journal of Clinical Microbiology, v. 33, n. 9, p. 2233-9, 1995.

TENOVER, F. C. Mechanisms of antimicrobial resistance in bacteria. American Journal of Infection Control, v. 34, p. 3-10, 2006. TIEN, N.; YOU, B. J.; CHANG, H. L.; LIN, H. S.; LEE, C. Y.; CHUNG, T. C.; LU, J. J.; CHANG, C. C. Comparison of Genospecies and Antimicrobial Resistance Profiles of Isolates in the Acinetobacter calcoaceticus-Acinetobacter baumannii Complex from Various Clinical Specimens. Antimicrobial Agents and Chemotherapy, v. 56, n.

12, p. 6267-6271, 2012. TJERNBERG, I. Antimicrobial susceptibility of Acinetobacter strains identified by DNA-DNA hybridization. APMIS, v. 98, p. 320-326, 1990.

TOWNER, K. J. Clinical importance and antibiotic resistance of Acinetobacter spp. Proceedings of a symposium held on 4-5 November 1996 at Eilat, Israel. Journal of Medical Microbiology, v. 46, n. 9, p. 721-746, 1997.

TURTON, J. F.; WARD, M. E., WOODFORD, N.; KAUFMANN, M. E.; PIKE, R.; LIVERMORE, D. M.; PITT, T. L. The role of ISAba1 in expression of OXA

Page 83: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

83

carbapenemase genes in Acinetobacter baumannii. FEMS Microbiology Letters, v.

258, p. 72-77, 2006a. TURTON, J. F.; WOODFORD, N.; GLOVER, J.; YARDE, S.; KAUFMANN, M. E.; PITT, T. Identification of Acinetobacter baumannii by Detection of the blaOXA-51-like Carbapenemase Gene Intrinsic to this Species. Journal of Clinical Microbiology, v. 44, n. 8, p. 2974-2976, 2006b. TURTON, J. F.; SHAH, J.; OZONGWU, C.; PIKE, R. Incidence of Acinetobacter species other than A. baumannii among clinical isolates of Acinetobacter: evidence for emerging species. Journal of Clinical Microbiology, v. 48, p.1445–1449, 2010.

YABUMOTO, F. M.; OLIVEIRA, J. C. C. Resistência Bacteriana de Isolados de Acinetobacter baumannii em UTI. NewsLab - edição 108, p. 128-135, 2011. VANEECHOUTTE, M.; DIJKSHOORN, L.; TJERNBERG, I.; ELAICHOUNI, A.; VOS, P. de; CLAEYS, G.; VERSCHRAEGEN, G. Identification of Acinetobacter Genomic Species by Amplified Ribosomal DNA Restriction Analysis. Journal of Clinical Microbiology, v. 33, n. 1, p. 11-15, 1995.

VANEECHOUTTE, M.; DE BAERE, T. Taxonomy of the genus Acinetobacter, based on 16S ribosomal RNA gene sequences. In Acinetobacter Molecular Biology. Edited by U. Gerischer. Wymondham, UK: Horizon Scientific Press/Caister Academic Pres, p. 35–60, 2007. VILA, J.; MARCOS, M. A.; JIMENEZ DE ANTA, M. T. A comparative study of different PCR-based DNA fingerprinting techniques for typing of the Acinetobacter calcoaceticus-A.baumannii complex. Journal of Medical Microbiology, v. 44, n. 6, p. 482-489, 1996. VOS, P.; HOGERS, R.; BLEEKER, M.; REIJANS, M.; van de LEE, T.; HORNES, M.; FRIJTERS, A.; POT, J.; PELEMAN, J.; KUIPER, M.; ZABEAU, M. AFLP: a new technique for DNA fingerprinting. Nucleic Acids Research, v. 23, p. 4407–4414,

1995. WALSH, T. R.; BOLMSTRÖM, A.; QWÄRNSTRÖM, A.; GALES, A. Evaluation of a New Etest for Detecting Metallo-β-Lactamases in Routine Clinical Testing. Journal of Clinical Microbiology, v. 40, n. 8, p. 2755-2759, 2002. WALSH, T. R. Emerging carbapenemases: a global perspective. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 36, p. 8-14, 2010.

WENDT, C.; DIETZE, B.; DIETZ, E.; RÜDEN H. Survival of Acinetobacter baumannii on dry surfaces. Journal of Clinical Microbiology, v. 35, n. 6, p. 1394-1397, 1997. WOODFORD, N.; FAGAN, E. J.; ELLINGTON, M. J. Multiplex PCR for rapid detection of genes encoding CTX-M extended-spectrum (beta)-lactamases. Journal of Antimicrobial Chemotherapy, v. 57, n. 1, p.154-155. 2006.

Page 84: UNIVERSIDADE CEUMA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, … Mrcia Melo... · PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, ... Perfil fenotípico de susceptibilidade dos isolados microbianos

84

WOODFORD, N.; ELLINGTON, M. J.; COELHO, J. M.; TURTON, J. F.; WARD, M. E.; BROWN, S.; AMYES, S. G. B.; LIVERMORE, D. M. Multiplex PCR for genes encoding prevalent OXA carbapenemases in Acinetobacter spp. International Journal of Antimicrobial Agents, v. 27, n. 4, p. 351-353, 2006. ZARRILLI, R.; GIANNOULI, M.; TOMASONE, F.; TRIASSI, M.; TSAKRIS, A. Carbapenem resistance in Acinetobacter baumannii: the molecular epidemic features of an emerging problem in health care facilities. Journal of Infection in Developing Countries, v. 3, n. 5, p. 335-341, 2009.

ZHENG, W; YUAN, S; LI, L. Analysis of hospital departmental distribution and antibiotic susceptibility of Acinetobacter isolated from sputum samples. American Journal of Infection Control, v. 41, n. 8, p. 73-36, 2013.